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ENEM

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AULAS 01 e 02
AULAS 01 e 02
1a. SEMANA
AULA 01
ENEM: COMPETÊNCIA 02 (I)
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa
Começaremos este curso pela análise do 2o. critério de correção da redação do ENEM. O motivo disso
é o fato de essa competência reunir os fatores centrais do atendimento à proposta, pois ela avalia:
• O cumprimento integral do tema;
• A adequação à estrutura do texto dissertativo-argumentativo;
• O repertório sociocultural utilizado na construção do texto.

01. CUMPRIMENTO INTEGRAL DO TEMA


Uma ótima redação começa por uma leitura atenta e criteriosa da proposta de redação. E isso só
pode ocorrer a partir da plena compreensão da frase temática e dos textos motivadores. Sem isso, tor-
na-se grande o risco de a redação cometer uma falha grave, chamada de tangenciamento. Para que se
evite esse erro, vejamos alguns conceitos:

TEMA DA REDAÇÃO
Duas palavras costumam ser pronunciadas de forma indistinta, como se fossem sinônimas: “assunto”
e “tema”. “Assunto” é uma abordagem ampla, global, “tema” é o recorte específico de um assunto.

(ENEM 2021) Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil


Nesse caso, o tema é a relação entre dois assuntos: portanto, só atendeu plenamente à proposta
quem soube relacionar a invisibilidade social à falta de registro civil. Era necessário, portanto, defender
de que forma a falta de registro civil faz com que alguém oficialmente não exista perante o Estado bra-
sileiro.

TANGENCIAMENTO
Assim, candidatos que escreveram apenas sobre invisibilidade ou sobre registro civil, sem conside-
rar que a questão pediu um recorte específico, ou seja, a relação entre esses dois assuntos, cometeu
uma falha grave chamada tangenciamento: o atendimento parcial da questão.

TEXTOS MOTIVADORES
Para entender o que são textos motivadores, é importante esclarecer o que significa a palavra “motivo”.
Esse vocábulo tem a ver com as “causas”, as “razões” de algo. Assim, esses textos orientam, direcionam
os rumos da discussão que será desenvolvida.
Para melhor entendimento da diferença entre tema e assunto, bem como a finalidade dos textos mo-
tivadores, vejamos, como exemplo, a proposta de redação ENEM 2021.

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02. ADEQUAÇÃO À ESTRUTURA TEXTUAL


Naturalmente, a redação no ENEM deve apresentar as características de um texto dissertativo-ar-
gumentativo. Sendo assim, espera-se de uma redação a defesa de um ponto de vista e a análise de um
tema. Para a obtenção da nota máxima nesse quesito, é necessário que todas as partes (introdução,
argumentos e conclusão) do texto estejam bem desenvolvidas, completas.

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EXEMPLO DE REDAÇÃO
A cidadania, no contexto relativo à Grécia Antiga, era restrita aos homens aristocratas, maiores de
vinte e um anos, que participassem do sistema político de democracia direta do período. Diferente-
mente dessa conjuntura, a Carta Magna do Estado brasileiro, vigente na contemporaneidade, concede
o título de cidadão do Brasil aos indivíduos nascidos em território nacional, de modo que a oficialização
dessa condição está atrelada ao registro formal de nascimento. Nesse contexto, convém apresentar
que, em virtude da ausência dessa documentação, diversas pessoas passam a enfrentar um quadro
de invisibilidade frente à estrutura estatal e, com isso, são privadas da verdadeira cidadania no país.
Acerca dessa lógica, é necessário pontuar a dificuldade da parcela da população brasileira, em
situação de vulnerabilidade socioeconômica, no acesso ao procedimento de registro civil. Sob esse
viés, destaca-se que, segundo relatório de 2019 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-
mento, o Brasil é o último país mais desigual do mundo, condição que implica a existência de indivíduos
tupiniquins detentores de rendas extremamente baixas, as quais, muitas vezes, não são suficientes
para fornecer condições de vida dignas a essas pessoas. A essa linha de raciocínio, os limitantes re-
cursos financeiros podem impossibilitar o deslocamento desses indivíduos até os cartórios, devido
aos custos com transporte e, por conseguinte, impedir a realização do registro. Assim, a acentuada
desigualdade social da nação dificulta a promoção da documentação pessoal, especialmente, para as
classes sociais menos abastadas.
Além disso, é importante relacionar a falta de documentos de nascimento com o sentimento de
invisibilidade desenvolvido pelos indivíduos sem registro, tendo em vista a privação dos direitos so-
ciais, civis e políticos desencadeada pela problemática pela problemática discutida. Sob essa óptica,
somente a partir da certidão de nascimento pode-se emitir as carteiras de identidade e de trabalho,
bem como o título de eleitor e o cadastro de pessoa física. Nesse sentido, o acesso aos programas do
governo, a exemplo do auxílio emergencial - assistência financeira concedida durante a pandemia da
Covid-19 -, à seguridade social e ao exercício do voto dependem, diretamente, da existência do regis-
tro civil. Portanto, a ausência da documentação formal torna parte da população invisível socialmente,
já que essas pessoas não podem beneficiar-se dos serviços e das garantias do Estado Democrático
de Direito brasileiro.
Diante do exposto, conclui-se que o registro civil é um aspecto intrínseco à cidadania no Brasil. Por
isso, o Governo Federal deverá propiciar a acessibilidade das populações mais carentes, que sofrem
com a falta de acesso à documentação, a esse tipo de serviço, por meio da articulação de unidades
móveis para os cartórios do país. No que tange a esse aspecto, os veículos adaptados transportarão
os funcionários dos órgãos de registros até as áreas de menor renda “per capita” de seus respectivos
municípios, um dia por semana, com o intuito de realizar o procedimento formal de emissão dos do-
cumentos de nascimento dos grupos sociais menos favorecidos economicamente. Desse modo, um
maior número de brasileiros acessará, efetivamente, a condição de cidadão.
Emanuelle Severino
Extraído de: <https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2022/04/11/leia-redacoes-
nota-mil-do-enem-2021.ghtml>. Publicado em: 11/04/22

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EIXO TEMÁTICO: SAÚDE
01. Direito à Saúde
A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que
todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e a sua família, saúde e bem-es-
tar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis.
Ou seja, o direito à saúde é indissociável do direito à vida, que tem por inspiração o valor de igualdade
entre as pessoas.
No contexto brasileiro, o direito à saúde foi uma conquista do movimento da Reforma Sanitária, re-
fletindo na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Constituição Federal de 1988, cujo artigo 196
dispõe que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econô-
micas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”.
No entanto, direito à saúde não se restringe apenas a poder ser atendido no hospital ou em unida-
des básicas. Embora o acesso a serviços tenha relevância, como direito fundamental, o direito à saúde
implica também na garantia ampla de qualidade de vida, em associação a outros direitos básicos, como
educação, saneamento básico, atividades culturais e segurança.
“A criação do SUS está diretamente relacionada a tomada de responsabilidade por parte do Estado. A
ideia do SUS é maior do que simplesmente disponibilizar postos de saúde e hospitais para que as pessoas
possam acessar quando precisem, a proposta é que seja possível atuar antes disso, através dos agentes
de saúde que visitam frequentemente as famílias para se antecipar os problemas e conhecer a realidade
de cada família, encaminhando as pessoas para os equipamentos públicos de saúde quando necessário”
(https://pensesus.fiocruz.br/direito-a-saude)
02. Saúde e Saúde Mental
Saúde e saúde mental têm conceitos complexos e historicamente influenciados por contextos só-
cio-políticos e pela evolução de práticas em saúde. Os dois últimos séculos têm visto a ascensão de um
discurso hegemônico que define esses termos como específicos do campo da medicina. Entretanto,
com a consolidação de um cuidado em saúde multidisciplinar, diferentes áreas de conhecimento têm,
gradualmente, incorporado tais conceitos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “A saúde é um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”. Essa definição,
de 1946, foi inovadora e ambiciosa, pois, em vez de oferecer um conceito inapropriado de saúde, expan-
diu a noção incluindo aspectos físicos, mentais e sociais.
Apesar das intenções positivas pressupostas nessa definição, ela tem recebido intensa crítica ao
longo de seus 60 anos de existência. Isso se deve especialmente ao fato de que é proposto um signi-
ficado irreal, em que as limitações humanas e ambientais fariam a condição de “completo bem-estar”
impossível de ser atingida.
Decorrentes das críticas ao conceito da OMS e somadas aos vários eventos políticos e econômicos,
surgiram as discussões sobre um novo paradigma, a saúde como produção social. Essa nova visão cons-
titui-se da combinação das abordagens da medicina preventiva e da saúde integrativa, da expansão do
conceito de educação em saúde e da rejeição da abordagem higienista.
Seguindo propostas de reforma do sistema de saúde brasileiro, o conceito de saúde foi formalmente
revisitado e influenciado por experiências internacionais envolvendo políticas de saúde, como discutido
principalmente na 8a. Conferência Nacional de Saúde, em 1986. Naquela ocasião foi sugerido que a saú-
de incluísse fatores como dieta, educação, trabalho, situação de moradia, renda e acesso a serviços de
saúde.
Como resultado, o conceito brasileiro de saúde começou a ser entendido de forma mais complexa,
considerando os princípios de universalidade, integralidade e equidade no cuidado à saúde. Esses prin-
cípios, contudo, coexistem com abordagens claramente ligadas à antiga visão.

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O termo ‘bem-estar’, presente na definição da OMS, é um componente tanto do conceito de saúde,
quanto de saúde mental, é entendido como um constructo de natureza subjetiva, fortemente influencia-
do pela cultura. A OMS define saúde mental como “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe
suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é
capaz de contribuir para sua comunidade”.
Definições de saúde mental são objeto de diversos saberes, porém, prevalece um discurso psiquiá-
trico que a entende como oposta à loucura, denotando que pessoas com diagnósticos de transtornos
mentais não podem ter nenhum grau de saúde mental, bem-estar ou qualidade de vida, como se suas
crises ou sintomas fossem contínuos.
Nos anos 1960, o psiquiatra italiano Franco Basaglia propôs uma reformulação no conceito de lou-
cura, mudando o foco da doença e expandindo-o com questões de cidadania e inclusão social (14). Tal
ideia ganhou adeptos e acendeu um movimento que influenciou o conceito de saúde mental no Brasil e
resultou na Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Frente ao exposto, entende-se que há dois paradigmas principais para discussão dos conceitos de
saúde e saúde mental, ou seja, o paradigma biomédico e o da produção social de saúde. No primeiro, o
foco é exclusivamente na doença e em suas manifestações, a loucura como sendo essencialmente o ob-
jeto de estudo da psiquiatria. No segundo, a saúde é mais complexa que as manifestações das doenças e
inclui aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Neste paradigma, loucura é muito mais que
um diagnóstico psiquiátrico, pois os pacientes com um transtorno psiquiátrico podem ter qualidade de
vida, participar da comunidade, trabalhar e desenvolver seus potenciais.
O Sistema Único de Saúde brasileiro adota um conceito ampliado de saúde e inclui em suas prio-
ridades o cuidado à saúde mental. Entretanto, este estudo pressupõe que que tal perspectiva não foi
naturalizada pelos profissionais de saúde que integram esse sistema, ainda prevalecendo o paradigma
biomédico. Assim, este estudo teve por finalidade abordar o termo ‘saúde mental’ sob a perspectiva de
profissionais de saúde da rede de saúde pública.
O conceito de saúde mental para profissionais de saúde. Loraine Vivian Gaino;
Jacqueline de Souza; Cleber Tiago Cirineu; Talissa Daniele Tulimosky.
03. TDAH
O que é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): é uma das condições com a
maior procura de tratamento em saúde mental no mundo (ROHDE, et al., 2004). Os cuidados com crianças
com TDAH podem gerar alto custo financeiro às famílias devido aos cuidados com o tratamento, podem
gerar desgaste familiar devido a dificuldades em estabelecer uma rotina, pode comprometer aspectos
acadêmicos e emocionais da criança; esses são fatores que sugerem alto risco para o desenvolvimento
de comorbidades ao longo da vida da pessoa (ROHDE et al., 2000).
O TDAH é uma desordem comportamental vista como um problema de saúde mental, que geralmente
é identificado na infância, sendo qualificado pela presença constante de desatenção e hiperatividade/
impulsividade, capazes de interferir negativamente na vida da pessoa. Tal transtorno pode se apresen-
tar de três maneiras: predominantemente desatenta (TDAH-D), predominantemente hiperativa/impul-
siva (TDAH-H) e combinada (TDAH-C) (AMARAL, et al., 2001; PEIXOTO, RODRIGUES, 2008; AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA], 2014; TORRES, 2015). Valença e Nardi (2015) mostram que, apesar da
tríade sintomática complicar vários aspectos da vida da pessoa, ela pode ser modificada com o passar
dos anos, e os sintomas podem se apresentar de formas mais flexíveis, havendo a possibilidade de dimi-
nuição de alguns dos sintomas.
Nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-V (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA], 2014) a pessoa com TDAH-D apresenta, seis ou mais sintomas de de-
satenção e menos de seis sintomas de hiperatividade/impulsividade; a pessoa com TDAH-H, apresenta
mais de seis sintomas de hiperatividade/impulsividade e menos de seis sintomas de desatenção; TDAH-
-C apresenta seis ou mais sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade (BR-
ZOZOWSKI, CAPONI, 2009; AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA], 2014; TORRES, 2015). Segundo
o DSM-V (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA], 2014), para que sejam confirmados critérios de
desatenção e critérios de hiperatividade/impulsividade, é necessária a existência de ao menos seis sin-
tomas conflitantes ao nível de desenvolvimento da pessoa, com persistência em período de seis meses,
para cada critério estabelecido pelo DSM-V.

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Alguns comportamentos mais frequentes em crianças com TDAH são, irritabilidade, baixa tolerância
à frustração, prejuízo escolar e possíveis problemas cognitivos na atenção, nas funções executivas ou
na memória (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA], 2014). Comportamentos de procrastinação,
alternância de tarefas, labilidade motivacional, dificuldade de focalização e sustentação da atenção, difi-
culdade em organização e priorização de atividades, lentidão no processamento de informações, dificul-
dade em tolerar frustrações e manejar sentimentos, deficiência na memória operacional e prospectiva
também são frequentes em crianças com o TDAH (FRIAÇA, 2010).
É importante lembrar que os sintomas devem surgir antes dos 12 anos de idade e ser apresentados
em pelo menos dois ambientes em que a pessoa vive, como por exemplo casa, escola ou trabalho (AME-
RICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA], 2014).
Na família em que há uma criança com TDAH, existem, muito frequentemente, dificuldades por parte
dos pais no estabelecimento de rotina, manutenção da organização do ambiente, supervisão das ativi-
dades e cumprimento da prática de cuidado proposta pelos profissionais envolvidos (CARIM, BARBIRA-
TO, 2015). A criança com TDAH apresenta complicações em sua qualidade de vida social e acadêmica,
que caso não sejam tratadas podem gerar comorbidades psiquiátricas, como transtorno de ansiedade e
transtorno opositor-desafiador, por essa razão é bastante importante que a família tenta ao máximo se
organizar para realizar o tratamento adequadamente (SOUZA et al., 2001).
A visão de profissionais de saúde acerca do TDAH - processo diagnóstico e práticas de tratamento.
Virginia Effgem , Cláudia Patrocínio Pedroza Canal ; Daniela Dadalto Ambrozine Missawa, ; Claudia Broetto Rossetti

04. Filmes que tratam do tema TDAH


Mommy (2014)
Esse filme de Xavier Dolan conta a história de Die e seu filho Steve, que vive com TDAH, ambos em
busca de algum equilíbrio emocional. Viúva já há alguns anos, Die vive uma relação conturbada com o fi-
lho, um verdadeiro mar de instabilidades e agressões, pois o adolescente de 17 anos oscila entre o afeto e
a violência em um piscar de olhos. É no meio dessas idas e vindas que a vizinha Kyla surge, presenteando
ambos com uma amizade imprevisível.

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Impulsividade (2005)

Justin Cobb é um adolescente com TDAH, algo facilmente notável por sua mania de chupar o dedo.
Aos 17 anos, tenta de tudo para se livrar deste costume, mas, no processo, acaba enfrentando dificulda-
des para encontrar um novo hábito mais saudável. Filho de pais imaturos, ele é forçado a aprender a cres-
cer sozinho. “Impulsividade” (Thumbsucker) é um retrato forte do amadurecimento que é perfeitamente
possível para aqueles que vivem com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

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PROPOSTA DE REDAÇÃO 01
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões
terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
O Transtorno do déficit de Atenção e Hiperatividade, também chamado de (TDAH), de acordo com a
American Psychiatric Association Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 1994 (Associa-
tion, 1994), cursa com uma combinação de falta de atenção, dificuldade de ficar quieto, a hiperatividade,
impulsividade, que pode acometer indivíduos de qualquer idade, sendo mais comum em crianças, e afeta
de 3 a 6% conforme estudo realizados (Barkley, Anastopoulos et al., 2008).
O TDAH é um distúrbio conhecido desde o século XX, porém foi na década de 30 que passou ser
reconhecido como uma doença psicológica infantil. Em 1992, o transtorno foi reconhecido legalmente
pela Organização Mundial de Saúde através da Classificação Internacional de Saúde (CID 10) (Legnani e
De Almeida, 2008).
CARVALHO, Lucimeire Nova de. BENATTI, Rosângela. Contribuição da neuropsicopedagogia para indivíduos com
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento.

TEXTO II
Pesquisadores brasileiros realizaram um estudo de revisão sistemática e meta-análise de dados, pu-
blicado na Neuroscience & Biobehavioral Reviews, sobre o tratamento medicamentoso do Transtorno
do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Os resultados apontam que dois problemas ocorrem
ao mesmo tempo: em um grupo, de jovens não diagnosticados, há uso excessivo ou inadequado de re-
médios, e em outro, de crianças e adolescentes que receberam o diagnóstico e de fato precisavam ser
medicados, há falta de tratamento.
Os cientistas, contudo, identificaram que este segundo grupo apresenta frequência maior. Apenas
19,1% dos jovens diagnosticados com o transtorno são tratados com medicamentos.
Extraído de: <https://futurodasaude.com.br/estudo-brasileiro-indica-que-subtratamento-e-mais-frequente-que-
uso-excessivo-de-medicamento-para-tdah/>. Publicado em: 09/06/21

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TEXTO III

Extraído de: <https://veja.abril.com.br/saude/os-desafios-dos-adultos-diagnosticados-com-tdah/>.


Publicado em: 20/01/22

TEXTO IV
Para o estudo, “Diferenças raciais e étnicas na qualidade do tratamento do TDAH entre os jovens ma-
triculados em Medicaid”, os pesquisadores examinaram os dados de reivindicações da medicina pública
americana (Medicaid) em nove Estados dos EUA e encontraram taxas muito maiores de interrupção da
medicação e desligamento do tratamento entre os jovens de minorias em comparação com crianças
brancas entre todos os que receberam prescrições medicamentosa para TDAH.
Os autores do estudo, que receberam financiamento do Instituto Nacional de Saúde Mental, disseram
que suas descobertas são especialmente preocupantes porque mais de sete décimos dos jovens que
interrompem a medicação não recebem nenhum tipo de serviços de psicoterapia para TDAH. Portanto,
as taxas mais elevadas de interrupção da medicação entre pacientes minoritários também se traduzem
em taxas mais altas de tratamento de parada.
No Brasil, o tratamento de TDAH é muito difícil em camadas mais pobres da população. Nas mais fa-
vorecidas, o custo do tratamento faz com que muitas vezes os pais optem por dar somente a medicação
deixando de lado as terapias comportamentais ou outras terapias psicológicas.
Extraído de: < https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/dificuldades-no-tratamento-do-tdah/>.
Publicado em: 20/01/22

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PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “democratização do acesso ao tratamento de TDAH no Brasil”, apresentando
proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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AULAS 03 e 04
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AULA 02
COMPETÊNCIA 2 (II)
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa
Esta aula destacará uma parte fundamental dos elementos contidos na avaliação da competência
2: “aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema”. Essa parte do critério
deixa claro que a correção da redação tem por expectativa que o desenvolvimento argumentativo se dê
por meio de embasamento de científico e cultural. Afinal, espera-se de alguém que concluiu o Ensino
Médio uma argumentação fundamentada, e não um raciocínio feito a partir de achismos e ideias de sen-
so-comum.

REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL
Partindo do princípio de que o ENEM é destinado a quem concluiu ou está concluindo o Ensino Mé-
dio, é importante salientar que os postulantes a uma vaga universitária passaram por diversas aulas, e
tomaram contato com várias áreas do conhecimento. Além disso, faz parte da competência 02 avaliar o
conhecimento utilizado para a análise do tema. Portanto, saber articular a bagagem cultural e científica
adquirida na vida escolar serve de grande trunfo para conferir credibilidade ao posicionamento defendi-
do no texto.
• exemplos;
• dados estatísticos;
• conceitos científicos, das diversas áreas do conhecimento;
• pesquisas, estudos;
• fatos comprováveis;
• citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;
• pequenas narrativas ilustrativas;
• alusões a obras artísticas, como livros e filmes;
• alusões históricas; e
• comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.

TRÊS CONCEITOS IMPORTANTES


Como vimos há pouco, a argumentação pode se ser embasada por meio de diversos recursos. Porém,
vale um importante esclarecimento. A forma como o ENEM valoriza o repertório cultural criou em vários
estudantes desinformados a falsa orientação de que basta fazer citações, especialmente as de autori-
dades, para que uma redação seja bem avaliada. Trata-se de um mito, pois também fazem parte dos cri-
térios de correção dessa competência três conceitos que visam distinguir argumentação pertinente de
citações aleatórias. Para entendê-los, tenha em vista o tema do ENEM 2019: “democratização do acesso
ao cinema no Brasil”.

1. Repertório não legitimado

Também chamado de sétima arte, o cinema é uma das mais importantes linguagens artísticas
existentes no mundo. Sua influência é inegável, pois além de servir como entretenimento, também foi
utilizado como instrumento de formação, já que o uso de filmes foi bastante explorado por governos
que, assim, implantavam suas ideologias na população. Isso mostra o quanto a arte cinematográfica,
mal utilizada pode causar danos à sociedade.

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2. Repertório legitimado, mas não pertinente

Desse modo, o governo deve intervir pontualmente na educação da sociedade e pontualmente na


democratização do acesso às salas de cinema, e promover parcerias com a inciativa privada para que
sessões de exibição de filmes aconteçam nas regiões periféricas das cidades e nas regiões mais afas-
tadas dos grandes centros. Afinal, segundo Platão, o importante não é apenas viver, mas viver bem.

3. Repertório legitimado, mas não produtivo

Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, todos são iguais, sem distinção de clas-
se, gênero ou cor. Porém, a Carta Magna não vem sendo plenamente cumprida, já que ela assegura aos
cidadãos em seu artigo 6º o acesso à educação. Hodiernamente, pode-se notar a falta de democratiza-
ção do acesso ao cinema no Brasil, mazela social grave, que, para ser urgentemente combatida, faz-se
necessária a análise de suas raízes históricas e econômicas.

PROPOSTA PARA ANÁLISE

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EXEMPLO DE REDAÇÃO

Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche, a arte existe para impedir que a realidade nos destrua.
Sob essa ótica, é inegável a crucialidade das expressões culturais para a promoção do bem-estar do
homem moderno. No entanto, ao se observar o caráter excludente do acesso ao cinema no Brasil, é
notório que essa imprescindibilidade não tem sido considerada no país. Nesse sentido, pode-se afir-
mar que a negligência governamental e a escassa abordagem do problema agravam essa situação.
Primeiramente, é válido destacar que a displicência estatal colabora com esse cenário. De acordo
com o Artigo 6º da Constituição Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, todo cidadão brasileiro
tem direito ao lazer. Entretanto, ao se analisar a concentração de cinemas nas áreas de renda mais
alta das grandes cidades, é indiscutível que essa premissa constitucional não é valorizada pelo gover-
no nacional. Dessa maneira, é importante salientar que essa má atuação do Estado provoca o acesso
desigual a essa atividade de exibição por parte da população e, consequentemente, garante a condi-
ção de subcidadania de diversos indivíduos.
Além disso, é pertinente ressaltar que a insuficiente exposição dessa problemática contribui para
a não democratização desse programa cultural. Nessa perspectiva, muitas vezes, a mídia negligencia
o debate acerca da ausência de lazer nas periferias urbanas e no interior do país, o que faz com que
a carência de cinemas nessas regiões não seja denunciada. Dessa forma, é indubitável que a pouco
abordagem midiática com relação ao caráter restritivo do universo cinematográfico proporciona a
perpetuação da concentração regional dessa atividade de exibição.
Torna-se evidente, portanto, que o acesso não democrático ao cinema no Brasil é um entrave que
precisa ser solucionado. Sendo assim, o Estado deve investir na ampliação do alcance desse programa
cultural, por meio da capitalização das empresas exibidoras. Isso pode ocorrer, por exemplo, com a
concessão de subsídios fiscais a instituições privadas que, comprovadamente, promovam a constru-
ção de cinemas nas áreas carentes do país, a fim de que a acessibilidade a essa atividade de exibição
seja garantida de forma igualitária. Ademais, a mídia deve elaborar reportagens de denúncia, as quais
exibam a carência desse tipo de lazer nas periferias urbanas. Desse modo, certamente, a afirmação de
Nietzsche será vivenciada por todos os cidadãos brasileiros.
Juliana Souza – extraído de: <https://g1.globo.com/educacao/enem/2020/noticia/2020/06/03/enem-leia-10-
redacoes-nota-mil-em-2019-e-veja-dicas-de-candidatos-para-fazer-um-bom-texto.ghtml>.
Publicado em: 03/06/2020

EIXO TEMÁTICO:
QUESTÕES SOCIOECONÔMICAS
Texto 01
Desemprego estrutural e outros tipos de desemprego
O que é desemprego estrutural
O desemprego estrutural pode ser visto a longo prazo, causado por mudanças estruturais na eco-
nomia. Estas mudanças envolvem fatores como alterações tecnológicas, de concorrência ou políticas.
Um exemplo pode existir quando a oferta de trabalho se torna incompatível com mudanças tecnoló-
gicas por falta de capacitação correta. Em alguns casos, o reingresso só é possível através da troca para
uma nova forma de emprego, após qualificação adequada de trabalhadores.
Da mesma forma, a rigidez da estrutura econômica colabora para que esta forma de desemprego se
mantenha ao longo de anos ou décadas. Isto pode ocorrer pela manutenção do salário real muito acima
do equilíbrio do mercado de trabalho. Neste caso, o desemprego estrutural por ser visto pela maior ofer-
ta de trabalho face à demanda pelas empresas.

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AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
Causas do desemprego estrutural
Essa forma de desemprego está relacionada à estrutura econômica e da inexistente compatibilidade
da oferta de trabalho com o que é procurado pelas empresas, seja por alterações tecnológicas e de pro-
dução, como também pelos hábitos de consumo.
A situação de desemprego estrutural pode durar muitos anos ou décadas. A melhoria deste quadro
estrutural exige que mudanças profundas aconteçam no sentido inverso ao desemprego. Oferecer qua-
lificação para que trabalhadores sejam realocados em outras áreas.
Alterações como essas podem ser vistas a longo prazo mesmo enquanto a economia cresce. Exem-
plo disto ocorreu com a redução do peso do setor primário na economia, gerando desemprego estrutural
em áreas como a agricultura.

Outras formas de desemprego


O desemprego na economia é conceituado de diferentes formas, além da estrutural. Entre elas te-
mos os desempregos conjuntural, friccional, natural e sazonal.
Essas formas de desempregos fazem parte da dinâmica do mercado de trabalho, considerando a
oferta e procura de trabalho existente, e conforme o ritmo econômico.

Desemprego conjuntural
Diferente do desemprego estrutural, o desemprego conjuntural ou cíclico existe por movimentos a
curto prazo no mercado de trabalho, sendo maior enquanto a economia passa por uma grande recessão.
É assim conhecido por fazer parte dos ciclos de alta e baixa comum às economias, negativamente
correlacionado com o movimento do Produto Interno Bruto.

Desemprego friccional
O desemprego friccional é visto a curto prazo causado pelo processo natural em que as pessoas dei-
xam um emprego para encontrar outro. Seu valor pode ser maior conforme mais tempo é preciso para
encontrar um novo trabalho.

Desemprego natural
O desemprego natural é o patamar mínimo e comum que o desemprego pode atingir a longo prazo, e
conforme a sua estrutura.
É conhecido pela taxa de desemprego natural como aquela em que resulta de movimentos naturais
ou voluntários do mercado de trabalho. A volta desta taxa é que existe o desemprego cíclico.
Sendo assim, ela considera que existe um ritmo normal de desemprego em todas as economias,
mesmo em pleno emprego.

Desemprego sazonal
O desemprego sazonal é analisado conforme o período do ano, como por exemplo em algum trimes-
tre analisado.
É um desemprego comum a trabalhadores temporários, por exemplo, quando se encontram fora de
épocas do turismo ou de alta na produção de grandes empresas.
https://www.dicionariofinanceiro.com/desemprego-estrutural/

Texto 02
Desemprego entre jovens é sempre maior?
Historicamente, o desemprego entre jovens é maior no Brasil quando comparado à média nacional.
Em 2021, por exemplo, enquanto a taxa geral de desemprego estava em 14,7% em agosto, entre jovens a
fatia de pessoas à procura de trabalho era de 31% do total.
Mas, afinal, a que se deve essa realidade? Quais características econômicas do nosso país tornam
esse cenário possível? E quais as saídas?

5
AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
As respostas não são simples, é claro. Mas alguns pontos ajudam a colocar os dados em uma pers-
pectiva mais clara. Foi por isso que nós batemos um papo com Joelson Sampaio, professor de finanças
da FGV, e ele nos ajudou a tirar essas dúvidas.

