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INTRODUÇÃO À SEMIOLOGIA

A semiologia estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sintomas e os interpreta -


elementos necessários para construir um diagnóstico e presumir a evolução da enfermidade
(prognóstico).

SUBDIVISÃO DA SEMIOLOGIA

● SEMIOTÉCNICA: o examinador utiliza os recursos disponíveis para avaliar o


paciente enfermo (observação do animal até exames modernos e complexos) - arte
de examinar o paciente.
● CLÍNICA PROPEDÊUTICA: reunião e interpretação dos dados obtidos pelo exame
do paciente - raciocínio e análise para estabelecimento do diagnóstico.
● SEMIOGÊNESE: explicar mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se
desenvolvem.

CONCEITOS GERAIS

● SINTOMA: todo fenômeno anormal, orgânico ou funcional, pelo qual as doenças se


revelam no animal (tosse, claudicação, dispneia)
- Sintomas locais: manifestações patológicas aparecem claramente
circunscritas e em estreita relação com o órgão envolvido.
- Sintomas gerais: manifestações patológicas resultantes do comprometimento
orgânico como um todo ou por envolvimento de um órgão ou de um
determinado sistema levando a prejuízos de outras funções do organismo.
- Sintomas principais: fornecem indícios sobre o sistema orgânico envolvido.
- Sintomas iniciais: os primeiros sintomas observados ou sintomas reveladores
da doença.
- Sintomas tardios: aparecem no período de estabilização ou declínio da
enfermidade.
- Sintomas residuais: se verifica aparente recuperação do animal.
- Sintomas anatômicos: alteração do formato do órgão ou tecido.
- Sintomas funcionais: alteração da função dos órgãos.
- Sintomas distantes (reflexos): originados longe da área em que o principal
sintoma aparece.
● SINAL: avaliação e a conclusão que o clínico retira do(s) sintoma(s) observado(s)
e/ou a partir de métodos físicos de exame.
● SAÚDE: estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais estão em
situação normal; estado que é sadio ou são
● DOENÇA: evento biológico caracterizado por alterações anatômicas, fisiológicas ou
bioquímicas, isoladas ou associadas
● SÍNDROME: é o conjunto de sintomas clínicos, de múltiplas caudas e que afetam
diversos sistemas.
- diagnóstico sindrômico
- Febre - síndrome mais antiga; é o conjunto de sintomas (ressecamento da
boca, aumento da FR e FC, perda parcial do apetite, oligúria, entre outros,
mas principalmente hipertermia - elevação da temperatura)
● DIAGNÓSTICO: reconhecer uma dada enfermidade por suas manifestações
clínicas, bem como prever a sua evolução (prognóstico).
- Diagnóstico nosológico ou clínico: reconhecimento de uma doença com base
nos dados obtidos na anamnese, no exame físico e/ou complementares
- Diagnóstico terapêutico: realização de um procedimento medicamentoso e
havendo resposta favorável fecha-se diagnóstico
- Diagnóstico anatômico: modificações anatômicas que podem ser
encontradas no exame macroscópico dos órgãos.
- Diagnóstico etiológico: fator determinante da doença (processos bioquímicos
e metabólicos, hormônios e vitaminas, imunologia, microrganismos)
- Diagnóstico histopatológico: utilização dos microscópios no estudo dos
tecidos.
- Diagnóstico anatomopatológico: diagnóstico anatômico e histopatológico.
- Diagnóstico radiológico: utilização de raio X
- Diagnóstico provável, provisório ou presuntivo: quando ainda não há um
diagnóstico definitivo.

