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NACIONAIS-ACHERON
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Copyright ©2017 by Jéssica Macedo

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Índice livros
Do Sangue ao Desejo – desejos sombrios Livro 1

Do Inferno À Luxuria – desejos sombrios Livro 2

Do Mar Ao Prazer – desejos sombrios Livro 3

Entre Sangue e Luxúria – desejos sombrios Conto Final

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Sumário
Nota da autora
Glossário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capitulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capitulo 29
Capitulo 30
Epílogo
Bônus

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Nota da autora

Esta é uma obra de ficção. Nomes de pessoas e locais que existam ou que
tenham verdadeiramente existido em algum período da história foram usados
para ambientar o enredo. As situações aqui narradas não descrevem nenhum
trecho da verdadeira história da Inglaterra ou da Irlanda. No entanto, alguns
detalhes históricos, principalmente como lugares, sobre história dos costumes
e outros detalhes relevantes, foram pesquisados com o intuito de dar
veracidade à história. A linguagem utilizada é a segunda pessoa do singular
(tu) para diálogos diretos, uma vez que é mais condizente com a época em
que a história se passa. Ainda pode haver algum erro, pequeno ou grande,
mas esse terá sido cometido no afã de criar tempo e espaço.

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Glossário

Para muitos, os termos abaixo descritos são familiares, entretanto no


intuito de que fosse claro para todos, decidi colocar este glossário.

Íncubo é um demônio na forma masculina que se encontra com seres


humanos a fim de ter uma relação sexual com eles. O íncubo drena a energia
da pessoa para se alimentar, e na maioria das vezes mata ou deixa em
condições muito frágeis. A versão feminina desse demônio é chamada de
súcubo.

Vampiro é um ser morto-vivo, de pele fria, que se alimenta de sangue a


fim de manter suas funções. Rápido, forte, é uma criatura de hábitos noturnos
e morre se exposta ao sol.

Eunuco é um homem castrado que tinha a função de empregados


domésticos, responsáveis por guardar e servir as mulheres.

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Prólogo

Apesar de ter repetido a si mesmo que aproximar-se, poderia ser perigoso,


fatal, ainda sim o desejo falou mais alto. O destino costumava ser traiçoeiro, e
ele nunca esperou que um dia conhecesse uma mulher como ela: capaz de
mudar inclusive sua forma de viver.
Ele deveria ser apenas um predador, saciar os seus desejos mais
profundos. Certamente, envolver-se com aquela mulher não estava nas regras
do jogo. Ela não era como as donzelas ingênuas que enganava e atraía para a
morte. Porém, nem mesmo seu ímpeto mais profundo seria capaz de evitar a
atração quase magnética que os unia.
Ela era fria, mas despertava nele um calor inumano. A ideia de entregar-se
ao prazer mais profundo sem matá-la era excitante. Contudo, não era tão fácil
seduzir alguém que também não era humano.

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Capítulo 1

Londres – outono de 1872

A cidade estava toda iluminada, a luz elétrica já havia chegado a boa parte
das casas. As poucas árvores pela cidade estavam secas e já haviam perdido
todas as suas folhas. Com a chegada das fábricas, que inundavam os céus
com fumaça e fuligem, Londres se transformava a cada dia, renovando-se,
dando às pessoas que caminhavam nas ruas um novo fôlego. A era que se
estendia desde o início do século, trazia empregos, prosperidade e os
habitantes sentiam-se felizes e seguros. Tolos, mal sabiam os perigos que os
rondavam, escondidos nas sombras ou em plena luz do dia.
Graças à cultura que tornara as pessoas reservadas, Londres era um belo
lugar para viver quando se tinha segredos a esconder.
Sentado na cadeira de um pequeno café na movimentada e recente estação
de trem Vitória. Aron observava o vai e vem de pessoas chegando e partindo.
O lugar estava repleto de barulho, do falatório das pessoas e dos trens
movidos a vapor. Ele riu, como se toda aquela pressa que tinham de chegar a
algum lugar fosse engraçada. No entanto, surpreendeu-se ao pegar o relógio
de bolso em seu casaco e notar que também estava preocupado com o tempo.
Ela estava atrasada. Mas não deveria se importar, pois tinha pouco menos
do que a eternidade pela frente. Ainda assim, sentiu-se angustiado. Cortejava
a moça há alguns dias e haviam combinado um local público para o encontro.
Porém, arrependeu-se por não ter sido mais enfático e tê-la convencido a irem
a um lugar mais reservado.
Logo uma moça apareceu no horizonte. Ela era pequena e delicada. Aron
riu quando a jovem esbarrou em uma velhinha que carregava malas pesadas.
Como os humanos eram desastrados.
A saia bufante e cheia de camadas dela só atrapalhava ainda mais os seus
movimentos. O vestido que usava era de um tom púrpura vibrante, com uma
sobressaia creme, e o espartilho parecia extremamente apertado. As mangas
do vestido eram longas. Os cabelos loiros dela estavam presos em um coque
no alto da cabeça e seus olhos azuis gentis se sobressaíam na pele
ligeiramente rosada pela vergonha. Logo ela viu Aron e tentou não correr
desesperada em sua direção, só tentou.
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– Olá. – Sorriu ao ficar ainda mais corada quando finalmente chegou


diante dele. – Desculpe, estou atrasada.
– Não tem problema. Tudo bem. – Aron tirou seu chapéu e o colocou
sobre a mesa, antes de levantar-se e puxar uma cadeira para a jovem.
– Obrigada. – Ela sorriu ao encará-lo.
Era quase um pecado ele ser tão bonito, pensou. Era uma mulher de muita
sorte por ter aquele nobre cortejando-a. Observou-o por alguns segundos. Ele
tinha cabelos negros, curtos e os olhos de um tom azul esbranquiçado. Ela já
tinha por volta dos dezoito anos, sentia que já estava ficando velha e não
queria se casar com o homem nojento a quem seu pai a prometera em
casamento. Aquele belo e nobre cavaleiro sentado à sua frente lhe parecia um
pretendente bem mais à sua altura.
Um garçom veio até a mesa onde o casal se sentava e serviu à jovem uma
xícara de chá.
– Tomei a liberdade de pedir algo para que a senhorita bebesse. – Aron
fitou os olhos dela. Pobre garota, era tão inocente.
– Ah, obrigada. – Emily tirou as luvas de renda que lhe cobriam as mãos
delicadas, antes de pegar a xícara. – O senhor é tão atencioso.
– Por favor. – Ele tocou gentilmente a mão livre dela. – Chame-me apenas
de Aron.
A jovem corou com o calor incomum que invadiu seu corpo quando sentiu
a pele dele sobre a sua. Era um tipo de febre que a fazia arder por dentro...
Corada, puxou a mão de volta, tentando recuperar a compostura.
Lembrou-se do que a sua mãe lhe repetira durante toda a vida, uma mulher
deve manter intacta a sua reputação.
Emily desviou o olhar para que não se perdesse encarando-o. Fitou
momentaneamente um garoto que, de mãos dadas com os pais, tomava o trem
rumo a Windsor. Respirou fundo, tentando estabilizar seu peito que subia e
descia sem controle. Deveria estar parecendo uma tola, quase brigou consigo
mesma. Era só um segundo encontro e já estava daquele jeito.
Aron abriu um leve sorriso. Achou de certa forma fofa a maneira como ela
se desesperava.
– Não se preocupe. – Ele pegou a mão dela novamente e a levou até os
lábios, beijando com carinho a superfície macia. – Não precisa ter medo ou
ficar afobada em minha presença.
Emily sorriu ao fechar os olhos sentindo o calor que ele provocara nela
aumentar ainda mais quando os lábios a tocaram.
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– O que acha de irmos a um lugar mais calmo? – Aron a encarou, de


maneira que Emily não conseguiu desviar o olhar.
– Um lugar mais calmo? – Ela engasgou ao pensar nas possíveis
implicações daquilo. – Podemos. – Sorriu. Não queria dizer que não e
assustá-lo, foi o que jurou a si mesma. Contudo, aquilo era apenas uma parte
da verdade. A jovem não sabia dizer como, mas aquele simples toque
arrancara-lhe todo pudor, deixando-a à mercê de seus desejos mais
profundos.
Aron se colocou de pé e estendeu o braço para a moça, que não hesitou em
segurá-lo. Deixou algumas moedas sobre a mesa para pagar pelo café e o chá,
e então guiou-a para longe daquele lugar barulhento.
Emily o observou durante todo o caminho para fora da estação, até
pegarem uma carruagem. Até onde ela sabia, Lorde Donovan, Aron, era um
duque Irlandês com boas posses, o suficiente para que seu pai mudasse de
ideia quanto ao casamento dela com o banqueiro burguês, sem sangue nobre
e que tinha o dobro de sua idade.
Aron sussurrou algo no ouvido do cocheiro, ajudou-a subir na carruagem e
sentou-se diante dela, pois o vestido volumoso ocupava todo o assento.
– Para onde vamos? – Emily o fitou em busca de algo que respondesse sua
pergunta, mas a expressão de Aron era indecifrável. Questionou-se se
realmente gostava de surpresas como pensava.
Aron, sem dizer nada, apenas sorriu, o que foi o bastante para deixar a
garota mais calma.
A carruagem procurou pelos caminhos mais discretos. O cocheiro sabia
bem que lorde Aron não gostava de murmúrios. Deram algumas voltas pelo
trajeto mais vazio até a propriedade dos Donovans, que ficava a alguns
minutos de Londres.
Emily observava o caminho com um misto de curiosidade e aflição. Por
alguns minutos, estavam em uma estrada de terra com alguns pedregulhos
que fazia a carruagem dar pulinhos, e a jovem não conseguia ver nada além
de árvores. Pensou em perguntar a Aron para qual lugar estava a levando, no
entanto não quis parecer insegura. Logo saberia, disse a si mesma. Não havia
por que se preocupar.
Quando a carruagem parou, Emily colocou a cabeça para fora para ver
onde estavam. Viu um enorme portão de ferro se abrir para dar passagem a
eles, e além deste havia um belo jardim com uma enorme casa ao fundo.
Admirou a bela visão por longos minutos até se dar conta de onde estava.
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– Trouxeste-me até a tua casa? – Voltou-se para Aron, encarando-o


profundamente. Não sabia se deveria o recriminar.
– Trouxe.
– Mas o que vão pensar? – Emily estava um pouco angustiada, suas mãos
tremiam levemente, ainda que gostasse de estar ali com ele. – E quanto à
minha reputação?
– Não te preocupes, ninguém nos viu chegar aqui. – Aron pousou sua mão
sobre a dela. O calor invadiu o corpo da jovem e fez com que se esquecesse
de qualquer preocupação.
O lorde sorriu ao colocar uma mecha do cabelo loiro da garota atrás da
orelha. Pobre moça, mal sabe que sua reputação deveria ser a menor de suas
preocupações no momento, pensou ao estender a mão a fim de ajudá-la a
descer da carruagem.
Emily encarou, admirada, o belo jardim da propriedade dos Donovans. Era
início da tarde e os raios de sol batiam na fonte que ficava bem ao centro,
fazendo com que as gotículas de água que se espalhavam brilhassem como
cristais. Aquele lugar era belíssimo. A família de Aron realmente tinha
muitos bens. Seria um bom casamento, seu pai não lhe negaria tal pedido.
Os olhos da donzela brilharam tanto quanto a água quando encarou o lorde.
– Segue-me. – Aron estendeu a mão para ela.
A jovem não pensou duas vezes antes de aceitar a mão estendida e deixar
que ele a guiasse. Estava curiosa, o que mais encontraria naquele lugar?
Ouvia o som dos pássaros que se escondiam nos galhos das árvores baixas e
bem podadas que compunham o jardim e o vento a assobiar por entre as
folhas. Deveriam ter um ótimo jardineiro para cuidar tão bem de tudo aquilo.
Andaram por cerca de dez minutos até se aproximarem de um pequeno
lago que ficava aos fundos da propriedade, numa região onde quem olhasse
de longe não os veria.
Emily se perdeu observando as águas esverdeadas, provavelmente pela
presença das vitórias régias sobre sua superfície...
Aron a despertou de seu devaneio quando a puxou para junto da toalha
que havia estendido no chão.
– Um piquenique! – Ela vibrou ao olhar para o que havia sido preparado. –
É tão cavalheiro, meu lorde.
– Já disse, chame-me apenas de Aron. – Ele tomou a liberdade de acariciá-
la no rosto.
– Claro. – Ela balbuciou quase sem folego.
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Aron permaneceu com uma das mãos sobre o rosto delicado, a pele alva,
macia ao toque, dava-lhe prazer. O calor do toque fez com que os olhos da
jovem se arregalassem, deixando o azul deles ainda mais vívido. Apesar de
saber que não deveria, ansiou para que ele a tocasse mais. Aquele desejo
crescia de uma forma que ela não sabia explicar. Talvez devesse pedir
gentilmente que se afastasse, mas este pensamento não estava em suas
prioridades no momento.
O lorde levou sua boca até a dela, havia esperado demais para prová-la.
Ela tinha um sabor doce, quase infantil, de pura inocência. Não parecia ter
feito aquilo muitas vezes, e quando Aron invadiu a boca delicada com a
língua a surpresa dela só confirmou sua suposição. A ingenuidade atiçou-o
ainda mais.
Emily lutou contra o impulso de ceder às investidas dele, contudo nada em
sua vida havia sido tão inútil. Era tarde demais para pensar nas possíveis
consequências daquilo. Talvez devesse ter refletido antes de aceitar o convite,
agora simplesmente já era impossível dizer não. Não sabia qual magnetismo
ele tinha, apenas que era o suficiente para mantê-la bem ali.
Ele não pensou duas vezes antes de puxá-la para mais perto. Sabia que a
donzela não iria mais a lugar algum. Se ele se sentia mal pelo que estava
prestes a fazer? Bom, um leão não se julgaria errado antes de sair à caça.
Minha família vai me matar, pensou Emily quando sentiu seu corpo ser
deitado ali mesmo, sobre a grama. No entanto, isso nem de longe foi o
bastante para fazê-la mudar de ideia. A possibilidade de passar o resto de
seus dias servindo a um barqueiro asqueroso e velho pareceu uma boa
justificativa que cedesse, ainda que a vida inteira lhe dissessem que não
deveria fazê-lo antes do matrimônio.
– Aron... – tremeu ao sussurrar o nome dele, o que o fez encará-la
surpreso. Emily poderia ser ingênua, mas já haviam lhe dito muitas vezes
como era a primeira vez de uma donzela.
O lorde afastou-se um pouco e olhou-a nos olhos. Entendendo seu temor,
acariciou-a no rosto.
– Farei de tudo para que sinta o mínimo de dor. – Ele voltou a beijá-la de
forma provocativa e o toque inapropriado dele em suas nádegas, ainda que
estivesse vestida, a fez esquecer-se de qualquer preocupação. Sim, aquilo era
bom, melhor do que era capaz de admitir em voz alta.
Aron foi extremamente ágil ao enfiar uma das mãos pelas camadas e
camadas da saia dela e retirar a ceroula que vestia, deslizando-a pelas pernas
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finas e frágeis. Emily corou imediatamente ao sentir as mãos dele deslizarem


por uma parte tão intima de suas coxas.
– Suas pernas são macias. – Aron murmurou, enquanto as acariciava,
deslizando suas mãos compridas e firmes por toda a extensão.
– São fracas, mal me sustentam em pé.
Quando Aron riu, Emily percebeu a besteira que havia dito.
– São deliciosas. – Ele curvou-se para beijar a superfície macia da parte
interna das coxas dela.
Uma sensação nova e estranha tomou conta da moça, uma mistura de
surpresa e prazer. Nunca imaginou ser tocada daquela forma. Algo que a
fazia sentir um ardor entre as pernas que só parecia crescer, insaciável.
Institivamente, levou a mão nos sedosos cabelos negros dele, acariciando-os.
O lorde curvou-se novamente sobre ela e pousou os lábios no pescoço da
jovem, deslizando-os ao longo de sua extensão até o contorno dos seios,
levemente à mostra, deixando beijos que se confundiam com leves chupadas
e mordidinhas. O gosto de pureza dela era tão bom.
Emily ofegou em meio às caricias, quase engasgando com tantas
sensações desconhecidas que invadiam seu corpo de uma única vez. Tinha
tantas coisas para perguntar, mas julgou que aquele não seria o momento
mais apropriado... Logo parou de pensar nelas quando os lábios dele
renderam os seus novamente.
Aron percorreu outra vez o pescoço dela com beijos, indo até a região
quente entre os seios pequenos. Afrouxou um pouco as cordas do espartilho
que a jovem vestia para que tivesse a liberdade de colocar seus seios para fora
e logo envolvê-los com as mãos. Ela inclinou a cabeça para trás em um gesto
de permissão. Os dedos cumpridos e macios, sem a presença de um único
calo, contornaram seus mamilos, acariciando-os e lembrando-a de que ele era
um nobre e não estava acostumado a pegar no pesado assim como ela. Então
os lábios úmidos e quentes tomaram o lugar das mãos e o desejo a consumiu
por completo. Seu corpo vibrava, desejava mais toques, mais beijos...
– Aron... – murmurou o nome dele, tentando se prender ao último
resquício de sanidade. – Não deveríamos fazer isso tão cedo.
– Quer parar? – Ele abocanhou um dos mamilos e chupou com força, a
fazendo arfar. Aquilo não era justo, sabia disso, entretanto pouco se
importava. Todos os pensamentos que a atormentavam foram dispersados à
medida que ele sugava com força o mamilo enrijecido.
Com a boca ainda sobre o pequeno seio, proporcional ao corpo frágil dela,
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Aron tirou seu casaco, colete e começou a desabotoar a camisa branca, logo
deixando à mostra seu abdômen. Adorou como a curiosidade dela fez com
que levasse as mãos pequenas até seu corpo.
Ele era ainda mais bonito despido, Emily suspirou ao refazer o contorno
dos músculos com os dedos. A ânsia crescia ainda mais na região pulsante
entre as pernas dela. Somente um anjo como aquele para levá-la a um pecado
tão grave.
Aron foi incrivelmente rápido ao despi-la de todas aquelas camadas de
tecido. Foi apenas quando ele deslizou a mão sobre o seu ventre que Emily
percebeu que estava completamente nua, deitada na grama próxima ao lago,
coberta apenas pelos pequenos raios de sol que ultrapassavam as nuvens do
céu londrino.
– Não! – Aron a impediu de se cobrir com os braços. – Seu corpo é lindo,
não precisa escondê-lo.
De fato, ela era belíssima, com uma pele alva que ficava levemente
vermelha onde ele tocava; seios rígidos, pequenos, mas não menos deliciosos.
Uma singela camada de cachos loiros, que ele desejava logo poder explorar,
escondiam sua intimidade entre as pernas.
Rapidamente, ele se desfez de sua calça, o que a fez arregalar os olhos.
Pelas figuras nos livros na biblioteca de seu pai, que lia escondida, não
julgava que o membro masculino pudesse ter aquele tamanho. A ideia de tê-
lo introduzido dentro de seu corpo assuntou-a. No entanto, o temor
desapareceu quando ele acomodou seu corpo quente sobre o seu, encaixando-
se entre as pernas involuntariamente distanciadas. Ele apoiou-se sobre os
cotovelos, distanciando o corpo, contudo isso pouco contribuiu para apagar o
calor crescente que corria dentro das veias de Emily.
Fechou os olhos ao sentir os lábios dele pousarem em seu pescoço; as
mãos que exploravam suas partes mais íntimas sem compostura alguma.
Talvez devesse se envergonhar, mas em seus sonhos era exatamente assim
que desejava ser tocada, com mãos firmes que deixavam a região por onde
passavam ardendo. Embora tivesse se contido o máximo que pode, tentando
se manter intacta, aquele homem exigia mais do que as forças que tinha à
disposição. Aquele desejo já havia vencido.
Sentiu o pênis rígido dele roçar entre suas pernas, deixando o lugar que já
ardia ainda mais cheio de desejos. Remexia-se debaixo dele, quase
implorando para que ele fizesse logo. Não sabia o que era aquilo que o lorde
havia provocado nela, só que precisava ser saciado não importasse as
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consequências.
Aron não esperou mais para penetrá-la. A dor aguda quando ele rompeu
de uma vez o escudo que protegia sua virgindade a fez arquejar e agarrá-lo. O
gritinho que soltou foi capturado por um beijo, onde ele adentrou com a
língua a boca dela com a mesma ferocidade. Esperou que a moça se
acostumasse com a presença dele antes de começar a se mover para dentro e
para fora. Não esperou que a dor voltasse a atormentá-la para colocar sua
mão entre os corpos e estimulá-la com os dedos, o que a fez soltar gemidos
de prazer. Emily tremia e se contorcia em meio aos impulsos que tomavam
conta do seu corpo, em meio ao verdadeiro prazer, mal conseguia raciocinar.
O grito alto que ela soltou fez Aron abrir um leve sorriso em meio ao beijo.
Aquilo era muito mais que a imaginação fértil de Emily fora capaz de
criar. O ato aterrorizante vivido pelas mulheres mais velhas que conhecia
estava sendo o melhor momento de sua vida. Os dedos de Aron se moviam
com agilidade, fazendo com que a jovem se contorcesse debaixo dele,
agarrando com força o chão ao ponto de arrancar parte da grama. O modo
como a estimulava havia feito a penetração deixar de ser um incômodo ao
ponto de fazê-la pensar que já não conseguiria mais viver sem ele a
preenchendo.
Emily largou a grama e passou as mãos pelas costas dele, agora sem receio
algum de tocá-lo como lhe dava vontade. Uma investida mais forte do
membro pulsante dele para dentro do seu corpo a fez soltar um gemido mais
alto e cravar as unhas nos ombros largos.
O estímulo logo a levou ao ápice, fazendo seu corpo ser tomado por uma
explosão elétrica que deixou-a formigando. Com o peito subindo e descendo
rápido, ela permitiu que seu corpo trêmulo pousasse sobre o chão.
Ainda inebriada pelo orgasmo que Aron lhe proporcionara, Emily mal
sentiu as investidas dele aumentarem o ritmo. Com ambas as mãos apoiadas
no chão, ele já não se preocupava mais em ser delicado, agora era a vez de ter
seu próprio prazer, saciar seus desejos vorazes.
Logo Emily sentiu um líquido quente tomar conta do seu ventre e corou ao
perceber o que aquilo significava. Aron colocou as duas mãos ao redor do
rosto dela e a puxou para mais um beijo. Ela amou aquele carinho a mais e
correspondeu sem o menor pudor. Subiu e desceu com as mãos delicadas
pelas costas largas do homem que havia lhe roubado a inocência, mas ao
invés de preocupar-se com aquilo, apenas quis aproveitar o momento que não
sabia se iria se repetir.
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Começou a sentir-se cansada, talvez aquilo ainda fosse efeito colateral do


momento de prazer que desfrutara. Contudo, ao invés desse cansaço se
dissipar, ele crescia à medida que Aron a beijava. Sentia sua energia se
esvaindo em meio àquele beijo. Quis gritar, mas não conseguiu, já não lhe
restavam mais forças.
Aron sentiu a aura azul adentrar por completo em sua boca, enquanto
ouvia os últimos suspiros de vida da jovem.
Com o braço apoiado na grama, ele observou o corpo imóvel que jazia ao
seu lado. Toda vez que ele se alimentava elas morriam, já estava acostumado
com isso, embora lá no fundo sentisse uma pontada de dor no peito. Pobre
jovem, além de ter roubado sua inocência havia lhe roubado a vida, pensou o
lorde ao acariciar o rosto mumificado, não mais tão macio como costumava
ser.
Ficou por mais alguns minutos a admirando, guardando em sua mente a
imagem daquela que por um breve momento havia sido sua amante. Então,
levantou-se, sentindo-se saciado e cheio de energia. Vestiu suas roupas e
tomou o corpo dela nos braços, assim como as peças que a jovem vestia.
Caminhou até um carvalho que ficava numa região ainda mais distante da
propriedade, onde com uma pá fez uma cova para depositar o pequeno corpo.
Jogou terra por cima até que a imagem dela desaparecesse por completo.

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Capítulo 2

Um homem andava calmamente em uma ruela da periferia de Londres. O


caminho estava bem iluminado, as lâmpadas já eram presentes nos belos
postes desde o início do século, e se modernizavam cada vez mais com as
novas invenções. Assobiando uma música instrumental que não saia de seus
pensamentos, ele rodava nos dedos um relógio antigo de pouco valor que
havia herdado de seu pai.
Embora não houvesse ninguém, tinha a terrível sensação de estar sendo
seguido. A cada passo olhava para trás, ainda que fosse inútil. Pegou o
chapéu velho que usava, colocou-o contra o peito e apertou o passo: queria
chegar logo em casa e dar um fim àquela estranha sensação.
As folhas caídas das árvores se moviam na rua com o vento que
sussurrava ao passar pelas construções. As janelas fechadas eram um sinal de
que a noite já havia chegado e as pessoas se recolhido ao conforto de suas
camas. Cada barulho, por menor que fosse, o deixava em alerta. Estava tão
focado em olhar para trás que só percebeu o obstáculo à sua frente quando se
chocou com ele. O impacto contra o poste deixaria um galo feio em sua testa.
Oh, Deus! Precisava sair dali logo.
Seu sangue gelou quando ouviu som de passos, engoliu em seco. No fim
das contas seus sentidos não estavam tão errados como parecia. Uma gota de
suor frio escorreu pelo seu rosto, pálido pelo susto, quando viu alguém se
aproximar, usando uma capa preta. Não dava saber quem era, mas pelo
volume do corpo decerto não era mulher. Olhou ao redor e viu um banco
velho e os postes, não havia para quem gritar. Só tinha aquele relógio do pai e
nenhum dinheiro, pensou em deixá-lo para trás e sair correndo, talvez isso
despistasse o possível ladrão.
Encarou seu perseguidor novamente, mas ele não estava mais lá. Como
diabos alguém poderia se mover tão rápido? Mal teve tempo de se virar para
trás antes de ser atingido com um golpe forte que o fez cair ao chão,
desacordado.

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O homem foi jogado de joelhos no chão e o forte impacto fez com que
acordasse. Ainda zonzo pelo golpe, mal conseguia se manter ereto. Onde
estava? Não possuía dinheiro para ser dado em seu resgate. Será que seu
raptor ainda não percebera isso?, pensou em meio ao puro desespero.
Abriu os olhos de repente e sua agonia aumentou quando se deu conta do
saco de algodão preto que lhe cobria a cabeça. Quis arrancá-lo logo, contudo
com os braços amarrados era impossível fazê-lo.
Sentiu um alívio tremendo quando alguém tirou o saco. O ar encheu seus
pulmões como se tivesse ficado horas sem respirar, ainda que o tecido não o
sufocasse. Quando suas pupilas se retraíram o suficiente para que pudesse
enxergar, ele observou o lugar onde estava. Embora sua mente cogitasse os
lugares mais imundos de Londres, certamente não era onde estava no
momento. Nunca teria imaginado que a coisa macia sob os seus joelhos fosse
um tapete oriental.
Pesadas cortinas vermelhas cobriam as janelas. A luz produzida por velas
em belos castiçais de prata tremulava, dando ao ambiente um ar sombrio e
causando sombras marcadas nos poucos móveis que compunham a decoração
do lugar.
Um sapato sendo colocado contra o seu rosto forçou o homem a olhar para
frente e encarar a bela mulher sentada em uma cadeira de veludo, bem
adornada ao ponto de se assemelhar ao trono da rainha Vitória. Ao lado dela
havia duas outras mulheres usando vestidos provocantes nada dignos de
donzelas. Mas o que lhe chamou mesmo a atenção foi aquela que abaixava e
virava o seu rosto com o sapato preto e pontiagudo. Ela era jovem, jovem até
demais para alguém sentada naquela posição de comando. Com uma beleza
capaz de fazer homens cometerem loucuras, tinha longos cabelos ruivos que
caiam ao redor do seu rosto pálido em formato de coração, sobrancelhas finas
e delicadas em um tom castanho claro e cílios negros enormes que só
destacavam mais seus olhos...
O homem engoliu em seco, olhos vermelhos. As mãos dele começaram a
suar frio e sentiu cada parte de seu ser tremer com uma sensação de medo
terrível, ainda maior do que a vez em que fora seguido e trazido para cá. Algo

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na presença dela fazia seu sangue gelar: ainda que parecesse apenas uma
mulher frágil, não se portava como uma.
Ela ergueu seu queixo com a ponta do pé e o fez encará-la. Olhar
diretamente para aqueles olhos, ainda que por um breve segundo, o fez
esquecer-se de qualquer medo que o afligia.
– Olá, qual o seu nome? – Ela sorriu ao curvar seu corpo na direção dele.
Aquela voz era a música mais bela que havia ouvido.
– Tho-Thomas, Piter Thomas. – O pobre mal conseguia falar ou mesmo
desviar o olhar.
Ela o fitava profundamente, como uma serpente se preparando para o bote,
e Piter, hipnotizado por seus olhos, não conseguia mover um único músculo,
respirando com dificuldade. A presença dela conseguia ser extasiante e
sufocante.
Sem mexer a cabeça tentou olhar ao redor. Uma porta de madeira
trancada, uma mesa ao canto com alguns castiçais sobre ela, as janelas
obstruídas; duas mulheres e um homem, provavelmente seu raptor, que não
pareciam dispostos a ajudá-lo. Não havia para onde ir, mas a cada vez que
encarava aqueles olhos menos tinha vontade de partir.
– Bom, acho que fez uma boa escolha, Elzor. – Disse ao homem, ainda
encapuzado, parado atrás de Piter.
– Tudo para servi-la, Dária. – A voz do homem era grave e ecoava como
um tambor enchendo todo o ambiente, e serviu para lembrar Piter o quão
assustador tudo aquilo era.
Viu Dária se levantar com a enorme saia negra do vestido e vir na direção
dele, em uma velocidade tão inacreditável que mal teve tempo de gritar antes
de sentir presas pontiagudas lhe rasgarem a pele fina do pescoço e sentir seu
sangue se esvair por onde ela sugava.
Instantes depois já não queria mais gritar, ou mesmo fugir. Sentia seu
sangue começar a ferver e mal notou sua ereção involuntária. Queria agarrar
aquela mulher e despi-la ali mesmo, contudo as amarras em seu braço o
impediram de fazer qualquer movimento.
Embora estivesse louco de desejo pela desconhecida, sua virilidade não
durou muito tempo, pois à medida que seu sangue era sugado sua visão
ficava mais escura e sua força se esvaía... Até que Dária largou o corpo, que
tombou caindo de lado no chão.
– Livre-se disso, Elzor. – Apontou para morto, como se este não passasse
de nada, e sentou-se novamente em seu trono, limpando o filete de sangue
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que escorreu de seus lábios carnudos.

