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O HÍBRIDO KING

Matilha Nehalem 41
AJ Jarrett

Na tenra idade de quinze anos, Loki Compton viu seu


companheiro ser morto a tiros bem na sua frente. King Houseman
desistiu de sua vida para ajudar Loki a escapar. É um sacrifício que Loki
nunca esquecerá, mas saber que seu companheiro morreu como um
herói não ajuda a preencher o vazio de estar sozinho.
Cinco anos depois, Loki é como qualquer estudante universitário
típico. Ele tem o apoio de seus pais adotivos e de seu incrível irmão mais
velho, que o amam incondicionalmente. A vida não poderia ser melhor,
até que o passado volta na forma de King.
Encurralado! Com medo! Preciso dele!
Kingsley Houseman foi aprisionado dentro de sua própria
mente. Não foi até que viu Loki novamente que teve fome de liberdade.
Loki pode ajudar a curá-lo ou é tão prisioneiro quanto King?
Existe uma maneira de eles se salvarem e encontrarem seus próprios
felizes para sempre?
Capítulo 1

Uma leve brisa quente passou pela pele de Loki, fazendo


com que os pelos finos ao longo de seu braço se arrepiassem. Uma
coruja piou ao longe, fazendo-o se mexer. Ele se aconchegou no
calor escaldante em suas costas e piscou abrindo as pálpebras
pesadas. A bela vista diante dele o deixou sem fôlego. Ele estava
do lado de fora sob um dossel de árvores altas, com intervalos
entre os galhos frondosos mostrando o céu escuro com um bilhão
de estrelas cintilantes acima dele. Aquelas pequenas bolas de luz
lançavam um brilho suave ao redor. O cheiro de terra úmida e
flores silvestres vibrou sob o nariz de Loki, e ele sorriu. Isso o levou
de volta no tempo para quando era mais jovem e corria solto com
sua mãe e irmã. Aquelas eram as boas memórias. As únicas que
permitia que invadissem seu coração e mente.
Loki se aproximou da fornalha em suas costas, gostando da
segurança que ela lhe proporcionava. A firmeza sólida se moveu
contra suas costas, e um braço forte apertou sua cintura, puxando-
o para mais perto. A calma interior de estar do lado de fora
desapareceu quando ouviu o rosnado áspero em seu ouvido e
sentiu a barba áspera que roçava sua nuca.
Loki olhou por cima do ombro, os olhos arregalados com a
visão. Cabelos loiros rebeldes amontoados por sujeira e folhas. Ele
olhou para o braço bronzeado com músculos grossos segurando-o
perto, manchado de sangue.
— Oh, garoto.
Loki fechou os olhos e gemeu quando os eventos — ele
olhou para o relógio — das últimas cinco horas voltaram correndo
para ele. Ele estava na casa do bando quando foram atacados.
Aquele homem mau que manteve Loki preso esteve lá, e ele não
estava sozinho. Homens com armas e aquelas coisinhas shifter
híbridas meio-homem-meio-lobo os cercavam. Foi assustador. Não,
aterrorizante. Aqueles homens foram para sua casa. Eles tiveram
coragem de fazer isso. Marchar como se tivessem o direito de ir
aonde quisessem. Eles eram arrogantes e simplesmente estúpidos.
A raiva e o medo o consumiram como um câncer vivo
comendo seu autocontrole. Aquele pequeno minuto de perda de
controle fez com que perdesse o controle de Jonah. Ele não hesitou
em ir atrás do garotinho. Ele faria qualquer coisa que pudesse para
proteger sua família, não importando o risco para seu próprio bem-
estar. Seus pais amavam e odiavam essa característica nele. Loki já
havia perdido muito em sua jovem vida. Ele seria amaldiçoado se
perdesse alguém que amava.
Loki estava tão focado em encontrar Jonah que foi pego de
surpresa quando teve seu primeiro vislumbre de King.
— O que eles fizeram com você? — Loki sussurrou
enquanto esfregava suavemente os dedos sobre os músculos
tensos do antebraço de King. Mesmo dormindo, parecia que aquele
homem permanecia em guarda, esperando o próximo ataque.
No momento em que Loki viu King, seu coração se partiu
com o que estava diante dele. O outrora poderoso confidente se
transformou em nada mais do que um animal selvagem. Um animal
selvagem que havia fugido com Loki e atualmente o mantinha
preso contra seu corpo. Loki estava preso, mas, estranhamente,
não estava com medo. Ele se lembrou de King da noite em que foi
capturado cinco anos atrás. Loki estava tão assustado e
perturbado. Ele assistiu impotente quando sua irmã foi baleada e
então a segurou em seus braços até que ela morresse. Loki se viu à
mercê de alguma organização mortal que queria mantê-lo
prisioneiro.
— Não tenha medo, garoto. — As palavras suavemente
faladas de King anos atrás ainda, até ali, inundaram o calor pelas
entranhas de Loki.
King ficou maior que a vida. Ele tinha aquele cabelo loiro
curto espetado e tantos músculos que Loki não achava que o cara
pudesse ser real. Como o incrível Hulk, mas sem pele verde. King
era tão alto que, entre sua altura e corpo musculoso, Loki não
conseguia respirar. O medo fez seu coração disparar e ele quase se
molhou, mas King não o atacou ou gritou com ele. Apenas sorriu.
Ele deu a Loki uma barra de chocolate e um refrigerante e
prometeu que o manteria seguro. Na época parecia tão estranho,
mas agora que Loki era mais velho e mais maduro, e mais
conhecedor de sua própria anatomia, entendia por que se sentia
tão seguro com King.
Companheiro.
A palavra girou em torno de Loki, deixando-o tonto. Loki
sentiu isso cinco anos atrás, essa conexão com King. Ele não podia
negar a beleza de King. Deveria haver uma lei contra as pessoas
serem tão atraentes. Loki era jovem, mas não cego. Ele não se
incomodou quando King ia visitá-lo. Isso o fazia sentir menos
medo. E um pedaço do coração de Loki se partiu quando pensou
que King havia morrido, mas, mesmo assim, não sentiu que King
havia realmente deixado aquele plano de existência.
Loki esticou a cabeça para olhar para King, mas o homem
estava inconsciente. Podia sentir o peito de King subir e descer em
um ritmo rápido enquanto ele respirava. A cada poucos minutos,
King aumentava seu aperto como se, durante o sono, temesse que
Loki fosse fugir.
A ideia de escapar passou por sua cabeça. Loki tinha uma
família para voltar. Seus pais provavelmente estavam muito
preocupados, já que seu irmão adotivo, Lucas, havia sido
sequestrado pelas mesmas pessoas que atacaram a casa da
matilha mais cedo naquela noite.
King estava com aqueles homens, mas pelo que Loki podia
ver, King não estava lá por sua própria vontade. Correntes estavam
enroladas no pulso de King, puxando-o para o caos que acontecia
ao seu redor. A raiva ferveu dentro de Loki, fazendo com que seu
corpo reagisse. Suas unhas cresceram em longas garras afiadas e
mortais. Ver o outrora poderoso homem reduzido a nada
desencadeou Loki.
Assim que King viu Loki, ele matou três homens com as
próprias mãos apenas para chegar até ele. Deveria ter assustado
Loki, mas não o fez. A felicidade desabrochava em seu peito como
uma borboleta voando. A emoção de ver King livre distraiu Loki a
ponto de ele não perceber que o homem se dirigia para ele até que
jogou Loki por cima do ombro e saiu correndo.
Por enquanto, Loki estava bem em se virar e descansar a
cabeça no braço duro que King havia esticado sob sua cabeça. Ele
esfregou sua bochecha na pele de King, deleitando-se com o cheiro
do homem. Debaixo da sujeira e sombrio, Loki podia sentir o cheiro
de fumaça de uma fogueira e neve recém-caída. Uma combinação
estranha, mas combinava com King: fogo e gelo.
Ele deveria querer voltar para casa, mas Loki era péssimo
em instruções, meio divertido para um shifter lobo, mas, ei, nem
todo mundo podia ser perfeito. Conhecendo a si mesmo, ele apenas
se perderia mais na floresta e seria recapturado por um King
furioso. Algo que não tinha certeza se queria enfrentar. E neste
ponto, King parecia se lembrar dele em algum nível, então Loki
esperava que pudesse falar com King quando ele acordasse. Talvez
pudesse convencer o homem a levá-lo de volta para casa e
possivelmente ficar lá com ele.
Loki fechou os olhos e um sorriso curvou seus lábios. Ele
queria levar King para casa com ele. Precisava descobrir o que
aqueles bastardos do SNH fizeram com King depois que atiraram
em sua cabeça.
Ele só sabia que seus pais iriam entender e ajudar. King era
o melhor amigo de Bane, e se o bando podia perdoar o
companheiro de Lucas, certamente fariam o mesmo pelo de Loki.
Uma risadinha suave irrompeu de seu peito. Ele encontrou
seu companheiro. Loki sempre achou King muito bonito e forte,
mas esse novo King era uma variável desconhecida. Toda a sua
excitação evaporou como uma gota d'água no deserto. King havia
mudado. Ele ainda era uma pessoa maior que a vida. Ele era alto e
tinha tantos músculos salientes em seu corpo que não parecia
possível para um ser humano parecer assim. King tinha um
daqueles rostos que eram quase perfeitos demais, maçãs do rosto
afiadas, nariz reto e lábios carnudos beijáveis. Perfeição.
Loki tinha visto com seus próprios olhos no que King
poderia se transformar. Ele não era exatamente shifter, mas
também não era humano. O SNH queria aperfeiçoar o que eram os
shifters, torná-los mais fortes, mais rápidos, melhores. No final,
eles conseguiram, mas a que custo? O corpo de King cresceu trinta
centímetros e seus músculos engrossaram. Sua testa cresceu e sua
boca ficou mais larga e cheia de dentes afiados. Os shifters híbridos
não tinham a capacidade de se transformar em lobos, então
nenhum pelo corporal maluco ou feições de lobo. Se Loki tivesse
que rotular o que achava que os híbridos pareciam, ele os
compararia ao Hulk sem pele verde e mais aterrorizantes.
Um galho estalando à distância colocou Loki em alerta
máximo. Seus olhos percorreram a floresta escura, mas não viu
nada incomum. Seu maior medo era que aquelas pessoas horríveis
do SNH os encontrassem e machucassem King ou a ele.
— Oh, caramba. — Loki deu um pulo para trás quando um
coelho cinza com uma cauda de bola de algodão felpuda saltou de
debaixo de um arbusto e disparou na direção oposta dele e de King.
Coelho esperto. Lobos shifters eram predadores e coelhos
eram presas. Engraçado pensar que aquele carinha acabou de
assustar Loki.
Sua irmã sempre disse que ele era muito mole para um
shifter. Loki simplesmente não achava necessário matar tudo o que
corria à sua frente. Ele também não gostava de matar outros
animais, especialmente coelhinhos fofos. Ele não era um monstro,
não importa o que o SNH pensasse.
Ele olhou para trás, para um King adormecido. King devia
estar muito cansado ou era apenas muito bom em fingir. Loki
cheirou o ar, mas não percebeu nenhum cheiro humano. Tudo o
que preenchia seus sentidos era a terra fresca e intocada.
Vários minutos se passaram dolorosamente lentos, e Loki
ainda não sabia o que fazer.
Deveria fugir?
Sua autopreservação dizia para fugir, mas seu coração
tinha outros planos em mente. Deixar King para trás seria errado e
cruel. Não importa o quão danificado aquele King tenha ficado, ele
ainda era responsabilidade de Loki.
De jeito nenhum Loki poderia abandonar a única pessoa
que o Destino escolheu para ele.
— Desculpem, pais.
Lágrimas brotaram no fundo dos olhos de Loki, fazendo-o
piscar rapidamente. Ele amava sua família, mas não conseguia se
forçar a se levantar e se afastar de King. Loki simplesmente não foi
construído dessa maneira.
Loki ficou acordado por mais alguns minutos, absorvendo o
calor de King. Além da razão, Loki se sentia seguro como se nada
pudesse tocá-lo.
Talvez ele estivesse louco ou apenas desejasse morrer. Só
o tempo diria.
Antes que Loki percebesse, seus olhos se fecharam e o
sono o dominou.

Capítulo 2

— Kingsley, um momento.
King parou em seu caminho ao som daquela voz. Ele se
virou para encarar o velho de frente. Charles Housemen, seu pai,
tinha uma expressão tensa e ligeiramente irritada marcando seu
rosto. Seu olhar feroz apontou diretamente para King. O pulso de
King disparou. Ele foi pego saindo da cela de Loki.
— Pai. — King cruzou os braços grossos sobre o peito e
baixou o queixo em saudação. — O que posso fazer por você?
As palavras ficaram amargas em sua língua. King passou a
maior parte de sua vida fazendo o que seu pai lhe dizia para fazer,
apenas para fazê-lo feliz e se sentir aceito pelo homem. Uma
sensação que ainda não tivera o prazer de experimentar. King
sempre se sentiu mais como um acessório para seu pai se exibir
para seus colegas. Um macaco que dançou para seu mestre sob
comando e King desempenhou o papel com louvor.
— O que você estava fazendo lá? — Charles caminhou em
direção a King, espiando pela pequena janela na porta. Seu pai
suspirou. — É uma pena que a menina morreu. Ela seria mais
valiosa do que ele.
O punho de King cerrou onde estavam dobrados sob suas
axilas. Seu pai sempre tinha um jeito de irritá-lo. Não que seu pai
não o incomodasse regularmente, mas King não estava louco por si
mesmo, mas por Loki. O garoto acabou de perder a irmã. Ele era,
segundo todos os relatos, um adolescente inocente que, por acaso,
poderia se transformar em um grande lobo branco.
King levantou a mão para esfregar a testa. O que ele
estava pensando? A raiva fazia sua cabeça doer porque seu pai
estava sendo um idiota completo com um shifter que mal conhecia.
Um shifter! Uma coisa que foi enviado atrás para capturar e poderia
ter que abater como um animal raivoso. King olhou para a pequena
janela e viu que Loki havia se enrolado em uma bola de lado e
parecia estar dormindo. Nada nele gritava perigo. Frágil, triste,
quebrado... essas eram as palavras que usaria para descrever Loki.
Um cachorrinho perdido.
— Bem, você pode agradecer aquele idiota, Brent. — King
rosnou. — Aquele filho da puta atira primeiro e depois faz
perguntas. Não é bom para os negócios, pai.
— Sim, Brent. — Charles cantarolou. — Ele é um pouco
ansioso, mas jura que fez isso para salvar Bane.
— Tanto faz. — King revirou os olhos. — Esse cara é um
mentiroso de merda. Ele é a porra de um canhão solto que não
quero no meu time.
King estava furioso, não por si mesmo, mas em nome de
um adolescente com quem não tinha laços. Compaixão não era algo
que normalmente sentia por alguém ou alguma coisa. As pessoas
provavelmente o descreveriam mais como um idiota egoísta e sem
emoção.
— Vou levar isso em consideração, mas até lá... — Charles
deu de ombros. Ele se virou para olhar para Loki. Um olhar
brilhante em seu rosto fez os cabelos da nuca de King se
arrepiarem. — Esse menino é jovem. Ele será útil para nossos
experimentos. Bom trabalho, filho. — Charles deu um tapinha nas
costas de King, virou-se e foi embora.
Uma explosão de calor bombeou nas veias de King com as
palavras de seu pai. Ele nunca tinha notado o quão frio e
implacável seu pai tratava as pessoas. Ele passou tanto de sua vida
tentando obter a aceitação de seu pai que ficou cego para o mal
que estava dentro dele, onde deveria estar um coração.

O som de um pássaro assobiando à distância fez King


acordar. Os raios do sol cortavam a saliência das árvores que o
cercavam. King fechou os olhos enquanto apertava os braços em
torno de algo quente e macio que estava na frente dele.
Um perfume inebriante de sol encheu seus sentidos. King
esfregou o nariz no cabelo macio em que seu rosto se enterrou. Ele
fechou os olhos e respirou fundo mais uma vez, aproveitando a paz
que aquele cheiro lhe dava.
A pessoa na frente dele gemeu e pressionou contra ele.
Não, não apenas qualquer pessoa. Loki. O garoto de seus sonhos
era real. King abriu os olhos e observou o garoto... não, o cara
dormindo em seus braços. Em seus sonhos, Loki parecia mais
jovem, rosto redondo e corpo esguio, uma aparência frágil, mas
aquela versão havia envelhecido. A suavidade da adolescência
havia desaparecido.
King cutucou a nuca de Loki até que o outro homem
inclinou a cabeça, virando-se um pouco para ele. Mesmo dormindo,
ele parecia obediente às exigências de King, que gostou disso.
Um forte sopro de ar passou por seus lábios enquanto
absorvia a beleza em seus braços. À luz do dia, Loki era muito mais
do que ele lembrava. Sua pele ainda macia ao toque. O homem não
tinha pelos faciais, mas um queixo bem definido. King ergueu a
mão trêmula para passar suavemente a ponta do dedo pelo nariz
reto e pelos lábios carnudos.
Loki se contorceu e balançou a cabeça e pressionou sua
bunda firme e redonda no pau meio duro de King, que não
conseguia controlar o movimento de seus quadris enquanto tentava
se aproximar. Ele bufou um rosnado e beliscou os pedaços de pele
exposta da mandíbula de Loki, chupando e mordendo. A
necessidade de marcar a tenra carne cresceu tão forte que ele não
pôde se controlar.
Meu. Meu. Meu.
Essa única palavra tocou repetidamente em seu cérebro
danificado. Era como se uma música travasse na repetição e ficasse
cada vez mais alta. O corpo de King ficou tenso. Ele passou uma
perna por cima do homem à sua frente e apertou os braços com
tanta força que ouviu os sons de angústia vindos de seu cativo.
Não, não cativo. Meu!
O fluxo de sangue em seus ouvidos batia mais alto
enquanto seu coração batia cada vez mais rápido. A necessidade de
morder e reivindicar assumiu. Uma sensação aguda formigou ao
longo de sua gengiva quando seus dentes começaram a se alongar.
Ficou com água na boca só de pensar em provar o sangue vital que
percorria o corpo de Loki. Ele tinha que provar. Tinha que
reivindicar este homem. A necessidade era tão grande que King
não conseguia respirar.
King lambeu o pescoço de Loki, e o jovem gemeu e inclinou
a cabeça como se estivesse dando permissão a King. Ele também
queria. Ele tinha que querer!
A saliva encheu a boca de King. Seus dentes agora eram
tão longos que não conseguia fechar a boca sem furar os lábios. Ele
gentilmente raspou os caninos sensíveis ao longo do pescoço de
Loki bem onde podia sentir seu pulso batendo em um ritmo
hipnótico.
Como uma cobra enrolada, esperando para atacar, King se
lançou para frente. Ele afundou os dentes na carne macia. Loki
estremeceu em seus braços, pressionando seu corpo com tanta
força contra o de King que era como se fossem um.
O calor puxou a base da espinha de King enquanto
formigamentos irradiavam de suas bolas para fora em direção a
todas as suas terminações nervosas. Uma explosão de esperma
irrompeu de seu pênis duro, e ele apertou mais e mais rápido
contra o corpo à sua frente.
Não importa o que acontecesse a seguir, ninguém tiraria
Loki dele. Loki pertencia a ele agora. Ele preferiria queimar o
mundo ao redor deles até virar cinzas e apodrecer antes de perder
este homem.
Loki acalmou a besta que ele se tornou, e ninguém jamais
tiraria esse pedaço de felicidade dele. Jamais.

Capítulo 3

Uma explosão de eletricidade percorreu o corpo de Loki,


acordando-o. Ele respirou fundo, estendendo os braços para trás
para agarrar o pescoço do homem afundando seus dentes afiados
nele. Doeu, mas também foi muito, muito bom.
Loki empurrou seu corpo de volta para o calor escaldante
de King. Ele empurrou sua bunda sobre o nível de dureza com seu
traseiro, esfregando-se nele com o ritmo de seus nervos em
frangalhos. Loki enfiou as mãos no cabelo de King, puxando-o
ainda mais para baixo em seu pescoço enquanto rolava seus
quadris para trás para bater contra o enorme pênis de King. Ele
desejou que não houvesse nada entre eles para que pudesse
finalmente sentir como seria estar com outra pessoa assim.
Consumido pela luxúria e pelo calor.
Uma sacudida de luz atingiu a base da espinha de Loki, e
ele sentiu seu pau estremecer e entrar em erupção em sua calça.
Ele engasgou em busca de ar, mas não conseguiu inalar oxigênio.
Ele estava sufocando de puro prazer.
Os braços de King se apertaram em torno dele com tanta
força que Loki mal conseguia respirar, mas ele não se importava.
Um rosnado selvagem foi abafado no pescoço de Loki quando King
se lançou contra ele, perdido em seu próprio orgasmo.
Loki fechou os olhos e montou as ondas de êxtase que
inundaram seu corpo. Nunca um orgasmo pareceu tão devastador,
alterando a vida antes em sua vida. E pensar que tudo o que King
fez foi mordê-lo.
Morder? Ele me mordeu. Puta merda!
Loki pulou e tentou se sentar, mas King o segurou com
muita força e ele não conseguia se mover. A excitação colidiu com
o medo nas ramificações do que King acabara de fazer. Claro, eles
eram companheiros, mas precisavam conversar sobre isso
primeiro, certo? No mundo shifter, uma marca de acasalamento era
tão boa quanto uma proposta de casamento e casamento ao
mesmo tempo. Não que Loki não quisesse ser acasalado com King
— não, ele queria totalmente — mas King entendia completamente
o que acabou de fazer? Aquele homem realmente queria passar o
resto de sua vida amarrado a um virgem de vinte anos, que era
uma merda em direções e seguir instruções simples? E que mais do
que provavelmente fez escolhas de vida horríveis?
Pare! Você está pensando demais em tudo, como sempre
faz. Você é um adulto e pode fazer suas próprias escolhas.
A voz muito alta dentro de sua cabeça gritou com ele. O
que estava feito estava feito, e tudo o que Loki poderia fazer agora
seria seguir em frente. Ele simplesmente não sabia como lidar com
esse tipo de situação. Seria ótimo se pudesse ligar para qualquer
um de seus pais, talvez até para Lucas. Eles saberiam o que fazer.
Heck Bane viria até salvar os dois.
Mas, seja como for, ele não tinha seu telefone nem uma
pista de onde diabos estavam. Loki respirou fundo e fez o possível
para relaxar. Ele poderia lidar com isso.
— Ei, King. — Loki abriu o punho no cabelo de King e o
abaixou para esfregar círculos reconfortantes no antebraço do
homem. — Acho que precisamos conversar.
King rosnou e apertou com mais força o pescoço de Loki,
que sibilou de dor quando os dentes afiados rasgaram ainda mais
sua carne. O sangue escorria por seu pescoço, encharcando sua
camisa.
— Você pode, por favor, me soltar? — Loki perguntou com
uma voz pequena e tímida.
— Não. — Veio a resposta áspera de King. — Meu. — King
soltou os dentes e começou a lamber a marca no pescoço de Loki.
A sensação da língua suave ao longo de sua pele acalmou
Loki e fez seu pênis se mexer mais uma vez. Seu pau
aparentemente tinha vontade própria.
— King, não estou discordando de você ou tentando fugir.
— Loki tentou se virar para encarar King, mas King o segurou com
força. Loki gostava de se considerar uma pessoa sensível e
compreensiva, mas isso estava ficando irritante. Em primeiro lugar,
eles realmente precisavam ter uma discussão sobre o que acabara
de acontecer. Em segundo, Loki precisava ver o quanto King
entendia e compreendia. E terceiro, o pau sensível de Loki não
gostava de ficar preso em sua calça com seu gozo colado por toda
parte. Seu esperma começou a secar e puxar seus pelos pubianos.
— King, precisamos conversar. — Loki beliscou a pele na parte
interna do pulso de King, e o grandalhão gritou e puxou o braço
para trás.
Loki aproveitou a oportunidade para girar para encarar
King. Ele tinha acabado de ficar de joelhos quando King o derrubou
de volta no chão.
— Merda! — Loki engasgou quando o ar foi arrancado de
seus pulmões.
O corpo pesado de King definitivamente poderia dominar a
estrutura menor de Loki. Aquela poderia ser a única desvantagem
de ele ser acasalado com um cara grande. Não o interprete mal.
Loki amava cada músculo do corpo de King, mas era um pouco
inconveniente no momento. Loki olhou para os olhos azuis claros de
King. Seus lábios estavam curvados para o lado como se sorrissem
para Loki. Aquilo era um jogo para ele?
— Escute, King. — Loki ergueu a mão bem devagar e
levemente para acariciar com os dedos a lateral da bochecha de
King. — Eu não vou te machucar ou te deixar. — King abaixou seu
rosto para mais perto de Loki, acariciando seu nariz contra o dele.
— Mas precisamos conversar sobre o que você fez.
King levantou a cabeça. Seus olhos ficaram selvagens, uma
tempestade se formando em seus lindos olhos. Cada músculo do
corpo do homem maior ficou tenso e Loki congelou. Algo não
estava certo. Uma mudança no ar fez Loki se agarrar aos braços de
King. Um rosnado baixo e alto saiu dos lábios de King, e então todo
o inferno desabou.
Homens de uniforme preto correram para eles. Armas em
suas mãos apontando diretamente para eles. Loki respirou fundo,
mas seus pulmões se recusaram a aceitar o ar. Seu peito apertou
e, mais uma vez, amaldiçoou seus horríveis sentidos de lobo.
Qualquer outro shifter teria sentido aqueles homens vindo sobre
eles. Mas, não, ele estava tão distraído com King que não percebeu
que tinham companhia.
— Se não é o cachorro fugitivo. — Disse um homem de
cabelo preto curto e uma longa cicatriz descendo pela bochecha,
olhos negros mal contendo a alegria. — E arranjou um animal de
estimação. — O homem começou a rir.
Levou apenas uma fração de segundo para Loki reconhecer
o homem segurando uma arma na cabeça de King como o mesmo
homem que matou sua irmã.
A boca de Loki começou a se encher de saliva quando seus
dentes começaram a se alongar. Suas unhas estavam crescendo
também, cortando as palmas das mãos onde seus punhos estavam
fechados.
Um gemido de raiva veio sobre Loki. Aquele homem matou
sua irmã e jurou que um dia se vingaria. O SNH afirmava que
shifters eram os monstros sem coração e sem mente do mito do
lobisomem, mas isso era mentira. Não! Aqueles homens muito
humanos eram os monstros.
Loki podia sentir seu corpo mudar enquanto os ossos
tentavam se realinhar. Ele rosnou e rangeu os dentes para o
homem com a arma.
— Oh, olhem aqui, rapazes. — O homem riu. — O bichinho
de King está ficando chateado. — O homem voltou sua atenção
para King, mas manteve a arma apontada para Loki. — King,
controle seu vira-lata antes que eu coloque uma bala na cabeça
dele como fiz com a irmã dele.
— Seu imbecil! — Loki sacudiu seu corpo, tentando
alcançar o outro homem, mas King o segurou com força,
recusando-se a soltá-lo.— Eu vou te matar. Seu pedaço de merda!
— Loki gritou.
— Eu gostaria de ver você tentar, vira-lata. — O homem
puxou o gatilho de sua arma. — Se eu fosse você, me acomodaria.
Eu odiaria que sofresse um acidente.
— Chega! — King sibilou, sua voz áspera pela falta de uso.
— O que quer que diga, Alteza. — O homem baixou a
arma. — Agora levante-se com calma e devagar para que ninguém
se machuque.
O homem deu um passo para trás, dando a Loki e King
algum espaço. King se levantou e ajudou Loki a se levantar. King
manteve um braço pesado em volta de Loki, segurando-o próximo
ao seu lado.
Loki rosnou para o outro homem, que apenas riu.
— Vamos, rapazes. Seu pai quer vê-lo.
Loki olhou ao redor para os outros homens que os
cercavam. Todos usavam máscaras vazias de indiferença, como se
não tivessem nenhuma preocupação no mundo.
Loki queria gritar e berrar, mas não o fez. Ninguém iria
ajudá-lo. Ele se permitiu ser levado para Deus sabe onde por
aqueles homens. King fornecia seu único conforto.
No fundo, Loki sabia que King o manteria seguro. Nada de
ruim aconteceria se King estivesse com ele.
Certo?