A dinâmica do desemprego
Segundo o professor Joelson, a dinâmica de geração de empregos e oferta de mão de obra varia de
acordo com alguns indicadores. São esses indicadores que, para os analistas, determinam como será o
futuro de um país, um estado ou uma cidade.
Itens como Produto Interno Bruto (PIB), inflação e câmbio ajudam os investidores a determinam se
abrem novas fábricas, se começam novos empreendimentos, novas construções e outras obras que ge-
ram empregos.
As projeções, portanto, têm como base números e dados reais, já realizados em outros anos.
Joelson explica também que existe uma definição muito clara sobre quem são as pessoas desem-
pregadas. Como ele diz, são considerados desempregados aqueles que não tem emprego e querem tra-
balhar. Todos aqueles que não trabalham e não estão à procura de trabalho não entram na estatística de
desemprego.

Por que há mais desemprego entre jovens?


Inicialmente, o professor Joelson analisou que as ondas de desemprego no Brasil na última década
e no início desta vieram acompanhadas de duas crises econômicas, entre 2014 e 2016 e no período de
pandemia.
Nesses contextos, explica ele, a mão de obra jovem, principalmente entre pessoas de 18 a 24 anos,
torna-se mais “descartável”, já que custa menos para os cofres das empresas.
Além disso, a falta de experiência, muitas vezes exigida pelas empresas, empaca a entrada de jovens
no mercado de trabalho.
Em 2022, segundo o professor, vai haver mais gente procurando trabalho e, mesmo que haja mais
empregos, as taxas de desemprego devem permanecer em patamares altos – como foi neste ano.

Como resolver o problema?


Só um foco, segundo Joelson, que tende a diminuir o desemprego entre jovens nos próximos anos.
Para o professor, é preciso investir em capacitação da mão de obra jovem no Brasil, para que ela tenha
mais “valor” no mercado de trabalho.
Formações em tecnologia, na visão do docente, devem ser o foco desses jovens para ocupar vagas
que estão em ascensão ou que ainda nem surgiram.
https://www.napratica.org.br/desemprego-entre-jovens/

Futuro do trabalho no Brasil: mudanças de uma revolução acelerada


Texto 03
Pandemia e tecnologias da quarta revolução industrial reconfiguraram ofertas, demandas, vagas,
funções e status de diversas profissões; tipologia ajuda a entender o cenário do presente e aponta
como será o futuro do trabalho
Muito se discute atualmente sobre o futuro do trabalho. Na esteira do debate, gostaria de apresentar
neste artigo uma reflexão sobre o futuro do trabalho no Brasil. Para encarar esse exercício complexo,
dividi a questão em quatro pilares fundamentais: (1) a natureza do trabalho, (2) a execução do traba-
lho, (3) a força de trabalho e (4) a educação. Neste artigo, escrevo sobre futuro e discorro sobre o primei-
ro pilar, a natureza do trabalho.

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AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
Uma tipologia do futuro do trabalho
Nos últimos anos vimos um crescimento de ricas discussões sobre o futuro do trabalho. Neste artigo,
levaremos em conta os novos desenvolvimentos tecnológicos que estão contribuindo para a quarta revo-
lução industrial. Essas mudanças estão modificando as práticas de trabalho estabelecidas, as estruturas
organizacionais e as instituições da sociedade.
Além disso, os efeitos da inovação tecnológica estão sendo amplificados por tendências demográ-
ficas e mudanças sociopolíticas, que foram aceleradas com a crise causada pela Covid-19. Assim, para
lançarmos algum entendimento sobre o futuro do trabalho é preciso entender que as organizações, os
indivíduos e a sociedade estão inseridos num mundo globalizado e tecnológico. Por mais que isso possa
parecer óbvio, às vezes, no dia a dia, essa dimensão escapa dos nossos horizontes.
Foi necessário fazer uma revisão de obras que conversam com o tema. Além disso, foi fundamental
a realização de entrevistas com especialistas, executivos e levantar um estudo quantitativo sobre o as-
sunto.
Ao todo, foram realizadas duas pesquisas com executivos de diversas áreas do mercado. As pesqui-
sas foram realizadas nos períodos de novembro de 2019 e abril de 2020, e totalizaram 1.294 participantes
únicos. Tais análises nos ajudam a compreender como a Covid-19 afetou as percepções acerca do futuro
do trabalho. Os dados quantitativos das pesquisas servem como base.
Somente a partir desse conjunto de referências foi possível identificar as quatro dimensões – que
podemos chamar de tipologia – que ajudam a delimitar e direcionar o tema para algo mais concreto.

Como acelerar uma revolução: tecnologia e Covid-19


As revoluções industriais geram mudanças estruturais nas relações trabalhistas, levando à criação
de novas formas e dinâmicas de trabalho possibilitadas pelos avanços tecnológicos, perspectiva essa
trabalha por Gregory Mankiw em Introdução à Economia. O futuro do trabalho hoje é, portanto, o ambiente
de trabalho desenvolvido e possibilitado pela quarta revolução industrial.
Desse modo, os avanços tecnológicos desse período revolucionário que estamos vivendo culmina-
ram na criação e a futura implementação generalizada da inteligência artificial, redes neurais, da inter-
net das coisas e do trabalho remoto, com o fortalecimento do comércio eletrônico, como nos lembra o
cientista da computação Kai-Fu Lee no livro Inteligência Artificial.
Adicionalmente, a pandemia da covid-19 gerou uma aceleração e um aprofundamento no ritmo das
mudanças previstas antes de 2020 para um longo prazo. Essas mudanças, que dificilmente serão rever-
tidas integralmente após a pandemia, incluem a implementação em larga escala do trabalho remoto e a
substituição de diversos trabalhadores por máquinas, que possuem hoje níveis de produtividade equiva-
lente ou superior ao do trabalho humano por um custo menor.
Nesse sentido, é possível identificar uma mudança substancial na primeira dimensão: a natureza do
trabalho, uma vez que os empregos hoje existentes mudarão a forma que serão ofertados ou serão extin-
tos, mudando assim a função do trabalho dentro das empresas.
Outros efeitos virão, ainda, das mudanças demográficas, como o envelhecimento da população, mu-
danças culturais da sociedade e aumento da participação feminina no mercado, gerando transforma-
ções significativas na composição e nas habilidades presentes em nossa segunda dimensão: a força de
trabalho.
Ademais, outras mudanças aceleradas pela covid-19 causaram efeitos substanciais em nossa ter-
ceira dimensão: a execução do trabalho; ou seja, mudanças na forma como o trabalho é executado hoje.
Desse modo, o trabalho remoto e o anywhere office têm consequências significativas, como horários de
trabalho mais flexíveis e novas preocupações em relação ao bem-estar dos colaboradores.

7
AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
Essas mudanças culminam em nossa última dimensão: a educação. Uma vez que a oferta de educa-
ção se adapta às demandas do mercado de trabalho, a forma como a educação é ofertada, financiada,
ou até mesmo vista pelos recrutadores, sofrerá mudanças significativas. A imagem abaixo traz um breve
resumo sobre os temas que serão aqui discutidos neste artigo e ao longo da série:

Pilares Fundamentais do Futuro do Trabalho


Natureza do Trabalho
• Automação de tarefas rotineiras Força de Trabalho
• Trabalhos analíticos e conhecimento-o- • Envelhecimento da população e
rientados mercados mais competitivos
• GIG Economy e força contingencial • Inclusão e diversidade como estratégia
• Ressignificação do valor do trabalho • Demandas por novas competências
• Coexistência entre humanos e máquinas

Execução do Trabalho Educação


• Flexibilização das modalidades do • Lifelong learning
trabalho • Multiplicidade de agentes
• Life balance e bem estar
• Práticas de gestão de pessoas

Da natureza do trabalho: oferta, demanda e substituição


Sob o sistema capitalista, a função social da empresa é a de ofertar o que é demandado pela socie-
dade. Sob esta ótica de oferta e demanda, as empresas que se destacam e crescem no mercado são
aquelas que melhor ofertam seus produtos a custos mais baixos que suas concorrentes, o que é facili-
tado pela implementação de novas tecnologias. Essa perspectiva é trabalhada, por exemplo, em Ação
Humana, obra escrita por Ludwig von Mises, economista expoente da praxiologia.
Adiante, a pesquisa global do ‘futuro do trabalho’ conduzida pelo World Economic Forum no ano pas-
sado sugere que, em média, 15% das vagas de trabalho correm risco de deixar de existir em um horizonte
de cinco anos. No contexto brasileiro, um estudo realizado na Universidade de Brasília (UnB) apontou
que 54% das vagas de trabalho estão em risco no país e poderiam ser fechadas até 2026 se houvesse
uma substituição completa de trabalhadores humanos por tecnologia já existente, e com produtividade
superior à humana.
Nesse sentido, é possível observar que as funções que correm o risco de serem substituídas por má-
quinas são aquelas que demandam um esforço rotineiro e repetitivo por parte dos trabalhadores.
O especialista entrevistado para essa série, Paulo Vicente, afirma que: “Há três coisas que o ser
humano ainda faz melhor que uma máquina: lidar com outro ser humano, resolver problemas e criar. A
maior parte dos empregos do futuro estão ligados a essas áreas”.
Por exigir pouco do componente humano que falta às máquinas, como a capacidade de criar e inovar,
as tarefas rotineiras estão sendo rapidamente substituídas por novas tecnologias, capazes de desempe-
nhar essas funções de maneira igual ou mais eficiente.

Gig economy e força contingencial: o presente e o futuro do trabalho


Sob a quarta revolução industrial, percebe-se que, se por um lado, atividades rotineiras e repetitivas
passam por esse processo de substituição, por outro, há um aumento da demanda por empregos em
trabalhos analíticos e conhecimento-orientados, áreas onde a IA e redes neurais ainda não alcançam o
ser humano.

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AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
Essas atividades ganham destaque justamente por constituírem funções ainda desempenhadas de
maneira mais eficiente por humanos, em relação às máquinas. Assim, é possível perceber que determi-
nadas atividades profissionais estão mais susceptíveis a tornarem-se obsoletas diante das Mudanças a
serem observadas no futuro do trabalho.
Em outras palavras, essas mudanças tecnológicas geram grandes consequências, principalmente
no tocante ao desemprego, às novas modalidades de trabalho e às mudanças contratuais na relação
empregado-empregador.
Nesse cenário, uma nova modalidade de trabalho, a GIG economy, se destaca, sendo caracterizada
como a atuação da força de trabalho por meio de trabalhos temporários, com contratações por projetos
ou horas, muitas vezes oferecidos por profissionais freelancers. Para quem opera na GIG economy, é
possível encontrar e trabalhar para empregadores no mundo todo, graças às tecnologias digitais.
A pesquisa realizada pelos autores revelou que 87,4% dos especialistas acreditam que a tecnologia
possibilitará uma quebra de paradigmas nas contratações após a pandemia de Covid-19, e isso deve in-
cluir a maior contratação de profissionais da GIG economy.
Entretanto, a GIG economy não afeta todos os trabalhadores da mesma forma. Os profissionais de
alta renda e alta escolaridade são aqueles que têm maior acesso à flexibilização do trabalho e ocupam,
na GIG economy, as posições de maior renda. A flexibilidade acessada por esse profissional não o expõe,
necessariamente, a condições de vulnerabilidade social.
Já os profissionais de baixa renda e baixa escolaridade têm menor acesso à flexibilização do trabalho
e, na GIG economy, formam a força de trabalho contingencial. Além de realizar trabalhos de menor remu-
neração, atuando como colaboradores em empresas como Uber, Rappi e Ifood, esses profissionais estão
também mais expostos às condições de vulnerabilidade social.
O surgimento da GIG economy e da força contingencial estão diretamente relacionados às mudanças
na natureza no trabalho, impulsionadas pelos avanços tecnológicos e pela pandemia. Nesse sentido, é
interessante abordar também como tais mudanças podem afetar a remuneração e prestígio social de
determinadas profissões, ressignificando assim o valor do trabalho frente à sociedade.

Base da pirâmide: remuneração e utilidade social


Ao longo da crise sanitária da covid-19, foi possível observar a perda da invisibilidade de profissões
até então consideradas precárias e de pouco prestígio social, como lixeiros e garis. As dificuldades en-
frentadas coletivamente demonstraram a importância social dessas funções, o que leva inevitavelmente
a um debate em relação ao status e remuneração atribuídos a esses trabalhadores.
É dentro dessa lógica que se faz essencial repensar não apenas o prestígio, mas também a remunera-
ção em função da utilidade social. Normalmente, observa-se uma atribuição de altos salários a uma alta
utilidade social, e vice-versa. Entretanto, observamos ao longo da pandemia que a alta utilidade garan-
tida por empregos essenciais de fato não corresponde a sua verdadeira contribuição para a sociedade.
Tal reflexão abre caminhos para que sejam repensados os salários de diversos trabalhadores invi-
sibilizados na lógica capitalista, além de debates como a renda básica universal e o salário digno. Esse
debate torna-se mais complexo dentro do capitalismo digital, em que a digitalização das relações so-
ciais contribui para a desumanização dos trabalhadores. A perda de contato humano leva a uma inerente
segregação da sociedade e das desigualdades, e traz dúvidas em relação à ressignificação do valor do
trabalho.
Ao longo dos próximos anos, observaremos como tais mudanças irão influenciar a natureza do traba-
lho em meio a um cenário cada vez mais digitalizado, ágil e complexo.

Paul Ferreira é professor em tempo integral de Estratégica e Liderança na Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP). É
diretor do Mestrado Executivo em Administração (MPA) da FGV EAESP bem como vice-diretor do Núcleo de Estudos em
Organizações e Pessoas (NEOP). Desde 2020, é colunista do MIT Sloan Management Review Brasil. Ele é um pesquisador
visitante permanente na Universidade de St. Gallen (Suíça).
(https://portal.fgv.br/artigos/futuro-trabalho-brasil-mudancas-revolucao-acelerada)

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AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
Texto 04
‘Tem que correr atrás’: os obstáculos que os jovens enfrentam para entrar no mercado de trabalho
O presidente Jair Bolsonaro criticou na quinta-feira jovens que, segundo ele, culpam o governo pela
falta de emprego. O presidente disse que o governo não cria empregos e pode apenas não “atrapalhar” a
contratação pelas empresas. Por isso, os jovens deveriam “correr atrás”. Acontece que, conforme mos-
tram as estatísticas, essa população enfrenta mais obstáculos quando tentam se inserir no mercado de
trabalho.
O jovem já passa por mais dificuldade que os demais brasileiros para conseguir uma oportunidade,
conforme mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. A taxa de desemprego
entre a população de 18 a 24 anos é, historicamente, maior que o índice geral.
O desemprego entre os mais jovens ficou em 22,8% no 1º trimestre de 2022. Já a desocupação média
ficou em 11,1% no período, com todas as demais faixas etárias com uma taxa de desocupação menor que
a média.

Falta de experiência
Segundo analistas econômicos, a falta de experiência dificulta a contratação dos jovens pelas em-
presas. No momento em que o país se recupera dos impactos econômicos agravados pela pandemia de
Covid-19, esse fator pesa contra a contratação do mais jovem.
Lucas Assis, analista da Tendências Consultoria, observa que, enquanto grande parte dos jovens bra-
sileiros ainda vivia o legado da recessão de 2015 e 2016 no país, o “contágio econômico da covid-19” dete-
riorou o mercado de trabalho para essa faixa da população.
— Os jovens ocupam, em sua maioria, postos de menor qualidade, com elevada informalidade e su-
bocupação, e em setores duramente atingidos pelo isolamento social na pandemia, como o comércio
— explica Assis.
Barreiras estruturais
Além do menor leque de oportunidades, há ainda barreiras estruturais enfrentadas pelos mais jo-
vens, segundo pesquisadores. Em 2016, o Banco Mundial realizou entrevistas com 77 jovens de 18 a 25
anos de áreas urbanas e rurais de Pernambuco para compreender a situação dos jovens que estão fora
da escola e do mercado de trabalho.
Baixa qualificação, poucos recursos financeiros, impossibilidade de conciliar emprego informal com
aulas, além de falta de transporte público seguro para locomoção e a discriminação foram algumas das
dificuldades experimentadas por jovens homens e mulheres no estudo intitulado “Se já é difícil, imagina
para mim”, lançado em março de 2018 pelas pesquisadoras Miriam Müller e Ana Luiza Machado.
“Mesmo os jovens que buscavam ativamente novas vidas para si e suas famílias foram muitas vezes
derrotados pelo conjunto limitado de oportunidades. Uma parcela significativa desses jovens aspirava
retornar ao trabalho, à escola ou ingressar no ensino superior. Mas as constantes tentativas fracassadas
podem gerar frustração e resignação em um contexto onde os serviços são de má qualidade ou onde as
oportunidades são indisponíveis”, escreveram as autoras no relatório.
“A culpa não é dos jovens. O estudo mostra que algumas condições relacionadas à pobreza e ao gê-
nero produzem um conjunto de barreiras difíceis de superar” pontuou Miriam Müller, autora do estudo,
durante a divulgação.

‘Efeito cicatriz’
A consequência desse atraso para se inserir no mercado de trabalho gera o que economistas cha-
mam de “efeito cicatriz”, fenômeno em que a desocupação ou a permanência em posições de trabalho
precário acarretam efeitos adversos na trajetória profissional.
Iniciar a carreira durante um período de crise econômica coloca os jovens em desvantagem, uma vez
que os primeiros anos de trabalho influenciam o desenvolvimento profissional e seus salários e oportu-
nidades podem nunca se recuperar desses impactos.
Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria IDados, reforça a importância de o jovem buscar qualifica-
ções que aumentem as chances de inserção no mercado de trabalho, de olho nos profissionais que estão
sendo requisitados no mercado. Mas pondera que a situação econômica é determinante para o aumento
ou não das contratações pelas empresas:

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AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
— Para o jovem, [o efeito cicatriz] é muito complicado. É fácil falar que o jovem não deve desistir,
que o jovem deve continuar procurando emprego, se qualificar, tentar estudar e se informar sobre vagas
abertas. Mas é difícil fazer na prática. É preciso que a situação econômica melhore para que o emprego
se torne algo disseminado e vários jovens consigam [oportunidade].
Assis, da Tendências, diz que é necessário colocar os jovens no centro de uma “ambiciosa agenda de
reformas”:
— A educação e o treinamento da atual juventude serão decisivos ao desenvolvimento futuro do nos-
so país — pondera.
O Globo, 22/07/22

Filme para refletir sobre as dificuldades de arranjar emprego (e divertir-se um pouco também):

PROPOSTA DE REDAÇÃO 02
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.


2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões
terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
“Disseram que eu precisava ter experiência profissional. Mas como vou ter, se não me dão uma chan-
ce?”, questiona a estudante Maryana Melo, de 18 anos. Essa é uma dificuldade compartilhada por grande
número de jovens na fase de transição da educação formal para o mercado de trabalho. E as transfor-
mações sociais, econômicas e tecnológicas, aceleradas com a pandemia da covid-19, podem estar agra-
vando esses desafios, o que exige atenção de todos os atores envolvidos nas políticas para inserção de
jovens no trabalho.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem alertado para o problema do desemprego entre
jovens no mundo todo, especialmente a partir da pandemia. Entre os problemas advindos da crise de
saúde para essa parcela da população estão a interrupção de programas educacionais e de formação e
do vínculo com o mercado de trabalho, a perda de emprego e de renda e a perspectiva de mais dificulda-
des para, no futuro, encontrarem uma ocupação.
A crise econômica agrava os desafios. Para boa parte da população jovem, buscar emprego se tornou
uma necessidade, em razão da queda da renda das famílias. Em 2021, o rendimento mensal real domici-
liar por pessoa foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
jusdecisum.com.br

11
AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
TEXTO II
Historicamente, o jovem tem mais dificuldade de ingressar no mercado de trabalho, segundo Maria
Andréia Lameiras, pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Ipea, mas, ela afirma que nos últimos tempos
a situação tem se agravado. Para Andréia a falta de políticas públicas e o insignificante crescimento da
economia são fatores que contribuem para esse problema.
Outro causador da falta de oportunidades para jovens é a qualificação baixa. Para João Cosenza,
consultor e fundador do Instituto Gestão Consciente, a educação no país não prepara esses jovens para
vagas que exigem conhecimentos específicos.
João acredita que quem perde com isso é o jovem, mas, também a empresa que deixa de contar com
pessoas novas em seu quadro de colaboradores.
Muitas vezes, pessoas com menor idade trazem inovação e um gás a mais para o trabalho, já que
entram com vontade de aprender.
Comitê para democratização da informática

TEXTO III

PNAD / IBGE

12
AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
TEXTO IV
Alguns jovens agem como “desencorajados”, desistiram de procurar emprego por considerarem que
a altura não é propícia para essa procura. Os constrangimentos financeiros são sérios porque alguns gra-
duados assumiram créditos bancários para completar os estudos, tendo em vista os retornos do ensino
superior que se esperavam elevados. Certos jovens voltaram a depender económica e financeiramente
dos pais, indo inclusive viver com a família. A expressão “limbo” é usada múltiplas vezes para ilustrar a
incerteza face ao futuro. Os recém-graduados consideram que têm a vida suspensa e sem perspectiva.
Esta situação contribui para aumentar a ansiedade, provoca depressão e stress. São estes os sintomas
de saúde mental que são reportados, os quais estão intrinsecamente relacionados com a transição para
o mercado de trabalho.
Observatório do Emprego Jovem

13
AULAS 03 e 04
2a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “dificuldades para o jovem ingressar no mercado de trabalho no Brasil”, apre-
sentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
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18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.

14
ENEM
3. SEMANA
a

AULAS 05 e 06
AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
AULAS 05 E 06
COMPETÊNCIA 03 (I)
“Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista.”

As competências 02 e 03 têm muito a ver entre elas, pois se referem à estrutura e ao conteúdo utili-
zado para o atendimento tanto ao gênero dissertativo-argumentativo como ao tema específico da ques-
tão. Talvez por isso, observa-se muito uma confusão entre essas competências entre os estudantes.
Contudo, saber diferenciar o que cada uma delas observa numa redação é uma das estratégias mais
decisivas para os que almejam a nota máxima, ou as avaliações mais próximas disso.
Enquanto a competência 02 avalia o atendimento à proposta (tema e gênero textual) e o conteúdo
utilizado na discussão de tema, a competência 03 observa a coerência entre todas as partes do texto.
Portanto, coerência é a palavra-chave da aula de hoje.

Competência 02 Competência 03

Observa se os períodos, os pará-


• Atendimento ao tema;
grafos, a tese, o desenvolvimento argu-
• Adequação ao gênero dissertativo-
mentativo, o repertório e a proposta de
argumentativo;
intervenção formam uma progressão
• Utilização correta de repertório
coerente em relação à temática pro-
sociocultural.
posta.

Importante notar que é na competência 03 que se penalizam os casos de redações “pré-fabricadas”,


citações não desenvolvidas em relação ao tema e redações cujas partes estejam desconexas, mesmo
apresentando elementos coesivos entre elas.

DUAS ESTRATÉGIAS IMPORTANTES


Para diminuir ou, principalmente, eliminar as chances de cometer algum momento de incoerência
textual na redação, há dois caminhos que precisam fazer parte das estratégias de quem precisa de uma
boa avaliação numa redação:
• planejamento argumentativo;
• apresentação (e cumprimento) de um projeto textual.

PLANEJAMENTO
O primeiro caminho para a escrita de uma redação de alto rendimento está na adoção de uma estra-
tégia. Afinal, é óbvio que um texto escrito em pouco tempo e de forma intuitiva corre mais riscos de que
se torne uma mera sequência de frases, citações e parágrafos desconexos. A mais eficiente maneira de
escapar dessa situação é reservar alguns minutos para a leitura da proposta (para entender o que de fato
ela pede) e para o planejamento do que será colocado no texto. Deve-se, nesse momento, definir o que
irá para o papel: tema, tese, argumentos e proposta de intervenção.

PROJETO TEXTUAL
A correção do ENEM valoriza redações que deixam claro que foram fruto de um planejamento que
se deixa perceber ao longo da progressão textual. Trata-se de redações que apresentam o cumprem um
projeto textual. Na prática, isso quer dizer que as melhores redações são aquelas que têm como base um
projeto: planejado antes da escrita e desenvolvido ao longo do texto.

2
AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
Dica!
No momento de estruturar o parágrafo de introdução, não se limite a fazer apenas a apresentação
do tema. Procure apresentar um projeto argumentativo, que mostre para os avaliadores para você
planejou e organizou o texto a ponto de poder indicar, além do tema, a tese e os argumentos que serão
desenvolvidos em seguida.

PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA ANÁLISE

3
AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
Exemplo 01

O filme O Coringa retrata a história de um homem que possui uma doença mental e, por não possuir
atendimento psiquiátrico adequado, ocorre o agravamento do seu quadro clínico. Com essa aborda-
gem, a obra revela a importância da saúde psicológica para um bom convívio social. Hodiernamente,
fora da ficção, muitos brasileiros enfrentam situação semelhante, o que colabora para a piora da saú-
de populacional e para a persistência do estigma relacionado à doença psicológica. Dessa forma, por
causa da negligência estatal, além da desinformação populacional, essas consequências se agravam
na sociedade brasileira.
Em primeiro lugar, a negligência do Estado, a escassez de projetos estatais que visem a assistên-
cia psiquiátrica na sociedade contribui para a precariedade desse setor e para a continuidade desse
estigma envolvendo essa temática. Dessa maneira, parte da população deixa de possuir tratamento
adequado, o que resulta na piora de sua saúde mental e na sua exclusão social. No entanto, apesar da
Constituição Federal de 1988 determinar como direito fundamental do cidadão brasileiro e acesso à
saúde de qualidade, essa lei não é concretizada, pois não há investimentos estatais suficientes nessa
área. Diante dos fatos apresentados, é imprescindível uma ação do Estado para mudar sua realidade.
Nota-se, outrossim, que a desinformação na sociedade é outra problemática em relação ao estig-
ma dos distúrbios mentais. Nesse aspecto, devido à escassez de divulgação de informações nas redes
sociais sobre a importância da identificação e do tratamento das doenças psicológicas, há a relativi-
zação desses quadros clínicos na sociedade. Desse modo, como é retratado no filme “O Lado Bom da
Vida”, o qual mostra a dificuldade de inclusão de pessoas com doenças mentais na sociedade, parte
da população brasileira enfrenta esse desafio. Com efeito, essa parcela da sociedade fica à margem
do convívio social, tendo em vista a prevalência do desrespeito e do preconceito na população. Nesse
cenário, faz-se necessária uma mudança de postura das redes midiáticas.
Portanto, vistos os desafios que contribuem para o estigma associado aos transtornos mentais,
é mister uma atuação governamental para combatê-los. Diante disso, o Ministério de Saúde deve in-
tensificar a criação de atendimentos psiquiátricos públicos, com o objetivo de melhorar a saúde men-
tal da população e garantir o seu direito. Para tal, é necessário um direcionamento de verbas para a
contratação dos profissionais responsáveis pelo projeto, a fim de proporcionar uma assistência de
qualidade para a sociedade. Além disso, o Ministério das Comunicações deve divulgar informações nas
redes midiáticas sobre a importância do respeito às pessoas com doenças psicológicas e da identifi-
cação precoce desses quadros. Mediante a essas ações concretas, a realidade do filme O Coringa tão
somente figurará nas telas dos cinemas.
Aline Soares Alves - Extraído de: < https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/enem-leia-
redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml>. Publicado em: 25/08/21

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
Exemplo 02

No filme estadunidense “Joker”, estrelado por Joaquin Phoenix, é retratado a vida de Arthur Fleck,
um homem que, em virtude de sua doença mental, é esquecido e discriminado pela sociedade, acar-
retando, inclusive, piora no seu quadro clínico. Assim como na obra cinematográfica abordada, obser-
va-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, devido a conceitos preconceituosos perpetuados
ao longo da história humana, há um estigma relacionado aos transtornos mentais, uma vez que os
indivíduos que sofrem dessas condições são marginalizados. Ademais, é precisa salientar, ainda, que
a sociedade atual carece de informações a respeito de tal assunto, o que gera um estranhamento em
torno da questão.
Em primeiro lugar, faz-se necessário mencionar o período da Idade Média, na Europa, em que
os doentes mentais eram vistos como seres demoníacos, já que, naquela época, não havia estudos
acerca dessa temática e, consequentemente, ideias absurdas eram disseminadas como verdades.
É perceptível, então, que exista uma raiz histórica para o estigma atual vivenciado por pessoas que
têm transtornos mentais, ocasionando um intenso preconceito e exclusão. Outrossim, não se pode
esquecer que, graças aos fatos supracitados, tais indivíduos recebem rótulos mentirosos como, por
exemplo, o estereótipo de que todos que possuem problema psicológicos são incapazes de manter
relacionamentos saudáveis, ou seja, não conseguem interagir com outros seres humanos de forma
plena. Fica claro, que as doenças mentais são tratadas de forma equivocada, ferindo a dignidade de
toda a população.
Em segundo lugar, ressalta-se que há, no Brasil, uma evidente falta de informações sobre os trans-
tornos mentais, fomentando grande preconceito estranhamento com essas doenças. Nesse sentido,
é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que em sua obra “A República”, narrou o intitulado “Mito da
Caverna”, no qual homens, acorrentados em uma caverna, viam somente sombras na parede, acredi-
tando, portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma, é notório, que, em situação análo-
ga à metáfora abordada, os brasileiros, sem acesso aos conhecimentos acerca dos transtornos men-
tais, vivem na escuridão, isto é, ignorância disseminando atitudes preconceituosas. Logo, é evidente
a grande importância das informações, haja vista que a falta delas aumenta o estigma relacionado às
doenças mentais, prejudicando a qualidade de vida das pessoas que sofrem com tais transtornos.
Destarte, medidas são necessárias para resolver os problemas discutidos. Isto posto, cabe à es-
cola, forte ferramenta de formação de opinião, realizar rodas de conversa com os alunos sobre a pro-
blemática do preconceito com os transtornos mentais, além de trazer informações científicas sobre
tal questão. Essa ação pode se concretizar por meio da atuação de psiquiatras e professores de socio-
logia, estes irão desconstruir a visão discriminatória dos estudantes, enquanto aqueles irão mostrar
dados/informações relevantes sobre as doenças psiquiátricas. Espera-se, com essa medida, que o
estigma associado às doenças mentais seja paulatinamente erradicado.
Adrielly Clara Enriques - Extraído de: < https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/
enem-leia-redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml>. Publicado em: 25/08/21

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EIXO TEMÁTICO: QUESTÕES AMBIENTAIS
Texto 01
A Constituição Federal de 1988 e o meio ambiente
A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar do meio ambiente. Anteriormente a sua promul-
gação, o tema estava abordado somente de forma indireta, mencionado em normas hierarquicamente
inferiores.

