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# 01 | JANEIRO

# 34
DE |2013
2023

QUEDAS:
TODO CUIDADO
É POUCO
UMA PISADA EM FALSO PODE
IMPACTAR NEGATIVAMENTE A SAÚDE
INDIVIDUAL E COLETIVA

CENTRO DE ONCOLOGIA: 25 ANOS DE VANGUARDA NO COMBATE AO CÂNCER


Pós-Graduação
2024
EXPEDIENTE EDITORIAL

Construa os próximos
passos da sua jornada
profissional com
o Sírio-Libanês.
SAÚDE E BEM-ESTAR SEMPRE
Prepare-se para atuar em um novo
SÃO O NOSSO FOCO
É
cenário, ainda mais desafiador, na com orgulho que chegamos à presente edição da VIVER celebrando os 25 anos do nosso
área da saúde. O momento exige Centro de Oncologia, essa área do Hospital Sírio-Libanês que sempre atuou com o pio-
profissionais e lideranças capazes de se neirismo e a excelência que nossa marca tanto honra. Fomos a primeira instituição bra-
É uma publicação trimestral
reinventarem em situações inesperadas, sileira a entender a necessidade de integrar ensino, pesquisa e assistência multidisciplinar para
desenvolvida por Letra a Letra
Comunicação Integrada garantir o mais eficaz combate ao câncer. Graças a esse pioneirismo, em 1998, a partir de parce-
com foco em inovação e gestão. e Buono Disegno para a ria com o Memorial Sloan Kettering Cancer Center, inauguramos o modelo norte-americano de
Sociedade Beneficente
de Senhoras tratamento oncológico no Brasil. Mais dessa história você vai conhecer na seção Medicina.
Hospital Sírio-Libanês

sociedade beneficente
Para nossa reportagem de capa reservamos um tema que merece muita atenção nos nossos dias:
de senhoras quedas, impactos e prevenção. O último Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, fi-
hospital sírio-libanês
nanciado pelo Ministério da Saúde, mostra um aumento de 25% dessas ocorrências em idosos que
Confira os presidente
Denise Alves da Silva Jafet
vivem em centros urbanos. É nosso dever dedicar esforços urgentes para prevenir tais ocorrências,
programas pois, representam uma piora na mobilidade, na independência e na qualidade de vida do indiví-
disponíveis e duo, dos idosos em especial, mas também trazem impactos à saúde coletiva, pública e privada.
diretoria de senhoras
responsável pela publicação
Sylvia Suriani Sabie
inscreva-se!
diretoria geral
As demais seções de sua revista apresentam temas tão importantes quanto esses. Em
Fernando Ganem Fique por dentro, você tem a notícia da Faculdade Sírio-Libanês e outras novidades da institui-
produção e edição
ção no período. Em VIVER com qualidade, abordamos compulsões contemporâneas e como a
letra a letra comunicação busca incessante por dopamina pode ser o gatilho para estados depressivos. Comer discorre so-
(letraaletracomunica.com.br)
karin@letraaletracomunica.com.br bre os cuidados necessários com alimentos ultraprocessados. Viajar traz as atrações da provín-
cia de Salta, na Argentina, com suas belas paisagens e bons vinhos de altitude que conquistam
colaboradores
Kamila Queiroz cada vez mais turistas. Dr. Marcelo Averbach é o destaque da seção Sem jaleco, com seu grande
e Roberta Sampaio
trabalho junto aos ribeirinhos do Pará da Ong Zoé e, Prof. Dr. Sergio Carlos Nahas é o homenage-
revisão de texto ado da edição, na seção Retrato.
Kamila Queiroz
iep.hospitalsiriolibanes.org.br/ diretora de redação Boa leitura,
cursos-pos-graduacao Karin Faria (MTB – 25.760)

projeto gráfico buono disegno FERNANDO GANEM


(buonodisegno.com.br)
renata@buonodisegno.com.br Diretor-Geral da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês
direção de arte e diagramação
Renata Buono

tratamento de imagens O SÍRIO-LIBANÊS É RECONHECIDO PELAS MAIS IMPORTANTES ACREDITAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS
BuonoDisegno

imagem de capa
Shutterstock/Nubefy

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Kateryna Kon / Shutterstock
04
FIQUE
POR DENTRO

08
apresenta a Faculdade
Sírio-Libanês e outras
novidades da instituição
no período
UM TOMBO NA
SAÚDE
traz impactos e cuidados
necessários em caso de quedas,
sumário
especialmente para os idosos

38
ÁREA MÉDICA
16 38 | MEDICINA
Primeiro cancer center brasileiro
completa 25 anos,
VIVER trazendo o que há de mais
avançado para combater
16 | VIVER a doença
COM QUALIDADE
Compulsão: como a caça à 42 | SEM JALECO
dopamina nos dias de hoje Conheça a história da ONG Zoé
pode ser o gatilho para o e veja como a paixão de
estado depressivo Dr. Marcelo Averbach leva saúde
à população amazônica
24 | COMER
Evitar ultraprocessados é um 46 | RESPONSABILIDADE
passo importante para uma Instituto de Responsabilidade
vida longa e saudável Social assume gestão
do Hospital de Registro
30 | VIAJAR

48
A província de Salta,
na Argentina, vem
conquistando turistas com
suas belas paisagens e
bons vinhos de altitude RETRATO
Prof. Dr. Sergio Carlos Nahas
é o homenageado
dessa edição
Fungos de bolor de pão
4 | FIQUE POR DENTRO 5

Shutterstock

PRIMEIROS CURSOS
DA FACULDADE SÍRIO-LIBANÊS
Com décadas de tradição em residência médica e especializações em saúde, a área de ensino e pesquisa
do Hospital Sírio-Libanês chega à formação universitária
AMBULATÓRIO

E
NO PAULISTANO
MJgraphics /Shutterstock

nfermagem, fisioterapia e psicologia inauguram

E
as instalações da Faculdade Sírio-Libanês em ja-
m outubro, o Hospital Sírio-Liba- neiro de 2024. A iniciativa ganhou corpo a partir
nês implementou um ambulató- da necessidade de excelência e multidisciplinari-
rio no Club Athletico Paulistano, dade na formação de profissionais da saúde observada pela
levando seus serviços de excelên- instituição há algum tempo. O prédio dedicado à Faculda-
cia em saúde e bem-estar até os associados. de fica na rua Martiniano de Carvalho, 851, nas imediações
A equipe ambulatorial atuará nos exames do metrô, da avenida Paulista e, mais importante, da sede do
médicos para acesso à piscina, atendimen- Hospital, na Bela Vista. O local foi estrategicamente escolhi-
to de eventuais intercorrências e teleme- do para garantir a integração entre Faculdade e Hospital e
dicina, com o cuidado de excelência da permitir que o conhecimento ali produzido seja transforma-
instituição Sírio-Libanês, já certificado in- do em cuidado ao paciente.
ternacionalmente. O Ensino e Pesquisa da instituição já oferece pós-gradu-
ação lato sensu e stricto sensu, especialização médica e mul-
tiprofissional, cursos de gestão em saúde, cursos de atua-
lização, ensino a distância, e mantém uma das residências
médicas mais concorridas do país, além de estágios, seminá-

CULTURA rios e reuniões científicas. O Hospital é reconhecido inter-


nacionalmente por sua excelência em assistência médica,

E QUALIDADE DE VIDA científica e pelo pioneirismo na adoção de novas tecnolo-


gias para a saúde. A instituição entende, desde sua fundação,

A
que a investigação científica tem contribuição fundamental
genda Cultural foi o nome escolhido pelo Sírio-Libanês para produzir para a assistência à saúde humanizada e de excelência.
bem-estar nas áreas comuns do Hospital e nos ambientes integrados, por Aproximadamente 18 mil alunos participam anualmente
meio de atividades culturais como mostras e eventos de música. A inicia- das atividades da instituição, que possui programa de Mestra-
tiva foi capitaneada pela Presidente da Sociedade Beneficente de Senho- do e Doutorado em Ciências da Saúde com nota 5 na avaliação
ras Hospital Sírio-Libanês, Denise Alves da Silva Jafet, a fim de proporcionar boas ex- da CAPES, e 26 programas de residência, com cerca de 300 pro-
periências, um espaço de descompressão e convivência para todos que circulam pela fissionais ativos. “Conquistamos nota máxima na avaliação
instituição (pacientes, acompanhantes, colaboradores, corpo clínico e voluntariado). do MEC em quatro cursos, comprovando nossa excelência em
A ideia é manter uma agenda com três intervenções ao ano, num ambiente agradável saúde. O curso de medicina é um dos que a instituição planeja
e descontraído. Entre as estreias da programação, estiveram a mostra A seu lado e o es- oferecer num futuro breve”, afirma Fernando Ganem, diretor-
petáculo Sons do coração. geral do Hospital Sírio-Libanês.
Sons do coração teve a apresentação especial do Dr. Kalil com a Banda Incordes e outras O primeiro prédio a sediar a Faculdade tem 11 andares, in-
duas apresentações do Quarteto Receita de Cordas, no mês do coração. A mostra foto- fraestrutura e tecnologias de ponta, salas e laboratórios de si-
gráfica Ao seu lado reuniu fotos de pacientes que passaram pelo tratamento do câncer mulação equipados com o que há de mais avançado. Futuros
de mama e de próstata e seus acompanhantes, representando a importância da rede de vestibulares, bolsas de estudos e mais informações podem ser
apoio para o processo. obtidas no site faculdadesiriolibanes.org.br.

