Você está na página 1de 58

Mensagem

subliminar

Esta página ou se(c)ção precisa ser formatada para o padrão wiki.


Saiba mais

Mensagem subliminar é uma


pseudociência e teoria de conspiração,
que afirma que uma imagem projetada
numa velocidade maior que o olho podia
captar, ou oculta num quadro, não será
vista conscientemente, mas atingiam
diretamente o subconsciente, podendo
influenciar as pessoas. A teoria foi
lançada em 1957, quando o publicitário
James Vicary anunciou a criação da sua
empresa, a Subliminal Projection
Company, na qual era vice-presidente.
Para provar a eficiência da propaganda
subliminar, Vicary divulgou o resultado
do experimento que teria conduzido num
cinema de Nova Jersey, nos Estados
Unidos. Ao inserir as frases "Drink Coke"
e "Eat Popcorn" durante a projeção do
filme (em noites alternadas) ele teria
aumentado em 57,7% as vendas de
pipoca e em 18,1% as vendas de Coca-
Cola às portas de saída do cinema.[1]

Com a divulgação do experimento de


Vicary, as mensagens subliminares
tornaram-se rapidamente populares,
recebendo grande atenção da mídia e
perseguição dos grupos religiosos que
chegaram a afirmar que eram usados
mensagens subliminares nas
propagandas de bebidas alcoólicas para
aumentar o consumo. Em 1962,
alarmado com a dimensão que a história
recebeu, James Vicary concedeu uma
entrevista à revista Advertinsig Age em
que confessou ter sido pressionado
pelos investidores a publicar resultados
de experimentos que não tinha feito
realmente. Mesmo com o
pronunciamento de Vicary, outros
autores de grupos conservadores
continuam a difundir a ideia de que as
mensagens subliminares são usadas na
mídia para manipular a população.[1]

O conceito de mensagem subliminar não


tem base científica, porque subliminar
não é subentendido. Subliminar é o que
não é visto conscientemente; se viu,
deixou de ser subliminar. Uma imagem
ou uma ideia sugerida, nas entrelinhas,
sutil ou periférica não é subliminar.
Estímulos sensoriais abaixo do limiar de
percepção objetivo, ou seja, fora do
alcance dos sentidos, como um som
fraco demais para ser captado pelo
ouvido ou ininteligível como uma
mensagem reversa, ou uma imagem
rápida demais que não possa ser
captada pelo olho, não causam
absolutamente nenhum efeito em quem
é sujeito a eles.[2]

Percepção subliminar é um tema


amplamente estudado há mais de 100
anos pela psicologia. Embora muitos
pontos permaneçam controversos, não
há nenhuma evidência científica de que
alguém possa ser persuadido por uma
mensagem subliminar a iniciar uma
ação complexa como consumir um
determinado produto ou se suicidar.[2]

História

Em setembro de 1957, o especialista em


marketing americano James Vicary
convocou a imprensa para anunciar o
lançamento de sua empresa, a
Subliminal Projection Company, na qual
era vice-presidente. Na conferência
Vicary revelou ter patenteado uma nova
técnica de vendas chamada "projeção
subliminar" que consistia em utilizar um
ta/quitoscópio (um dispositivo capaz de
projetar imagens numa tela muito
rapidamente) para exibir imagens entre
os quadros de um filme durante uma
fração de segundos (para ser mais
preciso, 0.00033s). Como eram
projetadas numa velocidade maior que o
olho podia captar, estas imagens não
eram vistas conscientemente, mas
Vicary acreditava que elas atingiam
diretamente o subconsciente. Para
provar a eficiência de suas propagandas
subliminares, Vicary divulgou o resultado
do experimento que teria conduzido num
cinema de Nova Jérsei. Ao inserir as
frases "Drink Coke" e "Eat Popcorn"
durante a projeção do filme (em noites
alternadas) ele teria aumentado em
57,7% as vendas de pipoca e em 18,1%
as vendas de Coca-Cola às portas de
saída do cinema.[3]

A mídia abraçou a história e deu a ela


um tratamento sensacionalista. Um dos
artigos, do Wall Street Journal, por
exemplo, começava assim:[1]
"Esta história pode soar como
se um disco voador
espreitasse por detrás das
cenas, mas você pode ter
certeza que todos os
personagens nesta novela são
reais. O conto começa alguns
meses antes, quando vários
homens silenciosos
adentraram um cinema de
Nova Jérsei e montaram um
estranho mecanismo junto ao
projetor."

