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Semiologia = “Semeion” (manifestação) e “Logos” (razão). Razão das manifestações, o porquê das manifestações.
Um dos métodos que utilizamos é o interrogatório – questiona-se o tutor – em conjunto com outros métodos de
exploração semiótica, baseados nos sentidos, que podem ser diretos ou mistos (mediante a utilização ou não de
equipamentos para a recolha de informação):
• Inspeção (suporta-se na visão; misto quando usamos, p.e. um otoscópio, oftalmoscópio, lupa)
• Palpação (tato; possibilidade de uso de sondas) e Percussão (com a mão ou com recurso a martelo e plexímetro)
• Auscultação (audição; possibilidade de uso de estetoscópio, fonendoscópio e sistemas eletrónicos
amplificadores)
• Olfação (suporta-se no olfato; o único que não pode ser misto)
└ Pele e faneras
✓ Cor, integridade, brilho e queda de pelo ou penas
✓ Cheiro
✓ Humidade (hiperidrose, anidrose, seborreia, esteatose, hematidrose)
✓ Espessura
✓ Aumentos de volume (edemas, hematomas, neoplasias, enfisemas, pápulas, nódulos, vesículas, pústulas, escamas,
crostas).
✓ Perdas de substância (feridas, ulcerações, fístulas, necrose, cicatriz)
✓ Elasticidade (permite aferir sobre o grau de desidratação – tempo de retração da prega cutânea – porém não é
totalmente objetivo, uma vez que varia consoante a idade e condição corporal do animal).
✓ Temperatura
✓ Se tem prurido
✓ Unhas, cascos e cornos
└ Mucosas
✓ Cor e tonalidade (um tom mais azulado indica cianose; amarelo indica icterícia)
✓ Secreções
✓ Integridade
✓ Cheiro (aplica-se à mucosa oral – p.e. cheiro a acetona, a ureia; halitose)
└ Linfonodos e vasos linfáticos (avaliam-se os linfonodos palpáveis)
✓ Submandibulares, retrofaríngeos laterais, pré-escapulares, inguinais superficiais e poplíteos
✓ Perceber se tem alterações como adenite ou linfangite
A dilatação ou hipertrofia
anormal dos linfonodos
ocorre na maioria dos
processos inflamatórios e
infeciosos, bem como
processos neoplásicos.
NOTA: os linfonodos, ao serem palpados, devem ser avaliados consoante: volume, consistência, temperatura, mobilidade
e regularidade da superfície, sempre bilateralmente.
3 – Constantes vitais
└ Temperatura interna
└ Pulso arterial e frequência respiratória
✓ A frequência respiratória pode ser determinada por observação (durante 15s x4).
✓ Tipo respiratório costoabdominal: há distensão do tórax porque os pulmões aumentam de volume, e também do
abdómen, com a movimentação do diafragma.
✓ Sons pulmonares mais craniais são de origem brônquica.
✓ Sons pulmonares mais caudais são de origem alveolar (murmúrio vesicular).
✓ Sopro laringotraqueal: corresponde ao ar a passar na traqueia e laringe, ouve-se bem.
✓ O pulso arterial pode ser determinado por auscultação (durante 15s x4) ou ao tato, sentindo-se o choque pós-prandial,
nas artérias femorais; em cavalos, na transversa da face ou digital palmar; em bovinos, na coccígea.
3 – Eletrocardiografia
03. NECRÓPSIA
Quando já em post mortem.
DIAGNÓSTICO
Ou post mortem:
• Necrópsico – anatomopatológico
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• Microscópico – histopatológico Pode acontecer que se cumpram todos os passos da marcha semiótica e
• Toxicológico acabar por não se chegar a um diagnóstico completo – fizemos todos os
• Microbiológico exames possíveis e não conseguimos encontrar a etiologia de, p.e., uma
• Misto insuficiência renal; chamamos a isso um processo de caráter idiopático.
PROGNÓSTICO
Consiste na previsão da evolução da doença e das suas prováveis consequências. É orientado a partir de três aspetos:
• Perspetiva de salvar a vida do paciente;
• Perspetiva de recuperar a saúde ou de curá-lo;
• Perspetiva de manter a capacidade funcional dos órgãos acometidos.
Indicações clínicas:
• Natureza da afeção e individuo;
• Meios: higiénicos, dietéticos, farmacológicos, cirúrgicos;
• Finalidade: etiológica, sintomática, profilática, confirmadora, económica, eutanásia (o termo implica interesse
para o animal, enquanto “abate” só tem interesse para quem manda abater e o animal não beneficia disso).
Animais homeotérmicos – com capacidade de regulação térmica, independentemente (ou quase) da temperatura do
meio externo.
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LEGENDA:
Ativação do centro simpático do calor → ativam-se mecanismos de produção de calor, por exemplo, vasoconstrição
periférica, tremores, etc → produção de calor.
NOTA: a amplitude destes intervalos significa que o metabolismo funciona, de forma eficiente, entre os valores referidos.
SÍNDROME FEBRE:
Registo de temperatura:
➢ Exacerbações vesperais
➢ Remissões matinais
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PATOGENIA:
Febres asséticas: insolação, desidratação, hipertiroidismo, nervosas, inflamação, intoxicações.
Febres séticas/infeciosas: agentes pirogénicos.
2º Reação colinérgica:
• Oligúria (diminuição da diurese)
• Hemoconcentração (eliminação de água por hiperventilação/sudação, retenção de sódio e cloro).
SINTOMATOLOGIA GERAL:
• Mal-estar
• Astenia
• Anorexia Sintomatologia geral
• Arrepios
• Hiperidrose
• Náusea
• Vómito Sintomatologia
• Coprostase (devido a desidratação) digestiva
• Dispepsia
• Taquipneia/Dispneia (hiperventilação para perda de calor e acrescer o aporte de oxigénio)
• Alterações da frequência e ritmo cardíacos
• Alteração dos sons cardíacos Sintomatologia
• Sopros circulatória
• Pulso
• Apatia
• Cefaleias Sintomatologia nervosa
• Alucinações
• Diminuição da diurese
• Albuminúria (devido a alteração da permeabilidade glomerular)
Parâmetros urinários
• Creatinúria (+ produção e também devido a + concentração da urina)
• Hiperazotúria
• Cilindrúria (solutos precipitam dentro dos tubos contornados, matriz de precipitação com base proteica forma
um molde interior dos tubos contornados, podendo acabar por sair na urina)
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• Hemoconcentração
o Aumento do hematócrito, das proteínas totais e do azoto não proteico
• Hemólise e alterações leucocitárias A nível humoral
• ↓ Relação albumina/globulina
• ↑ Fibrinogénio
• ↑ VS
• ↑ Metabolismo basal Sintomatologia
• ↑ Glicogenólise metabólica
• ↑ Catabolismo proteico
INTENSIDADE DA FEBRE:
EVOLUÇÃO DA FEBRE:
TIPOS DE FEBRE:
Contínua = mantém-se sempre acima do limite fisiológico, com oscilações diárias abaixo de 1oC.
Remitente = oscilações diárias superiores a 1oC, sem que a temperatura atinja o limite fisiológico.
Intermitente = há uma alternância diária de períodos febris com períodos de apirexia.
Recorrente = alternância de períodos febris de vários dias, com períodos de apirexia.
Atípica = não é caracterizada por nenhum dos tipos anteriores.
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GOLPE DE CALOR
Acontece quando a perda de calor não consegue superar o estímulo externo que o gera (p.e. quando um cão fica
fechado no interior de um carro, num dia quente), podendo haver uma combinação da diminuição da dissipação com
aumento da produção de calor.
Resposta orgânica:
• Coagulação – lesão endotelial e consequente trombocitopenia e CID
– surgimento de petéquias e equimoses
• Cardiovascular – vasodilatação periférica
– hipotensão/hipovolemia/hipoperfusão
– colapso cardiovascular
• Renal/hepática/gastrointestinal – lesões de origem térmica e de hipoperfusão
HIPOTERMIA
Acontece quando há uma produção de calor insuficiente (seja por diminuição do aporte nutritivo, ou insuficiência de
órgãos produtores) para a perda excessiva que se verifica.
NOTA: o termo “hipotermia de convalescença” não refere uma verdadeira hipotermia, mas sim a uma evolução em sentido
hipotérmico, após um processo febril, enquanto a temperatura corporal desce até atingir o valor normal.
Para estudar a semiologia do aparelho digestivo, há que compreender a sua múltipla funcionalidade: motora, secretora
e absortiva, além da sua inter-relação com o aparelho circulatório e o sistema nervoso autónomo.
Particularidades da importância semiótica ao nível do sistema digestivo, mediante as espécies em questão – o que para
um animal é normal ingerir, para outro pode resultar num transtorno alimentar – considerar as diferenças entre diversos
animais: ruminantes, equídeos, roedores, carnívoros.
• Erros alimentares – p.e. não vai ser dada a uma vaca em período seco, uma ração altamente energética.
• Regime de exploração – p.e. rações de cria, recria e engorda.
• Via de administração de fármacos – p.e. pode dar-se um antibiótico por via oral a um vitelo, mas não a um
bovino adulto (disbiose ruminal → problema digestivo).
• Parasitismo – parasitas intestinais, com ação espoliadora ou podendo mesmo causar transtornos mecânicos.
1. Gatos têm um aparelho digestivo muito simples, seguidos (em nível de complexidade) pelos cães.
2. Os equinos e coelhos, apesar de herbívoros, não têm a eficiência alimentar de um bovino; realizam a
fermentação alimentar ao nível do ceco e do intestino grosso.
3. No limite máximo do aproveitamento de matéria de origem não-animal, temos os bovinos.
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Para que isto aconteça, o processo de digestão conta com processos físicos e processos químicos:
Vão permitir uma maior eficiência dos processos químicos:
Fenómenos físicos Mastigação, peristaltismo.
Regurgitação, ruminação.