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6 | FIQUE POR DENTRO 7

O CENTRO DE ONCOLOGIA HSL dicar somente à nossa instituição,


sendo facultado a alguns deles a
discussão de casos, integrando
equipes de ambas as instituições.
mero de seus profissionais, muitos
deles oriundos de nossos próprios
mores de pulmão e de mama. Uma
grande conquista: o nosso progra-

25 ANOS
possibilidade de manterem suas Pouco tempo depois, Buzaid e eu programas de residência médica, ma de residência em Oncologia
atividades universitárias. Serviços iniciamos uma série de publica- sendo que a qualidade do que ofere- Clínica foi reconhecido em 2022
clínicos de apoio, como Fisiotera- ções de livros sobre temas especí- cíamos aos nossos pacientes só au- como um dos cinco melhores do
pia, Fonoaudiologia, Odontologia, ficos, destacando-se o Manual de mentava. Passamos a ter também mundo pela Sociedade Americana
por Raul Cutait Nutrição e Psicologia, foram inte- Oncologia Clínica, reeditado anu- atividades de ensino, com cursos de Oncologia Clínica (ASCO).

E
grados ao projeto multidisciplinar. almente, e que compilava as me- e simpósios muito concorridos, e Procurei neste curto texto dei-
m 2002 foi oficialmente Daquela experiência restou a per- ratório de Análises Clínicas, entre E, assim, o Dr. Fucks tornou-se um Criamos uma estrutura dinâmi- lhores práticas. Esse manual, pu- também de pesquisa, com vários xar registradas passagens que
inaugurado o Centro de cepção de que a proposta era boa e outros. Simultaneamente, passa- grande aliado na proposta que pa- ca, que permitia que os pacientes blicado posteriormente também trabalhos sendo publicados em re- me parecem expressivas de nos-
Oncologia do Hospital Sí- que deveríamos ser perseverantes mos a estimular jovens colegas a recia intangível: tornar o HSL um fizessem seus exames, cujos re- em espanhol e acessado por oncolo- vistas médicas internacionais de sa história. Entendo que o Cen-
rio-Libanês pelo presidente Fernan- na busca de um modelo que fosse fazer sua formação em Oncologia parceiro do MSKCC. O Dr. Thomas sultados eram, dentro do viável, gistas do país e da América Latina, grande prestígio. Gradativamen- tro de Oncologia, que se tornou
do Henrique Cardoso, com a pre- apropriado para o Sírio-Libanês. Clínica em centros renomados do Fahey, então vice-presidente para liberados em poucas horas, e em tornou-se um importante divul- te, fomos ganhando cada vez mais um carro-chefe do HSL, só pôde
sença do ministro da Saúde, Barjas Assim, em 1980 e 1981, enquan- exterior e, assim, gradativamente Assuntos Internacionais, veio nos seguida, fossem atendidos pelos gador do nosso Centro. O manu- credibilidade como um centro de ser concretizado graças à partici-
Negri, do ministro da Educação, to atuava como fellow em insti- nos preparamos para criar um cen- conhecer. Após definirmos como diversos profissionais de saúde. al continua sendo publicado, sob excelência, e passamos a ter pa- pação e dedicação de muitos. Em
Paulo Renato e do governador do tuições de câncer nos Estados Uni- tro multidisciplinar incorporan- poderia ser iniciada uma parceria Vale a pena comentar que o HSL, a coordenação do Dr. Buzaid, mas cientes oriundos não só de todo o poucos anos, tornou-se referência
Estado, Geraldo Alckmin. Contu- dos, procurei entender o conceito do novos valores aos que já faziam de colaboração, algo também iné- desde seu início, foi um hospital não mais sob a égide de nossa insti- país, mas também de vários países nacional, ajudando a elevar ainda
do, a história começou muito antes! e o funcionamento dos centros de parte da casa. Antonio Carlos Bu- dito para o Memorial, tivemos a com grande pendor para a cirurgia, tuição. Ao longo desses anos, foram da América Latina. mais o conceito de qualidade e hu-

E
Em 1979, sob a liderança do Prof. câncer que começavam a ser cria- zaid puxou a lista, ficando 13 anos visita do Dr. Paul Marks, presiden- com expoentes de várias especiali- publicados ou apresentados em manismo que foram implantados
Daher Cutait, reuniu-se um grupo dos em hospitais de ponta daque- nos Estados Unidos, ocupando nos te da instituição, e do Dr. Fucks, es- dades, grande parte deles ligados à congressos mais de 200 trabalhos m 2011, o Dr. Paulo Hoff pelo Dr. Daher Cutait e por D. Vio-
de pessoas interessadas em discutir le país, o que me permitiu desen- últimos anos a chefia do Serviço de sencialmente para conhecer quem vida universitária. Assim, a inte- em revistas e congressos nacionais substituiu o Dr. Buzaid leta Jafet desde o início das ativi-
o que seria o embrião de um futu- volver uma considerável visão Melanoma no prestigioso MD An- éramos e para sacramentar o acor- gração dos cirurgiões com a nova e internacionais. Mais ainda, mé- na direção do Centro. dades do HSL.
ro Centro de Oncologia do Hospital dos conceitos que nortearam a im- derson Hospital de Houston, onde do de parceria, que foi assinado pe- proposta foi fácil e rápida, mesmo dicos do Centro de Oncologia vêm Egresso do MD Anderson, com
Sírio-Libanês: Nildo Masini, em- plantação desses centros. Em 1988, se tornou referência mundial. A ele los Drs. Marks e Daher, os líderes estes não atendendo os pacientes participando de ensaios clínicos grande interesse em ensaios clí- REFLEXÃO FINAL
presário motivado pelo tema, João juntamente com o Dr. Carlos Del se seguiram Frederico Costa e Fer- das duas instituições. nos recintos do hospital. multicêntricos internacionais. nicos, conduziu o Centro de On- O sonho era não apenas criar um

E
Luiz Fernandes da Silva, radiotera- Nero, então atuando no hospital e nando Maluf. Nos anos subsequentes, enquan- Por injunções administrativas, cologia até 2017, quando saiu para Centro de Oncologia no HSL, era
peuta que já despontava como um que veio a desenvolver uma excep- Enquanto isso, trabalhávamos to o HSL progredia em sua estru- m 1998 o Centro come- deixei de ser o Diretor Geral do uma nova atividade em outra ins- maior! Era criar um Centro que
expoente da especialidade, Samuel cional carreira como consultor na internamente. Cirurgiões, onco- tura, fomos elaborando as bases çava a realmente existir, Centro de Oncologia após alguns tituição. Durante seu período na estivesse à altura dos melhores do
Kopersztych, reumatologista com área da saúde, fomos visitar alguns logistas clínicos e radioterapeutas do futuro Centro de Oncologia em com a inclusão gradativa anos. Com emoção, recordo-me de coordenação do Centro de Onco- mundo, que se envolvesse cada vez
grande interesse em oncologia e eu, centros de câncer americanos que foram solicitados a opinar sobre a constantes conversas envolvendo de colegas que já atuavam no hos- uma reunião que tive com todos os logia, ampliou-se e solidificou-se mais com atividades de ensino e
então recém-egresso da residência pudessem nos servir de modelo, criação de uma estrutura no hospi- os Drs. João Luiz Fernandes da Sil- pital e de outros recém-treinados oncologistas e radioterapeutas que a proposta de atuação por áreas pesquisa, que são o grande incen-
de Cirurgia Digestiva do Hospital sob os auspícios dos saudosos Issa tal que favorecesse o atendimento va, Antonio Carlos Buzaid e Frede- no exterior. Reuniões multidis- faziam parte do Centro, onde vá- dos oncologistas clínicos e dos ra- tivo para se aprimorar a qualida-
das Clínicas. Saad e Oscar Fakhoury. Dessa vi- dos pacientes com câncer, algo que rico Costa. Assim, elaboramos um ciplinares semanais por área de rios deles mostraram-se dispostos dioterapeutas, algo planejado des- de do atendimento médico. Porém,
Naquela época, já tínhamos a sita resultou um importante docu- teve grande receptividade, pratica- projeto que atendia ao hospital e, atuação foram iniciadas, com dis- inclusive a deixar o hospital, caso de o início do funcionamento do mais ainda, havia a intenção explí-
percepção de que a grande maio- mento que nortearia nosso futuro. mente unânime. dessa forma, o Dr. Buzaid retor- cussões de casos levados por seus eu resolvesse montar um novo pro- Centro. Foram também iniciadas cita de que, com a divulgação de
ria dos pacientes com câncer era O HSL encontrava-se ainda numa Na sequência, em 1997, fui timi- nou ao Brasil para ser nosso Dire- integrantes. Essas reuniões, que jeto em outro local. Minha mensa- as atividades da Oncologia do HSL nossa bem-sucedida experiência,
atendida em hospitais gerais e, as- fase mais limitada de seu desen- damente solicitar ao Dr. Zvi Fu- tor Executivo, enquanto eu passei continuam até hoje, sempre foram gem a todos foi de que não só con- em Brasília, que vem crescendo de fôssemos fonte de inspiração para
sim, seria importante que se crias- volvimento e carecia de algumas cks, então chefe da Radioterapia do a ser o Diretor Geral, bastante en- fonte de aprendizado para todos tinuassem suas atividades no HSL, forma exponencial, inicialmente outras instituições, públicas e pri-
se uma nova logística no hospital estruturas básicas indispensáveis Memorial Sloan Kettering Cancer volvido com as questões estraté- os participantes e, algo que foi re- mas que as intensificassem, pois sob a coordenação do Dr. Gustavo vadas, criarem seus próprios cen-
que facilitasse o atendimento dos para se pensar em um efetivo Cen- Center de Nova York, se seria pos- gicas da implantação de um novo levante, muitos especialistas pas- dessa forma eles estariam me ho- Fernandes e, atualmente, do Dr. tros, baseadas em nosso modelo.
pacientes com essa enfermidade. tro de Oncologia. Contudo, com es- sível iniciar um programa conjun- modelo. De forma harmônica e saram a pautar decisões em cima menageando. Para mim, o Centro Rafael Gadia. As atividades cientí- Hoje, vendo vários centros sendo
Timidamente e, por que não con- pírito de pioneirismo, a diretoria to de radioterapia, tendo em vista integrada, fomos montando nos- das propostas do grupo. de Oncologia foi como um filho, ficas ampliaram-se, até mesmo por implantados pelo país afora, sinto-
fessar, de maneira um tanto quan- do hospital aceitou positivamente que essa especialidade atraía pou- sa estrutura, que inovava no sen- Em 1999, criamos o primeiro pro- que nasceu na casa onde cresci, e ja- conta da ligação de vários colegas -me recompensado por todo o es-
to amadora, criamos um pequeno esse grande desafio e remodelou cos jovens médicos e precisava ser tido de trazer os oncologistas para grama de Telemedicina do país, mais poderia aceitar seu enfraque- com o ICESP. Desde 2017 a direção forço e tempo dispendidos nessa
espaço no hospital que seria a base nossa instituição, com a criação e estimulada. Ele me respondeu: atuarem dentro do hospital e não inaugurado pelo governador Ma- cimento. As funções de Diretor Ge- do Centro de Oncologia está a car- proposta. Minha leitura não é de
para organizar uma estrutura ins- aprimoramento de estruturas pró- “Conheço seu hospital. Seu pai mais em seus consultórios espar- rio Covas, cuja primeira atividade ral e Executivo ficaram, então, sob go do Dr. Artur Katz, respeitado que temos competidores, mas sim
titucional voltada aos pacientes prias e sólidas de serviços de apoio, ajudou um grande amigo meu, ra- sos pela cidade. Entendíamos que foi a de realizar teleconferências a responsabilidade do Dr. Buzaid. oncologista clínico de nossa insti- parceiros para oferecer ao Brasil
com câncer, a qual ousamos dar tais como Imagens, Patologia, Ban- dioterapeuta, num momento cru- cada um dos oncologistas clínicos com o Memorial Sloan Kettering Com o correr dos anos, nosso tuição desde 2007 e reconhecido tratamento mais digno e de quali-
o nome de Centro de Oncologia. co de Sangue, Endoscopia e Labo- cial da vida dele. Ajudarei vocês.” e radioterapeutas teria que se de- Cancer Center de Nova York para Centro só cresceu, ampliando o nú- por sua sólida experiência em tu- dade aos portadores de câncer.

