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CONTOS E LENDAS

O nômade e o beija-flor

Em baixo de um sol escaldante, com nada além de areia e cactos em sua volta, um homem
vagava em busca do seu destino. O lugar que ele queria desesperadamente encontrar. O lugar
em que seu corpo finalmente iria descansar.

Ele vagava em busca de um lugar para morrer.

Eis que no caminho, se deparou com um jovem, em baixo de um mangueira, com uma flor na
boca e um cavaquinho sobre os braços. Ele cantava e cantava sobre a fartura da vida, sobre
tudo de bom que um ser pode possuir. O homem ficava intrigado pois o garoto com a flor na
boca cantava olhando para ele. Mas afinal, o que o homem possuía de bom na vida?

Perdeu sua mulheres para uma doença misteriosa. Suas terras secaram e sua colheita
apodreceu. Seus filhos morreram de fome pouco tempo depois. O nômade não tinha mais
nada. Nem amor, nem riquezas, nem vontade de lutar por essas coisas.

O garoto após ouvir o relato do nômade, respondeu em rimas tudo aquilo que ele possuía:
Pernas para caminhar até seu destino. Raiva para contestar o que não concorda. Punhos para
lutar se necessário. E orelhas, para ouvir as suas lindas canções.

O nômade ficou em choque com a sabedoria do garoto, e não pôde conter o riso. Os dois
então, agora vagando juntos em direção à Atla, passam de cidade em cidade em busca de
abrigo e emprego.

O nômade percebeu que as coisas não iam bem, agora com uma boca órfã para alimentar.
Então lembrando da canção do garoto, ele se aventurou no subúrbio das favelas e se inscreveu
em lutas clandestinas por dinheiro. O nômade seguiu de cidade em cidade apanhando em
lutas combinadas e vencendo brutalmente as que ele tinha de vencer.

Eis então que um homem da plateia chega nele após uma das lutas. Ele era da polícia, e viu
potencial no homem que estava lutando. Para a alegria do nômade e do beija-flor, esse foi o
início dos melhores meses de suas vidas.

O nômade agora com amor, riquezas e família, não precisava mais vagar por aí em busca de
nada. Até porque, em alguns meses ele já não conseguiria mais...

Um dia, enquanto enfrentava uma facção num tiroteio, o nômade tentava evacuar crianças de
uma escola, quando levou um tiro no meio das costas.

O nômade já não podia mais andar.

Não podia mais trabalhar.

O beija-flor vagou em seu lugar, a procura de comida e dinheiro com seu cavaquinho, mas
nada disso era o suficiente. O garoto, agora doente de tanto procurar flores em lixões, chegou
em casa com uma espécie de armadura estranha. Ele achava que aquilo tivesse valor, que
pudesse vender.
Eis que então a armadura começa a brilhar ao toque do nômade. Aquela era uma arma arcana.
Gear, uma espécie de armadura que vai do tronco até os braços revestindo com uma placa de
metal. Essa armadura concedeu ao nômade a benção de poder andar novamente.

Ao voltar para a milícia graças ao milagre, ele descobriu que o responsável de tirar sua
locomoção foi seus próprio companheiros. Os milicianos de seu esquadrão descobriu que ele
veio originalmente de Caat, e não aguentaram ver alguém de lá recebendo o mesmo salário
que eles.

O nômade devastado, com uma criança doente e mais uma vez sem lugar pra retornar, vagou
e vagou em busca de amparo. Tentou voltar para as lutas clandestinas, mas por ter uma arma
arcana ele não era mais permitido. Até que ouviu rumores de uma luta só de pessoas com
armas mágicas. Um torneio que dava inúmeras riquezas para seu campeão. Mas ao mesmo
tempo, era um combate mortal. Ele deixou a criança com toda a grana que lhe restava, e
vagou sozinho em busca desse torneio.

Passou-se dias.

Semanas.

Meses.

A grana acabou. O nômade não retornou. E o beija-flor, com fome e doente vagou para onde o
vento o levava.

Até que ele finalmente encontrou o destino que o nômade tanto buscou um dia.

