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Contabilidade I

Introdução à contabilidade
A contabilidade é uma linguagem utilizada no mundo dos negócios. Desde que estes existem,
existe a necessidade da mesma, sendo aperfeiçoada consoante o estado de desenvolvimento da
humanidade e do mundo dos negócios. Surgiu da necessidade sentida pelo homem de contornar
as limitações de memoria e ter sempre presente as variações sucessivas de determinadas
grandezas, mediante um processo de classificação e registo dos factos respeitantes à sua
atividade económica.
Os processos utilizados eram inicialmente muito simples, mas foram generalizando-se e
refinando-se ao longo do tempo e nos dias de hoje os mesmos processos têm o nome de sistema
contabilístico. Este é constituído por um conjunto de processos e procedimentos que
proporcionam informação sobre as grandezas que se pretendem observar e as variações que
nelas podem ocorrem.
Atividade económica/ciclo de operações:
 Pagamentos
 Produtos acabados
 Trabalhadores
 Matérias primas
 Empréstimos
 Recebimentos

Desenvolvimento da atividade
económica (capta os factos
económicos)

Registo da atividade
económica (processa os factos
económicos)

Produção e divulgação de
informação (comunica, ao
exterior, a informação)

Fases do processo contabilístico:


1. Identificação e captação de dados;
2. Medição e valorização;
3. Registo;
4. Resumo e comunicação.

A contabilidade é então:
 Um sistema de informação;
 Um poderoso instrumento de gestão;
 Um apoio à gestão futura (exercício do controlo).
Funções da contabilidade:
o Registo: regista os factos patrimoniais efetuados pelas empresas;
o Controlo: possibilita o controlo e o acompanhamento das atividades das organizações;
o Avaliação: permite a avaliação ou mensuração dos bens produzidos ou armazenados;
o Análise: analisa os resultados obtidos, como foram obtidos, como e porque é que estes se
desviaram do que tinha sido previamente estabelecido;
o Previsão: ajuda a gestão na sua função do planeamento, ao fornecer os elementos
necessários a esta.
Qual o objetivo da contabilidade?
Fornecer informações úteis, credíveis e tempestivas aos seus múltiplos utilizadores, que possuem
objetivos divergentes, e até antagónicos, e com necessidades distintas.
…para isso:
 Tem de ser relevante, compreensível, fiável e comparável;
 É necessário que utilize um conjunto de princípios, processos e regras conhecidas, aceites
e iguais.

Conceitos fundamentais
Conceito de património
Qualquer entidade necessita, para exercer a sua atividade, de um certo conjunto de elementos
como: máquinas, edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas, etc.
O conjunto de valores utilizados pela entidade na sua atividade económica fazem parte então do
seu património.
A entidade estabelece relações com terceiros no desenvolvimento da sua atividade, que
originarão um conjunto de direitos e de obrigações: dividas a receber e dividas a pagar (valores
integrantes do património).
Seja qual for a sua natureza, todos os elementos patrimoniais têm caráter pecuniário (suscetível
de representação monetária, isto é, exprimir-se em €).
Aspeto qualitativo: componentes
Aspeto quantitativo: expressão monetária
Qualitivamente, o património é analisado pela natureza dos seus elementos (valores em caixa,
valores a receber e a pagar, máquinas, existências, etc.).
Quantitivamente, refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em termos de valores
económicos ou monetários.
Composição e valor de património
O património pode também ser encarado como conjunto de bens, direitos e obrigações.
Elementos positivos/ativo:
 Bens
 Direitos
Elementos negativos/passivo:
 Obrigações (dívidas)
Bens: são valores que a empresa tem a receber de terceiros ou valores de propriedade que se
encontram em posse de terceiros, decorrentes ou não da sua atividade principal.
Direitos: são coisas úteis, suscetíveis de avaliação económica e que estejam à disposição de uma
entidade para prossecução dos seus fins: tangíveis ou intangíveis.
Obrigações: são valores a pagar que resultam de dividas ou compromissos de qualquer natureza,
assumidos perante terceiros, ou bens de terceiros que se encontrem em posse da entidade,
sobre os quais esta possui uma responsabilidade, quer pela devolução (empréstimo), quer pela
indeminização ou pelo pagamento.

PATRIMÓNIO
BENS OBRIGAÇÕES
+
DIREITOS

PATRIMÓNIO

ATIVO PASSIVO

Património complexivo ou global: abrange o conjunto dos bens, direitos e obrigações


(componentes ativos e passivos, ou seja, ativo + passivo)
Património bruto: abrange apenas os bens e os direitos (todos os elementos do ativo)
Património líquido: soma algébrica dos valores ativos e passivos (ativo – passivo)

ATIVO – PASSIVO = CAPITAL PRÓPRIO


Ativo: conjunto de bens e direitos que uma entidade detém para prosseguir a sua atividade;
Passivo: conjunto de obrigações;
Capital próprio: são os recursos originários dos sócios e os rendimentos auferidos.
… então, capital próprio = património líquido.

A>P: capital próprio positivo, situação líquida ativa;


A<P: capital próprio negativo, situação líquida passiva;
A=P: capital próprio nulo
Conceito de inventario
Inventário é a relação de elementos patrimoniais com a indicação dos seus valores.
Classificação de inventários
… quanto ao âmbito (consoante figuram todos os elementos (ativos e passivos) ou não de um
património):
 Gerais
 Parciais
… quanto à sua disposição (consoante os elementos patrimoniais dispostos ao acaso, sem
qualquer ordem ou aparecem agrupados segundo a sua natureza característica ou função):
 Simples ou corridos
 Classificados
… quanto à periodicidade:
 Ordinários (se realizam periodicamente em obediência aos normativos da entidade)
 Extraordinários (aqueles que se efetuam em consequência de circunstâncias excecionais)
Fases da inventariação de um património:
1. Identificação e arrolamento
Descrição sumária dos elementos patrimoniais a considerar
2. Descrição e classificação
Apresentação e repartição pelas diferentes classes de acordo com a sua natureza
3. Avaliação ou valorização
Atribuição de um valor fiável como expressão do elemento em causa

Conceito de balanço
É a expressão da relação existente entre o ativo, o passivo e o capital próprio. É o quadro dos
componentes do ativo, do passivo e do capital próprio, o mapa sintético da situação patrimonial
da empresa em dado momento da sua existência.

