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Aula 1 - Introdução a Semiologia (prova dia 23 e 24).

0 - Introdução:
Conceitos:
Semiologia: é a parte da medicina que estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sintomas e os interpreta - visa reconhecer uma
dada enfermidade por suas manifestações clínicas, bem como prever a sua evolução e prognóstico.

Síndrome: conjunto de sinais clínicos por múltiplas causas e que afetam diversos sistemas - quando adequadamente reconhecidos e
considerados em conjunto caracterizam uma determinada enfermidade ou lesão.
Exp - Síndrome da cólica.
Exp - Febre: em decorrência dela ocorre ressecamento da boca, aumento da frequência respiratória e cardíaca, perda parcial do
apetite, oligúria...

Sintoma: todo fenômeno anormal, orgânico ou funcional pelo qual as doenças se relevam no animal - dispnéia, tosse, diarreia,
claudicação...
PS: na medicina humana representa alterações que são reportadas pelo paciente.

Sinal: não se limita à observação da manifestação anormal apresentada pelo animal, mas principalmente a avaliação e interpretação
que o clínico retira dos sintomas observados ou do método físico de exame.
Exp - Edema: identificado através sintoma de aumento de volume.
Exp - Balotamento positivo: ao palpar o abdômen do animal e no mesmo momento formar “ondas” que indicará a presença de
conteúdo livre no abdome.

Tipos de sinais:
Sinais locais: manifestações patológicas aparecem claramente circunscritas e em estreita relação com o órgão envolvido - uma
hiperemia da conjuntiva palpebral por irritação por exemplo.
Sinais gerais: manifestações patológicas resultantes do comprometimento orgânico como um todo (exp - endotoxemia) // ou por
envolvimento de um órgão ou um determinado sistema levando a prejuízos de outras funções do organismo (exp - neoplasia mamária com
metástase pulmonar).

Classificação de sinais:
Principais: fornecem subsídios sobre o provável sistema orgânico envolvido (dispnéia nas afecções pulmonares por exemplo).
Patognomônico: pertencem ou só representam uma determinada enfermidade.
Exp1: protrusão da terceira pálpebra em equinos por tétano.
Exp2: opacidade de córnea na FCM.

Evolução dos sinais:


Iniciais: primeiros observados ou reveladores da doença.
Tardios: quando aparecem no período de plena estabilização ou declínio da enfermidade.
Residuais: quando se verifica uma aparente recuperação do animal.
Exp: mioclonias que ocorrem em alguns casos de cinomose.

Classificação de sinais (mecanismo):


Anatômicos: dizem respeito à alteração da forma de um órgão ou tecido (exp - esplenomegalia e hepatomegalia).
Funcionais: estão relacionados com a alteração na função dos órgãos (exp - claudicação).
Reflexos: originados longe da área em que o principal sintoma aparece (exp - sudorese em casos de cólicas).

Diagnostico:
A - Diagnóstico clínico: reconhecimento de uma doença baseado na anamnese, exame clínico e complementares - anamnese (50%);
exame físico (35%); complementar (15%).
B - Diagnóstico terapêutico: baseado na resposta favorável da terapia.
C - Diagnóstico presuntivo: pela observação diária da progressão da doença exclui-se ou insere-se alguns diagnósticos (preestabelecidos).

D - Diagnóstico etiológico: quando se refere a doença e ao agente causador - tétano (Clostridium tetani).
E - Diagnóstico anatômico: especifica o local e o tipo de lesão - fratura cominutiva no fêmur por exemplo.

F - Diagnóstico histopatológico: determinado pelo estudo microscópico dos tecidos.


G - Diagnóstico anatomopatológico: exame macro e/ou microscópico de peças cirúrgicas, biópsias ou exame post mortem.
Resultam no prognóstico: consiste em prever a evolução da doença - suas prováveis consequências, recuperação do animal e capacidade
corporal.
Favorável: quando se espera uma evolução satisfatória.
Desfavorável: quando se prevê o término fatal ou a possibilidade de óbito.
Reservado: duvidoso ou incerto - nos casos de curso imprevisível.

Que determina o tratamento: meio utilizado para combater a doença - podendo ser dietético, medicamentoso, cirúrgico ou terapêutico:
quanto ao tipo de ação os tratamentos são divididos em:
Causal: combate a causa da doença.
Sintomático: combate os sintomas ou abranda o sofrimento do animal.
Patogênico: modifica o mecanismo de desenvolvimento da doença no organismo (ex. soro antitetânico).
Vital: evita o aparecimento de complicações que tragam risco ao animal (ex. transfusão sanguínea).

Causas de erro no diagnostico:


I - Anamnese incompleta ou errônea.
II - Exame físico superficial ou feito às pressas.
III - Avaliação precipitada ou falsa dos achados clínicos.
IV - Conhecimento ou domínio insuficiente dos métodos dos exames físicos disponíveis.
V - Impulso precipitados em tratar o paciente antes mesmo de se estabelecer o diagnóstico.

Princípios de Hutchinson:
I - Não seja demasiadamente sagaz.
II - Não tenha pressa.
III - Não diagnostique raridades, pense nas hipóteses mais simples inicialmente.
IV - Não seja demasiado seguro de si.
V - Não hesite em rever seu diagnóstico.

1 - Identificação do animal: em alguns casos já direciona para suspeitas (raças sendo mais propensas para algumas doenças por exemplo).

2 - Anamnese: trazer de volta à mente todos os fatos relacionados à doença e ao paciente - representa (se bem conduzida) o principal
recurso que o clínico dispõe para fechar o diagnóstico (até 50% do diagnóstico).
PS: varia de acordo com o tipo de informante - proprietário, tratador ou veterinário.

Importância: determina informações quanto a:


Queixa principal
História médica recente
Comportamento dos órgãos
História médica pregressa
História ambiental e de manejo
História familiar ou de rebanho

3 - Exame clinico (exame físico): seu sucesso depende de organização, paciência, sensatez, raciocínio e conhecimento - é dividido ainda em
geral e especifico.

Material básico:
Papel e caneta.
Luvas.
Material para contenção.
Frascos para amostras.
Lanterna.
Estetoscópio.
Martelo e plexímetro.
Termômetro, otoscópio e oftalmoscópio.
Espéculo.
Métodos de exploração clínica (5): se baseia nas técnicas de - inspeção, palpação, auscultação, percussão e olfação.

A - Inspeção: investigação da superfície corporal e as partes mais acessíveis em contato com o exterior.

Exemplos: estado mental, postura e marcha, estado nutricional, condição da pele e pêlos...
Pode ser feita de forma:
Panorâmica: avalia condição corporal geral (ou no sentido de avaliar um grupo de animais).
Localizada: de determinada região do corpo.

Ou ainda:
Direta: vista com o olho nu - pêlos, mucosas, movimentos respiratórios por exemplo.
Indireta: com o uso de equipamento especifico - oftalmoscópio, microscópio, raio X, ultrassonografia, eletrocardiograma.
PS: algumas das técnicas de inspeção indireta podem ser consideradas como exame complementares (os últimos 4 citados pe.).

B - Palpação: utilização do sentido táctil ou da força muscular para melhor determinar as características de um sistema orgânico ou de
uma área explorada.

Pode ser feita de forma:


Direta: usando somente mãos e dedos.
Indireta: com aparelhos ou instrumentos - cateteres, pinças, agulhas, sondas.
PS: algumas das técnicas de palpação indireta podem ser consideradas como exame complementares (as sondas por exemplo).

Tipos de consistências encontradas:


I - Mole: estrutura não resiste a pressão e reassume a sua forma após cessar a aplicação desta (tecido adiposo).
II - Firme: estrutura resistente a pressão, mas cede e volta ao normal com o seu fim (músculos, fígado).
III - Dura: não cede por mais forte que seja a pressão (ossos).
IV - Pastosa: estrutura cede facilmente a pressão e não reassume a sua forma normal (edema).
V - Flutuante: ocorre pelo acúmulo de líquidos (sangue, pus, urina).
VI - Crepitante: pelo acúmulo de gás (enfisema subcutâneo).

C - Auscultação: avaliação dos ruídos que os diferentes órgãos produzem espontaneamente - pode ser feita com auxílio de equipamento
especifico (estetoscópios e fonendoscópio).

Exemplos de ruídos: respiratórios, bulhas cardíacas, ruídos ruminais e/ou intestinais...

Tipos de ruídos:
I - Aéreos: pela movimentação de massas gasosas (passagem do ar pelas vias aéreas na inspiração e expiração por exemplo).
II - Hidroaéreos: pela movimentação de massas gasosas em um meio líquido (borburigmo intestinal p.e).
III - Líquidos: movimentação de massas líquidas em uma estrutura (sopro anêmico).
IV - Sólidos: pelo atrito de duas estruturas sólidas rugosas (roce pericárdico).

D - Percussão: método físico de exame em que através de pequenos golpes ou batidas aplicadas a determinadas partes do corpo torna-
se possível obter informações sobre a condição dos tecidos adjacentes e/ou sua delimitação topográfica.
PS1: a percussão acústica permite a avaliação de tecidos localizados a aproximadamente 7 cm de profundidade e pode detectar
lesões iguais ou superiores a 7 cm de distância.
PS2 analise depende do conhecimento do som fisiologicamente normal da região!
PS3: pode ser feita a partir da técnica dígito-digital ou martelo-pleximétrica.

Tipos de sons:
I - Claro: do ar se movimentando (pulmão por exemplo).
A.5 - Subtimpanico.
B - Timpânico: de maior intensidade e ressonância (abdômen) - ocorre pela presença de ar/gases.
B.5 - Submaciço.
C - Maciço: ocorre em regiões compactas e desprovidas de ar (coração, fígado e baço).

Sons especiais:
A - Metálico: semelhante ao ruído de uma placa metálica vibrante - ocorre no timpanismo com grandes distensões.
B - Panela rachada: pela saída do ar de uma determinada cavidade sob pressão - ocorre em casos de estenose (deslocamento de
abomaso e estenose de piloro como exemplos).
E - Olfação: aplicado em transpirações cutâneas, ar expirado e secreções (fezes, vomito, urina) por exemplo.
Tipos de odor: cetónico (de acetona), urêmico, halitoses, pútrido.

4 - Exames complementares: procedem o exame físico em situações em que determinada suspeita deve ser provada.
Exemplos:
(a) Hematológico.
(b) Bioquímico.
(c) Urinálise.
(d) Bacteriológico/virológico/parasitológico.
(e) Biópsia (aspirativa, imprinting e excisional).
(f) Inoculações experimentais.
(g) Teste de reações alérgicas.

Razões para solicitação de exames complementares:


I. Confirmar a presença ou causa da doença.
II. Avaliar a severidade da lesão ou doença.
III. Avaliar a evolução de uma doença.
IV. Avaliar a eficácia do tratamento.
AULA 2 (Contenção)

0 - Introdução e conceitos: corresponde a imobilização parcial temporária e restrição da movimentação, com o intuito de impedir
determinadas atitudes físicas indesejáveis - depende do conhecimento sobre a índole do animal e espécie, controle do ambiente e
comportamento apropriado do profissional.

Objetivos:
I - Oferecer proteção ao veterinário, auxiliar e animal.
II - Facilitar o exame clinico e permitir procedimentos/testes complementares: injeções, curativos, cauterizações, US, punção venosa...
III - Evitar fugas e acidentes.

Recomendações:
Evitar movimentos bruscos e precipitados.
Seja tranquilo, firme e confiante.
Tentar ganhar a confiança do animal: conversar, acariciar, brincar e ofereça petiscos.
Iniciar com a contenção mais simples (cabresto, mordaça) e prosseguir com métodos mais enérgicos de acordo com a demanda (troncos,
formiga, cachimbo, focinheiras).

A - Em cães (5): conheça o animal e ganhe sua confiança // realizar aproximação lenta e conversando - de o dorso da mão para que ele
cheira, afague e mostre suas intenções // sempre que possível o proprietário ou um assistente deve auxiliar.
I - Mordaça: feita no momento (com corda, cadarços, laços, etc).
II - Cambão (pau de couro).
III - Focinheira.

IV - Contenção de pé: coloque o braço sob o pescoço, prendendo-o moderadamente com o antebraço - passe o outro braço sob o abdome
do animal, segurando o membro pélvico que se encontra do mesmo lado de quem executa a contenção.
V - Derrubamento e contenção sobre a mesa.

B - Em gatos (2):
Observações:
Defende-se com unhas e dentes (cuidado).
Manter dentro da caixa de transporte até avaliação física.
Manter próximo aos proprietários.
Fechar janelas e portas.
Examinar sobre a mesa.
Cuidado com mudanças de comportamento.

I - Cobrimento de unhas: feito com fita adesiva.


II - Com toalha.

C - Em equinos (8): (caiu na prova - métodos de contenção em equinos)


Observações:
Isolar o animal que se queira examinar.
Toque-o antes da contenção.
Posicionamento lateral à esquerda (evite que o animal use as pernas).
Cuidar com coice e manotaço (não fique atrás ou na frente do animal) - manotaço sendo um golpe ou pancada que o equino realiza
com as patas da frente.

I - Cabresto: jogado por traz das orelhas inicialmente.


II - Buçal: uma peça colocada no cabresto para condução do animal.
III - Rosário: evita a lambedura de soluções de continuidade ou suturas.
IV - Mão de amigo // Pé de amigo.
V - Prega no pescoço.
VI - Cachimbo (pito): utilizado nos lábios superiores.
VI - Tronco (brete).
VIII - Derrubamento: com o uso de caneleiras e cordas.
D - Ovinos e Caprinos (7):
I - Segurar prega inguinal e pescoço: ver abaixo.

II - Montar sobre o animal


III - Cajado.
IV - Derrubar e prender entre os joelhos ou joelhos sobre pescoço.

V - Pegar por chifre, barba ou orelha: pouco recomendado - irrita o animal.


VI - Tronco de contenção.
VII - Mesa de contenção.

E - Bovinos (9): aproximação pelo lado direito - cuidado com cabeçadas e movimentos laterais dos membros torácicos (mãos) // não ficar
de costas para o animal.

I - Peia: pode ser feita com corda ou correntes (a segunda gera mais desconforto).
II - Tombamento - Método Italiano: para reprodutores e vacas com gestação em estágio avançado - como desvantagem possui risco de
enforcamento.
III - Tombamento - Método Rueff: não indicado em animais em gestação (pode causar lesões no úbere e pênis).
IV - Torção da cauda.
V - Argola (formiga).
VI - Canzil.
VII - Curral de espera (mangueira).
VIII - Tronco.
IX - Maca suspensória.

(método italiano // rueff)


AULA 3 (Exame físico geral - avaliação física)

0 - Introdução e conceitos: avaliação rotineira do paciente, a qual indica saúde geral do paciente e/ou provável local da doença - geralmente
antecede o exame físico específico, porem em alguns casos é necessário alterar o cronograma:
I - Casos de risco a vida do animal.
II - Animais agressivos e/ou selvagens.
III - Grandes rebanhos.

PS1: a análise geral dos sistemas é importante, já que a queixa principal do proprietário nem sempre representa o real sistema acometido.
PS2: as características e a intensidade dos sinais clínicos apresentam uma variação muito ampla (até mesmo em uma mesma
enfermidade), de modo que a sua multiplicidade dificulta a obtenção do diagnóstico.
PS3: a adoção de uma mesma sequência de exames, se repetida várias vezes torna-se um hábito - este sendo o melhor modo de reduzir a
possibilidade de erros diagnósticos na realização do exame físico geral.

Etapas: inspeção geral, parâmetros vitais, mucosas, linfonodos, palpação (pele e abdomem*), precursão e auscultação*

A - Inspeção (7): avaliado quanto ao nível de consciência, postura e locomoção, condição corporal, pelame, forma abdominal,
características respiratórias e outros parâmetros (avaliação de defecação, vômito, secreções, micção, etc).
A.1 - Nível de consciência (5): realizado através de estímulos (palmas, estalos de dedos), sendo então classificado em
Ausente: coma.
Estupor: responde à estímulo de dor profunda.
Diminuído: apático.
Normal.
Aumentado: excitado.

A.2 - Postura e locomoção: sempre considerar comportamento típico da espécie - atitudes anormais indicam enfermidade (geralmente
relacionadas a dor e alterações do sistema nervoso).
PS1: animal sempre em decúbito pode ser indicativo de alteração patológica.
PS2: cabeça baixa também é indicativo de doenças.
PS3: se afastam do rebanho ou se levantam com dificuldade.
PS4: adotam posições características.

A.3 - Condição corporal: levar em conta sempre - espécie, raça, utilidade ou aptidão.
Classificado em 5 níveis: caquético - magro - normal - gordo - obeso.

A.4 - Pelame: geralmente limpos e/ou brilhantes - podem estar eriçados, com presença de ectoparasitos, lesões (únicas ou múltiplas /
simétricas ou assimétricas).
PS: pele também pode ser utilizada como indicativo do nível de desidratação.

A.5 - Forma abdominal: normal ou alterada (no timpanismo e ascite por exemplo).
A.6 - Características respiratórias: eupneía, dispneia e secreções.
A.7 - Dentre outros: características de defecação, vômito, secreções, micção...

B - Avaliação dos Parâmetros Vitais: (caiu na prova - parâmetros vitais em cada espécie)
B.1 - Frequência cardíaca (FC):

(bovinos - 60 a 80* // 90 a 120 em caprinos e ovinos)


B.2 - Frequência respiratória (FR):

B.3 - Temperatura retal (TR):

Técnica:
1ª - Conter o animal.
2ª - Verificar a coluna de mercúrio.
3ª - Lubrificar o local.
4ª - Introduzir 1/3 do termômetro, assegurado o com o contato do bulbo com a mucosa retal (de 1 a 2 min).
PS1: se recomenda realizar 2 aferições caso possível.
PS2: podem ser feitas por via retal ou na vulva/prepúcio.
5ª - Realizar assepsia do termômetro após o processo.

Glossário termométrico:
I - Hipotermia: abaixo do normal.
II - Normotermia.
III - Hipertermia: levemente aumentado.
IV - Febre.
Principais causas de erro (6)
Defecação e enema previas a medição.
Presença de ar no reto.
Pouca introdução do termômetro.
Pouco contato do bulbo.
Processo inflamatório retal.
Tempo de permanência inadequado.

Fases da febre:
I - Ascensão ou aparecimento (stadium incrementi): aumento progressivo da temperatura pela ativação do centro
termorregulador.
II - Fastígio (acme): temperatura atinge o máximo (seguida de estabilização térmica).
III - Desfervencência (stadium decrementi): ocorre declínio da temperatura.

C - Avaliação das mucosas (5): avaliar quanto a coloração, lesões, TPC, corrimentos e hidratação.
Possíveis mucosas aparentes ou visíveis (6):
I - Oculopalpebrais: podendo ser - conjuntivas palpebrais superior e inferior, terceira pálpebra, conjuntiva bulbar ou esclerótica.
II - Nasal.
III - Bucal.
IV - Vulvar.
V - Prepucial.
VI - Anal.

Observar:
C.1 - Coloração (5):
Pálida: indicativo de ocorrência de anemia - possíveis causas sendo ecto/endoparasitoses, hemorragia, choque hipovolêmico,
aplasia medular e falência circulatória periférica.
Congesta (hiperêmica): possíveis causas sendo inflamação (infecção local), septicemia/bacteremia, febre, congestão pulmonar,
endocardite e pericardite traumática.
Congesta com halo toxêmico: em endotoxemia.
Cianótica (azulada): indica falta de oxigenação adequada por motivos diversos - obstrução das vias aéreas, edema pulmonar, ICC,
pneumopatias, exposição ao frio.
Ictérica (amarelada): indica hiperbilirrubinemia por causas diversas - estase biliar (obstrução), doenças hemolíticas (babesiose por
exemplo), lesões hepáticas (infecções, substâncias hepatotóxicas).

C.2 - Presença de Lesões.

C.3 - Tempo de preenchimento capilar (TPC): avaliado pela compressão da mucosa por 3 segundos - o tempo até que o sangue retorne
normalmente é de 1 a 2 segundos (indica a perfusão sanguínea adequada e hidratação).
PS - Desidratado: 2 a 4 segundos.
PS - Gravemente desidratado: 5 segundos ou mais.

C.4 - Corrimentos (5): pode ser dividido quanto ao tipo em


Fluido: líquido, aquoso, pouco viscoso e transparente.
Seroso: mais denso que o fluido, mas ainda transparente - precede processos infecciosos/inflamatórios.
Catarral: mais viscoso, pegajoso, esbranquiçado.
Purulento: mais denso e coloração variável - indica processos infecciosos e presença de corpo estranho.
Sanguinolento: vermelho-vivo ou enegrecido - indica traumas, distúrbios hemorrágicos e processo agressivos.

C.5 - Grau de hidratação: avaliado (além do TPC) pela elasticidade da pele e mucosas.
D - Avaliação dos linfonodos (5): no exame clinico geral envolve inspeção e palpação (biopsia pode ser enviada para complementar) - se
deve avaliar tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade e temperatura.
PS: caso ocorra alteração verificar se é localizada (uni ou bilateral) ou generalizado.

D.1 - Tamanho: descrição feita a partir da comparação do padrão da espécie - indica reação inflamatória, podendo ainda levar a
compressão de estruturas vizinhas quando muito aumentado.
PS1: em animais jovens são maiores fisiologicamente.
PS2: dependendo do estado nutricional pode parecer maior (em animais desnutridos).
PS3: quando não palpável é considerado como ponto positivo.

D.2 - Consistência: firme sendo o normal.


Em inflamação e infecção agudas continua firme.
Em processos crônicos e neoplásicos adquire consistência dura.
Apresenta flutuação na presença de abscessos e metástases.

D.3 - Sensibilidade: normalmente sem dor -- em inflamação e infecção apresenta aumento da sensibilidade // em processos crônicos tem
discreto aumento de sensibilidade.
PS: sempre começar pelas áreas menos dolorosas.

D.4 - Mobilidade: deve apresentar boa mobilidade - perda ou a ausência de mobilidade é um achado comum nos processos inflamatórios
bacterianos agudos (ocorre desenvolvimento de celulite localizada, que os fixa nos tecidos vizinhos).
D.5 -Temperatura: deve ser igual à da pele - aumento indica inflamação.

Locais para avaliação: variam entre espécies.


Equino (4): mandibular, retrofaríngeo, pré-escapular e pré-crural.
Bovinos (6): mandibular, retrofaríngeo, parotídeo (entre RF e orelha), pré-escapular, pré-crural e mamário.
Cão (4): mandibular, pré-escapular, poplíteo e inguinal superficial (cão macho).
Principais linfonodos (7)
Linfonodos mandibulares: drenam região da cavidade nasal, língua, lábios e glândulas salivares - avaliação é possível em cães, gatos,
equinos, ruminantes (porem em bovinos adultos é difícil a palpação).
Linfonodos parotídeos: drenam região superior da cabeça (próximo da parótida) - palpáveis apenas quando hipertrofiados.
Linfonodos retrofaríngeos: drenam as partes internas da cabeça, esôfago proximal, palato e faringe - podem ser palpados quando
reativos (cães, gatos, equinos, ruminantes).

Linfonodos pré-escapulares (cervicais): drenam pavilhão auricular, pescoço, ombro, membros torácicos e 1/3 proximal do tórax -
palpáveis em ruminantes (com pontas dos dedos) e cães (em forma de pinça).

Linfonodos pré-crurais (pré-femorais): drenam parte posterior do corpo e segmento crânio-lateral da coxa - palpável em ruminantes
e equinos magros/enfermos (não existe em animais de companhia).

Linfonodos mamários: drenam o úbere e partes posteriores da coxa - palpável em vacas em lactação.
Linfonodos poplíteos: drenam pele, músculos, tendões e articulações membros posteriores - palpável em cães e gatos.

Biópsia dos linfonodos: podem ser utilizadas em exames complementares - coletadas por excisão ou aspiração: utilizadas para
diagnostico de doenças de etiologia desconhecida ou nos casos de suspeita de metástases.

E - Palpação de outras estruturas: avalia - volume, consistência, temperatura, distenção, tensão e movimento.
E.1 - Pele e anexos.
E.2 - Abdômen: pré-estômagos, estômago, intestinos, fígado, baço, rins e vesícula urinária, útero // tórax (útil somente em alterações
superficiais - sem acesso aos órgãos através de palpação devido as costelas).

F - Percussão: através da reverberação do som reflete indícios sobre conteúdo (ar, líquido, massa), alteração teciduais e delimitação de
estruturas - utilizado para identificar as situações que há alteração de aumento de volume ou para a delimitação topográfica no geral.
PS1: realizar ao longo das 3 linhas verticais ou em locais com alteração anatômica.
PS2: em ruminante pode ser feito para avaliar o conteúdo ruminal e a sensibilidade dos órgãos na cavidade.

Métodos: dígito-digital ou martelo/plexímetro.

Tipos de sons (5):


Timpânico (graves): região dorsal do rumem por exemplo - de maior intensidade e ressonância.
Hipersonoro (subtimpanico?): aumento no volume do som.
Claro (intermediário): nos pulmões por exemplo.
Submaciço (submate): no estomago e intestinos.
Maciços (agudos): em áreas parenquimatosas - músculos, fígado e coração.
G - Auscultação: deve ser feita em local silencioso e nunca em animais que estejam se alimentando.
PS1: com exceção aos ruídos produzidos pelo coração, todos os ruídos produzidos pelos animais são muito baixos e passam facilmente
despercebidos pelos iniciantes.
PS2: animais muito pequenos normalmente possuem uma auscultação mais difícil, já que os seus ruídos se propagam por todo o corpo.
PS3: nos ovinos a lã pode representar algum obstáculo ao clínico iniciante - porem quando afastada ela não chega a comprometer a
qualidade deste exame.

PS - Auscultação indireta com percussão (percussão auscultatória): consiste em se posicionar o estetoscópio em uma determinada
região e percutir simultaneamente - útil na identificação de som metálico por dilatações abdominais gasosas (ping): ocorre no deslocamento
do abomaso em bovinos (liquido cai como uma goteira no órgão, produzindo som metálico).
AULA 4 (Exame físico S.D - pequenos animais)

0 - Introdução e conceitos iniciais: junto a dermatologia representa uma área de grande interesse na veterinária de pequenos - boa parte dos
casos clínicos envolvem o sistema digestório.
PS: nem toda alteração no digestório tem origem primaria - podem ser decorrentes de distúrbios endócrinos, neoplasias, alterações em
outros sistemas (uremia causando vômitos e febre causando perda de apetite como exemplos).

1 - Identificação: importante pois em alguns casos já direciona para um conjunto de patologias típicas de espécies, raça, sexo, ambiente...
(a) Animais mais ativos tem maior chance de ingerirem corpos estranhos - filhotes no geral tem maior chance de ingestão de corpos
estranhos (por curiosidade).