Edis Milaré (2005, p. 183) registra:


A Constituição do Império, de 1824, não fez qualquer referência à matéria, apenas cuidando da proibi-
ção de indústrias contrárias à saúde do cidadão (art. 179, n. 24). Sem embargo, a medida já traduzia certo
avanço no contexto da época. O Texto Republicano de 1891 atribuía competência legislativa à União para
legislar sobre as suas minas e terras (art. 34, n. 29). A Constituição de 1934 dispensou proteção às belezas
naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural (arts. 10, III, e 148); conferiu à União competência em
matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 5o, XIX, j).
A Carta de 1937 também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, artísticos e naturais,
bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza (art. 134); incluiu entre as matérias
de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 16, XIV);
cuidou ainda da competência legislativa sobre subsolo, águas e florestas no art. 18, ‘a’ e ‘e’, onde igualmente
tratou da proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos.
A Constituição de 1967 insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e paisa-
gístico (art. 172, parágrafo único); disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da
saúde, sobre jazidas, florestas, caça, pesca e águas (art. 8o, XVII, ‘h’). A Carta de 1969, emenda outorga-
da pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da defesa do patrimônio histórico, cultural e
paisagístico (art. 180, parágrafo único). No tocante à divisão de competência, manteve as disposições da
Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que ‘a lei regulará, mediante prévio levantamento ecológi-
co, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades’ e que o ‘mau uso da terra
impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do Governo’. Cabe observar a introdução, aqui, do
vocábulo ecológico em textos legais.
A partir da Constituição Federal de 1988 o meio ambiente passou a ser tido como um bem tutelado
juridicamente. Como bem coloca José Afonso da Silva (2004, p. 46), “a Constituição de 1988 foi, portanto,
a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental”, trazendo mecanismos para sua proteção e
controle, sendo tratada por alguns como “Constituição Verde”.
A matéria é tratada em diversos títulos e capítulos. O Título VIII (Da Ordem Social), em seu Capítulo VI,
no art. 225, caput, diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (grifo nosso).
Dessa forma, o Direito Constitucional brasileiro criou uma nova categoria de bem: o bem ambiental,
portanto, um bem de uso comum do povo, e, ainda, um bem essencial à sadia qualidade de vida.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2003, p. 545) leciona que “consideram-se bens de uso comum do povo
aqueles que, por determinação legal ou por sua própria natureza, podem ser utilizados por todos em
igualdade de condições”.
Ou seja, são aqueles de que o povo se utiliza, sem restrição, gratuita ou onerosamente, sem necessi-
dade de permissão especial. “Não cabe, portanto, exclusivamente a uma pessoa ou grupo, tampouco se
atribui a quem quer que seja sua titularidade” (FIORILLO, 2007, p. 67).
Assim, nenhum de nós tem o direito de causar danos ao meio ambiente, pois estaríamos agredindo a
um bem de todos, causando, portanto, danos não só a nós mesmos, mas aos nossos semelhantes.
No tocante à sadia qualidade de vida, Paulo Affonso Leme Machado (2006, p. 120) observa que “só
pode ser conseguida e mantida se o meio ambiente estiver ecologicamente equilibrado. Ter uma sadia
qualidade de vida é ter um meio ambiente não poluído”.

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
O equilíbrio ecológico “é o equilíbrio da natureza; estado em que as populações relativas de espécies
diferentes permanecem mais ou menos constantes, mediadas pelas interações das diferentes espécies”
(ART, 1998, p. 194).
O meio ambiente oferece aos seres vivos as condições essenciais para a sua sobrevivência e evolu-
ção. Essas condições, por sua vez, influem sobre a saúde humana podendo causar graves conseqüências
para a qualidade de vida e para o desenvolvimento dos indivíduos. Para o Ministro Sálvio de Figueiredo
Teixeira (2000, p. 15), “a degradação ambiental coloca em risco direto a vida e a saúde das pessoas, indi-
vidual e coletivamente consideradas, bem como a própria perpetuação da espécie humana”. Daí a impor-
tância de termos um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
https://www.direitonet.com.br/
Texto 02
CRISE AMBIENTAL OU CRISE CIVILIZATÓRIA?
Para uns, a maior parte dos problemas atuais pode ser resolvida pela comunidade científica, pois
confiam na capacidade de a humanidade produzir novas soluções tecnológicas e econômicas a cada
etapa. em resposta aos problemas que surgem, permanecendo basicamente no mesmo paradigma civi-
lizatório dos últimos séculos.
Para outros, a questão ambiental representa quase uma síntese dos impasses que o atual modelo de
civilização acarreta, pois consideram o que se assiste no final do século XX, não só como crise ambiental,
mas civilizatória, e que a superação dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo,
de natureza, de poder, de bem-estar, tendo por base novos valores. Faz parte dessa nova visão de mundo
a percepção de que o ser humano não é o centro da natureza, e deveria se comportar não como seu dono
mas. percebendo-se como parte dela, e resgatar a noção de sua sacralidade, respeitada e celebrada por
diversas culturas tradicionais antigas e contemporâneas.
Porém, a maioria reconhece que a forma clássica para estudar a realidade, subdividindo-a em as-
pectos a serem analisados isoladamente por diferentes áreas do conhecimento, não é suficiente para a
compreensão dos fenômenos ambientais.
Algumas das idéias fundamentais para a estruturação do conhecimento a partir da Idade Moderna
desvinculam-no de ideais ético-filosóficos, afirmando e buscando a objetividade científica. Com isso
os seres vivos e os elementos da natureza foram destituídos de qualquer outro tipo de valor místico que
podem ter tido em diversos momentos da história e em várias culturas. Tal concepção se estruturou
dessa forma no contexto de possibilidades e necessidades criadas no interior de um novo ordenamento
da produção econômica e organização política da sociedade. Assim, acabou contribuindo para legitimar
a manipulação irrestrita da natureza, uma das premissas dessas novas relações de produção: desven-
dar os segredos dessa natureza significava também poder construir novas máquinas para aumentar a
produção. Esse novo poder que o saber adquiria advinha do fato de possibilitar o ritmo de utilização dos
objetos e do próprio conhecimento necessários à moderna organização social do trabalho que então se
estruturava. Afinal, formava-se um extenso mercado consumidor...
Sem os estudos empírico-experimentais. fundamentais para a construção do conhecimento cientí-
fico, certamente não seria possível todo o saber que a civilização ocidental acumulou. No entanto, boa
parte do desenvolvimento científico, que se evidencia nos progressos tecnológicos do século XX, está
ligado a essa razão instrumental centrada na preocupação de desvendar, intervir, operar, servindo de
suporte ao crescimento econômico, transcendendo, inclusive, a intencionalidade do cientista, em sua
ação individual. Portanto, está inserido nas regras do mercado, na lógica desenvolvimentista e pouco
preocupado com aspectos finalistas da vida humana.
Hoje, percebendo os limites e impasses dessa concepção está claro que a complexidade da nature-
za e da interação sociedade/natureza exigem um trabalho que explicite a correlação entre os diversos
componentes. Na verdade, até a estrutura e o sentido de ser desses componentes parecem ser diferen-
tes, quando estudados sob a ótica dessas interações. É preciso encontrar uma outra forma de adquirir
conhecimentos que possibilite enxergar o objeto de estudo com seus vínculos e também com os contex-
tos físico, biológico, histórico, social e político, apontando para a superação dos problemas ambientais.
Mesmo a Ecologia, que em sua origem tinha como objeto de estudo os componentes de grandes siste-
mas, tendo em vista a compreensão de sua dinâmica, foi adquirindo significados variados, nas últimas

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
décadas, para diferentes grupos em diferentes contextos. Para alguns, trata-se de estudos mais técni-
co-científicos de “sistemas biológicos” ou de “sistemas sociais”. Para outros, a concepção de Ecologia
inclui a atuação concreta na gestão e participação efetiva nas soluções dos problemas ambientais, num
compromisso com a manutenção do equilíbrio de diversos ecossistemas e em ações coerentes com es-
sas idéias. Esta última está mais associada ao movimento ambientalista.
Tantos outros problemas de ordem de concepção, de ideologias, de modos de vida e de valores, liga-
dos aos impasses concretos e materiais deste nosso final de século se impõem à humanidade. Salienta-
-se a necessidade de trabalhar também os aspectos subjetivos das interações individuais e coletivas. A
problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de discussão e construção de formas de
pensar e agir na relação com a natureza. Isso torna fundamental uma reflexão mais abrangente sobre o
processo de aprendizagem daquilo que se sabe ser importante, mas que não se consegue compreender
suficientemente só com lógica intelectual. Hoje essa necessidade é clara. Vêm daí as “teorias” das inteli-
gências múltiplas, e tantas outras que, entretanto, acabam não transcendendo os velhos parâmetros de
validação de saberes hegemônicos na civilização ocidental. Entre os grandes anseios atuais está a busca
de uma forma de conhecimento que inclua energias, afetividade etc., que se traduzem nos espaços cul-
tos” como procura de novos paradigmas.
É a necessidade de validar a procura de novas explicações e saídas que faz emergir novas possibi-
lidades por intermédio de conceitos filosóficos, como o holismo, ou simplesmente, do apego a ideias
religiosas.
Assim, a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas formas de pensar e agir, individual
e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas,
e relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao mesmo tempo, que
garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem
um importante papel a desempenhar.
http://portal.mec.gov.br/

Texto 03
Questão ambiental é base para a economia brasileira
Tema está entre as prioridades das principais casa de análise de instituições financeiras

A questão climática está na ordem do dia, especialmente após as discussões da Cúpula do Clima,
organizada pelo governo dos EUA e que reuniu lideranças de mais de 40 países. Em pauta, temas como
desmatamento e as emissões de carbono.
No Brasil, mais além das políticas adotadas, uma coisa é certa: esse debate é crucial para a economia
brasileira, e afeta toda a sociedade e as empresas – sobretudo as companhias de capital aberto.
Hoje, questões socioambientais estão na lista de prioridades das mais relevantes casas de análise de
instituições financeiras internacionais e nacionais. São elas as principais balizadoras para as aplicações
de fundos de investimentos, especialmente os situados em países com uma sensibilidade maior para o
assunto.
No ano passado, fundos que administram cerca de US$ 3,7 trilhões em ativos manifestaram preocu-
pação específica com a Amazônia, sob a liderança da Storebrand, da Noruega.
O Brasil está no centro das atenções e, mais além de vieses sociais, políticos e diplomáticos, o as-
sunto precisa também ser visto pelo viés da economia, além dos pertinentes aspectos socioambientais.
Afinal, um eventual rebaixamento do grau de investimento no país nas principais agências de classi-
ficação de risco poderia reduzir o fluxo de capital estrangeiro.
O setor privado tem feito a sua parte. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento
que reúne mais de 280 empresas e instituições representantes do agronegócio, meio ambiente, setor
financeiro e academia, enviou uma carta ao governo brasileiro em busca de metas mais ambiciosas em
relação ao clima. Propositivo, o texto relaciona seis medidas capazes de reposicionar o país na agenda
climática, com base em leis e normas que já estão em vigor, como o Cadastro Ambiental Rural.

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
Em paralelo, a adoção de elevados padrões de governança e nas áreas social e ambiental, organiza-
dos na sigla ESG (Environmental and Social Governance em inglês), ganha força na agenda das empresas.
No Brasil, a listagem no Novo Mercado, segmento especial da B3 que reúne as empresas de capital aber-
to com avançados níveis de governança, já é relevante – mais de 150 empresas estão chegando nesse
patamar.
No mundo, em um relatório do início deste ano, o Science Based Targets, iniciativa de grupos am-
bientais e centenas de empresas reunidas pelas Nações Unidas, segundo reportagem do New York Ti-
mes, revelou que 338 grandes empresas ao redor do mundo para as quais tinha dados de emissões sufi-
cientes reduziram coletivamente suas emissões de carbono em 25% entre 2015 e 2019.
Não é fácil reduzir as emissões, mas começar é indispensável. Isso parece mais palpável em negócios
como mineração e energia, que têm impactos mais visíveis, mas também é válido e necessário em em-
presas de tecnologia, entretenimento e educação.
As oportunidades de avanço estão disponíveis. Empreendimentos como parques solar-fotovoltai-
cos vêm crescendo e, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já respon-
dem por 52,83% dos projetos outorgados e ainda não iniciados e 10,02% dos que estão em construção – o
Grupo Ser Educacional é um deles: só compra energia de fontes renováveis e investe em suas próprias
usinas de geração fotovoltaica.
Importante registrar que o Brasil já conta com uma matriz energética de baixo carbono, com 74,92%
das usinas impulsionadas por fontes consideradas sustentáveis, com baixa emissão de gases do efeito
estufa, segundo dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel.
Há outros motivos para acreditar: o país tem um agronegócio com bons modelos de gestão e alta tec-
nologia, que vêm aliando capacidade de produção com responsabilidade socioambiental. E aqui temos
gente qualificada, bem formada, com capacidade de execução.
As soluções não são tão simples, é evidente, mas tudo começa exatamente como recomendam as
boas práticas de mercado: diagnóstico, estratégia, planejamento, metas, prazos e gestão.
É um processo de longo prazo, mas com uma certeza: a consistência de suas ações será essencial
para que o Brasil possa, de forma sustentável, atrair os investimentos de que precisa em uma economia
cada mais organicamente global, com uma matriz de geração de energia sustentável forte para a redu-
ção de carbono, e não apenas dependendo de suas imensas reservas florestais.
No final das contas, a virada nas expectativas será essencial para uma retomada da confiança, o que
é fator decisivo para que os agentes do mercado possam fazer o que sabem: empreender e gerar conhe-
cimento, renda e empregos.
exame.com

Texto 04
Projeto da UFF alerta a população sobre os riscos do descarte inadequado de medicamentos
No ano de 2018, o Brasil registrou, segundo o Conselho Federal de Farmácia, 87.794 farmácias pri-
vadas e 11.251 drogarias públicas. O número cresce a cada ano e, com ele, o consumo de medicamen-
tos. Mas a discussão sobre o descarte adequado dessas substâncias não parece acompanhar o ritmo
da sua produção e distribuição. Pelo contrário. Apesar de já ter sido constatado que o maior impacto ao
meio ambiente é causado pelo descarte de consumidores e não pelo processo industrial de fabricação,
o Brasil ainda não possui uma regulamentação sobre o recolhimento e o destino adequado de resíduos
domiciliares.
Na contramão dessa tendência, o projeto de extensão Descartuff, da Faculdade de Biomedicina da
UFF, coordenado pela professora de Bacteriologia e Educação Ambiental Júlia Peixoto de Albuquerque,
vem trabalhando para conscientizar a população sobre o descarte correto de medicações através de
ações nas redes sociais e em eventos científicos abertos à comunidade. O principal objetivo do projeto,
segundo ela, é informar a população sobre por que não se pode descartar os medicamentos como lixo
comum: “Tem consequências, tem impacto direto na nossa saúde. As pessoas precisam entender que é
uma necessidade”, enfatiza.

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
As consequências do descarte incorreto de medicamentos não são poucas e podem ser percebidas
não somente na contaminação de solos, lençóis freáticos, águas de rios e oceanos, mas na alteração de
algumas formas de vida. De acordo com a professora, “há diversas espécies que estão passando por um
processo de seleção. Alguns peixes, por exemplo, estão mudando de comportamento sexual em razão da
concentração de hormônio na água”. Além disso, ela reforça, “há o problema das bactérias multirresis-
tentes, que vão se desenvolvendo em grande parte ao descarte incorreto de antibióticos”.
“No cotidiano, com a rotina acelerada em que vivemos, muitas vezes é difícil pensar espontaneamen-
te nos pormenores de algo como ‘jogar remédio no lixo’. Na verdade, existe uma enorme discussão por
trás disso” - André Coutinho
Apesar de constituir um grave problema de saúde pública, grande parte da população simplesmente
parece desconhecê-lo, mesmo nos lugares onde mais se esperaria um cuidado especial com a temática.
Júlia relata que ao inaugurar o Descartuff no Instituto Biomédico, por exemplo, chamou sua atenção a
falta de informação dos alunos: “as pessoas se assustavam porque não sabiam que não se pode jogar
medicamento na pia. Me perguntavam: ‘é sério isso?!’”.
O desconhecimento é ainda maior com relação às embalagens dos remédios, que podem necessitar
de um descarte especial, dependendo do grau de contato com a medicação. As bisnagas, blísteres e
frascos, por exemplo, são as chamadas embalagens “primárias”, que deveriam ter o mesmo destino da
medicação propriamente dita. Existem também as secundárias e terciárias, que não foram contamina-
das pela medicação. Uma das ações do projeto, inclusive, é a de recolhimento no prédio do Instituto
Biomédico de embalagens secundárias.
Mas o que fazer, então, com toda a medicação que não é mais utilizada e que se deseja descartar, já
que não se pode jogá-la fora no lixo comum ou mesmo atirá-la torneira ou descarga abaixo? Júlia ensina o
caminho: “o tratamento adequado que se deve dar a essa medicação é a incineração. Mas não se trata de
jogar fogo simplesmente. É uma incineração controlada, serviço que é terceirizado por muitos hospitais
e farmácias. Algumas delas são, inclusive, pontos de coleta onde se pode descartar a medicação vencida
de uso domiciliar. Existe um site (e-cycle), inclusive, que informa os pontos de coleta da região”. Segundo
a professora, esse não é exatamente o cenário ideal: “deveria haver uma rede estruturada de descarte,
em que a indústria se disponibilizaria a recolher e receber tudo o que ela joga para a rua, o governo ofere-
ceria um insumo e também uma coleta, e os hospitais trabalhariam como parceiros”, sublinha.
Para André Almo de Moraes Coutinho, recém-formado em Biomedicina pela UFF, e que colaborou na
formulação do projeto em 2018, participar do Descartuff o despertou para a urgência de se pensar sobre
educação ambiental: “assim que iniciamos as pesquisas para alimentarmos e fundamentarmos o projeto,
me deparei com uma gama de questões – principalmente as referentes aos impactos do descarte ina-
dequado – que chamaram a minha atenção e me surpreenderam, evidenciando a gravidade do assunto.
Num segundo momento, senti que, ao informar terceiros sobre todos esses dados, eu estava contribuin-
do para um futuro melhor”.
André narra um episódio que o marcou bastante durante seu período de atuação mais intensa no
projeto, quando realizou um trabalho de conscientização sobre a necessidade do descarte adequado
de medicações com funcionários da biblioteca do Instituto Biomédico: “por mais que seja um momento
pequeno, foi memorável para mim. Informá-los ali, ao vivo, e vendo suas reações de reflexão e surpresa
foi incrível”. O biomédico acredita ser essencial esse trabalho de informação da população: “no cotidiano,
com a rotina acelerada em que vivemos, muitas vezes é difícil pensar espontaneamente nos pormenores
de algo como ‘jogar remédio no lixo’. Na verdade, existe uma enorme discussão por trás disso”.
A coordenadora do Dercartuff ressalta o papel da universidade pública na transformação desse cená-
rio de pouco engajamento das pessoas em questões sobre educação ambiental: “quando se fala nisso as
pessoas já pensam em verde, árvore, baleia, artesanato, mas é muito mais do que isso”. Segundo ela, “a uni-
versidade existe não só para gerar conhecimento, mas para fornecer esse conhecimento para a população
como um todo e formar pessoas que sejam futuramente agentes transformadores nesse processo, repro-
duzindo e multiplicando o que foi aprendido”. O que não falta é disposição e disponibilidade por parte de Jú-
lia: “Sou uma professora pesquisadora e não uma pesquisadora que dá aula. Gosto de servir para fazer bem
ao outro, ajudar as pessoas, e não para eu me sentir bem ou para ser melhor. Se eu estiver aqui sem fazer
diferença positiva para alguém, o que estou fazendo, afinal? Simplesmente não tem razão de ser”, conclui.
https://www.uff.br

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO 03
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.


2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões
terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
O Brasil é um dos países que mais consome remédios no mundo, cerca de 10 mil toneladas de resí-
duos são despejadas em locais inapropriados, por isso, saber descartá-los é um ato de cidadania e pre-
servação ambiental. Em vista desse cenário, em 2020 o Governo Federal, por meio do Decreto nº 10.388,
de 5 de junho de 2020, instituiu o sistema de logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos
ou em desuso, de uso humano, industrializados e manipulados, e de suas embalagens após o descarte
pelos consumidores.
Dar o fim adequado aos medicamentos vencidos ou sobressalentes é uma obrigação de hospitais e
indústrias do setor, mas é uma questão que deve ser observada também no ambiente doméstico. O des-
carte não deve ser realizado em lixo comum ou no vaso sanitário, pois provoca um processo de contami-
nação de fontes de abastecimento de água e do solo com resíduos que causam danos à saúde e ao meio
ambiente. Portanto, é fundamental comprar medicamentos na quantidade prescrita pelo médico, a fim
de evitar acúmulo desnecessário, além de descartar corretamente em postos de coleta de lixo especial,
como farmácias, postos de saúde e alguns supermercados.
CAPESESP (2022)

TEXTO II
O descarte inadequado de medicamentos, principalmente no lixo comum ou na rede de esgoto, pode
contaminar o solo, as águas superficiais, como em rios, lagos e oceanos e águas subterrâneas, nos lençóis
freáticos. Essas substâncias químicas, quando expostas a condições adversas de umidade, temperatura
e luz podem transformar-se em substâncias tóxicas e afetar o equilíbrio do meio ambiente, alterando
ciclos biogeoquímicos, interferindo nas teias e cadeias alimentares. Podem-se citar, como exemplos, os
antibióticos que, quando descartados inadequadamente, favorecem o surgimento de bactérias resisten-
tes, e os hormônios utilizados para reposição ou presentes em anticoncepcionais que afetam o sistema
reprodutivo de organismos aquáticos, como, por exemplo, a feminização de peixes machos
EICKHOFF; HEINECK; SEIXAS – Revista Brasileira de Farmácia

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AULAS 05 e 06
3a. SEMANA
TEXTO III

BHS – Programa Descarte Consciente

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “descarte residencial adequado de medicamentos no brasil”, apresentando
proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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ENEM
4. SEMANA
a

AULAS 07 e 08
AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
AULA 07 e 08
COMPETÊNCIA 03 (II)
“Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista.”

USO DO REPERTÓRIO
A forma como o ENEM valoriza o uso do repertório sociocultural na análise do tema faz com que di-
versos estudantes tenham uma noção distorcida do que é uma boa argumentação, como se argumentar
se limitasse apenas a citar dados e frases de efeito ditas por grandes pensadores. Mais que isso, o exercí-
cio de argumentar consiste na construção de um raciocínio que demonstra a coerência de uma tese. As-
sim, só ocorre argumentação quando ela produz a fundamentação do posicionamento adotado no texto.
Dessa maneira, uma citação, por mais legitimada e pertinente que possa ser, não garante por si só
uma argumentação, pois o exercício argumentativo será considerado pleno apenas se houver um traba-
lho desenvolvido a partir desse repertório. Ou seja, é fundamental a demonstração do quanto a citação
é coerente com o tema e com a tese defendida no texto. Vejamos como isso ocorre nos trechos a seguir,
construídos para o ENEM 2018: manipulação do comportamento do usuário por meio do controle de da-
dos na internet.

REPERTÓRIO DESENVOLVIDO
Muitos estudantes cometem involuntariamente uma grave falha argumentativa: ao confiarem de-
mais na força do repertório (citação de autoridade, dados, exemplos concretos etc.), acabam imaginando
que uma boa citação, por si só, já se torna suficiente para a construção argumentativa. Por isso, muitas
redações atingem a nota máxima na competência 2, porque trouxeram repertório legitimado e perti-
nente ao tema proposto. Contudo, não atingiram o mesmo desempenho na competência 3. Qual será o
motivo disso?
O centro dessa aparente confusão está no fato de que o repertório, por si só, não é um argumento. Ele
só se torna um argumento à medida que é desenvolvido, de forma que ajude a demonstrar, comprovar,
ilustrar o ponto de vista defendido no texto. Por isso, uma argumentação, para ser considerada completa,
só ocorrerá quando essa citação estiver devidamente trabalhada, quer dizer, demonstrada de acordo
com o tema e a tese.

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
Trecho 01
A utilização dos meios de comunicação para manipular comportamentos não é recente no Bra-
sil: ainda em 1937, Getúlio Vargas apropriou-se da divulgação de uma falsa ameaça comunista para
legitimar a implantação de um governo ditatorial. Entretanto, os atuais mecanismos de controle de
dados, proporcionados pela internet, revolucionaram de maneira negativa essa prática, uma vez que
conferiram aos usuários uma sensação ilusória de acesso à informação, prejudicando a construção da
autonomia intelectual e, por isso, demandam intervenções. Ademais, é imperioso ressaltar os princi-
pais impactos da manipulação, com destaque à influência nos hábitos de consumo e nas convicções
pessoais dos usuários.
Natália Cristina da Silva - https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/19/enem-2018-leia-redacoes-nota-mil.ghtml
Trecho 02
No filme “Matrix“, clássico do gênero ficção científica, o protagonista Neo é confrontado pela des-
coberta de que o mundo em que vive é, na realidade, uma ilusão construída a fim de manipular o com-
portamento dos seres humanos, que, imersos em máquinas que mantêm seus corpos sob controle,
são explorados por um sistema distópico dominado pela tecnologia. Embora seja uma obra ficcional, o
filme apresenta características que se assemelham ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na
obra, os mecanismos tecnológicos têm contribuído para a alienação dos cidadãos, sujeitando-os aos
filtros de informações impostos pela mídia, o que influencia negativamente seus padrões de consumo
e sua autonomia intelectual.
Fernanda Carolina de Deus - https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/19/enem-2018-
leia-redacoes-nota-mil.ghtml

Trecho 03
Primeiramente, vale ressaltar o efeito que a falta de informação possui na manipulação das pes-
soas. Consoante à Teoria do Habitus elaborada pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, a sociedade
possui padrões que são impostos, naturalizados e, posteriormente, reproduzidos pelos indivíduos.
Nessa perspectiva, a possibilidade da coleta de dados virtuais, como sites visitados e produtos pes-
quisados, por grandes empresas ocasiona a divulgação de propagandas específicas com o fito de in-
duzir a efetivação da compra da mercadoria anunciada ou estimular um estilo de vida. Assim, o desco-
nhecimento dessa realidade permite a construção de uma ilusão de liberdade de escolha que favorece
unicamente as empresas. Dessa forma, medidas são necessárias para alterar a reprodução, prevista
por Bourdieu, dessas estratégias comerciais que afetam negativamente inúmeros indivíduos.
Vanessa Tude - https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/19/enem-2018-leia-redacoes-nota-mil.ghtml

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA ANÁLISE

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
EXEMPLOS DE REDAÇÃO
Exemplo 01

A obra o príncipe, de Maquiavel, tem como tema central o que foi traduzido pela frase “os fins jus-
tificam os meios”. Isso é, independente da forma utilizada, o importante é atingir o objetivo. De forma
semelhante, o algoritmo de empresas de internet trabalha. Ou seja, adotar um esquema que, pensando
na comodidade do usuário, seleciona para ele informações e sugestões provenientes de locais como
ideias de pensamentos similares aos já pesquisados. O perigo dessa maneira de atuar é a criação de
bolhas sociais e ideológicas.
Corroborando com tal conceito, o problema de reproduzir algo que seleciona e limita o que o usuá-
rio acessa é que isso é contrário ao que a internet possui como maior potencial: a pluralidade dos con-
teúdos. Tendo em vista que a lateralidade do algoritmo direciona o indivíduo a ideias próximas às dele,
dificultando seu contato com correntes de pensamentos diferentes e, por consequência, ao estímulo
do pensamento crítico, o qual está ligado ao confrontamento de ideias distintas.
Além disso, as bolhas sociais contribuem também para o crescimento da intolerância. Levando em
consideração que fomentam o surgimento de movimentos extremistas, os quais possuem dificuldade
em aceitar o diferente. Como resultado, há a crescente onda de casos de racismo, homofobia, dentre
outras formas de preconceito.
Sendo assim, é necessário, portanto, uma mudança no panorama atual. Cabe às empresas uma
alteração no algoritmo, flexibilizando-o, visando oferecer aos usuários diversas Fontes de informação.
Já o Estado possui o dever de incentivar o debate e a pluralidade de idéias, por meio de campanhas
em espaços sociais, como escolas e universidades. Além deles, o cidadão pode informar-se quanto ao
financiamento do controle de dados e pesquisar sobre temáticas, utilizando o algoritmo a seu favor,
contribuindo assim para uma sociedade melhor.
Exemplo 02

Black Mirror” é uma série americana que retrata a influência da tecnologia no cotidiano de uma
sociedade futura. Em um de seus episódios, é apresentado um dispositivo que atua como uma babá
eletrônica mais desenvolvida, capaz de selecionar as imagens e os sons que os indivíduos poderiam
vivenciar. Não distante da ficção, nos dias atuais, existem algoritmos especializados em filtrar infor-
mações de acordo com a atividade “online” do cidadão. Por isso, torna-se necessário o debate acerca
da manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.
Primeiramente, é notável que o acesso a esse meio de comunicação ocorre de maneira, cada vez
mais, precoce. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no ano de 2016, apenas 35% dos entrevistados,
que apresentavam idade igual ou superior a 10 anos, nunca haviam utilizado a internet. Isso acontece
porque, desde cedo, a criança tem contato com aparelhos tecnológicos que necessitam da disponibi-
lidade de uma rede de navegação, que memoriza cada passo que esse jovem indivíduo dá para traçar
um perfil de interesse dele e, assim, fornecer assuntos e produtos que tendem a agradar ao usuário.
Dessa forma, o uso da internet torna-se uma imposição viciosa para relações socioeconômicas.
Em segundo lugar, o ser humano perde a sua capacidade de escolha. Conforme o conceito de “Mor-
tificação do Eu”, do sociólogo Erving Goffman, é possível entender o que ocorre na internet que induz o
indivíduo a ter um comportamento alienado. Tal preceito afirma que, por influência de fatores coerci-
tivos, o cidadão perde seu pensamento individual e junta-se a uma massa coletiva. Dentro do contexto
da internet, o usuário, sem perceber, é induzido a entrar em determinados sites devido a um “bombar-
deio” de propagandas que aparece em seu dispositivo conectado. Evidencia-se, portanto, uma falsa
liberdade de escolha quanto ao que fazer no mundo virtual.
Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis que limitem
esse assédio comercial realizado por empresas privadas, por meio de direitos e punições aos que des-
cumprirem, a fim de acabar com essa imposição midiática. As escolas, em parceria com as famílias,
devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por
intermédio de palestras, com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de
como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnolo-
gia a seu favor. Feito isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade.
Clara de Jesus Ricaldi Rocha - https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2019/03/
enem-2018-leia-quatro-redacoes-nota-mil-cjtiovrhh05bh01ujw2eeed8c.html

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
EIXO TEMÁTICO: DIREITOS E CIDADANIA
Texto 01
A dignidade humana como princípio constitucional
O princípio da dignidade da pessoa humana se refere à garantia das necessidades vitais de cada indiví-
duo, ou seja, um valor intrínseco como um todo. É um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito,
nos termos do artigo 1º, III da Constituição Federal, sendo fundamento basilar da República.
Ao longo dos anos, a convivência dos humanos em sociedade fez com que fossem criadas formas de
organização a fim de garantir a ordem e a pacificidade. Surgiram Estados, normas, regras e direitos –
criados conforme as relações evoluíam e se tornavam mais complexas.
Um dos valores fundamentais está o da dignidade da pessoa humana, que tem como foco a garantia
da vida digna. Neste texto, você vai conferir com mais detalhes o conceito e a importância deste princípio
conforme a Lei Maior.
Também entenderá o contexto histórico da dignidade da pessoa humana e sua importância para todo
o ordenamento jurídico. Por fim, verá relação do princípio com o mínimo existencial e os direitos funda-
mentais como um todo.
O que é a dignidade da pessoa humana? O princípio da dignidade da pessoa humana pode ser enten-
dido como a garantia das necessidades vitais de cada indivíduo. É um dos fundamentos do Estado Demo-
crático de Direito e tem sua previsão no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal. Assim, é fundamento
basilar da República.

