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V

WORKSHOP de
ENGENHARIA MECÂNICA e de
PRODUÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA


“JULIO DE MESQUITA FILHO”

Unesp Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá


Câmpus de Guaratinguetá-SP
V Workshop de Engenharia Mecânica e de
Produção (V-WSP)
Mecânica – Materiais – Produção

Anais do evento
1a Edição

Coordenação do evento
Prof. Dr. Manoel Cleber de Sampaio Alves
Profa. Dra Paloma Maria Silva Rocha Rizol

Guaratinguetá - 23 e 24 de Novembro de 2021


(Evento online)

Faculdade de Engenharia
Campus de Guaratinguetá / UNESP
2021
Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção (5. 2021 : Guaratinguetá)
W926a Anais do 5. Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção [e-book] :
mecânica - materiais - produção : [responsabilidade social, sustentabilidade e
diversidade na pós-graduação], 23 e 24 de novembro de 2021, (Evento online)
/ coordenadores Manoel Cleber de Sampaio Alves, Paloma Maria Silva Rocha
Rizol ; [editoração: Emanuele Schneider Callisaya, Fernando Manente Perrella
Balestieri] . – Guaratinguetá: Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Engenharia, 2021.
Bibliografia

ISBN: 978-65-89235-01-9
Tipo do arquivo: Texto
Online

1. Pós-graduação. 2 Engenharia mecânica 3. Engenharia de produção 4.


Projetos de engenharia 5. Engenharia de Materiais I. Alves, Manoel Cleber
de Sampaio II. Rizol, Paloma Maria Silva Rocha
CDU: 62:061.3
Pâmella Benevides Gonçalves
Bibliotecária CRB-8: 9203
V Workshop de Engenharia Mecânica e de
Produção (V-WSP)
Mecânica – Materiais – Produção

Editoração
Emanuele Schneider Callisaya
Fernando Manente Perrella Balestieri

APOIO
V
WORKSHOP de
ENGENHARIA MECÂNICA e de
PRODUÇÃO

RESPONSABILIDADE SOCIAL, SUSTENTABILIDADE E


DIVERSIDADE NA PÓS-GRADUAÇÃO

23 e 24 de Novembro de 2021
Evento online
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Engenharia FE
Campus de Guaratinguetá – SP

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Unesp “JULIO DE MESQUITA FILHO”


Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá
Câmpus de Guaratinguetá-SP
COMISSÃO ORGANIZADORA
COORDENAÇÃO

Prof. Dr. Manoel Cleber de Sampaio Alves


Profa. Dra. Paloma Maria Silva Rocha Rizol

INTEGRANTES
Prof. Dr. Manoel Cleber de Sampaio Alves
Profa. Dra. Paloma Maria Silva Rocha Rizol
Msc. Antonio dos Reis de Faria Neto
Msc. Emanuele Schneider Callisaya
Msc. Fernando Manente Perrella Balestieri
Msc. José Marcelo de Assis Wendling Júnior
Msc. Thamyres Machado David
Taynara de Oliveira Silva
Rodrigo José Nunes

COMISSÃO CIENTÍFICA

Prof. Dr. Alex Mendonça Bimbato


Prof. Dr. Andreas Nascimento
Prof. Dr. Antonio Jorge Abdalla
Prof. Dr. Celso Eduardo Tuna
Prof. Dr. Cristiane Inácio de Campos
Prof. Dr. Eduardo Gonçalves Ciapina
Prof. Dr. Fernando Augusto Silva Marins
Prof. Dr. Fernando de Azevedo Silva
Dra. Gretta Larisa Aurora Arce Ferrufino
Profa. Dra. Heloisa Andrea Acciari
Prof. Dr. Herman Jacobus C. Voorwald
Profa. Dra. Ivonete Ávila
Prof. Dr. José Alexandre Matelli
Prof. Dr. José Antonio Perrella Balestieri
Prof. Dr. Julio César Molina
Prof. Dr. Luís Rogério de Oliveira Hein
Prof. Dr. Manoel Cleber de Sampaio Alves
Dr. Marcel Yuzo Kondo
Prof. Dr. Marcelo dos Santos Pereira
Prof. Dr. Marcos Valerio Ribeiro
Prof. Dr. Mauro Hugo Mathias
Profa. Dra. Michelle Leali Costa
Profa. Dra. Paloma Maria Silva Rocha Rizol
Prof. Dr. Roberto Zenhei Nakazato
Prof. Dr. Ronaldo Spezia Nunes
Prof. Dr. Rubens Alves Dias
Prof. Dr. Sérgio Francisco dos Santos
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO················································································· i
HISTÓRICO ························································································ ii
RESUMO DO EVENTO ········································································· iv
IMPORTÂNCIA ···················································································· v
TEMAS DE INTERESSE ········································································ vi
PROGRAMAÇÃO ················································································· vii
PALESTRAS ······················································································· viii
MINICURSOS ······················································································ ix
MESA REDONDA ················································································· x

TRABALHOS:

MATERIAIS 1
Amauri da Silva Ribas Junior; Nádia Barros Gomes; Julio Cesar Molina. SIMULAÇÃO
NUMÉRICA DO ENSAIO DE EMBUTIMENTO DA MADEIRA SEGUNDO A EN383 (2007) COM 2
BASE EM UM MODELO ORTOTRÓPICO NÃO LINEAR
Ana Carolina Ferreira Costa; Otávio José de Oliveira. AS PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DA
6
INDÚSTRIA 4.0 E SUAS FUNCIONALIDADES
Ana Paula Almeida Ferraz; Gustavo Ventorim. PROPOSTA DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE
10
ETANOL CELULÓSICO INCLUINDO HIDRÓLISE ÁCIDA
André Luiz Guimarães de Castilho; Edson Cocchieri Botelho; Michelle Leali Costa. AVALIAÇÃO
DOS PARÂMETROS DE PROCESSO MAIS ADEQUADOS À OBTENÇÃO DE COMPÓSITOS 14
TERMOPLÁSTICOS POR COMPRESSÃO A QUENTE
Anne Shayene Campos de Bomfim; Herman Jacobus Cornelis Voorwald; Kelly Cristina Coelho de
Carvalho Benini. COMPÓSITOS REFORÇADOS COM BORRA DE CAFÉ: UMA ANÁLISE 18
BIBLIOMÉTRICA
Antonio dos Reis de Faria Neto; Cristina Sayuri Fukugauchi ; Antonio Jorge Abdalla; Marcelo dos
Santos Pereira. DESENVOLVIMENTO DE CRITÉRIO DE QUALIDADE PARA ATAQUE 22
QUÍMICO COM REAGENTE LEPERA UTILIZANDO ANÁLISE ESTATÍSTICA
Celson Luiz Homem de Mello Junior; Edson Cocchieri Botelho; Michelle Leali Costa.
ESTABELECIMENTO DE PARÂMETROS DE PROCESSO PARA A MOLDAGEM POR 26
COMPRESSÃO A QUENTE DE COMPÓSITOS TERMORRÍGIDOS
Dener Pedro da Silva Palma; Fernanda Mathidios Zago; Giovana Pedroso Silva; Heloisa Andrea
Acciari. MECANISMOS DE FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE NANOTUBOS DE TIO2 POR 30
MEIO DE OXIDAÇÃO ANÓDICA
Eduardo Pires Bonhin; Edson Cocchieri Botelho; Marcos Valério Ribeiro. AVALIAÇÃO DO
TRATAMENTO SUPERFICIAL DO TITÂNIO PARA PRODUÇÃO DO LAMINADO METAL FIBRA 33
DE TITÂNIO/FIBRA DE CARBONO/PAEK
Élida Mariana Almeida Alves; Ana Carolina Rodrigues Sá Silva ; Peterson Luiz Ferrandini; Roberto
Zenhei Nagazato; Eduardo Norberto Codaro. CORROSÃO ELETROQUÍMICO NO AÇO 4130 NO 37
REVESTIMENTO INCONEL 625 SOLDADO PELO PROCESSO TIG
Emanuele Schneider Callisaya; Manoel Cleber de Sampaio Alves. RECENTES
DESENVOLVIMENTOS NO PROCESSO DE MANUFATURA DE COMPÓSITOS DE ALTA 42
CADÊNCIA PARA A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
Estefani Suana Sugahara; Luis Felipe de Paula Santos; Cristiane Inácio de Campos; Edson
Cocchieri Botelho; Michelle Leali Costa. CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE MATERIAIS PARA 46
PRODUÇÃO DE PAINÉIS OSB TERMORRETIFICADOS
Felipe Augusto Santiago Hansted; Ana Larissa Santiago Hansted; Fábio Minoru Yamaji; Cristiane
Inácio de Campos . POTENCIAL DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE MADEIRA E CINZA DE 49
CALDEIRA DE BIOMASSA EM UM MATERIAL COMPÓSITO CIMENTÍCIO.
Isabela Luiza Rodrigues Cintra; Mirabel Cerqueira Rezende; Lilia Müller Guerrini ; Lara Robert
Nahra; Edson Cocchieri Botelho. OBTENÇÃO DE NANOFIBRAS POLIMÉRICAS VIA 54
ELETROFIAÇÃO DE BLENDAS DE PAN/LIGNINA
José Félix Estanislau; Demer Pedro Palma; Eduardo Codaro; Roberto Nakazato; Heloisa Acciari.
PADRÕES HIERÁRQUICOS NANO E MICRO ESTRUTURADOS DE FILMES DE TIO2 58
PRODUZIDOS POR ANODIZAÇÃO EM DUAS FASES
Karina Aparecida de Oliveira; Carolina Aparecida Barros Oliveira; Vitor Afonso Neves Silva; Julio
Cesar Molina. INFLUÊNCIA DO LIXAMENTO DAS LAMELAS NA QUALIDADE DE COLAGEM 61
DE ELEMENTOS DE MLC PRODUZIDOS COM MADEIRA DE CEDRO AUSTRALIANO.
Kerolene Barboza da Silva; Ana Paula Rosifini Alves Claro. PROCESSAMENTO E
65
CARACTERIZAÇÃO DA LIGA FE-35MN PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS
Luana Cristal Lirya Silva; Felipe Oliveira Lima; Danielle Goveia; Cristiane Inácio de Campos. USO
DE NANOCELULOSE PARA REDUÇÃO DA EMISSÃO DE FORMALDEÍDO EM PAINÉIS DE 69
MADEIRA
Marcos Paulo Souza Ribeiro; Ana Beatriz Ramos Moreira Abrahão; Edson Cocchieri Botelho;
Rafael Rezende Lucas ; Luís Felipe Barbosa Marques; Roberto Zanhei Nakazato. ESTUDO DOS
73
PARÂMETROS DE ANODIZAÇÃO DA LIGA AA2024 PARA SOLDAGEM COM PEI/FIBRA DE
VIDRO POR OXI- COMBUSTÍVEL
Marcos Vinícius Dobies Návia; Ronaldo Spezia Nunes. SÍNTESE DE WO3
NANOPARTICULADOS PARA APLICAÇÃO EM REVESTIMENTO COMPÓSITO 77
TECNOLÓGICO
Martin Ferreira Fernandes; Verônica Mara de Oliveira Velloso; Pedro Henrique Souza de Paula;
Herman Jacobus Cornelis Voorwald. COMBINAÇÃO DE CARREGAMENTOS DINÂMICOS E 81
CONSTANTES: EFEITO DWELL NO COMPORTAMENTO EM FADIGA DA LIGA TI-6AL-4V
Nádia Barros Gomes ; Mateus Roder ; Amauri da Silva Ribas Junior ; Alexandre Jorge Duarte de
Souza; Julio Cesar Molina. QUANTIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DA PORCENTAGEM DE 85
RUPTURA NA REGIÃO DE COLAGEM DE MLC APÓS CISALHAMENTO DA LINHA DE COLA
Rafael Resende Lucas; Rogério Pinto Mota; Ana Beatriz Ramos Moreira Abrahão; Edson
Cocchieri Botelho. ANÁLISE DA ESPESSURA E RUGOSIDADE DE REVESTIMENTO ÓXIDO 89
CRESCIDO POR OXIDAÇÃO ELETROLÍTICA A PLASMA SOBRE A LIGA AA2024-T3
Raphael Augusto de Oliveira Santos; Marcos Valerio Ribeiro; Manoel Cleber de Sampaio Alves;
José Vitor Candido de Souza. APLICAÇÃO DO MÉTODO DA SUPERFÍCIE DE RESPOSTA NA 93
USINAGEM DE TORNEAMENTO DA SUPERLIGA VAT80A® COM FERRAMENTA CERÂMICA

MECÂNICA 97
Ana Carolina Rodrigues de Sá Silva; Alex Mendonça Bimbato; José Antonio Perrella Balestieri;
Mateus Ricardo Nogueira Vilanova. ESTUDO DO NEXO ÁGUA-ENERGIA NA IMPLANTAÇÃO
98
UM SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA: ESTUDO DE CASO EM JACAREÍ
–SP
Ana Helena de Campos Pereira; Bruna de Jesus Bueno Machado; Fábio Roberto Vieira; Ivonete
Ávila; Carlos Manuel Romero Luna. ANÁLISE DOS RENDIMENTOS DA PIRÓLISE CATALÍTICA 102
IN-SITU DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR USANDO CATALISADOR ALCALINO
Carlos Sergio Pivetta; Fernando De Azevedo Silva; José Elias Tomazini. CINEMÁTICA DE UM
106
MECANISMO DE 4 BARRAS DE CONFIGURAÇÃO INVERTIDA
Claudinei Henrique Ferreira Rodrigues; Carlos Manuel Romero Luna. ANÁLISE DOS
110
RENDIMENTOS DAS TORREFAÇÕES DE RESÍDUOS DE EUCALIPTO SPP.
Cristiane karyn de Carvalho Araújo; Camilla Kawane Ceciliano de Carvalho Araújo; Sâmique Kyene
de Carvalho Araújo Camargo; José Cláudio Caraschi; Cristiane Inácio de Campos. ANÁLISE DA 116
DENSIDADE E RIGIDEZ DE PAINÉIS DE MADEIRA COMPENSADA SUBMETIDOS A
TRATAMENTO TÉRMICO

Diego Jhovanny Mariños Rosado; Luis Fernando Saldaña Bernuy; João Andrade de Carvalho
Junior; Andrés Armando Mendiburu Zevallos. ESTUDO DA ESTABILIDADE E COMPRIMENTO 120
DE CHAMAS DIFUSIVAS DE MISTURAS DE GÁS NATURAL E HIDROGÊNIO
Diogo Garcia Nunes; Gretta Larissa Aurora Arce Ferrufino; Ivonete Ávila; José Claudio Caraschi;
Carlos Manuel Romero Luna. ANÁLISE TERMOGRAVIMETRÍCA DA COMBUSTÃO E OXI- 124
COMBUSTÃO DO GLICEROL
Diunay Zuliani Mantegazini; Thales Rodrigues Barboza; Andreas Nascimento; João Andrade de
128
Carvalho Junior. ENERGIA MECÂNICA ESPECÍFICA – MSE: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
Fabio Eduardo Ferraz de Carvalho; Alex Mendonça Bimbato. ADAPTAÇÃO E
PARAMETRIZAÇÃO DE UM CÓDIGO NUMÉRICO LAGRANGIANO PARA A SIMULAÇÃO DO
132
ESCOAMENTO NÃO PERMANENTE COM ALTO NÚMERO DE REYNOLDS AO REDOR DE UM
SÓLIDO
Fellipe Sartori da Silva; José Alexandre Matelli. DISPONIBILIDADE DE ENERGIA EM SISTEMAS
136
DE COGERAÇÃO SOB CONDIÇÕES DE FALHAS ESTOCÁSTICAS
Fernando Henrique Mayworm de Araujo; Leila dos Santos Ribeiro; João Andrade de Carvalho
Júnior. EFICIÊNCIA ENERGÉRTICA NO CONSUMO DE GÁS NATURAL EM FORNOS 140
SIDERÚRGICOS DE REAQUECIMENTO CONTÍNUO
Fernando Manente Perrella Balestieri; Carlos Manuel Romero Luna; Ivonete Avila. SECAGEM DE
144
PÓLEN EM UM MICRO LEITO FLUIDIZADO CONSTRUÍDO EM IMPRESSORA 3D
Geraldo Cesar Rosario de Oliveira; Fernando de Azevedo Silva. SELEÇÃO DE ENGRENAGENS
CILÍNDRICAS DE DENTES RETOS BASEADO EM TENSÃO DE CONTATO, MATERIAL E 148
RESISTÊNCIA À FADIGA EM FLEXÃO
Jesús David Rhenals Julio; Felipe da Cunha Boschi Fagnani; José Cláudio Caraschi; Ivonete Ávila;
Carlos Manuel Romero Luna. ANÁLISE TÉRMICA DA COMBUSTÃO DE TRÊS BIOMASSAS 152
AGRO-INDUSTRIAIS BRASILEIRAS
João Vítor Felippe Silva; Maria Fernanda Felippe Silva; Carolina Aparecida Barros Oliveira; Karina
Aparecida de Oliveira; Julio Cesar Molina. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COLAGEM DE 156
PAINÉIS DE MADEIRA LAMELADA COLADA CRUZADA
Jordan Amaro Gutierrez; Andres Mendiburu Zevallos; Leila Ribeiro dos Santos; João Andrade de
160
Carvalho Junior. MODELO BIFÁSICO ESTRATIFICADO NO ATOMIZADOR EFERVESCENTE
Juan Pablo Arteaga Ramos; Claudinei Henrique Ferreira Rodrigues; José Cláudio Caraschi; Ivonete
Ávila; Carlos Manuel Romero Luna. ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO 164
TÉRMICO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR IN NATURA E TORRIFICADO
Karine Borges de Oliveira; Otávio José de Oliveira. CONTRIBUIÇÕES EMPÍRICAS PARA A
TEORIA SOBRE GESTÃO DE RESÍDUOS FARMACÊUTICOS: ESTUDOS DE CASOS EM 168
HOSPITAIS BRASILEIROS
Luciano Lizardo de Souza Guimarães; Celso Eduardo Tuna. APLICAÇÃO DO SOFTWARE
172
AUTOMATION STUDIO EM PROJETOS DE AUTOMAÇÃO - UMA BREVE REVISÃO
Luis Fernando Junior Saldaña Bernuy; Diego Jhovanny Marinos Rosado ; Andrés Armando
Mendiburu Zevallos ; Roberto Carlos Chucuya Huallpachoque; Alex Mendonça Bimbato.
175
AVALIAÇÃO DO AUMENTO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR E DE PROPRIEDADES
TÉRMICAS EM TROCADORES DE CALOR UTILIZANDO NANOFLUIDOS
Miriam Ricciulli de Oliveira; Gretta Larissa Arce Ferrufino; Eliana Vieira Canettieri; Ivonete Ávila.
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO AMBIENTE REACIONAL NO COMPORTAMENTO TÉRMICO 179
DOS COMPONENTES DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
Mônica Valéria dos Santos Machado; João Andrade de Carvalho Junior. ANÁLISE ENERGÉTICA
183
DO PROCESSO DE SECAGEM DE AREIA EM LEITO FLUIDIZADO
Natasha Martins Rodrigues de Jesus; Teófilo Miguel de Souza; Thais Santos Castro. PROJETO E
188
FABRICAÇÃO DE PÁS EÓLICAS COM MATERIAIS COMPÓSITOS EM IMPRESSORA 3D
Nilo Antonio de Souza Sampaio; José Salvador da Motta Reis; Ronald Palandi Cardoso; Kely
Regina Maximo Vieira; Ivonete Ávila. MODELAGEM E AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA DO CICLO DA 192
CARBONATAÇÂO PARA CAPTURA DE CARBONO
Rafael Soares de Souza; Teófilo Miguel de Souza; Thais Santos Castro . PROPOSTA DE
196
RASTREADOR SOLAR DE UM GRAU DE LIBERDADE UTILIZANDO MATERIAL BIMETÁLICO
Thamyres Machado David; Paloma Maria Silva Rocha Rizol; Teófilo Miguel de Souza; Gilberto
Paschoal Buccieri. SISTEMA DE GESTÃO ENERGÉTICA RESIDENCIAL COM TÉCNICAS DE 202
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DE APRENDIZAGEM – UMA BREVE REVISÃO
Vitor Afonso Neves Silva; Júlio Cesar Molina; Natália Andrade Bianchi. CARACTERIZAÇÃO NÃO
DESTRUTIVA DE ELEMENTOS DE MADEIRA DE CEDRO AUSTRALIANO USANDO A 205
TÉCNICA DE EXCITAÇÃO POR IMPULSO
Vitor Pinto Ribeiro; José Antônio Perrella Balestieri; Carlos Dias Maciel. UTILIZAÇÃO DE
MODELOS INTERPRETÁVEIS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA APLICAÇÕES DE 209
SUPORTE À TOMADA DE DECISÃO

PRODUÇÃO 213
Carlos Eduardo Moraes; Michelle Leali Costa; Edson Cocchieri Botelho. AVALIAÇÃO DAS
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E MECÂNICAS DE JUNTAS ADESIVADAS APLICADAS 214
NA INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS
Elen Yanina Aguirre Rodríguez; Luiz Fernando Costa Nascimento; Aneirson Francisco da Silva;
Fernando Augusto Silva Marins. ANÁLISE ESPACIAL DE ÁREAS DE RISCO DE
218
MORTALIDADE EM NASCIDOS VIVOS COM BAIXO PESO AO NASCER, SÃO PAULO, 2010-
2018
Elias Carlos Aguirre Rodríguez; Luiz Fernando Costa Nascimento; Aneirson Francisco da Silva;
Fernando Augusto Silva Marins. PREDIÇÃO DE SOBREPESO OU OBESIDADE POR MEIO DO 222
RANDOM FOREST: UMA APLICAÇÃO COM MACHINE LEARNING
Fernanda Ellen Francisco; Thaís Vieira Nunhes; Otávio José de Oliveira. O IMPACTO DO ANEXO
226
SL NA ISO 9001:2015
João Victor Passos Neves Gomes; Edson Cocchieri Botelho; Bruno Ribeiro; Luís Felipe de Paula
Santos. PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE BUCKYPAPERS DE 235
NANOTUBOS DE CARBONO COM MANTA ELETROFIADA DE PEI.
Kiala Muana Mfumu; Ivonete Ávila. AVALIAÇÃO DO CICLO DE NA GERAÇÃO DE
ELETRICIDADE DOS SISTEMAS TERMONUCLEARES: REVISÃO SISTEMÁTICA, META- 239
ANÁLISE E HARMONIZAÇÃO
Mônica Holanda Santos ; Rubens Alves Dias ; Arminda Eugênia Marques Campos . PROPOSTA
243
DO USO DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DA ENGENHARIA
Talita Mariane Cristino; Antonio Faria Neto; Otávio José de Oliveira. INTERRELAÇÕES ENTRE
AS BARREIRAS À ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM 247
EDIFICAÇÕES: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Taynara de Oliveira Silva; Paloma Maria Silva Rocha Rizol; Luiz Fernando Costa Nascimento.
PARTO PREMATURO E POLUENTES DO AR EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP: UMA 251
ABORDAGEM FUZZY
APRESENTAÇÃO

A comissão organizadora tem o prazer de convidar a comunidade


científica para o V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção
(V-WSP), com o tema “Responsabilidade Social, Sustentabilidade e
Diversidade na Pós-graduação”.
Considerando o cenário atual, a realização do evento é de forma não
presencial (online), ocorrendo nos dias 23 e 24 de novembro de 2021.
O evento é multidisciplinar e abrange as áreas de Engenharia Mecânica
e de Produção, com destaque para as especialidades de Mecânica,
Produção, Materiais e Aeroespacial. Ele está estruturado em torno de
temas atuais e desafios da pós-graduação, sendo este o ponto de partida
para discussão.
O evento está organizado em palestras, mesa redonda e minicursos. A
palestra e mesa redonda versará Responsabilidade Social,
Sustentabilidade e Diversidade na Pós-graduação”. Os minicursos
discutem temáticas relacionadas aos temas centrais e de
desenvolvimento de habilidades sendo oferecidos de forma a contribuir
com a formação dos discentes.
Os convidados do evento são pesquisadores e/ou profissionais que
atuam em áreas relacionadas às engenharias mecânica e de produção
com reconhecimento, regional, nacional ou internacional. O público-alvo
do evento são pesquisadores, professores, estudantes e profissionais
que tramitam neste campo do conhecimento.

i
HISTÓRICO

O evento é anual e de caráter regional voltado para pesquisadores da pós-


graduação das engenharias. Devido às atuais condições da Pandemia de
Coronavírus, neste ano o evento é realizado de forma totalmente online (evento
remoto).
Inicialmente denominada por Jornada Científica, foi organizado pelo Programa
de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e teve três edições:

 Jornada Científica da Pós-Graduação da UNESP, Guaratinguetá, 10-12


de setembro, 2014.
 2ª Jornada Científica da Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da
UNESP, Guaratinguetá, 7 a 9 de outubro, 2015.
 3ª Jornada Científica da Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da
UNESP, Guaratinguetá, 28 e 29 de setembro de 2016.

A partir de 2017 o evento passou a ter uma maior abrangência, contando com
convidados internacionais, e ser denominado por Workshop da Pós-graduação,
sendo organizado pelos Programas de Pós-graduação de Engenharia
Mecânica e de Produção, tendo três edições anteriores:

 I Workshop da Pós-graduação em Engenharia Mecânica e em


Engenharia de Produção, UNESP, Guaratinguetá, 20 de setembro,
2017;
 II Workshop da Pós-graduação em Engenharia Mecânica e em
Engenharia de Produção, UNESP, Guaratinguetá, 18 e 19 de
setembro, 2018;
 III Workshop da Pós-graduação em Engenharia Mecânica e em
Engenharia de Produção, UNESP, Guaratinguetá, 1 e 2 de outubro,
2019.
 IV Workshop da Pós-graduação em Engenharia Mecânica e em
Engenharia de Produção, UNESP, Guaratinguetá, 29 e 30 de
setembro de 2020.

Na 1ª. edição foram discutidos os avanços, problemas e desafios da pós-


graduação. Na 2ª. edição, foram abordados os temas de “Pesquisa e Inovação"

ii
e na 3ª. edição as palestras, minicursos e mesa redonda versaram sobre a “A
Transversalidade na Engenharia”. Na 4ª. Edição foram discutidos “Os desafios
da pesquisa em tempo de isolamento social”.

Para este V-WSP foram programadas palestras e uma mesa redonda para
discutir “Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Diversidade na Pós-
graduação”. O evento contará ainda com minicursos e sessões técnicas
gravadas em vídeos para as apresentações das pesquisas desenvolvidas pelos
discentes dos Programas de Pós-graduação em Engenharia.

iii
RESUMO DO EVENTO

O evento é multidisciplinar e abrange as áreas de Engenharia Mecânica,


Produção, com trabalhos com destaque para as especialidades de
Mecânica, Produção, Materiais e Aeroespacial.
A estruturação e organização do evento aborda a temática de
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Diversidade na Pós-
graduação. O evento é estruturado nas atividades de palestras, mesa
redonda e minicursos aos dicentes. A palestra discute o tema da
Pesquisa-Ação ou Pesquisa Aplicada e a Indissociabilidade entre
Pesquisa, Extensão e o Ensino dialógico com a sociedade. O evento
conta com uma mesa redonda que discute a Responsabilidade Social,
Sustentabilidade e Diversidade na Pós-graduação. Os minicursos
oferecidos tem a função de proporcionar meio de aprofundamento nos
temas de Economia Circular e apresentações científicas, além de
práticas de uso do Mendeley para Suporte na Pesquisa - Criação e
Gerenciamento de Referências Bibliográficas. Os convidados para
proferirem as palestras e ministrarem os minicursos são pesquisadores
e/ou profissionais que atuam em áreas relacionadas às engenharias
mecânica e de produção com reconhecimento, regional, nacional ou
internacional. O público-alvo do evento são pesquisadores, professores,
estudantes e profissionais que tramitam neste campo do conhecimento.

iv
IMPORTÂNCIA

O evento aborda áreas multiprofissionais essenciais relacionadas à


engenharia, sob aspectos técnicos, econômicos, culturais e sociais. As
atividades desenvolvidas nos minicursos contribuirão para o
desenvolvimento científico dos alunos de pós-graduação. As discussões
nas palestras e mesa redonda dão a oportunidade aos participantes de
estabelecer diálogo por meio da difusão de informações científicas e
gerar a discussão crítica de temas atuais de grande importância à
comunidade acadêmica.
A participação de diversos pesquisadores e docentes de outros estados
e profissionais de empresas contribuiram para discussão de temas em
loco, compartilhamento de experiências, fortalecimento de colaborações
entre instituições e expansão de habilidades em temáticas de pesquisa e
atividades científicas. Além disso, o evento proporciona a discussão da
correlação entre os temas de Responsabilidade Social, Sustentabilidade
e Diversidade de maneira a objetivar atuação prática no contexto da Pós-
graduação, mobilizando integração e trabalho em conjunto de discentes,
docentes e demais integrantes da comunidade acadêmica e local. Aos
participantes autores foi proporcionada a publicação de suas pesquisas
em formato expadido e exposição durante o evento. Os trabalhos
submetidos foram avaliados por uma comissão científica, sendo os três
melhores trabalhos premiados no final do evento.

v
TEMAS DE INTERESSE
As seguintes áreas temáticas foram definidas no âmbito do V Workshop de
Engenharia:

Área de Mecânica

 Transmissão e conversão de energia


 Gestão ambiental e sustentabilidade
 Mecânica aplicada e computacional

Área de Materiais

 Desenvolvimento e processamento de materiais


 Propriedades térmicas e fenômenos de superfície de materiais
 Materiais metálicos, cerâmicos e compósitos lignocelulósicos
 Materiais poliméricos e compósitos avançados
 Processamento e caracterização de materiais avançados

Área de Produção

 Sustentabilidade e gestão organizacional


 Otimização, simulação e tomada de decisão
 Controle estatístico e técnicas multivariadas

vi
PROGRAMAÇÃO
23 de novembro de 2021
ABERTURA DO V-WSP (online)
9h30
https://youtu.be/Wl65uLLHLyo
PALESTRA “A Pesquisa-Ação ou Pesquisa Aplicada:
Indissociabilidade entre Pesquisa, Extensão e o Ensino dialógico
9h40-10h30 com a sociedade. Uma outra epistemologia. Relato de Uma Vida e
Produção Científica e Acadêmica.”
https://youtu.be/Wl65uLLHLyo
10h30-10h40 Intervalo
MESA REDONDA “Responsabilidade Social, Sustentabilidade e
10h40-11h40 Diversidade na Pós-graduação”
https://youtu.be/WjCcmCyvLqg
11h40-13h00 Intervalo

13h00-16h00 MINICURSO – I “Introdução à Economia Circular”

16h00-19h00 MINICURSO – II “Apresentações Científicas”

24 de novembro de 2021
MINICURSO III-“Uso do Mendeley para Suporte na Pesquisa -
10h00-12h00
Criação e Gerenciamento de Referências Bibliográficas”
12h00-14h00 Intervalo

14h00-17h00 SESSÃO TÉCNICA (Melhores Trabalhos)

17h00-17h30 Intervalo de almoço


PREMIAÇÃO & ENCERRAMENTO
17h30-18h00

vii
PALESTRA

PROF. DR. JOSÉ XAIDES S. ALVES (FAAC/BAURU- UNESP)

A PESQUISA-AÇÃO OU PESQUISA APLICADA:


INDISSOCIABILIDADE ENTRE PESQUISA, EXTENSÃO E O ENSINO
PALESTRA –
I DIALÓGICO COM A SOCIEDADE. UMA OUTRA EPISTEMOLOGIA.

RELATO DE UMA VIDA E PRODUÇÃO CIENTÍFICA E ACADÊMICA

LINK: https://youtu.be/Wl65uLLHLyo

viii
MINICURSOS

PROF. DR. DIOGO APARECIDO LOPES SILVA


(UFSCAR/SOROCABA)
MINICURSO-I MSC. ANTONIO CARLOS FARRAPO JR.
(UFSCAR/SOROCABA)
“INTRODUÇÃO À ECONOMIA CIRCULAR”

PROF. DR. EDUARDO GONÇALVES CIAPINA (DQE-


FE/GUARATINGUETÁ-UNESP)
MINICURSO-II
“APRESENTAÇÕES CIENTÍFICAS”

PROF. MSC. FERNANDO HENRIQUE MAYWORM DE


ARAUJO (DQE-FE/GUARATINGUETÁ-UNESP)

MINICURSO-III “USO DO MENDELEY PARA SUPORTE NA PESQUISA


- CRIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS”

ix
MESA REDONDA

PROFA. DRA. PALOMA MARIA SILVA ROCHA (MODERADORA)


PROFA. DRA. ADRIANA MARIA TONINI (UFOP)
PROF. DR. JOSÉ XAIDES DE S. ALVES(FAAC/UNESP)
PROF. DR. JOSÉ ALEXANDRE MATELLI (FEG/UNESP)
MESA
REDONDA PROF. DR. ALVARO DE SOUZA DUTRA (FEG/UNESP)
–I
MSC. THIAGO MATHEUS MARTINS DE MORAES (FEG/UNESP)

“RESPONSABILIDADE SOCIAL, SUSTENTABILIDADE E


DIVERSIDADE NA PÓS-GRADUAÇÃO”
Link: https://youtu.be/WjCcmCyvLqg

x
TRABALHOS APRESENTADOS
Materiais

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SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO ENSAIO DE EMBUTIMENTO DA MADEIRA SEGUNDO
A EN383 (2007) COM BASE EM UM MODELO ORTOTRÓPICO NÃO LINEAR

Amauri da Silva Ribas Junior 1a*; Nádia Barros Gomes 2a; Julio Cesar Molina 3b.
a
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Guaratinguetá/SP, Brasil.
b
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Itapeva/SP, Brasil.
*amauri.ribas@unesp.br

Resumo. O objetivo deste trabalho foi avaliar as distribuições das tensões em um corpo de prova utilizado
no ensaio de embutimento de madeira. Foram realizados ensaios de embutimento, na direção paralela às
fibras, com um pino metálico de 6,72 mm de diâmetro para calibração dos resultados numéricos. As
simulações numéricas foram realizadas no software ANSYS e foram consideradas as propriedades
elásticas e plásticas dos materiais envolvidos, sendo estas obtidas na caracterização experimental em
laboratório. O modelo numérico proposto foi capaz de prever a concentração das tensões nas regiões de
maior solicitação do corpo de prova com boa aproximação.

Palavras-chave: Madeira; Embutimento; Tensões; Simulação Numérica; ANSYS.

1. INTRODUÇÃO
Para o desenvolvimento das estruturas de madeira, é importante o conhecimento do comportamento das
ligações (MOLINA e RIBAS JUNIOR, 2020). Os maiores esforços são concentrados nas regiões das
ligações, sendo que estas regiões são consideradas os pontos fundamentais para a segurança da estrutura.
Em seu dimensionamento considera-se a ocorrência de duas formas de ruptura, ou seja, a flexão do pino
metálico ou o embutimento da madeira (RIBAS JUNIOR, 2021). O embutimento pode ser caracterizado pelo
esmagamento localizado, ou fendilhamento ocorrido na madeira, por meio das tensões de compressão,
originadas do contato do pino metálico com a madeira, sendo este fenômeno mais comumente ocorrido nas
ligações (MOLINA et al. 2020), conforme a Fig. 1.
Figura 1. Embutimento do pino metálico na madeira.

Fonte: MAIA, 2019.

Atualmente, estudos de caráter numérico têm ocorrido com maior frequência. Dentre as ferramentas
existentes para análise numérica destacam-se softwares específicos como o ANSYS. Esses softwares têm
como base o Método dos Elementos Finitos (MEF) que possibilita reproduzir numericamente o
comportamento dos elementos estruturais, e até mesmo das estruturas, evitando-se custos inerentes à
realização de ensaios experimentais (MOLINA, 2008). A simulação numérica permite a análise detalhada
dos aspectos de interesse como, por exemplo, a concentração de tensões nas regiões próximas nas regiões
mais solicitadas do elemento analisado, o que não é possível de se observar claramente nos ensaios
experimentais (GOMES, 2018). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi analisar a distribuição das tensões
ao redor do furo do corpo de prova de madeira e comparar os resultados numéricos com os resultados
obtidos em um ensaio experimental de embutimento segundo a norma europeia EM 383 (2007). Esse
trabalho fez parte de um estudo para definir o melhor modelo de ensaio e de cálculo no projeto de revisão
da ABNT NBR 7190.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS UTILIZADOS


Foi utilizada uma madeira de Cedro Australiano (Toona ciliata), classe C20, para a realização dos ensaios
de embutimento e pregos com diâmetro de 6,72 mm com tensão de escoamento de 600 MPa.

2.1.1 Equipamentos utilizados


Os ensaios mecânicos foram realizados utilizando-se a máquina de ensaio universal EMIC, com capacidade
para 300 kN. A quantificação dos deslocamentos nos ensaios de embutimento foi feita por um transdutor de
deslocamentos da própria da EMIC.

2.2 MÉTODO EXPERIMENTAL


Inicialmente foi realizada a caracterização da madeira de cedro, para a obtenção das principais
propriedades físicas e mecânicas da madeira, com base nas recomendações do Anexo B da ABNT NBR
7190 (1997). Essas propriedades e suas relações foram utilizadas na calibração do modelo numérico.
Os corpos de prova e os ensaios de embutimento foram confeccionados e realizados conforme a
metodologia da norma EN 383 (2007).

2.3 MÉTODO NUMÉRICO


Foi utilizado o software ANSYS, para produzir o modelo numérico. O modelo construído buscou simular o
comportamento dos corpos de prova no ensaio experimental de embutimento. Foram considerados dois
tipos de materiais: o corpo de prova prismático de madeira e pino metálico. Na construção do modelo foram
utilizadas as propriedades elásticas e plásticas dos materiais. O critério de resistência adotado para o aço
foi o critério de von Mises para materiais isotrópicos e para a madeira adotou-se o critério de resistência de
Hill que considera a ortotropia e a plasticidade da madeira para as três direções ortogonais do material.

2.3.1 Definição da malha


A malha de elementos finitos foi gerada e discretizada no próprio ANSYS. A madeira e o conector metálico
foram gerados de formas separadas, porém, nas regiões dos furos dos corpos de prova, as discretizações
das malhas, do pino e da peça de madeira, consideraram nós coincidentes na interface de contato entre os
mesmos. A Fig. 2 mostra os detalhes da malha de elementos finitos construída para o modelo de corpo de
prova de embutimento, na direção paralela às fibras, segundo a norma EN 383 (2007).
Figura 2. Detalhe da malha de elementos finitos para o modelo numérico segundo a norma EN 383 (2007).

Fonte: Autoria própria.

2.3.2 Propriedades dos materiais


Foram utilizadas 21 constantes, para a modelagem da madeira, referentes às suas propriedades físicas, e
mecânicas (E, v, G, σ, ET, τ e G) para as três direções do material. Para o conector metálico, foram
utilizadas 4 propriedades (E, ρ, v e ET).
As relações entre as propriedades mecânicas da madeira foram admitidas com base no trabalho
desenvolvido por Molina (2008).

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25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

2.3.3 Condições de contorno e aplicação de carregamento


As condições de contorno e de aplicação de carregamentos foram realizadas de forma a reproduzir as
condições dos ensaios experimentais. A força média de ruptura (3064,9 N) foi aplicada, na direção z, de
forma distribuída em todos os nós (91 nós) da superfície do corpo de prova, Assim, em cada nó, considerou-
se uma força aplicada de 33,68 N. Foi também restringida à movimentação (translações) dos nós (direções
y e z) do pino metálico, de forma a representar o ensaio experimental, conforme representada na Fig. 3.
Figura 3. Pontos de vinculação e de aplicação do carregamento para o modelo numérico.

Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A curva de calibração do modelo (Fig. 4) compara a resposta da força de embutimento (Fe) versus
deslocamento (δ) do ponto inferior de referência do corpo de prova (Fig. 3).
Figura 4. Curva de calibração do modelo numérico

Fonte: Autoria própria.

De forma geral, as curvas apresentaram valores próximos. As diferenças apresentadas entre as curvas se
devem ao fato da modelagem da madeira não ser uma tarefa simples devido à existência de imperfeições
como nós e inclinação das fibras. A Fig. 5 apresenta uma vista geral dos resultados de tensão obtidos para
o modelo numérico, após a simulação, com indicação das regiões de maior solicitação na madeira.
Figura 5. Tensões na direção z em MPa para o modelo numérico.

Fonte: Autoria própria.

O valor máximo da tensão de compressão ocorreu na região interna superior do furo e foi de -25,069 MPa.
Na região de madeira, abaixo do pino, ocorreu um valor máximo de tração igual a +23,891 MPa. A Figura 6

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

mostra a comparação entre as tensões de von Mises obtidas pelo modelo numérico e o modo de ruptura
obtido pelo corpo de prova no ensaio experimental de embutimento.
Figura 6. Comparação entre os resultados numéricos e experimentais: (a) Tensão numérica de von Mises
em MPa; (b) Corpo de prova após realização do ensaio de embutimento

Fonte: Autoria própria.

Observou-se claramente a concentração de tensões nas regiões ao redor do furo, na parte central do corpo
de prova, devido ao contato do pino com a madeira. Também observou-se que as distribuições de tensões
ao redor do furo foram similares às deformações (modo de ruptura) obtidas no corpo de prova do ensaio
experimental.

4. CONCLUSÕES
O modelo numérico foi capaz de simular o comportamento mecânico dos corpos de prova, não somente na
fase elástica linear, mas também na fase não linear quando se inicia o processo de plastificação. Além
disso, o modelo possibilitou a análise dos aspectos localizados como a distribuição das tensões nas
diferentes regiões de interesse dos modelos.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil
(CAPES) para a realização desse trabalho

6. REFERÊNCIAS
ABNT. ABNT NBR 7190 (1997): Projeto de Estruturas de Madeira. Associação Brasileira de Normas
Técnicas, Rio de Janeiro, RJ,Brasil.
EN 383: Timber structures. Test methods: Determination of embedding strength and foundation
values for dowel type fasteners. European Committee for Standardization, Brussels, Belgium
GOMES, N. B. Análise de elementos estruturais de MLC na flexão com base na versão de revisão da
norma ABNT NBR 7190:2013. 2018. 146 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) –
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Guaratinguetá, 2018.
MOLINA, J. C. Análise do comportamento dinâmico da ligação formada por barras de aço coladas
para tabuleiros mistos de madeira e concreto para pontes. 2008. Tese (Doutorado em Engenharia de
Estruturas) – Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos.
MOLINA, J. C.; RIBAS JUNIOR, A. S. Resistência de embutimento em amostras padronizadas de madeira
segundo as normas brasileira, europeia e americana. In: Engenharia Industrial Madeireira: Tecnologia,
Pesquisa e Tendência. 1. ed. rev. [S. l.]: Editora Científica, 2020. v. 1, cap. 21, p. 317-329.
MOLINA, J. C.; RIBAS JUNIOR, A. S.; CHRISTOFORO, A. L. Embedding strength of Brazilian woods and
recommendation for the Brazilian standard. PROCEEDINGS OF THE INSTITUTION OF CIVIL
ENGINEERS-STRUCTURES AND BUILDINGS, v. 1, p. 1-24, 2020.
RIBAS JR. A. S. Análise teórica, experimental e numérica da resistência ao embutimento de pinos de
aço em corpos de prova de madeiras de Cedro Indiano, Cedro Australiano e Garapeira. 2021. 126 p.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Guaratinguetá, 2021.

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AS PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DA INDÚSTRIA 4.0 E SUAS FUNCIONALIDADES

Ana Carolina Ferreira Costaa*; Otávio José de Oliveiraa


aUniversidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
*ana.c.costa@unesp.br

Resumo. A busca constante por estratégias que tornem as organizações industriais mais competitivas faz com
que ocorra transformações frequentes nos ambientes de produção. A Indústria 4.0 é uma estratégia que pode
melhorar o desempenho das organizações por meio da implantação de tecnologias avançadas. Este trabalho
tem como objetivo identificar quais são as principais tecnologias da I4 por meio da análise de conteúdo dos
artigos mais relevantes na literatura científica. Espera-se que este trabalho contribua de forma teórica para
adensamento da literatura sobre o tema e, de forma prática que contribua para apoiar as empresas na
implantação bem-sucedida das tecnologias da I4.

Palavras-chave: Indústria 4.0; Quarta Revolução Industrial; Fábrica Inteligente.

1. INTRODUÇÃO
Até o ano de 2020, quatro revoluções industriais se destacaram na história. A primeira contemplou o começo da
manufatura em substituição a atividade artesanal, iniciando a utilização de máquinas a vapor. A segunda
representou a fabricação em massa, utilizando linhas de montagem e energia elétrica. A terceira foi caracterizada
pelo avanço da eletrônica e possibilitou a automatização dos processos industriais e a utilização de robôs
(GHOBAKHLOO, 2018; PEREIRA; ROMERO, 2017; ROJKO, 2017).
Diferentemente das três primeiras revoluções industriais, a Quarta Revolução Industrial está sendo associada
com a estratégia “Indústria 4.0” (I4) do governo alemão. A I4 surgiu a partir da parceria governamental com a
academia e a indústria para tornar suas organizações industriais mais autônomas, flexíveis e colaborativas. O
termo “Industrie 4.0” foi utilizado pela primeira vez durante a feira Hannover Messe na Alemanha em 2011 e se
popularizou com o lançamento do plano do governo High-Tech Strategy 2020, que visava o crescimento
econômico do país por meio do desenvolvimento tecnológico avançado das suas indústrias (GHOBAKHLOO,
2018; SANDERS; ELANGESWARAN; WULFSBERG, 2016; WANG et al., 2016a).
Na I4, as tecnologias implementadas são responsáveis por gerar, coletar, armazenar, analisar e gerir grande
quantidade de dados. Esses dados são coletados por dispositivos eletrônicos e transferidos para servidores por
meio de conexão em rede (ZHONG et al., 2017). Dessa forma, as diversas tecnologias empregadas, tais como
Internet of Things (IoT), Big Data (BD), Cloud Computing (CC), Inteligência Artificial (IA), Realidade Virtual (RV)
e Realidade Aumentada (RA) são fundamentais para fornecer, analisar e disponibilizar as informações em tempo
real, auxiliando a tomada de decisão mais eficiente e assertiva (HOFMANN; RÜSCH, 2017; WANG et al., 2016a).
Contudo, uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company em 2020 mostrou que após o início da pandemia
da Covid-19, muitas empresas perceberam que não estavam empregando de forma adequada as tecnologias
da I4 e, 74% avaliam estar ainda em estágios iniciais de implantação da I4 (AGRAWAL et al., 2021). Nesse
sentido, há muitas dificuldades envolvidas no processo de implantação e consolidação da I4 nas organizações.
Os gestores possuem dificuldades para conceituar a I4 e realizar a integração bem-sucedida das suas
tecnologias nas organizações (GHOBAKHLOO, 2018). Diante do exposto, a questão norteadora deste trabalho
é: quais são as principais tecnologias reunidas na I4 à luz da literatura cientifica? Dessa forma, este trabalho tem
como objetivo identificar quais são as principais tecnologias da I4 por meio da revisão da literatura científica e
analisar como elas são aplicadas nas organizações.

2. MÉTODO DE PESQUISA
Esta pesquisa pode ser classificada como de natureza aplicada, de objetivo exploratório e de abordagem
qualitativa (KOTHARI, 2004; MIGUEL et al., 2018). O procedimento empregado foi a revisão da literatura e para
isso, foi realizada uma pesquisa na base de dados científicos Scopus, buscando pelas palavras chaves “Industr*
4.0” ou “Fourth Revolution Industrial”, no título de artigos científicos e revisões no período de 2016 a 2020. Para
mapear as tecnologias mais frequentemente relacionadas a I4, foi utilizado a análise de conteúdo nas
publicações selecionadas. Esse método permite identificar, de forma clara e objetiva, categorias sobre um
determinado tema pesquisado e quantificar o número de vezes que o elemento investigado é encontrado nos
diversos tipos de documentos analisados (JUPP, 2006).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa obteve como resultado 2081 trabalhos, dos quais foram selecionados os 30 primeiros para serem
analisados, conforme o maior número de citações. Com isso, as principais tecnologias encontradas na literatura
e a sua frequência são mostradas na Figura 1 e discutidas em seguida.
Figura 1 – Principais tecnologias da I4

29 29 29 28 27 22 20 15 14 14 13 12

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


A IoT é uma das tecnologias mais importantes da I4, sendo responsável pela comunicação entre homem,
máquinas e produtos. Ela abrange outras tecnologias como etiquetas RFID (Radio Frequency Identification),
código de barras, dispositivos móveis e sensores para coletar informações sobre produtos, máquinas e pessoas
e enviá-las via rede como Internet e Bluetooth aos bancos de dados. Posteriormente, esses dados podem ser
utilizados no rastreamento, controle e monitoramento de processos. Entretanto, a IoT demanda alto nível de
segurança de dados e conexão de qualidade nas organizações industriais para sua utilização (LU, 2017; ZHENG
et al., 2018; ZHONG et al., 2017).
O CPS refere-se à conectividade e comunicação fornecida por meio das tecnologias para integrar o mundo real
com o virtual. Nessa tecnologia, as informações sobre a indústria retratam a sua realidade em tempo real e
podem ser acessadas por outros dispositivos para transferência de informações, controle dos processos e apoio
da tomada de decisão. Além disso, a implantação do CPS aumenta a transparência e o monitoramento de todo
processo produtivo, resultando em melhoria de produtividade e eficiência (IVANOV; DOLGUI; SOKOLOV, 2019;
ROBLEK; MEŠKO; KRAPEŽ, 2016).
A CC refere-se à utilização do serviço de armazenamento e gerenciamento de dados de maneira virtual oferecida
por uma empresa prestadora de serviços especializada na área. Essa tecnologia permite que diversos formatos
de dados e documentos sejam armazenados em servidores e acessados a qualquer momento e em qualquer
lugar por meio da Internet. Além disso, a utilização dessa tecnologia reduz os gastos com armazenamento de
dados, visto que ele pode ser alterado com facilidade, de acordo com as necessidades das organizações.
Contudo, a utilização dessa ferramenta enfrenta desafios relacionados à segurança no armazenamento e
compartilhamento dos dados (MOEUF et al., 2018; ZHONG et al., 2017).
Os sensores avançados são elementos essenciais para viabilizar o funcionamento e a implantação da I4. Devido
ao grande desenvolvimento tecnológico que essas tecnologias sofreram, os processos, produtos, serviços,
pessoas e máquinas podem ser conectados para coletar e compartilhar suas informações. Essas tecnologias
são aplicadas para automatizar processos, fornecer as informações e transmitir dados precisos entre os
dispositivos em tempo real, aumentado a produtividade e flexibilidade das organizações (FRANK;
DALENOGARE; AYALA, 2019; LI, 2018; WANG et al., 2016b). Contudo, a utilização de algumas dessas
tecnologias demanda alto investimento inicial e elevado nível de segurança e privacidade de dados (CHEN et
al., 2017; RATHEE et al., 2020).
O BD é a tecnologia da I4 que permite o armazenamento e a análise de grande quantidade de dados, com
objetivo de identificar correlações, padrões e outras informações úteis para aumentar a produtividade e
competitividade de empresas. Essa tecnologia permite detectar falhas de forma antecipada, apoiar a melhoria
contínua dos processos e fornecer informações para análises complexas. Entretanto, a aplicação dessa
ferramenta requer algoritmos de mineração de dados eficazes, que sejam capazes de analisar o grande volume
de dados e fornecer apenas as informações mais importantes e relevantes para a tomada de decisão (FRANK;
DALENOGARE; AYALA, 2019; QI; TAO, 2018).
Embora a robótica seja abordada e relacionada com terceira revolução industrial, ela continua sendo essencial
para as organizações na I4 (OESTERREICH; TEUTEBERG, 2016). Os robôs da I4 são mais tecnológicos e se
diferem da revolução anterior em relação ao seu nível de automação e inteligência. A robótica utilizada na I4
integra outras tecnologias como IA, sensores e CC para flexibilizar a produção, prevenir e corrigir erros
relacionados ao processo produtivo (KAMBLE; GUNASEKARAN; GAWANKAR, 2018). A utilização desses robôs
em colaboração com o homem possibilita diversos benefícios, tais como, redução de custos do processo de
fabricação e de falhas, desenvolvimento de manufaturas enxutas e melhoria de produtividade (GHOBAKHLOO,
2018; ROJKO, 2017; SANDERS; ELANGESWARAN; WULFSBERG, 2016).

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As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são ferramentas também desenvolvidas na terceira


revolução industrial e que passaram por transformações e avanços tecnológicos essenciais para viabilizar a I4 e
o desenvolvimento de outras tecnologias (DALENOGARE et al., 2018; ROJKO, 2017). As TIC englobam os
conceitos de tecnologia de informações, elementos e componentes para transferência de informação por meio
dos dispositivos eletrônicos, rede sem fio e tecnologia para web. Elas possibilitam que outras tecnologias
funcionem de maneira integrada e inteligente. Por meio dela, é possível navegar na rede e viabilizar a
comunicação rápida e flexível das máquinas, processos e produtos (FRANK; DALENOGARE; AYALA, 2019;
WOLLSCHLAEGER; SAUTER; JASPERNEITE, 2017).
A IA é uma tecnologia da I4 que está sendo amplamente aplicada para analisar dados e apoiar o processo de
tomada de decisão. Nos processos produtivos, ela pode ser utilizada para melhorar a manutenção preventiva,
de forma a prever falhas de máquinas, diminuir problemas de qualidade dos produtos, reduzir custos de produção
e retrabalhos (FRANK; DALENOGARE; AYALA, 2019). Por meio dela, é possível realizar a mineração de dados
com base em informações históricas, permitindo criar sistemas inteligentes e autônomos, fornecendo
produtos/serviços personalizados (QI; TAO, 2018; ZHONG et al., 2017).
A RV é a tecnologia que possibilita a imersão e interação com elementos virtuais em ambientes virtuais. Por
meio dela, a comunicação entre homem-máquina pode ser melhorada, tornando-a mais interativa (CIPRESSO
et al., 2018). Entretanto, essa tecnologia necessita de recursos potentes para realizar o processamento de
imagens e funcionamento adequado que nem sempre são fáceis de obter e possuem alto custo de
implementação (BASTUG et al., 2017; CHATZOPOULOS et al., 2017).
A utilização de impressoras 3D refere-se à fabricação aditiva, que permite produzir produtos personalizados. A
impressora 3D utiliza modelos digitais para fabricação de novos produtos em pequena escala, de forma rápida,
com baixo custo e de acordo com as demandas dos clientes (LI, 2018; OESTERREICH; TEUTEBERG, 2016).
Dentre os benefícios da impressora 3D, destaca-se a redução de custos de processos, diminuição dos prazos
de entrega, melhoria da competitividade da organização e aumento de inovação (GHOBAKHLOO, 2018;
IVANOV; DOLGUI; SOKOLOV, 2019). Contudo, a fabricação de aditivos necessita ainda ser melhorada para
produzir produtos de melhor qualidade (ROJKO, 2017).
A RA é utilizada para incorporar elementos desenvolvidos de forma virtual no mundo real. Esses elementos são
podem ser acionados por meio das câmeras e visualizados nas telas de dispositivos móveis (FRAGA-LAMAS et
al., 2018). Nos ambientes organizacionais, ela pode ser empregada para melhoria da qualidade, realização de
manutenções em máquinas e nos treinamentos de funcionários em procedimentos operacionais (FRANK;
DALENOGARE; AYALA, 2019; PALMARINI et al., 2018).
Internet of Services (IoS) refere-se ao desenvolvimento e oferta de serviços por meio da criação de uma
infraestrutura tecnológica baseada na web. A IoS tem como objetivo aumentar o valor agregado de produtos ou
serviços por meio da incorporação de tecnologias e da criação de uma rede entre as empresas e os clientes para
oferecer serviços (HOFMANN; RÜSCH, 2017; PEREIRA; ROMERO, 2017). Os serviços prestados são
oferecidos continuamente com base em informações coletadas por meio de sensores ou outros dispositivos
eletrônicos, com objetivo de monitorá-las para melhorar a satisfação do cliente (CHEN et al., 2017;
GHOBAKHLOO, 2018; SANDERS; ELANGESWARAN; WULFSBERG, 2016).

4. CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo identificar as principais tecnologias da I4 e as suas aplicações. A contribuição
teórica-científica mais relevante deste estudo é o adensamento da literatura sobre o tema, sistematizando as
principais tecnologias da I4. A principal contribuição aplicada-gerencial embora pequena, mas relevante, é ajudar
as empresas na implantação bem-sucedida das tecnologias da I4. Como recomendação para trabalhos futuros,
sugere-se a proposição de diretrizes para implantação bem-sucedida das principais tecnologias da I4,
identificando seus benefícios, dificuldades e boas práticas.

5. AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi financiado em parte pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
Brasil (CAPES) - Código Financeiro 001 e pelo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico - (312894 / 2017-1) para apoio financeiro.

6. REFERÊNCIAS
AGRAWAL, M. et al. COVID-19 : An inflection point for industry 4.0McKinsey & Company. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-insights/covid-19-an-inflection-point-for-industry-
40?_lrsc=3639d301-ed38-4680-9f2e-fe06ee7d5ce0&cid=other-soc-lke>. Acesso em: 1 out. 2021.
BASTUG, E. et al. Toward Interconnected Virtual Reality: Opportunities, Challenges, and Enablers. IEEE Communications
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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

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SANDERS, A.; ELANGESWARAN, C.; WULFSBERG, J. Industry 4.0 implies lean manufacturing: Research activities in
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WANG, S. et al. Implementing Smart Factory of Industrie 4.0: An Outlook. International Journal of Distributed Sensor
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ZHONG, R. Y. et al. Intelligent Manufacturing in the Context of Industry 4.0: A Review. Engineering, v. 3, n. 5, p. 616–630,
2017.

4 9
PROPOSTA DE PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ETANOL CELULÓSICO INCLUINDO
HIDRÓLISE ÁCIDA

Ana Paula Almeida Ferraz 1a*; Gustavo Ventorim 2b

a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Guaratinguetá/SP, Brasil.


b Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Itapeva/SP, Brasil.
* E-mail do correspondente: ap.ferraz@unesp.com

Resumo. O objetivo desse trabalho foi avaliar a produção de etanol de segunda geração utilizando hidrólise
ácida em diferentes tempos. Para a geração de etanol a partir de compostos lignocelulósicos foram utilizados
um pré tratamento ácido para remoção das hemiceluloses, seguido de uma polpação soda para remoção de
lignina, uma hidrólise ácida para separação dos monômeros de glicose e por fim, a fermentação. O aumento
do tempo de hidrólise provocou aumento no rendimento do processo, entretanto, ainda são necessárias
melhorias, pois os resultados encontrados foram inferiores aos descritos pela literatura. Também foram
observados inibidores de fermentação que prejudicaram a produção de etanol.

PALAVRAS-CHAVE: Etanol; Hidrólise ácida; Celulose.

1. INTRODUÇÃO
Em virtude do avanço tecnológico dos dias atuais, houve um aumento considerável da demanda energética
mundial. Considerando o fato de que as reservas de combustíveis fósseis são finitas, é de suma importância
o estudo de novas fontes de energia que sejam mais limpas, sustentáveis e renováveis. É nesse âmbito que
a produção de etanol a partir do eucalipto emerge como uma alternativa para a produção de combustível de
origem renovável. Atualmente, a produção de etanol se concentra na utilização de milho e de cana-de-açúcar,
no entanto, a competição com o mercado de alimentos e a sua produção sazonal tem se mostrado um fator
limitante para atender as demandas atuais. A madeira possui uma composição de aproximadamente 70% de
carboidratos que compreende hexoses e pentoses, é a fonte orgânica mais abundante da Terra e tem sido
amplamente estudada para a produção de etanol (WANG; LIU, 2012). A produção de etanol celulósico
envolve basicamente quatro etapas: pré tratamento, para tornar a celulose acessível; hidrólise com a adição
de enzimas ou um catalisador ácido para libertar os açúcares monoméricos; fermentação para converter
açúcares em etanol; e, finalmente a destilação (BONDANCIA et al. 2017; CEBREIROS et al., 2018; GUIGOU
et al., 2019). Entretanto, a literatura ainda não apresenta uma sequência dos processos com os melhores
rendimentos de cada etapa. Nesse contexto, objetivou-se incluir e avaliar o tempo de hidrólise ácida no
processo de obtenção de etanol a partir do eucalipto.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para este estudo foram utilizados cavacos de madeira de Eucalyptus urograndis com 7 anos de idade,
provenientes de uma empresa do ramo de celulose da região de Itapeva. Os cavacos foram caracterizados
com relação ao teor de celulose e hemiceluloses através da análise CLAE (cromatografia líquida de alta
eficiência) e lignina através do Método Klason.

2.1 COMPOSIÇÃO DOS CAVACOS


A determinação da lignina foi realizada de acordo com Método Klason descrito por Gomide e Demuner (1986).
Após o procedimento, a solução resultante foi transferida para um balão volumétrico de 250mL, desse total
foram retirados 100 mL da solução para análise CLAE de xilose e glicose.

2.2 PRÉ TRATAMENTO E POLPAÇÃO


Para o pré tratamento foi utilizado um digestor rotativo laboratorial com 4 cápsulas, 100g de cavacos
absolutamente secos (a.s.) para cada cápsula, água para ajuste da consistência, 2mL de ácido sulfúrico
(H2SO4) 72%, relação licor-madeira de 6:1, temperatura de 160°C, rampa de aquecimento de 1,33 e tempo
retenção de 45 minutos. A seguir, os cavacos foram inseridos nas cápsulas do digestor junto com o licor de
cozimento e a água. Foi utilizado álcali ativo (como NaOH) de 23%, relação licor-madeira de 4:1, temperatura
de 165°C, rampa de aquecimento de 1,42, e tempo de retenção de 90 minutos.

1 10
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.3 HIDRÓLISE ÁCIDA E FERMENTAÇÃO


Foram utilizadas 50 g de folhas de celulose a.s. que foram trituradas em um liquidificador para facilitar sua
dissolução. Em um béquer, foram adicionados 60mL de ácido sulfúrico 72% às folhas, misturando com bastão
de vidro até completa homogeneização. O béquer permaneceu em banho-maria à 30°C em diferentes tempos
de reação (1 hora e 2 horas), caracterizando a etapa de hidrólise ácida concentrada. Adicionou-se água
destilada à cada uma das misturas, diluindo a solução até completar o volume de 2L, e esta foi levada à chapa
aquecedora, à 90ºC, com agitação magnética em diferentes tempos de reação (3 horas e 5 horas) para cada
uma das misturas iniciais.
A solução foi resfriada e centrifugada, havendo formação de uma fase sólida, chamada de resíduo e uma fase
líquida, rica em açúcares. A fase líquida foi transferida para um balão volumétrico de capacidade de 1L e teve
o volume aferido com água destilada. A partir dessa solução, foram coletados 100 mL, que foram analisados
em CLAE para quantificar a concentração de glicose e xilose contida na amostra. Os 900 mL restantes foram
fermentados em etapa posterior. Foram utilizados 30 gramas de fermento biológico seco comercial
(Saccharomyces cerevisiae). A fermentação foi realizada em banho-maria com temperatura de 30°C por 24
horas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 RESULTADOS DA COMPOSIÇÃO INICIAL, PRÉ TRATAMENTO E POLPAÇÃO


A Tabela 1 apresenta a composição inicial dos cavacos e as médias dos resultados do pré tratamento e
polpação realizados.

Tabela 1 – Composição inicial dos cavacos e médias dos resultados após pré tratamento e polpação.
Composição
Pré tratamento Polpação
inicial
Glicose (%) 51,2 48,5 87,5

Xilose (%) 17,1 10,5 2,9

Lignina (%) 28 31,4 1,9


Fonte: Autoria própria.

Guigou et al. (2019) estudaram a composição de serragem de Eucalyptus grandis e encontraram valores de
40,6% de glicose, 13,7% de xilose e 27% de lignina. Resultados semelhantes foram observados por Romaní
et al. (2016), que utilizaram Eucalyptus globulos de composição química de 44,7% de glicose, 16,0% de xilose
e 27,7% de lignina. Para a produção de etanol é interessante que a madeira possua alto teor de glicose, nesse
aspecto, a espécie utilizada nesse trabalho se mostra como uma melhor alternativa para o processo.
Inicialmente foram utilizados 400g a.s. de cavacos para o pré tratamento, a massa resultante desse processo
foi de 347,8g a.s. de cavacos, que corresponde a um rendimento de 86,9%. Analisando a Tabela 1 é possível
verificar que a quantidade de glicose diminuiu de 51,2% (massa de 400g a.s.) para 48,5% (massa de 347,8g
a.s.) o que caracteriza um decréscimo de 17,6%, que é significativo para o processo de produção de
biocombustível, considerando que é a glicose que será fermentada à etanol. Cebreiros et al. (2018),
observaram que quase 100% da glicose permaneceu na madeira após pré tratamento. Já Domínguez et al.
(2017) relataram 10% de remoção de glicose no pré tratamento. Acredita-se que devido à agressividade do
processo ácido houve remoção de glicose e também de xilose. É possível verificar que o teor de xilose dos
cavacos antes do pré tratamento era de 17,1% (massa de 400g a.s.) e logo após o processo diminuiu para
10,5% (massa de 347,8g a.s.), resultando em uma redução de 46,6%. Dong et al., (2018) observou
rendimento de 100%, com todas as hemiceluloses dissociadas. Resultados semelhantes aos observados por
Cebreiros et al. (2018), que realizaram pré tratamento ácido e alcançaram eficiência de quase 100%.
Comparando com os resultados apresentados, o processo de pré tratamento apresentou baixa remoção das
hemiceluloses, mostrando que esse processo necessita de mais estudos para otimização. Não foi observado
deslignificação no processo de pré tratamento, já que a solubilização de lignina foi em torno de 2%, o que
está em conformidade com os resultados obtidos por Cebreiros et al. (2018), que afirmam que o pré
tratamento ácido não é capaz de solubilizar a lignina, portanto é necessário um tratamento alcalino adicional
para remoção da lignina. A remoção de lignina no presente estudo foi de 97%, que está em conformidade
com os valores encontrados por Guigou et al. (2019), que reportaram 76-99% de solubilização da lignina
utilizando polpação Soda e Kraft.

2 11
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

3.2 RESULTADOS DA HIDRÓLISE ÁCIDA E FERMENTAÇÃO


A Tabela 2 apresenta os resultados da composição do hidrolisado através da análise CLAE.

Tabela 2 – Composição do hidrolisado.


Hidrólise ácida
1:00/3:00 1:00/5:00 2:00/3:00 2:00/5:00
Glicose (g/L) 12,81 13,33 13,70 16,74
Xilose (g/L) 1,14 0,61 1,37 1,77
HMF (mg/L) 3,73 11,63 7,46 18,68
Furfural (mg/L) - 12,91 4,67 9,17
Fonte: Autoria própria.

Analisando a Tabela 2 é possível notar que o aumento no tempo de hidrólise melhorou o rendimento do
processo. Entretanto, espera-se que o teor de xilose no hidrolisado seja mínimo, visto que essa hemicelulose
deveria ser removida na etapa do pré tratamento. No hidrolisado foram observados furfural e
hidroximetilfurfural (HMF), que são formados a partir da decomposição de hemiceluloses em meio ácido e de
acordo com Yoon et al. (2014), mesmo em baixas concentrações, prejudicam a fermentação da glicose.
Domínguez, et al. (2017) relataram uma concentração de 27,5 g/L de glicose com hidrólise enzimática.
Romaní et al. (2016) obtiveram 45 g/L de glicose em ensaios de pré-sacarificação e sacarificação simultânea
com fermentação. Já Bondancia et al. (2017) alcançaram concentrações de glicose de 45 a 125 g/L com
hidrólise enzimática. A partir dos resultados descritos verifica-se que o processo apresentado nesse estudo
ainda não é assertivo, pois o conteúdo de glicose foi muito baixo em todos os tempos de reação.
A Tabela 3 apresenta a composição do filtrado após o processo de fermentação.

Tabela 3 – Composição do filtrado.


Fermentação
1:00/3:00 1:00/5:00 2:00/3:00 2:00/5:00
Glicose (g/L) 0,04 0,03 0,02 -
Xilose (g/L) 0,52 0,47 0,58 0,08
Ácido
0,25 0,35 0,21 0,19
acético(g/L)
Etanol (g/L) 3,89 3,12 5,10 5,24
Fonte: Autoria própria.

É possível avaliar na Tabela 3 que o aumento do tempo de hidrólise possibilitou melhora no rendimento do
processo, visto que no maior tempo de hidrólise não houve glicose residual, entretanto os resultados estão
bem abaixo aos descritos na literatura. Bondancia et al. (2017) alcançou valores de 62,1 g/L a 67,9 g/L de
etanol com hidrólise enzimática. Lan et al. (2013) alcançaram valores 40 g/L de etanol a partir da polpa de
celulose hidrolisada. Dong et al. (2018) relataram 13,4 g /L, após hidrólise enzimática. Romaní, et al. (2016)
também encontraram valores baixos para a produção de etanol a partir pré-sacarificação e sacarificação
simultânea com fermentação e consideraram que 23 g/L de etanol não é um valor competitivo
economicamente.
A Tabela 4 apresenta o rendimento global do processo, rendimento de fermentação, rendimento de hidrólise,
volume de etanol produzido para 100g de cavacos e o volume de etanol produzido por tonelada de madeira.

12
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Tabela 4 – Rendimentos.
Tempos de hidrólise
1:00/3:00 1:00/5:00 2:00/3:00 2:00/5:00
Rendimento global (%) 12,04 9,66 15,81 16,22
Rendimento de hidrólise (%) 29,28 30,47 31,31 38,26
Rendimento de fermentação (%) 56,34 43,41 69,03 58,05
Volume de etanol produzido para 100g de
3,78 3,03 4,96 5,09
cavacos (mL)
Volume de etanol produzido por tonelada
37,83 30,33 49,59 50,95
de madeira (L)
Fonte: Autoria própria.
Verifica-se na Tabela 4 que o maior volume de etanol por tonelada de madeira foi observada na amostra de
2:00/5:00 de hidrólise ácida, que foi a amostra destaque, pois apresentou os melhores resultados nos
parâmetros analisados, com exceção do rendimento de fermentação. A amostra apresentou 50,95L de etanol
para 1 tonelada de madeira, resultados que foram inferiores aos descritos por Guigou et al. (2019) que
alcançaram 250L por tonelada de serragem de eucalipto, e Lan et al. (2013) que produziram 287L de etanol
por tonelada de eucalipto com baixíssimo teor de inibidores de fermentação.

4. CONCLUSÃO
A partir dos resultados apresentados pode-se afirmar que o pré tratamento removeu 46,6% de xilose, sendo
esse valor menor do que o esperado. O pré tratamento também removeu 17,6% de glicose, resultado que
não era esperado, pois a glicose deveria permanecer nos cavacos para ser fermentada à etanol. Assim sendo,
essa etapa pode ser melhorada a fim de alcançar melhor remoção de hemiceluloses sem afetar
significativamente o conteúdo de glicose dos cavacos. O cozimento apresentou remoção de lignina de 97%,
valores maiores aos descritos na literatura. O aumento do tempo de hidrólise tanto na fase concentrada como
na fase diluída possibilitou melhor conversão da celulose em glicose, entretanto, maiores tempos de reação
na hidrólise diluída acarretaram maiores teores de furfural e HMF. Após fermentação, com exceção da
amostra com tempo de hidrólise de 2:00/5:00, todas as amostras apresentaram glicose no filtrado,
demonstrando que a levedura não fermentou toda a glicose presente no hidrolisado. De forma geral os
rendimentos do processo foram baixos, o que indica a necessita de um estudo aprofundado em cada uma
das etapas de produção de etanol celulósico visando melhores resultados

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil
(CAPES) para a realização desse trabalho.

6. REFERÊNCIAS
BONDANCIA, T. J. et al. A new approach to obtain cellulose nanocrystals and ethanol from eucalyptus
cellulose pulp via the biochemical pathway. Biotechnology progress, v. 33, n. 4, p. 1085-1095, 2017.
CEBREIROS, F., FERRARI, M. D., LAREO, C. Combined autohydrolysis and alkali pretreatments for cellulose
enzymatic hydrolysis of Eucalyptus grandis wood. Biomass Conversion and Biorefinery, v. 8, n. 1, p. 33-42,
2018.
DONG, C. et al. Temperature pro filing to maximize energy yield with reduced water input in a lignocellulosic
ethanol biorefinery. Applied Energy, v. 214, p. 63-72, 2018.
GUIGOU, M. et al. Combined pretreatments of eucalyptus sawdust for ethanol production within a biorefinery
approach. Biomass Conversion and Biorefinery, v. 9, n. 2, p. 293-304, 2019.
LAN, T. Q. et al. High titer ethanol production from SPORL-pretreated lodgepole pine by simultaneous
enzymatic saccharification and combined fermentation. Bioresource technology, v. 127, p. 291-297, 2013.
ROMANÍ, A. et al. Valorization of Eucalyptus Wood by glycerol-organosolv pretreatment within the biorefinery
concept: na integrated and intensified approach. Renewable energy, v. 95, p. 1-9, 2016.
WANG Y, LIU S (2012) Pretreatment technologies for biological and chemical conversion of woody biomass.
TAPPI J 11: 9-16.
YOON, S.-Y.; HAN, S.-H.; SHIN, S.-J. The effect of hemicelluloses and lignin on acid hydrolysis of cellulose.
Energy, v. 77, p. 19-24, 2014.

4 13
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE PROCESSO MAIS ADEQUADOS À
OBTENÇÃO DE COMPÓSITOS TERMOPLÁSTICOS POR COMPRESSÃO A QUENTE

André Luiz Guimarães de Castilhoa*; Michelle Leali Costaa,b; Edson Cocchieri Botelhoa;
a Universidade Estadual Paulista – UNESP – Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333 – Portal das Colinas –
Guaratinguetá/SP – CEP 12.516-410
b Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT), Laboratório de Estruturas Leves (LEL), São José dos Campos, SP, Brasil

* a.castilho@unesp.br

Resumo. Este trabalho irá apresentar o projeto de pesquisa que será desenvolvido no mestrado, uma vez
que até o momento não foram obtidos resultados. Nos últimos anos foi observado crescente interesse no
uso de compósitos termoplásticos com reforços de fibras contínuas em aplicações no setor automotivo.
Fatores como redução do peso, reciclabilidade e redução da emissão de CO2 fazem com que se inicie uma
reformulação de caráter consumidor, ambiental e legislativo. Neste contexto, o objetivo é avaliar o
processamento desses compósitos a partir da moldagem por compressão a quente, o estudo da cinética de
cristalização e seu desempenho em ensaios mecânicos.

Palavras-chave: Compósitos termoplásticos; Cinética de cristalização; Setor automotivo; Moldagem por


compressão a quente; Desempenho.

1. INTRODUÇÃO
Uma significante mudança em escala global para o uso de veículos elétricos e híbridos é observada. O
elevado peso das baterias, entre 200-550kg, precisa ser compensado com a redução de peso em outras
partes do corpo do carro. A diminuição do peso total dos veículos acarreta também na melhoria da
economia de combustíveis, para os veículos híbridos e a redução de emissão de CO2 (MURRAT et al.,
2020).
Atualmente, visando maior sustentabilidade, o setor automotivo passa por uma reformulação de caráter
consumidor, ambiental e legislativo. Nos últimos anos foi observado um desenvolvimento progressivo em
aplicações leves e sustentáveis na indústria automotiva. Os polímeros reforçados com fibra de carbono
(CFRP) tem atraído a atenção da indústria automotiva por suas propriedades como resistência específica
superior, rigidez e leveza, oferecendo uma redução no peso final do veículo e, consequentemente,
reduzindo a emissão de CO2 e aumentando a economia de combustível. O volume total de produção de um
carro consiste em 55% de ferro fundido e peças de aço, 11% em plásticos, 9% em ligas de alumínio e 7% e
3% de borracha e vidro, respectivamente (НАУ et al., 2017).
Para (ISAIAH, 2014) a substituição de aço por CFRP na produção de veículos automotivos teria um impacto
de 30% na eficiência de combustível e de 20% na emissão de CO2 . Estatísticas feitas por (ISHIKAWA et al.,
2018) sugerem que a diminuição de 100 kg em cada veículo produzido pode levar a redução 20 g/km na
emissão de CO2 . É importante ressaltar que modificações estruturais não devem visar somente a eficiência
dos veículos, mas compreender também o conforto e segurança dos passageiros. O desenvolvimento de
estratégias de redução de peso para veículos tem um foco cada vez maior na aplicação de soluções de
materiais mistos em escalas de produção em massa (FARUK; TJONG; SAIN, 2017).
Para tanto, o uso de compósitos termoplásticos para a substituição de metais tradicionais e outros materiais
mais pesados está aumentando, graças ao papel fundamental que estes materiais têm na redução do peso
para componentes automotivos. Além disso, compósitos termoplásticos também oferecem vantagens no
processo de produção incluindo a capacidade de consolidar as várias etapas separadas que iriam ser
necessárias com metal em um processo com menos etapas, mantendo, assim, uma estabilidade
dimensional, na qual as peças teriam um encaixe adequado, seja em climas quentes ou frios (FRANCATO;
WARMERDAM, 2019).
Compósitos termoplásticos são preferencialmente utilizados em aplicações automotivas e aeroespaciais
devido a sua leveza, alta resistência específica, tempos de ciclo mais curtos, alta tenacidade e
reciclabilidade. Em particular, compósitos de polipropileno reforçados com fibra de vidro curta têm sido
extensivamente utilizados em componentes automotivos com um substituto mais leve para metais. A
principal limitação dos termoplásticos reforçados com fibra curta é a sua baixa rigidez e baixa resistência.
Essa limitação pode ser superada inserindo termoplásticos reforçados com fibras contínuas ao longo das
localizações críticas das partes estruturais. Compósitos termoplásticos com inserções de fibra contínua

1 14
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

mostraram desempenho superior em comparação com aço e compósitos termoplásticos reforçados com
fibra curta (ANANDAKUMAR; TIMMARAJU; VELMURUGAN, 2021; OLIVEIRA, 2020).
Outros benefícios são apontados por (PATEL et al., 2018), como melhoria na qualidade geral do veículo e
consistência na manufatura, resistência à corrosão, redução dos custos de manufatura e redução de ruídos
e vibração. Entretanto, ainda é necessária uma extensa pesquisa a respeito de processos de manufatura de
alta qualidade e velocidade com custos aceitáveis, reparabilidade e reciclabilidade, integridade e
durabilidade de longo prazo.
Para a substituição de aço pelo CFRP na fabricação de peças com formatos complexos, (LEE et al., 2019)
sugere um conjunto de regras que garantam a qualidade de propriedades mecânicas como força e rigidez.
A determinação da espessura do laminado e o ângulo de laminação mostra uma redução de 62.96% no
peso da peça além de uma otimização quanto a deformação.
O grau de cristalinidade em polímeros termoplásticos de alto desempenho é de grande importância, pois
sua estrutura pode influenciar significativamente as propriedades químicas, térmicas e mecânicas do
compósito final obtido. Teoricamente, a fase cristalina tende a aumentar a rigidez e a resistência à tração,
enquanto que a fase amorfa é mais eficaz na absorção da energia de impacto. Esse grau de cristalinidade é
determinado por diversos fatores, incluindo o tipo de polímero e as condições utilizadas no processamento.
O grau cristalinidade de um polímero semicristalino pode ser determinado pela técnica de calorimetria
exploratória diferencial (DSC), por meio da medição da quantidade de calor liberado ou absorvido pela
amostra. Quando os cristalitos fundem, calor é absorvido pelo sistema e uma reação endotérmica (ΔH > 0)
ocorre, e quando cristalitos são formados, há uma liberação de energia na forma de calor, ocorrendo uma
reação exotérmica (ΔH < 0). A medição da variação de entalpia envolvida nessas trocas de calor é utilizada
para se obter a quantidade de cristais formados durante o processo de cristalização bem como sua cinética
de cristalização (BATISTA, 2015).
Só no ano de 2018, a produção mundial de resinas termoplásticas e transformados plásticos atingiu 359
milhões de toneladas. No Brasil, a quantia chegou a 8.3 milhões, cerca de 26.5% maior do que o restante
da América Latina. No ano de 2017, o setor automotivo no Brasil foi responsável por 8.6% de todo o
consumo do plástico produzido (ABIPLAST, 2019).
Segundo (PATEL et al., 2018), o segmento automotivo é responsável por cerca de 50% e 24% do mercado
mundial de compósitos termoplásticos e termorrígidos, respectivamente.
Desta forma, o estudo da cristalinidade de compósitos termoplásticos de alto desempenho é de grande
importância, não apenas para se estudar os melhores parâmetros a serem utilizados durante o
processamento desses materiais, mas também para compreender o motivo desses específicos graus de
cristalinidade se adequarem melhor a determinadas exigências, esforços mecânicos e condições
operacionais.
Este trabalho é parte do Projeto de Pesquisa ROTA 2030, um programa federal destinado à cadeia
automotiva com o objetivo de apoiar o desenvolvimento tecnológico, a competividade, a inovação, a
segurança veicular, a proteção ao meio ambiente, a eficiência energética e a qualidade dos automóveis, dos
quais estão envolvidos os centros de pesquisa IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a UNESP, a
UNIFESP e o ITA, e algumas montadoras e empresas de ferramentaria nacionais com financiamento do
Ministério de Ciência e Tecnologia.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 MATERIAL
O compósito termoplástico utilizado será o Cetex® TC910 da Toray com matriz de poliamida 6 (PA6) com
reforço de fibras contínuas de carbono. É um material com excelente performance mecânica e possui alta
resistência ao desgaste com bom desempenho em temperaturas elevadas. O TC910 também é resistente a
solventes.

2.2 MÉTODOS
As curvas de calorimetria exploratória diferencial (DSC) no modo dinâmico/isotérmico e termogravimetria
(TGA) serão obtidas para determinação dos parâmetros cinéticos de cristalização e, de posse dos dados
cinéticos, as melhores condições de processamento via moldagem por compressão a quente serão
estudadas e utilizadas.
Laminados serão processados com três diferentes graus de cristalinidade e sua qualidade será avaliada por
ultrassom e microscopia óptica.
Os laminados então passarão por análises dinâmico-mecânica (DMA); ensaios de impacto; resistência a
compressão e cisalhamento interlaminar (ILSS) e serão também realizados estudos a respeito do
comportamento mecânico de fratura pós-impacto por MEV. Estes ensaios serão realizados no LEL/IPT em

2 15
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

São José dos Campos. As demais atividades serão realizadas nos laboratórios da Faculdade de
Engenharia da UNESP/Guaratinguetá.
Por fim, os dados gerados neste trabalho serão disponibilizados para os outros grupos envolvidos neste
projeto de pesquisa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Uma vez que o projeto se encontra em fase inicial, os resultados esperados estão destacados nessa seção.
São eles:

- Contribuição para o desenvolvimento da tecnologia da indústria nacional automotiva de fabricação de


compósitos termoplásticos pela técnica de moldagem por compressão a quente;

- Melhorar o entendimento do processo de cristalização de compósitos termoplásticos semicristalinos


reforçados com fibra contínua, utilizando resfriamento controlado;

- Obter um banco de dados, envolvendo a avaliação da resistência ao impacto e o estudo da fratura


resultante do mesmo em laminados termoplásticos com diferentes graus de cristalinidade;

- Contribuir com a indústria automotiva do Brasil no que tange a utilização de compósitos poliméricos.

4. CONCLUSÃO
Seguindo o cronograma, vem sendo realizadas pesquisas na literatura sobre benefícios e uso de
compósitos termoplásticos no setor automotivo além do levantamento e compra de materiais necessários
para desenvolvimento do projeto. Recentemente foi dado início aos treinamentos em equipamentos de
análise térmica no Departamento de Materiais e Tecnologia (DMT) da UNESP/Guaratinguetá.

5. AGRADECIMENTOS
O autor agradece ao orientador Profº Dr. Edson Cocchieri Botelho e a coorientadora Profª Drª. Michelle Leali
Costa pela oportunidade de trabalhar neste projeto e pelo apoio. À Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, ao CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – 304876/2020-8 e 306576/2020-1) e ao Projeto Rota
2030/FIPT (Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas) pelo suporte financeiro.

6. REFERÊNCIAS
ABIPLAST. Perfil 2019. Disponível em: <http://www.abiplast.org.br/wp-
content/uploads/2020/09/Perfil_2019_web_abiplast.pdf>.

ANANDAKUMAR, P.; TIMMARAJU, Mallina Venkata; VELMURUGAN, R. Development of efficient


short/continuous fiber thermoplastic composite automobile suspension upper control arm. Materials Today:
Proceedings, v. 39, p. 1187-1191, 2021.

BATISTA, Natassia Lona. Estudo do efeito da cristalinidade nas propriedades mecânicas de compósitos
termoplásticos com aplicações aeronáuticas. 2015.

FARUK, O.; TJONG, J.; SAIN, M. Lightweight and Sustainable Materials for Automotive Applications.
Boca Raton, Flórida: CRC Press, 2017.

FRANCATO, Gino; WARMERDAM, Hans. One-shot Molding of Large Thermoplastic Vehicle Parts.
Lightweight Design worldwide, v. 12, n. 5, p. 58-63, 2019.

ISAIAH, D. Carbon fibre the fabric of the future. Disponível em:


<https://www.automotiveworld.com/articles/carbon-fibre-the-fabric-of-the-future/>

16
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

ISHIKAWA, T. et al. Overview of automotive structural composites technology developments in Japan.


Composites Science and Technology, v. 155, p. 221–246, 2018.

LEE, J. M. et al. Design of lightweight CFRP automotive part as an alternative for steel part by thickness and
lay-up optimization. Materials, v. 12, n. 14, 2019.

MURRAY, J. J.; ALLEN, T.; BICKERTON, S.; et al. IMPACT PERFORMANCE OF THERMOPLASTIC
RESIN TRANSFER MOULDED CARBON FIBRE COMPOSITES James. SAMPE Europe Conference 2020,
Amsterdam - Netherlands. p.3–12, 2020. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/344444921_Impact_Performance_of_Thermoplastic_Resin_Trans
fer_Moulded_Carbon_Fibre_Composites>.

OLIVEIRA, Juliana Bovi de. Obtenção e caracterização de compósitos de epóxi/microfibras


elastoméricas/fibras de carbono para aplicações aeronáuticas. 2020.

PATEL, M. et al. Lightweight Composite Materials for Automotive - A Review. Concepts Journal of Applied
Research, v. 3, n. 7, p. 1–9, 2018.

НАУ, Н. Р. et al. Modern materials for automotive industry. p. 8–18, 2017.

4 17
COMPÓSITOS REFORÇADOS COM BORRA DE CAFÉ: UMA ANÁLISE
BIBLIOMÉTRICA

Anne Shayene Campos de Bomfima*; Herman Jacobus Cornelis Voorwalda, Kelly Cristina
Coelho de Carvalho Beniniab
a Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de Materiais e
Tecnologia, Grupo de Fatiga e Materiais Aeronáuticos.
b Universidade de São Paulo – USP, Faculdade de Engenharia de Lorena, Departamento de Biotecnologia.

*anne.shayene@unesp.br

Resumo. A análise bibliométrica na base Web of Sciense identificou o desempenho quantitativo do tema
compósitos reforçados com borra de café entre 2000-2020. Os dados mostraram 57 documentos publicados,
cujo número de publicações começou a ser significativo a partir de 2015, apresentando um pico em 2019. O
Brasil é o país com maior número de publicações, seguido de EUA, Coréia do Sul e Tailândia. No entanto, o
Egito possui o maior número de citações em suas publicações. Journal of Applied Polymer Science é o
periódico com mais publicações, porém Composite Part B, Carbohydrate Polymer e ACS Sustainaible
Chemical Engineering apresentaram maior relevância científica dentro do tema.

Palavras-chave: Borra de café; Compósito; Análise Bibliométrica.

1. INTRODUÇÃO
O café é uma bebida utilizada em larga escala em todo o mundo. Seu alto consumo gera uma grande
quantidade de resíduo, que apesar de ser biodegradável, pode ser tóxico ao meio ambiente dependendo do
seu descarte (Kovalcik et al., 2018). Devido sua composição química, como polissacarídeos, lipídeos,
proteínas e minerais, muitas pesquisas têm sido realizadas em prol da valorização do resíduo da borra de
café como matéria-prima em diversas aplicações, como fertilizante, energia, biodiesel e compósitos
(Kourmentza et al., 2018). Há vários fatores na aplicação da borra de café como reforço em compósitos que
tem sido estudados e publicados dentro do campo de pesquisa, como concentração e tamanho das partículas,
tratamento ou não das partículas, diferentes matrizes e biodegradação (Essabir et al., 2018; Moustafa et al.,
2017). Tal fato, juntamente com o crescimento tecnológico, tem gerado o crescimento de novas pesquisas e,
consequentemente a publicação de diferentes artigos sobre o tema.
A bibliometria é um método quantitativo que tem sido uma alternativa para mensurar os artigos publicados ao
longo dos anos sobre determinado tópico. A análise é realizada em bases de dados que incluem a grande
maioria da literatura científica, como Scopus e Web of Science através de diversos indicadores, como
periódicos, autores, países, áreas de pesquisa, organizações e outros (Ellegaard e Wallin, 2015).
Desta forma, o objetivo deste trabalho é valorização da borra de café como reforço em compósitos através
da análise de desempenho acadêmico do tema. Tal análise é baseada na revisão bibliométrica realizada na
base de dados Web of Science considerando o período entre 2000-2020.

2. MÉTODO DE PESQUISA
Este trabalho é uma análise bibliométrica sobre o tema compósitos reforçados com borra de café
considerando o período entre 2000-2020. Tal período foi definido mediante pesquisas preliminares, onde foi
identificado que antes de 2000 não há nenhuma publicação relacionada com o tema proposto. Os dados
bibliométricos foram pesquisados na coleção principal da base Web of Science em maio de 2021, através dos
tópicos “coffee grounds*” e composite*, onde as aspas foram utilizadas para pesquisar o termo exato de
pesquisa e o asterisco para que fosse considerado a palavra com variações no final (Filser et al., 2017).
O resultado inicial da busca identificou 97 documentos; entretanto, após um refinamento, através da leitura
dos resumos dos artigos, apenas 57 documentos estavam no escopo da pesquisa. Os dados, em formato de
arquivo de texto, foram baixados e importados para o Microsoft Excel. A partir dos dados bibliométricos foi
realizada uma análise do desempenho acadêmico do tema levando em consideração os indicadores: tipos de
publicações, número de publicação por ano, por país e por periódico e o número de citações por ano (as
citações foram consideradas até o momento de escrita deste trabalho, ou seja, setembro de 2021).

1 18
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da revisão bibliométrica foi identificado 57 documentos publicados sobre o tema entre 2000 e 2020,
onde 49 são artigos publicados em periódicos internacionais, 09 são artigos publicados em conferências
internacionais e 02 são artigos de revisão sobre a valorização da borra de café em várias aplicações, inclusive
compósitos (Figura 1 (a)). Apenas dois documentos foram identificados como efetivos artigos de revisão
devido ao título, porém outras publicações também se referem a uma revisão da literatura sobre o tema.
Com relação as publicações ao longo dos anos (Figura 1 (b)), foi identificado seu início em 2003, porém o
tema começou a ser significativo a partir de 2015, mantendo uma progressão de crescimento. O pico de
publicações ocorreu em 2019 com 16 publicações, representando 28% do total de publicações. Já no ano de
2020 o número de publicações não ultrapassou o ano de 2019, porém se manteve maior que os anos
anteriores (2015-2018). Tal comportamento está relacionamento com o início da pandemia do Covid-19 em
todo o mundo, o que impactou significativamente a quantidade de artigos submetidos e publicados neste ano.
No geral, este resultado evidencia a valorização da borra de café como reforço de compósitos com diferentes
matrizes, como poliméricas e cerâmicas, ao longo dos vinte últimos anos. Além disso, o gráfico mostra uma
tendência de crescimento e não de saturação para os próximos anos, sendo o tema um campo ainda vasto
para novas abordagens científicas.

Figura 1. Gráficos dos tipos de publicações (a) e das publicações ao longo dos anos (b).

(a) (b)
Fonte: Autoria própria.

Através do gráfico publicações por países (Figura 2 (a)) é possível destacar os dez países que mais
publicaram sobre o tema durante o período analisado representando 68,4% do total de publicações, sendo
eles Brasil (08), Estados Unidos (07), Coréia do Sul (06), Tailândia (05), Taiwan (04), Canadá (03), Egito (03),
França (03), Indonésia (03), Japão (03) e Vietnã (03). No geral, foram identificados 27 países e 69 publicações
(número maior do que o total de documentos encontrados), indicando que alguns países compartilham a
mesma publicação, ou seja, possuem uma parceria internacional de pesquisa. Tais países são: Inglaterra e
Grécia, Tailândia e Estados Unidos, Coréia do Sul e Indonésia, Taiwan e Indonésia, Canadá e Marrocos,
Egito e França, França e Marrocos, China e Suécia, e Rússia e Vietnã. A partir desses dados, também é
possível concluir que com relação a representatividade do tema no mundo, todos os cinco continentes
publicaram pelo menos um artigo cada. A Ásia possui destaque com 11 países, enquanto a África e Oceania
possuem apenas um país que já publicou sobre o tema. Desta forma, a representatividade geográfica do tema
ainda é recente e está começando a ser difundida em todo o mundo. A Austrália publicou seu primeiro artigo
sobre o tema em 2020 e Marrocos em 2018, enquanto o Japão foi o primeiro a publicar em 2003. Já o Brasil,
que está em primeiro lugar, começou a publicar apenas em 2016 e produziu 08 artigos em cinco anos.
O periódico científico que mais publicou sobre o tema é o Journal of Applied Polymer Science com 04
documentos, seguido do ACS Sustainaible Chemical Engineering, Carbohydrate Polymer, Composite Part B,
Journal of Polymer Environment e Macromolecular Symposia com três documentos cada (Figura 2 (b)).
Apesar do Journal of Applied Polymer Science ser o primeiro da classificação, o periódico não possui
publicação sobre o tema no último ano (2020) e no ano de pico em quantidade de publicações (2019).
Entretanto, nesses últimos dois anos todas as demais revistas apresentaram publicações. Além de quantidade
de documentos, é esperado que tais periódicos impactem o campo científico com os artigos já publicados, de
maneira que eles sejam referência para as novas pesquisas e, consequentemente, para as novas publicações
(Filser et al., 2017). Logo, levando em consideração as citações dos seis primeiros periódicos (somando as

2 19
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

citações de todos os documentos publicados), o Composite Part B é o periódico mais citado (200), seguido
de Carbohydrate Polymer (115) e ACS Sustainaible Chemical Engineering (105). Tal resultado mostra que
esses três periódicos possuem publicações sobre o tema com um significante impacto na literatura científica
atual.

Figura 2. Gráficos publicações por país (a) e por periódico (b).

(a) (b)
Fonte: Autoria própria.

Tabela 1. Dados das dez publicações mais citadas dentro do tema analisado.

Total de
Publicação Autor (s) País Periódico Ano
citações
Eco-friendly polymer composites for green packaging: Moustafa et
Egito Comp. Part B 2019 88
Future vision and challenges al.
Green composites based on polypropylene matrix and Garcia-Garcia
Espanha Comp. Part B 2015 74
hydrophobized spend coffee ground (SCG) powder et al.
Food and
República
Valorization of spent coffee grounds: A review Kovalcik et al. Bioprod. 2018 70
Checa
Process.
Chitosan/waste coffee-grounds composite: An efficient
Carbohydrate
and eco-friendly adsorbent for removal of Lessa et al. Brasil 2018 59
Polymers
pharmaceutical contaminants
J. Industrial
Spent coffee grounds: A review on current utilization McNutt e He Canadá and Eng. 2019 58
Chem.
Utilization of Torrefied Coffee Grounds as Reinforcing ACS
Moustafa et Egito
Agent to Produce High-Quality Biodegradable PBAT Sustainable 2017 58
al. França
Composites for Food Packaging Applications Chem. & Eng.
Sustainable biodegradable coffee grounds filler and its
Moustafa et Egito J. Applied
effect on the hydrophobicity, mechanical and thermal 2017 54
al. França Polymer Sci.
properties of biodegradable PBAT composites
Renewable resource-based green composites of Polymer
surface-treated spent coffee grounds and polylactide: Wu, C. Taiwan Degradation 2015 52
Characterization and biodegradability and Stability
Spent coffee grounds make much more than waste:
Exploring recent advances and future exploitation Kourmentza Inglaterra J. Cleaner
2018 41
strategies for the valorization of an emerging food et al. Grécia Production
waste stream
Characterization of Wastes and Coproducts from the Zarrinbakhsh
Canadá Bioresources 2016 41
Coffee Industry for Composite Material Production et al.
Fonte: Autoria própria.

20
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Os artigos mais citados são, geralmente, os mais relevantes para a literatura científica internacional dentro
do tema abordado. Os dez artigos mais citados estão apresentados na Tabela 1, com citações contabilizadas
até setembro de 2021. É possível destacar que quatro dessas publicações são de caráter de revisão do que
já foi feito na literatura sobre a valorização da borra de café em diversas aplicações, entre elas compósitos, e
por isso, são artigos com um grande número de citações, como o primeiro lugar na classificação. Através dos
dados também foi possível identificar que o autor Moustafa et al. além de publicar o artigo mais citado na área
em 2019, também publicou mais dois artigos presentes nesta tabela, evidenciando a relevância de sua
pesquisa e o impacto científico. Tais artigos estão distribuídos entre Composite Part B, ACS Sustainaible
Chemical Engineering e Journal of Applied Polymer Science, que são periódicos de extrema relevância na
área, incluindo maior número de citações e quantidade de documentos. O periódico Composite Part B também
pode ser destacado com grande relevância e representatividade no campo estudado, por apresentar duas de
suas três publicações, como primeira e segunda publicação mais citada levando-o a ser o periódico mais
citado nesta área. Com relação a representatividade geográfica, o Brasil, apesar de apresentar o maior
número de artigos publicados (08), só possui um artigo dentro dos dez mais citados, os demais possuem
entre 0-20 citações. Já o Egito, por exemplo, possui seus três documentos dentro dos dez mais citados,
estando um deles em primeiro lugar, evidenciando, assim, sua influência neste campo de pesquisa.

4. CONCLUSÃO
Apesar do tema ter surgido na literatura científica há mais de 20 anos, foi apenas nos últimos seis anos que
o assunto apresentou uma robustez e uma crescente no número de artigos publicados. Logo, a valorização
da borra de café como reforço de compósitos é um tema atual, onde alguns periódicos, países e autores estão
começando a ser estabelecidos como referência na área. Além disso, o tema está ainda no processo de
disseminação no mundo, já que apenas 27 países foram identificados na classificação de publicação.
Além disso, de acordo com os dados de quantidade de publicação e de citação por ano, nem todos os
periódicos e países com maior quantidade de publicações apresentaram um número de citações significativo,
levando a conclusão de que quantidade não está diretamente ligada a relevância científica. No entanto, três
periódicos se mostraram efetivos com um grande número de publicações e citações, sendo esses os
periódicos mais relevantes para possíveis novas publicações sobre o tema: Composite Part B, Carbohydrate
Polymer e ACS Sustainaible Chemical Engineering. Levando em consideração possíveis parcerias
internacionais, o Egito está começando a estabelecer uma pesquisa robusta e relevante. E pensando no
Brasil, as pesquisas já em andamento poderiam ser melhor estabelecidas através de parcerias internacionais,
e publicação em periódicos de maior impacto na área.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a CAPES pelo auxílio financeiro, código 001 e processo 88887.495399/2020-00.

