O NATAL ERA a época favorita do ano de Lady Aurora
Brayden, e com tantos membros da família Brayden na cidade, assim como a família de sua mãe, os Crofts, suas celebrações seriam memoráveis. Ela teve que envolver as relações Farthingale na mistura familiar porque os Brayden eram tão intrincadamente ligados a eles pelo casamento, que nunca poderiam ser esquecidos. Todos eles passariam em casa na próxima semana para jantar e uma terem uma animada noite de decoração. — Hyacinth, se apresse, — disse Aurora, com os braços carregados de pacotes para segurar a mão de sua prima enquanto corriam pela neve que caía e lotavam Oxford Street em direção ao Gardênia Tearoom, o lugar favorito e particular da elite da sociedade que desfrutava de uma trégua após um dia agitado de compras. — Minha mãe estará nos encontrando e não podemos nos atrasar. — Aurora, vá mais devagar. — Sua prima Hyacinth riu, pois as duas estavam fazendo malabarismo com pacotes nos braços. — Oh, você deixou cair suas fitas. É melhor alcançá- las antes que algum idiota de botas grandes pise nelas e as esmague na neve. — Oh céus! Não posso perder essas fitas. — Ela acabara de se virar para refazer seus passos para encontrá-las, quando viu um cavalheiro bem vestido se curvar para pegá- las e colocá-las de volta no embrulho que havia se desenrolado e feito com que elas caíssem. — Eu presumo que é seu? — Ele ergueu as que havia salvado. — Sim, muito obrigada. Que gentileza sua em me ajudar. — Ela colocou o resto de seus pacotes ao lado dela e se abaixou para pegar o último pacote. — Espero que não estejam arruinadas. Ela mordiscou o lábio, agora preocupada porque havia esvaziado o estoque de fitas vermelhas das lojas de Oxford Street e teria que procurar em outro lugar por mais se esse carretel não pudesse ser salvo. — Acho que as recolhemos a tempo, — disse o homem com uma risada amável. — Ai está. Seu Natal foi salvo. Ele tinha uma voz esplêndida, profunda e ressonante, cobrindo-a contra o frio como se fosse uma deliciosa porção de mel quente. — Obrigada, senhor. — Ela olhou para ele quando eles se levantaram juntos. — Eu... A respiração ficou presa em seus pulmões. Ele franziu a testa. — Algo está errado? Existia um homem mais bonito? — Não, senhor. Eu só ... — O que ela poderia dizer sem se revelar uma idiota? — Estamos atrasadas, só isso. E ela não conseguia se recuperar do quão bonito ele era. Com cabelos escuros. Olhos lindos sombrios, da cor de esmeraldas. Esmeraldas de fogo, pois seu olhar disparou chamas através dela. Apesar do frio do inverno e da neve caindo ao redor deles em flocos grandes e macios, de repente ela se sentiu muito quente em seu sobretudo. — Agradeço novamente, senhor. Feliz Natal para você e sua família. Ela estava recolhendo o resto de seus pacotes enquanto falava, deixando cair alguns e tentando juntá-los, apenas para derrubar mais. Pegando-os novamente e colocando-os em pilha até alcançar o queixo para mantê-los no lugar, mas vários caíram de qualquer maneira. Mais caíam quando ela se abaixava para pegá-los. Céus, ele estava vendo? Ele devia pensar que ela era a maior idiota que existe. O cavalheiro riu novamente. — Você parece estar tendo um pouco de dificuldade. Posso carregá-los para você? Você está indo muito longe? — Apenas para o salão de Gardênia Tearoom. — Mais pacotes caíram de seus braços. — Está logo ali virando a esquina. Você conhece? — Nunca estive lá, mas acontece que estou indo justo para lá. Uma feliz coincidência. — Ele se abaixou para pegar os pacotes, então se levantou e facilmente pegou os que ela estava segurando em seus braços também. — Eu acho que é mais seguro se eu levar isso e acompanhá-las. Céus novamente. Ela não ia recusar sua oferta. Seria pecado dela notar o corte fino de seu corpo? Ele era tão alto quanto os homens de sua família, o que já era o bastante porque os homens Braydens eram grandes. Ele tinha ombros largos firmemente fixados em braços musculosos. — Senhor, eu agradeço sua ajuda. — De jeito nenhum. Acontece que estarei encontrando uma velha amiga por lá. Pela sua aparência, acho que deve conhecê-la. Lady Westcliff, e ex-Abigail Croft? Ela é Abigail Brayden agora. Hyacinth ofegou enquanto caminhava ao lado deles. — Essa é a mãe de Aurora. — Você a conhece? — As mãos de Aurora estavam agora livres para pegar alguns pacotes de sua prima, pois Hyacinth estava igualmente sobrecarregada com compras. Mas ela deixou cair um, surpresa com a surpreendente coincidência. — Minha mãe não me disse uma palavra sobre você. Seu sorriso se tornou indulgente e incrivelmente atraente enquanto a olhava fixamente. — Você é Aurora? Eu deveria ter adivinhado imediatamente. Ela acenou com a cabeça e rapidamente se abaixou para recuperar o pacote antes que eles continuassem a caminhar. — E eu sou Hyacinth, — sua prima gorjeou. — Nossos pais são primos. Meu pai é Romulus Brayden. Você o conhece? Ou minha mãe, Violet? Ele balançou sua cabeça. — Eu não tive o prazer. — Você conhece o pai de Aurora? Seu nome é Tynan e ele é o conde de Westcliff. Ele assentiu. — Eu o conheço. Mas conheço melhor o lado da família de Lady Westcliff, os Crofts. Aurora agora estava intrigada. — Você os conhece há muito tempo? — Desde os nove anos. — Que adorável! E você não conheceu Aurora em todo esse tempo? — Hyacinth não deu a ele um momento para responder antes de retomar a conversa. — Eu tenho dezesseis, e Aurora tem dezenove, por falar nisso. Quantos anos você tem? — Hyacinth! Nem sabemos o nome do cavalheiro. — Perdoe o descuido. Eu sou Perin Marsh. Ao seu serviço, miladies. — Ele baixou a cabeça, tendo o cuidado de segurar com força os pacotes de Aurora, para que não caíssem na neve, que havia coberto completamente o solo e estava começando a se acumular para valer. A carruagem Westcliff estava na rua em frente ao salão de chá quando eles viraram para a praça tranquila onde o encantador estabelecimento estava localizado. — Sr. Marsh, vou deixar esses pacotes na carruagem. Nosso cocheiro irá mantê-los seguros enquanto tomamos nosso chá. Aurora notou que ele era surpreendentemente educado com o cocheiro, conversando um pouco enquanto os dois guardavam suas compras e as de Hyacinth. Poucos em seu círculo se dignavam a agradecer aos empregados domésticos, uma tradição que ela sempre achou bastante fria. Seus pais a ensinaram a respeitar todos os que trabalhavam para eles. Na verdade, eles a criaram para ser gentil e educada com todos, a menos que fosse dada razão para ser cautelosa. Ela estava feliz, Sr. Marsh conhecia seus pais, pois ela não queria ser cuidadosa com ele. Ela agradeceu enquanto ele segurava a porta aberta para eles entrarem no salão de chá. Hyacinth a cutucou nas costelas. Ela se virou em dúvida para sua prima. — O que foi? Enquanto o Sr. Marsh estava ocupado dando os sobretudos para uma das anfitriãs, Hyacinth sussurrou em seu ouvido. — Você acha que ele é casado? O rubor atingiu as bochechas de Aurora. — Calma, Hyacinth! Ele vai te ouvir. — Você não quer saber? Claro que você quer. Você esteve olhando para ele com a lua cheia o tempo todo brilhando nos olhos. Vou perguntar a ele, já que você vai ser covarde sobre isso. Ele se virou para elas, sorrindo. Céus! Ele tinha ouvido seus sussurros? Havia um buraco grande o suficiente para ela se esconder? — Não, Hyacinth. Eu não sou casado. Hyacinth ofegou e começou a rir estupidamente. Aurora só queria se esconder. Ela até se contentaria com um minúsculo buraco de minhoca se isso a ajudasse a desaparecer. — Aí está sua mãe, Aurora. Oh, a minha está aqui também. Elas chegaram antes de nós e já estão sentadas. — Hyacinth correu para se juntar a elas. — Tia Abigail, você nunca vai adivinhar ... — Parece que fomos abandonados. — Sr. Marsh ofereceu o braço para acompanhá-la até a mesa. — Eu sinto muito, Sr. Marsh. — Não sinta. Eu também estava olhando para você. Mas aprendi a ser discreto em esconder meus olhares. Isso é o que se desenvolve por ser cínico e dissimulado. Hyacinth beijou as duas mães e depois se jogou em uma das cadeiras vazias. — Temo que tenhamos estragado a surpresa. Já conhecemos o Sr. Marsh. Ele veio em socorro de Aurora quando seus pacotes caíram na rua. Ambas as mães estavam agora olhando para ela quando se aproximou sob a escolta do Sr. Marsh. Olhando e sorrindo. Na verdade, não havia mesmo nenhum buraco de minhoca por perto? Aurora decidiu que a única coisa pior do que ser descoberta boquiaberta olhando o homem era ser pega sob os olhos vigilantes de uma mãe. Este seria o chá mais desconfortável que ela já havia tomado em sua vida. Poderia ficar pior? Piorou quase imediatamente. — Bem, Sr. Marsh, o que você achou? — sua mãe perguntou, um largo sorriso no rosto. — Você ainda vai se casar com Aurora? Capítulo Dois
AURORA ENTROU EM ERUPÇÃO EM acessos de tosse.