● PROGNÓSTICO: consiste em se prever a evolução da doença e suas prováveis


consequências - deve considerar além da doença fatores como idade, raça, espécie
e valor econômico.
- Perspectiva de salvar a vida
- Perspectiva de recuperar a saúde ou de curar o paciente
- Perspectiva de manter a capacidade funcional do(s) órgão(s) acometido(s)
- Prognóstico favorável: se espera evolução satisfatória
- Prognóstico desfavorável: se prevê o término fatal ou a possibilidade de óbito
- Prognóstico duvidoso, reservado ou incerto: curso imprevisível
● TRATAMENTO OU RESOLUÇÃO: meio utilizado para combater a doença.
- Meios cirúrgicos, medicamentosos e dietéticos, combinação dos recursos ou
individualmente.
- Casual: se opta por um meio que combata a causa da doença
- Sintomático: visa combater apenas os sintomas ou abrandar o sofrimento do
animal.
- Patogênico: procura modificar o mecanismo de desenvolvimento no
organismo
- Vital: procura evitar o aparecimento de complicações que possam fazer o
animal correr risco de morte.
● MASTITE: processo inflamatório da glândula mamária

MÉTODOS GERAIS DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA

● SEMIOTÉCNICA E A CIÊNCIA DO DIAGNÓSTICO

1- Inspeção
2- Palpação
3- Auscultação
4- Percussão
5- Olfação
- Objetivo do exame físico é obter informações válidas sobre saúde do paciente.

1- INSPEÇÃO:
- Sentido utilizado: visão
- Investigação da superfície corporal e as partes mais acessíveis das cavidades em
contato com o exterior.
- Boa iluminação, ambiente de origem, em pares (ex: rebanho, família), nao fazer a
contenção de imediato.
- Olhar o corpo do animal de forma sistemática
- Pode fornecer informações como: estado mental, postura e marcha, condição física
ou corporal, estado dos pelos e pele, formato abdominal, entre outros.
- Inspeção panorâmica: animal visualizado como um todo
- Inspeção localizada: atentando-se para alterações em uma determinada região dos
corpo
- Inspeção direta: observa-se principalmente os pelos, a pele, as mucosas, os
movimentos respiratórios, as secreções, o aumento de volume, as cicatrizes, as
claudicações, etc - ectoscopia.
- Indireta: feita com auxílio de aparelhos

2- PALPAÇÃO:
- Sentido utilizado: tato
- Utilização do sentido tátil ou da força muscular, usando-se as mãos, as pontas dos
dedos, o punho ou até instrumentos para melhor determinar as características de um
sistema orgânico ou da área explorada.
- Informações sobre estruturas superficiais ou profundas.
- É possível notar modificações de textura, espessura, consistência, sensibilidade,
temperatura, volume, dureza, percepção de frêmitos, flutuação, elasticidade, edema,
etc.
- FRÊMITO: na palpação pode revelar esse som produzido pelo atrito de duas
superfícies anormais ou em lesões valvulares acentuadas
> TIPOS DE CONSISTÊNCIA:
- Mole: a estrutura reassume seu formato normal após cessar a aplicação de pressão
à mesma; é uma estrutura macia, porém flexível
- Firme: a estrutura ao ser pressionada, oferece resistência, mas acaba cedendo e
voltando ao normal ao final da pressão
- Dura: quando a estrutura não cede, por mais forte que seja a pressão
- Pastosa: quando cede facilmente à pressão e permanece a impressão do objeto que
a pressionava, mesmo quando cessada (edema: sinal de Godet positivo)
- Flutuante: determinada pelo acúmulo de líquidos (sangue, soro, pus, urina) em uma
estrutura ou região, resultando em um movimento ondulante mediante a aplicação
de pressão alternada - se estiver muito comprimido pode não haver ondulações.
- Crepitante: quando determinado tecido contém ar ou gás em seu interior - sensação
de movimentação de bolhas gasosas (enfisema subcutâneo)

3- AUSCULTAÇÃO:
- Sentido utilizado: audição
- É a avaliação dos ruídos que os diferentes órgãos produzem espontaneamente.
- Usado principalmente no exame dos pulmões, coração e cavidade abdominal.
- Compreender a origem, o tempo de ocorrência e as características sonoras.