6. REFERÊNCIAS
ELLEGAARD, O.; WALLIN, J. A. The bibliometric analysis of scholarly production: How great is the impact?
Scientometrics, v. 105, n. 3, p. 1809–1831, 2015.
ESSABIR, H. et al. Thermo-mechanical performances of polypropylene biocomposites based on untreated,
treated and compatibilized spent coffee grounds. Composites Part B, v. 149, p. 1–11, 2018.
FILSER, L. D.; DA SILVA, F. F.; DE OLIVEIRA, O. J. State of research and future research tendencies in
lean healthcare: a bibliometric analysis. Scientometrics, v. 112, n. 2, p. 799–816, 2017.
KOURMENTZA, C. et al. Spent coffee grounds make much more than waste: Exploring recent advances and
future exploitation strategies for the valorization of an emerging food waste stream. Journal of Cleaner
Production, v. 172, p. 980–992, 2018.
KOVALCIK, A.; OBRUCA, S.; MAROVA, I. Valorization of spent coffee grounds: A review. Food and
Bioproducts Processing, v. 110, p. 104–119, 2018.
MOUSTAFA, H.; GUIZANI, C.; DUFRESNE, A. Sustainable biodegradable coffee grounds filler and its effect
on the hydrophobicity, mechanical and thermal properties of biodegradable PBAT composites. Journal of
Applied Polymer Science, v. 134, n. 8, 2017.

4 21
DESENVOLVIMENTO DE CRITÉRIO DE QUALIDADE PARA ATAQUE QUÍMICO
COM REAGENTE LEPERA UTILIZANDO ANÁLISE ESTATÍSTICA

Antonio dos Reis de Faria Neto*a; Cristina Sayuri Fukugauchi 2b, Antonio Jorge Abdallaa,
Marcelo dos Santos Pereiraa
aUniversidade Estadual Paulista – Campus de Guaratinguetá – FEG/UNESP
bInstituto Federal de São Paulo – Campus de São José dos Campos - IFSP
*antonio.faria@unesp.br

Resumo. O desempenho dos aços multifásicos é estreitamente relacionado com seus microconstituintes.
Neste contexto, com intuito de discutir como os fatores envolvidos no processo de ataque químico com o
reagente LePera influenciam na caracterização metalográfica do aço multifásico TRIP800 foi realizado um
estudo utilizando o Método de Taguchi como ferramenta estatística para a realização dos experimentos. A
ferramenta possibilitou a geração de resultados com respaldo estatístico, confiabilidade e otimização do
número de ensaios. Desta forma, foi verificado que a variável concentração de ácido pícrico mostrou-se a
mais influente juntamente com a interação deste fator com a forma de secar a amostra.

Palavras-chave: Aço TRIP800; Taguchi; LePera.

1. INTRODUÇÃO
Devido aos danos ambientais causados pela queima de combustíveis fósseis, a indústria automobilística tem
a necessidade de reduzir cada vez mais o peso dos seus produtos para minimizar o consumo de combustível,
diminuindo assim, o custo e as possíveis agressões ecológicas. Dessa forma, os automóveis de última
geração devem apresentar-se mais leves, econômicos, seguros e menos poluentes [SEFFER et al., 2016].
Em função destes desafios, a partir da década de 1990, surgiram os Aços Avançados de Alta Resistência
(Advanced High Strength Steels – AHSS) sendo que o desempenho desses materiais é estreitamente
relacionado com seus microconstituintes [RADWAŃSKI; WROŻYNA; KUZIAK, 2015; BHARGAVA et al., 2018;
SUN et al., 2018]. Assim, a caracterização e controle efetivo da microestrutura desses materiais são cruciais,
sendo que os processos de ataques químicos são essenciais para que isso ocorra. A dificuldade da
reprodutibilidade do processo de ataque químico se deve ao grande número de variáveis/parâmetros
envolvidos. Em situações como esta, o emprego de técnicas de Projeto de Experimentos torna o estudo
desses fatores e suas possíveis interações mais ampla e eficiente, além de reduzir o número de experimentos
a serem realizados. Dentre essas técnicas, o método de Taguchi vem sendo amplamente empregado em
diversos campos industriais e fornece uma abordagem simples, eficiente e sistemática para otimizar os
projetos em relação ao desempenho, qualidade e custo. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo
criar um critério de qualidade para o ataque químico com reagente LePera utilizando planejamento de
experimentos em um aço avançado multifásico – Aço TRIP.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 ARRANJO ORTOGONAL

Foi realizado um planejamento de experimentos a fim de se selecionar os fatores (controláveis e não


controláveis) dos processos e as variáveis respostas, bem como, o delineamento do planejamento
experimental, a execução dos experimentos e a análise dos dados, conforme Tabela 1 (arranjo interno) e
Tabela 2 (arranjo externo).

Tabela 1 - Fatores e níveis do Arranjo Ortogonal Interno.


Fatores Níveis
(1) (2)
A: concentração de picral 2% 4%
B: concentração de metabissulfito de sódio 0,5% 1%

1 22
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

D: pré-ataque não Nital 2% / t=2s


H: modo de secagem natural ar frio forçado
O: tempo de ataque 15 s 25 s
Fonte: Próprio Autor (2021)

Tabela 2 - Fatores e níveis do Arranjo Ortogonal Interno.


Fatores Níveis
(1) (2)
P: Temperatura (°C) 15I---25 25I---40
Q: Umidade relativa (%) 30I---55 55I---90
Fonte: Próprio Autor (2021)

Além dos fatores descritos na Tabela 1 – Arranjo Interno – também foi realizado o estudo das interações
entre esses fatores. As interações analisadas são mostradas na Tabela 3.

Tabela 3 - Fatores e níveis do Arranjo Ortogonal Interno.


Interações
C E F G I J K L M N
AxB AxD BxD HxO AxH BxH DxO DxH BxO AxO

Fonte: Próprio Autor (2021)

Com base no número de fatores controláveis, seus níveis e as interações entre os mesmos, o Arranjo
Ortogonal padrão denominado L16 foi selecionado para o estudo dos fatores controláveis e a L 4 para a análise
dos fatores não controláveis (temperatura e umidade).

2.2 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS METALOGRÁFICAS

As técnicas utilizadas para a preparação das amostras metalográficas seguiram os processos normatizados
pela ASTM E 3-11 (2017). Os ataques foram realizados de acordo com a norma ASTM E407-07 (2015)e1. Os
experimentos foram conduzidos de forma aleatória, de modo a reduzir os erros sistemáticos. A fim de tornar
possível a estimativa do erro experimental e diminuir a margem de erros dos ensaios foram realizadas
quadruplicatas. Após a realização de cada experimento, as amostras foram fotografadas. Foram capturadas
15 imagens para os ataques com o reagente LePera de forma aleatória ao longo de toda a superfície das
amostras.

2.3 ELABORAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE (IQ)


Para a avaliação das imagens obtidas em cada um dos experimentos realizados foi proposta e elaborada
uma escala experimental para classificar as fotomicrografias obtidas, pois os resultados dos ataques com
reagentes coloridos nem sempre resultam em imagens nas quais é possível a distinção de qualquer
fase/microconstituinte. Os IQs foram divididos em classes (1 a 5). O critério para elaboração desse índice foi
o grau de ataque químico das amostras analisadas, ataque tanto corrosivo quanto por deposição química.

2.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS REALIZADAS

Além do índice de qualidade elaborado, foi utilizado a técnica de análise da variância (ANOVA) para distinguir
a influência relativa dos fatores na variação dos resultados utilizando a estatística F (razão entre a variância
do fator e a variância do erro) para medir a significância do fator analisado em relação à variância de todos
os fatores incluídos no termo de erro.

2 23
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 resume a escala proposta – IQ – e os critérios utilizados para a classificação das imagens obtidas
nos experimentos realizados.

Figura 1 - Descrição dos índices de qualidade utilizados no estudo quantitativo dos efeitos dos fatores no
processo de ataque químico com reagente LePera.

Fonte: Próprio Autor (2021)

O efeito médio do fator, que corresponde à resposta média do fator em cada nível de experimento, foi
estimado com o auxílio do software STATISTICA. Os resultados relativos ao aço TRIP800 encontram-se na
Figura 2.

Figura 2 - Gráfico dos efeitos e interações dos fatores controláveis sobre a média do IQ – Arranjo Interno.

Fonte: Próprio Autor (2021)

Ao se observar a Figura 2 nota-se que os fatores concentração de picral (A) e modo de secagem (𝐼)
se destacam, sendo que o fator concentração da solução de picral tem um impacto maior na variável de
resposta do processo. Com uma concentração de 2%, a média do IQ obtida foi de 1,74, no entanto, quando
foi utilizada a concentração de 4%, o índice aumentou para 2,26.
Assim, a análise de variância para os IQs demonstra com 95% de confiança que os fatores que
influenciam o desempenho do processo são: a concentração da solução de picral e o efeito da interação entre
a concentração de picral e o modo de secagem. Além do importante papel da interação entre fatores, a
presença dos fatores não controláveis (ruídos) podem ter ou não influência significativa na variável de

24
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

resposta. Conforme discutido até o momento, caso não houvesse interações entre os fatores no processo,
tampouco, a existência de fatores não controláveis (ruídos), o melhor ajuste seria:
 concentração da solução de picral: nível (2), ou seja, 4%
 concentração da solução de metabissulfito de sódio: nível (1), ou seja, 0,5%;
 pré-ataque: nível (1), ou seja, sem pré-ataque;
 modo de secagem: nível (1), ou seja, modo natural;

 tempo de ataque: modo (2), ou seja 25s.

4. CONCLUSÃO
A utilização do Índice de Qualidade (IQ) para análise qualitativa dos dados se mostrou eficiente e eficaz.
Dentre as variáveis analisadas, as que possuem probabilidade superior a 95% de influenciar o desempenho
do processo são: concentração da solução de picral e a interação entre a concentração da solução de picral
e modo de secagem.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à CAPES e a FEG/UNESP.

6. REFERÊNCIAS

BHARGAVA, M.; CHAKRABARTY, S.; BARNWAL, V. K.; ASIMTEWARI; MISHRA, S. K. Effect of


microstructure evolution during plastic deformation on the formability of transformation induced plasticity and
Quenched & Partitioned AHSS. Materials & Design, v. 152, p. 65-77, 2018.

DE FARIA NETO, A. R.; FUKUGAUCHI, C. S.; PEREIRA, M. S. Using design of experiments in the evaluation
of the microstructural characterization parameters with the LePera reagent in a multiphase steel. Materials
Research Express, v. 8, n. 8, p. 086522, 2021.

RADWAŃSKI, K; WROŻYNA, A.; KUZIAK, R. Role of the advanced microstructures characterization in


modeling of mechanical properties of AHSS steels. Materials Science & Engineering A, v. 639, p. 567-574,
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development through chemical patterning of austenite. Scripta Materialia, v. 146, p. 60-63, 2018.

4 25
ESTABELECIMENTO DE PARÂMETROS DE PROCESSO PARA A MOLDAGEM POR
COMPRESSÃO A QUENTE DE COMPÓSITOS TERMORRÍGIDOS

Celson Luiz Homem de Mello Juniora*, Edson Cocchieri Botelhoa; Michelle Leali Costaa,b
a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG), SP, Brasil
b Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT), Laboratório de Estruturas Leves (LEL), São José dos Campos, SP, Brasil

*celson.mello@unesp.br

Resumo. O presente trabalho irá apresentar o projeto de pesquisa que será desenvolvido no mestrado.
Utilizar compósitos poliméricos na indústria automobilística oferece benefícios como eficiência peso-
potência e menor emissão de poluentes. Desta forma, o presente projeto de pesquisa visa caracterizar e
estudar compósitos poliméricos (epóxi/fibra de carbono) produzidos a partir de pré-impregnados de cura
rápida via moldagem por compressão a quente visando suportar o mercado automotivo e a produção em
alta cadência. Para isto, será realizado um estudo da cinética de cura do pré-impregnado via calorimetria
exploratória diferencial e termogravimetria. Os compósitos produzidos serão caracterizados por ensaios
mecânicos estáticos e dinâmico-mecânicos.

Palavras-chave: Compósitos termorrígidos; Moldagem por compressão a quente; Cinética de cura;


Processamento em alta cadência.

1. INTRODUÇÃO
O setor automotivo tem buscado maneiras de diminuir o peso de seus veículos, e, para tanto, materiais que
sejam mais leves e que possuam propriedades mecânicas satisfatórias devem ser desenvolvidos e
estudados. A substituição de componentes feitos de materiais metálicos por materiais compósitos
poliméricos vem sendo uma escolha muito substancial dentro do atual cenário, uma vez que os compósitos
são mais leves, e, dependendo de sua composição, podem atingir os níveis necessários de resistência
requerida para determinadas peças que historicamente são feitas de metal (PATEL et al., 2018;
RYMSKOGO et al., 2017; MURRAY et al., 2020).
A redução de peso tem influência direta na melhoria de desempenho, pois quanto mais leve um objeto,
menor será a força necessária para gerar sua aceleração. Essa grande demanda em relação ao peso e de
redução de emissão de CO2 aumenta gradualmente de forma global e, somada a transição de carros
movidos a combustão para carros elétricos e híbridos, toma maior importância, já que o fator leveza
influencia também na redução de consumo de energia destes veículos, reduzindo a poluição gerada pela
queima de combustíveis dos carros híbridos e aumentando a autonomia de ambos, principalmente os carros
elétricos por possuírem baterias pesadas (200-250kg) que necessitam ser compensadas em outras partes
do veículo. Pode-se afirmar que a diminuição de peso causada pela alteração dos materiais de aço, ferro e
alumínio, por exemplo, por materiais compósitos, será de cerca de 15-25% para compósitos reforçados com
fibra de vidro e cerca de 25-40% para aqueles reforçados com fibra de carbono, deixando esses materiais
cada vez mais em evidência. Outras vantagens que os compósitos têm sobre os materiais metálicos
convencionais são a resistência à corrosão, facilidade para se criar designs, reduções de ruídos, pois
absorvem melhor às vibrações, e ainda mantêm excelente resistência a fadiga e a fratura (PATEL et al.,
2018; RYMSKOGO et al., 2017; MURRAY et al., 2020).
Os compósitos poliméricos são materiais multifásicos que apresentam combinações de dois ou mais
componentes com propriedades distintas, representadas por uma fase reforço e a matriz, que possui em
suas subdivisões as matrizes, divididas em termorrígidas, que apresentam estrutura amorfa; termoplásticos
que possuem estrutura semicristalina e os elastômeros, que são as borrachas. Como exemplo, na indústria
automotiva, se utiliza como matriz, o poliuretano (PU), as resinas epóxi e poliéster, além de um reforço
estrutural, como fibras de vidro e de carbono. Atualmente a fibra de vidro é normalmente mais utilizada que
a fibra de carbono, por possuir preço inferior, no entanto, os materiais compósitos reforçados de fibras de
carbono são superiores em resistência e rigidez, o que as torna ainda mais leve que as fibras de vidro, pois
é necessário menor quantidade de material para se obter determinada resistência mecânica (MALLICK,
2010).
Materiais de matrizes poliméricas termorrígidas, quando comparadas as de matrizes poliméricas
termoplásticas, possuem viscosidade menor, e no estado curado possuem maiores resistência a calor e

1 26
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

menor deformação por fluência. Compósitos termorrígidos costumam aparecer em algumas partes dos
veículos, como suportes de radiador, para-choques e componentes do chassi. Também é um material muito
procurado para produção de peças para veículos esportivos, por fornecerem maiores resultados no quesito
desempenho (MALLICK, 2010). Outro exemplo de utilização desses materiais é o Boeing 787, que possui
50% de seu peso em materiais compósitos de fibra de carbono (SOUZA et al., 2016).
A escolha da matriz de um compósito tem influência direta nas propriedades mecânicas, nas transições
térmicas e na condução elétrica. Um ótimo exemplo são as matrizes feitas com epóxis de alta resistência,
que são importantes para diversos seguimentos como ônibus espaciais e aeronaves (RAFIQUE et al., 2016;
WANG et al., 2019).
Com objetivo de reduzir a demanda de emissão de CO2, os pré-impregnados (prepreg) termorrígidos de
cura rápida vêm sendo desenvolvidos para se tornarem viáveis nas fabricações em massa ou em alta
cadência (KHAN et al., 2020). A utilização dos compósitos termorrígidos ainda possui muito espaço para
novas criações e experiências e a indústria, observando o alto desempenho dos compósitos na substituição
dos metais e os ganhos significativos que podem obter na redução de peso e de emissão de gases
poluentes, avança para agilizar as pesquisas sobre a polimerização dos prepregs de cura rápida, que são
materiais compósitos formados por fibras pré-impregnadas com uma matriz polimérica parcialmente curada,
como caso da matriz de epóxi ou de resina fenólica e hoje são utilizadas na indústria automotiva de luxo
estrangeira por suportarem altas temperaturas de trabalho e possuírem bom desempenho mecânico (DE
SOUZA et al., 2019; HENNING et al., 2019; HÖRBERG et al., 2019).
O processo de cura de pré-impregnados termorrígidos tem impacto direto nas propriedades finais do
material e, por sua vez, são geralmente processados em autoclave, estufa ou moldagem por compressão a
quente. Durante o processo de cura os termorrígidos são aquecidos de acordo com as necessidades, e
depois resfriados, também de acordo com os objetivos, utilizando a epóxi, como exemplo de matriz
polimérica, que possui elevado valor de temperatura de transição vítrea (Tg) (~180°C), reagindo com um
agente de cura e/ou endurecedor, juntamente ou não com um catalisador. No caso de epóxi de cura a
quente, primeiramente, a matriz polimérica se encontra na forma de pequenas moléculas líquidas ou semi-
sólidas e depois com aquecimento passa pelo estado de gel e depois pela vitrificação, formando cadeias
ramificadas com boas resistências química, física e mecânica. Portanto, obter o conhecimento adequado
dos parâmetros de processamento tais como a temperatura de processo, tempo de aquecimento e de
resfriamento e pressão, é extremamente importante para se obter as propriedades desejadas no produto
final (ESTRIDGE, 2018; XIE et al., 2016).
Desta forma, este projeto tem como objetivo principal caracterizar físico-quimicamente um prepreg de cura
rápida e estudar o estabelecimento das variáveis mais adequadas para o processamento de compósitos
termorrígidos, com aplicação automobilística, a partir do estudo da cinética de cura de pré-impregnados de
cura rápida. Serão determinadas as condições mais favoráveis, dentro das variáveis adequadas de
processamento, a fim de garantir qualidade aos laminados obtidos e integralizá-los de forma eficiente ao
trabalho.
Este trabalho é parte do Projeto de Pesquisa ROTA 2030, um programa federal destinado à cadeia
automotiva com o objetivo de apoiar o desenvolvimento tecnológico, a competividade, a inovação, a
segurança veicular, a proteção ao meio ambiente, a eficiência energética e a qualidade dos automóveis, dos
quais estão envolvidos os centros de pesquisa IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a UNESP, a
UNIFESP; o ITA, algumas montadoras e empresas de ferramentaria nacionais com financiamento do
Ministério de Ciência e Tecnologia.
Devido a dissertação estar no início, ainda não há resultados a serem demonstrados, portanto, optou-se por
apresentar o projeto de pesquisa que será desenvolvido ao longo do programa da pós-graduação para
obtenção do título de mestrado.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAL
O material que será estudado é o pré-impregnado E732 da empresa Toray constituído de resina epóxi de
cura rápida reforçada com tecido de fibra de carbono.

2.2 MÉTODOS
Inicialmente, o pré-impregnado será avaliado a partir das análises dinâmicas e isotérmicas por DSC
(calorimetria exploratória diferencial) e por TGA (termogravimetria) com o objetivo de se estabelecer sua
cinética de cura.

2 27
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

De posse dos dados cinéticos, as melhores condições de processamento via moldagem por compressão a
quente serão determinadas.
Serão processados laminados termorrígidos com diferentes espessuras.
Os laminados curados serão avaliados a partir da análise dinâmico-mecânica – DMA; por digestão ácida;
por ultrassom e por MEV (microscopia eletrônica de varredura).
Posteriormente, ensaios de impacto, resistência a compressão e cisalhamento interlaminar (ILSS) serão
realizados e as regiões impactadas serão avaliadas por ultrassom e MEV, com o intuito de avaliar seu
comportamento à fratura.
As avaliações por ultrassom e ensaios de impacto serão realizadas no LEL/IPT de São José dos Campos.
Todas as demais atividades serão realizadas nos laboratórios da Faculdade de Engenharia da
UNESP/Guaratinguetá.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tendo em vista que o projeto se encontra em fase inicial, os resultados esperados são:
- Estabelecimento da cinética de cura do pré-impregnado termorrígido a partir dos resultados das análises
de DSC e TGA.
- Processamento dos laminados via moldagem por compressão a quente, com diferentes espessuras,
baseado nos resultados obtidos das análises anteriores.
- Avaliação da qualidade dos laminados obtidos a partir da digestão ácida, ultrassom e microscopia.
- Com os dados obtidos dos ensaios de DMA, impacto, cisalhamento e compressão e com auxílio do MEV,
avaliar suas propriedades viscoelásticas e mecânicas.
- Ao fim, sugerir o melhor ciclo de processamento para obtenção de laminados de alta qualidade fabricados
a partir de prepregs de cura rápida e com isso contribuir para inserção de compósitos termorrígidos de cura
rápida na indústria automotiva do Brasil.

4. CONCLUSÃO
Até o presente momento foram realizadas pesquisas bibliográficas acerca de materiais pré-impregnados
termorrígidos de matriz epóxi/fibra de carbono de cura rápida e suas aplicações estruturais na indústria.
Também foram realizados treinamentos nos equipamentos de análises térmicas, tudo com intuito de
desenvolver a presente dissertação.

5. AGRADECIMENTOS
O autor agradece a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) -
Código de Financiamento 001, CNPq (304876/2020-8 e 306576/2020-1) e a FIPT (Fundação de Apoio ao
Instituto de Pesquisas Tecnológicas) pelo suporte financeiro.

6. REFERÊNCIAS
DE SOUZA, C. S. R. et al. Reuse of Uncured Carbon Fiber/Epoxy Resin Prepreg Scraps: Mechanical
Behavior and Environmental Response. ACS Sustainable Chemistry & Engineering, v. 7, n. 2, p. 2200–
2206, 22 jan. 2019.
ESTRIDGE, C. E. The effects of competitive primary and secondary amine reactivity on the structural
evolution and properties of an epoxy thermoset resin during cure: A molecular dynamics study. Polymer, v.
141, p. 12–20, abr. 2018.
HENNING, F. et al. Fast processing and continuous simulation of automotive structural composite
components. Composites Science and Technology, v. 171, p. 261–279, fev. 2019.
HÖRBERG, E. et al. Thickness effect on spring-in of prepreg composite L-profiles – An experimental study.
Composite Structures, v. 209, p. 499–507, fev. 2019.
KHAN, M. A. et al. On the validity of bias-extension test method for the characterization of in-plane shear
properties of rapid-cure prepregs. Composite Structures, v. 246, p. 112399, ago. 2020.
MALLICK, P. K. Materials, design and manufacturing for lightweight vehicles. Woodhead Publishing
Limited, 2010.
MURRAY, J. J.; ALLEN, T.; BICKERTON, S.; et al. IMPACT PERFORMANCE OF THERMOPLASTIC
RESIN TRANSFER MOULDED CARBON FIBRE COMPOSITES James. SAMPE Europe Conference 2020,

28
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Amsterdam - Netherlands. p.3–12, 2020. Disponível em:


<https://www.researchgate.net/publication/344444921_Impact_Performance_of_Thermoplastic_Resin_Trans
fer_Moulded_Carbon_Fibre_Composites>.
PATEL, M. et al. Lightweight Composite Materials for Automotive - A Review. v. 05, n. 11, p. 7, 2018.
RAFIQUE, I. et al. Exploration of Epoxy Resins, Hardening Systems, and Epoxy/Carbon Nanotube
Composite Designed for High Performance Materials: A Review. Polymer-Plastics Technology and
Engineering, v. 55, n. 3, p. 312–333, 11 fev. 2016.
SOUZA, C. S. R. DE et al. Estudo do comportamento térmico de laminados carbono/epóxi submetidos a
múltiplos ciclos térmicos. Polímeros, v. 26, n. spe, p. 8–15, 19 jan. 2016.
SUMY STATE UNIVERSITY, 2 RYMSKOGO-KORSAKOVA ST., 40007, SUMY, UKRAINE et al. Modern
materials for automotive industry. Journal of Engineering Sciences, v. 4, n. 2, p. f8–f18, 2017.
WANG, S. et al. Facile in situ preparation of high-performance epoxy vitrimer from renewable resources and
its application in nondestructive recyclable carbon fiber composite. Green Chemistry, v. 21, n. 6, p. 1484–
1497, 2019.
XIE, L. et al. Fusion bonding of thermosets composite structures with thermoplastic binder co-cure and
prepreg interlayer in electrical resistance welding. Materials & Design, v. 98, p. 143–149, maio 2016.

4 29
MECANISMOS DE FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE NANOTUBOS DE TIO2 POR
MEIO DE OXIDAÇÃO ANÓDICA

Palma, D. P. S.*; Pedroso, G. S; Zago. F. M; Acciari, H. A.

*e-mail: dener.palma@unesp.br

Resumo. A obtenção de superfícies nanoestruturadas, a partir de eletrólitos na presença e ausência de íons


fluoreto, vem despertando interesse na comunidade científica, a fim de verificar qual teoria melhor explica o
crescimento e a formação de filmes anódicos de nanotubos de TiO2 (ATNTs). O objetivo deste trabalho é
apresentar uma breve revisão das teorias que fundamentam o mecanismo de formação dos ATNTs.

Palavras-chave: Titânio; Anodização; Nanotubos.

1. INTRODUÇÃO
Uma rede cristalina de TiO2 altamente organizada apresenta desempenho promissor em muitas áreas de
utilidade industrial, desde sistemas fotovoltaicos até em aplicações biomédicas. Nos últimos anos, grande
atenção tem sido dada às matrizes de nanotubos de TiO2 devido ao seu elevado padrão de organização,
como requisito para promover maior eficiência em células solares, mais rápida osseointegração como
biomateriais e também, maior resistência a corrosão. A anodização é uma técnica simples e reprodutível,
capaz de modificar e controlar a espessura e cristalinidade dos filmes de óxido de TiO2 à temperatura
ambiente. O mecanismo de formação desta camada segue ainda despertando muitas dúvidas na comunidade
científica que serão evidenciadas no presente trabalho (MANSOORIANFAR et al., 2021; MINAGAR et al.,
2012; SHAH et al., 2018; SORO et al., 2018).

1.1 MÉTODO DE PESQUISA


Em função da Pandemia do COVID-19 este trabalho ficou restrito ao levantamento bibliográfico para a
redação da revisão da literatura.

1.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO


Como um dos biomateriais comuns, o titânio (Ti) é amplamente usado para fabricar implantes dentários
e ortopédicos devido à sua resistência à corrosão no meio fisiológico. Esta resposta favorável do Ti como
material de implante tem motivado pesquisadores a melhorar suas propriedades mecânicas e de resistência
à corrosão por longos períodos a fim de minimizar problemas de desgaste que, junto com a liberação de íons
aos tecidos adjacentes ao implante podem trazer efeitos prejudiciais ao organismo. Assim, para melhorar a
resposta tecidual dos implantes de Ti, muita atenção tem sido direcionada às novas tecnologias de
modificação de superfícies (DOMÍNGUEZ-TRUJILLO et al., 2018; STRÓŻ et al., 2017).
Existem diversas técnicas existentes capazes de promover o crescimento de nanotubos na superfície do
titânio, como por exemplo, métodos hidrotérmicos, sol-gel e anodização. Dentre estes diversos métodos a
anodização é uma importante técnica eletroquímica que promove o aumento da cristalinidade, da espessura
e melhora as propriedades da camada de óxido. Esta técnica é realizada em uma célula eletroquímica
composta por dois eletrodos, o eletrodo de trabalho (ânodo) e o contra eletrodo (cátodo) em uma solução
eletrolítica adequada por meio da aplicação de um fluxo de corrente através de uma fonte externa
(ROBERTSON; BANDYOPADHYAY; BOSE, 2019; YUFEROV et al., 2021; ZIKALALA et al., 2020).
Alguns parâmetros, como por exemplo, o tipo de solução utilizada, a tensão aplicada e o tempo de
anodização, são controláveis e sua variação pode afetar diretamente no grau de organização e a cristalinidade
dos nanotubos. Bhadra, Davidson e Raja (2020) produziram ATNTs utilizando uma solução de 0,25% em
massa de NH4F em etilenoglicol e verificaram que variando o tempo de anodização, de 15 a 60 min, as
dimensões dos nanotubos também aumentaram de 100 a 500 nm de diâmetro e de 25 a 50 nm de
comprimento. Sivaprakash e Narayanan (2020) investigaram aspectos dimensionais de ATNTs produzidos
em eletrólitos contendo etilenoglicol como solvente e variando a quantidade de água em 5 e 10% em volume,
tanto na ausência, como na presença de 0,25% em massa de HF, além de manter constante a concentração
de NH4F (0,5% em massa) em todos os casos. Eles verificaram que o comprimento dos nanotubos aumentou
tanto com o aumento na quantidade de água como também de HF (de 2,6 para 4,71 mm).

1 30
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Um provável mecanismo usado para explicar a formação de estruturas ordenadas como a dos ATNTs,
baseia-se na dissolução do filme de TiO2 assistida pelo campo elétrico (field-assisted dissolution – FAD) na
presença dos ânions fluoreto, como mostrado pela Eq. (1).

TiO2(s) + 4H+(aq) + 6F-(aq) → [TiF6]2-(aq) + 2H2O(l) (1)

A teoria FAD é a mais aceita pela comunidade científica para explicar os mecanismos de formação dos
ATNTs. De acordo com esta teoria três reações simultâneas ocorrem. Estas reações estão relacionadas a
três diferentes regiões observadas nas curvas corrente-tempo durante a anodização. No primeiro estágio, a
corrente cai rapidamente devido à formação de uma camada compacta da barreira de óxido. No segundo
estágio, nanoporos começam a crescer aleatoriamente, gerando um aumento da área dessa camada barreira,
e por consequência, um aumento da densidade de corrente. No terceiro estágio, os tubos crescem
continuamente com o tempo até que a taxa de dissolução na parte superior do tubo seja equivalente à taxa
de formação na parte inferior, quando o grau de ordenação no arranjo dos ATNTs atinge um máximo e a
corrente fica estacionária a um valor mínimo (MACAK et al., 2007). Esta queda na densidade de corrente tem
sido motivo de controvérsias entre diferentes autores, uma vez que, ao se considerar um estado de equilíbrio,
é de se esperar que a corrente neste último estágio permaneça constante.
Com isso, uma teoria alternativa tem sido considerada nestes estudos, fundamentada no modelo de fluxo
plástico de crescimento do óxido, no balanço das correntes iônica e eletrônica, e na formação de bolhas de
oxigênio. De acordo com esta teoria, considera-se primeiramente a formação de uma camada de óxido
barreira e, a corrente iônica é a que deve predominar nesta etapa, de modo que, esta camada compacta deve
permanecer com uma grande quantidade de íons em sua estrutura, ao ponto de originar uma corrente
eletrônica, quando atinge um limite máximo de crescimento, juntamente com a evolução de bolhas de
oxigênio, que ficam aprisionadas dentro dessa densa camada, moldando-a para formar uma estrutura
nanotubular na sua interface com o substrato metálico, juntamente com o fluxo viscoso do óxido, enquanto
não escapam para a interface óxido/eletrólito. Quando estas bolhas finalmente conseguem escapar para a
superfície, o eletrólito inunda as cavidades dos tubos fazendo com que haja um equilíbrio entre corrente
eletrônica e corrente iônica na composição da corrente total do sistema (ZHOU et al., 2020)(YANG et al.,
2019).
Lu et al. (2021) obtiveram filmes nanoporosos de TiO2 por meio da anodização do titânio em uma
solução aquosa de AgNO3. Ao compararem as morfologias dos filmes produzidos a 80 e 100 V na solução
livre de íons fluoreto, os autores obtiveram nanotubos com comprimentos maiores para o maior valor de
potencial, contrapondo a teoria de dissolução assistida pelo campo, por demonstrarem que a formação de
nanoporos não resulta necessariamente da dissolução do filme pelos íons fluoreto, uma vez que, embriões
de nanotubos foram formados sem que a camada de óxido tivesse sofrido algum tipo de corrosão por estes
íons.
Os estudos propostos por Zhou et al. (2020) trouxeram evidências importantes contra a teoria de
dissolução assistida pelos íons fluoreto na formação de filmes porosos ou nanoestruturados de TiO2, e
representam um registro pioneiro na formação de filmes compactos, mesmo na presença desses íons. Neste
trabalho, os autores mantiveram fixadas somente as quantidades de água e dos íons fluoreto, na composição
dos eletrólitos, variando apenas o tipo de solvente orgânico. Por compreenderem que o eletrólito tem um
papel chave na migração iônica e na geração de bolhas de oxigênio, eles compararam resultados de
transientes de corrente – tempo e morfologias dos filmes a diferentes potenciais, ora considerando somente
o eletrólito de etanol como solvente, ora o de etilenoglicol, ou ainda, uma mistura dos dois. Os autores
observaram que as curvas corrente – tempo foram muito similares comparando os eletrólitos de etanol e de
etilenoglicol e todas elas apresentaram três regiões distintas. Entretanto, os nanotubos só foram formados a
partir do eletrólito de etilenoglicol, e um filme denso de TiO2 foi obtido a partir do eletrólito de etanol.

1.3 CONCLUSÃO
Diferentes autores têm priorizado avaliar a uniformidade, dimensões e outras características dos ATNTs,
ora produzidos em eletrólitos aquosos, ora em orgânicos, ou até mistos. Há também uma tendência em se
comparar diferentes parâmetros que controlam a cinética de cristalização do TiO2 nanoestruturado. De um
modo geral, no campo dos biomateriais, combinações de diferentes métodos de modificação de superfície,
como mecânicos, físicos e químicos, têm sido explorados e, por vezes, estes estudos são complementados
com testes de viabilidade celular. E, mais recentemente, resultados de alguns estudos inovadores têm sido
utilizados na contestação da teoria FAD, mas isso ainda é objeto de muita discussão e controvérsias pela
comunidade científica.

2 31
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. AGRADECIMENTOS
CAPES e a PROPG-UNESP pelo financiamento deste projeto.

3. REFERÊNCIAS
DOMÍNGUEZ-TRUJILLO, C.; TERNERO, F.; RODRÍGUEZ-ORTIZ, J. A.; HEISE, S.; BOCCACCINI, A. R.;
LEBRATO, J.; TORRES, Y. Bioactive coatings on porous titanium for biomedical applications. Surface and
Coatings Technology, [s. l.], v. 349, n. April, p. 584–592, 2018.
MACAK, J. M.; TSUCHIYA, H.; GHICOV, A.; YASUDA, K.; HAHN, R.; BAUER, S.; SCHMUKI, P. TiO2
nanotubes: Self-organized electrochemical formation, properties and applications. Current Opinion in Solid
State and Materials Science, [s. l.], v. 11, n. 1–2, p. 3–18, 2007.
MANSOORIANFAR, M.; RAHIGHI, R.; HOJJATI-NAJAFABADI, A.; MEI, C.; LI, D. Amorphous/crystalline
phase control of nanotubular TiO2 membranes via pressure-engineered anodizing. Materials and Design,
[s. l.], v. 198, p. 109314, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.matdes.2020.109314>
MINAGAR, S.; BERNDT, C. C.; WANG, J.; IVANOVA, E.; WEN, C. A review of the application of anodization
for the fabrication of nanotubes on metal implant surfaces. Acta Biomaterialia, [s. l.], v. 8, n. 8, p. 2875–
2888, 2012. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1742706112001523#f0010>.
Acesso em: 23 jan. 2019.
ROBERTSON, S. F.; BANDYOPADHYAY, A.; BOSE, S. Titania nanotube interface to increase adhesion
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Technology, [s. l.], v. 372, n. April, p. 140–147, 2019. Disponível em:
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SHAH, A.; ISMAIL, S. N. F.; HASAN, M. A.; DAUD, R. Surface Modification on Titanium Alloy for Biomedical
Application. In: Reference Module in Materials Science and Materials Engineering. [s.l: s.n.]. p. 1–9.
SORO, N.; BRASSART, L.; CHEN, Y.; VEIDT, M.; ATTAR, H.; DARGUSCH, M. S. Finite element analysis of
porous commercially pure titanium for biomedical implant application. Materials Science and Engineering:
A, [s. l.], v. 725, p. 43–50, 2018. Disponível em:
<https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0921509318305069>
STRÓŻ, A.; ŁOSIEWICZ, B.; ZUBKO, M.; CHMIELA, B.; BALIN, K.; DERCZ, G.; GAWLIKOWSKI, M.;
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YUFEROV, Y. V; POPOV, I. D.; ZYKOV, F. M.; SUNTSOV, A. Y.; BAKLANOVA, I. V; CHUKIN, A. V;
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Ti anodization in NH4F electrolyte: Evidence against the field-assisted dissolution reactions of fluoride ions.
Electrochemistry Communications, [s. l.], v. 111, n. January, p. 106663, 2020. Disponível em:
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ZIKALALA, S. A.; SELVARAJ, R.; AL MARZOUQI, F.; KUVAREGA, A. T.; MAMBA, B. B.; MHLANGA, S. D.;
NXUMALO, E. N. Tailoring TiO2through N doping and incorporation of amorphous carbon nanotubes via a
microwave-assisted hydrothermal method. Journal of Environmental Chemical Engineering, [s. l.], v. 8, n.
5, p. 104082, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.jece.2020.104082>

32
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO SUPERFICIAL DO TITÂNIO PARA PRODUÇÃO DO
LAMINADO METAL FIBRA DE TITÂNIO/FIBRA DE CARBONO/PAEK

Eduardo Pires Bonhina*; Edson Cocchieri Botelhoa, Marcos Valério Ribeiroa


aUniversidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Escola de Engenharia, Departamento de Materiais e
Tecnologia, 12.516-410, Guaratinguetá, São Paulo, Brasil
*e-mail: eduardo.bonhin@unesp.br

Resumo. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência da variação de parâmetros de tensão
(10, 20, 30 e 40V, bem com o tempo (5, 10 e 15 min) na anodização na liga de Ti6Al4V, tendo como intuito
promover alteração das características da superfície e consequentemente melhorar a adesão interfacial na
produção do compósito laminado metal fibra. A fim de determinar as melhores condições de anodização foram
realizadas medidas de ângulo de contato. Com os resultados pode-se concluir que dentre todas as condições
a que resultou em valores de ângulo de contato mais próximos do desejado, foi a condição de 20V durante
10min.

Palavras-chave: FML; Compósito; Termoplástico; Ti6Al4V;

1. INTRODUÇÃO
A desenvolvimento e a utilização de materiais compósitos, em especial no setor aeronáutico, têm ganhado
destaque desde a década de 60, época na qual esses materiais foram aplicados pela primeira vez em
aeronaves militares [1]. Isso porque tais materiais apresentam uma excelente relação resistência peso, sendo
muitas vezes aplicados como substitutos de ligas de alumínio e titânio, resultando na redução de peso de
forma expressiva [2].
Entre os mais variados tipos de materiais compósitos existentes, há uma classe de denominada de laminados
metal fibra ou “fiber metal laminate” (FML). Esses são compósitos híbridos constituídos de camadas de
materiais metálicos, sendo normalmente as ligas de alumínio 7075 ou 2024-T3, intercaladas com camadas
de resinas epóxi reforçadas com fibras cerâmicas (vidro, carbono ou aramida) [3,4]. Devido a essa combinação
de constituintes, esses apresentam características únicas como elevada resistência a propagação de trincas
por fadiga e ao impacto, baixa massa específica quando comparado a materiais metálicos monolíticos,
elevada resistência a corrosão e ao fogo [5].
Atualmente uma das principais aplicações dos laminados metal fibra é na fuselagem de aeronaves, como por
exemplo no caso do Airbus A380, o qual tem praticamente todo o seu revestimento externo feito em GLARE®.
Nesse caso cada um dos componentes têm um papel importante no desempenho da fuselagem. O polímero
presente na camada de compósito atua como uma barreira contra a umidade, reduzindo a incidência e a
severidade da corrosão do material metálico. Já a camada metálica e as fibras são responsáveis pela
resistência mecânica e também por absorver parte da energia em impactos [6].
Contudo, mesmo que as camadas metálicas e as fibras absorvam parte da energia em impactos, Shanmugam
et al., (2020) citam que as matrizes poliméricas termorrígidas como por exemplo as de epóxi apresentam
comportamento frágil, de modo que impactos podem causar a fratura das camadas. Os autores citam que
esse problema pode ser minimizado substituindo-as por matrizes termoplásticas, as quais são menos frágeis
e mais tenazes. Além desse benefício, Kazemi et al. (2020), citam que a substituição por polímeros
termoplásticos para produção desses laminados apresenta outras vantagens como reciclabilidade,
termoformabilidade, soldabilidade e aumento da taxa de produção.
Outro ponto no desenvolvimento de novos laminados metal fibra que vem sendo foco de estudo de diversos
pesquisadores é a substituição das ligas de alumínio, tradicionalmente utilizadas na produção de FML, por
ligas de titânio. Segundo Kazemi et al. (2020), a troca por ligas de titânio tem como por objetivo possibilitar a
aplicação desses compósitos em condições de temperaturas mais elevadas, bem como em ambientes mais
agressivos.
Segundo Park et al. (2010) e Gonzalez-Canche et al. (2018), independentemente dos materiais constituintes
de qualquer FML, um dos aspectos mais importantes e críticos para produção desse tipo de compósito é a
adesão interfacial entre a matriz polimérica e as camadas metálicas. Ambos autores relatam que é essencial
conseguir uma boa adesão entre os materiais como forma de garantir uma transferência de cargas durante
as solicitações mecânicas. Caso a adesão interfacial seja fraca ou deficiente, podem ocorrer problemas de

33
delaminações (descolamentos) entre as camadas, os quais consequentemente levam a falha do material [6].
De acordo com Gonzalez-Canche et al. (2018), a adesão interfacial depende da interação entre os dois
componentes e pode ser resultado de ancoragem mecânicas ou interações químicas. Ainda segundo os
autores, a interação entre os materiais pode ser afetada diretamente pelas características físico-químicos do
metal, de modo que diferentes técnicas de tratamento superficial (abrasão mecânica e ou tratamentos
químicos), podem ser utilizadas com objetivo de melhorar a adesão interfacial entre o metal e o polímero.
Portanto o presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência do tratamento químico de superfície de
anodização na liga de Ti6Al4V, tendo como intuito promover a alteração das características da superfície e
consequentemente melhorar a adesão interfacial na posterior produção do laminado metal fibra constituído
com a liga, fibra de carbono e poliariletercetona (PAEK).

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para realização desse trabalho foi utilizada uma chapa de liga de Titânio Alumínio Vanádio (Ti6Al4V) com
0,40 mm de espessura, bem como diversos reagentes químicos para o tratamento de superfície, sendo esses
acetona PA, solução de ácido nítrico, ácido fluorídrico, hidróxido de sódio, tartarato de sódio-potássio, ácido
etilenodiamino tetra-acético e silicato de sódio.
Inicialmente foram cortados em uma guilhotina 12 corpos de prova da liga de titânio com dimensões de 40mm
de comprimento por 15 mm de largura. Posterior a isso, esses então foram devidamente limpos em água
corrente utilizando detergente neutro e uma esponja de nylon, seguido da limpeza com acetona PA. Tal
procedimento foi realizado com intuito de remoção de impurezas como gordura, óleos, entre outros, que
pudessem estar aderidos na superfície.
Após esse procedimento os corpos de prova foram então submetidos ao processo de decapagem química, o
qual tem intuito de remover a camada de óxido presente na superfície da liga. Para tal, foram imersos em
uma solução de ácido nítrico (350g/L) e ácido fluorídrico (60g/L) sob constante agitação por um período de
aproximadamente 40 segundos. Uma vez retirados da decapagem foram lavados em água corrente e secados
com auxílio de um soprador térmico. Vale ressaltar que esse procedimento foi realizado individualmente um
corpo de prova por vez.
Imediatamente na sequência, cada corpo de prova foi transferido para uma cuba eletrolítica e posicionado
paralelamente entre dois eletrodos de cobre, sendo que dentro dessa cuba continha a solução de anodização,
sendo essa composta por hidróxido de sódio (300g/L), tartarato de sódio-potássio (65g/L), ácido
etilenodiamino tetra-acétido (30g/L) e silicato de sódio (6g/L).
Posicionado devidamente o corpo de prova, esse então foi submetido ao processo de anodização, para tal foi
utilizada uma fonte de alimentação de corrente continua da marca AGILENT, modelo E3634A de 175 W de
potência. Como forma de avaliar a influência da tensão aplicada, bem como do tempo de exposição ao
processo de anodização, foram realizadas anodizações com quatro valores de tensão (10, 20, 30 e 40 V) e
três intervalos de tempo (5, 10 e 15min), sendo esses valores definidos a partir da literatura [10].
Após os processos de anodização cada corpo de prova foi imerso em água destilada com intuito de cessar o
processo, bem como de remover qualquer solução remanescente na superfície. Na sequência foram lavados
em água corrente e posteriormente em álcool e secos novamente com auxílio do soprador térmico.
Como forma de avaliar a influência das diferentes tensões, bem como dos tempos de anodização, foram
realizadas medidas de ângulo de contato em cada corpo de prova, sendo que esses valores foram
confrontados medidas feitas em uma amostra padrão da liga e uma amostra que passou pelo processo de
decapagem. A medida de ângulo de contato tem a função de quantificar a molhabilidade do material, ou seja,
a interação superficial com um fluído específico. Para esse estudo foi utilizado água deionizada como fluído
de deposição e foram realizadas cinco medidas diferentes em cada corpo de prova. Esses ensaios foram
feitos no equipamento Drop Shape Analyzer DSA100 da marca KRÜSS.

3. RESULTADOS E DISCUÇÕES
Durante a etapa de anodização em cinco das 12 condições utilizadas na anodização tiveram o processo
interrompido no tempo de aproximadamente 5min, sendo essas condições: 20V com 15 min; 30V com 10 e 5
min; 40V com 10 e 15 min. Esses problemas ocorrem devido aos grandes aumentos nas resistências elétrica
do material, os quais foram resultados da formação de camadas de óxido mais espessas e compactas na
superfície da liga. Segundo Wu et al. (2014), o aumento na espessura da camada de óxido ocorre em função
do tempo de anodização, entretanto esse crescimento apresenta um limite superior devido aos processos de
formação e dissolução da camada que ocorrem simultaneamente na superfície, de modo que em um dado
momento esses se igualam, cessando o crescimento. Já no caso da influência da tensão, mais menores
propiciam a formação de camadas com grande número de poros pequenos, enquanto que em tensões mais

34
altas esses poros são menos numerosos, mas mais grandes, resultando em uma superfície mais compacta.
No que respeito ao restante das condições de anodização, mediante ao ângulo de contato (Fig. 1), não foi
possível identificar um comportamento previsível envolvendo tanto em relação a tensão aplicada quanto em
relação ao tempo do processo.
Figura 1: Ângulo de contato em função do tempo e da tensão

Fonte: Autoria própria.


Entretanto foi possível identificar que para o menor valor de tensão aplicado à medida que o tempo de
anodização aumentou menor foi a gota de água formada na superfície da liga, indicando uma maior interação
entre ambos, de modo que a superfície passou de uma condição hidrofóbica para hidrofílica. Esse resultado
é decorrência do aumento da microrugosidade gerada pelo crescimento dos óxidos na superfície, a qual é
resultado da formação de poros pequenos e em grandes quantidades, o que consequentemente resultou no
aumento da superfície de contato do corpo de prova.
Outro ponto que se notou, foi que ao aumentarmos a tensão de 10V para 20V houve também um melhor
espalhamento da gota, ou seja uma maior interação da liga com o fluído. Comportamento esse que não foi
seguido ao aumentarmos a tensão de 20V para 30V, nem para 40V. Esse resultado provavelmente ocorreu
pois de acordo com Wu et al. (2014), normalmente em tensão elevadas os poros que se forma na superfície
são maiores e em menor quantidade, resultando numa superfície mais compacta e com menor área de
contato.
Com relação aos valores de ângulo de contato (Tab. 1), identificou-se ao comparar com a amostra de controle,
bem como com a amostra somente decapada, em praticamente todas as condições de anodização houve
uma grande variação no valor médio do ângulo de contato, sendo exceções as condições de 10V com 5min
e 30V com 5min. Identificou-se também que o menor valor ocorreu com 20V com 5min, enquanto que o maior
para 40V com 5min.
Tabela 1: Valores do ângulo médio em cada uma das condições de anodização
Condição Ângulo contato médio (º) Desvio Padrão
Controle 79,5 ± 7,6
Decapagem 91,8 ± 2,7
10V e 5min 89,3 ±11,5
10V e 10min 5,5 ± 2,0
10V e 15min 6,5 ±1,5
20V e 5min 0 ±0
20V e 10min 16,4 ± 3,0
30V e 5min 86,8 ± 9,5
40V e 5min 102,4 ± 6,4
Fonte: Autoria própria.
Entretanto valores extremos como esses não são indicados para o propósito desse trabalho, visto que valores
muito altos indicam uma possível tendência de repulsão do polímero a ser empregado para a produção do

35
laminado, bem como em caso de valores baixos a tendência de escoamento (vazamento) do polímero quando
aplicada pressão e temperatura durante o processo de consolidação. Desse modo a condição que apresentou
melhor resultado de superfície para produção de laminado metal fibra foi 20V com 10min.

4. CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que o tratamento de anodização aplicado na liga e Ti6Al4V
influencia diretamente nas características da superfície do material. Entretanto não se identificou um
comportamento previsível em relação ao aumento da tensão, bem como do tempo de exposição.
Além disso, foi possível concluir que dentre todas as condições avaliadas a que resultou em valores de ângulo
de contato mais próximos do desejado, sendo esses valores intermediários (20 a 40º), foi a condição de 20V
durante 10min. De modo que para os primeiros testes de produção do laminado metal fibra de
Ti6Al4V/PEAK/Fibra de carbono, as camadas da liga serão anodizadas na respectiva condição.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coodernação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior- Brasil (CAPES) - código de financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
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https://doi.org/10.1201/9781420056969.
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Mechanical Drilling on Fiber Metal Laminates. J. Compos. Mater. 2021, 55 (6), 843–869.
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Interface of Ti Alloy/UHMWPE-Elium® Laminates. Compos. Part B Eng. 2020, 181 (August 2019),
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Laminates Manufactured with an Innovative Acrylic Resin at Room Temperature. Compos. Part A
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Electrochemical Impedance of Andic Oxide Films on Titanium Alloy in Tartrate Solution. Int. J.
Electrochem. Sci. 2014, 9 (9), 5012–5024.

36
CORROSÃO ELETROQUÍMICA NO AÇO 4130 NO REVESTIMENTO INCONEL 625
SOLDADO PELO PROCESSO TIG

Élida Mariana Almeida Alvesa*; Ana Carolina Rodrigues de Sá Silva a; Peterson


Luiz Ferrandinia; Roberto Zenhei Nakazatoa; Eduardo Norberto Codaroa;
a
Universidade Estadual Paulista-UNESP, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de
Química e Energia, Avenida Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, Guaratinguetá, SP, Brasil
* elida.alves@unesp.br

Resumo. Este trabalho avalia a resistência a corrosão no revestimento Inconel 625 utilizado no
substrato de aço AISI 4130 realizado pelo processo de soldagem TIG (GTAW). Avaliaram-se
três amostras com duas diferenças de revestimento e no aço 4130 sem revestimento. As duas
amostras com diferenças de revestimento, a com maior revestimento obteve como resultado
maior espessura e uma maior resistência na taxa de corrosão. A amostra do aço AISI 4130,
obteve resistência a taxa de corrosão devido a presença de cromo e Molibdênio. Concluir-se
resistência à corrosão do revestimento em ambiente corrosivo em indústria de extração de
petróleo.

Palavras-chave: Inconel 625; Aço 4130; TIG(GTAW); taxa de corrosão

1 INTRODUÇÃO
A utilização dos revestimentos resistentes à corrosão e a oxidação adequados, como as ligas de
inconel (IN), são indicados para evitar sérios danos aos aços. Revestimentos contendo cromo
podem melhorar a resistência de uma superfície à corrosão e oxidação (Naghiyan Fesharaki et
al., 2019). As ligas a base de níquel Inconel 625 são frequentemente utilizadas em ambientes
aquáticos com altas temperaturas e pressões. Um aumento na temperatura, pressão e oxigênio
dissolvido poderia promover o processo de corrosão (Fujii et al., 2014; Kim et al., 2010; L. Wang
et al., 2017).
A corrosão do aparelho resulta na mudança de solução; dificuldade em desenvolver um eletrodo
de referência efetivo para detectar o comportamento eletroquímico in situ em altas temperaturas
e pressões; controlar os testes eletroquímicos, problemas nas condições de alta temperatura e
alta pressão. Para resolver estes problemas, precisa-se investigar o efeito dos íons cloreto na
corrosão do IN 625 em ambientes marítimos (Sun et al., 2009). No entanto, o IN 625 revestido
para proteção do aço em ambiente aquoso pode ser danificado por corrosão eletroquímica,
porque o revestimento não é galvanicamente contra o substrato de aço, portanto, os materiais
anticorrosivos resistentes são limitados para a proteção do aço em ambiente corrosivo severo,
onde as forças físicas e mecânicas são aplicadas externamente (Park & Kim, 2017). O objetivo
deste trabalho é avaliar o revestimento de soldagem no processo TIG(GTAW) em resistência
corrosão na deposição de Inconel 625.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
O Inconel 625 foi utilizado como o metal de adição pelo processo TIG (GTAW) com 1,2mm de
diâmetro, foi depositado em uma chapa AISI 4130 (130mm x 30mm x 15mm). Inicialmente o
metal de base (MB) foi pré-aquecido com o maçarico até atingir a temperatura 130°C. A
soldagem foi realizada, na posição plana e um ângulo de 45° com a superfície do substrato, foi
executado um único revestimento lado a lado de uma única camada, no substrato de 133mm,
com a corrente de soldagem 185 A, tensão de soldagem 13V, velocidade de soldagem 18mm/s
e aporte térmico 0,8kj/mm e a gás de proteção foi o Argônio (Ar) com vazão de 15l/min. O
revestimento de solda foi de 2,13mm de profundidade e 15, 862mm de largura, foram medidas

37
utilizando o projetor de perfil.
Para realização do ensaio de corrosão com água do mar sintética segundo a norma (ASTM-
D1141, 2013). Esse ensaio foi feito com três amostras de aço AISI 4130 com diferentes
espessuras de revestimentos de Inconel 625: 5mm, 2 mm e o aço AISI 4130 puro. Os testes de
polarização foram conduzidos em uma célula convencional de três eletrodos, a placa de platina
foi utilizada como eletrodo auxiliar, e um eletrodo Ag/AgCl como eletrodo de referência saturado
com KCl. A área exposta do eletrodo de trabalho foi de 1cm 2. Os procedimentos experimentais
foram conduzidos para cada uma das amostras como uma taxa de varredura de 0,166Mv/min o
experimento de polarização potencial de circuito aberto (OCP) durante 4 horas. As curvas de
polarização de Tafel foram para a região, na considerada linear fora da região para os ramos
catódicos +250mV e ramo anódicos -250mV a partir do OCP plotadas na faixa de potencial. E
através do software Autolab NOVA 1.8. As curvas de polarização foram obtidas a partir do
método da extrapolação de Tafel, tais como; a densidade de corrente de corrosão (i corr), na
qual é determinada a taxa de corrosão através da aplicação da lei de Faraday, foram
determinadas pela técnica de extrapolação de Tafel. Os parâmetros do teste das curvas de
Tafel, coeficientes anódicos (βa) coeficientes catódicos (βc), a taxa de corrosão (Rcorr) e
potencial de corrosão (Ecorr).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nas Figuras 1, 2 e 3 e na Tabela 1 apresentam os resultados dos ensaios de resistência a
corrosão, dos parâmetros médios das curvas de polarização de OCP polarização de Tafel. Foi
calculado a taxa de corrosão eletroquímica para explicar as curvas de OCP e polarização de
Tafel no aço AISI 4130 revestido com Inconel 625 e também no aço AISI 4130 puro obtidas em
solução de água do mar sintética naturalmente arejada, o ensaio foi realizado com variação na
espessura do revestimento em relação ao substrato de 2,0 mm e 0,5mm e no aço AISI 4130
puro.
As curvas de OCP e polarização de Tafel, apresentadas nas figuras 1,2 e 3 nas quais cada
amostras com as suas respectivas variações na camada no revestimento de Inconel 625.Na
tabela 1 apresenta os parâmetros médios das curvas de OCP e de Tafel. As amostras AISI 4130
revestidas com Inconel 625, apesar de variarem a espessura do revestimento em relação ao
substrato obteve pouca variação nos seus respectivos resultados, e da amostra do aço AISI 4130
sem revestimento é observada diferenças sem a camada de proteção com Inconel 625.
Inicialmente foi realizado o ensaio de corrosão com duas amostras diferentes e com variação de
espessura do revestimento em relação ao substrato. Nas figuras 1a e 1b apresentam os
resultados das curvas de OCP e polarização de Tafel, no qual foi realizado com a espessura do
revestimento em relação ao substrato de 2mm.

Figura 1: Amostras de 2mm com revestimento de Inconel 625 no aço AISI 4130 a) Curvas de
OCP e b) Polarização de Tafel

38
As Figuras 2a e 2b, apresentam diferenças na espessura do revestimento em relação ao
substrato de 0,5mm, onde pode-se observar que quando a espessura de revestimento foi menor,
ocorreu uma maior taxa de corrosão e a sobretensão anódica obteve um valor maior na taxa de
corrosão (Rcorr), devido o revestimento ter tido uma reduzida espessura, em razão será menor
a resistência ao ambiente corrosivo isto a proteção será menor devido a camada de Inconel
revestido ter sido menor. Na tabela 1 verifica-se os dados dos resultados das curvas, na qual foi
realizada em OCP e Polarização de Tafel.

Figura 2:Amostras 0,5mm de revestimento de Inconel 625 no aço AISI 4130 a) Curvas de OCP;
b) Polarização Tafel

Nas duas espessuras do revestimento com Inconel 625 com 2mm e 0,5mm (Figuras 1, 2 e 3, e
Tabela 1), cada amostra obteve seus respectivos resultados conforme a sua camada revestida
no aço. (L. Wang et al., 2017) afirmam que o NaCl pode ser estimulada a corrosão eletroquímica
do Inconel 625. Os parâmetros de corrosão com camada de Inconel 625 no aço 4130,
apresentaram seus valores listados na Tabela 1 e os resultados das curvas de OCP e polarização
de Tafel, ilustram de forma nítida que a diferença dos revestimentos indicou os valores
proporcionalmente as suas camadas de revestimento.
O potencial ativo do Inconel 625 torna-se, positiva o aumento da concentração de NaCl na qual
revela a resistência a corrosão degradada do Inconel 625. Portanto, os íons cloreto podem
efetivamente promover a corrosão do Inconel 625 (L. Wang et al., 2017) .O potencial de corrosão
é um indicador estático da resistência eletroquímica a corrosão, que revela a suscetibilidade a
corrosão do material. Em geral, quanto maior o valor da corrosão, ou pequenas correntes de
corrosão sempre oferecem maiores a resistência corrosão do material (S. Wang et al., 2011; Xu
et al., 2017, 2018).
A liga do aço AISI 4130 puro sem revestimento, também foi estudado através dos ensaios de
resistência à corrosão e igualmente foi utilizado a solução de água do mar sintética. Como
apresenta na figura 3a e 3b, o estudo realizado nas curvas OCP e Polarização de Tafel. Na
tabela 1 apresenta os valores dos parâmetros médios calculados nas curvas, e podemos
observar uma grande diferença nos resultados, que o aço AISI 4130 sem revestimento obteve
um alto potencial de corrosão E(corr) e OCP(V).

39
Figura 3: Amostras do aço AISI 4130 a) Curvas OCP; b) Polarização Tafel

(Xu et al., 2017), resistência a corrosão devido a presença de cromo (Cr) e molibdênio (Mo), na
qual o aço AISI 4130 também possui essas composições química, na qual pode ser observar na
tabela 1.
Tabela 2:Parâmetros médios calculados a partir das curvas de OCP e de Tafel

Amostras OCP (V)


Ecorr Icorr 𝛽a 𝛽c R(corr)
(mV) (A.cm-2) (K.cm2)
2,0 mm -0,207 -0,233 6,16x10-8 0,198 0,109 495,5
0,5 mm -0,141 -0,194 5,00x10-8 0,208 0,082 510,6
AISI 4130 -0,700 -0,727 1,38x10-6 0,081 0,121 15,26

4 CONCLUSÃO
Concluiu-se que quanto maior for a espessura do revestimento Inconel 625 sobre o substrato, o
aço AISI 4130 apresentou uma menor taxa de corrosão para ambientes corrosivos. O aço
também possui resistência a taxa de corrosão por obter composição química de cromo (Cr) e
molibdênio (Mo), com isso é um material apropriado para ambientes corrosivos.

5 AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

6 REFERÊNCIAS
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and properties of TiC particle reinforced Inconel 625 coatings obtained by laser cladding with
wire. Journal of Alloys and Compounds, 740, 16–27.
https://doi.org/10.1016/j.jallcom.2017.12.298

41
RECENTES DESENVOLVIMENTOS NO PROCESSO DE MANUFATURA DE
COMPÓSITOS DE ALTA CADÊNCIA PARA A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Emanuele Schneider Callisayaa*; Manoel Cleber de Sampaio Alvesa


a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá
*schneider.callisaya@unesp.br

Resumo. Os compósitos de matriz polimérica reforçados com fibras de carbono (CFRPs) têm
despertado o interesse do setor automotivo nas últimas décadas devido à sua baixa densidade e alto
desempenho. No entanto, a falta de produção de alta velocidade com eficiência energética, alto custo de
material e ferramentaria para aplicação das técnicas de processamento limitam seu uso na indústria
automotiva, principalmente em grande escala. Portanto, várias tecnologias de aprimoramento na
fabricação de compósitos foram desenvolvidas recentemente para superar essas limitações. Neste
trabalho é realizada a revisão das características e desenvolvimentos nos principais processos de
manufatura aplicados atualmente e sua relação custo-benefício.

Palavras-chave: CFRP; Processamento de compósitos; Indústria automobilística; Compressão à


quente; fibras de carbono.

1. INTRODUÇÃO
A seleção do processo de manufatura para a produção de componentes mecânicos de materiais
compósitos na indústria automotiva é extremamente complexa e de elevada importância para a
manutenção de propriedades da peça final, devendo considerar, principalmente, o tamanho e geometria
da peça, microestrutura desejada, qual o tipo de reforço e a matriz em questão, os requisitos de
desempenho e uma avaliação mercadológica.
Segundo Mazur (2010), o processamento de materiais compósitos pode ser classificado
primeiramente pelo tipo de matriz a ser utilizado (polimérica, cerâmica ou metálica), e também pelo tipo
de processo a ser utilizado para a obtenção do compósito, ou seja, se o processamento será via fase
líquida, gasosa ou pelo uso de partículas sólidas. Por exemplo, considerando os processos de
moldagem via fase líquida como a moldagem por transferência de resina – RTM, injeção, entre outras, a
matriz é líquida durante a fase de moldagem, sendo posteriormente submetida ao processo de
consolidação e cura em termorrígidos, após a qual o material adquire a forma final do componente
desejado (PARDINI, 2006).
Em relação a compósitos reforçados com fibra de carbono de matriz termoplástica, o processamento
pode ser realizado por meio da impregnação da fibra com a matriz termoplástica na forma de filmes ou
pó, de pré-impregnados ou laminados já pré-fabricados. Segundo Mazur (2010) existem dificuldades
específicas em comparação aos compósitos de matriz termorrígida que devem ser consideradas na hora
da escolha do processamento. Uma vez que as matrizes termoplásticas apresentam maior viscosidade
em torno de 103 – 106 Pa.s em comparação às resinas termorrígidas (< 100 Pa.s) a molhabilidade do
polímero no reforço é dificultada levando à menor a adesão entre as fibras e a matriz e contribuindo para
formação de vazios e falhas na região de interface matriz/reforço (SALEK, 2005). Todas essas
peculiaridades impostas no processamento de compósitos com matriz termoplástica podem resultar em
dificuldades na distribuição/homogeneização da matriz sobre o reforço, favorecendo tensões térmicas
residuais e defeitos na estrutura cristalina da matriz polimérica que pode acarretar a falha do
componente (COSTA, 2006).
Não obstante, a necessidade de processamento em temperaturas elevadas, que podem chegar a
400ºC, juntamente com a falta de adesividade dos pré-impregnados termoplásticos, tem exigido técnicas
de processamento diferentes daquelas usadas para compósitos termorrígidos. Uma técnica de baixo
custo tem sido a laminação e a consolidação por aquecimento de uma placa plana, seguido por uma
termoformagem até o formato da peça desejada. Dependendo do tamanho ou formato da peça, é
empregada uma técnica de pré-aquecimento ultra-sônico das camadas durante a laminação para
compensar a falta de adesividade que poderia permitir que camadas deslizassem para fora do contorno
esperado da peça. (BERSEE, 2006).

1 42
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. PRINCIPAIS PROCESSOS E TECNOLOGIAS DE MANUFATURA, APLICAÇÕES E ASPECTOS


ECONÔMICOS

Considerando os componentes de CFRPs, diversas técnicas podem ser aplicadas para seu
processamento em ambiente indústrial, tais como: moldagem em autoclave/hidroclave, bobinagem
contínua, moldagem a vácuo, tecnologia de pré-impregnados, processo de injeção para manufatura de
compósitos e a técnica de moldagem por compressão a quente (MAZUR, 2010). Sendo a última de
maior aplicabilidade à indústria automotiva. Em geral, o processamento de compósitos termoplásticos
separado em duas etapas, onde na primeira geralmente é feita a pré-consolidação em uma placa
laminada e, na segunda etapa, a conformação com a aplicação de calor e pressão. O processo, na
segunda etapa, conta com a aplicação de uma prensa acoplada a um sistema térmico, que permite
ciclos rápidos de processamento (de 1 a 5 min), acarretando em elevados volumes de produção
(COSTA, 2006; PARDINI, 2006).
Entretanto, apesar das excelentes propriedades obtidas com a aplicação dos compósitos reforçados
com fibras para aplicações automotivas, o desenvolvimento de um sistema de fabricação rápida e uma
alternativa econômica aos metais ainda apresenta diversos desafios. Segundo SARFRAZ; HONG e KIM
(2021), para superar esses desafios, várias tecnologias de fabricação foram desenvolvidas nas últimas
décadas para industrializar sua produção na indústria automobilística, sendo elas em destaque:
moldagem por transferência de resina (RTM), Moldagem por injeção de reação (RIM), Infusão de resina
assistida a vácuo (VARI) e a Moldagem por compressão a quente.
Segundo Santana (2010), o processo de moldagem por compressão destaca-se dentre os processos
tecnológicos que apresentam maior vantagem e ganhos econômicos, sendo aplicado em estudos de
parcerias entre indústria-universidades, com o objetivo da redução dos custos de modo a ampliar o uso
deste tipo de compósitos sem, no entanto, onerar em demasia os custos com a aquisição de novas
ferramentas de moldagem (BERSEE, 2006). A manufatura através do processo de moldagem por
compressão a quente, ou termoformagem, consiste em laminar os pré-impregnados e pré-consolidá-los
por prensagem a quente. Estes laminados são, então, cortados e moldados na obtenção da peça. O
segundo processo é conhecido como consolidação in-situ, o qual utiliza a laminação contínua e a
consolidação direta da peça (REZENDE e BOTELHO, 2009).

2.1 PROCESSAMENTO SEGUNDO MOLDAGEM POR COMPRESSÃO À QUENTE

A moldagem por compressão é a tecnologia de manufatura mais adotada para o processamento de


compósitos reforçados com aplicações automotivas estruturais e não estruturais (SARFRAZ; HONG;
KIM, 2021) e tem se destacado e ganhado grande aplicação dentre os processos de conformação
disponíveis para compósitos termoplásticos, devido ao seu baixo custo e elevada produtividade
(SANTANA, 2010). O processo básico de fabricação por esse método envolve a conversão de uma pré-
forma de material (uma mistura de resina e fibras) no produto necessário, utilizando moldes de metal
correspondentes. A moldagem por compressão à quente é uma técnica de fabricação derivada do
processo de estampagem de chapas metálicas, sendo esta de fácil moldagem e execução e com custo
competitivo (MAZUR, 2010).
O processamento via moldagem por compressão a quente de compósitos termoplásticos pode ser
dividido em três etapas principais: aquecimento ou fusão/amolecimento, consolidação e resfriamento ou
solidificação (MAZUR, 2010), conforme Figura 1. Na primeira etapa, a temperatura do sistema é elevada
até um determinado ponto acima da temperatura de fusão ou amolecimento do polímero. Na segunda
etapa, ocorre a consolidação, onde a temperatura permanece constante por um determinado período,
simultaneamente à aplicação da pressão mantida constante por todo o período de tempo, denominado
tempo de residência. Na terceira etapa, durante a solidificação, o sistema é resfriado naturalmente
mantendo-se a pressão constante até que se atinja a temperatura de transição vítrea (Tg) do polímero.
Após esse período, a pressão é retirada, o molde é aberto e o compósito removido.

Figura 1. Perfil de processamento de compósitos termoplásticos durante a moldagem por compressão a


quente em termos de pressão, tempo e temperatura.

2 43
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: Adaptado de (Mazur, 2010).

Segundo RAJAK et al. (2019) a moldagem por compressão a quente é útil principalmente para peças
complexas de polímero reforçado com fibra de vidro, por ser um método de alto volume e alta pressão
que funciona em um ciclo de tempo rápido onde são aplicados moldes de metal pré-aquecidos de 250°F
a 400°F (120°C a 205°C) montados em grandes prensas de moldagem hidráulicas ou mecânicas.
Contribuições recentes foram feitas para aprimorar materiais carregados anteriormente com epóxis de
cura rápida, redução no tempo de ciclo geral e desenvolvimento de novos materiais para aplicação da
técnica de compressão à quente. Termoplásticos reforçados com fibra longa (LFTs) e moldagem por
compressão pré-impregnada (PCM) foram recentemente descritos como os materiais mais promissores
para obter componentes de alta resistência com moldagem por compressão (HOLMES, 2017).
Outro ponto de atenção desta técnica de processamento é o fato do ciclo térmico e as cargas
mecânicas aplicadas poderem resultar em uma má distribuição da resina da matriz em relação às fibras
e ocasionar o surgimento de vazios, devido à baixa viscosidade da matriz durante o processamento ou a
um excesso de compactação que pode expulsar a resina por sobre a matriz, podendo afetar as
propriedades mecânicas finais do laminado (SANTANA, 2010). Quando moldados por compressão a
quente, os polímeros semicristalinos diferem dos amorfos, pois sua estrutura cristalina pode mudar
dependendo do ciclo térmico utilizado durante a moldagem e, portanto, o grau de cristalinidade pode ser
controlado pela taxa de resfriamento (SANTANA, 2010). O conhecimento da cristalinidade é relevante,
pois as propriedades mecânicas dos polímeros semicristalinos é função da porcentagem de
cristalinidade. As regiões cristalinas da matriz polimérica possuem maior rigidez devido ao
empacotamento das cadeias poliméricas e maiores níveis de interação intermolecular, quando
comparadas com as regiões amorfas do mesmo polímero (JAMES, BRADDON e FRASER, 2010).

2.1.1 Relação custo benefício do processo de moldagem por compressão à quente


A relação custo-benefício da moldagem por compressão à quente depende de vários fatores, como
tipo de material, equipamento, custos de energia e nível de automação (SARFRAZ; HONG; KIM, 2021).
Em se considerando o uso de compostos para moldagem em folha (SMCs) foi observada um grande
crescimento na indústria automotiva nos últimos 25 anos (MALLICK, 2010), com vantagens não apenas
a redução de peso em relação ao aço, mas também o menor custo com ferramentas e consolidação de
peças. O custo do ferramental para peças SMC de moldagem por compressão é 40–60% menor do que
para peças de aço estampadas, o que contribui para o aumento da relação de custo-benefício da
aplicação do processo na indústria automotiva.
O tipo de matéria-prima usado nas prensas, como GMT, LFT, SMC, BMC ou pré-impregnado afeta
grandemente o custo do capital inicial. Para cálculos de custos, segundo Baskaran et al. (2014), o custo
da prensa, energia e encargos com automatização, pode ser estimado facilmente, já o custo advindo das
matérias-primas depende do tipo de aplicação, como por exemplo, os compostos de fibra de vidro
usados nos painéis da carroceria apresentarem valor bem mais reduzido quando comparados aos
componentes estruturais baseados em fibra de carbono.

3. CONCLUSÕES
As tecnologias de fabricação de compósitos caracterizam um ponto crítico de aprimoramento na indústria

44
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

automotiva uma vez que as aplicações de CFRP em estruturas automotivas têm se expandido
rapidamente nos últimos anos. As combinações de múltiplas possibilidades de compósitos reforçados
impulsionaram as tecnologias de manufatura para o setor automotivo. A manufatura pelo processo de
moldagem por compressão caracteriza-se vantajosa por ser um processo de fabricação mais simples, de
tempo de ciclo rápido, mas que garante a capacidade de produção de componentes estruturais
complexos e com excelente custo-benefício. Entretanto, esta técnica requer um alto capital inicial para
moldes, prensas e unidades de preparação. As melhores propriedades mecânicas obtidas em
componentes moldados por compressão comparadas a processos convencionais em conjunto as
diversas possibilidades de melhorias tecnológicas de aprimoramento através de pesquisas em
laboratório e nas dependências fabris, corrobora e comprova a alta viabilidade de aplicação deste
processo no ambiente industrial do setor automotivo.

4. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

5. REFERÊNCIAS
BASKARAN, M. et al. Manufacturing cost comparison of RTM, HP-RTM and CRTM for an automotive
roof. In: EUROPEAN CONFERENCE ON COMPOSITE MATERIALS, 16., 2014, Seville. Anais […].
Seville: ESCM, 2014.

BERSEE, H. E. N. Thermoplastic composites. In: CETEX CONFERENCE OF THE DELFT UNIVERSITY


OF TECHNOLOGY, 1., 2006, Delft. Anais […]. Delft: DUT, 2006.

COSTA, G. G.. Avaliação da influência dos ciclos térmicos nas propriedades dos compósitos
termoplásticos de pps e pei com fibras de carbono e vidro conformados por prensagem quente.
2006. 156 p. Tese ( Mestrado em Engenharia) - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos, 2006.

HOLMES M. High volume composites for the automotive challenge. Reinforced Plastics. Oxon, v. 61, n.
5, p. 294-8, 2017.

JAMES, E.; BRADDON, N.; FRASER, S. Crystallinity in polymers. Cambridge: Department of materials
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MALLICK, P. K. Materials, design and manufacturing for lightweight vehicles, Sawston: Woodhead
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MAZUR, R. L. Obtenção e caracterização de compósitos de fibras de carbono/PEKK com


aplicações aeronaúticas. 2010. 253 p. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) - Faculdade de
Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010.

PARDINI, L. C.; NETO, F. L. Compósitos estruturais. São Paulo: Edgard Blucher, 2006. 309 p.

REZENDE, M. C.; BOTELHO, E. C. High performance solutions. Sup Composites. Bielefeld, 2009.

SALEK, M. H. Effects of processing parameters on the mechanical properties of carbon/PEKK


thermoplastic composite materials. 2005. 112 p. Dissertação ( Mestrado em Ciência Aplicada) -
Concordia University Montreal, Quebec, Canada, 2005.

SANTANA, F. DE A. estudo do processamento de compóstos termoplásticos a partir de pré-


impregnados PEEK/Fibra de carbono por moldagem por compressão a quente. 2010. 108 p. Tese (
Doutorado em Engenharia Mecânica ) - Universidade de Taubaté, Taubaté, 2010.

SARFRAZ, M. S.; HONG, H.; KIM, S. S. Recent developments in the manufacturing technologies of
composite components and their cost-effectiveness in the automotive industry: A review study.
Composite Structures. London, v. 266, n. 1, p. 113-864, 2021.

4 45
CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE MATERIAIS PARA PRODUÇÃO DE PAINÉIS OSB
TERMORRETIFICADOS

Estefani Suana Sugaharaa* ; Luis Felipe de Paula Santosa; Cristiane Inácio de Camposa;
Edson Cocchieri Botelhoa; Michelle Leali Costaa,b
a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG), SP, Brasil
b Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT), Laboratório de Estruturas Leves (LEL), São José dos Campos, SP, Brasil

* estefani.sugahara@unesp.br

Resumo. Esta pesquisa objetivou caracterizar lascas de madeira de Eucalyptus grandis e adesivo
poliuretano à base de óleo de mamona, materiais utilizados na produção de painéis OSB (Oriented Strand
Board) termorretificados, por meio de análises térmicas, termogravimetria (TGA) e calorimetria exploratória
diferencial (DSC). Primeiramente foi realizada a TGA, visando conhecer a variação da massa dos materiais
(madeira e adesivo) em função da temperatura. Posteriormente, foram realizadas caracterizações com
DSC para a determinação da cura do adesivo. Concluiu-se que para otimização do processo produtivo
pode-se utilizar com segurança a temperatura de 120ºC e tempo de 10 minutos para prensagem e para
termorretificação temperaturas de 175 e 200ºC durante 60 minutos, visto que estes parâmetros não
promovem a degradação dos materiais.

Palavras-chave: Eucalyptus grandis; Adesivo Poliuretano de Mamona; Painéis OSB; TGA; DSC

1. INTRODUÇÃO
Em virtude de seu baixo custo, f acilidade de uso, renovabilidade e baixa emissão de carbono, a madeira
representa um dos materiais de construção mais leves e sustentáveis e suas principais desvantagens
podem ser aprimoradas por meio de processos industriais objetivando melhorar sua durabilidade, dent re o s
quais o tratamento térmico mostra-se um dos métodos mais econômicos e ecológicos, conf erindo a esta
maior resistência ao ataque biológico, à f otodegradação ultravioleta, estabilidade dimensional à umidade,
dureza superf icial e reduzindo a higroscopicidade (CROITORU et al., 2018).
Na madeira modif icada termicamente a composição do material da parede celular e suas propriedades
f ísicas são modif icadas pela exposição a temperaturas maiores de 160°C (SANDBERG; KUTNAR;
MANTANIS, 2017). Todavia, embora exista uma compreensão científ ica suf iciente dos impactos do
processamento de modif icação térmica tem no desempenho de componentes de madeira sólida, há muito
pouco conhecimento científ ico dos impactos do processamento de modificação térmica no desemp enho d e
produtos de madeira (ARO; BRASHAW; DONAHUE, 2014), como no caso dos painéis de madeira.
Segundo o European Committee for Standardization, (2002), o OSB (Oriented Strand Board) é um painel
composto por várias camadas de partículas de madeira longas e orientadas, aglutinadas por um ades iv o . É
utilizado principalmente para f ins estruturais e possui excelentes propriedades f ísicas, mecânicas e
tecnológicas (DEL MENEZZI et al., 2008).
Neste contexto, o objetivo deste estudo f oi caracterizar por meio de análises térmicas por calorimetria
exploratória dif erencial (DSC) e por termogravimetria (TGA) lascas de madeira de eucalipto e adesivo
poliuretano à base de óleo de mamona, materiais utilizados na produção de painéis OSB, para def inição de
parâmetros otimizados para a prensagem e termorretif icação dos painéis visando sua aplicação em
sistemas construtivos industrializados do tipo light frame.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS
Para o desenvolvimento desta pesquisa f oram utilizadas lascas extraídas de tábuas de madeira de
Eucalyptus grandis, as quais f oram doadas pela empresa Vale do Cedro e processadas no Laboratório de
Processamento da Madeira, campus da Unesp de Itapeva. O adesivo bicomponent e poliuretano vegetal
(originado do óleo de mamona), IMPERVEG® AGT 1315 f oi doado pela empresa Imperveg e utilizado na
proporção de 1:1 entre seus componentes (pré-polímero e poliol) e trata-se de uma resina 100% sólida,
isenta de solventes e apresenta consistência f luída e cor âmbar após cura.

1 46
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.2 MÉTODOS

2.2.1 Análise térmica por Termogravimetria


O ensaio de termogravimetria f oi realizado utilizando o equipamento SII Nanotechnology, modelo Exstar
6000, série TG/DTA 6200 e visou conhecer a variação da massa dos materiais (madeira e adesivo),
enquanto estes f oram submetidos a uma programação controlada de temperatura. Como condições
experimentais f oram utilizadas porta amostra de platina, massa de 3,028mg para a madeira e 4,261mg para
o adesivo, atmosf era de nitrogênio com f luxo de 100 mL/min e taxa de aquecimento de 10ºC/min na f aixa de
temperatura entre 30 e 1000ºC.

2.2.2 Análise térmica por DSC


Para a determinação da temperatura e tempo de cura, o adesivo f oi caracterizado utilizando o equipamento
DSC Q20 TA Instruments, em porta amostra hermético de alumínio com massa de 1,400mg e sob
atmosf era de nitrogênio com f luxo de 40 mL/min e taxa de aquecimento de 10ºC/min. O aquecimento do
adesivo ocorreu na f aixa de temperatura de 0 a 300ºC.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 TERMOGRAVIMETRIA
As curvas de TGA e DTG (Figura 1a) mostram que a amostra de madeira apresentou pelo menos 3 etapas
de decomposição térmica conf irmados pela presença de 3 picos na DTG. A primeira perda de massa de
13,2% pode ser atribuída possivelmente à umidade natural presente na amostra e ocorre entre 30°C e
≅118°C. A segunda perda de massa de 60% inicia-se em 207°C, estando relacionada com a decomposição
da madeira. A Figura 1b apresenta as curvas de TGA/DTG do adesivo e indicam que o mesmo inicia seu
processo de decomposição térmica em ≅ 150°C.

Figura 1 - TGA da Madeira (a) e TGA do Adesivo (b).

(a) (b)
Fonte: Autoria própria.

Após def inidas as temperaturas de degradação, f oram realizadas isotermas no equipamento de TGA para
as amostras de madeira e adesivo, utilizando taxa de aquecimento de 10ºC/min até atingir a isoterma
desejada e mantida na temperatura por 60 minutos. As temperaturas avaliadas f oram 150, 175 e 200°C
simulando o processo de termorretif icação dos painéis e verif icando se haveria degradação dos mesmos
para as temperaturas estudadas. Para a maior temperatura (200 ºC) observou-se que a madeira perdeu ≅
8% em massa, o que pode ser atribuído a perda de umidade, e verif icou-se também que a resina não
perdeu massa a esta temperatura por até 60 minutos.

3.2 DSC
A Figura 2 apresenta o perf il térmico de cura do adesivo estudado no presente trabalho. Verif ica -se que o
material apresenta temperatura inicial de cura de 34°C, temperatura de pico de cura de 97°C e f inal de cura
de 152°C com exotermia de 76,29 J/g.

2 47
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 2 – DSC do Adesivo.

Fonte: Autoria própria.

Desta f orma, a temperatura de cura encontrada para o adesivo de aproximadamente ≅ 100ºC é compatível
com o empregado para painéis de partículas aglomeradas de madeira (MDP) no trabalho de Sugahara et al.
(2019), os quais obtiveram ótimos resultados f ísicos e mecânicos utilizando temperatura e tempo médio de
prensagem de 100 ºC e 10 min para a produção de painéis f abricados com o adesivo bicomponente
poliuretano vegetal originado do óleo de mamona.
Assim f oi ef etuada uma isoterma a 100 ºC, para verif icar o comportamento de cura do adesivo, onde o
tempo obtido de cura f oi de ≅ 25 min, valor superior ao comumente utilizado. Desta f orma, f oi realizada uma
nova análise, aumentando a temperatura, com isoterma de 120°C, onde o tempo de cura do adesivo f oi
reduzido para ≅ 5 min.

4. CONCLUSÕES

Conhecido o comportamento dos materiais, visto que o DSC indicou tempo de cura de 5 minuto s, em
virtude da possibilidade de perda de temperatura no interior do painel devido à sua espessura (≅ 13mm)
optou-se por adotar para a prensagem dos painéis um tempo de 10 minutos, dividido em duas etapas c o m
liberação dos vapores no meio do ciclo, procedimento já adotado por outros pesquisadores, no entanto,
utilizando a temperatura de 120°C, para garantir a completa cura do adesivo. Para a termorretif ica ção dos
painéis optou-se por adotar as temperaturas de 175ºC e 200ºC com tempo de 60 minutos, visto que para
as análises realizadas não houve degradação da madeira e perda de massa do adesivo para estas
temperaturas e tempo de exposição .

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a doação dos materiais f eita pelas empresas Vale do Cedro e Imperveg. O present e
trabalho f oi realizado com apoio da Coordenação de Aperf eiçoamento de Pessoal de Nível Superior - B ras il
(CAPES) - Código de Financiamento 00.

6. REFERÊNCIAS

ARO, M.D.; BRASHAW, B.K.; DONAHUE, P.K. Mechanical and physical properties of thermally modif ied
plywood and oriented strand board panels. Forest Products Journal. 2014.
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3 48
POTENCIAL DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE MADEIRA E CINZA DE CALDEIRA
DE BIOMASSA EM UM MATERIAL COMPÓSITO CIMENTÍCIO.

Felipe Augusto Santiago Hansted*a, Ana Larissa Santiago Hanstedb, Fábio Minoru Yamajib,
Cristiane Inácio de Campos a
a Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho, campus Guaratinguetá
b Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba. Departamento de Ciências Ambientais
*felipehansted@gmail.com

Resumo. Resíduo florestal é todo e qualquer material que resulta da colheita ou do processamento da
madeira sem utilização definida no processo. Cinzas advindas de queima de carvão tem sido amplamente
utilizadas em pesquisas, no entanto a pesquisa com o uso de cinzas de biomassa ainda está no início. O
objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade da inserção de cinzas no traço de um compósito cimentício
cimento-madeira. Foram realizados testes físicos de densidade absorção de água assim como calculada
inibição do cimento. A mistura com cinza apresentou resultado superior com relação a mistura sem cinza em
alguns testes, experimentos futuros com análise de processos mecânicos se mostram necessários.

Palavras-chave: Cimento; Material compósito; Cinza de biomassa; Madeira.

1. INTRODUÇÃO 1
A definição de resíduo florestal é todo e qualquer material que resulta da colheita ou do
processamento da madeira ou de outro recurso florestal que possa permanecer sem utilização definida no
processo (Nolasco and Viana, 2000). Atualmente o resíduo de madeira representa uma grande parcela de
atividades industriais denotando grande importância econômica e ambiental, no entanto o potencial de
reciclagem deste tipo de resíduo é subutilizado principalmente devido à falta de alternativas ambientalmente
corretas. (Berger et al., 2020).
O relatório da Indústria Brasileira de Árvores do ano de 2019, relata que no ano anterior o setor
florestal gerou 52 milhões de toneladas de resíduos no Brasil. (IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores, 2019).
Entende-se que existe uma mudança em como a sociedade encara o resíduo madeireiro, o que anteriormente
era entendido como lixo, ou material sem utilidade, atualmente está sendo tratado como resíduo e visto como
matéria prima para outros processos (Parchen, 2012).
Cinzas advindas de queima de carvão tem sido amplamente utilizada em pesquisas como material
suplementar ao cimento, no entanto, com o intuito de se encontrar alternativas mais sustentáveis, outros
materiais tem sido estudados como, por exemplo, a cinza do processo de queima de biomassa (Stolz et al.,
2019).
Nos últimos anos, a atenção sobre fatores ambientais tem crescido. Mesmo existindo incertezas sobre
as mudanças climáticas a comunidade científica sabe precisar que as mudanças são advindas da atividade
humana (Villas-Bôas et al., 2020).
Tal preocupação também é profundamente associada com a indústria de construção civil. A produção
de cimento, por exemplo, é muitas vezes alvo de críticas, especialmente por conta da emissão de CO 2 do seu
processo produtivo, que além de ter altas emissões de gases de efeito estufa, consome uma quantidade
significativa de matéria prima (Hossain et al., 2019).
Uma das maneiras de se lidar com o problema do consumo exagerado de matérias primas é diminuir
a dependência em cimento tradicional, fazendo surgir a demanda por produtos cimentícios alternativos
(TAMANNA et al., 2020).
Várias pesquisas têm sido feitas para que se possa substituir os materiais que provoquem um impacto
ambiental na produção de cimento, incluindo até mesmo a mudança na produção do clínquer, melhorias
tecnológicas em processo de calcinação, eficiência tecnológica e a utilização de cinzas (Sharma and Arora,
2018).
Concretos de estrutura leve, têm sido pesquisados já que, em sua maioria, apresentam uma boa
relação resistência/peso, baixa condutibilidade térmica e boas características acústicas, no sentido de
isolamento (Posi et al., 2013).
É sabido que a madeira como agregado em material compósito traz leveza e propriedades acústicas

1 49
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

e térmicas interessantes (Stolz et al., 2019).


O objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade da inserção de cinzas no traço de um compósito
cimentício cimento-madeira.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para esse estudo foi escolhido o Cimento Portland do tipo V de alta resistência inicial. As cinzas utilizadas
no estudo foram geradas a partir de caldeiras, de uma empresa no interior do estado de São Paulo, que
utilizam exclusivamente biomassa como combustível para a geração de energia térmica. Os tipos de
biomassa que geram essas cinzas podem variar ao longo do ano conforme disponibilidade para a empresa.
Para o delineamento experimental, a variável estabelecida foi a relação cimento-madeira-cinza,
formando, desta maneira, duas composições de traço para cada tipo de granulometria de madeira (fina e
grossa), conforme Tabela 1.
Na tabela 1 são apresentadas as variações que foram feitas para o cimento, MG indica uma variação
de madeira de granulometria grossa sem adição de cinza; MGc indica uma variação de madeira com
granulometria grossa e adição de cinza; MF indica uma variação de madeira com granulometria fina sem
adição de cinzas e por fim MFc indica uma variação de madeira fina com adição de cinzas.

Tabela 1 – Variações da composição do traço


Variações Traço
(Cimento:Madeira:Cinza:Água)
MG (100:30:0:45)
MGc (80:24:20:45)
MF (100:30:0:45)
MFc (80:24:20:45)
Fonte: Autoria própria.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA CINZA


Para que fosse analisado o teor de cinzas, uma adaptação da norma americana, ASTM - American
Society for Testing and Materials, D1102-84, foi utilizada.

2.1.1 Análise imediata / Teor de cinzas


Com um teor de humidade umidade 0% o material é inserido na mufla com 600 °C de temperatura
por um período de seis horas. Posteriormente, o material foi pesado e então, calculado seu teor de cinzas.

2.1.2 Avaliação composição química


Para se realizar a análise química do material componentes químicos tiveram de ser pré
estabelecidos, são eles: Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre, Sódio, Boro, Cobre, Ferro,
Manganês, Zinco, Carbono total (Brasil, 2014). e o pH foi estabelecido em base de CaCl2, de acordo com a
norma D4972−18.

2.2 MEDIÇÃO DA INIBIÇÃO


A equação um utilizada para analisar a inibição leva em conta não somente o tempo de hidratação e o
tempo de endurecimento do cimento como também a variação máxima do tempo e da temperatura. (Hofstrand
et al., 1984).

𝑡 − 𝑡´ 𝑇´ − 𝑇 𝑆´ − 𝑆
𝐼𝐼 = 100 𝑥 [( )𝑥 ( )𝑥 ( )]
𝑡´ 𝑇´ 𝑆´
(1)

∆𝑇´ ∆𝑇
𝑆´ = 𝑒 𝑆=
∆𝑡´ ∆𝑡

2 50
Onde:
t é o tempo requerido para que a temperatura máxima da mistura madeira-cimento-água seja atingida
t’ é o tempo requerido para que a temperatura máxima da mistura cimento-água seja atingida
T é a temperatura máxima atingida pela mistura água-cimento-madeira;
T’ é a temperatura máxima atingida pela mistura água-cimento;
S é a variação máxima de temperatura por hora para mistura cimento-água;
S’ é a variação máxima de temperatura por hora para mistura cimento-madeira-água.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise das cinzas


Ao se analisar o teor de cinzas das cinzas (material inorgânico remanescente da queima), percebe-
se resultados relativamente homogêneos. A análise estatística de Tukey com um nível de significância de 5%
mostrou que não houve diferença estatística significativa entre as três amostras analisadas (Tabela 2).
Tabela 2. Análise do teor de cinzas.

Amostras cinzas Médias * (%)


Cinza 1 94,87 a
Cinza 2 98,46 a
Cinza 3 96,09 a
* Médias seguidas das mesmas letras, não apresentam diferença estatística significante.
Fonte: próprio autor.

A literatura ressalta ainda, que a umidade da biomassa inserida na caldeira, aumenta também o teor
de impurezas que fica aderido a mesma. Isto pode resultar em maiores quantidades de geração de cinzas e,
consequentemente, menor geração de calor, em função da diminuição do material orgânico que participa da
queima (Hansted et al., 2016).
A variabilidade de componentes químicos da cinza pode ocorrer em função da origem do material de
queima, temperatura da caldeira ou da adição de outros combustíveis (Loeb et al., 2008). Foi possível
identificar os seguintes componentes, tabela 3:

Tabela 3. Análise dos componentes químicos das amostras coletadas de cinzas. Carbono orgânico total
(COT).

Componentes (%) Componentes (mg/kg) pH

Amostras N P2O5 K2 O Ca Mg S COT* Na Cu Fe Mn Zn


Cinza1 0,11 0,34 1,07 4,71 0,95 0,12 1 3213 68 11435 1355 93 12,3
Cinza2 0,58 0,55 0,94 4,26 1,01 0,21 1 3598 74 18890 913 162 12,2
Cinza3 0,12 0,24 0,64 3,63 0,72 0,06 1 4195 116 13482 747 192 12,1
Fonte: próprio autor

3.2 TRATAMENTO MADEIRA

3.2.1 Tempo e temperatura de Hidratação

O tratamento da matéria-prima não resultou em melhora no desempenho de hidratação em termos


de temperatura, porém reduziu o tempo de hidratação ao mesmo tempo que a adição de cinzas nos

51
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

compósitos apresentou uma pequena redução na temperatura de hidratação.


No entanto ao comparar a curva de hidratação do corpo de prova com a adição de madeira e cinza
com a curva de hidratação do corpo de prova somente cimento e água fica evidente que a mistura realmente
teve sua temperatura de hidratação reduzida assim como o tempo de hidratação aumentado, como
evidenciado no exemplo do ARI na figura 1.

Figura 1. Temperatura de hidratação ARI.

Fonte: Autoria própria.

Hofstrand, Moslemi e Garcia (1984) desenvolveram um índice de inibição baseado no índice clássico
de Weathermax e tarkow (1964), em seu novo índice além do tempo de hidratação, e temperatura máxima
da mistura cimento-madeira-água incorporaram a variação máxima do tempo e da temperatura (equação 4).
Os resultados mostram que espécies com baixo e alto índices de inibição são aquelas que
apresentam valores inferiores a 10% e superiores a 50%, respectivamente, o que denota que o tratamento se
mostrou válido para os corpos de prova no geral, mas especialmente para aqueles que não continham cinza.

Tabela 4 – Compatibilidade cimento-madeira (as versões com a letra T indicam que os corpos de prova
passaram por um tratamento).
Variações Índice de Compatibilidade (%)
MG 3
MGc 83
MF -17
MFc 128
MG-t 70
MGc-t 76
MF-t 249
MFc-t 340
Fonte : próprio autor

4. CONCLUSÃO

O Processo de inserção de cinza de caldeira no material cimentício se mostrou vantajoso em todas as análises
quando comparado com a mistura sem a adição de cinza.
A mistura com ou sem cinza apresentou resultados inferiores quando comparada com o corpo de prova de cimento
clássico, no entanto o intuito desta pesquisa era averiguar se ao se montar um material compósito de cimento madeira a
cinza influenciaria de maneira benéfica em sua composição, ficou claro que a influência é positiva.
A temperatura de hidratação diminui significativamente quando resíduo de madeira é colocado juntamente ao
cimento, parte por ser um material higroscópico e parte por sua área superficial quando muito fino alterar a reação cimento
água.

4 52
Estudos futuros para analisar as propriedades mecânicas e de lixiviação do compósito se mostram necessários,
assim como uma análise mais longa de ciclo de vida de produto.

BIBLIOGRAFIA

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elétricas de fibras de curauá modificada com polianilina. Polimeros. https://doi.org/10.1590/S0104-
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Hansted, F.A.S., Hansted, A.L.S., Padilla, E.R.D., Caraschi, J.C., Goveia, D., de Campos, C.I., 2019. The use of
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de baixa densidade para construção civil. Sci. For. 48, 1–11. https://doi.org/10.18671/scifor.v48n126.22

53
OBTENÇÃO DE NANOFIBRAS POLIMÉRICAS VIA ELETROFIAÇÃO DE BLENDAS
DE PAN/LIGNINA

CINTRA, I. L. R a*; REZENDE, M. C b.; GUERRINI, L. M. b; NAHRA, L. R. b; BOTELHO, E. C. a


a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá
b Instituto de Ciência e Tecnologia- Universidade Federal De São Paulo (UNIFESP), São José dos Campos.
*isabela.cintra@unesp.br

Resumo. A poliacrilonitrila (PAN) é um polímero amplamente utilizado na fabricação de fibras de carbono


(FCs), mas tem como desvantagem ser de origem fóssil, ou seja, do petróleo. Porém, considerando a
busca crescente nos dias atuais por materiais com maior aderência ao conceito de sustentabilidade, outros
precursores para a obtenção de FCs têm sido investigados. Nesse contexto, a lignina, uma macromolécula
de origem vegetal, ou seja, de precursor renovável, com elevado teor de carbono, vem sedo estudada
nessa área. O presente trabalho tem como objetivo a obtenção de mantas micrométricas de blendas de
PAN/lignina, via eletrofiação, visando a obtenção futura de mantas de FCs. Para isto, o estabelecimento
dos melhores parâmetros para a eletrofiação de blendas com diferentes porcentagens de lignina (10-50%)
é avaliado por meio de análises de MEV das microfibras eletrofiadas e as imagens obtidas mostraram que
a blenda com 50% (m/m) de lignina, eletrofiada com uma tensão de 18 kV, resultou em fibras com menor
diâmetro e pouca quantidade de defeitos.

Palavras-chave: Eletrofiação; Poliacrilonitrila; Lignina.

1. INTRODUÇÃO
A poliacrilonitrila (PAN) é um polímero oriundo do petróleo e é uma das principais matérias-primas utilizadas
na obtenção de fibras de carbono, devido ao elevado teor de carbono em sua composição
(JAYAWICKRAMAGE et. al, 2019). Devido à deficiência de substâncias derivadas do petróleo e pela
contaminação ecológica causada pela PAN, há uma busca crescente por precursores menos agressivos ao
meio ambiente, para a fabricação de nanofibras de carbono. Nesse escopo, a macromolécula de lignina é
considerada como um promissor material precursor na obtenção de materiais carbonosos, devido ao menor
custo e ser oriunda de fontes renováveis. Ela é uma macromolécula de grande abundância com uma
estrutura química fenólica rica em átomos de carbono (MUSTAFOV; et al, 2019; JAYAWICKRAMAGE et al,
2019). A lignina é produzida em grandes quantidades como um subproduto na indústria de papel e celulose
e sua principal utilização é na geração de energia, sem uma aplicação de maior valor agregado (KUMAR
2019). Contudo, as fibras de carbono fabricadas a partir da lignina possuem propriedades mecânicas
inferiores quando comparadas com as fibras produzidas a partir da Poliacrilonitrila. Desta forma, blendas de
PAN com lignina têm sido estudadas e processadas pelo processo de eletrofiação. Porém a eletrofiação
desta fibra ainda é um desafio devido ao baixo peso molecular e a baixa viscosidade de sua solução, o que
resulta em fibras não uniformes (DING et al, 2019).
Diante do apresentado, o presente estudo tem como objetivo contribuir com a área de obtenção de
nanofibras precursoras de nanofibras de carbono, pelo estabelecimento de parâmetros de eletrofiação de
blendas que combinam as vantagens da PAN e da lignina, em diferentes proporções desses componentes,
e analisar sua morfologia.