Não eram tosses suaves tampouco. Perin colocou o braço em volta dela, sem saber o que mais fazer para acalmá-la. — Ela está apenas brincando com você, Lady Aurora. É uma brincadeira particular entre a família Croft e eu. — Uma brincadeira? — Seus olhos estavam lacrimejando com a tensão, então ele correu o polegar ao longo de sua bochecha para enxugá-las. — Sim. Verdadeiramente. — Só que ele não tinha tanta certeza se queria que continuasse sendo uma simples brincadeira. A garota era incrivelmente adorável. Se ele pudesse beijá-la aqui e agora, o teria feito. No entanto, ele não tinha o desejo de morrer e não era tão tolo a ponto de tentar. Seu pai e seus irmãos viriam atrás dele com rifles nas mãos, não para forçá-lo a subir ao altar, mas para atirar nele e sepultá-lo sob uma pedra. Ele não era adequado para se casar com a filha de um conde, e todos sabiam disso. Mas um beijo? Talvez ele desejasse morrer, afinal, porque iria beijá-la. Ele ainda não sabia onde ou quando. Claro, ele não faria isso contra a vontade dela. Mas ele conhecia mulheres, e ela o olhara com desejo. No entanto, ela era inocente demais para entender seus próprios sentimentos. Quanto a ele, não era nada inocente. Mas ainda assim sentira aquele chute no coração no momento em que ela se abaixou para pegar seus embrulhos caídos e olhou para ele com olhos grandes da cor vibrante de um bom conhaque. O mundo parou para ele naquele momento. Nada e ninguém agora existia para ele, exceto Aurora. Era uma sensação absurda. Isso iria passar, é claro. No tempo certo. Quanto tempo levaria, ele não sabia. Talvez isso nunca passasse e ele nunca a esquecesse. Sim, provavelmente esse seria seu destino infeliz. Essa garota era inesquecível. Ela tinha covinhas profundas nas bochechas sempre que sorria, e seus olhos sempre pareciam brilhar. Havia tons avermelhados em seu cabelo ruivo, perceptíveis quando o sol brilhava sobre ela. Pequenos fios soltos haviam saído de seu cabelo elegantemente preso e se enrolado em torno de suas orelhas. Ele queria mordiscar suas orelhas. Beijar sua boca adorável e macia. Plantar beijos por todo seu rosto em forma de coração. Ele levou uma xícara de chá aos lábios dela. — Tome um gole, Lady Aurora. Ela lançou-lhe um sorriso gentil, as mãos tremendo enquanto pegava a xícara. — É melhor eu segurá-la, — ele disse, desejando que fosse sua boca e não a xícara que ele estava colocando em seus lábios. — Você vai derramar sobre si mesma. Ela assentiu enquanto ele a ajudava. — Melhor agora? — Sim, Sr. Marsh. Obrigada. — Ela permitiu que ele a acomodasse em uma cadeira ao lado de sua mãe, e ele pegou a cadeira vazia em frente a ela. Ele não se importava com a distância. Isso permitia uma visão melhor dela. Assim que fizeram os pedidos, Hyacinth se voltou para a mãe de Aurora. — Tia Abigail, você pode nos contar como que foi a brincadeira? Ela acenou com a cabeça. — Posso contar a eles, Perin? — Seja gentil comigo, Lady Westcliff, — disse ele com um gemido. — Eu prefiro que sua filha não pense em mim como um completo idiota. — Bobagem, — disse Aurora. — Eu sou aquela que fez papel de boba. — Não, Lady Aurora. Você é absolutamente encantadora. Hyacinth deu uma risadinha. — Oh, nossos bolos estão aqui. As mães dividiam uma fatia de bolo de gengibre entre elas. Aurora e sua prima pediram sorvete de morango cada uma. Ele não havia pedido nada para si, satisfeito com uma xícara de chá. A mãe de Aurora comeu um pedaço do bolo de gengibre, engoliu-o com um gole do chá e começou a explicar a brincadeira. — Seu pai e eu, junto com meus irmãos e suas esposas, fomos a Torquay para celebrar o casamento de nosso irmão mais novo, Peter, com sua adorável Annie. Estávamos todos esperando para jantar na pousada quando Peter e Annie correram para se juntar a nós. Eles trouxeram um menino que parecia ser pouco mais do que um moleque de rua, mas rapidamente encantou a todos nós. Perin lembrava-se do dia muito bem, embora tivesse sido há dezoito anos. De muitas maneiras, aquele momento foi um momento decisivo em sua vida. Como e por quê era muito complicado explicar aqui. — Eu era um pirralho arrogante de nove anos na época, atirando palavras para fora da minha boca para causar efeito e não pensava sobre o que estava dizendo. Lady Westcliff lançou-lhe um sorriso afetuoso. — Você rapidamente encantou todos nós. Estávamos nos segurando para não rir muito de seus comentários insolentes. Aurora olhou para ele. — Mamãe, o que ele disse? — Oh, para começar, ele chamou seu pai de cabeludo. Aurora tinha acabado de colocar uma colher de seu sorvete de morango na boca, mas rapidamente engoliu e caiu na gargalhada. — Você disse isso ao papai? E você ainda está vivo? — ela brincou. — Então ele acusou meu irmão Gideon de olhar maliciosamente para sua esposa a noite toda, dizendo que ele deveria rolar a língua de volta a boca antes que a servente tropeçasse nela. — Sua mãe fez uma pausa, momentaneamente incapaz de conter sua própria alegria. — E ele não conseguiu se surpreender com a esposa de William, Aislin, sendo filha de um pirata. Ele gemeu novamente. — Por favor, Lady Westcliff. Não diga mais nada. Hyacinth bateu palmas. — Não, devemos ouvir tudo isso! Aurora estava sorrindo para ele, seus lindos olhos brilhando. — Oh, mamãe. Vá em frente. O que mais o Sr. Marsh disse? — Você poderia me tomar com um burro, — sua mãe continuou, agora imitando a voz de um menino. — Eu nunca conheci a filha de um pirata antes. Achei que você estaria carregando uma espada, com aros de ouro nos dentes e temperando sua conversa com argh e companheiro. Aurora soprou, incapaz de suprimir sua risada. — Sr. Marsh, gostaria de tê-lo conhecido naquela época. Eu pagaria qualquer coisa para ver suas expressões enquanto você murmurava para eles, especialmente meu pai. Ele não é cabeludo, e você sabe. Perin deu uma risadinha. — Eu sei. Como disse, eu estava falando assim porque era impetuoso e estúpido demais para segurar minha língua. Gosto de pensar que estou mais sensato agora. — Estou certo que você está. — Ela lançou-lhe um sorriso com covinhas. — Ele era o jovem mais inteligente que já conheci, — insistiu a mãe de Aurora. — Depois de chamar seu pai de cabeludo, ele se virou para mim e perguntou se tínhamos uma filha. Você era apenas um bebê, muito jovem para viajar conosco, então nós a deixamos com sua avó, Miranda. Eu disse a ele que tínhamos uma filha. Aurora tomou outra colher de seu sorvete de morango, seus lábios se fecharam sobre a colher com delicadeza sem esforço e sua língua se lançou para lamber uma gota perdida. — E o que ele disse a seguir? — Você acha que eu poderia conhecê-la quando ela tiver idade para se casar? Porque se ela se parecer com você, eu gostaria de me casar com ela. Aurora começou a tossir novamente. Ao pegar a xícara de chá, ela acidentalmente derrubou o sorvete de morango que virou lama. Ela se levantou de um salto para se afastar da mesa antes que o sorvete derretido se espalhasse em seu vestido e, ao fazê-lo, derrubou a cadeira. — Aurora! — Perin também se levantou de um salto para dar a volta e pegá-la, porque ela estava prestes a tropeçar na cadeira. Felizmente, ele chegou bem a tempo, capaz de puxá- la a seus braços antes que ela sofresse uma queda feia. Ela fechou os olhos e gemeu. A vontade de beijá-la apareceu novamente. Bem, essa vontade nunca o deixou. Nem simplesmente se aproximou dele, mas o atingiu como um aríete. — Tenho certeza de que você está aliviado por não estarmos realmente noivos. — Ela estava obviamente mortificada por sua falta de jeito. Mas ele sabia que ela não era tão desajeitada quanto inocente sobre os homens e lutava com essas novas sensações de anseio e desejo. Isso era tão novo para ela que ainda não aprendera a escondê-lo. Ele gostava muito disso nela. Quando ela se apaixonasse, o homem afortunado saberia disso nas profundezas de sua alma. Ele não ousava considerar que poderia ser esse homem. Não, sua família nunca permitiria. Ser um moleque atrevido poderia ser fofo e adorável, mas ele era um homem adulto agora e costumava lidar com rufiões, às vezes sendo ele mesmo um deles. Ele não era um marido adequado para a filha de um conde. O fato de ele parecer culto foi uma boa influência de seu tio. Na verdade, ele era um homem melhor por ter conhecido Peter Croft e sido guiado por ele enquanto crescia em Torquay. No entanto, embora suas bordas externas fossem polidas, o homem interior não era. Isso não impedia que seu coração disparasse em espasmos por causa de Aurora. Apesar de todas as arestas e barreiras construídas em torno de seu coração, apesar de sua experiência com mulheres e habilidades de sedução, ele sabia que era o que estava em maior perigo de se apaixonar. Já houve um anjo mais perfeito criado por Deus do que Aurora? Ele desviou o olhar e a soltou, uma vez que ela estava firme em seus pés. Eles ficaram juntos enquanto uma das funcionárias limpava o sorvete derramado. — Eu sinto muito, — disse Aurora à jovem. — Você não precisa se preocupar, m'lady, — a garota amável respondeu. — Uma boa fervura na toalha vai tirar