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NACIONAIS-ACHERON
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Índice livros
Do Sangue ao Desejo – desejos sombrios Livro 1
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NACIONAIS-ACHERON
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Sumário
Nota da autora
Glossário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capitulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capitulo 29
Capitulo 30
Epílogo
Bônus
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Nota da autora
Esta é uma obra de ficção. Nomes de pessoas e locais que existam ou que
tenham verdadeiramente existido em algum período da história foram usados
para ambientar o enredo. As situações aqui narradas não descrevem nenhum
trecho da verdadeira história da Inglaterra ou da Irlanda. No entanto, alguns
detalhes históricos, principalmente como lugares, sobre história dos costumes
e outros detalhes relevantes, foram pesquisados com o intuito de dar
veracidade à história. A linguagem utilizada é a segunda pessoa do singular
(tu) para diálogos diretos, uma vez que é mais condizente com a época em
que a história se passa. Ainda pode haver algum erro, pequeno ou grande,
mas esse terá sido cometido no afã de criar tempo e espaço.
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Glossário
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Prólogo
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Capítulo 1
A cidade estava toda iluminada, a luz elétrica já havia chegado a boa parte
das casas. As poucas árvores pela cidade estavam secas e já haviam perdido
todas as suas folhas. Com a chegada das fábricas, que inundavam os céus
com fumaça e fuligem, Londres se transformava a cada dia, renovando-se,
dando às pessoas que caminhavam nas ruas um novo fôlego. A era que se
estendia desde o início do século, trazia empregos, prosperidade e os
habitantes sentiam-se felizes e seguros. Tolos, mal sabiam os perigos que os
rondavam, escondidos nas sombras ou em plena luz do dia.
Graças à cultura que tornara as pessoas reservadas, Londres era um belo
lugar para viver quando se tinha segredos a esconder.
Sentado na cadeira de um pequeno café na movimentada e recente estação
de trem Vitória. Aron observava o vai e vem de pessoas chegando e partindo.
O lugar estava repleto de barulho, do falatório das pessoas e dos trens
movidos a vapor. Ele riu, como se toda aquela pressa que tinham de chegar a
algum lugar fosse engraçada. No entanto, surpreendeu-se ao pegar o relógio
de bolso em seu casaco e notar que também estava preocupado com o tempo.
Ela estava atrasada. Mas não deveria se importar, pois tinha pouco menos
do que a eternidade pela frente. Ainda assim, sentiu-se angustiado. Cortejava
a moça há alguns dias e haviam combinado um local público para o encontro.
Porém, arrependeu-se por não ter sido mais enfático e tê-la convencido a irem
a um lugar mais reservado.
Logo uma moça apareceu no horizonte. Ela era pequena e delicada. Aron
riu quando a jovem esbarrou em uma velhinha que carregava malas pesadas.
Como os humanos eram desastrados.
A saia bufante e cheia de camadas dela só atrapalhava ainda mais os seus
movimentos. O vestido que usava era de um tom púrpura vibrante, com uma
sobressaia creme, e o espartilho parecia extremamente apertado. As mangas
do vestido eram longas. Os cabelos loiros dela estavam presos em um coque
no alto da cabeça e seus olhos azuis gentis se sobressaíam na pele
ligeiramente rosada pela vergonha. Logo ela viu Aron e tentou não correr
desesperada em sua direção, só tentou.
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Aron permaneceu com uma das mãos sobre o rosto delicado, a pele alva,
macia ao toque, dava-lhe prazer. O calor do toque fez com que os olhos da
jovem se arregalassem, deixando o azul deles ainda mais vívido. Apesar de
saber que não deveria, ansiou para que ele a tocasse mais. Aquele desejo
crescia de uma forma que ela não sabia explicar. Talvez devesse pedir
gentilmente que se afastasse, mas este pensamento não estava em suas
prioridades no momento.
O lorde levou sua boca até a dela, havia esperado demais para prová-la.
Ela tinha um sabor doce, quase infantil, de pura inocência. Não parecia ter
feito aquilo muitas vezes, e quando Aron invadiu a boca delicada com a
língua a surpresa dela só confirmou sua suposição. A ingenuidade atiçou-o
ainda mais.
Emily lutou contra o impulso de ceder às investidas dele, contudo nada em
sua vida havia sido tão inútil. Era tarde demais para pensar nas possíveis
consequências daquilo. Talvez devesse ter refletido antes de aceitar o convite,
agora simplesmente já era impossível dizer não. Não sabia qual magnetismo
ele tinha, apenas que era o suficiente para mantê-la bem ali.
Ele não pensou duas vezes antes de puxá-la para mais perto. Sabia que a
donzela não iria mais a lugar algum. Se ele se sentia mal pelo que estava
prestes a fazer? Bom, um leão não se julgaria errado antes de sair à caça.
Minha família vai me matar, pensou Emily quando sentiu seu corpo ser
deitado ali mesmo, sobre a grama. No entanto, isso nem de longe foi o
bastante para fazê-la mudar de ideia. A possibilidade de passar o resto de
seus dias servindo a um barqueiro asqueroso e velho pareceu uma boa
justificativa que cedesse, ainda que a vida inteira lhe dissessem que não
deveria fazê-lo antes do matrimônio.
– Aron... – tremeu ao sussurrar o nome dele, o que o fez encará-la
surpreso. Emily poderia ser ingênua, mas já haviam lhe dito muitas vezes
como era a primeira vez de uma donzela.
O lorde afastou-se um pouco e olhou-a nos olhos. Entendendo seu temor,
acariciou-a no rosto.
– Farei de tudo para que sinta o mínimo de dor. – Ele voltou a beijá-la de
forma provocativa e o toque inapropriado dele em suas nádegas, ainda que
estivesse vestida, a fez esquecer-se de qualquer preocupação. Sim, aquilo era
bom, melhor do que era capaz de admitir em voz alta.
Aron foi extremamente ágil ao enfiar uma das mãos pelas camadas e
camadas da saia dela e retirar a ceroula que vestia, deslizando-a pelas pernas
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Aron tirou seu casaco, colete e começou a desabotoar a camisa branca, logo
deixando à mostra seu abdômen. Adorou como a curiosidade dela fez com
que levasse as mãos pequenas até seu corpo.
Ele era ainda mais bonito despido, Emily suspirou ao refazer o contorno
dos músculos com os dedos. A ânsia crescia ainda mais na região pulsante
entre as pernas dela. Somente um anjo como aquele para levá-la a um pecado
tão grave.
Aron foi incrivelmente rápido ao despi-la de todas aquelas camadas de
tecido. Foi apenas quando ele deslizou a mão sobre o seu ventre que Emily
percebeu que estava completamente nua, deitada na grama próxima ao lago,
coberta apenas pelos pequenos raios de sol que ultrapassavam as nuvens do
céu londrino.
– Não! – Aron a impediu de se cobrir com os braços. – Seu corpo é lindo,
não precisa escondê-lo.
De fato, ela era belíssima, com uma pele alva que ficava levemente
vermelha onde ele tocava; seios rígidos, pequenos, mas não menos deliciosos.
Uma singela camada de cachos loiros, que ele desejava logo poder explorar,
escondiam sua intimidade entre as pernas.
Rapidamente, ele se desfez de sua calça, o que a fez arregalar os olhos.
Pelas figuras nos livros na biblioteca de seu pai, que lia escondida, não
julgava que o membro masculino pudesse ter aquele tamanho. A ideia de tê-
lo introduzido dentro de seu corpo assuntou-a. No entanto, o temor
desapareceu quando ele acomodou seu corpo quente sobre o seu, encaixando-
se entre as pernas involuntariamente distanciadas. Ele apoiou-se sobre os
cotovelos, distanciando o corpo, contudo isso pouco contribuiu para apagar o
calor crescente que corria dentro das veias de Emily.
Fechou os olhos ao sentir os lábios dele pousarem em seu pescoço; as
mãos que exploravam suas partes mais íntimas sem compostura alguma.
Talvez devesse se envergonhar, mas em seus sonhos era exatamente assim
que desejava ser tocada, com mãos firmes que deixavam a região por onde
passavam ardendo. Embora tivesse se contido o máximo que pode, tentando
se manter intacta, aquele homem exigia mais do que as forças que tinha à
disposição. Aquele desejo já havia vencido.
Sentiu o pênis rígido dele roçar entre suas pernas, deixando o lugar que já
ardia ainda mais cheio de desejos. Remexia-se debaixo dele, quase
implorando para que ele fizesse logo. Não sabia o que era aquilo que o lorde
havia provocado nela, só que precisava ser saciado não importasse as
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consequências.
Aron não esperou mais para penetrá-la. A dor aguda quando ele rompeu
de uma vez o escudo que protegia sua virgindade a fez arquejar e agarrá-lo. O
gritinho que soltou foi capturado por um beijo, onde ele adentrou com a
língua a boca dela com a mesma ferocidade. Esperou que a moça se
acostumasse com a presença dele antes de começar a se mover para dentro e
para fora. Não esperou que a dor voltasse a atormentá-la para colocar sua
mão entre os corpos e estimulá-la com os dedos, o que a fez soltar gemidos
de prazer. Emily tremia e se contorcia em meio aos impulsos que tomavam
conta do seu corpo, em meio ao verdadeiro prazer, mal conseguia raciocinar.
O grito alto que ela soltou fez Aron abrir um leve sorriso em meio ao beijo.
Aquilo era muito mais que a imaginação fértil de Emily fora capaz de
criar. O ato aterrorizante vivido pelas mulheres mais velhas que conhecia
estava sendo o melhor momento de sua vida. Os dedos de Aron se moviam
com agilidade, fazendo com que a jovem se contorcesse debaixo dele,
agarrando com força o chão ao ponto de arrancar parte da grama. O modo
como a estimulava havia feito a penetração deixar de ser um incômodo ao
ponto de fazê-la pensar que já não conseguiria mais viver sem ele a
preenchendo.
Emily largou a grama e passou as mãos pelas costas dele, agora sem receio
algum de tocá-lo como lhe dava vontade. Uma investida mais forte do
membro pulsante dele para dentro do seu corpo a fez soltar um gemido mais
alto e cravar as unhas nos ombros largos.
O estímulo logo a levou ao ápice, fazendo seu corpo ser tomado por uma
explosão elétrica que deixou-a formigando. Com o peito subindo e descendo
rápido, ela permitiu que seu corpo trêmulo pousasse sobre o chão.
Ainda inebriada pelo orgasmo que Aron lhe proporcionara, Emily mal
sentiu as investidas dele aumentarem o ritmo. Com ambas as mãos apoiadas
no chão, ele já não se preocupava mais em ser delicado, agora era a vez de ter
seu próprio prazer, saciar seus desejos vorazes.
Logo Emily sentiu um líquido quente tomar conta do seu ventre e corou ao
perceber o que aquilo significava. Aron colocou as duas mãos ao redor do
rosto dela e a puxou para mais um beijo. Ela amou aquele carinho a mais e
correspondeu sem o menor pudor. Subiu e desceu com as mãos delicadas
pelas costas largas do homem que havia lhe roubado a inocência, mas ao
invés de preocupar-se com aquilo, apenas quis aproveitar o momento que não
sabia se iria se repetir.
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Capítulo 2
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O homem foi jogado de joelhos no chão e o forte impacto fez com que
acordasse. Ainda zonzo pelo golpe, mal conseguia se manter ereto. Onde
estava? Não possuía dinheiro para ser dado em seu resgate. Será que seu
raptor ainda não percebera isso?, pensou em meio ao puro desespero.
Abriu os olhos de repente e sua agonia aumentou quando se deu conta do
saco de algodão preto que lhe cobria a cabeça. Quis arrancá-lo logo, contudo
com os braços amarrados era impossível fazê-lo.
Sentiu um alívio tremendo quando alguém tirou o saco. O ar encheu seus
pulmões como se tivesse ficado horas sem respirar, ainda que o tecido não o
sufocasse. Quando suas pupilas se retraíram o suficiente para que pudesse
enxergar, ele observou o lugar onde estava. Embora sua mente cogitasse os
lugares mais imundos de Londres, certamente não era onde estava no
momento. Nunca teria imaginado que a coisa macia sob os seus joelhos fosse
um tapete oriental.
Pesadas cortinas vermelhas cobriam as janelas. A luz produzida por velas
em belos castiçais de prata tremulava, dando ao ambiente um ar sombrio e
causando sombras marcadas nos poucos móveis que compunham a decoração
do lugar.
Um sapato sendo colocado contra o seu rosto forçou o homem a olhar para
frente e encarar a bela mulher sentada em uma cadeira de veludo, bem
adornada ao ponto de se assemelhar ao trono da rainha Vitória. Ao lado dela
havia duas outras mulheres usando vestidos provocantes nada dignos de
donzelas. Mas o que lhe chamou mesmo a atenção foi aquela que abaixava e
virava o seu rosto com o sapato preto e pontiagudo. Ela era jovem, jovem até
demais para alguém sentada naquela posição de comando. Com uma beleza
capaz de fazer homens cometerem loucuras, tinha longos cabelos ruivos que
caiam ao redor do seu rosto pálido em formato de coração, sobrancelhas finas
e delicadas em um tom castanho claro e cílios negros enormes que só
destacavam mais seus olhos...
O homem engoliu em seco, olhos vermelhos. As mãos dele começaram a
suar frio e sentiu cada parte de seu ser tremer com uma sensação de medo
terrível, ainda maior do que a vez em que fora seguido e trazido para cá. Algo
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na presença dela fazia seu sangue gelar: ainda que parecesse apenas uma
mulher frágil, não se portava como uma.
Ela ergueu seu queixo com a ponta do pé e o fez encará-la. Olhar
diretamente para aqueles olhos, ainda que por um breve segundo, o fez
esquecer-se de qualquer medo que o afligia.
– Olá, qual o seu nome? – Ela sorriu ao curvar seu corpo na direção dele.
Aquela voz era a música mais bela que havia ouvido.
– Tho-Thomas, Piter Thomas. – O pobre mal conseguia falar ou mesmo
desviar o olhar.
Ela o fitava profundamente, como uma serpente se preparando para o bote,
e Piter, hipnotizado por seus olhos, não conseguia mover um único músculo,
respirando com dificuldade. A presença dela conseguia ser extasiante e
sufocante.
Sem mexer a cabeça tentou olhar ao redor. Uma porta de madeira
trancada, uma mesa ao canto com alguns castiçais sobre ela, as janelas
obstruídas; duas mulheres e um homem, provavelmente seu raptor, que não
pareciam dispostos a ajudá-lo. Não havia para onde ir, mas a cada vez que
encarava aqueles olhos menos tinha vontade de partir.
– Bom, acho que fez uma boa escolha, Elzor. – Disse ao homem, ainda
encapuzado, parado atrás de Piter.
– Tudo para servi-la, Dária. – A voz do homem era grave e ecoava como
um tambor enchendo todo o ambiente, e serviu para lembrar Piter o quão
assustador tudo aquilo era.
Viu Dária se levantar com a enorme saia negra do vestido e vir na direção
dele, em uma velocidade tão inacreditável que mal teve tempo de gritar antes
de sentir presas pontiagudas lhe rasgarem a pele fina do pescoço e sentir seu
sangue se esvair por onde ela sugava.
Instantes depois já não queria mais gritar, ou mesmo fugir. Sentia seu
sangue começar a ferver e mal notou sua ereção involuntária. Queria agarrar
aquela mulher e despi-la ali mesmo, contudo as amarras em seu braço o
impediram de fazer qualquer movimento.
Embora estivesse louco de desejo pela desconhecida, sua virilidade não
durou muito tempo, pois à medida que seu sangue era sugado sua visão
ficava mais escura e sua força se esvaía... Até que Dária largou o corpo, que
tombou caindo de lado no chão.
– Livre-se disso, Elzor. – Apontou para morto, como se este não passasse
de nada, e sentou-se novamente em seu trono, limpando o filete de sangue
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Capítulo 3
Aron ergueu os olhos do livro que lia e encarou a mulher que entrou
rodopiando na biblioteca. As pequenas pedras no vestido dela cintilavam sob
a luz do sol que entrava pela janela, criando um jogo de pequenos raios que
se espalhavam por todo o ambiente, iluminando os cantos mais escuros das
enormes estantes. Aron sorriu ao perceber o quão vívida Isabel conseguia ser,
ainda que sua família só conseguisse levar morte por onde quer que passasse.
Fechou o livro e o colocou sobre uma mesa de canto, ao lado da poltrona
onde estava sentado, aguardando pelo abraço quando sua irmã correu em sua
direção.
– Aron! – Ela envolveu o pescoço do homem com seus braços finos e
delicados. – Feliz aniversário!
Ele sorriu ao corresponder o abraço e sentou-a em seu colo. Mesmo que
Isabel já fosse uma mulher com belas curvas, longos cabelos loiros e olhos de
um azul esbranquiçado, Aron ainda a via como sua irmãzinha, aquela que
sempre trouxe alegria, não importava onde estivessem.
– Obrigado. – Sorriu ao abraçá-la mais apertado.
Admirou por longos segundos o sorriso que ela lhe deu em resposta.
Ainda se impressionava com a capacidade dela de sorrir. Isabel encontrava
felicidade nas coisas mais simples e isso o encantava.
– Trouxe um presente para ti. – Ela estendeu uma pequena caixa de veludo
com uma fita vermelha amarrando.
A encarou com um ar de não precisava. Entretanto, expressão dela
continuou a mesma.
– Em quase um século eu nunca esqueci. – Lembrou-lhe empurrando a
caixinha, insistindo para que ele a abrisse logo. – Vamos! Quero saber se
gostou.
Aron riu.
– Sempre gosto.
– Então abre logo.
A ansiedade da irmã era tão grande que ele não pode esperar mais para
abrir o presente. Dentro da pequena caixa havia um belo anel masculino, uma
joia digna de um nobre com muitas posses.
– Um lindo presente, Isa. – a voz chamou a atenção dos dois e fez com que
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perfeita, pensou ao abrir um leve sorriso. Natasha era o uma mulher que
possuía as armas certas para levar qualquer homem a cometer os piores
pecados, e sabia bem como usá-las.
– Vamos? – Ele estendeu o braço para ela.
Natasha sorriu e entrelaçou seu braço no do irmão. Juntos, caminharam até
o jardim do casarão, onde o cocheiro aguardava por eles junto à carruagem.
Assim que seus senhores estavam devidamente acomodados, ele rumou de
volta à estrada.
Apesar do destino incomum, o cocheiro não fez pergunta alguma. Os
Donovans eram uma família estranha, pensou enquanto mexia nas rédeas dos
cavalos. Corriam boatos entre os empregados que eles eram possuídos por
demônios, pessoas entravam naquela propriedade e nunca mais eram vistas.
Contudo, tratavam bem seus empregados e eram generosos em seus
pagamentos, desde que aqueles que os servissem fossem discretos, e que nada
visto entre aquelas paredes fosse comentado fora delas. Sua família vivia bem
desde que começara a trabalhar ali, portanto para o cocheiro era tudo que
importava. Se as duas moças eram solteiras apesar da idade e tinham
comportamento leviano, não era da sua conta. Então lá estava ele levando os
irmãos para um bairro de má reputação, pois tudo que tinha a fazer era
cumprir ordens.
– A fumaça das fábricas está acabando com as estrelas. – Comentou
Natasha ao olhar para o céu pela janela da carruagem. – É uma pena, eu
adorava observá-las.
Aron nada disse quanto à observação da irmã. No fundo estava
preocupado, deveria tê-la perguntado para onde iriam.
Quando a carruagem parou, o lorde instintivamente colocou a cabeça para
fora da janela para ver onde estavam. Não havia uma alma viva andando na
rua e a luz dos postes era mais fraca do que deveria ser, talvez estivessem com
defeito. Havia uma porta discreta e nenhuma janela. Certamente um lugar
repleto de segredos.
O cocheiro ajudou Natasha a descer e Aron pulou da carruagem logo atrás
dela. Sentiu-se um garoto por estar tão ansioso, algo que não costumava ser
de seu feitio.
Sua irmã tinha os lábios levemente curvados em um sorriso e olhos que
transmitiam uma segurança que o deixava temeroso. Natasha tinha o costume
de não ser nem um pouco cuidadosa com o que fazia, o que levara a Aron se
sentir inseguro quando era ela quem tinha o controle da situação.
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Com passos calmos, logo ele chegou à pequena porta. Seguiu Natasha
através de um corredor escuro, iluminado por pequenas velas de luz
amarelada que serviam apenas para que as pessoas não tropeçassem nos
próprios pés.
À medida que se aproximava, ouviu uma música e algumas vozes, na
maioria risos e pequenos gemidos femininos. Naquele momento entendeu
aonde estava. Ainda que o prazer o mantivesse vivo, não frequentava lugares
como aquele com frequência. Tinha preferência por garotas mais ingênuas.
Entretanto ficou feliz por estar ali. Natasha podia ser irresponsável, importar-
se menos com os riscos, no entanto, divertia-se mais do que ele.
Quando chegaram ao enorme salão, os olhos de Aron se perderam
observando o local. Uma luz avermelhada e com pouca força iluminava como
podia. Havia pequenas mesas circulares com algumas cadeiras ao redor, e
namoradeiras mais espaçosas encostadas nos cantos das paredes. O bordel
estava lotado, tanto de clientes, homens nobres ou burgueses ricos, quanto de
moças que estavam apenas com uma saia fina usada como roupa íntima por
donzelas mais distintas. Algumas usavam um espartilho e outras tinham os
seios à mostra.
Um barulho chamou a atenção do lorde e o fez olhar para uma das
namoradeiras a poucos metros de onde estava. Um homem gordo, com cabelo
e barba branca, rosto enrugado, que deveria ter por volta dos 40 anos estava
debruçado sobre uma das moças. Entre as pernas dela, o velho não tinha o
menor pudor ou hesitação antes de penetrá-la. As sobrancelhas baixas e o
olhar distante no rosto da moça deixavam claro que ela só estava esperando
que ele terminasse.
– Aron. – Natasha chamou por ele atraindo de volta sua atenção.
Quando desviou o olhar em busca da irmã, Aron viu de relance a imagem
de uma mulher que observava tudo de pé em uma sacada no alto do salão.
Ainda que por uma fração de segundo, ele a admirou como se fosse por
horas. Debruçada sobre os balaústres que serviam de proteção, a bela ruiva
observava o que se passava embaixo. Possuía uma pele branca, quase
translúcida, mãos delicadas e um rosto angelical. Os longos cabelos ruivos
pareciam sedosos e Aron se encheu de desejo de tocá-los.
– Venha logo. – Natasha o puxou.
Ainda num misto de vislumbre e curiosidade pela mulher misteriosa, Aron
mal notou ser arrastado para longe, só se deu conta quando ela saiu de seu
campo de visão.
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ele desceu uma das mãos até a sua cintura e a puxou para mais perto,
espremendo o corpo da moça contra o dele.
Chloe assistia a forma calorosa como o homem beijava Alexia, sentindo
uma pontada de inveja. Ele era tão lindo. Desejou poder prová-lo também.
Não era de se esperar que alguém como ele fosse a um bordel. Com aquele
charme e pelo luxo das roupas e joias que usava, Chloe era capaz de apostar
que ele poderia ter a mulher que desejasse.
– Não iam começar a me despir? – Aron afastou-se de Alexia o suficiente
para poder olhar bem as duas.
Chloe que estava levemente emburrada abriu um largo sorriso, e logo
aproximou-se dele para desabotoar o colete.
Alexia apoiou-se na mesa ao lado da porta, ainda zonza pelo beijo. Aquilo
havia sido incrível. Olhou para o lorde sorrindo, e pela primeira vez desejou
fazer aquilo que fazia todas as noites.
Que perfume, Chloe suspirou ao sentir o cheiro que emanava da pele dele.
Queria poder ver mais, senti-lo melhor. Sua ânsia era tanta que os botões do
colete pareciam se multiplicar.
Quando Alexia finalmente sentiu suas pernas firmes, voltou-se para Aron
e ajudou Chloe a tirar a camisa dele, a jogando sobre a cama. Sua
curiosidade, somada com o sorriso inspirador dele, a fez levar as mãos até o
peito do homem, contornando os músculos bem definidos com os dedos
pequenos e delicados.
Com a bela visão do lorde sem camisa, Chloe se ajoelhou a fim de livrá-lo
do restante das roupas. Deslizou as mãos, trêmulas pelo misto nervosismo e
desejo, até o fecho da calça e foi inevitável não perceber o volume que o
pênis rígido fazia no tecido. Logo livrou-se da calça, precisava tocá-lo.
Pela primeira vez a visão do órgão masculino a encheu de desejos e
pensamentos. Sem hesitar, envolveu-o com as mãos e levou até a boca,
experimentando o sabor dele.
Aron gemeu com o toque inesperado, e acariciou o cabelo dela. Nenhuma
mulher com a qual tinha estado havia feito algo sequer parecido com aquilo.
Era muito bom a experiência delas ter lhes ensinado uma coisa ou outra.
Chloe sempre tinha nojo quando os outros clientes a pediam para fazer
aquilo. Contudo, daquela vez sua boca salivava com o desejo que tomava
conta do seu corpo. Chupar o membro rígido dele fazia seu sangue ferver.
Aron mordeu o lábio inferior, contendo o gemido quando os lábios dela o
apertaram com força. Acariciou o cabelo da moça, incentivando-a a
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continuar.
Alexia viu os olhos de Aron se revirarem. Parecia delicioso. Acariciou o
rosto dele com as mãos, a pele era suave. Contornou os lábios macios dele
com a posta dos dedos. Queria mais, aquele beijo havia sido tão bom. No
entanto, não sabia se podia, estava ali para servi-lo e teve medo de que ele a
recriminasse. Não sabia o que estava acontecendo consigo mesma, era como
se o beijo que ele havia lhe dado fosse uma fagulha que despertasse um fogo
que nunca havia sentido.
Aron percebeu a insegurança em Alexia, o receio de tocá-lo. Ainda
delirando de prazer com Chloe chupando seu membro, ele envolveu Alexia
com os braços, trouxe-a para perto de novo e a beijou mais uma vez. Ela teria
soltado um gritinho de comemoração se a língua dele não obstruísse sua
boca.
Completamente entregue ao beijo, sentiu as mãos do lorde percorrem seu
corpo, logo tirando a camisola fina que vestia. O toque dele deixava
formigamentos e pequenos choques na pele de Alexia, por onde seus dedos
passaram. A onda de sensações que o beijo e os toques lhe proporcionava
deixou suas pernas bambas outra vez, e se não fosse por Aron a estar
segurando firme, elas não bastariam para mantê-la de pé.
Com uma das mãos, Aron ergueu o rosto de Chloe, fazendo com que o
encarasse. Estava maravilhoso, mas se não quisesse acabar com tudo aquilo
rápido demais era melhor que parasse.
Ela se distanciou, com medo de estar fazendo algo errado, mas a forma
como ele lhe acariciou o rosto mostrou-a que estava tudo bem.
Aron pegou Alexia no colo, e ainda a beijando, levou-a até a cama.
Deslizou os lábios até a base do pescoço dela, fazendo com que um calafrio
percorresse o corpo da moça e deixando os pelos do seu corpo eriçados.
– Já volto. – Mordeu de leve a orelha dela em meio ao sussurro,
arrancando-lhe um gemido involuntário.
Chloe não conteve o sorriso quando o viu caminhar em sua direção.
Agarra-me, se conteve para não gritar. Encarou o homem nu que parecia ter
sido pintado de tão belo, nunca havia tido um cliente que se equiparasse a ele.
Fechou os olhos quando sentiu ele vagarosamente desamarrar a fita de
cetim que fechava sua camisola e a deslizar pelos ombros até que caísse ao
chão. Seu corpo vibrou quando o lorde finalmente a envolveu com os braços
e a colou junto à sua pele quente. Os lábios que tanto desejava logo tomaram
os seus. Sim, era tão bom quanto pareceu ser quando ele beijou Alexia.
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Aron também a levou até a cama e ficou de joelhos entre as duas, bonitas
em sua singularidade. Acariciou o rosto de cada uma delas, queria
proporcionar prazer a elas também, mesmo que por uma única noite.
Chloe e Alexia trocaram olhares, então sentaram-se na cama o suficiente
para puxá-lo para que se deitasse. Aron se ajeitou e, sorrindo, esperou pelo
que elas pretendiam fazer. Ambas beijavam o pescoço do lorde, uma de cada
lado. Ambas se embriagaram com o perfume doce que a pele dele tinha.
Desceram os beijos pelo peito másculo, o abdômen, até o quadril de Aron.
Ele sorriu pensado no que as duas poderiam fazer ali. Acariciou o cabelo
delas quando Chloe segurou firme seu pênis ereto e Alexia curvou-se para
passar a língua em toda sua extensão.
Um gemido escapou por entre os dentes cerrados de Aron e ele apertou
com força a colcha da cama debaixo de si. Sentia elas gostando daquilo, o
que o fazia se sentir ainda melhor.
A boca de Alexia se encheu de saliva em meio ao desejo. Nunca havia
beijado a parte íntima de um homem antes, mas pela forma como viu Chloe
se contorcer minutos atrás deveria ser muito bom. Abocanhou-o com
vontade. A leve mordida que ela deu fez Aron se assustar a princípio, porém
o estímulo logo o fez esquecer.
Aron olhou para as duas intuitivamente, quando Chloe colocou um de seus
testículos na boca e passou a chupar também. A empolgação delas só lhe
arrancava mais gemidos.
O lorde acariciou o cabelo de Alexia e o segurou atrás para que pudesse
ter uma visão perfeita dos lábios dela subindo e descendo em seu membro.
Os gemidos dele apenas deixavam a região entre as pernas delas cada vez
mais pulsante de desejo. Ansiavam por tê-lo dentro, preenchendo-as.
Alexia fechava os olhos e chupava com mais afinco à medida que o desejo
crescia dentro de si. Sentia que não era a sua boca a única parte de seu corpo
a ficar cada vez mais úmida. Aron enrolou o cabelo dela na mão e puxou sua
cabeça delicadamente para cima, forçando-a a parar. Alexia resmungou algo,
nada satisfeita com a interrupção, estava adorando aquilo, por que parar?
Aron viu os dentes dela cerrarem-se levemente e os olhos afunilados o
encararem, um pouco brava por ele tê-la forçado a parar. Foi inevitável não
soltar um risinho com aquilo.
– Acalme-se, é a minha vez agora. – Puxou-a para mais perto e ajeitou-a
para que sentasse sobre seu rosto, com a vagina bem em cima da sua boca.
Alexia corou ao ver o que ele pretendia fazer. Pensou em perguntá-lo se
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tinha certeza, mas aquilo lhe pareceu ridículo, e iria contra tudo o que ela
desejava no momento. E pela forma como o homem a tratava, parecia claro
que seus desejos importavam. Gemeu e deu um pulinho involuntário quando
ele agarrou com força as suas nádegas, antes de cutucar sua região pulsante
com a língua. Oh, sim! Por favor, meu lorde, se conteve para não implorar. O
toque provocativo dele parecia apenas ter atiçado mais o fogo que a
consumia, tão intenso que a fazia se contorcer involuntariamente.
– Gostas? – Aron passou a língua numa lentidão que para Alexia a
mataria.
– Sim, meu Lorde. – Ela gemia tanto que mal conseguiu dizer aquelas
poucas palavras.
Aron apertou com força as nádegas dela e a penetrou com a língua, depois
passou a leves lambidas e beijos. Alexia sentiu uma onda de prazer tão
grande invadir seu corpo que teve que curvar para frente e apoiar suas mãos
na cama. Sentiu-se tremer em meio a espasmos involuntários.
O lorde subiu as mãos e agarrou os pequenos seios enrijecidos dela. Os
mamilos eriçados e a forma como reagia bem aos seus estímulos deixavam
claro que os homens que se deitaram com ela pouco se importaram em lhe
dar prazer. Quando sentiu a respiração ofegante de Alexia denunciar que
estava perto do clímax ele parou.
A jovem soltou gritinhos quando seu prazer foi interrompido.
– Tenha calma. – Aron colocou Alexia um pouco para o lado e fez um
gesto para que Chloe viesse tomar seu lugar.
Alexia ficou emburrada quando viu a colega roubar-lhe a posição de
poucos minutos atrás. No entanto, logo voltou a sorrir quando ele a puxou
para perto e a fez se sentar sobre o pênis dele. Gemeu alto ao ser penetrada,
estava tão excitada que se sentiu deliciosamente preenchida, ao invés do
habitual desconforto.
Chloe rebolou no rosto de Aron para que ele desse atenção a ela. O lorde
deu um tapa em sua bunda, fazendo-a dar um pulinho pelo susto. Mas ela
logo se esqueceu disso quando ele sugou de leve seu clitóris. Nem se
preocupou em conter os gemidos, não sabia quando um cliente a
proporcionaria tal prazer novamente.
Alexia se apoiou no peito de Aron e começou a mover-se devagar. A cada
vez que se movimentava a sensação proporcionada em seu corpo a fazia se
contorcer ainda mais. O que tinha de especial naquele homem para deixá-la
daquele jeito? E por que alguém como ele se deitaria com prostitutas?,
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única vez, num golpe tão forte que a deixou sem ar por alguns segundos.
Suas pernas estavam tão bambas e tremiam tanto que não aguentaram, se não
fosse pelo braço ágil de Aron segurá-la a tempo, talvez tivesse caído da cama.
Puxou o rosto dele para mais um beijo, enquanto ainda experimentava a
sensação que se esvaía aos poucos, e sentiu-o corresponder àquele beijo com
ainda mais desejo do que antes. Alexia esperava se recuperar daquele cansaço
momentâneo logo, quem sabe ainda tivesse a oportunidade de fazerem mais
antes que ele fosse embora. Talvez fosse mera impressão sua, mas ao invés
do cansaço ir embora ele apenas aumentava. Tentou afastar-se do beijo para
poder deitar-se um pouco, no entanto Aron a segurou firme, impedindo-a de
se mexer. Gritou, mas os lábios do lorde contra os seus abafaram qualquer
som que produzia, até não ser mais capaz de se mover. Encarou os olhos dele,
tornando-se um azul brilhante, quase fantasmagórico, e essa foi a última coisa
que viu antes de suas forças se esvaírem por completo e seu corpo pousar
sem vida no braço de Aron.
O lorde deitou o corpo de Alexia na cama em um ângulo onde Chloe não
podia vê-lo, para em seguida voltar sua atenção completamente para ela.
Aron apoiou suas duas mãos na cintura da moça e investiu com força,
arrancando-lhe um gemido alto. Ela nem esperou para que ele se movesse
novamente e empurrou sua bunda contra o corpo dele, fazendo-o entrar
fundo.
Aron saiu de dentro dela e a virou na cama, colocando-a deitada de frente
para ele. Chloe nem teve tempo de reclamar por ele ter saído de dentro dela,
pois sem hesitar o homem a penetrou novamente. Pegou as duas mãos dela e
segurou com as suas, mantendo-as firmes, apertadas contra a cama. Investiu
com força, sem se preocupar em ter cuidado, a mulher não era como as
virgens de porcelana que ele seduzia fácil.
Chloe o abraçou com as pernas, prendendo-o junto ao seu corpo e o
fazendo entrar ainda mais fundo. Soltava gemidos incontroláveis enquanto
Aron mordiscava e assoprava sua orelha, a fazendo se arrepiar toda. Respirou
fundo, ainda não, ainda não... Mas foi impossível, soltou um grito alto
quando as sensações explodiram dentro dela. Sua respiração ficou mais
urgente, fazendo seu peito subir e descer freneticamente. Ainda estava
extasiada e pouco se deu conta de que Aron ainda continuava os movimentos,
dessa vez mais rápido, preocupado com o próprio prazer.
O lorde soltou as mãos dela e segurou firme o seu rosto, rendendo-a em
um beijo cheio de urgência. Chole adorou quando a língua dele invadiu sua
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Capítulo 4
Dária jogou a cabeça para trás, batendo contra a parede atrás de si. A
ligeira dor pouco a incomodou. Um gritinho escapou de sua boca e ela
mordeu os lábios, cortando-os. Sentiu o gosto agridoce do seu próprio sangue
nas gotas que caíram em sua língua. Agarrou com força os braços da cadeira,
deixando a marca de seus dedos na madeira.
Sentiu a língua roçar em seu clitóris e estremeceu com o toque. Abriu mais
as pernas por reflexo, para que a cabeça da mulher entre elas se ajeitasse
melhor.
Com uma das mãos, puxou as camadas de tecido da sua saia para cima, a
fim de poder ver Anne melhor. Com a outra, puxou para trás os cabelos
cacheados que caíam sobre suas coxas.
A mulher ergueu o rosto e sorriu o ver a boca semiaberta e os olhos
virados para cima de sua senhora, que logo soltou um resmungo pelo beijo
íntimo ter parado. Então, curvou-se novamente e soprou um ar quente que fez
Dária se contorcer. Passou um dos dedos sobre a região úmida, antes de
deslizá-lo para dentro. Tão molhada.
O dedo entrava e saía rapidamente, fazendo Dária mexer os quadris,
rebolando na cadeira. Gemidos escapavam por seus lábios entreabertos.
Anne sentia-se tão feliz em poder servi-la, tocá-la. Sempre gostara mais de
mulheres e, quando sua família a deserdou por isso, acreditava que sua vida
estava acabada, até a bela dama salvá-la. Como teve sorte.
Deslizou a mão livre pela parte interna da coxa de Dária, que possuía uma
pele sedosa apesar de fria. Então curvou-se a fim de retomar de onde havia
parado...
O som singelo de algo caindo chamou atenção de Dária devido à sua
audição aguçada. Mas logo seria ignorado caso não viesse seguido de um
grito estridente.
Ela se levantou e no instante seguinte Anne não viu mais a sua senhora. Se
não fosse pelo gosto dela ainda em sua boca, juraria que estivera sozinha o
tempo todo. Não havia como alguém se mover tão rápido assim. Por mais
que amasse, não duvidava dos boatos que diziam que a bela dama não era
humana. Anos se passaram desde o dia em que se conheceram e Anne podia
jurar que sua senhora não havia envelhecido um único dia.
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– Vou perguntar de novo e espero uma reposta melhor. – Dessa vez Daria
não soou tão calma. – Quem esteve com elas?
Cassandra engoliu em seco ao encarar os olhos vermelhos de sua senhora,
que pareciam explodir como um vulcão em fúria. Nunca se preocupou muito
com as conjecturas que todos faziam a respeito da dama, porém, naquele
momento juraria que ela era um demônio.
– Eu não sei, minha senhora. – Uma lágrima escorreu de seus olhos já
acinzentados pela velhice, suas mãos tremiam e o coração batia rápido em
meio ao puro desespero. – Eu juro pela devoção que tenho a ti. Eu não sei.
Um mensageiro deixou o pagamento, o nome das garotas que queria e um
bilhete, pediu extremo sigilo. Suponho que seja um nobre casado.
Daria encarou a mulher, ouviu o som acelerado do batimento cardíaco e a
respiração pesada. Está apenas com medo de mim, nada sabe sobre o que
aconteceu.
– Saia – apontou para a porta. – E chame Elzor para mim.
Cassandra a encarou e não pensou duas vezes antes de deixar o lugar. Saiu
tão apavorada que pouco se lembrou da bandeja caída e da bagunça que havia
feito no quarto.
Assim que Dária ficou sozinha, encarou os corpos novamente. Sabia bem
o quanto a vida daquelas mulheres era difícil, assim como a sua fora.
Esforçava-se ao máximo para dar a elas o mínimo de segurança. Não podia
admitir que algo como aquilo acontecesse.
exibia.
– Oras! Achas que sou algum idiota que não sabe que dormistes com
outros homens?
– Eu juro, meu Lorde. – Dária apoiou as mãos no chão e seus olhos verdes
encheram-se de lágrimas. Fingira toda a sua vida o mínimo de sentimento por
aquela criatura desprezível, e continuava a fazê-lo naquele momento.
– Ninguém acredita em tuas palavras, mulher. – Ele a acertou outra vez,
com um chute forte em seu ventre, fazendo-a cair para trás, sem ar devido ao
golpe.
Uma dor intensa irradiou do local atingido até o restante de seu corpo.
Tentou por instinto levar as mãos até a região, como se aquilo de alguma
forma a aliviasse. Seu porco imundo!, quis gritar, porém o impacto roubou-
lhe toda a força.
– Traías-me diante dos meus olhos. Quem és para falar de fidelidade? –
Juntou todo gás que lhe restava para cuspir aquelas poucas palavras.
Seu estômago embrulhava só de pensar que um dia fora obrigada a
satisfazer os desejos dele, e o bárbaro a possuíra como um animal.
– Eu sou um homem – segurou-a pelo queixo forçando-a a encará-lo. –
Faço o que bem quero, mas tens que me satisfazer, apenas a mim. – Segurou-
a pelo cabelo, puxando-o com força, para então empurrar a cabeça dela contra
o chão.
O impacto a fez perder os sentidos por alguns minutos e foi suficiente para
causar um ferimento, escorrendo sangue pelo chão. Dária estava tão
debilitada que já era incapaz de se colocar de pé novamente. Encolheu-se em
posição fetal, numa tola tentativa de proteger-se do próximo golpe. Porém o
homem a chutou forte outra vez.
– Julga-te muito esperta e bonita, mas se não sabes respeitar a mim de
nada vale. – Ele pisou nela, apoiando todo o seu peso de ogro, sem dar a
mínima para o quão frágil o corpo da moça podia ser.
Dária ouviu o som do creck do seu osso da costela quebrar quando o pé
atingiu suas costas. O fragmento de osso atingiu seu pulmão, perfurando-o
tornando a respiração ainda mais difícil.
DEITEI-ME COM OUTROS MESMO!, seu grito ficou apenas como um
pensamento agonizante. Deitara-se por revolta, raiva de um marido asqueroso
que não se dava ao trabalho de fingir o mínimo de respeito.
Tentou gritar outra vez, berrar as verdades que nunca disse. Contudo, só o
que conseguiu foi cuspir um pouco de sangue que se acumulava em sua
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garganta.
A dor já era tanta que os chutes seguintes mal foram notados. O homem só
parou quando se cansou de espancá-la. A pobre ainda tinha uma respiração
fraca, mas ainda estava viva, não por muito tempo.
O lorde a encarou, agonizando e não sentiu o mínimo de remorso.
Casaram-se para que ela fosse apenas sua, que estivesse pronta quando ele a
procurasse. Se não era para ser assim, ela não seria de mais ninguém.
Com os olhos semiabertos, Dária encarou seu marido se afastando,
deixando-a para morrer naquele beco imundo. Sentiu raiva, furiosa por seus
pais a terem obrigado a se casar com um homem que possuía três vezes a
idade dela. Por fortuna, venderam-na como objeto a um porco imundo.
Engasgou com o próprio sangue, que se acumulava em sua boca.
Remexia-se no chão de terra embaixo de si. Sabia que não duraria muito e
torcia para que sua morte fosse rápida e a livrasse de toda a dor.
Os minutos pareciam horas e a jovem ainda agonizava. Leve-me logo!
Dária implorou ao anjo da morte. O Inferno não poderia ser pior do que seu
tempo na Terra.
Com os olhos entreabertos, ela viu um par de pernas finas virem em sua
direção. Torceu para que fosse alguém para enfiar uma faca em seu peito e
terminar logo com aquela morte lenta.
– Não te preocupes, cuidarei de ti.
Quando Dária se deu conta, a pessoa a havia tomado nos braços e
caminhava para longe. Tentou soltar um grito de protesto, mas tudo que
soltou foi um grunhido abafado. Será que era um anjo levando sua alma?
Não tinha mais forças para lutar e entregou-se à morte...
– Minha senhora?
Dária ergueu os olhos e encarou Elzor, que entrava no quarto. Ele tinha os
ombros curvados para frete e os olhos arregalados, observadores. Pelo
desespero de Cassandra ao chamá-lo às pressas, algo muito sério deveria ter
acontecido, o suficiente para deixar sua senhora furiosa.
Viu os olhos vermelhos dela queimarem quando o encarou. Esperava que
o causador de tanto ódio não fosse ele.
– Quero que descubra quem fez isso, – Dária apontou para as garotas na
cama. – E dê a ele uma morte lenta e dolorosa.
Elzor respirou aliviado.
– Como desejar, minha senhora. – Caminhou em direção à porta.
– Elzor... – Dária o fez encará-la novamente.
– Sim?
– Tenha cuidado! Esse homem talvez não seja humano.
– Serei cauteloso. – Ele desapareceu logo em seguida.
Elzor era um servo fiel. Um pequeno sorriso se formou nos lábios de
Dária. Apesar de homem, seu eunuco a servia bem desde o tempo como
humanos.
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Capítulo 5
Aron ergueu a xícara de chá e levou-a até os lábios. Olhou além da vitrine
de vidro do café para a chuva fina que caía lá fora, molhando a calçada e
aqueles que passavam por ela. As pequenas gotículas de água pareciam
brilhos nos casacos negros dos homens. O clima frequentemente nublado e
chuvoso de Londres o agradava. Era bom sentir a brisa úmida e fria no rosto.
Ter se mudado para lá fora uma boa escolha.
– Aquele é o tal Duque da Irlanda? – Aron ouviu uma mulher comentar.
Com o canto de olho, sem mover a cabeça, olhou para ela de forma
discreta, para que não percebesse que ele a havia escutado. A senhora que já
apresentava uma idade avançada estava sentada ao lado de outra mais nova,
talvez sua filha. Ambas usavam vestidos claros e sofisticados; tinham cabelos
loiros cacheados, presos em coque no alto da cabeça; e grandes olhos azuis
que encaravam Aron sem a menor discrição.
O lorde continuou a beber seu chá, fingindo não as ter notado. Riu por
dentro do quanto as mulheres pareciam curiosas sobre sua presença.
– Ele é ainda mais bonito pessoalmente do que ouvi comentarem. – As
bochechas da mulher mais jovem ficaram rubras quando ela disse aquilo à
mãe. Para Loreley, não o olhar se tornava uma tarefa mais difícil a cada
segundo que se passava. Várias mulheres da corte haviam comentado com ela
sobre o duque recém-chegado, mas imaginara que estavam sendo exageradas
demais quanto à beleza do homem. Contudo, diante dele, achou os boatos um
tanto modestos. Se a perfeição existia, ela era encontrada nas linhas que
traçavam o corpo daquele homem...
– Será que ele deixou a esposa na Irlanda? – Loreley ouviu sua mãe
perguntar e foi sugada para fora de seu devaneio.
– Até onde sei ele ainda é solteiro. – Virou-se para a mãe em meio a um
longo suspiro. SOLTEIRO, aquela simples palavra ecoou em sua mente por
longos segundos.
Anastácia encarou o homem causador dos delírios da filha. Até mesmo
ela, uma mulher de idade, casada e já sem esperanças de viver uma aventura,
precisou que se conter quando um leve calor percorreu seu corpo. Ele
realmente era muito belo, belo até demais para um homem cheio de posses e
solteiro. Coçou o queixo. Algo de muito errado teria de haver. Em seus
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tempos de donzela mataria para ter o coração daquele homem e juraria não
ser a única.
– Ele deve ter um defeito terrível. – Encarou os olhos da filha, tentando de
alguma forma alertá-la. Já vivera muito tempo para saber que as pessoas,
principalmente os homens, não eram perfeitos.
– Ou talvez só não encontrou a moça certa. – Suspirou com os olhos
brilhando.
Aron parou de prestar atenção na conversa e voltou a encarar a rua, onde
uma senhora gritava furiosa com a carruagem que quase a atropelou.
Pensativo, ele encarava o horizonte e nada ao mesmo tempo. Um defeito
terrível, um defeito mortal.
Vagando em sua própria mente, ele lembrou-se da mulher misteriosa na
sacada do bordel. Ainda que a tivesse visto apenas por uma fração de
segundos, nenhuma lembrança lhe era tão forte. Com os ombros para trás, o
peito levemente estufado e cabeça em pé, ela não tinha o medo e pudor das
mulheres que conhecia. Aron viu nela a mesma força e poder que só
reconhecia em suas irmãs.
Quem és, bela dama?, pensou como se talvez ela fosse capaz de respondê-
lo.
Os devaneios a respeito dela só atiçaram ainda mais sua curiosidade.
Voltaria a vê-la?, torcia para que, caso sim, isso acontecesse logo.
– Uma moeda por teus pensamentos. – Isabel se aproximou da mesa e
sentou-se em uma cadeira diante do irmão.
– Nada importante. – Aron desconversou ao erguer a cabeça para encarar a
irmã.
Isabel o encarou com os olhos fixos, curiosos, vasculhando cada curva na
expressão do irmão em busca de uma pista. No entanto, ele era mais
misterioso do que gostaria Ajeitou-se na cadeira e cruzou os braços, fazendo
bico. Aron apenas riu da irmã.
Um jovem engraxate passou na rua, molhado pela chuva e carregando um
caixote de madeira. Corou ao ver a dama dentro do estabelecimento
sofisticado, porém não conteve um aceno sem graça.
A Isabel abriu um largo sorriso e acenou de volta.
– Saindo com plebeus agora? – Aron a fitou, curioso apesar de Isabel
claramente não se importar com títulos.
– Ele é bonito e gentil. – Pensativa, ela mexia em suas luvas. – Além
disso, a sociedade não chora a morte dos mais humildes.
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Esse cheiro...
Dária ergueu a cabeça e um rosnado escapou entre seus dentes. Soltou um
corpo imóvel no chão. O cadáver caiu sobre o carpete de sua sala com um
saco pesado, causando um estrondo. Mesmo que o salão estivesse cheio, os
sentidos dela ainda eram capazes de distinguir cada som ou cheiro vindo
daquele ambiente. Encarou a penumbra do ambiente ao seu redor antes de se
mover tão velozmente que pareceu ter desaparecido.
Parou na sacada de onde podia ver todo o salão. Aquele cheiro... Era o
mesmo deixado no quarto onde encontrou as garotas mortas. Não imaginava
que o assassino tivesse a audácia de voltar tão cedo. Com os olhos vasculhou
cada detalhe do salão, de suas garotas sentadas no colo de clientes, algumas
felizes, outras nem tanto, até um homem sentado em um canto, apenas
observando sem querer a atenção de algumas das moças. ELE!
O cheiro que vinha do homem era inconfundível. Um aroma doce, natural
e ao mesmo tempo único, inebriante como o de uma flor rara. Algo incrível
demais para ser humano.
Os clientes, com seus sentidos alterados demais pela bebida em seu sangue
e distraídos com as moças, mal viram um borrão passar por eles. Aron, que
observava tudo à procura da mulher misteriosa, foi pego de surpresa e só se
deu conta do que havia acontecido quando suas costas bateram contra a
superfície de uma parede fria.
O lorde fora levado para um beco atrás do bordel. Um lugar preenchido
por um silêncio agonizante e longe das vistas de todos. Confuso, encarou o
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que ou quem havia o levado tão rápido. Ainda com as mãos dela empurrando
seus ombros e prendendo-o contra a parede fria, viu a bela dama que
procurava. Os lábios dele se curvaram em um leve sorriso. Encontrei-te!
Arregalou os olhos e encarou-a bem, era ainda mais bonita de perto. Com
volumosos cabelos levemente cacheados e ruivos, olhos vermelhos
emoldurados por cílios negros e grossos, um rosto pálido e lábios carnudos e
vermelhos, que mal via a hora de tocar com os seus.
Embora Aron estivesse deslumbrando-se com a beleza de Dária, ela não
tinha uma expressão tão contente. Com as sobrancelhas curvadas como um
triângulo, olhos afunilados e dentes cerrados, a fúria emanava dela.
Um rosnado escapou por entre suas presas.
– Vampira!
– Íncubo! – Ela cuspiu as palavras o fitando com ódio.
– Ei! Por que estás me tratando assim? Qual o motivo de tanta raiva? Nada
fiz a ti.
– Como tens a ousadia de dizer isso?! – Dária apertou ainda mais os
ombros dele contra a parede, forçando-os para trás.
Como é forte, Aron pensou ao sentir seus ossos doerem levemente e
estalarem diante da pressão das mãos dela.
– Matastes duas de minhas garotas. –Os olhos vermelhos dela queimavam
em fúria. – Eu deveria matar-te de forma lenta e dolorosa.
Aron riu. Então era aquilo, estava furiosa por causa das moças das quais se
alimentara noite passada.
Puxou-a para si e girou o corpo dos dois, dessa vez segurando-a contra a
parede.
– Matar-me? – Um sorriso se formou nos lábios do lorde. – Eu adoraria
ver-te tentar.
Dária empurrou-o, fazendo-o cambalear para trás.
– Não ouse tocar-me!
A dama encarou os olhos esbranquiçados do homem. Nos dois séculos em
que andara pela terra já ouvira falar sobre tal demônio, porém era a primeira
vez que se via diante de um íncubo.
– Eu não sou o único assassino aqui. – Aron retrucou ao encarar os olhos
vermelhos e vibrantes dela, sinal que havia se alimentado a pouco de sangue
humano.
– Isso não justifica o que fizestes. – O que Aron disse apenas a deixou
mais irritada. – Fique longe de mim, longe das minhas garotas, ou não terei
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misericórdia. – O tom severo de sua voz deixava claro o quão serio estava
falando.
O lorde a viu desaparecer com a mesma velocidade em que surgiu. A
chuva começou a cair sobre ele, e se deu conta de que estava sozinho no beco
escuro.
Com as gotas, cada vez mais grossas, escorrendo sobre seu casaco e a
brisa fria da madrugada soprando em seu rosto, tomou o caminho de volta
para a sua carruagem.
Aquele certamente não era o encontro que esperava. Contudo, como sua
irmã havia lhe dito tinham tempo para perder e não desistiria assim tão fácil.
Às vezes um desafio era excitante.
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Capítulo 6
– Soaria mesmo ridículo sem a parte em que ela o botou para correr.
Aron virou a cabeça e viu Natasha entrar na sala. Estava contando a Isabel o que havia acontecido
na noite passada e não sabia que a sua outra irmã estava por perto.
Isabel arqueou as sobrancelhas e encarou Natasha com o canto do olho, balançando a cabeça
negativamente. Quis brigar com ela, por que era sempre tão indelicada?
– Desculpem-me se eu fui a única aqui que achou isso no mínimo hilário. – A súcubo caminhou até
eles e sentou-se no sofá ao lado da irmã. – Um íncubo correndo de uma dama.
– Não sejas ridícula! – Isabel se irritou e algo começou a crescer em suas costas, forçando o tecido
do espartilho ao ponto de quase rasgá-lo.
– Aqui não, acalme-se. – Aron segurou a mão dela.
– Desculpe-me. – Natasha tentou sorrir para a irmã. – Talvez eu tenha exagerado um pouco.
Isabel revirou os olhos e respirou fundo. Um pouco?
– Uma vampira? Interessante, nunca conheci um antes.
Aron encarou a irmã pensativa e não disse nada. A vampira já estava irritada com ele, não precisava
da mais desequilibrada dos Donovans piorando a situação. Além disso, não estava em seus planos
desistir facilmente. Tê-la visto de perto só o fez se encantar ainda mais pela beleza dela, e se precisasse
ser paciente ele seria.
– Boa sorte, querido irmão. – Natasha se levantou e deu alguns tapinhas nas costas de Aron, que
buscou a ignorar.
– Não dê importância para o que ela fala. – Isabel se voltou para o irmão. – Não pensa muito no que
diz.
Aron sorriu.
– Não te preocupes, sei lidar com ela.
– E quanto à vampira, desistirás?
– Não me disseste que temos tempo?
Isabel curvou os lábios em um singelo sorriso. Era a primeira vez que via seu irmão tão interessado
em uma mulher, antes disso os casos de Aron, assim como os dela, eram breves. Seduziam suas presas,
satisfaziam seus desejos, alimentavam-se e nunca além disso. Elas não resistiam ou mesmo duravam
até a próxima vez.
Eu deveria matar-te de forma lenta e dolorosa, a bela voz da vampira ecoava na cabeça do lorde.
Quanta audácia! A forma com que ela se impôs apenas deixou Aron ainda mais fascinado. Se o
simples vislumbre de sua beleza o encantara, a força e coragem na voz dela haviam tido quase o efeito
contrário do que ela provavelmente queria causar. Se ele se afastaria? Claro que não, mas sabia que
precisava ser paciente. Sem querer havia começado a relação dos dois da pior forma possível, porém
isso só significava mais algumas rodadas no jogo.
Aron sentiu uma navalha passar pelo seu rosto, e num deslize provocar um pequeno corte em sua
pele. Abriu os olhos e encarou o jovem barbeiro que, ao ver a pequena gota de sangue, empalideceu.
– Desculpe-me, meu senhor. Por favor, desculpe-me. – O rapaz tremia muito, apavorado acabou
trombando na bacia com água ao seu lado e jogando-a no chão.
Maldição! Começara a trabalhar há pouco, o mais longe do que qualquer um de sua humilde
família chegara, servir os nobres, e já estava fazendo tudo errado. Acabara de ferir o rosto mais belo
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que já contemplara.
O lorde observou o desespero do rapaz. Teve pena, o pobre parecia um tanto desorientado. Seus
olhos verdes eram pura angústia.
– Não te preocupes. – Aron sorriu ao acariciar de leve a mão do jovem, fazendo com que esse
ficasse mais calmo de imediato. – Foi um simples acidente, nenhum mal fez a mim.
O toque do lorde fez um súbito calor correr pelo seu corpo. Foi inevitável conter um breve sorriso e
o rubor em suas bochechas. Acabou deixando a lamina cair no chão, e por pouco ela não cortou o couro
fraco de seu sapato.
– Preste atenção, garoto! – O dono da barbearia, atendendo outro cliente a poucos metros,
reprendeu o jovem.
Aron tirou a toalha que envolvia seu pescoço e girou na cadeira para fitar o homem atrás de si. Ele
tinha uma estatura mediana, usava um terno surrado por baixo de um avental encardido, possuía olhos
azuis contornados por fortes linhas de expressão, uma barriga saliente, e um cabelo grisalho que havia
quase caído por completo no alto da cabeça.
Os olhos do homem se arregalaram quando encontraram os esbranquiçados de Aron, e ele ficou
boquiaberto.
– Não há por que brigar com o rapaz.
– Desculpe-me, meu lorde. – O barbeiro curvou-se. – Ele é apenas um aprendiz.
– Eu já disse, está tudo bem. – Aron ajeitou-se na cadeira e voltou-se para o espelho, a fim de que o
rapaz terminasse de fazer sua barba.
Encarou sua imagem refletida, o corte recente na linha do seu queixo já nem estava mais lá.
Deixou seus olhos vagarem, observando o local no belo fim de tarde. Pela vitrine podia ver as
nuvens cinzas se tornando cada vez mais escuras. As pessoas que passavam na rua já usavam casacos
mais pesados, indicando que o inverno estava próximo.
– Terminei, senhor. – O rapaz passou uma toalha no rosto de Aron, tirando o resto da loção de
barbear.
– Não me chames de senhor. – Aron riu. – Isso me faz parecer um velho.
– O que certamente não és.
– Qual é o teu nome, rapaz?
– Elliot, senh... Elliot.
– E quantos anos tens?
– Vinte e dois.
Elliot encarou o nobre. Não entendeu o motivo das perguntas, nem mesmo por que um homem
como aquele estaria lhe dando o mínimo de atenção. Sempre o admirara de longe e sentia-se feliz por
ter ganhado a chance de ao menos tocá-lo. A troca de poucas palavras e a gentileza do lorde eram muito
mais do que poderia imaginava um dia receber, porém seus pensamentos naquele momento foram além,
ainda que fossem ridículos, não tinha chances nem mesmo com os rapazes de sua classe social.
– A que horas sai daqui?
Elliot ergueu a cabeça, arqueou as sobrancelhas e encarou o duque como se não acreditasse no que
acabara de ouvir.
– Eras meu último cliente, meu lorde. – Respirou fundo para não gaguejar.
– O que achas de irmos tomar uma cerveja juntos? Relaxarmos um pouco. Pareces tão nervoso.
– Tens certeza?
– É claro.
Aron se levantou, tirou as toalhas sobre seu colo e as colocou no balcão, e então caminhou até a
porta.
Elliot nem disse nada ao seu patrão antes de tirar o avental e sair porta fora atrás de Aron. Pouco
importava se fosse repreendido, ou mesmo mandado embora. Ainda que fossem apenas algumas
cervejas, aquele não era o tipo de oportunidade que tinha sempre.
Observou o lorde caminhar até um pub numa região mais afastada de Londres e o seguiu de perto.
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Era de se esperar, para um nobre como aquele, não seria bom ser visto com um plebeu por aí. Porém
pouco se importava, estava feliz apenas pelo convite.
Quando chegaram às portas do pub a noite já havia tomado conta do céu. Com inverno se
aproximando, ela chegava cada vez mais cedo e era ainda mais fria.
Eles entraram e colocarem seus casacos no suporte de madeira junto à porta. Os homens, em sua
maioria pequenos burgueses em ascensão, mal perceberam a entrada dos dois, concentrados demais em
seus assuntos ou em copos de bebidas. Aron gostava muito de ambientes como aquele, discretos, onde
as pessoas não comentariam sobre ele, ou mesmo o reconheciam.
Fez um sinal para que Elliot se juntasse a ele em uma mesa mais afastada, então pediu a um garçom
que trouxesse dois copos da melhor cerveja artesanal da casa.
O rapaz sentou um tanto encolhido na cadeira com encosto macio. Com os braços cruzados ao
redor do corpo, tentava se proteger, porém só deixa claro o quão tímido era.
Aron o encarou, e Elliot desviou o olhar, fitando uma pequena formiga que subia na parede de
madeira. Não deixes que ele perceba, não deixes!, gritava desesperado em seus pensamentos.
– Estás bem? – O lorde tentou quebrar o clima pesado de desconforto que havia se estabelecido.
– Sim, senhor.
– Chame-me de Aron.
– Está bem, Aron.
Elliot não conteve o sorriso ao perceber a maneira casual como o lorde conversava com ele.
Encarou-o, desta vez sem desviar o olhar, permitindo se perder nas belas formas que compunham o
rosto másculo do duque. Aquele momento decerto não se repetiria, dessa forma se convenceu de que
podia degustá-lo um pouco.
O garçom trouxe as canecas com a cerveja e serviu os dois. Aron o pagou com uma generosa
gorjeta e o homem se afastou cantarolando, feliz.
– Então, Elliot, há quanto tempo trabalhas naquela barbearia? Não me lembro de ver-te antes. – O
lorde tinha a atenção do rapaz para si. O pobre já estava hipnotizado pela beleza do íncubo.
– Eu cheguei há pouco do interior, minha família está toda lá. Hoje era meu primeiro dia no
emprego. – Elliot tomou um gole da cerveja e fez uma leve careta ao perceber o quanto era amarga.
Aron riu da expressão dele.
– O lúpulo possui um amargor característico. Prefere algo mais suave, como um vinho?
– Não. – Elliot tomou outra golada. – Eu o acompanharei.
O lorde não insistiu, sabia que aquele era o tipo de bebida que o jovem aprenderia a apreciar, caso
tivesse tempo.
– És casado?
Elliot arregalou os olhos e engoliu em seco com a pergunta. Essa, por um momento lhe pareceu um
tanto indelicada, ainda que estivesse óbvio que a intenção fosse apenas puxar assunto. O jovem abaixou
a cabeça, mordendo o lábio inferior, inquieto, e ficou olhando para o copo em suas mãos e a tonalidade
escura da cerveja. Mentiria para não deixar transparecer nada ou falaria a verdade?
– Se fui indelicado, desculpe-me. – Aron estendeu a mão e tocou gentilmente a do rapaz que corou
quase de imediato.
Elliot ergueu a cabeça e encarou os olhos azuis esbranquiçados e o belo rosto do homem à sua
frente.
– É tão bonito, meu senhor. – Não conseguiu conter o comentário, por mais que esperasse ver o
duque se afastar.
Aron abriu um largo sorriso, fazendo os olhos esverdeados de Elliot se perderem nas curvas de seus
lábios. O lorde parecia uma pintura, porém nem mesmo mais habilidoso artista seria capaz de
representar tamanha beleza com algumas pinceladas.
– Agradeço o elogio. – O duque colocou sua mão gentilmente sobre a do rapaz, fazendo as
bochechas brancas ganharem um rubor quase que instantâneo.
A pureza quase angelical do plebeu, de bochechas rosadas e cachos dourados, encantou Aron. Não
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era comum encontrar homens como aquele, que pela simples inocência deixavam transparecer todo o
desejo que a presença do íncubo lhe causava.
Elliot respirou fundo, com o peito subindo e descendo pelo coração acelerado. Aquela proximidade
com a pele do duque estava exigindo demais do seu autocontrole.
– Sua mão está suando frio. – Aron observou ao sentir a pele ficar úmida por baixo da sua.
– Desculpe-me, meu senhor. – Elliot tentou puxar a mão de volta, entretanto Aron impediu.
– Não precisas ficar assim em minha presença. Parece que temes algo, ou escondes algo. – O duque
o fitou profundamente, fazendo o plebeu arregalar os olhos e curvar os ombros em um misto de timidez
e susto.
– Perdão, senhor, mas nada tenho a esconder de ti. – Elliot tentou se esquivar, contudo suas mãos
tremendo e as pupilas dilatadas o denunciaram.
– Tens certeza? – Aron apoiou os braços sobre a mesa e se curvou na direção do rapaz, que por
pouco não sentiu o coração saltar do peito. – Não me desejas?
Elliot engoliu em seco ao perceber que para o duque estava bem claro o que ele tentara esconder
desde a barbearia, a sua atração por homens. Por isso não se casara ainda, enganava sempre sua família
com rodeios e fugia do compromisso com uma mulher que certamente não o agradaria. Porém perceber
que o homem a sua frente notara o que se esforçou a vida inteira para esconder o deixou desesperado.
Se desejava o lorde? Era óbvio! À sua frente estava o homem mais belo que seus olhos tiveram o
privilégio de ver.
– Também és muito belo. – Aron acariciou o rosto do rapaz.
O plebeu ficou sem ação, inebriado pelo toque que irradiou um calor incomum pelo seu corpo. O
mundo ao seu redor desapareceu, assim como os homens no bar. Perdeu-se na sensação por alguns
minutos até lembrar-se da plateia e esquivar-se do toque.
– Desculpe-me, meu senhor. O que pensarão de um nobre flertando com um plebeu? – Elliot estava
relutante. Não que não quisesse, porém aquilo parecia impossível.
– Eu não me importo. – Aron arqueou ainda mais o corpo na direção do rapaz, mantendo claro o
seu desejo. – Além disso, os cavalheiros desse local estão embriagados demais para prestar atenção em
nós. Contudo, se for de tua vontade podemos ir a um local mais reservado.
Sozinhos? Os lábios finos de Elliot se curvaram em um largo sorriso. Adorou poder apenas pensar
naquela possibilidade.
Ao perceber a evidente alegria nos olhos do plebeu, Aron se levantou, deixou mais uma gorjeta
para o garçom sobre a mesa e caminhou até a saída do pub. O jovem, ainda que desconcertado pela
situação, não hesitou em seguir o lorde.
Andaram até os fundos do pub, em um beco sem movimento. Era noite de lua nova e a região
possuía poucos postes, mergulhando tudo numa penumbra. Assim que Elliot percebeu que não havia
ninguém, aproximou-se do lorde sem pensar muito, nada tinha a perder. Com a pouca luz, permitiu que
suas mãos trêmulas tocassem o rosto macio, sem a barba que ele mesmo acabara de tirar, revelando
com o toque o que seus olhos mal podiam ver. Aquilo ainda lhe parecia uma completa loucura, um belo
nobre com o mundo aos seus pés compartilhar de seus desejos proibidos.
Aron o segurou pelo colarinho da camisa e empurrou-o contra a parede gelada devido ao clima. Um
calafrio percorreu o corpo de Elliot, fazendo-o tremer, não pela superfície atrás de si, mas pela ação
inesperada do lorde.
Um gemido abafado escapou pelos dentes cerrados do homem quando os lábios macios e
provocantes do duque tocaram seu pescoço. Colocou as mãos sobre a parede, de alguma forma
tentando se agarrar a ela, a coisa mais real ao seu redor. Suas pernas tremeram, ameaçando abandoná-lo
quando a língua do lorde o acariciou de maneira provocante. Esse é o melhor sonho que poderia ter,
suspirou ao levar suas mãos até os negros cabelos macios.
Quando a boca que tanto o enchera de desejos finalmente encontrou a sua, Elliot se apoiou com
uma das mãos no ombro de Aron, temendo que em algum momento perderia o controle de seu próprio
corpo e cairia ao chão. A língua do duque era a coisa mais saborosa que já havia provado, e duvidava
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que algo pudesse superar tal gosto. Ela tocava a sua em uma dança sensual, livre de qualquer pudor e
com a ferocidade de um animal faminto. Sentiu que o lorde não se continha, e isso o fez vibrar por
dentro. Ser desejado por um homem como aquele, que poderia ter a mulher que quisesse, era muito
mais do que se permitira sonhar.
Aron pressionou seu corpo contra o de Elliot, ainda o beijando e começou a desabotoar o colete do
rapaz. Sentiu-o hesitar, contudo logo estava entregue ao desejo novamente. O colete, assim como a
camisa do plebeu, logo foi ao chão.
A brisa gelada da noite mal incomodou o peito nu de Elliot. Seus sentidos estavam focados demais
nas sensações causadas pelo lorde para perderem tempo com estímulos tão pouco significantes.
O pênis dele pulsou involuntariamente sob a calça quando sentiu as mãos do duque tocarem a
região em busca do fecho para livrarem-se também daquela peça.
Quando a calça do plebeu caiu ao chão, Aron desceu os lábios pelo pescoço do rapaz, deixando no
caminho leves beijos e mordidas que arrancavam gemidos impossíveis de conter.
Elliot mordeu o lábio inferior e respirou fundo, tentando manter o controle quando a mão macia do
duque envolveu seu pênis rígido. Não era de tudo inexperiente, já tivera algumas mulheres ao longo da
vida, em sua maioria prostitutas baratas a fim de provar sua masculinidade ao pai. Entretanto, nunca
esteve com um homem, nunca alguém tão viril e capaz de despertar sensações que até o momento ele
desconhecia. Sempre desejou homens, atraía-se por eles desde pequeno, contudo nunca seus
sentimentos foram recíprocos, até aquele momento...
Um gemido alto escapou por entre seus lábios e tentou agarrar ainda mais a parede atrás de si,
quando a mão do lorde começou a mover-se por toda a extensão do seu membro. A pressão era ainda
melhor do que quando fazia em si mesmo.
Elliot puxou o rosto do duque de volta ao seu, a fim de beijá-lo novamente, enquanto tratou de
tocar o corpo dele numa desculpa para despi-lo. Logo livrou-se das roupas do nobre, forçando-o a parar
de estimulá-lo.
Assim que estava nu, Aron girou Elliot, deixando-o virado para a parede e posicionou-se em meio
às pernas do rapaz, esfregando seu pênis entre as nádegas do plebeu, mas sem penetrá-lo.
Elliot gemeu, quase em súplica. A proximidade do membro do nobre o fez arder.
– Eu posso? – O sussurro da voz doce e o pedido ousado do duque o fizeram corar.
Nunca havia feito daquela forma, no entanto a proximidade do membro de Aron daquela região a
fazia pulsar, ansiar por ser preenchida. Elliot se assustou com o quanto desejava aquilo, ter prazer
daquela forma.
– Sim, meu lorde. – Ele se conteve para não implorar. Faça logo!
Era tudo o que Aron precisava ouvir. Curvou-se para puxar um pequeno vidrinho guardado no
bolso do casaco, virou um pouco do óleo em seu pênis e jogou o recipiente de volta. Então, apoiou as
mãos na parede e deslizou para dentro de Elliot. Um grito escapou por entre os lábios do plebeu, que
sentiu um leve ardor. O lorde esperou até que o jovem se acostumasse.
Instantes depois, ele arfou, revirando os olhos. Aquilo era melhor do que esperava.
Involuntariamente rebolou contra o corpo do duque. Estava se deliciando tanto que nem parecia nunca
ter feito aquilo.
Aron mordiscou a orelha de Elliot antes de aumentar o ritmo. Podia sentir o desejo na forma como
o plebeu o apertava. Surpreendeu-se com a maneira em que o jovem acompanhava suas investidas.
Os gemidos eram altos o bastante para chamar atenção caso alguém passasse por perto. Felizmente
aquele não era um bairro muito movimentado.
Elliot rebolava contra o copo do duque, empolgado, com cada parte do seu corpo tremendo em
meio ao êxtase. Aron segurou suas nádegas e entrou fundo, arrancando um gemido ainda mais alto.
A cada investida do duque, Elliot raspava ainda mais as unhas na parede, de alguma forma tentando
apertá-la. Os lábios de Aron deslizando pelo seu pescoço até a orelha, beijando e dando leves mordidas
faziam o plebeu se arrepiar e aumentavam ainda mais seu prazer.
Aron também soltava leves gemidos a cada vez que deslizava para fora e enfiava fundo outra vez.
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Estava feliz por aquilo não estar machucando Elliot. Fazer sexo com um homem era diferente, mas não
menos delicioso. Por mais que para um íncubo ambos os gêneros o atraíssem, com as mulheres era
sempre mais fácil, elas se atiravam nele sem esforço algum, já os homens eram mais contidos, evitavam
a aproximação. Para a sociedade da época aquela prática era abominável e poucos se permitiam ceder a
tal pecado.
Não bastasse o lorde estar se movendo dentro do seu corpo; o toque das mãos macias e firmes que
seguravam com força suas nádegas, os lábios e a língua que saboreavam sem pudor algum seu pescoço,
orelhas e ombros, levavam o plebeu a loucura. Aquilo era demais para que Elliot segurasse os gemidos.
Nunca uma mulher lhe proporcionara prazer similar àquele.
Foi em meio a um gemido abafado pelo pescoço de Elliot que Aron gozou. Aquela sensação
deliciosa deixava seu corpo trêmulo, cansado e faminto.
O plebeu corou quando sentiu um líquido quente tomar conta do seu corpo. Entretanto, não teve
tempo de perder-se em meio à vergonha, pois Aron saiu de dentro dele e o virou de frente. O sorriso e a
expressão de prazer ainda presentes no rosto do lorde fizeram Elliot se esquecer de qualquer receio
momentâneo. Como ele era lindo.
O Duque apoiou uma das mãos na parede atrás do plebeu e com a outra segurou o pênis do rapaz,
que pulsava. Roçou seus lábios suaves nos ressecados pelo sol antes de beijá-lo mais uma vez. Elliot
evolveu o pescoço do lorde com os braços, buscando apoio para o próprio corpo. A mão habilidosa do
lorde logo tomou ritmo deslizando com rapidez e pressão. Elliot que já estava excitado por tê-lo tido
dentro de si, não levou mais do que alguns minutos para chegar ao orgasmo. Teria gemido alto se não
fosse pela boca do lorde na sua.
Aron envolveu a cintura do rapaz com seus braços firmes e não afastou os lábios ainda o beijando
com desejo.
Elliot tinha a respiração ofegante, o peito descia e subia rápido. Ainda estava perdido em meio à
sensação. Sentiu o lorde pressioná-lo ainda mais contra a parede, intensificando o beijo.
Aron estava tão faminto que não se conteve, sugou-o de uma única vez, rapidamente, não dando
tempo nem mesmo para o plebeu perceber. Quando o restante da aura azul terminou de adentrar sua
boca, o corpo inerte do jovem caiu nos seus braços.
O duque deitou o corpo no chão e olhou para ele por alguns minutos. Era um jovem bonito e
correspondia bem aos seus desejos, sentiu pena por tê-lo matado. Seria difícil encontrar alguém como
ele outra vez.
Vestiu suas roupas e tomou o corpo nos braços. Olhou ao redor para se certificar que estava
sozinho e notou que, pela noite escura e cheia de névoa, seria difícil vê-lo de longe. Caminhou
acompanhando por um silêncio sepulcral até as margens do rio Tâmisa. Até a luz quebrada do poste
parecia estar ao seu lado.
Acariciou rosto do rapaz pela última vez antes de antes de deixar o corpo cair sobre a água.
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Capítulo 7
O lorde de Piemonte estava sentado junto a sua mesa, sob a luz fraca e
tremulante das velas. O escritório do castelo ecoava o silêncio. Jogou para o
lado os papéis que tinha nas mãos, bufando. Passou a mão pala cabeça
coberta com poucos fios de um cabelo grisalho e olhou para a lua cheia que
parecia estar ao lado da janela.
Sabia que precisava concentrar-se nos problemas do feudo, havia
constantes conflitos com os burgueses, que lhe tiravam o sono. Entretanto, no
momento, não conseguia dar a menor atenção a isso. Na noite anterior,
tomado pela fúria por ter sido traído, espancara sua mulher até a morte e a
deixara em um beco entre as vielas do local onde moravam seus servos. Pela
manhã, mandara seus homens de confiança em busca do corpo, contudo nada
encontraram. Quem roubaria um corpo moribundo? Ou reconheceram-na
como a dama daquele castelo e julgaram-na digna de um enterro descente?
Aquela prostituta, como tivera a ousadia de desafiá-lo! Bateu com força na
mesa de madeira.
Ela era linda, porém tanta beleza só lhe trouxe infortúnios. Era mal-
educada, não se curvava a ele como uma boa esposa. Para piorar, tivera a
ousadia de engravidar de outro homem e não fizera o menor esforço para
esconder.
Tal morte ainda lhe fora pouco castigo.
Uma brisa fria entrou assobiando ao preencher todo o cômodo. O homem
se escolheu com o repentino arrepio que lhe percorreu a espinha. Pensou em
gritar aos servos para que fechassem as cortinas. Contudo, um vulto passou
como um borrão fazendo-o pular em sua cadeira pelo susto. Ora, não tinha
mais a mente fértil de uma criança para ver tal coisa.
Tentou voltar sua atenção para os papéis, tinha trabalho a fazer. Mesmo
que se arrependesse, algo longe da verdade, não poderia voltar atrás no que
havia feito.
Uma silhueta entre as sombras formadas pelas altas estantes chamou-lhe a
atenção. O que diabos seria aquilo? Sentiu outro calafrio lhe percorrer o
corpo. Seus pelos se erriçaram. Postura, homem! És o senhor dessas terras,
nada é mais temido do que ti, gritou para si mesmo em pensamentos.
Puxou um candelabro de prata que estava a poucos metros de sua mão e
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Pela janela de seu quarto, com a pesada cortina escura levemente afastada,
Dária observava a rua. Estava tudo quieto e silencioso, até mesmo o vento
havia se acalmado naquela noite, a não ser por um casal que passava na rua,
estragando a harmonia de tudo. A mulher usava um vestido de segunda mão,
com saia pouco volumosa, feito sem dúvidas por uma costureira barata. O
homem, melhor vestido, talvez um burguês de classe média, arrastava a pobre
e brigava com ela, como se fosse um animal que lhe devesse obediência.
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fricção ente as duas aumentava, os gemidos se tornavam cada vez mais altos.
Melinda beijava o pescoço da vampira e aproveitava as mãos livres para
poder tocá-la. Ainda que Dária a segurasse, movia-se o mais rápido que
podia. Subiu os lábios até os dela e esfregou-os nos seus. Suspirou, estar com
ela era incrível, as humanas não tinham todo aquele fôlego. A fricção entre
elas a estava levando rápido ao ápice.
Dária a girou na cama, sentando-a e passou uma das pernas sobre a dela,
encaixando-se novamente, e voltando a se movimentar. Aquela posição deu
mais liberdade a Melinda, deixando os seios da vampira ao alcance da sua
boca. Abocanhou um deles sem hesitar, o que fez com que Dária apertasse a
sua cintura com força em meio a um gritinho, aquilo deixaria alguns
hematomas depois, contudo ambas pouco se importavam com isso no
momento.
A vampira a puxou pelo cabelo, a tomando de volta em um beijo. As
línguas mal se tocavam em meio a tantos gemidos.
Dária apoiou suas mãos na cama e jogou a cabeça para trás quando sentiu
a sensação do orgasmo tomar conta do seu corpo. Tremendo, continuou a se
mover por mais algum tempo, até que sensação inebriante parasse.
– Uau! – Sorrindo, deitou Melinda na cama e apoiou seus seios, que
subiam e desciam em meio a uma respiração ofegante, sobre os dela. – Agora
é a minha vez de servi-la, minha rainha. – Beijou-a no pescoço e começou a
deslizar seus lábios frios pela região estre os seios até a base da barriga.
A rainha se arrepiou, fechando os olhos, entregue às sensações que a
vampira lhe proporcionava. Sentiu-a posicionar a cabeça entre as suas pernas
e levou as mãos até os cabelos dela, jogando-os para trás a fim de que
pudesse ver melhor seu rosto. Soltou um gemido longo quando sentiu a
língua de Dária tocá-la, com pressão e ritmo. Quando o orgasmo chegou,
junto com o grito, os móveis e objetos ao redor delas tremeram, sinal de que
por alguns segundos a bruxa perdeu o controle de si mesma.
Dária se deitou na cama ao lado dela e puxou-a para junto de si.
Abraçadas, trocando algumas carícias gentis, fecharam os olhos...
Melinda acordou com Dária percorrendo as curvas de seu corpo com suas
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Capítulo 8
cabeça jogada ao chão. Pobre entregador. O homem que havia pagado para
levar um buquê à bela vampira que inundava seus pensamentos agora tinha as
mesmas rosas enfiadas em sua boca junto a um bilhete que dizia: A próxima
cabeça que arrancarei será a tua.
– Como podes gostar de tamanha crueldade? – Isabel olhou para a irmã
com o canto do olho. – Precisas tirar logo isso daqui antes que mais criados o
vejam.
– Podem ir, darei um jeito nisso. – Aron gesticulou com a mão para que as
irmãs o deixassem sozinho, e em seguida abaixou-se próximo à cabeça e a
observou por alguns minutos.
Decerto a ideia de agradá-la com flores não fora bem-sucedida. Se a
vampira parecia odiá-lo no último encontro, a reação dela apenas deixava isso
mais evidente.
Aron pegou a cabeça e vagarosamente caminhou até onde enterrava alguns
dos corpos de suas vítimas, uma região discreta e afastada da propriedade dos
Donovans.
A chuva caía fina e molhava as roupas do lorde, mas esse, pisando firme
sobre a grama, mal parecia notá-la.
Mulheres gostavam de flores, entretanto, ainda que esse não fosse o caso.
A reação dela lhe parecera mais pessoal. Embora estivesse claro o quanto a
vampira o odiava, o Lorde parecia apenas se excitar com isso. Deveria haver
alguma forma de chegar até aquele coração frio, tudo o que precisava era
descobrir qual.
Aron estava de pé, diante do espelho abotoava o casaco de seu terno, feito
com a mais alta costura, pelo próprio alfaiate que confeccionava as roupas da
realeza. Pensou sobre o que Natasha havia lhe dito: Sim, poderia ser rei.
Entretanto nunca possuiu tamanha ambição, a vida de nobre sem muitas
preocupações lhe era muito mais conveniente.
Estendeu a mão para pegar a máscara que deixara sobre sua cômoda, ao
lado de algumas joias. Amarrou-a junto à face e observou-se no espelho mais
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uma vez. Mesmo com a máscara cobrindo boa parte do seu rosto, o lorde
ainda era um homem muito bonito, com ombros largos, um maxilar quadrado
e bem definido, mãos grandes e suaves, com dedos cumpridos. Nenhuma
mulher havia resistido ao seu charme, até agora.
Àquela altura, pela forma como ela o tratara, deveria estar no mínimo
irritado, contudo nunca tivera um bom desafio. De certa forma aquilo o
excitava. Voltaria a vê-la em breve, as ameaças que ela fizera não o
assustavam nem um pouco. Para a vampira deveria ser fácil botar humanos
para correr, mas ele era um demônio.
– Vamos, Aron? – Natasha surgiu na porta do quarto chamando por ele. –
Não quero me atrasar.
Sem dizer nada, o duque a seguiu. A súcubo estava deslumbrante, Aron
não esperava algo diferente da menos contida de suas irmãs. Com um vestido
vermelho e espartilho apertado que cobria até metade de seus seios, deixando
o restante à mostra. Seus longos cabelos negros estavam soltos e balançavam
com a brisa da noite.
– Não mate ninguém essa noite. – Aron pediu ao segurar o braço da irmã
assim que chegaram na entrada do casarão.
Natasha se voltou para o irmão com um largo sorriso nos lábios
vermelhos.
– Te preocupas demais, querido.
– Vamos logo! – Isabel gritou ao acenar para os dois de dentro da
carruagem.
– Não chamarei atenção demasiada para nós, não te preocupes. – Natasha
olhou para Aron uma última vez antes de segurar seu vestido e caminhar a
passos largos até o transporte que esperava por eles.
O lorde balançou a cabeça, tentando afastar alguns pensamentos. Gostaria
de se sentir mais seguro quanto às palavras da irmã, porém discrição nunca
lhe fora algo importante.
Aron se sentou ao lado de Isabel na carruagem e fez um gesto para que o
cocheiro iniciasse a viagem.
O baile seria em Windsor, um grande castelo que ficava a pouco mais de
uma hora da propriedade dos Donovans. Os três irmãos seguiram a viagem
em silêncio.
Isabel, dependurada sobre a janela, observava as estrelas que brilhavam no
céu, elas estavam sempre deslumbrantes, não importava onde fosse, ainda
que a fumaça das fabricas teimasse em encobri-las. A lua cheia, que
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iluminava o céu, seguia seu olhar. A loira se voltou para o irmão com o olhar
sem foco, olhando para frente e ao mesmo tempo para lugar algum. Estava
distante, com seu corpo ali, mas a mente em outro lugar. Decerto a tal mulher
que ele conhecera havia tomado conta de seus pensamentos. O incentivou a
investir naquilo, entretanto não imaginava se deparar com a cabeça de um
entregador de flores na entrada de sua casa. Talvez aquilo estivesse indo
longe demais.
Um pulo da carruagem ao passar por uma pedra a fez sair de seus
pensamentos e olhar para fora. Viu os muros de pedra do castelo e várias
outras carruagens se aproximando.
O cocheiro estacionou próximo à entrada e desceu rapidamente, passando
as mãos suadas no casaco, antes de abrir a porta para que seus senhores
saíssem. O sorriso que Isabel lhe dirigiu fez seus olhos se iluminarem.