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Capítulo 3

Aron ergueu os olhos do livro que lia e encarou a mulher que entrou
rodopiando na biblioteca. As pequenas pedras no vestido dela cintilavam sob
a luz do sol que entrava pela janela, criando um jogo de pequenos raios que
se espalhavam por todo o ambiente, iluminando os cantos mais escuros das
enormes estantes. Aron sorriu ao perceber o quão vívida Isabel conseguia ser,
ainda que sua família só conseguisse levar morte por onde quer que passasse.
Fechou o livro e o colocou sobre uma mesa de canto, ao lado da poltrona
onde estava sentado, aguardando pelo abraço quando sua irmã correu em sua
direção.
– Aron! – Ela envolveu o pescoço do homem com seus braços finos e
delicados. – Feliz aniversário!
Ele sorriu ao corresponder o abraço e sentou-a em seu colo. Mesmo que
Isabel já fosse uma mulher com belas curvas, longos cabelos loiros e olhos de
um azul esbranquiçado, Aron ainda a via como sua irmãzinha, aquela que
sempre trouxe alegria, não importava onde estivessem.
– Obrigado. – Sorriu ao abraçá-la mais apertado.
Admirou por longos segundos o sorriso que ela lhe deu em resposta.
Ainda se impressionava com a capacidade dela de sorrir. Isabel encontrava
felicidade nas coisas mais simples e isso o encantava.
– Trouxe um presente para ti. – Ela estendeu uma pequena caixa de veludo
com uma fita vermelha amarrando.
A encarou com um ar de não precisava. Entretanto, expressão dela
continuou a mesma.
– Em quase um século eu nunca esqueci. – Lembrou-lhe empurrando a
caixinha, insistindo para que ele a abrisse logo. – Vamos! Quero saber se
gostou.
Aron riu.
– Sempre gosto.
– Então abre logo.
A ansiedade da irmã era tão grande que ele não pode esperar mais para
abrir o presente. Dentro da pequena caixa havia um belo anel masculino, uma
joia digna de um nobre com muitas posses.
– Um lindo presente, Isa. – a voz chamou a atenção dos dois e fez com que
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se virassem em busca da dona.


Uma mulher estava parada junto à porta da biblioteca e observa os dois
como se já estivesse ali há mais tempo, apenas esperando o momento mais
oportuno para dizer algo. Ela usava um vestido vermelho, com uma
sobressaia preta, chamativo demais para uma dama. Tinha os cabelos negros
presos em um coque feito de tranças no alto da cabeça. Seus olhos eram de
um azul esbranquiçado assim como dos outros dois, e usava um conjunto de
colar e brincos de rubis.
– Natasha! – Isabel ergueu os olhos a encarando. – Não sabia que estavas
em casa.
– Acabei de chegar.
– Onde estavas? – A voz de Aron se tornou mais dura. Ergueu Isabel com
cuidado antes que pudesse se colocar de pé.
Natasha arqueou as sobrancelhas e o encarou com ar de quase deboche,
como se aquela pergunta fosse ridícula.
– Alimentando-me. – Ergueu a mão para impedir que Aron dissesse
qualquer coisa. – Sim, eu fui cuidadosa.
Isabel deu alguns passos, ficando entre os dois, e cruzou os braços com
uma expressão séria no rosto.
– Hoje não é dia para ficarem se alfinetando.
– Não vamos. – Natasha sorriu ao caminhar na direção do irmão e abraçá-
lo.
– Ás vezes nem parece que és a mais nova. – Aron fez um cafuné em
Isabel.
Os três se abraçaram por um longo momento.
– Sabem do jardineiro? – Perguntou Isabel ao se afastar dos irmãos.
– Dissestes que não era para brigarmos hoje. – Natasha comentou com um
risinho.
– Como vamos manter essa casa se ficam matando os empregados? –
Isabel cruzou os braços e fechou a cara.
Aron apenas riu de tudo. Desde que fossem cuidadosos pouco importava
de quem eles se alimentavam.
– Bom, eu não trouxe um presente como a Isabel, no entanto, tenho uma
surpresa. – Natasha mudou de assunto, chamando a atenção dos outros dois. –
Arrume-te, à noite o levarei a um lugar.
– Está bem. – Aron encarou a irmã, curioso. Natasha não era de fazer
surpresas, na verdade ela era menos discreta do que ele gostaria. O que ela
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estaria aprontando a final? Coçou a barba que já lhe cobria o rosto.


Perguntou-se se ver o que iria acontecer não seria perigoso demais,
conhecendo a irmã tão bem. Entretanto, não custava dar a ela um voto de
confiança.
– Vejo-lhe mais tarde. – Natasha deu um beijo na bochecha do irmão e
deixou a biblioteca.
Isabel o encarou por alguns momentos. Ela tinha as sobrancelhas
arqueadas, os olhos arregalados e a boca semiaberta, surpresa pela atitude da
irmã.
– Não será nada demais. – A promessa de Aron foi mais para ele mesmo.

A lua, que já estava imponente no céu, entrava pelas grandes janelas e


refletia-se no espelho no qual Aron se observava. Ele estendeu a mão e pegou
uma abotoadura que estava sobre a cômoda ao lado, onde ficavam suas joias
e alguns lenços.
O quarto do duque era espaçoso e com grandes janelas. Uma cama grande
ficava junto a uma das paredes, coberta com uma colcha azul e com
almofadas douradas. Essa tinha um belo dossel com o mesmo tecido azul da
colcha e franjas douradas. Ao lado da cama ficavam dois criados-mudos com
um abajur em cada, e num deles havia uma foto dos três irmãos. À frente dela
havia um tapete de pele de urso e uma mesa redonda com duas cadeiras,
espaço para Aron tomar seu café da manhã. Na outra extremidade do quarto,
onde o homem encontrava-se de pé, ficava o grande espelho, a cômoda e uma
porta que dava para um closet.
Aron ajeitou o colarinho da camisa, vestiu o colete, o casaco; colocou o
chapéu e olhou para o seu reflexo mais uma vez. Era bonito, precisava ser,
contudo era mais vaidoso do que o necessário. Colocou o anel dado por
Isabel, então deixou o quarto à procura de Natasha.
– Aron! – Assim que ele colocou o pé para fora do quarto, Natasha veio
em sua direção.
Ele a encarou sob a luz amarelada do lustre do corredor. Uma armadilha
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perfeita, pensou ao abrir um leve sorriso. Natasha era o uma mulher que
possuía as armas certas para levar qualquer homem a cometer os piores
pecados, e sabia bem como usá-las.
– Vamos? – Ele estendeu o braço para ela.
Natasha sorriu e entrelaçou seu braço no do irmão. Juntos, caminharam até
o jardim do casarão, onde o cocheiro aguardava por eles junto à carruagem.
Assim que seus senhores estavam devidamente acomodados, ele rumou de
volta à estrada.
Apesar do destino incomum, o cocheiro não fez pergunta alguma. Os
Donovans eram uma família estranha, pensou enquanto mexia nas rédeas dos
cavalos. Corriam boatos entre os empregados que eles eram possuídos por
demônios, pessoas entravam naquela propriedade e nunca mais eram vistas.
Contudo, tratavam bem seus empregados e eram generosos em seus
pagamentos, desde que aqueles que os servissem fossem discretos, e que nada
visto entre aquelas paredes fosse comentado fora delas. Sua família vivia bem
desde que começara a trabalhar ali, portanto para o cocheiro era tudo que
importava. Se as duas moças eram solteiras apesar da idade e tinham
comportamento leviano, não era da sua conta. Então lá estava ele levando os
irmãos para um bairro de má reputação, pois tudo que tinha a fazer era
cumprir ordens.
– A fumaça das fábricas está acabando com as estrelas. – Comentou
Natasha ao olhar para o céu pela janela da carruagem. – É uma pena, eu
adorava observá-las.
Aron nada disse quanto à observação da irmã. No fundo estava
preocupado, deveria tê-la perguntado para onde iriam.
Quando a carruagem parou, o lorde instintivamente colocou a cabeça para
fora da janela para ver onde estavam. Não havia uma alma viva andando na
rua e a luz dos postes era mais fraca do que deveria ser, talvez estivessem com
defeito. Havia uma porta discreta e nenhuma janela. Certamente um lugar
repleto de segredos.
O cocheiro ajudou Natasha a descer e Aron pulou da carruagem logo atrás
dela. Sentiu-se um garoto por estar tão ansioso, algo que não costumava ser
de seu feitio.
Sua irmã tinha os lábios levemente curvados em um sorriso e olhos que
transmitiam uma segurança que o deixava temeroso. Natasha tinha o costume
de não ser nem um pouco cuidadosa com o que fazia, o que levara a Aron se
sentir inseguro quando era ela quem tinha o controle da situação.
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Com passos calmos, logo ele chegou à pequena porta. Seguiu Natasha
através de um corredor escuro, iluminado por pequenas velas de luz
amarelada que serviam apenas para que as pessoas não tropeçassem nos
próprios pés.
À medida que se aproximava, ouviu uma música e algumas vozes, na
maioria risos e pequenos gemidos femininos. Naquele momento entendeu
aonde estava. Ainda que o prazer o mantivesse vivo, não frequentava lugares
como aquele com frequência. Tinha preferência por garotas mais ingênuas.
Entretanto ficou feliz por estar ali. Natasha podia ser irresponsável, importar-
se menos com os riscos, no entanto, divertia-se mais do que ele.
Quando chegaram ao enorme salão, os olhos de Aron se perderam
observando o local. Uma luz avermelhada e com pouca força iluminava como
podia. Havia pequenas mesas circulares com algumas cadeiras ao redor, e
namoradeiras mais espaçosas encostadas nos cantos das paredes. O bordel
estava lotado, tanto de clientes, homens nobres ou burgueses ricos, quanto de
moças que estavam apenas com uma saia fina usada como roupa íntima por
donzelas mais distintas. Algumas usavam um espartilho e outras tinham os
seios à mostra.
Um barulho chamou a atenção do lorde e o fez olhar para uma das
namoradeiras a poucos metros de onde estava. Um homem gordo, com cabelo
e barba branca, rosto enrugado, que deveria ter por volta dos 40 anos estava
debruçado sobre uma das moças. Entre as pernas dela, o velho não tinha o
menor pudor ou hesitação antes de penetrá-la. As sobrancelhas baixas e o
olhar distante no rosto da moça deixavam claro que ela só estava esperando
que ele terminasse.
– Aron. – Natasha chamou por ele atraindo de volta sua atenção.
Quando desviou o olhar em busca da irmã, Aron viu de relance a imagem
de uma mulher que observava tudo de pé em uma sacada no alto do salão.
Ainda que por uma fração de segundo, ele a admirou como se fosse por
horas. Debruçada sobre os balaústres que serviam de proteção, a bela ruiva
observava o que se passava embaixo. Possuía uma pele branca, quase
translúcida, mãos delicadas e um rosto angelical. Os longos cabelos ruivos
pareciam sedosos e Aron se encheu de desejo de tocá-los.
– Venha logo. – Natasha o puxou.
Ainda num misto de vislumbre e curiosidade pela mulher misteriosa, Aron
mal notou ser arrastado para longe, só se deu conta quando ela saiu de seu
campo de visão.
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– Quem é ela? – Foi impossível conter a pergunta.


– Ela quem? – Natasha procurou por alguém na direção dos olhos do
irmão, mas já não havia mais ninguém lá. Então puxou-o na direção de um
dos quartos em um dos corredores laterais ao salão.
Ela levou o irmão até a porta do quarto combinado.
– Divirta-se, querido. – Abriu a porta para que Aron entrasse, deu um
beijo no rosto dele e saiu, deixando-o sozinho.

As moças aguardavam sentadas na cama macia e espaçosa. Uma olhava


para a outra e, embora não verbalizassem nada, a troca de olhares já dizia
muito. Mordiam os lábios e torciam os dedos, estavam nervosas e não
esperavam algo bom daquilo. Estarem no melhor quarto da casa e sob total
sigilo era sinal de que o cliente da noite era um homem poderoso,
provavelmente um velho porco casado. Isso as enojava.
Alexia relaxou os ombros e olhou para o belo abajur ao lado da cama. Já
deveria ter se acostumado com aquela vida, pensou mordendo os lábios.
Costumava ser apenas uma camponesa pobre do interior da Inglaterra,
contudo a vida fez com que se mudasse para Londres em busca de um
emprego honesto. Embora tivesse procurado em todos os cantos por algum,
para não passar fome acabou tendo que se vender.
Para Chloe, ainda que a vida como prostituta fosse uma escolha para fugir
da casa dos pais controladores, vivê-la não era mais fácil. Principalmente em
dias como aqueles. Seu estômago estava embrulhado, como odiava os velhos
asquerosos que traíam suas esposas.
Quando a porta foi aberta, a atenção das duas se voltou imediatamente
para ela. Um homem entrou e trancou-a atrás de si. Ambas as moças ficaram
boquiabertas ao perceberem que suas conjecturas a respeito do amante
daquela noite estavam erradas. Sentiram uma sensação que se comparava a
um chute forte no peito, que as deixou sem ar. Ele estava mais para o príncipe
de seus sonhos esperançosos do que para os ogros com os quais estavam
acostumadas a se deitar.
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Viram-no colocar o chapéu sobre uma pequena mesa ao lado da porta e


percorreram com os olhos cada centímetro do corpo daquele homem.
Abriram a boca várias vezes, mas estavam chocadas para dizer qualquer
coisa. Ele tinha pele clara, olhos azuis levemente esbranquiçados, cabelo
negro e curto, barba para fazer. Os lábios eram carnudos e desejaram poder
beijá-los.
Isso era um sonho, Alexia suspirou. Somente sua mente fantasiosa lhe
proporcionaria tal visão.
Chloe se levantou e puxou a colega junto.
– Vamos ajudá-lo a se despir. – Não escondia o sorriso em sem seus
lábios. Ainda que por apenas uma noite, desejou o homem diante de si.
Aron observou as duas moças que estavam no quarto levantarem-se e irem
em sua direção. Deveria ter esperado algo assim de sua irmã do meio. Mas
pensaria em Natasha depois.
Abriu um leve sorriso ao encarar o presente. Natasha tinha um bom gosto,
admitiu.
Com o canto do olho, Chloe se certificou de que a porta estava realmente
fechada, então se aproximou o suficiente do homem para poder tocar seu
ombro. Suas mãos tremiam e as sentia molhadas com um suor frio. Abriu um
sorriso, tentando em vão disfarçar o quanto se sentia nervosa e insegura. Seu
corpo tendia para trás, encolhendo involuntariamente, envergonhado. Já
havia feito aquilo dezenas de vezes não precisava ficar assim, disse a si
mesma, ainda que parecesse inútil.
– Não tenhas medo de mim. – Aron tocou a mão dela com a sua ao notar o
quanto a garota tremia.
Chloe sentiu um calor subir da região onde ele tocou até todas as partes do
seu corpo. Suas pernas ficaram ainda mais bambas, no entanto, no momento
em que achou que iria ao chão os braços firmes dele seguram-na pela cintura.
– Não te deixarei cair.
Ela quase teria rido daquilo se Aron não tivesse sussurrado tão perto da
sua orelha, ao ponto de fazê-la se arrepiar toda.
Com a jovem em seus braços, o lorde não conteve os olhos, deixando-os
passear livremente pelo corpo dela. Chloe vestia uma camisola
semitransparente que o permitia vislumbrá-la quase por completo. Ela
possuía cabelos castanhos, encaracoladas e cheios; um corpo com curvas bem
ressaltadas, quadris largos e seios fartos. Aron mal via a hora de poder tocá-la
melhor, com a língua de preferência.
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Chloe tentava se controlar. O perfume e a beleza daquele homem estavam


embriagando-a. Olhou para a Alexia, ainda sentada na cama, tímida, como
um motivo para motivá-la, mesmo que não passasse de uma desculpa para
desviar o olhar e manter seu autocontrole.
Alexia olhou para os dois, ainda envergonhada. Sua respiração estava
descompassada. Jamais havia feito aquilo antes, com outra garota.
Geralmente só se deitava e esperava que o homem terminasse.
– Vem. – Chloe tentou encorajá-la.
Aron olhou para a segunda garota quando esta caminhou em sua direção.
Mesmo com curvas menos acentuadas, era igualmente bonita. Ela possuía
longos cabelos negros, enormes olhos verdes que o fitavam em um misto de
deslumbre e medo, e lábios carnudos que o duque mal via a hora de beijar.
Quando essa chegou perto o bastante, Aron a envolveu com o braço livre.
Então Chloe começou a deslizar levemente o casaco dele, até tirá-lo por
completo e o jogar em uma mesa no canto do quarto que ele estava ocupado
demais para notar antes.
Alexia sentiu a mão do lorde subir por suas costas até a nunca, onde
segurou com firmeza os cabelos dela, e quando se deu conta ele estava
puxando seu rosto para mais perto, o suficiente para que os lábios dela
roçassem nos dele. Se não estivesse sentindo um enorme calor tomar conta do
seu corpo ela não acreditaria no que ele estava fazendo. Nobres não
costumavam beijar prostitutas. Desde que sua virgindade fora leiloada o
sonho de ser beijada por um belo homem havia sido tirado dela naquela
mesma noite.
Aron percebeu o choque da garota e afastou-se um pouco, apenas para
poder olhá-la nos olhos.
– Nunca fostes beijada?
– Não, senhor. – Alexia curvou o rosto, num intuito de esconder as maçãs
do rosto que ficaram avermelhadas.
– É uma pena, os outros homens não sabem o que perderam. – Aron tirou
o braço que mantinha Chloe junto ao seu corpo e levou as duas mãos até o
rosto de Alexia. Segurando firme, fez com que ela voltasse a encará-lo. Então
puxou o rosto dela para que seus lábios voltassem a se tocar.
Alexia sentiu uma onda de energia, que se equiparou ao choque que havia
tomado certa vez, quando a língua dele invadiu sua boca. Ainda trêmula em
meio à sensação intensa, se permitiu levar as mãos até o cabelo sedoso dele.
Teve medo que o lorde a recriminasse pelo toque, no entanto, ao invés disso,
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ele desceu uma das mãos até a sua cintura e a puxou para mais perto,
espremendo o corpo da moça contra o dele.
Chloe assistia a forma calorosa como o homem beijava Alexia, sentindo
uma pontada de inveja. Ele era tão lindo. Desejou poder prová-lo também.
Não era de se esperar que alguém como ele fosse a um bordel. Com aquele
charme e pelo luxo das roupas e joias que usava, Chloe era capaz de apostar
que ele poderia ter a mulher que desejasse.
– Não iam começar a me despir? – Aron afastou-se de Alexia o suficiente
para poder olhar bem as duas.
Chloe que estava levemente emburrada abriu um largo sorriso, e logo
aproximou-se dele para desabotoar o colete.
Alexia apoiou-se na mesa ao lado da porta, ainda zonza pelo beijo. Aquilo
havia sido incrível. Olhou para o lorde sorrindo, e pela primeira vez desejou
fazer aquilo que fazia todas as noites.
Que perfume, Chloe suspirou ao sentir o cheiro que emanava da pele dele.
Queria poder ver mais, senti-lo melhor. Sua ânsia era tanta que os botões do
colete pareciam se multiplicar.
Quando Alexia finalmente sentiu suas pernas firmes, voltou-se para Aron
e ajudou Chloe a tirar a camisa dele, a jogando sobre a cama. Sua
curiosidade, somada com o sorriso inspirador dele, a fez levar as mãos até o
peito do homem, contornando os músculos bem definidos com os dedos
pequenos e delicados.
Com a bela visão do lorde sem camisa, Chloe se ajoelhou a fim de livrá-lo
do restante das roupas. Deslizou as mãos, trêmulas pelo misto nervosismo e
desejo, até o fecho da calça e foi inevitável não perceber o volume que o
pênis rígido fazia no tecido. Logo livrou-se da calça, precisava tocá-lo.
Pela primeira vez a visão do órgão masculino a encheu de desejos e
pensamentos. Sem hesitar, envolveu-o com as mãos e levou até a boca,
experimentando o sabor dele.
Aron gemeu com o toque inesperado, e acariciou o cabelo dela. Nenhuma
mulher com a qual tinha estado havia feito algo sequer parecido com aquilo.
Era muito bom a experiência delas ter lhes ensinado uma coisa ou outra.
Chloe sempre tinha nojo quando os outros clientes a pediam para fazer
aquilo. Contudo, daquela vez sua boca salivava com o desejo que tomava
conta do seu corpo. Chupar o membro rígido dele fazia seu sangue ferver.
Aron mordeu o lábio inferior, contendo o gemido quando os lábios dela o
apertaram com força. Acariciou o cabelo da moça, incentivando-a a
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continuar.
Alexia viu os olhos de Aron se revirarem. Parecia delicioso. Acariciou o
rosto dele com as mãos, a pele era suave. Contornou os lábios macios dele
com a posta dos dedos. Queria mais, aquele beijo havia sido tão bom. No
entanto, não sabia se podia, estava ali para servi-lo e teve medo de que ele a
recriminasse. Não sabia o que estava acontecendo consigo mesma, era como
se o beijo que ele havia lhe dado fosse uma fagulha que despertasse um fogo
que nunca havia sentido.
Aron percebeu a insegurança em Alexia, o receio de tocá-lo. Ainda
delirando de prazer com Chloe chupando seu membro, ele envolveu Alexia
com os braços, trouxe-a para perto de novo e a beijou mais uma vez. Ela teria
soltado um gritinho de comemoração se a língua dele não obstruísse sua
boca.
Completamente entregue ao beijo, sentiu as mãos do lorde percorrem seu
corpo, logo tirando a camisola fina que vestia. O toque dele deixava
formigamentos e pequenos choques na pele de Alexia, por onde seus dedos
passaram. A onda de sensações que o beijo e os toques lhe proporcionava
deixou suas pernas bambas outra vez, e se não fosse por Aron a estar
segurando firme, elas não bastariam para mantê-la de pé.
Com uma das mãos, Aron ergueu o rosto de Chloe, fazendo com que o
encarasse. Estava maravilhoso, mas se não quisesse acabar com tudo aquilo
rápido demais era melhor que parasse.
Ela se distanciou, com medo de estar fazendo algo errado, mas a forma
como ele lhe acariciou o rosto mostrou-a que estava tudo bem.
Aron pegou Alexia no colo, e ainda a beijando, levou-a até a cama.
Deslizou os lábios até a base do pescoço dela, fazendo com que um calafrio
percorresse o corpo da moça e deixando os pelos do seu corpo eriçados.
– Já volto. – Mordeu de leve a orelha dela em meio ao sussurro,
arrancando-lhe um gemido involuntário.
Chloe não conteve o sorriso quando o viu caminhar em sua direção.
Agarra-me, se conteve para não gritar. Encarou o homem nu que parecia ter
sido pintado de tão belo, nunca havia tido um cliente que se equiparasse a ele.
Fechou os olhos quando sentiu ele vagarosamente desamarrar a fita de
cetim que fechava sua camisola e a deslizar pelos ombros até que caísse ao
chão. Seu corpo vibrou quando o lorde finalmente a envolveu com os braços
e a colou junto à sua pele quente. Os lábios que tanto desejava logo tomaram
os seus. Sim, era tão bom quanto pareceu ser quando ele beijou Alexia.
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Aron também a levou até a cama e ficou de joelhos entre as duas, bonitas
em sua singularidade. Acariciou o rosto de cada uma delas, queria
proporcionar prazer a elas também, mesmo que por uma única noite.
Chloe e Alexia trocaram olhares, então sentaram-se na cama o suficiente
para puxá-lo para que se deitasse. Aron se ajeitou e, sorrindo, esperou pelo
que elas pretendiam fazer. Ambas beijavam o pescoço do lorde, uma de cada
lado. Ambas se embriagaram com o perfume doce que a pele dele tinha.
Desceram os beijos pelo peito másculo, o abdômen, até o quadril de Aron.
Ele sorriu pensado no que as duas poderiam fazer ali. Acariciou o cabelo
delas quando Chloe segurou firme seu pênis ereto e Alexia curvou-se para
passar a língua em toda sua extensão.
Um gemido escapou por entre os dentes cerrados de Aron e ele apertou
com força a colcha da cama debaixo de si. Sentia elas gostando daquilo, o
que o fazia se sentir ainda melhor.
A boca de Alexia se encheu de saliva em meio ao desejo. Nunca havia
beijado a parte íntima de um homem antes, mas pela forma como viu Chloe
se contorcer minutos atrás deveria ser muito bom. Abocanhou-o com
vontade. A leve mordida que ela deu fez Aron se assustar a princípio, porém
o estímulo logo o fez esquecer.
Aron olhou para as duas intuitivamente, quando Chloe colocou um de seus
testículos na boca e passou a chupar também. A empolgação delas só lhe
arrancava mais gemidos.
O lorde acariciou o cabelo de Alexia e o segurou atrás para que pudesse
ter uma visão perfeita dos lábios dela subindo e descendo em seu membro.
Os gemidos dele apenas deixavam a região entre as pernas delas cada vez
mais pulsante de desejo. Ansiavam por tê-lo dentro, preenchendo-as.
Alexia fechava os olhos e chupava com mais afinco à medida que o desejo
crescia dentro de si. Sentia que não era a sua boca a única parte de seu corpo
a ficar cada vez mais úmida. Aron enrolou o cabelo dela na mão e puxou sua
cabeça delicadamente para cima, forçando-a a parar. Alexia resmungou algo,
nada satisfeita com a interrupção, estava adorando aquilo, por que parar?
Aron viu os dentes dela cerrarem-se levemente e os olhos afunilados o
encararem, um pouco brava por ele tê-la forçado a parar. Foi inevitável não
soltar um risinho com aquilo.
– Acalme-se, é a minha vez agora. – Puxou-a para mais perto e ajeitou-a
para que sentasse sobre seu rosto, com a vagina bem em cima da sua boca.
Alexia corou ao ver o que ele pretendia fazer. Pensou em perguntá-lo se
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tinha certeza, mas aquilo lhe pareceu ridículo, e iria contra tudo o que ela
desejava no momento. E pela forma como o homem a tratava, parecia claro
que seus desejos importavam. Gemeu e deu um pulinho involuntário quando
ele agarrou com força as suas nádegas, antes de cutucar sua região pulsante
com a língua. Oh, sim! Por favor, meu lorde, se conteve para não implorar. O
toque provocativo dele parecia apenas ter atiçado mais o fogo que a
consumia, tão intenso que a fazia se contorcer involuntariamente.
– Gostas? – Aron passou a língua numa lentidão que para Alexia a
mataria.
– Sim, meu Lorde. – Ela gemia tanto que mal conseguiu dizer aquelas
poucas palavras.
Aron apertou com força as nádegas dela e a penetrou com a língua, depois
passou a leves lambidas e beijos. Alexia sentiu uma onda de prazer tão
grande invadir seu corpo que teve que curvar para frente e apoiar suas mãos
na cama. Sentiu-se tremer em meio a espasmos involuntários.
O lorde subiu as mãos e agarrou os pequenos seios enrijecidos dela. Os
mamilos eriçados e a forma como reagia bem aos seus estímulos deixavam
claro que os homens que se deitaram com ela pouco se importaram em lhe
dar prazer. Quando sentiu a respiração ofegante de Alexia denunciar que
estava perto do clímax ele parou.
A jovem soltou gritinhos quando seu prazer foi interrompido.
– Tenha calma. – Aron colocou Alexia um pouco para o lado e fez um
gesto para que Chloe viesse tomar seu lugar.
Alexia ficou emburrada quando viu a colega roubar-lhe a posição de
poucos minutos atrás. No entanto, logo voltou a sorrir quando ele a puxou
para perto e a fez se sentar sobre o pênis dele. Gemeu alto ao ser penetrada,
estava tão excitada que se sentiu deliciosamente preenchida, ao invés do
habitual desconforto.
Chloe rebolou no rosto de Aron para que ele desse atenção a ela. O lorde
deu um tapa em sua bunda, fazendo-a dar um pulinho pelo susto. Mas ela
logo se esqueceu disso quando ele sugou de leve seu clitóris. Nem se
preocupou em conter os gemidos, não sabia quando um cliente a
proporcionaria tal prazer novamente.
Alexia se apoiou no peito de Aron e começou a mover-se devagar. A cada
vez que se movimentava a sensação proporcionada em seu corpo a fazia se
contorcer ainda mais. O que tinha de especial naquele homem para deixá-la
daquele jeito? E por que alguém como ele se deitaria com prostitutas?,
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perguntava-se em meio a gemidos. Percorreu com os dedos o abdômen bem