Capítulo 4

— O que o médico disse? — Perguntou Kingsley quando o


pai entrou no quarto do hospital. O homem mais velho não faria
contato visual, e Kingsley sabia que isso significava que ele não
tinha boas notícias.
— Não precisa se preocupar com nada, filho. — Seu pai
puxou a cadeira ao lado da cama de hospital de Kingsley e sentou-
se. Ele cruzou a perna direita sobre a esquerda, juntou as mãos e
as descansou sobre o estômago.
Kingsley não gostou do sorriso falso que seu pai lhe deu.
Seu pai era um homem duro. À primeira vista, ele parecia manso e
indiferente, mas sempre foi um homem difícil de agradar e
conviver. E ele não evitava pegar nada que quisesse ou fazer
qualquer coisa que quisesse. Afinal, ele era Charles Houseman. Ele
tinha tanto dinheiro que nunca seria capaz de gastá-lo em sua vida
e era muito inteligente. As mulheres se jogavam em seu pai
constantemente. Isso enojava King. Provavelmente foi por isso que
sua mãe escolheu comer uma bala em vez de ficar presa com um
homem que ela não amava mais e que a traía sempre que podia.
Afinal, Charles era um homem difícil de amar. Ele não dava
seu amor livremente como a maioria dos pais. Kingsley teve que
merecê-lo como todo mundo. Kingsley não queria dizer que
entendia a decisão de sua mãe de tirar a própria vida e deixá-lo
para trás, mas viu por que ela queria partir.
Charles parecia amar Kingsley até certo ponto. Kingsley era
tudo que um pai poderia querer em um filho, alto, musculoso,
atlético e extremamente bonito. Todos gostavam de Kingsley ou
queriam ser ele. Ele não estava sendo vaidoso, apenas afirmando
verdades. Até seu próprio pai o bajulou como se Kingsley fosse um
deus entre os homens, bem, até que ele ficou doente.
Quem imaginaria que uma perna quebrada em um ataque
ruim terminaria sua temporada de futebol americano no colégio e
mudaria sua vida para sempre? Ou o que restava de sua vida. Os
médicos usaram palavras como esperança e novos tratamentos,
que as chances pareciam boas, mas era tudo besteira. Ele sabia
que seu tempo havia chegado ao fim. Kingsley apenas se
perguntou quanto tempo ele tinha exatamente.
Sarcoma de Ewing foi o que o médico o diagnosticou. Um
câncer que desenvolveu tumores em seus ossos e estava se
espalhando rapidamente por todo o corpo. Ele passou por um
tratamento após o outro, mas tudo o que fez foi deixá-lo mais fraco
e doente. Ele havia se tornado uma casca literal do adolescente que
costumava ser.
Era uma droga saber que ia morrer e não havia nada que
pudesse fazer, nada que seu pai pudesse fazer, e isso irritava seu
pai. Charles não gostava de ser derrotado, nem por câncer nem
mesmo pela morte. Seu pai acreditava que poderia vencer e
realizar qualquer coisa. Esta foi a única vez na vida de Kingsley que
ele desejou que isso fosse verdade.
— Bem, pai, acho que preciso me preocupar com isso. —
Kingsley se afundou nos travesseiros sustentando seu corpo
cansado. — Afinal sou eu que estou morrendo.
— Não diga bobagens, Kingsley. — Charles sorriu para ele.
— Sei que tenho estado ocupado com o trabalho e não tenho
aparecido com tanta frequência nos últimos meses, mas acho que
encontrei o que vai salvar sua vida. Basta ter um pouco de fé em
mim, filho.
Kingsley sorriu. O que mais ele poderia fazer? Ele queria
acreditar em seu pai. Queria acreditar que sua vida não estava
chegando ao fim na idade avançada de dezessete anos. Ainda tinha
tanto que queria fazer, mas desejar às estrelas era para crianças.
Ele sabia que as probabilidades estavam contra ele. A
esperança era algo que ele havia esgotado há muito tempo.

— King, acorde. — Um empurrão em seu braço o fez


acordar. Ele sentou-se em alerta máximo.
King olhou em volta freneticamente tentando descobrir
onde estava. Memórias lentamente voltaram para ele. Ele se
lembrou de acordar ao lado de Loki. Ele se lembra de terem sido
interrompidos e forçados a fazer uma longa caminhada até uma
pista de pouso onde embarcaram no jato particular de seu pai.
— King, você está bem?
King olhou para o homem sentado ao lado dele. Grandes
olhos azuis o encaravam. King estendeu a mão para passar os
dedos pelo cabelo loiro curto do homem. Era raspado rente nas
laterais e comprido em cima.
King puxou levemente os fios dourados.
— Você não precisa me acariciar como se eu fosse um
cachorro. — O homem sorriu para ele, apertando a mão de King.
— Na verdade, você é um cachorro. — King se virou para
encarar o homem sentado na frente deles. — Você é um vira-lata.
— O homem que King odiava com paixão apontou para o jovem ao
seu lado e riu. — E King aqui é apenas uma besta sem cérebro. Não
posso nem chamá-lo de cachorro. Os cães são mais espertos.
King foi se levantar, mas o jovem ao lado dele o segurou.
Forte para um cara magro. King poderia facilmente dominá-lo, mas
ele não queria.
Quando aquele homem o tocava, ele não poderia ser
incomodado por mais nada. Seu toque acalmou e acalmou o caos
que enchia sua cabeça.
— Meu. — King disse baixinho, quase um sussurro, mas o
outro homem o ouviu e sorriu.
Aquele sorriso fez algo com ele, e King não conseguiu
evitar estender a mão e puxar o homem para seu colo. Ele segurou
o homem perto e abaixou a cabeça, acariciando seu nariz contra
seu pescoço.
Ele não queria soltá-lo.
Nunca.

Capítulo 5

Loki não se importava de sentar no colo de King. Ele


absorveu o calor do homem maior e não estava tão assustado. Loki
pode ser um shifter lobo, mas estava cercado por homens armados.
Os shifters lobo podem ser mais fortes e rápidos, mas uma bala na
cabeça ou qualquer outro órgão importante poderia matá-lo. Por
mais que Loki quisesse arrancar a cabeça do homem sentado na
frente deles, ele se conteve. Loki não era burro.
King passou os braços em volta da cintura de Loki e o
puxou para mais perto dele. Uma dureza longa e grossa pressionou
sua coxa. Loki se mexeu, tentando ficar mais confortável, mas isso
só fez King gemer e empurrar para dentro de seu traseiro. Parece
que King não conseguia se controlar quando estava perto de Loki.
Não que Loki se importasse, mas aquele não era o momento nem o
lugar para nada disso. Não com idiota sentado na frente deles,
olhando para eles como se fossem uma pintura de Rembrandt ou
algo assim.
— King, pare de se mexer. — Loki tentou se ajustar e
impedir King de rolar os quadris para cima. — As pessoas estão
assistindo. — Ele deu um tapinha no nariz de King, e isso fez o
outro homem se acalmar por um segundo enquanto olhava para
Loki e então estalou os dentes para ele.
— Oh, por favor, não ligue para nós, menino bonito. —
Disse o imbecil. — Eu não me importaria com um show. Pelo jeito
que está agindo, ele está pronto para rasgar sua bunda. — O
homem tateou sua virilha.
Loki abriu a boca para dizer algo, mas King rosnou para o
outro homem. Loki podia sentir a batida rápida do coração de King
contra suas costas.
— Está tudo bem, King. — Loki se virou mais para poder
envolver seus braços em volta do pescoço de King e se aconchegar
mais perto. Isso pareceu agradar King, porque ele se acomodou e
esfregou o nariz no pescoço de Loki.
— Ei, Brent, aterrissamos em vinte minutos. — Disse outro
homem enquanto se sentava do outro lado do corredor.
Então aquele era o nome do idiota. Loki anotou isso em seu
cérebro. Um nome que combinava com a cara do idiota.
— Perfeito. — Brent sorriu para Loki. — Acho que vou tirar
uma soneca, já que o menino bonito e sua fera não vão dar um
show para nós. — Brent fechou os olhos e, por uma fração de
segundo, Loki pensou em atacar o homem e rasgar sua garganta
para fora. — Nem pense nisso, Garoto Bonito. — Brent bateu na
coronha da arma em seu quadril. — Você estaria morto antes
mesmo de me alcançar.
— Cala a boca, idiota. — Disparou o homem do outro lado
do corredor. — Você fere qualquer um deles e o chefe vai esfolá-lo
vivo.
— Tanto faz. — Brent relaxou em seu assento e fechou os
olhos.
Loki olhou para o outro homem. Ele parecia mais jovem do
que os outros homens no avião com eles. Ele tinha cabelos pretos,
pele bronzeada e olhos castanhos calorosos. Ele apontou para Brent
e revirou os olhos. Ele murmurou idiota, e Loki sufocou uma risada.
Talvez nem todos aqueles homens fossem monstros completos.
Loki olhou ao redor para se certificar de que ninguém
chegasse perto deles e encostou a cabeça no peito de King. Deu
conforto a Loki sentar no colo de King e absorver um pouco de sua
força. Os eventos da noite anterior e daquele dia o estavam
alcançando, sem mencionar seu estômago roncando. Também não
ajudou que seu gozo anterior tivesse secado e formado crostas em
sua cueca e puxado o cabelo ao redor de seu pênis. Aquela não era
uma situação que previu ter. No entanto, não se arrependeu do que
ele e King fizeram. Isso o fez ansiar por mais do homem. Ser uma
virgem de vinte anos cercado por casais acasalados era uma droga.
Depois que os capangas do SNH os encontraram, Loki e
King foram levados a uma estrada de terra que tinha vários SUVs
alinhados nela. Mais homens estavam nos veículos esperando por
eles. De jeito nenhum Loki e King teriam sido capazes de enfrentar
todos aqueles caras.
Eles foram conduzidos para um dos carros e levados por
cerca de uma hora para uma pista de pouso abandonada. Eles
foram levados para um pequeno avião e para Deus sabe onde. Loki
tinha tantas perguntas a fazer, mas sabia que nenhuma seria
respondida. Só esperava que não estivesse sendo levado para a
morte. Isso seria péssimo! Ele tinha acabado de encontrar seu
companheiro e o cara que assassinou sua irmã. Ele tinha muitas
coisas para fazer antes de morrer. Duas delas eram fazer sexo com
seu companheiro sexy e matar Brent.
O avião desceu e logo estavam atingindo a pista. Loki
segurou King perto enquanto o outro homem começava a tremer.
Parece que seu companheiro maior que a vida tinha medo de voar.
Uma vez no solo, foram conduzidos a outro SUV e levados
para uma grande cidade. Levou um momento para perceber onde
eles estavam. Ele nunca tinha estado em San Francisco, mas a
Golden Gate Bridge era um marco bastante notável.
Por que estavam ali? Loki estava morrendo de vontade de
saber. Eles dirigiram da cidade para uma área montanhosa. As
estradas eram íngremes e estreitas. Ele segurou a mão de King
durante todo o trajeto.
O SUV parou em uma estação de guarda de segurança. O
motorista mostrou um cartão de identificação e eles foram
conduzidos pelo portão que cercava um grande complexo. A
estrutura ficava ao lado de uma colina. Parecia algo saído de um
filme. Os prédios de concreto e vidro pareciam ter crescido do chão
como árvores.
O carro parou e a porta traseira se abriu. King desceu
primeiro, nunca soltando a mão de Loki, que não teve escolha a
não ser segui-lo. O sol espreitava por entre as nuvens e o cheiro de
sal do oceano pairava pesado no ar. Enquanto Loki olhava ao seu
redor para as vistas, ele se distraiu o suficiente para bater nas
costas de King quando ele parou.
— Filho, que bom ver você. — Loki espiou ao redor do
corpo maciço de King para olhar para Charles Houseman.
Um homem que ele esperava nunca mais ver. Charles
dirigia o SNH e eles eram os responsáveis pela morte de sua irmã.
Ele nunca perdoaria aquele homem por tirá-la dele. Charles
também permitiu que King levasse um tiro na cabeça. King pode
ter sobrevivido, mas ele perdeu muito. Loki temia que King nunca
mais fosse o mesmo.
— Eu normalmente não perdoo você matando os homens
que trabalham para mim, mas sendo que trouxe de volta um
hóspede adorável, como eu poderia ficar chateado? — Charles deu
um passo em direção a eles, estendendo a mão para Loki. — É bom
ter você de volta conosco, Loki. — King rosnou e se moveu para
ficar na frente de Loki. — Kingsley, chega disso. Somos todos uma
família aqui.
— Meu. — Gritou a voz áspera de King.
— Oh, ele é agora? — Um sorriso iluminou o rosto de
Charles, um brilho de conhecimento em seus olhos. Ele era uma
versão mais velha de King, e Loki odiava isso. O pai de King era um
monstro e não merecia parecer tão bonito quanto King. — Isso é
verdade, Loki? Você é o companheiro do meu filho?
Loki abaixou a cabeça e a descansou entre os ombros de
King. Como isso podia estar acontecendo com ele? Já não tinham
acontecido coisas de merda suficientes em sua vida? Ele não havia
atingido sua cota pessoal de eventos de vida fodidos? Ele realmente
precisava de algum cientista maluco e seus asseclas fazendo
experimentos com ele? Ele ouviu o que fizeram com seu irmão,
Lucas, e com Alfie. Loki seria estúpido por não ficar apavorado.
— Bem, esta pequena aventura está se revelando muito
benéfica. — Charles olhou por cima do ombro, estalando os dedos.
— Agora.
Loki gritou quando um dardo atingiu King no pescoço e ele
caiu no chão. Loki caiu de joelhos e pegou o dardo, mas estava
com muito medo de retirá-lo. Ele mencionou que era o pior shifter
de todos os tempos? A visão de sangue fazia seu estômago revirar.
— O que você fez com ele? — Loki gritou. — Ele é seu filho,
pelo amor de Deus!
— Pare de ser tão dramático, seu idiota. — Charles se
inclinou e puxou o dardo. Sangue escorria do pequeno buraco que
deixou no pescoço de King, mas curou rapidamente. Mas ainda
assim o sangue deixou Loki engasgado. — Investi muito tempo e
dinheiro para manter meu filho vivo. A última coisa que faria é
matá-lo. Agora vamos lá, Loki. — Charles agarrou as costas da
camisa de Loki e o colocou de pé.
Loki tropeçou atrás do homem, incapaz de tirar os olhos de
seu companheiro. Alguns dos guardas estavam colocando King em
uma maca e empurrando-o por outra porta.
O lobo dentro de Loki uivou em perigo. Loki se livrou do
aperto de Charles e se virou. Seus dentes e unhas cresceram, e ele
podia sentir o pelo áspero de seu pelo de lobo empurrando sua
pele.
— Acalme-se, Loki, ou não obterá nenhuma das respostas
para as perguntas que tem. — Charles o nivelou com um olhar
firme.
O homem realmente não tinha medo. Ele ficou na frente de
um lobo semi-transformado, que tinha acabado de assistir seu
companheiro sendo levado para longe dele.
Ou foi preciso muita coragem ou aquele homem era
simplesmente louco.
Loki não tinha certeza de qual no momento.
Capítulo 6

Loki seguiu Charles até um elevador e entrou quando as


portas se abriram. Alguns guardas entraram atrás de Loki. Sem
dúvida estavam lá caso Loki tentasse atacar o pai de King. O
pensamento passou por sua cabeça, mas de jeito nenhum ele sairia
dali vivo ou com King a reboque se o fizesse.
Ele permaneceu quieto enquanto o elevador subia e
prendeu a respiração. Quando a caixa de metal parou e as portas
se abriram, Charles caminhou por um longo corredor. Janelas do
chão ao teto se alinhavam em seu caminho. Vidro sem fim e cromo.
As paredes eram pintadas de branco e um cinza chato.
Loki não gostou. Ele se sentia como se estivesse em uma
prisão, estéril e sem esperança. Nenhuma vida ou personalidade
naquele lugar.
Charles acenou para uma mulher sentada atrás de uma
mesa alta. Ela sorriu para Loki como se ele estivesse lá para algum
tipo de reunião, não sendo mantido em cativeiro. Charles digitou
um código e abriu a porta de seu escritório. Loki o seguiu para
dentro.
— Por favor, sente-se. — Charles apontou para a cadeira
vazia em frente à grande mesa de vidro e metal. Charles sentou-se
atrás dela. Loki olhou para os dois guardas parados um de cada
lado dele. Por um breve momento, ele se perguntou se seria capaz
de escapar desse palácio de vidro. — Você pode tentar correr, mas
eu não recomendaria. Não acho que você gostaria de deixar King
agora, não é? — Loki encontrou o olhar de Charles. O bastardo
estava certo. Ele nunca deixaria King para trás. Loki ocupou o
assento oferecido a ele. — Muito melhor. Sabia que veria as coisas
do meu jeito.
— Não me dando muita escolha agora, não é? — Loki
juntou as mãos para evitar que tremessem.
— Sempre há uma escolha, Loki. — Charles inclinou-se
para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. — Mas também há
escolhas sábias e não tão sábias. Há uma diferença.
— Bem, perdoe-me por pensar que esta é uma escolha
muito imprudente. — Loki cuspiu as palavras. Ele odiava se sentir
como se estivesse preso em uma gaiola, preso, incapaz de buscar a
liberdade. O lobo dentro dele rosnou, querendo se libertar.
— Vamos concordar em discordar, sim? — Charles sorriu.
— Que seja. — Loki desembaraçou os dedos, agarrou os
braços da cadeira, puxou-a para a frente e se inclinou sobre a mesa
de Charles. Loki pode estar morrendo de medo, mas ele não era
uma vadia. Ele tinha que ser duro por sua família e pelo bem de
seu companheiro. — Por que estou aqui e o que quer de mim?
— Indo direto ao ponto. — Charles riu. — Eu gosto disso. —
Quando Loki não respondeu, Charles continuou. — Como pode ver,
meu filho não é a mesma pessoa que você lembra. — Loki assentiu
porque... duh! — Depois de ajudar você e alguns de seus
companheiros, ele foi baleado. Levou um tiro bem aqui. — Charles
apontou para o lado da cabeça. — Achei que a morte finalmente
viesse buscar meu querido menino. — Charles se mexeu na cadeira
e olhou para o lado de Loki como se revivesse uma memória
distante. Seus olhos pareciam tristes, mas isso não podia estar
certo. Pelo que tinha visto até agora, Charles Houseman não tinha
alma nem sentia emoções. — Salvei Kingsley de morrer de câncer,
apenas para ele ser baleado.
Isso pegou Loki de surpresa. Ele não sabia do passado de
King, mas também não o conhecia há muito tempo. Ele não tinha
certeza se King ainda se lembrava de seu passado, muito menos de
ter câncer.
— Por um de seus homens? — Gritou Loki. — Brent atirou
em seu filho, e aquele filho da puta ainda trabalha para você. Como
racionaliza isso para si mesmo? Aquele homem atirou em seu filho
com a intenção de matá-lo, e você está bem com isso?
— Não finja entender o que estou pensando. — Charles
bateu a mão na mesa com tanta força que Loki temeu que o vidro
fosse quebrar. — Como pode ver, no final, deu tudo certo. King
ainda está vivo.
— Mas a que custo? Ele não é a mesma pessoa. Você vê
isso, certo? — Loki não podia acreditar nas palavras que saíam da
boca do homem. Charles tinha perdido completamente a cabeça?
King perdeu tudo e foi reduzido a um animal. Loki nem sabia se
King entendia a situação em que estava.
— Sim, mas onde você o vê como deficiente, eu o vejo
como a máquina perfeita. Ele pode derrotar um bando inteiro de
shifters lobo sozinho. Ele me ouve como o filho dedicado que
sempre deveria ter sido. Sua mente não está mais embaçada com
empatia e amor. Ele está melhor e mais forte do que antes.
Loki não podia acreditar naquela insanidade vindo de
Charles. Apenas provou cada vez mais que o Sr. Houseman era
louco. E estúpido! Loki começou a rir.
— Você acha que King não tem a capacidade de amar? —
Ao olhar vazio de Charles. Loki riu ainda mais. — Se isso fosse
verdade, como me explica? — Loki bateu com a mão no peito. Sua
risada morreu em seus lábios quando ele olhou para Charles. — Se
ele não se importasse comigo, eu não estaria aqui.
— Sim, foi uma surpresa inesperada. — Charles assentiu,
mas não pareceu incomodado por Loki rir dele. — Sempre me
perguntei se havia uma conexão entre vocês dois. Lembrei-me de
como ele estava apaixonado por você quando chegou às nossas
instalações. Achei incomum, já que você era tão jovem e meu filho
não era virgem de forma alguma. — As bochechas de Loki
esquentaram com as palavras daquele outro homem. — Eu
esperava ver como tudo aquilo funcionava. A coisa toda de
companheiro. — Charles fez um gesto para Loki e acenou com a
mão. — Então você escapou e Kingsley foi baleado. Pensei que
todas as chances disso tinham acabado, mas eu estava errado. —
Charles estendeu o braço na frente dele em direção a Loki. —
Porque aqui está você.
Loki odiava como esse homem soava presunçoso. Tudo era
uma experiência para ele. Ele não amava seu próprio filho?
— Ainda não entendo o que quer de mim. — Loki se mexeu
na cadeira. Ele odiava o brilho excitado nos olhos de Charles. Isso o
deixou extremamente desconfortável. Seu coração acelerou e bateu
como um trovão em seu peito. Loki tinha certeza que aquele
maldito órgão iria explodir.
— Veja, é o seguinte... — Charles se levantou de sua
cadeira e deu a volta em sua mesa, sentando-se na beirada perto
de Loki. — Estou ciente do básico quando se trata de companheiros
no mundo shifter. Sei que a conexão é instantânea e você morreria
para proteger um ao outro. — Loki não se preocupou em refutar
isso. Aparentemente, Charles fez sua pesquisa e Loki se recusou a
alimentar o ego desse idiota. — Também sei que meu filho vai te
seguir até os confins da terra, e não posso permitir isso. Antes de
te encontrar, ele me ouviu sem questionar, mas agora você é um
obstáculo imprevisto que atrapalha meu trabalho.
— Obstáculo. — Sussurrou Loki. Lentamente se deu conta
de por que Charles o queria aqui. — Você tem medo que ele não
siga mais suas ordens. — Loki assentiu. — Você precisa de mim
aqui para mantê-lo na linha e fazer o que você diz. — Um sorriso se
espalhou lentamente pelos lábios de Loki. — Se isso é verdade,
então o que está me impedindo de pedir a King para matar todos
aqui? — Loki nunca faria isso. Ele não era um monstro, mas ainda
assim, não estava custando nada para ele blefar nessa conversa.
— Você é um jovem esperto. — Charles apontou para ele
com um dedo perfeitamente cuidado. — Mas não mais esperto do
que eu. Realmente acha que não planejei isso? — Charles inclinou a
cabeça para o lado e franziu os lábios para Loki. — Você não fez
isso, não é? — Charles riu, e os dois guardas ao lado de Loki riram.
— Claro que não. Você é um jovem tolo estúpido, mas tudo bem.
Você aprenderá em breve.
— O que isso quer dizer? — perguntou Loki.
— Meu querido Loki, vocês shifters podem ser mais rápidos
e mais fortes do que nós, meros humanos, mas uma bala no
coração ainda causa o mesmo dano que faria a um humano. —
Charles levantou a mão, ergueu o dedo como se fosse uma arma, e
apontou para Loki. — Morto é morto. — Charles se levantou,
pairando sobre Loki. — E não se esqueça que tem humanos no seu
bando também. Eles serão muito mais fáceis de matar com menos
esforço.
— Você é doente! — Loki gritou. — Nos chama de
monstros, mas você é o monstro.
— Talvez. — Charles encolheu os ombros. — Talvez não,
mas seja como for, vai fazer o que eu disser quando eu disser.
— O que você quer dizer? — Um suor frio brotou na testa
de Loki. Esse pensamento de qualquer coisa acontecendo com
qualquer um de seus companheiros de matilha o apavorava. Se
tivesse comido recentemente, provavelmente teria vomitado nos
sapatos caros de Charles.
— Com você sendo o companheiro do meu filho, — Charles
disse com desgosto pingando de cada palavra — ele vai ouvi-lo
agora. Então, basicamente, você tem o controle do meu filho. Se
quiser que os membros do seu pequeno bando permaneçam
respirando, fará o que lhe foi dito, especialmente quando se trata
de Kingsley e do trabalho que ele faz aqui para o SNH.
— Você não pode estar falando sério. — Loki não podia
acreditar no que estava ouvindo. Charles queria que ele
concordasse em matar shifters inocentes como sua irmã, e queria
que Loki concordasse em enviar King para matar pessoas. Ou, pior,
trazê-las de volta aqui para serem experimentados.
— Oh, estou falando sério, meu jovem. — Charles deu um
tapinha no ombro de Loki e olhou bem em seus olhos. — Você é
meu convidado aqui, e vou tratá-lo como tal. Não me dê um motivo
para trancá-lo em uma gaiola e fazer você me assistir torturar
Kingsley por sua causa.
Loki sentiu como se o chão tivesse sido arrancado debaixo
dele. Seu estômago mergulhou e seus pulmões se contraíram,
dificultando a respiração. Charles não podia estar falando sério? Ele
não machucaria seu filho apenas para manter Loki na linha, não é?
Loki não tinha certeza e não queria descobrir.
— Nós nos entendemos?
— Sim. — Charles enrolou os dedos no ombro de Loki, as
unhas cravando em sua pele. Loki sibilou com a picada afiada. —
Sim, senhor. — Disse ele com os dentes cerrados.
— Muito melhor. — Charles levantou-se e olhou para o
relógio. — Kingsley vai acordar logo, então se vocês dois não se
importarem de acompanhá-lo até o quarto do meu filho, seria
fantástico.
Quando Loki não se mexeu imediatamente, um dos guardas
agarrou seu braço, puxando-o de pé. Loki não revidou. Como
poderia? Charles não lhe deu muita escolha.
— Espere um segundo. — Charles deu a volta na mesa,
abriu uma gaveta e sorriu. Ele caminhou de volta para Loki
carregando uma caixa quadrada e fina. — Tenho um presente para
você, Loki. Dê-me sua mão, por favor? — Quando Loki não se
moveu imediatamente, Charles estalou os dedos para ele. Loki
levantou a mão para Charles, que puxou um fino bracelete de prata
da caixa. Parecia inofensivo, mas Loki sabia melhor. Charles
colocou a pulseira em volta do pulso e Loki estremeceu ao sentir o
metal frio em sua pele.
— O que é isso? — Loki ergueu o pulso, virando-o de um
lado para o outro. Ele temia que tivessem realmente anexado uma
bomba a ele.
— É um rastreador. — Charles sorriu. — Se você for tão
burro quanto parece e tentar fugir, nós saberemos e será punido de
acordo. Mais uma vez, você entendeu?
Loki acenou com a cabeça enquanto tocava a faixa de
metal em volta de seu pulso. Ele não tinha certeza de como seria
capaz de manter a segurança de todos que amava. Aquilo era uma
bagunça, ainda mais agora que ele tinha um dispositivo de
rastreamento conectado a ele. Claro, Loki poderia quebrá-lo, mas o
que Charles faria para puni-lo se o fizesse? Loki não queria
descobrir.
Loki era um estudante universitário de vinte anos. Seu
maior desafio até ali em sua jovem vida foi tirar uma boa nota em
seu exame de física. Ele não estava preparado para lidar com
situações de vida ou morte. Ele sabia que seus pais diriam que
poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Eles o encorajavam
assim, mas Loki não tinha tanta certeza desta vez.
Havia tantas variáveis para as quais Loki não tinha uma
resposta.
King entendia o que estava acontecendo? Sabia a diferença
entre certo e errado? Ele gostava de matar pessoas, humanos e/ou
shifters?
Loki não sabia essas respostas. Por enquanto, ele poderia
fingir que King era tão vítima quanto ele... mas ele era mesmo?