Os três caminharam até a entrada do palácio, onde uma multidão de
plebeus curiosos se aglomerava para ver o que podiam. Um garotinho
conseguiu se aproximar o bastante a ponto de tocar o vestido de Isabel, que
não o recriminou. Entretanto, os guardas com altos chapéus peludos e pretos,
vestindo um uniforme vermelho, logo o tiraram dali.
Passaram pela entrada assim que Natasha apresentou o convite. O lugar
estava ainda mais cheio por dentro. Toda a nobreza inglesa estava lá, além de
diplomatas e outros nobres de países próximos. Ainda que os rostos
estivessem cobertos por máscaras, era bem fácil distinguir os estrangeiros
pelas vestimentas características.
Aron nunca estivera ali antes e não conteve os olhos que passearam por
todo lugar. O salão era amplo, bem iluminado com lustres luxuosos, que bem
distribuídos no teto não deixavam um pedaço se quer do salão nas sombras, e
havia, nas paredes, pinturas da família real. Grandes mesas se estendiam
pelas laterais e sobre elas um banquete digno dos deuses. Quando se deu
conta, percebeu que suas irmãs haviam se perdido em meio à multidão. No
entanto, isso não o preocupou, não esperava reação diferente vindo daquela
duas.
Observou a rainha sentada em seu trono. Esta parecia pouco animada com
a festa, estava fazendo aquilo para agradar mais aos outros do que a si
mesma. Depois da morte de seu filho pouco ânimo tinha para tal tipo de
comemoração.
Os músicos parados poucos metros ao leste do trono, tocavam uma música
instrumental dançante, que embalava os movimentos graciosos dos nobres
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Capítulo 9
De pé, parada junto à sacada que lhe permitia ver o salão do bordel. Com
os olhos sem foco, Dária fitava o nada. Mesmo com o barulho ambiente alto
vindo do salão, e a atitude bárbara de um dos clientes brigando com uma de
suas garotas, ela nem piscou.
Apertou o parapeito de pedra e respirou fundo, fazendo seu peito encolher
dentro do espartilho apertado. Por que aquele íncubo estava bagunçando a
sua vida? Tudo parecia bem até ele aparecer, nunca antes nada a fizera
questionar se o fantasma de seu marido ainda interferia em seus atos.
Contudo, depois do que ouvira de Elzor, ainda que odiasse admitir, seu
passado a mantinha sim distante das pessoas, dos homens principalmente...
Porém não permitiria que outro tomasse as rédeas de sua vida outra vez!
Deu um soco no parapeito de pedra, fazendo rachar e formar um buraco onde
sua mão o atingiu. Talvez Elzor estivesse certo e nem todos fossem como seu
ex-marido, entretanto... NÃO correrei o risco outra vez!
Daria ergueu a cabeça e fitou o salão lotado. Aqueles porcos lá embaixo
representavam bem tudo o que os homens significavam para ela.
Por fim, irritou-se de ficar ali e caminhou para longe, de volta à uma de
suas salas. Passou pelo corredor vazio, iluminado por pequenas lâmpadas
presas à parede, até chegar a uma pesada porta de madeira. As sobrancelhas
dela se ergueram, junto ao estranhamento por encontrar a porta semiaberta.
Poderia jurar que a deixara trancada. Empurrou-a levemente, entretanto o
movimento sútil não evitou o ranger.
A dama enrijeceu o corpo e afunilou os olhos, a fim de enxergar melhor
sob a pouca luz. Seja lá quem estivesse ali, ela estaria pronta para enfrentá-lo.
Assim que entrou na sala viu uma silhueta escura, que se destacava na
escuridão. Estava prestes a atacar seja lá quem fosse o infeliz que tivera a
ousadia de invadir aquele lugar, quando o ar do ambiente tomou conta de seu
nariz, trazendo consigo o cheiro do invasor.
– O que fazes aqui?! – O rosado que escapou por entre as presas de Dária
fez as paredes do local tremerem.
Aron acendeu uma vela que estava ao seu lado em um castiçal cumprido.
E a pouca luz trêmula foi o bastante para dar forma ao seu belo rosto. Ele
exibia um sorriso sutil na curva de seus lábios.
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Capítulo 10
Anisha respirou fundo, tentando recobrar o pouco de juízo que ainda lhe
restava. Estava tão deslumbrada pelo duque que não conseguia ao menos
disfarçar. Precisa deste emprego, contenha-te! Tentou se concentrar em outra
coisa, desviou o olhar em direção a uma das grandes janelas que havia aberto
há pouco. Lá fora a neve caía fina, tingindo a grama de branco. Será que o
lorde não estava com frio?
– Estás bem?
O corpo da moça se enrijeceu quando sentiu a mão cálida dele sobre a sua.
Bem?! Se estava antes, agora definitivamente não mais. Seus olhos voltaram
a fitar os do lorde, dessa vez pareceu impossível fugir deles. Agarre-me! Ela
se conteve para não implorar.
Sempre o observara de longe, era o homem mais belo que já vira na vida e
era nobre. Decerto enchia os pensamentos fantasiosos de qualquer
camponesa. Entretanto, Anisha sabia que ele não era um possível pretendente
para ela, por mais gentil e simpático que o duque parecesse ser, ela não
passava de uma criada...
– Estás pálida. – O toque dele interrompeu os pensamentos da moça.
– Perdão senhor, acho que preciso ir, depois volto para recolher o café. –
Anisha, suando frio, tirou a sua mão de baixo da dele, e fez um enorme
esforço para que sua voz não saísse tremida.
– E se eu não quiser que saias? – Aron envolveu-a pela cintura e
pressionou-a contra seu corpo nu.
– Meu senhor... – Anisha engoliu em seco. Seu coração disparou no peito.
Sempre desejou um momento como aquele, mas nunca esteve preparada para
tal. – Talvez devesse se vestir...
– E queres mesmo que eu me vista? – O tom da voz de Aron era sedutor
demais para que a criada resistisse.
– Talvez não...
O bom senso pareceu a coisa mais tola naquele momento, e a moça
simplesmente ignorou-o. Aron abriu um leve sorriso quando sentiu os dedos
dela percorrerem a curva abaixo de seu pescoço de um ombro ao outro. As
mãos dela eram pequenas e delicadas, contudo possuíam alguns calos devido
ao trabalho pesado na casa. Porém, isso não incomodou o lorde nem um
pouco, apenas excitou-o mais.
O duque desceu os lábios pelo pescoço de Anisha, com beijos demorados
e suaves mordidas. Sentiu-a vibrar a cada toque, como se ansiasse por isso há
muito tempo.
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A criada fechou os olhos e soltou um gemido baixo. Ter ele tão próximo,
tocando-a, era muito melhor do que fantasiara por todos esses anos. Talvez
tudo aquilo não passasse do sonho mais real que já tivera, e se fosse, rezou
para que ele não acabasse tão cedo.
Sentiu-o deslizar as mãos até as amarras que prendiam seu espartilho e não
protestou contra o movimento ousado. Se ele estava nu, o mais justo é que ela
ficasse também. Anisha mordeu os lábios e apertou o ombro do lorde
tentando reprimir um gemido quando ele beijou a parte exposta dos seus
seios, no pequeno decote.
O tempo que ele demorou para desamarrar as fitas que prendiam seu
espartilho pareceu uma eternidade. Ela sentia um nó na garganta, aquilo
parecia tão errado, ele um nobre e ela nada... Anisha arfou, jogando a cabeça
para trás quando ele abocanhou o mamilo enrijecido de um dos seus seios, foi
impossível conter o gemido que a deixou corada. O desejo que varreu seu
corpo fez com que ela parasse de se preocupar, no pior dos casos acordaria de
seu melhor sonho, e no melhor realmente teria feito amor com o lorde
Donovan.
Aron a tomou nos braços e levou até a cama, mantendo seus olhos fixos
nos da moça.
A criada jurou que não havia algo melhor do que o toque da pele dele na
sua. Sentiu-o retomar o caminho de beijos pelo pescoço até os lábios dele
encontrarem os seus. Jurava que as chances de ele beijá-la seriam nulas,
porém logo ele cutucou sua boca com a língua, roçando devagar, pedindo
passagem, e ela o envolveu com os braços. Anisha descreveria aquele
momento como mágico.
O duque deslizou as mãos pelas coxas macias da moça, subindo a saia do
vestido, tirando-o do caminho. Ela estremeceu, gemendo de leve com o toque
que deixou uma onda de calor e formigamento.
Com uma das mãos no quadril da criada e outra apoiada na cama, Aron
acomodou seu corpo sobre o dela, encaixando-se entre as pernas distanciadas.
Anisha gemeu, ficando ainda mais vermelha quando o pênis dele a cutucou
na região que a enlouquecia.
– Não precisa ficar envergonhada. – Aron lhe dirigiu um sorriso gentil ao
acariciá-la no rosto.
– Desculpe, senhor, é que nunca fiz isso. – Ela encolheu o rosto, enrolando
uma mecha do cabelo dele nos dedos.
– Não te preocupes, apenas aproveite. – Aron deslizou a mão pelo corpo
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Após tomar um café da manhã tardio, Isabel levou Aron para lhe ajudar
com a compra de alguns vestidos.
O lorde, sentado em uma poltrona no fundo do ateliê da melhor costureira
de Londres, mal demonstrava reação às peças e tecidos que a irmã lhe
mostrava. Ocupado em sua mente, não notou as moças no local que se
deslumbravam e suspiravam com a beleza estonteante do nobre.
Isabel deixou um luxuoso tecido de seda sobre uma mesa à sua frente, e da
pequena elevação de madeira onde uma mulher tirava suas medidas, encarou
o irmão que fitava o vazio. Não se lembrava de tê-lo visto tão aéreo em todos
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esses anos. Duvidava que fosse o incidente com Anisha a causa de tudo
aquilo...
– Ai! – Isabel soltou um gritinho quando a mulher sem querer a fincou
com um alfinete.
– Fique imóvel, senhora, por favor.
– Está bem...
– O que está acontecendo, Aron? Ter saído com Natasha seria menos
tedioso. – Isabel encarou o irmão, quando já estavam de volta a carruagem.
Com os olhos afunilados e focados no rosto de Aron, estava claro que ela não
desistiria fácil de uma resposta clara.
– Não queiras que eu me empolgue contigo escolhendo vestidos. – O
duque coçou a barba já por fazer e não tirou os olhos da janela, onde via a
neve fina cair na rua por onde passavam.
– Achas mesmo que eu acreditarei que esse é todo o motivo? – A dama
cruzou os braços e o encarou de forma ainda mais ameaçadora.
– A vampira... – ele confessou jogando os braços para cima, rendendo-se.
– Ainda ela... – Isabel torceu os lábios, resmungando baixinho.
Aron se virou outra vez para fora da carruagem e passou a fitar as árvores
com suas folhas tingidas de branco que passavam. Queria fugir dos olhos
cheios de julgamento da irmã.
– Bem, Aron, sei que apoiei que fosses atrás dela. Contudo, agora acho
que já foistes longe demais por uma única noite.
– Nunca estive com outra criatura sobrenatural. Ela é mais forte do que os
humanos, pode não morrer...
– E por que te preocupas com isso agora? – A resposta que chegou aos
pensamentos de Isabel assustou-a, e a fez ficar em silêncio por alguns
segundos. – Está apaixonado por ela? – A dama arregalou os olhos,
boquiaberta.
– Não digas tolices, irmã. – Aron gargalhou alto, no entanto, ainda
desviava o olhar. – Íncubos não se apaixonam, menos ainda, são
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monogâmicos.
– Tens tanta certeza?
O lorde deixou que a pergunta pairasse no ar, recolhendo-se ao silêncio.
Se tinha certeza? A resposta era clara, não. Havia mergulhado tanto naquela
obsessão, que não sabia onde termina tal sentimento e começava algo mais...
Quando a carruagem parou diante do casarão, já era tarde, e nos dias frios
de inverno as noites se prolongavam, começando mais cedo e estendendo-se
além da manhã.
O duque ignorou o falatório da irmã e rumou para os seus aposentos. Já
havia passado tempo demais com Isabel e decidiu ficar um pouco sozinho.
Odiava cogitar a ideia de que talvez ela estivesse certa.
Hesitou diante da porta por um instante, passou a mão nos curtos cabelos
negros e respirou fundo. Esperava que Isabel e Natasha lhe dessem paz, com
sorte até o dia seguinte.
Quando finalmente entrou em seu quarto, arregalou os olhos e ficou
boquiaberto. Por alguns segundos questionou o que via.
– Dária...
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Capítulo 11
tratara como um bicho, com raras trocas de carinho apenas para se satisfizer.
Pela ânsia com que os lábios do lorde tocavam os seus e a força com que ele
a mantinha junto ao corpo, a dama não podia mais duvidar do quanto ele a
queria. Corresponder ao beijo foi inevitável, assim como subir as mãos ao
rosto quente de Aron, acariciando-o. A pele era tão macia que jurava ser
impossível ele ser um demônio.
Uma parte de si lembrava-se de todos os motivos pelos quais ela se
afastara dos homens, da ganância, da prepotência e do egoísmo deles. Porém
outra parte, adormecida por séculos, aquela jovem antes de ser dada em
casamento que imaginava encontrar o príncipe dos seus sonhos, a humana
sonhadora, a que Dária jurava ter sido suprimida e morta, impediu-a de sair
correndo e a fez desfrutar do beijo tão ardente. Essa parte foi forte o bastante
para privá-la de pensar por alguns minutos, que brigasse e se arrependesse
depois.
Aron se sentia extremamente aliviado e feliz, enquanto sua língua dançava
com a dela. Talvez Isabel estivesse certa, e ele cego demais para admitir algo
que jurava ser impossível. Um íncubo se apaixonar era uma completa tolice,
até aquele momento.
Subiu as mãos pela nuca dela e embrenhou os dedos compridos no suave
cabelo ruivo. Deu alguns beijos suaves, antes de mordiscar o lábio inferior da
vampira, soltando um leve gemido.
A dama sentiu um calafrio percorrer seu corpo e instintivamente jogou a
cabeça para trás quando a boca do duque foi levada até o seu pescoço,
deixando mordidas e beijos pelo caminho. Recusou-se a abrir os olhos,
inebriada pelas carícias, pelo perfume másculo do íncubo e os braços fortes
que a envolviam.
O lorde a soltou e começou a desamarrar as fitas que prendiam o
espartilho apertado, numa ânsia por tê-la. Foi quando Dária se deu conta do
que estava prestes a fazer. Aron havia matado duas de suas garotas e ela
havia se afastado dos homens por um bom motivo, não poderia simplesmente
colocar tudo aquilo a perder.
A vampira o empurrou para trás, fazendo-o cambalear e a encarar confuso.
– O que estás fazendo?
– Fique longe de mim!
O duque sentiu uma brisa forte fazer as coisas no quarto voarem, e no
instante seguinte ela não estava mais lá. Odiou a maldita velocidade que os
vampiros tinham. Pensou em talvez ir atrás dela, mas se desse tempo sabia
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que voltaria.
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Capítulo 12
desprendeu do coque.
– Ainda tentando aprender a bordar? – Aron perguntou ao chegar atrás
dela.
A dama pulou com o susto da surpresa, de dentes cerrados virou-se para o
irmão.
– Sabes que odeio quando chegas como um fantasma.
– Se não estivesses tão distraída terias ouvido o som dos meus passos. –
Calmo e com um discreto sorriso, ele sentou-se ao lado da irmã em uma
segunda cadeira igual a dela.
Isabel, com o canto dos olhos, observou o irmão, as curvas formadas no
rosto dele que demonstravam sua discreta alegria.
– O que aconteceu? – Ela virou-se para ele encarando-o tanto, que quase o
fez curvar-se para trás.
– Nada. – Aron desconversou, fugindo do olhar dela.
– Como nada? Como se conseguisses enganar a mim. – Isabel cruzou os
braços e torceu os lábios. – Ontem estavas perdido em pensamentos, distante,
e agora parece um menino que ganhou o presente que esperava de são
Nicolau.
– Não é para tanto, Isabel...
– Aron!
– Ela será minha!
– Como tens tanta certeza? – Em um misto de surpresa e estranhamento,
Isabel cruzou as pernas e curvou ainda mais seu corpo na direção do irmão,
para observá-lo bem.
Aron já havia perdido o total controle da situação.
– Ela veio até mim na noite passada e nos beijamos.
– Apenas a beijaste?! – Isabel resmungou baixinho e fez uma careta de
decepção. Não reconheceu o irmão. O lorde era um conquistador, não um
garotinho apaixonado. – Há quanto tempo não te alimentas? – A dama mudou
de assunto fechando a expressão.
– E por que isso importa? – Aron coçou a barba rala crescendo no rosto.
– Há quanto tempo?
– Alguns dias, talvez umas duas semanas. Mas... Interrompeu-me da
última vez. – O duque deu logo um jeito de evitar que Isabel brigasse com
ele.
– Como se os empregados desta casa fossem suas únicas presas
disponíveis. – A dama deu de ombros e virou o rosto para o outro lado.
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– Isabel...
– Não o reconheço mais, irmão. Juraria que nunca o veria tão fascinado
por uma mulher.
– Há algo especial nela. – O lorde encarou as chamas da lareira.
– Disso não tenho dúvidas. – Isabel soltou um risinho. – Só espero que não
percas a cabeça.
Aron a ignorou, prestando atenção no silêncio da casa. Fora os barulhos
vindos da cozinha e um empregado arrastando uma pá para remover a neve
na estrada, o único barulho era o som do vento, que empurrava os flocos de
gelo, formando uma nevasca.
– Onde está Natasha? – Mudou de assunto, balançando a cabeça como se a
procurasse pelos cantos da sala.
– Eu não sei. Não a vejo há uns dois dias. – A resposta tão natural da dama
não expressava o mínimo de preocupação. Conhecendo bem a irmã mais
velha, não havia surpresa alguma em seu sumiço.
Isabel recolheu os instrumentos de bordado do chão e tentou retomar a
atividade. Aron permaneceu ao lado da irmã observando a empreitada, em
silêncio.
leves marcas de expressão ao redor dos olhos verdes; era alto e ainda
apresentava braços fortes. Suas vestimentas tinham o requinte do melhor
alfaiate de Londres, estavam bem passadas e alinhadas, as abotoaduras de seu
casaco valiam mais do que o salário do mês do pobre garçom. Sem dúvidas,
um homem de muitas posses.
– Olá, – o cavalheiro estendeu a mão para Aron, a fim de cumprimenta-lo.
– Meu nome é Richard, marquês de Westminster. – Ele deu uma breve pausa
ao apertar a mão do lorde. – Confesso que tua presença é algo difícil de não
se notar. Ouvi boatos a respeito da tua chegada, Duque de Abercorn, da
Irlanda?
– Sim, Aron Donovan. Muito prazer.
– Posso sentar-me?
– Claro. – O lorde estendeu a mão para a cadeira ao seu lado.
– É sempre uma honra conhecer alguém de tão boa linhagem. – O homem
passou a mão pelos cabelos grisalhos e sorriu. Naquela sociedade era sempre
de extrema importância ter bons aliados.
– É uma grande honra para mim também. – Aron buscou ser gentil e
gesticulou para o garçom que trouxesse mais cervejas para os dois.
Conversaram por longos minutos, como se fossem amigos de infância. O
marquês estava curioso a respeito da vida do duque e os motivos pelos quais
esse se mudara para a Inglaterra, alguém com tão boas terras e forte candidato
à sucessão do trono irlandês.
– Tenho irmãs que se cansam facilmente de um lugar. – Aron comentou
rindo.
– Talvez devestes as domar melhor, meu caro amigo.
– Não seria tão audacioso, colocar coleiras nelas é tolice.
O marquês gargalhou. Achou estranho, duas mulheres com tanta
liberdade. Entretanto, buscou não se perturbar com algo de tão pouca
importância, os futuros maridos que dessem um jeito nelas.
– Eu e alguns amigos temos um encontro num clube privado esta noite.
Talvez querias vir conosco.
– Um clube? – Aron tombou a cabeça e torceu os lábios, pensativo.
– Sim, um lugar discreto, com boa música e belas mulheres.
– Belas mulheres? – Um generoso sorriso surgiu do duque. – Parece-me
um convite bastante tentador.
– Então venhas comigo. – O marquês se colocou de pé e fez um gesto para
que fosse seguido.
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Aron se levantou e seguiu o homem. Nada tinha a perder, ainda que fosse
uma boa conversa e alguns drinks. Caminharam até a carruagem do marquês,
parada do lado de fora do pub. O pobre do cocheiro tremia por ter estado no
frio congelante todo aquele tempo.
Depois de acomodado, Aron passou a observar a névoa densa nas ruas,
que tornava a luz dos postes um clarão desfoque, uma elipse de bordas
borradas, em meio à escuridão.
– És sempre tão calado?
– Sou apenas observador. – Aron se virou para o marquês.
– É uma virtude admirável. – O homem pegou seu chapéu sobre o banco
de couro quando a carruagem parou. – Chegamos!
Os dois nobres caminharam pela rua até uma pequena porta de madeira. O
marquês bateu nela duas vezes até que uma portinhola fosse aberta, por onde
era possível ver apenas um par de olhos castanhos, envoltos por algumas
marcas de expressão. Richard entregou a ele um pequeno papel escuro com
um símbolo em vermelho e o homem abriu a porta para que os cavalheiros
entrassem.
Aron caminhou para dentro, cauteloso. Observou as paredes de madeira e
o senhor que havia lhes dado passagem. Esse tinha cabelos brancos e, apesar
da idade, estava muito bem vestido, com uma gravata borboleta alinhada,
abotoaduras caras e botões finos no casaco. Certamente as pessoas que
mantinham aquele lugar eram bem afortunadas.
Antes mesmo de chegar ao salão, Aron ouviu risadas e o som de uma
música alegre. Contudo, antes que desse seu próximo passo, o marquês o
segurou pelo pulso.
– Ouça, Aron. Os pecados e segredos vistos por estas paredes permanecem
nelas. – A voz do marquês era suave, mas não deixou de transparecer rigidez.
– Não te preocupes, meu caro. Sigilo é uma das coisas pelas quais mais
tenho apreço.
– Ótimo! – Richard deu um leve sorriso e soltou a mão de Aron.
Logo que chegaram ao salão, o lorde Donovan olhou tudo com extrema
cautela. Logo entendeu o motivo de tanto segredo. Em algumas mesas
próximas ao fim do salão, homens nobres se reuniam jogando cartas, pôquer,
e a julgar pelo amontoado de fichas sobre as mesas, faziam apostas altas. Boa
parte deles fumava muito, e Aron segurou a tosse quando o cheiro dos
charutos chegou até seu olfato sensível. Havia muitas prostitutas, nada que o
surpreendesse: uma delas fazia um pequeno show em um palco na outra
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extremidade do salão. Diante dela havia várias cadeiras ocupadas por homens
e alguns trocaram carícias que manchariam o nome de um nobre cavalheiro.
Nas laterais havia quartos sem portas ou sequer restritos a um único casal.
Aron riu consigo mesmo, e lamentou por não ter tido a oportunidade de
conhecer aquele lugar antes.
Richard o cutucou para que o seguisse até uma mesa onde estavam alguns
cavalheiros, e o apresentou. O duque observou o rosto de cada um deles.
Alguns já conhecidos enrubesceram ao se darem conta de que o lorde já havia
os vistos em eventos públicos. Contudo, Aron os cumprimentou, um a um, e
sorriu gentilmente, deixando claro que pouco se importava com o que faziam
ali, deixando os homens aliviados.
– Sente-se conosco. – Um homem alto e magro, com cabelos acobreados
apontou para uma cadeira ao seu lado.
– Obrigado, lorde Philip. – O duque reconheceu o cavalheiro de um baile
beneficente ao qual comparecera nos seus primeiros dias na cidade.
– Notei que não trouxe uma esposa para Londres. – O marquês se sentou
do outro lado de Philip e lhe deu a mão, antes de voltar-se para Aron, que por
delicadeza fingiu nem notar.
– Eu não tenho esposa. – O duque mexeu no cabelo e respondeu com a
naturalidade de algo trivial. Aquela era uma pergunta recorrente.
– Não gostas de mulheres ou apenas quer aproveitar mais da vida como
solteiro? – Philip se inclinou para observá-lo melhor.
– Um pouco dos dois. – Rindo, Aron colocou as mãos sobre a mesa e
aprumou o corpo. – Ainda não encontrei homem ou mulher que me faça jurar
fidelidade. Começo a pensar que não nasci para a monogamia.
– Ninguém?
– Talvez uma mulher. – Aron coçou a barba e olhou para cima,
lembrando-se de Dária. – Mas ela pouco corresponde aos meus galanteios.
– Uma pena, pois és um homem incrivelmente belo.
– Obrigado.
Aron sorriu pelo sutil galanteio.
O marquês acenou para uma mulher que carregava uma bandeja com
canecas de bebidas, que se aproximou dos cavalheiros para servi-los.
Aron pegou um copo de uísque e deu algumas goladas, observando a bela
garota que os servia. Ela usava uma saia discreta, pouco rodada, cheia de
pregas, de cor creme e feita de um tecido de segunda mão. O espatilho
branco, apertado, ressaltava os seios redondos. Quando os pequenos olhos
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castanhos dela cruzaram com os de Aron, seu rosto enrubesceu e se não fosse
pelo duque teria deixado que uma jarra cheia de cerveja ir ao chão.
– Cuidado, senhorita, podes fazer uma grande bagunça, ou pior, acabar
machucando-te. – O duque pegou a jarra e colocou sobre a mesa.
– Obrigada. – A jovem abriu um sorriso de orelha a orelha.
– Gostastes dela? – O marquês perguntou enquanto Aron a segurava.
Aron arqueou as sobrancelhas e encarou o homem. Levou alguns
segundos para entender o verdadeiro significado da pergunta.
– Sim, claro, ela é muito bela. – O íncubo a observou da cabeça aos pés de
novo. Entretanto, dessa vez com mais atenção, dos cabelos castanhos presos
em um coque estufado e ligeiramente bagunçado de onde escapavam alguns
cachos finos; o rosto vermelho por saber que era encarado, até as curvas
provocantes, escondidas por debaixo daquela roupa pouco nobre.
– Ela é sua por essa noite. – Richard estendeu a mão ao oferecer o
pequeno presente.
– Apenas ela? – Aron olhou ao redor para tantas opções e riu brincalhão.
– O que queres dizer com isso, duque?
– Comentei sobre não ser bom monogâmico.
Os cavalheiros na mesa riram com ele.
– E quem mais queres?
– Bom, existem tantas pessoas interessantes aqui. – Aron se curvou na
direção do casal de cavalheiros, e passou a língua nos lábios, molhando-os.
Richard e Philip abriram um largo sorriso e em seguida colocaram-se de
pé.
– Siga-nos, duque.
A moça, ainda presa junto ao corpo de Aron por seu braço firme, pensou
em deixá-los a sós, entretanto o lorde impediu que saísse.
– Venha conosco.
Ela sorriu involuntariamente com o convite. Sentiu uma estranha
felicidade. Aquele homem que nunca havia estado ali antes tinha uma beleza
encantadora e uma presença tão forte.
Com os braços ainda envoltos na cintura da jovem, Aron seguiu os
cavalheiros por um corredor estreito na lateral do salão, com pequenas
luminárias de luzes amarelas presas às paredes decoradas por papeis
adornados, até um quarto mais discreto.
Quando abriram as portas, viram um belo quarto com uma colcha
vermelha sobre uma grande cama e, ao lado dela, almofadas da mesma cor.
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Um grande e belo lustre de cristal estava suspenso por uma corrente no teto.
Duas garotas estavam sobre a cama, beijando-se de maneira voraz, e pularam
de susto ao ouvirem o som da porta se abrindo.
– Saiam daqui! – O marquês fez um gesto para que elas se retirassem.
– Não. – Aron colocou a mão sobre o ombro de Richard. – Deixe-as ficar.
Com as sobrancelhas arqueadas, virou-se para o duque, com uma
interrogação estampada em seu rosto.
– Não são pessoas demais?
– Quanto mais, melhor.
– Está bem. – O marquês voltou-se para as garotas. – Fiquem.
Elas ergueram os olhos, encararam o homem novo e contiveram uma
exclamação de surpresa. Nossa! Iria ser um enorme prazer ficar.
Aron viu as duas morenas caminharem na direção dele. Usavam uma saia
fina e estavam nuas da cintura para cima. Ambas tinham longos cabelos
cacheados e escuros e uma pele bronzeada, nada comum entre as inglesas,
decerto deveriam ser imigrantes. A beleza exótica fez o íncubo as querer
ainda mais.
Elas se aproximaram até ficaram ao lado dele e apoiaram-se em seus
ombros. Uma delas refez com os dedos o contorno do rosto do lorde. Ainda
que os pequenos cabelos da barba rala espetassem um pouco, a pele dele era
incrivelmente macia. Estando tão perto podia sentir um perfume doce e
inebriante. Uma delas aproximou-se ainda mais, a fim de provar o sabor da
pele dele e beijou de leve a região do meio do pescoço, onde a gola da camisa
não cobria. Deslizou com os lábios até a base da orelha e assoprou devagar
antes de dar uma leve mordida, saboreando-o. O duque sentiu seus pelos se
eriçarem e se encolheu um pouco com o toque.
A outra garota e a mulher que servia as bebidas deslizaram o casaco do
lorde pelos ombros, aproveitando cada segundo.
Philip se cansou de apenas de observar e agarrou o marquês pela gola do
casaco, empurrou-o contra a parede, fazendo-o bater de leve com a cabeça,
então o beijou sem pudor algum. Cheio de urgência, deslizava as mãos à
procura dos botões do casaco, a fim de tirá-lo o mais rápido possível.
Aron agarrou a mulher que mordia sua orelha e a levou até a cama,
fazendo com que as outras duas o seguissem. Esticou os braços para trás, para
que elas retirassem seu colete e a camisa branca. Soltou um leve gemido
quando duas morderam seu pescoço, uma de cada lado e a terceira, sobre a
cama, desabotoava a calça do nobre.
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Com tantas mãos, o duque logo estava nu diante delas. A bela visão dos
perfeitos traços que o compunham, da boca vermelha e suntuosa, o abdômen
bem definido, até o pênis ereto que se erguia de um amontoado de pelos
negros, as deixou sem ar por alguns instantes. Até mesmo Philip e Richard
pararam de se beijar para encará-lo por alguns minutos. Era impossível não
prender os olhos do mundo com tamanha beleza.
Os cavalheiros se encararam e, mesmo sem dizer uma única palavra,
chegaram à conclusão que poderiam se curtir em outro momento. Então,
caminharam até a cama juntando-se as mulheres.
Philip não se conteve ao tocar o peito nu, quente, com poucos pelos e
macio do duque. E o sorriso que Aron lhe dirigiu o incentivou a continuar.
Contornou com os dedos logos e magros a linha dos ossos a baixo do
pescoço.
O íncubo, ajoelhado sobre a cama, tinha a total atenção dos outros cinco
presentes no quarto, que o admiravam. Se Aron medisse sua vaidade pelos
olhares de completo fascínio, certamente seria um dos homens mais
convencidos do mundo.
Philip se curvou e pegou o pênis de Aron com as mãos, deu um beijo
passando os lábios devagar, antes de abocanhá-lo e começar a chupar. O
duque jogou a cabeça para trás, fechando os olhos, e um leve gemido escapou
por seus lábios cerrados.
Richard se posicionou atrás de Philip e acariciou o parceiro que estava de
quatro sobre a cama. Passou a língua, contornando a boca, quando essa
salivou com a visão excitante. Em seguida, curvou-se beijando o meio das
costas de seu parceiro, subindo até o pescoço, fazendo Philip se arrepiar e ter
o gemido abafado pelo membro de Aron dentro de sua boca.
O duque olhou para as três garotas ao seu redor, encarando-o com os olhos
brilhando e os lábios úmidos. Ansiosas por poderem participar.
Evelyn, a jovem que servia as bebidas, vibrou quando aquele estranho a
envolveu com os braços firmes e a puxou para mais perto. O ciúme que, sem
explicação, sentiu pelos cavalheiros que o tocavam logo passou, quando os
lábios a renderam em um beijo quente, e a língua dele invadiu sua boca sem
hesitar. Envolveu os dedos no cabelo negro e curto, completamente entregue.
Suspirou ao senti-lo desamarrar as fitas que prendiam seu espartilho, logo a
deixando nua da cintura para cima assim como as outras mulheres.
Aron jogou a cabeça para trás, interrompendo o beijo, e soltou um gemido
alto, por ter Philip o chupando com vontade, os lábios subindo e descendo
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Capítulo 13
– Há algo acontecendo?
– Não.
– Olha... – Anne desceu do banco e caminhou na direção da vampira. –
Sabes que faço qualquer coisa por ti.
– Eu fico grata. – Dária abriu um leve sorriso. – Mas não é nada com que
devas te preocupar...
A porta se abriu num rompante e as duas se viraram na direção dela de
imediato. Elzor entrou de repente, o homem alto, grande e careca tinha a
expressão fechada e a testa franzida.
– Anne, deixe-nos a sós. – A voz dele era tensa e severa, ao ponto de fazer
um arrepio subir pela espinha da garota.
– Está bem. – A moça deixou o lugar sem hesitar.
Assim que ela saiu, Elzor fechou a porta e Dária se levantou para encará-
lo, à espera do que ele diria.
– Temos grandes problemas.
– O que queres dizer com isso? – A ruiva passou a mão pelos cabelos
antes de avaliar o homem com o olhar.
– Um ninho foi estourado na noite passada. Jovens vampiros foram mortos
e o símbolo deixado na porta do covil.
– A ordem está em Londres? – A dama engoliu em seco. – E sabem que
estamos aqui?
– Creio que não, contudo é uma questão de tempo.
– Maldição! – Dária deu um soco na mesa, fazendo com que a madeira
cedesse e quebrasse no meio.
– Não te preocupes, minha senhora. – Elzor tentou parecer mais calmo a
fim de tranquilizá-la. – Darei um jeito de mantê-los longe.
– Tenhas cuidado, eles possuem caçadores experientes, podem matar-te,
matar à nós dois.
– Não os enfrentarei, ou mesmo permitirei que me vejam.
– Devo ter cuidado com meus hábitos de caça. – A dama falou mais para
si mesma. Andava de um lado para o outro da sala, passando a mão cabelos e
resmungando baixinho.
– Talvez possas pedir proteção a Melinda.
– Não! – Dária balançou a cabeça em negativa – Não quero recorrer a ela.
A vampira detestava a ideia de implorar pela proteção de alguém.
Um arrepio varreu o corpo da vampira quando se lembrou da primeira vez
que soube da existência da ordem.
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– Corra, Dária!!!
Sem reação, a ruiva viu a fúria tomar conta do rosto de sua criadora. A
saia do vestido e o cabelo negro rodando no ar enquanto a mulher se colocava
em posição de ataque, com o corpo arqueado e as unhas afiadas como garras.
– Arthia... – Ainda em choque, Dária não conseguiu mover um único
músculo. Não entendeu a reação de sua criadora, nunca havia a visto tão
brava e amedrontada.
– Eu disse para correr, Dária! Saia antes que eles cheguem aqui.
Sem realmente entender a gravidade daquilo ou o medo que a consumia,
com um aperto no peito pela terrível ideia de deixar Arthia para trás, a jovem
vampira correu noite adentro, encoberta pelas sombras, fugindo de algo que
desconhecia.
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Capítulo 14
Aron chegou em casa e o dia já havia raiado, passava das oito da manhã.
Assobiava a quinta sinfonia de Beethoven, ao abrir a porta encontrou Natasha
sentada sobre o sofá. A morena ergueu a cabeça do catálogo de moda
parisiense que folheava nas mãos e encarou o irmão.
– Olá, Aron, pelo visto tua noite foi ótima. – Ela virou uma página. –
Penso que pela quantidade de energia que emana de ti, teve que esconder
alguns corpos.
– Eu não matei ninguém. – O duque suspirou aliviado ao se lembrar
daquilo.
– Uau! Quanto autocontrole. – Natasha deu um risinho sarcástica. – Eu
nem mesmo tento não matar.
O lorde deu as costas ignorando sua irmã. Como era inconveniente, bufou.
– A propósito, senti uma presença estranha, forte, nessa casa ontem, e a
julgar pelo barulho e a brisa incomum, acredito que a tua garota veio vê-lo.
– O que?! – Aron saiu correndo.
Quando o duque chegou ao seu quarto, o aroma inconfundível da vampira
ainda estava por todo o lugar e as coisas sobre sua cômoda estavam reviradas.
Socou a parede, sentindo uma enorme raiva de si mesmo. Estava tão faminto
e de certa forma decepcionado, que saíra sem pensar muito. Não esperava que
ela retornasse, pelo menos não tão cedo. Torceu para que ela não estivesse
furiosa demais.
– Quer que eu prepare teu café, meu lorde? – Anisha perguntou quando
Aron passou por ela no corredor.
– Obrigado, mas já estou de saída. – O íncubo nem mesmo virou-se para
ela e continuou andando.
– Acabastes de chegar... – a moça ergueu os braços para o ar e balançou a
cabeça confusa.
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Dária estava de pé, protegida sobre a sombra das pesadas cortinas. Ainda
estava com medo. Passou a mão pelo peito, sentindo um aperto e um nó na
garganta. Aquela era a sensação que mais odiava sentir, medo. Acreditava
que depois da imortalidade estaria livre disso, entretanto, na noite em que
Arthia morreu, soube que não importava o quão forte estivesse, seus
demônios estariam à sua altura.
– O que fazes aqui?! – Dária se virou para o intruso que adentrou o quarto.
– Quem pensas que és para entrar em meus aposentos sem ser anunciado? –
De braços cruzados e dentes cerrados fitou os olhos do íncubo.
– Duas vezes fostes ao meu quarto. Acredito que seja no mínimo justo eu
estar aqui. – O duque se escorou no batente da porta.
Aron observou a bela mulher com um vestido negro, e espartilho apertado
que jurava ser impossível respirar com ele. O cabelo ruivo estava preso no
alto da cabeça, e adoraria poder bagunçá-lo. Sentiu-a tensa, apertando com
força os dedos contra o antebraço.
– Já se esquivou demais, Dária. – Ele caminhou na direção dela com
passos firmes e confiantes. – Não precisa temer isso.
– Não sabes nada sobre mim.
– Saberei se me permitir.
Quando Dária se deu conta, ele já estava próximo o suficiente para
envolvê-la pela cintura. Um calafrio percorreu o seu corpo fazendo-a se
encolher. Sabia que o certo seria afastá-lo como sempre fez, contudo não
queria isso. A presença da ordem na cidade talvez a tivesse deixando mais
suscetível à ideia de ceder.
– Meus problemas não são contigo.
– Então, permita-me ajudá-la. – O lorde deslizou as mãos pelo rosto dela,
acariciando a pele alva e fria.
Dária fechou os olhos e perdeu-se na sensação. De alguma forma a
presença dele fez com que a angústia sumisse. Se permitisse aquilo, seria
algo do qual não poderia esquecer ou mesmo voltar atrás.
– Aron...
– Pare de fugir! – Ele a pressionou contra a parede. – Fostes atrás de mim
noite passada e sei que queres isso tanto quanto eu.
– Matastes duas das minhas garotas. – A vampira tentou empurrá-lo,
contudo não fez a real força para isso.
– Ambos sabemos que esse nunca foi o real problema. – O íncubo apoiou
sua testa contra a dela, forçando-a a encará-lo.
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Daria se perdeu por alguns segundos observando o peito dele. Sem hesitar,
tocou-o, sentindo o calor da pele, a perfeição dos músculos. A forma como
ela o olhou e tocou facilmente fizeram de Aron o homem mais vaidoso do
mundo.
O duque começou a desamarrar as fitas que prendiam o espartilho dela.
Mordeu o lábio, enfurecido com o quanto aquelas roupas femininas eram
difíceis de retirar. Contudo a forma como ela permaneceu o tocando
tranquilizou-o. Finalmente o espartilho foi jogado de lado e ele pode agarrar
os seios firmes. Os mamilos se enrijeceram em suas mãos e o fizeram soltar
um gemido. Ela era ainda mais bela seminua.
Com as mãos dele a tocando intensamente, Dária sentia o desejo que
aquele homem provocava nela crescer ainda mais. Aproveitou o espaço que
ele havia tomado em relação a parede, para deslizar as mãos sobre as costas
largas, refazendo com a ponta dos dedos toda a linha da coluna. Estava
prestes a apalpar a bunda dele, ainda sob o tecido da calça, quando o lorde se
abaixou a fim de retirar as numerosas camadas da saia que a dama usava.
A pele dela era alva e gélida, Aron se enchia de prazer por poder acariciá-
la. O vermelho dos olhos de Dária se tornou ainda mais intenso e ela mordeu
os lábios, provando do seu próprio sangue, quando o íncubo abaixou a cabeça
e tocou com a língua seu sexo feminino. Inebriada pela sensação, ela abriu as
pernas mais, permitindo que ele encaixasse a cabeça melhor.
Dária tinha um sabor agridoce, gélido e sedutor, e Aron a saboreou,
enquanto deslizava as mãos pelas suntuosas curvas da cintura arredondada
dela. O modo como o corpo dela correspondia às suas carícias despertou nele
os desejos mais profundos. Teve que lutar contra a vontade de deitá-la no
tapete e penetrá-la logo. Aron deslizou o dedo para dentro da vampira e a
umidade dela fez com que cerrasse os dentes para não gemer. O estímulo a
fez gemer e dar leves reboladas.
– Agora, Aron! – Ela gritou com a voz trêmula. Todo o seu corpo ansiava
com a vontade de tê-lo dentro de si.
– Estás me dando ordens?
– Algumas vezes o farei, a partir deste momento, principalmente se
demorar tanto.
Um sorriso nada discreto surgiu nos lábios do íncubo quando ela implorou
por aquilo. Logo ele se livrou da calça, a envolveu pela cintura e levou até a
cama.
Duzentos anos haviam se passado desde a última vez em que Dária havia
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movimento de seu corpo, foi demais para que ele resistisse a tocá-los. Porém
ela ainda segurava seus braços e mesmo que o íncubo tivesse força o bastante
para se soltar, não o fez. Além de excitante, dar a ela o total controle da
situação parecia a deixar mais calma. Mas era uma tortura não poder tocá-
los.
Dária via os olhos do lorde se contorcerem cada vez que ela se movia
contra seu corpo, permitindo que ele a adentrasse por completo. A vampira
mordia os lábios com força, fazendo-os sangrar numa tentativa tola de tentar
conter os próprios gemidos. Embora boa parte de si, a que ainda era
assombrada pelo passado, não quisesse admitir, aquilo estava delicioso. O
duque se deleitava com cada gemido e suspiro que ela teimava em reprimir,
entretanto quanto mais ela brigava com isso, mais seu rosto denunciava o
prazer. Ela já se mexia incontrolavelmente, rebolando nele.
A dama sentia seu corpo arder em meio àquela dança erótica. Com o
prazer tomando conta de todos os seus sentidos, ela finalmente aceitou que já
fora longe demais para permitir que seus demônios a assombrassem.
Qualquer consequência que aquilo pudesse vir a ter, a vampira se preocuparia
com ela depois.
Lembrou-se da pequena prova que tivera do sangue dele e desejou mais
daquela bebida exótica. Quando Dária finalmente soltou-lhe os braços, Aron
se assustou com ela cortando com a unha uma linha pelo seu peito, por onde
o sangue fluiu. Contudo, logo que ela se curvou, lambendo-o, ele gemeu alto,
alucinado pelo prazer que tal ato lhe proporcionou. Sabia que a saliva de um
vampiro era afrodisíaca, porém não pensou que fosse tanto.
Com as mãos livres, Aron segurou a bunda arredondada dela e a fez se
mover mais rápido. Sentia-se deslizar com afinco para dentro do corpo
úmido. O desejo que nutria por ela e a forma alucinante como seu sangue era
sugado, tornou aquele ato o mais prazeroso que já tivera. Dária arranhou
ainda mais o peito dele quando um rugido de prazer escapou do fundo da sua
garganta. Suas pernas tremiam e seu corpo estava à beira do colapso, pelo
prazer ardente que ela não estava preparada para sentir.
O íncubo respirava fundo, ainda com as mãos firmes agarradas à bela
bunda dela. Se segurar não estava tão fácil como costumava ser. A vampira
era mais ágil e tinha mais fôlego do que as damas com que havia se deitado.
– Aron! – Dária gritou o nome dele quando uma onda de prazer tomou seu
corpo, banhando cada uma de suas veias. Atingir o orgasmo sendo penetrada
era um prazer diferente que, jamais havia experimentado antes. Surpreendeu-
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– Ei, por favor, fique! – Aron sussurrou sonolento quando a viu se levantar
e segurou o braço dela.
– Eu só vou me limpar.
– Está bem. – Relutante, ele a soltou.
Esparramado na cama, a viu caminhar nua até um pequeno banheiro no
quarto. Jurou que poderia assistir para sempre o movimento das curvas do
corpo da vampira se mexendo à medida que ela andava. Dária era suntuosa e
roliça nas partes certas, foi fácil entender por que se encantara desde o breve
vislumbre dela.
Logo a vampira retornou e entregou a ele uma toalha úmida para que
também pudesse se limpar.
O íncubo a puxou para cama, a queria de volta em seus braços, porém
Dária se desvencilhou.
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– Deves ir agora.
– Não vais me expulsar. – Aron se sentou na cama um tanto irritado.
– Ficas aconchegado com todas as suas presas?
– Na verdade elas nunca sobreviveram até esse momento. Mas porque te
importas? Não és uma presa, assim como não sou um dos humanos dos quais
se alimenta.
– Falas demais. – Ela torceu os lábios.
– Eu estou apenas dizendo a verdade. – O íncubo se colocou de pé e a
envolveu pela cintura.
Dária sabia que deveria afastá-lo, mas no momento em que os lábios dele
tocaram a base de seu pescoço ela jogou a cabeça para trás, gemendo
levemente. O toque provocante dele trouxe de volta a febre do desejo. Vibrar
tão energicamente a cada carícia era uma péssima ideia ao tentar resistir a ele.
– Saía daqui. – A voz dela saiu trêmula e nem de perto intimidadora.
– Vou embora daqui a pouco, eu prometo. – O duque a deslizou a mão até
a nuca dela e enrolou os dedos em seus cabelos. – E, de qualquer forma,
ainda está de dia e não há nada que possa fazer por enquanto. – Mordiscou de
leve a orelha da vampira, sentindo-a se contorcer em seus braços.
A dama cravou as unhas no ombro dele, deixando marcas vermelhas na
pele clara, mas ele nem protestou contra a leve dor. Uma força enorme
manteve as pernas bambas dela imóveis. Dária praguejou baixinho e por um
segundo mandou para o inferno tudo que a fazia resistir e agarrou com foça
os cabelos negros dele, puxando-os até poder roçar seus lábios nos do íncubo,
mordiscando o inferior. O beijo que veio em seguida foi feroz, as línguas se
tocando de modo selvagem.
Aron a segurou e ergueu, puxando-a consigo de volta para a cama. Sentou-
se e colocou-a sobre sua cintura, encaixando-se no meio das pernas da
vampira, cujos joelhos se apoiavam na cama.
– Não te cansas? – Ela deu um risinho ao passar as mãos pelo peito dele.
– De ti? – Aron a admirou a ruiva de beleza estonteante por alguns
segundos, com os olhos curiosos o percorrendo. – Poderia passar a eternidade
assim. – Curvou-se e lambeu o mamilo enrijecido.
Dária sentiu seu corpo queimar e um alto gemido escapou por entre suas
presas. Olhou-o nos olhos: eles eram penetrantes, arrebatadores, e tinha toda
a atenção deles. Sentia o pênis do lorde pulsar sob o seu corpo, e moveu-se
lentamente conta ele, aquela fricção era deliciosa. Contudo não era mais o
bastante apenas se esfregar, queria, precisava dele a preenchendo outra vez.
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– Agora eu vou. – Aron se curvou e beijou-a antes que Dária pudesse fazer
qualquer protesto.
Levantou-se e começou a se vestir. Ainda admirava com o canto do olho a
bela mulher sobre a cama. A ideia de sair dali o afligia, mesmo que soubesse
que precisava ir. Teve que se conter para não se atirar sobre ela e possui-la
outra vez. Se apenas seus instintos estivessem no controle, o duque não sabia
quando pararia, ou se pararia.
Dária se conteve para não lhe pedir para ficar. Embora sentisse que
precisava afastá-lo, não sabia mais se queria fazer isso.
– A vejo em breve. – O íncubo a beijou de forma demorada. Dessa vez
como se quisesse registrar cada segundo daquilo, para jamais esquecer a
sensação. Quando se deu conta de que acabaria arrancando as roupas
novamente, ele deixou o quarto.
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Capítulo 15
– Onde esteves durante todo o dia? – Isabel perguntou assim que Aron
colocou os pés na sala. Ela tinha os braços cruzados e batia o delicado sapato
contra o assoalho de madeira. – Pensei que havíamos combinado de irmos
juntos à chapelaria.
– Não sejas ingênua, irmã. Olhe só para o brilho nos olhos dele. – Natasha
comia uvas sentada no sofá e nem mesmo o encarava.
– Estava se alimentando?
– Não.
– Ele fez amor, que gracinha! – Natasha conteve o riso.
Aron estava tão feliz que nem mesmo as provocações de sua irmã o
tirariam do sério.
– Sabes de algo que eu não sei? – Isabel se virou para a morena, encarando
os olhos azuis esbranquiçados dela em busca de respostas.
– Parece que a vampira finalmente cedeu. – Natasha jogou as sementes da
uva na lareira.
Aron ignorou as irmãs e caminhou até o seu quarto. Que pensassem o que
quisessem, não se preocuparia com elas no momento.
– Anisha! – Ele gritou a criada. – Prepare um banho para mim.
A voz grave dele ecoou por toda a casa e a moça foi capaz de ouvi-la da
cozinha.
Enquanto esperava, Aron se debruçou sobre o parapeito de uma das
janelas de seu quarto. O sol de fim de tarde aparecia modesto entre as nuvens,
e algumas flores já se formavam no jardim, sinal de que o inverno gélido já
se despedia.
Por alguns segundos, o duque fechou os olhos e se concentrou no cheiro
dela, ainda impregnado por todo o seu corpo. O aroma o preencheu de desejo
por poder tocá-la outra vez, e teve que se conter para não sair correndo. Riu
sozinho, deveria ser paciente. Já havia vencido algumas das inúmeras
barreiras dela, contudo outras claramente ainda estavam ali, fazendo-a relutar
e esquivar-se. Dária ainda não confiava nele, e se a quisesse por completo
precisava mudar isso.
– Meu lorde... – Anisha cutucou o ombro dele, que estava tão perdido em
pensamentos que se assustou.
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Querido Aron,
Depois daquela noite memorável, creio que possa chamá-lo dessa forma.
Philip e eu adoramos conhecê-lo. Confesso que mal vejo a hora de revê-lo, e
quem sabe repetirmos aquele momento.
Sem mais delongas, escrevo-lhe esta carta para um convite mais formal,
eu e alguns amigos da corte de Londres estamos organizando um torneio de
esgrima em minha propriedade e adoraria tê-lo entre os competidores.
Infelizmente nossas esposas e outras pessoas da sociedade estarão
presentes. Será um evento de aparências e Philip e eu não poderemos lhe dar
a atenção que gostaríamos. De qualquer forma, ficaria muito feliz com a tua
presença.
O torneio será na próxima semana no fim da tarde. Traga os convidados
que desejar.
Colocou a carta sobre a mesa e caminhou até o banheiro antes que a água
esfriasse. Retirou as roupas, dobrou-as e colocou-as sobre uma bancada de
madeira escorada na parede. Passou os dedos longos pela borda da banheira
branca. O vapor quente havia tomado conta de todo o lugar. Com um pé de
cada vez, ele entrou; a água morna era reconfortante. Submergiu por
completo, e ficou por baixo da água até que não fosse mais possível respirar.
Tocou-se, limpando-se.
Horas depois Aron saiu do pequeno banheiro, coberto por um roupão, com
os cabelos negros molhados, pingando sobre o pano branco.
– Isabel! – O duque arregalou os olhos ao dar de cara com sua irmã mais
nova sentada sobre a cama perfeitamente arrumada, sinal de que o lorde não
se deitava nela há um bom tempo.
A caçula estava com os braços cruzados sobre o joelho, a cabeça erguida
fitando-o. Os olhos azuis esbranquiçados estavam arregalados e atentos.
– Achei que não sairias de lá nunca. – Ela bufou jogando uma mecha do
cabelo loiro para trás.
– E porque estás aqui?
– Oh, Aron, por favor, és meu irmão, somos cheios de segredos. Apenas
podemos ser sinceros uns com os outros.
– Sabes que esse papo é patético, não é?
Isabel torceu os lábios, fechando o rosto, numa fingida expressão de
tristeza.
– Mas é a verdade.
– És intrometida demais.
– Aron... – inquieta, ela dava pulinhos na cama. – Estou apenas curiosa, é
a primeira vez que vejo alguém como nós apaixonado.
– Isso é tolice, Isabel. – Aron andou até a mesa no centro do quarto e
pegou uma framboesa da travessa deixada lá.
– Tolice? – Ela arqueou as sobrancelhas e ergueu os braços, revoltada. – A
única pessoa para a qual conseguirá mentir é para si próprio. Parecia pisar nas
nuvens quando chegastes aqui mais cedo...
– Saias daqui, pestinha bisbilhoteira! – Aron apontou para a porta com a
expressão fechada.
– Vais mesmo esquivar-se de mim, e negar a verdade a ti mesmo?
– Agora!
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– Aron...
Isabel se levantou de cara amarrada e deixou o quarto. Soube que naquele
momento ele não diria nada, pelo menos não por enquanto.
O duque cerrou as portas duplas assim que a sua irmã caçula passou por
elas. Riu baixinho. Sabia que ela não desistiria, porém iria a enrolar enquanto
pudesse.
Sentou na cadeira confortável, ao lado da mesa no centro do quarto, e
voltou a mordiscar as frutas deixadas ali. Pouco se importava com qual nome
deveria dar a tal sentimento, apenas a queria por perto, em seus braços, ao
alcance do seu toque. Mal via a hora de tê-la outra vez.
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Capítulo 16
Estava escuro. A não ser pela porta arrombada, não havia o menor sinal de
qualquer criatura viva. Dária entrou, e assim que o seu sapato tocou o
assoalho um rangido ecoou por toda a superfície. A casa velha era de
madeira, o ar estava pesado de tanta poeira.
– Não deveria ter vindo aqui, minha senhora. – Elzor parou por um
momento, ponderando a gravidade de estarem ali.
– Precisamos de respostas, meu caro. Sou alguns anos mais velha do que
ti, portanto mais forte.
– Mas sou dispensável.
– Para quem? – Dária o encarnou. – Pois para mim não és. Sabes bem que
és mais do que um servo, que o considero como um amigo.
– É uma honra.
Dária ergueu a mão para que ele se calasse ao ouvir um leve ranger
distante. Temeu sentir a presença de alguém. Em posição de ataque, esperou
que seja lá quem fosse vir em sua direção. Rosnou quando algo se aproximou
o bastante para que pudesse vê-lo. Entretanto, não passava de um pequeno
rato. A vampira respirou fundo e praguejou contra si mesma por estar tão
assustada.
Continuaram a caminhar para dentro da casa, que sob o profundo silêncio
da noite tudo parecia fazer ainda mais barulho. Estava escuro, e a lua
minguante no céu pouco ajudava a iluminar, contudo nenhum dos dois se
atreveu a acender uma única vela. O vento entrava pela porta deixada
entreaberta e assobiava em cada um dos cômodos da velha casa. A dama
sentiu um arrepio varrer-lhe o corpo e levou as mãos aos braços, como se
sentisse frio.
– Está tudo bem, minha senhora? – Elzor a encarou, preocupado com o
perceptível temor nos olhos dela.
Dária nada respondeu e continuou andando com passos cautelosos. Assim
que passaram do hall e chegaram à sala, foram capazes de enxergar corpos no
chão: uma dama vampira tivera a cabeça separada do corpo por uma espada
afiada e os outros dois cavalheiros possuíam estacas enfiadas em seus
corações. Pela forma como foram mortos, haviam sido pegos de surpresa e
mal souberam quem ou o que os matou. Dária fitou o símbolo da ordem da
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cruz desenhado ao lado dos corpos, haviam deixado a sua assinatura para
reivindicar o feito e deixar sob aviso os vampiros ainda vivos na cidade.
Tremeu ao se lembrar do quanto eram bem treinados e incrivelmente rápidos
para meros humanos; eram bons o bastante para pegar sem aviso vampiros
jovens.
– Dária! – Elzor mal teve tempo de gritar quando um homem surgiu das
sombras e partiu para cima deles. Fora ingenuidade pensar que já haviam
deixado o local do ataque.
A vampira se assustou, cambaleando para trás, mas ainda assim foi rápida
o bastante para se esquivar de uma lâmina afiada que cortou o ar no local
onde estava há poucos segundos. Suas presas cutucaram sua língua e um
rugido feroz saiu de sua boca.
Com os olhos vermelhos arregalados e as pupilas dilatas, ela olhou bem
para o caçador. Ele usava uma roupa preta com colarinho branco que se
assemelhava a de um padre, tinha o cabelo completamente raspado e uma
tatuagem em forma de cruz, vermelha e branca, que cortava de uma ponta a
outra a metade direita de seu rosto, encobrindo seu olho.
– Mais vampiros? – Ele gargalhou, fazendo seu riso ecoar por toda a casa
numa sinfonia assustadora. – Olhem só o quão sortudo eu sou.
– Arrependeras-te de ter dito isto. – Dária rosnou por entre as presas e
retirou uma adaga que estava presa em sua canela, sob a saia do vestido.
O caçador se esquivou do movimento veloz da vampira. Era bem treinado
e preparado para lidar com tais criaturas da noite. Porém, não deixou que sua
autoestima subjugasse suas ações, claramente estava diante de dois vampiros
com pelo menos um século, nem de longe seriam tão fáceis de derrotar
quanto os que habitavam aquela casa abandonada. Quem sabe não estivesse
com sorte e aqueles dois fossem os antigos que o seu senhor o mandara caçar
em Londres. Logo teria a cabeça daquela vampira e poderia retornar ao
Vaticano.
Lançou do casaco uma pequena adaga em formato de cruz, que passou de
raspão pelo braço de Dária, queimando a região. Maldição, ela era rápida.
Dária berrou de dor e num movimento rápido Elzor a tirou do caminho e
colocou-se entre o caçador e sua senhora. Morreria antes de permitir que a
dama fosse ferida outra vez.
– Saias daqui antes que te arrependas de ter vivido!
O caçador gargalhou, achando ridícula tal ameaça, eram eles que deveriam
temer. Viu o vampiro partir para cima dele e preparou-se para ser atacado,
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– Podemos lidar com isso sozinhos. – O tom de voz dela ficou severo,
claramente irritada com a insistência dele. Não iria rastejar até a rainha das
bruxas pedindo que a protegesse de meros caçadores, isso era ridículo. –
Apenas vamos sair daqui.
Elzor assentiu, a seguindo para longe. Sabia bem o quanto a sua senhora
era orgulhosa, contudo torcia para que tal defeito não colocasse em risco a
vida dela.
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Capítulo 17
caminho livre para que o duque passasse. Se ele não havia conversado nem
mesmo com Isabel, não o faria com Natasha. A última coisa que desejava
naquele momento era que sua irmã do meio fizesse daquilo um estardalhaço.
A Donovan sabia bem como ser inconveniente e indelicada, e Aron não a
perdoaria se colocasse tudo a perder. Antes de dizer qualquer coisa as suas
irmãs, precisava da certeza de que Dária não correria dele na primeira
oportunidade.
– Divertindo-se ou me torturando?
– Um pouco de ambos.
– É cruel.
– Deverias saber disso antes de assombrar-me.
– Está bem, faças o que tiver de fazer. – Aron entrou no jogo, que estava
apenas o excitando ainda mais. – E as minhas calças, não irás tirá-las?
– Neste momento não.
A vampira se curvou como um gato sobre ele, e o rosto de Aron levantou-
se na direção dela, louco para poder beijá-la outra vez. Estar preso o deixava
sem fôlego: geralmente era ele quem tinha o controle da situação e não o
contrário. Entretanto, soubera no momento em que a dama rosnou para ele
pela primeira vez, que ela possuía um espirito difícil de ser domado.
Os lábios de Dária finalmente tocaram os seus, concedendo o beijo pelo
qual tanto ansiava. Uma leve mordida foi o bastante para que as bocas se
abrissem a fim de que as línguas finalmente pudessem se tocar. Aron sentiu
um desejo furioso percorrer suas veias e por pouco não arrancou a estrutura
de madeira na qual estava amarrado.
Ainda o beijando, a dama abriu os botões da caça do íncubo. O que foi
inevitável tocar no volume nada discreto sob o tecido. Havia coisas que ela
não entendia, ou teimava em não aceitar, uma delas era por que ele se
esforçava tanto para tê-la, mesmo que as demais mulheres se atirassem aos
seus pés. Contudo, não podia negar que o íncubo sentia por ela um desejo
profundo, impossível de se esconder ou reprimir. Bastava fitar aqueles
profundos olhos azuis esbranquiçados para notar isso.
Dária desatou as amaras, libertando-o. Aron se conteve para não se
comportar como um animal selvagem, entregue aos seus instintos mais
profundos. Ainda assim, a girou sobre a cama, ficando sobre ela. Lentamente,
deslizou as mãos pela lateral do corpo curvilíneo, traçando uma linha dos
seios até a base da cintura e subindo novamente até os seios, apertando-os
com força ainda sob a armação do espartilho. A vampira soltou um gemido
abafado, arqueando o corpo. A expressão de prazer no rosto dela o encorajou
a continuar.
Aron desamarrou o espartilho e o retirou, finalmente deixando os seios
expostos. Ter sido amarrado apenas o deixou ainda mais louco para tê-la.
– Querias me matar de desejo? – O íncubo mordeu de leve a orelha dela.
– Matá-lo? Não seria uma má ideia. – Ela deu uma risada ao passar a unha
pela linha do pescoço dele.
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– Ainda não desististes dessa ideia? – Aron apertou ainda mais os seios.
Os mamilos enrijecidos pressionavam as palmas das mãos e o íncubo quis
beijá-los.
– Diga-me se essa não é uma ótima forma de morrer? – Dária lambeu o
pescoço dele, fazendo-o gemer baixo.
– Prefiro a ideia de tocá-la pela eternidade. – O lorde traçou um caminho
de beijos até os seios dela e envolveu um dos mamilos com os lábios,
enquanto se desfazia das saias dela.
Quando a boca de Aron sugou a ponta de seu seio, Dária arregalou os
olhos e rugiu com o desejo banhando seu corpo. Assim que a boca tomou o
caminho de volta até a sua, o ar frio chocou-se contra a umidade deixada para
trás e Dária gemeu com a sensação. O beijo não foi nem um pouco gentil e
estava carregado de urgência. Seus corpos já estavam cansados de tantos
jogos. O íncubo se encaixou entre as penas dela, esfregando seu pênis rígido
contra a vagina e o fogo entre os dois queimou ainda mais intensamente.
– Amarre-me, castigue-me, podes fazer o que quiser depois. – Aron
sussurrou ao pé do ouvido da vampira, antes de deslizar para dentro de Dária,
finalmente os unindo.
A dama o abraçou com as pernas, permitindo que ele fosse o mais fundo
possível. Deixou um gemido alto escapar quando seus corpos retomaram
aquela dança sexual envolvente. Aron apoiou os braços na lateral do corpo de
Dária para mover-se mais rápido, com mais afinco, gemendo e se
contorcendo a cada estocada. Entrava e saía apenas o suficiente para penetrá-
la outra vez.
Dária o acompanhava, moviam-se em perfeita sincronia. Em meio a
gemidos alucinados, cravou as unhas nos ombros largos e deslizou-as até a
base das costas, deixando um arranhão profundo e uma linha de sangue. Com
ele não precisava se preocupar ou mesmo se conter, podia ouvi-lo gemer em
meio aos beijos. Encaixavam-se com perfeição, e a cada vez que ele a
penetrava uma onda de prazer tomava conta do seu ventre. Homem algum
havia lhe proporcionado algo similar àquilo antes. Não havia dor, desprezo
ou qualquer sentimento de superioridade, apenas um desejo ardente,
insaciável, ao qual agora era incapaz de resistir.
Sem sair de dentro dela, Aron deitou de lado na cama, puxando-a consigo,
e com uma das mãos puxou a coxa roliça dela para cima de sua cintura.
Daquela forma tinha acesso a cada pedaço do corpo da dama e não hesitou
em tocá-la. Com um dos braços sob o pescoço de Dária, entrelaçou os dedos
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havia ficado assim nem mesmo na noite em que matara as duas garotas.
– Isso foi incrível!
– Entendi porque as mata. – Dária respirava fundo, ofegante, enquanto se
recuperava.
– Perdoe-me fui longe demais. – O rosto de Aron se fechou quando a
possibilidade de ter feito algo o afligiu.
– Ficarei bem. – O sorriso dela foi acolhedor e o íncubo não conteve a
vontade de curvar-se para beijá-la de forma carinhosa. Sentiu o coração
disparar no peito, aquela não era uma relação com a qual estava acostumado,
mas a ideia o excitava. Desejou cada parte das possibilidades que passaram
pela sua mente.
Voltou para a cama e a puxou para os seus braços.
– Gostas de ficar assim? – Dária perguntou quando ele a aninhou,
acariciando-a.
– Sim. – Beijou-a na testa. – Isso a incomoda?
A vampira o encarou em silêncio, deixando que a pergunta se perdesse no
vazio, e logo desviou o olhar, fitando as chamas da lareira a alguns metros.
Talvez devesse.
Aron mordiscou a orelha dela ao deslizar as mãos pelas costas delgadas. A
beleza da vampira ainda o deslumbrava. Encará-la era como estar diante de
uma donzela de vinte anos, mas a força de uma mulher madura o
enlouquecia.
– Dária, tenho um campeonato de esgrima e adoraria levá-la comigo. –
Sussurrou enquanto beijava os ombros dela.
Os músculos de Dária ficaram tensos e ela apertou os dentes com tamanha
força que foi possível ouvi-los ranger. Estava bom demais para ser verdade.
– Achas que sou um animalzinho para exibir-me? Ou nem mesmo pensou
que perceberão que não sou humana? – Ela o empurrou de novo, mas desta
vez sem delicadeza ou cuidado algum.
– Ei. – Aron segurou o rosto dela com uma das mãos, acariciando-o. –
Quero que entendas uma coisa de uma vez por todas, não quero diminuí-la,
subjugá-la, ou mesmo tirar a liberdade que possuis. Foi apenas um convite,
espero que o aceite, mas jamais a obrigarei a qualquer coisa. E quanto a
descobrirem sobre ti, não irão. Sou um íncubo e sempre estive em meio à alta
sociedade. Sou um ótimo mentiroso. Tudo que precisas é confiar em mim,
por favor.
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Capítulo 18
Dária se matinha afastada da janela aberta por onde um raio de sol do fim
de tarde entrava, carregando consigo partículas de poeira. Aguardava aflita
pela chegada da noite. Aquilo era estupidez. Não deveria, não podia se expor
tanto, ainda mais com caçadores na cidade. Como permitira que ele a
convencesse disso? O baile de máscaras já havia se mostrado uma péssima
ideia.
– Esperando por alguém, minha senhora?
A dama tomou um pequeno susto. Estava tão perdida divagando em seus
pensamentos que nem percebeu a aproximação do servo. Passando os dedos
pela luva em seus braços, ela virou-se para encarar o eunuco. Fitou os olhos
vermelhos dele, que brilhavam sob a pouca luz, assim como a cabeça
raspada.
– Aceitei a péssima ideia de ir a um evento da sociedade com Aron. – A
voz dela soou baixa e carregada de aflição.
– Aron? – Elzor arregalou os olhos surpreso com a naturalidade em que
ela pronunciou o nome do íncubo. – Bom, pelo tempo que passou com ele em
teu quarto, creio que tenham se tornado bem íntimos.
– Não me julgues. – Dária quase rasgou a luva de tanto puxá-la.
– Tenhas calma, sabes bem que a última coisa que farei é julgá-la. – O
criado exibia um gentil sorriso nos lábios finos. – E saibas que estou contente
com isso. Ele parece fazer mais bem a ti do que se permites perceber.
– Espero que estejas certo, Elzor. – Dária voltou a fitar a janela, por onde
uma brisa fria entrou e preencheu todo o quarto. – Se ele me decepcionar,
descontarei toda a minha raiva em ti. – Ela riu.
– Torço para que ele seja esperto o bastante para jamais se atrever a algo
assim.
– O que seria de mim sem ti. – A vampira respirou fundo. – Certamente,
dá-lo a mim como criado foi a única coisa boa que meu marido me fez.
– Sabes que sou horado em servi-la, e farei isso de bom grado.
– Realmente achas isso uma boa ideia? – Dária levou a mão ao pescoço ao
sentir um nó enorme se formar nele.
– Mereces ser feliz, minha senhora. Entretanto, para tal precisas te
permitir.
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ecoou por todo o grande salão, dando um fim aos murmúrios paralelos. –
Peço minhas mais humildes desculpas pela demora, mas não poderíamos
começar sem que todos os participantes estivessem presentes. – Ele foi
saudado com palmas, o que o impediu de continuar a falar por alguns
minutos. Um tanto acanhando, virou-se de um lado para o outro, curvando o
corpo levemente. – Hoje é um dia especial, pois tenho a honra de receber o
Duque de Abercorn, da Irlanda, Aron Donovan, e sua bela dama Dária.
– Agora todos estão nos encarando. – Dária bufou ao sentir os olhares
curiosos pesarem sobre ela. A sensação de desconforto voltou a tomar-lhe o
corpo. Ela apertou a toalha da mesa, embolando um pouco do tecido sob suas
mãos. Se Aron não tivesse segurado o arranjo de flores, esse teria ido ao
chão.
– Tua beleza é o bastante para chamar a atenção de todos para ti. – O
íncubo pousou sua mão sobre a da vampira, fazendo com que os dedos dela
relaxassem sob o toque e assim soltarem a toalha. – Não te preocupes, tudo
está sob controle. – Ele a beijou numa parte exposta do ombro, fazendo com
que um leve formigamento irradiasse do local como uma onda elétrica.
– Queres mesmo que eu me comporte desta forma? – Dária riu,
empurrando-o para o lado.
– Eu disse que é difícil resistir à tua beleza. – Aron mordeu os lábios e riu,
numa tentativa de conter o desejo que inflamou seu corpo. A breve visão das
curvas dela sob o espartilho fez sua mente viajar sobre as inúmeras coisas que
ainda poderiam experimentar.
Richard chamou os dois primeiros competidores, que subiram ao palco, o
que desviou a atenção de muitos, embora outros tantos ainda tivessem os
olhos fixos no casal irlandês. Os dois cavalheiros se cumprimentaram com
um leve curvar de seus corpos e sacaram seus floretes.
– Que pouca vergonha! Trocarem um carinho tão íntimo na frente de
tantos. – Uma das damas sentadas junto à mesa dos anfitriões resmungou no
ouvido da marquesa.
– Foi apenas um beijo no ombro, Joliet. – A esposa de Richard tomou um
gole de sua taça de vinho e virou-se, tentando ser discreta. Era apenas um
beijo, repetiu a si mesma, mas no fundo sentiu uma pontada de inveja da
mulher pálida e de olhos inusitados. Além da beleza inigualável do duque, ele
a tocava com um carinho... E os olhos dele brilhavam a encará-la, atitude que
seu marido nunca teve com ela.
– Eles são ao menos casados? – A dama preocupada em fazer intrigas no
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fundo não conseguia tirar os olhos daquele homem. Era viúva, entretanto seu
marido morrera cedo e lhe deixara uma bela fortuna e propriedades.
Imaginou-se beijada da forma como aquela mulher foi, e por pouco não
deixou que sua taça caísse com o calafrio que lhe percorreu o corpo.
– Ela não possui anel algum, entretanto talvez sejam.
– Parem de fofocas! – Richard recriminou as duas ao aproximar-se da
mesa. – Não quero que meu amigo saia daqui irritado com as damas que não
conseguem manter a própria língua dentro da boca.
A marquesa sentiu suas bochechas arderem com a vergonha e encolheu-se
um pouco na cadeira. Ainda tinha esperanças de salvar seu próprio
casamento, e irritar Richard não lhe parecia algo que facilitaria isso. Contudo
o que a pobre mulher nem ao menos suspeitava que o casamento já estava
perdido pelo simples fato de seu marido preferir homens e estar com ela
apenas mantinha as aparências diante de uma sociedade venenosa e repleta de
julgamentos.
Quando a primeira luta acabou, o marquês retornou ao palco e chamou por
Aron e seu adversário. Quando o duque estava prestes a se levantar, Dária
segurou-o pelo braço forçando-o a encará-la.
– Eu volto logo, prometo.
Aron pensou que a atitude dela fosse medo de que ele a deixasse sozinha
em meio a tantas pessoas que a avaliavam e julgavam o tempo todo. Porém a
dama apenas retirou uma fita vermelha da região entre seus seios.
– Ainda me lembro como eram essas exibições de masculinidade no
século em que nasci. – Amarrou a fita no braço do íncubo com um laço.
– Escolhendo-me como teu campeão, minha doce dama. – Aron a beijou
brevemente. – Adoraria saber quantas fitas ainda escondes. – Sussurrou ao pé
do ouvido dela.
– Estás atrasado. – Dária sorriu ao empurrá-lo na direção do palco.
O íncubo não escondeu o sorriso ao pegar sua máscara sobre a mesa e
caminhar na direção de seu oponente.
– Boa sorte. – Richard o cumprimentou com tapinhas nas costas.
Aron subiu ao palco com todos os olhos grudados nele, no entanto estava
acostumado a ser amado e odiado em um simples olhar, mas naquela noite a
opinião de Dária era a única que lhe importava... Seu oponente cutucou-o
com o florete, forçando-o a encará-lo. O cavalheiro já tinha o rosto coberto
pela máscara de proteção, e a grade fina impedia que fosse possível ver até
mesmo seus olhos.
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Capítulo 19
machucá-la.
O lorde traçou um caminho de leves mordidas e chupões da base exposta
dos seios de Dária até mordiscar seu lábio inferior. A vampira soltou um
gritinho e agarrou-o pelos ombros, cravando as unhas com tamanha força que
furou o grosso uniforme de esgrima. Aron adorava a ferocidade dela. Como a
dama havia tomado de seu sangue, sentiu-se no direito de alimentar-se um
pouco também. Dária arregalou os olhos quando viu uma sutil aura azul
deixar sua boca rumo à dele. Antes que pensasse em empurrá-lo o íncubo
parou e invadiu sua boca com a língua. Em meio ao beijo lascivo, quase
faminto de tão voraz, o leve cansaço que havia tomado conta do corpo da
vampira logo passou. As mãos do lorde quase que por vontade própria
começaram a afrouxar as amarras do corpete.
Tomada pela urgência, com um fogo queimando seu ventre, Dária apertou
mais forte, chegando a feri-lo com suas unhas, porém o machucado não
durou mais do que alguns segundos. Estava rendida, ainda que relutasse em
confiar nele. Por um segundo, admitiu o temor que tinha de que ele se
transformasse em todos os seus medos... Uma mordida leve e molhada sobre
a curva de um dos seus seios fez Dária se esquecer dos pensamentos que a
atormentavam. Estou apenas me divertindo, prometeu a si mesma, logo eu
me enjoarei e darei um fim a isso.
Mal se deram conta quando a carruagem parou diante do casarão dos
Donovans. Aron estava prestes a se livrar do corpete, quando o cocheiro
bateu na porta, avisando-os que haviam chegado. Dária praguejou algumas
coisas contra a boca do lorde, dando-se conta de que estava tão entorpecida a
ponto de perder a real dimensão de todos os seus sentidos.
O duque desceu da carruagem e tomou-a nos braços, bem junto ao seu
peito, disfarçando um pouco o espartilho semiaberto e o cabelo bagunçado.
Foi um movimento tão repentino que Dária nem teve tempo de protestar,
então permitiu-se ser embalada pelas batidas urgentes do coração do íncubo
enquanto ele a levava.
O cocheiro observou a cena sem nem mesmo um resmungo. Pelo bairro
em que a buscara, acreditava que a tal mulher não passasse de mais uma
prostituta, entretanto, pela forma como seu senhor a tratava, estava bem claro
que ela era muito mais do que isso. Com o canto de olho, o criado viu a
ceroula da mulher deixada sobre um dos bancos e pensou em gritar por eles,
avisá-los. Contudo logo lhe pareceu indelicado, pediria alguém da criadagem
para colocar no quarto do lorde em um momento mais oportuno.
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Aron atravessou a sala e carregou Dária em seus braços escada acima até o
seu quarto. A vampira apenas ouviu a porta bater atrás de si, e logo seu corpo
foi pousado com delicadeza sobre uma cama macia e perfumada.
O íncubo ficou de pé ao lado da cama, e em momento algum desviou o
olhar daqueles profundos e penetrantes olhos vermelhos. Desamarrou a fita
que ela havia amarrado em seu braço e curvou-se sobre Dária.
– O que pretendes fazer? – A vampira ergueu a mão a fim de impedi-lo
quando o íncubo levou a fita em sua direção.
– Lembras-te que me amarrastes na última noite?
– Mas não vais me amarrar, não! – Dária sentou-se na cama em protesto.
– Não irei amarrá-la, contudo se me recordo bem, se bloquearmos um
sentido os demais se amplificam.
– Desde quando estudas medicina? – A dama curvou a cabeça permitindo
que ele a vendasse.
– Tenho bons livros. – Aron amarrou a fita ao redor dos olhos dela e então
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puxou-a pelos quadris, até que tivesse bem encaixado entre suas pernas.
Dária soltou um gritinho ao se dar conta de que com a privação da visão,
todos os seus outros sentidos pareciam estar dez vezes mais sensíveis.
Contorceu-se e todo seu corpo se arrepiou quando o íncubo soprou um ar
quente contra a sua orelha. Aron aos poucos retomou a tarefa de despi-la,
beijando cada parte que ficava à mostra. Com as sensações intensificadas, ela
gemia a cada carícia. Quando o corpete finalmente foi removido o íncubo
agarrou os seios expostos, arrancando dela um grito.
Dária ofegou, com sua pele mais sensível do que nunca. A sensação das
pontas dos dedos de Aron apertando e contornando seus seios a fazia arder.
Todo esse fogo se tornou ainda mais intenso quando o íncubo se curvou e
abocanhou um dos seios dela, chupando com vontade o mamilo enrijecido.
O lorde estava faminto, e parecia que cada vez que a provava essa fome só
se tornava ainda maior. O desejo voraz que banhava cada parte de seu ser
parecia longe de estar saciado.
Aron gemeu, indo à loucura com os dedos ágeis e delicados dela
percorrendo seu corpo a fim de tirar-lhe a calça.
– Estás com pressa? – Ele a provocou ao deslizar as mãos pelas pernas
delgadas.
– Não estás? – Ela se livrou da calça.
– Ainda quero que experimentes algumas coisas. – Aron retirou as saias
até que ela ficasse gloriosamente nua. – Vire-te de bruços.
Dária ficou um pouco tensa e estava prestes a protestar. Aquela posição
que os homens tanto gostavam a privava de qualquer controle. Por um
momento um nó se formou em sua garganta ao recordar a maneira como o
marido a molestava.
O íncubo percebeu os músculos dela se contraírem, então tirou o cabelo
ruivo ao redor do pescoço e começou a beijá-lo.
– Confie em mim. – Repetiu aquela frase ao mordiscar a orelha da dama,
fazendo-a se contorcer, gemendo levemente.
Aron retirou a parte de cima de suas vestimentas e subiu na cama, com ela
entre suas pernas. Então pousou as mãos grandes e firmes sobre os ombros
delicados e começou a massageá-los com a pressão exata. Dária aos poucos
relaxou e se envolveu outra vez com a deliciosa brincadeira. O duque
massageou toda a extensão das costas até chegar à bunda perfeitamente
redonda e pálida.
A vampira agarrou a colcha da cama, gemendo quando o duque agarrou
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suas nádegas e apertou com força. Ele era habilidoso, não podia negar. A
chama queimou como se a devorasse, seu sexo feminino úmido e pulsante já
não aguentava mais esperar.
– ARON!
Fazê-la gritar por ele o tornava o mais vaidoso dos homens. A fim de
acabar com a espera, o lorde deslizou as pernas da ruiva até dobrar os seus
joelhos, empinando bastante a bunda dela em sua direção e colocando-se no
espaço entre as pernas.
Desta vez Dária não esboçou protesto algum contra a posição. A ânsia em
tê-lo era maior do que qualquer um de seus fantasmas do passado. Com Aron
não havia dor, subjugação ou raiva, apenas um desejo ardente mais intenso
do que qualquer coisa que já sentira antes. Quando o duque esfregou o pênis
rígido em sua vagina úmida e pulsante, mas sem penetrá-la, a vampira
empinou ainda mais a bunda e mordeu uma das almofadas sobre a cama a fim
de conter o gemido.
– Não me faça implorar! – O grito saiu abafado.
Aron se conteve para não prolongar mais a ânsia dela. Estava amando tê-la
assim, suplicante por ele. E quando se deu conta de que se demorasse mais
um segundo que fosse Dária se levantaria e tomaria de volta as rédeas da
situação, o íncubo a penetrou, agarrando a cintura da ruiva, sem conter o
gemido alto. Estava tão deliciosamente molhada.
A vampira gritou alto quando o sentiu deslizar para dentro do seu corpo.
Desejava-o tanto que a cada movimento do vai e vem iniciado, ela apertava
ainda mais a almofada na tola tarefa de conter os gemidos. O deslizar das
mãos firmes sobre seu quadril e a forma como o lorde apalpava suas nádegas
a mergulhava num prazer cada vez mais intenso.
O íncubo mordeu a língua, na vã esperança de que a dor amenizasse
tamanho prazer e ele não se esvaísse antes da hora. A dama chegava a
espremê-lo, tamanha força com que apertava seu pênis. A sensação o elevava
a um tipo de prazer ainda mais intenso. E imaginava já ter experimentado de
tudo.
– Dária, assim eu não aguento.
– Não ouses parar agora! – Ela rosnou em meio a gemidos alucinados.
O íncubo costumava ser bom em se conter, suprimia o orgasmo até
quando não era mais necessário. Contudo, estar com Dária colocava a prova
tudo o que julgava saber. No momento em que percebeu que não aguentaria
mais, parou, respirando fundo, ofegante. A ruiva definitivamente o levava à
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loucura.
Instintivamente, Dária moveu seu corpo contra o dele. O choque frenético
dos corpos provocava estalos. O prazer explodiu dentro de si e ela
aproximou-se mais, tendo ele o mais fundo possível. Estraçalhou a almofada
de tanto mordê-la e espremê-la, e penas de ganso voaram por todo o quarto.
Rebolou contra ele com toda a agilidade que seus poderes como vampira a
permitiram. Enquanto se mexia, o orgasmo a tomava várias e várias vezes.
Em meio a gritos intensos, a dama imaginou que não aguentaria tamanho
prazer. Já ouvira alguma de suas garotas comentar sobre algo como aquilo,
mas achava que não passava de mero exagero.
As mãos de Aron apertaram quase que de maneira dolorida os quadris de
Dária. Praguejou baixinho, se dando conta de que havia sido impossível se
conter por mais alguns minutos. Foi arrebatador e intenso. Permitiu seu
corpo relaxar, abraçando-a pela cintura.
Com o peso do corpo quente do íncubo ainda sobre o seu, a ruiva se
moveu enquanto pode, aproveitando ao máximo a ereção dele. Contudo, aos
poucos o prazer foi se esvaindo e deixando em seu lugar um pesado cansaço.
Mole, Dária permitiu que seu corpo trêmulo caísse sobre a cama.
Aron rolou para o lado, deitando-se, e puxou-a para o seu peito. Sorrindo,
tirou uma pena que havia se emaranhado nos belos cabelos ruivos. Podia ver
a curva dos seios dela subindo e descendo com urgência em meio à
respiração ofegante. Foi bom perceber que não era o único exausto ali.
– Isso foi...
– Incrível! – Dária completou ao recostar a cabeça sobre o coração que
batia acelerado.
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Capítulo 20
lo tremer.
– Jamais me perdoaria caso algo lhe acontecesse. – Aron segurou as mãos
dela e a beijou na testa.
A vampira estava prestes a repetir que ficaria bem quando o viu ajeitar-se
na cama, tombando a cabeça para o lado, deixando o pescoço exposto.
– Beba.
– Aron...
– Irá se curar mais rápido.
– Vou precisar de muito. – Dária relutou com a possibilidade de deixá-lo
bastante enfraquecido.
– Apenas te alimentes, por favor. – Aron acariciou o rosto dela e colocou
cabelo atrás da orelha antes de beijá-la com carinho.
De olhos fechados, a vampira se entregou ao calor do toque e à delicadeza
de um beijo preocupado. Depois, deslizou os lábios com suavidade até a base
macia do pescoço e cravou-lhe as presas, fazendo com que o sangue quente
fosse derramado em sua boca. Começou a sugar devagar até que a
necessidade do seu corpo falasse mais alto. Cravou as unhas nos ombros dele,
provocando pequenos cortes, e subiu sobre o colo do íncubo, bebendo dele
com toda a sua sede.
À medida em que os ferimentos no corpo de Dária iam sumindo, Aron
respirava cada vez mais aliviado, o bastante para que ficasse rígido com a
mordida deliciosa. Envolveu-a com os braços, acariciando-a. A saliva dela
era tão afrodisíaca que o lorde gemia levemente à medida que seu sangue era
sugado. Deslizava as mãos por toda as costas delgadas da vampira até a
bunda redonda, tocando-a onde podia alcançar. O corpo gélido e firme fazia-
o arder. Mal via a hora de poderem retomar a dança erótica que os preenchia
de prazer.
Estava tão inebriado pela presença dela, que o íncubo mal se deu conta de
suas forças esvaindo de seu corpo, e quando Dária percebeu que deveria parar
já havia ido longe demais. Aron ficou mole, os braços ao redor da vampira
afrouxaram-se e o duque caiu praticamente desacordado sobre a cama.
