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A GRAÇA DE DIZIMAR

Efeitos e dádivas da contribuição no Reino de Cristo


2 Coríntios 9: 1-15
Pregação IPB Ananindeua – 07/03/2021

Introdução:
► Se considerarmos o tamanho e a quantidade das bênçãos que Deus
concede a todos nós, seus filhos, e também ao próprio mundo em geral,
como efeito de sua graça comum, torna-se estranho imaginar que a
igreja ainda precise de estímulo para contribuir com os dízimos e ofertas
na igreja do Senhor;
► No contexto da 2ª carta de Paulo aos Coríntios, vemos que Deus havia
enriquecido grandiosamente os irmãos coríntios, mas, no entanto, esses
se mostravam resistentes em compartilhar de seus ganhos em benefício
da obra de Deus. Tristemente ainda podemos, nos dias de hoje,
identificar esse sentimento em muitos crentes, mesmo passados mais de
1900 anos da epístola paulina;
► Talvez por ênfases exacerbadas dadas nos púlpitos de muitas
denominações cristãs acerca da contribuição financeira, talvez pela
falta de esclarecimento e instrução de outras acerca do dízimo, ou ainda
pela negligência no ensino correto das escrituras sobre o que significa
dizimar na obra;
► Recentemente conversava com nosso pastor acerca do tema dos
dízimos e ofertas, e dialogávamos sobre quantos irmãos tem chegado
recentemente à nossa igreja com o mesmo repetido discurso: “Pastor, eu
não aguentava mais ouvir sobre dinheiro na igreja em que frequentava!
Lá não se pregava o evangelho, mas “Mamom”. Era dinheiro para isso,
oferta para aquilo, campanha para aquilo outro...”;
► Embora seja legítimo o relato acima descrito, não podemos, doutra
forma, esquecermos que, embora a igreja de Cristo não se mova por
dinheiro, mas pela graça de Deus, ainda assim tem compromissos
financeiros para honrar, pois faz parte de uma sociedade, de um país,
onde adota-se o sistema monetário para estabelecimento das relações,
isto é, demandando da igreja a necessidade de sustento, que é dever e
responsabilidade de seus membros, conforme ensino fiel da palavra de
Deus e da Constituição da Igreja;
► Vemos aqui, no texto do capítulo 9 de 2º Coríntios, que aqueles irmãos
também não estavam, como muitos hoje, acostumados a contribuir pela
graça, de modo que Paulo precisou lhes exortar acerca deste importante
conceito, motivando-os a participar de uma importante arrecadação de
ofertas a serem encaminhadas aos irmãos necessitados de Jerusalém,
dando-lhes 5 importantes lições sobre a contribuição financeira na igreja:
1. NOSSA CONTRIBUIÇÃO ESTIMULARÁ A OUTROS
(Vs. 1-5)
“Ora, quanto à assistência a favor dos
santos, é desnecessário escrever-vos,
porque bem reconheço a vossa presteza,
da qual me glorio junto aos macedônios,
dizendo que a Acaia está preparada
desde o ano passado; e o vosso zelo tem
estimulado a muitíssimos”. (vv. 1,2)

► Warren Wiersbe, comentando este texto afirma que: “É interessante


observar que Paulo usou o zelo dos coríntios para desafiar os
macedônios, mas agora usava as igrejas da Macedônia para desafiar os
coríntios”;
► Apesar de não ser correto os cristãos competirem entre si no serviço do
Senhor, devemos considerar “também uns aos outros para nos
estimularmos ao amor e às boas obras” (Hb 10:24). Podemos e devemos
olhar com bons olhos os exemplos firmes de serviço e de envolvimento
na obra do Senhor como estímulo para melhorarmos nosso serviço
também, vendo o que Deus faz na vida de outros irmãos, para nos
esforçarmos para sermos melhores crentes, melhores servos;
► Um ano antes (1 Co 16: 1-4), os coríntios haviam se comprometido com
grande entusiasmo a participar da coleta a ser encaminha a Jerusalém,
mas até então, não haviam tomado nenhuma providência nesse sentido.
Enquanto as igrejas da Macedônia já haviam cumprido sua promessa,
Paulo temia que os coríntios tivessem o feito se alegrar daquela igreja em
vão (vs. 2);
► Paulo usa com sabedoria aqui a própria fama da igreja de Corinto, a
qual era motivo de honra para o próprio apóstolo, para mexer com os
brios daqueles irmãos, como quem diria “façam jus aos elogios que fiz a
vocês junto aos macedônios”!
► E não somente isso! Veja que os elogios que Paulo fez aos coríntios
(Acaia), levou outros irmãos a adotarem também este princípio de
fidelidade e obediência ao Senhor, nesse caso, os próprios Macedônios,
que se sentiram estimulados a também servir a Cristo com seus ganhos, e
o fizeram antes mesmo dos próprios coríntios;
► Contribuir na casa do Senhor com nossos dízimos e ofertas, e fazendo isto
com entusiasmo e alegria (vs. 7) é também uma maneira de testemunhar
acerca da maravilhosa graça de Cristo e tudo que ele fez em nossas
vidas, estimulando outros irmãos a também contribuírem
financeiramente na obra. É dizer ao mundo que não é o nosso dinheiro
que nos governa, mas a generosidade e espírito servil que procede de
Cristo, uma vez que, sendo ele Senhor, se fez servo para nos salvar (Fp
2:7).
2. A NOSSA CONTRIBUIÇÃO NOS ABENÇOARÁ
(vs. 6-11)
“Ora, aquele que dá semente ao que
semeia e pão para alimento também
suprirá e aumentará a vossa sementeira e
multiplicará os frutos da vossa justiça,
enriquecendo-vos, em tudo, para toda
generosidade, a qual faz que, por nosso
intermédio, sejam tributadas graças a
Deus”. (vv. 10,11)