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8 | VIVER COM QUALIDADE 9

AS QUEDAS PODEM

Shutterstock
REPRESENTAR UMA PIORA
NA QUALIDADE DE VIDA,
SOBRETUDO
DA POPULAÇÃO IDOSA.
POR ISSO, O
MELHOR A FAZER
É PREVENIR ESSAS
OCORRÊNCIAS

NA SAÚDE
10 | ESPECIAL 11

P
oucos dias após completar das calçadas da cidade, e acabou recebendo em áreas urbanas do Brasil foi de 25%.
De 30% a 50% das
89 anos, no último mês de telefonema do prefeito do Rio com pedido A Secretaria Municipal da Saúde de São
setembro, a atriz italiana So- de desculpas. Paulo registrou aumento de 35% nas noti- quedas trazem
phia Loren sofreu uma que- Nem mesmo um ícone cinematográfico ficações de quedas acidentais entre pessoas consequências físicas
da no banheiro da sua casa como Sophia Loren ou uma atriz celebra- com mais de 60 anos no ano passado. O Sis- para os pacientes.
em Genebra, na Suíça. Teve fraturas no da como Beatriz Segall (falecida em 2018) tema de Informação para a Vigilância de Entre as mais graves,
quadril e no fêmur, e se submeteu a uma ci- ficaram livres de quedas. Episódios como Acidentes (Siva) recebeu 9.671 notificações
estão as fraturas,
rurgia de emergência no mesmo dia. Feliz- os que as vitimaram podem ocorrer com de quedas entre essa população em 2021.
mente, o procedimento foi bem-sucedido e, qualquer pessoa. Mas a população idosa, Em 2022, foram 13.075 registros. hematomas subdurais
desde então, ela passa por reabilitação. em particular, precisa tomar cuidados re- O número de internações decorrentes e sangramentos.
Em 2013, aos 87 anos, a atriz Beatriz Se- dobrados, porque há riscos de consequên- de quedas na cidade de São Paulo também Também podem causar
gall caiu numa rua da Gávea, bairro do Rio cias mais sérias à saúde. teve aumento significativo. Em 2021, fo- danos psicológicos,
de Janeiro, ao pisar em pedras portuguesas A última edição do Estudo Longitudinal ram 3.055 internações e, no ano passado,
principalmente em
soltas na calçada. Ficou com hematomas da Saúde dos Idosos Brasileiros, financiada esse número passou para 3.903, 27,75% a
no rosto e no olho direito, e levou um mês pelo Ministério da Saúde e realizada entre mais, segundo registros do Sistema de In- pacientes que ficam
para se recuperar. Na época, iniciou uma 2019 e 2021, revelou que a taxa de ocorrên- formação Hospitalar (SIH). com a mobilidade
campanha na mídia para a manutenção cia de quedas na população idosa residente comprometida, como
MÚLTIPLOS FATORES ansiedade, depressão e
As causas das quedas são multifatoriais,
medo de cair novamente,
por isso, cuidados preventivos ou poste-
riores às ocorrências costumam envol- o que acaba aumentando
ver diferentes profissionais, além da fa- o risco de nova queda.
mília da vítima. “O Comitê de Prevenção
de Quedas é multiprofissional justamen-
te para cobrir todos os fatores de risco”,
afirma a enfermeira do Hospital Sírio-Li-
banês, Anna Carolina da Silva Albertini,
integrante do comitê que visa à prevenção
desse tipo de ocorrência.
Anna Carolina explica que há dois focos
de atenção no trabalho da enfermagem: RISCO MAIOR EM INTERNAÇÕES adotadas medidas práticas, como uso de gra-
evitar que ocorram quedas entre os pacien- O Protocolo de Prevenção de Quedas, que des elevadas nas camas, campainhas ao al-
tes internados por outros motivos e adotar compõe o Programa Nacional de Segu- cance do paciente e acompanhante, alarmes
os cuidados necessários para a recupera- rança do Paciente do Ministério da Saúde, sonoros, incentivo para que haja sempre fa-
ção daqueles que foram levados ao hospital traz alerta de que a hospitalização aumen- miliar ou pessoa conhecida presente.
após caírem. ta o risco de ocorrências, pois os pacientes Ainda de acordo com o Protocolo, de
“Avaliamos cada caso para ver se há fa- saem da rotina e de ambientes que lhes 30% a 50% das quedas trazem consequên-
tores intrínsecos que aumentam riscos, são familiares. Além disso, alguns podem cias físicas para os pacientes. Entre as mais
como confusão mental, impulsividade, fazer uso de remédios ou ser portadores de graves, estão as fraturas, hematomas sub-
fraqueza muscular, fragilidade óssea, difi- doenças que aumentam a probabilidade durais e sangramentos. Também podem
culdade de equilíbrio ou de marcha, entre de quedas. causar danos psicológicos, principalmente
outros”, acrescenta a enfermeira. “Também O documento enumera uma série de re- em pacientes que ficam com a mobilidade
são analisados fatores clínicos de forma in- comendações para os hospitais. No Hospital comprometida, como ansiedade, depres-
dividualizada, como o uso de medicamen- Sírio-Libanês, além da avaliação individu- são e medo de cair novamente, o que acaba
tos que possam favorecer quedas.” alizada focada na prevenção de quedas, são aumentando o risco de nova queda.

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12 | ESPECIAL 13

Comprometimento
sensorial:
visão, audição ou tato
comprometidos. Uso de medicamentos:
benzodiazepínicos;
Funcionalidade: antiarrítmicos;
dificuldade para o anti-histamínicos;
desenvolvimento das antipsicóticos;
atividades diárias antidepressivos;
Demográficos: e necessidade de digoxina; diuréticos;
crianças abaixo dispositivo de auxílio laxativos; relaxantes
de 5 anos e idosos à marcha (muleta, musculares;
acima de 65 anos são andador etc.); vasodilatadores;
as populações mais fraqueza muscular e hipoglicemiantes orais;
vulneráveis. articular; amputação insulina e polifarmácia
de membros inferiores; Equilíbrio corporal: (uso de quatro ou mais
deformidades nos marcha alterada. medicamentos).
membros inferiores.

Sinais Condições de saúde:


como acidente
vascular cerebral

de alerta
prévio; hipotensão
postural; tontura;
convulsões; síncope;
dor intensa; baixo Obesidade severa:
índice de massa quando coloca em
corpórea; anemia; risco a locomoção e,
insônia; incontinência em caso de quedas,
ou urgência urinária; pode agravar as
incontinência ou consequências físicas.
O Protocolo de Prevenção de Quedas do urgência para
Ministério da Saúde enumera diferentes evacuação; artrite; Psico-cognitivos:
osteoporose; declínio cognitivo,
categorias de fatores de risco. alterações metabólicas depressão e ansiedade
como hipoglicemia. História prévia podem favorecer a
Quem apresenta alguma das condições de queda: ocorrência de quedas.
ao lado (ou mais de uma) deve tomar ainda o que gera
insegurança e pode
mais precauções no dia a dia ter relação com algum
fator de risco.
14 | ESPECIAL 15