Matérias como estas, carregadas de


mistério e de referências a contos de
ficção científica, foram comuns e
ajudaram a criar a aura fantástica em
torno das mensagens subliminares que
permanece até hoje.

Desde o início as mensagens


subliminares estiveram na mira dos
grupos religiosos: logo após o anúncio
da experiência de Vicary, a WCTU
(Women's Christian Temperance Union)
enviou uma nota à imprensa afirmando
que técnicas subliminares estariam
sendo usadas para aumentar as vendas
de cervejas e outras bebidas alcoólicas.
Nenhuma evidência que comprovasse a
alegação foi apresentada, assim como
nenhuma evidência tinha sido
apresentada para comprovar o
experimento de Vicary, mas juntas as
duas alegações deram credibilidade uma
à outra.[4]

Logo as mensagens subliminares


estavam no centro das atenções. O
autor do clássico romance "Admirável
Mundo Novo", Aldous Huxley, escreveu
em 1958 sobre um futuro onde
"ditadores científicos instalarão
máquinas sussurrantes e projetores
subliminares em escolas e hospitais".
Mensagens subliminares passaram a
ser vistas como uma invisível e
indefensável técnica de lavagem
cerebral. Editoriais furiosos foram
publicados na imprensa exigindo o
imediato banimento das propagandas
subliminares, enquanto um senador
americano pedia a regulamentação do
uso da técnica.[1]

Ainda em 1957, o ano em que Vicary


anunciou seu experimento, surgiram as
primeiras tentativas de replicar o efeito
subliminar. A rede de televisão WTWO
testou a técnica inserindo imagens que
diziam "se você viu esta mensagem
escreva para a WTWO". A WTWO não
reportou nenhum aumento na
correspondência. No ano seguinte o
próprio Vicary concordou em conduzir
um experimento público na rede de
televisão canadense. A imagem dizendo
"LIGUE AGORA" foi inserida 352 vezes
durante meia hora de programa, mas
nenhum aumento nas ligações foi
registrado. Os telespectadores, que
sabiam que alguma imagem estava
sendo subliminarmente exibida mas não
sabiam qual, escreveram para a rede de
TV dizendo que haviam sentido uma
vontade irresistível de apanhar uma
cerveja ou de trocar de canal.[1]

Finalmente em 1962, alarmado com a


dimensão que a história recebeu, James
Vicary concedeu uma entrevista à
revista Advertinsig Age em que
confessou ter sido pressionado pelos
investidores a publicar resultados de
experimentos que não tinha feito
realmente.[5] Disse Vicary:

"...nós fomos forçados a


divulgar a idéia (da
subliminaridade) antes que
estivéssemos realmente
prontos... nós não havíamos
feito nenhuma pesquisa
exceto o mínimo necessário
para registrar a patente. Eu
tinha pouco interesse na
companhia (Subliminal
Projection) e uma pequena
quantidade de dados, muito
pequena para ser
significativa."
A confissão de Vicary esfriou o assunto
mas não o esvaziou. Em 1973, houve um
renascimento do interesse pelo tema
com o lançamento do livro "Subliminal
Seduction - Ad Media's Manipulation of a
Not So Innocent America" (Sedução
Subliminar - Manipulação da Mídia
Publicitária de uma América Não Tão
Inocente). O autor, Wilson Bryan Key,
acusava as agências de publicidade de
usar mensagens subliminares em
jornais, revistas e na televisão para
aumentar suas vendas. No livro, Key fez
várias afirmações bombásticas, dizendo,
por exemplo, que "as agências de
publicidade gastam boa parte de seus
recursos em pesquisas,
desenvolvimento e aplicação de
estímulos subliminares", mas sem
apresentar nenhum documento, nem
testemunhas, ilustradores, desenhistas,
artistas gráficos ou nenhum profissional
que admitisse, nem anonimamente,
haver inserido deliberadamente
mensagens subliminares em
propagandas. Segundo Key, tudo estava
sendo mantido em segredo pelas
grandes corporações e pelo próprio
governo.[1]