No entanto, o ordenamento jurídico não conta com uma definição específica, restando a inúmeros
autores a busca pela identificação do conceito da dignidade humana.
Abaixo, elenquei citações de Alexandre de Moraes André Ramos Tavares e Ana Paula de Barcellos que
buscam uma descrição mais precisa.

Conceito por Alexandre de Moraes


Alexandre de Moraes, em sua obra “Direito Constitucional”, conceitua dignidade como:
Um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação
consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais
pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar de modo que,
somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas
sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos
e a busca ao Direito à Felicidade”

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
Explicação segundo André Ramos Tavares
André Ramos Tavares explica que não é uma tarefa fácil conceituar a dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, aponta a explicação de tal princípio nas palavras de Werner Maihofer:
A dignidade humana consiste não apenas na garantia negativa de que a pessoa não será alvo de ofen-
sas ou humilhações, mas também agrega a afirmação positiva do pleno desenvolvimento da personalidade
de cada indivíduo. O pleno desenvolvimento da personalidade pressupõe, por sua vez, de um lado, o re-
conhecimento da total auto disponibilidade, sem interferências ou impedimentos externos, das possíveis
atuações próprias de cada homem; de outro, a autodeterminação que surge da livre projeção histórica da
razão humana, antes que de uma predeterminação dada pela natureza”
Já na concepção de Alexandre de Moraes, tal princípio “concede unidade aos direitos e garantias
fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas”. Afastando dessa forma, as vertentes trans-
pessoalistas de Estado e Nação.

Concepção de Ana Paula de Barcellos


E por fim, Ana Paula de Barcellos, explica que:
A dignidade humana pode ser descrita como um fenômeno cuja existência é anterior e externa à ordem
jurídica, havendo sido por ela incorporado. De forma bastante geral, trata-se da ideia que reconhece aos
seres humanos um status diferenciado na natureza, um valor intrínseco e a titularidade de direitos indepen-
dentemente de atribuição por qualquer ordem jurídica”.
aurum.com.br

Texto 02
Como seria o mundo sem energia elétrica?
A humanidade sobreviveu a muitos estágios evolutivos na sua longa história neste planeta. Duas des-
cobertas, em particular, têm moldado o futuro da nossa raça como nenhuma outra: A pólvora e eletrici-
dade. A primeira foi certamente a causa de muitas tragédias, enquanto a última ajudou a empurrar a raça
humana para frente, embora tenha causado danos consideráveis à natureza.
Juntos, os dois fizeram as guerras mais destrutivas. Mas, considere se a eletricidade fosse um dia
desaparecer sem aviso. Falta de energia para os dispositivos pode ser a preocupação imediata que vem
à mente, mas o problema maior seria ainda abrangente quando se considera que o mundo moderno foi
construído em torno da dependência elétrica.
Na ficção científica os cenários foram imaginados a ilustrar o futuro que resultaria se a sociedade
ficasse sem energia. A eletricidade é, talvez, o coração da civilização trabalhadora. Sem ela as cidades
de modo provável iriam desmoronar no caos que se seguiu. Este é o cenário que é jogado fora na série
Revolution, definida em 15 anos após um apagão global de causa desconhecida.

Volta ao Feudalismo
É uma ideia fascinante para refletir sobre as implicações de não ter acesso a todas as amenidades.
Nós teríamos que reaprender a cozinhar, lavar, transportar se divertir e viver sem os dispositivos que
usamos todos os dias. Seria à volta aos tempos feudais. E sem eletricidade, o tratamento médico seria
medieval. Isso é algo que muitos não estariam preparados.
Confúcio um dia disse: “As pessoas que vivem com pouco sabem viver melhor”. A frase do pensador
seria uma realidade se o mundo sofresse carência de energia elétrica. Apenas as pessoas pouco consu-
mistas iriam conseguir manter a calma.

Teste de Sobrevivência
Pode ser clichê basta falar Darwin, mas um mundo como este iria colocar o conceito de sobrevivência
mais apto para o teste final. Seu lindo vizinho poderia se tornar o mais feroz na competição por alimento.
Você sabe como atirar e matar jogo com um arco e flecha? Os escoceses aprendem a lição durante a ju-
ventude na escola e de modo provável iriam ter vantagem nas buscas por alimentação. Seria o momento
no qual o ser-humano iria mostrar os instintos mais ferozes.

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
Em um cenário como esse até mesmo as aspirações de continuar a desenvolver energia limpa seriam
inúteis já que tais esforços se concentram na conversão de alternativas em eletricidade.
Com uma infraestrutura digital em fuga, a perda de telefones e Internet forçariam gerações de des-
mamados sobre o acesso a informações instantâneas para se comunicar no face a face. Milhões seriam
impotentes.
O impulso para a sobrevivência em um canto e os custos para sobreviver no outro. Sempre que nos
falta um bem essencial, devemos questionar sua real necessidade. Como na série Revolution, os itens
que consideramos fundamentais perdem o valor prático de modo rápido. No entanto, a avaliação emo-
cional nunca degrada.

O Que Seria a Vida Sem Energia Elétrica?


Buscar resposta não é tanto uma questão técnica, visto que consiste de avaliação filosófica da raça
humana. Grandes feitos foram realizados sem eletricidade. A civilização, que não inclui algumas tribos
indígenas nos cantos perdidos do mundo, depende de energia elétrica para a inovação.
Não se pode ignorar o fato de que a indústria médica entraria em colapso sem eletricidade. Doenças
extintas poderiam voltar com uma vingança e estoques das vacinas seriam esgotos. Mesmo o extremo
racionamento não retarda o inevitável. Parece um sonho para escritores de ficção científica.

Lista de Escassez no Mundo Sem Energia Elétrica


• Não há aquecedores ou de calor elétrico;
• Sem ventiladores de ar forçados para fornos a gás, óleo ou outras formas de aquecimento de ca-
sas;
• Falta de luzes de rua e televisões;
• Sem relógios elétricos ou sinais de néon;
• Adeus aos semáforos e pedágios automáticos;
• Não haveria nenhum telefone ou postes elétricos;
• Apenas gelo no inverno porque não haveria refrigeração;
• Fim do equipamento de escritório (copiadoras, trituradores, máquinas de fax, scanners, computa-
dores e telefones) teria ido;
• A maioria dos nossos equipamentos médicos não existiria;
• O homem só seria capaz de trabalhar durante o dia;
• Grande parte da produção seria feito à mão porque as fábricas que fabricam itens não teriam
linhas de montagem, como fazem hoje. A vida industrial seria muito difícil!

Fim do Mundo Moderno


No mundo moderno quase todos os aparelhos ou máquinas rodam tanto com gasolina com eletri-
cidade. É difícil imaginar um mundo de hoje, na ausência de energia elétrica. A vida sem ela representa
tentar imaginar o planeta sem chuva, ou seja, quase impossível de se manter a sobrevivência.
Em todo o mundo, as pessoas iriam engatar os bois para seus carros e trabalhar nos campos até o
anoitecer. O trabalho depois do pôr do sol não é possível sem iluminação adequada. Ausência de trens
elétricos e bondes fariam as pessoas caminham horas para chegar aos escritórios. Nas casas, o bombea-
mento de água de poços não seria fácil.
Os computadores vão deixar de funcionar, a Internet daria blackout. De fato a eletricidade abriu o
caminho para uma transição suave e progresso da humanidade. Ela mudou a forma como se comunicar e
relaxar, ajudando a melhorar a decoração das cidades e casas e minimizando o esforço em vários campos
no cotidiano.
A vida sem eletricidade traria a demanda. A procura por teatros iria aumentar. Sem televisão, o ho-
mem vai achar que é difícil passar suas horas de lazer. Viver sem energia é como o sonho impossível,
um lugar onde muito pouco trabalho é feito e muita gente vive. Certamente será mais tranquilo e haverá
menos poluição.

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
Mundo Sem Luz
Imagine a vida sem eletricidade, e não apenas uma breve queda de energia. Nós todos sabemos como
a vida torna-se inconveniente quando a eletricidade está fora por apenas algumas horas. Nossas casas e
vidas se tornaram tão dependentes da eletricidade é difícil imaginar tudo o que mudaria sem ele.
Apesar dos enormes estragos ainda existira pontos positivos, como a volta ao convívio social nas
ruas, em conversas face a face de verdade e não via o sistema de webcam.
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com
Texto 03
759 Milhões de pessoas no mundo não tem acesso à energia elétrica

O acesso à energia elétrica é uma preocupação mundial. Esta é uma preocupante realidade em nosso
planeta, apresentada pelo “Tracking SDG 7: The Energy Progress Report (2021)”, estudo realizado pela Agên-
cia Internacional de Energia (IEA), Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), Departamento de
Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UN DESA), Banco Mundial e Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a WWF Brasil estima que esse número ultrapassa um milhão de indivíduos, sendo que só
na região da Amazônia Legal correspondem a mais de 990 mil, segundo o Instituto de Energia e Meio
Ambiente (IEMA).
Iniciativas privadas estão trabalhando para mudar esta realidade, através de programas de parcerias
com distribuidores, integradores e instituições de ensino técnico, principalmente nas regiões da Amazô-
nia Legal e do Nordeste, para ajudar a criar mão de obra qualificada e levar produtos de energia solar de
qualidade aos mais necessitados.
Link do artigo completo: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://download.
schneider-electric.com/files?p_Doc_Ref=998-2095-07-28-15BR0_EN

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
Texto 04
Amazônia tem mais de 425 mil famílias sem energia elétrica
Diferente da maioria das residências brasileiras, onde a eletricidade é considerada um recurso quase
óbvio, em muitas localidades da Amazônia, crianças, adolescentes, adultos e idosos vivem sem um dos
principais insumos para o desenvolvimento das atividades produtivas, educacionais e de lazer. Segundo
estimativas do Ministério de Minas e Energia, cerca de 425 mil famílias ainda não têm acesso à energia
elétrica. Sem a realização do Censo do IBGE, esse dado pode estar subestimado.
O ano de 2022 é o ano chave para a pauta da universalização da energia elétrica no Brasil, quando
vence o prazo de vigência do Luz para Todos, o carro-chefe da política pública desse direito garantido
pela Constituição. Seu irmão mais novo, o Mais Luz Para a Amazônia, lançado em 2020 e que também
perde a vigência em 2022, deverá ser prorrogado. O projeto foca justamente nas populações que o Luz
Para Todos não conseguiu atingir em sua plenitude: os moradores de áreas remotas da Amazônia Legal.
“Quando o Programa [Luz Para Todos] começou a existir, em 2003, existia uma estimativa de deman-
da pelas distribuidoras, e a medida que o programa foi se desenvolvendo, se descobriu que o país tinha
uma população sem energia elétrica muito maior que indicava o Censo do IBGE ou mesmo o cadastro das
distribuidoras”. diz Paulo Gonçalves Cerqueira, diretor do Departamento de Políticas Sociais e Universa-
lização do Acesso à Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, em audiência realizada em maio de
2021 na Câmara dos Deputados. Desde 2004, o Luz para Todos atendeu 3,5 milhões de famílias, são mais
de 16.8 milhões de pessoas no país ligadas à rede de energia.
No ano passado, o Ministério de Minas e Energia estimou que faltava adicionar 206,5 mil famílias na
rede interligada pelo Programa Luz Para Todos – ou seja, puxar poste, linhão até a comunidade e ligá-la
na rede –, e mais 219 mil famílias dentro do Sistema Isolado, pelo Programa Mais Luz Para a Amazônia,
onde o atendimento energético acontece por meio de sistemas de pequeno porte, com geração descen-
tralizada de energia como, por exemplo, energia solar. Ao todo, 450 mil famílias na área rural do país ainda
estão sem poder ligar a tomada. Em contrapartida, nas áreas urbanas, o Brasil conseguiu universalizar o
acesso à rede elétrica antes da virada do século.
“Podemos dizer que o Mais Luz Para a Amazônia é a terceira versão de programas de universalização
da energia elétrica no Brasil, se considerarmos o Luz no campo (2000) e o Luz para Todos (2003). Ele
trouxe aprimoramentos para a região amazônica e incorporou a questão das demandas produtivas. En-
tende que é necessário suprir a energia não só para fins residenciais, mas para as demandas produtivas
das populações. Ele tem um foco também na Energia Solar, essa foi outra diferença. O programa entende
que a energia solar é a energia de “prateleira”, ou seja, a mais fácil de ser implementada, a mais ampla em
termos de potencial, de facilidade, de manutenção, enfim, todos esses quesitos técnicos e econômicos,
além de ser a mais barata para a maioria dos locais”, analisa Ricardo Baitelo, doutor em planejamento
energético e gerente de projetos no Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
O Programa Luz Para Todos finaliza suas atividades no final de 2022. O Ministério de Minas e Energia
prepara uma proposta de prorrogação do programa Mais Luz Para a Amazônia, que será encaminhada à
Presidência da República. Ainda há dúvidas sobre sua continuidade e sobre como ele será operado diante
da privatização em curso da Eletrobrás, responsável pelos dois programas de universalização de energia.

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
219 mil famílias esperam atendimento do Mais Luz Para a Amazônia
Segundo os dados da ANEEL apresentados na audiência da Câmara, o estado do Pará tem a maior
quantidade de famílias sem acesso à energia elétrica: 154,8 mil; seguida do Amazonas, com 33 mil famí-
lias; Acre, com 17 mil; e Roraima, com 7,7 mil famílias. Na Amazônia Legal, o Tocantins é o estado com
a situação mais confortável, com apenas 586 famílias identificadas sem acesso à energia. Das 221 mil
famílias amazônicas que vivem sem eletricidade, 32,8 deverão ser atendidas até o final deste ano.
O Programa Mais Luz Para a Amazônia (MLA) atende novas famílias que ainda não têm energia em
casa e promove a substituição de geradores de energia à diesel ou à gasolina, que hoje são a única fonte
de energia para muitas famílias que vivem nessas regiões remotas.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o orçamento deste ano destinado para a universaliza-
ção é de R$1,138 bilhão. Para atender toda a demanda atualmente levantada dentro do Programa MLA, ou
seja, as 219 mil famílias, estima-se que será necessário investir um total de 10 bilhões de reais.
A dificuldade da estimativa vem do fato das ocupações serem dinâmicas. “Isso acaba sendo mais um
gargalo, [pois] não há um conhecimento exato de onde estão essas populações, esse é um dado dinâ-
mico, [visto que] as populações migram, e é um dado que está sempre desatualizado”, explica Ricardo
Baitelo, gerente de projetos no Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
O IEMA tem um levantamento, de 2020, com dados georreferenciados sobre onde está localizada a
população em áreas remotas sem acesso à rede elétrica. Segundo a pesquisa, chega a 990 mil o número
de moradores da Amazônia Legal sem um ponto de energia.

Os excluídos
A metodologia do IEMA considerou dados sobre a infraestrutura existente dentro de áreas isoladas,
onde vivem, principalmente, povos tradicionais como ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas e extra-
tivistas, e assentados.
A análise foi realizada em duas etapas, tendo como principais fontes de informações o SIN – Sistema
Interligado Nacional (o sistema que atende a maior parte da população brasileira e conta com as maiores
usinas do país, incluindo Itaipu) e os Sistemas Isolados, que são centros produtores de energia não co-
nectados ao SIN, que se concentram na região Norte.
Os dados obtidos dos sistemas de geração e distribuição elétrica foram cruzados com estimativas da
população feitas com base no Censo de 2010 e nas estimativas populacionais anuais, do IBGE.
A pesquisa coincide com os dados da Aneel e coloca o Pará como o estado que tem a maior quantida-
de de cidadãos nesta situação: são mais de 409 mil moradores sem uma tomada energizada por alguma
companhia elétrica, ou seja, 9 Mangueirões (o maior estádio de futebol paraense) lotados em sua capa-
cidade máxima atual.
Entretanto, o melhor retrato para comparação entre populações é uma análise proporcional. E aí,
quem assume a dianteira é o estado do Acre, que apesar de ter cinco vezes menos habitantes que o Pará
nesta contagem do blecaute involuntário, tem 10% de sua população ainda sem energia. Veja os dados:

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
“Eu já visitei comunidades que coincidentemente receberam acesso, há uns bons anos, por energia
solar em mini redes. Então nessas comunidades a discussão era um pouco interessante, porque elas
tinham muito claro que o uso do diesel não vale a pena pelo altíssimo custo, pelo barulho e também pela
poluição. Essas comunidades estavam, naquele momento, começando a ter a experiência de ter energia,
mas ao mesmo tempo sabendo que essa energia não era um acesso ilimitado, era um acesso ainda que
tinha sido instruído pela Eletrobrás como restrito para as principais atividades. Esse é outro ponto que
tem que ser endereçado: qual seria o acesso”, diz Baitelo.

Sala de aula em uma escola em Cassiana, na Reserva Medio Purus, que se beneficiou de painéis de energia solar instalados
pelo World Wildlife Fund (WWF), na região, em 19 de setembro de 2017. Foto: Carl de Souza/AFP.

“Hoje, o Mais Luz Para a Amazônia e o Luz Para Todos estão garantindo o primeiro contato dessas
pessoas com a energia, e posteriormente, elas vão começar a pagar essa conta de luz, mas isso não sig-
nifica que a demanda reprimida vai embora e que elas poderiam estar utilizando a energia para mais fins
e podendo exercer atividades produtivas”, analisa.
https://oeco.org.br/ 17/05/2022

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AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO 04
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.


2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões
terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
Povos ribeirinhos ou ribeirinhas são aqueles que residem nas proximidades dos rios e têm a pesca
artesanal como principal atividade de sobrevivência. Cultivam pequenos roçados para consumo próprio
e também podem praticar atividades extrativistas e de subsistência.
As populações tradicionais, entre elas os ribeirinhos, foram reconhecidas pelo Decreto Presidencial
nº 6.040/2007, nele o Governo Federal reconhece, pela primeira vez na história, a existência formal de
todas as chamadas populações tradicionais.
A população tradicional que mora nas proximidades dos rios e sobrevive da pesca artesanal, da caça,
do roçado e do extrativismo é denominada de ribeirinha. Por conta dos aspectos geográficos do país, é
na Amazônia que está a maior parte dessa população.
Instituto EcoBrasil

Em 2010, o país possuía 6.329 aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como
favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros)
em 323 dos 5.565 municípios brasileiros. Eles concentravam 6,0% da população brasileira (11.425.644
pessoas), distribuídos em 3.224.529 domicílios particulares ocupados (5,6% do total).
Foram identificados 6.329 aglomerados subnormais em 323 municípios (5,8% dos municípios brasi-
leiros). Na Região Norte eram 48 municípios (10,7% dos 449 municípios da região), sendo a maioria locali-
zada no interior dos estados do Amazonas, Pará e Amapá. Nessa região, em grande parte dos municípios,
os aglomerados subnormais se formaram em áreas ribeirinhas, sujeitas a inundações periódicas.
Agência IBGE de notícias

13
AULAS 07 e 08
4a. SEMANA
Em pleno século XXI, ainda há cerca de um milhão de brasileiros que vivem desta forma, sem acesso
pleno à energia. A maioria deles está na região Norte do país, em comunidades isoladas da Amazônia, o
que torna a vida ribeirinha ainda mais difícil.
Hoje, essas pessoas enfrentam dificuldades enormes para continuarem em suas terras. Levar ener-
gia solar para essas comunidades é relativamente simples e representa uma melhoria enorme na quali-
dade de vida dessas pessoas, que têm os mesmos direitos de quem vive nas cidades”, disse Alessandra
Mathyas, do projeto Resex Solar.
A falta de energia em toda uma comunidade traz ainda outros problemas. A crise de abastecimento e
saneamento de água, que atinge grande parte do país, em especial as famílias da região Norte, também
esta presente nas comunidades ribeirinhas. Sem eletricidade para fazer o bombeamento, crianças e mu-
lheres, principalmente, têm que que buscar água sem tratamento diretamente do rio, trazendo a água
aos poucos e em baldes.
WWF Brasil

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “democratização do acesso à energia elétrica para os povos ribeirinhos brasi-
leiros”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

14
ENEM
5. SEMANA
a

AULAS 09 e 10
AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
COMPETÊNCIA 05 (I)
“Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos”

PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO
A conclusão, como já sabemos, é o fechamento do texto dissertativo. O planejamento desse parágra-
fo se dá a partir da ideia de que esse não é o espaço para o acréscimo de um argumento novo. Afinal, os
argumentos já foram analisados na segunda parte do texto e, por isso, argumentos novos neste momento
podem ser interpretados como incoerência estrutural.
Basicamente, ele é constituído da reiteração do posicionamento defendido no texto e de um comen-
tário final. A partir dessa base, é possível incrementar esse parágrafo com um comentário final, ou um
comentário com base na retomada de alguma citação feita ao longo do texto.

E A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO?
A proposta de intervenção não faz parte da estrutura da estrutura geral do texto dissertativo-argu-
mentativo. Por isso, nesse tipo de texto, uma conclusão-solução é uma possibilidade, e não um elemento
obrigatório. O que se torna importante esclarecer é que o exercício de propor uma intervenção para um
problema social é uma regra prevista nas redações feitas para o ENEM. E, por sinal, trata-se de um item
tão importante na redação para o Exame Nacional que chega a valer 200 pontos (1/5 da nota total).

QUAL É A FINALIDADE DESSA PROPOSTA?


Essa competência da prova tem por finalidade verificar se o estudante, após concluída a formação
obtida no Ensino Médio, é capaz não apenas de se posicionar e de analisar um problema de ordem social,
científica, cultural ou política, mas também de pensar uma forma de enfrentá-lo. Ou seja, o ENEM não
quer avaliar somente a capacidade argumentativa, mas o quanto o estudante consegue agir sobre deter-
minada questão social.

O QUE É INTERVENÇÃO?
Para iniciarmos, é necessário formar um conceito do que significa “intervir”. Para o nosso caso
(ENEM), vamos adotar a ideia de que intervir é interferir, com o intuito de colaborar com desenvolvimento
de algo. Esse conceito deixa claro que a finalidade dessa proposta não é necessariamente a erradicação
de um problema social, mas a elaboração de um projeto que o enfrente, ou que o reduza.

COMO MONTAR ESSA PROPOSTA


1. Nada de propostas abstratas!
Embora pareça um contrassenso, é importante começar identificando o que não é uma proposta
de intervenção. A primeira orientação é compreender que estamos tratando de um projeto possível de
ser executado. Logo, não cabem aqui soluções abstratas ou mágicas, da mesma forma que não se deve
apenas afirmar que é necessário que sejam tomadas providências, sem detalhar que providência poderia
ser executada.

“Portanto, medidas são necessárias para atenuar a problemática.”

“Dito isso, diante de um problema de tamanha gravidade, cabe à sociedade brasileira como um todo se
unir para enfrentar essa questão, e criar formas possibilitar o registro civil às pessoas que, em pleno
século XXI, ainda não o possuem, para que elas também se tornem de fato cidadãs.”

“Portanto, é necessário que o poder público tome uma medida, uma vez que este mecanismo detentor
do controle de dados de usuários pode representar um alto risco tanto à segurança de uma parcela da
população, quanto do próprio Estado.”

2
AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
2. Os cinco elementos
Como forma de separar quem traz propostas concretas de quem apenas sugere soluções abstratas,
a correção da competência 05 tem como referência a apresentação de cinco elementos que devem estar
presentes no projeto. Vejamos quais são eles:
a) AÇÃO: deve estar destacado o que necessariamente deve ser feito para o enfrentamento do pro-
blema. Naturalmente, esse é o elemento central da proposta de intervenção, já que se trata da
ação prática que deve intervir no problema analisado na redação. Sendo assim, todas as demais
partes se organizam em torno dela;
b) AGENTE: deve estar identificado quem será responsável por executar a ação (departamento,
órgão público ou privado, uma instituição etc.);
c) MODO / MEIO: é necessário destacar a forma como será realizada essa ação. Esse elemento tem
a ver com a maneira e/ou com os recursos pelos quais a ação será realizada, fatores que ajudam
a demonstrar o quanto essa proposta de intervenção é possível de ser colocada em prática;
d) EFEITO: também é preciso mencionar qual será a finalidade específica dessa ação. Isso corres-
ponde aos resultados que devem ser alcançados devido à aplicação dessa proposta.
3. O quinto elemento
Apesar de ser chamado de 5o elemento, esse item não é necessariamente um integrante tão distinto
dos demais. Na verdade, trata-se do detalhamento de pelo menos uma das outras quatro partes. Assim,
para que a proposta fique completa, é fundamental que um desses elementos (ação, agente, meio ou
efeito) traga uma informação a mais, o que dará ainda maior impressão de concretude à intervenção.

ATENÇÃO!
Neste encontro, teremos como foco os quatro elementos básicos (agente, ação, modo e efeito).
Nas aulas 11 e 12, trabalharemos com ênfase especial no detalhamento e no conceito de Direitos Humanos,
itens fundamentais para o sucesso pleno na competência 5.

EXERCÍCIO
Após a Leitura de cada uma das conclusões a seguir, identifique os quatro elementos básicos da pro-
posta de intervenção presentes nelas.