Uma casa antiquedas


Segundo a psicóloga sênior da Saúde do Voltou para casa com cadeira de rodas, an- das vezes, isso implica perda ou restrição
Colaborador no Hospital Sírio-Libanês, Cris- dador, cama de hospital”, conta. Cerca de da autonomia e privacidade. “Às vezes há
tiane Alasmar, as quedas que causam seque- três meses depois, ela voltou a andar, mas um processo de negação e o paciente não
las físicas exigem, em grande parte das ve- com uma mobilidade bem pior que antes. aceita as limitações.”
zes, mudanças na rotina das vítimas, como Hoje se locomove sempre com acompa- Por outro lado, também deve-se tomar
Confira algumas Manter fios trocar de ambiente e ficar sob os cuidados de nhante do lado por precaução. “A qualida- cuidado para não gerar medo excessivo nas
providências que ajudam elétricos e extensões outros. Tudo isso contribui para impactos de de vida dela piorou após a queda”, ates- vítimas de quedas. A psicóloga Cristiane
a deixar o ambiente fora das áreas de psicológicos, como insegurança, medo, bai- ta o filho, que vai praticamente todos os Alasmar destaca que o melhor caminho
trânsito xa autoestima e isolamento social. dias visitá-la. é conscientizar, e não assustar. “Por mais
doméstico “A síndrome pós-queda é o pavor de fi- Um episódio semelhante ocorreu com que a família tenha medo, não deve refor-
mais seguro: car de pé ou andar após ter caído.” Cristia- o ortopedista Itiro Suzuki, de 76 anos. Ele çar a insegurança.” Ela recomenda que os
ne explica que essa situação acaba gerando internou-se para colocar um marcapasso e, familiares e cuidadores falem com muito
um círculo vicioso: a pessoa fica com medo numa última ida ao banheiro do hospital tato sobre os riscos de quedas e precauções
de voltar à rotina e, com menos atividade após ter recebido alta, escorregou e bateu a que devem ser tomadas, para não abalar
Nunca deixar no chão física, exercita menos a musculatura. As- cabeça no vaso sanitário. ainda mais a autoconfiança da vítima.
objetos que possam sim, a tendência de voltar a cair aumenta. “Toda a equipe veio me atender. Não perdi “A família não deve ficar reforçando o
causar escorregões “Tudo isso faz diminuir o contato social, a consciência nem senti nada grave. Mesmo medo com frases do tipo: ‘Não faça isso que
ou tropeços podendo acarretar uma depressão.” assim, colocaram colete e me transporta- você vai cair’. Mas, sim, deve tomar me-
ram na maca para fazer tomografia”, conta. didas para facilitar a rotina.” A psicóloga
Melhorar a iluminação SEQUELAS PROLONGADAS O exame não detectou nada, e ele acabou lembra que é recomendado “limpar o am-
dos cômodos, Mudar a disposição O médico Paulo Ribeiro conta que sua mãe, sendo liberado. Como havia se submetido biente”, deixando-o com menos móveis, ta-
eliminando ambientes dos móveis de forma de 94 anos, foi internada para tratar um ede- a uma cirurgia nos quadris dois anos antes, petes e outros obstáculos que possam favo-
escuros a manter espaços ma agudo no coração. Medicada, recebeu já tinha no banheiro de casa piso antiderra- recer quedas.
amplos para a alta em 24 horas. Porém, ao caminhar até o pante e barras de segurança. “Mesmo assim, Além disso, é importante que os familia-
Instalar interruptores circulação banheiro do hospital, mesmo com acompa- passei a redobrar os cuidados.” res fiquem mais próximos e acompanhem
de luz (se forem nhante do lado, sofreu uma queda que cau- os cuidados diários, como alimentação e fi-
os que brilham no sou uma pequena fratura no fêmur. Teve PERDA DE AUTONOMIA sioterapia, aumentando a rede de suporte.
escuro, melhor ainda) que fazer uma cirurgia de emergência, o Na opinião da enfermeira Anna Caroli- “O contato social é muito importante para
logo na entrada das que prolongou seu período de internação. na da Silva Albertini, eliminar comporta- todos, principalmente para os idosos, que
dependências Reservar locais de “Após a cirurgia, ela levou umas seis se- mentos de risco do paciente é o maior desa- já tendem a ficar mais isolados”, destaca
fácil alcance manas até poder colocar os pés no chão. fio para prevenir quedas, pois, na maioria Cristiane.
para utensílios,
mantimentos,
roupas e produtos
Testar a estabilidade de uso frequente
dos móveis
e prateleiras, Colocar barras
substituindo os que de apoio no box do
não são firmes o banheiro, além de pisos
suficiente para serem antiderrapantes
usados eventualmente dentro e fora
como apoio Instalar suportes,
corrimões e outros
acessórios de
segurança no trajeto
mais usado no dia a dia
Instalar vasos
sanitários elevados, se
HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS | www.hsl.org.br necessário
16 | VIVER COM QUALIDADE 17

POR UM
PUNHADO DE
FELICIDADE
A busca
pelo prazer
imediato,
impulsionada
pelas facilidades
da era digital,
engrossa a
lista de pessoas
sofrendo
com vícios e
compulsões
Liftwood / Shutterstock
18 | VIVER COM QUALIDADE 19

na epidemia de opioides nos Estados Uni- riedade e potencial de estímulos altamente

Stokkete / Shutterstock
dos e autora do best-seller mundial Dopa- compensatórios. ‘O smartphone é a agulha
mine Nation: Finding Balance in the Age of hipodérmica dos tempos modernos, forne-
Indulgence (No Brasil, lançado como Nação cendo incessantemente dopamina digital
Dopamina: Por que o excesso de prazer está para uma geração plugada’, assinala em Na-
nos deixando infelizes e o que podemos fa- ção Dopamina.

A
zer para mudar). No livro, a especialista ex- Além de casos de pacientes que atende,
exigência interna que faz plora as descobertas científicas que expli- Dra. Lembke relata, tanto no livro como em
com que o indivíduo seja cam por que a busca incansável pelo prazer entrevista ao podcast Hidden Brain, que ela
levado a repetir um com- gera mais sofrimento do que felicidade – e o mesma ficou viciada em romances eróticos
portamento mais e mais que podemos fazer a respeito. baratos. Começando com o romance adoles-
para obter rapidamente De acordo com a Dra. Lembke, o mundo cente Crepúsculo, passando por Cinquenta
uma sensação de prazer é mais ou menos foi transformado de um lugar de escassez a tons de cinza e dezenas de outros semelhan-
como os dicionários da língua portuguesa um de extrema abundância, em que, graças tes, ela conta como perdeu o controle sobre
definem compulsão. Por mania, os dicioná- ao smartphone, tudo está à mão, com va- o hábito, chegando a deixar de socializar,
rios trazem prática repetitiva; costume es- cozinhar, dormir e prestar atenção no ma-
quisito, peculiar; excentricidade, gosto ou rido e nos filhos. Ela admite, inclusive, ter
preocupação excessiva com algo, fixação vergonha por certa vez ter levado o e-book
em coisas – como colecionismos e costume O mundo foi para o trabalho para ler entre as sessões.
nocivo ou prejudicial; e vício aparece no lé- transformado de um Aliás, segundo ela, o vício piorou depois
xico como mania de conquista, de apostas e lugar de escassez que adquiriu um e-book, pois não precisava
similares. Na saúde mental, esses significa- mais esconder as capas que lhe causavam
a um de extrema
dos se mesclam e são cada vez mais frequen- vergonha, nem sair às livrarias e bibliotecas
tes nos consultórios. abundância, em que, à procura do próximo título. ‘Já não me im-
Na opinião dos especialistas ouvidos, a graças ao smartphone, portava com sintaxe, estilo, cena ou perso-
era de excessos em que vivemos favorece tudo está à mão, nagem. Só queria minha dose, e aqueles li-
esse tipo de comportamento. Anfetaminas, com variedade vros, escritos segundo uma fórmula, eram
estimulantes, drogas, álcool, ultraprocessa- feitos para me fisgar’, conta a autora.
e potencial
dos, compras, jogos, redes sociais, notícias, Dra. Lívia Beraldo de Lima, psiquiatra da
literatura, enfim, ter tudo isso na palma da de estímulos altamente instituição, lembra que a compulsão não é
mão, a um clique, redireciona a motivação compensatórios uma questão nova. Há relatos de abuso de
natural das pessoas de realizarem suas ati- substâncias desde antes de Cristo. O que
vidades cotidianas para prazeres imediatos faz o sintoma ganhar contornos patológi-
aí obtidos. “Acontece que a contrapartida é cos é a fuga do sofrimento, através da busca
muito perigosa, pois essa corrida atrás de pelo prazer imediato. “Não se trata de uma
uma rápida sensação de bem-estar, ao longo atividade puramente hedonista. O com-
do tempo, vai produzir sentimento de tris- portamento compulsivo está relacionado a
teza e estado depressivo”, afirma o Neuro- minimizar angústias, tristezas e a perda de
logista do Hospital Sírio-Libanês (HSL), Dr. vontade de se relacionar com o outro e com
Mateus Corrêa da Trindade. o mundo. “O que agrava o problema é que
Como foi postulado pela psiquiatra esta- na maioria das vezes o sujeito acha que está
dunidense Anna Lembke, chefe da Stanford no controle da situação, segue repetindo o
Addiction Medicine Dual Diagnosis Clinic, que lhe dá sensação de prazer e demora a se
da Universidade de Stanford, especialista dar conta do próprio vicio”, alerta.

