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SEMIOLOGIA MÉDICA EXAME ESTADO GERAL DE BOVINOS

NOTA: estes apontamentos são apenas uma orientação e deverão ser


complementados com os artigos e fotocópias de livros fornecidos.

EXAME DE ESTADO GERAL EM BOVINOS

Mais erros são feitos por não ver do que por não saber!!!

Atenção:
 Ideias pré-concebidas
 História e Exame Clínico incompletos
 Interpretação incorrecta dos sinais clínicos
 Considerar todos os diagnósticos possíveis

I HISTÓRIA CLÍNICA:

Dados gerais da exploração

1 Alimentação e maneio geral da exploração. Tipo e frequência da alimentação.


2 Regime de exploração, tamanho dos efectivos, existência de outras espécies animais na
exploração e registo de entrada de novos animais na exploração. Classificação
sanitária da exploração
3 Refugo: taxas e causas de refugo.
4 Vacinações e desparasitações
5 Patologia anterior, tratamentos e evolução.
6 Castrações, corte de caudas ou descorna.
7 Ambiente: ventilação, humidade e temperatura (sobretudo importantes em animais
estabulados); higiene da exploração, densidade populacional, grupos de animais da
mesma idade ou de idades diferentes, arames, pH do solo, água de bebida, tipo de piso,
etc.
8 Proprietário e exploração.

Dados do paciente

1. Identificação: brinco, tatuagem, cartão sanitário, microchip


2. Idade e sexo
3. Aptidão (carne, leite)
4. Estado reprodutivo (tempo de gestação, gestações múltiplas)
5. Produtivo (produção leiteira actual e de lactações anteriores.

Patologia actual:

1. Sinais clínicos que o produtor registou: alteração do consumo de alimentos, produção


leiteira, comportamento, (afasta-se normalmente do resto do grupo de animais),
defecção e micção, alterações de postura, bem como outros sinais mais específicos
relativamente a cada situação.
2. Início gradual ou súbito, evolução.
3. Existência de outros animais com os mesmos sinais clínicos ou qualquer outro tipo de
alteração patológica.

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4. Morbilidade e mortalidade. Resultados de necropsia .


5. Tratamentos prévios e resposta ao tratamento
Métodos Utilizados no Exame Físico:

 Inspecção
 Palpação
 Percussão
 Sucussão
 Auscultação
 Auscultação Percussão
 Técnicas especiais de Diagnóstico

II EXAME FÍSICO

Exame físico geral detecção de alterações clinicamente significativas: determinar qual a


alteração presente

Exame especial dos diferentes sistemas ou órgãos afecção localizada ou generalizada:


identificação dos sistemas envolvidos

Exame especial do sistema envolvido localização da lesão dentro do sistema afectado

Exame especial da lesão identificada determinar o tipo de lesão

Exame especial de amostras determinar as causas específicas

1 Exame físico geral : Identificação do sistema envolvido.

Comportamento e aparência geral


 Inspecção das regiões corporais: a ordem pela qual se realiza o exame físico, dependerá
em última análise da preferência do clínico. Alguns autores indicam ser preferível, em
bovinos leiteiros, iniciar o exame físico pela parte posterior do animal, na medida em
que, durante a ordenha, o animal é manuseado primordialmente através dessa região
sendo menos stressante essa aproximação.

 Cabeça
 Pescoço
 Tórax
 Abdómen
 Genitália externa
 Glândula Mamária
 Membros

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EXAME FÍSICO

INSPECÇÃO : OBSERVAÇÃO VISUAL

Importante sistematizar as nossas observações. Observação à distância de postura,


locomoção, comportamento e condição física. Observação de outros animais da
exploração para que possamos identificar o conceito de “normalidade” em cada exploração
específica. Resposta do animal aos estímulos exteriores: apatia ou excitação.
 Condição corporal e estado nutricional: condição primária ou consequência.
 Observação lateral, anterior e posterior. Observação do aspecto geral do pelo,
nomeadamente quanto à perda de pelo e possível existência de parasitas externos.
 Posição da coluna vertebral (arqueamento do dorso), cauda e membros.
 Sintomatologia indicativa de dor.
 Comportamento alimentar (alteração da preensão e mastigação, anorexia, disfagia,
etc.).
 Defecção e micção.
 Alteração da locomoção.