Conclusão 01

Fica exposta, portanto, a necessidade de medidas para mitigar o estigma associado aos trans-
tornos psíquicos. Destarte, as Secretarias de Educação devem desenvolver projetos nas escolas, por
meio de palestras e de dinâmicas educativas, levando médicos e pacientes para debaterem sobre o
preconceito enfrentado no cotidiano, uma vez que o depoimento individual sensibiliza os estudan-
tes, com a finalidade de ultrapassar estereótipos negativos. Outrossim, o Ministério da Fazenda deve
redistribuir as verbas, priorizando as áreas da psiquiatria e psicologia, direcionando maiores investi-
mentos nesse setor negligenciado pelo Estado.
Maria Júlia Passos - Extraído de: <https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2021/10/21/enem-2021-
redacoes-nota-mil-do-exame-de-2020-confira-algumas.html>. Publicado em: 21/10/21

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
Conclusão 02

Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às doenças
mentais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao Ministério da Saúde investir na melhora da
qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros públicos especializados de cuidados, desti-
nando mais medicamentos e contratando, por concursos, mais profissionais da área, como psiquia-
tras e enfermeiros. Isso deve ser feito por meio de recursos autorizados pelo Tribunal de Contas da
União - órgão que opera feitos públicos - com o fito de potencializar o atendimento a esses pacientes
e oferecê-los um tratamento eficaz. Ademais, palestras devem ser realizadas em espaços públicos
sobre os malefícios das falsas concepções de prazer e da importância do acolhimento dos vulneráveis.
Assim, os ideais inalcançáveis não mais serão instrumentos segregadores e, finalmente, a cotação de
Fleck não mais representará a dos brasileiros.”
Julia Vieira - Extraído de: <https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2021/10/21/enem-2021-redacoes-nota-mil-
-do-exame-de-2020-confira-algumas.html>. Publicado em: 25/08/21

PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA ANÁLISE

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
EXEMPLOS DE REDAÇÃO
Exemplo 01
Na obra “Quincas Borba”, de Machado de Assis, é mencionada a trajetória de Rubião que, após re-
ceber grande herança e atrair vários amigos, é acometido por uma enfermidade mental, fazendo com
que seus conhecidos se afastassem e que fosse abandonado em um hospital psiquiátrico. Fora da fic-
ção, o estigma associado às doenças mentais também é presente na sociedade brasileira, haja vista
que muitos indivíduos com transtornos dessa ordem são excluídos da sociedade e que muitas pessoas
com sintomas de desequilíbrio mental não buscam ajuda.
Em primeiro lugar, é relevante destacar que o estigma associado às doenças mentais faz com que
as pessoas acometidas por essas enfermidades sejam excluídas do meio social. Nesse sentido, Nise
da Silveira, médica psiquiatra, revelou que muitas famílias se envergonham por terem um ente com
transtornos mentais e optam por o deixar, de forma vitalícia e quase sem visitas, em hospitais espe-
cializados. Desse modo, o preconceito com doenças mentais na sociedade brasileira gera a ocultação,
em clínicas médicas, das pessoas que não se enquadram dentro de um perfil esperado de normalida-
de, engendrando a exclusão social.
Ademais, o estigma e a falta de informação sobre doenças mentais fazem com que muitos indiví-
duos, com sintomas dessas patologias, não busquem ajuda especializada. Nesse contexto, pesquisas
aventadas pela Organização Mundial de Saúde revelaram que menos da metade das pessoas com os
primeiros sinais de transtornos, como pânico e depressão, procura ajuda médica por temer julgamen-
tos e invalidações. Assim, o preconceito da sociedade brasileira com as doenças mentais faz jus com
que a busca por tratamento, por parte dos doentes, seja evitada, aumentando, ainda mais, o índice de
brasileiros debilitados por essas mazelas.
Portanto, é necessário que o Estado, em conjunto com o Ministério da Saúde, informe a popula-
ção sobre a que são, de fato, as doenças mentais e a importância do tratamento para que o estigma
associado a eles finde. Tal tarefa será realizada por meio de expansivas campanhas publicitárias nos
veículos de comunicação em massa, como a internet e a televisão, com profissionais de saúde es-
pecializados no assunto, o que fará com que o povo brasileiro seja elucidado sobre essas patologias
rapidamente. Sendo assim, episódios de abandono e preconceito associados a transtornos mentais,
como o de Rubião, estarão apenas nos livros.
Ingrid Bascef – extraído de: <https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2021/10/21/enem-2021-
redacoes-nota-mil-do-exame-de-2020-confira-algumas.html>

EIXO TEMÁTICO: MÍDIA


Texto 01
Brasil é ‘vice’ em tempo gasto em redes em ranking dominado por ‘emergentes’
Uma nova pesquisa detectou que o tempo gasto nas redes sociais globalmente
aumentou quase 60% em média nos últimos sete anos.

A empresa de pesquisa GlobalWebIndex, com sede em Londres, analisou dados de 45 dos maiores
mercados de internet do mundo e estimou que o tempo diário médio que cada pessoa dedica a sites ou
aplicativos de mídia social aumentou de cerca de 90 minutos em 2012 para 143 minutos nos primeiros
três meses de 2019.
Existem grandes variações regionais e nacionais. Em termos reginais, a América Latina é onde mais
se utiliza redes sociais no mundo - a média diária é de 212 minutos, enquanto, o nível mais baixo foi regis-
trado na América do Norte, com 116 minutos.
As Filipinas são o país onde as pessoas passam mais tempo nas redes sociais: 241 minutos por dia,
enquanto, no Japão, são apenas 45 minutos.
O Brasil vem em segundo no ranking, com 225 minutos, um aumento em relação a 2018, quando o
tempo médio gasto com isso foi de 219 minutos.

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
“Com as crescentes preocupações em torno de privacidade e moderação de conteúdo, a presença
das redes sociais no cotidiano se tornou uma questão importante. A quantidade de tempo diário que
dedicamos a elas é um dos indicadores mais visíveis disso.”
Das nações pesquisadas, a Tailândia registrou a maior queda no uso diário, de 194 minutos para 171
minutos, entre 2018 e 2019. No Vietnã, caiu 10 minutos em comparação com o ano passado.

Preocupação com a saúde mental


Especialistas alertam que o tempo de uso mais longo está associado a uma série de problemas de
saúde mental.
“Pesquisas indicam que as pessoas que passam mais tempo usando as redes sociais são menos feli-
zes”, diz Ashley Williams, professora da Harvard Business School.
“O uso excessivo de tecnologia pode ser problemático. Em casos extremos, está ligado à depressão,
acidentes e até morte.”
Os riscos potenciais parecem ter desencadeado mudanças comportamentais: o uso de aplicativos
de “bem-estar digital”, que limitam ou rastreiam o tempo gasto, estão aumentando.
O estudo GlobalWebIndex mostrou que usuários “pesados” das redes sociais são mais propensos a
usar essas ferramentas - incluindo os mais jovens.
“Eles são muito familiarizados com o mundo digital, mas isso também lhes permite regular com mais
facilidade o tempode uso. Mais de dois terços daqueles entre 16 a 24 anos admitem estar constantemen-
te conectados, e mais de um terço também diz que a tecnologia torna a vida mais complicada. Há uma
clara consciência do impacto da tecnologia em suas vidas “, observou Buckley.

O que é ideal?
Não existe um “número mágico” oficial para o tempo que as pessoas devem passar online. A Organi-
zação Mundial da Saúde publicou suas primeiras diretrizes em abril do ano passado - e são voltadas para
crianças menores de cinco anos.
Um estudo da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, publicado em dezembro passado
descobriu que limitar o uso das redes sociais a 30 minutos por dia mostrou “reduções significativas na
solidão e na depressão” em um grupo de 143 estudantes que participaram de um experimento.
Mas alguns especialistas acreditam que a questão é mais complexa. “As redes sociais são incrivel-
mente diversas - sites diferentes oferecem uma variedade de recursos diferentes. Isso torna extrema-
mente difícil generalizar sobre os efeitos”, explica Andy Przybylski, psicólogo do Instituto de Internet da
Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Extraído de: < https://www.bbc.com/portuguese/geral-49602237>. Publicado em: 06/09/19
Texto 02
‘Nativos digitais’ não sabem buscar conhecimento na internet, diz OCDE
A familiaridade dos adolescentes atuais com a tecnologia, que faz deles nativos digitais, não os torna
automaticamente habilitados para compreender, distinguir e usar de modo eficiente o conhecimento
disponível na internet.
Pelo contrário, os dados sugerem que eles são, em grande parte, incapazes de compreender nuances
ou ambiguidades em textos online, localizar materiais confiáveis em buscas de internet ou em conteúdo
de e-mails e redes sociais, avaliar a credibilidade de fontes de informação ou mesmo distinguir fatos de
opiniões.
As conclusões foram apresentadas pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) em seminário virtual na última quarta-feira (26/05), com base no relatório Leitores do Século
21 - Desenvolvendo Habilidades de Alfabetização em um Mundo Digital.
O relatório, divulgado no início do mês, mostra as habilidades de interpretação de texto dos alunos de
15 anos avaliados no Pisa, exame internacional aplicado pela OCDE em 2018 em estudantes de 79 países
ou territórios, inclusive no Brasil.
Os dados são preocupantes: no Brasil, apenas um terço (33%) dos estudantes foi capaz de distinguir
fatos de opiniões em uma das perguntas aplicadas no Pisa.

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
Na média dos países da OCDE, esse índice era de 47%. O que mostra que, mesmo no grupo de países
mais desenvolvidos, mais da metade dos estudantes de 15 anos não demonstrou, em média, capacidade
de fazer distinção entre fato e opinião.
Segundo o estudo, apenas metade dos estudantes em países da OCDE disseram ser ensinados na
escola para reconhecer se a informação que estão lendo é enviesada, e 40% dos alunos nesses países
foram incapazes de reconhecer os perigos de se clicar em links de e-mails de phishing, por exemplo.
As habilidades de navegação foram consideradas altamente eficientes para apenas 24% dos estu-
dantes na média da OCDE, e para apenas 15% dos estudantes no Brasil.
As consequências disso são profundas para a inserção no mundo do trabalho e para o exercício da
cidadania, uma vez que pessoas que não sejam capazes de compreender textos plenamente estarão,
em teoria, menos aptas para ocupar empregos de alta complexidade - e, ao mesmo tempo, serão presas
mais fáceis para o ambiente de desinformação que floresce na internet e nas redes sociais.
“Ter nascido na era digital e ser um nativo digital não significa que você vai ter habilidades digitais
para usar a tecnologia de modo eficaz”, afirmou no seminário Andreas Schleicher, diretor de educação
da OCDE.

Mais tecnologia não equivale a mais alfabetização midiática


Os resultados também mostram que, apesar de sua crescente familiaridade com a tecnologia, os
jovens não necessariamente aprendem instintivamente as habilidades necessárias para usar essa tec-
nologia para obter informações confiáveis.
De modo geral, o maior acesso a tecnologia entre os jovens nos últimos anos não se traduziu em
mais educação midiática, disse Schleicher no seminário: os índices de alfabetização digital dos jovens
evoluíram pouco nas avaliações do Pisa feitas entre 2000 e 2018, apesar das enormes mudanças sociais
e digitais vividas pela comunidade global nesse intervalo de tempo.
Mais do que contato constante com a tecnologia, Schleicherdefendeu que são a “aprendizagem tradi-
cional” e o engajamento de professores que farão a diferença em dar aos alunos a capacidade de enten-
der diferentes perspectivas em um texto e serem capazes de identificar nuances e opiniões.
O relatório mostra que, em sistemas educacionais nos quais essas habilidades digitais são ativamen-
te ensinadas, estudantes pareceram mais capazes de distinguir fatos de opiniões.
Mas Schleicher destacou que é um problema que ultrapassa os muros da escola e exaltou o trabalho
de países que já têm uma cultura mais enraizada de leitura e alfabetização, como Dinamarca, Finlândia,
Estônia e Japão.
Ele ressalta, porém, que o tema exige muito mais estudos e discussões na sociedade. “Ainda não te-
mos a resposta de por que alguns países se saem melhor” em alfabetização digital, afirmou.
O que se sabe é que o educador tem um papel central nisso, à medida que mudam as habilidades
exigidas dos estudantes: no século 20, esperava-se que um aluno obtivesse conhecimento de fontes
pré-curadas, como enciclopédias.
Hoje, ele precisa aprender a distinguir o que é relevante entre milhares de resultados de uma busca
no Google; precisa ser capazes de construir conhecimento e validá-lo, opina a OCDE.
Os educadores precisarão ser grandes mentores, mobilizadores e guias” nesse processo, afir-
mou Schleicher.

O poder persistente dos livros


Embora a leitura esteja mais fragmentada e migrando cada vez mais ao ambiente virtual, o relatório
da OCDE mostra que o papel dos livros e de textos aprofundados continua sendo primordial.
Os estudantes que disseram ler livros com mais frequência em papel do que nos meios digitais tive-
ram melhores resultados em leitura em todos os países e territórios que participaram do Pisa 2018. Além
disso, esses jovens também relataram ter mais prazer com a leitura.
Na mesma linha, a leitura de livros de ficção e de textos longos também está positivamente associa-
da a um melhor desempenho em leitura na maioria dos países avaliados.

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
O problema é que quase a metade dos estudantes (49%) nos países da OCDE disseram, na pesquisa
aplicada junto ao Pisa 2018, que só liam “se tivessem que ler”. E cerca de um terço dos estudantes pes-
quisados disseram que raramente ou nunca lia livros.
Nesse contexto, o incentivo a leituras de profundidade, que permitam aos alunos treinar a observa-
ção de nuances no texto, é uma estratégia capaz de melhorar as habilidades de compreensão textual tão
valiosas no século 21.
É algo a que tanto professores quanto pais podem contribuir, diz a OCDE. Segundo o estudo, os estu-
dantes que disseram ter pais que gostam de ler também apresentaram índices mais altos de prazer com
a leitura.
Um ponto preocupante, disse Schleicher no seminário, é um aumento crescente no “abismo cultural”
entre estudantes de classes sociais mais avantajadas e os mais pobres.
Enquanto entre os estudantes mais ricos o número de livros em casa se manteve estável entre 2000
e 2018, esse número caiu consideravelmente entre os estudantes mais pobres.
É um exemplo da importância de se combaterem as desigualdades educacionais.
“Nos acostumamos a tolerar as desigualdades e a ver parte dos estudantes ficando para trás”,
lamentou Schleicher.

Impactos da pandemia
Para o relatório da OCDE, a pandemia de covid-19, que fez com que parte significativa do processo
educacional migrasse para a internet, “aumentou a urgência de se lidar com esse tema (da alfabetização
digital). Também aumentou o ímpeto entre crianças, professores e formuladores de políticas públicas
para apoiar (a formação) de leitores do século 21”.
“Para muitas crianças em idade escolar e até mesmo professores, a desinformação nos tempos pré-
-pandemia talvez parecesse algo remoto, uma preocupação política de pouca relevância no pátio da es-
cola ou na sala de professores. Hoje, a infodemia (como especialistas se referem à proliferação de falsas
informações em grandes volumes, como ocorre em tempos de covid-19) e a incerteza sobre fatos cientí-
ficos e de saúde básicos capturou o foco dos alunos de 15 anos - e seu anseio por soluções”, prossegue
o relatório da OCDE.
“Alfabetização no século 21 significa parar e olhar para os lados antes de seguir adiante online. Sig-
nifica checar os fatos antes de basear suas opiniões nele. Significa fazer perguntas sobre as fontes de
informação: quem escreveu isto? Quem fez este vídeo? É de uma fonte confiável? Ele faz sentido? Quais
são os meus vieses? Tudo isso cabe ao currículo escolar e ao treinamento de professores. E tudo isso tem
implicações que vão muito além de detectar notícias falsas e desinformação: assegurar o ato de tomada
de decisões bem informadas e assegurar a base de democracias funcionais.”
Extraído de: < https://www.bbc.com/portuguese/geral-49602237>. Publicado em: 31/05/21

Texto 03
O idoso e a internet:
1). O passatempo predileto dos idosos na internet é o relacionamento com familiares (62,9%) e ami-
gos (59,8%), conforme pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Con-
federação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em outubro de 2016. Outra motivação para o uso da
internet por pessoas acima de 60 anos é a busca por notícias sobre economia, política, esportes e moda
(47,8%) e informações sobre produtos e serviços (43,0%). Ainda de acordo com o levantamento, dois
em cada dez idosos (19,1%) fazem compras online. Eletroeletrônicos, eletrodomésticos e viagens são os
itens mais adquiridos.
Fonte: https://infograficos.estadao.com.br/focas/planeje-sua-vida/idoso-e-alvo-facil-de-invasores-na-internet

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
Texto 04

O PROBLEMA:

1. Os idosos são as maiores vítimas de crimes na internet. Essa faixa etária foi a que mais prejudicada,
com um total de US$ 1,68 bilhão (mais de R$ 8 bilhões) ou 24% do total.
Duas razões principais explicam por que eles são o grupo mais vulnerável. Para começar, eles tendem
a ser menos experientes em segurança online. Eles também são mais confiantes e desconhecem os es-
quemas de fraude na internet. A faixa etária de 50 a 59 anos segue em segundo lugar, tendo perdido US$
1,26 bilhão (R$ 6,2 bilhões).
E completando os três primeiros está o grupo de 40 a 49 anos que perdeu US$ 1,19 bilhão (R$ 5,8 bi-
lhões). Enquanto isso, a faixa etária com menos de 20 anos também foi vítima, com perdas de US$ 101,4
milhões (R$ 500 milhões). Essa faixa etária é experiente em tecnologia e está melhor posicionada para
detectar golpes na Internet, mas mesmo assim também é afetada.

2. Um levantamento da Febraban - Federação Brasileira de Bancos - revela que no desde o início da


quarentena houve um aumento de 60% em tentativas de golpes financeiros contra idosos .

3. Estar na terceira idade não é um impeditivo para a acessar a internet. Há dez anos, 4% dos idosos
no País acessavam a rede, número que cresceu para 20% no último levantamento do Comitê Gestor da
Internet (CGI). Em redes sociais como o Facebook, perfis de brasileiros acima dos 60 anos que acessam
a plataforma passam dos 4 milhões em um universo de 117 milhões de usuários no País. Cada vez mais
conectada, essa faixa etária também está exposta aos riscos do ambiente virtual.
Idosos são considerados alvos fáceis de crimes cibernéticos, mostra um levantamento global da fa-
bricante de softwares de segurança Kaspersky. ”O fraudador, quando vai fazer o ataque, mira a todos,
mas quando vê que a pessoa já tem alguma idade, costuma aperfeiçoar golpes”, afirma o pesquisador
sênior de Segurança Digital da Kaspersky, Fábio Assolini. Por não ter muito conhecimento de segurança
ou fraudes na web, esse internauta não sabe distinguir a fraude de algo legítimo, explica. A pesquisa,
realizada com 12 mil usuários em 21 países, incluindo o Brasil, revelou que apenas 33% dos internautas
acima dos 55 anos têm ciência de que pode estar sendo espionado pela webcam sem consentir. Além
disso, apenas 25% dos usuários mais velhos desconfiam em compartilhar sua localização, comparado
com 39% na média de todas as faixas de idade.

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
4. Onze idosos caem em golpes na capital paulista todos os dias, de acordo com um levantamento
obtido pela Lei de Acesso à Informação (LAI). Grande parte desses golpes é praticada na internet.
De janeiro a julho de 2021, foram registrados 16.129 casos de estelionato. Desses, 63,7% foram apli-
cados através das redes sociais e aplicativos de relacionamento. Em 2.296 casos as vítimas tinham mais
de 60 anos.
Esses números podem ser ainda maiores, porque nem todos os casos são registrados em boletins de
ocorrência.
Grande parte das pessoas com mais de 60 anos cresceu consumindo conteúdo de forma analógica,
no papel com jornais e revistas. A garantia que as informações eram checadas e verdadeiras era maior.

As propostas de solução:

Texto 05

1. Educação dos idosos:


As fraudes na internet são um problema crescente. Muitos estelionatários têm escolhido os mais
idosos para vítimas de seus golpes e fraudes, pois confiam mais nas pessoas e tem capacidade reduzida
de compreender os riscos tecnológicos. Os idosos são cerca de 70% das vítimas de golpes pela internet
mesmo utilizando com menos frequência a rede. As vítimas deste crime muitas vezes experimentam um
duplo golpe: além de perderem dinheiro, são psicologicamente afetados. Os golpes e fraudes em idosos
estão virando um problema de saúde pública, pois comprometem a sobrevivência dessas pessoas, que
acabam por muitas vezes doentes, nervosos, com depressão e podem até levar a morte. O objetivo desta
pesquisa foi desenvolver um ambiente virtual onde são mostradas as fraudes mais comuns aplicadas na
internet para treinar idosos para evitarem cair em golpes aplicados pela internet. No desenvolvimento
foram utilizadas as melhores práticas de engenharia de software e programação, com linguagem Java
e banco de dados MYSQL. Também foram utilizadas as melhores formas de interfaces com idosos. A
avaliação foi feita por 5 especialistas em informática e 2 especialistas em pedagogia, que julgaram o
ambiente virtual em conformidade com as normas ISO/IEC9126 e propício para ensino e interação com
idosos.
Outros exemplos: Existem cartilhas disponibilizadas por diversos órgãos ( ORDEM DOS ADVOGADOS
DO BRAISL OAB-RJ, 2012; OAB-SP, 2012, e REDE NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA, 2015), com instru-
ções de como agir em golpes.
Informações com relatos de golpes e como se proteger estão disponíveis aos internautas em alguns
portais (MICROSOFT, 2015; UOL, 2015; OFICINA DA NET, 2015), e inclusive quando empresas são mencio-
nadas em golpes, as próprias já colocam avisos em suas homepages quando percebem que o nome da
instituição é usado indevidamente.
O Procon-SP (2015) oferece regularmente cursos e palestras gratuitas aos consumidores, com cur-
sos específicos para a população idosa para ajudar na prevenção de golpes.

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
2. Alertas constantes através dos meios de comunicação:

Exemplo: Febraban.

11
AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
Exemplo Banco do Brasil

3. Ações do governo federal:

Texto 06

4. Medidas preventivas dos próprios bancos:


Sistema financeiro brasileiro é robusto e especializado
Segundo o Presidente da FEBRABAN, Isaac Sidney, os bancos fazem altos investimentos para melho-
rar não só a tecnologia, como a segurança dos usuários:
Os bancos investem R$ 2 bilhões por ano em segurança da informação para garantir tranquilidade
e segurança a seus clientes e colaboradores e desenvolvem os mais modernos sistemas, tecnologias e
ferramentas destinados a assegurar a autenticidade de transações e operações financeiras
Mas então, o que ainda faz com que essas pessoas sejam alvo destas ações?
A vulnerabilidade social, a dificuldade com meios digitais, a falta de informação ou ainda ingenuidade
podem fazer com que os aproveitadores tirem alguma vantagem financeira, deste grupo.
O pedido de senhas e/ou dados pessoais e seu uso sem consentimento ou para outras finalidades
ainda são muito comuns, infelizmente.
Fonte: https://bxblue.com.br/aprenda/golpes-financeiros-contra-idosos-prevencao/

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
Texto 07

5. Cuidados básicos do usuário:


Como se prevenir dos golpes financeiros contra idosos?
Além dos cuidados mais básicos em relação aos dados sigilosos, vale lembrar também que, nenhum
banco ou colaborador da instituição está autorizado a:
• Ligar para o cliente pedindo senha nem o número do cartão;
• Mandar alguém para a casa do cliente para retirar o cartão;
• Ligar para pedir para realizar uma transferência ou qualquer tipo de pagamento.
A orientação ao receber qualquer comunicado, mensagem ou ligação suspeita é não clicar em links
ou desligar o telefone. Na dúvida, vale sempre consultar o gerente da instituição financeira e buscar in-
formações adicionais.
Outra forma de assegurar se o contato da empresa é mesmo real, é solicitar informações como CNPJ,
endereço e pesquisar mais sobre a empresa.
Com os meios disponíveis atualmente, é muito fácil descobrir se a empresa existe, qual é a opinião
dos outros consumidores sobre os serviços, atendimento em relação a reclamações, por exemplo.
Da mesma forma que os fraudadores utilizam a internet em busca de vítimas, os idosos, Aposentados
e Pensionistas podem se utilizar deste recurso para se prevenir.
Fonte: https://bxblue.com.br/aprenda/golpes-financeiros-contra-idosos-prevencao/

Texto 08

6. Mais estudos sobre a relação idosos X tecnologia

HELIÉTE DOMINGUEZ GARCIA

A TERCEIRA IDADE E A INTERNET:


UMA QUESTÃO PARA O NOVO MILÊNIO

Dissertação: apresentada à faculdade de Filo-


sofia e Ciências da Universidade Estadual Pau-
lista, Campus Marília, para a obtenção do título
de Mestre em Ciências da Informação (Área de
Concentração: Informação, Tecnologia e Co-
nhecimento).

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO 05
TEXTOS MOTIVADORES
Texto I
Durante a pandemia, com mais gente em casa, as pessoas estão usando mais celulares e computa-
dores para fazer compras e transações bancárias. É aí que golpistas e fraudadores se aproveitam para
agir no ambiente digital, e eles têm feito cada vez mais vítimas no país.
É o que mostra uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos. Entre janeiro e fevereiro de 2021, foi
registrado aumento de 100% nos ataques de phishing, a chamada pescaria digital, em relação ao mesmo
período de 2020. Nessa modalidade, o usuário fornece informações pessoais em mensagens e e-mails
falsos.
Já os registros do golpe da falsa central telefônica e do falso funcionário do banco explodiram: o
crescimento foi de 340%. Esse é o tipo de crime que mais preocupa a Febraban atualmente.
g1.globo.com

Texto II
Segundo Mariana Ruback, geriatra do Grupo Altevita, a combinação de duas condições deixa ido-
sos mais suscetíveis aos golpes: redução no ritmo de funções cerebrais e aumento na dificuldade em
acompanhar novos recursos do dia a dia, principalmente os tecnológicos. “Se colocarmos vítimas para
fazerem testes de memória, de cognição, muitas atingirão a pontuação normal. Geralmente, o que falta é
familiaridade para usar o smartphone, pagar um serviço pelo aplicativo”, ilustra.
A médica ressalta que é grande a barreira que impende homens e mulheres mais velhos de fazerem
parte de um mundo cada vez mais tecnológico. “Às vezes, a vontade e a necessidade de serem incluídos
são tão grandes que alguns idosos acabam extrapolando as recomendações de segurança”, diz Mariana
Ruback.
Correio Brasiliense

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
Texto III

Refinaria de Dados (2020)


Texto IV

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AULAS 09 e 10
5a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “combate aos golpes financeiros contra idosos pela internet”, apresentando
proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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O
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ENEM
6. SEMANA
a

AULAS 11 e 12
AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
COMPETÊNCIA 05 (II)
INTERVENÇÃO: CINCO ELEMENTOS
No encontro anterior, tratamos da base da proposta de intervenção (agente, ação, meio e efeito).
Hoje, precisamos destacar o que se costumou chamar de 5º elemento: o detalhamento.

DETALHAMENTO
Apesar de ser chamado de 5o. elemento, esse item não é necessariamente um integrante tão distinto
dos demais. Na verdade, trata-se do detalhamento de pelo menos uma das outras quatro partes. Assim,
para que a proposta fique completa, é fundamental que um desses elementos (ação, agente, meio ou
efeito) traga uma informação a mais, o que dará ainda maior impressão de concretude à intervenção.

SUGESTÕES DE DETALHAMENTO
Quando ligados à ação, agente e meio, o detalhamento pode ocorrer por meio de uma exemplificação,
explicação, especificação ou justificativa.

“Assim, é necessário que o Estado, na condição de garantidor dos direitos individuais,


tome providências para mitigar esse problema”.

“Dessa maneira, urge que as grandes mídias sociais, a exemplo, TV e jornais, informem as pessoas
a respeito da manipulação comportamental do controle de dados na internet por meio
de campanhas em seus veículos”

“O Governo Central deve impor sanções a empresas que criam perfis de usuários
para influenciar suas condutas, por via da instauração de Secretarias planejadas,
para a atuação no ambiente digital, uma vez que tais plataformas padecem de fiscalizações
efetivas, com o fito de minorar o controle de comportamentos por particulares”
Já nos casos de estar ligado ao efeito, o detalhamento será considerado somente se se tratar de um
desdobramento dessa finalidade. Ou seja, uma espécie de “efeito do efeito”.

“No entanto, é importante também uma conscientização nas escolas e uma intervenção do
Estado através da criação de instituições que promovam palestras sobre o assunto.
Dessa forma, espera-se que as pessoas tenham maior senso crítico, diminuindo assim
as influências e manipulações pelo controle de dados”

OBSERVAÇÕES SOBRE O DETALHAMENTO


1. Intervenção “curinga”
Propostas de intervenção genéricas podem apresentar um problema de coerência argumentativa.
Por isso, é uma estratégia perigosa a apresentação de uma proposta que sirva para qualquer tema, pois
intervenções assim não mostram uma relação específica com o tema proposto.

Com a intenção de combater tão grave problema, é necessário que o Congresso Nacional,
fazendo jus a sua função de legislador-mor da nação, crie leis que punam quem agride
aqueles que sofrem dessa mazela. Assim, é possível, por exemplo, multar esses infratores e,
com essa arrecadação, financiar campanhas direcionadas a essa área.

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
2. Intervenção e a competência 3
Como acabamos de ver, é importante que a proposta de intervenção seja coerente com o projeto
textual desenvolvido ao longo da redação. Caso contrário, uma intervenção que não seja coerente com o
desenvolvimento argumentativo pode gerar desconto de nota na competência 3.

3. Parece detalhamento, mas não é


Cuidado com alguns recursos que podem parecer detalhamento, mas que a avaliação do ENEM não
os considera como tal.

a) Destarte, cabe ao Governo Federal, juntamente com a Secretaria Estaduais de Cultura, promover o
acesso ao cinema [...]

b) Para reverter esse quadro, o Ministério da Saúde deve criar programas de apoio sobre doenças
mentais às pessoas que sofrem com os transtornos psíquicos [...]

c) Sendo assim, é urgente que as prefeituras levem a arte cinematográfica a todos, por meio da
promoção de sessões de cinema nas regiões periféricas das cidades [...]

d) Portanto, o combate a esses estigmas desafia o poder público a tomar providências. Dessa forma,
o Ministério da Saúde pode liderar campanhas que tragam informações sobre a gravidade dos
transtornos mentais.

4. Respeito aos direitos humanos


Serão avaliadas com a nota ZERO as propostas de intervenção que ferirem, de forma explícita e de-
liberada, os direitos humanos. Dessa forma, a referência não está somente em verificar se se trata de
conteúdo ofensivo, mas em não aceitar procedimentos que, conforme o Código Penal Brasileiro, podem
ser configurados como criminosos.
Para isso, os avaliadores não terão como base critérios subjetivos, mas princípios fundamentados
em documentos que possuem força de lei, como a Constituição da República Federativa do Brasil, as
Diretrizes para Educação em Direitos Humanos (Resolução nº 1, de 30 de maio de 2012), a Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos, a Carta da ONU e a Declaração de Durban. Sendo assim, os princípios que
servem de parâmetro de direitos humanos são:
• Dignidade humana;
• Igualdade de direitos;
• Reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades;
• Laicidade do Estado;
• Democracia na educação;
• Transversalidade, vivência e globalidade; e
• Sustentabilidade socioambiental.