2. MATERIAIS E METODOLOGIA

2.1 MATERIAIS

Neste trabalho, foram utilizados o polímero poliacrilonitrila (PAN) cedida pela empresa Racidi Fibras
Company, e a lignina proveniente do processo Kraft cedida pela empresa Suzano Papel e Celulose S.A. A
lignina utilizada foi previamente purificada, e neste trabalho será denominada como LKp. O solvente
utilizado para o processamento das mantas foi N, N, dimetilformamida (DMF), cedida pela empresa
Alquilabor Comercial Ltda.

1 54
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.2 METODOLOGIA

2.2.1 Preparo das soluções e eletrofiação das mantas

Inicialmente a PAN foi dissolvida em DMF a 45°C por 1 h, com auxílio de um agitador magnético e,
posteriormente, foi acrescentado à solução a lignina purificada, permanecendo sob agitação mecânica por
mais 2 h em temperatura ambiente.
Blendas de PAN/LKp nas proporções de 90/10, 80/20, 70/30, 60/40 e 50/50 em massa foram processadas
por eletrofiação, sendo que a concentração da blenda na solução foi de 15% m/m. Os parâmetros de
processamento utilizados estão apresentados na Tab. 1. As variáveis fixas de processamento foram vazão
da solução de 0,05 mL/min; distância de trabalho de 10 cm e rotação do cilindro 361 rpm.

Tabela 1. Parâmetros utilizados na eletrofiação


PAN/LKp (%, m/m) Manta Tensão (kV)
1 15,0
90/10
2 17,5
3 15,0
80/20
4 17,2
5 19,0
70/30
6 18,0
7 19,5
60/40
8 17,4
9 19,0
50/50
10 18,0
Fonte: autoria própria

2.2.4. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

Foram cortadas uma amostra de cada nanomanta eletrofiada com dimensões de, aproximadamente, 1,0 cm
x 1,0 cm e coladas em fita carbono dupla face e recobertas com ouro. O microscópio eletrônico de varredura
utilizado é da marca FEI modelo INSPECT S50 e está alocado no NAPCEM do ICT-UNIFESP.

3. RESULTADOS

3.1 MEV

As micrografias obtidas, a partir das mantas referentes às blendas de PAN/LKp com 90/10% m/m, 80/20 %
m/m; 70/30% m/m, 60/40% m/m e 50/50% m/m, se encontram na Fig. 1. Na Tab. 2 estão representados os
diâmetros médios das fibras de cada manta.

2 55
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Figura 1. Amostras 1 e 2 (10 % m/m de LKp); 3 e 4 (20 % m/m de LKp); 5 e 6 c (30 % m/m de LKp); 7 e 8
(40 % m/m de LKp); 9 e 10 (50 % m/m de LKp)

1 3 4

5 6 7

8 9 10

Fonte: autoria própria

Tabela 2. Diâmetro médio das fibras das mantas eletrofiadas

Diâmetro
Amostra PAN/LK (%, m/m) Média (μm) Desvio Padrão (μm)
1 90/10 1,52  0,16
4 80/20 1,98  0,29
6 70/30 1,66  0,16
7 60/40 1,37  0,11
8 60/40 3,15  0,52
9 50/50 1,20  0,14
10 50/50 1,43  0,28
Fonte: autoria própria

56
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Por meio das análises de MEV é possível verificar que a alteração da tensão utilizada resulta em fibras com
morfologias e diâmetros significativamente diferentes. Nas amostras 3 e 5 é visível a ocorrência de defeitos
do tipo “fusão ou junção de fibras”, devido a ineficiente evaporação do solvente. A micrografia da amostra 2
apresenta morfologia semelhante a encontrada para amostra 3, portanto não é apresentada. Nas amostras
7 e 9 também são observados os mesmos defeitos, porém em menor quantidade. A tensão empregada para
eletrofiação das amostras 1, 4 ,6, 8 e 10 se mostrou mais adequada, produzindo fibras com maior
uniformidade e com menor quantidade de defeitos.
Ao avaliar as médias dos diâmetros das nanofibras para as mantas com diferentes teores de lignina é
possível observar que a adição da lignina é inversamente proporcional ao diâmetro das fibras, ou seja, ao
se elevar o teor de lignina na blenda há a diminuição no diâmetro médio das nanofibras. Estes resultados
podem ser associados ao menor emaranhamento molecular das cadeias poliméricas de PAN com a adição
de lignina na solução precursora, diminuindo a viscosidade e proporcionando menores diâmetros das
nanofibras (CAMARGO, 2019).

4. CONCLUSÃO

A partir do estudo de eletrofiação de blendas de PAN/lignina, com diferentes proporções em massa de


lignina em solução, pode-se concluir que variações no parâmetro tensão do processo de eletrofiação
resultam na obtenção de mantas de fibras nanométricas com diferentes morfologias, diâmetros das fibras e
defeitos. Imagens de microscopia eletrônica de varredura mostram que o ajuste da tensão elétrica do
sistema de eletrofiação pode favorecer a obtenção de fibras homogêneas e com pouca quantidade de
defeitos em todas as blendas estudadas. Entretanto, dentre todos os parâmetros estudados, a blenda com
50% m/m de lignina em sua composição, eletrofiada com 18 kV é a que apresentou menores valores de
diâmetro aliado a pouca quantidade de defeitos.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - Proc. 305123/2018-1) pelos
apoios financeiros.

6. REFERÊNCIAS
CAMARGO, L. A. Estudo da Produção de Nanofibras de Carbono por Fiação por Sopro em Solução a Partir
de Poliacrilonitrila e Lignina. 2019. 97 f. Tese (Doutorado em Ciências). UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO CARLOS. São Carlos. 2019.

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JAYAWICKRAMAGE, R. A. P.; BALKUS Jr, K. J.; FERRARIS, J. P. Binder free carbon nanofiber electrodes
derived from polyacrylonitrile-lignin blends for high performance supercapacitores. Nanotechnology. v.30.
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KUMAR, M.; HIETALA, M.; OKSMAN, K. Lignin-Based Electrospun Carbon Nanofibers. Frontiers in
Materials. v. 6, p. 62, Apr. 2019.

MUSTAFOV, S. D.; MOHANTY, A. K.; MISRA, M.; SEYDIBEYOGLU, M. O. Fabrication of conductive


Lignin/PAN carbon nanofibers with enhanced graphene for the modified electrodes. Carbon. v. 147, p. 262-
275. June. 2019.

4 57
PADRÕES HIERÁRQUICOS NANO E MICROESTRUTURADOS DE FILMES DE TIO 2
PRODUZIDOS POR ANODIZAÇÃO EM DUAS FASES

José Félix Estanislau*; Dener Pedro S. Palma; Eduardo N. Codaro; Roberto Z. Nakazato,
Heloisa A. Acciari
Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá, UNESP.
Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333 – Portal das Colinas, Guaratinguetá – SP – Brasil.
*e-mail: felix.estanislau@unesp.br

Resumo. Superfícies nano e micro-texturizadas, produzidas por anodização, têm sido extensivamente
investigadas como estratégias de modificação da superfície do titânio visando melhorar suas propriedades
físico-químicas e, desse modo, torná-lo bioativo, como material de implante biomédico. Dentro dessa
perspectiva, objetiva-se obter uma nova superfície, pela anodização em duas etapas de substratos de
titânio previamente polidos. Ensaios de caracterização das superfícies modificadas estão previstos, como
SEM-EDS, AFM, XRD e XPS, para investigar a composição química, morfologia, bem como a presença e
porcentagem de fases cristalinas, como efeito das variações nas condições experimentais. Trabalhos mais
recentes também têm apontado que esta combinação de ensaios pode ser uma boa estratégia na produção
de superfícies super-hidrofílicas.

Palavras-chave: Titânio; Anodização; Nanotubos de TiO 2; Modificação de superfície; Propriedades


hidrofílicas.

1. INTRODUÇÃO
Publicações recentes a respeito de filmes de TiO 2 sobre substratos de titânio têm contribuído para
explorar as propriedades interfaciais na confecção de implantes biomédicos. Neste contexto, Palma e
colaboradores investigaram parâmetros da anodização na nucleação da fase anatase de filmes de TiO 2
crescidos sobre substratos de titânio mecanicamente polidos e eletropolidos. Os autores variaram tanto o
tempo de anodização (de 3 a 12 h) como também a concentração do eletrólito (soluções aquosas de H 3PO4
0,25 e 2,5 mol/L). Eles observaram a presença de núcleos cristalinos da fase anatase dispostos numa fase
matriz amorfa, e que diferentes tamanhos, formas e distribuições de grãos cristalinos são influenciados pelo
tipo de polimento dado sobre a superfície do substrato em estudo. Nas amostras eletropolidas, os grãos
foram crescidos em camadas bem definidas e tomaram a forma geométrica de cones, ao passo que,
naquelas mecanicamente polidas, com maior número de núcleos de cristalizações, os grãos foram menores
e não foram bem definidos. Eles verificaram também que o tempo de anodização produz um efeito
significativo no processo de cristalização do filme, de modo que, o grau de cristalização foi proporcional ao
aumento do tempo de anodização. A concentração do eletrólito também produziu um efeito sobre o grau de
cristalização dos filmes, mas este impacto foi mais pronunciado considerando as superfícies eletropolidas,
em que o aumento na concentração do ácido favoreceu maior número de sítios cristalinos na superfície
anodizada.(DA SILVA PALMA et al., 2019)
Guo et al. (2021) realizaram um estudo a respeito da influência das técnicas comuns de esterilização
(imersão em etanol, vários tempos de irradiação UV, irradiação gama e autoclavagem seca/úmida) de
superfícies de titânio recobertas com filmes anódicos de TiO 2, nano e microporosos. Assim, as superfícies
foram comparadas em termos de suas características topográficas, químicas, cristalinas, molhabilidade e
propriedades mecânicas. Os autores observaram que a radiação UV conservou a topografia dos nanoporos
fabricados, enquanto a autoclave (seca ou úmida) comprometeu o aspecto original da morfologia dos filmes.
Além disso, eles também verificaram que a esterilização por UV não resultou em mudanças significativas na
composição química e topografia dos nanoporos e, assim, concluíram que esta última revelou ser a técnica
mais adequada para esterilizar estes tipos de amostras, sem afetar as condições mais adequadas de
molhabilidade, adesão e proliferação celular.(GUO et al., 2021)
Jeon e colaboradores produziram estruturas hierárquicas dendríticas sobre substratos de titânio pelo
emprego de um processo de dissolução química em várias etapas, alternado com tratamento térmico.
Primeiramente as amostras foram imersas em uma solução de H 2SO4 a 80 oC por 1 h, seguido por
tratamento térmico a 600 oC por 2 h. Para a formação dos ramos dendríticos, as amostras também foram
imersas em uma solução de NaOH 3 mol/L a 60 oC por 12 h, submetidas novamente a um tratamento
térmico a 400 oC por 2 h e, novamente imersas em uma solução aquosa de HCl e subsequente tratamento

1 58
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

térmico a 600 oC por 2 h. As superfícies produzidas exibiram uma morfologia composta por nanoagulhas
com minúsculas ramificações de nanotubos, de elevada área superficial, e com excelentes propriedades
anticorrosivas e hidrofílicas em relação à superfície original do titânio metálico.(JEON et al., 2019)
Pawlik et al. (2019) produziram camadas de TiO 2 nanoporosas através de ensaios de anodização em
três etapas, pelo emprego de uma solução de etilenoglicol contendo íons fluoreto e água. As amostras
anodizadas foram submetidas a um tratamento térmico a 400 oC com o objetivo de transformar o óxido
amorfo na fase anatase e posteriormente recobertas com um compósito de chitosan (um biopolímero) com
hidroxiapatita, pelo uso da técnica de deposição eletroforética. Os autores utilizaram um método para
otimizar os parâmetros da deposição, como potencial, tempo e concentração de hidroxiapatita. Desse modo,
eles demonstraram que a concentração de hidroxiapatita na suspensão preparada consistiu no parâmetro
com impacto mais significativo na morfologia do filme depositado. A presença desse compósito nos filmes
promoveu um aumento na rugosidade superficial que, segundo os autores, pode ser usada para promover
um contato mais adequado na interface osso-implante.(PAWLIK et al., 2019)

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Discos de Ti Grau 4 (ASTM F67) com diâmetros de 12 mm e espessuras de 3 mm serão utilizados
como substratos metálicos para as modificações de superfície propostas. Previamente aos ensaios de
oxidação anódica, as amostras serão mecanicamente polidas com lixas abrasivas de SiC de diferentes
granulações, seguindo-se imersão por 10 s em uma solução aquosa de polimento, composta de HF + HNO 3
+ H2O (1:1:2 em volume), subsequente enxague em ultrassom com água deionizada e secagem ao ar. Os
ensaios de anodização serão realizados em duas etapas, a saber: i) a primeira etapa será conduzida a 30 V
no modo potenciostático, utilizando uma solução de H 3PO4 2,5 mol/L, por 6 h; ii) para a preparação dos
TNTs, na segunda etapa, as anodizações serão conduzidas a 30 V no modo potenciostático, por 15 min,
utilizando-se como eletrólito o etilenoglicol (pureza maior que 99,5%) com adição de NH 4F (0,5% em massa)
e H2O deionizada (10% do volume total da solução). Os ensaios de ambas as etapas serão conduzidos em
uma célula com dois eletrodos, em que cada substrato de titânio servirá como ânodo e uma folha de grafite
será utilizada como cátodo. O registro das variações de corrente em tempo real será realizado por meio de
uma fonte de corrente contínua, acoplada a um potenciostato e a um amperímetro. Numa segunda série de
ensaios estas duas etapas serão invertidas, a fim de avaliar de que modo a combinação dos testes poderá
oferecer uma mudança substancial na obtenção de um padrão hierárquico nano e micro-texturizado com as
melhores propriedades hidrofílicas dos filmes produzidos.
A morfologia das superfícies modificadas será realizada por meio de um microscópio eletrônico de
varredura, e particularidades encontradas serão analisadas por microscopia de força atômica (AFM). As
composições das fases serão analisadas por espectroscopia Raman, difratometria de raios X (XRD) e
espectroscopia de fotoelétrons por Raios X (XPS). Medidas de ângulo de contato da água deionizada sobre
as superfícies modificadas serão realizadas à temperatura ambiente para informações sobre as
propriedades hidrofílicas dos filmes.
Para os estudos eletroquímicos serão obtidas curvas de potencial em circuito aberto com o tempo
(OCP) a fim de verificar as oscilações do potencial e tempo que leva para cada sistema atingir o estado
estacionário; a varredura potenciodinâmica direta (PDS) será empregada para obtenção de informações
sobre os limites eletroativo, passivo e transpassivo de cada condição experimental avaliada e; a
espectroscopia de impedância eletroquímica (EIS) que fornece uma estimativa da resistividade dos filmes
em um meio fisiológico simulado. Todas as medidas serão realizadas à temperatura ambiente em condições
estáticas de imersão, utilizando-se um potenciostato/galvanostato Autolab (Eco. Chemie B. V., Utrecht,
Netherlands), modelo PGSTAT302.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este trabalho ilustra aspectos de um projeto em fase inicial de desenvolvimento e, os resultados a
serem obtidos a partir das diferentes técnicas de caracterização das superfícies modificadas, serão
comparados entre si quanto à composição, morfologia e estrutura cristalina, bem como seus efeitos nas
propriedades hidrofílicas dos filmes.

4. CONCLUSÃO
Os desafios ainda permanecem em torno da busca por uma superfície ideal, que seja capaz de interagir
ativamente com o ambiente fisiológico, incluindo biomoléculas que estão envolvidas nos processos de
regeneração óssea. Portanto, estudos complementares de viabilidade celular devem ser considerados para
corroborar os avanços no campo da engenharia de superfícies relacionados neste trabalho.

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia da FEG/Unesp, à Pró-Reitoria
de Pesquisa (PROPe-Unesp) e, aos órgãos de fomento à pesquisa CAPES, CNPq e FAPESP, pelo
incentivo e recursos financeiros.

6. REFERÊNCIAS
DA SILVA PALMA, Dener Pedro et al. Morphological and structural variations in anodic films grown on
polished and electropolished titanium substrates. Materials Research, v. 22, p. 1–8, 2019.
GUO, Tianqi et al. Influence of Sterilization on the Performance of Anodized Nanoporous Titanium Implants.
Materials Science and Engineering: C, p. 112429, 2021. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.msec.2021.112429>.
JEON, Jaehyeon et al. Direct growth of hierarchical nanoneedle arrays with branched nanotubes from
titanium foil with excellent anti-corrosion and superhydrophilicity. Chemical Engineering Journal, v. 372, n.
January, p. 616–623, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.cej.2019.04.143>.
PAWLIK, Anna et al. Fabrication and characterization of electrophoretically deposited chitosan-
hydroxyapatite composite coatings on anodic titanium dioxide layers. Electrochimica Acta, v. 307, p. 465–
473, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.electacta.2019.03.195>.

60
INFLUÊNCIA DO LIXAMENTO DAS LAMELAS NA QUALIDADE DE COLAGEM DE
ELEMENTOS DE MLC PRODUZIDOS COM MADEIRA DE CEDRO AUSTRALIANO

Karina Aparecida de Oliveiraa*; Carolina Aparecida Barros Oliveiraa; Vitor Afonso Neves
Silvaa; Julio Cesar Molinab
a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá – UNESP, Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, Guaratinguetá – SP.
b Faculdade de Engenharia Industrial Madeira – UNESP. Rua Geraldo Alckimin, 519, Itapeva – SP.
*karina.oliveira@unesp.br

Resumo. A Madeira Lamelada Colada (MLC) é um produto estrutural engenheirado que vem sendo uma
alternativa para o setor de construção civil no Brasil e requer um alto controle de qualidade na sua produção.
Na presente pesquisa propõe-se o estudo do uso de diferentes níveis de acabamentos da superfície das
lamelas (sem lixamento e lixamentos com gramatura 80, 120 e 220) na fabricação de elementos de MLC de
madeira de Cedro Australiano colados com adesivo resorcinol-formaldeído (Cascophen RS-216-M), com o
objetivo de avaliar a influência da rugosidade na qualidade de colagem dos elementos. Os ensaios seguiram
as recomendações da norma ABNT NBR PN 02.126.10-005. Para todos os níveis de acabamento, as
porcentagens de delaminação ficaram abaixo do limite de 6% recomendado pela norma, e a diminuição da
rugosidade das superfícies, obtidas pelo lixamento, não resultaram em aumentos significativos das
resistências ao cisalhamento das linhas de cola.

Palavras-chave: Resistência ao cisalhamento das linhas de cola; Delaminação; Qualidade de colagem.

1. INTRODUÇÃO
A Madeira Lamelada Colada (MLC) é um produto estrutural engenheirado, confeccionado a partir de lamelas
(tábuas) de madeira unidas por adesivos estruturais sintéticos, que é utilizado há muitos anos em países que
possuem grande experiência na construção com estruturas de madeira (SEGUNDINHO et al., 2013; ICIMOTO
et al., 2016).
Existem vários fatores que podem influenciar na colagem entre lamelas na confecção de elementos de MLC.
Alguns desses fatores são ligados à espécie de madeira utilizada e podem ser anatômicos, físicos ou
químicos, tais como densidade, porosidade, rugosidade da superfície e teor de umidade; e outros são ligados
ao adesivo, como pressão de colagem, viscosidade, composição química e tempo de cura (FRIHART e HUNT,
2010). No presente trabalho o fator estudado foi a rugosidade superficial das lamelas, pois influencia
diretamente na penetração do adesivo no interior da madeira e na formação das uniões, sendo fundamental
para a ligação do adesivo (FRIHART, 2011).
A qualidade de colagem deve ser avaliada através de ensaios de delaminação e resistência ao cisalhamento
das linhas de cola. Portanto, este estudo teve como finalidade avaliar a influência da rugosidade da superfície
das lamelas na qualidade de colagem de elementos de MLC, utilizando o método de ensaio proposto pelo
método de ensaio brasileiro ABNT NBR PN 02:126.10-005.
Os procedimentos para o ensaio de delaminação das linhas de cola para adesivos de uso externo e protegido
são baseados no Método B da EN 14080:2013. As amostras devem ser pesadas, e posteriormente
condicionadas em uma autoclave, submersas em água, a uma temperatura entre 10 ºC e 20 ºC, sendo
aplicado um vácuo entre 70 kPa e 85 kPa durante 30 minutos, seguido da aplicação de uma pressão entre
500 kPa e 600 kPa durante 2 horas. Após ao término desse ciclo, as amostras devem ser condicionadas em
estufa com velocidade do ar entre 2 m/s e 3m/s, temperatura de 65°C a 75°C e uma umidade relativa de 10%,
até que a massa da amostra atinja valor entre 100% e 110% da massa inicial.
O percentual de delaminação total (Dt) de cada corpo de prova é obtido pela Equação (1), onde La é somatória
das larguras das linhas delaminadas das faces da seção transversal, em mm, e Lt é a somatória das larguras
de todas as linhas de cola das faces da seção transversal, em mm.
𝐿𝑎
𝐷𝑡 = 𝑥 100 (1)
𝐿𝑡
Na análise do cisalhamento na linha de cola, é possível avaliar apenas uma ou todas as linhas de cola, e o
procedimento consiste na aplicação de um carregamento uniforme no corpo de prova, na região de colagem,
até que ocorra a ruptura da linha de cola.

1 61
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida utilizando madeira da espécie Cedro australiano (Toona ciliata M. Roem. var
australis). Para a colagem dos elementos de MLC foi utilizado o adesivo resorcinol-formaldeído com
catalizador em pó (Cascophen RS-216-M).

2.1 CONFEÇÃO DAS LAMELAS E DOS CORPOS DE PROVA DE CARACTERIZAÇÃO


As amostras de corpos de prova com dimensões padronizadas e lamelas foram retirados de tábuas de
madeira, não tratadas com preservantes, de acordo com as recomendações do Anexo B da ABNT NBR
7190:1997. De cada tábua foram retiradas 10 lamelas para confecção dos elementos de MLC com dimensões
iniciais de 2,2 cm x 6 cm x 120 cm, além dos corpos de prova de caracterização das madeiras. Após a
usinagem, as lamelas de madeira foram armazenadas para secagem até umidade de 12% ± 1%.
Na caracterização da madeira foram determinadas as propriedades mecânicas de resistência à compressão
paralela às fibras (fc0), resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (f v0), e os valores de rigidez na
compressão paralela às fibras (Ec0) e rigidez à flexão (EM ou MOE) para as lamelas. Também foi realizada a
classificação visual de cada lamela de madeira.

2.2 PREPARAÇÃO DAS LAMELAS E FABRICAÇÃO DAS VIGAS


Para a fabricação das vigas de MLC, as lamelas foram classificadas com base nos resultados obtidos na
caracterização física, mecânica e visual, buscando-se balancear a disposição das lamelas na seção da viga.
Primeiramente, todas as lamelas com dimensões 2,2 cm x 6 cm x 120 cm passaram pela plaina
desengrossadeira para padronização da superfície e seccionamento do comprimento, para obtenção da
dimensão final de 2 cm x 5 cm x 60 cm. A medida de 60 cm foi adotada por conta do comprimento máximo
da mesa de lixamento disponível no laboratório. Posteriormente, as lamelas aplainadas foram separadas em
quatro conjuntos, onde três receberam uma segunda preparação da superfície através de lixamento com
lixadeira de cinta com granulações 80 (grossa), 120 (intermediária) e 220 (fina).
A verificação da qualidade dos lixamentos obtidos foi realizada conforme recomendações da norma ISO 4287
(2002), com o auxílio do rugosímetro Surtronic 2.5+, da marca Taylor Hobson, que possui sistema eletrônico
no qual uma agulha de diamante faz a varredura da superfície e fornece a rugosidade superficial média (Ra).
Para a colagem das lamelas foi utilizada uma gramatura de 240 g/m3 e aplicação em linha simples. As lamelas
foram posicionadas uma a uma, conforme a ordem estabelecida anteriormente, e levadas para prensagem
em prensa industrial de chão e pressão de 0,7 MPa por um período de 72 horas para cura do adesivo.
Foram fabricados 3 elementos de MLC para cada condição de lixamento, com dimensões 5 cm x 10 cm x 60
cm, para retirada dos corpos de prova para os ensaios de qualidade de colagem. De cada elemento
confeccionado foram retirados 3 corpos de prova com dimensões 5 cm x 10 cm x 7,5 cm para os ensaios de
delaminação e outros 3 para os ensaios de resistência ao cisalhamento das linhas de cola, totalizando 36
corpos de prova para cada ensaio, sendo 9 repetições por condição de lixamento.

2.3 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DAS LINHAS DE COLA


O ensaio de resistência ao cisalhamento das linhas de cola foi realizado seguindo as especificações da ABNT
NBR 02.126.010-005, e, consequentemente, da EN 14080:2013, utilizando a máquina universal de ensaios
EMIC com capacidade de 300 kN, associada a um dispositivo metálico específico para esta finalidade. Os
detalhes dos ensaios de cisalhamento das linhas de cola são mostrados na Figura 1.

Figura 1. Ensaio de resistência ao cisalhamento na linha de cola.

Fonte: Autoria própria.

2 62
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.4 ENSAIOS DE DELAMINAÇÃO DAS LINHAS DE COLA


A normativa EN 14080:2013 específica três diferentes procedimentos (A, B e C) para o ensaio de delaminação
da linha de cola, de acordo com o ambiente onde o elemento será exposto e o tipo de adesivo utilizado. Dois
desses procedimentos (B e C) estão indicados no projeto de norma referente ao método de ensaio brasileiro
ABNT NBR 02.126.010-005.
A interpretação do projeto de norma brasileiro ABNT NBR 02.126.010-005, a partir da EN 14080:2013,
considera para o caso de adesivo de uso externo o procedimento de ensaio B, indicado para ambiente interno
na norma europeia (no que se refere ao tempo de pressão e vácuo sem repetição), com porcentagens limites
de delaminação iguais a 4% (coníferas) e 6% (folhosas). Essa interpretação foi adotada no documento ABNT
NBR 02.126.010-005, tendo-se em vista que o clima brasileiro não é tão rígido quanto ao clima do continente
europeu, tornando-o condizente com realidade das estruturas brasileiras. A interpretação do método de
ensaio ABNT NBR 02.126.010-005 para os ensaios de delaminação foi a adotada nessa pesquisa.
Para a determinação das porcentagens de delaminação, foram medidos os comprimentos de cada linha de
cola das faces (frontal e posterior) da seção transversal de cada corpo de prova (cp), com o auxílio de um
paquímetro digital com precisão de 0,1 mm, e determinada a massa de cada cp com precisão de 1 g.
O ensaio foi realizado utilizando-se uma autoclave em formato cilíndrico especialmente confeccionada para
esta finalidade. A Figura 2 apresenta o equipamento utilizado.

Figura 2. Autoclave utilizada para o ensaio de delaminação da linha de cola.

Fonte: Autoria própria.

Os corpos de prova foram colocados no interior da autoclave e uma grelha foi posicionada sob eles para
garantir que as amostras fiquem submersas durante a realização do ensaio. Após o fechamento da porta de
entrada se deu início a introdução de água em seu interior.
Ao final dos períodos de vácuo e pressão, os corpos de prova foram retirados da autoclave e condicionados
em uma câmara climatizadora até secagem. A secagem durou aproximadamente 22 h.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DAS LINHAS DE COLA


A Tab. 1 apresenta os valores médios de resistência ao cisalhamento da linha de cola (f v,m), a rugosidade
média superficial (Ra), e os respectivos desvio padrão, coeficiente de variação (CV) e teste de Tukey obtidos
para os corpos de prova produzidos.

Tabela 1.Resistências ao cisalhamento das linhas de cola para os elementos de MLC.


Resistência ao cisalhamento Rugosidade superficial
Amostra
fv,m (MPa) CV Tukey Ra Tukey
Sem lixamento 5,27 ± 0,04 0,75 C 3,14 ± 0,16 A
Lixamento 80 5,36 ± 0,41 7,65 BC 2,75 ± 0,18 B
Lixamento 120 6,07 ± 0,38 6,26 A 1,75 ± 0,08 C
Lixamento 220 5,77 ± 0,42 6,93 AB 1,20 ± 0,07 D
Fonte: Autoria própria.

63
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Da Tab. 1 temos que a rugosidade média superficial (Ra) diminuiu conforme houve aumento na gramatura da
lixa utilizada, e todos os valores obtidos apresentaram diferenças significativas entre eles.
Em relação ao valor da resistência ao cisalhamento das linhas de cola, observou-se que não existiram grandes
diferenças entre as condições de lixamento e a amostra sem lixamento (referência). Os elementos produzidos
apresentaram diferenças significativas somente entre a amostra com lixamento 120 e à referência sem
lixamento, sem apresentar diferenças significativas entre os lixamentos 120 e 220, como também entre o
lixamento 80 e a referência sem lixamento.

3.2 DELAMINAÇÃO DAS LINHAS DE COLA


A Tab. 2 apresenta os resultados médios de delaminação total das linhas de cola (Dt) para elementos
confeccionados, calculadas conforme Equação (1).

Tabela 2. Resultados médios de delaminação dos elementos de MLC.


Amostra Dt (%)
Sem lixamento 0,29
Lixamento 80 3,36
Lixamento 120 1,02
Lixamento 220 1,00
Fonte: Autoria própria.
Observou-se que a porcentagem de delaminação obtida para todas as condições de acabamento ficaram
abaixo de 6%. Porém, a amostra que teve as superfícies das lamelas apenas aplainadas apresentou os
menores valores de delaminação.

4. CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado, para os elementos de MLC produzidos com madeira de Cedro australiano,
colados com adesivo resorcinol-formaldeído (Cascophen RS-216-M), para três diferentes níveis de lixamento
de superfície das lamelas (gramatura 80, 120 e 220), com relação à condição de referência (sem lixamento),
foi possível concluir que:
A diminuição da rugosidade das superfícies obtidas pelo aumento das gramaturas de lixamento (80, 120 e
220) não resultou em aumento significativo das resistências ao cisalhamento das linhas de cola das amostras
analisadas;
Todas as amostras analisadas apresentaram resultados médios de delaminação aceitáveis, abaixo de 6%,
conforme estabelecido pelo projeto de norma PN 02:126.10-0001-5.

5. AGRADECIMENTOS
Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro à pesquisa.

6. REFERÊNCIAS
ABNT. ABNT NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro: 1997.
ABNT. CB-02 2⁰ PN revisão ABNT NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. PN NBR 02.126.010-001: Madeiras – Critérios de classificação visual e mecânica de peças
estruturais de madeira de florestas plantadas. Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. PN NBR 02.126.010-005: MLC estrutural: métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2013.
FRIHART, C.R., HUNT, C.G. Adhesives with Wood Materials - Bond Formation and Performance. In: Wood
Handbook - Wood as an Engineering Material, Madison, WI: U.S. Department of Agriculture, Forest Service,
Forest Products Laboratory, 2010.
FRIHART, C.R. Wood adhesives: Vital for producing most wood products. Forest Prod. J., v.61, p.4-12, 2011.
ICIMOTO, F.H.; CALIL NETO, C.; FERRO, F.S.; MACEDO, L.B.; CHRISTOFORO, A.L.; LAHR, F.A.R.; CALIL
JR, C. Influence of lamellar thickness on strength and stiffness of glued laminated timber beams of Pinus
oocarpa. International Journal of Materials Engineering, v.6, n.2, p.51-55, 2016.
ISO. ISO 4287: Rugosidade: Termos, definições e parâmetros da rugosidade. Genebra, 2002.
SEGUNDINHO, P.G.A.; ZANGIÁCOMO, A; L.; CARREIRA, M.R.; DIAS, A.A.; LAHR, F.A.R. Avaliação de
vigas de madeira laminada colada de Cedrinho (Erisma uncinatum Warm.). Cerne, Lavras, v.19, n.3, p.441-
449, 2013.

4 64
PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA LIGA FE-35MN PARA APLICAÇÕES
BIOMÉDICAS

Kerolene Barboza da Silvaa*; Ana Paula Rosifini Alves Claroa


a Universidade estadual paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Engenharia, campus de Guaratinguetá, São
Paulo, Brasil
*kerolene.barboza@unesp.br

Resumo. Nos últimos anos, o desenvolvimento de materiais biodegradáveis tais como as ligas a base de
ferro, para a fabricação de implantes temporários para engenharia de tecidos, tem sido alvo de várias
pesquisas. A adição de elementos de liga ao ferro, como por exemplo o manganês, pode proporcionar um
aumento da resistência mecânica e da taxa de degradação desses materiais, entretanto, a taxa de
degradação é considerada baixa sendo ainda um grande desafio. Além da adição de elementos de liga,
novas técnicas de processamento podem ser empregadas para aumentar as propriedades mecânicas e a
taxa de degradação. A proposta deste trabalho é o processamento e caracterização da liga Fe-35Mn. A
microestrutura e as propriedades mecânicas serão avaliadas empregando algumas técnicas como,
fluorescência de raios X, microscopia óptica, DRX, microdureza e técnica de excitação por impulso.

Palavras-chave: Biomateriais; Liga de ferro; Liga Fe-Mn.

1. INTRODUÇÃO
Os metais biodegradáveis, como as ligas a base de ferro e magnésio, apresentam-se como uma nova e
promissora alternativa para materiais implantáveis. Esses são metais que corroem gradualmente in vivo,
dissolvendo completamente após a cicatrização do tecido sem nenhum resíduo, podendo ser metabolizados
pelo corpo humano, com taxas de degradação adequadas. Podem ser usados na fabricação de implantes
cujas funções no corpo são temporárias, como placas de fixação, parafusos e stents (VOJTECH et
al.,2015). Esses biomateriais permitem que o implante se degrade progressivamente após servir ao seu
objetivo, eliminando o risco de complicações associadas a um implante permanente, como trombose,
enfraquecimento do osso, inflamação crônica e até a necessidade de uma segunda cirurgia para remover o
implante, nos casos mais graves (DARGUSCH et al., 2019). O desenvolvimento de ligas biodegradáveis
envolve basicamente dois tipos de sistemas: ligas a base de magnésio (magnésio puro, ligas a base de Mg-
Ca, ligas a base de Mg-Zn) e ligas a base de ferro (ferro puro, Fe-Mn, Fe-W). Entretanto, a taxa de
degradação do magnésio deve ser reduzida, enquanto a do ferro deve ser acelerada. Ou seja, a taxa de
degradação ideal para metais deve situar-se entre magnésio e ferro puro (CHENG et al., 2013). As ligas à
base de ferro possuem elevada resistência mecânica (superior a 1400 MPa) e elevada ductilidade (acima de
80% de deformação). Dessa forma, é viável o seu emprego na fabricação de stents, uma vez que sua
elevada resistência mecânica permite o uso de suportes mais finos e a elevada deformação plástica auxilia
a sua implantação (LI, ZHENG; QIN, 2014). A principal desvantagem no emprego desses materiais está na
sua baixa taxa de degradação. Assim sendo, a fim de melhorar a biodegradabilidade do ferro e também
suas propriedades não ferromagnéticas, uma seleção cuidadosa de elementos de liga em potencial como,
tântalo, gálio, zinco, cromo, manganês, nióbio e zircônio tem sido extensivamente investigada (FRANCIS et
al., 2015). Hermawan et al. (2010) reportaram que as ligas Fe-Mn obtidas por metalurgia do pó apresentam
propriedades mecânicas similares ao aço inoxidável 316 L, atualmente usada na fabricação de stents, e
taxa de degradação superior ao ferro puro, a qual pode ser ajustável a partir da concentração de Mn. No
sistema Fe-Mn, a liga Fe-35Mn exibiu o melhor conjunto de propriedades mecânicas, no entanto, sua taxa
de degradação ainda é inferior as ligas de magnésio e considerada muito lenta para aplicações de
implantes temporários (KRAUS et al, 2014). Alcançar elevada taxa de degradação para ligas Fe-Mn é um
grande desafio e continua sendo um fator limitante para o emprego dessas ligas em aplicações biomédicas.
Dessa forma, várias pesquisas nos últimos anos têm adotado diferentes estratégias para viabilizar não
somente o desenvolvimento de novos biomateriais à base de ferro, mas também diferentes processos de
fabricação, tratamentos de superfície, microestruturas entre outros (DEHGHAN-MANSHADI; STJOHN;
DARGUSCH, 2019). A partir do exposto, o objetivo dessa proposta é estabelecer uma rota de
processamento adequada para a obtenção da liga Fe35Mn visando aplicações biomédicas.

1 65
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Na obtenção da liga foi empregada a mesma metodologia preconizada em nossos estudos anteriores para
as ligas de titânio. Os lingotes foram obtidos a partir do ferro comercialmente puro (99,9%) e manganês
(99,7%) de acordo com a composição estudada (Fe-35Mn %p). A fusão foi realizada em forno a arco
voltaico com atmosfera inerte de gás argônio. O tratamento de homogeneização foi realizado em forno
tubular a uma temperatura de 1000 °C durante um período de 24 horas. Posteriormente, os lingotes foram
forjados a quente (850 °C) em prensa rotativa, com graduais em diversos martelos até atingir o diâmetro de
10 mm. As barras forjadas foram então submetidas ao tratamento térmico de solubilização a 1000 °C por 3
horas. A determinação da composição química em massa constituinte da liga foi efetuada por
espectrometria de fluorescência de raios X. A microestrutura formada foi avaliada por meio de microscopia
óptica e as fases presentes identificadas por difração de raios X. O comportamento mecânico avaliado por
meio do ensaio de microdureza e da técnica de excitação por impulso.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o desenvolvimento da proposta inicial desta pesquisa, obtenção da liga Fe35Mn em forno a arco
voltaico, foram utilizados elementos precursores metálicos comercialmente puros. Após a fusão, os lingotes
obtidos tiveram sua composição química investigada por meio da técnica de fluorescência de raios X. Os
resultados podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1. Resultados da análise da liga Fe-35Mn por fluorescência de raios X, expressos em percentual em
massa de compostos, normalizados a 100%.

Concentração
Liga Mn Si Al S Fe
Fe-35Mn 35,18 0,15 0,08 0,07 Balanço

Fonte: Autoria própria

Os resultados comprovam a composição química da liga experimental e apontam a presença de outros


elementos no sistema, entretanto, em concentrações relativamente baixas que não indicam a contaminação
do metal.
A investigação das fases presentes na liga e a avaliação da microestrutura aconteceram após cada uma
das etapas do processamento – fusão, homogeneização, forjamento e solubilização – e os resultados são
apresentados nas Figuras 1 e 2. Os padrões de DRX mostraram apenas picos relativos às fases austenita
(γ) e martensita (ε). De acordo com os trabalhos de Hermawn, Dubé e Mantovani (2010), as ligas do
sistema binário Fe-Mn que apresentam exclusivamente fases metaestáveis austenita (γ) e martensita (ε)
são capazes de exibir propriedades antiferromagnéticas, favorecendo a compatibilidade do material com
técnicas de base magnética, como os exames de ressonância. Estas ligas, que compreendem um teor
variável de Mn entre 20 e 35% em massa, têm sido avaliadas quanto ao seu potencial para aplicação em
stents biodegradáveis. Entretanto, ainda segundo os autores, devido ao seu efeito estabilizador, o aumento
do teor de manganês expande significativamente o campo de fase austenita (γ). Acima de 29% em massa
ocorre a formação de fase totalmente austenítica (γ). Assim, a presença de fase martensita (ε) também
observada nos trabalhos de Zhang e Cao (2015) sugere alguma inomogeneidade local da composição.
As micrografias da Figura 2, ilustram a evolução da microestrutura da liga Fe-35Mn durante o
processamento. Após a fusão, observa-se o crescimento dendritíco dos grãos resultante do resfriamento da
liga dentro do forno, que conta com um sistema de refrigeração a base de água. Com o tratamento térmico
de homogeneização a microestrutura para a apresentar grãos equiaxiais com pequenas inclusões. A
formação de maclas pode ser observada após o forjamento e solubilização.

2 66
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Figura 1. Difratograma da liga Fe-35Mn após cada etapa de processamento.

Fonte: Autoria própria

Figura 2. Microscopia óptica da liga Fe-35Mn em diferentes condições. (a) bruta de fusão, (b)
homogeneizada, (c) forjada a quente e (d) solubilizada.

Fonte: Autoria própria

As propriedades mecânicas do sistema Fe-Mn são fortemente influenciadas pela composição da fase. A
fase austenita (γ), principal constituinte da liga Fe-35Mn, exibe grãos relativamente grandes, que poderiam
explicar sua superior ductilidade e menor resistência (HERMAWAN; DUBÉ; MANTOVANI, 2010). Os
resultados da caracterização mecânica são mostrados na Tabela 2. O comportamento mecânico da liga Fe-
35Mn pode ser medido comparando suas propriedades ao aço inoxidável 316L, tendo em vista que
atualmente a maioria dos stents implantados são fabricados a partir deste. Assim sendo, nota-se a partir dos
dados apresentados na Tabela 2 que a redução a redução no valor de microdureza da liga (113 HV) indica
melhor desempenho para aplicação em implantes biodegradáveis (NAYAK; BISWAL; SAHOO, 2020). Os

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valores de microdureza apresentaram variações durante o processamento da liga, no entanto, concordam


com as mudanças inseridas na microestrutura em cada etapa. O menor módulo de elasticidade encontrado
para liga (181 GPa) reforça seu potencial para aplicações biomédicas, já que este deve ser o mais próximo
possível ao do osso (17 – 30 GPa).

Tabela 2. Propriedades mecânicas da liga Fe-35Mn.


Microdureza Vickers (HV) Módulo de elasticidade (GPa)
Bruta de fusão 125 -
Homogeneizada 98 -
Fe-35Mn
Forjada 178 -
Solubilizada 113 181
Aço inoxidável 316L 195 193
Fonte: Autoria própria

4. CONCLUSÃO
A partir da caracterização microestrutural e mecânica foi possível concluir que a rota de processamento
aplicada permite, efetivamente, a obtenção de ligas Fe-Mn em diferentes composições. Alguns parâmetros
de processo podem ainda ser testados visando maior aproveitamento.

5. AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo auxílio financeiro.

6. REFERÊNCIAS
Cheng, J., et al. "Comparative in vitro study on pure metals (Fe, Mn, Mg, Zn and W) as biodegradable
metals." Journal of Materials Science & Technology 29.7 (2013): 619-627.

Dargusch, M. S et al. Exploring the Role of Manganese on the Microstructure, Mechanical


Properties, Biodegradability, and Biocompatibility of Porous IronBased Scaffolds. CS Biomater. Sci. Eng. 5,
1686-1702, 2019.

Hermawan, H et al. "Fe–Mn alloys for metallic biodegradable stents: degradation and cell viability studies."
Acta biomaterialia 6.5 (2010).

Hermawan, H.; Dubé, D.; Mantovani, D. Degradable metallic biomaterials: Design and development
of Fe–Mn alloys for stents. Wiley Periodicals, Inc. J Biomed Mater Res 93A: 1–11, 2010.

Kraus, T. et al. "Biodegradable Fe-based alloys for use in osteosynthesis: Outcome of an in vivo study after
52 weeks." Acta biomaterialia 10.7 (2014): 3346-3353.

Li, H, Y. Zheng, and L.Qin. "Progress of biodegradable metals." Progress in Natural Science: Materials
International 24.5 (2014): 414-422.

Nayak, P.; Biswal, A. K.; Sahoo, S. K. Processing and characterization of Fe-35Mn biodegradable metallic
materials. Materials Today: Proceedings,2020.

Vojtech, D. et al. "Comparative mechanical and corrosion studies on magnesium, zinc and iron alloys as
biodegradable metals." Mater. Technol 49 (2015): 877-882.

4 68
USO DE NANOCELULOSE PARA REDUÇÃO DA EMISSÃO DE FORMALDEÍDO EM
PAINÉIS DE MADEIRA

Luana Cristal Lirya Silvaa*; Felipe Oliveira Limaa; Danielle Goveiab; Cristiane Inácio de
Camposa,b
aUniversidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Guaratinguetá/SP, Brasil.
bUniversidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Itapeva/SP, Brasil.
*E-mail do correspondente: luana.cristal@unesp.br

Resumo. A indústria de painéis apresenta um crescimento contínuo, com isso, novas alternativas se tornam
necessárias, visando o processo de melhoria contínua dos produtos, tanto pela crescente competitividade do
mercado, como pela preocupação com aspectos ambientais. Portanto, é possível implementar o processo
industrial de fabricação dos painéis através do uso de nanocelulose, visando além de ganho de resistência,
reduzir a emissão de formaldeídos em painéis à base de madeira. O presente trabalho traz uma revisão de
literatura através da qual se baseia a pesquisa realizada na pós-graduação, com o intuito de analisar a
viabilidade da produção de painéis compensados, produzidos com nanocelulose, para comparação com
valores comerciais do produto.

Palavras-chave: Nanocelulose; Compósito de madeira; Emissão de formaldeído.

1. INTRODUÇÃO
A grande disponibilidade de recursos florestais existente no Brasil possibilita o constante crescimento de
setores industriais que utilizam a madeira como matéria-prima. O setor dos painéis à base de madeira vem
buscando constantemente novos métodos de produção e novas tecnologias (SILVA et al., 2019).
Ao se tratar de painéis para uso estrutural, o adesivo empregado é decisivo para atingir melhores propriedades
do produto. Em chapas destinadas ao uso externo, como na construção civil, a resina fenol-formaldeído (FF)
é mais comumente utilizada. Entretanto, a resina à base de formaldeído é um dos principais causadores de
problemas com toxicidade, pois parte do formaldeído presente nas resinas não reage, ficando retido no painel
e liberado posteriormente (NAKANO et al., 2018).
Segundo Ferreira et al. (2012), com o desenvolvimento de novos painéis à base de madeira, passou a existir
a necessidade de adesivos que exercessem menor agressividade ao meio ambiente. Para isso, pesquisas
estão sendo desenvolvidas, a fim de diminuir a emissão de poluentes por estes adesivos, sem prejudicar as
propriedades dos painéis produzidos.
Assim, no contexto de sustentabilidade, aumenta-se o interesse por um biomaterial com baixa toxicidade e
biodegradabilidade, além de alta resistência mecânica – a nanocelulose - que apresenta características únicas
(SACUI et al., 2014).
Khalil et al. (2014) relatam que a nanocelulose pode ser usada em inúmeras aplicações, estando entre essas
o uso como barreira para gases, reforço em polímeros, melhoramento da resistência mecânica de papéis
cartão, além de fármacos, cosméticos, aditivos de revestimento, biomedicina e embalagens de alimentos.
Nos últimos anos, o uso de modificadores de compostos naturais renováveis também têm sido pesquisados
para reduzir q emissão de formaldeído. Segundo Ayrilmis et al. (2016), os materiais de construção podem
liberar uma ampla gama de poluentes, sendo um desses o formaldeído emitido por painéis de madeira, que
podem causar até mesmo problemas de saúde.
Com isso, o teor de formaldeído das resinas foi reduzido gradualmente ao longo dos anos por ser uma das
formas mais eficazes de reduzir a sua emissão. Assim, a emissão de formaldeído de painéis à base de
madeira diminui à medida que a razão molar de formaldeído cai, entretanto, as propriedades físico-mecânicas
são influenciadas negativamente com a redução na quantidade de adesivo (HE et al., 2012).
Zhang et al. (2011) estudaram o efeito da celulose nanocristalina (NCC) na emissão de formaldeído de painéis
compensados, e verificaram uma redução significativa na emissão de formaldeído. Ayrilmis et al. (2016)
revelaram que a emissão de formaldeído diminuiu, quando a nanocelulose foi incorporada na resina ureia-
formaldeído de painéis LVL (Laminated Veneer Lumber), na proporção de até 30% em peso.
Assim, a proposta do presente trabalho é comparar o uso de nanocelulose em diferentes estudos para a
redução da emissão de formaldeídos em painéis de madeira.

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MÉTODO DE PESQUISA
O presente trabalho traz uma revisão de literatura através da qual se baseia a pesquisa realizada na pós-
graduação, com o intuito de analisar a viabilidade da produção de painéis produzidos com nanocelulose, para
futuramente comparar com os resultados obtidos com valores de produtos comerciais. Foram definidos como
critério de inclusão: artigos publicados entre os anos de 2005 e 2021, período em que se intensificou o uso
do nanomaterial no mercado.
Assim, pesquisando na base de dados Web of Science, com relação ao termo “nanocellulose”, apenas 5091
resultados foram obtidos, onde a primeira pesquisa surgiu somente no ano de 2005.
Os resultados da busca do termo “nanocellulose” na base de dados Web of Science estão apresentados na
Figura 1.

Figura 1. Resultado da pesquisa referente a trabalhos publicados com o termo “nanocellulose”.

Fonte: Web of Science (2020).

Nas pesquisas realizadas apenas 6 resultados referentes a nanocelulose e painéis compensados foram
encontrados, o primeiro trabalho surgiu somente no ano de 2013, e os demais nos anos de 2019 e 2020,
indicando assim ser um tema novo e ainda pouco pesquisado. Ressalta-se ainda que o único trabalho
encontrado referente à nanocelulose e emissão de formaldeído em painéis compensados, é baseado em
nanocristais de celulose (ZHANG et al., 2011), reafirmando assim o ineditismo da pesquisa, que será baseada
em nanofibrilas de celulose. Além disso, um outro trabalho estudando a nanocelulose para redução da
emissão de formaldeído em painéis LVL foi publicado no ano de 2016 (AYRILMIS et al.,2016), portanto, esses
foram considerados mais relevantes para serem retratados.
Segundo Reixach et al. (2019), é possível distinguir dois tipos de nanocelulose, sendo esses os nanocristais
de celulose e as nanofibrilas de celulose. Os primeiros são obtidos tratando as fibras com ácidos, enquanto
os últimos são obtidos por desintegração mecânica. Assim, o material proposto na pesquisa é a nanofibrila
de celulose, ainda pouco estudadas, não encontrando, portanto, trabalhos específicos sobre painéis já
produzidos com essas.
Zhang et al. (2011) estudou a emissão de formaldeído em painéis compensados produzidos com uréia
formaldeído e nanocristais de celulose modificados por APTES (3-aminpropyltriethoxysilane), e por MPS (3-
methacryloxy-propyltrimethoxysilane), já Ayrilmis et al. (2016), estudou a emissão de formaldeído em painéis
LVL produzidos com uréia formaldeído e nanofibrilas de celulose em diferentes porcentagens.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os trabalhos pesquisados como referência foram escritos por Zhang et al. (2011) e Ayrilmis et al. (2016) e
trazem resultados a respeito da emissão de formaldeído em painéis produzidos com nanocristais de celulose
e nanofibrilas de celulose, respectivamente. Estes resultados, estão apresentados na Tab. 1.

Tabela 1. Resultados obtidos para emissão de formaldeído.


Zhang et al. (2011) Ayrilmis et al. (2016)

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Emissão de Emissão de
Nanocristais de Nanofibrilas de
formaldeído formaldeído
celulose celulose
(mg/L ) (mg/m3 )
0,47 0% 17.3 0%
0,22 1,5% (APTES) 19.3 10%
0,47 0% 9.7 20%
0,37 1,5% (MPS) 3.4 30%
Fonte: Zhang et al. (2011) e Ayrilmis et al. (2016)

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de concentração de formaldeído em materiais
de construção são medidos após a construção e devem ser menores ou iguais a 100 mg/m³. Já segundo a
norma EN 636: 2003 para plywood, a emissão medida para formaldeído deve ser menor do que 124 mg/m³.
Assim, é possível dizer que os resultados obtidos por Ayrilmis et al. (2016) estão dentro do especificado pelas
normas referenciadas.
Segundo Ayrilmis et al. (2016), a emissão de formaldeído dos LVLs produzidos com a resina ureia formaldeído
diminuiu consideravelmente com o aumento do teor de nanocelulose na temperatura de 25°C, sendo que
essa melhora foi verificada para porcentagens de até 30% em peso. Entretanto, para maiores porcentagens
foi verificado que a adição do material pode causar agregação nas resinas, afetando negativamente os valores
de emissão de formaldeído. Os autores também relataram que as taxas de emissão de formaldeído dos LVLs
aumentaram significativamente com o aumento da temperatura ambiente.
Já no trabalho de Zhang et al. (2011), a emissão de formaldeído diminuiu de 0,47 mg/L para 0,22 mg/L quando
adicionada a nanocelulose modificada por APTES e de 0,47 mg/L para 0,37 mg/L, quando adicionada a
nanocelulose modificada por MPS. Os autores relatam que ocorreu uma redução na emissão por adsorção
física e quimissorção, sem comprometer a resistência de união interna do compensado, sendo que a
superfície de alta razão foi o principal fator de adsorção física, que levou à diminuição da emissão de
formaldeído. As ligações covalentes e ligações de hidrogênio entre a nanocelulose e o formaldeído foram as
principais abordagens de quimissorção para adsorção.
Além disso, pesquisando em outras literaturas, Liu e Zhu (2014) relataram que, em comparação com os
painéis de controle, as emissões de formaldeído de painéis à base de madeira revestidos com papéis
impregnados de melamina reforçada com nanopartículas a 0,5% diminuíram ligeiramente. Os autores também
relataram que as nanopartículas podem absorver o formaldeído livre da resina e as propriedades de barreira
das nanopartículas reduziram as emissões de formaldeído dos painéis devido ao seu efeito de blindagem.
Com isso, é possível dizer que o uso de materiais em nanoescala apresenta potencial para reduzir a emissão
de formaldeído em painéis de madeira, em especial a celulose, que tem ganhado espaço no mercado como
um material mais sustentável, e que pode ser utilizado como reforço para polímeros, podendo assim ser
incorporada na etapa de aplicação do adesivo no processo produtivo de painéis de madeira.

4. CONCLUSÕES
Os resultados dos estudos analisados indicaram que a emissão de formaldeído dos painéis produzidos teve
uma redução após a adição da nanocelulose, podendo-se considerar essa uma alternativa interessante para
o desenvolvimento e evolução desses produtos à base de madeira.
Pode-se dizer, portanto, que as nanoceluloses podem interferir positivamente na emissão de formaldeído dos
painéis, independentemente do tipo de material adicionado, cristais ou fibrilas, embora ainda seja preciso uma
análise mais aprofundada com relação a outras propriedades físicas e mecânicas. Conclui-se assim que este
é um assunto relevante e essencial para futuras pesquisas na área, podendo vir a agregar grande valor ao
produto e aos processos de produção, além do desempenho sustentável do produto.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio e financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).

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6. REFERÊNCIAS
AYRILMIS, N.; LEE, Y; KWON, JH; HAN, T; KIM, H. Formaldehyde emission and VOCs from LVLs produced
with three grades of urea-formaldehyde resin modified with nanocellulose. Build. Environ.82–87. 2016.
https://doi.org/10.1016/j.buildenv.2015.12.009.
FERREIRA, BS; CAMPOS, CI; SILVA, MS; VALARELLI. I D. Cisalhamento na Linha de Cola de Compensados
de Eucalyptus sp. e Adesivo PVA. Floresta e Ambiente.; 19(2):141-146. 2012. DOI: 10.4322/floram.2012.016
HE, Z. ZHANG, Y; WEI, W. Formaldehyde and VOC emissions at different manufacturing stages of wood-
based panels, Build. Environ. 47. 2012.
KHALIL, AHPS.; DAVOUDPOUR, Y.; ISLAM, N.; MUSTAPHA, A.; SUDESH, K.; DUNGANI, R.; JAWAID, M.
Production and modification of nanofibrillated cellulose using various mechanical processes: a review.
Carbohydrate Polymers, v. 99, p. 649-665, 2014. DOI: 10.1016/j. carbpol.2013.08.069.
LIMA FO; SILVA LCL; CAMPOS CI; CHRISTOFORO AL; LAHR FAR. Influência do tempo de prensagem em
propriedades físicas e mecânicas de painéis MDP. Scientia Forestalis.Piracicaba, v. 46, n. 119, p. 387-393.
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LIU, Y.; X. ZHU, Measurement of formaldehyde and VOCs emissions from woodbased panels with
nanomaterial-added melamine-impregnated paper, Constr. Build. Mater 66. p. 132-137, 2014.
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Japan and impact of formaldehyde emissions during the use stage. International Journal Life Cycle
Assessment 23(4): 957-969. 2018. https://doi.org/10.1007/s11367-017-1343-6
REIXACH R; CLARAMUNT J; CHAMORRO MA, LLORENS, J, PARETA, MM; QUIM, QT; MUTJÉ P;
DELGADO-AGUILAR, M. On the Path to a New Generation of Cement-Based Composites Through the Use
of Lignocellulosic Micro/Nanofibers. Materials, 12, 1584; 2019. doi:10.3390/ma12101584
SACUI, IA.; NIEUWENDAAL, RC.; BURNETT, DJ.; STRANICK, SJ.; JORFI, M.; WEDER, C.; FOSTER, EJ.;
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methods. ACS Applied Materials and Interfaces, v. 6, n. 9, p. 6127-6138, 2014. DOI: 10.1021/am500359f.
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72
ESTUDO DOS PARÂMETROS DE ANODIZAÇÃO DA LIGA AA2024 PARA
SOLDAGEM COM PEI/FIBRA DE VIDRO POR OXI- COMBUSTÍVEL

Ribeiro, M.P.S.a*; Botelho, E.C a.; Abrahão, A.B.R.M. b; Lucas, R.R. a; Marques, L.F.B. a
Nakazato, R.Z. a
a
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá
b
Faculdade de Tecnologia de Pindamonhangaba
*e-mail: marcos.s.ribeiro@unesp.br

Resumo.
A crescente aplicação de materiais leves e alto desempenho levaram a indústria aeronáutica ao uso de
estruturas hibridas, onde materiais metálicos e não metálicos são mesclados e dentre os tipos de junção a
solda vem se destacando. A liga de alumínio AA2024-T3 e o compósit o PEI/fibra de vidro são utilizados em
vários segmentos estruturais das aeronaves. O tratamento de anodização vem sendo utilizado para a
proteção do alumínio contra a corrosão e para se obter uma melhor junção entre os materiais. Neste
trabalho foi utilizado o planejamento experimental para determinar as melhores condições de potencial e
tempo de anodização, para a soldagem por oxi-combustível.

Palavras-chave: Anodização 1; Soldagem 2; Compósito 3; Alumínio AA2024 4; PEI/Fibra de vidro 5

1. INTRODUÇÃO
As ligas de alumínio AA2024-T3 são muito utilizadas no setor aeronáutico devido sua alta
resistência mecânica resultante da adição de cobre (Cu), que resulta na formação de pequenos precipitados
finamente dispersos por processo de envelhecimento controlado, mas apresenta menor resistência à
corrosão localizada (PEREIRA et al., 2000; QUEIROZ, 2008). De modo a suprir esse problema a liga de
alumínio passa pelo processo de anodização, onde ocorre a formação de uma camada de óxido (Al2O3) em
sua superfície, obtendo assim uma camada mais espessa do que a formada naturalmente (CASTRO, 2018).
No setor aeroespacial o crescente uso de compósitos vem surgindo como uma alternativa às
estruturas metálicas convencionais. Esses materiais proporcionam menor peso quando comparado aos
metais, equivalente resistência mecânica e maior resistência à corrosão (BATISTA; BOTELHO, 2009). O
compósito PEI (Poli (éter imida)) /Fibra de vidro vem sendo utilizado em larga escala nesse segmento de
indústria em componentes estruturais.
Para junção de materiais dissimilares, uma boa adesão entre a liga de alumínio e o compósito é
fundamental para o desempenho das juntas soldadas. Para que ocorra uma boa adesão, a anodização em
soluções ácidas vem sendo uma boa alternativa. Este processo produz uma camada fina de óxido, com alta
rugosidade e resistente à umidade, e consiste no tratamento mais usado em componentes aeronáuticos
(SANTOS et al., 2020). Dentre os vários fatores que podem afetar as propriedades dos materiais, o
tratamento da superfície do alumínio vem se mostrando cada vez mais efetivo, pois pode melhorar o
desempenho da união da liga com a resina epóxi (WANG et al., 2014).
A soldagem de materiais dissimilares representa uma alternativa para a redução de peso das
estruturas e assim melhorar seu desempenho. A união pelo método de soldagem constitui um fator-chave
para o aumento da utilização de materiais compósitos em estruturas aeroespaciais. Sendo o método de
soldagem de fácil execução, quando comparado a outros tipos de junções (rebitagem, colagem, etc), tem
despertado grande interesse nas indústrias. A soldagem por oxi-combustível (OFW) foi empregada neste
trabalho por se tratar de um método de baixo custo e inovador (REIS, 2020).

1.1 OBJETIVO GERAL


O presente trabalho tem como objetivo estudar a influência do potencial e do tempo de anodização na
resistência à corrosão da liga AA2024 e na resistência mecânica de juntas soldadas da liga de alumínio e
PEI/Fibra de vidro, obtidas por OFW, com o uso de planejamento experimental.

2. MATERIAIS E METODOLOGIA

1 73
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.1 MATERIAIS
Neste estudo foram utilizados os seguintes materiais: laminado termoplástico compósito PEI/Fibra de vidro,
processado e fornecido pela empresa holandesa TOROY, com espessura de 2,5 mm e dimensões de 100
mm x 25 mm; liga de alumínio AA2024-T3, fornecido pela empresa VBTec (Viner Brasil Tecnologia), com
3,0 mm de espessura e dimensões de 100 mm x 25 mm.

2.2 METODOLOGIA

2.2.1 Planejamento Experimental


Para determinação das melhores condições para anodização foi utilizado um planejamento experimental
2
fatorial completo 2 , sendo as variáveis potencial e tempo. As condições de anodização mínimas e máximas
estabelecidas para aplicação do planejamento experimental foram: potencial (10 e 20 V) e tempo (5 e
25 min). Com a utilização do software estatístico Design Expert 6.0.6, foram determinadas as condições
experimentais para a realização do processo de anodização.

2.2.2 Anodização da liga AA 2024-T3


A anodização das amostras de liga AA2024 foi realizada em um recipiente de vidro com capacidade de
aproximadamente 900 mL, contendo solução aquosa de ácido fosfórico, H3PO4 (10 % m/m), na qual foram
adaptados dois contra eletrodos de aço inoxidável (catodos) e a amostra da liga AA2024 (anodo),
conectados a uma fonte de alimentação (CC) AGILENT, modelo E3634A (25 V/7A). A agitação da solução
foi feita por borbulhamento de ar.

2.2.3 Processo de soldagem por oxi-combustível (OFW)


Para a soldagem da liga AA2024 e o compósito foi adaptado o processo oxi-combustível desenvolvido por
Reis (2020), constituído de cilindro de GLP (gás liquefeito de petróleo) com um regulador de pressão e um
maçarico para aplicação da chama diretamente sobre a liga de alumínio, aproveitando a sua excelente
condução térmica. O maçarico utilizado foi fixado em um suporte para controle do direcionamento e
distância da chama à amostra, durante o processo de soldagem.

2.2.4 Teste Lap Shear (LSS)


O teste de LSS (variável resposta) foi realizado para a medição da resistência à ruptura das juntas soldadas
do compósito com a liga AA2024. Os ensaios foram realizados com uma célula de carga de 50 kN a uma
velocidade de 1,5 mm/min, em uma máquina universal de ensaios da SHIMATZU, modelo AG-X.

2.2.5 Ensaios eletroquímicos


O estudo eletroquímico do AA2024 antes e após a anodização foi realizado por medição do potencial em
circuito aberto e obtenção de curvas de polarização potenciodinâmica em um potenciostato da marca
EG&G-PARC, modelo 283, controlado por software PowerSuite. Uma célula tipo flat, contendo solução de
NaCl 3,5% (m/m), pH 6,2, aerada naturalmente, em temperatura ambiente foi empregada nos ensaios de
2
corrosão. O eletrodo de trabalho consistiu na amostra da liga AA2024, com área exposta de 1 cm . Como
referência foi utilizado o eletrodo de Ag/AgCl (KCl saturado) e um contra eletrodo de platina.

3. RESULTADOS DISCUSSÕES

3.1 PARÂMETRO DE ANODIZAÇÃO DA LIGA AA2024-T3


Para comprovar a eficácia do processo de anodização na soldagem de materiais híbridos, foram feitas
anodizações da liga AA2024 em diferentes condições de potencial e tempo. Esses parâmetros são
determinantes para se obter uma superfície recoberta com uma camada de óxido, visando a proteção do
material contra corrosão e uma boa ancoragem no processo de soldagem. Na Tab 1 são apresentados os
parâmetros preliminares utilizados no processo de anodização:

Tabela 1. Valores preliminares de potencial e tempo de anodização da liga AA2024.


Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Potencial (V) 10 10 10 15 15 15 20 20 20
Tempo (min) 5 5 5 12,5 12,5 12,5 25 25 25

2 74
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: Autoria própria.


Nos instantes iniciais do processo de anodização observou-se um aumento abrupto na densidade de
corrente, associado à ruptura da camada de óxido. Em seguida, ocorreu uma diminuição deste parâmetro,
indicando a formação e crescimento da camada de óxido sobre o substrato de AA2024, tendendo à
estabilidade após cerca de 120 s. Nota-se, no final do processo, valores mais elevados de densidade de
corrente à medida que o potencial de anodização aumenta.

3.2 SOLDAGEM POR OFW


Para todas as condições de potencial e tempo de anodização aplicadas, após a soldagem por OFW, foram
obtidas junções com boa adesão, que possibilitaram a realização dos testes de LSS. Na Tab 2 são
apresentados os valores de tensão de ruptura das juntas do compósito com a liga AA2024. Valores maiores
de potencial e tempo de anodização resultaram num aumento, porém pouco expressivo, na resistência
mecânica das juntas. Para a condição de 10 V/5 min, o valor médio de tensão de ruptura foi de 11,3 Mpa.
enquanto para 20 V/25 min foi obtido 12,2 Mpa.

Tabela 2 – Valores de LSS das amostras soldadas de PEI/fibra de vidro e liga AA2024.
Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Temperatura de
437 374 476 433 444 414 426 411 391
soldagem(°C)
Lap Shear
9,44 11,9 12,5 12,0 12,2 12,7 10,5 13,1 13,1
(MPa)
Média (Mpa) (11,3  1,3) (12,4  0,3) (12,2  1,2)
Fonte: Autoria própria.

3.3 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL


Para a otimização do processo de anodização, foi aplicado o planejamento fatorial completo k=2, com dois
níveis (mínimo e máximo) e dois fatores (potencial e tempo), com 5 replicatas no ponto central, totalizando
13 testes. A Tab 3 apresenta os valores do planejamento experimental com os resultados de Lap Shear.

Tabela 3. Matriz experimental e resultados de Lap Shear.


Experimento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo (min) 5 20 5 20 1,89 23,1 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5
Potencial (V) 10,0 10,0 20,0 20,0 15,0 15,0 7,93 22,1 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0
Lap Shear
11 14 10 11 11 11 13 10 12 12 12 12 12
(Mpa)
Fonte: Autoria própria.

3.4 ENSAIOS ELETROQUÍMICOS


No estudo eletroquímico, as curvas de potencial em circuito aberto (ECA) em função do tempo, para as
amostras de liga AA2024 nas diferentes condições de anodização, revelaram valores de potencial mais
positivos, indicando a proteção oferecida pelo óxido presente na superfície do substrato. Observa-se
também oscilações no valor de ECA, que pode ser atribuído à ruptura e recomposição da camada passiva,
devido à presença de cloreto no meio. As curvas de ECA vs. tempo são mostradas na Fig 1.
As curvas de polarização obtidas para as amostras anodizadas em diferentes condições de potencial e
tempo foram comparadas com a amostra não anodizada (padrão) e são apresentadas na Fig 2. Foi notado
que amostra padrão apresentou uma pequena região de passividade, tendo um potencial de corrosão cerca
de -0,77 V. Já, as ligas anodizadas têm potencial de corrosão (Ecorr) mais positivos que o padrão, em
concordância com os valores de potencial em circuito aberto. As amostras da liga anodizadas revelaram
valores de densidade de corrente de corrosão (jcorr) menores, quando comparadas à liga não anodizada,
indicando um aumento na resistência à corrosão do material com o aumento do potencial de anodização.
Na Tab 4 são mostrados os valores de Ecorr e jcorr nas diferentes condições de anodização.
Tabela 4 – Parâmetros de corrosão das amostras AA2024 nas diferentes condições de anodização.
AA2024 T3 Padrão 10 V- 5 min 15 V - 12,5 min 20 V – 25 min
Ecorr (V) -0,77 -0,61 -0,69 -0,65
-8 -8 -9 -9
jcorr (A/cm²) 1,16x10 1,31 x10 2,34 x10 1,39 x10

75
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 1. Potencial em circuito aberto das amostras Figura 2. Curva de polarização das amostras AA2024
AA2024 nas diferentes condições de anodização. nas diferentes condições de anodização.

Fonte: Autoria própria. Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÃO
A partir dos parâmetros de anodização e dos resultados preliminares de Lap Shear foi possível a construção
de uma matriz experimental, sendo sugerida a melhor condição de 20 min e 10 V. A analise eletroquímica
sugere que o aumento do potencial aplicado no processo de anodização resulta no aumento da resistência
à corrosão da liga AA2024.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro para a viabilidade do projeto.

5. REFERÊNCIAS
BATISTA, N.L.; BOTELHO, E.C. Influência do intemperismo no desempenho viscoelástico de laminados
o
PEI/fibras de Carbono com aplicações aeroespaciais. 10 CBPol- Congresso Brasileiro de polímeros,
2009, Foz do Iguaçu.
CASTRO, V. A. Influência do Shot-Peening e da anodização crômica na resistência à fadiga da liga de
alumínio 7475-T7351. 120 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Mecânica, Universidade
Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2018.
PEREIRA, M. C et al. Efeito Do Tratamento Térmico Na Corrosão Das Ligas de Alumínio 2024 e 7050 Em
Meio Salino. Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales. v. 20, n.1, p. 63-66, 2000
QUEIROZ, M. C. Estudo do Comportamento de Corrosão dos Intermetálicos Presentes na liga
AA2024-T3, por Meio de Técnicas De Microscopia Associadas a Técnicas Eletroquímicas. 272 p. Tese
(Doutorado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear) Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
SANTOS. A. L. et al. Influence of anodization of aluminum 2024 T3 for application in aluminum/Cf/ epoxy
laminate. Composites Part B: Engineering, v184, 107718, 2020.
WANG, S.et al. The effect of the microstructure of porous alumina films on the mechanical properties
of glass-fiber-reinforced aluminum laminates. Composite Interfaces, China, v. 21, n. 5, p. 381–393. 2014.

4 76
SÍNTESE DE WO3 NANOPARTICULADOS PARA APLICAÇÃO EM REVESTIMENTO
COMPÓSITO TECNOLÓGICO

Marcos Vinícius Dobies Návia, Ronaldo Spezia Nunes


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Campus Garatinguetá
mvd.navia@unesp.br

Resumo. Através de dois processos de síntese via rota química através de precipitação ácida, foram obtidas
nanopartículas de WO3, que serão aplicadas na criação de material compósito para uso como revestimento
que apresente aplicação tecnológica na indústria.
Foram feitos ensaios de MEV e DRX a fim de caracterizá-los e confirmar seu tamanho médio de partícula. O
método não permite conseguir uma morfologia controlada, além de haver um alto grau de variação no
tamanho das nanopartículas, contudo, esse método atende as necessidades de obtenção de nanopartículas
de forma rápida e não onerosa.

Palavras-chave: Nanopartículas; WO3; Resina epóxi; Revestimento tecnológico.

1. INTRODUÇÃO

1.1 NANOPARTÍCULAS
Em 1959, durante o encontro anual da Sociedade de Física Americana (American Phisical Society) na
California Institute of Technology, Richard P. Feynman realizou uma palestra intitulada There’s Plenty of Room
at the Bottom, onde relata a possibilidade de manipular e controlar a matéria em pequenas escalas. O principal
intuito era a miniaturização de equipamentos de armazenamento de informação. Esse foi um marco, onde foi
antecipado os desenvolvimentos em nanotecnologia, sem ao menos esse termo existir na ocasião (MARTINS,
2012; FEYNMAN. 1960).

1.2 ÓXIDO DE TUNGSTÊNIO


A síntese de nanopartículas de WO3.nH2O pode ser feita através de método de precipitação ácida, método
de sol-gel, método de micro emulsão, método de troca iônica e por rota hidrotérmica (LOPES, 2017).
O WO3, conhecido como “material inteligente”, apresenta importantes propriedades fotocrômicas (mudança
de cor pela exposição à luz de forma reversível), eletrocrômicas (mudança de cor quando submetido a uma
ddp de forma reversível) e gasocrômicas (mudança de cor pela exposição à gases de forma reversível).
Assim, o WO3 é utilizado como sensor de gás e para foto-oxidar alguns poluentes orgânicos, tais como
corantes têxteis e micro-organismos (MOURA, 2014; LOPES, 2017).
A dopagem do óxido de tungstênio com diferentes materiais também é possível, modificando suas
propriedades como, por exemplo:
• Sódio: Supercondutor de alta temperatura;
• Cobalto: Nanocompósitos utilizados como super capacitores;
• Bário: Responde a propriedades dielétricas;
• Cálcio: Potencial de aplicação em lasers e dispositivos médicos; e
• Chumbo: Propriedades super hidrofóbicas (PIMENTA, 2015; LOPES, 2017).

1.3 OBJETIVOS
O objetivo geral desta pesquisa visa sintetizar nanopartículas de WO3 para aplicação deste material como
revestimento que apresente aplicação tecnológica na indústria.
Objetivos específicos:
• Verificar a morfologia (MEV).
• Realizar as caracterizações por difratometria de raios X (DRX – método do pó).

1 77
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MÉTODO DE PESQUISA

2.1 SÍNTESE DAS NANOPARTÍCULAS DE WO3


As nanopartículas foram sintetizadas por rota química através de precipitação ácida. Com o intuito de
encontrar a melhor rota de síntese, com nanopartículas de menor tamanho, diversas sínteses foram testadas.
Aqui, serão apresentados 2 métodos de síntese, onde, em um, a solução de Na2WO4.6H2O é acrescentada
sobre o HCl e, em outra, o HCl é acrescentado sobre a solução de Na2WO4.6H2O.

2.1.1 HCl fumegante sobre solução de Na2WO4.6H2O


Preparou-se, inicialmente, uma solução por diluição de 3,0 g de Na2WO4.6H2O em 3,0 mL de água deionizada,
sobre agitação magnética e aquecimento. Acrescentou-se 5,0 mL de ácido clorídrico fumegante (37%) sobre
a solução, formando um precipitado amarelo. A solução permaneceu sobre agitação e aquecimento durante
30 minutos.
Posteriormente, a solução foi lavada diversas vezes com o auxílio de uma centrífuga, com o intuito de se
remover o excesso de cloreto.
O precipitado foi então coletado e seco em estufa de circulação forçada a 80°C durante 24 horas e, em
seguida, calcinado em mufla a 500°C por 2 horas e, por fim, coletado, obtendo-se nanopartículas de WO3.

2.1.2 Solução de Na2WO4.6H2O sobre HCl fumegante


Preparou-se, inicialmente, uma solução por diluição de 3,0 g de Na2WO4.6H2O em 3,0 mL de água deionizada.
Acrescentou-se a solução em 5,0 mL de ácido clorídrico fumegante (37%), formando um precipitado amarelo.
A solução permaneceu sobre agitação e aquecimento durante 30 minutos.
Posteriormente, a solução é lavada diversas vezes com o auxílio de centrífuga, a fim de se remover o excesso
de cloreto.
O precipitado é então coletado e seco em estufa de circulação forçada a 80°C durante 24 horas.
O precipitado é então calcinado em mufla a 500°C por 2 horas e depois coletado, obtendo-se nanopartículas
de WO3.

2.2 CARACTERIZAÇÃO

2.2.1 Microscopia eletrônica de varredura


Foram obtidas imagens por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com o intuito de se averiguar a
morfologia e o tamanho de partícula do WO3 sintetizado pelos dois métodos.

2.2.2 Difratometria de raio-X


Foi realizada análise por difratometria de raios X (DRX) a fim de se determinar a composição dos compostos
obtidos e também o tamanho médio do cristalito a partir da equação de Scherrer, onde tc é o tamanho do
cristalito, k é a constante de Scherrer, λ é o comprimento de onda da radiação utilizada, β é a largura a meia
altura do pico de difração e θ é o ângulo de Bragg:

𝑘𝜆
𝑡𝑐 = (1)
𝛽 cos 𝜃

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA


A partir da microscopia eletrônica de varredura (Figura 1), foi possível confirmar que as partículas do WO3
sintetizado encontram-se na escala nano, contudo, por restrições impostas pela capacidade do equipamento,
não é possível determinar com precisão o tamanho. É possível notar que pelas rotas de síntese adotadas, a
morfologia das nanopartículas não é uniforme.

Figura 1. MEV do WO3 sintetizado com HCl fumegante sobre solução de Na2WO4.6H2O (esquerda) e solução
de Na2WO4.6H2O sobre HCl fumegante (direita)

2 78
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Fonte: Autoria própria

3.2 DIFRATOMETRIA DE RAIO-X


A partir dos padrões de DRX obtidos (Figura 2), foi possível verificar a composição das nanopartículas pela
da análise dos picos, verificando que o composto obtido pelas sínteses é realmente o WO 3. Além disso, foi
possível determinar o tamanho médio das nanopartículas utilizando a Equação 1 pela média dos 3 picos com
maior intensidade (Tabela 1).
É possível perceber que as nanopartículas de WO 3 sintetizadas com HCl fumegante sobre solução de
Na2WO4.6H2O possui menor variação de tamanho do que o WO 3 sintetizado com solução de Na2WO4.6H2O
sobre HCl fumegante, porém possui tamanho médio de partículas maior.

Figura 2.

Fonte: Autoria própria

Tabela 1. Dados obtidos por DRX do WO3 sintetizado com HCl fumegante sobre solução de Na2WO4.6H2O e
Na2WO4.6H2O sobre HCl fumegante e seus tamanhos médios de partículas.
Rel. Int.
β 2θ Kα(Cu) Tamanho Médio de Particulas (nm)
[%]
HCl fumegante 100 0,1948 23,5341 0,15406 42,12
sobre solução de
85,91 0,2273 24,7544 0,15406 36,18
Na2WO4.6H2O
81,32 0,1624 23,9673 0,15406 50,56
MÉDIA 42,95

79
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Rel. Int.
β 2θ Kα(Cu) Tamanho Médio de Particulas (nm)
Solução de [%]
Na2WO4.6H2O 100 0,2598 23,0777 0,15406 31,56
sobre HCl 82,75 0,1299 23,3596 0,15406 63,14
fumegante 61,86 0,3247 27,5164 0,15406 25,47
MÉDIA 40,06
Fonte: Autoria própria

4. CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos, é possível averiguar que as sínteses por rota química através de precipitação
ácida do WO3 têm a formação de nanopartículas. Apesar da morfologia não ser controlada e haver um alto
grau de variação em seu tamanho, esse método de fácil síntese atende as necessidades de obtenção de
nanopartículas de forma rápida e não onerosa. Sendo assim, o grupo de estudo visa realizar maior gama de
testes nas nanopartículas a fim de compreende-las melhor e o comportamento do revestimento compósito
tecnológico quando agregada à resina epóxi.

5. AGRADECIMENTO
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
FEYNMAN, R. P. There’s Plenty of Room at the Bottom. Engineering and Science. Feb. 1960. Disponível
em: <http://calteches.library.caltech.edu/1976/1/1960Bottom.pdf>. Acesso em: 27 set. 2021.
GENT, A. N., et. al. Major industrial polymers. Encyclopædia Britannica, inc. Abr, 2016. Disponível em:
<https://www.britannica.com/topic/industrial-polymers-468698>. Acesso em: 27 set. 2021.
LOPES, L. F. S. SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO WO3-Ag PREPARADO VIA ROTA HIDROTÉRMICA.
Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Materiais) - Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Bauru, 2017.

MARTINS, M. A., TRINDADE, T. Os nanomateriais e a descoberta de novos mundos na bancada do


químico. Química Nova. v. 37, n. 7. 2012.
MAY, C. A. Epoxy Resins Chemistry and Technology. Marcel Dekker, INC. Nova Iorque, Estados Unidos
da América. Ed. 2. 1988.
MOURA, D. S. DE. Obtenção de filmes de óxido de tungstênio tendo como agente estruturante o
surfactante catiônico cloreto de dodeciltrimetilamônio. Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto de
Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

NEIGOTA, C., CRISTACHE, N., BODOR, M. The Epoxy Resin - History and Perspectives. Materiale
Pastice. Galati, Romênia. v. 53, n. 3. 2016. Disponível em:
<https://www.revmaterialeplastice.ro/pdf/NEGOITA%20C%203%2016.pdf>. Acesso em: 27 set. 2021.
PIMENTA, JULIANA DE OLIVEIRA. Influência do tratamento térmico assistido por pressão nas
propriedades óptica e elétrica do trióxido de tungstênio. 82 f. Tese (Doutorado em Química) – Instituto
de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2015.

4 80
COMBINAÇÃO DE CARREGAMENTOS DINÂMICOS E CONSTANTES: EFEITO
DWELL NO COMPORTAMENTO EM FADIGA DA LIGA Ti-6Al-4V

Martin Ferreira Fernandesa*; Verônica Mara de Oliveira Vellosoa; Pedro Henrique Souza de
Paulaa; Herman Jacobus Cornelis Voorwalda
aUniversidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Engenharia, Guaratinguetá.
*martin.fernandes@unesp.br

Resumo. A liga Ti-6Al-4V é aplicada em motores de turbina a gás na indústria aeronáutica. Contudo, estes
componentes operam em regime estacionário após atingir a tensão máxima, combinando fadiga com
cargas constantes (efeito dwell). Ensaios de fadiga axiais em temperatura ambiente com período dwell
foram realizados para simular os carregamentos em turbinas aeronáuticas. Os resultados mostraram uma
redução na vida em fadiga de 10,2 vezes em 1000 MPa e de 4,5 vezes em 950 MPa. A introdução das
cargas constantes gerou um acúmulo de deformação plástica e mudou a morfologia de fratura de fadiga
pura para fratura dúctil.

Palavras-chave: Fadiga; Efeito dwell; Ligas de titânio; Ti-6Al-4V; Turbina a gás.

1. INTRODUÇÃO
Ligas de titânio são aplicadas na indústria aeronáutica devido à alta resistência mecânica específica,
resistência à corrosão e estabilidade em altas temperaturas. Estima-se que 80% da produção de titânio é
dedicada às indústrias aeronáutica e aeroespacial (CUI et al., 2011). Em aeronaves, a maior proporção de
titânio é aplicada em turbinas aeronáuticas. A liga Ti-6Al-4V é utilizada na produção de pás e discos do
primeiro estágio de motores de turbina a gás (DAI et al., 2016).
Componentes de turbinas aeronáuticas de ligas de titânio estão submetidos a carregamentos dinâmicos
combinados com cargas constantes (GHONEM, 2012) quando atingem o seu máximo carregamento,
operando em regime estacionário na tensão máxima. Em 1972, o efeito da combinação de cargas
dinâmicas e constantes resultou em falhas de dois discos de titânio em motores Rolls-Royce (LEFRANC,
2008). Assim, observou-se que não se pode tratar os ciclos de trabalho de turbinas somente como ciclos de
carga e descarga e que efeitos adicionais podem influenciar na resposta em fadiga do material. O efeito
dwell é a combinação dos mecanismos de fadiga e cargas constantes que reduz a vida em fadiga para as
ligas de titânio, sendo relevante mesmo em temperatura ambiente para os componentes do primeiro estágio
de turbinas a gás aeronáuticas (SINHA, 2004).
O mecanismo de carregamento de fadiga com período dwell está relacionado ao acúmulo de deformação
plástica devido a ativação de mais sistemas de deslizamento quando a tensão máxima é retida por um
determinado período do que em carregamentos de fadiga pura (LAVOGIEZ, 2018). O mecanismo de fadiga
com período dwell ocorre devido à anisotropia entre os grãos de fase α de ligas de titânio. A redistribuição
de tensões acontece dos grãos mais “moles” para os grãos mais “duros”, instigando a nucleação de trincas
por fadiga em um período de tempo mais curto (BACHE, 2003). Os grãos “moles” são os que estão
favoravelmente orientados para deformação com o plano basal inclinado em relação à tensão aplicada,
enquanto os grãos “duros” apresentam o eixo-c alinhado a direção do carregamento (ZHENG, 2017). O
objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento em fadiga com período dwell da liga de titânio Ti-6Al-4V
com microestrutura equiaxial.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
O material utilizado neste trabalho é a liga de titânio Ti-6Al-4V recozida. A tensão de escoamento do
material é de 1000 MPa. Ensaios de fadiga pura foram realizados com ondas triangulares e um período de 1
segundo para carregamento e descarregamento, resultando em uma frequência de 0,5 Hz. A razão de
tensão dos ensaios foi R=0,1 em temperatura ambiente. Os ensaios e geometria dos corpos prova estão de
acordo com a norma ASTM E466. As superfícies dos corpos de prova foram preparadas através do
lixamento com lixas de SiC de granulometrias 1000, 1200 e 1500.
Os ensaios de fadiga com período dwell foram realizados com ondas trapezoidais, de maneira a manter o
mesmo formato das ondas de fadiga durante o carregamento e descarregamento, mas incluindo períodos
de carga constante de 10 segundos na carga máxima durante cada ciclo de fadiga. A Figura 1 mostra o
formato de onda dos ensaios de fadiga com período dwell. Os testes realizados com onda trapezoidal têm o

1 81
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

objetivo de simular os carregamentos de componentes de turbinas aeronáuticas. A deformação durante os


ciclos de fadiga com onda trapezoidal foi medida através de extensômetros. Os níveis de tensão máxima
utilizados nos ensaios foram de 950 (nível baixo) e 1000 MPa (nível alto). Diferentemente de ensaios de
fadiga com onda senoidal, em que é possível utilizar altas frequências de teste, cada ensaio com onda
trapezoidal dura dias, semanas ou até mesmo meses dependendo do nível de tensão do teste. Por
exemplo, atingir 104, 105 e 106 ciclos com um período de carga constante de 10 s a cada ciclo (acrescido de
2 s durante carregamento e descarregamento) consome cerca de 33, 333 e 3333 horas (mais de um dia,
cerca de duas semanas e quase 5 meses, respectivamente). Portanto, só é viável realizar ensaios de fadiga
em laboratório com período dwell até a fratura para elevados níveis de tensão.

Figura 1. Forma de onda trapezoidal utilizada nos ensaios de fadiga com períodos de 10s na carga máxima.

Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Tabela 1 mostra os resultados dos ensaios de fadiga com períodos dwell de 10 segundos durante cada
ciclo. Os ensaios foram realizados nas tensões de 950 e 1000 MPa, que corresponde a 95% e 100% da
tensão de escoamento do material, respetivamente. Os ensaios de fadiga pura com forma de onda
triangular são representados pelos períodos de dwell iguais a zero segundos. A média da redução na vida
em fadiga foi calculada como a razão entre as médias aritméticas dos números de ciclos para fratura (N f)
dos ensaios de fadiga com ondas trapezoidal e triangular.

Tabela 1. Resultados dos ensaios de fadiga com onda triangular e trapezoidal.

Nível de tensão 𝝈𝒎𝒂𝒙 (MPa) Período dwell (s) 𝑵𝒇 (cycles) Redução na vida em fadiga
Alto 1000 10 510 24,1
10 1821 6,8
10 1278 9,6
0 12299 -
Média 10 1203 10,2
Baixo 950 10 16485 5,1
10 20309 4,1
10 18630 4,5
0 83281 -
Média 10 18475 4,5

2 82
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Os resultados experimentais mostraram que a liga Ti-6Al-4V é sensível ao efeito dwell a temperatura
ambiente pois ocorreu uma redução significativa da vida em fadiga em todos os ensaios com período dwell.
O débito na vida em fadiga foi em média de 10,2 e 4,5 vezes ao introduzir a carga constante nos ciclos de
fadiga para os níveis de tensão de 1000 e 950 MPa, respectivamente. Portanto, o efeito dwell foi mais
significativo para os altos níveis de tensão do que para os baixos níveis de tensão. A média da vida em
fadiga reduziu de 12299 para 1203 ciclos no nível de tensão de 1000 MPa com o período dwell de 10 s.
Para o nível de 950 MPa, a média da vida em fadiga reduziu de 83281 para 18475 ciclos ao introduzir o
período dwell. Observou-se que os danos sofridos durante os carregamentos que os motores de turbinas a
gás estão submetidos não podem ser considerados simplesmente como um ciclo de fadiga para cada ciclo
de trabalho, uma vez que o efeito dwell é responsável pela redução na vida em fadiga.
A Figura 2 mostra a curva de deformação medida por extensometria durante os primeiros ciclos de fadiga
com período dwell de 10 s em um nível de tensão máxima de 950 MPa. Os resultados mostraram que
ocorre um grande acúmulo de deformação plástica durante carregamentos de fadiga com cargas constantes
nos picos dos carregamentos. O mecanismo responsável pela redução da vida em fadiga quando o período
dwell foi introduzido é a redistribuição de tensões que ocorre durante os períodos com carga constante. A
redistribuição ocorre dos grãos favoravelmente orientados com o plano basal inclinado na direção da tensão
aplicada para os grãos com o eixo-c alinhado na direção de carregamento (CUDDIHY et al., 2017). Os
resultados de deformação observados são coerentes com o mecanismo proposto de redistribuição de
tensões que resultou em um acúmulo de deformação plástica com o aumento do número de ciclos.
A distribuição de Weibull verificou a confiabilidade dos ensaios de fadiga com período dwell. O parâmetro de
forma foi maior que 1 para todos os níveis de tensão, o que indica boa confiabilidade e baixa variabilidade.
Por exemplo, para o nível de tensão de 950 MPa, o parâmetro de forma foi de 9,21. A distribuição de
Weibull também foi utilizada para fazer previsões de vida. Para uma confiabilidade de 70%, que
corresponde a quantidade de amostras que teriam uma vida em fadiga igual ou superior a um dado número
de ciclos, a previsão de vida para o nível de 950 MPa foi de 17298 ciclos para um nível de tensão de 950
MPa, comparado a apenas 714 ciclos no alto nível de tensão de 1000 MPa.

Figura 2. Deformação durante ensaio de fadiga com período dwell em um nível de tensão de 950 MPa.

Fonte: Autoria própria.

A Figura 3 mostra a superfície de fratura para uma amostra ensaiada em fadiga pura e em fadiga com
período dwell em um nível de tensão máximo de 1000 MPa. A Figura 3a mostra que a nucleação da trinca
ocorreu na superfície, como indicado pela seta. Contudo, para os ensaios de fadiga com período dwell no
nível alto de tensão, houve uma mudança na morfologia da superfície de fratura, modificando-se de uma
fratura típica de fadiga para uma fratura dúctil. Observa-se na Figura 3b que a fratura apresenta dimples em
toda sua extensão.

83
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 3. Superfície de fratura de ensaios de (a) fadiga (12299 ciclos) e (b) fadiga com período dwell (510
cycles) em um nível de tensão máxima de 1000 MPa.
(a) (b)

Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÕES
A partir dos resultados e análises do trabalho, as seguintes conclusões podem ser listadas:
 Os resultados experimentais de fadiga com período dwell indicaram que a liga Ti-6Al-4V é sensível
ao efeito dwell na temperatura ambiente.
 O débito na vida em fadiga foi mais significativo para altos níveis de tensão, atingindo uma redução
de 10,2 vezes no nível de tensão de 1000 MPa em comparação com uma redução de 4,5 vezes em
950 MPa.
 Um acúmulo de deformação plástica aconteceu durante ensaios de fadiga com período dwell.
 A introdução de períodos de carga constante na tensão de 1000 MPa mudou a morfologia de fratura
típica de fadiga para fratura dúctil.

5. AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPES), processo número
2019/02125-1, pelo financiamento do projeto. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES).

6. REFERÊNCIAS
BACHE, M. R. A review of dwell sensitive fatigue in titanium alloys: The role of microstructure, texture and
operating conditions. International Journal of Fatigue, v. 25, n. 9–11, p. 1079–1087, 2003.
CUDDIHY, M. A. et al. On cold dwell facet fatigue in titanium alloy aero-engine components. International
Journal of Fatigue, v. 97, p. 177–189, 2017.
CUI, C. et al. Titanium alloy production technology, market prospects and industry development. Materials
and Design, v. 32, n. 3, p. 1684–1691, 2011.
DAI, J. et al. High temperature oxidation behavior and research status of modifications on improving high
temperature oxidation resistance of titanium alloys and titanium aluminides: A review. Journal of Alloys and
Compounds, v. 685, p. 784–798, 2016.
GHONEM, H. Microstructure and fatigue crack growth mechanisms in high temperature titanium alloys.
Journal of Alloys and Compounds. v. 32, p. 1448 – 1460, 2010.
LAVOGIEZ, C.; HÉMERY, S.; VILLECHAISE, P. Concurrent operation of ⟨c + a⟩ slip and twinning under
cyclic loading of Ti-6Al-4V. Scripta Materialia, [s. l.], v. 157, p. 30–33, 2018.
LEFRANC, P. et al. Nucleation of cracks from shear-induced cavities in an α/β titanium alloy in fatigue, room-
temperature creep and dwell-fatigue. Acta Materialia, v. 56, n. 16, p. 4450–4457, 2008.
SINHA, V.; MILLS, M. J.; WILLIAMS, J. C. Understanding the Contributions of Normal-Fatigue and Static
Loading to the Dwell Fatigue in a Near-Alpha Titanium Alloy. [s. l.], v. 35, n. OCTOBER, p. 3141–3148, 2004.
ZHENG, Z.; BALINT, D. S.; DUNNE, F. P. E. Mechanistic basis of temperature-dependent dwell fatigue in
titanium alloys. Journal of the Mechanics and Physics of Solids, v. 107, p. 185–203, 2017.

4 84
QUANTIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DA PORCENTAGEM DE RUPTURA NA REGIÃO
DE COLAGEM DE MLC APÓS CISALHAMENTO DA LINHA DE COLA

Nádia Barros Gomes 1a*; Mateus Roder 2b, Amauri da Silva Ribas Junior 3a, Alexandre
Jorge Duarte de Souzaa, Julio Cesar Molina 5c
a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Guaratinguetá/SP, Brasil.
b Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Bauru/SP, Brasil.
c Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Itapeva/SP, Brasil.

*nadia.b.gomes@unesp.br

Resumo.
A qualidade de colagem para diferentes combinações espécie/adesivo de elementos de MLC é uma
necessidade atual no meio técnico. O objetivo deste trabalho foi quantificar de forma automatizada a
porcentagem de ruptura na região de colagem de elementos de MLC após ensaios de cisalhamento das
linha de cola usando o software GLT Rupture Analysis desenvolvido para esta finalidade. Nos testes foram
utilizadas madeiras de pinus e eucalipto e adesivo Cascophen RS 216-M bicomponente. As combinações
espécie/adesivo testadas apresentaram bons resultados de colagem e o software desenvolvido se mostrou
eficiente na quantificação da porcentagem de ruptura na região de colagem.

Palavras-chave: Quantificação computacional da ruptura; Interface madeira-adesivo; MLC.

1. INTRODUÇÃO
Para a resistência mecânica adequada do elemento estrutural de MLC, é necessário assegurar que o adesivo
utilizado na colagem entre as lamelas de madeira apresente resistência apropriada. De acordo com Kamke
et al. (2007), os produtos que utilizam a técnica de colagem para a produção, tem seu desempenho associado
à capacidade do adesivo em transferir as tensões mecânicas. A madeira é um material poroso que permite
que adesivos líquidos penetrem em seu substrato. A avaliação da combinação espécie/adesivo é fundamental
para a obtenção de bons resultados de colagem.
O Projeto de Norma PN 02.126.010-005 recomenda que a avaliação da qualidade de colagem em elementos
de MLC seja baseada em testes de resistência ao cisalhamento na linha de cola e em testes de delaminação.
Segundo este projeto de norma, a porcentagem máxima permitida para a delaminação de madeiras de
coníferas coladas deve ser de 6% e para dicotiledôneas de 4%. Além disso, para a determinação da
resistência ao cisalhamento das linhas de cola, um corpo de prova, retirado do elemento de MLC, deve ser
submetido ao ensaio de cisalhamento, com força aplicada paralela às fibras da madeira, até a falha da ligação.
Após a obtenção do valor de resistência ao cisalhamento das linhas de cola, se analisa a porcentagem de
ruptura na madeira e no adesivo. É desejável que ocorra maior porcentagem de ruptura na madeira ao invés
do adesivo. Isso caracteriza uma melhor qualidade de colagem nesse tipo de teste.
Vale mencionar que a análise dos modos de ruptura na região de colagem de corpos de prova de MLC, após
o ensaio de cisalhamento das linhas de cola, na maioria dos casos, é feita de forma visual, sendo este
processo impreciso. Desta maneira, a análise da porcentagem de ruptura, através da utilização de softwares
se mostra necessária, seja pela necessidade de obtenção de resultados mais rápidos como também mais
precisos, otimizando o processo, principalmente quando se trata da avaliação de um grande número de linhas
de cola dos corpos de prova. Portanto, o objetivo deste trabalho foi testar duas combinações espécie/adesivo
a partir da utilização do software de imagens GLT Rupture Analysis, desenvolvido em linguagem de
programação Python, pelo grupo de pesquisa em MLC da UNESP de Itapeva, sob orientação do pesquisador
responsável.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS
Na confecção dos elementos de MLC foram utilizadas madeiras de reflorestamento de eucalipto (ρap = 574
kg/m3, classe D40) e pinus (ρ = 467 kg/m3, classe C30) colados com adesivo Cascophen RS 216-M.

1 85
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.2 MÉTODOS
Todas as madeiras utilizadas passaram por classificação mecânica e visual prévia para determinação de suas
propriedades físicas e mecânicas como também para a escolha das peças de melhor qualidade. Na
classificação visual utilizou-se o método de ensaio ABNT NBR PN 02:126.010-001 e na classificação
mecânica o anexo B da ABNT NBR 7190 (1997). Na produção das vigas de MLC foram utilizadas lamelas de
madeira com as dimensões de 5 cm x 2 cm x 120 cm. Após a classificação mecânica e visual, as lamelas
foram secas em ambiente climatizado para obtenção da umidade padrão de 12%. Foram produzidas vigas de
MLC compostas por 5 lamelas com 2 cm de espessura cada, com as seguintes dimensões finais: de 5 cm x
10 cm x 120 cm. Utilizou-se pressão de colagem igual a 1,2 MPa para vigas de MLC confeccionadas com
madeiras de eucalipto e de 0,7 MPa para as vigas confeccionadas para as madeiras de pinus, segundo
recomendações do projeto de revisão da ABNT NBR 7190 (2021). Na colagem das vigas foi utilizada a
gramatura de adesivo igual a 240 g/m2, conforme recomendação do fabricante do adesivo, com aplicação do
adesivo nas duas faces das lamelas. Foram produzidas 06 vigas para cada combinação espécie/adesivo,
com dimensões de 5 cm x 10 cm x 120 cm. De cada uma das vigas produzidas, foram retiradas 04 amostras
de corpos de prova com dimensões 5 cm x 10 cm x 7,5 cm, para realização dos ensaios de cisalhamento das
linhas de cola, conforme recomendações projeto de norma ABNT NBR ISO PN 02:126.010-005 (Figura 1).

Figura 1 - Viga de MLC produzida para retirada dos 4 corpos de prova de cisalhamento da linha de cola

Fonte: Autoria própria.