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20 | VIVER COM QUALIDADE 21

UM POUCO DE HISTÓRIA UM TRAUMA PODE ESTAR

New Africa / Shutterstock


O conceito de compulsão é antigo. Os regis- NA ORIGEM DO PROBLEMA
tros médicos e psicológicos da compulsão Em 1825, o educador Jean Marc Gaspard
remontam a escritos de Hipócrates, que vi- Itard relatou na literatura o caso do menino
veu por volta de 460 a.C. Ele descreveu ca- Victor de Aveyron – O Garoto Selvagem, que
sos de “mania” e comportamentos repetiti- ganhou fama no filme de François Truffaut. A dopamina, apelidada
vos que poderiam ser considerados formas Ele foi encontrado sozinho na selva, adotado equivocadamente
primitivas de compulsão. No entanto, a por Itard e, conforme sua observação, apre-
de hormônio de prazer,
compreensão moderna da compulsão e seu sentava a combinação de tiques motores e
tratamento evoluíram ao longo dos séculos, vocais com pensamentos obsessivos. A hipó- além de atuar no
com contribuições de várias culturas. tese é que Victor tenha sido abandonado na controle de movimentos,
Foi somente em 1950 que James Olds e floresta ainda bebê e sobrevivido, por seus aprendizado, cognição e
Peter Milner desvendaram o Sistema de Re- próprios instintos, sem suporte de pai, mãe memória, é a responsável
compensa Cerebral. Formado por três par- ou cuidador.
pela sensação imediata
tes importantes – o córtex pré-frontal, o nú- Para a Psicanálise, isso não é um acaso. A
cleo accumbens e a área tegmentar –, ele é docente do Centro de Estudos Psicanalíti- de prazer que pode
responsável pelas vontades e pela tomada cos (CEP) e membro do Grupo Brasileiro de estimular as compulsões
de decisão. São as conexões entre o córtex
pré-frontal e o núcleo accumbens que atu-
am na busca de substâncias reconhecidas
como fontes de prazer. É o córtex pré-fron-
tal que modula tal comportamento e defi-
ne frequência e quantidade necessárias. A
compulsão, vício, ou, hoje chamada, adicção
a drogas lícitas ou ilícitas, alimentação ou
comportamentos que desligam a consciên-
cia humana, atua diretamente nesse sistema.
Cinquenta anos depois, veio a descober-
ta da dopamina que rendeu o Nobel de Me-
dicina a Arvid Carlsson, Paul Greengard e
Eric Kandel. Apelidada equivocadamen-
te de hormônio de prazer, Carlsson desco-
briu que o neurotransmissor, além de atuar
no controle de movimentos, aprendizado,
cognição e memória, é o responsável pela
sensação imediata de prazer que pode esti-
mular as compulsões. Ocorre, no entanto,
que, a partir de repetições constantes e cada
vez mais frequentes de determinados com-
portamentos, o cérebro busca o equilíbrio

Andrii Yalanskyi / Shutterstock


de seus neurotransmissores (homeostase)
e passa a regular a liberação de dopamina,
trazendo cada vez mais contato com o des-
prazer, que gera maior necessidade de repe-
tir o ato que estimula tal liberação e assim
nasce o ciclo do vício.

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22 | VIVER COM QUALIDADE

Conforme Pesquisas Sándor Ferenczi (GBPSF), Cari- QUAL A SAÍDA?


na Braga, explica que são sujeitos com ca- Nossos especialistas são unânimes: é pre-
Dr. Mateus Trindade,
sos de traumas muito precoces como esse, ciso um longo tratamento multidiscipli-
para definir ocor- ridos quando ainda não se desenvol- nar com suporte psiquiátrico, neurológi-
quando um hábito veu a capacidade de nomear e, com ela, a co, psicológico, nutricional e mudança
migrou para um de simbolizar as próprias emoções, os que de hábitos. “O tratamento é longo e exi-
comportamento são acometidos por essas compulsões sem ge, inclusive, um educador físico e o en-
razões aparentes. “Já o quadro obsessivo volvimento da família”, afirma o neuro-
patológico, basta
compulsivo clássico tem sempre por trás logista, Dr. Mateus Corrêa da Trindade.
perceber que ele de seu ato repetitivo ou ritual, uma ideia, De acordo com o especialista, o primeiro
trouxe impactos nas um pensamento conhecido que ele quer passo é identificar o vício, o que fica mais
atividades sociais, evitar”, afirma. complexo se o objeto de desejo não é uma
familiares e Segundo ela, quando o movimento com- substância química.
pulsivo não tem como ser simbolizado, a Carina Braga reforça que o tratamento é
profissionais. “Às vezes
única saída encontrada pelo sujeito é ten- longo e merece ações multidisciplinares.
a pessoa deixa de tar apagar a angústia com a compulsão. O De acordo com a psicanalista, esses pacien-
trabalhar para jogar, ato repetido sem razão aparente vem justa- tes precisam reaprender a lidar com a falta
comprar, praticar mente para que a pessoa não tenha de pen- e com a espera. “O psicanalista lança mão
daytrade, navegar sar na dor ou no vazio que sente, vem para de uma espécie de ‘maternagem’ no mane-
apagar sofrimentos que ele não é capaz de jo clínico, seguindo modelo da psicanálise
em redes sociais para
nomear, identificar. “As emoções que con- inglesa, acolhe, conduz a novas escolhas e
inundar o cérebro de seguimos dar nome, xingar, colocar para ajuda a nomear tais emoções”, esclarece.
dopamina e nem fora, elaborar, são aliviadas e não desloca- Conforme Dr. Mateus Trindade, para de-
se dá conta” das para o vício”, completa. finir quando um hábito migrou para um
comportamento patológico, basta perceber
que ele trouxe impactos nas atividades so-
ciais, familiares e profissionais. “Às vezes a
pessoa deixa de trabalhar para jogar, com-
prar, praticar daytrade, navegar em redes so-
ciais para inundar o cérebro de dopamina e
nem se dá conta”, alerta. No dia seguinte a
práticas compulsivas, a pessoa tende a en-
trar em estado de anedonia, total redução
do interesse ou prazer em todas ou quase
todas as atividades de que antes gostava.
É aqui que a família pode ajudar, tanto na
identificação do problema e no encaminha-
mento à ajuda especializada, quanto a evi-
tar recaídas. Há pacientes que conseguem
sair por conta própria, mas a grande maio-
ria precisa de suporte multidisciplinar pro-
Cherdchai101 / Shutterstock

fissional. “Há estudos que mostram que 14


Lomb / Shutterstock

dias de abstinência são o pontapé inicial


para o indivíduo voltar à produção equili-
brada de seus neurotransmissores, sem pre-
cisar recorrer ao vício”, conclui.

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24 | COMER

Dean Drobot/Shutterstock
SE CADA PESSOA
É ÚNICA, SUA DIETA
TAMBÉM DEVERIA
SER. MAS ESSA NÃO
É A LÓGICA DOS
ULTRAPROCESSADOS,
ALIMENTOS
PRODUZIDOS EM
ESCALA INDUSTRIAL

menos
QUANDO

émais
Ermak Oksana/Shutterstock

NA ALIMENTAÇÃO
26 | COMER 27

E
m geral, quanto menos pro- até a depressão”, informa a doutora Claudia Em julho deste ano, foi sancionada, no

Doucefleur/Shutterstock
cessados forem os alimentos, Cozer Kalil, referindo-se a estudos recentes Rio de Janeiro, uma lei municipal proibindo
maior a sua qualidade nutri- que associam o consumo exagerado de ul- a venda ou oferta de alimentos e bebidas ul-
tiva. O oposto também é ver- traprocessados ao distúrbio mental. traprocessados em cantinas e refeitórios de
dade: os que passam por vá- escolas públicas e privadas da cidade.
rios processamentos industriais perdem QUANTO MAIS CEDO, PIOR Há um prazo, que se estende até janeiro
nutrientes e ganham substâncias que po- Evitar o consumo desenfreado de alimen- de 2024, para as escolas se adaptarem à nova
dem ser nocivas à saúde. Por isso, o consu- tos ultraprocessados é uma recomendação, lei. Unidades particulares que não cumpri-
mo de ultraprocessados exige cautela. sobretudo, para as crianças. “Quanto mais rem a norma vão ter que pagar multa diária
“A orientação é que os alimentos proces- cedo se ingerir quantidades elevadas dessas de R$ 1.500. A fiscalização será feita por ór-
sados não substituam refeições como almo- substâncias, maiores os riscos para a saúde”, gãos competentes do município.
ço e jantar. Já os ultraprocessados devem alerta a endocrinologista do HSL.
aparecer de maneira bem pontual na dieta. É na infância que são estabelecidos pa- CONTRA A MARÉ
Quanto menos frequentes na alimentação drões alimentares, muitas vezes repetidos A lei municipal impõe uma mudança signi-
diária, melhor”, destaca a endocrinologista na vida adulta. Porém, colocar esses limi- ficativa, já que a maioria dos estabelecimen-
Claudia Cozer Kalil, coordenadora do Nú- tes na alimentação das crianças é um de- tos escolares oferece ultraprocessados. Em
cleo de Obesidade e Transtornos Alimenta- safio, dada a oferta massificada de itens ul- termos de praticidade, esses alimentos le-
res do Hospital Sírio-Libanês. traprocessados – biscoitos doces e salgados, vam grande vantagem, pois são de fácil con-
Alimentos ultraprocessados são formula- bolos industrializados, bebidas lácteas, sumo e preparo rápido. Ainda têm maior
ções industriais com pouco ou nenhum ali- sorvetes etc. –, geralmente com fortes ape- prazo de validade e são mais baratos.
mento inteiro. Para ficarem bem palatáveis, los publicitários. “Demoram a estragar, são fáceis de carre-
frequentemente, recebem aditivos cosméti- O relatório do Sistema Nacional de Vigi- gar e têm um custo mais baixo. Isso faz com
cos, aromatizantes, corantes, emulsifican- lância Alimentar e Nutricional, que traz que as pessoas substituam alimentos mini-
tes, espessantes e conservantes. dados de pessoas acompanhadas na Aten- mamente processados ou in natura por ul-
“Os ultraprocessados sofrem diversas al- ção Primária à Saúde, informou que, até traprocessados. Mas é nessa hora que come-
terações em sua composição antes de chega- meados de setembro de 2022, mais de 340 ça o erro”, afirma a nutricionista do Hospital
rem às prateleiras do supermercado. Duran- mil crianças de 5 a 10 anos foram diagnos- Sírio-Libanês, Silmara Rodrigues Machado.
te a sua fabricação, podem ter adição de sais, ticadas com obesidade. A nutricionista ressalta que não basta ex-
açúcares, gorduras e/ou os aditivos quími- cluir ou restringir os ultraprocessados: uma
cos”, explica a endocrinologista. PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA alimentação saudável exige equilíbrio no con-
Segundo informe do Ministério da Educa- sumo de todos os tipos de alimentos. Por isso,
PRINCIPAIS RISCOS ção, no Brasil, 9,4% das meninas e 12,4% dos o ideal é haver uma avaliação individualizada
O excesso de sal, presente nesses alimen- meninos são considerados obesos, de acordo para definir a melhor dieta para cada pessoa.
tos, pode favorecer inchaços e pressão alta, com os critérios adotados pela Organização “Não existe alimento vilão, o problema é
e o açúcar – que também costuma aparecer Mundial da Saúde (OMS) para classificar a o uso que fazemos dele”, opina o nutricio-
em níveis elevados – aumenta os riscos de obesidade infantil. nista do Hospital Sírio-Libanês, Vitor Mo-
hiperinsulinemia, distúrbio que pode le- desto Rosa. Ele diz que consumo diário e em
var ao desenvolvimento de doenças crôni- grandes quantidades de qualquer alimento
cas, como diabetes. Já o alto teor de gordura Considerando todas pode levar a problemas de saúde, por forne-
dos ultraprocessados aumenta os riscos de as variáveis, a principal cer apenas um tipo de nutriente, provocan-
aterosclerose (que pode causar doenças car- recomendação para do desequilíbrio no metabolismo.
diovasculares) e de ganho de peso, poden- Considerando todas essas variáveis, a
manter uma alimentação
do levar à obesidade. principal recomendação dos nutricionistas
“Os aditivos químicos presentes nesses
equilibrada no dia a dia Silmara e Vitor para manter uma alimen-
alimentos podem favorecer o aparecimen- é desembalar menos tação equilibrada no dia a dia é desembalar
to de câncer, alterações gastrointestinais e e descascar mais menos e descascar mais.