– Aron?! – Dária gritou quando ele caiu sobre a cama. A angústia a atingiu
num rompante, deixando seu peito apertado e ela compreendeu o desesperou
que ele havia sentido há pouco.
– Ficarei bem. – O lorde tinha um sorriso travesso nos lábios e abriu um
pouco os olhos. Obviamente não apresentava controle algum sobre o próprio
corpo.
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janela.
– Ei, deixem as cortinas abertas! O dia está tão lindo. – Isabel protestou ao
entrar pela porta da sala. A dama tinha o vestido completamente sujo e um
pouco rasgado, havia alguns pedaços de feno agarrados na renda verde; os
cabelos loiros estavam completamente bagunçados.
– Deitando-te com plebeus em estábulos outra vez. – Natasha torceu os
lábios e uma expressão de deboche formou-se em seu rosto ao reparar o
estado de sua irmã.
Isabel a ignorou. Pensou em respondê-la que, além dos estábulos serem
um lugar exótico, ninguém dava falta dos corpos que ela deixaria para trás.
No entanto, a criada ainda estava na sala e não seria nem um pouco sensato
fazer tal tipo de comentário.
Quando estava prestes a perguntar novamente o motivo de estarem
fechando as cortinas, Aron apareceu no topo da escada e ao seu lado estava
uma bela mulher.
Uau! Nossa! As três arregalaram os olhos, boquiabertas.
Anisha por pouco não derrubou o quadro que estava na parede onde ela se
escorou. O golpe que levou ao ver a mulher pôde ser comparado ao coice que
levara quando criança, um impacto tremendo que a deixou sem ar e a fez
perder o equilíbrio, e uma dor dilacerante se irradiou por todo o seu peito.
Realmente seu senhor era digno de tamanha beleza.
Isabel e Natasha não notaram a reação da criada pois também estavam
estupefatas. Se a tivessem visto antes, em qualquer outro momento,
certamente a desejariam tanto quanto o irmão. A beleza notória era rara,
exótica. Percorreram com os olhos cada curva que compunha o rosto e o
corpo da vampira. Tiveram certeza de que as súcubos não eram as únicas
com tal arma de sedução.
– Dária! – Isabel sacolejou o vestido, tentando remover um pouco da
sujeira, antes de caminhar até a ruiva. – É um enorme prazer conhecê-la.
– Não te comportes como um bobo da corte. – Natasha a cutucou.
– Iria apresentar-me às tuas irmãs e não me contou. – A vampira virou os
olhos na direção de Aron, fitando-o em represália. Conhecer a família dele
formalizava mais a relação dos dois do que ela gostaria.
– Eu não posso evitá-las. – Ele ergueu as mãos na direção dela, numa
tentativa de se desculpar.
– Sabes sobre nós? – Os olhos de Isabel brilharam com a possibilidade de
que seu irmão houvesse falado sobre elas.
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– Creio que todos nessa cidade já tenham ouvido falar sobre vós. – Dária
buscou se conter, a fim de ser o mais gentil que pode.
– Estávamos ansiosas para conhecer a mulher que roubou o coração do
meu irmão. – Natasha curvou-se, segurando as pontas do vestido azul claro,
cumprimentando-a.
Como sempre indelicada! As bochechas de Aron se coraram
imediatamente. Achou aquilo um tanto exagerado, mesmo que seu coração
batesse mais rápido quando estava ao lado da vampira.
– Não é para tanto Natasha. – O duque a olhou com o canto de olho e
dentes cerrados, recriminando-a.
– Não? – A súcubo, apoiou-se no encosto do comprido sofá e se conteve
para não gargalhar.
– Assim irás espantá-la. – Isabel resmungou entre dentes.
– Basta. – Aron balançou a cabeça ao resmungar mais para si próprio. –
Anisha, peça para que preparem o café na sala de jantar. Iremos esperar lá. –
Ao dar a ordem à criada, o duque conduziu Dária pelos degraus restantes da
escada, passando por suas irmãs, até um corredor em uma das laterais que
levava até uma enorme porta adornada semiaberta, por onde ele passou
primeiro para se certificar de que as janelas estavam cobertas.
O íncubo respirou fundo, reprimindo a raiva crescente pela indelicadeza
de suas irmãs. Caminhou até uma das extremidades da sala para acender o
belo lustre de cristais, que se destacava imponente, pendendo do teto, para
que não ficassem no completo escuro – Desculpe-me por aquilo. – Observou-
a entrar.
– Posso lidar com elas. – Dária desliou as pontas dos dedos sobre a grande
mesa de carvalho enquanto, a passos lentos, diminuía a distância entre os
dois.
– Elas são terríveis, impulsivas, insistentes...
– Acho que as reconheço como tuas irmãs. – Dária riu ao contornar a face
dele com as costas das mãos. – És mais do que insistente.
– A meu ver tal insistência é uma qualidade. – Aron a envolveu com os
braços, puxando-a para junto do seu corpo pela cintura. – Se não fosse por ela
não a teria aqui comigo agora.
O ar quente que o íncubo soprou contra sua orelha fez com que Dária se
encolhesse e cada um dos pelos de seu corpo se eriçasse. Fechou os olhos ao
jogar a cabeça para trás, rendida ao caminho voraz de beijos que ele começou
a traçar em seu pescoço.
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– Meu senhor... – Anisha teve que conter o tom de choro em sua voz ao
deparar-se com a cena. Decerto, deveria se acostumar a presenciá-las.
– Deixem as coisas sobre a mesa. – Aron gesticulou com uma das mãos,
mantendo a outra firme na cintura de Dária, recusando-se a soltá-la ainda que
por uma fração de segundo.
– Não precisavas alimentar-te? – Dária mordeu os lábios do lorde,
provocando-o.
– Acho que vou optar pela outra forma. – Riu ao beijá-la.
– Precisas comer. – A vampira empurrou-o para longe, e sua força foi o
bastante para separá-los.
– Está bem. – Aron riu, dando alguns passos cambaleantes para trás. Por
pouco ele não bateu contra cristaleira que estava encostada na parede a
poucos centímetros.
Dária se sentou em uma das pesadas cadeiras com o estofado vermelho de
veludo e bateu na outra ao seu lado esperando que o duque se juntasse a ela.
A mesa estava farta até demais, considerando que Aron comeria sozinho.
O lorde pegou um grande pedaço de bolo, e o levou a boca e depois serviu
seu copo com leite e chá.
Com as mãos apoiadas em cruz sobre as pernas, a vampira o observava.
Riria de si mesma se em algum momento do passado lhe dissessem que
estaria assim, sentada ao lado de um homem, tranquila, e por que não dizer
feliz. ERA INACREDITÁVEL! Ainda estava convencida de que algo de
muito errado iria acontecer e a faria se arrepender de tão tolo deslize.
Entretanto, quanto mais tempo passava ao lado dele, mais difícil ficava
manter tal teoria. Lembrou-se de como o íncubo se esquivara bem das
perguntas feitas pelos humanos curiosos no evento da noite anterior. Ele era
um bom mentiroso, um excelente. No entanto, precisava de mais do que
grandes mentiras para sustentar o que estavam tendo.
Aron mordeu o último pedaço da deliciosa torta de cereja antes de colocar
a travessa de lado e voltar-se para Dária. No momento em que seus olhos
encontraram os vermelhos dela teve certeza de que era impossível conter seus
desejos mais primitivos quando a ruiva estava por perto. Ele deslizou as
mãos, tocando com a ponta dos dedos a elevação dos seios acima do decote
do espartilho. Sentiu-a estremecer levemente.
Talvez a sala de jantar não fosse o melhor para fazerem aquilo, porém sua
boca salivava tanto que não quis perder tempo até encontrarem o caminho de
volta para o quarto. Aron passou a mão sobre a mesa, empurrando as coisas
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para o lado, então envolveu Dária pela cintura fina e delicada, erguendo-a no
ar até poder sentá-la sobre a escura superfície de madeira.
– Pensei que fosse se alimentar. – A dama enfiou as mãos dentro do colete
para acariciar as laterais do corpo forte, ainda que sob a camisa branca de
algodão.
– Pretendo continuar. – Ele tirou lentamente os cabelos dela que estavam
ao redor do pescoço, os jogou para trás e beijou a região onde seus seios se
encontravam.
O calor do beijo quase gentil fez a pele de Dária arder. Sim, aquela era
uma ótima hora para ele se alimentar. Podiam ter passado a noite inteira
juntos, mas parecia já ter passado tanto tempo.
– Prometo não a torturar dessa vez. – Aron riu ao agarrar os cabelos dela,
segurando-os firme com uma das mãos, enquanto apoiava-se com a outra na
mesa.
– Só não rasgues meu vestido, precisarei dele depois.
Dária estava preparada para o banho de sensações quando ele a beijou com
urgência. Correspondeu-o na mesma intensidade, não hesitando em adentrar a
boca do duque com a língua. Puxou as próprias saias para cima quando o
íncubo se encaixou em meio às suas pernas.
– Talvez não devestes ter colocado isso. – Aron protestou ao encontrar o
tecido da ceroula entre ele e seu objetivo.
– Não imaginei que faríamos de novo. Ainda mais aqui. – A vampira
olhou com o canto do olho se certificando de que a porta da sala de jantar
estava fechada.
– Sempre imagine. – O lorde mordeu de leve a orelha de Dária, fazendo-a
gemer, enquanto deslizava a peça pelas longas e perfeitas pernas.
Dária retribuiu, levando as mãos até a braguilha da calça do íncubo, onde
encontrou um volume rígido e pulsante esperando por ela. Não pensou duas
vezes antes de colocá-lo para fora e segurou-o firme, acariciando toda a sua
extensão. Não havia tocado em um órgão masculino antes, e jamais imaginou
que o faria. Contudo a forma como Aron estremeceu com suas carícias lhe
mostrou um estimulante a mais, que só fez crescer o seu desejo.
Aron retribuiu a carícia, tocando-a por completo em meio ao gosto dos
beijos calorosos. Uma chama intensa queimava dentro do corpo dele,
causando um formigamento em cada parte que tocava a pele fria da vampira.
O íncubo estava à beira da loucura com a sensação dos dedos pequenos e
delicados dela percorrendo a extensão de seu pênis. Com os olhos fechados,
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Capítulo 21
Aron apontou para um dos colares que reluzia sob o balcão de vidro. Ele
era feito com uma renda preta, de onde pendiam algumas pedras delicadas e
de brilho intenso, pérolas negras talvez. Sentiu na joia a impetuosidade que
Dária costumava ter e teve certeza de que ficaria linda naquele pescoço fino e
pálido.
– Sim, eu quero esse. – Pediu para que o joalheiro o pegasse.
O homem parado de pé atrás do balcão tinha um pano nas mãos, que
deveria usar para limpar as peças do mostruário, mas estava estupefato
demais com a presença do duque para fazê-lo. Era um senhor de meia idade,
entretanto pode compreender bem o motivo daquele lorde ter preenchido os
sonhos fantasiosos de sua esposa: ele parecia exatamente como os príncipes
com quem suas irmãs um dia sonharam em se casar, até que a cruel realidade
caísse sobre elas.
– Por favor, aquele. – Aron insistiu batendo os dedos contra a superfície
de vidro.
– Sim, meu senhor, desculpe-me. – O joalheiro balançou a cabeça, saindo
do transe. Ele tirou a chave que estava presa junto à cintura e abriu a vitrine
para retirar o colar solicitado. – A dama que receber este colar é de muita
sorte. – Comentou ao embrulhar a joia.
– Apenas espero que ela goste. – Aron pensou alto.
– Pode ter certeza, meu senhor. – O joalheiro sorriu ao entregar a caixa ao
duque.
O lorde pagou-lhe e deixou a loja sem conversar muito. Não conseguira
parar de pensar em Dária por um único instante depois que ela o deixara
assim que a noite caiu. Se não fosse por suas irmãs o abordarem com
perguntas que beiravam o irritante, teria saído logo atrás dela. De todo modo
não fora tão ruim, pois evitara que ele se comportasse como um garoto.
Já era fim de tarde do dia seguinte e, ao caminhar pelas ruas
movimentadas de Londres, observa o sol atrás do palácio de Westminster,
cada vez mais abaixo da grande torre do Big Ben. Ansiava para que seus
raios logo se findassem, dando lugar à noite, para que pudesse ir até ela e
convidá-la para um passeio de barco ao longo do rio Tâmisa.
Perdido em pensamentos, Aron tropeçou num desnível da calçada e
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começou a rir de si mesmo, enquanto se equilibrava para não cair. Estava tão
encantado por aquela mulher que nem mesmo prestava atenção por onde
andava.
– Te machucastes? – Uma mulher de meia idade, sentada em um pequeno
banco de madeira ao lado de sua banca de flores, perguntou ao duque. Ela
estava a poucos metros, admirando-o, e foi impossível não ver o quase tombo
que serviu de desculpa para que pudesse puxar assunto com tão belo homem.
– Não, foi apenas um susto. – Aron lhe dirigiu um terno sorriso. – Fico
grato por tua preocupação.
– Que tal levares flores para tua dama? – A senhora apontou para a sua
banca de flores, cheia com uma inúmera variedade delas.
– Infelizmente ela não gosta de flores.
– Uma pena. – A mulher torceu os lábios, fechando o rosto. Que espécie
de dama não gostava de flores?
Aron se despediu com um aceno e continuou a caminhar rumo ao bairro
onde ficava o bordel de Dária. Suas irmãs estavam com a carruagem naquele
dia, porém ele não se importava de caminhar.
Ver as pessoas que perambulavam pelas ruas, a reação de surpresa ao se
darem conta da presença do íncubo, era um tanto divertido. O duque estava
na cidade há quase um ano, e ainda assim era o assunto principal de muitas
conversas, dos plebeus à mais alta nobreza. Embora no fundo não desse a
mínima para tudo aquilo, ser o centro das atenções o lembrava de como era
na época em que vivia com o pai. Apesar de serem bastardos, Natasha e ele
eram muito bem tratados pelo rei. Não sabia se isso se devia ao sentimento
paterno ou se resumia ao encantamento que ele ainda tinha pela súcubo
Beatrice, a mãe deles. Aron e a irmã dificilmente falavam sobre a aquela
época, talvez pelo fato de terem saído fugidos da corte quando a rainha deu
um jeito de acusar e condenar Beatrice de bruxaria, e o rei sem muito o que
fazer deu ao filho um ducado distante no interior. Ou talvez por Isabel, que
nasceu de outra aventura de Beatrice anos depois. Um fato é que de certa
forma se sentira feliz quando a mãe optara por ficar na Irlanda quando o
tempo os forçou a se mudarem, pois sabia bem de onde Natasha havia
puxado o gênio terrível.
Ao virar a esquina da rua que o levaria a Dária, Aron ouviu um barulho
estridente perturbar o constante silêncio do bairro calmo. O som de vidro
quebrando o fez sair correndo sem pensar muito no que poderia ter causado
aquilo. O coração do íncubo disparou quando ele foi rápido o bastante para
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Dária e Elzor ergueram a cabeça, fitando cada um dos cinco caçadores que
estavam ao redor deles. Maldição! Como os haviam encontrado? Mesmo
tendo derrotado um deles, não pareciam menos assustadores ou em menor
número. Nunca havia visto tantos juntos antes, sinal de que em momento
algum ousaram subestimar a força dos dois vampiros.
– Seguro eles para que corras. – Elzor olhou com o canto de olho para
Dária, murmurando baixinho para que apenas a aguçada audição dela o
ouvisse. Com o olhar, mediu a sala e a agilidade dos oponentes a fim de
calcular o quão rápido precisaria ser para parar os cinco por tempo o bastante
para que a sua senhora estivesse bem longe.
– E deixar a ti e as minhas garotas para trás? Nunca!
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Capítulo 22
tocaram a certeza a atingiu como um chute no peito, fazendo-a arfar. Ele não
era só mais um caso.
Com os braços ao redor do pescoço do íncubo, ainda segurando firme os
cabelos sedosos, Dária sentiu Aron passar os braços ao redor da cintura fina.
Seus corpos só não estavam mais juntos por causa das malditas roupas.
Correspondiam ao beijo um do outro com o mesmo fogo ardente, a carícia
despertava seus instintos mais selvagens.
Em meio à chama voraz que fazia suas veias ferverem, Dária finalmente
admitiu que se existia alguém, era ele. Confiar era difícil, entretanto aquele
era um passo importante para que enfim deixasse que as feridas do passado
cicatrizassem... Gritou quando Aron mordeu de leve a base de seu pescoço,
provando o gosto doce de sua pele de mármore. A vampira tremeu com o
arrepio que varreu seu corpo. Ela se livrou da camisa branca com um puxão,
deixando-o gloriosamente nu da cintura para cima.
Aron gemeu, delirando ao sentir os dedos delicados da dama percorrem o
contorno dos músculos bem definidos de seu peito. Entretanto se conteve o
bastante para afastá-la o suficiente para que seus olhos se encontrassem outra
vez.
– Chega de me afastar?
– Chega. – Dária assentiu ao cravar as presas no pescoço quente e
pulsante. A vampira o sugou com vontade, se deliciando com o sangue de um
sabor um tanto ácido.
Aron não precisava daquilo para ficar excitado, contudo seu corpo ficou
hipersensível ao toque da dama. Seu pênis começou a pulsar dentro da calça,
com a necessidade de tê-la. Com urgência, ergueu-a, colocando as pernas
dela ao redor de sua cintura e foi a vez do lorde de chocá-la contra a parede.
Um grito forçou Dária a parar de se alimentar, ela jogou a cabeça para trás
o máximo que pode até ser parada pelo obstáculo atrás de si. Revirando os
olhos, lambeu os lábios banhados de sangue. Agarrou os ombros do íncubo,
cravando as unhas fundo, fazendo com que mais do líquido vermelho fluísse
por alguns instantes, e o gemido dele, abafado pelo beijo em seu pescoço, a
deixou ainda mais alucinada.
Estavam no meio do corredor. Aron se deu conta disso ao lembrar-se de
que o servo dela ainda estava na sala ao lado. Dane-se, o pensamento lhe
tomou a cabeça assim que a sentiu arranhando suas costas da base da cintura
até os ombros, tornando ainda mais intensa a leve e deliciosa sensação de dor.
Por instinto, o lorde passou as mãos pela frente do espartilho, rasgando as
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da ruiva. Ela possuía sardinhas por toda a pele que ele adoraria contar, com a
língua. Dária estava imóvel e o encarava de volta. A cama exibia sinais de
haviam continuado com o sexo voraz por mais algumas horas. Havia
almofadas jogadas por todo o quarto e a colcha da cama estava em
frangalhos.
– Quem eram aqueles homens e por que queriam matá-la? – Aron
finalmente a perguntou, ao deslizar os dedos pelo ventre lisinho.
Dária estava prestes a repudiá-lo quando encontrou os olhos dele, fixos
nela, atentos, e lembrou-se do que havia acabado de prometer.
– Eles são caçadores de vampiros, vieram para Londres há alguns dias e
agora estão atrás de mim e Elzor.
– Por que não me dissestes antes? – O rosto do íncubo empalideceu e ele
percorreu-a com os olhos para se certificar de que não estava ferida. – São
apenas aquele ou há mais?
– Já disse que não preciso que me ajudes. – Dária virou-se de lado na
cama, dando as costas para ele, buscando fugir do olhar preocupado e
julgador.
– Queres que eu retome o assunto sobre confiar? – Ele a puxou pelo
ombro, não permitindo que se esquivasse daquela forma. – Foi tolice minha
acreditar que aquilo no corredor significou alguma coisa?
– Não. – A vampira engoliu em seco. O queria por perto, não havia mais
com o negar aquilo, então PRECISAVA confiar. – Tem uma coisa sobre o
meu passado. Algo que me fez deixar de acreditar nas pessoas, nos homens
principalmente. Mas é uma longa história.
– Eu sou imortal, tenho todo o tempo que precisares para ouvi-la. – Aron
se deitou de lado na cama, ainda a encarando, mas de uma forma que o
deixasse mais confortável.
Dária respirou fundo e olhou para o quarto. Era capaz de sentir a luz lutar
para passar através da cortina. A noite já havia se esvaído e não haveria como
fugir daquele assunto, então fitou Aron de volta. Em meio ao aconchegante
carinho que ele lhe fazia com as costas das mãos, contou sobre o casamente
arranjado, terríveis anos que se seguiram depois, até a noite em que Arthia a
havia salvado da beira da morte.
Aron abriu a boca por várias vezes, em busca das palavras exatas que
nunca parecia encontrar. Ouvi-la contar aquilo o fez sofrer como se estivesse
na pele da bela dama durante todo esse tormento. Jamais imaginara que
aquela mulher forte, que andava como se fosse capaz de domar o mundo,
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tivesse passado por algo assim. Não conteve a vontade de abraçá-la, em meio
à angústia que lhe tomou o peito.
– Dária... – o duque a segurou em ambos os lados da face, tornando
impossível ela se esquivar ou mesmo virar o rosto. – Vamos resolver o
problema dos caçadores juntos, eu não permitirei que eles a machuquem. –
Roçou os lábios nos carnudos e vermelhos da vampira, que apenas o
encarava. – Quanto ao teu passado, infelizmente nada posso fazer para mudá-
lo, porém posso garantir um futuro em que seja amada e respeitada. – Beijou-
a rapidamente. – Não a quero como a minha senhora que espera por mim na
casa vazia, colocar em ti um anel ou uma coleira. Quero que sejas a amante
de povoa meus pensamentos e para quem eu possa correr sempre que sentir
saudades. Eu a amo e apenas preciso que estejas comigo, que farei tudo por.
Dária o encarou em completo silêncio. Seus olhos estavam marejados num
misto de dor pelo passado e de uma certa emoção. Se tudo o que Aron
estivesse falando fosse mesmo verdade, ele era o homem que havia jurado
nunca existir. Seu peito apertado implorava para que acreditasse nele, pois já
havia provas o suficiente para tal.
– Não me faças arrepender-me.
– Eu não vou. – Aron puxou-a de volta para um beijo.
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Capítulo 23
Dária abriu os olhos. Ainda estava envolta pelos gentis e termos braços de
Aron. Não conseguia mais negar o quanto se sentia segura e confortável
neles. Estar com um homem não lhe parecia mais uma ideia terrível. O
íncubo havia provando o quanto esteve errada por todos esses anos. Ele tinha
conseguido fazê-la entregar-se àquilo sem que se desse conta. Entretanto, não
estava arrependida, e se ele honrasse a palavra, nunca iria estar.
Observá-lo dormir a deixava calma, ainda que a presença dos caçadores
fosse aterrorizante. Aron havia revelado sua verdadeira forma para protegê-
la, e tê-lo lutando ao seu lado não era algo tão terrível assim.
A cabeça de Dária ainda estava confusa. Não era tão simples passar uma
borracha sobre tudo o que viveu e se convenceu nos anos que passaram,
porém, pela primeira vez, teve a real vontade de tentar. A possibilidade de
superar todos os seus fantasmas a animou. Quem sabe Aron fosse tudo aquilo
que desejou, mas nunca soube. Riu baixinho, sentindo-se tão esperançosa
como costumava ser antes terem-na arrancado do seu quarto de menina e a
jogado na cama de um monstro.
Aron era gentil, pelo menos na medida que podiam quando se entregavam
aos seus desejos. Não a amava apenas nas palavras, a amava na cama.
Permita-te amá-lo de volta, corra o risco, pensou ao acariciar o rosto macio
com a barba para fazer.
Levantou-se da cama com todo o cuidado para não acordá-lo. Haviam
deixado corpos por todo o seu escritório e precisaria dar um jeito neles. Bateu
uma das pernas contra a armação da cama e praguejou baixinho, aquela era
uma péssima forma de sair sem fazer barulho. Mas quando ele apenas girou
para se ajeitar, Dária respirou aliviado. Ainda tinha esperanças de retornar e
encontrá-lo ali.
Havia deixado suas roupas no corredor. Acabou indo até seu closet e
pegando outro vestido. Depois, com sua velocidade, catou as roupas jogadas
pelo corredor como se um furacão houvesse passado por ali. Pegou a camisa
do lorde, partida ao meio e com os buracos das asas nas costas. Ele iria
precisar de uma nova.
A vampira se enrijeceu ao ouvir passos vindo em sua direção, mas eles
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Dária ficou sozinha no corredor. Levou as mãos até o pescoço outra vez,
acariciando a peça, pensando em quão séria a relação deles havia se tornado.
Contudo, não estava mais com medo. Elzor sempre fora muito sensato e se
ele estava feliz com aquilo, não havia mal algum em permitir-se estar
também.
Com sua audição aguçada, ouviu o íncubo se mexer na cama e dar sinais
de que estava levantando e quis estar lá quando ele abrisse os olhos. Parou
junto ao batente da porta e observou-o sentar-se na cama.
– Olá. – Aron sorriu ao vê-la ali e perceber que ela parecia feliz. Ameaçar
se afastar foi a coisa mais difícil que já fizera, temeu a possibilidade de
jamais vê-la. Entretanto, finalmente havia transposto a barreira que a bela
dama havia colocado ao seu redor. Amar era uma coisa engraçada, pois
apenas observá-la lá, de pé, com um vestido deslumbrante, a ligeira curva em
seus carnudos lábios vermelhos formando um terno sorriso, os sedosos
cabelos ruivos ainda um tanto desalinhados, a firmeza do olhar, o deixava
estupefato, sem ar, sem palavras.
– Estás com o colar que comprei. – O observador duque não deixou aquilo
passar despercebido.
– Achei que fosse para mim. – Dária ergueu a peça com suas pequenas
mãos delicadas. – Espero não estar errada.
– Estás ainda mais bela, ele parece ter sido feito para ti.
A vampira se encolheu um pouco, envergonhada. Ainda se surpreendia
com o quanto ele era capaz de ser gentil.
– Preciso encontrar minhas roupas. – Aron ergueu-se da cama
gloriosamente nu.
Dária se perdeu por alguns instantes observando o copo másculo, bem
delineado, os ombros largos e a bunda, que bela bunda!
– Bom, eu as encontrei, mas lamento, apenas as calças estão em condições
de uso. – Dária se empolgou com a possibilidade do íncubo continuar assim,
enquanto percorria as curvas do corpo másculo com os olhos.
– Culpa tua. – Aron se lembrou da forma lasciva com que ela havia lhe
rasgado a camisa.
– Tuas asas rasgaram um pouco. – Dária riu, ao defender-se.
– Não tivestes medo de mim? – Aron engoliu em seco ao lembrar-se de ela
o havia visto como demônio, decerto não era como ele gostava de se
apresentar.
– Existem coisas mais assustadores do que um par de chifres, asas e uma
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Aron percebeu uma ruga formando-se na testa dela, quando seus belos
olhos vermelhos ficaram distantes e seus músculos ficaram tensos a ponto de
apertá-lo um pouco.
– Esqueça o passado. – O íncubo a beijou na testa e o carinho fez a ruga de
preocupação desaparecer do lindo rosto angelical. – Estás aqui agora, estás
comigo. – Puxou-a para um beijou gentil e delicado, carregado de todo amor
que sentia pela vampira.
Os músculos de Dária se relaxaram quando seus lábios se uniram e ela
ergueu os braços para envolver o pescoço de Aron, intensificando um pouco
mais o beijo. O fogo queimou dentro de seu corpo, lembrando-a do desejo
faminto que sentia por ele. Assim que sua boca se abriu, permitindo que a
língua dele entrasse, o beijo deixou de ser gentil para se tornar mais urgente.
Dária sentiu seu corpo se chocar contra o batente da porta quando ele a
empurrou para trás.
– Tens um gosto tão bom. – Aron mordeu o lábio inferir da dama,
arrancando-lhe um gemido. Nem mesmo a temperatura gélida dela era capaz
de amenizar todo aquele calor.
– Minha senhora, um homem. – A voz atrás deles saiu tremida e assustada.
Anne encarou o que presenciava em completo choque, para não dizer um
tanto furiosa. Teve que exigir muito do seu autocontrole para não jogar a
bandeja que carregava no chão. Sabia que a sua senhora tinha vários casos e
que não era a única a compartilhar da cama dela, no entanto, acreditava que
suas concorrentes fossem apenas mulheres. Como as pessoas eram voláteis,
dama Dária parecia bem à-vontade nos braços de um homem NU!
Aron e Dária ouviram um coração próximo começar a bater acelerado e
interromperam o beijo. O íncubo logo percebeu a tensão e raiva expressada
pelos olhos afunilados e dentes cerrados da jovem mulher.
– Tens algo com ela? – O lorde perguntou em um sussurro tão baixo ao pé
do ouvido da vampira que apenas ela foi capaz de ouvi-lo.
– Algumas vezes. – Dária confessou com um pouco de receio que ele a
recriminasse.
– Então acalme-a – O sorriso gentil fez qualquer preocupação no rosto da
dama desaparecer.
– Não há problema?
– Nenhum. – Aron acariciou o rosto suave e gélido com as pontas dos
dedos. – Já disse que não tenho intenção alguma de colocar-lhe uma coleira
ou mesmo reprimi-la. Se isso a faz feliz, sinta-te à vontade. Embora não nego
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homem, o que foi inesperado. Com o canto de olho observou se a sua senhora
não estava incomodada com aquilo, entretanto Daria abriu um sorriso que fez
com que a criada perdesse completamente qualquer inibição.
Com a mão livre, Aron puxou o cabelo ruivo da vampira para trás,
deixando exposto o pálido pescoço esguio, para em seguida beijá-lo e
mordiscá-lo com todo o desejo.
Dária gemeu, suspirando. Fechou os olhos e mordeu o lábio inferior ao
sentir a saborosa sensação dos beijos e mordidas em seu pescoço. As carícias
de Aron a levaram à loucura, porém teve que se conter para não o arranhar ou
mordê-lo e não expor a si mesma para a criada.
Os beijos cessaram e Dária abriu os olhos a tempo de ver o íncubo girar a
cabeça na direção de Anne. Resmungou baixinho, sentindo uma pontada de
ciúmes, mas se conteve. A criada estava ali a convite dela.
A mão do lorde deslizou por seu rosto, dos seios até a base da cintura
pequena e frágil. Anne arregalou os olhos quando o homem a puxou para
junto dele e beijou de maneira inapropriada a elevação dos seios sobre o
decote. Entretanto, foi tão bom que ao invés de reprimi-lo a moça suspirou.
Curiosa, levou as mãos até os sedosos cabelos negros, eles eram tão bem
cuidados... Gemeu de leve quando os dedos ágeis do homem começaram a
desamarrar seu espartilho, logo a deixando nua da cintura para cima. Ela
arqueou o corpo, jogando a cabeça para trás, enrubescendo levemente quando
a ponta de seus seios enrijeceu com a brisa fresca da noite chocando contra
eles. Foi como se uma corrente elétrica percorresse cada parte do seu ser,
fazendo-a vibrar. Quando Aron abocanhou com vontade um dos mamilos, o
gemido alto da criada foi capturado pelos lábios suculentos da vampira.
Anne não se permitiu fechar os olhos, não queria perder de vista um único
segundo daquilo. Fitava o belo casal com ela, enquanto era elevada a um
novo patamar de prazer. Sentia-se queimar, o fogo que Dária provocava nela
se tornando mais intenso a cada toque das línguas. No momento em que
sentiu o homem chupar com vontade um dos seus seios e cobrir o outro com
a mão grande, apertando-o, nem mesmo o intenso beijo trocado entre ela e
Dária foi capaz de reprimir o grito que saiu do fundo de sua garganta.
Dária agarrou o cabelo castanho e cacheado da jovem, embrenhando seus
dedos finos e delicados em meio aos cachos cumpridos e perfeitos. A forma
como Anne gemia e se contorcia em meio aos beijos e carícias feitas por
Aron deixou a vampira feliz.
A criada tremeu quando o lorde deslizou as mãos até a sua cintura e
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começou a remover as saias. Nunca fizera aquilo antes, no entanto, assim que
ele sugou outra vez o mamilo sensível, Anne arfou. Já que Dária a estava
incentivando, não ia fazer mal algum experimentar.
A vampira empurrou Aron contra a cama, fazendo-o se deitar sobre a
almofada vermelha e confortável. Então retirou as saias de Anne, que
resmungava baixinho pelo estímulo em seus seios ter parado, mas logo
gemeu com a dama jogando os cabelos ruivos para trás e curvando-se para
beijá-la no pescoço.
De olhos fechados, entregue ao delicioso caminho de beijos que lhe
provocava gemidos e calafrios, Anne acariciou os ombros delicados de Dária,
que ficavam expostos pelo espartilho. Seu corpo estava tão em chamas que
nem mesmo notou a pele fria, ou mesmo se questionou sobre ela como
costumava fazer.
Deitado sobre a cama, Aron observou as duas belas mulheres se tocando.
Ainda que seu corpo ardesse de vontade e seu pênis visivelmente pulsasse
com uma vontade própria, ele esperou pacientemente até que elas o
convidassem outra vez. Com o olhar atento, observou Anne, com a lenta
velocidade humana, desamarrar as fitas que prendiam o espartilho de Dária.
Contorceu-se na cama em agonia, a demora era angustiante. Quando
finalmente os lindos mamilos rosados ficaram à mostra, sua boca salivou,
enchendo-se de vontade.
– Espera! – Dária fez um gesto, quando com o canto de olho, observou
Aron insinuar que se levantaria.
A contragosto, o íncubo permaneceu imóvel. As duas voltaram a se beijar
e o lorde pensou que não se aguentaria. Dária é excelente em me torturar,
praguejou em meio a um suspiro, quando desejou que suas mãos estivessem
no lugar das da criada, percorrendo cada centímetro daquele sedutor corpo
pálido. Logo ambas estavam nuas, tocando uma a outra, visivelmente
excitadas, gemendo, e Aron agarrou a cama, torcendo os lábios para conter o
protesto.
Dária gritou alto, arfando, quando Anne levou as mãos até meio de seus
corpos, deslizando-a pelo ventre, até penetrá-la com um dedo. Estava tão
molhada. Foi inevitável não rebolar em meio ao estimulo íntimo. De olhos
fechados, a ruiva sentiu seu cabelo ser colocado para o lado e os lábios
quentes do íncubo beijarem a base de seu pescoço. Ele não resistiu, Dária
pensou assim que o corpo másculo encostou em suas costas.
Com os três de joelhos sobre a cama. Anne observou a dama pender a
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cabeça para trás, apoiando-a sobre o ombro do homem atrás de si, enquanto
seus olhos estranhamente vermelhos giravam na órbita em meio a gemidos
cada vez mais intensos.
Aron enfiou uma de suas mãos frias por entre as pernas distanciadas de
Dária e gentilmente tirou o dedo de Anne que penetrava a vampira para então
esfregar seu pênis rígido na vagina da vampira, ainda sem penetrá-la.
Agarrou os quadris dela fazendo um esforço tremendo para não se enfiar de
uma vez.
– Faça logo! – Dária ordenou, sentindo a inebriante presença do membro
rígido entre suas nádegas, na região pulsante e formigante entre as suas
pernas.
O pedido ensandecido foi tudo que o íncubo precisava para deslizar para
dentro dela. Mordeu o pescoço de Dária, a fim de conter o gemido quando a
umidade dela o envolveu. Entretanto, quando a vampira rebolou contra o seu
corpo, esfregando a bunda redonda contra sua pélvis fazendo-o entrar ainda
mais fundo, os músculos fortes de Aron se contraíram e foi impossível conter
o gemido. A vampira era a sua perfeita definição de céu e inferno, pois nada
poderia pegar tanto fogo e ser tão glorificante ao mesmo tempo.
O prazer evidente nos olhos de sua senhora fez a curiosidade de Anne
sobre o que o homem poderia proporcionar se tornar ainda maior. Mas teria
que ser paciente, pois agora ele estava ocupado. Deslizou as pontas dos dedos
pela pele de Dária, da base do pescoço, contornando os seios fartos. À
medida que a acariciava via o prazer ditado pelo movimento de vai e vem
feito pelo homem se tornar ainda mais intenso.
– Contenha-te. – Aron segurou firme os quadris da vampira reduzindo a
velocidade de seus movimentos. – Não podemos ir tão rápido com ela aqui. –
Sussurrou ao pé do ouvido antes de morder de leve a orelha dela.
– Achas que assim fica mais fácil? – Dária murmurou em meio a um
gemido ensandecido. Lembrá-la de que Anne não podia ver o quanto eram
sobrenaturais juntos não ajudava a se conter. Era uma tarefa penosa conter o
rebolado ou se mover mais devagar à medida que o membro do íncubo a
estocava.
Ao perceber que não conseguiria mais se conter, a vampira o empurrou
para longe, forçando-o a sair dela. Com a respiração ofegante, apertando as
próprias coxas, convenceu-se de que Anne também precisava de sua atenção.
– Deita-te. – Dária pediu à moça.
– Eu posso? – Hesitante, Anne apontou para Aron.
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Capitulo 24
– Aron! Esteves por dois dias fora de casa, eu estava preocupada. – Isabel
estava de pé no meio da sala, com os braços erguidos, gesticulando como
uma aranha furiosa, o que fez o lorde conter o riso.
– Menos, pequena irmã. Nem mesmo Beatrice se preocupa tanto.
– E desde quando nossa mãe se preocupou com algo? – Natasha apontou a
cabeça do emaranhado de cobertores num dos sofás da sala.
Aron riu baixinho. Suas irmãs não se continham.
– Vão encontrar alguém também.
– Minha última conquista jaz no nosso quintal. – Natasha deu de ombros.
– Qual a última vez que treinaram? – O olhar do íncubo agora era sério.
– Como assim? – Isabel arqueou as sobrancelhas, sem entender a pergunta
do irmão.
– Precisarei de ajuda...
ideia?
– Por eu ser um dos antigos. – A dama ajeitou o colarinho do casaco dele,
ficando mais calma. Mesmo que ficar fora de algo estritamente ligado a ela a
deixasse irritada pelo sentimento de impotência, diante de Aron sentia como
se tudo fosse diferente. Confiar nele já não era mais tão difícil assim.
– Creio que seja algo além disso. Mas elas, assim como eu, não fazemos
ideia. Apenas mantenha-se segura. – O íncubo beijou-a no pescoço, fazendo-
a curvar a cabeça para trás, completamente entregue ao toque.
– Vamos, Aron. – Isabel e Natasha passaram por ele e entraram na
carruagem. – Não temos a noite toda.
Dária segurou o braço do duque, forçando-o a fitá-la outra vez. A troca de
olhares foi tão intensa que fez as súcubos se arrepiarem.
– Tomes cuidado! Também me preocupo contigo.
– Irei. – O lorde a beijou rapidamente, apenas o breve toque dos lábios foi
capaz de carregar todo o sentimento de aflição e ambos. – Fiques segura até
que eu retorne.
A vampira assentiu, soltando o braço dele e permitindo que ele entrasse na
carruagem. Com o peito apertado, assistiu-o dar um sinal para que o cocheiro
os levasse até o local indicado. Deixar parte do seu destino nas mãos daquele
homem foi mais fácil do que imaginava ser. Ainda que tremesse de
preocupação, esta se devia mais a segurança do íncubo do que a sua própria.
tinham a mesma tatuagem de cruz no rosto que os que Aron enfrentara com
Dária. Estavam ali, eram eles, bastava ser ágil e rápido, que o íncubo logo
poderia voltar para os braços da vampira.
– Sejam cuidadosas. – Aron olhou para as irmãs ao sacar a espada que
estava em uma bainha presa junto às suas costas. Pela primeira vez o íncubo
viu algo de útil nos treinamentos que fazia com o pai quando era menino.
Isabel e Natasha não estavam tão confiantes quanto o irmão. Eles eram
humanos, mas ainda assim estavam em um número esmagadoramente maior.
Assistiram Aron caminhar na direção dos alvos e surgir atrás de um caçador,
cortando-lhe a cabeça com a espada afiada sem que esse se desse conta do
que havia acontecido.
O som abafado e grave da cabeça caindo ao chão e rolando por alguns
metros até parar junto ao pé de outro caçador, fez com que os demais homens
se virassem na direção dos intrusos. Com os olhos arregalados e a boca
aberta, surpresos por terem sido encontrados ali, sacaram rapidamente suas
armas. Diante do corpo de seu companheiro, os caçadores não se deram ao
trabalho de perguntar quem eram aqueles três antes de investirem contra eles.
Com uma pequena arma nas mãos, de cano curto e um único tiro, Isabel
atirou no primeiro homem que partiu para cima dela. Com as mãos trêmulas a
dama deixou a arma cair no chão em reflexo ao coice causado pelo disparo. O
som ofuscou os gritos, enquanto o homem atingido caia de joelhos no chão e
uma mancha vermelha se formava no peito da túnica branca. Pela pouca
experiência com armas, a súcubo não havia ido tão mal.
Aron se desviou de uma adaga com punho em forma de cruz lançada em
sua direção. No entanto, foi atingido de raspão no braço pela espada de outro
caçador que investia contra ele. Quando o íncubo percebeu a manga rasgada
do paletó, esse era seu menor problema: havia cerca de doze homens
cercando o íncubo. Ao fitar os olhos de cada um deles, Aron viu a vontade de
matar que o próprio lorde possuía ao entrar ali. Com o ar pesado do ambiente
sem janelas, Aron revelou-se outra vez, no tempo exato para que suas asas o
protegessem das espadas afiadas de seus inimigos. Furioso, abriu-as, jogando
todos eles para longe.
Os caçadores ficaram estupefatos diante da monstruosa imagem de três
demônios. Ó meu Deus! Como entraram aqui? Todos deram um passo para
trás em um misto de surpresa e choque. Nunca haviam visto algo como os
três irmãos diante deles. O corpo deles tremeu diante do horror.
A breve baixa na guarda provocada pelo susto lhes custou a vida, pois
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Capítulo 25
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Capítulo 26
sincronia com as folhas enquanto a vampira observava o local diante dos seus
olhos. Além do portão de ferro que bloqueava a entrada, um jardim bem
cuidado e no fundo um enorme casarão. Seu perseguidor estava muito bem
hospedado.
– Vamos acabar logo com isso. – Aron deu um passo à frente, entretanto
Dária o segurou pelo pulso.
– Quero que fiques aqui. – A voz dela era gentil e calma, entretanto
manteve o tom firme.
– Eu não vou deixá-la sozinha! – Aron protestou ao olhar fundo nos olhos
da vampira. – Não viemos até aqui para que eu simplesmente a abandone.
– Sou grata a ti, porém ele está atrás dos vampiros. Não pretendo
continuar envolvendo-o e tuas irmãs nisso. E, por favor, entendas, eu
PRECISO fazer por mim mesma.
– Desde que estejamos juntos, Dária, eu farei qualquer coisa por ti. – Aron
olhou fundo nos olhos vermelhos com as pupilas dilatadas pela pouca luz.
– Eu sei. – A dama soltou o braço dele e desviou o olhar.
– Caso precises da minha ajuda saibas que estarei aqui. – Aron disse num
murmuro solitário ao observá-la se distanciar.
– Eu cuidarei dela. – Elzor prometeu ao íncubo antes de seguir sua
senhora.
Apoiado na lateral da carruagem, junto ao cocheiro que já havia visto
coisas demais a ponto de tentar convencer a si mesmo que tudo não passava
de alucinações, o duque assistiu aos dois vampiros desaparecerem na noite.
Num movimento involuntário, levou a mão ao peito, sentiu uma angústia pior
que a dor quando teve o peito empalado. A vontade era de ir atrás dela,
todavia precisava respeitar a decisão tomada pela dama.
Dária atravessou o belo jardim em um salto, sem nem parar para observar
as flores desabrochadas que coloriam o local, sob a penumbra da lua e alguns
poucos postes espalhados. Assim que chegou diante da bela porta de madeira,
concluiu que: ou ele não estava ou esperava por ela, porque fora os
batimentos cardíacos que vinham de um cômodo no primeiro andar com um
cheiro carregado de temperos e ervas, que a levou à certeza de pertencerem a
criados, havia apenas um vindo de outro cômodo da casa. Estas batidas eram
urgentes, o que levou a vampira a perceber que o dono delas estava um tanto
ansioso.
De olhos quase fechados, Dária focou-se apenas em sua audição,
excluindo qualquer som derivado do ambiente e deixou-se guiar pela
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palpitação. Passou pelo hall de entrada, uma grande sala e subiu escada
acima, parando apenas junto à uma porta quando um cheiro familiar foi
levado até seu nariz.
– Querida Dária, perguntava-me quando finalmente viria até mim. – A voz
que veio da sala a trouxe recordações e a fez tremer.
Era apenas uma coincidência, disse a si mesma ao dar um passo à frente,
a fim de encarar fosse lá quem fosse.
Sob a luz cálida de um belo lustre de cristal, a vampira entrou em uma
biblioteca, onde um homem, rodando um amuleto nas mãos, sentava-se atrás
de uma escrivaninha em uma cadeira de couro preta.
Encarar os olhos dele fez Dária dar dois passos para trás e respirar
ofegante, como se o ar houvesse sido sugado de seus pulmões.
– Não é possível. – Elzor ficou em choque. – Deverias estar morto.
– Assim como vós. No entanto, séculos depois, estamos todos aqui, não é?
O homem sentado atrás da mesa não parecia ter mais que vinte e poucos
anos. Entretanto, a vampira era capaz de reconhecer aquele olhar branco e
gélido, não importava quanto tempo passara desde a última vez que o vira.
Mas ele tinha treze, quatorze anos na época? Não era possível!
– O tempo não foi bom apenas para ti. – O homem disse ao rodar o
amuleto em suas mãos. Ele tinha um belo anel com uma pedra branca, que
brilhava assim como os seus olhos. – Minha mãe era uma bruxa, uma negra,
chamada de cheren por seus iguais, antes de ser queimada viva em uma
fogueira. E eu herdei as habilidades dela...
– O que queres, Enzo? – Dária o interrompeu com um grito.
– Vingança! – O bruxo se colocou de pé e bateu com as mãos na mesa
com força, fazendo com que os livros trepidassem nas estantes. – Passei anos
tentando rastreá-la para finalmente poder vingar a morte do meu pai.
Confesso que foi difícil encontrá-la, creio que alguma bruxa poderosa tenha a
protegido de qualquer ritual localizador.
Melinda... o nome soou claro na mente da vampira.
– Então decidi que a melhor forma de encontrá-la seria fazendo-a vir até
mim. – Ele prosseguiu. – Decerto, amedrontá-la com caçadores funcionou
muito bem.
– Teu pai jamais foi digno de vingança. – Elzor falou, fazendo o bruxo
notar sua presença.
– Cale a boca, servo! – Enzo urrou ao fazer um gesto com as mãos,
arremessando o vampiro contra a parede atrás dele. – Isso explica teu
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– Acaba... acaba logo com isso! – A tortura fez com que a vampira
implorasse por sua morte. Entretanto aquilo apenas deixou Enzo ainda mais
excitado, tudo que queria era vê-la desfrutando de todo sofrimento que era
capaz de provocar.
– Ainda não sofrestes um terço do que eu passei como órfão e sozinho. Se
não fosse os cherens, eu teria sido entregue aos corvos da regência.
Inebriada pela dor lacerante, Dária mal ouviu o som da janela da
biblioteca sendo quebrada. E Enzo cego pela sede de vingança, culpando
Dária por tudo, só se deu conta do intruso quando uma asa o empalou por
trás. O bruxo levou as mãos ao peito ao olhar para ele e se dar conta da
precisão do golpe. A magia poderia ser forte o bastante para mantê-lo jovem
e saudável por séculos, mas não bastava para salvá-lo no momento, pois antes
de poder recitar qualquer feitiço de cura já havia perdido completamente os
sentidos.
– DÁRIA! – Aron correu até ela assim que jogou o corpo do bruxo para
longe, fazendo-o parar apenas quando se chocou contra uma estante. – Sei
que me pedistes para ficar fora disso, porém quando ouvi os seus gritos...
A vampira ergueu os dedos trêmulos e tocou os lábios do íncubo, fazendo-
o se calar.
– Obrigada, salvastes a minha vida... – a voz soou abafada e fraca, a dama
mal tinha forças para falar e desmoronou nos braços dele.
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Capítulo 27
movimento circular.
Dária mordeu o lábio inferior e agarrou com ainda mais força os braços da
cadeira a fim de conter o grito provocado pelo toque. Sem dúvidas Aron era e
extremamente habilidoso. Ainda que com os dentes cerrados, alguns gemidos
foram impossíveis de conter enquanto ele a estimulava. Felizmente, a voz do
tenor, vinda do palco, bastava para tornar o prazer da vampira imperceptível
aos demais espectadores.
Aron se ajoelhou no chão entre o pequeno espaço do parapeito do
camarote e os joelhos da dama.
– O que vais fazer? – Dária ajeitou os cabelos e observou o íncubo segurar
com uma das mãos as saias dela, enrolando-as próximo a cintura. Dessa
forma, deixou toda a parte inferior do corpo dama exposta para ele.
– Adivinha? – Com um sorriso malicioso, o duque curvou a cabeça e a
tocou de maneira lasciva com a língua.
A vampira puxou de leve o cabelo dele e, em meio a um gemido, remexeu
os quadris sobre a cadeira. Quando o íncubo lambeu seu clitóris devagar,
Dária gemeu e se contorceu toda com o calafrio que percorreu seu corpo.
Fechou os olhos, acariciando a cabeça do lorde entre as suas pernas,
completamente entregue à deliciosa sensação. Os lábios envolvendo seu
clitóris e chupando devagar e carícias feitas pela língua o íncubo levaram a
ruiva rapidamente à beira da loucura. Mordendo com força a própria boca,
tentava fazer com que seus gritos e gemidos não se sobressaíssem ao som da
ópera, porém a cada estímulo do íncubo isso se tornava mais difícil. A
vampira arfou, jogando a cabeça para trás no momento em que Aron
assoprou um ar quente na região pulsante e hipersensibilizada entre suas
pernas e, em seguida, penetrou-a com a língua.
– Se queres que eu perca o juízo, saibas que estás bem perto. – A vampira
puxou o cabelo sedoso do lorde com força, arrancando alguns fios, mas a
cabeça dele nem mesmo se moveu.
Com as duas mãos, Aron apertou a parte interna das coxas da dama, e o
toque quente e firme arrancou dela ainda mais gemidos. Estar beijando-a tão
intimamente e os gemidos ensandecidos que provocava nela, deixaram o
íncubo ainda mais excitado. Se fosse apenas pelo desejo que urrava em seu
corpo e fazia seu pênis quase arrebentar o fecho de suas calças, o duque teria
a penetrado naquele mesmo instante. Contudo, usou todo o seu autocontrole
para degustá-la como um vinho fino, saboreando cada gole do saboroso e
belo corpo dela.
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Era inútil, Dária quase choramingou quando seu próprio sangue escorreu
pelos lábios de tanto mordê-los. Era inútil tentar conter os gemidos em meio
a tanto prazer. As mãos quentes do íncubo apertando suas coxas de forma
intensa e quase dolorida, tamanha a força que ele não se preocupava em
conter, tornava o fogo de prazer que queimava em seu ventre ainda mais
intenso. Ao se dar conta de que estava perto do ápice, tremendo e ofegante
empurrou o lorde pelos ombros para trás, a fim de fazê-lo parar.
– Não está bom? – Aron choramingou quando foi interrompido
abruptamente.
– Maravilhoso. – Dária sorriu ofegante. – Esse é o problema, quero
divertir-me mais contigo antes o prazer intenso me faça desmoronar.
– Está bem. – Aron se sentou outra vez na cadeira e a encarou, ansioso
pelo próximo movimento da dama.
Dária passou os dedos delicados e gélidos sobre a elevação na calça do
duque. Aron sorriu e gemeu baixinho. O íncubo ainda se surpreendia com a
forma com que a vampira era capaz de despertar um desejo ardente dentro
dele. Já havia feito amor com ela inúmeras vezes a mais do que com qualquer
outra mulher anterior, e ainda sim ficava tão excitado como da primeira vez,
e sem dúvidas muito satisfeito. Caso fosse uma simples atração louca, essa
teria passado, e já era óbvio que não.
Aron adorou a forma como a impetuosidade da vampira a deixava tão à
vontade com tudo aquilo. As demais mulheres que seduziu ao ponto de
conhecê-las na intimidade, adoravam as carícias mais inapropriadas, mas nem
as prostitutas o correspondiam da mesma forma. Entretanto, Dária deixava
claro todas as suas preferencias e vontades e não se continha em tocá-lo.
Com a mão muito hábil, ela abriu a braguilha da calça do lorde e colocou
o pênis dele para fora. Com uma das mãos segurando o cabelo e a outra ainda
firme no membro, Dária se curvou na direção de Aron e então deslizou a
língua gélida por toda a extensão do membro. O íncubo nem mesmo se
preocupou em conter o gemido.
O duque segurou os cabelos ruivos dela, acariciando-os, para que as duas
mãos da vampira estivessem nele. Ela o atormentou e enlouqueceu com uma
língua muito ágil e dedos extremamente habilidosos ao ponto de Aron se
contorcer e revirar os olhos. Quando Dária finalmente o acolheu em sua boca
úmida e gélida, o lorde pensou estar perto de enlouquecer.
– Ah, minha ardente vampira. – Aron gemeu ao fitar o rosto dela. A
expressão nos olhos maliciosos cheios de desejo e a forma sedutora como os
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carnudos lábios deslizavam pelo seu pênis, fizeram com que o seu prazer
fosse elevado ainda mais.
No momento em que Aron se deu conta de que daquela forma ele não
suportaria por muito mais. Sentou na beirada da cadeira, agarrou Dária pela
cintura e puxou-a para cima do seu colo, de frente para ele.
– Odeio essas saias. – Aron praguejou, rindo, ao notar o amontoado de
tecido entre seus corpos.
– Elas nem me mesmo me incomodam. – Dária beijou o pescoço do
íncubo, fazendo-o se arrepiar e agarrá-la pelos quadris, em seguida esfregou
seu sexo feminino contra o dele. – Acho que não veremos mesmo a peça.
– Ver-te é mais interessante. – O íncubo enfiou a mão entre os corpos,
erguendo a dama um pouco com a outra, e penetrou-a finalmente, unindo os
corpos.
Dária arfou, jogando a cabeça para trás, e segurou nos ombros dele ao
senti-lo preenchê-la. Aron pressionou seus quadris para controlar os
movimentos, e rapidamente ela acompanhou o ritmo. Quando somente o
prazer que os governava assumiu o controle de seus corpos, pouco se
importaram com os demais espectadores da peça e com certeza os camarotes
vizinhos os ouviram. Aron embrenhou seus dedos no cabelo ruivo e puxou a
cabeça dela para o lado a fim de ter todo o acesso ao belo pescoço, beijando-
o e mordiscando-o.
Dária puxou o rosto dele de volta para beijá-lo nos lábios, mordiscando-
os, gemia contra a boca dele, enquanto subia vagarosamente para em seguida
sentar no pênis de Aron, enfiando-o fundo. O prazer foi se tornando ainda
mais intenso, pulsando daquela parte unida dos corpos para as demais e uma
onda de intensa e formigante começou a varrê-la. Dária cravou as unhas nos
ombros do lorde e gritou contra os lábios dele, abafando um pouco o som.
Em uma parte remota de sua mente entorpecida pelo delicioso orgasmo, ela
notou os músculos do íncubo se contraírem e logo Aron se juntar a ela no
momento de clímax, apenas alguns segundos depois.
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– Uma verdadeira dama não faz amor em locais públicos, muito menos
com alguém que não é seu marido. – Dária gargalhou ao deixarem a ópera
sob olhares pesados e cheios de julgamentos.
– A parte do marido pode ser facilmente resolvida. – Aron segurou a mão
direita dela. – Compro-lhe para um anel e podemos dizer que nos casamos na
Irlanda. Ou podemos fazer algo real se preferir.
– Estava apenas brincando. – Dária puxou a mão de volta e desviou o
olhar, ficando tensa.
– Ei. – Aron segurou o rosto dela, tornando impossível fugir de seus olhos
azuis esbranquiçados. – Não me importo com o que essa sociedade pensa
sobre nós. Apenas a quero até o último dia da minha imortalidade, da forma
que melhor lhe convir. Se sentir-se à vontade e quiser ser minha esposa
segundo as regras, no entanto, passar as noites na tua cama no bordel me
deixaria feliz da mesma forma.
– Não quero casar-me outra vez.
– Como quiser. – O íncubo sorriu ao beijá-la com carinho. – Posso pelo
menos levá-la para a minha cama pelo resto desta noite?
– Bom, não vejo problema algum nisso. – Dária estendeu a mão para ele
outra vez ao caminharem juntos até a carruagem.
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Capítulo 28
Ela nem mesmo desviou o olhar ao estender a mão na direção dele e fazer
um movimento de empurrar. Aron sentiu um golpe forte contra o peito, como
se um coice houvesse lhe atingido com a força de uns três cavalos, e foi
arremessado conta a parede atrás dele, fazendo-o bater com força suficiente
para deixar o demônio zonzo. Um quadro ao lado dele caiu do prego e bateu
contra o chão, quebrando a moldura de madeira.
– Fica longe! – A voz da mulher soou amedrontadora. – Meu problema é
apenas com ela.
– Aron... ajuda-me. – Natasha implorou com a voz baixa, sinal de que ela
estava perto de perder os sentidos.
Isabel cortou a sala num voo de rasante, no entanto, antes que a ponta de
suas asas pudesse se aproximar da mulher misteriosa, foi impedida assim
como Aron.
Os sons fizeram Dária deixar o quarto e descer as pressas ao encontro do
íncubo, visivelmente preocupada. Assim que parou ao lado dele para ver se
estava bem, o cheiro de ervas misturado a um perfume fino fez com que se
virasse.
– Melinda...
– Dária?! – A bruxa arregalou os olhos tão surpresa quanto a vampira. – O
que diabos fazes aqui... – ela parou no meio da pergunta, ao olhar da cabeça
aos pés a vampira somente em roupas íntimas e parada próxima a um homem
que instantes atrás havia demonstrado bastante carinho. – Estás com um
homem?!!!
– Isso não importa. – Gesticulou os braços, numa tentativa tola de soltar
Natasha. Dária havia se envolvido tanto com Aron que, mesmo conhecendo
pouco das irmãs dele, compartilhou da aflição do lorde. – Estás matando-a!
– Ela merece! – A bruxa voltou a pressionar com força o pescoço da
súcubo que estava a uns cinco metros dela.
– Por favor, solta ela! Seja lá o que Natasha tenha feito, pode ser resolvido
de outra forma.
Melinda olhou nos olhos de Dária por alguns segundos. Se a vampira não
estivesse ali, provavelmente teria matado a súcubo da forma mais dolorosa
que pudesse, no entanto a presença de Dária foi o suficiente para fazer a
bruxa refletir e deixar que Natasha caísse ao chão.
Isabel correu até a irmã para acudi-la, enquanto a morena respirava
ofegante, buscando o ar que lhe fora privado de forma tão bruta.
– Ela matou uma das minhas protegidas. – Melinda explicou a Dária. –
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Não permitirei que saia impune disto. Nas minhas regras ela morre também.
– E se exilá-la da Europa? – A vampira disse a primeira coisa que lhe
passou pela cabeça. – Natasha nunca mais poderá colocar os pés aqui, sob
pena de morte.
– Eu não... – A súcubo começou a protestar, entretanto sua irmã a
impediu, cobrindo-lhe a boca e dirigindo um olhar severo, com dentes
cerrados.
Melinda olhou para Natasha, o que fez com que as lâmpadas da sala
explodissem, deixando-os no escuro da madrugada. A raiva era evidente em
cada curva do rosto da rainha. O sobrenatural reivindicava humanos com o
único intuito de protegê-los, e tratavam cada reivindicado como um pertence,
sobre os quais apenas o seu detentor possuía qualquer poder de vida ou
morte. Quebrar aquela regra sempre acabava em mais sangue.
– Ouça, súcubo! – A voz da bruxa saiu entredentes. – És alguém de muita
sorte por Dária ter intercedido por ti. Tens um dia para deixar Londres. Se na
próxima aurora eu ainda encontrá-la em qualquer parte da Europa, não haverá
uma segunda chance.
– Obrigada. – Dária sussurrou quando a bruxa se virou em sua direção
pouco antes de desaparecer.
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Capitulo 29
– Obrigado por ter salvo Natasha. Ela sempre foi tão imprudente. – Aron
acariciou o rosto de Dária quando já estavam de volta ao quarto do lorde.
– Era o mínimo que eu poderia fazer, bem... Depois de tudo que fizestes
por mim.
– Quem era aquela mulher?
– Melinda. – A vampira sentou-se sobre a cama, ainda com roupas
intimas. – Ela é a rainha das bruxas. – Ao fitar o olhar arregalado e cheio de
questionamentos do íncubo, prosseguiu. – Sim, nós tivemos... Temos um
caso, ficamos juntas algumas vezes no último século.
– Ela é bonita. – O duque sorriu deixando claro que não se importava com
aquilo. – Extremamente poderosa, mas linda.
Depois de alguns risos, a situação deixou de ser divertida e Aron desviou o
olhar, afastando-se de Dária, e apoiou as mãos sobre a mesa no centro do
quarto. Respirou fundo ao fitar a janela coberta por uma densa cortina, para
proteger a vampira do sol.
– Natasha está salva por hora, graças a ti. Porém, estou me sentindo
perdido. – Aron abaixou a cabeça ao fechar os olhos. – Isabel e ela são a
minha família, prometi cuidar dela para nosso pai quando deixamos a corte
irlandesa. Por mais irritante e irresponsável que seja, ainda é minha irmã.
Mas... – o íncubo se aproximou de Dária outra vez e tocou-lhe o rosto. –
Deixar-te me mataria.
Os lábios carnudos e vermelhos da vampira curvaram-se em um sorriso
gentil. Então, pousou sua mão sobre a de Aron, o que fez o íncubo arregalar
os olhos surpreso.
– E se eu for contigo?
– Farias isso por mim? – A simples possibilidade fez os olhos dele
brilharem.
– Perdi Elzor e meu passado ainda me persegue estando aqui. Talvez
deixar a Europa seja uma oportunidade para mim, um recomeço.
Aron não se conteve e a tomou nos braços, erguendo-a no ar. Durante todo
o movimento os olhos dos dois ficaram fixos uns nos outros.
Com os pés balançando, ainda suspensa no ar pelas mãos firmes do
íncubo, Dária acariciou o rosto dele e o beijou, roçando os lábios de maneira
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Ao parar junto ao batente da porta de sua irmã mais nova, Aron observou-
a sentada sobre a cama, com as mãos sobre os joelhos, os olhos afunilados e
lábios torcidos, numa clara expressão de descontentamento. Enquanto isso o
íncubo pode ouvir os movimentos de Isabel e Anisha vindo do closet.
– Irmão, eu não quero ir a lugar algum. – Natasha se levantou e veio
chorosa na direção do duque assim que o viu.
– Preferes ficar aqui e morrer? – O lorde esquivou-se dela com alguns
passos para o lado.
– Podes pedir à tua vampira que a faça mudar de ideia.
– Dária já fez o bastante por ti.
– Com tantas mulheres em Londres vais escolher logo uma das
pertencentes à rainha das bruxas. Natasha, A RAINHA DAS BRUXAS! –
Isabel saiu do closet resmungando baixinho para não chamar a atenção da
criada que não sabia o real motivo da mudança às pressas.
– Então é isso? – A morena cruzou os braços. – Irão mesmo me exilar?
– Irei contigo. – Aron e Isabel disseram juntos o que fez Natasha arregalar
os olhos. Não esperava por aquilo.
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– Depois de tudo irás abandonar a vampira por mim? – Olhou fundo nos
olhos do irmão. Sabia que mesmo sendo mais irmã, as preferências do íncubo
sempre estiveram claras, e tendiam mais à loira do que a ela. Além disso,
Isabel sempre fora a mais cautelosa e familiar de todos eles. Contudo, depois
que a ruiva havia surgido Aron só pensava nela, e a pouca atenção com as
irmãs havia desaparecido.
– Prometemos nos manter unidos quando deixamos a Irlanda. Mesmo que
tenhas feito burrada, espero manter tal promessa. Quanto à Dária, ela virá
conosco.
– Agora tudo está bem claro.
– Então para onde vamos? – Isabel acenou para atrair a atenção dos outros
dois. – Estados Unidos, acho que é o mais próximo que teremos daqui.
– Ainda sabem falar português? – Pensativo, Aron coçou o queixo.
– Estivemos em Lisboa apenas por alguns dias, no entanto conseguimos
nos sair bem. Mas, irmão, Portugal ainda é Europa.
– Estava pensando em um lugar mais tropical.
– Brasil?! – A ideia surpreendeu as duas, fazendo-as das um passo para
trás.
– Bom, ouvi algumas ideias interessantes sobre lá.
– Índios, escravos e florestas, Aron. Tens certeza? – Isabel estava relutante
quanto à sugestão do irmão. Por um momento, olhou para o luxo do qual
desfrutavam em Londres. Da bela e sofisticada colcha sobre a cama de
Natasha, aos vestidos e criados. – Bailes, boas costureiras, bons serviçais.
Não creio que encontraremos isso numa colônia.
– Pensei que gostastes da simplicidade dos estábulos. – O lorde não
conseguiu conter a gargalha ao lembrar-se das frequentes vezes em que ela
havia chegado coberta de feno.
Isabel cruzou os braços e afunilou o olhar, visivelmente ofendida com a
provocação de Aron.
– Parece um bom lugar para começarmos de novo.
– Sério, Natasha?! Achas mesmo que podes viver sem tudo isso? – A loira
abriu os braços, apontado para todas as direções do belo quarto.
– Nós temos riquezas o suficiente para comprar tudo isso lá outra vez. Se
preciso deixar esse lugar quero ir para um onde as mesmas regras que estão
me mandando embora não valham. Penso que podemos criar nossas próprias
regras lá.
– Então sou voto vencido? – Isabel resmungou ainda de cara fechada.
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Capitulo 30
– Nesta noite.
– Mas já? Não conseguirás nem mesmo despedir-te das outras garotas.
– Não tenho a intenção de fazer isso. És a única da qual me despedirei. –
Dária a entregou um envelope. – Esta carta servirá de prova contra quem
duvidar de que deixei este lugar para ti.
– Voltarás algum dia?
– Não.
– Há algo que eu possa fazer para que voltes atrás?
Dária balançou a cabeça negativamente antes de virar as costas para sair
do quarto.
– Espera! – Anne a segurou pelo pulso, fazendo-a virar em sua direção e
beijou-a brevemente nos lábios antes de permitir que fosse. – Obrigada por
tudo que fizestes por mim.
A vampira não era muito boa com despedidas e buscou tornar aquela a
mais breve. Ao contrário de instantes depois de decidir ir com Aron, sentia-se
leve, como se pisasse em nuvens. Deixaria de uma vez por todas tudo que a
prendia ao passado enterrado em Londres. Começaria de novo, com ele, e tal
fato não a assustava mais como há alguns meses.
Quando retornou ao quarto, Aron estava sentado sobre o sofá da antessala,
ao lado das malas da vampira, aguardava por ela, sorrindo paciente. Dária se
aproximou dele e o beijou rapidamente.
– Estava acertando as coisas por aqui.
– Imaginei. – Aron fitou os densos olhos vermelhos dela antes de
prosseguir. – Tens mesmo certeza de que quer deixar tudo isso para trás?
– Esperas que eu mude de ideia, íncubo?
– Do fundo do meu coração espero que estejas certa disso. Porém, quero
que estejas feliz.
– Me fazes feliz, Aron. – Dária se sentou no colo dele ao constatar a
verdade de suas palavras.
A vampira mordiscou o lábio inferior do lorde, tomando a gota de sangue
que escorreu. Então embrenhou seus dedos nos cabelos negros e macios e
puxou a cabeça dele para trás, trançando um caminho de beijos por todo o
pescoço de pele macia e saborosa, até acravar as presas pontiagudas, fazendo
com que o sangue escorresse para dentro de sua boca.
Aron agarrou Dária pelos quadris e os apertou com força ao ficar rígido de
imediato. A mordida fez o íncubo arfar.
– Quanto tempo nós temos? – Dária sussurrou ao pé do ouvido dele ao
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A lua ainda estava alta no céu quando a fumaça do navio a vapor tomou o
alto mar. Os passageiros já estavam acomodados em suas cabines quando
Aron deu duas batidas na tampa do caixão negro e refinado que havia sido
colocado sobre o sofá da cabine reservada ao íncubo.
– Ainda é noite ou estou há muito tempo aqui. – Dária perguntou ao abrir
a tampa e constatar que estavam imersos na escuridão, a não ser pela luz da
lua e das estrelas que entrava pela pequena janela arredondada.
– Acabamos de deixar Londres. – Aron sorriu ao dar um tapinha sobre a
cama ao lado de onde estava sentado.
Ainda que aquela fosse uma cabine de primeira classe, havia apenas uma
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que ele e Dária compartilhavam de maneira tão intensa. Nos próximos dias o
navio aportaria em um novo continente e começariam uma ETERNIDADE
JUNTOS.
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Epílogo
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Bônus
sua agilidade de vampira não lhe pareceu o bastante. Estava afoita e por
pouco não lhe rasgou a calça.
Quando ela finalmente livrou-se da peça, Aron sorriu malicioso e
esfregou-se nela. Aquilo era maldade, ele sabia, mas levá-la a um tesão tão
grande ao ponto de fazê-la implorar era excitante. Ser um íncubo o permitia
sentir o quanto ela queria, o quanto Daria vibrava por ele.
Curvou-se sobre a mesa, apoiando as mãos ao lado do corpo da vampira, e
beijou-a, saboreando um pouco mais de sua essência antes de deslizar para
dentro dela.
Seus lábios sobre os de Dária abafaram os gemidos quando Aron começou
a se mover.
Ela entrelaçou seus dedos no cabelo negro e macio e puxou a cabeça de
Aron para o lado. Respirou o doce aroma da pele do íncubo antes de cravar
seus dentes no pescoço, voltando a sugar-lhe o sangue.
Ele estremeceu e nem tentou conter o gemido. A vampira bebendo dele o
fez se mover ainda mais rápido. O desejo despertado pela saliva dela tornava
o ato ainda mais prazeroso. Todo a fogo que alimentava o desejo deles desde
a primeira vez que se uniram ainda estava ali e ardia com a mesma
intensidade.
Aron se apoiou com apenas umas das mãos e com a outra puxou-a pelo
cabelo, fazendo com que a vampira parasse de chupar seu sangue, e voltou a
beijá-la. Dária sentiu sua energia fluir para ele e fechou suas pernas ao redor
da cintura de Aron, fazendo-o penetrá-la mais fundo. Em meio a gritinhos,
ela delirava com o vai e vem dentro de sim.
Os beijos quentes abafavam um pouco os gemidos dos dois, porém, se não
fosse pelo som alto da boate, muitos ouviriam o que estavam fazendo ali.
Entretanto ambos não davam a mínima, aquele lugar era deles.
Aron deslizou a mão que estava nos sedosos cabelos de Daria até um dos
seios roliços e rígidos. Mesmo cobertos pelo vestido, era uma delícia poder
tocá-los. Deslizando-se dentro dela, não conseguiu conter a onda deliciosa e
intensa que o banhou num êxtase que o deixou sem fôlego. Ele permaneceu
imóvel por alguns segundos, apenas beijando-a. Quando seu corpo se
estabilizou, Aron se livrou do vestido e começou a deslizar os lábios pelo
pescoço de Dária até a base de seus seios. Contornou-os com a língua e
lambeu os mamilos eriçados antes de abocanhar um deles.
A vampira se contorceu na mesa, gemendo. Apoiou as mãos sobre a
superfície de madeira e ergueu um pouco os quadris, rebolando no ar. Aron
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Nota da autora
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Prólogo
Ela era uma chama que queimava mais que o inferno, mais perigosa do
que o pior de seus inimigos. Quis repreendê-la por tamanha ousadia,
entretanto, aproximar-se dela se mostrou um grande erro.
Ele deveria apenas manter-se escondido, proteger a todo custo seu disfarce
se quisesse permanecer entre os humanos. Certamente, não esperava que
aquela mulher colocasse tudo a perder. Os sermões que havia planejado e a
raiva que permeava seu sangue, pareciam insignificantes diante da presença
dela.
No momento em que se tocavam, até mesmo o breve deslizar dos dedos,
continha-se para não perder o controle e cair na perigosa armadilha que era
ceder ao pecado. Contudo, a lembrança dela, de sua ousadia, e de sua beleza
pareciam assombrá-lo como pesadelos. O ardor da luxúria o consumia
enquanto teimava em lutar para não ceder aos seus desejos.
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Capítulo 1
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que uma mulher tão linda topasse fácil sair dali com ele.
Como um perfeito cavaleiro, abriu a porta do carona para que a moça se
sentasse. E então assumiu o volante. Esperava que o seu carro a
impressionasse, mas ter os olhos dela fixos nos seus foi melhor ainda.
Já era tarde, e com as ruas sem congestionamentos não levou mais do que
alguns minutos para estacionar em frente ao seu apartamento.
O porteiro quase não ouviu o som do portão da garagem sendo aberto. Não
deu muita atenção e logo voltou a folhear o jornal do dia anterior para
disfarçar que estava dormindo. A maioria dos homens donos de apartamentos
ali eram jovens, solteiros, chegavam tarde e traziam companhia com
frequência.
Desceram do carro numa garagem grande e escura. Sem dizer nada, ela o
seguiu até um elevador. O barulho de seus passos ecoava no ambiente
cavernoso. Jorge apertou o botão para o seu andar e a mulher nem mesmo
esperou a pesada porta de metal se fechar para empurrá-lo contra a parede.
Natasha começou a beijar e mordiscar o pescoço dele, isso o fez se acender
ainda mais.
– Sabe não costumo fazer isso... – Apoiada com as mãos na parede de
metal do elevador, ela começou a sussurrar passando os lábios pela base da
orelha, fazendo-o se arrepiar todo. – Sair assim com um completo estranho...
Ele pousou os dedos sobre os lábios dela fazendo com que se calasse.
Olhou mais uma vez para o corpo curvilíneo e não queria que tal pensamento
colocasse tudo a perder. Não podia desperdiçar a oportunidade...
– Prometo que essa será uma das melhores noites que já teve. – Abraçou-a
sentindo o doce aroma que sua pele exalava. Mal via a hora de vê-la nua.
A mulher se conteve para não rir. Não era o primeiro homem como ele
com quem saía, nem mesmo o mais convencido. Entretanto, isso pouco
importava no momento.
– Qual é mesmo seu nome? – Jorge se deu conta do quanto fora idiota.
Estava prestes a levá-la para cama deveria ter perguntado aquilo antes. A
mancada poderia custar sua noite.
– Natasha. – Ela riu como se não estivesse ofendida o que o deixou
aliviado. Brincando com o colarinho da camisa social dele, mordeu sua
orelha e outra vez. – Natasha...
Jorge se encolheu com o arrepio que varreu sua espinha. Que mulher
gostosa! Mal via a hora de poder agarrar a bunda roliça que se destacava pela
calça apertada.
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Quando o elevador abriu, ele já tinha as chaves para abrir a porta nas
mãos. Sentiu-se um maratonista por ter feito aquilo tão rápido. Em seguida,
puxou Natasha para dentro do seu apartamento e trancou a porta. Escorou-se
na parede, acendendo a luz às pressas e puxou-a consigo.
Finalmente pousou suas mãos sobre as curvas do corpo tão sedutor, que
sob a luz forte do lustre da sua sala de estar, parecia ainda mais bonito. Refez
os contornos que a delineavam com a palma das mãos, tocando-a toda e ficou
feliz por ela não o ter impedido. Pousou seus lábios sobre o pescoço de
Natasha, provando seu gosto suave e excêntrico. Deslizou as mãos pela
lateral do corpete apertado, até finamente poder agarrar os seios que saltavam
tanto aos seus olhos. Àquela altura, se ainda existia dentro dele um pouco de
controle ou bom senso, ambos foram perdidos. Como uma mulher poderia
ser tão irresistível? Era incapaz de pensar em outra coisa além de tocá-la ou
despi-la.
Jorge enrolou os longos cabelos negros em uma das mãos e com a outra
puxou o rosto dela para mais perto. Não se deu ao trabalho de pedir
autorização antes de invadir a boca dela com a língua, explorando-a.
Natasha não se importou, ao contrário disso, envolveu o pescoço do
homem com os braços, pressionando seu corpo ainda mais contra o dele.
Nossa! Raras foram as ocasiões na vida de Jorge que um beijo havia sido
tão intenso. A cada toque das línguas ele sentia seu sangue ferver nas veias e
cada parte do seu ser desejava mais daquilo. A ânsia era tanta que sentia suas
mãos tremerem. O membro, já há muito tempo rígido dentro da calça,
pulsava com uma vontade insana, que crescia a cada estocada da língua de
Natasha em sua boca.
Jorge forçou as mãos pela lateral da calça dela, querendo sentir sua pele
por debaixo do tecido. Assim que suas mãos tocaram as nádegas sob a
calcinha, ela soltou um leve gemido. A pele dela era tão macia, a bunda era
um convite para o pecado que não podia recusar.
Natasha mordeu o lábio inferior dele em meio ao beijo cada vez mais
quente. O corpo dela já pulsava de desejo. Não podia negar: o homem era
atraente, escolhera bem. Com as mãos urgentes, ela começou a desabotoar a
camisa social. Uma ânsia, um desejo voraz crescia cada vez mais dentro dela.
Estava faminta por aquilo.
Deslizou a camisa pelos ombros de Jorge e a jogou no chão. Parou de
beijá-lo e começou a mordiscar e dar leves chupões em seu pescoço, isso o
fez soltar um gemido. Estava ainda mais excitado. A cada mordida, o corpo
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perfeitas e volumosos cabelos negros. Como ela era linda e dava para ele
melhor do que as muitas prostitutas com as quais já estivera. Sentiu-se o
homem com mais sorte no mundo.
Retomou os movimentos. Oh, como ela o apertava. Ele gemia de prazer
como não se lembrava de ter gemido antes. Aquela com certeza estava sendo
a melhor noite de sexo da sua vida.
Natasha o arranhou com força, deixando um vergão por onde suas unhas
negras passaram no decorrer das costas largas. Mas Jorge não se importou, a
dor naquele ponto serviu para aumentar ainda mais seu prazer.
Ainda apoiado sobre o sofá, ele curvou-se para lamber os seios rosados.
Como era deliciosa. Tentava se conter ao máximo para não acabar com seu
prazer, porém se tornava uma tarefa cada vez mais difícil.
A bela mulher sorria para ele e soltava gemidos cada vez mais longos e
prazerosos. Natasha estava se deliciando com aquilo. Quanto mais prazer o
proporcionava mais forte ela se sentia.
O homem a levantou novamente e estava prestes a colocá-la de quatro
quando ela o impediu.
– Gosto de olhar nos seus olhos. – Natasha o empurrou de volta contra o
encosto do sofá e sentou-se novamente sobre seu colo. Jorge não se importou
com a advertência, apenas ficou feliz por penetrá-la outra vez.
Ela voltou a rebolar, ele agarrou seus seios e deu leves chupões e
mordidas, que deixariam marcas na pele tão branquinha.
Tentou não prestar atenção nas curvas do corpo em suas mãos ou em
quanto seu membro era estimulado. Jorge fez o que pode para conter seu
orgasmo, no entanto, foi inútil. Aquela mulher ia muito além do que estava
acostumado a lidar.
Natasha se curvou para beijá-lo quando o sentiu se contrair em leves
espasmos. Jorge a abraçou e correspondeu ao beijo em meio a quase gritos de
prazer, enquanto a maravilhosa sensação do orgasmo, que banhara seu
sangue de forma tão intensa e inacreditável, aos poucos se esvaia. Precisava
de alguns minutos para se recuperar, porém prometeu a si mesmo que logo
recomeçariam.
Durante o beijo ele começou a se sentir cada vez mais fraco, achou que
fosse pelo orgasmo. Então continuou a passar suas mãos trêmulas pelo corpo
macio dela, até que mal tinha forças para mantê-las em movimento e as
deixou cair sobre o sofá. Foi quando viu uma aura azulada sair de sua boca e
ir para a de Natasha. Seus olhos se arregalaram, quis gritar, mas era tarde,
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Capítulo 2
Era fim de tarde, e a luz, já quase escassa do sol, entrava fraca pelas
janelas de vidro de uma pequena lanchonete, deixando o lugar na penumbra.
Crianças corriam de um lado para o outro, esbarrando nas mesas e fazendo
bagunça. Uma jovem garçonete olhava aquilo desorientada, já não aguentava
mais gritar para que parassem.
Dante estava sentado em um banco alto de plástico junto ao balcão.
Rodando uma colher dentro de seu copo de café com leite, ele ignorava o
escarcéu ao seu redor. Humanos são assim, barulhentos. Riu consigo mesmo.
Afrouxou a gravata que lhe apertava o pescoço e tomou um gole de sua
bebida. O gosto não era dos melhores, porém nem se importou. No fundo não
precisava tomar aquilo, embora fosse bom manter as aparências.
Parado, olhando para o nada, pensou em quando decidiu se tornar um
detetive, o que era interessante e um tanto engraçado, pois antes nunca havia
pensado em se ver desse lado da lei. Mas era um bom passatempo e um tanto
divertido, como se atreveria a dizer.
Sentiu uma mão tocar seu ombro e saltou do banco em posição de ataque.
Estava distraído, e só ele sabia o quanto não poderia deixar que aquilo
acontecesse.
– Ei, cara, calma! – O detetive Afonso se assustou com a reação do
parceiro.
Dante olhou o colega de cima abaixo, dos seus sapatos pretos sociais até
os cabelos cacheados, passando da hora de cortar, parcialmente escondidos
sob um chapéu. Encarou os olhos castanhos e levou alguns segundos para se
certificar que era mesmo o Afonso. Para o parceiro foi um ato estranho, mas
para Dante cuidado nunca era demais.
– Não é nada. – Ele finalmente sorriu. – Foi apenas um susto.
– Você é estranho cara. – Afonso riu e puxou um banco ao lado do de
Dante para que pudesse se sentar.
– Aceita algo? – Perguntou a garçonete a ele.
– Sim um café. – Afonso mal olhou para ela. Nem se deu conta de como o
encarava. Ele se arrependeria depois.
Encarou o saleiro e o vidro de pimenta no balcão antes de voltar-se para
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Dante.
– Alguma novidade sobre o caso do cara encontrado morto essa manhã?
Dante balançou a cabeça em negativa e Afonso prosseguiu.
– Estive com o legista há pouco e ele me disse que não encontrou
nenhuma droga pesada ou desconhecia no corpo da vítima, nada além de
álcool e que não possuiu nenhuma justificativa para o estado mumificado em
que o encontramos.
– O melhor é começarmos interrogando as últimas pessoas que estiveram
com ele. – Dante tomou o restante de seu café com leite.
– Vamos até a delegacia então. – Afonso se levantou num salto e tomou
seu café em um único gole. – Deixei meu carro estacionado no beco. – Jogou
sobre o balcão algumas moedas.
Dante seguiu o parceiro até a entrada da lanchonete, mas então parou e
olhou ao redor. As pessoas pareciam felizes, um casal sentado em uma mesa
próxima dividia uma porção de batatas, colocando um na boca do outro. As
crianças ainda riam e corriam para todo lado. Tudo parecia bem, então por
que estava tão desconfiado?
Caminharam até o beco em silêncio. Àquela altura, o Sol já havia se
escondido quase por completo atrás dos prédios altos e deixava o lugar na
penumbra. Dante observou alguns ratos correram para trás de uma grade
caçamba de lixo. Ah Afonso, que ótimo lugar para deixar o carro!
Tudo estava silencioso, silencioso demais...
– Ah, qual é?! Lá na frente estava cheio. – Balbuciou Afonso ao perceber
como o amigo o encarava.
Ele caminhava sorrateiramente até o carro quando algo surgiu do nada e
puxou-o pelos ombros para cima. Não conseguiu ver o que era, apenas gritou
por Dante que nada pode fazer. Segundos depois ele caiu, feito um saco
pesado. Degolado, com os olhos arregalados. O corpo caiu sobre o capô do
carro popular e a cabeça rolou espirrando sangue pelo chão até parar junto ao
pé de seu parceiro.
Dante engoliu em seco. Olhou ao redor em busca do assassino. O beco
parecia assustadoramente vazio a não ser pelo carro, o homem morto e as
caçambas.
Outro rato correu indo se esconder atrás da roda do carro. Porém um
homem pousou sobre o capô. O som alto do choque que amassou o metal
ecoou por todo o beco, e o barulho assustou o roedor.
O detive encarou-o. O sujeito parado sobre o carro era alto usava uma um
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sobretudo branco. Ele era negro e tinha o rosto repleto de runas. Os olhos
dele eram brancos e pareciam vazios, implacáveis.
– Dante? – O homem riu alto, como se aquela fosse uma piada. – É assim
que o chamam agora? Que irônico ao considerar que esse é um nome de um
cara que atravessou o inferno.
Era isso que sempre temia, que eles o encontrassem. Contudo sabia que
era algo que não tardaria a acontecer.
O homem sacou uma espada que estava na bainha junto a cintura. A
lâmina reluzente, cegava os olhos. Com um grito, o cara partiu para cima do
detetive.
Dante se curvou e levou a mão às costas, na junção entre o pescoço e o
tronco. Ao enfiar as unhas na própria pele ele arrancou de sua espinha uma
espada feita de seus próprios ossos que ainda pingava sangue. Seu
movimento foi ágil o bastante para interceptar o ataque. Girando o braço no
ar, com sua espada Dante segurou a do inimigo, ambas bem rentes ao seu
rosto. Cerrou os dentes com a força que precisou usar para impedir que a
lâmina brilhante cortasse sua cabeça ao meio.
Ágil como um gato, curvou o corpo e rolou para o lado, permitindo que a
espada cortasse o ar onde ele estava há poucos segundos. Em seguida,
acertou o estranho com um soco na boca do estômago o que o fez cambalear
para trás, sentindo uma dor forte irradiar por todo o seu corpo. O agressor
ficou sem fôlego por alguns segundos. Aquele maldito era muito forte!