AVALIAÇÃO E REGISTO DAS CONSTANTES VITAIS.

1. TEMPERATURA CORPORAL.
Atenção à temperatura ambiente.
Hipertermia em situações de inflamação aguada, ligeiro aumento de temperatura
nas fêmeas nos dias que antecedem o estro.
Hipotermia em situações de inibição do metabolismo tais como parésia pós parto,
hipoglicémia neonatal, septicemia por bactérias GRAM negativas, desidratação.

2. FREQUÊNCIA CARDIACA
Palpação de artéria periférica: Artéria maxilar externa e artéria coxígea.
Auscultação cardíaca.
Atenção actividade física anterior, stress, excitação, temperatura e humidade
ambiente. Podem ocorrer diferenças entre o pulso periférico e cardíaco quando a
contracção ventricular é fraca, em situações de insuficiência cardíaca, ou quando as
contracções se sucedem muito rapidamente, como numa situação de extrasístole. (Ver
exame da cavidade torácica).

3. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
Observação do movimento das costelas/ flanco ou do ar expirado pelas narinas.
Auscultação (ver exame da cavidade torácica)

4. HIDRATAÇÃO:
 Mucosas: secas indicam desidratação
 Tempo de Repleção Capilar (TRC): normal 1 a 2 segundos. Avaliado na mucosas
gengival
 Tempo de Repleção de Prega Cutânea (TRPC): normal 1 a 2 segundos). Avaliado na
tábua do pescoço.

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 Temperatura das extremidades: extremidades frias indicam desidratação.

REGIÃO CAUDAL:

 Região perineal: descarga vaginal, odor anormal, fezes anormais.

 Inserção de termómetro no recto ( 2 a 3 minutos): registo da temperatura corporal:


atenção temperatura ambiente. Hipertermia em situações de inflamação aguda, ligeiro
aumento de temperatura nas fêmeas nos dias que antecedem o estro. Hipotermia em
situações de inibição do metabolismo tais como parésia pós parto, hipoglicémia
neonatal, septicemia por bactérias GRAM negativas.

 Palpação artéria coxígea média: pulso periférico: avaliar frequência ( 70-80) e caracter.
Atenção actividade física anterior, stress, excitação, temperatura e humidade ambiente.
Podem ocorrer diferenças entre o pulso periférico e cardíaco quando a contracção
ventricular é fraca, em situações de insuficiência cardíaca, ou quando as contracções se
sucedem muito rapidamente, como numa situação de extra - sístole.

 Se necessário : recolha de urina por massagem da pele na região ventral à vulva.

 Observação da forma posterior do abdómen: dilatação abdominal:


 Aumento de liquido peritoneal: peritonite ou ruptura da bexiga.
 Estáse ruminal ou intestinal: observação posterior:
Apple (maçã): rúmen com conteúdo liquido e gás, com predominância de
gás como por exemplo em situações de timpanismo.
Pear (pêra): rúmen com conteúdo liquido podendo estar também envolvidas
outras partes do tracto gastrointestinal.
Papple. Rúmen com conteúdo liquido e gás mas com predominância de
liquido como na indigestão vagal.
 Gestação, abcesso ou massa tumoral

 Observação da cauda : evidência de parasitas. Sinais de estro ( muco ou sinais de


monta por outros animais).

 Úbere e linfonodos retromamários. Mão entre o membro pélvico face dorsolateral do


úbere. Pele entre o úbere e a face interna da perna é um local comum de aparecimento
de dermatite.

Observação do membro pélvico: extremidade distal ; afecções podais; alterações


proximais. Aprumos e patologia apendicular.

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LADO ESQUERDO DO ANIMAL: REGIÃO ABDOMINAL

 Rúmen: frequência e força das contracções ( 2 minutos: 3 contracções).