2.2.1 Análise experimental de resistência ao cisalhamento na linha de cola


Os corpos de prova confeccionados foram submetidos aos ensaios de resistência ao cisalhamento da linha
de cola, utilizando-se um dispositivo metálico acoplado à máquina universal de ensaios EMIC. As superfícies
onde se aplicaram as forças estavam paralelas entre si e também paralelas à direção das fibras da madeira.
Para a determinação da porcentagem de ruptura na madeira e no adesivo, foi necessária a análise da área
de colagem cisalhada. A Figura 2 mostra o detalhe da região cisalhada de um corpo de prova de Eucalipto
colado com adesivo Cascophen RS 215-M. As áreas mais escuras representam as rupturas no adesivo
enquanto que as regiões mais claras representam a ruptura na madeira.

Figura 2 – Detalhes do ensaio: (a) Cisalhamento da linha de cola; (b) Dispositivo metálico de ensaio; (c) área
de colagem para avaliação da porcentagem de ruptura na madeira e no adesivo.

(a) (b) (c)


Fonte: Autoria própria.

2 86
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Após o ensaio de cisalhamento das quatro linhas de cola de cada corpo de prova, a porcentagem de ruptura
na madeira foi determinada através do software GLT Rupture Analysis. A obtenção das imagens deve seguir
uma padronização, de maneira que a distância entre a câmera e o corpo de prova capture a região de ruptura
por completo, além disso, é recomendável que a iluminação esteja adequada, evitando-se sombras e que o
fundo seja limpo e branco. A Figura 3 mostra uma imagem utilizada pelo software GLT Rupture Analysis,
inserida no banco de dados do software após os ensaios de cisalhamento da linha de cola, a qual é referente
a uma das faces analisadas do corpo de prova, como também a tela de resposta do software para várias
áreas de colagem analisadas simultaneamente. A área escura (cor marrom) na Figura referente ao corpo de
prova corresponde à ruptura no adesivo e a região clara à ruptura na madeira. Para validação dos dados
obtidos, foi realizada a comparação com resultados do software ImageJ, que é um software comercial utilizado
para a análise de imagens.

Figura 3 - Identificação dos padrões considerados na análise.

Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 1 apresenta os resultados correspondentes ao valor médio de resistência ao cisalhamento das linhas
de cola obtidos para as vigas com madeiras de eucalipto e pinus coladas com os adesivos Cascophen RS
216-M. A média dos valores tabelados referem-se a todas as linhas de cola analisadas para os 4 corpos de
prova retirados das 6 vigas (total de 96 linhas de cola) para cada combinação espécie adesivo.

Tabela 1 - Resultados médios obtidos pelos softwares GLT para as madeiras de eucalipto e Pinus.
Eucalipto + Cascophen Pinus+Cascophen

fv,m FM fv,m FM
(MPa) (%) (MPa) (%)
Média 8,41 85,33 4,93 90,20
fv,k 5,99 66,73 3,54 56,14
σ 0,36 0,94 0,76 1,34
CV(%) 4,28 0,99 15,41 1,67
Nota: fv,m= valor médio de resistência ao cisalhamento das linhas de cola das
vigas; FM= falha na madeira; CV= coeficiente de variação (σ/média*100); σ= desvio
padrão populacional; fv,k = valor característico de resistência ao cisalhamento da linha de
cola.
Fonte: Autoria própria.

87
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Foi possível relacionar o valor da porcentagem de falha na madeira (FM) com o valor de resistência ao
cisalhamento das linhas de cola. Para os maiores valores de resistência ao cisalhamento das linhas de cola,
maiores foram as porcentagens de ruptura observadas na madeira (FM) para a região de colagem. Essa
relação pode ser justificada pelo fato de que em uma determinada linha de cola que se mostrou mais resistente
que a madeira, a ruptura se deu pela predominância de arrancamento de volume de madeira preservando a
o adesivo. Isso caracteriza uma boa qualidade de colagem associada a menor porcentagem de delaminação.
Vale mencionar que nesse trabalho não foi apresentado o estudo da delaminação, mas para ambas as
combinações espécie adesivo testados, as porcentagens de delaminação ficaram dentro dos limites
normativos de 4% e 6% recomendados para cada um dos tipos de madeira.

4. CONCLUSÕES
O software GLT Rupture Analysis apresentou bons resultados, se mostrando prático e seguro, para a
quantificação de porcentagens de ruptura na região de colagem de corpos de prova de MLC, submetidos ao
cisalhamento na linha de cola conforme PN 02.126.010-005 (2021).
Os resultados experimentais dos ensaios de resistência ao cisalhamento das linhas de cola mostraram que a
combinação para a madeira de eucalipto com o adesivo Cascophen RS 216-M apresentou maior resistência
de colagem, enquanto a combinação pinus/Cascophen apresentou maior porcentagem de ruptura na madeira
na região de colagem.
Portanto, observou-se que a densidade exerceu um papel importante na resposta de colagem dos corpos de
prova. As madeiras de pinus com menor densidade, e consequentemente de maior porosidade, apresentaram
maior facilidade de penetração do adesivo nas faces das lamelas coladas o que resultou na maior
porcentagem de ruptura na madeira.

5. AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento de parte dessa pesquisa.

6. REFERÊNCIAS

ABNT. ABNT NBR 7190 (1997): Projeto de Estruturas de Madeira. Associação Brasileira de Normas Técnicas,
Rio de Janeiro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2021). CB-02 2⁰ PN Revisão ABNT NBR 7190:
projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS/CEE-126. PN 02:126.010-001: Madeiras – Critérios


de classificação visual e mecânica de peças estruturais de florestas plantadas: método de ensaio. Rio de
Janeiro, 2021.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS/CEE-126. PN 02:126.010-00-5: Madeira laminada


colada estrutural: métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2021.

KAMKE, F.A.; LEE, J.N. (2007). Adhesive penetration in wood – a review. Wood Fiber Science. v.39, p. 205
– 220.

4 88
ANÁLISE DA ESPESSURA E RUGOSIDADE DE REVESTIMENTO ÓXIDO CRESCIDO
POR OXIDAÇÃO ELETROLÍTICA A PLASMA SOBRE A LIGA AA2024-T3

LUCAS, R.R.a*; MOTA, R.P.a; ABRAHÃO, A.B.R.M.b; BOTELHO, E.C.a


a Universidade Estadual Paulista (FEG/UNESP), Guaratinguetá, Brasil
b Faculdade de Tecnologia de Pindamonhangaba (FATEC), Pindamonhangaba, Brasil
*rr.lucas@unesp.br

Resumo. Neste estudo, o objetivo foi avaliar o efeito do tempo de tratamento PEO – “Plasma Electrolytic
Oxidation” na espessura e rugosidade superficial de revestimentos óxidos de alumina sobre a liga comercial
AA2024-T3 produzidos por 120, 210 e 300 segundos com potencial constante em 380V em solução alcalina
de Na2SiO3 e Na3PO4. Os filmes analisados pelo conceito de corrente parasita (Eddy-Current) apresentaram
espessuras distintas, sendo a “melhor” produzida por 210 segundos com 1,3±0,3 µm de espessura; as
rugosidades avaliadas por perfilometria apresentaram valores próximos, em média Ra=0,45±0,05 µm e
Rq=0,57±0,07 µm.

Palavras-chave: PEO; Perfilometria; Eddy-Current; Alumínio.

1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que as ligas de alumínio possuem um amplo emprego, devido a sua baixa densidade (~1/3 a do
aço), sua excelente usinabilidade, e sua principal propriedade, capacidade de criar sobre si camada passiva
óxida que protege o metal do meio. Porém, a liga comercialmente pura (1XXX) possui baixa resistência
mecânica, um fato que limita sua empregabilidade. Por este motivo, adiciona-se elementos de ligas para
melhorar a resistência mecânica, como é o caso da liga 2024-T3 (Al-Cu), que possui 345 MPa de resistência
a tração, porém, essa adição de elementos ligantes diminui a resistência a corrosão da liga, devido a criação
de micro pares galvânicos (Al-Cu-Mg), havendo a necessidade de aplicação de tratamentos superficiais
(GATAMORTA, F. et al. 2020; KLUMP, R. 2020).
A oxidação eletrolítica a plasma (PEO), do inglês “Plasma Electrolytic Oxidation” é um processo de tratamento
superficial que tende a criar revestimentos óxidos de alto valor tecnológico. Na literatura encontra-se sob
diferentes denominações, como: anodização a plasma, oxidação por micro arco, micro-arcos no anodo, entre
outros. Suas principais vantagens em comparação com a anodização convencional, são: tempo de tratamento
mais curto, emprego de eletrólitos ambientalmente amigáveis, revestimentos com propriedades físicas e
químicas otimizadas (GIANELLI, B. 2014; GUPTA, P. et al. 2007; KLUMP, R. 2020; LUCAS, R. et al. 2020;
YEROKHIN, A. et al. 1999).
Neste trabalho, a liga AA2024-T3 foi tratada por oxidação eletrolítica a plasma em diferentes tempos (120,
210 e 300 segundos), e os filmes óxidos gerados foram caracterizados por perfilometria por contato, e
correntes parasitas (Eddy-Current) para determinação de suas rugosidades e espessura respectivamente.

2. MÉTODO DE PESQUISA

2.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS


Substratos da liga AA2024-T3 foram cortados nas dimensões 25 x 25 x 3 mm (conforme Figura 1), lixados
com lixas d’água de granulometria 400, 600, 1000 e 1500#, lavados com água destilada e detergente neutro
em cuba ultrassônica por 15 minutos, seguido de limpeza também em cuba ultrassônica com álcool
isopropílico por 15 minutos, secos em temperatura ambiente e guardados em placas de petri com papel macio.
A composição química da liga AA2024-T3 é apresentada na Tabela 1.

1 89
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 1. Amostra da liga 2024-T3 cortada para ser tratada

Fonte: Autoria própria

Tabela 1. Composição química da liga AA2024-T3


Cu Mg Si Fe Mn Zn Ti Cr Al
% 3,8-4,9 1,2-1,8 0,50 0,50 0,3-0,9 0,25 0,15 0,10 restante
Fonte: Metals Handbook, 1990.
(1)
2.2 PREPARAÇÃO DO ELETRÓLITO
Para este estudo, o eletrólito empregado foi de silicato de sódio (Na2SiO3) e fosfato de sódio (Na3PO4) nas
concentrações de 15 g/l e 1,5 g/l, respectivamente, foram misturados com água destilada em cuba
ultrassônica por 15 minutos para completa homogeneização e, posteriormente, colocada na cuba eletrolítica
sob agitação mecânica.

2.3 PROCEDIMENTO DE TRATAMENTO SUPERFICIAL


A oxidação eletrolítica a plasma ocorreu em regime elétrico de corrente contínua (DC), sob potencial de 380
V, variando somente o tempo de tratamento sendo 120, 210 e 300 segundos. O equipamento utilizado para
tal procedimento consiste de uma fonte variac 0 ~ 400V (1), um bécker de aço inoxidável (atuando como
contra eletrodo) (2), um voltímetro (para verificar potencial aplicado no tratamento) (3), agitador mecânico
para manter eletrólito em movimento (4), como mostrado na Figura 2.

Figura 2. Sistema para tratamento de oxidação eletrolítica a plasma


4

2 3 1

Fonte: Autoria própria.

2.4 CARACTERIZAÇÃO POR PERFILOMETRIA E CORRENTES PARASITAS


A rugosidade foi avaliada tanto no substrato não tratado, quanto nas amostras tratadas nos diferentes tempos
de processo. Para isso, o equipamento utilizado foi um perfilômetro VEECO Dektak D150, com indentador de
r = 12,5 µm, comprimento de varredura de 5.000 µm, carga de 3,0 mg e 12 segundos de tempo de varredura.
A espessura dos filmes foi avaliada pelo conceito de corrente parasita, com medidor de camada não metálica
da Instrutherm ME-250, com resolução de 0,1 µm, para cada amostra tratada foram realizadas 10 medições.

2 90
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A oxidação eletrolítica a plasma apresenta algumas características distintas durante sua realização, como:
luminescência (ocorrendo acima de ~120V), ruídos de baixa frequência, ocorrendo devido a formação e a
explosão de micro-bolhas no anodo e o rompimento da camada óxida de alumina (Al2O3) formada
passivamente sobre o substrato, na Figura 3 observa-se um substrato sendo submetido ao processo, a
amostra fica “coberta” por micro-arcos, neste momento o sistema estava trabalhando com potencial de 380V
(LUCAS, R. et al. 2020; YEROKHIN, A. et al. 1999).

Figura 3. Substrato sendo tratado por plasma eletrolítico

Fonte: Autoria própria.

A partir das análises de espessura (Figura 4a) e rugosidade superficial (Figura 4b), percebe-se que o tempo
foi um fator decisivo para o aumento tanto da espessura quanto da rugosidade, porém com limite de até 210
segundos.

Figura 4. Análise de espessura (a) e rugosidade (b)


a b

Fonte: Autoria própria.

No gráfico de espessura, observa-se que o revestimento produzido com 120 segundos apresentou 0,2±0,1 µm,
e a partir de 210 segundos os revestimentos apresentaram uma significante diferença com 1,3±0,3 µm e 1,2±0,4
µm com os processos de 210 e 300 segundos respectivamente. Na literatura, tal fenômeno é observado,
porém neste “setup” pode-se inferir que, em algum ponto do tempo entre 210 e 300 segundos, devido a
fenômenos elétricos de alta intensidade houve o rompimento do filme, havendo novamente o processo de
formação do filme óxido, porém não com tempo hábil para apresentar espessura maior que o processo de
210 segundos.
Os substratos sem tratamento apresentaram uma rugosidade Ra/Rq = 0,19/0,25 µm; considerando os desvios
padrões a rugosidade permaneceu semelhante em todos os tratamentos, mas em comparação com os
substratos sem tratamento a rugosidade foi da ordem de 2x, isso devido ao regime que os revestimentos são
desenvolvidos facilitando sua adesão ao metal base, desenvolvidos nas regiões de micro-arcos (pontos mais
claros da Figura 3), observa-se também que o Rq (rugosidade média quadrática-RMS) segue tendo valores
aproximadamente 10% a mais que as apresentadas de Ra, sendo já observado na literatura (GIANELLI, P.
2020; YEROKHIN, A. et al. 1999).

91
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

4. CONCLUSÃO
Durante o processo de tratamento, foram observados alguns fenômenos característicos de processos de
oxidação eletrolítica a plasma, como: luminescência, ruídos de baixa frequência, queda abrupta da corrente
do sistema, devido a formação de revestimentos dielétricos e o aumento da temperatura do eletrólito pelo
efeito Joule.
O tempo de tratamento apresentou forte influência, tanto na espessura final dos revestimentos analisados
quanto na rugosidade superficial. Percebe-se que, para obter revestimentos com bom valor tecnológico
(acima de 1,0 µm) com este “setup”, os tratamentos devem ocorrer entre 210 a 300 segundos. Os valores de
rugosidade praticamente dobraram, em relação a liga sem tratamento após os tratamentos, embora cada
tempo tenha mostrado um valor distinto de Ra e Rq, pressupõem-se que estatisticamente a rugosidade é
semelhante tanto em processos de curta duração quanto para mais demorados devido o processo garantir a
deposição homogênea de revestimentos.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Unesp-Sorocaba pelas caracterizações de perfilometria, a Capes pelo financiamento
ao programa de pós-graduação nacional e ao CNPq pelo fornecimento de bolsa de estudo, sob código:
131822/2020-9.

6. REFERÊNCIAS
GATAMORTA, F. et al. Análise do comportamento metalúrgico e mecânico da liga comercial AA2024-
T3. Revista de engenharia e tecnologia, v. 12, n. 2, p. 133-138, 2020

GIANELLI, B. Avaliação de ciclo de vida comparativa dos processos de anodização e oxidação


eletrolítica com plasma de liga de alumínio. 2014. 120 f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de
Materiais).

GUPTA, P. et al. Eletrolytic plasma technology: Science and engineering – An overview. Surface and
Coatings Technology, v. 201, p. 8746-8760, 2007.

KLUMP, R. Desenvolvimento de tratamento por tecnologia limpa para a superfície da liga AA2024 com
clad AA1230. 2020. 159 f. Tese (Doutorado em Tecnologia Nuclear) – Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares.

LUCAS, R.; GONÇALVES, L. & SANTOS, D. Morphological and chemical characterization of oxide films
produced by plasma anodization of 5052 aluminum alloy in solution containing sodium silicate and
sodium phosphate. Revista Brasileira de Aplicações de Vácuo, v. 39, n. 1, p. 33-41, 2020.

YEROKHIN, A. et al. Plasma eletrolysis for surface engineering. Surface and Coatings Technology, v. 122,
p. 73-93, 1999.

4 92
APLICAÇÃO DO MÉTODO DA SUPERFÍCIE DE RESPOSTA NA USINAGEM DE
TORNEAMENTO DA SUPERLIGA VAT 80A® COM FERRAMENTA CERÂMICA

Raphael Augusto de Oliveira Santosa Marcos Valério Ribeiroa, Manoel Cleber de Sampaio
Alvesa, José Vitor Candido de Souzaa
a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá
raphael.santos@unesp.br

Resumo. O trabalho visa o estudo da usinagem de torneamento da superliga VAT 80A® com aplicação de
ferramentas cerâmicas experimentais à base de alumina dopadas com óxido de magnésio. Foi utilizado um
planejamento experimental do tipo superfície de resposta de segunda ordem para determinar a combinação
de parâmetros que minimizasse a resposta a vibração. Determinou-se o ponto de ótimo se situa na
combinação de parâmetros VC = 408 m/min, f = 0,09 mm/rev e ap = 0,09 mm. O valor de vibração no ponto
ótimo de acordo com o modelo foi de 3,69 mm/s.

Palavras-chave: Alumina; Superliga; VAT 80A; Ferramenta cerâmica

1. INTRODUÇÃO
A superliga VAT 80A® é o nome comercial de superliga à base de níquel produzida industrialmente pela
empresa Villares Metals com base na composição química da superliga à base de níquel Nimonic 80A. Outras
denominações incluem Liga 80A, ASTM B 637 Wnr.2.4952, UNS N07080 e DIN 17742. Sua aplicação se dá
em válvulas de motores a combustão interna que exigem altas resistência à fadiga, erosão e corrosão por
gases provenientes do processo de combustão. Outras aplicações incluem a fabricação de parafusos sem
porcas e parafusos em geral para aplicações em alta temperatura. Dentre suas propriedades destacam-se a
boa resistência à fluência até temperaturas de 760 °C que pode ser estendida até 840 °C em intervalos de
curta duração; boa resistência mecânica, resistência à fadiga e à oxidação em altas temperaturas. (METALS,
2015)
Na Tabela 1 está mostrado a composição química nominal da superliga VAT 80A ®.

Tabela 1. Composição química nominal da superliga VAT 80A®. Valores em % em peso.


C Si Mn Ni Nb Al Ti Cr Fe
0.02 0.20 0.30 Balanço -- 1.50 2.20 20.00 0.30
Fonte: Farina; Liberto; Barbosa (2013).

A metodologia de superfície de resposta é um conjunto de técnicas matemáticas e estatísticas baseadas no


ajuste de uma equação polinomial aos dados experimentais, que deve descrever o comportamento de um
conjunto de dados com o objetivo de fazer previsões estatísticas. Pode ser bem aplicado quando uma
resposta ou um conjunto de respostas de interesse são influenciados por várias variáveis. O objetivo é otimizar
simultaneamente os níveis dessas variáveis para obter o melhor desempenho do sistema (BEZERRA et al.,
2008).
Uma maneira adequada de encontrar o ponto de ótimo do experimento é por meio da representação gráfica
do modelo. Dois tipos de gráficos podem ser utilizados como o gráfico de superfície de resposta, no espaço
tridimensional, e o gráfico de contorno, que é a projeção da superfície em um plano, representado como linhas
de resposta constante. Cada contorno corresponde a uma altura específica da superfície. Nestes gráficos, a
resposta é representada em função de dois fatores. De acordo com o critério de otimização estabelecido, o
valor ótimo pode corresponder a um valor máximo, mínimo ou específico, que pode ser encontrado por
simples inspeção visual do gráfico ou através da derivada primeira da equação do modelo matemático
(CANDIOTI et al., 2014).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 CORPO DE PROVA

1 93
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

O corpo de prova utilizado neste trabalhou possui formato cilíndrico com Ø86 mm x 228 mm de comprimento
usinado. Os corpos de prova da liga VAT 80A® foram fornecidos pela empresa Villares Metals situada em
Sumaré/SP na forma solubilizado e envelhecido de acordo com a norma SAE J775.

2.2 FERRAMENTAS DE CORTE


As ferramentas de corte foram desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa do Laboratório de Estudo da Usinagem
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá - UNESP. Na Tabela 2 estão dispostas as propriedades da
ferramenta cerâmica experimental a base de Al2O3 + MgO utilizada neste trabalho.

Tabela 2. Propriedades das ferramentas cerâmicas experimentais a base de Al 2O3 + MgO.


Propriedade Al2O3 + MgO
Densidade relativa (%) 98,25
Dureza (GPa) 14,16
Tenacidade a fratura (MPa.m1/2) 2,13 ± 0,25
Fonte: Sousa (2020)

A geometria da ferramenta é quadrada com largura de 12,76 mm, ângulo de inclinação de 20°, raio de ponta
de 0,8 mm e sem quebra-cavaco. O porta-ferramenta utilizado neste trabalho foi o modelo CAPTO
B01T9032445 da marca SECO TOOLS™.

2.3 AQUISIÇÃO DE SINAIS


O estudo foi realizado do Laboratório de Estudo da Usinagem Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá –
UNESP. Para realização do ensaio de torneamento foi utilizado o Centro de Torneamento CNC da marca
Romi modelo GL240M de 15 kW de potência, acoplado a um sistema de aquisição que é composto por um
módulo de canais da marca National Instruments® BNC-2120 e uma placa de aquisição de dados da marca
National Instruments® modelo NI PCI 6220 conectada a um computador. A placa tem a função de receber os
sinais analógicos enviados pelo sensor acoplado ao centro de usinagem e transformá-lo em sinais digitais.
Para a medição dos sinais de vibração utilizou-se um sensor de vibração da marca Vibro Control modelo TV-
100 com alcance de 25mm/s em sinal RMS ligado ao módulo de canais. Um programa supervisório foi
desenvolvido com auxílio do software Labview® para a captação e armazenamento de dados dos ensaios. A
taxa de captação utilizada foi de 4000 pontos por segundo.

2.4 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL


O planejamento experimental utilizado foi do delineamento de composto central com um α = 1,68. Cada
combinação de fatores foi testada em triplicata. O nível dos fatores foi escolhido de acordo com o trabalho de
Santos, Ribeiro e Alves (2020). A análise de variância (ANOVA) foi adotada para determinar a condição de
corte ideal para minimizar a vibração do processo de usinagem. O intervalo de confiança escolhido para a
análise dos dados foi de 95%. Os dados dos ensaios foram tratados utilizando o software Matlab® e a análise
estatística foi realizada no software Minitab® e os gráficos de contorno e superfície foram criados utilizando o
software RStudio. Os fatores e seus níveis estão disponíveis na Tabela 3.

Tabela 3. Níveis dos fatores utilizados.


Fator -1,68 -1 0 1 1,68
Velocidade de corte “Vc” (m/min) 265 300 350 400 434
Avanço “f” (mm/rev) 0,09 0,15 0,23 0,30 0,36
Profundidade de corte “Ap” (mm) 0,09 0,15 0,23 0,30 0,36
Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS
Na Tabela 4 está disposta os dados da análise de variância (ANOVA) para os dados de vibração do porta-
ferramentas medidos durante os ensaios de torneamento.

2 94
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Tabela 4. Análise de variância (ANOVA) para os valores medidos de vibração durante os ensaios de
torneamento.
Fonte GL SQ SEQ SQ Adj F-Valor P-Valor % Contribuição
VC 1 29,207 29,207 17,25 0,000 8,00
f 1 108,084 108,084 63,82 0,000 29,59
ap 1 122,719 119,287 70,43 0,000 33,60
VC2 1 9,097 2,427 1,543 0,239 2,49
f2 1 4,242 5,559 3,28 0,079 1,16
ap2 1 1,414 1,414 0,83 0,367 0,39
VC * f 1 8,493 8,493 5,01 0,032 2,33
VC * ap 1 2,597 2,597 1,53 0,224 0,71
f * ap 1 17,338 17,338 10,24 0,003 4,75
Falta de Ajuste 32 43,496 43,496 0,26 0,982 11,91
Erro 3 15,780 15,780 4,32
Total 46 365,231 R2 = 83,77 % R2 adj= 78,67 %
Fonte: Autoria própria

É possível observar que todos os fatores de primeira ordem se mostraram significativos representando
71,19% da contribuição para o resultado de vibração. Em relação a interação de fatores, a relação entre VC x
f e f x ap apresentaram significância estatística representando 7,08 % do resultado. Para verificar um dos
pressupostos da ANOVA, o teste Anderson-Darling foi aplicado aos resíduos e obteve-se um p-valor igual a
0,225, garantindo a normalidade dos resíduos. A equação que modela o comportamento da vibração durante
o ensaio está mostrada na Equação 1.

𝑉𝑖𝑏 (𝑚𝑚⁄𝑠) = −0.2 − 0.0445 × 𝑉𝐶 + 79.1 × 𝑓 + 39.2 × 𝐴𝑝 + 0.000119 × 𝑉𝐶 2 − 79.8 × 𝑓 2 − 41.6 × 𝐴𝑝2 −
0.1586 × 𝑉𝐶 × 𝑓 − 0.0877 × 𝑉𝐶 × 𝐴𝑝 + 151.1 × 𝑓 × 𝐴𝑝 (1)

Na Fig.1 está mostrada o gráfico de efeitos principais e o gráfico de interação de fatores para os valores de
vibração medidos durante os ensaios. Observa-se que para se minimizar os valores de vibração durante o
processo de torneamento os parâmetros f e ap devem estar em seu nível -α, isto é, seu menor valor dentro
do intervalo do experimento (0,09). Para o parâmetro VC deve-se realizar a derivada primeira da função
mostrada na Equação 1 e igualá-la a zero para determinar o ponto de mínimo. Logo o ponto de para o
parâmetro VC é igual a 408 m/min.

Figura 1 – Gráfico dos efeitos a) principais b) interações de fatores.

Fonte: Autoria própria.

Portanto é possível criar o gráfico de superfície e de contorno utilizando o parâmetro VC = 408 m/min conforme
mostrado na Figura 2. O valor de vibração do porta-ferramenta de acordo com o modelo descrito na Equação

95
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

1 é de 3,69 mm/s. Devido ao coeficiente de determinação do modelo (R 2 e R2 adj) há a presença de regiões


que o valor da vibração é inferior a combinação de parâmetros de entrada encontrada. Desta forma, novos
ensaios devem ser realizados para refino do modelo determinado na Equação 1.

Figura 2 – Gráfico para a resposta da vibração a) superfície, b) contorno.

Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÕES
Conclui-se que o menor valor de vibração ocorre na combinação de parâmetros de entrada VC = 408 m/min,
f = 0,09 mm/rev e ap = 0,09 mm. Nesta combinação o valor de vibração de acordo com a equação definida
pelo modelo é de 3,69 mm/s. O modelo apresentou valor de R2 = 83,77 % e R2 adj = 78,67%.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal Nível Superior
– Brasil (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pela bolsa
concedida. Agradecemos também a empresa Villares Metals pela doação do material estudado neste trabalho
e a empresa Seco tools pela doação do suporte de ferramentas utilizado nos projetos.

6. REFERÊNCIAS
BEZERRA, M. A.; SANTELLI, R. E.; OLIVEIRA, E. P.; VILLAR, L. S.; ESCALEIRA, L. A. Response surface
methodology (RSM) as a tool for optimization in analytical chemistry. Talanta, v. 76, n. 5, p. 965–977, 2008.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.talanta.2008.05.019
FARINA, A. B.; LIBERTO, R. C. N.; BARBOSA, C. A. Desenvolvimento De Novos Aços Válvula Para Aplicação
Em Motores De Alto Desempenho. Tecnologia em Metalurgia Materiais e Mineração, v. 10, n. 4, p. 329–
335, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.4322/tmm.2013.043
METALS, V. Ligas Especiais. [s. l.], 2015. Disponível em:
<http://www.villaresmetals.com.br/content/download/43080/540435/file/Catálogo Ligas Especiais_Specialty
Alloys.pdf>
SANTOS, R. A. O.; RIBEIRO, M. V.; ALVES, M. C. D. S. Análise de vibração no tornemaneto da superliga vat
80a® com ferramentas de corte de alumina dopadas com óxido de magnésio. In: 2020, IV Workshop de
Engenharia Mecânica e de Produção. : Universidade Estadual Paulista, 2020. p. 1–4. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1dFv_sf5RLggRiGhi4VYrgwmnYvfhg_D1/view
SOUSA, T. A. DE. Usinagem de ferro fundido vermicular com ferramenta de corte à base de alumina
magnésio. 2020. - Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, [s. l.], 2020.
Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/192492/sousa_ta_dr_guara.pdf?sequence=3&isAllowed
=y
VERA CANDIOTI, L.; DE ZAN, M. M.; CÁMARA, M. S.; GOICOECHEA, H. C. Experimental design and
multiple response optimization. Using the desirability function in analytical methods development. Talanta, v.
124, p. 123–138, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.talanta.2014.01.034

4 96
Mecânica

97
ESTUDO DO NEXO ÁGUA-ENERGIA NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE
APROVEITAMENTO DE AGUA DE CHUVA: UM ESTUDO DE CASO EM JACAREÍ -SP

Ana Carolina Rodrigues de Sá Silvaa*; Alex Mendonça Bimbatoa; José Antonio Perrella
Balestieria; Mateus Ricardo Nogueira Vilanovab
a
Universidade Estadual Paulista-UNESP, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de Energia,
Avenida Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, Guaratinguetá, SP, Brasil
b
Universidade Estadual Paulista-UNESP, Instituto de Ciência e Tecnologia Rodovia Presidente Dutra - até km 140,999,
Eugênio de Mello, São José dos Campos, SP, Brasil
* acrs.silva@unesp.br

Resumo. O trabalho avalia a possível economia de energia com a utilização de um sistema de


aproveitamento de água de chuva (SAAC) em cada prédio do Residencial Santa Terezinha em Jacareí, SP.
O método consiste em determinar a quantidade de chuva disponível para o SAAC e o consumo energético
específico, e esse comparar com o valor do sistema de abastecimento de água. Como resultado, uma
economia anual de 3670 m³ de água potável e de 2658 kWh de energia foi calculada. Concluiu-se que o
SAAC pode ser uma maneira de economizar água potável e energia nas condições do estudo.

Palavras-chave: Energia; Usos não potáveis; Consumo energético específico.

1. INTRODUÇÃO
O gerenciamento (disponibilidade) dos recursos hídricos e energéticos e a falta de moradia para a
população mais pobre são questões de interesse público (VIEIRA; GHISI, 2016). Há uma relação entre a
disponibilidade da água e da energia, conhecida na literatura como nexo água-energia, quando se
considera a interdependência entre esses dois recursos, o gerenciamento se torna mais eficaz, avaliando-se
quanto e como o uso de um deles impacta a disponibilidade do outro.
Neste sentido, um sistema de aproveitamento de água de chuva (SAAC) em habitações de interesse social
(habitações construídas pelo programa nacional Minha Casa Minha Vida e o programa estadual Casa
Paulista para família de baixa renda) envolve o gerenciamento de água e energia, e a população mais
pobre, que pode causar um impacto social. Portanto, este estudo tem como objetivo avaliar a possível
economia de energia se os edifícios do Residencial Santa Terezinha I e II, localizado em Jacareí (SP),
tivessem um SAAC em cada prédio.

2. MÉTODO DA PESQUISA

2.1 ÁREA DE ESTUDO


O local de estudo é o Residencial Santa Terezinha I e II que possui 336 unidades habitacionais do tipo
apartamento distribuídas em 21 edifícios com quatro pavimentos cada um em Jacareí – SP. O munícipio de
-1
Jacareí apresenta consumo per capita de 151,8 L.dia , o consumo energético específico do sistema de
-
abastecimento de água público é de 0,81 kWh.m ³ em 2017 (SNIS, 2019) e a estação pluviométrica UHE
Santa Branca (2345106).

2.2 BASE DE DADOS E FONTES DE INFORMAÇÕES UTILIZADAS


Os dados utilizados foram informações da habitação de interesse social da Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitano S/A (EMPLASA, 2015), altura da precipitação da Agência Nacional de Águas
(ANA, 2018), consumo de água potável per capita e o índice de consumo de energia elétrica em sistemas
de abastecimento de água obtidos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2019).

2.2.1 Estimativa da parcela de consumo de água não potável a partir do consumo


A necessidade anual de água de cada unidade habitacional do tipo prédio foi calculada pela multiplicação
do consumo per capita de água de Jacareí pelo número de habitantes (quatro vezes o número de
apartamento do prédio) e por trezentos e sessenta e cinco (número de dias no ano).
A necessidade de água não potável foi estimada a partir do consumo de água potável de cada prédio; essa

1 98
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

estimativa foi feita a partir da necessidade anual de água multiplicada pela porcentagem de água utilizada
em usos não potáveis. Nesse estudo considera-se que o máximo dessa porcentagem é de 37%, média dos
valores indicados em estudos realizados no Brasil (GHISI; FERREIRA, 2007; GHISI; OLIVEIRA, 2007;
MARINOSKI; RUPP; GHISI, 2018).

2.3 MODELAGEM DOS SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVAS


Considera-se que a água proveniente do sistema de aproveitamento de água de chuva (SAAC) será
utilizada, somente, para fins não potáveis. A estrutura do SAAC é constituída de calhas para coletar a água
de chuva do telhado até a tubulação, na qual existem grades e telas para a contenção de folhas e resíduos
de granulação maior. A água da chuva passa por um filtro com um descarte inicial da primeira precipitação;
após esse descarte inicial, a água de chuva é armazenada em um reservatório inferior. No Brasil,
geralmente, há um sistema de bombeamento de água do reservatório inferior para um reservatório superior,
e deste, por gravidade, a água é distribuída para os usos finais (VIEIRA et al., 2014).
A altura de um pavimento para outro foi considerado de 2,68 m, assim, o nível de superfície livre do
reservatório superior (em relação ao solo) foi de 11,45 m e o nível de superfície livre do reservatório inferior
(em relação ao solo) foi de 0,92 m, que resulta numa altura geométrica de cada edifício de 12,37 m. Para as
mudanças de direção, uma curva de 90° na parte de sucção e mais quatro curvas de 90° na parte de
recalque foram utilizadas.

2.3.1 Quantificação do volume de água aproveitável


O volume da precipitação aproveitável (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019) foi
definido pela Eq. (1).

R (t) = C ∗ P(t) ∗ A ∗ η (1)

Em que,
R(t): volume de chuva disponível anualmente (m³);
C: coeficiente de escoamento superficial (0,80);
P(t): altura da precipitação anual (m);
A: área de captação de água de chuva (m²).
η: eficiência de captação (recomenda-se o fator de captação de 0,85).

2.4 ALTURA MANOMÉTRICA


A altura total de elevação para o conjunto habitacional foi obtida pela somatória da altura geométrica
(diferença de elevação entre o nível de superfície livre da água armazenada nos reservatórios de sucção e
de recalque) com perda de carga distribuída e com a perda de perda de carga localizada.

2.5 CONJUNTO MOTO-BOMBA


Com o objetivo de analisar a eficiência do conjunto-bomba do SAAC, o valor médio de rendimento do
conjunto moto-bomba de potência de 1 cv foi utilizado, conforme a potência de moto-bombas presentes no
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL, 2021). Portanto, os conjuntos moto-
bombas de 1 cv apresentam rendimento médio do conjunto de 39,7 %, vazão de 5,1 a 15,0 m³/h e altura
manométrica de 11,0 a 25,2 m.

2.6 CONSUMO ENERGÉTICO ESPECÍFICO


A potência diária necessária para esse bombeamento do sistema de aproveitamento de água de chuva foi
calculada pela Eq. (2), e o consumo energético específico pela Eq. (3).

ρgHQ
PMB ≥ (2)
ηMP

Sendo que:
PMB: potência de entrada do motor (W);
-
ρ: massa específica do líquido (kg.m ³);

2 99
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

-
g: aceleração da gravidade (m.s ²);
H: altura manométrica (m);
-
Q: vazão (m³.s 1);
ηMP: eficiência do conjunto moto-bomba (-);

PMB
EIMP = (3)
Q

Em que:
-
EIMP: consumo energético específico do sistema bomba (kWh.m ³);
PMB: potência de entrada da bomba (kW);
-1
Q: vazão (m³.h ).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O sistema de aproveitamento de água de chuva (SAAC) de um edifício do residencial Santa Terezinha pode
captar anualmente 174,8 m³, que corresponde ao atendimento da necessidade de água de 4,9 % do
consumo total de água, que é de 3546 m³, o que significa que o SAAC pode fornecer 479 L de água
diariamente.
A vazão do conjunto moto-bomba foi de 5,13 m³/h, altura manométrica de 12,5 m, a potência de 0,44 kW e o
-
consumo energético específico de 0,09 kWh.m ³, valor superior ao encontrado para o SAAC no estudo de
-
Chiu, Liaw e Chen (2009), que foi de 0,06 kWh.m ³, os autores utilizaram o mesmo método deste trabalho.
Outro trabalho que utilizou o método teórico de Ward, Butler e Memon (2012), que analisaram o ciclo de
vida de um sistema de aproveitamento de águas pluviais do Centro de Inovação da Universidade de Exeter,
-
Inglaterra. O consumo energético especifico encontrado foi de 0,54 kWh.m ³ com uma bomba de rotação
constante, portanto, o consumo energético específico do SAAC do residencial Santa Terezinha apresenta
valor inferior ao encontrado por Ward, Butler e Memon (2012). Além disso, o consumo energético específico
do sistema de aproveitamento de água de chuva foi inferior ao consumo energético especifico do sistema
-
de abastecimento de água público (0,81 kWh.m ³).
Como resultado, o SAAC consegue gerar uma economia anual de água potável de 174,8 m³ por edifício, e
para o residencial, pode gerar uma economia anual de água potável de 3670 m³, pelo nexo água-energia,
cada edifício pode gerar uma economia anual de energia no sistema de abastecimento de água potável de
127 kWh e o residencial pode gerar 2658 kWh. A economia de água obtida e a possível economia nas
contas de água podem incentivar a conservação e o uso racional da água e a implantação do SAAC em
outras localidades (BRASIL, 2014; PACHECO et al., 2017).

4. CONCLUSÃO
Concluiu-se que o Sistema de Aproveitamento de Água de Chuva (SAAC) pode ser uma maneira
economizar água e energia nos edifícios construídos pelo programa Minha Casa Minha Vida com
características semelhantes à deste estudo, como também, há um potencial de se projetar SAAC para os
diversos prédios no local de estudo para economizar água e energia. Além disso, a implantação do SAAC
pode incentivar a conservação e o uso racional da água, e pelo nexo água-energia, pode gerar
consequências positivas na disponibilidade de energia.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
ANA. Agência Nacional da Águas. Hidroweb: Séries Históricas de Estações. 2018. Disponível em:
<https://www.snirh.gov.br/hidroweb/serieshistoricas>. Acesso em: 21 jan. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15527: Aproveitamento de água de
a
chuva de coberturas para fins não potáveis - Requisitos. 2 ed. [s.l: s.n.].
BRASIL. Câmera dos Deputados. Projeto de lei n.° 7.818, de 2014. Estabelece a Política Nacional de

100
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Captação, Armazenamento e Aproveitamento de Águas Pluviais e define normas gerais para sua
promoção.2014. Seção 8,
CHIU, Y. R.; LIAW, C. H.; CHEN, L. C. Optimizing rainwater harvesting systems as an innovative approach
to saving energy in hilly communities. Renewable Energy, [s. l.], v. 34, n. 3, p. 492–498, 2009. Disponível
em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.renene.2008.06.016>
EMPLASA. Sistema de Informações Metropolitanas: Conjuntos Habitacionais. 2015. Disponível em:
<https://sim.emplasa.sp.gov.br/Mapa>. Acesso em: 6 ago. 2018.
GHISI, E.; FERREIRA, D. F. Potential for potable water savings by using rainwater and greywater in a multi-
storey residential building in southern Brazil. Building and Environment, [s. l.], v. 42, n. 7, p. 2512–2522,
2007.
GHISI, E.; OLIVEIRA, S. M. De. Potential for potable water savings by combining the use of rainwater and
greywater in houses in southern Brazil. Building and Environment, [s. l.], v. 42, n. 4, p. 1731–1742, 2007.
Disponível em: <https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0360132306000370>
MARINOSKI, A. K.; RUPP, R. F.; GHISI, E. Environmental benefit analysis of strategies for potable water
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PACHECO, P. R. da C.; DUMIT GÓMEZ, Y.; FERREIRA DE OLIVEIRA, I.; GIRARD TEIXEIRA, L. C. A view
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PROCEL. Selo Procel: Bombas e Motobombas. 2021. Disponível em:
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SNIS. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: Diagnóstico dos Serviços de Água e
Esgotos – 2017. 23° ed. Brasília - DF: Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental – SNSA, 2019.
VIEIRA, A. S.; BEAL, C. D.; GHISI, E.; STEWART, R. A. Energy intensity of rainwater harvesting systems: A
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WARD, S.; BUTLER, D.; MEMON, F. A. Benchmarking energy consumption and CO2 emissions from
rainwater-harvesting systems: An improved method by proxy. Water and Environment Journal, [s. l.], v. 26,
n. 2, p. 184–190, 2012. Disponível em: <http://doi.wiley.com/10.1111/j.1747-6593.2011.00279.x>

4 101
ANÁLISE DOS RENDIMENTOS DA PIRÓLISE CATALÍTICA IN-SITU DO BAGAÇO DE
CANA-DE-AÇÚCAR USANDO CATALISADOR ALCALINO

Ana Helena de Campos Pereiraa,b; Bruna de Jesus Bueno Machadob ; Fábio Roberto Vieiraa;
Ivonete Ávilaa; Carlos Manuel Romero Lunab.
a
UNESP – Universidade Estadual Paulista , Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de Química e
Energia, Laboratório de Combustão e Captura de Carbono (LC3), Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, 12.516-410,
Guaratinguetá-SP, Brasil.
b
UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Itapeva, Engenharia de Produção, Laboratório de Processos de
Conversão de Biomassa (LPCB), Rua Geraldo Alckmin, 519, 18409-010, Itapeva-SP, Brasil.

Resumo. O objetivo deste trabalho é estudar os rendimentos dos produtos da pirólise catalítica do bagaço
de cana-de-açúcar utilizando o catalisador alcalino óxido de cálcio (CaO). O estudo mostra que o
catalisador influencia na composição dos produtos obtidos da pirólise catalítica. Existe uma concentração
máxima de catalisador que promove mudanças nos rendimentos dos produtos da pirólise. Foi observado
que os rendimentos de gás pirolítico aumentam significativamente com o aumento da temperatura e
concentração do catalisador.

Palavras-chave: Pirólise Catalítica; Óxido de cálcio; Bagaço de cana-de-açúcar.

1. INTRODUÇÃO
Devido à crescente demanda de energia no mundo, à instabilidade no preço do petróleo, à pressão dos
ambientalistas e à grande dependência aos combustíveis fósseis, o mundo se depara com a necessidade
de se encontrarem fontes de energia renováveis para substituir os combustíveis fósseis(Demiral e Sensoz
2006). A biomassa é a quarta fonte renovável no mundo e tem potencial para ser esse substituto e para
satisfazer a demanda de energia de um modo sustentável (Saidur et al., 2011; Tinwala et al., 2015; Kim et
al., 2017). Uma das formas de se aproveitar a biomassa é através do processo pirólise, no entanto, o
bio-óleo produzido apresenta diversas desvantagens, como alto teor de oxigênio, PH baixo e baixo poder
calorífico, que impactam diretamente a qualidade do bio-óleo (Chen et al., 2019). Estudos demonstram que
o uso de catalisadores no processo de pirólise de biomassa podem aumentar a qualidade desse bio-óleo
(Russell et al., 2017). O uso de diversos catalisadores no processo de pirólise de biomassa vem sendo
estudado e o óxido de cálcio tem um grande potencial por ser de baixo custo e de fácil obtenção(Dahal et
al.,2020).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Materiais
Para o experimento foi utilizada uma amostra de bagaço de cana-de-açúcar (BCA) moído. Foram utilizadas
partículas com um tamanho menor que 200μm como mostra a Fig. 1a. Essa granulometria foi escolhida
para que pudesse haver uma mistura mais homogênea com o catalisador óxido de cálcio, Na Fig. 1b é
exibido uma amostra do óxido de cálcio.

Figura 1. Matérias (a) Bagaço de cana-de-açúcar; (b) Óxido de cálcio.

Fonte: Autoria própria.

1 102
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.2. Bancada experimental


Na Fig. 2 é mostrado a bancada experimental utilizada no estudo. Para o experimento foram estabelecidas
as temperaturas de 300°C, 400°C e 500°C. As frações mássicas do catalisador utilizado foram 10 e 20%.
Em todos os experimentos a massa de biomassa empregada foi de 20g. O catalisador óxido de cálcio - CaO
foi previamente misturado com a biomassa sendo uma reação de pirólise catalítica IN-SITU. Como gás de
arraste utilizou-se de 100ml/min de nitrogênio, que foi utilizado para transportar o material volátil.

Fig.2. Configuração experimental da pirólise catalítica.

Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Fig. 3. é mostrado três picos de perda de massa, o que é característica de materiais lignocelulósicos. O
primeiro pico é referente a perda de umidade (53°C). O segundo e terceiro eventos são referentes a
decomposição de hemicelulose, celulose e lignina. No segundo evento (293°C) a decomposição da
hemicelulose é inicialmente dominante, mas a lignina também é decomposta nessa temperatura. O terceiro
pico (354°C) é majoritariamente relacionada à decomposição de celulose, e no final do evento a lignina
começa a dominar e a taxa de perda de massa e continua a se decompor acima dos 400°C.

Figura 3. Curvas TG/DTG do bagaço de cana-de-açúcar.

Fonte: Autoria própria.

Na Tab. 1 é mostrado o resultado da composição e análises aproximadas do bagaço de cana-de açúcar


(BCA). O alto teor de material volátil no BCA sugere uma capacidade promissora de produzir bio-óleo ou
gás pirolítico e o teor de carbono fixo sugere uma baixa produtividade do biochar. A análise do BCA
apresentada mostrou-se dentro dos valores apresentados na literatura. Pela análise composicional, quase
metade da massa corresponde à celulose, indicando potencial para produção de bio-óleo. Isso também é
verificado pela análise imediata, onde o BCA exibe uma quantidade significativa de material volátil, do qual
uma parte pode se transformar em bio-óleo e a outra parte em gás pirolítico.

2 103
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Tabela 1. Análise composicional e imediata do bagaço de cana-de-açúcar.

Fonte: Autoria própria.

Na Fig. 4 é mostrado os produtos obtidos na pirólise catalítica do bagaço de cana-de-açúcar usando CaO.
Na Fig. 4(a) é mostrado o biochar obtido, o qual possui o catalisador dentro da sua composição. Foi
verificado que conforme aumenta o catalisador o poder calorífico se reduz consideravelmente. O bio-óleo
(Fig. 4b) apresenta um conteúdo mais homogêneo, não pode-se observar a formação de uma fase aquosa e
densa. Na Fig. 4(c) é exibido a queima do gás pirolítico. Os ensaios demonstraram que o gás tem potencial
para ser usado como fonte de energia térmica para o processo. Dessa forma, esse produto poderia ser
usado como fonte de energia, A característica combustíveis do gás pirolítico poderia estar associada à
presença de substâncias tais como CO, H2, CH4 e outros hidrocarbonetos menores.

Figura 4. Produtos da pirólise catalítica (a) Biochar; (b) Bio-óleo; (c) Gás pirolítico.

Fonte: Autoria própria.

Na Fig. 5 é mostrado o rendimento em massa dos produtos da pirólise catalítica do BCA usando CaO. A
pirólise térmica do BCA mostra um aumento no rendimento do bio-óleo com o aumento da temperatura,
atingindo um valor máximo a 400°C. No entanto, o rendimento do biochar diminui à medida que a
temperatura de pirólise aumenta. O rendimento do gás pirolítico atinge um valor máximo quando a
temperatura é mais alta (500°C). Na pirólise catalítica, pode-se observar que o catalisador tem um efeito
mais significativo quando a pirólise é realizada a 500°C, onde se observam valores máximos de rendimento
do gás pirolítico, redução do rendimento do bio-óleo, quando comparado a outras condições e um aumento
na produção de biochar.

3 104
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 5. Rendimento mássico dos produtos da pirólise catalítica do bagaço de cana-de-açúcar utilizando
CaO.

Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÕES
Os resultados mostram que o catalisador influencia no rendimento dos produtos da pirólise catalítica. Há
uma concentração máxima de catalisador que promove mudanças nos rendimentos dos produtos. Isso
poderia reduzir os custos de processamento, pois uma quantidade menor de catalisador é necessária.
Destaca-se uma maior formação de gás pirolítico, devido a uma decomposição adicional dos voláteis que
dão origem ao bio-óleo.

5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Processo 439125/2018-9.

6. REFERÊNCIAS

CHEN, X.; LI, S.; LIU, Z.; CHEN, Y.; YANG, H.; WANG, X.; CHE, Q.; CHEN, W.; CHEN, H. (2019) Pyrolysis
characteristics of lignocellulosic biomass components in the presence of CaO. Bioresource Technology,
v.287, p.121493.
DAHAL, R. K.; NOROUZI O. N.; CAMERON. J.; PANDIAN, A.; SHRESTHA, A.; ACHARYA, B.; PK, S.;
DUTTA, A. (2020). A study on potential recovery of energy and value-added chemicals from in-situ pyrolysis
of Bambusa balcooa over basic metal oxides. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis, v.147, p.104801.
DEMIRAL, İ.; ŞENSÖZ, S., (2006). Fixed-Bed Pyrolysis of Hazelnut (Corylus Avellana L.) Bagasse:
Influence of Pyrolysis Parameters on Product Yields Energy Sources, Part A Recover. Util. Environ. Eff. v.28,
p.1149–1158.
KIM, E., GIL, H., PARK, S., PARK, J. (2017). Bio-oil production from pyrolysis of waste sawdust with catalyst
ZSM-5. J. Mater Cycles Waste Manag, v.19, p.423-431.
RUSSELL, S. H., TURRION-GOMES, J. L., MEREDITH, W., LANGSTON, P., SNAPE, C.E., (2017)
Increased charcoal yield and production of lighter oils from the slow pyrolysis of biomass. Journal of
Analytical and Applied Pyrolysis, v.124, p.536-541.
SAIDUR, R., ABDELAZIZ, E.A., DEMIRBAS, A. HOSSAIN, M.S., MEKHILEF, S. (2011) A review on biomass
as a fuel for boilers. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v.15, p.2262–2289.
TINWALA, F., MOHANTY, P., PARMAR, S., PATEL, A.; PANT, K. K., (2015) Intermediate pyrolysis of
agro-industrial biomasses in bench-scale pyrolyser: Product yields and its characterization. Bioresource
Technology, v.188, p.258-264.

4 105
CINEMÁTICA DE UM MECANISMO DE 4 BARRAS DE CONFIGURAÇÃO INVERTIDA

*
Carlos Sergio Pivetta; Fernando De Azevedo Silva; José Elias Tomazini
FEG/UNESP
*
carlos.pivetta@unesp.br, fernando.azevedo@unesp.br, elias.tomazini@unesp.br

Resumo. Os mecanismos devem atender as necessidades existentes, os requisitos estabelecidos e os


projetos executados. Os objetivos deste trabalho são os de apresentar e analisar cinematicamente uma
configuração de um mecanismo de 4 barras invertido composto de uma manivela de acionamento e um
cursor deslizante em um ponto fixo. Foram consideradas as posições geometricamente possíveis da barra
motora e da deslizante. As análises de posição, velocidade e de aceleração foram realizadas por
metodologias geométricas e computacionais usando-se o MS-EXCEL. Os resultados mostraram que as
alternativas utilizadas na simulação permitem ampliar os conhecimentos associados à visualização do
funcionamento do mecanismo.

Palavras-chave: Mecanismo invertido de 4 barras; Cinemática de mecanismo de 4 barras; Análise


cinemática de mecanismos

1. INTRODUÇÃO (NÍVEL 1)
Este trabalho tem os objetivos de apresentar um mecanismo de 4 barras invertido, analisar cinematicamente
considerando as possíveis posições alcançadas utilizando um método de análise cinemática de
mecanismos articulados para o estudo de posição, velocidade e de aceleração.
De acordo com Mabie e Ockvirk (1985) o mecanismo de 4 barras é um sistema articulado comum para as
áreas de projetos mecânicos e na análise cinemática são considerados que os corpos são rígidos ideais, as
juntas tendo folgas e esforços desprezíveis, mesmo que existam forças nos elementos.
Norton (2010) menciona que os mecanismos são sistemas articulados que são desenvolvidos para
desempenhar funções de acordo com as necessidades estabelecidas e os objetivos específicos, manter as
condições requeridas durante a vida útil e a segurança intrínseca necessária e especificada para os quais
são criados, considerando-se a proteção do ser humano e do meio ambiente.
Geralmente as fases de definição dos mecanismos são compostas de análises e os eventos de projetos
ocorrem com avanços e retrocessos nas tomadas de decisão para a verificação do desempenho e das
funções esperadas para finalmente ser utilizado (Shigley, 2010).
Os mecanismos são associações estruturais constituídos de corpos rígidos ou flexíveis tendo as funções de
executar um movimento ou esforços desejados e específicos, de acordo com as condições preliminarmente
estabelecidas. Muitas vezes há necessidades de adaptações devido aos resultados reais obtidos no projeto
e no desenvolvimento final, instalações, operações e manutenções (Flores e Claro, 2007).
A Cinemática na mecânica estuda aspectos dos movimentos dos corpos rígidos que são independentes da
força e do tempo, sendo puramente geométrico, mas que devem ser desenvolvidos adequadamente pela
síntese cinemática considerando-se os movimentos relativos entre os componentes (Stanisic, 2015).
As atividades de novos desenvolvimentos requerem inovação e motivação para os resultados de novas
ideias e soluções. A novidade técnica busca a viabilidade de produção relacionada à viabilidade prática da
novidade. A eficiência, o uso prático com produtos orientados ao usuário e o mercado reflete a aceitação e
o sucesso do projeto junto aos usuários em potencial (Ceccarelli, 2018).
Os resultados da análise cinemática associada aos outros fatores e incertezas determinantes do projeto,
tais como, dinâmicos, lubrificação ou de temperaturas, poderão exigir verificações adicionais para a
aplicação da solução, e que exigirão novas análises ou a recusa do projeto (Tian, Flores e Lankarani, 2018).

2. MATERIAIS E MÉTODOS
A Fig. 1 ilustra um mecanismo denominado de 4 barras invertido com as representações básicas adaptadas
de Almestiri et al (2016), que é usado como referências neste trabalho com algumas adaptações
dimensionais. As dimensões nominais do mecanismo foram adaptadas e estabelecidas para manterem-se
com as proporções e aproximadas da Fig. 1.

1 106
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

O elo a1, a barra motora, geralmente denominada de O2A e tem velocidade angular de 10 rad/s constante e
no sentido anti-horário (SAH). O ponto fixo B da barra a3 (BO4) deverá manter permanentemente a barra a2
(AB) em contato e acoplada, a qual desliza nesta posição, e descreve uma trajetória oscilatória e variável.
Um mancal no ponto B, do tipo rótula, por exemplo, poderá ser usado para permitir a oscilação da barra
mantendo-se a posição B da barra 3.
Na análise cinemática geralmente considera-se o ponto O2 como a origem do sistema de coordenadas.

Figura 1. Mecanismo de 4 barras invertido.

a1 = R2 = 50 mm
a2 = R3 = Variável
B D a3 = R4 = 60 mm
a4 = R1 = 150 mm
A xB = 150 mm
yB = 60 mm
θ1 = Variável
θ4 = 180º
ω2 = 10 rad/s SAH
α2 = 0 rad/s2
DA = 220 mm

O2 O4
Fonte: Adaptada de Almestiri et al (2016).

Na análise cinemática do mecanismo básico da Fig. 1 foi utilizada a configuração da barra a2 sendo a reta
DA que representa o elo “invertido” de acordo com as denominações teóricas e didáticas.
O ponto B da barra a2 está presente em uma barra denominada neste trabalho de DA e é apoiado e
acoplado no ponto fixo B da barra a3, que deve ser mantido em contato neste ponto por um mancal
adequado, tal como, por exemplo, uma rótula esférica compensadora que permita oscilações e que também
pertence à barra DA.
A análise cinemática do mecanismo básico da Fig. 1 foi realizada considerando a configuração da barra
retilínea DA utilizada e para todas as fases geometricamente possíveis com incremento angular de 1 grau.
Uma posição considerada crítica é ilustrada na Fig. 2 que foi elaborada pelo programa do EXCEL.

Figura 2. Mecanismo de 4 barras invertido.

Fonte: Autoria própria (2021).

2 107
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

A Eq. (1) é utilizada para o cálculo do tempo, em segundos, para o deslocamento de um incremento
2
angular da barra de entrada R =O2A por se um incremento de ∆θ2=1º que resultará em 0,001745 s.
0
∆t = 2 π ∆θ 2 / (3600 ω2 ) (1)
A análise de posições do ponto A em função da posição angular da barra AO2 pelas Eq. (2) à Eq. (5). As
velocidades e acelerações dos pontos A e D do mecanismo podem ser calculadas pelas Eq. (6) e (9) e
respectivas velocidades e acelerações angulares podem ser obtidas pelas Eq. (10) e Eq. (11). Fazendo-se
os deslocamentos angulares da barra O2A podem-se calcular as velocidades e as acelerações angulares da
barra BA e consequentemente a cinemática do ponto D.
xA = R2 cosθ 2 (2)

yA = R2 senθ 2 (3)

BA = ( xB − xA) 2 + ( yB − yA) 2 (4)

θ BA = ATAN 2( xB − xA; yB − yA) (5)

vx = ∆ x / ∆ t (6)

vy = ∆ y / ∆t (7)

a x = ∆ vx / ∆ t (8)

a y = ∆ vy / ∆t (9)

ω BA = (θ BA _ i − θ BA _ i −1 ) / ∆ t (10)

α BA = (ω BA _ i − ω BA _ i −1 ) / ∆ t (11)

As Fig. 3 e Fig. 4 ilustram os resultados da análise cinemática do mecanismo utilizando-se o método deste
trabalho. A Fig. 3a ilustra as velocidades do ponto D. A Fig. 3b ilustra as velocidades angulares da barra DA.
A Fig. 4a ilustra as acelerações do ponto D e a Fig. 4b ilustra as acelerações angulares da barra DA.

Figura 3. Velocidades: a) Velocidades do ponto D; b) Velocidades angulares da barra DA.

θ2 [grau]

θ2 [grau]

a) b)
Fonte: Autoria própria (2021).

A análise cinemática deste trabalho foi realizada considerando-se uma oscilação angular da barra motora
O2A (Barra R2) utilizando-se uma oscilação angular ∆θ2 de 1 grau e, utilizando-se a Eq. 1, este valor

108
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

corresponde à um diferencial de tempo ∆t de 0,00175 segundos. Estas considerações e valores podem A


Fig. 4 ilustra os resultados da análise cinemática para as acelerações do ponto D e da barra DA.

Figura 4. Velocidades: a) Velocidades do ponto D; b) Velocidades angulares da barra DA.

θ2 [grau]

θ2 [grau]

a) b)
Fonte: Autoria própria (2021).

3. CONCLUSÕES
Os resultados deste trabalho demonstram que os métodos utilizados na análise cinemática do mecanismo
em estudo permitiram a visualização dos resultados considerando-se um ciclo completo de funcionamento
permitindo identificar regiões criticas existentes facilitando a tomada de ações e decisões de projetos para
minimizar ou neutralizar situações indesejadas. Também a aplicação do MS-EXCEL permitiu o
desenvolvimento adequado e interessante para este projeto

4. AGRADECIMENTOS
Aos professores e funcionários da FEG/UNESP pelo apoio técnico e administrativo que nos permitem o
avanço tecnológico e à CAPES que tem incentivado e oferecido o adequado apoio no desenvolvimento
acadêmico e tecnológico no Brasil.

5. REFERÊNCIAS
ALMESTIRI S. M. , MURRAY A. P., MYSZKA D. H.. WAMPLER C. W.; Singularity Traces of Single
Degree-of-Freedom Planar Linkages That Include Prismatic and Revolute Joints. ASME Publication,
2016.
CECCARELLI, M.; Innovation challenges for Mechanism Design; Mechanism and Machine Theory;
Elsevier Publication, 2018.
FLORES, P.; CLARO, J.C.P.; Cinemática de Mecanismos. Coimbra, Portugal: Edições Almedina S. A.,
2007.
MABIE, H. H., REINHOLTZ, C. F.; Mechanisms and Dynamics of Machinery, New Jersey, 4th edition,
John Wiley & Sons.;1987.
NORTON, R. L., Design of Machinery – An Introduction to the Synthesis and Analysis of Mechanisms
and Machines, Ed. McGraw-Hill Co, 2a Ed., 1999.
STANISIC, M. M.; Mechanisms and Machines: Kinematics, Dynamics, and Synthesis; Stamford, USA,
Cengage Learning; 2015.
TIAN, Q., FLORES, P., LANCARANI, H. M.; Elsevier Mechanism and Machine Theory, 2018.
UICKER Jr, J. J.; PENNOCK, G. R.; SHIGLEY, J. E.; Theory of Machines and Mechanisms, d. Oxiford
University Press, 4ª ed., 2010.

4 109
ANALISE DOS RENDIMENTOS DAS TORREFAÇÕES DE RESIDUOS DE EUCALIPTO
SPP.

Claudinei Henrique Ferreira Rodriguesa*; Carlos Manuel Romero Lunab


a Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Campus de Guaratinguetá
b Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Campus Experimental de Itapeva
*claudinei.rodrigues@unesp.br

Resumo. Com o aumento da demanda energética mundial, novas soluções se fazem necessárias para o
abastecimento mundial de energia elétrica, num mundo conectado onde tudo depende de meios
eletrônicos, fornecer energia passou a ser um dos pilares da sociedade. Resíduos são um grande problema
na indústria, e trata-los de uma maneira que agregue valor é um dos pilares do desenvolvimento
sustentável. A torrefação é um processo de tratamento térmico de biomassa, que visa melhorar seu
desempenho como fonte geradora de energia, densificando energeticamente a mesma, porém, um fator
muito importante para se analisar a viabilidade de uma biomassa para a geração de energia é o seu
rendimento mássico. Os resíduos de eucalipto em processos de desdobramento de madeira é um resíduo
com pouco valor agregado, que pode ter um potencial energético imenso. O tipo de biomassa a ser
torrificada impacta diretamente nos rendimentos, devido a sua superfície de contato. A torrefação de
cavaco de eucalipto spp. tem um rendimento em massa maior que a serragem, devido a troca de calor ser
menor devido a superfície que o calor tem para fazer a transferência de calor e massa.

Palavras-chave: Torrefação, Resíduos, Cavaco, Serragem, Eucalipto.

1. INTRODUÇÃO
Aumento populacional, tecnologia cada dia mais constante e importante para o
desenvolvimento humano, pandemias forçando as pessoas a viverem mais tempo
conectadas, enfim, são incontáveis os fatores que impactam no aumento do consumo
energético do mundo, hoje em dia, quase 85% dessa demanda é suprida pela combustão
de combustíveis fósseis tais como o carvão mineral, petróleo e gás natural, porém, o uso
constante desses combustíveis fósseis provoca a emissão de grandes quantidades de
Gases do Efeito Estufa (GEE) à atmosfera (Abbasi e Yozgatlilgil 2014; Saidur et al.,
2011). Em um mundo cada vez mais dependente de energia elétrica, diversos estudos se
fazem necessários visando transformar e reduzir a emissão de poluentes que atualmente
degradam a camada de ozônio, porém, como fazer isso?. Reduzindo principalmente s
emissões de CO2 na atmosfera.
Sabendo dos problemas, a torrefação surge como uma tecnologia de pré-
tratamento de biomassa, sendo um processo térmico onde a biomassa é aquecida em
uma atmosfera inerte entre temperaturas de 200ºC e 300ºC, onde o objetivo é aumentar o
poder calorifico densificando energeticamente a biomassa reduzindo o teor de umidade e
melhorando seu aproveitamento. (Bonassa et al., 2018; Da Silva et al., 2018; Gent et al.,
2017; Proskurina et al., 2017; Chen et al., 2015).
A utilização de resíduos para uma aplicação mais nobre é um debate novo que se
faz necessário. De acordo como Oliveira et al., (2013), no Brasil os resíduos derivados da
produção de eucalipto têm potencial para geração de energia. Em 2010, a produção
brasileira de madeira legalizada aumentou 8,26% em relação ao 2009, atingindo uma
produção superior a 115 milhões de m3, sendo que a maior parte da produção se
concentra no Sul e no Sudeste. Os resíduos derivados da produção de eucalipto no Brasil
têm um potencial energético de aproximadamente 140 PJ (1015 Joules). Sendo que a
região sudeste e sul concentra a maior quantidade 100,9 e 63,8 PJ respectivamente.

1 110
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1MATÉRIA PRIMA
O material usado nesta pesquisa será diversos resíduos derivados da produção de
eucalipto sp. (serragem e cavaco). A Figura 1 apresenta os resíduos derivados da
produção de eucalipto sp., na Figura 1a corresponde à serragem e a Figura 1b exibe os
cavacos. Ambos resíduos de eucalipto sp. serão fornecidos por serrarias que operam na
região de Itapeva/SP.

Figura 1: Serragem e Cavaco de Eucalipto spp.

2.2BANCADA EXPERIMENTAL
A Figura 2 apresenta a bancada experimental de torrefação. Para a realização dos
experimentos de torrefação da serragem e do cavaco de eucalipto sp. foi utilizado como
reator um balão de fundo redondo de 2 bocas em borossilicato com capacidade de
1000mL. Termopares tipo "K" monitoram as temperaturas dentro do reator, da água de
condensação e da fração líquida coletada. Os termopares serão conectados a uma placa
de aquisição de dados (DAQ) para o monitoramento da temperatura do processo.
O sistema de aquecimento está composto por um forno mufla com controlador de
temperatura, o qual opera até uma temperatura máxima de 1200°C. Uma corrente de
nitrogênio foi utilizada como gás de arraste com a finalidade de promover a saída do
material volátil do reator.
O sistema de condensação se compõe de um reservatório, o qual conta água, que foi
impulsionada através de uma bomba preparada que fará a circulação no condensador
Liebig.

2 111
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 2 – Bancada experimental para o estudo da torrefação.

2.3 RENDIMENTOS
As analises de rendimentos foram realizadas de acordo com a formula (1) abaixo.

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝐵𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑢𝑐𝑎𝑙𝑖𝑝𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑟𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎


Rendimento Mássico = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑖𝑜𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑢𝑐𝑎𝑙𝑖𝑝𝑡𝑜 𝑎𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 × 100 (1)

As análises do rendimento mássico foram realizadas para as temperaturas de 200,


220, 240, 260, 280 e 300ºC, nos tempos de 0 minutos (quando a mufla chegava a
temperatura de torrefação ela era desligada e iniciava-se o resfriamento), 15 minutos e 30
minutos na temperatura de torrefação, sempre sob atmosfera inerte utilizando N2 como
gás de arraste, a 100ml/min, para a serragem e o cavaco de Eucalipto spp.

3. RESULTADOS
Os rendimentos são fatores muito importantes quando se trata de qualquer processo
de transformação, pois ele nos dá indícios de avaliabilidade dos processos, se ele vai ser
realizado com um bom aproveitamento e se é viável. Nos gráficos 1 e 2 abaixo estão
demonstrados os rendimentos dos processos de torrefação de cavaco e serragem
respectivamente.

112
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Gráfico 1: Rendimentos mássicos das torrefações de Cavaco.


Cavaco
105
0 min
15 min
30 min
90
Rendimento (%)

75

60

45

200 220 240 260 280 300


Temperatura (C°)
Fonte: Autoria própria.

Gráfico 2: Rendimentos mássicos da torrefação da serragem de Eucalipto spp.


Serragem
105
0 min
15 min
30 min
90
Rendimento (%)

75

60

45

200 220 240 260 280 300


Temperatura (C°)
Fonte: Autoria própria

4 113
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

A analise de rendimentos é um dos parâmetros mais importante para se avaliar um


processo termoquímico de conversão de biomassa. Segundo Teofilo et al (2019), em
processos de pirolise, o aumento da temperatura desencadeia uma serie de reações de
craqueamento, o que leva a formação de gases, o que reduz drasticamente o rendimento
mássico. Podemos ver nos rendimentos mássicos do cavaco e d serragem esse
fenômeno, que com o aumento da temperatura houve uma degradação maior dos
constituintes, tanto em fração liquida quanto em fração gasosa, o que fez com o que o
rendimento mássico fosse afetado.
A granulometria do material afetou o rendimento mássico, quando comparamos o
tempo de 0 minuto, podemos notar que a serragem apresentou um rendimento menor em
temperaturas mais altas, como de 280ºC e 300ºC, e isso é facilmente explicado pois o a
serragem possui uma superfície de contato muito maior que o cavaco, o que faz com que
a troca de calor seja mais intensa e haja uma degradação maior. Segundo Carneiro,
Torres e Alves (2014), o calor dentro do balão de torrefação atinge a superfície das
partículas, superando a resistência térmica, fazendo com que ele entre no interior das
partículas vencendo também a resistência interna, este fenômeno é o que causa a
extração dos voláteis para o exterior da biomassa, ultrapassando assim, a resistência a
transferência de massa.
Um estudo realizado por Almeida, Brito e Perré (2010) com a madeira e a casca de
eucalipto mostra a perca mássica com o aumento da temperatura de torrefação, porém
em seu estudo foi utilizado a madeira em forma de retângulos de 50mmx350mmx650mm,
o que diminui muito a superfície de contato, gerando uma perca mássica de 35% em
torrefação de 5 horas a 280ºC.

4. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Processo 439125/2018-9.

5. REFERÊNCIAS

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combustion characteristics of Turkish lignite in oxy-fuel conditions. Fuel, 2014, v.115,
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114
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

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6 115
ANÁLISE DA DENSIDADE E RIGIDEZ DE PAINÉIS DE MADEIRA COMPENSADA
SUBMETIDOS A TRATAMENTO TÉRMICO

Cristiane Karyn de Carvalho Araújoa*; Camilla Kawane Ceciliano de Carvalho Araújob;


Sâmique Kyene de Carvalho Araújo Camargoc; José Cláudio Caraschib; Cristiane Inácio de
Camposb
a
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG/UNESP)
b
Universidade Estadual Paulista (UNESP/Itapeva-Sp)
c
Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva (FAIT)
*cristiane.karyn@unesp.br

Resumo.
Este estudo visa à a determinação da densidade e do módulo de rigidez dinâmico de painéis estruturais de
madeira compensada. Os painéis foram produzidos com lâminas de Eucalyptus grandis colados com resina
fenol-formaldeído sob ação de pressão e temperatura. Em seguida os mesmos, exceto os painéis
testemunha, passaram pelo processo de termorretificação (estufa) em três diferentes temperaturas. Por fim,
os painéis foram seccionados e retirados os corpos de prova para a realização dos ensaios de densidade e
rigidez a partir de teste não destrutivo para a determinação módulo de elasticidade dinâmico (MOEd).

Palavras-chave: Madeira compensada; Termorretificação; Características físico-mecânicas.

1. INTRODUÇÃO
Os painéis de madeira são definidos como estruturas produzidas a partir de lâminas ou de diferentes
estágios de desagregação da madeira, tais como, partículas, fibras, lascas, entre outros, compactadas pela
ação de pressão, temperatura e aglutinação por meio de resinas sintéticas (IWAKIRI, 2005).
As principais aplicações relacionadas aos painéis de madeira estão ligadas ao segmento da construção civil
e a indústria de móveis. A escolha do painel de madeira está diretamente relacionada as suas propriedades,
as quais permitem variadas aplicações (ABIMCI, 2009). Neste contexto, o uso de painéis à base de madeira
em sistemas construtivos industrializados é bastante difundido na América do Norte e Europa. Dentre os
painéis que podem ser empregados em sistemas construtivos do tipo light frame destacam-se as chapas de
madeira compensada e OSB (Oriented Strand Board) (APA, 2011), por apresentarem composição em
camadas defasadas de 90°, onde se consegue um ganho de resistência mecânica nas duas principais
direções.
Os painéis de madeira compensada são estruturas à base de madeira produzidas por lâminas alternadas,
com direções de grã paralelas e perpendiculares entre as camadas (OGAWA et al, 2019). Irle (2012)
afirmou que o compensado quando comparado com a madeira, às propriedades mecânicas são mais
isotrópicos, e a resistência à ruptura é maior. Afirmou ainda que as suas propriedades dependem do
adesivo e da quantidade e qualidade das lâminas de madeira.
Sabe-se também que o uso de tratamentos químicos à base de Arseniato de Cobre Cromado (CCA) em
painéis de madeira compensada é usual, embora não seja ambientalmente sustentável e, cada vez mais
existe forte apelo ambiental para o uso de tratamentos preservantes menos nocivos ao homem e ao meio
ambiente. Consonante a isto, propõe-se o tratamento térmico dos painéis de madeira compensada
buscando uma forma mais sustentável de tratamento quanto ao ataque de agentes xilófagos, de modo a
proporcionar mais durabilidade ao produto.
Destaca-se ainda que o uso dos painéis de madeira compensada apresenta grande aplicação em sistemas
construtivos industrializados como o Wood Frame e Steel Frame. No entanto, especificações técnicas como
a Diretriz SINAT n° 005 – revisão 2 (2017) determinam que o uso de painéis à base de madeira para os
sistemas construtivos mencionados anteriormente, precisam garantir durabilidade quanto ao ataque
especialmente de cupins e fungos.
Com base nessa exigência normativa é que se busca método de preservação ambientalmente adequado,
como por exemplo, através da aplicação de tratamentos térmicos no produto resultante à base deste painel.
Embora, tratamento térmico utilize energia para sua realização, a indústria em geral trabalha com geração
de energia a partir da biomassa gerada ao longo do seu processo produtivo, o que não seria oneroso e
inviável economicamente para empresa. Vale ressaltar também que o tratamento térmico não utiliza
produtos que vem sendo combatido em países do Hemisfério Norte indicando que o uso de Arseniato de
Cobre Cromatado (CCA) e Borato de Cobre Cromatado (CCB) tenha um prazo de vida curto e necessite de

1 116
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

alternativas para o tratamento preservativo da madeira. Sendo assim, a termorretificação surge como uma
proposta viável ambientalmente e economicamente.
O objetivo deste trabalho inicialmente foi avaliar a influência do tratamento térmico nas propriedades de
densidade e rigidez dinâmica de painéis de madeira compensada produzidos com madeira de eucalipto e
resina fenólica.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS
Os materiais utilizados para o desenvolvimento dos painéis foram: lâminas de madeira de Eucalyptus
grandis, resina fenol-formaldeído e água. As lâminas e a resina foram doadas por empresa da região
Nordeste do Paraná que produze painéis comerciais

2.2 MÉTODOS
O desenvolvimento deste projeto basear-se-á em duas etapas, sendo:
1ª. Etapa - Produção dos painéis de Madeira compensada

A produção dos painéis de compensado foi realizada no Laboratório de Painéis da UNESP/Campus de


1
Itapeva (Fig.1) . Os painéis foram produzidos com lâminas de Eucaliptos grandis com aproximadamente
(1)
2,0mm de espessura. Após o recebimento das lâminas as mesmas passaram pelo processo de análise
visual segundo a ABNT NBR 2426-2 (2007), com o intuito de utilizar apenas as lâminas com a menor
quantidade de defeitos possível. Posterior à classificação, as lâminas selecionadas seguiram para a estufa
em 60 °C por 24h (2), até atingirem teor de umidade de 3%. Na sequência, iniciou-se a fabricação dos
painéis, produzidos com 5 lâminas com dimensões de 420mm x 420mm e, colados com gramatura de
resina de 400 g/m² linha dupla de cola. A aplicação de resina ocorreu com auxílio de espátula simulando
aplicação industrial com rolos (3), e após a montagem o painel seguiu para o processo de pré-prensagem a
frio (4), com aplicação de força de 2 toneladas por 5 minutos. Decorrido o tempo, os painéis foram levados a
prensa hidráulica termo-mecânica (envolvidas em manta de teflon), para prensagem a quente, com
temperatura a 180 ºC e 0,5 MPa de pressão durante 600 segundos de tempo de prensagem divididos em
três ciclos de 180 segundos e dois intervalos de alívio de pressão de 30 segundos cada (5) . Após a
prensagem, os painéis foram retirados da prensa, resfriados (6), esquadrejados e dimensionados para a
etapa de seccionamento e caracterização.
Figura 1. Produção dos painéis de madeira compensa.

Fonte: Autoria Própria


2ª. Etapa – Termorretificação dos painéis com diferentes temperaturas

O tratamento térmico dos painéis de madeira compensada foi realizado em estufa de secagem com
ventilação forçada. O processo de aquecimento seguiu uma taxa de 2,6°C/min até atingir as temperaturas
de (T1=140 °C, T2=160 °C e T3=180 °C), respectivamente. Após atingir a temperatura necessária, iniciou a
termorretificação por um período de meia hora para as três temperaturas (Fig.2). Os painéis permaneceram
no interior da estufa por aproximadamente 30 minutos até resfriar, evitando deformações e empenamentos.
Figura 2. Posicionamento dos painéis em estufa para a termorretificação

1 (1) (2) (3) (4) (5) (6)


Os números , , , , e representam a ordem da Figura 1.

2 117
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: Autoria Própria


Na sequência os painéis foram submetidos aos testes de caracterização para determinação da densidade
ABNT NBR 9485 (2011) e módulo de rigidez dinâmico na flexão, segundo norma ASTM E1876 (2015).

3. RESULTADOS

3.1 MASSA ESPECÍFICA


O teste para a determinação da massa específica foi realizado utilizando amostras com dimensões
100 x 50 x 12,0 mm. Para o cálculo de densidade aparente utilizou-se a equação proposta pela norma
adotada. Os dados obtidos, bem como a densidade estão dispostos na Tab.1.
Tabela 1- Valores médios de massa específica e respectivos desvios padrões
Temperatura 0 140 °C 160 °C 180 °C
Média 0,656 A* 0,627A 0,632ª 0,594 B
Ꝺ 0,0323 0,0067 0,0231 0,0258
*Médias seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre si
(Tukey, α = 5%);
Pela análise estatística não foi observada diferença significativa entre os tratamentos 0, 140 °C, 160 °C, no
entanto a temperatura de 180 °C diferiu dos demais tratamentos. O estudo desenvolvido por Ferreira (2017)
em painéis de compensado de pinus termorretificados, não houve diferença significativa entre os
tratamentos aplicados. De acordo com o estudo desenvolvido por Iwakiri (2006), o valor médio para essa
propriedade em compensados confeccionados com Eucalyptus grandis é de 0,79 g/cm3. Consonante a isto,
nota-se que a massa específica em todos os tratamentos do presente estudo, são inferiores ao encontrado
por Iwakiri (2006).

3.2 MÓDULO DE ELASTICIDADE DINÂMICO


O ensaio não destrutivo foi baseado na ASTM E1876 (2015), sendo determinado módulo de elasticidade
dinâmico dos painéis compensado, na direção paralela e perpendicular às fibras das lâminas externas em
relação ao comprimento. Cada corpo de prova teve sua massa, largura, espessura e comprimento
determinados antes dos ensaios. Para a realização do ensaio foi utilizado o equipamento SONELASTIC®,
no qual cada amostra foi apoiada sobre um suporte metálico rígido próximo ao dispositivo de detecção do
som (microfone) acoplado a um computador (Fig.3). A excitação por impulso ocorreu com o impacto de uma
haste flexível com ponta metálica na parte superior central do corpo de prova.

Figura 3. Ensaio de módulo de elasticidade dinâmico

Fonte: Autoria Própria


Os dados obtidos no ensaio de módulo de elasticidade dinâmico são demonstrados na Tab.2.
Tabela 2- Valores médios do Módulo de elasticidade dinâmico e desvios padrões para todos os tratamentos

118
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

realizados.
MOEd (MPa) MOEd (MPa)
Temperatura
Paralela Perpendicular
140 °C 10135,65 A* 8561,77 AB
160 °C 8894,468 AB 3434,30 C
180 °C 10720,07 A 4091,20 BC
*Médias seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre si
(Tukey, α = 5%);
Pela análise estatística pode-se observar que na temperatura de 180°C no sentido paralelo as fibras, o
módulo de elasticidade dinâmico não difere significativamente do sentido paralelo termorretificados a (160
°C, 180 °C) e perpendicular a 140 °C, porém difere dos tratamentos a 160 °C e 180 °C no sentido
perpendicular as fibras. O tratamento a 160 °C no sentido perpendicular não difere do tratamento a 180 °C
perpendicular, no entanto, difere dos demais tratamentos. Já o tratamento 180 °C perpendicular ele não
difere do 160 °C perpendicular/paralelo, mas difere do 140 °C paralelo e 180 °C paralelo. Neste caso pode-
se dizer que tanto a temperatura quanto a direção das fibras influenciam a no módulo de elasticidade
dinâmico dos painéis de madeira compensada de madeira de eucalipto.

4. CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do tratamento térmico em três diferentes temperaturas em
painéis de madeira compensada termorretificados em estufa. No ensaio de densidade não foi observada
diferença significativa entre os tratamentos 140 °C, 160 °C, no entanto a temperatura de 180 °C diferiu dos
demais tratamentos, ocorrência devido à perda de massa durante a termorretificação em temperatura mais
elevada, evidenciando perda de material, resultante das reações químicas como degradação de extrativos e
carboidratos no decorrer do processo. No ensaio de módulo de elasticidade dinâmico pode-se concluir que
tanto a temperatura quanto a direção das fibras influenciam no módulo de elasticidade dinâmico dos painéis
de madeira compensada de madeira de eucalipto. Outros testes físicos e mecânicos serão aplicados neste
estudo a fim de avaliar as propriedades e possíveis aplicações deste painel na construção civil, e ainda
analisar a influência da termorretificação quando comparado com painéis compensado presente no mercado
sem termorretificação. Além disso, ainda haverá a adição de resíduos ligantes ao adesivo.

5. AGRADECIMENTOS
Este estudo está sendo financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
Brasil (CAPES). Agradecemos também a empresa Miraluz pela doação das lâminas de madeira.

6. REFERÊNCIAS
ABIMCI- Estudo setorial 2009 Ano Base 2008: Indústria de Madeira Processada Mecanicamente. 2009.
Disponível em: <http://www.abimci.com.br/wp-content/uploads/2014/02/2009.pdf>. Acesso em: 21 set. 2021
ABNT. ABNT NBR 2426/2: Classificação pela aparência superficial. Rio de Janeiro, 2007.
ABNT. ABNT NBR 9485: Compensado: determinação da massa específica aparente. Rio de Janeiro,
2011.
ASTM. ASTM E1876-15: Standard Test Method for Dynamic Young’s Modulus, Shear Modulus, and
Poisson’s Ratio by Impulse Excitation of Vibration. West Conshohocken: ASTM International, 2015. 17p.
DIRETRIZ SINAT Nº 005/2 (2017). Sistemas construtivos estruturados em peças leves de madeira
maciça serrada, com fechamentos em chapas (Sistemas leves tipo “Light Wood Framing”). Sistemas
construtivos estruturados em peças leves de madeira maciça serrada, com fechamentos em chapas
(Sistemas leves tipo “Light Wood Framing”). Disponível em: <pbqp-h. cidades.gov.br › download>.
Acesso em: 21 set. 2021.
IRLE, M. A.et al. Wood Composites. In: ROWELL, R. M. Handbook of wood chemistry and wood
composites. Boca Raton: CRC Press, 2012. Cap. 10.

OGAWA, K. et al. Method for measuring the resistances produced on parallel and perpendicular veneers in
plywood under nail embedment loading. Journal of wood science, 65(1), 1, 2019.
https://doi.org/10.1186/s10086-019-1786-4.

4 119
ESTUDO DA ESTABILIDADE E COMPRIMENTO DE CHAMAS DIFUSIVAS DE
MISTURAS DE GÁS NATURAL E HIDROGÊNIO

Diego J. Mariños Rosado a*; Luis F. Saldaña Bernuy a; João A. de Carvalho Junior a; Andrés
A. Mendiburu Zevallos b
a Faculdade de Engenharia Mecânica, Departamento de Energia, Universidade Estadual Paulista, Campus de
Guaratinguetá, Av. Ariberto P. Cunha, 333, Guaratinguetá, SP, CEP 12510-410, Brasil.
b Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Paulo Gama, 110, Porto

Alegre, RS, CEP: 90040-060, Brasil.


*e-mail (diego.marinos@unesp.br)

Resumo. O presente trabalho tem como objetivo caracterizar a chama difusiva de misturas de gás natural e
hidrogênio. A primeira etapa consiste de uma revisão da literatura sobre os parâmetros que mais influenciam
na combustão da mistura GN-H2, estabilidade da chama e geometrias do queimador, além de estudar a teoria
de Roper para prever as dimensões da chama. Na etapa a seguir, foi investigado o comprimento e a
estabilidade da chama difusiva, envolvendo os parâmetros de altura de levantamento (lift-off) e extinção da
chama (blow-out) para diferentes diâmetros do queimador.

Palavras-chave: Altura de levantamento; Chama difusiva; Comprimento da chama; Estabilidade da chama;


Extinção da chama.

1. INTRODUÇÃO
O estudo das chamas difusivas é tema atual de pesquisa por sua aplicação em equipamentos industriais e
domésticos (aquecedores de água, fogões residenciais, motores de combustão interna, turbina a gás, fornos
industriais, secadores e caldeiras geradoras de vapor). Uma vantagem da utilização do hidrogênio como
combustível é que o H2 tem o máximo conteúdo de energia dos combustíveis convencionais por unidade de
massa. O conteúdo de energia do H2 é aproximadamente 3 vezes maior que o da gasolina (VALLADARES,
2017). O hidrogênio tem servido como intermediário no processamento químico. A aplicação mais dominante
do hidrogênio é para o refino de petróleo bruto, bem como a produção de amônia e ureia.
O maior problema com a combustão das misturas de GN-H2 é que os parâmetros básicos de combustão do
GN mudam na mistura, devido às propriedades de combustão do H2, ou seja, sua baixa densidade (0,08
kg/m3 a 300 K e 101,3 kPa), uma faixa mais ampla de limites de inflamabilidade (4% a 75%), maior velocidade
de chama (2,3 m/s em CNTP) e energia de ignição muito baixa (0,02 mJ).
Diante desse cenário, há um ceticismo significativo entre esses usuários finais em relação à intercambialidade
de GN por misturas de GN-H2, pois temem que isso possa ter um impacto negativo em processos já muito
sensíveis afetando a viabilidade de produção na indústria. Portanto, o desafio seria caracterizar este tipo de
misturas em chamas difusivas através de modelos de estabilização que predizem os parâmetros
aerodinâmicos da chama, como o comprimento e a forma, com o intuito de garantir que as chamas possam
permanecer acesas quando estas estão sujeitas a diversas condições de operação.
O principal motivo de interesse por esses parâmetros é o desenho seguro e eficiente dos locais do queimador
nos equipamentos industriais e domésticos, pois níveis excessivos de radiação térmica da chama para as
superfícies da câmara e a possibilidade da chama se aderir à estrutura do queimador são considerações
importantes no desenvolvimento de um desenho seguro do sistema. Portanto, é necessário estabelecer um
modelo que permita predizer com segurança a dependência do tamanho e a trajetória da chama a partir de
variáveis como a composição do gás combustível e sua velocidade de escoamento.
Uma das primeiras pesquisas que descreveu a estrutura, comportamento e propriedades das chamas
difusivas foi proposto por Burke e Schumann (1928). Os autores realizaram uma investigação teórico-
experimental em placas paralelas e tubos circulares, considerando em seus analises parâmetros como a
variação de velocidade dos escoamentos, variação de proporção estequiométrica entre oxigênio e
combustível, variação da pressão, pré-aquecimento do combustível e oxigênio, adição de oxigênio primário
ao combustível, variação da espessura dos dutos e uma análise química dos gases das chamas. Outros
estudos teórico-experimentais foram realizados por Roper (1977;1978) e Roper et al. (1977). Nesses estudos,
foram propostos modelos para prever a altura e a largura da chama, considerando dutos circulares e não
circulares e diversos regimes de potência. Seus resultados foram validados com os obtidos por Burke e
Schumann (1928).

1 120
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 CARACTERÍSTICAS DA CHAMA DIFUSIVA


Na chama difusiva ou não pré-misturada, dois estados limites diferentes são considerados: combustível à
esquerda e oxidante à direita, que pode ou não ser diluído. Eles se difundem na zona de reação onde se
queimam e, portanto, geram calor. Como consequência, a temperatura é mais alta nesta área e se difunde
da frente da chama para os fluxos de combustível e oxidante conforme é mostrado na Fig. 1 (CARVALHO et
al., 2018).

Figura 1. Característica da chama difusiva laminar.


𝑌𝑂 = 𝑌𝑂0

Fração de massa do oxidante


Temperatura
𝑌𝑂
Fração de massa de combustível Plano de
estagnação
𝑌𝑐

𝑌𝑐 = 𝑌𝑐0 y
x
combustível oxidante

𝑇𝑐 = 𝑇𝑐0 𝑇𝑂 = 𝑇𝑂0
Liberação de calor

Zona de difusão Zona de reação Zona de difusão

Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2017).

2.2 PARÂMETROS DE COMBUSTÃO DA MISTURA GN-H2


Para o estudo de uma mistura de GN − H2 , é essencial entender o comportamento esperado de seus
parâmetros de combustão. Um mole de gás misturado (MIS) entre GN − H2 é:
1 MIS = XH2 + (1 − X)GN (1)
onde X é a fração de H2 na mistura. A reação de combustão com ar seco será:
XH2 + (1 − X)NG + αkO2 + 3.76αkN2 → yCO2 + wH2 O + zN2 + (α − 1)kO2 (2)
onde α é o excesso de ar normalizado, k é o coeficiente de oxigênio estequiométrico para a reação de
combustão e os coeficientes y, w e z dependem do teor de carbono, hidrogênio e nitrogênio do gás natural,
respectivamente.

2.3 TEORIA DE ROPER: COMPRIMENTO DA CHAMA PARA DIFERENTES GEOMETRIAS DO


QUEIMADOR E REGÍMENES DE POTENCIA
Roper (1977, 1978) e Roper et al. (1977) desenvolveram e verificaram por experimento expressões para
prever comprimentos de chama de jato laminar para várias geometrias de queimador (circular, quadrado,
fenda e fenda curva) e regimes de potência (controlado por momentum, controlado por flutuação e
transicional).

2.3.1 Geometria circular


T
Qc ( T∞ ) T∞ 0.67
c
Lf,teo = 1 ( ) (3)
4πD∞ ln(1+ ) Tf
S
T∞
Qc ( T )
c
Lf,exp = 1330 1 (4)
ln(1+ )
S

onde Lf,teo e Lf,exp são os comprimentos da chama obtidos de forma teórico e experimental, S é o oxidante
estequiométrico molar - razão de combustível, D∞ é um coeficiente de difusão médio avaliado para o
oxidante, T∞ , Tc e Tf são a temperatura do fluxo do oxidante, a temperatura média do fluxo de combustível e
a temperatura média da chama, respectivamente.

2 121
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

2.3.2 Geometria quadrada


T
Qc ( ∞ ) T∞ 0.67
Tc
Lf,teo = ( ) (5)
16D∞ [inverf((1+S)−0.5 ))]2 Tf
T
Qc ( ∞ )
Tc
Lf,exp = 1045 (6)
[inverf((1+S)−0.5 ))]2

onde inverf é a função de erro inversa. Os valores para a função de erro inversa são gerados a partir das
tabelas de função de erro da mesma forma que se lida com funções trigonométricas inversas, ou seja, ω =
inverf(erf ω). Todas as quantidades são avaliadas em unidades SI.

2.4 BANCADA EXPERIMENTAL PARA A ESTABILIZAÇÃO DA CHAMA: COMPRIMENTO DA CHAMA, LIFT-


OFF E BLOW-OUT
Na Fig. 2 é apresentado o esquema da bancada experimental projetada para medição de comprimento visível
de chama, altura de levantamento (lift-off) e extinção da chama (blow-out). As chamas serão confinadas
dentro de um ambiente retangular formado por quatro malhas finas (mesh 20) de dimensões 1,50 x 1,00 x
3,60 m. O gás será alimentado até um queimador de tipo jato convencional projetado para variar o diâmetro
do bocal. Serão utilizados quatro diâmetros internos (db ): 7,55 mm, 10,13 mm, 13,15 mm e 16,55 mm com
comprimento total do queimador de 30db . Na parte inferior encontra-se uma pré-câmara constituída por
esferas de vidro e telas de aço para retificar o escoamento. Dois controladores de vazão mediram o fluxo
volumétrico, um de marca Omêga (FMA-2600A) para o combustível com incerteza de ± 0,8 % da leitura e ±
0,2 % da escala de medição e um Bronkhorst (F-112AC) para o gás inerte com incerteza de ± 0,4 % da leitura
e ± 0,1 % da escala de medição. Serão utilizadas duas câmeras para capturar as imagens. Cada imagem
será processada por um software especializado focado na medição do comprimento de chama, lift-off e blow-
out.

Figura 2. Esquema de montagem para medição do comprimento de chama, lift-off e blow-out.

Gases de exaustão

Matlab Malla
Mesh 20 Davis 8.2

𝐿𝑓
Câmera Câmera
Canon T5i 𝐻𝑓
ProSX-5M

Queimador
P

Omêga (FMA-2600A) 𝑑𝑏
P

Bronkhorst (F-112AC)

Combustível
malhas finas (mesh 20) para o
G H2 confinamento das chamas
N
Fonte: Autoria própria.

2.5 MÉTODO DE ANÁLISE DE IMAGENS INSTANTÂNEAS COM BAIXO TEMPO DE EXPOSIÇÃO


No método, Lf é a média de n1 medições individuais de Lf−1 em imagens capturadas com baixo tempo de
exposição. Neste método, cada medição individual é definida como a distância entre o plano de saída do
queimador e ponta mais elevada da chama, para uma imagem com t exp = 1/320 s e abertura F/3,5.
Devido ao grande número de imagens necessárias para definir o valor médio, será desenvolvido uma técnica
de medição no software Matlab ®. O algoritmo converte inicialmente a imagem colorida a uma imagem em
tons de cinza para ser convertida depois a uma imagem binária, colocando um valor de 1 (branco) a pixels
com luminosidade correspondente à luz emitida pela chama e um valor de 0 (preto) a todos os pixels restantes.
Assim, é constituída uma matriz de 1 e 0 de tamanho igual à resolução de pixels (15Mpx).

122
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 MEDIÇÃO DO COMPRIMENTO DE CHAMA E ALTURA DE LEVANTAMENTO


Figura 3a mostra o processamento digital de uma chama turbulenta capturada com baixo tempo de exposição.
Para garantir a correta posição do plano de saída do queimador, este foi distinguido com a luz de laser.
A medição da altura de levantamento da Fig. 3b, também pode ser calculada pela mesma técnica. Em
algumas imagens de chamas é possível observar que a luminosidade da base é menor em contraste com o
volume principal da chama. Para medir essa distância, é necessário realizar o mesmo procedimento de
medição focado unicamente na parte inferior da chama para reduzir o excesso de luz.

Figura 3. Medição de: (a) comprimento de chama e (b) altura de levantamento, processamento de imagens
com baixo tempo de exposição. Vazão: 30 l/min, 0% CO2, t exp = 1/320 s, abertura F/3,5.

(a) (b)

Fonte: Adaptado de Quezada (2017).

4. CONCLUSÕES
A grande diversidade de informação acerca das chamas difusivas, misturas de GN − H2 , modelos do
comprimento da chama e modelos de estabilização da chama, justifica o trabalho investigativo para o
desenvolvimento de um estudo experimental através da ampliação e aplicação da Teoria de Roper.
O método com imagens instantâneas apresenta menor incerteza, devido ao maior número de imagens
requerido para calcular o valor médio do comprimento de chama. Este método define com maior confiabilidade
o ponto mais alto da chama. Este método será utilizado para o estudo de estabilidade devido à capacidade
de descrever o comportamento dos parâmetros geométricos da chama com parâmetros estatísticos.
O estudo aprimora a utilização do hidrogênio na combustão como alternativa de substituição da gasolina e
outros produtos derivados do petróleo, além de caracterizar a chama difusiva com misturas de GN e H 2 para
um projeto seguro e eficiente dos locais do queimador nos equipamentos industriais e domésticos.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio
deste trabalho.

6. REFERÊNCIAS
BURKE, S. P.; SCHUMANN, T. E. W. Diffusion flames. Industrial and Engineering Chemistry, v. 20, n. 10,
p. 998-1004, 1928.
CARVALHO, J. A.; MENDIBURU, Z. A.; CORONADO, C. J., MCQUAY, M. Q. Combustão Aplicada.
Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, p. 372, 2018.
QUEZADA, L. A. Estudo experimental de estabilidade e emissão de radiação térmica em chamas não
pré-misturadas de gás natural diluídas com dióxido de carbono. 148 f. Curso de pós-graduação
(Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.
ROPER, F. G. Laminar Diffusion Flame Sizes for Curved Slot Burners Giving Fan-Shaped Flames.
Combustion and Flame, v. 31, p. 251-258, 1978.
ROPER, F. G. The prediction of laminar jet diffusion flame sizes: Part I. Theorical Model. Combustion and
Flame, v. 29, p. 219-226, 1977.
ROPER, F. G.; SMITH C.; CUNNINGHAM, A. C. The prediction of laminar jet diffusion flame sizes: Part II.
Experimental Verification. Combustion and Flame, v. 29, p. 227-234, 1977.
VALLADARES, M. R. Global Trends and Outlook for Hydrogen. IEA Hydrogen, 2017.

4 123
ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA DA COMBUSTÃO E OXI-COMBUSTÃO DO
GLICEROL

Diogo Garcia Nunesa; Gretta Larissa Aurora Arce Ferrufinoa; Ivonete Ávilaa; José Claudio
Caraschib; Carlos Manuel Romero Lunab.
aUNESP – Universidade Estadual Paulista , Faculdade de Engenharia de Guaratingueta, Departamento de Química e
Energia, Laboratório de Combustão e Captura de Carbono (LC3), Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, 12 516-410,
Guaratinguetá-SP, Brasil.
bUNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Itapeva, Engenharia de Produção, Laboratório de Processos de

Conversão de Biomassa (LPCB), Rua Geraldo Alckmin, 519, 18409-010, Itapeva-SP, Brasil.
*diogo.nunes@unesp.br

Resumo. O glicerol é um subproduto obtido da produção do biodiesel. Assim, devido à grande demanda de
biodiesel estão sendo geradas quantidades significativas de glicerol. A literatura apresenta trabalhos sobre
as várias alternativas para o uso do glicerol, tais como a geração de energia, produção de biocombustíveis e
produção de químicos. A oxi-combustão tem como principal objetivo a geração de um gás de arraste rico em
𝐶𝑂2 . há poucos estudos sobre o comportamento térmico do glicerol em condições de oxi-combustão. Com
os resultados apresentados do índice de combustão, é possível dizer que a oxi-combustão tem melhor
desempenho.

