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Filho dos Jötun

Era um dia tempestuoso, as goteiras que antes apenas invadiam o barraco podre que servia de
abrigo para Alexander e seu pai, agora eram mero pano de fundo pra sinfonia criada pelo som
de pancadas e de ossos sendo partidos, seu pai, um Loxodon assim como Alexander, possuía
alguns vícios, no entanto jogos e bebida eram os principais, Alexander cresceu sem sua mãe e
com um pai que mais parecia ser um carcereiro das masmorras do que algo que remotamente
se assemelhasse a uma figura paterna, era claro que as amarguras da vida haviam matado seu
espirito e sua reputação e agora suas péssimas escolhas vinham tolher sua vida, ao mesmo
tempo em que estava horrorizado assistindo a esta cena escondido Alexander sentia um doce
alivio ao saber que não seria mais espancado todas as vezes que seu pai perdesse dinheiro nas
rodas de aposta o que era mais comum do que aventureiros destruindo tavernas, Alexander
aproveitou da confusão e fugiu pela janela levando apenas a roupa do corpo e um medalhão de
latão com uma foto de sua mãe uma gigante de cabelos brancos com olhos azuis como gelo, por
dias Alexander sobreviveu de esmolas e pequenos furtos até que se deparou com um grupo de
garotos que o convidaram para se juntar a eles, juntos temos mais chances de sobreviver, era o
que eles diziam para Alexander e de fato juntos eles poderiam tentar coisas mais perigosas
furtos mais elaborados, sobreviver agora era mais simples e apesar de tudo os garotos agiam
como família, pela primeira vez Alexander se sentiu acolhido, nesse grupo Alexander conheceu
Oliver os dois se deram bem logo de inicio, eles não tinham muita diferença de idade mas
ambos se respeitavam e atuavam bem juntos ja que eram os mais fortes do grupo, Oliver com
sua finesse e Alexander com sua força bruta não havia briga que eles não levassem a melhor,
contudo um dia o líder de sua gangue bolou um plano arriscado, algo que eles nunca fizeram
antes, atacar uma carroça que levava o carregamento de uma ferraria famosa da cidade, era
certo que teriam armas e joias na carroça, isso os daria dinheiro imediato e ferramentas para
crimes maiores, mas eles teriam que fazer algo que nunca fizeram antes, sujar suas mãos de
sangue, Alexander não gostava da ideia mas se isso era pelo bem da gangue ele estava disposto
a fazer, Oliver se recusou logo de inicio mas logo depois pareceu mudar de ideia por algum
motivo, no dia do ataque Oliver e Alexander estavam juntos acampando embaixo da ponte por
onde a carroça passaria, Oliver parecia estranho, não era o mesmo de sempre parecia
desconfortável com algo mas sempre que Alexander tocava no assunto ele desconversava
parecia discutir com sua espada que Alexander ja sabia que era algo especial, ao ouvir o som da
carroça se aproximando os dois ficaram a postos Alexander começou a repassar o plano, era
simples Alexander surgiria por trás da carroça e quebraria a roda de madeira, enquanto Oliver
renderia o cocheiro se houvesse briga iriamos subjugar as vitimas e logo após isso o resto da
gangue chegaria para levar a carga, mas antes de terminar de repassar o plano Alexander sentiu
uma pancada em sua nuca, e ali mesmo ele apagou acordando apenas no outro dia sem
carroça, sem gangue, sem acampamento, sem Oliver, Alexander estava sozinho embaixo da
ponte o único som que ouvia era o coaxar dos sapos que ali moravam, Alexander retornou para
a cidade apenas para encontrar um esconderijo revirado, ele sabia que algo grande havia
acontecido, Oliver... será que ele traiu o grupo? ...bom isso explicaria o motivo dele estar
estranho, mas por que eu não fui capturado também? ...pra onde ele foi? ...por que ele não me