> TIPOS DE RUÍDOS DETECTADOS NA AUSCULTAÇÃO:


- Aéreos: ocorrem pela movimentação de massas gasosas (mov. respiratórios)
- Hidroaéreos: causados pela movimentação de massas gasosas em meio líquido
(borborigmo intestinal)
- Líquidos: produzidos pela movimentação de massas líquidas em uma estrutura
(sopro anêmico)
- Sólidos: atrito de duas superfícies sólidas rugosas - duas folhas de papel
(pericárdico nas pericardites)

4- PERCUSSÃO:
- É o ato ou efeito de percurtir.
- Pequenos golpes ou batidas, aplicados em determinada parte do corpo, torna
possível obter informações sobre a condição dos tecidos adjacentes e das porções
mais profundas.
- Diferenças de densidade dos tecidos
- Som claro: se o órgão percurtido contiver ar que possa se movimentar, produz sim
de média intensidade, duração e ressonância (pulmão sadio)
- Som timpânico: os órgãos ocos, com grandes cavidades repletas de ar ou gás e com
as paredes semi distendidas, produzem um som de maior intensidade e ressonância
(tambor - abdome)
- Som maciço: as regiões compactas, desprovidas completamente de ar, produzem
som de pouca ressonância, curta duração e fraca intensidade (músculos, hepática,
cardíaca)
> SONS ESPECIAIS:
- Som metálico: percussão auscultatoria; cavidades cheias de ar ou gás (timpanismo -
ao invés do timpânico ouve-se metálico)
- Som “panela rachada”: saída de ar ou gás contido em uma determinada cavidade,
sob pressão, através de pequenos orifícios (estenose - deslocamento ou troção de
abomaso)

5- OLFAÇÃO:
- Sentido utilizado: olfato
- Exame das transpirações cutâneas, do ar expirado e das excreções
- Ex: vacas com acetonemia (odor acetona), hálito com odor urêmico (uremia)

MÉTODOS COMPLEMENTARES DE EXAME

- Usados posteriormente ao exame físico do animal - identificar com precisão e


rapidez as modificações orgânicas provocadas por diferentes enfermidades.
- Também chamados de exames subsidiários
- Exame clínico (anamnese e exame físico) é o principal e conduz para
determinar/selecionar quais serão os exames complementares solicitados.
- Principais razões para utilização: confirmar a ocorrência ou a causa da doença
avaliar a gravidade do processo mórbido
determinar a evolução de uma doença específica
Verificar a eficácia de determinado tratamento

● PUNÇÃO (CENTESE) EXPLORATÓRIA: é a pesquisa de órgãos ou cavidades


internas por meio de um trocarte, agulha, cânula e similar, dos quais é retirado
material para ser examinado com relação aos seus aspectos físicos, químico,
citológico e bacteriológico.
- Diagnóstico diferencial (hematoma, abscesso, derrame cavitário)
● BIÓPSIA: coleta de pequenos fragmentos teciduais de órgãos para realização de
exame histopatológico.
- Diferenciar entre as causas de organomegalia
- Diferenciar entre inflamação, hiperplasia e neoplasia
- Diferenciar neoplasias malignas e benignas
- Planejamento terapêutico
- Diagnóstico de dermopatia
● EXAMES LABORATORIAIS: exames físico-químicos, hematológicos,
bacteriológicos, parasitológicos e determinações enzimáticas
- Inoculações diagnósticas: material do animal enfermo em animais de
laboratório para verificar o aparecimento da doença.
- Reações alérgicas: respostas sensíveis nos animais - inoculação de seus
tecidos de algum antígeno sob a forma de proteína derivada de
microrganismos específicos que estejam ou tenham infectado o animal (teste
da tuberculina)
PLANO GERAL DE EXAME CLÍNICO