Palavras-chave: Glicerol; oxi-combustão; índice de combustão;

1. INTRODUÇÃO
Ultimamente o mundo experimenta um conjunto de problemas, tais como uma maior demanda de energia, o
esgotamento das reservas de petróleo e o aumento das emissões de gases efeito estufa (GEE),
especialmente o dióxido de carbono (𝐶𝑂2 ), esses problemas têm estimulado a pesquisa sobre o
desenvolvimento de combustíveis renováveis (CORONADO et al., 2014; HARON et al., 2018). Dentre os
diversos combustíveis renováveis temos o biodiesel, o qual durante a sua produção gera um subproduto
denominado glicerol. Devido à constante demanda do biodiesel, grandes quantidades de glicerol estão sendo
geradas tornando-se um problema ambiental e econômico ascendente, isso porque as reservas mundiais de
glicerol encontram-se em expansão, tornando urgente a busca por novas utilizações para o glicerol
(PINHEIRO et al., 2018).
No processo industrial do biodiesel se gera cerca de 10% em massa de glicerol. O glicerol obtido apresenta
impurezas, resultantes de catalisadores utilizados na transesterificação, as quais o impedem ser utilizado nas
principais aplicações como na indústria de alimentos, cosméticos e farmacêutica, no entanto, o refino do
glicerol gerado nas usinas de biodiesel resulta ser muito caro, portanto, esse glicerol é frequentemente
considerado como um produto residual (Paz et al., 2013; Leoneti et al., 2012).
Uma alternativa para a utilização do glicerol seria o seu aproveitamento energético utilizando a oxi-combustão,
podendo gerar um gás de exaustão rico em 𝐶𝑂2 , que não é emitido e sim capturado através de diversas
tecnologias de carbono. De acordo com Peng et al., (2016) o gás de exaustão de uma combustão normal não
é adequada para reciclar 𝐶𝑂2 diretamente, isso porque a concentração de 𝐶𝑂2 está entre 10 e 15%, portanto
seria necessario um consumo significativo de energia para separar o 𝐶𝑂2 dos outros gases. A oxi-combustão
foi desenvolvida para fornecer um gás de exatustão com uma concentração mais alta de 𝐶𝑂2 (mais de 90%),
o que diminuiria o custo de uma futura separação, onde a mistura do ar nitrogênio (𝑁2 ) e oxigênio (𝑂2 ) é
substituída por uma mistura proporcional de 𝐶𝑂2 e 𝑂2 , considerando uma concentração de 𝑂2 superior a 21%
(Wang et al., 2019).
É possivel encontrar na literatura uma quantidade significativa de trabalhos sobre alternativas para o
aproveitamento do glicerol, as quais vão desde a geração de energia, produção de biocombustíveis e
químicos. No contexto de geração de energia, algumas pesquisas demonstram que o glicerol pode ser usado
como um combustível, apesar de seu baixo poder calorifico e elevada temperatura de ignição (Quispe et al.,
2013). Porém à escassos trabalhos sobre a oxi-combustão do glicerol, como contribuição esse trabalho vem
estudar o comportamento termico do glicerol em atmosfera de oxi-combustão.

1 124
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 GLICEROL
O glicerol (Figura 1) utilizado nesse trabalho foi fornecido pela empresa Cargill (Avaré/SP), sendo derivado
da produção de biodiesel de óleo de soja.

Figura 1. Glicerol.

Fonte: Autoria própria

2.2 BANCADA EXPERIMENTAL


Nesse estudo o comportamento térmico do glicerol foi avaliado através da análise das curvas de TGA e DTG
obtidas em atmosferas de combustão e oxi-combustão. A Figura 2 apresenta a bancada experimental para
estudos do comportamento térmico do glicerol. A bancada experimental é composta de uma termobalança
(DSC-Q600 de instrumentos TA). Para a injeção do 𝐶𝑂2 , utiliza-se uma injeção, para isso é necessário utilizar
um controlador de vazão (AALBORG). Os ensaios foram realizados a partir da temperatura de 30 °C a 600
°C, utilizando atmosferas de combustão com ar sintético e oxi-combustão com concentrações de 20, 30 e
40% de 𝑂2 e respectivamente 80, 70 e 60% de 𝐶𝑂2 , todos utilizando uma razão de aquecimento de 10°C/min
e 4 mg de massa de glicerol.

Figura 2. Bancada experimental.


Mass Flow
Controller

Thermogravimetric
Analyzer
SDT Q600
Air O2 CO2

Fonte: Autoria própria.

2.3 TEMPERATURA DE IGNIÇÃO E BURNOUT


A temperatura de ignição indica o ponto onde um combustível começa a emitir substâncias voláteis e começa
a entrar em combustão. Quando a temperatura de ignição é baixa, é mais fácil provocar a ignição do
combustível. A temperatura de burnout reflete a característica da queima (lenta ou rápida). As temperaturas
de ignição e burnout podem ser determinadas na curva DTG. Para determinar as temperaturas de ignição e
burnout utilizando a curva TGA, foi utilizada a metodologia de interseção utilizada no trabalho de Li et al.,
(2011).

2.4 ÍNDICE DE QUEIMA


O índice de queima (S) é um parâmetro que mede o desempenho da queima. Assim quanto maior for o valor
numérico, melhor será a queima ou a reatividade do combustível, mesmo sendo um combustível puro ou uma
mistura de combustíveis (Li et al., 2011).

2 125
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 3, as curvas TGA demonstram que a decomposição térmica do glicerol nas atmosferas de
combustão e oxi-combustão, as quais exibem perdas de massa muito próximas, sendo para a combustão de
73,7% e na oxi-combustão, 67,7%, 75,1% e 75,0% para as atmosferas de oxi-combustão de 20/80, 30/70 e
40/60, respectivamente. No caso da curva TGA para a combustão do glicerol, apresenta comportamento muito
semelhante ao reportado por Crnkovic et al., (2012) no estudo da decomposição do glicerol cru. As curvas
DTG da combustão e oxi-combustão do glicerol apresentam comportamentos muito parecidos exibindo dois
eventos, o primeiro, no intervalo de 90°C a 150°C, corresponde à vaporização da água contida no glicerol, e
o segundo evento, de maior intensidade, corresponde à queima do glicerol, a qual inicia acima dos 150°C e
termina ao redor dos 275°C.

Figura 3. Curvas TG e DTG do glicerol com razão de aquecimento de 10°C/min (a) combustão; (b) oxi-
combustão 20/80, (c) oxi-combustão 30/70 e (d) oxi-combustão 40/60
Combustão Oxi 20/80
100 22 100 22

(a) 90
Massa
DTG 20 (b) 90
Massa
DTG
20

80 18 80 18

16 16
70 70
14 14
DTG (%/min)

DTG (%/min)
Massa (%)

Massa (%)

60 60
12 12
50 50
67,7%
73,7% 10 10
40 40
8 8
30 30
6 6
20 4 20 4
10 2 10 2

0 0 0 0
100 200 300 400 500 100 200 300 400 500
Temperatura (ºC) Temperatura (ºC)

Oxi 30/70 Oxi 40/60


100 22 100 22

(c) 90
Massa
DTG
20

18
(d) 90
Massa
DTG
20

18
80 80
16 16
70 70
14 14
DTG (%/min)

DTG (%/min)
Massa (%)

Massa (%)

60 60
12 12
50 75,1% 50
10 75,0% 10
40 40
8 8
30 30
6 6
20 4 20 4
10 2 10 2

0 0 0 0
100 200 300 400 500 100 200 300 400 500
Temperatura (°C) Temperatura (°C)

Fonte: Autoria própria

A Tabela 2 apresenta os valores das temperaturas de ignição, máxima decomposição e burnout do glicerol
nas atmosferas de combustão e oxi-combustão. Observa-se pequenas diferenças entre os valores de
temperaturas para a combustão e oxi-combustão do glicerol. Em geral, a queima do glicerol nas atmosferas
de oxi-combustão estudadas apresenta um ligeiro aumento na temperatura de ignição e máxima
decomposição, porém, a temperatura de burnout apresenta uma redução do seu valor. Também é possível
observar que indiferentemente do aumento da concentração de 𝑂2 na oxi-combustão, o valor da temperatura
de ignição, máxima decomposição e burnout permanecem próximos. O aumento do valor das temperaturas
pode estar associado principalmente à presencia do 𝐶𝑂2 .

Tabela 2. Temperaturas de ignição, máxima decomposição e burnout da combustão e oxi-combustão do


glicerol.
Temperatura (°C) Combustão Oxi 20/80 Oxi 30/70 Oxi 40/60
Ignição 147 153 156 153
Máxima decomposição 261 266 265 262
Burnout 298 290 288 290
Fonte: Autoria própria

A Tabela 3 apresenta os valores de índice de combustão do glicerol em atmosferas de combustão e oxi-


combustão. O aumento da concentração de 𝑂2 na oxi-combustão provoca um aumento no valor do índice de

126
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

queima em comparação com a combustão do glicerol. Comparando as atmosferas de oxi-combustão, o maior


índice de combustão foi obtido quando a proporção de 𝑂2 foi de 30%.
Tabela 3. Índice de combustão do glicerol em atmosferas de combustão e oxi-combustão.
Com Oxi 20/80 Oxi 30/70 Oxi 40/60
S (%/K³. min²) 3,715E-07 4,34E-07 5,559E-07 4,920E-07
Fonte: Autoria própria

4. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos a partir da análise térmica da combustão e oxi-combustão do glicerol não demonstraram
diferenças significativas qualitativamente e os parâmetros usados tais como temperatura de ignição e burnout
não exibem diferenças significativas. O índice de queima em atmosfera de oxi-combustão exibe valores
superiores aos da combustão, e que a melhor condição de oxi-combustão dentre as estudadas foi a de 30%
de 𝑂2 para 70% de 𝐶𝑂2 demonstrando o maior valor de índice de combustão.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Processo 439125/2018-9.

6. REFERÊNCIAS
CORONADO, Christian R.; CARVALHO, João A.; QUISPE, César A.; SOTOMONTE, Cesar R. Ecological
efficiency in glycerol combustion. Applied Thermal Engineering, [S. l.], v. 63, n. 1, p. 97–104, 2014. DOI:
10.1016/j.applthermaleng.2013.11.004.
CRNKOVIC, Paula Manuel; KOCH, Christoph; ÁVILLA, Ivonete; MORTARI, Daniela Andresa; CORDOBA,
Aymer Maturana; DOS SANTOS, Antonio Moreira. Determination of the activation energies of beef tallow and
crude glycerin combustion using thermogravimetry. [S. l.], v. 4, p. 8–16, 2012. DOI:
10.1016/j.biombioe.2012.04.013.
LEONETI, Alexandre Bevilacqua; ARAGÃO-LEONETI, Valquiria; DE OLIVEIRA, Sonia Valle Walter Borges.
Glycerol as a by-product of biodiesel production in Brazil: Alternatives for the use of unrefined glycerol.
Renewable Energy, [S. l.], v. 45, p. 138–145, 2012. b. DOI: 10.1016/j.renene.2012.02.032. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1016/j.renene.2012.02.032.
LI, X. G.; LV, Y.; MA, B. G.; JIAN, S. W.; TAN, H. B. Thermogravimetric investigation on co-combustion
characteristics of tobacco residue and high-ash anthracite coal. Bioresource Technology, [S. l.], v. 102, n. 20,
p. 9783–9787, 2011. DOI: 10.1016/j.biortech.2011.07.117.
PAZ, M. R. Simulação Numérica da Combustão do Glicerol. 2013. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, [S. l.], 2013.
PINHEIRO, Rafael Sanaiotte; MONTEIRO, Marcos Roberto; BATALHA, Mario Otávio; DA SILVA CÉSAR,
Aldara; KUGELMEIER, Cristie Luis. Glycerol from biodiesel production: Technological paths for sustainability.
Renewable and Sustainable Energy Reviews, [S. l.], v. 88, n. February, p. 109–122, 2018. DOI:
10.1016/j.rser.2018.02.019.
QUISPE, César A. G.; CORONADO, Christian J. R.; CARVALHO, João A. Glycerol: Production,
consumption, prices, characterization and new trends in combustionRenewable and Sustainable
Energy ReviewsElsevier, , 2013. a. DOI: 10.1016/j.rser.2013.06.017. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2013.06.017
WANG, Zhiqiang; XIONG, Yan; CHENG, Xingxing; LIU, Ming. Experimental study on the fl ame propagation
characteristics of heavy oil oxy-fuel combustion. Journal of the Energy Institute, [S. l.], n. xxxx, 2019. DOI:
10.1016/j.joei.2019.01.011. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.joei.2019.01.011.
WANXI PENG, ZHENLING LIU, MOHSEN MOTAHARI_NEZHAD, MOHAMMAD BANISAEED, SAEID
SHAHRAKI, Mehdi Beheshti. A detailed study of oxy-fuel combustion of biomass in a circulating fluidized bed
(CFB) combustor: Evaluation of catalytic performance of metal nanoparticles(Al, Ni) for combustion efficiency
improvement. Energy, [S. l.], 2016.

4 127
ENERGIA MECÂNCIA ESPECÍFICA – MSE: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

Diunay Zuliani Mantegazinia*; Thales Rodrigues Barbozaa; Andreas Nascimentob; João


Andrade de Carvalho Juniora
a
Universidade Estadual Paulista; diunay.mantegazini@unesp.br; thales.barboza@unesp.br; ja.carvalho@unesp.br
b
Departamento de Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal do Espírito Santo; andreas.nascimento@ufes.br
* diunay.mantegazini@unesp.br

Resumo. A taxa de produção decrescente e a crescente demanda por hidrocarbonetos levam a indústria
do petróleo a explorar reservas em um ambiente mais desafiador. Além dos desafios relacionados ao
ambiente, a utilização de parâmetros de perfuração inadequados prejudica a eficiência dos processos e
ocasionam um desperdício excessivo de energia. Os principais fatores que controlam o desempenho da
perfuração são a energia mecânica específica (MSE) e a taxa de penetração (ROP). O Estudo tem como
objetivo realizar uma análise bibliométrica sobre a MSE no banco de dados da Web of Science (WOS),
identificando as tendências de pesquisas.

Palavras-chave: Otimização; Perfuração, Taxa de Penetração; Web Of Science.

1. INTRODUÇÃO
Devido à enorme demanda de diversas indústrias por petróleo bruto e suas composições, as indústrias de
petróleo sempre tentaram encontrar novas soluções, especialmente em operações de perfuração (Guo et
al., 2021). As operações de perfuração para poços de petróleo ou gás são muito caras. Otimizar o processo
de perfuração reduz o custo geral da operação de perfuração (Hassan, Elkatatny e Al-Majed, 2020). A
energia mecânica específica (MSE) e a taxa de penetração (ROP) são os principais fatores que controlam o
desempenho da perfuração (Hassan, Elkatatny e Al-Majed, 2020).

A taxa de penetração (ROP) é um dos parâmetros de perfuração mais importante e afeta severamente os
custos operacionais (Najjarpour, Jalalifar e Norouzi-Apourvari, 2021). A taxa de penetração (ROP) é uma
indicação de quão rápido o poço é perfurado em termos de comprimento do furo perfurado por unidade de
tempo (Soares, Daigle e Gray, 2016). A energia mecânica específica (MSE) é a energia necessária para
perfurar as formações rochosas, que deve ser analisada parametricamente para estimar as ineficiências de
perfuração corretamente (Guo et al., 2021). Durante a perfuração, a broca só é capaz de fornecer 30-40%
da energia para a formação por causa do torque ineficaz ou desnecessário e também por causa da perda
de fricção entre os componentes da broca (Mazen et al., 2021).

Diferentes abordagens são utilizadas para aumentar o desempenho de perfuração, incluindo métodos
analíticos e empíricos. No entanto, a maioria dos modelos disponíveis tem algumas limitações (Hassan,
Elkatatny e Al-Majed, 2020). Devido ao atrito com as rochas de formação, as brocas sofrem um desgaste
contínuo com o avanço da perfuração causando redução na taxa de penetração. O desgaste da broca em
tempo real é um desafio na perfuração, pois não existe um modelo físico absoluto (Al-Sudani, 2017). Uma
abordagem mais precisa deve ser concebida e aplicada para melhorar a previsão da vida útil da broca
(Mazen et al., 2021).

A otimização da perfuração é realizada por meio de captura e análise de dados de fundo de poço em tempo
real, permitindo que os operadores de perfuração se adaptem às condições geológicas do poço. Para
controlar, otimizar, monitorar e aprimorar a produção em campo, é necessário incorporar dados precisos e
oportunos sobre as propriedades das rochas (Wyering et al., 2017).

O interesse da indústria de perfuração no conceito de MSE tem aumentado na última década e muitos
documentos relevantes foram publicados nos últimos anos. Mas ainda não é um conceito padrão na
indústria (Suppes, Ebrahimi e Krampe, 2019). Dessa forma, o objetivo deste trabalho é realizar uma análise
bibliométrica sobre o termo “Mechanical Specific Energy” devido à importância na indústria de petróleo. A
análise bibliométrica é um método útil para identificar tendências de pesquisa e questões importantes com
base em informações de publicações históricas (Ye et al., 2014).

1 128
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Através da base de dados da plataforma da Web of Science (WOS) do Clarivate Analytics foi realizada a
busca por artigos que possuíssem o termo “Mechanical Specific Energy” no período de 2010 a 2020.
Na sequência, foi realizada análise do número de publicações anuais, publicações por países, além dos
artigos com maiores números de citações.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O conceito de “Mechanical Specific Energy” foi introduzido por (Teale, 1965) na década de 60 para ser um
indicador amplamente usado na indústria. Altos valores de MSE geralmente significam desperdício de
energia, além de um método inadequado de quebra da rocha, ocasionando desgaste da broca e demais
equipamentos. A MSE pode ser calculada utilizando valores de WOB, RPM e do TOB aplicado à coluna de
perfuração (Eq. 1).

WOB 120 π x TOB x RPM


MSE = + (1)
Ab Ab x ROP

Onde WOB é o peso sobre a broca, Ab é a área da broca, RPM é a velocidade de rotação, TOB é o torque
sobre a broca e ROP é a taxa de penetração.

A partir da análise do termo “Mechanical Specific Energy” no banco de dados da Web of Science (WOS)
foram encontradas 57 publicações. No entanto, após análise manual foram excluídos 17 artigos. As
publicações sobre o tema entraram em fase de expansão nos últimos anos, fato que pode ser comprovado
de acordo com a Fig. 1.
Figura 1. Número de publicações sobre o tema.

Fonte: Web of Science, 2021.


Os maiores números de publicações ocorreram nos anos de 2017, 2018 e 2020. O conceito de MSE é uma
das técnicas mais eficazes para melhorar as operações de perfuração (Pessier e Fear, 1992), além da sua
aplicabilidade na otimização em tempo real (Chen et al., 2014).

Em relação ao número de publicações por países, a China e os EUA foram os países que mais publicaram
sobre o tema, respectivamente, (Fig.2). Analisando a Fig. 2, fica evidente o empenho e preocupação da
China e dos EUA em desenvolver tecnologias capazes de solucionar problemas relacionados às operações
de perfuração. A China consumiu 29% da energia industrial mundial em 2018 (EIA, 2019). Enquanto os
Estados Unidos se tornaram o maior produtor mundial de petróleo bruto em 2018 e mantiveram a posição
de liderança em 2019 e 2020 (EIA, 2021).

2 129
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Figura 2. Número de publicações por países.

Fonte: Web of Science, 2021.


Com o objetivo de identificar as publicações mais influentes na área, foram selecionadas as 5 publicações
mais citadas. A Tab. 1 exibe o título da publicação, o(s) autor(s) e o respectivo número de citações.

Tabela 1. Publicações com maiores números de citações.


Artigo Autor(s) N° de citações
The analysis of ductile-brittle failure mode transition in rock
(Liu, Zhu e Jing, 2018) 29
cutting
Evaluation of coupled machine learning models for drilling
(Hegde e Gray, 2018) 28
optimization
Real-time optimization of drilling parameters based on
mechanical specific energy for rotating drilling with positive (Chen et al., 2016) 28
displacement motor in the hard formation
Computational intelligence based prediction of drilling rate of (Ahmed, Adeniran e
27
penetration: A comparative study Samsuri, 2019)
Poroelastic modeling of cutting rock in pressurized condition
(Chen et al., 2018) 26

Fonte: Web of Science, 2021.


Realizando uma breve análise sobre o artigo “The analysis of ductile-brittle failure mode transition in rock
cutting” que possui o maior número de citações de acordo com a Tab. 1, o trabalho fornece uma abordagem
útil para prever a profundidade crítica de corte que pode ser usada para otimizar os parâmetros de
perfuração tomando o MSE como índice, além de realizar simulação numérica de corte de rocha para
reproduzir a transição do modo de falha de dúctil para frágil. Os autores também realizaram estudos
experimentais para complementar os resultados da simulação numérica. Os modos de ruptura de rocha
influenciam diretamente o projeto do cortador e a determinação dos parâmetros de perfuração ideais, etc., o
que tem um efeito essencial na eficiência e no custo da perfuração. Portanto, é bastante significativo
analisar a transição do modo de falha dúctil-frágil durante o corte de rocha.

Os resultados da pesquisa mostraram que o modo de ruptura dúctil da rocha ocorre quando a profundidade
de corte é rasa, e a Energia Mecânica Específica (MSE) quase permanece constante. Conforme a
profundidade de corte aumenta, a falha frágil ocorrerá e a magnitude da MSE diminuirá. A profundidade
crítica de corte observada na condição de pressão hidráulica é maior que a pressão atmosférica, assim
como a MSE. Além disso, maiores velocidades de corte e de ângulo de ataque resultaram em maior
magnitude de profundidade crítica de corte e da MSE.

4. CONCLUSÕES
Através dos registros da base de dados da Web of Science (WOS) foi possível realizar uma revisão
bibliométrica sobre o tema “Mechanical Specific Energy”. Foram obtidos dados sobre a quantidade anual de
publicações, os países que mais realizaram pesquisas sobre o tema, além das pesquisas mais citadas. Os
dados revelam uma evidente preocupação em desenvolver pesquisas e tecnologias capazes de reduzir
custos e o tempo durante o processo de perfuração.

130
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

5. AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
O PRH-ANP 53.1 UFES - "Programa de Formação de Recursos Humanos em Exploração e Produção de
Petróleo e Gás Natural de Formações Carbonáticas e Campos Maduros".
Programa PRH-ANP/FINEP 34.1 – FEG/UNESP.

6. REFERÊNCIAS
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of penetration: A comparative study. Journal of Petroleum Science and Engineering, v. 172, p. 1–12, 1
jan. 2019.
AL-SUDANI, J. A. Real-time monitoring of mechanical specific energy and bit wear using control engineering
systems. Journal of Petroleum Science and Engineering, v. 149, p. 171–182, 2017.
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Science and Engineering, v. 169, p. 623–635, 1 out. 2018.
CHEN, X. et al. Real-Time Prediction and Optimization of Drilling Performance Based on a New Mechanical
Specific Energy Model. Arabian Journal for Science and Engineering, v. 39, n. 11, p. 8221–8231, 25 out.
2014.
EIA. International Energy Outlook. U.S. Energy Information Administration, 2019.
EIA. Oil and petroleum products explained. Where our oil comes from. U.S. Energy Information
Administration, 2021.
GUO, Y. et al. An analytical method to select appropriate linear and non-linear correlations on the
effectiveness of penetration rate parameter towards mechanical specific energy. Energy Reports, v. 7, p.
3647–3654, 1 nov. 2021.
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to Improve the efficiency of drilling gas wells. Journal of Natural Gas Science and Engineering, v. 83, p.
103558, 1 nov. 2020.
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2021.
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bit-specific coefficient of sliding friction. SPE annual technical conference and exhibition. OnePetro,
1992.
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model coefficients. Journal of Natural Gas Science and Engineering, v. 34, p. 1225–1236, 1 ago. 2016.
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the concept of Mechanical Specific Energy (MSE): a justification of the concept’s applicability by literature
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YE, Z. et al. A bibliometric investigation of research trends on sulfate removal. Desalination and Water
Treatment, v. 52, n. 31–33, p. 6040–6049, 19 set. 2014.

4 131
ADAPTAÇÃO E PARAMETRIZAÇÃO DE UM CÓDIGO NUMÉRICO LAGRANGIANO PARA A SIMULAÇÃO
DO ESCOAMENTO NÃO PERMANENTE COM ALTO NÚMERO DE REYNOLDS AO REDOR DE UM SÓLIDO

Fabio E.F. Carvalhoa*; Alex M. Bimbatoa


a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP– Guaratinguetá/SP, Brasil
* e-mail: fabio.eduardo@unesp.br

Resumo. A análise de escoamentos complexos, com estruturas vorticosas variadas, descolamento de


camada limite e alto valores de número Reynolds representa um grande desafio para os principais métodos
numéricos estabelecidos na indústria e na academia. A eficiência e expansão na geração de energia eólica
depende da capacidade de simulação e entendimento destes complexos escoamentos. O Método de Vórtices
Discretos representa uma alternativa para a simulação de escoamentos vorticosos e com altos valores de
número de Reynolds. Propõe-se neste trabalho adaptar um código baseado no Método de Vórtices Discretos
para simulação de fenômenos semelhantes aos observados na geração de energia eólica.

Palavras-chave: Método de Vórtices Discretos; Alto valor de número de Reynolds; Corpos esbeltos.

1. INTRODUÇÃO
A energia eólica é uma das principais opções de geração de energia sustentável. A expansão do uso desta
tecnologia de geração depende de uma maior compreensão e capacidade de simulação dos fenômenos
aerodinâmicos aos quais uma turbina é submetida. Os principais desafios do estudo do escoamento ao redor
das pás de uma turbina são (i) escoamento com alto valor de número Reynolds (Re > 105), (ii) variações em
direção e velocidade do escoamento incidente e (iii) efeito da rugosidade na superfície da pá, causada pela
degradação do material desta. A necessidade de simulação de um escoamento não permanente, com número
de Reynolds alto e com perturbações em escalas muito pequenas representa um grande desafio para os
métodos de simulação que utilizam malhas de cálculo, condição dos códigos consolidados nas principais
ferramentas de engenharia e pesquisa (Svorcan et al. 2018).
O método de vórtices discretos (MVD) é baseado em uma descrição Lagrangiana do problema, eliminando a
necessidade do uso de malhas. Com o referencial seguindo a partícula de fluido ao longo do seu
deslocamento, a simulação de escoamentos vorticosos é feita de maneira mais apropriada, e mesmo com
número de Reynolds elevado bons resultados são possíveis a custos apropriados. O MVD utiliza a equação
de Navier Stokes (N-S) formulada em termos da vorticidade e aproxima o campo de vorticidade por meio de
uma distribuição de vórtices discretos. Os vórtices discretos são distribuídos em pontos do domínio fluido e
avançam no tempo e no espaço conforme a equação de transporte da vorticidade (Verma et al. 2016)
O grande benefício do MVD, a ausência de malhas, também é responsável pelas maiores dificuldades na
elaboração de um código empregável em situações próximas às condições reais do escoamento. A tratativa
numérica das condições de contorno do problema, a modelagem do termo viscoso e a escolha dos parâmetros
da discretização são os principais desafios na construção de um código funcional.
O presente trabalho propõe a adaptação e parametrização do código desenvolvido por Bimbato (2012),
destinado a simulação de corpos rombudos para que também seja capaz de simular o escoamento ao redor
de corpos cuja razão da espessura pelo comprimento seja pequena, os corpos esbeltos, característica dos
aerofólios. A qualidade dos resultados obtidos pelo código recém adaptado e parametrizado é discutida na
seção de resultados; também na seção 4 é analisada a proximidade entre os resultados numéricos obtidos e
resultados experimentais presentes na literatura e por fim, desenvolvimentos futuros são discutidos.

2. MODELAGEM DO PROBLEMA

2.1 HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS


Os vários fenômenos observados empiricamente e de interesse para a análise aerodinâmica de um corpo
sólido podem ser modelados utilizando importantes simplificações. As hipóteses simplificadoras garantem a
possibilidade da análise numérica do problema sem comprometer a coerência física da simulação. No
presente trabalho resultados aderentes são possíveis com uma simulação bidimensional, de um escoamento
rotacional não permanente de um fluido não compressível de viscosidade constante (fluido Newtoniano).

1 132
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.2 EQUAÇÕES GOVERNANTES


A dinâmica de um escoamento de fluido Newtoniano não compressível é governada pela Equação de Navier
Stokes (N-S). A equação de transporte da vorticidade pode ser obtida aplicando o operador rotacional em
ambos os membros da equação de N-S.
𝐷𝝎
= (𝜔 ⋅ 𝛻 )𝒖 + 𝜈𝛻 2 𝜔 (1)
𝐷𝑡

A Eq. (1) descreve a dinâmica do campo de vorticidade (𝝎 = 𝛁 × 𝐮); o primeiro termo do membro da direita
descreve o fenômeno de rotação e alongamento/encolhimento dos tubos de vórtices, possíveis apenas nos
escoamentos em três dimensões, enquanto o segundo termo descreve a difusão dos vórtices devido a
viscosidade do fluido (Batchelor, 1967). O problema é completamente equacionado pelo sistema formado
pela Eq. (1) e pela equação de conservação de massa, que para um fluido incompressível assume o formato.

𝛻. 𝒖 = 0 (2)

2.3 MÉTODO DE VÓRTICES DISCRETOS


A proposta do MVD é aproximar o campo contínuo de vorticidade () pela soma dos efeitos de vórtices
discretos conforme Eq. (3) (Barba, 2004).

𝜔(𝒙, 𝑡) ≈ 𝜔ℎ (𝒙, 𝑡) = ∑𝑁
𝑖=1 𝛤𝑖 (𝑡 )𝜁𝜎𝑖 (𝒙 − 𝑥𝑖 (𝑡 )) (3)
O número total de vórtices discretos que deverão representar o campo de vorticidade é um parâmetro do
problema e é indicado pelo termo “N” no índice do somatório, 𝜞𝒊 corresponde a intensidade do vórtice discreto
“i” e ζ é a função distribuição de vorticidade, que é formada pela constante k e pelo raio do núcleo σ, outro
parâmetro do problema.
1 −|𝒙|2
𝜁𝜎 (𝒙) = 𝑘𝜋𝜎2 𝑒𝑥𝑝 ( 𝑘𝜎2 ) (4)

O campo de velocidade é obtido pela aplicação da Lei de Biot-Savart no campo de vorticidade discretizado.

2.4 CONDIÇÕES DE CONTORNO


No contexto da solução numérica por meio do MVD as condições de contorno de velocidade no infinito são
garantidas de maneira natural pela formulação do método. As condições devido a fronteiras sólidas são
impostas ao sistema de equações discretizadas por meio do Método de Painéis. O Método de Painéis é um
caso particular do Método de Elementos de Contorno e consiste na discretização da fronteira sólida por
painéis planos ou curvos sobre os quais são distribuídas singularidades. (Katz & Plotkin, 1991).
No presente trabalho o código original desenvolvido por Bimbato (2012) foi modificado para aplicação das
singularidades do tipo vórtices, que são distribuídas ao longo dos painéis discretos. As singularidades do tipo
vórtices permitem, para casos de corpos com contorno fechado, a aplicação da condição de contorno de
Dirichlet (velocidade tangencial nula) (Katz & Plotkin, 1991). Cada singularidade e a soma dos efeitos de todas
as singularidades deve satisfazer a equação de Laplace na partida de cada passo de tempo numérico,
garantindo que a presença das fronteiras sólidas seja corretamente simulada.

3. ALGORITMO
O algoritmo empregado para solução das equações discretizadas pelo MVD é o proposto por Chorin (1973).
A estratégia do algoritmo é resolver a Eq. (1) (2D e discretizada) em duas etapas no mesmo passo temporal
da simulação numérica. A primeira etapa consiste em computar o deslocamento dos vórtices discretos pelo
efeito da adveccão, resultado da ação do escoamento incidente, das singularidades presentes na superfície
do sólido e da indução da nuvem de vórtices discretos. A segunda etapa é o cálculo do deslocamento dos
vórtices discretos causado pelos efeitos viscosos; Chorin (1973) modelou o efeito viscoso pelo Método de
Avanço Randômico baseado no fenômeno microscópico do movimento Browniano (Perrin 1913).

4. RESULTADOS

4.1 PARAMETRIZAÇÃO
Como teste inicial, o código foi submetido à análise de um escoamento bidimensional ao redor de um cilindro
com número de Reynolds de Re=105. Este problema, mesmo sendo de um corpo rombudo, apresenta uma
variedade de resultados experimentais que permitem a correta aferição e testagem do código desenvolvido.

2 133
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Uma bateria de testes foi realizada para o parâmetro mais sensível à alteração do tipo de singularidade, o
parâmetro raio do núcleo do vórtice discreto (σ). Foram adotados o valor de m=300 para o número de painéis
e dt=0,05 para os intervalos de tempo da simulação. A simulação percorreu 1200 passos e foram
considerados os resultados a partir do tempo computacional 35, seguindo diretrizes dos testes realizados por
Bimbato (2012).

Tabela 1. Resultado da parametrização do cilindro: Coeficiente de arrasto médio (Cd), Coeficiente de


sustentação médio (Cl) e número de Strouhal (St) em relação ao raio do núcleo do vórtice discreto (σ)
Raio (σ) 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,009 0,0095 0,010
Cd 7,151 1,566 1,260 1,274 1,279 1,344 1,362 1,380 1,367 1,437 1,381
Cl 0,077 -0,010 0,031 0,037 0,058 0,000 -0,030 -0,050 0,000 0,021 -0,020
Strouhal 0,040 0,040 0,200 0,200 0,240 0,200 0,240 0,240 0,160 0,200 0,200
Fonte: Autoria própria.

A capacidade da simulação de representar o escoamento ao redor do cilindro é medida pela proximidade dos
resultados obtidos com resultados experimentais e numéricos disponíveis na literatura. Blevins (1984) obteve
experimentalmente os valores de Cd=1,200 e St=0,190. Bimbato (2012) obteve numericamente os valores de
Cd=1,223, Cl=0,021 e St=0,207. Na presente simulação, que utiliza singularidades do tipo vórtice, o valor de
σ=0,003 é o que melhor representa o escoamento analisado.

4.2 PRINCIPAIS RESULTADOS


Com o código adaptado e parametrizado, foram realizadas análises com o objetivo de verificar a capacidade
de representação de fenômenos complexos que são observados empiricamente no escoamento ao redor de
um corpo sólido. Na Fig. 1-a é possível analisar a evolução temporal das cargas fluidodinâmicas que atuam
sobre o cilindro e fica evidente a característica oscilatória das cargas, fenômeno relacionado ao descolamento
da camada limite e a formação de estruturas vorticosos a jusante do cilindro.

Figura 1. Análise das cargas fluidodinâmicas no cilindro. a) Coeficientes de arrasto (Cd) e coeficiente de
sustentação (Cl) instantâneos. b) Coeficiente de pressão (Cp) médio

A C
(a) (b)

Fonte: Autoria própria.

A dinâmica da esteira vorticosa em interação com o escoamento incidente é responsável pela oscilação no
campo de pressão e consequente variações cíclicas nas cargas fluidodinâmicas (Batchelor, 1967), tal como
ilustrado no Fig. 1-a. Na presente simulação é possível observar o gradiente de pressão adverso e a posição
do ponto de separação por meio da análise da distribuição do coeficiente de pressão médio na superfície do
cilindro. Na Fig. 1-b é possível constatar que a separação ocorre próximo ao ângulo de 80º, em relação ao
ponto de estagnação frontal do corpo, valor próximo aos resultados experimentais de θ ≅ 82° (Milne-
Thompson, 1955) e de θ ≅ 78° (Son & Hanratty, 1969) presentes na literatura.
A formação da esteira de vórtices e o caráter oscilatório da sua dinâmica pode ser verificado pela posição dos
vórtices discretos em instantes distintos da simulação. Na Fig. 2 mostra-se que para instantes diferentes da
simulação a concentração dos vórtices discretos oscila acima e abaixo do plano do cilindro. O resultado destas
oscilações é a flutuação em Cd e Cl, cujos pontos analisados foram identificados pelas letras A, B e C na Fig.
1-a.

134
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 2. Detalhes do desprendimento de estruturas vorticosas do cilindro em três instantes diferentes da


simulação (tA=42,65, tB=44,70 e tC=47,00)

A B C
Fonte: Autoria própria.

5. CONCLUSÕES
Fenômenos observados em situações experimentais foram reproduzidos pelo código adaptado. Verificou-se
a possibilidade de utilizar singularidades do tipo vórtices para a inclusão da condição de contorno em uma
simulação com MVD. A utilização de singularidades do tipo vórtices permite que escoamentos com alto valor
de número de Reynolds e ao redor de corpos esbeltos sejam simulados por meio do MVD. Desta maneira,
após este trabalho, o código está apto a simular condições de escoamento semelhantes às encontradas na
operação de uma turbina eólica.

6. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Pretende-se aplicar o código recém desenvolvido no estudo de fenômenos que ocorrem na geração de
energia eólica como o estol devido a variações no ângulo de ataque, fenômeno capaz de reduzir a geração
de energia devido a variações do ângulo da pá (Samani, 2020). Pretende-se adaptar o código para considerar
os efeitos da rugosidade na superfície do aerofólio e simular o efeito da rugosidade nas cargas aerodinâmicas
do corpo e consequentemente na capacidade de extração de energia do escoamento incidente.

7. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à coordenação de pessoal do aperfeiçoamento de nível superior (CAPES)

8. REFERÊNCIAS
BARBA, L. A. Vortex Method for Computing High-Reynolds Number Flows: Increased Accuracy with a
Fully Mesh-Less Formulation. Dissertation (Ph.D.), California Institute of Technology. Pasadena, 2004.
BATCHELOR, G.K. Introduction of Fluid Mechanics. Cambridge University Press. Cambridge, 1967.
BIMBATO, A. M. Estudo de Escoamentos Turbulentos em torno de um Corpo Rombudo de Superfície
Hidraulicamente Lisa ou Rugosa Utilizando o Método de Vórtices Discretos. Tese (Doutorado em
Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Itajubá. Itajubá (MG), 2012
BLEVINS, R. D. Applied Fluid Dynamics Handbook, San Diego State University. San Diego-CA, 1984.
CHORIN, A. Numerical study of slightly viscous flow. Journal of Fluid Mechanics, 57(4), 785-796, 1973.
KATZ, J., PLOTKIN, A. Low Speed Aerodynamics: from Wing Theory to Panel Methods, McGraw Hill Inc.,
1991.
MILNE-THOMPSON, L. M. Theoretical Hydrodynamics, London, Macmillan & Co, 1955
PERRIN, J. Les atomes. Paris, Librairie Félix Alcan,1913.
SAMANI, A.E.; DE KOONING, J.D.M.; KAYEDPOUR, N.; SINGH, N.; VANDEVELDE, L. The Impact of Pitch-
To-Stall and Pitch-To-Feather Control on the Structural Loads and the Pitch Mechanism of a Wind Turbine.
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SON, J. S., HANRATTY, T. J. Velocity Gradients at the Wall for Flow Around a Cylinder at Reynolds Number
from 5×103 to 105. Journal of Fluid Mechanics, v. 35 (2), pp. 353-368, 1969.
SVORCAN J, PEKOVIC O, IVANOV T. Estimation of wind turbine blade aerodynamic performances computed
using different numerical approaches. Theor. Appl. Mech. 45(1):53–65, 2018.
VERMA, S., ABBATI, G., NOVATI, G., KOUMOUTSAKOS, P.. Computing the Force Distribution on the
Surface of Complex, Deforming Geometries using Vortex Methods and Brinkman Penalization. International
Journal for Numerical Methods in Fluids, v. 85, 2016.

4 135
DISPONIBILIDADE DE ENERGIA EM SISTEMAS DE COGERAÇÃO SOB CONDIÇÕES
DE FALHAS ESTOCÁSTICAS

Fellipe Sartori da Silva a*; José Alexandre Matelli a


a Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento
de Química e Energia – Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333 – Guaratinguetá, SP, CEP 12516-410.
* fellipe.sartori@unesp.br

Resumo. Resiliência é um conceito relativamente recente que envolve falhas imprevistas em sistemas de
engenharia, as quais atualmente não são consideradas durante a fase de projeto. O presente trabalho
propõe uma análise gráfica do desempenho de sistemas de geração de energia em condições de falhas
estocásticas de componentes, observando quais fatores podem influenciar em sua resiliência. O método,
quando aplicado em quatro sistemas cogeradores, indicou que a redundância não é o único fator a ser
considerado durante o projeto, além de expor a fragilidade desses sistemas sob condições inesperadas.
Adicionalmente, probabilidades de falha e reparo devem ser contempladas numa análise inicial.

Palavras-chave: Resiliência; Sistemas de energia; Cogeração; Disponibilidade de energia

1. INTRODUÇÃO
Com o aumento contínuo de desastres antrópicos e naturais e suas tendências de crescimento para os
próximos anos [1, 2], a funcionalidade da infraestrutura crítica está ameaçada. Dentre os sistemas vitais
para o desenvolvimento social estão aqueles responsáveis pela geração, transmissão e utilização de
energia. O projeto desses sistemas não contempla falhas imprevistas, uma vez que a confiabilidade,
considerada para análise da operação ao longo de sua vida útil, engloba apenas aspectos relacionados a
condições estáticas [3]. Para preencher essa lacuna, o conceito de resiliência vem sendo estudado ao longo
dos últimos anos. Sua definição pode ser descrita como a capacidade do sistema em continuar operando
sob condições de falhas inesperadas causadas por agentes externos [4]. Considerando que não há
consenso sobre o estudo de resiliência em sistemas de geração de energia [4], esse trabalho se propõe a
desenvolver um método de investigação desse parâmetro através da análise gráfica da disponibilidade de
energia em sistemas de cogeração, para que seus desempenhos possam ser verificados sob condições de
falhas estocásticas.

2. MATERIAL E MÉTODO

2.1 ESTRUTURA DE SIMULAÇÃO


Em Python, cada sistema é descrito pelos seus conjuntos de componentes, os quais possuem
características de conexão entre si e de geração (elétrica, térmica ou nenhuma). A cada hora de operação,
um componente é sorteado e a ele é atribuída uma probabilidade de falha (pb) aleatória, que é comparada à
probabilidade de operação normal (pi) previamente estabelecida. Se pb > pi, o componente falha, sua
propagação para os outros equipamentos é verificada e seu reparo é observado da mesma maneira, com
uma probabilidade de reparo (pr) aleatória sendo comparada à probabilidade de insucesso no reparo (pnr)
conhecida. Caso comece o processo de reparo, esse componente se mantém inoperante até que o tempo
gasto no reparo seja igual ao tempo de reparo preestabelecido. O tempo de reparo para cada componente
pode ser observado em [4].
Após as análises de falha e de reparo, a taxa de geração de energia TGE é obtida. Esse parâmetro é
expresso na Equação 1, na qual Eg(c, t) é a energia momentânea gerada no turno de simulação c e no
tempo t, enquanto Ec é a capacidade nominal instalada de geração da planta. Há, portanto, valores de TGE
para cada turno de simulação c e tempo de operação t.

E g (c , t )
TGE (c, t ) = (1)
Ec

1 136
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Nesse primeiro momento, a simulação continua até que c seja igual ao número de simulações N,
previamente estabelecido. Cada turno de simulação acaba quanto a planta atinge a vida útil T, também um
parâmetro de entrada. Se o sistema não estiver operando em um determinado tempo t, é atribuído valor
nulo para TGE. Após essa etapa, são gerados arquivos com os valores de TGE salvos para cada c e cada t.
Em seguida, a simulação abre os arquivos salvos previamente e obtém TGE para cada c e calcula sua
média para tempos de operações iguais, conforme Equação 2. Essa média é chamada de disponibilidade
de energia de, e pode ser interpretada como a projeção da taxa de geração de energia para o sistema
investigado em determinado tempo de operação t.

 TGE (t )
d e (t ) = c =1
(2)
N

A simulação possui um coeficiente de variação estável para N = 3000 simulações, valor utilizado no
presente trabalho. Além disso, pi varia entre 0,9970, 0,9980, 0,9990 e 0,9995; enquanto pnr varia entre 1,
0,50 e 0,25, o que, complementarmente, significa que a pr são atribuídos os valores de 0, 0,50 e 0,75. As
alterações ocorrem para que se possa visualizar a influência de cada parâmetro no desempenho dos
sistemas. A vida útil considerada para a operação das plantas é de 20 anos, portanto T = 175200 h. Os
valores estão discutidos em [4].

2.2 ESTUDO DE CASO


O método descrito acima é aplicado em quatro sistemas de cogeração, detalhados em [5] e apresentados
na Tabela 1. Enquanto os sistemas S#1 e S#2 operam com motores de combustão interna, S#3 e S#4
possuem turbinas a gás na sua configuração. A principal diferença entre eles é a redundância, já que S#2 e
S#4 possuem dois componentes geradores de energia mecânica, frente a um de S#1 e S#3.

Tabela 1. Componentes dos sistemas considerados no estudo de caso


Sistema Componentes
S#1 Gerador, motor de combustão interna, radiador, trocador de calor, bombas, refrigeradores por
S#2 absorção e mecânico, torre de resfriamento, componentes de rede, armazenadores de energia
elétrica e de água gelada, linhas de gás e de água
S#3 Gerador, turbina, caldeira de recuperação, refrigeradores por absorção e mecânico, tanque de
S#4 armazenamento de condensado, bombas, torre de resfriamento, componentes da rede,
armazenadores e energia elétrica e água gelada, linhas de gás e de água
Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 1 apresenta as curvas de decaimento da disponibilidade de energia de cada sistema para o tempo
total de 20 anos de operação. É nítido que as configurações com motores de combustão interna se
sobressaíram, disponibilizando mais energia ao longo de suas operações. É interessante notar que, embora
S#4 apresente redundância, esse fator não foi suficiente para que sua disponibilidade de energia fosse
maior que aquela apresentada por S#1, o que indica que a redundância, embora seja um aspecto
importante para a resiliência, conforme apontado em [5], não é o único fator de influência nesse parâmetro
na fase de projeto.
Em qualquer das condições propostas, S#2 não é apenas o ciclo que disponibiliza mais energia em um
determinado tempo, mas também aquele que opera por mais tempo. Em uma situação de fase de projeto,
esse sistema poderia ser escolhido do ponto de vista da resiliência. O sistema S#1, entretanto, por possuir
menos componentes e também operar com motor de combustão interna, se mostra uma opção de menor
aporte financeiro, mas com resultados semelhantes a S#2.
Os aumentos de pi e de pr induziram maiores tempos de operação, mas, sozinhos, foram insuficientes para
fazer os sistemas ultrapassarem 3 anos. Isso demonstra que diminuir a probabilidade de falha (ou seja,
aumentar pi) ou aumentar a probabilidade de reparo podem não ser, sozinhas, estratégias suficientemente
favoráveis para aumentar a vida útil do sistema, mas devem ser pensadas em conjunto. Na melhor das

2 137
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

condições, os sistemas operaram por volta de 10 anos, o que indica que esses valores, arbitrariamente
propostos por esse trabalho, estão criando condições de operação extremamente adversas.
Pela figura, fica claro que falhas estocásticas podem comprometer a vida útil de um sistema de maneira
abrupta e, portanto, devem ser consideradas na fase de projeto. Mesmo possuindo 0,05% de probabilidade
de falha (quando pi = 0,9995), qualquer dano nos componentes pode comprometer toda a funcionalidade do
sistema, por mais que o cenário considere condições de reparo, fato que ressalta a vulnerabilidade sob a
qual estão expostos esses sistemas.

Figura 1. Curvas de decaimento para a disponibilidade de energia dos sistemas estudados.

Fonte: autoria própria.

4. CONCLUSÕES
Este trabalho propõe um método de análise gráfica para verificar o desempenho de sistemas de cogeração
sob condições de falhas estocásticas. Os decaimentos obtidos demonstram que o sistema S#2, que possui
redundância, apresenta maiores taxas de geração e maior tempo de operação em comparação aos outros
sistemas, enquanto S#1, o de segundo melhor desempenho, não possui redundância. Isso indica que,
embora a redundância seja importante na análise de resiliência durante a fase de projeto, ela não garante,
sozinha, alto valor desse parâmetro. Adicionalmente, estratégias para aumento da probabilidade de reparo
e diminuição da probabilidade de falha auxiliam no aumento da resiliência, garantindo maior geração de
energia e maior tempo de operação. As curvas apresentam um rápido decaimento, indicando que falhas
estocásticas podem ser extremamente prejudiciais ao desempenho de sistemas de geração de energia.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo
financiamento desse projeto através do processo 2018/02079-7.

138
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

6. REFERÊNCIAS
[1] CRED, C. The International Disaster Database. 2020. Disponível em: <https://www.emdat.be>. Acesso
em: 08 oct 2020.
[2] LAB, G. C. D. Our World in Data. 2020. Disponível em: <https://ourworldindata.org>. Acesso em: 08 oct
2020.
[3] BAGHBANZADEH, D.; SALEHI, J.; GAZIJAHANI, F. S.; KHAH, M. S.; CATALÃO, J. P. S. Resilience
improvement of multi-microgrid distribution networks using distributed generation. Sustainable Energy,
Grids and Networks, v. 27, p. 100503, 2021.
[4] SILVA, F. S.; MATELLI, J. A. Resilience in cogeneration systems: Metrics for evaluation and influence of
design aspects. Reliability Engineering and System Safety, v. 212, p. 107444, 2021.
[5] MATELLI, J. A.; GOEBEL, K. Conceptual design of cogeneration plants under a resilient design
perspective: Resilience metrics and case study. Applied Energy, v. 215, n. 1, p. 736-750, 2018.

4 139
EFICIÊNCIA ENERGÉRTICA NO CONSUMO DE GÁS NATURAL EM FORNOS
SIDERÚRGICOS DE REAQUECIMENTO CONTÍNUO

Fernando Henrique Mayworm de Araujoa*; Leila dos Santos Ribeirob; João Andrade de
Carvalho Júniora
a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Guaratinguetá, Av. Ariberto P. Cunha, 333, Guaratinguetá/SP
CEP 12510-410, Brasil
b Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia – LCPE, Praça Marechal

Eduardo Gomes, 50, São José dos Campos/SP CEP 12228-900, Brasil
*fernando.araujo@unesp.br

Resumo. Neste trabalho foi realizado uma análise da eficiência de combustão do gás natural em fornos
siderúrgicos, de soleira fixa, para reaquecimento de tarugos. Os dados de operação do forno foram obtidos
de uma indústria siderúrgica, que será mantida em sigilo ao longo do trabalho. A reação de combustão foi
modelada no programa Cantera, com base no equilíbrio químico, para uma composição média do gás natural
e diversos valores de excesso de ar. A eficiência foi calculada pelo balanço de energia no forno. Os resultados
obtidos indicam uma eficiência de combustão máxima de 55,7% para 3% de excesso de ar.

Palavras-chave: Eficiência energética; Gás natural; Combustão industrial; Forno de reaquecimento;


Siderurgia.

1. INTRODUÇÃO
Aproximadamente 7% da energia global é consumida pela indústria de ferro e aço, responsável pela emissão
de 2,6 gigatoneladas de dióxido de carbono (2,6 Gt CO2) anualmente (IEA, 2020). Isso torna a indústria
siderúrgica um importante campo de pesquisas nas áreas da eficiência energética e da redução de emissões.
O produto final da indústria siderúrgica são chapas planas, cilindros e perfis laminados de aço, em diferentes
dimensões e formatos. Seu processamento envolve diversas etapas, sendo finalizado com a conformação
mecânica de lingotes de aço bruto no formato de placas, blocos ou tarugos por meio de laminação ou
forjamento. Nessa operação são utilizados fornos de reaquecimento para elevar a temperatura dos lingotes
até que atinjam aproximadamente 1.250 °C (CHAKRAVARTY; KUMAR, 2020).
Fornos de reaquecimento são um dos principais equipamentos consumidores de energia nas siderúrgicas.
Seu consumo é responsável por aproximadamente 15 a 20% da demanda total e 70% do consumo de energia
do processo de laminação (LU et al., 2017). De forma geral, fornos de reaquecimento siderúrgicos podem ser
classificados com base no método de geração de calor, a combustão ou elétricos, e com relação à forma de
seu carregamento, periódico ou contínuo. Fornos a combustão são amplamente utilizados na indústria de
ferro e aço, principalmente devido ao menor custo específico do combustível com relação a eletricidade.

1.1 FORNOS DE REAQUECIMENTO CONTÍNUOS


Em processos de reaquecimento contínuos a carga é transportada no interior do forno enquanto calor é
transferido para ela. Conforme o mecanismo utilizado para movimentar a carga os fornos podem ser de soleira
fixa, no qual a carga é empurrada continuamente no sentido da saída (pusher), ou móvel, no qual a própria
soleira movimenta a carga (walking beam).
Para obter uma distribuição de calor mais homogênea e menor gradiente de temperaturas entre a superfície
e o interior da carga, o aquecimento é realizado em 3 zonas com diferentes configurações de queimadores,
pré-aquecimento (ZP), aquecimento (ZA) e encharque (ZE). A geometria e o arranjo dos queimadores dos
fornos de reaquecimento contínuo foram modificados, durante as últimas décadas, com o objetivo de obter
uma distribuição de calor mais homogênea na carga e aumentar a eficiência do processo.
Na Tab. 1 são apresentados os diagramas esquemáticos das inovações realizadas nos projetos destes
equipamentos. Fornos mais modernos possuem uma zona de pré-aquecimento mais longa para obter uma
maior eficiência energética. Nesta zona, sem queimadores, os gases quentes da combustão são utilizados
para pré-aquecer os produtos e a energia residual dos gases é usada para pré-aquecer o ar de combustão
(CAILLAT, 2017).

1 140
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Tabela 1. Evolução dos projetos de fornos de reaquecimento contínuo nas últimas décadas.

Ano Descrição Diagrama

Soleira fixa,
1970 queimadores
frontais

Vigas móveis,
1975- queimadores
1980 frontais, laterais e
no teto da ZE

Vigas móveis,
1985 - queimadores
1990 frontais e no teto
da ZA e ZE

Vigas móveis,
1990- queimadores
1998 laterais e no teto
da ZE

Vigas móveis,
1995 –
queimadores
Atual
laterais

Fonte: Caillat (2017), modificado pelo autor.

1.2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é a realização de uma análise de eficiência energética, com relação ao calor
produzido pela combustão do gás natural, em um forno contínuo de soleira fixa para reaquecimento de tarugos
de aço.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados para a realização da análise de eficiência energética, fornecidos por uma indústria siderúrgica, são
de um forno contínuo, com soleira fixa, para reaquecimento de tarugos de aço com perfil quadrado de 160
mm de arestas e 6,3 m de comprimento. Este equipamento reaproveita o calor contido nos gases de exaustão,
por meio de um recuperador, para aquecer o ar de combustão, conforme apresentado na Fig. 1.
Figura 1. Diagrama do forno de reaquecimento de tarugos analisado.

Fonte: Autoria própria.


Os queimadores das zonas de aquecimento e de encharque podem operar com combustíveis gasosos ou
líquidos, de acordo com a disponibilidade. A composição média do gás natural é apresentada na Tab. 2.
Tabela 2. Composição média do gás natural.
Componente CH4 C2H6 C3H8 C4H10 C5H12 C6H14 CO2 N2
Concentração (%) 88,84 6,28 1,78 0,64 0,18 0,08 1,63 0,57
Fonte: (OLIVEIRA et al., 2014)

2 141
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Para garantir a combustão completa do gás natural e reduzir as emissões de poluentes, o forno trabalha com
excesso de ar de combustão (), que pode variar de 1,20 a 1,40 na zona de aquecimento e de 1,10 a 1,30 na
zona de encharque. As informações do processo foram obtidas no supervisório do sistema de controle do
forno, os valores dos parâmetros de interesse para a análise são apresentados na Tab. 3.
Tabela 3. Informações do supervisório do forno de reaquecimento.
ZA ZE
TAr Quente (°C) TProd (°C) [O2]bs TProd (°C) [O2]bs
211 1.049 2,5% 1.168 6,2%
Fonte: Fornecido pela indústria.
A reação de combustão do gás natural será modelada no programa Cantera (GOODWIN et al., 2021). O
modelo utiliza a minimização da energia livre de Gibbs para obter uma estimativa das concentrações das
espécies formadas no equilíbrio químico.
A análise de eficiência da combustão do gás natural será realizada com base na primeira lei da termodinâmica
e na reação de equilíbrio de oxidação do combustível com ar. O calor transferido para os tarugos e as perdas
de energia para ao ambiente serão considerados constantes, dessa forma poderá ser avaliado a redução da
energia do combustível para as mesmas condições de aquecimento variando o excesso de ar fornecido na
reação. Na Fig. 2 é apresentado o diagrama do sistema para análise, indicando o volume de controle (VC)
considerado.
Figura 2 - Diagrama de blocos do forno de reaquecimento de tarugos, volume de controle da análise.

Fonte: Autoria própria.


Considerando o sistema em regime permanente, desprezando as variações de energia cinética e potencial,
e que não há trabalho realizado ou recebido pelo volume de controle, podemos representar o balanço de
energia do sistema pela Eq. (1).
QVC  m   hPr od  hRe ag  (1)

Sendo: QVC o calor que sai do sistema ( QTarugo  QPerdas ); m o fluxo mássico dos gases que entram no forno
( mAr Quente  mComb ); hPr od a entalpia dos gases de combustão e hRe ag a entalpia dos reagentes.
A eficiência da combustão é definida como a razão entre o calor total produzido e a energia total do
combustível, representada pelo produto do fluxo mássico de combustível pelo seu poder calorífico inferior
(PCI). O fluxo mássico dos gases na Eq. (1) pode ser expresso em função do fluxo mássico de combustível
e da razão ar/combustível da reação (AC). Dessa forma a eficiência da utilização do combustível pode ser
definida como função das entalpias dos reagentes e dos produtos, do poder calorífico do combustível e da
razão ar/combustível da combustão, Eq. (2).
  AC  1  hPr od  hComb  AC  hAr Quente 
 
QVC
Comb  (2)
mComb  PCI PCI

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O modelo de equilíbrio químico desenvolvido no programa Cantera possibilitou a obtenção das concentrações
de CO nos produtos da combustão do gás natural, mesmo considerando excesso de ar. Na Fig. 3 são
apresentadas as concentrações dos produtos de combustão e a redução no consumo de gás natural para
operação com menor excesso de ar.
Pode ser observado no gráfico apresentado na Fig. 3 (a) que para 3% de excesso de ar não há mais a
formação de CO em quantidades consideráveis nos produtos da combustão. Na Fig. 3 (b) é apresentado o
normograma para o cálculo da redução do consumo de gás natural do forno analisado.

142
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 3. Resultados obtidos a partir do modelo de combustão desenvolvido.

Fonte: Autoria própria.


Os resultados da análise de eficiência da combustão do gás natural são apresentados na Tab. 4.
Tabela 4. Eficiência da combustão do gás natural em função do excesso de ar.
 Tad (K) [CO2]bs (%) [O2]bs (%) [CO]bs (%) Eficiência (%)
1,00 2235 11,69 0,00 0,65 54,7
1,03 2227 12,19 0,00 0,01 55,7
1,10 2178 11,34 1,46 0,00 49,5
1,20 2084 10,31 3,23 0,00 41,8
1,30 1989 9,45 4,71 0,00 35,2
Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÃO
O modelo de equilíbrio químico da combustão do gás natural desenvolvido indicou que não ocorrerão
concentrações significantes de CO acima de 3% de excesso de ar. A maior eficiência de combustão do forno,
55,7%, com um excesso de ar de combustão de 3%. A redução do excesso de 30% para 3% acarretará na
redução de 11,5% no consumo de gás natural do forno.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES). Este trabalho tem o apoio financeiro da ANP, FINEP e MCTI, através do programa PRH
34.1 FEG/UNESP.

6. REFERÊNCIAS
CAILLAT, S. Burners in the steel industry: Utilization of by-product combustion gases in reheating furnaces
and annealing lines. Energy Procedia, [s. l.], v. 120, p. 20–27, 2017.
CHAKRAVARTY, K.; KUMAR, S. Increase in energy efficiency of a steel billet reheating furnace by heat
balance study and process improvement. Energy Reports, [s. l.], v. 6, p. 343–349, 2020.
GOODWIN, D. G.; SPETH, R. L.; MOFFAT, H. K.; WEBER, B. W. Cantera: An object-oriented software
toolkit for chemical kinetics, thermodynamics, and transport processes, 2021.
IEA. Iron and Steel Technology RoadmapEnergy Technology Persperctives. Paris.
LU, B.; CHEN, D.; CHEN, G.; YU, W. An energy apportionment model for a reheating furnace in a hot rolling
mill – A case study. Applied Thermal Engineering, [s. l.], v. 112, p. 174–183, 2017.
NREL. Improving Process Heating System Performance - A Sourcebook for Industry. 2nd. ed.
Golden/CO: United States Department of Energy, 2007.
OLIVEIRA, F. A. D.; CARVALHO, J. A.; SOBRINHO, P. M.; DE CASTRO, A. Analysis of oxy-fuel combustion
as an alternative to combustion with air in metal reheating furnaces. Energy, [s. l.], v. 78, p. 290–297, 2014.

4 143
SECAGEM DE PÓLEN EM UM MICRO LEITO FLUIDIZADO CONSTRUÍDO EM
IMPRESSORA 3D

Fernando Manente Perrella Balestieria; Carlos Manuel Romero Lunab; Ivonete Avilaa
a Unesp - Campus de Guaratinguetá - Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Pedregulho, Guaratinguetá-SP
b Unesp - Campus de Itapeva - Rua Geraldo Alckmin, 519 - Vila Nossa Sra. de Fatima, Itapeva - SP
*fernando.balestieri@unesp.br

Resumo. Dentre as diversas aplicações de um leito fluidizado, a secagem é uma aplicação utilizada para
diversos materiais. Dentro dessa área, tem-se pouco conhecimento da secagem de pólens em micro leitos
fluidizados (MLF), tipos específicos de leito que tem um comportamento fluidodinâmico diferente do leito
fluidizado comum. O objetivo desse trabalho é avaliar a efetividade da secagem de um MLF em grãos de
pólen comparando 3 diferentes tipos de secagem. Os resultados indicam que a adição de areia aumenta a
efetividade de secagem dos grãos de pólen. Além disso, também foi observado um platô entre duas curvas
de redução de umidade. Isso possivelmente se deve à influência da porosidade e da existência de micro
canais no material.

Palavras-chave: Micro Leito fluidizado; Impressora 3D; Secagem, Pólen.

1. INTRODUÇÃO
A fluidização é um fenômeno físico que envolve a injeção de um fluído em um material sólido particulado
que, com a configuração correta dos parâmetros, faz com que esse material sólido comece a se comportar
como um fluído. Os leitos fluidizados são sistemas aplicados para realizar essa fluidização em materiais
sólidos específicos. Com diferentes combinações de fluídos e particulados, o leito é possível de ser aplicado
em diversas áreas, entre elas, energia, metalúrgica, biologia, farmacêutica e materiais, com diversos tipos de
processos e reações, incluindo pirólise, gaseificação, secagem, combustão, calcinação, redução, entre outros
(HAN et al., 2021; QIE et al., 2022).
Entretanto, para um sistema com diferentes aplicações como o leito fluidizado, ele também é
consideravelmente complexo, envolvendo diversas variáveis, tanto na parte de escoamento e fluidodinâmica,
como na parte de cinética e difusividade térmica. Com o objetivo de conseguir de melhor conseguir entender
esses diferentes parâmetros e como eles se relacionam, alguns estudiosos da área estão voltando sua
atenção para um tipo de leito conhecido Micro Leito Fluidizado (MLF) ou, do inglês, Micro Fluidized Bed (MFB)
(HAN et al., 2021)
A definição de MLF pode ser um pouco vaga e até hoje não existe um conceito claro diferenciando um
micro leito fluidizado e de um leito comum (ZHANG et al., 2021). De acordo com estudo anteriores (GENG et
al., 2018; LIU; XU; GAO, 2008; ZIVKOVIC; BIGGS, 2015) e conforme indicado por ZHANG et al. (2021), um
leito pode ser considerado “micro” quando acontece uma mudança no seu comportamento fluidodinâmico,
como, por exemplo, a modificação dos pontos iniciais de mínima fluidização, regimes borbulhante e turbulento
(HAN et al., 2021). Outras características únicas do MLF são efeitos de parede ampliados e baixo back-mixing
(GALVIN; BENYAHIA, 2014; GENG et al., 2018; QIE et al., 2022), termo em inglês usado para se referir à
mistura em reatores entre materiais que sofreram ou não reação química.
Interessante notar o MLF foi incialmente proposto para tentar contornar as desvantagens de analisar a
cinética das reações por meio da análise termogravimétrica (TGA, do inglês thermogravimetric analysis), que
possui algumas desvantagens, como baixo contato gás-sólido, baixa razão de aquecimento e distribuição
não-uniforme de temperatura na amostra (HAN et al., 2021). Entretanto, outros tipos de estudo surgiram,
envolvendo análise fluidodinâmica (QUAN; FATAH; HU, 2020; ZHANG et al., 2021) e comparação dos
resultados experimentais com simulações numéricas (LI et al., 2021).
Dentre as diversas aplicações do leito fluidizado na secagem de produtos para a comercialização, o pólen
é um produto alimentício com aplicações medicinais e farmacêuticas (BOREL; MARQUES; PRADO, 2020),
no qual o estudo dos parâmetros de secagem e fluidização foram pouco exploradas (BOREL; MARQUES;
PRADO, 2020; VIZCARRA-MENDOZA et al., 1998). Dentro desse tema, não foi encontrado nenhum estudo
que explore a secagem de pólen em micro leito fluidizado. Para essa pesquisa foram usadas nas bases
Scopus e Science Direct as palavras-chaves “micro fluidized bed” e “pollen”.

1 144
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. OBJETIVOS
Avaliar a efetividade de secagem de pólen em um micro leito fluidizado (MLF) comparando 3 maneiras de
realizar o processo de secagem: Ao relento (similar à um leito fixo se usado ar aquecido), com leito fluidizado
usando somente o pólen e com leito fluidizado usando uma mistura de pólen e areia.

3. MATERIAL E MÉTODO
O material usado no leito é constituído de pólen e areia. O pólen usado nos experimentos é da marca Ápis
Flora. A areia possui grãos com diâmetro entre 180 e 700 µm.
O micro leito fluidizado (MLF) utilizado nesse experimento foi projetado em CAD INVENTOR e
posteriormente impresso em uma Impressora 3D modelo Creality Ender 5 Plus. O material de impressão
usado foi o filamento a base de ácido polilático, um tipo de plástico biodegradável comum para essas
impressoras e normalmente referido como PLA. Na configuração da impressora, foi utilizada a temperatura
de 200 °C no bico extrusor e 60 °C na mesa usada como base para a impressão.
Como não existe um consenso dos pesquisadores de qual seria a dimensão para caracterizar um micro
leito fluidizado, as dimensões desse projeto foram baseadas nos autores ZHANG et al. (2021), com diâmetro
interno do leito de 15 mm e altura da seção onde fica o leito de 200 mm.
A placa distribuidora é do tipo perfurada simples, com diâmetro de 1 mm para cada furo. A vazão de ar
utilizada para os experimentos de secagem foi igual à vazão máxima disponível no compressor, que é de
1000 L/h. Além disso, o ar não sofreu nenhum tipo de aquecimento quando foi injetado no MLF.

Figura 1. Projeto do Micro Leito Fluidizado (MLF) (a) MLF sendo manufaturado em uma Impressora 3D
Creality Ender 5 Plus (b) MLF montado ao lado de uma lapiseira com compressor e válvulas para ajuste de
vazão de ar

Fonte: Autoria própria.

Para realizar os experimentos, inicialmente o pólen seco comercial é separado e sua massa é medida
com um valor fixo de 1,5 g. Posteriormente é acrescentado 0,5 g de água nos pólens por meio de um borrifador
para espalhar a água igualmente. Essa quantidade de água foi selecionada para dar uma proporção mássica
de 25% da massa total. Esse valor é maior do que a umidade comum dos pólens encontrados em ninhos de
abelha, variando entre 18% e 25% (CASACA, 2010). Dessa maneira, será possível testar a efetividade do
sistema para secar qualquer tipo de pólen natural e deixa-lo pronto para comercialização.
A secagem foi realizada de 3 formas: secagem ao relento, secagem em leito apenas com pólen e
secagem com uma mistura de areia e pólen. No caso da secagem ao relento, ela simula um ambiente similar
ao leito fixo (sem movimentação de material). Em nenhum dos experimentos é utilizado aquecimento, ou seja,
todos eles foram realizados a temperatura ambiente de aproximadamente 28° C.
Com relação à areia, ela foi escolhida por ser um material que fluidiza com maior facilidade e
homogeneidade do que os grãos de pólen, comumente usada como material facilitador de fluidização, embora
não seja comum aplicá-la em produtos alimentícios como o pólen. A massa de areia acrescentada foi igual a
massa do pólen, de 1,5 g.

2 145
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme é possível visualizar na Figura 2 os grumos de grãos de pólen que saem secos do MLF
aumentam o seu diâmetro médio. Isso provavelmente acontece por dois motivos. O primeiro está relacionado
com o manuseio desse pólen que, por estar úmido, facilita com que os grumos se unam com qualquer
movimentação do material. Por causa disso, alguns deles podem acabar se unindo quando o material é
depositado dentro do leito.
O segundo motivo tem relação com o processo inicial de fluidização dos grumos de pólen, no qual eles estão
mais úmidos e com a movimentação causada pelo sistema, acontece algo similar ao primeiro caso, formando
grãos maiores, o que inclusive dificulta a fluidização, especialmente no MLF.

Figura 2. Resultado de como um grumo dos grãos de pólen ficou após a secagem. Do lado esquerdo estão
dois grumos de pólen comercial seco e do lado direito o grumo de pólen seco após sair do leito fluidizado.

Fonte: Autoria própria.

Os resultados obtidos nos testes de secagem com relação a perda de massa em função do tempo são
apresentados na Figura 3. Não foi verificada mudança na massa na secagem do pólen ao relento, mesmo
após 10 min. O processo de secagem no MLF sem areia teve uma perda de massa total de 0,5 g após 240 s,
enquanto que a mistura de areia com pólen obteve uma queda similar em apenas 40 s. Isso possivelmente
se deve ao fato da areia facilitar a fluidização, assim como ser um meio facilitador para a absorção da umidade
nos grãos de pólen.
Outro ponto observado é que no caso do pólen fluidizado sem areia, a massa total caiu e em 40 s atinge
um platô para depois começar a descer novamente próximo de 120 s, até chegar na massa equivalente ao
pólen seco. A hipótese possível que explica o comportamento observado é que o aglomerado de pólen possui
uma porosidade e diversos micro canais internos. Possivelmente, a primeira curva acontece com a
evaporação da água que está na parte mais externa dos grãos de pólen. A segunda curva, após o platô, é
quando a água dentro dos poros começa a evaporar.

Figura 3. Variação da massa total em função do tempo para as 3 opções de secagem dos grãos de pólen

Fonte: Autoria própria.

3 146
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Os processos de secagem em MLF foram muito mais rápidos do que o avaliado ao relento. Fazendo uma
comparação com relação a secagem em leito fixo e fluidizado com aplicação de calor, os testes indicam que
um leito fluidizado seca de maneira mais rápida e efetiva o pólen, principalmente se for acrescentado areia.
Embora a areia não seja uma boa opção para o pólen caso ele vá ser usado para consumo posteriormente,
é possível de substituir a areia por algum outro material de fácil fluidização, como o açúcar, e que possa ser
removido posteriormente pelo uso de peneiras.

5. CONCLUSÕES
A secagem do pólen é potencializada com a utilização do MLF se comparada com a secagem em relento.
Dessa forma, um paralelo similar pode ser feito com relação as secagens feitas por ar quente em leito fixo e
leito fluidizado. Tudo indica que a secagem por MLF é muito mais efetiva.
Outro ponto interessante é que a adição da areia parece acelerar o processo de secagem, seja por facilitar a
fluidização ou por facilitar a absorção de umidade do pólen.

6. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

7. REFERÊNCIAS
BOREL, L. D. M. S.; MARQUES, L. G.; PRADO, M. M. Performance evaluation of an infrared heating-
assisted fluidized bed dryer for processing bee-pollen grains. Chemical Engineering and Processing -
Process Intensification, v. 155, n. June, p. 108044, 2020.

CASACA, J. D. Manual de produção de pólen e própolis, 2010. Disponível em: <http://fnap.pt/web/wp-


content/uploads/Manual_Produção-Pólen-e-Propolis_FNAP_2010-1.pdf>

GALVIN, J. E.; BENYAHIA, S. The effect of cohesive forces on the fluidization of aeratable powders. AIChE
Journal, v. 60, n. 2, p. 473–484, fev. 2014.

GENG, S. et al. Conditioning micro fluidized bed for maximal approach of gas plug flow. Chemical
Engineering Journal, v. 351, n. June, p. 110–118, 2018.

HAN, Z. et al. State-of-the-art hydrodynamics of gas-solid micro fluidized beds. Chemical Engineering
Science, v. 232, p. 116345, 2021.

LI, S. et al. Direct comparison of CFD-DEM simulation and experimental measurement of Geldart A particles
in a micro-fluidized bed. Chemical Engineering Science, v. 242, 2021.

LIU, X.; XU, G.; GAO, S. Micro fluidized beds: Wall effect and operability. Chemical Engineering Journal,
v. 137, n. 2, p. 302–307, 2008.

QIE, Z. et al. Characteristics and applications of micro fluidized beds (MFBs). Chemical Engineering
Journal, v. 428, p. 131330, jan. 2022.

QUAN, H.; FATAH, N.; HU, C. Diagnosis of hydrodynamic regimes from large to micro-fluidized beds.
Chemical Engineering Journal, v. 391, n. June 2019, p. 123615, 2020.

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ZHANG, Y. et al. Fluidization of fungal pellets in a 3D-printed micro-fluidized bed. Chemical Engineering
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Engineering Science, v. 126, p. 143–149, 2015.

4 147
SELEÇÃO DE ENGRENAGENS CILÍNDRICAS DE DENTES RETOS BASEADO EM
TENSÃO DE CONTATO, MATERIAL E RESISTÊNCIA À FADIGA EM FLEXÃO.

Geraldo Cesar Rosário de Oliveira*; Fernando de Azevedo Silva


UNESP - Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Avenida Ariberto Pereira da Cunha 333, Guaratinguetá, São
Paulo.
*geraldo.arquivos@gmail.com

Resumo. O objetivo deste artigo é apresentar um processo de escolha de engrenagens cilíndricas de


dentes retos baseado na análise analítica de tensão superficial e na análise numérica da resistência à
fadiga utilizando o método AHP. As alternativas e os critérios considerados foram: tensão de contato,
resistência à fadiga em flexão e preço de aquisição. O estudo de fadiga superficial e de contato foi
realizado em três pares de engrenagens com materiais diferentes. O método resultou com dados para a
melhor escolha de engrenagens utilizando como ferramentas os softwares Excel® e o ANSYS®.

Palavras-chave:AHP, Seleção de Engrenagens, Fadiga Superficial, Tensão de Hertz.

1. INTRODUÇÃO
Engrenagens são elementos mecânicos de grande importância e ampla utilização em equipamentos e
projetos de máquinas, uma vez que são responsáveis pela transmissão de torque e velocidade (LIAS et al.,
2020; ZHU e WANG, 2020; WANG et al. 2020; LI et al.,2019). A seleção assertiva desses elementos
impacta diretamente na manutenção e gestão dos equipamentos industriais reduzindo o número de falhas
por fadiga originadas por tensões de contato na superfície ou por flexão dos dentes contribuindo para uma
maior disponibilidade e confiabilidade de operação dos processos. Conforme Jana e Bhunia (2020) a
seleção adequada de materiais das engrenagens desempenha um papel fundamental para um sistema de
manufatura possibilitando excelência junto aos produtos e processos. A aplicação de métodos de decisão
multicritério junto do método dos elementos finitos tem crescido expressivamente entre as organizações
industriais, onde são utilizadas essas técnicas para o controle dos processos (EMROUZNEJAD e MARRA,
2017). Com a aplicação desse método de decisão multicritério foi possível uma seleção utilizando critérios
relacionados às tensões e custos no processo de aquisição desses elementos de máquinas.
A tensão de contato atuando de forma cíclica pode gerar falhas por fadiga na superfície de diversos
elementos de máquinas como mancais de esferas, cames e engrenagens (JUVINALL, 2008). Quando
ocorre o contato entre dois elementos junto de um carregamento externo atuante no sistema, incide na
formação de uma região de altas tensões na superfície entre os elementos. O tipo de falha mais comum que
ocorre em engrenagens relacionadas as tensões de contato é a falha por crateração ou pitting. Essa falha
ocorre devido às tensões de Hertz combinadas com as tensões de cisalhamento causadas no contato entre
as superfícies (JOHANSSON, 2015). Entre várias teorias (KOROLEV et al.,2017) indica que a fadiga
ocorrerá quando a energia potencial acumulada em deslocamentos e microtrincas superar a energia de
saturação, causando o colapso do material. A fadiga devido à flexão ocorre devido ao dente da engrenagem
funcionar como uma viga engastada recebendo carregamentos cíclicos que geram tensões de tração e
compressão alternadas na base dos dentes. Nesta região ocorre concentração de tensão devido ao formato
de filete de pequena curvatura na base do dente. Os dois casos de fadiga geram custos indesejados como
interrupção de processos industriais e necessidade de manutenção dos equipamentos.
Os materiais selecionados no estudo são os mais utilizados na fabricação de engrenagens para máquinas
operatrizes e redutores industriais. Os ferros fundidos cinzentos têm vantagens como baixo custo, facilidade
de usinagem, alta resistência ao desgaste e amortecimento interno devido às inclusões de grafite, que os
fazem acusticamente mais silenciosos que as engrenagens de aço (NORTON, 2013). O módulo de
elasticidade baixo do bronze gera uma deflexão maior do dente e melhora a divisão de carga entre os
dentes (NORTON, 2013). As engrenagens de aço não-tratadas termicamente são relativamente baratas,
porém possuem baixo limite de resistência à fadiga superficial (JUVINALL, 2008). Vários fatores
desafiadores, como a concorrência global e regulamentações cada vez mais rígidas, estão tendo um
impacto significativo nas práticas modernas de engenharia. Nesse cenário a otimização de seleção de
engrenagens tornou-se mais necessária (ARTONI, 2019).

1 148
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Considerando que uma planta industrial tem um elevado número de redutores e máquinas operatrizes cujo
funcionamento depende das engrenagens cilíndricas de dentes retos e o desgaste desses equipamentos
geram altos custos de manutenção. Há uma perda significativa nas metas organizacionais originadas em
gastos com paradas de produção causados pela falha por fadiga de elementos de máquinas, devido às
tensões de contato. A partir da identificação deste problema iniciou-se o estudo das tensões analisadas no
contato de um engrenamento submetido a um carregamento constante de 1000 N, variando o material das
engrenagens conforme a Tabela 1. A engrenagem motora tem o número de dentes igual a 20 e a movida
igual a 40. A partir do módulo igual a 3 e o número de dentes as outras características são parâmetros
padronizados.

Tabela 1 – Módulos de elasticidade


Modulo de Coeficiente
Material
Elasticidade (GPa) de Poisson
Aço 4340 207 0,30
Ferro Fundido SG600/3 131 0,25
Bronze C3604 110 0,34
Fonte: Elaborado pelo autor

A tensão Hertz ou tensão de contato é a base para analisar a durabilidade da superfície do dente da
engrenagem. Conforme a Equação 1, é considerado um par de dentes de engrenagem em contato como
sendo dois cilindros de raios iguais aos raios de curvatura no ponto primitivo:

F t [ ( 2 /D p senθ ) + ( 2/D c senθ ) ]


σ H =0,564

Sendo:
√ bcosθ ( 1 −v 2 / E p ) + ( 1 − v 2 /E c )
[ ]
( 1)

σ H - Tensão de contato (Hertz); F t- Força tangencial atuante na engrenagem; D p - Diâmetro da


engrenagem motora; D c - Diâmetro da engrenagem movida; E p - Modulo de elasticidade do material da
engrenagem motora; Ec - Modulo de elasticidade do material da engrenagem movida; v - Coeficiente de
Poisson.

Os materiais com menor módulo de elasticidade também apresentam menor tensão de contato, porém são
mais caros que o aço conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Tensões de Hertz e Preço em função dos materiais.


Material Aço Ferro Fundido Bronze
Tensão de contato 3217,80 MPa 2559,82 MPa 2345,69 MPa
Preço R$ 1122,24 R$ 935,20 R$ 1450,72
Fonte: Elaborado pelo autor.

A vida em fadiga considerando a flexão dos dentes foi calculada de forma numérica utilizando o software
ANSYS®. As simulações foram feitas com os mesmos parâmetros nos três modelos. Inicialmente o modelo
simplificado dos dentes das engrenagens foram desenvolvidos no ambiente Design Modeler seguindo as
medidas normatizadas de uma engrenagem de modulo igual a 3. O material usado nos sólidos tem o
módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson comforme a Tabela 1. As curvas S-N e as tensões
utilizadas são conforme os trabalhos de Ameen e Ismail (2011), Balachandran et al, (2010), Fu e Liang,
(2019).
O segundo passo foi à definição dos parâmetros de contato entre os dentes. Foi utilizado o método
numérico Normal Lagrange junto do tipo de contato sem separação. A Formulação de Lagrange adiciona
um grau extra de liberdade como pressão de contato para resolver a matriz de interações. Foi verificado
com o "contact tool" que o contato estava com o "gap" na faixa de 1E-10 mm e sem penetração de material,
como esperado.

2 149
As malhas foram geradas de forma automatizada, o refino foi utilizado apenas nas duas faces dos dentes
em contato. As restrições utilizadas limitam a movimentação dos dentes em contato somente na direção "y"
onde atua a força externa de 1000 N no dente superior dos modelos. O método utilizado para o estudo de
fadiga foi o método de Soderberg considerando que é o mais conservativo, é recomendado para materiais
dúcteis como o ferro fundido utilizado e por causa da tensão média atuante no ciclo que sempre será
positiva.
Por fim fez-se a aplicação do AHP, método amplamente utilizado em estudos de priorização, avaliação de
custos, seleção de recursos, fornecedores entre outros. A seleção de equipamentos e elementos industriais
pode ser avaliada por meio da análise hierárquica de processos no qual os critérios e alternativas são
avaliados no modelo. Neste cenário apresentado foram considerados no software Excel® 3 critérios: preço,
tensão de contato e vida em fadiga; e 3 alternativas: aço, ferro fundido e bronze conforme a Figura 1.

Figura 1 – Alternativas e os critérios considerados no software Excel®.

Fonte: Elaborado pelo autor.

3. RESULTADOS
Na Figura 2 são ilustrados os pontos de concentração de tensão na base dos dentes onde é a região que as
engrenagens irão falhar devido à fadiga gerada pela flexão dos dentes. Os números de ciclos para cada
material são exibidos na Figura 1 onde esses resultados fazem parte das alternativas e os critérios
considerados.

Figura 2 – Resultado numérico da vida em fadiga: (a) Aço, (b) Bronze e (c) Ferro Fundido.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na figura 3 são listadas as classificações das alternativas estudadas com a aplicação do método AHP no
software Excel®. A importância dos critérios foi analisada e os pesos foram obtidos com a normalização do
autovetor da matriz de comparação conforme a Figura 3. Sendo o CR igual a 0,032 essa matriz de
julgamento foi considerada consistente. Com base nos critérios e alternativas, o aço obteve melhor
classificação em relação aos outros materiais, pois mesmo com menor desempenho no critério tensão,
obteve ampla vantagem no critério vida em fadiga e preço intermediário em relação as outras duas opções.
Figura 3 - Classificação das alternativas no software Excel®.

Fonte: Elaborado pelo autor.

150
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


O intuito do trabalho foi obter resultados para a melhor escolha de engrenagens utilizando em conjunto os
softwares Excel® e ANSYS®. Os parâmetros de entrada podem ser modificados junto à variação de preços
no mercado de reposição e com a variação dos materiais e suas propriedades fazendo com que os
engenheiros de projeto e manutenção tenham uma ferramenta versátil para avaliação de melhor custo
benefício de aquisição de peças ainda considerando os dois modos de falhas mais utilizados em
engrenagens. O uso do método AHP com os critérios selecionados retornou a classificação dos materiais
associados às analises numérica e analítica dos componentes, e isso ajuda a esclarecer a tomada de
decisão reduzindo custos. Neste caso o aço foi a melhor solução entre os outros materiais mesmo com a
maior tensão de contato, devido o critério vida em fadiga de flexão ter sido considerado mais relevante que
o preço. Os custos associados à fadiga e à fratura estarão sempre presentes na cadeia de produção.
Segundo Callister (2002), a fadiga é a maior causa individual de falha em metais, representando cerca de
90% dos casos de falhas em componentes mecânicos. Os altos custos de manutenção são muitas vezes
justificados pela enorme perda associada à falha, não apenas gerando impacto financeiro, mas também
ambiental e social.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES).

REFERÊNCIAS
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Journal of Mechanical Engineering Research, v. 3, n. 6, p. 181-185, 2011.
ARTONI, A. A methodology for simulation-based, multiobjective gear design optimization. Mechanism and
Machine Theory, v. 133, p. 95-111, 2019.
BALACHANDRAN, G. et al. Studies on induction hardening of gray iron and ductile iron. Transactions of
the Indian Institute of Metals, v. 63, n. 4, p. 707-713, 2010.
CALLISTER, W. D. Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma Introdução. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos Editora SA (LTC), 2002. 589p.
EMROUZNEJAD, A. ; MARRA, M. The state of the art development of AHP (1979–2017): a literature review
with a social network analysis. International Journal of Production Research, v. 55, n. 22, p. 6653-6675,
2017.
FU, Hai; LIANG, Yilong. Study of the surface integrity and high cycle fatigue performance of AISI 4340 steel
after composite surface modification. Metals, v. 9, n. 8, p. 856, 2019.
JANA, P. ; BHUNIA, P. Determination the fatigue life of spur gear through stress analysis with optimization
methodology. International Journal for Research in Applied Science & Engineering Technology, v.8,
2020.
JOHANSSON, J. Investigations into the occurrence of pitting in lubricated rolling four-ball tests.
Lubrification Science, 2015. 24 p.
JUVINALL, R. C. Fundamentos do projeto de componente de máquinas. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2008. 500 p.
KOROLEV, A. V.; KOROLEV, A.A.; KREHEĽ, R. Mathematical simulation and analysis of rolling contact
fatigue damage in rolling bearings. The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v.
89, n. 1-4, p. 661-664, 2017.
LI, Q. et al. Research methods and applications of gear manufacturing process optimization. Mathematical
Problems in Engineering, v. 2019, 2019
LIAS, M. R.; ISA, M. J.; AHMAD, A. S. Bending Fatigue Life Prediction of Spur Gear in Axial Misalignment
Condition. In: IOP Conference Series: Materials Science and Engineering. IOP Publishing, 2020. p.
012109.
NORTON R.L.Projeto de máquinas. Bookman, Porto Alegre, Brazil. 2013.
WANG, X. et al. Simulating coupling behavior of spur gear meshing and fatigue crack propagation in tooth
root. International Journal of Fatigue, v. 134, p. 105381, 2020.
ZHU, Chengli; WANG, Xiaofang. The principle of fatigue model test for spur gears based on similarity theory.
In: Journal of Physics: Conference Series. IOP Publishing,. p. 032124, 2020.

4 151
ANÁLISE TÉRMICA DA COMBUSTÃO DE TRÊS BIOMASSAS AGRO-INDUSTRIAIS
BRASILEIRAS

Jesús David Rhenals Julioa,b*; Felipe da Cunha Boschi Fagnanib; José Cláudio Caraschib;
Ivonete Ávilaa; Carlos Manuel Romero Lunab
a UNESP – Universidade Estadual Paulista , Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de Química e
Energia, Laboratório de Combustão e Captura de Carbono (LC3), Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, 12.516-410,
Guaratinguetá-SP, Brasil.
b UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Itapeva, Engenharia de Produção, Laboratório de Processos de

Conversão de Biomassa (LPCB), Rua Geraldo Alckmin, 519, 18409-010, Itapeva-SP, Brasil.
*rhenals.julio@unesp.br

Resumo. Neste artigo é feita uma análise da combustão de três biomassas agroindustriais brasileiras., o
índice de combustão também foi avaliado, encontrando que o capim elefante tinha o melhor índice com um
valor de 1.46E-09, seguido pelo sorgo sacarino com um valor de 1.36E-09, enquanto a casca de arroz com
um valor de 1.12E-09 apresentou o índice mais baixo. Conclui-se que a melhor alternativa ao bagaço de cana
para a geração de energia é o sorgo sacarino.

Palavras-chave: Análise térmica; Combustão; TGA; Biomassa.

1. INTRODUÇÃO
Prevê-se atualmente que a demanda de energia aumentará em 27% até 2040 (IEA, 2020), o que combinado
com o objetivo de limitar o aumento da temperatura média em 2°C (MINISTERIO DE MINAS Y ENERGÍAS,
2016). Este contexto tem levado a uma tendência global para as fontes de energia renováveis, já que o setor
energético é um dos que mais contribui para as emissões de GEE (DEMIRBAS, 2009). Na literatura, vários
autores argumentam que a energia renovável é a fonte mais importante de emissões de GEE. Na literatura,
vários autores sugerem que a biomassa é uma fonte de energia limpa que pode atender às necessidades
energéticas futuras e mitigar o impacto ambiental gerado pelo uso de combustíveis fósseis (MENDOZA et al.,
2021; RANZI et al., 2014; SAGASTUME et al., 2021; SHARIFF et al., 2016; WANG et al., 2012). Entre as
alternativas mais utilizadas para o uso da biomassa está a combustão direta, no entanto, atualmente ainda
existem alguns problemas com equipamentos de combustão de biomassa, relacionados à baixa eficiência
energética e à instabilidade da carga térmica (ÁLVAREZ et al., 2016). Para estudos de projeto e otimização
de queimadores de biomassa, é absolutamente necessário ter informações sobre as propriedades físico-
químicas (composição elementar, análise próxima, tamanho das partículas, análise estrutural etc.), o
comportamento térmico da biomassa, assim como os parâmetros cinéticos de combustão (DHAHAK et al.,
2019). Neste trabalho, o comportamento térmico da combustão de três biomassas agroindustriais brasileiras
(capim elefante, casca de arroz e sorgo) foram avaliadas por meio da termogravimetria, para a qual foi
necessário obter as curvas TG/DTG em meio inerte e meio oxidante das três biomassas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. PREPARAÇÃO DA AMOSTRA


As amostras das três biomassas foram colocadas em bandejas em um local seco à temperatura ambiente
durante 1 dia para remover a umidade superficial. Uma vez concluído este processo, eles foram esmagados
e peneirados até que uma amostra de 250μm fosse obtida. A tabela x mostra as quantidades utilizadas para
a análise de cada biomassa.

2.2. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA


As amostras secas e de tamanho uniforme foram analisadas em uma balança termogravimétrica, realizando
testes em atmosfera inerte (nitrogênio) e em atmosfera oxidante (ar sintético). Para os testes de atmosfera
oxidante, foram utilizadas amostras de aproximadamente 5 mg, uma taxa de aquecimento de 10 °C/min com
uma temperatura inicial de 30°C e uma temperatura final de 600°C. Os testes em atmosfera inerte foram
realizados nas mesmas condições que os testes de ar, exceto para a temperatura final, que foi fixada em 800
°C a fim de gerar a máxima degradação térmica possível.

1 152
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.3. DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA DE IGNIÇÃO


A temperatura de ignição foi determinada utilizando o método proposto por Tognotti et al. no qual a
temperatura de ignição é determinada pela sobreposição das curvas TGA obtidas em ambientes de ar
sintético (combustão) e nitrogênio (pirólise), assumindo que a temperatura na qual as curvas de combustão e
pirólise divergem é a temperatura de ignição (TOGNOTTI et al., 1985).

2.4. DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE COMBUSTÃO


O índice de combustão (S) é um parâmetro utilizado para avaliar o desempenho da combustão. Quanto maior
seu valor, melhor a reatividade do combustível ou mistura e é calculada de acordo com a equação (1).

(𝐷𝑇𝐺)𝑚𝑎𝑥 ∙(𝐷𝑇𝐺)𝑚𝑒𝑎𝑛
𝑆= (1)
𝑇𝑖2 ∙𝑇𝑏

Onde (𝐷𝑇𝐺)𝑚𝑎𝑥 e (𝐷𝑇𝐺)𝑚𝑒𝑎𝑛 são as taxas máximas e médias de perda de massa, 𝑇𝑖 e 𝑇𝑏 são a temperatura
de ignição e de queima em Kelvin (K). A temperatura de queima é definida como a temperatura na qual a
degradação de massa máxima é atingida (GALINA et al., 2019).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. CURVAS TERMOGRAVIMÉTRICAS.
Os resultados das curvas termogravimétricas são mostrados na Figura 1, onde pode ser visto que as
biomassas passam por quatro processos de decomposição térmica em atmosfera oxidativa, correspondentes
à secagem, hemicelulose, celulose e degradação da lignina. Também pode ser observado que, após as
transformações térmicas, um resíduo de 21.6% para capim elefante, 0.37% para casca de arroz y 6.49% para
sorgo sacarino.

Sample: Casca_A_AR_10Cmin_600C File: D:...\Casca_A_AR_10Cmin_600C.001


(a) Size: 5.0440 mg
Method: combustion_10oCmin_AR_1000
DSC-TGA Operator: fabio
Run Date: 18-May-2018 12:27
Instrument: SDT Q600 V20.9 Build 20
100 0.8

312.12°C
80 0.6710%/°C

0.6

60
Deriv. Weight (%/°C)
Weight (%)

40 0.4

20

0.2

493.04°C

-20 0.0
0 100 200 300 400 500 600
Temperature (°C) Universal V4.5A TA Instruments

(b)

2 153
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil
Sample: Sorgo_S_AR_10Cmin_600C File: D:...\Sorgo_S_AR_10Cmin_600C.001
Size: 5.0600 mg DSC-TGA Operator: fabio
Method: combustion_10oCmin_AR_1000 Run Date: 18-May-2018 08:09
Instrument: SDT Q600 V20.9 Build 20
100 1.0

291.76°C
0.8227%/°C
80 0.8

Deriv. Weight (%/°C)


60 0.6
Weight (%)

40 0.4

20 0.2

491.80°C
6.494%

0 0.0
0 100 200 300 400 500 600 700
Temperature (°C) Universal V4.5A TA Instruments

(c)
Figura 1. Curvas TG/DTG (a) capim elefante. (b) casca de arroz. (c) sorgo sacarino

3.2. PARÂMETROS TÉRMICOS.


3.2.1. Temperatura de ignição e de queima.
A temperatura de ignição da biomassa e a temperatura de queima foram avaliadas, os resultados obtidos são
mostrados na Figura 2. Quando notamos que o sorgo de biomassa apresenta a menor temperatura de ignição,
seguido pela casca de arroz, o elefante capim apresenta a maior temperatura de ignição, que pode estar
relacionada à sua alta porcentagem de cinzas. Em termos de temperatura de queima, o elefante capim tinha
os valores mais baixos, seguido por cascas de arroz e sorgo sacarino.
600
Ti Tb
Temperature

400

200

0
Capim Casca Sorgo

Figura 2. Temperatura de ignição e de queima

3.2.2. Índice de combustão


Os índices de combustão obtidos para as biomassas são mostrados na tabela 1, comparando-os com os
parâmetros do bagaço de cana de açúcar, para se ter uma referência, onde se observa que a biomassa com
maior índice de combustão é capim elefante, seguida por sorgo sacarino e casca de arroz.

Tabela 1. Índice de combustão de biomassa

Biomassa Ti Tb DTGmax DTGmean S


Capim 268.1 474.3 1.07 0.30 1.46E-09
Casca 256.8 493.0 0.67 0.36 1.12E-09
Sorgo 218.3 491.8 0.82 0.31 1.36E-09
Bagaço* 285 479 16.8 2.03 1.46E-07
* Extraído de: (GALINA et al., 2019)

Levando em conta o índice de combustão, a biomassa com melhores características é o elefante capim,
porém, devido ao alto percentual de cinzas, recomenda-se o uso de sorgo sacarino como alternativa ao
bagaço de cana de açúcar no processo de combustão para geração de energia.

154
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

4. CONCLUSÕES
Foi realizada uma análise térmica e de combustão de três biomassas para determinar a melhor alternativa ao
bagaço em combustão. A termogravimetria permitiu a obtenção de muitos parâmetros de interesse para a
avaliação de combustíveis sólidos no processo de combustão. Das biomassas avaliadas, a melhor alternativa
ao bagaço de cana de açúcar é o sorgo sacarino, levando em conta as taxas de combustão e o percentual
de cinzas.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Processo 439125/2018-9.

6. REFERÊNCIAS
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GALINA, N. R.; ROMERO LUNA, C. M.; ARCE, G. L. A. F.; ÁVILA, I. Comparative study on combustion and
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SHARIFF, A.; MOHAMAD AZIZ, N. S.; ISMAIL, N. I.; ABDULLAH, N. Corn Cob as a Potential Feedstock for
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TOGNOTTI, L.; MALOTTI, A.; PETARCA, L.; ZANELLI, S. Measurement of Ignition Temperature of Coal
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p. 15–28, 1985. Disponível em: <https://doi.org/10.1080/00102208508960290>
WANG, Q.; ZHAO, W.; LIU, H.; JIA, C.; XU, H. Reactivity and Kinetic Analysis of Biomass during Combustion.
Energy Procedia, [s. l.], v. 17, p. 869–875, 2012. . Acesso em: 12 set. 2021.

4 155
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COLAGEM DE PAINÉIS DE MADEIRA LAMELADA
COLADA CRUZADA

João Vítor Felippe Silva a*; Maria Fernanda Felippe Silva b; Carolina Aparecida Barros
Oliveira a; Karina Aparecida de Oliveira a; Julio Cesar Molina b
a
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá - Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Pedregulho, Guaratinguetá -
SP, 12516-410
b
Campus Experimental de Itapeva - Rua Geraldo Alckmin, 519 - Vila Nossa Sra. de Fatima, Itapeva - SP, 18409-010
*jvf.silva@unesp.br

Resumo. Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência da pressão de colagem de placas de MLCC
(Madeira Lamelada Colada Cruzada) na resposta da linha de cola. Foram realizados ensaios de
delaminação e de resistência ao cisalhamento das linhas de cola de painéis de MLCC fabricados com
madeira de Pinus elliottii e Eucalyptus grandis e colados o adesivo poliuretano bi componente AG101. Os
resultados indicam a boa interação do adesivo com a madeira de Pinus, atingindo os requisitos mínimos
dos parâmetros de qualidade, especialmente quando as placas foram prensadas com pressão de 0,7 MPa.

Palavras-chave: MLCC; Delaminação; Cisalhamento da linha de cola; Madeira de reflorestamento

1. INTRODUÇÃO
Placas ou painéis de Madeira Lamelada Colada Cruzada (MLCC), também conhecidos como CLT (Cross
Laminated Timber), são elementos estruturais rígidos fabricados em camadas ortogonais entre si, em
número ímpar (BRANDT et al., 2019). A interação entre as camadas e lamelas da MLCC promove a
melhoria das propriedades mecânicas do elemento em relação à madeira in natura, de forma que a rigidez
do produto final se compara aquela das placas de concreto armado amplamente utilizadas no mercado da
construção civil (LI, 2015; BUCK e HAGMAN, 2018).
O adesivo é crítico na resposta da MLCC sob solicitações externas, pois garante a segurança do elemento
fazendo com que este trabalhe como uma placa maciça (GRANDMONT; YEH; DAGENAIS, 2019). No
Brasil, só se fabrica MLCC com madeira de Pinus e Eucalipto e adesivo poliuretano mono componente
(CROSSLAM, 2016; MASSETTO, 2020; VILELA, 2020).
Visando avaliar a resina poliuretana bi componente AG101 como potencial adesivo na fabricação de MLCC,
este trabalho teve como objetivo a análise da linha de cola de MLCC fabricado com este adesivo sob cinco
níveis de pressão diferentes de colagem.
O poliuretano AG101 é um tipo de adesivo sem formaldeído em sua composição, com alto desempenho
mecânico e à umidade e tem grande disponibilidade comercial em território brasileiro (BERTOLINI et al.,
2014; NASCIMENTO et al., 2015). Grandmont, Yeh e Dagenais (2019) recomendam a realização de
ensaios com adesivos alternativos, na fabricação da MLCC, em escala laboratorial antes da fabricação em
escala industrial, justificando o presente estudo, já que este adesivo se encontra em fase de testes.