definido dele. Era forte e viril, decerto poderia ter a mulher que quisesse.
Contudo sentiu-se com sorte. Não importavam os motivos que o haviam
trazido até ali, apenas o fato de estar dentro dela no momento.
Chloe se curvou para apoiar as mãos na cabeceira da cama, quando seus
joelhos trêmulos já eram incapazes de sustentar seu peso sozinhos. Aron
arranhava devagar suas nádegas, o que fazia calafrios percorrerem seu corpo,
o tornando ainda mais sensível aos estímulos que ele lhe fazia com a língua.
Temerosa para que aquilo não acabasse logo, ela respirou fundo, tentando
manter o controle sobre si mesma, ainda que não estivesse acostumada com
um homem lhe dando prazer.
Aron as tirou com cuidado de cima de si e ajoelhou-se na cama. Colocou
Chloe de quatro e beijou-a no pescoço, deixando um caminho de calafrios por
onde seus lábios passaram, fazendo-a apertar com força a cabeceira da cama.
Encaixou-se entre as pernas dela e esfregou seu pênis na região úmida e
pulsante dela. Chloe contorceu-se. Tê-lo ali tão próximo a fazia querer
implorar para que a penetrasse logo. Nunca sentiu tamanho desejo, precisava
do lorde dentro dela ou enlouqueceria.
– Queres? – Aron a provocou, passando seu pênis, mas sem a penetrar.
– Sim, meu lorde, por favor. – A voz de Chloe era pura súplica.
Então, finalmente Aron deslizou para dentro dela, dando um fim àquela
sensação angustiante. Percebeu que ela estava molhada o suficiente para que
não precisasse se preocupar em machucá-la. Deslizou para fora bem devagar,
arrancando um choramingo, para logo em seguida investir com mais força e
velocidade. Os movimentos dele ficaram cada vez menos delicados e mais
urgentes.
Com uma mão segurando firme a cintura de Chloe, Aron usou a outra para
trazer Alexia perto o bastante para beijá-la. A jovem não teve mais receios ao
enroscar seus dedos no cabelo do homem e pressionar seu rosto mais contra o
dele. Em meio ao beijo o lorde deslizou a mão até o meio das pernas dela e a
penetrou com um dedo, fazendo-a arfar. Com Aron a estimulando, Alexia
jogou a cabeça para trás e soltou um grito. Acabou puxando o cabelo do
lorde, mas esse não pareceu se importar, ao contrário disso enfiou mais um
dedo na moça e os moveu com agilidade.
O orgasmo veio quando ela pensava que nada seria mais prazeroso. Alexia
sentiu uma sensação de puro êxtase tomar conta do seu corpo, algo que
compararia a todos os melhores momentos de sua vida a invadindo de uma
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única vez, num golpe tão forte que a deixou sem ar por alguns segundos.
Suas pernas estavam tão bambas e tremiam tanto que não aguentaram, se não
fosse pelo braço ágil de Aron segurá-la a tempo, talvez tivesse caído da cama.
Puxou o rosto dele para mais um beijo, enquanto ainda experimentava a
sensação que se esvaía aos poucos, e sentiu-o corresponder àquele beijo com
ainda mais desejo do que antes. Alexia esperava se recuperar daquele cansaço
momentâneo logo, quem sabe ainda tivesse a oportunidade de fazerem mais
antes que ele fosse embora. Talvez fosse mera impressão sua, mas ao invés
do cansaço ir embora ele apenas aumentava. Tentou afastar-se do beijo para
poder deitar-se um pouco, no entanto Aron a segurou firme, impedindo-a de
se mexer. Gritou, mas os lábios do lorde contra os seus abafaram qualquer
som que produzia, até não ser mais capaz de se mover. Encarou os olhos dele,
tornando-se um azul brilhante, quase fantasmagórico, e essa foi a última coisa
que viu antes de suas forças se esvaírem por completo e seu corpo pousar
sem vida no braço de Aron.
O lorde deitou o corpo de Alexia na cama em um ângulo onde Chloe não
podia vê-lo, para em seguida voltar sua atenção completamente para ela.
Aron apoiou suas duas mãos na cintura da moça e investiu com força,
arrancando-lhe um gemido alto. Ela nem esperou para que ele se movesse
novamente e empurrou sua bunda contra o corpo dele, fazendo-o entrar
fundo.
Aron saiu de dentro dela e a virou na cama, colocando-a deitada de frente
para ele. Chloe nem teve tempo de reclamar por ele ter saído de dentro dela,
pois sem hesitar o homem a penetrou novamente. Pegou as duas mãos dela e
segurou com as suas, mantendo-as firmes, apertadas contra a cama. Investiu
com força, sem se preocupar em ter cuidado, a mulher não era como as
virgens de porcelana que ele seduzia fácil.
Chloe o abraçou com as pernas, prendendo-o junto ao seu corpo e o
fazendo entrar ainda mais fundo. Soltava gemidos incontroláveis enquanto
Aron mordiscava e assoprava sua orelha, a fazendo se arrepiar toda. Respirou
fundo, ainda não, ainda não... Mas foi impossível, soltou um grito alto
quando as sensações explodiram dentro dela. Sua respiração ficou mais
urgente, fazendo seu peito subir e descer freneticamente. Ainda estava
extasiada e pouco se deu conta de que Aron ainda continuava os movimentos,
dessa vez mais rápido, preocupado com o próprio prazer.
O lorde soltou as mãos dela e segurou firme o seu rosto, rendendo-a em
um beijo cheio de urgência. Chole adorou quando a língua dele invadiu sua
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boca novamente e entrelaçou suas mãos ainda tremulas no pescoço dele.


Aron acariciava o cabelo dela enquanto intensificava o beijo. Sentiu seu
orgasmo começar a chegar e não se conteve em começar a sugá-la, ainda que
a essência de Alexia o tivesse saciado.
Chloe estava tão extasiada que nem seu deu conta do que acontecia até sua
visão ficar turva. Pensou em empurrá-lo para longe, mas não teve forças nem
mesmo para levantar os braços.
Aron soltou um gemido alto quando seu líquido quente tomou conta do
corpo já imóvel de Chloe e os últimos vestígios de uma aura azul foram da
boca dela para a sua. Ele suspirou, deixando seu corpo cair ao lado do dela.
Nossa! Aquilo havia sido incrível. Talvez agradecesse Natasha pelo presente
mais tarde.
Esperou sua respiração se estabilizar um pouco antes de colocar-se de pé.
Ajeitou o corpo das duas mulheres sobre a cama, uma ao lado da outra. Não
iriam atrás dele pela morte de duas prostitutas, no entanto, sentiu um pouco
de pena delas. Ele as matava, esse era o destino de qualquer mulher que fosse
para a cama com ele.
Aron vestiu suas roupas e olhou para os corpos imóveis na cama mais uma
vez, antes de apagar a luz e deixar o quarto.

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Capítulo 4

Dária jogou a cabeça para trás, batendo contra a parede atrás de si. A
ligeira dor pouco a incomodou. Um gritinho escapou de sua boca e ela
mordeu os lábios, cortando-os. Sentiu o gosto agridoce do seu próprio sangue
nas gotas que caíram em sua língua. Agarrou com força os braços da cadeira,
deixando a marca de seus dedos na madeira.
Sentiu a língua roçar em seu clitóris e estremeceu com o toque. Abriu mais
as pernas por reflexo, para que a cabeça da mulher entre elas se ajeitasse
melhor.
Com uma das mãos, puxou as camadas de tecido da sua saia para cima, a
fim de poder ver Anne melhor. Com a outra, puxou para trás os cabelos
cacheados que caíam sobre suas coxas.
A mulher ergueu o rosto e sorriu o ver a boca semiaberta e os olhos
virados para cima de sua senhora, que logo soltou um resmungo pelo beijo
íntimo ter parado. Então, curvou-se novamente e soprou um ar quente que fez
Dária se contorcer. Passou um dos dedos sobre a região úmida, antes de
deslizá-lo para dentro. Tão molhada.
O dedo entrava e saía rapidamente, fazendo Dária mexer os quadris,
rebolando na cadeira. Gemidos escapavam por seus lábios entreabertos.
Anne sentia-se tão feliz em poder servi-la, tocá-la. Sempre gostara mais de
mulheres e, quando sua família a deserdou por isso, acreditava que sua vida
estava acabada, até a bela dama salvá-la. Como teve sorte.
Deslizou a mão livre pela parte interna da coxa de Dária, que possuía uma
pele sedosa apesar de fria. Então curvou-se a fim de retomar de onde havia
parado...
O som singelo de algo caindo chamou atenção de Dária devido à sua
audição aguçada. Mas logo seria ignorado caso não viesse seguido de um
grito estridente.
Ela se levantou e no instante seguinte Anne não viu mais a sua senhora. Se
não fosse pelo gosto dela ainda em sua boca, juraria que estivera sozinha o
tempo todo. Não havia como alguém se mover tão rápido assim. Por mais
que amasse, não duvidava dos boatos que diziam que a bela dama não era
humana. Anos se passaram desde o dia em que se conheceram e Anne podia
jurar que sua senhora não havia envelhecido um único dia.
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Cassandra estava com os olhos arregalados, as mãos tremendo e algo


parecia ter bloqueado a sua garganta, tornando o ato respirar algo custoso. A
bandeja que carregava há poucos segundos encontrava-se no chão, a comida
havia se espalhado e as taças para o vinho quebraram-se em mil pedaços.
Ainda que sob a luz propositalmente fraca do quarto, ela podia ver os
corpos das garotas que conhecia bem, estirados sobre a cama, nuas. Chloe e
Alexia eram boas garotas, apesar da vida que levavam. O que diabos havia
acontecido com elas, pareciam múmias, com a pele seca. O peito delas não
subia e descia, sinal que não respiravam mais.
– O que está acontecendo aqui?! – Dária entrou no quarto como um
furacão, sem que Cassandra notasse sua presença. E o grito que soltou foi
suficiente para fazer a pobre senhora pular.
A dama encarou a mulher tão pálida quanto a saia branca que usava. Não
entendeu o motivo de tudo aquilo até que seus olhos buscaram a direção dos
de Cassandra, e se deparou com duas de suas garotas. Morte era algo que
conhecia bem.
Deu passos lentos até a cama e avaliou bem os corpos. Tirou o próprio
cabelo ao redor do rosto e jogou-o para trás, para ver melhor o estado delas.
Não havia sangue em nenhuma parte, nenhuma gota sequer. Mesmo que não
estivesse visível não passaria despercebido por seu olfato. Passou a mão pelo
braço de Chloe: estava seco, as bochechas do rosto da garota antes fartas
haviam encolhido para dentro. Quem fez isso não era humano, Dária logo
concluiu. Mas seja lá o que fosse não era como ela, pois aqueles corpos não
pareciam estar sem sangue, mas sim sem alma.
– Qual cliente esteve com elas? – Dária se dirigiu a Cassandra. A forma
como falou foi baixa e pausada, contudo os dentes cerrados e a forma
triangular da linha de seus olhos demonstravam uma leoa prestes a rugir.
– Eu não sei, minha senhora. – Num gesto involuntário, Cassandra se
encolheu e abraçou-se como se tentasse de alguma forma se proteger da fúria
iminente.

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– Vou perguntar de novo e espero uma reposta melhor. – Dessa vez Daria
não soou tão calma. – Quem esteve com elas?
Cassandra engoliu em seco ao encarar os olhos vermelhos de sua senhora,
que pareciam explodir como um vulcão em fúria. Nunca se preocupou muito
com as conjecturas que todos faziam a respeito da dama, porém, naquele
momento juraria que ela era um demônio.
– Eu não sei, minha senhora. – Uma lágrima escorreu de seus olhos já
acinzentados pela velhice, suas mãos tremiam e o coração batia rápido em
meio ao puro desespero. – Eu juro pela devoção que tenho a ti. Eu não sei.
Um mensageiro deixou o pagamento, o nome das garotas que queria e um
bilhete, pediu extremo sigilo. Suponho que seja um nobre casado.
Daria encarou a mulher, ouviu o som acelerado do batimento cardíaco e a
respiração pesada. Está apenas com medo de mim, nada sabe sobre o que
aconteceu.
– Saia – apontou para a porta. – E chame Elzor para mim.
Cassandra a encarou e não pensou duas vezes antes de deixar o lugar. Saiu
tão apavorada que pouco se lembrou da bandeja caída e da bagunça que havia
feito no quarto.
Assim que Dária ficou sozinha, encarou os corpos novamente. Sabia bem
o quanto a vida daquelas mulheres era difícil, assim como a sua fora.
Esforçava-se ao máximo para dar a elas o mínimo de segurança. Não podia
admitir que algo como aquilo acontecesse.

– PROSTITUTA! – O homem desferiu um tapa contra o rosto de Dária,


fazendo sua cabeça virar para o lado e gotas do seu sangue caírem sobre o
chão de terra onde estava ajoelhada. – Não me serves nem mesmo como
escrava. – Grunhiu entredentes, fitando-a. Como aquela vadia havia ousado
desafiá-lo?
– A criança que carrego é tua. – Ergueu os olhos ao encarar o homem de
pé à sua frente. Ele não era muito alto, e o sol atrás dele ofuscava seu rosto,
mas não precisava enxergá-lo para ter certeza da expressão de ódio que ele
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exibia.
– Oras! Achas que sou algum idiota que não sabe que dormistes com
outros homens?
– Eu juro, meu Lorde. – Dária apoiou as mãos no chão e seus olhos verdes
encheram-se de lágrimas. Fingira toda a sua vida o mínimo de sentimento por
aquela criatura desprezível, e continuava a fazê-lo naquele momento.
– Ninguém acredita em tuas palavras, mulher. – Ele a acertou outra vez,
com um chute forte em seu ventre, fazendo-a cair para trás, sem ar devido ao
golpe.
Uma dor intensa irradiou do local atingido até o restante de seu corpo.
Tentou por instinto levar as mãos até a região, como se aquilo de alguma
forma a aliviasse. Seu porco imundo!, quis gritar, porém o impacto roubou-
lhe toda a força.
– Traías-me diante dos meus olhos. Quem és para falar de fidelidade? –
Juntou todo gás que lhe restava para cuspir aquelas poucas palavras.
Seu estômago embrulhava só de pensar que um dia fora obrigada a
satisfazer os desejos dele, e o bárbaro a possuíra como um animal.
– Eu sou um homem – segurou-a pelo queixo forçando-a a encará-lo. –
Faço o que bem quero, mas tens que me satisfazer, apenas a mim. – Segurou-
a pelo cabelo, puxando-o com força, para então empurrar a cabeça dela contra
o chão.
O impacto a fez perder os sentidos por alguns minutos e foi suficiente para
causar um ferimento, escorrendo sangue pelo chão. Dária estava tão
debilitada que já era incapaz de se colocar de pé novamente. Encolheu-se em
posição fetal, numa tola tentativa de proteger-se do próximo golpe. Porém o
homem a chutou forte outra vez.
– Julga-te muito esperta e bonita, mas se não sabes respeitar a mim de
nada vale. – Ele pisou nela, apoiando todo o seu peso de ogro, sem dar a
mínima para o quão frágil o corpo da moça podia ser.
Dária ouviu o som do creck do seu osso da costela quebrar quando o pé
atingiu suas costas. O fragmento de osso atingiu seu pulmão, perfurando-o
tornando a respiração ainda mais difícil.
DEITEI-ME COM OUTROS MESMO!, seu grito ficou apenas como um
pensamento agonizante. Deitara-se por revolta, raiva de um marido asqueroso
que não se dava ao trabalho de fingir o mínimo de respeito.
Tentou gritar outra vez, berrar as verdades que nunca disse. Contudo, só o
que conseguiu foi cuspir um pouco de sangue que se acumulava em sua
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garganta.
A dor já era tanta que os chutes seguintes mal foram notados. O homem só
parou quando se cansou de espancá-la. A pobre ainda tinha uma respiração
fraca, mas ainda estava viva, não por muito tempo.
O lorde a encarou, agonizando e não sentiu o mínimo de remorso.
Casaram-se para que ela fosse apenas sua, que estivesse pronta quando ele a
procurasse. Se não era para ser assim, ela não seria de mais ninguém.
Com os olhos semiabertos, Dária encarou seu marido se afastando,
deixando-a para morrer naquele beco imundo. Sentiu raiva, furiosa por seus
pais a terem obrigado a se casar com um homem que possuía três vezes a
idade dela. Por fortuna, venderam-na como objeto a um porco imundo.
Engasgou com o próprio sangue, que se acumulava em sua boca.
Remexia-se no chão de terra embaixo de si. Sabia que não duraria muito e
torcia para que sua morte fosse rápida e a livrasse de toda a dor.
Os minutos pareciam horas e a jovem ainda agonizava. Leve-me logo!
Dária implorou ao anjo da morte. O Inferno não poderia ser pior do que seu
tempo na Terra.
Com os olhos entreabertos, ela viu um par de pernas finas virem em sua
direção. Torceu para que fosse alguém para enfiar uma faca em seu peito e
terminar logo com aquela morte lenta.
– Não te preocupes, cuidarei de ti.
Quando Dária se deu conta, a pessoa a havia tomado nos braços e
caminhava para longe. Tentou soltar um grito de protesto, mas tudo que
soltou foi um grunhido abafado. Será que era um anjo levando sua alma?
Não tinha mais forças para lutar e entregou-se à morte...

Dária balançou a cabeça, saindo da terrível lembrança e voltando ao


presente. O anjo daquela noite, Arthia, sua criadora, a havia salvo dos braços
da morte e lhe dado forças para se vingar.
Não podia permitir que um homem machucasse suas garotas debaixo de
seus olhos e saísse impune...
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– Minha senhora?
Dária ergueu os olhos e encarou Elzor, que entrava no quarto. Ele tinha os
ombros curvados para frete e os olhos arregalados, observadores. Pelo
desespero de Cassandra ao chamá-lo às pressas, algo muito sério deveria ter
acontecido, o suficiente para deixar sua senhora furiosa.
Viu os olhos vermelhos dela queimarem quando o encarou. Esperava que
o causador de tanto ódio não fosse ele.
– Quero que descubra quem fez isso, – Dária apontou para as garotas na
cama. – E dê a ele uma morte lenta e dolorosa.
Elzor respirou aliviado.
– Como desejar, minha senhora. – Caminhou em direção à porta.
– Elzor... – Dária o fez encará-la novamente.
– Sim?
– Tenha cuidado! Esse homem talvez não seja humano.
– Serei cauteloso. – Ele desapareceu logo em seguida.
Elzor era um servo fiel. Um pequeno sorriso se formou nos lábios de
Dária. Apesar de homem, seu eunuco a servia bem desde o tempo como
humanos.

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Capítulo 5

Aron ergueu a xícara de chá e levou-a até os lábios. Olhou além da vitrine
de vidro do café para a chuva fina que caía lá fora, molhando a calçada e
aqueles que passavam por ela. As pequenas gotículas de água pareciam
brilhos nos casacos negros dos homens. O clima frequentemente nublado e
chuvoso de Londres o agradava. Era bom sentir a brisa úmida e fria no rosto.
Ter se mudado para lá fora uma boa escolha.
– Aquele é o tal Duque da Irlanda? – Aron ouviu uma mulher comentar.
Com o canto de olho, sem mover a cabeça, olhou para ela de forma
discreta, para que não percebesse que ele a havia escutado. A senhora que já
apresentava uma idade avançada estava sentada ao lado de outra mais nova,
talvez sua filha. Ambas usavam vestidos claros e sofisticados; tinham cabelos
loiros cacheados, presos em coque no alto da cabeça; e grandes olhos azuis
que encaravam Aron sem a menor discrição.
O lorde continuou a beber seu chá, fingindo não as ter notado. Riu por
dentro do quanto as mulheres pareciam curiosas sobre sua presença.
– Ele é ainda mais bonito pessoalmente do que ouvi comentarem. – As
bochechas da mulher mais jovem ficaram rubras quando ela disse aquilo à
mãe. Para Loreley, não o olhar se tornava uma tarefa mais difícil a cada
segundo que se passava. Várias mulheres da corte haviam comentado com ela
sobre o duque recém-chegado, mas imaginara que estavam sendo exageradas
demais quanto à beleza do homem. Contudo, diante dele, achou os boatos um
tanto modestos. Se a perfeição existia, ela era encontrada nas linhas que
traçavam o corpo daquele homem...
– Será que ele deixou a esposa na Irlanda? – Loreley ouviu sua mãe
perguntar e foi sugada para fora de seu devaneio.
– Até onde sei ele ainda é solteiro. – Virou-se para a mãe em meio a um
longo suspiro. SOLTEIRO, aquela simples palavra ecoou em sua mente por
longos segundos.
Anastácia encarou o homem causador dos delírios da filha. Até mesmo
ela, uma mulher de idade, casada e já sem esperanças de viver uma aventura,
precisou que se conter quando um leve calor percorreu seu corpo. Ele
realmente era muito belo, belo até demais para um homem cheio de posses e
solteiro. Coçou o queixo. Algo de muito errado teria de haver. Em seus
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tempos de donzela mataria para ter o coração daquele homem e juraria não
ser a única.
– Ele deve ter um defeito terrível. – Encarou os olhos da filha, tentando de
alguma forma alertá-la. Já vivera muito tempo para saber que as pessoas,
principalmente os homens, não eram perfeitos.
– Ou talvez só não encontrou a moça certa. – Suspirou com os olhos
brilhando.
Aron parou de prestar atenção na conversa e voltou a encarar a rua, onde
uma senhora gritava furiosa com a carruagem que quase a atropelou.
Pensativo, ele encarava o horizonte e nada ao mesmo tempo. Um defeito
terrível, um defeito mortal.
Vagando em sua própria mente, ele lembrou-se da mulher misteriosa na
sacada do bordel. Ainda que a tivesse visto apenas por uma fração de
segundos, nenhuma lembrança lhe era tão forte. Com os ombros para trás, o
peito levemente estufado e cabeça em pé, ela não tinha o medo e pudor das
mulheres que conhecia. Aron viu nela a mesma força e poder que só
reconhecia em suas irmãs.
Quem és, bela dama?, pensou como se talvez ela fosse capaz de respondê-
lo.
Os devaneios a respeito dela só atiçaram ainda mais sua curiosidade.
Voltaria a vê-la?, torcia para que, caso sim, isso acontecesse logo.
– Uma moeda por teus pensamentos. – Isabel se aproximou da mesa e
sentou-se em uma cadeira diante do irmão.
– Nada importante. – Aron desconversou ao erguer a cabeça para encarar a
irmã.
Isabel o encarou com os olhos fixos, curiosos, vasculhando cada curva na
expressão do irmão em busca de uma pista. No entanto, ele era mais
misterioso do que gostaria Ajeitou-se na cadeira e cruzou os braços, fazendo
bico. Aron apenas riu da irmã.
Um jovem engraxate passou na rua, molhado pela chuva e carregando um
caixote de madeira. Corou ao ver a dama dentro do estabelecimento
sofisticado, porém não conteve um aceno sem graça.
A Isabel abriu um largo sorriso e acenou de volta.
– Saindo com plebeus agora? – Aron a fitou, curioso apesar de Isabel
claramente não se importar com títulos.
– Ele é bonito e gentil. – Pensativa, ela mexia em suas luvas. – Além
disso, a sociedade não chora a morte dos mais humildes.
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Aron riu. A mais jovem e mais prudente de nós.


– Mas não uses isso como subterfúgio para tua fuga de nosso assunto. –
Isabel apoiou os braços sobre a mesa e curvou-se para cima do irmão,
forçando-o a encará-la. – Andas distante e pensativo desde que voltastes da
surpresa de Natasha, o que houve? Ela aprontou algo?
– Não. Foi apenas um bordel com algumas prostitutas. Nada imprudente,
mas...
– Mas? – Isabel se curvou ainda mais, forçando-o a falar.
– Bom já disse não foi nada demais. – Aron deu outra golada no chá. –
Apenas uma mulher que mal vi, mas que de alguma forma instiga meus
pensamentos e minha curiosidade.
O lorde soube no momento em que disse aquilo que só deixou a sua irmã
ainda mais curiosa. Para ele sempre fora claro que o que Isabel e Natasha
mais tinham em comum era a habilidade de enchê-lo de perguntas. Porém,
aquilo era tudo, não havia mais o que ser dito porque ele não a conhecia, não
sabia nem mesmo seu nome, apenas que ela possuía uma presença tão
marcante a ponto de fixar-se em sua memória.
– Quando a verás de novo?
– Eu não sei.
– Mas sabes onde encontrá-la.
– Talvez.
Isabel arqueou as sobrancelhas e cerrou os dentes. Sabia bem que para seu
irmão era fácil ter a mulher que quisesse; vê-lo daquela forma, curioso, não
era algo comum. Isso fez com que quisesse ainda mais ver onde tudo aquilo
iria.
– Procure por ela. – Isabel encarou o irmão, instigando-o.
Aron riu da irmã, aquilo lhe pareceu ridículo, perder seu tempo tentando
descobrir quem era uma mulher que certamente mataria em uma única noite.
– Querido, não esqueças que somos imortais, temos tempo para perder.

Aron desceu da carruagem, tirou o relógio do bolso. Respirou fundo e riu


da forma com que hesitava a fazer aquilo. Ao mesmo tempo em que estava
ansioso, achava tudo uma perda de tempo. Porém havia dado ouvidos à
insistência de Isabel e estava ali, em frente ao mesmo bordel da noite
passada.
Guardou o relógio de volta no bolso do casaco e ergueu os olhos. A noite
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havia chegado há pouco, contudo a pequena porta parecia destrancada.


Entrou logo, aquela hesitação o fazia não reconhecer a si mesmo.
Caminhou pelo corredor de pequenas luzes vermelhas com passos firmes,
lembrando-se do que era. Quando chegou ao salão os olhos, inclusive
masculinos, voltaram-se para ele. Como era lindo.
Vasculhou cada pedaço do local em busca da mulher misteriosa. Uma das
prostitutas que estava sentada sobre uma das namoradeiras chamou sua
atenção, ela era alta, com volumosos cabelos cacheados e loiros e abriu um
largo sorriso para ele. Contudo, não era quem procurava.

Esse cheiro...
Dária ergueu a cabeça e um rosnado escapou entre seus dentes. Soltou um
corpo imóvel no chão. O cadáver caiu sobre o carpete de sua sala com um
saco pesado, causando um estrondo. Mesmo que o salão estivesse cheio, os
sentidos dela ainda eram capazes de distinguir cada som ou cheiro vindo
daquele ambiente. Encarou a penumbra do ambiente ao seu redor antes de se
mover tão velozmente que pareceu ter desaparecido.
Parou na sacada de onde podia ver todo o salão. Aquele cheiro... Era o
mesmo deixado no quarto onde encontrou as garotas mortas. Não imaginava
que o assassino tivesse a audácia de voltar tão cedo. Com os olhos vasculhou
cada detalhe do salão, de suas garotas sentadas no colo de clientes, algumas
felizes, outras nem tanto, até um homem sentado em um canto, apenas
observando sem querer a atenção de algumas das moças. ELE!
O cheiro que vinha do homem era inconfundível. Um aroma doce, natural
e ao mesmo tempo único, inebriante como o de uma flor rara. Algo incrível
demais para ser humano.
Os clientes, com seus sentidos alterados demais pela bebida em seu sangue
e distraídos com as moças, mal viram um borrão passar por eles. Aron, que
observava tudo à procura da mulher misteriosa, foi pego de surpresa e só se
deu conta do que havia acontecido quando suas costas bateram contra a
superfície de uma parede fria.
O lorde fora levado para um beco atrás do bordel. Um lugar preenchido
por um silêncio agonizante e longe das vistas de todos. Confuso, encarou o

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que ou quem havia o levado tão rápido. Ainda com as mãos dela empurrando
seus ombros e prendendo-o contra a parede fria, viu a bela dama que
procurava. Os lábios dele se curvaram em um leve sorriso. Encontrei-te!
Arregalou os olhos e encarou-a bem, era ainda mais bonita de perto. Com
volumosos cabelos levemente cacheados e ruivos, olhos vermelhos
emoldurados por cílios negros e grossos, um rosto pálido e lábios carnudos e
vermelhos, que mal via a hora de tocar com os seus.
Embora Aron estivesse deslumbrando-se com a beleza de Dária, ela não
tinha uma expressão tão contente. Com as sobrancelhas curvadas como um
triângulo, olhos afunilados e dentes cerrados, a fúria emanava dela.
Um rosnado escapou por entre suas presas.
– Vampira!
– Íncubo! – Ela cuspiu as palavras o fitando com ódio.
– Ei! Por que estás me tratando assim? Qual o motivo de tanta raiva? Nada
fiz a ti.
– Como tens a ousadia de dizer isso?! – Dária apertou ainda mais os
ombros dele contra a parede, forçando-os para trás.
Como é forte, Aron pensou ao sentir seus ossos doerem levemente e
estalarem diante da pressão das mãos dela.
– Matastes duas de minhas garotas. –Os olhos vermelhos dela queimavam
em fúria. – Eu deveria matar-te de forma lenta e dolorosa.
Aron riu. Então era aquilo, estava furiosa por causa das moças das quais se
alimentara noite passada.
Puxou-a para si e girou o corpo dos dois, dessa vez segurando-a contra a
parede.
– Matar-me? – Um sorriso se formou nos lábios do lorde. – Eu adoraria
ver-te tentar.
Dária empurrou-o, fazendo-o cambalear para trás.
– Não ouse tocar-me!
A dama encarou os olhos esbranquiçados do homem. Nos dois séculos em
que andara pela terra já ouvira falar sobre tal demônio, porém era a primeira
vez que se via diante de um íncubo.
– Eu não sou o único assassino aqui. – Aron retrucou ao encarar os olhos
vermelhos e vibrantes dela, sinal que havia se alimentado a pouco de sangue
humano.
– Isso não justifica o que fizestes. – O que Aron disse apenas a deixou
mais irritada. – Fique longe de mim, longe das minhas garotas, ou não terei
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misericórdia. – O tom severo de sua voz deixava claro o quão serio estava
falando.
O lorde a viu desaparecer com a mesma velocidade em que surgiu. A
chuva começou a cair sobre ele, e se deu conta de que estava sozinho no beco
escuro.
Com as gotas, cada vez mais grossas, escorrendo sobre seu casaco e a
brisa fria da madrugada soprando em seu rosto, tomou o caminho de volta
para a sua carruagem.
Aquele certamente não era o encontro que esperava. Contudo, como sua
irmã havia lhe dito tinham tempo para perder e não desistiria assim tão fácil.
Às vezes um desafio era excitante.