BALANÇO
ATIVO: conjunto de bens e direitos CAPITAL PROPRIO: riqueza da entidade
que uma entidade detém para PASSIVO: conjunto de obrigações
desenvolver a sua atividade

Este conceito está sempre sujeito à equação fundamental da contabilidade:

ATIVO = CAPITAL PRÓPRIO + PASSIVO


Ordenação do balanço
ATIVO CAPITAL PRÓPRIO
Ordem de Liquidez Crescente PASSIVO
Maior ou menor rapidez com que os Ordem de Exigibilidade Crescente
elementos do balanço se transformam Maior ou menos período de tempo para
em meios líquidos de pagamento liquidar a divida
(disponibilidades)

Decomposição do balanço
Ativo não corrente:
 Ativos fixos tangíveis
 Ativos fixos intangíveis
 Investimentos financeiros
Ativo corrente:
 Inventários
 Dividas a receber e contas a pagar
 Meios financeiros líquidos
Passivo não corrente:
 Dividas a pagar (MLP)
Passivo corrente:
 Dividas a pagar (CP)
Capital Próprio
 Inicial
 Adquirido
 Do exercício

Variações patrimoniais
Uma vez iniciada a atividade da empresa, o seu património começa logo a modificar-se, ou seja,
o património é dinâmico.
Os valores patrimoniais estão sujeitos a constantes e sucessivas variações, quer positivas
(aumentos), quer negativas (diminuições).
Essas variações são resultantes de operações correntes (compras, vendas, pagamentos etc.) ou
de acontecimentos independentes da vontade do empresário (incêndios, roubos, etc.).
Assim em consequência das operações comerciais que vão sendo efetuadas (ou de outros
eventos), o património sofrerá muitas variações, as quais a contabilidade tem por missão registar.
Os factos patrimoniais estão associados a tudo aquilo que implique variações na composição ou
no valor do património.
Facto patrimonial: qualquer operação ou acontecimento que imprime
qualquer variaçáo na composição e/ou no valor do património

Permutativos: aqueles que apenas alteram a composição do património


Modificativos: aqueles que alteram tanto a composição do património
como o valor

Negativos: originam uma diminiuição do valor do património liquido


(gastos)
Positivos: origina, um aumento do valor do património liquído
(rendimentos)

Noção de Conta
Uma conta é um conjunto de elementos patrimoniais agrupados e classificados, segundo a sua
natureza e função, com as mesmas características e expressas na mesma unidade de valor.
No registo das operações que ocorrem em cada organização é necessário movimentar contas
através de um quadro de contas racionalmente classificadas, ordenadas e codificadas. No caso
português. Atualmente, esse quadro de contas é o código de contas do SNC.
Conta – Classes
1. Meios Financeiros Líquidos
2. Contas a receber e a pagar
3. Inventários e Ativos Biológicos
4. Investimentos
5. Capital, Reservas e Resultados transitados
6. Gastos
7. Rendimentos
8. Resultados
Conta – Elementos constitutivos
Título: Palavra (ou palavras) por que se designa a conta. É uma expressão que dever revelar
imediatamente a natureza dos elementos que a compõem, e tem como finalidade identificar a
conta e distingui-la de todas as outras.
Compreensão (ou conteúdo): Conjunto das características comuns a todos os elementos contidos
ou agrupados na conta.
Valor: Expresso em unidades monetárias. É um elemento variável da conta, dado que os
elementos patrimoniais estão sujeitos a variações constantes em resultado das operações que se
vão verificando. ´
Conta – Requisitos
Homogeneidade: Uma conta só deve conter os elementos que obedeçam à característica comum
que a define;
Integralidade: Uma conta deve conter todos os elementos que possuem a característica comum
por ela definida.
Conta – classificação
Contas coletivas: Complexas ou gerais (sintéticas); encontram-se subdivididas noutras contas.
Contas divisionárias: Simples ou elementares (analíticas): contas que são subdivisões de outras.
Nota: A soma dos valores das contas divisionárias é igual ao valor da conta coletiva respetiva.
Contas do Balanço
Contas de Ativo: Representam e medem os elementos do património que constituem bens e
direitos da empresa;
Contas de Passivo: Representam e medem os elementos patrimoniais que representam recursos
alheios à empresa (as obrigações que a empresa contraiu com terceiros);
Contas de Capital Próprio: Representam e medem a participação dos proprietários ou
proprietários da empresa no seu financiamento;
Contas Mistas: Contas que podem figurar, simultaneamente, nos dois membros do Balanço: ativo
e passivo.
Contas de Demonstração dos Resultados
Contas de Rendimentos (classe 7): Representam as variações patrimoniais modificativas
positivas;
Contas de Gastos (classe 6): Representam as variações patrimoniais modificativas negativas.
Ordenação da DR
Gastos Rendimentos
Ordem crescente das contas 6x Ordem crescente das contas 7x

Resultado = Rendimentos – Gastos


Representação gráfica das contas
A conta é passível de ser representada graficamente para uma melhor compreensão dos seus
conteúdos e das variações ocorridas nos seus elementos.
Em termos gráficos, a conta é representada em forma de T.
Débito Título Crédito
Debitar uma conta consiste em Creditar uma conta consiste em
inscrever um valor no lado do débito inscrever um valor no lado do crédito

Sobre a linha horizontal, ao centro, escreve-se o titulo da conta;


Qualquer valor lançado do lado esquerdo corresponde a um débito; enquanto que do lado direito
corresponde a um crédito.

Método de registo digráfico


Em qualquer transação efetuada pela empresa ocorre uma alteração da composição do seu
património:
 Na compra a pronto de um computador, por exemplo, esse bem chegou à empresa e é
representado numa conta, na qual será dada entrada (no património) por um valor
(‘’investimentos’’);
 Em simultâneo, outra conta será igualmente movimentada: a que representa o dinheiro que
se foi (‘’caixa’’);
 Se a compra for a prazo, esta conta (caixa) será substituída por uma outra que representa
uma obrigação futura chamada ‘’Contas a Pagar’’.

Partidas dobradas
A partida dobrada representa um registo que representa ‘’algo que vai, simultaneamente a outro
algo que vem’’, portanto, são lançamentos de debito e crédito, de igual valor.
Todo o débito numa conta dá lugar a um crédito noutra(s) conta(s), de igual valor (e vice-versa).
Isto significa que todo o facto patrimonial dá origem a registo em duas ou mais contas.
Método Digráfico
 São sempre movimentadas, pelo menos, duas contas;
 Se efetuarmos um debito em uma ou mais contas, devemos efetuar um crédito de valor
equivalente em uma ou mais contas;
 Não há débito sem o correspondente crédito;
 Soma dos débitos sempre igual à soma dos créditos;
 Soma dos saldos devedores igual à soma dos saldos credores.

Saldo: é a diferença entre o total dos débitos e o total dos créditos


D>C: saldo devedor (Sd)
D<C: saldo credor (Sc)
D=C: saldo nulo (So)
Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma é de menor valor.

Movimentação de Contas
Regras de movimentação
Contas do Ativo:
o Debitadas pelo valor inicial e pelos aumentos;
o Creditadas pelas diminuições.
Contas do passivo e Capital Próprio:
o Creditadas pelo valor inicial e pelos aumentos;
o Debitadas pelas diminuições.

Regras (gerais) de movimentação:


 As contas de GASTOS são DEBITADAS;
 As contas de RENDIMENTOS são CREDITADAS.
A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece sempre a uma das quatro formulas
digráficas seguintes:
 Um só débito e um só crédito
 Um só débito e vários créditos
 Vários débitos e um só crédito
 Vários débitos e vários créditos

Conceito de lançamento
Relevação patrimonial: tornar saliente ou fazer sobressair.
Facto contabilístico: Todo o facto que provoque variação de duas ou mais contas integrantes do
balanço (do património).
Os factos contabilísticos devem ser:
 Contabilizados (contabilizar determinado facto consiste em determinar quais as contas
cuja extensão variou em virtude desse facto e registar essas variações nos respetivos
quadros gráficos);
Escrituração: Registo dos factos contabilísticos. É efetuada através dos lançamentos e tem por
objetivo: Traduzir convenientemente as transações em débitos e créditos e identificar as contas
cuja extensão aumenta ou diminui, a fim de permitir: o conhecimento da situação patrimonial
(balanço) e o conhecimento dos resultados (DR).
Lançamento: é a prática da escrituração; é a notação ou registo de qualquer facto patrimonial nos
suportes de registo contabilístico.
Classificação de lançamentos:
 Lançamentos de abertura;
 Lançamentos correntes;
 Lançamentos de estorno;
 Lançamentos de regularização;
 Lançamentos de transferência ou apuramento de resultados;
 Lançamentos de encerramento;
 Lançamentos de reabertura.
O diário e o razão
O diário e o razão são suportes de registo contabilístico.
Sequencia na contabilização dos factos patrimoniais