► “Dai, e dar-se-vos-á” (Lc 6:38) foi a promessa que Jesus fez e que continua
valendo nos dias de hoje! Valendo, mas com a importante ressalva de
que a boa medida de Cristo em nossa recompensa nem sempre será
dinheiro ou bens materiais, mas sempre vale muito mais do que o que
demos ou doamos;
► O mundo simplesmente não entende uma declaração como a que
encontramos em Provérbios 11:24: “A quem dá liberalmente, ainda se lhe
acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em
pura perda”;
► Paulo mostra aos coríntios, nos versos de 6 a 11 que ceifaremos na
medida em que semearmos (v. 6). Tal qual um agricultor que planta
muitas sementes, tendo nisto maior probabilidade de uma grande
colheita e uma safra abundante, devemos nos recordar que precisamos
investir nossas vidas, incluindo nosso dinheiro e bens, em benefício da
obra do Senhor, como nos orienta o próprio apóstolo Paulo na Carta aos
Filipenses 4:10-20, vindo, naturalmente, com tal investimento, a
percepção dos frutos;
► Mas lembrando sempre que, nós precisamos ceifar o que semeamos
pelos motivos certos (v.7). Deus não se agrada de barganhadores! É
preciso que se destaque isso! Deus se agrada do coração generoso, que
tem alegria em dizimar e ofertar, pois, do contrário, o que era para ser
bênção torna-se em maldição nas nossas vidas, tal qual as ofertas
levadas, embebidas em inveja, por Caim ao Senhor (Gn 4: 1-7);
► Somos diretamente abençoados por contribuir ao Senhor, mesmo
durante o processo da semeadura! Enquanto um agricultor precisa ainda
aguardar a fertilização, a chuva, o sol, e o tempo passar para então
gozar dos frutos de sua plantação, o cristão que contribui pela graça
começa a colher imediatamente, pois está sendo “enriquecido, em tudo,
pela generosidade” (v. 11). Nosso prêmio não é ficarmos mais ricos e
abastados, mas sermos cada vez mais regenerados pelo Espírito Santo,
tendo nossa vida transformada pelo poder de Cristo atuando em nossas
vidas, e nos fazendo abertos e alegres em dizimar e ofertar em sua casa;
► Este ponto se conecta diretamente com o anterior, pois, por nosso ato de
contribuição, envolvemos outras vidas também em bênção, tributando a
Deus ação de graças (v.11b).
3. NOSSA CONTRIBUIÇÃO SUPRIRÁ NECESSIDADES
(v. 12)
“Porque o serviço desta assistência não só
supre a necessidade dos santos, mas
também redunda em muitas graças a
Deus,”. (v. 12)
► Paulo introduz uma nova palavra para o sentido e significado de
contribuição: assistência. Esse termo é associado no contexto bíblico
levítico ao “serviço sacerdotal” e, desse modo, Paulo coloca a prática
do dízimo e das ofertas em um nível altíssimo de importância!
► Aquela não era apenas uma coleta feita pelas igrejas para ser enviada
à igreja de Jerusalém, era considerada por Paulo como um “sacrifício
espiritual” apresentado a Deus, assemelhando-se ao sacrifício que era
ministrado pelo sacerdote no altar do templo;
► De suma importância fazermos esse detalhamento inicial neste ponto,
para entendermos o verdadeiro caráter de nossa contribuição perante a
obra do Senhor. O Sacerdote oferecia um sacrifício em benefício do
povo, para adorar ao Senhor, visando a sua glória, e parte daquele
sacrifício era destinado à manutenção dos sacerdotes e de suas famílias
(Dt 18:1);
► Nesse mesmo sentido os nossos dízimos e contribuições são destinadas à
assistência da casa do Senhor e para suprir necessidades e carências
dos irmãos, no intuito de assistir a todos os que precisam na família da fé
(Gl 6:10);
► Quando um crente começa a inventar desculpas para não dizimar e
ofertar, sai automaticamente da esfera da contribuição pela graça. A
graça nunca procura um motivo, ela apenas e tão somente busca uma
oportunidade, é incondicional!
► Nossa contribuição deve ter como objetivo suprir as necessidades, não
subsidiar luxos. Há sempre carências importantes a serem supridas, no
entanto, nenhum cristão e nenhuma igreja será capaz de suprir “todas”
as carências existentes, sendo necessário, portanto, um emprego correto
e sábio de prioridades e estratégias para correta assistência
desenvolvida pela igreja;
► O verdadeiro crente não questiona o preceito de Deus acerca do dízimo
e das ofertas, mas é generoso agindo com liberalidade para promover o
devido sustento da igreja em suas mais variadas necessidades: sustento
do ministro, pagamento de contas da estrutura que permite a realização
dos cultos e anúncio do evangelho na cidade (templo, salas, prédios),
sustento de missionários, suporte aos órfãos e viúvas, suporte aos irmãos
necessitados, etc., pois sabe que sua contribuição, além de determinada
por Deus, se volta à assistência, e como vimos, essa assistência é um
sacerdócio de todo crente em Cristo no contexto da graça!
4. NOSSA CONTRIBUIÇÃO GLORIFICARÁ A DEUS
(v. 13)
“visto como, na prova desta ministração,
glorificam a Deus pela obediência da
vossa confissão quanto ao evangelho de
Cristo e pela liberalidade com que
contribuís para eles e para todos,”. (v. 13)