Hipermotilidade: mais do que 5 contracções em dois minutos.
Hipomotilidade: menos do que 3 contracções em 2 minutos.
Inspecção, palpação, percussão e auscultação. Estratificação do conteúdo ruminal.

 Observação do membro posterior: edema ou feridas.

 Observação do dorso: hipodermose.

 Observação veia mamária. Observação lateral do úbere.

 Palpação do linfonodo sub-ilíaco:

 Auscultação e percussão combinada: pings da região superior da fossa paralombar


esquerda ao longo de uma linha imaginária de união entre a tuberosidade da coxa e a
articulação do codilho:
 Timpanismo do rúmen;
 Deslocamento de abomaso à esquerda
 Pneumoperitoneu.

 Pesquisa de sensação dolorosa: Prova de Gotze, percussão com martelo, palpação com
punho, marcha e m plano inclinado, reflectividade. Retículo Peritonite Traumática
(RPT), úlceras perfurantes do abomaso.

 Detector de metais.

CAVIDADE TORÁCICA.

APARELHO RESPIRATÓRIO

Frequência respiratória: Taquipneia e oligopneia. Apneia Observação do movimento das


costelas / flanco.
Ritmo respiratório. Inspiração, expiração e pausa.
Amplitude: reduzida em afecções dolorosas do tórax ou diafragma. Hiperpneia. Dispneia:
extensão da cabeça e pescoço, dilatação das narinas, abdução dos cotovelos, respiração
pela boca.
Tipo de respiração: respiração normal torácica e abdominal. Respiração abdominal em
processos dolorosos da cavidade torácica. Respiração torácica em processos dolorosos da
cavidade abdominal como na peritonite.

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Inspecção:
 Frequência e modo respiratório
 Alteração da forma da cavidade torácica: tumefacções, traumatismos, raquitismo em
animais jovens: aumento das junções osteocondrais.

Palpação:
 Traumatismos torácicos
 Enfisema sub – cutâneo.
 Situações dolorosas.

Percussão:
 Delimitação da área de percussão: som claro normal. Percussão dorso – ventral e crânio
– caudal
 Directa ou indirecta
 Alteração devida a processo pulmonares ou pleurais. Som timpânico: pneumotoráx.
 Atenção condição corporal do animal. Atenção situações dolorosas da cavidade
torácica.

Auscultação

 Usualmente inicia-se na região crânio – dorsal onde os sons pulmonares são mais
elevados ( bifurcação da traqueia).
 Os sons pulmonares no ruminante não reflectem com precisão o processo patológico,
na medida em que a maioria das vezes a doença progride sem que existam alterações
na auscultação e ou percussão. Devem sempre auscultar-se sons respiratórios sendo a
sua ausência considerada anormal. A auscultação ouve-se o ruído de inspiração normal
com expiração silenciosa. Quando ocorre patologia das vias aéreas a expiração torna-
se audível chegando inclusivamente a ultrapassar o ruído inspiratório.
 Devem registar-se os sons anormais bem como o momento do ciclo respiratório em que
ocorrem. Podemos aumentar a profundidade da respiração através da oclusão manual
das narinas ou colocando um saco ou luva obstétrica em torno das narinas e boca do
animal.

CORAÇÃO

Coração localizado ventralmente, entre a terceira e sexta costela.

 Palpação sob o codilho esquerdo ao nível do 4º espaço intercostal ( 3º ou 5º): choque


pré-cordial
 Percussão: Colocação da mão do animal em posição anterior. Som maciço e sub-
maciço. Lado esquerdo: limite dorsal do som maciço entre o 3º espaço intercostal
estendendo-se posterior e inferiormente até ao 5º espaço intercostal. Ausência de som
maciço em situações de enfisema pulmonar ou de pneumotórax. Aumento da área de
som maciço em situações de acumulação de liquido no pericárdio. Som timpânico
dorsal em situações de pneumoperitoneu por putrefacção bacteriana.

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 Auscultação: no 3º ou 4º espaço intercostal por baixo do codilho.