O processo contabilístico e as demonstrações financeiras

Diário – Razão – Balancete – Balanço e DR – Demonstrações Financeiras

Diário: Serve para registar cronologicamente, dia a dia, em assento separado, cada um dos atos
que modifiquem ou venham a modificar o património da entidade;
Razão: Serve para escriturar de uma fora sistemática o movimento de todas as operações do
Diário, ordenadas a debito e a crédito, em relação a cada uma das respetivas contas. Assim,
conhece-se o estado e situação de qualquer delas, sem necessidade de recorrer ao exame de
todos os lançamentos do Diário.
O razão deverá conter tudo quanto contém o diário, porém distribuídos por contas (cada uma
referente à sua especialidade) e mostrando os mesmos factos, assentados no diário,
classificados pela sua diferente natureza.
É representado da seguinte forma:

a) Dia
b) Mês
c) Valor

Balancetes
Através de um balancete verifica-se a situação da empresa visto efetuar uma recapitulação geral
das contas. O balancete é um resumo do razão.
Exemplo:

 Lançamentos correntes – balancete de verificação;


 Lançamentos de regularização – balancete retificado (DR e balanço);
 Lançamentos de apuramento de resultados e lançamentos de encerramento – balancete
de encerramento.
A normalização contabilística portuguesa
A informação contabilística:
 Destina-se a diversos utilizadores, com interesses antagónicos, na maior parte das vezes;
 Tem de ser relevante, compreensível, fiável e comparável;
 Para isso é necessário que a Contabilidade utilize um conjunto de princípios, processos e
regras conhecidas, aceites e iguais.
Existe, assim, a necessidade de uma normalização contabilística. Esta resulta da necessidade de
definir regras únicas relativamente aos diferentes aspetos das políticas contabilísticas.
Vantagens na Normalização Contabilística:
 Harmonização de conceitos;
 Uniformidade na produção, apresentação e interpretação da informação financeira (regras
e procedimentos);
 Melhora a informação económica e financeira, tanto interna como externa;
 Facilita o trabalho da administração fiscal, das inspeções, o trabalho de revisão
contabilística e a certificação legal das contas;
 Facilidade de análise, interpretação e compreensão da informação elaborada em
diferentes países;
 Diminuição do custo de elaboração e apresentação da informação para as Multinacionais;
 Elaboração de uma barreira à livre circulação de capitais;
 Permite a elaboração de estatísticas sectoriais e nacionais credíveis, permitindo
informação mais adequada para fundamentar decisões de política económica;
 Ensino da contabilidade;
 Ajuda ao desenvolvimento dos sistemas contabilísticos dos países menos desenvolvidos.
Desvantagens da Normalização Contabilística:
o Restrições à criatividade dos profissionais;
o Limitação ao desenvolvimento da contabilidade;
o Informação limitada pelas regras impostas.

ARTIGO 9.º
 Microentidades (NC-ME)
As que não ultrapassam dois destes três limites:
o Total Balanço: 350.000€
o Total Rendimentos: 700.000€
o Nº de Trabalhadores: 10 (média anual)
 Pequenas entidades (NCRF-PE)
As que não ultrapassem dois destes três limites:
o Total Balanço: 4.000.000€
o Total Rendimentos: 8.000.000€
o Nº de trabalhadores: 50 (média atual)
 Médias entidades (NCRF)
As que não ultrapassem dois destes três limites:
o Total Balanço: 20.000.000€
o Total Rendimentos: 40.000.000€
o Nº de trabalhadores: 250 (média atual)
Normas contabilísticas de relato financeiro
1. Estrutura e conteúdo das DF;
2. Demonstração de fluxos de caixa;
3. Adoção pela primeira vez das NCRF;
4. Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros;
5. Divulgações de partes relacionadas;
6. Ativos intangíveis;
7. Ativos fixos tangíveis;
8. Ativos não correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas;
9. Locações
10. Custos de empréstimos obtidos;
11. Propriedades de investimento;
12. Imparidade de ativos;
13. Interesses em empreendimentos conjuntos e investimentos em associadas;
14. Concentrações de atividades empresariais;
15. Investimentos em subsidiarias e consolidação;
16. Exploração e avaliação de recursos minerais;
17. Agricultura;
18. Inventários;
19. Contratos de construção;
20. Rédito;
21. Provisões, passivos e ativos contingentes;
22. Contabilização dos subsídios e apoios do Governo;
23. Efeitos de alterações em taxas de câmbio;
24. Acontecimentos após a data do balanço;
25. Impostos sobre o rendimento;
26. Matérias ambientais;
27. Instrumentos financeiros;
28. Benefícios dos empregados.

Estrutura conceptual
Conjunto de princípios, conceitos e definições que apoiam e fundamentam do ponto de vista
teórico a elaboração das demonstrações financeiras.
 Introdução;
 Objetivos das demonstrações financeiras;
 Pressupostos subjacentes;
 Características qualitativas das DF’s;
 Elementos das DF’s;
 Reconhecimento dos elementos das DF’s;
 Mensuração dos Elementos das DF’s;
 Conceitos de capital e manutenção de capital.
Objetivos das demonstrações financeiras:
 Fornecer informação útil acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações da
posição financeira, que seja útil na tomada de decisões de um conjunto de utentes;
 Mostrar as consequências da utilização dos recursos que foram postos à disposição da
administração das empresas;
 As partes componentes das diferentes DF’s estão interrelacionadas porque refletem
aspetos diferentes das mesmas transações ou outros acontecimentos;
 Ainda que cada DF proporcione informação distinta das outras, é provável que nenhuma
só por si sirva um propósito único ou proporcione toda a informação que satisfaça as
necessidades particulares dos utentes.

Pressupostos subjacentes
Pressupostos básicos a ter como verdadeiros:
Regime de acréscimo: As transações e outros acontecimentos são reconhecidos quando ocorrem
(e não quando se recebem ou pagam) sendo registados contabilisticamente e relatados nas DF’s
dos períodos com os quais se relacionem.
Continuidade: As DF’s são normalmente preparadas no pressuposto de que a entidade vai
continuar a existir num futuro próximo e previsível.
Consistência na apresentação: A apresentação deve ser mantida. Se se efetuarem alterações na
apresentação (por ser muito mais adequada), a entidade tem de reclassificar a sua informação
comparativa.
Materialidade e agregação: ‘’Se uma linha e item não for individualmente material, ela é agregada
a outros itens…’’.
Compensação: ‘’Os ativos e os passivos, os rendimentos e os gastos, não devem ser
compensados, exceto quando tal for permitido por uma NCRF’’.
Características da informação financeira
o Características qualitativas
São os atributos que tornam útil, para os seus utilizadores, a informação contida nas DF’s
o Quanto ao conteúdo da informação apresentada: Compreensibilidade e relevância;
o Quanto à forma das DF’s: Fiabilidade e comparabilidade;