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Capítulo 6

– Soaria mesmo ridículo sem a parte em que ela o botou para correr.
Aron virou a cabeça e viu Natasha entrar na sala. Estava contando a Isabel o que havia acontecido
na noite passada e não sabia que a sua outra irmã estava por perto.
Isabel arqueou as sobrancelhas e encarou Natasha com o canto do olho, balançando a cabeça
negativamente. Quis brigar com ela, por que era sempre tão indelicada?
– Desculpem-me se eu fui a única aqui que achou isso no mínimo hilário. – A súcubo caminhou até
eles e sentou-se no sofá ao lado da irmã. – Um íncubo correndo de uma dama.
– Não sejas ridícula! – Isabel se irritou e algo começou a crescer em suas costas, forçando o tecido
do espartilho ao ponto de quase rasgá-lo.
– Aqui não, acalme-se. – Aron segurou a mão dela.
– Desculpe-me. – Natasha tentou sorrir para a irmã. – Talvez eu tenha exagerado um pouco.
Isabel revirou os olhos e respirou fundo. Um pouco?
– Uma vampira? Interessante, nunca conheci um antes.
Aron encarou a irmã pensativa e não disse nada. A vampira já estava irritada com ele, não precisava
da mais desequilibrada dos Donovans piorando a situação. Além disso, não estava em seus planos
desistir facilmente. Tê-la visto de perto só o fez se encantar ainda mais pela beleza dela, e se precisasse
ser paciente ele seria.
– Boa sorte, querido irmão. – Natasha se levantou e deu alguns tapinhas nas costas de Aron, que
buscou a ignorar.
– Não dê importância para o que ela fala. – Isabel se voltou para o irmão. – Não pensa muito no que
diz.
Aron sorriu.
– Não te preocupes, sei lidar com ela.
– E quanto à vampira, desistirás?
– Não me disseste que temos tempo?
Isabel curvou os lábios em um singelo sorriso. Era a primeira vez que via seu irmão tão interessado
em uma mulher, antes disso os casos de Aron, assim como os dela, eram breves. Seduziam suas presas,
satisfaziam seus desejos, alimentavam-se e nunca além disso. Elas não resistiam ou mesmo duravam
até a próxima vez.

Eu deveria matar-te de forma lenta e dolorosa, a bela voz da vampira ecoava na cabeça do lorde.
Quanta audácia! A forma com que ela se impôs apenas deixou Aron ainda mais fascinado. Se o
simples vislumbre de sua beleza o encantara, a força e coragem na voz dela haviam tido quase o efeito
contrário do que ela provavelmente queria causar. Se ele se afastaria? Claro que não, mas sabia que
precisava ser paciente. Sem querer havia começado a relação dos dois da pior forma possível, porém
isso só significava mais algumas rodadas no jogo.
Aron sentiu uma navalha passar pelo seu rosto, e num deslize provocar um pequeno corte em sua
pele. Abriu os olhos e encarou o jovem barbeiro que, ao ver a pequena gota de sangue, empalideceu.
– Desculpe-me, meu senhor. Por favor, desculpe-me. – O rapaz tremia muito, apavorado acabou
trombando na bacia com água ao seu lado e jogando-a no chão.
Maldição! Começara a trabalhar há pouco, o mais longe do que qualquer um de sua humilde
família chegara, servir os nobres, e já estava fazendo tudo errado. Acabara de ferir o rosto mais belo

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que já contemplara.
O lorde observou o desespero do rapaz. Teve pena, o pobre parecia um tanto desorientado. Seus
olhos verdes eram pura angústia.
– Não te preocupes. – Aron sorriu ao acariciar de leve a mão do jovem, fazendo com que esse
ficasse mais calmo de imediato. – Foi um simples acidente, nenhum mal fez a mim.
O toque do lorde fez um súbito calor correr pelo seu corpo. Foi inevitável conter um breve sorriso e
o rubor em suas bochechas. Acabou deixando a lamina cair no chão, e por pouco ela não cortou o couro
fraco de seu sapato.
– Preste atenção, garoto! – O dono da barbearia, atendendo outro cliente a poucos metros,
reprendeu o jovem.
Aron tirou a toalha que envolvia seu pescoço e girou na cadeira para fitar o homem atrás de si. Ele
tinha uma estatura mediana, usava um terno surrado por baixo de um avental encardido, possuía olhos
azuis contornados por fortes linhas de expressão, uma barriga saliente, e um cabelo grisalho que havia
quase caído por completo no alto da cabeça.
Os olhos do homem se arregalaram quando encontraram os esbranquiçados de Aron, e ele ficou
boquiaberto.
– Não há por que brigar com o rapaz.
– Desculpe-me, meu lorde. – O barbeiro curvou-se. – Ele é apenas um aprendiz.
– Eu já disse, está tudo bem. – Aron ajeitou-se na cadeira e voltou-se para o espelho, a fim de que o
rapaz terminasse de fazer sua barba.
Encarou sua imagem refletida, o corte recente na linha do seu queixo já nem estava mais lá.
Deixou seus olhos vagarem, observando o local no belo fim de tarde. Pela vitrine podia ver as
nuvens cinzas se tornando cada vez mais escuras. As pessoas que passavam na rua já usavam casacos
mais pesados, indicando que o inverno estava próximo.
– Terminei, senhor. – O rapaz passou uma toalha no rosto de Aron, tirando o resto da loção de
barbear.
– Não me chames de senhor. – Aron riu. – Isso me faz parecer um velho.
– O que certamente não és.
– Qual é o teu nome, rapaz?
– Elliot, senh... Elliot.
– E quantos anos tens?
– Vinte e dois.
Elliot encarou o nobre. Não entendeu o motivo das perguntas, nem mesmo por que um homem
como aquele estaria lhe dando o mínimo de atenção. Sempre o admirara de longe e sentia-se feliz por
ter ganhado a chance de ao menos tocá-lo. A troca de poucas palavras e a gentileza do lorde eram muito
mais do que poderia imaginava um dia receber, porém seus pensamentos naquele momento foram além,
ainda que fossem ridículos, não tinha chances nem mesmo com os rapazes de sua classe social.
– A que horas sai daqui?
Elliot ergueu a cabeça, arqueou as sobrancelhas e encarou o duque como se não acreditasse no que
acabara de ouvir.
– Eras meu último cliente, meu lorde. – Respirou fundo para não gaguejar.
– O que achas de irmos tomar uma cerveja juntos? Relaxarmos um pouco. Pareces tão nervoso.
– Tens certeza?
– É claro.
Aron se levantou, tirou as toalhas sobre seu colo e as colocou no balcão, e então caminhou até a
porta.
Elliot nem disse nada ao seu patrão antes de tirar o avental e sair porta fora atrás de Aron. Pouco
importava se fosse repreendido, ou mesmo mandado embora. Ainda que fossem apenas algumas
cervejas, aquele não era o tipo de oportunidade que tinha sempre.
Observou o lorde caminhar até um pub numa região mais afastada de Londres e o seguiu de perto.

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Era de se esperar, para um nobre como aquele, não seria bom ser visto com um plebeu por aí. Porém
pouco se importava, estava feliz apenas pelo convite.
Quando chegaram às portas do pub a noite já havia tomado conta do céu. Com inverno se
aproximando, ela chegava cada vez mais cedo e era ainda mais fria.
Eles entraram e colocarem seus casacos no suporte de madeira junto à porta. Os homens, em sua
maioria pequenos burgueses em ascensão, mal perceberam a entrada dos dois, concentrados demais em
seus assuntos ou em copos de bebidas. Aron gostava muito de ambientes como aquele, discretos, onde
as pessoas não comentariam sobre ele, ou mesmo o reconheciam.
Fez um sinal para que Elliot se juntasse a ele em uma mesa mais afastada, então pediu a um garçom
que trouxesse dois copos da melhor cerveja artesanal da casa.
O rapaz sentou um tanto encolhido na cadeira com encosto macio. Com os braços cruzados ao
redor do corpo, tentava se proteger, porém só deixa claro o quão tímido era.
Aron o encarou, e Elliot desviou o olhar, fitando uma pequena formiga que subia na parede de
madeira. Não deixes que ele perceba, não deixes!, gritava desesperado em seus pensamentos.
– Estás bem? – O lorde tentou quebrar o clima pesado de desconforto que havia se estabelecido.
– Sim, senhor.
– Chame-me de Aron.
– Está bem, Aron.
Elliot não conteve o sorriso ao perceber a maneira casual como o lorde conversava com ele.
Encarou-o, desta vez sem desviar o olhar, permitindo se perder nas belas formas que compunham o
rosto másculo do duque. Aquele momento decerto não se repetiria, dessa forma se convenceu de que
podia degustá-lo um pouco.
O garçom trouxe as canecas com a cerveja e serviu os dois. Aron o pagou com uma generosa
gorjeta e o homem se afastou cantarolando, feliz.
– Então, Elliot, há quanto tempo trabalhas naquela barbearia? Não me lembro de ver-te antes. – O
lorde tinha a atenção do rapaz para si. O pobre já estava hipnotizado pela beleza do íncubo.
– Eu cheguei há pouco do interior, minha família está toda lá. Hoje era meu primeiro dia no
emprego. – Elliot tomou um gole da cerveja e fez uma leve careta ao perceber o quanto era amarga.
Aron riu da expressão dele.
– O lúpulo possui um amargor característico. Prefere algo mais suave, como um vinho?
– Não. – Elliot tomou outra golada. – Eu o acompanharei.
O lorde não insistiu, sabia que aquele era o tipo de bebida que o jovem aprenderia a apreciar, caso
tivesse tempo.
– És casado?
Elliot arregalou os olhos e engoliu em seco com a pergunta. Essa, por um momento lhe pareceu um
tanto indelicada, ainda que estivesse óbvio que a intenção fosse apenas puxar assunto. O jovem abaixou
a cabeça, mordendo o lábio inferior, inquieto, e ficou olhando para o copo em suas mãos e a tonalidade
escura da cerveja. Mentiria para não deixar transparecer nada ou falaria a verdade?
– Se fui indelicado, desculpe-me. – Aron estendeu a mão e tocou gentilmente a do rapaz que corou
quase de imediato.
Elliot ergueu a cabeça e encarou os olhos azuis esbranquiçados e o belo rosto do homem à sua
frente.
– É tão bonito, meu senhor. – Não conseguiu conter o comentário, por mais que esperasse ver o
duque se afastar.
Aron abriu um largo sorriso, fazendo os olhos esverdeados de Elliot se perderem nas curvas de seus
lábios. O lorde parecia uma pintura, porém nem mesmo mais habilidoso artista seria capaz de
representar tamanha beleza com algumas pinceladas.
– Agradeço o elogio. – O duque colocou sua mão gentilmente sobre a do rapaz, fazendo as
bochechas brancas ganharem um rubor quase que instantâneo.
A pureza quase angelical do plebeu, de bochechas rosadas e cachos dourados, encantou Aron. Não
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era comum encontrar homens como aquele, que pela simples inocência deixavam transparecer todo o
desejo que a presença do íncubo lhe causava.
Elliot respirou fundo, com o peito subindo e descendo pelo coração acelerado. Aquela proximidade
com a pele do duque estava exigindo demais do seu autocontrole.
– Sua mão está suando frio. – Aron observou ao sentir a pele ficar úmida por baixo da sua.
– Desculpe-me, meu senhor. – Elliot tentou puxar a mão de volta, entretanto Aron impediu.
– Não precisas ficar assim em minha presença. Parece que temes algo, ou escondes algo. – O duque
o fitou profundamente, fazendo o plebeu arregalar os olhos e curvar os ombros em um misto de timidez
e susto.
– Perdão, senhor, mas nada tenho a esconder de ti. – Elliot tentou se esquivar, contudo suas mãos
tremendo e as pupilas dilatadas o denunciaram.
– Tens certeza? – Aron apoiou os braços sobre a mesa e se curvou na direção do rapaz, que por
pouco não sentiu o coração saltar do peito. – Não me desejas?
Elliot engoliu em seco ao perceber que para o duque estava bem claro o que ele tentara esconder
desde a barbearia, a sua atração por homens. Por isso não se casara ainda, enganava sempre sua família
com rodeios e fugia do compromisso com uma mulher que certamente não o agradaria. Porém perceber
que o homem a sua frente notara o que se esforçou a vida inteira para esconder o deixou desesperado.
Se desejava o lorde? Era óbvio! À sua frente estava o homem mais belo que seus olhos tiveram o
privilégio de ver.
– Também és muito belo. – Aron acariciou o rosto do rapaz.
O plebeu ficou sem ação, inebriado pelo toque que irradiou um calor incomum pelo seu corpo. O
mundo ao seu redor desapareceu, assim como os homens no bar. Perdeu-se na sensação por alguns
minutos até lembrar-se da plateia e esquivar-se do toque.
– Desculpe-me, meu senhor. O que pensarão de um nobre flertando com um plebeu? – Elliot estava
relutante. Não que não quisesse, porém aquilo parecia impossível.
– Eu não me importo. – Aron arqueou ainda mais o corpo na direção do rapaz, mantendo claro o
seu desejo. – Além disso, os cavalheiros desse local estão embriagados demais para prestar atenção em
nós. Contudo, se for de tua vontade podemos ir a um local mais reservado.
Sozinhos? Os lábios finos de Elliot se curvaram em um largo sorriso. Adorou poder apenas pensar
naquela possibilidade.
Ao perceber a evidente alegria nos olhos do plebeu, Aron se levantou, deixou mais uma gorjeta
para o garçom sobre a mesa e caminhou até a saída do pub. O jovem, ainda que desconcertado pela
situação, não hesitou em seguir o lorde.
Andaram até os fundos do pub, em um beco sem movimento. Era noite de lua nova e a região
possuía poucos postes, mergulhando tudo numa penumbra. Assim que Elliot percebeu que não havia
ninguém, aproximou-se do lorde sem pensar muito, nada tinha a perder. Com a pouca luz, permitiu que
suas mãos trêmulas tocassem o rosto macio, sem a barba que ele mesmo acabara de tirar, revelando
com o toque o que seus olhos mal podiam ver. Aquilo ainda lhe parecia uma completa loucura, um belo
nobre com o mundo aos seus pés compartilhar de seus desejos proibidos.
Aron o segurou pelo colarinho da camisa e empurrou-o contra a parede gelada devido ao clima. Um
calafrio percorreu o corpo de Elliot, fazendo-o tremer, não pela superfície atrás de si, mas pela ação
inesperada do lorde.
Um gemido abafado escapou pelos dentes cerrados do homem quando os lábios macios e
provocantes do duque tocaram seu pescoço. Colocou as mãos sobre a parede, de alguma forma
tentando se agarrar a ela, a coisa mais real ao seu redor. Suas pernas tremeram, ameaçando abandoná-lo
quando a língua do lorde o acariciou de maneira provocante. Esse é o melhor sonho que poderia ter,
suspirou ao levar suas mãos até os negros cabelos macios.
Quando a boca que tanto o enchera de desejos finalmente encontrou a sua, Elliot se apoiou com
uma das mãos no ombro de Aron, temendo que em algum momento perderia o controle de seu próprio
corpo e cairia ao chão. A língua do duque era a coisa mais saborosa que já havia provado, e duvidava

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que algo pudesse superar tal gosto. Ela tocava a sua em uma dança sensual, livre de qualquer pudor e
com a ferocidade de um animal faminto. Sentiu que o lorde não se continha, e isso o fez vibrar por
dentro. Ser desejado por um homem como aquele, que poderia ter a mulher que quisesse, era muito
mais do que se permitira sonhar.
Aron pressionou seu corpo contra o de Elliot, ainda o beijando e começou a desabotoar o colete do
rapaz. Sentiu-o hesitar, contudo logo estava entregue ao desejo novamente. O colete, assim como a
camisa do plebeu, logo foi ao chão.
A brisa gelada da noite mal incomodou o peito nu de Elliot. Seus sentidos estavam focados demais
nas sensações causadas pelo lorde para perderem tempo com estímulos tão pouco significantes.
O pênis dele pulsou involuntariamente sob a calça quando sentiu as mãos do duque tocarem a
região em busca do fecho para livrarem-se também daquela peça.
Quando a calça do plebeu caiu ao chão, Aron desceu os lábios pelo pescoço do rapaz, deixando no
caminho leves beijos e mordidas que arrancavam gemidos impossíveis de conter.
Elliot mordeu o lábio inferior e respirou fundo, tentando manter o controle quando a mão macia do
duque envolveu seu pênis rígido. Não era de tudo inexperiente, já tivera algumas mulheres ao longo da
vida, em sua maioria prostitutas baratas a fim de provar sua masculinidade ao pai. Entretanto, nunca
esteve com um homem, nunca alguém tão viril e capaz de despertar sensações que até o momento ele
desconhecia. Sempre desejou homens, atraía-se por eles desde pequeno, contudo nunca seus
sentimentos foram recíprocos, até aquele momento...
Um gemido alto escapou por entre seus lábios e tentou agarrar ainda mais a parede atrás de si,
quando a mão do lorde começou a mover-se por toda a extensão do seu membro. A pressão era ainda
melhor do que quando fazia em si mesmo.
Elliot puxou o rosto do duque de volta ao seu, a fim de beijá-lo novamente, enquanto tratou de
tocar o corpo dele numa desculpa para despi-lo. Logo livrou-se das roupas do nobre, forçando-o a parar
de estimulá-lo.
Assim que estava nu, Aron girou Elliot, deixando-o virado para a parede e posicionou-se em meio
às pernas do rapaz, esfregando seu pênis entre as nádegas do plebeu, mas sem penetrá-lo.
Elliot gemeu, quase em súplica. A proximidade do membro do nobre o fez arder.
– Eu posso? – O sussurro da voz doce e o pedido ousado do duque o fizeram corar.
Nunca havia feito daquela forma, no entanto a proximidade do membro de Aron daquela região a
fazia pulsar, ansiar por ser preenchida. Elliot se assustou com o quanto desejava aquilo, ter prazer
daquela forma.
– Sim, meu lorde. – Ele se conteve para não implorar. Faça logo!
Era tudo o que Aron precisava ouvir. Curvou-se para puxar um pequeno vidrinho guardado no
bolso do casaco, virou um pouco do óleo em seu pênis e jogou o recipiente de volta. Então, apoiou as
mãos na parede e deslizou para dentro de Elliot. Um grito escapou por entre os lábios do plebeu, que
sentiu um leve ardor. O lorde esperou até que o jovem se acostumasse.
Instantes depois, ele arfou, revirando os olhos. Aquilo era melhor do que esperava.
Involuntariamente rebolou contra o corpo do duque. Estava se deliciando tanto que nem parecia nunca
ter feito aquilo.
Aron mordiscou a orelha de Elliot antes de aumentar o ritmo. Podia sentir o desejo na forma como
o plebeu o apertava. Surpreendeu-se com a maneira em que o jovem acompanhava suas investidas.
Os gemidos eram altos o bastante para chamar atenção caso alguém passasse por perto. Felizmente
aquele não era um bairro muito movimentado.
Elliot rebolava contra o copo do duque, empolgado, com cada parte do seu corpo tremendo em
meio ao êxtase. Aron segurou suas nádegas e entrou fundo, arrancando um gemido ainda mais alto.
A cada investida do duque, Elliot raspava ainda mais as unhas na parede, de alguma forma tentando
apertá-la. Os lábios de Aron deslizando pelo seu pescoço até a orelha, beijando e dando leves mordidas
faziam o plebeu se arrepiar e aumentavam ainda mais seu prazer.
Aron também soltava leves gemidos a cada vez que deslizava para fora e enfiava fundo outra vez.

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Estava feliz por aquilo não estar machucando Elliot. Fazer sexo com um homem era diferente, mas não
menos delicioso. Por mais que para um íncubo ambos os gêneros o atraíssem, com as mulheres era
sempre mais fácil, elas se atiravam nele sem esforço algum, já os homens eram mais contidos, evitavam
a aproximação. Para a sociedade da época aquela prática era abominável e poucos se permitiam ceder a
tal pecado.
Não bastasse o lorde estar se movendo dentro do seu corpo; o toque das mãos macias e firmes que
seguravam com força suas nádegas, os lábios e a língua que saboreavam sem pudor algum seu pescoço,
orelhas e ombros, levavam o plebeu a loucura. Aquilo era demais para que Elliot segurasse os gemidos.
Nunca uma mulher lhe proporcionara prazer similar àquele.
Foi em meio a um gemido abafado pelo pescoço de Elliot que Aron gozou. Aquela sensação
deliciosa deixava seu corpo trêmulo, cansado e faminto.
O plebeu corou quando sentiu um líquido quente tomar conta do seu corpo. Entretanto, não teve
tempo de perder-se em meio à vergonha, pois Aron saiu de dentro dele e o virou de frente. O sorriso e a
expressão de prazer ainda presentes no rosto do lorde fizeram Elliot se esquecer de qualquer receio
momentâneo. Como ele era lindo.
O Duque apoiou uma das mãos na parede atrás do plebeu e com a outra segurou o pênis do rapaz,
que pulsava. Roçou seus lábios suaves nos ressecados pelo sol antes de beijá-lo mais uma vez. Elliot
evolveu o pescoço do lorde com os braços, buscando apoio para o próprio corpo. A mão habilidosa do
lorde logo tomou ritmo deslizando com rapidez e pressão. Elliot que já estava excitado por tê-lo tido
dentro de si, não levou mais do que alguns minutos para chegar ao orgasmo. Teria gemido alto se não
fosse pela boca do lorde na sua.
Aron envolveu a cintura do rapaz com seus braços firmes e não afastou os lábios ainda o beijando
com desejo.
Elliot tinha a respiração ofegante, o peito descia e subia rápido. Ainda estava perdido em meio à
sensação. Sentiu o lorde pressioná-lo ainda mais contra a parede, intensificando o beijo.
Aron estava tão faminto que não se conteve, sugou-o de uma única vez, rapidamente, não dando
tempo nem mesmo para o plebeu perceber. Quando o restante da aura azul terminou de adentrar sua
boca, o corpo inerte do jovem caiu nos seus braços.
O duque deitou o corpo no chão e olhou para ele por alguns minutos. Era um jovem bonito e
correspondia bem aos seus desejos, sentiu pena por tê-lo matado. Seria difícil encontrar alguém como
ele outra vez.
Vestiu suas roupas e tomou o corpo nos braços. Olhou ao redor para se certificar que estava
sozinho e notou que, pela noite escura e cheia de névoa, seria difícil vê-lo de longe. Caminhou
acompanhando por um silêncio sepulcral até as margens do rio Tâmisa. Até a luz quebrada do poste
parecia estar ao seu lado.
Acariciou rosto do rapaz pela última vez antes de antes de deixar o corpo cair sobre a água.

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Capítulo 7

O lorde de Piemonte estava sentado junto a sua mesa, sob a luz fraca e
tremulante das velas. O escritório do castelo ecoava o silêncio. Jogou para o
lado os papéis que tinha nas mãos, bufando. Passou a mão pala cabeça
coberta com poucos fios de um cabelo grisalho e olhou para a lua cheia que
parecia estar ao lado da janela.
Sabia que precisava concentrar-se nos problemas do feudo, havia
constantes conflitos com os burgueses, que lhe tiravam o sono. Entretanto, no
momento, não conseguia dar a menor atenção a isso. Na noite anterior,
tomado pela fúria por ter sido traído, espancara sua mulher até a morte e a
deixara em um beco entre as vielas do local onde moravam seus servos. Pela
manhã, mandara seus homens de confiança em busca do corpo, contudo nada
encontraram. Quem roubaria um corpo moribundo? Ou reconheceram-na
como a dama daquele castelo e julgaram-na digna de um enterro descente?
Aquela prostituta, como tivera a ousadia de desafiá-lo! Bateu com força na
mesa de madeira.
Ela era linda, porém tanta beleza só lhe trouxe infortúnios. Era mal-
educada, não se curvava a ele como uma boa esposa. Para piorar, tivera a
ousadia de engravidar de outro homem e não fizera o menor esforço para
esconder.
Tal morte ainda lhe fora pouco castigo.
Uma brisa fria entrou assobiando ao preencher todo o cômodo. O homem
se escolheu com o repentino arrepio que lhe percorreu a espinha. Pensou em
gritar aos servos para que fechassem as cortinas. Contudo, um vulto passou
como um borrão fazendo-o pular em sua cadeira pelo susto. Ora, não tinha
mais a mente fértil de uma criança para ver tal coisa.
Tentou voltar sua atenção para os papéis, tinha trabalho a fazer. Mesmo
que se arrependesse, algo longe da verdade, não poderia voltar atrás no que
havia feito.
Uma silhueta entre as sombras formadas pelas altas estantes chamou-lhe a
atenção. O que diabos seria aquilo? Sentiu outro calafrio lhe percorrer o
corpo. Seus pelos se erriçaram. Postura, homem! És o senhor dessas terras,
nada é mais temido do que ti, gritou para si mesmo em pensamentos.
Puxou um candelabro de prata que estava a poucos metros de sua mão e
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levantou-se. Aquela estranha forma o perturbaria até que tivesse a certeza de


que nada era.
Em passos lentos, caminhou na direção até iluminá-la. Quando pode ver
bem a criatura escondida nas sombras, engoliu em seco. Pai nosso, tendes de
piedade de mim. O choque fez o homem deixar o candelabro cair no chão, as
velas rolaram pela superfície de mármore até apagarem-se.
– Dária? – Trémulo, ele deu alguns passos para trás.
De os olhos arregalados e boca semiaberta com um grito entalado em sua
garganta, encarou-a. Aquilo que deveria ser sua esposa por um momento lhe
pareceu a pior reapresentação de seus pesadelos. Os olhos dela estavam
fundos e enormes, e o antigo verde que lembrava belos campos havia dado
lugar a um vermelho sangue, tão vibrante quanto o que derramara
espancando-a. A pele clara estava mais pálida do que nunca. Seu vestido
havia sido trocado por uma camisola branca, limpa. Talvez fosse um fantasma
vindo atormentá-lo.
Dária abriu levemente os lábios exibindo presas pontiagudas que não
costumava ter, e caminhou na direção do homem.
– Saía daqui, fantasma! Volte para o inferno.
– Estou bem aqui, querido, e não vou a lugar algum até que tenhas o
castigo que merece. – A voz dela, que costumava ser calma e gentil, ecoou
como uma música fúnebre assustadora, fazendo o homem se encolher.
– O que fizeram a ti? – O lorde dava passos lentos para trás, calculando
quanto tempo levaria para chegar até a porta onde os soldados estavam de
guarda.
Em um breve piscar de olhos ela desapareceu. Ele olhou ao redor à
procura dela, deveria sentir-se aliviado, entretanto uma crescente angústia lhe
preenchia o peito, fazendo-o levar a mão até o coração palpitante. Um suor
frio escorreu do seu rosto quando um sopro gelado lhe tocou a orelha.
– Pensas que vais a algum lugar?
Engoliu em seco, perguntando-se como ela havia parado atrás dele.
Deveria ser um pesadelo o atormentando, não havia outra justificativa.
– Deixastes-me para morrer, contudo salvaram-me e fizeram-me mais
forte. – A voz sempre doce dela nunca soou tão firme e cruel.
– SAÍAS DAQUI AGORA, EU ORDENO! – Tentou soar ameaçador
como sempre fizera, no entanto, não pareceu nada além de um de um garoto
assustado.
Dária riu, uma gargalhada alta e aguda. Em que tipo de monstro a doce
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dama havia se transformado?


– Não obedecia a ti antes. Que tolo e ingênuo pensamento o leva a crer
que o farei agora? – Segurou firme os ombros dele, puxando-os, com uma
incrível força, para trás.
O lorde tentou se soltar, debatendo-se, porém ela estava mais forte do que
o seu melhor soldado. Como aquilo era possível? Um urro de dor saiu do
fundo de sua garganta quando Dária puxou tanto os ombros para trás ao posto
dos ossos estalarem ao serem deslocados.
A dama ouviu o som dos nervos e tendões dos ombros do homem se
romperem e o grito agonizante de dor a fez vibrar de excitação. SOFRA,
DESGRAÇADO!
O lorde não sentiu mais seus braços. Contudo, por um instante respirou
aliviado pela dor ter parado, não se importando com as implicações daquilo.
Sua paz não durou, pois logo sentiu as unhas pontiagudas dela adentrarem
a pele de suas costas. O grito seguinte tinha pouca força e estava carregado de
desespero. Todo seu poder de nada lhe valia nesse momento, não passava de
uma pobre criatura assustada.
O som de seus ossos sendo partidos foi audível inclusive para ele. A dor
alucinante dessa vez o fez desmaiar. Isso o poupou de ver seu coração ainda
pulsante ser arrancado do peito.
Dária espremeu o órgão, sujando de sangue sua camisola branca, então o
jogou sobre o corpo caído no chão. Sentia sua garganta arder de sede, mas
daquele sangue sujo ela não provaria.