Capítulo 7

Os guardas empurraram Loki para dentro do elevador e


desceram um andar. Quando as portas se abriram, Loki seguiu o
primeiro guarda, enquanto o outro ficou atrás dele com uma arma
apontada para suas costas. Loki ficou parado, não era estúpido o
suficiente para tentar qualquer coisa. Ele não achava necessário ter
uma arma apontada para ele. Ao contrário do que essas pessoas
pensavam, ele não era um animal. Na verdade, Loki era muito legal
e amigável. Se tivesse uma chance, ele se sentia confiante de que
esses guardas gostariam dele. Seu irmão, Lucas, disse que ele só
tinha um daqueles rostos que amolecia as pessoas.
Aquele andar lembrou Loki de qualquer prédio de
apartamentos antigo. As portas tinham números e algumas tinham
tapetes de boas-vindas na frente. Os guardas conduziram Loki pelo
longo corredor até a porta bem no final. Nenhum número naquela e
nenhum tapete de boas-vindas amigável também.
O guarda escaneou um cartão-chave e a porta se abriu. Ele
abriu a porta e acenou para Loki entrar na sala. Loki não tinha
certeza do que esperar, mas não era aquilo. Com a maneira como
Charles tratou seu filho, Loki presumiu que King morava em uma
casa de cachorro, não em um bom apartamento mobiliado. O
espaço não gritava aconchegante de forma alguma, mas o
apartamento parecia limpo e moderno. Mais paredes brancas, um
sofá cinza e mais cromo e vidro na cozinha. Era muito chato e não
tinha uma sensação de vida. Mas era melhor do que dividir um canil
com seu companheiro.
— Aqui está. — Um dos guardas entregou a ele um cartão-
chave em um cordão. — Esta é a chave da porta da frente e para
usar os elevadores. Se precisar de mais alguma coisa, basta pegar
o telefone e a operadora irá atendê-lo ou enviar alguém que possa.
— O quê? — As sobrancelhas de Loki se ergueram em sua
testa. — Eu tenho acesso para ir e vir quando quiser? — Ele deve
ter ouvido errado esse cara.
— Bem, claro. — O guarda olhou para ele como se fosse
estúpido. — Contanto que fique no terreno, você vai ficar bem. Um
conselho, porém... não teste a paciência do Sr. Houseman. Ele não
tem muita. — Com isso os dois guardas saíram do apartamento.
Loki olhou para o cartão-chave. Tudo aquilo parecia muito
estranho, mas talvez não fosse. Loki tinha ouvido as ramificações
se quebrasse as regras. De jeito nenhum faria qualquer coisa para
colocar King ou seu bando em perigo. Parece que Charles
Houseman conhecia Loki melhor do que ele pensava.
Sem mais nada para fazer, Loki olhou ao redor do
apartamento. O espaço era aberto, apenas uma grande sala
realmente. A cozinha coexistia com a sala de estar. Uma porta na
extremidade direita da sala, que Loki presumiu ser para um quarto.
Loki abriu a porta da geladeira e viu que estava cheia de comida.
Muito bife, leite e ovos. Nos armários encontrou mais comida. Loki
se perguntou se King fazia suas próprias refeições ou se a comida
havia sido colocada lá por causa de Loki.
Loki caminhou até a parede que consistia em mais janelas
do que na parede real. A vista era de tirar o fôlego. O sol estava
alto no céu e brilhava no oceano abaixo. A grama verde parou em
uma saliência rochosa. Uma parte de Loki queria pular da janela e
correr em direção ao penhasco e pular na água salgada.
Um som na porta fez Loki pular. Loki se virou a tempo de
ver a porta sendo escancarada e um King de aparência zangada
saindo correndo pela porta. Seu nariz estava erguido, as narinas
dilatadas, enquanto farejava o ar. Sua cabeça virou em direção a
Loki. Uma vez que se olharam, King pisou em sua direção. Loki
sentiu vontade de dar um passo para trás, mas para onde iria? King
não iria machucá-lo, mas Loki não tinha certeza do que King
esperava dele.
Loki esperou para perder a virgindade até que se casasse
ou encontrasse seu companheiro. O que viesse primeiro. Ele
encontrou seu companheiro, mas Loki não tinha certeza de quão
gentil King seria com ele. Loki sempre imaginou como seria sua
primeira vez. A excitação lambeu cada terminação nervosa de seu
corpo. Loki não podia mentir que estava excitado ao ver a luxúria
indomável nos olhos azuis selvagens de King. O pênis de Loki se
contorceu em sua calça quando sentiu o cheiro inebriante de King,
fogo e neve recém-caída.
— Meu! — King disse asperamente. Ele ergueu as mãos
grandes e segurou os lados da cabeça de Loki. Seu toque foi gentil,
para surpresa de Loki, que levantou as mãos para envolver o pulso
de King. Os olhos de King baixaram para olhar para os lábios de
Loki, e o gemido que saiu de seus lábios fez King se lançar para
frente.
Loki engasgou quando os lábios duros encontraram os dele.
A língua de King pressionou para frente, exigindo entrada na boca
de Loki, que abriu os lábios e chupou aquela língua forte. Loki se
aproximou de King, esfregando seu pênis endurecido na coxa de
King, transando com ela como o virgem que era.
— Isso é muito melhor do que eu imaginava. — Loki soltou
o pulso de King e passou os braços em volta de seu pescoço,
usando sua força para erguer-se ainda mais sobre King.
As grandes mãos de King abaixaram para agarrar a bunda
de Loki, que não conseguiu parar o impulso espasmódico de seus
quadris. Ele podia sentir seu pênis vazando pré-sêmen em sua
cueca, aumentando a bagunça que já havia nela. O desespero de
Loki para ficar nu com King o transformou em um animal
incontrolável. Moveu as mãos para o longo cabelo de King,
passando as unhas pelo couro cabeludo, mas quando tentou passar
os dedos pelas mechas loiras escuras, seus dedos ficaram presos
no emaranhado.
Loki se afastou dos lábios de King, que tentou persegui-lo,
mas Loki disse:
— Não.
— Meu! — King se inclinou e mordeu o lábio inferior de
Loki.
A picada causou deliciosas faíscas de luxúria na espinha de
Loki. Ele pensou que seu pênis iria explodir em um vulcão cremoso.
— King, me escute. — Loki se inclinou para descansar sua
testa contra a de King, e isso pareceu acalmá-lo. — Não estou
dizendo que precisamos parar, mas acho que devemos tomar um
banho.
— Chuveiro. — King repetiu, acenando com a cabeça.
— Oh, meu Deus! — Loki engasgou e começou a rir quando
King girou seu corpo, forçando as pernas de Loki a voar no ar. King
o agarrou e o segurou perto de seu corpo quente. — Acho que você
está liderando o caminho. — Loki roçou os lábios no pescoço de
King. Seu companheiro rosnou, e Loki podia sentir as vibrações
estrondosas onde sua mão estava no peito de King.
King entrou pela porta aberta do quarto e Loki deu uma
olhada rápida ao redor. Tão sem graça quanto o resto da decoração
do apartamento. Uma cama king-size com um edredom branco e
paredes brancas. King se dirigiu para a outra porta do quarto, que
dava para um grande banheiro principal. Ali, todo o branco e vidro
pareciam adequados, ao contrário do resto da sala de estar.
Loki olhou do grande chuveiro e depois para a grande
banheira embutida. Ambos foram projetados para conforto, mas
Loki não tinha certeza do que seria melhor. Loki passou anos
fantasiando sobre como seria sua primeira vez, e sempre imaginou
o rosto de King no momento que o homem ultrapassasse as
defesas de seu corpo, possuindo-o completamente, corpo e alma.
Tarde da noite, quando todos dormiam, ele lambia a palma
de uma mão para envolver seu pênis tenso e chupar os dedos da
outra, em seguida, movê-los para baixo para tocar sua entrada
apertada. Loki sempre gozou forte e rápido, e desejava sentir o
pênis de outro homem em sua bunda e não em seus dedos, porém
sempre foi tímido e nervoso, mas não com King. Algo em seu
companheiro selvagem chamou Loki para ser assertivo e assumir o
comando. Era óbvio que King o queria. O pau longo e muito grosso
do homem deslizou em seu traseiro enquanto ele segurava Loki
perto.
Após um momento de reflexão, Loki pediu a King para
colocá-lo no chão. King estendeu a mão para ele, mas Loki
pressionou a mão no peito e apontou para a banheira.
— Vou começar o banho, e vamos entrar juntos. — Loki
falou devagar e suavemente. A maneira como os olhos de King
percorriam o corpo de Loki de cima a baixo, ele sabia que o outro
homem entendia.
Loki se virou e ligou a água, enchendo a banheira. Ele se
virou para ver que King não havia movido um músculo.
— Aqui, deixe-me ajudá-lo a tirar suas roupas. — Loki
estendeu a mão para o fecho da calça de King, desfez o botão e o
zíper, em seguida, empurrou-a para baixo em seus quadris
elegantes. A ponta de seu pênis empurrou para fora o topo de sua
cueca boxer preta, a ponta molhada fazendo água na boca de Loki.
— Por que não termina enquanto eu me dispo?
Loki deu um passo para trás, precisando de um pouco de
ar. A visão do grosso topo vermelho do eixo de King quase o fez
desmoronar. Ele nunca tinha visto outro homem nu assim antes, e
esperou tanto que Loki temia que não durasse muito.
Loki se afastou de King para recuperar o fôlego enquanto
alcançava a parte de trás da camisa e a puxava pela cabeça. Ele
desabotoou a calça jeans e empurrou-a junto com a cueca pelas
pernas trêmulas.
— Meu. — King deu um passo atrás dele, esfregando seu
pênis vazando entre as nádegas de Loki.
Calor pulsou entre as pernas de Loki. Excitação e um pouco
de medo guerreavam dentro de seu corpo superaquecido. Tudo que
ele já teve dentro dele antes foram seus dedos, e ele esperava que
seu corpo pudesse se esticar para acomodar seu companheiro.
— Vamos. Vamos tomar banho. — Loki riu do
aborrecimento ofendido de King, que pressionou os lábios no lado
da cabeça de Loki, beijando-o, em seguida, passando pela borda da
banheira e afundando na água.
King abaixou todo o corpo sob a água e voltou a subir com
o cabelo molhado grudado no rosto e nos ombros. A boca de Loki
começou a salivar. Cada músculo brilhava no corpo grosso de King,
e seus braços eram tão grossos que as veias se destacavam ao
longo de sua pele bronzeada.
— Venha. — King ergueu a mão para Loki pegar.
— Então, você sabe mais de uma palavra. — Loki sorriu ao
ver o olhar irritado no rosto de King.
Loki exalou enquanto afundava na água quente. Seu corpo
relaxou instantaneamente. O olhar atento de King nunca o deixou.
Loki respirou fundo, em seguida, abaixou a cabeça sob a água e, ao
subir à superfície, afastou o cabelo dos olhos, sorrindo para King.
King pegou Loki e o puxou para o colo. Loki abriu as
pernas, montando nos quadris de King. Roçou os lábios de King
uma vez e duas vezes antes de seu companheiro selvagem
reivindicar sua boca. Loki cantarolou de prazer quando a língua de
King dominou sua boca enquanto seu pau grosso esfregava na
dobra de Loki. O pênis de Loki pressionou contra o abdômen duro
de King, fazendo com que uma série de gemidos saíssem de seus
lábios. Os sons devem ter funcionado para King, porque ele
empurrou com mais força, passando pelo pela entrada de Loki.
Loki se afastou do beijo e tentou colocar o ar tão necessário
em seus pulmões. Ele tinha que ficar no controle disso. Ele
precisava ter certeza de que estava pronto para o comprimento
grosso de King ou então acabaria se machucando.
Ele se levantou, muito para os rosnados descontentes de
King, e caminhou em direção ao balcão do banheiro. Ele abriu uma
gaveta, depois outra, até encontrar um frasco fechado de
lubrificante. Loki não queria pensar sobre por que isso havia sido
colocado ali. Seu lobo rosnou de raiva. Loki não podia se permitir
pensar em seu companheiro com mais ninguém além dele.
Uma vez de volta na banheira, Loki ficou de joelhos, seu
pau duro saindo da água. Loki esguichou um pouco de lubrificante
em seus dedos, em seguida, estendeu a mão para trás para circular
sua entrada antes de enfiar um dedo dentro.
— Oh, merda. — Loki engasgou enquanto empurrava o
dedo mais longe. Ele trabalhou um dedo um pouco mais até
adicionar um segundo. Ele empurrou para trás em sua mão,
fazendo com que a água espirrasse sobre a borda da banheira. Loki
estava com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás
enquanto montava em sua própria mão. — Merda. — Loki abriu os
olhos e olhou para King enquanto seu companheiro chupava o pênis
de Loki entre os lábios.
O calor úmido e apertado era demais. King olhou para ele
com aqueles olhos azuis tempestuosos, e Loki temeu que gozasse
ali mesmo.
— Pare. — Loki colocou a mão no ombro de King,
empurrando-o para trás. King foi facilmente, mas jogou a língua
para fora para lamber o fio de pré-sêmen escorrendo do topo. —
Você é muito bom nisso. — Loki colocou a mão na bochecha de
King, amando a maneira como King esfregou o rosto na sua palma.
King parecia tão jovem e inocente, e algo no peito de Loki rachou.
Seu coração batia tão rápido, e sabia com todo o seu ser que aquilo
era certo. Estava exatamente onde precisava estar e com quem
deveria estar. Chame isso de amor ou de serem companheiros
destinados, não importa. Loki queria cada centímetro de King
dentro dele, conectando-os da maneira mais íntima.
Loki alcançou atrás dele, agarrando o comprimento rígido
de King, que respirou fundo com seu toque, mas ficou parado.
Entre a água quente e a tensão sexual crescendo entre eles, Loki
relaxou. Ele segurou o pênis de King para cima enquanto
lentamente se abaixava sobre ele. Loki choramingou quando a
ponta cheia pressionou sua entrada apertada. Doeu, mas Loki se
recusou a parar. Ele sabia que iria melhorar. Tinha ouvido histórias
suficientes de seus companheiros de matilha sobre como era bom
ser levado por seus companheiros. E esperou o suficiente para
finalmente experimentar esse prazer por si mesmo.
A cabeça do pênis de King passou por sua resistência e as
pernas de Loki tremeram. King se inclinou em sua direção e
agarrou seu mamilo direito, chupando profundamente. O calor
branco ondulou de seu peito até seu pênis, permitindo que Loki se
abrisse mais, e ele afundou no eixo de King um pouco mais. A
espessura e o comprimento implacáveis tiraram o fôlego de Loki.
Loki se levantou, permitindo que o pênis de King se soltasse antes
de se abaixar novamente. King brincou com os mamilos de Loki.
Suas grandes mãos passaram pela pele de Loki, dando vida a todas
as suas terminações nervosas.
Antes que Loki percebesse, ele se sentou completamente
no pênis de King. Ele passou os braços em volta do pescoço do
homem. King levantou as mãos para colocá-las sobre os seus
ombros, segurando-o no lugar enquanto rolava os quadris para
cima em Loki. A cabeça do pênis de King roçou aquele ponto doce
dentro dele, e Loki teria jurado que viu estrelas. Ele agarrou mais
forte o pescoço de King enquanto seu companheiro puxava e
voltava para dentro dele.
King acelerou o ritmo, e a próxima coisa que Loki soube foi
que estava cavalgando o pênis de King como se tivesse feito isso
um milhão de vezes antes. O prazer-dor foi tão grande que fez seu
pênis pulsar com a necessidade de liberar sua carga reprimida.
— King, que gostoso... — Loki gemeu. Seus dedos
apertaram o cabelo de seu amante. — Não pare. Por favor, Deus,
não pare.
O orgasmo de Loki correu em sua direção. Seu pênis
esfregou sobre o estômago de King, causando uma doce tortura.
Ele precisava de mais, mas estava tenso demais para mover os
braços.
King lambeu e chupou ao longo da clavícula de Loki e até o
pescoço. Loki sabia que haveria hematomas ali no dia seguinte,
mas não se importava. Ele orgulhosamente mostraria ao mundo a
quem pertencia.
— Meu. — King rosnou na pele molhada de seu pescoço
antes de morder novamente.
Isso foi o suficiente para Loki se desfazer. Seu pênis
explodiu como o Monte St. Helens. O fogo lambeu sua espinha
enquanto seu corpo se contorcia de êxtase. Ele podia sentir o
esperma quente de King enchendo seu corpo, reivindicando-o por
dentro também.
O lobo de Loki uivou de alívio, e Loki podia sentir seus
dentes se alongando, cutucando seu lábio inferior. Seu lobo exigia
que reivindicasse seu companheiro em troca. Assim que Loki estava
prestes a afundar seus caninos afiados no ombro de King, ele se
deteve. Ele queria esperar para fazer isso. Queria que King
entendesse completamente o que isso significava. Eles já estavam
acasalados, mas aquela mordida significava algo especial, e ele
queria esperar. Esperar até que King pedisse a ele para fazer isso.
— Meu. — King lambeu a marca da mordida no pescoço de
Loki.
— Sim, eu sou seu. — Loki moveu sua mão para o queixo
de King. — Eu sou todo seu e você é meu.
King avançou e beijou Loki com força. Loki sentiu a
contração do pênis de King quando ele engrossou mais uma vez.
Cantarolou de alegria enquanto permitia que seu companheiro o
levasse mais uma vez. Sua cabeça girava de tontura, embriagada
de endorfinas. Ser desejado por King era uma droga da qual Loki
esperava nunca se cansar.

Capítulo 8

O calor do sol brilhando pela janela acordou Loki. Ele


tentou esticar os braços, mas não conseguia se mover. Ele virou a
cabeça para olhar por cima do ombro para ver a cabeça de King
enfiada perto das suas costas. Ele soltou uma risada.
— Ei, King. — Loki mexeu seu corpo o melhor que pôde,
mas isso só fez King rosnar e empurrar seus quadris no traseiro
dolorido de Loki. Os braços ao redor dele se apertaram e tornaram
difícil para Loki respirar fundo. Todos os companheiros shifter eram
assim? — King, pare com isso! — Loki estalou quando o pau duro
atrás dele cutucou sua entrada inchada.
Sem outra opção, Loki abriu a boca e mordiscou o pulso de
King. Isso pareceu fazer o truque. King deu um pulo para trás e um
resmungo baixo saiu de sua boca. Agora livre, Loki rolou e sentou-
se. Ele fez um breve contato visual com seu companheiro antes de
ver o olhar enlouquecido flutuar sobre os olhos de King. Antes que
Loki soubesse o que estava acontecendo, King o derrubou na cama,
cheirando seu pescoço e sugando a carne macia entre os dentes.
Toda vez que a língua de King lambia a marca que ele havia
deixado no pescoço de Loki, seu pênis estremecia. Seu corpo
desgastado deve estar confuso, porque de jeito nenhum ele poderia
fazer outra rodada com King. Loki não tinha nada para avaliar o
sexo desde que tinha acabado de perder a virgindade, mas,
caramba, seu homem tinha movimentos e resistência.
— Droga. — Sussurrou Loki. O que ele poderia fazer? King
o superava em tamanho e força. King agarrou sua perna esquerda
e a levantou, fazendo o possível para trabalhar seu pau inchado
dentro dele. Bastava. — Pare! — Loki soltou um grunhido que
usava quando cuidava do cachorro de seu irmão. Parecia funcionar.
King se afastou para olhar para ele. Suas pupilas estavam
dilatadas, mas lentamente pareciam se concentrar. Ele inclinou a
cabeça de uma maneira tão cativante, seus longos cabelos
obscurecendo seu belo rosto.
— Meu.
— Cara! — Loki revirou os olhos. — Claro, sou seu.
Estabelecemos isso ontem quando você me mordeu e fizemos sexo.
Foi incrível. — Os lábios de King se curvaram nos cantos, e ele
abaixou sua boca em direção a de Loki. — Mas...! — Loki levantou
a mão na frente do rosto de King. Sua cabeça se ergueu
novamente. Porra, seu homem era tão fofo.
Resista, Loki! Seu traseiro precisa de uma pausa! A
pequena voz dentro de sua cabeça, que soava estranhamente como
seu irmão, Lucas, disse. Loki precisava se concentrar.
— Escute, King. — Loki saiu de debaixo de King. Graças a
Deus seu companheiro permitiu. — Nós precisamos conversar.
— Falar? — King repetiu em voz grave.
— Sim. — Loki puxou o cobertor para cobrir seu colo e deu
um tapinha na cama ao lado dele para que seu companheiro se
sentasse ao lado dele. Ele podia não estar pronto para outra
tentativa agora, mas ainda queria estar perto. — Não tenho certeza
do quanto você lembra ou até mesmo entende.
Um suspiro escapou dos lábios secos de Loki. Ele não sabia
como dizer o que precisava. Ele era virgem e King tinha um pênis
grande e grosso. Certamente, ele não poderia ser o único iniciante
que precisava de uma pausa. Loki assumiu que sendo um shifter
seu corpo se curaria rapidamente, mas ser perseguido por seu
companheiro não era necessariamente uma questão de vida ou
morte. Loki se mexeu, e uma pequena pontada desconfortável
torceu seu traseiro.
Loki respirou fundo.
— Ok. — Loki colocou a mão no peito. — O que fizemos
ontem à noite foi incrível. — Seus lábios se contraíram com um
sorriso ao se lembrar. Foi muito divertido, mas muita diversão pode
matá-lo. — Adorei, mas... — Loki mordiscou o lábio inferior. As
sobrancelhas de King estavam franzidas. Ele realmente parecia
preocupado. — Mas foi a primeira vez que fiz isso, e estou um
pouco dolorido hoje. — Loki desviou o olhar, mortificado por ter que
admitir isso.
— Eu machuquei você? — A voz profunda e rouca de King
soou aflita.
Loki se moveu para encontrar o olhar de seu companheiro.
King levantou a mão e a colocou contra a bochecha de Loki, que
cantarolava com o áspero calo em sua palma e o calor que
emanava dele.
— Não de propósito. — Loki sorriu. — Eu sei disso. — Loki
colocou a mão sobre a de King, onde descansava em sua bochecha.
— Só não estou acostumado a fazer esse tipo de coisa.
King o encarou por um longo momento. Sua mandíbula
apertada, lábios em linha reta. Depois de alguns segundos, King
acenou com a cabeça.
— Bom.
— Bom? — Repetiu Loki. Em algum nível, King entendeu.
Isso tinha que significar alguma coisa. — Acho que sim. — Loki deu
de ombros. — Quer dizer, eu estava esperando a pessoa certa para
compartilhar isso. — Ele se inclinou e roçou os lábios nos de King.
— E estou feliz por ter feito isso.
King atacou, rápido como um raio, como uma cobra indo
para o ataque. Ele cobriu os lábios de Loki com os seus e enfiou a
língua tão fundo na boca de Loki que quase engasgou. Demorou
um minuto para Loki encontrar o ritmo que combinava com o de
King. A língua úmida e quente fez cócegas na dele. Loki amava a
paixão agressiva que King tinha. Era realmente uma sensação
maravilhosa ser desejada.
Loki fechou as mãos nos longos cabelos loiros de King e o
puxou para mais perto. King rosnou no beijo enquanto puxava Loki
em seu colo. Loki escarranchou as coxas grossas e musculosas de
King, arqueando seu, agora pingando, pau no de King. Ele não
pôde deixar de se afastar e olhar para suas ereções tensas
alinhadas uma contra a outra. O de King era grosso, comprido e de
um tom profundo de roxo. Fluxos grossos de pré-sêmen vazaram
da ponta. Loki se orgulhava de seu pau, mas nem se comparava ao
de seu companheiro. O pênis de Loki era proporcional ao seu corpo,
não tão longo ou grosso quanto o de King, mas ele parecia amá-lo.
— Meu. — King cuspiu em sua mão, em seguida, apertou
sua grande mão em torno de ambos, acariciando rápido e forte.
— Foda-se... — Loki murmurou. Ele estendeu a mão e
arranhou os ombros nus de King. As pontas dos dedos formigavam
enquanto as unhas cresciam em uma mudança parcial.
Loki empurrou para dentro do casulo apertado do punho de
King, sua cabeça jogada para trás em êxtase. Suas bolas
formigavam e o calor subiu por sua espinha assim que seu pênis
explodiu em King, que grunhiu e continuou a acariciar Loki
enquanto ele se afastava. King soltou o eixo sensível de Loki e
apontou sua cabeça para o peito de Loki e atirou seu gozo em cima
dele.
Uma vez que a última gota pousou no estômago nu de
Loki, King se sentou para frente, jogando Loki de costas na cama.
King sentou-se de joelhos e esfregou seu esperma na pele de Loki,
que fechou os olhos e respirou o aroma terroso de sua liberação
combinada. Deus, ele poderia se acostumar com isso.
Loki se inclinou e colocou as mãos nas bochechas de King,
trazendo-o para baixo para beijar aqueles lábios inchados. Deus,
ele tinha gosto daquele uísque caro que ele e seus amigos
roubavam do armário de bebidas do pai de Loki, afiado com uma
mordida e ainda suave enquanto escorria pela sua garganta.
Eles se beijaram pelo que pareceu uma eternidade. Os
lábios de Loki estavam dormentes do ataque de seu companheiro.
Eles ficaram presos em um casulo apertado de felicidade até que
uma batida forte na porta da frente os separou. Por apenas um
minuto, Loki havia esquecido onde eles estavam.
Inferno.