Compreensibilidade: A informação financeira proporcionada nas DF deve ser compreensível para


os utentes pressupondo que estes tenham um conhecimento razoável dos aspetos empresariais,
económicos e contabilísticos e que tenham interesse em estudar a informação com razoável
diligência e não excluindo da DF qualquer informação acerca de matérias complexas.
Relevância: A informação é relevante quando a sua utilização ou omissão influencia as decisões
económicas dos utentes, ou seja, quando é necessária para a avaliação dos acontecimentos
passados ou para a projeção de acontecimentos futuros; esta relevância é afetada pela sua
natureza, materialidade e tempestividade.
 Materialidade: A informação é material quando o utilizador altera a sua opinião em
presença da inexatidão do relato de um facto patrimonial, por omissão ou por erro; o
conceito da materialidade pode não ser uniforme para todas as situações, já que uma
informação pode alterar uma opinião e outra não (uma informação material é sempre
relevante);
 Oportunidade: A informação tem esta característica quando está disponível quando o
utilizador necessita dela para tomar as suas decisões (se a decisão não é oportuna, então
não é relevante).
Fiabilidade: Para ser útil e digna de confiança, a informação deve ser fiável (isenta de erros
materiais e preconceitos). Subatributos:
 Representação fidedigna (de transações e outros acontecimentos);
 Substância sobre a forma (prevalência da forma económica sobre a jurídica);
 Neutralidade (livre de preconceitos);
 Prudência (inclusão de grau de precaução ao fazer estimativas de modo a não
sobreavaliar os ativos/rendimentos e não subavaliar os passivos/gastos);
 Plenitude (dentro do limite da materialidade vs. custo).
Comparabilidade: Os utentes devem ser capazes de comparar as sucessivas DF de uma
empresa ao longo do tempo, a fim de nelas identificarem tendências na posição financeira e no
desempenho e, de comparar as DF de diferentes empresas, a fim de avaliarem de forma relativa
a sua posição financeira, o desempenho e as alterações na posição financeira. Assim:
 A valorimetria deve ser efetuada de forma consistente na empresa ao longo do tempo e em
relação às outras empresas;
 A comparabilidade não deve ser confundida com uniformidade, pelo que não se deve
tornar num impedimento à introdução de políticas contabilísticas melhoradas.
Restrições ou constrangimentos
1. Tempestividade
A demora indevida no relato da informação pode fazer com que se perca a sua relevância.
O gestor tem de balancear os méritos do relato tempestivo com o fornecimento de
informação relevante e fiável;
2. Balanceamento entre benefício e custo
Os benefícios da informação (avaliados pelo utilizador) devem exceder o custo de a
proporcionar (avaliando pelo produtor);
3. Balanceamento entre as características qualitativas
Conseguir um balanceamento apropriado entre as características qualitativas quando
entram em conflito entre si, especialmente entre a relevância e a fiabilidade.

Resumo: características qualitativas (atributos que tornam a informação útil)

Compreensibilidade; Relevância: Materialidade;


Características Relevância; Fiabilidade: Plenitude,
representação fidedigna,
qualitativas Fiabilidade; substância sobre a forma,
Comparabilidade. neutralidade e prudência

Restrições:
 Oportunidade (tempestividade);
 Relação custo/benefício;
 Balanceamento entre características qualitativas.
Principais demonstrações financeiras

Balanço e Demonstração
mapa de dos resultados
alterações ao funções e
capital próprio natureza

Anexo às
Mapa de fluxos
demonstrações
caixa
financeiras

Balanço
Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição financeira no balanço são
os ativos, os passivos e os capitais próprios.
Ativo: Recurso controlado pela empresa, como resultado de acontecimentos passados, do qual se
espera que fluam para a empresa benefícios económicos futuros;
Passivo: Obrigação presente da empresa, fruto de acontecimentos passados e da qual se espera
um exfluxo (saída de fundos da entidade);
Capital próprio: É definido como o valor residual dos ativos da empresa depois de se lhe deduzir
todos os seus passivos.
Ativos correntes vs. ativos não correntes
Um ativo deve ser classificado como corrente quando satisfazer qualquer um dos seguintes
critérios:
1. Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no decurso
normal do ciclo operacional da entidade;
2. Seja detido essencialmente com a finalidade de ser negociado;
3. Espera-se que seja realizado num período até 12 meses após a data do balanço;
4. É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhes seja limitada a troca ou uso para
liquidar passivo durante pelo menos doze meses após a data do Balanço.
Todos os ativos que não se enquadrem em ativos correntes são considerados como ativos não
correntes.
Passivos correntes vs. passivos não correntes
Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfazer qualquer um dos seguintes
critérios:
1. Espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal de entidade;
2. Seja detido essencialmente com a finalidade de ser negociado;
3. Deva ser liquidado num período até 12 meses após a data do Balanço;
4. A entidade não tenha direito incondicional de deferir a liquidação do passivo durante pelo
menos 12 meses após a data do Balanço.
Todos os passivos que não se enquadrem em passivos correntes são considerados como
passivos correntes são considerados como passivos não correntes.
Ciclo operacional
O ciclo operacional de uma entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para processamento e
a sua realização em caixa ou seus equivalentes. Quando este não for claramente identificável,
pressupõe-se uma duração de 12 meses.
Por exemplo, os ativos correntes incluem ativos (tais como inventários e dividas a receber
comerciais) que são vendidos, consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional normal,
mesmo quando não se espere que sejam realizados num período até 12 meses após a data do
balanço.
Capital próprio: elementos
 Inicial: Capital estatuário subscrito, que corresponde à soma das quotas. Partes de capital
subscritas pelos sócios ou acionistas;
 Adquirido: Capital que resultou de lucros não levantados ou distribuídos:
o De exercícios anteriores;
o Do exercício.

Demonstração de resultados
Rendimentos: São aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico na
forma de influxos, aumentos ou melhorias de ativos e diminuições de passivos, que resultem de
aumentos do capital próprio não relacionados com as contribuições de sócios.
Gastos: São diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forna de
enfluxos, redução/deperecimentos de ativos e incorrência de passivos, que resultem em
diminuições do capital próprio não relacionadas com a distribuição aos detentores do capital
próprio.

Anexo
O anexo deve:
 Apresentar informação acerca das bases de preparação das DF´s e das politicas
contabilísticas utilizadas;
 Divulgar as informações exigidas pelas NCRF que não sejam apresentadas nas DF’s
previstas;
 Proporcionar informação adicional que não seja apresentada nas DF’s, mas que seja
relevante para uma melhor compreensão de qualquer uma delas.

Demonstração de alterações do capital próprio


As alterações no capital próprio, entre duas datas de Balanço, refletem o aumento ou a redução
nos seus ativos líquidos durante esse período.
Esta DF introduz o conceito de resultado integral que resulta da agregação do resultado líquido
do período com todas as variações ocorridas nos capitais próprios não diretamente relacionadas
com os detentores de capital, agindo enquanto tal (doações, subsídios, etc.).
Demonstração de fluxos de caixa
Esta demonstração elucida sobre o modo como a empresa gera e utiliza o dinheiro de um
determinado período.
Apura os saldos do período numa perspetiva de tesouraria (recebimento/pagamentos).