essa mancha. Acontece o tempo todo. Assim que a garota terminou, Perin endireitou a cadeira e a estendeu para Aurora. Ela também se desculpou com ele. Suas bochechas estavam manchadas de rosa para marcar seu constrangimento quando ela sentou em sua cadeira. Ele voltou a sua, totalmente ciente dos olhares de todos. — Perin, — disse a mãe de Aurora, — vamos ter nossa tradicional celebração de Natal na próxima sexta-feira. Por favor, junte-se a nós. Até meu marido cabeludo ficará feliz em vê-lo. Ele riu e balançou a cabeça. — Como posso recusar tal convite? Aurora estava olhando para seu colo, mas de repente ergueu os olhos e olhou para ele com os olhos arregalados. — Sr. Marsh, realmente? Você vai aceitar? — Sim, Lady Aurora. — Depois de um momento, ele se levantou e fez uma reverência para as ladies. — Foi um prazer. Ele acertou a conta, disse à proprietária para enviar qualquer cobrança adicional para ele, então agarrou seu casaco e saiu para a neve que caía suavemente. O frio revigorante não o esfriou nem um pouco, e ele sabia que passar mais tempo perto de Aurora seria brincar com fogo. A lógica e a razão sugeriam que ele deveria enviar uma nota para transmitir educadamente suas desculpas e não comparecer à festa de Natal de Westcliff. Mas ele não conseguia ser razoável nem lógico quando se tratava de Aurora. O que ele deveria fazer? Ele pensaria um pouco. Ele não queria Aurora constrangida por conhecê-lo, pois não importava o quanto desejasse, sabia que nunca poderia se transformar em algo mais sério. Este convite para o chá tinha sido um gesto educado feito como uma gentileza com ele por insistência do irmão de Lady Westcliff, sem dúvida. Isso não significava mais nada. E quanto a ele? Era tarde demais para proteger seu coração. Talvez tivesse sido tarde demais para ele desde a primeira menção do nome de Aurora, dezoito anos atrás. Aurora. Ela o havia marcado desde então. O que ele faria com ela agora? Capítulo Três
— AURORA, VOCÊ PEGOU a atenção do homem mais bonito
da sala, — sua amiga, Justine de Veres, sussurrou enquanto eles estavam em meio à multidão de convidados no salão de baile cintilante de Lady Dexter. — Que homem? — ela perguntou distraidamente, ainda sem ter recuperado a compostura depois de conhecer Perin Marsh. Ela o viu pela primeira vez ontem, mas sentia como se o conhecesse por toda a vida. Era uma sensação tão estranha ter essa conexão forte com um homem que não era mais do que um estranho para ela. — Ele está parado perto das portas da varanda. — Justine beliscou a mão dela. — Olhe! Eu me pergunto quem ele é? Talvez o sobrinho de Lady Dexter tenha descido das Terras Altas? Ele tem aquela aparência rude. Ou talvez a velha morcega tenha arranjado um amante. — Não seja grosseira, Justine. Lady Dexter é uma mulher adorável e dedicada ao marido. Sua amiga encolheu os ombros. — Quando você ficou tão chata? Você deve admitir, ele tem aquela expressão de vou te levar pro quarto. Oh, que menino travesso. Ele está olhando para você de novo. Aurora finalmente se virou para ver o que estava acontecendo, não para encontrar o olhar deste homem, mas para evitá-lo caso ele se aproximasse dela. — Eu não o vejo. Ele saiu? Embora os homens de sua família fossem altos, essa característica não foi transmitida às suas filhas. Ela era de estatura média. Na verdade, um tanto pequena para a média, e não conseguia ver acima da aglomeração de convidados de pé entre ela e as portas de varanda. Não que isso importasse. Justine não tinha muito bom gosto para homens, e elas nunca achavam os mesmos atraentes. Ela fixou o olhar em Lady Dexter enquanto seu marido a levava para a pista de dança para abrir seu magnífico Baile Nevada e receber aplausos educados de todos os presentes. O salão de baile deles foi transformado em um palácio de gelo cintilante para marcar o início das festividades de Natal que agora aconteceriam por toda Londres enquanto as famílias se reuniam para comemorar. Justine a cutucou. — Você o vê agora? — Não, pelo amor de Deus. — Ela não queria ouvir mais nada sobre rapaz no salão. Se ao menos Perin Marsh estivesse aqui, mas ele não poderia estar presente. Nenhum convite era mais procurado pela elite da sociedade do que o Baile Nevado de Lady Dexter. Como o pai de Aurora era Tynan Brayden, conde de Westcliff, sua família foi uma das primeiras a receber os convites. A maioria de seus tios eram nobres do reino, e aqueles que não eram heróis militares altamente condecorados e muito solicitados em bailes, então eles também não foram convidados. Na verdade, ela era parente de muitos dos convidados. Sentia-se reconfortada em saber que poderia olhar para qualquer lugar e encontrar um rosto familiar, pois aquele era seu primeiro baile e ela nunca havia estado em um evento tão esplêndido. Talvez seja por isso que ela sentia algo mágico no ar. — Você o viu, Aurora? — Harriet, outra amiga, correu e começou a rir como um passarinho louco. — Ele não é lindo? Rodrick e seus amigos falaram que vão dar um soco no nariz dele se ele se atrever a se aproximar de você. Não seria emocionante? Justine juntou-se às risadas. — Espero que vejamos os punhos voando. — Não! — Querido Deus, isso seria terrível. Quantas vezes ela teve que rejeitar aquele idiota para que ele a deixasse em paz? — Eu vou socar Rodrick e seus amigos arrogantes se eles ousarem. O encanto deste baile estava desaparecendo rapidamente. Era uma pena terrível, pois Lady Dexter obviamente havia trabalhado muito para criar o lindo efeito de um palácio de inverno. Como se fosse um comando, a neve estava caindo lá fora, o céu noturno coberto com flocos brancos e macios. Alguns foram apanhados pela brisa e flutuaram no ar, enquanto outros caíram no solo frio e nítido como pedaços de algodão. O efeito era fascinante. — Não parece que estamos presos em um globo de neve? Suas amigas a ignoraram, pegaram taças de champanhe da bandeja de um lacaio que passava e continuaram a sussurrar sobre o misterioso homem. Harriet engoliu o champanhe. — Eu o quero. Ele é muito atraente para deixar passar. Justine terminou sua taça de champanhe e pegou outra. — Se Aurora não o tiver, então eu o quero primeiro. Elas achavam que seu comportamento não era nada grosseiro? Ela comentou sobre isso. — Não sejam gansas, — disse Justine com um sorriso zombeteiro. Ela se inclinou para Harriet, e as duas começaram a sussurrar, fazendo comentários mais obscenos sobre o que desejavam fazer com o estranho, de modo que ela quase sentiu pena do homem. Mas nem tanto. Quem era esse suposto Adônis pelo qual as duas estavam lutando? Provavelmente algum senhor degenerado, nascido do privilégio e não tendo nada melhor para fazer do que seduzir moças nos bailes da sociedade. Nem suas amigas pareciam ter nada em mente a não ser se deixar seduzir. Aurora tentou não parecer chocada, mas estava. Justine de repente ofegou e agarrou seu braço. — Ele está vindo em nossa direção. As duas amigas mais uma vez deram uma risadinha embriagada e começaram a mexer no corpete de seus vestidos de seda. Todas as mulheres eram obrigadas a usar branco, enquanto os homens usavam gravata preta e fraque. Rendas, fitas e adornos de pérolas eram permitidos para as mulheres, mas apenas se fossem brancas. O objetivo era que as mulheres parecessem flocos de neve. Aurora não tinha ideia de como os homens deveriam se parecer. Harriet a cutucou levemente com o quadril. — Oh, Aurora. Pare de se comportar como uma professora pedinte. Você nunca ...? Não, suponho que você nunca tenha feito isso. Harriet e Justine eram suas amigas mais íntimas quando eram crianças, frequentando uma das elegantes boutiques da praça Mayfair que só as famílias mais ricas podiam pagar. Ela não as via há vários anos e lamentava sua decisão de renovar sua antiga amizade. Ela respirou fundo quando o homem em questão parou diante dela. — Lady Aurora, posso ter esta dança? — Você de novo, — ela brincou, sorrindo para Perin Marsh. Como ele conseguiu um convite? Apesar de sua boa aparência e ar polido, ela achava que ele não tinha as conexões sociais. Não era de se admirar que Justine e Harriet estivessem se comportando como pavões. Elas a empurraram em seus braços antes que ela pudesse aceitar seu pedido. — Eu sinto muito, — ela disse com um suspiro quando seu corpete colidiu com seu peito duro como pedra, e seus braços musculosos se fecharam ao redor dela para mantê-la firme. — É uma forma de nos conhecermos melhor, — disse ele com um humor irônico. Ela olhou para ele, sem saber o que dizer. — Já que agora você está em meus braços, — disse ele com um sorriso gentil, — você pode muito bem aceitar dançar comigo. — Eu não ia recusar. É bom vê-lo novamente, Sr. Marsh. Não consigo parar de cair em seus braços. — Eu não estou reclamando. — Ele a levou para a pista de dança. Ela tentou não parecer afetadamente casual quando ele colocou um braço em volta de sua cintura e a colocou em posição para a valsa. Mas ela era péssima em esconder seus sentimentos, formigamento e rubor, e incapaz de juntar duas palavras inteligentes. — Suponho que esta seja sua primeira