Síntese de metanol utilizando syngas obtido através da reforma a vapor do glicerol
O Brasil tem se destacado no cenário mundial como um dos líderes na produção
de biodiesel. Com uma matriz energética diversificada e uma posição privilegiada no que diz respeito à produção de matéria-prima para biocombustíveis, o país tem avançado de forma significativa na implementação e desenvolvimento dessa fonte de energia renovável. Atualmente, o Brasil ostenta uma das maiores escalas de produção de biodiesel do mundo. A mistura obrigatória de 12% de biodiesel ao diesel fóssil (B12) tem sido um marco importante nesse cenário. Isso não apenas impulsionou a produção do biocombustível, como também promoveu avanços significativos em termos de sustentabilidade e redução de emissões de gases de efeito estufa. A expansão da produção de biodiesel tem sido acompanhada de um rigoroso controle de qualidade, garantindo assim um produto final de alto padrão. As matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel no Brasil são diversas e incluem principalmente o óleo de soja, seguido do óleo de palma, gordura animal e outros óleos vegetais. A ampla disponibilidade dessas matérias-primas no país contribui para a robustez da indústria de biodiesel brasileira. Olhando para o futuro, as perspectivas são promissoras. Com a crescente conscientização sobre a importância da sustentabilidade e a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, a produção de biodiesel no Brasil está destinada a crescer ainda mais. Iniciativas governamentais e incentivos fiscais têm sido implementados para fomentar o setor, incentivando a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes. Na produção de biodiesel, estudos indicam que aproximadamente 10% (em massa) resultam na formação de glicerol como subproduto. O glicerol é um recurso valioso utilizado como matéria-prima em diversas indústrias, abrangendo setores como tabaco (12%), cosméticos (13%), higiene bucal (20%), alimentícia (23%), explosivos (1%), conservantes (2%), aldeídos (3%), plásticos (8%) e goma de mascar (18%). Entretanto, é importante ressaltar que o glicerol obtido por meio da transesterificação de triglicerídeos com álcool catalisado por bases fortes possui impurezas, como água, sais, ésteres, álcool e óleo residual, conferindo-lhe um custo inferior, porém restringindo sua aplicação. Em seu estado puro, o glicerol é conhecido como tri-álcool (C3H8O3), enquanto a glicerina comercializada é o glicerol contaminado, sendo a água o contaminante mais comum. É importante destacar que um dos principais desafios na produção de biodiesel é a considerável quantidade de resíduos gerados. Portanto, torna-se imperativo desenvolver um método que seja tanto economicamente viável quanto ambientalmente sustentável para o seu descarte adequado. Nota-se que o glicerol (C3H8O3) possui um alto valor de entalpia de combustão (-1662 kJ/mol) e representa uma matéria-prima com grande potencial para a produção de gás de síntese (CO + H2). Existem diversas técnicas de decomposição térmica de biomassa amplamente reconhecidas para a produção de gás de síntese. O método convencional, conhecido como reforma a vapor de hidrocarbonetos, tem demonstrado elevadas taxas de conversão (75%). No entanto, é importante notar que esse processo tem sido tradicionalmente aplicado utilizando fontes de combustíveis fósseis. A ideia é empregar uma fonte de carbono, como a biomassa, que anteriormente absorveu carbono da atmosfera. Isso resulta em um processo que não contribui para o aumento líquido de monóxido e dióxido de carbono, os principais agentes causadores das mudanças climáticas mais significativas. As principais reações que ocorrem no processo de reforma a vapor do glicerol são esquematizadas na Figura 1.
Figura 1: Esquematização das reações envolvidas no processo de reforma a vapor do
glicerol. Esse gás de síntese obtido através da reforma a vapor do glicerol pode ser utilizado na síntese de metanol. Sendo esse um composto químico de extrema importância na indústria. Sua versatilidade o torna uma matéria-prima essencial na produção de uma ampla variedade de produtos químicos, polímeros, solventes e combustíveis. Além disso, o metanol desempenha um papel crucial em processos de síntese orgânica e é um componente vital na fabricação de produtos do cotidiano, como plásticos, resinas e adesivos. A obtenção do metanol se dá principalmente através do processo de reforma de gás de síntese, uma reação química de grande relevância industrial. O processo de produção de metanol a partir do gás de síntese consiste basicamente das três seguintes equações: CO+2H2 ⇌ CH3OH ∆H298k= -91 kJ/mol CO2+3H2 ⇌CH3OH+H2O ∆H298k= -49.6 kJ/mol CO2+ H2 ⇌ CO+H2O ∆H298k= 41 kJ/mol Esta reação é conduzida em presença de catalisadores apropriados, geralmente óxidos metálicos, a temperaturas e pressões específicas. A escolha do catalisador e das condições de operação é crucial para obter elevadas conversões e seletividade para o metanol desejado.
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