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28 | COMER
Fotos Shutterstock

Classificação dos alimentos


IN NATU R A: M I N I M A M EN T E P R OCE SSA D OS : U LTR A P R OCE SSADOS:
obtidos diretamente de P R O C ESSA D OS : são aqueles fabricados têm adição de sal, açúcares,
plantas ou de animais para o são submetidos a algum pela indústria com adição gorduras e/ou outra
consumo, sem que tenham processo, mas não passam de sal, açúcares, gorduras substância de uso culinário,
sofrido qualquer alteração. pela agregação de ou outro produto que torne além de ingredientes com
Têm apenas um ingrediente e substâncias ao alimento o alimento mais durável, nomes pouco familiares e
não há adição de substâncias original. Por exemplo: passam palatável e atraente. não usados em preparações
de uso culinário. Não têm por remoção de partes Têm de dois a cinco culinárias (gordura
aumento da validade, não comestíveis ou são ingredientes e aumento vegetal hidrogenada,
apenas quando resfriados limpos, fracionados, moídos, da validade. óleos interesterificados,
ou congelados. Tampouco secos, fermentados ou xarope de frutose, isolados
recebem interferências para pasteurizados, refrigerados E X E M P LOS : conservas em proteicos, agentes de massa,
ficarem mais palatáveis. ou congelados. Têm apenas salmoura (cenoura, pepino, espessantes, emulsificantes,
um ingrediente e não sofrem ervilhas, palmito), compotas corantes, aromatizantes,
E XEMPLOS : folhas, frutas, adição de substâncias de uso de frutas, carnes salgadas realçadores de sabor e vários
verduras, legumes, ovos, culinário. Não têm aumento e defumadas, sardinha e outros tipos de aditivos).
carnes e peixes. da validade, apenas quando atum em lata, pães feitos de Passam por modificações
resfriados ou congelados. farinha, fermento e sal. para ficarem mais palatáveis
Tampouco recebem e com maior validade.
interferências para ficarem
mais palatáveis. E X E M P LOS : salsichas,
bolachas recheadas,
EX EM PLOS : arroz, feijão, chocolates, bebidas adoçadas
lentilhas, cogumelos, frutas e aromatizadas, sorvetes,
secas, sucos de frutas sem cereais açucarados, alimentos
adição de açúcar, castanhas instantâneos, alimentos
Peter Milto/Shutterstock

e nozes sem sal, farinhas (de congelados prontos para


mandioca, milho, tapioca ou aquecimento, salgadinhos
trigo) e massas frescas. chips, misturas para bolos,
barras energéticas; sopas,
macarrão e temperos
instantâneos.
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Próxima parada,

30 | VIAJAR 31
Segunda maior região vinícola
da Argentina, aos pés
da Cordilheira dos Andes,
conquista o turista pela paisagem
e pelos vinhos de altitude
Pablo Ducros / Shutterstock

Cafayate, Argentina
32 | VIAJAR 33

Sunsinger / Shutterstock
arcada por belíssimas paisa- de lá, também é um grande aliado para o cul- pela Rota 68, passa pela Quebrada de las Con-
gens, entre cânions e desfi- tivo de uvas de qualidade. As uvas mais fa- chas – uma reserva natural com incríveis e
ladeiros, com rios que dese- mosas são a Torrontes, para vinhos brancos, suntuosas formações rochosas – que oferece
nham a terra e cores e tons e a Malbec, para os tintos. paradas inesquecíveis. A partir do aeroporto
variados, a província de Sal- Sua capital, de mesmo nome, fica aos pés internacional Martín Miguel de Guemes, da
ta, nos Valles Calchaquíes, no noroeste de da Cordilheira dos Andes. É uma cidade que capital, Salta, também é possível ir para Ca-
Buenos Aires, está se transformando na nova harmoniza as arquiteturas moderna e colo- fayate pelas rotas 40 e 33, que passam pelo
queridinha dos enófilos por causa de seus vi- nial com tanto charme que ganhou o apelido Parque Nacional de los Cardones e pela Que-
nhos. Mas, não só isso. Além da grande varie- de Salta, La Linda. Em seus arredores, o turis- brada de las Flechas. A Rota 68 é asfaltada e
dade de vinícolas que produzem o vinho de ta encontra montanhas, paisagens incríveis, bem sinalizada.
altitude, a região, vizinha do Brasil, tem um um festival de cores que vai do árido ao ver- Próximo a Cafayate, os parreirais ganham
leque de atrações que inclui arquitetura bem de e natureza preservada. Vale guardar dois a cena. A cidade tem cerca de 12 mil habitan-
preservada e ótimos hotéis. dias para conhecer a cidade, visitar museus, tes e merece uns dois dias de passeio para
Ocupada pelo mar há 250 milhões de tomar uma cerveja Salta na praça, curtir a que haja tempo de conhecer seu casario co-
anos, hoje a região tem mais de 80 km de vista do Cerro San Bernardo, ir a uma Peña lonial, visitar as bodegas e experimentar os
montanhas rochosas, transformadas em Folclórica e fazer um city tour guiado para vinhos de altitude. A arquitetura colonial se
atração turística, e uma rota de vinícolas a entender a região. concentra nos prédios antigos que cercam a
1.800 metros do nível do mar. Ali, o vinho Entre os pontos turísticos estão: a Praça 9 de praça principal do vilarejo. Ali também fi-
tem um sabor especial. Graças à amplitude Julho com os bares e o comércio do entorno, cam lojas e restaurantes, onde é possível ex-
térmica, que pode chegar a até 20 graus cel- o Cabildo – Museu Histórico do Norte, a Igre- perimentar algumas das delícias saltenhas,
sius de diferença da manhã até a tarde, as ja e o Museu San Francisco e o MAAM – Mu- como as empanadas e humitas, e os sabo-
uvas ganharam características próprias ao se seu de Arqueologia de Alta Montanha, que rosos vinhos da região. A Catedral Nuestra
adaptarem. Elas são diferentes, menores e de nasceu a partir da descoberta de um santuá- Señora del Rosario fica defronte à praça. Foi
pele grossa, mas com sabor e aroma concen- rio de ritual Inca, no vulcão LLullaillaco, em construída em 1885 e é uma das poucas igre-
trados, produzindo um vinho espesso, de cor 1999. Salta também pode ser o ponto de parti- jas da América do Sul que preservam suas
Vinhas em Cafayate
intensa e sabor frutado. da para conhecer outros lugares da província. cinco naves originais. No seu interior está a
A província é a segunda maior região viní- estátua de Nossa Senhora sentada, conhecida
cola argentina, com 65 bodegas, muitas das A CIDADE FAVORITA DOS ENÓFILOS como ‘La Sentadita”.

Três bodegas para visitar na província Salta


quais situadas em altitudes elevadas, o que No mundo do vinho, Cafayate é a preferida, Também vale uma visita ao Mercado Cen-
contribui para a lenta maturação das uvas e embora seja um pouco mais difícil chegar tral, com o variado artesanato local em peças
a retenção da acidez, resultando em vinhos lá. Agora, parece que vale o esforço frente à de cerâmica, prata e tear. O Museu de la Vid
frescos e bem aromáticos. O clima semiárido exuberância de seus arredores. Quem opta y Vino é onde se pode aprender quase tudo
relacionado à produção local e onde está lo- Bodega Colomé Bodega Vasija Secreta Bodega El Esteco
calizada uma loja de vinhos com rótulos de No meio do deserto, a Bodega Colomé fica no Situada logo na entrada de Cafayate, Vasija Também em Cafayate, a 1.800 metros de altitu-
Shutterstock

praticamente todas as vinícolas da região. Ca- Valle Cachalquíes, aos pés da Cordilheira dos Secreta é a mais antiga vinoteca local, e des- de, na exuberante vegetação da floresta Yun-
fayate tem cerca de 30 vinícolas, algumas fi- Andes. A vinícola de 1831 é a mais antiga da Ar- de a metade do século passado vem produzin- ga, com seus rios e montanhas rochosas, há um
cam perto do centro da cidade. Às outras dá gentina e suas vinhas ancestrais ainda produ- do ótimos vinhos. Vale conferir nessa vinoteca trecho de deserto, onde a faixa de temperatura
para ir de carro ou de bicicleta. Entre as que zem bons frutos para a produção do vinho que as maravilhosas máquinas antigas, datadas do e o ambiente permitem a criação de vinhos de
merecem uma visita estão a Vasija Secreta, a leva seu nome: o Colomé Reserva. Mantém, em início da Revolução Industrial, que estão agora alta qualidade. Essa bodega também é um ho-
mais antiga da região, e a Bodega El Esteco, 39 mil hectares, vinhedos de Malbec e Cabernet expostas num museu no interior do edifício. A tel de 32 quartos, com portões de ferro que se
que tem um belo hotel e um bom restauran- Sauvignon desde 1854. A Colomé pratica agri- visita inclui informações sobre história, fabrica- abrem para os jardins da propriedade e levam à
te; a Bodega Nanni, uma das mais tradicionais cultura biodinâmica para integrar excelência e ção e sabor dos vinhos, além de degustação. casa de campo, cujo interior concentra o espí-
e que oferece vinhos biológicos; San Pedro de sustentabilidade à produção. São mais de meio rito da cidade, uma arquitetura colonial, deco-
Yacochuya, que produz alguns dos melhores milhão de litros de vinho por ano, exportados rada com teares artesanais, mobiliário rústico e
rótulos da região, e Piatelli Wineyards, tam- para mais de 25 países. O lugar é belíssimo e dá prataria refinada de Salta.
bém famosa por seu restaurante. para se hospedar no hotel da Colomé.