Pela janela de seu quarto, com a pesada cortina escura levemente afastada,
Dária observava a rua. Estava tudo quieto e silencioso, até mesmo o vento
havia se acalmado naquela noite, a não ser por um casal que passava na rua,
estragando a harmonia de tudo. A mulher usava um vestido de segunda mão,
com saia pouco volumosa, feito sem dúvidas por uma costureira barata. O
homem, melhor vestido, talvez um burguês de classe média, arrastava a pobre
e brigava com ela, como se fosse um animal que lhe devesse obediência.
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Dária respirou fundo, largou a cortina e retornou ao interior de seus


aposentos. Não importava que duzentos anos houvessem se passado desde o
ocorrido que lhe assombrava a memória, homens como seu marido
continuavam a existir. Por mais forte que fosse não conseguia acabar com
todos, apenas chamar atenção para si mesma...
Foi sugada para fora de seus pensamentos quando mãos suaves e pequenas
tocaram-na nos ombros. Seus lábios se curvaram em um largo sorriso e seus
olhos vermelhos como duas poças de sangue iluminaram-se.
– Melinda. – Afirmou mantendo-se onde estava, sem voltar-se para a
intrusa a fim de confirmar sua suposição. – Ainda és a única que consegue se
aproximar de mim sem que eu perceba.
– Eu sou uma bruxa, querida. Não és a única com alguns truques. – A fala
da mulher foi quase um sussurro próximo à orelha de Dária. A leve mordida e
o sopro de ar quente fizeram a dama se arrepiar.
A vampira raspou as presas nos lábios inferiores antes de virar-se para a
bruxa. Seu sorriso alargou-se ainda mais quando, ainda que sob a pouca luz,
pode ver a mulher que não encontrava há uns cinquenta anos. Seus olhos
atentos percorreram todo o corpo da visitante e seu coração encheu-se de
alegria ao perceber que ela não havia envelhecido um único dia desde que se
viram pela última vez.
Melinda se portava como a rainha que era. Não a simples comandante de
um país, mas alguém que tinha domínio sobre todo o mundo. A soberana das
bruxas usava um vestido púrpura com uma sobressaia preta; o espartilho
negro apertado realçava ainda mais seus belos e redondos seios, o tecido de
renda bordado à mão sob o espartilho formava mangas que deixavam seus
ombros rosados provocativamente a mostra. Os olhos prateados dela tinham
uma aura e brilho únicos. Os cabelos negros estavam presos em um coque no
alto da cabeça, e pequenos fios caiam formando cachos que lhe emolduravam
o rosto.
Dária a abraçou com força ao ponto de ouvir pequenos cracks e a
respiração da bruxa se tornar mais aflita, até que a mulher desse leves
tapinhas no braço da dama para que fosse solta. A vampira finalmente a
soltou e deu um passo para trás, com os braços caídos e as sobrancelhas
curvadas. Suas bochechas estariam coradas de vergonha caso fosse possível.
– Eu senti muito a tua falta. – Melinda sorriu fazendo com que Dária se
esquecesse da vergonha. – Faz muito tempo desde que nos encontrámos pela
última vez na França.
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– E o que a trouxe aqui? – Dária ergueu a cabeça e a olhou de maneira


mais dura e enfática. – Não creio que a saudade bastasse para traze-la de tão
longe.
– Querida Dária, sempre tão direta. – A bruxa a acariciou no rosto
deslizando seus dedos macios devagar por toda a extensão. – Eu vim para a
cidade resolver alguns assuntos. Entretanto não foram eles que me trouxeram
até a ti. Gostaria mesmo de poder vê-la. Embora breves, meus momentos ao
teu lado foram memoráveis.
Melinda deslizou a mão até a nuca de Dária, fazendo a vampira fechar os
olhos ao sentir a sensação do toque da pele cálida. Enrolou os dedos nos
longos cabelos ruivos e puxou o rosto para mais perto. Os lábios se tocaram,
roçando devagar. O que se tornou quase uma tortura para as duas, não
demorou para que a ânsia por um beijo mais intenso as vencesse, e quando as
línguas finalmente se tocaram, seus corpos vibraram em êxtase pelo desejo
concedido.
Com seus dedos ágeis, Dária começou a puxar as amarras que prendiam o
espartilho da bruxa, logo livrando-se da peça e jogando-a ao chão. Mordeu de
leve o lábio inferior dela, provando o sangue peculiar e único que bruxas
tinham. A rainha suspirou e apertou Dária ainda mais contra seu corpo.
Sentiu falta daquela pele fria e rígida, da mulher forte e ao mesmo tempo tão
delicada. Ela era sem dúvidas um de seus melhores casos...
Arrepiou-se quando os lábios foram levados até a sua orelha e um sopro
de ar gélido a fez tremer. Melinda sabia que seu tempo em Londres era curto
e que muito tinha a fazer, contudo, no momento em que as presas afiadas
perfuraram seu pescoço soube que não se preocuparia com isso tão cedo.
Sentiu a região entre as suas pernas aquecer-se no mesmo instante em que seu
sangue começou a ser sugado. Conteve o desejo de fazer as roupas que
vestiam desaparecerem. Ainda que por um breve instante quisesse sair dali, o
magnetismo de Dária não a permitiria. A magia de sedução contida no
veneno dela era tão forte quantos seus poderes. Resistir para que? Jogou a
cabeça para trás, encostando-a na parede e permitiu a vampira tivesse acesso
total ao seu pescoço. Suspirou ao sentir seu corpo desejá-la ainda mais.
Em um sussurro, começou a recitar um feitiço que desfez o laço do
espartilho de Dária e afrouxou as amarras. Por mais que ter o sangue drenado
a estivesse deixando fraca, Melinda choramingou quando a vampira se
afastou, não queria que aquele afrodisíaco parasse.
Dária passou a língua nos lábios engolindo os últimos vestígios do sangue
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em sua boca. Além do sabor, a energia presente no sangue de uma bruxa o


tornava inigualável. O tomaria até a última gota caso se permitisse, porém
aquela era a quantidade que podia beber sem deixar Melinda fraca. Furou um
de seus dedos com a pronta da presa e usou a pequena gota de sangue que se
formou para curar o ferimento pelo qual se alimentara.
– Minha vez de mordê-la. – Se o desejo não estivesse tomado conta de
seus sentidos a rainha teria rido de sua própria piada.
Puxou a vampira até a cama que conhecia bem. Entre beijos calorosos,
tentava se livrar das camadas de tecidos que as cobriam. Como odiou aquelas
roupas que a impediam de se tocar. Eram panos demais, se não
desaparecessem logo, apelaria para a magia.
Quando finalmente todas as saias e demais tecidos que as cobriam foram
jogados ao chão, Melinda suspirou aliviada e empurrou Dária sobre a cama,
deitando-se por cima dela.
Que pele quente, a vampira suspirou com o contado do corpo nu dela no
seu. Um gemido escapou por entre seus dentes, e a fez se remexer sobre a
cama, quando Melinda mordeu a base do seu pescoço. Embrenhou os dedos
no cabelo dela, atrapalhando seu belo penteado, a rainha daria um jeito nisso
depois.
A bruxa desceu os lábios até um dos seios da vampira e o contornou com a
língua, fazendo Dária arfar. Apesar de fria, a forma como reagia aos seus
estímulos mostravam a Melinda que ela estava bem viva.
Percorreu com a língua a pele sedosa por entre os seios até a base da
barriga lisinha. A vampira arqueou o corpo em meio a suaves gemidos,
mexendo-se na cama. Ergueu os quadris quando a boca de Melinda se
aproximou o suficiente para fazê-la conter-se para não implorar por um toque
mais íntimo.
A rainha sorriu ao encarar o rosto de Dária, com os olhos com os olhos
vermelhos a fitando, e a boca semiaberta por onde escapavam gemidos cada
vez que a tocava. Colocou uma mecha de seu cabelo, que havia sido
bagunçado, atrás da orelha e curvou-se para lamber o clitóris da vampira.
Passou a língua com pressão, em uma velocidade agonizante, o mais lento
que pode.
Dária agarrou a cocha da cama e soube, quando ouviu o som de algo se
rasgando, que a culpa era sua. Soltou um gritinho em meio a carícia lenta.
Aquilo era uma tortura, mas a mais deliciosa pela qual já havia passado.
Sentiu a língua a percorrer ainda devagar. Rebolou involuntariamente e
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deixou escapar um gemido de súplica.


– Melinda... – A palavra saiu pelos lábios da vampira quase como um
choro.
– Seja paciente. – A bruxa percorreu com a ponta dos dedos delicados a
junção entre as pernas dela e a virilha, porém sem tocar a região tão desejada.
– Essa não é uma virtude que desejo ter agora. – Dária mal conseguiu
pronunciar aquelas poucas palavras. Gemia em meio à pressão que os dedos
faziam ao redor de sua virilha. Abriu as pernas o máximo que pode,
deixando-se ao total alcance da rainha. Sentia-se ardendo por dentro e a
região pulsante entre as suas pernas a enlouquecia a cada provocação,
ansiando por mais do que aqueles poucos toques. Arqueou o corpo quando
Melinda se curvou novamente e voltou a lambê-la, desta vez com mais
pressa.
A vampira passou a soltar gemidos mais altos, sem a menor preocupação
em retê-los, e começou a mexer os quadris involuntariamente acompanhando
os movimentos da língua que a tocava. Um gritinho alto escapou por entre
seus dentes e ela terminou de rasgar a colcha da cama quando sentiu a boca
da rainha envolver seu clitóris e começar a chupá-lo. Por um momento havia
se esquecido de quão boa Melinda era naquilo.
Com uma das mãos, a bruxa segurou as nádegas de Dária, contendo um
pouco seu rebolado, e com a outra penetrou-a com um dedo. A forma como
estava molhada mostrou-lhe que estava fazendo um bom trabalho.
A última coisa que a vampira desejava naquele momento era que aquilo
parasse. Entretanto, não era a única que queria gemendo de prazer. Puxou a
bruxa de volta pelo cabelo, para poder beijá-la na boca. Em meio à troca de
carícias com a língua soltava gemidos abafados, provocados pelo vai e vem
do dedo de Melinda dentro de si.
A rainha retirou a mão e apoiou-se com os cotovelos ao lado da cabeça de
Dária, arrancando dela um gritinho de protesto. Ajeitou-se entre as pernas
distanciadas da vampira e deslizou os lábios até a orelha dela sobrando de
leve fazendo-a encolher-se, arrepiada.
– Uma imortal deveria ser mais paciente.
– Não fales de paciência agora. – Dária desceu as mãos até as nádegas e
apertou-as, arrancando dela um gemido. Segurando-a firme, a posicionou
para que o clitóris da rainha ficasse sobre o seu.
Ambas gemeram juntas e começaram a rebolar, esfregando-se. A vampira
segurava firme as nádegas de bruxa, ditando os movimentos. A medida que a
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fricção ente as duas aumentava, os gemidos se tornavam cada vez mais altos.
Melinda beijava o pescoço da vampira e aproveitava as mãos livres para
poder tocá-la. Ainda que Dária a segurasse, movia-se o mais rápido que
podia. Subiu os lábios até os dela e esfregou-os nos seus. Suspirou, estar com
ela era incrível, as humanas não tinham todo aquele fôlego. A fricção entre
elas a estava levando rápido ao ápice.
Dária a girou na cama, sentando-a e passou uma das pernas sobre a dela,
encaixando-se novamente, e voltando a se movimentar. Aquela posição deu
mais liberdade a Melinda, deixando os seios da vampira ao alcance da sua
boca. Abocanhou um deles sem hesitar, o que fez com que Dária apertasse a
sua cintura com força em meio a um gritinho, aquilo deixaria alguns
hematomas depois, contudo ambas pouco se importavam com isso no
momento.
A vampira a puxou pelo cabelo, a tomando de volta em um beijo. As
línguas mal se tocavam em meio a tantos gemidos.
Dária apoiou suas mãos na cama e jogou a cabeça para trás quando sentiu
a sensação do orgasmo tomar conta do seu corpo. Tremendo, continuou a se
mover por mais algum tempo, até que sensação inebriante parasse.
– Uau! – Sorrindo, deitou Melinda na cama e apoiou seus seios, que
subiam e desciam em meio a uma respiração ofegante, sobre os dela. – Agora
é a minha vez de servi-la, minha rainha. – Beijou-a no pescoço e começou a
deslizar seus lábios frios pela região estre os seios até a base da barriga.
A rainha se arrepiou, fechando os olhos, entregue às sensações que a
vampira lhe proporcionava. Sentiu-a posicionar a cabeça entre as suas pernas
e levou as mãos até os cabelos dela, jogando-os para trás a fim de que
pudesse ver melhor seu rosto. Soltou um gemido longo quando sentiu a
língua de Dária tocá-la, com pressão e ritmo. Quando o orgasmo chegou,
junto com o grito, os móveis e objetos ao redor delas tremeram, sinal de que
por alguns segundos a bruxa perdeu o controle de si mesma.
Dária se deitou na cama ao lado dela e puxou-a para junto de si.
Abraçadas, trocando algumas carícias gentis, fecharam os olhos...

Melinda acordou com Dária percorrendo as curvas de seu corpo com suas

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mãos geladas. Ergueu a cabeça e virou-se para ela, sorrindo.


– Adoraria ficar contigo para sempre. – Acariciou o rosto da vampira.
– É agora que me diz que vais embora? – Dária beijava o ombro dela.
– Sabes que preciso ir. – Melinda lhe deu um selinho carinhoso. – Eu
tenho algo para ti. – Em um sussurro, fez um envelope sair do meio de suas
roupas e voar até suas mãos. – A rainha Vitória dará um baile em Windsor.
Esse é um dos motivos pelos quais eu vim, e espero vê-la lá.
Dária engoliu em seco. Tumultos de humanos não eram os locais que mais
gostava de ir. Tinha bons motivos para viver nas sombras.
– Não há com que te preocupar. – Melinda acariciou os ombros de Dária
ao ver uma expressão de dúvida tomar conta do seu rosto. – Será um baile de
máscaras. Ninguém a reconhecerá, e pode levar suas garotas, se assim
desejar.
– Pensarei a respeito. – Dária encarou Melinda, enrolando uma mecha dos
cabelos negros dela.
– Espero vê-la lá. – A bruxa deu um rápido selinho nela e levantou-se.
– Já vais?
– Lamento ter que partir, contudo já me conheces bem. – Andou até suas
roupas e no instante seguinte estava vestida e arrumada outra vez. Por mais
veloz que Dária pudesse ser, jamais se igualaria aos poderes de Melinda. –
Até breve, minha querida.
A vampira piscou os olhos e no instante seguinte a bruxa não estava mais
lá. A rainha, como ninguém, sabia como chegar sem ser vista e desaparecer
da mesma forma. Suspirou, revirando-se na cama. Sabia que precisava
levantar-se, entretanto, não faria aquilo pelos próximos minutos.
A vida nos últimos duzentos anos havia lhe mostrado ser bastante
generosa. Foi salva pela morte por sua criadora, que deu a ela a força para se
vingar daquele que havia a subjugado por anos. Melinda, assim como outras
mulheres, lhe mostrara prazeres até então desconhecidos. Dária se julgava
feliz no momento. Era livre, dona de si mesma e protegia outras garotas da
forma que podia.
– Minha dama? – A voz de Elzor, ainda que atrás da porta, era
inconfundível. O eunuco, servo fiel durante sua vida como humana,
continuava a fazê-lo durante a imortalidade, e em momento algum
arrependera-se de tê-lo transformado.
– Sim? – Levantou-se e começou a se vestir.
– Alguém lhe enviou flores.
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Capítulo 8

– Temos um convite da própria rainha para um baile. – Natasha entrou na


sala rodopiando e sacudindo um papel em suas mãos. Os olhos dela
brilhavam com uma excitação pouco comum. Seus cabelos negros estavam
soltos e balançavam no ar.
– Um convite? – Isabel ergueu os olhos a fim de fitar a irmã e deixou sua
xicara de chá sobre a mesa de centro à sua frente.
– A RAINHA! – Natasha deixou seu corpo cair sobre o sofá em meio a
um suspiro. – Deverias ser o rei, Aron, e eu princesa da Irlanda.
– Rei? – O lorde fechou o livro em suas mãos e encarou-a, como se o que
ela tivesse acabado de dizer fosse uma grande piada. – Somos bastardos.
Nossa mãe seduziu o rei. Tivemos sorte por ganharmos um bom título e
posses. Deixamos a Irlanda por chamarmos atenção demais. Imaginem só
quantos questionamentos fariam a respeito de um rei que não envelhece ou
mesmo morre.
Natasha curvou os lábios em meio a uma careta.
– És TÃO sem graça, Aron.
– Quando é o baile? – Isabel se aproximou da irmã.
– Amanhã à noite...
Um grito agudo interrompeu a conversa dos irmãos e os fez pular de susto.
Natasha levantou às pressas e foi até a porta da frente do casarão.
Uma das criadas estava lá, boquiaberta, com olhos arregalados e pálida. A
pobre tremia muito, parecia ter visto um fantasma.
– Anisha, o que aconteceu?
A jovem estendeu a mão trêmula e apontou para algo na entrada, deixado
ali durante a noite.
Natasha levou a mão até a boca a fim de conter um grito de espanto. Aron
e Isabel se aproximaram.
– Saia daqui agora, tudo ficará bem. – O lorde acariciou os ombros
expostos da serviçal, fazendo um calor tomar conta dela. Anisha se sentiu
calma e relaxada de imediato, quis abraçar o Duque, mas conteve-se e seguiu
as ordens que lhe foram dadas, deixando o lugar.
– Eu amo essa mulher!
Aron observou a empolgação de Natasha, em seguida voltou-se para a
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cabeça jogada ao chão. Pobre entregador. O homem que havia pagado para
levar um buquê à bela vampira que inundava seus pensamentos agora tinha as
mesmas rosas enfiadas em sua boca junto a um bilhete que dizia: A próxima
cabeça que arrancarei será a tua.
– Como podes gostar de tamanha crueldade? – Isabel olhou para a irmã
com o canto do olho. – Precisas tirar logo isso daqui antes que mais criados o
vejam.
– Podem ir, darei um jeito nisso. – Aron gesticulou com a mão para que as
irmãs o deixassem sozinho, e em seguida abaixou-se próximo à cabeça e a
observou por alguns minutos.
Decerto a ideia de agradá-la com flores não fora bem-sucedida. Se a
vampira parecia odiá-lo no último encontro, a reação dela apenas deixava isso
mais evidente.
Aron pegou a cabeça e vagarosamente caminhou até onde enterrava alguns
dos corpos de suas vítimas, uma região discreta e afastada da propriedade dos
Donovans.
A chuva caía fina e molhava as roupas do lorde, mas esse, pisando firme
sobre a grama, mal parecia notá-la.
Mulheres gostavam de flores, entretanto, ainda que esse não fosse o caso.
A reação dela lhe parecera mais pessoal. Embora estivesse claro o quanto a
vampira o odiava, o Lorde parecia apenas se excitar com isso. Deveria haver
alguma forma de chegar até aquele coração frio, tudo o que precisava era
descobrir qual.

Aron estava de pé, diante do espelho abotoava o casaco de seu terno, feito
com a mais alta costura, pelo próprio alfaiate que confeccionava as roupas da
realeza. Pensou sobre o que Natasha havia lhe dito: Sim, poderia ser rei.
Entretanto nunca possuiu tamanha ambição, a vida de nobre sem muitas
preocupações lhe era muito mais conveniente.
Estendeu a mão para pegar a máscara que deixara sobre sua cômoda, ao
lado de algumas joias. Amarrou-a junto à face e observou-se no espelho mais
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uma vez. Mesmo com a máscara cobrindo boa parte do seu rosto, o lorde
ainda era um homem muito bonito, com ombros largos, um maxilar quadrado
e bem definido, mãos grandes e suaves, com dedos cumpridos. Nenhuma
mulher havia resistido ao seu charme, até agora.
Àquela altura, pela forma como ela o tratara, deveria estar no mínimo
irritado, contudo nunca tivera um bom desafio. De certa forma aquilo o
excitava. Voltaria a vê-la em breve, as ameaças que ela fizera não o
assustavam nem um pouco. Para a vampira deveria ser fácil botar humanos
para correr, mas ele era um demônio.
– Vamos, Aron? – Natasha surgiu na porta do quarto chamando por ele. –
Não quero me atrasar.
Sem dizer nada, o duque a seguiu. A súcubo estava deslumbrante, Aron
não esperava algo diferente da menos contida de suas irmãs. Com um vestido
vermelho e espartilho apertado que cobria até metade de seus seios, deixando
o restante à mostra. Seus longos cabelos negros estavam soltos e balançavam
com a brisa da noite.
– Não mate ninguém essa noite. – Aron pediu ao segurar o braço da irmã
assim que chegaram na entrada do casarão.
Natasha se voltou para o irmão com um largo sorriso nos lábios
vermelhos.
– Te preocupas demais, querido.
– Vamos logo! – Isabel gritou ao acenar para os dois de dentro da
carruagem.
– Não chamarei atenção demasiada para nós, não te preocupes. – Natasha
olhou para Aron uma última vez antes de segurar seu vestido e caminhar a
passos largos até o transporte que esperava por eles.
O lorde balançou a cabeça, tentando afastar alguns pensamentos. Gostaria
de se sentir mais seguro quanto às palavras da irmã, porém discrição nunca
lhe fora algo importante.
Aron se sentou ao lado de Isabel na carruagem e fez um gesto para que o
cocheiro iniciasse a viagem.
O baile seria em Windsor, um grande castelo que ficava a pouco mais de
uma hora da propriedade dos Donovans. Os três irmãos seguiram a viagem
em silêncio.
Isabel, dependurada sobre a janela, observava as estrelas que brilhavam no
céu, elas estavam sempre deslumbrantes, não importava onde fosse, ainda
que a fumaça das fabricas teimasse em encobri-las. A lua cheia, que
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iluminava o céu, seguia seu olhar. A loira se voltou para o irmão com o olhar
sem foco, olhando para frente e ao mesmo tempo para lugar algum. Estava
distante, com seu corpo ali, mas a mente em outro lugar. Decerto a tal mulher
que ele conhecera havia tomado conta de seus pensamentos. O incentivou a
investir naquilo, entretanto não imaginava se deparar com a cabeça de um
entregador de flores na entrada de sua casa. Talvez aquilo estivesse indo
longe demais.
Um pulo da carruagem ao passar por uma pedra a fez sair de seus
pensamentos e olhar para fora. Viu os muros de pedra do castelo e várias
outras carruagens se aproximando.
O cocheiro estacionou próximo à entrada e desceu rapidamente, passando
as mãos suadas no casaco, antes de abrir a porta para que seus senhores
saíssem. O sorriso que Isabel lhe dirigiu fez seus olhos se iluminarem.
Os três caminharam até a entrada do palácio, onde uma multidão de
plebeus curiosos se aglomerava para ver o que podiam. Um garotinho
conseguiu se aproximar o bastante a ponto de tocar o vestido de Isabel, que
não o recriminou. Entretanto, os guardas com altos chapéus peludos e pretos,
vestindo um uniforme vermelho, logo o tiraram dali.
Passaram pela entrada assim que Natasha apresentou o convite. O lugar
estava ainda mais cheio por dentro. Toda a nobreza inglesa estava lá, além de
diplomatas e outros nobres de países próximos. Ainda que os rostos
estivessem cobertos por máscaras, era bem fácil distinguir os estrangeiros
pelas vestimentas características.
Aron nunca estivera ali antes e não conteve os olhos que passearam por
todo lugar. O salão era amplo, bem iluminado com lustres luxuosos, que bem
distribuídos no teto não deixavam um pedaço se quer do salão nas sombras, e
havia, nas paredes, pinturas da família real. Grandes mesas se estendiam
pelas laterais e sobre elas um banquete digno dos deuses. Quando se deu
conta, percebeu que suas irmãs haviam se perdido em meio à multidão. No
entanto, isso não o preocupou, não esperava reação diferente vindo daquela
duas.
Observou a rainha sentada em seu trono. Esta parecia pouco animada com
a festa, estava fazendo aquilo para agradar mais aos outros do que a si
mesma. Depois da morte de seu filho pouco ânimo tinha para tal tipo de
comemoração.
Os músicos parados poucos metros ao leste do trono, tocavam uma música
instrumental dançante, que embalava os movimentos graciosos dos nobres
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que dançavam ao centro.


Aron era observador e, mesmo com as máscaras, era capaz de reconhecer
boa parte daquelas pessoas ali presentes. A poucos passos dele, com um copo
de vinho nas mãos, estava o marquês de Tortherght cuja filha mais nova o
duque seduzira há pouco mais de um ano, e desde então nunca mais fora
vista. Era uma jovem bonita, uma pena tê-la matado.
Aproximou-se da mesa e pegou um petisco. Tentou ficar o mais discreto
possível, pois sua presença já chamava atenção por si só. Acabou
encontrando Natasha flertando com um jovem conde, que tinha as bochechas
coradas e estava nitidamente oprimido pela presença da dama. Aron riu
sozinho, ela não conseguia se conter.
O duque virou os olhos em direção a entrada a tempo de ver uma mulher
chegar. Ela não atraiu apenas o seu olhar, mas também, o de todos os homens
ainda sóbrios. Ela usava uma máscara preta, adornada por pequenos cristais,
que cobria metade de seu rosto, deixando de fora apenas seu nariz triangular
e a boca carnuda e vermelha. A dama usava luvas negras até os cotovelos.
Seu vestido era vermelho vinho, rodado, decorado com pedras preciosas,
justo na cintura de onde subia um espartilho preto que ia até metade de seus
seios, em um decote provocante. Seus cabelos ruivos estavam presos no alto
da cabeça de onde caiam cachos finos e delicados. As mulheres presentes na
festa sentiram-se ofendidas com tamanha beleza. Com a cabeça em pé, ela
dava passos confiantes.
Um singelo sorriso surgiu nos lábios do duque. Não esperava vê-la tão
cedo. Sentiu que sua noite poderia ser melhor do que esperava. Enquanto os
homens ao seu redor ainda estavam boquiabertos, tentando adivinhar quem
era a mulher por debaixo daquela máscara, Aron caminhou até ela e lhe
estendeu a mão.
– Concedes-me a honra desta dança, vampira? – A última palavra soou
como um sussurro, como se fosse um segredo apenas dos dois.
Dária arregalou os olhos, surpresa ao reconhecê-lo, pelo aroma doce que
emanava de sua pele.
– Como me reconheceu?
– És a única mulher que anda como se fosse capaz de subjugar o mundo à
tua vontade.
– Pensei que meu último recado lhe tivesse bastado. – Dária abriu um
sorriso forçado e estendeu a mão, aceitando o convite após perceber que
todos olhavam para ela.
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– A cabeça? – Aron riu como se tal acontecimento trágico não tivesse


passado de uma piada. – Não desistirei tão fácil de ti.
– Pois deverias fazê-lo enquanto ainda permito que respires. – A vampira
o cumprimentou no centro do salão, segurando a saia do vestido e curvando
levemente o corpo.
– As tuas ameaças não me amedrontam, se és o que pensas. – Aron olhou
fundo nos olhos dela quando suas mãos se tocaram no ar acima de suas
cabeças.
Todos os olhares presentes no salão observaram a sintonia do casal e a
graciosidade com que dançavam. Era como se um holofote estivesse voltado
para os dois, mesmo que a luz ambiente fosse uniforme. Havia beleza e
delicadeza nos movimentos sutis e naturais. Aos olhos de muitos, que não
conseguiam ouvir o diálogo do casal, eles pareciam parceiros de longa data.
– O último homem que tentou subjugar-me teve o coração, ainda batendo,
arrancado do peito.
Os dois giraram pelo salão em sincronia com os demais casais.
– Então é isso. – Aron percebeu ao fitar o olhar carregado de ódio que ela
lhe dirigia. – Tua ira por mim vai além do ressentimento pelas garotas que
matei. É algo mais pessoal, entretanto nada fiz a ti.
– Homens já fizeram o bastante.
– Se tem algo que não quero é subjugar-te. – O lorde a puxou pela cintura
para junto do seu corpo.
– Teus truques não funcionam comigo. – Ela o empurrou e saiu
rodopiando para longe até ser interceptada por outro cavaleiro.
Uma outra dama veio até Aron e ele continuou a dança, furioso por ter a
vampira longe de seus braços. Durante toda a dança não conseguiu tirar os
olhos dela, a cada movimento mais distante.
Quando a música parou, a dama parecia ter desaparecido da maneira
mágica em que surgira. Para Aron, foi como um fantasma que apareceu
apenas para atormentá-lo. Cogitou procurar por ela, contudo lembrou-se da
velocidade que os vampiros tinham e que se ela quisesse já estaria bem longe
dali.

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Dária estava de pé em frete a uma pequena fonte, onde a água brotava no


meio, a grama ao redor estava um pouco marrom e as plantas não tinham
flores. A aparência da natureza, somada à brisa gelada da noite indicavam
que o inverno estava próximo. A dama se virou e encarou a vista, uma torre
alta grossa se erguia sobre uma pequena colina, onde, daquele ângulo, ela era
tudo o que se podia ver do castelo, pois ela tampava todo o restante.
Em passos lentos, Dária foi até um banco preto de ferro que ficava a
alguns metros da fonte, e sentou-se.
Olhou para frente e para lugar algum. Irritou-se e optou por sair da festa.
Passara séculos fugindo das garras dos homens, porém mesmo sob avisos
aquele íncubo não recuava. Que petulância! Já deveria tê-lo matado e não
correria o risco de encontrar-se com ele novamente.
Ouviu passos ágeis fazendo um som suave quase imperceptível sobre a
grama, e virou-se por reflexo na direção. Suas pupilas se dilataram e as presas
pontiagudas cutucaram sua língua. Firmou as mãos sobre o branco frio de
ferro e preparou-se para atacar. Entretanto, seus ombros relaxaram quando,
sob a luz cálida da lua minguante, reconheceu quem era.
– Elzor, o que fazes aqui? – Dária encarou o homem com a cabeça careca
coberta por um capuz negro que formava uma forte sombra sobre seus olhos,
encobrindo-os.
– Estou sempre próximo a ti, minha senhora. – Sua voz era calma e soou
com alguém que falava o óbvio.
Os lábios da dama se curvaram levemente em um breve sorriso e ela quase
soltou um risinho. Sentiu uma enorme alegria em tê-lo ali, interrompendo
seus pensamentos.
– Desististes do baile?
– Não encontrei Melinda. Suponho que ela estava tratando de assunto das
bruxas. Então não vi motivos para continuar lá.
– Do que foges, minha senhora? – Elzor sentou ao lado dela e fitou seus
olhos vermelhos, com as pupilas dilatadas. A conhecia bem o suficiente para
saber que ela não estava contando tudo.
– O íncubo.
– Ele está aqui?
– Sim. Parece uma sombra a perseguir-me.
– Ele está realmente interessado em ti.
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– Besteira! – Dária virou o rosto. – Conheces criaturas como ele, só se


preocupam em seduzir suas presas.
– Construístes um muro ao redor de ti nos últimos séculos. Tratastes os
homens como ratos, e mesmo as mulheres com as quais se envolvestes não
deixastes que realmente se aproximassem de ti. Estás sozinha, minha senhora.
Talvez seja a hora de dar a ti mesma uma nova oportunidade.
– Eu tenho a ti. – Encarou-o com o canto de olho.
– Sou apenas um servo.
O breve discurso de Elzor deixou Dária sem palavras. Abriu os lábios
várias vezes, porém nenhum som escapou por eles.
– Raiva é o único sentimento que ti permites desde que se casou.
– Meu marido era um bárbaro, assim como todos os outros homens! – A
frase saiu como um rosnado de fúria por entre suas presas pontiagudas.
– Ele foi a pior pessoa que conheci. Porém não deixes que o Lorde
continue lhe atormentando pela eternidade...