- Sistematizar a sequência de exame


- EXAME FÍSICO: uma parte do exame clínico do animal - coleta dos sintomas e dos
sinais por métodos físicos de exame (inspeção, palpação, percussão, auscultação e
olfação)
- EXAME CLÍNICO: reúne todas as informações necessárias para o estabelecimento
do diagnóstico
1- Identificação do animal (resenha)
2- Investigação da história do animal (anamnese)
3- Exame físico:
Geral - avaliação do estado geral do animal e parâmetros vitais
Especial - direcionado(s) ao(s) sistema(s) envolvido(s)
4- Solicitação e interpretação dos exames subsidiários
5- Diagnóstico e prognóstico
6- Tratamento (resolução do problema)

1- IDENTIFICAÇÃO DOS ANIMAIS - RESENHA

- Geral: espécie, raça, sexo e idade


- Alguns casos: pelagem, marcas
- Peso para cálculo de dose de medicamentos, indicar emagrecimento
- Origem do animal: enfermidades comuns em certas localidades
- Informações do proprietário

> ESPÉCIE: suscetibilidade


> RAÇA: predisposição - raças mais puras são mais suscetíveis a doenças; bovinos
finalidade ou objetivo da criação (leite: mais propensas a doenças metabólicas); cavalos de
corrida (cardiomiopatias e processos respiratórios, sistema locomotor)
> SEXO: doenças ligadas ao sexo - úbere e útero, disturbios hormonais, hernias escrotais
> IDADE: maior frequência em certas idades - problemas umbilicais em recém nascidos ,
parvovirose em cães jovens, endocardiosis em animais senis

2- ANAMNESE - ASPECTOS GERAIS

- Conjunto de informações recolhidas sobre fatos de interesse médico, passados e/ou


atuais, que fornecem importantes subsídios para o estabelecimento do diagnóstico.
- Depende do tipo de informante (proprietário, peão) e do entrevistador (veterinário) -
pode obter-se informações incompletas ou errôneas
- Perguntas abertas: liberdade do cliente se expressar/ focadas: abertas, mas sobre
um assunto específico/ fechadas: entrevistador complementa o que não foi falado
pelo cliente.

EXAME FÍSICO GERAL OU DE ROTINA

> Observação do animal:


- Nível de consciência: alerta (normal), diminuído (deprimido, apático), aumentado
(excitado)
- Postura e locomoção: normal ou anormal (sugerindo dor localizada, fratura, luxação
ou doenças neurológicas) - em repouso e em movimento
- Condição física ou corporal: obeso, gordo, normal, magro, caquético
- Pelame: pelos limpos, brilhantes ou eriçados; existência de ectoparasitas
- Formato abdominal: normal, anormal (timpanismo, ascite, etc)
- Características respiratórias: eupneia ou dispneia (postura ortopneica), tipo
respiratório, secreção nasal, etc
- Outros: apetite, sede, defecação, vômito, secreções (vaginal, nasal, ocular), micção,
etc.

