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Quando se fala em prática da medicina veterinária, se fala nas práticas das clínicas, ou
seja, na clínica médica propriamente dita, na reprodução, na clínica cirúrgica, e para
tanto, foi preciso enveredar um caminho que muitas vezes se tornou um pouco
cansativo e que as vezes parecia não ter nada haver. No entanto, será visto que isso tem
uma conexão direta com toda a aprendizagem da medicina e que sem isso jamais seria
possível obter o conhecimento necessário para formação do médico veterinário. Então,
no primeiro período quando se adentra ao curso de medicina veterinária, inicialmente se
estuda a anatomia e a anatomia aplicada, onde se aprende sobre tudo da conformação
do corpo animal. São estudados os órgãos separadamente, posteriormente a anatomia
topográfica e que permite de fato fazer a exploração clínica do animal, fazer abordagem
cirúrgica e etc. Se aprende toda a conformação anatômica do animal, mas também seria
necessário aprender sobre como tudo aquilo era formado, como aquela conformação se
tornou possível. Então, a partir disso foi necessário estudar a histologia veterinária, na
qual se aprende como todos àqueles tecidos formavam os órgãos e o conjunto desses
órgãos formavam os sistemas. Para que houvesse um entendimento mais completo, f oi
importante também estudar a bioquímica veterinária que toda aquela funcionalidade
dependia de substâncias químicas. Então através de reações químicas foi visto que cada
tecido era formado por unidades básicas que a partir dai possibilitava a função dos
diferentes órgãos e consequentemente dos sistemas. Por meio da fisiologia foi possível
entender que cada órgão, mediante às reações químicas celulares, desempenhavam uma
função básica e específica para o funcionamento orgânico.
Posteriormente foi necessário também entender que esses órgãos, essas funções
orgânicas, poderiam sofrer alterações, e essas alterações acontecem mediante
alterações, mecanismos patogênicos, ou seja, de agentes patológicos que vão atuar
nessas estruturas e consequentemente alterando a conformação e estrutura daqueles
tecidos e/ou funcionamento daqueles tecidos. Certas substâncias são capazes de alterar
esse funcionamento, e através da farmacologia, foi estudado que certas substâncias
também podem corrigir aquelas alterações orgânicas pré-existentes e ou de causar
alterações no funcionamento daqueles órgãos e consequentemente dos sistemas. Por
exemplo, no caso de alterações no sistema nervoso, ou no funcionamento do sistema
nervoso, se conhece através da farmacologia, substâncias que são capazes de inibir o
funcionamento neurológico ou de alterar o funcionamento neurológico e de corrigir
também alterações neurológicas. Existem substâncias chamadas
parassimpaticomiméticas que alteram o funcionamento do sistema parassimpático.
Assim como existem substâncias que inibem essas alterações existentes no sistema
nervoso parassimpático ou vagal. Exemplos dessas substâncias são a fisostigmina e
pilocarpina, e são capazes de potencializar o funcionamento do sistema
parassimpático/vago. Ou seja, sempre que essas substâncias forem administradas esse
sistema vai entrar em hiper funcionamento. As substâncias que inibem o
funcionamento do sistema parassimpático são chamadas de parassimpaticolíticos, e a
mais utilizada na medicina é o sulfato de atropina. Quando há uma estimulação desse
funcionamento, é por que são estimuladas a liberação de certas substâncias que vão
potencializar esse hiper funcionamento. O cavalo é um animal hipersensível à certas
exposições medicamentosas ou fatores ambientais e sempre que isso acontece eles vão
entrar em hiper funcionamento vagal. É importante também lembrar que todas as
vísceras e todo o sistema glandular é coordenado pelo sistema nervoso autônomo,
então sempre que esses animais entram em hiper funcionamento vagal vai ocorrer
hiper funcionamento do sistema gástrico interno, por exemplo, e de todo sistema
visceral, de bexiga, de excreção vesical e etc. Também foi necessário saber sobre a
exploração do exame clínico e para que fosse dado o diagnóstico daquilo que foi
observado com o exame clínico, foi necessário a utilização de conhecimentos
complementares, seja por meio das análises clínicas, seja por meio dos exames de
imagem. Na interpretação clínica hematológica, muitas vezes, através de uma simples
alteração na quantidade dos leucócitos, já pode saber qual a causa daquela doença. Um
aumento na contagem dos leucócitos é chamado de leucocitose, e uma diminuição, é