(b) Cães no geral tem maior chance de comer algo fora da dieta (indiscrição alimentar) - isto pode levar a desequilíbrio da microbiota
normal do S.D, com consequente vômito e diarreias.
(c) Cães de grande porte tem maior chance de apresentarem torção gástrica.

(d) Animais jovens e em locais com alta densidade populacional tem maior chance de adquirir doenças infecciosas
Parvovirose e giardíase em cães.
Panleucopenia felina (parvovírus felino) e FILV em gatos.
Vermes no geral.

(e) Gatos tem maior chance de ingerir corpos estranhos do tipo linear (barbante por exemplo) - além disto possuem padrão mais crônico
nos casos de diarreias e vômitos no geral.

2 - Anamnese: representa a maior parte do diagnostico (até 50%).

2.1 - Queixas principais (anamnese espontânea): informações típicas de serem informadas pelo proprietário no início da consulta - animal
apresenta vomito, diarreia, constipação, anorexia, apatia...

2.2 - Anamnese direcionada (ou inquisitiva):


A - Dieta:
I - Animal tem habito de comer algo estranho?

II - Animal teve troca na dieta recente ou consumiu algum alimento diferente?


PS1: cães são ainda mais susceptíveis a trocas de ração - leva ao crescimento de bactérias produtoras de toxinas devido ao
desbalanço de flora.
PS2: animais que a dieta é diversificada (comem de tudo) são naturalmente mais resistentes a alterações na dieta.

B - Ambiente:
I - Animal vive em casa ou tem acesso a rua? animais na rua tem maior chance de ingerir algo que interfira no sistema digestório.
II - Histórico de envenenamento na região? foram encontradas iscas no local?
III - Produtos tóxicos de fácil acesso na região? estão ocorrendo obras na casa ou local?
IV - Animais com a mesma sintomatologia na área ou na casa?
V - Existem muitos animais no local? aglomeração facilita ocorrência de algumas doenças infecciosas (coccídeos, giardíase...)

C - Vacinação e vermifugação: quanto a parvovirose, panleucopenia felina (parvovírus), coronavirus (cães).

D - Apetite do animal: alteração pode ser decorrente de patologias ou comportamental - é classificado em


I - Normal: quando associado a perda de peso pode ser indicativo de verminoses, insuficiências hepáticas ou distúrbios endócrinos.
II - Anorexia (inapetência): ausência de alimentação.
III - Hiporexia: diminuição.
IV - Polifagia: apetite aumentado - pode ser decorrente da utilização de corticoides (gera poliúria e polidipsia também).

V - Alotriofagia (pica): habito de se alimentar de objetos ou substancias fora do comum:


Fezes (coprófagia): algumas raças de cães são predispostas // pode ser indicativo de baixa digestão do alimento e verminoses
(animal ainda vê as fezes como algo de valor nutritivo) // pode também ocorrer por alteração comportamental.
Plantas e ossos: pode indicar insuficiência mineral.
Outros: tinta, casca de parede, plástico, etc.
E - Quanto ao vomito (4): avaliar quanto a frequência e quantidade, ejeção, coloração e diferenciar de regurgitação.

Frequência e quantidade de conteúdo: em cães pode não ter significância patológica (sempre vomita alguma vez na vida) e em gatos
pode ser decorrente da limpeza de pelos (o que pode ser diminuída com alimentação e medidas ambientais especificas).

Método de ejeção: quando profuso (em jatos) pode ser indicativo de obstruções graves no TGI (intuscepções, CEs e tumores).

Coloração: normalmente amarelado esverdeado.


Marrom (bilioso): pode ser indicativo de jejum prolongado ou síndrome do vomito bilioso no caso da raça lhasa apso - no segundo
caso é decorrente do refluxo da bile para o estomago, causando náusea e consequente vomito.

Vermelho: indica hemorragias no T.G.I - pode apresentar em vermelho vivo ou digerido pelas enzimas gástricas (no último caso
chamado de sangue oculto ou sangue digerido - possui aspecto de pontos milimétricos espalhados no liquido, semelhante a uma borra de
café).

Regurgitação vs Vomito: devem ser diferenciadas pelo veterinário - a primeira é causada por obstruções no esôfago, que impedem o
alimento de seguir para o estomago (possui causas diversas, sendo estas diferentes das da ocorrência de vomito).
PS1: animal não apresenta a mimica do vomito na regurgitação (contrações abdominais para expulsão do conteúdo gástrico).
PS2: regurgitação ocorre principalmente por obstruções // vômitos são causados por irritações gástricas e enjoos em especial.
PS3: conteúdo da regurgitação se apresenta pouco digerido - já que geralmente ocorre pouco tempo após a alimentação.
PS4: regurgitação geralmente apresenta menos muco ou sangue.
PS5: megaesôfago é uma causa de importância em regurgitação.

F - Fezes e/ou alteração na defecação (6): avaliar quanto ao odor, consistência, presença de sangue, presença de muco, ocorrência de
disquezia e diferenciar as diarreias do ID das do IG.

Tipo de odor: pútrido é indicativo de parvovirose em cães.


Consistência: aquosa, pastosa ou seca - última sendo indicativa de constipação (muito comum em felinos velhos e obesos).

Presença de sangue: pode ser sangue vivo ou digerido (oculto) - o sangue oculto quando nas fezes é denominado melena: é indicativo
de hemorragia no I.D (local que produz enzimas que possam fazer a digestão do sangue).

Presença de muco: típico de giardíase.


Ocorrência de disquezia: dificuldade em defecar - tem como causa estenose retal, dieta, hiperplasia prostática benigna (especialmente
em não castrados com até 6 anos de idade), hérnia perirretal, dentre outras.
PS: pode ou não estar acompanhada de tenesmo e diarreia.

Diferenciação - Diarreia do I.D ou I.G: (caiu na prova - características diferentes entre cada uma).
De intestino delgado (6): consistência pastosa ou aquosa (liquida), volume de defecação maior e de frequência ligeiramente
aumentada, sangue quando presente ocorre como melena, animal apresenta perda de apetite e de peso e vomita frequentemente -
geralmente associada a peristaltismo aumentado.
De intestino grosso (4): possuem maior quantidade de muco, mais pastosas, sangue (quando presente) ocorre como estrias de
sangue vivo, animal quando com constipação assume posição defecação frequentemente sem a saída das fezes (tenesmo).
3 - Exame Físico Especifico: feita com os 5 métodos de avaliação (inspeção, palpação, precursão, auscultação e olfação).
3.1 - Inspeção (4): avaliar cavidade oral, escore corporal, pelame e dilatações do abdomem.
A - Cavidade oral:
(a) Condições dos dentes - pode afetar o apetite por dificultar a mastigação.
(b) Presença de ulceras na língua - idem.
(c) Ocorrência de sialorreia - pode causar enjoos.
(d) Presença de corpos estranhos.

B - Escore da condição corporal: quando muito baixo indica disfunção no I.D ou doenças crônicas.

C - Pelame: condição indica absorção de nutrientes - quando ruim se apresenta opaco e ressecado.
PS1: também serve como indicador de disfunções endócrinas.
PS2: quando muito sujo pode ser indicativo de animal enfermo no geral.

D - Dilatações do abdômen: distensões de órgãos ou segmentos podem ocorrer por causas diversas - torções, intussuscepções, acumulo
de gás e alimentos, corpos estranhos, etc.

3.2 - Palpação (2): método mais importante do S.D - indica tamanho dos órgãos (dilatações por obstruções no geral); consistência rígida
de corpos estranhos; presença ou ausência de matéria fecal e consistência desta (liquida, pastosa, maleável).

A - Abdominal: pode ser feita na região cranial (verifica estomago, fígado e duodeno), mesogástrica (verifica o I.D) ou hipogástrica
(intestino grosso).
B - Toque retal: indica consistência e presença de fezes, sensibilidade da região, tamanho da próstata (em machos) e resistência a
passagem (aumentada na estenose por exemplo).

3.3 - Percussão: pouco útil em pequenos - indica detenção por gases (som timpânico) e localização/tamanho de órgãos (som submaciço ou
maciço).
PS: balotamento pode ser utilizado também - indica presença de líquidos (ascite).

3.4 - Auscultação: indica o peristaltismo


Normal: 2 a 5 movimentos por minuto no gato ou cão.
Diminuído (atonia): 1 ou 0.
Aumentado: acima de 5 - indica enterites, diarreias, vômitos e obstruções recentes.
PS1: na obstrução inicialmente o peristaltismo aumenta, porém com o tempo tende a evoluir a atonia.
PS2: atonias geralmente são acompanhadas de dor - gera desbalanço intestinal e consequente infecção/inflamação.

3.5 - Olfação: pode indicar halitoses - urêmico, cetónico (por diabetes por exemplo), doença periodontal e placas, odor de fezes
PS: odor de fezes quando na cavidade oral indica uma obstrução grave - que leve as fezes a ir do intestino até a boca ou estomago.

4 - Exames Complementares: são uteis já que várias das doenças que afetam o SGI são sistêmicas.

A - Hemograma: constata
Anemias: animais podem perder sangue no TGI.
Leucopenias: por doenças intestinais virais.
Leucocitoses: em infecções bacterianas - proporção das células de defesa indica a etiologia da inflamação.

B - Ureia e creatinina: ótimo para o diagnóstico de uremia - afeta o TGI causando ulceras.
C - Enzimas hepáticas: constata função hepática - lembrando que o fígado não funcionando poderia levar a má absorção e perda de peso,
vômitos, ascite, coprófagia, etc...
D - Proteínas totais e albumina: estão diminuídas em parasitoses e doenças com vômitos/diarreia crônicas.
E - Coagulograma: deve ser pedido em casos de hemorragia.
F - Exame de fezes: indica presença de formas parasitarias nas fezes.
G - Testes sorológicos específicos: uteis para cinomose, parvo, leucemia felina...
H - Glicemia: reflete a absorção intestinal, ocorrência de diabetes e estado da alimentação.
I - Radiografia: exame de triagem no S. digestório (junto ao ultrassom) - visualiza corpos estranhos, distensões por gás e obstruções.
PS: quando feito seriada e com contraste ela indica exatamente o local de obstrução (local onde o contraste fica acumulado já que não
é eliminado).
J - Ultrassom: complementar a radiografia - ótima para verificação de órgãos parenquimatosos (fígado, pâncreas), peristaltismo (já que é
em tempo real) e estado das paredes do intestino e estomago.
K - Endoscopia: boa visualização das paredes e mucosas do TGI - ulceras, tumores e corpos estranhos.
PS1: pode ser feito via esôfago (esofagogastroduodenoscopia) e retal (colonoscopia).
PS2: equipamento possui ainda pinças que podem coletar material para biopsia.
AULA 5 (Exame físico S.D - ruminantes)

0 - Introdução e conceitos iniciais:

Funcionamento normal do rumem: a presença de alimento fibroso no rumem favorece a ruminação, e consequentemente a produção de
saliva (a qual contem ureia e bicarbonato) - sendo assim o funcionamento do rumem depende de fibras em quantidade e qualidade
adequadas (preferencialmente de boa digestibilidade e longas).
PS1: notar que a produção de saliva e funcionalidade da mastigação são indiretamente importantes parâmetros para avaliação do
funcionamento do rumem.
PS2: alimentos concentrados em excesso levam a desequilíbrio da flora ruminal pelo aumento de MOs aminoliticos - animal apresenta
quadro de timpanismo, acidoses e diarreias (relacionadas principalmente a queda do PH).

Movimentos ruminais: separado em movimentos primários e secundário - frequência destes deve ser adequada em um animal saudável.
Primário: iniciado pelo reticulo - direciona o conteúdo para os sacos dorsais e ventrais do rumem em um movimento circular.
Secundário: expulsão dos gases, principalmente pela contração dos sacos cego dorsal e ventral - o gás é direcionado para a cárdia para
ser eliminado na eructação e o conteúdo para o orifício retículo-omasal.
PS: na avaliação da frequência dos movimentos ruminais um ciclo é definido pela audição dos 2 movimentos (que ocorrem em tempos
similares) - com experiência é possível diferenciar um do outro.

1 - Identificação: tipo de animal (corte ou leite) possuem metabolismo e manejo diferentes.


(a) Animais de produção de leite tem maior chance de desenvolver hipocalcemia e cetose.
(b) Reticulo pericardite traumática também e mais comum nos animais de produção de leite.
(c) Animais a pasto tem maior chance de se intoxicarem.

2 - Exame Físico Especifico:


2.1 - Cavidade oral (3):
(a) Avaliar dentição, mastigação e deglutição: são indiretamente importantes para o funcionamento do rumem.
PS1: na espécie bovina a mastigação é lateralizada.
PS2: pode ser acessado entre os dentes pré-molares e incisivos (existe espaço em que passa a mão - diastema).

(b) Também avaliar o torno lingual: mobilidade da língua - participa na captura do alimento junto aos incisivos inferiores.
(c) Avaliar pela olfação presença de halitoses e odor cetónico.

PS: etapas levam indiretamente a avaliação dos nervos cranianos - hipoglosso (língua) e glossofaríngeo (deglutição).

2.2 - Esôfago: estrutura importante para a passagem do alimento e ruminação - a região cervical pode ser avaliada por palpação e ou
indiretamente por sonda oro-gastrica: alterações nesta estrutura podem levar a timpanismo gasoso.

2.3 - Rumem: localizado entre 8ª espaço intercostal até cavidade pélvica - realizado por inspeção, palpação, percussão e auscultação.
Divisão da cavidade: deve levar em conta a distribuição das estruturas nas cavidades torácicas e abdominais - desta forma a avaliação
das estruturas na região pode ser facilitada pela divisão do abdomem em quadrantes superiores e inferiores direito e esquerdo (inspeção
destas estruturas e quadrantes é a principal ferramenta para avaliação de ruminantes).

A - Inspeção (rumem e outros componentes do TGI):


Dilatação esquerda superior: indicativo de timpanismo gasoso.
Dilatação esquerda superior e inferior: indica timpanismo do tipo espumoso, acidose ruminal e indigestão vagal.
Dilatação esquerda inferior: ocorre em indigestão vagal ou estenose.
Dilatação direita superior: relacionada com alteração do ceco e colón (timpanismo de colón).
Dilatação direita inferior: relacionada com alteração do I.D e compactação do abomaso.
Dilatação inferior esquerda e direita: pode ser causada por ascites.
Dilatação superior direita e esquerda: relacionada a pneumoperitonio.
B - Auscultação (3): determina a frequência e intensidade de movimentos ruminais além de outros ruídos ruminais.
B.1 - Frequência:
Frequência normal: murmúrio periódico, o qual se exacerba e depois decresce - são ouvidos dois ruídos, um aéreo e outro sólido,
que ocorrem quase concomitantemente e correspondem às contrações primária (ciclo de mistura) e secundária (ciclo da eructação) do
rúmen: o numero de ciclos por minuto varia entre as espécies
Bovinos: de 7 a 12 MR a cada 5 min (2 a 3 MR/2min).
Caprinos: 6 a 12 MR a cada 5 min.
Ovinos: 7 a 14 MR a cada 5 min.

PS1: o número de contrações depende do tipo de alimento ingerido e do intervalo decorrido entre a última refeição e o exame.
PS2: região dorsal pode apresentar ruído semelhante ao de estouro de bolhas (crepitação).

Alterações de frequência:
Hipermotilidade: frequência de MR aumentada - ocorre (geralmente) nas fases iniciais das lesões do nervo vago e dos processos
fermentativos (timpanismo espumoso e acidose).
PS: em alguns casos o rumem realiza mais movimentos porem de forma incompleta (frequência aumentada é compensatória a
não funcionalidade do movimento) - nestas situações apesar do número maior de movimentos o diagnóstico e feito como hipomotilidade.

Hipomotilidade: MR diminuídos - geralmente por uma ou mais das seguintes causas: depressão do centro gástrico,
falha das vias dos reflexos excitatórios, aumento do estímulo dos reflexos inibitórios e bloqueio das vias motoras (por hipocalcemia e lesões
do nervo vago) // também ser decorrente de baixa fibra na dieta.
Atonia: ausência de movimentos.

B.2 - Intensidade dos MRs:


I - Ausente (-).
II - Diminuída (+).
III - Normal (++).
IV - Aumentada (+++).

B.3 - Ruídos ruminais:


Crepitação: relacionado ao gás e a eructação - nos casos de aumento da crepitação com ausência das exacerbações, pode ser
indicativo de início de meteorismo.
Rolamento/deslizamento: choque entre material sólido e parede ruminal - a ausência do rolamento indica atonia.

C - Palpação: indica sensibilidade, tipo de conteúdo estomacal (consistência deste) e intensidade/frequência de MRs.
Tipos de palpação (3): a palpação pode ser superficial, profunda e retal - a palpação da parede abdominal esquerda deve ser realizada
da fossa paralombar dorsal esquerda em sentido à prega lateral (prega do flanco).
I - Palpação superficial: é realizada com a palma da mão ou as pontas dos dedos - usada para avaliar a intensidade e a frequência
das contrações ruminais (quando ocorrem empurram o punho para fora do flanco).
II - Profunda: realizada com a mão fechada - de grande auxílio na avaliação do tipo de conteúdo ruminal baseando-se na
resistência que este gera (pastosa sendo o normal).
PS1: também útil na constatação de aumento de sensibilidade (ruminite).
PS2: a região abdominal correspondente à porção ventral do rúmen apresenta maior resistência à pressão manual em
virtude da grande quantidade de material sólido presente (já a dorsal possui menor resistência pela camada de gás presente).

III - Retal: fornece resultados melhores que a palpação pelo flanco, pois todo o saco dorsal é acessível - ao se elevar o assoalho
abdominal também é possível sentir parte do saco ventral.

Consistência do conteúdo ruminal: podendo ser


I - Mole (pastosa): em dietas ricas em forragem e grãos.
II - Flutuante: ingestão de líquido excessiva.
III - Dura: presença de areia, sobrecarga ou compactação.
IV - Firme: pode ocorrer por desidratação.

Baloteamento: pelo movimento nas cavidades a partir de um estimulo físico (empurro) - determina presença de líquidos no rumem,
ascites e gestação.

D - Percussão: indica o tipo de conteúdo no rumem - gás (timpânico), digesta (sub maciço) e liquido (quase maciço).
Tipos de sons:
Timpânico: normal do saco dorsal do rúmen - principalmente devido a presença de certa quantidade de gás.
PS: no timpanismo o som da percussão lembra o ressoar de um tambor.
Submaciço: a intensidade do som submaciço aumenta à medida que a percussão se dirige às porções mais ventrais da parede
abdominal devido à natureza pastosa da ingesta (presença de material fibroso e líquido).
Maciço: região ventral do rumem - quando na dorsal pode ser indicativo de sobrecarga.

PS - Percussão auscultatória: técnica indicada para o diagnóstico de acúmulo excessivo de gás dentro do compartimento ruminal - é
realizada colocando-se o fonendoscópio sobre a região de interesse e percutindo (com o polegar ou o cabo do martelo) a parede abdominal,
em uma distância aproximada de 10 a 12 cm da cabeça do fonendoscópio - resulta em ressonância aumentada quando o compartimento
básico contiver uma quantidade de gás significante: a ressonância é menos exacerbada no caso de acúmulo de gás no saco dorsal do rúmen
em relação aos casos de deslocamento do abomaso (camada de alimentos fibrosos se aloja abaixo da camada de gás, abafando
consideravelmente a ressonância causada pelo ato percutido).

(fossa paralombar dorsal esquerda em sentido à prega lateral-prega do flanco // 8º EIC até cavidade pélvica)

2.4 - Reticulo (2): localizado entre 5ª e 7ª E.I.C, presente sobre a cartilagem tifoide - avaliado por inspeção exames específicos de
sensibilidade: importantes para determinar a presença de corpos estranhos e ocorrência de pericardite reticulo traumática (sensibilidade).
A - Inspeção: não há alteração local, porem o animal pode adotar posturas características quando com dor - membros torácicos mais
elevados, locomoção vagarosa e dorso arqueado.

B - Sensibilidade (4): pode ser avaliada por 4 métodos.


Percussão dolorosa: feita com mão fechada ou martelo sobre a região xifóide (apoiado no cotovelo) - pode ser feita junto a
auscultação da traqueia para verificar gemidos de dor e aumento da frequência respiratória.
Pinçamento da cernelha.
Prova do bastão: utilizado para elevar o abdome do animal - animal apresenta dor em casos de alterações.
Planos inclinados: gravidade leva as vísceras a se movimentarem caudalmente, gerando dor ao animal.

C - Auscultação e Percussão: são de menor importância na espécie - feito no 6º EIC (região ventral), porem na auscultação ocorre
sobreposição de ruídos ruminais.

2.5 - Omaso (0): presente entre o 7ª e 9ª E.I.C, na região centralizada do animal (não é possível realizar avaliação semiológica).

2.6 - Abomaso (4): entre o 7ª e 11ª E.I.C, no antímero direito (repousa entre o rumem e omaso) - avaliado por inspeção, percussão,
auscultação e palpação.
A - Inspeção: na compactação gera distenção do quadrante direto (inferior).

B - Percussão:
Percussão clássica: normalmente gera som submaciço - gás no órgão pode estar sobre maior tensão nos casos de deslocamento de
abomaso, passando a apresentar som timpânico.
Percussão auscultatória: quando dilatado por gás o abomaso se desloca para a esquerda ou direita, podendo neste caso ser percutido
entre os 8ª e 12ª E.I.C - liquido do órgão goteja, gerando som de chapinhar metálico (pela presença de líquidos e gases) na auscultação com
balotamento.
C - Auscultação: gera sons de burburinhos - a auscultação fica em localização alterada nos casos de deslocamento de abomaso.

D - Palpação: a por via abdominal não é possível em ruminantes adultos devido a musculatura da região (somente retal) - em pequenos
ruminantes e bezerros pode ser feita por via abdominal (externa): determina presença de areia e gases e a sensibilidade da região (dor por
abomasite e ulceras abomasais).

2.7 - Alças intestinais: ocupando os 2/3 caudais do antímero direito, com o ceco e colón no quadrante superior e duodeno, jejuno e íleo no
inferior - avaliado por inspeção, palpação, percussão e auscultação.
A - Inspeção (flanco direito): distendido em torção do ceco, vólvulo, íleo paralítico e intussuscepção.

B - Palpação:
Abdominal: verifica aumento de sensibilidade por enterite e oclusões intestinais.
Retal (4): útil para avaliar aumento de sensibilidade, alterações na localização anatômica das estruturas e aderência entre
intestino/rumem - também pode ser utilizada para a retirada de amostra de fezes.

C - Auscultação: gera sons de borborigmos.


Normal: de frequência reduzida, pouca intensidade e duração limitada.
Aumentado: em enterites.
Diminuídos: em casos de obstruções.

D - Percussão:
Região dorsal (IG): possui som timpânico ou subtimpânico (ocorre geração de gás no local).
Região ventral (ID): som submaciço.
2.8 - Fígado (3): localizado ao redor do abomaso, na porção superior do antímero direito entre o 5º e 12º EIC - avaliado por percussão,
palpação e inspeção.
A - Percussão: feita entre os 10ª e 12ª E.I.C em bovinos (região dorsal direita) e entre o 8ª e 12ª nos pequenos ruminantes - gera som
maciço quando normal (aumento da área de som maciço em alterações patológicas).
PS: em sua região proximal dorsal pode ocorrer som submaciço devido a sobreposição pulmonar.

B - Palpação: feita com a pontas dos dedos (pressão) por trás do arco costal - normalmente não é palpável, porem pode ser identificado
quando aumentado (bordo caudal pode ser sentido no 13ª E.I.C).
PS: coleta para biopsia e feita na mesma região (13ª costela - seguindo a linha do íleo quanto à altura).

C - Inspeção (3): verificar pelas alterações secundarias a disfunção renal - na anamnese, inspeção de mucosas, pele e exames
complementares (via função hepática e biopsia)
PS: distenção do abdome raramente é perceptível no aumento do fígado - quando ocorre é visível do lado direito posterior da última
costela (via hepatomegalia).

4 - Exames Complementares: são uteis já que várias das doenças que afetam o SGI são sistêmicas.

A - Liquido ruminal (6): pode ser coletado por sonda orogastrica ou nasogastrica (ou ainda através de fistulas) - material coletado pode
ser verificado quanto a:

A.1 - Estratificação: pode ser avaliada em uma pipeta em repouso (por 4 a 8 minutos) - liquido saudável formaria estratificação.

A.2 - Consistência: a viscosidade está relacionada com produção de saliva (e consequente com o PH) - normalmente levemente viscoso
em um animal com PH saudável (entre 6.2 e 7.2).
Pouco viscoso: pela inatividade ruminal - ocorre por alteração microbiana ou jejum prolongado.
Muito viscoso e com espuma: ocorre no timpanismo espumoso ou contaminação por saliva.
PS: na coleta a produção da saliva pode estar aumentada devido a passagem da sonda.

A.3 - Cor: varia de acordo com situação fisiológica e dieta.


Normal: varia com a dieta - verde (pasto), amarronzada (ração), clara (feno), amarelada (silo), esbranquiçada (concentrados).
Enegrecida: ocorre em atonias prolongadas - na queda de motilidade ocorre alcalose, com consequente putrefação.
Amarelo a acinzentado: nas acidoses.

A.4 - Cheiro: normalmente aromático - pode estar amoniacal (em alcalose), pútrido ou ácido em alterações.
A.5 - PH: pode ser medido a partir do liquido com fita de teste de PH - normal sendo de 6,2 a 7,2 (varia de acordo com o tipo de
alimento e o tempo da última refeição e a obtenção de uma amostra).
pH básico (alto - de 8,0 a 10,0): putrefação de proteína, jejum prolongado, ingestão de uréia ou amostra misturada com saliva.
PS: quando animal mastiga o alimento por mais tempo (fibras muito secas e de baixo valor nutricional) ocorre maior produção de
saliva e bicarbonato, com consequente alcalose ruminal.
pH ácido (baixo - de 4,0 a 5,5): após consumo de carboidrato, em acidoses ruminais ou refluxo abomasal.

A.6 - Microbiota: pode ser testada quanto a


I - Atividade redutiva bacteriana - tempo até degradação de celulose ligada a azul de metileno (normal sendo de 3 a 6 minutos).
II - Quantidade observada de protozoários em microscópio ótico - também pode ser utilizada como indicativo de PH, já que estes
morrem em ambientes muito ácidos.

B - Liquido peritoneal: geralmente tem padrão de formação localizado - deve ser coletado de 2 pontos próximos ao local de alteração, com
3ml de material no mínimo: em seguida é testado quanto a quantidade de células e bioquímica.
PS1: o volume de líquido obtido varia de 0 a 5 mℓ em um animal não gestante, podendo-se coletar maiores volumes em vacas (1) no
final da gestação e pós-parto, onde este se encontra aumentado não patologicamente e (2) na maioria dos processos inflamatórios primários
ou secundários do peritônio (patológico).
PS2: a não coleta de líquido peritoneal não exclui a possibilidade de ocorrência de peritonite, principalmente se o animal estiver
desidratado.