DIGESTÃO INTESTINAL
Ação física Peristaltismo
• Glucosidases
Suco entérico
• Enteroquinase
• Proteases (ativ. p/ enteroquínases)
• Lipase
Suco pancreático • Amilase
• Estimulação pancreática reflexa (bucal e gástrica)
• Humoral (secretina e pancreozimina-colecistoquinina)
Ação química • Atividade lípase pancreática
• Aceleração da atividade amílase pancreática
• Emulsão de gorduras
• Solubilização de ácidos gordos de cadeia comprida
Bílis • Absorção de vitaminas lipossolúveis
• Estabilização das emulsões intestinais
• Oferta de bases (boas reações intestinais)
• Ação antissética
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REFLEXO DA DEFECAÇÃO
Fezes no reto
↓
Dilatação retal
↓
Estímulo de centros da defecação (medula sagrada e pavimento do 4º ventrículo)
↓
Nervo pélvico
↓
DEFECAÇÃO:
Relaxamento do esfíncter;
Contração longitudinal do cólon;
Contração da musculatura abdominal.
VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS
NOTA: O stress (de carater
Mediante aspetos como a espécie, raça, idade, indivíduo, ambiente, etc. predominantemente simpático)
VARIAÇÕES PATOLÓGICAS DO APETITE prejudica o processo digestivo
(parassimpático).
Aumento do apetite: bulimia ou polifagia.
Diminuição: hiporexia, anorexia ou inaptência.
Perversão: parorrexia ou alotriofagia – apetência por alimentos não fisiológicos, p.e. um cão que come madeira.
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Aumento: Polidipsia
Diminuição ou ausência completa: Adipsia
Perversão: apetência por bebidas não fisiológicas.
Hidrofobia
Insalivação – alterações no volume mediante a espécie, tipo de alimento e respetivo conteúdo de água; e alterações no
controlo da produção, por estímulos mecânicos e sensoriais.
Ptialismo ou hipersialia: excesso de produção de saliva, pode levar à ocorrência de sialorreia (saliva a escorrer
da boca). Causado, p.e., por processos bucais e faríngicos (inflamatórios), gastropatias sobretudo secretoras, e
administração de fármacos.
Aptialismo ou assilia: produção deficiente de saliva. Associado a situações de desidratação, choque, cólicas,
fármacos.
2. Disfagismo faríngico – interrupção do transporte do bolo a partir da orofaringe com disfunção da parte
involuntária do reflexo de deglutição; os nervos cranianos envolvidos são o V, VII, X (vago) e IX (glossofaríngeo).
3. Disfagismo faringoesofágico – falha na chegada do bolo alimentar ao esófago através do esfíncter esofágico
proximal; nervos cranianos IX e X.
• Sialorreia;
• Diminuição ou ausência do reflexo de deglutição;
• Movimentos exagerados da cabeça;
• Queda de alimento da boca;
• Melhoria com a elevação da cabeça (sobretudo se se tratar de um disfagismo relativo, não tanto absoluto);
• Sem diferença apreciável entre sólidos e água.
• Eructação – fisiológica, desde que não seja excessiva. Gás pode formar-se devido a hipomotilidade gástrica,
hipocolidria.
• Regurgitação – fisiológica ou patológica.
• Pirose – “azia”.
• Náusea
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• Vómito
Fisiopatologia do VÓMITO:
Trata de um mecanismo reflexo, com ação do centro do vómito na formação reticular bulbar e zona
quimiorrecetora no pavimento do 4º ventrículo.
Vias eferentes: nervo vago, frénico e espinhal. Desencadeiam ação de inspiração, encerramento da glote,
contração da região pilórica e piloro, relaxamento cárdico e esofágico, contração abdominal.
Classificação:
• Pode ser considerado agudo ou crónico,
• Precoce ou tardio,
• Classificado ainda mediante o conteúdo,
• E expulsão.
É importante considerar a apresentação (cor, consistência, etc) do vómito, bem como o facto de ser agudo ou crónico; a
frequência dos episódios e o quadro sintomatológico envolvente (não só gastrointestinal, mas também geral). Outros
aspetos ainda, que residem em meios de diagnóstico complementares: hematologia e bioquímica, raio-X, ecografia para
perceber alguma lesão ou alteração que possa estar na origem do vómito, podendo também ser considerada a realização
de laparotomia exploratória e endoscopia.
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Hipoquinésia gástrica – principalmente quando aliada a uma hipocloridia, surge grande dificuldade em digerir o
alimento, acabando por haver acumulação no interior do estômago podendo o animal chegar a desenvolver uma
gastrectasia caso aconteça repetidamente ao longo do tempo.
GASTRECTASIA – dilatação gástrica; pode ocorrer devido a um obstáculo ao trânsito digestivo (seja estenose do piloro,
espasmo, retração cicatricial, neoplasia ou compressão) ou devido a parésia muscular (geral – simpaticotonia ou ação
parassimpática deficiente; local – por gastrites, neoplasias, úlceras; sobrecarga alimentar com distensão).
Tem como sintomas (atenção, plurívocos, idênticos aos de dispepsia hipoclorídrica): mau hálito, devido à fermentação
do alimento acumulado no estômago, digestões lentas, vómitos (por vezes tardios), diarreia (devido a má absorção),
cólicas pós-prandiais e dispneia.
Sintomatologia associada a um aumento de motilidade; o apetite poderá estar normal ou aumentado; hipersialia;
polidipsia; vómitos ácidos (devido à quantidade de ácido clorídrico); constipação; dor; urina alcalina.
Sintomatologia: anorexia, atonia gástrica, vómito tardio de alimentos não diferidos, fermentações anormais,
meteorismo, diarreia, anemia, halitose (derivada da fermentação de alimento não digerido no estômago) e boca seca.
GASTROPATIAS MISTAS
GASTRENTERORRAGIAS
01. GASTRORRAGIAS
Possíveis causas:
• Gastrite;
• Parasitismo;
• Ulcerações;
• Traumatismos – p.e. ingestão de corpos estranhos (ossos!);
• Estados hemorragíparos – estados que predispõem a hemorragia.
• Esplenopatias;
• Patologia duodenal.
02. ENTERORRAGIAS
Causas:
• Circulatórias
o Estases;
o Torções;
o Tromboses;
• Irritativas:
o Mecânicas;
o Químicas;
o Medicamentosas;
• Tóxicas: exógenas ou endógenas;
• Défices de oligoelementos e vitaminas (C e K);
• Infeciosas;
• Parasitárias.
METEORISMO OU TIMPANISMO
Acumulação anormal de gases no estômago, intestino delgado, ceco e/ou cólon; pode estar relacionada com uma
produção anormal de gases ou com dificuldade de evacuação.
Sintomas:
• Distensão do órgão;
• Aumento do perímetro abdominal;
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• Assimetria abdominal;
• Dispneia;
• Taquicardia;
• Atraso nas defecações;
• Cólicas;
• Morte (em casos extremos – por asfixia, colapso cardíaco ou rotura do órgão).
ENTEROPATIAS FUNCIONAIS
Causas:
• Alteração da motilidade ou da secreção intestinal;
• Alterações gástricas;
• Alterações hepáticas;
• Alterações pancreáticas;
• Alterações nervosas;
• Alterações circulatórias;
• Alterações da flora intestinal;
• Alterações de absorção;
• Parasitismo.
INDIGESTÕES INTESTINAIS
Causas: Paragem do processo digestivo com excessiva acumulação de gases. Nos ruminantes é raro. Nos carnívoros se
tiverem uma alimentação rica em fibra, porque esta é facilmente fermentescível. Também ocorre em equídeos e em
omnívoros.
Causas: Paragem do transito intestinal + presença de alimentos de baixa digestibilidade (importância particular nos
equídeos).
Pelota estercoral.
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SÍNDROMES DIGESTIVAS
DIARREIA
Pode der causas funcionais alimentares, secretoras, medicamentosas, nervosas ou ao nível de uma absorção deficiente;
por outro lado, também pode ter causas orgânicas como enterites agudas e crónicas.
• Diarreia serosa;
• Diarreia mucopurulenta;
• Esteatorreia;
• Falsa diarreia;
• Disenteria;
• Diarreia esporádica.
COPROSTASE
Causas orgânicas ou funcionais, que podem estar relacionadas com o próprio conteúdo intestinal (ingestão p.e. de
ossos), lesões da parede intestinal, oclusão intestinal, alterações nervosas, causas humorais ou causas medicamentosas.
• Estercorémia.
• Enterotoxémia.
Têm como sintomas: copróstase, cólicas, autointoxicação e síndrome humoral (alterações do equilíbrio hidroeletrolítico).
Pode ser pedido um exame físico de um equino sem que haja necessariamente uma queixa principal, uma espécie de
check-up; acontece frequentemente pré-venda.
Ao nível da ALIMENTAÇÃO:
• Tipo e frequência.
• Existe sempre alimento disponível?
• Onde e como são distribuídos o alimento e a água?
HISTÓRIA DO ANIMAL:
• Identificação
• Idade
• Sexo (e se é inteiro ou castrado)
• Raça
• Aptidão
• Vacinações/desparasitações/ferração
• Vícios (p.e. aerofagia)
• Doenças (p.e. cólicas, claudicação)
• Qual a duração?
• Quais os sinais clínicos?
• Qual a evolução dos sinais clínicos?
• Qual o tratamento e resposta? – o facto de um cavalo estar medicado altera muitas manifestações, é importante
ter isso em conta quando se faz a avaliação.
• Existem mais animais afetados?
• Outras doenças?
EXAME FÍSICO
EXAME À DISTÂNCIA:
Passa pela observação. É importante perceber que o simples facto de alguém estar presente no espaço do animal poderá
fazer com que este mude o seu comportamento, pelo que o exame deverá começar por uma observação, com calma, à
distância.