Cuspiu um pouco de sangue no chão de asfalto. Mal teve tempo de se
recuperar antes de desviar de um chute de Dante que passou ao lado de sua
orelha acertando a parede do beco atrás de si.
Enfurecido, o homem revidou, acertando e cheio um chute no peito de
Dante, fazendo-o voar até a parede na outra extremidade do beco.
Dante apoiou as mãos no chão e levantou-se, balançando a cabeça um
tanto atordoado. Uhm, aquilo doeu! Mas estava longe de ser o suficiente para
nocauteá-lo. Apoiando no muro chapiscado, levou a mão ao rosto e limpou o
filete de sangue que escorreu de seus lábios. Ergueu os olhos e encarou outra
vez seu agressor, mais forte do que o anterior.
– Vou enviá-lo de volta ao inferno.
– Só voltarei quando eu quiser, e ainda não quero. – Dante se desviou de
mais uma investida do sujeito.
Rodopiando no ar, segurando firme com as duas mãos o punho da espada
sangrenta, o detetive investiu contra as pernas de seu inimigo e acabou por
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cortar o ar quando o alvo saltou saindo do alcance. Ele era bom... Esperava
que não bom o bastante.
Colocou-se de pé e interceptou mais um golpe. Segurou firme sua espada,
rente ao próprio rosto outra vez, evitando que fosse atingido.
Uma gota de suor escorreu de sua testa e caiu ao chão no momento em que
se desviou. Podendo se mover novamente, livre da pressão, Dante deu alguns
passos para trás e girou sua espada no ar. Fitou novamente os olhos de seu
agressor, eles tinham sede de sangue, sede por seu sangue.
Deferiu um mais um golpe contra o sujeito, tentando atingir seu rosto com
o punho da espada, mas esse era extremamente veloz e se desviou com
facilidade. Droga! Estava enferrujado, praguejou Dante em pensamentos.
Curvou o corpo para trás pouco antes da espada brilhante cortar o lugar
onde estava seu pescoço. Em seguida, foi rápido o suficiente para acertar um
chute no joelho e derrubar o homem no chão e não hesitou em perfurá-lo no
peito com sua espada. O cara virou cinzas que se desfizeram no ar levadas
pela leve brisa.
Assim que Dante respirou aliviado, sentiu uma dor aguda irradiar de sua
coxa. O maldito havia o atingido. O detetive levou a mão ao ferimento,
sujando seus dedos com o sangue negro que escorria. Gemeu um pouco com
a dor que varria seus nervos e o fazia se contorcer. Era forte, porém aquele
não era um ferimento qualquer. Armas celestiais dificultavam sua
regeneração.
Olhou ao redor e viu o corpo de seu companheiro que ainda jazia imóvel
ainda sobre o capô do carro. Precisava limpar aquela bagunça. Pegou o
celular do bolso, e com as mãos cheias de sangue, sujou a tela de vidro ao
discar o número da polícia.
– Alô, aqui é o detetive Dante Vargas da homicídios, distintivo 5809-2.
Afonso e eu sofremos uma emboscada. Ele foi assassinado e eu estou ferido,
mas vou ficar bem. Os bandidos fugiram.
Lá fora quase não havia mais carros passando na rua. Com a madrugada a
caminho tudo tendia ao silêncio. A lua estava cheia e era a única luz no
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Capítulo 3
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trancados ali, o mundo era grande demais para se resumir aquele espaço.
Aron era um tolo apaixonado, após ter conhecido Daria ele havia deixado de
lado muito de sua natureza. Um único parceiro? Aquilo era ridículo! Não
haviam sido criados para serem monogâmicos, debochou consigo mesma.
Desceu pela escada em espiral, com seus dedos longos e finos deslizando
sobre o mármore negro e gélido do corrimão.
Isabel esperava por ela ao pé da escada. Vestia um vestido preto e colado.
Seu cabelo curto e loiro parecia ligeiramente bagunçado o que a deixava
ainda mais sensual.
A morena sorriu feliz por vê-la ali.
– Vamos! – Isabel agora estava ligeiramente empolgada com a ideia, por
mais que soubesse que Aron ficaria extremamente furioso por não ter
convencido Natasha a ficar e sim se juntado a ela.
Talvez estando por perto pudesse garantir que Natasha ficaria na linha,
aquele pensamento deixou sua consciência mais leve.
As irmãs caminharam juntas até a saída e tomaram um taxi na rua. Isabel
apoiou a testa no vidro e observava as ruas pelas quais passavam. Raras
foram às vezes em que ela havia andado pela cidade. Aron a convencera a
ficar na boate que havia construído para eles, o santuário, era onde ficariam
mais seguras. Mas as vitrines e letreiros de neon das lojas eram tão
fascinantes, até mesmo a criança brincando com seu cachorro na rua. Aquele
era um momento que ela dificilmente presenciava.
Natasha e Isabel chegaram à boate. Havia uma enorme fila, com umas
duzentas pessoas, que já dobrava o quarteirão. Caras passavam em carros,
gritando e mexendo com as mulheres na fila.
– Como vamos conseguir entrar? – Isabel encarou a irmã.
– Parece mesmo que nunca saiu. Espere e verá. – Ela caminhou até o
homem alto que usava óculos escuros e estava parado junto à porta. A súcubo
furou a fila, entretanto seu rebolado garantiu que nem mesmo as mulheres
protestassem.
Ele abaixou os óculos, exibindo por alguns segundos seus profundos olhos
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batiam contra ele, para logo em seguida ser encoberto pelas sombras outra
vez. Pulando e remexendo-se no ritmo da música, algumas vezes ela colocava
as mãos sobre os ombros da irmã numa tentativa de descontraí-la.
A súcubo viu os dois caras que se aproximaram, dançando na pista ao lado
dela. Na baixa luz, só via flashes e vultos, mas pela silhueta dos corpos lhe
pareceram no mínimo interessantes. Encarou eles e sorriu dando uma deixa
para se aproximassem.
Logo que viram o sorriso da bela mulher que olhava fixamente em sua
direção, eles não hesitaram. Aproximaram-se dela e da outra que a
acompanhava, movendo-se, dançando devagar até estarem bem próximos das
garotas. Natasha olhou para o que estava atrás de si e murmurou um oi.
Ainda que ele não pudesse ver a sua expressão no escuro, sabia que ele estava
interessado. Então, ela rebolou contra o quadril dele no ritmo da música,
sentindo-o ficar duro de imediato e pousar as mãos sobre a cintura dela.
– Vocês estão juntas? – Com as mãos na cintura de Natasha, ele sussurrou
ao pé do seu ouvido.
– Nós somos irmãs. – A morena riu ao se virar para ele e colocar os braços
ao redor do pescoço do homem alto.
– Maravilha! Nós também somos irmãos. – Acenou com a cabeça para o
outro cara.
Ele deslizou as mãos pelas costas dela até apertar a bunda redonda.
Natasha permaneceu dançando, desfrutando do toque firme.
Isabel mal deu atenção para o cara atrás dela. Seus olhos estavam
grudados em uma mulher sentada junto ao balcão que distraída tomava um
blood mary. Ela era loira de cabelos armados e usava um terno de secretária.
Pela forma como estalava os dedos e os ombros esticados, parecia bem tensa.
– Divirta-se, Natasha! Nos encontramos depois. – Isabel se desviou do
cara e acenou para a irmã antes de andar na direção do alvo.
– Ela não gosta de garotos? – O outro cara também se aproximou de
Natasha assim que foi deixado sozinho.
– Às vezes sim, outras não, depende de quem ela achar mais interessante.
– Ela mordeu a orelha dele após sussurrar.
– Você é bem interessante.
O sujeito a olhou de cima abaixo, vendo cada parte que a luz colorida
revelava, devorando-a com o olhar.
– Uau, gêmeos? Que delícia!
A súcubo os analisou bem assim que assim que a pouca luz permitiu. A
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não ser pelas roupas, os dois eram idênticos: o mesmo cabelo castanho,
cortado baixo, os olhos no mesmo tom e o corpo forte e malhado.
– Sabiam que eu nunca fiquei com gêmeos antes? – Ela lançou um olhar
malicioso para um deles.
– Sempre tem uma primeira vez. Com certeza Marcos e eu vamos adorar
essa primeira vez.
O cara grudou tanto em Natasha para poder sussurrar no ouvido dela, que
a morena podia sentir a ereção dele contra a sua bunda mesmo com o tecido
da calça jeans.
A súcubo adorava caras como aqueles que se atiravam na armadilha dela
sem pensar duas vezes. Atrair e seduzir homens como aqueles era a tarefa
mais fácil que já enfrentara na vida.
– O que acha de irmos um pouco até o banheiro.
O feixe de luz verde refletiu contra o olhar carregado de malícias no rosto
de Mateus.
– Eu adoraria.
Natasha caminhou para o banheiro, seguida de perto pelos dois irmãos.
Eles estavam tão fissurados nela que mal deram importância a pista cheia ou
as pessoas que trombaram pelo caminho.
Natasha piscou os olhos várias vezes até que suas pupilas se reduzissem,
acostumando-se com a luz mais forte do banheiro. No ambiente claro, os
gêmeos pareceram ainda atraentes. Com a mão sobre o peito de cada um
deles, ela contornou com os dedos os músculos de alguém que gastava
bastante tempo na academia.
– Vem. – Mateus a puxou para dentro de uma das cabines.
O banheiro masculino estava vazio, entretanto não podiam contar com a
sorte de que ninguém entrasse. Apesar que todos naquela boate deveriam
estar tão bêbados que nem notariam.
Marcos trancou a porta e a puxou pela cintura. Natasha fechou os olhos ao
senti-lo beijar seu pescoço. Soltou um suspiro, contorcendo-se com as
mordidas e chupadas que ele foi deixando pelo caminho que percorreu até o
generoso decote.
O lugar era apertado, um tanto claustrofóbico. Os três estavam bem
espremidos, mas não pareceram nem um pouco incomodados. Quanto mais
próximos, melhor.
Mateus começou a desabotoar a blusa dela. Eram tantos eram tantos
botões que depois se somaram aos engates do sutiã que ele quase ficou
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irritado se não fosse pelo prêmio que havia lá embaixo. Ofegou assim que
conseguiu a deixar nua da cintura para cima. Colocou a blusa num suporte
para bolsas à cima do vaso e agarrou os seios de Natasha. Gemeu quando os
mamilos se erriçaram ao toque de suas mãos.
– Nossa, você é tão gostosa! – Ele mordeu a orelha dela e o gemido que
Natasha soltou o deixou ainda mais excitado.
Marcos retirou uma das mãos do irmão e desceu os lábios molhados pelo
contorno dos seios até o mamilo rosado. Assim que o abocanhou e começou a
sugar com todo o desejo, Natasha jogou a cabeça para trás, pousando-a sobre
o ombro de Mateus. Revirando os olhos, ela gemeu alto, mas o som da boate
facilmente o suprimiu.
A súcubo apertou as unhas contra as coxas firmes de Matheus enquanto
desfrutava da deliciosa sensação do toque. Marcos contornava seus seios com
a língua, lambia, chupava, mordiscava. O sangue nas veias de Natasha corria
cada vez mais quente, sua pele ardia a cada carícia. Hum, eles eram bons.
Natasha passou a língua pelos lábios carnudos e, com a boca salivando, ela
se ajoelhou e começou a abrir o zíper da calça jeans de Marcos. O cara arfou
assim que a mão dela tocou seu membro rígido, ainda que sob a calça jeans,
os dedos eram pequenos e ágeis e o fizeram gemer antes mesmo de tocarem
diretamente em seu pênis.
Quando a súcubo deslizou a língua úmida por ele, Marcos jogou a cabeça
para trás, apoiando-a na pequena parede do cubículo. Fechou os olhos em
meio a um gemido alucinado, enquanto a sentia lambê-lo de forma
dolorosamente lenta. Remexeu-se, choramingando, quase implorando para
que a mulher o abocanhasse logo. Assim Natasha o acolheu com a boca,
Marcos mordeu os lábios para conter o grito. Natasha deslizou a boca por
toda a sua extensão, com pressão e velocidade, ele foi elevado a um nível de
prazer que nunca antes havia experimentado. Aquela gata era incrível!,
resmungou em pensamentos quando jurou estar recebendo um dos melhores
orais de sua vida.
Enciumado por seu irmão ter toda a atenção da garota, Mateus acariciou
os cabelos negros dela, enrolando-os em seus dedos, sentindo a maciez e
conteve-se para não a puxar. Enlouquecia um pouco mais de vontade a cada
gemido que ela provocava em Marcos. Não era justo... Natasha quase riu
quando sentiu a agonia dele, de forma que tentava ser sutil ao puxá-la para
mais perto.
– Seja paciente, querido. – Natasha subiu, quase rebolando, com as mãos
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pernas ficaram bambas, mas o beijo estava tão bom que nem se preocupou,
até ser tarde demais.
Natasha apoiou as duas mãos no alto da parede que dividia as cabines do
banheiro, enquanto sustentava o peso do corpo de Marcos com suas pernas.
Virou-se para Mateus e beijou-o antes que ele percebesse o estado do irmão.
Embriagado pelo prazer, com os músculos se contraindo, indicando que
estava próximo do orgasmo, o cara nem se deu conta. Não via mais nada
além do seu quadril se movendo contra a bela bunda dela. Nem mesmo o
beijo foi capaz de conter o grito quando ele chegou ao ápice. Quando abriu os
olhos para encará-la viu os olhos dela brilharem num tom azul intenso e o
que lhe pareceu uma fumaça de mesmo tom, deixava sua boca e ia para a
dela. Seu sangue foi banhado em pânico, mas não teve forças para gritar. O
que diabos era aquela mulher?
Quando o corpo de Mateus caiu sem vida, Natasha largou ambos apoiados
na parede do pequeno cubículo e pousou no chão como um gato. Vestiu logo
suas roupas e caminhou até o grande espelho, onde rindo, ajeitou o cabelo e
retocou o batom vermelho. Então deixou o banheiro a procura de Isabel.
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Capítulo 4
Dante estava sentado em um pequeno bar, que não cabia mais de cem
pessoas e ficava isolado, num bairro residencial na periferia da cidade. Já era
quase meia noite e o lugar estava vazio, as outras almas no bar se resumiam
ao garçom e um homem gordo e barrigudo sentado numa mesa distante
jogando xadrez sozinho.
A luz amarela tornava o lugar reconfortante. O que por um momento, fez
Dante rir como se aquilo fosse uma piada interna. Gostava de ficar em
lugares calmos. Olhar para o nada o relaxava.
Rodou a tampa da garrafa de sua cerveja entre os dedos e a colocou de
volta sobre a mesa de madeira à sua frente.
Após costurar seu ferimento, decidiu sair. Pensar um pouco. Despois
daquele dia estava claro que já haviam o encontrado. No entanto, pela
primeira vez pouco se importava. Embora já houvesse ido a muitos lugares,
vivido muitas vidas, começara a gostar muito daquela em particular e não
estava disposto a abrir mão tão cedo, por mais fatal que pudesse ser.
Se o caçariam até as portas do inferno, que viessem então. Estaria pronto
para eles!
– Olá, irmão.
Dante ergueu os olhos da sua garrafa de cerveja e encarou o homem
parado o lado de sua mesa. O cara de aproximadamente quarenta anos, vestia
uma camiseta bege e uma calça jeans escura despojada e o cabelo curto e
castanho tinha alguns fios brancos.
– Caim, o que está fazendo aqui?
– Bem, senti saudades do meu irmãozinho.
Dante torceu os lábios, olhou para o homem com o canto de olho e soltou
um risinho de deboche encoberto por uma das mãos. Caim, seu meio-irmão,
filho de seu pai com Eva, não costumava fazer visitas fraternais.
– Sério? Você veio da Ásia apenas para me ver.
– Qual é, irmão? Eu esperava mais de você. – Ele tomou a garrafa de
cerveja das mãos de Dante e deu uma golada para cuspir o líquido logo em
seguida. – Sentado em um boteco, tomando cerveja barata, brincando de
policial.
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Capítulo 5
A súcubo tomou uma bola golada, sentindo o álcool queimar ao descer por
sua garganta.
– Natasha Donovan?
A voz de um homem ao chamar por ela a fez virar-se na direção da
entrada da boate. O cara que entrava era alto, com músculos bem ressaltados
ainda que sob a camisa social azul; ele usava uma calça jeans larga, mas que
não ofuscava suas coxas grossas; o cabelo loiro arrepiado para cima com um
pouco de gel e os olhos verdes tinham um toque feroz.
– Uau! Que gostoso. – Natasha ficou boquiaberta.
– Conhece esse cara? – Até o barman ficou instigado.
– Eu espero que sim. – Ela se levantou e passou os dedos pelo sedoso
cabelo negro, exibindo nos lábios vermelhos e sedutores um sorriso maroto.
– Você?
Dante a encarou e a certeza o atingiu como um chute no peito. Foi a
melhor maneira que encontrou de representar a sensação que sentiu naquele
momento.
– Em que posso ajudá-lo?
A súcubo passava as mãos pelos cabelos, insinuando-se com gestos e
olhares.
– Pode começar parando de matar. – O tom de voz dele era sério e a
posição firme, não transpareceu ter sofrido efeito algum da beleza estonteante
da súcubo.
– O quê?! – Natasha arregalou os olhos e deu um passo para trás. A atitude
do homem a pegou de surpresa.
– Sou o detetive Dante da 4º Delegacia de Homicídios e estou aqui para
fazer com que você pare.
– Acha que pode me prender? – Natasha riu debochada. – Não sabe com
quem está mexendo?
– Sim, eu sei exatamente com o que estou lidando. – Dante deu dois
passos para frente, acabando com a distância que a súcubo havia criado com
o susto. – Eu preciso que pare. Levei algumas horas para encontrá-la, pedindo
informações as pessoas certas, não creio que o restante da polícia demore
muito mais do que alguns dias para chegar até você.
– E porque está me dizendo isso?
– Não quero que você exponha a todos nós.
– Escuta aqui, detetive, ou seja, lá o que você é. Vamos deixar uma coisa
clara... – Natasha o encarou. Seu olhar era firme e destemido. Caminhou até
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bem perto dele e aproximou sua boca da orelha do homem. – Eu posso fazer
a porra que eu quiser... – Sussurrou com uma voz melodiosa e pausada.
Dante a segurou pelos pulsos e a fez voltar a encará-lo. Os olhos dele
estavam cerrados numa expressão fechada e séria.
– Você é gostoso, me deixa seu número. Quem sabe um dia eu ligue e
você me deixa ver seu cassetete. – Ela deslizou os dedos pequenos e suaves
pelo contorno da face dele sentindo os pelinhos da barba rala pinicarem.
– Eu estou falando algo sério aqui!
– Eu também.
– Não seja imprudente, mulher!
– Não seja chato.
Dante puxou o braço dela para trás e girou no ar, colocando a mulher de
costas para ele. Imobilizando-a, segurou seus pulsos de aparência delicada
contra as costas, como fazia ao algemar um criminoso. Manteve-a ali, imóvel.
Natasha se assustou com a agilidade e a força dele. Nenhum humano
poderia a segurar firme, de maneira dolorida, sem que ela conseguisse ao
menos se mexer. O que ele era?
– Você está me machucando. – A súcubo choramingou. Tentando, mais
vez, em vão, se soltar.
– Estou falando sério, pare de matar, pare de deixar corpos por aí, ou verá
do que eu sou capaz e posso apostar que se arrependerá de não ter me ouvido.
– A voz firme, opressora, murmurada entre dentes fez Natasha se encolher.
Ainda que por uma fração de segundos, o sangue, antes quente pela excitante
visão do detetive, congelou nas veias, fazendo-a tremer.
Dante bufou, soltando-a com raiva. Não esperava encontrar alguém tão
irritante e irresponsável. Por um momento pensou que os corpos deixados
daquele jeito eram algum deslize, entretanto ficou claro que ela nem se
importava e isso o deixou ainda mais furioso.
– Tenha mais cautela.
– Ou? – Natasha o olhou nos olhos, tocando os pulsos doloridos pela força
do estranho homem.
– Eu a farei desejar acabar na cadeia com essa roupa colada e cara
substituída por um macacão laranja.
Os olhos de Dante estavam cerrados assim como seus dentes. Foi difícil
para Natasha manter a pose sedutora diante da expressão ameaçadora dele.
– Gato, você realmente precisa se divertir. – Ela deslizou os dedos pelos
ombros dele, as costas até a bunda redonda que apertou com força.
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– Ei!
Dante se esquivou com o susto pela atitude inapropriada de Natsha.
Ergueu a mão dela e respirou fundo, bufando e apertando os dentes para não
bater em Natasha.
– Se mantenha na linha ou eu voltarei com algemas e um camburão.
– Parece excitante.
Dante respirou fundo outra vez. Ela merecia um soco. Fechou as mãos,
usando toda a paciência que tinha para não perder o controle com aquela
mulher. Ninguém, nem mesmo os anjos o caçando o fizeram beirar o
descontrole como ela. O detetive virou as costas e pisando firme deixou a
boate. Por hora aquela conversa só o faria querer matá-la.
– Nem nos divertimos ainda... – A voz de Natasha se perdeu sem resposta.
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Capítulo 6
– Por que ela ainda está aqui? – Natasha colocou o copo de suco de laranja
sobre a mesa da sala ao se virar para o irmão.
– Acredite, eu tentei mandar ela embora. – Aron tinha a mesma expressão
de raiva no rosto.
– Ah, a mãe de vocês não parece tão ruim assim. Ela foi gentil comigo. –
Dária, a bela vampira ruiva, apoiou suas mãos pálidas no encosto da cadeira
onde o íncubo estava.
– Não se deixe enganar. – Natasha a encarou com o canto de olho para
depois desviar o olhar para as sombras que se formavam na parede.
– Tenho que admitir, nossa mãe nunca foi muito confiável. – Isabel se
pronunciou sentada do outro lado da mesa.
– Oi, queridos, estão aqui sem mim? – Beatriz entrou na sala de estar
assim que descobriu onde os filhos estavam. – Pensei que tivessem sentido a
minha falta.
Ela encarou o rosto de cada um deles, e não encontrou em nenhum a
expressão que esperava. A de Dária era a menos raivosa, mas ainda assim
estava carregada de surpresa e confusão.
Eles estavam certos, Beatriz estava ali por um motivo. Precisava ficar
longe da Europa por alguns dias e nada melhor do que uma visita aos seus
filhos.
Natasha balançou a cabeça em negativa ao torcer os lábios. Estava claro
que não gostava da presença da mãe ali. Apoiou as mãos sobre a mesa para se
levantar e deixou a sala.
– Fique longe de mim!
– Querida, espere!
Beatriz viu a filha sair e a seguiu. A hostilidade dela deixou a mãe um
tanto chateada. Não esperava que eles pulassem de alegria e a abraçassem
chorando pela saudade. Mas não imaginou ver tanto desdém e ódio.
Natasha estava de pé apoiada sobre a sacada da varanda, sentindo os raios
do sol da manhã roçarem seu rosto numa carícia suave e terna. Com as
pesadas cortinas cobrindo todas as janelas da casa para proteger a vampira,
aquele era o único lugar onde podiam desfrutar do sol.
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Capítulo 7
sangue da rua. Ela desviou para o lado para sair do alcance dos golpes do
demônio; ele fazia jus a força do pai.
Dante desferiu outro soco contra ela. Entretanto, dessa vez, Ariel se
defendeu segurando o pulso dele, puxando-o com força em direção ao chão,
para em seguida acertar o rosto dele com o joelho. Os dentes de Dante
bateram com força e a pressão irradiou por toda a sua cabeça, deixando-o
tonto outra vez. Ele perdeu o equilíbrio e deu de cara com o chão. Tendo que
cuspir a terra que engoliu.
Antes que o anjo o atacasse de novo, Dante aproveitou que estava no chão
e a puxou pelas pernas, fazendo com que ela caísse de costas. Dante girou
ficando em cima dela e a segurou pelo pescoço.
Ariel tentou se esquivar dele, mas ele era pesado e a imobilizou. Encarou-
o ao aceitar seu destino. Felizmente para os anjos não tinham medo da morte.
– Pode dizer aos outros lá em cima que eu não vou sair daqui e que todos
os que mandarem atrás de mim eu vou matar.
Dante pegou a sua espada jogada a poucos metros e acertou em cheio o
peito de Ariel. O golpe letal, transformou-a em cinzas.
Após respirar aliviado, ele se virou e viu a súcubo dependurada,
desacordada. Merda! Correu até ela. Seu sangue gelou. Estava com muita
raiva daquela mulher, mas não a queria morta.
Por sorte os garotos na sorveteria haviam voltado para a casa antes da
chegada do anjo, e ninguém havia presenciado a luta incomum.
– Natasha, acorda... – Dante ergueu o rosto dela com as mãos trêmulas
logo que jogou a espada celestial para longe. – Não morre vai!
Ela era imprudente, irresponsável, teve vontade de espancá-la na primeira
vez que a viu. Entretanto, diante da súcubo, naquele estado, algo dentro dele
entrou em pânico. Deixá-la morrer talvez acabasse com um pouco de seus
problemas, já tinha muita coisa para lidar além de uma súcubo irresponsável.
Mas simplesmente era incapaz de deixá-la para morrer... Acorda!
– Dante... – A voz saiu baixa e abafada, Natasha mal tinha forças para
falar. Ela ergueu a cabeça um pouco, piscando os olhos levemente, sem
conseguir abri-los por completo. – Está doendo. Por que não estou me
curando?
– Não era uma arma comum. – Dante ergueu os braços tirando a camiseta
branca deixando de fora o abdômen bem definido e ajoelhou-se para amarrá-
la no ferimento na perna de Natasha. Por sorte, o corte era superficial, caso
contrário ela teria morrido na hora, no entanto, ela ainda morreria se Dante
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Natasha arfava trêmula, por sorte o seu corpo estava apoiado contra a
parede. Ninguém havia lhe proporcionado prazer semelhante, fossem
humanos ou sobrenaturais. Cada uma de suas células formigavam e ardiam a
cada estímulo.
Dante enfiou a mão no bolso, procurando a chave para abrir a algema.
Afoito, deixou o chaveiro cair no chão. Bufou, irritado, mas não se agachou
para pegá-lo, nem atreveria a sair de dentro de Natasha. Com uma das mãos,
partiu o metal preso ao redor do pulso dela, finalmente libertando-a. Em
seguida segurou-a, apertando firme a bunda redonda e a sentou sobre a tampa
da grande lixeira de metal um tanto amassada pelo impacto do anjo.
Nem mesmo o choque com a superfície gelada aplacou o calor que
queimava em seu ventre. Natasha mordeu o lábio inferior dele e o gemido
que conseguiu arrancar a enlouqueceu. Deslizou as unhas pelas costas largas
até agarrar a bunda do detetive, enfiando as mãos dentro da calça.
Dante praguejou baixinho e cerrou os dentes para que o gemido não soasse
alto demais. Maldita súcubo! Ele enfiou em Natasha com força, fazendo o
corpo dela deslizar para cima. Dante apoiou a mão ao lado do rosto dela e
cravou os dedos na tampa onde Natasha estava deitada, deixando marcas.
Natasha abriu um leve sorriso nos lábios carnudos, semiabertos, ao ficar
evidente o prazer que ele tentava reprimir. Ela ergueu o quadril e se moveu
contra ele antes mesmo de esperar a próxima investida. Trêmula, afoita,
sentia seus nervos se contraírem. Nunca chegara ao ápice antes de suas
presas, eles nunca resistiam tanto tempo.
Quando Dante investiu mais uma vez, Natasha cravou as unhas na bunda
dele e gritou. O som do seu prazer ecoou por todo o beco. Bamba, seu corpo
caiu sobre a lixeira. Seus nervos se contraíam e relaxavam em deliciosos
espasmos. Suas pernas tremiam muito, mal tinha controle sobre elas.
Dante se curvou e roçou seus lábios nos de Natasha, gemendo contra eles.
Deu mais duas estocadas, roçando seu peito nos volumosos seios e se esvaiu.
Natasha se ergueu apoiando os cotovelos bambos e o beijou avidamente,
capturando os gemidos de prazer, sugando a energia do homem. Algo forte,
energizante, que não encontrara em nenhuma de suas presas sobrenaturais.
– Chega. – Ofegante, Dante se afastou.
O detetive desviou o olhar, fitando a parede de uma pequena casa no fim
do beco, com algumas pichações em tinta preta. Ajeitou a cueca e fechou a
calça.
– Vai deixar uma cicatriz, mas a minha energia é o suficiente para que não
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morra.
Dante se curvou e pegou seu chaveiro caído ao chão do lado de uma
pequena poça. Evitou olhar Natasha nos olhos. O prazer ainda fervia seu
sangue. Não deveria pensar naquilo, apenas o fizera para salvar a vida da
súcubo.
– Dante... – o nome saiu trêmulo pelos lábios de Natasha.
Ela se apoiou sobre a lixeira e tentou ficar de pé. Entretanto assim que
firmou o sapato no terreno cimentado irregular, a dor do ferimento voltou
como uma fincada e latejou por todo o seu corpo. Natasha gritou e foi ao
chão.
Dante foi até ela e a tomou nos braços. Não podia deixá-la ali; a súcubo
nem mesmo se mantinha de pé. O contado da pele suave, quente e macia dela
fez seu sangue queimar nas veias outra vez, assim que Natasha se aninhou em
seu peito ainda nu. Todas as suas extremidades gelaram como se um vento
cortante tivesse varrido o beco. O que aquela mulher estava fazendo comigo?
A súcubo mantinha os dentes cerrados, numa tentativa de não gritar, mas
seus gemidos abafados soavam como grunhidos. Ainda sentia a energia dele
fluir pelo seu corpo, deveria ter se curado. Por um momento, quando sentiu o
calor e a força dos braços de Dante, o ferimento lhe pareceu uma dádiva por
possibilitar que ela estivesse tão perto do homem ao ponto de ouvir o coração
dele bater rápido. Natasha ainda podia senti-lo dentro de si, a deliciosa
sensação de Dante preenchendo-a.
– Vou deixá-la em casa. Peça alguém para buscar seu carro depois; você
não vai ter condições de dirigir pelos próximos dias.
Dante a olhou nos olhos semiabertos, aninhada em seus braços, Natasha
parecia tão frágil. Conteve a vontade de acariciar o rosto delicado, que
parecia tão fino quanto de uma boneca de porcelana. Por um momento se
esqueceu de toda a imprudência dela que o deixava irado.
Com Natasha nos braços, Dante caminhou até seu carro parado na
esquina. Apoiou-a junto ao peito para liberar uma das mãos e desarmou o
alarme do carro. Deitou-a no banco de couro traseiro e assumiu o volante.
Em silêncio dirigiu pelas movimentadas ruas de São Paulo. Às vezes
olhava pelo retrovisor com o canto de olho e a via dormindo. Sua respiração
havia se normalizado e ela iria sobreviver. Só esperava não se arrepender de
tê-la salvo.
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Isabel ouviu a batida na porta e correu até ela. Não esperava por visitas e
tinha certeza de que nem seu irmão. Assim que abriu a porta seus olhos se
arregalaram.
– Natasha... – O nome ecoou em meio ao choque.
Assim que a surpresa ao ver o estado de sua irmã passou, Isabel conteve a
exclamação ao ver o cara gato que a segurava nos braços. Vadia sortuda!
– O que aconteceu com ela? – Isabel respirou fundo e desviou o olhar para
não parecer indelicada com o sujeito.
– Foi atingida por uma espada celestial, mas vai ficar bem, precisa apenas
de descanso. Onde posso deixá-la?
Isabel fez um gesto para que ele a seguisse. Passaram por uma grande sala
iluminada por um belo lustre de cristal, subiram uma escada circular até o
segundo andar. Dante viu fotos de Natasha, a mulher que o guiava e um outro
cara; eles pareciam uma família feliz.
A loira abriu a porta do quarto da irmã e permitiu que o cara que a
segurava nos braços passasse. Assim que o viu pousá-la na cama, deixou os
dois sozinhos.
Dante a ajeitou, cobrindo-a com o edredom macio. Não resistiu ao
acariciá-la no rosto. Tão logo recuperou o controle e recolheu a mão, Natasha
o segurou pelo pulso antes que ele pudesse se afastar.
– Espera... – a voz dela ela baixa, porém seus olhos o fitaram penetrantes.
– O que você é?
O detetive respirou fundo. Sabia que uma hora não conseguiria evitar
aquela pergunta.
– Um demônio, assim como você. – Esperava que aquela resposta
bastasse.
– O que você é? Anjos não me perseguem.
– Querem que eu volte para o inferno, que eu volte para o meu pai.
– Você é filho de Lúcifer?!
Natasha arregalou os olhos e engoliu em seco.
– Samael, diabo, lorde supremo do inferno... Meu pai é conhecido por
vários nomes. Mas Lúcifer é só uma tradução errada da Bíblia... – Ele parou
desviou o olhar para um grande espelho e não voltou a fitá-la – Mammon é
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Capítulo 8
O som grave de algo indo ao chão fez Dária erguer os olhos do livro que
estava lendo e jogá-lo sobre o sofá onde estava. Com sua velocidade sobre-
humana correu até a origem do barulho.
Bufou ao ver Natasha ajoelhada no chão com os cabelos negros jogados
sobre os olhos. A mão direita dela estava apoiada num móvel do corredor,
sobre o qual havia um belo arranjo de rosas amarelas que por pouco não fora
ao chão junto com a súcubo.
– Você deveria ficar quieta no seu quarto. – Dária a olhou de cara feia
antes de enrolar o cabelo ruivo, jogá-lo para trás e agachar-se para ajudar a
cunhada a se levantar.
– Não aguento mais ficar na cama. – Natasha apoiou a mão direita sobre o
ombro delicado da vampira enquanto essa lhe envolveu pela cintura para
erguê-la.
– Vamos. Vou trocar seu curativo.
– Me leva para a sala.
Dária assentiu com um aceno de cabeça e desceu com ela pela escada em
caracol até chegarem ao sofá da sala onde a vampira estava há poucos
minutos. Ela sentou Natasha sobre o sofá, tirou o livro e o colocou sobre a
mesa de centro, empurrando para o lado as bolas de vidro que a enfeitavam.
– Onde está o Aron? – Natasha subiu com a perna machucada para cima
do sofá, estendendo-a.
– Saiu para encontrar alguns fornecedores de bebidas para o santuário. –
Dária voltou com o quite de primeiros socorros.
– Por que não foi com ele? – Natasha cerrou os dentes para evitar o grito
antes de começar a tirar o esparadrapo.
Dária torceu os lábios diante da pergunta idiota.
– É dia lá fora.
As bochechas de Natasha coraram e ela ficou em silêncio ao desviar o
olhar para o ferimento em sua perna. O corte estava bem menor do que na
noite anterior, mas a súcubo nunca passara por nada parecido, seus
ferimentos sempre se curavam num piscar de olhos, e agora ela se sentia fraca
como uma humana.
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– Ele é bonito.
– Ele é um gato! Você viu a bunda dele?
Os olhos azuis de Natasha brilharam com uma empolgação que a vampira
nunca vira antes. A súcubo parecia uma adolescente diante da primeira
paquera.
– Vá com calma. – Dária segurou gentilmente as mãos da cunhada. – Nem
todos os homens são como o seu irmão.
– O que tem eu?
Aron entrou na sala e, após um breve susto, as duas caíram no riso.
– Só um assunto de garotas. – Dária acariciou o rosto dele assim que Aron
se curvou para beijá-la gentilmente nos lábios vermelhos e carnudos.
– Trouxe vinho para nós. Te espero no quarto assim que terminarem o
assunto de garotas.
Aron se afastou rindo. O íncubo ficava feliz por Dária ter se dado bem
com suas irmãs e nunca ter se arrependido da decisão que a trouxera ao
Brasil.
– Já terminamos. – Natasha disse ao irmão. – Por favor, não façam
barulhos demais.
– Vamos nos comportar. – Dária se levantou.
– Eu não teria tanta certeza. – Aron exibiu um sorriso maroto nos lábios ao
puxar a vampira pela cintura para junto dele.
Natasha fez uma careta e mostrou língua para o irmão.
– Quer que eu te leve para o quarto? – Dária relutou ao deixá-la sozinha.
– Vou ficar bem aqui. Peço ajuda a Isabel quando ela aparecer.
Aron não esperou por mais palavras da irmã antes de levar sua amada para
o quarto. Ainda que muitos e muitos anos houvessem se passado desde que
estão juntos, horas longe dela lhe pareciam uma eternidade.
Natasha os observou se afastarem, numa troca de carícias que não foi
contida mesmo diante da presença dela. Quando soube que o irmão estava
apaixonado achou um tanto tolo, para não dizer ilusório. Não sabia o que esse
amor significava, mas conhecia bem o desejo, o fogo ardente que queimava
em seu ventre numa ânsia de ter aquele cara preenchendo-a outra vez.
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Capítulo 9
Dante agarrou firme o lençol branco da sua cama. Ele apoiou a cabeça no
travesseiro ao arfar. Cerrou os lábios para conter os gemidos, mas esses
saíram como murmúrios. Seu corpo quente suava ao ponto de molhar a cama.
Com a mão trêmula ergueu a colcha fina sobre seu corpo. Viu cabelos
negros cobrindo um rosto jovem, puxou-os para o lado revelando os belos
olhos azuis de Natasha que o encaravam de maneira sedutora. O que aquela
mulher estava fazendo ali?
A inebriante visão da língua dela deslizando por toda a extensão de seu
membro rígido o fez ferver ainda mais. Os lábios úmidos o acolheram com
desejo e fome, engolido todo. Os dedos ágeis e delicados percorriam sua
virilha, suas bolas, acariciando, apertando levemente.
Alucinado, Dante apertava o lençol em suas mãos com força. A
refrescante saliva da súcubo não amenizava o calor da região que ela lambia e
chupava.
Dante acariciou os sedosos cabelos negros dela a incentivando a continuar.
O prazer do sexo oral era intenso, e ele já não conseguia mais conter os
gemidos.
Natasha deslizou a língua quente da base do pênis ereto de Dante até a
cabeça do membro o abocanhando ali e sugando com força.
A súcubo sabia bem como o enlouquecer, ao ponto de Dante nem tentar
fazê-la parar. Quando estava com ela, parecia perder o último fio do seu
controle.
Natasha...
subir e descer rapidamente. Sua testa brilhava, escorrendo suor por todo o seu
corpo másculo e definido.
– Maldita súcubo! – Praguejou ao jogar a chocha sobre o seu corpo no
chão.
Sentou-se na cama e acendeu o abajur sobre o criado mudo. Respirando
fundo, passou a mão sobre a testa limpando um pouco do suor. O coração
ainda batia acelerado no peito, suas mãos grandes tremiam. Já não bastava ter
que lidar com a súcubo na realidade, agora ela também estava o
atormentando em seus sonhos.
Com o membro ainda latejando entre suas pernas, Dante se levantou. Seu
sangue estava fervendo nas veias e ele precisava de um banho bem gelado.
Arrastou-se até o banheiro que não ficava muito longe naquele pequeno
apartamento. Acendeu a luz e apoiou a cabeça no espelho que cobria toda a
parede acima da pia. Sua respiração embaçou o reflexo. Esperava que ter
contado a verdade sobre o que era fosse o bastante para tê-la assustado, para
mantê-la longe... Conteve-se para não socar o espelho.
Fechou o box e abriu o chuveiro. Deixou que a água bem fria escorresse
por seu corpo, aplacando um pouco do calor que fora aceso pelo sonho que
não deveria ter.
Apoiou as mãos contra o azulejo ao abaixar a cabeça e a água que escorreu
do seu cabelo loiro não diminuía o latejar da sua cabeça. Que porra, Dante,
não se envolva!
Durante dezenas de anos esteve pela Terra. Andou como um fantasma,
não chamou atenção desnecessária. Esteve onde sempre quis estar, sem ser
tarjado como um cara mal pelas malditas escolhas dos humanos. Não era
culpa do diabo ou de Deus se os humanos faziam escolhas erradas. O livre
arbítrio sempre esteve lá, chances iguais de fazer o bem ou o mal.
Julgara aqueles que cederam as tentações, porém, no momento, era ele
quem enfrentava a maior delas. Aquela mulher era a definição do pecado, da
luxúria.
Dante desligou o chuveiro, pegou a tolha azul-claro que ele deixava
pendurada em um suporte de metal e vestiu uma calça de moletom.
O relógio com letreiro luminoso sobre a geladeira marcava quarto horas da
manhã. Ainda faltava um bom tempo para que ele fosse para a delegacia, mas
nem se arriscaria a voltar a dormir. Nada o assustou mais do que a
possibilidade de voltar a sonhar com ela, nem mesmo um arcanjo.
Retirou uma caixa de leite da geladeira e a tomou em algumas goladas.
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Seu coração já batia mais devagar e o desejo já não queimava mais com a
mesma intensidade.
– Três homens, jovens, entre vinte e trinta anos. Fora isso não há ligação
alguma entre as vítimas. – Irritado, o delegado Walter jogou a pasta com os
dados do caso sobre uma mesa de madeira à sua frente.
– Temos um padrão aqui, além disso, digitais que batem nas duas cenas.
Admitam que estamos lidando com um assassino em série. – Stela, de braços
cruzados, encarava o quadro branco com as fotos das vítimas.
– Não devemos tomar decisões precipitadas. – O delegado coçava a braba.
– Admitir que temos um serial só atrairia ainda mais atenção da mídia. Isso
pode colocar em risco toda a investigação.
– Walter tem razão, não temos nada aqui. – Dante disse atraindo o olhar
dos demais policiais para ele.
– Como assim não temos nada? – Stela arregalou os olhos e jogou os
braços para cima em sinal de frustração. – Homens despidos encontrados
mortos da mesma forma, digitais que batem. Francamente, detetive, como
pode dizer que não temos nada?
– Quais provas temos para capturar o assassino? – Dante a olhou com o
canto de olho.
Não podia deixar que chegassem até Natasha. A súcubo com toda certeza
não seria discreta e usaria todos os artifícios que tinha para não ser presa.
Assim seria inevitável a exposição de todos eles.
– Enquanto estão aqui se preocupando com a exposição na mídia, as
nossas pistas se esfriam lá fora. – Stela o encarou de dentes cerrados. Não
acreditava que um policial estava dizendo aquilo.
– Se for um serial ele irá agir de novo. Infelizmente, sem mais pistas não
temos nada a fazer além de esperar. – O delegado suspirou ao passar uma das
mãos sobre o grisalho cabelo curto e deixar seu corpo cair sobre uma das
cadeiras de plástico.
– Não acredito. – Stela sussurrou ao torcer os lábios.
– Ei, moça, você não pode entrar aí! – Um grito rouco ecoou pelo corredor
que dava acesso a sala onde estavam os policiais.
Dante ouviu o som de um salto batendo contra o chão da delegacia. O
peso leve do corpo e um sutil arrastar da perna direita, o fez apertar com força
a mesa onde estava escorado, por pouco não quebrou um pedaço dela em
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suas mãos.
Os policiais sentados nas mesas em suas funções administrativas,
começaram a assobiar. Um deles que segurava um copo de plástico acabou o
esmagando e molhando toda a sua calça preta. Os olhos arregalados, não
piscaram ao percorrerem as curvas do suntuoso corpo esguio, roliço nas
partes certas. O rebolado salientava ainda mais as coxas e a bunda exprimida
no justo vestido jeans.
– Que gostosa! – exclamou um policial que estava atrás de Dante, com o
queixo quase no chão.
– O que essa mulher está fazendo aqui? – O delegado se levantou com os
olhos arregalados.
– Me desculpe, senhor. – Um policial veio correndo atrás dela.
Envergonhando, nem mesmo encarou o delegado nos olhos. – Não consegui
evitar que ela entrasse.
– Natasha, o que está fazendo aqui?! – Dante rosnou entre dentes, ao dar
um passo na direção da súcubo.
– Você ficou com a minha calcinha. – Com um sorriso travesso nos lábios,
ela enrolou uma das mechas do cabelo preto nos dedos.
Gritinhos e murmurinhos escoram para toda a sala, olhares maliciosos
foram lançados na direção do detetive. Ele se sentiu envergonhado e a raiva
invadiu seu sangue.
Dante bufou e foi até ela, segurando firme seu antebraço, puxando-a para
longe. Arrastou-a de volta ao corredor, até uma bifurcação, onde estavam
longe dos olhares cheios de julgamentos e piadinhas de seus colegas.
– Aí, você está me machucando! – Natasha choramingou ao se debater,
tentando se soltar.
– O que está fazendo aqui, sua maluca?
Dante a soltou fazendo com que ela cambaleasse e batesse contra a parede.
O gemido de dor que saiu por entre os lábios carnudos e pintados de batom
vermelho, não fez com que o detetive esboçasse alguma preocupação. Um
empurrãozinho não a machucaria.
– Já disse, você ficou com a minha calcinha.
O sorriso malicioso de Natasha fez Dante socar a parede ao lado dela. O
barulho do impacto que provocou uma deformação na alvenaria fez com que
a morena desse um pulinho de susto.
– Ei! Calma, gato. – Natasha deslizou os dedos pela gola da camisa branca
que ele usava.
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Capítulo 10
– Ele me enxotou de lá! – Natasha encheu o copo com o uísque que está à
sua frente na mesa de madeira do santuário.
– Nat, ele é só um cara. – Isabel jogou para trás uma mecha do cabelo
loiro que lhe cobria os olhos.
– Ninguém me dá um fora, nunca.
Isabel apoiou os braços cruzados sobre a mesa e começou a rir.
– Está ficando obcecada como o Aron estava.
– Não estou obcecada. – Natasha curvou o corpo um pouco para trás,
esquivando-se da afirmação da irmã. – FOI SÓ A MELHOR TRANSA QUE
EU TIVE!
Isabel abriu um leve sorriso ao ver os olhos da irmã brilharem ao falar do
tal cara, ainda que houvesse uma pontada de ódio, o fascínio estava ali. Era
como um dejavú ao se lembrar do que Aron havia passado. Jamais imaginou
que Natasha viveria isso, não a Natasha que conhecia.
– Se foi tão bom para você, não pode ter sido ruim para ele.
– O que quer dizer?
O brilho nos olhos da súcubo se tornou ainda mais intenso ao desviar o
olhar na direção da garrafa sobre a mesa. A lembrança do toque dele invadiu
sua mente sem que pudesse conter. Apertou a mesa numa tola tentativa de
suprimir um gemido.
Isabel deixou que a pergunta se perdesse no ar. Não era a primeira vez que
via alguém esconder o que sentia por inúmeros motivos. No entanto, se o cara
era mesmo o filho do diabo, talvez Natasha não devesse mesmo se aproximar
dele.
– Só me prometa que não fará nada imprudente dessa vez. – Isabel tocou
gentilmente as mãos da irmã.
A loira tirou o celular do bolso e olhou as horas seguidas de várias
notificações de conversas que responderia depois.
– Tenho um encontro. – Ela se levantou e beijou com carinho a testa da
irmã. – Se cuida, nos vemos depois.
– Nem sei como não os mata.
– Você nem ao menos tenta deixá-los vivos.
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olho direto.
Deveria, Stela sabia que deveria. Contudo homicídio era determinado por
um humano matando outro, e ela... Bem, não era humana. Sendo uma loba, já
havia matado algumas pessoas sem querer e sabia o quanto era difícil lidar
com isso.
– Não, eu não vou prendê-la. Mas deveria... Cara, você é uma súcubo!
Natasha riu da empolgação que tomou conta do rosto da jovem policial.
Ela não estava nem de perto tão enfurecida quanto Dante, ao contrário disso:
transbordava fascínio.
– Mas você precisa parar de fazer isso, de matar.
– Não é a primeira pessoa que me diz isso. – Natasha resmungou ao
desviar o olhar.
– Aposto que sim. Se Dante for no mínimo um bom policial, pediria isso
para não ter que entregar a namorada.
– Ah, não. Ele não é meu namorado.
Natasha desviou o olhar para as lâmpadas que iluminavam o balcão.
Namorado? Bom, namorado talvez não. Mas ficou triste ao pensar que
provavelmente não significava nada para ele. Esse nada a fez sentir um
incômodo vazio no peito.
Stela sentiu o ar pesar ao seu redor depois das últimas palavras da súcubo
e deu um passo na direção da morena.
– Ei, o que estava bebendo? – Apontou para o copo que Natasha havia
deixado sobre a mesa.
– Uísque, quer um pouco?
– Eu adoraria.
Stela se sentou com Natasha na mesa de madeira escura. Era fácil entender
porque Dante a estava protegendo. As curvas que compunham o rosto dela
eram o desenho mais belo que já vira. Cinco minutos perto da súcubo e já
estava encantada. Tentando disfarçar, observava o contorno saliente dos
lábios vermelhos e grossos, encrustados no rosto triangular de feições
delicadas e olhos de um azul-esbranquiçado, maiores do que o normal.
A policial respirou fundo e esfregou as mãos suadas na calça jeans azul
que vestia. Desviou o olhar para o copo de vidro que Natasha enchia para ela.
Já era tarde, mal ouvia o som dos carros nas ruas. Deveria ir para casa, mas
essa nem de longe era a sua vontade. Nunca estivera com uma súcubo antes e
a ideia a congelara ali.
– Achou que me prenderia sozinha? – Natasha brincou ao estender o copo
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para Stela.
– Ainda posso te prender na minha casa. Como uma loba, sou bem forte. –
ela deu um risinho seguido de um uivo.
– Dependendo da prisão, eu adoraria.
Natasha mordeu o lábio inferior e estendeu a mão para tocar a de Stela.
Um calor irradiou da região tocada até o restante do corpo da loba,
arrancando dela um suspiro em meio a boca semiaberta.
O coração bateu acelerado. Stela ficou sem ar. Caramba! Uma súcubo era
tudo o que ouvira falar e muito mais. A pele formigava no lugar tocado.
Natasha exalava sensualidade, no sedoso cabelo negro que brilhava sobas
luzes compridas do santuário, e nas curvas suntuosas destacadas no vestido
apertado. Uma aura de sedução tornava impossível resistir a ela.
Stela apoiou os cotovelos sobre a mesa e curvou seu corpo para frente.
Levou a mão direita até a nuca de Natasha, puxando-a para mais perto. Sem
pensar direito, ou hesitar, reclamou o direito aos lábios da súcubo. Saboreá-la
era ainda melhor do que passou alguns segundos supondo, a súcubo tinha um
ardente sabor de pecado.
Natasha adorou a maneira como foi agarrada, tinha uma queda particular
por aqueles com atitude. Tocou o rosto de temperatura quente da loba antes
de invadir a boca dela com a língua. Intensificando o beijo molhado.
Stela brincou com a língua dela. O beijo acendeu seu sangue, roubou o ar
de seus pulmões e a deixou trêmula. Percorreu o lábio superior da súcubo
com a ponta da língua. Não se sentia daquele jeito desde a última namorada
que deixara em sua cidade. Por um segundo se esqueceu da Duda... Os boatos
sobre estar com uma súcubo ser incrível, não a fizeram pensar no quão
incrível.
– Vem comigo. – Estendeu a mão para que Stela a seguisse.
A loba seguiu-a. Estava tomada por um misto de ansiedade e receio.
Caminharam até o fundo do salão. Um homem que estava sentado no fundo
do bar, com um dos pés apoiados sobre outra cadeira, lançou um olhar
malicioso na direção das mulheres, mas foi ignorado.
Natasha subiu pelos degraus da escada nos fundos que levava até a casa.
Guiou Stela até o terceiro andar onde ficava o seu quarto. Acendeu a luz com
a mão livre e caminhou até a cama. Apoiou-se na estrutura do dossel e tirou
os sapatos vermelhos de salto alto.
Stela sentiu seu corpo cair sobre o colchão macio da sofisticada cama. A
colcha era gostosa de deitar. Quando o corpo quente da súcubo se acomodou
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Capitulo 11
Dante fitou o alvo à sua frente. Com cautela, deu um passo para trás antes
de arremessar o dardo, que acertou o centro e em cima do outro dado atirado
anteriormente.
– Sua mira ainda continua perfeita, filho.
Ele arqueou as sobrancelhas e virou-se na direção da voz.
– Lilith.
Uma bela e alta mulher estava de pé e com uma das mãos apoiada no
encosto da cadeira junto à mesa de escritório. Suas unhas grandes e pintadas
de vermelho batiam contra a madeira escura do encosto. Ela vestia um longo
vestido negro que tinha uma fenda até a cintura, expondo sua perna esquerda.
Os longos e lisos cabelos negros, emolduravam seu lindo rosto pálido. Os
olhos azuis-esbranquiçados e grandes se destacavam junto com os lábios
vermelhos e o nariz fino e pontiagudo.
– O que está fazendo aqui?
– Achei que sentia falta da sua mãe. Há quanto tempo não volta para casa?
– Lilith deslizou os dedos delicados pela superfície de madeira, enquanto
seus sapatos de salto alto faziam barulho ao se chocarem contra o chão.
– Não vai me convencer a voltar para o inferno.
– Uma mãe não pode apenas querer ver seu filho?
Lilith deslizou os dedos sobre os ombros tensos de Dante, que olhava para
frente, sem encará-la e não permitiu que ela visse a expressão em seu rosto.
Ela certamente perceberia o misto de confusão e receio que ele sentia.
– Eu realmente queria vê-lo, Mammon... – O sussurro quase inaudível que
saiu pelos lábios da rainha do inferno pareceu sincero aos ouvidos dele.
– Eu senti sua falta, mãe.
Dante se voltou para ela outra vez e a envolveu em um abraço apertado.
Por alguns segundos fechou os olhos, sentindo o perfume forte, inebriante
que ela emanava e que ele reconhecia desde o primeiro dia em que Lilith o
carregara nos braços. Afastou-se um pouco para encará-la, ver a luz da
lâmpada chocar-se contra eles , fazendo-os brilhar ainda mais.
– Meu menino. – Em meio a um terno sorriso, Lilith acariciou o rosto já
levemente coberto por uma rala barba loira. – Bom o que tem feito para se
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Ele desviou o olhar para duas mulheres que se pegavam numa mesa não
muito longe, não queria encarar aqueles olhos azuis enormes e tão
penetrantes. Por alguns segundos se obrigou a pensar no motivo pelo qual
estava ali e odiou sua mãe por ela tê-lo convencido a tentar. Se envolver era
perigoso, principalmente com os anjos na sua cola, ainda mais com uma
súcubo imprudente que não media as consequências. Mas tremeu com a
possibilidade dela continuar o assombrando. Esperava que fosse apenas uma
aventura e que logo ambos se cansassem.
– Podemos conversar em algum lugar longe de todo esse barulho?
A voz suave, porém, firme dele, fez um delicioso arrepio percorrer o corpo
de Natasha. Ela se sentiu molhada só de olhar para ele. A possibilidade de
ficarem sozinhos a excitou ainda mais.
– Podemos ir para o meu quarto?
Natasha hesitou com medo de que a proposta o fizesse recuar.
– Sim.
A simples resposta fez um sorriso brotar nos lábios dela outra vez.
Dante a seguiu em silêncio. Parou durante o caminho várias vezes, ainda
ponderava sobre as consequências daquilo. Porém as curvas dela se movendo
enquanto andava o faziam perder o controle aos poucos. Quando a súcubo
fechou a porta do quarto atrás dele, Dante soube que já era tarde.
– Veio repetir para mim que não é para seguir você?
Natasha tentou soar sensata, mesmo que a sua vontade fosse se atirar nos
braços dele.
Deveria...
– Não. Pensei sobre sua proposta.
Ainda relutante, Dante cruzou os braços ao redor do próprio corpo ao se
apoiar na porta.
– Sério?! – Natasha não conteve a exclamação.
– Se eu ficar com você, vai mesmo parar de matar?
Natasha ficou boquiaberta, parada, em choque. Duvidou do que ouviu.
Pela forma como ele a enxotara da delegacia, achou que Dante a mataria se
ela aparecesse à sua frente outra vez.
– Vai mesmo ficar comigo?
– Vai parar de matar?
Natasha o olhou fundo nos olhos, passou as mãos suadas no vestido e não
conteve a vontade de se atirar nos braços dele.
Surpreso, Dante a envolveu. Pode ouvir o coração dela bater acelerado. A
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seios dela desejando colocar a boca neles outras vezes. Sentiu as mãos
trêmulas abrirem abriram e deslizarem a calça até jogá-la no chão. Sentou-se
na cama e retirou a camisa branca.
Quando Natasha removeu a cueca ela segurou e lambeu o pênis dele,
rígido, grosso. Molhou-o com sua saliva, sentindo-o se mover contra a sua
boca. O desejo voltou a queimar entre as suas pernas.
Dante virou a cabeça para trás, gemendo quando sentiu Natasha morder a
parte interior de sua coxa. Grunhiu com a sensação dos dentes afiados dela
adentrando a sua pele. O misto de dor e prazer era delicioso.
Natasha adorou a sensação e seguiu dando leves mordidas até envolver o
membro dele com os lábios.
Dante agarrou a colcha da cama, contorcendo-se quando os grossos lábios
dela o envolveram. Gemeu, enquanto Natasha o provocava com os dedos
pressionando e brincando com seus testículos. A boca percorria toda a
extensão do seu membro. Com os olhos semiabertos, uma expressão sexy, ela
era ainda mais linda... Ofegou em meio a outro gemido, quando ela o sugou
com ainda mais pressão. Dante pensou que talvez fosse a impetuosidade de
Natasha que fazia seu sangue ferver daquela forma. Ela era louca, desinibida,
e o provocava como ninguém. Ela era perigosa, mas aquele perigo o banhava
em adrenalina. Então a súcubo deslizou a língua quente por toda a extensão
de seu pênis e Dante perdeu o último fio de pensamento sensato. Acariciou o
cabelo negro dela, retirando-o dos olhos, deixando o belo rosto exposto para
ele, não queria perder um instante daquela provocante expressão.
Natasha o chupou, lambeu e saboreou a deliciosa sensação que era tê-lo
enchendo sua boca. A cada instante que o chupava, mais o desejo por ele
ardia. A queimação entre suas pernas chegava a ser quase dolorosa.
No momento em que o prazer era tanto ao ponto de Dante temer perder o
controle, ele enrolou os cabelos dela na mão direita e puxou seu rosto para
mais perto.
Natasha gemeu com o movimento repentino, enquanto Dante a puxava
para cima do corpo dele. Sentiu o braço firme a envolver pela cintura
enquanto ele reivindicou o direito aos seus lábios. O beijo urgente, ardente e
a proximidade de seu sexo ao dele era uma tortura quase agonizante.
– Dante, eu preciso. – Natasha sussurrou ao pé do ouvido.
O detetive não soube explicar, no entanto vê-la implorar por ele o deixou
ainda mais excitado. Girou-a na cama deitando-a de bruços e subiu sobre ela,
sentindo-a arfar sob o peso quente de seu corpo. A bunda redonda e saliente,
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Capitulo 12
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língua. Ficou feliz quando ele não a afastou, mas, ao invés disso, envolveu-a
com seus braços firmes e fortes. A súcubo se perdeu ali, naquele calor. O
beijo daquela vez foi bem mais suave do que o sexo feroz que fizeram
durante toda a noite, mas não menos delicioso. Gostou daquele carinho, do
toque gentil e delicado, com talvez um pouco de afeto.
Dante tentou não sucumbir ao medo das possíveis consequências, por mais
que ele ainda estivesse ali no fundo da sua cabeça gritando como uma vez
irritante. Apenas beijou-a por longos segundos, desfrutando com as mãos das
sinuosas curvas do corpo nu. Ela era toda a loucura em contraste com o seu
bom senso.
– Preciso ir agora. – Ele rolou e deslizou para o lado, saindo debaixo de
Natasha.
– Por quê? – Ela choramingou ao segurar o pulso dele.
– Vou trabalhar.
Dante se ergueu apoiando uma das mãos na trave do dossel da cama.
– O príncipe do inferno não precisa trabalhar.
A contragosto, Natasha torceu os lábios.
Dante riu.
– Não, eu não preciso, mas me relaxa e mantém minha mente ocupada.
– Eu juro que te mantenho ocupado a tarde inteirinha.
Natasha se ergueu, olhando-o com os olhos azuis semiabertos numa
expressão sexy e irresistível. Deslizou os dedos ágeis e delicados pelo
abdômen dele até o membro dormente que se ergueu sob a carícia.
– Agora não...
Dante mordeu os lábios, após sussurrar numa voz rouca e falha. Respirou
fundo, olhar para ela ali, lindamente nua à sua frente, não ajudava muito.
Quase riu da forma como ela o fazia perder o controle.
– Por favor...
Natasha mordeu a orelha de Dante soprando uma lufada de ar quente que
o fez se encolher com o calafrio.
– Para. – Ele se afastou com medo de que o desejo falasse mais alto e ele a
tomasse nos braços, retomando o sexo.
Dante se concentrou em recolher suas roupas que estavam espalhadas por
todo o quarto. Pegou a camisa branca que havia ido parar sobre a cômoda e a
vestiu.
Natasha de braços cruzados, não estava nem um pouco feliz em vê-lo
partir. Uma pontada aguda em seu coração a fez ficar desconfortável. Pensou
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em segurá-lo, mas era tolice, Dante era muito mais forte do que ela.
– Vai voltar? – Não conteve a pergunta.
– Vou. – Dante abriu um leve sorriso ao beijá-la brevemente e a sentiu
amolecer em seus braços. – Nos vemos mais tarde.
– Tá...
Natasha não se conteve. Até a noite parecia muito tempo. Acabou com a
distância que ele havia criado entre os dois e embrenhou os dedos no cabelo
loiro e o beijou de verdade. Mordiscou os deliciosos lábios grossos antes de
invadi-los com a língua.
Dante precisava afastá-la, mas correspondeu ao beijo ardente. Seu sangue
inflou outra vez. Mas quando suas mãos quase tomaram vida própria e
teimaram em deslizar até a bunda dela... Ele se afastou.
Beatriz tomou o último gole do café preto e colocou a xícara sobre a mesa
de centro à sua frente. Jogou o cabelo de lado e ergueu a cabeça olhando para
Dária sentada na poltrona à sua frente.
– Quase tão bom quanto o chá inglês.
– É o que mais bebem aqui no Brasil.
– Será que vão me aceitar um dia? – Beatriz suspirou ao ajeitar-se no sofá,
deixando suas costas relaxarem contra o encosto macio.
– Aron e Isabel parecem um pouco menos arredios. E bom, Natasha é a
Natasha. – Dária abriu um leve sorriso e apoiou as mãos sobre as pernas
cruzadas.
– É... Conheço bem a Natasha. – Os olhos de Beatriz se curvaram um
pouco, tristes.
– Seu filho me ensinou a importância de segundas chances. Talvez ele
aplique um pouco disso na própria vida. Mas, entenda, eu não posso obrigá-
lo.
– Eu sei, querida. Agradeço por apenas me ouvir. – A súcubo se curvou
até poder tocar a mão da vampira em uma carícia maternal. – Você tem feito
tão bem a ele.
– É o mínimo depois do abismo de que ele me tirou.
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Capítulo 13
O barulho dos papéis sendo jogados com força sobre a mesa de Dante o
fez desviar seus olhos da tela do computador e fitar os castanhos de Stela que
o encaravam.
– O que é isso? – Ele pegou a pasta e folheou.
– Conseguiu o que queria, Detetive. O caso da sua súcubo foi arquivado.
– Como assim? – Dante fingiu um espanto.
– Não precisa dos seus truques comigo, cara. Ainda não sei quem você é,
mas sou uma boa detetive o suficiente para juntar as peças desse caso.
Dante se levantou e a arrastou discretamente para a sala de interrogatório,
atravessando sem chamar muita atenção a mesa dos policiais que estavam
distraídos mexendo em seus telefones. O detetive fechou a porta com força
atrás dele e a encarou. Stela deu uns passos para trás até se chocar contra a
mesa fria de metal.
– Como sabe que é uma súcubo e como acredita nisso?
Dante desviou o olhar para a câmera redonda no teto da sala. Certificando-
se de que essa estava desligada.
– Achei que fosse mais astuto. – Os olhos castanhos dela mudaram de cor
ficando amarelados.
– Uma loba. Deveria ter notado. – Dante coçou a rala barba loira que
crescia no queixo. – Mas por que descobriu sobre a súcubo e não a entregou?
Aquilo o deixou intrigado. Desconfortável com a situação, apoiou as mãos
sobre a cadeira de metal onde sentava o suspeito e encarou a loba de maneira
ameaçadora.
– Por que não a entregou? – Insistiu.
– Você já dormiu com aquela mulher? – Stela pareceu incrédula, como se
a resposta para aquela pergunta não lhe parecesse mais óbvia. – Seria um
desperdício alguém tão gostosa como ela ser presa numa cadeia.
– Você transou com ela? – Dante arregalou os olhos e tentou conter a
raiva. Ainda assim, seus dedos deixaram marcas no metal frágil do encosto.
– Claro! Você não? – Stela não conteve o sorriso ao se lembrar de como
havia sido. Por pouco não soltou um gemido.
– Tá, acabamos por aqui. – Dante deu as costas para ela e deixou a
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Com as mãos metidas nos bolsos da calça jeans, andava disperso, olhando
para o chão e quase bateu na lixeira em seu caminho. Praguejara durante todo
o expediente, não avançou nada no caso de um corpo encontrado as margens
do rio Tietê. Talvez devesse ir ao inferno e perguntar pessoalmente ao sujeito
quem havia o matado. Mas no fundo para ele não importava, nada importava,
não é mesmo? Ou costumava ser até entrar em um maldito bar e encarar a
súcubo que bagunçaria a sua vida. A morte de Layla já deveria ter lhe bastado
para ensiná-lo que não era uma pessoa que deveria se envolver. Mas ainda
assim fora tomado por um ciúme inumano quando Stela havia se gabando de
ter dormido com Natasha. Isso não o espantava, ela era um súcubo, já
aprendera o bastante com sua mãe sobre tal tipo de demônio e sua vida
promíscua.
Respirou fundo. Até quando tentaria convencer a si mesmo de que estar
com ela não passava de uma ferramenta para contê-la.
– Oi! – A voz doce e gentil o fez ergueu a cabeça.
– O que conversamos sobre não vir mais à delegacia?
Fechou a cara e tentou parecer bravo o bastante para que ela o levasse a
sério. Entretanto duvidou muito de que aquilo teria algum tipo de resultado.
Natasha desceu do capô do carro preto e popular que pertencia a Dante e
jogou para trás uma mecha do cabelo negro. Seus olhos azuis se iluminaram
ao vê-lo. Se estava de quatro por ele, era óbvio. Porém não se culpava. Quem
não estaria? Duvidava de que alguma mulher seria capaz de resistir ao
charme natural que ele tinha. Observou-o, sentiu-se sortuda pelo destino tê-
los feito se esbarrar. Ele que caminhava a passos firmes, exalava
masculinidade em seus músculos fortes sob a roupa social e na forma como
se comportava. Era decidido, ardente e a fazia tremer apenas pela
oportunidade de encará-lo. Jurou que nunca encontraria um homem que a
fizesse ferver daquela forma, e ele ser uma perdição de demônio já explicava
muitas coisas. Ah, teve que se segurar para não se jogar em cima dele e
começar a se despir ali mesmo, na rua.
Esfregando as pernas uma na outra tentando aplacar o calor que pulsava
entre as suas pernas, Natasha caminhou até ele.
– Juro que fiquei aqui sentada quietinha até você sair.
Dante riu, fazendo se desmanchar toda a expressão séria que havia
preparado. Maldita, súcubo! O que estava fazendo com ele?
– Não podia esperar que eu saísse e ligasse para você?
– Tive medo de que você não ligasse. – Natasha admitiu num suspiro
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sofrido.
– Eu sempre cumpro as minhas promessas.
Dante finalmente acabou com a distância entre eles. Com a pontas dos
dedos acariciou o rosto dela e colocou uma mecha do cabelo negro atrás da
orelha. Quis perguntar sobre Stela, mas se conteve para não estragar o
momento. O acordo é que Natasha parasse de matar e a detetive estava bem
viva.
Com os olhos fechados ela se perdeu no toque. Natasha soube que aquilo
era tudo que precisava sentir, embora nunca pensara nisso. Homens não
passavam de presas, mas Dante não era um homem, não como os outros. Ele
a fazia queimar num fogo diferente, mais intenso, urgente e voraz, numa
fome que só parecia ser aplacada quando provava dele. No fim das contas
quando Aron se apaixonou por Dária, ele não estava sendo tão ridículo assim,
Natasha apenas não conseguia medir o significado daquilo, não como naquele
momento.
Dante deu um passo para trás e meteu as mãos nos bolsos outras vez.
Controle!, berrou para si mesmo em pensamentos.
– Falou sério quando me pediu para lhe ensinar a lutar contra os anjos?
Natasha balançou a cabeça em afirmativa.
– Claro! E o que mais julgar necessário para amenizar essa preocupação. –
Ela brincou ao pressionar a ponta da unha pintada de vermelho contra as
leves rugas que ele deixava aparecer no rosto.
– Então vamos para a minha casa.
Os olhos de Natasha se iluminaram.
Dante acionou o alarme do carro e caminhou até ele.
– Você é muito humilde para um príncipe. – Natasha zombou ao se
escorar na porta.
– Aqui eu não sou o Mammon, sou Dante e vivo com o meu salário de
policial.
– Dante, como o Dante da Divina Comédia? Aquele que atravessou o
inferno para ficar com amada? – Curiosa Natasha se voltou para ele assim
que tomou seu lugar no banco do carona.
– Além de soar bem, me pareceu uma piada interna divertida. – Ele ligou o
carro. – É o nome que mais gosto dentre os outros tantos pelos quais já fui
chamado aqui na terra.
– E por que simplesmente não Mammon?
Dante riu ao girar o volante para que o carro virasse a esquina após um
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meio dos seios e retirando-a por completo quando Natasha ergueu os braços.
Jogou-a no banco de trás do carro.
Natasha soltou um gritinho quando os lábios dele se fecharam no mamilo
do seu seio direito. Sentiu sua saia ser enrolada até ser resumida a um
emaranhado de tecido na cintura. As mãos quentes e firmes apertaram suas
coxas com força.
Dante sorvia o seio, contornava o mamilo eriçado com a ponta da língua
muito hábil. Mordiscava de leve. Sentia-a estremecer sob suas carícias, gemer
contra seu ouvido. Sentia a vagina molhada dela se esfregar contra seu pênis
sob a calça jeans. Já havia passado por muitas tentações, mas aquela mulher...
sentiu sua cabeça ser puxada para trás com força e foi obrigado a tirar a boca
do seio da súcubo. Natasha mordeu seu lábio inferior e Dante gemeu,
metendo a língua dentro da boca dela, dando leves estocadas, beijou-a com
ferocidade.
A súcubo cravou as unhas nos ombros largos. Em meio ao beijo que a
aquecia por dentro, esfregou-se ainda mais contra ele. Ardia, o desejo por ele
chegava a doer. Estava tão acesa que nem parecia ter estado com ele na noite
passada. Estava sedenta e ele era o oásis no qual gostaria de se afogar.
Deslizou a língua molhada, mordeu a base do pescoço, ele gemeu e ofegou.
Tão quente quanto o inferno. Dante gemeu ao vê-la se afastar um pouco
para trás para poder tocar com os dedos a sua ereção. O espaço do carro era
pequeno, porém Natasha parecia muito flexível. Ela abriu o zíper, abaixou a
cueca, puxou o pênis para fora sentindo-o pulsar na mão. Os dedos muito
ágeis, hábeis e maliciosos o enlouqueceram. Ela sabia como provocar. Dante
curvou a cabeça para trás, apertou o freio de mão.
Natasha se ergueu apenas o suficiente para sentar-se no membro rígido.
Quando o órgão bem-dotado dele a invadiu, ela mordeu o lábio e reprimiu
um gritinho.
– Ah, como você é gostoso. – Ela sussurrou com os olhos revirando-se.
Natasha rebolou contra ele, sentindo-o entrar todo. Começou a quicar com
urgência. Em meio a fricção, seu clitóris roçava na pélvis dele, sentia cócegas
pelos cabelos grossos e loiros que rodeavam o pênis.
Voltaram a se beijar, o movimento das línguas era interrompido várias
vezes por gemidos causados pelas estocadas mais abaixo. As mãos de Dante
deslizaram até as nádegas de Natasha e as apertaram, reivindicando para si
um pouco do controle. Ele estava embriagado pelo prazer, seus nervos se
contorciam e pela expressão estampada no rosto de Natasha, soube que não
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era o único. Privou-se de sexo várias vezes, até mesmo os casuais, com medo
de arrastar quem quer que fosse para uma morte dolorosa. Mas ali, perdido na
visão dos seios dela se movendo enquanto rebolava, queria se esbaldar
naquele prazer por horas a fio.
– Dante... – Natasha chamava por ele em meio a gemidos alucinados.
Os lábios já nem se fecharam mais em meio a tantos gemidos. As mãos
firmes de Dante a seguravam pelas nádegas, a erguendo apenas o bastante
para sentá-la fundo outra vez. Gritava com a sensação dele dentro, com as
estocadas que a faziam pular. A pele onde ele tocava formigava, ardia.
Beijavam-se, mordiam-se, nenhum dos dois precisava conter a própria força
para não machucar o outro. Natasha apertava as pernas contra as coxas dele o
máximo que podia, queria abraça-lo mais, sentir ainda mais intensamente a
deliciosa sensação dele entrando, saindo, para logo entrar de novo.
Dante se curvou para frente abocanhou a curva dos seios abafando um
gemido rouco que saiu do fundo de sua garganta, quando Natasha se apoiou
em seus ombros e ergueu os quadris para logo em seguida se sentar, fazendo-
o entrar todo fundo. A súcubo gemeu ao jogar a cabeça para trás. Curvou-se
tanto até se apoiar no para-brisas.
Com o prazer fazendo seus músculos se contraírem, Dante mantinha os
olhos semiabertos, revirados, mordia os lábios diminuindo o som de seus
gemidos. Levou a mão entre os corpos e tocou o clitóris dela.
Natasha gritou ao bater a cabeça contra o para-brisas. A pressão leve em
movimentos circulares tornou seus gemidos cada vez mais ininterruptos.
Deslizou as unhas pelos braços musculosos dele enquanto praguejava
baixinho.
Dante riu e continuou a estimulá-la.
Natasha tremeu, mexeu-se como pode dentro do espaço apertado do carro,
gritou, gemeu. A queimação entre suas pernas ardia ainda mais a cada
estímulo, cada estocada, e ela não ia suportar por muito mais tempo. Quando
Dante apertou firme a bunda da súcubo enquanto ainda estimulava com a
outra mão, Natasha tremeu ainda mais e uma parte remota de sua mente se
deu conta de que havia perdido o total controle de seu corpo. O orgasmo a
tomou como uma pancada que a deixou sem ar, pulsando daquela parte onde
se tornavam um só e formigando até as extremidades.
Dante não levou mais do que algumas estocadas para se juntar a ela. Com
os músculos contraídos, parou de respirar por alguns segundos.
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Capítulo 14
Natasha deu dois passos para frente, com os pés descalços sobre piso
emborrachado. Vestia uma calça de moletom de Dante, bem larga, mas era
melhor para se mover do que a saia apertada. Desferiu um chute contra ele,
mas Dante se esquivou com facilidade, movendo a sua cabeça para o lado.
– Você é pequena, Natasha, leve. Pode usar isso ao seu favor, ser mais
ágil. Já que não é tão forte precisa ser menos lenta.
– Tá, e como eu faço isso?
– Vamos tentar assim, eu ataco e você se defende. Vamos ver como se sai.
Dante se agachou, rodou o pé no chão e deu uma rasteira nela.
Natasha, pega de surpresa, caiu de costas e bateu a cabeça contra o chão.
Se não fosse o acolchoado do piso aquele tombo teria doído muito.
– Ai!
– Muito lenta.
– Para de caçoar de mim. – Natasha cruzou os braços, fechando a cara.
– Levanta, vamos tentar de novo. – Dante estendeu a mão para ela.
Natasha segurou a mão, sorriu ao encarar os olhos verdes dele. Aproveitou
o momento de guarda baixa e chutou-lhe, fazendo-o cair de joelhos.
Dante gargalhou.
– Isso foi bom.
Natasha se colocou de pé com um pulo. Mas Dante a puxou pela canela
fazendo-a cair de costas outra vez. A súcubo rolou no chão e tentou chutar o
rosto dele, apoiando-se com os cotovelos para erguer o corpo. No entanto,
Dante facilmente se defendeu, colocando o braço na frente do rosto. Ele se
levantou, puxou-a consigo. Natasha deu dois passos cambaleantes para trás,
girou-se e tentou chutá-lo de novo, outra defesa. Dante era sem dúvidas
muito mais ágil e forte do que ela.
Natasha estava exausta e nem havia o feito suar. Até quando ficariam
naquilo? Desviou cambaleante de um soco dele, curvou o corpo e o braço de
Dante passou bem onde estava seu tronco. Ela se moveu para trás dele o mais
rápido que pode, buscou na memória os movimentos que havia aprendido
com o pai séculos antes. Bateu com o cotovelo na base da coluna do Dante.
O golpe forte da súcubo numa região tão sensível o fez gemer. Ele se
girou e puxou-a pela perna, fazendo-a cair no chão outra vez, ela levou
minutos para conseguir se levantar de novo.
– Você está melhorando ou talvez foi só um pouco de sorte. – disse Dante
ao respirar, recuperando-se do golpe doloroso. – Vamos ver o que mais
consegue.
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Natasha foi quase saltitante atrás dele, passando pelo corredor do pequeno
apartamento até a porta que dava ao banheiro. O cômodo era simples, nem se
comparava ao luxuoso sobrado que Aron construíra para eles. Perguntou-se
por que um príncipe abriria mão de tudo para levar uma vida humilde,
entretanto, imaginou que ele tinha seus motivos, fossem eles quais fossem.
Mas uma coisa a deixou feliz, quanto menor fosse o local mais perto ficava
de poder tocá-lo.
Ao observá-lo retirar a camisa branca e colocá-la sobre a pia, Natasha se
sentiu empolgada como uma criança. Percorreu com o olhar os músculos que
pareciam estar numa pele dourada sob a fraca luz amarela de uma lâmpada
sobre o espelho. Só mesmo o príncipe do inferno para ser tão gostoso. Era
muita tentação! Tomou a liberdade de se curvar a abrir a bermuda dele,
quando a necessidade voltou a pulsar dentro de si. Não conseguia passar um
minuto sem desejá-lo. Deslizou a bermuda jeans até o chão e observou a
cueca box preta que abraçava perfeitamente os contornos de Dante. O
membro rígido sobressaltava sob o tecido e deixava claro o quanto o cara
também a desejava.
– Você não cansa? – Sussurrou Dante em meio a um gemido ao sentir os
dedos pequenos de Natasha o pressionarem com curiosidade.
– Me deu uma surra e não me alimentei de você mais cedo, preciso me
recuperar.
Dante a olhou com o canto do olho e abriu um sorriso discreto.
– Essa parece mesmo a desculpa perfeita, né?
– Me diga que não quer e eu vou embora. – Ao passar as mãos pelo
contorno dos seios ela o provocou.
– E quem disse que eu não quero.
Pega de surpresa, Natasha o viu segurar firme as suas coxas e colocá-las
ao redor da cintura, erguendo-a no ar. Gemeu quando suas costas se
chocaram contra a parede fria de azulejos. Apoiando as mãos sobre os
ombros de Dante, encarou-o, e viu naqueles sutis campos verdes com suaves
manchas marrons, o desejo que compartilhavam. Deslizou uma das mãos pela
nuca e puxou-lhe os cabelos loiros.
Dante venceu a força que segurava seus cabelos e curvou-se para mordê-la
na base do pescoço. O gemido foi acompanhado com a dor que sentiu quando
as unhas finas da súcubo que foram cravadas em seu braço esquerdo.
Entretanto ele nem se importou, a força que Natasha tinha o lembrava de que
eram parecidos e que ele também não precisava se conter ou tocá-la como se
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fosse de vidro...
Mordeu-a de novo provando o sabor salgado do suor e doce da pele suave.
Ela era todo o pecado, toda a luxúria encarnada em um corpo feminino. Seus
dentes deixaram marcas pelo pescoço, enquanto a beijava, mordia e chupava.
Sentia que a cada vez que estavam juntos, que faziam sexo, amor ou qualquer
outro nome que davam àquele ato carnal, mais perto estava de se perder do
caminho que havia obrigado a si mesmo a trilhar. Não queria ser um padre,
um monge, muito menos um santo. Só estava cansado de ser julgado por
pecados alheios ou ser tratado como um cara mau. E principalmente, não
queria que outra mulher tivesse o mesmo destino de Layla. Mas ali estava ele,
com a criatura mais sem noção que poderia ter encontrado, a mais impetuosa
e imprudente. Mesmo que odiasse admitir, estava cada vez melhor se
envolver.
Por mais que estivesse adorando o caminho de beijos e chupões que ele
traçava por seu pescoço, Natasha o puxou pelo cabelo outra vez, forçando-o a
parar. Olhou-o antes de beijá-lo na boca. Seus lábios se tocaram com
ferocidade. A súcubo estava faminta por ele e essa necessidade só aumentava
a medida que ele a acariciava. Em meio a fome, Natasha brincou com a
língua dele, mordeu seus lábios, e a cada gemido que arrancava de Dante
mais gostava da deliciosa brincadeira.
– Você é a maior tentação que poderia ter aparecido na minha vida. É o
contrário de tudo o que eu me comprometi a ser. – Dante sussurrou contra os
lábios dela quando interromperam o beijo para poderem respirar.
– É por isso que gosta tanto de mim. – Natasha o provocou ainda mais ao
passar a língua na base do pescoço dele até o queixo.
Dante se contorceu com o arrepio, praguejou, mas os lábios dela
retomaram os seus e o impediram de xingar. Ela era gostosa e sem noção,
uma mistura perigosa com a qual não estava sabendo lidar.
Quando o sentiu excitado o bastante, Natasha tomou um pouco da essência
de Dante. E ainda que ínfima, a aura azul que entrou pela sua boca a deixou
energizada e livrou-a de todas as incômodas dores que a lembravam do
treinamento. Ah, como ele era forte.
Dante a deixou se alimentar, saboreou a sensação de se sentir fraco apenas
por um milésimo de segundo e nem ofegou. Ao senti-la parar, desceu-a de
seu colo e virou-se de costas.
Natasha gritou ao ir com o rosto de encontro ao azulejo.
– O que está fazendo?
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– Disse que eu podia bater na sua bunda o quanto quisesse. – Dante sorriu
malicioso ao descer as calças de moletom que ela vestia.
Excitada com a ideia, Natasha apoiou as duas mãos na parede e jogou o
cabelo de lado ao empinar ainda mais a bunda.
Dante deslizou as mãos pela cintura da súcubo e alisou a nádega redonda,
suave ao toque, sentiu seu pênis mexer dento da cueca com o desejo latente.
Percorreu com a ponta dos dedos de cima a baixo antes de tomar distância e
dar um tapa cujo o estalo ecoou por todo o pequeno banheiro. Natasha gemeu
e rebolou para ele. Sim, ela o fazia perder o controle. E como fazia!
– Sabia que eu era muito bom como torturador quando estava no inferno.
Mas as almas atormentadas não gostavam tanto disso.
Natasha se esfregou contra a pélvis dele, perturbando ainda mais o pênis
dentro da cueca ao roçar sua bunda.
Dante mordeu os lábios e se desfez de qualquer resquício de preocupação
que ainda tinha. Bateu na bunda de novo, dessa vez apertando com força.
Natasha gemeu ao jogar a cabeça para trás, apoiando-se no ombro dele.
Com a mão forte e firme apertando a sua nádega que formigava e ardia pelo
tapa, ela gritou o nome dele. Sim, Dante... esteve com tantos homens que já
havia perdido as contas, mas nenhum com a força, presença e masculinidade
que aquele maldito filho do Diabo tinha. Nenhum homem era tão forte, ou
correspondia como igual. Diante dele, pela primeira vez podia se sentir
rendida, para não dizer frágil. E a pegada... Que pegada! Como ele tinha a
cara de pau de dizer que estava enferrujado?
– Não íamos tomar banho? – Dante mordiscou a orelha dela, enquanto
ainda apertava sua bunda.
Natasha assentiu, tirou a blusa que ainda lhe restava no corpo e a jogou no
chão sobre um bonito tapete de crochê.
Dante se desfez da cueca e abriu o box do chuveiro, empurrando-a para
dentro.
Natasha parou por um tempo observando o pênis dele. Sua boca salivou.
Foi a vez dela de jogá-lo contra a parede.
Dante gemeu enquanto abria a torneira do chuveiro. Sentiu os lábios dela
se fecharem contra seu membro e olhou para baixo, vendo-a se ajoelhar no
chão. Com uma das mãos ela segurava a base do seu pênis e com a outra lhe
arranhava a coxa direita. Ele arfou ao sentir as pernas começarem a ficar
bambas quando os lábios carnudos e a boca molhada o envolveram.
Natasha o chupava, lambia, o segurava e passava a cabeça do membro
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pelos seus lábios. A cada vez que o provava, mais desejo sentia por ele, o
qual fazia a região entre as suas pernas arder. O gosto de Dante era
maravilhoso, era a melhor coisa que havia provado. Estava viciada, já era
difícil pensar em não o ter, em não o sentir.
Dante passou a mão pelos cabelos negros que estavam cada vez mais
molhados pela água morna que escorria do chuveiro. A visão sensual dos
lábios se movendo, tornava ainda mais prazeroso o oral. A cada chupada,
lambida, Dante se via mais perto da perdição. O fato de Natasha ser
completamente desinibida o fazia enlouquecer ainda mais.
A súcubo se afastou, olhou-o e o viu hipnotizado. Lambeu a cabeça do
membro com a língua quente e molhada. Viu-o gemer e puxar ainda com
mais força o seu cabelo. Ele vibrava sob o seu toque.
– Para. – O pedido, quase uma ordem, veio em meio ao sussurro da voz
grave e rouca.
Natasha lambeu.
– Para!
Dessa vez Dante foi mais ríspido. Puxou-a pelo cabelo e a forçou a parar.
Com a respiração ofegante, denunciou o prazer tamanho que sentia.
– O que foi? – Natasha percorreu com os dedos o peito molhado dele, que
subia e descia em meio a respiração acelerada, brincando com as gotas que
escorriam.