Uma marca pitoresca do discurso de


Key que foi incorporada ao mito das
mensagens subliminares é o apelo
sexual. Key afirmava que: "palavras como
fuck, ass, whore, cunt (palavras vulgares
em inglês) e morte são usadas
frequentemente como gatilhos
subliminares para motivar
comportamentos consumistas". Por
exemplo, no nome da marca de cigarros
"Kent", Key via uma similaridade
subliminar com a palavra "cunt" (na
verdade Kent era o sobrenome do dono
da companhia de cigarros Lorillard na
época do lançamento da marca). Como
palavrões poderiam influenciar os
hábitos de consumo de alguém é uma
coisa que Key explicava com uma
tortuosa psicologia freudiana. Além de
palavras de baixo calão, Key possuía
uma habilidade incomum de ver sexo
escondido em qualquer coisa. O título de
seu livro posterior, "The Clam-Plate Orgy"
(A Orgia no Prato de Moluscos), era uma
referência à imagem de um prato de
moluscos que ilustrava o menu de um
restaurante de frutos do mar; em vez de
um punhado de moluscos Key viu uma
cena de sexo grupal... que incluía um
jumento. Ele também afirmou que os
orifícios dos biscoitos Ritz eram
dispostos propositalmente para formar
a palavra "SEX".[1]

Por mais que as alegações de Key


fossem desprovidas de evidências, elas
revitalizaram o mito e o tornaram muito
mais "interessante". Como resultado, em
1980, nos Estados Unidos, 78% da
população pesquisada dizia já ter ouvido
falar das mensagens subliminares e
destes, aproximadamente 50%
acreditavam que elas eram usadas
comumente pela mídia. Quanto ao
"experimento pipoca" de Vicary, este
continua sendo usado por todos os que
vendem o poder das mensagens
subliminares, sem que ninguém se
lembre ou se importe com o fato de o
próprio autor tê-lo desmentido.[1]
Diferenças entre subliminar
e subentendido

Subliminar significa "abaixo do limiar de


percepção". Simples assim. Um som
numa frequência mais alta do que o
ouvido pode escutar ou uma imagem tão
rápida que o olho não possa captar são
exemplos de estímulos subliminares.

Mas uma definição tão simples nos


deixa um problema: se um estímulo
subliminar, portanto indetectável, é
detectado pelo observador (ainda que
inconscientemente) ele deixa de ser
classificado como subliminar. Ou seja,
qualquer efeito atribuído a um estímulo
subliminar torna-se impossível por
definição.

De fato esta foi a definição utilizada


pelos primeiros estudiosos que
estudaram o tema no final do século XIX.
Porém, os psicólogos sabem hoje que a
percepção de um estímulo (isto é, ver
algo e saber que viu) depende de fatores
psicológicos e sociais tanto quanto de
fatores fisiológicos. Alguém pode ver
alguma coisa e simplesmente não se
sentir confiante o suficiente de ter visto.
Assim, em vez de uma linha separando o
que está abaixo do limiar de percepção
do que está acima, os psicólogos falam
em uma faixa de percepção: acima do
limite superior, chamado de limiar
subjetivo, as pessoas são capazes de
notar claramente um estímulo; abaixo do
limite inferior, chamado de limiar objetivo
estão os estímulos que não podem ser
percebidos de maneira nenhuma; abaixo
do limiar subjetivo, mas acima do limiar
objetivo as pessoas percebem os
estímulos mas pensam que não
perceberam. Com isso, um estímulo
subliminar passa a ser considerado um
estímulo percebido, mas não
reportado.[6]