2. METODOLOGIA

2.1 MATERIAIS E FABRICAÇÃO DA MLCC


Foram utilizadas duas espécies de madeira de reflorestamento na fabricação das placas de MLCC de três
camadas: Pinus elliottii e Eucalyptus grandis. O adesivo utilizado foi o poliuretano bi componente (AG101 -
®
KEHL ), composto por um isocianato polifuncional e um poliól aglomerante na proporção de 1:1.
Para a fabricação da MLCC foram aplainadas e seccionadas tábuas (6 x 16 x 300 cm) das duas espécies de
madeira nas dimensões de 500 mm x 100 mm x 25 mm. O adesivo foi aplicado em linhas de cola simples
com uso de um pincel na gramatura de 200 g/m² (GOMES, 2018).
A prensagem das placas foi realizada em uma prensa mecânica manual, localizada no Laboratório de
Propriedade dos Materiais – UNESP, Câmpus de Itapeva, na qual a pressão era controlada com um
torquímetro. Foram testados cinco níveis de pressão de colagem: 0,1 MPa, 0,4 MPa, 0,7 MPa, 1,0 MPa e
1,3 MPa.
As placas de MLCC finalizadas possuíam dimensões de 500 mm x 500 mm x 75 mm, de onde foram

1 156
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

retirados os corpos de prova para a análise da linha de cola (delaminação e resistência ao cisalhamento).

2.2 ENSAIOS DELAMINAÇÃO TOTAL


Os ensaios de delaminação total se basearam no método B da norma europeia EN 14080 (2013) e nas
recomendações de Betti et al. (2016). Doze corpos de prova foram retirados, de cada placa de MLCC, com
dimensões de 80 mm x 80 mm e tiveram seus comprimentos de linha de cola medidos com uso de um
paquímetro.
Os corpos de prova foram inseridos dentro de uma autoclave e submetidos a um ciclo de pressão/vácuo,
com o seguinte procedimento: vácuo inicial de 80 kPa por 30 minutos, pressão de 550 kPa por duas horas
em água; remoção das amostras da autoclave e secagem em estufa (65 ºC) até a massa do corpo de prova
atingir 100% a 110% de seu valor inicial.
A última etapa do ensaio foi medir o comprimento de delaminação (abertura da linha de cola) de cada
amostra, conforme indicado na Fig. 1.
Figura 1. Corpo de prova de MLCC após o ensaio de delaminação.

Fonte: Autoria própria.

2.3 ENSAIOS DE CISALHAMENTO NA LINHA DE COLA


Os corpos de prova para o ensaio de cisalhamento na linha cola possuíam a mesma dimensão do ensaio de
delaminação. Doze amostras de cada espécie foram confeccionadas e ensaiadas de acordo com a norma
EN 14080 (2013). Os ensaios foram conduzidos em uma máquina universal de ensaios (EMIC – 300 kN),
com dispositivo metálico específico para esta finalidade, sendo caracterizadas as duas linhas de cola de
cada corpo de prova, conforme Fig. 2.
Figura 2. Ensaio de cisalhamento na linha de cola.

Fonte: Autoria própria.


A comparação dos resultados foi baseada na análise estatística pelo teste de Tukey, com nível de 5% de
significância, utilizando o software versão 4.0.4 (2021).

2 157
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos nos ensaios de delaminação e cisalhamento na linha de cola foram apresentados na
Fig. 3. A delaminação das amostras diferiu significativamente entre as espécies estudadas, sendo que a
MLCC fabricada com madeira de Pinus obteve menor porcentagem de delaminação (valor-p < 0,05),
especialmente em corpos de prova fabricados com 0,4 MPa.
Figura 3. Resultados dos ensaios de delaminação da MLCC.

Fonte: Autoria própria.


Considerando os limites de delaminação total de 10%, propostos por Betti et al. (2016), apenas MLCC
fabricado com madeira de Pinus elliottii com pressão acima de 0,4 MPa foram aprovados neste teste.
Em relação aos ensaios de resistência ao cisalhamento na linha de cola, os valores obtidos foram
apresentados na Fig. 4. Houve pouca variação entre os resultados para os mesmos níveis de pressão,
sendo que os valores mais altos foram observados em MLCC fabricado com 0,7 MPa de pressão (diferindo
estatisticamente dos outros tratamentos), embasando a afirmação de Vilguts, Serdjuks e Pakrastins (2015)
que indicam pressão mínima de 0,6 MPa.
Figura 4. Resultados dos ensaios de resistência ao cisalhamento na linha de cola.

Fonte: Autoria própria.


O critério utilizado pelo projeto de norma ABNT NBR PN 02:126.10-001-6 (2020) é que o valor de
resistência seja superior a 1,25 MPa para que a falha seja considerada na madeira, ou seja, o adesivo
proporcionou a boa adesão das lamelas. Todos os corpos de prova obtiveram resistência superior ao
mínimo exigido pelo projeto de norma.

4. CONCLUSÕES
A partir dos resultados foi possível concluir que a MLCC fabricada em ambas as espécies de madeira
obtiveram alta resistência ao cisalhamento na linha de cola, significativamente maior que os valores
normativos mínimos. No entanto, apenas as placas fabricadas com Pinus elliottii apresentaram porcentagem
de delaminação máxima dentro do limite.

3 158
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Dessa forma, recomenda-se que MLCC fabricado com adesivo poliuretano bi componente AG101 seja
prensado com 0,7 MPa e seja fabricado com madeira de Pinus elliottii para obter boa adesão das camadas
e adequação aos requisitos propostos na literatura. São necessários outros estudos com outras
combinações espécie/adesivo para verificar a possibilidade de aplicação desse adesivo poliuretano bi
componente.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a CAPES (Cód. 001) e a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo) - processo nº 2020/00555-6 pelo financiamento da pesquisa. Os autores também agradecem à
empresa Vale do Cedro pela doação das madeiras utilizadas na fabricação da MLCC.

6. REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). PN-02:126.10-001-6: Madeiras – Madeira
Lamelada Colada Cruzada estrutural (Cross Laminated Timber): método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT,
2020.
BERTOLINI, M. S.; NASCIMENTO, M. F.; CHRISTOFORO, A. L.; LAHR, F. A. R. Painéis de partículas
provenientes de rejeitos de Pinus sp. tratado com preservante CCA e resina derivada de biomassa. Revista
Árvore, Viçosa, v. 38, n. 2, p. 339–346, 2014.
BETTI, M.; BRUNETTI, M.; LAURIOLA, M. P.; NOCETTI, M.; RAVALLI, F.; PIZZO, B. Comparison of newly
proposed test methods to evaluate the bonding quality of Cross-Laminated Timber (CLT) panels by means of
experimental data and finite element (FE) analysis. Construction and Building Materials, Guildford, v. 125,
p. 952-963, 2016.
BRANDT, K.; WILSON, A.; BENDER, D.; DOLAN, J. D.; WOLCOTT, M. P. Techno-economic analysis for
manufacturing cross-laminated timber. Bioresources, Raleigh, v. 14, n. 4, p.7790-7804, 9 ago. 2019.
BRITISH STANDARD INSTITUTION. EN 14080: Timber structures – glued Laminated
timber and glued solid timber – requirements, 2013.
BUCK, D.; HAGMAN, O. Production and in-plane compression mechanics of alternatively angled layered
cross-laminated timber. Bioresources, Raleigh, v. 13, n. 2, p.4029-4045, 18 abr. 2018.
CROSSLAM. CLT - CROSS LAMINATED TIMBER. 2016. Disponível em: http://crosslam.com.br/home/.
Acesso em: 21 set. 2021.
GOMES, N. B. Análise de elementos estruturais de MLC na flexão com base na versão de revisão da
norma ABNT NBR 7190:2013. 2018. 146 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) -
Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2018.
GRANDMONT, J.-F.; YEH, B.; DAGENAIS, C. Introduction to cross-laminated timber. In: KARACABEYLI, E.;
GAGNON, S. (ed.). Canadian CLT Handbook. 2019. ed. Pointe-Claire: FPInnovations, 2019. Cap. 2, p. 1-
45.
LI, Y. Duration-of-load and size effects on the rolling shear strength of cross laminated timber. 2015.
268 f. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) – University of British Columbia, Vancouver, 2015.
MASSETTO, G. Brasil terá fábrica de madeira engenheirada, usada na construção de prédios:
Material, considerado o futuro da construção civil, já está sendo utilizado pela empresa Amata na estrutura
de dois prédios em São Paulo. 2020. Disponível em:
https://blogs.canalrural.com.br/florestasa/2020/02/19/fabrica-para-producao-de-madeira-engenheirada/.
Acesso em: 21 set. 2021.
NASCIMENTO, M. F.; BERTOLINI, M. da S.; PANZERA, T. H.; CHRISTOFORO, A. L.; LAHR, F. A. R.
Painéis OSB fabricados com madeiras da caatinga do nordeste do Brasil. Ambiente Construído, São
Paulo, v. 15, n. 1, p.41-48, mar. 2015.
R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical
Computing, Vienna, Austria. 2019. Disponível em: https://www.R-project.org/. Acesso em: 21 set. 2021.
VILELA, R. Desempenho estrutural de placas de cross laminated timber submetidas à flexão. 2020.
249 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2020.
VILGUTS, A.; SERDJUKS, D.; PAKRASTINS, L. Design methods of elements from cross-laminated timber
subjected to flexure. Procedia Engineering, São Petersburgo, v. 117, p. 10-19, 2015.

4 159
MODELO BIFÁSICO ESTRATIFICADO NO ATOMIZADOR EFERVESCENTE

Jordan Amaro*,a, Andrés Z. Mendiburub, Leila Ribeiro dos Santosc, João A. Carvalho Jra.
aUniversidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), Departamento de Química e Energia,
Campus de Guaratinguetá, SP, CEP 12510-410, Brasil.
bUniversidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS), Departamento de Engenharia Mecânica, Porto

Alegre, RS, CEP 90050-170, Brasil.


cInstituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia, São Jose dos

Campos, SP, CEP 12228-900, Brasil.


*autor correspondente (jordan.amaro.gutierrez7@gmail.com)

Resumo. Este trabalho consiste no desenvolvimento de um modelo de escoamento bifásico estratificado


para o cálculo das variáveis físicas dos fluidos no orifício de saída do atomizador efervescente. As variáveis
físicas determinadas pelo modelo são a pressão bifásica adimensional, velocidade do líquido, velocidade
do gás e espessura do líquido. Adicionalmente, é desenvolvido um modelo adimensional para a estimação
do diâmetro médio das gotas (ID32) caracterizado por ter R2 = 0,734 e RMSE = 3,165, razão pela qual é
considerado um bom modelo adimensional para a estimação.

Palavras-chave: Modelo de escoamento bifásico estratificado; Atomização efervescente; Spray.

1. INTRODUÇÃO
Conceitualmente, a atomização é um fenômeno que consiste na divisão de um volume líquido em um
conjunto de partículas muito pequenas denominadas gotas, sendo o conjunto de gotas denominado spray.
A atomização define-se como a redução da razão do volume do líquido e a área superficial do spray. A
atomização em regime efervescente consiste na injeção de bolhas no escoamento líquido. Os atomizadores
efervescentes podem ser classificados em três tipos de acordo com a injeção do escoamento gasoso no
escoamento líquido (JEDELSKY; OTAHAL; JICHA, 2007). Estes atomizadores foram classificados em: (1)
tipo A (fora para dentro), (2) tipo B (dentro para fora), e (3) tipo C (escoamentos paralelos). Na Figura 1 foi
apresentado o atomizador efervescente de tipo A.

Figura 1. Atomizador efervescente de tipo A.

Fonte: Autoria própria.

O presente estudo propõe um modelo para calcular a pressão bifásica adimensional, a velocidade do
líquido, a velocidade do gás e a espessura do líquido no orifício de saída do atomizador efervescente.

1 160
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS
O gás de atomização é definido como um gás ideal na Eq. (1). A transformação termodinâmica do gás
desde o tanque de armazenamento até o orifício de saída do atomizador é considerada que tem um
comportamento politrópico, sendo “p” o índice politrópico. Na Eq. (1), a pressão e a temperatura no tanque
de armazenamento de gás são representadas por PTG e TTG, respectivamente.

PG = R G ρG TG , PG  ρ Gp
(1)
 PG   PG,sai ,PTG  = D P,G ,  TG  TG,sai ,TTG  = DT,G   p  R

Quatro variáveis adimensionais referentes à pressão e temperatura do líquido e do gás são estabelecidas
na Eq. (2).

PL P T TL,sai
π P,L = / π P,L,sai = L,sai , π T,L = L / π T,L,sai = ,
PTL PTL TTL TTL
PG PG,sai TG TG,sai (2)
π P,G = / π P,G,sai = , π T,G = / π T,G,sai = ,
PTG PTG TTG TTG
 PL  D P,L ,  TL  DT,L ,  PG  D P,G   TG  D T,G

A pressão bifásica adimensional (πP) e a temperatura adimensional do gás (πT,G) são apresentadas nas
equações (3) e (4), respectivamente.

p
 α   1 − αG 
π P =  TG     α G  α TG , α G,exi  (3)
 1 − α TG   α G  
p −1
 α   1 − αG 
π T,G =  TG     α G  α TG , α G,exi  (4)
 1 − α TG   α G 

Depois de um longo desenvolvimento algébrico, a equação de conservação de energia é apresentada na


Eq. (5).

ρ L (1 − α TG ) E L + ρTG α TG E G = 0 (5)

Onde:

β L,sai V 2
E L =
2
L,sai
+
PT
ρL
( π P,sai − 1) + cv,LTTL ( πT,L,sai − 1) (6)

βG,sai V 2
EG = G,sai
+ cp,G TTG ( πT,G,sai − 1) (7)
2

No modelo de escoamento bifásico estratificado, é assumido que não há transferência de calor entre as
duas fases. Esta suposição tem uma consequência importante na Eq. (5) da qual pode-se obter que ∆EL = 0
e ∆EG = 0. A atomização efervescente é um processo caracterizado essencialmente por transformações
termodinâmicas isotérmicas (JEDELSKY et al., 2009). Em um modelo de escoamento bifásico estratificado
frio, é possível assumir uma transformação isotérmica do líquido assumindo π T,L,sai = 1. As velocidades de

2 161
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

saída do líquido e do gás são apresentadas nas equações (8) e (9), respectivamente.

VL,sai =
2PT
β L,saiρ L
(1 − πP,sai ) (8)

2cp,G TTG
VG,sai =
β G,sai
(1 − πT,G,sai ) (9)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção, são apresentados os resultados do modelo de escoamento bifásico estratificado obtidos das
simulações para cinco condições operacionais. As condições operacionais para as simulações são
selecionadas das pesquisas de Jedelsky; Otahal; Jicha (2007) e Jedelsky et al. (2009).
Na Figura 2 é apresentada a velocidade de saída do líquido em função do índice politrópico. Nesta figura
observa-se que o comportamento da variável VL,sai é decrescente em relação ao aumento do índice
politrópico para todas as condições de operação. A faixa da variável VL,sai é [7,976, 26,892 m/s]. Para a
pressão de 0,2 MPa e GLR = 5%, observa-se que o valor médio de VL,sai é igual a 9,594 m/s. Para a
pressão de 0,4 MPa, o aumento do GLR produz a diminuição do valor médio de VL,sai que é igual a 15,501,
15,460 e 15,438 m/s para GLR igual a 2, 5 e 10%, respectivamente. Para a pressão de 0,6 MPa e GLR =
5%, observa-se que VL,sai é maior em relação às pressões de 0,2 e 0,4 MPa, mantendo o mesmo valor de
GLR. Para esta condição de operação, o valor médio de VL,sai é igual a 20,128 m/s.

Figura 2. Velocidade de saída do líquido em função do índice politrópico.

Fonte: Autoria própria.

Na Figura 3 é apresentada a velocidade de saída do gás em função do índice politrópico. Nesta figura
observa-se que o comportamento da variável VG,sai não é estável em relação ao aumento do índice
politrópico, não havendo uma tendência clara para todas as condições de operação. A faixa da variável
VG,sai é [145,322, 201,901 m/s]. Para a pressão de 0,2 MPa e GLR = 5%, observa-se que o valor médio de
VG,sai é igual a 151,751 m/s. Para a pressão de 0,4 MPa, o aumento do GLR provoca a diminuição do valor
médio de VG,sai, que é igual a 178,619, 176,215 e 175,596 m/s para o GLR igual a 2, 5 e 10%,
respectivamente. Para a pressão de 0,6 MPa e GLR = 5%, observa-se que VG,sai é maior em relação às
pressões de 0,2 e 0,4 MPa, mantendo o mesmo valor de GLR. Para esta condição de operação, o valor
médio de VG,sai é igual a 189,599 m/s.

162
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 3. Velocidade de saída do gás em função do índice politrópico.

Fonte: Autoria própria.

A partir da determinação de importantes variáveis físicas no orifício de saída do atomizador efervescente


tais como VL,sai e VG,sai, foi desenvolvido um modelo adimensional do ID32. No modelo adimensional foi
estabelecido como variável dependente ID32 e como variáveis independentes do, ρL, μL, γ, VL,sai e VG,sai. As
velocidades VL,sai e VG,sai foram aquelas determinadas para o valor de p = 1,15. O modelo adimensional é
apresentado na Eq. (10). O modelo adimensional é caracterizado por ter R2 = 0,734 e RMSE = 3,165. A
partir das estimativas do modelo adimensional, determinou-se que o erro relativo mínimo, médio e máximo
são 0,11, 2,92 e 12,07%, respectivamente. Devido aos resultados obtidos anteriormente, considera-se que
o modelo adimensional proposto é bom para as estimativas do ID32.

0.519
ID32 V 
= 1.321Re0.139 We −0.355  L,sai  (10)
do V
 G,sai 

4. CONCLUSÕES
O modelo de escoamento bifásico estratificado determina variáveis físicas de interesse no orifício de saída
do atomizador que ajuda a compreender melhor fisicamente as propriedades do líquido e do gás quando a
atomização começa. Adicionalmente, é desenvolvido um modelo adimensional para a estimação do
diâmetro médio das gotas (ID32) que se caracteriza por ter R2 = 0,734 e RMSE = 3,165, razão pela qual é
considerado um bom modelo adimensional para a estimação.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
JEDELSKY, J. et al. Development of an Effervescent Atomizer for Industrial Burners. Energy and Fuels, v.
23, n. 12, p. 6121–6130, 2009.
JEDELSKY, J.; OTAHAL, J.; JICHA, M. Effervescent atomizer: influence of the internal geometry on
atomization performance. Proceedings of the 21th ILASS - Europe Meeting. Anais...Mugla - Turkey:
ILASS – Europe, 2007

4 163
ESTUDO COMPARATIVO DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DO BAGAÇO DE CANA-
DE-AÇÚCAR IN NATURA E TORRIFICADO

Juan Pablo Arteaga Ramosa,b*; Claudinei Henrique Ferreira Rodriguesb; José Cláudio
Caraschib; Ivonete Ávilaa; Carlos Manuel Romero Lunab
a UNESP – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de Química e
Energia, Laboratório de Combustão e Captura de Carbono (LC3), Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333, 12.516-410,
Guaratinguetá-SP, Brasil.
b UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Itapeva, Engenharia de Produção, Laboratório de Processos de

Conversão de Biomassa (LPCB), Rua Geraldo Alckmin, 519, 18409-010, Itapeva-SP, Brasil.
*juan.arteaga@unesp.br

Resumo. Este trabalho compara o comportamento térmico de bagaço de cana-de-açúcar in natura e o bagaço
de cana-de-açúcar torrificado a 200 e 300°C respectivamente. Será verificada a influência da temperatura de
torrefação na composição do bagaço da cana-de-açúcar. Primeiramente foi realizada a torrefação de duas
amostras de bagaço, uma até 200°C e outra até 300°C, logo se realizou uma análise térmica para o bagaço
in natura e torrificado nas temperaturas consideradas. Foi observado que quanto maior a temperatura de
torrefação, menor a presença de celulose e hemicelulose na estrutura da biomassa.

Palavras-chave: Torrefação, Análise térmica, Bagaço de cana-de-açúcar.

1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a produção de cana-de-açúcar é uma das culturas mais significativas no Brasil, já que é utilizada
na produção de álcool combustível e açúcar. No processo também se produz um resíduo chamado bagaço
de cana-de-açúcar, o qual é usado como combustível para geração de energia elétrica, uma parte é usada
na usina sucroalcooleira e o excedente é vendida à rede elétrica. No Brasil, a cana-de-açúcar tem uma
participação na matriz energética de 18%. O aproveitamento energético do bagaço de cana-de-açúcar
apresenta uma série de desafios devido a algumas características inerentes tais como um elevado teor de
umidade, baixa massa específica, heterogeneidade, baixo poder calorífico e baixa relação carbono/oxigênio
(Da Silva, et al. 2018). Mesmo com essas propriedades desvantajosas o bagaço é utilizado para geração de
energia elétrica. As características do bagaço de cana-de-açúcar podem ser melhoradas através da sua
torrefação, reduzindo o teor de umidade e aumentando o poder calorífico (Uemura et al. 2017). O objetivo
deste trabalho é comparar o comportamento térmico em meio oxidante do bagaço de cana-de-açúcar in natura
e torrificado em diferentes temperaturas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS
O bagaço de cana-de-açúcar (BCA) foi fornecido pela destilaria ITAÍ no interior do estado de São Paulo. A
Tabela 1 apresenta a composição do BCA estudado.

Tabela 1 – Análise composicional de BCA


Análise composicional Massa (%)
Hemicelulose 29,74%
Celulose 51,64%
Lignina 20,67%
Fonte: Autoria própria.

1 164
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.2 METODOLOGIA
A torrefação do BCA foi realizada nas temperaturas de 200°C e 300°C. Para a torrefação do BCA foi usada
uma bancada experimental (Fig. 1a). Uma vazão de 100 mL/min de gás nitrogênio foi usado para gerar um
meio inerte e arrastar os materiais voláteis. Foram usadas 20g de BCA de granulometria média de 375 µm.
Para a determinação do comportamento térmico foi usado uma balança termogravimétrica SDT Q-600 (Fig.
1b). Para os ensaios foram utilizadas amostras de aproximadamente 5 mg, uma razão de aquecimento de 10
°C/min em uma atmosfera de ar sintético com uma vazão de gás de 100 ml/min.

Figura 1 – (a) Bancada experimental de torrefação de biomassa, (b) Balança termogravimétrica.

400

Rotâmetro

Condensador

Reator

5C
Fração
N2 gasosa

Fração
líquida
Chiller

(a) (b)
Fonte: Autoria própria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da análise das curvas TG (termogravimétrica) e DTG (termogravimétrica derivada) foi possível
identificar o efeito da temperatura de torrefação sobre os componentes da biomassa (hemicelulose, celulose
e lignina). A Figura 2 apresenta o comportamento térmico de BCA in natura. Analisando a curva TG observa-
se a eliminação da água contida no BCA que corresponde a um 8% da massa. Na curva DTG, observa-se 3
eventos importantes sendo a decomposição da hemicelulose que inicia a 200°C e decompõe um 27% da
massa total, e o segundo corresponde à decomposição da celulose entre 300 e 350°C reduzindo 37% do
total, e por último a decomposição da lignina que é o componente mais resistente da biomassa e a sua
decomposição inicia a 350°C e termina aos 480°C decompondo aproximadamente 20% da massa total,
deixando um resíduo de 8% o qual corresponde às cinzas.

Figura 2 – Curva TG/DTG do BCA in natura.


100
18
275°C TG
DTG 16
80
14

12
DTG (%/min)

60 10
TG (%)

275°C 8
40 6
275°C 4

20 2

0 -2
100 200 300 400 500 600
Temperatura (°C)

Fonte: Autoria própria.

2 165
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 3 – Curva TG/DTG do BCA torrificada a 200°C.


100
18
275°C TG
DTG 16
80
14

12

DTG (%/min)
60 10
TG (%)

8
40 6
275°C
4

20 2

0 -2
100 200 300 400 500 600
Temperatura (°C)

Fonte: Autoria própria.

A Figura 3 apresenta o comportamento de BCA torrificado a 200°C, se podem olhar 3 eventos notáveis como
e baixo 100°C a eliminação da água presente ainda na estrutura que corresponde a um 5% da massa, o
segundo evento térmico é a degradação simultânea da hemicelulose e a celulose que inicia a 200°C e
decompõe um 67% da massa total, e o terceiro que a decomposição da lignina vai de 360 até 510°C e
reduzem 23% do total da massa, deixando um resíduo de 5% de cinzas.

Figura 4 – Curva TG/DTG do BCA torrificado a 300°C.


100
18
TG
DTG 16
80
14

12
DTG (%/min)

60 10
TG (%)

275°C
8
40 6
275°C
4

20 2

0 -2
100 200 300 400 500 600
Temperatura (°C)

Fonte: Autoria própria.

A Figura 4 apresenta o comportamento de BCA torrificado a 300°C. Pode-se observar dois eventos notáveis
e um muito pequeno baixo 70°C que a eliminação da água presente no BCA que corresponde a um 2% da
massa, o segundo evento térmico é a decomposição simultânea da hemicelulose e a celulose que inicia a
240°C e perde um 14% da massa total, e o terceiro que a decomposição da lignina vai de 310 até 510°C e
reduz em 80% do total da massa, deixando um resíduo de 4% de cinzas. Observa-se que com o aumento da
temperatura de torrefação as porcentagens de água, celulose e hemicelulose diminuem consideravelmente,
assim a lignina ainda presente é a substância dominante do evento de decomposição térmica. Uma das
características mais importantes é que a uma maior temperatura de torrefação a degradação térmica é muito
mais homogênea e tem uma maior duração, o que fez que a torrefação melhore as porcentagens da lignina
no BCA como se olha na Figura 5 onde está feita a comparação entre as três curvas.

166
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 5 – Comparação de TG de BCA in natura e torrificado.


100
BCA in natura
BCA torrificado 200°C
BCA torrificado 300°C
80

60
TG (%)

40

20

0
100 200 300 400 500 600
Temperatura (°C)

Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÕES
O comportamento térmico e os eventos de decomposição do BCA in natura e torrificado foram estudados
usando a análise térmica. Foi possível concluir que a amostra torrificada a 300°C tem uma maior concentração
de lignina e um menor teor de umidade. Este maior teor de lignina indica uma queima mais estável e um
evento térmico mais definido, um resíduo menor o que traz um maior aproveitamento do material.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Processo 439125/2018-9.

6. REFERÊNCIAS
M. A. Vargas, K. Sachsenheimer, and G. Guthausen, “In-situ investigations of the curing of a polyester resin,”
Polym. Test., vol. 31, no. 1, pp. 127–135, 2012.
J. L. Vilas, J. M. Laza, M. T. Garay, M. Rodriguez, and L. M. Le??n, “Unsaturated polyester resins cure: kinetic,
rheologic, and mechanical dynamical analysis. II. The glass transition in the mechanical dynamical spectrum
of polyester networks,” J. Polym. Sci. Part B Polym. Phys., vol. 39, no. 1, pp. 146–152, 2001.
K. De La Caba, P. Guerrero, A. Eceiza, and I. Mondragon, “Kinetic and rheological studies of an unsaturated
polyester cured with different catalyst amounts,” Polymer (Guildf)., vol. 37, no. 2, pp. 275–280, 1996.
Uemura, Y.; Sellappah, V.; Trinh, T. H.; Hassan, S.; Tanoue, K. (2017) Torrefaction of empty fruit bunches
under biomass combustion gas atmosphere. Bioresource Technology, v.243, p.107-117.
Da Silva, C. M. S.; Carneiro, A. C. O.; Vital, B. R.; Figueiró, C. G.; Fialho, L. F.; Magalhães, M. A.; Carvalho,
A. G.; Candido, W. L. (2018) Biomass torrefaction for energy purposes – Definitions and an overview of
challenges and opportunities in Brazil. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 82, p. 2426-2432.

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção
Unesp, Campus de Guaratinguetá, São Paulo, Brasil
23 e 24 de novembro de 2021

CONTRIBUIÇÕES EMPÍRICAS PARA A TEORIA SOBRE GESTÃO DE RESÍDUOS


FARMACÊUTICOS: ESTUDOS DE CASOS EM HOSPITAIS BRASILEIROS

Karine Borges de Oliveira *; Otávio José de Oliveira


UNESP/FEG, Departamento de Engenharia de Produção, Guaratinguetá, Brasil
* karine.borges@unesp.br

Resumo. O uso de produtos farmacêuticos na área hospitalar gera resíduos que impactam diretamente na
sustentabilidade ambiental. O objetivo deste artigo é apresentar contribuições empíricas para a teoria sobre
gerenciamento de resíduos farmacêuticos hospitalares. Cinco estudos de caso foram conduzidos em
hospitais brasileiros, baseado em entrevistas semiestruturadas com gestores hospitalares, análise de
documentos e visitas no local. Os estudos de caso foram analisados individualmente e de forma cruzada.
Os resultados deste trabalho revelaram que as contribuições apresentadas podem ser úteis para entender
como os achados empíricos podem confirmar, refutar ou expandir a teoria sobre gestão de resíduos
farmacêuticos hospitalares.

Palavras-chave: Green Healthcare; Hospitais verdes; Sustentabilidade ambiental; Desenvolvimento


sustentável.

1. INTRODUÇÃO
Resíduos hospitalares provenientes dos produtos farmacêuticos são um problema grave, pois são tóxicos
ao meio ambiente se destinados de forma incorreta. Os produtos farmacêuticos expirados ou não utilizados
geram resíduos químicos que quando destinados incorretamente contribuem negativamente para emissão
de gases poluentes, contaminação da água e solo (ECKELMAN; SHERMAN, 2016). A Organização Mundial
de Saúde – OMS tem indicado a necessidade de tomada de ações mais assertivas frente aos resíduos de
serviços de saúde (WHO, 2014). Falhas na gestão adequada de resíduos farmacêuticos aumenta o volume
dos resíduos infecciosos, o nível de riscos ambientais e os custos associados o risco ocupacional, e
problemas de saúde como resistência a antibióticos bacterianos (DIAS-FERREIRA; VALENTE; VAZ, 2016).
Diante do exposto, há várias evidências sobre a contaminação por fármacos que fortalecem a necessidade
de gerenciamento deste tipo de resíduo. A gestão dos resíduos farmacêuticos hospitalares deve incluir todo
o processo desde a geração de resíduos até o tratamento final (KONGAR et al., 2015). Dessa forma, a
questão de pesquisa que orientará este trabalho é: de que forma as experiências de caráter empírico
podem contribuir com a teoria sobre a gestão dos resíduos farmacêuticos? Este estudo tem como objetivo
apresentar contribuições empíricas para a teoria sobre gerenciamento de resíduos farmacêuticos
hospitalares provenientes de estudos de casos.

2. MÉTODO DE PESQUISA
O fluxo metodológico segundo o qual a pesquisa foi desenvolvida é composto de oito etapas conforme
apresenta a Fig. 1.

Figura 1 - Fluxo metodológico da pesquisa

Fonte: Elaborado com base em Yin (2013).

1 168
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dentre a revisão da literatura este estudo identificou quatro relevantes elementos considerados estruturais
para uma efetiva gestão de resíduos hospitalares voltada a pegada ambiental: plano para aquisição e
dispensação de medicamentos; prescrição sustentável de medicamentos; logística reversa e destinação
ambientalmente correta dos fármacos. Com base nos estudos de casos múltiplos e na análise cruzada dos
casos, apresenta-se nesta seção as contribuições empíricas para confirmar, refutar ou expandir a teoria
existente sobre gestão ambiental dos resíduos farmacêuticos hospitalares. Além disso, estas contribuições
foram elaboradas para contribuir para a operacionalização de ações ambientalmente sustentáveis para
mitigar os impactos ambientais acarretados pelos hospitais.
4.1 Plano de aquisição e dispensação de medicamentos
O plano de aquisição e dispensação de medicamentos é um plano para controlar toda quantidade de
medicamentos adquiridos e dispensados durante todo seu fluxo desde o momento que os medicamentos
dão entrada nos estoques, até o momento em que eles são destinados aos pacientes e é dado baixa no
estoque. Este plano determina todo o controle da entrada (quantidade adquirida) e o controle da saída
(quantidade dispensada) (KARLINER; GUENTHER 2011; MOYNHAN, 2012). De acordo com os estudos de
casos realizados observou-se que os hospitais que adotaram este plano foram unânimes em relatar que ele
é uma relevante ferramenta para a gestão dos fármacos utilizados. Os gestores hospitalares entrevistados
relataram uma média entre 5 e 7% da diminuição dos resíduos farmacêuticos após o uso do plano de
aquisição e destinação. Desta forma a teoria que diz que a gestão de estoques de medicamentos baseados
nos preceitos de sustentabilidade possibilita menor desperdício e menor geração de resíduos provenientes
dos produtos farmacêuticos vencidos ou não utilizados (MOYNIHAN, 2012) foi confirmada.
Além do plano de aquisição e dispensação de medicamentos, os hospitais investigados encontraram
soluções adicionais que também contribuem para a aquisição e dispensação dos medicamentos. A
utilização de um software do tipo ERP (Enterprise Resource Planning) trouxe como principais benefícios o
controle de entrada e saída dos lotes de medicamentos, o rastreamento do fluxo dos medicamentos, a
possibilidade de emitir relatórios gerenciais e controlar a validade dos medicamentos. Isto possibilitou
melhor gestão dos inputs e outputs farmacêuticos e maior controle sobre os resíduos gerados. Logo pode-
se acrescentar à teoria que recursos de tecnologia de informação são propulsores para melhorar processos
relacionados a aquisição e dispensação de medicamentos.
Para a dispensação de medicamentos algumas soluções foram observadas durante os estudos de casos.
Os hospitais investigados realizam a dispensação de medicamentos somente após a prescrição médica.
Eles constaram que após esta prática observaram diminuição da geração de resíduo e dos custos com a
aquisição de medicamentos. Desta forma foi confirmada a teoria que diz que os hospitais devem dispensar
os medicamentos somente após a prescrição médica e que medicamentos prescritos desnecessariamente
podem acrescentar a quantidade de resíduos (MOYNHAN, 2012). Dois dos hospitais investigados
substituíram a prescrição médica impressa por eletrônica e relataram significativa redução de papel após
esta ação. O momento da prescrição faz parte do processo hospitalar no uso dos fármacos. Esta prática
confirma a teoria a qual sinaliza que as prescrições usadas em seus processos internos devem ser
informatizadas para serem ambientalmente sustentáveis. As prescrições em forma de papel geram outro
tipo de resíduo, que embora não seja perigoso e tóxico como o farmacêutico, contribui negativamente para
a sustentabilidade (WEIMANN; PATEL, 2017).
O uso de tubos pneumáticos pelo hospital C trouxe como benefício o ganho na centralização do estoque de
medicamentos em uma única farmácia hospitalar, possibilitando maior controle sobre a data de validade dos
medicamentos e a geração de resíduos. Além disso, os tubos pneumáticos diminuíram os deslocamentos
da equipe de enfermagem para buscar os medicamentos a serem utilizados. Em hospitais verticais em que
o uso de elevadores é constante para este fim, esta tecnologia contribuiu também para a mitigação do uso
de energia. Portanto, pode-se acrescentar à teoria soluções identificadas a partir destes casos empíricos
como o uso de tecnologias que melhorem os processos de destinação de medicamentos e
consequentemente diminuam os resíduos farmacêuticos.
Foi relatado pelos gestores do hospital E que após a unitarização de medicamentos, o hospital reduziu seus
resíduos farmacêuticos confirmando assim a teoria de que a ação de unitarizar medicamentos diminui o
desperdício de medicamentos e consequentemente o resíduo gerado (NAKAI et al., 2009).
Os estudos de casos apontaram que utilizaram a padronização de dose de medicamentos e a elaboração
de uma agenda compartilhada para administração de medicamentos quimioterápicos geraram bons
resultados. Estas práticas não constam na teoria analisada, logo pode-se acrescentar à teoria que estas
práticas evitam o desperdício de medicamentos e a geração de resíduos.

169
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

4.2 Prescrição sustentável de medicamentos


A prescrição sustentável de medicamentos se refere a prescrever somente o necessário sem afetar a
qualidade do tratamento. A prescrição sustentável tem o objetivo de minimizar o desperdício e os resíduos
gerados (WEIMANN; PATEL, 2017). Apenas 25% dos hospitais investigados realizam ações de
conscientização voltada ao corpo clínico para a prescrição sustentável de medicamentos. Este pequeno
número de hospitais que adotam esta prática vai contra a teoria que diz que ações de conscientização
devem ser realizadas por meio de treinamentos periódicos, reuniões, displays eletrônicos ou revistas
internas dos hospitais (ECKELMAN; SHERMAN 2016).
4.3 Logística reversa para os medicamentos expirados
A logística reversa pode ser definida como uma parceria entre o órgão gerador e o fabricante para gerenciar
os resíduos a fim de que eles retornem à sua origem para serem reaproveitados ou descartados de forma
ambientalmente adequada e segura (KONGAR et al., 2015). Nenhum dos hospitais investigados conseguiu
implantar a logística reversa para os medicamentos expirados. Embora a logística reversa seja incentivada
na literatura científica, a legislação sobre resíduos difere de país para país (ALI et al., 2017). No Brasil a
Política Nacional de Resíduos Sólidos aborda que deve haver participação e responsabilidade do fabricante
ou fornecedor em todo ciclo de vida de seus produtos, inclusive pós-uso. Isto significa que no momento da
destinação dos resíduos fármacos, os hospitais podem requerer o auxílio do fabricante para esta ação.
Porém a política também aborda que a logística reversa deve ser feita quando possível e quando
economicamente viável, não sendo, portanto, mandatória (MMA, 2010).
Este resultado vai contra o que preconiza a literatura científica que enfatiza que a logística reversa é uma
importante operação para empresas farmacêuticas, hospitais e outras organizações de saúde. Estes
stakeholders poderiam obter substanciais benefícios com a sua implementação. Para isto, a logística
reversa requer gerenciamento com intenso planejamento e controle do fluxo de resíduos com as devidas
opções de processamento como reutilização, reciclagem e/ou eliminação (KONGAR et al., 2015).
A teoria sobre a logística reversa de fármacos inutilizáveis não se adequa a todas as realidades. Os
hospitais brasileiros encontram dificuldades a se adequar a teoria, pois mostra de difícil aplicação devido a
legislação brasileira. Diante deste fato é necessário que as políticas públicas brasileiras sejam revistas com
mais rigor fazendo cumprir a responsabilidade socioambiental dos fabricantes de medicamentos.
Diante da dificuldade em realizar a logística reversa, uma solução que vem sendo adotada por hospitais
públicos para os medicamentos em que ainda estão no prazo de validade e que não serão utilizados até
seu prazo de vencimento, é efetuar um sistema de troca de medicamentos com outros hospitais que se
encontram com o mesmo status. Não foram encontradas na literatura científica nenhum indício desta
prática, portanto pode-se expandir a teoria com as experiências empíricas como uma forma usada por
alguns hospitais brasileiros frente ao desafio de diminuir resíduos e custos operacionais.
Outro ponto interessante observado no hospital E foram os bons resultados após a utilização da logística
reversa também para a embalagens de medicamentos. As caixas de papelão foram substituídas por caixas
plásticas retornáveis. Após a entrega dos medicamentos, as caixas plásticas vazias usadas na entrega
anterior são recolhidas, higienizadas e reutilizadas para a próxima entrega. Esta é uma solução sustentável
e eficiente para eliminar os resíduos causados por embalagens de medicamentos. Modificar o tipo de
embalagem por embalagens retornáveis expande assim a teoria que aborda apenas a logística reversa para
os medicamentos expirados.
4.4 Destinação ambientalmente correta
A destinação ambientalmente correta é caracterizada pela destinação de resíduos observando normas
operacionais específicas para evitar danos ou riscos à saúde pública e impactos ambientais adversos
(ECKELMAN; SHERMAN, 2016). De acordo com os estudos de casos, todos os hospitais investigados
destinam seus resíduos farmacêuticos para a incineração. A legislação brasileira afirma que é vedado o
encaminhamento de resíduo farmacêutico para disposição final em aterros sanitários. Estes devem ser
destinados para a incineração ou aterros Classe I (MMA, 2010).
Existem internacionalmente opiniões contrárias a esse tipo de tratamento. Apesar da legislação em muitos
países permitir a incineração, isto pode ser extremamente poluente (KARLINER; GUENTHER, 2011). Os
riscos ambientais decorrentes da incineração aumentam em países de menor renda onde são usados
incineradores ou fornos de cimento com fragilidades no controle ambiental (WHO, 2014). Por outro lado,
estudos com relação às emissões gasosas a partir da incineração de resíduos verificou que a tecnologia
aplicada na questão de emissão de poluentes vem ao longo dos anos apresentando grandes avanços (ALI
et al., 2017). Diante de divergências entre a literatura sobre os impactos ambientais causados pela
incineração dos resíduos hospitalares, ainda são necessárias mais pesquisas sobre o tema para confirmar,
refutar ou mesmo expandir a teoria.

170
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Os estudos de casos revelaram algumas práticas usadas para ajudar a comunidade a destinar corretamente
os resíduos de medicamentos domiciliares. Está sendo desenvolvida a conscientização de pacientes sobre
o descarte apropriado de resíduos. Esta conscientização é realizada quando os pacientes receberem alta
das internações ou após consultas nos prontos atendimentos. Os pacientes são instruídos a não jogar seus
resíduos de medicamentos na rede de esgoto ou lixo comum, confirmando assim a teoria que diz que os
hospitais devem exercer papel de liderança quanto a conscientização de seus pacientes e da comunidade
ao entorno sobre as consequências do descarte inapropriado de resíduos de medicamentos (MOYNHAN,
2012). Além disso, os hospitais estão disponibilizando ecopontos para a entrega destes resíduos. Esta
prática não consta na teoria analisada, logo pode-se acrescentar à teoria uma importante contribuição para
o descarte apropriado de resíduos perigosos.

4. CONCLUSÃO

Os resíduos provenientes de produtos farmacêuticos hospitalares são tóxicos e necessitam de um


gerenciamento ambiental eficaz. Este artigo foi desenvolvido com o objetivo de apresentar contribuições
empíricas para a teoria sobre gerenciamento de resíduos farmacêuticos hospitalares. Para cumprir este
objetivo, cinco estudos de casos foram realizados em hospitais brasileiros. Os inputs provenientes dos
estudos de casos proporcionaram contribuições empíricas para a teoria sobre gestão de resíduos
farmacêuticos. Estas contribuições empíricas colaboraram para confirmar, refutar ou expandir a teoria, por
meio de discussões verticais e transversais sobre os elementos “plano de aquisição e dispensação de
medicamentos”, “prescrição sustentável”, “logística reversa” e “destinação ambientalmente correta”. Como
contribuição aplicada esta pesquisa propiciará aos gestores hospitalares informações intrínsecas para a
operacionalização de ações ambientalmente sustentáveis que considerem tais elementos. Estes elementos
se mostraram relevantes para mitigar os impactos ambientais e diminuir os custos operacionais. Sugere-se
como futuras pesquisas: (1) identificar o desenvolvimento e a forma na qual o princípio produtos
farmacêuticos está sendo desenvolvido em outras organizações de saúde como clínicas, postos de saúde,
laboratórios, consultórios odontológicos e consultórios veterinários; (2) identificar como a indústria
farmacêutica está desenvolvendo a sustentabilidade ambiental e como seus processos estão impactando
na operacionalização da gestão ambiental de produtos farmacêuticos em hospitais.

5. AGRADECIMENTOS

À FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo financiamento de pesquisa de
mestrado (processo 2017/16768-6) e à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) - código financeiro 001.

REFERÊNCIAS
ALI, M. et al. Hospital waste management in developing countries: A mini review. Waste Management &
Research, v. 35, n. 6, p. 581–592, 2017.
DIAS-FERREIRA, C.; VALENTE, S.; VAZ, J. Practices of pharmaceutical waste generation and discarding in
households across Portugal. Waste Management & Research, v. 34, n. 10, p. 1006–1013, 2016.
ECKELMAN, M. J.; SHERMAN, J. Environmental Impacts of the U.S. Health Care System and Effects on
Public Health. Plos One, v. 11, n. 6, p. 1-14, 2016.
KARLINER, J.; GUENTHER, R. Global Green and Healthy Hospitals Agenda. Disponível em:
<http://www.greenhospitals.net/>. Acesso em: 22 mar. 2020.
KONGAR, E. et al. A novel IT infrastructure for reverse logistics operations of end-of-life pharmaceutical
products. Information Technology and Management, v. 16, n. 1, p. 51–65, 2015.
MMA. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política nacional de resíduos sólidos. Brasília, 2010.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/política-de-resíduos-sólidos>. Acesso em: 20 mar. 2020.
MOYNIHAN, R. The greening of medicine. British Medical Journal, v. 344, n. 7840, p. 1–4, 2012.
WEIMANN, E.; PATEL, B. Tackling the climate targets set by the Paris Agreement (COP 21): Green
leadership empowers public hospitals to overcome obstacles and challenges in a resource-constrained
environment. South African Medical Journal, v. 107, n. 1, p. 34- 38, 2017.
WHO.Safe management of wastes from health-care activities. Disponível em:
<https://www.who.int/water_sanitation_health/publications/wastemanag/en/>. Accesso em: 30 out. 2020.
NAKAI, K.; YAMAMOTO, N.; KAMEI, M.; FUJITA, M. The effect of one-dose package on medication
adherence for the elderly care in Japan. Pharmacy Practice, v.7, n. 1, p. 59- 62, 2009.
YIN, R.K. Case Study Research: Design and Methods. 5. ed. Thousand Oaks: Sage, 2013.

171
APLICAÇÃO DO SOFTWARE AUTOMATION STUDIO EM PROJETOS DE
AUTOMAÇÃO - UMA BREVE REVISÃO

Luciano Lizardo de Souza Guimarãesa*; Celso Eduardo Tunaa


aUNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Guaratinguetá, Faculdade de Engenharia,
Departamento de Química e Energia. Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Portal das Colinas, Guaratinguetá - SP
*luciano.lizardo@unesp.br; celso.tuna@unesp.br

Resumo. Em relação a simulação existem vários aplicativos, quase todos focados em linguagens de alto
nível que podem variar de modelos funcionais a gráficos. Nesse seguimento, o Automation Studio é um
pacote de software para simulação e documentação de projeto que oferece recursos intuitivos. A
centralização da documentação do projeto em apenas um software facilita nos trabalhos que serão
executados após o projeto estar em funcionamento, podendo contribuir com manutenções e análises de
falha. Nesse sentido, o presente artigo propõe uma breve análise do software Automation Studio, no que diz
respeito a seu funcionamento e a relação das áreas de pesquisa.

Palavras-chave: Automation studio; Projetos de automação, Hidráulica.

1. INTRODUÇÃO
Existem vários aplicativos de simulação, quase todos focados em linguagens de alto nível que podem variar
de modelos funcionais a gráficos. O Automation Studio (AS) é um pacote de software para simulação e
documentação de projeto que oferece recursos intuitivos (SAIKUMAR, BHANUMURTHYSOPPARI,
BANDARU, 2021). No software Automation StudioTM, as simulações computacionais realizadas proporcionam
soluções de design que abrange tecnologias de projeto/máquina, incluindo hidráulica, pneumática, elétrica,
controles, interface homem-máquina (IHM) e comunicações (EKINOVIĆ; HODŽIĆ; REDŽIĆ, 2014).
O software consiste em uma série de módulos, projetados para atender a requisitos específicos como: criar
gráficos, sejam circuitos hidráulicos, pneumáticos, elétricos ou outros circuitos funcionais; simulação de
trabalho; a impressão resulta em uma forma adequada; formação de diferentes relatórios sobre o sistema,
bem como especificação dos componentes utilizados. Uma das funções principais é a geração de diagrama,
o editor tem como objetivo gerar diagramas e simular a operação do sistema representado (YUEHUA;
YANJUN; QINGQUAN, 2008; EKINOVIĆ; HODŽIĆ; REDŽIĆ, 2014). Nesse sentido, o presente artigo propõe
uma breve análise do software Automation Studio, no que diz respeito a seu funcionamento e a relação das
áreas de pesquisa.

2. O SOFTWARE
O Automation StudioTM é usado para executar cenários de teste, a fim de entender melhor o comportamento
do sistema proposto e avaliar o conjunto de parâmetros de design determinados pela otimização. Um exemplo
do sistema hidráulico no Automation StudioTM é mostrado na Figura 1.

Figura 1. a) Componentes do sistema durante a criação do sistema hidráulico; b) sistema hidráulico criado no
Automation Studio.

1 172
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: (EKINOVIĆ; HODŽIĆ; REDŽIĆ, 2014).

O software é uma solução para auxiliar com pesquisas e projetos de automação, por meio dele é possível
desenhar esquemas utilizando componentes de sua biblioteca e configurando esses componentes de acordo
o projeto, ou usar componentes pré-configurados específicos de cada fabricante. É possível ainda fazer a
simulação e validação de cada sistema, permitindo assim monitorar a eficiência e segurança do projeto em
operação. A simulação também permite otimizar o projeto e auxilia no dimensionamento e seleção de
componentes, com esta função é possível utilizar inúmeros instrumentos de medição dinâmicos como gráficos
e simular efeitos externos agindo no sistema.
O software Automation Studio simula projetos de automação, para fazer uma simulação adequada o programa
faz a integração entre todas as tecnologias que podem ser interligadas em um projeto de automação, entre
elas, elétrica, eletrônica, hidráulica, pneumática e comunicação. Na Figura 2 é possível ver a interação de
duas tecnologias juntas por meio de um projeto eletro-hidráulico.

Figura 2. Projeto eletro-hidráulico

Fonte: LUKMAN, SAPUTRA, NURHAKIM, 2019.

2 173
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Com o projeto pronto é possível fazer a análise de risco por meio da análise de falha de componente e teste
dos limites do sistema para validar a escolha de componentes. O programa também auxilia a centralizar todos
os dados sobre o sistema e suas interligações entre as várias áreas de tecnologias envolvidas em um projeto
de automação. Com todas as informações centralizadas é possível também que o programa auxilie na
manutenção e diagnostico de falha de um projeto já em operação, aumentando a eficiência nas manutenções
e reduzindo o tempo com análise de falhas e solução de problemas.

3. CONCLUSÃO
O Automation Studio é uma excelente ferramenta para auxiliar engenheiros no projeto de sistemas de
automação, com a interação entre as tecnologias envolvidas, como controle elétrico, hidráulico e pneumático.
O software permite auxiliar em diversos pontos do projeto, desde desenho e dimensionamento dos
componentes, até simulação de eficiência e segurança do sistema.
A centralização da documentação do projeto em apenas um software também facilita nos trabalhos que serão
executados após o projeto estar em funcionamento, podendo contribuir com manutenções, e análises de
falha, facilitando corrigir possíveis problemas que venha a ocorrer, adicionando maior confiabilidade ao
sistema e atribuindo um tempo de disponibilidade maior.
Neste sentido, é constatado ser um software completo e com diversas ferramentas disponíveis para
engenheiros na elaboração de um projeto, desde sua concepção até a operação final do sistema e inclusive
na multiplicação de conhecimentos do projeto por meio de treinamentos.

4. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à CAPES pelo apoio recebido para o desenvolvimento desse trabalho.

5. REFERÊNCIAS

EKINOVIĆ, E; HODŽIĆ, N; REDŽIĆ, M. The Application Of Software Automation Studio In Design And Work
Simulation Of Hydraulic Systems. 18th International Research/Expert Conference. Budapest, Hungary. 2014.

Lukman, A. Saputra, H.M., Abdurrahman. N. Aplikasi Software Automation Studio dalam Desain dan Simulasi
Sistem Hidrolik pada Truk Sampah. 2019

SAIKUMAR T.S.S, BHANUMURTHYSOPPARI, BANDARU, C.T. Design and simulation of automated pad
printing machine using automation studio, Materials Today: Proceedings, Volume 45, Part 2, 2021, Pages
2871-2877,

YUEHUA, S.; YANJUN, ZHANG.; QINGQUAN, H. Hydraulic Comprehensive Experiment (Heilongjiang


Science and Technology Press, China. p. 47-48. 2008.

174
AVALIAÇÃO DO AUMENTO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR E DE PROPRIEDADES
TÉRMICAS EM TROCADORES DE CALOR UTILIZANDO NANOFLUIDOS.
Luis Fernando Junior Saldaña Bernuy a*; Diego J. Marinos Rosado a; Andrés A. Mendiburu
Zevallos b; Roberto Carlos Chucuya Huallpachoque c; Alex M. Bimbato a
a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Departamento de Química e Energia, Universidade Estadual Paulista,
Campus de Guaratinguetá, Av. Ariberto P. Cunha, 333, Guaratinguetá, SP, CEP 12516-410, Brasil.
b Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Paulo Gama, 100, Porto

Alegre, RS, CEP 90040-060, Brasil.


c Faculdade de Engenharia, Departamento de Energia e Física, Universidade Nacional de Santa, Av. Universitária

S/N,Novo Chimbote, Perú.


*e-mail (luis.bernuy@unesp.br).
Resumo. O presente trabalho visa avaliar o aumento da transferência de calor e das propriedades térmicas
de trocadores de calor utilizando nanofluidos, por meio de pesquisa teórico-descritiva para implementar
tecnologias eficientes, limpas e econômicas. A revisão bibliográfica contempla aspectos referentes à
aplicação de nanofluidos em trocadores de calor, às áreas de aplicação e à necessidade de equipamentos
industriais compactos e eficientes. Também serão caracterizados os parâmetros e variáveis que influenciam
os trocadores de calor e os dados experimentais que serão obtidos em uma análise térmica do nanofluido
permitirá apresentá-lo como um fluido alternativo e inovador, que melhora a transferência de calor.
Palavras-chave: Trocadores de calor; Nanofluidos; Transferência de calor; Propriedades térmicas.

1. INTRODUÇAO
Atualmente, a eficiência energética é um pilar fundamental das estratégias de transição energética em
todo o mundo e diversos países pretendem explorá-la para obter benefícios em grande escala a um menor
custo para a sociedade (BUKARIKA; TOMŠIĆ, 2017). O aumento no consumo de energia destacou a
importância da questão da economia de energia e resultou na revisão do projeto e construção dos processos
associados à transferência de calor (HAZBEHIAN et al., 2016). Os fluidos de transferência de calor são um
campo importante nas indústrias e os trocadores de calor são usados para transferir energia térmica entre um
ou mais fluidos que se encontram em um processo de interação térmica. Os sistemas típicos incluem
aquecimento, resfriamento, condensação e evaporação de fontes de fluido de um ou mais componentes
(MAHDI HEYHAT; ABDI; JAFARZAD, 2018) e diversos setores de aplicação podem ser citados, tais como: a
indústria do petróleo e gás (JIANG et al., 2019), fins domésticos e industriais, incluindo refrigeração
(MEHRVARZ; BAHADORI; ZOLFAGHARI, 2018), ar condicionado (WRIGHT; DIXON-HARDY; HEGGS,
2018) e geração de energia (YILDIRIM; PARMANTO; GOKCEN, 2019). Neste sentido, os nanofluidos são
meios de transferência de calor muito eficientes e numerosos estudos demonstram que a condutividade
térmica dos nanofluidos são maiores do que a dos fluidos convencionais, como água, óleo e etilenoglicol
(AHMADI et al., 2018).
Os nanofluidos têm importância primordial, haja vista a sua capacidade de reduzir o tamanho e o peso dos
trocadores de calor, tornando-os compactos e eficientes (BORODE; AHMED; OLUBAMBI, 2019). A
capacidade de transferência de calor de qualquer fluido é limitada pelas suas propriedades termodinâmicas;
nesse sentido a eficiência da transferência de calor nem sempre é a desejável e o papel da energia nos custos
de produção exige que sejam desenvolvidos fluidos cujas propriedades termodinâmicas permitam um
aumento substancial no coeficiente de transferência de calor (LEONG et al.,2017). Assim, o principal objetivo
da mistura de nanomateriais com fluidos de base é aumentar a condutividade térmica do fluido (BORODE;
AHMED; OLUBAMBI, 2019). De acordo com estudos recentes, o uso de nanofluidos aumenta a condutividade
térmica e o coeficiente de transferência de calor em comparação com os fluidos de base, o que pode contribuir
para reduzir o problema do consumo de água (HAJATZADEH et al., 2019). Atualmente, os nanofluidos têm
sido amplamente usados em trocadores de calor, sistemas de energia solar, radiadores automotivos, chips
eletrônicos, dentre outros (WAHAB et al., 2019).
KUMAR; ARASU, (2020) avaliaram o desempenho de um trocador de calor de casco e tubos utilizando
água como fluido convencional e um nanofluido de TiO 2-Ag misturado com água em 2% de concentração de
nanopartículas. Para o nanofluido, o coeficiente convectivo de transferência de calor do lado do tubo é 13,43%
maior, o coeficiente geral de transferência de calor é 10,37% maior e a transferência de calor é 11,11% mais
alta em comparação com a água como fluido base para um escoamento do lado do casco de 2 l/min e um
escoamento do lado do tubo de 4 l/min; essas observações indicam que os nanofluidos têm o potencial de
melhorar o desempenho térmico do trocador de calor e reduzir o custo do calor, reduzindo o tamanho do
permutador de calor para a mesma capacidade de troca térmica.

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODO

2.1 Trocadores de calor


Trocadores de calor são dispositivos que propiciam um fluxo de energia térmica entre dois ou mais
fluidos em diferentes temperaturas e são usados em diversos setores, tais como: geração de energia,
sistemas de ar condicionado, refrigeração, indústrias de manufatura, petroquímicas, indústrias de petróleo e
gás, laticínios e aplicações espaciais (HAJATZADEH et al., 2019).

2.2 Nanofluidos
Um dos métodos mais eficientes para aumentar a eficiência energética em trocadores de calor é
substituir o fluido de trabalho por nanofluidos, os quais são definidos como suspensões diluídas com partículas
sólidas menores que 100 nm (RAM et al.,2019). As nanopartículas mais utilizadas na constituição dos
nanofluidos são óxidos cerâmicos (Al2O3, CuO), nitretos (SiN), metais (Al, Cu, Ag, Ti) e não metais (graphene)
(JAVADI; SAIDUR; KAMALISARVESTANI, 2013).
Os nanofluidos podem ser preparados por dois métodos diferentes, o método de uma etapa, que não
é industrialmente viável, e o método de duas etapas, que é o mais utilizado para preparar nanofluidos
(ÖZERINÇ; KAKAÇ; YAZICIOĞLU, 2010). Na Figura 1 ilustra-se a síntese de nanofluidos a partir do método
de duas etapas.

Figura 1. Síntese de nanofluidos com o método de duas etapas.


Nanopartículas + fluido base
Agitação
Ultrassom + surfactante
Nanofluidos

Fonte: Adaptado de SIMÃO (2016).

2.2.1 Propriedades
A seguir serão descritas, brevemente, as propriedades dos fluidos que são alteradas pela adição de
nanopartículas (ANDRANGO et al., 2013):

Concentração:
A concentração é representada por (ANDRANGO et al., 2013) :
mnp
∅=( ) (1)
mnp + mbf
sendo ∅ a concentração, mnp a massa das nanopartículas e mbf a massa do fluido base.

Condutividade térmica:
No trabalho atual, o modelo de Maxwell (1904) será usado para estimar a condutividade térmica:
k np + 2k bf + 2∅(k np − k bf )
k nf = k bf ∗ (2)
k np + 2k bf − ∅(k np − k bf )
sendo k nf a condutividade do nanofluido, k np a condutividade da nanopartícula e k bf a condutividade do fluido
base.

Massa especifica:
A massa especifica dos nanofluidos pode ser calculada da seguinte forma (PAK; CHO, 1998):
ρnf = ∅ ∗ ρnp + (1 − ∅)ρbf (3)
sendo ρnf a massa especifica do nanofluido, ρnp a massa especifica da nanopartícula e ρbf a massa especifica
do fluido base.

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25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Calor específico:
O calor específico é estimado de acordo com o proposto por (PAK; CHO, 1998):
𝑐𝑝nf = ∅ ∗ 𝑐𝑝np + (1 − ∅) ∗ 𝑐𝑝𝑏𝑓 (3)
sendo cpnf o calor específico do nanofluido, cpnp o calor específico da nanopartícula e cpbf o calor específico
do fluido base.

Viscosidade dinâmica:
CHANDRASEKAR et al. (1999) sugeriram o uso da equação 5 para o cálculo da viscosidade dinâmica:
𝜇nf ∅ 2.8 (5)
= 1 + 5300 ∗ ( )
𝜇𝑏𝑓 1−∅
sendo 𝜇𝑛𝑓 a viscosidade dinâmica do nanofluido e 𝜇𝑏𝑓 a viscosidade dinâmica do fluido base.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O presente trabalho encontra-se em fase preliminar, de forma que, nesta seção, apresenta-se um
exemplo do tipo de resultado que se deseja obter ao final da pesquisa. Os resultados foram retirados do
trabalho de KUMAR; ARASU, (2020), e servirão como base para a condução dos testes experimentais que
serão realizados ao longo do desenvolvimento do trabalho. Para a obtenção dos resultados apresentados na
Figura 2, a vazão volumétrica (𝑚𝑠 ) de entrada do lado do casco foi constante e igual a 2 𝑙𝑝𝑚 e a temperatura
de entrada (Ts) foi aumentada de 40°C até 60 ºC, com o intuito de avaliar as diferentes propriedades em várias
vazões volumétricas de entrada para o lado do tubo, onde o nanofluido circula.

Figura 2. Coeficiente convectivo, coeficiente geral e transerencia calor a diversas temperaturas de entrada do
lado do casco.
Coeficiente convectivo de transferência de

Coeficiente geral de transferência de calor U

Água Água
Água
𝑻𝑺 = 40 ℃ 𝑻𝑺 = 40 ℃
𝑻𝑺 = 40 ℃ Nanofluido Nanofluido Nanofluido
𝑻𝑺 = 50 ℃ 𝑻𝑺 = 50 ℃
𝑻𝑺 = 50 ℃
𝑻𝑺 = 60 ℃ 𝑻𝑺 = 60 ℃
𝑻𝑺 = 60 ℃
Transferência de calor Q (W)

𝒎𝑺 = 2 𝑙𝑝𝑚 𝒎𝑺 = 2 𝑙𝑝𝑚
𝒎𝑺 = 2 𝑙𝑝𝑚
calor h ( 2 )
𝑚 𝐾
𝑊

( 2 )
𝑚 𝐾
𝑊

Vazão volumétrica mt (lpm) do lado do tubo Vazão volumétrica mt (lpm) do lado do tubo Vazão volumétrica mt (lpm) do lado do tubo

Fonte: KUMAR; ARASU (2020).

A partir da Figura 2, pode-se verificar que o coeficiente convectivo, o coeficiente geral e a transferência
de calor aumentaram tanto para o nanofluido quanto para o fluido base e as razões são as seguintes: A
condutividade térmica da nanopartícula utilizada é maior que a do fluido base e a combinação que dá origem
aos nanofluidos resultará em um fluido com uma condutividade maior; ao mesmo tempo, a condutividade está
relacionada aos gradientes de temperatura nos quais os fluidos estão operando, para o caso apresentado,
este gradiente tem uma tendência crescente devido ao aumento da temperatura de entrada do fluido no casco;
também está vinculada ao movimento molecular, devido ao aumento da vazão volumétrica no tubo e ao
aumento de gradiente térmico, as moléculas destes compostos se movem mais rápido, isto leva a um aumento
condutividade e portanto o calor aumenta e é transferido a uma velocidade maior. Estes resultados apoiam o
interesse nesta nova tecnologia para melhorar os processos industriais onde a troca de calor está envolvida.

4. CONCLUSÕES
A partir da revisão da literatura é possível concluir que:
• A transferência de calor e as propriedades térmicas dos trocadores de calor serão aumentadas com
o uso de nanofluidos.
• A variável que mais influencia no processo de troca de calor é a condutividade térmica do nanofluido,
mas também são destacadas as temperaturas de operação dos fluidos e a vazão do escoamento.

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

5. AGRADECIMENTOS
Os autores expressam seu agradecimento à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) e ao programa PRH-ANP/Finep 34.1.

6. REFERÊNCIAS
AHMADI, M. et al. Thermal conductivity ratio prediction of Al2O3/water nanofluid by applying connectionist
methods. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 541, n. 1, p. 154-164,
2018.
ANDRANGO, M. et al. Evaluación del uso de nanopartículas de dióxido de titanio de 85 nm para el
mejoramiento de la transferencia de calor en un intercambiador de calor de tubos concéntricos con agua como
fluido de trabajo. Research Gate. (2013).
BORODE, A.; AHMED, N.; OLUBAMBI, P. A review of heat transfer application of carbon-based nanofluid in
heat exchangers. Nano-Structures & Nano-Objects, v. 20, 2019.
BUKARIKA, V.; TOMŠIĆ, Z. Energy efficiency policy evaluation by moving from techno-economic towards
whole society perspective on energy efficiency Market. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 70,
n.1, p. 968-975, 2017.
CHANDRASEKAR M, SURESH S, BOSE AC. Experimental investigations and theoretical determination of
thermal conductivity and viscosity of Al2O3/water nanofluid. Exp Thermal Fluid Science, v. 34, n. 2, p. 210-216,
2010.
ESMAELI, S.; ESFAHANY, M.; DARVANJOOGHI, M. Application of water based nanofluids in bio scrubber
for improvement of biogas sweetening in a pilot scale. Chemical Engineering and Processing - Process
Intensification, v.143, n. 1, 2019.
GUPTA, H.; AGRAWAL, G.; MATHUR, J. An overview of Nanofluids: A new media onwards green
environment. International Journal of environmental sciences, v. 3, n. 1, p. 433-440, 2012.
HAJATZADEH, A. et al. AN updated review on application of nanofluids in heat exchangers for saving energy.
Energy Conversion and Management, v. 198, 2019.
HAZBEHIAN, M. et al. Experimental investigation of heat transfer augmentation inside double pipe heat
exchanger equipped with reduced width twisted tapes inserts using polymeric nanofluid. Heat Mass Transfer,
v. 52, n.1, p. 2515–2529, 2016.
JAVADI, F.; SAIDUR, R.; KAMALISARVESTANI, M. Investigating performance improvement of solar
collectors by using nanofluids. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 28, n. 1, p. 232-245, 2013.
JIANG, J. et al. Propose a new approach of fuzzy lookup table method to predict Al 2O3/deionized water
nanofluid thermal conductivity based on achieved empirical data. Physica A: Statistical Mechanics and its
Applications, v. 527, 2019.
KUMAR, D; ARASU, A. Experimental investigation on dimensionless numbers and heat transfer
in nanocompositefluid shell and tube heat exchanger. Journal of Thermal Analysis and Calorimetry, v. 143,
n. 1, p .1537-1553, 2020.
LEONG, K. et al. Synthesis and thermal conductivity characteristic of hybrid nanofluids – A review. Renewable
and Sustainable Energy Reviews, v. 75, n. 1, p. 868-878, 2017.
MAHDI HEYHAT, M.; ABDI, A.; JAFARZAD, A. Performance evaluation and exergy analysis of a double pipe
heat exchanger under air bubble injection. Applied Thermal Engineering, v. 143, n. 1, p. 582–593, 2018.
MAXWELL, J. A treatise on electricity and magnetism. 3. Ed. Oxford: Oxford University Press, 1904.
MEHRVARZ, B.; BAHADORI, F; ZOLFAGHARI, S. Heat transfer enhancement in distribution transformers
using TiO2 nanoparticles. Advanced Powder Technology, v. 30, n. 2, p. 221-226, 2018.
ÖZERINÇ, S.; KAKAÇ, S.; YAZICIOĞLU, A. Enhanced thermal conductivity of nanofluids: a state-of-the-art
review. Microfluid Nanofluid, v. 8, n. 1, p. 145-170, 2010.
PAK BC, CHO YI. Hydrodynamic and heat transfer study of dispersed fluids with submicron metallic oxide
particles. Experimental Heat Transfer an International Journal, v. 11, n. 2, p. 151–70, 1998.
SIMÃO, I. Nanofluidos para aplicações energéticas (Dissertação de mestrado). Departamental de Engenharia
Química de Instituto Superior de Engenharia de Lisboa área, Lisboa, Portugal, 2016.
WAHAB, A. et al. Solar energy systems – Potential of nanofluids. Journal of Molecular Liquids, v. 89, n.1.
2019.
WRIGHT, S., DIXON-HARDY, D. E HEGGS, P. Aircraft air conditioning heat exchangers and atmospheric
fouling. Thermal Science and Engineering Progress, v. 7, n. 1, p. 184-202, 2018.
YILDIRIM, N., PARMANTO, S. E GOKCEN, G. Thermodynamic assessment of downhole heat exchangers for
geothermal power generation. Renewable Energy, v. 141, n.1, p. 1080-1091, 2019.

4 178
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO AMBIENTE REACIONAL NO COMPORTAMENTO
TÉRMICO DOS COMPONENTES DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Miriam Ricciulli de Oliveira 1*, Gretta Larisa Arce Ferufino 1, Eliana Vieira Canettieri 1 e
Ivonete Ávila 1
1 Departamento de Energia, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Brasil.
* (miriamrdo@yahoo.com.br)

Resumo. Atualmente, a biomassa destaca-se com uma importante alternativa sustentável aos
combustíveis fósseis. Esta pesquisa teve como objetivos estudar a influência do ambiente reacional no
comportamento térmico dos componentes do bagaço de cana-de-açúcar. Ao comparar o comportamento
térmico dos componentes do bagaço de cana-de-açúcar em atmosfera oxidante e inerte, percebe-se que a
principal diferença se deve a presença de lignina nas amostras, pois a sua decomposição em atmosfera
oxidante é deslocada para o final da reação.

Palavras-chave: Biomassa; Componentes; Termogravimetria.

1. INTRODUÇÃO
Devido ao impacto ambiental causado pelo uso de combustíveis fósseis na geração de energia, a
biomassa vem se destacando como uma fonte de energia alternativa, por ser limpa e renovável, estando
disponível em abundância no meio ambiente, representando atualmente 15% do consumo de energia
primária mundial (AWOSUSI et al, 2017; XU et al, 2020). Atualmente é a quarta maior fonte de energia, com
uma produção anual em torno de 146 bilhões de toneladas, sendo responsável por cerca de 75% das fontes
de energia renováveis, fornecendo 7,1% da eletricidade global (RASAM et al, 2020).
A biomassa lignocelulósica pode ser convertida em combustível por processos de conversão térmica
como pirólise, gaseificação e combustão e a eficiência desses processos depende da composição e
propriedades físico-químicas desta matéria-prima que varia de acordo com espécie e parte da planta
utilizada, ambiente de crescimento, época de colheita, prática de colheita e coleta, manuseio de material e
armazenamento (AWOSUSI et al, 2017; MA et al, 2017; YAN et al, 2020). É constituída principalmente por 3
polímeros denominados celulose, hemicelulose e lignina (YAN et al, 2020).
A celulose é o componente mais abundante da biomassa, sendo um carboidrato composto por unidades
de glicose β (1-4) ligadas por glicosídeo formando cadeias lineares organizadas constituindo uma estrutura
cristalina (MA et al, 2017). A hemicelulose é constituída de açúcares de cinco e seis carbonos, com uma
alta estrutura ramificada, sendo fáceis de hidrolisar (YAN et al, 2020). A lignina é um polímero aromático
altamente complexo, ligado a celulose e a hemicelulose, fornecendo resistência mecânica e química à
parede celular (MA et al, 2017; YAN et al, 2020).
A análise termogravimétrica é comumente empregada para analisar o comportamento térmico da
biomassa e seus constituintes, simulando os processos de conversão, obtendo uma curva que registra a
perda de massa em relação ao tempo (TGA) e a derivada dessa curva (DTG) (WANG et al, 2020).
Este estudo tem como objetivo investigar a influência do ambiente reacional no comportamento térmico
dos constituintes do bagaço da cana-de-açúcar por meio das curvas TGA/DTG em atmosfera oxidante
(20%O2 e 80%N2) e em atmosfera inerte (N2).

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada no Laboratório de Combustão e Captura de Carbono e no Laboratório de
Caracterização de Biomassa, ambos pertecentes ao Departamento de Química e Energia, da Unesp de
Guaratinguetá.

2.1 MATÉRIA-PRIMA
O bagaço de cana-de-açúcar utilizado nesta pesquisa foi fornecido pela empresa Raízen. Após
recebido, foi submetido a uma lavagem com água corrente sendo então deixado imerso em água a 50°C por
uma hora, com o intuito de remover impurezas a biomassa. Esta foi seca em estufa a 100°C por 48 horas,

1 179
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

sendo então moída e peneiradas a 18 mesh, utilizando o moinho de facas tipo Willye, obtendo assim a
biomassa in natura.

2.2 ISOLAMENTO DA LIGNINA

O processo de polpação acetosolv foi usado para obtenção da lignina, no qual a biomassa foi tratada
com ácido acético 93% (m/m) na proporção biomassa/solvente 1:10 (m/v), utilizando ácido clorídrico 0,3%
(m/m) como catalisador (BENNAR,1992).
O material e os reagentes foram mantidos em banho de glicerol com agitação por 2 h, a uma
temperatura constante de 110°C. Após este tempo, a mistura foi filtrada e a fração sólida, constituída
principalmente por celulose, foi lavada com excesso de ácido acético, removendo a lignina residual da
superfície da fibra, que foi lavada com água deionizada, a fim de neutraliza-la e então foi levada a estufa
onde foi seca a 60°C por 24 horas, obtendo uma biomassa deslignificada.
O filtrado, rico em lignina, foi concentrado em um rotaevaporador a 80°C. Ao licor concentrado foi
adicionado água deionizada a 80°C na razão de 1:10 (v/v), precipitando a lignina. A mistura foi deixada em
repouso por 24 horas, sendo então filtrada e lavada exaustivamente com água deionizada, e a lignina obtida
foi seca em estufa a 60°C por 24 horas, sendo denominada de L.

2.3 ISOLAMENTO DA HEMICELULOSE


A metodologia descrita por Brienzo et al. (2009) foi seguida para a obtenção da hemicelulose.
Inicialmente removeu-se extrativos da biomassa in natura com etanol 95% (v/v), por meio de um extrator
Soxhlet por 16 horas. O material seco e livre de extrativos foi tratado com solução de EDTA 0,2% (m/v) na
proporção de 1:10 (m/v), removendo íons metálicos que diminuem a eficiência do peróxido de hidrogênio na
etapa de deslignificação. O material foi então filtrado e lavado com água deionizada e seco e em estufa a
60°C por 24 horas. Na etapa seguinte, 10 g desse sólido seco foi tratado durante 2 horas com 200 mL
solução de peróxido de hidrogênio 6% (m/v) em temperatura ambiente, sendo o pH da solução ajustado
para 11,6 com uma soluço de NaOH 4 M. Ao filtrado coletado após a reação, foi adicionado solução de HCl
6 M, ajustando seu pH para 6, e então a solução foi concentrada em 1/3 de seu volume em banho maria a
45 °C e precipitada utilizando 3 volumes de etanol 95%. O precipitado foi então lavado com solução de
etanol 70% até obter um sobrenadante límpido. A hemicelulose (H) foi então seca em estufa a 45 °C.

2.4 ISOLAMENTO DA CELULOSE

Para o isolamento da celulose, foi utilizada a biomassa deslignificada obtida no item 2.2,
submetendo-a a um processo de branqueamento com peróxido de hidrogênio em meio alcalino, a fim de
remover hemicelulose e lignina ainda presentes na biomassa (OLIVEIRA et al., 2016). O processo foi feito a
80°C com agitação constante por uma hora, na proporção de 5 g de biomassa a cada 100 mL de H 2O2 24%
(v/v) e 100 mL NaOH 4% (m/v). A mistura foi então filtrada e a fração sólida foi lavada com água destilada
até pH neutro sendo seca em estufa à 60°C por 24 horas, obtendo assim a celulose (C).

2.5 ANÁLISE TÉRMICA

O estudo do comportamento térmico dos componentes do bagaço de cana-de-açúcar foi feito por
meio de curvas TGA/DTG obtidas por meio da balança termogravimétrica SDT Q600 (TA Instruments) em
atmosfera oxidante (20%O 2 e 80%N2) e em atmosfera inerte (N2) nas seguintes condições experimentais:
vazão volumétrica de 100 mL/min de gás de arraste, massa de amostra de (5±0,2) mg e razão de
aquecimento de 10 °C/min desde a temperatura de 30 ºC até 600 °C.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Fig. 1 apresenta as curvas TGA/DTG para os componentes isolados do bagaço de cana-de-açúcar (C, H
e L) em atmosfera oxidante e inerte, sendo identificado com AS as curvas obtidas em atmosfera oxidante e
N2 as curvas obtidas em atmosfera inerte. Os dados extraídos dessas curvas estão apresentados na Tab.
1.
Avaliando as curvas termogravimétricas, é possível identificar quatro estágios distintos em ambas as
atmosferas. Comumente em curvas TGA/DTG de biomassas, é possível observer estes quatro eventos. O
primeiro estágio é atribuido a perda de umidade do material que ocorre em temperaturas próximas de 100
°C. O segundo estágio é atribuido a decomposição da hemicelul, ose, que possui baixa estabilidade térmica
A decomposição da celulose ocorre principalmente no terceiro estágio, devido à despolimerização,

2 180
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

desidratação ou decomposição de unidades de glicosil. A lignina se decompõe durante o quarto estágio pois
como possui alta estabilidade térmica e uma estrutura altamente complexa, a lignina se decompõe em uma
ampla faixa de temperature.
Em atmosfera oxidante, a curva DTG de C possui dois picos distintos, com o segundo mais intenso quando
comparados com a curva DTG em ambiente inerte, indicando que em atmosfera oxidante a degradação da
lignina (que ainda permanece na amostra após o isolamento) é deslocada para o final da reação. Isso
ocorre pois os carboidratos que decompostos no segundo evento reagem com o oxigênio ocasionando uma
grande perda de massa. Houve uma maior perda de massa desta amostra em atmosfera oxidante em
relação a inerte até a temperatura de 600°C, indicando que em atmosfera inerte a faixa de temperatura
usada deveria ser mais ampla.

Figura 1. Curvas TGA/DTG obtidas para os componentes do bagaço de cana-de-açucar em atmosfera


oxidante e inerte

Fonte: autoria própria.

Tabela 1 – Dados obtidos das curvas TGA/DTG.


Amostra Evento T (°C) Perda de massa (%) Resíduo a 600 °C
1 30-136 2,89
C_AS 2 156-268 13,93 2,79
3 268-366 51,41
4 366-478 28,3
1 30-89 3,32
L_AS 2 136-312 19,52 3,37
3 349-502 68,08
1 30-167 8,32
H_AS 2 167-239 11,26 36,82
3 239-365 30,86
4 365-600 12,74
1 30 - 130 2,87
C_N2 2 166 - 267 12,21 18,67
3 267 - 398 58,97
4 398 - 600 7,11
1 30-110 4,02
2 110-301 18,52
L_N2 3 301-411 26,19 38,68
4 411-600 12,59
1 30 - 169 8,6
H_N2 2 169 - 238 10,73 34,63
3 238-400 35,56
4 400-600 10,48
Fonte: autoria própria.

181
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

A amostra H apresentou comportamento semelhante em ambas atmosfera entre 200 e 420°C, com dois
picos entre 180 e 350°C, referente a degradação dos carboidratos, não havendo pico intenso após 350°C,
indicando baixa quantidade de lignina associada ao material.
A lignina por sua vez, possui comportamento bem distinto em cada atmosfera. Enquanto que em
atmosfera inerte a decomposição se inicia por volta de 150°C, com a maior perda de massa ocorrendo
desta temperatura a 500°C, sem um pico intenso de decomposição, em atmosfera oxidante, a lignina se
decompõe principalmente a partir de 350°C com um pico intenso entre 350°C e 500°C, devido ao
deslocamento ocasionado pelo ambiente reacional.

4. CONCLUSÃO
Ao comparar o comportamento térmico dos componentes do bagaço de cana-de-açúcar em atmosfera
oxidante e inerte, percebe-se que a principal diferença se deve a presença de lignina nas amostras, pois a
sua decomposição em atmosfera oxidante é deslocada para o final da reação. É importante verificar esse
comportamento para direcionar e contribuir na escolha da matéria-prima e do processo termoquímico
adequado, para a geração de energia.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior- Brasil (CAPES) - código de financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
AWOSUSI, A. A.; AYENI, O.; ADELEKE, R.; DARAMOLA, M. O. Biocompositional and
thermodecompositional analysis of South African agro-waste. Asia-Pacific Journal of chemical engineering,
v. 12, p 960-968, 2017.
BENNAR, P. Polpação Acetosolv de Bagaço de Cana e madeira de Eucapipto. 1992. 71 p. Dissertação
de mestrado em Química, Universidade Estatual de Campinas, Campinas, SP.
BRIENZO, M.; SIQUEIRA, A. F.; MILAGRES, A. M. F. Search for optimum conditions of sugarcane bagasse
hemicellulose extraction. Biochemical Engineering Journal, v. 46, p. 199–204, 2019.
Li XU, L.;LI, S.;SUN, W.; MA, X.; CAO, S. Combustion behaviors and characteristic parameters
determination of sassafras wood under different heating conditions. Energy, v. 203, p. 117831, 2020.
MA, Y.; GUAN, Y,; ZHANG, K.; GANG, X.; YANG, Y.; STEVENSON, P. Dependency of the combustion
behavior of energy grass and three Other types of biomass upon lignocellulosic composition. Environmental
progress & Sustainable Energy, v.37, N.2, p. 12705, 2017.
OLIVEIRA, F. B.; BRAS, J.; PIMENTA, M. T. B.; CURVELO, A. A. S.; BELGACEM, M. N. Production of
cellulose nanocrystals from sugarcane bagasse fibersand pith. Industrial Crops and Products, v. 93, p.
48–57, 2016.
RASAM, S.; HAGHIGHI, A. M.; AZIZI, K.; SORIA-VERDUGO, A. Thermal behavior, thermodynamics and
kinetics of co-pyrolysis of binary and ternary mixtures of biomass through thermogravimetric analysis. Fuel,
v. 280, p. 118665, 2020.
WANG, S.; ZOU, C.; LOU, C.; YANG, H.; MEI, M.; JING, H.; CHENG, S. Effects of hemicellulose, cellulose
and lignin on the ignition behaviors of biomass in a drop tube furnace. Bioresource Technology, v. 310, p.
123456, 2020.
YAN, J.; OYEDEJI, O; LEAL, J. H,; DONOHOE, D. S.; SEMELSBERGER, T. A.; LI, C.; HOOVER, A. N.;
WEBB, E.; BOSE, E. A. Characterizing Variability in Lignocellulosic Biomass: A Review. ACS Sustainable
Chem. Eng., v. 8, p. 8059−8085, ACS Sustainable Chem. Eng. 2020, 8, 8059−8085, 2020.

4 182
ANÁLISE ENERGÉTICA DO PROCESSO DE SECAGEM DE AREIA EM LEITO FLUIDIZADO

Mônica Valéria dos Santos Machado a*; João Andrade de Carvalho Junior a

a UNESP – FEG – Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá.


* monica.valeria@unesp.br

Resumo. Este estudo tem como finalidade otimizar um processo de secagem de areia em leito fluidizado
através da análise do balanço energético, elaborado por meio de um modelo matemático específico para
calcular a quantidade de combustível necessária ao processo em função do excesso de ar. Todos os itens
do processo, como pressão, temperatura, vazão de areia, umidade inicial da areia, e outros são
considerados a fim de demostrar o funcionamento do processo de secagem do material em leito fluidizado,
e sua eficiência energética. O leito fluidizado é utilizado em diversos processos industriais, tais como
gaseificação, pirólise, secagem de grãos e areia industrial, etc. Este assunto é desenvolvido considerando
quantidade de material e granulometria, tipos de partículas, velocidade do gás, excesso de ar na produção
do escoamento quente, bem como o tipo e quantidade de combustível adicionado no sistema. Mesmo que
um sistema já esteja em ponto de fluidização, os teores de umidade inicial e final da areia no equipamento
de secagem por fluidização devem estar correlacionados com a quantidade de combustível e excesso de ar
do sistema. Essa correlação demonstra os ajustes necessários (variando-se o combustível e excesso de ar,
considerando as características de mudança de fase da areia - vitrificação) que produzirá o melhor
desempenho do equipamento. O equipamento objeto deste estudo é um secador da empresa Saint
Gobain/Quartzolit instalado na cidade de Queimados, RJ.

Palavras-chave: Balanço de Energético 1; Combustão 2; Otimização de Consumo de Combustível 3; Leito


Fluidizado 4; Otimização do Sistema 5.

1. INTRODUÇÃO

Em dezembro de 1921, na Alemanha, Fritz Winkler introduziu produtos gasosos de combustão no


fundo de um cadinho contendo partículas de coque; o evento marcou o início de um capítulo muito
importante da tecnologia moderna, conforme descreve Basu (2015): Winkler viu partículas levantadas pelo
arrasto do gás e a massa de partículas parecia um líquido fervente. Este pequeno experimento iniciou um
novo processo chamado fluidização. Nos últimos anos, o processo de fluidização progrediu através de
pesquisa sistemática, com diversas funções especializadas, tais como: combustão, gaseificação, mistura,
reação química, transferência de calor e massa, revestimento, granulação, encapsulamento e processos de
CVD (Chemical Vapor Deposition).
Os estudos sobre leitos fluidizados foram intensificados nos países desenvolvidos na década de
oitenta, conforme relata Peres (2018), contribuindo de maneira importante na descrição operacional de
unidades e sistemas em escala de laboratório ou industrial. Esse autor argumenta que a revisão da
literatura mostra ainda que continuam sendo realizadas muitas pesquisas na área, as quais procuram
desenvolver novas aplicações ou melhorias na eficiência de processos já existentes (TU e WANG, 2018; XU
et al., 2018).
A fluidização confere condições operacionais muito favoráveis ao processo industrial (KUNII e
LEVENSPIEL, 2013). Essas características favorecem significativamente os coeficientes de transferência de
calor e massa, promovendo uma temperatura mais uniforme no leito e permitindo que as reações possam
ocorrer numa condição mais definida e controlada (PÉCORA, 1995).
No caso específico da pesquisa aqui proposta, pretende-se analisar o processo secagem de areia
utilizando balanço de energia em um secador de leito fluidizado, no sentido de determinar parâmetros de
operação que impliquem em menor possível consumo de combustível, no caso, o gás natural.
De forma geral, os processos que envolvem leito fluidizado requerem uma mistura de gás-sólido
adequada, o que nem sempre é possível. Os processos de secagem de areia, especificamente, requerem
uma atenção peculiar quando processados em leito fluidizado, pois é necessário considerar outros fatores
tais como o teor de umidade inicial e final da areia no equipamento de secagem, que devem estar
correlacionados com a quantidade de combustível e excesso de ar do sistema. Essa correlação demonstra
quais serão os ajustes necessários para promover o melhor desempenho do equipamento.

1 183
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Há, ainda, que considerar os parâmetros necessários para que ocorra a fluidização (THOBER,
1995). Para isso, é recomendado haver uma somatória de conhecimentos do processo para a aquisição
correta de dados.
Além dos parâmetros mencionados, é preciso considerar a pressão do sistema (OLIVEIRA, 2012).
Para a queda de pressão, é necessário, por exemplo, construir uma curva característica que relaciona a
queda de pressão na placa distribuidora de ar e a velocidade superficial do gás. Com um ajuste linear para
a curva encontrada, obtém-se a queda de pressão na placa para cada velocidade do gás de fluidização.
Segundo Pécora (1995), o desenvolvimento de tais processos baseia-se em fatores empíricos
devido à falta de conhecimento acerca da fenomenologia do processo e da sua simulação matemática,
sendo cada vez mais necessários estudos que permitam a análise de sistemas operando com leito
fluidizado. No Brasil, uso da tecnologia da fluidização rápida ainda é incipiente, tendo-se a necessidade de
desenvolver estudos para o ajuste desses sistemas à realidade dos combustíveis nacionais e/ou processos
industriais com potencial de aumento no rendimento (PERES, 2018).
Os sólidos constantes no processo de secagem de areia podem favorecer a sua aglomeração e,
consequentemente, levar à defluidização, que é a agregação, caos de misturas de areia em leito fluidizado,
de forma parcial ou total do leito (PARISE, 2007). Este fenômeno indesejável de defluidização parcial ou
total ocorre quando a velocidade superficial do gás está próxima da velocidade do gás na mínima
fluidização. Se as alterações na fluidodinâmica do leito fluidizado forem detectadas a tempo, tal fenômeno
pode ser evitado pelo aumento da velocidade do gás e/ou, em alguns casos, mediante a alteração da vazão
de sólidos alimentados no sistema.
Com o estudo aqui proposto, espera-se compreender comportamento das partículas e a sua
possível interferência sobre a pressão e a taxa de recirculação dos sólidos. O sistema a ser estudado
permitirá um diagnóstico sobre todo o processo, que pode ser dirigido por resultados de modelo matemático
baseado em balanço de energia.
Será necessário também um estudo específico sobre areias industriais. Ruiz et al. (2013), abordam
os desafios da produção de areia industrial, apresentando informações sobre sua produção no Brasil, que
ocorre essencialmente segundo coberturas sedimentares arenosas friáveis, com uma contribuição
subordinada de substâncias minerais como quartzitos e silexitos (rochas metamórficas e magmáticas) que,
a depender do tipo de aplicação, necessitam de moagem para a adequação granulométrica. Ferreira e Daitx
(2003) definem o termo areia industrial como material de granulometria variada, composto essencialmente
de sílica, e que passou por um processo de beneficiamento. Sendo assim, para um estudo do sistema de
secagem de areia é necessário efetuar um levantamento do tipo de areia que entra no processo, sua
granulometria, se possui algum tipo de orgânicos capazes de influenciar no processo industrial, para realizar
a otimização energética do processo de secagem.
A justificativa desse trabalho dá-se por diversos fatores, dentre os quais destacam-se: a
necessidade do conhecimento das características fluidodinâmicas para o desenvolvimento de um modelo
matemático capaz de prever o consumo específico de combustível (m 3gás / tareia seca) em função da umidade
da matéria prima utilizada. Isso possibilitará a identificação dos parâmetros da atividade com maior
possibilidade de contribuir na otimização energética do sistema. A determinação das concentrações dos
gases de combustão e a obtenção de dados característicos do sistema, como temperaturas, pressões, entre
outros, são fundamentais para melhorar os parâmetros de desempenho do sistema e uma melhor
compreensão do seu processo e de seus limites de operação.
No caso específico do presente trabalho, o desenvolvimento do balanço de massa é apresentado.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

É aqui elaborado um modelo matemático capaz de prever o consumo específico de combustível


(m3gás / tareia seca) em função da umidade da matéria prima utilizada. O trabalho final contará com dados de
operação da unidade de Queimados da empresa Saint-Gobain/Quartzolit. O secador conta com um
queimador de gás natural para gerar o escoamento gasoso quente para secagem. Um esquema do
equipamento é apresentado na Figura 1.
Pode-se determinar a temperatura dos gases de combustão através do balanço energético:
Tf  
H =   nic p,i dT ,
Ti  i 
onde:
• H = calor de combustão do combustível (960000 cal/100 g de combustível);
• ni = número de mols de cada um dos componentes gasosos dos produtos de combustão (i = CO 2, H2O,
SO2, O2, N2);
• cp,i = calor específico a pressão constante de cada componente gasoso;

2 184
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

• Ti = temperatura inicial dos reagentes (tomada como 25 oC = 298 K);


• Tf = temperatura dos gases de combustão.

Figura 1. Equipamento para Secagem de Areia em Leito Fluidizado

Massa de Areia úmida (kg/h): 5000 Temperatura de saída (°C): 110


Teor de humidade (%): 5
Massa de Água (Kg/h): 250 h H2O (kJ/kg): 2.699
Temperatura de entrada (°C): 25
Variação de entalpia H2O (kJ/kg): 2.594
Calor específico Areia (kcal/kg.ºC): 0,2
Variação energética H2O (kJ/h): 648.507

Variação de entalpia Prod. Comb. (kJ/h): -1.103.691

Temperatura amb. (°C): 25 AR (Nm³/h)


2000

Massa de Areia SECA (kg/h): 4.750


Temperatura de saída (°C) : 110
GN (Nm³/h)
35 Variação energética Areia (kJ/h): 338.084

λ: 5,66
Excesso Ar (%): 466,43
% AR prod. da combustão: 80,86

Poder Calorífico GN: 38.069.754 J/Nm³


38.069.754

Temperatura Produto Combustão: 775 K


502 °C

Fonte: Autoria própria.

Os calores específicos a pressão constante dos produtos de combustão são:

• c p,CO 2 = -0,8929 + 0,7297 T1/2 - 9,807x10-3 T + 5,784x10-7 T2 [cal/(oC.mol de CO2)];

• c p,H2O = 8,22 + 0,00015 T + 0,00000134 T 2 [cal/(oC.mol de H2O)];


187700
• c p,O2 = 8,27 + 0,000258 T − [cal/(oC.mol de O2)];
2
T
• c p,N2 = 6,50 + 0,00100 T [cal/ oC.mol de N2)].

De acordo com a COMGAS, a composição volumétrica do gás natural pode ser tomada como: CH 4
(metano): 89,3 %; C2H6 (etano): 8 %; C3H8 (propano): 0,8 %; C4H10 e C5H12 (butano e pentano): 0,1 %; CO 2
(dióxido de carbono): 0,5 % e N2 (nitrogênio): 1,3 %. Assim, para um excesso de ar genérico, temos:

0,893 CH4 + 0,08 C2H6 + 0,008 C3H8 + 0,0005 C4H10 + 0,0005 C5H12 + 0,005 CO2 + 0,013 N2 + 2,114 O2 +
7,949 N2 → 1,087 CO2 + 2,064 H2O + (0,013 + 7,949) N2 + 2,114(-1) O2 .

A massa molecular do gás natural é calculada como 0,893x16 + 0,08x30 + 0,008x44 + 0,0005x58 +
0,0005x72 + 0,005x44 + 0,013x28 = 17,69 g/mol. Considerando que os PCI’s do CH4, do C2H6, do C3H8, do
C4H10 e do C5H12 são, 191759, 341261, 488527, 635384 e 782040 cal/mol, respectivamente, temos para o
PCI do gás natural: 0,893x191759 + 0,08x341261 + 0,008x488527 + 0,0005x635384 + 0,0005x782040 =
203159 cal/mol = 11464 cal/g = 8450 kcal/m 3 (20 oC, 1 atm). Substituindo as expressões acima na equação
do balanço de energia, introduzindo o valor numérico de H e efetuando as integrações, chega-se à
seguinte equação:

 2x0,7292  3 2 3 
203159 = 1,087 − 0,8929 (T − 298 ) +  T − 298 2  −
 3  
9,807 x10 −3  2 5,784 x10 −7  3 
 T − 298 2  +  T − 298 3  +
2   3  

185
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

 1,34 x10 −6  3 
2,064 8,22(T − 298 ) +
0,00015  2
 T − 298 2  +  T − 298 3  +
 2   3  

(0,013 + 7,949 )6,50(T − 298 ) + 0,001  T 2 − 298 2  +


 2 
 1 1 
2,114( − 1)8,27(T − 298 ) +
0,000258  2
 T − 298 2  + 187700  − 
 2    T 298 

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foi elaborada uma planilha Excel que permite resolver o equacionamento acima para a câmara de
combustão. A temperatura máxima do gás de fluidização é dada por condições da própria areia e da placa
distribuidora. No caso do equipamento da Saint Gobain/Quartzolit, a temperatura máxima foi fixada no
intervalo 480 a 500 oC, por conta do material da placa distribuidora, que pode se deformar em temperaturas
acima deste limite. No entanto, utilizando placas de material mais resistente que o aço, pode-se elevar essa
temperatura. O custo da nova placa poderá ser compensado pela diminuição do consumo de gás natural,
conforme será mostrado a seguir.
A Figura 2 apresenta a variação do consumo específico de gás natural por tonelada de areia seca
como função da temperatura dos gases de combustão para duas umidades iniciais do material: 7,7% e
15,4%. Observa-se uma queda do consumo específico conforme a temperatura dos gases de combustão
aumenta, ou seja, conforme o excesso de ar diminui. Essa queda é maior para temperaturas mais baixas. A
ideia é manter a vazão de ar e controlar a temperatura dos gases apenas variando a vazão de gás natural.
Dessa maneira, a vazão volumétrica dos gases de combustão, em Nm 3/h, varia muito pouco, uma vez que a
vazão de ar é muito maior que a vazão de gás natural. Observa-se, também, que a umidade inicial é muito
importante para o consumo específico. Dobrando a umidade inicial de 7,7% para 15,4% não chega a dobrar
o consumo específico, porém ele torna-se 1,909 vezes maior para todas as temperaturas. O dobro não
ocorre porque a quantidade de água dobra, porém a quantidade relativa de areia seca continua a mesma.

Figura 2 – Consumo específico de gás natural (m3 a 20 oC por tonelada de areia seca) como função da
temperatura dos gases de combustão para duas umidades iniciais do material (7,7 % e 15,4%).

Fonte: Autoria própria.

Outras análises estão sendo preparadas para avaliar o desempenho do secador de leito fluidizado.
O efeito da vazão de gases de combustão ao aumentar devido principalmente ao aumento de temperatura
será investigado. Também será analisado o custo/beneficio de um distribuidor de gás para operar com

4 186
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

maiores temperaturas com intuito de diminuir o consumo específico de gás natural.

4. CONCLUSÕES

Foram apresentados detalhes do balanço de energia em um secador de leito fluidizado para areia,
no intuito de modelar o consumo específico de um equipamento deste tipo. O trabalho vai continuar com o
acoplamento da câmara de combustão com o leito fluidizado.

5. AGRADECIMENTOS

PRH-ANP 48610.200793/2019-21 – PRH-ANP 34.1.

6. REFERÊNCIAS

BASU, P. Circulating Fluidized Bed Boilers - Design. Operation and Maintenance, Springer, 2015.

FERREIRA, G.C.; DAITX, E.C., Mercado produtor de areia industrial nos estados de Sâo Paulo, Santa
Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Geociências, 22(1), 41–47, 2003.

KUNII, D.; LEVENSPIEL, O., Fluidization Engineering, 2nd edition, Butterworth-Heinemann, 2013.

OLIVEIRA, T.J.P., Aspectos fluidodinâmicos de misturas binárias de resíduo de tabaco e areia em leito
fluidizado. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, 2012.

PARISE, M.R., Aplicação da distribuição espectral normal em leito fluidizado gás-solido. Tese de Doutorado,
Universidade Estadual de Campinas, 2007.

PÉCORA, A.A.B., Estudo da fluidodinâmica de leitos fluidizados circulantes com injeção de ar secundário.
Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, 1995.

PERES, P.E.M., Simulação Computacional de uma válvula loop-seal acoplada a leito fluidizado circulante.
Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2018.

RUIZ, M.S.; CABRAL JR, M.; TANNO, L.C.; COELHO, J.M.; CORTÊS, P.L., Desafios e perspectivas da
produção de areia industrial. Holos, 29(5), 50-68, 2013.

THOBER, C.W.A., Fluidodinâmica do leito fluidizado circulante para partículas do grupo B. Tese de
Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, 1995.

TU, Q.; WANG, H., CPFD Study of a full-loop three-dimensional pilot-scale circulating fluidized bed based on
EMMS drag model. Powder Technology, 323, 534-547, 2018.

TURKI, D.; FATAH, N. Behavior and fluidization of the cohesive powders: Agglomerates sizes approach.
Brazilian Journal of Chemical Engineering, 25(4), 697–711, 2008

XU, J.; LU, X.; ZHANG, W.; CHEN, J.; WANG, Q.; CHEN, Y.; GUO, Q., Effects of superficial gas velocity and
static bed height on gas-solide flow characteristics in a 60-meter-high tranparent CFB riser. Chemical
Engineering Journal, 334, 545-557, 2018.