Locais de coleta:
Quadrantes craniais: 5 cm caudal ao apêndice xifóide e 5 cm a esquerda ou direita.
Quadrantes caudais: 5 cm a direita da cicatriz umbilical.

C - Detector de metais: uteis para identificação de CEs no reticulo (quando metálicos).

D - Exames de fezes (7): analisado quanto a - presença de formas parasitarias, quantidade de material, coloração, consistência, presença
de muco, composição (tipo de fibras) e odor.

E - Hemograma e leucograma: avaliação do estado geral - hidratação e processos infecciosos e inflamatórios.


F - Prova de avaliação hepática: GGT (hepática) e AST (hepática e muscular) por exemplo.

G - Laparotomia exploratória: abertura cirúrgica da cavidade abdominal e/ou do compartimento ruminal - é um recurso de grande valia
para a elucidação, confirmação e resolução de algumas disfunções digestivas: acidose ruminal, indigestões por corpo estranho,
deslocamentos abomasais, aderências, intussuscepções, dentre outras.
PS1: local de abertura varia de acordo com a suspeita de área afetada.
PS2: é possível realizar alguns procedimentos terapêuticos após a exploração do rúmen - retirada e a substituição do conteúdo ruminal
e a administração de antibióticos e surfactantes como exemplos: desse modo, a laparorruminotomia, além de ser um método semiológico,
consiste também em um importante recurso terapêutico.
AULA 6 (Exame físico Locomotor - ruminantes)

0 - Introdução e conceitos iniciais:


Estruturas anatômica:

Observações:
(I) A anatomia está relacionada com o desenvolvimento de patologias
a - Na região anterior os animais apoiam o peso medialmente, logo esta área está mais susceptível a ocorrer lesão.
b - Na parte posterior apoiam os membros lateralmente devido ao peso do úbere.
(II) Animal saudável tem postura reta, inclusive enquanto anda - deve se saber o padrão normal da espécie para a avaliação de
alterações: linha do dorso quando arqueada (parado ou andando) é um bom indicativo de dor.

1 - Identificação: animais em sistema de produção intensivo tem maior chance de sofrerem lesões ou patologias (mesmo vale para
raças bovinas mais pesadas - tanto pelo peso quanto pelo metabolismo acelerado).

2 - Exame Físico Especifico:


A - Grau de claudicação: indica alterações e lesões no sistema locomotor - para tal avaliação e vital que se conheça a forma normal em
que um animal saudável caminha.
PS: na espécie bovina é incomum que uma lesão em tendões ou articulações cause claudicação.

B - Exame de cascos:
1ª - Conter o animal.
2ª - Limpar para facilitar visualização.
3ª - Utilizar de equipamentos: pinça para testar compressão, estilete ou turquez para cortar.
4ª - Avaliar quanto a abcessos, fistulas, dermatites (em cada região).
5ª - Testar articulações - flexionar, entender e rotacionar dígitos.

3 - Exames Complementares.
AULA 7 (Exame físico Locomotor - Pequenos animais)

0 - Introdução e conceitos iniciais: alterações podem estar relacionadas a tendões, músculos e ligamentos - fraturas e traumas são causas
comuns de consultas (por atropelamentos e brigas por exemplo) // além de luxações, doenças degenerativas articulares, lesões ligamentares e
inflamações (sépticas e assépticas).
PS1: exame clínico especifico é importante no sistema para determinar o prognostico do animal - se sua locomoção retornara a um nível
funcional ou não.
PS2: exames complementares são particularmente importantes neste sistema - no caso do raio-x é importante um exame clinico
especifico minucioso, de tal forma a direcionar do local do exame, já que o raio-x tem efeito mutagênico e teratogênico deve ser evitado sua
utilização exacerbada.
PS3: algumas doenças geram inflamação generalizada (sistêmicas) - a leishmania por exemplo pode afetar todas as circulações.

1 - Identificação:
1.1 - Idade:
(a) Animais obesos e idosos são mais susceptíveis a doenças degenerativas.
(b) Animais jovens no geral são mais afetados por anomalias do desenvolvimento - necrose séptica da cabeça do fêmur por exemplo
(afeta em animais entre 8 a 11 meses, poodles em especial).
(c) Adultos são mais comumente acometidos por fraturas.
(e) Animais velhos por síndromes degenerativas e neoplasias (osteocondrosarcoma por exemplo - altamente letal, expectativa de vida
de cerca de 180 dias).

1.2 - Raças: algumas raças estão mais susceptíveis a algumas doenças.


(a) Displasia coxo femoral: alteração degenerativa do quadril - de ocorrência mais comum em pastor alemão (muito comum), labrador
e chow-chow por exemplo.
PS1: sintomas envolvem dificuldade para levantar e deitar e andar bamboleante.
PS2: doença também pode ocorrer em algumas raças de gatos de grande porte.

(b) Osteocondrite dissecante da cabeça do úmero: afeta animais jovens em especial - labrador e golden retriever são mais propensos a
ocorrência: se caracteriza pelo descolamento e erosão de cartilagem do úmero (na radiografia o osso apresenta contorno mais escuro).
(c) Displasia de cotovelo: labrador tem maior predisposição.
(d) Luxação de patela: raças toy tem maior chance de ocorrência.

2 - Anamnese:

2.1 - Espontânea: dono informa - claudicação, dificuldade para se levantar ou deitar, não se apoia em algum membro, presenciou trauma,
dificuldade de subir escadas, etc.

2.2 - Inquisitiva:

A - Ambiente: animal vive em laje? tem escada no local? outros animais (de grande porte)? tipo de piso (muito liso prejudicam animais
com predisposição a displasia coxo femoral pela instabilidade)?

B - Tipo de alimentação e peso do animal: animais de grande porte quando superalimentados na infância tendem a desenvolver
osteodistrofia hipertrófica.

C - Evolução dos sinais: quando iniciou? está melhorando ou piorando? animal tomou algum medicamento? caso sim, está respondendo
bem a ele?
PS1: em alguns casos o animal pode se curar sem a necessidade de intervenção medica.
PS2: importante informar os fármacos já que alguns destes podem ter efeito negativos em doses altas (por exemplo AINEs e sua
ação na mucosa gástrica de favorecer formação de ulceras) // também ajuda por direcionar para que tipo de patologia afeta o animal (por
exemplo doenças degenerativas, ruptura de ligamentos e luxação de patela não responderiam a anti-inflamatórios).

3 - Exame Físico Especifico: realizado por inspeção (de marcha e postura) e palpação (exame ortopédico):

A - Inspeção - marcha e postura: observar se o animal consegue se levantar, o tipo e intensidade de claudicação (quando presente),
se não se apoia em algum membro, se apresenta posturas anormais (pernas afastadas por exemplo) - em seguida a anormalidade é
classificada quanto a gravidade.

Método (4): testar a marcha e postura do animal de várias formas - andando em linha reta e em círculos, tentando sentar ou deitar,
levantando, subindo escadas...

Identificar assimetrias: sempre verificar o lado que considera como não sendo afetado primeiro, para então comparar
Desvios na postura e ângulos.
Volume de ossos (calos ósseos) e músculos (atrofia e hipertrofia).
Posição dos membros (desvios ortostáticos).
Sensibilidade.
Identificando o membro (quando alteração está presente):
(a) Geralmente é o que o animal menos se apoia.
(b) Quando o membro torácico é afetado a animal tende a levantar a cabeça enquanto anda (tenta distribuir o peso).

Identificar tipo de claudicação (quando presente): pode ser indicativo da patologia que afeta o animal - por exemplo.
Bamboleante: é típica de displasia coxo femoral bilateral, sendo causada pela instabilidade da articulação do quadril.
Saltitante: animais que em alguns momentos passam a andam “salteando” - pode ser indicativo de luxação medial de patela.

B - Palpação (5): feita no sentido distal para proximal - verificando ossos, articulações, músculos e tendões...
PS1: iniciar com o membro supostamente não afetado (testar o temperamento do animal e deixar que ele se acostume a você).
PS2: checar tecidos moles também - quanto a queimaduras, lesões, espinhos...

B.1 - Dor e intensidade da dor.

B.2 - Tumefações e consistência destas: podendo ser macia, flutuante, firme e rígida (ultima por calos ósseos e neoplasias).
PS: edemas podem ser indicativo de fratura na região.

B.3 - Mobilidade óssea e de articulações (5): verificar se segue a normalidade para o padrão de movimentos permitidos pela
articulação e se a manipulação causa dor - pode apresentar alterações quanto a mobilidade óssea anormal, crepitação e instabilidade
articular com limitação de movimento: diversas técnicas podem ser utilizadas para a análise destes parâmetros.

I - Teste de movimentos da articulação: flexão, extensão, rotação - sempre respeitando as propriedades anatômicas da articulação.

II - Teste de Ortolani na articulação coxofemoral: um teste de estabilidade articular (é feito pressionando o osso contra a
articulação) - utilizada para a análise de displasias.
1ª - Fêmur é pressionado em direção ao acetábulo - se o animal tem displasia coxo femoral a cabeça deste desloca da articulação.
2ª - Quando deslocado, ao fazer o movimento de abdução do membro pélvico a cabeça do fêmur volta a posição normal, gerando
estalo característico que pode ser sentido na região do acetábulo (som do fêmur colidindo contra o acetábulo ao ser puxado pelos
ligamentos).

PS: em animais com grande massa muscular o teste deve ser feito com este sedado (a massa dificulta a execução da técnica) - nos
casos em que o animal já está sedado para o raio-x pode ser útil realizar também o teste de Ortolani.

III - Teste de gaveta: utilizado para testar o rompimento de ligamento cruzado cranial - ao deslocar a tíbia para frente e para traz o
fêmur também se desloca cranialmente (teste positivo).

PS1: deve ser feito com o animal sedado caso ele tenha muita massa muscular.
PS2: pode ser feito com o animal no raio-x, para que a imagem gerada registre o deslocamento do osso e a ruptura do ligamento.

IV - Teste de compressão tibial: pressionar o metatarso e a pata em direção ao fêmur verificando o deslocamento cranial da crista da
tíbia - caso ocorra é indicativo de lesão no ligamento cruzado.

PS: pode ser feito com o animal no raio-x - para que a imagem gerada registre o deslocamento do osso.
V - Compressão digital (região patelar): para avaliação de luxação medial ou lateral de patela.

B.4 - Goniômetria: analise e medição dos ângulos das articulações - utilizado por exemplo em fisioterapia (veja que o exame físico
pode também ser utilizado para o acompanhamento de animais além do diagnostico).

4 - Complementares:

A - Raio-X: muito útil em pequenos animais - identifica alterações em ossos e articulações (tecidos moles não).
PS1: local e posicionamento do animal na foto é direcionado pelo E.C.E.
PS2: na radiografia os animais jovens apresentam a placa epifisária não fechada.

I - Cabeça do fêmur achatada na radiografia é indicativa de displasia coxo femoral - fica instável no acetábulo (que é raso) gerando
crepitação e dor.
II - Ótimo para identificar local de fraturas e deslocamento medial de patela (mais comum medial devido a posição do sulco propear).
III - Fraturas em áreas articulares podem evoluir a anquilose (fusão de ossos na articulação), o que pode ser visto no raio-x.

B - Ultrassom: mais utilizado em equinos (em pequenos o uso ainda é limitado) - útil para identificar edemas e alterações em ligamentos.
C - Aspiração da articulação: a citologia de líquido sinovial (artrocentese) pode ser utilizada (além da citologia) para a análise de
viscosidade e presença de parasitas.
D - Termográfia: gera representação do gradiente de temperatura no corpo - útil para identificar inflamação em áreas de lesão ósseas e
muscular.
E - Artroscopia: pode ser utilizada para investigar uma articulação - pode também retirar material de cartilagem em uma osteocondrite
dissecante por exemplo.
F - Estação de apoio: indica áreas de apoio pela pressão da gravidade que o animal gera sobre a estação - útil para identificar o membro
que gera a claudicação por exemplo.
G - Tomografia e ressonância: uteis em lesões em ligamentos.
AULA 8 (Exame físico pele - Geral)

0 - Introdução: na clínica de pequenos animais representam 30 a 75% de todos os atendimentos (como queixa principal ou secundária) - a
pele pode ser considerada o "espelho do organismo" - reflete meio interno e também o ambiente ao qual o animal está exposto.
PS1: é o mais extenso e visível órgão do corpo - o processo de renovação da pele dura cerca de 45 dias.
PS2: a pele e os pelos variam quantitativa e qualitativamente de acordo com:
- Espécies (e entre as raças numa mesma espécie).
- Individualmente entre animais de uma mesma raça.
- Entre regiões anatómicas.
- De acordo com identificação sexual e faixa etária.

Funções da pele e características (10):


I - As glândulas sudoríparas e sebáceas apresentam diferentes funções - manutenção e lubrificação do recobrimento piloso,
termorregulação, determinação de odores, entre outras.
II - Sensitivo: por meio da complexa e especializada rede nervosa cutânea a pele atua como órgão receptor sensitivo do calor, frio, dor e
tato.
III - Importante para a termorregulação: via sustentação do manto piloso, regulação dos vasos sanguíneos e de função glandular.
IV - Contribuem para o padrão racial e dimorfismo sexual nas espécies: pelagem e local dos pelos varia entre as espécies (importante
saber o normal desta para perceber quando há alterações).
V - Proteção contra perdas de água, eletrólitos e macromoléculas.
VI - Proteção contra injúrias externas - químicas, físicas ou microbiológicas (ultimo via microbiota normal da pele).
VII - Reservatório: pode estocar eletrólitos, água, vitaminas, ácidos graxos, carboidratos, proteínas...
VIII - Imunorregulação: apresenta imunidade celular e humoral capaz de controlar infecções ou inibir desenvolvimento de neoplasias.
IX - Pigmentação: a melanina (processada na pele) determina a coloração dos pelos e da pele, promovendo proteção contra os efeitos
dos raios solares não só pela absorção, como também pela difusão da radiação ultravioleta.
X - Produção de vitamina D: esta importante vitamina necessita de sua ativação cutânea para que possa ser utilizada pelo organismo.

Anatomia:

1 - Identificação:
1.1 - Predisposição de espécies e racial:
(a) Sarcoide (neoplasia cutânea, fibroblástica e não metastática) é bastante comum em equinos.
(b) Complexo granuloma eosinófilo particular aos felinos.
(c) Piodermites (infecciosa bacteriana produtora de pus) possuem incidência muito maior entre caninos.
(e) Adenite sebácea (doença inflamatória que resulta na destruição da glândula sebácea) - embora possa ocorrer em muitas raças, existe
uma aparente prevalência em Poodles, Akitas e Samoiedas.

1.2 - Idade:
(a) Demodicidose dos cães é mais frequente em animais jovens (cerca de 70% dos cães com essa enfermidade chegam ao atendimento
com menos de 12 meses de idade) - relacionado com o frágil estado imunológico dos filhotes.
(b) Dermatofitose, papilomatose dos bezerros e o impetigo canino também são exemplos de doenças que acometem animais jovens.
(c) Quadros alérgicos e doenças de queratinização atingem animais adultos jovens e a maduros.
(d) Quadros hormonais em cães e gatos acometem principalmente animais entre 6 e 10 anos de idade.
(e) Neoplasias e doenças autoimunes acometem animais idosos no geral.

1.3 - Sexo:
(a) Fístulas perianais acometem quase exclusivamente os machos caninos (possui influência hormonal).
(b) Abscessos em felinos são mais frequentes em machos - possivelmente em brigas por disputa territorial.
PS: mesma relação pode ser observada na escabiose dos cães - migram longas distâncias ao encontro de uma fêmea no cio e se
deparam com outros machos com o mesmo objetivo, formando um ambiente promíscuo que facilita disseminação do Sarcoptes scabiei.

1.4 - Cor do pelo:


(a) Carcinoma espinocelular em felinos brancos.
(b) Fotossensibilização em gado de coloração clara ou branca (animais em sistema intensivo também são mais susceptíveis).
(c) Maior incidência de melanoma em equinos de coloração tordilha.

2 - Anamnese: as lesões visíveis ao responsável pelo animal oferecem uma oportunidade única de avaliação do histórico e progressão das
doenças de pele já na anamnese.

Qual era a idade do paciente quando os primeiros sinais clínicos foram observados?
Há quanto tempo o paciente apresenta as lesões e como foi a progressão?
Em qual região do corpo as lesões se iniciaram?
O paciente apresenta prurido? (escala de prurido)
Existem sinais clínicos sistêmicos?

Animais e pessoas contactantes apresentam lesões de pele? indica doenças infectocontagiosas // além disto se o processo for crônico e afetar
exclusivamente um animal estas suspeitas podem ser eliminadas.
PS: o proprietário deve também ser considerado um contactante - útil no diagnóstico de dermatopatias zoonóticas.

Tratamento prévio? controle de ectoparasitas? resposta?


PS1: corticoides proporcionam a melhora de pacientes com quadros alérgicos e piora em quadros fúngicos e parasitários (sarnas
sarcóptica e demodécica por exemplo).
PS2: parasiticidas somente proporcionarão melhora dos quadros cujos parasitas estão envolvidos na sua etiopatogenia.

PS3: esses dados importantes podem ser perdidos quando o animal está recebendo vários princípios ativos em um único tratamento
(perde-se a possibilidade de execução do diagnóstico terapêutico - técnica frequentemente utilizada na dermatologia veterinária).
PS4: solicitar ao proprietário que indique o percentual de melhora obtido (exp - proprietário indicou 70% de melhora do quadro).

Antecedentes?
PS1: em ambiente propício à perpetuação de algumas doenças (aglomeração de cães em feiras de animais por exemplo) pode
facilitar a disseminação de sarnas e dermatofitose.
PS2: procedência geográfica do animal - leishmaniose em algumas regiões do brasil por exemplo (mesmo dentro do estado, há cidades
em que tal enfermidade ocorre e outras que não).
PS3: verificar se algum animal geneticamente relacionado com o paciente (pais, irmãos, filhos etc.) apresenta quadro semelhante -
indica doenças de caráter hereditário (dermatites alérgicas, demodicidose, seborreia, entre outras).

Tempo de evolução? indica natureza crônica ou aguda.


Exp - Agudas: dermatite úmida aguda, de contato e eritema multiforme.
Exp - Crônicas: neoplasias, demodicidose e quadros alérgicos - podem acometer animais por até anos (cerca de 80% dos casos de
escabiose canina apresentam-se para o atendimento com 2 meses de evolução).

Periodicidade? nas dermatopatias de etiologia alérgica a determinação da sazonalidade pode ajudar a determinar a causa da
hipersensibilidade.
PS1: casos de dermatites alérgicas a ectoparasitas costumam piorar no verão.
PS2: quadros de hipersensibilidade alimentar são perenes (mantêm o mesmo grau de intensidade todo o ano).
PS3: animais atópicos (nos quais o alergênio está suspenso no ar) alternam períodos de melhora e piora no decorrer de 1 ano.

Ambiente, manejo e hábitos?


PS1: existem quadros intimamente ligados aos produtos utilizados na limpeza das instalações - dermatites de contato por exemplo.
PS2: tempo em que as excretas permanecem no local também pode ser importante nos casos de pododermatite causada pelas larvas de
Ancylostoma.
PS3: tipo de piso é importante - piodermites de calos de apoio se desenvolvem muito mais frequentemente em animais pesados e que
vivem em pisos rústicos.
PS4: sobre a higienização do animal e produtos utilizado (frequência de banhos, tempo de ensaboamento e modo de secagem) -
o uso inadequado de produtos para banhos pode afetar fatores como hidratação da pele e pH (interfere na barreira de proteção
microbiológica da pele).
PS5: animais com acesso à rua podem ter acesso a ambientes infestados por ectoparasitas, como praças e ambientes gramados
frequentados por outros animais.
PS6: acesso a lagos, rios e alagados é uma importante informação nos casos em que se suspeita de pitiose.

Alimentação: a nutrição influencia muito a qualidade da pele e do pelame // existem doenças intimamente ligadas à alimentação
PS1: quadros de seborreia, hipozincemia e dermatose genérica alimentar dos cães.
PS2: fotossensibilização dos bovinos que têm acesso a determinadas espécies de braquiária.

Apresenta prurido? é muito importante saber que certa quantidade de prurido é considerada normal e que o dono pode passar
informações erradas em relação a gravidade da situação - prurido patológico quando o animal se coça acima de 30% do tempo disponível ou
mais.
PS1: pode se manifestar de formas diversas - trauma com os membros (modo clássico), lamber, mordiscar, roçar em paredes.
PS2: pode servir como uma ótima informação na anamnese - além de ser o sintoma que mais incomoda o dono, ele também
serve como grande divisor (existem dermatopatias nas quais o prurido está presente e outras em que não há a presença do sintoma).

Quantificação: reatado pelo proprietário - pode ser classificado em


Escala: leve, moderado ou grave.
Pontuação: prurido fisiológico sendo nota 0 e um animal com prurido extremo (um cão com escabiose) sendo 10.
Localização do prurido: perguntar qual o local mais traumatizado pelo animal pelo ato de se coçar - deve se buscar lesões nesta área
para se verificar a gravidade da situação.

3 - Exame clinico especifico: os meios semiológicos utilizados no exame físico da pele são - palpação, olfação, inspeção direta e
indireta (complementares).

A - Palpação: importante para a determinação de aspectos de - sensibilidade das lesões, volume, espessura, elasticidade, temperatura,
consistência e características como umidade e untuosidade da pele:
PS: avaliado por teste de prurido, temperatura, elasticidade, volume e digitopressão.

A.1 - Teste de prurido: feito a partir do reflexo otopodal - pode-se friccionar a borda do pavilhão auricular ou uma região do animal que
se quer investigar (se o quadro for pruriginoso o animal responderá com os membros com uma mímica de prurido).

A.2 - Temperatura da pele: aferida com o dorso das mãos e deve ter a mesma temperatura do corpo do animal - aumento ou diminuição
na dependência de alterações fisiológicas (exercícios) ou patológicas (inflamação local).

A.3 - Elasticidade da pele: utilizada no cotidiano da clínica médica para a determinação do grau de hidratação ou desidratação
apresentado pelo animal.

A.4 - Volume: alterado em situações de edema e enfisema.


Edema (aumento de líquido no interstício): pode ser generalizado (doença sistêmica - cardiopatia ou hipoproteinemia por exemplo)
ou localizado (quadro dermatológico).

Enfisema: quando presente diferenciar


Quadro aspirado: decorrente de perfuração de vias respiratórias superiores e consequente extravasamento de ar para o tecido
subcutâneo.
Autóctone: decorrente de acúmulo de gases produzidos por bactérias (geralmente Clostridium).

A.5 - Digitopressão: utilizado para diferenciar eritema da púrpura (duas lesões cutâneas de coloração vermelha) - eritema volta a
adquirir a coloração normal da pele após a pressão e a púrpura não cede a essa compressão (permanece com a coloração avermelhada).

B - Olfação: muito ligado à experiência profissional e extremamente particular - o exemplo mais clássico seria a miíase: o veterinário pode
incluir no seu diagnóstico diferencial guiado apenas pelo odor exalado.
C - Inspeção direta (4): possibilita avaliação direta das lesões macroscópicas da pele (o que geralmente é limitado nos outros
sistemas e regiões do corpo) - a inspeção direta é a principal orientação do dermatologista veterinário para a elaboração do diagnóstico.
PS: inspeção envolve classificado de lesões, presença de ectoparasitas, otoscopia e aspecto de pele.

Método:
1ª - O primeiro contato visual deve ser feito a 1,5 a 2 m de distância - ajuda a verificar além da distribuição, a gravidade do quadro,
falhas na pelagem e todas as regiões anatômicas afetadas.
2ª - Verificar também o comportamento do animal e a presença ou não de prurido.
PS: a ausência de prurido no momento do atendimento não significa que o quadro não seja pruriginoso - em condições de estresse e
medo é frequente que os animais não apresentem esse sintoma.
3ª - Coloração da pele também deve ser analisada (nas regiões desprovidas de pelame) - classificada em cianose, icterícia, palidez e
hiperemia, podendo oferecer informações importantes sobre o estado geral do paciente.
PS: fisiologicamente, a pele é de coloração rósea.

4ª - Verificar por presença da sudorese - pode estar aumentada (hiperidrose), diminuída (hipoidrose) ou ausente (anidrose).
5ª - O principal enfoque na inspeção direta deve ser a observação detalhada das lesões cutâneas - sua caracterização e sua
classificação sob diferentes aspectos (sendo ainda que uma mesma lesão pode ser classificada de diferentes maneiras).

C.1 - Classificação das lesões (5): quanto a distribuição, topografia, profundidade, configuração (forma), morfologia
Distribuição: (caiu na prova - classificação de lesões cutâneas quanto a distribuição)
I - Localizada: de 1 a 5 lesões cutâneas individualizadas.
II - Disseminada: mais de 5 lesões individualizadas.
III - Generalizada: lesões difusas em mais de 60% do corpo.
IV - Universal: comprometimento total da superfície corporal.

Topografia: pela comparação entre uma lesão e outra


I - Simétrica: relacionadas com distúrbios endócrinos ou DAP.
II - Assimétrica.

Profundidade: prognóstico e a gravidade do quadro podem estar ligados à profundidade da lesão - na foliculite por exemplo, pode ser
classificada em superficial ou profunda, indicando até mesmo diferenças terapêuticas para cada um dos quadros.

Configuração:
I - Circular: em dermatofitose/demodicidose por exemplo.
II - Iridiforme: em forma de alvo - dermatofitose pe.
III - Geográfica: ocorre na larva migrans cutânea.
IV - Gotada: em dermatofilose pe.
V - Linear: como ocorre no granuloma eosinofílico felino.
VI - Numelar: formato de moeda - em mastocitoma e histiocitoma pe.
VII - Arciforma: formato de arco - em linfoma cutâneo pe.
VIII - Puntiforme: como ocorre na dermatite miliar dos felinos.

Morfologia (7): considerando-se os aspectos morfológicos, as lesões elementares cutâneas podem ser agrupadas em cinco grupos
distintos - alopecias, alterações de cor, alterações de espessura, formações sólidas, coleções líquidas, perdas e reparações teciduais e lesões
particulares.

I - Alopecia: primária ou secundaria.

II - Alterações de cor (manchas vásculo-sanguínea): manchas ou máculas planas sem relevo ou depressão - ocorrem por
vasodilatação ou pelo extravasamento de hemácias: podem ser por eritema ou purpura.
Eritema: coloração avermelhada da pele decorrente de vasodilatação - em geral ocorre em dermatopatias inflamatórias, estando
frequentemente associado a quadros pruriginosos.
PS1: o eritema volta à coloração normal quando submetido à digitopressão ou à vitropressão.
PS2 - Cianose: eritema arroxeado - por congestão passiva ou venosa, com diminuição da temperatura.