valsa, — ele disse, seu olhar não perdendo nada de sua luta interior. — Não, só minha primeira valsa com você. Não que eu tenha muita experiência. Principalmente, eu danço com meus tios e primos. Perdoe-me, não estou acostumada a estar nos braços de um homem como você ... bem, tão opressor quanto você. Eu juro, geralmente não sou tão estranha assim. — Você é perfeita, e eu falo sério. — Ele pegou a mão dela e envolveu-a na sua. Havia algo maravilhosamente protetor na maneira como ele a abraçava. Ela se sentiria assim nos braços de qualquer outro homem? A orquestra deu as primeiras notas da valsa. Os casais começaram a se mover no ritmo da música. O Senhor Marsh a girou e a guiou com uma facilidade fluída. — Você é um excelente dançarino, — ela comentou. Mas ela suspeitava que este homem fosse bom em muitas coisas. — Você é fácil de ser uma boa parceira. Você tem uma graça natural. Ela riu e balançou a cabeça. — Essa é uma grande mentira. Mas obrigada. Na verdade, ele a conduzia com tanta maestria que ela se sentia como se estivessem dançando nas nuvens. Ela o pegou franzindo a testa quando eles terminaram sua primeira curva. — Como você se misturou com aquele lote de moças desagradáveis? Ela olhou para Harriet e Justine e viu que elas estavam com outro conhecido de sua infância, o Honorável Rodrick Fasswell, herdeiro do visconde Milne. Ele era conhecido entre os amigos como o Desonroso Rodrick Fasswell, pois o homem nada fazia além de beber, jogar e seduzir moças, como faziam a maioria de seus amigos igualmente desonrosos que agora se reuniam ao lado de Harriet e Justine. — Amigas de infância. E todos eles estavam olhando para ela. Sr. Marsh estava certo. Seria sensato se distanciar delas. — Cuidado com Fasswell, em particular, — disse ele com um tom de voz áspero. — Ele está de olho em você desde que entrou. — E você não tem estado também? Ele sorriu ironicamente. — Culpado da acusação. Havia algo bastante inebriante em Perin Marsh. Talvez tenha sido a maneira como a segurou em seus braços, como se ela fosse um presente precioso e ele a valorizasse. Era uma sensação muito boa. Quando eles foram forçados a se aproximar em meio à multidão de dançarinos, ela sentiu o cheiro de sândalo em sua pele. Seus lábios estavam quase em seu pescoço. Ele ficaria ofendido se ela tocasse os lábios no pescoço dele? Deus do céu! O que ela estava pensando? — Eu não estava olhando para você para nenhum propósito inescrupuloso, — assegurou-lhe ele. — Quanto a Fasswell, evite cantos isolados com ele. — Você se nomeou meu anjo da guarda? Eu não deveria estar evitando você também? Seu propósito pode ser honroso, mas certamente você sabe que é perigosamente atraente. — Lady Aurora, eu nunca a machucaria. Ela encontrou seu olhar. — Por respeito à minha família? Ele tinha que ser tão bonito de tirar o fôlego? Ele lançou-lhe um sorriso derretedor. — Por respeito a você. — É uma coisa adorável de se dizer, Sr. Marsh. Oh, não podemos deixar de ser tão formais? Por favor, me chame de Aurora. Posso te chamar de Perin? — Sim, sempre achei essas formalidades educadas muito restritivas. Ela ficou em silêncio, esperando que ele dissesse mais. — Perin… — Sim, Aurora? — Não há algo mais que você deseja me dizer? Ele pareceu confuso por um momento, então acenou com a cabeça. — Me perdoe. Eu deveria ter elogiado sua aparência antes. Você está encantadora, facilmente a moça mais bonita do baile. Ela agradeceu educadamente. — Mas esse não era o meu ponto. Você não vai me pedir? Ele franziu a testa levemente. — Perdão, mas o que eu devo pedir a você? — Por que você está aqui, Perin? Repentinamente invadiu minha vida e não sei o que fazer com você. Nunca esperei que você aparecesse neste baile de elite ou me convidasse para dançar. Você mencionou que suas intenções eram honrosas. Isso significa que você deseja se casar comigo? Ele parou bruscamente. Outros dançarinos esbarraram neles. Ele a puxou para longe da multidão e em direção às portas da varanda. — Aurora, você não pode estar falando sério. Sim eu disse isso sobre você desde a infância. Mas, como você apontou, não tínhamos nos conhecido até ser apresentados ontem no salão de chá. Eu nem te beijei. — Isso é facilmente remediado, não é? Ele a encarou por um momento interminável. Ele iria beijá-la ou não? De que adiantava olhá-la com fogo nos olhos se não planejava fazer nada a respeito? Ou ela não estava se comportando melhor do que suas grosseiras amigas? Supôs que elas eram uma má influência para ela, encorajando-a a dizer coisas que jamais diria de outra forma. Ele olhou ao redor. — Venha comigo. No momento seguinte, ele empurrou as portas e puxou-a para a varanda. A neve caía ao redor deles, e houve uma picada no ar de frio. A lua estava obscurecida por causa da neve, mas tochas foram acesas ao longo da balaustrada para fornecer alguma luz para as almas corajosas que ousariam pisar ao ar livre. Ele a puxou para um dos cantos escuros e abriu sua jaqueta para envolver os dois nela. — Isso significa que você vai me beijar agora? — Claro que vou. Abençoados santos, você é linda, — ele disse, esmagando sua boca na dela e começando a beijá-la sem sentido. Capítulo Quatro
PERIN raramente ficava chocado.
Na verdade, ele nunca foi pego despreparado. Ele afastou os lábios da boca flexível de Aurora, sem saber mais qual era o caminho para cima e qual era para baixo. Um toque de seus lábios nos dela, e a garota estava batendo nas paredes que ele ergueu ao redor de seu coração, quebrando todas as suas camadas protetoras em pedaços. Ele nunca tinha experimentado nada tão delicioso como a sensação de Aurora em seus braços ou o doce sabor dela em sua língua. — É melhor voltarmos para dentro. Deus o ajudasse, até sua voz estava rouca. A neve continuou a cair em flocos grandes e macios que se agarraram a seus longos cílios negros e brilhavam em seus cabelos ruivos. Se eles não voltassem ao salão agora, ele nunca encontraria forças para deixá-la ir. Seu coração nunca deixaria que ela se fosse. — Perin, o que está acontecendo conosco? Você não acha que é algo especial? — Não, Aurora. — Ele não conseguia desviar o olhar de seus grandes olhos cor de conhaque. — Você não sabe nada sobre mim. Ela mordiscou seu delicioso lábio inferior. — Isso é verdade. Mas minha família sabe. Por que isso não deveria contar? — Ser aceito como amigo pela família está muito longe de ser aceito como marido para você. Tire isso da sua cabeça. Isso não vai acontecer. Ela o encarou por um longo momento. — Oh, que estúpido da minha parte. Você apenas queria me beijar. E agora que beijou, você não quer mais nada comigo. Como você é melhor do que Fasswell ou seus amigos idiotas? Baixei minha guarda porque confiei e acreditei em você. Eu sou uma idiota por isso. — Nunca diga isso, Aurora. Você acha que eu não estou afetado? Eu não deveria ter vindo ao Baile Nevado esta noite. Mas não consegui ficar longe. Eu sabia que você estaria aqui e queria vê-la. — Com que propósito? Roubar um beijo e seguir seu caminho alegremente? Eu o parabenizo, pois foi muito convincente. Você me fez sentir como se sua alma fosse murchar e morrer se não me tivesse. Mas suponho que seja assim que você beija todas as suas conquistas. Isso é tudo que sou para você, não é? Outra vitória? Esse era o seu objetivo? Beijar a filha de um conde e saber que ela deixaria? — Eu só queria a dança. Era tudo o que desejava, uma espécie de presente de Natal para mim mesmo. Dançar com Lady Aurora era tudo o que queria para mim. Eu nunca esperei... isso. Eu não deveria ter trazido você aqui. Me desculpe por ter te beijado. Ele percebeu que ela iria chorar. Ele tinha sido um idiota egoísta e a fazia se sentir péssima. — Aurora, não derrame lágrimas por mim. Eu não valho a pena. — Ele pegou sua mão trêmula. — Mas saiba disso... Eu a beijei porque não sobreviveria este dia sem pensar em ti e não poderia ter sobrevivido mais um dia sem tocá-la. Você é meu sonho. — Hah! Isso é uma brincadeira. — Eu gostaria que fosse. Eu não estaria nesta agonia agora. — Ele acariciou sua bochecha. — Você está em meu coração desde o momento em que sua mãe mencionou seu nome para mim, dezoito anos atrás. Aurora. Isso foi tudo que você precisou para se inserir em minha alma. Ela olhou para ele com surpresa. — Aurora, — Ele repetiu em um sussurro rouco. — Eu a beijei esta noite porque tudo o que eu sou, tudo que conquistei, devo a você. — Como isso é possível? Ele a envolveu em seus braços novamente e a puxou contra a quentura de seu peito, sua jaqueta ao redor deles para fornecer calor para esta menina dolorosamente bonita. — Você se tornou minha inspiração. Eu era apenas um moleque juntando xelins sempre que podia. Eu queria ser um homem melhor para você. Não zombe. Você era meu sonho. — Oh, Perin. — Em meus momentos mais sombrios, pensar em você era a única coisa que me fazia continuar. Quando sua mãe me convidou para o chá ontem, eu tinha que ir. Eu tinha que vê-la, tocar em você. Parte do motivo foi para tirar você da minha alma. Eu esperava que você fosse uma garota grande e bruta com cabelos feios