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FORMAÇ ÃO

O ministério de música a serviço da Palavra


A Palavra de Deus precisa ser a principal inspiração do músico
Não dá para pensarmos em composições realmente inspiradas sem que estas brotem da Sagrada
Escritura, da Palavra de Deus. Por isso mesmo é que a Constituição Dogmática Sacrosanctum
Concilium, ao falar da missão dos compositores, é bem clara e profunda ao afirmar:
Os compositores, imbuídos do Espírito cristão, compreendam que foram chamados para cultivar a
música sacra e para aumentar-lhe o seu patrimônio (…). Os textos destinados ao canto sacro devem
estar de acordo com a doutrina católica e inspirar-se, sobretudo, na Sagrada Escritura e nas fontes
litúrgicas (SC 121).

Ora, se na palavra da Igreja ouvimos que as raízes de nossa inspiração, enquanto artistas cristãos,
devem ganhar vida na Palavra de Deus, então o nosso canto ou ministério deve estar ao seu serviço.
Falar, então, de ministério a serviço da Palavra é o mesmo que dizer que a nossa missão tanto mais
será frutífera quanto mais for exercida como instrumento de evangelização. Somos chamados a
evangelizar de uma forma diferente, dinâmica e criativa.
Se uma palavra agradável já chega bem os nossos ouvidos, quanto mais não será o toque de uma
melodia plena do conteúdo da Sagrada Escritura!
No canto dos Salmos, por exemplo, Deus uniu o prazer da melodia, levando em conta a inclinação
inata da natureza humana, com Suas palavras divinas, as quais ensinam ao homem o caminho da
virtude. Dessa forma, o homem que se mostra contrário a tudo o que suponha esforço e incômodo
receberá, em seu coração, os ensinamentos divinos, como sem se dar conta, levado simplesmente
pelo prazer da melodia¹. Até podemos imaginar como o coração humano se sensibiliza ao receber de
uma forma agradável o ensinamento bíblico por meio de melodias cheias de inspiração, enquanto
tiradas da Escritura, e de suavidade, enquanto inspiradas por Deus.
A Palavra de Deus enquanto conteúdo fundamental da pregação da Igreja e, portanto, inspiradora
daquilo que aí se vive como experiência de fé, encontra na arte musical um excelente instrumento de
transmissão de sua eficácia e, por isso mesmo, uma maneira dinâmica de tocar o coração das
pessoas. A música, desta forma, serve à Palavra de Deus², enquanto meio de evangelização. E
quanto mais estiver relacionada aquela a esta, o seu sentido ministerial ganhará força.
Referências:
1. Xabier BASURKO. O canto na tradição primitiva. São Paulo: Paulus, 2005. Tradução Celso
Marcio Teixeira. Título original: El canto cristiano en la tradición primitiva. (Liturgia e Música, 3).
p. 161
2. Idem, p. 29-49
FORMAÇ ÃO
Existe renovação no seu ministério de música?
Servir na Missa envolve responsabilidade musical, pastoral e espiritual do ministério de música
Você toca na Missa e, constantemente, sente-se sobrecarregado com o compromisso? Afinal, se
você não for, ninguém vai tocar ou o seu grupo, que é reduzido, sofrerá um desfalque impactante.
Como resolver esse problema? Como ter um grupo que se renova com frequência e está sempre
abrindo as portas para novos integrantes?

A primeira coisa a ser feita: olhar para o problema.