disse nada?... estas perguntas rondavam a cabeça de Alexander que por dias procurou ao redor
da cidade sem conseguir encontrar nenhuma pista do paradeiro de Oliver, Alexander que mais
uma vez se via sem ninguém sabia que a cidade não era mais lugar para ele, tomado pela
tristeza ele decidiu ir para outro lugar deixar seu passado para trás e recomeçar, ele reuniu o
resto dos suprimentos no esconderijo antigo e partiu em direção a onde a vida o levasse, ele
havia aprendido a se orientar nas florestas, que agora eram sua nova casa, foi nesse momento,
enquanto acampava em meio as florestas do norte que Alexander ouviu um som, como
tambores e vozes graves entoando um cântico ancestral, por algum motivo esses tambores
acolhiam Alexander que ao se dar por si estava procurando a origem deste som, ao se
aproximar de uma clareira ele os viu, Jötun, gigantes, festejando, cantando e comungando com
sua divindade Ymir o primeiro Jötnar, Alexander se maravilhava com o que via, os gigantes
pareciam tão estranhos e ao mesmo tempo incríveis aos olhos do pequeno Loxodon, enquanto
observava escondido em meio as arvores ele escutou uma voz, por que não se junta a nós
pequeno? Alexander se assustou e ao olhar pra trás viu um Gigante usando a carcaça de um
urso-coruja como capa portando uma coroa feita com a galhada de um alce, parece estar com
fome venha partilhe da carne de nossa ultima caçada, Alexander aceitou e se juntou aos
gigantes, era costume da tribo contar histórias ao redor da fogueira, e mesmo sendo um
forasteiro Alexander não poderia deixar de participar, ele então resolveu se abrir e após contar
sua história, se viu ali seus olhos como comportas abertas inundando o ambiente um choro
intenso mas silencioso, o pequeno Loxondon não se atrevia a fazer nenhum som, o gigante que
o havia convidado antes para comer rompeu o silencio que pairava o acampamento e disse: ...se
não tem para onde ir fique conosco, sinto o sangue de Jötun em suas veias, então é direito seu
caminhar com a tribo, Alexander sentiu algo que nem com sua gangue havia experimentado,
aceitação um sentimento próximo de encontrar uma familia, os rostos dos gigantes
compadecidos com sua história e os olhares de preocupação com o jovem Loxodon o faziam
sentir seu coração se aquecendo, ele então aceitou e a partir dai se tornou parte dos seguidores
de Ymir, mas havia um forte desejo dentro do coração de Alexander ele com o tempo criou mais
interesse pelos costumes da tribo e queria realmente ser parte de tudo, ele então pediu para
ser aceito como aprendiz do sacerdote que o havia acolhido naquela noite, Arkyn o aceitou e o
ensinou as tradições da tribo, os gigantes não tem o costume de se aproximar das cidades,
tendem a ser nômades mas não são selvagens como alguns imaginam, pelo contrario são
sábios e astutos e amam os avanços do mundo, mas fazem questão de honrar as tradições, ser
sacerdote de Ymir significa abraçar o conflito, o primeiro Jötnar é um deus da guerra não a nada
mais glorioso que morrer em combate ou durante uma caçada, a guerra faz parte do
sacerdócio, por esse motivo os maiores guerreiros são também os sacerdotes da tribo, após
terminar seus estudos sob tutela de Arkyn seu mestre disse que ele deveria viajar o mundo e
depois retornar com seu aprendizado e com suas conquistas, essa peregrinação serviria para
testar a força e a fé de Alexander só assim ele poderia se tornar um verdadeiro sacerdote da
tribo, foi então que Arkyn revelou que havia pedido a um amigo para que matriculasse
Alexander na Academia de Aventureiros em Formação de Kirian, Alexander partiu de sua casa
mais uma vez, mas agora de cabeça erguida, com o objetivo de realizar sua peregrinação e
retornar para a tribo como um verdadeiro Jötun.

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