Púrpura: coloração avermelhada da pele pelo extravasamento de hemácias na derme - ocorre na ruptura traumática de
pequenos vasos ou coagulopatias.
PS1: na evolução, adquire sucessivamente cor arroxeada e verde-amarelada pela alteração da hemoglobina.
PS2: não há diferença morfológica entre púrpura e eritema - diferença é observada apenas na vitropressão (púrpura não volta
à coloração normal quando submetida a digitopressão ou vitropressão).
PS3: classificado ainda quanto ao tamanho em petéquias (púrpura de até 1 cm de diâmetro) e equimose (acima de 1 cm).
II - Alterações de cor (manchas pigmentares ou discrômicas): manchas ou máculas planas sem relevo ou depressão - ocorrem por
aumento ou diminuição de melanina ou ainda pelo depósito de outros pigmentos na derme (mancha artificial - tatuagem): podem ser de 3
tipos (hipopigmentação, acromia e hiperpigmentação).

Hipopigmentação (Hipocromia): diminuição do pigmento melânico - tanto a hipocromia quanto a acromia indicam perda do
pigmento por lesão dos melanócitos: por exemplo após crioterapia ou imunidade contra os melanócitos, como nas dermatopatias
autoimunes e vitiligo.
Acromia (leucodermia): ausência do pigmento melânico.

Hiperpigmentação (hipercromia): aumento de pigmento de qualquer natureza na pele (hemossiderina, pigmentos biliares,
caroteno e tatuagem).
PS - Emelnodermia: quando decorrente do aumento de melanina - indica dermatopatia crônica.
PS - Mancha senil: decorrente da maior deposição de melanina em indivíduos de idade avançada - costuma ocorrer na região
abdominal ventral nos animais e na região dorsal das mãos nos humanos.

III - Alterações de espessura (4):


Hiperqueratose (queratose): espessamento da camada córnea - se torna áspera, dura, inelástica e de coloração acinzentada.
PS: denominada leucoplasia quando ocorre em mucosas.
Liquenificação (ou lignificação): espessamento da pele decorrente do aumento da camada malpighiana com acentuação dos
sulcos cutâneos, dando à pele aspecto quadriculado ou de favos de mel - tanto a queratose quanto a lignificação ocorrem devido a processos
inflamatórios crônicos ou em regiões de traumas repetidos (calo ou calosidade).
Edema (4): aumento da espessura depressível (sinal de Godet) e sem alterações de coloração - decorrente do extravasamento de
plasma na derme e/ou hipoderme: ocorre na inflamação aguda, irrigação linfática deficiente, hipoproteinemia ou cardiopatias.
Cicatriz: lesão de aspecto variável - saliente ou deprimida, móvel, retrátil ou aderente - não apresenta estruturas foliculares nem
sulcos cutâneos: decorrente de reparação de processo destrutivo da pele, geralmente estando associado a atrofia, fibrose e discromia.

IV - Formações sólidas (8): resultam de processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos - atingindo isolada ou conjuntamente a
epiderme, derme e hipoderme.
Pápula: lesão sólida, circunscrita e elevada de até 1 cm de diâmetro.
Placa: área elevada da pele superior a 2 cm de diâmetro - geralmente formadas pelo coalescimento das pápulas.
Nódulo: lesão sólida, circunscrita, saliente ou não de 1 a 3 cm de diâmetro.
Nodosidade ou tumor: lesão sólida, circunscrita, saliente ou não com acima de 3 cm de diâmetro - o termo tumor deve ser
utilizado preferencialmente para neoplasia.
Goma: nódulo ou nodosidade que sofre depressão ou ulceração na região central e elimina material necrótico - pode haver agente
etiológico envolvido no desenvolvimento desse tipo de lesão, como nas micobacterioses atípicas e micoses profundas.
Vegetação: lesão sólida, exofítica (cresce distanciando-se da superfície da pele) e avermelhada brilhante - pode ocorrer pelo
aumento da camada espinhosa.
Verrucosidade: lesão sólida, exofítica, acinzentada, áspera, dura e inelástica - ocorre pelo aumento da camada córnea (clássica
da papilomatose e do sarcoide equino).

V - Coleções líquidas (7): podem ter conteúdo seroso, sanguinolento ou purulento.


Vesículas: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro contendo líquido seroso (claro) - este liquido pode tornar-se turvo
(purulento) ou avermelhado (hemorrágico)
Bolha: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro contendo líquido claro.
Pústula: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro contendo pus - ocorre em lesões cáusticas, farmacodermias, doenças
autoimunes ou piodermites por exemplo.
Cisto: formação elevada ou não, constituída por cavidade fechada envolta por um epitélio e contendo líquido ou substância
semissólida.
Abscesso: formação circunscrita de tamanho variável, encapsulada, proeminente ou não, contendo líquido purulento na pele ou
tecidos adjacentes - acompanhada de calor, dor e flutuação (indica infecção por perfuração ou via hematógena).
Flegmão: aumento de volume de consistência flutuante, não encapsulado, tamanho variável, proeminente ou não, contendo
líquido purulento na pele ou tecidos adjacentes - acompanhada de calor e dor (indica infecção por perfuração ou via hematógena).
Hematoma: formação circunscrita de tamanho variável, proeminente ou não, decorrente de derramamento sanguíneo na pele ou
tecidos adjacentes, sendo indicativo de trauma: p hematoma mais frequentemente observado nos carnívoros domésticos é o oto-hematoma -
decorrente de trauma por prurido ótico.
V - Perdas e reparação teciduais (9):
Escama (descamação): placas de células da camada córnea que se desprendem da superfície cutânea por alteração da
queratinização - indicam queratinização precoce ou aumento da epidermopoese (decorrentes de fatores genéticos, processos inflamatórios ou
metabólicos).
Escoriação: erosão linear - geralmente decorrente de lesão auto-traumática pruriginosa.
Erosão (exulceração): perda superficial ou de camadas da epiderme.
Ulceração: perda circunscrita da epiderme e derme, podendo atingir a hipoderme e tecidos subjacentes - ocorre por agentes
bacterianos e fúngicos e neoplasia por exemplo.
PS - Afta: pequena ulceração em mucosa.
PS - Úlcera: sinônimo de ulceração crônica.
PS: as exulcerações e ulcerações indicam perda traumática de tecido - quando crônicas as neoplasias e a presença de agentes
etiológicos bacterianos e fúngicos devem ser considerados.

Colarete epidérmico: fragmento de epiderme circular que resta aderido à pele após a ruptura de vesículas, bolhas e pústulas.
Fissura: perda linear da epiderme ao redor de orifícios naturais e áreas de pregas ou dobras.
Crosta: concreção amarelo-clara (crosta melicérica), esverdeada ou vermelho-escura (crosta hemorrágica) que se forma em área
de perda tecidual - decorrente do dessecamento de serosidade, pus ou sangue, além de restos epiteliais.
Escara: área de cor lívida ou preta, limitada por necrose tecidual - indica morte tecidual por reação a injeção, crioterapia ou
decúbito prolongado.
Fístula: canal na pele que elimina material purulento ou sanguinolento - indica existência de foco infeccioso ou corpo
estranho em tecidos subjacentes.

VI - Lesões Particulares (3): não pertencer a nenhum dos cinco grupos lesionais.
Celulite: inflamação da derme e/ou tecido subcutâneo.
Comedão: acúmulo de corneócitos no infundíbulo folicular (cravo branco) ou de queratina e sebum em um folículo piloso
dilatado (cravo preto).
Corno: excrescência cutânea circunscrita e elevada formada por queratina - é o grau máximo de hiperqueratose.

C.2 - Presença de ectoparasitas: pulgas (ou as fezes delas), carrapatos e bernes/miíases.

C.3 - Otoscopia: feita com equipamento especifico - identifica


I - Presença de cerúmen, secreção, ulcerações, pólipos e parasitas.
II - Otites: ajuda na avaliação desta - se é bacteriana, fúngica, parasitária ou por corpo estranho.

C.4 - Aspecto da pele: avaliar quanto ao volume, espessura, elasticidade, sensibilidade, temperatura e consistência // umidade,
untuosidade (oleosidade)

4 - Exames complementares (inspeção indireta): indispensáveis ao diagnóstico no caso da semiologia da pele.


A - Fita adesiva: a fita deve ser colada e descolada várias vezes, em várias regiões do corpo do animal e posteriormente posta sobre a
lâmina - material é levado ao microscópio óptico para ser analisado e constatada ou não a presença de parasitos (indicado para suspeita de
cheiletielose em especifico).
PS: também pode ser utilizado como técnica de coleta de material para exame citológico.

B - Diascopia (vitropressão): técnica para a diferenciação entre eritema e purpura - exerce-se pressão sobre a lesão que se quer investigar
a fim de provocar sua isquemia (no eritema adquire coloração da pele adjacente, na púrpura permanece com coloração permanece
vermelha).

C - Luz ou Lâmpada de Wood: técnica empregada na diagnose das dermatofitoses - são um tipo de micose superficial causada pelos
dermatófitos nas diferentes espécies animais (possui até 40 espécies de 3 gêneros): as principais espécies fúngicas dos animais domésticos são
Microsporum canis, Microsporum gypseum, Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton equinum e Trichophyton verrucosum.

Método:
1ª - Analise deve ser feita em ambiente escuro e a lâmpada deve ser ligada e aquecida por 5 min antes do procedimento.
2ª - Equipamento emite radiação ultravioleta - deixa passar unicamente radiações de 340 a 450 nm (similares às emitidas nas
lâmpadas fluorescentes tipo luz negra).
3ª - No caso de teste positivo pode ser verificado a fluorescência - o aminoácido triptofano produzido "in vivo" pelos fungos das
espécies Microsporum canis e Trlcophyton schõenlelnll fluoresce quando submetido à luz ultravioleta.
Reação positiva: (caiu na prova - qual grupo de fungos não são detectados pelo teste, quais são e por que)
Microsporum canis: em dermatofitose provocada pelo agente pode ocorrer fluorescência verde brilhante dos pelos acometidos pela
espécie fúngicas.
PS1: fluorescência ocorre em aproximadamente 60% dos animais examinados parasitados por M. canis (ocorrem falsos negativos).
PS2: na presença de resquícios de medicação como iodo pode ocorrer resultados falso-negativos.
PS3: apenas o Microsporum canis apresenta fluorescência à luz de Wood - não deixa de ser importante, porém, já que nos
carnívoros domésticos o principal dermatófito é o M. canis (técnica representa um importante exame de triagem nas dermatofitoses de cães
e gatos).

Pseudomonas spp.: área adquire fluorescência alaranjada/amarelada (devido a presença de escamas e crostas na região) - ter em
mente porem que a pseudomonas não é fungo e sim uma bactéria gram negativa.

Reação negativa: não há fluorescência - Trichophyton mentagrophytes e Microsporum gypseum.

D - Exame direto do pelame: indicado para a observação de esporos fúngicos (normalmente dermatófitos) parasitando os pelos do animal
examinado.
Método:
1ª - Remover pelos na periferia das lesões alopécicas - substrato do dermatófito é a queratina (área mais acometida).
2ª - Material coletado é acrescido de KOH a 10% em lâmina de vidro e aquecido em chama por 15 a 20s - posteriormente é
analisado em microscópio óptico.

PS1: quando são evidenciados esporos de fungos na lâmina o diagnóstico de dermatofitose ainda não deve ser dado - esporos
observados podem ser de fungos pertencentes à flora fúngicas normal dos animais domésticos (método exige experiência do analista).
PS2: não é possível identificar a espécie e estrutura de reprodução sexuada do dermatófito por este método (somente em meio de
cultura).

E - Tricograma: avalia o ciclo biológico do pelo em determinado momento e possíveis alterações fisiológicas e anatômicas - é feito pela
análise detalhada do bulbo, da haste e da extremidade dos pelos: uma das principais e mais simples indicações do tricograma é a
determinação se certa região de rarefação pilosa é decorrente de queda de pelos ou de prurido provocado pelo animal (quando a anamnese
não elucidou completamente esse fato).

Diagnostico: particular importância na determinação da alopecia autoinduzida, doença do mutante de cor, displasia folicular,
tricorrexis nodosa, pilitorti, defeitos de pigmentação defluxo anagênico e defluxo telogênico nas dermatopatias endócrinas.

Método:
1ª - Coletados aproximadamente 50 pelos por pinça hemostática (devem ser removidos todos de uma vez e no sentido de seu
crescimento) - estes pelos são postos em uma lâmina de vidro (todos no mesmo sentido e direção) para que o clínico possa avaliar todos os
bulbos, as hastes e as extremidades de uma vez.

2ª - No microscópio óptico são avaliados:


(a) Estágio do ciclo do pelo: anágeno ou telógeno.
(b) Condição da extremidade do pelo: quebrada ou íntegra - quando quebrados fica estabelecido que o quadro é pruriginoso
(provavelmente os pelos foram removidos por lambedura ou mordedura) // quando as extremidades se encontrarem íntegras, conclui-se que
o quadro não é pruriginoso e está havendo queda exagerada de pelos naquela região.
(c) Estado da haste: pode conter várias alterações de pigmentação, esporos de fungos e escamas aderidos e defeitos cuticulares,
como na displasia folicular.

F - Exame micológico: possui fundamental importância na determinação do diagnóstico e terapia de diferentes quadros provocados por
fungos - dermatofitose, malassezíase, esporotricose e criptococose: material coletado é enviado ao laboratório para ser utilizado em meio de
cultura e as características de crescimento e meio utilizado são utilizadas na identificação.

Dermatofitose: constitui uma micose superficial causada por fungos filamentosos (bolores) nas diferentes espécies animais.
Sinais clínicos: classicamente representada por lesões alopécicas e descamativas de contornos circulares - diagnóstico final é dado
pelo cultivo e identificação do fungo (coleta de pelos e escamas na periferia da lesão alopécica).
PS1: felinos são a única espécie doméstica que pode “portar” o Microsporum canis sem apresentar lesões de pele - como a
dermatofitose é uma importante zoonose não é raro observar proprietários de felinos com lesões sem que seus animais estejam doentes
(coleta neste caso feita via carpete estéril).
PS2: animais submetidos à terapia tópica ou sistêmica devem ser afastados do tratamento por no mínimo 7 dias antes da coleta de
material.
Dermatite por Malassezia: é uma dermatopatia relevante, principalmente em cães - coleta por swab nestes casos.
Sinais clínicos: animais acometidos têm lesões descamativas, eritematosas ou hiperpigmentadas - podem também apresentar essa
dermatite em locais untuosos (interdígito e pregas cutâneas)

Esporotricose: micose subcutânea que pode acometer diferentes espécies animais (como cães, gatos e equinos) - é também uma
importante zoonose.
Sinais clínicos: lesões nodulares ou em goma com ou sem secreção - secreção coletada por swab ou por fragmento de tecido acometido
coletado por biopsia.

Criptococose: micose sistêmica que pode acometer os carnívoros domésticos.


Sinais clínicos: representada por lesões nodulares ou em goma com ou sem secreção, além de acometimento pulmonar ou de tecidos
neurológicos.

G - Exame para bactérias:

H - Citologia: pode fornecer resultados rápidos e importantes na orientação do diagnóstico (ou determinar o diagnóstico definitivo de
diferentes enfermidades) - pode ser utilizado em diferentes dermatopatias (de etiologia inflamatória, neoplásica ou infecciosa).
Método:
1ª - A coleta varia com lesão examinada - material coletado deve ser distribuí do na superfície da lâmina de vidro e posteriormente
corado (as mais utilizadas sendo a de Diff-Quick ou panótico rápido).
2ª - Analisado quanto a tipos celulares, morfologia celular, e presença de bactérias e fungos - além de seu número e distribuição.
PS: pode se utilizar técnicas tintoriais especificas para visualização mais detalhada de determinado tipo de célula ou parasita.

I - Histopatológia (biopsia): método altamente preciso de diagnostico - porem depende tanto da coleta adequada pelo veterinário quanto
da analise precisa pelo clinico (técnica tintorial e interpretação).
Utilidade: caro e invasivo - indicado para situações especificas:
I - Suspeitas de neoplasias.
II - Ulceras persistentes.
III - Doenças nas quais o diagnóstico somente é fechado com exame histopatológico (displasia folicular, doenças autoimunes,
dermatomiosite, adenite sebácea, vitiligo, entre outras).
IV - Dermatose que não esteja respondendo à terapia aparentemente adequada.
V - Em uma dermatopatia que na experiência do clínico não seja comum, ou aparentemente é grave.
VI - Em dermatites vesicobolhosas.
VII - Em condições em que a terapia é perigosa, muito dispendiosa ou muito prolongada.

Método:
1ª - A coleta dos fragmentos de tecidos pode ser feita com auxílio de bisturi ou com punch - escolha da técnica de acordo com
a morfologia das lesões cutâneas.
PS1: lesão deve ser clinicamente representativa do quadro - não deve ser recente ou antiga, em fase de regressão, estar alterada
por trauma infecção secundaria ou medicamentos (corticoides).
PS2: sempre que possível coletar fragmento que contenha a transição da pele íntegra ao tecido acometido.
2ª - Fragmento deve ser delicadamente rolado sobre o papel filtro, para eliminar sangue e secreções.
3ª - Conservado em formol a 10% e encaminhado a um dermatopatologista ou patologista geral para a elaboração do diagnóstico.
PS: encaminhar o material coletado com identificação completa do animal, breve histórico do quadro, achados do exame físico,
descrição das lesões elementares cutâneas, técnica de coleta e suspeitas de diagnóstico - assim o veterinário que receberá e processará o
material poderá fazê-lo da maneira mais adequada e precisa possível.

J - Raspado de pele: uma das técnicas mais executadas na dermatologia veterinária - grande importância no auxílio do diagnóstico de
parasitas dos gêneros Demodex, Sarcoptes, Psoroptes (bovinos e ovinos), Notoedris (felinos)e Cheyletiella.
Método: área preferencialmente integra da pele é raspada com lâmina de bisturi perpendicularmente até o sangramento - material
coletado e posto em lâmina para observação (também podem ser observados ovos e formas imaturas do parasita).

Sarna demodécica: afeta várias espécies (cada uma por uma espécie especifica - Demodex canis, D. cati, D. gatoi, D. ovis) - a
evidenciação de apenas um ácaro ou mais do gênero Demodex em lesões sugestivas da doença confirma o diagnóstico.
PS: alguns raspados (no mínimo cinco) devem ser executados para se considerar que o animal não apresenta a doença.

Sarna sarcóptica: família apresenta algumas variedades de Sarcoptes scabiei que acometem as espécies canina, suína, bovina e caprina
(e menos frequentemente, equinos e ovinos) - raspado realizado em lesão representativa do quadro, preferencialmente em pele íntegra,
buscando-se evitar as lesões ulceradas.
PS1: devido ao comportamento do ácaro de “cavar” galerias na epiderme - esse exame deve ser realizado o mais profundamente
possível.
PS2: as lesões de escabiose frequentemente localizam-se na borda de pavilhões auriculares (pp na espécie canina) - cuidado com
acidentes (conter o animal).
PS3: diferentemente do que ocorre na demodicidose, na escabiose (sarna sarcóptica) mesmo realizando vários raspados cutâneos o
ácaro pode não ser evidenciado (o que não afasta o diagnóstico de sarna sarcóptica) - quando o veterinário suspeita dessa dermatopatia o
animal deve ser tratado mesmo sem a confirmação da presença dos ácaros.

Sarna notoédrica dos felinos (escabiose dos felinos): causada pelo Notoedris cati
PS1: lesões são praticamente restritas à região cefálica - cuidado na coleta.
PS2: também “cava” galerias na epiderme - realizar raspado o mais profundamente possível.
PS3: exame é altamente sensível - quando visto ácaros do gênero Notoedris trata-se seguramente de um caso de sarna notoédrica.

Sarna psoróptica: acomete as espécies bovina e ovina (equinos e caprinos menos frequentemente).
PS1: pela facilidade de evidenciação dos ácaros desse gênero o raspado não precisa ser tão profundo.
PS2: é um exame altamente sensível, uma vez que os ácaros de Psoroptes são grandes e facilmente evidenciados.

Cheiletielose: dermatite parasitária que ocorre com frequência em felinos (também pode acometer caninos) - apresenta lesões
descamativas.
PS1: raspado deve ser muito superficial - também podem ser observados ovos que invariavelmente estarão aderidos aos pelos.
PS2: muitas vezes é mais fácil a evidenciação dos ovos que o parasita propriamente dito.

K - Outros (sorologia, dosagem hormonal, teste alérgico, etc.):


Teste radioalergossorvente (RAST) e Ensaio imunossorvente ligado à enzima (ELISA): são duas metodologias de detecção quantitativa
de IgE em soro de animais para diagnóstico diferencial de dermatopatias alérgicas - são indicados para confirmação de diagnóstico de
dermatite alérgica à picada de ectoparasitas (DAPE), hipersensibilidade alimentar (HA) e atopia.
PS: ambos os testes são controversos e não geram diagnóstico definitivo.
AULA 1 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR F. (GERAL)

0 - Introdução e anatomia:
Vaca:
. A cérvix possui músculos anéis transversais (de 3 a 5) - estes dificultam a passagem da pipeta.
. Corno uterino se encurva para cima - ovário presente perto da região púbica em pequenos e grandes ruminantes.
. O tipo de placenta na espécie não possibilita a passagem de anticorpos.

Égua:
. Possui musculatura longitudinal na cérvix - facilita inseminação artificial.
. Ovula na fossa ovulatoria.
. Ovário liso - expande com a idade (assim como todas as espécies).

Porca:
. Ovário similar a cachos de uvas.
. São multíparas - gestação com vários filhotes.

Cadela: possuem cornos longos e bem divididos - também são multíparas.


Material básico semiológico:
- Luvas de palpação e normais.
- Lubrificante e solução fisiológica // faixa ou plástico para forrar cauda.
- Água, sabão e papel toalha - limpar parte externa antes do procedimento.
- Espéculo vaginal (vaginoscopio) e lanterna.
- Cuba, pinça de biópsia uterina, seringas.
- Frascos para coleta microbiológica e citológica.
- Material para assepsia.

1 - Identificação:
Espécie
Raça / Registro (associação)
Nome / Número / Tatuagem
Idade
Peso

2 - Anamnese:
. Tipo de alimentação - depende da alimentação eficiente para a reprodução.
. Programa sanitário - algumas patologias são doenças reprodutivas de importância em animais de produção (IBR, brucelose,
leptospirose...).
. Aplicação de medicamentos (e se teve efeito).

. Histórico reprodutivo (animal/rebanho): determinado de acordo com vários parâmetros:


- Características do ciclo estral: se o animal ovula, produz corpo lúteo, emprenha e pari.
- Aspecto da vagina: histórico de lacerações do trato reprodutor, prolapsos e presença de corpo estranho (cordas).
- Histórico de neoplasias ou tumores.
- Histórico de abortos e partos distócicos no passado.

3 - Exame Físico Específico: feito por palpação e inspeção (internas e externas).


3.1 - Palpação e inspeção externas: verificar por sinais de pré-parto.
A - Inspeção Externa: inspeção da região perineal, vulva, cauda e glândulas mamárias - analisado quanto a
. Edema e secreção vaginal - pode ser de origem uterina.
. Posição, forma, grau de dilatação e relaxamento da vulva e ligamentos - pode indicar que o animal esteja próximo a parição.

B - Palpação transabdominal (externa): possível em caprinos, ovinos, suínos, caninos e felinos - analise quanto a
. Distensão e tensão abdominal - alterada na presença de feto e contrações musculares do parto.
. Sinais de movimentos fetais.
. Teste de balotamento.

3.2 - Palpação e inspeção internas (2): utilizados para avaliação de vias fetais, membranas fetais e feto - pôde ser feito por inspeção vaginal
ou palpação retal:
A - Exame vaginal - Vaginoscopia (5): possível em qualquer espécie - inspeção interna da vagina por método indireto, sendo feito com o
uso de espéculo tubular (tamanho deste varia entre espécies) - analisar quanto a:

I - Coloração mucosa vaginal: normalmente rosa mais claro (mais claro que a conjuntiva).
A = anêmica.
B = pálida (normal).
C = hiperêmica.
D e E = vermelho patológico.

II - Grau de umidade (de vagina e cérvix):


I = seca (ocorre por febre ou hipertermia).
II = ligeiramente úmida (normal).
III = umidade média.
IV = muito úmida.
V = presença de muco.

III - Característica de muco (se presente):


Cl = claro e translucido - normal no cio.
Sa = sanguinolento - início do parto ou por lacerações.
MP = muco purulento - em processo infeccioso.
P = purulento - em processo infeccioso.
PS - Marrom: ocorre na retenção de placenta, mumificação e decomposição fetal.
PS - Mucoso/catarral: ocorre no cio do encabelamento - vaca libera secreção no 5º ao 6º mês de gestação (devido a abertura do
tampão).

IV - Forma da cérvix: não gera muita interferência semiologia ou na gestação.


C = cônica.
R = roseta.
E = espalhada.
P = pendular (dificulta inseminação artificial).

V - Abertura da cérvix:
0 = fechada (tampão indica gestação).
1 = abertura mínima (indica anestro).
2 = diâmetro de lápis.
3 = diâmetro de 1 dedo (cio).
4 = diâmetro de 2 dedos (cio).
5 = diâmetro de 3 dedos (cio ou parição - variação entre 1 e 3 dedos depende do momento do cio ou parição).

B - Palpação Retal (5): possível em equinos, bovinos e bubalinos - simetria do útero, contração do útero, tamanho do ovário, consistência
do folículo e presença do feto.
PS1: utilizar a mão de menos forca/destreza - outra mão fica livre para o procedimento de inseminação.
PS2: inicialmente localizar a cérvix (parte mais dura e fácil de identificar) e deslocar cranialmente.

I - Simetria de útero (cornos uterinos): indica presença de feto ou patologias.


S = simétrico (vazia)
AS = assimétrico (por processo patológico ou gestação).
AS+++ = corno direito maior que o esquerdo (pode indicar presença do feto no corno em vacas).
+AS = corno esquerdo ligeiramente maior que o direito.

II - Contração do útero:
CI = relaxado (normal vazio).
CII = contratilidade média (ocorre no cio para expelir o muco) // gestação fica esticado - pode ser confundido por ser parecido com
a de contrações de cio.
CIII = fortemente contraído (ocorre no momento de parição).

III - Tamanho dos ovários: tamanho do órgão depende da idade, raça, estação do ano (éguas), fase do ciclo estral (produção de folículo)
e de eventuais situações patológicas (principalmente os cistos e os tumores) - comparar direito e esquerdo.
E = ervilha
F = feijão
A = avelã
P = ovo de pomba
N = noz
G = ovo de galinha
Pa = ovo de pata
Ga = ovo de gansa
IV - Consistência dos folículos (ovário): diferenciar corpo lúteo de folículos! (primeiro mais denso).
1 = sem flutuação
2 = flutuação débil
3 = flutuação média
4 = folículo maduro
5 = folículo rompido (ovulação via estrógeno)

PS - Presença de corpo lúteo (ovário): formado do espaço no ovário previamente ocupado pelo ovulo - responsável pela manutenção
da gestação via progesterona.