Capítulo 9

— Ugh. — Loki gemeu. Ele não pôde deixar de se perguntar


quais escolhas fez em sua vida que o levaram até ali? Ele sempre
foi uma boa pessoa, ou assim pensava. Ele ia para a aula, tirava
boas notas. Fazia tudo o que seus pais lhe pediam, nunca faltava
ao toque de recolher. Ele se dava muito bem com todos os seus
companheiros de matilha e se oferecia para tomar conta do filho de
Alfie, Jonah, o tempo todo. Não porque achava que tinha que fazer,
mas porque gostava. Ele gostava de agradar as pessoas e odiava
ser negativo, mas estando ali, naquela fortaleza de loucura, ele
estava perdendo a paciência.
A pequena fatia de solidão dele e de King foi perturbada por
um idiota rude batendo em sua porta para entregar roupas para
Loki e coletar King para treinamento. Então ali Loki estava pegando
o elevador até o nível principal para explorar. Sem saber quando
seu companheiro estaria de volta.
Surpreendeu Loki como King obedeceu tão facilmente. Loki
só podia supor que era porque aquela era a rotina típica de King.
Nos últimos cinco anos, isso era tudo o que ele sabia. Ele não se
lembrava do forte homem alfa que costumava ser. Se Loki
conseguiu alguma coisa, seria ajudar seu companheiro a se
encontrar novamente.
As portas do elevador se abriram e Loki saiu para a prisão
de cromo e vidro. As pessoas realmente gostaram desse esquema
de cores impessoal? Loki balançou a cabeça enquanto se dirigia
para as portas principais. Uma recepcionista estava sentada atrás
de uma mesa alta perto das portas. Ela sorriu e acenou quando ele
passou. Loki devolveu o gesto porque não era pagão, mas... sério?
O que estava acontecendo ali? Aquelas pessoas agiam como se
fosse apenas mais um dia no escritório. Loki foi sequestrado e
mantido prisioneiro com a ameaça de danos a King e seu bando se
saísse da linha. Ele tinha um incentivo sério para não irritar
ninguém enquanto estava ali.
— Cidade maluca. — Disse Loki com uma voz cantante
enquanto saía.
Lá fora, o sol brilhava forte e forte. O calor abraçou o corpo
de Loki. O ar estava tingido de umidade, fazendo com que o ar
ficasse um pouco úmido. Mas estando tão perto da água, uma brisa
agradável manteve a sensação de umidade na baía. Loki nunca
tinha estado na Califórnia antes e não se importaria de visitar o
estado, mas em circunstâncias diferentes. Ser refém meio que fez
com que a beleza do dia morresse rapidamente, porque Loki podia
ver quais seriam as maneiras potenciais de escapar com seu
companheiro.
O cheiro de comida fez Loki virar à direita e seguir em
direção a um grande edifício. Havia vários edifícios na propriedade.
Homens e mulheres andavam como se não tivessem nenhuma
preocupação no mundo.
O cheiro de carne grelhada e pão recém-assado chamou a
atenção de Loki. Ele seguiu seu nariz até uma lanchonete. Bem,
pelo menos ele não morreria de fome. Ele tinha acesso a comida
em seu apartamento com King, mas assim que King saiu, Loki
tomou banho e saiu. Loki tinha que descobrir o que estavam
enfrentando e negligenciou seu estômago roncando.
O refeitório não estava cheio. Loki pegou uma bandeja e
entrou na fila. Era fim de tarde, então pegou um sanduíche, uma
xícara de frutas e um leite com chocolate. Todos com quem
conversou enquanto caminhava pelas opções de comida pareciam
legais, mas podia sentir os olhos deles o tempo todo.
Loki levou sua bandeja para uma mesa vazia e se sentou.
Ele olhou ao redor, notando mais janelas do chão ao teto. Loki deu
uma mordida em seu sanduíche e se perguntou se o vidro era à
prova de balas.
— Se importa se eu me sentar?
Loki estremeceu em direção ao som da voz. Ele reconheceu
o homem à sua frente. Ele tinha sido a única pessoa legal com ele
durante a viagem de avião do inferno que o levou aquele
purgatório. Ele tinha a altura de Loki, com pele bronzeada dourada
e cabelo preto como breu. Ele tinha um sorriso branco brilhante e,
em circunstâncias diferentes, Loki teria achado o homem atraente.
Mas havia sido retirado do mercado desde que encontrou King, e
esse cara trabalhava para o SNH. Então, claramente, ele tinha
problemas.
— Claro. — Loki deu de ombros. Ele observou o homem
colocar a comida na mesa e puxar a cadeira. Loki cheirou o ar, mas
não conseguiu captar nada estranho vindo do cara. Ele parecia
legal, e seu sorriso era amigável.
— Meu nome é Marco. — Marco estendeu a mão para Loki
apertar. Loki estendeu a mão e apertou sua mão. — Sei que não
conseguimos nos apresentar totalmente ontem. — Marco se
encolheu, e seus lábios se curvaram, mas ele rapidamente enxugou
com sua próxima respiração. — Como está indo até agora?
— Sério? — Loki riu. — Cara, eu fui sequestrado. — Loki
estendeu as mãos à sua frente. — Isso não é férias para mim.
— Desculpe, cara. — Marco estremeceu. — Eu não queria
parecer um idiota. — Marco olhou ao redor deles, então encontrou
o olhar de Loki. — Estou tentando ser legal. Este lugar está cheio
de idiotas. Eu meio que esperava fazer um amigo. — Marco deu de
ombros como se o que ele disse não fosse loucura.
— Você está delirando? — Loki disparou. — Tipo, você
bateu a cabeça ou algo assim? — Marco olhou para sua comida
intocada, e Loki pôde sentir o cheiro amargo da tristeza desse
homem. — Foda-se. — Loki gemeu. — Merda. Desculpe. Eu não
queria parecer um idiota, mas, sério, estou confuso. Você trabalha
para esses idiotas. Se está tão infeliz, por que não vai embora?
— Você acha que é fácil assim? — Marco enfiou uma batata
frita na boca. — Se eu pudesse, eu iria. Nunca conheci um grupo
tão grande de idiotas insuportáveis em minha vida, mas como
você, não posso simplesmente ir embora quando quero. — Marco
deu de ombros. Ele pegou seu hambúrguer e deu uma grande
mordida.
— Hein? — Loki ficou intrigado. — O que quer dizer? — Loki
pegou o garfo e espetou um morango em sua xícara de frutas. Ele
tinha que jogar com calma para ver se Marco era confiável. Ter um
aliado não seria uma coisa ruim.
— Termine de comer. Então vamos dar uma volta pela
propriedade, sim? — Marco desviou o olhar para a esquerda.
Loki olhou para o que capturou a atenção de Marco. Um
grupo de três mulheres e dois homens estavam sentados olhando
para eles.
— Sim. Parece bom. — Loki cavou em sua comida.
Ele podia ser jovem, mas não era estúpido. Eles estavam
sendo observados e precisavam ser cuidadosos.
Comida terminada e lixo jogado fora, Loki e Marco saíram.
Ninguém os seguiu, pelo que Loki enviou um agradecimento aos
céus. Ele não queria colocar Marco em apuros, mas tinha que saber
se podia confiar naquele homem.
Desceram a calçada que parecia correr ao longo do
perímetro da propriedade. As torres de vigia foram colocadas a
cada trinta metros. Homens sentavam-se em salas fechadas
vigiando aquelas torres altas com grandes armas em seus braços.
— Ok, Marco, se importa em explicar? — Loki perguntou
uma vez que eles estavam mais adiante na passarela.
— Não há muito o que explicar. — Marco tirou um boné do
bolso de trás. — Eu vim trabalhar para o SNH em um momento
muito ruim da minha vida. — Ele enfiou as mãos nos bolsos. — Eu
era da polícia de Oakland. Foi a carreira que sempre quis. Meu pai
era policial, meu avô e até meu irmão mais novo. Todos policiais.
Também venho de uma família muito religiosa. E minha mãe é toda
sobre a igreja e seus ensinamentos da Bíblia.
Oh, não. Loki tropeçou nos pés tão distraído com a história
de Marco. Ele tinha um pressentimento de que sabia onde isso
estava indo.
— Por vinte e dois anos, vivi a vida que eles queriam. Eu
realmente pensei que iriam me amar não importa o quê. — Marco
zombou. Ele tirou as mãos dos bolsos e as cruzou sobre o peito
como se quisesse se proteger. — Acho que em algumas famílias
esse amor não é incondicional. Pensei que não havia nada que eu
pudesse fazer para fazê-los parar de me amar, mas estava errado.
— Marco parou de andar, e Loki se virou para encará-lo. — Ser gay
é pecado na família Reyes. Então, me expulsaram.
— Marco, me desculpe. — Loki nunca teve que lidar com
esse tipo de problema antes. Sua mãe morreu antes que ele
percebesse que era gay. Sua irmã sabia, mas ela o amava, não
importava o quê. Então seus pais adotivos também eram gays. Ser
gay não importava na Matilha Nehalem. A maioria dos membros do
bando eram gays. — Há quanto tempo foi isso?
— Quatro anos. — Marco respirou fundo. — Eu não te disse
isso para ganhar sua simpatia. Eu só quero que saiba que pode
confiar em mim. — Uma rajada de vento soprou neles, e Marco se
virou para olhar por cima do ombro. — No primeiro ano que estive
aqui, não sabia muito o que pensar. Quero dizer, pensei que fosse
uma organização falsa, mas eles pagavam muito bem, então não
quis recusar a oferta. Estando sozinho, senti que tinha que provar
algo para minha família. Que mesmo sendo gay eu poderia ter
sucesso e viver uma vida feliz. — Marco balançou a cabeça. — Eu
deveria saber que era bom demais para ser verdade. Aceitei a
oferta de emprego e, no começo, tudo o que fiz foram coisas do
tipo segurança. Foi só quando acordei em uma cama de hospital,
amarrado, que percebi que alguma merda obscura estava
acontecendo aqui.
— Fizeram experiências com você? — O estômago de Loki
se apertou e ele pensou que poderia estar enjoado.
— Segundo eles, não. — Marco riu sem graça. — Eles me
fizeram melhor. — Marco olhou nos olhos de Loki, e Loki engasgou
quando viu seus olhos brilharem.
— Eles transformaram você em um shifter híbrido. — Loki
estendeu a mão e colocou a mão no antebraço de Marco. Loki se
considerava um bom juiz de caráter, e Marco não transmitia
vibrações mentirosas. Na verdade, ele parecia deprimido e muito
triste.
O som de pés batendo fez Loki se virar para olhar por cima
do ombro. Uma parede de músculos com longos cabelos loiros
correu em sua direção. Um sorriso se espalhou em seu rosto ao ver
King. Um rugido alto saiu da boca de seu companheiro, e Loki
saltou para trás, batendo em Marco, que então agarrou Loki para
segurá-lo e impedi-lo de cair.
— Meu! — King gritou quando parou na frente deles. Ele
agarrou o braço de Loki e puxou-o em seu peito.
— Oh, merda, desculpe, King. — Marco se encolheu. —
Você sabe que eu nunca tocaria na sua... na sua... pessoa? —
Marco olhou para Loki e balançou a cabeça.
— Companheiro. — Loki forneceu para ele. — Sou
companheiro de King. — Loki se virou e passou os braços em volta
da cintura de King. — Querido, Marco é um amigo. Estávamos
apenas conversando. — Ele se inclinou perto da marca de cheiro ao
longo do pescoço de King. Quanto mais Loki inalava o aroma
esfumaçado de seu companheiro, mais seu pau começava a
engrossar. Ele sentiu seu comprimento contrair ao longo de sua
coxa. Loki pressionou um beijo no pescoço de King e se afastou
antes que se empolgasse demais. Sempre que seu companheiro
estava por perto, ele se tornava um monstro sexual irracional.
— Certo, companheiro. — Marco sorriu. King rosnou e
puxou Loki de volta para seu peito, colocando beijos de sucção ao
longo de seu pescoço. — Então, vou deixar vocês dois com isso. —
Marco riu. Ele se virou e se afastou, levantando a mão e acenando.
— Meu. — King girou Loki, pegou-o e colocou-o sobre seu
ombro.
Loki começou a rir quando seu companheiro maior que a
vida o carregou de volta para o complexo de apartamentos que
chamavam de lar.
Ele tinha a sensação de que sabia o que aconteceria assim
que subissem.

Capítulo 10

— Pai, eu não quero. — King rolou na cama. — Apenas


deixe-me morrer em paz. — Ele não tinha energia para isso. Seu
pai vinha todos os dias com uma droga experimental para testá-lo.
Tudo o que elas faziam só o deixava mais doente. Parecia que seu
pai queria torturá-lo até a morte.
— Você não vai morrer — Charles gritou no quarto
silencioso. O som ecoou pelas paredes brancas. — Eu me recuso a
deixar você ir.
— Bem, pai, não é realmente sua escolha. — King
murmurou. — Eu tenho um câncer que está crescendo mais rápido
do que a quimioterapia pode matá-lo. Aceite isso, pai. — King virou
a cabeça para olhar seu pai bem nos olhos. — Estou morrendo.
— Só um homem fraco diria isso. — Charles bateu a mão
na cama em que King estava deitado. — E não te criei para ser
fraco. O que sua mãe diria sobre seu comportamento?
— Nenhuma pista. Ela está morta, e eu também estarei,
em breve. Vou perguntar o que ela pensa quando a vir do outro
lado. — King estava cansado daquela conversa.
Como se não bastasse, seu pai o transferiu do hospital
para uma de suas instalações, onde ele e seu colega faziam
experimentos. E King se tornou um desses experimentos. Um
experimento para seu pai brincar.
Deus, era exaustivo. Seu pai não poderia deixá-lo morrer
em paz?
— Kingsley, entendo que está cansado. — King se afastou
de seu pai quando ele estendeu a mão para tocar sua cabeça. —
Mas, filho, por favor. — Aquelas lágrimas estavam brotando dos
olhos mortos do pai? — Mais uma tentativa? Por favor, para mim?
Qual era o sentido de recusar? Não era como se realmente
tivesse uma escolha. Seu pai faria o que quisesse, porque Charles
Houseman era assim.
— Ei, King. — Uma mão suave e gentil tocou seu braço. —
Amor, acorde. O jantar está pronto.
O som da voz cantante de Loki tirou King de seus sonhos e
pesadelos. King não gostou do que se tornou. Ele sabia que não era
o mesmo... certo... o que quer que as pessoas chamassem. Seus
sonhos eram tão vívidos que era como se fossem reais, e então ele
acordava e não conseguia articular suas palavras ou pensamentos.
Ele se sentia preso naquele corpo dele.
— Aí está você. — Os dedos finos e quentes de Loki
acariciaram sua bochecha. — Está pronto para comer, garotão? Fiz
bife com batatas. — Loki levantou-se e, ao dar um passo para trás,
King agarrou-o pelo pulso e puxou-o para cima dele.
King olhou para as profundezas azuis dos olhos daquele
homem. Tão perfeito e saudável. King jamais queria deixa-lo ir. Ele
queria rastejar para dentro de Loki e nunca mais sair. Ele desejou
poder expressar isso para seu companheiro.
— Quero você. — Disse King enquanto enfiava o rosto na
curva do pescoço de Loki. Ele cheirava a sol e pêssegos. King nunca
se cansaria daquele perfume.
— King... — Loki gemeu, suas mãos em punhos em seu
cabelo, puxando King cada vez mais para perto.
King se levantou, levando Loki com ele, e inverteu suas
posições. Ele se atrapalhou com o cós da calça de corrida que Loki
usava. Ele a soltou e Loki engasgou. King nunca se cansaria de ver
aquele pau rosado duro contra seu estômago plano. Sua boca
começou a salivar, e ele não conseguia parar de se inclinar e
engolir o comprimento de Loki em sua boca. Ele babou em todo o
pênis de Loki, cuspe escorrendo para cobrir suas bolas. Penugem
macia cobriu os orbes apertados.
Loki gemeu e o corpo de King tremeu acima dele. Agarrou
Loki pelos quadris e levantou sua bunda no ar. Ele acariciou suas
bolas e se moveu para baixo para lamber seu períneo, então mais
para baixo em sua doce entrada rosa. King lambeu a pequena
abertura como se fosse um homem faminto. Ele amava o cheiro
doce de terra que se agarrava a cada parte do corpo de Loki. King
lambeu seu pau e voltou para sua entrada. Ele girou sua língua
antes de empurrar para dentro do calor apertado de Loki.
— Oh, Deus, sim! — Loki gritou. — Agora sei porque todo
mundo adora isso. Oh, Deus! Não pare.
King olhou para seu companheiro resmungando e
tremendo. O homem era lindo e vocal. King gostou disso. Ele
sacudiu dentro da entrada pulsante mais uma vez antes de se
sentar.
— Não, não, não. — Loki lamentou.
— Dolorido? — Perguntou King. Ele se lembrou de Loki
dizendo a ele mais cedo naquele dia que estava doendo e não
queria ter o pênis de King dentro dele.
— Dolorido? — Perguntou Loki. Sua pequena mão se
abaixou para acariciar seu pênis corado. King rosnou e empurrou a
mão de Loki. Aquilo era para King e apenas King. As bochechas
avermelhadas de Loki estavam úmidas de suor. — Não. — Loki
balançou a cabeça. Ele se sentou para a frente e puxou o short de
King para baixo de seus quadris. — Quero você dentro de mim.
Tipo, agora.
King empurrou Loki de volta para o sofá e puxou seus
quadris para fora da borda. Ele cuspiu em sua entrada contraída e
depois em sua mão para cobrir seu eixo duro. A ideia de entrar
naquele calor escaldante fez o sêmen vazar de sua ponta. Ele bateu
seu comprimento liso sobre a entrada de Loki, o som ecoando na
sala.
King empurrou a camisa de Loki até o peito para que
pudesse ver seus mamilos duros e duros. Ele adorava olhar para
este homem. Loki foi criado apenas para ele. Algo dentro de King
dizia que Loki era dele para sempre. Não volte atrás.
Loki ofegava e implorava, e King não podia esperar mais.
Ele encaixou a cabeça cheia de seu pênis na abertura de Loki e
lentamente alimentou seu pênis dentro de seu companheiro, que
jogou a cabeça para trás quando King afundou. Era apertado,
quente e quase dolorido. A necessidade de gozar e marcar seu
companheiro por dentro anulou todos os pensamentos.
King puxou seus quadris para trás, em seguida, empurrou-
os para frente novamente. Ele repetiu o movimento várias vezes,
observando o cabelo liso e suado de Loki colado em sua testa, sua
boca aberta, ofegando por ar. King martelou o pequeno canal. O
corpo de Loki sabia a quem pertencia.
— Estou gozando... — Loki gritou enquanto sêmen branco
pintava seu abdômen contraído. Ele engasgou em busca de ar, seu
rosto de um rosa brilhante.
King sorriu e apressou seus golpes. Ele amava o olhar
destruído no rosto inocente de seu amante. Gostava de saber que
era o responsável por isso. King acelerou seus quadris, batendo
naquela bunda redonda em cada movimento para frente. Sua
libertação se aproximava. Sua boca encheu de água quando seus
dentes cresceram e suas presas caíram. Quando o calor subiu por
sua espinha, ele se inclinou para frente e mordeu o peito de Loki
bem acima de seu mamilo esquerdo.
Loki gritou, e King sentiu a liberação do segundo orgasmo
de seu companheiro enquanto King cavalgava o seu próprio,
inundando o interior de Loki com seu esperma.
Assim que sua frequência cardíaca se acalmou, King soltou
os dentes de Loki. Uma gota de sangue escorreu pelo lado de Loki,
e correu para frente, lambendo-a. Ele selou a ferida no peito de seu
companheiro com a língua. King adorava ver a carne pálida de Loki
coberta por suas marcas.
— Cara, você é um mordedor. — Loki bocejou. — E você
fode como uma máquina. — Seu companheiro se sentou e estendeu
a mão para King, o pênis amolecido de King escorregando para fora
do canal molhado de Loki, que engasgou. — Eu amo isso.
— Meu. — King sussurrou. Ele queria fazer isso todos os
dias pelo resto de sua vida.
— Sim. — Loki beijou a ponta do nariz de King. — Seu e
você é meu, e eu não compartilho. — Loki deu uma risadinha. —
Agora vamos comer. Não sei você, mas abri o apetite.
King observou enquanto Loki se levantava, sem se
preocupar em colocar a calça de volta. Um rosnado baixo e
estrondoso escapou de seus lábios enquanto observava a bunda
redonda e firme de Loki saltar a cada passo que ele dava. Loki
olhou por cima do ombro, piscou e mexeu um pouco os quadris.
King estava em apuros com ele.

Capítulo 11

Loki acordou com uma cama fria. Ele estendeu a mão,


buscando a pele aquecida de King, mas apenas segurou o ar vazio.
Sentou-se e olhou ao redor do quarto chato. Nada de novo
realmente. Ele estava no complexo do SNH há mais de seis
semanas. Ou eram oito? Ele não sabia mais. Os dias se seguiram
em uma mistura de felicidade e medo real pela situação em que ele
e King estavam.
Houve momentos em que ele e King estavam sozinhos que
podia ver pedaços do antigo eu de King tentando romper, mas
incapaz de fazê-lo. Loki podia ver a frustração no rosto de seu
companheiro e se sentia impotente. Era um espectador assistindo a
um acidente de trem acontecer diante dele, mas inútil para ajudar.
Isso era uma coisa que Loki odiava, sentir-se impotente.
O tempo parecia passar de forma diferente ali, mas todos
os dias eram basicamente os mesmos. King acordava cedo e ia
treinar. Treinar para quê? Loki não tinha ideia, mas o treinamento
consistia em seu companheiro voltar para o apartamento brilhando
de suor. Às vezes ele apresentava cortes ou hematomas, mas não
tinha como comunicar a Loki o que havia acontecido para causar
aquelas marcas. Loki achava extremamente frustrante.
— Só mais um dia no paraíso. — Loki empurrou o edredom
de seu colo e chutou as pernas para fora da cama. Ele se levantou
e foi até o banheiro, escovou os dentes e ligou o chuveiro. Uma vez
que terminou de lavar o cabelo e o corpo, ele se enxaguou e saiu.
Ele se secou, se vestiu e foi preparar o café da manhã.
Depois de um café da manhã com ovos e torradas, Loki
enfiou o cartão-chave de seu quarto no bolso e saiu de seu
apartamento.
Ninguém sequer olhou mais para ele. A novidade de ter um
shifter lobo entre eles deve ter passado. Ele acenou para Maureen,
a recepcionista da frente, saindo pela porta principal. Ele a achou
adorável, embora ela trabalhasse para uma organização psicopata.
Ele tinha sido pego em muitas conversas com ela, discutindo seu
gato e seu desejo de ter outro.
Nas últimas semanas, Loki se aproximou de Marco. Ele
confiava no outro homem. Marco não lhe deu motivos para duvidar
de sua amizade. Loki também podia ver a verdadeira dor nos olhos
do outro homem. Ele, como Loki e King, também estava preso ali.
A única diferença era que Marco tinha ido ali voluntariamente. Uma
decisão que Marco lamentava todos os dias desde então.
Loki foi para o ginásio. Ele ansiava por seu tempo diário de
ginástica. Isso ajudava a aliviar parte do estresse que ele havia
armazenado em seu corpo.
— Ei. — Marco esbarrou nos ombros de Loki quando
apareceu ao lado dele. Loki olhou para o amigo. A cabeça de Marco
parecia girar. Ele olhou em volta como se pensasse que seriam
atacados.
— Cara, o que há com você? — Loki disse baixinho. — Está
me enlouquecendo.
— Algo está acontecendo amanhã à noite. — Marco acenou
com a cabeça em direção às esteiras e Loki entendeu a dica, pegou
uma e ligou.
Desde que estava em cativeiro, Loki não conseguia mudar,
o que ele pensava que o assustador Charles iria querer que fizesse
o tempo todo, mas não. Marco teve a ideia de fazer Loki correr
quilômetros na esteira para queimar um pouco de sua ansiedade
por não conseguir mudar.
— O que quer dizer? — Loki perdeu o equilíbrio e quase
caiu da esteira, os braços se debatendo enquanto ele agarrava os
trilhos laterais. — Eles vão atacar minha matilha? — O medo
apertou seu coração com tanta força que ele não conseguia
respirar.
— Não. Consegui alguns detalhes com meus superiores.
Estamos indo para um local no Texas.
Loki suspirou de alívio, mas então a culpa encheu seu peito
como um enxame de abelhas. Não era seu bando que estavam
perseguindo naquela noite, mas a família de outra pessoa. Deus,
ele odiava isso.
— Porra! Isso é horrível. — Loki reduziu a velocidade para
poder andar em vez de correr. — Como você faz isso?
— Não tenho escolha, Lo. — Marco desligou a esteira e
saiu. — Vamos dar umas voltas lá fora. — Marco apontou o queixo
na direção de uma câmera no canto mais distante da sala.
No tempo que Loki esteve ali, nada parecia estar
acontecendo. Ele achou tudo muito estranho. Apenas presumiu que
o SNH derrubava matilhas de lobos em todos os Estados Unidos,
mas não era o caso. Marco disse que o SNH escolhia matilhas
específicos para perseguir sem motivo ou razão. A maioria das
matilhas nos EUA não era tão grande. Os lobos tendiam a ser
territoriais, e isso mantinha os números do bando baixos. Sua
matilha era uma anomalia. A Matilha Nehalem começou pequena,
apenas com os irmãos Carsten, mas cresceu ao longo dos anos.
Uma vez do lado de fora, eles percorreram o perímetro da
propriedade. Algumas pessoas passaram por eles e acenaram.
Quando esses homens e mulheres não estavam atacando seu
bando eram realmente muito normais. Todos, exceto alguns, foram
legais com Loki. Isso realmente mexeu com a cabeça dele. Ele
queria odiar todos dentro daquele complexo, mas eles não eram
todos ruins. Como aconteceu com Marco, ele teve que pensar que
diferentes circunstâncias os trouxeram aqui para o SNH.
— Esta é a primeira missão desde que você chegou. —
Marco olhou para Loki. — Estou curioso para saber como King vai
reagir. Normalmente, ele é uma besta irracional lá fora, deixando
mais mortos do que vivos. — Loki parou e agarrou seu peito. Ouvir
isso doeu como um soco. — Ei, ei, ei, pare com isso. — Marco
agarrou levemente o bíceps de Loki. — King nunca ataca a menos
que alguém venha até ele. É apenas instinto. Sei que Charles quer
que ele mate sob comando, mas King não faz isso. — Marco
esfregou a testa. — E com você aqui? Estou um pouco assustado.
— O que você quer dizer? — Loki sussurrou, incapaz de
encontrar sua voz.
— Ele mudou, Lo. Eu posso ver, e se eu posso ver, tenho
certeza que os outros também. Me deixa nervoso por você e por
ele. — Marco respirou fundo. — Sei que King não consegue
expressar, mas é óbvio para qualquer pessoa com olhos de
trabalho que ele está apaixonado por você. E não duvidaria que
Charles usasse isso contra King.
— Como uma pessoa pode ser tão má? — Lágrimas ardiam
no fundo dos olhos de Loki. Ele não queria chorar como um bebê,
mas estava tão furioso que sua visão embaçou. Tinha a sensação
de que se procurasse no dicionário a definição de mal, haveria uma
foto do pai de King.
— Não sei Lo. Não sei. — Marco puxou Loki para um
abraço. — Por favor, não chore. Eu não preciso do seu companheiro
chutando minha bunda.
Loki riu. Ele esfregou os olhos úmidos no ombro de Marco.
Quando ele chegou, Loki estava apenas procurando uma maneira
de ele e King escaparem, mas isso mudou quando conheceu Marco.
Se pela graça de Deus eles saíssem dali, Marco iria com eles.
De jeito nenhum deixaria seu amigo para trás.
— Bem, olhe para essa merda. — Disse uma voz áspera
atrás deles. Marco soltou Loki, e eles se viraram para ver Brent
parado ali, um sorriso cruel torcendo seus lábios. — King sabe que
você está fodendo com o garoto dele? Algo me diz que ele não
gostaria disso.
— Não é nada disso. — Marco estufou o peito e deu um
passo à frente de Loki.
— Bem, parece que sim. — Os olhos redondos de Brent
moveram-se para baixo sobre o corpo de Loki, que de repente
sentiu que precisava de um banho. — Inferno, se soubesse que
você estava procurando uma boa transa, eu teria te ajudado, vira-
lata.
— Cale a boca! — Loki rosnou. Sua pele começou a coçar e
seus músculos ondularam nas costas.
— Aposto que lixo como você não se cansa de um pau duro
enfiado no seu traseiro. — Brent agarrou sua virilha. — Aposto que
King tem essa merda toda esticada e desleixada.
— Foda-se, Brent. — Marco empurrou o peito do outro
homem, e Brent o empurrou de volta.
— Não. — Brent riu. — Prefiro transar com ele. Podemos
nos revezar.
A visão de Loki se estreitou e sua boca se encheu com suas
presas. Um rosnado alto saiu de seus lábios, e ele pulou e no ar se
transformou em um grande lobo branco. Ele teve um momento de
satisfação ao ver o medo nos olhos de Brent antes de cair no chão.
Uma dor aguda se espalhou por seu lado esquerdo. Seus olhos
ficaram pesados, e então a respiração de Loki o deixou quando ele
caiu na escuridão.

*****
Loki acordou em seu quarto. Ele se sentou muito rápido e
ficou tonto quando o mundo se inclinou em seu eixo. Sua língua
estava seca e áspera em sua boca, e ele mal conseguia engolir.
O som de alguém falando na outra sala fez Loki pular de
pé. Ele agarrou o moletom que estava no chão e o vestiu enquanto
cambaleava em direção à sala de estar.
— Merda! — Resmungou quando caiu na porta do armário
enquanto tropeçava em seus pés. O que quer que tenham atirado
nele tinha que ser uma coisa altamente potente. A visão de Loki
ficou turva e ele viu em dobro.
— Bom. Você finalmente acordou. — Os olhos de Loki
perfuraram Charles. O outro homem estava sentado no sofá,
falando ao telefone. — Te ligo assim que terminar aqui. Não, não o
solte ainda. — Charles desligou. Ele se recostou todo confortável no
apartamento de Loki e King, como se fosse o dono do lugar.
O rosto de Loki se contraiu. Bem, tecnicamente o homem
era dono daquele lugar, mas tanto faz. Não importava. Não era
como se Loki quisesse estar ali. Seja como for, aquela era a casa
dele, aquela que dividia com King, e não parecia certo ter Charles
aqui espalhando sua energia ruim.
— O que está fazendo aqui? — Loki perguntou enquanto
contornava a ilha na cozinha em direção à geladeira. Ele abriu a
porta com força demais, e o conteúdo tremeu e chacoalhou com a
força. Loki pegou uma garrafa de água e fechou a porta. Seguiu-se
mais barulho.
— Como se eu precisasse de um motivo para vir visitá-lo,
Loki. — Charles cruzou a perna esquerda sobre a direita, deixando
o pé direito quicar no ar. — Meu shifter residente.
— Oh, Deus. — Loki gemeu. — Você costuma ouvir a si
mesmo falar? É tão irritante. — Loki encostou-se no balcão. Ele
abriu a tampa da garrafa de água, levando-a aos lábios e engolindo
a umidade fresca.
— Sinto muito, meu caro menino, mas não estou aqui para
entretê-lo. — Charles levantou-se e caminhou em direção a Loki,
parando apenas quando ele parou bem na frente dele. — Eu ouvi
sobre o que aconteceu hoje. Pelo que Brent disse, ele feriu seus
sentimentos e você retaliou atacando-o. — Charles fez um estalo
irritante com a língua e então, mais rápido do que Loki esperava, o
homem estendeu a mão, agarrando Loki pelo queixo.
O lobo dentro de Loki uivou. Ele não queria ser tocado por
aquele homem, e suas presas se alongaram e Loki rosnou.
— Controle-se, lobo. — Charles apertou mais. — Eu odiaria
ter que te derrubar.
— Você pode tentar. — Loki forçou as palavras, tentando
soar mais confiante do que se sentia. Sem dúvida, se Loki mudasse
e rasgasse esse homem em pedaços, os guardas estariam sobre ele
em segundos, enchendo-o de balas. Quase valia a pena perder a
vida para eliminar aquele ser humano maligno. — Tenho certeza de
que King pode não gostar muito disso.
— Jovem esperto. — Charles soltou o queixo de Loki e deu
um tapa de leve na bochecha dele. — Neste ponto ele é a única
razão pela qual você ainda está vivo. Ele parece mais tranquilo
agora que tem você. — Os lábios de Charles se apertaram como se
ele tivesse provado algo azedo. — Enquanto King permanecer
focado assim, você permanecerá vivo. Depois de esgotar sua
utilidade, há uma bala com seu nome nela. — Charles bateu com o
dedo na cabeça de Loki.
— Você é louco. — Loki se afastou de Charles. — Para
alguém que sabe tanto sobre shifters, não consegue perceber que,
como companheiro de King, ele sempre vai me querer e precisar de
mim. — Loki enfiou a mão no peito. — Me ameace o quanto quiser,
mas não tenho medo de você — Loki disse com mais confiança do
que sentia.
— Você deveria ter. — Charles sorriu para ele, então se
virou e caminhou em direção à porta da frente. — King estará aqui
em breve. Sugiro que guarde o que aconteceu para si. Eu odiaria
que King se distraísse na missão desta noite. Adeus, Loki.
Assim que a porta se fechou atrás do homem insuportável,
Loki perdeu a compostura. Ele deslizou pela porta do armário para
cair com força no chão. Ele puxou os joelhos contra o peito e
deixou as lágrimas quentes escorrerem por suas bochechas.
Ele só queria ir para casa.
Ele sentia falta de sua família e companheiros de matilha.
Ele era um homem em uma ilha ali. Não importava o quanto King
se importasse com Loki, ele não poderia protegê-lo de seu pai.
Tinha que descobrir uma maneira de escapar daquele lugar.
Capítulo 12

King ficou na frente do espelho apenas olhando para seu


reflexo. Virando a cabeça de um lado para o outro, não importava o
ângulo, ele parecia diferente. As olheiras e a pele pálida e
macilenta desapareceram, e seu cabelo voltou a crescer. O que
quer que seu pai lhe dava, de fato, o tornava melhor.
— É notável, não é? — Perguntou o pai. King se virou para
ver seu pai parado na porta. Ele estava tão absorto em sua saúde e
beleza renovadas que não o ouviu entrar no quarto. — Você se
parece com o que era antes, só que melhor. — Seu pai se
aproximou por trás dele, colocando as palmas das mãos quentes
em seus ombros.
— Melhor? — Perguntou King, confuso com as palavras do
pai. Em um minuto ele estava morrendo de câncer e no próximo
estava bem acordado com uma nova vida. — Como?
— Filho, você sabe o que eu faço para viver. — Charles
piscou para ele. — Meu parceiro de negócios, Scott, você se lembra
dele? — King assentiu. — Bem, ele finalmente decifrou o código do
DNA shifter.
— O que significa isto? — Perguntou King, balançando a
cabeça de um lado para o outro. Ele não entendia nada disso.
— O que significa que agora você é meio shifter, filho. —
Charles disse isso com tanta empolgação que deixou King em
silêncio.
— Você me transformou em um lobo? — King se encolheu
longe do aperto de seu pai. — O quê? — King enfiou os dedos nos
cabelos. — Por quê?
— Para salvá-lo! — Charles disparou. — Eu não ia permitir
que morresse. — Seu pai deu de ombros. — E precisava de uma
cobaia para testar o soro. Vamos considerar isso uma vitória para
nós, filho.
— Para você! — King gritou. — Não para mim.
— Por que você não pode simplesmente agradecer por
estar vivo, Kingsley? — Charles cruzou os braços sobre o peito.
— Oh, meu Deus! O que há de errado com você?
King estava feliz por estar vivo — não o entenda mal —,
mas a que custo? Ele nem sabia o que significava ser um shifter.
Estaria uivando para a lua e virando um cachorro crescido demais?
Podia parecer legal, mas não tão atraente.
— King, pare de agir como uma criança. — O telefone no
bolso do pai começou a tocar, e Charles o tirou do bolso. Ele
levantou um dedo em direção a King, silenciando-o. — Sim. Ele
está acordado. Sim, mande-os entrar.
A porta do quarto de King se abriu. Scott Noble seguiu
alguns homens de terno preto que entraram em seu quarto. Antes
que King pudesse reagir, um dos homens vestidos de preto brandiu
uma longa vara preta. Ele a ergueu e ela ganhou vida. King recuou,
apenas para bater na parede.
— Agora, filho, isso só vai doer por um momento. — A voz
de Charles assumiu um tom alegre. — Só precisamos despertar o
shifter dentro de você.
A dor irradiou do golpe para seu estômago. Quando nada
aconteceu, o homem o cutucou repetidamente até que King sentiu
como se sua pele estivesse derretendo em seu corpo. Seus
músculos pulsavam e se esticavam, e ele podia sentir seus ossos se
alongando. Um uivo alto e ensurdecedor encheu o quarto.
— Ai está ele. — King voltou-se para o som. Seu pai estava
encostado na parede, um sorriso se espalhando em seu rosto. —
Não totalmente um lobo, mas isso serve.
King se virou, observando seu reflexo. Seu corpo parecia
ter crescido. Os músculos de seu corpo ficaram tão grossos que
suas roupas se esticaram a ponto de rasgar. Mas a parte mais
assustadora era como seus olhos brilhavam e os dentes afiados
saindo de sua boca. Eles eram tão longos e grossos que não
conseguia fechar a boca.
A batida em seu coração acelerou.
O que seu pai fez?