Ele encontrou a morte.

Helsing o estripador

Em Londínio, uma metrópole na região de Varzi, existe uma família de protestantes bem
famosa.

Famosa.

Não querida ou adorada.

A família Belmont é conhecida pelos cidadãos e pelo Templo do Sagrado Redentor como
arruaceiros, bêbados e perigosos. O que não deixa de ser verdade, porém existe outro lado
nessa história.

Os Belmonts são um clã de matadores de criaturas demoníacas. Entre as brigas de bar e os


roubos aos templos sagrado, eles protegem a população contra monstros que os monges do
templo não conseguem lidar.

Todos odeiam eles, inclusive eles próprios.

O motivo de tamanho poder vem de uma arma arcana que passa de geração em geração.
Sempre que portador morre, a estrela-da-manhã, um chicote de ferro com poderes
explosivos, faz ressonância com alguém da geração seguinte.

Certa noite de lua cheia, um grupo de moradores acorda Judas Belmont, o atual portador da
arma, que aparentemente estava em coma alcoólico no chão do lado de fora de um bar.
Depois de muito xingamento e peidos por parte de Judas, ele finalmente se prestou a ouvir
aquelas pessoas. Afinal, não era comum que moradores viessem ao seu encontro, a não ser
que algo verdadeiramente terrível esteja acontecendo. E pelo que entendeu, havia um
monstro matando vampiros na cidade. Fora encontrados vários corpos degolados, deformados
e triturados nos becos e vielas de Londínio.

Puta que pariu, pensou Judas. Que caralho de monstro tem uma dieta tão refinada a ponto de
escolher apenas vampiros dentre todas as raças anumanas?

Quando estava prestes a mostrar o dedo do meio e voltar a dormir, os moradores, que agora
percebeu serem todos vampiros, lhe jogaram um saco cheio de esferas de cristais. Quando
contou havia cerca de 200B$.

Quantas putas, cigarros e bebidas aquilo poderia pagar? Judas Belmont estava doido para
descobrir.

Logo cedo ele saiu de Londínio e foi em busca de Alexandria, a biblioteca mística escondida em
algum lugar do deserto próximo a Caat, soterrado por vários metros de areia e protegida por
dezenas de criaturas ferozes.

Felizmente, a família Belmont possuía uma bússola mágica que a levava direto para lá. E
nenhum monstro que não tenha nível de ameaça Extinção é páreo para um Belmont.

Após uma longa leitura na biblioteca mágica sobre criaturas, Belmont concluiu que as pessoas
da cidade deveriam ir a merda.

Ele não encontrou nada. Não havia nenhum monstro que se encaixasse.

Ele voltou para Londínio e foi direto para o cabaré. Depois falaria com aqueles vampiros
moribundos para descobrir mais.

Entretanto, poucas ruas antes do seu glorioso destino, ele ouviu gritos desesperados vindo de
uma rua.

“Um monstro!”. Foi o que ele ouviu.

Quando chegou no local de onde vieram os gritos, tudo fez sentido. Não era só vampiros que o
“monstro” queria, a lista de vítimas só tinha mulheres. Nenhum monstro tem um paladar tão
específico quanto a monstruosidade desumana de...

Um serial killer!

A garota vampiro estava sem roupa com o tórax aberto. O monstro estava em sua frente
fazendo desenhos com suas tripas derramadas no chão.

E para a surpresa de Judas, ele também era um vampiro.

Um estripador.

Um caçador de vampiros.

ascensão de uma estre Ala


Star. Uma jovem celeste com asas emplumadas e tranças em seus cabelos. Ela nasceu em
Skypie, uma ilha na região de Caat que por algum motivo místico conseguia flutuar sobre
Odoya metros acima do oceano.

Star sonhava em ser uma estrela.

Ela queria ser rica e famosa.

Queria viajar por toda Abyala.

Ser conhecida é admirada por todos.

Certo dia, no auge da sua adolescência, enquanto tentava pintar um quadro do céu estrelado,
ela viu uma estrela cadente. Ela fechou os olhos e fez o mesmo pedido de sempre.