saindo pelas orelhas e narinas, e com punhos tão grandes quanto peças de presunto. Ela riu e balançou a cabeça. — Patético, não é? Sentir tudo isso por alguém que eu nunca tinha conhecido? Para construir um império com um único objetivo. Aurora. Você preencheu meus sonhos. Você encheu meu coração. Você encheu minha alma. De que outra forma eu poderia te beijar do que dessa forma escaldante? — Perin, isso é verdade? — Ela procurou em seu rosto, tentando ler sua expressão. Ele aprendeu a nunca revelar seus pensamentos, poderia escondê-los muito bem. Mas não com Aurora. Ela era muito importante para ele. Ele não queria que o rejeitasse porque mentiu para ela. Ele queria apenas a verdade entre eles. — Eu precisava trazê-la aqui para libertar minha alma miserável de você. — Ele beijou levemente sua bochecha porque ela era suave e bonita. — Em vez disso, você se aprofundou mais. — Você acha que eu também não estou afetada? Eu não o encontrei por acaso na rua tropeçando e me atrapalhando desde que te conheci? — Pense bem sobre isso, Aurora. Não sou nada mais do que aquele garoto esperto de palavras rápidas na boca pelas ruas de Torquay. Você não pode tirar o moleque de rua de mim. É por isso que você não deveria me querer. Você merece algo muito melhor. — E se não houver homem melhor para mim? Eu poderia me apaixonar por aquele moleque de Torquay. — Nem mesmo contemple isso. Me amar? Isso é impossível. — Por que isso é impossível? Se eu posso ser o seu sonho, por que você também não pode ser o meu? Por que você deve nos negar a chance? — A filha de um conde? Você cresceu em uma bela casa. Eu cresci em um casebre. Eu costumava pensar em você quando acordava na escuridão do inverno e colocava meus pés nas pedras gelada. Eu queria desesperadamente rastejar de volta para a cama porque estava com frio, mas nunca me permitiria esse luxo. Eu queria me tornar um homem de quem você se orgulharia. Ela colocou a palma da mão contra o coração dele, seu toque agora impresso ali para sempre. — Mas olhe para você agora, Perin. Você recebeu seu convite para o baile de Lady Dexter. Apenas a nata da sociedade tem permissão para comparecer. — Eu salvei o filho dela da raiva de um marido traído, isso é tudo. Você sabe como ganhei minha riqueza? Você conhece o tipo de negócio que dirijo? — Você tem vergonha deles? — Não, mas você teria. Sua família também. Aurora, não balance a cabeça. Se eu te contasse como alcancei minha riqueza, sei que você pensaria menos de mim. — Cabe a mim decidir, não acha? Você não está sendo justo comigo, Perin. Você já traiu alguém? — Não, eu nunca faria isso. — Ele suspirou e balançou a cabeça. — Mas eu aproveito seus vícios. Menti para mim mesmo todos esses anos, convencido de que assumiria negócios mais respeitáveis assim que fizesse minha fortuna. Mas eu não fiz. O garotinho que eu era queria ser alguém para você, Aurora. Aquele garotinho pensou que um dia ficaria diante de você com a cabeça erguida e ficaria orgulhoso de suas realizações. Mas a sabedoria vem com a maturidade. Enlouqueci ao pensar que algum dia poderia me livrar daquele moleque de rua. Eu nunca serei nobre. Eu nunca serei um herói como seus tios são. — Então você acha que eu devo me casar com alguém como Rodrick Fasswell? — Não, nunca um dissoluto como aquele homem. — Então quem? Por que você deve me privar de minha escolha? Ele riu. — Você está carrancuda para mim. Por quê? Você me conhece pouco, pela duração de uma dança, pela duração de um beijo e pela duração de uma xícara de chá. Como posso ser sua escolha? — Como pode meu coração não ser seu depois do que você me disse? — Ela soltou a respiração. Uma leve trilha de vapor formou-se ao redor de sua linda boca porque o ar estava muito frio. — Ou isso é tudo que você sempre quis que eu fosse? Seu sonho. Nunca real. Nunca a mulher que compartilharia sua vida, com quem envelheceria e construiria lembranças. É isso? — Eu não sei. — Ele a conduziu de volta para dentro, esperando que ninguém tivesse sentido falta deles nos poucos minutos em que se foram. A valsa estava chegando ao fim. — Deixe-me acompanhá-la de volta aos seus pais. Você deve ficar longe de suas supostas amigas. Elas são rápidas em encrencas. — Muito bem, mas não espere que eu nunca esqueça de você ... ou o perdoe por nos negar a chance. Ele tinha pensado que conhecê-la encerraria seu sonho, pois ele havia se tornado bem-sucedido e não precisava mais da inspiração dela para impulsioná-lo na vida. Mas ele se apaixonou por Aurora. Estava feito e nunca poderia ser desfeito. Ele soube no momento em que reuniu suas fitas e se olharam fixamente. Serviu bem para sua arrogância. Seus pais o saudaram calorosamente quando ele acompanhou Aurora de volta a eles. Eles falaram do irmão de Lady Westcliff. Como Perin costumava ir a Torquay para ver a irmã, sempre fazia questão de visitar Peter Croft também. O homem tinha sido um pai para ele depois que Peter perdeu o seu próprio filho. Não se esquece das pessoas boas da vida. Ele observou os pais de Aurora parados juntos. Tynan e Abigail, era assim que como garoto impetuoso que era, os chamava quando os conheceu. Ele podia ver o quanto eles ainda se amavam, os pequenos gestos de afeto, a maneira como seus olhos se iluminavam quando se olhavam. Como um conde rico e velhaco libertino em sua época, Tynan poderia ter qualquer mulher que quisesse, mesmo depois de se casar com Abigail. Mas esses Braydens nunca se desviaram da rota depois que se apaixonaram. Nem os homens da família de Abigail, os Crofts. Ele poderia ser como eles? Fiel a uma mulher durante toda a sua vida? Ele não tinha acreditado que fosse possível até encontrar Aurora esta noite. Seu coração não se cansava dela. É assim que o amor é sentido? Insaciável. A mãe de Aurora o chamou de lado para fazer mais perguntas sobre seu irmão e sua família. — Tynan e eu estamos determinados a visitar Torquay neste verão. Já se passou muito tempo desde a última vez que vimos Peter e Annie. Seus meninos estão crescendo tão rápido que não consigo acompanhar suas desventuras. Annie deve estar com as mãos ocupadas. Enquanto conversavam, ele notou que um jovem se aproximava de Aurora e a convidava para dançar. A dor o rasgou quando ela aceitou e caminhou para a pista de dança por seu braço. O que mais ela deveria fazer depois que ele a rejeitou? Mas como ele poderia pedí-la em casamento? Conhecê-la em seus sonhos não contava. Não podia ignorar a realidade do que ele era. Ele não pertencia a este círculo de elite. Ele não gostava de suas amigas. E sua família? Roubar o coração de Aurora era uma forma de recompensá-los por toda a bondade que haviam mostrado para com ele? Ele nunca cairia tão baixo a ponto de machucá-los. — Perin, — disse a mãe de Aurora suavemente, — você tem seu coração em evidência. — Aurora é alguém muito especial. Não precisa se preocupar se eu algum dia vou envergonhá-la ou a você, — ele a assegurou. — Eu sei quem eu sou e de onde venho. Ela franziu o cenho. — Foi isso que você disse a Aurora? Não é de admirar que os olhos dela tenham perdido o brilho. Sua expressão ficou sombria. — Eu não deveria ter dançado com ela. Lady Westcliff arqueou uma sobrancelha. — Nem deveria tê-la beijado. Oh, não me olhe horrorizado. Não vou dizer nada a Tynan. Ele vai esganar você se souber. — É exatamente por isso que não vou ver sua filha novamente. Não que eu tenha medo de levar alguns socos. Não seria a primeira vez que eu teria o recheio do estômago chutado para fora de mim. Minha única preocupação é com Aurora. Ela é um anjo. Eu nunca vou querer machucá-la. — E você acha que ficar longe dela é a coisa certa a fazer? Ele assentiu. — Eu também posso lhe dar minhas desculpas pessoais e desistir de seu convite para o jantar na sexta-feira. É o melhor, eu acho. A expressão de Lady Westcliff ficou dolorida. Ótimo, agora ele tinha insultado mãe e filha. — Não se zangue comigo, Lady Westcliff. Sua filha é uma dama. Eu não sou um cavalheiro. — Ele curvou-se sobre a mão dela. — Ultrapassei as minhas boas-vindas a este baile. Desejo-lhe boa noite. Foi um prazer revê-la. Ele acenou com a cabeça para o conde e saiu. Mas ele não tinha dado mais do que alguns passos fora do salão de baile quando de repente foi cercado pelo Desonroso Rodrick Fasswell e cinco de seus amigos. Rodrick deu-lhe um empurrão hostil. — Quem disse que você poderia dançar com Lady Aurora? Você não está apto para polir as botas dela. — Coloque suas mãos em mim de novo e eu as quebrarei, — Perin rebateu, talvez não fosse um de seus comentários mais brilhantes. Mas eles estavam do lado de fora do salão de baile, com convidados por perto e lacaios entrando e saindo. Se ele fosse atacado por esses idiotas, eles não acertariam mais do que alguns socos antes que a luta terminasse. Rodrick tentou empurrá-lo novamente. — Fique longe dela, verme. Ele tinha avisado o homem. Ele agarrou seu braço e o torceu até que Rodrick caiu de joelhos com um uivo. Mas ele teve o cuidado de não quebrar o braço do salteador, embora o miserável lorde merecesse muito pior. Seus amigos foram até ele, dois deles