– Não quero gozar agora, você me boicota.
Natasha riu e em seguida o beijou. Estava pegando fogo e nem mesmo a
água que escorria era capaz de apagá-lo. Mordeu o lábio superior dele, antes
de adentrar a boca com a língua.
Dante a envolveu pela cintura e a sentiu tremer entre seus braços. Em
meio a um beijo cada vez mais urgente, percorria com as mãos cada
centímetro das suntuosas curvas.
Quando o desejo por ela já falava mais alto do que qualquer pensamento
racional ou mesmo a vontade de fazer com que o momento e as carícias
durassem mais, Dante colocou Natasha sob sua cintura outra vez e a
penetrou.
A súcubo estremeceu com a deliciosa sensação de tê-lo a preenchendo.
Apoiou as mãos na parede e no vidro do box, para então mover-se contra o
pênis de Dante. A fricção a alucinava, não precisa de nada além de tê-lo
dentro para ser inundada por uma intensa onda de prazer. Não sabia o que ele
tinha, nem mesmo por que funcionavam tão bem juntos. Mas ali, em meio
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Capítulo 15
na sua vida por acaso e se tornaria uma necessidade, mais parecia ser
exatamente assim que aquele sentimento louco acontecia. Ele a estava
mudando como os séculos não fizeram. Natasha percebeu naquele instante
que era capaz de abrir mão de tudo para continuar nos braços de Dante.
Nunca imaginou que uma única pessoa a bastaria. Ah, Aron, agora eu
consigo te entender.
O barulho do vidro se estilhaçando a assustou e assim como a janela o
terno momento em que estavam foi interrompido.
Natasha foi arrancada dos braços de Dante com uma força esmagadora e
arrastada para fora do quarto com mãos firmes cravadas em seus ombros.
Abriu os olhos. A luz do poste a cegou por alguns segundos. Quando sentiu
unhas finas tentarem perfurar seu peito, abriu as asas negras, membranosas e
sem penas e tomou a forma demoníaca, debatendo-se.
– Me solta!
Dante viu seu pior pesadelo se repetir diante dos seus olhos. A mulher
com qual se importava ser arrancada dele. Levantou às pressas. Olhou para
cima pela janela estilhaçada e viu Natasha lá no alto além dos postes e das
torres dos altos prédios. Apoiou as mãos sobre os cacos de vidro enquanto
sentia-os cutucarem a pele à medida que os espremia. O maldito anjo a havia
levado para longe, longe demais para que pudesse alcançá-la antes que fosse
tarde.
Misael olhou para a criatura em seus braços. Um demônio, uma súcubo o
que tornava ainda mais fácil acabar com ela. Mammon finalmente havia
escolhido andar com os seus, mas ainda não era o bastante, precisava fazê-lo
voltar para o inferno ou matá-lo. A mulher em suas mãos seria apenas um
aperitivo, acabaria com dois demônios numa única noite. Poderia deixá-la
para lá, as ordens se resumiam a se livrar do maldito hibrido de arcanjo e
demônio. Criaturas como a que segurava eram insignificantes se comparadas
a Mamomon, mas matá-la seria uma misera vingança aos companheiros que
falaram em cumprir a missão.
– Já falei para me soltar! – Natasha se debatia, socando o peito do anjo que
não usava nada além de uma fina túnica branca.
Ela ergueu os olhos e encarou com fúria o seu raptor. O anjo até seria
bem gato se não estivesse apertando com tanta força os ombros dela. Os
cabelos castanhos iam até os ombros em pequenas ondas; os olhos
semicerrados, determinados, tinham o mesmo tom, e o corpo forte estava
coberto por tatuagens com símbolos que Natasha não sabia o que eram os
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símbolos.
Chutou-o na perna e praguejou com a dor latejante em seus dedos do pé.
Não desistiu, continuou a esmurrá-lo, o que não tinha efeito algum contra o
anjo, mas a manteve viva.
Misael estava determinado a acabar logo com aquilo, mas a maldita
súcubo não colaborava. Quando ela chutou entre suas penas ele gritou de dor.
Agora tinha ainda mais razões para matá-la. Levou as mãos até o pescoço e
delicado começando a espremê-lo. A súcubo voltou a se debater, dessa vez
numa luta para retomar o ar que lhe era privado.
O anjo viu a vida aos poucos se esvaindo enquanto encarava os olhos
azuis que iam ficando sem foco.
Natasha lutou, lutou o máximo que pode, mas a cada instante mais a força
lhe era drenada assim como o ar. Parecia impossível escapar dele, as
esperanças já eram nulas, estava desesperada.
– NATASHA!
O grito estridente a fez lembrar de que Dante ainda estava ali. Olhou na
direção dele e o viu arremessar uma espada de ossos. Surpresa, Natasha a
segurou assim que estava perto o bastante. Sem dar tempo para que o anjo
percebesse que havia acontecido, pois esse estava focado em enforcá-la,
Natasha girou a espada como pôde e lhe cortou o pescoço, fazendo com que o
corpo do anjo fosse transformado em cinzas segundos depois.
Ela despencou do céu como um corpo sem vida, caindo com cada vez
mais intensidade. Entretanto Dante segurou o corpo dela no ar poucos
instantes antes que esse atingisse o chão de asfalto da rua.
– Eu estou legal. – Natasha sorriu antes de perder completamente os
sentidos.
Dante pegou a espada que caíra a poucos passos e a levou de volta para o
apartamento.
– Oi. – Dante acariciou o rosto de Natasha assim que ela abriu os olhos.
– Há quanto tempo estou apagada?
– Só alguns minutos. Como está se sentindo?
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– Com uma dor no pescoço, mas acho que vou sobreviver. – Natasha
passou a mão pela marca dos dedos do anjo em sua pele.
– Me desculpa por isso. Mais uma vez eu não pude a proteger. – Dante
abaixou a cabeça e desviou o olhar para a janela quebrada. Não conseguia
domar a angústia que governava o seu peito.
– Ei! – Natasha puxou o rosto dele de volta com as mãos trêmulas,
forçando-o a encará-la outra vez.
A súcubo engoliu em seco ao ver a tormenta que inundava aqueles campos
verdes. Sentiu-se angustiada também, sentiu o medo que ele sentia, tremeu
mais. Não soube o que fazer para livrá-lo daquela expressão transtornada.
Dante deslizou as mãos pelo antebraço dela, num toque carinhoso e sutil.
– Você me protegeu lá. Eu estou viva, não é o bastante?
Ele balançou a cabeça em negativa.
– Não queria arrastar você para isso. Odeio a ideia de ter colocado um
alvo nas suas costas.
– Você não me arrastou para porcaria nenhuma! Fui eu quem me joguei de
cabeça sem pensar duas vezes. E escuta aqui, príncipe do inferno, nem tente
me afastar ou posso ser uma inimiga bem pior do que os anjos.
Dante riu da cara séria que Natasha fez.
– Estou falando sério. – A súcubo se sentou na cama e deu um peteleco no
peito ainda nu dele. – Tenta me afastar para você ver só.
– Tudo bem sua louca, mas já sabe que estar comigo é uma missão
suicida.
– Eu adoro um pouco de adrenalina. Me excita.
Natasha quase fora morta, entretanto ainda estava ali, encarando-o como
se fosse capaz de devorá-lo. Dante balançou a cabeça. Será que ela não tinha
mesmo medo de nada ou estava ficando tão cega por aquele desejo quanto
ele. Não conseguia mais resistir, a loucura, o charme de súcubo, o belo corpo,
o sexo delicioso e voraz, ou seja lá qual fosse o motivo, esse havia o
derrotado.
– Vamos ter que conseguir uma espada para você, ou mesmo uma adaga,
forjada no fogo do inferno é o jeito de matar um anjo. Isso ou uma espada
celestial algo meio impossível de conseguir.
Ao olhá-la, mentalmente Dante calculava tudo que poderia fazer para
protegê-la. Estava amedrontado, sem dúvidas temia mais por ela do que a
própria Natasha.
– Eu uso o que quiser se isso for deixá-lo mais tranquilo.
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Ela sorriu. Traçou com a ponta dos dedos o contorno másculo do rosto de
Dante. A preocupação dele de alguma forma a deixou muito feliz. Ele se
importava, queria protegê-la e seu peito pulou em alegria. Talvez toda a
necessidade por tê-lo que latejava em seu peito não se restringisse apenas aos
seus sentimentos. E se Dante também gostasse dela?
– Talvez seja a hora de conhecer a minha família.
Ele riu do quanto aquela afirmação soou ridícula. Eles não eram
namorados, aquilo era um acordo, certo? Então por que sentia como se
estivesse mentido para si mesmo.
Natasha não se conteve. Curvou-se para frente e beijou-o nos lábios.
Dante hesitou ao esquivar-se do beijo.
– Acho que devemos dormir, você precisa descansar.
– Eu preciso de você.
Natasha era imortal, em séculos nunca precisou se preocupar com nada,
agia sem medir consequências. A responsabilidade se fez desnecessária em
muitos momentos, pois não existiam riscos graves. No entanto, por Dante,
olharia para o que fosse preciso com um pouco mais de cuidado.
Natasha envolveu o pescoço dele com os braços e puxou-o de volta. Dessa
vez Dante não interrompeu o beijo, correspondeu-o na mesma intensidade. A
tocou e provocou antes de deslizar com a língua por entre os lábios
suculentos. Permitiu que o peso do seu corpo caísse sobre o dela ao se
acomodar entre as pernas distanciadas.
Os belos cabelos negros de Natasha se espalharam sobre o travesseiro
branco enquanto eles se beijavam. Deslizava a ponta das unhas pelas costas
largas de Dante, dos ombros até a cintura. Algumas vezes criou coragem e
tocou a bunda dele. E que bela bunda.
Não houve rodeios. Nem Dante muito menos Natasha quis perder tempo
com preliminares. Ela já enlouquecia com o cheiro dele, não precisava de
muito mais para ficar molhada. E quando sentiu-o penetrá-la a súcubo
envolveu-o com as pernas, apertando-lhe a cintura e o fazendo entrar ainda
mais fundo.
Dante apoiou as mãos na cama ao lado da cabeça dela e começou a se
mover. Com beijos, capturava os deliciosos gemidos que ela soltava,
remexendo-se embaixo dele.
A cada estocada, Natasha cravava ainda mais as unhas contra as costas
dele. Não pensava direito, não queria pensar. Sentir as sensações que o toque
firme e quente dele proporcionava era tudo o que precisava naquele
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Capítulo 16
Isabel riu. Sua irmã mais velha estava de quatro pelo cara assim como
Aron ficou pela Dária. Aquele sentimento já era fácil de reconhecer após a
primeira experiência. Sim, por incrível que pareça súcubos podiam se
apaixonar caso encontrassem alguém que suprisse suas necessidades. Ao ver
Natasha andando como se pisasse nas nuvens pensou que o filho do diabo
deveria ser muito bom em apagar o fogo dela.
– Quero saber como foi! Depois não se esqueça de me contar tudo.
– Você e muito curiosa, Isabel.
– Sempre fui.
Natasha começou a se despir para colocar o vestido sugerido pela irmã.
No fundo sentia o estômago revirar, suas mãos estavam geladas. Poucas
coisas a deixavam com medo, mas estava diante de uma delas. Temeu o
desfecho daquela experiência. E se Dante, Mammon, ou seja, lá como ele
gostava de ser chamado, se percebesse o que estavam tendo e decidisse
acabar com o melhor momento que a súcubo já vivera? Admitir que estava
cada vez mais louca por ele, para não dizer apaixonada, acabaria com o
acordo? Ah, não podia perdê-lo.
– Oi! – A voz sexy e baixa, porém grave como um trovão fez com que
Natasha se virasse na direção da porta.
Lá estava ele. O coração dela parou. Com uma calça e camisa preta,
sapatos sociais sofisticados, Dante estava um pouco mais bem vestido do que
costumava andar inclusive quando estava na polícia. Os cabelos loiros,
geralmente bagunçados, estavam penteados para trás e presos com gel. A
formalidade dele a fez agradecer a irmã, com um leve sorriso, por ter
sugerido que trocasse de roupa.
– Você é muito gato. – Isabel brincou ao dar um tapa no ombro dele,
enquanto deixava o quarto. – Vê se traz minha irmã de volta em segurança...
– a voz dela foi se perdendo enquanto avançava pelo corredor.
– Farei o melhor. – Dante respirou fundo com um medo que só ele
compreendia. – Seu irmão me deixou entrar. Espero não ter interrompido
nada. – Voltou seu olhar para Natasha.
Ela não disse nada até que tomou coragem para fazer o que mais desejava.
Correu até os braços dele e o beijou. Não pediu, apenas fez. Mesmo se fosse
recriminada seu desejo seria realizado. Mas Dante não a afastou,
correspondendo ao beijo com menos fogo que o habitual. Mas ele fez carinho
em seu cabelo enquanto as línguas se tocavam, o que deixou Natasha feliz.
– Vamos? Juro que transamos depois. – Dante se afastou, mas de um jeito
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Dante coçou a barba loira. Nada tinha a ver com as rixas dos bruxos,
precisava lidar com seus próprios problemas.
– Pode me levar?
Yumi assentiu com um gesto de cabeça. Caminhou até o centro da sala e
estendeu a mão no ar. Uma esfera luminosa de energia surgiu, sugando
alguns papéis.
– Diga oi para o seu pai por mim.
Dante não respondeu nada, apenas puxou Natasha para dentro do portal
junto com ele.
Dante deu um jeito de cortar caminhos por atalhos onde só ele conhecia.
Não queria ter que atravessar com ela os nove ciclos do inferno. Sim, era
apavorante ele sabia bem. Aquela era a dimensão onde as almas eram
punidas.
– Pode olhar agora. – Afagou o cabelo dela.
Natasha viu um castelo se erguer em meio a uma montanha de gelo. Em
sua mente o inferno tinha muito mais calor do que o ambiente ao seu redor.
– Achei que queimasse mais.
– Gelo também queima. Eu posso te mostrar depois.
O olhar malicioso dele a fez se esquecer de onde estavam.
– Vou cobrar.
Continuavam a caminhar até cruzar a distância aonde estava a entrada do
castelo. Pelo caminho, Natasha pode ver cabeças enterradas no gelo, almas
atormentadas do nono ciclo do inferno. A súcubo se apressou para entrar logo
no castelo assim que Dante abriu a pesada porta.
O calor aconchegante do hall de entrada a envolveu. Natasha respirou
aliviada. Estar ali a lembrou de como era estar no castelo do pai.
– Mammon, meu filho, é tão bom vê-lo em casa.
Natasha podia jurar nunca ter ouvido uma voz tão doce e suave em toda a
sua vida. Sem disfarçar, virou-se na direção do som.
Lilith descia a passos calmos, com a mão direita apoiada sobre o corrimão
de mármore negro. O vestido, vermelho e justo, ressaltava ainda mais as
suntuosas curvas do corpo da bela mulher. Uau!
– Você deve ser Natasha, a filha de Beatriz.
– É uma honra conhecê-la. – Ela ainda estava boquiaberta.
– A honra é minha. Finalmente conhecer a namorada do meu filho.
– Mãe!
– Não vem me dizer que isso não é sério. Querido, eu conheço bem o que
gerei no meu ventre – Lilith afagou o cabelo loiro de Mammon. – Não a teria
trazido aqui se não se importasse o bastante.
As bochechas ficaram coradas, Dante desviou o olhar para uma luz que
tremulava vinda da sala. Sabia que poderia enfrentar qualquer um, menos a
sua mãe. Além disso, sua mãe estava certa, importa-se muito com a Natasha.
– Mammon. – O chamado soou como um trovão que varreu todo o castelo.
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Capítulo 17
piada interna.
– Gostaria de ver algum lugar? – Dante estendeu a mão a ela.
Um arrepio percorreu o corpo da súcubo, fazendo-a se encolher. Já vira o
bastante lá fora para desejar outro passeio. Então, resumiu sua resposta em
um aceno negativo com a cabeça.
– Não é tão ruim lá fora quanto parece ser. – Dante afagou os cabelos
negros dela.
– Tenho medo de encontrar alguém que matei. – Natasha deu a primeira
desculpa que lhe veio à mente.
– Tem razão, isso é bem possível – Dante riu. – Então vamos aguardar na
sala informal.
Natasha o seguiu até um agradável cômodo, aquecido por uma bela
lareira. Com os olhos vidrados nas chamas que tremulavam, ela se sentou
sobre um confortável sofá de três lugares. Assim que Dante se juntou a ela,
viu com o canto de olho o pai dele se aproximar.
Samael caminhou com passos firmes e elegantes até uma mesa ao lado do
sofá de dois lugares. Essa estava coberta com garrafas das mais variadas
formas e cores, além de alguns copos. Pegou uma de formato retangular e
serviu-se uma dose de uísque, o qual bebeu em uma única golada. Arfou
enquanto o líquido descia queimado por sua garganta. Esperava que aquela
bebida, ainda que não fosse deixá-lo bêbado, deixasse-o um pouco mais
amável.
– Escolheu uma súcubo também? – Voltou-se para o filho, dessa vez num
tom bem menos sufocante.
– Parece que sim. – Dante olhou para Natasha com as bochechas coradas.
Seu pai estava menos tenso, entretanto tal assunto também o deixava
desconfortável.
– Não temos nada sério, senhor. – Dizer doeu em Natasha, pois queria que
não fosse verdade, mas serviu para deixar Dante menos tenso.
– O senhor está no céu.
A gargalhada de Samael fez com que Natasha risse naturalmente.
– Pode me chamar de Samael, o caído, até mesmo Lúcifer se preferir já
que tantos fazem isso. Mas senhor não, me faz parecer tão velho quanto o
meu pai.
– Tá bem. – Natasha forçou um sorriso mais amistoso.
– Nada sério... – Samael coçou o queixo. – Pelo que conheço do meu filho
ele não se envolve, não arrisca. E trazê-la aqui, é sem dúvidas, se envolver
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muito.
– Está certo pai. Eu gosto dela. Não deveria, mas gosto. – Dante se rendeu,
encolhendo-se no sofá e cruzando os braços ao redor do próprio corpo.
Natasha abriu um largo sorriso que foi mais forte do que ela. Se a sua
felicidade se resumisse a uma única frase, sem dúvidas era a que acabara de
ouvir. Dante se importava, mais do que isso, ele gostava dela. A súcubo teve
de se conter para não pular de alegria no sofá, ou se atirar nos braços do
príncipe. Não era apenas para ela que o tal acordo não passava de uma
desculpa. Se o lorde do inferno não estivesse ali ela teria se jogado nos braços
de Dante, gritado que o amava, e passaria horas dizendo sobre como ele a
deixava louca.
No fim, Natasha manteve o sorriso e segurou as mãos de Dante, forçando-
o a encará-la. Nada mais precisou ser dito, com a troca de olhares, ele
entendeu o que não foi dito e se curvou para tocar os lábios dela brevemente.
– Quero mantê-la segura dos anjos, pai.
– Fiquem aqui e não terão o que temer. – A voz de Samael retomou o tom
ríspido.
Dante bufou, mas não disse uma palavra se quer. Não queria ter que
retomar aquela discussão que se estendia por anos. Preferia a terra ao inferno.
Quem não preferiria? Gostava da forma como as coisas funcionavam entre os
vivos, de ter a chance de mudar o destino de algumas almas.
– Vamos jantar. – Lilith entrou na sala assobiando. Já parecia estar
acostumada a lidar com a crescente tensão entre pai e filho.
Nenhuma palavra foi dita enquanto tomavam o caminho para a sala de
jantar, que ficava na outra extremidade do hall. Natasha se perdeu olhando o
luxo do lugar que se mostrava nos mínimos detalhes, do corrimão ao relógio
no alto da escada. Ali dentro poderia até se esquecer de onde estavam e das
almas atormentadas que eram punidas além daquelas paredes.
Ao contrário do momento anterior, o jantar foi menos tenso. Talvez por
Lilith puxar toda a atenção para si e não permitir que os dois se recordassem
do motivo pelo qual tanto brigavam. A comida estava saborosa, mas Natasha
nem se arriscou a perguntar do que era feito os diversos pratos à sua frente,
pois temia a resposta. O gosto deles lhe bastou. A rainha do inferno a encheu
de perguntas, estava tão maravilhada diante da nora e o fato de ser amiga de
Beatriz só piorou ainda mais o interrogatório de Natasha. Se conteve para não
expressão o quanto não gostava da mãe, não era um assunto para uma reunião
de família. Contudo, pela primeira vez, se esforçou para ser gentil. Não pelo
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fato de estar diante do diabo a assustasse bastante, mas pelo fato de estar
diante da família do homem que amava. E como amava!Podia sentir seus
olhos brilhando diante da melhor verdade dos últimos séculos .
Quando o jantar acabou Dante a levou para o seu quarto. Surpreendeu-se
ao abrir a pesada porta de madeira e metal e notar que tudo ainda estava
exatamente como deixara. Era estranho pensar que Lilith havia controlado
seus instintos e não mudado as suas coisas de lugar. A cama com dossel
estava ao centro, um criado mudo de cada lado, sobre eles um abajur e alguns
porta-retratos. A estante de livros ao lado da grande janela, coberta com uma
cortina vermelha, possuía uma camada de poeira, sinal que não foram
mexidos nem mesmo pelas demônias inferiores que cuidavam da limpeza.
Assim que se sentiu à vontade o bastante, Natasha se jogou nos braços
dele, fazendo-o cambalear para dentro do quarto e fechar a porta atrás de si
com um chute.
– É verdade o que disse, gosta mesmo de mim? – A pergunta saiu de seus
lábios quase como um sussurro. Com os braços ao redor do pescoço de
Dante, Natasha odiou a pouca luz que encobria a expressão no rosto dele.
Entretanto não se conteve, precisava ouvir a confirmação da boca dele.
– Isso muda alguma coisa?
Vê-lo se esquivar a deixou com raiva e a fez pisar num dos pés de Dante.
– É claro que muda! – E voz melodiosa da súcubo ficou ainda mais aguda.
– Não brinque comigo, Dante.
– Não estou brincando com você. – Ele a envolveu com os braços firmes,
apertando-a contra o seu corpo.
– Então não me faça implorar pela verdade. – Natasha passou os dedos
suaves pelo contorno do rosto dele, na esperança de desvendar algo que a
escuridão encobria.
– Quer saber se eu amo você?
A voz rouca e sexy a fez se derreter e criou nela uma expectativa
tremenda. O coração de Natasha disparou no peito, as mãos e pernas estavam
trêmulas, se não estivesse sendo segurada teria desabado. Os lábios ficarem
secos a pele suava frio. Porra, Dante! Não faz isso comigo.
– Essa definição de amor é uma coisa muito louca. Se significa que eu sou
doido o bastante para querer ficar com alguém tão sem noção e imprudente
como você. Se perco o controle quando está nos meus braços. Se não consigo
parar de imaginá-la nua mesmo nos piores momentos. Se meu coração
dispara quando finalmente posso te tocar. Então sim, eu acho que amo você.
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Natasha o encarou e deslizou os dedos pelo rosto macio até onde a barba
loira começava a crescer. Diante de si estava tudo o que precisou e não sabia.
Um homem forte, que só sua beleza já era um pecado. Além disso, ele
conseguia domar seu fogo como ninguém. Sentou-o na cama e se colocou
sobre os quadris dele.
– Depois eu vou querer usar esses brinquedos em você. – sussurrou ao
morder a orelha dele.
– Eu vou adorar.
Dante deslizou a ponta dos dedos pela linha da coluna dela a fazendo se
estremecer em seu colo.
Natasha apoiou as mãos sobre os ombros largos e não deixou de encarar
os olhos verdes dele. Sorriam um para o outro, já estavam em completa
sintonia. Haviam se encontrado, se completado.
Dante deslizou uma das mãos pela cintura dela e a sentou em seu membro
rígido. Gemeu quando a umidade o envolveu. Finalmente, não sabia se
aguentaria mais preliminares. Natasha começou a quicar devagar, gemendo a
cada vez que ele entrava todo em seu corpo. Assim como a língua, aquela
parte específica do corpo dele fazia jus a expressão de outro mundo. Rebolou
sorrindo para Dante e gritou em seguida com o tapa forte que ele deu em sua
nádega direita, deixando a marca dos dedos na pele branca.
– Adoro seus tapas.
– Às vezes você faz por merecer.
O sorriso brincalhão nos lábios de Dante a fez querer beijá-lo mais.
Invadiu a boca dele com a língua à medida que aumentava a velocidade dos
movimentos.
Não se opôs em momento algum que ela controlasse o ritmo daquela
dança. Dante já estivera no controle por tempo o bastante. Apenas com as
mãos sobre as nádegas de Natasha, queria poder tocá-la ao máximo nas
regiões mais lindas e provocativas do corpo diante de si. Jogou a cabeça para
trás e a apertou quando ela deslizou para cima vagarosamente e sentou de
uma vez, envolvendo o seu pênis de novo. A forma como as paredes da
vagina dela o abraçavam e espremiam deixavam claro o quanto ela dominava
bem o próprio corpo.
Dante estava inebriado com as sensações que tomavam seu corpo como
um turbilhão. Não havia melhor visão no mundo do que ter Natasha sobre o
seu quadril. As belas curvas se movendo no ar como uma pluma. O lindo
cabelo negro balançando de um lado para o outro a cada quicada. Como não
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Capítulo 18
– Dante... – chamou de novo. A voz saiu abafada por seus lábios trêmulos.
– Eu estou aqui.
Os braços tão ternos que a envolveram em um abraço apertado pareceram
espantar todo o frio. Natasha suspirou e se derreteu naquele calor.
– Desculpa tê-la deixado na cama. Não queria acordá-la.
– Está frio. – Foi tudo que Natasha conseguiu dizer, aninhando-se ainda
mais ao peito dele.
Dante se afastou e encarou os olhos azuis semiabertos. Com os dedos
contornou a face suave e delicada. Ela estava tão fria que um aperto tomou
conta de seu peito. Às vezes o frio de fora entrava com tudo e Natasha não
era um demônio tão forte quanto ele.
– Vem, vamos olhar nas minhas roupas o que pode aquecer você. – Dante
colocou um dos braços nas costas dela e o outro atrás dos joelhos bambos e
ergueu-a no ar, carregando-a junto ao peito.
Ele a carregou de volta ao quarto. Ficou feliz e um tanto aliviado ao ver as
bochechas dela voltarem a se corar com o seu calor sendo transmitido para o
corpo frágil. Colocou-a sobre a cama e a cobriu com a colcha enquanto ia ao
closet.
Quando o viu voltar com um grosso casaco, Natasha se sentou na cama e
deixou que ele a vestisse. Fitou os olhos verdes e viu o brilho do carinho.
Roçou seus lábios nos dele. Nem quando era da realeza havia sonhado em ter
um príncipe encantado. Transara com plebeus e nobres em estábulos e camas
luxuosas, brincava com eles, aproveitara-se deles, mas naquele momento
tudo parecia tão vazio. A forma como Dante a preenchia, como a fazia se
sentir, era algo imaginou não existir, mas estava muito feliz por encontrar.
– Eu te amo!
– Eu também, minha sem noção. – Dante intensificou um pouco mais o
beijo antes de se afastar. – Vamos para as forjas pegar sua adaga. Lá vai
poder se aquecer bastante.
– Queria me aquecer de outro jeito. – A voz doce e melodiosa fez Dante
tremer.
Natasha passou a língua pelos lábios, molhando-os. Deslizou os dedos
ágeis pela linha da coluna dele e apertou a bela bunda.
Dante respirou fundo com o calor tomando conta de suas veias. Sentiu
uma ânsia entre suas pernas, o membro tomou forma lembrando a ele do
desejo que sentia por aquela bela mulher à sua frente. Fechou os olhos, cerrou
os dentes, fez o máximo que pode para se conter.
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– Eu sei que se eu deitar nessa cama com você agora, não me levanto tão
cedo e passaremos mais alguns dias nesse frio. E do jeito que me provoca
fico muito tentado a te deixar sem sentar pelo menos por algumas horas.
– Me deixar sem sentar? – Os olhos dela brilharam com a possibilidade.
– Sim. – Ele soou sério. – Te jogar de quarto nessa cama e dar tantos tapas
ao ponto de te fazer pedir para que eu pare.
– Eu não vou pedir para parar.
– Eu sei, por isso vai ficar com a bunda doendo.
– Por favor... – Natasha tentou puxá-lo na direção da cama.
– Não, Nat. Depois.
Ela cruzou os braços e torceu os lábios como uma criança de mau-humor.
Dante riu e a puxou em direção a porta, ignorando o drama. Teriam tempo
para fazerem quanto sexo quisessem. Se ela estivesse a salvo teriam muito
tempo, a eternidade.
Natasha não deu trégua, provocou e tocou Dante durante todo o caminho
até virarem em um corredor e trombarem com um demônio. A súcubo se
conteve e Dante o cumprimentou com um aceno de cabeça, disfarçando a
situação.
– Sentimos sua falta, príncipe. – O demônio se curvou brevemente antes
de seguir seu caminho.
– Se comporta. – Dante deu um tapa na bunda de Natasha fazendo o
vestido que ela usava por baixo do casaco se mover um pouco.
Ela sorriu ao rebolar.
– Não me provoca.
– Vou adorar fazer isso, mas depois.
Viraram no próximo corredor a esquerda e desceram por uma escada
circular. Natasha tirou o casaco e o segurou nos braços. Estava começando a
ficar bem quente. Passou as costas das mãos pela testa limpando uma gota de
suor que brotou.
– Que calor!
– Disse que na forja as coisas são bem quentes.
Viram uma luz vermelha tremular no fim do corredor de tijolos negros.
Logo se aproximaram o bastante ao ponto de enxergarem as fornalhas onde
alguns demônios trabalhavam. O suor que escorria de seus corpos vermelhos
e chiava ao cair no chão que fervia.
– Mestre Mammon, há quanto tempo não vem por aqui. – um deles
colocou de lado o martelo que usava para modelar o metal e caminhou na
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direção do príncipe.
– Azor, bem eu estava por aí. – Dante colocou as mãos nos bolsos, sem
estender o assunto.
– A que devo a honra?
– Preciso de uma adaga para lidar com alguns anjos.
– Mas já tem uma espada.
– É para mim. – Natasha acenou meio encolhida atrás de Dante.
– Ah, algo sutil e delicado para uma moça. – Azor sorriu ao voltar a pegar
suas ferramentas. – Em algumas horas podem vir buscar.
Dante assentiu com a cabeça e puxou Natasha pelo caminho que vieram.
– Então é só isso?
O príncipe arregalou os olhos ao encarar a súcubo que o parou no meio do
corredor.
– Hã? Temos que esperar agora. Azor vai precisar de um tempo.
– Então sentamos e esperamos?
– Basicamente.
Um sorriso malicioso tomou conta dos lábios grossos e vermelhos da
súcubo. E ela o empurrou contra a parede de tijolos escuros do corredor.
– Ei! Vamos voltar lá para cima.
– Prefiro lugares mais quentes.
– É porque não é você quem está com as costas nessa parede quente. E a
forja está cheia de demônios a poucos metros de nós.
– Não ligo para plateia. – Natasha deslizou a ponta dos dedos pelo
contorno másculo do rosto másculo do príncipe.
– Você não liga para nada.
– Deveria? – Ela deslizou a mão do rosto, pelo abdômen até o meio das
pernas dele onde deu leves tapinhas com os dedos no pênis dele.
– Deveria. – ele puxou a mão dela pelo pulso. – Não vamos transar no
corredor onde qualquer um pode passar.
– Por que não? Estamos no inferno e é você quem dá as regras aqui.
– Não. Meu pai é quem dá as regras aqui.
– Dante... – O nome saiu como um sussurro aveludado pelos lábios dela.
Um arrepio percorreu o corpo do príncipe. Merda! Ela fazia seu sangue
arder, o tirava completamente do sério. Não podia ceder a ela, não ali. Se
alguém passasse os veria. Mas porque seu pênis doía de desejo?
– Natasha... – Ele quase suplicou.
A mão que segurava o pulso dela tremia. As pupilas estavam dilatadas
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deixou governar por seus instintos mais animais, e permitiu que seu corpo
fosse guiado apenas por seu desejo. A súcubo gostava de como ele era gentil
e cuidadoso, mas em alguns momentos como aquele o quanto menos ele se
contivesse melhor... Gemeu ao senti-lo escorregar para fora depois entrar
com toda a força.
Com uma mão na parede e a outra firme na bunda dela, Dante foi feroz.
Mordeu com força o lábio superior dela, depois lambeu o pouco de sangue
que escorreu. Naquela altura estava pouco se lixando se alguém os pegasse
no meio do corredor, ficariam ali até se darem por satisfeitos.
– Quando estiver quase lá me deixa chupar você. – Em meio a gemidos,
Natasha sussurrou ao pé do ouvido dele.
O suor, causado pelo ato e pelo local onde estavam, molhava as roupas de
ambos. Dante se sentia cada vez mais próximo da perdição, mas era o
precipício mais tentador que já caíra.
Depois de mais algumas estocadas ele a desceu do colo e a ajoelhou diante
de si. Com a mão direta segurou com força o cabelo negro enquanto a
observava envolver seu pênis com os lábios com o olhar mais sexy do
mundo Natasha lambeu o pênis e Dante respirou fundo, precisava aguentar
um pouco mais, apenas para desfrutar daquela visão.
As unhas finas pressionaram o interior de suas coxas ainda protegidas pela
calça. Os lábios provocantes, travessos, irresistíveis, começaram a se mover,
a princípio devagar, para depois tomarem um ritmo alucinante. O príncipe
apoiou a mão livre na parede e fechou os olhos. Precisava de uma distração,
pois olhar para ela só o deixava ainda mais excitado.
Foi impossível se conter. Quando a língua macia e quente acompanhou os
lábios, Dante se desfez dentro da boca dela. Acariciou o cabelo negro dela
enquanto os lábios da súcubo ainda o acolhiam. O brilho nos olhos azuis de
Natasha o fez perceber que ela estava bem à vontade com a situação.
A súcubo se levantou passando a língua nos lábios. Havia aprendido seus
truques para não sentir o gosto, mas fez questão de sentir o de Dante. Não
sabia se como o restante de seu corpo se sentia em relação a ele, influenciava
em algo, mas, sem dúvidas, fora o melhor que já havia provado.
Com os olhos brilhando ela deu um selinho nele, para em seguida
intensificar o beijo. Sugou a energia dele, embriagando-se em tamanha força.
As queimaduras que se acumularam em suas costas se curaram
instantaneamente.
– Sua vez. – Dante a empurrou outra vez contra a parede, para em seguida
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Dante pegou a espada das mãos dela e Aproximou-se da coxa nua. Assim
que a arma tocou a pele, começou a entrar como se fizesse parte dela.
Os olhos azuis-esbranquiçados se arregalaram ainda mais. Ela balançou,
mexeu a perna. Não sentiu nada de estranho, nada incomodava.
– Ela se fundiu a minha pele?
– Basicamente.
– Como tiro?
Dante levou a mão dela até a coxa e a ajudou a puxar com a unha. Não
doeu. Foi simples de remover, como se estivesse sido colada com velcro.
– Obrigada, Azor.
– Foi um prazer, senhora.
– Vamos voltar? – Dante segurou as mãos dela.
– Para o frio?
– Para os vivos.
Natasha assentiu com um balançar de cabeça. Ainda encantada com a sua
nova arma mortal, seguiu o príncipe pelo caminho de volta ao castelo. A
medida que andavam, sentia a cada passo o ar quente das forjas dar lugar ao
frio congelante. Retornaram pela escada em caracol e logo estavam no hall.
Samael e Lilith estavam de pé próximos a escada. Com a mão delicada
sobre o ombro do marido, Lilith sorriu ao ver o filho e a nora entrarem no
cômodo.
– Já estão indo, não é?
Sentiu uma facada no peito ao fazer aquela pergunta, no entanto manteve
o sorriso. Não queria provocar o filho, odiaria estragar o momento em que ele
e o pai pareciam finalmente terem se acertado após a partida de Mammon.
Por mais que a linda súcubo pudesse ficar ali com eles no inferno, sabia que o
lugar dele era na terra. Pela forma como Mammon a olhava, o lugar dele seria
sempre ao lado dela.
– Viemos apenas buscar a arma para Natasha, mãe.
– Eu sei. De qualquer forma fico muito feliz que tenham vindo. – Ela
alargou ainda mais o sorriso. – Quem sabe eu não apareça lá em cima para
dar um oi em algum momento, e vocês fiquem à vontade para voltar.
– Foi um prazer conhecê-la, Lilith, e a você, Samael. – Natasha ainda
estava acanhada com a presença imponente do rei do inferno.
Samael não se conteve, envolveu-a em um abraço apertado. Natasha se
sentiu sem ar em meio a força esmagadora. Mas nada disse, apenas se
esforçou para retribuir ao abraço da forma desajeitada que pode. Foi
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inevitável não respirar aliviada quando ele se afastou o bastante para olhá-la.
– O prazer foi meu, querida. Espero voltar a vê-la em breve.
Natasha apenas sorriu.
– Filho...
Samael e Dante trocaram olhares até que se abraçaram.
– Não importa quantos anjos mate lá em cima, não deixem que eles o
machuquem, nem a ela. – Samael sussurrou ao pé do ouvido do filho.
– Fique tranquilo, pai. Vamos ficar seguros.
Após o fim da despedida calorosa, Dante e Natasha tomaram o caminho
de volta, para a vida entre os vivos.
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Capítulo 19
– Você prendeu nosso chefe e agora vai pagar com a vida. – disse um
homem troncudo que segurava na mão direta uma metralhadora e na esquerda
um revólver que ainda soltava uma leve fumaça pelo tiro recém-disparado. O
rosto dele era redondo e com alguns traços infantis. Ele não se deu o trabalho
de se cobrir com uma máscara como o restante dos comparsas.
– Você acabou de ferir a minha garota. Vamos ver quem pagará alguma
coisa aqui. – Dante rosnou entre dentes ao tirar as mãos dos bolsos e se
afastar do carro.
Os homens caíram na gargalhada. Ele poderia até ser um policial, mas um
homem sozinho e desarmado não tinha chances contra eles.
Dante coçou a cabeça ao olhar para o meio fio do outro lado da rua. Eram
só humanos, deveria levá-los a justiça dos vivos, mas eles haviam machucado
a Natasha; imploraram para ser mandados mais cedo para uma audiência com
o diabo.
– Até que era gatinha a sua puta, sinto muito. – Gargalhou o que parecia
ser o líder. – Mas logo você estará com ela no inferno.
– Estávamos lá há pouco tempo, mas temo que a sua estadia não será tão
boa quanto a nossa.
Dante andou na direção do sujeito, que surpreso pela ousadia sacou a
metralhadora e apertou o gatilho. Dezenas de disparos foram feitos, todos
deveriam ao atingir tórax de Dante. Entretanto, ele continuou andando de
maneira calma, enquanto as balas furavam a sua camisa, mas ricocheteavam
ao tocaram a sua pele. Armas celestiais eram as únicas que o feriam e os
estúpidos humanos não sabiam disso.
O queixo dos homens foi ao chão a medida em que os cartuchos das balas
se acumulavam no asfalto. Como? Era para aquele maldito estar morto no
primeiro tiro.
Dante chegou próximo o bastante para tocar o cano da arma, o qual ele
amassou e torceu. Os olhos castanhos do homem que a segurava se
arregalaram ainda mais. Como aquele merda não estava morto?
– Seus filhos da puta! Não sabem como tratar uma dama. – O quase berro
de Natasha ecoou por toda a rua. Se os tiros não haviam chamado a atenção
dos vizinhos, aquele grito com certeza o fez.
Ao passar as mãos pelos cabelos negros, ela olhou para o pequeno buraco
entre seus seios que ia se fechando aos poucos. Malditos, haviam acabado de
estragar a sua noite romântica.
Os homens deram vários passos para trás. Que merda era aquela? Não
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Capítulo 20
– Ela está comigo. – Ele disse antes que o policial impedisse Natasha de
passar.
Os dois caminharam alguns metros até um corpo parcialmente coberto por
um plástico prateado. Um homem agachado ao lado, observava-o com
atenção. Esse nem mesmo se moveu com a aproximação de Dante e Natasha.
– Estou só um pouquinho atrasada.
A voz feminina fez com que Natasha se voltasse para trás a tempo de ver
Stela passar pela faixa de isolamento. Ao desviar de uma garrafa pet jogada
no chão, tentava equilibrar um copo de café sem fazer com que o líquido
derramasse.
– Oi, você por aqui. – Stela sorriu ao tirar uma mexa do cabelo castanho e
ondulado de cima dos olhos com a mão livre, e finalmente poder olhar
Natasha melhor.
Natasha apenas devolveu o sorriso ao se lembrar do momento que as duas
tiveram.
– O que temos sobre a vítima? – Ao enfiar as mãos nos bolsos da calça
jeans, Dante se virou para o legista, tentando não parecer enciumado perante
os olhos brilhantes da outra detetive na direção de Natasha.
– Segundo a carteira de motorista o nome dele é Raul Souza, tem vinte e
oito anos. Pelo fato dos cartões de crédito e o dinheiro ainda estarem na
carteira, nem mesmo fingiram um assalto. – O legista voltou seu olhar para o
corpo. – Três tiros à queima-roupa, não posso afirmar sem um exame
detalhado, mas darei meu tiro certeiro, foi execução.
– Quem encontrou o corpo?
– Aquele garoto ali.
O legista ergueu a mão envolvida por uma luva azul e apontou para um
menino franzino escorado na parede atrás de uma caçamba, conversando com
um dos policiais.
Dante caminhou até ele, Natasha e Stela o seguiram.
– Olá, garoto. Eu sou um detetive e essas são as minhas amigas. Gostaria
de fazer algumas perguntas se não se importar em respondê-las.
O garoto balançou a cabeça negativamente e fitou os olhos verdes do
detetive. Eles aparentavam tanta serenidade que os ombros do menino
relaxaram e ele se pôs a respirar mais levemente.
– Então me diz o que você viu. – Dante apoiou a mão sobre o ombro
direito do garoto.
– Eu... Eu estava dormindo quando ouvi o barulho de alguém aqui em
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baixo. Olhei pela minha janela. – Ele apontou para uma no quinto andar do
prédio ao lado. – Aí eu olhei para baixo e vi alguém deixando esse cara, daí
eu liguei para polícia.
– Mas você viu quem era?
– Não senhor, estava usando aquelas blusas com capuz e estava muito
escuro.
– Você viu se era alto, baixo, magro, gordo ou tinha cabelo?
O garoto balançou a cabeça negativamente.
– Estava escuro.
– Daniel, meu filho vem aqui!
O grito da mulher fez o menino pular de susto. Ele olhou para Dante antes
de sair correndo na direção da mulher que olhava desesperada sendo retida
por policiais além das linhas de isolamento.
Dante foi até as evidências e pegou a carteira e os demais documentos do
homem. Em seguida, virou-se para Natasha.
– Vamos tomar um café depois eu te levo em casa, antes de ir para
delegacia.
– Posso ir com vocês? Também estou faminta.
Dante estava prestes a negar quando Natasha soltou um: por que não?
Derrotado. Ele caminhou até o carro, Stela e Natasha o seguiram.
A loba não tirava os olhos da súcubo que sorria de volta discretamente.
Dante estava um tanto enciumado, sabia bem do momento que as duas
tiveram é isso não tornava as coisas mais fáceis. Sim, pela primeira vez se
deu conta do quanto a amava e foi tomado pela possibilidade de perdê-la, não
a comum possibilidade dela ser morta, mas o simples fato de que em algum
momento ela poderia decidir não ficar mais com ele.
Com o canto de olho Natasha observou a tensão que tomava conta dos
ombros do príncipe. Perguntou-se se ele sabia que as duas já haviam
transado, e a resposta ainda que subjetiva lhe pareceu bem clara: sim. Por
qual outro motivo ele pareceria tão tenso?
Logo se deu conta de que ter permitido que Stela viesse foi péssimo. Não
queria de forma alguma deixar a única pessoa com a qual realmente se
importava tão desconfortável.
Antes de entrarem no carro, Natasha aproximou-se, acariciou seu rosto e
deu um rápido selinho. Na esperança de que a demonstração de afeto o
fizesse se sentir melhor.
Entraram no carro e instantes depois Dante parou numa padaria próxima.
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Respirou fundo mais uma vez, para então voltar-se para Stela.
– Caim e Asmodeus são meus irmãos mais velhos.
– Você é o Mammon!
– Sim...
Stela ficou boquiaberta por alguns minutos.
– Cara, você deve ser tipo o super-homem! Poder voar, ter visão de calor,
ser imune a balas.
Dante curvou os olhos e torceu os lábios soltando um grunhido. Aquela
conversa estava tomando um rumo ainda mais desagradável do que o fato
dela e Natasha teriam dormido juntas. – Não é bem assim, eu voo porque
tenho asas assim como a maioria dos demônios. Poucas armas podem me
ferir. Mas não, visão de calor é ridículo.
Stela começou a rir, um pouco tentando conter a histeria. Caralho! Como
nunca sacou que aquele cara bonitão era a porra de um demônio superfoda.
Respirou fundo, mas não voltou a enchê-lo de perguntas, por mais que essas
pipocassem em sua cabeça. Teve medo dele fulminá-la com um olhar.
Por fim, Stela suspirou ao jogar para trás o cabelo castanho. Natasha havia
escolhido o melhor.
Mordiscou o pão de queijo e bebeu um gole do café.
O silêncio voltou a se estabelecer.
– O que acha de fazermos um programa a três algum dia? – Não custava a
tentar.
Natasha ergueu a cabeça, encarou os olhos castanhos da loba depois os
olhos verdes de Dante. Engoliu em seco. A ideia lhe pareceu tão boa que se
esforçou para não lamber os lábios. Mas não... Ter o Dante já bastava.
– Acho melhor não. Sou comprometida agora.
Aquela frase a surpreendeu.
– Bom, uma pena.
– Vamos? – Dante se levantou num pulo e colocou a cadeira junto à mesa.
Olhou bem para Natasha e Stela. Deveria mostrar melhor seu próprio
ciúme se quisesse manter uma relação saudável e duradora com uma súcubo.
Como meu pai dava conta daquilo?
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Capítulo 21
– Olá, Mãe.
A repentina alegria e falta de desprezo na voz de Natasha fez Beatriz
erguer os olhos do livro que estava lendo e se girar no sofá para encará-la.
– Oi, querida.
Suspirando, Natasha deixou que seu corpo caísse sobre o outro sofá.
– Como andam você o Mammon?
– Bem... Incrível!
Os olhos da súcubo perderam o foco. Cruzou os braços sobre os joelhos.
Ainda podia sentir o cheiro dele em sua pele. Se fechasse os olhos era capaz
de sentir o toque das mãos firmes. Ah, Dante...
– Estou tão feliz por você. E aí, como ele é?
Beatriz sentou na beirada do sofá, o mais perto da filha que pôde. Seus
olhos azuis estudaram-na. Talvez aquele fosse um bom momento para tentar
uma aproximação. Durante todos os meses desde que chegara ali, Natasha
fora a mais arredia dos três filhos. A que mais desejava que partisse.
Entretanto, parecia que o filho de Lilith estava a transformando aos poucos.
Natasha se virou para a mãe e sorriu.
– Ele é gentil, preocupado, extremamente carinhoso. Alguém que sempre
precisei e nunca soube.
– É ótimo você e o Aron terem encontrado um amor de verdade.
– Não amava o papai?
Beatriz desviou o olhar, respirou fundo e jogou os cabelos para trás. Havia
algumas rugas que se destacaram ao redor de seus olhos azuis. Ela era uma
súcubo de pouco mais de mil anos, já havia passado por inúmeras coisas e
poucas delas lhe ensinaram como se aproximar de seus filhos. Teve medo de
dizer a coisa errada e fazer Natasha recuar, entretanto não podia ficar calada.
– Seu pai era um homem comprometido com outra mulher e um reino. Por
mais que ele me amasse, essas coisas eram mais importantes. Além disso,
quanto tempo demoraria até que notassem que eu não envelhecia, não como
eles. Quinze anos foi um longo período até que além de prostituta do rei eu
começasse a ser acusada de bruxaria. Sabe bem como nossa vida ficou
horrível depois disso. O pai de Isabel foi outra história não menos
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Dante deu duas batidas delicadas na porta depois meteu as mãos dentro
dos bolsos. Olhou para cima na tola esperança de encontrar alguma estrela no
céu da capital paulista. Maldita poluição!
Pensou que não estivessem ouvido. Contudo, antes de tirar a mão do bolso
e levá-la a porta mais uma vez, essa se abriu revelando um homem parado
atrás dela.
Encarou os olhos azuis e o mesmo cabelo negro que Natasha tinha, em
meio a uma beleza masculina igualmente arrasadora. Usando uma roupa
social bem alinhada, com camisa de mangas compridas brancas e uma calça
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apaixonado está.
Dante riu.
– Estar apaixonado é tão ruim?
– Claro que não! Foi a melhor coisa que me aconteceu. Mas nos deixa
cego.
– Então está cego? – Uma voz suave como o soprar de uma brisa, mas
intensa como uma sinfonia, fez com que os dois homens se virassem em
direção da escada.
Ele não tem um bom gosto apenas para bebidas, pensou Dante ao encarar
a mulher parada no alto da escada. A ruiva exuberante tinha uma beleza
exótica, se movia de forma suave e delicada como um felino.
– É impossível ver qualquer outra coisa quando estou perto de você, meu
amor.
Dária abriu um delicado sorriso em meio aos carnudos lábios vermelhos.
– Bajulador.
Aron colocou o copo sobre a mesa e foi até a amada a envolvendo em seus
braços. Beijou-a brevemente. Sussurrou algo ao pé do ouvido dela que a fez
se encolher e sorrir com o olhar.
Ao se recompor, a vampira acabou de descer as escadas. Parou no sofá à
frente do príncipe e lhe estendeu sua mão branca e delicada.
– Olá, Dante. Creio que não fomos devidamente apresentados. Sou Dária.
Ele segurou a mão e sorriu.
– Prazer.
– Natasha falou muito de você, parece ser um cara Incrível.
As bochechas dele coraram.
– Espero ser .
– Amor!
Dante se virou outra vez na direção da escada. Por mais que fosse bom
conhecer mais de perto a família de sua namorada, estava se sentindo um
tanto acanhado. Talvez por ser aquela a primeira experiência que tinha.
Natasha atravessou a pequena distância quase correndo e se atirou no colo
de Dante. Ele a envolveu num reflexo involuntário.
Fechou os olhos sentindo o delicioso perfume, misturado com a fragrância
adocicada artificial. Afastou-se para encará-la. Linda como sempre. Os cílios
já enormes evidenciados pela maquiagem faziam saltar os olhos azuis, o
batom vermelho delimitava os contornos dos lábios generosos. Quis beijá-los,
mordê-los com um desejo quase animal, mas a presença dos outros dois o
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fez se conter.
– Para onde vamos?
Natasha aguardou a resposta ao deslizar os dedos pelo rosto de Dante.
Encarando-o.
– Separei alguns filmes e séries. Comprei pipocas e doces, pensei em
ficarmos lá na minha casa.
– Parece perfeito. – Natasha sorriu e o beijou.
Aron arregalou os olhos, mas o cutucão de Diária o impediu de fazer
qualquer comentário. Se não estivesse observando de perto, não acreditaria
numa mudança tão relevante no comportamento da irmã. Natasha nunca
gostou de ficar em casa, era a mais baladeira de todos eles, a mais animada.
Bom, pelo visto ela só precisava da companhia certa.
– Vamos?! – Natasha se levantou com um pulo.
Dante se levantou logo atrás dela e se despediu com um breve aceno.
– Essa é a mesma Natasha? – Aron se voltou para Dária assim que os
outros dois estavam longe o bastante.
– E tudo o que fez por mim? – A vampira jogou os cabelos ruivos para
trás.
– Você é o que mais valeu a pena em toda a minha vida.
– Bom, Natasha achou o que valia a pena para ela. E, ele é uma graça.
Aron cruzou os braços e torceu os lábios fingindo ciúmes. Contudo logo
soltou uma gargalhada e beijou Dária.
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Capítulo 22
– Comprei uma coisa para você. – Dante sorriu ao olhá-la pelo retrovisor.
Com uma das mãos firmes no volante, ele usou a outra para percorrer a coxa
exposta de Natasha.
– O quê? – Os olhos azuis esbranquiçados da súcubo brilharam.
– Está no banco de trás.
Natasha esticou o corpo no espaço entre os dois bancos e pegou a caixa
branca com um laço vermelho. Voltou a sentar-se direito no banco do carona
e colocou a caixa sobre seu colo, desfez o laço e fitou a peça de roupa bem
dobrada em meio ao papel branco. Ela pegou a camisola vermelha de tecido
fino, macio e semitransparente. Era curta com fendas nas laterais e possuía
vários enfeites de renda e fitas.
– Não sei se gosta, mas eu adoraria ver você dentro dela, mesmo que fosse
obrigado a tirá-la depois.
– É linda, Dante. – Natasha se curvou para beijá-lo e o fez tirar o carro da
faixa onde estavam.
O carro que estava atrás os cortou e saiu buzinando.
Dante riu.
– Isso porque estamos na viatura da polícia.
– Quando terá seu carro de volta?
Ele suspirou.
– Espero que em breve. – Reduziu a marcha do carro antes de entrarem
numa rua menos movimenta da zona oeste já perto do bairro de classe média
onde Dante morava. – A mulher do seu irmão é uma vampira?
– Adivinhou pelos olhos vermelhos?
– Não são muito comuns. – Tirou a mão da marcha e coçou o queixo. –
Eles parecem bem felizes.
– Ah, sim! Estão há quase cento e cinquenta anos juntos. Nada parece
abalar o paraíso em que vivem. E quando estão empolgados demais
conseguimos os ouvir até no bar.
Dante riu.
– Como se você não fizesse barulho...
O estrondo de algo caindo sobre o teto do carro fez a voz de Dante se
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– Coloque-o em cima da cama. – Dária pediu com uma voz baixa, porém
tensa.
Aron deitou o corpo de Dante sobre a cama com cuidado. O desespero no
rosto da irmã também o deixou desesperado. Imaginou se fosse Daria ali se
esvaindo em sangue e como seu mundo estaria desabando à mesma medida.
A vampira pressionava com a máximo de sua força, um embolado de
tecido feito com a própria camisa de Dante. Com o tampão, tentava impedir
que mais sangue saísse. Ele já tinha perdido sangue demais.
– Precisamos costurar esse ferimento. Aron, pega para mim a linha e
agulha dentro da minha bolsa.
Aron vasculhou o mais rápido que pode a pequena bolsa de mão que a
vampira carregara consigo.
– Aqui.
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Capítulo 23
torcidos.
– Fique quietinho, aí!
– Mas eu estou com fome. – Dante protestou como uma criança mimada.
– Vou fazer para você uma sopa, estourar umas pipocas e quem sabe
podemos retornar à programação desta noite.
– Minha programação para essa noite incluía você nua, sentada no meu
colo.
Natasha sorriu com a expressão travessa dele. Nos seus planos anteriores
muito sexo havia passado por sua cabeça. Não contava que Dante estivesse
fraco demais. Entretanto se deparou com uma verdade sobre a qual nunca
pensaram antes. Estar apenas junto dele, sentindo o calor do seu corpo e sua
respiração, ainda que ambos estivessem completamente vestidos, bastava.
– Podemos ficar sem sexo por alguns dias.
Natasha lhe deu um beijo breve e foi até a cozinha.
Dante suspirou e se espalhou na cama o máximo que pode. Por mais que o
lençol houvesse sido trocado, assim como suas roupas, sentia o cheiro do seu
sangue negro que se impregnava no quarto. O ferimento doía muito, mas logo
estaria livre dele.
Que viesse Uriel!, pensou ao ajeitar sua cabeça sobre o travesseiro. Não
deixaria que ela ou mesmo uma horda inteira de anjos tirassem dele o que
estava vivendo, tirassem dele Natasha. Precisava se esforçar, ficar mais forte,
não os deixaria chegar tão perto assim outra vez, mesmo que viessem dez.
Ouviu o som do fogão sendo ligado na cozinha. Ver Natasha cozinhando
era engraçado. Não sabia o que ela faria, mas estava ansioso.
Olhou pela janela do quarto. Os prédios altos cobriam todo o céu, com
poluição e luzes demais tornando impossível ver qualquer estrela. São Paulo,
caótica demais, mas menos do que no inferno.
Natasha terminou a sopa e esfriou o bastante para que essa não queimasse
a boca. O cheiro que vinha da fumaça branca estava bom. Felizmente , Dante
tinha muita coisa na dispensa: carnes leves e legumes. Serviu um prato,
pegou uma colher.
No corredor de volta para o quarto, equilibrava o prato com o maior
cuidado para que ele não caísse. Colocou-o sobre a cômoda e se virou para
Dante.
– Vamos, vou te ajudar a sentar.
Ele abriu um sorriso.
– Se eu soubesse que seria tão bem tratado teria ficado machucado antes.
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O carinho, o toque, a palavras gentis e amorosas, eram coisas que ela já era
incapaz de abrir mão.
Dante acariciou a coxa macia, sentindo o perfume da pele suave.
– Eu amo você, Natasha. –disse antes de fechar os olhos e se entregar ao
cansaço e as dores.
Ela se curvou e beijou-o delicadamente.
– Você não faz ideia do quanto. – Riu.
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Capítulo 24
encolher.
Quando Dante finalmente removeu a venda, Natasha levou alguns
segundos para se acostumar com a iluminação do lugar. Seus olhos piscaram
repetidas vezes até que as pupilas encolhessem e a sua visão retomasse o
foco.
– Dante é lindo... – levou a mão à boca para conter o gritinho histérico.
Natasha ficou sem palavras à medida que seus olhos percorriam o local.
Estavam numa suíte em um hotel de luxo, pelas largas janelas de vidro que
ocupavam quase toda a parede, podia ver lá embaixo os carros que passavam
como formigas pela Avenida Paulista. Estavam numa espécie de sala com
dois largos sofás creme e uma mesa de vidro ao centro, decorada com bolas
de cristal. Uma escada em meia lua, com degraus que pareciam flutuar,
levava a um segundo patamar onde ficava uma cama com design moderno,
cabeceira preta e largos travesseiros brancos que pareciam muito macios. Um
enorme lustre de cristal pendia do teto pouco depois de onde o patamar da
cama terminava, a luz intensa iluminava todos os cantos e dava à mobília
uma sombra suave e desfocada.
Uma porta lateral se abriu chamando a atenção de Natasha. Quando viu
Stela sair de lá, enrolada em um roupão branco, com os cabelos castanhos e
ondulados pendendo ao redor do rosto, seus músculos ficaram tensos. Ela deu
um passo para trás e foi parada pelo corpo de Dante.
– Amor... – Sua voz soou trêmula e cheia de receios.
Ele apoiou cada uma de suas mãos em um dos ombros dela é apertou
levemente.
– Não precisa ficar assim, eu não me importo, fui eu quem a chamei. Além
disso, precisa muito se alimentar e um pouco da energia dela será bem-
vinda.
Natasha se virou, buscou os olhos dele, apoiou uma das mãos trêmulas no
peito firme. Adorava ménages, era a primeira a se candidatar a um. Mas não
com ele, não quando corria o risco de estragar a relação monogâmica a qual
já era dependente.
Dante segurou a mão em seu peito e devolveu o olhar penetrante.
– Meu amor por você é mais do que carnal. Superei o ciúme quando
dormimos juntos sem estarmos nus, quando você ficou ao meu lado na cama
enquanto eu me recuperava. Uma noite divertida não vai estragar algo que é
muito mais do que só sexo.
– Tem certeza ?
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Dante a beijou com todo o carinho e não precisou dizer mais nada.
O toque dele foi libertador. Os músculos de Natasha relaxaram a cada
carícia da língua. Envolveu o pescoço do príncipe com os braços delicados e
com a ponta dos dedos, brincou com mechas do cabelo loiro. Como sentiu
falta de ser envolvida por aqueles braços firmes, de ser apertada contra o
peito forte. Suspirou, assim que a língua dele permitiu.
Dante a levou até o espaçoso sofá e ainda a beijando, sentou-a com
cuidado. Deslizou as mãos quentes e firmes pelos ombros levando consigo as
alças do vestido.
Os lábios do Príncipe percorreram o pescoço de Natasha, fazendo sua
sensibilidade crescer a cada beijo. Ela ofegou quando o ar frio do ar-
condicionado se chocou contra o caminho molhado que ficou para trás após o
deslizar da língua dele. A súcubo puxou com mais força o cabelo loiro e
mordeu o lábio inferior para conter o gemido. Todos os pelos do seu corpo
estavam eriçados e Dante mal havia começado a tocá-la.
Stela passou a língua pelos lábios ao observá-los de longe. O simples beijo
no pescoço parecia ter deixado Natasha alucinada e isso fez a loba torcer as
pernas. Ela jogou os cabelos para trás e deixou que o roupão caísse revelando
seu corpo. Ansiosa, mordendo os lábios, deu passos na direção deles. Havia
adorado estar com Natasha naquela noite e não escondia a pontada de inveja
por ela ter escolhido o Dante. Já que não sabia quando ou se voltaria a ter
uma oportunidade como aquela, queria aproveitá-la ao máximo.
Natasha se contorceu e jogou a cabeça para trás ao sentir a boca de Dante
deslizar um pouco mais e começar a abrir os botões e seu vestido com ajuda
da língua e dos dentes. Foi fácil notar o esforço que ele fazia para não os
arrancar de uma vez. A tensão que se formava em seu ventre se tornou ainda
maior quando a língua provou a região entre seus seios. O príncipe soprou
um ar fresco sobre eles e o gemido foi impossível de conter. Dante a
enlouquecia desde a primeira vez que a tocou, ainda que fosse na tentativa de
recriminá-la. Como resistir àquele homem, o corpo que possuía, os
músculos...
Dante se desfez do vestido e o jogou sobre o outro sofá. O breve segundo
de distanciamento dos corpos fez Natasha pensar que conseguira resistir à
tentação de se derreter aos encantos dele. Tolice...
Stela aproveitou o breve distanciamento para poder tocá-la. De joelhos
sobre o sofá ao lado de Natasha, curvou-se e percorreu os lábios carnudos
com a ponta da língua. Sorriu assim que a súcubo abriu a boca permitindo
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simples aparência.
Natasha se equilibrou para ficar de joelhos na cama. Finalmente a tontura
do delicioso orgasmo havia passado. Com um brilho no olhar ao encarar
Dante, ela moveu os lábios num eu te amo silencioso e ele lhe devolveu um
enorme sorriso. Em seguida, ela puxou Stela para cama, ficando de quatro
sobre ela.
Logo a loba se esqueceu dos motivos que a irritaram, assim que os lábios
da súcubo retomaram os seus. O beijo reacendeu o fogo. Suspirou ao sentir a
mão delicada de Natasha percorrer a lateral de seu corpo até apalpar a nádega
redonda. Soltou um gemidinho e ergueu o quadril na direção da súcubo. Mas
o sexo de Natasha estava longe demais para que pudesse tocá-lo e isso a fez
soltar um gemido de protesto.
Natasha ergueu uma das mãos e a esticou até alcançar a travessa com
morangos. Colocou um na boca e ofereceu metade dele a Stela, para em
seguida voltarem a se beijar com urgência.
Dante observava tudo, ainda de pé ao lado da cama. O desejo já lhe dava
febre, cruzou os braços e cravou as unhas na pele dele no intuito de diminuir
um pouco a pulsação agonizante entre as suas pernas. Deixe-as se divertirem
um pouco, disse a si mesmo, entretanto não parecia tão fácil conter-se ao
ponto de não se atirar no meio delas.
A súcubo deslizou na cama passando as mãos por todo o corpo de Stela
até ficar entre as pernas da loba. Ergueu a cabeça, os olhares delas se
cruzaram. Sorriram. Então quando Natasha lambeu vagarosamente seu
clitóris, Stela levou o braço a boca, mordê-lo ajudou a suprimir o gemido. A
loba remexeu os quadris e cravou as unhas da mão livre no colchão. O nó e a
tensão em seu ventre aos poucos foi se dissolvendo de forma deliciosa à
medida que a língua muito hábil da súcubo atendia ao desejo.
Natasha quase mordeu Stela com a surpresa da palmada que estralou em
sua bunda. Dante não resistiu, não aguentava ver aquelas curvas lindas
balançando na frente dele sem poder tocá-las. Quando o segundo tapa veio, a
súcubo já estava preparada e aproveitou a deliciosa ardência enquanto não
parava de atormentar a loba com a língua.
Os olhos e Stela trocaram de cor e ela soltou um leve uivo. Conteve-se
para não perder o controle do próprio corpo. Mas a língua de Natasha parecia
conhecer exatamente o caminho para fazer isso. Por sua testa escorria um
leve suor enquanto remexia-se na cama a cada lambida, leve chupada ou
pressionada no seu clitóris.
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– Caralho, Natasha!
Ela riu, mas não parou.
Dante já estava de joelhos na cama e acariciava as curvas da bunda de
Natasha, empinada em sua direção. Tinha prometido a si mesmo que deixaria
ela e Stela se divertirem um pouco. Ainda que não estivesse corroído pelo
ciúme, já era incapaz de ficar simplesmente assistindo. Não daquele jeito, não
depois de dois meses. Seu corpo já se recusava a aceitar as advertências de
sua mente.
Afastou um pouco as coxas e, com o dedo, percorreu a abertura úmida
antes de finalmente penetrá-la.
Natasha virou a cabeça e mordeu a parte interna da coxa de Stela e o quase
grito foi abafado. Finalmente, Dante havia cedido, finalmente estava dentro
de mim... Moveu-se contra a pélvis dele, sentindo-o entrar por completo. O
membro volumoso a acariciando por dentro, dando-lhe e uma deliciosa e
quase inexplicável sensação de prazer. Fora tempo demais, uma eternidade.
Ele permaneceu parado por um tempo, apenas sentindo a umidade gostosa
que o envolvia. Acariciou e apalpou a bunda macia, antes de começar o vai e
vem. Tentou, e como tentou ir devagar, no entanto seu corpo o traiu
assumindo cada vez movimentos mais rápidos e com mais força. Porém ao
ver que Natasha rebolava contra o seu corpo pedindo por mais, logo se
deixou ser guiado por seus instintos mais carnais.
Stela não protestou por algumas mordidas. Elas eram deliciosas. No
entanto, logo forçou Natasha parar o sexo oral e deslizou para de baixo do
corpo da súcubo. Essa, ainda que com Dante a penetrando com afinco,
abaixou um pouco os quadris, até que seu clitóris roçasse no da loba.
Ambas gemeram juntas e voltaram a se beijar. Um beijo repleto de
mordidas.
Nas nuvens, talvez aquela não fosse a melhor definição para descrever
como Natasha estava se sentido no momento, porem foi a melhor que
encontrou em meio a pensamentos embaçados pela sensação de prazer. Já
estivera com mais de uma pessoa na cama, no banheiro e em inúmeros
lugares antes, talvez pelo amor que sentia por Dante e o tesão por ambos,
nenhum outro ménage anterior se comparava a esse.
Suspirou ao sentir sua bunda arder com outra palmada.
Dante jogou o cabelo negro de Natasha para o lado e curvou-se para
morder o pescoço exposto. A forma como ela se contorceu o incentivou a
continuar beijando e mordendo a região, enquanto as estocadas nela não
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cessavam. Ele se movia de tal modo que ele pudesse acessar a parte mais
profunda de seu interior. Acariciava a bela bunda, as coxas e a cintura ao ser
levado pelo ritmo deles, numa dança que conheciam tão bem. Penetrou-a
cada vez mais intensamente, com mais força ao ceder as suas necessidades
mais básicas.
Abaixo de Dante, Natasha e Stela se contorciam. A colcha da cama que
nem havia sido retirada, estava completamente remexida. Os clitóris delas se
roçavam com ajuda dos movimentos dele. Tentavam se beijar, mas as vezes
era impossível em meio a tantos gemidos.
Stela logo perdeu os sentidos e agradeceu por estar deitada, pois caso
contrário, teria desmoronado. O orgasmo a atingiu como um chute no peito,
que a deixou sem ar e todos os seus músculos dormentes. Depois foi como se
um líquido formigante fosse derramado por suas veias. Quando recobrava a
consciência se deu conta de Natasha a envolvendo pelos cabelos e puxando-a
para outro beijo.
Os últimos suspiros de prazer foram capturados pela súcubo. E depois de
tanto tempo sem se alimentar, Natasha precisou que Stela empurrasse
levemente seu peito para que ela parasse.
Exausta, a loba rolou para um lado da cama, saindo de baixo deles.
Com a caminho livre, Dante girou Natasha e a deitou de barriga para cima
na cama. Mordiscou o lábio inferior que já estava inchado e voltou a penetrá-
la. A medida que se movia dentro dela, a súcubo o abraçou com as pernas,
mantendo seus corpos o mais unido possível. Dante gemia a cada vez que a
vagina dela o apertava. Seus músculos já estavam prestes a ceder às
sensações. As estocadas eram cada vez mais fortes e mais fundas. Uma gota
de suor escorreu de sua testa e caiu na cama quando ele se curvou para
morder o pescoço de Natasha.
Mais algumas estocadas. Queria fazê-la chegar ao orgasmo outra vez, mas
não aguentaria. Mesmo respirando fundo ela o apertou um pouco mais e
Dante se desfez, banhando-a por dentro com seu sêmen.
Ainda se movendo dentro dela, estocando-a mais devagar, beijou-a,
deixando-a sugar toda a energia que julgasse necessária. A forma como
Natasha se contorcia em meio ao beijo e gemia o fez deduzir que ela havia
chegado ao prazer logo depois.
Exausto, caiu sobre a cama e a aninhou em seu peito. Logo permitiu-se
pegar no sono.
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Natasha acordou com o sol forte entrando pelas grandes janelas de vidro.
Suspirou ao se aninhar no peito de Dante, que subia e descia em uma
respiração leve.
Olhou para o outro lado da cama. Stela não estava mais ali. Havia sido
uma ótima noite, mas gostou de estar apenas com Dante na manhã seguinte.
Stela era linda, porém o algo a mais não existia com ela.
Sorriu ao fazer movimentos circulares com o dedo sobre o peito dele.
Olhou a de relance para a cicatriz, essa ainda estava ali e talvez levasse mais
do que alguns meses para desaparecer. No entanto, Dante estava bem e isso
era o que importava.
Ele abriu os olhos verdes devagar, levado alguns minutos para se
acostumar com a luz do quarto. Segurou a mão de Natasha sobre o seu peito e
sorriu.
– Bom dia, meu amor.
Os olhos azuis-esbranquiçados dela se iluminaram, enquanto rolava sobre
o peito do príncipe.
Beijou-o brevemente.
– Como está sentido? – Ele a fitou ao colocar atrás da orelha uma mecha
do cabelo negro.
– Ótima! Como se não tivesse ficado tanto tempo sem energia.
– Não deveria ter ficado. – A expressão de Dante se fechou.
Natasha ergueu um dedo e massageou a ruga entres as sobrancelhas dele
até que essa desaparecesse.
– E a parte sobre eu não matar ninguém?
– Ambos sabemos que você não precisa matar ninguém.
Ela mostrou língua.
– Aquela vadia que matou dois caras numa noite estava disposta a morrer
por mim? – Dante zombou.
Natasha escorregou dos braços dele é virou as costas. Encarando a parede
branca do outro lado.
– Estou apaixonada. – Sua voz soou como um sussurro à medida que se
encolhia.
Dante a puxou pelo ombro, forçando-a a encará-lo.
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– Não aja como se isso fosse ruim, porque eu também a amo. Não quero
de forma alguma que morra.
– Não me contento mais com outro toque que não seja o seu.
Dante não conteve o sorriso, ouvir isso o fazia tão bem.
Natasha voltou a subir em cima dele.
– Até quando podemos ficar aqui?
– Bom – Dante cruzou os braços atrás da cabeça, usando-os com
travesseiro. – A reserva vai até o meio dia.
– Ainda não usamos a banheira. Eu adoro uma banheira.
Dante sorriu ao observá-la se contorcer sobre seus quadris. Suspirou ao
conter com a vontade de seu pênis duro sobre ela. Percorrer com os olhos as
curvas expostas daquele belo corpo nu, não ajudou nem um pouco.
Natasha deu um pulinho quando o membro a cutucou.
– Aqui não é a banheira. – Ela deslizou as mãos sobre o peito de Dante,
espremendo seus seios na direção dele no processo.
O príncipe respirou fundo e apertou a cama sob seu corpo, tentando se
conter. Seu corpo já o sabotava todas as manhãs, com ela em cima era um
crime não fazer nada.
– Eu acho que consigo esperar até chegarmos na banheira.
Natasha deu um pulo da cama e desceu a escada até o banheiro.
Dante perdeu alguns minutos observando-a. As curvas que se moviam a
cada passo, o rebolado involuntário, os seios pulando levemente a cada passo.
Os cabelos longos, negros e sedosos, quase tinham seu brilho próprio. A luz
do sol que entravam pelas enormes janelas de vidro só a favoreciam.
Quando Natasha entrou na porta do banheiro e a fechou, Dante pulou da
cama como um gato e correu na direção dela.
Ela deu uma risadinha atrás da porta como uma garota travessa antes de
abri-la.
Ele entrou, observou com o canto de olho a banheira que ainda estava
enchendo. Bom, prometi chegar até lá, mas não queria esperar mais.
Empurrou Natasha contra a parede, com a mão direta ergueu os braços
dela acima da cabeça e os manteve firmes contra a superfície fria. Passou a
língua no vale entre os seios macios ao sentir o desejo rugir dentro de si. A
forma como ela se contorceu e gemeu o excitou ainda mais.
– Na banheira. – A súcubo tentou soltar os pulsos.
Ele rugiu.
– Na banheira.
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Capítulo 25
muito feliz por isso. Mas ele só tem tempo para a Dária há quase cento e
cinquenta anos e você agora com o Dante... – Isabel voltou a chorar. – Eu
tenho me sentido tão sozinha.
– Oh, Isa!
Natasha a abraçou ainda mais forte. Sentiu um aperto no peito que a
deixou sem lugar. Por um momento apenas acariciou o cabelo curto da irmã
sem saber o que dizer. Nunca havia pensado em como ela se sentia com tudo
aquilo.
– Sempre estaremos juntas, Isa.
– Eu sei. Mas não saímos como antes, não conversamos como antes. Fico
assustada ao ver que a única companhia que tenho nessa casa é a nossa mãe.
Natasha bufou.
– É mesmo horrível.
Isabel sorriu.
– Nuca havia pensado nisso, mas agora acho que seria bom eu ter alguém
também.
– E por isso a insatisfação com as roupas? – Natasha apontou para a pilha
de vestidos e saias sobre a cama.
Isabel escondeu o rosto, envergonhada.
– Marquei com um lobisomem. Ele é interessante...
– Por que, não estou vendo tanta empolgação assim?
– Talvez eu esteja esperando demais desse encontro e ele só queria uma
boa transa.
– Se ele for um babaca você o suga até o fim.
Ambas riram.
– Sabe, Isa, se até eu tenho um cara que me suporta, o seu ou a sua deve
estar aí em algum lugar e vai tentar te matar ou pender em algum momento.
Isabel respirou fundo e desviou o olhar, mexendo na barra de renda dá saia
que usava.
– Espero que sim.
– Até lá, sempre estaremos aqui, eu e Aron. Dante e Dária não nos tiraram
de você, viraram parte da família.
Isabel abriu um largo sorriso e abraçou Natasha.
– Vamos ver se achamos algo interessante no meu guarda-roupa?
A loira se levantou num pulo.
– Quem sabe tenha alguma coisa.
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Dante encheu um copo de plástico com café quente. Tomou uma golada,
torceu os lábios com o gosto amargo depois pegou uma colher e mexeu
melhor a açúcar que ficara no fundo do copo.
Tomou mais um gole antes de entrar na sala de interrogatório.
A pesada porta de metal fez um barulho agudo que ardeu dentro do ouvido
do homem algemado junto a uma trave, que ficava sobre a mesa fria e
prateada. Se o barulho não bastou para assustá-lo, mas a expressão no rosto
de Dante o fez se encolher. Infelizmente, as algemas limitavam seus
movimentos e ele não teve para onde fugir.
Engoliu em seco ao encarar aqueles olhos verdes tão cheios de
julgamento. Ainda que o policial parecesse descontraído tomando o seu café.
A mulher magra de estatura mediana e cabelos ondulados na altura dos
ombros, que entrou logo em seguida, foi um alívio visual que diminuiu um
pouco seu desespero. Sua boca salivou ao olhar para as curvas que a
compunham...
Por que diabos a sala estava tão fria? Ele pensou ao tentar, em vão, soltar
os pulsos da mesa e se abraçar. O suspeito sentiu um pouco de falta de ar.
Não havia nenhuma janela, nada além de paredes frias de metal, uma câmera
e o espelho por onde tinha certeza de que os demais policiais o observavam.
Saulo tentou coçar o nariz e acabou se frustrando de novo. Cerrou os dentes e
bateu com os punhos contra a mesa.
– Onde está o meu advogado, já disse que não falo sem a presença de um
! – Ele gritou ao encarar Stela que parecia ser, entre os dois policiais, a mais
fácil de intimidar.
– Estamos providenciando, querido. – Ela se debruçou sobre a mesa e o
encarou com um olhar ameaçador. – Você bem sabe como a Defensoria
Pública funciona.
Saulo se encolheu na cadeira de metal. Aquele olhar... O coração disparou
no peito. Sentiu um nó na garganta que o deixou incapaz de respirar. Um suor
frio escorreu por sua testa. Costumava ser o caçador e não a caça. Mas o
olhar da mulher delicada à sua frente, pareceu mais ameaçador do que o de
um cão raivoso.
– Minha parceira assustou você? Parece que não teve o mesmo medo ao
molestar e espancar uma mulher até a morte. – Dante lhe dirigiu um olhar
frio, com a mesma máscara assustadora que exibia em seu rosto para as almas
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condenadas do inferno. – Vou deixar você cinco minutos com ela, e quando
eu voltar quem sabe não possa me contar melhor o que aconteceu no beco na
quarta-feira à noite.
O detetive deu as costas, Stela abriu um sorriso maligno e estalou os dedos
de ambas as mãos.
– NÃO! Não me deixe aqui com ela.
– Achei que não tivesse medo de mulheres. – Dante voltou a encará-lo
com um ar de deboche.
– Não é bem assim.
Saulo engoliu em seco e se encolheu. Não era a primeira vez que acabava
preso, estava acostumado as frequentes visitas a delegacia, mas nunca
trombara com policiais tão assustadores quanto os diante de si. Preferia
qualquer coisa a ter que encará-los por mais alguns minutos.
– Então como foi? – Dante espremeu o copo de plástico com as palmas
das mãos.
– Ela pediu. – Saulo engasgou com as poucas palavras.
– Pediu?!
O riso histérico de Stela ecoou de maneira monstruosa e opressora pela
sala sem saída. Foram apenas alguns minutos que pareceram horas.
Em seguida, ela bateu as unhas afiadas e pitadas de branco sobre a mesa
de metal, e rosnou para o homem.
Saulo se sentiu claustrofóbico e a sala começou a girar. Talvez fosse
apenas dificuldade com a respiração, mas... Como poderia estar com tanto
medo de uma mulher?
Suas pupilas estavam dilatadas, suas pernas tremiam. Soube que mesmo
que fosse solto naquele momento, estaria paralisado demais para correr para
onde quer que fosse.
– Ela pediu? – Stela insistiu, curvando seu corpo ainda mais na direção do
dele.
Saulo se encolheu ainda mais e uma lágrima escorreu por sua face
deixando uma linha úmida e brilhante. O interrogado, sentiu-se como um
inseto perante a um elefante.
– PEDIU?!
Saulo engoliu em seco.
– Ela estava com um vestido curto tão provocante, foi como se tivesse
pedido.
Dante rosnou e o acusado pulou da cadeira, machucando ainda mais os
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Capítulo 26
sobre como ela estaria vestida por debaixo daquele pesado casaco escuro. Sua
mente viajou e todas as possibilidades o agradaram muito, inclusive a dela
não estar vestindo nada.
Levou a mão até a coxa macia da súcubo e a apertou levemente.
Natasha se virou para ele e sorriu, mas fingiu estar concentrada na rua com
trânsito movimentado.
Dante deslizou a mão até o interior da coxa, tocando os elásticos que
prendiam a cinta liga. Arregalou os olhos ao tomar um susto. Não esperava o
tapa que ela lhe deu. Tirou a mão às pressas.
– Ainda não. Espera chegarmos a sua casa.
– Você já fez coisas piores do que apenas me acariciar. – Dante cruzou os
braços, fechou a cara e virou-se para encarar o motoqueiro que passava no
corredor.
– Achei que eu fosse a impaciente.
Natasha mostrou língua e Dante quis mordê-la.
Ele se ajeitou no banco e respirou fundo. Que maldito trânsito lento!
Nunca havia sentido tanta vontade de poder usar suas asas.
Levou a mão a boca para conter o riso de deboche sobre si mesmo. Perto
de Natasha já não conseguia mais pensar com a cabeça certa. Um tarado, era
assim que estava se sentindo. Não conteve a gargalhada.
Natasha arregalou os olhos e o encarou sem entender.
Mas era tão bom ser assim perto dela.
O riso dessa vez foi mais discreto.
Finalmente a garagem do prédio apareceu diante dos seus olhos e Dante
abriu o portão para que Natasha pudesse estacionar em sua vaga.
Assim que o carro parou, Dante nem mesmo abriu a porta. Aproveitou que
o carro era conversível e pulou para fora. Deu a volta e abriu a porta de
Natasha.
– Que gentil! – Ela o beijou na testa.
Dante bufou e a envolveu pela cintura.
Natasha soltou um risinho ao passar os braços ao redor do pescoço dele.
– Já posso tirar o casaco? – Dante mordeu de leve a orelha dela em meio a
um sussurro, sentindo-a se contorcer em seus braços.
– Ainda não, seu safado. – Natasha deu tapinhas no peito dele.
– Não tenho culpa, foi você quem me deixou assim.
– Vamos subir.
Dante não precisou ouvir mais nada, para pegá-la nos braços e caminhar
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Dante arfou, curvou a cabeça para trás, arqueou o corpo no sofá. Talvez
devesse ter se acostumado com os toques dela, mas esses os faziam perder o
fio do pensamento racional ainda como da primeira vez e amava a certeza de
que isso não mudaria...
Natasha apertou um pouco mais os lábios, chupando-o com força, e Dante
se perdeu nas sensações, não conseguindo pensar em mais nada.
Ergueu a mão trêmula e acariciou o macio cabelo negro. A visão dela se
movendo, dos lábios, da língua o fazia se perder ainda mais no prazer que ela
o proporcionava.
– Nat... – Sua voz rouca foi abafada por um gemido. – Natasha, para um
pouco.
Ele se conteve para não fazer isso, mas no fim a puxou pelos cabelos e a
forçou a parar.
– Ei! – Ela cerrou os dentes.
– Não vou deixar você acabar comigo agora.
Natasha sorriu ao passar a língua pelos lábios.
– Tá bem.
Dante a puxou para cima pelos ombros e a fez sentar em seu rosto, com a
vagina úmida sobre seus lábios. Lambeu devagar e a ouviu gemer. Agarrou
as nádegas dela com as duas mãos e a impediu de se mover o máximo
possível.
Natasha jogou a cabeça para trás ao cravar as unhas sobre as mãos que a
seguravam com tanta força. Não conteve o grito ao sentir os lábios do
príncipe se fecharem sobre seu clitóris. Quando ele começou a chupar, não se
preocupou em conter os gemidos. A medida que Dante alternava entre leves
chupadas e movimentos com a ponta da língua, Natasha ia se perdendo,
delirando. Tentava rebolar, e praguejava toda vez que as mãos dele a
impediam. Quase arrancou os próprios cabelos quando ele a penetrou com a
língua e deu leves estocadas. Queria gritar, exclamar todos os palavrões que
conhecia, porém, tudo o que conseguiu foi soltar gemidos histéricos Ao
contrário dele, não pediu para que parasse e aceitou de bom grado a deliciosa
sensação do orgasmo. Foi como uma pancada que a deixou sem respirar por
minutos que pareceram horas. Jogou a cabeça para trás o máximo que pode,
fazendo os cabelos roçarem na perna de Dante, mas a calça o impediu de
sentir cócegas. Aos poucos foi diminuindo o ritmo e altura dos gemidos, mas
o delicioso formigamento ainda banhava seus membros.
Dante a soltou e ela desceu de cima dele, ainda tonta e trocando as pernas.
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Capítulo 27
Como? Bom, as incontáveis horas de sexo com Dante eram uma boa
explicação. Mas... A segunda onda de desespero foi pior. Essa a deixou sem
ar e a fez tremer. O suor frio banhou sua testa.
– Teremos mesmo um bebê em casa? – Aron não se conteve e acabou
entrando no quarto.
– Sim, serei avó. – Beatriz respondeu com um largo sorriso ao se virar
para o filho.
Ao ouvirem do corredor logo Dária e Isabel também estavam dentro do
quarto.
Natasha os encarou. Com um pouco de dificuldade, sentou-se na cama.
– Será que Dante não vai odiar isso?
Aron se aproximou da irmã, sentando-se entre ela e a mãe. Acariciou o
rosto dela, o que aliviou um pouco a expressão de desespero. No entanto, as
mãos que seguravam a borda da colcha ainda tremiam.
– Ele vai amar. – Garantiu Aron. – Se não roubo a espada de algum anjo e
juro que parto ele ao meio.
Natasha riu. Mas o comentário brincalhão do irmão não a fez se sentir
melhor.
– Vem, vamos. – Beatriz se levantou e empurrou todo mundo para fora do
quarto. – Deixem ela descansar um pouco.
Natasha não tinha certeza se era aquilo que desejava, mas apenas se
encolheu na cama.
Não passe mal agora. Não passe mal. Natasha repetiu a si mesma, durante
o percurso de carro até o parque Ibirapuera. Tentava se concentrar no meio
fio da avenida que passavam, nos postes, em qualquer coisa, mas nada a
incomodava mais do que o cheiro de alho vindo da cesta no banco de trás.