King acordou de repente. Seu coração batia forte no peito e


o suor umedecia sua pele. Ele se sentou e olhou ao redor do
quarto. Ele se lembrava daquele lugar. Ele morava ali.
O movimento à sua direita o sacudiu. Ele olhou para baixo
para ver Loki deitado ao lado dele. Seu companheiro havia se
enrolado em uma bola apertada de costas para ele. Os sons suaves
da respiração de Loki acalmaram os nervos em frangalhos de King.
King deitou-se, enrolando seu corpo em torno de Loki. Ele
passou o braço em volta do estômago do homem, puxando-o
gentilmente contra seu peito. King enterrou seu rosto no cabelo
loiro macio na base do pescoço dele e respirou aquele doce aroma
de seu companheiro.
Nada fazia sentido, mas isso ali... estar abraçado ao
homem pelo qual ele morreria... King deixou o calor de seu
companheiro puxá-lo de volta para baixo.
Quando acordou em seguida, foi ao som de música na
cozinha. King saiu da cama e caminhou em direção ao som. Uma
música suave tocava no alto-falante que Loki tinha sentado no
balcão. Ele inclinou a cabeça enquanto observava o homem
preparando o café da manhã enquanto cantava uma música que
King nunca tinha ouvido antes. Ele se aproximou de Loki. Seu
companheiro ainda tinha que ouvi-lo.
Loki cantarolava enquanto a música tocava. A melodia
tinha uma sensação assombrada. Loki cantou, balançando a cabeça
de um lado para o outro. King se aproximou, intrigado com a bela
voz que saía da boca de seu companheiro. Loki se virou e pulou
para trás. O medo brilhou em seu rosto jovem.
— Puta merda, King! Você me assustou pra caramba. —
Loki estendeu a mão para desligar a música.
— Não! — Rebateu King.
Loki congelou e olhou para King.
— Interessante. — Loki sorriu. Ele se aproximou,
envolvendo os braços em volta dos ombros de King. — Meu
namorado gosta do Zach Bryan? Devo ficar com ciúmes? — Loki
fechou um olho, inclinando a cabeça para o lado.
King não tinha ideia do que Loki estava falando. Ele moveu
os braços para permitir que suas mãos descansassem no traseiro
rechonchudo de seu companheiro, puxando-o tão perto que se
tocaram do ombro à coxa.
Antes que King tivesse a chance, Loki se inclinou para
perto, selando seus lábios. Era macio, quente e tudo o que King
não sabia que precisava. Pesadelos atormentavam suas horas de
sono, e esse sentimento de total perda enchia seu peito durante as
horas de vigília. A única coisa que tornava melhor era Loki. Loki
havia se tornado o tudo de King.
— Você. — A voz de King saiu rouca e áspera. — Meu.
— Como se eu pudesse esquecer. — Loki apertou seus
lábios novamente. O som de um punho batendo na porta os
separou. — Juro que eles têm uma câmera aqui nos observando.
Sempre que estamos compartilhando um momento juntos, eles
interrompem. — Loki resmungou enquanto caminhava em direção à
porta, abrindo-a. — Ei, Marco.
— Ei, Lo. — Marco entrou na sala, vestido com uniforme
preto. — King, seu pai me mandou buscá-lo. — Marco olhou para
Loki e depois de volta para King. — É hora de ir.
— Foda-se. — Loki se virou e jogou os braços em volta do
ombro de King, seu aperto machucando para um homem tão
magro. — Por favor, tenha cuidado, querido. — Loki esfregou o
rosto no pescoço de King, que apertou os braços ao redor de Loki.
— Cuidado com ele, Marco.
— Cuidarei, Lo. — O outro homem se virou como se não
suportasse ver King e Loki se abraçando.
— Esteja seguro lá fora, King. — Loki se recostou,
encontrando os olhos de King. — Preciso que volte para casa, para
mim. — O queixo de Loki tremeu e seus olhos se encheram de
lágrimas.
Com mais um beijo nos lábios de Loki, King se afastou e
seguiu o outro homem até o corredor. Sua mente era uma confusão
de pensamentos e memórias. Ele não conseguia se concentrar em
uma coisa por muito tempo. Loki se tornou a única coisa que
ancorava King do caos que o cercava.
Quando King saiu, ele foi levado a um dos edifícios externos
e a uma sala. As roupas estavam em uma cadeira para ele. King se
despiu ali mesmo na frente de todos. Ele puxou a calça, camisa e
botas fornecidas. Assim que terminou, ele se sentou em uma
cadeira e esperou.
— A missão desta noite é matar um casal de lobos. Um
amigo pessoal do Sr. Houseman pediu um favor. Aparentemente,
esses lobos atacaram um grupo de adolescentes que estava
acampando. Um ficou com cicatrizes e outro perdeu uma perna.
Esses meninos mal conseguiram sair vivos. — Disse o homem
parado na frente do grupo com uma carranca puxando os lábios
para baixo.
King ficou sentado ali, mal ouvindo. Toda vez que fechava
os olhos, via o rosto sorridente de Loki. Mesmo agora ele ainda
podia ouvir a música que seu companheiro estava cantando.
— Vamos.
King olhou em volta quando todos começaram a se
levantar. Sem fazer perguntas, ele seguiu a multidão para fora. A
noite havia caído e ele podia ver as estrelas pontilhando o céu
negro.
— Lembre-se de dar a dose a ele antes de pousar. — Disse
Charles ao homem que havia se dirigido para a sala.
— Sim, senhor.
— Vamos, King. — Marco deu um tapinha em seu ombro, e
King seguiu os outros em direção ao helicóptero.
King não tinha certeza de quanto tempo se passou. Ele
nunca foi bom em manter o tempo. Ele apenas olhou pela janela e
esperou pelo próximo comando dado a ele.
O helicóptero diminuiu a velocidade ao descer até o solo.
King bufou de tédio. Grandes árvores cobriam o chão. Elas eram
tão altas e verdes. Quando o helicóptero parou e as portas se
abriram, King saiu. Ele queria tocar as árvores diante dele. O cheiro
de pinho e terra revirada invadiu suas narinas. Ele só deu um passo
antes de algo afiado atingir seu pescoço. King estendeu a mão e
puxou o metal perfurando sua pele.
— Tudo bem, Kingsley. — Um homem de quem King tinha
certeza de que não gostava sorriu para ele. — Hora de sair.
— Você é um idiota, Brent. — Marco balançou a cabeça ao
passar pelo outro homem.
— Ele é um assassino projetado. Não tente disfarçar de
outra coisa, Marco. — O outro homem zombou. — Ele é um
assassino, não importa o que você e seu amiguinho pensem.
King podia ouvir os outros conversando, mas não conseguia
distinguir as palavras. Sua cabeça estava cheia e pesada, e ele
tentou se livrar dela, mas não ajudou. Sua respiração aumentou e
sua camisa rasgou quando seu corpo mudou e se transformou. Ele
ficou mais alto e seu corpo parecia pesado e sobrecarregado com
músculos grossos. Um formigamento passou por sua testa,
chegando aos lábios, onde dentes grandes demais para sua boca se
projetavam para fora. Baba caiu de sua boca aberta.
— Sinta o cheiro, garoto. — Um pano foi forçado no rosto
de King. Ele respirou o cheiro de cobre e saiu.
King correu sem pensar pela floresta. Galhos de árvores
chicotearam seu rosto, mas ele não parou. O cheiro ficou cada vez
mais forte até que ele pudesse prová-lo. Ao longe, King viu uma
pequena casa. Luzes iluminaram a noite enquanto ele se
aproximava. King aumentou a velocidade e se chocou contra a
porta da frente. A madeira rachou como uma faca na manteiga
quente. King soltou um rugido alto.
— Ai, meu Deus! — Gritou uma mulher, correndo na
direção de uma mulher de aparência mais jovem. — Por favor, não
a machuque. Ela é minha filha.
King podia sentir o cheiro do medo da mulher. Era um
cheiro azedo sufocante. Isso fez King querer engasgar. Ele deu um
passo à frente, estendendo a mão. As garras nas pontas dos dedos
tinham mais de três centímetros de comprimento e eram afiadas.
— Aqueles meninos a atacaram! — Gritou a mulher em
meio às lágrimas. A mulher mais jovem agarrou-se à mais velha. —
Ela só estava se protegendo. Eu juro. Ela não queria machucá-los.
Ela tem apenas quinze anos e não conseguia controlar sua
mudança. Eles a espancaram e estupraram.
King parou de andar tão rápido que deu um pulo para trás.
A mulher mais jovem soluçou, agarrada à outra. Algo que ela disse
rolou em seu cérebro danificado. A garota parecia tão assustada.
Ambas pareciam.
— O que temos aqui? — Brent entrou na casa. —
Recebemos esta ligação para duas shifters femininas? Que perda de
tempo. —Ele ergueu a arma na mão direita para as duas mulheres.
— Não! — King rosnou e deu um passo em direção ao outro
homem, mas era tarde demais. A arma explodiu nos braços de
Brent, e a mulher mais velha caiu no chão, seus olhos sem vida
olhando para o nada.
— Mãe! — Gritou a outra.
King arrancou a arma da mão de Brent e dobrou o metal
com as próprias mãos, jogando-o para o lado. Ele abriu a boca,
rosnando. Ele nem pensou e apenas se lançou para o outro
homem, mas antes que ele o alcançasse, um tiro nas costas o fez
cair no chão. O sangue que escorria do buraco na mulher se
acumulou no chão e encharcou a camisa de King. Ele piscou e
tentou manter os olhos abertos. Ele tinha que protegê-la. Ele tinha
que mantê-la segura.
A escuridão nublou sua visão até que ele não viu ou ouviu
mais nada.
Capítulo 13

Loki sentou-se nos bancos de concreto em frente ao


complexo de apartamentos que se tornou sua casa. Ele tentou se
manter ocupado depois que King saiu com Marco, mas não
conseguia parar de se mexer. Ele limpou o apartamento e lavou a
roupa dele e de King, fez biscoitos e começou a assistir a um filme
na TV, mas não conseguia se concentrar, muito preocupado com
seu companheiro.
Estrelas brilhavam acima dele, e podia ouvir as ondas
quebrando no penhasco ao longe. Em qualquer outra circunstância,
Loki estaria aproveitando a serenidade da noite, uma noite que
deveria estar aproveitando, mas não era possível. Seu companheiro
estava lá fora, fazendo Deus sabe o quê. Isso fez seu estômago
revirar em nós.
Loki sabia que seu companheiro não era um santo, e com o
atual estado mental de King, não tinha certeza do quanto King
realmente entendia. Os breves vislumbres de clareza eram poucos
e distantes entre si. Loki sabia que o tiro na cabeça de King há
cinco anos obviamente o mudou, mas o dano daquela noite foi
permanente ou poderia ser revertido?
— Deus, por que isso é tão difícil? — Loki puxou as pernas
para cima e apoiou a cabeça nos joelhos. Era em momentos como
esse que sentia falta de sua irmã, de seus pais e de seus
companheiros de matilha. Os lobos não foram feitos para ficarem
sozinhos na natureza assim. Ele fechou os olhos e tentou deixar
que a quietude da noite levasse embora todas as suas
preocupações.
O som à distância fez Loki olhar para o céu. Ele viu luzes
piscando do helicóptero. Loki se levantou e se dirigiu para o
heliporto do outro lado do complexo. Ele dobrou a esquina bem a
tempo de vê-lo pousar.
Loki ficou em silêncio atordoado enquanto os homens
saíam. Um homem tinha uma bolsa preta em forma de corpo
jogada sobre o ombro. Outro homem tinha o corpo de uma garota
flácida sobre o ombro. Suas mãos pendiam moles sobre suas
costas. Um homem e uma mulher vestidos de preto como os outros
foram os últimos a descer do helicóptero.
— Cadê o King? — Sussurrou Loki. Ele observou o
helicóptero decolar em direção a um hangar que ficava do lado de
fora do terreno do complexo.
Loki ficou ali atordoado. Seu coração batia freneticamente
em seu peito. Ele levantou a mão para colocá-la sobre o centro do
peito, temendo que o órgão saísse de seu corpo e caísse no chão
em uma pilha sangrenta.
Assim que o pânico começou a tomar conta, o som de outro
helicóptero ficou mais alto ao se aproximar da pista de pouso. Loki
respirou fundo, mas a respiração ficou presa na garganta com a
visão diante dele.
— Seu idiota filho da puta! — Marco foi o primeiro a sair.
Suas mãos estavam fechadas em seu cabelo preto curto. — Você
não pode ser traiçoeiro assim.
— Só porque você foi legal com o lobo de estimação dele
não significa que pode opinar sobre qualquer coisa. — Brent saltou
atrás de Marco. — Você é apenas mais um trabalhador de baixo
escalão.
Marco girou e derrubou Brent no chão. Loki deu um passo
em direção a eles, apenas para parar quando viu alguns homens
carregando King em uma maca. Loki correu para frente, suas
pernas comendo a distância que o separava de seu companheiro.
— King! — Gritou. Loki deslizou até parar quando alcançou
seu companheiro. — King, querido, acorde. — Loki olhou ao redor
para os homens de rosto inexpressivo parados. — O que aconteceu
com ele?
— O que está acontecendo aqui? — Saiu a voz estridente
de Charles. — Pelo amor de Deus, separem esses dois.
Loki os poupou apenas um olhar antes de voltar para seu
companheiro. As pálpebras de King estavam se contraindo, mas
não abrindo. Sua pele estava quente ao toque, e quando Loki
puxou a mão para trás, o sangue cobria seus dedos.
— Oh, meu Deus. — A voz de Loki tremeu.
— Pare de surtar. — Brent ficou de pé. — Sua voz é como
pregos em um quadro-negro. Deus, como ele aguenta você? —
Brent agarrou o braço de Loki com força e o empurrou para o chão.
— Isto é tudo culpa sua. Você o quebrou. — Brent golpeou a mão
com força no estômago de King.
— Vou matar você. — Suas palavras saíram arrastadas.
Loki se virou e observou os olhos de Marco brilharem e seu corpo
crescer em altura e largura quando ele começou a mudar. Se só
olhar pudesse matar, Brent estaria morto.
O choque de Loki passou rápido. Ele se levantou de um
salto e investiu contra Brent. Ele empurrou o outro homem e deu
um soco em seu rosto, sorrindo ao ouvir o osso quebrar com o
impacto.
— Você vai pagar por isso, vira-lata. — Sangue escorria do
nariz de Brent que estava em um ângulo estranho.
Brent puxou o punho para trás e balançou, acertando a
têmpora de Loki. Luzes brilharam diante dos olhos de Loki e ele
caiu no chão.
Deus, esses híbridos são fortes.
— Chega! — Charles gritou.
A comoção à direita de Loki atraiu a atenção de todos para
um King muito acordado. Seus olhos azuis brilharam e suas presas
açoitaram o ar. Em um movimento tão rápido que alguém teria
perdido se piscassem, King saltou para Brent. Eles rolaram em um
choque de braços e pernas no chão. King ergueu os dedos com
garras e golpeou com o punho direito.
Brent jazia mole e ensanguentado no chão. King se
levantou e caminhou em direção a Loki coberto de sangue. Loki se
levantou e, assim que King o alcançou, um tiro foi disparado e King
tropeçou em Loki.
— Não, não, não! — Loki gritou.
Ele caiu no chão sob o peso do corpo de King. Com as mãos
trêmulas, Loki tateou a parte de trás do crânio de King. Suas mãos
saíram ensanguentadas.
Marco correu em direção a Loki, ajudando a colocar King
gentilmente no chão.
— Brent, seu idiota! — Charles disparou. — Você não
aprendeu a lição?
— Está tudo bem, chefe. — Brent sorriu, erguendo a arma.
— Pequeno calibre. Não causará mais dano do que seu cérebro
destruído já sofreu.
— Boa decisão. — Charles se aproximou e deu um tapinha
nas costas de Brent.
Loki pensou que ele ia ficar doente. Ele engoliu a bile
obstruindo sua garganta. O pai de King riu sobre outro homem
atirando na cabeça de King.
— Você nos chama de monstros, mas entendeu errado. Tão
errado. — Lágrimas escorriam por suas bochechas aquecidas.
Loki não conseguia entender que tipo de pai ficaria bem
com alguém atirando em seu filho. Até sua mãe viciada em drogas
garantiu que ninguém tocasse em seus filhotes. Apesar de todos os
defeitos de sua mãe, ela amou ele e sua irmã, mas isso? Isso era
doentio.
— Loki, pare de exagerar. — Charles aproximou-se dele. —
Eu projetei meu filho para ser o mais poderoso dos híbridos. Após o
infeliz acidente cinco anos atrás, fiz meu pessoal criar um soro para
tornar King aqui mais resistente. — Charles olhou por cima do
ombro e estalou os dedos. — Senhores, vocês podem por favor
ajudar o jovem Loki aqui a levar King para seu quarto? — Ele então
se virou para Marco. — Sugiro que vá se limpar. Precisamos fazer
um relatório dos eventos que aconteceram esta noite.
— Sim, senhor. — Disse Marco.
Loki permitiu que os homens o ajudassem a levar King de
volta ao quarto. Ele os fez colocar King em sua cama. Loki tirou as
roupas de King e foi ao banheiro pegar uma toalha molhada. Ele
limpou o corpo de seu companheiro, removendo toda a sujeira e
sangue de sua pele.
Loki respirou fundo e virou a cabeça de King para que
pudesse dar uma olhada nas costas. Afastou o cabelo e viu que o
buraco havia começado a fechar. Ele passou o dedo sobre a
pequena abertura e sentiu algo duro.
Loki permitiu que suas garras se estendessem e agarrou a
bala que saiu da cabeça de King.
— Animais. — Loki jogou a bala pelo quarto. Seus ombros
caíram para frente. A derrota puxou seu corpo. — Você poderia ter
morrido esta noite, King. — Loki sentou-se e se moveu para se
sentar ao lado de seu companheiro. Ele afastou o longo cabelo loiro
de King de seu rosto, colocando as longas mechas atrás das
orelhas. — Eu poderia ter perdido você sem nunca... — A voz de
Loki falhou de emoções tão fortes que o paralisaram. — Sem
reivindicar você. — Loki traçou um dedo no pescoço de King bem
onde ele deixaria sua marca.
Loki não tinha certeza do que estava acontecendo com ele,
mas algo mudou dentro dele. Egoísta não era uma palavra que
alguém usasse para descrevê-lo. Ele sempre se esforçou para fazer
a coisa certa, e o que isso lhe trouxe?
— Eu te amo, King. — Loki se inclinou e beijou a pele lisa
do pescoço de King. — Não suporto a ideia de você ou eu deixar
este mundo sem estar verdadeiramente acasalado. Espero que
entenda.
Loki respirou fundo, inalando o cheiro de seu amante. Ele
permitiu que seu lobo subisse à superfície. Longas presas se
estendiam de sua boca.
Loki beijou o caminho do pescoço de King até onde o
pescoço e o ombro se encontravam. Ele abriu bem a boca e cortou
os dentes na carne flexível. Ele mordeu cada vez mais forte,
esperando que fosse o suficiente para selar sua conexão.
King engasgou e seus braços envolveram Loki, segurando-o
com força. Loki lentamente removeu os dentes do pescoço de King,
lambendo e beijando a marca.
— Eu te amo tanto. — Sussurrou Loki.
— Eu também te amo, amor.
Loki se levantou, seu pulso batendo tão alto em seus
ouvidos que ele pensou ter perdido o que pensou ter ouvido.
— King?
— Tenho certeza de que esse é o meu nome. — King sorriu,
seus dentes brancos e brilhantes quase cegando Loki.
Loki não sabia se era realmente possível para um shifter
lobo desmaiar, mas quando seu corpo caiu para frente, ele
adivinhou que isso respondia à sua pergunta.
Capítulo 14

Quando a consciência de King subiu à superfície, ele sentiu


uma pontada de dor seguida de puro êxtase. Uma série de
lembranças vagas veio a ele de uma só vez. Eventos que
aconteceram anos atrás e coisas que estavam acontecendo neste
exato momento. A memória mais forte, que estava bem na frente
dele entrando em foco, era Loki.
A visão de um jovem Loki passou rapidamente por sua
mente. Pedaços e pedaços, passado e presente, vieram para ele
agora. De Loki assustado, feliz e engolfado em pura felicidade. O
menino de que King se lembrava havia se tornado um homem. Um
homem lindo que o amava.
Como o estalo de um chicote, seus pensamentos e
memórias se alinharam. Ele abriu os olhos, encarando os olhos
azuis mais pálidos que ele já tinha visto.
— Eu também te amo, amor.
— King?
— Tenho certeza que esse é o meu nome. — O sorriso
curvando seus lábios caiu assim que seu doce companheiro
desmaiou em cima dele. — Bem, merda.
King sentou-se e puxou o corpo sem vida de Loki para cima
da cama. Ele deu um tapinha em suas bochechas, tentando
despertá-lo.
Ele não achava que shifters desmaiavam, mas
considerando todas as coisas, podia acontecer uma vez.
— Querido, acorde. — King esfregou o nariz ao longo da
bochecha macia de Loki, respirando seu perfume inebriante, doçura
e luz do sol. — Por favor, acorde. — King tossiu, limpando a
garganta. Não falar, apenas dar respostas monossilábicas, nos
últimos cinco anos, afetou sua voz.
— King... — Loki murmurou. Seus olhos se abriram. — Não
é um sonho! — Loki sentou-se tão rápido que bateu de frente com
King, que começou a rir. — Merda! — Loki esfregou a cabeça. —
Você está bem?
— Estou agora. — King puxou Loki em seu colo, incapaz de
soltar seu companheiro.
Companheiro? Parecia um conceito estranho para King. Até
ver a conexão entre seu melhor amigo, Bane, e seu namorado,
King não achava que os híbridos herdassem esse gene.
Companheiros eram para verdadeiros shifters, não projetados,
mas, aparentemente, ele estava errado.
Graças a Deus!
— Não que eu esteja reclamando, mas o que aconteceu? —
Loki passou os dedos pelo cabelo de King.
— Não tenho certeza. — King coçou a cabeça. Ele puxou
algumas mechas esvoaçantes de cabelo. — Caramba, quem é o
responsável pelo meu cabelo?
— Não sei. — Loki sorriu. — Meio que gosto dele longo. —
Ele enrolou uma mecha no dedo indicador. — É sexy.
— Querido Deus. — King gemeu. Seu pênis começou a
encher, e ele empurrou seus quadris para cima na suavidade da
bunda de Loki. Os firmes globos redondos faziam King coçar de
luxúria.
— Por mais que eu queira continuar com isso, precisamos
descobrir algumas coisas. — Loki se inclinou e beijou os lábios de
King. Faíscas irromperam sobre o corpo de King, um inferno de
desejo e desejo. Ele se agarrou a Loki e lambeu a boca do outro
homem, chupando-a. Os gemidos encheram o quarto enquanto
devoravam a boca um do outro. — Deus, você é tão bom nisso —
Loki sussurrou enquanto eles se separavam.
— Já me disseram que beijo bem. — King brincou. — No
passado, pelo menos.
— Nada de falar sobre ex-namorados na minha presença.
— Loki resmungou. — No que me diz respeito, você era tão virgem
quanto eu quando me reivindicou.
— Virgem? — Memórias passaram pela cabeça de King
como clipes de filmes. Ele fechou os olhos e alcançou tudo o que
envolvia Loki. Ele abriu um olho. — Por favor, me diga que fui
gentil com você?
— Bem... — Loki franziu os lábios para o lado. — Mais ou
menos, mas não realmente, mas eu estava totalmente interessado.
— Loki disse em um tom muito sério. — Contanto que fosse com
você, eu não me importava. — Os lábios de Loki caíram até que
uma carranca feia apareceu em seus lábios. — Você realmente não
se lembra de nada? Sobre nós?
— Sim, mas é estranho. — King apertou Loki com mais
força. — Sei que aconteceu, mas é como se eu estivesse assistindo
de fora do meu corpo. Como um espectador ou algo assim. — King
balançou a cabeça. Antes de se tornar um shifter, ele ficava
bêbado, coisas estúpidas que os adolescentes faziam, e isso? Era
assim que se sentia. Imagens vagas flutuando na superfície como
ondulações em um lago. — Me desculpe. — King se inclinou para
perto, roçando seus lábios nos de Loki.
— Está tudo bem. — Loki pressionou seus lábios nos de
King. — E se conseguirmos sair vivos dessa, você pode me
compensar totalmente.
— Combinado. — King abraçou Loki com força. — Então,
somos companheiros? — Loki assentiu. — Minha paixão por você
tantos anos atrás? Era isso. — Ele acenou com a mão entre eles.
— Você se lembra disso? — Perguntou Loki, com os olhos
marejados de lágrimas.
— Querido, eu me lembro de tudo. — King se arqueou e
selou seus lábios aos de Loki. Ele não se cansava dos doces beijos
deste homem.
King lentamente removeu a roupa de Loki, em seguida,
virou-o de costas. Ele tinha sido um prisioneiro dentro de sua
própria mente nos últimos cinco anos. Isso não era viver. Ele era
um passageiro na merda que seu pai o forçou. Não era justo, e
King estava farto de viver aquela vida.
King recostou-se e abriu o botão de sua calça. Loki
estendeu a mão para ele, sentando-se em uma posição esmagada
que fez com que todos os seus músculos magros se contraíssem.
King nunca se cansaria de olhar para aquele corpo. Sua
pele pálida com os pequenos mamilos rosados formavam picos
duros. Mesmo seu pênis corado era bonito aos olhos de King.
Nunca havia sentido essa necessidade superadora de reivindicar e
marcar.
O desejo colocou seu corpo em movimento. Ele deslizou a
calça pelas pernas e caiu para frente no abraço quente entre as
pernas de Loki.
Suas bocas se encontraram em um frenesi de dentes e
línguas.
— Deus, preciso estar dentro de você. — King gemeu na
boca ofegante de Loki.
— Sim. — Loki gemeu. — Quero isso também. Por favor,
King. — Loki implorou.
King olhou para os olhos semicerrados de Loki enquanto
enfiava dois dedos em sua própria boca. Ele os deixou bem
molhados, em seguida, estendeu a mão entre eles, circulando o
botão apertado entre as nádegas de Loki. King girou os dedos ao
redor da abertura antes de pressionar para dentro.
— Porra, você é tão apertado e quente. — King beliscou o
pescoço de Loki, deixando marcas. Ele queria cobrir o corpo de Loki
com suas mordidas.
— Chega. — Loki gritou, seu corpo empurrando para baixo
nos dedos invasores de King. — Quero você.
King se apoiou nos joelhos. Ele empurrou as pernas de Loki
para cima em direção a sua bochecha, em seguida, inclinou-se para
cuspir em sua entrada esticada. Loki gemeu e se contorceu,
buscando o alívio que apenas King poderia oferecer.
— Segure suas pernas para cima para mim, querido. —
King segurou seu pênis vazando e esfregou a ponta molhada sobre
a entrada de Loki.
Muito lentamente, King avançou. A coroa cheia de seu
pênis deslizou para dentro com pouca resistência do corpo de Loki.
Ele puxou para fora, em seguida, empurrou para a frente de novo e
de novo até chegar ao fundo. Suas bolas estavam aninhadas na
bunda de Loki, seu pênis envolto no calor mais apertado que já
teve o prazer de estar dentro.
King se mexeu até ficar em cima de Loki, que envolveu
suas pernas longas e finas em volta da cintura de King. Nenhuma
palavra foi dita enquanto King tomava Loki. O barulho combinado
da cama batendo na parede e seus gemidos excitados encheram o
quarto.
Conforme seu orgasmo se aproximava, King permitiu que
suas presas deslizassem para baixo. Suas bolas formigavam
enquanto sua liberação subia por sua espinha. A cada estocada
forte, King arrancava gemidos da garganta de Loki.
— Eu vou gozar, querido. — King chupou o pescoço de Loki
bem onde ele já tinha a marca de reivindicação de King.
— Sim... — Loki disse em um suspiro.
Suas peles escorregadias de suor deslizaram uma sobre a
outra, causando uma fricção abrasadora. Cada movimento e cada
gemido aumentavam a pressão sanguínea de King. Ele bateu para
frente uma, duas, três vezes mais antes de seu pênis entrar em
erupção.
King puxou os lábios para trás dos dentes e mordeu o
ombro de Loki. O calor úmido disparou pela ponta do pênis de Loki
enquanto seu canal se contraía ao redor do eixo de King, que
montou nele através de seu orgasmo. Ele nunca soltou o pescoço
de Loki. A conexão estalou como uma borracha, endireitando seu
mundo mais uma vez.