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Capítulo 9

De pé, parada junto à sacada que lhe permitia ver o salão do bordel. Com
os olhos sem foco, Dária fitava o nada. Mesmo com o barulho ambiente alto
vindo do salão, e a atitude bárbara de um dos clientes brigando com uma de
suas garotas, ela nem piscou.
Apertou o parapeito de pedra e respirou fundo, fazendo seu peito encolher
dentro do espartilho apertado. Por que aquele íncubo estava bagunçando a
sua vida? Tudo parecia bem até ele aparecer, nunca antes nada a fizera
questionar se o fantasma de seu marido ainda interferia em seus atos.
Contudo, depois do que ouvira de Elzor, ainda que odiasse admitir, seu
passado a mantinha sim distante das pessoas, dos homens principalmente...
Porém não permitiria que outro tomasse as rédeas de sua vida outra vez!
Deu um soco no parapeito de pedra, fazendo rachar e formar um buraco onde
sua mão o atingiu. Talvez Elzor estivesse certo e nem todos fossem como seu
ex-marido, entretanto... NÃO correrei o risco outra vez!
Daria ergueu a cabeça e fitou o salão lotado. Aqueles porcos lá embaixo
representavam bem tudo o que os homens significavam para ela.
Por fim, irritou-se de ficar ali e caminhou para longe, de volta à uma de
suas salas. Passou pelo corredor vazio, iluminado por pequenas lâmpadas
presas à parede, até chegar a uma pesada porta de madeira. As sobrancelhas
dela se ergueram, junto ao estranhamento por encontrar a porta semiaberta.
Poderia jurar que a deixara trancada. Empurrou-a levemente, entretanto o
movimento sútil não evitou o ranger.
A dama enrijeceu o corpo e afunilou os olhos, a fim de enxergar melhor
sob a pouca luz. Seja lá quem estivesse ali, ela estaria pronta para enfrentá-lo.
Assim que entrou na sala viu uma silhueta escura, que se destacava na
escuridão. Estava prestes a atacar seja lá quem fosse o infeliz que tivera a
ousadia de invadir aquele lugar, quando o ar do ambiente tomou conta de seu
nariz, trazendo consigo o cheiro do invasor.
– O que fazes aqui?! – O rosado que escapou por entre as presas de Dária
fez as paredes do local tremerem.
Aron acendeu uma vela que estava ao seu lado em um castiçal cumprido.
E a pouca luz trêmula foi o bastante para dar forma ao seu belo rosto. Ele
exibia um sorriso sutil na curva de seus lábios.
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– Tuas garotas foram bem gentis comigo ao me trazerem até aqui.


A calma na voz dele apenas deixou Dária ainda mais furiosa. Como ele
ousara invadir sua casa?!
Atravessou a distância entre os dois em uma fração de segundo e
arrancou-o da cadeira, puxando-o pela gola do casaco, e pressionou o duque
contra a parede. O choque de suas costas contra a superfície fria causou um
forte estrondo pela força e fúria com que foi jogado.
Aron observou a forma como ela lhe encarou, com os olhos afunilados as
pupilas dilatadas, tornando negro o vermelho vivo dos olhos dela; a boca
semiaberta com as presas a mostra. Os dedos logos e delicados puxando com
força a gola do seu casaco, ao ponto de ouvir o tecido se rasgando aos
poucos. Não havia calma nem mesmo em sua respiração, que fazia subir e
descer, em movimentos nada sutis, os seios fartos da dama.
– POR QUE NÃO ME DEIXAS EM PAZ?! – Ela gritou por entre as
presas, com o rosto a poucos centímetros do dele.
Aron correspondeu ao olhar penetrante dela, mas com uma serenidade que
a surpreendeu. O lorde realmente não temia nem um pouco as ameaças,
apesar da vampira pressioná-lo, o corpo dele estava relaxado.
– Por que eu te quero, e desistir não é uma opção. A princípio eras apenas
a mais bela das mulheres que já vi, porém quanto mais tentas me afastar,
mais eu lhe desejo. Podes tentar manter-me longe de ti, mas jogarei teu jogo
até que eu o vença. – Aron envolveu um dos braços na cintura dela e o
manteve firme.
Os dedos de Dária se afrouxaram devagar, até que ela o soltou. Com os
olhos ainda fixos no do íncubo, buscou palavras para repudiá-lo, mas não
encontrou.
O duque percebeu que havia a deixado sem reação, e aproveitou para
aproximar-se mais, ao ponto de seus lábios quase se tocaram. Quando Dária
se deu conta do que ele estava prestes a fazer, empurrou-o para longe a fim de
se libertar. A força foi tanta que a cabeça do lorde se chocou contra a parede
outra vez, e o estrondo foi ainda mais alto.
– Deixe-me em paz!
– O que há de tão errado, por que tens tanta raiva? – Deu um passo na
direção dela. Entretanto, assim que os seus olhos se cruzaram, Aron entendeu
que o melhor era manter distância.
– Não me curvarei diante de ti, se és o que pensas! – Com os olhos em um
formato triangular, as narinas afastadas, ela bufava como um animal em fúria.
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– Eu não deixarei um homem me subjugar novamente, tratar-me feito


escrava.
Aron a encarou e não conseguiu conter a gargalhada, forçando-a a encará-
lo, confusa.
– Eu não sei o que aconteceu a ti, de certo algo terrível para alimentar
tamanho ódio. Mas tentar domá-la seria tolice. – Ele a encarou com um ar de
deboche, como se aquilo fosse óbvio. Se quisesse alguém fácil de controlar
estaria com uma humana ingênua.
– Saia daqui! – Ela bufava menos, mas seus olhos desconfiados
demonstravam que não estava nem perto de ser convencida.
– Está bem. – Aron respirou fundo. – Eu a deixarei em paz por hora.
Porém, saibas que esse é um jogo que eu me recuso a perder ou sequer
desistir.
Dária o assistiu caminhar até a porta com passos firmes e confiantes. A
forma como ele lhe deu as costas sem medo algum de que ela o atacasse
deixou bem claro que ela não o manteria longe com ameaças. Nunca tentara
matar um demônio antes, contudo, a forma como ele agia demonstrou que tal
investida não seria tarefa fácil.
Caminhou até a poltrona, onde há poucos instantes ele estava sentado.
Como ele ousara invadir meu lugar, sentar-se em meu trono?
A vampira permitiu que seu corpo caísse sobre o assento. Com a
respiração urgente e mãos trêmulas, ela sentia um misto de ódio e uma ponta
de desejo que se recusou a admitir. A incessante ira era reprimida por um
sentimento de quase curiosidade. Não podia negar o quão belo e sedutor era o
homem, e que a determinação dele a instigava. Entretanto, lembrou-se de que
ele era um íncubo. Seduzia e matava suas presas...
Dária sacudiu a cabeça, tentando colocar os pensamentos em ordem.
Estralou os dedos sob as luvas de renda e respirou fundo. Riu baixinho,
chegando a quase admitir que era irônico o motivo pelo qual ela o julgava.
Seduzir e matar para alimentar-se fazia parte de sua própria natureza. Quem
era ela para recriminar o íncubo por isso?
Ele era um homem, agiria exatamente como os outros, tal afirmação feita
em seus pensamentos pareceu menos verdadeira quando as palavras de Aron
ecoaram em sua mente: Tentar domá-la seria tolice.
Um fato que Dária teimava em desconsiderar é que ela não era mais a
jovem perdida e frágil dada em casamento há mais de duzentos anos. O
homem, ainda que ousasse desafiá-la, não parecia ser tão bárbaro quanto seu
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marido fora. Talvez fosse a hora de se dar uma segunda chance?


Besteira.

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Capítulo 10

Aron se virou na cama, sabia que já passara da hora do almoço. Contudo a


neve fina que caía lá fora era um motivo a mais para permanecer ali, ou
apenas uma desculpa.
Chegara em casa tarde. Andou pelas ruas da capital inglesa durante horas
a fim de evitar o interrogatório das irmãs. Natasha riria dele, contudo no
fundo ela tinha um pouco de razão. Nunca precisou se esforçar demais,
vencer gritos ou ameaças. No entanto, o que sua irmã do meio jamais
entenderia era que Aron estava instigado com aquilo. A teria, não importava
o esforço que tivesse de fazer...
O duque estava tão perdido em pensamentos que mal notou a presença de
uma criada no quarto, apenas se deu conta quando essa deixou cair um garfo
de prata. Ela logo se ajoelhou para pegá-lo às pressas, o barulho fez Aron
erguer a cabeça. A garota se virou para ele com os olhos arregalados, estava
prestes a pedir desculpas quando os lábios do lorde se curvaram em um gentil
sorriso. Fosse lá o que havia de errado com aquele homem e o restante de sua
família, encará-lo tornava qualquer preocupação insignificante.
Ela levou as mãos até a boca para conter um gritinho quando ele se
levantou da cama. Nada cobria o corpo do homem, que parecia ter sido
pintado. Os olhos da moça se perderam em cada curva que o desenhava. Ela
suspirou, alguém tão belo deveria ser divino.
Suas bochechas se coraram de imediato e ela desviou o olhar, tentando
focar na mesa que punha para ele. A visão do pênis ereto a deixou sem
fôlego, tornando sua respiração mais urgente.
Aron observou o desconforto da criada e abriu mais o sorriso, achando um
pouco de graça naquilo. Caminhou até a pequena mesa e apoiou-se nela,
ficando bem próximo da jovem. Tal atitude a deixou ainda mais
desconcertada.
– Ele fica assim pelas manhãs. – O duque lançou um olhar travesso ao
pegar um dos morangos em uma travessa e levá-lo a boca. Anisha estava tão
hipnotizada que desejou ser aquela fruta.
Olhando fixamente para ele, a criada movimentou o braço sem querer,
esbarrando em um pote de geleia e fazendo-o ir ao chão. Mas por sorte Aron
o pegou em pleno ar. Ele era tão ágil.
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Anisha respirou fundo, tentando recobrar o pouco de juízo que ainda lhe
restava. Estava tão deslumbrada pelo duque que não conseguia ao menos
disfarçar. Precisa deste emprego, contenha-te! Tentou se concentrar em outra
coisa, desviou o olhar em direção a uma das grandes janelas que havia aberto
há pouco. Lá fora a neve caía fina, tingindo a grama de branco. Será que o
lorde não estava com frio?
– Estás bem?
O corpo da moça se enrijeceu quando sentiu a mão cálida dele sobre a sua.
Bem?! Se estava antes, agora definitivamente não mais. Seus olhos voltaram
a fitar os do lorde, dessa vez pareceu impossível fugir deles. Agarre-me! Ela
se conteve para não implorar.
Sempre o observara de longe, era o homem mais belo que já vira na vida e
era nobre. Decerto enchia os pensamentos fantasiosos de qualquer
camponesa. Entretanto, Anisha sabia que ele não era um possível pretendente
para ela, por mais gentil e simpático que o duque parecesse ser, ela não
passava de uma criada...
– Estás pálida. – O toque dele interrompeu os pensamentos da moça.
– Perdão senhor, acho que preciso ir, depois volto para recolher o café. –
Anisha, suando frio, tirou a sua mão de baixo da dele, e fez um enorme
esforço para que sua voz não saísse tremida.
– E se eu não quiser que saias? – Aron envolveu-a pela cintura e
pressionou-a contra seu corpo nu.
– Meu senhor... – Anisha engoliu em seco. Seu coração disparou no peito.
Sempre desejou um momento como aquele, mas nunca esteve preparada para
tal. – Talvez devesse se vestir...
– E queres mesmo que eu me vista? – O tom da voz de Aron era sedutor
demais para que a criada resistisse.
– Talvez não...
O bom senso pareceu a coisa mais tola naquele momento, e a moça
simplesmente ignorou-o. Aron abriu um leve sorriso quando sentiu os dedos
dela percorrerem a curva abaixo de seu pescoço de um ombro ao outro. As
mãos dela eram pequenas e delicadas, contudo possuíam alguns calos devido
ao trabalho pesado na casa. Porém, isso não incomodou o lorde nem um
pouco, apenas excitou-o mais.
O duque desceu os lábios pelo pescoço de Anisha, com beijos demorados
e suaves mordidas. Sentiu-a vibrar a cada toque, como se ansiasse por isso há
muito tempo.
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A criada fechou os olhos e soltou um gemido baixo. Ter ele tão próximo,
tocando-a, era muito melhor do que fantasiara por todos esses anos. Talvez
tudo aquilo não passasse do sonho mais real que já tivera, e se fosse, rezou
para que ele não acabasse tão cedo.
Sentiu-o deslizar as mãos até as amarras que prendiam seu espartilho e não
protestou contra o movimento ousado. Se ele estava nu, o mais justo é que ela
ficasse também. Anisha mordeu os lábios e apertou o ombro do lorde
tentando reprimir um gemido quando ele beijou a parte exposta dos seus
seios, no pequeno decote.
O tempo que ele demorou para desamarrar as fitas que prendiam seu
espartilho pareceu uma eternidade. Ela sentia um nó na garganta, aquilo
parecia tão errado, ele um nobre e ela nada... Anisha arfou, jogando a cabeça
para trás quando ele abocanhou o mamilo enrijecido de um dos seus seios, foi
impossível conter o gemido que a deixou corada. O desejo que varreu seu
corpo fez com que ela parasse de se preocupar, no pior dos casos acordaria de
seu melhor sonho, e no melhor realmente teria feito amor com o lorde
Donovan.
Aron a tomou nos braços e levou até a cama, mantendo seus olhos fixos
nos da moça.
A criada jurou que não havia algo melhor do que o toque da pele dele na
sua. Sentiu-o retomar o caminho de beijos pelo pescoço até os lábios dele
encontrarem os seus. Jurava que as chances de ele beijá-la seriam nulas,
porém logo ele cutucou sua boca com a língua, roçando devagar, pedindo
passagem, e ela o envolveu com os braços. Anisha descreveria aquele
momento como mágico.
O duque deslizou as mãos pelas coxas macias da moça, subindo a saia do
vestido, tirando-o do caminho. Ela estremeceu, gemendo de leve com o toque
que deixou uma onda de calor e formigamento.
Com uma das mãos no quadril da criada e outra apoiada na cama, Aron
acomodou seu corpo sobre o dela, encaixando-se entre as pernas distanciadas.
Anisha gemeu, ficando ainda mais vermelha quando o pênis dele a cutucou
na região que a enlouquecia.
– Não precisa ficar envergonhada. – Aron lhe dirigiu um sorriso gentil ao
acariciá-la no rosto.
– Desculpe, senhor, é que nunca fiz isso. – Ela encolheu o rosto, enrolando
uma mecha do cabelo dele nos dedos.
– Não te preocupes, apenas aproveite. – Aron deslizou a mão pelo corpo
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da criada até tocar com um de seus dedos longos ao clitóris da moça,


começando a fazer uma pressão leve e contínua.
Anisha não conseguiu conter o grito.
– Meu senhor...
Aron sorriu ao vê-la se contorcer de prazer a cada estímulo. Anisha arfava,
agarrada ao lençol desarrumado da cama do duque. A onda de sensações que
a invadiam deixavam-na tonta, delirando. Em todas as suas conjecturas
jamais previra o que invadia seu corpo naquele momento. Sua pele nunca
fora tão sensível ao toque, podia experimentar numa intensidade alucinante
cada parte do homem.
O lorde capturou um dos gemidos altos dela com a boca, mordendo de
leve o lábio inferior da moça, que tinha os olhos revirados de prazer.
Aumentou a velocidade do movimento circular com o dedo, fazendo-a cravar
as unhas em suas costas.
A porta do quarto se abriu sem fazer muito barulho e os dois estavam
ocupados demais para prestar atenção nela.
– Aron, eu quero encomendar alguns vestidos e gostaria que fosses
comigo. Sabe, a Natasha costuma estragar alguns programas... Aron!!!
Isabel encarou boquiaberta o irmão e a criada sobre a cama. Não
adiantava pedir! Cerrou os dentes furiosa.
– Com os empregados não, nós precisamos deles!
O duque nem se deu o trabalho de virar-se na direção da irmã, ignorando
sua presença. Entretanto, Anisha saiu de debaixo dele, apavorada. O olhar
cerrado e cheio de fúria que a sua senhora exibia deixou-a com um aperto no
peito. Isabel sempre fora tão bondosa com a criada que ela nem sabia onde se
esconder de tamanha vergonha.
– Por favor me desculpe, minha senhora. – A pobre moça tremia muito,
escondendo os seios com uma das mãos enquanto com a outra tentava
recolher o espartilho jogado.
Isabel deu alguns passos na direção dela e tocou-lhe um dos ombros. O
calor do gesto e a calma na forma como sua senhora a encarou fizeram com
que a moça se aclamasse de imediato.
– Não te preocupes, Anisha. – Isabel acariciou o rosto da moça. – Está
tudo bem, apenas vista-te e retorne à cozinha.
– Sim, minha senhora. – A jovem abaixou o rosto e colocou o espartilho
sobre os seios.
Isabel esperou até Anisha deixar o quarto e bateu a porta com fúria,
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voltando-se para o irmão com os dentes cerrados.


– Aron! Sabes muito bem que não devemos nos alimentar dos
empregados, precisamos deles.
– Eu estava apenas aproveitando a minha condição matinal e ela estava ali
me observando, tão interessada, e acabastes com o momento de prazer da
garota. – O lorde zombou da situação. – Além disto, podemos facilmente
contratar uma nova empregada...
– Não sejas tolo, irmão! Não queremos chamar atenção indevida para o
fato de empregados desaparecerem da noite para o dia... – A dama gritava
com ele, gesticulando.
Aron a encarava com o canto do olho, não lhe dando a menor atenção.
O lorde foi até o closet, deixando-a falar sozinha. Percorreu as araras com
os dedos longos, enquanto os sermões de Isabel não passavam de um chiado
ao fundo. Ele vestiu uma camisa branca, abotoando-a devagar. Uma fita
vermelha perdida em meio as suas roupas o fez se recordar da vampira que
perseguia seus pensamentos. Seduzir alguém nunca havia sido tão difícil...
– Aron! – O grito de Isabel o fez pular. – Estás a me ouvir?
Ele apenas virou a cabeça na direção da irmã, contudo nada disse. Isso foi
suficiente para que ela soubesse a resposta.
Depois de se irritar o bastante, Isabel lhe deu as costas.
– Esperarei por ti na sala. Não demores.

Após tomar um café da manhã tardio, Isabel levou Aron para lhe ajudar
com a compra de alguns vestidos.
O lorde, sentado em uma poltrona no fundo do ateliê da melhor costureira
de Londres, mal demonstrava reação às peças e tecidos que a irmã lhe
mostrava. Ocupado em sua mente, não notou as moças no local que se
deslumbravam e suspiravam com a beleza estonteante do nobre.
Isabel deixou um luxuoso tecido de seda sobre uma mesa à sua frente, e da
pequena elevação de madeira onde uma mulher tirava suas medidas, encarou
o irmão que fitava o vazio. Não se lembrava de tê-lo visto tão aéreo em todos
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esses anos. Duvidava que fosse o incidente com Anisha a causa de tudo
aquilo...
– Ai! – Isabel soltou um gritinho quando a mulher sem querer a fincou
com um alfinete.
– Fique imóvel, senhora, por favor.
– Está bem...

– O que está acontecendo, Aron? Ter saído com Natasha seria menos
tedioso. – Isabel encarou o irmão, quando já estavam de volta a carruagem.
Com os olhos afunilados e focados no rosto de Aron, estava claro que ela não
desistiria fácil de uma resposta clara.
– Não queiras que eu me empolgue contigo escolhendo vestidos. – O
duque coçou a barba já por fazer e não tirou os olhos da janela, onde via a
neve fina cair na rua por onde passavam.
– Achas mesmo que eu acreditarei que esse é todo o motivo? – A dama
cruzou os braços e o encarou de forma ainda mais ameaçadora.
– A vampira... – ele confessou jogando os braços para cima, rendendo-se.
– Ainda ela... – Isabel torceu os lábios, resmungando baixinho.
Aron se virou outra vez para fora da carruagem e passou a fitar as árvores
com suas folhas tingidas de branco que passavam. Queria fugir dos olhos
cheios de julgamento da irmã.
– Bem, Aron, sei que apoiei que fosses atrás dela. Contudo, agora acho
que já foistes longe demais por uma única noite.
– Nunca estive com outra criatura sobrenatural. Ela é mais forte do que os
humanos, pode não morrer...
– E por que te preocupas com isso agora? – A resposta que chegou aos
pensamentos de Isabel assustou-a, e a fez ficar em silêncio por alguns
segundos. – Está apaixonado por ela? – A dama arregalou os olhos,
boquiaberta.
– Não digas tolices, irmã. – Aron gargalhou alto, no entanto, ainda
desviava o olhar. – Íncubos não se apaixonam, menos ainda, são
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monogâmicos.
– Tens tanta certeza?
O lorde deixou que a pergunta pairasse no ar, recolhendo-se ao silêncio.
Se tinha certeza? A resposta era clara, não. Havia mergulhado tanto naquela
obsessão, que não sabia onde termina tal sentimento e começava algo mais...

Quando a carruagem parou diante do casarão, já era tarde, e nos dias frios
de inverno as noites se prolongavam, começando mais cedo e estendendo-se
além da manhã.
O duque ignorou o falatório da irmã e rumou para os seus aposentos. Já
havia passado tempo demais com Isabel e decidiu ficar um pouco sozinho.
Odiava cogitar a ideia de que talvez ela estivesse certa.
Hesitou diante da porta por um instante, passou a mão nos curtos cabelos
negros e respirou fundo. Esperava que Isabel e Natasha lhe dessem paz, com
sorte até o dia seguinte.
Quando finalmente entrou em seu quarto, arregalou os olhos e ficou
boquiaberto. Por alguns segundos questionou o que via.
– Dária...

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Capítulo 11

Sob a luz sutil e amarelada de um pequeno abajur, a dama estava sentada


na poltrona de leitura do duque, ao lado de uma pequena estante onde o lorde
deixava seus títulos favoritos. Ela usava um volumoso vestido de cor púrpura,
com uma sobressaia de renda negra e um espartilho apertado da mesma cor,
que deixava uma sensação de que, a qualquer momento, seus seios
escapariam para fora do decote.
Dária ergueu os olhos e o encarou enquanto entrava no quarto.
– Os sentimentos verdadeiros se manifestam mais por atos que por
palavras.
– Shakespeare. – Aron sussurrou ao fitar os olhos vermelhos dela.
– Tens livros interessantes aqui. – A vampira fechou o que estava em suas
mãos e o devolveu à estante. – Duque Aron Donovan, é mais fácil encontrá-
lo do que imaginei. Todos falam sobre ti. Discrição, de fato, não é um de teus
pontos fortes.
A expressão de surpresa no rosto do lorde aumentou ainda mais, não
esperava vê-la ali, menos ainda sem rosnar para ele como um animal feroz.
– E por que procurastes por mim? Pela forma que me tratastes, pensei que
não me quisestes por perto.
– E não quero. – O olhar dela se afunilou um pouco. – Mas a tua
insistência, confesso, deixou-me um tanto intrigada.
Os lábios de Aron se curvaram em um singelo e quase imperceptível
sorriso. Sabia que a dama jamais admitiria, contudo, a presença dela ali,
demonstrava que ele havia fragilizado o escudo que ela tentava manter.
Dária manteve os olhos fixos no homem, atenta a qualquer reação.
Questionou-se se havia tomado a decisão certa indo procurá-lo, entretanto era
tarde demais para tal pensamento: imprudente ou não, ela já estava ali.
Decerto era fácil perceber como o lorde seduzia as mulheres. De uma
beleza pouco sutil e presença marcante, até mesmo as mais distraídas o
notariam e sonhariam com uma migalha de sua atenção. Com traços
masculinos fortes, sobrancelhas grossas, ombros largos e mãos grandes, era
difícil não suspirar diante dele.
– Pensas que a tua beleza me basta, Duque?
– Nunca quis que bastasse. – A voz dele era firme.
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Com alguns passos Aron diminuiu a distância entre os dois, ficando a


poucos centímetros dela.
– Sou um íncubo, fui feito para ser belo. – Aron pousou os dedos nos
lábios carnudos e vermelhos dela, mas Dária o mordeu, irritada pela ousadia.
– Não quero que isso baste. – Deixou que a gota de seu sangue sujasse os
lábios da vampira. – Quero que o meu desejo por ti, baste. Que a minha
vontade de a ter ao meu lado baste. Que ter a mim ao teu lado baste para fazê-
la esquecer o que quer que tenha acontecido ao ponto de fechar-te tanto.
Dária passou a língua pelos lábios, sentindo o gosto do sangue do íncubo.
Ele tinha um sabor distinto, afrodisíaco, mais amargo e forte do que o sangue
humano. Desejou poder tomar mais, pois o sangue dele tinha uma energia
gigantesca.
– Não sabes de nada. – Dária se colocou de pé e empurrou-o para trás. –
Não sabes o que um homem já me fez passar quando eu era humana.
– Não, eu não sei. Porém, engana-te se acreditas que tudo será da mesma
forma. Apenas priva a ti mesma de viver melhores momentos.
– Falas como se fosse tão simples. – A dama respirou fundo, hesitante. As
palavras de Aron a estavam deixando confusa. Pareciam tolice, entretanto
Dária ainda se questionava, tentar se proteger por todos esses anos a havia
privado de ter alguém que realmente a quisesse?
– É mais simples do que pensas. – O lorde se aproximou outra vez,
acariciando o rosto gélido dela.
Por alguns segundos, Aron se deliciou com o simples toque na pele fria e
rígida, e ao mesmo tempo aveludada. Não soube dizer se era pela ânsia em se
aproximar da dama, mas nunca desfrutara tanto de uma carícia tão singela.
Logo percebeu que ela não recuou e aproveitou para acabar de vez com a
pouca distância entre seus corpos. Abaixou a cabeça gradativamente até que
seus lábios roçassem nos dela. Seu corpo quase vibrou por finalmente perder
beijá-la. Em meio à urgência que o beijo despertou nele, Aron a envolveu
com os braços e trouxe para bem junto ao seu corpo. Logo sua língua forçou
passagem por entre as presas pontiagudas e explorou a boca dela sem
nenhum pudor. Não era apenas pela dificuldade em tê-la, mas nunca beijara
alguém de forma tão calorosa.
Dária sentiu o ardor dele invadir seu corpo, numa onda tão intensa que a
deixou sem ar. Chocada e pega de surpresa, ela não teve tempo de reagir e
apenas deixou que prosseguisse. Não se lembrava de ser beijada por um
homem com tanto desejo. Durante o tempo em que fora casada, seu marido a
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tratara como um bicho, com raras trocas de carinho apenas para se satisfizer.
Pela ânsia com que os lábios do lorde tocavam os seus e a força com que ele
a mantinha junto ao corpo, a dama não podia mais duvidar do quanto ele a
queria. Corresponder ao beijo foi inevitável, assim como subir as mãos ao
rosto quente de Aron, acariciando-o. A pele era tão macia que jurava ser
impossível ele ser um demônio.
Uma parte de si lembrava-se de todos os motivos pelos quais ela se
afastara dos homens, da ganância, da prepotência e do egoísmo deles. Porém
outra parte, adormecida por séculos, aquela jovem antes de ser dada em
casamento que imaginava encontrar o príncipe dos seus sonhos, a humana
sonhadora, a que Dária jurava ter sido suprimida e morta, impediu-a de sair
correndo e a fez desfrutar do beijo tão ardente. Essa parte foi forte o bastante
para privá-la de pensar por alguns minutos, que brigasse e se arrependesse
depois.
Aron se sentia extremamente aliviado e feliz, enquanto sua língua dançava
com a dela. Talvez Isabel estivesse certa, e ele cego demais para admitir algo
que jurava ser impossível. Um íncubo se apaixonar era uma completa tolice,
até aquele momento.
Subiu as mãos pela nuca dela e embrenhou os dedos compridos no suave
cabelo ruivo. Deu alguns beijos suaves, antes de mordiscar o lábio inferior da
vampira, soltando um leve gemido.
A dama sentiu um calafrio percorrer seu corpo e instintivamente jogou a
cabeça para trás quando a boca do duque foi levada até o seu pescoço,
deixando mordidas e beijos pelo caminho. Recusou-se a abrir os olhos,
inebriada pelas carícias, pelo perfume másculo do íncubo e os braços fortes
que a envolviam.
O lorde a soltou e começou a desamarrar as fitas que prendiam o
espartilho apertado, numa ânsia por tê-la. Foi quando Dária se deu conta do
que estava prestes a fazer. Aron havia matado duas de suas garotas e ela
havia se afastado dos homens por um bom motivo, não poderia simplesmente
colocar tudo aquilo a perder.
A vampira o empurrou para trás, fazendo-o cambalear e a encarar confuso.
– O que estás fazendo?
– Fique longe de mim!
O duque sentiu uma brisa forte fazer as coisas no quarto voarem, e no
instante seguinte ela não estava mais lá. Odiou a maldita velocidade que os
vampiros tinham. Pensou em talvez ir atrás dela, mas se desse tempo sabia
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que voltaria.

