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19/04/2021 A Bíblia e a Homossexualidade – Parte 3: Os Cananeus e a prostituição cultural – Reação Adventista

Reação Adventista

A Bíblia e a Homossexualidade – Parte 3: Os Cananeus e


a prostituição cultural

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19/04/2021 A Bíblia e a Homossexualidade – Parte 3: Os Cananeus e a prostituição cultural – Reação Adventista

Esse texto refuta a terceira parte da série proposta pela página “Adventista Subversivo”, a qual defende
que a prática homossexual não é considerada um pecado pela Bíblia. O autor da refutação é o teólogo
Isaac Malheiros. Para ler o texto refutado, clique aqui.

1. Sexo homossexual não é proibido apenas por ser uma prática pagã

1.1 A associação com práticas pagãs em geral não explica a proibição

O argumento da “prática pagã” é, de forma simplificada: os pagãos faziam isso, portanto é proibido. No
entanto, isso não faz sentido, uma vez que grande parte das práticas religiosas e rituais cerimoniais de
Israel também era praticada por pagãos (dízimo, circuncisão, sacrifícios, festas, etc). Portanto, apenas a

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associação com práticas pagãs não explicaria a proibição. Seria preciso uma associação mais clara entre
sexo e rituais pagãos (como em Dt 23:17), que não existe em Lv 18 e 20.

1.2 Levíticos 18 e 20 não se referem à prática homossexual em cultos pagãos

Essa associação simplesmente não existe no texto, portanto não justifica a proibição. Em Levítico 18: 24-
30 e 20:22-23, Deus indica que as distorções sexuais descritas nos versículos anteriores (incluindo a
prática homossexual) são essencialmente erradas, contaminam na sua própria natureza e não apenas
porque são questões cerimoniais relacionadas ao culto de Israel.

1.3 Levíticos 20 coloca a relação homossexual entre outras práticas sexuais proibidas

O Adventista Subversivo sugere que por estar próximo à proibição das práticas idolátricas em Levíticos 18
(v. 21), a proibição do sexo homossexual é meramente ritualística, e tem a ver apenas com costumes,
cultura e divindades locais.

Mas no capítulo 20 não existe essa suposta ligação. A relação homossexual está inserida entre outras
relações sexuais proibidas (Lv 20:10-21), textualmente distante das práticas cultuais dos canaanitas (Lv
20:2-6), e separando esses dois blocos existe um interlúdio (v. 7-8) e um mandamento relacionado ao
relacionamento com os pais (v. 9).

O capítulo 20 evidencia que as práticas sexuais mencionadas em Lv 18 e 20 não eram meramente cultuais
ou ritualísticas, ou “práticas sexuais idolátricas”. Eram práticas sexuais ilícitas, e ponto.

Além disso, o Adventista Subversivo parece querer tornar a lei contra a prostituição cultual de Dt 23:17
num sinônimo da lei de Lv 18:22, o que não é. Não há vínculo linguístico entre Lv 18:22 e Dt 23:17.
Nenhum dos termos-chave de Dt 23:17 (‫קָ דֵ שׁ‬, qadesh; ‫קְ דֵ שָׁ ה‬, qedeshah) aparece em Lv 18:22. Exegeticamente,
citar Dt 23:17 prova o contrário: se Lv 18 e 20 estivessem falando apenas do sexo ritualístico pagão,
usariam esses termos conhecidos e específicos. A clara proibição da prostituição cultual em Dt 23:17 é
outra lei, não a mesma lei de Levíticos 18 e 20.

Ademais, se a lei de Lv 18:22 fosse contra a prostituição religiosa, por que apenas o sexo homossexual
masculino é mencionado, quando sexo de todo tipo, envolvendo homens e mulheres, era praticado
nesses rituais pagão? Por que Lv 18:22 destacaria o sexo “homem com homem” se estivesse falando de
prostituição cultual como em Dt 23:17?

Levítico 20:13 deixa claro que a prática homossexual em geral é proibida, não apenas a relação durante
um ritual pagão.