● NÍVEL DE CONSCIÊNCIA:
- Avaliado pela inspeção
- Reação a estímulos
- Excitabilidade do animal: diminuída (apático), ausente (coma), normal e
aumentada (excitado)
- Levar em conta o temperamento do animal (vacas de leite são dóceis, por
ex)
● POSTURA
- Posicionamento quando em posição quadrupedal, em decúbito e durante a
locomoção
- Cavalo (quadrupedal, decúbito lateral), bovino (esternal - cabeça levantada
ou lateral incompleto), cão (decúbito para descansar ou dormir)
- Na maioria das vezes, atitudes anormais do corpo ocorrem como indicação
de enfermidade
- Postura de cachorro sentado: observada por exemplo nos casos de paralisia
espástica dos membros posteriores
- Postura de foco: comumente vista nas paralisias flácidas dos membros
posteriores
- Postura de cavalete: observa-se rigidez e abdução dos quatro membros -
tétano
● ESTADO NUTRICIONAL
- Considerar: espécie, raça, utilidade ou aptidão
- Caquético, magro, normal, gordo e obeso
- Animais peludos ou lanados deve-se fazer a palpação da região sacra
- Obesidade: endógena (distúrbio endócrino), exógena ( suplementação ou
alimentação mal orientada - rica em carboidratos e gordura)
- História nutricional deve incluir quantidade e qualidade da dieta
● AVALIAÇÃO GERAL DA PELE (semiologia da pele cap 13)
- Características de manejo a que esse animal é submetido
- Avaliação do estado de hidratação do paciente
- Desidratação: ressecamento e enrugamento da pele
> Principais causas: perda excessiva de líquido (diarreia e/ou vômito);
ingestão inadequada e água (privação ou diminuição)
● AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS VITAIS
- FC, FR, rúmen e ceco, temp. corporal)
● EXAME DAS MUCOSAS
- Delgada espessura da pele e grande vascularização
- Existência de enfermidades próprias (inflamação, tumores, edema)
- Alterações que reflitam comprometimento do sistema circulatório ou em
outras partes do corpo (icterícia - dano hepático ou hemólise)
- Mucosas visíveis: oculopalpebrais, muscosas (nasal, bucal, vulvar, prepucial
e raramente anal)
- Alterações de coloração, ocorrência de ulcerações, hemorragias e secreções
- MEMBRANA NICTITANTE ou TERCEIRA PÁLPEBRA: se torna evidente no
tétano, síndrome de Horner e algumas intoxicações
- Mucosa bucal: tempo de preenchimento capilar (TPC) - casos de
desidratação - reflete o estado circulatório do animal (volemia) - normal 2s
- Mucosa vulvar: cadelas - ocorrência de formações vegetantes de
hemorrágicas (tumor venéreo transmissível - TVT)
> AVALIAÇÃO DA COLORAÇÃO: quantidade e qualidade do sangue circulante, eficácia das
trocas gasosas, existência ou não de hemoparasitos, função hepática adequada, medula
óssea, etc.
- Apresentam-se úmidas e brilhantes, róseo-clara
- Palidez: branco-rósea até branco-porcelana ou perlácea
- Manifestações clínicas da anemia: palidez das mucosas, intolerância ao exercício,
aumento da frequência (taquicardia) e da intensidade (hiperfonese) de bulha
cardíaca e apatia - avaliar volume globular (VG) ou hematócrito (Ht) e TPC
- Congestão de mucosas: vermelho discreto (irritação) até vermelho tijolo
(endotoxemia) - ingurgitamento de vasos sanguíneos (processo infeccioso ou
inflamatório) local ou sistêmico (congestão pulmonar, conjuntivite, estomatite)
- Cianose: coloração azulada da pele e mucosas (aumento da quantidade absoluta de
hemoglobina reduzida no sangue) - distúrbio da hematose
- Icterícia: retenção de bilirrubina nos tecidos e ocorre devido ao aumento da
bilirrubina sérica acima dos níveis de referência - coloração amarelada - doenças
hepáticas, sistema biliar, afecções hemolíticas
> OCORRÊNCIA DE CORRIMENTOS: verificar quantidade, aspecto e se são uni ou
bilaterais
- Macroscopia: Fluido (líquido, aquoso, pouco viscoso e transparente - corrimento
nasal normal em bovinos), seroso (mais denso que o fluido, mas ainda transparente
- processos virais, alérgicos e precede a secreção de infecções ou inflamações),
catarral (mais viscoso, mais pegajoso, esbranquiçado), purulento (mias denso e com
coloração variável - amarelo-esbranquiçado, amarelo-esverdeado - produto necrose
de um exsudato rico em neutrófilos - processos infecciosos, corpos estranhos),
sanguinolento (vermelho-vivo ou enegrecido - pode resultar de traumas, distúrbios
hemorrágicos sistêmicos)