► Quais seriam os motivos de agradecimento dos cristãos de Jerusalém ao


receber a oferta dos macedônios e coríntios? Sem dúvida louvariam a
Deus pela generosidade das igrejas gentias em servir e suprir suas
necessidades físicas e materiais, assim como também louvariam a Deus
pela submissão espiritual dos irmãos gentios que obedeceram a Deus
que lhes deu aquele desejo de contribuir. Diriam: “Esses gentios não
apenas pregam o evangelho, mas também o praticam”;
► Esse é um dos aspectos mais importantes do dízimo e da oferta na igreja:
Nenhum indivíduo leva a glória que pertence somente a Deus! O motivo
de regozijo e louvor dos irmãos de Jerusalém se daria certamente pela
infalível soberania de Deus que tocou a vida dos gentios para virem em
seu favor;
► Inclusive Paulo utiliza justamente tal expressão, dizendo que “glorificam a
Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo
e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos” (v.13). A
nossa obediência em devolver nosso dízimo e ofertar na igreja reflete a
glória de Deus, pois, conectando os pontos anteriores, as necessidades
são supridas e outros irmãos são abençoados e continuamente
estimulados a também contribuírem;
► Deus é glorificado pela nossa contribuição financeira na igreja à medida
que com isso estamos sendo usados por Ele, como agentes de seu reino,
para promover a manutenção de sua obra. Veja que grande dádiva!
Deus, que poderia muito bem “num estalar de dedos” determinar o
cumprimento de sua vontade e promessas na vida de sua igreja, nos usa
como ferramentas para isso, presenteando-nos com doses de sua graça
e de sua misericórdia canalizadas em nossas vidas!
5. NOSSA CONTRIBUIÇÃO PROMOVERÁ A
UNIÃO DO POVO DE DEUS
(vs. 14-15)
“[...]enquanto oram eles a vosso favor, com
grande afeto, em virtude da
superabundante graça de Deus que há em
vós. Graças a Deus pelo seu dom inefável”.
(vv. 14-15)