• Posição
• Locomoção
• Cabeça: posições anormais, corrimentos, narinas
• Pescoço: tumefações, goteira jugular, posição
• Cavidade torácica: tumefações; respiração
• Cavidade abdominal: distensão
• Zona perineal
• Membros: apoio, supressão, posição, aprumos
• Fezes: se existem ou não, e, se sim, quantidade, aspeto
• Estado mental: se aparenta estar agitado, deprimido
• Se aparenta ou não estar com dor (ligeira, moderada ou severa)
EXAME CLÍNICO:
TEMPERATURA:
• Medição da temperatura corporal – pouco invasivo, rápido e barato.
• Depende da idade (mais elevada em poldros).
• Considerar condições ambientais.
• Em caso de dúvida, repetir e verificar até noutros animais.
• Possíveis erros (entrada de ar no reto).
• Possíveis causas (animal, ambiente, patológicas).
• LINFONODOS REGIONAIS:
• Seio frontal/seios maxilares – através de percussão; palpação pode não ser tão evidente.
• Olhos: corrimento, mucosa conjuntiva.
• Cavidades nasais: corrimento, igualdade das colunas de ar, FR, mucosa, ducto nasolacrimal.
• Cavidade oral: mucosa, TRC, dentes, odor, feridas.
• Observar a simetria.
• A avaliação do pulso arterial pode ser feita através das aa. transversa da face e facial.
• EXAME CLÍNICO DO PESCOÇO:
• Distensão da jugular.
• Tempo de repleção da prega cutânea (TRPC).
• EXAME CLÍNICO DA CAVIDADE TORÁCICA:
Através de:
✓ Inspeção
✓ Palpação
✓ Percussão
✓ Auscultação cardíaca – som “tum-tá” lento; S1, S2, S3 e S4 são
os sons cardíacos normais/fisiológicos
✓ Auscultação pulmonar
• Pulso
• Respiração
o Ruídos (inspiração/expiração)
o Se está ou não dispneico
o Auscultação da traqueia e auscultação pulmonar (neste caso, pode ser necessário usar um saco)
o Secreções
o Tosse espontânea
o Tosse produtiva
• Ptialismo
• Disfagia
• Cólica (dor abdominal)
⎯ Úlceras gástricas – intermitente, pode, com alguma frequência, surgir em animais de competição, sujeitos a muito stress.
⎯ Íleo (= Ileus)
⎯ Peritonite
• Diarreia
⎯ Aguda
⎯ Crónica
Aquando do EXAME CLÍNICO DA CABEÇA, há alguns aspetos a dar maior preponderância quando procuramos afeções do
aparelho digestivo: na boca, inspecionamos os lábios, língua, palato, gengivas, dentes, além de avaliar a preensão e
mastigação (perceber de é capaz de comer a partir do chão, se deixa o alimento cair, se há acumulação de alimento); as
glândulas salivares parótida, mandibular e sublingual, além das glândulas bucal, labial, lingual e palatina; ao nível da
faringe/laringe, foco na avaliação da deglutição (deixa de comer ou beber água? haverá dor, obstrução ou défices
neurológicos?).
Neste contexto, podemos abordar algumas das causas de disfagia/disfagismo, sobretudo de disfagia oral:
• Fraturas (da mandíbula, incisivos, maxilar ou aparelho hioide).
• Paralisia bilateral da língua (nervo XII) ou músculos da mastigação (V).
• Glossite ou estomatite.
• Fenda palatina.
• Abcessos.
• Raiva.
Já no EXAME CLÍNICO DO PESCOÇO, também previamente abordado, além da distensão da jugular e do TRPC, centramos
a nossa atenção no esófago, que pode ser alvo de uma variedade de alterações, tais como:
• Obstrução esofágica.
• Estenose.
• Divertículos.
• Perfurações.
• Esofagite.
• Megaesófago.
Uma disfagia com sede no esófago pode derivar nomeadamente de uma obstrução mecânica ou de alterações na
motilidade – a abordagem passa pela recolha da história do animal, exame físico, exame da cavidade oral,
eventualmente endoscopia e exame neurológico para despistar demais causas.
Já no que toca ao EXAME FÍSICO DA CAVIDADE ABDOMINAL, por via da inspeção (observação) procura-se por
assimetrias ou distensão da própria cavidade; por palpação, tentar perceber se o animal tem dor, indicativa de
peritonite; percussão para detetar a presença de gás (linhas de nível) e
auscultação dos 4 quadrantes abdominais.
A nível de causas, poderá ser multifatorial, derivado de stress, anorexia, do próprio maneio alimentar, agentes (?).
Em poldros: Adultos:
• Deixam de mamar. • Diarreia intermitente.
• Cólica; posicionam-se em decúbito dorsal. • Cólica recorrente.
• Bruxismo. • CC fraca.
• Salivação. • Desempenho fraco, letargia.
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Ao recorrer a exame endoscópico, pode utilizar-se o sistema de classificação Equine Gastric Ulcer Council, que avalia o
dano da mucosa:
Além disso, pode ser feita a distinção dos locais onde as úlceras se distribuem nas diferentes áreas do estômago, tal
como evidencia a figura:
ALTERAÇÕES INTESTINAIS
NÃO OBSTRUTIVAS: OBSTRUTIVAS:
• Enterite proximal Não estrangulantes
• Colites (diarreias) • Impactações
• Tromboembólicas (Strongylus vulgaris) • Corpo estranho
• Lipoma (fase inicial)
• Deslocações
Estrangulantes
• Torções, invaginações, vólvulo
• Encarcerações (mesentério, epiploico)
ALTERAÇÕES DA MOTILIDADE
➔ ÍLEO/ILEUS
Podemos estar perante um íleo obstrutivo ou adinâmico (que terá como eventuais causas: infeção, diarreia,
parasitismos, medicamentos, enterite proximal, pós-operatório, desequilíbrios eletrolíticos).
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O EXAME CLÍNICO deverá ser rápido, eficaz e sistemático, inclusive porque o que se pretende é induzir o mínimo de
stresse possível ao animal.
À distância – procurar logo avaliar se o animal tem dor e se existe algum tipo de distensão.
Em proximidade – a prioridade é a recolha de constantes vitais e auscultação abdominal.
EXAMES COMPLEMENTARES:
• Palpação transretal – necessária contenção do animal, +/- sedação. Possibilidade de detetar impactação da
flexura pélvica do cólon.
• Entubação nasogástrica – já mencionada; permite descompressão/lavagem, administração de medicamentos,
diagnóstico e avaliação do refluxo (em quantidade/tempo, cheiro, conteúdo e pH).
Enterite proximal, refluxo característico: 6-20L, cheiro fétido, sanguinolento, de pH alcalino.
• Abdominocentese – a aparência do fluído peritoneal normal deverá ser transparente a amarelo-clara, sem odor
(ver tabela 2.2.)
• Análises de sangue/líquido peritoneal
• Análises bioquímicas (perfil hepático, renal)
• Radiografia
• Ecografia
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No caso dos animais de produção, além de examinar o próprio animal, é necessário ter muito em conta o contexto da
produção inteira, não apenas um único indivíduo – até porque, na prática, na maioria das situações o médico veterinário
não é chamado à exploração para ver somente um animal.
CONTEXTO DA EXPLORAÇÃO – perceber qual o tipo de exploração, como os animais estão organizados, perceber a
dinâmica, profilaxia que é feita etc.
EXAME CLÍNICO – primeiro de tudo, é necessário proceder à IDENTIFICAÇÃO do animal, e depois à sua CONTENÇÃO.
HISTÓRIA CLÍNICA:
• Principal queixa – doença atual
• Doenças da exploração
• Tratamento/resposta
⎯ Há quanto tempo decorre?
⎯ É a primeira vez neste animal/na própria exploração?
⎯ Se sim, qual o tratamento que foi utilizado previamente?
⎯ O animal (ou animais) afetado(s) está a comer? Continua a ruminar?
⎯ Está isolado ou em grupo?
*1CONDIÇÃO CORPORAL
Obesa (5), normal, magra, emaciada (1)
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Gás livre, mais dorsal – tem que ser eructado (sob risco de
timpanismo, caso não seja possível).
Ao avaliar o perfil abdominal, traçam-se linhas de nível (por percussão, detetamos a localização de cada um dos
materiais anteriormente descritos), sendo que a presença de cada um desses materiais nos vários quadrantes
abdominais terá significados diferentes, vejamos um por um:
1. Contorno abdominal esquerdo ventral
Presença de gás – indica a existência de abcessos por microrganismos anaeróbios.
Presença de líquido/espuma – acidose ruminal aguda, ascite, peritonite difusa, hidrópsia íleo, invaginação, torção
do mesentério, indigestão vagal.
Conteúdo firme – será forragem não digerível.
2. Contorno abdominal esquerdo dorsal
Presença de gás – timpanismo gasoso, indigestão aguda, acidose lática aguda, hipomotilidade ruminal,
pneumoperitoneu, deslocamento do abomaso à esquerda.
Presença de líquido/espuma – timpanismo espumoso, acidose lática aguda, indigestão vagal.
Conteúdo firme – ingestão de alimento grosseiro pouco digerível.
3. Contorno abdominal direito dorsal
Presença de gás – deslocamento/torção de abomaso à direita, dilatação/torção de ceco, timpanismo de abomaso
(vitelos), pneumoperitoneu.
Presença de líquido/espuma – timpanismo espumoso, enterite aguda, torsão de mesentério.
O GRAU DE REPLEÇÃO RUMINAL avalia o enchimento do rúmen.
Como já mencionado, escala de 1 a 5 – grau 1 corresponde a um rúmen vazio, com concavidade marcada na fossa
paralombar esquerda, e 5 corresponde a uma convexidade muito marcada, possivelmente associada a timpanismo.
NOTA: É importante sistematizar! Começar num lado e terminar noutro, sequencialmente por exemplo:
Região caudal → cavidade abdominal → cavidade torácica → pescoço → cabeça
As vacas leiteiras estão habituadas a serem manipuladas por trás (no úbere, inseminações, etc), pelo que se inicia a
abordagem caudalmente. Já nos cavalos, por exemplo, começa-se cranialmente, do lado esquerdo.