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34 | VIAJAR 35

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Parque Nacional Los Cardones Cafayate

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Cuevas de Acsibi
Q U E B R A D A D E C A FAYAT E
Quebrada de Las Conchas

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42 | SEM JALECO 43

Na página ao lado, Dr. Marcelo Averbach e Dr. Marco Aurélio D’Assunção, dois dos fundadores da Zoé. Acima o barco-hospital Abaré

E
m 2 de outubro de 2023, en- O COMEÇO DE UM SONHO resultados e já medicavam a população.
quanto realizávamos a conver- Tudo começou em 2009, com o convite de Em 2010, o Dr. Tozzi contou a Dr. Marcelo
sa sobre a história da ONG Zoé, um grande amigo, o cirurgião vascular Fábio sobre cinco mulheres indígenas da comuni-

QUANDO O
uma das grandes paixões do Tozzi, para uma expedição médica embarca- dade Zoé (nós, do Tupi) que precisavam fazer

HOBBY
cirurgião do aparelho digesti- da no Abaré, organizada pelas ONGs Saúde e colecistectomia, porque tinham cálculos na
vo do Hospital Sírio-Libanês Marcelo Aver- Alegria e Terre des Hommes. “Fomos eu, ele, vesícula, sintomáticos. A Zoé é um povo des-
bach, acontecia a 20ª expedição da Zoé no minha mulher, dermatologista, e mais sete coberto na década de 1980, que vive isolado,
Pará. Uma empreitada inteiramente femini- médicos voluntários. Passamos uma semana sem contato com brancos. Aliás, um contato
na, em razão do Outubro Rosa. A equipe de atendendo a população ribeirinha, às mar- inicial anterior à expedição teria provocado
dermatologistas, ginecologistas, pediatras e gens do Tapajós”, conta Dr. Marcelo Averba- muitas mortes de indígenas. “Eles tinham
demais profissionais estava lá para atender à ch, cirurgião do aparelho digestivo e um dos um só médico que mantinha o atendimen-
população de mulheres e crianças que vive fundadores da ONG Zoé. to deles, Eric, que vive em Santarém, grande
ao longo do Rio Tapajós, em especial, nos “Foi muito legal”, com ênfase no mui- médico. Foi ele que fez o ultrassom e obteve
municípios de Santarém, Belterra e Aveiro. to, é como o cirurgião descreve a experi- o diagnóstico. Como operar essas pessoas, se

É DE JALECO
Desde sua fundação em 2019, os 203 médi- ência, enquanto aponta para fotos de uma não dava para retirá-las da aldeia senão em
cos voluntários e demais profissionais parti- população bastante carente sendo tratada grupo?”, questionava-se Dr. Averbach.
cipantes das expedições da Zoé já atenderam durante a expedição. “O Abaré parava, as A operação era bastante complexa. Os in-
4.881 ribeirinhos. Além do atendimento a pessoas entravam, abríamos o prontuário dígenas da Zoé só andam em grupos, nus, ca-
Dr. Marcelo Averbach conta como, depois de dezenas de expedições, do mulheres e crianças acima mencionado, fo- eletrônico e eram atendidas”, descreve. Se- çam com arco e flecha, tecem suas próprias
ram feitas cirurgias de hérnia, vesícula, tra- gundo ele, todo o tratamento era feito no redes, usam um grande adorno no lábio in-
envolvimento de muitos médicos e de toda a sua família, nasceu a Zoé, ONG que tamentos de varizes, exames laboratoriais, dia. Após o atendimento, colhiam os exa- ferior. Era impossível tirá-los dali. “Optamos
atende populações ribeirinhas na região do rio Tapajós, na Amazônia de endoscopia, colonoscopia e ultrassons. mes do paciente, em três horas tinham os por fazer as cirurgias na comunidade”, conta.

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44 | SEM JALECO 45

A equipe médica montou todo o esquema, treamento de câncer colorretal, na região, toridades locais, com o pessoal que cuida e de-
conseguiu empréstimo de laparoscópios do que nomeamos de Quem procura cura”, conta. tém o barco-hospital Abaré (membros da Ufo-
Hospital Sírio-Libanês; um gerador, pois no O projeto reuniu 51 médicos, 34 acadêmi- pa - Universidade Federal do Oeste do Pará) e
local não havia energia elétrica, e montou cos de medicina, contou com 19 expedições, realizar uma jornada de ultrassonografia.
um centro cirúrgico na terra indígena. Lá, atendeu 2 mil pessoas e realizou 4 mil exa- Segundo Dr. Averbach, a grande dificul-
havia uma pequena enfermaria montada mes endoscópicos, pois demandou endos- dade de atender o povo ribeirinho ao longo
pelo Dr. Eric, nela, realizaram as cinco cirur- copia alta e baixa em cada paciente. Depois do Tapajós é que eles vivem espalhados nas
gias laparoscópicas de uma só vez, e o pós- disso, o material colhido resultou em teses margens do rio. Tem uma comunidade aqui
-operatório foi feito no redário dos próprios de mestrados e doutorados defendidos no com 100 habitantes, outra ali com outros
indígenas. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa poucos e mais distante outra, todas elas com
“O interessante é que, na véspera, havia (IEP), tornou-se a tese de livre-docência de dificuldade de locomoção. “É diferente de ter
um indianista no local e ele me disse: ‘Mar- Dr. Averbach, na USP (Universidade de São um polo urbano, onde você monta um hos-
celo qual o risco dessa cirurgia?’ Eu respondi Paulo), e foi consagrado com a publicação na pital e atende a todos”, explica.

A
que era baixo e ele arrematou: ‘O risco dela é Endoscopy, maior revista europeia da espe-
o seu risco’. Correu tudo bem, tanto que es- cialidade. “Tudo isso acabou, e a gente esta- segunda expedição da Zoé foi
tou aqui contando a história”, brinca. E, essa va sem saber como seguir”, lamenta o expe- para Belterra, ofertando trata-
é só uma delas. Depois dos Zoés, levaram dicionário da saúde. mento de varizes. Foram aten-
assistência médica para Arapiuns (2011), didos 108 pacientes no Hospital
Cabeça do Cachorro (2012) e Surucucu, na NASCE ZOÉ de Belterra. Simultaneamente, embarcados
fronteira com a Venezuela, onde ficam os Em 2019, Dr. Marco Aurélio D’Assunção, que no Abaré, muitos ultrassons foram realiza-
Yanomamis (2013). Um povo com muitos participou de uma das expedições da Quem dos para mapear o problema. Em terra, outra
casos de desnutrição infantil porque, entre procura cura, recebeu uma doação de um pa- parte da equipe fechava parceria com a Ufo-
outros motivos, segundo a filosofia dos Ya- ciente e procurou Dr. Averbach para sugerir pa, fazia vistoria e reconhecimento na cida-
nomamis, come primeiro o caçador, depois que fizessem algo, quem sabe fundar uma de de Aveiro, a mais distante, que leva uma
as mulheres, terceiro os idosos e, por fim, as ONG? Assim, nasceu a ideia da Zoé. Entre os noite de viagem no Abaré para ser alcança-
crianças, conta o cirurgião. fundadores, todos médicos do Hospital Sírio- da. “Essa distância é um grande complicador
Fora a desnutrição, outro grande problema -Libanês, estão: doutores Averbach e Marco para o atendimento. Em caso de necessidade
dos Yanomamis é o bicho de pé, inclusive na Aurélio, já citados, Dra. Beatriz Souza Dias, de uma cirurgia grande, sem a presença do-
região perianal, devido ao contato com fezes Ângelo Fernandes, Daniel Deheinzelin, Fábio Abaré, é preciso um transporte mais rápido
de cachorro e porco. O problema foi tratado Tozzi e Plínio Averbach. Este último, único para levar o paciente. Uma lancha faz o traje-
pelo Dr. Marcelo e por sua esposa, mas o ris- não médico, mas apaixonado pela ideia, filho to em 4 horas”, lamenta Dr. Averbach.
co de contaminação recorrente está no hábi- de Dr. Averbach, que é administrador de em- A região é maravilhosa, segundo o expe-
to de conviver com os bichos, descalços e nus. presas, fazendo MBA, nos Estado Unidos. dicionário, tem inclusive Santarém, que é
“Não há como orientar a mudança de um há- “Ele é completamente apaixonado pela uma cidade grande e tem um hospital, mas
bito enraizado culturalmente”, esclarece. ONG, criou e registrou a marca e estruturou a região não tem assistência médica sufi-
Na sequência, Dr. Marcelo Averbach foi toda a ONG. Zoé foi o nome eleito pelo grupo ciente, pois o Sistema Único de Saúde (SUS)
convidado a ir a Boston, pela Boston Scien- em homenagem aos nossos primeiros ami- não dá conta. Além da população urbana
tific, para conduzir um projeto de prevenção gos da comunidade homônima”, conta Dr. de Santarém, 300 mil habitantes, que já tem
do câncer colorretal. A partir da exposição Averbach. Além dos fundadores, juntaram- muitos em fila do SUS, tem a população ri-
feita por Dr. Averbach, a indústria se ofere- se ao grupo outras figuras muito importan- beirinha, que nem sempre consegue chegar
ceu para ajudar numa das ações preventivas tes para a Zoé: doutores Enis Donizetti Sil- ao centro urbano. “O trabalho da Zoé nesses
às populações dessa região. A equipe elegeu va, Marco Menezes, Walter Campos. quatro anos tem feito muita diferença na re-
Belterra, cidade conhecida pela equipe na O sonho começou e veio a pandemia da Co- gião, tem até morador de Santarém que nos
primeira viagem pelo Tapajós. “Assim, apoia- vid-19. A primeira expedição da ONG foi em procura e conseguimos atender”, conclui. É
dos pelo Hospital Sírio-Libanês e pela Bos- 2020, no meio da pandemia, para apresentar a possível saber mais sobre o trabalho e fazer
ton Scientific, fizemos um programa de ras- região aos demais fundadores, falar com as au- doações para a Zoé pelo site ongzoe.org