A maioria dos sites sobre o assunto não


só misturam todos os tipos de
mensagens subliminares (subjetivas e
objetivas, visuais e auditivas), atribuindo
a todas elas poderes fantásticos de
persuasão, como ainda acrescentam
inúmeras coisas que não tem
absolutamente nada de subliminar. O Dr.
Flavio Mário Calazans, autor do livro
"Propaganda Subliminar Multimídia"
considera até o merchandising das
novelas, aquele que um personagem
bebe uma cerveja com o rótulo
"casualmente" voltado para câmera,
como mensagem subliminar. Professor
Calazans vê mensagens subliminares no
tom de voz usados pelos atores de
novela, nas cores da rede de lanchonetes
MacDonald's (o vermelho estimularia a
fome, segundo ele - no que mistura o
assunto com a pseudociência da
cromoterapia) e até nas figuras de
linguagem usadas na conversas do dia a
dia. Porém nada disso é classificado
como subliminar na literatura científica -
nem na psicologia, nem na publicidade -
conforme resumem Martha Rogers e
Christine A. Seiler, PhDs em Marketing,
no artigo "The Answer Is No: A National
Survey of Advertising Industry
Practitioners and Their Clients about
Whether They Use Subliminal
Advertising", publicado no Journal of
Advertising Research:

"(...) a maioria dos que dizem ter


conhecimento do uso de mensagens
subliminares em propagandas, na
verdade não compartilha um
conhecimento científico ou técnico do
conceito de propaganda subliminar. Eles
parecem possuir uma opinião popular de
que qualquer elemento subentendido
usado em propagandas (como cores,
certos tipos de indivíduos usados para
representar conceitos publicitários, etc.)
representam ‘propaganda subliminar’,
quando na verdade estes elementos
subentendidos não estão incluídos na
discussão técnica de propaganda
subliminar."

As falhas de metodologia científica nos


trabalhos de Calazans são várias. Por
exemplo, sobre o episódio do Pokémon
que causou ataques epilépticos em
crianças no Japão em 1997, Calazans
afirma:

"As cores em sequência piscadas:


vermelho, branco e azul, nesta
velocidade , causam o curto-circuito
epilético, pois o vermelho (760
nanômetros) ondas longas, acelera
batimento cardíaco e eleva a pressão
sanguínea, libera adrenalina; o azul (450
nanômetros) ondas curtas, reduz a
pressão sistólica, acalma e relaxa, este
dilema subliminar de mensagens com
efeitos opostos gera o efeito epilético
chegando a alterar a química do sangue
(...)."

Tantas informações duvidosas


(misturadas com outras absolutamente
fora de contexto) e nem uma única
referência científica para suportá-las.
Calazans chega a classificá-lo como um
dos três acontecimentos mais
importantes da mídia do século XX.
Infelizmente o doutor não informa aos
seus leitores e aos assistentes de suas
palestras que o experimento foi uma
farsa confessada pelo próprio autor.[6]
Versão científica