187
Projeto e fabricação de pás eólicas com materiais compósitos em impressora 3D

Natasha Martins Rodrigues de Jesus 1a*; Teófilo Miguel de Souza 2a; Thais Santos Castro
3a
aUnesp - FEG/Campus Guaratinguetá
*natasha.jesus@unesp.br

Resumo. As indústrias de pás eólicas também são consumidoras de materiais compósitos. Os desafios são
as produções das pás com características aerodinâmicas adequadas, com geometrias muito complexas e
a necessidade de desenvolver novos materiais e processos de produção. A matriz reforçada com a fibra de
vidro, carbono ou aramida têm boas propriedades como resistência a fadiga e estabilidade térmica. O uso
destes materiais melhora as propriedades estruturais das pás eólicas e redução significativa de massa.
Neste trabalho é apresentado o levantamento bibliográfico para o projeto e fabricação de pás eólicas em
materiais compósitos utilizando a impressora 3D.

Palavras-chave: Aerogerador; Pás Eólica; Materiais Compósitos; Impressão 3D;

1. INTRODUÇÃO
É notável a ascensão do interesse sobre o estudo de fontes alternativas de energias renováveis. De forma
significativa a energia eólica tem manifestado sua expansão ao mundo todo, por apresentar praticidade em
sua construção e operação com o aeromotor. Portanto, a matéria-prima limpa, gratuita e de baixo custo em
manutenção são apenas alguns dos fatores que a tem tornado cada vez mais competitiva em relação as
demais fontes de energia. Nessa conformidade o Brasil tem apostado e investido intensamente nessa nova
opção de energia, embora ainda a população brasileira tenha pouco conhecimento sobre suas
características (PASTOR; MACÊDO, 2020).
Entretanto, Chaves (2017) certifica que a energia disponível para uma turbina eólica é a energia cinética
associada a uma massa de ar que se desloca a uma velocidade constante. Esta energia pode ser utilizada
para a geração de eletricidade ou para bombeamento d’água. Sabe-se que o fator energético é um dos
pontos mais importantes para o desenvolvimento da humanidade, considerando a vulnerabilidade dos atuais
mecanismos de suprimento de energia que também é conhecida. Embora empresas de parques eólicos,
com o uso de torres gigantes, tenham crescido nos últimos anos, a produção de pequenas turbinas eólicas
não cresceu na mesma proporção (HATJE, 2018). Para que os pequenos aerogeradores funcionem
adequadamente, o desenvolvimento da mão de obra e o correto formato das pás são essencialmente
importantes, pois são responsáveis por converter a energia mecânica do aerogerador em fonte energética.
Além disso, as pás eólicas em materiais poliméricos serão mais leves, de construção simples, tornando-as
competitivas no mercado (MORAIS, 2018a).
Os materiais compósitos apresentam grande resistência aos ataques de natureza química e ambiental, o
que permite sua utilização em ambientes sujeitos à poluição ou à brisa marítima. A umidade, vento, sol e
oscilações térmicas têm pouco efeito sobre os compósitos (SOUZA et al., 2020). Devido ao baixo valor de
massa específica dos componentes dos compósitos poliméricos, os produtos oriundos desses materiais,
por consequência, apresentam um valor de peso específico da mesma ordem de grandeza. As propriedades
características dos materiais compósitos poliméricos permitem que os mesmos sejam utilizados em pás de
turbinas eólicas (PEIXOTO, 2019). Portanto, suas especificidades e a variedade de combinações que
podem ser realizadas, apresentam uma grande resistência mecânica que possibilitam aplicações na
fabricação de pás eólicas. Para a fabricação utiliza-se a impressão 3D para produção de peças com
geometrias complexas e acabamentos dificilmente alcançados por outros métodos de fabricação
(MARTINEZ et al., 2019a)

1.1 OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo a apresentação da pesquisa bibliográfica sobre os materiais compósitos
poliméricos para obtenção de diversas geometrias utilizando impressoras 3D.

1.1.1 Objetivos especificos


Os objetivos específicos foram realizar a pesquisa bibliográfica, selecionar os materiais compósitos
poliméricos e analisar as geometrias mais adequadas para as pás eólicas.

b1 188
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

1.1.2 Contribuições e Impacto


Esse projeto é de cunho social e ambiental. No campo social a construção do aerogerador de baixo custo
atenderá a população de menor poder aquisitivo.

2. MÉTODO DE PESQUISA
Este trabalho consta com a pesquisa bibliográfica sobre os processos de fabricação de pás de turbinas
eólicas com materiais compósitos poliméricos para impressões 3Ds. A segunda parte trata da análise da
pesquisa bibliográfica relativa ao processo da escolha do material e das geometrias de uma pá para turbina
eólica com pequenas dimensões utilizando matriz reforçada com polímeros.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são abordados os tópicos relevantes desta pesquisa como a revisão bibliográficas dos
materiais empregados e os formatos das pás eólicas (DAVID et al., 2020). De acordo com a pesquisa
bibliográfica foram encontrados os seguintes materiais:
• Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS); Poliácido Láctico (PLA), Polietileno Tereftalato de Etileno
Glicol (PETG) e o Copoliéster (TRITAN) (ALCALDE, 2019a);
Para os formatos das pás foram encontrados a seguintes geometrias:
• Angulada (MARTINI, 2021); Reta (BARACAT, 2021); Ponta curva (MORAES, 2019);
As turbinas eólicas são classificadas quanto à sua forma construtiva de eixo horizontal e de eixo vertical.
Neste trabalho será utilizado o sistema de eixo horizontal. Nele o movimento gerado é por meio de forças
de sustentação e arrasto aerodinâmico. A força de sustentação atua perpendicularmente ao escoamento e
é predominante no movimento, enquanto a força de arrasto atua em sua direção. O principal fator é direção
do vento, necessário para a produção de energia desse modelo de turbina (SILVA et al., 2020). Na Fig. 1, é
possível observar uma turbina eólica de grande porte com o modelo de pá angulada.
Figura 1. Modelo de pá eólica angulada.

Fonte: Adaptada de Martini (2021)


No modelo da Fig. 2 é possível observar que a pá tem mais área e a ponta é mais espessa.
Figura 2. Modelo de pá eólica reta.

Fonte: Adaptada de Baracat (2021)


Nessa Fig. 3, notar-se que a ponta da asa é curvada e em seu comprimento também há angulação.
Figura 3. Modelo de pá eólica ponta curva

Fonte: Adaptado de Moraes (2019)

2 189
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

3.1 MATERIAIS COMPÓSITOS


Os materiais compósitos são formados por uma matriz com fase contínua polimérica e reforçada com fibras
que se agregam físico-quimicamente após um processo de cura polimérica, constituindo os materiais
estruturais obtidos por moldagem. As fibras podem ser de vidro, aramida ou carbono (MORAIS, 2018b). A
fase polimérica geralmente é constituída por uma resina termofixa do tipo poliéster insaturada como a
ortoftálica, tereftálica, isoftálica ou bisfenólica, dissolvida em solvente reativo como estireno ou ainda uma
resina éster vinílica ou epóxi. Também podem serem usadas as resinas fenólicas, de poliuretano e silicone
(SANTANA et al., 2018a). Esses materiais apresentam grandes vantagens em relação a outros materiais
estruturais, porque é possível dispor de fabricação em moldes com geometrias complexas em suas
superfícies e formatos especiais. Devido as composições químicas e os processos poliméricos formados
durante a moldagem, eles apresentam uma alta durabilidade e são de simples reparo e manutenção
(LUCENA et al., 2017). Por suas características e a variedade de combinações que podem ser realizadas,
os compósitos apresentam uma excelente resistência mecânica (SANTOS, 2018).

3.2 IMPRESSÃO 3D
A impressão 3D envolve um conjunto de processos de fabricação aditiva que proporcionam a produção de
protótipos, peças e dispositivos, por meio da extrusão e deposição de vários materiais como polímero, metal,
cerâmica na geometria a ser alcançada (GONZAGA, 2021). Portanto, dentre diferentes materiais, as
aplicações mais usuais de impressão 3D são de polímeros, destacando-se o ABS, PLA, PETG e o TRITAN,
os quais podem ser empregados na produção de componentes estruturais (CAMARGO; BARBOSA;
SANTOS, 2021). Produtos impressos em PLA e ABS possuem caráter anisotrópico e apresentam
resistência à tração, à flexão e à compressão. Com o desenvolvimento da tecnologia de impressão 3D e
com a utilização de polímeros têm-se a necessidade de harmonizar, desenvolver, aplicar e reutilizar os
materiais usados no processo. O ABS possui boas propriedades mecânicas, tais como resistência ao
impacto e à tração, flexibilidade além de leveza e preço moderado. O PLA é um termoplástico biodegradável,
suas principais características são rigidez e resistência (MARTINEZ et al., 2019b). O PETG é caracterizado
por ser uma versão modificada do termoplástico PET, potenciando com a adição do “G” (glicol modificado),
à adição da composição no material é realizada durante a polimerização e como resultado deste processo
é um filamento mais transparente, menos rígido e mais fácil de ser utilizado do que a sua forma base. O
PETG possuí temperatura de transição vítrea próxima a 80ºC, tendo como vantagens ao PET a tenacidade,
flexibilidade e alta capacidade de processamento (SANTANA et al., 2018b). O TRITAN é um material de
propriedade copoliéster de alta resistência. O material utilizado em impressão 3D é um dos mais resistente,
principalmente resistência a tração. Para a impressão desse termofirrígido é necessário a temperatura
mínima de extrusão de 260° C, e a mesa aquecida em 100° C (ALCALDE, 2019b).

4. CONCLUSÃO
Realizou-se a introdução à pesquisa bibliográfica sobre os materiais compósitos poliméricos. Foram
selecionados os materiais compósitos poliméricos ABS, PLA, PETG E TRITAN e foram analisadas as
geometrias mais adequadas para as pás eólicas, sendo elas no formato angulado, reto e ponta curva.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o suporte financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES). Processo 155832/2021-2.

6. REFERÊNCIAS
ALCALDE, E. G. Prototipagem rápida aditiva: aplicação em dispositivo funcional de auxílio humano
para membros superiores. 2019.

BARACAT, P. A. A. 1992-. Metodologia de baixo custo computacional para análise de turbinas eólicas
de eixo vertical com pás retas. 2021. Disponível em:<http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/
362398>. Acesso em: 2 out. 2021.

CAMARGO, G. R. R.; BARBOSA, P. A. G.; SANTOS, F. de A. Impressão 3D na manutenção industrial e


a redução de custos, 2021.

CHAVES, G. C. B. Estudo do sistema eólico para bombeamento de água na zona rural de limoeiro do
norte, 2017. Disponível em:<https:/repositorio.ufersa.edu.br/bitstream/prefix/5462/1/GianCBC_MONO.pdf>
Acesso em: 22 set. 2021.

DAVID, T. M.; GUIMARÃES, L. L. S.; MACHADO, V. A. S.; PIRES, D. M. Análise abrangente de sistema

190
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

hidrostático e de turbina eólica com base bibliométrica, 1983 - 2019. Revista SODEBRAS, v. 15, n. 174,
p. 111–117, 2020. Disponível em:<http://www.sodebras.com.br/edicoes/N174.pdf>. Acesso em: 1 out. 2021.

GONZAGA, G. L. Comportamento da biodegradação de amostras de PLA natural e pigmentado


obtidas por impressão 3D. 2021. Disponível em:<http://sofia.fei.edu.br:8080/pergamumweb/vinculos/0000
9f/00009fdd.pdf>. Acesso em: 1 out. 2021.

HATJE, A. E. Desenvolvimento de molde para pás de turbina eólica de pequenas proporções. 2018.

LUCENA, P. F.; OLIVEIRA, P. R.; STEFFENS, P.; LADCHUMANANANDASIVAM, P. Desenvolvimento de


materiais compósitos híbridos a partir do reaproveitamento de fibra de vidro proveniente da indústria
eólica. 5o contexmod, v.1, n.5, p.162–170, 2017. Disponível em:<http://contexmod.net.br/index.php/quinto/
article/view/733>. Acesso em: 1 out. 2021.

MARTINEZ, A. C. P.; SOUZA, D. L. De; SANTOS, D. M. Dos; PEDROTI, L. G.; CARLO, J. C.; MARTINS,
M. A. D. Avaliação do comportamento mecânico dos polímeros ABS e PLA em impressão 3D visando
simulação de desempenho estrutural. Gestão & Tecnologia de Projetos, v. 14, n. 1, p. 125–141, 2019.
Disponível em:<https://www.revistas.usp.br/gestaodeprojetos/article/view/148289>. Acesso em: 1 out. 2021.

MARTINI, J. E. F. Modelagem Computacional de Escoamentos Turbulentos em Turbinas Eólicas


Utilizando Fronteira Imersa e Refinamento Adaptativo da Malha. 2021.

MORAIS, G. L. Projeto aerodinâmico de pás de uma turbina eólica. 2018. Disponível em:
<http://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/3053>. Acesso em: 1 out. 2021.

MORAES, L. F. B. Modelagem e Análise de um Aerogerador de Eixo Horizontal Sujeito à Ação de


Ventos Turbulentos. 2019. Disponível em:<https://orcid.org/0000-0001-6045-2779>. Acesso em: 4 out.
2021.

PASTOR, J. C. S.; MACÊDO, A. V. de A. Panorama atual e perspectivas futuras das fontes de energia
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Disponível em:<https://anaiscbens.emnuvens.com.br/cbens/article/view/986>. Acesso em: 28 set. 2021.

PEIXOTO, D. L. Tipos de materiais compósitos. 2019. Disponível em:<http://www.monografias.ufop.br/ha


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SANTANA, L.; ALVES, J. L.; SABINO NETTO, A. da C.; MERLINI, C. Estudo comparativo entre PETG e
PLA para Impressão 3D através de caracterização térmica, química e mecânica. Matéria Rio de Janeiro,
v.23, n.4, 2018. Disponível em:<http://www.scielo.br/j/rmat/a/dpWDvBJzSXYtzbKnJdDqHVg/?lang=pt&form
at=html>. Acesso em: 1 out. 2021.

SILVA, B. M. M.; RODRIGUES, L. V. F.; SILVA, S. M. N.; OLIVEIRA, F. K. De. Protótipo de sistema
direcionador de vento automatizado para aerogeradores de eixo horizontal. Revista Eletrônica de
Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica, v. 2, p. 13–21, 2020.

SOUZA, N. S. De; FELIPE, R. C. T. dos S.; FELIPE, R. N. B.; LIMA, N. L. P. Resíduos sólidos industriais:
compósito com resíduos de plástico reforçado com fibra de vidro. Research, Society and Development,
v. 9, n. 9, 2020. Disponível em:<https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/7136>. Acesso em: 4 out.
2021

4 191
MODELAGEM E AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA DO CICLO DA CARBONATAÇÂO PARA
CAPTURA DE CARBONO

Nilo Antonio de Souza Sampaio *a; José Salvador da Motta Reis a; Ronald Palandi Cardoso
a
; Kelly Regina Maximo Vieirab; Ivonete Ávilab
a
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Resende, Brasil,nilo.samp@terra.com.br, jmottareis@gmail.com,
rpcsf2012@hotmail.com.
b
Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, Brasil, kely.maximo@unesp.br, ivonete.avila@unesp.br.

Resumo. A diminuição das emissões antrópicas de gases do efeito estufa na atmosfera, principalmente do
dióxido de carbono (CO2) da queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, é um desafio
urgente para reverter as consequências negativas provenientes da mudança climática. As tecnologias de
captura e armazenamento de carbono (CCS - Carbon capture and storage) são essenciais para a mitigação
dos efeitos das alterações climáticas causadas pelas emissões de CO2 na atmosfera. A aplicação baseada
nas reações reversíveis de calcinação/carbonatação de materiais calcários, denominado por Calcium
Looping (Ca-L), é uma promissora tecnologia CCS de geração termoquímica de energia com emissões
negativas de CO2. No presente artigo discute-se a aplicação da análise térmica no estudo do processo de
calcinação/carbonatação utilizando dois calcários brasileiros como sorventes de CO 2. A metodologia de
Taguchi no planejamento experimental, será proposta como metodologia de otimização considerando-se as
variáveis que afetam a conversão das reações de calcinação/carbonatação e o tratamento dos sorventes
de CO2 utilizando hidratação. A metodologia superfície resposta e Matriz Rotacional também serão
apresentadas para achar as variáveis ótimas para o Processo.

Palavras-chave: Captura de carbono; Calcium Looping; Carbonatação. Ca-L; Taguchi; Superfície


Resposta.

1. INTRODUÇÃO
O uso dos combustíveis não renováveis tem aumentado nos últimos anos, sendo que as previsões
apontam que este cenário continuará num futuro próximo (AMINU et al., 2017). A partir da necessidade
de redução de emissões de CO2, the Carbon dioxide capture and storage (CCS) se torna uma opção
para a redução de CO2 antropogênico. A aplicação de tecnologias de CCS confiáveis envolve técnicas
de captura, purificação e compressão do CO2 pronto ser transportado ao local de armazenamento
permanente (AMINU et al., 2017; PETRESCU; CORMOS, 2017). Os custos estimados para a
disposição final de CO2 (transporte, sequestro e armazenamento) é menor que na etapa de separação
do CO2 (captura), tornando a captura de CO2 a fase mais desafiadora (CHEN et al., 2017).
A tecnologia com o uso de lavadores na pós-combustão têm sido aplicada em escala industrial para
separação do CO2 por décadas e, geralmente, utiliza a monoetanolamina (MEA). Entretanto, os
problemas associados ao uso de amina são o alto custo de fabricação, a baixa eficiência e a
degradação do solvente devido à reação com O2 e SO2 que frequentemente estão presentes nas
emissões industriais (MARTÍNEZ et al., 2016; VALVERDE; SANCHEZ-JIMENEZ; PEREZ-MAQUEDA,
2015). Na oxicombustão, o combustível (carvão) é queimado com uma mistura de oxigênio (O 2) e gases
da combustão, excluindo particulados, que é recirculado para os queimadores para moderar a
temperatura da chama (GUO et al., 2018; QIN et al., 2018).
Na tecnologia Calcium Looping (CaL) a captura acontece considerando a reação reversível de
calcinação do calcário e sua posterior regeneração (carbonatação). Assim, o CO 2 pode ser separado
dos gases de exaustão quando ocorre a calcinação, ou pela captura deste com o CaO formando o
carbonato de cálcio (CaCO3) (ATSONIOS et al., 2016).
Além disso, o método é adequado para uma ampla gama de gases de combustão. O ciclo de cálcio é
aplicável para novas construções e retrofits para estações de energia existentes ou outra fonte de CO 2

1 192
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

industrial estacionário porque o método pode ser implementado usando leitos fluidizados circulantes em
grande escala, enquanto outros métodos, como a depuração de amina, são necessários o uso de torres
de depuração de solvente de grande escala (ARIAS; ALONSO; ABANADES, 2017; CHEN et al., 2017).
Diante da necessidade de redução de emissão de CO2 no mundo, com o incentivo de políticas públicas
brasileiras de controle de emissão de poluentes provenientes da geração de energia e os aspectos
ambientais relacionados, o presente trabalho visa o desenvolvimento das tecnologias de captura de
CO2.
No processo de CaL, os sorventes à base de cálcio recirculam entre o reator de carbonatação e o de
calcinação até que o sorvente fique inativo e o CO2 esteja concentrado e purificado, estando adequado
para a compressão antes do transporte e armazenamento final (ATSONIOS et al., 2016) (Figura 1).
Figura 1 – Principal diagrama do processo CaL

Fonte: Adaptado de Wang et al. (2014).

2. METODOLOGIA
Através da reação de carbonatação sorventes calcários na forma de CaO podem capturar o CO2
proveniente da queima de combustíveis fósseis, formando carbonatos CaCO3, Equação [1], que
posteriormente pode ser decomposto termicamente, Equação [2], formando CaO e CO2 (CHEN et al., 2016;
SHI et al., 2017).

CaO (s) + CO2 (g)  CaCO3 (s) [1]

CaCO3 (s)  calor  CaO(s)  CO2 (g) [2]

A reação de carbonatação, Equação [1] ocorre em temperaturas entre 600-700 °C, enquanto a reação de
calcinação, Equação [2], em temperaturas entre 850-950 °C (WANG et al., 2014).
A tecnologia CaL é baseada na reutilização de matérias contendo cálcio, após vários ciclos esse material
sofre sintetização. Para o processo ser economicamente viável, o sorvente deve ser capaz de ser
regenerado e reutilizado repetidamente (RIDHA et al., 2013). Entre os métodos para reativar os sorventes,
atualmente é estudado o tratamento com a hidratação de CaO e a modificação por ácidos orgânicos.
O processo de hidratação, Equação [3], o material a base de cálcio sofre calcinação e depois reage com
água, em estado líquido ou vapor. A hidratação do óxido de cálcio induz a formação de Ca(OH)2, alterando
a morfologia da superfície do material e aumentando a área superficial e volume dos poros (YIN et al.,
2012).

[3]
CaO (s) + H 2 O (l.g)  Ca(OH) 2 (s)

2 193
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2.1 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL


O planejamento experimental proposto por Taguchi será aplicado como exploratório, aplicando-se um
arranjo ortogonal L9, consideraram-se até quatro fatores que influenciam na reação, denominados por A, B,
C e D que são granulometria média (µm), temperatura do processo de carbonatação (°C), concentração de
CO2 (%) e taxa de aquecimento (°C/min); conforme apresentado na Tabela 2. Os valores adotados referem-
se aos dados da literatura (COPPOLA et al., 2014; ZHANG et al., 2017).
Após o estudo da calcinação/carbonatação do material sem tratamento e depois de avaliado as melhores
condições de ajuste para conversão de CO2, a melhor condição de ajuste apresentada pelo planejamento
experimental utilizado será avaliada em dois tratamentos para a melhoria da adsorção dos materiais, sendo:
hidratação do material calcinado (Tabela 1).

Tabela 1 – Arranjo Ortogonal L9 com fatores codificados e numéricos para avaliação do tratamento por hidratação de
CaO

Fatores
Fatores Numéricos
Codificados
Teste
V Água D T Ensaio T Calcinação Conversão
A B C D
(mL) (min) (°C) (°C) (%)
1 1 1 1 1 E 10 30 850 Y1
2 1 2 2 2 E 35 55 900 Y2
3 1 3 3 3 E 60 80 950 Y3
4 2 1 2 3 E+25% 10 55 950 Y4
5 2 2 3 1 E+25% 35 80 850 Y5
6 2 3 1 2 E+25% 60 30 900 Y6
7 3 1 3 2 E+50% 10 80 900 Y7
8 3 2 1 3 E+50% 35 30 950 Y8
9 3 3 2 1 E+50% 60 55 850 Y9
Fonte: Próprio autor (2021).

Esse planejamento é o exploratório de Taguchi, avaliando quatro fatores. A partir desses testes seria o
caminho para a superfície de resposta. O procedimento completo irá seguir a sequência descrita abaixo:

● Matriz exploratória de Taguchi;


● Pegar as 2 condições de melhor significância usando ANOVA.
● Matriz Inicial da Superfície Resposta 22 com Triplicata no ponto central.
● Caminho de máxima inclinação: Inicialmente o modelo será um modelo linear, em seguida dentro do
chamado “steepest” caminha-se até encontrar um valor de iso-linha que estava subindo e começou a
declinar, nesse ponto coloca-se um novo ponto central (Deslocamento do ponto central) e planeja-se uma
nova matriz 22.
● Encontrar novo modelo só que agora com termos quadráticos exatamente para achar o ponto de
curvatura;
● Testar significância desse novo modelo; e Rotacionar com planejamento estrela.

3. REFERÊNCIAS
AMINU, M. D.; NABAVI, S. A.; ROCHELLE, C. A.; MANOVIC, V. A review of developments in carbon dioxide
storage. Applied Energy, [s. l.], v. 208, p. 1389–1419, 2017.

ARIAS, B.; ALONSO, M.; ABANADES, C. CO 2 Capture by Calcium Looping at Relevant Conditions for
Cement Plants: Experimental Testing in a 30 kW th Pilot Plant. Industrial & Engineering Chemistry
Research, [s. l.], v. 56, n. 10, p. 2634–2640, 2017.

194
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

ATSONIOS, K.; PANOPOULOS, K.; GRAMMELIS, P.; KAKARAS, E. Exergetic comparison of CO 2 capture
techniques from solid fossil fuel power plants. International Journal of Greenhouse Gas Control, [s. l.], v.
45, p. 106–117, 2016.

CHEN, H.; WANG, F.; ZHAO, C.; KHALILI, N. The effect of fly ash on reactivity of calcium based sorbents for
CO 2 capture. Chemical Engineering Journal, [s. l.], v. 309, p. 725–737, 2017.

COPPOLA, A.; SALATINO, P.; MONTAGNARO, F.; SCALA, F. Reactivation by water hydration of the CO2
capture capacity of a calcium looping sorbent. Fuel, [s. l.], v. 127, p. 109–115, 2014.

GUO, H.; KOU, X.; ZHAO, Y.; WANG, S.; SUN, Q.; MA, X. Effect of synergistic interaction between Ce and
Mn on the CO2 capture of calcium-based sorbent: Textural properties, electron donation, and oxygen
vacancy. Chemical Engineering Journal, [s. l.], v. 334, p. 237–246, 2018.

MARTÍNEZ, I.; GRASA, G.; PARKKINEN, J.; TYNJÄLÄ, T.; HYPPÄNEN, T.; MURILLO, R.; ROMANO, M. C.
Review and research needs of Ca-Looping systems modelling for post-combustion CO2 capture
applications. International Journal of Greenhouse Gas Control, [s. l.], v. 50, p. 271–304, 2016.

PETRESCU, L.; CORMOS, C.-C. Environmental assessment of IGCC power plants with pre-combustion CO
2 capture by chemical &amp; calcium looping methods. Journal of Cleaner Production, [s. l.], v. 158, p.
233–244, 2017.

QIN, C.; HE, D.; ZHANG, Z.; TAN, L.; RAN, J. The consecutive calcination/sulfation in calcium looping for
CO2 capture: Particle modeling and behaviour investigation. Chemical Engineering Journal, [s. l.], v. 334,
p. 2238–2249, 2018.

RIDHA, F. N.; MANOVIC, V.; MACCHI, A.; ANTHONY, M. A.; ANTHONY, E. J. Assessment of limestone
treatment with organic acids for CO2 capture in Ca-looping cycles. Fuel Processing Technology, [s. l.], v.
116, p. 284–291, 2013.

VALVERDE, J. M.; SANCHEZ-JIMENEZ, P. E.; PEREZ-MAQUEDA, L. A. Ca-looping for postcombustion


CO2 capture: A comparative analysis on the performances of dolomite and limestone. Applied Energy, [s.
l.], v. 138, p. 202–215, 2015.

WANG, W.; LI, Y.; XIE, X.; SUN, R. Effect of the presence of HCl on cyclic CO2 capture of calcium-based
sorbent in calcium looping process. Applied Energy, [s. l.], v. 125, p. 246–253, 2014.

YIN, J.; ZHANG, C.; QIN, C.; LIU, W.; AN, H.; CHEN, G.; FENG, B. Reactivation of calcium-based sorbent
by water hydration for CO2 capture. Chemical Engineering Journal, [s. l.], v. 198–199, p. 38–44, 2012.

ZHANG, W.; LI, Y.; HE, Z.; MA, X.; SONG, H. CO2 capture by carbide slag calcined under high-
concentration steam and energy requirement in calcium looping conditions. Applied Energy, [s. l.], v. 206, p.
869–878, 2017.

4 195
PROPOSTA DE RASTREADOR SOLAR DE UM GRAU DE LIBERDADE UTILIZANDO
MATERIAL BIMETÁLICO

Rafael Soares de Souza a* Teófilo Miguel de Souza a Thais Santos Castro a


a UNESP-FEG, Av. Ariberto P, Cunha, 333, CEP 12510-410, Guaratinguetá, SP, Brasil
* E-mail:soares.souza@unesp.br

Resumo.
A energia solar atualmente é considerada uma fonte de energia limpa e abundante com elevado
potencial de desenvolvimento. Com o intuito de se ter uma geração de energia mais eficiente, o
uso de rastreadores solares permite um melhor aproveitamento da irradiação solar ao longo do
dia. Com esse pensamento, o presente trabalho busca apresentar um estudo sobre os tipos de
rastreadores solares e seus aspectos e também propor um método inovador de rastreamento por
dilatação bimetálica.

Palavras-chave: Energia Solar. Rastreamento Solar. Sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das fontes alternativas de energia, em substituição ao uso dos combustíveis
fósseis, tem levado inúmeros pesquisadores a buscarem sistemas cada vez mais eficientes e de baixo
custo. Nesse sentido, a energia solar se destaca como uma fonte renovável e abundante, porém ainda com
elevado potencial a ser explorado, o que aumenta a necessidade de pesquisas e desenvolvimento de
equipamentos que consigam aliar elevadas eficiências e baixos custos de produção (SUMATHI et al, 2017).
Em vista disso, a presente proposta de dissertação visa a atender essa necessidade contínua pela busca do
melhor aproveitamento da energia solar, utilizando o rastreador solar.
Um rastreador solar é um dispositivo específico que orienta um sistema fotovoltaico a se mover de
modo a seguir o Sol, com o intuito de maximizar a irradiação recebida (CARDEÑA & LUQUE, 2018).
Estudos mostram que um sistema de rastreamento solar pode aumentar a entrega de energia em torno de
30% (ABDELGHANI et al, 2018), e deve-se levar em consideração a presença de motores, que aumentam a
carga consumida, e outros pontos de instalação do equipamento, como o espaço necessário, simplicidade
de movimentos e a manutenção (ABDUNNABI et al, 2018). A geração de energia através de sistemas de
rastreamento solar é distribuída mais uniformemente ao longo do dia, uma vez que os sistemas fotovoltaicos
fixos são geralmente otimizados para geração em horas de pico. Dessa forma, os sistemas de rastreamento
solar podem reduzir a necessidade de armazenamento local necessária, reduzindo potencialmente os
custos (BRITO et al, 2019).
Os sistemas de rastreamento solar são mais adequados a grandes aplicações comerciais e
industriais e menos adequados para aplicações residenciais, pois necessitam de espaço para o movimento
dos painéis solares, o que implica em mais despesas de instalação, além dos efeitos do vento e da parte
estética nos telhados (REIS, 2016). Há também os chamados rastreadores passivos, que fazem uso do
calor do Sol para causar um desequilíbrio e assim movimentar o sistema fotovoltaico, utilizando, por
exemplo, a expansão térmica de ar comprimido. Eles podem ser empregados em sistemas fotovoltaicos
planos comuns, possuem menor grau de complexidade em comparação aos rastreadores ativos, mas não
fornecem alta eficiência a baixas temperaturas (SUMATHI et al, 2017).

2. MATERIAIS E MÉTODOS
O levantamento de dados para o presente estudo foi realizado por meio de consulta a base de
dados da Scopus, buscando possíveis informações referentes as características únicas dos tipos
rastreadores solares. Os termos utilizados para a pesquisa foram solar e tracking. Sendo assim, o presente
artigo é de caráter exploratório, por ser definido por uma pesquisa bibliográfica.
Para a criação do artigo foi realizado pesquisas na base de dados Scopus. E foi adotado um método
de pesquisa que está ilustrado na Fig.1, que representa o fluxograma da pesquisa.

1 196
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 1. Fluxograma da pesquisa.

Fonte: Autor (2021)

3. OBJETIVOS
Os principais objetivos deste trabalho consistem em um estudo bibliográfico sobre os tipos de
rastreadores, os mecanismos de movimentação e quaisquer características relevantes sobre o tema. E
também busca apresentar um modelo inovador de rastreador solar.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Utilizando o método de pesquisa definido, foi realizada uma pesquisa bibliográfica na base de dados
Scopus. Como explicado no fluxograma, para o devido refinamento da pesquisa, foi inserido palavras
chaves e outros parâmetros para obter resultados o mais próximo do tema proposto. Na Fig. 2, estão os
resultados desta busca.

Figura 2. Resultados obtidos na base Scopus.

Fonte: Autor (2021)

Com está tabela e com o devido refinamento foi possível chegar especificamente a 31 artigos que
estão relacionados diretamente ao tema de rastreamento solar. Além disso, como a plataforma Scopus
possuí ferramentas de análises de pesquisas, foi possível identificar os tipos de arquivos encontrados, que
correspondem a revisões (2) e artigos (29) e estão apresentados na Fig. 3.

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25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Figura 3. Tipos de arquivos encontrados.

Fonte: Scopus (2021)

Após o refinamento dos dados obtidos, e busca por trabalhos compatíveis com o tema proposto,
chegamos a alguns trabalhos que podemos destacar como fundamentais para a realização da pesquisa. A
Fig.4 representa os títulos, autores e o ano de publicação deles. E por meio destes trabalhos
especificamente que o presente foi construído.

Figura 4. Trabalhos mais relevantes

Fonte: Autor (2021)

3.1. MECANISMOS DE MOVIMENTAÇÃO


A classificação de mecanismos de movimentação divide-se entre dois grupos, passivos e ativos,
Hafez et al., 2018. Os passivos possuem construção simples, não sente a necessidade de fonte de
alimentação e nem de um sistema de controle. Porém, apresentam baixa eficiência, são limitados a
dispositivos com mecanismos de um eixo e também apresentam um funcionamento integral em regiões com
temperaturas demasiadas baixas. A Fig.5 ilustra um modelo que utiliza fluídos.
Figura 5. Rastreador solar passivo que utiliza fluídos

Fonte: Zomeworks Corporation (2021)


O próximo modelo encontrado foi de classificação ativo. Ele apresenta maior eficiência, opera sob
qualquer condição meteorológica e pode ser utilizado em ambos os sistemas, tanto de 1 eixo como o de 2
eixos. Suas desvantagens consistem na necessidade de um controle externo, maior complexidade e precisa
ter uma alimentação elétrica. Na Fig. 6 podemos ver um modelo deste tipo.

198
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 6. Rastreador solar ativo utilizando controlador.

Fonte: Portal Energia (2021)

3.2. EIXOS
Segundo Sumathi (2017), as principais configurações de rastreamento solar são a de sobre um eixo
e a de sobre dois eixos.
Prado (2015), discorre sobre tais configurações. Primeiramente sobre a de um eixo, em que
basicamente são aqueles sistemas que possuem sua capacidade limitada a apenas uma faixa de
abrangência, com relação a luz solar. Na Fig. 7, é demonstrado um modelo básico deste sistema.
Figura 7. Modelo de rastreamento solar de apenas um eixo

Fonte: Prado (2015)


Este sistema tem como principal vantagem sua facilidade em relação a estruturação de seu
movimento, pois seu funcionamento é realizado a uma velocidade constante, entretanto, sua principal
desvantagem é o ganho energético de sua coleta, isso ocorre porque este sistema possuí a inclinação fixa.
Os sistemas que tem a capacidade de seguir o movimento solar em duas faixas de abrangências,
devido as suas variações nos ângulos, são os sistemas de dois eixos (Prado, 2015). Na Fig. 8, é possível
uma ilustração deste sistema.
Figura 8. Modelo de rastreamento solar de dois eixos.

Fonte: Prado (2015)

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25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Basicamente, suas vantagens e desvantagens são a oposição do sistema de eixo, sendo elas, a
principal desvantagem a dificuldade de movimentação e a necessidade de constante alteração do ângulo
para o seu funcionamento pleno, e como principal vantagem o alto ganho da energia, pois com a
possibilidade de inclinação, a extensidade da irradiação solar acaba sendo maior.

3.3. OUTROS TIPOS


Por último, podemos algumas outras sub classificações de rastreadores solares, Da Rocha et al.,
(2020). A com controle em malha fechada, permite a possibilidade corrigir erro e compensar perturbações, o
que resulta uma orientação precisa. Porém possui uma complexidade maior de sistema de controle e
consequentemente seus custos são elevados.
O com controle em malha aberta, tem uma certa simplicidade de construção e um custo menor. Mas
é necessário um estudo preliminar especifico para que se possa realizar a calibração de seus parâmetros.
Um sistema que adota um rastreamento baseado em data e tempo. Este modelo apresenta
construção simples. Seu sistema de controle não sofre perturbações, porém tem eficiência baixa e necessita
estudo prévio para pleno funcionamento.
Um outro sistema que se baseia em sensores, apresenta maior eficiência, rastreamento preciso. No
entanto, seu algoritmo é complexo e necessita de uma modelagem precisa dos sensores.
Um último sistema faz uso destas últimas estratégias de rastreamento e com isso fornece maior
precisão, um maior custo, maior complexidade, e seu estudo requisitado precisa ser adequado.

3.4. PROPOSTA DE RASTREADOR SOLAR


Com o fim desta pesquisa bibliográfica e com a notável importância e crescimento do tema em
relação as questões da sustentabilidade da atualidade, foi elaborado uma proposta de rastreador solar. As
principais características são dele ser um rastreador passivo, ou seja, que não faço uso de mecanismos
auxiliares para realizar sua movimentação, e se trata de um modelo de um eixo. Seu principal diferencial
seria o uso de um material bimetálico, que consiste em duas chapas bimetálicas com diferentes coeficientes
de dilatação térmica, para a realização de sua movimentação mecânica. O principal ganho se dá a questão
de utilizar a solar em seu movimento, afim de se oferecer um rendimento maior a este grupo de
rastreadores de um eixo.
A aplicação deste sistema se direciona principalmente a geração de energia, porém, ela pode ser
expandida para setores como aquecimento de água, secagem de grãos e frutas, secagem e desidratação
de ervas aromáticas e quaisquer outros que suas características atendam.

4. CONCLUSÕES
Após a realização desta pesquisa pode se chegar à conclusão da imensa variedade de
rastreadores solares. O que deixa implícito também que há possibilidades de outros desenvolvimentos em
cima do tema. Este é um tema atual e que vem ganhando forças no mercado atual por se tratar de uma
energia inesgotável, o que torna ainda mais atraentes as variações deste sistema. É importante ressaltar
que existe tal variedade, para atender as diversas demandas.
E em relação a proposta, ela tende a ser algo inédito no grupo dos rastreadores solares, com seus
ganhos diferenciados de eficiência.

5. AGRADECIMENTOS
O autor agradece o suporte financeiro do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), processo
155837/2021-4.

6. REFERÊNCIAS
ABDELGHANI, M. A. I. KHALFALLAOUI, D.S. VERNIÉRES, L.H. LEVENEUR, S. Solar tracker for
enhancement of the thermal efficiency of solar water heating system. Renewable Energy, Volume 119,
p. 79 – 94, 2018.

ABDUNNABI, M. ABUSALAMA, A. ALGAMIL, M. ALMONTASER, M. Flat Plate based- Solar System with
a tracking system. Solar Energy and Sustainable Development, Volume 7, 2018.

BRITO, Miguel C. PÓ, José M. PEREIRA, Daniela. SIMÕES, Fernando. RODRIGUES, Roberto. AMADOR,
José C. Passive solar tracker based in the differential thermal expansion of vertical strips. Journal of
Renewable and Sustainable Energy, Volume 11, 2019.

200
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

CARDEÑA, J. R. LUQUE, R. L. Chapter 9 - Design Principles of Photovoltaic Irrigation Systems.


Advances in Renewable Energies and Power Technologies. Volume 1: Solar and Wind Energies, p. 295-
333, 2018.

DA ROCHA QUEIROZ, J. et al. CLASSIFICAÇÃO DE RASTREADORES SOLARES: UMA BREVE


REVISÃO. [s.l: s.n.], 2018.

HAFEZ, A. Z.; YOUSEF, A. M.; HARAG, N. M. Solar tracking systems: Technologies and trackers drive types –
A review Renewable and Sustainable Energy Reviews Elsevier Ltd, , 1 ago. 2018.

MOUSAZADEH, H. et al. A review of principle and sun-tracking methods for maximizing solar systems output
Renewable and Sustainable Energy Reviews, out. 2009.

PRADO, G. O. et al. ESTADO DA ARTE EM MECANISMOS DE RASTREAMENTO SOLAR. Editora


Edgard Blucher, Ltda., 11 maio 2015.

REIS, P. Em que consiste um sistema seguidor solar fotovoltaico. 2016. Disponível em:
>https://www.portal-energia.com/em-que-consiste-sistema-seguidor-solar-fotovoltaico/< Último acesso em
11/09/2019.

SUMATHI, Vijayan. JAYAPRAGASH, R. BAKSHI, Abhinav. AKELLA, P. K. Solar tracking methods to


maximize PV system output – A review of the methods adopted in recent decade. Renewable and
Sustainable Energy Reviews, Volume 74, p. 130 – 138, 2017.

6 201
SISTEMA DE GESTÃO ENERGÉTICA RESIDENCIAL COM TÉCNICAS DE
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DE AUTOAPRENDIZAGEM – UMA BREVE REVISÃO

Thamyres Machado Davida*; Teófilo Miguel de Souzaa; Gilberto Paschoal Buccieria Paloma
Maria Silva Rocha Rizola
a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Portal das Colinas,
Guaratinguetá - SP
* thamyres.machado@unesp.br

Resumo. O uso da energia é importante em todos os setores. Em vista disso e dos problemas ambientais
causados por fonte de energia com origem de combustível fóssil, métodos de produção de energia com
fonte renovável vêm sendo cada vez mais abordados. Em relação ao setor energético, no futuro, o amplo
uso de Sistema de Gerenciamento de Energia em Casa Inteligente aumentará significativamente. Nesse
sentido, o presente artigo propõe uma breve análise do setor residencial no que diz respeito a eficiência
energética, concomitantemente abordado com o uso de inteligência artificial para a aplicação de técnicas
de otimização.

Palavras-chave: Sistema de gestão energética; Eficiência energética; Inteligência Artificial.

1. INTRODUÇÃO
O uso da energia é importante em todos os setores, considerado primordial em atividades industriais,
comerciais e residenciais. Em vista disso e dos problemas ambientais causados por fonte de energia com
origem de combustível fóssil, métodos de produção de energia com fonte renovável vêm sendo cada vez
mais abordados e por ser uma fonte sustentável, é altamente promovida por seus privilégios ambientais,
pois não emite gases nocivos, como dióxido de carbono, contribuindo para a desaceleração do aquecimento
global. A pesquisa, o desenvolvimento e a melhoria contínua dessa tecnologia são essenciais para
aumentar a eficiência energética para uso benéfico em todos os segmentos de consumidores (DINCER,
EZZAT, 2018).
Além dos métodos como a substituição por uma fonte de energia renovável, é relevante o uso associado ou
não da eficiência energética. A atribuição da eficiência energética contribui para a diminuição do consumo
de energia bem como outros benefícios ambientais e é considerada uma ferramenta vital que possui
capacidade para atender às crescentes necessidades energéticas (AKDAG, YILDIRIM, 2020). Nesse
sentido, o presente artigo propõe uma breve análise do setor residencial no que diz respeito a eficiência
energética, concomitantemente abordado com o uso de inteligência artificial.

2. SETOR ENERGÉTICO RESIDENCIAL


O setor residencial é um reservatório de energia indefinido devido a uma ampla variedade de tamanhos de
estrutura, geometrias e pelo comportamento de consumo que varia amplamente (SWAN, UGURSAL, 2009).
A fim da estabilidade da rede elétrica, redução do uso da energia neste setor, além de outros fatores, é
comentado uma gestão otimizada de todos os recursos energéticos, de acordo com os requisitos e
preferências dos usuários finais. No futuro, o amplo uso de Sistema de Gerenciamento de Energia em Casa
Inteligente aumentará significativamente e modificará o modo de utilização da eletricidade. Entre as
atribuições da gestão, têm se a necessidade da restrição da demanda de energia e a exploração de
eficiência energética (JOELSSON; GUSTAVSSON, 2008; SOARES et al., 2015; MARTINEZ-PABON;
EVELEIGH; TANJU, 2017; G.K; J, 2020).
A implantação da gestão de energia residencial teve início na década de 80 e baseava-se em algoritmo de
gerenciamento de energia otimizado a fim de reduzir o custo sob uma estrutura de preço em relação ao
tempo de uso e na consideração do tamanho operacional, tipo de equipamento e processo, localização
geográfica divididos em níveis de funções de gerenciamento (básico, avançado e total) (CAPEHART;
MUTH; STORIN, 1982; RAHMAN; BHATNAGA, 1986). Em estudos mais recentes sobre os sistemas de
gestão energética em residência, em uma casa com aspecto de um consumo inteligente, têm-se conexões
de aparelhos, medidores inteligentes, termostatos e outros dispositivos por meio de uma rede que equilibra
a demanda de energia e reduz os custos (MARTINEZ-PABON; EVELEIGH; TANJU, 2018; BEAUDIN;
SIANO, 2014; ZAREIPOUR; SCHELLENBERG, 2012).

1 202
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Como suporte a aplicação dos Sistemas de Gestão Energética em Residência (SGER) tal como o controle e
monitoramento de vários eletrodomésticos, têm-se explorado a inteligência artificial (IA). Alguns exemplos
das técnicas de IA aplicadas nesse segmento é baseado em redes neurais artificiais, controle lógico difuso e
o sistema de inferência neuro fuzzy adaptável (SHAREEF et al., 2018).
O sistema neuro-fuzzy é uma abordagem que busca por representações do conhecimento, raciocínio sobre
incerteza, aprendizado e adaptação automática. Um sistema neuro-fuzzy é baseado em um sistema de
inferência fuzzy, treinado por um algoritmo de aprendizado derivado da teoria de redes neurais artificiais. O
design de um sistema neuro-fuzzy requer o ajuste e a configuração da topologia e muitos parâmetros
(KAHRAMAN, YANIK, 2016).
Em um estudo a lógica fuzzy foi utilizada para realizar o monitoramento do consumo de energia elétrica com
base na leitura da corrente elétrica, gerenciado a partir de um servidor local que realiza o devido tratamento
dos dados (MARQUES; TOGGWEILER, 2017). Em outro estudo foi realizado a gestão ativa da demanda de
energia elétrica de consumidores, providos de armazenamento de energia elétrica e geração solar
fotovoltaica com base em redes inteligentes (DI SANTO, 2018). Siebert et al. (2012) descreveram um
método para o desenvolvimento de propostas de agendamento de consumo de dispositivos residenciais por
meio de algoritmos genéticos, visando os benefícios possibilitados pela utilização de tarifas Time-Of-Use e a
estrutura de uma rede inteligente. Além destes, em outro estudo foi desenvolvido um sistema aplicando
redes neurais artificiais de múltiplas camadas, integrado a um simulador que visava os resultados para uma
melhora no conforto e economia de energia (BREDA, 2016). E por fim, um estudo baseado em sistema
especialista (SE) e dotado de um módulo de geração de explicação (MGE), utilizou a IA para diagnóstico
preliminar de eficiência energética em plantas industriais (BUCCIERI, 2018).
Estudos recentes abordam a necessidade de: utilização de perfis de consumo mais detalhados (análise de
consumos); utilização de inteligência artificial para desenhar a tarifa de energia ótima; explorar a importância
das ferramentas de informação e da gestão de consumo; otimização de equipamentos eletrônicos;
processamento dos dados em tempo real para previsão de demanda e estudo da curva de carga; utilização
das saídas/entradas digitais do microcontrolador (GUPTA, NATARAJAN, 2018; JORDÃO, 2019); sistema de
gerenciamento confiável que possa desenvolver abordagens para combinar o mercado local de energia
(HOSSEINNEZHAD et al., 2020); adoção de técnicas avançadas para otimizar controladores lógicos difusos
para lidar com problemas completos de SGER (SOETEDJO, NAKHODA, SALEH, 2018) e a cooperação de
técnicas de IA de auto aprendizagem a fim de substituir o envolvimento do usuário nas configurações do
SGER (SHAREEF et al., 2018).

4. CONCLUSÃO
Nesta sequência, conforme detalhado com a revisão na literatura e também em relação ao contexto
brasileiro, ainda é incipiente a aplicação de técnicas para otimizar sistemas de gestão de energia no setor
residencial, evidenciando assim uma oportunidade de estudo com a utilização e aplicação de métodos de
inteligência artificial. Nesse sentido, estudos de gerenciamento de energia com a utilização de inteligência
artificial foi abordado, porém identificado que não era aplicado estudos que abordassem outras análises
como previsão de carga ou que não descartassem o funcionamento autónomo do sistema de gestão.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à CAPES pelo apoio recebido para o desenvolvimento desse trabalho.

6. REFERÊNCIAS
AKDAG, S.; YILDIRIM, H. Toward a sustainable mitigation approach of energy efficiency to greenhouse gas
emissions in the European countries. Heliyon, v. 6, n. 3, 2020. ISSN 2405-8440.

BEAUDIN, M.; ZAREIPOUR, H.; Schellenberg, A. Residential energy management using a moving window
algorithm. Proc. ISGT Europe, p. 1–8, 2012.

BREDA, D. C. Automação Residencial: Aplicação de Redes Neurais Artificiais para Controle de Climatização. 76 f.
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Ciência da Computação, Fundação de Ensino “Eurípedes
Soares da Rocha”, mantedora do Centro Universitário Eurípedes de Marília – UNIVEM, Marília, 2016.

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BUCCIERI, G. P. Sistemas Baseados em Conhecimento para aplicação de eficiência energética e conservação de


energia para plantas industriais. 191 f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de
Guaratinguetá. 2018.

CAPEHART, B.; MUTH, E. J.; STORIN, M. O. Minimizing residential electrical energy costs using microcomputer
energy management systems. Comput. Ind. Eng. v. 6, n. 4, p. 261–269, 1982.

DI SANTO, K. G. Gestão ativa da demanda de energia elétrica para consumidores inseridos em redes inteligentes. 137
f. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Energia e
Automação Elétricas. 2018.

DINCER, I.; EZZAT, M. 3.5 Solar Energy Production. Comprehensive Energy Systems. 2018.

G.K, J.S., J, J. MANFIS based smart home energy management system to support smart grid. Peer-to-Peer Netw. Appl.
2020.

GUPTA, S.; NATARAJAN, K. P. Fuzzy Logic Based Smart Home Energy Management System. 2018.

HOSSEINNEZHAD, V.; SHAFIE-KHAH, M.; SIANO, P.; CATALAO, J. An Optimal Home Energy Management
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JOELSSON, A.; GUSTAVSSON, L. District heating and energy efficiency in detached houses of differing size and
construction. Applied Energy, v. 86, n. 2, p. 126–134, 2009.

JORDÃO, T. M. C. C. C. Viabilidade econômica de medidas de gestão de consumo integradas com tarifas dinâmicas no
setor residencial. 107 f. Dissertação (mestrado) - Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2019.

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técnicas de Inteligência artificial. 122 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Universidade Federal de Santa
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MARTINEZ-PABON, M.; EVELEIGH, T.; TANJU, B. Optimizing Residential Energy Management Using an
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SOETEDJO, A.; NAKHODA, Y.; SALEH, C. Embedded Fuzzy Logic Controller and Wireless Communication for
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modeling techniques. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 13, n. 8, p. 1819–1835, 2009.

204
CARACTERIZAÇÃO NÃO DESTRUTIVA DE ELEMENTOS DE MADEIRA DE CEDRO
AUSTRALIANO USANDO A TÉCNICA DE EXCITAÇÃO POR IMPULSO

Vitor Afonso Neves Silvaa*; Júlio Cesar Molinab; Natália Andrade Bianchi a;
a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá - UNESP
b Faculdade de Engenharia Industrial Madeireira - UNESP
*vitorafonsoneves@gmail.com

Resumo. A caracterização mecânica da madeira é fundamental para sua utilização em estruturas. A Técnica
de Excitação por Impulso (TEI) é um tipo de ensaio, não destrutivo. O objetivo deste estudo foi a comparação
da rigidez de madeiras de Cedro Australiano através de técnicas não destrutivas. Os valores de rigidez
longitudinal (EdL) e flexional (EdF) obtidos, neste caso, foram comparados com os resultados de rigidez (EM)
obtidos com base nos ensaios padronizadas (flexão estática de três pontos) ambos ensaios recomendados
pela ABNT NBR 7190:1997. Os resultados obtidos indicaram que o módulo EM apresentou maior interação
com EdF.

Palavras-chave: Excitação por impulso; Flexão; Rigidez; Cedro Australiano.

1. INTRODUÇÃO
Sendo a madeira composta de polímeros como a lignina e a celulose, sua estrutura é anisotrópica, ou seja,
suas propriedades variam a depender da direção de suas fibras. Assim, estudos que buscam a caracterização
da madeira e novas técnicas de ensaio se justificam e proporcionam otimização da aplicação de madeiras de
reflorestamento em estruturas, consumindo menos matéria-prima.
Pinus e Eucalipto são gêneros de madeiras de reflorestamento já consolidados em inúmeros processos
produtivos no setor madeireiro. Em paralelo e ganhando mais espaço na indústria brasileira, existem outras
espécies de reflorestamento, como o Cedro Australiano. Tal espécie possui alta qualidade, rápido crescimento
e fácil manejo, podendo ser cultivado em conjunto com outras culturas.
Ensaios destrutivos conforme a ABNT NBR 7190:1997 (Projeto de estruturas de madeira), necessitam de
altos investimentos financeiros para a compra e manutenção de equipamentos e treinamento de operadores.
A peça ensaiada sofre a ação de uma força até sua ruptura, impossibilitando-a para uso posterior.
Em ensaios não destrutivos, as peças podem ser ensaiadas e reutilizadas, sendo possível caracterizar vigas
e outros elementos, garantindo-se maior precisão estrutural, facilitando o processo para o setor civil, além de
apresentar um investimento reduzido com equipamentos e operadores. Os ensaios não destrutivos auxiliam
no desenvolvimento de empresas e indústrias de madeira como produtores de Madeira Lamelada Colada
(MLC) e Madeira Lamelada Colada Cruzada (CLT), que realizam a classificação mecânica periodicamente da
madeira por flexão estática.
A Técnica de Excitação por Impulso (TEI), baseada na ASTM E 1876:15 (Standard Test Method for Dynamic
Young's Modulus, Shear Modulus, and Poisson's Ratio by Impulse Excitation of Vibration), consiste num
ensaio não destrutivo, no qual a peça é submetida ao impacto realizado por um pulsador manual ou
automático, gerando uma resposta acústica através da sua frequência natural de vibração que fornece,
através do software Sonelastic, o seu módulo de elasticidade dinâmico (Ed).
Este trabalho teve como principal finalidade estudar as propriedades mecânicas de lamelas de madeira, em
particular o módulo de elasticidade, de forma não destrutiva, buscando-se facilitar a realização de ensaios
mecânicos de caracterização.
Espera-se que, através da utilização da técnica de excitação por impulso (Sonelastic), a identificação das
rigidezes das madeiras possibilite a maior utilização da madeira em escala industrial facilitando o processo
produtivo de elementos industrializados de madeira.
Até o momento, os valores referentes ao módulo flexional fornecidos pelo equipamento sonelastic (que utiliza
a tecnica de excitação por impulso) não são conhecidos exatamente, visto que comumente utiliza-se o módulo
de elasticidade na direção longitudinal para quaisquer comparações. Alguns trabalhos já foram desenvolvidos
com o uso desse equipamento, mas ainda há a necessidade de identificação correta da resposta
disponibilizada pelo equipamento.

1
205
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 CONFECÇÃO DAS LAMELAS


Para a realização deste trabalho, foi utilizada matéria-prima de Cedro Australiano fornecida pela empresa
Vale do Cedro, localizada no município de Ribeirão Branco – SP.
Para a retirada dos corpos de prova (lamelas), utilizou-se 8 vigas de cada espécie tendo estas dimensões
nominais de 6 cm x 16 cm x 300 cm. Foram usinadas e retiradas amostras que seguiram os procedimentos
da ABNT NBR 7190:1997, Anexo B. Foram retiradas de cada viga, em média, 10 lamelas com dimensões
nominais de 2,5 cm x 6 cm x 123 cm.
Para que o teor de umidade das lamelas chegasse a 12 ± 1%, as lamelas foram entabicadas ao ar livre logo
após sua usinagem. Durante o período de 30 dias, as lamelas foram observadas e sua umidade foi verificada
semanalmente com o auxílio do medidor elétrico Moisture Mete 4806, até que as mesmas chegassem ao
equilíbrio esperado padrão de referência. Em seguida estas foram armazenadas em uma sala climatizada
onde os ensaios posteriores foram realizados.

2.2 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS


Após a realização da secagem as lamelas passaram pelo ensaio mecânico não destrutivo de excitação por
impulso longitudinal (EdL) através do uso do equipamento Sonelastic, que tem como base as diretrizes
sugeridas pelo documento normativo ASTM E 1876:15, como mostrado na Figura 1.

Figura 1. Ensaio de excitação por impulso longitudinal (EdL) biapoiado.

Fonte: Autoria própria.

Posteriormente as mesmas lamelas ensaiadas anteriormente foram novamente submetidas ao ensaio não
destrutivo de excitação por impulso flexional (EdF), no qual a madeira manteve-se biapoiada, o microfone
estava localizado na parte inferior da peça e o impacto ocorreu pelo lado oposto ao que se encontrava o
microfone, como mostrado na Figura 2.

Figura 2. Ensaio de excitação por impulso flexional (EdF) biapoiado.

Fonte: Autoria própria.

Após a realização dos ensaios não destrutivos no sonelastic, foi realizado o ensaio de flexão de três pontos
segundo Anexo B da ABNT NBR 7190:1997 para a obtenção do módulo de elasticidade na flexão (E M), como
pode-se observar na Figura 3.

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206
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Figura 3. Ensaio de excitação por impulso flexional (EdF) biapoiado.

Fonte: Autoria própria.

Através da análise de regressão linear, verificou-se a interação dos resultados de rigidez obtidos a partir do
ensaio de flexão estática (EM) de três pontos, que foram comparados com os resultados obtidos através dos
ensaios não destrutivos de flexão (EdF) e com o ensaio não destrutivo longitudinal (EdL), a fim de verificar qual
apresenta a maior interação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os módulos de elasticidade EdL e EdF obtidos, neste caso, foram comparados com os módulos de elasticidade
de flexão EM fornecidos pelo ensaio de flexão estática de três pontos. A Figura 4 (a) apresenta os detalhes
da análise de regressão linear entre EM e EdL e a Figura 4 (b) apresenta detalhes da regressão linear entre
EM e EdF.

Figura 4. Regressão linear.

(a) (b)

Fonte: Autoria própria.

Os dados considerados para as rigidezes seguiram uma tendência de normalidade. As duas comparações
mostraram que as nuvens de pontos obtidas seguiram uma tendência de linearidade. Os coeficientes de
correlação R2 obtidos em ambos os casos foram superiores a 90%.

4. CONCLUSÃO
Através das análises estatísticas de regressão linear, o módulo flexional EdF apresentou melhor correlação
linear com o módulo EM. Ambos os módulos obtidos no Sonelastic (EdL e EdF) apresentaram ótima correlação,
sendo a melhor correlação observada para o EdF, apontando que para obtenção do módulo de elasticidade
flexional, indica-se o ensaio de excitação por impulso flexional dentre os diferentes módulos fornecidos pelo

207
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

equipamento.

5. AGRADECIMENTOS
Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

6. REFERÊNCIAS
ABNT. ABNT (1997). NBR 7190/97: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro: 1997.

ASTM E 1876-15 2015 Standard test method for dynamic Young’s modulus, shear modulus and
Poisson’s ratio by impulse excitation of vibration

4
208
UTILIZAÇÃO DE MODELOS INTERPRETÁVEIS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA APLICAÇÕES DE SUPORTE À
TOMADA DE DECISÃO

Vitor Pinto Ribeiroa*; José Antônio Perrella Balestieri a; Carlos Dias Macielb
a
Departamento de Química e Energia – Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá – UNESP
b
Departamento de Engenharia Elétrica – Escola de Engenharia de São Carlos – USP
*vitor.p.ribeiro@unesp.br

Resumo. O crescente emprego de modelos de Inteligência Artificial (I.A.) com características de


“caixas-pretas” tem suscitado a discussão de sua viabilidade em determinadas áreas devido à dificuldade
em explicar os resultados obtidos pela aplicação com base nos dados de entrada fornecidos. Este trabalho
apresenta uma discussão sobre a importância da interpretabilidade de modelo de Redes Neurais como
representativo de I.A. comparativamente com a estrutura das Redes Bayesianas com foco no
desenvolvimento de um sistema de tomada de decisão na área da Agricultura.

Palavras-chave: Inteligência artificial; Interpretabilidade de modelos; Redes Neurais; Redes Bayesianas;


Agricultura.

1. INTRODUÇÃO
Técnicas baseadas em modelos de Inteligência Artificial (I.A.) têm obtido resultados satisfatórios em
diversas áreas do conhecimento. Exemplos recentes incluem astronomia (OFMAN et al., 2022), cenários de
pandemia (AHMED; BOOPATHY; SUDHAGARA RAJAN S., 2022), gestão de recursos energéticos (ZHANG,
2022), e mercado financeiro (JAWID, 2022). Apesar dos resultados positivos obtidos pela utilização deste
tipo de modelagem, existe uma preocupação crescente da comunidade científica sobre a utilização dos
chamados “modelos caixa-preta” (GUIDOTTI et al., 2019). Tal apreensão é baseada no esforço necessário
para interpretação do modelo obtido, e da dificuldade em explicar os resultados fornecidos pela aplicação
com base nos dados de entrada fornecidos, o que pode acarretar em problemas éticos em certas áreas
(CHONG et al., 2022). Esta escassez de interpretabilidade dos modelos caixa-preta é ainda mais relevante
no contexto de aplicações de suporte à tomada de decisão, no qual há um consenso sobre a necessidade
de validação de tal modelo por um especialista na área da decisão (SHAW et al., 2019). Exemplos de áreas
que apresentam crítica relacionada à interpretabilidade dos modelos incluem empréstimo monetário
(SACHAN et al., 2020), e medicina (ZIHNI et al., 2020).
O objetivo desta comunicação é apresentar uma discussão sobre a importância da interpretabilidade de
modelos de I.A. utilizados em aplicações de suporte à tomada de decisão. Como representante de modelos
caixa-preta serão utilizadas Redes Neurais (R.N.s) e suas características confrontadas com a estrutura das
Redes Bayesianas (R.B.s). Um propósito adicional é o de apresentar uma modelagem baseada em R.B.s
que é a base para um sistema de tomada de decisão na área da Agricultura. A presente contribuição ilustra
o uso deste tipo de aplicação em área intimamente relacionada com tópicos de Sustentabilidade, que é um
dos temas deste Workshop. A estrutura do restante da apresentação é a seguinte: A Seção 2 apresenta a
fundamentação teórica de R.N.s bem como de R.B.s. A Seção 3 contém uma discussão comparativa de
ambas as modelagens, sob o aspecto de interpretabilidade, e apresenta modelagem para um sistema de
suporte à tomada de decisão na área de Agricultura. A Seção 4 discorre sobre as conclusões deste trabalho
baseadas nos objetivos supracitados.

2. MATERIAL E MÉTODO
Nesta seção são apresentados os conceitos necessários para compreensão das discussões contidas nas
seções posteriores.

2.1 REDES NEURAIS


Para os propósitos desta comunicação, uma Rede Neural é definida como uma estrutura de grafo
direcionado. Sua utilização principal dá-se em problemas de regressão ou de classificação de informações
(LECUN; BENGIO; HINTON, 2015). Os vértices são organizados em agrupamentos ordenados disjuntos

1 209
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

não-vazios denominados “camadas”. O primeiro destes conjuntos é definido como “entrada” do sistema, em
que cada vértice representa e armazena informações de cada variável do sistema observado. A última
camada é denominada “saída”, na qual cada vértice fornece o resultado da computação executada sobre as
variáveis de entrada. Finalmente, as camadas intermediárias são identificadas como “ocultas”, as quais
comportam um número arbitrário de vértices. Cada Rede Neural comporta apenas uma camada de entrada,
uma de saída, e um número discricionário de camadas ocultas.
Nesta estrutura de grafo, as arestas conectam cada vértice de determinada camada a todos os outros da
camada subsequente. A cada uma destas conexões é atribuído um peso que define a participação de cada
termo da camada anterior sobre a computação executada na camada atual. A Fig. 1 apresenta uma
estrutura de Rede Neural em que cada vértice das camadas acima da de entrada fornece como computação
a aplicação de uma função f(.) sobre a ponderação dos valores obtidos da camada inferior, com os pesos W
definidos pelas arestas.
Figura 1. Exemplo de Rede Neural com duas camadas ocultas.

Fonte: Adaptada de Lecun, Bengio e Hinton (2015).

2.2 REDES BAYESIANAS


Uma Rede Bayesiana é um modelo probabilístico baseado em grafos, que explicita as associação entre as
variáveis observadas de um sistema. Sua estrutura é composta por um grafo acíclico direcionado e por
tabelas de probabilidade condicional (BESSANI et al., 2020). Nesta abordagem, cada vértice do grafo
corresponde a uma variável do sistema à qual é relacionada uma função de distribuição de probabilidade, e
as arestas representam relações de associação entre estas.
Dada uma variável vi, os vértices que apresentam arestas que terminam em vi são denominados “pais”
desta, denotados por Pa(vi). Desta forma, dado o Teorema de Bayes, é possível identificar a probabilidade
de cada estado da variável vi em função da chance de cada estado de cada variável em Pa(vi). A Fig. 2
apresenta um exemplo de Rede Bayesiana. Esta estrutura representa um sistema de apoio à decisão
médica que compreende variáveis binárias relacionadas ao histórico de fumante do paciente (variável H),
presença de bronquite (B), manifestação de câncer de pulmão (L), demonstração de fatiga (F), e presença
de massa escura em exame de raio-X (C). Deste exemplo apresentado, caso um especialista queira
consultar a probabilidade de um paciente apresentar massa escura em um exame de raio-X (C = c1) após
ser diagnosticado com câncer de pulmão (L=l1) basta consultar a informação codificada em P(c1|l1) = 0,60.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta Seção são abordados brevemente aspectos de interpretabilidade dos dois modelos apresentados sob
ponto de vista estrutural, e uma modelagem de suporte à decisão para a Agricultura baseada em Redes
Bayesianas será apresentada e discutida sob aspectos similares.

2 210
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 2. Exemplo de Rede Bayesiana para um sistema de apoio à decisão da área médica.

Fonte: Adaptada de Neapolitan (2004).

3.1 ASPECTOS ESTRUTURAIS


Em uma abordagem livre de aplicação é possível constatar a dificuldade em interpretar a informação de
saída fornecida por uma Rede Neural. Da Fig. 1, caso um ser humano queira expandir de modo analítico a
função responsável por fornecer a saída yl, com base apenas nas variáveis da camada de entrada, este terá
que conhecer cada um dos pesos das arestas internas à rede, bem como aplicar operações de composição
de funções. Esta análise torna-se fundamental em campos em que há a necessidade de compreender e
qualificar a resposta fornecida pelo sistema.
Há também o fato de os sistemas de suporte à decisão nem sempre serem utilizados por profissionais
versados no funcionamento interno de tais estruturas. Um exemplo seria o uso de um sistema similar por
uma equipe de médicos, em que existem consequências éticas decorrentes das decisões tomadas. Tal
dificuldade em descrever como o sistema chegou a determinada conclusão sobre um conjunto de dados de
entrada pode prejudicar a avaliação de adequação, corretude, e eficácia da resposta fornecida. Redes
Bayesianas, por sua vez, conseguem condensar relações de associação em uma estrutura gráfica (pela
representação de seu grafo) de fácil visualização e interpretação. Da Fig. 2 é possível identificar que a
probabilidade de um paciente apresentar fadiga é influenciada pelo paciente possuir bronquite e/ou possuir
câncer de pulmão. Outra característica interessante das Redes Bayesianas neste contexto é a possibilidade
de identificar fatores intermediários em uma cadeia de associação. Por exemplo, da Fig. 2, um médico pode
aferir a possibilidade de um paciente ter desenvolvido câncer de pulmão dado que este é fumante e cujo
exame de raio-X apresenta uma mancha escura.

3.2 APLICAÇÃO EM AGRICULTURA


A Fig. 3 apresenta a estrutura de grafo de uma Rede Bayesiana construída como sistema de suporte à
decisão para uma aplicação em Agricultura. As tabelas de probabilidade condicional foram omitidas dado o
nível de discretização das variáveis apresentadas. Esta Rede Bayesiana foi construída com base em dados
obtidos por uma estação proprietária de coleta de dados meteorológicos e agronômicos, cuja principal tarefa
é a de monitorar a umidade do solo no qual culturas são cultivadas. Sua estrutura foi obtida pelo
conhecimento de especialistas e algoritmos de obtenção estrutural de Redes Bayesianas.
A partir da estrutura é possível aferir com facilidade que a temperatura e a medição do pluviômetro
influenciam diretamente na medição do tensiômetro – dispositivo que mede indiretamente a umidade do
solo no estrato observado – mais superficial. É possível observar de imediato na Fig. 3 o efeito de
percolação da umidade do solo, uma vez que a umidade medida no estrato de 20 cm influencia na medida
obtida no estrato subsequente, que eventualmente se propaga para o mais profundo observado.

211
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 3. Representação do grafo de Rede Bayesiana desenvolvido para variáveis observadas por estação
de coleta de dados agronômicos e meteorológicos.

Fonte: Autoria própria.

4. CONCLUSÃO
Nesta breve comunicação foi apresentado representante de modelo caixa-preta e discutimos alguns fatores
que os tornam desfavoráveis perante aos modelos interpretáveis sob o contexto de suporte à tomada de
decisão. Também foi apresentado um modelo em grafo com enfoque na área de Agricultura, fruto de
pesquisa de pós-graduação em andamento. Esta aplicação ilustra de forma prática a importância de
modelos que podem ser abordados com facilidade por agentes interessados na estrutura interna de
sistemas de suporte à decisão.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio ao evento – código de financiamento 001, e à empresa Spectrum Line LTDA. por disponibilizar os
dados utilizados no desenvolvimento da pesquisa. Em particular, V. P. R. agradece ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro, processo número 142390/2019-4.

6. REFERÊNCIAS
AHMED, A.; BOOPATHY, P.; SUDHAGARA RAJAN S. Artificial Intelligence for the Novel Corona Virus
(COVID-19) Pandemic: Opportunities, Challenges, and Future Directions. International Journal of E-Health
and Medical Communications, v. 13, n. 2, p. 1–21, jul. 2022.
BESSANI, M. et al. Multiple households very short-term load forecasting using bayesian networks. Electric
Power Systems Research, v. 189, p. 106733, dez. 2020.
CHONG, L. et al. Human confidence in artificial intelligence and in themselves: The evolution and impact of
confidence on adoption of AI advice. Computers in Human Behavior, v. 127, p. 107018, fev. 2022.
GUIDOTTI, R. et al. A Survey of Methods for Explaining Black Box Models. ACM Computing Surveys, v.
51, n. 5, p. 1–42, 23 jan. 2019.
JAWID, R. F. Study of Using Applications of Artificial Intelligence in Performance of Financial Markets:
Journal of Cases on Information Technology, v. 24, n. 2, p. 1–18, abr. 2022.
LECUN, Y.; BENGIO, Y.; HINTON, G. Deep learning. Nature, v. 521, n. 7553, p. 436–444, 28 maio 2015.
NEAPOLITAN, R. E. Learning Bayesian networks. Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall, 2004.
OFMAN, L. et al. Automated identification of transiting exoplanet candidates in NASA Transiting Exoplanets
Survey Satellite (TESS) data with machine learning methods. New Astronomy, v. 91, p. 101693, fev. 2022.
SACHAN, S. et al. An explainable AI decision-support-system to automate loan underwriting. Expert
Systems with Applications, v. 144, p. 113100, abr. 2020.
SHAW, J. et al. Artificial Intelligence and the Implementation Challenge. Journal of Medical Internet
Research, v. 21, n. 7, p. e13659, 10 jul. 2019.
ZHANG, H. A Coupled Spring Forced Bat Searching Algorithm for Energy Resource Management. Journal
of Computing and Information Science in Engineering, v. 22, n. 1, p. 011001, 1 fev. 2022.
ZIHNI, E. et al. Opening the black box of artificial intelligence for clinical decision support: A study predicting
stroke outcome. PLOS ONE, v. 15, n. 4, p. e0231166, 6 abr. 2020.

4 212
Produção

213
AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E MECÂNICAS DE JUNTAS
ADESIVADAS APLICADAS NA INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS

Carlos Eduardo Moraesa*; Michelle Leali Costab; Edson Cocchieri Botelhoa


a Departamento de Materiais e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Av. Dr. Ariberto
Pereira da Cunha, 333 - Pedregulho, Guaratinguetá - SP, Brasil.
b Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT), Laboratório de Estruturas Leves (LEL), São José dos Campos, SP, Brasil

*eduardo.moraes@unesp.br

Resumo. O presente trabalho irá apresentar o projeto de pesquisa que será desenvolvido no mestrado
uma vez que até o momento não foram obtidos resultados. Os adesivos estruturais surgem como técnica
alternativa na união de materiais em estruturas terciárias na indústria de óleo e gás em detrimento à solda,
por exemplo, com o intuito de mitigar riscos causados pelo uso de faísca nas plataformas marítimas. Neste
trabalho, serão avaliadas as propriedades físico-químicas e mecânicas de juntas adesivadas de material
compósito a fim de verificar a influência de ambientes adversos, tais como a radiação ultravioleta,
temperatura, umidade e salinidade nas propriedades finais das juntas.

Palavras-chave: Adesivos estruturais; Juntas adesivadas; Propriedades mecânicas; Propriedades físico-


químicas; Ambiente marinho.

1. INTRODUÇÃO
Na indústria de óleo e gás, a demanda por materiais que sejam leves, resistentes e capazes de serem
submetidos a condições ambientais severas sempre foi presente. Os materiais metálicos por muito tempo
foram a melhor alternativa, no entanto, com o advento de novos materiais e por meio de estudos
aprofundados sobre a viabilidade de suas aplicações em determinadas situações, fica evidente que existem
outros materiais capazes de atender os requisitos necessários para a aplicação estrutural, além de
promover melhorias em detrimento ao uso dos materiais metálicos. Os adesivos estruturais oferecem
excelentes propriedades mecânicas das juntas após processo de cura, manufatura otimizada e econômica,
redução do peso estrutural e aumento da resistência das juntas. São uma alternativa capaz de solucionar
os danos ambientais causados pelas falhas em componentes metálicos que sofreram processo corrosivo
até atingir um nível crítico e, portanto, promover mais segurança e sustentabilidade (OSNES, H.;
MCGEORGE, D., 2009).
Atualmente, a utilização de adesivos estruturais como substitutos de soldas no setor de óleo e gás
compreende três principais situações, sendo: (i) juntas compósito/compósito (conexão de dutos em
compósito, suportes de selim para tubos não metálicos); (ii) juntas compósito/metal (reparo de dutos de
metal, reparo de estruturas navais e reparo de tanques de armazenamento); (iii) juntas metal/metal
(suportes de selim para tubos metálicos) (SILVA, L. F. M.; ÖCHSNER, A.; ADAMS, R. D, 2008). Na
literatura, são encontrados ainda diversos estudos (MALLY, 2013; OSNES, MCGEORGE, 2009; DA COSTA
MATTOS, 2014) indicando a viabilidade da utilização de reparos adesivos em compósitos para dois dos
danos mais comuns encontrados em unidades off-shore flutuantes: a fratura por fadiga e a perda de
espessura por corrosão (SILVA, L. F. M.; ÖCHSNER, A.; ADAMS, R. D, 2008). Além dos exemplos de
aplicação já mencionados, as juntas adesivadas também podem estar presentes em estruturas secundárias
e terciárias de instalações off-shore (dutos de água, grades, corrimãos, escadas, vasos, tanques e etc.),
sendo este outro universo para a aplicação deste material, para o qual as mesmas vantagens de aumento
de segurança, redução do tempo de operação e possibilidade de extensão da vida útil são extremamente
atrativas (SETVATI, 2014).
As condições severas do ambiente marinho ainda são o principal fator limitante na aplicação dos adesivos
estruturais nas plataformas off-shore. A exposição umidade, variações de temperatura e a radiação
ultravioleta (UV), são os fatores ambientais conhecidos por afetar a durabilidade das juntas adesivadas
(BROUGHTON, 2012). No entanto, existem formas alternativas de contornar essas limitações, fazendo com
que os adesivos estruturais passem a ser utilizados em uma gama maior de aplicações. Dentre os
principais fatores que afetam diretamente a capacidade das juntas adesivadas e que, portanto, são as
formas mais viáveis para contornar as limitações causadas pela exposição ao ambiente severo de trabalho
são: design da junta, espessura da camada adesiva e tipo de material da superfície aderente e suas
características. O design da junta irá permitir a otimização das juntas em relação a sua resistência, atuando
no impedimento ou dificultando a entrada de umidade nas regiões críticas da união adesiva (SILVA, L. F.

1 214
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

M.; ÖCHSNER, A.; ADAMS, R. D, 2008). A espessura da camada adesiva apresenta maior complexidade,
uma vez que pode apresentar efeitos positivos e negativos na resistência da junta. Uma maior espessura
nas bordas da região de união irá atuar não somente dificultando a entrada de umidade, mas também
promovendo maior flexibilidade da junta, diminuindo as tensões na ligação adesiva. No entanto, uma maior
espessura do adesivo tem o efeito de diminuir a resistência ao cisalhamento das juntas, podendo ocasionar
uma falha estrutural prematura (HESHMATI, 2016; JARRY, 2006). Já o tipo de material da superfície
aderente irá atuar no método de adesão, especialmente na adesão mecânica, onde materiais que
apresentem maior rugosidade superficial serão capazes de promover maior ancoragem mecânica e,
consequentemente, maior resistência da junta (SILVA, L. F. M.; ÖCHSNER, A.; ADAMS, R. D, 2008).
Nesse contexto, este trabalho apresenta como principal objetivo a avaliação da viabilidade de aplicação dos
adesivos estruturais em estruturas terciárias das plataformas off-shore, a partir do estudo das propriedades
mecânicas como resistência ao cisalhamento e tenacidade a fratura nos modos I e II, e propriedades físico-
químicas, como grau de absorção de água das juntas adesivadas sob as condições de serviço. Um estudo
das propriedades viscoelásticas do material também será realizado, por meio da análise dinâmico-mecânica
(DMA) e, por fim, com o intuito de obter mais informações a respeito do modo de falha, será conduzida uma
análise fractográfica das superfícies de fratura.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
Serão utilizados adesivos estruturais baseados em epóxi fornecidos por uma empresa de adesivos e, como
substrato de adesão, material compósito de fibra de carbono/epóxi.
2.2 Metodologia
Inicialmente, serão preparados os corpos de prova sob duas condições diferentes de rugosidades da
superfície aderente, com lixamento e sem lixamento, além de duas diferentes espessuras da camada
adesiva, com excesso de adesivo e com espessura indicada pelo fabricante. Após preparados, os corpos de
prova serão submetidos ao envelhecimento higrotérmico, simulando as condições ambientais severas
relacionadas ao ambiente marinho. Ao fim do período definido para o ensaio, será realizada a avaliação do
grau de absorção de água pelos adesivos em cada situação, verificando as diferenças encontradas nas
condições variáveis determinadas. As propriedades mecânicas serão então avaliadas por meio do ensaio de
cisalhamento, ou Lap Shear Test, e avaliação da tenacidade a fratura interlaminar nos modos I e II, por meio
dos ensaios de Double Cantilever Beam (DCB) e End-Notched Flexure (ENF), respectivamente. A análise
de DMA será realizada para determinar a temperatura de transição vítrea dos adesivos estruturais e a
verificar influência do envelhecimento higrotérmico e das condições determinadas no comportamento
viscoelástico do material e, por fim, será conduzida uma análise fractográfica das superfícies de fratura para
avaliar o mecanismo de falha e, consequentemente, a influência do envelhecimento higrotérmico e das
condições determinadas no modo de falha do material.

Figura 1. Representação esquemática da geometria do corpo de prova e do ensaio de DCB.

Fonte: Adaptado de Srivastava, et al. (2018).

2 215
25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

Figura 2. Forma de fixação do corpo de prova do teste ENF e nomenclatura de amostra.

Fonte: Adaptado de ASTM D7905 (2019).

3. RESULTADOS PRETENDIDOS
Espera-se, ao final do projeto, obter um levantamento de dados significativos no que diz respeito ao
comportamento dos adesivos estruturais sob condições ambientais severas, com o intuito de aplicar com
efetividade e segurança essa técnica de união de materiais nas estruturas terciárias nas plataformas off-
shore, possivelmente substituindo a solda por arco elétrico ou outras formas convencionais de união.
Espera-se obter um aumento da relação resistência peso nas uniões adesivas por meio da redução do peso
estrutural e aumento da resistência mecânica, além de promover mais segurança aos operadores com a
possibilidade de reduzir os trabalhos a quente dentro das plataformas off-shore. Dentre as demais
contribuições, espera-se alcançar um avanço tecnológico para o uso dos adesivos estruturais em aplicações
complexas dentro da indústria de óleo e gás, podendo, assim, contribuir com esse setor industrial e sua
demanda por materiais leves e resistentes, além de contribuir com a sociedade de forma geral devolvendo
todo investimento em forma de avanço tecnológico capaz de promover mudanças significativas na vida de
todos cidadãos.

4. CONCLUSÕES
Com este trabalho, foi possível realizar uma revisão do tema e levantar fontes relevantes e significativas
para o desenvolvimento do projeto. Ainda em etapas de estruturação do trabalho, aguarda-se a chegada do
adesivo estrutural fornecido por uma empresa do exterior e dos compósitos de fibra de carbono/epóxi
fornecidos pela UNIFESP de São José dos Campos para dar início as demais etapas do trabalho.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. O autor também agradece o apoio financeiro
por parte da ANP, FINEP e MCTI, por meio do programa PRH 34.1 FEG/UNESP, e o apoio da Profa. Dra.
Mirabel Cerqueira Rezende por fornecer os laminados que serão utilizados e ao CNPq ((304876/2020-8 e
306576/2020-1).

6. REFERÊNCIAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D7905: standard test method for
determination of the mode II interlaminar fracture toughness of unidirectional fiber-reinforced polymer matrix
composites. Pennsylvania: ASTM, 2019.

BROUGHTON, W. Adhesives in Marine Engineering. Woodhead Publishing Limited, 2012. 155–186p.

COGNARD, P. Handbook of Adhesives and Sealants: Volume 1. 2.ed. New York: McGraw-Hill, 2005.
511p.

216
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

DA COSTA MATTOS, H. S. et al. Analysis of a glass fiber reinforced polyurethane composite repair system
for corroded pipelines at elevated temperatures. Composite Structures, v. 114, n. 1, p. 117–123, 2014.

HESHMATI, M.; HAGHANI, R; AL-EMRANI, M. Effects of moisture on the long-term performance of


adhesively bonded FRP/steel joints used in bridges. Composites Part B. Guildford, v.92, p.447-462, 2016.

JARRY, E.; SHENOI, A. Performance of butt strap joints for marine applications. International Journal of
Adhesion & Adhesives, Guildford, v.26, p.162-176, 2006.

MALLY, T. S. et al. Performance of a carbon-fiber/epoxy composite for the underwater repair of pressure
equipment. Composite Structures, v. 100, p. 542–547, 2013.

MONSEF, A. S. et al. Effect of environmental conditioning on pure mode I fracture behavior of adhesively
bonded joints. Theoretical and Applied Fracture Mechanics, Amsterdam, v.110, n.102826, p.1-11, 2020.

OSNES, H.; MCGEORGE, D. Experimental and analytical strength analysis of double-lap joints for marine
applications. Composites Part B: Engineering, v. 40, n. 1, p. 29–40, 2009.

SETVATI, M. R. et al. A Review on composite material for offshore structure. In: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON OFFSHORE MECHANICS AND ARTIC ENGINEERING, 33., 2014, San Francisco.
Anais […]. San Francisco: OMAE, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1115/OMAE2014-23542. Acesso
em: 08 out. 2021.

SILVA, L. F. M.; ÖCHSNER, A.; ADAMS, R. D. Handbook of adhesion technology. 2nd ed. Berlim:
Springer. 2008. v.1, 1805 p.

SRIVASTAVA, V. K. et al. Fracture behavior of adhesive bonded carbon fabric composite plates with nano
materials filled polymer matrix under DCB, ENF and SLS tests. Engineering Fracture Mechanics, New
York, v. 202, p.275-287, 2018.

4 217
ANÁLISE ESPACIAL DE ÁREAS DE RISCO DE MORTALIDADE EM NASCIDOS
VIVOS COM BAIXO PESO AO NASCER, SÃO PAULO, 2010-2018

E. Y. A. Rodríguez a* ; L. F. C. Nascimentoa; A. F. da Silvaa; F. A. S. Marinsa


a Universidade Estadual Paulista (UNESP) , Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333 – 12516-410, Guaratinguetá, Brasil
* elen.aguirre@unesp.br

Resumo. O baixo peso ao nascer (BPN) é considerado um problema de saúde pública por estar
relacionado com a mortalidade infantil e doenças futuras. O objetivo foi analisar a distribuição espacial da
prevalência e mortalidade com BPN entre municípios do estado de São Paulo, 2010-2018. Utilizou-se o
índice de Moran e Getis-Ord para identificação de associação espacial ou áreas de risco da prevalência e
mortalidade. Identificaram-se clusters de alta prevalência de BPN nas regiões norte, nordeste e centro-
oeste e clusters de alto coeficiente de mortalidade neonatal com BPN na região sul e noroeste. Os
resultados sugerem necessidade de medidas de intervenção.

Palavras-chave: Prevalência de baixo peso ao nascer; Mortalidade infantil; Autocorrelação espacial;


Saúde da criança; Sistemas de informação geográfica

1. INTRODUCÃO
O baixo peso ao nascer (BPN <2500g) é considerado um problema de saúde pública em todo o mundo por
estar associado ao risco de mortalidade neonatal, pós-neonatal e infantil, e ao risco de ocorrência de várias
doenças futuras como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo II, doença respiratória obstrutiva
crônica, doença renal crônica, entre outras (Katz et al., 2013; Wise, 2017).
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que entre 15% e 20% das crianças nascidas
em todo o mundo apresenta BPN (World Health Organization, 2014). Além disso, mais de 80% dos óbitos
neonatais ocorrem em recém-nascidos com BPN, dado que apresentam maior risco de morrer nos primeiros
28 dias de vida (Blencowe et al.,2019).
Neste cenário, a redução dos casos de bebês com BPN tem sido reconhecida como um objetivo de saúde
de muitos países para reduzir a mortalidade infantil (Hughes et al.,2017). Nos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), uma das metas do objetivo 3 está focado em reduzir a Taxa de Mortalidade Neonatal
(TMN) para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para
pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos (United Nations, 2015).
No Brasil, desde 1995 (7,9%) a tendência da prevalência do BPN tem aumentado, sendo que em 2017 o
valor da prevalência no país foi de 8,5%, e os estados brasileiros com alta prevalência de BPN foram: o
Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo (Brasil, 2019).
Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi analisar a distribuição espacial da prevalência e mortalidade
com BPN entre os municípios do estado de São Paulo, no período 2010-2018 para que possa se investigar
a dependência espacial entre municípios, bem como a identificação de clusters geográficos de alto risco. Os
dados de mortalidade infantil foram analisados dividindo o conjunto de dados por óbitos neonatais (nos
primeiros 27 dias) e óbitos pós-neonatais (de 28 dias a menos de um ano).

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste estudo ecológico, analisaram-se os registros notificados de nascidos vivos com BPN e óbitos
neonatais e pós-neonatais com BPN, dos 645 municípios do estado de São Paulo, entre 2010-2018.
Os dados foram coletados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil
(DATASUS), sendo que, o banco de dados foi composto pelos registros de 5.518.177 nascidos vivos,
incluindo 507.492 nascidos vivos com BPN. Também, foram considerados os 38.909 óbitos infantis com
BPN (31.036 óbitos neonatais com BPN e 7.873 óbitos pós -neonatais com BPN).
O coeficiente de prevalência de nascidos vivos com BPN, foi calculado medindo sua proporção em relação
ao total de nascidos vivos do período analisado, para cada município. O Coeficiente de Mortalidade
Neonatal (CMN) e o Coeficiente de Mortalidade Pós -Neonatal (CMPN) foram estimadas para cada
município no mesmo período, usando-se o número de óbitos neonatal e pós-neonatal com BPN como
numerador, e o número de nascidos vivos com BPN como denominador, multiplicados por 1.000.

1 218
V Work shop de Engenharia Mecânica e de Produção

O grau de associação espacial entre os municípios foi calculado por meio do índice global de Moran (I), que
varia entre -1 e +1, indicando a existência de correlação inversa e direta, respectivamente (Bivand e Wong,
2018). A representação padrão do índice global é mostrada na Eq. (1).
n n

n
 w ( x  x )( xij i j  x)
I n n
 i j
n (1)
 w
i j
ij  (x  x )
i
i
2

Por outro lado, utilizou-se os Indicadores Locais de Associação Espacial (LISA), como o índice local de
Moran (Ii), na qual valores positivos indicam um agrupamento espacial de valores semelhantes, enquanto os
valores negativos indicam um agrupamento espacial de valores diferentes (Bivand e Wong, 2018), é
formulado na Eq. (2).
n
( xi  x ) wij ( x j  x )
j 1
Ii  n (2)
 (x  x )
i 1
i
2

n
A estatística local Getis-Ord (Gi*) foi utilizada para a identificação de clusters espaciais de valores altos y
baixos (Bivand e Wong, 2018), é formulado na Eq. (3).
n n

 wij x j  X  wij
j 1 j 1
Gi* 
 n 2 n
2
(3)
  ij  wij ) 
n w  (
S  
j 1 j 1

n 1
n n

 x2j
j 1
x
j 1
j

sendo S X e X  2
.
n n
As análises de dados foram realizadas nos programas de código aberto QGIS v.3.14.15 e R v.4.0.3. Além
disso, os mapas do estado e dos municípios foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), e os mapas foram trabalhados no sistema de referência geodésico SIRGAS2000.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
No estado de São Paulo, no período 2010-2018, ocorreram 5.518.177 nascidos vivos, sendo que 507.492
(9,2%) nasceram com baixo peso. Em 2010 a prevalência anual foi de 9,2%, em 2011, 2012 e 2013 foi de
9,3%, em 2014, 2015 e 2016 foi de 9,1%, e em 2017 e 2018 de 9,2%, conforme mostrado na Fig. 1.

Figura 1. Prevalência e Coeficiente de Mortalidade Neonatal e Pós -Neonatal


70
61.2 60.0
60
50
40 %NV com BP em SP
30 CMN com BP em SP
20 15.6 16.4 CMPN com BP em SP
10 9.2 9.2

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: DATASUS (2021).

2 219
V Work shop de Engenharia Mecânica e de Produção

No caso dos óbitos, no mesmo período, o estado apresentou 62.329 óbitos infantis, e 62,4% (38.909) dos
óbitos apresentaram BPN, sendo 79,8% (31.036) dos óbitos com BPN ocorridos no período neonatal, e
20,2% (7.873) no pós-neonatal. O CMN em 2010 foi de 61,2 óbitos por mil nascidos vivos com BPN, e em
2018 foi de 60,0 óbitos por mil nascidos vivos com BPN. O CMPN em 2010 foi de 15,6 óbitos por mil
nascidos vivos com BPN, e em 2018 foi de 16,4 óbitos por mil nascidos vivos com BPN (Fig. 1).
Na análise de autocorrelação espacial, foram identificados agrupamentos espaciais estatisticamente
significativos na prevalência de BPN (I=0,19; p-valor<0,001) e na mortalidade neonatal (I=0,09; p-
valor<0,001). Por outro lado, na mortalidade pós-neonatal (I=0,01; p-valor=0,356) não houve significância
estatística.
Na avaliação de áreas, com o índice local de Moran, identificaram -se clusters de municípios
estatisticamente significativos (Fig. 2).

Figura 2. Distribuição espacial de acordo com o indicador local Moran, São Paulo, 2010-2018.

Fonte: Autoria própria.


Na prevalência de BPN (Fig. 2A), identificaram-se aglomerações espaciais de municípios com alta
prevalência (alto-alto), na região norte, nordeste e centro-oeste, já na região sul e noroeste do estado estão
os clusters de municípios com baixa prevalência cercados por municípios vizinhos com alta prevalência
(baixo-alto). No CMN com BPN (Fig. 2B), identificaram-se pequenas aglomerações na região noroeste de
municípios com valores baixos e vizinhos com coeficientes altos (baixo-alto), já na região sul e noroeste
identificaram-se clusters (alto-alto) de municípios com valores altos.
O indicador local de Gi*, revelou concentrações de municípios de valores altos (hot spots) e valores baixos
(cold spots) no estado de São Paulo, conforme ilustrado na Fig. 3.

Figura 3. Análise de Gi* para a detecção de aglomerações de municípios com valores alto e baixos, São
Paulo, 2010-2018

Fonte: Autoria própria.

3 220
V Work shop de Engenharia Mecânica e de Produção

As áreas potenciais de risco identificadas com o índice local de Moran (Fig. 2) foram mantidas na análise do
espalhamento do índice Gi* (Fig. 3). Os resultados mostraram a existência de aglomerações espaciais de
municípios com valores baixos na prevalência de BPN, mas também esses clusters apresentaram
associação espacial com valores altos na mortalidade neonatal em nascidos vivos com BPN, loca lizados na
região sul e noroeste do estado de São Paulo.

4. CONCLUSÕES
Este trabalho apresentou uma análise espacial da prevalência do BPN, e dos coeficientes de mortalidade
neonatal e pós-neonatal com BPN no estado de São Paulo, período 2010-2018. A análise mostrou
municípios com baixos valores na prevalência de BPN na região sul e noroeste, nessa mesma região, os
municípios mostraram altos valores no CMN com BPN. A mortalidade pós-neonatal com BPN não mostrou
associação espacial estatisticamente significativa, possivelmente porque 28% dos municípios (180) não
apresentaram óbitos pós-neonatais com BPN.
Em todo o mundo desde 1990 até 2015 a mortalidade infantil tem diminuído, refletindo principalmente na
diminuição da mortalidade pós-neonatal, na qual o número de mortes neonatais não teve a mesma redução.
Neste estudo, verificou-se que o número de óbitos neonatais do estado de São Paulo é maior que o número
de óbitos pós-neonatais, e essa diferença não muda mesmo que apenas sejam considerados os óbitos com
BPN.
Portanto, reduzir o BPN e suas consequências é uma das chaves para reduzir o coeficiente de mortalidade,
pois, o monitoramento da prevalência nos municípios pode ajudar positivamente em reduzir o número de
óbitos. Os resultados apresentados sugerem a intervenção e implantação de programas de saúde, e ações
nas políticas públicas para manter o cuidado da mãe e dos recém -nascidos nos municípios com
dependência espacial, a fim de reverter os efeitos negativos do baixo peso, e mitigar o risco de óbito
neonatal e pós-neonatal com BPN.

5. AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Código de Financiamento
001.

6. REFERÊNCI AS
Bivand, R.S.; Wong, D.W.S. Comparing implementations of global and local indicators of spatial association.
Test,v. 27, p. 716–748, 2018.
Blencowe H, Krasevec J, de Onis M, Black RE, An X, Stevens GA, et al. National, regional, and worldwide
estimates of low birthweight in 2015, with trends from 2000: a systematic analysis. The Lancet Global
Health, v. 7, n. 7, p. e849-e860, 2019.
Brasil. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2019: Uma análise da situação de saúde com enfoque em
doenças imunopreveníveis e na imunização. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019.
DATASUS, Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil, Ministério da Saúde.
Informações de saúde: TABNET. Estatísticas Vitais. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2020. Disponível
em: <https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-s aude-tabnet/>
Hughes MM, Black RE, Katz J. 2500-g Low Birth Weight Cutoff: History and Implications for Future Research
and Policy. Matern Child Health J., v. 21, n. 2, p. 283-289, 2017.
Katz, J.; Lee, A.C.C.; Kozuki, N.; Lawn, J.E.; Cousens, S.; Blencowe, H. et al. Mortality risk in preterm and
small-for-gestational-age infants in low-income and middle-income countries: a pooled country analysis. The
Lancet, v. 382 p. 417-425, 2013.
Wise, P.H. Infant Mortality. In: International Encyclopedia of Public Health. 2.ed. Oxford: Academic Press,
v.2, p. 216-221, 2017.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Global Nutrition Targets 2025: Low birth weight policy brief.
Geneva: WHO, 2014.
United Nations (UN). Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development. New
York: UN; 2015.

4 221
PREDIÇÃO DE SOBREPESO OU OBESIDADE POR MEIO DO RANDOM FOREST:
UMA APLICAÇÃO COM MACHINE LEARNING

E. C. A. Rodrígueza*; L. F. C. Nascimentoa; A. F. da Silvaa; F. A. S. Marinsa


a Universidade Estadual Paulista (UNESP) , Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333 – 12516-410, Guaratinguetá, Brasil
* elias.aguirre@unesp.br

Resumo. O sobrepeso e a obesidade constituem um problema de saúde púbica que aumenta o risco de
várias doenças como também o aumento de morbidade e mortalidade, sendo assim que nos últimos anos
foi considerado um fator de risco para a Covid-19. Neste trabalho o objetivo principal foi aplicar técnicas de
Machine Learning como Random Forest para o desenvolvimento de um modelo preditivo que permite a
identificação de pessoas com excesso de peso, na qual, por meio do uso prático os especialistas na área
da saúde poderão utilizar esta ferramenta como uma vantagem para a tomada de decisões.

Palavras-chave: Sobrepeso e obesidade; Machine Learning; Modelos de classificação; Random Forest;


Índice de massa corporal.

1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sobrepeso e a obesidade são definidos como o
excesso de gordura em diferentes partes do corpo, sendo considerado um importante problema de saúde
pública porque está relacionado a várias doenças, e até mesmo à morbidade e mortalidade (Rosen, 2014).
Algumas doenças associadas à obesidade são: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, derrame, osteoartrite,
depressão, Alzheimer e alguns tipos de câncer como o de mama, próstata, rim, ovário, fígado e câncer de
cólon, entre outros (OMS, 2021; Blüher, 2019).
Além disso, no contexto atual do COVID-19 a obesidade é considerada um fator de risco, pois identificou-se
que causa um agravamento na doença, provocado por um estado pró-inflamatório de baixo grau que resulta
na desregulamentação do sistema imunológico (Rubio e Bretón, 2021).
Assim, um adulto está acima do peso quando tem um Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ de 25 kg/m2 e é
obeso com um IMC ≥ de 30 kg/m2 (OMS, 2020). Em adição, ao longo dos anos, a prevalência da obesidade
no mundo quase triplicou (OMS, 2021). A Fig. 1 apresenta a evolução da prevalência de sobrepeso (A) e
obesidade (B) em todo o mundo e por região.

Figura 1. Prevalência de sobrepeso e obesidade a nível global e por região.

Global Sudeste Asiático Pacífico Ocidental Europa Americas Mediterrâneo Oriental África

Fonte: OMS, 2021.


Conforme a Fig. 1, a prevalência de obesidade e sobrepeso tem tendência de aumento, e estima-se que em
2030 cerca de 50% da população mundial estará acima do peso ou obesa (Kelly et al., 2008).
Na literatura vários estudos mostram o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, como Machine
Learning (ML) (Dugan et al., 2015; DeGregory, 2018; De-La-Hoz-Correa et al., 2019) para apoiar aos
especialistas na tomada de decisões a fim de reduzir a prevalência da obesidade ou sobrepeso. Assim, o
presente trabalho visa desenvolver um modelo preditivo por meio do ML com dados coletados mediante um
questionário para identificar pessoas com obesidade e sobrepeso e para tomar decisões oportunas.

1 222
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para o desenvolvimento deste estudo, a Fig. 2 ilustra o fluxograma metodológico seguido com as etapas
aplicadas para obter um modelo preditivo para a identificação de pessoas com obesidade ou sobrepeso,
que é apoiado pela coleta e processamento de dados para desenvolver o modelo preditivo previamente
validado.

Figura 2. Diagrama de fluxo metodológico.