1.4 O texto remete linguisticamente à criação: a distinção entre macho e mulher.

A justificativa para a proibição está presente na fraseologia intertextual de Lv 18: é a criação, Gênesis 1:27
e 2:24. Há uma conexão com a ordem da criação implícita na fraseologia de Levítico 18:22 e 20:13, onde
há uma distinção entre o macho (‫ ָזכָר‬, zakar) e a mulher (‫אשָּׁ ה‬,
ִ ishshah), tal como na criação: “homem (‫ ָזכָר‬,
zakar) e mulher (‫אשָּׁ ה‬,
ִ ishshah) os criou” (Gn 1:27). Curiosamente, a distinção é feita usando zakar[1] e não
ish (homem), pois zakar é uma palavra mais adequada para opor o masculino ao feminino. Tal
fraseologia se relaciona intertextualmente com Gênesis 1:27.

Assim, em Lv 18:22 e 20:13, há um destaque à condição binária macho-fêmea estabelecida na criação, e a


atividade homossexual é considerada como uma abominação porque desfaz essa distinção, violando os
limites de gênero divinamente estabelecidos na criação.[2]
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A proibição das relações homossexuais não é uma questão de status de gênero, como sugere o Adventista
Subversivo, mas é uma distorção do próprio gênero, tal como foi criado por Deus.

2. O problema não estava no homossexual passivo: ambos morriam

O Adventista Subversivo afirma que “embora o pecado seja cometido por duas pessoas, tal condenação
está centrada no papel passivo da relação ‘homogenital’. Tal papel era sinônimo de submissão e ultraje
para qualquer homem, pois o tornava semelhante a uma mulher”.

No entanto, essa afirmação se desfaz diante de Lv 20:13, que diz que ambos praticaram abominação,[3] e
ambos deveriam morrer por isso.[4] Não há essa suposta “condenação centrada no papel passivo”: “Se
também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa
abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles” (Lv 20:13).

Em Lv 18:22 e 20:13, o ato é literalmente: “deitar um macho o deitar de uma mulher.” Em Nm 31:17, 18,
35 e Jz 21:11, 12, “o deitar de um macho” é o que uma mulher experimenta quando tem relações sexuais
com um homem. Assim, por contraste, “o deitar de uma mulher” em Lv 18:22 e 20:13 é o que um homem
experimenta quando faz sexo com uma mulher.

O ponto principal então não é tanto a questão “ativo-passivo”,[5] mas que um homem não deve ter o
tipo de experiência sexual com outro homem que ele teria com uma mulher. Por isso, ambos, ativo e
passivo eram igualmente condenados e igualmente punidos com a morte.

Isso também derruba o argumento da imitação dos prostitutos cultuais. Como o passivo e o ativo eram
igualmente culpados, é um erro dizer que o problema estava no fato da relação significar “subserviência
ou humilhação” como nos rituais pagãos.

3. Só a prática homossexual é chamada individualmente de abominação

A palavra hebraica to’ebot, traduzida como “abominações”, pode se referir a uma ampla variedade de
práticas abomináveis para o Senhor. Portanto, não devemos destacar o sexo homossexual como se fosse
a única abominação: sexo ilícito em geral, heterossexual ou homossexual são “abominações”.

Porém, em Lv 18 onde a mesma palavra no plural (to’ebot) caracteriza todas as ofensas proibidas
anteriormente no capítulo (v. 26, 27, 29, 30), o único caso individualmente rotulado como uma
“abominação” (to’ebah, singular) é a prática homossexual masculina (v. 22).

E, novamente, apenas a prática homossexual é chamada de “abominação” em Levítico 20 (v. 13).[6] De


fato, em todo o Pentateuco, o único ato sexual proibido descrito especificamente como to’ebah (singular) é
a prática homossexual.

4. A proibição é transcultural (aplicada a todos)

O Adventista Subversivo conclui que as leis de Lv 18 são culturalmente restritas, e que, hoje, “tal código
torna-se irrelevante para direcionar ou prescrever uma conduta ‘heteronormativa’”.

No entanto, a lei de Lv 18 e 20 é dirigida aos israelitas e aos estrangeiros que vivem entre eles (18:2, 26;
20:2). E foi dada antes de entrarem na Terra Prometida, e Deus não restringiu sua aplicabilidade a essa
terra como algumas leis que só começam a funcionar quando os israelitas já estão instalados em Canaã
(Lv 14:34; 19:23; 23:10; 25:2).