A jovem terminou seu lindo quadro e foi dormir. Só para ter seu sonho interrompido quando
acordou assustada ouvindo gritos de desespero. A população da sua vila estava gritando e
berrando. Sentia o cheiro de fumaça e sangue.

Um massacre estava acontecendo.

Um ataque.

Uma invasão pirata.

Seu pai desesperado tentou tirá-la de lá, já que não conseguiu salvar a própria esposa. A
pequena ilha fedia a ferro puro, com cabeças decepadas e poças de sangue para todo o lado.
Fugiram no meio de todo o tumulto até um riacho que desaguava como uma cachoeira no
oceano.

Seu pai a colocou numa canoa. Vai ficar tudo bem, ele disse a ela. Você vai poder voltar a
dormir em paz.

Star bateu a cabeça com força nas tábuas, o que a fez ir perdendo a consciência aos poucos.
Com a visão escurecendo devagar, ela ainda conseguiu ver um homem segurando uma faca
atrás de seu pai, agora com um pescoço ensanguentado.

“Bons sonhos”. Foi a única coisa que ela ouviu do homem que a criou. Foi também a única
coisa que ela lembrou com clareza assim que acordou.

Que sonho maluco, pensou ela.

Por que o mar estar vermelho? Pensou ela.

Por que estou numa canoa em alto mar? Pensou ela.

Logo em baixo da ilha voadora, gotas vermelhas pingavam sob o mar. Suas asas brancas, agora
estavam tingidas de vermelho. Sua vida foi manchada pra sempre com o sangue derramado de
seu povo.

Nada naquilo foi um sonho.

Havia sido um pesadelo.

Foi com esse pensamento que Star sobreviveu sozinha durante anos de sua vida. Com o gosto
da vingança e do sangue de seus familiares e amigos na boca, ela se tornou caçadora de
recompensa e vagou por Caat e suas ilhas atrás de todo pirata que conseguia encontrar.
Sua fonte de renda foi trazer cabeças decepadas de criminosos procurados e vender quadros
pintados mostrando como cada um foi morto. Todos temiam o anjo vermelho. Sua alcunha.

Sempre que matava um pirata, ela pintava suas penas de vermelho com o sangue das suas
presas. Para que ninguém esqueça quem ela é. Para que todos saibam quem ela foi a garota
que sobreviveu ao incidente da ilha no céu. Para que o responsável por ter massacrado seu
povo, saiba que ela está à sua procura.

Em sua jornada ela fez diversos amigos e companheiros movidos por vingança. Assim
conseguiu adquirir mais informações e ter ajuda contra os piratas mais poderosos.

Foi com essa rede de informações que um choque de realidade a atravessou. Ela passou anos
de sua vida seguindo a lei e ajudando as autoridades para que houvesse justiça pelo seu povo.
Para que o certo acontecesse. Pelo menos ela achava que os lacaios do Donatário fosse fazer o
certo pelas pessoas da região.

Ela estava enganada.

Descobriu que foram os piratas do sonho que atacou sua vila. Sandman, o líder desse bando, é
um temível capitão-de-areia acolhido sob as asas do governo de Caat.

Ela não poderia fazer nada contra ele sem se tornar uma criminosa. Sem ter como inimigos os
piratas que já caçou, os criminosos que a odeiam, e os “agentes da lei” do Donatário.

Sem ter escolha, foi assim que surgiu uma das mais terríveis e ameaçadoras pirata que já
existiu em Caat. Seu navio era reconhecido de longe graças a sua bandeira com uma estrela
cadente estampada, representando a realização dos piores pesadelos de seus inimigos.

Os piratas da estrela foram um dos maiores bandos que já aterrorizou os mares daquela
região. Seu maior feito foi extinguir, mesmo que temporariamente, o sistema de corsários.

Star adquiriu muita fama e riqueza.

Navegou por todo o mundo atrás da cabeça de seus inimigos.

Conseguiu ser conhecida e termida por todos.

Ela se tornou uma estrela.

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