EXAME CLÍNICO – começar pela região caudal em bovinos de leite, sempre avisando a nossa presença e fazendo com
que a vaca nos veja primeiro (o seu campo de visão tem um ângulo morto atrás).
Constantes vitais:
• FC – 60 a 80 bpm (na abordagem caudal é possível medir o pulso na artéria coccígea que, fisiologicamente, será
semelhante à FC; uma diferença entre os dois poderá acontecer, p.e., em casos de insuficiência cardíaca).
• FR – 15 a 35 rpm
• Temperatura retal – entre 38 e 39,5oC
Mucosa vulvar:
• Avaliar o tempo de repleção capilar (TRC)
• Secreções – secreções com cheiro intenso desagradável em período pós-parto indicam infeção pós-parto
• Se a zona perineal ao redor está suja ou limpa
• Etc.
Urina: é possível estimular a vaca a urinar, o que permite sempre usar uma tira de urina para avaliar os corpos cetónicos
(o facto de uma vaca estar em cetose poderá indicar que as necessidades energéticas não estão a ser satisfeitas, pelo
que se encontra em balanço energético negativo – vacas em pós-parto têm tendência a entrar em cetose).
O problema das tiras de urina que utilizamos é que elas não detetam todos os tipos de corpos cetónicos, apenas
detetam o acetoacetato, pelo que o melhor indicador será, por análise de sangue, determinar a presença de
betahidroxibutirado, corpo cetónico que surge mais cedo.
Cavidade torácica:
• Palpação
• Auscultação
• Percussão
└ O CORAÇÃO deve ser auscultado por 30 segundos, e deve ser avaliada a frequência, o ritmo, intensidade e
qualidade dos batimentos. Lembrando que a FC normal de um bovino adulto está entre 60 e 80 bpm.
└ VÁLVULAS CARDÍACAS: tricúspide do lado direito, pulmonar, aórtica e mitral auscultam-se do lado esquerdo.
└ Os PULMÕES devem ser auscultados em prol de ouvir sons respiratórios normais e perceber se existem sons
respiratórios anormais. Atenção região cranio-ventral.
No pescoço:
• Palpação da barbela, jugular, esófago cervical e traqueia
• Auscultação da traqueia
Na cabeça:
• Orelhas
• Olhos
o Corrimento ocular
o Pálpebras
o Mucosa conjuntival
o Anomalias da córnea
o Tamanho e posição do globo ocular – retração/afundamento do olho indica desidratação (enoftalmia).
o Reflexo pupilar
o Reflexo de ameaça e de obstáculos
o Estruturas profundas
• Seios nasais – frontal, cornual e maxilares.
o Som maciço à percussão do seio frontal à partida indicará complicações devido à descorna.
o No seio maxilar, alterações poderão estar relacionadas com a infeção de uma raiz dentária.
• Cavidade nasal
o Avaliar a existência ou não de corrimentos
o Regurgitação
o A mucosa
o Odor do ar expirado
o Igualdade das colunas de ar
• Cavidade oral
o Sialorreia
o Ptialismo
o Coloração e lesões da mucosa bucal
o Dentes
o Língua
o Faringe
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 31
• Linfonodos submandibulares e retrofaríngeos laterais (os mediais não se palpam, são internos)
• Lista de problemas
• Necessidade de realizar exames complementares?
⎯ Diagnóstico presuntivo
⎯ Diagnóstico definitivo
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 32
Situação anatómica do fígado – caudal ao diafragma, nos animais que o têm; na cavidade celómica de répteis e anfíbios.
O lóbulo clássico tem 6 espaços porta e 1 veia centrolobular. Cada espaço porta tem ramos da artéria e veia hepática.
Funções digestivas, de destoxificação, de síntese proteica, síntese de fatores de coagulação – leque funcional muito
amplo.
• Secreção de bílis.
• Formação e stock de glicogénio.
• Desaminação de aminoácidos e formação de ureia.
• Destruição de ácido úrico.
• Síntese de ácidos gordos.
• Armazenamento de vitamina A.
Capacidade funcional face a lesões – capacidade de aumentar a sua capacidade metabólica quando parte das suas
células está afetada. (NOTA: podem chegar a existir 2/3 de células hepáticas lesionadas, sem que haja sintomatologia visível, uma
vez que a atividade funcional hepática é compensada pelas células intactas).
Por vezes, em condições normais, o animal estará perfeitamente assintomático, mas, procedendo-se a uma prova de
esforço das funções hepáticas, percebe-se a existência de dano hepático – avaliação da funcionalidade hepática.
SÍNDROME ICTERÍCIA:
Presença de excesso de bilirrubina em circulação – hiperbilirrubinémia, que dá origem a uma síndrome, icterícia.
• Icterícia pré-hepática – associada muitas vezes a um aumento da hemólise. Presença de bilirrubina não
conjugada (BNC) na circulação, e hematócrito baixo. A nível de sintomas, não haverá bilirrubinúria, mas poderá
haver hemoglobinúria.
• Icterícia hepatocelular – associada a lesões hepatocelulares, insuficiência hepática. Aumenta a
bilirrubina não conjugada e ALT (enzima hepática) aumentada. NOTA: o aumento da ALT em circulação indica uma
alteração da permeabilidade celular dos hepatócitos. Não haverá bilirrubinúria nem hemoglobinúria; eventualmente
poderão haver alterações do fígado detetáveis por diagnóstico de imagem.
• Colestase – poderá haver obstrução ou oclusão parcial/total do fluxo biliar (por causas inflamatórias,
neoplásicas, parasitárias, litíase) ou distúrbios metabólicos (hepatotoxicidade, septicemia, atresia congénita).
Haverá um aumento da bilirrubina conjugada, bem como de sais biliares e fosfatase alcalina sérica, ou seja, dos
conteúdos da bílis (NOTA: um aumento da FAS não é patognomónico, também poderá existir em animais em
crescimento, gestantes, com processos de enterite, p.e.).
o Pode ser intrahepática – aumento de bilirrubina conjugada, ALT (aumento superior ao que se
verifica nos níveis de FAS) e eventualmente também bilirrubina não conjugada (devido à agressão da
parede dos hepatócitos por parte dos sais biliares – uma colestase intra-hepática pode levar a lesões
hepatocelulares, aumentando, como já visto, também a BNC).
o Ou extrahepática – aumento da bilirrubina conjugada e FAS. Não haverá necessariamente lesão
hepatocelular.
A síndrome icterícia caracteriza-se pela coloração amarela dos tecidos por impregnação de pigmentos biliares.
Causas, sumariamente:
• Lesões difusas (de mais de 2/3) das células hepáticas, a comprometer a capacidade metabólica do fígado
– icterícia hepatocelular.
• Processos obstrutivos ou oclusivos das vias biliares – icterícia obstrutiva.
• Associadas a hemólise, havendo excesso de formação de bilirrubina por aumento da destruição de
eritrócitos – icterícia hemolítica. NOTA: o fígado não será capaz de a conjugar toda, não devido a
insuficiência hepática, mas sim por excesso de bilirrubina. Haverá excesso de bilirrubina não conjugada.
02. BILLIRRUBINÚRIA – bilirrubina na urina (ausente na maioria das espécies; em bovinos, cães e gatos normalmente
apenas se encontram vestígios).
Causas:
• Icterícia hemolítica (conjugação renal ou lesão hepática secundária).
• Reações febris (cão e gato).
• Icterícias hepatocelulares e obstrutivas.
03. BILIVERDINEMIA – (em aves, falta de biliverdina redutase) é uma elevação rara, mas existe presença de uratos
corados de verde, nas afeções hepáticas.
Numa eventual colestase – os ácidos biliares permanecem no fígado, não vão para o intestino, e acabarão por, através da
veia hepática, refluir para a circulação sistémica.
Shunt portossistémico – os sais biliares que vão para o intestino e, através da veia porta, acabam por ser levados para a
circulação sistémica.
Insuficiência hepática – um animal insuficiente hepático (contando que a insuficiência hepática não o mate) terá maior
capacidade de produzir sair biliares do que assimilá-los quando retornam do intestino. Pelo que se gera um acúmulo.
05. AMÓNIA – é o produto neurotóxico da degradação/metabolismo das proteínas que se encontram na dieta. No caso
de insuficiência hepática, o fígado perde a capacidade de absorção da amónia e outras toxinas pelo que estas chegam à
circulação sistémica. No fígado, a amónia é transformada em ureia (um produto menos tóxico) que é excretada pelos
rins.
Produzida no trato GI pela degradação de aminoácidos e ureia, levada a cabo pela microflora; pelas células somáticas por
desaminação de aminoácidos. NOTA: nas aves, níveis sanguíneos superiores aos dos mamíferos.
Para dosear: separar o plasma de imediato, refrigerar a amostra e determinar em 15 a 30 min ou congelar o plasma até
48 h (caráter volátil da amónia).
→ Usar heparina amonia free.
Hiperamoniémia:
Insuficiência hepática – aumento da amoniémia com diminuição da urémia, contando que exista perda de 2/3 da massa
funcional hepática.
Shunts portossistémicos – a amónia deveria passar pelo fígado para ser transformada em ureia, no entanto, em vez
disso, vai diretamente para a circulação sistémica.
Presença de cristais de biurato de amónio da urina (amónia na urina devido a p.e. um shunt ou insuficiência hepática):
importância da prova de tolerância à amónia (dosear a amónia e perceber se está a ser degradada em ureia ou não).
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 35
06. FOTOSSENSIBILIDADE HEPÁTICA – filoeritrina (porfirina, fisiologicamente produzida por degradação da clorofila pela
microflora gastrointestinal dos herbívoros, é absorvida, removida pelos hepatócitos e excretada pela via biliar).