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Além dos estrangeiros que viviam entre os israelitas, Deus aplica seu padrão moral aos povos em geral.
Em Lv 18:3, os israelitas não devem se comportar nem como os egípcios nem como os canaanitas: Deus
aponta para o passado (Egito) e para o futuro (Canaã), onde eles viveram (Egito) e onde viveriam
(Canaã). Isso indica que Deus avaliou as atitudes morais dos gentios e as reprovou. Aplicou sobre esses
povos a sua lei, não os desculpou, e não impôs limites culturais ao seu padrão moral.

A quebra da ética sexual (que inclui a prática homossexual, 18:22) provocou a expulsão dos canaanitas
(v. 24, 25, 27, 28; 20:22, 23). Ou seja, a regra de Deus é para os israelitas e também para os gentios, que
devem seguir os princípios básicos da moralidade sexual através da revelação geral (Rm 1:18-32; 1Co
5:1).

5. A prática homossexual é uma impureza moral, não cerimonial

O Adventista Subversivo sugere que a prática homossexual é condenada em Levíticos apenas por causa de
sua associação com os cultos de fertilidade idólatra e não porque é considerado essencial e moralmente
errado. Assim, esse seria apenas um caso de particulares do antigo Israel, e não uma regra moral
universalmente aplicável. No entanto, o amplo uso do termo to’ebah no AT revela que seu significado
frequentemente se refere a uma ofensa moral e não apenas cerimonial/ritual.[7]

As atividades sexuais ilícitas contaminam as pessoas e a terra (Lv 18:20, 23-25, 27, 28, 30), mas suas
proibições não são leis cerimoniais relacionada à impureza ritual física. A atividade sexual ilícita resulta
numa impureza que não pode contaminar outra pessoa pelo contato físico com o impuro (tocar num
adúltero não deixaria ninguém impuro, por exemplo), e é uma impureza que não pode ser solucionada
através de rituais. Ou seja, não é uma impureza cerimonial, mas moral.

As impurezas morais são geradas pelas ofensas sexuais (Lv 18), a idolatria (18:21, 24) e o assassinato (Nm
35:31-34), são violações dos princípios morais divinos (Ex 20:3-6, 13, 14) e são proibidas tanto aos
israelitas como aos estrangeiros que habitam entre eles (Lv 18:2, 26, Nm 35:15).

A impureza cerimonial é gerada por uma substância ou condição física, por isso, ela pode ser transferida
por contato físico. Além disso, a impureza cerimonial nem sempre significa pecado, violação de um
mandamento divino. Por ex.: uma mulher que desse à luz um bebê estaria cerimonialmente impura (Lv
12:6-8), mas não em pecado (não precisa de perdão por ter parido, cf. Lv 4). A exceção ocorre quando a
contaminação é expressamente proibida (Lv 11:43, 44, Nm 6:6, 7). A impureza cerimonial serve para
evitar a contaminação do santuário (Lv 7:20, 21; 15:31; Nm 5:1-4), e poderia ser solucionada através de
rituais de purificação e sacrifícios (Lv 14, 15).

A prática homossexual é uma impureza moral, não cerimonial.

6. A natureza universal e permanente dos padrões morais

Os valores morais fundamentais da Escritura são mantidos por toda a Bíblia e sem exceções, no AT e no
NT. A respeito do aspecto moral da prática sexual: é evidente no modelo edênico de Deus e nos
versículos sobre a prática sexual que a Bíblia expõe uma clara e coerente condenação da prática
homossexual. A Bíblia mantém o mesmo discurso o tempo todo, e em diversas linhas de evidência. Não
existem brechas, nem atenuantes, nem exceções.

Como vimos, a justificativa das proibições de Levítico 18 e 20 (incluindo a prática homossexual) repousa
sobre os princípios fundamentais da ordem de criação de toda a humanidade à imagem de Deus como
“macho e fêmea”, de maneira única, distinta do resto da criação de Deus (Gn 1:27-28). As práticas

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sexuais condenadas em Levítico 18 e 20 são abominações porque violam a ordem divina de gênero e
espécie (Gn 1:27) e também a instituição do casamento (Gn 2:24).