Dária só parou de correr quando já estava de volta aos seus aposentos.


Apoiou-se no dossel de sua cama com a respiração ofegante, cansada
como nunca ficara depois de sua transformação. Pegou os cabelos caídos ao
redor do rosto e os enrolou, colocando-os atrás da cabeça. Sentou-se sobre a
colcha macia, mexendo no bordado de sua saia. Pegou o abajur ao lado da
cama e jogou-o contra a parede, causando um alto estrondo e espalhando
cacos da porcelana por todo o quanto. Estava ficando fraca! Não podia ter
cedido a ele, não.
Aron era um homem, não seria diferente dos outros. Do monstro que foi
seu marido, ou mesmo do homem com o qual ela se deitava na época em
busca de vingança. Eles eram egoístas. Não deveria colocar à prova a escolha
de se afastar deles.
– Minha senhora? – Elzor entrou no quarto, assustado com o barulho.
Poucas foram as vezes em que vira sua senhora perder o controle. Entretanto,
encontrou-a encarando o nada, sentada, tremendo, à beira do colapso.
– Estou bem, Elzor. Podes me deixar sozinha.
– A conheço, minha senhora, e sei quando não estás bem. – O servo
caminhou até ela e sentou-se ao seu lado, encarando-a com um sorriso gentil,
paciente.
– Cometi a estupidez de ir atrás dele. – Dária passou as unhas pela
armação de madeira, deixando a marca de seus dedos. De alguma forma,
tentava se acalmar.
– Por que é um erro? – A voz de Elzor era calma, e ele encarava cada traço
da expressão dela, tentando entendê-la.
– Ele não é confiável, como os todos os outros homens.
– Confias em mim.
Dária torceu os lábios e virou-se para ele.
– Não és como eles.
– Posso ser um eunuco, minha dama. Criado para servir às mulheres
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nobres. Contudo ainda sou um homem.


– Mas...
– Confiar é difícil. Mentir, trair, manipular e machucar não é algo que
apenas os homens fazem. – Ele sorriu gentilmente, acalmando-a. – Se estás
tão furiosa é porque alguma parte de ti sente-se atraída por este homem. Se as
minhas palavras lhe servem de algum conselho, não tens nada a perder,
senhora. Arrependeras-te de não ter tentado. Dê a ele uma chance, dê a ti
mesma. A chance que não deu nem mesmo às mulheres que permitiu
aproximarem-se de ti.
Dária engoliu em seco, sem saber o que dizer. Elzor tinha o costume de
lhe deixar daquele jeito às vezes.
– Deixe-me sozinha.
– Sim, minha senhora.
Elzor se curvou e deixou o quarto. A amou e venerou por todos esses anos,
era eternamente grato pela chance de servi-la pela eternidade. Assisti-la se
isolar cada vez mais na parte mais escura de si mesma era uma das coisas que
mais odiava. A dama já havia sido bastante solitária durante sua vida como
humana e era algo que do qual transformação parecia não tê-la libertado.
Dária o viu fechar a porta do quarto e deixou que seu corpo caísse sobre a
cama e sua cabeça afundasse nas almofadas.
Observou o corvo que havia entrado pela sua janela, afastando um pouco a
cortina, deixando a luz do amanhecer entrar no quarto. Logo o sol estaria alto
no céu e ela não poderia ir a lugar algum. Sua maldição a manteria quieta e
pensando. Odiava as conversas com Elzor, principalmente por ele sempre
parecer tão sábio e certo.
Podia sentir o cheiro do íncubo em suas roupas, forte como se ele ainda
estivesse ali. Suspirando, ajeitou os laços de seu espartilho. Tocou os lábios,
lembrando-se da forma como ele a beijara e o gosto excêntrico do sangue, e
desejou mais.
Não faria juras de amor a ele, como não fez a nenhuma das mulheres com
as quais se envolveu. Entretanto, poderia provar dele só mais um pouco.

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Capítulo 12

Aron acordou pela manhã sentindo-se leve. Levantou-se da cama com um


pulo e, ainda nu, caminhou até a janela do quarto. Afastou para o lado a
cortina e passou a observar o tempo lá fora. Não conseguia ver muito além de
alguns metros, pois a neve que caía sem descanso cobria todo o céu de
branco.
As lembranças da noite passada voltaram com força para sua mente. Ao
fechar os olhos ainda podia sentir a pele sedosa e fria de Dária em contato
com o seu corpo. A forma como ela cedia cada vez que o beijo se tornava
mais intenso. O duque não tinha dúvidas de que aquela mulher já era muito
mais do que um alvo a ser alcançado. Ele sorriu ao saber que estava mais
próximo do seu objetivo, mais perto de tê-la.
Assoviando, caminhou até o closet. Com os dedos longos, deslizou os
cabides pelas araras em busca de uma roupa para vestir. Não sentia frio, não
como os humanos, no entanto escolheu um casaco. Os empregados da casa já
tinham coisas estranhas o suficiente para lidar.
Era mais cedo do que acostumava sair da cama, porém estava inquieto
demais para continuar deitado. Sentiu-se um garoto diante da primeira
conquista. Riu de si mesmo, por mais tolo que aquilo fosse não conseguia
evitar tal sentimento.

Isabel estava sentada em uma bela cadeira de madeira clara, cheia de


entalhos circulares que lembravam florais, e com um estofado de veludo
vermelho. Com os olhos vazios, ela fitava a grande lareira à sua frente, onde
as chamas vermelhas tremulavam em valsa. Com um bastidor em suas mãos,
onde o tecido branco ficava esticado, ela tentava bordar um lençol. Irritada
por ter espetado os dedos várias vezes, ela jogou as coisas no chão ao seu
lado. Bufando, colocou atrás da orelha uma mecha do cabelo que se
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desprendeu do coque.
– Ainda tentando aprender a bordar? – Aron perguntou ao chegar atrás
dela.
A dama pulou com o susto da surpresa, de dentes cerrados virou-se para o
irmão.
– Sabes que odeio quando chegas como um fantasma.
– Se não estivesses tão distraída terias ouvido o som dos meus passos. –
Calmo e com um discreto sorriso, ele sentou-se ao lado da irmã em uma
segunda cadeira igual a dela.
Isabel, com o canto dos olhos, observou o irmão, as curvas formadas no
rosto dele que demonstravam sua discreta alegria.
– O que aconteceu? – Ela virou-se para ele encarando-o tanto, que quase o
fez curvar-se para trás.
– Nada. – Aron desconversou, fugindo do olhar dela.
– Como nada? Como se conseguisses enganar a mim. – Isabel cruzou os
braços e torceu os lábios. – Ontem estavas perdido em pensamentos, distante,
e agora parece um menino que ganhou o presente que esperava de são
Nicolau.
– Não é para tanto, Isabel...
– Aron!
– Ela será minha!
– Como tens tanta certeza? – Em um misto de surpresa e estranhamento,
Isabel cruzou as pernas e curvou ainda mais seu corpo na direção do irmão,
para observá-lo bem.
Aron já havia perdido o total controle da situação.
– Ela veio até mim na noite passada e nos beijamos.
– Apenas a beijaste?! – Isabel resmungou baixinho e fez uma careta de
decepção. Não reconheceu o irmão. O lorde era um conquistador, não um
garotinho apaixonado. – Há quanto tempo não te alimentas? – A dama mudou
de assunto fechando a expressão.
– E por que isso importa? – Aron coçou a barba rala crescendo no rosto.
– Há quanto tempo?
– Alguns dias, talvez umas duas semanas. Mas... Interrompeu-me da
última vez. – O duque deu logo um jeito de evitar que Isabel brigasse com
ele.
– Como se os empregados desta casa fossem suas únicas presas
disponíveis. – A dama deu de ombros e virou o rosto para o outro lado.
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– Isabel...
– Não o reconheço mais, irmão. Juraria que nunca o veria tão fascinado
por uma mulher.
– Há algo especial nela. – O lorde encarou as chamas da lareira.
– Disso não tenho dúvidas. – Isabel soltou um risinho. – Só espero que não
percas a cabeça.
Aron a ignorou, prestando atenção no silêncio da casa. Fora os barulhos
vindos da cozinha e um empregado arrastando uma pá para remover a neve
na estrada, o único barulho era o som do vento, que empurrava os flocos de
gelo, formando uma nevasca.
– Onde está Natasha? – Mudou de assunto, balançando a cabeça como se a
procurasse pelos cantos da sala.
– Eu não sei. Não a vejo há uns dois dias. – A resposta tão natural da dama
não expressava o mínimo de preocupação. Conhecendo bem a irmã mais
velha, não havia surpresa alguma em seu sumiço.
Isabel recolheu os instrumentos de bordado do chão e tentou retomar a
atividade. Aron permaneceu ao lado da irmã observando a empreitada, em
silêncio.

No fim da tarde, quando a neve se reduziu a pequenos flocos que enchiam


de pontinhos cinzas os casacos dos cavalheiros, Aron decidiu sair de casa. O
duque não aguentava mais algumas horas sob o olhar cheio de julgamento de
sua irmã caçula. Além disso, precisava se alimentar.
O cocheiro o deixou diante do Princess Louise, um pub inaugurado
naquele mesmo ano. Lugares novos sempre estavam cheios de pessoas da alta
sociedade, nobres. Aron fechou a porta da carruagem e ouviu o trotar dos
cavalos pela rua de pedregulhos, quando esses seguiram para longe.
O lorde passou pela porta de madeira e deixou o chapéu e o casaco sobre o
suporte próximo à ela. O lugar estava bem cheio, como ele supunha.
Inclusive com algumas damas, o que não era algo comum na época. Sem
preocupação alguma em ser discreto, ele sentou-se junto a uma mesa no
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centro do estabelecimento. Com os olhos atentos, vasculhava cada centímetro


do local. Os vitrais nas janelas eram feitos de vidros coloridos e armações de
metal, com desenhos de folhas, frutos e flores. O teto amarelo era cheio de
entalhes e decorações em gesso. O balcão e os móveis eram feitos em uma
madeira escura, avermelhada e cheia de entalhes. O requinte beirando o
exagero característico da época.
Todos no local olhavam para ele, alguns de maneira mais discreta, com o
canto de olho, outros viravam o rosto sem pudor algum. Uma jovem dama
estava sentada a duas mesas de distância, usando um vestido rosa, com uma
sobressaia rendada branca, bordada a mão, nada discreta, e um chapéu
pequeno. A moça quase deixou a xícara em suas mãos cair quando seus olhos
focaram a imagem do duque. Aron abriu um ligeiro sorriso e deu um risinho.
– Em que posso ajudá-lo, senhor? – Um garçom se aproximou sem que
Aron percebesse.
– Oh, sim, uma cerveja por favor.
– A trarei em breve.
Aron agradeceu com um aceno de cabeça e voltou-se para os demais
clientes do bar.
Estava bem frio, a ponto de uma fumaça úmida sair da boca dos clientes
do pub. A neblina densa na rua impedia de ver as pessoas e carruagens que
passavam por ela. A neve havia cessado e os londrinos aproveitavam o breve
período para resolverem suas pendências fora de casa.
– Senhor... – o garçom chamou por Aron.
– Obrigado. – O lorde se voltou para o jovem com um caloroso sorriso.
Os olhos azuis do garçom se iluminaram involuntariamente. Encarar
aquele homem foi como tomar uma pancada forte na boca do estômago, que
o deixou sem ar.
– Se precisar de mim apenas chame. – O jovem estava tão abobado que foi
difícil falar aquelas poucas palavras.
O duque apenas acenou a cabeça e agradeceu com um olhar singelo.
Quando o garçom já havia se afastado, Aron balançou a caneca em suas
mãos, antes de tomar um bom gole da cerveja escura e de forte amargor. Por
mais que o teor alcoólico da bebida fosse alto, o lorde precisaria de algumas
dezenas de canecas iguais àquela antes de ficar embriagado.
Com os olhos atentos e observadores, Aron viu um cavalheiro se levantar
de uma mesa ao canto e caminhar em sua direção. Ele aparentava ser talvez
uns dez anos mais velho do que o íncubo, com cabelos grisalhos, algumas
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leves marcas de expressão ao redor dos olhos verdes; era alto e ainda
apresentava braços fortes. Suas vestimentas tinham o requinte do melhor
alfaiate de Londres, estavam bem passadas e alinhadas, as abotoaduras de seu
casaco valiam mais do que o salário do mês do pobre garçom. Sem dúvidas,
um homem de muitas posses.
– Olá, – o cavalheiro estendeu a mão para Aron, a fim de cumprimenta-lo.
– Meu nome é Richard, marquês de Westminster. – Ele deu uma breve pausa
ao apertar a mão do lorde. – Confesso que tua presença é algo difícil de não
se notar. Ouvi boatos a respeito da tua chegada, Duque de Abercorn, da
Irlanda?
– Sim, Aron Donovan. Muito prazer.
– Posso sentar-me?
– Claro. – O lorde estendeu a mão para a cadeira ao seu lado.
– É sempre uma honra conhecer alguém de tão boa linhagem. – O homem
passou a mão pelos cabelos grisalhos e sorriu. Naquela sociedade era sempre
de extrema importância ter bons aliados.
– É uma grande honra para mim também. – Aron buscou ser gentil e
gesticulou para o garçom que trouxesse mais cervejas para os dois.
Conversaram por longos minutos, como se fossem amigos de infância. O
marquês estava curioso a respeito da vida do duque e os motivos pelos quais
esse se mudara para a Inglaterra, alguém com tão boas terras e forte candidato
à sucessão do trono irlandês.
– Tenho irmãs que se cansam facilmente de um lugar. – Aron comentou
rindo.
– Talvez devestes as domar melhor, meu caro amigo.
– Não seria tão audacioso, colocar coleiras nelas é tolice.
O marquês gargalhou. Achou estranho, duas mulheres com tanta
liberdade. Entretanto, buscou não se perturbar com algo de tão pouca
importância, os futuros maridos que dessem um jeito nelas.
– Eu e alguns amigos temos um encontro num clube privado esta noite.
Talvez querias vir conosco.
– Um clube? – Aron tombou a cabeça e torceu os lábios, pensativo.
– Sim, um lugar discreto, com boa música e belas mulheres.
– Belas mulheres? – Um generoso sorriso surgiu do duque. – Parece-me
um convite bastante tentador.
– Então venhas comigo. – O marquês se colocou de pé e fez um gesto para
que fosse seguido.
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Aron se levantou e seguiu o homem. Nada tinha a perder, ainda que fosse
uma boa conversa e alguns drinks. Caminharam até a carruagem do marquês,
parada do lado de fora do pub. O pobre do cocheiro tremia por ter estado no
frio congelante todo aquele tempo.
Depois de acomodado, Aron passou a observar a névoa densa nas ruas,
que tornava a luz dos postes um clarão desfoque, uma elipse de bordas
borradas, em meio à escuridão.
– És sempre tão calado?
– Sou apenas observador. – Aron se virou para o marquês.
– É uma virtude admirável. – O homem pegou seu chapéu sobre o banco
de couro quando a carruagem parou. – Chegamos!
Os dois nobres caminharam pela rua até uma pequena porta de madeira. O
marquês bateu nela duas vezes até que uma portinhola fosse aberta, por onde
era possível ver apenas um par de olhos castanhos, envoltos por algumas
marcas de expressão. Richard entregou a ele um pequeno papel escuro com
um símbolo em vermelho e o homem abriu a porta para que os cavalheiros
entrassem.
Aron caminhou para dentro, cauteloso. Observou as paredes de madeira e
o senhor que havia lhes dado passagem. Esse tinha cabelos brancos e, apesar
da idade, estava muito bem vestido, com uma gravata borboleta alinhada,
abotoaduras caras e botões finos no casaco. Certamente as pessoas que
mantinham aquele lugar eram bem afortunadas.
Antes mesmo de chegar ao salão, Aron ouviu risadas e o som de uma
música alegre. Contudo, antes que desse seu próximo passo, o marquês o
segurou pelo pulso.
– Ouça, Aron. Os pecados e segredos vistos por estas paredes permanecem
nelas. – A voz do marquês era suave, mas não deixou de transparecer rigidez.
– Não te preocupes, meu caro. Sigilo é uma das coisas pelas quais mais
tenho apreço.
– Ótimo! – Richard deu um leve sorriso e soltou a mão de Aron.
Logo que chegaram ao salão, o lorde Donovan olhou tudo com extrema
cautela. Logo entendeu o motivo de tanto segredo. Em algumas mesas
próximas ao fim do salão, homens nobres se reuniam jogando cartas, pôquer,
e a julgar pelo amontoado de fichas sobre as mesas, faziam apostas altas. Boa
parte deles fumava muito, e Aron segurou a tosse quando o cheiro dos
charutos chegou até seu olfato sensível. Havia muitas prostitutas, nada que o
surpreendesse: uma delas fazia um pequeno show em um palco na outra
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extremidade do salão. Diante dela havia várias cadeiras ocupadas por homens
e alguns trocaram carícias que manchariam o nome de um nobre cavalheiro.
Nas laterais havia quartos sem portas ou sequer restritos a um único casal.
Aron riu consigo mesmo, e lamentou por não ter tido a oportunidade de
conhecer aquele lugar antes.
Richard o cutucou para que o seguisse até uma mesa onde estavam alguns
cavalheiros, e o apresentou. O duque observou o rosto de cada um deles.
Alguns já conhecidos enrubesceram ao se darem conta de que o lorde já havia
os vistos em eventos públicos. Contudo, Aron os cumprimentou, um a um, e
sorriu gentilmente, deixando claro que pouco se importava com o que faziam
ali, deixando os homens aliviados.
– Sente-se conosco. – Um homem alto e magro, com cabelos acobreados
apontou para uma cadeira ao seu lado.
– Obrigado, lorde Philip. – O duque reconheceu o cavalheiro de um baile
beneficente ao qual comparecera nos seus primeiros dias na cidade.
– Notei que não trouxe uma esposa para Londres. – O marquês se sentou
do outro lado de Philip e lhe deu a mão, antes de voltar-se para Aron, que por
delicadeza fingiu nem notar.
– Eu não tenho esposa. – O duque mexeu no cabelo e respondeu com a
naturalidade de algo trivial. Aquela era uma pergunta recorrente.
– Não gostas de mulheres ou apenas quer aproveitar mais da vida como
solteiro? – Philip se inclinou para observá-lo melhor.
– Um pouco dos dois. – Rindo, Aron colocou as mãos sobre a mesa e
aprumou o corpo. – Ainda não encontrei homem ou mulher que me faça jurar
fidelidade. Começo a pensar que não nasci para a monogamia.
– Ninguém?
– Talvez uma mulher. – Aron coçou a barba e olhou para cima,
lembrando-se de Dária. – Mas ela pouco corresponde aos meus galanteios.
– Uma pena, pois és um homem incrivelmente belo.
– Obrigado.
Aron sorriu pelo sutil galanteio.
O marquês acenou para uma mulher que carregava uma bandeja com
canecas de bebidas, que se aproximou dos cavalheiros para servi-los.
Aron pegou um copo de uísque e deu algumas goladas, observando a bela
garota que os servia. Ela usava uma saia discreta, pouco rodada, cheia de
pregas, de cor creme e feita de um tecido de segunda mão. O espatilho
branco, apertado, ressaltava os seios redondos. Quando os pequenos olhos
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castanhos dela cruzaram com os de Aron, seu rosto enrubesceu e se não fosse
pelo duque teria deixado que uma jarra cheia de cerveja ir ao chão.
– Cuidado, senhorita, podes fazer uma grande bagunça, ou pior, acabar
machucando-te. – O duque pegou a jarra e colocou sobre a mesa.
– Obrigada. – A jovem abriu um sorriso de orelha a orelha.
– Gostastes dela? – O marquês perguntou enquanto Aron a segurava.
Aron arqueou as sobrancelhas e encarou o homem. Levou alguns
segundos para entender o verdadeiro significado da pergunta.
– Sim, claro, ela é muito bela. – O íncubo a observou da cabeça aos pés de
novo. Entretanto, dessa vez com mais atenção, dos cabelos castanhos presos
em um coque estufado e ligeiramente bagunçado de onde escapavam alguns
cachos finos; o rosto vermelho por saber que era encarado, até as curvas
provocantes, escondidas por debaixo daquela roupa pouco nobre.
– Ela é sua por essa noite. – Richard estendeu a mão ao oferecer o
pequeno presente.
– Apenas ela? – Aron olhou ao redor para tantas opções e riu brincalhão.
– O que queres dizer com isso, duque?
– Comentei sobre não ser bom monogâmico.
Os cavalheiros na mesa riram com ele.
– E quem mais queres?
– Bom, existem tantas pessoas interessantes aqui. – Aron se curvou na
direção do casal de cavalheiros, e passou a língua nos lábios, molhando-os.
Richard e Philip abriram um largo sorriso e em seguida colocaram-se de
pé.
– Siga-nos, duque.
A moça, ainda presa junto ao corpo de Aron por seu braço firme, pensou
em deixá-los a sós, entretanto o lorde impediu que saísse.
– Venha conosco.
Ela sorriu involuntariamente com o convite. Sentiu uma estranha
felicidade. Aquele homem que nunca havia estado ali antes tinha uma beleza
encantadora e uma presença tão forte.
Com os braços ainda envoltos na cintura da jovem, Aron seguiu os
cavalheiros por um corredor estreito na lateral do salão, com pequenas
luminárias de luzes amarelas presas às paredes decoradas por papeis
adornados, até um quarto mais discreto.
Quando abriram as portas, viram um belo quarto com uma colcha
vermelha sobre uma grande cama e, ao lado dela, almofadas da mesma cor.
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Um grande e belo lustre de cristal estava suspenso por uma corrente no teto.
Duas garotas estavam sobre a cama, beijando-se de maneira voraz, e pularam
de susto ao ouvirem o som da porta se abrindo.
– Saiam daqui! – O marquês fez um gesto para que elas se retirassem.
– Não. – Aron colocou a mão sobre o ombro de Richard. – Deixe-as ficar.
Com as sobrancelhas arqueadas, virou-se para o duque, com uma
interrogação estampada em seu rosto.
– Não são pessoas demais?
– Quanto mais, melhor.
– Está bem. – O marquês voltou-se para as garotas. – Fiquem.
Elas ergueram os olhos, encararam o homem novo e contiveram uma
exclamação de surpresa. Nossa! Iria ser um enorme prazer ficar.
Aron viu as duas morenas caminharem na direção dele. Usavam uma saia
fina e estavam nuas da cintura para cima. Ambas tinham longos cabelos
cacheados e escuros e uma pele bronzeada, nada comum entre as inglesas,
decerto deveriam ser imigrantes. A beleza exótica fez o íncubo as querer
ainda mais.
Elas se aproximaram até ficaram ao lado dele e apoiaram-se em seus
ombros. Uma delas refez com os dedos o contorno do rosto do lorde. Ainda
que os pequenos cabelos da barba rala espetassem um pouco, a pele dele era
incrivelmente macia. Estando tão perto podia sentir um perfume doce e
inebriante. Uma delas aproximou-se ainda mais, a fim de provar o sabor da
pele dele e beijou de leve a região do meio do pescoço, onde a gola da camisa
não cobria. Deslizou com os lábios até a base da orelha e assoprou devagar
antes de dar uma leve mordida, saboreando-o. O duque sentiu seus pelos se
eriçarem e se encolheu um pouco com o toque.
A outra garota e a mulher que servia as bebidas deslizaram o casaco do
lorde pelos ombros, aproveitando cada segundo.
Philip se cansou de apenas de observar e agarrou o marquês pela gola do
casaco, empurrou-o contra a parede, fazendo-o bater de leve com a cabeça,
então o beijou sem pudor algum. Cheio de urgência, deslizava as mãos à
procura dos botões do casaco, a fim de tirá-lo o mais rápido possível.
Aron agarrou a mulher que mordia sua orelha e a levou até a cama,
fazendo com que as outras duas o seguissem. Esticou os braços para trás, para
que elas retirassem seu colete e a camisa branca. Soltou um leve gemido
quando duas morderam seu pescoço, uma de cada lado e a terceira, sobre a
cama, desabotoava a calça do nobre.
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Com tantas mãos, o duque logo estava nu diante delas. A bela visão dos
perfeitos traços que o compunham, da boca vermelha e suntuosa, o abdômen
bem definido, até o pênis ereto que se erguia de um amontoado de pelos
negros, as deixou sem ar por alguns instantes. Até mesmo Philip e Richard
pararam de se beijar para encará-lo por alguns minutos. Era impossível não
prender os olhos do mundo com tamanha beleza.
Os cavalheiros se encararam e, mesmo sem dizer uma única palavra,
chegaram à conclusão que poderiam se curtir em outro momento. Então,
caminharam até a cama juntando-se as mulheres.
Philip não se conteve ao tocar o peito nu, quente, com poucos pelos e
macio do duque. E o sorriso que Aron lhe dirigiu o incentivou a continuar.
Contornou com os dedos logos e magros a linha dos ossos a baixo do
pescoço.
O íncubo, ajoelhado sobre a cama, tinha a total atenção dos outros cinco
presentes no quarto, que o admiravam. Se Aron medisse sua vaidade pelos
olhares de completo fascínio, certamente seria um dos homens mais
convencidos do mundo.
Philip se curvou e pegou o pênis de Aron com as mãos, deu um beijo
passando os lábios devagar, antes de abocanhá-lo e começar a chupar. O
duque jogou a cabeça para trás, fechando os olhos, e um leve gemido escapou
por seus lábios cerrados.
Richard se posicionou atrás de Philip e acariciou o parceiro que estava de
quatro sobre a cama. Passou a língua, contornando a boca, quando essa
salivou com a visão excitante. Em seguida, curvou-se beijando o meio das
costas de seu parceiro, subindo até o pescoço, fazendo Philip se arrepiar e ter
o gemido abafado pelo membro de Aron dentro de sua boca.
O duque olhou para as três garotas ao seu redor, encarando-o com os olhos
brilhando e os lábios úmidos. Ansiosas por poderem participar.
Evelyn, a jovem que servia as bebidas, vibrou quando aquele estranho a
envolveu com os braços firmes e a puxou para mais perto. O ciúme que, sem
explicação, sentiu pelos cavalheiros que o tocavam logo passou, quando os
lábios a renderam em um beijo quente, e a língua dele invadiu sua boca sem
hesitar. Envolveu os dedos no cabelo negro e curto, completamente entregue.
Suspirou ao senti-lo desamarrar as fitas que prendiam seu espartilho, logo a
deixando nua da cintura para cima assim como as outras mulheres.
Aron jogou a cabeça para trás, interrompendo o beijo, e soltou um gemido
alto, por ter Philip o chupando com vontade, os lábios subindo e descendo
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por toda a extensão de seu pênis. O duque mordeu os lábios, saboreando a


sensação, antes de curvar-se e abocanhar um dos seios roliços de Evelyn.
As outras duas garotas, deixadas um pouco de lado, retomaram de onde
haviam parado. Diana, a mais baixa, com cabelos pouco volumosos e olhos
finos, puxou Cecília pela nuca, beijando-a novamente. Ainda que adorassem
estar juntas, em meio aos toques e carícias era impossível não desviar o olhar
algumas vezes para admirar o duque.
O íncubo sugava o mamilo enrijecido de Evelyn, fazendo-a jogar a cabeça
para trás, revirando os olhos e perdendo a completa noção de que havia
outras pessoas no local. Então, ele deslizou uma das mãos firmes pelo ventre,
fazendo a pele quente ferver ainda mais, deixando um formigamento por
onde tocava, até arrancar a saia que ela vestia com um único puxão. Isso a fez
arregalar os olhos e dar um pulinho de susto, mas logo ignorou por completo,
quando ele penetrou com o dedo a região molhada entre as suas pernas. O
gemido alto, quase um grito, deixou claro que pouco se importava com
discrição.
Aron mordeu de leve o mamilo dela para reprimir seu próprio grito
quando Philip o chupou com ainda mais força.
Richard abriu as pernas do parceiro e se encaixou entre elas, por pouco
não choramingou por atenção. Mordendo os lábios, estava enciumado pela
maneira indecorosa que seu parceiro tocava o duque. Deslizou a mão sobre as
nádegas de Philip e, quando esse nem mesmo virou os olhos, esfregou seu
membro e penetrou-o sem hesitar, ou mesmo tomar cuidado algum.
Philip parou, por pouco não mordeu Aron, quando sentiu a dor da entrada
abrupta em seu corpo. Mordeu a língua para tentar amenizá-la.
– Ai! Cuidado! – Virou-se para Richard a fim de recriminá-lo. – Sabes que
precisa passar um óleo antes.
– Isso é para lembrar de que ainda estou aqui. – Ele tinha o rosto franzido,
pela expressão fechada.
O íncubo teria rido daquilo se não tivesse a boca tão ocupada.
Depois de sentir-se um pouco culpado, molhou-se com a própria saliva
para então penetrá-lo outra vez. Philip gritou de novo, mas dessa vez pela
sensação de prazer que o invadiu. Rebolou involuntariamente contra o corpo
de seu parceiro, fazendo-o entrar mais fundo. Sentindo o calor da pele do
marquês roçando na sua e deixando a região suada. As mãos de Richard
apertavam seus quadris quase de maneira dolorosa, enquanto ele dava
estocadas cada vez mais fortes.
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Aron aproveitou a distração dos dois para voltar-se para as garotas. O