Muitas vezes, um dano hepáJco primário conduz a uma alteração de outros sistemas ou partes do corpo, como nos casos
de fotossensibilidade hepática, que aqui abordamos, em que se verifica o aparecimento de dermatites, principalmente
em regiões desprovidas ou pouco pigmentadas, tais como orelhas e faces laterais do úbere e das tetas: aquando de uma
insuficiência hepática, a filoeritrina entra na circulação sistémica e acumula-se na pele, libertando radicais livres sob ação
da luz solar → inflamação e necrose cutâneas.
Diminuído ou ausente: por obstrução biliar completa; diminuição da eritrólise; alterações da absorção intestinal; poliúria
(diluição do urobilinogénio); alterações da flora intestinal.
08. ESTERCOBILINA
Libertada em casos de lesão de hepatócitos (alteração de permeabilidade de membrana ou necrose) em cães e gatos.
Grandes animais apresentam baixa atividade de ALT nos hepatócitos, que não apresenta sensibilidade adequada como
marcador de lesão nessas espécies.
Enzima citoplásmica:
Alanina + Ác. α-cetoglutárico → Ác. Pirúvico + Ác. Glutâmico
O fígado é a fonte principal no cão, gato e primatas.
Pequenas quantidades fígado de equinos, bovinos, ovinos e suínos.
Localização hepatocelular; libertada por lesão aos hepatócitos. Eleva-se em menor magnitude que a ALT nos processos
agudos. Usada em grandes animais (ruminantes e equinos).
Enzima mitocondrial:
Ác. Aspártico + Ác. α-cetoglutárico → Ác. Oxalacético + Ác. glutâmico
A fonte principal é o músculo estriado → sem especificidade hepática.
Presente também no rim, pâncreas, cérebro, eritrócitos.
Aumentada:
No cavalo – quando o músculo estriado domina os níveis séricos; paralelamente relacionado com lesão hepática,
enfarte do miocárdio, afeções intestinais, septicemia.
Em bovinos e ovinos – miopatias (sobretudo com necrose); hepatopatias (necrose, cetose, congestão passiva,
abcesso).
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 36
No cão e no gato – miopatias; necrose hepática; miocardiopatias (miocardite, enfarte, insuficiência); fármacos,
como salicilatos, corticoides, estrogénios, antibióticos..., fenotiazina, halotano.
Participa nos processos bioquímicos de transporte de açúcares e fosfato, em todos os tecidos que utilizam a glucose para
produção de energia. Pouca especificidade hepática.
Enzima microssomal: sobretudo intracelular.
Fontes principais: condroblastos e osteoblastos; sistema hepatobiliar; mucosa gastrointestinal; túbulos renais; baço;
placenta.
Aumentada:
Devido a processos de ossificação e osteólise
└ Crescimento
└ Osteossíntese pós-fratura
└ Gestação
└ Osteomalácia
└ Hiperparatiroidismo
Patologia hepatobiliar
└ Colestase (intra- e extra-hepática)
└ Necrose hepática
└ Degenerescência gorda (diabetes, hipotiroidismo)
└ Congestão passiva
└ Lesões hepáticas infiltrativas
Afeção renal
Afeção gastrointestinal
Fármacos
└ Corticoides, fenotiazinas, estrogénios e androgénios, eritromicina.
Sorbitol → glucose
Pouca especificidade hepática para a maioria das espécies.
No cavalo é a enzima de eleição para a avaliação de lesões hepáticas.
Mitocondrial.
Já tem maior especificidade hepática, e, inclusive, no bovino tem maior sensibilidade para detetar lesões hepáticas que
as transaminases.
07. ARGINASE
Tem especificidade hepática maior, porém, sem valor diagnóstico superior ao da ALT, exceto em grandes animais.
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 37
Aumentada: devido a possível lesão hepatocelular, obstrução biliar, neoplasia, amiloidose, degenerescência
granulomatosa.
Contraindicações: hiperbilirrubinémia.
02. COLESTEROL
Hipercolesterolemia:
Devido a colestase (intra e pós-hepática)
Ou por causas não hepáticas:
└ Diabetes
└ Síndrome de Cushing
└ Hipotiroidismo
└ Síndrome nefrótico
└ Gravidez
Pouco específico.
Hipoproteinemia geralmente associada a diminuição da albuminémia.
03.2. ALBUMINÉMIA:
Semivida plasmática da albumina corresponde entre 7 e 10 dias → normoalbuminemia nas afeções hepáticas agudas.
Diminuída: devido a lesão hepática difusa crónica (sobretudo cirrose); nefropatia (com albuminúria); fome e
desequilíbrios nutricionais; processos digestivos (má digestão ou absorção); parasitismo intestinal; queimaduras e
efusões proteicas extensas; inflamação e dermatite exsudativa intensa; gluconeogénese (diabetes, síndrome de
Cushing); hemorragia.
03.3. GLOBULINÉMIA:
04. GLICEMIA:
Passam a verificar-se alterações da homeostase glicémica a partir de uma redução igual ou superior a 70% da massa
funcional hepática.
Redução da função de reserva de glucogénio e clearance da insulina → conduz a uma rápida hipoglicemia.
Poderá ainda verificar-se prolongamento da hiperglicemia pós-prandial por diminuição da assimilação hepática de
glucose.
05. HEMOSTASE:
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Diminuição da síntese hepática de fatores de coagulação dependentes da vitamina K (II, VII, IX e X, entre outros) por
perda de massa hepática funcional. (Semivida plasmática pequena, pelo que existirá uma deficiência notória nas afeções
agudas).
Redução da atividade dos fatores de coagulação em 30% → aumento dos tempos de protrombina e de tromboplasJna
parcial ativada.
SÍNDROME ICTERÍCIA – já brevemente abordada, consiste na aquisição de coloração amarela por parte dos tecidos,
devido à impregnação de pigmentos biliares.
ICTERÍCIA HEPATOCELULAR – também como já mencionado, devido a alterações difusas lesando mais de cerca de 2/3 do
parênquima hepático.
Causas:
• Hepatites infecciosas (víricas, bacterianas). Lembrando – principais enzimas hepatocitárias
• Hepatites tóxicas (barbitúricos, micotoxinas, fármacos). aumentadas quando há estas lesões hepatocelulares:
• Cirrose hepática. • ALT (alanina aminotransferase) e AST (aspartato
• Congestão hepática (p.e. estase por insuficiência aminotransferase)
cardíaca). • Desidrogenase glutâmica – bovinos.
• Sorbitoldesidrogenase – equinos.
Hiperbilirrubinémia não conjugada (indireta*).
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 39
Fezes tendencialmente pouco coradas (devido a menor quantidade de bilirrubina conjugada a chegar ao intestino para
ser degradada em pigmentos intestinais).
(*) O nome direto ou indireto para referir a bilirrubina conjugada e a não conjugada (respetivamente) relaciona-se com o método
de diagnóstico: no sangue, doseamos a bilirrubina conjugada diretamente (porque é hidrossolúvel), sem que haja qualquer
manipulação da amostra; para determinar a não conjugada é necessário fazer um processamento da amostra, normalmente com um
reagente alcoólico, que solubiliza a bilirrubina não conjugada, para que possa ser doseada juntamente com a conjugada (doseamos
as duas em conjunto, sem distinção entre elas); posteriormente, por cálculo matemático, calcula-se a não conjugada isoladamente,
daí ser considerada indireta.
ICTERÍCIA OBSTRUTIVA – existência de uma obstrução que impede a passagem da bilirrubina conjugada passe para o
intestino, isto é: ocorre estase biliar a montante do obstáculo, seja ele qual for, e isso causará alteração da
permeabilidade dos canalículos biliares. Há refluxo biliar e, por consequência, aumento da bilirrubinemia conjugada e
direta.
Sintomas:
• Pele e mucosas – cor amarela, quase esverdeada.
• Cardiovasculares – bradicardia.
• Intestinais – esteatorreia com fezes descoradas (diminuição da absorção de gorduras, incluindo vitaminas
lipossolúveis).
• Inicialmente, as provas hepáticas hão de surgir normais.
NOTA: Um processo de icterícia obstrutiva pode causar lesões hepatocelulares, havendo por isso agravamento da
icterícia.
Causas:
• Heteroanticorpos (= antiespécie) ou isoanticorpos eritrocitários.
• Agentes infecciosos e parasitários.
• Produtos químicos hemolíticos (tóxicos).
Sintomas:
• Hiperbilirrubinemia indireta.
• Colémia sem colúria.
• Sem colalémia nem colalúria.
• Anemia com aumento de reticulócitos.
• Pele e mucosas – palidez/amarelecimento.
• Intestinais – fezes intensamente coradas (devido ao aumento da bilirrubina conjugada e aumento de
estercobilinogénio).
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 40
Além da síndrome icterícia, outras afeções hepáticas podem ocorrer, entre elas:
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA:
Ocorre quando há uma lesão intensa generalizada, afetando mais de 2/3 do parênquima hepático (menos do que isso, os
hepatócitos são capazes de aumentar a sua atividade para compensar):
Causas:
• Víricas (HIC,PIF)
• Bacterianas (Leptospirose, abcesso, sepsis,...)
• Fúngicas (sistémicas – histoplasmose)
• Tóxicas (aflatoxinas, metais pesados,...)
• Medicamentosas (halotano, ketoconazole, tetraciclinas, mebendazole, griseofulvina,...)
• Nutricionais
• Biliares obstrutivas
• Vasculares (choque, hipotensão arterial, shunts portossistémicos).
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA e HEPATITE AGUDA – quando uma súbita agressão hepática causa pelo menos 70 a 80% perda
de massa funcional, excedendo a reserva funcional e produzindo sinais clínicos de insuficiência hepática.
Sintomas clínicos e laboratoriais: inespecíficos de causa – deficiências metabólicas ao nível de glúcidos, gorduras,
proteínas, destoxificação e excreção de drogas, toxinas e metabolitos, hemostase.
HEPATITE CRÓNICA – engloba um conjunto de afeções inflamatórias e necróticas do fígado. Tende a evoluir para cirrose.