● AVALIAÇÃO DOS LINFONODOS


- Sistema linfático: via acessória pela qual líquidos podem fluir dos espaços
intersticiais para o sangue - remoção de proteínas dos espaços intersticiais
- LINFA: deriva do líquido intersticial
- Principais vias de absorção de nutrientes a partir do sistema gastrointestinal -
absorção de lipídeos
- O exame do sistema linfático (vasos e linfonodos): participa dos processos
patológicos que ocorrem nas áreas ou regiões drenadas por eles
- LINFONODOS:
➔ linfa coletada pelos capilares passa por eles antes de ser devolvida a
corrente sanguínea
➔ também chamados gânglios linfáticos
➔ órgãos encapsulados constituídos de tecido linfóide
➔ sempre no trajeto de vasos linfáticos
➔ formato de rim
➔ são filtros da linfa
➔ doenças infecciosas: leucose bovina, linfadenite caseosa dos
caprinos e ovinos, leishmaniose visceral canina - diagnóstico
nosológico
➔ dilatação ou hipertrofia anormal - maioria dos processos infecciosos e
inflamatórios e neoplásicos
➔ avaliar - palpação: tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade e
temperatura (bilateralmente)
> LOCALIZAÇÃO DOS LINFONODOS:
- Os linfonodos possíveis de serem examinados na rotina são:
1- mandibulares e maxilares
2- retrofaríngeos
3- cervicais superficiais ou pré-escapulares
4- subilíacos (pré-femorais ou pré crurais)
5- poplíteos
6- mamários
7- inguinais superficiais ou escrotais

- CÃES: mandibulares, retrofaríngeos, pré-escapulares, inguinais superficiais ou


escrotais
- GATOS: mandibulares, retrofaríngeos
- RUMINANTES: mandibulares, retrofaríngeos, pré-escapulares, subilíacos
- EQUINOS: mandibulares, retrofaríngeos, subilíacos

*parotídeos, retrofaríngeos e axilares: palpados somente quando estão hipertrofiados


*ileofemoral (espaço retroperitoneal, cranial e medial ao corpo do íleo) e os linfonodos da
bifurcação aórtica (parte caudal do flanco, medial ao íleo): palpados por via retal em
grandes animais
> CARACTERÍSTICAS EXAMINÁVEIS DOS LINFONODOS

1- Tamanho:
- tumefação (infarto) ganglionar: reação inflamatória de caráter defensivo, oriunda de
processos inflamatórios, infecciosos e/ou neoplásicos - hiperplasia
- afecções: vasos (linfangites), gânglios (adenite), ambas (linfadenite)

2- Sensibilidade:
- nos processos inflamatórios e/ou infecciosos agudos os linfonodos tornam-se
sensíveis.
- animais normais e processos crônicos: sensibilidade normal ou discretamente
aumentada
- diferenciar linfadenopatia reativa de outra neoplásica

3- Consistência:
- em geral consistência firme (moderadamente compressíveis e voltando ao formato
inicial uma vez cessada a pressão)
- processos inflamatórios e infecciosos agudos a consistência NÃO se altera, porém
há aumento de volume e sensibilidade
- processos inflamatórios e infecciosos crônicos e neoplásicos ficam duros
- ocorrência de flutuação (com ou sem supuração) adquire consistência mole -
formação de área liquefeita com pus ou material seroso - sede de abscesso

4- Mobilidade:
- Apresentam boa mobilidade
- processos inflamatórios bacterianos agudos apresenta perda ou ausência de
mobilidade (celulite localizada - fixa tecidos vizinhos)

5- Temperatura:
- igual a pele que os recobre
- elevação da temperatura normalmente é acompanhada com dor na palpação

6- Procedimentos complementares:
- biopsia dos linfonodos: por excisão ou por aspiração - empregada nas
linfadenopatias localizadas e generalizadas - suspeita de metástases tumorais

● AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL:

- Avaliação do estado geral do paciente


- espécies domésticas são HOMEOTERMAS: capazes, em condições normais,
manter a temperatura corporal dentro de certos limites, independente da variação de
temperatura do ambiente.
- TERMOGÊNESE: mecanismo químico que aumenta a produção de calor
- TERMÓLISE: mecanismo físico que incrementa a perda de calor
- Principal fonte de calor é derivada de processos metabólicos oxidativos