Meios financeiros líquidos


A classe 1 – meios financeiros líquidos – destina-se a registar os meios financeiros líquidos que
incluem:
o Dinheiro e depósitos bancários;
o Todos os ativos e passivos financeiros mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam
reconhecidas na demonstração dos resultados.
11. Caixa
12. Depósitos à ordem
13. Outros depósitos bancários
14. Outros instrumentos financeiros
Por agora só iremos ver as contas de caixa e depósitos bancários, ou seja, apenas estudaremos
as disponibilidades imediatas: Meios líquidos de pagamento, de propriedade da empresa, assim
como as importâncias que ela tem em depósitos na banca, independentemente da modalidade.

11 – Caixa
Conteúdo: Meios de pagamento nacionais ou estrangeiros.
O seu saldo deve incluir:
 Notas de banco e moedas metálicas de curso legal, nacionais ou estrangeiras;
 Outros meios de pagamento, tais como cheques e vales postais.
O saldo não deve incluir:
 Selos de correio;
 Vales de caixa;
 Cheques pré-datados;
 Cheques devolvidos pelos bancos;
 Documentos justificativos de despesas.
Movimentação: Por vezes é necessário fazer lançamentos de regularização por estarem em caixa
rubricas que não correspondem a meios de pagamento.
A débito:
 Contas de gastos (selos postais, …)
 Conta clientes (cheques pré-datados ou devolvidos)
 Outras contas de dividas a receber (vales, ...)
A crédito:
 Conta 11 – Caixa

O SALDO CAIXA É SEMPRE DEVEDOR OU NULO


11 – CAIXA
Saldo inicial Pagamentos
 Notas e moedas Depósitos em bancos
 Vales de correio Dif. Câmbio desfavoráveis
 Cheques de terceiros por depositar
Recebimentos
Dif. Câmbio favoráveis
Reforços de Caixa

12 – Depósitos à ordem
Meios de pagamento existentes em contas à ordem nas instituições financeiras, podendo ser
movimentados através de:
 Cheque
 Transferência bancária
 Cartões multibanco
 Etc.
12 – DEPÓSITOS À ORDEM
Saldo inicial Cheques emitidos
Depósitos Levantamentos
Transferências de terceiros Transferências para terceiros
Juros de depósitos Transferências para outras contas
Cobranças

A conta 12 tem normalmente saldo devedor.


Saldo credor: quando são autorizados, pelo banco, a movimentar valores superiores às
disponibilidades aí existentes. Nestes casos, deve ser usada a conta 2512 – Financiamentos
obtidos – Inst. de crédito e soc. financeiras – Descobertos bancários (por débito da 12).
Os juros decorrentes do descoberto devem ser debitados na 6911 – Juros suportados – Juros de
financiamento (por crédito da 12).

13 – Outros depósitos bancários


Meios financeiros com características especificas que por vezes impõem alguma limitação ao seu
uso, mas que são facilmente convertíveis em quantias conhecidas.

Salientam-se os depósitos a prazo:


o Só podem ser movimentados após a data pré-estabelecida, sem perda dos juros
acordados;
o Os levantamentos antecipados resultam na perda dos juros acordados.

Movimentação da conta 13 semelhante ao definido para a conta 12, salvo as diferenças de


conteúdo entre ambas.

Mensuração
NCRF – Instrumentos Financeiros
Todos os ativos e passivos financeiros são mensurados, em cada data de relato, quer:
1. Ao custo;
2. Ao justo valor com as alterações de justo valor a ser reconhecidas na DR.
NCRF RELEVANTES
o NCRF 2 – Demonstrações de Fluxos de Caixa
Serve de referência à construção da ‘’Demonstração de fluxo de caixa’’
o NCRF 23 – Os efeitos de alterações em taxas de câmbio
É com base, e em função, desta norma que os registos efetuados são ajustados quando se
verificam alterações em taxas de câmbio.

NCRF 23
Itens monetários em moeda estrangeira:
 Reconhecidos inicialmente na moeda funcional da entidade, pela aplicação da taxa de
câmbio do dia da transação.
 Subsequentemente, itens em moeda estrangeira são expressos no balanço ao câmbio em
vigor à data do mesmo.
 As diferenças de câmbio resultantes da liquidação de itens monetários ou do relato de
itens monetários a taxas diferentes das que foram inicialmente registadas, devem ser
reconhecidas nos resultados do período em que ocorram.

Taxas de câmbio
Exemplo:
 A empresa vende um lote de mercadorias para Inglaterra por 1000 libras;
 Receberia as 1000 libras e iria ao banco fazer a troca por euros;
 O banco compraria as libras a uma taxa de câmbio de compra de 0,855.
 Ficaríamos com: X= 1170€
NOSSA VENDA – COMPRA AO BANCO
Exemplo 2:
 A empresa compra uma máquina a um fornecedor inglês por 1000 libras;
 Como precisa de libras vai ao banco trocar euros por libras;
 O banco vende as libras a uma taxa de câmbio de venda 0,85.
 Gastaríamos: X= 1176€
NOSSA COMPRA – VENDA AO BANCO
Diferenças de câmbio desfavoráveis:
6963 – Diferenças de câmbio desfavoráveis (atividade de investimento)
6887 – Diferenças de câmbio desfavoráveis (atividade operacional)
6921 – Diferenças de câmbio desfavoráveis (atividade de financiamento)
Diferenças de câmbio favoráveis
7861 – Diferenças de câmbio favoráveis (atividade de investimento)
7887 – Diferenças de câmbio favoráveis (atividade operacional)
793 – Diferenças de câmbio favoráveis (atividade de financiamento)
Compras e vendas
Noções gerais
Na sua atividade a empresa tem de se relacionar com terceiros, estabelecendo transmissões
onerosas de bens e de serviços, nomeadamente com:
Quem lhe possa fornecer os bens e serviços que ela necessita (fornecedores);
Quem necessita dos bens e serviços disponibilizados pela empresa (clientes).
Conforme não poderia deixar de ser, e por motivos legais, esta transmissão tem de ser
documentada. Esses documentos serão a base da contabilização destas operações.
Documentação contabilística
Guia da remessa: Documento emitido pelo vendedor que acompanha a mercadoria e serve
igualmente para o comprador proceder à conferencia dos artigos recebidos;
Fatura: Comprovante oficial da compra; refere-se a compras a crédito;
Recibo: Encerra a relação comercial e é emitido quando é liquidado o valor em dívida;
Fatura-recibo: Documento emitido quando o pagamento de transação ocorre de imediato, ou seja,
a pronto pagamento;
Nota de débito: Documento que retifica positivamente o valor da fatura, ou seja, aumenta o valor
em dívida;
Nota de crédito: Documento que retifica negativamente o valor da fatura, ou seja, diminui o valor
em dívida.
O IVA na contabilização das operações
O IVA é calculado pelo método indireto subtrativo.
 Indireto porque não exige a determinação do valor acrescentado;
 Subtrativo porque ao imposto recebido nas vendas é subtraído o imposto suportado nas
aquisições;
Regra geral a tomar em consideração: O IVA NÃO É UM CUSTO PARA A EMPRESA (embora
existam exceções).
O método de calculo do IVA permite as seguintes situações:
1. IVA debitado aos clientes = IVA debitado pelos fornecedores;
2. IVA debitado aos clientes < IVA debitado pelos fornecedores;
3. IVA debitado aos clientes > IVA debitado pelos fornecedores.
Situação 1: Neutra em termos de entrega de imposto ao Estado, porque o IVA recebido dos
clientes é igual ao IVA ago aos fornecedores;
Situação 2: Existe imposto a recuperar do Estado, o qual pode ser repercutido no período
seguinte ou objeto de reembolso. O imposto pago aos fornecedores é superior ao recebido dos
clientes, por isso o Estado devolve a diferença;
Situação 3: Existe imposto a entregar ao Estado, porque o IVA recebido dos clientes é superior ao
IVA pago aos fornecedores.
Princípio da origem
Nas operações efetuadas entre entidades residentes no território nacional: a liquidação do
imposto é efetuada por quem vende os bens ou presta os serviços, vigora assim a regra da
origem, porque o imposto é liquidado na origem dos bens ou serviços.
Princípio do destino
Nas operações efetuadas entre entidades localizadas em diferentes países: as operações
tributadas no país onde os bens são consumidos, impondo assim a rera do destino dos bens.
Nas aquisições efetuadas a países comunitários: A adquirente líquida e deduz o IVA (porque
foram suprimidas desde 1 de janeiro de 1993 as formalidades discais nas fronteiras entre os
países membros).
Nas aquisições efetuadas a países terceiros: O IVA é liquidado no país de destino (no nosso caso
PT) pelos serviços alfandegários.
Valor tributável
Este é o valor dos bens e serviços sobre os quais incide a taxa do IVA, ou seja, é a quantia paga
ou a pagar pelo adquirente.
Este valor inclui: despesas adicionais de compra (transporte, comissões, seguros, …); e exclui: os
descontos e abatimentos concedidos.
Sistema Normalização Contabilística
Conta Nome da conta
243 Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
2431 IVA suportado
2432 IVA dedutível
2433 IVA liquidado
2434 IVA regularizações
2435 IVA apuramento
2436 IVA a pagar
2437 IVA a recuperar
2438 Reembolsos pedidos
2439 Liquidações oficiosas