V - Presença do feto:

4 - Exames Complementares:
A - Raio-X: possui efeito teratogênico - realizar apenas no terço final da gestação.
B - Ultrassonografia: muito eficaz para diagnostico de gestação.
C - Hematologia / Bioquímica: pouco utilizado na veterinária.
D - Dosagem hormonal: útil para diferenciar processos fisiológicos e patológicos.
E - Sorologia: etiologia de processos infecciosos no trato reprodutor.
F - Bacteriológico: para cultura e antibiograma.
G - Citologia: coleta por esfregaço vaginal e citologia aspirativa - quando com característica descamativa é decorrente de mudança
hormonal no ciclo estral.
H - Histopatologia: determinação da fase do ciclo reprodutivo, processos inflamatórios e neoplásicos.

5 - Diagnostico de gestação:
Tempo de Gestação: varia entre espécies:
Vaca: 273 a 296 dias 9 meses
Cabra: 148 a 156 dias 5 meses
Ovelha: 140 a 155 dias 5 meses
Égua: 327 a 357 dias 11 meses
Porca: 111 a 116 dias 3, 3, 3.
Cadela: 60 a 63 dias 2 meses
Gata: 56 a 65 dias 2 meses

Método de diagnóstico:
Em Cadela / Gata:
. Auscultação abdominal.
. Palpação abdominal - a partir de 25 a 30 dias.
. Raio-X - a partir de 40 a 45 dias.
. Ultrassonografia - a partir de 18 a 20 dias.

Em Vaca / Égua:
. Palpação retal - 45 a 60 dias.
. Ultrassonografia: 30 dias (caprinos e ovinos) // 24 dias (bovinos) // 12 a 15 dias (éguas)
Fases de desenvolvimento (na vaca):
I - Fase Embrionária: 30 dias de prenhez.
. Ausência de estro.
. Presença de corpo lúteo.

II - Fase de Pequena Bolsa: 30-60 dias de prenhez (2 meses).


. Ausência de estro.
. Presença de corpo lúteo.
. Assimetria dos cornos uterinos.
. Flutuação do corno gravídico.

III - Fase de Grande Bolsa: 60-90 dias de prenhez (3 meses).


. Ausência de estro.
. Presença de corpo lúteo de prenhez.
. Assimetria dos cornos uterinos.
. Adelgaçamento da parede e flutuação dos cornos uterinos.
. Efeito de contragolpe detectável.

IV - Fase de Balão: 90-120 dias de prenhez (4 meses).


. Útero flutuante repleto de líquido.
. Efeito de contragolpe obtido pelo feto.
. Placentomas detectáveis.
. Frêmito da artéria uterina.

V - Fase de Descida: 5-6 meses de prenhez.


. Útero localizado na região ventral do abdômen.
. Placentomas podem ser palpáveis.
. Frêmito da artéria uterina na região caudal do útero.
. Não há palpação dos ovários e feto.

VI - Fase Final: 7-9 meses de prenhez.


. Palpação do feto.
. Placentomas do tamanho de uma noz ou ovo de galinha.
. Frêmito da artéria uterina.
. Teste do balotamento: detecção dos movimentos fetais pelo flanco.
. Novilhas: desenvolvimento do úbere.
. Vulva edemaciada.
. Relaxamento dos ligamentos pélvicos.

Diagnostico de gestação na égua:

PS: animal rola no chão para colocar o feto na posição correta de porto - não confundir com cólicas.
AULA 2 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR M (GERAL):

0 - Anatomia e conceitos iniciais:

Principais estruturas anatômicas:


. Bolsa testicular.
. Testículo.
. Epidídimo (matura e armazena esperma).
. Vesícula seminal.
. Próstata.
. Glândula bulbouretral.
. Prepúcio e pênis.
. Ducto deferente - passa pelo cordão espermático.
PS - Cordão espermático: composto por artéria e veias testiculares (mantém temperatura testicular 2ºC menor que a corporal).

Particularidades anatômicas (bovinos):


. Possui S peniano (fibroelastico - músculo retrator do pênis relaxa durante a exposição deste).
. Presença da ampola - vesícula seminal mais desenvolvida - próstata pouco desenvolvida - glândula bulbouretral pouco desenvolvida.
. Testículos em posição vertical.
. Glande de pequenos ruminantes possui processo uretral e apêndice verminifoide (predispõe ocorrência de cálculos urinários).

Particularidades anatômicas (Equino):


. Possui escroto horizontal.
. Próstata é a glândula mais desenvolvida.

Particularidades anatômicas (suínos):


. Também possuem flexura sigmoide.
. Testículos mais oblíquos e próximo ao anus.
. Glândula bulbouretral é a mais desenvolvida - seminal bem desenvolvida - próstata pouco desenvolvida.

Particularidades anatômicas (cães e gatos):


Cães: possuem osso peniano - próstata desenvolvida - possui ampola - não possuem bulbo uretral ou vesícula seminal.
PS: a ocorrência de ninhada com pais diferentes é possível no cão.
Gatos: possuem espículas no pênis - possuem bulbouretral - também não possuem vesícula seminal - pênis próximo da região perineal.
Descida dos testículos: ocorre em períodos distintos entre as espécies
Garanhão: 9 a 11 meses de gestação.
Touro: 4 meses de gestação.
Carneiro: 80 dias de gestação.
Cão: 5 dias após nascimento.
Gato: 2 a 5 dias após nascimento.

Puberdade: capacidade de produzir espermatozoides em quantidade e morfologia suficientes para emprenhar a fêmea - diferente de
maturidade sexual!
Equinos: 18 meses.
Bovinos: 9 a 10 meses.
Ovinos: 6 a 8 meses.
Caninos: 7 a 11 meses.
Felinos: 9 a 10 meses.

Glossário Semiológico:
. Espermatocele: distensão do epidídimo com acúmulo de esperma.
. Hematocele: extravasamento e acúmulo de sangue na cavidade da túnica vaginal.
. Hidrocele: acúmulo de líquido no saco da túnica vaginal.
. Monorquidismo: presença de um único testículo no escroto (geralmente secundário a criptorquidismo unilateral).
. Orquite: inflamação do testículo.
. Orquiocele: tumor ou herniação completa de um testículo.
. Orquiopatia: processo patológico do testículo.
. Balanite: inflamação da glande peniana.
. Postite: inflamação do prepúcio.
. Balanopostite: inflamação simultânea da glande e da mucosa prepucial - critério para remoção de animais para sistema reprodutivo.
. Fimose: incapacidade de exteriorização do pênis em virtude do alongamento ou estenose do prepúcio.
. Parafimose: incapacidade de interiorização do pênis em virtude do estrangulamento ou estenose do prepúcio.
. Frênulo persistente: permanência anormal de tecido conjuntivo entre a glande do pênis e prepúcio.
. Hipospadia: abertura da uretra ventralmente ao pênis e caudalmente ao orifício uretral normal.

Métodos para colheita de sêmen:


I. Excitação mecânica do pênis
II. Eletroejaculação
III. Vagina artificial

2 - Anamnese:
. Nutrição
. Sanidade
. Idade
. Comportamento sexual e índices reprodutivos (ver item 4C e 4D)
3 - Exame Físico Específico:
3.1 - Inspeção e Palpação Externa (3): verificar bolsa testicular, testículos e epidídimos.

A - Bolsa testicular: em equinos é feito lateralmente // em bovinos, caprinos e ovinos utilizar tronco (por trás) // em caninos e felinos em
estação (por trás).
Aspecto: normalmente lisa e fina, elástica, com poucos pelos e pendulada (exceto em gatos, onde é aderida).
Temperatura: deve ser menor que a corpórea.
Coloração: a coloração fisiológica varia entre espécies.
Anormalidades: livre de parasitas, micoses, dermatites, escaras, cicatrizes, granulomas, edemas, fístulas e assimetrias graves // sem
hipertrofia, líquido e tumores.

B - Testículos e Epidídimos (5): verificar por


. Simetria e tamanho.
. Sinais de inflamação (dor, rubor, calor).
. Endurecimento (por neoplasia e orquite crônica).
. Deslocamento excessivo.
. Monorquidismo e criptorquidismo.

C - Prepúcio e Pênis: em equinos, bovinos, caprinos e ovinos lateralmente // em caninos e felinos por decúbito lateral.

Aspecto: pele fina, elástica, móvel e ausência de inflamação - verificar também por
(a) Alterações congênitas, edemas, abscessos, hemorragias e inflamação
(b) No pênis verificar por parafimose e priapismo, fimose, balanopostite, protrusão insuficiente do pênis e fraturas.

Técnicas de analise (para expor o pênis):


Em equinos:
Expor com mão enluvada.
Égua ou vagina artificial.
Contenção química (última opção).
Em bovinos, caprinos e ovinos:
Manequim ou fêmea no cio (inspeção superficial).
Contenção química.

Em caninos: decúbito lateral - empurrar prepúcio para trás e pênis para frente e segurar ossos peniano em sua base.
Em felinos: retração do prepúcio.

3.2 - Palpação Interna: por técnica digital ou manual retal - verificar glândulas acessórias.

4 - Exames Complementares
A - Biópsia testicular: feita por excisão ou aspiração.

B - Espermograma (análise do sêmen): verificar aspectos macroscópicos e microscópicos


Aspectos macroscópicos (3):
I - Volume: valor normal varia entre espécies
Bovinos: 0,5 a 20 mL.
Equinos: 30 a 340 mL.
Ovinos: 0,5 a 3 mL.
Caprinos: 0,2 a 2,5 mL.
Caninos: 2 a 35 mL.
Suínos: 0 a 500 mL.

II - Aspecto: turbidez - pela presença de pus, sangue ou células inflamatórias no sêmen.


III - Cor e odor.

Aspectos microscópicos (5):


I - Concentração: valor normal varia entre espécies
Touro: 300.000 a 2.000.000 mm3
Garanhão: 30.000 a 800.000 mm3
Carneiro: 2.000.000 a 5.000.000 mm3
Bode: 1.000.000 a 5.000.000 mm3
Cão: 60.000 a 300.000 mm3
II - Morfologia.
III - Motilidade.
IV - Vigor.
V - Turbilhão (ruminantes): movimenta em círculos - fisiológico nos ruminantes.

PS - Glossário Semiológico: relacionado ao sêmen/ejaculado.


. Acinesia: ausência de motilidade.
. Aspermia: ausência de ejaculado.
. Astenospermia: debilidade de movimentação.
. Azoospermia: ausência de espermatozóides.
. Hemospermia: presença de sangue no ejaculado.
. Necrospermia: totalidade ou quase todos os espermatozóides mortos.
. Oligospermia: pequeno volume de ejaculado.
. Oligozoospermia: número baixo de espermatozóides.
. Piospermia: presença de pus.

C - Avaliação do reprodutor: envolve os parâmetros


. Idade? Certificado andrológico?
. Adquirido recentemente?
. Quais os antecedentes?
. Possui filhos? Estes possuem anormalidades?
. Apresenta desejo sexual? Consegue cobrir fêmea?
. Penetração completa? Como é a retração peniana?
. Quantas fêmeas o animal cobriu?
. Qual o índice de prenhes?
. Comportamento anormal? (agressivo, afeminado)
. Mudança no manejo? (alimentação e mudança de tratador)
. Medicamentos?
. Há quanto tempo apresenta o problema?
. Qual a evolução da afecção?
. Dificuldade para se locomover?

D - Avaliação do potencial reprodutivo:


I - Teste de comportamento sexual.
II - Circunferência escrotal (CE): ruminantes é utilizada para seleção de animais - relacionada à produção espermática (concentração,
morfologia e motilidade espermática).
III - Avaliação andrológica.
AULA 3 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO (GERAL - PEQUENOS)

0 - Introdução e conceitos iniciais:


. Possui casuística elevada em pequenos animais - seja por cistite, cálculos, doença renal crônica, IRA...
. Animais podem apresentam alterações urinarias secundário a doenças sistêmicas!

Anatomia:
A - Rins: órgãos pares presentes na região dorso cranial do abdômen (o rim esquerdo tem posição mais caudal que o direito) - possuem
funções de:
I - Filtração do sangue de substancias hidrossolúveis (toxinas e metabólicos) - na disfunção do rim ocorre a retenção destes.
II - Função endócrina (produz eritropoietina).

B - Ureter, bexiga, uretra (pélvica e peniana) e ostio uretral: função de condução e armazenamento de urina.

Variações de anatômicas de importância na semiologia:


. Presença de osso peniano no cão - limita expansão da uretra, facilitando a ocorrência de obstrução por cálculos no local.
. Bodes possuem processo uretral (função de espalhar a urina/marcador de hormônios) - também facilita ocorrência de cálculos.
. Flexura sigmoide em bovinos - dificulta a passagem de sondas (para coleta de urina).
. Em gatos a uretra é muito fina em diâmetro - facilita a ocorrência de obstrução por sedimentos.

1 - Identificação:
Espécies:
. Em gatos machos é comum a ocorrência de cistite idiopática felina (síndrome urinaria inferior felina).
. Hematúria crônica em bovinos por ingestão de samambaia.
. Mioglobinuria (rabdomiólise) em equinos por síndrome da segunda feira.
Raça:
. Iliasa yapso apresenta predisposição a displasia renal - ocorre principalmente em animais jovens (++ ureia e creatinina na urinálise).
. Dálmatas possuem deficiência de transformação de ácido úrico em alantoína - não é elimina, voltando para a circulação e formando
cristais de urato, que podem participar na formação de cálculos.

2 - Anamnese:
Anamnese espontânea (queixa principal):
Oligúria: urina em quantidade (volume) diminuída.
Anuria: urina não é eliminada em quantidade alguma (não produzida, ocorre na IRA por exemplo).
PS - Iscuria: não confundir - urina não é eliminada secundário a obstruções.

Disuria: animal com dificuldade de urinar (por calculo encaixando na uretra por exemplo) - não confundir a dificuldade de urinar com
a de defecar (tenesmo) ou vice versa, já que as situações podem se assemelhar no caso de fêmeas.
PS - Estranguria: quando mais grave e com dor intensa.

Poliúria: urina em quantidade (volume) aumentada.


Polaciúria: aumento de frequência de micção.
Incontinência urinaria: falta de controle no ato de urinar.
Alterações na cor e no odor da urina.
Alteração no comportamento de micção: cão urinando fora do local habitual ou gatos fora da caixa - pode ser indicativo de
incontinência urinaria ou alteração comportamental (também denominada de periuria - micção fora do local normal).

Anamnese Inquisitiva:
Apresenta sinais clínicos sistêmicos? anorexo, prostrado, vômitos, diarreias...
PS: na uremia por exemplo apresenta sinais sistêmicos, podendo ser decorrente de alteração pré-renal.

Presença de sangue? toda hora? pouco? muito? intermitente ou constante? homogênea ou em parte da urina?
Aspecto da urina? odor?

Ingestão de água? polidipsia deve ser sempre acompanhada de poliúria, sendo que geralmente a primeira é compensatória a segunda.
Exp - IRA: rim não concentra urina/reabsorve água, levando a perda de líquidos nesta (polidpsia secundaria a poliúria).
Exp - Piometra, hiperadrenocorticismo (cortisol) e diabetes: animal também apresenta polidpsia.

Hábitos alimentares?
PS1: forragens ricas em magnésio e sais em equinos podem levar a formação de cálculos.
PS2: plantas toxicas em bovinos podem causar lesão renal.
PS3: se desbalanceada em pequenos pode favorecer formação de cálculos e disfunção.
Uso de medicamentos prévios (nefrotóxicos)? podem acarretar em IRA: gentamicina (nunca utilizar em animal desidratado e com
função renal diminuída), anfotericina B (ainda mais nefrotóxica), AINEs...

Histórico de problemas urinários? alguns são intermitentes ou crônicos - cálculos em gatos machos por exemplo.
Sinais gastrointestinais? relacionado com uremia e falência renal por exemplo.

3 - Exame físico geral: feita por inspeção, palpação e exame de urina.


A - Inspeção (2):
A.1 - Genitais e região:
. Gato lambe muito o pênis: sinal de incomodo na região.
. Ocorrência de gotejamentos (incontinência urinaria).
. Exposição do pênis em equinos - pode ocorrer por cálculos.
. Expor o pênis e observar bulbo e ostio uretral em relação a prolapsos (comum na raça buldogue inglês).

A.2 - Mucosa oral:


. Verificar por gastrites (estomatite ulcerativa e halitose - ocorrem em uremias).
. Verificar coloração: animal pode apresentar anemia decorrente de doença renal crônica (déficit de produção de
eritropoietinogênio).

B - Palpação (3): principal recurso no sistema urinário - pode ser externa (transabdominal), trans-retal e por toque retal.
B.1 - Externa (trans-abdominal):
I - Rins: verificar polo caudal do rim (ou todo em gatos) - quanto a consistência, dor, simetria, tamanho e contorno.
II - Bexiga: verificar por
Distensão, massas e dor.
Local: normalmente na cavidade pélvica (pode deslocar abdominal/cranialmente por distensão).
Cálculos: os de 7 mm a 1cm são palpáveis (geralmente acompanhados de resposta de dor também) - a palpação de cálculos é mais
fácil com a bexiga vazia, porem para a visualização no ultrassom o procedimento é mais efetivo com a bexiga cheia.

B.2 - Trans-retal: possível em grandes animais.


I - Bexiga: presente ventralmente, logo cranial a cavidade pélvica (quando distendida fica mais ventral pela gravidade).
II - Polo caudal do rim: no direito à palpação é mais fácil nos ruminantes (o esquerdo fica deslocado pelo rumem em bovinos) -
possui aspecto lobulado nos bovinos (não confundir com tumores): quando não palpável pode ser indicativo de normalidade.

B.3 - Próstata (toque retal): importante principalmente em cão macho - aumentada em tumores e prostatites, apresentam também
neste caso a perda de simetria (normalmente bilobulada - se torna arredondada).
PS: apesar da uretra passar dentro da próstata as obstruções desta por aumento prostático são raras, já que a próstata geralmente
apresenta aumento excêntrico no caso de animais (quando aumentada é mais comum comprimirem o reto).

C - Exame de urina (inspeção, olfação e complementares):


Métodos de coleta de urina (3)
Micção espontânea:
. Em gato é mais difícil (pedir para coletar em casa).
. Pode ser feita a massagem perineal (perivulvar) e prepucial em bovinos para estimular a micção.
. Observar na micção alterações nos jatos: primeiro, intermediário e final - alteração indica origem da lesão e hemorragia (ver
abaixo).
Sonda uretral:
Equinos: é utilizada sonda própria (de 1,2m de comprimento e flexível).
Cão macho: utilizar flexível também.
Gato macho: utilizar sonda especifica (tomcat - semiflexivel).
Fêmeas de todas as espécies: pode ser utilizado tanto à rígida quanto a flexível.
PS: nos bovinos machos não é possível devido a presença da flexura sigmoide.

Cistocentese: nos casos de necessidade do uso de exame complementar de cultura e antibiograma a coleta só deve ser feita por
cistocentese - evita contaminação da amostra.
1ª - Localizar a bexiga por palpação e fixar ela imóvel para realizar a punção.
2ª - Realizar a punção com agulha fina - com o animal em decúbito lateral ou em estação.

PS: em suspeita de rompimento de bexiga pode ser realizada uma paracentese abdominal - verifica a presença de liquido na
cavidade abdominal.

Verificar na urina coletada:


(a) Aspecto, turbidez, concentração, volume, cor, odor, ph.
(b) Realizar exames completares: presença de cristais, hematúria, sedimentos, hemácias, miocitos, proteínas, densidade, cultura e
antibiograma.

4 - Complementares:
A - Provas de função renal: dosagem de ureia e creatinina na urina - animal saudável apresenta baixa quantidade de proteínas e de
creatinina/ureia, sendo que essas ficam aumentadas em doença renal.
B - Hemograma: constata anemia e leucocitose - primeira por hemorragia // segunda nos casos de inflamação.
C - Urinálise: avalia vários parâmetros (estudado em patologia clínica).
D - Pressão arterial: maioria dos cães e gatos com doença renal são hipertensos.

E - Diagnóstico por imagem:


E.1 - Ultrassom: útil na visualização de cálculos, cistite (parede da bexiga fica espessada - geralmente acompanhada de sedimentos
também) e hidronefrose.
E.2 - Radiografia: presença de cálculos e obstruções urinarias.
AULA 4 - SEMIOLOGIA DO SNC E SENSORIAL (GERAL - PEQUENOS)

0 - Introdução e conceitos iniciais: área da medicina veterinária que demanda bastante atenção do clínico em busca de localização das
lesões, diagnóstico definitivo e definição de prognóstico - depende do conhecimento da função e anatomia de cada área do SNC para
determinar o local da lesão (central ou periférico - lado esquerdo ou direito).
PS1: determinação do local e gravidade da lesão tem diversas importâncias - importante para determinar qual e onde utilizar os exames
complementares, chegar ao diagnóstico definitivo e prognostico.
PS2: também importante saber diferenciar de alterações de marcha causadas por lesão locomotora.

Anatomia:
A - Encéfalo (SNC): parte intracraniana - dividido ainda em
A.1 - Prosencéfalo: composto por telencéfalo e diencéfalo, sendo responsável pela consciência de informações sensoriais e motoras -
também regula função endócrina (hipotálamo) e funcionamento do SN autônomo.
A.2 - Tronco encefálico: composto por mesencéfalo, ponte e bulbo (medula oblonga), possuindo funções diversas - integração entre
sistemas, respostas autônomas, centro da respiração, reações posturais...
A.3 - Cerebelo: responsável pelo ajuste fino do movimento e por movimentos sequenciais - não inicia movimentos, porem regula
estes.

B - Estruturas extra cranianas (SNC):


B.1 - C1 a C5 (região cervical).
B.2 - C6 a T2 (intumescência braquial ou cervical): local onde se encontram os corpos celulares dos nervos periféricos (neurônios
motores inferiores - conectam a medula aos músculos).
PS: contem também os prolongamentos de neurônios motores superiores (os na medula).
B.3 - T3 a L3 (segmento tóraco-lombar).
B.4 - L4 a S3 (intumescência lombo-sacral): possui os corpos celulares dos neurônios motores inferiores.
B.5 - L6 ou L7: local de termino da coluna (formando cauda equina).

C - SN Periférico: composto por nervos, gânglios (corpos celulares fora do SNC), junções neuromusculares e músculos - também
participam no processo de locomoção.

1 - Identificação:
Predisposição racial e de espécie:
. Cavalos (potros) e suínos são mais suscetíveis ao tétano - doença neuromuscular.
. Cães da raça douthound (salsicha) são mais suscetível a protrusão de disco intervertebral (hérnia de disco).
. Ocorrência de raiva em bovinos é mais comum (botulismo também).
. Meningoencefalites por origens diversas são mais comuns em equinos.

2 - Anamnese: tipo de desenvolvimento direciona a suspeita:


Agudo: nestes casos as suspeitas são de - traumatismo (cranioencefálico e medular), hérnias de disco do tipo 2, acidente vascular, plantas
toxicas e infecções.
De curso crônico: suspeitas são de epilepsia, degeneração (idade) e neoplasias.

3 - EFE (6): determinado por 6 critérios - estado mental, postura e marcha, reações posturais, nervos cranianos, reflexos miotáticos
/espinhais e avaliação sensorial: quando a suspeita é de lesão no SN central se deve avaliar os 6 parâmetros.

3.1 - Estado mental (2): avaliado quanto ao nível de consciência e comportamento.

A - Níveis de consciência:
I - Alerta (normal): responde a chamados e acompanha movimentos - pode ser normalmente diminuído em filhotes (soninho).
II - Depressão: menos responsivel a estímulos (menos alerta).
III - Estupor: responde apenas a estímulos de alta intensidade (dor e gritos por exemplo) - também denominado como pré-coma.
IV - Coma: não responde a estímulos.
V - Convulsões: pode variar em apresentação:
Síndrome tonicoclonica: com espasmos, defecação, micção e opistono.
Apresentação focal: somente salivação por exemplo.
Crise de ausência: animal parece completamente distante por alguns minutos.

PS - Escalas: dois tipos de escala podem ser utilizados para avaliar o grau de consciência do animal:
Escala de glasgow: vai de 3 a 18 pontos (3E - cada um com seis parâmetros, podendo ir de coma a normal).
Escala de AVDN: alerta, vocal, dor e nenhuma - de mais fácil utilização em emergências.
B - Alterações de comportamento:
. Agressividade: pode ocorrer em algumas patologias - uremia, diabetes, raiva...
. Pressionar cabeça (head-press): pode ser indicativo de alteração no encéfalo (cefaleia - dor de cabeça).
. Alterações pro-dromicas de comportamento e temperamento.
. Vocalização.
. Andar compulsivo: porem além de alteração patológica pode também ser decorrente de alteração comportamental.

3.2 - Postura e marcha (5): principalmente quanto a posicionamento da cabeça e do tronco - avaliado quanto a inclinação da cabeça,
curvaturas espinhais, ocorrência de rigidez descerebrada e posição de Schiff-Sherrington, alterações de marcha.

A - Inclinação da cabeça (head tilt): geralmente ocorre por lesão do sistema vestibular (equilíbrio) - usualmente o animal tende a
cabeça para o lado em que ocorreu o problema.
PS: geralmente acompanhada também de andar em círculos e nistagmo (fase rápida do nistagmo é contralateral ao lado vestibular
afetado).

Pode ser dividido quanto a origem em


Síndrome periférica: quando afeta o VIII nervo craniano ou ouvido interno (otite interna e media).
Síndrome central: quando afeta encéfalo - neste caso acompanhado também de várias outras alterações.
PS: córtex possui inversão (cruzamento de vias nervosas) - o lado afetado quanto a nervos cranianos não é o mesmo afetado no
resto do sistema.

B - Curvaturas espinhais (3)


B.1 - Cifose: arqueada para cima - pode ser causada pelo próprio animal na tentativa de aliviar pressão no espaço intervertebral em
uma lesão ou hérnia por exemplo.
B.2 - Lordose: arqueada para baixo.
B.3 - Escoliose: tortuosa (em formato de S).

C - Rigidez descerebrada: afeta os quatro membros - ocorre em lesão alta na medula cervical.
Mecanismo: sistema perde o controle pelo do encéfalo (perda da ação dos neurônios inibitórios) - porem como os nervos motores
(NMI das intumescências) se mantêm íntegros ocorre à contração e espaticidade devido ao estimulo liberado por neurotransmissores via
choque neural da inflamação.

D - Posição de Schiff-Sherrington: típico de trauma medular agudo na região tóraco-lombar (de T13 e L3) - leva a espaticidade dos
membros torácicos com paralisia flacidez dos pélvicos e cifose.
Exemplos: atropelamento e hérnia de disco de aguda.
Mecanismo: choque espinhal da medula leva a liberação de neurotransmissores - como os NMI da intumescência braquial se mantém
íntegros ocorre espacidade torácica, porém os NMIs do membro pélvicos estão lesados e logo este se mantém flácidos.
PS: neste caso a parte torácica mantém reflexos medulares, os pélvicos não.