1º som (som sistólico): fechamento das válvulas átrio-ventriculares, sístole
ventricular e abertura das válvulas semi-lunares. Maior intensidade, longo e profundo.
Ouve-se melhor na zona ventricular.
2º som (som diastólico): corresponde ao fechamento das válvulas semilunares,
coincide com o início da diástole. Ouve-se melhor na base do coração.

O que observar na auscultação cardíaca?

Frequência

Atenção a variações não patológicas (altitude, beber água em vitelos,


Taquicardia: frequência superior a 90 para bovinos adultos em repouso, a 100 em
bovinos jovens e a 120 em vitelos. Quando a frequência cardíaca é superior a 120-140
batimentos por minuto o 2º som cardíaco fica praticamente inaudível. Se não
encontrarmos outras anomalias no sistema circulatório deveremos pensar em patologias
envolvendo outros sistemas corporais.
Bradicardia: frequência inferior a 65 batimentos por minuto. Associada a vagotonia
ou alteração na condução intra cardíaca. A bradicardia vagal pode estar associada a lesão
irreversível ao nível do nervo vago abdominal ou a intoxicação nos centros cerebrais
(urémia, cetonémia). Para distinguirmos a bradicardia vagal de bradicardia por alteração
da condução cardíaca pode administrar-se 30 mg de sulfato de atropina, (via SC), a qual
aumenta a frequência cardíaca em 15 minutos caso se trate de bradicardia vagal.

Intensidade:

Aumento do 1º som cardíaco fisiológico (exercício, excitação, etc.) ou patológico


(anemia, insuficiência cardíaca)
Aumento do 2º som cardíaco relacionado com aumento da resistência da circulação.

Influência da obesidade, espessura da parede costal e experiência do clínico

Os sons cardíacos podem aparecer “abafados” nas fases iniciais de pericardite


(progredindo para sons semelhantes a máquina de lavar à medida que se acumula gás e
fluido), derrames pleurais, abcessos ou neoplasias, afecções pulmonares ou em situações
de hipocalcémia.

Ritmo: alteração da geração ou condução do impulso

Disritmias: alterações do ritmo.


Arritmias: ausência de ritmo.
 Importância da utilização do electrocardiograma na avaliação das arritmias.

Demarcação:
Hipertrofia ou atrofia. Distensão do pericárdio.

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Identificação de sopros, murmúrios ou alterações do fluxo sanguíneo

Auscultação das válvulas pulmonares:


Válvula pulmonar: lado esquerdo, membro anterior para a frente, a meio da
distância entre a articulação do ombro e codilho. Fonendoscópio tão profundo quanto
possível. 3 a 4 º espaço intercostal.
Válvula aórtica.: lado esquerdo, imediatamente abaixo da linha horizontal traçada a
partir da articulação do ombro. Fonendoscópio não tão profundo como para a válvula
pulmonar. 4 º espaço intercostal
Válvula mitral ou bicúspide: lado esquerdo, imediatamente abaixo da linha
horizontal traçada a partir da articulação do ombro. 5 º espaço intercostal

PESCOÇO

 Deve avaliar-se a existência de tumefacção, alteração dos gânglio linfáticos e glândulas


salivares.
 A existência de pulso jugular pode indicar insuficiência cardíaca, apesar da
observação de pulso jugular de pequena amplitude ser normal na maioria dos animais..
A distensão ou aumento bilateral das veias jugulares pode estar associado a obstrução
das veias por compressão ou insuficiência cardíaca direita. As variações de tamanho
da jugular podem estar relacionadas com movimentos respiratórios mas não estão de
modo geral associadas aos batimentos cardíacos, devendo nessa situação ser avaliado
se se trata de uma situação fisiológica ou patológica. O pulso fisiológico é pré-sistólico
e devido a sístole atrial. O pulso patológico é sistólico e ocorre simultaneamente com o
pulso arterial, estando frequentemente associado a insuficiência da tricúspide. A
distensão da jugular pode estar associada a dilatação esofágica pelo que é conveniente
a entubação gástrica do animal.
 Deve proceder-se à auscultação da traqueia. Os sons respiratórios na traqueia são mais
altos e distintos do que à auscultação pulmonar. Em situações patológicas do tracto
respiratório superior, como laringite ou traqueite, os sons respiratórios aparecem mais
altos, ásperos ou mesmo sibilantes. Os sons traqueais, anormais à auscultação são
normalmente transmitidos à zona de auscultação pulmonar, independentemente da
causa. Podem ser confundidos com sons pulmonares anormais devido a pneumonias,
no entanto estes são audíveis na inspiração e expiração, enquanto que os sons traqueais
são audíveis predominantemente na inspiração.
 Gânglio linfático cervical superficial (pré-escapular): localiza-se imediatamente
anterior e ligeiramente dorsal à articulação da espádua estando cobertos por músculo.
Palpação no bordo anterior da espádua. Drena os linfonodos regionais do pavilhão
auricular, pescoço, tórax e espádua.