Conta 2431 – IVA suportado


Conta de uso facultativo, uma vez que o imposto quando dedutível pode ser debitado diretamente
na conta 2432 (IVA dedutível) ou no caso de não ser dedutível na respetiva conta do ativo ou de
gasto.
O IVA exclui do direito à dedução o imposto relacionado com diversas despesas, das quais se
salienta:
 Aquisição. Locação, utilização e reparação de viaturas de turismo (exceto se estes bens
constituírem o objeto de atividade do sujeito passivo)
 Gasolina (no caso do gasóleo o imposto é dedutível na proporção de 50%)
 Despesas de representação;
 Despesas de deslocação e estadia
Conta 2432 – IVA dedutível
Esta conta é debitada pelas quantias de imposto que sejam dedutíveis relativas a todas as
aquisições de inventários, ativos fixos (investimentos) ou de outros bens e serviços.
Esta pode ser:
o 24321 – Inventários
o 24322 – Investimentos
o 24323 – Outros bens e serviços

Conta 2433 – IVA liquidado


Nas operações efetuadas entre residentes no território nacional cabe ao vendedor proceder à
liquidação do IVA, o qual incide sobre o valor recebido ou a receber pelo vendedor.
Esta pode ser:
o 24331 – Operações gerais
o 24332 – Autoconsumos e operações gratuitas

Estão isentas de imposto, entre outras operações:


 As exportações para países terceiros;
 As transmissões de bens para um adquirente num Estado membro.
Nas importações de bens a liquidação do IVA compete aos serviços alfandegários, sendo em
regra este importo dedutível para o adquirente.
Conta 2434 – IVA regularizações
Esta conta regista as regularizações de imposto que a empresa tiver que efetuar, relativas a erros
ou omissões no apuamento do imposto, devoluções, descontos ou abatimentos, rescisões ou
reduções de contratos, anulações e incobrabilidade de créditos, roubos, sinistros, etc.
Esta pode ser:
o 24341 – A favor da empresa
o 24342 – A favor do Estado

Conta 2435 – IVA apuramento


Esta conta regista as operações respeitantes ao apuramento do imposto a pagar ou a recuperar
num determinado período.
 É debitada pelos saldos devedores das contas 2432 (IVA dedutível) e 24341
(regularizações a favor da empresa);
 É creditada pelos saldos credores das contas 2433 (IVA liquidado) e 24342 (regularizações
a favor do Estado;
 Quando existir saldo na conta 2437 (IVA a recuperar), a conta 2435 (IVA apuramento) é
também debitada pelo montante do crédito de imposto do período anterior.
… após estas transferências:
Se o saldo apurado na conta 2435 (IVA apuramento) for credor significa que existe IVA a entregar
ao Estado. Este saldo será transferido para a conta 2436 (IVA a pagar).
Se o saldo apurado na conta 2435 (IVA apuramento) for devedor significa que existe IVA a
recuperar do Estado. Este saldo será transferido para a conta 2437 (IVA a recuperar).

Conta 2436 – IVA a pagar


Esta conta é saldada quando a empresa efetuar o pagamento de imposto devido ao Estado.
Conta 2437 – IVA a recuperar
Quando a empresa tem IVA a recuperar pode optar entre:
 Efetuar o pedido de reembolso – neste caso a conta 2437 (IVA a recuperar) será saldada
por contrapartida da conta 2438 (reembolsos pedidos);
 Não efetuar o pedido de reembolso – neste caso o saldo da conta 2437 (IVA a recuperar),
permanecerá nesta conta até o apuramento do imposto do período seguinte e será, então,
transferido de novo para a conta 2435 (IVA apuramento).

Se saldo credor:
Se saldo devedor

Conclusões importantes:
A conta 2435 (IVA apuramento) é uma conta de movimentação periódica. Só é movimentada no
fim de casa período de imposto, mês ou trimestre, de acordo com a situação tributária da
empresa.
Todas as subcontas desde 2431 (IVA suportado) até à conta 2435 (IVA apuramento), deverão
ficar saldadas no fim de cada período de imposto. O valor final de todas elas virá representado na
conta 2436 (IVA a pagar), se o saldo for favorável ao Estado ou não conta 2437 (IVA a
recuperar), se o saldo for favorável à empresa.

Vendas e outras operações com clientes


As contabilizações dos rendimentos resultantes das atividades principais da empresa são
realizadas em duas contas, consoante a sua natureza:
Conta 71 – Vendas
A vendas, representadas pela faturação, devem ser deduzidas do IVA e de outros impostos e
incidências, nos casos em que nela estejam incluídos.
Conta 72 – Prestações de serviços
Respeita aos trabalhos e serviços prestados que sejam próprios dos objetivos ou finalidades
principais da empresa. Nela poderão ser integrados os materiais aplicados, no caso de estes não
serem faturados separadamente (no caso dos rendimentos das atividades que não estejam
relacionadas com os objetivos principais, estes devem ser contabilizados na subconta da 781
(rendimentos suplementares).
Conta 21 – Clientes
Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e de serviços, ainda
que sejam entidades como sócios, pessoal, Estado, etc.
21
Saldo inicial Devolução de vendas
Vendas e serviços prestados Recebimento de clientes
Juros de mora por incumprimento do prazo de Adiantamentos de clientes
recebimento acordado Diferenças de câmbio desfavoráveis
Juros provenientes da aplicação da taxa de
juro efetiva
Diferenças de câmbio favoráveis

211 – Clientes c/c


o 2111 – Clientes gerais
o 2112 – Clientes empresa-mãe NCRF 5 –
o 2113 – Clientes empresas subsidiárias Divulgação de
o 2114 – Clientes empresas associadas partes
o 2115 – Clientes empreendimentos conjuntos relacionadas
o 2116 – Clientes outras partes relacionadas