> FISIOPATOLOGIA DA TERMORREGULAÇÃO


- Hipotálamo: centro termorregulador (“termostato”)
- Paciente febril: maioria causadas por doenças infecciosas

> TÉCNICAS DE AFERIÇÃO DA TEMPERATURA


- palpação externa (termômetros clínicos)
- introduzidos no reto (temperatura retal é a mais utilizada)

> FATORES FISIOLÓGICOS X TEMPERATURA CORPORAL:

- Variação nictemeral (circadiana): mudança no dia e a noite


- Ingestão de alimentos: aumento do metabolismo basal dos indivíduos
- ingestão de água fria: mais frequência em equinos
- idade: mais jovem, mais elevada
- Sexo: femeas em gestação, mias elevada
- Gestação
- Estado nutricional: desnutrição pode diminuir levemente a temperatura
- Tosquia: irritação, aumento
- Temperatura ambiental: mudanças bruscas (equinos e bovinos)
- Esforços físicos: elevam a temperatura de maneira significativa
> GLOSSÁRIO TERMOMÉTRICO

- NORMOTERMIA: temperatura corporal do animal dentro dos limites estabelecidos


para espécie
- HIPERTERMIA: elevação da temperatura corporal
*é um sinal de febre, mas não necessariamente indica febre ou algum estado
patológico

* retenção de calor: irradiação e a condução de calor estão reduzidas com relação a


sua produção - ambientes quentes e sem ventilação
* esforço: trabalho muscular exaustivo
* mista: esforço e retenção juntas

- FEBRE (pirexia): elevação da temperatura corporal acima de um ponto crítico


* ocorre em decorrência do aparecimento de algumas doenças
* PATOGÊNESE DA FEBRE:
+Pirógeno exógeno
+ Febre de origem séptica: processo infeccioso; substâncias pirogênicas de
origem microbiana; localizado (abscesso, empiema) ou generalizado (septicemia)
+ Febre asséptica: não está relacionada a ocorrência de infecções e é
causada por agentes físicos (queimaduras), mecânicos (traumas) ou químicos
(vacinação, alergia, anafilaxia de origem medicamentosa)
+ Febre neurogênica: resultado de convulsões e contrações musculares
(epilepsia, compressão do hipotálamo por neoplasias)

- Por que a febre é considerada uma síndrome?


* elevação da temperatura
* mucosas: congestão (vasodilatação) - secas e sem brilho
* Pele e focinhos: secos
* Sistema circulatório: taquicardia, ouvir sopros cardíacos funcionais
* Sistema respiratório: taquipneia
* Sistema digestório: defecação reduzida (quando não tem origem digestiva),
polidipsia compensatória
* Sistema urinário: oligúria
* Sistema nervoso: animal deprimido
* Episódio dividido em:
Ascensão ou aparecimento (stadium incrementi ) : fase inicial do aumento
progressivo da temperatura - normalmente corresponde ao período de invasão do
agente mórbido
Acme (“fastígio”): temperatura alcança seu limite máximo - até certo ponto,
estabilização térmica
Defervescência (stadium decremento) : declínio da temperatura - lise
(progressiva - alguns dias) ou crise (poucas horas)

- TIPOS DE FEBRE:
* Simples ou típica: acompanha os 3 estágios
* Remitente: a temperatura permanece elevada durante grande parte do dia, caindo
em intervalos de tempo curtos e irregulares, sem voltar os valores normais
*Intermitente: períodos de pirexia perduram por um ou vários dias, intercalados por
normotérmia e até hipotermia
*Atípica: curso irregular, às vezes com grandes oscilações no mesmo dia

- INTENSIDADE DO PROCESSO FEBRIL

- HIPOTERMIA: decréscimo da temperatura interna abaixo dos níveis de referência


* perda excessiva de calor ou por produção insuficiente
*introdução excessiva de toxinas que paralisam a regulação térmica central
(septicemias e gastroenterites graves)
*animais neonatos: hipotermia ambiental

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