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Raças caninas com predisposição hereditária: WHWT, Bedlington Terrier, Doberman, Cockers, Skye Terrier, Labrador
Retriever, Caniche.
Sintomas clínicos e laboratoriais: Hepatite crónica, ativa ou não. Acumulação de α1-antitripsina nos hepatócitos
(importante na génese da cirrose?).
A realização de biópsia é essencial ao diagnóstico e prognóstico de uma hepatite crónica, com provável reversibilidade
ou progressão para uma cirrose.
Sintomatologia: instalação brusca ou insidiosa e reversível, e evitável com a recuperação da condição funcional hepática;
alguns animais ficam mentalmente deprimidos e letárgicos de forma crónica, outros assintomáticos entre exacerbações;
astenia, anorexia, vómito, polidipsia, ptialismo, letargia, depressão, desorientação, agressividade, andar errante ou em
círculos, colapso, coma.
Histopatologia: edema cerebral vasogénico, alterações da permeabilidade vascular e das bombas de membrana.
Patogenia: quando o normal fluxo sanguíneo venoso abdominal, através da veia porta, fígado e veia cava, até ao coração
direito, está comprometido.
Pode ser:
• pós-hepática;
• hepática;
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• pré-hepática.
Causas hepáticas:
• Alteração da proteinémia
o Diminuição da relação albumina/globulina.
o Diminuição da pressão oncótica.
• Dificuldade na circulação de retorno pela veia porta (obstáculos supra-, intra- ou sub-hepáticos).
o Aumenta a pressão hidrostática.
Sintomatologia: varizes abdominais, meteorismo, diarreia, taquipneia, oligúria, edemas, abdómen dilatado com macicez
de nível horizontal.
Diagnóstico:
1. Existência de líquido peritoneal?
2. Natureza do líquido – transudado/exsudado.
3. Causa.
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REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA:
Relembrar que o pâncreas é constituído por uma componente exócrina (auxiliar na digestão) e endócrina (hormonal,
sobretudo ligada à glicose).
FUNÇÕES:
Endócrina – metabolismo glucídico.
Exócrina – digestiva.
PÂNCREAS EXÓCRINO
Suco pancreático rico em enzimas, entre elas proteases, amílase, maltase e lipases.
Proteases:
Tripsina – segregada na forma de tripsinogénio e ativada pela enteroquinase;
Quimiotripsina - segregada na forma de quimotripsinogénio;
Carboxipeptidase - para proteínas de grandes dimensões;
Nucleases;
Tripsina + Quimiotripsina + carboxipeptidade + nuclease - forma o complexo proteolítico pancreático;
Elastase e colagenase: digerem tecido elástico e colagénio;
Amilase: transforma amido em dextrina, e posteriormente em maltose e glucose.
NOTA: numa situação em que se “perca” o pâncreas além de ter de administrar insulina é necessário fornecer ao animal
as enzimas digestivas.
As enzimas encontram-se sob uma forma não ativa no pâncreas (a ativação enzimática intra-pancreática leva a uma
pancreatite aguda – há autodigestão); são posteriormente ativadas, ao chegarem ao meio intestinal.
Alterações de hipercloridia causam, não só alterações gástricas, mas também a nível intestinal, uma vez que haverá
dificuldade em tamponar a acidez proveniente do estômago.
• Predisposição hereditária – algumas linhas genéticas com predisposição a pancreatites, certas neoplasias.
Etiopatogenia:
A causa mais frequente é a atrofia acinar, sendo de considerar que existem raças com maior predisposição para tal
(Pastor Alemão, Collie, Setter Inglês); pode, em alternativa, dever-se a pancreatite crónica com extensa destruição de
ácinos secretores, do estroma (com fibrose) e dos ilhéus de Langerhans (por vezes); ou então, também devido a
neoplasias.
Fisiopatologia:
Insuficiência pancreática exócrina pode estar relacionada com a falta de enzimas digestivas.
PANCREATITE AGUDA
Consiste em inflamação aguda ou hiperaguda do pâncreas, com ativação de enzimas intracelulares e rápida
autodigestão.
Etiologia:
• Idiopática
• Predisposição genética
• Trigliceridémia
• Dieta
• Obesidade
• Trauma
• Isquémia
• Farmacológica
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Fisiopatologia:
Alteração da permeabilidade dos canais pancreáticos, fazendo com que haja extravasamento do suco pancreático com
proenzimas para o interstício do órgão, eventualmente para o peritoneu e estruturas adjacentes.
O facto de as enzimas se encontrarem em estruturas que não o pâncreas vai promover a sua ativação (tripsinogénio →
tripsina) e ocorrerá autodigestão enzimática. Libertação de histamina e consequente vasodilatação com aumento da
permeabilidade capilar → congestão → colapso circulatório
A posterior passagem do exsudado sanguíneo rico em enzimas para o peritoneu irá desencadear uma peritonite;
desencadeiam-se processos autodigestivos em vários órgãos do organismo, o que vai levar a uma reação inflamatória
sistémica (verificando-se hipotensão, agravamento do colapso circulatório, estado febril, etc.).
Alterações laboratoriais:
Leucocitose com neutrofilia, monocitose (os monócitos aumentam, porém de forma mais discreta que os neutrófilos)
Aumento do hematócrito e das proteínas totais (vómitos, diarreia, febre levam a perdas de água, desidratação),
trombocitopenia (há processos hemorrágicos ou potencialmente hemorrágicos, pelo que há maior ativação das
plaquetas para os contrariar), vitamina K diminuída (porque é usada na síntese de fatores de coagulação) hiperglicemia
associada ao processo inflamatório, aumento da amílase e lípase em circulação, azotemia, ALT, FAS, bilirrubina (tudo
aquilo que são enzimas de outros órgãos também estarão aumentadas devido à lesão dos mesmos).
NOTA: HEMATÓCRITO e PT aumentam quando há desidratação.
PANCREATITE CRÓNICA
Inflamação progressiva do pâncreas (com maior ou menor grau de reversibilidade), ou então processo insidioso,
resultante de uma recuperação não completa de uma pancreatite aguda; crónica, mas também pode agudizar.
Existência de alterações funcionais e alterações orgânicas.
Etiologia:
• Inflamação primária ou remanescente de processos agudos.
• Processos imunomediados e autoimunes.
• Diarreias (esteatorreia),
• Náuseas e vómitos,
• Dor localizada,
• Anorexia,
• Emaciação progressiva,
• Subicterícia
Anatomopatologia e histopatologia:
Histologicamente, observam-se alterações irreversíveis da arquitetura: fibrose, e infiltração por células mononucleares
(linfócitos).
Alterações laboratoriais:
Hiperamilasémia: numa pancreatite, pode verificar-se um aumento de 3-4x, até 7-10x em 12-48h.
Associada a processos de degenerescência acinar ou mesmo de necrose pancreática.
Pode também ter origem na obstrução de ductos pancreáticos, ou então o próprio processo inflamatório pode
levar a essa obstrução (pode estar na origem ou ser uma consequência).
Afeção renal, gastrointestinal, hepatobiliar.
A corticoterapia continuada também leva alterações a nível do metabolismo celular do organismo e, em
consequência, pode resultar numa predisposição para a pancreatite.
Outras causas: afeção renal, corticoterapia, peritonite, gastrite, obstrução intestinal, manipulação visceral em
laparotomia*, afeção hepática e neoplasia (desconhece-se a fonte da lípase aumentada – Duncan & Prasse, 2011);
carcinoma hepático (desenvolvimento de massa que faça compressão sobre o pâncreas e respetivos canalículos) e
pancreático.
NOTA (*): Quando se fazem cirurgias abdominais, é necessário ter cuidado de preservação das estruturas, sob risco
de causar algum dano manipulativo – causa iatrogénica de uma pancreatite.
Estes péptidos podem não estar tão aumentados quanto seria de esperar em situações de pancreatite – recorrer a
ambos, TLI e CPLI para diagnóstico, e os próprios doseamentos da amílase e lípase pancreática.
PÂNCREAS ENDÓCRINO
Composto por ilhéus de Langerhans, constituídos por células produtoras de hormonas (sendo a insulina a mais
importante destas*). Esta porção glandular endócrina do pâncreas funciona em estreita relação com a circulação.
Células α – glucagon.
Células β – insulina.
Células Δ – somatostatina (efeito endócrino, com papel regulador da libertação de insulina).
Células PP – polipéptido pancreático (efeito exócrino – antagonista da CCK, inibindo a secreção pancreática e
estimula a secreção gástrica).
NOTA (*): Tanto que quando há necessidade de retirar o pâncreas, aquilo que é necessário suplementar é sobretudo insulina.
INSULINA: hormona com efeito hipoglicemiante. É produzida em resposta a concentrações elevadas de glicose na
circulação (hiperglicemia), promovendo a permeabilidade da membrana celular à glicose e a glucogénese,
primordialmente sobre o fígado, músculo esquelético e gordura. Por oposição, o glucagon tem efeito hiperglicemiante.
Não é, contudo, necessária para a translocação de glucose para o interior de eritrócitos, neurónios, enterócitos, células
β, células tubulares renais e células do cristalino.
Há hipoglicémia quando há uma falha no feedback negativo células β – não cessa a produção de insulina e continuam a
reduzir os níveis de glicose em circulação.
BREVE REVISÃO da atividade metabólica da insulina e de outras hormonas com efeitos opostos:
INSULINA GLUCAGON GLUCOCORTICOIDES CATECOLAMINAS SOMATOSTATINA PROGESTERONA
Efeito Efeito Promovem a Aumentam a Inibe a secreção de Oposição à insulina
hipoglicemiante. hiperglicemiante. gluconeogénese, a gluconenolise, a glucagon e insulina. ao estimular a
Promove a glucogénese, a gluconeogénese e secreção de
glucogenolise lipólise e inibem a a hormona de
hepática e a síntese de proteína lipólise. crescimento pelo
gluconeogénese,
muscular. epitélio dos ductos
elevando o nível de
mamários.
glucose circulante.