Especificamente, a prática homossexual ofende a definição de casamento como uma união (sexual,
inclusive) entre um homem e uma mulher (Gn 2:24). Ao falar sobre a ética sexual, Jesus citou o Gênesis,
e Paulo também usa a criação como pano de fundo de sua acusação de prática homossexual em Rm 1:24-
27 e 1Co 6: 9.

Portanto, o AT e o NT veem a prática homossexual como uma distorção da criação. A natureza moral,
universal (transcultural) e permanente (transtemporal) das proibições contra a prática homossexual é a
mesma de todos os outros mandamentos de caráter sexual.[8]

A limitação da relação sexual aceitável ao sexo heterossexual dentro do casamento e a forte repulsa das
relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são um valor moral transcultural e transtemporal sem
exceções na Bíblia, e que prevaleceu entre hebreus/judeus e cristãos por vários milênios.

7. Perguntas paralelas referentes à hermenêutica

O Adventista Subversivo levanta alguns questionamentos para demonstrar como a posição contrária à
prática homossexual é hermeneuticamente equivocada. Por uma questão de espaço, não vou me
aprofundar na discussão sobre as leis (civis, cerimoniais, de saúde, etc) que compunham a Lei, nem
sobre a pena de morte aplicada sob a jurisprudência teocrática israelita.

Digo apenas que essa é uma pergunta que a teologia já respondeu há milênios, facilmente encontrada
em obras de fácil acesso. As características universais e atemporais dos aspectos morais da Lei são
reconhecidas e sistematizadas desde muito tempo (especialmente, desde Cristo, Atos 15 e o período
neotestamentário).

7.1 Por que o sexo entre mulheres não foi mencionado?

Primeiramente, para o cristão, tal tema é mencionado no NT (Rm 1:26-17). Além disso, as leis do AT não
precisam ser consistentes com nossas expectativas modernas. Existem vários motivos que poderiam
explicar a ausência da menção às mulheres em Lv 18:22.

1. a) talvez só fosse considerado sexo quando houvesse penetração;


2. b) talvez essa não fosse uma prática tão conhecida e disseminada entre os hebreus, o que tornaria um
mandamento específico desnecessário;
3. c) talvez a condenação da prática homossexual masculina fosse aplicável por extensão à prática
homossexual feminina.

Tomando esse terceiro ponto como o mais provável, muitas leis começavam com “se um homem …”
mas eram aplicáveis às mulheres também (Lv 25:26, 29; 27:14, 16, 22, 31; Nm 9:13; 35:16; Dt 21:18, 22;
24:7).

Em hebraico, muitas situações aplicáveis a homens e mulheres são expressas usando apenas o singular
masculino. Por exemplo, nas proibições do sétimo e décimo mandamentos do Decálogo (que além de
usar o masculino singular, diz para não cobiçar a “mulher do teu próximo”). O masculino no hebraico é
inclusivo de gênero.

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Como explica Richard Davidson: “A proibição de relacionamentos lésbicos está provavelmente implícita
na regra geral contra seguir as práticas abomináveis dos egípcios ou os cananeus [Lv 18:3], como
reconhecido na interpretação rabínica”.[9] Por isso, é plenamente justificável aplicar a lei de Levítico 18
às ofensas sexuais femininas, mesmo que a linguagem usada seja masculina.

7.2 Por que as igrejas cristãs não defendem a morte para os homossexuais?

Há aqui uma confusão entre o princípio moral e a aplicação da pena pela desobediência de um princípio
(algo firmemente estabelecido na hermenêutica bíblica). Essa pergunta poderia ser feita a respeito de
qualquer mandamento moral: “por que as igrejas cristãs tradicionais não defendem a pena de morte
para quem faz sexo com animais?” ou “por que não defendem a pena de morte para quem ofende os
pais (Êx 21:17)?” Certamente, não aplicar a pena de morte a tais situações hoje não implica dizer que
fazer sexo com animais ou ofender os pais está moralmente correto.

Perguntam o mesmo sobre o sábado. “por que vocês não apedrejam seus membros que são pegos
trabalhando no sábado?’”. Os adventistas do sétimo dia não apedrejam quem desobedece a algum
princípio moral escrito em forma de lei porque diferenciam o princípio moral da aplicação da pena pela
desobediência ao princípio escrito em forma de lei.