chamada de leucopenia. Sempre quando ocorre uma leucocitose é uma indicação de
uma infecção bacteriana. Quando há uma leucopenia, será uma indicação de que o
animal está com uma virose. Os neutrófilos são divididos em jovens (mielócitos e
metamielócitos), os neutrófilos em fase de maturação (bastonetes) e em maduros
(segmentados). Quando ocorre uma leucocitose por um aumento de neutrófilos, essa é
chamada de leucocitose por neutrofilia. Se essa neutrofilia ocorre por um aumento dos
neutrófilos jovens, ela é chamada de neutrofilia a esquerda. A importância disso é por
que sempre que ocorre uma infecção bacteriana haverá uma leucocitose, e sempre que
for por uma neutrofilia com desvio à esquerda significa que esse animal está
acometido por uma infecção bacteriana aguda. Esse desvio à esquerda significa ainda
que está havendo uma resposta medular. Já quando há um aumento dos neutrófilos
maduros, há uma neutrofilia com desvio à direita, ou seja, houve uma infecção
bacteriana, a medula entrou em hiperatividade, mas aquela infecção não era tão
invasiva e houve habilidade da medula para sintetizar e maturar essas células de
defesa. Há casos também em que o animal está com uma infecção bacteriana, mas ao
invés de se detectar uma leucocitose, há uma leucopenia. Isso ocorre quando há um
comprometimento da medula, e isso geralmente ocorre em infecções graves como
exemplo da sepse, que se pode juntar em único contexto com a bacteremia, septicemia
e a endotoxemia que é a invasão de toxinas bacterianas no organismo. É importante
lembrar também que existem alterações anatômicas que ocorrem decorrentes a certas
enfermidades, como por exemplo, alterações hepáticas, alterações renais, alterações
intestinais e etc., e tudo isso foi estudado na anatomia patológica, que possibilitou
observar e entender clinicamente o estado anatômico de um pulmão, por exemplo,
acometido por uma pneumonia. Sempre que um microrganismo ou uma substância
afeta qualquer estrutura anatômica, órgão e tecido, a primeira alteração será a alteração
circulatória. De imediato haverá um aumento no fluxo sanguíneo nos vasos que é
chamado de hiperemia ativa. Posteriormente os vasos ficarão ingurgitados de sangue.
Consequentemente, haverá uma alteração na drenagem do sangue para a circulação
geral. Por exemplo, um animal que sofreu um trauma na região femoral, a primeira
reação circulatória que irá ocorrer ali é o aumento do fluxo sanguíneo, mas como
aquela área está lesionada, então haverá também alteração na drenagem do sangue, por
que vai ocorrer uma inércia, ou seja, uma parada funcional circulatória naquela área.
Essa parada, e consequentemente o não recebimento de sangue arterial naquela região,
é chamado de isquemia. Aquele sangue ficará retido, não voltará para a circulação
geral e a circulação venosa ficará ingurgitada. Esse acúmulo de sangue em determinada
área é chamado de hiperemia passiva ou congestão. Todo o sistema vascular, ou seja,
os capilares venosos e todas as veias, estarão repletas de sangue que não será drenado,
vão causar um aumento da permeabilidade vascular, e com esse aumento haverá
passagem do plasma para os tecidos, e esse plasma irá se infiltrar nos interstícios, ou
seja, naqueles tecidos. Essa infiltração nos tecidos é chamada de edema, chamado
rotineiramente de inflamação. Então, não existe uma inflamação sem um acúmulo de
líquidos nos tecidos. A primeira fase da pneumonia é a congestão, que é o acúmulo de
sangue no parênquima pulmonar, a segunda fase é a de resolução que pode ser uma
evolução para uma maior consistência, para um maior fibrosamento sanguíneo.
Após exploração do animal, através dos meios de diagnóstico, pode se detectar
alterações anatômicas e funcionais, essa conclusão clínica pode ser complementada
através dos recursos de imagem e laboratoriais. Feito isso, será possível chegar a uma
conclusão clínica, essa conclusão é o chamado diagnóstico e especificamente esse
diagnóstico é chamado de clínico e nosológico. Toda enfermidade tem uma causa que
pode ser uma ação traumática, uma infecção por um microrganismo, ação de uma
substância clínica qualquer. Então a causa da enfermidade é chamada de diagnóstico
etiológico. Etiologia significa causa. Muitas vezes para que seja realizado esse
diagnóstico etiológico são necessários exames específicos, como o exame sorológico
para conclusão definitiva. O exame clínico se inicia com a anamnese e desde então o
clínico já pode ter suspeitas do possível acometimento daquela determinada doença.
Essa anamnese bem feita pode ser fundamental para uma conclusão diagnóstica.