Tocar na Missa envolve responsabilidade musical, pastoral e espiritual. Portanto, todo coordenador
de música é prudente quando procurado ao fim de uma Missa por alguém que está se colocando à
disposição do ministério.
Por outro lado, aquele que se sente chamado (vocação) pode realmente não estar preparado para
“pegar o bonde andando”. Como fazer? Criar processos e ciclos dentro do ministério de música, os
quais possibilitem a presença de grupos de músicos em 3 etapas:
– Formação
–Serviço
– Pastoreio
Formação
Sim! A rotina de um ministério de música não pode se resumir ao compromisso dominical,
tampouco reduzir-se a um ensaio e ao serviço litúrgico semanal. É preciso mais, é preciso estar
rotineiramente estudando e se formando.
Se você toca na Missa, mas, nos últimos seis meses, não leu nenhum livro sobre liturgia, sobre
música ou seu instrumento, está caminhando de forma equivocada.
Dificuldades: geralmente, é aqui que as pessoas argumentam dizendo que “já não contamos com as
pessoas para o ensaio, imagina para uma formação!”. Calma, analisemos algumas sugestões.
Dicas:
1 – Mobilize seu grupo
Não adianta marcar dia e hora para ensaiar e torcer para todos irem motivados. O ensaio começa
antes: no desejo de ensaiar! Motive seu grupo! Grupos de WhatsApp!
2 – Seja criativo!
Utilize mensagens em texto ou imagens que remetam ao seu grupo dizendo: “Você não pode faltar
esta semana!” ou “temos novidades neste próximo ensaio!”. Não lute por um compromisso não
quantificado. Determine-se por motivar o grupo para aquela semana.
3 – Não fale de cima para baixo.
Lembre-se de que os trabalhadores da última hora receberam o mesmo salário que os da primeira
hora (Mt 10,1-16). Fale como um companheiro, um irmão, alguém em quem se pode apoiar e por as
mãos nos ombros. Como disse Santo Agostinho: “Na escola do Senhor, somos todos condiscípulos”.
Serviço
Torne o serviço algo importante, alegre e leve. Se as pessoas não se sentem necessárias ou se não
percebem a importância do que realizam naturalmente, elas se sentirão desmotivadas. Apresente e
torne a prática do serviço na música litúrgica algo fundamental para cada um dos integrantes do
grupo, sem o qual algo fica faltando para uma semana completa e uma vida bem vivida. Cultive a
alegria, pois essa é a marca de um cristão!
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Por último, torne leve o serviço.
Erraram o andamento, a afinação, a harmonia, o ritmo? Calma, tudo isso se resolve. Chegaram
atrasados, dispersaram-se durante a Missa ou esqueceram algo que havia sido combinado? Calma,
tudo isso se resolve. Torne leve o serviço, jamais pontue o que aconteceu de errado no momento da
celebração ou logo após. Deixe para o momento oportuno. Administre suas frustrações sem jogá-las
no outro. Eu já fiz isso e não funciona. Após a Missa, converse, interesse-se por quem partilha o
serviço com você. Marque um almoço, uma pizza, um momento de confraternização.
Pastoreio
Continue preparando os que já estão na caminhada. Somos todos peregrinos! Não importa o quanto
já tenhamos percorrido. Cuide de quem já está lá há muito tempo. Lembre-se que todos nós temos a
tendência de agir como o irmão mais velho da parábola do filho pródigo. Sentimo-nos, muitas vezes,
preteridos e gostaríamos também de atenção e formação. Isso é maravilhoso na liturgia! Não
cessamos nunca de aprender e aprofundar o conhecimento, pois ele nunca cessa de nos transformar e
produzir novos frutos. Ajude aqueles que já estão no serviço há mais tempo, para que eles também
possam ser formadores. Mesmo que não saibam tanto ou assim se sintam, ensinar é também uma
forma especial de aprender. Como disse o escritor Guimarães Rosa: “Mestre não é quem sempre
ensina mas quem, de repente, aprende”.
Dica-final:
Organize um calendário. Comece com as metas que deseja atingir, pense nos caminhos que podem
ser tomados para que se alcance estes objetivos e faça periodicamente uma avaliação sobre o
andamento do processo. Esteja sempre em unidade com seu pároco, coma equipe de liturgia e a
assembleia. Conte com as minhas orações!
FORMAÇ ÃO
Três itens essenciais para o músico católico
O que é preciso na formação de um bom músico católico
A oração, o discernimento – fruto dessa oração – e o estudo, tanto musical quanto da Palavra de
Deus e dos documentos da Igreja são itens essenciais na formação de uma músico de Deus. Todos
esses itens são interligados, e o discernimento, que se origina do primeiro deles, deve gerar a busca
pelo aperfeiçoamento e deixar o coração mais parecido com o de Jesus: manso, humilde e dócil à
vontade do Senhor e à ação do Espírito Santo.
oração → discernimento → estudo → liberdade para a ação de Deus

Quando falamos em aperfeiçoar-se, não nos referimos somente às técnicas musicais, mas também ao
coração, às técnicas da prática do amor, da doação, da unção, e a capacidade de compreender o
próximo, para assim tocar a música certa, no momento certo, sem equívocos.
A cada época, é preciso preparar-se para atender as necessidades do corpo de Cristo – a Igreja –
quanto à evangelização. Eu e você, como músicos, precisamos dar qualidade à nossa música, para
atender as necessidades da evangelização nos dias de hoje.
Lembro que quando comecei a tocar nos grupos de oração, em 1992, a música, na minha região, era
muito simples. Existiam poucos ministérios de música bem estruturados, mas, para a época, tudo
parecia ótimo. Hoje muitas coisas mudaram, e também a forma de atrair o povo para Deus precisou
mudar. Veja bem, a Igreja não mudou, mas a forma de transmitir o Evangelho precisa ser sempre
atualizada, a fim de atingir o maior número de pessoas em cada época, mas sempre levando em
consideração a verdade do Evangelho e a rica doutrina da Igreja. Mas, como diante de tantos
desafios e inovações, atender as necessidades de evangelização da Igreja Cristã?
É um trabalho árduo. Quando nos aprofundamos em nosso chamado e nos tornamos músicos
evangelizadores, tocar deixa de ser um passatempo e torna-se um serviço comprometedor, de grande
responsabilidade. Nossa missão é devolver o povo para Deus, atraí-lo para Ele – não para mim, para
as minhas apresentações, e sim para Deus e para a Igreja. Quando conseguirmos isso, o Senhor fará
o restante.

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