Não passe mal, não agora. Não quando ele ainda não sabe o motivo.
Um piquenique, era o que Dante havia planejado para aquele dia de
feriado em que as pessoas deixavam a cidade e, com as ruas vazias, o trânsito
não o tirava do sério.
Pelo retrovisor do meio, viu Natasha se contorcer no banco do carona.
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– O que foi, meu amor? – Dante estendeu a mão direita e acariciou a coxa
dela.
– Não é nada.
– Não está com cara de não ser nada.
Ela não respondeu. Ele não insistiu, mas ficou incomodado.
Graças ao feriado, Dante conseguiu parar na Avenida Pedro Álvares
Cabral, bem perto de uma das entradas do parque. Desceu, pegou a cesta no
banco de trás, contornou o carro e abriu a porta para Natasha. Ela, que estava
amarela como se todo o sangue tivesse saído de sua face, desceu como se
pisasse em ovos, caminhando com medo de que seu próximo passo a
derrubasse no chão.
Talvez fosse apenas o medo de cair com o salto, Dante tentou se
convencer de algo plausível para não encher a cabeça com ideias que o
assustavam. Mas como uma mulher que teve trezentos anos para usar saltos
não andaria com a mesma graciosidade de sempre?
Atravessaram os portões e andaram lado a lado, em silêncio pelo caminho
de paralelepípedos. As árvores de copas altas os cercavam e luz fraca naquele
dia nublado tinha uma enorme dificuldade de passar pelas folhas.
Natasha se abraçou em silêncio, quando a brisa fria do inverso somada a
umidade das árvores a fizeram se arrepiar. O clima de tensão que havia se
formado entre ela e Dante a deixava ainda mais apavorada. Conteve como
pôde o desespero para não se desabar em lágrimas. Nunca havia pensado na
possibilidade de ser mãe, mas isso não a assustava mais do que o medo da
reação do homem que ela amava.
A caminhada não durou muito mais do que poucos minutos. Dante
escolheu um espaço às margens do lago e estendeu uma toalha. Colocou a
cesta sobre ela antes de se virar para Natasha. Precisava que ela fosse sincera,
a distância dela o machucava.
Cerrou os dentes e pegou-a pelos braços, empurrando-a contra a árvore
mais próxima. Natasha gemeu quando sua pele exposta dos ombros raspou
contra a casca grossa da árvore larga e antiga.
– Eu quero respostas, Natasha, não adianta me dizer que não tem nada.
Ela ergueu a cabeça e encarou os olhos verdes tão raivosos, tão
atormentados. Poucas vezes o vira assim, e menos ainda esse olhar era
direcionado a ela. Não conseguiu mais se conter. Desabou. Foram as mãos do
príncipe a segurando contra a árvore que a mantiveram de pé enquanto as
lágrimas escorriam pelo seu rosto.
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Dante sentiu no peito uma pontada que doeu mais do que qualquer arma
celestial. Só precisava saber o que estava acontecendo, de forma alguma
queria vê-la chorando. Era incapaz de encará-la assim sem ficar muito
perturbado.
– Nat, não chora... Só... Por favor, me diz o que houve, podemos resolver.
– Ele a acariciou no rosto, limpando as lágrimas com as pontas dos dedos.
– Não era minha intenção... – Natasha tremia ao ponto de bater os dentes.
– Juro que não aconteceu porque eu queria.
– O que aconteceu?
Ela se encolheu, queria abrir um buraco na grama verde sob seus pés e se
esconder lá para não ser obrigada a encará-lo. Mas tinha que contar,
precisava.
– Eu... Eu estou grávida. – A voz saiu tão baixa, quase apenas um mexer
de lábios.
O sussurro baixo, desesperado e cheio de angústia, bastou para que Dante
entendesse aquelas poucas palavras. Ele ficou imóvel, se sentiu arremessado
para trás por algo com a força de uma bola de demolir prédios, mas não se
moveu um único centímetro. As árvores ao seu redor giraram, as copas se
transformaram em um único borrão verde. Precisou de alguns segundos para
respirar.
O tempo de reação de Dante fez Natasha cair de joelhos. Aqueles
segundos em choque foram piores do que uma briga imediata.
– Você está...
– Sim estou grávida .
Ele a pegou nos braços e precisou conter a própria força para não a
esmagar.
– Caralho, Natasha! Você quer me matar de susto? – Girou-a no ar com
um sorriso enorme no rosto. – Essa é a melhor notícia que você poderia me
dar.
Natasha deu tapinhas no braço dele para que a soltasse. Seu estômago
embrulhava à medida que ele continuava a girar.
– Me solta senão eu vou voltar a vomitar.
Sem graça, Dante parou de balança-la. Apenas a manteve junto ao seu
peito. Ainda estava abobado.
– EU VOU SER PAI! – Aos berros ele se virou para um casal de idosos
que estava sentado em um banco de concreto a poucos metros.
– Parabéns, garoto! – A mulher desviou o olhar do livro em suas mãos e
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Capítulo 28
– Dante...
O chamado fez o detetive sair de suas próprias memórias. Suspirou ao
encarar a caixa de veludo vermelho em suas mãos, antes de devolvê-la para a
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Dante sentia o chão se desfazer sob seus pés. O quarto todo girava ao seu
redor. Ficou grato por estar de joelhos.
– Isso é só mais uma das coisas que todos estão fazendo só por que estou
grávida? – Depois de uma dificuldade assustadora a voz de Natasha
encontrou uma saída para fora de sua boca.
Foi Dante quem arregalou os olhos desta vez, sentindo uma pancada no
peito.
– QUÊ? – Ele deu uma breve pausa para recuperar o ar. – É claro que não.
Já tinha me decidido, só estava esperando o momento certo.
– Então quer mesmo se casar comigo?
O corpo de Natasha tremia muito, então Dante a segurou pela cintura para
evitar qualquer risco de tombo. Pelo estado dela, sem dúvidas ele não
encontrara o momento certo.
– É claro que eu quero, sua louca.
– SIM! – O grito ecoou por toda a casa. – Eu também quero me casar com
você.
Dante tirou o anel da caixa e colocou-o no pequeno dedo da mão direita.
Em seguida, levantou-se e a tomou nos braços, contendo-se para não a
apertar ou girar no ar. Nunca em sua existência se sentiu tão feliz.
Natasha envolveu o pescoço dele com os braços, dando um pouco mais de
estabilidade ao próprio corpo. Não podia cair, tinha um pequeno crescendo
dentro dela e precisava cuidar dele.
Dessa vez, Dante a tomou nos braços e a levou até a cama. Deitou-a com
cuidado.
– Sem nada extravagante, ouviu?
– Ah, por quê? – Natasha se contorceu na cama e mordeu os lábios.
A postura sexy de menina travessa fez o desejo de revirar dentro de Dante.
Ela não precisava de muito para enlouquecê-lo.
– Não se esqueça de que está grávida. – Ele subiu na cama e engatinhou
com pernas e braços ao lado do corpo de Natasha.
– Vou tentar. – Natasha disse contra os lábios de Dante quando ele a
envolveu em um beijo mais quente.
Quando o ardor da fome voraz que sentia por ela tomou seu corpo, o
príncipe teve de se recordar que Natasha não era a única que precisava ter
cuidado com o bebê.
Dante tirou sua camisa e a jogou no chão perto do tapete e onde deixara
seus sapatos. Curvou-se novamente sobre o corpo de Natasha e voltou a
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beijá-la. Passou a língua pelo contorno dos lábios, enquanto se deliciava com
o calor do corpo sob o seu. Com as mãos apoiadas na cama, evitou soltar seu
peso sobre ela. Precisava tomar cuidado, tentaria...
Natasha mordeu o lábio inferior dele arrancando um longo gemido, para
descer com a língua num caminho molhado até o a base do pescoço. Beijou-o
entre o esterno e a clavícula. A medida que o tocava as reações de Dante
deixavam-na ainda mais excitada.
Girou na cama. Sentou-se sobre os quadris de Dante. Encarou os olhos
verdes dele.
– Eu te amo. – Ele sussurrou ao apertar com as mãos a cintura de Natasha.
– Eu também te amo. – Ela disse contra os lábios de Dante após curvar-se
para beijá-lo.
O príncipe deslizou as mãos até as coxas roliças e as subiu de volta até a
cintura puxando para cima a saia do fino vestido de seda. Sentia o desejo
crescer a cada centímetro do corpo da súcubo que deixava amostra. Olhá-la
era como se perder no paraíso. Natasha ainda o tirava o ar e o fazia perder o
controle como da primeira vez que a viu. Seu sangue fervia da mesma forma.
Natasha voltou a se sentar e ergueu os braços, Dante se curvou na direção
dela e terminou de tirar o vestido .
– Isso é para eu me esquecer mesmo que você está grávida?
Olhou-a de cima a baixo. A lingerie que ela usava era de provocar os
sonhos mais devassos, numa renda roxa semitransparente não escondia nada,
mas a sua presença bastava para enlouquecer qualquer homem. Dante
conteve a besta dentro de si que teve vontade de rasgá-la. Cuidado!, gritou a
si mesmo em pensamentos. Mas tentar resistir já estava o fazendo transpirar.
Exigindo o máximo do seu alto controle levou as mãos até as costas dela e
abriu o fecho do sutiã deslizando as alças pelos ombros com gentileza até ele
ser apenas mais um rastro no chão.
Natasha se ergueu um pouco para retirar a calcinha e Dante aproveitou
para sentar na cama, logo puxando-a de volta para o seu colo. Ela jogou os
cabelos para o lado esquerdo e tombou a cabeça, deixando o caminho livre e
um pedido silencioso que logo foi atendido. Os lábios beijando-a devagar
provocaram um calafrio gostoso que percorreu todo seu corpo. Natasha
gemeu e apoiou as mãos nos ombros de Dante quando o sentiu intensificar as
carícias. Logo o beijo molhado perdeu o cuidado e se transformou em
chupões e mordidas ao longo do pescoço, as marcas dos dentes e lábios
ficavam pelo caminho. Sentada sobre o pênis rígido, ainda que dentro da
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calça Natasha suspirava a cada vez que ele tocava em sua vagina exposta. A
cada beijo pelo pescoço, clavícula e ombros somado ao roçar involuntário
dos corpos, ela sentia seu corpo implorar cada vez mais por ele.
As mãos de Dante tocaram seus seios e a língua lambeu um dos mamilos
eriçados. A carícia a fez jogar a cabeça para trás e gemer. Quando ele
começou a chupar ela se esfregou contra o pênis dele na esperança que isso
amenizasse o calor entre suas pernas, porém serviu apenas para alimentá-lo
ainda mais.
Dante quase protestou quando ela o impediu de continuar brincando com
os seios tão macios e saborosos. Mas assim que as mãos trêmulas e ansiosas
abriram o zíper de sua calça ele entendeu e a ajudou a se livrar do que ainda
vestia.
Logo que ouviu o barulho do cinto caindo sobre o chão de porcelanato,
Dante a agarrou pela cintura e a sentou em seu membro. Arfou quando a
umidade dela o envolveu, abraçando seu pênis e o levando a um grau de
prazer que só conheceu com a súcubo.
Natasha mordeu os lábios para conter o grito ao ser invadida de surpresa,
mas seu corpo logo vibrou com a presença do grosso intruso delicioso. Ela
jogou a cabeça para trás e apoiou as mãos na cama atrás de si.
Dante estava no meio da cama, com ela sobre suas pernas cruzadas,
segurou firme a cintura fina e observou a barriga que ainda continuava lisa,
mas serviu para lembrá-lo de que precisava ter cuidado. Era um demônio
muito mais forte que ela e não se perdoaria se algo acontecesse ao seu filho...
Mas quando Natasha começou a se mover ele perdeu o fio do pensamento
racional. As mãos que a seguravam na cintura foram grandes aliadas para que
ele pudesse ter um pouco de controle do ritmo. No entanto, assim que
Natasha começou a rebolar contra a sua pélvis, a cada movimento fazendo-o
entrar por completo, ele soltou a cintura dela e a deixou reger a dança erótica.
Deslizou a mão esquerda pela nuca e agarrou os cabelos negros,
deliciando-se com a expressão de prazer que se intensificou no rosto de
Natasha.
Aqueles beijos e mordidas no pescoço eram uma injustiça deliciosa, pois
fazia Natasha se perder em meio ao prazer. O toque, as carícias, as estocadas
cada vez mais rápidas a faziam gemer e revirar os olhos azuis-
esbranquiçados. Ele era gostoso demais, tinha toda pegada e beleza que um
homem precisava ter. Fora a lista enorme de outras qualidades, isso bastava
para ter feito dela uma boba apaixonada.
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Capítulo 29
– Dois dias ou eu prometo vir até você outra vez e não ser tão amistosa.
Sua semente também não pode ficar na terra ou perderá a cabeça ainda no
útero.
Num piscar de olhos, Uriel não estava mais lá e a única lembrança de sua
presença era uma pena branca deixada na poltrona onde estava a pouco.
Dante sentiu o quarto se fechar ao seu redor. Com medo de cair, levou a
mão a trave da cama. A ameaça explícita ao filho e a mulher que amava o
deixou desesperado. Não tinha escolhas, para protegê-los teria que voltar,
então porque doía tanto?
– Dante? – A voz baixa o fez se virar para cama.
Natasha se remexeu até se sentar, depois atirou-se nos braços dele.
Abraçou-o com toda a sua força enquanto tentava suprimir as lágrimas.
Sentiu-o afagar o seu cabelo. Sabia o quanto ele estava se esforçando para ser
forte, então chorou pelos dois.
– O quanto você ouviu? – perguntou o príncipe ao traçar a linha da coluna
dela com a ponta dos dedos.
– O bastante .
– Me desculpa, meu amor.
– Você fez que pode por nós. Por isso vamos voltar ao inferno.
O rosto de Dante se iluminou com um sorriso.
– Viveria lá por mim?
– Viveria em qualquer lugar por você.
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Capítulo 30
Natasha se encolheu junto ao peito de Dante. Ah, o frio! Era algo que
precisava se acostumar agora que moraria naquele castelo. Olhou para cima
vendo as altas torres que se misturavam a um céu muito escuro aquele era o
seu lar agora.
Dante encostou a mão em uma das partes da grande porta dupla e se virou
para Natasha antes de entrar.
– Bom, já que retornei, acho melhor me chamar de Mammon aqui, afinal é
o meu verdadeiro nome e como todos aqui no inferno me conhecem. Não
quero dar um nó na cabeça do nosso filho.
– Está bem. – Natasha sorriu.
O príncipe se curvou na direção dela e com a ponta dos dedos gelados,
colocou uma mecha do cabelo negro atrás da orelha. Depois curvou-se para
beijá-la.
O toque terno dos lábios se tornou mais urgente quando a língua de
Natasha pediu passagem por entre os lábios dele. Mammon deixou cair uma
mala que segurava na mão direita e puxou Natasha pela cintura para junto do
seu corpo, senti do o calor que ela emanava, ainda que por baixo de toda a
roupa de frio.
Ignorou por completo os demônios que solicitara para ajudarem com a
bagagem. Mal vira a hora de ter Natasha em seus braços. Em meio a viagem
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– Obrigada.
– Se não se importam, vou levar ela para o quarto.
– Teremos tempo para conversar depois.
Samael deu um passo para o lado e abriu caminho para que os dois
pudessem passar.
Mammon ajeitou a alça da mala em seu ombro e deu a mão para Natasha
ao sorrir para ela.
– Depois conversaremos sobre o quarto do bebê. – gritou Lilith antes que
os dois sumissem de vista. Depois virou-se para o marido ao apoiar as mãos
no ombro dele. – Ah, uma criança! Finalmente esse lugar terá vida outra vez.
Bom que você poderia ter concordado comigo em fazer mais uns.
Samael respirou fundo.
Com a ponta dos dedos, traçou o contorno do rosto quadrado até os sutis
lábios finos.
– Eu te amo.
Ele a envolveu pela cintura e a rendeu em um beijo quente, o eu também
ficou subentendido. Mordeu o lábio inferior antes de adentrar a boca quente
com a língua. A forma como ela se entregava em seus braços o fazia beijá-la
ainda mais empolgado.
Mammon estava imensamente feliz. A insatisfação de deixar a Terra foi
totalmente deixada de lado por ter Natasha ali. A mulher que amava, sua para
sempre. A expectativa em relação ao filho o deixava ainda mais nas nuvens.
Tomou-a nos braços e a levou até a frente da lareira. Sentou-a no chão
sobre um tapete branco e felpudo e foi até a cama pegou alguns travesseiros.
Os olhos de Natasha brilhavam, o calor da proximidade com a lareira não
a aquecia mais do que o sentimento em seu interior. Morar no inferno não a
assustava, ao lado de Dante tudo parecia valer a pena.
Riu baixinho, teria que se acostumar em chamá-lo pelo verdadeiro nome.
Mammon se ajoelhou diante dela. Com os joelhos entre as pernas
distanciadas, acariciou-a antes de voltar a beijá-la. Lembrar-se do filho foi o
bastante para conter a vontade de arrancar as roupas dela. Tenha cuidado!,
repetiu a si mesmo pela milionésima vez. Só precisava de um pouco de
paciência, logo a criança nasceria e não precisariam mais se conter.
Passou os dedos pelo sedoso cabelo negro. Levou as mãos até a cintura e
retirou a blusa de lã.
Natasha abraçou a si mesma com a brisa fria que entrou pela janela.
Mammon retirou a própria camisa e jogou sobre a poltrona onde havia
colocado a blusa de Natasha. Abriu as grandes asas com penas negras e as
usou como escudo para proteger Natasha do frio.
Deitou-a com cuidado sobre os travesseiros e voltou a beijá-la no pescoço.
O gosto saboroso da pele fazia sua boca salivar e o alucinava, fazendo-o
desejar cada vez mais poder tocá-la.
Natasha sentiu os lábios molhados deslizarem do seu pescoço e deixarem
um caminho de calafrios até seus seios, onde Mammon abocanhou um deles e
com a mão esquerda apertou o outro. A súcubo gemeu e se remexeu no
tapete. Após a gravidez seus mamilos pareciam ainda mais sensíveis. Perdida
na sensação do toque, levou as mãos trêmulas aos cabelos loiros e acariciou-
os. As sorvidas cada vez mais intensas em seu seio a fizeram se perder em
meio a gemidos, já não importava mais onde estavam, nem que os pais dele
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estivessem ouvindo. Não deveria mesmo se importar, agora ali era a sua casa.
Mammon ergueu a cabeça mediante a resmungos de protesto. Mas logo a
fez se calar ao beijá-la nos lábios outra vez. Sentiu uma leve dor quando as
unhas afiadas se cravaram em seus ombros. Gemeu contra a boca de Natasha
enquanto suas línguas se tocavam numa dança feroz.
O desejo que ardia tanto por ela já queimava suas veias e era difícil manter
a calma. Ansioso, levou as mãos entre os corpos e abriu o zíper da calça que
ela usava. Natasha ergueu os quadris para que ele pudesse retirar a calça e
mais uma peça voou pelo quarto caindo ao chão. Logo o sutiã e a calcinha
também já não cobriam mais o corpo da súcubo.
– Você é tão linda.
Mammon a olhou nua da cabeça aos pés. O corpo deslumbrante com as
curvas e proporções certas ainda o deixavam sem ar, duvidava muito que em
algum dia isso fosse mudar, não importava quantos filhos tivessem. Mal via a
hora de ver a barriga dela crescendo e poder sentir o bebê chutando...
Passou a língua pelos lábios quando o desejo o atingiu outra vez como
uma forte pancada.
Natasha embrenhou os dedos nos curtos cabelos loiros e o puxou de volta
para um beijo. Com a mão esquerda livre, percorreu a linha das costas largas,
acariciou as penas macias das asas. Todo aquele pecado de homem era
inteiramente seu, pela eternidade.
Sua pele formigava onde as mãos de Mammon tocavam ao percorrer-lhe o
corpo. Jogou a cabeça para trás, entregando-se completamente ao toque aos
lábios.
– Tira a calça! – Natasha ordenou por entre os lábios trêmulos.
Ela não precisou pedir outra vez. Mammon se colocou de pé apenas para
se livrar das peças que ainda cobriam o seu corpo.
Natasha salivou com a visão do pênis rígido. Ficou de joelhos no tapete e
o encarou com os olhos brilhando.
O príncipe apenas a observou, a luz da lareira dando um tom avermelhado
aos longos cabelos negros e a metade da face, enquanto o restante do corpo
era condenado a penumbra. Linda... Ela era incrivelmente linda. Passou os
dedos pelos lábios carnudos e vermelhos que estavam molhados pela saliva.
Natasha mordeu o dedo e chupou com uma provocante expressão sexy.
Mammon não resistiu, passou o pênis nos lábios dela. A forma como
Natasha revirou os olhos deixou claro o quanto ela estava gostando.
Ela o agarrou com as duas mãos e lambeu a glande.
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incomodou mais do que qualquer dor física e ao mesmo tempo a fez arder de
desejo.
– Caralho, quer me enlouquecer?
– Talvez sim, Talvez não. – Ele brincou ao continuar com a massagem.
Natasha estava suando, tremendo, seu corpo estava tão quente que já era
incapaz de perceber o frio do exterior.
– Chega, por favor. – Ela implorou. – Assim eu não aguento.
– Não? – Mammon passou os dedos pela abertura dela.
Natasha arfou.
O príncipe a puxou pelos quadris e a fez se ajoelhar no tapete. O
movimento a fez se sentar no pênis rígido que aguardava por ela.
Natasha gritou. Finalmente o seu desejo foi atendido. Rebolou contra ele,
sentindo-o entrar fundo. Era ali em que se perdia e se encontrava ao mesmo
tempo. Prazer era apenas o início de tudo o que sentia quando estava com ele.
Ao mover o corpo com a ajuda das mãos firmes, estavam numa sintonia que
só eles entendiam e ia bem além da ligação física entre os corpos.
Mammon jogou para o lado o cabelo negro, e mordeu a base do pescoço,
sentiu todo o corpo dela se contorcer. A vagina o envolveu com ainda mais
força. Continuou a beijá-la ao deslizar as mãos e agarrar os seios expostos.
Ouvia ela gritar seu nome, o verdadeiro nome, os nomes que usara. Não
importava. Mammon estava alucinado pelo prazer assim como Natasha.
Segurava-a pela cintura, penetrando-a ao máximo. Foi difícil não deixar
marcas no pescoço ou nos quadris com a pressão dos dentes ou a força dos
dedos.
Natasha também o provocava, esfregava a bela bunda nele. Foi impossível
conter o segundo orgasmo, e nem ao menos tentou. Deixou-se levar pelo
prazer enquanto a incentivava a continuar. Levou a mão entre as pernas e a
tocou pouco acima de onde os corpos se encontravam. A fez gritar, gemer, e
logo a envolveu no mesmo prazer viciante.
Deitou-se no tapete com ela e puxou-a para o seu peito.
– Eu te amo. – Natasha se aconchegou nele, ouvindo o coração bater.
– Eu te amo demais!
Natasha suspirou. Antes de conhecê-lo, Natasha tinha um futuro bem
previsível. Continuaria a ser a imprudente louca dormindo com qualquer um
apenas para se satisfazer. Mas a vida era mais do que isso, existir era mais do
que isso. Ter filhos era uma loucura, encontrar um homem que amasse de
verdade também era loucura. Mas toda essa loucura era o que a fez se sentir
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feliz de verdade.
Ele a mudou, mudou seu futuro, deu a sua história um final feliz.
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Epílogo
– MAMMON!
O grito ecoou por todo o castelo e fez o príncipe sentir uma dor mais
aguda do que a infligida por qualquer arma.
– Calma, meu amor, eu estou aqui. – Ele segurou firme a mão suada e
trêmula da mulher que amava.
Natasha olhava para frente tudo o que conseguia enxergar era uma silhueta
disforme do seu marido, sentado ao lado da cama. Tudo atrás dele eram
borrões do que julgou ser as luzes do quarto.
Outra pontada na barriga seguida por um grito ainda mais forte.
– Respira fundo, querida, e quando as contrações vierem você empurra
com toda a força. – Em alguma parte de sua mente, Natasha era capaz de
ouvir a voz de Lilith ecoando bem lá no fundo.
Sabia que ela e outras demônias estavam no quarto, mas tudo estava muito
obscurecido pela dor das contratações... Ahhh!!!
A camisola branca que Natasha usava estava pregada ao corpo de tanto
suor. Tudo girava, tudo doía.
Mammon sentado ao lado dela, observava tudo com um aperto enorme
no coração, queria poder fazer mais do que apenas segurar a mão dela,
precisava livrá-la da dor.
Outro grito. A súcubo apertou com força a sua mão.
Curvou-se e beijou-a na testa sentindo o gosto salgado do suor.
– Calma, meu amor , vai ficar tudo bem.
Gritos. Mais gritos. Precisava se manter firme por ela, mas Mammon
estava prestes a desabar.
Um choro seguido de um suspiro de alívio, fez um peso colossal sair das
costas dele.
Natasha piscou os olhos tentando trazer de volta o foco roubado pela dor.
Essa que agora era apenas uma lembrança.
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Bônus
Inferno – verão de 2022
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– Vem com vovô, nós vamos encontrar algo mais divertido e menos
perigoso.
– Tá.
Lygia abriu um largo sorriso e seus olhos verdes brilharam de
empolgação.
Samael sumiu de vista carregando a neta que pulava em seus braços.
Mammom penteou os cabelos loiros com os dedos ao respirar fundo.
– É tão imprudente quanto a mãe.
– Ei, estou aqui! – Natasha deu uma cotovelada nele.
O príncipe riu.
– Por acaso disse alguma mentira?
Natasha cerrou os dentes e cruzou os braços.
Mammom deu de ombros e enfiou as mãos nos bolsos da calça de linho.
– Quanto tempo acha que seu pai consegue aguentar a nossa diabinha sem
querer arrancar os cabelos?
– Com sorte? Algumas horas. – Os olhos de Mammon se iluminam e seus
lábios se mexeram num sorriso maroto. – Finalmente algumas horas
sozinhos.
Natasha soltou um gritinho, quando pega de surpresa, ele a tomou nos
braços.
Mammom subiu as escadas com a amada nos braços. Atravessou os
corredores e abriu a porta com o pé, fechando-a logo em seguida com o
mesmo movimento. Caminhou até a cama de dossel e deitou-a. De pé, ao
lado, deslizou o dedo indicador dos lábios grossos e vermelhos até a junção
dos seios no decote do vestido negro de seda.
– O que acha de fazer outro bebê agora?
Natasha arregalou os olhos e mordeu os lábios para conter o grito.
– Não fala isso nem brincando.
– Por quê? – Mammon torceu os lábios fingindo estar chateado.
– Lygia já nos dá trabalho mais do que suficiente.
– Bom... – Ele se ajoelhou na cama com o corpo dela entre as pernas. –
Por hora fico feliz em praticarmos.
Mommom se curvou sobre Natasha e passou a língua pelos lábios,
sentindo-a vibrar na cama.
Impaciente, Natasha envolveu o pescoço dele com os braços e o puxou
para ainda mais perto. Tocou os lábios dele com a língua e impôs sua
passagem para dentro da boca úmida e quente.
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apoiada nos seios da mãe e envolta pelos braços do pai, sentia todo o amor
que os pais tinham por ela. Mesmo que brigassem às vezes...
Natasha beijou a filha na testa e o marido nos lábios e depois reparou no
reflexo deles no espelho que cobria toda uma parede do banheiro. Sorrindo,
agradeceu ao acaso, ao destino ou qualquer que fosse o culpado por sua
felicidade.
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Sumário Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Bônus
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Prólogo
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Capítulo 1
Cancun – verão de 2022
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como nunca estivera, sentisse-se mais sozinha. Cuidara deles a vida inteira,
precisava superar isso, Aron e Natasha estavam em boas mãos.
A luz de afivelar os cintos e desligar os aparelhos eletrônicos surgiu no
painel outra vez seguido de um apito que fez Isabel erguer os olhos e encarar
o painel. Bufou ao levar as mãos atrás das costas procurando pelo cinto no
assento largo.
Logo o comissário de bordo passou por ela e foi até uma espécie de
interfone que ficava próxima a entrada da cabine do piloto.
Ele pigarreou antes de começar a falar.
– Senhores passageiros, estamos entrando em uma zona de turbulência e
peço que se mantenham sentados e com os cintos afivelados. – Colocou o
aparelho de volta no gancho e foi se sentar em seu próprio assento, poucos
metros à frente de Isabel.
Juan fitou a mulher sentada em uma cadeira executiva próxima a janela,
onde ela encarava o céu e parecia perdida. Estando em voos internacionais
pela América latina diariamente, já vira muitas mulheres bonitas, mas poucas
se comparavam a que estava diante de seus olhos. Não conteve o instinto de
passar a língua pelos lábios, sabia que era proibido, mas quem sabe não
pediria o telefone dela em algum momento da viagem. Poderia ser demitido,
mas se arrependeria se não o fizesse.
Olhou para ela com um pouco mais de atenção. Os cabelos longos e loiros,
estavam esparramados pelos ombros e no encosto da cadeira, os lábios
vermelhos tinham a proporção certa para enlouquecer, os olhos estavam
cobertos por uns óculos de sol com lentes de aviador, o belo corpo estava
espremido e demarcado por um justo vestido preto...
O avião balançou e Juan se moveu na cadeira. Olhá-la o fizera se esquecer
da turbulência.
Viu-a olhar em sua direção e curvar os lábios em um sorriso discreto.
Sentiu o coração se inflar, podia ser algum sinal de que ela também gostara
dele ou apenas um gesto educado de quem encontrou um homem a encarando
sem o menor pudor.
O avião balançou outra vez. Juan não se moveu, a loira também não, o que
o impressionou, mulheres costumam ser duronas até a poltrona tremer.
Isabel tirou os óculos de sol exibindo seus olhos azuis-esbranquiçados e
encarou de volta o homem que a fitava, fazendo-o desviar o olhar. Curvou o
corpo para frente num sutil movimento de predador e manteve os olhos
firmes.
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algo simples, apenas um gesto educado, então por que sentia as pernas tão
bambas? Um suor gelado escorreu por sua nuca. Engoliu em seco.
– Tudo bem? – Isabel soltou a mão de Dulce, jogou os cabelos para trás e
sorriu. Fingiu não fazer ideia do que gerara o estado abismado da pobre
mulher.
– Sim... Sim! Eu vou... Qualquer coisa é só me chamar.
– Está bem.
Isabel sorriu ao passar a mão pelo decote, salientando-o. Quando a
aeromoça virou as costas, ela tomou mais uma golada de seu vinho.
Dulce voltou para a cabine da cozinha tremendo e suando frio. Um toque,
apenas um toque da bela passageira e estava completamente desestabilizada.
Esfregou uma perna na outra sentindo que o tecido fino de sua calcinha
estava molhado. Mordeu os lábios para conter um suspiro. Não costumava se
sentir atraída por mulheres, mas aquela.
Passou a mão pela testa tirando os fios de cabelo que haviam grudado no
suor. Ao respirar fundo ergueu os olhos e fitou Juan rindo a poucos metros.
– Entendi o motivo da sua barraca armada. – Não conteve o riso.
– Não foi apenas eu quem perdeu a compostura. – Com as bochechas
coradas ele cruzou os braços.
Dulce cruzou a distância entre os dois e apoiou as mãos nos braços dele
antes de encará-lo.
– Se pedir o telefone dela você me passa?
– Sabe que não posso.
– Não pode ou não tem coragem?
Juan cerrou os dentes para não falar um palavrão. Sabia que ela queria
apenas provocá-lo, entretanto não conseguiu conter o ego ferido, pois no
fundo sabia que tinha medo de um não.
– Eu vou lá.
Ele endireitou o corpo, passou as mãos pelo uniforme tentando se livrar do
amassado em algumas partes e por fim penteou para trás os cabelos com os
dedos. Passou a língua pelos lábios ao dar o próximo passo.
Não foi fácil controlar as pernas bambas e os joelhos que pareciam prestes
a ceder. Entretanto pior foi encontrar voz para confrontá-la quando a viu
encarando uma foto no celular. Um homem e uma mulher, quem sabe não
eram apenas amigos dela?
– Oi?
Juan tomou um susto quando ela percebeu sua presença. Mas o sorriso que
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se formou nos lábios tentadores fez seu coração bater menos desesperado.
– Bom... Eu... – Ele respirou fundo e enfiou as mãos nos bolsos.
– Você? – Isabel o incentivou a falar.
Juan desviou o olhar e brigou consigo mesmo em pensamentos.
– Eu adoraria ter o seu número de telefone.
– Sério?
Isabel o provocou, endireitando o corpo e estufando mais os seios.
– Quem sabe não nos vermos depois.
– Seria uma pena ter que esperar tudo isso. – Isabel curvou os lábios numa
expressão triste e voltou a olhar para a janela. Lá fora o sol já havia se posto e
tudo o que via era um céu escuro.
– Como assim?
Juan arqueou as sobrancelhas e deu um passo na direção dela.
– Por que deveríamos esperar se estamos aqui agora?
– Agora?
O rosto se Juan se iluminou.
– Por que, não? – Isabel bateu com as unhas pintadas de vermelho contra a
bancada de plástico feita para refeições onde apoiava o braço. – Pode chamar
aquela sua amiga, vai ser divertido.
Juan ficou estático. Em sua cabeça passaram todas as implicações do
convite, mas nenhuma delas foi convincente o bastante para fazê-lo desistir.
Vendo que o homem não se movia, Isabel se colocou de pé e seguiu
rebolando até o banheiro.
Riu ao encostar a porta. Daria a eles cinco minutos. Caso não
aparecessem, voltaria ao seu assento.
Apoiou os cotovelos sobre a bancada de plástico da pia. Não se lembrava
de banheiros de aviões serem tão pequenos, conseguiam ser ainda menores
do que os das boates.
Encarou seu reflexo no pequeno espelho. Havia olheiras discretas ao redor
dos olhos assim como pequenas rugas de tensão. Já estivera pior, e isso não
apagara seu brilho.
Ouviu uma batida leve na porta e a abriu. Juan entrou com Dulce no
banheiro, que ficou apertado demais com os três lá dentro, mal tinham espaço
para se mexer.
Dulce encarou a mulher cujos seios esfregavam nos seus. Sentiu um suor
frio escorrer pelo seu rosto. Ainda não acreditava no que estava prestes a
fazer, mas o frio no estômago a impedia de voltar para trás. Ergueu a cabeça
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e viu a loira a encarar com um sorriso nos lábios. Sentiu vontade de beijá-la e
não reprimiu esse desejo. Envolveu com a mão direita o cabelo longo e macio
e puxou o rosto para si.
Isabel soltou um suspiro quando seus lábios tocaram os da aeromoça.
Estava prestes a invadir a boca macia com a língua quando sentiu mãos fortes
agarrarem seus seios, arrancando-lhe um gemido. Suspirou antes de continuar
o beijo de onde havia parado. A boca quente e úmida da aeromoça acolheu a
sua língua com ânsia, Isabel sentiu em delicioso choque varrer seu corpo
como um calafrio. Levou as mãos para trás, segurando-se na pia de plástico
enquanto sentia o corpo pesar ainda mais sobre o seu.
Juan deslizou as mãos dos seios dela até as coxas delgadas, apertando com
força. Puxou o vestido para cima ao ponto de permiti-lo ver a calcinha branca
de renda e bem pequena.
Isabel jogou a cabeça para trás, apoiando-se no vidro sobre a pia e soltou
um leve gemido quando os lábios da aeromoça deslizaram dos seus e
percorreram um caminho até a base do pescoço. A súcubo não esperava levar
facilmente os dois ali, mas um menage no banheiro apertado do avião era
uma agradável surpresa.
Estremeceu ao sentir o homem levar uma das mãos até as suas costas e
abrir o zíper de seu vestido colado. Ela não hesitou em fechar os braços e
permitir que ele caísse ao chão. Logo o sutiã e a calcinha tiveram o mesmo
fim.
Lado a lado, à frente de Isabel, Dulce e Juan a tocavam da maneira que
podiam no espaço claustrofóbico do banheiro apertado. Ela era ainda mais
linda nua, o corpo curvilíneo e esguio nas partes certas que era impossível
conter a vontade de tocá-lo, apertá-lo, beijá-lo, prová-lo.
Juan deslizou a mão pela barriga lisa dela até a região entre as pernas
tocando a vagina depilada, sentindo-a molhar o ponta de seus dedos. Trouxe-
os de volta até a sua própria boca e lambeu-os, o sabor agridoce o fez sentir
uma pontada aguda entre as pernas. Não via a hora de irem além dos toques.
Dulce desceu os lábios da clavícula até os seios, lambendo devagar o
mamilo rosado e rígido antes de envolvê-lo com os lábios e começar a
chupar.
Isabel mordeu os lábios ao ponto de sentir o gosto do próprio sangue para
conter o gemido. Se a boca da aeromoça e as mãos dela não bastassem
estimulando os seios de Isabel, Juan se colocou de joelhos e beijou-a no
ventre para então até o meio de suas pernas. Quando a ponta da língua tocou
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seu clitóris, Isabel cravou suas unhas na pia e cerrou os dentes para
interromper o grito. Remexeu os quadris devagar, enquanto a língua fazia
leves movimentos circulares.
Com a mão direita trêmula, já perdendo o controle do corpo para as
sensações provocadas pelo sexo oral que estava recebendo. Puxou Dulce pelo
coque e retomou o beijo de língua, enquanto a outra mão com maestria abria
os botões do uniforme vermelho da aeromoça. Jogou no chão a saia vermelha
e em seguida a blusa, e instantes depois, Dulce estava nua como ela.
Isabel puxou o cabelo de Juan para cima, forçando-o a parar e encará-la.
Então fez com que ele se erguesse e o beijou nos lábios, sentindo o gosto do
seu próprio sexo misturado à saliva. Pegou a mão de Dulce e indicou a ela
que precisava de ajuda para despi-lo. Passou a mão pelo peito que ia expondo
aos poucos contornando os músculos que moldavam a carne com as pontas
dos dedos. A cada toque, mais desejo por ele sentia.
Levou uma mão até o pênis rígido de tamanho moderado de Juan e a
outra até o meio das pernas molhadas de Dulce. Estimulou um, penetrou a
outra com o dedo, fez ambos gemeram e seu corpo vibrou por dentro. Viu na
expressão de cada um, o prazer que era capaz de proporcionar e o quanto
ambos se continham para não gritar isso ao mundo.
Parou um pouco, deixou-os respirar, virou-se para a pia e puxou a bolsa de
mão que havia deixado sobre ela, de um dos bolsos, tirou uma camisinha e a
entregou a Juan. Os olhos dele brilharam com a ordem implícita.
Isabel empurrou cada um deles para uma extremidade do banheiro e
curvou o corpo, empinando a bunda para Juan e aproximando os lábios do
meio das pernas de Dulce.
A aeromoça jogou a cabeça para trás batendo-a contra a parede branca
quando a loira a agarrou pelas nádegas e puxou-a para bem perto. Isabel
fechou os lábios sobre o clitóris molhado e começou a chupar revezando com
leves lambidas e outros movimentos com a língua.
Dulce estremeceu a cada toque. A língua muito hábil a fazia arfar. Não
havia feito exercício algum e já estava suando. Ouvira muitas amigas
comentarem sobre experiências com outras mulheres, sobre como essas
sabiam proporcionar prazer como nenhum outro homem, mas não fazia ideia
de que era assim. Fechou a boca tentando conter o gemido, mas que escapou
como um grunhido abafado. O leve ardor das unhas afiadas cravadas em suas
nádegas a ajudava a não perder o total controle.
Juan abriu o plástico do pacote da camisinha com os dentes e tratou logo
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de vesti-la ao ver a carícia entre as duas mulheres. Seu sonho, assim como o
de muitos que conhecia era ter o privilégio de assistir e participar de uma
cena como aquela, nunca na vida se sentira tão sortudo. Segurou com mãos
firmes a bunda branca da loira espetacular à sua frente e esfregou seu pênis
rígido na entrada dela, o gemido e a leve estremecida o bastaram como
convite para entrar. Deslizou as mãos até a cintura e entrou dentro da loira
com um tranco.
Isabel se conteve para não morder Dulce quando sentiu ser preenchida.
Perdida na sensação que o intruso a proporcionara, rebolou contra a pélvis
dele, fazendo-o entrar ainda mais fundo, arrancando gemidos difíceis de se
conter.
Juan se perdeu na sensação da umidade dela, ainda que a camisinha o
impedisse de entrar em contato com o fluido, podia senti-lo o deixando frio.
Permitiu-se passar a mão pelos contornos dela, a linha da cintura, as belas
curvas que delimitavam as nádegas redondas. Nunca tocara uma mulher com
um corpo tão estonteante. A cada vez que deslizava para fora apenas para
investir outra vez, perdia-se na sensação do prazer que sentia. Segurava-a
pela cintura para penetrá-la ainda mais fundo e sentir a bela bunda roçando
no seu corpo.
Dulce se curvou para tocar o sedoso cabelo loiro e macio que se balançava
junto com a cabeça da sedutora passageira. Com as pupilas dilatadas e olhos
revirados, tentava se conter para não gemer a cada carícia da língua. Sentia as
pernas cada vez mais bambas e teve que se apoiar nas paredes com medo de
que essas cedessem. A língua e os lábios em seu clitóris estavam levando-a
rápido ao prazer. Logo o ápice chegou e foi impossível que a aeromoça
contivesse os gritos enquanto a onda de prazer formigante deixava seu ventre
e se espalhava por todo o restante do corpo.
Satisfeita e sentindo o odor de prazer no ar, Isabel ergueu um pouco o
corpo, sem atrapalhar Juan e com a mão direita puxou a aeromoça pela
nuca. Beijou-a nos lábios, capturando os últimos gemidos de prazer. Sugou
um pouco da essência, alimentou-se, mas assim que sentiu o corpo cedendo
pela perda de energia, separou do beijo antes que Dulce se desse conta de que
o que a fazia se sentir muito cansada era mais do que um simples orgasmo.
Logo toda atenção de Isabel era de Juan. Ela se sentou na bancada da pia e
puxou-o pela cintura, abraçando-o com as pernas para que retomassem de
onde haviam parado.
Encarando-a, Juan apoiou suas mãos na pia e voltou a estocá-la. Com
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leves trancos, a fazia pular. Se não estivesse ali, olhando-a, dentro dela, ainda
não acreditaria que a bela passageira da primeira classe havia lhe dado mole.
Isabel sentiu os músculos do comissário ficarem tensos, os espasmos e a
expressão no rosto denunciaram o prazer dele. A loira puxou-o pela nuca e o
beijou. Capturou o prazer o tanto que pode antes de soltá-lo.
A súcubo não matava como seus irmãos, não sugava a energia humana até
a última gota, mas tal escolha também tinha seu preço. Precisava de dois ou
mais de mesma vez para sentir-se saciada, o que nem sempre era fácil de
acontecer.
Com os dois ainda tontos no banheiro, ajeitou a roupa pouco antes de
ouvir a voz do capitão sobre o pouso em poucos minutos. Era hora de
retornar ao assento.
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Capítulo 2
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– Se me lembrar mais uma vez que fui trabalhar no seu lugar para ir
transar eu juro que enfio a mão na sua cara.
O olhar raivoso de Salomon fez o outro recuar. Ele bateu com a cauda na
água com toda a força fazendo o amigo ser engolido por uma onda.
Ramon riu, tossiu e soluçou ao mesmo tempo.
– Você também está precisando de uma boa foda.
Ambos teriam caído em uma risada longa e gostosa se um som agudo,
seguido de um grito que só eles eram capazes de ouvir não tivesse rasgado o
silêncio da pacata praia paradisíaca.
Salomon arregalou os olhos, o coração disparou no peito. Sentiu seus
punhos se fecharem em meio a raiva crescente que o consumia.
– Malditos traficantes! – Ramon cerrou os dentes.
– Vamos lá. – Salomon girou o corpo na direção do som e seguiu nadando.
– Ei, cara espera! – O grito de advertência foi perdido no meio do caminho
assim que Ramon tomou a mesma direção.
A lua já havia se erguido no céu acima deles. Era possível ver muitas
estrelas, diferentes das cidades mais urbanizadas, onde as luzes demais as
ofuscavam. O local belo e de pouco movimento, era um dos favoritos dos
amigos tritões, mas as praias de difícil acesso pouco exploradas pelo turismo
local, também eram um local perfeito para o tráfico de drogas e de animais.
Salomon nadou até um navio, escorando-se no casco antes que os homens
na proa se dessem conta de sua presença. Em silêncio, Ramon se juntou a ele.
Não queria chamar atenção demasiada dos sujeitos armados até os dentes.
– Está ouvindo isso? – Salomon apontou para dentro do casco.
– Animais. – Ramon arregalou os olhos ao sussurrar baixinho. – Parecem
tubarões, estão agonizando. O arpão que ouvimos deve ter capturado um
deles.
– Precisamos tirá-los de lá. – Salomon ergueu a cabeça exibindo uma
expressão confiante.
– Cara, não somos super-heróis.
– Do que adianta sermos tritões se não podemos nem mesmo proteger os
animais indefesos que habitam esses mares.
Ramon engoliu em seco, mas não disse nada.
Salomon apoiou as mãos no casco de madeira do barco, liso, branco e bem
polido. Por detrás de um iate de luxo se escondiam homens de uma
organização criminosa.
O tritão começou com um leve assobio que logo foi se tornando uma
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Capítulo 3
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possível. Então, nada melhor do que termos um nosso. Já que Dária não pode
engravidar vamos adotar uma criança humana.
– Mas um humano não duraria um século.
– Dária pode transformá-lo quando atingir a idade adulta.
– Sinto falta de me preocupar com alguém.
Isabel ouviu alguém gritar pelo irmão ao fundo da chamada.
– Isa, eu preciso atender um fornecedor de bebidas agora. Mas se precisar
de algo me ligue.
– Está bem. Acho que posso me virar aqui.
– Eu amo você, irmãzinha.
– Também amo você, Aron .
Logo Isabel estava fitando a imagem de plano de fundo do telefone, a foto
dela com os irmãos.
Colocou-se de pé. Estava ali para se divertir e era isso que faria.
Isabel saiu do banheiro enrolada em uma toalha branca, sua pele ardia pelo
sol demasiado que tomara na praia durante o dia. Naquela altura, jugava-se
capaz de entender como Dária se sentia. Porém, depois de uma boa dose de
cremosos hidratantes, iria sobreviver.
Diante do espelho, iluminado por luzes de LED no teto rebaixado de
gesso, Isabel se encarou, o leve tom avermelhado de sua pele valeu a pena. Já
estivera algumas vezes com Natasha, a irmã mais velha, em praias do Rio de
Janeiro e do interior de São Paulo, mas nenhum lugar urbanizado demais
tinha a beleza de Cancun.
Foi até as malas jogadas em um canto do quarto e pegou uma maleta onde
colocara os produtos de beleza. Abriu a maquiagem ao voltar para frente,
com a base escondeu o avermelhado exagerado que sumiria logo que se
alimentasse. Ainda nua, escolheu um vestido de tecido fino e fresco. Olhou
para o bolso com as calcinhas, mas optou por não colocar nenhuma. Isabel
poderia muitas vezes ser a mais responsável dos Donovans, mas sem dúvidas
era a que mais gostava de exibir o belo corpo que possuía. Adorava os olhos
de homens e mulheres a devorando, imaginando como seria tocá-la.
Sorriu para o espelho e pegou uma pequena bolsa de mão, antes de sair
pela porta em direção ao bar do hotel. À noite, segundo o guia de viagens,
tinha música ao vivo ou DJs.
Ela entrou no elevador e apertou o botão para o térreo. Um andar abaixo
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entrou uma mulher acompanhada do marido, essa era bonita para alguém de
meia idade, mas a presença de Isabel a deixou ofendida, ainda mais porque
os olhos de seu marido não paravam de percorrer o corpo delicado coberto
por um vestido fino de decote até o umbigo, cobrindo os seios apenas o
bastante para instigar a imaginação masculina.
O elevador parou no andar de baixo e a mulher saiu puxando seu marido.
Ele dizia que aquele não era o andar certo e ela resmungava sobre como um
hotel como aquele permitia a entrada de prostitutas.
Isabel riu assim que as pesadas portas de metal se fecharam outra vez. Tão
insegura...
Logo chegou ao hall do térreo e seguiu o som de uma música envolvente
até a área de bar do hotel que ficava em frente as piscinas, onde também
havia um palco em que um cantor de Reggaeton, um estilo de música de
origem caribenha, apresentava-se. Várias tochas altas iluminavam o local
assim como luzes coloridas de boates. O lugar estava bem cheio e Isabel mal
conseguia se mover sem esbarrar em alguém. Despois de alguns pedidos de
desculpas e muitos olhares maliciosos na direção dela, já não se importou
mais em quem esbarrava ou a quem pertenciam os pés sobre os seus.
Mesmo sem querer, Isabel foi logo envolvida pela música dançante e
sensual. Quando se deu conta já estava com as mãos nos cabelos loiros e se
movendo com o ritmo. Era uma música cuja a letra com conteúdo de luxúria
e a melodia envolvente a excitavam. Logo estava dançando, rebolando,
passando as mãos pelo corpo curvilíneo.
Os homens ao redor abriram uma roda em volta dela, boquiabertos com o
show à parte. Isabel era tão linda e sensual que os deixava salivando.
Um garçom vestindo roupas despojadas, camiseta branca e bermuda bege
a serviu uma bebida. Ele só não ficou mais tempo na frente dela porque quase
foi enxotado pelos outros homens.
Salomon estava atrás do balcão no bar. Com os cabelos cumpridos
amarrados em um rabo de cavalo atrás da cabeça, sem camisa, com a parte
superior do corpo pintada com alguns traços que imitavam os nativos locais,
ele girava nas mãos uma garrafa de tequila, enquanto a outra chacoalhava
morangos e gelo num recipiente de metal. Ele girou os três no ar antes de
virar numa taça de vidro e enfeitar com uma sombrinha de papel.
A mulher que aguardava o drink não tirava os olhos dos músculos
perfeitos do abdômen bem definido e estava quase babando sobre o balcão.
– Aqui. – Salomon sorriu ao entregá-la.
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Capítulo 4
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ou bagunçado. Não esperava receber uma mulher ali tão cedo. O papel de
garanhão deixava para Ramon.
Isabel percorreu com os olhos a sala da casa. Era pequena, mas se sentiu
aconchegada. As paredes brancas tinham enfeites de conchas e cascas de
estrelas do mar. Havia um móvel com uma televisão e um rádio sobre ele, e
na outra extremidade um grande sofá macio.
A súcubo se voltou para Salomon e encarou os olhos castanhos dele. Um
leve sorriso se formou em seus lábios.
– Gostei do lugar.
– É ótima para alguém que vive sozinho. – Ele observou uma concha com
quase vinte centímetros pendurada atrás dela.
– A decoração é bem o que eu esperava para a casa de um tritão.
Salomon riu. Gostava das coisas daquele jeito.
– Onde está a tal bebida? – Isabel lembrou a ele o motivo pelo qual estava
ali.
– Ah, sim, vou buscar.
Salomon passou os dedos pelos cabelos longos presos em rabo de cavalo
antes de caminhar até a cozinha.
Isabel suspirou e sentou-se no sofá, aconchegando-se no estofado macio.
Ele tinha cheiro de mar e hormônios masculinos, o cheiro de Salomon.
Logo ele retornou carregando dois copos e uma garrafa de vidro verde
com brilhos azuis, uma bebida que Isabel se lembraria se tivesse visto antes.
– Chama profundezas, é a única coisa que me deixa bêbado. Meu pai a
destila numa fossa marinha a uns três quilômetros da costa. – Ele entregou
um copo a Isabel, suas mãos se roçaram e o calor o fez desviar o olhar outra
vez.
– Mais alguém nessa vila é sereia?
– Algumas pessoas. – Salomon encheu o copo dela. – Mas vivemos bem
com os humanos que respeitam o mar.
Isabel balançou o líquido cristalino no copo antes de tomar num único
gole sem que o tritão tivesse tempo de impedir. Ainda bem que estava
sentada, pois ela sentiu a bebia descer queimando sua garganta e subir de
uma única vez. Tudo girou e a sala pareceu ainda menor do que realmente
era.
Salomon pegou o copo que ela soltou num reflexo rápido, antes que esse
atingisse o chão e quebrasse. Teve que conter a gargalhada.
– Eu disse que era forte.
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– Puta que pariu, cara! – Isabel apoiou as mãos sobre as coxas enquanto
tudo ainda girava.
– Bom, eu acho que chega. – Salomon colocou a garrafa no móvel da sala
junto com os copos.
Passou a observá-la. Teve certeza de que era o primeiro porre de Isabel
pela forma como se espalhava pelo sofá. Levaria alguns minutos até que
recuperasse os sentidos o suficiente para perder o olhar vago. Merda, como
podia ser tão linda? Praguejou em pensamentos quando seus olhos saíram do
rosto até o decote exagerado.
Isabel encarava o rosto do homem que por muitos minutos não passara de
um borrão, mas aos poucos foi recuperando o foco. Não gostava de homens
de cabelos grandes, mas ficou tão charmoso nele, que ela repensou sua
opinião. Adoraria passar os dedos por aqueles fios longos e queimados de sol.
Aquele era o único toque ligeiramente feminino no homem tão másculo. Ele
ainda estava sem camisa e Isabel observou bem os ombros largos e o
abdômen bem definido.
Enquanto a esperava superar o baque, Salomon ligou o rádio em uma
estação local. Apoiou-se na parede perto da entrada do corredor para a
cozinha e o quarto. Pensou se não deveria pegar um balde para ela, talvez
passasse mal. Porém, antes que ele fosse a lugar algum Isabel tentou se
levantar, mas logo suas pernas falharam e ele a segurou pela cintura antes que
fosse ao chão.
Isabel ergueu a cabeça e balançou os cabelos para trás ao encará-lo. Se
perdeu na vastidão dos olhos castanhos dele e sentiu seu corpo ainda menos
sob controle.
– Você é forte. – Ela passou as pontas dos dedos finos e delicados pela
base do pescoço e de um ombro ao outro.
Salomon sentiu um calafrio percorrê-lo por debaixo da pele, que se somou
as outras sensações e o deixou com medo. Era uma boa hora para se afastar
se não quisesse perder o juízo.
– E você está muito bêbada.
Ele fez menção em colocá-la sobre o sofá, mas Isabel o segurou pelos
ombros, impedindo-o de se afastar.
Isabel sentiu a música a envolver, conhecia pouco daquele ritmo, porém
ela preenchia seu corpo e a fazia querer se mexer.
– Dança comigo. – Ela começou a rebolar devagar.
Salomon arregalou os olhos.
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– Salomon, irmão, quero conversar com você uma coisa. Sabe tipo... –
Ramon entrou na casa falando alto e estranhou o fato dela estar aberta, mas o
amigo não estava na sala onde costumava ficar. – Salomon...
– Cala a boca!
Ele apareceu no corredor para conter o escarcéu do amigo.
– Por que você está pelado? – Ramon arregalou os olhos e coçou a barba.
– Dá para ficar quieto, vai acabar acordando ela.
– Acordando-a? – Ramon abriu a boca surpreso e deu um passo para trás.
– Então levou a sério quando eu disse que estava precisando transar? Muito
bom.
– Não era a intenção.
Antes que Ramon dissesse algo Salomon entrou no quarto e voltou
vestindo uma bermuda.
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quando esses aconteciam eram sempre com as mulheres mais bonitas, AFS!
O idiota nem cortava o cabelo. Talvez fosse esse estilo despojado que
conquistava as garotas.
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Capítulo 5
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– Tenha calma, Isa. Lembre-se do motivo pelo qual foi para essa viagem.
Divirta-se, não se preocupe. Se esse cara for o seu ele se dará conta disso.
Caso não, ainda existem muitos lugares para ir e pessoas para conhecer.
– Está bem. – Isabel abriu um sorriso discreto. – Obrigada, Dária.
– Estou aqui para o que precisar.
Após se despedirem, Isabel desligou a chamada, levantou-se da cadeira e
se atirou na cama. Ainda pensava em Salomon, no cheiro, no toque, em como
foi bom dançar com ele... Por fim culpou a bebida. Ele era só mais um cara
como tantos outros com os quais já se envolvera. Logo pararia de pensar no
cara moreno de longos cabelos macios.
Por fim pegou no sono.
Isabel acordou com o som dos pássaros que sobrevoavam a praia diante da
sua janela. Espreguiçou-se na cama, a ressaca era só uma lembrança ruim.
Levantou-se num pulo, com o motivo pelo qual estava ali ecoando em sua
mente. Iria se divertir. Os irmãos estavam longe e bem, não precisava se
preocupar com eles.
Caminhou até a janela, olhou para a bela paisagem que se estendia diante
dos seus olhos. Cancun era linda demais para que Isabel obscurecesse sua
visão com qualquer outra coisa.
Em meio a um suspiro, despiu a calcinha e o sutiã que usava e foi até o
banheiro. Colocou a banheira para encher e ao som da água escorrendo,
olhou-se no espelho. Era linda, com um cabelo loiro sedoso e brilhante que ia
até o meio das costas, curvas perfeitasnos locais certos e os seios e a bunda
proporcionais ao tamanho delicado. Era fácil enlouquecer qualquer homem,
porém ela necessitava mais do que isso, queria ter algo duradouro como
Aron e Natasha e talvez isso estivesse a impedindo de pensar direito.
Por fim levou a sério o conselho de Dária, estava ali para se divertir e era
isso que faria. Pensar que precisava encontrar o homem de sua eternidade era
uma tolice da qual não precisava.
Desligou a água, sentou-se na banheira e ligou a hidromassagem. Tinha os
irmãos e a cunhada que a amavam muito e uma mãe que mesmo tendo
voltado para a Europa tentava se aproximar, isso bastou por quase dois
séculos e continuaria a bastar.
Relaxou enquanto a água era expulsa em bolhas contra a suas costas.
Brincou com os dedos no amontoado de espuma que se formara acima da
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água. Sorriu ao se dar conta de que a parte racional que Salomon bagunçara,
estava de volta ao normal.
Ergueu o pé brincando com uma bola de sabão, enquanto tateava com a
mão direita uma bancada de pedra ao lado da banheira. Logo encontrou uma
travessa com: morangos, uvas e uma taça de champanhe. Abriu a garrafa com
puxão da rolha e serviu uma taça. Tomou um gole e a devolveu para a
bancada.
Estava no paraíso...
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Capítulo 6
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de um tritão. Lembrou dos relatos que ouvira sobre súcubos, talvez toda a
excitação se resumisse a criatura que Isabel era. Esperava que sim.
Pegou um pente sobre a pequena pia e penteou os cabelos molhados em
um rabo de cavalo. Colocou uma simples bermuda da qual logo se desfaria.
Precisava ir para o mar, tinha esperanças que sua verdadeira natureza o
fizesse pensar direito.
Saiu da casa quase correndo. Deixou a porta aberta. Seus passos rápidos
quase não deixaram pegadas na areia. Logo ele se atirou no mar. Tirou a
bermuda e a jogou molhada na areia. Submergiu na água e se transformou.
Com a cauda, tomou um impulso e nadou até alto-mar.
A água salgada batia no rosto, na pele, nas escamas e Salomon conseguiu
esquecer dos desejos. Ali não era homem, era apenas peixe. Girou enquanto
um cardume nadava ao seu redor. Na água cristalina, os peixes coloridos
demonstravam toda a sua beleza. Salomon riu, nadou com eles, brincou,
esfriou a cabeça. Água estava bem quente no fim da tarde perto do pôr-do-
sol. Ela tocava a pele de Salomon e relaxava os músculos tão tensos. No mar,
ele descansava mais do que em qualquer cama. As marcas das unhas deixadas
por Isabel desapareceram pelas propriedades curativas que a água do mar
tinha sobre a pele do tritão. Fora dela, Salomon era um homem como
qualquer outro humano, mas dentro, era imortal. Para curar feridas ou não
envelhecer, criaturas como Salomon precisavam de contato constante com o
mar.
Ele se permitiu relaxar enquanto vislumbrava o brilho da pouca luz que
entrava na água e tocava suas escamas. Olhou para o céu alaranjado acima de
sua cabeça. Poucas coisas o faziam feliz, essa era uma delas, a dádiva de
viver em um paraíso como o diante de seus olhos.
Pensou em ir visitar o pai, mas não tinha certeza se podia ser rápido o
bastante para ir até a profundidade do mar aberto, quilômetros da costa e
voltar a tempo do início de seu expediente. A visita ficaria para outro dia.
O pai de Salomon e outros anciões não conseguiam entender a
necessidade dele e de vários jovens de viver entre os humanos, passar boa
parte do tempo fora do mar. Entretanto, respeitavam a escolha dos mais
novos.
Após algumas horas apenas nadando, Salomon voltou para a praia e
encontrou a bermuda onde havia deixado. Vestiu-se antes que alguém o visse
nu.
A brisa fria que vinha do continente fazia voar os longos cabelos
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com o olhar.
Enrolada em uma canga florida, com as alças do biquíni aparecendo. Não
havia roupa sofisticada que a deixasse mais sexy, pois a possibilidade do
tecido amarrado com um nó frágil cair, inundou a mente de muitos.
– Ela é muito gata. Será que eu teria uma chance? – Pensativo, Ramon
franziu a testa e coçou o queixo.
– Nem ouse. – Salomon se virou para o amigo com os dentes cerrados
como um cão raivoso.
– Ei, nunca se importou que eu ficasse com uma mulher com quem já
dormiu ou o contrário.
– Ela não.
– Fala como se fosse dono dela. – Ramon deu de ombros. – Você nunca se
envolve, não deveria se preocupar e me desculpe meu amigo, mas se ela me
der mole como deu para você eu não vou rejeitar não.
– Segura isso babaca. – Salomon entregou para o amigo copos de metal e
uma garrafa de vodka.
– Ei! Onde você vai, seu idiota?
– Cobri você um dia, está na hora de me devolver o favor.
show que ninguém sabia ou mesmo esperava, mas que pela sintonia do casal
parecia ter sido muito ensaiado.
Quando a música acabou todos bateram palmas. Salomon e Isabel estavam
suando, trêmulos, um com as mãos sobre o rosto do outro. Se a química
existia, Isabel a encontrou ali.
– Se quiser continuar depois. – Ela puxou do decote um cartão e entregou
a ele.
Salomon olhou para a chave do quarto dela em suas mãos, um convite
claro que o deixou ainda mais tonto do que a dança. Não disse nada, não
conseguiu, apenas a observou sair andando iluminada pelas tochas. A canga
caiu e Isabel a jogou sobre os ombros. Salomon suou mais com a visão dela
apenas com um biquíni pequeno.
Trôpego, ele voltou para junto do balcão de drinks. Apoiou as mãos sobre
a bancada de madeira e respirou fundo. Talvez ir até ela tenha sido uma de
suas piores ideias, pois se seu corpo antes desejava uma lembrança agora ele
ansiava por uma sensação real.
– Seu bastardo esperto. – Ramon se apoiou no balcão ao lado de Salomon.
– Entendi porque a seduziu fácil. Dançar, porque nunca pensei nisso antes?
– Cuidado, meu amigo, o efeito colateral pode ser muito grave.
Salomon enfiou a mão num balde de gelo sob o balcão e segurou uma
pedra, passando-a pela testa. Se não tivesse certeza de uma dor horrível, teria
a colocado junto ao pênis que latejava no meio de suas pernas.
Ramon conteve o riso ao ver o estado desesperado do amigo. Se estivesse
diante de uma mulher com toda a beleza da turista, não se controlaria como
Salomon, nem mesmo tentaria.
– Se precisar de ajuda para apagar o fogo dela é só me chamar.
Ramon deu uns tapinhas nas costas nuas do amigo e quase foi mordido.
Enfiou as mãos dentro dos bolsos da bermuda e saiu gargalhando.
Salomon respirou fundo e tocou com as pontas dos dedos a chave para o
quarto de Isabel em seu bolso. Mais uma vez antes que ela fosse embora não
faria mal algum. Cada uma de suas células ansiava por outra vez.
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Capítulo 7
Isabel pediu uma chave nova na portaria e voltou para o quarto. Suas
pernas ainda estavam bambas pela dança e ela se apoiou na parede dos
corredores pelos quais passou com medo de que elas falhassem e acabasse
caindo ao chão. Era só uma dança. Inúmeras vezes dançara com vários
homens, em vários ritmos diferentes. Entretanto, em nenhumas delas saiu tão
bamba e excitada. Quem sabe não era apenas culpa do ritmo caribenho
guiado por braços fortes.
Pensou que uma viagem a relaxaria, teve a ilusão de que longe de casa e
sozinha não se preocuparia com nada. Mais acabara mais receosa do que
nunca. Salomon estava tirando-a da órbita e não soube se gostava disso ou se
apavorava. Não era como os irmãos, era a mais cautelosa, mas o que lhe
pareceu ser uma dádiva por tantos anos a impedia de arriscar com Salomon.
Era apenas alguns encontros casuais que durariam pouco, com sorte até
quando voltasse para o Brasil. Por fim, se convenceu disso, sem se preocupar
de que não passava de uma mentira para acalmá-la.
Ouviu um barulho na maçaneta e se virou na direção da porta. Respirou
fundo, tentando controlar o coração que teimou em disparar no peito. Passou
as mãos pelos cabelos loiros e se virou para a vista da praia. Era melhor não
parecer ansiosa.
Ouviu os passos dele se aproximando, quando Salomon a envolveu pela
cintura não foi uma surpresa para Isabel. Contudo, ainda assim, ela não
conteve o suspiro quando o peito largo encostou em seus ombros nus. Passou
as mãos pelos braços ao redor do seu corpo assim que ele a pressionou ainda
mais contra si.
– Você veio.
Isabel sorriu com a certeza de que Salomon não via seu rosto.
– Pensei que me quisesse aqui. – A voz grave e sexy foi sussurrada contra
a orelha de Isabel e fez um calafrio percorrer o corpo da súcubo.
– E eu quero. – A loira se virou de frente.
Ela o olhou nos olhos castanhos ao passar os braços ao redor do pescoço
do tritão. Havia pouca luz no quarto, apenas uma luz de leitura sobre a cama
estava acessa. Mas Isabel gostou de olhá-lo sob a penumbra, principalmente
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quando começou a fazer isso com as mãos. Deslizou as pontas dos dedos do
pescoço até os ombros largos, depois deles até as costas das mãos do homem.
Tocou o peito nu, a pele morena era quente.
Salomon ficou imóvel, se deliciando com os dedos delicados percorrendo
o seu corpo. Entretanto logo não se conteve e agarrou-a outra vez. Estava ali
com um único objetivo e não via a hora de alcançá-lo. Desfez o nó do biquíni
atrás do pescoço e nas costas, fazendo a peça cair sobre o chão branco.
Curvou-se e lambeu entre os seios de Isabel. A pele perfumada tinha um
sabor doce e suave, que ele logo quis provar outra vez. Em seguida, seus
lábios envolveram um dos mamilos. Com os braços, ele a puxou pela cintura
para junto de si.
Isabel jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, sentido os braços se
fecharem em sua cintura e os lábios sorverem o seu seio. Gemeu ao ser
tomada pelas sensações de prazer. Poderia ser apenas mais um caso que logo
acabaria, mas ela nunca quis tanto desfrutar de um momento como aquele.
Salomon desceu os braços até os joelhos dela e a ergueu no ar. Levando-a
até a cama. Olhou a pouca luz que refletia nos cabelos loiros quando esses se
espalharam pelos travesseiros brancos ao deitá-la. A mulher era linda demais.
Seria uma aventura da qual lembraria com gosto anos depois.
Passou as mãos pelos cabelos loiros antes de puxar o rosto dela para o seu.
Mordeu o lábio inferior e invadiu a boca de Isabel com a língua. Os lábios
delicados ofereceram uma passagem fácil e a língua dela esperava pela sua.
Ajoelhado sobre a cama com Isabel deitada entre as suas pernas. Salomon
escorregou as mãos do rosto pela lateral do corpo dela até a cintura onde
desfez os laços que prendiam a calcinha do biquíni, jogando-a no chão
também.
Isabel ergueu as mãos e ainda o beijando, abriu o zíper da bermuda cinza e
o próprio Salomon terminou de tirá-la, assim como a cueca.
Ele deslizou os lábios pelo pescoço, beijando, mordendo e passando a
língua, o que fez Isabel se contorcer em meio a calafrios e gemidos. A água
da praia não estava mais quente do que o interior do quarto.
Ele a girou na cama, colocando-a de bruços. Mordeu a orelha, o pescoço,
os ombros, passou a língua pela linha da coluna. A mordida na bunda fez
Isabel pular e se contorcer. Ele era atrevido, deliciosamente atrevido.
Salomon riu e deu um tapa na região onde ficaram as marcas de seus
dentes na pele branca. Adorou a forma como a bunda dela vibrou com o tapa
e se conteve para não bater mais. Entretanto teve certeza, pela forma como
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Capítulo 8
Salomon desceu da moto em uma das docas vazias do porto. Ouvia o som
agonizante das empilhadeiras rangendo ao manipular os contêineres pesados,
mas ficou feliz por tais barulhos abafarem o som de seus passos.
Sorrateiro, ele se aproximou do lugar onde seu melhor amigo o esperava.
Ramon estava agachado atrás de um container, observando uns homens.
– São muitos. Quero ver acabar com eles super-homem.
Salomon deu uma risada fingida.
– Fora do mar somos fracos como qualquer humano.
– Pensei que não soubesse dessa quando decidiu derrotar uma máfia.
– Eu ouvi alguém. – Um homem que estava de vigia virou-se para o
sujeito ao seu lado e depois apontou a arma na direção dos amigos.
– Não foi nada, seu imbecil. – O outro ao lado o recriminou.
Salomon e Ramon pararam de conversar e ficaram imóveis, precisavam de
um plano melhor do que apenas bater de frente com um pequeno exército
bem armado.
Salomon olhou ao redor. O navio atracado no porto era bem maior do que
o iate que detivera, e ouvia os gritos cada vez mais fracos vindo dos
contêineres. Os animais estavam morrendo.
Cerrou os dentes e fechou as mãos. Humanos malditos e sua ganância
estúpida. Tiveram sorte por ele não estar no mar e cantasse para que se
afogarem.
Haviam três homens vestindo um terno preto sobre um container a poucos
metros dos amigos. Esses vigiavam o perímetro. Outros dez se dispersavam
por entre os containers e ao redor do navio. Todos carregavam metralhadoras
e tinham uma pistola presa junto a cintura.
Salomon ouviu um som e puxou o amigo um pouco para trás, antes que o
farol de um carro iluminasse o local onde estavam.
O carro de luxo estacionou próximo à margem do porto. O cara que
operava a empilhadeira desceu limpando as mãos na calça jeans e parou junto
ao carro assim que esse abriu a porta.
Uma mulher desceu e ajeitou os cabelos castanhos antes de encarar os
demais. Ela usava um vestido vermelho que moldava as curvas de seu corpo
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e um sapato preto de salto fino. Vestida como quem saia de uma festa de
grife, não era o que Salomon esperava para a chefe de toda a organização
criminosa.
– Já está tudo no navio? – Ela se virou para o sujeito que operava a
empilhadeira.
– Sim, senhora .
– Ótimo. Os clientes na China ficarão contentes com essa encomenda.
Salomon puxou Ramon para um contêiner mais próximo a fim de que
pudessem ouvir melhor. Porém, por pouco não foram vistos por um dos caras
que patrulhava do alto do container seguinte .
– Precisamos impedi-los. – Ele sussurrou ao se virar para o amigo,
segurou Ramon pelos ombros e o forçou a encará-lo.
– Eu sei! Por isso dei um jeito de trazer isso.
Ramon tirou a mochila das costas e dentro dela havia duas pistolas e
algumas granadas de mão.
Salomon deu um passo para trás.
– Nem quero saber como arrumou isso e só não te dou um beijo porque
gosto de mulher.
Ramon riu e entregou uma das armas a ele.
Salomon pegou uma das granadas, tirou o pino e jogou na direção do
carro.
Assim que a granada caiu rolando até parar junto a roda do carro. A
mulher e seus subordinados mal tiveram tempo de correr antes que essa
explodisse. O salto dela ficou preso no chão de asfalto e um dos homens se
atirou sobre a chefe para protege-la.
O som foi ensurdecedor e os tritões se encolheram com ele, agachando,
levando as mãos aos ouvidos. O container que estavam atrás vibrou com a
pressão do impacto.
Se não fosse o homem que lhe serviu de escudo, a mulher teria morrido
pelo impacto ou pelos estilhaços. O pobre herói não teve a mesma sorte.
Praguejando, Felícia, empurrou o cadáver para o lado e se colocou de pé.
– Seus imbecis! O perímetro não estava seguro?
– Estava, senhora. – Um homem saiu de trás de uma caixa de madeira
onde havia se escondido e caminhou na direção dela.
– Não! Não está. Encontrem o idiota que jogou a maldita granada. – Ela
balançou as mãos no ar beirando o histerismo.
Com dois mortos, o restante assentiu com a cabeça e foi na direção de
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Capítulo 9
Poucas vezes Isabel assumira sua verdadeira forma e usara suas asas.
Todas ela fizera isso para proteger quem se importava. Se importava-se com
Salomon? Não teve receio em responder à pergunta que ecoou em sua mente
com uma simples palavra: sim. Estava ciente de que era apenas sexo, não
esperava mais nada dele além disso. Porém, amara os momentos que passou
com o cara. Por esses momentos estava ali, voando o mais alto e mais rápido
que pode.
Sentia-se culpada por alimentar-se de Salomon e deixá-lo debilitado, mas
ainda não entendera o que havia acontecido.
Desceu no porto. Recolheu as asas membranosas como as de um morcego
e olhou ao redor. Não sabia exatamente onde estava Salomon e isso a deixava
aflita.
Cercada por vários prédios altos usados para armazenagem de produtos de
várias empresas, Isabel olhava de um lado para o outro. Se fosse checar cada
um deles, Salomon morreria antes que ela o encontrasse. Fechou os olhos.
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Sentiu a brisa fria do mar tocar seu rosto e seus ombros. Era por volta das
quatro da manhã e o local parecia bem parado, silencioso. Precisava pensar,
precisava mais ainda de uma maneira rápida de encontrá-lo.
Ouviu um grito baixo, abafado e rouco. Tinha que ser lá, precisava ser.
Saiu correndo. Sentia o chão de concreto sob a rasteirinha fina.
Dois homens estavam parados junto a uma grande porta de metal. Eles
eram altos, vestiam um terno preto e seguravam rifles nas mãos. Isabel teve
certeza do tamanho da encrenca ao vê-los, mas podia jurar que o grito veio
daquelas paredes.
Estavam bem armados, porém eram humanos. Nenhuma munição do
mundo os protegeria de uma súcubo. Isabel aprendera isso bem com sua irmã
mais velha.
Com passos suaves, tentando não demonstrar sua urgência interior, ela
caminhou na direção dos homens. Fingiu puxar a lateral da saia para descê-la,
mas apenas deixou a peça ainda mais provocativa.
– Quem está aí? – Um deles perguntou ao jogar a luz da arma sobre a
súcubo.
– Estou um pouco perdida, gostaria de saber se me ajudariam.
Ambos engoliram em seco. Um deles, o que tinha uma cicatriz do lado
direito do rosto, abaixou a arma e deu um passo na direção dela.
– O que uma mulher tão bonita faz num lugar como esse?
– Estou me perguntando a mesma coisa. – Isabel levou as mãos ao rosto e
fingiu um soluço. – Estava só caminhando pela praia e vim parar nesse porto.
Será que um dos dois poderia me ajudar a encontrar o caminho de volta para
o meu hotel.
– Não posso deixar minha posição. – Ele ajeitou o corpo e desviou o olhar
do decote provocante.
– Por favor, vai ser rápido. – A voz melodiosa fez os homens vibrarem.
Se perderam olhando as curvas bem delineadas do corpo sedutor. Quando
se deram conta estavam babando, queriam segui-la só por uma oportunidade
de tocá-la.
– Segura as pontas por uma hora. – O com a cicatriz entregou a arma para
o coloca.
– Ei, cara! Mas e se a Felícia aparecer? – O outro estendeu a mão e
encarou-o com uma expressão de receio.
– Você diz que fui procurar um banheiro.
– Ela vai te matar.
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– Não vai não. – Ele sorriu ao pular do pequeno degrau que estava e
caminhar na direção de Isabel.
– Obrigada. – Isabel jogou o cabelo loiro para o lado e passou a mão pelo
rosto do sujeito. Com o toque quente ele faria tudo o que ela quisesse. – Por
que não vem também? Podemos nos divertir um pouco. – Ela se virou para o
outro homem.
O sujeito passou a língua pelos lábios, molhando-os, enquanto sua mente
se inflava com o desejo e as possibilidades. Tinha muito tempo que não
dormia com uma mulher tão gostosa. Não faria mal se ausentar do posto por
apenas alguns segundos.
Quando ele se aproximou de Isabel, ela o segurou no rosto e deu um beijo.
Isabel nem se lembrava de como fazer aquilo, manipular humanos era uma de
suas habilidades como súcubo, mas ela não gostava de privá-los de suas
próprias escolhas. No momento, não tinha tempo para fazer diferente.
Seus olhos brilharam de um jeito inumano e assustador.
– Agora, queridos, andem até seus pés doerem.
Sem entender o próprio corpo, eles começaram a andar para frente.
Isabel se aproximou da porta e a abriu com um pontapé e não esperava
pelo cara parado atrás dela. Por sorte, esse estava sentado num canto, jogando
no celular e quando o seu reflexo o permitiu pegar a arma, ele ergueu a
cabeça e Isabel já estava em cima dele, com a ponta da asa em sua garganta.
Ele não viu a morte ou mesmo a dor.
Isabel desceu às pressas uma escada de metal ao ver Salomon amarrado no
andar de baixo.
Poucas foram as vezes que um aperto a corroeu tanto. Isabel não se
arriscava, não sentia emoções intensas além da relação com os irmãos. No
entanto ao descer a escada que rangia a cada passo com a visão no horizonte
de dois homens banhados em sangue, o desespero regou suas veias.
Ela correu o máximo que pode e se ajoelhou junto aos amigos
desacordados.
– SALOMON!
Isabel segurou o rosto dele entre as mãos trêmulas com a facilidade que
erguia um boneco. A pele estava fria, os fios longos do cabelo estavam
grudados no rosto. Esperou que fosse pelo desespero, mas não conseguiu
senti-lo respirar.
– Salomon, vamos, abra os olhos!
– Nos leve para o mar... – pediu Ramon com os olhos fechados.
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Isabel usou a ponta afiada das asas para cortar as cordas que prendiam os
dois homens junto a um poste de madeira. Puxou Salomon pela cintura e
passou o braço direto dele sobre os seus ombros. Colocou Ramon do outro
lado e ergueu os dois homens.
Eles eram pesados e isso dificultou tirá-los do galpão. Sem a força das
asas a impulsionando para frente e para cima, Isabel não teria conseguido.
Saiu por onde entrara e voou em linha reta até onde os navios estavam
atracados. O desespero era tanto que mal sentiu o vento tocar a pele.
Com um mergulho, cortou a superfície da água e afundou com eles. Foram
minutos intermináveis enquanto nada acontecia. Mesmo com os braços
doloridos, Isabel os manteve junto ao corpo e ficou submersa pelo tempo em
que conseguiu prender a respiração. Porém, momentos depois, precisou
erguer a cabeça em busca de ar.
Ramon foi o primeiro a se mover. Desvencilhando-se dela afundou ainda
mais até sumir da visão de Isabel.
Ela atendeu aos seus instintos e abraçou o corpo imóvel de Salomon,
colocando-o ainda mais junto ao seu. O tritão pareceu mais quente, no
entanto Isabel não soube dizer se era por causa da sensação térmica do mar
do Caribe.
A súcubo sentiu algo encostando em sua perna, com uma textura de unha,
que fez cócegas. Quando olhou para baixo viu cintilar na água a extremidade
transparente da cauda que subia com escamas azuis até a cintura do homem,
ela conteve a exclamação de surpresa, ele falara que era um tritão, mas sua
imaginação não teve a capacidade de se aproximar da beleza daquela forma
de Salomon.
Isabel respirou aliviada quando ele abriu os olhos. Piscou várias vezes
antes de encará-la.
Salomon sentiu o mar sugar dele toda a dor e sensação de cansaço ou mal-
estar. Em alguns minutos exposto à água salgada, o seu ferimento a bala foi
curado, a energia drenada por Isabel voltou para si.
Encarou-a o segurando, então desvencilhou-se dos braços finos e
submergiu num mergulho profundo. Nadando até tocar a areia no fundo, ele
não quis pensar em nada, nem que o carregamento que tentara impedir já fora
despachado. Precisava de um momento apenas com o mar, esse que muitas
vezes era o único que o compreendia.
Isabel usava as asas e as pernas para se manter junto à superfície, mas
assim que Salomon desapareceu ela saiu do mar. Com as roupas pingando,
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os nossos pescoços?
– Eu estava fraco por causa dela.
Ramon bufou e saiu da água.
– Você quem deveria ter se dado conta de que estava fraco demais para
bancar o herói.
Salomon o viu caminhar pelado até Isabel e sentiu uma pontada de
ciúmes. Ramon não perdoava ninguém.
– Com sorte minha moto ainda está por ai. Aceita uma carona?
Isabel se virou quando uma mão molhada tocou o seu ombro. Suas
bochechas coraram quando foi inevitável não olhar o homem nu da cabeça
aos pés. Não ficava envergonhada com situações como àquela, entretanto o
fato de Ramon ser o melhor amigo do homem com quem estava dormindo
talvez tivesse a deixado sem graça.
– E você vai até o hotel pelado. Não corre o risco de ser demitido.
– Talvez. – Ramon mordeu os lábios.
Isabel riu. A gargalhada era doce e ele teve inveja de Salomon por ter
pegado uma mulher tão gata. Por ela ficava fraco quantas vezes precisasse.
– Pode deixar que eu a levo. – Salomon pigarreou ao se colocar ao lado do
amigo e apertou o ombro de Ramon com certa força.
Ramon conteve um rosnado ao cerrar os dentes para o amigo. Ele sabia
dar a loira o valor que Salomon não via.
– Eu vim até aqui. Posso encontrar o caminho de voltar.
Isabel não queria alimentar a rixa de testosterona entre os dois homens.
Ela deu as costas para os dois e abriu as asas outra vez. Com sorte ninguém a
veria no caminho de volta para o hotel.
Antes que se impusessem, ela levantou voou, jogando uma lufada de ar
forte contra eles.
– Parabéns, Salomon, espantou a garota. – Ramon cruzou os braços.
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Capítulo 10
Isabel rolou na cama. Já era bem tarde, mas ela se recusou a se levantar. O
sol ignorava a resistência das cortinas que cobriam as grandes janelas e já
iluminava todo o quarto.
Ela coçou os olhos e cerrou os dentes. Estava com raiva de si mesma por
ter se importado com Salomon, deveria tê-lo deixado morrer. Idiota, mal-
agradecido!
A verdade é que estava irritada pelas expetativas que seu inconsciente
criou. Saíra com vários sobrenaturais, imaginou, sonhou que boa parte deles
despertasse dentro dela o algo a maisque Aron e Natasha haviam
encontrado, mas depois de alguns dias todos a entediavam ou apenas não
queriam mais nada dela. Detestou o fato de que com Salomon fosse a
segunda opção, odiou vê-lo se cansar dela e não o contrário. Odiou, a cima de
tudo, saber que ainda estava disposta a aceitá-lo em sua cama.
Cerrou os pulsos e socou o travesseiro.
Em quatro dias voltaria para o Brasil e ele seria apenas mais um entre
tantos outros. Isabel mal via a hora de estar junto do irmão e da cunhada os
quais sabia que a amavam.
O telefone do quarto começou a tocar. Salomon voltou a sua mente com a
realidade de uma fotografia. Só poderia ser ele ligando outra vez.
Isabel puxou o lençol que estava enrolado em sua perna e o chutou para o
lado, para só depois atender ao telefone.
– Senhora, tem um homem aqui na recepção a procurando. Se possível
desça rápido porque ele está fazendo um escarcéu aqui embaixo. – disse a
recepcionista com uma voz tensa do outro lado da linha.
– Quê? Quem é?
– Não sabemos, senhora. Ele apenas pediu para falar com você.
Isabel balançou a cabeça e se levantou para vestir as roupas e procurar os
sapatos. Teve pena da aflição na voz da mulher do outro lado da linha. Ficou
um tanto desapontada por não ser Salomon.
– Já estou indo. – Devolveu o telefone para o gancho e foi até o closet
onde colocara suas roupas.
Vestiu rasteirinhas e um delicado vestido de pano liso, sem estampas de
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cor creme e saiu do quarto. Por sorte trouxera muitos como aquele, não sabia
se era capaz de suportar o calor do local.
Quando o elevador se abriu no térreo, Isabel ouviu um coro de gritinhos e
assobios histéricos. Talvez alguma personalidade famosa estivesse chegando,
foi a primeira coisa que passou pela mente dela.
A cada passo ela ouvia mais alto a confusão. Assim que cruzou o corredor
até chegar no hall principal do hotel, Isabel viu um cara sentado em um sofá,
cercado por homens e mulheres que sorriam e aproveitavam cada instante em
que podiam tocá-lo.
Isabel custou a reconhecê-lo, até que uma mulher saísse do colo dele e
pudesse fitar os olhos azuis-esbranquiçados assim como os seus próprios. Um
íncubo, era de se esperar que chamasse atenção demasiada.
– Asmodeus, o que faz aqui?
Ele virou a cabeça e viu Isabel parada a poucos metros dele. De braços
cruzados, ela o avaliava.
– Isa! – Ele se levantou após passar a mão pelos curtos cabelos castanhos e
caminhou na direção de Isabel.
As pessoas deixadas para trás fecharam a cara e algumas torceram os
braços.
– O que faz aqui, Asmodeus?
Isabel encarou o homem de aparente meia idade, mas isso não prejudicou
em nada a beleza dele. As leves rugas ao redor dos olhos pareciam um
charme a mais, para arrancar suspiros de homens e mulheres.
Ao ver que ela apenas o observava, Asmodeus desviou o olhar de volta
para o grupo que aguardava por ele e enfiou as mãos dentro dos bolsos.