212 – Clientes títulos a pagar



218 – Adiantamentos de clientes
219 – Perdas por imparidades acumuladas

Compras e outras operações com fornecedores


As compras e outras operações com fornecedores a abordar enquadram-se, essencialmente, no
âmbito das contas:
 Conta 31 – Compras
 Conta 62 – Fornecimento e Serviços Externos
Não serão abordadas as aquisições inseridas na classe:
 Conta 4 – Investimentos

Podem ser adquiridos a terceiros:


 Bens:
o Se forem considerados como consumíveis são contabilizados numa subconta 62
(fornecimentos e serviços externos);
o Ser forem armazenáveis, para posterior venda ou consumidos no processo de
transformação de outros produtos, isto é, ligados à atividade operacional da
empresa, são contabilizados numa subconta 31 (compras).
 Serviços:
o Em termos gerais, são contabilizados numa subconta da conta 62 (fornecimentos e
serviços externos).
Conta 22 – Fornecedores
 Regista as operações relacionadas com compras de bens e serviços, com exceção dos
investimentos da entidade (271 – fornecedores de investimentos).
 Regista os movimentos com os vendedores de mercadorias, de matérias-primas,
subsidiárias e de consumo, de ativos biológicos e de FSE, ainda que sejam entidades
como sócios, pessoal, Estado, etc.
 A contas de natureza passiva de classe 2 são na sua maioria, e normalmente,
consideradas como correntes.
22
Devolução de compras Saldo inicial
Pagamento a fornecedores Compras de bens e serviços
Adiantamentos a fornecedores com preço não Juros de mora por incumprimento do prazo de
definido pagamento
Diferenças de câmbio favoráveis Juros provenientes da aplicação da taxa de
juro efetiva
Diferenças de câmbio desfavoráveis

Mensuração inicial das dívidas a pagar a fornecedores (custo valor, ou seja, custo de
aquisição)
Custo e aquisição: Preço de compra, incluindo despesas adicionais de compra tais como:
 Seguros;
 Comissões;
 Transporte;
 Impostos;
 Despesas alfandegárias;
 Etc.
221 – Fornecedores c/c
o 2211 – Fornecedores gerais
o 2212 – Fornecedores empresa-mãe
o 2213 – Fornecedores empresas subsidiárias
o 2214 – Fornecedores empresas associadas
o 2215 – Fornecedores empreendimentos conjuntos
o 2216 – Fornecedores outras partes relacionadas

222 – Fornecedores títulos a pagar



225 – Faturas em receção e conferência

228 – Adiantamentos a fornecedores
229 – Perdas por imparidades acumuladas

Devoluções
Devolução de vendas:
 Quando se faz referência a devolução de vendas está implícita a devolução de bens, já
que os serviços não são suscetíveis de devolução;
 As devoluções de venda constituem uma componente negativa dos rendimentos, por isso
é debitada a conta 717 (vendas – devoluções de vendas).

Devoluções de compras:
 Quando se faz referência, a devolução de compras está implícita a devolução de bens, já
que os serviços não são suscetíveis de devolução;
 Registadas na subconta 317 (compras – devolução de compras), desde que relativas a
bens aprovisionáveis, inicialmente contabilizados na própria conta de compras.
Adiantamentos
… com clientes

… com fornecedores

Descontos
Descontos concedidos:
 Natureza comercial: Reduções do preço que resultam, em termos gerais, de todas as
outras situações que não as de natureza financeira (descontos de quantidade, rappel, etc.);
 Natureza financeira: Relacionados com o pagamento da dívida (descontos de pronto
pagamento ou por antecipação do mesmo).
Natureza comercial
o Incluídos na fatura: registar a compra pelo seu valor líquido (VL = VB + VD)
o Fora da fatura (através de uma nota de crédito):
o Débito: Conta 718 – descontos e abatimentos em vendas; ou conta 728 – descontos
e abatimentos;
o Crédito: Conta 211 – clientes c/c

Natureza financeira
o Incluídos na fatura ou fora da mesma:
o São sempre contabilizados como gastos na conta
 682 – Gastos e perdas financeiras – descontos de pronto pagamento
~

Descontos obtidos:
 Natureza comercial: Reduções do preço que resultam, em termos gerais, de todas as
outras situações que não as de natureza financeira (descontos de quantidade, rappel, etc.);
 Natureza financeira: Relacionados com o pagamento da dívida (descontos de pronto
pagamento ou por antecipação de pagamento).
Natureza comercial
o Incluídos na fatura: registar a compra pelo seu valor líquido (VL = VB – VD)
o Fora da fatura (através de uma nota de crédito):
o Crédito: Conta 318 – compras – descontos e abatimentos em compras;
o Débito: Conta 221 – fornecedores c/c

Natureza financeira
o Incluídos na fatura ou fora da fatura: Quer esteja incluído na fatura ou fora dela, dada a sua
natureza, deve ser sempre evidenciando na conta 782 – proveitos e ganhos financeiros –
descontos de pronto pagamento obtidos

Transações comunitárias, exportações/importações e moeda estrangeira


Princípio do destino
Nas operações efetuadas entre entidades localizadas em diferentes países as operações são
tributadas no país onde os bens são consumidos, impondo assim a regra do destino dos bens.
Nas aquisições efetuadas a países comunitários o adquirente liquida e deduz o IVA.
Nas aquisições efetuadas a países terceiros (importações) o IVA é liquidado no país de destino
pelos serviços alfandegários.
Operações em moeda estrangeira
Reconhecidos inicialmente na moeda funcional da entidade, pela aplicação da taxa de câmbio do
dia da transação. Subsequentemente, expressos no Balanço ao cambio em vigor à data do
mesmo.
6887 – Diferenças de cambio desfavoráveis
7887 – Diferenças de câmbio favoráveis
NCRF 23 – OS EFEITOS DE ALTERAÇÕES EM TAXAS DE CÂMBIO

Inventários (NCRF 18)


Objetivo: prescrever o tratamento para os inventários;
Um aspeto primordial na contabilização dos inventários é a quantia do custo a ser reconhecida
como um ativo e a ser escriturada até que os réditos relacionados sejam reconhecidos.
Definições
Inventários (existências)  são ativos:
 Detidos para venda no decurso ordinário da atividade empresarial (produção acabada,
mercadorias);
 No processo de produção para tal venda (produção em curso);
 Na forma de materiais ou consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na
prestação de serviços.
Tipos de Inventários
Existem 4 tipos de inventários:
 32 – Mercadorias
São os inventários adquiridos com o objetivo de venda sem que sejam objeto de qualquer
trabalho posterior de natureza industrial;
 33 – Matérias primas, subsidiárias e de consumo
São os inventários adquiridos com o objetivo de serem incorporadas ou consumidas
durante o processo de fabrico;
 Inventários resultantes da produção
o 34 – Produtos acabados e intermédios (bens provenientes da atividade produtiva da
empresa);
o 35 – Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos (valora relativamente pequeno)
o 36 – Produtos e trabalhos em curso (em fabricação ou produção, não estando em
condições de serem vendidos);
 37 – Ativos biológicos
Esta conta é registada pelo valor atribuído (ou apurado) aos ativos biológicos (animais e
plantas vivas).
Mensuração de inventários
Os inventários devem ser mensurados pelo custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o mais
baixo.
Valor realizável líquido: preço de venda estimado no decurso ordinário da atividade empresarial
menos os custos estimados de acabamento e os custos estimados necessários para efetuar a
venda.
Custo dos inventários
O custo dos inventários deve incluir todos os custos de compra, de conversão e outros incorridos
para colocar os inventários no seu local e na sua condição atuais.