► Certamente esta era uma das principais propostas de Paulo ao desafiar


as igrejas gentias a ajudar os cristãos judeus de Jerusalém. Os legalistas já
haviam acusado Paulo de opor-se aos judeus e à lei (At 15: 1-5), e as
igrejas dos gentios já se encontravam distanciadas geográfica e
culturalmente de Jerusalém. Paulo desejava evitar uma divisão da igreja
e essa conclamação aos coríntios para contribuição também fazia parte
de seu plano de pacificação;
► De que maneira a contribuição criaria vínculos mais estreitos entre as
congregações de judeus e gentios? Em primeiro lugar porque era uma
expressão de amor, pois os gentios, que não tinham obrigação de
contribuir, o fizeram pela graça de Deus. Os judeus, por sua vez, se
sentiriam mais ligados a seus irmãos e irmãs gentios;
► Outro vínculo espiritual gerado a partir da contribuição foi a oração (v.
14). “Enquanto oram eles a vosso favor”. Paulo sabia que as igrejas
gentias não estavam comprando as orações e afeto da igreja de
Jerusalém, mas vislumbrava o ato de contribuição como um ato de
espontaneidade em amor, louvor a Deus e oração naquele ato de
partilha e fraternidade que redundou na geração de laços;
► Essa união do povo de Deus não é gerada pelos atos nossos, porque
somos naturalmente inclinados ao pecado. É justamente Deus que nos
permite agirmos com liberalidade para contribuir na casa de Deus, e com
isso possibilitar a união, a comunhão e o estreitamento dos laços do
corpo de Cristo, tendo como exemplo a união que procede de Cristo
para com o Pai (Jo 17:21);
► Tanto os gentios quanto os judeus seriam conduzidos para mais perto de
Cristo. Paulo diz “Graças a Deus pelo seu dom inefável” (vs. 15);
► Pode parecer que foi uma atitude isolada, mas esse espírito fraterno e de
liberalidade desencadeou o fortalecimento da igreja para suportar as
perseguições e múltiplos sofrimentos que haveriam de vir nos anos
seguintes, e após a destruição de Jerusalém no ano 70.
Conclusão
► Se muitas igrejas hoje se voltassem à prática da contribuição financeira
pela graça, não haveria tantos apelos e pressões para o dízimo e as
ofertas, com a criação de uma série de métodos e artifícios para levantar
fundos com pouco ou nenhum benefício em prol do reino de Cristo;
► Da mesma forma, se muitos crentes buscassem verdadeiramente abrir
seu coração e se deixarem conduzir por Cristo de maneira inteira, plena,
absoluta, não se queixariam e falhariam tanto no dízimo da casa do
Senhor, em ofertar no benefício da seara, e ainda no envolvimento
financeiro com a vida da igreja;
► E ainda, no contexto do que vimos hoje, não teríamos também muitos
crentes que, não praticando a contribuição pela graça, devolvem seu
dízimo mensalmente e ofertam, mas não desejam envolver-se e
participar das celebrações, programações e atos da igreja. Quando um
cristão pratica a contribuição pela graça, seu dinheiro não é um
substituto para sua preocupação nem para seu serviço com a obra;
► Devemos, como sinônimo completo da entrega de nossas vidas (2 Co
8:5) entregar nossos bens para serviço e assistência da obra do nosso
Senhor, nosso Mestre Jesus! Dizimar e ofertar na casa do Senhor é símbolo
de um coração regenerado e submisso a Jesus!
► Não façamos como aqueles irmãos coríntios, mas como os macedônios
que, sabendo do interesse e disposição de contribuir, ergueram-se e
articularam-se para arrecadar seus dízimos e ofertas para contribuir com
a igreja de Cristo.
► Lembremos ainda que, 10% é o mínimo que a palavra de Deus exige de
nós, enquanto filhos seus que somos. Mas pense só: Deus, não nos
devendo nada, deu-nos a melhor de todas as ofertas, pagando a nossa
dívida, esvaziando-se de sua glória para, tornando-se um de nós, morrer
numa cruz em prol de todos os nossos pecados, e ressuscitando, garantir
nossa esperança na vida eterna em seu filho Jesus.
► É impossível ser mais generoso que Deus! Deus foi e é o grande doador!
Nós apenas devolvemos a ele das suas próprias mãos (1 Cr 29:14). Dizimar
e ofertar pela graça significa que cremos, realmente, neste Deus doador
por excelência, usando então nossos recursos materiais e espirituais para
glorifica-lo, testemunhando do maior ato de contribuição já feito por nós!
► Tudo o que temos –não apenas a renda- pertence a Deus, é dado por
Deus e usado por Ele para realizar a sua obra. Somos apenas
enriquecidos em tudo pelo seu infinito amor, para devolvermos a ele em
gratidão e compartilharmos com nossos irmãos.
► Devolver 10% apenas é seguramente motivo de vergonha. Nosso
compromisso tem e precisa ser maior do que isso! Neste ano de 2021, alce
como objetivo seu com o Senhor contribuir mais, como sinônimo da
graça impagável que temos recebidos continuamente em nossas vidas
pelo dom inefável de Cristo!

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