E - Alterações de marcha (4):


E.1 - Ataxia: incoordenação motora - ocorre em lesões do encéfalo.
E.2 - Paresia e paralisia: déficit/ausência de movimentação.
PS - Para paresia: déficit nos pélvicos apenas.
PS - Paraplegia (ou para paralisia): ausência dos pélvicos apenas.
PS - Tetraparesia: déficit nos quatro membros.
PS - Tetraplegia (ou tetraparalisia): ausência de movimentos nos quatro membros.
PS - Hemiparesia e hemiparalisia: afeta um lado do sistema apenas - ocorre nas lesões de nervos periféricos.

E.3 - Dismetria: passadas desencontradas (hipermetria, hipometria ou dismetria) - ocorre em lesão cerebelar.
E.4 - Andar em círculos: ocorre por síndrome vestibular principalmente.

3.3 - Reações posturais (4): maioria é de difícil aplicação em grandes animais (exceto o de propriocepção).
PS: não são reflexos - respostas podem variar entre indivíduos em forma e intensidade.

A - Propriocepção: mais fácil de fazer - ao encostar o dorso da mão ou pé do animal no chão normalmente ele se reposiciona de tal
forma a se apoia com a sola do membro (indica a integridade dos NMIs nos plexos): se deve testar todos os membros, classificando então a
reação em normal, em déficit ou ausente.

B.1 - Saltitar: ao empurrar o animal lateralmente ele se ajusta - fazer em superfície não escorregadia.
B.2 - Carrinho de mão e saltitar para traz: idem.
C - Posicionamento tátil e visual: tapar os olhos do animal e encostar o dorso da mão ou pé sobre uma superfície - animal tende a se
apoiar corretamente caso não apresente alterações.
3.4 - Nervos cranianos (5): envolve reflexo palpebral e de narina, reflexo pupilar a luz, resposta à ameaça, nistagmo fisiológico e massa
dos músculos mastigatórios:

Testes dos nervos cranianos: possuem respostas tanto de reflexo quanto de reações.
A - Reflexo palpebral e de narina: avalia parte sensorial do trigêmeo.
PS: geralmente lesão ocorre em conjunto - parte motora e sensorial.

B - Reflexo pupilar a luz: resposta normal seria de constrição da pupila (músculo circular da pupila contrai gerando miose) - caso não
responda pode ser decorrente de dano em uma das quatro estruturas: nervo óptico - nervo óculo motor - SNC - musculatura da Iris.
PS1: músculo radial é responsável pela midríase.
PS2: realizar com a sala escura - facilita a visualização.
PS3: teste participa também da parte de avaliação oftálmica.

C - Resposta à ameaça: não é reflexo - ao aproximar a mão aos olhos do animal este pisca e/ou afasta.
PS1: testar individualmente cada lado.
PS2: também testa a consciência do animal (avalia encéfalo).

D - Nistagmo fisiológico: ao mover a cabeça os olhos reajustam posição - testa integridade do oculomotor.

E - Massa dos músculos mastigatórios: avaliar nos casos de atrofia da musculatura mastigatória - pode ser decorrente tanto do dano
na parte motora do trigêmeo quanto por miosite mastigatória.

3.5 - Reflexos miotáticos/espinhais (3): testa tanto reflexos espinhais quanto o tônus muscular.
A - Reflexo de retirada: ao beliscar espaço interdigital o animal retira o membro - testa a integridade do NMI e intumescências.
PS: mantido mesmo em um animal tetraplégico caso não esteja afetado a área da intumescência - também é mantido na
inconsequência (coma), porem pode estar ausente em anestesias.
B - Reflexo patelar: ao golpear o ligamento patelar (tendão quadríceps) ocorre resposta segmentar de contração e extensão do joelho.
PS: é um arco reflexo segmentar (funciona mesmo se com somente NMI integro - medula pode estar lesada mesmo se ocorrendo).

C - Reflexo perineal: com agulha ou pinça beliscar região ao redor do anus - contração do anus é a resposta normal.
PS: na anestesia epidural fica ausente - útil para saber se o animal está ou não anestesiado.

3.6 - Avaliação sensorial (4):


A - Resposta nociceptiva: beliscar com força - gera resposta de consciência a dor.
PS: fazendo com o dedo ou pinça altera a parte testada, sendo que a segunda testa a resposta nociceptiva profunda - grau indica
prognostico em doença de disco intervertebral, por exemplo.
B - Testes olfativos: alimento gera resposta de salivação e deglutição.
C - Testes visuais: chumaço de algodão - testa visão e estado mental do animal (alerta).

D - Avaliação oftalmológica: oftalmologia é uma especialidade que apresentou grandes avanços nas últimas décadas.

Métodos de diagnostico (11): lanterna clínica, teste de resposta à ameaça, colírio de fluoresceína (teste de fluoresceína e teste de
jones), teste de schirmer, retroiluminação e oftalmoscopia, tonometria, ultrassonografia ocular, oftalmoscopia direta, eletrorretinografia
(ERG), biomicroscopia ocular (lâmpada de fenda) e gonioscopia.

I - Lanterna clínica: principal recurso na avaliação geral de rotina - útil na verificação de:
Transparência da córnea e aspecto da Iris.
Reflexo pupilar à luz.
Condição das três estruturas reflexivas do olho (córnea, margem anterior e posterior do cristalino).
PS: indica o local da lesão - parte que apresenta alteração não reflete apropriadamente.
Pálpebras e lesões perioculares.
Congestão de esclera.

PS - Lupa de pala: pode ser utilizada para facilitar a inspeção.

II - Teste de resposta à ameaça: avalia visão e resposta do animal.

III - Colírio de fluoresceína (teste de fluoresceína): indica a presença de úlceras de córnea - se liga a camada interna da córnea
(hidrofílica) no rompimento da externa (hidrofóbica): importante de ser testado antes de aplicação de colírios com corticoides (não pode ser
utilizado no caso de ulceras).
PS1: olho é composto por quatro camadas, sendo que somente a segunda é hidrofílica (estroma) - ou seja, em lesões muito
profundas não ocorre à coloração fluorescente com a aplicação do colírio mesmo na ocorrência de ulceras.

PS2 - Teste de Jones: avalia obstruções do ducto nasolacrimal - colírio é aplicado no saco conjuntival e após alguns minutos é
avaliado se ele fluiu para a cavidade nasal: útil para avaliação de situação de epifora (lacrimação constante).

IV - Teste de Schirmer: avalia produção lacrimal (15 segundos em equinos).


V - Retroiluminação e oftalmoscopia: avalia o reflexo do tapete lúcido a um braço de distância - útil no diagnóstico de esclerose do
cristalino e catarata em gatos.
Esclerose: perde flexibilidade do cristalino com o passar dos anos - passa a ter uma aparência azulada, mas não interfere na visão
Catarata: opacificação do cristalino, que leva à mudança de aspecto do olho - tende a ficar esbranquiçado no seu centro, o que
pode chamar a sua atenção e até prejudicar a visão do animal.

VI - Tonometria: equipamento especifico (semelhante a caneta) em que é medido a pressão encostando em 3 a 5 pontos da córnea -
a média dos valores obtidos representa a pressão intraocular (importante para o diagnóstico de glaucomas): deve ser aplicado colírio
anestésico antes do teste.
VII - Ultrassonografia ocular: deve ser aplicado colírio anestésico antes.
VIII - Oftalmoscopia direta: feita junto ao uso de colírio dilatador (midriático) - facilita a visualização das estruturas internas do
fundo de olho e alterações de vasos.
PS: vasos congestos podem ser decorrentes de hipertensão.
IX - Eletrorretinografia (ERG): avalia atividade elétrica da retina (condução nervosa na retina) - útil em uma cirurgia de remoção
de lente em catarata (indica se o animal está com déficit de visão pela catarata de fato ou por alteração nervosa).
X - Biomicroscopia ocular (lâmpada de fenda).
XI - Gonioscopia: avalia a drenagem do humor aquoso pelo ângulo entre a córnea e a íris (irinocorneal? - ângulo fechado).

Manifestações oculares:
Entrópio: direcionamento dos cílios para dentro - causa atrito com a córnea (e opacidade com o tempo): raça Sharpey tem
predileção.
Conjuntivite.
Quemose: inchaço de pálpebra.
Terceira pálpebra (prolapso).
Ceratite, edema e úlcera de córnea: levam a perda da reflexão nas estruturas reflexivas.
Ceratite crônica: também acompanhada por angiogênese.
Catarata.
Emergências oculares.
AULA 5 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO (PEQUENOS / GERAL)

0 - Introdução e conceitos iniciais: função de transporte de O2 e nutrientes // eliminação de metabólicos (ácidos láticos, CO2...).
PS1: em uma parada cardíaca as consequências seriam de estado de inconsciência em 30s // danos ao cérebro em minutos.
PS2: perdas de 10% do volume sanguíneo já afetam desempenho atlético.

Origem: alterações no sistema circulatório podem ser decorrentes de duas etiologias:


I - Alterações primárias: hemorragias, doenças congênitas, miocardites, endocardite...
II - Alterações secundaria: diarreia e vômitos (levam a hipovolemia por perda de fluidos) e acidose metabólica (hiperpotassemia).

Anatomia do sistema: constituído por


Coração: porção anterior e ventral - com quatro câmaras cardíacas.
Veias: reservatório sanguíneo.
Artérias: condutoras de alta pressão.

Distribuição do sangue:
25% do sangue em circulação central (vasos pulmonares principalmente).
75% na circulação sistêmica (em veias principalmente) - destes 75, 1% está presente em artérias, capilares e vênulas.

Circulação nos fetos: possui particularidades.


I - Pulmão é colabado: lado direito do coração não bombeia sangue para pulmões (sangue no lado direito é direcionado para o esquerdo
por estruturas especificas).
II - Sangue do átrio direito é direcionado para o átrio esquerdo pelo forame oval // sangue no ventrículo direito é direcionado a aorta
pelo ducto arterioso (conecta artéria pulmonar e aorta).
PS: no caso de permanência destas estruturas em animais adultos pode determinar situações patológicas.

Sinais clínicos da ICC:


ICC Esquerda: congestão pulmonar, tosse e dispneia/taquipneia, aumento de PH no pulmão.
ICC Direita: efusão, edema de membro e ascite.

1 - Identificação:
Idade: animais idosos são afetados por anomalias degenerativas e os jovens por congênitas (tetralogia de fallot por exemplo).
Espécie animal: bovinos tem ocorrência comum de reticulite traumática.

Raça:
Maior ocorrência de persistência do ducto arterioso em algumas raças de cães (Poodle, Pastores e Collies).
Maior ocorrência de cardiomiopatia dilatada em algumas espécies de cães (Boxer, Dobermann, Collie).
Maior ocorrência de colapso de traqueia em Yorkshire (leva a tosse e dispneia).

Procedência: doenças endêmicas e seleção genética.


Dirofilariose em área litoral por exemplo (relação menos estreita ultimamente).
Chagas em MG.
Leishmaniose em algumas regiões.

2 - Anamnese:
2.1 - Queixas principais (anamnese espontânea):
Cansaço, apatia, intolerância a exercícios.
Emagrecimento.
Desenvolvimento retardado.
Tosse e dispneia (ocorrem ou por edema pulmonar por ICE ou compressão da traqueia pela hipertrofia do átrio esquerdo).
Febre (na endocardite séptica por exemplo).
Ascite e edema.
Síncope (perda de consciência devido à falta de irrigação ao SNC).

2.2 - Anamnese direcionada (ou inquisitiva): importante para a diferenciação do sistema afetado de fato - no caso do circulatório pode
levar a alterações respiratórias ou confusão com doença osteomusculares, o que o dono não consegue diferenciar.
. Quais os primeiros sintomas? indica se a alteração é primaria ou secundaria.
. Apresenta cansaço?
. Como evoluíram? indica a magnitude da condição - estabilizou, piorou, cessou?
. Foi medicado? com o que? teve resposta? (diagnostico terapêutico).
. Qual a alimentação?
3 - Exame Físico Especifico: feito por inspeção direta, auscultação e palpação.

3.1 - Inspeção direta (8): avaliar postura, coloração de mucosas, peso (caquexia cardíaca), edema e ascite, padrão respiratório, tosse,
sincope e vasos.

A - Postura: animais podem adotar postura típica (ortopneica) e/ou podem estar pouco ágeis.
PS - Postura ortopneica: animal assume posição para respirar melhor e diminuir a dor - extensão de membros torácicos e pescoço:
ocorre em alterações respiratórias, porem pode não ocorrer mesmo se alterado.

B - Coloração de Mucosas: indica quantidade de sangue e eficiência de trocas gasosas


Cianótica: falta eficiência de trocas - por alteração primária do pulmão ou cardiovascular.
Mucosas perlaceas: último grau de palidez (indica anemia intensa).

C - Perda de peso (caquexia cardíaca): estado de catabolismo estabelecido pela baixa oxigenação - principalmente pela ação do fator de
necrose tumoral (TNF-a): ocorre progressivamente.

D - Edema/Ascite: acúmulo de líquido livre no abdômen (ou barbela em ruminantes) - pode ter causas cardíacas ou extracardíacas.
PS1: material pode ser enviado para avaliação laboratorial - celularidade e densidade de proteína baixa (transudado) indicam
alteração cardíaca.
PS2: não confundir com obesidade!

E - Padrão respiratório: importante ser avaliado, já que o sistema circulatório pode levar a alteração respiratória - pode ser de
taquipneia ou dispneia (inspiratória, expiratória e mista).
F.1 - Taquipneia: aumento da frequência respiratória - alteração antecede a dispneia nos problemas cardíacos e respiratórios, sendo
ainda que ocorrem juntas depois.

F.2 - Dispneia (3): dificuldade respiratória, podendo ou não estar acompanhado de posição ortopneica - dividida quanto à origem:
Inspiratória: por alteração no trato respiratório superior.
Expiratória: envolve trato respiratório inferior - doenças pulmonares e ICC.
Mista: na ICC com efusão pleural concomitante.

F - Tosse: ato reflexo produzido pela estimulação da faringe, traqueia brônquios, bronquíolos, pleura, pericárdio e diafragma - pode ter
causa respiratória ou cardíaca.
Exemplos: edema pulmonar (por ICE) e compressão de traqueia átrio esquerdo.
PS1: em alguns casos pode gerar mímica de vomito (em pequenos) - irritação da faringe pela tosse gera ânsia de vomito.
PS2: geralmente é seca e ruidosa na disfunção cardíaca (já na alteração no sistema respiratório geralmente é produtiva).

G - Sincope: perda súbita e transitória da consciência - ocorre por déficit de substrato energético e de oxigênio (causas cardíacas ou
extra cardíacas).
Causas cardíacas: por cardiomiopatias e arritmias...
Causas extra-cardíacas: colapso de traqueia, hipoglicemia, hipertensão pulmonar, tosse...

H - Vasos (4): avaliar pulso venoso negativo e positivo, distenção venosa, circulação periférica (TPC) e capilares (geral).
H.1 - Pulso venoso negativo e positivo:
PVN (pulso jugular fisiológico): ocorre na fase final diastólica (imediatamente anterior à sístole) - ocorre leve vibração de vasos
tanto pelo refluxo de sangue na jugular quanto pela pulsação da artéria carótida que passa abaixo: testado ao se obstruir as veia jugular e
artéria carótida com o garrote (positivo caso a artéria carótida continua a pulsar).
PS1: antecede o pulso arterial.
PS2: na diástole ocorre relaxamento muscular ou recuperação do músculo cardíaco - pressão arterial mínima permite que a
cavidade dilate os ventrículos e permite a entrada de sangue, para que possa ser expelido na contração.
PVN (pulso jugular patológico): ocorre na fase sistólica, pelo não fechamento (ou incompleto) valvar cardíaca, levando ao refluxo
de sangue do ventrículo direito para o átrio - sangue residual no átrio causa pulso na veia jugular, que pode ser visto da entrada do tórax
até mandíbula (bem evidente): ao se pressionar a veia jugular próximo à entrada do tórax o pulso positivo é abolido, já que assim impede-se
o refluxo sanguíneo do coração para a veia jugular (teste positivo).
PS: coincide com o pulso arterial.

H.2 - Distensão Venosa: dilatação de vasos que ocorre pela falha de retorno venoso, podendo ser observado principalmente nas veias
jugular, safena e mamaria (quando distendidas) - em bovinos e equinos é mais fácil (menor quantidade de pelos).
Locais de observação: variam de acordo com espécie - jugular nas faces ventrolaterais do pescoço de equinos ou ruminantes -- veia
safena na face interna do membro pélvico de equinos (sobre a articulação tibiotarsicometatársica) -- mamárias em ruminantes.

H.3 - Capilares - Circulação periférica por TPC: avaliação do estado circulatório periférico - é possível obter informações sobre o seu
estado de hidratação, detectar sinais de distúrbio circulatório como choque e outros: costuma variar de 1 a 2 s (caso aumentado é necessário
investigar sua causa - na maioria das vezes deve-se à diminuição do volume circulante).

H.4 - Capilares: normalmente se inspecionam os vasos episclerais - dão uma ideia geral de como está a circulação sanguínea nos
capilares.

3.2 - Auscultação Cardíaca (1 - 5): principal método de avaliação cárdica - método de baixo custo e que pode indicar várias informações
de importância: frequência cardíaca, bulhas, ruídos anormais, ruídos adventícios e focos de ausculta.

Método: utilizar parte do foneidoscopio apropriado para cada área/som


Foneidoscópio: diafragma - capta sons de alta frequência.
Estetoscópio: parte cônica (cone) - sons de baixa frequência.

A - Frequência cardíaca: em animais hígidos é igual à frequência dos pulsos.

B - Bulhas (1): ruído cardíaco fisiológico causado por eventos mecânicos - verificar alterações de intensidade e frequência das bulhas:
Eventos:
Primeira bulha (B1): coincide ou vem imediatamente anterior com o pulso arterial (marca o início da fase sistólica) - ruído
sistólico e de maior intensidade (TUM dun): causado pelo fechamento das válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide) e contração
muscular ventricular.

Segunda bulha (B2): coincide com a fase final de ejeção cardíaca (marca o início da fase diastólica e ocorre no final da fase de
ejeção sanguínea ventricular e logo após o fechamento das valvas semilunares) - ruído diastólico (tum DUM): causada pelo fechamento das
semilunares (aórtica e pulmonar) no fim da sístole, com e repercussão do sangue contra as valvas semilunares na tentativa de retornar aos
ventrículos.
PS: é seguida pelo grande silêncio e precedida pelo pequeno silêncio.

Alterações de intensidade e frequência das bulhas:


Hiperfonose de bulhas cardíacas: ocorre nos casos de:
(a) Hiperatividade cardíaca - esforços físicos, excitação, estados febris, anemia...
(b) Aumento de percussão do som - magreza, pneumotórax, deslocamento cardíaco...

Hipofonose de bulhas cardíacas:


(a) Hipoatividade cardíaca - miocardite, astenia...
(b) Diminuição de transmissão - obesidade, hidrotórax, espessamento da parede (hipertrofia da câmara).

Monofônico: apenas uma bulha audível - ocorre na hipertrofia e hipovolemia.


Galope: atividade cardíaca aumentada - por excitação e anemias.

C - Ruídos anormais (2): desdobramentos de bulhas, sopros cardíacos, arritmia e roce.


C.1 - Desdobramentos de bulhas: ocorrem por assincronismo no fechamento de válvulas - podem afetar a 1ª ou 2ª bulha cardíaca.
De primeira bulha: ocorre na hipertensão sistêmica - assincronismo no fechamento das semilunares (aorta e pulmonar)
De segunda bulha: na hipertensão pulmonar - assincronismo no fechamento das atrioventriculares (tricúspide e mitral).

C.2 - Sopros cardíacos (4): divididos por diversos parâmetros - tipo, grau e intensidade, fase em que ocorre, origem do sopro.
Tipos:
Funcional (fisiológico): sopro anêmico - por diminuição da viscosidade do sangue.
Orgânico (patológico): por insuficiência valvular ou valvar - no caso de insuficiência de valvas atrioventriculares, ocorrendo
refluxo sanguíneo do ventrículo para o átrio durante a sístole ventricular (regurgitação valvar).
Grau ou intensidade:
Grau 1: após alguns minutos e em área localizada.
Grau 2: ouvido sobre o seu ponto de maior intensidade.
Grau 3: ouvido em uma ampla área da parede torácica.
Grau 4: frêmito palpável.
Grau 5: intensidade alta.
Grau 6: frêmito facilmente palpável.

Fase em que ocorrem:


Sistólico: fisiologicamente as atrioventriculares fechadas e semilunares abertas (contração ventricular) - ocorre regurgitação na
mitral ou tricúspide (regurgitação valvar): ouvido entre a primeira bulha do ciclo e a segunda bulha do mesmo ciclo.
PS: em bovino mais comum de ocorrer na tricúspide (lado direto).
Diastólico: atrioventricular abertas, semilunares fechadas (relaxamento ventricular) - ocorre regurgitação de aórtica e
pulmonar: ocorrem entre a segunda bulha de um ciclo cardíaco e a primeira bulha do ciclo cardíaco posterior.
Contínuo: ocorre na persistência do ducto arterioso (PDA) - sopro ouvido tanto na sístole quanto diástole.

Quanto a origem: foco de ausculta no qual fica intenso


Pulmonar: quando o ponto de máxima intensidade ocorre no foco da valva do tronco pulmonar.
Aórtico: quando o ponto de máxima intensidade ocorre no foco da valva aórtica.
Mitral: quando o ponto de máxima intensidade ocorre no foco da valva mitral.
Tricúspide: quando o ponto de máxima intensidade ocorre no foco da valva tricúspide.
PS: local de ocorrência mais comum no caso dos bovinos.

D - Ruídos adventícios: sons patológicos da respiração (abordados no sistema respiratório).


E - Focos de auscultação: localização anatômica de melhor sonoridade para cada estrutura do coração (em relação às válvulas e
câmaras) - sendo que estes variam ainda em localização de acordo com as espécies:

(pulmonar // aórtico // mitreal // tricúspide)

PS: em bovinos o aórtico está no mesmo EIC que o mitreal - porem o aórtico levemente mais dorsal que o mitral.
3.3 - Palpação (2): avaliar pulso arterial e choque cardíaco.

A - Pulso arterial (5): coincide com a frequência cardíaca (é decorrente da sístole ventricular) - avaliado quanto aos parâmetros de
frequência, ritmo, amplitude, celeridade e tensão (dureza).

Locais de avaliação: varia de acordo com a espécie


Em bovinos: artéria caudal (coccídea), carótida, facial (ou sub-mandibular).
Em equinos: carótida, facial transversa (ou submandibular - próxima ao olho) e safena.
Em cães: digitar palmar e femoral.
Em pequenos ruminantes, bezerros e potros: principalmente pela femoral.

A.1 - Frequência (4): avaliar a quantidade por minuto, sendo que a frequência normal diferente entre as espécies - em animais
saudáveis coincide com a frequência cardíaca: a alteração da frequência do pulso pode ser temporária ou permanente
PS - Temporária: febre e doenças debilitantes.
PS - Permanente: doenças com sequelas cárdicas como exemplos.

Normal:
Bovinos: 60 a 80
Ovinos: 90 a 115
Equinos: 28 a 44
Cães: 80 a 120
Gatos: 120 a 200

Aumento (taquisfigmia): ocorre junto ao aumento da frequência cardíaca - exercícios, gestação, febre, dor (catecolaminas),
anemias intensas, distúrbios pulmonares, dentre outros.
Diminuição (bradsfigmia): em alteração no nó sinoatrial, impulso vagal aumentado (síndrome de Hoflund em bovinos), cetose,
comas, dentre outros.

Frequência de pulsos menor que a cardíaca: podem ser decorrentes de bloqueios ventriculares e hipotensão grave por exemplo.

A.2 - Ritmo (2/2): em geral, os pulsos seguem um ritmo constante, o que é ditado pela regularidade dos batimentos cardíacos -
podem ser classificados em regular ou irregular (cíclico e acíclico) // arritmia e arritmia sinusal.
Pulsos regulares: constantes e ritmados - intervalos entre eles permanecem sem alteração.

Pulso irregular: distúrbio de ritmo (disritmia) onde não se segue um ritmo (há intervalos variáveis entre os pulsos) - são divididos
em cíclicos e acíclicos conforme haja ou não correspondência entre a taxa do pulso e dos batimentos cardíacos.
Cíclico: geralmente indica que não há problemas cardíacos.
Acíclico: provavelmente há distúrbio de preenchimento ventricular - determina que uma quantidade de sangue pequena seja
bombeada pelo coração, sendo insuficiente para determinar a formação de um pulso arterial palpável (como ocorre nos casos de contração
prematura e fibrilação atrial).

PS: o pulso irregular costuma também apresentar alteração de amplitude (também se torna irregular - apresenta pulsos amplos
e outros curtos).

PS - Arritmia (pulso sem ritmo): em equinos e bovinos adultos a arritmia indica que há distúrbio circulatório presente -
semelhança do que ocorre na frequência do pulso, as arritmias podem ser permanentes ou temporárias (em alguns casos tornam-se
intermitentes ou esporádicas): por exemplo há cavalos que apresentam arritmia somente quando são submetidos a exercício e em repouso
não a apresentam (ou o contrário).
PS - Arritmia sinusal (fisiológica): em pequenos ruminantes pode ser considerada normal - os pulsos se tornam acelerados durante
a inspiração e diminuem na expiração (teoricamente ocorre por desbalanço entre parassimpático e simpático por alteração na atividade
vagal): em geral ela desaparece quando o animal está excitado ou é submetido ao exercício // administração de atropina (antagonista
colinérgico) também pode levar ao desaparecimento dessa arritmia caso o animal não esteja apresentando nenhuma enfermidade
circulatória.

A.3 - Amplitude (2): indicativo da quantidade de sangue na artéria - gera avaliação da capacidade de distensão da artéria na
passagem do sangue por ela, que geralmente ocorre logo após a sístole cardíaca.
Pulso amplo: insuficiência aórtica.
Pulso pequeno: na estenose aórtica e arritmia.
PS - Amplitude diminuída por arritmia: devido à despolarização irregular o ventrículo não se enche de sangue de forma ideal na
diástole, e logo, a quantidade de sangue diminuída gera pulso mais fraco (não palpável as vezes).
A.4 - Celeridade (2): medida da velocidade com que a artéria se dilata e volta ao seu calibre inicial, antes da pulsação:
Célere (rápido)
Lento.

A.5 - Dureza ou Tensão (2): pressão no vaso necessária para oclusão deste (para que pare de apresentar pulso).
Fraco (filiforme): em hemorragia, choque hipovolêmico e desidratação.
Forte: na hipertensão arterial principalmente.