Capítulo 15

— Tem certeza de que podemos confiar nele? — King


perguntou pela milionésima vez desde que Loki sugeriu que
compartilhassem a notícia de King recuperando suas memórias.
— Sim. — Loki revirou os olhos. — Sei que parece loucura,
mas Marco tem sido meu único amigo aqui. Assim como nós, ele
está preso.
— Ele escolheu ingressar no SNH. — King estendeu as
mãos agarradas, puxando Loki de volta para seu colo.
— Bem, você também trabalhava para eles, até aquele
idiota atirar em você. — Loki apontou.
— Duro, querido. — King esfregou a barba por fazer no
pescoço de Loki. Fez cócegas e queimou da melhor maneira. — Eu
estava ajudando você a escapar quando Brent atirou em mim,
fazendo com que eu perdesse minhas memórias e me tornasse o
equivalente a um zumbi ambulante. Acredite em mim quando digo
que eles não são confiáveis.
— Eu sei, mas não podemos fazer isso sozinhos. — Loki
colocou a palma da mão na bochecha de King. — Se aprendemos
alguma coisa com o passado, precisamos de ajuda.
— Não estamos chamando Bane ou seu bando. — King
balançou a cabeça. — Isso é minha culpa, e vou dar um jeito de
nos tirar daqui.
— Não é sua culpa, querido. — Loki odiava que King se
culpasse. Se culpava alguém, era o pai louco de King. Aquele cara
precisava morrer da pior maneira ou ir para a prisão. O que viesse
primeiro. — E podemos não ter escolha, King. Não podemos fazer
isso sem ajuda.
Uma batida na porta deles fez Loki pular de pé. A excitação
borbulhou dentro dele. Ele queria compartilhar a notícia da
recuperação de seu companheiro com alguém. Ele abriu a porta.
Marco ficou parado com as mãos nos bolsos. Marco não o olhava
nos olhos.
Isso preocupou Loki.
— Marco, você está bem? — Loki deu um passo à frente e
espiou o corredor.
— Sim. Não. Foda-se. — Marco ergueu as mãos para cobrir
o rosto. — Estraguei tudo e King se machucou de novo. Prometi
que ajudaria você e nem consegui manter seu homem seguro.
— Oh. — Loki se endireitou.
— Ah? — Marco franziu a testa. Suas mãos em punhos em
seus lados. — Você está agindo como se não fosse nada demais.
Foda-se, Lo!
— Querido, acabe com o sofrimento desse cara. — King
gritou da sala de estar.
— Quem é? — Marco recuou. O medo brilhou em seus olhos
castanhos. — Loki, o que você fez?
— Entre aqui. — Loki estendeu a mão, agarrando a camisa
de Marco, e puxou-o para dentro. Ele rapidamente trancou a porta
atrás deles. — Algo aconteceu.
— Ei, cara. — King se levantou e estendeu a mão para
Marco. — Ouvi dizer que devo um agradecimento por você cuidar
de Loki enquanto eu estava fora do ar. — King riu como se o que
ele acabou de dizer fosse normal.
Deus! Eu amo este homem.
— Que porra é essa? — O rosto de Marco empalideceu e ele
estendeu a mão para se agarrar à parede. — Como?
— Longa história. — Loki franziu os lábios, levando um
dedo à boca. — Na verdade, não é uma história tão longa assim.
Depois que trouxeram King de volta ao nosso quarto, eu o mordi.
— Você o mordeu? — Perguntou Marco, o rosto enrugado
de confusão.
— Nunca mordi King para completar a união de
acasalamento. Ele me mordeu, mas não queria mordê-lo até ter
certeza de que ele queria. Não parecia certo tirar essa decisão dele,
já que tanto já havia sido roubado dele.
— Loki, querido... — King se aproximou por trás dele e
passou os braços em volta da cintura de Loki. — Eu gostaria de
pensar que não teria ficado bravo, especialmente porque sabíamos
que teria esse efeito. — King esfregou o nariz contra o pescoço de
Loki. — Só para esclarecer, adoro quando você me morde.
— Não é o ponto, King. — Loki bateu com a mão no
antebraço de King. — De volta ao que eu estava dizendo. — Ele se
virou para um Marco atordoado. — Eu estava tendo um grande
surto, e não queria que nada acontecesse com nenhum de nós e
não tivesse a chance de deixar minha marca nele. Então, eu o
mordi. — Loki se virou para olhar para seu companheiro. — E
quando King voltou a si, ele era o que era antes.
— Isso é incrível. — Marco sorriu. Ele descansou a mão
sobre o peito. — Cara, eu estava com tanto medo. King, você se
lembra do que aconteceu lá fora? Eu tinha certeza de que seu pai
tentaria modificá-lo novamente.
— Mas não ataquei a mãe, nem a filha. — Disse King.
King contou a Loki sobre as partes que ele lembrava da
missão. Eles administraram King com um superesteróide, mas ele
lutou contra as drogas em seu sistema e se impediu de machucar
alguém.
Brent, por outro lado, não teve nenhum problema em
matar uma mulher inocente.
— Você não atacou. — Marco confirmou. — Você realmente
atacou Brent, e depois levou um tiro de tranquilizante. Quando
voltamos para a base, comecei a brigar com aquele idiota, e então
Loki se envolveu. Mais ou menos nessa hora, você acordou e bang.
— Marco bateu palmas. — Brent atirou em sua cabeça. Mano, seu
pai é louco. Você sabia?
— Infelizmente, sabíamos. — Respondeu Loki, e King
concordou com a cabeça. — Mas a questão agora é, como vamos
sair daqui?
— Cara, Lo. — Marco passou a mão direita pelo cabelo e
começou a andar de um lado para o outro. — Estive em meu quarto
tentando pensar em opções. — Ele parou e olhou para Loki e King
com derrota em seus olhos. — Somos três contra centenas, e são
apenas as pessoas neste complexo.
Marco tinha razão, mas eles tinham uma opção. Loki nunca
pediria a sua família para vir resgatá-los. Os alfas do bando
Nehalem precisavam proteger sua matilha, e com sua família lá, ele
queria saber que eles estavam seguros.
Mas...
— Querido, sei que não quer, mas precisamos ligar para
Bane. — King começou a balançar a cabeça. — Sim! Ele trabalha
para o Conselho de Caçadores. Ele, Xavier e meu irmão, Lucas. Eles
podem nos ajudar.
— Loki, não posso. Não os vejo há cinco anos. Não posso
pedir a eles que arrisquem suas vidas por mim. — King girou nos
calcanhares e caminhou até as grandes janelas, olhando para a
escuridão.
Loki odiava o som derrotado da voz de seu companheiro.
Se ele aprendeu alguma coisa com o bando Nehalem, foi que pedir
ajuda não era uma fraqueza, e, por Deus, eles precisavam de
ajuda.
— Quer desistir e morrer aqui? — Retrucou Loki. — Se não
fizermos isso, todos nós provavelmente teremos uma morte
dolorosa. — Loki caminhou até King, agarrou-o pelo ombro e o
girou. Os olhos de King se arregalaram, chocados. — Eu não te
encontrei para apenas te perder de novo, seu... seu... seu idiota! —
Lágrimas se acumularam nos olhos de Loki. Ele os golpeou com
tanta força que acertou o próprio olho. Loki deu um passo para trás
e balançou a cabeça para King enquanto estendia a mão para ele.
— O Conselho de Caçadores é treinado para essa merda. E Bane é
uma fera nesse tipo de coisa. Meu irmão também!
— Loki... — King ergueu a mão direita e pousou a palma
grande na bochecha molhada de Loki.
— Não. — Loki fechou as mãos na camisa de King. —
Estamos ligando para eles, e depois vamos ajudá-los a nos salvar.
Estamos derrubando esses filhos da puta. — Loki olhou por cima do
ombro para Marco, que acenou com a cabeça em solidariedade. —
Você me entende?
— Foda-se, querido. — King passou a mão por trás do
pescoço de Loki e puxou-o para frente, cobrindo a boca de Loki
com a sua.
Loki gemeu quando a língua quente de King lambeu seu
caminho entre seus lábios.
Deus, ele nunca se cansaria disso.
— Ei, pessoal, não querendo ser um matador de clima, mas
eu realmente não quero ver vocês dois se agarrando. — Marco
estava com a mão cobrindo os olhos.
— O que você diz, companheiro? — Perguntou Loki.
— Acho que devo ligar para Bane. — King se inclinou para
descansar sua testa contra a de Loki.
Uma onda de calor encheu o peito de Loki e irradiou de seu
corpo. Com um pouco de sorte, todo esse pesadelo acabaria logo.
Esperança. Esse era o sentimento preenchendo todo o ser
de Loki.

Capítulo 16

King estava sentado no sofá olhando para o celular que


Marco lhe dera.
Loki sentou-se à sua esquerda e Marco à sua direita.
Ambos dependiam dele para ajudá-los a escapar e, por Loki, ele
caminharia pelo Inferno.
— Então, você vai olhar para ele a noite toda ou o quê? —
Loki o cutucou no ombro.
— Querido... — King se recostou no sofá, inclinando a
cabeça para trás para olhar para o teto. — Não falo com Bane há
mais de cinco anos. Ele pensa que estou morto.
— Sim, até que viu você quando aqueles filhos da puta
atacaram a casa do alfa. — Retrucou Loki. Ele cruzou os braços
magros sobre o peito e suas bochechas ficaram rosadas de raiva.
— Cara, sei que não tenho cachorro nessa luta... — Marco
respirou fundo, esfregando as mãos nas coxas — mas Loki está
certo. Pelo que ouvi, você e Bane eram melhores amigos. Do jeito
que Brent fala, posso dizer que ele estava com ciúmes de sua
amizade.
— Não, cara. — King se virou para olhar para Marco. — Ele
tinha ciúmes por não ser a pessoa mais importante na vida do meu
pai. Seu soldado número um. — King levantou a mão para esfregar
o lado de sua cabeça onde a pele enrugada com uma cicatriz. —
Provavelmente por isso que ele tentou me matar.
Emoções que permaneceram adormecidas por mais de
cinco anos passaram por seu corpo como descargas elétricas. Elas
se construíram com cada momento que passava. Quando foi
baleado, sua vida acabou e ele se tornou uma besta irracional. Ele
não conseguia parar de fazer as coisas que tinha feito nos últimos
anos, e isso o irritou.
E, para ser justo, ele não era uma pessoa tão boa antes
disso.
King se virou para olhar para Loki. Foi Loki quem
finalmente abriu os olhos de King para o que estava acontecendo
ao seu redor. Ele não era melhor do que Brent naquela época, mas
era antes e isso era agora.
King se sentou e discou o número de Lucas. King não se
lembrava do antigo número de Bane e não tinha certeza se não
havia mudado depois de todo esse tempo.
Graças a Deus Loki se lembrava do número de seu irmão
adotivo.
— Aqui vai... — King sussurrou enquanto digitava o
número, colocando o telefone no ouvido. Tocou três vezes antes de
alguém atender.
— Alô? — Perguntou a voz profunda de Lucas.
— Ei, uh... — As palmas das mãos de King começaram a
suar. As palavras falharam com ele. A almofada em que se sentava
se moveu com o peso de Loki quando ele se aproximou, dando
apoio a King e provavelmente também ansioso para ouvir a voz de
seu irmão. — Bane está disponível?
— Sim. Espere um segundo. — King podia ouvir Lucas
gritando por Bane.
Alguns segundos se passaram até que ouviu os passos
fortes se aproximando do telefone.
— Alô? — A voz áspera de Bane veio do outro lado da linha.
King não conseguia fazer sua língua funcionar. Ele tentou, mas
ficou mole em sua boca. — Tem alguém aí?
— Bane... — King sussurrou tão baixinho que não teve
certeza se Bane o ouviu.
— Kingsley! — Gritou Bane. — É você?
— Sim. — A respiração de King saiu gaguejando de sua
boca. Seus pulmões se apertaram como se estivessem sendo
espremidos por um torno. — Sou eu.
— Como?
— Meu companheiro me trouxe de volta. — King se virou
para travar olhares com Loki.
— Companheiro? — Bane gritou. King podia ouvir Lucas
fazendo perguntas ao fundo. — É Loki, não é?
— Sim, irmão. — Os lábios de King se esticaram em um
sorriso. — Você falou isto há tantos anos.
— Coloque-o no viva-voz! — Gritou Lucas. — Loki! você
está aí?
— Ele está. Espere. Deixe-me colocar o telefone no viva-
voz. — King apertou o botão e Loki se curvou sobre o telefone.
— Irmãozinho... — O tom de Lucas soou áspero como se
estivesse sendo arrancado dele à força. — Você está bem?
— Na verdade, estou. — Loki começou a rir. — Deus, sinto
sua falta. Como estão nossos pais?
— Como acha? Eles tiveram que assistir outra criança ser
sequestrada. Eles estão uma bagunça. — Explicou Lucas.
— Avise que estou bem, mas não deixe que venham aqui.
Eu preciso que eles fiquem seguros, Lucas.
— Onde é ‘aqui’, Loki? — Perguntou Lucas.
— Posso? — Marco perguntou enquanto apontava para o
telefone.
— Quem é? — Bane disparou.
— O nome dele é Marco. Ele está ajudando a mim e ao
King. — Explicou Loki. — Ele meio que trabalha para o SNH, mas
está tentando fugir, e você, de todas as pessoas, sabe como é,
Bane. Não seja um idiota.
— Eu só estava curioso. — King quis rir. Bane era um
bastardo raivoso em seus melhores dias. É bom saber que algumas
coisas nunca mudavam. — Fale, Marco.
— Estamos em São Francisco. O SNH tem um complexo
perto da Ponte Golden Gate. Está localizado perto das falésias.
Posso enviar-lhe as coordenadas.
— Claro, Charles voltaria para São Francisco. — King
praticamente podia ver Bane revirando os olhos. — Isso seria
ótimo, Marco. Envie-as agora.
— O Conselho de Caçadores vai ajudar com isso? —
Perguntou King. — Se não, vou dar um jeito de nos tirar daqui. Não
permitirei que mais ninguém se machuque por causa do meu pai.
— Não! — Gritou Loki. — Eles vão nos ajudar porque não
vou perder você.
— Querido... — King puxou Loki para seu colo e o segurou
perto de seu peito.
— Não, King. — Lágrimas entupiram a garganta de Loki. —
Já perdi você uma vez. Não vou passar por isso de novo. — Loki se
afastou para olhar nos olhos de King. — Eu te amo.
— Eu também te amo, querido. — King selou seus lábios,
incapaz de resistir ao puxão.
Um cordão invisível ligava Loki a King. Um elo que nunca
poderia ser cortado. Mesmo com a morte. King voltou dos mortos
uma vez antes, e faria isso de novo por aquele homem.
— De todas as pessoas com quem ele teve que acasalar...
— A voz de Lucas se elevou. — Ok, pombinhos, vamos esclarecer
uma coisa. O Conselho dos Caçadores tem tudo a ver com derrubar
o SNH, então estamos dentro.
— Uma coisa dessas não precisa de aprovação? —
Perguntou King.
— Não quando sou o chefe do setor da Costa Leste. —
Disse Bane. — Mas vou contatá-los. Vamos precisar de reforços.
Nenhum erro será cometido desta vez. Eu cuidarei disso,
começando a partir de agora. Vou mandar uma mensagem para
este número quando chegar a hora.
— Muito obrigado, Bane. — King fechou os olhos e se
inclinou para o abraço de Loki. — Eu não tinha certeza depois de
tanto tempo e...
— Cale a boca! — Bane gritou. — Você é da família, King.
Sempre foi e sempre será. Então pare com essa merda. Estamos
indo atrás de vocês, gostem ou não. — A voz de Bane falhou e ele
tossiu ao telefone.
— Obrigado, Bane. — Loki disse quando King apenas se
sentou lá. — Ei, Lucas?
— Sim, amigo?
— Você não pode contar aos nossos pais. Apenas no caso.
— Os olhos de King queimaram com as palavras de Loki.
— Escute aqui, seu merdinha. Não vou contar a eles porque
não preciso que pensem que estão vindo nessa missão de resgate.
É para protegê-los. Você está voltando para casa, Loki. — Lucas
disse com um tom duro. — E King?
— Sim? — King enxugou os olhos úmidos.
— Mantenha meu irmão seguro até chegarmos lá, ou terei
que chutar o seu traseiro. Você pode ser seu companheiro, mas ele
é meu irmão.
— Cara! — Loki riu.
— Eu te amo, garoto. — Disse Lucas. — Vocês três fiquem
seguros e mantenham suas cabeças baixas até ouvirem de nós.
Depois de mais alguns minutos, King desligou a ligação. Um
enorme peso saiu de seus ombros, mas agora a preocupação
estava totalmente sobre eles.
— Estive pensando, King. — Marco se mexeu no sofá,
sentando-se no canto, de frente para ele e Loki. — Provavelmente é
melhor para o seu pai não saber que você recuperou suas
memórias. Sem contar o que fariam com você se descobrissem. —
Marco olhou para Loki. — Ou com você.
— Ele está certo, querido. — Loki assentiu com a cabeça. —
Você tem que continuar agindo como se tudo fosse status quo.
— Eu sei, mas vai ser difícil. — Não ter uma voz ou um
único pensamento próprio nos últimos cinco anos foi uma droga, e
agora que estava de volta ao que era antes, ele tinha que esconder
isso. — Mas vocês dois têm razão. Meu pai provavelmente
encontraria outra maneira de me controlar.
— Certo. — Marco concordou. — Você tem mais a perder
agora com Loki aqui.
— Isso é tão fodido. — King caiu de volta no sofá,
segurando Loki contra ele. — Eu finalmente recuperei minha voz e
não posso dizer tudo o que estou morrendo de vontade.
— Você terá sua chance assim que estivermos livres deste
inferno. — Loki se aconchegou mais perto. — Então, o que fazemos
agora?
— Esperamos. — King beijou o topo da cabeça de Loki,
respirando seu doce perfume.
King ficou bom nisso, mas agora tinha um motivo para
viver e lutar.
Quando tudo isso fosse dito e feito, o SNH não existiria
mais. Se fosse a última coisa que King fizesse, ele limparia aquela
organização tóxica do planeta de uma vez por todas.

Capítulo 17

Na manhã seguinte, King acordou com Loki sacudindo-o


para acordá-lo. Ele ajudou King a se preparar para o dia seguinte.
— Apenas lembre-se, não importa o que aconteça, não fale.
— Loki estava no fogão fazendo ovos mexidos em uma panela e
fritando bacon em outra. — Antes que minha mordida mágica
acordasse sua bunda grande, tudo o que você fazia era grunhir e
dizer frases de uma palavra.
— Bunda grande? — King contornou a ilha que os separava
e passou os braços em volta da cintura fina de Loki. — Sei de fonte
segura que você ama minha bunda grande. — King mordiscou o
pescoço de Loki, gentilmente empurrando seus quadris nas costas
firmes de seu companheiro.
— Sim. — Loki virou a cabeça para o lado para beijar King
na bochecha. — Mas eu me lembro do antigo você. É verdade que
não passávamos muito tempo juntos naquela época, mas você não
conseguia ficar de boca fechada. Precisamos que seja um pouco
dócil por enquanto.
— Eu sei. Eu sei. — King deu um último beijo sobre a
marca que havia deixado no pescoço de Loki e se virou para voltar
a se sentar no balcão alto. — Eu me lembro das coisas, querido.
Quando eu estava treinando, praticamente todo mundo ficava longe
de mim. Tenho certeza de que todos aqui estão com medo de mim.
— Quero dizer, entendo. — Loki serviu a comida e levou os
pratos para a mesa. — Você pode levar um tiro na cabeça e não
morrer. Eu também ficaria com medo se você viesse até mim em
um beco escuro.
— Loki, querido... — King agarrou a mão de Loki, virando-a
para beijar seu pulso. — Eu nunca atacaria você. — Ele sorriu. —
Só com meu pau.
— Acho que gostava mais quando você não podia falar. —
Loki riu quando King estendeu a mão e fez cócegas ao longo do
corpo. — OK! Ok! — Loki empurrou os ombros de King. — Agora
coma antes que os capangas do SNH venham te buscar.
King beijou Loki na bochecha e depois comeu seu café da
manhã. Ele estaria mentindo se dissesse que não estava nervoso.
Tanta coisa dependia dele jogar junto, mas King nunca era bom em
não falar o que pensava. Ele apostaria um milhão de dólares que
seu pai preferia que ele fosse um animal irracional.
Bem às oito horas, houve uma batida na porta. Loki se
afastou da pia onde estava lavando pratos e correu para King.
— Você consegue, querido. — Loki ficou na ponta dos pés e
passou os braços em volta do pescoço de King. — Eu te amo.
— Também te amo. — King apertou Loki. — Se não estiver
no nosso quarto, fique com o Marco. Entendeu?
— Sim, senhor. — Loki se afastou, sorrindo para ele.
— Eu gosto disso. — King deu um tapa na bunda de Loki. —
Fique seguro.
King se afastou de Loki e caminhou em direção à porta da
frente. Ele respirou fundo e abriu a porta. Os dois homens eram
gêmeos. Completamente idênticos. Eram os mesmos que recolhiam
King todas as manhãs. King não conseguia se lembrar de seus
nomes. Ele apertou os olhos e rosnou para os dois homens do outro
lado.
Um momento de prazer percorreu sua pele com o medo
nos olhos dos homens. Não passou despercebido por ele que ambos
tinham uma mão na arma em seu cinto. Ele não podia culpá-los. Se
tivesse a chance, rasgaria suas gargantas.
Uma vez do lado de fora, eles o levaram para o outro lado
do complexo em direção a outro prédio. Um dos homens digitou um
código e a porta se abriu. Um nove cinco sete. King guardou o
número na memória.
King seguiu silenciosamente atrás deles, absorvendo tudo o
que via. Ele sabia que o escritório de seu pai ficava naquele prédio.
Era mais fácil do que esperava ficar quieto.
Ninguém falou com ele ou mesmo realmente o notou. Um
erro do qual ele se aproveitaria.
— Cavalheiros. — Charles ergueu os olhos do arquivo que
tinha nas mãos. — Sem problemas, acredito? — Ele perguntou aos
dois homens parados um de cada lado de King.
— Sim, senhor. — Respondeu o capanga à sua direita.
— Ótimo. — Charles sorriu. — Parece que aquele
companheiro dele está mantendo-o calmo. — Ele apoiou o queixo
na mão. — Me faz pensar o que ele faria se seu companheiro fosse
colocado em perigo. Ou mesmo se o referido companheiro
morresse? Como King responderia a algo dessa natureza.
Os pelos dos braços de King se arrepiaram, e ele teve que
cerrar os dentes para não fazer algo de que se arrependeria. Algo
que poderia colocar Loki em perigo.
— Bom dia, Charles. — Era um homem de quem King se
lembrava, mas não de seu nome. Ele parecia ter mais ou menos a
idade de seu pai, sessenta e poucos anos. Nada de especial ao seu
redor. — Eu ouvi o que você estava dizendo, Charles, e é algo que
devemos considerar. — King olhou para o homem enquanto ele se
sentava em frente à mesa de seu pai. — Temos essa missão
planejada para esta noite. Deveríamos levar Loki conosco. Ver o
que acontece quando colocamos Loki na mistura. — O homem se
virou e sorriu para King. — Vamos ver o que ele faria se Loki fosse
tirado de cena. Pode ser um bom estudo de caso sobre
companheiros e a morte de um e seus efeitos sobre o que
sobrevive.
King lutou contra sua vontade de avançar e arrancar a
cabeça desse homem. Ser louco devia ser um pré-requisito para
trabalhar aqui.
— Cliff, não é uma má ideia. — Charles se inclinou para a
frente. — Podemos deixar Loki primeiro e esperar uma hora, depois
mandar King atrás dele.
— Senhor? — O guarda à esquerda de King falou. —
Desculpe interromper, mas acha que isso é sensato? Esses shifters
coiotes são implacáveis. Eles mataram outros shifters na área
circundante. Parece cruel fazer isso com qualquer um deles.
— Morgan, quando eu quiser sua opinião, vou pedir. —
Charles estreitou os olhos para o homem, Morgan. Ele então bateu
com o punho na mesa. — Até lá, fique de boca fechada. — Charles
estalou os dedos. — Leve King para a sala de treinamento.
Uma vez que estavam fora, King seguiu Morgan e o outro
homem por outro corredor.
— Juro que cansei dessa merda, Kale. — Disse Morgan. —
Todos os assassinatos e a brutalidade sem fim. Porra, cara! Veja o
que ele fez com seu próprio filho. — Morgan gesticulou de volta
para King. — Ele está doente.
— Morgan, acalme-se! — Sibilou Kale para o irmão. — Não
vamos ficar aqui por muito mais tempo. Vamos sair daqui de um
jeito ou de outro.
King ouviu a conversa deles e, pela primeira vez, realmente
olhou para os dois homens. Eles pareciam mais jovens do que seus
trinta anos. Morgan parecia bravo, enquanto o outro gêmeo, Kale,
parecia assustado.
Morgan digitalizou um cartão-chave e abriu a porta de uma
academia de última geração. Os dois irmãos nem estavam
prestando atenção em King enquanto brigavam. Foi engraçado
assistir. Isso o lembrou de como ele e Bane costumavam ser. Eles
continuaram a conversar, tão absortos que não perceberam que
King estava parado olhando para eles.
Um sorriso curvou seus lábios.
— Sim, em sacos para cadáveres. — Disparou Morgan. Ele
estendeu a mão, enfiando os dedos em seu cabelo castanho claro.
— Ele não está errado. De jeito nenhum meu pai deixaria
você ir embora. — Disse King. Ele se recostou na parede, sorrindo
para os dois irmãos atordoados.
— Que porra é essa? — Morgan pegou sua arma.
— Não precisa disso, garoto. — King revirou os olhos. —
Vocês dois estão falando sério sobre querer sair daqui?
— O que fazemos? — Kale sussurrou e se virou para o
irmão. — Isso está realmente acontecendo?
— Pelo amor de Deus! — King gemeu. — Ouçam, idiotas.
Recuperei o controle do meu cérebro de novo, ok? Não gastem
muito tempo pensando nisso. Apenas aceitem e respondam à
minha pergunta. Vocês dois realmente querem sair daqui? Vivos?
— Sim. — Respondeu Morgan.
Kale deu um tapa no braço do irmão.
— Queremos. — Disse Kale com mais força. — Meu irmão e
eu terminamos de cumprir as ordens de nosso pai.
— Pai? — King perguntou.
— Sim. — Kale se atrapalhou com a bainha de sua camisa
preta. — O homem do escritório do seu pai, Cliff. Bem, ele é nosso
pai.
— Caramba. — King balançou a cabeça. — Pássaros da
mesma plumagem, estou certo?
— Estou tão confuso agora. — Morgan olhou para King
como se estivesse com medo de que King o atacasse.
— Ouçam. — King deu um passo em direção aos gêmeos.
Os irmãos tinham pouco mais de um metro e oitenta. Ambos eram
musculosos, com peitos largos. Eles pareciam tão jovens, sem
linhas estragando seus rostos juvenis, mas King reconheceu a
cautela em seus olhos como se tivessem visto muito em suas
jovens vidas. — Você não tem motivos para confiar em mim. Na
verdade, estou me arriscando ao me expor a vocês dois. Mas acho
que podemos ajudar um ao outro.
— Por que nos ajudar? Por que se importa? — perguntou
Kale.
— Porque sou como você. — King balançou a cabeça.
Mechas loiras faziam cócegas em suas bochechas. — Na melhor das
hipóteses, se ficarem aqui, acabarão como eu. Um animal
irracional. Na pior das hipóteses, acabam mortos. Você realmente
quer enterrar seu irmão? — King dirigiu a pergunta a Kale.
Kale olhou para sua imagem espelhada. Os irmãos
pareciam ter uma conversa silenciosa entre si antes de voltarem o
foco para King.
— O que precisa de nós? — Perguntou Kale.
— Para começar, sua palavra. — King se aproximou e
baixou a voz. — Não posso permitir que meu pai saiba que estou de
volta ao que era antes. Tenho medo do que ele faria se
descobrisse. Em segundo lugar, tenho alguns amigos vindo invadir
este lugar. Quanto mais ajuda tivermos, mais rápido isso pode ser
feito, especialmente com pessoas que conhecem o layout aqui.
Entenderam?
— Você promete manter sua palavra? — Kale olhou de
Morgan para King. — Sairemos daqui em segurança e nunca mais
precisaremos voltar?
— Você tem minha palavra. — King estendeu a mão e Kale
a pegou. King aumentou seu aperto e puxou o homem para mais
perto dele até que estivessem nariz com nariz. — Mas se me trair,
será o primeiro que eu mato e vou fazê-lo assistir. — King acenou
com a cabeça em direção a Morgan. — Temos um entendimento?
— Temos. — Kale assentiu. — Queremos nos livrar de tudo
isso. Meu maior medo é que nosso pai faça conosco o que o Sr.
Houseman fez com você.
— Não vou deixar isso acontecer. Prometo.
— King... — A voz suave de Kale atraiu a atenção de King
para ele e para longe de seu irmão. — Nossos pais não estavam
brincando sobre esta noite. Há uma missão planejada. Por favor,
me diga que tem uma maneira de tirar todos nós daqui antes disso.
Ele enviará seu companheiro para lá e ele será morto. Eu vi o que
aqueles shifters coiotes podem fazer. Não é bonito.
— Sim, sobre isso... — King precisava encontrar Marco e
enviar uma mensagem para Bane. Ele tinha que deixá-los saber
que o tempo havia acabado. Seu pai doente planejava enviar Loki
para a morte, e isso não estava acontecendo sob seu comando. —
Vocês conhecem Marco?
— Sim. — Morgan olhou para Kale. — Nós fazemos. Ele é
um cara legal, King.
— Estou ciente. Preciso que enviem uma mensagem para
ele. — King chupou seus lábios.
Ele não estava confortável em acelerar esta queda, mas
que escolha tinha? A vida de seu companheiro estava em jogo.
Era a hora certa, com ou sem a ajuda de Bane.