Lipólise, cetogénese.
DIABETES MELLITUS
NOTA: abordamos de forma simplificada (bases).
Tipo I – há falta de produção de insulina, podendo ser devida a uma alteração destrutiva das células β, com progressiva
(ou rápida, p.e. quando há uma agressão autoimune) perda de produção de insulina. Predisposição genética comum no
cão.
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DMID (insulino-dependente) – há uma perda intensa e brusca da produção de insulina, sendo necessário fornecer
insulina.
DMNID (não-dependente) – há uma perda de produção gradual ou primeiras fases, sendo possível estimular a produção
de insulina em vez de administrar insulina exógena, recorrendo a fármacos hipoglicemiantes não insulínicos (na verdade,
nos nossos animais, os únicos casos em que recorremos a isto são em aves; nos mamíferos domésticos, normalmente
conseguimos regular situações de diabetes NID através de uma dieta equilibrada, com glúcidos de libertação lenta; se for
ID, com administração de insulina).
NOTA: fármacos com substâncias hipoglicemiantes não insulínicas não revelaram bons resultados nos mamíferos
domésticos – picos de hipoglicemia muito extremos.
Podemos ter uma secreção de insulina baixa, normal ou aumentada (aumentada quando há alteração dos recetores ou
produção de insulina alterada – continua a haver hiperglicemia e o há tentativa de compensar, produzindo mais insulina).
Disfunção das células beta – a insulina produzida não é eficaz, sendo o problema resolvido com administração de doses
de insulina exógena (DMID).
Sintomatologia:
• Polidipsia
• Poliúria hiperdensa (mas não mais escura) e glucosúria – a glicemia aumenta para além do limiar de absorção e a
glucose persiste nos tubos contornados, apresentando ação osmótica.
• Polifagia
• Emaciação
• Desidratação
• Hepatomegalia com esteatose
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 49
Alterações laboratoriais:
• Hiperglicemia
• Glucosúria
• Cetonúria
• Proteinúria
• Acidémia
• Hiperlipémia
• Prova / curva de glicemia
• gHb e frutosamina (*)
Frutosamina é o composto que se liga a proteínas plasmáticas (designadamente a albumina) – a glucose ao ligar-se aos
grupos aminados dos aminoácidos das proteínas, vai formar um grupo frutose.
Quando há dificuldade em determinar a hemoglobina glicada, podemos avaliar a frutosamina em circulação, cujos níveis
elevados significam que, no período prévio de 5/6 dias antes, houve sistematicamente níveis de glicémia elevados,
resultando numa maior ligação da glucose à albumina.
Diagnóstico diferencial:
• Nefropatias
• Hiperadrenocorticismo
• Polidipsia não diabética
• Diabetes insípida (↓ ADH ou recetores T. Contornados)
HIPERINSULINISMO
Etiologia: neoplasias de células β funcionais – podem produzir insulina funcional, para além de outras hormonas.
Dentro da prática clínica, muito frequentemente, é necessária a realização de diagnósticos complementares para
conseguir um diagnóstico completo.
Citologia – analisa-se conteúdo proveniente de punção aspirativa de agulha fina. Perde-se a arquitetura do tecido, apesar
de estarem presentes os mesmos tipos de células. (Tem a vantagem de ser rápido).
Histologia – a arquitetura dos tecidos mantem-se nos cortes observados. (Processo mais demorado).
IDENTIFICAÇÃO DE AMOSTRAS:
• Remetente
• Proprietário
• Animal (resenho)
• Material (tipo, momento da colheita e conservação)
• Determinações requeridas (hematologia, bioquímica, bacteriologia, etc.)
• Elementos clínicos.
A urina do bovino, no momento da recolha, é límpida. Com o arrefecimento, precipita carbonato de cálcio e torna-se
turva.
A urina do cavalo é sempre turva, mesmo aquando da colheita.
COLHEITA DE AMOSTRAS:
✓ O que colher? Sangue, urina, fezes, cerúmen, líquido cefalorraquidiano, líquidos de derrame, transudados,
exsudados, tecidos de biópsia ou exérese, pelos, penas, raspados cutâneos.
✓ Técnica de colheita
✓ Material
└ COLHEITA DE SANGUE:
Espécie Onde?
Bovinos Veias jugular, coccígea.
Equinos Veia jugular
Pequenos ruminantes Veia jugular
Porcos Adultos Veias jugular e marginal da orelha.
Leitões Veias cefálica, safena e jugular.
Cão e gato Veias cefálica safena e jugular.
Aves Veia cubital, tarso-metatársica, jugular direita, coração e pela via cervical.
(as veias, no geral, não são muito boas para a colheita de sangue)
Utilização de material bem lavado, passado por água destilada e seco, ou, preferencialmente, material descartável.
Plasma – sobrenadante do centrifugado de sangue (cerca de 500g, 10 min) com anticoagulante (90% água + 10%
substâncias em solução).
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Soro – sobrenadante sanguíneo, após coagulação (= plasma sem fibrinogénio nem protrombina, com trombina).
Volumes previstos, por cada 10 ml sangue:
• Equídeos = 5-6 mL
• Suínos = 5 mL
• Bovinos = 3-5 mL
• Cão = 4-5 mL
NOTA: Plasma ≠ Soro: o plasma é a fração líquida do sangue com fibrinogénio, e o soro sem.
Estabilidade por poucas horas Velocidade de sedimentação (VS), amoníaco, bilirrubinas, glucose, SDH.
Hemoglobina, creatinina – até 24h.
Estabilidade a +4oC
Ureia, triglicéridos – 2 a 3 dias.
A maioria dos parâmetros aguentam várias semanas (exceções: hemoglobina,
Estabilidade em congelação (-20oC)
LDH, SDH).
p.e. amónia é muito volátil, evapora rápido; a bilirrubina é um pigmento fotossensível, degradando-se se deixada à luz.
NOTA: cuidado com a apresentação das amostras: tampas mal fechadas = fonte de contaminação.
Soros hemolisados ou hiperlipémicos interferem na determinação de proteínas totais, glucose, lípidos totais,
colinesterase.
Soros hemolisados interferem na determinação de colesterol, fosfatase alcalina, bilirrubina, creatinina, ferro, ALT, AST,
LDH, ureia, fósforo inorgânico.
Citrato de sódio (38 mg/mL/sangue): apenas para VS. Inadequado para provas com participação de iões Na, K, Ca e Mg
(creatinina, ferro, lípidos totais, glucose e ácido úrico).
• Contagem – hemograma; utiliza-se EDTA em vez de heparina sódica, fazendo com que os eritrócitos adotem uma
conformação esférica sem que o volume se altere (esferificação isovolumétrica), e tornando assim a contagem
mais fiável.
• Doseamentos de anticorpos
• Complement function tests
• Provas da função celular – ao utilizar sangue, é necessário que ele não coagule; usa-se, para tal, heparina sódica
como anticoagulante (menos tóxica; impede o desdobramento da protrombina em trombina e não coagula).
• Provas bioquímicas – baseadas em reações enzimáticas. Utiliza-se soro; com plasma, as provas estão limitadas à
utilização de anticoagulante que se use (utilizar heparina).
└ Se as provas bioquímicas são de base enzimática, há 3 cuidados a ter:
• pH da amostra
• temperatura
• se o paciente comeu ou não antes (p.e. valores de glucose; lipidémia, que interfere nas determinações)
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 53
• É importante saber de alguma eventual toma de fármacos do paciente (p.e. inibidores enzimáticos poderão
comprometer algumas provas).
• Via de administração intramuscular e enzimas músculo-específicas.
• Outras condicionantes: alimentares, ambiente, exercício físico.
SEGURANÇA:
CONTROLO DE QUALIDADE:
Hemograma: faz-se contagem de leucócitos (brancos totais, linfócitos, neutrófilos, basófilos, monócitos; e depois faz
uma conta percentual*), eritrócitos, constantes eritrocitárias, dosear hemoglobina.
(*) Existem variações da quantidade total de leucócitos, mas a proporção tem muito a ver com o tipo de afeção.
Citometria de fluxo: técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas microscópicas suspensas em meio
líquido em fluxo. Basicamente, as células passam “em fila indiana” umas atrás da outras por um fluxo laminar, no
meio de uma luz laser e um fotodetetor. Se uma célula for maior, faz uma sombra maior, sendo assim detetada.
Forward scatter.
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Particularidades morfológicas dos diferentes tipos de células são identificadas por outros detetores, laterais, que
captam as dispersões da luz (refratada) que derivam das variações morfológicas das células. Side scatter.
Situação não fisiológica – situações em que eritroblastos (eritrócitos imaturos mais pequenos) são alocados, e máquinas
mais simples não os distinguem, contabilizando-os como linfócitos. Máquinas mais modernas até chegam a dar a
informação (alarme) de possibilidade de presença de eritroblastos. Fazer um esfregaço e contar 100, descontando à
contagem de linfócitos a proporção de eritroblastos para aí sim obter um valor correto.
Hematócrito por centrifugação, usando tubos capilares (microhematócrito): é um método melhor, mais preciso porque
dá exatamente o volume de células no volume de sangue (o outro método, do contador hematológico é apenas uma
amostra, sabe o volume de sangue e sabe a diluição, depois multiplica a contagem para fazer a proporção – está sempre
sujeito a erros de calibração da máquina).
Síndrome diarreia: consistência das fezes diminuída, aumento da frequência das defecações, cor poderá ser amarelada.
Podemos ter diarreia por má digestão, consequentemente, má absorção; enterite.
2.2.1.2. Observar ao microscópio com a objetiva de 40x. Gotículas de gordura não digerida presentes
aparecem com dimensões variáveis, refringentes, coradas de laranja avermelhado. Mais de 3 a 5
gotículas sudanófilas/campo significam esteatorreia.
2.2.2. Gorduras digeridas – ácidos gordos livres (significa que ou houve digestão e não absorção; ou que o
animal tem, p.e. um problema de pele e está a fazer tratamento com ácidos gordos, como ómega-3 e
tem excesso derivado disso).