B - Choque Cardíaco: ocorre pelo choque entre parede torácica e ventricular - avaliado quando a desvios e intensidade:
Local de verificação: local de percepção varia entre as espécies
Bovinos: 3o a 4o EICE.
Ovinos e Caprinos: toda a área.
Equinos: 4o EICE.
Cães e gatos: 4o e 5o EICE.

PS: mais fácil de avaliar em animais magros.

Avaliação de alterações do choque cardíaco (desvios):


Cranial: em ascite, sobrecarga, gestação (aumento do volume abdominal no geral).
Caudal: por tumores na parede torácica...

Intensidade de choque:
Aumento: hipertrofia e endocardite // pode parecer aumentando em animais magros.
Diminuição: por hemopericardio e hidropericárdio.

4 - Exames complementares:
A - Ecocardiografia.
B - Eletrocardiografia.
C - Exame radiográfico.
AULA 6 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO (GERAL)

0 - Introdução e conceitos iniciais: distúrbios do S.R podem envolver problemas primários ou relacionados ao sistema circulatório (anemia
intensa e problemas cardíacos - levam ao aumento da frequência respiratória por exemplo).

Alterações primarias (3): divididas quanto a origem em


I - No trato superior: envolvendo narinas, coanas, seios nasais, fossa nasal, nasofaringe, orofaringe, laringe e traqueia extratorácica.
II - No trato inferior: traqueia (intratorácica), carinas (bifurcação da traqueia), brônquios, ductos alveolares e alvéolos.
III - No mediastino: coração, traquéia, pulmões, esôfago e grandes vasos.

Funções do S.R:
Troca gasosa e eliminação do dióxido carbônico.
I - Fase Inspiratória (ativa): absorve O2.
II - Fase Expiratória: eliminação de Co2 - ativa somente na fase final (pela movimentação abdominal).

Equilíbrio acidobásico: na acidose ocorre o aumento de íons H+, que se ligam ao bicarbonato formando o ácido carbônico - no pulmão
ele se dissocia em H2O e Co2 (o segundo sendo eliminado na expiração).
PS1: na acidose a frequência respiratória aumenta para eliminar todo o CO2 formado.
PS2: ao se tampar as narinas de um animal ele entra em acidose - já que todo o bicarbonato está ligado a íons H+ como ácido
carbônico.
PS3: na alcalose o animal retém H+ por diminuir a frequência respiratória.

Termorregulação: via evaporação (?).

1 - Identificação:
Sexo: adenocarcinomas mamários em fêmeas - podem realizar metástase para o sistema respiratório.
Espécie animal:
(a) 80% doença trato respiratório superior em gatos são causadas por herpesvirus I e calicivirus.
(b) Alterações da bolsa gutural estão presentes apenas em equinos.

Raça:
(a) Pastor Alemão tem maior sensibilidade a Erlichia canis (epistaxe como sinal clinico).
(b) Hemiplegia da laringe e obstrução recorrente das vias áreas são mais comuns em equinos PSI (e de corrida em geral).
PS - Hemiplegia da laringe: cartilagens não se abrem e fecham adequada e sincronicamente (entrada de ar fica comprometida).

Procedência:
(a) Alérgicos no local (poeira, palha, baia ou piquete) podem facilitar a ocorrência de ORVA em equinos.
(b) Doenças infecciosas e parasitárias endêmicas - leishmaniose no Brasil por exemplo.

Idade:
(a) Em animais velhos a ocorrência de neoplasias é mais comum (carcinoma mamário por exemplo).
(b) Em animais recém-nascidos por partos distócicos a circulação placentária fica alterada, levando a hipóxia e alterações do SR.

2 - Anamnese:
2.1 - Queixas principais (anamnese espontânea): informações típicas de serem informadas pelo proprietário no início da consulta - pode
estar relacionado ao sistema cardíaco.
Intolerância ao exercício: em grandes animais atletas é a principal queixa - lembrar que também pode ser decorrente de outras diversas
alterações: insuficiência cardíaca, artrites, desidratação, doenças metabólicas...
Descargas nasais: lembrar que vacas tem corrimento seroso normal nas narinas - não é patológico!
Dispneia, febre, tosse e espirros.
Ruídos respiratórios anormais.

2.2 - Anamnese direcionada (ou inquisitiva): importante para a diferenciação do sistema afetado de fato - no caso do circulatório pode
levar a alterações respiratórias (que o dono não consegue diferenciar).

Quando começou? de que forma? quantos morreram? evolução pode indicar se a alteração é primaria ou secundaria.
Individual ou coletivo? quando causada por doença infecciosa afetam mais de um animal.

Animal tosse? que tipo de tosse? em que situação?


PS1: no caso de a tosse ocorrer na alimentação verificar se o alimento é dado em pó ou se a baia gera compressão da traqueia.
PS2: recém-nascidos se alimentando com leite com a cabeça e pescoço retos também apresentariam tosse (engasgam).
Aonde é criado? a ORVA é mais comum nos animais estabulados (pela presença de alérgicos na baia).
Foi vermifugado? principalmente quanto a Dictiocalus e Oestrus ovis (verificar também se o vermífugo é efetivo contra o parasita).
Apresenta corrimento? que tipo?
Foi medicado? foi efetivo?

3 - Exame Físico Especifico (8): envolve analise de respiração (I), narinas (I), ar expirado (IO), seios nasais e frontais e maxilares (IPP),
bolsa gutural, laringe (IP), traqueia (IP) e tórax (IPPA).

3.1 - Respiração - Inspeção (5): avaliar quanto ao tipo de respiração, amplitude, ritmo, frequência e atividade respiratória.
A - Tipo respiratório: costo-abdominal sendo o normal.
Predominantemente costal: ocorre em afecções abdominais - sobrecarga, peritonites, obstruções intestinais, ascite, retículofrenite.
Predominantemente abdominal: ocorre em pleurites, pericardite, fratura de costela, miosite M.I...
PS: em um felino saudável os movimentos são pouco visíveis de forma geral - em alterações graves pode estar perceptível.

B - Amplitude: relacionada com intensidade da respiração, podendo estar profunda, superficial ou normal - avaliado pela expansão
torácica.
Alterações: diminuída no coma // aumentada em situação de exercícios, temperatura ambiente alta, febre e pneumonias.

C - Ritmo: verificado polo tempo entre momentos de inspiração e expiração - de maneira geral os ritmos respiratórios alterados estão
associados a hipóxia ou depressões cerebrais.
Normal: o ritmo normal é observado como uma inspiração, uma pequena pausa, uma expiração e uma pausa maior (voltando em
seguida a uma inspiração) - qualquer alteração no ritmo respiratório é denominada arritmia respiratória.
PS: com exceção aos ovinos a inspiração geralmente é mais curta que a expiração.

Alterações de ritmo (3):


Cheyne-Stokes: se observa FR crescente até alcançar um auge, diminuindo em seguida até apneia, acompanhada posteriormente
de um novo ciclo com crescente - ocorre nas fases finais de insuficiência cardíaca, em intoxicações por narcóticos e lesões cerebrais.

Biot: há dois ou três movimentos respiratórios seguido de apneia, com mais um ou dois movimentos e outra apneia (assim por
diante) - ocorre por afecções cerebrais ou de meninges.

Kussmaul: observado como inspiração profunda e demorada, apneia, expiração prolongada, repetindo-se o ciclo - visto no coma e
na intoxicação por barbitúricos.
PS: ocorrência mais comum em pequenos animais.

D - Frequência respiratória (3): o valor fisiológico varia entre as espécies - possíveis alterações sendo taquipneia, bradipnéia e apneia.
D.1 - Taquipnéia: aumento da FR em resposta a diminuição das trocas gasosas - ocorre em situações de febre, dor ou de diminuição
da oxigenação sanguínea.
Causas:
Doenças do S. respiratório
Alvéolos cheios
Vias aéreas obstruídas
Outras: doenças cardíacas, alterações sanguíneas, acidose e alteração do SN (tétano).

D.2 - Bradipnéia: diminuição da FR - pode ocorrer nas depressões do sistema nervoso central ou próximo à morte do animal.
D.3 - Apneia: é a ausência total de respiração.

E - Atividade respiratória (3): observar relação inspiração e expiração movimentos do tórax e abdômen - classificado em eupneia e
dispneia (que pode ser inspiratória, expiratória ou mista).
Normal: movimento inspiratório é ativo e mais rápido que o expiratório, que é passivo e mantém uma relação temporal de 1:1,2.
Alterações (3/2):
E.1 - Eupneia: atividade respiratória normal.

E.1 - Dispneia: atividade respiratória dificultosa - sendo dividida ainda em


Inspiratória: por estenoses e obstrução vias aéreas superiores ou obstáculo ao recuo do diafragma - levam a dificuldade na
expansão do tórax: por exemplo em estenoses, corpos estranhos e inflamações.
Expiratória: alteração do S.R.I - pneumonias, perda de elasticidade de retorno pulmonar, processos dolorosos em cavidade
abdominal: por exemplo em processos mórbidos, obstruções de pequenas vias aéreas, enfisema pulmonar, bronquites e bronquiolites.
Mista: mais frequente - tendo duas causas principais (edema pulmonar e bronquiopneumonia).
1ª - Edema pulmonar: presença de líquido no interstício leva a dificuldade de saída de ar dos alvéolos.
2ª - Broncopneumonia: congestão causada pela inflamação junto a presença do exsudato levam a dificuldade de saída do ar.

PS - Posição ortopneica: a dispneia pode ainda ser acompanhada (ou não) por esta alteração - pode ser adotada por um animal
com dificuldade respiratória para facilitar a respiração: membros torácicos abertos, pescoço estendido e em alguns casos com a boca aberta.
PS - Hiperpnéia: a dispneia pode ainda ser acompanhada (ou não) por esta alteração - aumento da amplitude respiratória em
resposta a diminuição das trocas gasosas: relacionada principalmente com processos que dificultam a expansão pulmonar (como
pneumotórax) ou ocorrendo temporariamente após o exercício.

3.2 - Exame das narinas - Inspeção (2): secreções e outras observações.


A - Secreções (e tipo): nos casos de a secreção ser intermitente, verificar no cocho do animal qual tipo e quantidade é (pode-se também
abaixar a cabeça do animal para forçar a saída da secreção).
Tipos: serosa, mucosa, catarral, purulenta ou sanguinolenta (última por ulceras e pólipos no TRS).
PS - Hemoptise: sangue oxigenado, vermelho e espumoso - ocorre em tuberculose, neoplasias, hemorragias pulmonares e distúrbios
da coagulação.
PS - Hematêmese: em cães é mais comum - sangue que vem do estomago.
PS - Epistaxe: ocorrem em lesão de mucosa nasal, micose de bolsa gutural, parasitos e dicumarínicos.

B - Outras observações:
I - Alterações na narina.
II - Corpo estranho, úlceras e ferimentos locais.

3.3 - Exame do ar expirado - Inspeção e Olfação (3): avaliar temperatura, forca de expulsão e odor.
A - Temperatura: aumentada em situação de exercícios, ambiente quente, febre e inflamações // diminuída no coma.
B - Força de expulsão: testar cada narina - indica obstruções das vias respiratórias superiores.
C - Odor: indica inflamação de seios nasais, faringe, laringe, pulmões, estômago, boca e esôfago e empiemas.
PS1: em lesões renais graves pode estar urêmico.
PS2: fazer o desvio lateral do ar expirado com a mão (em forma de concha) para a avaliação.
3.4 - Exame dos seios nasais-frontais e maxilares (IPP): feito via inspeção, palpação e percussão.
Inspeção: deformações, ferimentos e fístulas.
Palpação: consistência, mobilidade e sensibilidade.
Percussão: abertura da boca facilita - pode ser feita com martelo ou dedos: deve ser comparativa (percutir tanto os seios laterais
esquerdos quanto direitos para comparação).
Tipos de sons:
I - Som claro: fisiologicamente normal na região.
I - Som submaciço ou maciço: devido ao acumulo de secreções - ocorre em sinusite ou tumores.
III - Som timpânico: ocorre em infecção por bactérias anaeróbicas.

3.5 - Exame das bolsas guturais: comunica-se com a faringe através do orifício gúturo-faríngeo - distensão desta acarreta em disfagia e
dispneia (disfagia ocorre ou pela compressão devido ao aumento ou por afetar o nervo glossofaríngeo dentro da cavidade): pode sofrer
alteração de timpanismo da bolsa gutural (acumulo de ar) e empiema da bolsa gutural.

3.6 - Exame da laringe (IP):


Inspeção: feita com o auxílio do abre boca.
Externa: edema, abscessos, neoplasias.
Interna: congestão, secreções, neoplasias.
Palpação: alterações na forma e sensibilidade.

3.7 - Exame da traqueia (IP):


Inspeção: forma, posição, cicatrizes (por traqueostomia).
Palpação: sensibilidade, tumefações e deformidades.
PS - Reflexo da tosse: gera tosse ao beliscar a traqueia na entrada do tórax // em ovinos o reflexo da tosse é feito com a obliteração
das narinas com as mãos.

3.8 - Exame do tórax (IPPA):


A - Inspeção: feito a distância - podendo verificar:
I - Lesões.
II - Alterações na forma: enfisema e ascite - acumulo leva a dificuldade respiratória e distensão do tórax (verificar de frente e costas
para facilitar).
III - Estado de nutrição: identificação de animais raquíticos.

B - Palpação (4): valor limitado - verifica temperatura, sensibilidade, crepitação e abcessos: feito com a mão espalmada e pontas dos
dedos nos espaços intercostais
B.1 - Temperatura:
Aumento fisiológico: em temperatura ambiente elevada, falta de ventilação e exercícios.
Aumento patológico: na febre, pleurites e formação de abscessos intratorácicos.

B.2 - Sensibilidade: verifica fraturas e miosites.


PS: em recém-nascidos em ruminantes não é raro a ocorrência de pisoteamento pelos pais - animais tem fraturas nas costelas (e
consequente dispneia).

B.3 - Crepitação: indicativo de pneumotórax.


B.4 - Abcessos: podem ser palpáveis quando muito grandes.
C - Percussão e auscultação do tórax (4): avaliar alterações da localização pulmonar (PA), sons pulmonares (P), auscultação do tórax e
frequência respiratória (A) - necessita antes da aplicação de técnicas de delimitação da área do tórax (facilita a percussão adequada).
Técnica 1:

PS1: dorsal até linha ilíaca // mediana até a articulação escapulo umeral // ventral até a articulação úmero-radio-ulnar.
PS2: em bovinos o pulmão direito é maior que o esquerdo devido à presença do rumem (causa o deslocamento no lado esquerdo).

Técnica 2: (caiu na prova - como delimitar região do pulmão).


Limites anteriores: musculatura da escápula (som maciço).
Limites superiores: musculatura dorsal (som maciço).
Limites posteriores: de acordo com a espécie animal - observando o cruzamento de linhas que passam, imaginariamente, nos
espaços intercostais (EIC) com linhas imaginárias e horizontais que passam sobre as tuberosidades ilíaca (linha ilíaca) e isquiática (linha
isquiática) e na articulação escapuloumeral (linha do encontro).

Técnica 2 - No cão:
Limites anteriores: musculatura da escápula (som maciço).
Limites superiores: musculatura vertebral dorsal (som maciço).
Limites posteriores:
. Traçar uma linha imaginária sobre a tuberosidade ilíaca até um ponto de cruzamento no 12o espaço intercostal (EIC).
. Outra linha imaginária é traçada sobre a articulação escapuloumeral até o ponto de cruzamento no 9o EIC.
. Limite ventral é obtido pelo ponto de cruzamento entre uma linha imaginária um pouco acima do olécrano até o 5o EIC.

A partir da delimitação da área fisiológica normal dos órgãos é possível constatar:

A - Alterações da localização pulmonar: via ruídos respiratórios e sons de percussão pulmonares em localização anormal.
I - Sentido caudal: ocorre em enfisema e pneumotórax.
II - Sentido cranial: em sobrecarga, timpanismo, hepatopatias e gestação - empurram o pulmão cranialmente.

B - Sons pulmonares por percussão (6): penetração de 4 a 7 cm (possível detectar apenas lesões pleurais ou parenquimatosas mais
superficiais) - deve ser feita dorsoventral e craniocaudalmente (via técnica digito digital ou martelo pleximétrica).
I - Hipersonoro: ocorre em situação de tórax delgado, pneumotórax, enfisema e hérnias diafragmáticas.
II - Submaciço: em áreas de condensação ou compressão pulmonar - pneumonias, abscessos e tumores, atelectasia, hidrotórax e
edema pulmonar.
III - Maciço: em áreas de condensação ou compressão pulmonar - mesmas do submaciço (determinado pela intensidade).
IV - Timpânico: em enfisema pulmonar e ORVA.
V - Metálico: na presença de gás associado ou não a líquidos - pneumotórax e hérnia diafragmática.
VI - Claro: região central do tórax (fisiológico normal).
PS: a percussão pode ser dolorosa em processos inflamatórios.

C - Auscultação do tórax (3 - 6): acompanhar três a quatro movimentos (inicialmente com o animal em repouso) - comparar com
os ruídos inspiratórios e expiratórios normais: realizar no sentido dorso ventral para crânio caudal.
PS: caso esteja muito baixo pode ser utilizado o saco respiratório no animal (aumenta amplitude e frequência da respiração).
Modificadores (7): podem alterar a amplitude, qualidade ou frequência de ruídos respiratórios
I - Sempre que houver aumento na intensidade da respiração por aumento na FR (taquipneia), na amplitude (hiperpneia) ou
ainda na dificuldade respiratória (dispneia) haverá exacerbação na auscultação dos ruídos respiratórios.
II - Em processos patológicos que causem deposição de líquido no interstício pulmonar levam ao aumento da transmissão
sonora - pneumonias, congestão e edema pulmonar.
III - Estão naturalmente aumentados em animais jovens, que praticaram exercícios, com pneumonias ou febre.
IV - Ficam diminuídos (abafado) na obesidade, ambiente frio, enfisema subcutâneo, lesões torácicas compressivas, obstrução
dos brônquios e hidrotórax.
V - Equinos atletas a auscultação é dificultada (o ruído respiratório normal já é muito baixo) - pode ser facilitado colocando o
animal para praticar exercícios ou utilizando o saco respiratório.
PS: já em caprinos e ovinos a auscultação é mais fácil.

VI - Na ocorrência de uma hérnia diafragmática poderia ser auscultado as alças intestinais na cavidade do tórax (também
pode ocorrer em uma situação que o estetoscópio é muito sensível).
VII - Em abscessos e hepatização pulmonar a área não apresenta som algum.

Áreas de auscultação (3): possuem leve alteração na qualidade do som (seja este fisiológico ou patológico) de acordo com a
localização anatômica da ausculta.
Ruído laringotraqueal: ocorre pela vibração das paredes da laringe e traquéia (escutado na região da traqueia) - pode estar
modificado pela ocorrência de alterações especificas da região: ruído estridor (ranger de porta se abrindo), o qual ocorre por estenose de
laringe ou traquéia.

Ruído traqueobrônquico (ruído bronquial): ocorre pela vibração da parede da porção final da traquéia e dos grandes
brônquios pela passagem do ar (presente no 1/3º anterior do tórax).

Ruído broncobronquiolar (murmúrio vesicular): pela vibração das paredes de brônquios menores e bronquíolos pela passagem
do ar - ruído suave na inspiração (presente nos 2/3º posteriores do tórax).

Tipos ruídos adventícios (alterações patológicas - 6): podem ser de tosse, roncos, crepitação grossa, fina, sibilos e roce pleural.
C.1 - Tosse: ocorre por irritação ou inflamação laringotraqueal - no caso de tosse infrequente ela pode ser induzida para
verificação (pela compressão da traqueia por exemplo).
Seca e constante: indicativo de alteração inflamatória - faringite, laringite e traqueíte.
Úmida ou produtiva: ocorre pelo acumulo de exsudato broncopulmonar - em broncopneumonia.

C.2 - Roncos: pela vibração de secreções viscosas aderidas às paredes de grandes brônquios - por hipertrofia de linfonodos,
abscessos, faringites, laringites, hemiplegia, dentre outros...

C.3 - Crepitação Grossa: ocorre pela presença de líquidos em brônquios - ruído semelhante a estourar de pequenas bolhas
(Coca cola aberta): ocorre na broncopneumonia e edema pulmonar.

C.4 - Crepitação Fina (3): ocorre devido ao aumento de líquido ou muco no interior dos bronquíolos (principalmente por
processos inflamatórios obstrutivos e alérgicos) - ruído semelhante a roçar de cabelo nos ouvidos.
Na inspiração: edema pulmonar ou pneumonia.
Na expiração: ORVA, bronquiolite, enfisema - ar não sai do alvéolo com eficiência (escutado na expiração).
Na mista: ORVA, bronquiolite e enfisema.

C.5 - Sibilos: ocorre no estreitamento por secreção viscosa ou purulenta - semelhante a um assovio.
Na expiração: ocorrência mais comum (?).
No início da inspiração: por processos extratorácicos - estenose da laringe e traquéia.
No final da inspiração: por bronquite.
No final da inspiração ou expiração: obstrução de pequenas vias aéreas - bronquite, bronquiolite e ORVA.

C.6 - Roce Pleural: indicativo de pleurite (acumulo de fibrina entre camadas parietais e viscerais) - som similar ao de duas
folhas de papel deslizando.

D - Frequência respiratória: podendo esta estar


Aumentada: por exercícios, temperatura alta, febre, pneumonias, cardiopatias graves, obstruções, dor e anemias.
Diminuído: em coma, encefalites e uremia por exemplo.
4 - Exames complementares: procedem ao exame físico em situações em que determinada suspeita deve ser provada.
A - Hemograma.

B - Toracocentese: colheita de líquido pleural com fim de exames deste ou terapêuticos (drenagem de hidrotorax por exemplo) - nela
também pode ser feita a diferenciação de transudado e exsudado pleural.
Método: feita com agulha ou trocáter - local de perfuração varia entre espécies:
Equinos: 7o e 8o EIC
Cães e Gatos: 8o e 9o EIC
Ruminantes: 5o e 6o EIC

PS: após procedimento se deve induzir a pressão negativa novamente (reverter o pneumotórax) - puxar êmbolo da seringa para retirar
o ar até ela ser puxada sozinha pela pressão.

C - Raio-X: comum em pequenos animais, nem tanto nos grandes.


D - Lavado traqueobrônquico e broncoalveolar: liquido jogado com seringa ou sonda e depois coletado - material coletado éutilizado para
cultura microbiológica e exames imuno-histoquímicos.
E - Endoscopia: para análise de estruturas - traqueia, bolsas guturais (e nervo glossofaríngeo e tireoide em seu interior), espessura de
carinas...
F - Hemogasometria: indica PO2 e PCO2 no sangue arterial - usada no diagnóstico de distúrbios ácido-básicos.

G - Exame de Fezes: importante já que parasitas podem afetar o sistema respiratório - os mais importantes em cada espécie sendo:
Cães e Gatos: Oslerus osleri
Bovinos: D. viviparus
Equinos: D. arnifield / Parascaris equorum
Caprinos: Muellerius sp. / Dictiocalus sp.
Suínos: Metastrongylus SP

H - Sorologia.
I - Ultrassonografia.
J - Biópsia pulmonar.
AULA 7 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO (EQUINOS)

0 - Introdução e conceitos iniciais: em equinos as alterações estão relacionadas principalmente a cólicas (condição dolorosa no abdômen) -
possui fatores que levam a predisposição:
I - Estomago muito pequeno e sem capacidade de vomitar (cárdia firme e musculoso e ausência do centro do vomito no SNC): este
quando distendido gera bastante dor.
II - Possui mesentérico muito longo (mais suscetível a torções).
III - Fragilidade retal acentuada.

PS: cólicas em equinos são consideradas emergenciais ou urgentes - pular etapas de identificação e anamnese até que a situação de
desidratação e integridade de sistema cardiovascular esteja estabilizada (cursam com perda de liquido intensa, afetando o cardiovascular
indiretamente).

Anatomia - Dentes (44): dividido em quatro quadrantes para identificação - numeração da direita para esquerda no sentido horário.

Anatomia - T.G.I:

(vista dorsal)

PS: compactação e acúmulos em equinos ocorrem principalmente na flexura pélvica (devido ao afunilamento do diâmetro) - com os
principais motivos da ocorrência sendo a nutrição com alimentos muito fibrosos ou problemas na mastigação e trituração do alimento.
Quadrantes: delimitação importante para as técnicas de auscultação e percussão abdominal

1 - Identificação:
Quanto a Idade:
Em recém nascidos a retenção de mecônio pode levar a obstrução do T.G.I (normalmente deveria expelir dentro dos primeiros dias).
Neoplasias no TGI e deficiência de mastigação são comuns em idosos.
Encarceramento no forame epiploico ocorre em animais velhos (forame abaixo do fígado - atrofia com a idade facilitando ocorrência).

Quanto a sexo:
Torção uterina possível nas fèmeas.
Estrangulamento no anel inguinal possível em machos (hérnia inguinal/inguinoescrotal).

2 - Anamnese:
Manejo e alimentação?
(a) Alta proporção de concentrados e alimento facilmente fermentável (ração) pode levar a distúrbios intestinais.
(b) Uso de fibras de baixa qualidade podem levar a compactações no I.G.

Controle parasitário? Qual foi usado?


(a) Em equinos strongylus podem afetar o S.G.I por interferência na circulação, obstrução ou inflamação.

Início e desenvolvimento da dor? pode indicar local da alteração:


Intestino delgado e estomago: mecanismos de desarme da dor são ineficientes - animais afetados sofrem dor abrupta e aguda.
Intestino grosso: capacidade de dilatação e desarme são maiores - dor costuma ser intermitente e evolutiva.
PS: porem pode ser aguda também - em torção do intestino por exemplo.

Grau da dor (leve moderada ou grave)? serve como indicativo de prognóstico.

História médica recente - já teve cólica antes? qual foi o motivo na época? houve tratamento anterior?
(a) Alguns problemas gastrointestinais nos equinos são intermitentes e recorrentes.
(b) Alguns carrapaticidas e medicamento podem interferir no trânsito intestinal (geram atonia).

Defecação e micção estão normais? nas alterações intestinais a micção ocorre em pequenos jatos e em menor quantidade (tanto devido à
dor abdominal quanto pela desidratação).
PS: cólica renal é rara em equinos como causa de alteração na micção.

Animal em parto? pode se assemelhar a dor abdominal no trabalho de parto (é normal fisiologicamente).

Ingestão de água?
(a) Animal tender a parar de ingerir água no início do desenvolvimento da cólica.
(b) Além disto a baixa ingestão de água pode exacerbar a cólica.
3.1 - Exame físico geral - Avaliação dos parâmetros vitais:
(a) Frequências cardíaca e respiratória.
(b) Avaliação das mucosas:
Congesta ou cianótica.
TPC aumentado.
Presença de halo cianótico por endotoxemia.

(c) Grau de desidratação (TPC) e volemia.


(d) Temperatura retal.
(e) Avaliação do pulso (classificação) // amplitude de pulso artérias digitais.