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46 | RESPONSABILIDADE 47

IRSSL ASSUME Com a nova


unidade, o

GESTÃO DO HOSPITAL
Instituto de
Responsabilidade

Grinbox/Shutterstock
Social

DE REGISTRO Sírio-Libanês
(IRSSL) se coloca
à frente de 10
equipamentos de
saúde pública,
da assistência

O
ambulatorial Instituto de Responsabili- atividade desde agosto de 2018, o HRR foi
e reabilitação dade Social Sírio-Libanês
(IRSSL) assumiu em abril
construído pelo Governo do Estado por
meio do “Saúde em Ação”, programa da
física a hospitais de 2023 a gestão do Hos- Secretaria Estadual da Saúde em parceria
gerais pital Regional de Registo
(HRR). Conhecido na região somente por
com o Banco Interamericano de Desen-
volvimento (BID).
Hospital de Registro, a unidade de média Atualmente, o HRR dá cobertura para
e alta complexidade se destaca como refe- uma população superior a 470 mil habitan-
rência nas especialidades de Neurocirur- tes e conta com serviços de centro cirúrgico,
gia, Cardiologia e Hemodinâmica, Orto- hospital dia, UTI adulto, UTI pediátrica, ur-
pedia e Cirurgia Geral para 15 municípios gência e emergência referenciada.
do Vale do Ribeira e três do litoral sul. Em “Assumir a gestão do Hospital Regional
de Registro é um importante passo no cres-
cimento e expansão de nosso Instituto, que
já conta com 10 unidades administradas
com a qualidade e excelência da marca Sí-
Sobre o Instituto de Responsabilidade rio-Libanês. No momento em que comple-
Social Sírio-Libanês (IRSSL) ta 15 anos de existência e com mais de 20
Fundado em 2008, o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL) nas- milhões de pessoas impactadas, o Instituto
ceu com o propósito de fortalecer a atuação social voluntária da Sociedade Bene- amplia cada vez mais sua atuação no Estado
ficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês na saúde pública do Brasil, tendo como de São Paulo”, explica Carolina Lastra, dire-
missão levar a excelência administrativa e operacional, já reconhecida no setor pri- tora executiva do Instituto de Responsabili-
vado, às esferas municipais e estaduais do País. dade Social Sírio-Libanês.
Atualmente, o Instituto é responsável pela gestão de 10 equipamentos de saúde: Hos-
pital Municipal Infantil Menino Jesus (HMIMJ), Hospital Geral do Grajaú (HGG), Hospi-
tal Regional de Registro (HRR), AME Interlagos, Hospital Regional de Jundiaí (HRJ),
AME Jundiaí, AMAs Santa Cecília, Núcleo de Saúde da Fundação Lia Maria Aguiar,
Ambulatório de Gratuidade e Serviço de Reabilitação Lucy Montoro de Mogi Mirim.

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JUL | 2023
48 | RETRATO

Foto Rachel Guedes

PROF. Conheça os endereços


DR. SERGIO
CARLOS NAHAS:
do Sírio‑Libanês.
UMA CARREIRA São Paulo
MÉDICA QUE Hospital Sírio‑Libanês

MERECE SER Rua Dona Adma Jafet, 115 – Bela Vista – (11) 3394-0200
Serviços: Pronto Atendimento, Centro de Diagnósticos, Centros de Cardiologia e Oncologia,
Infusão, Hemodiálise, entre outros. Atendimento em mais de 40 especialidades.

BIOGRAFADA Sírio‑Libanês Itaim


Rua Joaquim Floriano, 533 – (11) 3394-0200
Os avós paternos e maternos eram sírios, católi- Serviços: Centro de Diagnósticos, Centros de Oncologia e Reprodução Assistida, Centro Cirúrgico/Hospital-Dia e Check-up.
cos ortodoxos, que fugiram para o Brasil de na-
vio, por questões religiosas. Assim, seu pai, Car- Sírio‑Libanês Jardins
los Nahas, chegou aqui, no século passado, com Avenida Brasil, 915 – (11) 3394-0200
8 anos, sem falar português. Sempre ouviu da fa- Serviços: Centro de Diagnósticos com Exames Laboratoriais e de Imagem,
como Ressonância Magnética, Densitometria Óssea, Mamografia e Ultrassom.
mília que o Brasil é um país maravilhoso, que os
acolheu muito bem e onde puderam criar seus
filhos. Foi nos almoços de família que adquiriu o
interesse pela medicina através das histórias dos
Brasília
tios médicos. Foi apresentado ao Hospital Sírio-
Hospital Sírio‑Libanês
Libanês pelo professor Naun Kuminski, na déca-
SGAS 613, s/nº, Lote 94 – Asa Sul – (61) 3044-8888
da de 1970, poucos anos depois de ingressar na Serviços: Pronto Atendimento, Centro de Diagnósticos, Centro Cirúrgico e Atendimento
Faculdade de Medicina da Universidade de São em diversas especialidades, como Cardiologia, Neurologia, Oncologia e Ortopedia.
Paulo – FMUSP. “Eu era mosca de centro cirúrgico, ainda estudante”, brinca. O Prof.Dr. Sergio Nahas segue honrando a instituição
com seu profissionalismo e competência até os nossos dias como cirurgião, e foi membro do Conselho Consultivo da instituição, en- Centro de Oncologia
tre 2012 e 2018. Na FMUSP é Professor Titular do Departamento de Gastroenterologia, Área Coloproctologia. Foi Professor Titular da SGAS 613/614, Conjunto E, Lote 95 – Asa Sul – (61) 3044-8888
Serviços: Quimioterapia, Radioterapia, Hematologia, Exames e Consultas Ambulatoriais e Clínicas.

Responsável Técnico: Dr. Luiz Francisco Cardoso - CRM/SP 48059


Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo (2019-2022) e Professor do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia
do Hospital das Clínicas – HC-FMUSP e de Cirurgia Oncológica do Câncer do Cólon, Reto e do Ânus, do Instituto do Câncer do Estado
Centro de Diagnósticos
de São Paulo Otávio Frias de Oliveira – ICESP HC-FMUSP. É pós-graduado em Coloproctologia no St. Marks Hospital and Academic SGAS 613/614, Salas 17 a 24, Lote 99 – Asa Sul – (61) 3044-8888
Institute of London (1990), livre-docente na Disciplina de Coloproctologia pela FMUSP (2000). Recebeu em 2017 da The American Serviços: Centro de Cardiologia, Check-Up Executivo, Exames Laboratoriais e de Imagem,
Society of Colon and Rectal Surgeons ASCRS, Illinois, EUA, o mais alto título da Sociedade: Honorary Fellow. Obteve por concurso os como PET/CT Digital, Ressonância Magnética e Tomossíntese.
títulos de Especialista em Executivo Hospitalar ( MEC - n. 79.268/77), em 1982; Especialista em Cirurgia Geral, outorgado pelo Colégio
Brasileiro de Cirurgiões (1980); Especialista em Proctologia, pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (1980); Habilitação em Ví- Núcleo de Especialidades Médicas
deolaparoscopia, pela Sociedade Brasileira de Videocirurgia (2002); Certificação para realização de Cirurgia Robótica como Console SGAS 613/614 Lote 99, Térreo, Edifício Vitrium Bloco B – Asa Sul – (61) 3044-8888
Serviços: Consultas em mais de 30 especialidades.
Surgeon, pela Intuitive Surgical e da Vinci Surgical System (2007). Na academia, foi co-orientador de vários mestrados e doutorados.
Formou outros tantos livres-docentes para as disciplinas de Coloproctologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo. Participou de mais de
Unidade Águas Claras
1600 atividades didáticas, entre graduação e pós-graduação, além de ministrar mais de 500 Cursos Lato Sensu e de Atualização e Rua Copaíba, 01, DF Century Plaza, Torre B, 21º andar – Águas Claras – (61) 3044-8888
Continuados e 359 conferências médicas nacionais e internacionais, organizar diversos cursos e eventos científicos e participar de Serviços: Oncologia Clínica, Quimioterapia, Ultrassom, Exames Laboratoriais, Consultas e Especialidades Médicas.
quase uma centena de projetos de pesquisa. Tem 215 artigos e 532 resumos publicados em revistas, jornais e anais científicos dentro
e fora do Brasil. Foi agraciado com 37 prêmios. Sua contribuição total à medicina renderia uma longa biografia.

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