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA ANÁLISE

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
EXEMPLOS DE REDAÇÃO
Exemplo 01

No célebre texto “As Cidadanias Mutiladas”, o geógrafo brasileiro Milton Santos afirma que a de-
mocracia só é efetiva à medida que atinge a totalidade do corpo social, isto é, quando os direitos são
desfrutados por todos os cidadãos. Todavia, no contexto hodierno, a invisibilidade intrínseca à falta de
documentação pessoal distancia os brasileiros dos direitos constitucionalmente garantidos. Nesse
cenário, a garantia de acesso à cidadania no Brasil tem como estorvos a burocratização do processo
de retirada do registro civil, bem como a indiferença da sociedade diante dessa problemática.
Nessa perspectiva, é importante analisar que as dificuldades relativas à retirada de documentos
pessoais comprometem o acesso à cidadania no Brasil. Nesse sentido, ainda que a gratuidade do re-
gistro de nascimento seja assegurada pela lei de número 9.534 da Carta Magna, os problemas associa-
dos à documentação civil ultrapassam a esfera financeira, haja vista que a demanda por registros civis
é incompatível com a disponibilidade de vagas ofertadas pelos órgãos responsáveis, o que torna o pro-
cesso lento e burocrático. Sob tal óptica, a realidade brasileira pode ser sintetizada pelo pensamento
do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o qual afirma que a “violência simbólica” se expressa quando
uma determinada parcela da população não usufrui dos mesmos direitos, fato semelhante à falta de
acesso à cidadania relacionada aos imbróglios da retirada de documentos de identificação no País.
Outrossim, é válido destacar a ausência de engajamento social como fator que corrobora a invi-
sibilidade intrínseca à falta de documentação. Fica claro, pois, que a indiferença da sociedade diante
da importância de assegurar o acesso aos registros civis para todos os indivíduos silencia a temática
na conjuntura social, o que compromete a cidadania de muitos brasileiros, haja vista que a posse de
documentos pessoais se faz obrigatória para acessar os benefícios sociais oferecidos pelo Estado.
Sob esse viés, é lícito referenciar o pensamento do professor israelense Yuval Harari, o qual, na obra
“21 Lições para o Século XXI”, afirma que grande parte dos indivíduos não é capaz de perceber os reais
problemas do mundo, o que favorece a adoção de uma postura passiva e apática.
Torna-se imperativo, portanto, que cabe ao Ministério da Cidadania, como importante autorida-
de na garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros, facilitar o processo de retirada de documentos
pessoais no Brasil. Tal medida deve ser realizada a partir do aumento de vagas ofertadas diariamente
nos principais centros responsáveis pelos registros civis, além do estabelecimento de um maior nú-
mero de funcionários, a fim de tornar o procedimento mais dinâmico e acessível, bem como garantir o
acesso à cidadania aos brasileiros. Ademais, fica a cargo do Ministério das Comunicações estimular o
engajamento social por meio de propagandas televisivas e nas redes sociais, com o fito de dar visibili-
dade à temática e assim assegurar os direitos cidadãos.
Maitê Maria - Extraído de: <g1.globo.com/>. Publicado em: 11/04/22

Exemplo 02

Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condi-
ção de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomi-
camente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais,
mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros
que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fun-
damental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o
principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.
Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se
relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre,
porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde
1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a ofere-
cer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o desenvol-

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
vimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um
Estado de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro.
Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de
âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma
prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.
Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se re-
gistrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como
mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho,
observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável socioecono-
micamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser explorada.
Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem
seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir
dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º
lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo
sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria
seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem
registro no país.
Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nasci-
mento deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de
instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um
Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570 mu-
nicípios brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a preservação
da cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso
deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário
de precária cidadania e desigualdade.
Giovanna Gamba Dias – Extraído de: <g1.globo.com/>. Publicado em: 11/04/22

EIXO TEMÁTICO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA


Brasil está atrasado na corrida internacional pelo domínio da inteligência artificial
Por outro lado, país dispõe de instrumentos para alcançar desenvolvimento tecnológico
Fernando Filgueiras
Professor associado do Departamento de Ciência Política da UFG (Universidade Federal de Goiás)
O artigo abaixo foi publicado originalmente no site Interesse Nacional, com o qual a Folha tem parceria.
A inteligência artificial (IA) não é propriamente uma coisa. Mesmo que existam diferentes maneiras
de conceituar inteligência e não haja consenso sobre o que ela significa, trata-se de um campo científico
interdisciplinar, que envolve contribuições de várias áreas de conhecimento em um conjunto de tecno-
logias digitais. Essas emulam a inteligência humana para tomar decisões ou realizar tarefas de maneira
mais eficiente e otimizada.
O avanço da IA é um recurso bastante estratégico para os países, tendo impactos econômicos, po-
líticos, sociais e culturais os mais diversos. A IA está revolucionando mercados e governos de formas
sem precedente e tem potencial para otimizar a produtividade econômica de um país, com aplicações
diversas na indústria, em mercados e no comércio local e exterior.
É por isso que existe uma corrida internacional pelo domínio da IA, uma vez que ela representa um re-
curso estratégico importante para economias e mercados. Essa corrida inclui uma discussão importante
para regularizar, controlar e evitar possíveis impactos negativos dessa tecnologia.

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
Diversos países compõem estratégias nacionais, as quais definem as linhas gerais do desenho das
políticas de inteligência artificial. Estas estratégias nacionais reconhecem a necessidade de princípios
que orientem a ação de governos junto aos desenvolvedores da tecnologia. Estes princípios foram orga-
nizados em organizações internacionais como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) e as Nações Unidas.
Os princípios são de orientação e procuram definir padrões de comportamento de desenvolvedores
para o uso de inteligências artificiais, com portfólios de instrumentos de políticas que serão desempe-
nhados pelos governos para alcançar o domínio da tecnologia de IA. Os quatro principais portfólios de
instrumentos são o de financiamento, o de estruturas colaborativas, o de governança e o de políticas
regulatórias.
Comparando os diferentes países do G20, observa-se que, quanto mais estes instrumentos são utili-
zados dentro das estratégias nacionais, melhores os resultados alcançados com relação ao processo de
transição tecnológica e domínio da tecnologia de IA.
A diversidade do uso de instrumentos em diferentes portfólios é fundamental para a qualidade do
desenho de políticas de IA e sua efetividade. A corrida pela IA passa pela liderança de Estados Unidos,
China, Coreia do Sul, Alemanha, Japão e França, que constroem políticas bem desenhadas, que buscam
de forma coerente e consistente empregar instrumentos diversos que incentivem o desenvolvimento
tecnológico de IA.
O Brasil, por outro lado, é o curioso caso de uma estratégia de inteligência artificial mal desenhada,
embora disponha dos instrumentos necessários para alcançar os objetivos de domínio tecnológico e de-
senvolvimento.
A estratégia brasileira de inteligência artificial (EBIA) não é composta de uma orientação clara à in-
dústria e mercados, mas é compreendida como um “benchmark” de iniciativas para estado e municípios
dirigida pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ela não dispõe nem diz como os objetivos se-
rão alcançados, definindo ações estratégicas de curto, médio e longo prazo, sendo mais um corolário de
princípios sem fundamentos.
Embora o Brasil seja um caso de não desenho de uma estratégia nacional de IA, o país dispõe de
diferentes portfólios financeiros, de governança, de regulação e estruturas colaborativas, os quais são
descoordenados, fragmentados e não disponibilizados de maneira consistente e coerente com qualquer
objetivo posto. O Brasil também dispõe de instrumentos de infraestrutura para pesquisa, criação de re-
des de desenvolvedores, serviços de informação e acesso a dados, como “data lakes” de dados públicos.
Porém, pouco se avança na criação de estruturas colaborativas que aproximem desenvolvedores e
indústria, que demonstre para a indústria as inovações produzidas de forma coordenada e coerente com
os objetivos da política.
O Brasil está discutindo agora a criação de uma Lei de Inteligência Artificial, recebendo diversas con-
tribuições da comissão de juristas instalada pelo Senado Federal, após pouca discussão no âmbito da
Câmara dos Deputados. A regulação emergente aponta para uma regulação baseada em princípios que
orientem a aplicação de responsabilidade objetiva à indústria no desenvolvimento de IA.
Comparado aos países do G20, falta ao governo brasileiro definir claramente os objetivos de sua polí-
tica. O governo sabe que quer chegar, mas não sabe quais são os objetivos de curto, médio e longo prazo,
como construir uma política coerente com esses objetivos e como perseguir consistentemente o desen-
volvimento da inteligência artificial.
O risco de ficar para trás é bem alto, com impactos econômicos diretos, prejudicando a produtivi-
dade da indústria, não possibilitando criar novos mercados e o risco de dependência tecnológica que
embarreira o desenvolvimento brasileiro. Embora o país participe dos fóruns do G20, falta uma posição
governamental clara, que sinalize o desenvolvimento de pesquisa e sua aplicação na indústria para a
realização de propósitos públicos de desenvolvimento e bem-estar nacional.
Folha de S. Paulo, 30/06/22

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AULAS 11 e 12
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1. Leis:
Muito além das notícias falsas e das questões políticas que envolvem o 5G no Brasil está toda a parte
burocrática de leis antigas que ainda estão em vigor por aqui. Uma das queixas principais feitas pelos
especialistas ouvidos diz respeito a leis municipais que atrasam a instalação e uso de telecomunicações,
e isso muito antes do 5G.
Em 2020, o governo federal decretou a Lei Geral das Antenas, permitindo que as operadoras instalem
antenas de 5G se em 60 dias os municípios não se manifestarem contra.
“Eu acho que um dos grandes desafios do 5G é a questão das frequências mais altas. E quanto mais
subimos essas faixas, mais estações de radiobases são necessárias. Em linha com essa exigência, é muito
importante que os órgãos reguladores estejam conscientes do desafio [de implementar o 5G]. Cada muni-
cípio tem sua particularidade legal, e uma mudança importante aconteceu graças à Lei Geral das Antenas.
Ainda não está totalmente resolvido, mas estamos no caminho certo”, declara Hélio Oyama, diretor de ge-
renciamento de produtos da Qualcomm para a América Latina, em entrevista ao Gizmodo Brasil.

2. Atraso na instalação das antenas:


José Otero, vice-presidente da 5G Americas para América Latina e Caribe diz que, hoje, o Brasil é o
único país da América Latina com mais espectro alocado às operadoras, mas que ainda faltam antenas
para suportar o tráfego futuro das redes 5G.

3. Leilão das frequências:


Depois de ter marcado para 2020 e após mais de um ano de discussões e sucessivos adiamentos, a
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou o leilão de frequências do 5G, em 5 de novembro
de 2021.na maior venda de espectro já realizada pela autarquia. Ao final, o leilão conseguiu arrecadação
de R$ 46,7 bilhões e seis novos operadores de telecomunicação no Brasil.
As empresas que venceram os lotes de 26GHz terão de levar internet de qualidade às escolas de edu-
cação básica do país. É uma contrapartida pelo direito que elas terão de explorar o espectro.

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
4. Dificuldade de implementação*:
A tecnologia também tem obstáculos para ultrapassar em solo brasileiro. O principal deles é, sem
dúvidas, a dependência de sinal por meio de uma antena parabólica. O sinal de parabólicas hoje ocupa
uma das faixas de frequência que serão do 5G. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu um
prazo de 18 meses para que transmissão da TV aberta pare de funcionar nas parabólicas. Mesmo assim,
nesse caso, o sinal pode apresentar interferências, prejudicando assim a qualidade da transferência de
dados e interferindo na tão esperada estabilidade oferecida pela tecnologia.
Esse problema pode acontecer porque algumas regiões brasileiras ainda utilizam esse sistema, o
que não acontece nas grandes cidades, que não encontram maiores dificuldades para seguir o edital e
implementar o 5G.
Outro problema está na criação da chamada rede privada para administração pública e o programa
de conectividade da Amazônia.

5. Qual o tempo que leva para que o 5G chegue a todo o Brasil:


O lançamento da tecnologia será em etapas. O cronograma beneficiará o suporte para as capitais do
país e, em seguida, continuará a ser implementado em outras regiões. A expectativa é de que até 2028 as
cidades com até 30 mil habitantes sejam as últimas a ter a tecnologia disponível.
Confira a seguir o cronograma definido pelo edital da 5G:
• 31 de julho de 2022: funcionamento em todas as capitais brasileiras;
• 31 de julho de 2025: funcionamento em cidades com mais de 500 mil habitantes;
• 31 de julho de 2026: funcionamento em cidades com mais de 200 mil habitantes;
• 31 de julho de 2027: funcionamento em cidades com mais de 100 mil habitantes;
• 31 de julho de 2028: funcionamento em cidades com mais de 30 mil habitantes.

6. Por que é importante a implementação do 5G?

Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com o 5G, bem como a
chamada “indústria 4.0” com toda a linha de produção automatizada. Cirurgias feitas remotamente, por
exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer um tempo de resposta mínimo.
Wilson Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e diretor de
soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet que passaram a ser possíveis com o 4G
e faz um paralelo com a novidade.

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
“Não tínhamos Uber no 3G porque as características que o Uber pede, de localização, de velocidade,
não estavam disponíveis. Essas aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G
espalhadas, teremos sensores e novas aplicações», afirmou.
É o caso dos carros autônomos. Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G ainda não é veloz
o suficiente para evitar acidentes em situações extremas, além de não suportar tantos dispositivos co-
nectados ao mesmo tempo.
O 5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam que
muito do processamento de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pe-
gando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios médicos,
como pulseiras e relógios conectados.

7. Mas só o 5G não é suficiente;

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA

8. Outra defasagem: Educação


Por que a filosofia é importante para o campo tecnológico?
Oferece conhecimentos sobre lógica, filosofia da matemática, teoria do conhecimento, antropologia,
retórica, argumentação, redação, bem como a capacidade de enfrentar problemas e textos complexos.
Favorece o raciocínio abstrato que permite analisar a informação complexa que se recebe num dis-
curso e, ao mesmo tempo, integrar muitos dados e de maneira fragmentada, de diversas fontes dos ra-
mos do saber.
Fomenta o espírito crítico e o hábito de parar para pensar por si mesmo com profundidade, caracte-
rizado pela capacidade de formular as perguntas corretas diante das novas situações.
Educa na capacidade de diálogo, que implica em criar uma consciência por parte de quem dialoga
que é apenas um ponto de vista. Desta forma é possível conseguir abertura às novidades e seu exame
pessoal.
Gera uma sensibilidade ética especial, derivada do conhecimento e da reflexão sobre as diversas
propostas éticas que os filósofos ofereceram ao longo da história.
Estas capacidades se tornaram importantes para as empresas tecnológicas e, por isso, elas estão in-
corporando filósofos nas suas equipes. Os filósofos têm o papel de fazer uma reflexão pausada, rigorosa
e integradora sobre as consequências para a vida humana as mudanças científicas e tecnológicas que
estamos vivenciando.
As mentes dedicadas ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia não refletem sobre estas con-
sequências. É necessário que a Filosofia aja como catalisador da reflexão, integrando saberes diversos e
gerando espaços de diálogo nos que formular perguntas relevantes de acordo aos novos desafios.
Prova disso foi o que aconteceu com Google em 2012, quando anunciou a contratação de 4 mil dou-
tores em Filosofia. A empresa não poderia contar somente com o desenvolvimento tecnológico, também
deveria estudar aspectos como a empatia e as particularidades culturais.
As empresas não procuram por filósofos para exercerem a profissão como tal. Estão sendo criadas
novas posições nas que é fundamental compreender o comportamento humano e suas reações desde
outro ponto de vista.
Entender o consumidor de maneira global é imprescindível para esta era onde o cliente está no cen-
tro de todos os negócios. A capacidade de pensar raciocinar, formular perguntas e respostas é chave
para realizar os processos de inovação e transformação tecnológica.
Estas questões servirão para descobrir quais desafios nos propõe o futuro e proporcionam horas de
diálogo rigoroso que desperte a imaginação a sensibilidade, a inteligência, e a abertura às novidades. O
objetivo deste trabalho é alcançar uma previsão e antecipação que permita aproveitar as oportunidades
e paliar os desafios concretos que nos depara o futuro.
Fonte https://www.universia.net/br/actualidad/empleo/que-e-importante-filosofia-na-era-digital-1163322.html

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AULAS 11 e 12
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O ensino em geral está preparado para a revolução tecnológica do século XXI?


Nossos modelos educacionais são tradicionais, da era industrial, e estão simplesmente desatualiza-
dos. A necessidade não é de uma mudança incremental na educação, mas sim uma revisão completa do
atual sistema. Nada melhor do que a imaginação criativa para desenvolver novos modelos para a educa-
ção do século 21.
A tecnologia da informação é um dos caminhos para resolver uma das maiores necessidades sociais
do mundo, a aprendizagem. Pois as experiências que constroem conhecimentos e habilidades devem es-
tar acessíveis para todas as pessoas e em todas as fases de suas vidas, resultando em realização pessoal
e benefício para a sociedade.
O digital tem o DNA da interdependência. Por exemplo, conforme se resolve o desafio da água, tam-
bém se ajuda a enfrentar o desafio da saúde. À medida que avançamos no desafio do aprendizado, tam-
bém ajudamos a enfrentar o desafio da prosperidade.
A quebra de paradigma está em focar não no conteúdo, mas no desenvolvimento de habilidades
adaptativas ao mundo acelerado que vivemos, como liderança por influência, agilidade e adaptabilidade,
iniciativa e empreendedorismo, comunicação eficaz, análise de informações, curiosidade e imaginação.
A aprendizagem precisa se concentrar na resolução de problemas, na criatividade, na cidadania digi-
tal, mídia e colaboração em redes.
A escola do futuro, e por que não a do presente, é como uma instituição, independente do espaço,
que pode ajudar a resolver os grandes desafios que a humanidade enfrenta.
De outra forma, capacitar a humanidade para enfrentar os grandes desafios do mundo requer com-
petências complementares, onde os computadores não são bons.
O desenvolvimento de qualidades de caráter, como curiosidade, persistência, adaptabilidade e lide-
rança, ajuda o ser humano a se tornar criador ativo de sua própria vida, encontrando e buscando o que é
pessoalmente significativo para cada um.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e di-
retor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Ceará.
Fonte: https://forbes.com.br/forbes-collab/2021/08/haroldo-rodrigues-como-a-tecnologia-
pode-impactar-a-educacao-do-seculo-21/

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO 06
TEXTOS MOTIVADORES
Texto I
O 5G é o nome dado à quinta geração de redes móveis, pelas quais smartphones e outros dispositivos
inteligentes terão acesso à internet e poderão estabelecer comunicação entre si.
A tecnologia estreou prometendo entregar taxas de transferência de dados estabelecidas entre 10
Gbps e 20 Gbps (de 10 a 100 vezes mais veloz que o 4G) ao utilizar melhor as faixas de ondas de rádio no
espectro de ondas eletromagnéticas — tipo de onda também utilizado pelo Wi-Fi, Bluetooth e TV aberta,
por exemplo.
O 5G visa alcançar alguns objetivos-chave, com destaque para três deles:
• Velocidade de dados significativamente mais rápida: as redes 4G conseguem atingir velocidades
de download com picos de 1 gigabit por segundo (Gbps) – embora, na prática, isso raramente acon-
teça. Com o 5G, essa velocidade aumentaria para 10 Gbps ou mais.
• Latência ultrabaixa: neste caso, “latência” refere-se ao tempo que um dispositivo leva para enviar
dados para outro dispositivo. Atualmente, o 4G apresenta uma taxa de latência de cerca de 50
milissegundos, mas o 5G quer reduzir isso para cerca de um milésimo de segundo. Isso será parti-
cularmente importante para aplicações industriais e carros autônomos.
• Um mundo mais conectado: a Internet das Coisas (IoT) deve crescer exponencialmente nos pró-
ximos 10 anos e exigirá uma rede capaz de suportar bilhões de dispositivos conectados. Parte do
objetivo do 5G é fornecer capacidade e atribuir largura de banda para atender às necessidades das
aplicações e dos usuários.
Fonte: https://canaltech.com.br/telecom/o-que-e-5g-37077/
Texto II
A verdade é que o 5G está sendo projetado para a realidade da Internet das Coisas. Hoje, temos cada
vez mais dispositivos inteligentes conectados à internet, de geladeiras e micro-ondas, de smartwatchs
a vestíveis. Mas, o que é Internet das Coisas?
Enquanto a maioria desses aparelhos usam hoje a rede doméstica, com o passar dos anos, novos
dispositivos poderão se beneficiar ao estarem conectados à internet o tempo todo. Como carros, semá-
foros, servidores de órgãos públicos, sensores especializados, equipamentos médicos, drones, equipa-
mentos para funções especializadas, sistemas de segurança e até mesmo residências e edifícios intei-
ros, que poderiam contar com sensores capazes de analisar a informar condições estruturais.
O 4G não foi projetado para o crescente número de aparelhos compatíveis com a Internet das Coisas,
que crescem exponencialmente e, segundo estimativas, podem se tornar bilhões, trilhões nos próximos
anos. Assim, o 5G seria uma rede de transição para suportar tais dispositivos, que precisam enviar e re-
ceber dados o tempo todo.
E, por que transição? Porque a evolução natural desse cenário leva às cidades inteligentes: pense
em municípios totalmente conectados, em todos os aspectos de nossas vidas. Agora, amplie isso para
províncias, estados, países, continentes inteiros.
Fonte: https://tecnoblog.net/responde/o-que-e-5g/

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
Texto III Texto IV

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “dificuldades para a implantação da tecnologia 5G no Brasil”, apresentando
proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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O
14.

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AULAS 11 e 12
6a. SEMANA
ANOTAÇÕES

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ENEM
7. SEMANA
a

AULAS 13 e 14
AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
COMPETÊNCIA 01
ENEM: COMPETÊNCIA 01
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa
No próprio enunciado da questão de redação já vem claro o que se espera quanto à linguagem a ser
aplicada: o padrão formal da língua portuguesa.

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, apresen-
tando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Assim, fica claro que a correção espera um domínio linguístico condizente com alguém que concluiu
ou está concluindo o Ensino Médio, e, naturalmente, passou pelas aulas de língua portuguesa. Nesse
caso, é fundamental deixar de lado a coloquialidade e saber aplicar o registro formal na construção do
texto.
A avaliação dessa competência possui como base dois eixos: a estrutura sintática e os desvios gra-
maticais. Vejamos o que é observado em cada um desses conceitos:

1. Estrutura sintática
Essa referência de correção está mais relacionada à forma como os períodos estão construídos. Por
isso, eles devem estar completos, bem estruturados, a ponto de contribuírem para fluidez da leitura da
redação.
Exemplos de problemas de estrutura sintática

Período incompleto

Sendo assim, fica evidente que a estigmatização dessas pessoas tem como causa a ignorância
sobre o que são doenças mentais. Afinal, o senso-comum enxerga apenas a existência das doenças
físicas. Deixando de lado os males emocionais.

É notório muitas atividades foram alteradas completamente após o surgimento da internet. Que
transformou a forma de se relacionar e de buscar informações.
Adjunto adverbal isolado em início de frase

Na época da colonização do Brasil. Houve a prática de forçar escravos e mudarem de cultura, e


passassem a adotar a religião oficial [...]
Períodos truncados ou justapostos

O direito à educação é assegurado na Constituição de 88, porém os dados do IBGE mostram que
o Brasil apesar de possuir uma legislação voltada à cidadania ainda possui 11 milhões de pessoas no
mais completo analfabetismo tão grave estatística revela o quanto o país precisa de fato priorizar a
formação populacional, caso contrário será impossível se tornar desenvolvido dentro de um mundo
cada vez mais tecnológico.

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
Duplicação de palavra
Considerando que as ferramentas virtuais dispendem a reiterada atenção de seus usuários, é ce-
diço que as relações consumistas dos variados catálogos de informação e de entretenimento torna-
ram-se atividades impreteríveis às relações relações sociais contemporâneas.
Ausência de palavra
Existe no Brasil um terrível preconceito com as pessoas sofrem de problemas ligados à saúde
mental.
Excesso de palavras
A cultura da população tem muito a perder pela a falta de acesso ao cinema.

2. Desvios gramaticais
Trata-se da obediência às convenções e regras gramaticais, como a adequação vocabular, as regras
de ortografia, concordância verbal e nominal, regência etc.
De acordo com a Cartilha do Participante 2022, os desvios gramaticais consideram os seguintes as-
pectos:
• convenções da escrita: acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e mi-
núsculas e separação silábica (translineação);
• gramaticais: regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, tempos e modos verbais,
pontuação, paralelismo sintático, emprego de pronomes e crase;
• escolha de registro: adequação à modalidade escrita formal, isto é, ausência de uso de registro
informal e/ou de marcas de oralidade;
• escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas
são usadas em seu sentido correto e são apropriadas ao contexto em que aparecem.
Exemplos de desvios gramaticais
Expressões próprias da oralidade, ou da escrita coloquial.

• Expressões coloquiais como “um monte”, “um bocado”, “é isso aí”, “né”, “tá beleza”, ou formas usadas
na Internet, como “blz”, “vc”, “eh”;
• O uso de diminutivos e aumentativos, em casos próprios da coloquialidade (ex.: “basiquinho”; “mui-
tão”);
• Reduções (como “pra”, “pro”) e abreviaturas, como “p/” (no lugar de “para”) ou “c/” (no lugar de “com”).
Imprecisão vocabular

[...] essa manipulação de dados na internet pode influenciar o comportamento humano de acordo
com o que o logaritmo propõe.
Adjuntos adverbais longos: cuidado!

No contexto brasileiro atual a internet ocupa função cada vez mais importante.

A internet ocupa no contexto brasileiro atual função cada vez mais importante.
Não basta apenas não cometer erros
Um fator que pode gerar confusão quanto à competência 01 é o fato de ela não se limitar apenas a fis-
calizar erros gramaticais ou de estrutura. Isso quer dizer que o sistema de correção não ficará satisfeito
somente porque a redação não apresentou erros. Uma boa avaliação nesse critério, contudo, depende
também da demonstração do domínio da linguagem escrita formal.

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
Durante o iluminismo foi criada uma imprensa revolucionária para a época devido à necessidade
de comunicação. E a internet surgiu com a revolução científica e informacional, dinamizando as inte-
rações sociais. Porém, muitos internautas dispõem excessivamente seus dados, atraem manipulado-
res de mídia e trazem consequências nefastas.
Inicialmente, é importante ressaltar que muitas vezes o controle dos usuários nas redes traz riscos
para a vida fora delas. A exemplo disso, tem-se o caso da apresentadora Ana Hickmann, que expõe
sua rotina no aplicativo Snapchat e foi vítima de um sequestro quase fatal. Assim, muitas pessoas são
expostas nas redes sociais sem se preocuparem com a sua segurança.
Ademais, a manipulação na internet é feita principalmente através das fake news. Segundo Max
Webber, a dominação carismática se dá por meio de discursos e promessas utópicas que garantem o
apoio das massas sociais. As notícias falsas são utilizadas com a mesma finalidade no contexto políti-
co e fazem com que o comportamento das pessoas se torne vulnerável e manipulável.
Portanto, são necessárias medidas que protejam os usuários da internet. Para isso, o Ministério
da Ciência e Tecnologia e o Legislativo devem elaborar leis efetivas que garantam a privacidade dos
internautas para a sociedade usufruir as vantagens da internet de forma segura.

PROPOSTA PARA ANÁLISE

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
EXEMPLO DE REDAÇÃO
Norberto Bobbio, cientista político italiano, afirma que a democracia é um processo que tem, em
seu cerne, o objetivo de garantia a representatividade política de todas as pessoas. Para que o me-
canismo democrático funcione, então, é fundamental apresentar uma rede estatal que dê acesso a
diversos recursos, como alimentação, moradia, educação, segurança, saúde e participação eleitoral.
Contudo, muitos brasileiros, por não terem uma certidão de nascimento, são privados desses direitos
básicos e têm seus próprios papéis de cidadãos invisibilizados. Logo, deve-se discutir as raízes histó-
ricas desse problema e as suas consequências nocivas.
Primeiramente, vê-se que o apagamento social gerado pela falta de registro civil apresenta suas
origens no passado. Para o sociólogo Karl Marx, as desigualdades são geradas por condições eco-
nômicas anteriores ao nascimento de cada ser, de forma que, infelizmente, nem todos recebam as
mesmas oportunidades financeiras e sociais ao longo da vida. Sob esse viés, o materialismo histórico
de Marx é válido para analisar o drama dos que vivem sem certificado de nascimento no Brasil, pois é
provável que eles pertençam a linhagens familiares que também não tiveram acesso ao registro. As-
sim, a desigualdade social continua sendo perpetuada, afetando grupos que já foram profundamente
atingidos pelas raízes coloniais e patriarcais da nação. Dessa forma, é essencial que o governo quebre
esse ciclo que exclui, sobretudo, pobres, mulheres, indígenas e pretos.
Além disso, nota-se que esse processo injusto cria chagas profundas na democracia nacional. No
livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, é apresentada a história de uma família sertaneja que luta
para sobreviver sem apoio estatal. Nesse contexto, os personagens Fabiano e Sinhá Vitória têm dois
filhos que não possuem certidão de nascimento. Por conta dessa situação de registro irregular, os dois
meninos sequer apresentam nomes, o que é impensável na sociedade contemporânea, uma vez que
o nome de um indivíduo faz parte da construção integral da sua identidade. Ademais, as crianças re-
tratadas na obra são semelhantes a muitas outras do Brasil que não usufruem de políticas públicas da
infância e da adolescência devido à falta de documentos, o que precisa ser modificado urgentemente
para que se estabeleça uma democracia realmente participativa tal qual aquela prevista por Bobbio.
Portanto, o registro civil deve ser incentivado de maneira mais efetiva no país. O Estado criará
um mutirão nacional intitulado “Meu Registro, Minha Identidade”. Esse projeto funcionará por meio da
união entre movimentos sociais, comunidades locais e órgãos governamentais municipais, estaduais
e federais, visto que é necessária uma ação coletiva visando a consolidação da cidadania brasileira.
Com o trabalho desses agentes, serão enviados profissionais a todas as cidades em busca de pessoas
que, finalmente, terão suas certidões de nascimento confeccionadas, além de receberem acompa-
nhamento e incentivo para a realização de cadastro em outros serviços importantes do sistema nacio-
nal. Por conseguinte, o Brasil estará agindo ativamente para reparar suas injustiças históricas e para
solidificar sua democracia, de maneira que os seus cidadãos sejam vistos igualmente.
Gabriel Borges – Cartilha do Participante (2022)

EIXO TEMÁTICO: EDUCAÇÃO


01. 2022: O NOVO ENSINO MÉDIO
Novo ensino médio: 7 novidades na educação dos jovens
Giulia Granchi e Paula Adamo Idoeta Da BBC News Brasil em São Paulo
Esta volta às aulas já está sendo diferente para uma parte dos estudantes do ensino médio, nas redes
pública e privada, e não só por causa das medidas sanitárias relacionadas à pandemia.
Começou a ser implementado neste ano o chamado novo ensino médio, uma mudança que tenta
fazer frente a antigos desafios dessa etapa de ensino: a desconexão e o desinteresse de uma parcela
significativa dos jovens, problemas que se intensificaram na pandemia e que resultam em altos índices
de evasão e atraso escolar.