agarrando seus braços enquanto os outros três o socavam. Ele mesmo deu alguns bons socos, pois dois lordes insignificantes não iriam segurá-lo por muito tempo. Onde estavam os lacaios? Ele derrubou dois daqueles supostos cavalheiros, mas ainda faltavam quatro, e um deles conseguiu acertar um soco da pálpebra do olho de Perin com o anel de sinete em sua mão, deixando-o com um corte sangrando acima do seu olho. Ele nocauteou o homem e partiu para os outros quando os lordes repentinamente começaram a voar para longe dele. Finalmente, os malditos lacaios perceberam. Mas quando o último deles foi empurrado para longe dele, ele percebeu que era o próprio Conde de Westcliff e... oh, inferno... Aurora, jogando-os para longe. Ela tinha um castiçal na mão e acertou Rodrick na cabeça com a peça. Ela poderia ter conseguido dar mais um ou dois acertos neles com aquela arma altamente polida. — Seus infiéis pagãos, — ela estava gritando para os seis lordes, que agora estavam esparramados no chão e gemendo. — Como ousam! E para insultar Lorde e Lady Dexter com seus comportamentos! Vocês não tem vergonha? Vocês não tem honra? — Você está bem, Perin? — Ele percebeu que o irmão mais velho de Lady Westcliff estava agora ajoelhado ao lado dele. Claro, William Croft, outro irmão de Peter, também estava expulsando os agressores. William passou a ser o Barão de Whitpool. Ótimo, um conde, um barão e a filha de um conde vieram em seu socorro. Haveria alguma chance de eles não serem assunto de fofoca da primeira página dos jornais de Londres? Ou que seu nome e casas de jogos não seriam mencionados? — Estou bem. — Ele sorriu enquanto observava Aurora ainda de pé sobre os lordes castigados, acenando com o castiçal enquanto continuava a criticá-los por seus comportamentos. William deu uma risadinha. — Ela é magnífica, não é? Perin acenou com a cabeça. O pai de Aurora se ajoelhou ao lado dele. — Você tem um corte feio no olho direito. Dr. Farthingale está aqui. Ele cuidará disso. ― E eu segurarei sua mão enquanto ele faz isso, — Aurora insistiu, agora balançando o castiçal para ele para interromper seu protesto. — É minha culpa que aquelas feras te atacaram. — Não foi sua culpa. Eles estavam apenas protegendo seu território de intrusos. Ela se ajoelhou ao lado dele e colocou o lenço em seu corte. — Eu não sou território de ninguém. — Eu não me referi especificamente a você, — disse ele. — Eles são descendentes de nobres ingleses. Eles governam a Inglaterra desde a época da Magna Carta. — Mais ou menos depois de algumas rebeliões sangrentas — Aurora murmurou. — Meu ponto é, eles estavam protegendo seu modo de vida. Eles me veem como parte da maré que está prestes a tirá-los do poder. Ela lançou-lhe um olhar cínico. — Quão perspicaz da sua parte, Perin. — Você está sendo sarcástica comigo, Lady Aurora? Ela enxugou o sangue na lateral do olho dele. — Sim, eu estou. Você se importa? — Não, nunca me importarei com o que você me disser. Eu preciso ser colocado no meu lugar de vez em quando. Como você sabe, às vezes posso ser um idiota. — Mas um muito bom, — ela disse e então se afastou enquanto o médico cuidava dele. Ele estava cometendo um erro com Aurora? Seria possível que ela pudesse ser mais do que um sonho para ele? Ele ousava ter esperança? Capítulo Cinco
TRÊS dias de passou desde o baile, e Aurora não tinha
notícias de Perin. Não pensou mais nele, pois ela e sua mãe estavam ocupadas se preparando para a festa de Natal que se aproximava. Mas seu coração afundou quando a nota de Perin foi entregue, enviando seu declínio a festa. — Mamãe, ele diz que não pode vir. — Aurora, eu sinto muito, — disse sua mãe com um aceno de cabeça. — Pedi a ele que reconsiderasse, mas suponho que sua decisão seja firme. Eu sei o quanto você gosta dele. Ela lançou a sua mãe um olhar de dor. — Mamãe, acho que estou apaixonada por ele. Você e papai o aprovariam? — Eu não o teria convidado para o chá naquele dia se seu pai e eu não o considerássemos adequado. Talvez ele mude de ideia quando o escândalo daquela luta no baile acabar. Chamaram você de Helena de Troya de Londres e fizeram de Perin o vilão da peça, roubando-a daquele horrível Rodrick, como se aquele inchado libertino já tivesse reivindicado você. Seu papai e eu nunca teríamos permitido. Rodrick sempre foi uma doninha chorona, desde criança. — Isso não importa. Ele tomou sua decisão. É melhor eu me preparar, ou vou me atrasar para o concerto em Reitoria de St. Martin’s. Justine e seu pai chegarão em breve para me buscar. Harriet também vem conosco. — Eu pensei que você não estava mais se relacionando com essas suas amigas? — Não irei depois desse show, mas os ingressos foram comprados semanas atrás, nossos planos foram feitos antes do incidente no baile. O recital é em uma igreja, então o passeio deve ser inofensivo o suficiente. Hinos para os feriados é o programa. — Ela acariciou a bochecha de sua mãe. — Estarei em casa com bastante tempo para o jantar. Mas assim que chegaram a Igreja de St. Martin’s o pai de Justine as abandonou na escada e partiu em sua carruagem. Aurora observou seu excelente meio de transporte decolar rapidamente, quase derrubando os transeuntes ao virar a esquina rápido demais. — Justine, o que está acontecendo? Seu pai deveria servir como nosso acompanhante. — Ele está indo ver sua amante, — disse ela, parecendo bastante imperturbável sobre isso. Harriet revirou os olhos. — Você não acha que nós realmente planejássemos ir ao recital, não é? Em uma igreja, nada menos? Idiota. Idiota. Idiota. Ela deveria ter sabido melhor do que confiar nelas. — Na verdade, eu achava. Onde vocês duas estão indo? — Para encontrar Rodrick e seus amigos, — Justine disse, apontando para uma carruagem preta e lustrosa conduzida por um par de éguas baias lindas paradas na rua. — Junte-se a nós. Papai estará de volta para nos buscar em duas horas. Está tudo arranjado. — Não, eu vou entrar. Vejo vocês aqui quando o recital terminar. Harriet encolheu os ombros. — Vamos, Justine. Rodrick está acenando para nós. Aurora tremia de raiva, principalmente de si mesma, por ter pensado que esse passeio seria inofensivo. Ela não tinha certeza do que fazer agora. Ela parou nos degraus da frente, ignorando o vento frio enquanto olhava para as enormes portas da igreja. Ela deveria entrar? Chamar um coche e ir direto para casa? Ela puxou a capa com mais firmeza, desejando ter pensado em trazer um lenço. Mas ela não tinha planejado ficar do lado de fora por muito tempo, nem percebeu como o dia estava ficando frio. — Aurora? Ela reconheceu a voz profunda e ressonante e sorriu de alívio quando Perin chegou ao seu lado. — Você vai ao recital também? Ele arqueou uma sobrancelha, a que havia sido cortada na luta no baile e agora estava machucada e com crostas. Ele ainda parecia devastadoramente bonito. — Não, eu moro na esquina. Você está aqui com seus pais? Ela balançou a cabeça. — Eu vim com Justine e Harriet. O pai de Justine deveria ser nosso acompanhante. — Deveria ser? O que aconteceu? Ela rapidamente disse a ele como as amigas haviam decolado e a deixado na escada. — É tudo minha culpa por confiar nelas. Eu nunca esperei... bem, não me ocorreu que o recital na igreja fosse um disfarce para suas escapadas ilícitas. Agora estou sozinha e devo encontrar meu caminho para casa. — De Veres abandonou você? Aurora pensou que se ele estivesse com mais raiva, a fumaça sairia de seus ouvidos. — Justine disse que ele voltaria para nos buscar em duas horas. Não tenho certeza se acredito nela. — Não se pode contar com um homem assim. Ele também não parece se importar com o que sua filha e suas amigas fazem sozinhas. Justine não é uma donzela virtuosa. Nem aquele gansa boba, Harriet. Mas eu não gosto que você esteja associada a elas. — Eu também não gosto. Tenho me chutado silenciosamente por minha estupidez nos últimos dez minutos. Já tinha planejado cortar laços com elas depois de hoje. — Venha comigo. Deixe-me deixar esses papéis em casa e me lavar rapidamente. Tenho carregado barris de cerveja... e não pergunte nada. Alguns dos meus trabalhadores estão doentes. Eu insisto que eles fiquem em casa para não infectarem os outros. Eles recuperarão o salário perdido assim que estiverem melhores. Mas o trabalho precisava ser feito hoje, e estou apto a isso. Mandarei trazer minha carruagem para levá-la para casa. Quanto as suas amigas, meu criado irá esperá-las e Lorde de Veres assim que terminar o recital. No entanto, eu apostaria toda a minha fortuna para que elas não voltaram por você. — Obrigada, Perin. Infelizmente, acho que você está certo sobre isso. Ela colocou o braço no dele enquanto ele a levava para sua residência, que era bem perto, em uma praça tranquila chamada Bedford Place. — Perin… — Sim, Aurora? — Você enviou suas desculpas para não ir ao jantar de minha mãe. Ele suspirou. — Agora você também vai ficar com raiva de mim. — Não, apenas desapontada. Eu estava ansiosa para vê- lo novamente. Eu esperava que fosse em nossa festa de Natal. Eu nunca esperei que fosse aqui e agora. Mas estou feliz por ter encontrado