Os primeiros estudos sobre percepção


subliminar foram feitos no final do
século XIX. Naqueles primeiros
experimentos os pesquisadores
mostravam aos voluntários fichas com
letras ou figuras geométricas a uma
distância tão grande que quando
perguntados sobre o que viam todos
diziam que não conseguiam distinguir
nada além de borrões. Depois pediam as
pessoas que tentassem adivinhar em
um questionário de múltipla escolha as
figuras que haviam sido mostradas.
Como o nível de acertos era maior do
que o que seria obtido ao acaso, os
pesquisadores concluíam que as
pessoas haviam sido afetadas pelas
[7]
imagens . A partir do final do final dos
anos 70 os pesquisadores passaram a
tentar verificar se havia mudanças no
comportamento das pessoas
submetidas a estímulos subliminares.
Em um estudo famoso os
pesquisadores exibiram ideogramas
chineses aos voluntários e depois
pediram a eles que tentassem adivinhar
num teste de múltipla escolha se os
ideogramas tinham significados
positivos ou negativos. Para algumas
pessoas as imagens foram precedidas
por imagens subliminares de figuras
sorridentes ou tristes de tal maneira que
nenhuma pessoa reportou tê-las visto. A
conclusão é que as pessoas submetidas
às imagens subliminares tiveram maior
tendência de classificar positivamente
os ideogramas precedidos de figuras
positivas que aquelas que não tinham
sido submetidas a elas. Este tipo de
estudo, em que o indivíduo é preparado
com a breve exposição preliminar de
uma imagem antes de medir seu
desempenho, é chamado de estudo de
"priming". A maior parte da base
estabelecida sobre percepção
subliminar e seus efeitos foi adquirida
com estudos deste tipo.[8]
Mas é neste ponto que os resultados se
tornam conflitantes. Há vários estudos
de "priming" que mostram, logo após a
exibição dos estímulos, melhoria nas
habilidades motoras (medindo o
resultado no lançamento de dardos),
mudanças de humor, redução da
ansiedade e de fobias como a
agorafobia e até perda de peso. Em
contrapartida há um grande número de
estudos que simplesmente não
encontraram nenhuma relação entre
mudanças comportamentais e
estímulos subliminares e muitos
falharam em tentar replicar os
resultados positivos daqueles estudos. O
motivo é que a psicologia não é uma
ciência exata. Seu objeto de estudo não
é o previsível mundo natural, mas a
mente do homem, com todas as suas
subjetividades e nuances. É muito difícil
planejar um experimento com uma
metodologia que isole totalmente o
fenômeno que se está estudando. No
caso da percepção subliminar o maior
problema dos pesquisadores é
assegurar que um estímulo seja
realmente subliminar para todas as
pessoas no experimento. Como já
dissemos, não existe uma linha
demarcando o que é subliminar do que
não é. Em vez disso, há uma faixa entre
o chamado limiar subjetivo e o limiar
objetivo; dentro desta faixa um estímulo
é percebido, mas sem que o observador
tenha consciência dele. Acima do limite
subjetivo o estímulo é percebido
conscientemente pelo observador, sendo
chamado de supraliminar. Já abaixo do
limite objetivo não há nenhum traço de
percepção. Descobrir os limites objetivo
e subjetivo de cada pessoa e enquadrar
o estímulo nesta estreita faixa para
todas as pessoas no experimento é uma
grande dificuldade.[9]

Mas por sobre a confusão e a


contradição pairam algumas certezas.
Mesmo os pesquisadores mais
otimistas reconhecem que o efeito de
um estímulo subliminar não dura mais
do que dois ou três segundos. Quer dizer,
quando o teste cognitivo não é feito
imediatamente depois da exibição das
imagens subliminares, nenhum efeito é
verificado. Até o momento, só
encontramos referência a um trabalho
mostrando efeitos de até 24h, em
pacientes anestesiados: "Memory of
unconsciously perceived events:
Evidence from anesthetized patients" de
Philip Merikle. Além disso sabe-se que
nem todos os tipos de mensagens
subliminares são igualmente eficazes; as
visuais tem efeitos cognitivos muito
maiores do que as auditivas.[9]
Outro consenso entre os cientistas é que
percepção subliminar não significa
persuasão subliminar. Ou seja, embora a
percepção subliminar possa aumentar o
número de respostas certas em
questões de múltipla escolha sobre o
estímulo, ela não pode fazer que alguém
beba mais coca-cola, pare de fumar ou
mude de orientação sexual. Não há
nenhuma evidência de que as ações de
alguém podem ser comandadas por
estímulos percebidos
inconscientemente. Pelo contrário, todas
as evidências sugerem que para iniciar
uma ação baseada em um estímulo,
uma pessoa precisa estar ciente dele.[9]
Enquanto psicólogos seguem
desenvolvendo novas metodologias para
delimitar a extensão da percepção
subliminar, os publicitários e demais
profissionais do marketing tentam
descobrir se mensagens subliminares
podem ser usadas para influenciar os
hábitos dos consumidores. Até o
momento, apesar dos numerosos
trabalhos existentes, foram muito
poucos aqueles que encontraram algum
efeito relevante; a maioria possui tantas
falhas de metodologia que não pode ser
[10]
considerada conclusiva . De fato entre
1970 e 1985 houve apenas um trabalho
mostrando uma influência positiva de
mensagens subliminares. Seu autor, Del
I. Hawkins, mostrou que dentre as
pessoas submetidas a mensagens
subliminares, aquelas expostas à palavra
"COKE" (Coca-Cola) reportavam mais
sede dos que pessoas expostas a uma
palavra sem sentido. Este estudo foi
bastante influente durante os 15 anos
seguintes e serviu para manter acesas
por um bom tempo as alegações de
Vicary, desta vez dando a elas um fundo
científico. No entanto em 1989, ao
reproduzir o experimento, o mesmo
autor foi incapaz de replicar seus
resultados, concluindo:

"Este estudo lança sérias dúvidas sobre


a validade dos outros poucos estudos
mostrando evidência experimental de
efeitos subliminares no contexto
publicitário. Ele claramente indica a
necessidade de se criar uma tradição de
replicar experimentos na área de
marketing".[11]

No estudo "Effectiveness of Subliminal in


Television Commercials" (Eficácia do
Subliminar nos Comerciais de Televisão)
de Smith e Rogers (1994), os
pesquisadores incluíram em um
comercial as palavras "ESCOLHA ESTE"
com graus diferentes de contraste de tal
maneira que elas fossem perfeitamente
claras para um grupo e subliminares
para outro e pediram aos espectadores
que marcassem num questionário seu
interesse nos comerciais. Depois
compararam os resultados com os de
um grupo de controle, cujos
espectadores assistiram a comerciais
sem nenhuma mensagem. Ao final
constataram que os comerciais com as
mensagens detectáveis obtiveram mais
pontos que aqueles com mensagens
subliminares. Para sua surpresa,
verificaram que os comerciais com
mensagens, subliminares ou não,
obtiveram menos pontos do que os do
grupo de controle, sem mensagens. Do
trabalho os autores concluíram que a
mais forte mensagem subliminar ainda é
mais fraca que uma mensagem direta e
que mesmo que fossem eficazes (e não
fossem proibidas por lei, ao menos nos
EUA), a inserção deste tipo de
mensagens na televisão envolve
dificuldades práticas que tornariam a
técnica pouco viável.[9]

Investigando o efeito de palavras e


imagens de conteúdo sexual escondidas
em anúncios na mídia os pesquisadores
Vokey e Read mostraram a um grupo de
pessoas fotografias contendo a palavra
"sex" escondida entre as imagens,
enquanto um grupo de controle viu as
mesmas imagens mas sem nenhuma
mensagem escondida. Nenhum
aumento na retenção da memória foi
observado em relação ao grupo de
controle. Na verdade, segundo os
autores, além de não existir nenhuma
evidência que suporte as alegações de
Key, elas vão contra todo o
conhecimento atual da neurociência e
ciência cognitiva.[9]

Mas ainda que as mensagens


subliminares não sejam eficazes como
técnica de propaganda, será que as
agências de publicidade estão fazendo
uso deliberado delas? Bem, a única
maneira de saber é perguntando aos
publicitários. Foi o que fizeram os
pesquisadores Martha Rogers e
Christine Seiler no artigo "The Answer is
No: A National Survey of Advertising
Practitioners and Their Clients about
Whether they use Subliminal Advertising"
("A Resposta É Não: Uma Pesquisa
Nacional das Agências de Publicidade e
Seus Clientes Sobre Se Elas Usam Ou
Não Propaganda Subliminar", um trecho
do artigo pode ser lido aqui). Rogers e
Seiler pediram a 750 pequenas e
grandes agências de publicidade em
todo o território americano que
respondessem a um questionário no
qual perguntavam se elas já haviam
usado técnicas subliminares em seus
trabalhos, onde por técnicas
subliminares se entendia "palavras,
imagens e formas intencionalmente
inseridas em materiais publicitários, de
tal maneira que o público não as
percebam em nível consciente, mas em
nível subconsciente". As perguntas
foram planejadas de maneira a estimular
respostas tão honestas quanto possível.
Das 256 agências que responderam a
pesquisa, 90,6% negaram qualquer uso
de técnicas subliminares; dos 9,3%
restantes que admitiram terem usado
técnicas subliminares, todas menos
uma consideraram artifícios triviais
(como uso de cores, certos tipos de
personalidades que provoquem
identificação com o consumidor, etc.)
como subliminares, ou seja, possuíam a
velha noção popular de que subliminar é
sinônimo de subentendido. O único caso
das 256 agências que usou alguma
técnica subliminar real, admitiu que o fez
como uma piada interna.