3.2 - Exame físico especifico (6): avaliar aparência externa, cavidade oral e faringe (I), esôfago (palpação direta e indireta), abdômen
(PPA), características das fezes e palpação retal.

4.1 - Aparência externa - Inspeção (3).


I - Atitude e comportamento: verificar por indicadores de dor.
II - Presença de escaras: indica cronicidade.
III - Modificações no formato do abdome (IG distendido).

4.2 - Cavidade oral e faringe - Inspeção (3): tentar observar animal comendo (mastigação e deglutição) - indica integridade de lábios,
dentes, faringe e esôfago.
PS1: alteração de mastigação podem gerar compactações indiretamente.
PS2: em alterações da mastigação e deglutição o alimento cai muito da boca do animal enquanto este se alimenta.
PS3: puxar língua entre espaço da barra (diastema) - verificar o tônus.

A - Dentição: verificar por fratura ou perdas dentárias, bragnatismo, abscesso, malformação, pontas dentárias // odor, presença de
comida e infecções.

B - Cavidade oral: pode não forçar muito a abertura da boca (mais fácil com o abre bocas junto a sedação // ou puxando a língua por
entre os espaços dos molares).

C - Mastigação (4):
Língua: quanto a laceração, glossite e paralisia (nervo hipoglosso - XII).
Paralisia dos músculos mastigatórios: por alterações no nervo trigêmeo (V).
Alteração de deglutição: por lesões, obstruções e déficit neurológico.
Estomatites na cavidade oral.

4.2 - Esôfago - Palpação (direta e indireta): indica obstruções, estenoses, compressão extrínseca e distúrbios de motilidade.
PS: caiu na prova - principal motivo para se realizar a palpação do esôfago em equinos (resposta - para a desobstrução deste).

A - Palpação direta: na presença de corpo estranho ou alimento a distensão pode ser palpável.

B - Palpação indireta (sondagem nasogástrica): procedimento considerado essencial em casos de cólica - processo, funções e lavagem
gástrica.
Etapas:
I - Escolher sonda adequada de acordo com a espécie e tamanho do indivíduo - tamanho, espessura, tipo de bico.
II - Conter o animal, lubrificar a sonda e ocluir divertículo da narina antes de passar a sonda por esta.
III - Introduzir a sonda medialmente e ventralmente na narina (evitar a falsa narina, que fica dorsal e lateralmente).
PS1: nesta fase pode ocorrer sangramento por lesão na região etmoidal (dorsal à narina) ou mucosa nasal - nestes casos esperar
10m até o sangramento cessar: passagem pela narina deve ser rápida e com movimento único para evitar tal lesão.
PS2: a lesão na região etmoidal é percebida pelo som de triturar, precedendo hemorragia profusa.

IV - Ao aproximar-se da marca da glote deve-se assoprar a sonda (com a intenção de promover deglutição) e simultaneamente
introduzir a sonda - também pode-se esperar pela deglutição espontânea do animal e introduzir a sonda (pode ser mais demorado).
PS1: é de extrema importância que não se faça a administração de medicamentos ou lavagem no pulmão por sondagem
incorreta - levaria à pneumonia por corpo estranho ou mesmo à morte (é necessário ter certeza de que a sonda se encontre no estômago
antes da administração de qualquer substância por ela).
PS2: quando utilizar lidocaína para a lubrificação da sonda evitar várias tentativas de passagem da sonda pela glote (lidocaína
pode deprimir o reflexo de deglutição) - várias tentativas bruscas e forçadas de introdução não acompanhadas de deglutição podem
provocar edema dessa região, o que dificulta ainda mais a passagem da sonda.
PS3: para facilitar o processo se deve manter a cabeça do cavalo flexionada - facilita passagem para o esôfago.
V - Para se ter certeza de que a sonda esteja no local apropriado sugá-la:
A - Se ela estiver no esôfago (que é um tubo muscular colabado): estrutura irá obstruir a sonda e o ar não será sugado.
B - Se a sonda estiver na traqueia (que é um tubo rígido) o ar será aspirado.

PS1: não é sempre que o animal tosse quando a sonda vai para a traqueia!!
PS2: em animais com pouca musculatura no pescoço a passagem da sonda pode ser observada visualmente ou pela palpação
do esôfago.
PS3: após a passagem pela cárdia pode ser sentido odor de capim fermentado na maioria dos animais (sadios).
PS4: outra técnica (em ruminantes) é a auscultação do rumem junto ao sopro (pode ser escutado no estetoscópio - indica que
está no local correto).
PS5: quando o estômago está muito distendido a passagem da sonda pela cárdia (que normalmente é fácil), pode apresentar-se
dificultada - nesses casos, a infusão de lidocaína pela sonda pode facilitar a abertura da cárdia.

Funções (3): descompressão, diagnóstico e tratamento.

Descompressão gástrica e de gases: tem efeito de analgésico, aliviando a dor e evitando a ruptura gástrica - importante já que
equinos não vomitam.

Diagnóstico (6): auxiliar quanto a origem de problemas gastrintestinais - gera informações quanto a
(a) Quantidade e odor de gás no local - retirada de muito gás pode indicar timpanismo gástrico ou intestinal (porção anterior).
(b) Ocorrência de refluxo de líquido - este deve ser avaliado quanto à volume, coloração, odor e pH.
(c) Odor desagradável - indica excesso de fermentação ou demora do esvaziamento gástrico.

(e) Drenagem passiva de líquido em volumes acima de 5 a 10 ℓ podem indicar obstrução do intestino delgado ou
duodenojejunite proximal (DJP) - neste caso o líquido tende a ser marrom-avermelhado, com sangue oculto, mas a coloração depende da
inflamação da alça.

(f) PH: é um parâmetro importante para o clínico - possibilita que a origem do refluxo seja identificada.
Normal: o PH do estômago de um equino é ácido (de 3 a 6) - conforme o tipo, qualidade e o tempo decorrido após alimentar.
Alcalino: refluxo gástrico com pH alto tem como origem o ID, indicando uma obstrução ou inflamação destas alças.

(g) Outros: ao ser lavado o liquido que volta pela sonda pode ser verificado quanto a citologia, quantidade, gás, parasitas,
tamanho de fibras -- tabela completa em exames complementares.

Como tratamento: possibilita a administração de diversos medicamentos nos casos de distúrbios gastrintestinais, bem como a
hidratação dos animais e vermifugação de rebanho a baixo custo (a passagem da sonda com lavagem gástrica e administração de analgésico
é eficaz no tratamento de 80 a 90% dos cavalos com síndrome de cólica).

Lavagem gástrica: feita quando não ocorre drenagem de líquido pela sonda (na maioria dos animais) - acopla-se uma mangueira ou
um funil à sonda e coloca-se uma quantidade conhecida de água para dentro do estômago: por meio de sifonagem retira-se essa mesma
quantidade e observa-se o material retirado juntamente com a água.
PS1: nunca colocar mais de 5L por vez - pode distender ainda mais o estomago.
PS2: se houver ração compactada no estômago, terra ou areia, ou mesmo milho - repetir procedimento (demora mais a saírem).
PS3: em animais desidratados a água é absorvida rapidamente, dificultando a lavagem.
PS4: quando o estômago está vazio, grande quantidade de muco é retirada pela sonda.
PS5: a visualização de Parascaris no líquido drenado do estômago indica prognóstico desfavorável (normalmente parasita ID).
PS6: idealmente deve ser feito com água morna, pois estimula o peristaltismo - alguns animais, após lavagem gástrica com água
fria apresentam pequeno grau de distensão abdominal por gás (rapidamente eliminado por flatulência).
PS7: nos casos de compactação gástrica aplicar leve pressão para movimentar o conteúdo compactado -- outra alternativa é
colocar 5 ℓ de água no estômago e caminhar com o cavalo por 15 m (mistura da água com o alimento compactado, facilitando a retirada).

4.3 - Abdômen: avaliado via auscultação, percussão e palpação externa (rebote).

A - Auscultação (2): avaliar mobilidade intestinal e descarga íleo cecal - cada quadrante pode ser ouvido uma parte distinta do TGI -
Quadrante dorsal esquerdo: I.D e colón dorsal direito.
Quadrante ventral esquerdo: CVE.
Quadrante dorsal direito: Ceco e alças de colón.
Quadrante ventral direito: CVD.
Mobilidade intestinal (burburinhos): verificar por 30s em cada quadrante - podendo estar
Ausente _
Hipomotilidade +
Normal ++
Hipermotilidade +++

Descarga íleo cecal: verificar do lado direito - normal sendo de 2 a 3 movimentos em 3m


Ausente _ (0 em 3 minutos).
Hipomotilidade + (1 em 3 minutos).
Normal ++ (2 a 3 em 3 minutos).
Hipermotilidade +++ (acima de 1 m por minuto).

B - Percussão: pouco utilizada - gera sons


Timpânico: indica presença de gás em alças intestinais.
Submaciço ou maciço: por peritonite e ascite (acumulo de liquido dorsal e ventral).

C - Palpação externa: teste de rebote - ao se pressionar o estomago e soltar o animal pode gemer de dor nos casos de peritonite.

4.4 - Características das fezes:


(a) Consistência.
(b) Tamanho de fibras: indicativo da eficiência de mastigação (1 a 2 ml sendo o normal).
(c) Hidratação das fezes.
(d) Ocorrência de diarreia.
(e) Presença de areia: pode levar a obstruções (sabose) - teste pode ser feito macerando as fezes e misturado a água (pode ser dentro da
luva): se a areia estiver presente, esta sedimenta no fundo do frasco ou luva

4.5 - Palpação retal: extremamente indicado em afecções intestinais e cólicas (junto a coleta do liquido peritoneal e sonda gástrica).
PS1: sempre lubrificar a área (lidocaína, vaselina, óleos) - espécie sensível à ruptura de reto (podendo evoluir a peritonite inclusive).
PS2: possui limitações - somente 1/3 da cavidade abdominal é explorado // depende de conhecimento da anatomia e experiência por
parte do veterinário.

PS1: tênias do ceco possuem aspecto de cordas de violão - quando muito tensas indica distensão do ceco.
PS2: do lado ventral esquerdo - pressão na flexura pélvica, se inchada deixa impressão do dedo.
PS3: encarceramento nefroexplenico também pode ser sentido.
4 - Exames complementares:
A - Sondagem nasogástrica: utilizada tanto para diagnóstico, descompressão e tratamento.

B - Abdominocentese (líquido peritoneal).


C - Hemograma: determina hematócrito e proteína total (ajuda no diagnóstico de causas infecciosas e inflamatórias).
D - Exame radiográfico.
E - Exame ultrassonográfico: útil para verificação de intussuscepção, hérnia diafragmática e neoplasia (resultados semelhantes ou até
mesmo melhores que os da palpação).
F - Endoscopia: útil para verificar ulceras gástricas e presença de ovos da mosca gasterophilussa.
G - Laparotomia/celiotomia exploratória.
AULA 8 - SEMIOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR (EQUINOS)

0 - Introdução e conceitos iniciais: diagnostico depende do conhecimento anatômico, fisiológico e biomecânico - importantes para
diferenciar doença osteomuscular de uma neurológica.

Claudicação: sinal clínico (manifestação de sinais de inflamação) que inclui dor ou alteração mecânica que resultam em anormalidade do
passo (disfunção locomotora, distúrbio estrutural ou funcional do sistema locomotor) - alteração representa aproximadamente 75% das
lesões dos equinos: área lesada varia com faixa etária e trabalho executado
33% tendões, ligamentos e bainhas.
30% articulações.
20% membros.
12% ossos.
4% vasos e nervos.

Etiologia: por um (ou combinação) dos fatores - trauma, excesso de exercício, anomalia congênita ou adquirida, infecção, distúrbio
metabólico, alteração circulatória ou nervosa.

Classificação da claudicação:
I - De apoio: animal tem dor quando o membro se apoia no solo.
II - De suspensão: tem dor quando o membro se desloca no ar.
III - Mistas.
IV - Complementares e/ou compensatórias.

PS: podem ainda ser unilaterais ou bilaterais.

Caracterização da passada: importante de ser analisado em todas as suas características, já que ficam alteradas na ocorrência de dor
1. Fases da passada.
2. Arco de suspensão do membro.
3. Percurso do membro na elevação.
4. Como o membro toca o solo.
5. Ângulo de flexão articular.
6. Extensão da articulação do boleto.
7. Simetria e duração do uso dos glúteos.

Graduação da claudicação: as claudicações de graus 3 e 4 estão associadas a fraturas, luxações, tendinites e artrites graves.
Grau 0: claudicação não perceptível em nenhuma circunstância.
Grau 1: claudicação com o cavalo ao trote, mas não ao passo.
Grau 2: claudicação ao passo, mas não há movimentação de cabeça.
Grau 3: claudicação óbvia ao passo com movimentação de cabeça característica.
Grau 4: impotência funcional do membro.

1 - Identificação:
(a) Raça
Cavalos atletas tem maior ocorrência de fraturas de sesamoide.
Cavalos PSI e de salto tem maior ocorrência de fratura clavicular.
(b) Idade, sexo e procedência.

2 - Anamnese:
Há quanto tempo o equino manca? a claudicação piorou, permaneceu igual ou melhorou?
Durante o período de claudicação, o animal foi colocado em repouso ou foi exercitado?

O que causou a claudicação? existe histórico de trauma?


Exp - Rabidomiolise (doença de segunda feita): animal não condicionado apresenta lesão após exercício intenso.

Foi casqueado ou ferrado recentemente?


(a) Eventualmente com a turquês ou grosa retiram uma porção exacerbada do casco, atingindo a região sensitiva.
(b) Pode ocorrer à presença de um cravo próximo ou na região sensitiva, o que geralmente é revelado pelo teste da pinça do casco.

Duração dos sinais clínicos? aparecimento súbito ou gradativo? aumento de volume ou alteração de postura?
O equino tropeça?
Foi feito algum tratamento? teve efeito?
Cavalo é de modalidade esportiva? grau se altera durante o trabalho? está aquecido ao claudicar?
3 - Exame Físico Especifico (3): feito pela inspeção geral de articulações e músculos // inspeção e palpações especificas das estruturas do
membro torácico e pélvico.

3.1 - Inspeção geral de articulações e músculos (2): avaliar o animal em repouso e em movimento.

A - Em Repouso: sempre em comparação com o membro contralateral, feita de forma panorâmica e localizada - verificar quanto a
A.1 - Simetrias: simetria muscular // atrofias musculares (crônicas) // aumentos de volume.
Membros anteriores: aquele com menor casco, talão alto e atrofia da musculatura externa é geralmente o membro claudicante - o
casco é menor em virtude da alteração crônica no aprumo // a atrofia muscular decorre da diminuição funcional do membro.
Membros posteriores: a atrofia do glúteo médio e/ou músculo grácil indica o desuso do membro.

A.2 - Conformação e aprumos.


A.3 - Condição corpórea.
A.4 - Alterações de postura.
A.5 - Deslocamento e direcionamento de peso.
A.6 - Presença de soluções de continuidade e cicatrizes.
A.7 - Condição dos cascos (70% das lesões são nesta estrutura).

B - Inspeção (em movimento): observar todos os membros em conjunto, inicialmente, e então cada um individualmente para facilitar o
diagnóstico de claudicação - realizar teste na ordem (ao passo >> em trote lento >> em trote rápido)

Objetivos:
I - Identificar o(s) membro(s) claudicante(s).
II - Definir o grau da claudicação
III - Observar presença de incoordenação ao movimento.

Procurar por (7):


I - Inclinação de cabeça (T) ou garupa (P) - animal tenta aliviar o peso quando o membro toca o solo.
II - Grau de extensão do boleto com sustentação de peso corpóreo - maior extensão e abaixamento do boleto no apoio do membro
lesado.

III - Posicionamento do membro no solo: em casos de claudicação bilateral a movimentação da cabeça é mínima, o equino
compensa a dor reduzindo a fase de sustentação para ambos os membros, produzindo assim um andar geralmente arrastando a pinça do
casco.

IV - Assimetria de andamento.
V - Alterações da altura do arco de elevação do membro.
VI - Alterações de suspensão do membro.

VII - Ângulo de flexão articular (?).


VIII - Alteração nas fases do passo - triangulo (?)
IX - Fase da passada (?).

Interferência do tipo de superfície no teste: gera diferença sobre a área testada e a reação sobre o animal.
I - Firme e nivelada: leva a maior concussão - mais fácil visualizar e escutar o movimento (membro lesado faz menos ruído, já que
menos peso é colocado sobre esse apoio)
II - Cascalho, lama, grama ou areia: gera maior pressão na ranilha.
Tipo de trajeto: importante testar de várias formas, já que podem elucidar alterações distintas
Linha reta: observar passo e trote.
Círculos: realizar círculos abertos e fechados, para direita e esquerda, observando o animal de frente, pela lateral e por trás: lado
fechado da curva sofre maior pressão da gravidade, desta forma se deve observar se a situação agrava o mancar (animal com o membro
esquerdo lesado teria dificuldade em virar para esquerda por exemplo).

3.2 - Articulações e músculos do membro torácico - Inspeção e palpação especifica (6): composto pela avaliação da região das articulações
umerorradioulnar e escapuloumeral; articulação do carpo; região do III metacarpo; articulação metacarpofalangeana (boleto); quartela e
cascos.
Testes de flexão (palpação especifica): podem auxiliar na identificação do membro e/ou do local afetado - são realizados movimentos
passivos de flexão a fim de exacerbar um foco de dor, principalmente em tecidos moles ou regiões subcondrais (quase sempre associados a
processos articulares, tendíneos ou ligamentares).
1ª - Os testes devem ser realizados inicialmente no membro sadio, seguido pelo membro suspeito - sempre no sentido distoproximal.
2ª - Flexionar a articulação sendo testada - na maioria dos locais a flexão é feita por 30 a 60s (exceto na articulação társica - testes de
esparavão).
PS: a força (pressão) e o tempo da flexão devem ser os mesmos em todas as articulações - importante para que não se distorça a
interpretação dos dados.
3ª - Após a flexão das articulações, o cavalo é submetido ao trote ou ao passo - a resposta positiva é obtida quando o animal
apresenta uma exacerbação da claudicação nos primeiros 3 a 4 passos após liberar a flexão do membro.
PS: é importante lembrar que uma resposta positiva não significa necessariamente que o local submetido ao teste de flexão seja a
fonte primária de dor, já que a flexão de determinadas articulações pode proporcionar uma sobreposição de pressão em outras articulações -
por exemplo, ao flexionar a articulação do metacarpo ou metatarsofalângica, a manobra de flexão pode envolver também as articulações
interfalângicas proximais e distais indiretamente.

(revisão anatômica e termos zootécnicos)

A - Região das articulações umerorradioulnar e escapuloumeral (2):

A.1 - Palpação e inspeção geral da região:


I - Atrofias musculares são comuns na região - ocorrem por paralisia no nervo supraescapular ou claudicação crônica do membro.
II - Realizar palpação da musculatura e olecrano - ocorre dor ou mobilidade óssea em casos de fratura.
III - No caso de fraturas completas de ulna, epífise do olécrano e de úmero, ocorre claudicação aguda e grave ou impotência
funcional do membro - se apresenta semiflexionado e com grande sensibilidade à manipulação.
IV - Nos casos de fratura em alguns casos pode ser percebido a crepitação óssea (ruído causado pelo atrito entre as partes do osso
fraturado), porem esta pode ser de difícil percepção em animais adultos e musculosos.

A.2 - Teste de extensão: ser realizado com o examinador posicionado à frente do animal, realizando a extensão e a elevação do
membro, forçando o local de inserção do músculo tríceps no olécrano e também a articulação escapuloumeral.
A.3 - Teste de flexão: tracionando-se o membro caudalmente, semiflexionado enquanto apoia a mão no olecrano - geralmente revela
sensibilidade aumentada por enfermidades como osteoartrite escapuloumeral, fratura da tuberosidade do úmero ou da escápula e bursite do
bicipital.

PS: no caso de suspeita de fratura todos esses testes devem ser realizados de maneira cuidadosa.
B - Articulação do carpo (1):
B.1 - Teste de flexão e extensão do carpo: manter a articulação flexionada por 30 a 60 segundos (inicialmente no membro sadio e
depois no membro suspeito) e então o animal submetido ao passo ou ao trote: nos primeiros passos a dor é exacerbada (teste positivo).
B.2 - Palpação geral: com a flexão do carpo também fica mais fácil a palpação da articulação do carpo e estruturas ósseas
relacionadas (mais fácil sentir as duas fileiras ósseas) - neste momento podem ser analisadas também quanto a depressões acentuadas,
crepitações, espessamentos de ligamentos, existência de líquido intra-articular em excesso e exostoses.

C - Região do III metacarpo (1):


C.1 - Geral: analisado quanto a aumento de volume envolvendo a região dorsal do terceiro metacarpo e região proximal dos segundo
e quarto metacarpais // ou ainda na face palmar, envolvendo os tendões flexores ou bainhas sinoviais da região - a inspeção e palpação são
realizada inicialmente com o membro em apoio e posteriormente com o membro semiflexionado e elevado (quando os tendões e ligamentos
se apresentam sem tensão são mais facilmente palpáveis): aumento de volume, temperatura ocorrência de dor ou aderência - podem indicar
um processo inflamatório.

C.2 - Palpação da face palmar do metacarpo: feito junto aos movimentos de flexão do membro - o deslizamento entre os tendões
flexores superficial e profundo e a continuidade dos tendões e ligamentos deve ser palpada para verificação de eventual ruptura ou fibrose.

D - Articulação metacarpofalangeana - Boleto (3): verificar por aumentos de volume nas regiões dorsal e palmar dessa estrutura
(bolsas palmares) // grau de dor // presença de líquido e fibrose.

D.1 - Ligamento sesamoides: os ossos sesamoides devem ser palpados em suas regiões de ápice e base para verificação de dor - está
podendo estar associada a uma fratura de sesamoide, sesamoidite proximal ou ainda a desmite do suspensor do boleto ou sesamoides distais.

D.2 - Bainha do tendão flexor digital profundo: verificar na região caudal, proximal ou distal à articulação - espessamento e a
distensão da bainha do tendão flexor digital profundo podem indicar tenossinovite (ovas).

D.3 - Teste de flexão da articulação do boleto: testar a amplitude de movimento (em geral - 90°) e avaliar qualquer aumento de
sensibilidade que possa estar presente - o boleto é flexionado por 1 min e então o animal é submetido ao trote, com resultado positivo caso
claudique.
PS: importante ter em mente que a flexão do boleto envolve também a flexão das articulações interfalângicas proximal e distal.
E - Quartela (3): correspondem as duas primeiras falanges.
E.1 - Inspeção: aumentos de volume, temperatura e sensibilidade, cicatrizes // verificar também o pulso na artéria digital (fica
aumentado na laminite).
E.2 - Palpação profunda: de ligamentos e tendões - ligamentos sesamoides distais e tendões flexores: a palpação profunda da quartela
pode revelar ocorrência de dor nos ligamentos sesamoides retos, oblíquos ou dos ramos do tendão flexor digital superficial em sua inserção e
do tendão flexor digital profundo.
E.3 - Teste de rotação: testa articulação falangeanas e ligamento colaterais - promover a exacerbação de sensibilidade dolorosa,
principalmente nos ligamentos colaterais e sesamóideos da região.

F - Cascos: feita por inspeção, palpação (com pinça) e percurso com martelo.
F.1 - Inspeção: inspecionado quanto
I - Drenagem de exsudato da região coronária.
II - Tamanho e conformação.
III - Espaço entre os talões.
IV - Linhas ou anéis de crescimento irregulares.
V - Desgastes anormais e presença de solução de continuidade.
VI - Ferrageamento e posicionamento dos cravos.
VII - Comprimento da pinça, altura dos talões e eixo podofalângico.
VIII - Aumento de temperatura na banda coronária.
XI - Assimetrias no geral.

F.2 - Palpação (compressão): feito com pinça de casco (tenaz), sendo que a reação de dor indica anormalidade - deve ser
pressionando em 3 posições distintas: pressionar a sola e parede do casco // nos talões // entre ranilha e o casco.
Interpretação:
(a) Reação localizada pode representar um cravo inserido em região sensitiva, lâminas inflamadas ou um abscesso submural.
(b) Sensibilidade difusa na sola pode representar uma fratura da III falange, osteíte podal ou ainda laminite.

F.3 - Martelo de Percussão:

3.2 - Articulações e músculos do membro pélvico - Inspeção e palpação especifica (3): avaliar região da articulação femorotibiopatelar;
região do tarso/jarrete (articulação tarsotibial) e articulações interfalângicas/metatarsofalângica.

A - Região da articulação femorotibiopatelar (4): é formada pelas articulações femorotibial e femoropatelar - verificar por.
I - Aumento de volume e atrofia de musculatura: especialmente na musculatura ao redor do fêmur - fraturas completas de fêmur
produzem sinais como edema local associado à impotência funcional do membro, que parece estar mais curto que o contralateral.
II - Palpação dos ligamentos patelares.
III - Teste de motilidade de patela: quando fora da posição pode apresentar dor, crepitação e mobilidade aumentada.
IV - Movimentos de extensão, adução e abdução: principalmente na suspeita de lesões nas regiões proximais (femorotibiopatelar).
B - Região do tarso/jarrete (articulação tarsotibial - 2): sede importante de lesões: osteocondrose em especial (afeta a articulação).
B.1 - Inspeção da face plantar proximal do metatarso: pode apresentar aumento de volume na bainha do tendão flexor digital
profundo, resultante de sinovite ou tendossinovite.

B.2 - Teste do esparavão: avalia boleto, femorotibiopatelar e coxofemoral - isto ocorre em função da integridade do aparelho
recíproco que coordena a flexão e a extensão do membro posterior, assegurando que todas as articulações flexionem e estendam juntas.
I - Se segura o metatarso em paralelo ao solo, sem flexão ativa sob a articulação metatarsofalângica.
II - Essa posição deve ser mantida por 1 a 2 m e então o cavalo inicia o trote rapidamente.
III - Qualquer exacerbação de claudicação é um resultado positivo para o teste: lesão em articulações femurotibiais, tibiotarsais e
intertarsais deve todas serem consideradas em uma resposta positiva do teste do esparavão.
PS: em virtude da alta incidência de osteoartrite társica, um teste de flexão positivo no tarso é frequentemente indicativo dessa
enfermidade.

C - Articulações interfalângicas e a metatarsofalângica: apoiar o membro distal em sua perna, deixando as mãos livres para flexionar as
articulações.

4 - Exames complementares: os bloqueios anestésicos perineurais e o diagnóstico por imagens são métodos utilizados no auxílio da
determinação do local da lesão e também da extensão desta.
A - Avaliação radiográfica.
B - Avaliação ultrassonográfica.
C - Anestesia perineural e intra-articular.
D - Artrocentese.
E - Termografia.
F - Cintilografia.
G - Artroscopia.
H - Ressonância magnética.

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