Balanço inventários
o Quando o reconhecemos inicialmente?
o Como o valorizamos no momento inicial de reconhecimento?
o Como o valorizamos nos momentos seguintes?

Reconhecimento inicial
Estrutura conceptual (2 condições):
 Probabilidade de gerar BEF para a empresa;
 O seu custo possa ser estimado com fiabilidade;
Como o valorizamos no momento inicial de reconhecimento?
Ao custo:
 Custo de inventário
o Custos de aquisição ou de compra;
o Custos de produção/transformação/conversão;
o Outros custos.
 Custo de compra:
o Preço de compra
o Direitos de importação e outros impostos (que não sejam os subsequentemente
recuperáveis das entidades fiscais pela entidade);
o Custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente atribuíveis à
aquisição de bens acabados, de materiais e de serviços;
o Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes deduzem-se na
determinação dos custos de compra.
A entrada das mercadorias em armazém (nas contas 32 – mercadorias e 33 – matérias-primas,
subsidiárias e de consumo) é sempre registada ao preço de custo, o que deve incluir as despesas
de compra e excluir os descontos comerciais obtidos.
A saída, pelo contrário, depende do critério de mensuração dos inventários utilizado pela
empresa.
Para o apuramento da quantia a considerar das saídas dos inventários para venda ou consumo é
necessário considerar uma fórmula de custeio sempre que os itens em armazém tenham entrado
em momentos diferentes (vários lotes) e cada entrada tenha um custo de compra diferente.
A NCRF 18 estabelece que o custo dos inventários deve ser mensurado pelo uso de uma das
seguintes fórmulas:
 Custo específico;
 Custo médio ponderado (CMP);
 FIFO
Custo específico
Os produtos são avaliados pelo seu preço real (incluindo os encargos de compra que lhe sejam
imputados).
Ex.: ourivesarias

Custo médio ponderado


Critério mais utilizado nas empresas e pressupõe que a avaliação do stock de cada artigo seja
feita ao custo médio de todas as unidades que o compõem. Assim, as saídas do armazém são
valorizadas ao custo médio das entradas.

Q1 × P1 +Q2 × P2+ …+Qn × Pn


CMP=
Q1 +Q2 +…+Qn
FIFO – first in first out
As unidades quando saem do armazém são valorizadas com base no preço das unidades
cronologicamente mais antigas.
As existências consumidas e vendidas são valorizadas aos preços mais antigos e as que
permanecem no armazém ao preço mais recente (§ NCRF 18).
Exemplo: Aquisição sucessiva dos seguintes lotes da mesma mercadoria:
 Outubro de 2014: quantidade – 100; preço unitário: 10€;
 Novembro de 2014: quantidade – 200; preço unitário: 12€
 Dezembro de 2014: venda de 150 unidades

Apuramento do CMV em dezembro:


 Custo médio ponderado;
 FIFO.

Exemplo:
 Custo médio ponderado
CMVMC=¿ ¿
 FIFO
CMVMC=100 ×10+50 × 12=1600

Sistemas de Inventário

Sistema de inventário permanente – SIP


Neste sistema o custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas é apurado no ato da
venda ou consumo, permitindo assim a todo o momento identificar os bens (existentes em
armazém) quanto à sua natureza, quantidade, custos unitários e globais.
Este sistema caracteriza-se pelos registos contabilísticos refletirem permanentemente as
quantidades físicas e quantidade escriturada existentes em ‘’armazém’’.
É o sistema previsto, em termos gerais, pelo SNC (ver art. 12.º, do DL 158/2009, de 13 de julho –
aprovação do SNC).
Movimentos:
 Conta 31 – compras  no momento da compra é debitada pelo valor das compras e
despesas de compra e creditada (além dos abatimentos e devoluções) pela entrada das
mercadorias em armazém. Deve estar sempre saldada.
 Conta 32 – mercadorias; 33 – matérias primas  debitadas pela entrada em armazém e
creditadas pelas saídas sempre a preço de custo (ao CMP ou FIFO). O saldo corresponde
ao valor dos stocks existentes em armazém (ao CMP ou FIFO).
 Conta 611 – custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas  debitada pelo
custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas por contrapartida da respetiva
conta de inventário; dá-nos a todo o momento o CMVMC.

Sistema de inventario intermitente – SII


As entidades que não apliquem o SIP, devem então calcular o custo das mercadorias vendidas e
matérias consumidas de forma indireta.
No SII, o valor dos stocks em armazém e dos resultados apurados, só é determinável através da
inventariação física dos bens e posterior valorização, efetuadas periodicamente (geralmente no
final do ano).
Enquanto que pelo SIP se acompanha todo o movimento de produtos em armazém, pelo SII, tal
não acontece tendo de se recorrer a uma contagem física para reconhecimento do mesmo.
É o sistema excecional previsto pelo SNC (ver art. 12.º, do DL 158/2009, de 13 de julho –
aprovação do SNC).
O custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (CMVMC) é apurado através da
seguinte expressão: Inventario inicial (1) + compras (2) – inventario final (3) +/- reclassificações e
regularizações (4)
(1) O inventário inicial corresponde ao inventário final do ano anterior mensurado em função
das bases de mensuração utilizadas;
(2) Por transferência do saldo da conta 31 – Compras;
(3) A quantia do inventário final é apurada por inventário físico e mensurada em função das
bases de mensuração utilizadas;
(4) Por transferência do saldo da conta 38 – Reclassificações e regularizações.

Movimentos SIP

Movimentos SII
Variação da Produção
O custo das vendas de produtos produzidos pela empresa não é registado numa conta de gasto
de vendas, dado que os gastos necessários para a sua produção já estão registados nas
respetivas contas de gastos.
Caso se voltasse a contabilizar o gasto das vendas desses produtos estar-se-ia a incorrer numa
duplicação de gastos.
Por isso é utilizada a conta 73 – variações nos inventários da produção.
Dado que apenas se devem reconhecer os gastos referentes ao próprio exercício económico, o
gasto dos produtos produzidos ou em curso no exercício, mas que se encontram em armazém no
final do exercício em que se verificar a sua venda.
Por outro lado, o gasto dos produtos produzidos ou em curso no exercício anterior (Inventário
Inicial), mas que apenas forem vendidos no(s) exercício(s) seguinte(s), deve ser imputado a
esse(s) exercício(s).
Variação da produção = Inventário final P.A./P.C. +/- Regularizações PA/PC – Inventário Inicial
P.A./P.C.
Regularizações de Inventários
Conta 38 – Reclassificação e regularização de inventários
Regista as regularizações de inventários, nomeadamente quebras, sobras, afetação ao ativo fixo,
sinistros, consumos próprios e ofertas a clientes e de fornecedores, sendo creditada por
contrapartida do débito nas respetivas contas de proveitos. Depois deverá ser saldada por
contrapartida das contas de inventários (32, 33 ou 34).
Reconhecimento: Esta conta não é, pois, reconhecida no balança, pois, como já foi referido, trata-
se de uma conta de registo de regularizações, sendo automaticamente saldada em SIP, ou
regularizada/saldada no final aquando do encerramento de contas, em SII.

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