Capítulo 18

Loki sentou-se do lado de fora no banco de concreto que


ele pensava como seu, tomando banho de sol. Algumas nuvens
brancas fofas no céu azul claro passaram enquanto o vento soprava
uma brisa constante. O cheiro de sal e musgo dançou sob o nariz
de Loki. Pela centésima vez, pensou que se não estivesse ali, com
aquelas pessoas, aquele seria um bom lugar para se viver. Ele
adorava a paisagem e os sons das ondas quebrando nos penhascos
rochosos. Foi lindo e o fez odiar Charles e o SNH ainda mais. Eles
estavam arruinando a Califórnia para ele.
Loki fechou os olhos e apenas deixou o calor do sol e a leve
brisa soprarem em seu rosto. Pela primeira vez as coisas estavam
indo na direção certa. Depois de tudo o que ele perdeu e passou,
finalmente conseguiu uma pausa naquela coisa chamada vida.
— Ei, Lo. — Loki abriu um olho para ver Marco parado ao
lado do banco. Suas mãos tremiam e o fedor da ansiedade
emanava do homem em ondas. — Precisamos conversar.
— Bem, merda. — Loki se moveu para dar espaço para
Marco se sentar ao lado dele. Não era incomum que passassem
tempo juntos. Marco foi instruído a ficar de olho em Loki desde que
os viram conversando. Os tolos do SNH não tinham ideia de que
eram amigos. — Não gosto da sua cara. O que está acontecendo?
— Estive trocando mensagens com Bane. — Marco baixou a
voz e inclinou a cabeça para baixo. — King descobriu algumas
informações. O Conselho de Caçadores está invadindo o complexo
esta noite.
— Isso é tempo suficiente para arrumar as coisas? Qual é o
plano?
— Não importa se é tempo suficiente ou não. Bane está
coordenado com o setor da Costa Oeste do conselho e estão
preparados para atacar esta noite. — Marco olhou para Loki com o
canto do olho e rapidamente desviou o olhar.
— O que não está dizendo, Marco? — O coração de Loki
batia forte em seu peito, chocalhando contra sua caixa torácica. O
cheiro amargo do medo os cercava, e Loki não tinha certeza se era
dele ou de Marco.
— King ouviu o que Charles planejou para esta noite. Não é
bom, Lo. Você não pode estar aqui para isso.
— Por que não posso estar aqui? — A voz de Loki começou
a aumentar.
— Pelo que King me contou, o plano é deixar você no
território dos coiotes, e digamos que não é para você fazer amigos.
Este bando de shifter é de assassinos. Eles mataram famílias
inteiras, matilhas e pequenas cidades. Temos rastreado esse grupo
nos últimos seis meses e nunca conseguimos uma leitura de sua
localização até alguns dias atrás. — Marco levantou a mão para
esfregar a nuca.
— Ele quer se livrar de mim por causa da minha ligação
com King. — Por que isso sempre acontecia? Ele ficaria feliz, então
algo horrível aconteceria e acabaria com sua felicidade. — Bem,
não podemos deixar isso acontecer agora, podemos? — Loki olhou
para Marco.
— Não, não podemos, Lo. — Marco assentiu com a cabeça.
— Vamos derrubar esses filhos da puta hoje à noite. Não há como
voltar atrás agora.
— Ótimo! — Loki assentiu com a cabeça.
Uma força que ele não sabia que tinha bombeou seu
sangue. Ele tinha um companheiro para manter a salvo, um novo
amigo para proteger e uma vida esperando por ele além daquelas
paredes de concreto.

*****
Loki passou pelo apartamento dele e de King. Seu olhar
continuou piscando para as janelas enquanto o sol se punha no céu
nublado laranja e roxo. Pelo que Marco disse, o Conselho de
Caçadores atacaria logo após o anoitecer, mas nem King nem
Marco sabiam quando Charles iria buscar Loki. Charles não era
muito de avisar quando as missões aconteceriam. Ele mantinha
todos em espera.
— Querido, pare de andar. — King veio atrás de Loki,
envolvendo seus braços grossos e quentes ao redor dele, parando-o
em seu caminho. — Não vou deixar que levem você. Bane disse
que o chefe do Conselho da Costa Oeste, Sebastian, está de olho
no complexo. Você não vai embora daqui sem mim.
— Eu sei, querido. — Loki se virou no abraço de King e
segurou firme em seu companheiro. — Estou com tanto medo de
todas as incógnitas. Não quero que nada aconteça com você ou
Marco. Porra, até os gêmeos com quem você fez amizade hoje
estão contando com a gente para não estragar tudo.
— Não se estresse. Isso tudo vai acabar logo e não passará
de uma lembrança ruim. — King beijou o topo da cabeça de Loki. —
Estaremos livres para viver nossas vidas juntos.
— Eu gosto do som disso. — Loki esfregou o rosto no peito
de King, deixando seu perfume amadeirado cobrir seu rosto.
Uma batida forte na porta fez os dois pularem. Loki olhou
pela janela para ver que a noite havia caído. Sua frequência
cardíaca aumentou e ele se agarrou a King com mais força. Outra
batida fez King se afastar dele e caminhar em direção à porta. Ele a
abriu.
— Ei, King. — Os gêmeos estavam do lado de fora da porta.
Loki não tinha certeza de qual deles estava falando. Eles eram
muito parecidos. — Fomos enviados para recolher vocês dois. — O
homem olhou de King para Loki, em seguida, lançou um olhar para
a esquerda. Uma gota de suor escorria pela lateral do rosto do
homem.
O da direita entrou totalmente na sala e sussurrou tão
baixo que Loki mal o ouviu.
— Por favor, diga-me que seu pessoal está próximo.
King assentiu com a cabeça. O gêmeo ainda no corredor
soltou um suspiro e cedeu um pouco de sua postura rígida.
— Querido, vamos. — King estendeu a mão para Loki. Ele
pegou, e King o puxou para perto para pressionar um beijo casto
em seus lábios. — Não se preocupe. Nós temos isso.
— Ok. — Loki disse com mais confiança do que realmente
sentia.
Loki, com King ao lado dele, segurando sua mão, seguiu os
gêmeos pelo corredor e entrou no elevador. Assim que chegaram
ao nível do solo, as portas se abriram. A forte luz artificial no
corredor fez Loki semicerrar os olhos contra a forte iluminação. Ele
se agarrou com mais força à mão de King e saiu do prédio.
— Boa noite, Loki. — Charles estava parado do lado de fora
da entrada do prédio. Um grande grupo de homens cercou o pátio.
Brent ficou de lado, um largo sorriso perverso em seu rosto feio. Os
sons da hélice do helicóptero soavam ao longe. — Eu tenho
pensado que está preso aqui há muito tempo. Achei que seria bom
deixar você nos ajudar em uma missão esta noite. Que tal?
— Eu tenho escolha? — Loki perguntou, e King rosnou de
onde estava ao lado dele.
— Oh, meu doce menino. — Charles caminhou até ficar
bem na frente de Loki. Ele estendeu a mão para acariciar os dedos
na bochecha de Loki. Quando ele alcançou seu queixo, ele o
agarrou. — Sempre há uma escolha, mas não para você. — King
bufou e rosnou ao lado dele. Loki apertou a mão de seu
companheiro. Ele não podia deixar King atacar ainda. — Vamos. —
Charles estalou os dedos e se afastou.
Loki respirou fundo. Ele se virou para olhar para King. Ele
balbuciou: “eu te amo”.
— Oh, pelo amor de Deus, mova-se! — Brent estalou
enquanto agarrava Loki pela frente de sua camisa e o puxava para
frente. King se lançou para frente, mas Brent estava pronto para
ele. Ele apontou uma arma para a cabeça de Loki. — Faça isso. Eu
imploro. — Brent disse com alegria demais para o gosto de Loki. O
cano duro e frio cravou-se em sua têmpora. — Há anos que procuro
um motivo para acabar com esse filho da puta.
— Eu vou matar você. — King grunhiu com os dentes
cerrados.
— Kingsley? — Charles virou-se, as sobrancelhas
apontando para a testa.
— Não se preocupe, pai. Você não estará vivo o suficiente
para se perguntar como isso aconteceu.
Os sons de explosivos dispararam. Um rangido alto soou ao
longe. Brent se virou, ainda segurando Loki contra o peito. Loki
observou o portão de metal da frente cair no chão. Homens
avançaram com armas nas mãos.
— O que diabos está acontecendo? — Charles gritou.
— Solte-o! — King gritou.
— Acho que não, King. — Brent riu. Ele inclinou a cabeça
para sussurrar. — Eu me pergunto o que vai acontecer quando ele
assistir você morrer? — Brent beijou a bochecha de Loki.
O engatilhamento do cano fez com que o olhar de Loki se
voltasse para King. Num piscar de olhos, King se transformou em
sua forma híbrida e saltou em direção a eles assim que a arma
disparou. Uma faixa de fogo deslizou sobre sua testa e um líquido
quente escorreu por seus olhos.
As pernas de Loki cederam quando ele foi empurrado para
o chão. Os sons de tiros e lutas encheram a noite. Loki lutou para
manter os olhos abertos. Ele virou a cabeça e observou King
agachado por cima de Brent arranhando o rosto do outro homem.
Loki se virou, incapaz de assistir mais.
— Loki! — Ele ouviu a voz de Lucas e abriu os olhos para
ver seu irmão. — Aguente firme, irmãozinho. — Lucas alcançou sob
os joelhos e ombros de Loki, erguendo-o no ar.
— Não. — Loki lutou contra o aperto de seu irmão, mas não
conseguiu se libertar. Sua visão entrava e saía de foco. — King.
— Confie em mim, ele está bem. — Disse Lucas.
— King! — Gritou Loki. Ele não poderia partir sem King.
— Querido, pare de lutar. — Loki abriu os olhos e encontrou
o olhar azul profundo de King. — Vá com Lucas. Você levou um tiro
e não posso lutar se não souber que está seguro. Por favor,
querido.
— Não morra. — Lágrimas caíram de seus olhos,
misturando-se com seu sangue.
— Não estou planejando. — King se inclinou e roçou seus
lábios nos de Loki. — Eu te amo.
— Também te amo. — Loki observou King se virar e correr
em direção a um dos prédios.
— Não se preocupe com ele, Loki. Depois do que acabei de
ver seu companheiro fazer, ele vai ficar bem. — Lucas correu em
direção à entrada da frente, embalando Loki em seu peito. — E
Bane não vai deixar nada acontecer com ele.
Loki assentiu e estremeceu quando a dor disparou em sua
cabeça. A dor tornou-se demais.
Por favor, Deus. Não deixe nada acontecer com ele.
Loki não conseguiu impedir que a escuridão o dominasse e
caiu no vazio.

Capítulo 19

King assistiu impotente enquanto Brent puxava o gatilho da


arma. Seu corpo parecia estar se movendo na água. Tudo
aconteceu em câmera lenta e ele não conseguiu impedir.
King se livrou do choque e saltou no ar, abordando Brent,
mas não antes de Brent dar um tiro. A bala passou de raspão na
testa de Loki.
A visão do sangue escorrendo da cabeça de seu
companheiro fez o corpo de King mudar e se transformar em algo
não muito humano, nem muito shifter. Seus músculos incharam e
pulsaram, e ele ficou mais alto. Ele era imparável naquela forma.
Brent também era um híbrido, mas não tão forte quanto
King. Aquela era uma batalha que aquele idiota perderia. O punho
de King voou para baixo repetidamente até que não restasse mais
nada de Brent.
— King!
O som da voz de Loki acalmou King, e ele saiu do cadáver
de Brent e correu para seu companheiro. Lucas pegou Loki e os
dois estavam discutindo.
— Querido, pare de lutar. Vá com Lucas. Você levou um tiro
e não posso lutar se não souber que está seguro. Por favor,
querido. — King fixou os olhos em Lucas, e o outro homem
assentiu. Palavras não eram necessárias. Ele queria Loki fora dali.
Ele observou Lucas sair correndo com Loki, certificando-se
de que saíssem com segurança do perigo. Saber que Loki estava
seguro permitiu que se concentrasse. Ele precisava encontrar seu
pai e acabar com isso.
— King! King! — King virou-se para ver Marco e os gêmeos
correndo em sua direção. — Eles estão se espalhando como
formigas.
— Não se preocupe com eles. O Conselho de Caçadores irá
prendê-los. — King verificou os três homens à sua frente. Kale, ou
era Morgan, tinha sangue escorrendo pela testa. — Você está bem,
cara?
— Sim. — O gêmeo limpou o ferimento. — Levei uma
pancada na cabeça tentando seguir seu pai.
— Para onde ele foi? — Perguntou King.
— Na direção do prédio que abriga seu escritório. —
Respondeu ele.
King olhou naquela direção. A fumaça cobria o espaço entre
eles e aquele prédio. Lobos e híbridos lutaram entre si em uma
sinfonia de sons.
— Amigo ou inimigo, filhos da puta? — King se virou, e um
sorriso iluminou seu rosto ao ver seu melhor amigo. A voz de Bane
estava distorcida em sua forma alterada. O homem tinha pelo
menos dois metros de altura e as veias de seus braços se
destacavam em nítido contraste com sua pele bronzeada. Seu olhar
feroz fixou-se em Marco e nos gêmeos.
— Eles são amigos, cara. — King se lançou sobre Bane,
envolvendo-o em um abraço apertado. Parecia que foi ontem que
estavam juntos. O corpo de Bane murchou e ele devolveu o abraço
de King.
— Porra, King. — Bane o apertou mais uma vez antes de se
afastar. — É bom te ver.
— Da mesma forma. — King olhou para o prédio onde seu
pai havia entrado. — Você está pronto para acabar com isso?
— Como se você tivesse que perguntar. — Bane ergueu o
punho para King, e eles bateram as mãos. — Vamos fazer isso.
— Estamos indo! — Disse o gêmeo ileso.
— Malditos gêmeos. — O olhar de Bane saltou entre os dois
irmãos.
— Sim, o pai deles trabalha para o meu pai. — King virou-
se para os irmãos. — Sabem que ele é um homem morto, certo?
— Ele é um desde que fez isso conosco. — Respondeu o
irmão com o corte na testa.
— Vamos chutar alguns traseiros. — Bane deu um tapinha
nas costas de King. — Como nos velhos tempos.
— Só que desta vez estamos do lado dos mocinhos. — King
sorriu.
King liderou o caminho em direção ao prédio. Eles se
esquivaram da luta acontecendo ao seu redor. Na porta, King
digitou o código e virou. Ele empurrou a porta aberta e saiu pelo
corredor, procurando por seu pai. Eles se separaram de Marco e
dos gêmeos, que procuravam o pai dos gêmeos.
— Podemos confiar nesses caras? — Perguntou Bane.
Sempre o cético.
— Sim. — King virou à direita e se dirigiu ao escritório de
seu pai. — E antes que me pergunte como, apenas faço. Marco fez
amizade com Loki instantaneamente e cuidou dele desde que
chegamos aqui. E os gêmeos? Eles têm a mesma expressão que eu
quando falo sobre meu pai.
— Se confia neles, isso basta para mim. Tenho trabalhos
para eles, se quiserem voltar para Silver Creek conosco. O
Conselho de Caçadores está sempre procurando por pessoas.
— Algo me diz que estariam interessados. — King sorriu
para o amigo e virou a cabeça, seguindo o cheiro do pai. Isso os
levou a uma saída de emergência. — Me pergunto aonde isso vai...
— Só há uma maneira de descobrir. — Bane acenou com a
cabeça em direção à porta e King a abriu.
A porta se abriu para um campo gramado. À distância, ele
podia ver o helicóptero aparecer. Os sons de chicote das hélices
encheram o ar enquanto voava mais perto, preparando-se para
pousar. King e Bane correram em direção à plataforma de pouso.
Um estrondo alto soou e King se virou para ver seu pai com uma
arma na mão.
— Foda-se! — Gritou Bane. King se virou para ver seu
melhor amigo deitado no chão, a mão apertada sobre a perna. O
sangue escorria de sua mão.
— Bem, isso não é uma surpresa. — Charles segurou a
arma apontada para Bane, mas olhou para King. — Alguém poderia
pensar que você ficaria mais grato, Bane. Afinal, criei você, e é
justo que eu acabe com você.
— Pai, não! — King pulou na frente de Bane.
— Kingsley, você foi uma grande decepção. — Charles riu.
— Desde o dia em que nasceu pude sentir o cheiro da fraqueza em
você. Estou feliz que sua mãe não estava por perto para ver o que
se tornou. Uma putinha covarde. — Charles disse que as palavras
com tanta força que a saliva voou de seus lábios.
— Talvez para você, mas não para todos. — As palavras de
seu pai o teriam magoado em sua juventude, mas não mais. — E
você está certo sobre uma coisa. — King sorriu. — Ainda bem que
mamãe não está aqui para ver com que merda ela foi casada. Ela
merecia mais do que você.
— Talvez sim, mas ainda assim venci. — Charles ergueu a
arma e King disparou em sua direção.
Um tiro, depois outro, cortou o ar. O impacto fez King
tropeçar, mas ele empurrou para frente. A dor irradiava em seu
estômago, mas não conseguia parar. Antes que seu pai pudesse
dar mais um tiro, King envolveu uma mão em torno da mão que
segurava a arma e a outra mão em volta da garganta de seu pai.
King começou a apertar. Seu pai largou a arma e agarrou a mão de
King.
— Muitas vezes me perguntei por que você fez tudo isso. —
O gosto de cobre encheu a boca de King. — O que fez com que se
tornasse um monstro. — King apertou ainda mais quando os olhos
de seu pai se arregalaram. — Mas percebo que o porquê não
importa mais. Você é um velho fraco que vai morrer sozinho e
ninguém vai se importar. Então, não, pai, você não vence. Eu
venço.
As mãos de Charles afrouxaram e King observou enquanto
a vida se esvaía de seu pai. Muitas vezes ele se perguntou, anos
atrás, se sentiria alguma coisa quando o velho morresse, mas não
sentia. Tudo o que sentiu foi alívio. King largou o corpo sem vida de
seu pai no chão e tropeçou em direção a Bane.
— Você está bem, Bane? — King perguntou enquanto caía
de joelhos.
— Estou bem. — Bane estendeu a mão para King, puxando-
o para mais perto. — Você levou dois tiros no estômago. Estou
mais preocupado com você.
— Você não ouviu? — Perguntou King. — Eu sou quase
impossível de matar. — King cai no chão ao lado de Bane.
— Você é um idiota. — Bane riu. — É bom saber que
algumas coisas nunca mudam.
King sorriu enquanto fechava os olhos. A dor finalmente
decidiu chutar e tirou seu fôlego. Ele não ia morrer. Não naquele
dia. Ele ganhou.
King podia ouvir Bane conversando com alguém, mas não
estava prestando atenção. As vozes soavam distantes, como se
flutuassem ao vento.
Depois de todos aqueles anos, acabou. A matança e a luta
finalmente chegaram ao fim. Pela primeira vez, King conseguiu
relaxar e olhar para o futuro.