você novamente. Por que você decidiu não aceitar nosso convite? — Quando você vir onde eu moro, vai entender. É melhor assim, Aurora. — Ainda está tomando decisões por mim? Está tudo bem se você não me quiser. Pare de inventar desculpas educadas para poupar meus sentimentos. Eu prefiro ouvir a verdade, não importa o quão dolorosa seja. Você pode apenas dizer isso, por favor? Caso contrário, continuarei a ter esperança. Ele parou na frente de uma casa geminada muito bem cuidada que tinha uma aldrava em forma de um escaravelho de rubi fixada na porta. — É aqui que eu moro. — O Ruby Scarab Club? É o inferno de jogo mais exclusivo de Londres. Esta é a sua casa? — Eu resido nos andares superiores. Mas sou dono da casa de jogo e do clube. Este e vários outros. Eles não são tão elegantes. Alguns são infernos de jogos nas partes mais sórdidas da cidade. Um homem gigante abriu a porta para deixá-los entrar. — Des, esta é Lady Aurora. Acompanhe-a ao meu escritório, sim? — Ele se virou para ela. — Des é meu criado. Quer um chá? Chocolate quente? Bolos? Seu nariz está rosa de frio. Dê-me um momento para guardar esses papéis e me tornar apresentável, e eu irei me juntar a você. Ela o observou subir as escadas de dois em dois degraus antes de seguir seu valete pelo corredor. — Des, suponho que você seja mais um porteiro do que um cavalheiro. Obrigada por cuidar do Sr. Marsh. Eu gosto dele, sabe. Ele assentiu. — É óbvio, Lady Aurora. — O que o Sr. Marsh pensa de mim? — Não é minha função dizer. — Ele abriu a porta para revelar um escritório surpreendentemente bonito com painéis de madeira de cerejeira e estantes de livros que estavam cheias de tomos. O chão estava quase completamente coberto por um enorme tapete oriental de um azul profundo, marrom e dourado. As cortinas eram de seda grossa e destacavam o azul do tapete. Uma grande escrivaninha ficava no fundo da sala com duas poltronas grandes de couro na frente dela. Ao lado, havia duas cadeiras menores com um padrão floral mais delicado ao lado de uma mesa em meia-lua. Des mostrou a ela a pequena mesa. — Sinta-se em casa, Lady Aurora. Voltarei em breve com refrescos. Posso pegar sua capa? Ela sorriu para o grande homem. — Sim. Obrigada, Des. Quando ele saiu, ela deu uma olhada nos livros nas prateleiras de Perin e ficou surpresa ao descobrir que seu gosto era bastante eclético. — Filosofia, história, economia. Shakespeare. Poesia? — Ela sorriu, sabendo que tinha que provocá-lo sobre isso. Mas ela sabia que Perin ou Des voltariam em breve, e ela estava curiosa para ver o resto do Ruby Scarab Club. Claro, seus pais a trancariam por uma década se descobrissem que ela esteve aqui. Se eles iriam ficar com raiva dela por entrar na casa de um cavalheiro solteiro, e ainda pior, em seu clube de jogo, ela iria explorar o máximo que pudesse antes de ser pega. Além disso, ela estaria segura o suficiente enquanto bisbilhotava. A casa era obviamente elegante e bem cuidada. O mais importante, ainda não estava aberto para negócios. Não havia valentões bêbados tropeçando com garrafas de champanhe nas mãos, tornando-se incômodos como os filhos mimados dos nobres costumavam fazer. Perin trouxe outras moças aqui? A possibilidade a entristeceu, então ela tirou isso de sua mente enquanto caminhava na ponta dos pés pelo corredor. No entanto, o sigilo era desnecessário, já que o lugar estava vazio e provavelmente não encheria até muito tarde da noite. A sala de jogos principal era surpreendentemente aconchegante, as paredes pintadas de maneira atraente em um amarelo suave com detalhes em branco. As cortinas eram de seda. As pinturas eram de boa qualidade, assim como todos os móveis. Havia várias mesas de dados, outras poucas mesas com rodas pintadas de vermelho e preto, mas principalmente mesas de cartas espalhadas pela sala. Ela caminhou na ponta dos pés e viu uma sala menor ao lado do salão principal. Esta tinha tapetes tão elegantes quanto o do escritório de Perin e painéis de cerejeira igualmente requintados, adequados para uma residência ducal. As cortinas e os móveis também eram da melhor qualidade. Havia apenas uma mesa de cartas no centro, obviamente para os jogadores de apostas altas. Sérios jogos de cartas aconteciam aqui. Ao longo de uma parede havia um elegante gabinete abastecido com os melhores conhaques, bourbons e vinhos. Ao longo de outra parede havia um bufê onde provavelmente haveria comida para os jogadores. Ela se virou para sair e viu Perin parado na porta, os braços cruzados sobre o peito. Ele havia tirado o paletó e a gravata de modo que vestisse apenas uma camisa de boa qualidade, calça escura e botas engraxadas. Suas mangas estavam arregaçadas e o colarinho aberto na garganta. Ela sabia que ele era grande, tinha suspeitado que era bem musculoso... e era, ela podia ver os braços esculpidos sob o tecido de sua camisa. — Eu estava prestes a me lavar, então percebi que você estaria cutucando com seu nariz onde não pertence, assim que Des virasse de costas. A sua curiosidade está satisfeita? — Não, — disse ela com um sorriso. — Você se importa terrivelmente se eu continuar a explorar? Há algum lugar que eu não deva ir? A diversão surgiu em seus olhos. — Se eu te contar, tenho certeza de que é para onde você vai correr primeiro. Ela riu. — Provavelmente. Há mais salas de jogos lá em cima? — Não, esses são meus aposentos privados. Ninguém tem permissão para subir lá. — Nem mesmo amigos? Ele lançou-lhe um sorriso irônico. — Não tenho amigos aqui em Londres. Sua sociedade gentil não vai me aceitar, e eu não tenho nenhum desejo de ser amigo dos elementos inferiores desta cidade. — Eu poderia ser sua amiga, Perin. Minha família conhece você. Eles gostam de você. Isso não conta para alguma coisa? Talvez se eu te apresentasse... — Para gente como Rodrick Fasswell e suas duas amigas que estavam me dando olhares a noite toda para vir aqui? Acho que não. — Ele balançou a cabeça e gemeu. — Você e eu nunca poderemos ser amigos. Eu olho para você e quero te devorar. Ela engoliu em seco. — Este não é um bom começo? — Para quê? — Para você me cortejar. Ele suspirou. — Volte para o meu escritório. Des entrará com o carrinho de chá em breve. Qual foi o programa na Reitoria de St. Martin’s que você gostaria tanto de desfrutar? — Hinos para os feriados. — Ah, canções natalinas para pessoas piedosas. — O que deveria ter me dado uma dica de que Justine e Harriet não tinham intenção de comparecer ao recital. Você vai dizer ao meu pai que eu estive aqui? — Sim, se ele me perguntar. Não vou mentir para ele, nem você deveria. — Eu nunca minto para meu pai. — Ela lançou-lhe um sorriso estremecido. — No entanto, há algumas coisas que não menciono, a menos que seja especificamente solicitado. Eles começaram a caminhar de volta para seu escritório. — Você nunca traz ninguém para seus aposentos privados? Não me refiro apenas a amigos. Quero dizer... você sabe... ladies que... e mulheres que... hum ... Ele riu. — Seu rosto está vermelho como uma cereja. Não é da sua conta, sabe. Ela acenou com a cabeça. — É atrevimento da minha parte perguntar. Ele acariciou sua bochecha. — Não, Aurora. Eu não trago mulheres desse tipo aqui. — E minhas amigas, Harriet e Justine? Quero dizer, elas sempre vêm aqui para jogar? — Nunca as considere amigas. Você é uma dama. Elas não são, e não estou me referindo aos seus títulos, obviamente. Elas não estiveram aqui, mas visitaram outros infernos de jogos meus uma ou duas vezes com Rodrick e sua ralé. Eles bebem de meu champanhe e abusam de minha hospitalidade. Mas ser visto misturado a mim em meio a sua elegante sociedade? — Ele apontou para o corte acima de seu olho. — Esta foi a mensagem que recebi por ter aparecido no Baile Nevado. Ela estendeu a mão para tocar levemente ao redor da crosta agora formada ao longo do lado de seu olho. — Isso dói? — Não, está curando. — Ele pegou a mão dela e a levou de volta ao escritório. — Fique parada desta vez. Dê-me sua promessa, Aurora. Ela franziu os lábios para marcar sua irritação, mas nunca poderia ficar realmente zangada com Perin. Ele tinha vindo em seu socorro, e ela estava feliz por estar em sua companhia novamente. — Eu prometo. Ele deu uma risadinha. — Isso soou tão doloroso quanto uma extração de dente. — Ora! Eu adoraria ver o resto deste lugar. Mas vou manter a minha palavra. Ele correu o polegar levemente ao longo de sua bochecha. — Eu sei que você vai. Ele voltou para cima para terminar de se vestir. Ela voltou a examinar seus livros. Des entrou com o carrinho de chá logo depois. Que nome estranho para um homem gigante. Seu semblante era assustador, mas ele foi muito gentil com ela e lançou-lhe um sorriso terno quando começou a preparar o serviço de chá e os bolos. — O homem é enorme, — disse ela, sua voz quase um sussurro quando Perin voltou, e Des os deixou em privacidade. — Você o chama de seu criado, mas ele deve realmente ser seu guarda-costas, eu suponho? — Nós temos o ocasional perdedor zangado. É incrível como a raiva de um homem se dissolve rapidamente quando confrontado por um obstáculo do tamanho de uma