Ilustrando com uma situação contemporânea: se a pena para o estupro hoje for reduzida ou aumentada
por nossos governantes, isso em nada afeta a condição moral do estupro. No Brasil, defender diferentes
penas para o estupro (penas maiores, castração química, prisão perpétua ou até pena de morte) não
indica que as pessoas tenham diferentes opiniões sobre o erro moral que é cometer um estupro. Elas
podem concordar que o estupro é moralmente errado e discordar a respeito da pena aplicada.

Conclusão

O Adventista Subversivo não demonstrou que Lv 18 e 20 falam de sexo exclusivamente vinculado a rituais
religiosos, com conotação cultural ou religiosa. Ele levantou uma hipótese e saiu em busca de elementos
para confirmá-la no texto e em outros lugares. A sua conclusão não decorre naturalmente dos elementos
que o texto dispõe. É um límpido e claro exemplo de eisegese.

Finalmente, o Adventista Subversivo lança uma argumentação que, se desenvolvida às últimas instâncias,
pode levá-lo a situações embaraçosas. Exemplo: se ele quer dizer que tal proibição contra a prática
homossexual é cultural e temporalmente restrita, cada uma das outras leis sexuais pode ser vista assim
também. Inclusive o incesto e a bestialidade, uma vez que as proibições contra ambos também estão no
mesmo contexto de Levítico 18 e 20 e sujeitos aos mesmo argumentos.

Referências:

[1] No AT, um ser humano macho (zakar) é o que tem pênis e pode ser circuncidado (por ex., Gn 17:10-
11).

[2] A condição macho-fêmea é o pré-requisito para a maioria das normas sexuais em Levíticos. Essa
condição é apresentada já na criação (Gn 1:27 e 2:24), onde o pré-requisito para uma união (sexual,
inclusive) aceitável diante de Deus é a existência de um homem e uma mulher (cf. Mt 19:4-6; Mc 10:6-9)

[3] O texto de Lv 20:13 diz literalmente: “e homem que deita com macho o ‘deitar de mulher’
abominação eles fizeram dois deles”.

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[4] Ao contrário das antigas leis fora da Bíblia relacionadas com a atividade homossexual, ambas as
partes aqui são penalizadas, portanto, claramente incluindo o sexo homossexual consensual, não apenas
o estupro homossexual.

[5] As versões em português não refletem essa “culpa do passivo”: “Não se deite com um homem como
quem se deita com uma mulher; é repugnante” (NVI); “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é
abominação” (ARA); “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é” (ARCF); “Não te
deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação” (AA). Não foi traduzido “como se [tu] fosses
mulher”, o que colocaria o problema em assumir a posição passiva.

[6] Comparando, a bestialidade é individualmente chamada de “confusão” (Lv 18:23).

[7] Para um estudo exaustivo do uso de to’ebah no AT, ver GAGNON, Robert. The Bible and
Homosexual Practice: Texts and Hermeneutics. Nashville: Abingdon, 2001. p. 117–120.

[8] Podem-se discutir um ou outro detalhe, como os motivos da proibição de fazer sexo durante o
período menstrual, mas a maior parte das regras sobre o sexo é de fácil compreensão e aplicação.

[9] DAVIDSON, Richard M. Flame of Yahweh: Sexuality in the Old Testament. Peabody: Hendrickson,
2007. p. 150.

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Posts da Série “A Bíblia e a Homossexualidade”

Apresentação
Parte 1: A Criação
Parte 2: Sodoma e Gomorra
Parte 3: Os Cananeus e a prostituição cultural
Parte 4: Jesus e a Homossexualidade
Parte 5: Idolatria e ritos orgíacos (Rm 1:26-27)
Parte 6: Prostituição Masculina e Devassidão (1 Co 6:9 e 1 Tm 1:10)

Parte 7: Ciência, genética, psicologia e conclusão

Reação Adventista

fevereiro 22, 2017


Liberalismo Teológico, Perspectivas Cristãs

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Um comentário sobre “A Bíblia e a Homossexualidade –


Parte 3: Os Cananeus e a prostituição cultural”
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1. erick
dezembro 8, 2017 at 3:44 pm

Apenas uma observação: O termo ishshah não aparece em Gênesis. O que aparece é nqevah.

ACIMA ↑

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