Publicidade subliminar

Considera-se publicidade subliminar o


que apresenta ao consumidor um
produto ou serviço de maneira tão leve
ou breve que não é conscientemente
percebida e o leva a consumi-lo ou usá-
lo sem saber das razões autênticas,
através de mensagem subliminar. Na
Noruega existem sanções para quem
produz mensagens ocultas em
televisão.[12] Na União Europeia há uma
proposta de proibir este tipo de
publicidade com o fim de proteger a
infância e os jovens.[13] Nos Estados
Unidos foi realizada uma prova num
cinema. O experimento foi realizado por
James Vicary em 1957 e consistia em
incluir uma dos fotogramas por minuto
com a marca que se desejava publicitar
(algumas fontes indicam que a marca foi
a Coca Cola, outras que uma firma local
de palomitas, e outras que eram ambas
a vez). Em 1962 Vicary foi entrevistado
pela revista Advertising Age e declarou
que o experimento na realidade era uma
mentira que se levou a cabo devido o
que sua empresa passava por
dificuldades econômicas.[14] Portanto
não se pode afirmar com certeza a
realização do teste nem seus resultados.
Investigações posteriores realizadas
também nos Estados Unidos indicaram
que a publicidade subliminar não teria
efeito sempre nem todas as pessoas e
quando o teria, a duração deste efeito
não levaria nunca a superar o segundo
de duração.[15]

Existe pouca literatura fiável que apoie a


teoria sobre a existência deste tipo de
publicidade. Um dos poucos
investigadores a favor é Wilson Bryan
Key, quem diz haver descoberto
mensagens ocultas em vários anúncios
publicitários, principalmente associadas
ao sexo e morte.[16] Um dos seus
estudos mais citados é de um anúncio
de whisky em que Key encontrou várias
figuras ocultas nos cubos de gelo do
anúncio.[17] Sem embargo para outros
investigadores Key é alguém com uma
fixação sexual muito grande e “alguém
que encontraria mensagens sexuais em
um tono de marcar”.[18]

Um dos muitos casos existentes


criaram os produtores de Jurassic Park
III: onde se pediu patrocínio ao exército
dos Estados Unidos para rodar o resgate
final da Ilha Nubla. O Corpo de Marines
dos Estados Unidos (Infantaria da
Marinha dos Estados Unidos) ofereceu
vários barcos, veículos blindados,
soldados e um helicóptero em troca de
que se alterasse a frase do guidão
"Alguém que tem um amigo no
Departamento de Defesa" por "Alguém
que tem um amigo nos Marines" e o
helicóptero girasse em frente a câmera
mostrando ao público a inscrição
"Marines".[19]

É certo que se havia acusado a várias


séries de televisão e filmes de usar e
abusar do emplazamento[20]; entretanto
esta forma de publicidade encoberta não
é subliminar porque as imagens, sons,
comentários, etc., estão dentro da
umbral da sensibilidade e som
percebidos de maneira totalmente
consciente pela audiência; inclusive
pode ser causa de rescisão do contrato
se o produto não está em tela por tempo
suficiente ou não se vê com suficiente
claridade, tal qual se escreveu na
guião.[19] A OCU havia publicado vários
estudos sobre a publicidade emitida na
Espanha, incluído o de janeiro de 2006
dedicado unicamente a publicidade
encoberta e não há encontrado nenhum
caso de esta prática ilícita.[20]

Ver também

Easter egg

Pareidolia
Apofenia

Criptografia

Reconhecimento de Padrões

Referências

1. «O nascimento de uma lenda» (http


s://web.archive.org/web/201805281
10332/http://www.projetoockham.or
g/pseudo_subliminar_2.html) .
Projeto Ockham. Arquivado do
original (http://www.projetoockham.
org/pseudo_subliminar_2.html) em
28 de maio de 2018
2. «a verdade sobre mensagens
subliminares» (https://web.archive.o
rg/web/20180530155026/http://ww
w.projetoockham.org/pseudo_subli
minar_7.html) . Projeto Ockham.
Consultado em 23 de Dezembro de
2014. Arquivado do original (http://w
ww.projetoockham.org/pseudo_subl
iminar_7.html) em 30 de maio de
2018