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
Em 2018, uma estimativa do movimento Todos Pela Educação apontou que quatro de cada dez jovens
brasileiros de 19 anos não haviam completado o ensino médio.
Na pesquisa Pnad Covid, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou que 407,4
mil brasileiros de 15 a 17 anos não estavam matriculados na escola no segundo trimestre do ano passado.
Neste ano, o novo ensino médio começa apenas para os alunos do primeiro ano, segundo cronogra-
ma definido pelo Ministério da Educação. Para o segundo ano, a mudança começará no ano que vem e,
para o terceiro ano, em 2024.
Até o momento, 22 Estados já têm referenciais curriculares aprovados e homologados para começar
a colocar o novo ensino médio em prática nas redes estaduais de ensino, segundo o Movimento Pela Base
Nacional Curricular.
São eles: Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
Outros cinco (Acre, Tocantins, Alagoas, Bahia e Rondônia) ainda aguardam aprovação ou homologação.
Confira a seguir o que começa a mudar no ensino médio, como essas mudanças vão impactar o dia a
dia - e o futuro - dos alunos e quais as pendências e polêmicas envolvendo essa implementação.

1 - O que os alunos vão estudar no novo ensino médio?


Até agora, o ensino médio do país tinha, ao longo de três anos, um único itinerário igual para todos os
alunos, organizado em 11 disciplinas (Língua Portuguesa, Matemática etc.).
Com o novo ensino médio, essas disciplinas passam a ser organizadas em quatro áreas de conheci-
mento, previstas na Base Nacional Comum Curricular:
– Linguagens
- Ciências da natureza
- Ciências humanas e sociais
- Matemática
Uma parte desse ensino (ou 60% do total da carga horária do ensino médio) será igual para todos os
alunos, na expectativa de que todos desenvolvam as competências básicas esperadas para jovens dessa
idade.
Mas uma outra parte do tempo do estudo (ou 40% da carga horária) será de acordo com a escolha do
aluno, a partir do seu interesse. São os chamados itinerários formativos.

2 - O que são os itinerários formativos?


Os itinerários formativos são a parte flexível do currículo do ensino médio, ou seja, a parte em que o
estudante poderá estudar uma área de conhecimento que tenha a ver com seus interesses.
Ele poderá escolher, em tese, entre itinerários nas quatro áreas de conhecimento mencionadas aci-
ma (linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e matemática) ou um ensino técnico,
ou ainda um modelo integrado, que combine mais de uma área.
Mas tudo dependerá de quantos itinerários cada escola ou cada rede poderá ofertar. A preocupação
é que escolas menores ou redes com menos estrutura não sejam capazes de oferecer mais do que o mí-
nimo de dois itinerários formativos para seus alunos escolherem.
Na prática, então, é possível que o aluno de uma rede menos estruturada não tenha, de fato, tanta opção.
E especialistas temem que isso (e em outros pontos que detalharemos a seguir) aumente as desi-
gualdades entre redes mais ou menos estruturadas, e também entre as redes privada e pública.
“Existem muitos municípios que têm uma única escola de ensino médio, que não vão poder oferecer
tanta escolha assim para seus alunos”, diz à BBC News Brasil Anna Helena Altenfelder, presidente do
Cenpec, organização da sociedade civil que trabalha pela equidade e qualidade na educação básica pú-
blica do país.
Por outro lado, Estados que fizeram investimentos maiores na implementação do novo modelo, como
São Paulo, oferecem dez opções de itinerários.
“A preocupação é que o novo ensino médio possa acirrar desigualdades não pela reforma em si, mas
pelos desafios de sua implementação, que afetam as escolas mais vulneráveis”, agrega Altenfelder.
Além disso, diz ela, as redes precisarão de apoio para formular itinerários que sejam de fato ricos e
interdisciplinares: “Se ficar tudo na mão das escolas, pode ser um fator de precarização (do projeto)”.

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
3 - Quais disciplinas são obrigatórias no novo ensino médio?
Somente as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática serão obrigatórias nos três anos de ensi-
no médio. No entanto, como a escolha dos itinerários só é exigida a partir do segundo ano, a tendência é
que o primeiro ano tenha aulas similares à base do modelo antigo.
Ao mesmo tempo, os itinerários contam não só com disciplinas novas, mas também com planos de
estudo de História, Química, Biologia, Artes, entre outros assuntos.
“A escola também pode oferecer as eletivas - mais aulas de algum desses assuntos ou de temas diver-
sos como debate público, tecnologia e educação financeira. Assim os alunos já podem ter experiências
que os ajudam a determinar seus interesses” diz Katia Smole, diretora do Instituto Reúna e presidente do
Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEB).

4 - O que é o Projeto de Vida?


O novo ensino médio também amplia para todos os alunos algo que estudantes de escolas de tempo
integral já aplicavam: o chamado Projeto de Vida.
O objetivo é que o aluno possa conversar com seu educador a respeito de como se enxerga no futuro,
quais são seus interesses e sonhos e formas possíveis de alcançá-los. Isso deve, inclusive, ajudar os jo-
vens na escolha de seus itinerários.
“Sendo um espaço organizado de reflexão, é algo bem importante para essa faixa etária, para que
ela possa pensar em seu papel social e no mundo do trabalho”, afirma Altenfelder, fazendo uma ressalva:
“Essa reflexão não pode servir apenas para moldar o aluno ao mercado de trabalho, mas sim para ajudá-lo
a fazer uma reflexão crítica de seu projeto de vida próprio. É preciso que a autoria seja de fato do aluno”.

5 - O tempo de aula vai aumentar?


Sim: haverá ao menos uma hora por dia a mais de aula. Antes, a carga horária era de 800 horas/aula
por cada ano do ensino médio, ou seja, 4 horas por dia.
Agora, a carga horária aumenta para mil horas de aula por ano, ou 5 horas por dia.

6 - Como fica o ENEM com o novo ensino médio?


Ainda não se sabe quais serão as mudanças na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
De acordo com Smole, a tendência é ter um primeiro dia de avaliação de formação geral básica e que
no segundo, a avaliação seja focada em diferentes áreas de conhecimento. Assim, existiriam modelos de
prova distintos a serem escolhidos.
“Temos que esperar, porque a discussão ainda está em curso, mas a mudança efetiva no Enem só vai
ocorrer em 2024. No entanto, o novo modelo deve, por lei, ser adotado agora. O que não pode acontecer
é que as escolas deixem para mudar somente em 2024, porque não terão tempo de implementar todas
as mudanças.”
A surpreendente queda na desigualdade no trabalho que mascara um problema econômico do Brasil

7 - Como vai ser o ensino técnico?


Ao finalizar o ensino médio, o aluno que escolher o ensino técnico receberá, além do certificado de
estudo regular, também o diploma técnico ou profissionalizante.
Na teoria, o intuito é que esse modelo contribua para combater os altos índices de desemprego entre
jovens e sirva de porta de entrada para o mercado de trabalho.
No entanto, o principal problema, na opinião de Fernando Cássio, professor de políticas educacionais
na Universidade Federal do ABC (UFABC), será a qualidade do ensino proposto, que ele considera precária.
“Se olharmos para os alunos do ensino superior público hoje, encontraremos uma grande parcela que
passou pela escola técnica”, diz ele, que também integra a Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e
o comitê diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
“O que acontece é que a escola técnica no Brasil, com processo seletivo e vagas limitadas, já é para
poucos, e o que está se propondo (com o novo ensino médio) não é uma formação técnica, mas uma for-
mação profissional precarizada.”
“Em São Paulo, o curso terá duração de 900 horas - 300 no 2º ano e 600 no 3º ano. Já um curso técnico
como conhecemos tem cerca de 1800 horas. Essas (do novo ensino médio) são versões reduzidas que
imitam o modelo original, mas sem recursos, já que são feitas na própria escola.”

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
Sobre a intenção de que os alunos façam atividades práticas dentro das empresas e em laboratórios
externos, Cássio avalia que não há estrutura para atender a todos. “Isso só vai acontecer com pequenos
grupos, é inviável oferecer para todos os alunos. Só no ensino médio do estado de São Paulo há 1 milhão
e 100 mil estudantes.”
A reforma em curso, do ponto de vista do educador, não é ideal para manter os jovens estudando e
engajados.
“O que o tira da escola não é a falta de interesse nas aulas. É a pobreza, são os problemas estruturais
da educação. É muito fácil apontar o dedo para a escola e dizer que ela é ultrapassada, enquanto na rede
privada tudo segue igual. Para os alunos mais ricos, as eletivas já são opções como atividades extracur-
riculares, mas eles continuam estudando todas as disciplinas.”
Uma das preocupações é se, com esses empecilhos em potencial e com a ênfase no ensino técnico,
o novo ensino médio pode acabar afastando ainda mais os alunos mais pobres do ensino superior, dei-
xando este ainda mais elitizado.
Katia Smole acha que não. “Nossa escola atual já é muito excludente e, para mim, é impossível fica-
rem mais distantes (do ensino superior) do que já estão. No Brasil, 25% dos jovens em idade produtiva
que não estudam nem trabalham. Mesmo antes da pandemia, 40% dos estudantes da rede pública não
acham que conseguiriam fazer o vestibular”, diz ela, reforçando que a ideia não é que os jovens deixem
de entrar na faculdade, mas, que entre outros benefícios, mantenham-se interessados no ensino, sem
desistir de ir à escola.
Para a presidente do CEB, é natural que os pais questionem e se sintam inseguros diante do novo
modelo. “Afinal, nenhum de nós vivenciou uma escola parecida no Brasil, embora já existam modelos
similares em outros lugares do mundo. Só que não acho que devemos deixar de implementar. É preciso
ousar, o jovem do século 21 precisa de uma escola nova.”

Capacidade financeira, infraestrutura e mão de obra qualificada são principais desafios


A mudança exige investimento. “O protagonismo do Ministério da Educação precisa ser grande, re-
passando apoio para os estados por meio do acordo financeiro feito com o Banco Mundial entre 2017 e
2018. Há Estados que têm investido muito, como São Paulo, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Outros
precisarão de mais de ajuda”, afirma Smole.
Para os professores e gestores de escolas, o MEC disponibilizou um site com guias de formação. Al-
guns Estados também têm oferecido parcerias com universidades como um meio de complementação
do currículo dos profissionais.
Mas a formação adequada de professores para dar conta de itinerários de ensino potencialmente
bastante distintos entre si também é uma preocupação de críticos quanto às desigualdades no ensino
médio. Afinal, redes particulares ou mais estruturadas poderão, em tese, contar com mão de obra mais
capacitada, o que enriqueceria muito mais a experiência educativa dos alunos - em comparação com
redes e escolas com menos oferta de mão de obra.
Para Anna Helena Altenfelder, do Cenpec, há ainda mais desafios pela frente: primeiro, o fato de o
novo ensino médio começar a ser implementado justamente em um ano eleitoral, o que pode resultar em
trocas não só de governadores, mas também de secretários da Educação.
Em segundo lugar, haverá dificuldade de implementação porque “não foi feito um diálogo com todos
os atores envolvidos (no novo ensino médio), como professores, gestores e também os alunos. Então
falta consenso entre os diferentes setores. (...) É uma mudança muito grande - de lógica, de condições e
de cultura de ensino, e isso não é fácil de se implementar.”
Extraído de: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60307795>. Publicado em: 15/02/22

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
2.IMPACTOS NA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Em meio à pandemia, aprendizagem cai nas escolas do país
Maior queda ocorreu na etapa de alfabetização das crianças
Em meio à pandemia, com escolas fechadas e ensino remoto, o Brasil registrou piora no aprendizado
de estudantes em todos os níveis avaliados. A etapa que sofreu o maior impacto foi a da alfabetização,
medida no 2º ano do ensino fundamental. Os resultados são do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) 2021 e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2021, divulgados hoje (16) pelo
Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-
xeira (Inep).
Em coletiva de imprensa, o Inep ressaltou que a divulgação é atípica, por conta da pandemia, e que
é preciso ter cuidado ao comparar os resultados, tanto com os resultados obtidos em anos anteriores
quanto entre escolas, municípios e estados.
Aplicado a cada dois anos, desde 1990, o Saeb é a principal avaliação nacional de aprendizagem. Nele,
estudantes do 2º, do 5º e do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio resolvem ques-
tões de língua portuguesa e matemática. Alguns estudantes do 9º ano respondem ainda a questões de
ciências humanas e ciências da natureza. Ao todo, 5,3 milhões de estudantes foram avaliados em 2021.
“A realização dessa edição de 2021 foi um grande desafio com muito trabalho e esforço conjunto de
União, estados e municípios. A aplicação foi exitosa”, avalia o ministro da Educação, Victor Godoy, que
destaca que avaliação foi feita entre 8 de novembro e 10 de dezembro do ano passado, quando nem todas
as escolas haviam retomado o ensino presencial.

Resultados
Os resultados mostram que houve piora em todas as etapas de ensino. A maior queda ocorreu na eta-
pa da alfabetização. A pontuação obtida pelos alunos do 2º ano do ensino fundamental em língua portu-
guesa passou de 750 pontos em 2019, em média, para 725,5. As pontuações são distribuídas em 8 níveis,
de acordo com os conteúdos aprendidos. A queda de 24,5 pontos entre um ano e outro significa que a
média brasileira caiu em um nível.
A porcentagem dos estudantes do 2º ano nos três primeiros níveis, ou seja, que não conseguem se-
quer ler palavras isoladas, passou de 15,5% em 2019 para 33,8%, em 2021. Na outra ponta, a porcentagem
daqueles no nível 8, o mais alto, caiu de 5% para 3%.
Em matemática, a porcentagem dos estudantes nos três primeiros níveis passou de 15,9% em 2019
para 22,4% em 2021. Esses estudantes não são capazes de resolver problemas de adição ou subtração.
A média nacional caiu de 750 pontos para 741 pontos. Uma queda de 9 pontos. Nesta etapa as provas são
aplicadas de forma amostral, a apenas um grupo de estudantes de escolas públicas e particulares.
“Não foge do esperado, acho que era uma expectativa, a gente sabe que para essa faixa etária nessa
especificidade da alfabetização, essa mediação presencial é especialmente importante”, diz, a coorde-
nadora-geral do Saeb, Clara Machado, que apresentou os resultados. “[O resultado] permite entender o
que aconteceu nesse período de pandemia e planejar a melhor intervenção na alfabetização, que é ponto
de atenção”, acrescenta.

Quedas na aprendizagem
Nos demais anos, a avaliação é feita de forma censitária, com a aplicação a todos os alunos presen-
tes. No 5º ano do ensino fundamental, o aprendizado dos estudantes tanto em língua portuguesa quanto
em matemática retornou ao patamar de 2015. Em língua portuguesa, a média nacional foi de 208 pontos,
mesma pontuação de 2015 e uma queda de 7 pontos em relação aos 215 obtidos em 2019. Em matemáti-
ca, a pontuação média foi 217, uma queda de 11 pontos em relação a 2019, com 228 pontos; e dois pontos
abaixo de 2015, quando a média foi 2019.

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
No 9º ano, quatro a cada dez alunos estão nos três primeiros níveis de aprendizagem em língua portu-
guesa, essa porcentagem passou de 40,8% em 2019 para 42,4% em 2021. Cerca de 15% dos alunos estão
abaixo do nível 1, com habilidades mais básicas do que o sistema consegue aferir. A média de proficiência
se manteve praticamente estável, passando de 260 em 2019 para 258 em 2021.
Em matemática no 9º ano, o país tinha registrado uma melhora, passando de uma média de 258 pon-
tos em 2017 para 263 pontos em 2019. Agora, o país volta ao patamar de 2015, com uma média de 256
pontos e com 44,4% dos estudantes nos três níveis mais baixos de proficiência.
No 9º ano foi aplicada pela segunda vez, de forma amostral avaliações de ciências no 9º ano. Mais da
metade dos estudantes está nos três primeiros níveis de proficiência. Essa avaliação foi aplicada pela
primeira vez em 2019, quando foi registrada a pontuação média de 250 pontos em ciências humanas e
em ciências da natureza. Em 2021, a média cai para 244,6 pontos em ciências humanas e para 247,4 em
ciências da natureza.
No ensino médio, no último ano escolar, a média da proficiência passou de 278 pontos em língua por-
tuguesa em 2019 para 275 pontos em 2021. A pontuação coloca o Brasil no nível 3 de aprendizagem, em
uma escala que vai até o nível 8. Isso significa que os alunos, em geral, não sabem, por exemplo, identifi-
car a finalidade e a informação principal em notícias – habilidade do nível 4 de proficiência.
Em matemática, a média de pontuação no ensino médio passou de 277 para 270 entre 2019 e 2020, o
que posiciona o país no nível 2 de 10 níveis.

Pandemia
A pandemia levou ao fechamento de escolas em todo o país. A maior parte das escolas, 92%, adotou
de mediação remota ou híbrida e 72,3% das escolas recorreram a reorganização curricular com prioriza-
ção de habilidades ou conteúdos. Ou seja, os estudantes do país, mesmo cursando o mesmo ano escolar,
não aprenderam necessariamente os mesmos conteúdos e, por isso, não é possível saber se tinham ou
não aprendido o que foi cobrado no momento da avaliação.
Para a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, os
resultados são importantes para medir o impacto da pandemia na educação, mas precisam ser bem con-
textualizados. “Eu entendo que realização do Saeb no final do ano passado foi importante no sentido de
produzir subsídios para estados e municípios, que são os atores mais diretamente afetados, no entanto,
eu me reservo o direito de dizer que eu considero o Saeb 2021 um Saeb importante para nós vermos os
danos da pandemia e para podermos enfrentar esses desafios. Eu entendo que a comparabilidade dos
resultados não deve ser feita esse ano”, diz.
Ela destaca duas medidas recomendadas pelo CNE que podem ter impactado nos resultados. Uma
delas é que as escolas reorganizassem os currículos, definindo prioridades e considerando que o ano de
2020 poderia ser também trabalhado em 2021. A outra é a recomendação da aprovação automática, para
evitar que os estudantes ficassem ainda mais desmotivados.
“Consideramos que [os resultados] não devem ser ranqueados, não devem ser comparados, devem
ser instrumentos que apontam uma foto com todas as distorções”, diz o presidente da União dos Dirigen-
tes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, que representa as escolas municipais,
responsáveis pela maior parte das matrículas na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental
público.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo, também
fez ponderações em relação aos resultados. Ele representa os estados, responsáveis pelas matrículas
no ensino médio e anos finais do ensino fundamental públicos. “Isso aqui é o retrovisor, estamos olhando
para o passado. Mas, como evidência produzida para tomada de decisão, aponta para o futuro e esse
futuro precisa ser visto com muita clareza.”

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
Qualidade do ensino
O MEC e o Inep divulgaram também hoje os resultados do Ideb, que é o principal indicador de quali-
dade das escolas do Brasil. O indicador considera os resultados do Saeb e o fluxo escolar, a aprovação
ou reprovação e o abandono escolar. O Ideb segue uma escala de 0 a 10. O país fixou metas para serem
cumpridas a cada etapa de ensino até este ano, o ano do bicentenário da Independência do Brasil. O Ideb
2021 é, portanto, o último com metas fixadas.
Os resultados mostram que o país, em um contexto de pandemia, não cumpriu nenhuma das metas.
Para os anos iniciais do ensino fundamental, até o 5º ano, o Ideb 2021 foi 5,8, a meta era 6. Nos anos fi-
nais, o Ideb foi 5,1 e a meta era 5,5. No ensino médio, o Ideb foi 4,2 e a meta era 5,2. “A pandemia trouxe
alteração expressiva”, diz o presidente do Inep, Carlos Moreno. A aprovação automática fez com que o
indicador de fluxo não refletisse a realidade da qualidade do ensino no país. Segundo ele, agora será ne-
cessário construir um novo plano de metas para o Brasil.
“Nós recomendamos o não cotejamento dos resultados alcançados com essas metas em função exa-
tamente do que aconteceu de forma global, em função da pandemia de coronavírus”, enfatizou o presi-
dente do Inep, Carlos Moreno.
Extraído de: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2022-09/em-meio-pandemia-aprendizagem-
cai-nas-escolas-do-pais>. Publicado em: 16/09/22

3. APAGÃO DOCENTE
Problematização inicial: para que ter professores?
“É muito vulgar a afirmação de que, hoje, qualquer um de nós traz no bolso, no seu celular, mais in-
formações, dados e imagens do que a ciência acumulou ao longo dos séculos. (…) Numa palavra, como
aprender a pensar, sabendo que nunca o poderemos fazer sozinhos. É para isso que precisamos dos
professores, para comporem uma pedagogia do encontro.” (António Nóvoa e Yara Alvim)
1. Citação: “O Brasil possui cerca de cinco milhões de professores, dois milhões destes atuando na Edu-
cação Básica. Se a profissão não se renovar, tendo em vista o número de aposentadorias maior que o de
formandos, quem educará as novas gerações?” (CERICATO, 2016, p. 284)
2. Tabela:
Quando se examina a série histórica – estabelecida entre os anos de 2007 a 2017 – referente ao nú-
mero de docentes na Educação Básica brasileira, a diferença entre o número de jovens professores in-
gressantes e o número de professores que estão mais próximos ao final da carreira chega, em 2017, a
proporção a 4 por 1.
Tabela 01 – Docentes na Educação Básica

ANO TOTAL ATÉ 24 ANOS 50 ANOS OU MAIS


2007 1.822.861 114.364 223.388
2008 1.988.161 117.015 242.767
2009 1.977.978 116.523 251.011
2010 1.999.518 109.542 306.694
2011 2.039.261 104.758 328.141
2012 2.095.013 104.579 344.439
2013 2.141.676 105.496 370.025
2014 2.184.267 109.484 366.327
2015 2.187.154 106.485 390.736
2016 2.196.397 97.554 414.453
2017 2.192.224 91.240 433.620

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
3. Gráfico:
O gráfico a seguir dá uma dimensão visual dessa diferença.

4. Distribuição das licenciaturas:


Segundo o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), em 2020 tivemos uma redução de 24 mil matrículas em relação a 2019, sendo que
48,3% das matrículas estão concentradas somente na Pedagogia (815.000 estudantes), 9,1% na Educa-
ção Física e Formação Professores, 5,7% Matemática, 5,3% História e 4,7% Biologia, totalizando 73,1%
matrículas em apenas 5 licenciaturas. Física, com apenas 1,8% das matrículas, e Química (2,3%) agravam
a falta de professores já existentes, pois nem todos os habilitados exercem docência. Até porque o pro-
fessor recebe salários, segundo alguns estudos, em torno 30% a 40% menores do que outros profissio-
nais com curso superior equivalente.

5. Deficiência da formação:
Quase 60% das licenciaturas são EaD
Outros indicadores do censo preocupam e precisam serem considerados. Das matrículas nos cursos
de licenciatura registradas em 2020, 33,6% estão em instituições públicas e 66,4% estão em IES priva-
das. Ou seja, para ser professor a maioria precisa pagar. 72,8% das matrículas em cursos de licenciatura
são do sexo feminino, enquanto 27,2% são do sexo masculino.
Em relação à modalidade de ensino, as matrículas em cursos de licenciatura presencial representam
40,7%, enquanto a distância (EaD) são 59,3%. Essas, sem formação prática ou práticas de estágio em
escolas públicas.

6. Solução emergencial (e insuficiente):


Para o enfrentamento de tal fenômeno se tem, contemporaneamente, o desenho de algumas políti-
cas. Entretanto, essas políticas dão conta de soluções emergenciais, como o apelo à terceirização e aos
contratos emergenciais ou temporários, respaldados pela Lei 13.429, de 31 de março de 2017, que dispõe
sobre o trabalho temporário e as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros.
Estes vínculos precários já atingem mais de 560 mil professores da rede pública em todo o país. Ou
seja, 40% dos professores, em média, vivenciam relações frágeis e inseguras de trabalho.
Em sete estados o número de contratos temporários da rede estadual ultrapassa a quantidade de
contratos efetivos: Espirito Santo, Acre, Ceará, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraíba.
O RS está entre os estados com maior número de contratos emergenciais: em torno 40%, há quase
duas décadas e 8 anos sem reajuste mesmo com inflação em alta.
O uso excessivo do regime temporário de remuneração instável e a alta rotatividade inviabilizam a
criação de vínculos dos professores com a comunidade escolar e que resultam na fragilização da condi-
ção docente.
“As pesquisas internacionais apontam que a permanência do professor no local de trabalho é fun-
damental para a qualidade de ensino. Uma escola que mantém o corpo docente mais estável têm um
coletivo mais integrado para planejar e para trocar informações sobre os alunos”, afirma Dalila Andrade
de Oliveira, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
7. As razões materiais do problema: como remunerar e valorizar melhor os professores. Como oferecer
ambientes mais adequados para o exercício da profissão.
– Há quase vinte anos o magistério já convivia com “salários aviltantes, desvalorização profissional,
imagem social ambígua dos professores, baixa autoestima e descontinuidade de políticas, que são
fatores de perturbação e desarticulação nos sistemas de ensino, sem nenhuma dúvida” Fonte: GATTI, B.
A. A formação inicial de professores para a educação básica: as licenciaturas. Revista USP. São Paulo. n.
100. p. 33-46 fev.2014
- De acordo com o estudo do Instituto Semesp, se comparado o salário do professor com a média
paga aos empregados de outras categorias, com ensino superior completo, há um desnível. Em 2020,
um docente do Ensino Médio recebia, em média, R$ 5,4 mil mensais, enquanto outros trabalhadores ga-
nhavam cerca de R$ 6,5 mil.
- Em 2021, o Brasil contava com 180 mil escolas de educação básica em funcionamento. Em 138 mil
delas, 3,8% não tinham banheiro; 2,6% careciam de abastecimento de água, sendo que 5,8% dessas
padeciam da falta de água potável; 2,5% sofriam com a falta de energia elétrica e 5,5%, de esgotamento
sanitário; 21,6% estavam sem acesso à internet; e em 39,9% não havia sala de professores. “Me chamou
atenção que quase 40% das escolas estão sem sala do professor. Tem que ter um espaço para conversar,
planejar. O Brasil terá que pisar no acelerador porque, com a pandemia, teve perda de aprendizagens
muito importantes”, afirma Claudia Costin, diretora Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getú-
lio Vargas (FGV).

8. Solução para esses problemas:


Remuneração proporcional à formação com equiparação às demais profissões com formação equi-
valente [...] 2. Ascensão na carreira de acordo com o tempo de serviço e a titulação/ formação [...] 3. Al-
cance do topo da carreira como uma possibilidade para todos e não restrito à minoria [...] 4. Progressão
horizontal com interstícios não muito longos [...] 5. Valorização do professor de acordo com a sua titula-
ção/formação, desde o início da carreira [...] 6. Dispersão salarial ao longo da carreira que garanta a atra-
tividade para a permanência na profissão. Fonte: MASSON, G. Requisitos essenciais para a atratividade e
a permanência na carreira docente. Educação & Sociedade, Campinas, v. 38, n. 140, p. 849-864, jul. 2017.

9. Razões processais do problema: como formar melhor os professores.


A formação inicial [...] parece-nos eixo central nesse processo para que seja atendida a necessida-
de atual da escola e do seu dia a dia, para tanto um primeiro passo consiste em repensar seu modo de
configuração. Com o perfil de estudantes que procuram a docência - provenientes de classes menos
privilegiadas -, há que se pensar em uma formação sólida, presencial, integral e subsidiada pelo Estado,
porque se lhe cabe educar a população, cabe-lhe também formar seus professores. Fonte: CERICATO,
I. L. A profissão docente em análise no Brasil: uma revisão bibliográfica. Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos, Brasília, v. 97, n. 246, p. 273-289, ago. 2016.
[...] não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma ade-
quada formação de professores. Esta afirmação é de uma banalidade a toda prova. E, no enquanto, vale
a pena recordá-la num momento em que o ensino e os professores se encontram sob fogo cruzado das
mais diversas críticas e acusações. Fonte: NÓVOA, A. A formação de professores e profissão docente. In:
NÓVOA, A. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992, p. 17-33.

10. Abandonar a docência: um projeto de recuperação da saúde mental


Estudo de Lilian Wagner e Janaína Pereira Carlesso (UFN, Brasil), a Profissão docente: um estudo do
abandono da carreira na contemporaneidade revela que, não se trata apenas de uma renúncia ou desis-
tência do professor, mas do desfecho de um ciclo e de um processo de fadiga, insatisfação, descuido,
desprezo, incompreensão e um mal-estar.
A análise do estudo aponta ainda, que a desvalorização profissional, o faz de conta dos colegas, o
descaso e desrespeito dos estudantes, as decepções frequentes, as expectativas financeiras, a falta de
reconhecimento profissional e pessoal, é que levam os professores a buscar outras profissões. Desta
forma, manifestam-se duas fases importantes do ciclo profissional: o pôr-se em questão e o desinvesti-
mento na carreira.