– O que faz aqui? – Isabel insistiu.
– Ah eu vim trazer algo do meu irmão para você – Ele tirou de um dos
bolsos um espelho de mãos e entregou a ela. – Não tem tecnologia no
inferno, mas até onde eu me lembro, magia ainda funciona lá.
Um enorme sorriso se formou nos lábios de Isabel enquanto ela girava o
espelho de haste e moldura preta em suas mãos.
– Quer dizer que com isso vou poder falar com a Natasha?
– Espero que sim. – Asmodeus torceu os lábios, pensativo. – Ainda não
testei.
Isabel abraçou o irmão de Dante, já que não podia abraçar a sua própria.
– Obrigada.
– Irmãos são para essas coisas. E sempre faço tudo o que posso pelo meu
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Capítulo 11
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apesar de deixar bem claro que quer fazer isso, mesmo sendo uma das poucas
mulheres que eu pedi para ele ficar longe.
– Então essa garota é importante para você?
– Não! – Salomon se apressou para dizer e talvez tenha sido rápido demais
ao ponto de não soar confiante para o pai. – Dormi com ela duas vezes e ela
se alimentou de mim, me deixando bem fraco.
– Fraco?
– Sim. Ela é uma súcubo.
– Nossa! Nunca vi um demônio assim antes, mas ouvi dizer que são muito
bonitos.
– Ela é incrivelmente linda.
– Então qual o problema? – Jason deu nadou na direção do filho e o forçou
a encará-lo.
– Não consigo parar de pensar nela. Era para o mar ter me livrado do
encanto.
– O mar não tira as coisas do seu coração, filho.
– O que quer dizer?
– Que está gostando dela.
– Não, pai! Não estou. Só dormi com ela. Foi gostoso e divertido. Ela me
deixou exausto. Apenas isso. – Salomon olhou para a ponta de sua cauda para
não ter que fitar o pai. Não esperava ir ali e ouvir aquilo, não queria ouvir
aquilo.
– Pelo visto ainda continua evitando qualquer relacionamento na tola
tentativa de não sofrer.
– Lembro como ficou quando a minha mãe nos deixou.
– Salomon, é melhor correr o risco de perder do que não ter vivido nada.
– Ela vai embora daqui há poucos dias.
– Poderia estar aproveitando cada minuto com ela.
– Não sei se quero.
– Nem tudo é apenas a despedida. Sem a sua mãe eu jamais te teria.
– Estou bem sozinho.
– Bom, filho. Só espero que se dê conta do que realmente quer antes que
seja tarde demais. – Jason fechou uma pequena garrafa e a entregou ao filho.
– Leve para ela como lembrança da viagem.
– Está bem, agora eu preciso ir. Logo tenho que bater ponto no hotel.
Salomon abraçou o pai antes de dar as costas.
– Boa sorte... – A voz do tritão mais experiente se perdeu e meio a um
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suspiro.
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Capítulo 12
Após ficar na praia até o entardecer, Isabel voltou para o quarto do hotel e
ligou para o aeroporto. Pediu para que adiantassem sua passagem de volta
para o dia seguinte. Por mais lindo que o lugar fosse, ela estava se sentindo
muito solitária. Precisava abraçar Aron e Dária, conhecer o sobrinho e poder
apertar as bochechas gordinhas da criança.
Só uma pessoa poderia fazê-la ficar ali. Isabel conteve o pensamento ao
dobrar uma camiseta e a guardar dentro da mala. Não! Era sim hora de
voltar. Não era como seus irmãos, não estava disposta a dar murros em ponta
de faca. Não precisou de Salomon durante séculos, não precisaria dele agora.
Guardou as últimas peças que deixara sobre a cama e foi para o banheiro.
Entrou na banheira de água quente com sais de banho que já havia preparado
e se permitiu relaxar. Enquanto se afundava na espuma, observou a lua cheia
pela pequena janela do banheiro, estrelas que não conseguia ver no céu de
São Paulo faziam companhia a ela ali em Cancun.
Permitiu que sua mente vagasse o mais distante possível de qualquer
pensamento que a levasse a Salomon. Precisava de alguns poucos dias e logo
o tiraria de seus pensamentos.
Ela tomou um gole do espumante deixado ao lado da banheira e deu uma
mordida num morango suculento que pegou de uma tigela. Aproveitou sua
estadia no paraíso que já estava chegando ao fim.
Despois do banho, Isabel colocou um vestido curto e fino, deixou os
cabelos ainda molhados soltos ao vento e se maquiou um pouco. Nada
exagerado, apenas algo leve ao redor dos olhos para destacá-los.
Sorriu para o espelho antes de deixar o quarto.
Com os passos lentos, caminhou até o bar. Torcia para que não
encontrasse com ele. Não sabia se a sua reação seria bater nele ou beijá-lo.
Logo o show ao vivo a envolveu e ela parou de pensar. Deixou-se levar
pela melodia do som. Foi andando na direção do palco e parou lá, junto com
dezenas de hóspedes que dançavam.
Começou a dança enquanto observava a lua sobre sua cabeça. Esbarrou
em um ou outro hóspede e esse já se sentiu feliz apenas por receberem o
pedido de desculpas numa face tão linda e delicada.
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formado ao redor da bela mulher. Cutucou o ombro do que dançava atrás dela
é o fez parar.
O cara do drink que antes o irritara, virou-se para Salomon de dentes
cerrados. O tritão viu um relâmpago de raiva cruzar os olhos castanhos do
homem.
– O que está fazendo aqui, barman?
Isabel ouviu a pergunta feita num tom de raiva e se virou para trás. Foi
inevitável conter o sorriso quando seus olhos encontraram os dele.
– Salomon. – Ela colocou as mãos na cintura e o encarou.
– Isabel. – Ele estendeu a mão para ela.
Ela manteve os olhos nos dele e hesitou. Toda a raiva que sentiu por ele
ter se comportado como um idiota se desfez naquele olhar. Isabel sentiu suas
pernas ficarem bambas e o coração disparar no peito. Queria manter a
postura, fazer-se de difícil, brigar com ele. Entretanto tê-lo ali à sua frente a
lembrou de que no dia seguinte iria embora e era a última chance de estar
com Salomon, quis aproveitar o momento.
Isabel estendeu a mão e segurou a dele.
O sujeito que antes dançava com ela começou a brigar, mas ela não deu
ouvidos.
– Vai dançar comigo outra vez?
– Isso ou o que quiser. – Salomon a puxou para junto de si.
Isabel sentiu o calor do peito largo dele e suspirou. Salomon era uns bons
centímetros mais alto que ela e foi fácil aconchegá-la em seus braços.
– Me desculpa por não ter nem te agradecido por ter nos ajudado com os
traficantes. – Ele sussurrou ao pé do ouvido de Isabel.
– Que bom que reconhece que foi um idiota.
Salomon riu com os lábios contra o pescoço dela.
– É eu fui.
Isabel o empurrou pelo peito e Salomon a segurou pelo pulso, fazendo-a
girar e depois vir parar junto ao seu peito outra vez.
Ele deslizou as mãos pela lateral do corpo até a cintura dela, enquanto
ambos começavam a se mover no ritmo da música. Enquanto guiava o
rebolado da cintura dela com as mãos, Salomon deu razão ao pai: era melhor
viver breves momentos como aquele do que não ter vivido nada.
Com os olhos fixos no mar azul dos de Isabel, movendo seu corpo junto
com o dela, Salomon ignorou os olhares de raiva lançados na direção dele.
Por hora a garota era sua. Deslizou a mão até o de Isabel e mordiscou o lábio
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próprio desejo poderia passar uma noite inteira a servindo só com a língua,
fazendo-a perder as contas de quantas vezes chegou ao ápice. Pelas pernas
trêmulas que vibravam contra ele e os gemidos soube que estava no caminho
certo.
Logo Isabel se apoiou na parede e sentiu todo o seu corpo se contorcer em
espasmos, enquanto o orgasmo a deixava sem fala. Ofegante, ela fechou os
olhos e se entregou as deliciosas sensações.
Quando tomou de volta o controle de si, Isabel puxou Salomon pelos
cabelos e o fez se levantar. Rendeu os lábios dele para si e o beijou com todo
o fogo que o homem havia despertado.
O tritão mordiscou a boca macia e traçou um caminho de ida e volta até o
pescoço. Com as mãos explorava sem pudor as curvas que compunham
Isabel. Tocou cada milímetro dela e isso já estava o deixando louco.
Foi um alívio quando as mãos delicadas vieram até o zíper de sua bermuda
e a abriram. A própria gravidade puxou a peça para o chão. Mordicavam os
lábios um do outro enquanto ela se desfazia da cueca e pegava com as duas
mãos o pênis rígido que pulsava.
Salomon agarrou com força as coxas de Isabel e a ergueu no ar, fazendo-a
abraçar com as pernas a sua cintura. Num tranco, penetrou-a fazendo com
que as costas dela batessem contra a parede. Arfou ao sentir a umidade dela o
envolver. Seu corpo desejava loucamente estar dentro do dela.
Isabel abraçou o pescoço dele, enquanto o sentia começar a investir contra
o seu interior. As estocadas começaram com um ritmo lento, mas todo o
pênis de Salomon entrava para dentro dela. A sensação de tê-lo dentro era
deliciosa. Isabel era incapaz de medir a dimensão do prazer que sentia no
momento em que gemia e suas costas batiam contra a parede.
Ela deslizou as unhas pelos ombros dele, deixando marcas ao apoiar sua
testa na de Salomon. Encarou os olhos castanhos e o sorriso que dirigiu a ele
logo se transformou em uma expressão de prazer.
Salomon deslizou as mãos até a bunda dela, acariciou e apertou a região
quente e macia. O corpo de Isabel era melhor do que qualquer praia em que
esteve, e dentro dela se sentia tão bem quanto dentro do próprio mar.
Conteve-se como pode para prolongar o prazer pelo maior tempo possível.
Mas o estímulo era tanto que não conseguiu. Apoiou as duas mãos na parede
enquanto todos os seus músculos se contraiam. Parou de se mexer, porém
Isabel continuou a mover-se contra ele. Logo se esvaiu dentro dela. O
orgasmo o deixou sem ar por longos minutos e quando voltou a respirar
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deixou duro outra vez. A possibilidade de tê-la outra vez fez Salomon se
esquecer do cansaço.
Um gemido abafado saiu pelos lábios cerrados de Isabel quando ela o
sentiu deslizar outra vez para dentro de si. A penetração sem aviso foi
deliciosa e a fez rebolar contra a pélvis dele e empinar um pouco a bunda.
Salomon a segurou pela cintura e entrou todo. Gemeu contra a orelha em
seus lábios antes de mordiscá-la. O corpo de Isabel era sedutor demais,
delicioso demais, entretanto ele não teve mais medo de estar viciado. Ramon
e seu pai estavam certos, seria um idiota se não ficasse com ela.
Segurando firme a cintura de Isabel, os movimentos de Salomon ficaram
mais intensos e urgentes. Ele deslizava para fora e dava trancos ao entrar,
fazendo Isabel dar leves pulinhos na cama, e arrancando dela gemidos que
adorava ouvir.
Naquela altura Salomon era apenas seus instintos. Embriagado pelo prazer
de estar com Isabel, movia-se numa busca cega pelo orgasmo, contudo logo
sua consciência o lembrou de que precisava dar a ela o tamanho prazer que
estava sentindo. Tirou uma das mãos da cintura e a levou até a junção das
pernas de Isabel. Demorou alguns segundos para encontrar o clitóris e
começar a estimulá-lo com uma pressão leve e movimentos circulares.
Isabel jogou a cabeça para trás apoiando-a no ombro largo do tritão.
Estava entregue a ele, ao prazer que a proporcionava. Estar com Salomon
fazia muitas coisas pelas quais ela procurava por impulso fazerem sentido.
Química, paixão, desejo, prazer... Tais simples palavras eram tão claras em
sua mente naquele momento, pois o cara com quem estava transando
despertava todas elas.
Sentiu-o morder sua orelha enquanto deslizava para fora e enfiava fundo
outra vez. Quis gritar, dizer a ele que se queira enlouquecê-la já estava
conseguindo, mas julgou as palavras desnecessárias no momento, seus
gemidos cada vez mais altos já diziam muito.
Com o corpo trêmulo, Isabel perdeu o último fio de pensamento claro
antes de ser envolvida pelo êxtase do orgasmo. Paralisada pelo formigamento
dos espasmos ela o sentiu continuar a mover-se dentro de si mais algumas
vezes até parar e apertar com força sua cintura. Odiou a posição por
impossibilitá-la de ver a expressão de prazer no rosto dele ao se juntar a ela
no clímax.
Após alguns minutos de respiração ofegante e músculos tensos, Salomon
recuperou o controle do próprio corpo e voltou a beijá-la e acariciá-la.
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Isabel se aninhou nele ainda o sentindo dentro de si. Havia sido uma ótima
última noite naquele lugar lindo, dormira mais uma vez com o cara que
despertava nela sentimentos que sempre quis sentir.
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Capítulo 13
– Como tem coragem de me dizer que não sabem de nada? Uma mulher,
uma única mulher e não conseguiram encontrá-la seus incompetentes! –
Felícia bateu com as mãos com força sobre uma mesa de metal. Por pouco o
impacto não quebrou uma das unhas longas e pintadas de vermelho.
Os homens ao redor dela se encolheram assustados com o excesso de
raiva.
– Mas são um bando de imbecis mesmo. – Ela prosseguiu ao jogar o
cabelo para trás. – Só para começar, não sei como uma mulher sozinha, uma
mulher desarmada, matou três dos meus homens e fez dois de panacas.
– Ela não parecia humana, senhora. Era bonita demais e tinha uma voz... –
Um dos homens ousou sair das sombras de uma pilastra que o cobria e
encarar a fúria da líder.
– Não parecia humana? – Felícia levou a mão à boca e fingiu conter uma
gargalhada. – São uns imbecis mesmo!
– Mas não perdemos nosso carregamento. – O sujeito insistiu enquanto o
restante achou mais prudente continuar escondido nas sombras.
– Por sorte, por pura sorte.
Felícia deixou seu corpo cair sobre a cadeira de metal e encarou seus
capangas, que a rodeavam, dispostos pelo galpão onde estavam. Muitas luzes
no teto estavam queimadas, deixando o local na penumbra, isso no momento
pareceu muito favorável àqueles que queriam escapar da fúria.
– Pelo visto também não tem informações dos panacas que tentaram parar
o carregamento.
Não houve resposta. Nenhum dos homens ousou dizer nada e provar mais
da raiva que já exalava em todas as direções.
Felícia balançou a cabeça em negativa e se abraçou, batendo as unhas
contra os próprios braços. Não acreditava que chegara tão longe no mercado
negro sendo servida por aquele bando de jumentos.
– Vamos encontrá-los, senhora.
– Assim espero, ou a cabeça de vocês começará a rolar, uma a uma, até
que o restante me traga a cabeças desses sujeitos em um espeto de churrasco.
– Sim, senhora. – Todos repetiram em coro antes de se curvarem.
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Capítulo 14
Isabel não dormiu. Quis aproveitar cada segundo da última noite com
Salomon. Acariciando com as pontas dos dedos o contorno do rosto másculo,
sentindo os pelos da barba aparada no queixo, quis gravar em sua memória
cada detalhe dele.
No fundo, ela não queria ir embora, se pudesse ficaria com Salomon.
Porém não estava disposta pedir pela atenção dele e era horrível ficar
sozinha, mesmo em um lugar tão belo.
Quando o sol começou a surgir na janela, soube que o tempo com
Salomon estava chegando ao fim. Era bom ele estar em um sono pesado, era
mais fácil, Isabel odiava despedidas, principalmente uma que tinha fortes
chances de fazê-la chorar.
Observou mais uma vez o homem alto deitado sobre o lençol branco, com
os cabelos longos espalhados no travesseiro. A pele bronzeada, os lábios
finos, as sobrancelhas grossas. Como ele era lindo!
Isabel suspirou antes de se curvar e tocar os lábios dele com os seus.
Salomon apenas se moveu na cama, mas continuou dormindo.
– Sentirei sua falta.
Isabel se levantou antes de mudar de ideia e perder o voo que brigou para
remarcar. Seriam boas lembranças de Cancun.
Tomou um banho rápido. Vestiu uma calça jeans e camiseta. Enquanto
penteava os cabelos loiros diante do espelho sobre a pia do banheiro, Isabel
pensou no irmão e no novo sobrinho, isso lhe devolveu a expectativa de
voltar para casa.
Juntou as últimas coisas, pegou as malas e olhou Salomon dormindo.
Gravaria a imagem em sua mente pela eternidade.
próprias pernas.
– SEU IDIOTA! Eu não acredito que passei a noite servindo bebidas no
seu lugar, para você deixar a gata ir embora.
– Hã! Como assim? – Salomon piscou os olhos castanhos olhando ao
redor. – Dormimos juntos, eu estou no quarto dela.
Salomon não a encontrou na cama, não viu as roupas femininas que
deveriam estar jogadas ao chão junto com as suas. Onde estavam as malas
que tinha certeza ter visto ao lado do móvel da televisão? Um aperto tomou
conta do peito do tritão enquanto ele passava as mãos pelo cabelo. Sentiu
falta de ar e caiu de joelhos sobre o chão frio. Tudo o que temia aconteceu.
– Você a levou embora? – Teve medo da resposta de Ramon, mas não
evitou a pergunta.
– Não. Cheguei atrasado no hotel e quando estava me apresentando na
recepção a vi entrar em um táxi para o aeroporto. Por que a deixou ir?
– Eu não deixei. Ela foi.
– Em algum momento você disse a ela que queria que ela ficasse?
– Não.
– Então é mais estúpido do que eu imaginei. Como quer que a mulher
fique com você se ela não sabe que essa é sua vontade? Seu idiota!
– Eu entendi, Ramon. Perdi ela...
Salomon olhou para as cortinas na janela, sentia um nó na garganta e
estava em choque. Os gritos do amigo nem conseguiam lhe provocar raiva ao
ponto de revidar com qualquer grosseira.
– Não, cara! Levanta daí. Não tem dez minutos que ela pegou o táxi. Se
pegar a moto agora e for para o aeroporto, ainda consegue impedir que ela
entre naquele avião.
Isabel olhou para a criança que brincava com um urso de pelúcia sentada
no colo da mãe. A pequena menina sorriu quando seus olhos encontraram os
da súcubo.
Ao apoiar as mãos sobre os braços frios da cadeira de ferro da sala de
embarque, Isabel se sentiu feliz, pois dentro de algumas horas poderia brincar
com o seu sobrinho.
Puxou a bolsa de mão que jogara na cadeira ao lado e pegou dentro dela o
seu telefone celular. Aron mandara várias fotos do novo filho e dissera em
uma mensagem que mal via a hora de Isabel se juntar a eles. Ao olhar para as
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fotos do pequeno menino ruivo, ela soube que o melhor era mesmo ter
adiantado sua volta. Foi tolice imaginar que se sentiria melhor sozinha.
Tentar em outro lugar esquecer a dose de inveja que tinha dos irmãos mais
velhos por terem encontrado os amores de suas vidas foi estupidez. Deveria
aceitar seu destino sozinha e ficar contente apenas por ter a família que a
amava.
Sorriu ao passar o dedo pela tela fina do telefone que exibia a foto dela
com os irmãos. Isabel tinha eles e não deveria se sentir tão sozinha,
principalmente agora que encontrara uma forma de conversar com Natasha,
de vê-la.
Um garoto de cabelos cumpridos brigando com a máquina de
refrigerantes, que havia engolido suas moedas, fez Isabel se lembrar de
Salomon, por mais que evitasse a lembrança dele. Seria mais difícil esquecê-
lo do que imaginava. Mesmo após o banho, ainda sentia o cheiro de mar dele
em seu corpo. Jurou que se fechasse os olhos sentiria o toque da mão firme
dele em sua pele.
Será que era assim que Natasha se sentiu com Dante? Lembrou-se de
como Aron havia ficado aéreo com os pensamentos em Dária o tempo todo
até conseguir conquistá-la.
– Isabel... – A voz de Salomon ecoou em sua cabeça.
Ela fechou os olhos e respirou fundo. Precisava tirar a lembrança dele, tão
forte em sua mente, ou se arrependeria de ter ido embora.
– Isabel!
Ela ergueu a cabeça. Viu as pessoas ao seu redor na sala de embarque
olhando de um lado para o outro. O coração disparou no peito quando ela se
deu conta de que o chamado pelo seu nome não vinha de sua cabeça e sim
dos autofalantes espalhados nas paredes.
– Isabel. – A voz de Salomon estava um pouco chiada, contudo ela nem
notou isso, pareceu alta e clara.
Houve um breve momento de silêncio antes dela voltar a ouvi-lo.
– Eu sei que eu fui um idiota. Não deveria ter deixado você chegar até
aqui, sem antes me ouvir dizer como eu me sinto quando estou contigo. Eu
realmente espero que ainda haja tempo de te impedir de pegar esse avião. De
te impedir de ir para longe de mim. Desde que a conheci, você tem roubado
cada um dos meus pensamentos. Não consigo fechar os olhos sem ver seu
rosto. Não consigo evitar os ciúmes, quando qualquer outro homem se
aproxima de você. Fui um idiota por não ter dito antes, olhando nos seus
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deles, começou a gritar e bater palmas, porém os dois estavam numa bolha
formada pelo próprio sentimento que não os permitiu notar quem quer que
fosse ao seu redor, um via apenas o outro.
O beijo começou calmo e terno, apenas com os lábios se roçando com
carinho. Mas quando Salomon invadiu a boca de Isabel com a língua, ele a
puxou com mais força contra o seu corpo e intensificou também o beijo. Ele
precisou se controlar para não acariciar o corpo dela ali mesmo, deslizar as
mãos até a bunda que gostava tanto de apertar, mordiscar a orelha e o
pescoço, mas tais carícias teriam que esperar o momento até que estivessem
sozinhos.
Isabel parou o beijo, mas recusou a tirar os braços do redor do pescoço de
Salomon. Encarou-o. Sentiu seu perfume, o toque e o cabelos longos.
– Por que não disse que gostava de mim antes?
– Eu costumo ser orgulhoso demais. Nunca admiti que gostava de mulher
alguma. – Ele deslizou os dedos pelo contorno macio do rosto de Isabel.
– Então por que para mim?
– Porque me faz sentir como nunca senti. Quando eu a beijo, quando eu a
toco, meu mundo para, só vejo você, só sinto as sensações que desperta no
meu corpo.
– Deveria ter dito isso antes, porque era tudo o que eu queria ouvir.
– Então vai ficar?
– Já me fez perder o avião mesmo. – Isabel deu de ombros.
Salomon abriu um largo sorriso e segurou-a pela cintura, fazendo-a girar
no ar. Depois a puxou de volta e beijou-a mais uma vez.
– Me ajuda a procurar minhas malas ou vou ficar sem roupas.
– Não acho uma má ideia. – Ele a mordiscou na orelha.
Isabel deu um sorrisinho e um tapinha no peito dele.
– Não o tempo todo.
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Capítulo 15
Isabel sentiu suas costas tocarem o colchão macio. Um arrepio varreu seu
corpo quando os lábios de Salomon tocaram seu pescoço, os dentes dele
mordiam sua pele. Ela abriu as pernas num movimento involuntário, estava
louca por ele e mal haviam começado a se tocar.
– Não se alimenta de mim agora. – Salomon sussurrou no ouvido de
Isabel. – Preciso tomar um banho de mar antes.
Ela assentiu ao passar os dedos pelo cabelo dele, puxando os fios longos,
enrolando-os em sua mão.
Salomon se ajeitou entre as pernas distanciadas da súcubo, enquanto
beijava e moradia os lábios e o pescoço, descendo até a região dos seios.
Contorcendo-se na cama com os beijos quentes dele, Isabel levou as mãos
até os quadris de Salomon e começou a puxar a camiseta cinza que ele usava
para cima, até retirá-la pelos braços.
Ele parou de beijá-la apenas para se livrar das roupas que ainda usavam.
Jogou a camiseta dela no chão e a segurou pelos pulsos, mantendo-os presos
a cama.
Isabel gemeu fitando os olhos castanhos dele. Fingiu tentar se soltar e
mordeu os lábios de um jeito sexy.
Salomon perdeu o controle para o desejo voraz que banhou suas veias. Ela
era tão linda! Passou a língua pelo lábio inferior de Isabel antes do mordê-lo,
arrancando dela um gritinho.
Isabel passou seu pé direito pela perna de Salomon, arranhando ele.
Queria passar as mãos pelos ombros do tritão, porém ele ainda segurava seus
pulsos e não era momento para medir forças. Além disso, era gostoso dar a
ele o controle.
Sentiu um arrepio varrer seu corpo quando ele passou a língua entre seus
seios, para finalmente soltar os pulsos e agarrá-los. Salomon retirou o sutiã,
apertou os seios, brincou, mordiscou e lambeu os mamilos. A forma como
Isabel reagia a cada toque, cada carícia, era um incentivo a mais para que ele
continuasse saboreando-a.
Isabel se contorceu na cama quando o tritão abocanhou um dos seus seios,
chupando-o, enquanto com as mãos Salomon percorria as suas curvas,
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Ele ergueu as mãos e agarrou os seios que saltavam aos seus olhos.
Mordeu os lábios para conter um gemido alto, quando Isabel ergueu os
quadris, tirando-o quase todo de dentro dela, e depois sentou de uma vez,
fazendo-o entrar tão fundo ao ponto de tocar o colo do útero. Moveu os lábios
em um gostosa e o sorriso que recebeu de volta o deixou ainda mais louco
por ela.
Levou as mãos até as nádegas e a ajudou a ditar os movimentos. Salomon
estava se viciando em fazer sexo com Isabel e esse era o melhor vício que já
experimentara. Sentia as paredes da vagina envolverem seu pênis, apertá-lo,
espremê-lo. Era bom demais até para se manter são. Esqueceu-se de qualquer
coisa que não fosse seus corpos juntos se movendo num ritmo só deles.
Isabel arranhou o peito dele com as unhas afiadas, em meio a um grito,
enquanto sentia seu corpo todo vibrar e se contorcer com os espasmos. O
orgasmo tão intenso roubou o ar de seus pulmões e a deixou esgotada, assim
Isabel desmoronou sobre o peito de Salomon. Com a respiração ofegante,
ficou fora de órbita por longos minutos.
Salomon manteve as mãos na cintura dela e continuou a se mover até que
também alcançasse o clímax. Todo o seu corpo formigava com se tivesse
sendo espetado por minúsculas agulhas, sentia frio e calor ao mesmo tempo.
Quando recuperou o controle, ajeitou-a sobre seu peito e ficou acariciando
os cabelos loiros.
– Então agora estamos juntos? – Isabel encarou Salomon enquanto se
apoiava com os cotovelos no peito dele.
O tritão percorreu a linha da coluna dela com a ponta dos dedos da mão
direta enquanto devolvia o olhar questionador.
– Espero não ter pagado o maior mico no aeroporto à toa.
– Isso não foi uma resposta. – Ela torceu os lábios e franziu as
sobrancelhas.
– E qual resposta você quer?
– Algo mais objetivo.
– Que estamos namorando, eu espero que sim, apesar de nunca ter me
envolvido a esse ponto antes. Eu pouco me importo em qual nome queria dar
para isso desde que sempre esteja aqui, ao alcance dos meus braços.
Os olhos azuis-esbranquiçados de Isabel se iluminaram e um largo sorriso
se formou em seus lábios.
Salomon sorriu de volta e embrenhou uma das mãos pelos cabelos loiros a
puxando para um beijo mais terno e menos voraz do que os anteriores, mas
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carregado de carinho.
– Preciso levar minhas coisas de volta para o hotel. – disse Isabel quando
eles se afastaram.
– Pode ficar aqui.
– Ainda não. Vamos nos conhecer melhor primeiro.
Salomon riu.
– Está bem, mas pode se preparar para pagar por uma longa estadia porque
não vou te deixar voltar.
– Eu espero que não. – Isabel mordeu o lábio inferior dele.
Salomon acariciou o rosto da loira, perdendo-se na perfeição dos traços
retos e circulares que o compunham. As maçãs do rosto rosadas, os lábios de
tamanho médio, os olhos grandes e a sobrancelha fina.
– Linda. Você é muito linda.
– Obrigada.
Isabel sentiu suas bochechas corarem. Estava acostumada a ouvir tanto
aquele elogio, mas ouvindo dele em meio a forma carinhosa como estavam
aninhados na cama, foi bem diferente.
– Por que usa o cabelo grande?
– Gostava de brincar de Aquaman quando era criança.
– Sério?
– Não. – Salomon riu. – Gosto dele grande, assim como o meu pai.
– Conhecerei ele algum dia?
– Espero que sim. Ele vive em alto mar.
– Entendi. Por falar em família, preciso avisar a minha que não peguei
aquele avião.
– Seus pais?
– Meu irmão. Meu pai era um duque irlandês que morreu há muito tempo,
já a minha mãe tem tentado ser menos pior nos últimos anos. Mas sempre foi
nós três, bem, até os outros dois se casarem e eu vir parar aqui.
– Veio procurar um namorado no México?
– Não. Vim tirar umas férias para pensar em mim mesma, não imaginava
que iria conhecer você.
– Que bom que veio.
Ele ergueu o rosto dela pelo queixo e a beijou.
Isabel custou para vencer a atração magnética que unia seus corpos e
levantou-se com as pernas trêmulas. Vestiu a camisa de Salomon, a primeira
peça de roupa que encontrou no amontoado pelo chão. Foi até a bolsa e
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Salomon quis gritar que era porque a ideia era insana. Mas ao encontrar a
expressão séria no rosto de Isabel, ele desistiu de fazer qualquer comentário.
– Hoje é a minha folga e terá um luau em uma das praias mais ao norte,
gostaria de levá-la comigo.
– Eu ia adorar. – Ela não hesitou em se jogar nos braços dele.
– Então está combinado.
Salomon jogou o cabelo loiro para o lado e beijou a pele exposta do
pescoço, mordicando ao ponto de vê-la se contorcer em seus braços Olhando
para o sol quente atrás das persianas que cobriam a única janela do quarto,
Isabel suspirou. Ela estava nas nuvens, ainda mal acreditava em tudo o que
aconteceu nas últimas horas. Salomon, o homem pelo qual foi fisgada desde
o primeiro momento que dançaram e dormiram juntos, finalmente havia se
declarado, e foram as melhores palavras que ouviu na vida. Estando ali, nos
braços dele, foi fácil pensar que toda a espera havia valido a pena.
Salomon a abraçou, sentindo o calor do corpo pequeno em meio ao seu
peito tão largo e braços tão grandes. Gostava que ela fosse assim, pequena,
para poder envolvê-la e ter a ilusão de que a protegeria de qualquer coisa,
mesmo sabendo da força que Isabel tinha. Beijou-a no alto da cabeça e
fechou os olhos, sentindo o perfume doce do cabelo loiro.
Arriscar, em relação as mulheres, essa parecia a palavra mais tola no
vocabulário de Salomon. Ele era capaz de tentar enfrentar sozinho um
exército de traficantes para proteger seu mar, mas dizer uma simples palavra,
revelar um sentimento, parecia a coisa mais dolorosa e impossível. Ainda
assim, naquele dia,ele superou todo o medo de ser abandonado, superou toda
dor que nutria por motivos que muitas vezes nem eram dele. Conseguiu.
Disse que a queria, que precisava dela consigo, que gostava dela e resultado
de suas palavras estava ali, em seus braços , aninhada junto ao seu peito.
Ramon estava certo, Salomon seria um eterno estúpido se tivesse a perdido
por puro orgulho e medo.
– O que tem para comermos? – Isabel ergueu a cabeça e o encarou. – Sexo
sem energia me deixa com fome.
Salomon sorriu.
– Vem, vamos ver o que tem na geladeira.
Isabel se levantou e estendeu as mãos para ele.
– Gosto das panquecas de camarão do hotel.
Salomon cocou o queixo com a barba por fazer.
– Acho que podemos comer panquecas de camarão. Não sou tão bom com
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Capítulo 16
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do que ela.
Isabel apoiou a mão livre na pia de pedra escura e fria ao suspirar.
– Ah, Nat, ele é tão selvagem e simples, ao mesmo tempo, que me intriga
tanto. E tem um gingado de que me deixa louca.
– Quero saber fisicamente!
Natasha sempre direta.
– Ah. – Isabel sentiu suas bochechas corarem. – Moreno, bem bronzeado,
olhos e longos cabelos castanhos e um corpo gostoso o suficiente para me
deixar excitada só de olhar. – Ela mordeu os lábios para conter um suspiro.
– Cabelos longos ... Interessante.
– Combina com ele.
– Estou feliz por você, Isa. Amar é muito bom.
– Não usamos essa palavra ainda. Estou vendo como vai ser.
– Sempre prudente a minha irmãzinha. Mesmo quando parece
completamente de quatro pelo cara.
– Não... – Isabel parou no meio do protesto quando viu a razão nas
palavras da irmã. – Tem razão, eu gosto dele. É o bastante agora.
– Sim. Te desejo sorte. No pior dos casos mande ele para cá, cuidaremos
dele.
Isabel sorriu.
– Espero não precisar disso.
– Nem eu. Mas sabe que farei qualquer coisa por você.
– Eu sei, Nat, Obrigada. Agora vou para uma festa com ele.
– Boa festa para você, Isa. Me chame aqui quando quiser.
– Está bem, até mais.
A imagem de Natasha desapareceu do pequeno espelho e Isabel voltou a
se encarar. Passou a as mãos pelos cabelos loiros bem penteados, com ondas
marcadas. Colocou o batom ao lado do espelho e saiu do banheiro.
Usava um longo vestido cor de creme, cuja saia balançava a cada passo
que dava, e calçava uma sandália baixa, enfeitada com pérolas.
Saiu do quarto chamando atenção de todos com quem cruzou pelos
corredores. Até os homens casados não conseguiam resistir a encará-la.
Mas não prestou atenção em nenhum deles. Tinha alguém mais importante
em mente.
Salomon ergueu a cabeça do celular que estava mexendo ao ouvir o som
tão característico dos passos de Isabel. Ele abriu um enorme sorriso ao vê-la
andando. Levantou-se do sofá branco da recepção e foi até a mulher que
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começou a dançar.
Passando as mãos pelo corpo, jogando os cabelos de um lado para o outro
e rebolando. Salomon não resistiu a segurar firme a cintura dela e encoxá-la.
Sentindo-a esfregar o corpo contra o seu, ele nem se preocupou em exigir o
máximo de seu alto controle. Deixou-se levar pelas sensações que ela
despertava, pelos desejos...
Segurou-a pelo pulso e a girou para encará-lo. Isabel apoiou as mãos no
peito dele e sorriu ao encarar os olhos castanhos. Salomon começou a se
mover com ela no ritmo da música. Dançar com Isabel era uma das coisas
que mais gostava de fazer com ela, e isso só perdia para o sexo.
Salomon deslizou as mãos até a bunda de Isabel, segurando-a firme
enquanto ela movia seu corpo para frente, batendo-o no dele.
Isabel jogou a cabeça para trás, passando a mão pelos cabelos loiros,
enquanto rebolaram juntos até dobrarem os joelhos. Quando voltaram a subir
ela o encarou, colocando as mãos sobre o rosto dele. Gostou de ver a forma
como o cabelo de Salomon balançava à medida que dançavam.
Em meio a dança, eles se beijaram. Um beijo quente que só fez crescer
com a fricção dos corpos. Enquanto ela se esfregava, Salomon passeava com
as mãos pela bunda, costas e cintura.
Quando a música acabou estavam ofegando, trêmulos e cheios de desejo.
Segurando um no rosto do outro sorriram como se não tivesse mais ninguém
ali com eles.
– De nada. – Ramon passou por eles e deu uns tapinhas no ombro de
Salomon.
– Por que? – Isabel olhou sem entender.
– Digamos que ele me deu um puxão de orelha em relação a minha atitude
com você. – Salomon se voltou para o amigo. – Obrigado.
Ramon cruzou os braços e abriu um sorriso maroto.
– Se não tiver dando conta dela na cama ou quiser alguém para um
menage é só me chamar.
Salomon cerrou os punhos e conteve a vontade de dar um soco no meio da
cara do amigo.
– Diga isso de novo e vou deixar você sem dentes.
Isabel riu ao apoiar a mão no ombro de Salomon.
– Está bem, amigo. Foi só uma ótima sugestão.
Rindo, Ramon saiu de perto deles e foi até uma garota que acenava perto
da mesa de bebidas.
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– Ramon não perdoa ninguém, tem que aprender a ficar longe pelo menos
da minha garota.
– Sua garota? – Isabel passou a mão pelo peito de Salomon.
– Sim, minha garota. – Ele a abraçou pela cintura. – Minha namorada.
Ela sorriu e deu nele um rápido selinho. Por mais que tivesse desejado
muito aquele momento, ainda estava se acostumando com a ideia. Isabel não
era tão fogosa e tentada a poligamia como os irmãos mais velhos, podia
apostar que tinha participado de menos orgias do que qualquer um deles.
Sexo era para se alimentar e a energia suficiente para sobreviver a bastava.
Depois que Aron e Natasha encontraram o feliz para sempre, ela havia
cobrado de si mesma se encaixar com alguém, gostar de alguém ao ponto de
não precisar mais se deitar com estranhos. Mas ali nos braços de Salomon,
sentindo o que ele a fazia sentir, sua mente a forçava a pensar com cuidado.
Isabel era prudente demais para mergulhar de cabeça e apenas sentir.
– Vem comigo. – Salomon a puxou pela mão em direção ao mar.
Saindo de seus pensamentos, Isabel se permitiu ser arrastada por ele. Seus
pés deixaram um rastro na areia até ela parar para tirar as sandálias.
– Salomon! Eu vou molhar meu vestido. – Ela parou assim que seus pés
tocaram na água rasa de uma quebra de onda.
Ele a pegou pela cintura e ergueu no ar.
– E você se importa?
– Não. – Isabel fitou o fundo dos olhos castanhos dele.
– Então vem. Eu preciso de um banho de mar.
Isabel se preparou para o frio quando uma onda quebrou em sua direção,
mas se surpreendeu, quando a água que tocou o seu corpo era amavelmente
morna.
Com as mãos de Salomon firmes em sua cintura, ela foi arrastada em
direção ao meio do mar, onde seus pés já não podiam mais tocar o chão.
Ela observou a luz da lua refletida ao redor deles, o brilho dela nos cabelos
de Salomon e nos olhos dele. Encará-lo a fazia se esquecer do restante do
mundo e viver apenas aquele momento.
O vestido estava grudado ao corpo enquanto ela balançava as pernas para
se manter flutuando.
Isabel sentiu as pernas de Salomon roçarem nas suas. Esperava sentir
escamas e não pele.
– Não se transforma assim que toca na água?
Salomon arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos, mas depois riu.
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mais. Foram apenas mais algumas estocadas para que ele se esvaísse dentro
dela, e pelos gemidos altos demais ele não foi o único a chegar ao orgasmo.
Assim que a sensação passou, Isabel o puxou para um beijo e começou a
sugar a energia dele. Nunca tanta força entrou em seu corpo. Ao ver que
Salomon parecia bem, ela continuou sugando. A aura azul saia da boca dele e
ia para sua, alimentando-a. Pela primeira vez Isabel parou por estar mais do
que satisfeita. Estava farta.
– Isso foi maravilhoso! – Ela se perdeu no fundo dos olhos castanho dele.
Ainda ofegava pelo orgasmo. Dois numa mesma noite outra vez, temeu
ficar mal-acostumada.
– Sim. – Salomon passou a mão pelo rosto dela. – No mar eu sou imortal.
Isabel estendeu os braços e se permitiu flutuar na água, desfrutando do
restante das sensações que ainda percorriam o seu corpo.
Salomon a observou sob a luz da lua, essa que tocava a pele clara, dando à
Isabel um tom azulado. Deitou-se ao lado dela e ficaram ambos olhando para
cima. O tritão nunca esteve tão feliz. Não imaginava que precisasse tanto ter
uma mulher ao seu lado até conhecer Isabel.
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Capítulo 17
– De novo?
– Eles não desistem.
Salomon bufou quase desligando na cara do amigo quando viu Isabel
entrar pela porta do quarto.
– O que foi?
Isabel apoiou a mão na porta e encarou a ruga de preocupação que havia
surgido entre os olhos do homem sobre a cama.
– Os traficantes de novo.
– Vai tentar impedi-los?
– Provavelmente.
– Então precisará da minha ajuda.
– Não! – Salomon se levantou da cama com um pulo. – Não vou levar
você para algo tão perigoso.
Isabel riu.
– Se esqueceu de que me chamou depois de uma missão quase suicida? E
fora da água você é quase um humano, e eu sou um demônio. Posso parecer
frágil, mas depois da noite de ontem sobrevivo a alguns tiros melhor do que
você.
Ele atravessou o quarto com passos rápidos e tocou o rosto de Isabel,
acariciando-o com carinho. A possibilidade de qualquer bala passando
próxima à pele suave dela o assustava da forma mais terrível.
– Não quero que se arrisque. Entenda, você é muito importante para mim.
Não quero te envolver mais nisso.
Isabel sentiu uma estranha felicidade ao ouvi-lo dizer isso. Ergueu a mão e
acariciou o peito dele, que se movia com uma ligeira palpitação
descompassada. Salomon colocou sua mão direita sobre a dela e os olhos
castanhos encontraram os azuis.
– A verdade é que já me envolvi, Salomon. Você é muito importante para
mim. Importante o suficiente para que eu não tenha voltado para o Brasil,
para não ter voltado para a minha família.
Salomon a rendeu pela cintura e a trouxe para junto de si. Ainda era difícil
para ele entender ou mesmo aceitar o que estava sentindo pela bela loira em
seus braços. Contudo, tinha uma certeza, já era incapaz de abrir mão de
Isabel.
Trabalhar naquela noite foi inquietante para Salomon. Fazer drinks era
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algo divertido, entretanto, naquela noite foi penoso pegar cada garrafa,
misturar as frutas e caldas. Quando ele colocou o último copo sobre o balcão
a ansiedade já corroía seu peito.
Era comum ele e Ramon colocarem suas vidas em risco na tentativa de
proteger o mar. Ao longo dos anos haviam se tornado uma pedra no sapato
das máfias que atuavam na região, mas arriscar a vida de Isabel pelo mínimo
que fosse o desesperava.
Sentada ao lado do balcão durante toda a noite, Isabel segurou várias
vezes as mãos de Salomon e tentou mantê-lo mais calmo. Mas, de forma
alguma ela deixaria de ir, pelo mesmo motivo que Salomon queria que ela
ficasse.
Salomon parou a moto a poucos metros do local indicado. Achou que se
aproximasse mais acabaria chamando atenção pelo barulho. Ramon parou
logo ao seu lado.
Isabel desceu da garupa da moto e retirou o capacete, balançando os
cabelos loiros no ar.
No meio da madrugada o vento frio soprava do continente em direção ao
mar. A lua sobre a cabeça dos três era nova, o que tornava tudo ainda mais
escuro.
Salomon amarrou os capacetes junto ao banco antes de se virar para
Isabel. Apoiou a mão direita sobre o ombro dela, porém o olhar de confiança
que encontrou o fez desistir de dizê-la para esperá-los ali.
Eles começaram a caminhar em silêncio. Abaixados, escondiam-se atrás
dos containers e davam passos cautelosos.
Isabel segurou a mão de Salomon. Ele olhou para ela por uma fração de
segundos e voltou a caminhar. As mãos suavam uma contra a outra.
– Não estou vendo nenhum navio de carga.
A fala de Ramon fez os três pararem.
– Não foi você quem falou que estariam aqui hoje?
– Foi a informação que recebi.
– Falem baixo. – Isabel chamou a atenção dos dois.
Quando Salomon olhou para o lado viu as asas negras e membranosas
como as de morcego surgirem nas costas da súcubo, assim como um par de
chifres no alto da cabeça dela.
Surpreso, Ramon deu um passo para trás e quase tropeçou nos próprios
pés.
– Vou voar e olhar mais perto.
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Salomon ficasse menos tenso, mas entendia todo o medo dele porque também
estava assim.
Eles chegaram ao local onde o navio deveria estar atracado. Mas não havia
nada, apenas o mar oscilando com as ondas.
Ramon deu um passo para trás e coçou a cabeça, enrugando a testa numa
expressão de confusão.
– Ué. Ele deveria estar aqui.
– Você deve ter se confundido. – Isabel tentou amenizar a situação quando
viu uma ligeira raiva se transformar em fúria no rosto de Salomon. – Vamos
olhar em outro lugar. – Ela pós a mão sobre o peito dele.
O tritão se perguntou por que havia um atirador de vigia se não existia
carregamento algum ali. Algo em seus instintos o alarmou, mas a mão
delicada de Isabel sobre seu peito o fez se esquecer de qualquer preocupação.
Ramon havia interceptado um alarme falso, apenas isso.
Assim que os três se viraram para voltar pelo mesmo caminho, um arrepio
varreu a espinha de Salomon quando seus olhos encontraram os de Felícia.
A mulher estava de pé no meio de um semicírculo que fechava o retorno
dos três. O vestido azul-marinho, tinha uma fenda na lateral, mostrando a
perna direita e, voava com a brisa da noite que soprava as docas do porto.
O lugar era quente, mas Isabel sentiu um frio terrível invadir suas
entranhas. A expressão de raiva no rosto de Salomon a fez se encolher.
– Então são vocês os três pequenos vermes me dando uma dor de cabeça
bem incomoda. – Felícia cerrou os dentes.
– Deveria ficar longe do mar. – A voz de Salomon soou feroz como uma
tempestade.
Ramon cutucou o amigo tentando chamar atenção para a quantidade de
armas apontadas na direção deles, entretanto Salomon pareceu não as
perceber. A raiva por aquela mulher havia obscurecido seu bom senso.
– Um homem de mãos vazias deveria medir suas palavras perante a um
pequeno exército.
– É fácil se esconder atrás de um.
– Ele fala demais. – Bufou um homem ao lado de Felícia.
– Tem razão. Acabem logo com eles.
Ramon se encolheu praguejando baixinho quando viu os homens que
apontavam as armas em sua direção darem um passo à frente. Foi naquele
instante que ele se deu conta de que haviam caído em uma armadilha. Não
existia carga alguma, estavam ali apenas para pegá-los. Ramon fechou as
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Capítulo 18
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Porém era diferente perceber aquele olhar em alguém pelo qual nutria
sentimentos mais profundos, era melhor, deixava-a mais feliz.
– Vem. Vamos tirar o sal do corpo para nós deitarmos na cama. – Salomon
estendeu a mão para ela e a puxou consigo por um corredor até o banheiro.
Ele acendeu a luz e abriu o box de vidro. Isabel o puxou e o jogou contra a
parede.
Salomon abriu um sorriso quando as costas de sua cabeça bateram contra
os azulejos claros.
– Achei que fosse um banho rápido.
– Talvez eu o prolongue um pouco mais.
Isabel se ajoelhou diante de Salomon e pegou o pênis que se exibia rígido
entre as pernas grossas e de pele morena.
Se existiam visões mais belas do mundo aquela, sem dúvidas, era uma
delas. Salomon teve certeza ao observar de cima Isabel passar a língua pelos
lábios antes de levar a boca ao seu pênis. Poucas mulheres chuparam seu pau
como aquela loira linda fazia. Ele se contorceu só com a expectativa. Deveria
estar satisfeito por já ter gozado, porém vê-la assim acendeu toda a chama
outra vez.
Isabel sentiu a água quente do chuveiro cair sobre sua cabeça, ombros e
costas, enquanto o acolhia dentro da boca. O pênis de Salomon ainda tinha o
gostinho salgado de mar. Beijou a glande, passando a língua pela pequena
fissura, lambendo o líquido lubrificante que saia em pequenas gotas. Parou de
provocá-lo e o enfiou logo tudo dentro da boca.
Salomon gemeu alto e cravou as unhas na parede de azulejos atrás de si. A
boca dela estava quente. Enquanto os lábios o percorriam, a língua o
provocava. Isabel começara o oral há poucos minutos e ele já estava suando.
Olhou para baixo, desfrutando da bela visão dos lábios carnudos
percorrendo o seu membro e acariciou o cabelo loiro molhado.
Isabel tinha fome voraz, e quanto mais o chupava, mais salivava, e a
região entre suas pernas ficava úmida.
Salomon se contorcia de prazer, ainda nem havia chegado ao orgasmo e já
estava arfando. Ela era boa demais...
Isabel continuou chupando, os gemidos dele cada vez mais altos e intensos
eram um estímulo e tanto.
Salomon logo explodiu dentro da boca dela. Exausto, ele se apoiou na
parede do banheiro, enquanto ainda sentia os espasmos musculares
percorrerem-no.
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Quando Salomon terminou de enxugá-la, foi a sua vez de fazer isso com
ele. Então percorreu seu corpo de forma demorada, dos ombros largos as
coxas bem definidas.
– O que faz para manter assim tão perfeito? – Ela perguntou curiosa ao
deslizar a ponta dos dedos pelos gomos do abdômen bem definido do tritão.
– Sou um excelente nadador. Ajuda a manter o corpo em forma.
– Estou vendo.
– Pode nadar comigo quando quiser.
– Creio que seria uma corrida mais justa se eu fosse voando sobre a água.
Salomon riu.
– Bom, pensamos nisso depois. Agora venha comigo até a cozinha, estou
faminto.
Ele segurou a mão de Isabel e a levou consigo.
A loira sentou sobre uma bancada de granito frio enquanto o observava
abrir os armários e pegar algumas panelas.
– Gosta de Chili e tacos?
– Sim. Costumam ser uma delícia.
– Uma delícia é você.
Ela riu.
Salomon colocou a panela no fogo para preparar o molho. Isabel o
observou dos pés à cabeça. Ele era muito gostoso... Os cabelos longos e
castanhos vinham até a cintura onde começava a bunda levemente quadrada e
durinha. As coxas grossas eram bem torneadas e o dourado da pele bronzeada
era lindo. Salomon deixaria com inveja qualquer homem branquelo e com
cabelo curto.
Logo Isabel pulou da bancada e foi até ele. Abraçando-o por trás.
– Ainda irritado com o que aconteceu? – Isabel puxou o cabelo dele para o
lado e beijou o pescoço.
– Creio que no fundo sim. Estou frustrado e não entendo como uma
criatura ligada ao mar seja capaz de fazer aquilo. Mas você me tira do eixo,
não consigo pensar em muitas coisas quando a tenho em meus braços. – Ele
se virou e passou a colher com molho picante sobre os lábios de Isabel.
Ela lambeu.
– Está bem temperado.
– Não sou fenomenal na cozinha como no bar, mas me viro bem.
– Vamos acabar com a traficante.
– Eu sei. – Salomon desligou a panela e voltou a encará-la. – Obrigado por
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estar ao meu lado. – Ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
– Não deixaria que se ferisse se pudesse evitar.
Salomon suspirou ao segurar o rosto dela com a mão direita.
– Uma das melhores coisas que me aconteceu foi buscar você naquele dia
no aeroporto.
– Fiquei intrigada com o seu cabelo.
– Não gosta dele? – Salomon o jogou para trás.
– Sim, eu gosto. Combina com você. – Ela passou os dedos por entre os
fios.
Salomon estava hipnotizado pelo brilho nos olhos azuis-esbranquiçados
dela.
– Eu a amo Isabel. – Ele disse num sussurro por entre os lábios finos
enquanto acariciava o rosto dela.
Amá-la era uma certeza com a qual Salomon tentou lutar durante muito
tempo. Esquivar-se do sentimento que temia machucá-lo era uma tentativa de
defesa que agora parecia um tanto insensata diante da parceira que Isabel
havia se tornado.
Isabel ficou em choque. Abriu a boca sem palavras. Sonhou, sonhou muito
ouvir tais palavras ditas por ele, porém no momento parecia apenas mais um
sonho. Muitas vezes, jugou-se incapaz de encontrar um amor como os irmãos
mais velhos . A viagem para o México era uma decisão para ficar sozinha,
aprender a lidar com isso da melhor forma. Pensava que talvez fosse uma
brincadeira do destino, pois ela era a mais responsável dos três, porém a mais
sonhadora e apaixonada. Isabel não sentia a necessidade de matar ou muito
menos participar de orgias. Era a com mais tendências a monogamia e a única
que estava sozinha...
Salomon viu a cor desaparecer do rosto de Isabel, a pele do rosto onde
tocava ficou fria. Uma angústia terrível tomou conta do peito dele ao ponto
de deixá-lo sem ar.
– Isabel... Eu não deveria ter dito nada.
– Não! Deveria sim. – Isabel se desesperou para falar e acabou tropeçando
nas palavras. – Salomon, não imagina o quanto desejei ouvi-lo dizer que me
ama. O quanto desejei ser amada por você.
Uma lágrima escorreu pelo rosto dela e ele a limpou com a ponta dos
dedos.
– Então por que chora?
– Eu não sei. Talvez seja emoção. – Isabel envolveu o pescoço dele com
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Capítulo 19
– Bom dia!
Isabel abriu os olhos, piscando-os repetidas vezes até se acostumar com a
luminosidade do quarto que entrava pela cortina aberta. Espreguiçou-se na
cama, esticando todo o corpo sobre o lençol desarrumado, enquanto
observava Salomon se ajoelhar sobre o colchão e colocar ao lado dela uma
bandeja de madeira.
– Boa tarde se preferir, já que passou do meio-dia.
– Já passou quanto do meio-dia? – Isabel bocejou enquanto sentava na
cama.
– Algumas horas.
– Seu eufemismo me encanta, meu amor.
– E perder uma das melhores paisagens do mundo, que é vê-la dormindo?
Salomon a acariciou no rosto antes de se curvar e roçar seus lábios nos
dela, numa carícia gentil, antes de invadir a boca da súcubo com a língua.
Isabel o puxou para a cama consigo, ignorando a bandeja do café.
– Diz outra vez. – Ela pediu num sussurro ao pé do ouvido dele.
– O quê? – Salomon se fez de desentendido ao mordê-la na base do
pescoço.
– Você sabe.
– Que eu a amo? – Ele se afastou para olhá-la nos olhos. – Quantas vezes
terei que repetir?
– Até eu estar convencida. – Ela torceu os lábios.
– Pois saiba que eu nunca disse isso a mulher alguma.
– Não teve a chance?
– Nunca me senti como me sinto com você com nenhuma outra. Então,
sim, eu amo você, Isabel. – Ele disse a frase pausadamente para que ela
ouvisse cada palavra. A voz dele era uma suave carícia no coração de Isabel.
Ela o abraçou. Respirando o cheiro de mar impregnado no cabelo do
tritão.
– Eu também te amo.
Salomon se afastou e apontou para o café.
– Vamos, coma!
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– Por que a pressa? – Ela se esfregou nele. – Não precisamos voltar para o
hotel agora.
– Não, mas pretendo levá-la a outro lugar. Então coma! Despois que
estiver de estômago forrado, coma isso. – Salomon se entregou à Isabel uma
alga de cor púrpura dentro de um potinho branco.
– O que é isso? – Ela arregalou os olhos azuis ao se deparar com o
alimento estranho em suas mãos.
– Uma alga que vai fazer com que respire debaixo d’água por algumas
horas, o suficiente para irmos e voltarmos.
– Vamos fazer sexo no fundo do mar? – Ela abriu um sorriso malicioso ao
passar a mão pelo peito nu dele.
Salomon riu.
– Não, pelo menos não são os planos. Vamos até o meu pai.
– Vai me apresentar ele formalmente?
– Também. Mas quero saber se ele conhece a tal sereia que está à frente
dos esquemas de tráfico.
Isabel desviou os olhos para o teto de madeira clara enquanto pegava uma
torrada da bandeja. Suspirou. Conheceria o pai dele, se queria algo além dos
flertes e noites de luxúria, algo sério, sabia que conhecer a família do cara era
parte do processo, porém, no tempo em que desejou ser amada, não pensava
nisso. Não que estivesse assustada. Não! Estava só ansiosa. Ainda não havia
se acostumado a estar namorando.
Salomon pegou um morango e levou a boca dela enquanto a acariciava na
coxa com a outra mão.
– Comprei um vestido para você. Apesar de preferi-la nua, não pode andar
assim fora da minha casa.
Isabel vasculhou o quarto com os olhos e viu um vestido justo, feito com
uma renda de cor perolada, pendurado em um cabide junto à maçaneta de
ferro da porta.
– É lindo! Obrigada.
– Tenho certeza de que seu corpo irá valorizá-lo.
Salomon passou as mãos pelas coxas dela, apertando levemente num
carinho provocante, enquanto se debruçava sobre ela. Beijou-a no pescoço
com os lábios molhados, fazendo-a se contorcer em meio a um calafrio.
– Não iríamos sair rápido? – A voz de Isabel soou como um sussurro
quase inaudível.
Seus atos foram incoerentes com suas palavras, pois Salomon mal havia
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– Farei com que ela pague. Ela e todos os peões que manipula.
– Tenha cuidado, meu filho, fora do mar você é tão mortal quanto
qualquer ambicioso lá em cima.
– Assim como ela.
– Sempre cabeça-dura.
– Prometo cuidar dele. – Isabel sorriu para Jason.
– Ainda bem que não é uma simples humana. Fico muito grato por se
preocupar com meu filho e principalmente por tirá-lo da bolha em que estava,
em muito por minha causa.
– Eu o amo.
Jason olhou para o filho e conversou com ele de um jeito que só Salomon
entenderia, em uma linguagem telepática compartilhada pelas sereias. Faça
valer a pena. Ela pode ser sua pela eternidade.
Salomon apenas assentiu com a cabeça. Ele estava fazendo, ou pelo menos
tentando, da melhor forma que podia.
– Acho que tenho algo que possa ajudar vocês.
Antes que Isabel ou Salomon falassem qualquer coisa, o tritão saiu do
cômodo às pressas. Logo retornou segurando algo na mão direita e estendeu
ao filho.
Salomon ficou observando a concha negra fechada na mão do pai. Mas,
antes que a pegasse, o tritão mais velho ergueu a mão e o advertiu.
– Aí dentro há uma pérola, que quando libertada, anula os poderes de
qualquer sereia em um raio de um quilômetro.
– Mas por que eu usaria isso? Ramon e eu ficaríamos completamente
indefesos.
– Sim, mas ela não. – Jason apontou para Isabel.
A súcubo arregalou os olhos.
– Um demônio pode lidar com um bocado de humanos e uma sereia
debilitada.
– Mas não fará mal a eles?
– Só nos deixa um pouco grogues.
Salomon manteve a concha consigo. Colocaria ela em um lugar seguro
para usar em um caso de emergência.
– Obrigado, pai. Agora precisamos ir.
– Mas já? – Os olhos castanhos dele caíram tristes. – Mal chegaram, nem
tive tempo de conhecê-la direito.
– Trarei ela de volta outro dia. Agora eu preciso trabalhar. Além disso, não
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podemos abusar do poder da alga. Não quero que a minha garota morra
afogada.
– Tem razão, mas não demore a me rever.
Isabel tomou coragem e se aproximou dele, que abriu os braços para
acolhê-la.
– Foi um prazer conhecê-lo.
– O prazer foi meu, querida. Cuide bem do coração do meu menino.
– Darei o meu melhor para fazê-lo feliz.
– Adeus, pai!
– O que foi isso? – Com a voz trêmula e ofegante, Isabel apoiou a cabeça
no ombro dele.
– Sexo. – Ele riu, brincalhão.
Isabel mostrou língua.
– Eu disse quanto a você dançando para mim e a bebidas... – Ela
estremeceu ao lembrar.
– Sei ser sensual às vezes.
– E como. Ainda sinto como se todo o meu corpo estivesse sido banhado
em pimenta.
Salomon riu.
– Venha, minha fogosa. Vou dar em você um banho.
Ele a pegou no colo e a levou até o banheiro.
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Capítulo 20
– Imagino que pelo tempo que levou para me ligar as coisas estão muito
interessantes e a deixando bem ocupada.
Isabel encolheu o rosto e usou a mão livre, que não segurava o celular,
para mexer no bordado do vestido.
– Me desculpe, Aron.
– Está tudo bem. – Ele riu. – Acho que a minha irmãzinha pode se virar
alguns dias sem a minha ajuda. – Aron se ajeitou na poltrona de seu escritório
para olhar melhor para a imagem de sua irmã no celular sobre a mesa à sua
frente. – Como andam as coisas por aí? Suponho que bem, pela alegria em
seus olhos.
– Ah, Aron! – Isabel suspirou. – Salomon é lindo, quente, um ótimo
dançarino...
– E você está apaixonada. – Concluiu o irmão mais velho ao passar a mão
direita pelos cabelos negros.
– Loucamente.
Aron sorriu, feliz. Observara a busca de sua irmã caçula por alguém para
amar e ela finalmente parecia ter encontrado o cara.
– Espero que ele a faça feliz, ou eu mesmo irei matá-lo.
– Não é para tanto.
– Sabe que cumpro as minhas promessas.
Isabel riu.
– E está tudo bem, sem caçadores, anjos assassinos ou inimigos de
qualquer gênero? Eles costumam vir no pacote.
– Debochado! Tem uma sereia, mas acho que posso lidar com ela.
– Se precisar de mim avise. Eu pego um avião para aí.
– Eu sei, meu irmão, obrigada. E como estão Dária e o Thomaz?
– Ótimos. Dária está amando ser mãe, se eu soubesse teríamos adotado
uma criança antes. Ele nos trouxe uma alegria que eu não imaginava. Deixei-
o na escola, na hora do almoço eu vou buscá-lo. Achamos bom permitir que
ele conviva um pouco com os humanos. Ele aprendeu fácil a diferença entre
o sobrenatural e os humanos e está mantendo bem o segredinho dos pais. Já
Dária, eu espero que esteja aguardando por mim no quarto. Os momentos que
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podemos ficar sozinhos e fazer barulho já não são mais como antes.
– Ele crescerá logo.
– Nós sabemos. Mas estamos amando tê-lo criança.
Salomon girou na cama ao ouvir a voz de um homem. Tateou o lugar ao
seu lado e não sentiu Isabel ali. Abriu os olhos num rompante e a viu sentada
olhando para um celular. Engatinhou até ela e viu o dono da voz refletido na
tela do pequeno aparelho.
– Quem é? – Beijou o ombro de Isabel.
Ela se virou para ele e sorriu.
– Meu irmão.
– Olá! É um prazer conhecê-lo, Salomon.
– O prazer é meu. Isabel comentou um pouco sobre você e a irmã casada
com o filho do diabo.
Aron riu.
– Imagino que estejam bem ocupados com outras coisas mais interessantes
do que falar sobre a família. Já que você está nu.
– Me desculpe não imaginava que...
– Relaxa, cara! Você namora uma súcubo. Sexo para nós é tão natural
quanto respirar. Por falar nisso minha bela vampira espera por mim. Cuide da
minha irmã ou cuidarei de você. – O sorriso descontraído camuflou a
pequena ameaça.
A súcubo deu um leve tchau antes de desligar a chamada.
– Seu irmão parece um cara legal. – Salomon sussurrou ao passar os dedos
pelos cabelos loiros de Isabel.
– Ele é. Vai gostar de Natasha também.
– Tenho certeza que sim. – O sussurro de Salomon saiu quase no
automático enquanto ele beijava e mordiscava o ombro de Isabel.
Ela se contorceu ao jogar o cabelo loiro para o lado, dando a ele livre
acesso ao seu pescoço. Ele passou a língua pelo contorno até a base do
queixo da súcubo, fazendo-a estremecer inteira.
– Vamos nos levantar. – Salomon passou as mãos pela cintura de Isabel.
– Depois... – Ela se virou para beijá-lo.
– Não vamos passar o dia transando.
– E por que não? – Isabel torceu os lábios e fechou a cara.
– Por que eu quero levá-la a um passeio. Está há alguns meses numa
cidade com as mais belas paisagens do mundo e posso apostar que não
conheceu a maioria delas.
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capacete.
– Não. Principalmente quando me lembro que o seu namorado sou eu.
Ela sorriu ao subir na garupa da moto.
– Será uma viagem de duas horas, mas valerá a pena. – Salomon deu
partida na moto e dirigiu para a rodovia que margeava a praia.
Aquele caminho era quase automático para ele, por muitas vezes o fizera.
Visitar esse local era um exercício frequente que fazia várias vezes ao ano,
contudo era a primeira vez que ia acompanhado de alguém fora o seu melhor
amigo. Estava feliz por compartilhar tal santuário com Isabel.
Foram as melhores duas horas de viagem que Isabel poderia imaginar.
Além da belíssima vista, ela estava bem agarrada a Salomon, mesmo que
fosse apenas agarrada.
Quando se aproximaram da entrada Salomon deixou a moto no
estacionamento. A súcubo ficou impressionada com a quantidade de turistas.
Ao descer da moto, apoiando-se nele, ela se deu conta de o de estavam.
– A cidade Maia!
– Sim, Chichén Itzá.
– Ela com certeza estava no meu roteiro de viagem. Mas aí eu conheci
você, e queria conhecer mais sobre você...
– Aí esqueceu do roteiro.
– Não posso dizer que estou arrependida.
Salomon riu ao segurá-la pela mão e puxá-la consigo. Compraram os
ingressos e entraram.
Ele estava certo, fazia muito calor, Isabel pensou ao ajeitar o chapéu.
Eles saíram bem cedo do hotel então chegaram no local razoavelmente
vazio. Salomon comentou que as grandes excursões chegariam mais tarde e o
lugar ficaria abarrotado.
Os vendedores de artesanato ainda montavam as suas barracas e Isabel viu
algumas coisas interessantes que depois compraria para levar de recordação
ou para dar aos seus irmãos.
Os olhos dela brilharam ao ver as enormes construções de pedra clara.
Salomon a levou primeiramente a famosa pirâmide, o templo de kukulcan,
cartão postal do sítio arqueológico e escolhido uma das sete maravilhas do
mundo moderno. A pirâmide era composta por noventa e um degraus em
cada um dos seus quatro lados, somados ao último degrau no topo,
totalizando trezentos e sessenta e cinco, o que corresponde ao número de dias
no calendário Maia. Era uma pena ver que fora se desgastando com o passar
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– O que tem lá? – Isabel continuou andando enquanto tentava se livrar das
mãos dele.
– É só um lugar onde as pessoas eram sacrificadas.
– Sério? – Isabel fingiu um calafrio e tirou as mãos dele.
Ela olhou para baixo. E viu um lago de água verde bem abaixou do nível
do solo.
– É lindo para algo com fim tão trágico.
– Também servia para fornecer água à cidade. – Salomon apertou a mão
escorregadia e suada dela. – Pronta para uma caminhada?
– Depende.
– Só uns três quilômetros.
Ela arregalou os olhos. Ele riu.
– Só se eu puder ir voando.
– E mostrar isso para todos os turistas.
– Três quilômetros?!
– Tá, vamos voltar para a moto.
– E os artesanatos? – Ela apontou para uma barraquinha.
– Prometo que voltamos outro dia só para você fazer compras.
– Promete mesmo?
– Sim. – Ele abraçou e beijou.
– Estou toda suada. – Isabel passou as costas da mão pela testa.
– Como se eu me importasse.
Ele a beijou outra vez antes de irem até a moto.
Durante os três quilômetros, Salomon riu por ouvir Isabel resmungar sobre
as coisas que não comprou e temia não estarem mais lá quando voltasse.
Mulheres, eram mulheres no fim das contas. Mas algo que realmente o
balançou foi a relação que ela tinha com a família. Salomon tinha o pai,
gostava muito dele, o via sempre que possível, porém os irmãos pareciam ser
a vida dela. Vira a ligação forte que possuía com o homem com quem
conversaram mais cedo. Admirou isso.
Isabel olhava para as árvores que os cercavam, imponentes na marginal da
rodovia. Logo pararam em outra portaria e compraram os bilhetes.
Ao entrarem em um túnel feito de pedra terra a dentro, Isabel passou as
mãos pelas paredes frias, e respirou aliviada quando a temperatura de seu
corpo pareceu diminuir. O México era lindo, mas muito quente.
Aliviada, ela olhou para o pequeno túnel, sentiu-se numa masmorra de
castelo, onde as escadas eram esculpidas na própria pedra. Quando ela
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Mas ele não o fez, continuaram apenas num beijo de língua mais carinhoso
do que os fogosos que costumavam trocar.
– Sabe, quando chove, a água escorre pelas trepadeiras e o efeito é
incrível.
Isabel se afastou dele e voltou a olhar ao seu redor. Assim como a Europa,
o Brasil também tinha lugares deslumbrantes. Mas o México... Então o
quanto a companhia fazia o lugar.
– Eu o amo, Salomon. – Ela passou os dedos pelos cabelos longos e
molhados dele. – Não sabe quanto tempo esperei por você.
– Eu imagino, pois também esperei muito. – Ele sorriu ao se perder no
azul dos olhos dela.
Ainda era maravilhoso, para não dizer inacreditável. Salomon chegou a
imaginar que as mulheres dispostas a dividir uma vida com alguém, a ter um
relacionamento, entraram em extinção ou ele apenas possuía uma má sorte
terrível. No fim das contas ele também as deixava ir, sem se esforçar nem um
pouco para que ficassem. Não admitiria, mas estava muito grato pelos puxões
de orelha do amigo, grato por não deixar a mulher de seus sonhos escapar por
entre os dedos. Ela só precisava ser amada que ficaria.
Beijou-a no queixo e acariciou o rosto macio. Seus olhos castanhos
brilhavam ao encará-la. Estava um tanto emocionado e agradeceu pela água
encobrir seus olhos marejados.
– Eu também a amo, Isabel.
Ela abriu um enorme sorriso e o abraçou e beijou. Ah, Salomon finalmente
tenho você.
Ele segurou a mão dela e a puxou para o fundo. Isabel assustou a
princípio, porém tomou ar o suficiente para poder nadar com ele por alguns
segundos. A água cristalina os permitia ver todo o lago profundo bem como
os pequenos peixes de cores variadas que nadavam entre eles.
Felicidade, uma palavra tão simples, mas com um significado tão
infinito...
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Capítulo 21
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Ramon bufou ao sair andando pelo corredor. Esperava mais do que uma
porta na cara, mas sabia que não era ele que a loira esperava ver. Porém, logo
abaixo da raiva superficial do momento estava feliz. Finalmente Salomon ter
se apaixonado e esse sentimento ser recíproco.
Dentro do quarto, Isabel se apoiou na porta. Por que Salomon queria que
ela fosse para a casa dele? E por que não a levou com ele como sempre fazia?
Havia sido um dia incrível com belas surpresas. Tudo o que Isabel desejava
era se recostar no peito dele ofegante de prazer.
Logo o veria. Essa pequena afirmativa bastava para reconfortá-la.
Foi até o guarda-roupa. Escolheu um vestido azul de tecido fino e leve,
tomara-que-caia, com uma fita logo abaixo do peito.
Suas roupas sujas já se amontoavam dobradas num canto. Planejava ficar
um mês e meio ou dois. Agora com sua estadia por tempo indeterminado,
tinha que encontrar uma lavanderia e comprar roupas novas.
Foi até o banheiro. Tomou um banho quente e lavou os cabelos. Penteou-
os, ainda nua. Passou um creme hidratante que deixara sobre a bancada do
banheiro e um de seus melhores perfumes.
Enquanto dava um laço atrás das costas com a fita do vestido que passava
por baixo dos seios, Isabel pensou sobre a conversa com sua irmã. Uma
grande parte da responsabilidade que aprendera a ter devia-se a impulsividade
de Natasha. Porém, a irmã mais velha havia se apaixonado, tornara-se mãe e
já não era mais alguém com quem precisava se preocupar. Talvez Isabel
agora estivesse gastando essa energia com medos e inseguranças
desnecessárias. Ela e Salomon estavam a cada dia melhor e era isso que
importava. Não precisava precipitar nada, ambos eram imortais, se fosse para
ficarem juntos para sempre, ficariam. Entretanto, o que mais importava era
viver um momento de cada vez.
Colocou um colar, com um pequeno pingente de esmeralda, e brincos
combinando. Por fim deixou o quarto indo para recepção onde pediria um
táxi.
Não houve um homem nos corredores pelos quais passou que não virasse
a cabeça para olhá-la. A deslumbrante loira, linda.
Na rua em frente à recepção, ela se apoiou na lateral do táxi. O pobre
motorista teve um susto ao desviar a atenção da tela de seu celular para
encará-la.
– Será que pode me levar?
– Claro! – Ele engoliu em seco e saiu tropeçando para abrir a porta.
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– Só me diz por que não foi me buscar em qualquer outro aeroporto antes?
Salomon riu.
– Porque eu nunca deixei o México.
Salomon começou a comer também.
Isabel tentou não surtar como na conversa com sua irmã, mas não se
impediu de ficar admirando-o.
Sim ela merecia, Salomon teve certeza pelo brilho nos olhos azuis-
esbranquiçados. Por muito tempo teve medo de um sentimento tão natural,
encarou-o como um dos seus maiores inimigos, algo que o destruiria há
qualquer momento... Nunca imaginou que se sentiria tão completo por aceitá-
lo ao invés de ficar tentando lutar.
– Como fez tudo isso em tão pouco tempo? – Isabel colocou o garfo sobre
o prato vazio e o empurrou para o lado.
– Já estava planejando e Ramon me ajudou.
Isabel começou a engatinhar sobre a toalha para se aproximar o máximo
possível dele. Só queria tocá-lo o mais rápido possível. Agradecer com
atitudes além de palavras.
– Você não se cansa?
– Eu deveria? – Isabel fingiu uma expressão triste ao voltar um pouco para
trás.
– Não. Só tem mais apetite sexual do que qualquer outra mulher com
quem dormi.
– Eu sou uma súcubo.
– Eu sei, mas é tão bonito seu vestido. Vamos sujá-lo todo de areia.
– É só tirá-lo antes.
Salomon empurrou para o lado as coisas que estavam sobre a toalha e
puxou Isabel pela cintura para junto de si.
Ela curvou o corpo todo para trás, permitindo-o o acesso total a cada parte
dele. Seus cabelos formaram um véu loiro sobre a toalha vermelha.
Hora da sobremesa... Salomon pensou todo malicioso ao olhar para o
pequeno vestido que ela usava. Ele desfez o laço nas costas de Isabel e
colocou a fita ao lado deles.
Molhou as pontas dos dedos no balde de gelo e passou sobre o contorno
dos seios da súcubo. Ela se estremeceu inteira com o calafrio provocado. Em
seguida, Salomon lambeu onde os dedos molharam, fazendo-a gemer
levemente.
A súcubo estava entregue nos braços dele, desfrutando cada carícia e louca
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Capítulo 22
Isabel acordou com o som do mar e dos pássaros que sobrevoavam a praia.
Ela abriu os olhos num rompante ao se dar conta de que estava deitada na
praia diante da casa, nua.
Salomon se mexeu com o movimento que jogou seu braço para longe e
acordou-o.
– O que foi, Isabel?
Ele riu ao ver a loira se esconder atrás da toalha vermelha que ele usou
para cobrir o chão.
– Estamos nus do lado de fora!
Ele coçou os olhos ao se sentar sobre a areia.
– Não viu problema nisso enquanto gemia comigo.
– Mas agora está de dia.
– E? – Salomon ergueu os ombros largos e torceu os lábios como se
estivesse pensando.
– Alguém pode nos ver.
– Relaxa, estão tão acostumados em ver Ramon e eu nus, que evitam a
entrada de nossas casas. Mas admito que as vezes tenho algumas admiradoras
me espiando.
– Bobo. – Isabel bateu com a mão cheia de areia no peito dele.
– Não foi você quem me disse que eu era lindo? – Salomon deu de
ombros.
– E é mesmo. – Isabel mostrou língua.
O tritão riu ao colocar uma mecha do cabelo loiro dela atrás da orelha.
Acariciou o rosto macio com a desculpa de tirar um pouco da areia. Mar,
obrigado...
– Vamos entrar. – Isabel se levantou enrolada na toalha e correu para
dentro da casa, que estava com a porta destrancada.
Salomon se levantou, bateu a areia do corpo, livrando-se de boa parte dela,
e então seguiu Isabel.
Ela deixou um caminho de pegadas até o banheiro que foi fácil de seguir.
Salomon parou escorado no batente da porta, observando-a se lavar. A
água do chuveiro escorria pelos cabelos loiros, pelo corpo magro e delicado
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Ele precisou conter a vontade de jogar Isabel contra a parede e entrar nela
outra vez. Respirou fundo. Tinha que se lembrar de que havia várias outras
coisas para fazer com ela além de ficar transando o dia todo, ainda que essa
parecesse a melhor ideia.
Recordar-se do motivo pelo qual Ramon estava ali ajudou a dispersar o
desejo, mas alimentou sua raiva. Iria encontrar a maldita sereia e fazê-la se
arrepender pela péssima escolha que havia feito.
Isabel seguiu Salomon até o quarto dele. Onde o tritão pegou no guarda-
roupa uma bermuda e camisa para ele, e outra para Isabel. Ficou como um
vestido e bastou para cobrir a bunda dela.
Ela ficou surpresa com o quanto era organizado. Perfumes e outros
cosméticos estavam lado a lado em uma prateleira, as camisas sociais, bem
passadas, estavam penduradas em cabides, assim como as calças, as demais
camisas e bermudas estavam dobradas em gavetas.
– Cozinha e é bem organizado... O que mais sobre você eu não sei?
– Às vezes eu falo sozinho à noite.
– Sério? – Ela arregalou os olhos azuis.
– Não. – Ele riu.
– Brincalhão também.
– Bem pouco. – Ele fez um gesto com a mão.
Isabel se colocou na ponta dos pés para beijá-lo sem que ele curvasse a
cabeça.
– Vamos até a varanda ver o que o Ramon tem a dizer.
Isabel segurou a mão de Salomon e o seguiu.
Assim que se sentaram no degrau de maneira, o outro tritão saiu de dentro
do mar. Balançando os cabelos curtos, ele pingava e a bermuda vermelha que
vestia estava ensopada.
– Bem melhor. – Ele suspirou.
– Encontrou ela? – Salomon apoiou as mãos sobre os joelhos e encarou o
amigo ao falar com voz firme.
– Como eu disse antes de ser atacado... – Ramon respirou fundo para não
ficar olhando para a barra da camisa que Isabel vestia, essa acabava pouco
acima das coxas, e sentada ele conseguia ver boa parte da bunda. – Não
consegui encontrá-la.
Caralho, Salomon, você é um sortudo desgraçado.
Vem de olho grande para cima da minha garota que eu castro você.
Isabel observou os dois se encarando por longos minutos sem entender
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nada. Havia algo ali que certamente estava perdendo. Ela não sabia que a
telepatia das sereias ia além de canções belas e mortais, fora assobios que
provocavam dores agudas. Eles não precisavam efetivamente falar para
conversar um com o outro.
Eu sei, irmão, mas ser sua garota não a torna menos gostosa. E merda...
Eu sou homem.
– Oi! O que eu estou perdendo? – Isabel acenou para os dois tentando
chamar atenção.
– Nada. – Salomon se virou para ela e a expressão de raiva em seu rosto se
amenizou.
Ramon engoliu em seco.
– Bom, como eu dizia antes de tudo. Não consegui encontrar a tal sereia.
Ninguém aqui do povoado sabia da existência dela, ou mesmo ouviu falar.
– Achei que conseguiria informações com as mulheres com quem dorme,
como sempre. – Salomon colocou a mão sobre a coxa de Isabel em um sinal
claro para o amigo.
– Os maridos delas só trabalham nas docas, sabem os horários de chegada
e partida de cargas, nada mais.
Salomon bufou.
– Depois de tudo o que ela fez não podemos deixar que ela escape por
entre nossos dedos.
– Mas, irmão, talvez seja melhor assim. Tudo o que queríamos era que o
tráfico parasse e depois daquele dia não ouvimos mais coisa alguma.
– Até quando? Qual a certeza que temos de que ela não voltará?
– Se voltar daremos um jeito nela.
– Não quero que ela saía ilesa depois de tudo o que fez. Ela machucou e
matou centenas de animais para ganho próprio. Já seria horrível se ela fosse
humana, mas é uma sereia, o mar é parte dela.
– Sinto muito, cara, mas fiz tudo o que pude.
– Talvez uma bruxa possa achá-la.
Ambos se viraram para encarar Isabel.
– Bruxa?
– É. Eu sou um demônio, vocês são tritões. Não vão me perguntar se elas
existem, né?
– Já ouvimos falar, mas nunca vimos uma de verdade. – Salomon desviou
o olhar para as ondas que quebravam na praia de água muito cristalina com
tom azulado.
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de si. Os gemidos, embora bem suaves, era um bom combustível para fazê-lo
prosseguir. Salomon lambeu a saborosa pele do pescoço e deu várias
mordidinhas.
Isabel fechou os olhos enquanto passava os dedos pelos fios dos longos
cabelos de Salomon. Estava completamente entregue às sensações que ele
provocava em seu corpo. O tritão estava sendo minucioso, beijando cada
pedaço de pele em seu caminho, dando mordidas que só serviam para
alimentar o crescente desejo dentro de Isabel.
Com a mão direita, ele agarrou a coxa dela, dando um tapa forte que ecoou
por todo o quarto.
Isabel gemeu com o ardor do tapa, mas era uma delícia. Ela levantou uma
mão e passou as unhas pelo braço direto dele.
O gemido de Salomon pela leve dor foi abafado por seus lábios estarem
percorrendo a curva do seio de Isabel. O tritão a mordeu bem ali, com força
para deixar a marca de seus dentes.
Isabel revirou os olhos ao soltar um gritinho de dor. Delicioso... A palavra
ecoou em sua cabeça em meio a um misto de prazer e dor.
Salomon apertou os quadris dela ao abocanhar o mamilo rígido. Isabel
gemeu ainda mais alto e arqueou o corpo abaixo dele. Ele brincou com o
mamilo com a língua, contornou-o, mordiscou-o antes de começar a sorver.
– Salomon! – Ela gritou pelo nome dele em meio a gemidos histéricos.
Isabel estava completamente imersa nas sensações deliciosas provocadas
pelos toques das mãos firmes, pelos lábios que chupavam seu seio e o peso
do corpo quente pressionando o seu.
Ele, que ainda estava vestido, brincava com ela, saboreava-a, mas a sentia
clamar por ele a cada carícia, cada beijo ou lambida.
– Gosta de brincar comigo, não é? – A voz de Isabel era fraca e falhada
pelos gemidos.
– Gosto de degustá-la como uma bebida rara.
– Pare de enrolar e me devore!
Salomon se inflou com as palavras dela. Que seja feita a sua vontade,
pensou enquanto abria um largo sorriso. Sentou-se na cama e tirou a
bermuda. Pegou Isabel pela cintura e sentou-a com toda a força, entrando
fundo de uma vez.
Isabel gritou. Em alguma parte de sua mente obscurecida pelo prazer da
primeira e forte estocada, ela ouviu alguém bater na porta. Deveria ser o
serviço de quarto, mas ele esperaria.
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Capítulo 23
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vocês servirá para separar seus iguais de outras criaturas ou humanos. Agora,
possuem algo da seria? Qualquer parte do corpo como unha ou fios de
cabelo, ou mesmo algum item pessoal, com um colar ou uma roupa.
Ela os encarou esperando alguma resposta.
– Não. Não temos nada. – Salomon lamentou.
– Assim fica mais difícil, bem mais difícil – Micheline apoiou as mãos
sobre a mesa de pedra.
– Mas tenho várias imagens dela fresquinhas na minha mente. – Ramon
comentou ao se aproximar dela.
– Imagens mentais não funcionam para esse tipo de ritual. Tudo o que
poderei fazer é usar o sangue de vocês para encontrar todas as sereias no
México, mas ainda assim será a busca por uma agulha num palheiro.
– Daremos um jeito – Isabel pareceu confiante, pelo menos era o que
estava se esforçando a todo custo para fazer.
– Então fiquem em silêncio e deixem que eu me concentre.
Micheline fechou os olhos. A luz da cozinha e da sala, que foram deixadas
acesas, apagaram de uma vez. As chamas das velas se inflaram à medida que
a bruxa dizia palavras e frases difíceis de entender.
O sangue dentro do recipiente subiu pela lateral do mesmo como se
estivesse sendo jogado para cima, para depois cair sobre o mapa. Junto com
as palavras de Micheline, o sangue foi se espalhando pelo mapa, formando
pequenos pontos vermelhos em algumas cidades. Em um ponto determinado,
o sangue se acumulou mais.
Quando a bruxa abriu os olhos as velas se apagaram. Os outros três
sentiram que o ritual havia terminado.
– Estranho. – Micheline coçou a cabeça ao franzido a testa.
– Por que? – Os três perguntaram juntos.
– Aqui. – Ela apontou para a região com mais sangue no mapa. – Não
creio que essa mancha maior seja por haver mais sereias lá. Há alguém aqui
com uma ligação bem mais forte com vocês dois, ou com apenas um de
vocês. Uma ligação que vai bem além da espécie. Pode ser ela, e raiva ou
qualquer outro sentimento pode estar amplificado a ligação, não posso
afirmar nada. Mas sugiro que comecem a sua procura por aqui.
– Obrigada, Micheline. – Isabel sorriu ao ver a bruxa se afastar da mesa.
– Foi um prazer conhecê-la, súcubo. E a vocês dois também. Espero que
tenham sorte com a sereia. Agora vou retornar para casa. Tenho uma filha de
um ano me esperando.
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A bruxa não estendeu mais sua fala. Abriu um portal no meio da cozinha e
desapareceu diante dos olhos dos três.
– Ela é incrível e linda!
– Menos, Ramon. – Salomon deu um tapinha no ombro do amigo antes de
andar até o mapa deixado pela bruxa. Apoiou as mãos sobre a mesa enquanto
o analisava.
Isabel foi até o interruptor e acendeu outra vez a luz para ajudá-lo a ver
melhor.
– Não estamos muito mais perto de achá-la do que estávamos antes. –
Salomon bufou.
Isabel o abraçou pelos ombros.
– Vamos até La Paz. É a melhor dica que temos. Como Ramon não a
encontrou ela deve estar mesmo em outra cidade.
– La Paz fica a horas daqui, Isabel! Além disso, não é uma vila para que
possamos encontrar alguém com facilidade.
– Salomon, eu prometo, vamos achá-la.