3. Advertising Age (Vol 37, pág. 127, 16


de setembro de 1957)
4. How a Publicity Blitz Created the
Myth of Subliminal Advertising" de
Stuart Rogers, publicado em 1992
no Journal "Public Relations
Quarterly", Volume 37

5. Fred Danzig, "Subliminal Advertising


- Today It's Just Historic Flashback
for Researcher Vicary", Advertising
Age, September 17, 1962, pp. 72-73

6. «O que é subliminar» (http://www.pr


ojetoockham.org/pseudo_sublimina
r_3.html) . Projeto Ockham.
Consultado em 23 de Dezembro de
2014
7. "Psychological Investigations of
Unconscious Perception", Philipe
Merikle, Journal of Counciosness
Studies, 5,1998

8. "Unconscious Processes, Subliminal


Stimulation, and Anxiety", Mayer e
Merckelbach, Clinical Psychology
Review, Vol. 19, No. 5, pp. 571-590,
1999

9. «O que diz a ciência» (http://www.pr


ojetoockham.org/pseudo_sublimina
r_4.html) . Projeto Ockham.
Consultado em 23 de Dezembro de
2014
10. Laura Branon e Timothy C. Brock no
artigo "The Subliminal Persuasion
Controversy"

11. "Subliminal Stimulation: Some New


Data and Interpretation" de Sharon E.
Beatty e Del I. Hawkins, publicado no
Journal of Advertising, Volume 18,
1989
12. «Norwegian Media Authority,
Lovframlegg . Sanksjonar, skjult
reklame, mv» (https://web.archive.or
g/web/20070312034916/http://ww
w.medietilsynet.no/om/nyhetsarkiv/
kringkastingsloven_endringer#) .
Consultado em 5 de março de 2008.
Arquivado do original (http://www.m
edietilsynet.no/om/nyhetsarkiv/krin
gkastingsloven_endringer#) em 12
de março de 2007
13. «Thon, Bjørn Erik. Forslag til EU-
regelverk om urimelig
handelspraksis og om beskyttelse
av barn og unge i forhold til
markedsføring» (https://web.archive.
org/web/20071013072912/http://fo
rbrukerombudet.no/index.gan?id=11
49&subid=0#) . Consultado em 5 de
março de 2008. Arquivado do
original (http://www.forbrukerombud
et.no/index.gan?id=1149&subid=0
#) em 13 de outubro de 2007

14. Lo subliminal y el neuromarketing (h


ttp://www.clementeferrer.com/articu
los/Lo_subliminal_y_el_neuromarketi
ng.htm)
15. Punset, Eduardo, noticias de Redes,
Televisión Española, Madrid, 2004

16. Chen, Adam. Expert discusses the


effects of subliminal advertising (htt
p://www-tech.mit.edu/V110/N7/lsc.
07n.html)

17. «Johns, Craig M. Wilson Bryan Key is


insane!» (https://web.archive.org/we
b/20070108001341/http://www.uio
wa.edu/~commstud/adclass/craig/
key.htm#) . Consultado em 5 de
março de 2008. Arquivado do
original (http://www.uiowa.edu/~co
mmstud/adclass/craig/key.htm#)
em 8 de janeiro de 2007
18. Adams, Cecil. Are subliminal
messages secretly embedded in
advertisements? (http://www.straigh
tdope.com/classics/a2_344.html)

19. Robb, David L., Operação Hollywood,


Editorial Océano, Barcelona, 2006,
ISBN 84-494-2696-0

20. Varios, Publicidad encubierta en


televisión, nº 300 de Compra
Maestra, OCU, Madrid, janeiro de
2006

Ligações externas

Publicidade subliminar em canal a


cabo (inglês) (http://www.omnipublicit
y.com/pressreleases/Subliminal%20A
ds%20Pop%20Up%20on%20Sci-Fi%20
Channel.htm)

Debate sobre a autenticidade da


publicidade subliminar (inglês) (http://
www.subliminalworld.org/aaaa3.htm)

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Mensagem_subliminar&oldid=67012522"

Esta página foi editada pela última vez às


01h01min de 24 de novembro de 2023. •
Conteúdo disponibilizado nos termos da CC BY-
SA 4.0 , salvo indicação em contrário.

Você também pode gostar