montanha. Des nunca bateu em ninguém em sua vida. Os homens têm uma maneira de ver a razão no momento em que ele levanta os punhos. — Isso é mais conveniente para você. Ele se acomodou na cadeira ao lado dela e cruzou os braços sobre o peito, parecendo ser esta a sua postura quando em repouso. — Eu nunca procuro problemas. Às vezes, o problema me encontra de qualquer maneira. — Ele apontou para o olho. — Problemas não são a natureza do negócio de jogos? — Eu dirijo jogos honestos, e não... Eu ofereço apenas jogos de dados, jogos de cartas e assim por diante. Nada sórdido acontece aqui. — Ele serviu chá para ela enquanto falava. — Eu não quis dizer que sim. — Ela cortou fatias de bolo de limão para cada um deles e os colocou nos pratos. — Bem, eu estava curiosa. — Você é uma pequena bisbilhoteira determinada. Você olhou na minha mesa? — Não, droga. Isso nunca passou pela minha cabeça. Eu deveria ter olhado. Que segredos vou encontrar nela? Seu sorriso era dolorosamente terno. — Não seriam segredos se eu te contasse. Assim que terminaram, Aurora ficou melancólica. Ela havia gostado tanto de seu tempo com Perin e não queria que isso acabasse. Tinha que acabar, é claro. Ela olhou para ele, querendo muito beijá-lo. Ele gemeu. — Não me olhe assim, Aurora. — Você sabe que não posso evitar. — Ela emitiu uma respiração irregular. — Gostei da sua companhia, Perin. — Ela se levantou para sair e bateu no carrinho de chá de modo que várias colheres e o pote de açúcar caíram no carpete. Ela rapidamente se ajoelhou para pegar as colheres e começar a tirar os grãos de açúcar do carpete. — Eu não posso nem culpar você por querer se livrar de mim. Eu sou uma desajeitada. Ele se ajoelhou ao lado dela para ajudar. — Droga, eu odeio quando você faz isso. Ela acenou com a cabeça. — Derrubar as coisas? — Não. Não me importo com o que você derrube... há coisas encantadoras em você, Aurora. — Não diga isso. Você só vai me fazer chorar. Além disso, você pode ser o único em Londres que acha minha falta de jeito bonita e nada ofensiva. Seu bolo de limão estava delicioso, por falar nisso. — Minha cozinheira é uma maravilha. Ela prepara as refeições leves que servimos aos nossos convidados no salão principal e os banquetes que servimos aos nossos jogadores privados. Claro, ela cozinha para mim também. O nome dela é Sra. Quinn, e ela está comigo há quase dez anos. Aurora franziu o cenho. — Mas isso significa que você a contratou quando tinha apenas cerca de... nem mesmo vinte anos, tenho certeza. — Eu tinha dezessete anos. — Tão jovem? — Eu estava brigando pela sobrevivência desde que meu pai morreu e me deixou no comando das mulheres da minha família. Avó, mãe e irmã. Eu tinha quase uma década de experiência sob o meu próprio comando quando fiz dezessete anos. Seu tio Peter me ajudou a adquirir minhas primeiras propriedades, mantendo-as em seu nome porque eu ainda não era considerado maior de idade. — Qual foi o seu primeiro investimento? — Um lar decente para minha mãe, avó e irmã. Sra. Quinn tinha ficado viúva recentemente e perdeu o dela, então nós a acolhemos e lhe demos hospedagem e alimentação em troca de cuidar da minha avó e irmã. Acabou sendo uma excelente troca para mim. Liberou-me para encontrar as próximas ofertas, e aquela mulher sabe cozinhar. Nunca fomos tão bem alimentados em nossas vidas. — Conte-me mais, Perin. Quantas propriedades você possuía quando tinha vinte e um anos? — Cinco, todas em Torquay e cidades vizinhas. Propriedades à beira-mar. Dei uma para minha irmã e seu marido como presente de casamento quando se casaram. — E sua avó e sua mãe? Um lampejo de dor atingiu seus olhos. — Elas morreram. — Oh, Perin. Eu sinto muitíssimo. — Ela estendeu a mão e tocou a dele, então a puxou quando ele não fez nenhuma tentativa de pegá-la. — Você vai ficar em Londres no dia de Natal? Ele assentiu. — A Sra. Quinn, Des e eu jantamos juntos. Somos um grupo estranho. Um trio de desajustados, mas somos a coisa mais próxima de uma família, um para o outro. Minha irmã e seu marido jantarão com seu tio Peter e Annie. — Perin, eu não irei tirar você deles no dia de Natal. Mas você poderia, por favor, reconsiderar e se juntar à minha família para a ceia da véspera de Natal? Por favor. Minha mãe não teria convidado você se ela e meu pai não o aprovassem. — Aurora, por que não me deixa fazer a coisa honrosa e ficar longe de você? — Porque é uma tolice, não é honra. É justo que se junte a nós, já que foi você quem salvou minhas fitas. — Ela riu e balançou a cabeça. — A família toda está aqui. Tias, tios e primos. Colocamos as tigelas do coquetel wassail, castanhas assadas na fogueira da nossa lareira e comemos muito. Papai sempre põe visco e beija minha mãe embaixo. Ele ainda acha que ela é a mulher mais bonita que existe. Eles se amam muito. E se você e eu pudéssemos ficar como eles, Perin? — Aurora, você me conhece há menos de uma semana. — E eu gostaria de conhecê-lo para o resto da vida. — Ela entendia o que ele estava sentindo, todas as mágoas e desprezos que ele deve ter sofrido ao longo dos anos. — Peça um desejo, Perin. Um desejo de Natal. Pense no que você mais deseja no mundo. O que o deixará mais feliz? — Eu não acredito nessa bobagem. — Sim, você precisa acreditar. Aliás você acredita nisso mais profundamente do que qualquer outra pessoa. Eu era o seu sonho e você acreditou em mim. Peça e faça seu desejo de Natal. Ele pegou a mão dela e a levantou. — Des vai limpar tudo o que derrubamos. Minha carruagem já deve ter sido trazida para a frente. — Perin… — Sim, Aurora? Ela ficou na ponta dos pés e beijou-o com firmeza na boca, esperando com todas as esperanças que estivesse fazendo certo, porque ela só beijou uma vez, e ele tinha beijado quase sempre. — Homem teimoso, — ela murmurou. — Você é tudo que eu quero no Natal. Você é tudo que eu sempre desejarei. Se você não vai fazer o seu desejo de Natal, então eu farei o meu. Tudo que eu quero no Natal é você. — Aurora, é uma loucura. — Diga, Perin. O que você quer de Natal? Basta fechar os olhos e dizer o que você mais deseja no mundo. Não precisa ser eu. Ficarei desapontada, é claro. Mas vou entender. Apenas deixe escapar o que há de mais profundo em seu coração. — No fundo do meu coração? — Ele passou os braços firmemente ao redor dela e puxou-a contra ele. — Santos Céus. Existe alguma dúvida do que eu mais desejo neste mundo? — Diga, Perin. — Eu te amo, Aurora. Agora. Para sempre. Para sempre. — Ele a beijou com um desejo profundo e eterno. — Tudo que eu quero no Natal é você. Queridas leitoras, Quando Dragonblade pediu aos seus autores para escreverem uma história para esta antologia de Natal baseada em uma música natalina, eu soube imediatamente qual queria escolher. A maioria das minhas histórias de romance históricas são esperançosas, bem-humoradas e edificantes, e esse é exatamente o sentimento que eu queria expressar ao escrever a música que escolhi. All I Want For Christmas tinha que ser única. Cantada por Mariah Carey, sua versão foi minha inspiração. Senti o anseio, a esperança e o belo otimismo na música. É isso que desejo para todas, que seus sonhos e esperanças se realizem e que tenham o melhor ano de todos. Com amor, Meara All I Want For Christmas Is You
Mariah Carey
Não quero muito para o natal
Só preciso de uma coisa Eu não me importo com os presentes Debaixo da árvore de natal Eu só quero você para mim Mais do que você poderia imaginar Faça meu desejo se tornar realidade Tudo que eu quero no natal é você, sim Não quero muito para o natal Só preciso de uma coisa (e eu) Não se preocupe com os presentes Debaixo da árvore de natal Eu não preciso pendurar minha meia Lá em cima da lareira Papai Noel não me fará feliz Com um brinquedo no dia de natal Eu só quero você para mim Mais do que você poderia imaginar Faça meu desejo se tornar realidade Tudo que eu quero no Natal é você Você baby Oh, não vou pedir muito neste Natal Não vou nem desejar neve (e eu) Eu só vou continuar esperando Debaixo do visco Não vou fazer uma lista e mandar Para o Polo Norte para São Nicolau Eu nem vou ficar acordado Ouça aquelas renas mágicas clicando Porque eu só quero você aqui esta noite Me segurando tão forte O que mais posso fazer? Oh baby, tudo que eu quero no natal é você Você baby Oh, todas as luzes estão brilhando Tão intensamente em todos os lugares (tão intensamente, baby) E o som das risadas das crianças enche o ar (oh, oh yeah) E todo mundo está cantando (oh, sim) Eu ouço os sinos de trenó tocando Papai Noel, você não vai me trazer aquele que eu realmente preciso? (Sim, oh) Você não vai, por favor, trazer minha baby para mim? Ai não quero muito no natal Isso é tudo que estou pedindo Eu só quero ver você baby Parado bem na minha porta Oh, eu só quero você para mim Mais do que você poderia imaginar Faça meu desejo se tornar realidade Oh baby, tudo que eu quero no natal é você Você baby Tudo que eu quero no natal é você, baby Tudo que eu quero no natal é você, baby Tudo que eu quero no natal é você, baby Tudo que eu quero no natal é você, baby Tudo que eu quero no natal é você, baby