Membro torácico: exame semelhante ao membro pélvico.

CABEÇA:

Simetria e configuração. Tumefacção. Flacidez e rigidez.


Posição da cabeça: rotação associada a problemas do aparelho vestibular de um dos
lados; desvio associado a envolvimento unilateral da medula e coluna cervical.

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Olhos:

 Retracção bulbar pode indicar desidratação.


 Mucosa ocular: vasos da esclera ingurgitados: septicemia, bacteriémia ou endotoxémia.
Anemia, icterícia, cianose, edema.
 Secreção ocular: aquosa, serosa ou purulenta, uni ou bilateral.
 Movimentos das pálpebras (espasmos geralmente indicadores de dor ou envolvimento
nervoso, hipomagnesiémia, intoxicação pelo chumbo e ou encefalite).
 Prolapso da terceira pálpebra (tétano).
 Alterações da córnea (queratite, opacidade, vascularizacão ou ulceração).
 Movimentos do globo ocular: nistagmus (anoxia ou lesões ao nível do cerebelo ou
tracto vestibular).

O exame das estruturas mais profundas pode realizado apenas com o recurso a um
oftalmoscopio, apesar da observação directa poder de algum modo fornecer indicação da
existência de algumas anomalias. A dilatação bilateral da pupila (midríase) ocorre em
lesões locais do sistema nervoso central que afectem os núcleos oculomotores, em lesões
difusas como as encefalopatias, ou em alterações funcionais como anóxia ou botulismo.
Em situações de hipocalcémia a pupila pode apresentar dilatação normal ou aumentada
mas existe perda do reflexo da pupila à luz. A constrição excessiva da pupila (miose) é
pouco comum exceptuando sobredosagem com insecticidas contendo fosfatos orgânicos ou
com parasimpáticomiméticos.

Narinas:

 Cheiro: o ar expirado é normalmente inodoro. Alterações do ar expirado podem


indicar processos sistémicos, com por exemplo a cetose ou urémia, ou processos
localizados nas vias respiratórias ou digestivas. Se correspondem a distúrbios
respiratórios a alteração do cheiro é usualmente constante enquanto que quando
relacionada com alterações digestivas se detecta apenas quando coincidente com
eructação. Alterações do odor relacionadas com úlceras ou necrose da cavidade oral
podem também ser detectadas no ar expirado mas são mais fortes a partir da cavidade
oral.
 Em determinadas circunstâncias pode ser importante a avaliação do volume do ar
expirado, bem como a simetria entre as duas narinas cuja ausência pode estar
relacionada com obstrução unilateral. Pode ser utilizada para determinação da
frequência respiratória.
 Corrimento nasal: uni ou bilateral, cor e consistência. A secreção serosa é geralmente
normal, considerando-se o nariz seco sinal de desidratação, hipocalcémia ou febre.
Em situações inflamatórias o corrimento é inicialmente fluido e incolor tornando-se
progressivamente amarelado. Exame laboratorial. Epistáxis ou hemoptise.
Hematemese.

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Seios nasais

Seios maxilares e frontais: observação palpação e percussão. Patologia dos seios maxilares
associada a afecções dentárias. Patologia do seio frontal: associada à descorna.