2.2.2.1. Misturar pequeno volume de fezes com igual volume de solução de ácido acético a 36%, sobre
uma lâmina.
2.2.2.2. Juntar algumas gotas de solução de Sudan III ou IV e cobrir
com uma lamela.
2.2.2.3. Levar a suspensão à ebulição 2/3 vezes, por passagem à
chama.
Faz-se uma suspensão com lugol (extrato aquoso de iodo; cora o amido de azul, e como
é denso, fica muito escuro, quase preto), e o amido, quando presente, surge na forma de
grânulos negros azulados. NOTA: a ingestão de papel pode originar falsos positivos. A
interpretar em conjunção com outros testes de má digestão.
Efetua-se apenas em animais com dieta cárnea (manda-se o tutor dar carne crua ao animal). Se tiver um défice
proteolítico, vão surgir fibras musculares não digeridas nas fezes.
Importante o uso de fezes recém-emitidas, porque senão a ação da tripsina pode ser confundida com a das protéases
bacterianas, conduzindo a resultados erróneos.
1. Diluição, nunca mais de 1g de fezes (muito frescas ou congeladas) para 10 de solvente, em bicarbonato de sódio
a 5%. O objetivo é alcalinizar a massa fecal diluída porque a tripsina funciona a pH 8,3.
2. Juntar 1mL da suspensão fecal a 4mL de gelatina a 5%, aquecida a 37oC (primeiro funde-se a gelatina, depois é
que se leva aos 37oC).
3. Incubar 1h a 37oC, e mais 20 minutos a 4oC – inicialmente, a 37oC para potenciar a atuação da tripsina,
posteriormente, os 4oC servem para que a gelatina, caso não tenha sido digerida, gelifique.
A não gelificação da mistura indica a presença de protéases fecais. A principal é a tripsina (presente nas fezes em
condições fisiológicas) → se houver uma deficiência pancreática exócrina, a amostra fica sólida; se houver presença de
tripsina, a amostra fica líquida.
NOTA: como mencionado, também as enzimas proteolíticas bacterianas estão presentes nas fezes, que se não frescas, podem
atingir teores capazes de falsear os resultados. As fezes podem ser diluídas até 1:2000 para confirmação da presença de tripsina.
Após administração intravenosa, a BSP liga-se à albumina sérica, sendo captada pelo fígado e eliminada pela via biliar.
Contudo, em situações de insuficiência hepatocelular (p.e. hepatite, cirrose, intoxicações, esteatose ou estase
circulatória), a taxa de eliminação da BSP diminui, persistindo uma concentração sérica mais elevada que seria de
esperar para os tempos de determinação padrão.
Assim sendo, este teste permite avaliar a capacidade excretora hepatocelular, sendo de especial interesse nas afeções
pré-ictéricas.
PROTOCOLO:
1. Cateterizar uma veia e colher uma amostra de sangue para tubo seco ou com gel retractor, antes da
administração da BSP.
2. Pelo mesmo cateter, administrar a dose adequada de solução de BSP (lipossolúvel, dada com solvente
hidrossolúvel; a suspensão deve ser muito bem homogeneizada antes da administração).
Dose:
Em grandes animais = 5 mg/Kg de peso vivo.
Em cães = 2 mg/Kg de peso vivo.
3. Cateterizar outra veia e proceder às colheitas de sangue para doseamento no soro:
Equino e bovino – aos 3 e 15 minutos após a administração.
Cão – aos 3 e 30 minutos após a administração.
NOTA: 3 minutos → concentração máxima em circulação.
30 minutos → fisiologicamente, não deverá existir mais que 10% em circulação.
4. Deitar 1 mL do soro obtido de cada amostra (aos 0, 3 e 30 minutos, no caso do cão) em cada um dos tubos de
ensaio.
5. Adicionar a cada tubo 8 mL de soro fisiológico e 0,5 mL de hidróxido de sódio a 10%. Homogeneizar.
6. Medir as extinções em espetrofotómetro com comprimento de onda de 578 ou 580 nm, tendo como absorção 0
a da amostra antes da administração da BSP.
Semiologia Médica I – Bárbara Laranjo (2023/24) 57
6.1. Em alternativa, em caso de necessidade por indisponibilidade de um espetrofotómetro, a leitura pode ser
efetuada por método visual simples (à vista desarmada) ainda que a mensuração assuma um caráter pouco preciso
(apenas se é positivo ou negativo).
Protocolo alternativo:
Após a separação das amostras de soro, adicionam-se diretamente (ao soro) algumas gotas de uma solução de NaOH a
10%.
Se ocorre apenas turvação significa que a retenção da BSP se encontra entre 10 e 20% (limite fisiológico máximo), em
retenções superiores, a amostra cora de violeta.
Esta técnica pode apresentar resultados falsos, positivos ou negativos, sobretudo nas seguintes situações:
O pH ruminal depende da composição e quantidade de ácidos gordos voláteis (AGV) produzidos, da sua absorção e da
produção de saliva (também importante, rica em substâncias tampão: fosfato e bicarbonato).
A proporção das concentrações ruminais dos ácidos acético (C2), propiónico (C3) e butírico (C4) varia:
→ 70:20:10 em dietas ricas em alimentos fibrosos.
→ 60:30:10 em dietas ricas em alimentos concentrados.
NOTA: pode estar presente ácido láctico em situações de acidoses subagudas graves.
Uma dieta com elevada concentração energética produz uma quantidade total de AGV superior à obtida com uma ração
rica em fibras.
O pH tende a baixar quando as dietas são mais ricas em alimento concentrado, pelo que bovinos de engorda
(tendencialmente mais suplementados com dietas ricas em concentrado, cujo principal elemento é o amido, muito
frementescível) têm um pH fisiológico mais ácido.
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Aumento do consumo de carboidratos estruturais (celulose, Aumento do consumo de carboidratos não estruturais (amido e
hemicelulose, pectina e lenhina) estimula o crescimento e açúcares solúveis) estimula o crescimento e a multiplicação de
multiplicação de microrganismos celulolíticos (capazes de microrganismos amilolíticos, com fermentações propiónicas e
degradar a celulose), com fermentações predominantemente butíricas (ou mesmo láticas se pH < 5,5), o que estimula menos
acéticas e maior produção de saliva → aumento do pH ruminal. a produção de saliva → diminuição do pH ruminal.
A temperatura ruminal ronda os 38 a 42 oC, mantendo-se próxima da temperatura corporal devido aos mecanismos
termorreguladores do animal, e correspondendo a valores adequados à multiplicação dos microrganismos ruminais.
A osmolaridade ruminal é normalmente de 280 mOsm/L (ronda os 240-300 mOsM), sendo, portanto, inferior à do
plasma e líquido extracelular (300mOsm/L). NOTA: fisiologicamente, o fluxo osmótico de água é para fora do rúmen.
População microbiana do rúmen: densa população microbiana, variável na sua composição e número, em função,
sobretudo, do regime alimentar. Estéril à nascença, o rúmen começa a ser povoado desde o nascimento por bactérias e,
mais tarde, protozoários e fungos, apresentando o vitelo, uma população microbiana normal às 6 semanas.
Importante reter que todos os microrganismos no rúmen são anaeróbios (estritos, se bactérias):
NOTA – ACIDOSES:
Quando surgem, estas situações devem ser abordadas num contexto de “medicina de grupo”, é provável que existam
mais animais afetados, devido ao arraçoamento do alimento.
NOTA2: Protozoários têm capacidade de degradar alguns substratos que as bactérias não, sendo, por isso, muito
importantes.
COLHEITA:
• Aspiração por sonda – há possibilidade de contaminação por saliva, o que faz aumentar o valor de pH (face ao
pH ruminal real).
• Ruminocentese – o volume recolhido será menor, mas o pH correto (sem contaminação).
A que animais?
2 grupos (de 6 animais, se possível)
Vacas no peri-parto: máximo 20 dias de ração de lactação.
Vacas adaptadas à ração de lactação: 45 – 150 dias de lactação.
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NOTA: Vacas em peri-parto têm uma maior tendência a desenvolver acidoses já que, perto do pico da lactação, são
tipicamente alimentadas com alimento muito concentrado – é importante estarmos atentos às mais discretas
manifestações (que muitas vezes até são subclínicas) a nível metabólico, seja acidoses e/ou hipocalcemias.
Através de uma tira de papel indicador (limites de 4,0 a 7,0), ou potenciómetro de pH, portátil.
Deve ser avaliado o mais rápido possível após a colheita.
Há sempre uma parte do azul de metileno que não é reduzida – isto porque as bactérias são anaeróbias e essa porção
mais superficial encontra-se em contacto com o ar.
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• Exame à vista desarmada – observação apenas de grandes protozoários (230 μm) vivos.
• Exame à lupa – protozoários pequenos, médios, grandes vivos.
• Exame ao microscópio (baixa ampliação) – observação de protozoários ciliados e flagelados, vivos ou mortos.
Vitalidade dos protozoários: os protozoários médios são os últimos a morrer; entre os pequenos e os grandes existe
alguma discordância a nível bibliográfico. De acordo com a apresentação: 1º pequenos, 2º grandes, 3º médios.
Se o pH por inferior a 5 haverá destruição completa da microfauna ruminal, não vamos ter protozoários visíveis neste
teste uma vez que estarão mortos devido à acidose.
O líquido ruminal caracterizar-se-á por uma cor cinzento-esbranquiçada, com cheiro doce e ácido (semelhante a leite
azedo, devido às fermentações que estão a ocorrer), consistência aquosa e muito fluída e sedimentação muito rápida.
Ao nível dos caracteres químicos, o fluido terá pH ácido, devido ao aumento do ácido láctico.
Microbiologia: predomínio de organismos Gram + (o fisiológico seria serem Gram -), sobretudo cocci, depois lactobacilli,
e ausência de protozoários.