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Capítulo 24
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da traficante.
Com o canto de olho, o recepcionista atrás do balcão, fitava o decote nada
modesto do vestido da loira. Que mulher linda... Ele estava sem palavras.
Fazia tempo que alguém tão bela entrava ali. Por sua localização, o hotel
atraia muito mais comerciantes e empresários do que turistas.
– Acabei. – Isabel entregou a ele os papéis.
– São dois quartos?
– Isso. – Ela estendeu a mão esperando pelas chaves.
O recepcionista estava prestes a ser intrometido e perguntar para que os
dois quartos já que ela estava sozinha. Porém dois homens entraram e ela
sorriu para eles. Foi ilusão pensar que uma mulher tão bela estaria
desacompanhada.
Soltou um suspiro amargo e entregou a ela as chaves.
– Tenha uma boa estadia.
– Obrigada.
A loira caminhou até Salomon e Ramon que estavam no centro do salão
da recepção, sob um modesto lustre feito com discos de vidro na cor verde.
– Isabel, não precisa arcar com tudo isso. – Salomon abaixou a cabeça.
Seu orgulho o estava consumindo por dentro.
– Não se preocupe. Sou a filha de um duque que deixou terras e uma
fortuna para um dote, mas eu nunca me casei. Meu irmão gerência bem os
investimentos para eu possa viver no luxo pela eternidade.
– Ainda assim, é o seu dinheiro e meus problemas.
Isabel segurou o queixo dele com a ponta dos dedos, forçando-o a encará-
la.
– Nossos problemas. Ou estar junto não significa isso para você?
Salomon a abraçou.
– Pelo visto estou sobrando aqui como sempre. Preciso de uma namorada
também. – Ramon resmungou ao enfiar as mãos nos bolsos.
Isabel estendeu uma chave para ele, na esperança de que sumisse por hora.
Ramon pegou a chave e foi para o elevador. Isabel puxou Salomon
consigo para o mesmo destino, mas esperaram que o amigo fosse primeiro.
Assim que a porta do elevador se fechou com os dois dentro, Salomon
teve a terna sensação de estarem sozinhos e fitou profundamente os olhos
azuis dela.
– Nunca quis arrastar você para tudo isso.
– Eu, pelo contrário, quis muito. – Ela o empurrou contra a parede
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cintura e Isabel abraçou seus quadris com as pernas. Abaixou a bermuda com
uma mão e o pênis duro saltou para fora.
Isabel sentiu suas costas bateram contra a parede fria de metal do elevador
quando Salomon entrou nela de uma vez. Sentiu-o abrir caminho por ela não
estar tão molhada como de costume. Não teve tempo, nem preliminares,
apenas uma estocada forte e funda. Ela abraçou o pescoço dele e gemeu com
o leve ardor.
Salomon mordeu os lábios tentando se conter, ela nunca esteve tão
apertada. Com uma mão segurou a cintura dela e a outra apoiou na parede do
elevador. Deslizou até o limite e entrou fundo outra vez.
As costas de Isabel bateram contra a parede de novo com o tranco
seguinte. Cerrou os lábios com medo de que o grito denunciasse o que
estavam fazendo em um local inapropriado. Não esperou pela estocada
seguinte, moveu seu corpo contra o dele.
A sensação era incrível. A cada vez que ele deslizava para fora e entrava
fundo outra vez, Isabel conseguia conter menos os gritos. Batia a cabeça e as
costas contra a parede do elevador repetidas vezes, mas nem sentiu, seu corpo
estava concentrado nas sensações que o tritão provocava.
Salomon não se preocupou em ser cuidadoso, ou mesmo ir devagar. Isabel
não era uma donzela virgem e toda vez que ele achava estar sendo bruto ao
excesso, ela acompanhava seu ritmo e pedia por mais.
Isabel cravou as unhas nos ombros de Salomon enquanto balançava a
cabeça de um lado para o outro. Estava suando como nunca. Quando ele
deslizou a mão de sua cintura e apertou sua bunda em meio a uma estocada,
foi impossível conter o gemido alto.
Salomon estava chegando ao seu limite. Respirando fundo, ele tentava se
conter como podia.
– Isabel... – Ele estava tão tonto que mal conseguia falar. – Precisamos
parar...
– Eu proíbo. – Ela gemeu e o abraçou com as pernas.
Salomon parou de se mover, só as contrações da vagina dela eram o
bastante para mantê-lo estimulado.
– Vou acabar gozando em você.
– Continua... – Ela choramingou rebolando contra ele. – Goza em mim o
tempo todo, isso nunca foi um problema.
– Vamos acabar sujando o elevador.
Isabel o empurrou um pouco para trás, tirando-o de dentro de si. Ela ficou
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Capítulo 25
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onde estava sentada a pouco e deixou o bar sob o olhar de todos os clientes,
homens ou mulheres.
Do lado de fora, Salomon estava angustiado, e a segurou pelos ombros
assim que ela saiu.
Isabel ergueu a cabeça e fitou os olhos castanhos. Estava irritada por dar a
ele mais uma péssima notícia.
– Nada. – Balançou a cabeça em negativa vendo o céu clarear no horizonte
atrás de Salomon.
– Já estamos nisso a noite inteira. Talvez seja a hora de aceitar que não
vamos encontrá-la.
– Perguntar nos bares foi a melhor ideia que eu tive. – Isabel se escorou na
parede pichada e baixou a cabeça.
A súcubo estava frustrada consigo mesma. Queria muito encontrar logo
essa mulher e dar a Salomon o acerto de contas que ele merecia.
Ele apoiou uma mão na parede e com a outra acariciou o rosto dela. Abriu
um leve sorriso que brilhou mesmo na rua com pouca iluminação. Destruir
Felícia e toda a organização dela por muito tempo fora a única fixação de
Salomon, o propósito que ele havia encontrado para continuar vivendo.
Porém, agora com Isabel, Salomon possuía algo além para preencher aquele
estranho vazio chamado propósito.
– Talvez seja melhor não a encontrar. Assim como nunca encontrei a
minha mãe. – Salomon roçou seus lábios de leve nos de Isabel.
– E se ela estiver fazendo em La Paz o que fazia em Cancun?
– Talvez seja melhor deixar a polícia cuidar disso.
Isabel bufou e bateu no peito dele com o punho fechado.
– Porra, Salomon! Ouviu o que acabou de dizer? Você dedicou a sua vida
para impedir essa mulher e por que parar agora?
– Porque eu tenho você! – Ele a segurou pelo pulso. – Matar aquela
mulher ou me vingar da minha mãe talvez não importe mais.
Isabel engoliu em seco, seus olhos azuis-esbranquiçados ficaram
marejados.
– Salomon...
– Meu amor, eu não quero mais que gaste seu tempo e dinheiro nessa
busca.
– Eu faria qualquer coisa para te ajudar. – Ela deslizou a mão pelo peito
dele num toque delicado.
– Eu sei, e esse é mais um motivo para eu r você. Mas vamos voltar para
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Cancun. Não quero perder mais nenhuma noite de folga fazendo qualquer
outra coisa que não seja estar na cama com você.
– Tem certeza? – Isabel hesitou passando a mão pela gola da camisa polo
que ele usava.
– Sim.
Salomon estava prestes a puxá-la para junto de si e beijá-la no meio da rua
quase deserta, àquela hora da madrugada, quando o telefone em seu bolso
começou a tocar.
– Deve ser o Ramon. – Isabel deu um passo para o lado quase tropeçando
em um saco de lixo preto que se misturava com as sombras do chão.
– Achei que ele estivesse se divertindo com a camareira enquanto nós
fazíamos o trabalho duro.
– Pelo que eu entendi ele iria procurar por suas próprias fontes enquanto
nós dois seguimos atrás da minha ideia.
– As fontes do Ramon significam todas as mulheres que aceitarem dormir
com ele.
– Não vai atender? – Isabel apontou para o bolso que ainda vibrava.
Por fim Salomon pegou o telefone.
– Eu encontrei ela, irmão.
– Onde?
– Ela está escondida com uma das gangues daqui. O líder do cartel de
drogas parece ser um velho amigo.
– E onde você está agora?
Isabel se aproximou mais de Salomon para poder ouvir melhor a conversa.
– Escondido perto da casa onde ela está. Meu irmão, tem uns trinta caras
armados até os dentes. Acho que nem o Rambo consegue passar por eles sem
levar uns tiros. Vou compartilhar com você minha localização.
O celular vibrou e Salomon olhou para a tela.
– Estou esperando vocês chegarem para pensarmos no que fazer.
O tritão desligou a chamada e olhou para Isabel.
– Não viemos aqui para perder a viagem.
– Você ouviu o que o Ramon disse, podemos perder a vida.
– Eu sou uma súcubo. Deixe os humanos comigo.
Isabel ainda era capaz de ver angústia e preocupação no rosto de Salomon.
Ela podia aguentar alguns tiros, mas isso não parecia tranquilizá-lo.
– Já que vai se arriscar dessa forma vamos para o mar primeiro. Quero dar
toda a energia que eu puder.
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Isabel tirou as sandálias e as deixou sobre a areia. Olhou para frente onde
a aurora pintava o mar de verde. Segurou firme a mão de Salomon junto a sua
enquanto caminhavam na direção do mar, que quebrava suas ondas na praia
logo à diante.
Salomon olhou para ela, cujos cabelos loiros balançavam com a leve brisa.
Isabel era linda e de aparência tão delicada para uma criatura com imensa
força. Virou-a de costas e abriu o zíper do vestido, despindo-a e colocando-o
sobre o chão. Tirou também suas roupas e as deixou junto às dela sobre a
areia.
Pegou Isabel no colo e a beijou com todo o seu desejo. Não imaginária
que um dia ia se preparar para uma batalha transando, porém, também não
pensava em conhecer uma súcubo.
Isabel fitou o fundo dos olhos castanhos de Salomon enquanto ele
adentrava com ela no mar. A água estava deliciosamente quente e
reconfortante. Passou as mãos pelos cabelos do tritão, molhando os fios
longos. Começaram a se beijar devagar, a urgência do momento apaziguou
um pouco do calor entre os dois. O tritão estava preocupado, ainda não queria
que ela se arriscasse, não estava disposto a perdê-la.
– Precisamos ser rápidos. – Isabel apoiou as duas mãos sobre o rosto dele.
A súcubo se curvou e mordeu o lábio inferior do tritão. Ela deixou de lado
o cuidado e passou as unhas pelas costas do tritão, deixando cortes que logo
se curaram. Beijou e mordiscou o pescoço.
Salomon agarrou os seios dela e a ouviu gemer. Por hora o melhor
esquecer o que os esperava. Puxou-a pelo cabelo e beijou-a. Brincou com a
língua dele, enquanto esfregava seu corpo. O desejo voltou a arder e
subjugou o medo.
Ele deslizou as mãos pelo corpo escultural da súcubo e apertou a bunda
dela. O gemido de prazer incendiou o tritão. Salomon a pegou pelas coxas e a
colocou sobre sua cintura.
Isabel o abraçou com as pernas enquanto deslizava os lábios pelo pescoço
dele, deixando chupões e mordidas pelo caminho, mas logo as marcas
desapareceram ao serem curadas pelo mar.
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Isabel jogou a cabeça para trás quando ele abocanhou um dos seus seios e
chupou com força. A pele da loira estava tão sensível que a súcubo se julgava
capaz de sentir cada gota do mar ao seu redor.
Gritou ao ser penetrada sem aviso. Salomon apertou sua cintura ao ir até o
fundo. Os olhos de Isabel giraram nas orbitais. A sensação foi tão boa que ela
logo se viu gemendo ao cravar as unhas nos ombros largos dele.
O gemido de Salomon foi abafado pelo seio de Isabel em sua boca. As
pupilas dele dilataram ainda mais com o prazer da umidade dela o
envolvendo. Quando estava prestes a começar os movimentos, ele foi
surpreendido com ela rebolando contra sua pélvis. Segurou firme a bunda
dela e ajudou-a a se mover.
A água ao redor dos dois formava ondas enquanto entravam em uma
sintonia só deles. Nem o sal do mar aplacava o gosto doce do sexo.
Isabel encarava Salomon a cada movimento, sem ousar desviar seus olhos
dos castanhos dele. Via o prazer brilhar na íris escura, que refletia a lua no
céu acima do casal, a cada vez que ela subia o corpo um pouco, com as mãos
apoiadas nos ombros de Salomon e descia outra vez, os dois gemiam juntos.
A cada movimento ansiavam por mais e a velocidade foi só aumentando,
assim como o prazer que os envolvia.
Na pequena parte ainda sóbria da mente de Salomon ele pensou sobre o
quanto tinha sorte. Isabel era tudo o que desejou, que precisou, mas nunca
soube. Uma mulher linda, sensual, tão louca por sexo ao ponto de deixá-lo
cansado, e acima de tudo uma companheira eterna disposta a se arriscar para
resolver problemas dele.
Ele jogou o cabelo loiro para o lado e mordeu-a na base do pescoço. Isabel
sentiu um arrepio varrer seu corpo e o turbilhão de sensações se tornou ainda
mais intenso. Os gritos poderiam ser ouvidos da praia.
No ritmo em que estavam, mesmo se segurando para aproveitar talvez a
última transa, Salomon não demorou a atingir o orgasmo. Todos os seus
músculos ficaram tensos e ele parou de se mover ao perder o controle.
Isabel puxou o rosto dele para si e capturou os gemidos com os lábios.
Enquanto alcançava o próprio orgasmo ela sugou a energia dele. A aura azul
que deixava o tritão a caminho da boca dela era tão intensa que brilhava
contra o céu escuro.
A súcubo se alimentou por minutos. Uma energia tão intensa corria pelas
suas veias de uma forma que ela não julgou ser capaz de suportar. Era como
se tivesse drenado até a morte uns cem homens.
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Quando ela parou, Salomon apenas sorriu como se não tivesse sentido
nada.
– Estou me sentindo o super-homem.
– Espero que seja a prova de balas como ele. – Salomon passou a mão
pelo rosto dela, tirando os fios de cabelo que grudaram na pele macia e a
encarou com seriedade. – Não vá mais longe do que se julga capaz de
suportar. Se precisar deixar eu ou Ramon, o faça sem olhar para trás.
– Se eu pedisse para você fazer isso, faria?
Salomon respirou fundo e tentou desviar o rosto, mas ela colocou uma
mão de cada lado e o impediu de mover a cabeça.
– Não. – Foram minutos intermináveis até aquela pequena resposta.
– Então já sabe.
Isabel desceu do colo dele, mas Salomon a segurou pelo pulso.
– Eu amo você.
– Eu também. E não se preocupe, não vamos morrer hoje.
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Capítulo 26
Um táxi amarelo parou junto ao meio fio de uma ruela deserta. Dos três
postes na rua, apenas um funcionava e piscava em intervalos quase regulares.
– Tem certeza que é esse o endereço? – O taxista, com as mãos firmes no
volante para impedir que tremessem, olhou pelo retrovisor do meio para a
bela loira sentada no banco de trás.
– É sim. – Salomon abriu a porta e saiu.
– Obrigada. – Isabel encostou o dedo no leitor de digitais para pagar pela
corrida e também saiu do carro.
O motorista nem perdeu tempo discutindo. Ela era maior de idade e estava
acompanhada, deveria saber em que bairro estava e o tamanho da encrenca.
Salomon olhou para a rua assim que um rato correu para uma caçamba de
lixo. Sentiu um calafrio que fez seus ossos gelarem. Era tarde da madrugada e
a rua, duas antes do local indicado por Ramon, estava vazia.
– Vamos em silêncio. Talvez já tenham nos visto aqui, mas caso não, o
elemento surpresa será bem-vindo.
Isabel segurou firme a mão molhada de suor de Salomon e andou na ponta
dos dedos, mesmo que usasse uma sapatilha sem salto. Evitou todas as
garrafas, sacolas plásticas e latas pelo caminho, no intuito de não fazer
barulho algum. Mas, o coração no peito parecia bater tão alto.
Ela não estava com medo, não por si, era uma súcubo, uma imortal. Temia
por Salomon, que fora do mar era tão frágil quanto os demais humanos que
os aguardavam. Desconhecia a extensão do poder psíquico das sereias, e não
sabia se a distância do mar os afetava. Tudo o que tinha em mente era a dor
aguda que Felícia conseguira provocar em sua cabeça na primeira vez que se
enfrentaram. Precisaria estar pronta para tal dor.
Parou de andar quando Salomon apertou sua mão com mais força. Ele
ergueu a cabeça e o sinal a fez ver um homem parado no alto de um prédio.
Vestido de preto, o sujeito se misturava às sombras da noite e nem se movia
com o olho direito fixo na mira do fuzil.
– Se dermos mais um passo saímos do ponto cego e ele nos acerta. –
Salomon se virou para Isabel e a encarou. – Precisamos pensar em um jeito
de passar sem que ele nos pegue.
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– Ele não irá nos pegar se o pegarmos primeiro. – Isabel abriu as asas
negras e membranosas como as de um morcego.
Qualquer protesto de Salomon não pode ser ouvido depois que ela
levantou voo. O tritão passou as mãos pelos cabelos cumpridos e respirou
fundo. Ela ia ficar bem, precisou repetir para si mesmo em pensamentos.
Isabel pousou no telhado como um gato. Não fez mais barulho do que o
vento, o homem nem soube o que o atingiu, ou ouviu o som de seu pescoço
ser quebrado em um giro veloz de mãos pequenas e delicadas.
Ela logo deitou o corpo no chão, com o cuidado de escondê-lo nas
sombras para que ninguém o visse até estar perto demais. Ao erguer a cabeça
e encarar a lua que quase tocava o alto do prédio, Isabel esperou que o
restante fosse tão simples de derrotar.
– Esse foi fácil.
Salomon estava pálido quando Isabel pousou a lado dele. O bater de suas
asas fez voar algumas folhas e sacolas jogadas pela rua.
– O cara tinha um fuzil!
– Que de nada adianta se não tiver oportunidade de atirar.
Salomon respirou fundo. O medo poderia ser seu pior inimigo se não
soubesse se controlar. Precisava se lembrar que por baixo de todo o corpo
pálido, frágil e delicado de mulher, havia um demônio.
Eles viraram a esquina e caminharam em frete. Ao redor deles, erguiam-se
altos muros cobertos por grafites e pichações. A escuridão das ruas pareceu
mais aliada dos três do que o silêncio, que era perturbado a qualquer
movimento mais brusco e ameaçava delatar a presença dos dois.
Salomon foi puxado pela camisa, ele se virou como um gato arisco e quase
quebrou o braço de quem o assustou.
– Calma, irmão, sou eu! – Ramon ergueu a mão livre tentando salvar a
imobilizada.
O tritão bufou ao pressionar o amigo contra a parede.
– Ficou maluco!
– Eu não queria chamar atenção para nós – Ramon tentou se soltar para
afastar seu rosto do muro áspero.
– Quase nos matou de susto. – Isabel afastou os dois com suas mãos
delicadas. – Não vamos nos matar antes de enfrentar o verdadeiro inimigo.
– Desculpa, cara. – Salomon abaixou a cabeça. – Só não me assuste outra
vez.
– Beleza. Agora só vamos dar um jeito nessa mulher e dar o fora daqui. –
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Ramon puxou os outros dois para um canto mais escondido, nas sombras,
onde nenhum era capaz de ver a expressão do outro.
– Sabe como vamos entrar? – Isabel apoiou a mão no ombro de Salomon.
– Enquanto vocês demoravam tentei ver o lugar o melhor possível. É uma
casa grande, com duas entradas, ambas então bem protegidas. Sobre cada um
dos telhados vizinhos há um vigia bem armado. Temo que não consigamos
entrar sem fazer um pouco de barulho.
– Sem armas, sem coletes? Vocês dois ficam aqui e eu entro.
– Sozinha? – Salomon a segurou pelo pulso. – De jeito nenhum.
– Não preciso lembrá-lo de quem foi imprudente, levou um tiro e quase
morreu.
– Eu amo os dois, de verdade, – Ramon se impôs antes de Salomon
prosseguir com a discussão. – Mas vamos deixar para discutirem a relação
quando estiverem sozinhos e não for um caso de vida ou morte.
– Está certo, Ramon. Vou pegar a arma do cara que abati e tentar matar
outro.
Eles só sentiram uma lufada forte de ar que balançou os cabelos e viram
Isabel desaparecer rumo ao céu.
– Não seja super-protetor, meu amigo. – Ramon deu uns tapinhas nas
costas de Salomon. – Ela não precisa da sua proteção.
Ele sabia disso, e como sabia... Colocou as mãos dentro dos bolsos. Por
mais que soubesse ainda assim não era fácil deixá-la correr o risco. Talvez
Ramon não conseguisse imaginar a dor que perder Isabel causaria nele.
Foram alguns minutos, alguns pedaços de eternidade até que ela
retornasse. Isabel entregou a eles as armas e cartuchos de bala que encontrou.
– Não é muito, mas...
– É melhor do que tínhamos antes. – Salomon riu para ela, mas com a
escuridão Isabel não viu.
– Eu vou na frente. – Ela ajeitou o decote. – Não sou sereia, mas também
sei seduzir homens.
Salomon repreendeu todos os nãos que desejou gritar e não interviu na
decisão dela.
Isabel deixou as sombras e o poste diante da entrada da pequena mansão a
revelou como um anjo. Os cabelos loiros brilhavam e voavam com a leve
brisa.
Um homem parado na guarita quase caiu para frete ao tropeçar nos
próprios pés e por pouco não deu um tiro neles. Uau! Quem era aquela
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mulher?
Os outros três que caminhavam sobre o portão também olharam para ela
boquiabertos. Os ares dali estavam ficando cada dia mais belos com a
passagem do tempo.
O porteiro engoliu em seco e saiu da guarita para que ela o visse melhor.
– Acho que não deveria estar aqui?
– E por que não? – Isabel enrolou uma mecha do cabelo no dedo indicador
e mordeu o lábio.
– Uma mulher tão bonita num bairro tão perigoso essa hora da noite.
– Talvez desconheça meus motivos. – A voz sensual era uma carícia aos
ouvidos do homem.
– E quais são?
Os caras já passavam a língua pelos lábios com a boca salivando. A breve
visão da mulher inflou seus pensamentos mais libidinosos.
– O chefe de vocês me mandou como um presentinho para nós
divertirmos.
Os olhos de todos brilharam.
Salomon apertou o punho da arma enquanto seus dentes cerravam de ódio.
Ele deu um passo para frete, porém Ramon o segurou pelo braço.
– Respira fundo.
– Eu vou matar todos eles. – A voz de Salomon saiu entredentes como um
rosnado de um cão raivoso.
– Esqueça o seu ciúme. Os matará em seu devido tempo.
Salomon fechou os olhos por um minuto tentando esquecer os olhares
dirigidos para a sua garota.
Isabel passou as mãos pelo corpo, redesenhando seus contornos.
Um dos homens pulou do alto do portão, esquecendo-se da altura. Nem o
som dos ossos de sua perna trincado ou a dor intensa que veio em seguida o
fez parar de olhar para Isabel, parar de desejá-la.
O que estava na portaria limpou as mãos suadas na calça jeans azul e com
um largo sorriso foi correndo até Isabel. Levou a mão direto na bunda dela,
sentindo a maciez da zona erógena arredondada. E o perfume... A loira tinha
um cheiro estonteante.
Um tiro. Um som oco e grave que ecoou por toda a rua.
Isabel olhou para o lado e viu sangue vermelho, fresco e quente escorrer
pelo seu ombro. Por reflexo ela empurrou o homem para frente e esse caiu
como um saco pesado ao chão.
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– Não sei como entraram na minha casa, mas vão se arrepender. – Com os
olhos afunilados e com a raiva permeando o sangue, Raul estava de pé junto à
porta de seu quarto onde há instantes estava com Felícia. A mão direta que
segurava uma pistola automática tremia delatando seu descontrole. Ainda
estava furioso com o que sua amante mal-agradecida fizera. Como ousava
machucá-lo depois de ser tão bem acolhida.
Isabel levou a mão às costas após sentir uma dor intensa que atingiu até
seus ossos. Ela fechou a boca com toda a força para impedir que o grito
agudo de dor escapasse, mas expressão em seu rosto e a forma como cerrou
os punhos a delatou.
– Isabel! – Salomon tentou conter o desespero que invadiu seu coração,
mas o corredor onde estavam pareceu girar ao seu redor.
Ela usou de todo o autocontrole para enfriar as unhas dentro do ferimento
e puxar a bala. Jogou-a no chão.
Raul arregalou os olhos e deu dois passos para trás ao ver a mulher, que já
deveria estar morta, arrancar a bala e o ferimento se fechar no mesmo
instante. Não sabia o que era aquilo, mas entendeu porque Felícia tinha tanto
medo.
– Saiam daqui ou vou chamar meus homens! – Ele manteve a voz mais
ameaçadora que pode.
– Seus homens estão todos mortos. – Salomon tinha um sorriso sádico nos
lábios.
– Não é possível! – Raul balançava a cabeça se recusando a aceitar. – Só
vocês três não podem ter passado por um exército bem armado. – Não
importa. – Ele apontou a arma para Salomon. – Não sairão daqui vivos.
– Você fala demais. – Ramon ergueu o fuzil e deu um único e certeiro tiro
no meio da testa do homem.
Raul nem se deu conta de sua morte e o corpo imóvel levou alguns
segundos para ir ao chão, formando uma poça de sangue ao seu redor.
Isabel ouviu um som agudo seguido de uma dor ainda mais intensa do que
a do tiro, no momento em que ela se virou para encarar Felícia outra vez, essa
que já estava na metade da escada para o terraço da casa. Caiu de joelhos com
as mãos pressionando as têmporas, tentando se livrar a todo custo da dor, que
era tão forte que embaçou a visão da súcubo. Isabel não conseguia mais
delimitar os degraus da escada à sua frente.
A canção mortal da sereia também doeu na cabeça dos tritões, porém esses
não caíram ao chão, sabiam lidar melhor com tais poderes e proteger a
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fez tremer.
– Meu filho querido, vamos conversar. Quero saber tanto sobre você.
– Eu não tenho nada a dizer nem quero ouvir nada.
Salomon usou toda a força que ainda lhe restava e pegou a arma de Raul
caída ao chão.
– Meu filho, não...
O grito desesperado de Felícia foi interrompido pelo som do tiro. Ela
sentiu uma forte dor no peito depois tudo ficou escuro.
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Capítulo 27
– Mas...
Salomon ergueu o rosto dela pelo queixo.
– Eu estou bem. E obrigado, não teria dado um ponto final a tudo isso sem
a sua ajuda. Você e o Ramon precisam parar de me tratar como se eu fosse
uma criança desolada.
– Está bem mesmo?
– Se me perguntar isso de novo eu prometo que vou te amordaçar.
Isabel riu ao abraçar o pescoço dele. Despois deslizou uma das mãos pelo
peito nu e o abdômen bem definido.
– É realmente necessário trabalhar sem camisa?
– As clientes adoram. – Ele passou a língua pelos lábios e deu um
sorrisinho.
– Eu imagino. Mas espero que as mãos delas não cheguem aqui. – Isabel
pegou no pênis dele protegido pela bermuda fina.
– Não. Aí, por hora, é só você. – Salomon puxou a mão dela de volta ao
seu peito.
Respirou aliviado por Isabel ter mudado de assunto. Não queria mais
pensar no acontecido. Estava acabado. Finalmente acabado.
Acariciou a pele macia do rosto de Isabel antes de se curvar e roçar seus
lábios nos dela.
– Me espere aqui. Com o mínimo de roupas possível. – Ele deslizou a
ponta dos dedos pela linha da coluna da súcubo até poder apertá-la na bunda.
– Tá. – Isabel suspirou.
Salomon deu outro breve selinho antes de se afastar e sair do quarto.
Isabel se apoiou na parede branca ao lado do móvel onde ficava a
televisão. Nunca uma viagem tão breve foi tão cansativa. Abraçou a si
mesma.
Esperava com todo o seu coração que Salomon estivesse falando a
verdade. Uma coisa era matar um traficante, outra era permanecer com essa
escolha diante da própria mãe. A verdade é que não cabia a ela qualquer
julgamento. Salomon tinha seus motivos, mas esperava que isso não o fizesse
sofrer nem tirasse o sono.
O celular vibrando dentro da bolsa jogada sobre a cama chamou sua
atenção. Ela correu para encontrá-lo, entre as outras coisas que jogava dentro
da bolsa, que era sempre pequena demais para caber tudo o que a súcubo
queria colocar. Quando finalmente o achou, Isabel se sentou na cama e
atendeu a chamada de vídeo.
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as mulheres do bar.
Diego respirou fundo ao ver que Salomon havia entendido com clareza.
– Exato!
– Não se preocupe, senhor, pretendo manter o meu emprego.
– Maravilha! E se os outros funcionários perguntarem, não tivemos essa
conversa. As regras servem para que as hóspedes não sejam assediadas.
Salomon riu.
– Nem me lembro mais que me deu premiações para continuar dormindo
com uma hóspede.
– Perfeito. Tenha um bom resto de noite.
– Para você também.
A porta do elevador se abriu e o tritão entrou apertando no painel o
número para o andar de Isabel. Apoiou as costas nuas na parede de metal
enquanto ria.
Apressou-se para cruzar o corredor bem iluminado até a porta do quarto de
Isabel. Mal via a hora de tê-la em seus braços. Depois de tudo, estar com ela
era o que importava. Não precisava das mentiras de Felícia para ser feliz. Não
precisava mais de uma mãe, não era mais um garoto e sim um homem com
uma bela companheira. Tirou a chave extara do bolso e entrou.
Estranhou a luz apagada do pequeno corredor, mas quando viu as velas
que iluminavam mais à frente deixando o quarto numa leve penumbra
amarelada, ele sorriu ao entender o motivo.
Entrou devagar até ver a silhueta dela. Podia ver apenas os belos
contornos envoltos por um fino roupão preto. Ela estava de costas para a
entrada do quarto, olhava o mar pela parede de vidro. Os cabelos loiros até o
meio das costas cintilavam à pouca luz.
– Isabel?
Ela se virou para ele. O roupão estava aberto na frente, mostrando a
camisola translúcida e a cinta-liga presa as meias pretas três quartos. Uau!
– Isso tudo é para mim?
– E para quem mais seria?
O pequeno sorriso e o olhar malicioso fez Salomon enlouquecer.
– Senta! – Isabel apontou para a cama enquanto fechava o roupão.
– Ei! Por quê?
– É a sua vez de ficar olhando. – Ela foi até a pequena mesa circular num
canto do quarto e pegou sobre ela um par de algemas.
– Onde arrumou isso? – Salomon arregalou os olhos castanhos e deu um
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imaginar. Ela se despindo e dançando de forma tão sexy e erótica enchia sua
mente de fantasias e fazia sua boca salivar.
Isabel olhou para ele. O viu morder os lábios e se mover inquieto. O pênis
rígido sob o pano da bermuda era apenas um sinal de que ela estava no
caminho certo.
Jogou a meia sobre ele e se virou para tirar a outra. O olhar sexy e
provocativo era apenas mais um estímulo visual para Salomon.
Isso... Ele se contorceu ao vê-la finalmente começar a retirar a camisola. A
vagina rosada entre as pernas dela, exposta, sem pelos, era um alvo que ele
almejava alcançar em breve.
A camisola foi jogada sobre seu rosto e caiu no seu colo, revelando a bela
loira nua à sua frente.
– Agora pode me soltar?
– Ainda não. – A voz pausada e sexy o fez se revirar por dentro.
Isabel andou até Salomon e ele pensou que finalmente poderia tocá-la,
mas ela não abriu as algemas, apenas sentou-se de costas no colo do tritão.
Ela rebolou contra o pênis dele, ainda protegido pela bermuda e cueca.
Salomon gemeu.
– Isabel...
Ela sorriu, segurou os cabelos loiros com as duas mãos e continuou a
rebolar, esfregando sua bunda no membro rígido.
Salomon tentou se soltar e as algemas machucaram seus pulsos. Precisava
tocá-la, penetrá-la.
– Não me tortura.
Ele se curvou e mordeu-a no pescoço enquanto todos os seus instintos
gritavam, imploravam para que Isabel parasse de brincar com ele.
Ela estava adorando senti-lo vibrar embaixo de si, alimentando seu ego e o
desejo por ele.
Foi até a mesa, buscou a chave e soltou Salomon. Ele não hesitou em
segurá-la pela cintura e jogá-la sobre a cama.
Isabel soltou um grito quando o tritão abocanhou seu seio e chupou com
força. O mamilo que tanto hipnotizava o olhar de Salomon finalmente estava
dentro de sua boca e o gosto era doce. Ele apertou o outro seio enquanto
chupava.
Tinha pensado em fazer longas preliminares com ela naquela noite,
massagens, beijos, sexo oral... Entretanto, com o desejo que urrava insano
dentro do seu corpo, ele se viu tirando a bermuda, e se deu conta de que seus
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Isabel subiu para cima do peito dele, apoiando sua cabeça sobre o coração
que batia descompassado. Ainda estava nas nuvens.
– Agora pode terminar o que preparou para noite. – Salomon acariciou o
cabelo loiro e sedoso dela.
– Agora você já acabou com meus planos. Como vou te provocar se você
já se esbaldou dentro de mim? – Ela fez bico enquanto traçava círculos sobre
o peito dele coma ponta do dedo.
Salomon gargalhou ao deslizar a mão direita pelo contorno do corpo de
Isabel.
– O que posso fazer se sou fraco para torturas e você é tão cruel.
– Seu sem graça.
Ele esfregou os lábios nos dela e deu um selinho.
Isabel respirou fundo ao se apoiar com os cotovelos sobre o peito de
Salomon para fitá-lo. Os olhos castanhos dele tinham o mesmo brilho
travesso de sempre, porém a súcubo ainda estava receosa.
– Como está se sentindo?
– Trêmulo, bastante cansado, mas creio que daqui a pouco eu esteja pronto
para outra.
– Não é disso que estou falando.
Salomon arqueou as sobrancelhas.
– Isabel...
– Ela podia ser a sua mãe, Salomon.
– E daí? Ser a minha mãe redimiria tudo o que ela fez? Para mim, não. Ao
contrário disso, seria mais um pecado pelo qual eu a julgaria. Ela me
abandonou. Não estou arrasado, nem mesmo triste, pois finalmente tudo se
resolveu depois de tantos anos, por hora o mar pode descansar em paz.
Um leve sorriso se formou nos lábios da loira.
– Ficou feliz por estar bem.
– Não há motivos para não estar. Eu tenho você, minha bela súcubo. –
Acariciou o rosto dela com a ponta dos dedos. – Eu amo você.
– Eu também.
– Entre as coisas que preparou para essa noite há alguma possibilidade de
haver comida, pois estou faminto.
Isabel riu ao se levantar.
– Vou apenas me limpar e pego algo.
– Tudo bem. – Ele se esparramou na cama.
Acompanhou com o olhar Isabel ir até o banheiro. Entendia a preocupação
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dela, para muitos a mãe significava tudo, no entanto para ele ela não era nada.
Sentiu muita falta dela durante a infância e adolescência, mas agora era um
homem, essa falta nunca seria recompensada. Não deixaria antigo e infantil
menino carente o subjugar.
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Capítulo 28
– Onde vamos hoje? – Isabel sacudiu os cabelos loiros antes de colocar o
capacete.
– Só um bar onde eu e Ramon íamos muito quando éramos mais jovens.
– Você ainda é bem jovem para mim. – Isabel passou as mãos pelos
ombros de Salomon enquanto subia na moto atrás dele.
– Você entendeu.
Ela riu ao envolver a cintura do tritão com os braços.
Salomon balançou a cabeça em negativa ao dar partida na moto.
A lua cheia brilhava num céu azul salpicado de estrelas quando eles
deixaram o estacionamento do hotel. O vento, gerado pela velocidade da
moto, era refrescante.
As noites de folga de Salomon se tornaram louváveis após o envolvimento
com Isabel. Antes não tinha muito o que fazer, mas no momento essas
pareciam extremamente curtas.
Depois de tudo que Isabel havia feito para resolver os problemas dele com
Felícia, tratando-os como se fossem dela, não restavam mais dúvidas que essa
era a mulher que desejava ao seu lado pela eternidade. Estar loucamente
apaixonado parecia uma dádiva.
Isabel o abraçou com mais força, respirando o cheiro de mar nos cabelos
longos com os fios voando contra o seu rosto. Nos braços daquele homem
forte e viril encontrara um lar diferente de tudo que ousou imaginar. Desejava
que os momentos ao lado dele não tivessem fim.
Salomon dirigiu por alguns minutos até um bairro da periferia de Cancun.
Alguns quilômetros do mar, esse não era um ponto turístico da cidade que em
total predominância era habitado por nativos de classe média à baixa. Por
ruas mais estreitas, ele logo chegou em um pequeno bar com portas de
madeiras pequenas e duplas, como as que Isabel via em filmes de faroeste.
Assim que a moto parou, ela sentiu um cheiro de cigarro no ar. Tirou o
capacete, olhou para trás e viu um homem soprando uma fumaça branca
escorado numa parede do outro lado da pequena rua.
O sujeito percebeu que ela o encarava e devolveu o olhar seguido de um
aceno.
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Ela se virou para olhá-lo da melhor forma que pode, já que com suas
pernas sobre as dele no espaço pequeno abaixo do balcão ficava difícil de se
mover.
Os olhos castanhos dele brilharam sob a luz amarelada das lâmpadas
comuns. Os cabelos com leves ondas de Salomon não estavam embaraçados
após com a breve viajem de moto, porém Isabel fez questão de continuar
penteando-os com os dedos. Os cabelos longos eram um toque de
excentricidade incrível em um homem tão másculo.
No fundo do salão algumas pessoas começaram a montar seus
instrumentos e logo a música caribenha de ritmo dançante começou a
envolver todos os que estavam no bar.
– Querem beber alguma coisa? – O barman se aproximou deles meio
receoso em interromper o momento de troca de carinhos.
– Uma dose de tequila. – Salomon desviou os olhos dos de Isabel.
Acariciou-a no rosto enquanto sorria para ela. O mundo por ele poderia
acabar ali, finalmente havia encontrado a felicidade que julgou nunca existir.
– Eu amo você, Isabel.
A resposta dela foi dada em forma de um beijo. A súcubo subiu em uma
barra de metal horizontal que prendia uma perna do banco à outra, ficando
completamente de frete para Salomon, entre as pernas dele, segurou firme os
cabelos dele e pressionou a língua para abrir passagem por entre os lábios um
pouco ressecados pelo sol.
Salomon a segurou pela cintura com uma mão firme de cada lado.
– Salomon, Isabel! Achei vocês.
A voz familiar interrompeu o beijo, mas Salomon se recusou a deixar que
Isabel se afastasse. Segurou as coxas dela com os joelhos e a menteve imóvel.
A súcubo apoiou as mãos sobre os ombros dele e virou a cabeça na
direção de Ramon.
O tritão de cabelos curtos estava na frente de uma mulher que Isabel só
pode ver as pontas dos cabelos pintadas de rosa.
– Gente essa é a Thalia. – Ramon deu um passo para o lado saindo da
frente para que os outros dois pudessem vê-la.
Salomon reparou bem na mulher alta de pernas longas que usava uma
camiseta e um short curto. Ela tinha cabelos loiros com as pontas pintadas de
rosa, que o lembrou uma adolescente, o que com certeza não era o caso.
– Prazer. – Thalia estendeu a mão.
Salomon segurou a mão fria e ficou um tanto surpreso.
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Ela riu e se curvou para frente colocando uma mão na boca como alguém
que contava um segredo.
– Eu sou uma vampira. As lentes castanho disfarçam os olhos vermelhos.
– Ah que legal! A mulher do meu irmão também é uma.
Mais um rolo, Ramon? Salomon olhou para o amigo enquanto as mulheres
conversavam.
Não, rolo não, estou apaixonado por ela. Essa mulher é incrível.
Até drenar todo o seu sangue.
É melhor ou pior do que drenar minha força vital?
Tá! Veremos até quando isso dura.
Pessimista, mal agradecido.
Thalia e Isabel pararam de conversar e observaram os dois homens apenas
se olhando, o que a princípio pareceu bem estranho.
– É sempre assim? – Thalia apoiou a mão no balcão.
– Nem sempre. – Isabel balançou a cabeça.
Salomon riu.
– Só estou desejando boa sorte ao casal do nosso jeito. – Ele pegou o copo
de tequila deixado sobre o balcão e tomou um gole. Depois entregou-o para
Isabel.
– Você também é sobrenatural? – Thalia encarou a loira que parecia
apenas uma bela mulher frágil.
Isabel balançou a cabeça em afirmativa enquanto a bebida descia
queimando por sua garganta, mas o efeito logo desaparecia com o
metabolismo rápido de seu organismo.
– Sou uma súcubo.
– Uau!
Salomon colocou Isabel no chão e desceu do banco. Ajeitou a bermuda
branca e passou a mão pelos cabelos, ajeitando-os.
– Dança comigo? – Estendeu a mão.
Com um sorriso enorme nos lábios Isabel não hesitou.
– É sempre uma ótima ideia.
Eles caminharam a passos lentos até uma região onde as mesas acabavam
em um semicírculo, formando uma pista de dança em frete ao palco onde
uma banda cantava. Outros casais que dançavam abriram espaços por simples
instinto.
Salomon parou no meio da pequena pista no momento em que a banda
iniciava uma nova música. Com o seu olhar fixo no de Isabel, foi como se
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nada mais existisse além da música e ela. O balcão, algumas mesas e pessoas
atrás de Isabel não passavam de um mero borrão na visão dele.
Segurou firme a mão direita dela e a fez girar ao seu redor.
O olhar sedutor e fulminante de Salomon fez com que Isabel sentisse um
frio no estômago. Sentiu-o deslizar as pontas dos dedos pela linha de sua
coluna com certa agilidade até puxá-la pela cintura e pressioná-la contra o seu
peito quente.
Salomon apoiou uma mão de cada lado da cintura de Isabel outra vez e a
fez rebolar, ditando os movimentos dela no ritmo da música. Aproximou a
boca da orelha dela e soprou um ar quente que a fez se derreter por completo
em seus braços.
Isabel suspirou ao segurar nos ombros dele enquanto o tritão a movia de
um lado para o outro em movimentos pendulares.
Ele enfiou uma perna entre as dela e rebolou com Isabel até que seus
joelhos dobrassem o máximo possível antes de tocarem o chão.
Os casais ao redor estavam boquiabertos pelo gingado dele e a química
dos dois.
Salomon foi subindo com ela lentamente, seus olhos castanhos fixos nos
azuis de Isabel. Com as mãos sobre a bunda da súcubo, controlava todos os
movimentos.
Isabel jogava a cabeça de um lado para o outro, balançando os cabelos
loiros. Com as mãos firmes de Salomon contornando as curvas de seu corpo,
ela já estava ofegando.
Ele a girou depois puxou de volta contra seu corpo, um pouco antes da
música acabar.
Isabel apoiou a cabeça sobre o ombro do tritão enquanto fechava os olhos.
Pode ouvir as palmas e gritinhos empolgados, mas, com as pernas trêmulas,
queria apenas se manter de pé.
– Estou molhada... – Ela mordeu a orelha do tritão enquanto esfregava
uma coxa na outra.
Salomon riu.
– Dou um jeito nisso depois.
– Espero que breve.
Ele a arrastou de volta para o lugar onde estavam Ramon e Thalia. A
vampira sentada no colo do tritão, tinha os olhos arregalados e o queixo
caído.
– Uau! Vocês foram incríveis.
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exposta. Ele olhou para baixo e se deu conta de que não havia mais tecido
algum ali protegendo-a. Riu baixinho ao se lembrar de que não era a primeira
vez que ela esquecia a calcinha e com sorte não seria a última.
– Safada! – Sussurrou ao pé do ouvido de Isabel enquanto abria o zíper da
bermuda com uma mão e usava a outra de apoio contra a parede pintada de
azul da pequena cabine do banheiro.
A loira cravou as unhas nos braços de Salomon quando o sentiu entrar sem
rodeios. Num tranco firme, ela bateu a cabeça com ainda mais força na
superfície atrás de si. Gemeu enquanto seus olhos azuis giravam nas órbitas.
As pupilas dilatadas pela excitação os tingiam de preto.
Com a mão direita segurou firme os cabelos logos do tritão, no momento
em que ele deslizava lentamente para fora, apenas para investir contra ela
outra vez.
– Isso... Com força.
Salomon riu contra os lábios dela enquanto começava um beijo
prolongado. Gulosa...pensou enquanto dava a ela o que foi pedido, apoiou as
duas mãos na parede e enfiou fundo, sem medir forças. Os gemidos altos e as
unhas cravadas em seus braços deixaram claro o quanto Isabel gostava disso.
Ele lambeu o pescoço da súcubo, mordiscou e chupou, deixando marcas na
pele clara que logo desapareceram.
Isabel batia as costas repetidas vezes contra o parede com os trancos que
ele dava ao entrar dentro de si com a força que ela pedia. A cada estocada os
gemidos eram mais altos. O prazer havia feito Salomon se esquecer de que
estavam dentro de uma cabine em um banheiro público.
A loira jogou o cabelo para o lado e insinuou ainda mais o pescoço para
ele, pedindo por mordidas e chupões que provocavam nela deliciosos
arrepios. Inebriada pelo prazer, ela não prestava atenção em nada mais além
do vai e vem dentro de si, da fricção deliciosa que tal movimento provocava,
das mãos grandes e firmes que contornavam seu corpo e da boca que a
mordia, beijava e provocava. Salomon sabia como ninguém, a forma certa de
a deixar nas nuvens.
Ele mordeu os lábios para conter um gemido quando enfiou fundo nela
outra vez. Com tal ritmo nem se segurando ao máximo suportaria por muito
tempo.
– Isabel eu vou...
– Continua, eu me limpo depois.
Salomon agarrou o cabelo dela com a mão direita e não conteve sua fome
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pelo clímax. Segurou-a pela cintura com a mão esquerda e entrou três
repetidas vezes, sem cuidado, sem receio, fazendo-a gritar quando banhou
seu interior.
Ofegante, apoiou sua testa na dela, enquanto o peito subia e descia com
urgência.
– Você... Você acaba comigo. – Sua fala foi interrompida várias vezes por
respirações mais prolongadas.
– Que bom que no melhor sentido. – Isabel sorriu e em seguida mordeu o
lábio inferior dele.
Ela desceu da cintura de Salomon, onde se enganchara com as pernas, e se
limpou com o papel higiênico pendurado em um suporte no lado esquerdo da
cabine.
– Sua vez, meu amor. – Salomon a empurrou outra vez contra a parede,
segurando-a pelo ombro direito com a mão esquerda.
Enfiou a mão direita entra as pernas dela e, com a ponta do dedo,
pressionou o clitóris levemente inchado pela excitação e a fez gritar outra
vez. Isabel abraçou-o enquanto o sentia estimulá-la com movimentos
circulares.
Ele beijou-a com ferocidade, capturando os gemidos escandalosos
enquanto a sentia se contorcer inteira em seus braços. Todo o corpo de Isabel
denunciava o prazer.
Ela tentou manter as pernas firmes quando os espasmos começaram a
tomar conta do seu corpo. Isabel jogou a cabeça para trás, batendo-a na
parede e apertou os braços com ainda mais força ao redor do pescoço de
Salomon. O formigamento do orgasmo banhou todas as suas veias e a deixou
sem ar por alguns minutos.
– Quer se alimentar um pouco de mim? – Salomon a acariciou no rosto
enquanto os olhos azuis da súcubo ainda giravam nas órbitas.
– Vou me alimentar só quando fizermos no mar.
– Isso significa muitas vezes lá então.
– Sim, várias. – Ela abriu um largo sorriso malicioso.
– Vamos voltar. – Ele a segurou pela mão e abriu a porta da cabine.
Uma mulher que se maquiava junto ao espelho deu um risinho para os
dois e acenou. Pelos gemidos ela sabia o que acontecera lá dentro. As
bochechas de Salomon coraram, Isabel apenas acenou de volta e o puxou
para fora do banheiro.
– Vocês demoraram. – Ramon colocou o copo sobre o balcão e encarou o
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Capítulo 29
– Pai?
Jason se virou ao ouvir o chamado e deixou o decantador que manuseava
sobre a mesa à sua frente. Encarou o filho parado junto a pequena porta da
casa feita de corais. Salomon tinha os braços cruzados e cabelos se moviam
com a leve corrente da água.
– Oi! – O velho tritão abriu um largo sorriso e foi até o filho para abraça-
lo. – Onde está a garota?
– Deixei-a dormindo na minha cama.
– Não sabe o quanto me faz feliz saber que ainda estão juntos.
– Não pretendo deixar que isso mude. – O olhar de Salomon era confiante
e seguro.
Jason sorriu. Por muito tempo acreditou que o filho jamais se permitiria
entregar-se completamente a alguém. Nunca foi tão bom estar errado.
– Ah, vim lhe devolver isso. – Salomon estendeu a concha para o pai.
Jason a pegou.
– Encontrou a traficante que procurava?
– Sim. Isabel me ajudou, chamou inclusive uma bruxa para nos ajudar a
rastreá-la.
– Isso é ótimo!
– O nome Felícia é familiar para você, pai?
Jason engoliu em seco e nadou um pouco para trás. A ponta de sua cauda
quase bateu no pé da mesa onde ficavam garrafas de profundezas.
– É um nome muito comum. – Tentou esconder do filho a surpresa.
– Era o nome da minha mãe?
– Por que quer saber sobre isso agora? Não tem o hábito de me perguntar
sobre a sua mãe. Na verdade, sempre me interrompeu quando eu tentava falar
sobre ela.
– Esse era ou não o nome dela? – A voz se Salomon soou firme e pausada,
mas não escondeu o tom de ordem.
– Sim, filho, esse era o nome dela. Por quê?
– Porque era o nome da traficante e ela alegou ser minha mãe antes de eu
matá-la.
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Capítulo 30
Isabel acordou com o som das gaivotas que voavam na praia. Tentou abrir
os olhos, mas os raios fortes do sol que entravam pela janela a impediram. Já
deveria ser por volta do meio-dia e isso a fez rir. Não tinha culpa se a rotina
de Salomon havia feito-a trocar o dia pela noite.
Estendeu a mão direita e tateou a cama ao seu lado. Estava vazia, sinal de
que o tritão já havia se levantado.
Sentiu algo puxando seu dedo anelar. Abriu os olhos. Olhou para a mão
direita e viu uma fita vermelha de cetim amarrada no dedo. Essa se estendia
pelo chão como um fio até se perder de vista no corredor. Tentou puxar a fita,
porém essa parecia presa.
O que é isso? Cogitou desamarrar a fita do dedo, porém deveria ter
alguma explicação para ela estar ali.
Levantou-se. Estava apenas de roupas íntimas, então pegou uma canga,
deixada sobre uma cadeira de palha próxima à janela de madeira, e enrolou-
se.
Na casa só havia o silêncio. Salomon saíra e a deixará sozinha. Deveria ao
menos ter me avisado. A fita em seu dedo talvez fosse uma pista do paradeiro
do tritão, ainda assim era estranho, ele não era um homem de joguinhos.
Bom, teria de ver onde estava amarrada a outra ponta. Seguiu o caminho
da fita até a cozinha, onde sobre a mesa havia uma concha pesada amarrada.
Isabel se aproximou para olhar melhor, não era o fim da fita como imaginava.
Mas abaixo da concha ela viu um papel.
Era uma etiqueta simples, impressa em papel branco adesivo. Com o nome
dela, número do voo e um qrcode. Logo se lembrou do que era, a etiqueta
colada em uma de suas malas no voo do Brasil para Cancun, na mala em que
Salomon segurara para levar ao hotel. Uma parte dela se emocionou ao ver
que ele havia guardado tal papel bobo.
Foi impossível não se lembrar da primeira vez que o vira. O belo moreno
carregando uma placa com seu nome, com uma expressão de quem não
estava à vontade por estar ali, e o sorriso que vê-la provocou nos lábios dele.
Isabel olhou para a fita entusiasmada ao imaginar as lembranças que ela
poderia conter. Continuou seguindo-a até a sala. Sobre o sofá estava uma
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– Com toda certeza. – Ele se curvou para frente e tocou o clitóris dela com
a ponta da língua.
Enquanto a língua dançava sobre o clitóris de Isabel, ele a penetrou com
dois dedos dessa vez. Acariciou o interior molhado, cutucou-a. Ela cravou as
unhas na pedra atrás de si, e mordeu os lábios para não gritar.
– Salomon... – Chamou por ele em meio aos gemidos.
– Sim. – Ele parou apenas para respondê-la.
– Quero você na minha boca.
Sorrindo, O tritão se deitou sobre a areia e a puxou com ele. Um risinho
escapou de seus lábios quando ela se virava ficando de quatro sobre ele. Se
amava Isabel, naquele estado de desejo? Como amava.
Ela abocanhou seu pênis e ele gemeu. Os lábios molhados e quentes
começaram a se mover em toda a sua extensão, fazendo Salomon se
contorcer na areia.
Ele agarrou as nádegas dela e a trouxe até seu rosto. Penetrou-a com a
língua, dando leves pancadinhas que a fizeram enlouquecer acima de si.
Sendo chupado por aquela boca tão habilidosa, Salomon também estava perto
do desfiladeiro da insanidade.
Isabel o saboreava como um manjar, mas como era difícil continuar
chupando se ele devolvia as carícias na mesma medida. Lambeu a glande
rosada do pênis, brincou com ela, fazendo movimentos circulares com a
língua e Salomon estremeceu cada vez mais.
Ele também não ficou atrás. Queria provocá-la ao máximo. Aproveitou a
umidade dela que ainda envolvia seu dedo, abriu as nádegas da súcubo e a
penetrou ali, fazendo movimentos lentos e provocativos com o dedo.
Isabel corou instantaneamente. Alguns homens a procuravam ali e ela
cedeu em alguns menages. Porém nunca foi tão bom quando a presença do
dedo dele ali.
Salomon continuou assim que ela apertou suas coxas com toda a força,
deixando as marcas das unhas afiadas. Brincou com o clitóris dela com a
ponta da língua até que a súcubo desmoronasse em cima dele.
Quando o orgasmo a atingiu de assalto, Isabel perdeu completamente os
sentidos. Seu cabelo loiro roçou ainda mais na areia. Sentia todo o seu corpo
formigar em meio a espasmos.
Salomon a puxou para o seu peito e a aconchegou, enquanto esperava que
a respiração dela se normalizasse. Limpou um pouco da areia que já havia
grudado em seus corpos.
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– Ah eu amo tanto você. – Isabel acariciou o rosto dele com a mão ainda
trêmula.
– Muito. – Salomon a beijou enquanto a encaixava sobre seus quadris.
Isabel gemeu ao cravar as unhas sobre o peito dele. A penetração a levou
nas nuvens, mesmo depois do orgasmo.
Ele a segurou pela cintura e ajudou a se mover até que a súcubo
recuperasse o controle e pudesse ditar os movimentos.
Olhando-a com o brilho do sol em seus cabelos loiros e o mar atrás dela,
era a mais bela paisagem do mundo. Com ela se movendo sobre seu pênis,
unindo-os num só, Salomon soube que não poderia desejar noiva, esposa ou
amante melhor.
Passou as mãos pelos contornos salientes até os seios, enquanto tinha seus
olhos fixos nos dela. Seu corpo se perdia na sensação de prazer a cada
movimento. O clímax estava perto e Salomon não o reprimiu. Apertou as
coxas dela e continuou a observá-la se mover, balançando a cabeça de um
lado para o outro, jogando os cabelos loiros.
O orgasmo fez Salomon contrair seus músculos, ele aceitou de bom grado.
Isso significava apenas o ápice de estar com Isabel.
A súcubo sentiu o líquido quente banhar seu ventre e, sorrindo, apoiou a
cabeça no peito de seu futuro marido, que subia e descia com a respiração
ofegante. O coração batia descompassado no peito.
Minutos depois ela se levantou e saiu correndo.
– Ei! Onde você vai? – Salomon sentou na areia.
– Tomar um banho de mar.
Isabel pisava nas ondas que quebrava, espalhando água à medida que
adentrava o mar. Os cabelos sedosos voando, o sorriso feliz e o copo nu
sendo coberto pela água fez Salomon desejar que o tempo congelasse ali.
– Espera! – Ele se levantou chutando areia e correu até ela.
Tomou Isabel nos braços e a girou dentro da água. Beijou-a sentindo gosto
de sal.
A súcubo tomou o restante da energia provocada pelo prazer que se esvaia
das veias de Salomon.
– Agora pode trazer suas malas para nossa casa? – Ele a encarou ao
colocar uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha.
– Nossa casa? – Isabel sorriu. – Acho que gosto disso.
– Vai trazer as coisas ou não?
– Claro que vou! Talvez possamos fazer algumas reformas.
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– Não inventa!
Isabel gargalhou ao envolver o pescoço dele com os braços e em meio a
um beijo cada vez mais urgente e feroz.
Começaram a fazer amor de novo dentro da água. Isabel era incapaz de
medir a felicidade que transbordava. Tudo o que sonhara, o amor eterno que
desejou por séculos estava ali, nos braços de Salomon. Pode ter demorado,
mas FINALMENTE O ENCONTROU. Em muito breve se casariam, seriam
marido e mulher e estariam juntos POR TODOS OS SÉCULOS QUE SE
SEGUISSEM.
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Epílogo
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Bônus
Cancun inverno de 2038
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– Não é grande demais? Vamos apenas visitar seus irmãos e não nos
mudar para lá.
Isabel arqueou as sobrancelhas e torceu os lábios.
– Está bem! Vou pegar.
Salomon entrou no closet, pegou a mala e a colocou sobre a espaçosa
cama de casal no quarto deles, onde já haviam pilhas de roupas de Isabel.
Prendeu os cabelos com um elástico que carregava no braço enquanto
caminhava até a pequena varanda. Abriu a porta de vidro e se apoiou sobre o
parapeito, observando as ondas quebrarem na praia de areia branca à sua
frente.
Isabel reformara a casa meses depois do casamento. Reformara não, havia
jogado no chão e construído outra muito maior. Com mais quartos que só
fizeram sentido quando anos depois ela ficou grávida. Realmente a casa
antiga de Salomon não havia espaço para os filhos que ele não tinha
esperanças de ter antes de conhecer Isabel.
Olhar para o passado após anos casado com a mulher que sempre sonhou,
chegava a ser engraçado. Ramon cobraria a dívida pelo resto da existência
deles, ou até que Thalia o enlouquecesse, o que viesse primeiro. Mas
Salomon seria eternamente grato.
– Acabei. – Isabel envolveu a cintura dele com os braços. – Vai levar só
aquela mala pequena mesmo?
– Você já está levando o restante da casa dentro das suas. – Salomon se
virou para fitá-la.
A súcubo mostrou língua.
Salomon a beijou e mordeu.
Ele a abraçou, mas sem apertá-la como tinha costume, por sorte a barriga
já evidente no vestido, pelos seis meses de gravidez, era um lembrete bem
claro de que ela estava mais frágil, ainda que ela odiasse admitir.
Isabel enrolou na mão o rabo de cavalo em que estava preso o cabelo dele
e o puxou para si, rendendo-o em um beijo que começou calmo, mas logo
acendeu o fogo do desejo que nunca deixou, ou deixaria de consumi-los.
– Na mesa. – Ela mordeu a orelha do tritão fazendo um arrepio varrer o
corpo dele, forçando-o a segurá-la pela cintura.
– Na cama não seria mais confortável?
– Eu quero na mesa.
– Seus desejos são uma ordem. Não queria que meu filho nasça com cara
de mesa.
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Isabel gargalhou, porém logo ficou séria assim que ele a pegou no colo e
ergueu no ar.
Salomon foi até a pequena mesa que ficava em frete a vista da varanda.
Ela os permitia tomar café da manhã olhando para o mar. Jogou a toalha no
chão e sentou Isabel sobre o mármore frio.
No início achava que fazer sexo durante a gravidez não era uma boa ideia,
mas, desde que ele fosse cuidadoso, os médicos disseram que não havia
problemas e eles consideravam Isabel uma simples humana. Então, o tritão já
não se preocupava mais. Além disso, sua mulher era uma súcubo e precisava
da energia dele agora mais do que nunca.
Isabel jogou a cabeça para trás quando ele mordiscou a base do seu
pescoço e um delicioso calafrio a percorreu por inteira. Levou a mão até a
base da camisa de Salomon e começou a puxá-la até jogá-la ao chão.
Contornou com os dedos os músculos do peito do tritão, com o tempo ele
parecia ainda mais lindo. Ou talvez só estivesse malhando mais, após trocar o
emprego como barman por instrutor de surf, uma vez que a idade que nunca
chegava e ele começou a chamar atenção de seus colegas de trabalho.
Salomon subiu a saia do vestido dela pelas coxas roliças até puxá-lo,
quando Isabel ergueu os braços. Beijou a curva dos seios que escapava pelo
sutiã enquanto abria o fecho nas costas.
Isabel sorriu ao ver sua peça íntima cair sobre o chão feito com tábuas de
madeira clara. Um gemido saiu por seus lábios quando Salomon abocanhou
um de seus mamilos rígidos e começou a sorvê-lo enquanto as mãos firmes
apertavam as coxas.
Não importou o passar dos anos, o sabor doce em sua boca o viciava.
Contornou os seios com a língua, amava vê-la estremecer com a carícia,
arranhando a mesa de mármore onde a sentara, gemendo, contorcendo-se.
Deslizou os lábios até o ventre dela, beijou a barriga saliente onde crescia seu
filho e continuou até o meio das pernas de Isabel.
A súcubo se deitou sobre a mesa quando Salomon agarrou sua bunda,
erguendo seus quadris até a boca dele. Isabel acariciou os longos cabelos
soltos ao deslizar um pouco mais para frente, fazendo seu clitóris roçar na
língua que o esperava. Ela arfou com a sensação que a fez se esquecer de
tudo ao redor, focando apenas no prazer que Salomon a proporcionava.
Puxou os cabelos do tritão com ainda mais força quando a língua começou a
brincar com seu clitóris cada vez mais inchado pela excitação.
Salomon deslizou um dedo para dentro dela, que escorregou com
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Lygia olhou para a luz branca cada vez mais intensa no fim do túnel.
Segurou firme a mão de seu pai, que já não era mais tão grande como se
recordava da infância. Mais alguns passos a separavam da Terra. Finalmente
alcançaria o sonho de deixar o inferno, de não ser mais apenas a neta de
Samael e Lilith, aquela que todos tinham medo de se aproximar.
Empurrou o portão de ferro ouvindo o material enferrujado ranger até se
dobrar. Finalmente alcançaria a luz...
Dante fechou os olhos quando a luz forte se chocou contra as pupilas
dilatadas. Levou pouco mais de alguns segundo para que sua visão se
normalizasse, logo depois de deixarem o portão do inferno.
Um sorriso se formou nos lábios dele quando olhou para frente.
– Que honra, todos os anjos da guarda do inferno esperando por mim.
Uriel estava parada a poucos metros no alto de uma colina e atrás dela
havia uma dezena de anjos. A luz intensa vinha deles, das asas brancas e de
suas espadas celestiais reluzentes. Todos tinham a expressão fechada e o
olhar atento, aguardavam apenas uma ordem de sua comandante para atacar.
– Eu avisei para permanecerem no inferno. Fui cordial e até poupei a vida
de sua filha. É assim que me agradece? – A arcanjo passou a mão pelos
cabelos castanhos e encarou Dante.
– Não é nada pessoal. Apenas minha mulher e minha filha estavam fartas
do tedioso lugar gelado.
– Sabe que não terei misericórdia dessa vez. – Uriel cerrou os dentes.
– Estava contando com isso. – Dante sacou a espada de ossos.
– Matem todos e eles!
Os anjos abriram suas asas e desceram da colina. Como um enxame de
abelhas, encobriram a lua brilhante no céu.
Lygia girou as espadas finas, uma em cada mão. Finalmente teria o
combate pelo qual se preparou toda a vida. Os anjos a sua frente eram os
responsáveis por sua infância no inferno e mal via a hora de se vingar.
Natasha olhou para o lado e observou o marido e a filha em posição de
ataque. Naquele momento ela não teve medo dos anjos como sentia no
passado. Estava pronta para eles. Pegou sua própria espada e segurou-a na
frente de seu rosto.
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Natasha deixou a mala cair no chão assim que encontrou os gentis olhos
azuis no meio da sala, que ainda estava decorada exatamente como se
lembrava.
– Isabel!
– Natasha!
As duas irmãs atravessaram a distância de alguns metros que as separavam
e abraçaram-se o mais apertado que puderam. Fazia tantos anos, desde o
casamento de Isabel. Sentir o cheiro e o calor uma da outra deu a elas uma
sensação de bem-estar inexplicável.
– Será que posso me juntar ao abraço? – Aron apareceu ao lado das duas.
Elas estenderam a mão e o puxaram para junto delas.
Ele acariciou o cabelo das irmãs e fechou os olhos, querendo guardar para
sempre a sensação daquele momento de reencontro.
– Eu não imaginava que sentiria tanta falta de vocês duas.
– Fazer o que se nos ama. – Natasha mostrou língua para ele.
Aron riu.
– Sim. Eu amo. São minhas irmãzinhas.
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– E como está esse menino? – Natasha se afastou para olhar Isabel melhor
e acariciá-la na barriga.
– Ele está bem. Chuta de vez enquanto e me deixa faminta sempre.
– Ah, eu sei como é.
– Só acho que Isabel deveria ser um pouco mais cuidadosa, quase bateu na
mesa de centro agora a pouco.
– Salomon!
– Tá bom! Sem ser super-protetor demais. – Salomon se encolheu no sofá
ao cruzar os braços, contrariado.
– É mais forte do que nós, instintivo, não conseguimos evitar. Fiquei
assim quando Natasha estava grávida. – Dante estendeu a mão para ele. –
Prazer sou o...
– Filho do Diabo?
– É, também... Mas ia dizer, Dante, marido da Natasha, prefiro ser
conhecido assim.
– Foi mal. Sou Salomon.
– Sim. Eu me lembro. Foi uma pena não ter ido ao casamento de vocês,
mas ainda era muito perigoso para a Lygia.
– Compreendo.
Thomaz observou as sombras da porta sobre a beleza da pele clara de
Lygia. Ela no seu canto apenas observa tudo. A jovem mulher, de cabelos
negros e olhos verdes, ainda segurava uma mala em suas mãos, e aguardava
de longe o término da conversa dos pais.
– Vem comigo? – Aproximou-se dela. – Vou te mostrar seu quarto, aí
pode guardar as malas e tomar um banho. Imagino que depois daquela
recepção calorosa esteja um pouco cansada.
– Seria ótimo! – Um sorriso iluminou o rosto de Lygia.
Ela se curvou para pegar a mala maior no chão, mas Thomaz a pegou
antes dela. Ele era bem mais rápido.
– Deixa que eu levo.
Lygia não protestou.
– Eu trouxe bebidas. Imagino que todos estejam cansados depois da
viagem. – Dária entrou na sala equilibrando uma bandeja em cada mão.
– Obrigado, meu amor. – Aron pegou as bandejas e deu um selinho nela.
Lygia seguiu Thomaz por uma escada e outra até chegar a um longo
corredor iluminado por um belo lustre.
– Esse lugar parece tão grande quanto o castelo do meu avô. – Encantada,
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mais novo amigo. Mas logo se conteve ao se lembrar de que em breve estaria
no mesmo barco.
– Como está nosso pequeno íncubo? – Aron se aproximou das irmãs.
– Ele pode ser um tritão. – Isabel passou a mão pelos cabelos loiros.
– Veremos qual raça predominou quando ele nascer. – Dária abraçou o
companheiro por trás. – Tudo o que dissermos agora seria apenas suposições.
Isabel sorriu, grata pela cunhada ter evitado qualquer animosidade. No
fundo não importava qual tipo de sobrenatural fosse a criança, ele seria
amado da mesma forma.
Lygia ficou boquiaberta. Era ainda mais Incrível do que ver pelo
computador. Foi uma paisagem que a deixou sem palavras. Ao contrário do
vale dos condenados, ali tinha tanta luz. Existia tantos prédios altos cercando-
a e tocando o céu escuro e sem estrelas. Eles tinham letreiros e painéis, com
dezenas de imagens e textos. Trilhos aéreos cortavam toda a cidade indo de
um lado para o outro.
– Uau! Que Incrível.
– A avenida paulista e o MASP ficam ali em baixo, olha! – Thomaz se
aproximou do parapeito e apontou lá para frente.
– Onde? – Ela se aproximou ficando ao lado dele.
– Ali. – Thomaz segurou o rosto dela e direcionou o olhar para uma
avenida quilômetros à frente.
Lygia nunca viu tantos carros. Mas o que a prendeu foi a sensação dos
dedos gelados dele em seu rosto. Eles provocaram um calafrio delicioso.
– O inferno parece ser um lugar bem mais calmo. – Thomaz se afastou
quando o calor da pele dela começou a permear seu sangue. Recuperando a
compostura, ele apoiou as costas no parapeito.
– Depende do ponto de vista.
Lygia observou a brisa da noite balançar os cabelos ruivos do vampiro,
pareciam tão macios que desejou poder tocá-los.
– Há uma bela vista para lugares aterrorizantes.
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Thomaz riu.
– Bom, deve ser fantástico ser a neta do diabo.
– Era, durante a minha infância, mas à medida que eu fui crescendo os
demônios se aproximavam cada vez menos de mim com medo de sofrerem
alguma retaliação do meu avô. – Os olhos dela caíram tristes enquanto ela
apertava o parapeito.
– Nunca teve um namorado?
Thomaz se arrependeu quase imediatamente da pergunta.
– Não, ninguém teve coragem o bastante para enfrentar uma possível
retaliação do meu pai ou do meu avô. – Os olhos dela ficaram marejados.
– Eu sinto muito. – Ele a acariciou no ombro, sentindo um nó no
estômago. Deveria ter ficado calado, seu idiota!
– Você é tão bonito, deve ter tido várias namoradas.
– Só alguns casos passageiros. Há não muito tempo eu preferia um vídeo
game.
– E agora? – Lygia se virou para encará-lo.
Thomaz engoliu em seco.
– Existem algumas mulheres interessantes.
– E o que acha de mim?
Ela deu um passo na direção dele e ele deu dois para trás.
– Não acho que eu deveria responder a essa pergunta. – Ele enfiou as
mãos dentro dos bolsos da calça e desviou o olhar.
– Por que eu não mereço uma resposta?
– Porque não seria apropriado dizer a minha prima que ela é uma mulher
bonita.
– Nem somos primos de verdade. – Ela passou a mão pelo rosto gelado
dele.
Thomaz ficou petrificado com o toque quente. Depois de ter se tornado
um vampiro, nunca mais sentiu os músculos tão lentos.
– Eu sou um Donovan tanto quanto você. – Tirou forças de onde achou
que não tinha para respondê-la.
– Você é adotado.
– Isso nunca fez diferença para os meus pais.
– Mas pode fazer toda a diferença para nós.
– Lygia, não...
Ela roçou os lábios nos dele, sentindo-os doces e gelados como um
sorvete. O garotinho ruivo era um amor platônico de infância, intocável
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outro homem ter tido a coragem de transar comigo não deveria mudar isso.
– Então não podemos fazer aqui. – Ele a pegou no colo e acionou o botão
do elevador.
Contente por ele não ter recuado. Lygia aproveitou o percurso até o quarto
de Thomaz para beijá-lo no pescoço, tocar os cabelos que tanto fantasiara
durante a sua adolescência e contar com a língua as sardinhas espalhadas pela
pele pálida.
Ele abriu a porta com um chute e fechou-a com a agilidade de um felino.
Com uma mão segurou Lygia e usou a outra para apertar o interruptor ao lado
da porta. Independente das consequências, queria ver e lembrar-se
eternamente de cada instante daquele momento com ela.
Ele a colocou sobre a espaçosa cama de design contemporâneo e puxou-a
pela cintura até o fim da cama, deixando as pernas dela para fora.
Lygia se arrepiou inteira quando ele a beijou na coxa e percorreu um
caminho de delicadas mordidas até a virilha, onde começava o tecido da
calcinha e ficou por ali, provocando-a, beijando-a.
Lygia se sentou na cama, fazendo-o recuar com a cabeça entre suas pernas
e tirou o próprio vestido.
– Ei! – Ele pegou a peça e colocou sobre o criado mudo ao lado da cama.
– Estou tentado ir devagar.
– Estou ansiosa demais para ir devagar.
Lygia ia desabotoar o sutiã de renda vermelho, porém Thomaz a impediu.
– Não fique ansiosa. Apenas relaxe. – Soltou a mão dela. – Ou irá acabar
doendo.
– Então me beija, me deixa sentir que você é real e não apenas mais um
dos sonhos que eu tinha quase toda a noite.
Ela sonhava com ele, assim como Thomaz sonhou várias vezes com ela. O
vampiro precisou conter o próprio entusiasmo.
Thomaz segurou o cabelo dela e a puxou para um beijo mais voraz.
Mordiscou o lábio inferior da morena, sentindo uma gota do sangue doce se
esparramar por sua boca antes de deslizar a língua para dentro da dela. Com
mas mãos, passou a explorar o corpo delicado, porém firme e todas as suas
fantasias pareceram bem modestas diante da verdadeira sensação de tocá-la.
Lygia começou a se desfazer da gravata no pescoço de Thomaz enquanto
arfava a cada toque das mãos firmes. Jogou a gravata no chão e passou a
desabotoar o paletó e logo ele e a camisa eram apenas lembranças espalhadas
pelo chão.
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mordeu outra vez, derramando um excitante anestésico, Lygia soube que era
besteira temer qualquer dor.
Thomaz a sentiu relaxar abaixo de si e tomou isso como um sinal para
continuar. Apoiou as mãos sobre a cama e começou a se mover para dentro e
para fora. As paredes quentes e escorregadias cediam cada vez mais espaço
para o membro rígido do vampiro.
A temperatura da pele de Thomaz provocava calafrios em Lygia que se
somavam as demais sensações de prazer que a jovem sentia. Então era por
isso que sempre esperei? Perguntou-se enquanto o beijava.
Thomaz a girou na cama e a colocou sobre ele. Com Lygia montada sobre
seus quadris tinha um acesso mais fácil ao clitóris dela. Com uma mão guiou
os movimentos que os uniam, com a outra começou a estimulá-la, dando a
Lygia o prazer que merecia.
Um gemido rouco escapou por entre os lábios grandes da morena. Ela
pensou que não poderia ficar melhor até o orgasmo atingi-la com uma força
tão intensa que a fez tombar para trás. Ela gritou por ele enquanto explodia
em gemidos.
O vampiro começou a movê-la com velocidade redobrada em busca do
próprio prazer e não demorou a molhá-la com seu líquido frio.
Lygia desmoronou sobre o seu peito e ele a acolheu em um abraço
carinhoso.
– Foi bom? – Brincando com o cabelo negro ele a beijou brevemente.
– Foi maravilhoso! – Os olhos de Lygia tinham um brilho único e ela
ainda tremia inteira. – A única coisa ruim é ter esperado tanto para te sentir
assim.
– Você vai continuar aqui, não é? Na Terra.
– Sim, meus pais não tem a intenção de voltar para o inferno. Então
podemos ficar juntos.
– Não sei se seria tão simples.
– Pare de colocar empecilhos antes de tentarmos!
Ele sorriu e beijou-a de novo.
– Tudo bem, mas agora precisamos voltar para festa antes que venham nos
procurar e nos encontrem assim.
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expressão da mãe era gentil e não parecia furiosa como ele esperava.
– Desde crianças vocês dois pareciam tão ligados. – Dária passou os dedos
pelo cabelo ruivo do filho. – Fiquei me perguntando se isso aconteceria
quando soube que ela vinha para cá. Estava certa, aconteceu.
– E o que acha? – O olhar de Thomaz era desesperado e carregado de
culpa.
Dária abraçou o filho e afagou o cabelo dele.
– Não vejo problema algum. Aron e eu o amamos, você sempre será o
nosso menino, mas não é parente dela de verdade.
– Não, eu não sou. – Ele respirou aliviado ao retribuir o abraço da mãe.
– Não ande por aí com um olhar de quem cometeu um erro terrível.
Mesmo não tendo o nosso olfato para sentir seu cheiro na filha, Dante
acabará descobrindo. – Dária buscou os olhos dele outra vez. A expressão
descontraída da vampira de aparência jovem deu lugar a um ar sério. – Se
vocês vão mesmo se envolver não devem ficar se escondendo.
– Eu sei.
– Ótimo! Então decidam o que realmente querem e contem a verdade a
todos.
– Vai contar ao meu pai?
– Não. É algo seu, meu menino. Não cabe a mim contar.
Thomaz sorriu e abraçou outra vez sua mãe. Estava aliviado por ter o
apoio dela.
– Vem. – Ela o puxou. – Não podemos voltar para lá de mãos vazias.
Apesar de ser desnecessário dois vampiros para carregar um álbum de
fotografias.
Logo eles voltaram para junto do resto da família sem levantar suspeitas.
Dária era muito apegada ao filho e isso ficou claro a todos durante o decorrer
da reunião de família, no salão lotado de outros sobrenaturais que
compartilhavam da alegria do reencontro dos Donovans.
O álbum de família feito pela vampira foi outro momento de alegria à
parte. Dária tinha lembranças dos três desde a época em Londres e Aron se
surpreendeu com isso.
Entre abraços e carinho; Aron, Natasha, Isabel e todos os outros que se
tornaram parte essencial da vida deles, tiveram uma ótima noite.
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Dante passou a língua pelo vale entre os seios de Natasha, enquanto suas
mãos os apertavam. Em meio a um gemido suave ela arqueou o corpo contra
o dele.
Os gemidos altos vindos de outro quarto o fizeram parar a carícia.
– O que foi isso?
– Deve ser algum dos meus irmãos. – Natasha passou os dedos pelos
cabelos loiros de Dante.
– Mas Isabel está grávida.
– Isso nunca nos impediu. Além disso, Aron e Dária sempre foram um
pouco barulhentos.
– Tudo bem. Deixa para lá. Quero me concentrar nos seus gemidos. –
Dante levou a mão entre as pernas dela e tocou o clitóris com a ponta do
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dedo.
Natasha gemeu ao pé do ouvido dele.
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dois e voltou a rir. – Suspeitei que estivessem tendo alguma coisa quando
sumiram juntos da festa, agora tenho certeza.
– Tio...
– Não precisam me dar explicações, Lygia. Vocês dois já são adultos. Nos
vemos depois. – Aron abriu a porta e deixou o quarto.
Thomaz usou toda a sua agilidade de vampiro para ir até ela e trancá-la.
Lygia não tinha certeza, mas ele pareceu ainda mais pálido do que o comum.
– Precisamos assumir isso, antes que eu tenha um infarto.
– Mas e meu pai? – Lygia se encolheu na cama.
– Terei que lidar com ele mais cedo ou mais tarde. Eu prefiro mais cedo.
cozinha.
– O está bom.
– Pera, você mordeu a Lygia? – O olhar de Dante dessa vez já não era
mais tão gentil.
– Provavelmente. – Aron conteve o riso quando Dária olhou feio para ele.
Thomaz engoliu em seco.
– Não é ruim pai. – Lygia escondeu o rosto no peito de Dante assim que
suas bochechas coraram ao se recordar da sensação.
Ele respirou fundo. Ser poupado dos detalhes tornava mais fácil aceitar
sua filha na cama de quem quer fosse.
Dária voltou à sala e entregou um copo da sangue quente ao filho. Apoiou
a mão no ombro dele antes de se afastar.
– Vá com calma. – ela sussurrou.
– Eu irei, mãe.
– Quando poderemos sair juntos? – Lygia voltou para perto de Thomaz.
– Assim que a noite cair.
Deu um breve selinho nela e assim que o ambiente da sala não ficou tenso,
ele entendeu que estavam oficialmente juntos.
Assim que o sol se pôs atrás dos arranha-céus da capital paulista, o jato
deixou a casa dos Donovans. Lygia, sentada no banco do copiloto, tinha os
olhos brilhando por poder ver tudo do alto mais uma vez.
Isabel estava em uma poltrona e os observava pela porta da cabine deixada
aberta.
Salomon ao lado dela só tinha atenção para a barriga, onde o bebê
chutava.
– Eles são uns fofos juntos. E não levaram centenas de anos para encontrar
um ao outro.
– Nem ficaram negando os próprios sentimentos. – O tritão lembrou do
próprio erro ao beijar a barriga da esposa.
– Espero que nosso filho também tenha sorte.
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Salomon riu.
– Isabel, o garoto mal nasceu. Ele terá outras coisas para se preocupar
antes de amor e sexo.
– Só espero que ele encontre logo, principalmente se for um íncubo e
precisar disso.
– Meu amor, deixe-o nascer primeiro.
Isabel mostrou língua e Salomon a beijou, puxando-a para o seu colo.
– Ainda não! Os meninos estão ali.
– Já não são mais meninos.
– Salomon!
Na cabine, Lygia se virou para Thomaz, observando-o concentrado nos
comandos da pequena aeronave. Colocou a mão sobre a dele e sorriu ao
encarar o céu sem estrelas através do vidro atrás dele.
Ele sorriu de volta e mandou um beijo.
– Você é tão linda. – Ele se perdeu observando os traços que formavam o
rosto da jovem mulher. Os lábios vermelhos, os grandes olhos verdes
emoldurados por cílios grossos e negros, a pele clara e suave.
As bochechas dela coraram levemente.
– Olha, o mar! – Ela se debruçou sobre o painel e o vidro assim que viu a
imensidão azul.
– Cuidado com os botões, Lygia.
– Ah, desculpa. – Ela se encolheu.
Ele sorriu.
Logo Thomaz parou o avião na praia e todos desceram.
Deslumbrada, Lygia apertou a mão dele. Observava as ondas quebrarem
sobre a areia. Ficou se perguntando quantas coisas incríveis ainda conheceria
na terra.
Alguns metros longe deles, Salomon torceu a cara. O mar não era nem de
perto tão belo quanto o que estava acostumado. Entretanto, conteve qualquer
comentário. Em algumas semanas, ele e Isabel voltariam para casa. No
momento ele só precisava de forças para dar forças a ela.
– Vamos? – Ele pegou Isabel no colo.
– Sim. – Ela sorriu para o tritão com um ar malicioso.
Lygia observou os tios entrarem na água e tentou evitar qualquer pergunta
sobre o que fariam ali. Voltou sua atenção para Thomaz e puxou a mão dele.
– Vamos entrar também. – Saiu o arrastando até onde a onda quebrou
sobre seus pés e ela se encolheu. – A água está gelada!
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proteção de sutiã ou qualquer peça nos seios, que tocaram o rosto de Thomaz
e o vampiro não hesitou em abocanhar um dos mamilos rígidos. O gosto da
pele de Lygia já havia o viciado.
Empurrou-a contra a porta da aeronave outra vez e usou as mãos livres
para trocá-la. Percorreu das coxas à cintura e dela aos seios, e depois os
macios cabelos negros. A pele cálida o incendiava.
Parou de chupar um dos seios apenas para dar atenção ao outro, enquanto
com as mãos tratava de enlouquecê-la.
Lygia cravava as unhas afiadas nos braços de Thomaz, enquanto se
contorcia inteira. As mãos que percorriam seu corpo deixavam uma trilha de
gelo pelo caminho que provocava calafrios cada vez mais intensos. A
necessidade por tê-lo crescia mais a cada toque. Não queria ter que implorar,
então usou a mãos para abrir espaço entre seus corpos e forçou-o a parar de
chupar seus seios. Afoita, procurou pelo zíper da calça de Thomaz e
encontrou os olhos dele a encarando com malícia enquanto Lygia puxava a
calça para baixo.
A calcinha foi a última peça que restou e Thomaz a rasgou para não
precisar descê-la.
O leve ardor da peça sendo partida a excitou ainda mais. Lygia não
esperou qualquer investida de Thomaz para esfregar sua umidade nele.
O vampiro arfou ao apoiar uma das mãos na porta e com a outra segurá-la
firme na cintura. Ele ainda vestia uma camiseta cinza, mas nem se preocupou
em retirá-la. Quando Lygia se esfregou de novo nele, mostrando-o o quanto
estava molhada, Thomaz mandou para o inferno toda a vontade de ir devagar
e penetrou-a num movimento rápido de um tranco.
Lygia envolveu o pescoço dele com os braços assim que um grito escapou
por seus lábios aveludados. Ela jogou a cabeça para trás e mordeu os lábios
ao senti-lo começar a se mover. Entrelaçou as pernas ao redor dele com ainda
mais força, obrigando-o a entrar fundo. Suas costas batiam contra a porta de
metal, mas Lygia estava tão perdida nas sensações de prazer que a tomavam
para se dar conta disso.
Os movimentos eram cada vez mais frenéticos e Thomaz nem se
preocupou em ir mais devagar, pois ela o acompanhava tão bem.
Lygia abaixou a cabeça e encontrou os olhos vermelhos dele que se
reviravam. Teve certeza de que a mesma expressão de prazer estava
estampada em seu rosto.
Thomaz tirou a mão da parede e, com as duas, segurou a bunda de Lygia,
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adentrando-a toda até poder tocar a entrada útero. O interior dela estava tão
molhado que era fácil deslizar por ele com maestria.
Quando o orgasmo a invadiu, Lygia o apertou com ainda mais força no
momento em que todos os seus músculos se contraíram. Ela gritou enquanto
se perdia na intensidade dos formigamentos e espasmos. Thomaz se juntou a
ela momentos depois. Ofegante, Lygia apoiou sua testa na dele buscando
retomar o controle do próprio corpo.
– Podemos deitar uma das poltronas e usá-la como cama. – Ele a desceu
para o chão ainda a segurando pela cintura.
– Thomaz... – Ela o puxou pelo rosto forçando-o a encará-la outra vez. –
Eu te amo.
Ele abriu um enorme sorriso e a pegou no colo levando até a poltrona.
– Eu também te amo. – Deitou-se sobre ela é começou a traçar uma linha
de beijos pelo pescoço.
– Seremos como nossos pais, felizes para sempre? – Lygia passou os
dedos pelos cabelos ruivos do vampiro.
– Eu aposto que sim. – Thomaz a beijou, puxando-a para si e começarem a
fazer amor de novo.
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