1 Identificar o problema
 Perceptron
 Decision Tree
 Support Vector Machine
 K-Nearest Neighbor
 Gaussian Naive Bayes
Coleta de dados Questionário de  Multilayer Perceptron Novos
pesquisa  Random Forest dados
 Gradient Boosting 1 1

 Extreme Gradient Boosting


110110011010 110110011010
110110011010 110110011010
110110011010 110110011010
110110011010 110110011010
110110011010 110110011010

2 Pré-processamento
de dados Treinamento e Seleção do Predição
validação de modelo
modelos 5
 Limpeza de dados, 4
 Estatística descritiva, 3
 Transformação de dados e
 Normalização das variáveis.

Fonte: Autoria própria.


O conjunto de dados do estudo foi coletado por meio de um questionário, na qual foram aplicadas 16
perguntas relacionadas com os hábitos alimentares e a condição física dos entrevistados. As 16 variáveis
do conjunto de dados podem ser agrupadas em três categorias: (a) características da descrição física; (b)
características dos hábitos alimentares; e (c) características da condição física do indivíduo.
 Características de descrição física: Inclui variáveis como sexo, idade, altura, peso e existência de
membros da família com sobrepeso.
 Características dos hábitos alimentares: Inclui as variáveis de consumo alimentar de alto conteúdo
calórico, consumo de legumes, número de refeições principais, alimentos entre refeições, consumo de
água, consumo de álcool e consumo de tabaco.
 Características do estado físico: Inclui consumo de calorias, atividade física, uso de dispositivos
tecnológicos e tipo de transporte utilizado.
A variável alvo é do tipo categórica, e é calculada mediante o processo de rotulagem, na qual, para cada
instância do conjunto de dados, o IMC é calculado, de acordo com a Eq. (1):
𝑃𝑒𝑠𝑜 (𝑘𝑔)
𝐼𝑀𝐶 = (1)
𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚) × 𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚)

Os valores do IMC foram agrupados de acordo com a Tab. 1 de classificação, disponibilizada pela OMS
(2020).

Tabela 1. Classificação do Índice de Massa Corporal.


Classification IMC
Baixo peso < 18,5
Peso normal 18,5 – 24,9
Pré-obesidade 25,0 – 29,9
Obesidade Grau I 30,0 – 34,9
Obesidade Grau II 35,0 – 39,9
Obesidade Grau III ≥ 40
Fonte: OMS, 2020.
No trabalho, os dados coletados foram pré-processados utilizando a técnica de normalização para as
variáveis quantitativas e as variáveis categóricas foram transformadas, além de balancear as classes
minoritárias no conjunto de dados de treinamento com o método de sobreamostragem.
Os algoritmos de ML utilizados para o desenvolvimento dos modelos de classificação são: Decision Tree,

2 223
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Support Vector Machines, K-Nearest Neighbors, Gaussian Naive Bayes, Multilayer Perceptron, Random
Forest, Gradient Boosting, Extreme Gradient Boosting. A predição dos modelos testados foi internamente
validada por validação cruzada de 10-kfold, comparando as diferentes métricas como Acurácia, Precisão,
Revocação e F1-score para avaliar o desempenho dos modelos.
Por outro lado, o processamento dos dados foi realizado com o apoio do software de código aberto Python
v.3.8.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para o processo de obtenção dos modelos foram utilizadas 14 variáveis do conjunto de dados, excluindo o
peso y a altura, pois só foram usados para calcular o IMC e classificar cada instância.
Na etapa de treinamento e avaliação foram testados oito métodos de ML, e a predição foi avaliada
internamente mediante validação cruzada de 10-kfold. Além disso, foi usado o método Random Search
para encontrar as melhores combinações de hiperparâmetros em cada um dos modelos testado.
A Tab. 2 apresenta os valores médios de desempenho dos modelos treinados, encontrando que o modelo
Gaussian Naive Bayes apresentou os menores valores de desempenho, em comparação com os modelos
Extreme Gradient Boosting, Decision Tree e Gradient Boosting que apresentaram melhor desempenho, com
valores superiores a 70,0% em cada métrica avaliada.

Tabela 2. Valores médios de desempenho dos modelos.


Acurácia Precisão Revocação F1-score
Modelos
(IC95%a) (IC95%) (IC95%) (IC95%)
Decision Tree 72,62 (±1,49) 73,33 (±1,49) 73,43 (±1,49) 73,11 (±1,47)
Support Vector Machines 59,45 (±1,03) 62,55 (±1,44) 64,24 (±0,94) 60,83 (±0,94)
K-Nearest Neighbors 67,69 (±1,67) 68,37 (±2,23) 66,70 (±1,66) 66,44 (±1,53)
Gaussian Naive Bayes 46,24 (±2,48) 51,70 (±2,84) 53,33 (±2,41) 45,55 (±2,58)
Multilayer Perceptron 63,77 (±4,65) 65,11 (±4,66) 66,60 (±4,17) 65,05 (±4,69)
Random Forest 77,69 (±1,52) 78,53 (±1,25) 78,15 (±1,69) 78,09 (±1,52)
Gradient Boosting 73,43 (±1,88) 74,34 (±1,85) 75,67 (±1,85) 74,45 (±1,69)
Extreme Gradient Boosting 70,06 (±1,21) 71,10 (±1,34) 73,51 (±1,23) 71,37 (±1,11)
(a) IC95%: Intervalo de confiança
Fonte: Autoria própria.
O modelo final selecionado com melhor desempenho em todas as métricas avaliadas foi Random Forest,
com valores de 77,69% (±1,52) de acurácia, 78,53% (±1,25) de precisão, 78,15% (±1,69) de revocação, e
78,09% (±1,52) de F1-score.
Finalmente, o modelo final foi testado com dados reais, para identificar pessoas com obesidade ou
sobrepeso. A Fig. 3 apresenta a consulta realizada no modelo final de Random Forest e sua respetiva
predição.

Figura 3. Modelo de predição com dados reais.


------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------
(A) Primeira consulta com dados reais (B) Segunda consulta com dados reais
------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------

- Qual é o seu gênero?: Feminino - Qual é o seu gênero?: Masculino


- Qual é a sua idade?: 53 - Qual é a sua idade?: 31
- Algum membro da sua família tem sobrepeso?: No - Algum membro da sua família tem sobrepeso?: Sim
- Você come alimentos altamente calóricos com frequência?: No - Você come alimentos altamente calóricos com frequência?: Sim
- Costuma comer vegetais nas suas refeições?: Sempre - Costuma comer vegetais nas suas refeições?: Às vezes
- Quantas refeições principais você faz diariamente?: Três - Quantas refeições principais você faz diariamente?: Três
- Você come alguma coisa entre as refeições principais?: No - Você come alguma coisa entre as refeições principais?: Às vezes
- Você fuma?: No - Você fuma?: No
- Quanta água você bebe diariamente?: Entre 1 e 2 L - Quanta água você bebe diariamente?: Entre 1 e 2 L
- Você monitora as calorias que ingere diariamente?: No - Você monitora as calorias que ingere diariamente?: No
- Com que frequência você faz atividade física?: Nenhum dia - Com que frequência você faz atividade física?: 1 ou 2 dias
- Quanto tempo você usa dispositivos tecnológicos como telefone celular, - Quanto tempo você usa dispositivos tecnológicos como telefone celular,
videogames, televisão, computador e outros?: 0-2 horas videogames, televisão, computador e outros?: Mais de 5 horas
- Com que frequência você bebe álcool?: No - Com que frequência você bebe álcool?: No
- Qual meio de transporte você costuma usar?: Transporte Público - Qual meio de transporte você costuma usar?: Caminhada

PREDIÇÃO: Pré-obesidade PREDIÇÃO: Peso normal


------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------
Fonte: Autoria própria.

224
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Para verificar o resultado previsto pelo modelo de classificação, o IMC foi calculado manualmente para cada
entrevistado. A partir da Fig. 3(A), o peso e a altura do entrevistado de 53 anos de idade foram de 65 kg e
1,57 m, respectivamente. O IMC do primeiro entrevistado foi de 26,37 kg/m2, que de acordo com a Tab. 1 é
classificado como pré-obesidade. Na Fig. 3(B), O peso e a altura do entrevistado de 31 anos de idade foram
75 kg e 1,74 m, respectivamente, e o IMC = 24,77 kg/m2, que é classificado como peso normal. Portanto,
estes resultados mostram que os valores obtidos com o modelo selecionado e os calculados manualmente
foram os mesmos.

4. CONCLUSÕES
A nível mundial, a prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado consideravelmente, e estima-se
que até 2030 a prevalência global de sobrepeso aumentará para cerca de 50%. Além disso, o sobrepeso e
a obesidade são considerados um problema epidemiológico, pois estão relacionados a várias doenças e até
mesmo a morte, e como não é uma tarefa fácil de prevenir, requer da intervenção do governo e
especialistas na área.
No contexto atual e graças aos avanços tecnológicos existem ferramentas como o ML que podem ser
utilizadas como suporte para a prevenção e identificação de pessoas com sobrepeso e obesidade, sendo
uma grande vantagem na área médica, pois é uma ferramenta de apoio aos especialistas na toma de
decisões.
No trabalho, foram utilizados dados coletados por meio de um questionário com informações relacionadas
com os hábitos alimentares e a atividade física dos entrevistados, que permitiram testar oito modelos de ML,
tais como Decision Tree, Support Vector Machines, K-Nearest Neighbors, Gaussian Naive Bayes, Multilayer
Perceptron, Random Forest, Gradient Boosting, Extreme Gradient Boosting. Além disso, foi utilizada uma
validação cruzada de 10-kfold e a otimização dos hiperparâmetros nos modelos testados, que permitiu
observar por meio dos resultados que o modelo Random Forest obteve os melhores valores na métrica de
desempenho, com 77,69% de acurácia, 78,53% de precisão, 78,15% de revocação e 78,09% de F1-score.
Também se observou que outros modelos testados obtiveram valores na métrica de desempenho
superiores a 70% como Extreme Gradient Boosting, Decision Tree e Gradient Boosting.
Finalmente, foi mostrado que os modelos de ML tiveram bom desempenho para a classificação do IMC,
mesmo quando foram utilizados dados relacionados à dieta e hábitos alimentares. Assim, os modelos
demonstraram que o ML é uma ferramenta eficiente que pode ser usada na área médica para tomar
decisões e dar um tratamento oportuno a pessoas em risco de obesidade.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES), código de financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
Blüher, M. Obesity: global epidemiology and pathogenesis. Nature Reviews Endocrinology, v. 15, p. 288–
298, 2019.
DeGregory, K. W. et al. A review of machine learning in obesity. Obesity Reviews, v. 19, n. 5, p. 668–685,
2018.
De-La-Hoz-Correa, E. et al. Obesity Level Estimation Software based on Decision Trees. Journal of
Computer Science, v. 15, n. 1, p. 67–77, 2019.
Dugan, T. M.; Mukhopadhyay, S.; Carroll, A.; Downs, S. Machine learning techniques for prediction of early
childhood obesity. Applied Clinical Informatics, v. 6, n. 3, p. 506–520, 2015.
Kelly, T.; Yang, W.; Chen, C. S.; Reynolds, K.; He, J. Global burden of obesity in 2005 and projections to
2030. International Journal of Obesity, v. 32, n. 9, p. 1431–1437, 2008.
Rosen, H. Is Obesity A Disease or A Behavior Abnormality? Did the AMA Get It Right?. Missouri medicine,
v. 111, n. 2, p. 104–108, 2014.
Rubio H., M. A.; Bretón L., I. Obesidad en tiempos de COVID-19. Un desafío de salud global.
Endocrinología, Diabetes y Nutrición, v. 68, n. 2, p. 123–129, 2021.
World Health Organization (WHO). Body mass index–BMI. 2020. Disponível em:
<https://www.euro.who.int/en/health-topics/disease-prevention/nutrition/a-healthy-lifestyle/body-mass-index-
bmi>.
World Health Organization (WHO. Obesity and overweight. 2021. Disponível em:
<https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight>.

4 225
O IMPACTO DO ANEXO SL NA ISO 9001:2015

Fernanda Ellen Francisco*; Thaís Vieira Nunhes; Otavio José de Oliveira


A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP
Avenida Ariberto Pereira da Cunha, 333 - Portal das Colinas - Guaratinguetá/SP
*fernandaellenfrancisco@gmail.com

Resumo. O aumento da competitividade levou as organizações a buscarem práticas de produção e gestão


focadas na qualidade e para isso, elas podem adotar o sistema de gestão da qualidade ISO 9001. A ISO
9001 foi revisada em 2015 com base no anexo SL e o objetivo deste trabalho é identificar as principais
modificações dessa última versão da norma por meio de revisão da literatura e comparação estruturada
entre suas versões de 2008 e 2015. Este artigo visa contribuir para a análise das modificações
provenientes do anexo SL na versão da ISO 9001:2015 e auxiliar os gestores a compreenderem essas
modificações.

Palavras-chave: Sistema de gestão da qualidade; ISO 9001; Anexo SL.

1. INTRODUÇÃO
Devido a globalização, muitas organizações têm buscado meios para se destacarem no mercado
competitivo como a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução dos custos relacionados a
matéria prima, a segurança dos funcionários e o atendimento às expectativas dos clientes. Diante deste
cenário, as empresas têm recorrido aos sistemas de gestão para auxiliar nestas questões como o sistema
de gestão da qualidade ISO 9001 (SGQ), o sistema de gestão ambiental ISO 14001(SGA) e o sistema de
gestão de saúde e segurança ocupacional ISO 45001(SGSSO) (DOMINGUES; SAMPAIO; AREZES, 2015;
KAFEL, 2016).
Esta pesquisa abordará a revisão da ISO 9001 que se tornou um padrão de referência para o SGQ. A ISO
9001 auxilia os gestores a implementarem um sistema de gestão da qualidade de forma sistemática com os
processos existentes, alinhando a eficácia da organização com as expectativas do cliente. Para isso, a
normalização e a melhoria do produto e do serviço são essenciais, pois reduzem a variabilidade e
satisfazem as necessidades dos clientes (DOMINGUES; SAMPAIO; AREZES, 2016; MAJERNÍK et al.,
2017).
Entretanto, as estruturas diferentes das normas certificáveis de gestão dificultaram a integração dos
sistemas de gestão. O anexo SL surgiu em 2012 então a fim de atender as necessidades do mercado e
facilitar essa integração, fornecendo uma estrutura padrão de alto nível (HLS) com dez seções (introdução,
escopo da norma, referências normativas, termos e definições, contexto da organização, liderança,
planejamento, suporte, operação, avaliação de desempenho e melhoria) que serve de base para o
desenvolvimento e publicação das normas certificáveis de gestão, como por exemplo as últimas versões da
ISO 9001 e da ISO 14001 e a publicação da ISO 45001(MAJERNÍK et al., 2017; NUNHES; BERNARDO;
OLIVEIRA, 2019; SAVINO; BATBAATAR, 2015).
O Anexo SL trouxe algumas modificações importantes para a estrutura da ISO 9001:2015, sendo algumas
delas: A análise do contexto organizacional, o gerenciamento de riscos e oportunidades, tomada de decisão
com base em informações confiáveis, maior foco na medição e avaliação dos processos, na gestão do
conhecimento e nos objetivos da empresa (CHIARINI, 2017; FONSECA; DOMINGUES, 2017).
Entretanto, Ahidar, Sarsri e Sefiani (2018) analisaram as últimas versões das normas certificáveis de gestão
para facilitar a integração dos sistemas de gestão. Como oportunidade de pesquisa, eles sugeriram um
estudo referente as alterações na última versão da norma ISO 9001 publicada após o surgimento do Anexo
SL a fim de facilitar a compreensão dos requisitos presentes na norma.
Muitas organizações ainda não possuem conhecimento suficiente sobre as últimas modificações na versão
da ISO 9001 de 2015 e consequentemente desconhecem as contribuições do Anexo SL para sua
implementação (ANTTILA; JUSSILA, 2017; RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017; SANTOS et al., 2016). Com
o intuito de preencher esta lacuna, esta pesquisa tem como objetivo identificar as principais modificações
provenientes do Anexo SL na norma ISO 9001:2015 à luz da teoria científica e comparação estruturada das
suas versões de 2008 e 2015.

1 226
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. REFERENCIAL
A globalização se tornou um desafio diário para as organizações devido as altas demandas de serviços e
produtos com foco na qualidade. A qualidade é muito importante para o desenvolvimento e a sobrevivência
de uma organização no mercado pois visa a melhoria dos processos e serviços, a redução da variabilidade
e a satisfação dos clientes (ISMYRLIS; MOSCHIDIS, 2015; MAJERNÍK et al., 2017).
As empresas começaram então, a desenvolver sistemas de gestão da qualidade para melhorar sua
competitividade perante seus concorrentes. Geralmente os SGQs assumem a forma de padrões e um dos
padrões da qualidade mais utilizados por organizações de todo o mundo é a ISO 9001 (ISMYRLIS;
MOSCHIDIS, 2015).
Em 1979 A British Standard Instituition (BSI) criou a primeira norma BS 5750 referente a gestão da
qualidade. Essa iniciativa serviu de exemplo para outros países criarem várias normas referentes a
qualidade. As diversas normas sobre o mesmo assunto criaram barreiras na circulação de produtos e
serviços internacionais e gerou custos para os exportadores ao tentar atender normas diferentes em cada
país (MAJERNÍK et al., 2017).
A ISO criou o Comitê 176 para solucionar este problema. Ela criou a família das normas ISO 9000 sobre
gestão da qualidade para guiar e estimular o desenvolvimento dos sistemas de gestão da qualidade e serviu
como referência para todos os países. O sucesso com a família ISO 9000 deu visibilidade para a ISO
publicar mais tarde as normas sobre gestão ambiental e gestão de saúde e segurança ocupacional
(CHIARINI, 2017; MAJERNÍK et al., 2017).
Adaptável a empresas de qualquer setor, tamanho e tipo, a norma ISO 9001 pertence à família de normas
ISO 9000 que inclui as normas ISO 9000, ISO 9004 e ISO 19011 e teve sua primeira versão publicada pela
ISO em 1987. Suas revisões foram realizadas nos anos 1994, 2000, 2008 e 2015 (ISO, 2020). Esta norma
busca otimizar processos, recursos, decisões e oferece soluções compatíveis com os desejos dos clientes
(MOUMEN; EL AOUFIR, 2017).
Sua última versão foi publicada em setembro de 2015 como uma revisão da ISO 9001: 2008 para atender
as diversas mudanças no cenário econômico e comercial e estar alinhada com os conceitos modernos de
negócio e gestão da qualidade (CHIARINI, 2017; FONSECA; DOMINGUES, 2017). Esta norma busca
atender as demandas da concorrência global e fornece uma estrutura para o gerenciamento da qualidade
desde o início até o final do processo (DOMINGUES; SAMPAIO; AREZES, 2015; KAFEL, 2016).
A ISO 9001 possui requisitos de certificação para o SGQ transparecendo confiança ao cliente de que os
produtos e serviços da empresa serão criados de modo repetitivo e consistente, melhoria na definição dos
processos de trabalhos, maior envolvimento das pessoas, melhorias no marketing, na imagem da
organização, na qualidade dos fornecedores e maior vantagem competitiva (FONSECA; DOMINGUES,
2017; KAFEL, 2016).
Uma organização tende a ter menos dificuldades para implementar os sistemas que são de meio ambiente
e segurança já que implementou um sistema de gestão de qualidade antes dos outros. Justamente por já
ter uma ideia de estrutura para seguir como ponto inicial (IONESCU et al., 2018).
Para auxiliar no desenvolvimento de padrões e na orientação dos sistemas de gestão, a International
Organization for Standardization (ISO) surgiu em 1947 na Inglaterra (ISO, 2020). A ISO criou o Anexo SL
em 2012 para atender as necessidades do mercado e facilitar a padronização entre os sistemas de gestão
certificáveis. Esse anexo possui a estrutura de alto nível (HLS) que serve de base para o desenvolvimento
da estrutura dos sistemas de gestão certificáveis (MAJERNÍK et al., 2017; NUNHES; MOTTA BARBOSA;
DE OLIVEIRA, 2017, ISO 2020).
O Anexo SL possui dez seções, sendo elas: introdução, escopo da norma, referências normativas, termos e
definições, contexto da organização, liderança, planejamento, suporte, operação, avaliação de desempenho
e melhoria. Esta estrutura auxilia as organizações a compreenderem os requisitos dos sistemas de gestão
certificáveis quando implementados de forma simultânea e intensifica o desenvolvimento econômico,
ambiental e social da empresa (MAJERNÍK et al., 2017; NUNHES; BERNARDO; OLIVEIRA, 2019; SAVINO;
BATBAATAR, 2015).
Alguns exemplos de sistemas de gestão certificáveis que possuem como referência a estrutura do anexo SL
são: a ISO 14001 referente ao sistema de gestão ambiental, que busca auxiliar na redução dos impactos
negativos gerados pelos processos produtivos da organização, a ISO 45001 referente ao sistema de
gestão de saúde e segurança ocupacional, com foco na saúde de seus funcionários e na segurança do
ambiente de trabalho e a ISO 9001 referente ao sistema de gestão da qualidade que é o assunto principal
desta pesquisa (MAJERNÍK et al., 2017; NUNHES; BERNARDO; OLIVEIRA, 2019; SAVINO; BATBAATAR,
2015).
A partir de 2015 todas normas certificáveis de gestão e suas revisões utilizaram como base a estrutura do

2 227
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Anexo SL. Dessa forma, a norma ISO 9001 sofreu alterações para se adequar a essa estrutura. Essas
alterações e a comparação estruturada entre as versões da ISO 9001:2008 e a ISO 9001:2015 serão
apresentadas na seção de resultados desta pesquisa (MAJERNÍK et al., 2017; NUNHES; MOTTA
BARBOSA; DE OLIVEIRA, 2017, ISO 2020).

2. MÉTODO DE PESQUISA
Esta pesquisa pode ser classificada quanto a sua natureza como aplicada, por auxiliar na geração de
conhecimento e resultados de um problema enfrentado por uma empresa (KOTHARI, 2013). Quanto a
abordagem, é uma pesquisa qualitativa por não precisar de estudos estatísticos para sua comprovação
(KHOTARI, 2013; MIGUEL, 2012).
Quanto aos objetivos, é uma pesquisa exploratória com a finalidade de explorar problemas que foram pouco
explorados de forma superficial (GIL, 2007). Quanto aos procedimentos técnicos, esta pesquisa pode ser
classificada como bibliográfica, por ter como base materiais acadêmicos já publicados (KHOTARI, 2013;
MIGUEL, 2012).
Este artigo foi desenvolvido a partir de uma revisão de literatura sobre o tema “impacto do anexo SL na
norma certificável de gestão ISO 9001”. Para este fim, foram selecionados artigos científicos revisados por
pares que contivessem nos títulos, palavras-chave e resumo com as palavras “ISO 9001”, “ISO 9001:2015”
e “Anexo SL”, publicados na base de dados Scopus e Web of Science até setembro de 2021. Os 9 artigos
resultantes dessa busca, a norma ISO 9001:2015, as principais modificações na ISO 9001 resultantes do
Anexo SL e o Anexo SL foram analisadas à luz da literatura recente e com base na expertise dos autores,
com o intuito de alcançar o objetivo proposto nesse artigo.

Figura 1- Fluxo metodológico

Fonte: Elaborado pelos próprios autores (2021).

3. RESULTADOS
Nesta seção, as principais modificações na estrutura da norma ISO 9001 provenientes do Anexo SL são
apresentadas no Quadro 1. A análise das principais modificações apresentadas neste Quadro foi apoiada
pela revisão da literatura sobre a ISO 9001 (ISO 2020).
Quadro 1 - Comparação das estruturas das normas ISO 9001:2015 e ISO 9001:2008
ISO 9001:2008 ISO 9001:2015
1.Escopo 1.Escopo
1.1 Generalidades
2. Referências normativas 2. Referências normativas
3. Termos e definições 3. Termos e definições
4. Sistema de gestão da qualidade 4. Contexto da organização
4.1 Entendendo a organização e seu contexto
1.2 Aplicação 4.2 Entendendo as necessidades das partes
interessadas
4.2.2 Manual de qualidade 4.3. Determinação do escopo do Sistema de Gestão
da qualidade
4.1 Requisitos gerais 4.4. Sistema de Gestão da qualidade

228
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

5. Responsabilidade da direção 5.Liderança


5.1 Comprometimento da direção 5.1. Liderança e comprometimento
5.1.1 Generalidades
5.2 Foco no cliente 5.1.2 Foco no cliente
5.3 Política na qualidade 5.2 Política
5.2.1 Desenvolvendo a política da qualidade
5.5.1 Responsabilidade e autoridade 5.3. Papéis, responsabilidades e autoridades
organizacionais
5.4 Planejamento 6. Planejamento
5.4.2 Planejamento do sistema de gestão da 6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
qualidade
6.1.1 Geral
6.1.2 Aspectos da qualidade
4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos subscritos 6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos
pela organização
6.1.4 Planejando ações
5.4.1 Objetivos da qualidade 6.2 Objetivos da qualidade e planejamento para
4.2.1 Generalidades alcançá-lo
6. Gestão de recursos 7. Suporte
6. Gestão de recursos 7.1 Recursos
7.1.1 Generalidades
7.1.2 Pessoas
7.1.3 Infraestrutura
6.2.1 Generalidades 7.2 Competência
6.2.2 Competência, treinamento e conscientização 7.3 Conscientização
5.5.3 Comunicação interna 7.4 Comunicação
7.4.1 Geral
7.4.2 Comunicação Interna
7.4.3 Comunicação externa
4.2 Requisitos de documentação 7.5 Informação documentada
4.5.1 Generalidades 7.5.1 Generalidades
7.5.2 Criação e revisão
7.5.3 Controle de informação documentada
7. Realização do produto 8 Operação
7.1 Planejamento da realização do produto 8.1 Planejamento e controle operacional
7.2 Processos relacionados a clientes 8.2 Requisitos para produtos e serviços
8.2.1 Comunicação com o cliente
8.2.2 Determinação de requisitos relativos a
produtos e serviços
8.2.3 Análise crítica de requisitos relativos a
produtos e serviços

4 229
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

8.2.4 Mudanças nos requisitos para produtos e


serviços
7.3 Projeto e desenvolvimento 8.3 Projeto e desenvolvimento de produtos e
serviços
8.3.1 Generalidades
8.3.2 Planejamento de projeto e desenvolvimento
7.3.2 Entradas de projeto e desenvolvimento 8.3.3 Entradas de projeto e desenvolvimento
8.3.4 Controle de projeto e desenvolvimento
8.3.5 Saída de projetos e desenvolvimento
8.3.6 Mudanças de projeto e desenvolvimento
7.4.1 Processo de aquisição 8.4 Controle de processos, produtos e serviços
providos externamente
7.4.1 Processo de aquisição 8.4.1 Generalidades
7.4.1 Processo de aquisição 8.4.2 Tipo e extensão do controle
7.4.1 Processo de aquisição 8.4.3 Informação para provedores externos
8.5 Provisão e produção de serviço
7.5.1 Controle de produção e prestação de serviço 8.5.1 Controle de produção e provisão de serviços
8.5.2 Identificação e rastreabilidade
8.5.3 Propriedade pertencente a clientes ou
provedores externos
8.5.4 Preservação
8.2.4 Monitoramento e medição do produto 8.6 Liberação de produtos e serviços
8.3 Controle de produto não conforme 8.7 Controle de saídas não conformes
9 Avaliação de desempenho
8. Medição, análise e melhoria 9.1 Monitoramento, mensuração, análise e
avaliação
9.1.1 Geral
9.1.2 Avaliação de conformidade
8.2.2 Auditoria interna 9.2 Auditoria interna
9.2.1 Geral
9.2.2 Programa de auditoria interna
8.4 Análise de dados 9.2.3 Análise e avaliação
5.6 Análise crítica pela direção 9.3 Análise crítica pela direção
8.5 Melhoria 10. Melhoria
8.5.1 Melhoria contínua 10.1 Generalidades
8.5.2 Ação corretiva 10.2 Não conformidade e ação corretiva
8.5.1 Melhoria contínua 10.3 Melhoria contínua

Fonte: Elaborado pelos próprios autores (2021).


A última versão da ISO 9001 possui sua estrutura baseada no Anexo SL que possui termos, definições e
requisitos comuns. Essa estrutura facilita a integração dos sistemas de gestão e busca garantir que todos os

230
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

padrões futuros e revisados dos sistemas de gerenciamento estejam alinhados (MANDERS; DE VRIES;
BLIND, 2016; RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017).
Já o termo liderança responsabiliza a alta direção com mais ações do que antes e exige que ela esteja mais
comprometida com o sistema de gestão. Não é mais exigido a ação preventiva nem um RD –
Representante da Direção, mas sim, um gerente sênior que deve prestar contas ao Sistema de Gestão de
Qualidade. É necessário que a alta direção garanta que todas as responsabilidades estejam definidas e que
todos os envolvidos compreendam suas funções (FONSECA; DOMINGUES, 2017; MANDERS; DE VRIES;
BLIND, 2016; RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017).
Outra mudança da última revisão da norma ISO foi o contexto organizacional. Esse contexto deve
considerar todos os fatores socioeconômicos que podem afetar a organização. Assim, deve-se considerar
questões externas e internas que afetam a capacidade do sistema de gestão da qualidade, compreender e
monitorar as necessidades e expectativas das partes interessadas e determinar o escopo do sistema de
gestão para aplicar todos os requisitos das normas (FONSECA; DOMINGUES, 2017; MANDERS; DE
VRIES; BLIND, 2016; RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017).
Outras mudanças da ISO 9001:2015 em relação à versão de 2008 são a ênfase na medição e avaliação
dos processos e resultados (entradas e saídas) e menos ênfase em requisitos prescritivos e em
documentação. Maior ênfase na satisfação do cliente e na gestão de mudança e os requisitos relacionados
aos recursos estão mais abrangentes. Os procedimentos documentados ou o manual de qualidade não são
mais obrigatórios, ficando a critério da organização seu uso. A cláusula documentos e registros foi
substituído pelo termo informação documentada (FONSECA; DOMINGUES, 2017; MANDERS; DE VRIES;
BLIND, 2016; RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017).
Já a abordagem baseada em risco foi uma modificação muito importante na última revisão das normas ISO.
É necessário planejar e avaliar medidas para tratar riscos e oportunidades no sistema de gestão de
qualidade. Algumas ferramentas e métodos que são utilizadas para gestão desses riscos e oportunidades
são a FMEA (Failure Mode Effect Analysis), análise SWOT, e Matriz de Risco para avaliação de risco
operacional (CHIARINI, 2017; FONSECA, 2015; MANDERS; DE VRIES; BLIND, 2016).
Com as modificações na última versão da norma ISO 9001, haverá maior foco no conhecimento e
desenvolvimento de competências dos funcionários para garantir a conformidade dos produtos e serviços.
Quanto mais capacitados e motivados estiverem os funcionários, maior a chance da organização alcançar
os seus resultados esperados (FONSECA; DOMINGUES, 2017; MANDERS; DE VRIES; BLIND, 2016;
RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017).
A última versão substituiu o conceito de melhoria contínua por melhoria e possui maior ênfase nos conceitos
como controle de mudanças e a direção estratégica está alinhada ao ciclo PDCA conforme mostra a Figura
2. É necessário considerar que todos os processos são interligados e monitorá-los para que o sistema
possa ser otimizado como um todo (FONSECA; DOMINGUES, 2017; MANDERS; DE VRIES; BLIND, 2016;
RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017).
Figura 2 – Estrutura da norma ISO 9001 baseada no ciclo PDCA

Fonte: Adaptado de ISO (2021)


A tomada de decisão baseada em evidências foi outra mudança relacionada a última revisão da norma

6 231
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

ISO: Todas as decisões independentemente do tipo ou do nível hierárquico dos seus funcionários devem
ser tomadas com base em fontes e informações confiáveis para atingir os resultados esperados. É
necessário avaliar e analisar todas os dados disponíveis na organização. Outra modificação é que o termo
obrigações de conformidade foi substituído por requisitos legais e outros requisitos (CHIARINI, 2017;
FONSECA, 2015; MANDERS; DE VRIES; BLIND, 2016).
O Número de princípios foi outra modificação da norma ISO 9001:2015 em relação à versão de 2008. Os
princípios foram reduzidos de oito para sete e são eles (FONSECA; DOMINGUES, 2017; MANDERS; DE
VRIES; BLIND, 2016; RYBSKI; JOCHEM; HOMMA, 2017):
 Foco no cliente: Necessidade em atender as expectativas e necessidades dos clientes;
 Liderança: Maior esforço do líder para que todos da equipe estejam alinhados ao mesmo propósito
da organização;
 Engajamento de pessoas: Pessoas capacitadas e motivadas para agregar valor a imagem da
organização;
 Processo de abordagem: Os processos precisam estar interligados para um resultado eficiente e
eficaz;
 Melhoria: É importante buscar sempre a melhoria contínua;
 Baseado em evidências: Decisões que são tomadas com base em informações e dados seguros
têm maior chance de atender os resultados esperados e;
 Relação: Atender as necessidades e expectativas das partes interessadas.

4. CONCLUSÃO
A adoção do sistema de gestão da qualidade ISO 9001 auxilia os gestores na criação de produtos e
serviços de modo repetitivo e consistente, buscando maior vantagem competitiva por meio da melhoria na
definição dos processos de trabalhos, no marketing, na imagem da organização e na qualidade dos
fornecedores. Portanto, a última versão da norma ISO 9001 teve como referência para sua elaboração a
estrutura do anexo SL. O anexo SL trouxe modificações estruturais na última versão da norma ISO 9001
para torná-la mais compatível com outras normas certificáveis de gestão, como a ISO 14001 e a ISO 45001,
porém, muitas organizações ainda não possuem conhecimento suficiente sobre os requisitos dessas últimas
versões das normas.
Diante disto, nesta pesquisa foram evidenciadas as principais alterações na última versão da ISO 9001 em
relação a versão de 2008 por meio da comparação estruturada entre esses padrões e a discussão dessas
modificações. Sendo algumas das modificações: análise do contexto organizacional, gerenciamento de
riscos e oportunidades, tomada de decisão informada com base em documentos e informações confiáveis,
foco na gestão do conhecimento e na avaliação e desempenho dos processos, entre outras.
A principal contribuição científica desta pesquisa é a análise do impacto das principais modificações
provenientes do anexo SL na última versão da norma ISO 9001. Já a contribuição aplicada consiste em
auxiliar os gestores a compreenderem os requisitos provenientes dessa norma, facilitando a implementação
do sistema de gestão da qualidade na organização.

5. AGRADECIMENTOS
Este estudo é financiado em partes pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
Brazil (CAPES) - Código 001, CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(número da bolsa 312538/2020-0) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo [número
das bolsas 2016/20160-0, 2017/18304-7, 2018-17537-0 e 2019/08750-5].

6. REFERÊNCIAS

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em: https://www.iso.org/conformity-assessment.html. Acesso em: 12 jun. 2019.

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8 233
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104, p. 392–402, 2015.

234
PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE BUCKYPAPERS DE
NANOTUBOS DE CARBONO COM MANTA ELETROFIADA DE PEI.

João Victor Passos Neves Gomesa*; Luís Felipe de Paula Santosa; Bruno Ribeirob; Edson
Cocchieri Botelhoa.
a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) – Guaratinguetá-SP.
b Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – São José dos Campos-SP.
*jvpn.gomes@unesp.br

Resumo. O presente trabalho teve como objetivo produzir e caracterizar a morfologia das mantas eletrofiadas
de poli (éter imida) (PEI), e dos buckypapers (BPs) de nanotubos de carbono de paredes múltiplas (MWCNT)
por meio do microscópio eletrônico de varredura (MEV). As mantas foram produzidas por eletrofiação, e os
BPs por meio do processo de filtragem vácuo. Pode-se concluir que os parâmetros avaliados da ponteira
ultrassônica das amostras 2NG e 3NG garantiram uma boa dispersão e homogeneidade dos nanotubos nos
BPs. Além disso, os parâmetros de eletrofiação foram adequados para a obtenção de uma manta isenta de
defeitos significativos que impactem no processamento dos BPs.

Palavras-chave: Buckypapers; Nanotubos de carbono; PEI; Eletrofiação; Morfologia.

1. INTRODUÇÃO

1.1 NANOTUBOS DE CARBONO E BUCKYPAPERS


A utilização de nanotubos de carbono (CNT) como nanocargas em polímeros e em compósitos
poliméricos tem ganhado grande destaque, principalmente na busca da multifuncionalidade dos materiais.
Tendo em vista as excelentes propriedades de condutividade elétrica e térmica dos nanotubos, o pequeno
acréscimo dessas nanopartículas pode ocasionar grande mudança nas propriedades dos materiais. Os
valores da condutividade elétrica e térmica dos MWCNTs já foram reportados na faixa de 10 5 (S/cm) e 2000
(W/mK), respectivamente (RIBEIRO et al., 2017).
Dessa forma os nanotubos adicionados em compósitos tem tido destaque em estudos de aplicações
aeronáuticas, como por exemplo: retardantes de chama; condução de descargas elétrica (devido aos raios
que atingem aeronaves); e elementos resistivos para aquecimento (degelar asas de aeronaves e soldagem
de termoplástico) (ALEMOUR; BADRAN; HASSAN, 2019) (BRASSARD; DUBÉ; TAVARES, 2019) (RIBEIRO
et al., 2017).
O buckypaper (BP) é um filme fino composto de CNTs aleatoriamente conectados de modo a ser obtidos
por meio de filtragem a vácuo. Os BPs garantem um melhor desempenho, maior aproveitamento e potencial
das propriedades dos CNTs quando incorporados em compósitos poliméricos (RIBEIRO et al., 2017).

1.2 PEI E ELETROFIAÇÃO


O poli (éter imida) (PEI) é um polímero termoplástico amorfo classificado como de alto desempenho
devido suas propriedades mecânicas, tais como módulo de elasticidade e temperatura de transição vítrea
elevados, muito utilizado na indústria aeronáutica. Sua estrutura química contém os grupos funcionais éter e
imida que conferem uma ligação intermolecular relativamente forte, devido as ligações de hidrogênio. Além
disso, este polímero é capaz de ser solubilizado, o que torna possível o processamento deste de diversas
formas, como é o caso da eletrofiação.
A eletrofiação é um processo que consiste em estirar um polímero solubilizado por meio de um potencial
elétrico formando fios e mantas devido a tensão formada pela força advinda do potencial elétrico.
Sobre as etapas e regiões de formação das mantas eletrofiados, tem-se a gota do polímero solubilizado
que se forma na ponta da agulha e adquire um formato cônico, região denominada cone de Taylor. Devido a
tensão elétrica a solução é estirada passando de um formato cônico para uma região de segmento linear,
onde há uma redução brusca no diâmetro do filamento. A alta taxa de deformação da solução gera uma
redistribuição das cargas, implicando na formação de uma região de instabilidade que, posteriormente, dá
origem a região de espalhamento formando as mantas eletrofiadas (COSTA et al., 2012).
Para garantir a integridade dos buckypapers no manuseio e inserção em polímeros ou compósitos, tem-
se feito o uso de mantas eletrofiadas poliméricas, neste aspecto as mantas de PEI ou de PAN são utilizadas
e recomendadas para auxiliar o processo (ROJAS; RIBEIRO; REZENDE, 2020).

1 235
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 ELETROFIAÇÃO
O primeiro passo para eletrofiação do PEI é sua solubilização. Uma solução de 30 ml foi obtida, onde
utilizou-se 15% de PEI, (Ultem 1000 da fabricante Sabic), e os solventes n-metil pirrolidona (NMP) e dimetil
acetamida (DMAC) na proporção de 7:3 em volume, respectivamente. A mistura foi colocada em um agitador
magnético na velocidade 6 e foi mantida a temperatura de 60°C até o fim da solubilização. Posteriormente, a
solução foi colocada em uma seringa de vidro a uma distância de 8cm da ponta da agulha até a superfície de
deposição, a tensão elétrica entre a ponta da agulha e a folha de alumínio no tambor, onde a manta é
depositada, foi de 18,8kV. A velocidade de rotação do tambor foi ajustada para 68 rpm.

2.2 BUCKYPAPER
Para a produção dos buckypapers circulares de 47 mm de diâmetro foram utilizados dois tipos de
nanotubos de paredes múltiplas, nanotubos Baytubes C 150P e Nanografi NG01MW0314, ambos
funcionalizados com o grupo carboxila.
O processo de obtenção de buckypapers por filtragem a vácuo consiste basicamente em 3 principais
etapas. A primeira consiste na dispersão dos nanotubos com surfactante Triton X-100 e água deionizada em
uma ponteira ultrassônica. A segunda etapa é a centrifugação da suspensão obtida e por último, a filtragem
a vácuo. Para a filtragem utilizou-se uma membrana de nylon de porosidade de 0,45 µm e também as mantas
eletrofiadas de PEI.
Para o presente trabalho os parâmetros estudados na influência da morfologia dos BPs foram a amplitude
da ponteira ultrassônica e o tempo que a suspensão permaneceu sob efeito da mesma, similares ao estudo
feito pelos autores Rojas et al., 2019. A Tab. 1 mostra e identifica as amostras e os parâmetros utilizadas em
cada uma delas.

Tabela 1. Identificação das amostras com parâmetros utilizados para produção dos BPs.
Amostras Fabricante/Fornecedor Amplitude da ponteira Tempos de permanência na
ultrassônica ponteira
Amostra 1 (1BT) Baytubes C 150P 30% 45 minutos
Amostra 2 (2NG) Nanografi NG01MW0314 30% 45 minutos
Amostra 3 (3NG) Nanografi NG01MW0314 40% 40 minutos
Fonte: Autoria própria.

2.3 ANÁLISE MORFOLÓGICA


Para análise de morfologia das mantas de PEI utilizou-se o microscópio eletrônico de varredura (MEV) da
marca Zeiss e modelo EVO LS-15 com filamento de tungstênio, com uma distância de trabalho de 8 mm e
corrente de 5 kV. Para as amostras de buckypapers de nanotubos de carbono foi utilizado o MEV da marca
Zeiss modelo EVO MA15, com uma distância de trabalho de 8,5 mm e corrente de 10 kV. Em ambas as
análises as amostras foram cuidadosamente colocadas sob uma fita de carbono e recobertas com uma fina
camada de ouro.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 MORFOLOGIA DA MANTA DE PEI


A morfologia das mantas eletrofiadas de PEI podem ser observadas na Fig.2 nas ampliações de 500x e
2000x.

Figura 2. Imagem feita pelo MEV da manta de PEI (a) ampliação de 500X (b) ampliação de 2000X.

2 236
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: Autoria Própria


A partir dos resultados obtidos pode ser observado uma homogeneidade nas microfibras formadas pelo
processo, uma continuidade do diâmetro ao longo da área observada na imagem. Além disso, verifica-se que
a manta não possui uma orientação preferencial. É possível constatar também a formação de beads e gotas
na Fig.2(a) identificados pelas circunferências vermelhas, causando um aumento pontual do diâmetro da fibra,
estas podem ser causadas pelo efeito da variação do fluxo da solução, entre outros fatores (HAIDER;
HAIDER; KANG, 2018).

3.2 MORFOLOGIA DOS BUCKYPAPERS


As imagens obtidas da amostra 1BT encontram-se na Fig.3 (a) e Fig.3 (b). Observa-se claramente a
presença de aglomerados ao longo da área analisada, bem como não é formada uma camada contínua de
MWCNTs e sim aglomerados espalhados sob e dentro da manta, não havendo, portanto, homogeneidade na
dispersão dos CNTs.
Figura 3. Imagem obtida pelo MEV dos BPs da (a) amostra 1BT ampliação de 500X (b) amostra 1BT
ampliação de 10000X. (c) amostra 2NG ampliação 10000X (d) amostra 3NG ampliação 10000X.

Fonte: Autoria Própria.

237
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

A morfologia das amostras 2NG e 3NG são apresentadas nas Fig. 3 (c) e 3 (d), respectivamente. Observa-
se que ambas as amostras apresentam homogeneidade na dispersão dos nanotubos de carbono sob a manta
eletrofiada de PEI. Além disso, pode-se verificar que as imagens obtidas das amostras 2NG e 3NG, de BPs
homogêneos, foram similares aos encontrados na literatura (DÍEZ-PASCUAL et al., 2012) (SANTOS et al.,
2021).

4. CONCLUSÃO
Pode-se concluir que os parâmetros utilizados para o processo de eletrofiação, bem como a proporção
de polímero e solventes foram adequados para produção de uma manta satisfatória. Em relação ao processo
de produção dos buckypapers, os parâmetros de 30% e 45 min e de 40% e 40min foram satisfatórios para a
produção de um BPs homogêneo para nanotubos da Nanografi. No entanto, os mesmos parâmetros não
foram adequados para a produção de BPs da Bayer.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao apoio financeiro da CAPES, ao apoio da CNPq, aos alunos e técnicos que
derem auxílio nas análises e também a UNIFEI, na pessoa do Prof. Dr. Geovani Rodrigues, pela parceria na
utilização do MEV.

6. REFERÊNCIAS
ALEMOUR, B.; BADRAN, O.; HASSAN, M. R. A review of using conductive composite
materials in solving lightening strike and ice accumulation problems in aviation. Journal of
Aerospace Technology and Management, v. 11, p. 1–23, 2019.
BRASSARD, D.; DUBÉ, M.; TAVARES, J. R. Resistance welding of thermoplastic composites
with a nanocomposite heating element. Composites Part B: Engineering, v. 165, p. 779–784,
maio 2019.
COSTA, R. G. F. et al. Eletrofiação de polímeros em solução. Parte I: Fundamentação teórica.
Polimeros, v. 22, n. 2, p. 170–177, 2012.
DÍEZ-PASCUAL, A. M. et al. Poly(phenylene sulphide) and poly(ether ether ketone) composites
reinforced with single-walled carbon nanotube buckypaper: I - Structure, thermal stability and
crystallization behaviour. Composites Part A: Applied Science and Manufacturing, v. 43, n. 6,
p. 997–1006, 2012.
HAIDER, A.; HAIDER, S.; KANG, I. K. A comprehensive review summarizing the effect of
electrospinning parameters and potential applications of nanofibers in biomedical and
biotechnology. Arabian Journal of Chemistry, v. 11, n. 8, p. 1165–1188, 2018.
RIBEIRO, B. et al. Carbon nanotube buckypaper reinforced polymer composites: A review.
Polimeros, v. 27, n. 3, p. 247–255, 2017.
ROJAS, J. A. et al. Optimization of Triton X-100 removal and ultrasound probe parameters in the
preparation of multiwalled carbon nanotube buckypaper. Materials and Design, v. 166, p. 107612,
2019.
ROJAS, J. A.; RIBEIRO, B.; REZENDE, M. C. Influence of serrated edge and rectangular strips of
MWCNT buckypaper on the electromagnetic properties of glass fiber/epoxy resin composites.
Carbon, v. 160, p. 317–327, 2020.
SANTOS, L. F. DE P. et al. The influence of carbon nanotube buckypaper/poly (ether imide) mats
on the thermal properties of poly (ether imide) and poly (aryl ether ketone)/carbon fiber laminates.
Diamond and Related Materials, v. 116, n. February, 2021.

4 238
AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE DOS SISTEMAS
TERMONUCLEARES: REVISÃO SISTEMÁTICA, META-ANÁLISE E HARMONIZAÇÃO

Kiala M. Mfumu a*; Ivonete Ávila b


ab UNESP, Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá, Departamento de Química e Energia,

Laboratório de Combustão e Captura de Carbono (LC3)


*e-mail: kiala.nfumu@unesp.br

Resumo: A geração de eletricidade tem alta participação nas emissões dos gases de efeito estufa (GEE)
que causam impactos negativos ao meio ambiente. Existem vários métodos para estimar estes impactos
ambientais mediante o cálculo dos fatores de emissão (FE), dentre os quais se destaca o método da
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que permite estimar os FE de GEE advindos da geração de eletricidade.
Na presente pesquisa foi aplicada o método de ACV para estimar o FE de GEE dos sistemas de geração de
eletricidade nuclear ou termonucleares do Brasil. Para o efeito, foram selecionadas as usinas Angra dos Reis
I e II, sendo que a ACV foi aplicada mediante uma revisão sistemática com meta-análise, harmonização e
processamento estatístico. O FE de GEE foi estimado em 12 gCO2-eq/kWh, após triagem dos estudos
bibliográficos que permitiu a inclusão de 8 estudos no processo meta-analítico, sendo que 8 estimativas de
ciclo de vida foram harmonizadas pelos parâmetros de referência como vida útil (VU), eficiência térmica (ET)
e fator de capacidade (FC), específicos das usinas Angra I e II. O resultado permite conhecer as emissões
destas tecnologias, reforçar as políticas energéticas e buscar mecanismos que contribuam no melhoramento
do desempenho ambiental das termonucleares brasileiras.

Palavras-chave: Termonuclear; Avaliação do ciclo de vida; Meta-análise; Harmonização; Fator de emissão

1. INTRODUÇÃO
As emissões dos GEE como o dióxido de carbono, metano, óxido de nitrogénio, entre outros gases emitidos
ao meio ambiente, continuam sendo motivos de discussões entre agentes reguladores e formadores de
políticas ambientais. A geração de eletricidade tem alta participação nas emissões destes gases (PEREIRA;
POSEN, 2020). De acordo com Warner e Heath (2012), a emissão do ciclo de vida das termonucleares é uma
fração das emissões de fontes fósseis como o gás natural, carvão mineral, óleo combustível e diesel.
Entretanto, as condições e premissas sobre as quais os sistemas nucleares são implantados têm significativas
contribuições nas emissões de GEE do ciclo de vida e consequentes impactos adversos ao meio ambiente,
principalmente, o impacto das emissões indiretas resultantes dos processos de extração e enriquecimento do
urânio que demandam significantes quantidades de energia (FTHENAKIS; KIM, 2007: SOVACOOL, 2008:
WARNER; HEATH, 2012). Estimar as emissões destas tecnologias desde a ACV permite conhecer o
desempenho ambiental completo, uma vez que as estimativas são apresentadas para todas etapas do ciclo
de vida (upstream, midstream e downstream) (MIRANDA, 2012). Pelo anteriormente exposto, na presente
pesquisa propôs-se estimar o FE de GEE do ciclo de vida das termonucleares de Angra dos Reis I e II, ambas
da matriz elétrica do Sistema Interligado Nacional. As usinas representam 3% da geração elétrica do Brasil.
O ano base escolhido para a pesquisa foi 2019.

2. MATERIAL E MÉTODO
Realizou-se uma revisão bibliográfica da literatura para entender o estado da arte sobre as emissões de GEE
dos sistemas de geração de eletricidade termonucleares. Para tal, foram feitas buscas de estudos nas
principais bases de dados como Scopus e Web of Science a partir das palavras chaves “Life cycle
assessment” AND “greenhouse gas emissions” OR “emissions factor” AND “nucler plant” OR “nuclear
electricity”. Foram revisados também documentos nacionais como dissertações, plano nacional de energia,
anuários e balanços energéticos para caracterizar as usinas Angra I e II, sendo que foram obtidos informações
como a VU e outros parâmetros de referência como a ET e FC, apresentados no Quadro 1. A meta-análise
foi precedida de uma revisão sistemática da literatura, na qual foram definidos critérios de elegibilidade e de
qualidade para os estudos incluídos na meta-análise. Entre os critérios de elegibilidade e qualidade, constam
que os estudos meta-analíticos deviam avaliar a ACV da geração de eletricidade nuclear e apresentar os FE
em gCO2-eq/kWh, ter características tecnológicas similares as usinas Angra I e II, ser artigos redigidos em
inglês, português ou espanhol. O descumprimento dos critérios implicou a desclassificação dos estudos.
Foram definidos os fatores de harmonizações e suas correspondentes equações para o cálculo das
estimativas harmonizadas a partir dos parâmetros de referência de Angra I e II. Os fatores de harmonização

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V-Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

e as correspondentes equações são apresentadas à seguir;

 Fator de Harmonização pela  Tpub 


Fhar =Fpub   [1]
vida útil (HVU)
 Tref 
[2]
 E  FCpub 
Fator de Harmonização pelo
FC  e Fhar  Fpub  
fator de capacidade (HFC) 8760  P  FCref 
[3]

  EFpub 
Fator de Harmonização pela Fhar  Fpub  
[4]
eficiência térmica (HET)
 EFref 
sendo Fhar o fator harmonização (gCO2-eq/kWh); Fpub o FE publicado (gCO2-eq/kWh); Tpub a VU publicada
(anos); Tref a VU de referência (anos); E a energia gerada (MWh); P a potência instalada (MW); FC pub o FC
publicado (%); FCref o FC de referência (%); EFpub a ET publicada (%) e EFref a ET de referência (%).

2.1 Caracterização da tecnologia


As usinas termonucleares de Angra I e II utilizam os reatores Light Water Reactor - Pressurized Water Reactor
(LWR-PWR), que operam com UO2 como combustível e água como moderador no refrescamento primário. O
Processo de enriquecimento do urânio é por centrifugação (MIRANDA, 2012). Os detalhes e as características
tecnológicas de ambas usinas para o ano 2019, são apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 - Características das usinas termonucleares de Angra dos Reis I e II, no ano 2019

Empreendimento (CEG) Almirante Álvaro Alberto - I Almirante Álvaro Alberto - II


Eficiência térmica ET (%) 34,2 35,8
Fator de Capacidade FC (%) 98,21 89,38
Geração.Eletricidade (MWh) 5.546.164 10.582.662
Configuração/Tecnologia PWR - Westinghouse PWR - Siemens/KWU
Potência Fiscalizada (MW) 1990
Fonte: (ANEEL, 2020; MIRANDA, 2012; ELETROBRAS, 2020b, 2020c)

2.2 Meta-análise, harmonização e processamento estatístico


A meta-análise combinou resultados dos estudos elegíveis de ACV (ver Tabela 1). A harmonização alinhou os
resultados meta-analíticos com os parâmetros de referências das usinas Angra I e II e, o processamento
estatístico permitiu determinar as variabilidades dos dados e a mediana após harmonização cumulativa.
Tabela 1 - Estudos de ACV selecionados para o cálculo do FE de GEE do ciclo de vida termonuclear

Autor/Região Estágio. Ciclo de Vida VU (anos) FC (%) ET (%) FE de GEE (gCO2-eq/kWh)


(White; Kulcinski,
Berço ao túmulo 40 75 - 15a
2000), EUA
(Dones et al.,
Upstream e midstream 60 - 31 8,7
2004), China
(Lee; Lee; Hur,
Upstream - - 34 2,77
2004), Coréia
(Nian et al.,
Berço ao túmulo 60 70 33 22,8 a b
2014), Singapura
(Nian, 2015),
Berço ao túmulo 60 90 33 23a b
Singapura
(Siddiqui; Dincer,
Berço ao túmulo - - - 3,41a
2017), Canada
(Ding et al.,
Upstream e midstream - - - 6,36
2019), China
(Wang et al.,
Berço ao túmulo 60 - - 12,4
2019b), China
a
O estudo fornece estimativas de GEE (gCO2-eq/kWh) para cada processo durante as etapas do ciclo de vida. Neste caso, o valor
apresentado e o somatório de todas emissões destas etapas que vai da mineração ao descomissionamento. b O estudo fornece
estimativas das emissões separadas para diferentes cenários e calcula o valor médio. Fonte: Autoria própria

2 240
V-Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

As 8 estimativas de GEE incluídas na meta-análise foram harmonizadas pelos seguintes fatores de


harmonização; HF, HVU, HFC, HET e HC. A harmonização pelo GWP não foi necessário, pelo fato dos
estudos não apresentarem estimativas separadas para cada GEE. O processo de harmonização para cada
fator de harmonização, com recurso aos parâmetros de referência das usinas Angra I e II (VU, FC e ET), está
apresentado na Tabela 2; e as medidas estatísticas na Tabela 3, sendo que se estimou o FE de GEE das
termonucleares a partir da mediana calculada no processamento estatístico após harmonização cumulativa
de todos fatores de harmonização. As células marcadas em cor cinza identificam os pontos não
harmonizados, pelo fato que os valores não foram reportados pelos autores nos estudos meta-analíticos.

3. RESULTADO E DISCUÇÕES
Harmonização pela fronteira (HF): foram calculadas as medianas de 2,2 e 0,52 (gCO2-eq/kWh), nas etapas
midstream e downstream, nos estudos de White e Kulcinski (2000), Nian et al. (2014) e Siddiqui e Dincer
(2017), que apresentaram o ciclo de vida completo. Estas medianas foram acrescidas nos estudos de Dones
et al. (2004); Lee, Lee e Hur (2004) e Ding et al. (2019), que apresentaram emissões em apenas duas etapas
do ciclo de vida, sendo que o processo completou o ciclo de vida. Com isto, observou-se um acréscimo de
2% na mediana e uma redução de 3% na variabilidade dos dados.
Harmonização pela Vida útil (HVU): Foi considerada a VU de referência de 40 anos (TOLMASQUIN, 2016b;
MME, 2020b), para Angra I e II, sendo que pelo uso da Equação [1] foi realizada a correspondente
harmonização que gerou aumentos nos parâmetros estatísticos (ver Tabela 3).
Harmonização pela Eficiência Térmica (HET): Foi considerada a eficiência média de 35% entre as usinas
Angra I e II, sendo que pelo uso da Equação [4] foi realizada a correspondente harmonização, que gerou
reduções de 5% e 6%, na mediana e no intervalo dos dados (ver TABELA 3).
Harmonização pelo Fator de Capacidade (HFC): As usinas Angra I e II geraram conjuntamente 16.128.826
MWh com capacidade total instalada de 1990 MW. Considerando 8760 h/ano de funcionamento, a partir da
Equação [2] se obteve o FC de 92,5%. Entretanto, foi assumido o FC de 93%, um valor não aquém do FC
médio de ambas usinas (93,8%), ao se considerar os seus FCs reais de 98,21% e 89,38% no ano 2019. Logo,
fazendo o uso da Equação [3], a harmonização por este (FC=93%), gerou uma redução de 1% e 4%, na
mediana e no intervalo dos dados (ver TABELA 3).
Harmonização cumulativa (HC): Foi relizada a partir do cálculo acumulado de todos processos
anteriormente harmonizados. A harmonização por este fator alargou o intervalo das estimativas inicialmente
publicadas que, passou de 2,77 a 22,8 gCO2-eq/kWh para 3,4 a 31,48 gCO2-eq/kWh, sendo que foram
observados aumentos de 15% e 39%, na mediana e na variabilidade dos dados. O valor final da mediana foi
estimado em 12,17 gCO2-eq/kWh, sendo este FE de GEE das termonucleares de Angra I e II.
Tabela 2 - Harmonizações dos FE de GEE da geração termonuclear (gCO2-eq/kWh), ano 2019

Estudo FE dos estudos HF HVU GWP HET HFC HC


(White; Kulcinski, 2000) 15 15 15 15 15 12,1 12,1
(Dones et al., 2004) 8,7 9,22 13,05 8,7 7,71 8,7 12,25
(Lee; Lee; Hur, 2004) 2,77 5,49 2,77 2,77 2,69 2,77 5,33
(Nian et al., 2014) 22,8 22,8 34,2 22,8 21,5 17,16 24,27
(Nian, 2015) 23 23 34,5 23 21,69 22,26 31,48
(Siddiqui; Dincer, 2017) 3,41 3,41 3,41 3,41 3,41 3,41 3,41
(Ding et al., 2019) 6,36 6,88 6,36 6,36 6,36 6,36 6,88
(Wang et al., 2019b) 12,4 12,4 18,6 12,4 12,4 12,4 18,6
Foi assumido o FC de 93%, VU de 40 anos e ET média de referência de 35%. Fonte: Autoria própria
O FE de GEE das usinas Angra I e II estimado na presente pesquisa (12,17 gCO2-eq/kWh) resultou inferior
àquele de 13,6 gCO2-eq/kWh estimado por Miranda (2012), para as mesmas usinas. A diferença dos
resultados pode ser explicada nos estudos considerados para a meta-análise e nos intervalos (2,77 a 23
gCO2-eq/kWh vs 1,8 a 55 gCO2-eq/kWh), entre ambos estudos. Outro argumento consiste no fato da presente
pesquisa considerar na meta-análise, estudos com tecnologias específicas de enriquecimento do urânio por
centrifugação e reatores LWR-PWR, semelhantes as usinas Angra I e II. Em contraste, foi observado que no
estudo da Miranda (2012), não se realiza esta distinção. O enriquecimento por difusão gasosa demanda
maiores quantidades de energia e apresenta maiores emissões (2400 a 3000 kWh/SWU e 1,4 a 288 gCO2-
eq/kWh) em relação à centrifugação (10 a 100kWh/SWU e 5 a 12 gCO2-eq/kWh), sendo que, o consumo de
energia aumenta as emissões indiretas da etapa upstream dos sistemas nucleares ( TOKIMATSU et al., 2006:

241
V-Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

FTHENAKIS; KIM, 2007 SOVACOOL, 2008; HARDISTY; CLARK; HYNES, 2012; PEREIRA; POSEN, 2020).
Os reatores BWR* tendem apresentar menores ET em comparação aos reatores PWR (30% vs 36%), sendo
que, as menores eficiências também tendem a elevar as emissões dos sistemas de geração de eletricidade
(RASHAD; HAMMAD, 2000; WARNER; HEATH, 2012; KADIYALA; KOMMALAPATI; HUQUE, 2016; WANG
et al., 2019a). Contudo, o FE de GEE apresentado se encontra no intervalo de 5 a 12 gCO2-eq/kWh, estimado
por Dones et al. (2005) e Warner e Heath (2012), para tecnologia similares às de Angra I e II.
Tabela 3 - Medidas estatísticas dos valores harmonizados da geração termonucleares ano 2019

FE dos Estimativas harmonizadas pela (gCO2-eq/kWh)


Parâmetros
estudos fronteira VU GWP ET FC Cumulativamente
Média 11,81 12,28 15,99 11,81 11,35 10,65 14,29
Mediana 10,55 10,81 14,025 10,55 10,055 10,4 12,175
Desvio padrão 7,48 7,04 11,81 7,48 7,08 6,32 9,19
Valor mínimo 2,77 3,41 2,77 2,77 2,69 2,77 3,41
Valor máximo 23 23 34,5 23 21,69 22,26 31,48
Intervalo 20,23 19,59 31,73 20,23 19 19,49 28,07
1º quartil 5,62 6,53 5,62 5,62 5,62 5,62 6,49
3º quartil 16,95 16,95 22,5 16,95 16,63 13,59 20,02
Mudanças na
- 2 33 - -5 -1 15
mediana (%)
Mudanças no
- -3 57 - -6 -4 39
intervalo (%)
Nota: * BWR: Boiled Water Reactor e PWR: Pressurized Water Reactor. Fonte: Autoria própria

4. CONCLUSÃO
Na presente pesquisa, o método de ACV foi aplicado com o uso da meta-análise e harmonização, sendo que
as estimativas de estudos de ACV anteriormente publicadas foram combinadas e alinhadas com fatores de
referência (vida útil, eficiência e fator de capacidade) das termonucleares de Angra dos Reis I e II, para estimar
o FE de GEE do ciclo de vida destas tecnologias. O processamento estatístico permitiu calcular a mediana
de 12,17 gCO2-eq/kWh. Este valor representa o FE de GEE do ciclo de vida, estimado para as termonucleares
brasileiras em 2019. O resultado foi comparativamente inferior àquele apresentado no estudo nacional
realizado por Miranda (2012). Entretanto, observou-se que o resultado se encontra entre àqueles reportados
na literatura, cujas tecnologias são similares às tecnologias utilizadas em Angra I e II.

5. AGRADECIMENTOS
Aos Professores da FEG-UNESP, nos Departamentos de Eng. Produção (Gestão e Sustentabilidade) e de
Eng. Mecânica (Química e Energia). À Coordenação de Pessoal do Aperfeiçoamento de Nível Superior
(CAPES) e ao Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudos de Angola (INAGBE).

6. REFERÊNCIAS
ANEEL. Sistema de informações de geração da ANEEL - SIGA/ Matriz Elétrica Brasileira.
Disponível em: <https://www.aneel.gov.br/siga>. Acesso em: 20 out. 2021.
DONES, R. et al. Life cycle inventories for the nuclear and natural gas energy systems, and examples
of uncertainty analysis. Energy Supply, v. 10, n. 1, p. 10–23, 2005.
MIRANDA, M. M. D. E. Fator de emissão de gases de efeito estufa da geração de energia elétrica
no Brasil: implicações da aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida. Dissertação. Universidade de
São Paulo, 2012.
MME. PNE 2050: Plano Nacional de Energia. Relatório de consulta pública. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicações/PNE-2050>.
PEREIRA, L.; POSEN, I. D. Lifecycle greenhouse gas emissions from electricity in the province of
Ontario at different temporal resolutions. Journal of Cleaner Production, v. 270, p. 10, 2020.
WARNER, E. S.; HEATH, G. A. Life cycle greenhouse gas emissions of nuclear electricity
generation: Systematic review and harmonization. Research and Analysis, v. 16, p. 73–92, 2012.

4 242
PROPOSTA DO USO DAS TEORIAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DA
ENGENHARIA

Mônica Holanda Santos a*; Rubens Alves Dias b; Arminda Eugênia Marques Campos a
Universidade Estadual Paulista – UNESP, Faculdade de Engenharia, Guaratinguetá
a
Departamento de Produção Mecânica
b
Departamento de Engenharia Elétrica
Avenida Ariberto Pereira da Cunha
12516410 – Guaratinguetá – São Paulo
*monica.holanda@unesp.br

Resumo. As teorias de aprendizagem são estratégias que auxiliam os docentes na elaboração e aplicação
do conteúdo didático, e ao discente a adquirir conhecimento. Tais teorias são divididas em quatro principais
enfoques teóricos: comportamentalista/behaviorista, cognitivista, construtivista/humanista e, sendo uma
abordagem contemporânea, a representacionista. Sabe-se que os resultados da aplicação das teorias é
benéfico, e contribuem signitivamente no processo de ensino aprendizagem. Por isso, analisa-se se as
seguintes teorias estão sendo aplicadas no ensino da engenharia.

Palavras-chave: Ensino em engenharia; Teorias de aprendizagem; Revisão de literatura; Educação em


ensino superior.

1. INTRODUÇÃO
Para Mazzioni (2014) e Hwang (2013) a forma como o docente planeja suas atividades de sala de aula
determina interesse dos discentes e contribui com o andamento das atividades educacionais. É necessário
que o docente encontre uma maneira eficaz de apresentar o conteúdo a ser apresentado, de forma que
fomente a curiosidade dos discentes em buscar o conhecimento. Sabe-se que cada indivíduo tem sua maneira
particular de aprender algo, por isso é necessário estudar maneiras possíveis em auxiliar o indivíduo na busca
do conhecimento.
Segundo Woolfolk (2010), a aprendizagem ocorre quando a experiência causa uma mudança relativamente
permanente no conhecimento e comportamento de um indivíduo, ou seja, está relacionada a mudanças no
pensamento e comportamento do indivíduo, não se pode confundir com mudanças físicas, como o
envelhecimento.
O ensino nos cursos de engenharia é caracterizado pela predominância da transposição de conhecimento,
em que o docente repassa conteúdos com pouca variedade de formas de ensinar, reproduzindo o que faziam
seus predecessores. Engenheiros que se tornam professores muitas vezes exibem um certo desinteresse por
questões relacionadas à didática, por não a terem estudado. A ausência de formação inicial ou licenciatura
destinada à engenharia reforça esse tipo de comportamento (RAMMAZZINA FILHO; BATISTA; LORENCINI,
2014). Ressalta-se que conteúdos didáticos no ensino da engenharia, de preferência com estudos de caso
(ensino contextualizado), auxiliariam aos docentes a terem percepções necessárias para uma melhora no
processo.
Embora o período de formação profissional de engenheiros seja de extrema importância, não há um número
expressivo de pesquisas acadêmicas sobre teorias de aprendizagem nesse contexto. O sentido essencial da
responsabilidade social da educação superior consiste em produzir e socializar conhecimentos que tenham
não só o mérito científico, mas também valor social e formativo. Portanto, que sejam importantes para o
desenvolvimento econômico, que tenham sentido para a cidadania pública (PINHO, 2008).
De acordo com Moreira (2013), uma teoria de aprendizagem é uma construção humana para interpretar
sistematicamente a área do conhecimento identificada como aprendizagem. Neste contexto, cada uma delas
questiona o que é, e como ocorre a aprendizagem.
Para Ertmer e Newbay (2013) as Teorias de Aprendizagem são uma fonte de estratégias, táticas e técnicas
de instrução verificadas. Tais teorias são divididas em quatro principais enfoques teóricos:
comportamentalista/behaviorista, cognitivista, construtivista/humanista e, sendo uma abordagem
contemporânea, a representacionista (MILNER; TEMPLIN; CZERNIAK, 2011; MOREIRA, 2013).

2. REFERENCIAL TEÓRICO

1 243
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

As teorias expressam relações entre conceitos e princípios, e, subjacentes às teorias, existem os conjuntos
de valores, pode-se chamar de filosofias. Nos casos das teorias de aprendizagem, costumam-se indicar a
existência de três linhas: a comportamentalista, a humanista e a cognitivista (MOREIRA, 2013). Existe
também a teoria representacionalista, mas, como esta última ainda está em fase de consolidação, a presente
pesquisa aborda apenas as três primeiras.
A teoria comportamentalista tem como eixo a ideia de que o aprendizado é gerado pelo condicionamento do
indivíduo, de que, quanto maior a repetição de uma dada situação, maior é o aprendizado. No grupo de
pensadores relacionados a essa teoria, destacam-se os pesquisadores Ivan Pavlov, John Watson e Burrhus
Skinner. Embora não tenham trabalhado juntos, tinham a mesma linha de pesquisa em seus estudos, por isso
contribuíram de forma significativa para essa teoria de aprendizagem. A avaliação consistia em verificar se
as condutas definidas nos objetivos comportamentais eram, de fato, apresentadas ao final da instrução. Se
isso acontecia, admitia-se, implicitamente, que havia ocorrido a aprendizagem (MOREIRA, 2013).
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) acreditava no condicionamento operante, o qual, segundo Moreira
(2011) e Freitas (2016), significa que o aprendizado ocorreria pelo estímulo e reforço, permitindo a explicação
dos comportamentos voluntários que o regiam, e ocorriam quando uma resposta era reforçada. Skinner
buscou comprovar sua teoria com um experimento científico. Colocou ratos de laboratório em uma caixa
fechada, sem comida, com apenas uma alavanca, e só obtinham alimento quando acionavam a alavanca.
Isso fez com que, todas as vezes que sentiam fome, puxassem a alavanca para obter comida, o que
comprovaria como a aprendizagem seria adquirida por meio do reforço. Skinner (1953) apresentou dois
princípios como consequência nas respostas causadas pelo reforço. Um desses princípios descreve que a
consequência produzida por uma resposta pode ter, basicamente, dois efeitos sobre essa resposta:
fortalecimento ou enfraquecimento. O fortalecimento estaria relacionado à probabilidade de ocorrência
aumentada, e o enfraquecimento de tal resposta, à menor probabilidade de ocorrer no futuro (HENKLAIN;
CARMO, 2013).
Segundo Moreira (2013) a teoria cognitivista foi apresentada com este nome entre as décadas 1950 e 1960,
com as contribuições de Vygotsky, Piaget e Bruner, todos os quais tinham como foco principal da pesquisa o
meio sociocultural do indivíduo, foco em experimentos controlados, entender como o ser humano conhecia o
mundo, nos processos mentais, nas tomadas de decisão, de maneira mais objetiva, científica, não
especulativa.
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) acreditava que, para gerar aprendizado, é preciso que o indivíduo
tenha referência ao seu contexto social e cultural, para que os conceitos ensinados adquiram significado.
Defende a ideia de que ninguém aprende sozinho, que a aprendizagem depende de vivências partilhadas.
Vygotsky distinguiu dois tipos de elementos mediadores: os instrumentos e os signos, que têm características
diferentes e devem ser tratados separadamente. Os instrumentos e os símbolos seriam construídos pela
espécie humana para mediar a relação entre os homens e a realidade (VYGOTSKY, 1998). Oliveira (2004)
menciona que Vygotsky dedicou-se ao estudo que se chama de funções psicológicas superiores, que são os
mecanismos psicológicos mais sofisticados, mais complexos, típicos do ser humano e que envolvem o
controle consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do indivíduo em relação às
características do momento e do espaço presentes.
De acordo com Vygotsky, o processo de desenvolvimento da aprendizagem pode ser observado por meio da
zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre o conhecimento real (que é o conhecimento que
o indivíduo já possui) e o potencial (que é o nível esperado obter a respeito de determinado assunto)
(FREITAS, 2016). O papel do docente é ser mediador do conteúdo, fazer com que haja evolução na
aprendizagem do discente, sendo observada na zona de desenvolvimento proximal, fazendo com que o
indivíduo se aproxime cada vez mais do conhecimento desejado (REGO, 2012).
De acordo com Moreira (2013) a teoria humanista, se tornou conhecida em 1970, e propõe que o mais
importante é como o ser humano se sente em relação ao aprendizado, sua autorrealização, seus sentimentos,
sua vontade de aprender, pensamentos, sentimentos e ações. Segundo Moreira (2013), os pensadores desse
grupo veem o indivíduo como um todo, seus pensamentos, ações e sentimentos são considerados relevantes
para o processo de aprendizagem, não apenas seu intelecto; a aprendizagem não se limitaria ao aumento de
conhecimento, mas também influência nas escolhas e atitudes do indivíduo.
No humanismo, Carl Rogers (1902-1987), é tido como o principal propositor desta abordagem, a qual defende
que o indivíduo já nasce com um potencial para aprender e sabe o que fazer para ter seu próprio
desenvolvimento. De acordo com Moreira (2011), Rogers defendia a ideia de que as pessoas têm dentro de
si a capacidade de descobrir o que as torna infelizes e de provocar mudanças em suas vidas. A abordagem
humanista na educação deve, portanto, se preocupar em proporcionar um fazer pedagógico que tenha como
foco central o aluno, considerando seus interesses, emoções e motivações (FREITAS, 2016).

2 244
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

3. ESTADO DA ARTE
Utiliza-se a base de dados Scopus a fim de reunir os artigos relacionados ao tema proposto, por meio de um
filtro de palavras-chave e combinações das mesmas; para identificar o estado da arte. A pesquisa foi aberta
a todos os anos para saber a quantidade de documentos publicados, e os tipos de documentos filtrados foram
artigo e artigos de revisão (review). Os parâmetros foram: Título do artigo, abstract e palavras-chave,
conforme Quadro 1.
Quadro 1: Comparação de palavras

Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Scopus


As combinações foram colocadas em aspas, para encontrar artigos e artigos de revisão (review’s) que
contenham o uso da teoria sociointeracionista e não perder o sentido da busca, e evitar mostrar resultados
que contenham somente algumas das palavras. Utiliza-se várias formas e abreviações de escrever as
palavras, para que seja possível encontrar o maior número de artigos possíveis relacionados ao tema.
No primeiro momento procura-se apenas os documentos relacionadas as teorias de aprendizagem aplicadas
em diversas áreas do conhecimento, e logo em seguidas, se as mesmas foram utilizadas na área de
engenharia ou educação em engenharia. Ressalta-se que não houve a análise de conteúdo de todos os
documentos, para verificar se o material da pesquisa é condizente com a área de educação em engenharia.
Nota-se que a diferença de número de documentos, das teorias quando utilizadas na engenharia é muito
grande.

4. CONCLUSÃO
Diante da apresentação das teorias de aprendizagem e suas práticas para se adquirir conhecimento, acredita-
se que cada docente possa se interessar e se identificar em uma ou mais modos de se adquirir conhecimento
apresentados nas teorias de aprendizagem. A partir do momento da identificação das estratégias de ensino,
o docente pode aperfeiçoar a sua prática pedagógica no contexto da sala de aula. Ressalta-se que o docente
não irá mudar todo seu perfil de ensino para se enquadrar nas filosofias da teoria de aprendizagem, mas sim
que elas irão auxiliar nas estratégias do processo de ensino aprendizagem.
Já que na formação profissional do engenheiro não há uma especialização em práticas educacionais, salienta-
se a importância de mais eventos, divulgações e capacitações profissionais dessas teorias no contexto da
engenharia.
Destaca-se que o número de documentos de pesquisas neste contexto educacional, é significativamente
baixo, em comparação a áreas de formação em licenciatura, como por exemplo a física e a química. Diante
da lacuna de pesquisa, percebe-se a oportunidade acadêmica em explorar as teorias de aprendizagem
aplicadas na engenharia.

5. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior- Brasil (CAPES) - código de financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
ERTMER, P. A.; NEWBY, T. J. Behaviorism, Cognitivism, Constructivism: Comparing Critical Features From
an Instructional Design Perspective. Performance Improvement Quarterly. v. 26, n. 2, p. 43–71, 2013.

245
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

FREITAS, M. de F. R. L. de. Psicologia da educação e da aprendizagem. Londrina: Editora e Distribuidora


Educacional S.A., 2016.
HENKLAIN, M. H. O.; CARMO, J. dos S. Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite
ao diálogo. Caderno de Pesquisa. São Paulo, v. 43, n. 149, p. 704-723, 2013.
HWANG, G. J. et al. A learning style perspective to investigate the necessity of developing adaptive learning
systems. Semantic Sholar. v. 16, n. 2, p. 188–197, 2013.
MAZZIONI, S. As estratégias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem: concepções de alunos e
professores de ciências contábeis. Revista Eletrônica de Administração e Turismo. v. 2, n. 1, p. 93-109,
2013.
MILNER, A. R.; TEMPLIN, M. A.; CZERNIAK, C. M. Elementary science students’ motivation and learning
strategy use: constructivist classroom contextual factors in a life science laboratory and a traditional classroom.
Journal of Science Teacher Education, Netherlands, v. 22, n. 2, p. 151–170, 2011.
MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 2013.
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky - Aprendizado e desenvolvimento: um processo Sóciohistórico. São Paulo:
Scipione, 2004.
PINHO, J. A. G. de. Gestão social: conceituando e discutindo os limites e possibilidades reais na sociedade
brasileira. In RIGO, A. S.; SILVA JÚNIOR, J. T.; SCHOMMER, P. C.; CANÇADO, A. C. Gestão Social e
Políticas Públicas de Desenvolvimento: Ações, Articulações e Agenda. Recife: UNIVASF, 2010.
RAMMAZZINA FILHO, W. A.; BATISTA, I.; LORENCINI, A. Formação de professores de engenharia –
desafios e perspectivas. In: SIMPÓSIO DE ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Anais eletrônicos. Ponta
Grossa: [s. n.], p. 1-10, 2014.
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, p. 139, 2012.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.
WOOLFOLK, A. E. Psicologia da educação. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

4 246
INTERRELAÇÕES ENTRE AS BARREIRAS À ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Talita Mariane Cristinoa*; Antonio Faria Netoa; Otávio José de Oliveiraa


a Universidade Estadual Paulista/Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Avenida Dr. Ariberto Pereira da Cunha,
333, Vila Paraíba, 12244-000 – Guaratinguetá-SP, Brasil
*talita.cristino@unesp.br

Resumo. O setor de edificações responde por 36% do consumo total de energia e por 40% das emissões
de gases de efeito estufa. E apesar dos esforços significativos para promover a adoção de tecnologias
energeticamente eficientes (EE), sua adoção ainda é tímida neste setor, devido a existência de barreiras.
Um estudo anterior identificou 27 barreiras na literatura. No entanto, além de identificá-las, é importante
entender se existem relações entre elas. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi identificar, a partir de uma
revisão da literatura, as possíveis interrelações entre as barreiras que impedem a adoção de tecnologias
EE no setor de edificações.

Palavras-chave: Eficiência Energética; Tecnologias Energeticamente Eficientes; Setor de Edificações;


Barreiras; Interrelações

1. INTRODUÇÃO
A demanda por energia vem crescendo ao longo dos anos, trazendo consigo preocupações que levam,
principalmente, ao aumento das emissões de gases de efeito estufa e diminuição dos recursos energéticos
naturais (ZHANG; WANG, 2013). O setor de edificações contribui, significativamente para isso, uma vez que
responde por cerca de 36% do consumo de energia e por 40% do total das emissões de gases de efeito
estufa (ZHANG e WANG, 2013; DU et al. 2024). Portanto, é importante encontrar medidas que tornem tais
edificações energeticamente mais eficientes, sem que isso afete o crescimento da economia mundial e o
bem-estar dos ocupantes. E uma melhor abordagem, dentre as existentes, é a adoção de tecnologias
energeticamente eficientes (EE) (ZHANG; WANG, 2013).
Existem diversas tecnologias EE disponíveis para serem adotadas no setor de edificações. Tais tecnologias
podem levar novos edificações a alcançarem uma economia de energia de até 50%, já a reforma de
edificações existentes, introduzindo as tecnologias EE, pode resultar em uma economia de até 30% no
consumo de energia. Além da economia financeira, tais tecnologias podem proporcionar conforto térmico,
visual e acústico para os ocupantes (DU et al., 2014). No entanto, apesar de seus potenciais benefícios,
sua adoção ainda é fraca e limitada, e isso faz com que o potencial teórico para redução do consumo de
energia não seja alcançado. Na literatura, este fenômeno é conhecido como “energy efficiency gap”, que
surge devido a existência de barreiras que inibem a adoção de tais tecnologias (JAFFE e STAVINS, 1994).
Diversos estudos voltados a identificar e classificar as barreiras são encontrados na literatura. Uma recente
revisão da literatura (CRISTINO et al., 2021), envolvendo 450 artigos, identificou 27 barreiras classificadas
em seis categorias. No entanto, além de identificá-las, é importante entender se existem relações entre as
barreiras existentes, assim é possível analisar quais barreiras são causais e quais são resultantes. Esses
resultados podem ser úteis para o desenvolvimento de estratégias para superação das barreiras existentes
(XU e ZOU, 2020). Portanto, para uma melhor compreensão sobre as barreiras identificada por Cristino et
al. (2021), buscou-se responder a seguinte questão de pesquisa: Existem relações entre as barreiras que
impedem a adoção de tecnologias EE no setor de edificações? Assim, o objetivo desta pesquisa é
identificar, na literatura, as possíveis interrelações entre as barreiras que impedem a adoção de tecnologias
EE no setor de edificações.

2. MÉTODO DE PESQUISA
Esta pesquisa caracteriza-se como aplicada com objetivos exploratórios e abordagem qualitativa, adotando
a revisão de literatura como procedimento técnico (CAUCHICK MIGUEL, 2012; KOTHARI, 2014).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Uma ampla revisão de literatura conduzida por Cristino et al. (2021) recuperou 58 artigos na base de dados
Scopus para identificar as barreiras à adoção de tecnologias EE no setor de edificações. Os resultados da
pesquisa apresentaram 27 barreiras na literatura que foram categorizadas em seis grupos denominados de
acordo com aspectos Governamentais/Políticos/Regulatórias, Financeiras/Econômicas, Mercado,

1 247
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Culturais/Sociais/Comportamentais, Profissionais/Técnicos e Tecnológicos, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1. Barreiras à adoção das tecnologias EE identificadas por Cristino et al. (2021).

Fonte: Autoria própria (2021).

Como ressaltado por Cristino et al. (2021) é importante desenvolver estratégias para que tais barreiras
sejam superadas, alavancando assim a adoção das tecnologias EE no setor de edificações. No entanto,
antes de propor estratégias de superação, é importante entender as interrelações entre as barreiras.
Portanto, uma nova revisão de literatura foi desenvolvida nos 58 artigos utilizados anteriormente por Cristino
et al. [26], para que as interrelações entre as 27 barreiras fossem identificadas. A Figura 2 apresenta a
distribuição temporal das 58 publicações recuperadas na base de dados Scopus.

Figura 2. Distribuição temporal das 58 publicações.

Fonte: Autoria própria (2021).

A partir da revisão dessas publicações, as possíveis interrelações entre as 27 barreiras foram identificadas,
ou seja, foi possível identificar para cada uma das barreiras quais são suas barreiras causais, e quais são
as resultantes, se houver. O Quadro 1 apresenta, de acordo com literatura, as respectivas barreiras causais
ou resultantes de cada uma das 27 barreiras.

2 248
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Quadro 1. Interrelações entre as 27 barreiras.


Barreira
Barreiras Causais Barreiras Resultantes
Principal
Bar_07 Bar_01 Bar_02/Bar_11/Bar_20/Bar_22/Bar_25/Bar_26
Bar_01/Bar_05/Bar_07 Bar_02 Bar_03/Bar_19/Bar_20/Bar_21/Bar_22/Bar_23
Bar_02 Bar_03 Bar_19
Bar_07 Bar_04 Bar_14
Bar_21 Bar_05 Bar_02
- Bar_06 Bar_07/Bar_18
Bar_06 Bar_07 Bar_01
Bar_09/Bar_11/Bar_12/Bar_15/Bar_16/
Bar_08 Bar_10/Bar_13/Bar_14/Bar_20/Bar_24
Bar_19/Bar_22/Bar_23/Bar_25/Bar_27
Bar_27 Bar_09 Bar_08/Bar_12/Bar_21
Bar_08/Bar_15/Bar_22/Bar_25 Bar_10 Bar_11/Bar_20/Bar_21
Bar_01/Bar_10/Bar_14 Bar_11 Bar_08/Bar_10/Bar_13/Bar_15/Bar_20/Bar_24
Bar_07/Bar_09 Bar_12 Bar_08/Bar_20
Bar_08/Bar_11 Bar_13 Bar_15/Bar_20
Bar_04/Bar_08/Bar_15/Bar_16/Bar_17
Bar_14 Bar_11
/Bar_19/Bar_23/Bar_25
Bar_11/Bar_13/Bar_16/Bar_26 Bar_15 Bar_08/Bar_10/Bar_14/Bar_16
Bar_15 Bar_17 Bar_25 Bar_27 Bar_16 Bar_08 Bar_14 Bar_15
- Bar_17 Bar_14/Bar_16/Bar_18/Bar_21/Bar_26/Bar_27
Bar_17 Bar_18 Bar_11/Bar_19
Bar_02/Bar_03/Bar_18/Bar_22 Bar_19 Bar_08/Bar_14/Bar_20
Bar_01/Bar_2/Bar_08/Bar_10/Bar_11
Bar_20 -
Bar_12/Bar_13/Bar_19/Bar_22/Bar_25
Bar_02/Bar_05/Bar_09/Bar_10/Bar_17/
Bar_21 -
Bar_25/Bar_26
Bar_08/Bar_10/Bar_19/Bar_20/Bar_23/Bar_24/
Bar_01/Bar_02/Bar_26 Bar_22
Bar_25
Bar_02/Bar_22/Bar_24/Bar_25/Bar_27 Bar_23 Bar_08/Bar_14
Bar_08/Bar_11/Bar_17/Bar_22/Bar_25 Bar_24 Bar_23
Bar_01/Bar_22 Bar_25 Bar_14/Bar_21/Bar_23/Bar_24/Bar_26
Bar_08/Bar_10/Bar_16/Bar_20 Bar_26 Bar_15/Bar_21/Bar_22/Bar_26
Bar_17 Bar_27 Bar_08/Bar_09/Bar_16/Bar_23
Fonte: Autoria própria (2021).

A Figura 2 apresenta o diagrama das interrelações entre as 27 barreiras à adoção das tecnologias EE
identificadas por Cristino et al. (2021).
A partir desses resultados, foi possível analisar que as 27 barreiras identificadas por Cristino et al. [26] na
literatura, são interrelacionadas entre si. As barreiras “alto investimento financeiro” (Bar_08) e
“medo/resistência à mudança” (Bar_20) são as barreiras que mais apareceram interligadas às barreiras
causais. Por outro lado, as barreiras “falta de suporte governamental” (Bar_01), “código/regulamentações
ineficientes” (Bar_02), “falta de incentivos econômicos” (Bar_11), “falta de estratégias de marketing”
(Bar_17), “falta de competência técnica” (Bar_22) são as que são mais interligadas às barreiras resultantes.
Além disso, as barreiras “falta de divulgação dos códigos/regulamentações” (Bar_06) e “falta de estratégias
de marketing” (Bar_17) são interligadas somente às barreiras resultantes. Por fim, vale ressaltar que as
barreiras “medo/resistência à mudança” (Bar_20) e “falta de confiança dos ocupantes” (Bar_21) possuem
apenas relações com algumas barreiras causais.

249
V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Figura 2. Interrelações entre as barreiras identificadas por Cristino et al. (2021).

Fonte: Autoria própria (2021).

4. CONCLUSÃO
Este estudo teve por objetivo identificar, na literatura, as possíveis interrelações entre as barreiras que
impedem a adoção de tecnologias EE no setor de edificações, contribuindo assim para o desenvolvimento
de estratégias que se concentrassem nas barreiras causais que, consequentemente, poderiam eliminar
suas respectivas barreiras resultantes. Como sugestão para futuras pesquisa sugere-se, antes da
elaboração das estratégias e suas diretrizes de implementação, que um modelo hierárquico das
interrelações identificadas seja construído a partir de uma modelagem estrutural interpretativa, assim será
possível identificar os níveis hierárquicos de relação entre as barreiras.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES -
Código Financeiro 001), e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP - processo
2021 / 01423-9) pelo apoio a esta pesquisa.

6. REFERÊNCIAS
CAUCHIK MIGUEL, P.A. (ORGANIZADOR). Metodologia de pesquisa para engenharia de produção e
gestão de operações. [s.|: s.n.].
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technologies and their association with research themes, types of building, and geographic regions,
Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 135, n. 110191, p. 1-23, 2021.
DU, P. et al. Barriers to the adoption of energy-saving technologies in the building sector: A survey study of
Jing-jin-tang, China. Energy Policy, v. 75, p. 206-216, 2014.
JAFFE, A.; STAVINS, R. The energy efficiency gap: What does it mean?, Energy Policy, v. 22, p. 804–810,
1994.
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XU, X.; ZOU, P.X.W. Analysis of factors and their hierarchical relationships influencing building energy
performance using interpretive structural modelling (ISM) approach. Journal of Cleaner Production, v. 272,
n. 122650, p. 1-15 2020.
ZHANG, Y.; WANG, Y. Barriers' and policies' analysis of China's building energy efficiency. Energy Policy,
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ZHANG, L., ZHOU, J. Drivers and barriers of developing low-carbon buildings in China: real estate
developers' perspectives. International Journal of Environmental Technology and Management, v. 18,
p. 254-272, 2015.

4 250
PARTO PREMATURO E POLUENTES DO AR EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP: UMA
ABORDAGEM FUZZY
Taynara de Oliveira Silva a*; Paloma Maria Silva Rocha Rizol a; Luiz Fernando Costa
Nascimento a
aUNESP-FEG, Avenida Ariberto P. Cunha, 333, CEP 12510-410, Guaratinguetá, SP, Brasil
*e-mail taynara.silva@unesp.br

Resumo. Os efeitos do nascimento prematuro são diversos e não se limitam apenas a fase da infância,
podendo gerar complicações até a vida adulta. Sabe-se que a prematuridade está relacionada a fatores como
falta de acompanhamento pré-natal até a exposição de grávidas a poluentes do ar. Esse estudo propõe
analisar os efeitos da exposição da grávida a poluentes como Material Particulado, Dióxido de Nitrogênio e
Ozônio durante os anos de 2016 a 2018 na cidade de São José dos Campos-SP, por meio da lógica fuzzy.
O resultado poderá auxiliar na criação de políticas, melhoria da saúde e redução de gastos governamentais.

Palavras-chave: Prematuridade; Mortalidade; Lógica Fuzzy; Poluentes do Ar.

1. INTRODUÇÃO
“O parto prematuro é definido como o nascimento que ocorre antes de 37 semanas de gestação e representa
a maior causa de morbidade e mortalidade neonatal em todo o mundo. Sendo essa a causa de 75 a 95% dos
óbitos neonatais, quando excluídas as malformações congênitas, e 50% dos comprometimentos neurológicos
(PASSINI et al., 2010).”
Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019, “o nascimento prematuro é uma
das principais causas de comprometimento do desenvolvimento do potencial humano em longo prazo, por
aumentar o risco para doenças graves, incapacidades e má qualidade de vida, pois muitos dos sobreviventes
enfrentam dificuldades de aprendizagem, problemas visuais e auditivos.”
O parto prematuro ocorre em todos os continentes e a taxa mundial do ano de 2017 foi de 13%. No Brasil, a
taxa é de aproximadamente 10,7%, sendo que no ano de 2017 ocorreram em torno de 320.000 partos
prematuros para aproximadamente três milhões de nascimentos, e parte considerável dos mais de 19 mil
óbitos neonatais está relacionado à prematuridade. No Estado de São Paulo essas taxas não são diferentes,
pois foram registrados em torno de 67 mil prematuros para 610 mil nascidos vivos. (BRASIL, 2017)
O estudo realizado por Oliveira et al. (2016) relaciona o parto prematuro a variáveis como a idade e
escolaridade materna, presença ou ausência de companheiro, histórico reprodutivo (número de filhos vivos e
mortos) e realização de pré-natal (adequado ou inadequado). Também foi encontrada associação da
exposição materna da gestante a poluentes ambientais, (NASCIMENTO; MACHIN; SANTOS, 2017)
(HARISSON et al., 2016) (NOUR et al., 2012) e dentre estes destacam-se o monóxido de carbono (CO),
ozônio (O₃), dióxido de nitrogênio (NO₂), precursor da formação de ozônio, dióxido de enxofre (SO₂); além
destes poluentes gasosos há o material particulado com diâmetro aerodinâmico menor de 10 𝜇m (PM10),
composto por uma mistura de partículas sólidas e líquidas.
“Também o aspecto econômico está envolvido na prematuridade, pois Kim et al. (2019) ao analisarem os
nascimentos de 2008 e os partos prematuros nos Estados Unidos, para avaliar o impacto econômico, foi
mostrado que uma redução de 10% nos níveis de PM2,5 reduziria em 5.016 partos prematuros e haveria uma
economia aproximada de 339 milhões de dólares, podendo alcançar mais US$ 1 bilhão, ao considerar os
efeitos do parto prematuro na idade adulta (KIM et al., 2019).”
Foi realizada uma busca na base de dados da SCOPUS, apresentado na Tab.1, para verificação de
publicações existentes nesse campo de estudo. As pesquisas foram feitas a partir das palavras-chave “fuzzy”
e “air pollution”, quando isoladas possuem 185.684 e 157.224 publicações, respectivamente.
Também foi realizada a busca nos termos “preterm/premature birth” retornando por volta de 18.000
resultados. Quando a busca foi realizada em termos combinados “fuzzy”, “air pollution” e “preterm/premature
birth” não foram encontrados resultados, o que torna esse assunto com grande oportunidade de pesquisa.

Tabela 1. Busca SCOPUS por palavras-chave

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: Autoria própria, base Scopus.

A combinação entre as palavras-chave “fuzzy” e “preterm/premature birth” retornou com artigos de auxílio ao
desenvolvimento desse estudo. Conforme ilustrado na Fig. 1, esses resultados puderam ser classificados
conforme quantidade de documentos publicados por ano (2011-2021) e área de publicação.

Figura 1. Publicações “fuzzy” e ““preterm/premature birth”, conforme (a) ano e (b) país de publicação

(a) (b)
Fonte: Autoria própria, base Scopus

Estudar esse importante aspecto de interesse científico, político, social e econômico, preencherá uma lacuna
existente na literatura nacional, sendo esse um grande aliado para o auxílio de processos de planejamento,
ações de saúde e melhorias nas políticas públicas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 LOCAL DE ESTUDO


O local escolhido para a delimitação desse estudo foi a cidade de São José dos Campos, localizada no Vale
do Paraíba -SP. Conforme dados do IBGE de 2019, sua população é estimada em 730.000 habitantes, com
IDH na 24ª colocação brasileira, além de possuir uma zona predominantemente urbana (responsável por
98%) e polo industrial com destaque em empresas aeroespaciais, automobilísticas e farmacêuticas.

2.2 COLETA DE DADOS


A coleta de dados foi realizada para os anos de 2016 a 2018, visto que as informações estão consolidadas
nesse período.

2.2.1 Nascidos Vivos


Primeiramente, foram coletados os dados dos nascidos vivos no portal DATASUS – Departamento De
Informática Do Sistema Único De Saúde, a partir do SISNAC – Sistema de Informações De Nascidos Vivos.
Informações como idade da mãe, escolaridade, estado civil, sexo do nascido, semanas de gestação,
quantidade de consultas pré-natal e outras foram consultadas para todos os partos de grávidas residentes na
cidade de São José dos Campos no período escolhido. Após a extração completa dos dados, foi necessário

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25th ABCM International Congress of Mechanical Engineering
October 20-25, 2019, Uberlândia, MG, Brazil

filtrar as informações relevantes dos nascidos vivos prematuros, com o auxílio de um especialista e consulta
em artigos existentes. A partir dos dados consolidados foi possível a criação de uma tabela final para análise
das informações.

2.2.2 Poluentes do Ar
A extração de informações a respeito de poluentes do ar também foi possível a partir do portal CETESB –
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Existem duas estações na cidade de São José dos Campos
responsáveis por coletar e medir a quantidade de poluentes e qualidade do ar. A partir desse monitoramento,
foi possível coletar os valores diários de Material Particulado, Ozônio e Dióxido de Nitrogênio.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a análise dos dados finais provenientes dos portais DATASUS E CETESB foi possível fazer algumas
considerações.
A taxa de prematuridade de São José dos Campos foi de 9,78% em 2016, 9,95% em 2017 e 11,02% em
2018, números próximos à taxa média de prematuridade brasileira. Na Fig. 2, é possível observar a relação
entre partos totais e nascimentos prematuros mensais no período de estudo.

Figura 2. Relação Mensal entre Parto total e prematuros nos anos de (a) 2016 (b) 2017 e (c) 2018.

(a) (b)

(c)

Também foi possível relacionar informações da grávida ao parto prematuro, a partir de dados analisados
sobre idade da mãe, escolaridade, estado civil e quantidade de consultas pré-natal. A partir da Figura 3, pode-
se observar que a maioria das mães de prematuros possuem faixa etária entre 20 e 34 anos, 8 a 11 anos de
estudo, não possuem companheiro e o número de consultas pré-natal realizadas foram iguais ou superiores
à 7, apesar da preocupante quantidade de grávidas que fizeram consultas inferiores a 6.

Figura 3- Informações da Mãe de Prematuros

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V Workshop de Engenharia Mecânica e de Produção

Fonte: Autoria própria, base Scopus.

4. CONCLUSÃO
Após a realização da análise bibliométrica foi possível verificar uma lacuna existente na literatura, esse
estudo, ainda em fase de implementação de um Sistema Fuzzy tem por objetivo estudar os aspectos que
possam relacionar exposição de grávidas a poluentes atmosféricos e parto prematuro e, consequentemente,
podendo auxiliar na formulação de políticas públicas, com redução da morbimortalidade decorrente da
prematuridade.

5. AGRADECIMENTOS
Esse trabalho foi realizado com apoio da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior, CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e UNESP - Universidade
Estadual Paulista.

6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao
pré-natal de baixo risco /. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). IBGE cidades São José dos Campos.
Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=3549904>. Acesso em: 3 dez. 2019.
NASCIMENTO, LF; MACHIN, AB; SANTOS, DAA. Are there differences in birth weight according to sex and
associations with maternal exposure to air pollutants? A cohort study. Sao Paulo Medical Journal, v. 135, n.
4, p.347-354, ago. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/15163180.2016.0262100317.
KIM, J.; AXELRAD, D.; DOCKINS, C. Preterm birth and economic benefits of reduced maternal exposure to
fine particulate matter. Environmental Research, v. 170, p.178-186, mar. 2019.
http://dx.doi.org/10.1016/j.envres.2018.12.013.
Passini RJ, Tedesco RP, Marba ST, Cecatti JG, Guinsburg R, Martinez FE, et al. Brazilian multicenter
study on prevalence of preterm brith and associated factors. BMC Pregnancy Childbirth. 2010;10:22.
Oliveira, L. L., Gonçalves, A. C., Costa, J. S. D. & Bonilha, A. L. L. (2016). Fatores maternos e neonatais
relacionados à prematuridade. Revista Escola de Enfermagem USP. 50(3), 382-389.
https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000400002.

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