Boca:

 Avaliação da mucosa oral é importante a avaliação e distinção do diferente tipo de


alterações passíveis de encontrar. Alterações cromáticas relativas a:
 Alterações de pigmentação (icterícia e melanose)
 Alterações circulatórias sistémicas ou localizadas (anemia, congestão, cianose e
hemorragias).
 Lesões inflamatórias (estomatites, glossites, gengivites, queilite ou palatite) e
dentro de cada inflamação diversas categorias de acordo com o tipo de lesões e
profundidade da inflamação. A classificação anatomopatológica do diferente tipo
de inflamação é frequentemente utilizada como ponto de partida para o
estabelecimento de diagnósticos diferenciais.
 Avaliação da dentição é importante não só para exclusão de patologia mas para
determinação da idade dos animais. Os bovinos mudam do primeiro incisivo cerca dos
18 meses, 2º 3º e 4º anualmente. Mudança completa cerca dos cinco anos de idade.
 Salivação: O excesso de saliva pendente da boca associado a aumento dos movimentos
de mastigação aparece geralmente em situações de corpo estranho ou inflamação da
mucosa oral ou da língua. A boca seca aparece em situações de desidratação, altos
níveis de ureia na dieta bem como alguns tipos de envenenamento.
 Ptialismo (aumento as secreção salivar)
 Sialorreia (aumento de saliva por dificuldades de deglutição).
 A existência de corpos estranhos é muito comum em ruminantes devido à pouca
selectividade no consumo de alimentos.

Faringe

O exame da região da faringe requer a utilização de espéculo em animais adultos


enquanto que se realiza facilmente em vitelos abrindo a boca manualmente e realizando
pressão na língua.

Orelhas frias podem indicar hipocalcémia ou choque.

Região sub-maxilar

 As alterações na região sub-maxilar pode estar associadas a aumento dos gânglio


linfáticos em consequência e lesão infecciosa local ou sistémica.
 A existência de edema sub-mandibular (frio, não doloroso, “marca” quando
pressionado pelos dedos) pode indicar hipoproteinémia, insuficiência cardíaca ou
raramente bloqueio da drenagem linfática por infecção ou tumor.
 Pode também existir aumento das glândulas salivares.

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Gânglios Linfáticos:

 Inspecção e palpação: avaliação do tamanho, temperatura, consistência, formação de


nódulos, aderências e ocorrência de gânglios linfáticos acessórios.
 Gânglios linfáticos mandibulares: espaço inter-mandibular. Não confundir com
glândulas salivares. Não são palpáveis em situação normal estando envolvidos em
tecido adiposo. Drenam a região da metade inferior da cabeça.
 Gânglios linfáticos parotideos: imediatamente abaixo da articulação mandibular,
medial à parte da glândula parótida mais perto da orelha. Palpáveis no bordo dorsal da
parótida abaixo da orelha. Normalmente não existe mais do que a sensação da
existência destes gânglios linfáticos. Drenam metade superior da cabeça.
 Gânglios linfáticos retrofaríngeos mediais: localizam-se posterior e dorsalmente ao
“tecto” da faringe, não sendo geralmente palpáveis. Drenam as partes internas da
cabeça, incluindo o esófago proximal e a laringe. Para a sua exploração devem
colocar-se os dedos de cada mão estendidos de cada lado da cabeça atrás do ramo
mandibular entre a laringe e a coluna vertebral. A tentativa de contacto das
extremidades dos dedos não deve encontrar qualquer massa sólida nem causar estridor.
 Gânglios linfáticos retrofaríngeos laterais: localizam-se medialmente à glândula
salivar mandibular. Recebem linfa de todos os gânglios linfáticos da cabeça. Não são
palpáveis normalmente mas podem ficar bastante aumentados de volume

LADO DIREITO DO ANIMAL:

 Exame do pescoço, cavidade torácica e membros semelhante ao lado direito


 Auscultação cardíaca mais difícil
 Auscultação da válvula tricúspide
 Auscultação e percussão combinada: pings
 Deslocamento do abomaso à direita
 Dilatação / torção : ceco ou cólon
 Pneumoperitoneu
 Fisómetra

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