Capítulo 20

Dois dias. Dois dias se passaram desde que Loki viu seu
companheiro. Dois dias muito longos que pareceram uma vida
inteira, mas duraram apenas 48 horas. Loki ficou olhando pela
janela da cozinha localizada sobre a pia. Ele olhou para fora
notando nada em particular, muito perdido em seus pensamentos
sobre King.
Loki sentia falta dele. Ele entendeu a necessidade de seu
companheiro ajudar o Conselheiro dos Caçadores a questionar as
pessoas que trabalhavam para o SNH. Era importante, mas ainda
doía que seu companheiro não estivesse com ele. Claro, ele estava
sendo egoísta, mas não poderia ser? Depois de tudo que passou em
sua vida, seria demais para ele apenas ser feliz?
Você está sendo um idiota totalmente egoísta. A voz dentro
de sua cabeça riu dele. Sua consciência era uma idiota, mas
também certa. O chefe do SNH havia sido retirado. Agora o
Conselho de Caçadores poderia desmontar a organização peça por
peça.
— Filho, pare de se lamentar. — Seu pai, Ethan, passou por
Loki para colocar sua caneca de café na pia. — Não é como se não
soubesse que King está bem.
— Não é o ponto, pai. — Loki soltou um suspiro dramático.
— Só sinto falta dele.
— Loki. — Ethan colocou um braço em volta dos ombros de
Loki e o conduziu até a mesa redonda da cozinha em frente às
portas de vidro que davam para o quintal. Ele puxou uma cadeira e
Loki se jogou nela. — Ele está com seu irmão e Bane. Ele está
ajudando a reunir os soldados restantes do SNH. Eles não podiam
simplesmente abandonar aquela instalação. Deixado sem vigilância,
não há como dizer o que poderia acontecer. Além disso, tiveram
que encontrar moradia para os shifters mantidos em cativeiro lá.
— Pai. — Loki gemeu. — Eu odeio quando você cospe fatos.
Eu quero ficar chateado porque meu companheiro não está aqui.
Não pode simplesmente me satisfazer?
— Seu companheiro. — Disse seu pai em um tom suave. —
Não tenho certeza se algum dia vou me acostumar com isso.
Loki olhou para seu pai e sorriu. Seus pais eram homens
fortes. Eles ficaram indefesos quando seus dois filhos foram
sequestrados e então tiveram que sentar e aceitar quando eles se
acasalaram com seus sequestradores. Acontecer uma vez já seria
ruim o suficiente, mas duas vezes? A pior sorte de todas, mas seus
pais permaneceram fortes e estavam felizes por ter seus filhos de
volta, mesmo com quem estavam acasalados.
Depois que Brent atirou em Loki, Lucas o colocou em uma
van que o transportou para receber atendimento médico. Ele foi
então enviado de volta para casa em Nehalem. Ele queria ficar para
estar com seu companheiro, mas Lucas não permitiria. Quase
quebrou seu coração quando Lucas disse a ele que King
concordava.
Uma pequena parte do coração de Loki desmaiou sabendo
que seu companheiro queria mantê-lo seguro, como se Loki fosse
uma joia preciosa que precisava ser protegida. Ele não era, mas
ainda era um sentimento agradável. Mas no momento em que visse
King, ele estaria dando a ele um belo discurso. Loki era um shifter
lobo, podia se controlar e queria ficar ao lado de seu companheiro.
Só porque King era um híbrido maior que a vida, não significava
que Loki não se preocupasse. Tudo o que ele fez foi se preocupar
nos últimos dois dias.
— Pai, prometo que vai gostar dele. — Loki arrastou a
cadeira para mais perto de seu pai, passando o braço sobre os
ombros e abraçando-o com força. — Claro, quando ele me levou,
não foi legal. Ele era mais besta do que homem, mas não foi uma
coisa ruim. — Um sorriso curvou seus lábios, e memórias o
inundaram. — Foi meio quente.
— Sim, não. — Seu pai se levantou e estalou os dedos no
nariz de Loki. — Eu já fui jovem, e também estou acasalado com
um shifter lobo. Não preciso ouvir todos os detalhes gráficos de sua
união. — Seu pai estremeceu. — Loki, filho, digo isso com o
máximo de amor possível, mas precisa sair de casa. Vá fazer algo
para esquecer a saudade do seu companheiro. Apenas lembre-se
do jantar na casa do alfa às seis. — Um zumbido veio do bolso de
seu pai. Ele pescou seu telefone, rindo. — Por que não vai se
encontrar com os meninos na cafeteria? Sei que seus amigos
sentiram sua falta.
— Tudo bem. — Loki resmungou sem motivo algum a não
ser ficar amuado. — Vejo você no jantar.
Loki pegou as chaves de seu Jeep do gancho perto da porta
da garagem. Ele girou a maçaneta da porta, apenas para encontrar
seu outro pai. Um guincho nada masculino saiu dos lábios de Loki,
e ele não teve vergonha de dizer que pulou um metro e meio no ar.
— Assustei você, garoto? — Seu pai, Holden, estendeu a
mão para beliscar a bochecha de Loki.
— Caramba, pai. — Loki tinha uma mão junto ao peito. —
Você quase me deu um ataque cardíaco.
— Impossível, filho. — Quando Holden passou por Loki, ele
se inclinou para beijar o topo de sua cabeça. — Você é um shifter.
Vai precisar mais do que isso para te matar.
— Bom saber, mas ainda assim...
Loki entrou na garagem e entrou em seu Jeep. Ele sentia
falta de poder dirigir e apenas ir a qualquer lugar que quisesse.
O sol estava alto acima dele. Um azul brilhante com zero
nuvens povoando o céu. Loki abaixou a janela e respirou o cheiro
de flores silvestres e o que cheirava a chuva no ar.
Ele adorava morar em Nehalem. A natureza o cercava e
mantinha seu conteúdo de lobo. Ali fora poderia mudar e correr na
floresta sem ser visto. Era uma sensação libertadora estar de volta
em casa, mas sem King parecia não deixá-lo tão feliz quanto antes.
A viagem até Silver Creek levou menos de vinte minutos.
Silver Creek tinha uma aparência moderna, mas também tinha
aquela sensação de cidade pequena onde todos se conheciam. Ela
havia se expandido ao longo dos anos, mas nunca perdeu sua
vibração saudável.
Loki estacionou em uma vaga em frente ao Early Bean
Café. Os pais de seus amigos Kieran e Abe eram os donos do café,
e seus amigos trabalhavam lá quando não estavam na escola.
Loki caminhou em direção à porta e sorriu e balançou a
cabeça quando viu Jackson sentado no balcão comendo um muffin
enquanto os dois irmãos discutiam atrás do balcão. Jackson era
filho do alfa da matilha e um dos melhores amigos de Loki.
— Ei, Lo-Lo! — Jackson pulou da cadeira e correu até Loki,
envolvendo-o em seus braços grossos e longos. Jackson tinha pelo
menos um metro e oitenta e cinco e pesava quilos e quilos de puro
músculo. Não doía que Jackson tivesse uma personalidade
acolhedora e fosse muito bonito. Ele tinha aquela coisa de garoto
da porta ao lado, e ele arrasava totalmente. Jackson um dia seria o
alfa da Matilha Nehalem, algo que seu amigo não tinha vontade de
fazer. — Senti sua falta, cara.
— Loki! — Abraham se espremeu entre o enorme peito de
Jackson e abraçou Loki pela cintura. Abe e Loki eram semelhantes
em tamanho. Abe tinha a pele mais pálida, que queimaria
instantaneamente se ficasse fora por muito tempo. Seus brilhantes
olhos azuis estavam alegres, e ele tinha uma mecha de cabelo loiro
avermelhado no topo de sua cabeça. Ele também era o mais novo
do grupo de amigos.
— Abram espaço, vadias. — Kieran, o irmão mais velho de
Abe, empurrou os outros dois para o lado para abrir espaço para si
mesmo.
Kieran tinha a mesma pele pálida de seu irmão mais novo,
mas seu cabelo era castanho claro com mechas loiras entrelaçadas.
Ele também era alto como Jackson e tão musculoso quanto.
Jackson e Kieran sempre assumiram a responsabilidade de serem
os protetores de Loki e Abe.
— Senti saudades de vocês. — Loki fechou os olhos e
respirou os cheiros familiares de seus amigos. Ele sorriu porque
aqueles três caras podiam não ser seus irmãos de sangue, mas isso
não importava. Eles eram família.
— Estávamos com tanto medo, Lo-Lo. — Abe agarrou a
camisa de Loki como se estivesse com medo de que Loki
desaparecesse dele. — Depois do ataque... Então você foi levado.
Nossos pais ficaram apavorados.
— Não é brincadeira, cara. — Jackson soltou e puxou Loki
pelo braço em direção a uma mesa. Abe soltou e os seguiu, assim
como Kieran. — Nossos pais instalaram um toque de recolher. Você
pode acreditar nessa merda? Kieran e eu temos 21 anos. Eu tenho
um para você e Abe aqui. — Jackson se inclinou sobre a mesa e
bagunçou o cabelo despenteado de Abe.
— Ah, cale a boca, Jack. — Abe estalou os dentes para
Jackson.
— Eu entendo. — Kieran, sempre a voz da razão, falou. —
Todo mundo estava com medo. Quero dizer, depois do que
aconteceu com Lucas e Alfie, nossos pais e companheiros de
matilha tinham todos os motivos para serem superprotetores. —
Um silêncio tomou conta da mesa enquanto eles concordavam com
a cabeça. — Falando nisso, você viu Alfie e Jonah?
— Eu vi ontem. — Loki assentiu. — Muito legal que Alfie e
SJ vão se casar. Estou feliz por eles.
Uma pontada de saudade percorreu o coração acelerado de
Loki. Ele não estava com ciúmes de Alfie e seu companheiro, mas,
caramba, queria todas essas coisas também. Casar, construir uma
casa e começar uma família.
— O que há com esse rosto? — Abe acenou com a mão
esguia na frente do rosto de Loki. — Pelo que ouvi, não vai demorar
muito até que esteja fazendo a mesma coisa que eles. — Abe
revirou os olhos dramaticamente. — Meio que dói termos que ouvir
de nossos pais de todas as pessoas que você encontrou seu
companheiro. — Abe gritou de alegria. — Só tive um vislumbre de
King quando ele arrebatou você, mas caramba... — Abe respirou
fundo e abanou o rosto com a mão. — Tão gostoso.
— Tão nojento. — Kieran empurrou sua mão enorme sobre
o rosto de seu irmão. — Não é educado babar pelo companheiro de
outra pessoa.
— Oh, está tudo bem. — Loki acenou com a cabeça. — Ele
é totalmente gostoso.
— Sério, Lo-Lo. — Jackson falou. — Você está feliz? Tipo
realmente feliz? — Aqueles olhos verdes penetrantes encaravam os
de Loki.
— Estou. — Loki esfregou o peito. Seu coração estúpido
tinha vontade própria hoje. — Eu disse a vocês que havia algo nele.
Claro, na época, eu nunca teria imaginado que ele era meu
companheiro, mas faz sentido agora. — Loki fechou os olhos,
fazendo o possível para impedir que as lágrimas quentes caíssem.
— Sinto muita falta dele.
O sino da porta da frente tocou, mas Loki não se virou para
ver quem havia entrado no café. Pensar em King o distraiu a ponto
de entorpecimento.
As cabeças de seus amigos se ergueram. Uma garganta
pigarreou e um cheiro de fogo fez Loki se virar tão rápido que
perdeu o equilíbrio. Foi preciso Jackson pegá-lo para impedi-lo de
cair de bunda.
— King! — Loki correu para frente, batendo no peito duro
de King, respirando seu cheiro único, fogo e gelo. Ele esfregou o
rosto entre os peitorais sólidos e duros de King, querendo se cobrir
com o cheiro de seu companheiro. Loki se afastou o suficiente para
olhar nos olhos azuis de King.
— Ei, querido. — Os olhos de King se enrugaram nos cantos
enquanto seu sorriso se alargava. — Está com saudades?
— Não. Na verdade, não — Loki brincou e fez seu
companheiro resmungar e apertar a cintura de Loki.
— Vamos seguir em frente e partir. — Kieran estendeu uma
chave para Loki. — Tranque quando você, uh, terminar. — As
bochechas de Kieran estavam vermelhas.
— Lembre-se de que não há sexo aqui. — Abe sorriu para
Loki. — O departamento de saúde desaprova isso. Pelo menos é o
que meus pais dizem.
— Oh, Deus, pare de falar. — Kieran colocou a mão sobre a
boca de Abe. — Desculpe por este. — Ele acenou com a cabeça
para o irmão. — Mas é um prazer conhecê-lo. Loki merece ser feliz.
— Vou mantê-lo feliz também. — King roçou os lábios nos
de Loki em um beijo que não durou tanto quanto Loki gostaria.
King se virou para olhar para o círculo de amigos de Loki. — King, e
você é? — King estendeu a mão para Kieran, que a pegou com um
sorriso de aceitação.
— Oh, merda, desculpe. — Loki se virou para apresentar
seus melhores amigos. — Este é Kieran e seu irmão, Abraham, mas
nós o chamamos de Abe. — King então apertou a mão de Abe. — E
este é Jackson. Ele é o filho do alfa. — King estendeu a mão para
Jackson, mas levou um momento para Jackson segurá-la.
— Ele é um de nós. — Os olhos verdes de Jackson
brilharam. — Se você machucá-lo, vou machucar você. — Os olhos
de Loki se arregalaram com a demonstração de domínio.
— Eu não esperaria nada menos, Jackson. — King
sustentou o olhar de Jackson. — Mas não tem nada com que se
preocupar. — King olhou para Loki e então de volta para Jackson.
— Eu o amo mais do que a própria vida. Prefiro morrer a deixar que
qualquer mal aconteça a ele.
— Ok. — Jackson assentiu uma vez. — Aceito isso. — Um
sorriso perverso curvou os lábios de Jackson. — Eu sou uma tarefa
simples, mas nossos pais... não tanto, então boa sorte esta noite.
— Jackson deu um tapinha no braço de King ao passar por ele.
— O que tem hoje à noite, querido? — King se virou para
circundar Loki em seus braços, dobrando os joelhos para que ele
ficasse mais ao nível dos olhos dele.
— Jantar em família na casa do alfa. — Loki não conseguia
parar de sorrir, os últimos dois dias esquecidos. Ele observou o
rosto barbeado de King, e seu longo cabelo loiro estava preso em
um coque solto na parte de trás de sua cabeça. Ele usava jeans
azul claro e uma camiseta preta justa. Ele parecia bom o suficiente
para comer. — Deus, senti sua falta.
— Eu também. — King lentamente se inclinou,
pressionando seus lábios quentes nos de Loki. — Muito.
Loki gemeu quando King aprofundou o beijo. Sua língua
lambeu dentro da boca de Loki, que a chupou.
— Que calor! — Loki ouviu Abe sussurrar.
— Pelo amor de Deus, você precisa de ajuda, Abe. —
Kieran gemeu.
Loki ouviu o sino tocar quando seus amigos saíram, os três
homens discutindo em sussurros enquanto paravam do lado de fora
da porta. Loki começou a rir.
— Seus amigos são legais. — King pressionou sua testa
contra a de Loki.
— Eles crescem em você. — Loki não conseguia parar de
sorrir. Ele respirou fundo e se afastou de King. Ele agarrou sua mão
e o levou a um sofá no canto mais distante. — Então, qual é o
plano?
Loki estava se perguntando o que aconteceria agora. Ele e
King eram companheiros, mas o que isso significava para eles?
King viveria ali ou Loki deveria se mudar para longe de sua família?
Havia muitas incógnitas, e Loki não gostou daquela sensação
inquietante girando em seu estômago.
— Plano? — Perguntou King.
— Sim. — Loki sugou o lábio inferior, mordiscando a carne
macia. — Você vai ficar?
— Pare com isso. — King manuseou o lábio de Loki,
puxando-o para fora de seus dentes. — Vamos esclarecer uma
coisa. Não importa o que aconteça, vamos ficar juntos. — King
puxou a gola de Loki e tocou a marca de mordida que ele havia
deixado. — Você é meu. Onde for, eu vou.
— Mas onde é isso? Não quero presumir que você está bem
ficando aqui em Nehalem ou Silver Creek. Quero que você seja feliz
também.
— Amor, sou feliz desde que esteja com você. Você é
minha casa. — King beijou Loki na ponta do nariz. — Tenho certeza
que ouviu que meu pai está morto e o SNH está sendo
desmantelado. Finalmente estou livre de tudo, e isso graças a você,
que me trouxe de volta.
— E eu faria de novo. — Loki subiu no colo de King e
montou em seus quadris. Ele descansou as palmas das mãos nas
bochechas lisas de King. — Você está bem? Com seu pai morto?
— Mais do que bem. — King balançou a cabeça. — Ele
deixou de ser meu pai anos atrás, Loki. Aquele homem era um
monstro que precisava ser abatido. Não vou me arrepender de
matá-lo. — King respirou fundo. — É tão clichê dizer isso, mas ele
teve o que merecia. Ele me projetou nessa coisa, então era justo
que morresse pelas minhas mãos.
— Ainda sinto muito, querido. — Loki pressionou sua testa
na de King.
— Eu sei, e esse é um dos principais motivos de eu te
amar. Você se importa demais.
— Deus, eu te amo e senti sua falta. Nunca mais vamos
nos separar. — Loki salpicou beijos no rosto de King.
— Estou de acordo com isso. — As grandes palmas de King
moveram-se para os lados de Loki até cobrirem sua bunda. Ele
puxou Loki para perto para beijá-lo. — Mas precisamos ir à procura
de uma casa. — Disse King. — Já que aceitei o emprego que Bane
ofereceu.
— Você vai trabalhar para o Conselho de Caçadores? —
Loki perguntou.
— Vou. — King sorriu. — Você mora aqui, amor. Eu não ia
te afastar das pessoas de quem gosta. Quero conhecer seus pais e
companheiros de matilha. Estamos juntos nessa, Loki. Vamos
construir nossa vida aqui. O que diz?
— Sim. Sim! Sim! — Loki esmagou seus lábios com força
nos de King. Ele não pôde evitar. Quando se tratava daquele
homem, Loki se tornava uma poça de gosma no chão.
O beijo começou a ficar mais agressivo. King empurrou
seus quadris para cima, esfregando-se na bunda de Loki, e em
qualquer outro momento, Loki estaria bem quebrando a regra “sem
sexo no café”, mas não naquela noite.
Lentamente se afastou de King. Ele mordeu os lábios e riu
enquanto King perseguia sua boca.
— Vamos. — Loki deu um pulo e estendeu a mão para
King. — Vamos nos atrasar.
— Atrasar? — Perguntou King. Ele agarrou Loki e tentou
puxá-lo de volta para seu colo.
— Jantar na casa do alfa, lembra? — Loki se virou e
caminhou em direção à porta. — Mal posso esperar para meus pais
conhecerem você. Vai ser muito divertido!
— Iremos, mas depois... — Loki conduziu King para fora da
porta e a trancou. King virou Loki e o empurrou contra a porta. Seu
pau duro pressionou o quadril de Loki. — Você é meu.
— Estou completamente bem com isso, garotão. — Loki
deu um tapinha na bochecha de King. — E só para saber, você
também é meu.
Loki beijou o sorriso do rosto de seu companheiro. Aquilo
era felicidade. Em sua forma mais pura. Loki passou tantos anos
perdido e sozinho até chegar a Matilha Nehalem. Eles o levaram e
mostraram o que o amor e a família realmente significavam.
E Loki mal podia esperar para mostrar a King o mesmo.
Aquelas pessoas eram sua família, e seu ‘felizes para sempre’
começava agora.

Epílogo

Dez meses depois

— Não acredito que eles fugiram de novo. — Bane bateu a


palma da mão na mesa. — Como é possível?
— Eu diria que é porque eles são coiotes, cara. — King
esfregou a mão no rosto. Ele olhou para o relógio. Ele precisava
chegar em casa para seu companheiro. Havia sido um longo dia. —
Eles são vagabundos.
— Odeio ser enganado e derrotado a cada porra de turno.
— Bane rosnou.
— Entendi. — King fechou os olhos. Eles passaram um ano
rastreando aqueles shifters que deixavam a destruição em seu
rastro. — Esses shifters não são como o seu coiote comum. Eles
não estão com medo ou tímidos. É estranho demais.
King havia feito sua pesquisa sobre coiotes, mas a raça
shifter não refletia a raça animal pura. Por alguma razão, aqueles
shifters não tinham nenhum código, nenhum padrão. Eles apenas
matavam por esporte e traumatizavam os humanos. Não era uma
boa imagem para os shifters do mundo. O Conselho de Caçadores
havia prometido ao governo dos EUA que controlaria esses ataques,
mas sem uma maneira de rastrear aqueles filhos da puta, era
quase impossível.
— Tudo o que podemos fazer é continuar trabalhando no
caso. — Bane olhou para o relógio, suspirou e olhou de volta para
King. — Vamos encerrar a noite. — Bane se levantou. — Nada mais
podemos fazer esta noite.
— Parece um plano. — King desligou o laptop, colocou-o na
mochila e pendurou a mochila nos braços. — Tenho um encontro
com Loki hoje à noite.
Fazia um ano desde que ele e Loki se tornaram
companheiros. O melhor ano de toda a sua vida. King pensou que
era feliz antes de conhecer Loki, mas não era felicidade. Era apenas
existir.
Ser um caçador era tudo o que King sabia, e aceitar o
trabalho que Bane ofereceu era natural. Não doía que mantinha ele
e Loki perto de sua família.
Ele e Loki estavam felizes. Cada dia provava ser uma nova
aventura. Amar Loki encheu King com um senso de propósito. Ele
faria qualquer coisa por seu companheiro e Loki sentia o mesmo.
Seu companheiro mostrava a King todos os dias o que King
significava para ele, e King se perguntava como havia sobrevivido
sem seu companheiro impulsivo.
— Noite de encontro? — Bane balançou as sobrancelhas.
— Sim. — King sorriu. — É nosso aniversário. — King
franziu os lábios. — Ainda odeio que Loki conte isso como nosso
aniversário. Eu não passava de uma fera irracional na época em
que acasalamos.
— Parece que precisa dar a ele outro motivo para
comemorar este dia, cara. — Bane segurou a porta aberta
enquanto eles saíam do prédio comercial.
— Já estou cuidando disso. — King enfiou a mão no bolso e
tirou a caixinha preta que estava queimando em seu bolso no
último mês.
— É isso que eu acho? — Perguntou Bane.
— Sim, é. — King jogou a caixa para o alto e a pegou. —
Eu até pedi permissão aos pais dele.
Ethan e Holden eram bons homens, e aceitaram King em
sua família, mas isso não acalmou seu nervosismo. Loki disse que
eles não tinham escolha, já que estava perdidamente apaixonado
por King e eles eram companheiros, mas não precisavam.
King fez o trabalho para ganhar sua aceitação e confiança.
King era nove anos mais velho que Loki e teve uma vida inteira de
experiências que seu companheiro ainda não tinha. Ele queria que
os pais de Loki soubessem que respeitava e amava Loki mais do
que sua próxima respiração.
— Droga. — Bane empurrou o ombro de King. — Você só
tinha que ir e definir um nível um pouco mais alto com os sogros.
Idiota.
— Ei, não fique chateado comigo. — King riu. — Eu disse
que fugir com Lucas era uma má ideia, mas você não ouviu.
— Estava tentando ser espontâneo e romântico. — Bane
deu de ombros. — Lucas pensou assim.
— Sim, mas demorou um mês inteiro até que Ethan
perdoasse você. — King suspirou. — Graças a Deus Holden é a voz
da razão nesse relacionamento. Eu tinha certeza de que Ethan teria
um ataque cardíaco.
— É, ele ainda não me deixou esquecer isso. Na verdade,
tive que prometer netos a ele.
King começou a rir. Ele se lembrava de quando Lucas e
Bane fugiram para Las Vegas para se casar.
Loki tentou dissuadir Lucas, mas não havia muito que uma
pessoa pudesse fazer para impedir duas pessoas apaixonadas. Mas
mostrou a King o que não fazer quando se tratava de seus sogros.
King queria a permissão dos pais de Loki e queria que Loki tivesse
o tipo de casamento que ele queria.
— Bem, dê mais alguns anos e todos nós podemos fazer a
coisa de criança juntos. — King estendeu o punho para Bane.
— Vamos. — Bane bateu em seu punho com o de King. —
Devemos encontrar substitutas que estejam bem em ter gêmeos.
— Bane deu um soco no ar. — Vou mostrar ao Ethan. Ele quer
netos? Vamos dar-lhe netos.
— Uh, amigo, sabe que aqueles gêmeos estariam morando
com você em tempo integral, certo?
— Não estrague isso para mim, King. — Bane abriu a porta
de seu SUV preto e entrou. — Eu odeio que seja o favorito dos
sogros.
— Ah, foda-se. — King abriu a porta da caminhonete e
entrou. — Tive que trabalhar o dobro. Eu roubei o filho mais novo
deles. Não ajudou o fato de eu também ter participado do
sequestro de Lucas.
— Bom ponto. — Bane apontou um dedo para ele. — Mas
falando sério, vamos colocar os irmãos na ideia de ter filhos juntos.
Isso deixaria Ethan louco.
— Acho muito estranho como está empenhado em deixar
nosso sogro louco. — King fechou a porta do lado do motorista,
ligou o motor e abaixou a janela. — Você precisa de ajuda.
— Vamos! — Gritou Bane. — Você sabe que é uma boa
ideia. Está apenas agindo como um adulto, já que está tentando
ficar no lado bom dos sogros.
— Não. — King balançou a cabeça. — Só preciso ficar no de
Loki.
— Justo. — Bane riu. — Boa sorte esta noite, amigo, mas
algo me diz que não vai precisar.
— Eu me sinto confiante. Até mais tarde, Bane!
King abriu a janela e colocou seu carro em movimento. Ele
deixou o zumbido de seu carro na estrada relaxá-lo. O sol havia se
posto uma hora atrás, mas trabalhar até tarde era algo que Loki
entendia.
King não poderia ter pedido um companheiro mais
compreensivo e carinhoso.
— Um ano. — King sussurrou, e um largo sorriso apareceu
em suas bochechas.
King nunca pensou que teria essa vida. Um companheiro
amoroso, uma família amorosa e seu melhor amigo ao seu lado.
Tanta coisa sempre deu errado na vida de King.
Ele pensou que estava destinado a girar esta bobina mortal
sozinho, mas Loki mudou tudo isso. Ele provou que King valia
alguma coisa e era mais do que apenas um trabalhador contratado
para cumprir as ordens de outra pessoa.
A viagem do escritório do Conselho dos Caçadores levou
cerca de vinte minutos para chegar à casa que ele e Loki
construíram. Eles decidiram criar raízes lá, já que seus pais
moravam lá, assim como Bane e Lucas e a maioria da Matilha
Nehalem.
Eles compraram um terreno e, como o Alfa do bando,
Devon, era dono de uma construtora, eles conseguiram construir
uma casa a preço de custo.
Dinheiro não importava. Quando o pai de King morreu, ele
herdou todos os bens de Houseman, que incluíam muito dinheiro.
Ele estava falando de milhões. King havia aprendido há muito
tempo que o dinheiro tornava as coisas mais fáceis em sua vida,
mas não o tornava feliz.
Não, precisou de um homem com cabelo loiro platinado e
os olhos mais azuis daquele lado do Mississippi.
Alguns membros do bando viviam perto, mas não muito.
King gostava de sua privacidade e não queria que ninguém
aparecesse e acidentalmente visse ele e seu companheiro
brincando no quintal.
Na verdade, ele e Loki às vezes se esqueciam de fechar as
persianas e davam um show infernal para qualquer um que
passasse.
Isso aconteceu uma vez, e as bochechas de Kieran ainda
estavam manchadas de um rosa brilhante daquele encontro. King
riu da lembrança.
A melhor parte do ano anterior foi conhecer Loki ainda
mais. Seu doce companheiro frequentava a Hemsworth College em
Silver Creek. Ele queria ser professor. Loki tinha coragem e
paciência para fazer esse trabalho.
King observou seu companheiro quando o jovem Jonah
apareceu, e King desejou ter um professor como aquele em sua
vida enquanto crescia, mas seu pai não permitiria que King tivesse
isso.
Não, King foi feito para coisas melhores e mais
importantes, de acordo com Charles Housman.
Nem uma vez King se arrependeu de ter matado seu pai.
Ele não desejava coisas ruins para os outros, nem era um monstro,
mas algumas pessoas precisavam ser inanimadas.
King diminuiu a velocidade de sua caminhonete e entrou na
longa entrada da casa dele e de Loki. A luz iluminava a varanda da
frente como um farol de boas-vindas para King encontrar o
caminho para Loki.
Loki decidiu por uma casa branca de dois andares, com
telhado azul-marinho. A casa tinha uma varanda envolvente com
cadeiras de balanço. Loki passou meses no paisagismo assim que a
primavera chegou. King sempre se perguntava quando seu
companheiro tinha tempo para tudo o que fazia.
Loki frequentava a faculdade em tempo integral, dava aulas
particulares, ajudava no Early Bean Café e ainda prepara o jantar
todas as noites. King se perguntou se uma horda de gnomos úteis
vivia em seu porão ajudando Loki.
King estacionou sua caminhonete na garagem e saiu. Ele
caminhou pela calçada em direção à porta da frente, a caixinha
preta abrindo um buraco em seu bolso.
Realisticamente, sabia que Loki ficaria feliz e, é claro,
concordaria em se casar com ele, mas isso não acalmou o frio na
barriga. Um homem do tamanho dele não deveria ter tanto medo.
Loki o amava, e ele amava Loki.
A música encheu o ar assim que ele abriu a porta da frente.
Loki amava sua música. Não houve uma noite em que King não
voltou para casa com a música preenchendo o silêncio.
King fechou e trancou a porta, pendurou as chaves no
gancho e seguiu a voz de Loki, que cantava uma música de Zach
Bryan. Seu companheiro tinha uma queda por aquele cantor
country.
King parou na porta e ouviu as palavras que seu
companheiro cantava. “Sol para mim”.
Ele sorriu.
Deixe para Loki ter, sem saber, escolhido uma ótima
música para esta ocasião.
— Puta merda! — Loki gritou. King estava muito distraído
com a letra para ver o momento em que seu companheiro se virou.
— Você não sabe fazer barulho? Doce Jesus!
— Me desculpe, querido. — King caminhou em direção a
Loki, envolvendo seus braços ao redor de seu companheiro e
pressionando um beijo gentil em seus lábios franzidos. — Ainda
acho engraçado que, como shifter, você seja horrível de ouvir. Eu
nem estava tentando ficar quieto.
— Eu estava ocupado. — Loki revirou os olhos e voltou-se
para o fogão.
— Sim, cantando com todo o coração. — King deu um tapa
no traseiro de Loki quando ele se abaixou para tirar a lasanha do
forno. — Estou começando a achar que tem uma queda por esse
cara. — King bateu na tela do telefone de Loki e apontou para a
capa do álbum que apareceu.
— Não seja ridículo. — Loki colocou a lasanha no fogão e
voltou-se para King. — Eu só tenho olhos para você, amor. — Loki
ergueu os braços e os abriu para King.
— É melhor. — King mordeu os lábios de Loki.
Loki soltou um doce gemido, e King não pôde se conter. Ele
aprofundou o beijo enquanto caminhava com Loki de volta até que
eles esbarraram nos armários. King se abaixou, agarrou Loki pela
parte de trás de suas coxas e o ergueu sobre a bancada. Loki
enrolou as pernas ao redor dos quadris de King e o puxou para
mais perto.
King sorriu para o beijo. Deus, ele não sabia como tinha
tanta sorte de voltar para casa para este homem todas as noites.
— Como foi seu dia, amor? — King perguntou entre beijos.
— Melhor agora. — Loki gemeu quando King se afastou. —
Volte.
— E quanto ao jantar? — King recostou-se um pouco mais
para tentar clarear a cabeça. O cheiro doce de Loki se enrolou em
torno dele como um manto e o fez perder sua mente.
— Foda-se o jantar. — Loki agarrou a bainha da camisa de
King e puxou.
King não se permitiu mover. Se ele se distraísse com o
corpo sexy de Loki, não faria a única coisa que tinha que fazer, que
era colocar o anel no dedo de seu companheiro. Claro, eram
companheiros e tecnicamente já casados no mundo shifter, mas
King queria um casamento. Ele queria que todas as pessoas no
mundo soubessem que Loki pertencia a ele.
— O que está errado? — Loki pulou do balcão. — Você está
agindo estranho. Aconteceu alguma coisa? — A voz de Loki
começou a aumentar, e King podia sentir o cheiro de seu pânico
crescente.
— Não, nada disso.
King levantou a mão esquerda para descansar a palma
contra a bochecha lisa de Loki. Ele enfiou a mão no outro bolso e
envolveu os dedos em torno da pequena caixa preta escondida ali.
King respirou fundo e falou com o coração.
— Amor, faz um ano que acasalamos. O melhor ano da
minha vida. Eu não sabia que poderia ser tão bom. Você é a
primeira coisa que penso quando acordo e a última antes de
dormir. Não tenho certeza se consigo dormir à noite sem você ao
meu lado.
— Eu sinto o mesmo, King. — Lágrimas brilharam nos olhos
azuis de Loki.
— Eu sei que sente. Nós fomos feitos um para o outro. Eu
realmente acredito nisso. Você é minha pessoa de agora para
sempre.
Lágrimas rolaram lentamente pelo rosto de Loki, e King
pensou que não havia tempo como o presente e caiu de joelhos.
— Oh, meu Deus. — Loki engasgou e suas mãos voaram
para cobrir sua boca.
— Eu te amo muito. Desde a primeira vez que vi seu lindo
rosto, soube que você era especial. Acho que mesmo assim eu
sabia que você era a pessoa certa para mim. Você me trouxe de
volta com o seu amor, e serei eternamente grato a você por isso. E
por me mostrar o que significava o verdadeiro amor incondicional.
A mão de King tremeu quando abriu a caixa para mostrar a
aliança de platina com diamantes embutidos ao longo da pulseira.
— Loki Compton, quer se casar comigo?
— Sim! — Loki soluçou. Ele caiu de joelhos na frente de
King, estendendo a mão para pressionar suas mãos quentes em
suas bochechas. King se inclinou e beijou os seus lábios trêmulos.
— Sim, um milhão de vezes, querido. Sim! — Loki estendeu a mão
e King deslizou o anel em seu dedo. Uma vez em seu dedo, King
deu um beijo nele.
— Gostou? — Perguntou King.
— Uh... — Loki estendeu a mão à sua frente e inclinou a
mão para frente e para trás, um olho fechado. — Acho que serve.
— Seu merdinha. — King derrubou Loki no chão,
balançando os dedos nas axilas de Loki. Seu companheiro se
contorceu e riu quando King fez cócegas nele.
— É o anel mais lindo que já vi — Loki gritou, mais lágrimas
de tanto rir escorrendo por seu rosto.
— Agora isso soa muito melhor. — King usou seu joelho
para afastar as pernas de Loki e se acomodou entre elas, cobrindo
seu companheiro com seu corpo muito maior. — Você está feliz,
amor?
— Mais do que feliz, Kingsley. — Loki ergueu a cabeça para
beijar King. — Você é meu mundo e mal posso esperar para que o
resto do mundo saiba que você é meu.
— Pensamos igual, querido. — King se inclinou e cobriu a
boca de Loki com a sua, silenciando qualquer palavra que seu doce
companheiro quisesse dizer.
Quem precisava de palavras quando podia mostrar a Loki o
quanto o amava?
King havia aprendido muito em seus trinta anos nesta
rocha giratória. Ele não tomava mais as coisas como garantidas.
Nada era garantido.
Aprendera a apreciar todas as coisas grandes e pequenas.
Sabia mais do que ninguém que poderia perder tudo em um piscar
de olhos.
O amor o salvou e, por isso, seria eternamente grato a
Loki. Seu único amor verdadeiro. King não teve nenhum problema
em passar o resto de seus dias mostrando aquele homem o quanto
se importava com ele.
A moral da história era que nem todo mundo começava
com sol e rosas. Às vezes era preciso se perder para ser
encontrado.
King faria tudo de novo porque, no final, ele conseguiu
Loki, e este foi o maior presente de todos.

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