13
AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
11. Em suma:

Fonte: Correio Brasiliense 30/09/2022

PROPOSTA DE REDAÇÃO 07
TEXTOS MOTIVADORES
Texto I
Apesar dos louváveis esforços da reforma para tornar a educação mais significativa para jovens e
adultos, o Novo Ensino Médio chegou às escolas sofrendo de um velho problema na educação pública: a
falta de professores.
De acordo com um estudo liderado pela Rede Escola Pública e Universidade (REPU), o problema
maior está sendo verificado justamente nos chamados Itinerários Formativos, o grande diferencial do
Novo Ensino Médio.
Do total de aulas que deveriam ser ofertadas nessa modalidade, na qual o aluno escolhe o percurso
que quer trilhar e o que pretende aprender, 22,1% continuavam sem um professor adequado ao final do
primeiro bimestre.
Os dados se referem à Rede Pública Estadual de São Paulo. Ao jornal Folha de S. Paulo, a Secretaria
de Educação afirmou que, em maio, esse percentual foi reduzido para 17%.
Ainda assim, seria o equivalente a quase um dia a menos de aula por semana.
Educador 360

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AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
Texto II
Uma pesquisa divulgada hoje (29/09/22) pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabeleci-
mentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP) mostra que até 2040 o Brasil poderá ter
uma carência de 235 mil professores de educação básica.
O estudo aponta para um crescente desinteresse, especialmente dos jovens, em seguir a carreira do-
cente. Segundo o estudo, o crescimento no número de ingressantes em cursos de licenciatura foi menor
do que no restante do ensino superior. De 2010 a 2020, houve um crescimento de 53,8% no ingresso em
graduações que tem como carreira o ensino, enquanto nos demais cursos o aumento foi maior, ficou em
76% no período.
A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que, em 2040, o Brasil tenha
cerca de 40 milhões de jovens nessa faixa etária. Para manter a proporção atual de professores e alunos,
seria necessário ter 1,97 milhão de docentes. No entanto, o estudo projeta, a partir das taxas observadas
até 2021, que o país chegue a esse momento com apenas 1,74 milhão de professores.
Jornal do Comércio

Texto III
Os principais aspectos destacados entre os jovens em relação a esta mudança, de pensar em ser
professor e desistir de ser professor, diz respeito às condições objetivas de funcionamento das escolas,
das condições de trabalho dos professores, do baixo status da profissão e, ainda, do alto grau de exigên-
cia e dedicação dos seus professores. Esses dados iniciais não indicam um desinteresse entre os jovens
pela docência e pela carreira docente de modo genérico, e, sim, pela baixa atratividade da carreira, fruto
de sua desvalorização enquanto profissão. Assim, parece ser estratégico o investimento em ações de
valorização do magistério como forma de reverter o quadro de “apagão docente”. Só assim aumentará o
percentual de jovens interessados em seguir a carreira docente.
João Danilo Batista de Oliveira, José Augusto Ramos da Luz & Nadja Maria Lima Maciel - Atratividade da carreira
docente na ótica de estudantes do Ensino Médio de Feira de Santana (BA)

Texto IV

Instituto Semesp / Censo do Ensino Superior

15
AULAS 13 e 14
7a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “ ‘Apagão docente’: o futuro educacional do Brasil em risco”, apresentando
proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.

O
14.

U N H
RASC
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.

16
ENEM
8. SEMANA
a

AULAS 15 e 16
AULAS 15 e 16
8a. SEMANA
AULAS 15 & 16
ENEM: COMPETÊNCIA 04
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação.

Toda avaliação de textos dissertativos observa e valoriza a organização da estrutura textual. Por isso,
cabe a quem escreve dominar marcas linguísticas que constroem a progressão lógica das ideias desen-
volvidas no texto, como a paragrafação e a coesão textual. No caso específico do ENEM, isso será obser-
vado na 4a. competência da grade de avaliação.

Os aspectos a serem avaliados nesta Competência dizem respeito à estruturação lógica e formal
entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam
entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência entre as
ideias. Essa articulação é feita mobilizando-se recursos coesivos, em especial operadores argumen-
tativos, que são os principais termos responsáveis pelas relações semânticas construídas ao longo do
texto dissertativo-argumentativo, por exemplo, relações de igualdade, de adversidade, de causa-con-
sequência, de conclusão etc. Certas preposições, conjunções, alguns advérbios e locuções adverbiais
são responsáveis pela coesão do texto, porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases
e parágrafos, além de pronomes e expressões referenciais, conforme explicaremos adiante, no item
“referenciação”. Cada parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados; cada
ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: INEP, 2020.

O que é coesão textual?


De forma bem objetiva, entendamos coesão como os elementos linguísticos que fazem com que as
frases e os parágrafos do texto se mantenham interligados. Trabalharemos com duas categorias coesivas:

1. Elementos de referência textual


São palavras ou expressões que retomam termos já colocados no texto ou antecipam termos que
ainda serão mencionados. Os pronomes são as palavras mais produtivas nessa modalidade.

É de fácil percepção que o país não atende de forma suficiente a necessidade de atenção à saúde
mental. Esse problema ocorre por razões [...]

Portanto, para que diminuam as barreiras sociais que dificultam o acesso ao cinema é necessário
isto: atacar os já analisados fatores econômicos e culturais.

O filme “Tapete Vermelho” conta os incidentes de um pai que busca levar o filho para ver um filme
de Mazzaropi. Um dos motivos que fazem os dois perambularem é o fato de, nas cidades do interior do
Brasil, as salas de cinema terem se tornado um artigo raro.

2
AULAS 15 e 16
8a. SEMANA
2. Operadores argumentativos
São palavras, locuções ou expressões que estabelecem uma sequência lógica entre as frases e os
parágrafos do texto. Um exemplo desses operadores está no domínio do uso das conjunções.

Em primeiro lugar, é preciso compreender as causas dessa problemática. Em um mundo marcado


pelo capitalismo, é comum que, cada vez mais, seja fortalecido o sistema de mercantilização do lazer,
ou seja, este passa a ser vendido por empresas em forma de mercadoria. Nesse sentido, nota-se que,
muitas vezes, parcelas da população com condições financeiras mais baixas acabam não conseguindo
ter acesso às atividades de lazer, como o cinema, devido aos preços, geralmente, inacessíveis. Além
disso, outro fator que contribui para a falta do amplo acesso da população ao cinema é a localização no
interior dos shoppings, os quais, normalmente, estão situados nos centros das grandes cidades, o que
acaba dificultando o acesso de moradores de bairros mais afastados. Dessa forma, o cinema no Brasil
torna-se um ambiente elitizado.

Tabela de correção da competência 04

Inadequação coesiva
Diferentemente dos critérios da competência 01, que prevê alguma tolerância quanto à linguagem, na
competência 04 não se admitem inadequações no uso dos elementos coesivos.

Exemplo 01
A grande maioria das pessoas não tem conhecimento de como funcionam os algoritmos e o pro-
cesso de controle de dados na internet, mas continuam sendo manipuladas cotidianamente.

Exemplo 02
A relação entre pais e filhos melhoraria se os pais dessem mais importância aos filhos, onde estes
pudessem opinar mais.

Exemplo 03

A vida de muitas pessoas hoje em dia é a internet. Lá tem muitas informações, muitas notícias e o
tempo que as pessoas vivem é muito atualizado, cheio de coisas boas e ruins.
A internet ultimamente está mudando até os mais velhos, que cada vez mais têm rede social. A
cada dia que passa a internet tá ensinando, mas muitas coisas também causam problemas. Como as
crianças que veem muitas coisas ruins, muita violência. A Rede Social oferece muitas formas para
divulgar o trabalho, encontrar uma oferta de emprego ou de um estudo. O mundo está se explorando
muito rede social e muitos adolescentes estão viciados em jogos.

3
*SA0275AM20*
AULAS 15 e 16
8a. SEMANA
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas

PROPOSTA PARA ANÁLISE


desconsiderado para a contagem de linhas.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
No dia da primeira exibição pública de cinema — 28 de dezembro de 1895, em Paris —, um homem de teatro que
trabalhava com mágicas, Georges Mélies, foi falar com Lumière, um dos inventores do cinema; queria adquirir um
aparelho, e Lumière desencorajou-o, disse-lhe que o “Cinematógrapho” não tinha o menor futuro como espetáculo,
era um instrumento científico para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas. Mesmo que o
público, no início, se divertisse com ele, seria uma novidade de vida breve, logo cansaria. Lumière enganou-se.
Como essa estranha máquina de austeros cientistas virou uma máquina de contar estórias para enormes plateias,
de geração em geração, durante já quase um século?
BERNARDET, Jean-Claude. O que é Cinema. In BERNARDET, Jean-Claude; ROSSI, Clóvis. O que é Jornalismo, O que é Editora,
O que é Cinema. São Paulo: Brasiliense, 1993.
TEXTO II
Edgar Morin define o cinema como uma máquina que registra a existência e a restitui como tal, porém levando em
consideração o indivíduo, ou seja, o cinema seria um meio de transpor para a tela o universo pessoal, solicitando
a participação do espectador.
GUTFREIND, C. F. O filme e a representação do real. E-Compós, v. 6, 11, 2006 (adaptado).
TEXTO III TEXTO IV
O Brasil já teve um parque exibidor vigoroso e descentralizado:
quase 3 300 salas em 1975, uma para cada 30 000 habitantes,
80% em cidades do interior. Desde então, o país mudou.
Quase 120 milhões de pessoas a mais passaram a viver nas cidades.
A urbanização acelerada, a falta de investimentos em infraestrutura
urbana, a baixa capitalização das empresas exibidoras, as
mudanças tecnológicas, entre outros fatores, alteraram a geografia
do cinema. Em 1997, chegamos a pouco mais de 1 000 salas.
Com a expansão dos shopping centers, a atividade de exibição
se reorganizou. O número de cinemas duplicou, até chegar às
atuais 2 200 salas. Esse crescimento, porém, além de insuficiente
(o Brasil é apenas o 60º país na relação habitantes por sala),
ocorreu de forma concentrada. Foram privilegiadas as áreas de
renda mais alta das grandes cidades. Populações inteiras foram
excluídas do universo do cinema ou continuam mal atendidas:
o Norte e o Nordeste, as periferias urbanas, as cidades pequenas
e médias do interior.
Disponível em: www.meioemensagem.com. Disponível em: https://cinemapertodevoce.ancine.gov.br.
Acesso em: 12 jun. 2019 (adaptado). Acesso em: 13 jun. 2019 (fragmento).

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
“Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
LC - 1º dia | Caderno 2 - AMARELO - Página 20

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EXEMPLO DE REDAÇÃO
No século XIX, os avanços tecnológicos e científicos proporcionaram às populações novas alter-
nativas de lazer, dentre as quais se pode citar o cinema. No Brasil, atualmente, tal forma de diversão
tem se destacado, uma vez que promove a interação com o público de maneira singular, isto é, gera
muitas emoções aos indivíduos. Apesar disso, verifica-se que, em nosso país, o acesso ao cinema não
é disponibilizado a todos os cidadão, seja pela falta de investimentos, seja pelo alto custo cobrado por
empresas para assistir a um filme. Assim, tendo em vista a importância desse lazer, ele deve ter seu
acesso democratizado, a partir da resolução de tais entraves.
Sob esse viés, pode-se apontar as poucas verbas direcionadas à construção e à manutenção de
cinemas, especialmente nas pequenas cidades brasileiras, como uma das causas do problema em
questão. Acerca disso, sabe-se que boa parte da população que vive em áreas rurais ou suburbanas
sofre com a falta de acessibilidade a tal meio de diversão. Prova dessa realidade é o filme “Cine Hollyú-
de”, lançado no Brasil, o qual mostra a dificuldade das pessoas que habitam no interior em assistir à
primeira obra cinematográfica da cidade, devido à precariedade estrutural do cinema local. Tal ce-
nário também é observado fora da ficção, visto que, por causa dos poucos investimentos, indivíduos
das regiões pobres do país possuem mínima ou nenhuma interação com essa forma de lazer.
Ademais, nota-se, ainda, uma intensa elitização dos cinemas, porquanto o preço cobrado pelo in-
gresso de uma sessão é alto, o que limita a ida a esses lugares de exibição de filmes. Sobre isso, perce-
be-se que, como a busca por tal lazer aumentou, de acordo com dados do “site” “Meio e mensagem”, as
empresas exibidoras estão cada vez mais visando ao lucro em detrimento de uma diversão e interação
pública. Isso ocorre, segundo o pensador Karl Marx, graças à busca excessiva por capital (dinheiro),
tornando o cinema apenas como um “lugar lucrativo”. Desse modo, a democratização do acesso a es-
ses locais torna-se distante da realidade vivida.
Portanto, cabe ao Governo investir em projetos que facilitem o acesso ao cinema, principalmente
nas regiões interioranas, por intermédio do auxílio financeiro a empresas exibidoras, a fim de descen-
tralizar os lugares em que há transmissões de filmes. Outrossim, compete às ONGs, como organiza-
ções que visam suprir as necessidades populacionais, realizar campanhas em prol de salas bem estru-
turadas e de reduções do preço cobrado pelos ingressos das sessões cinematográficas, por meio das
redes sociais e dos outros veículos de comunicação, com o objetivo de democratizar a ida ao cinema
e de, dessa maneira, afastar-se da realidade narrada no filme “Cine Hollyúde”.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: INEP, 2020.

EIXO TEMÁTICO: CULTURA E ARTE


1922-2022: Entender o passado para construir o futuro
Por: Irineu Franco Perpétuo

Poucas vezes o mundo quis tanto olhar para a frente quanto em 1922. Afinal, o passado recente tivera
uma guerra mundial de proporções sem precedentes, com os mais avançados artefatos tecnológicos e
industriais colocados a serviço da carnificina.
E, nos estertores do conflito bélico, eclodira ainda uma pandemia que contagiara um quarto da po-
pulação do planeta.
Relativamente poupado pela I Guerra Mundial, o Brasil foi duramente atingido pela gripe espanhola.
Aliás, a força-tarefa naval que nosso país enviou para contribuir com o esforço bélico dos Aliados
viu-se debilitada pela pandemia, que ceifou as vidas dos marinheiros e paralisou os navios na costa afri-
cana.

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Em 1922, comemoramos o centenário de nossa Independência. Uma efeméride que normalmente
induz reflexão sobre o passado, e suscita questões sobre identidade nacional.
Mas tivemos também a Semana de Arte Moderna. Nesta, a definição da identidade projetava-se no
sentido do futuro.
Em outras palavras: a questão do nacional colocava-se como orientadora do projeto da Nação, pau-
tado por uma agenda estética que reivindicava incorporar tudo de mais avançado, ousado e experimental
para devorá-lo antropofagicamente e transformá-lo em elemento constitutivo de nossa identidade.
Um século se passou desde então. Veio uma outra guerra, ainda mais mundial, mais tecnológica e
mais devastadora.
Essa, felizmente, já ficou para trás há tempos – e deixou bem claro que qualquer nova aposta em um
conflito bélico global com tecnologia de ponta acarretaria o aniquilamento do planeta como um todo.
A pandemia que assombrava o começo do século XX também se foi – mas surgiu uma outra, pelo me-
nos tão devastadora e assustadora quanto a gripe espanhola.
O bicentenário da Independência e o centenário da Semana de Arte Moderna oferecem-nos, em 2022,
uma oportunidade de repensar o passado, redesenhar nossa identidade e, a partir dela, fazer novas pro-
jeções para o futuro.
Ao examinar os cem anos decorridos desde 1922, percebemos que, ao devorar antropofagicamente
as influências estrangeiras, e mergulhar no conhecimento de suas raízes, o Brasil foi capaz, em todos os
campos, de produzir arte original, vibrante e criativa.
Em diálogo com o projeto modernista, soubemos transcendê-lo, à medida que incorporamos quem
ficou do lado de fora do Teatro Municipal de São Paulo em 1922, e produzimos uma arte cada vez mais
plural do ponto de vista estético, regional, étnico, de gênero e de classe.
E é essa agenda inclusiva e participativa que desejamos projetar para o futuro. O Brasil é imenso. E a
arte que traduz, reflete e representa o Brasil não pode ser menos do que isso.
Extraído de: <https://brasil1922a2022.com.br/entender-o-passado-para-construir-o-futuro/>.
Acesso em: 26/10/2022

1. Conceito de Cultura como modo de vida ordinário:


”A cultura é erguida sempre como resposta ao modo de vida no qual seu autor encontra-se imerso.
Ela é um tribunal de julgamento da qualidade dessa vida.” (Raymond Willians, pensador inglês)
A vida social se processa, na perspectiva de Williams, segundo um sistema organizado, onde não é
possível separar, desmembrar, isolar o produto cultural.
Cultura é história. Seu sentido e função variam segundo as transformações nas relações sociais, e
ao tempo que reorganiza a própria estrutura sócio-histórica. A cultura organiza valores e significados da
sociedade, mas também institui outros valores e significados ao fazer isso. Por isso é necessário consi-
derar as suas condições de produção e as relações com o mundo que a produz. O interesse de Raymond
Williams é mostrar, por meio do produto cultural em si – o que diz, o que expressa e como faz isso –, as
relações coetâneas que com ele se estabelecem, daí a idéia de cultura como todo um modo de vida. A
cultura, para Williams, não é um produto cuja especificidade se desloca do todo, mas está em relação
direta com este todo. Desse modo, cultura articula instituições, imiscui-se na política, faz girar capital,
promove valores e contesta outros valores, enfim, faz parte da vida cotidiana e participa da vida de todos
nós. (Sônia Maria da Silva Araújo – UFPA)

2. Conceito de Patrimônio Cultural e Patrimônio Imaterial:


Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/2004), o conjunto dos sabe-
res, fazeres, expressões, práticas e seus produtos ganha o nome de patrimônio cultural. São elementos
diretamente ligados à história, memória e identidade de determinado povo e os tornam diferentes dos
demais. No caso do patrimônio imaterial ele, é conceituado como aquele que reúne elementos não ma-
teriais, como é o caso de festas populares, expressões artísticas, conhecimentos tradicionais, mitos,
lendas - enfim, elementos que, mesmo sem ser materiais, têm uma grande importância e representativi-
dade na cultura e na história de determinado lugar e sociedade – e, também, as cantigas de roda.

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3. Patrimônio Cultural segundo a Constituição brasileira de 1988:
De acordo com a Constituição Federal de 1988, no art. 216, o patrimônio cultural brasileiro é compos-
to por: Os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações
científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações, e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai-
sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

4. Patrimônio Cultural segundo a Unesco:


[...] práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas e, também, os instrumentos,
objetos, artefatos e lugares que lhes são associados e as comunidades, os grupos e, em alguns casos,
os indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. O Patrimônio Ima-
terial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em
função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de
identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à cria-
tividade humana.

5. Danças Folclóricas: o que são e quais os exemplos mais conhecidos:


Entende-se por Danças Folclóricas as expressões populares desenvolvidas em conjunto ou indivi-
dualmente, frequentemente sem sazonalidade obrigatória. Tudo indica que é na coreografia que reside
seu elemento definidor.

Exemplos
Região Norte: Carimbó (PA) - dança de roda formada por homens e mulheres, com solista no centro
que baila com requebros, trejeitos, passos miúdos arrastados e ligeiros. O apogeu da apresentação é
quando a dançarina, usando amplas saias, consegue cobrir algum dançador, volteando amplamente a
veste. Este gesto provoca hilaridade entre todos. Caso jogue a saia e não cubra o parceiro, é imedia-
tamente substituída. O nome da dança deriva de um dos instrumentos acompanhantes, um tambor de
origem africana.
Região Nordeste: Coco (toda a região) - difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou
de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Há uma linha melódica cantada em solo pelo
“tirador” ou “conquista”, com refrão respondido pelos dançadores. Um vigoroso sapateado denominado
“tropel” ou “tropé” produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. O Coco
apresenta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de
música. Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embolada”, “Coco de entrega”, “Coco de dez pés” são referidos pela
métrica literária; os “Coco de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música; os “Coco de praias”, “Coco de usina”,
“Coco de sertão”, pelos locais; os “Coco de roda”, “Coco de parelhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila”,
“De parelhas trocadas”, “De tropel repartido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco de visitas”,
pela coreografia. A umbigada é presente em muitas variantes. No Rio Grande do Norte o Coco é chamado
“Zambelô”, “Coco de zambê” e “Bamdelô”. Possui um instrumental mais complexo, constituído por ataba-
ques, pequenos tambores, ganzá e afoxé ou maracá.
Frevo (PE) - embora esteja praticamente em todo Nordeste, é em Pernambuco que o Frevo adquire
expressão mais significativa. Dança individual que não distingue sexo, faixa etária, nível sócio-econômi-
co, o frevo frequenta ruas e salões no carnaval pernambucano, arrastando multidões num delírio conta-
giante. As composições musicais são a alma da coreografia variada, complexa, acrobática. Dependendo
da estruturação musical, os frevos podem ser canção, de bloco ou de rua. A coreografia recebe deno-
minações específicas: “Chã-debarriguinha”, “Saca-rolha”, “Parafuso”, “Tesoura”, “Dobradiça”, “Pontilhado”,
“Pernada”, “Carossel”, “Coice-de-burro”, “Abanando o fogareiro”, “Caindo nas molas” etc.

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Região Sudeste: Catira ou Cateretê (MG, SP) - é executada exclusivamente por homens, organizados
em duas fileiras opostas. Na extremidade de uma delas fica o violeiro que tem à sua frente o seu “se-
gunda”, isto é, outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria. O início é dado pelo violeiro que
toca o “rasqueado”, para os dançadores fazerem a “escova”- batepé, bate-mão, pulos. Prossegue com os
cantadores iniciando uma moda de viola. Os músicos interrompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os
dançadores reproduzem o bate-pé, o bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda e as batidas de pé e
mão. Acabada a moda, os catireiros fazem uma roda e giram batendo os pés alternados com as mãos: é
a figuração da “serra acima”; fazem meia-volta e repetem o sapateiro e as palmas para o “serra abaixo”,
terminando com os dançadores nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com Recortado: as fileiras
trocam de lugar, fazem meio-volta e retornam ao ponto inicial. Neste momento todos cantam o “levante”,
que varia de grupo para grupo. No encerramento do Recortado os catireiros repetem as batidas de pés,
mãos e pulos.
Região Sul: Fandango (PR, RS) - o termo Fandango designa uma série de danças populares - cha-
madas “marcas”. No Paraná, os dançadores, executam as variadas coreografias: Anu, Andorinha, Chi-
marrita, Tonta, Cana-verde, Caranguejo, Vilão de Lenço, Xarazinho, Xará Grande, Sabiá, Marinheiro, etc.
O acompanhamento musical é feito com duas violas, uma rabeca e um pandeiro rústico, chamado adu-
fo. As coreografias das “marcas” paranaenses constam de rodas abertas ou fechadas, uma grande roda
ou pequenas rodas fileiras opostas, pares soltos e unidos. Os passos podem ser valsados, arrastados,
volteados, etc., entremeados de palmas e castanholar de dedos. O sapateado vigoroso é feito somen-
te pelos homens, enquanto as mulheres arrastam os pés e dão volteios soltos. No Rio Grande do Sul,
o Fandango apresenta um conjunto de vinte e uma danças, com nomes próprios: Rancheiro, Pericom,
Maçarico, Pezinho, Balaio, Tirana-do-lenço, Quero-mana, Tatu, etc. O acompanhamento musical é feito
pelo acordeão, chamado “gaita”, e pelo violão. A coreografia recebe nomes também distintos - “Passo de
juntar”, “Passo de marcha”, “Passo de recurso”, “Passo de valsa”, “Passo de rancheira”, “Sapateio” etc.
Fonte: CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Melhoramentos, 1976, 4a. ed.

6. Cantigas Folclóricas
Origem: Provavelmente, sua origem vem das cantigas de ninar, que as pessoas cantam para fazer
bebês ou crianças dormirem com mais tranquilidade. Elas podem ser encontradas em várias culturas ao
redor do mundo, o que mostra como esse é um elemento cultural muito importante. As cantigas folcló-
ricas possuem um grande papel ao proporcionar que a criança possa desenvolver a sua linguagem oral e
escrita. São também vitais às relações, ao fortalecimento dos afetos, ao aprendizado descompromissa-
do, ao passar heranças culturais e valores por meio do brincar, do brincar junto, do ensinar brincadeiras
que brincamos quando éramos crianças. Tem um valor cultural muito importante, estabelecendo laços
entre o passado e o presente.

Exemplos: Atirei o Pau no Gato


Atirei o pau no gato, tô
Ciranda, Cirandinha Mas o gato, tô
Ciranda Cirandinha Não morreu, reu, reu
Vamos todos cirandar Dona Chica, cá cá
Vamos dar a meia volta Admirou-se, se se
Volta e meia vamos dar Do berrô, do berrô, que o gato deu, Miau!
O Anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou
Por isso dona (nome da criança)
Faz favor de entrar na roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá embora

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Capelinha de Melão
Capelinha de melão
É de São João
É de cravo, é de rosa,
É de manjericão
São João está dormindo
Não acorda, não
Acordai, acordai,
Acordai, João!

Escravos de Jó
Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira, bota, deixa ficar
Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá
Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá.

Peixe Vivo
Como pode o peixo vivo
Viver fora da água fria
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Os pastores desta aldeia
Já me fazem zombaria
Os pastores desta aldeia
Já me fazem zombaria
Por me verem assim chorando
Por me verem assim chorando
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia

7. Conclusão: por que é preciso preservar? As manifestações folclóricas são bens imateriais, que compõem
o patrimônio cultural, e estão protegidos juridicamente pelo texto constitucional. Trata-se assim de bens
imateriais difusos de uso comum do povo que podem e devem ser protegidos principalmente pela ação civil
pública (Lei 7.347/85), constituindo-se em um dos nossos mais ricos patrimônios, de maneira que deve ter
a atenção do poder público e da coletividade para que seja preservado, cultuado e respeitado, bem como
deve ser protegido judicialmente se preciso.

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PROPOSTA DE REDAÇÃO
TEXTO I
Tradições populares estão ameaçadas
Jovens de Fortaleza e Região Metropolitana não se interessam mais em participar e manter os grupos
de folguedos
A Diana do Pastoril Nossa Senhora de Fátima, Ivanila Gomes, puxa uma música antiga para anunciar
a brincadeira: “meu São José, dê-nos licença para o pastoril brincar. Viemos para adorar Jesus nasceu
para nos salvar...”. O público de crianças e adultos quase não lembra mais a canção que embalou gera-
ções durante o período natalino. O esforço e a dedicação para empolgar quem assiste à apresentação é a
mesma que move Ivanila para manter o grupo em atividade. “É complicado porque os jovens não querem
mais integrar um pastoril ou outra manifestação folclórica. Hoje eles preferem a suingueira ou outro rit-
mo”, lamenta.
diariodonordeste.verdesmares.com.br

TEXTO II
Introduzida no Brasil pelos portugueses, as Cantigas de Roda foram difundidas como uma atividade
tipicamente feminina, sendo que por muito tempo, elas foram as principais atividades recreativas, lúdi-
cas, e usadas extensivamente em todo território brasileiro. Ao decorrer dos anos, as cantigas deixaram
de ser a principal forma de entretenimento infantil, dando lugar às novas tecnologias que revoluciona-
ram, inovaram e incrementaram as atividades desempenhadas pelas crianças, como videogames, pro-
gramas de televisão e os mais infinitos recursos midiáticos.
Marinalva Pereira dos Santos Reis & Cleusa Erilene dos Santos Cacione - RESGATE E PRODUÇÃO DE CANTIGAS DE
RODA EM PRADO FERREIRA – PR: Quem canta a tradição traz amor no coração.

TEXTO III
Anualmente, comemora-se o Halloween no dia 31 de outubro. “Gostosuras ou travessuras?”, pergun-
tam as crianças ao saírem fantasiadas pedindo doces de casa em casa. A festa, normalmente celebrada
em países do mundo anglófono – falante da língua inglesa -, foi importada para a cultura brasileira.
A intensa influência, especialmente norte-americana, fez com que o Dia das Bruxas, como ficou co-
nhecido por aqui, fosse celebrado como mais uma comemoração no calendário nacional. Personagens
como vampiros e bruxas, que não fazem parte da nossa cultura, foram incorporados às festividades bra-
sileiras, apesar das importantes lendas da cultura nacional que poderiam ser celebradas, como o Saci-
-Pererê, menino negro de uma perna só que usa uma carapuça vermelha e fuma cachimbo. Mas o que
muita gente não sabe é que, de fato, esse personagem também é comemorado no dia 31 de outubro, data
que foi oficializada em 2004 no Estado de São Paulo e, em 2010, em todo o País.
jornal.usp.br
TEXTO IV
De acordo com a Associação Comercial de São Paulo, o crescimento das vendas de Halloween deve
ser de 12 a 15% este ano (2022). Nas lojas da 25 de Março, tradicional região de comércio popular de São
Paulo, a procura por itens do Dia das Bruxas já é grande. De acordo com um dos lojistas, a venda está três
vezes maior que no ano passado e, se continuar assim, vai faltar mercadoria.
Um dos itens mais vendidos para este Halloween é um pote de doce em formato de abóbora. Custa
R$ 15. Os consumidores procuram também chapéus de bruxa para compor a fantasia. Os preços vão de
R$ 6 a R$ 130.
agenciabrasil.ebc.com.br

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8a. SEMANA
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “preservação das danças e cantigas folclóricas brasileiras”, apresentando
proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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ANOTAÇÕES

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