duque deitou Evelyn sobre a cama, ainda de joelhos, colocou as pernas dela
sobre seus quadris e puxou-a para frente, penetrando-a. O corpo desejoso da
moça pouco se importou com a velocidade com que ele a invadiu, apenas a
sentiu-se grato por ele tê-lo feito. Seu corpo arqueou-se e agarrou a colcha da
cama quando Aron começou a se mover.
Diana parou o que estava fazendo assim que a mão dele deslizou pela
curva de suas costas, fazendo um arrepio percorrer seu corpo, como uma
corrente elétrica. O íncubo puxou cada uma delas para a lateral de seu corpo,
tocando-as, explorando cada parte de seus corpos.
Cecília tirou a saia para que ele pudesse tocar onde tanto pulsava, e a cada
vez que os dedos dele brincavam pela região ela choramingava baixinho. E
quando finalmente alcançou seu objetivo ela estremeceu, gemendo tanto
quanto Evelyn, que se contorcia a cada vez que ele vagarosamente deslizava
para fora e enfiava fundo outra vez.
Diana puxou o rosto dele para si, provando a boca que tanto a seduzia e o
gosto dele superou todas as suas expectativas. O calor, a intensidade daquele
homem a fez entender bem porque as outras duas estavam tão alucinadas.
Aron estava faminto, havia um bom tempo desde que se alimentara pela
última vez. E a energia, o prazer delas fluindo para ele, o deixava ainda mais.
Talvez só um pouquinho... Começou a estimular Diana com os dedos
também, enquanto ainda a beijava. Ela soltava leves gemidos e se contorcia
em seus braços. Com o íncubo se empenhando tanto, ela logo chegou ao
orgasmo, ofegante e trêmula. Ele aproveitou o momento do ápice de prazer
dela para servir-se um pouco, com os lábios grudados nos dela, a impediu que
visse a aura azul que ele drenava. Não mate, não mate..., repetiu para si
mesmo uma centena de vezes antes de parar quando julgou que ela não
aguentaria mais.
Deitou-a sobre a cama, com o peito subindo e descendo rápido, cansada
demais para dizer uma única palavra. Entretanto, ainda viva, iria se recuperar
logo. O íncubo não se sentiu completamente saciado, contudo sorriu ao
lembrar-se dos outros presentes no quarto.
– Divirta-te com eles um pouco, logo voltarei para ti. – Aron sussurrou ao
pé do ouvido de Cecília, antes de Evelyn ter sua completa atenção.
O duque se deitou sobre o corpo da moça, que abriu um leve sorriso em
meio aos gemidos, quando pode abraçá-lo com os braços, assim como fazia
com as pernas. Ele começou a mover-se dentro dela ainda mais rápido.
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Evelyn, extasiada, mal acreditou quando seus gemidos se tornaram


incontroláveis ao atingir o orgasmo apenas com ele a penetrando, algo que
jurava ser impossível. Cravou as unhas nos ombros dele quando foi beijada.
O íncubo capturou os seus suspiros de prazer, alimentando-se um pouco
mais. E no fim, a pobre moça só achou que todo aquele cansaço fora causado
pelo orgasmo maravilhoso.
Despois de deixar Evelyn entorpecida na cama, Aron voltou-se para
Cecília, que beijava Philip, o cavalheiro que ainda estava de quatro na cama
sendo penetrado por seu parceiro. Percorria com as mãos as curvas suntuosas
do corpo da mulher.
Cecília se encolheu toda quando o íncubo se colocou atrás dela e mordeu
de leve sua orelha. Sentiu-o envolvê-la com os braços firmes e agarrar os
seios expostos. Com o corpo quente encostado em suas costas, ela tratou logo
de retirar a saia que ainda vestia, empinando a bunda contra o pênis rígido do
duque.
Aron sorriu com o evidente desejo da moça por ele e trouxe-a para si,
tirando-a dos braços de Philip. Deitou-se na cama e puxou-a pelas coxas
grossas, sentando-a sobre seu quadril.
Cecília fechou os olhos e mordeu o lábio inferior quando ele deslizou para
dentro de seu corpo. Nossa! Suspirou em meio a um gemido abafado.
Encarou os olhos dele e a leve curva de um sorriso em seus lábios ao apoiar
suas mãos sobre o peito do lorde. Ele a segurou pela cintura, ajudando-a a se
mover. As sensações que tomaram o corpo da moça foram tão intensas e foi
impossível conter o grito, mas não se preocupou nem um pouco com isso,
autocontrole e decoro não importavam naquele momento. Movia seu corpo
contra o dele e a intensidade causava alguns estalos. Montada em cima do
duque, Cecília delirava. Às vezes jogava a cabeça para trás e mordia os
lábios, brigando contra a impossível tarefa de conter gemidos tão altos.
Aron subiu as mãos e agarrou com força os seios fartos da mulher,
deixando que essa tivesse o total controle da situação. Fitá-la e ver seus olhos
castanhos revirando, fora de órbita, o corpo se contorcendo, ela cravando as
unhas em seu peito, expressava claramente o prazer que o íncubo sentia fluir
dela. Sentiu o corpo dela se enrijecer, e então com a respiração ofegante cair
sobre o dele.
Fez carinho no cabelo da moça, fazendo-a erguer a cabeça e encará-lo.
Então a puxou para mais perto e a beijou, sugando um pouco de sua energia
também, para em seguida sair debaixo dela, colocando-a sobre a cama.
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– És insaciável. – Philip comentou com Aron quando o viu engatinhar na


cama em sua direção.
– Talvez. – Com os olhos semiabertos e um sutil sorriso, o duque agarrou
o marquês que acabava de se limpar após ter chegado ao orgasmo. – Bom, eu
me segurei para não terminar e aproveitar um pouco de cada uma delas e
pensei que talvez quisessem dar um fim a essa espera para mim.
Philip aprumou o corpo, e quando ia até Aron sem hesitar, Richard o
segurou pelo ombro, impedindo-o.
– É a minha vez agora.
A contragosto, o homem não discutiu, apesar de já ter provado um pouco
do duque, a simples possibilidade de poder ter mais o excitava mais do que
muitas situações pelas quais já passara.
Richard foi até Aron, roçou seus lábios de leve nos dele, antes de virar-se
de costas. O íncubo logo entendeu a deixa e com o pênis ainda molhado pelas
garotas, apoiou os braços no ombro do cavalheiro e penetrou-o.
O marquês mordeu os lábios para evitar o gemido alto, de certa forma
envergonhando-se de tamanho prazer. Philip ter se curvado para beijá-lo
ajudou a disfarçar um pouco.
Aron não se preocupou em conter-se mais, por hora estava saciado.
Deslizou as mãos pelas costas de Richard e o segurou pelos quadris. Deu
mais cinco estocadas fortes até se explodir de prazer dentro do corpo do
marquês, que ficou rubro de imediato. Entretanto, choramingou baixinho por
ter acabado, teve que se conter para não rebolar contra o corpo do íncubo,
implorando por mais.
– Acho que preciso ir agora. – Aron viu um pequeno raio de sol modesto
entrar por uma das fendas das cortinas do quarto. Mal se deu conta de que
havia amanhecido.
– Pode ficar mais caso queiras. – Richard se recompôs.
– Tenho duas senhoras loucas em casa. – O duque riu ao se lembrar das
irmãs. – Então é melhor ir.
– Peças ao meu cocheiro que lhe deixe em casa.
– Fico grato. – O lorde se vestiu e deixou o quarto.

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Capítulo 13

– Aron... – a voz de Dária soava baixa e um tanto rouca.


A dama passara o dia e parte da noite pensando sobre o que havia
acontecido. O tempo fora suficiente para aceitar e recusar a ideia uma centena
de vezes. Odiava admitir que queria, e ir contra todas as escolhas que fizera
depois que se transformou, mesmo assim estava ali, questionando-se.
Caminhando de um lado ao outro, passou os dedos pálidos e delicados
sobre uma cômoda ao lado de um espelho, no quarto de Aron. O móvel não
tinha uma migalha sequer de poeira, sinal de que tinha ótimos criados.
Despois de alguns minutos, talvez horas, esperando com uma ansiedade
que a consumia por dentro deixando-a com o peito pesado e respiração
difícil, Dária desistiu. O sol já estava prestes a raiar e se deu conta de que ele
não apareceria para dormir em casa.
Furiosa, derrubou os vidros de perfumes e loções sobre a cômoda e pouco
se importou com o barulho que fizeram ao cair no chão. Não deveria ter ido
ali, ainda que ansiasse em repetir o beijo. A possibilidade de se arrepender
amargamente de ter cedido ainda a assombrava.
Sob os últimos instantes do manto da noite ela deixou o quarto.

Algumas horas depois, de volta ao bordel, a vampira ainda estava imersa


em seus próprios pensamentos. O que aquele íncubo queria? Enlouquecer-
me.
– Dária? – Anne retirava poeira de alguns livros na estante do escritório e
perdeu-se observando a sua senhora sentada atrás da escrivaninha. Não
entendeu o motivo de encontrá-la fitando o vazio, olhando para a frente e
para lugar algum.
– Sim...? – A dama balançou a cabeça ao ser sugada de seus pensamentos
e folheou um livro diante de si.
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– Há algo acontecendo?
– Não.
– Olha... – Anne desceu do banco e caminhou na direção da vampira. –
Sabes que faço qualquer coisa por ti.
– Eu fico grata. – Dária abriu um leve sorriso. – Mas não é nada com que
devas te preocupar...
A porta se abriu num rompante e as duas se viraram na direção dela de
imediato. Elzor entrou de repente, o homem alto, grande e careca tinha a
expressão fechada e a testa franzida.
– Anne, deixe-nos a sós. – A voz dele era tensa e severa, ao ponto de fazer
um arrepio subir pela espinha da garota.
– Está bem. – A moça deixou o lugar sem hesitar.
Assim que ela saiu, Elzor fechou a porta e Dária se levantou para encará-
lo, à espera do que ele diria.
– Temos grandes problemas.
– O que queres dizer com isso? – A ruiva passou a mão pelos cabelos
antes de avaliar o homem com o olhar.
– Um ninho foi estourado na noite passada. Jovens vampiros foram mortos
e o símbolo deixado na porta do covil.
– A ordem está em Londres? – A dama engoliu em seco. – E sabem que
estamos aqui?
– Creio que não, contudo é uma questão de tempo.
– Maldição! – Dária deu um soco na mesa, fazendo com que a madeira
cedesse e quebrasse no meio.
– Não te preocupes, minha senhora. – Elzor tentou parecer mais calmo a
fim de tranquilizá-la. – Darei um jeito de mantê-los longe.
– Tenhas cuidado, eles possuem caçadores experientes, podem matar-te,
matar à nós dois.
– Não os enfrentarei, ou mesmo permitirei que me vejam.
– Devo ter cuidado com meus hábitos de caça. – A dama falou mais para
si mesma. Andava de um lado para o outro da sala, passando a mão cabelos e
resmungando baixinho.
– Talvez possas pedir proteção a Melinda.
– Não! – Dária balançou a cabeça em negativa – Não quero recorrer a ela.
A vampira detestava a ideia de implorar pela proteção de alguém.
Um arrepio varreu o corpo da vampira quando se lembrou da primeira vez
que soube da existência da ordem.
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– Corra, Dária!!!
Sem reação, a ruiva viu a fúria tomar conta do rosto de sua criadora. A
saia do vestido e o cabelo negro rodando no ar enquanto a mulher se colocava
em posição de ataque, com o corpo arqueado e as unhas afiadas como garras.
– Arthia... – Ainda em choque, Dária não conseguiu mover um único
músculo. Não entendeu a reação de sua criadora, nunca havia a visto tão
brava e amedrontada.
– Eu disse para correr, Dária! Saia antes que eles cheguem aqui.
Sem realmente entender a gravidade daquilo ou o medo que a consumia,
com um aperto no peito pela terrível ideia de deixar Arthia para trás, a jovem
vampira correu noite adentro, encoberta pelas sombras, fugindo de algo que
desconhecia.

– Eles a mataram, Elzor. – De volta ao presente, Dária arfava com o medo


que tomou suas veias outras vez.
– Não se aproximarão de ti, minha senhora.
– Ela tinha seiscentos anos, a vampira a mais antiga que conheci. Após
aquela noite aprendi que ser imortal era muito mais complicado do que
parecia ser.
– Após aquela noite transformaste a mim.
Dária, de braços cruzados, virou-se para o eunuco e um sorriso sutil se
formou entre a curva de seus lábios. Encarou as sombras do cômodo atrás
dele e a expressão no rosto do homem, que apesar de na maioria das vezes
severa, deixava-a mais calma.

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– Para sempre é muito tempo para se estar sozinha, meu caro.


– Deverias ouvir o que fala. – Elzor deu um risinho.
– Vais falar sobre o íncubo outa vez?
– São tuas palavras, senhora. – Ele jogou as mãos para o alto, em um gesto
de inocência.
Dária torceu os lábios e afunilou os olhos ao lembrar-se de que fora até o
lorde mais não o encontrara.
– Deixe-me. – Ela apontou para a porta.

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Capítulo 14

Aron chegou em casa e o dia já havia raiado, passava das oito da manhã.
Assobiava a quinta sinfonia de Beethoven, ao abrir a porta encontrou Natasha
sentada sobre o sofá. A morena ergueu a cabeça do catálogo de moda
parisiense que folheava nas mãos e encarou o irmão.
– Olá, Aron, pelo visto tua noite foi ótima. – Ela virou uma página. –
Penso que pela quantidade de energia que emana de ti, teve que esconder
alguns corpos.
– Eu não matei ninguém. – O duque suspirou aliviado ao se lembrar
daquilo.
– Uau! Quanto autocontrole. – Natasha deu um risinho sarcástica. – Eu
nem mesmo tento não matar.
O lorde deu as costas ignorando sua irmã. Como era inconveniente, bufou.
– A propósito, senti uma presença estranha, forte, nessa casa ontem, e a
julgar pelo barulho e a brisa incomum, acredito que a tua garota veio vê-lo.
– O que?! – Aron saiu correndo.
Quando o duque chegou ao seu quarto, o aroma inconfundível da vampira
ainda estava por todo o lugar e as coisas sobre sua cômoda estavam reviradas.
Socou a parede, sentindo uma enorme raiva de si mesmo. Estava tão faminto
e de certa forma decepcionado, que saíra sem pensar muito. Não esperava que
ela retornasse, pelo menos não tão cedo. Torceu para que ela não estivesse
furiosa demais.
– Quer que eu prepare teu café, meu lorde? – Anisha perguntou quando
Aron passou por ela no corredor.
– Obrigado, mas já estou de saída. – O íncubo nem mesmo virou-se para
ela e continuou andando.
– Acabastes de chegar... – a moça ergueu os braços para o ar e balançou a
cabeça confusa.

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Dária estava de pé, protegida sobre a sombra das pesadas cortinas. Ainda
estava com medo. Passou a mão pelo peito, sentindo um aperto e um nó na
garganta. Aquela era a sensação que mais odiava sentir, medo. Acreditava
que depois da imortalidade estaria livre disso, entretanto, na noite em que
Arthia morreu, soube que não importava o quão forte estivesse, seus
demônios estariam à sua altura.
– O que fazes aqui?! – Dária se virou para o intruso que adentrou o quarto.
– Quem pensas que és para entrar em meus aposentos sem ser anunciado? –
De braços cruzados e dentes cerrados fitou os olhos do íncubo.
– Duas vezes fostes ao meu quarto. Acredito que seja no mínimo justo eu
estar aqui. – O duque se escorou no batente da porta.
Aron observou a bela mulher com um vestido negro, e espartilho apertado
que jurava ser impossível respirar com ele. O cabelo ruivo estava preso no
alto da cabeça, e adoraria poder bagunçá-lo. Sentiu-a tensa, apertando com
força os dedos contra o antebraço.
– Já se esquivou demais, Dária. – Ele caminhou na direção dela com
passos firmes e confiantes. – Não precisa temer isso.
– Não sabes nada sobre mim.
– Saberei se me permitir.
Quando Dária se deu conta, ele já estava próximo o suficiente para
envolvê-la pela cintura. Um calafrio percorreu o seu corpo fazendo-a se
encolher. Sabia que o certo seria afastá-lo como sempre fez, contudo não
queria isso. A presença da ordem na cidade talvez a tivesse deixando mais
suscetível à ideia de ceder.
– Meus problemas não são contigo.
– Então, permita-me ajudá-la. – O lorde deslizou as mãos pelo rosto dela,
acariciando a pele alva e fria.
Dária fechou os olhos e perdeu-se na sensação. De alguma forma a
presença dele fez com que a angústia sumisse. Se permitisse aquilo, seria
algo do qual não poderia esquecer ou mesmo voltar atrás.
– Aron...
– Pare de fugir! – Ele a pressionou contra a parede. – Fostes atrás de mim
noite passada e sei que queres isso tanto quanto eu.
– Matastes duas das minhas garotas. – A vampira tentou empurrá-lo,
contudo não fez a real força para isso.
– Ambos sabemos que esse nunca foi o real problema. – O íncubo apoiou
sua testa contra a dela, forçando-a a encará-lo.
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Permita-se. Dária envolveu os dedos pelo cabelo negro dele e o puxou


para um beijo.
O íncubo a sentiu pressionar os lábios contra os seus, e invadir sua boca
com a língua. Não sabia se era apenas pela ânsia em tê-la, mas cada parte de
seu ser vibrou em êxtase. Riria de si mesmo por parecer um menino, caso não
estivesse tão ocupado. Segurou-a pela cintura com ainda mais firmeza. Ele
estremeceu com o desejo que ardia dentro de si. Sabia que negaria aquilo em
voz alta, mas a resposta era SIM, obviamente Dária não era uma presa como
as demais e odiaria que aquilo durasse apenas uma noite. Foi mais fácil
admitir a si mesmo que estava apaixonado do que jurava ser. Aron mordiscou
o lábio inferior dela, então invadiu sua boca novamente com a língua,
roubando o último resquício de resistência. Dessa vez não fugirás de mim.
Dária soube naquele momento que lutar contra aquilo era tolice. Elzor
estava certo, ela não podia permitir que o seu passado a assombrasse para o
resto da eternidade. Ela ofegou pelo calor que se permitiu sentir.
O duque a pressionou ainda mais contra a parede, e a troca de carícias
sensual se tornou algo menos gentil e delicado, com mais urgência, quase
como se estivessem famintos por aquilo. A dama deslizou as mãos até o peito
dele e começou a desabotoar o paletó. Aron soltou um gemido abafado pelo
beijo quando se deu conta de que ela havia começado a despi-lo. Finalmente
saciaria o desejo que rugia dentro dele.
Em um movimento veloz, Dária os girou e bateu com as costas dele contra
a parede. A força dela nem mesmo incomodou Aron, ainda que o golpe
tivesse doído, seus sentidos estavam dispersos demais em outras sensações.
Dária sentia a necessidade de fazer aquilo fluir por todo o seu corpo, e
logo jogou o paletó dele ao chão. Ser uma vampira a permitia senti-lo mais
intensamente a cada toque. A sensibilidade elevada tornou o cheiro dele ainda
mais embriagante. Não queria mais cumprir a difícil tarefa de resistir a ele.
A dama soltou um gemido de protesto quando os lábios dele se afastaram
dos seus. No entanto, logo seu corpo se arrepiou quando ele mordiscou de
leve a sua orelha. Um calor a invadiu numa ânsia por mais. Segurou a camisa
dele pelo colarinho e puxou de uma vez, arrancando os botões da peça e do
colete, fazendo-os voar por todo o quarto.
– Desculpe pela roupa. – Dária se envergonhou ao se dar conta do que
havia feito.
– Não te preocupes com isso agora. – Aron acabou de tirar as peças
rasgadas e as jogou ao chão.
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Daria se perdeu por alguns segundos observando o peito dele. Sem hesitar,
tocou-o, sentindo o calor da pele, a perfeição dos músculos. A forma como
ela o olhou e tocou facilmente fizeram de Aron o homem mais vaidoso do
mundo.
O duque começou a desamarrar as fitas que prendiam o espartilho dela.
Mordeu o lábio, enfurecido com o quanto aquelas roupas femininas eram
difíceis de retirar. Contudo a forma como ela permaneceu o tocando
tranquilizou-o. Finalmente o espartilho foi jogado de lado e ele pode agarrar
os seios firmes. Os mamilos se enrijeceram em suas mãos e o fizeram soltar
um gemido. Ela era ainda mais bela seminua.
Com as mãos dele a tocando intensamente, Dária sentia o desejo que
aquele homem provocava nela crescer ainda mais. Aproveitou o espaço que
ele havia tomado em relação a parede, para deslizar as mãos sobre as costas
largas, refazendo com a ponta dos dedos toda a linha da coluna. Estava
prestes a apalpar a bunda dele, ainda sob o tecido da calça, quando o lorde se
abaixou a fim de retirar as numerosas camadas da saia que a dama usava.
A pele dela era alva e gélida, Aron se enchia de prazer por poder acariciá-
la. O vermelho dos olhos de Dária se tornou ainda mais intenso e ela mordeu
os lábios, provando do seu próprio sangue, quando o íncubo abaixou a cabeça
e tocou com a língua seu sexo feminino. Inebriada pela sensação, ela abriu as
pernas mais, permitindo que ele encaixasse a cabeça melhor.
Dária tinha um sabor agridoce, gélido e sedutor, e Aron a saboreou,
enquanto deslizava as mãos pelas suntuosas curvas da cintura arredondada
dela. O modo como o corpo dela correspondia às suas carícias despertou nele
os desejos mais profundos. Teve que lutar contra a vontade de deitá-la no
tapete e penetrá-la logo. Aron deslizou o dedo para dentro da vampira e a
umidade dela fez com que cerrasse os dentes para não gemer. O estímulo a
fez gemer e dar leves reboladas.
– Agora, Aron! – Ela gritou com a voz trêmula. Todo o seu corpo ansiava
com a vontade de tê-lo dentro de si.
– Estás me dando ordens?
– Algumas vezes o farei, a partir deste momento, principalmente se
demorar tanto.
Um sorriso nada discreto surgiu nos lábios do íncubo quando ela implorou
por aquilo. Logo ele se livrou da calça, a envolveu pela cintura e levou até a
cama.
Duzentos anos haviam se passado desde a última vez em que Dária havia
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se deitado com um homem. Fugira deles, os odiava, saciava seus desejos


apenas com mulheres, adorava estar com elas. Entretanto, ao ceder às
investidas do íncubo, apenas os dedos não lhe pareciam mais o bastante. Com
o canto dos olhos encarou o pênis rígido dele e passou a língua pelos lábios
coma boca salivando de desejo.
Aron a fitou sobre a cama, a bela ruiva que tomara seus pensamentos por
meses, finalmente ao alcance dele. Não precisava mais se conter. Afastou as
pernas delgadas dela observando os olhos que tanto o encantaram e sem
hesitar mais a penetrou.
Quando Dária o sentiu invadir seu corpo, ela ficou tensa. As lembranças
de sua vida como humana tomaram a sua mente como uma névoa e a fizeram
esquecer-se do desejo. Ela cerrou os dentes e pressionou uma mão contra o
peito de Aron, tentando afastá-lo.
– Ei – com uma mão o íncubo segurou o pulso dela e com a outra tocou-
lhe o rosto. – Eu não sei o que lhe aconteceu, mas se me permitir eu posso
ajudá-la.
– Não sabes de nada sobre mim. – A voz dela ainda era relutante.
– Para, Dária, chega! – Aron balançou a cabeça. Então, curvou-se para
beijá-la. Roçou os lábios nos dela. Girou-os na cama e a deixou por cima, no
controle como ela parecia gostar de estar, contudo recusou-se a sair dela.
– Homens são...
– Eu não sei o que fizeram... – ele pousou dedo sobre a boca dela,
fazendo-a parar. – Mas olhe, definitivamente não será como antes. –
Envolveu os cabelos ruivos e volumosos dela e a puxou de volta para um
beijo.
Não permitas que o seu ex-marido lhe assombre pelo resto da eternidade,
a voz de Elzor ecoou na cabeça dela. Em seguida, Aron a beijou novamente e
fez a névoa de recordações desaparecerem.
– Não és um homem. – Ela segurou os braços dele pelo pulso e os segurou
contra a cama, no alto da cabeça.
– Não, eu sou um íncubo. – Aron riu e um gemido escapou pelos lábios
dele quando a sentiu começar a se mover.
A habitual dor e o desconforto que Dária sentiu todas as vezes que fizera
aquilo antes, deram lugar a uma sensação de imenso prazer, enquanto ela se
movia livremente sobre o quadril do lorde.
Aron mordeu os lábios e soltou um gritinho de protesto quando a visão
dos seios dela, de tamanho moderado e roliços, balançando junto com o
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movimento de seu corpo, foi demais para que ele resistisse a tocá-los. Porém
ela ainda segurava seus braços e mesmo que o íncubo tivesse força o bastante
para se soltar, não o fez. Além de excitante, dar a ela o total controle da
situação parecia a deixar mais calma. Mas era uma tortura não poder tocá-
los.
Dária via os olhos do lorde se contorcerem cada vez que ela se movia
contra seu corpo, permitindo que ele a adentrasse por completo. A vampira
mordia os lábios com força, fazendo-os sangrar numa tentativa tola de tentar
conter os próprios gemidos. Embora boa parte de si, a que ainda era
assombrada pelo passado, não quisesse admitir, aquilo estava delicioso. O
duque se deleitava com cada gemido e suspiro que ela teimava em reprimir,
entretanto quanto mais ela brigava com isso, mais seu rosto denunciava o
prazer. Ela já se mexia incontrolavelmente, rebolando nele.
A dama sentia seu corpo arder em meio àquela dança erótica. Com o
prazer tomando conta de todos os seus sentidos, ela finalmente aceitou que já
fora longe demais para permitir que seus demônios a assombrassem.
Qualquer consequência que aquilo pudesse vir a ter, a vampira se preocuparia
com ela depois.
Lembrou-se da pequena prova que tivera do sangue dele e desejou mais
daquela bebida exótica. Quando Dária finalmente soltou-lhe os braços, Aron
se assustou com ela cortando com a unha uma linha pelo seu peito, por onde
o sangue fluiu. Contudo, logo que ela se curvou, lambendo-o, ele gemeu alto,
alucinado pelo prazer que tal ato lhe proporcionou. Sabia que a saliva de um
vampiro era afrodisíaca, porém não pensou que fosse tanto.
Com as mãos livres, Aron segurou a bunda arredondada dela e a fez se
mover mais rápido. Sentia-se deslizar com afinco para dentro do corpo
úmido. O desejo que nutria por ela e a forma alucinante como seu sangue era
sugado, tornou aquele ato o mais prazeroso que já tivera. Dária arranhou
ainda mais o peito dele quando um rugido de prazer escapou do fundo da sua
garganta. Suas pernas tremiam e seu corpo estava à beira do colapso, pelo
prazer ardente que ela não estava preparada para sentir.
O íncubo respirava fundo, ainda com as mãos firmes agarradas à bela
bunda dela. Se segurar não estava tão fácil como costumava ser. A vampira
era mais ágil e tinha mais fôlego do que as damas com que havia se deitado.
– Aron! – Dária gritou o nome dele quando uma onda de prazer tomou seu
corpo, banhando cada uma de suas veias. Atingir o orgasmo sendo penetrada
era um prazer diferente que, jamais havia experimentado antes. Surpreendeu-
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se ao cair sobre o peito dele, bamba, tremendo, mal podendo se sustentar.


O lorde logo se deu conta de que ela havia atingido o ápice e a puxou para
um beijo, podendo sentir o sabor do seu sangue ainda na boca dela. Então a
penetrou com mais afinco, a língua imitando os movimentos do pênis, feroz.
Depois de mais algumas estocadas, Dária sentiu o corpo dele se contrair
debaixo do seu, os músculos ficarem tensos, até que ele relaxou e um jato
quente lhe banhou o ventre.
Ainda entorpecido pelo orgasmo, Aron retirou os cabelos que cobriam o
rosto pálido dela, e a observou sobre seu peito. Mesmo tendo seu sangue
sugado e perdendo parte de sua energia, não ousou se alimentar, a noite
anterior fora o suficiente para mantê-lo por alguns dias, e não queria nem
correr o risco de perdê-la.
– És tão linda. – Acariciou-a.
Dária o observou em silêncio. Ele tinha uma suave expressão de alegria
estampada nas curvas de seu rosto. Isso a deixou confusa, não entendeu a
fixação do íncubo ou a forma carinhosa que a tocava. Homens não eram
carinhosos.

– Ei, por favor, fique! – Aron sussurrou sonolento quando a viu se levantar
e segurou o braço dela.
– Eu só vou me limpar.
– Está bem. – Relutante, ele a soltou.
Esparramado na cama, a viu caminhar nua até um pequeno banheiro no
quarto. Jurou que poderia assistir para sempre o movimento das curvas do
corpo da vampira se mexendo à medida que ela andava. Dária era suntuosa e
roliça nas partes certas, foi fácil entender por que se encantara desde o breve
vislumbre dela.
Logo a vampira retornou e entregou a ele uma toalha úmida para que
também pudesse se limpar.
O íncubo a puxou para cama, a queria de volta em seus braços, porém
Dária se desvencilhou.
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– Deves ir agora.
– Não vais me expulsar. – Aron se sentou na cama um tanto irritado.
– Ficas aconchegado com todas as suas presas?
– Na verdade elas nunca sobreviveram até esse momento. Mas porque te
importas? Não és uma presa, assim como não sou um dos humanos dos quais
se alimenta.
– Falas demais. – Ela torceu os lábios.
– Eu estou apenas dizendo a verdade. – O íncubo se colocou de pé e a
envolveu pela cintura.
Dária sabia que deveria afastá-lo, mas no momento em que os lábios dele
tocaram a base de seu pescoço ela jogou a cabeça para trás, gemendo
levemente. O toque provocante dele trouxe de volta a febre do desejo. Vibrar
tão energicamente a cada carícia era uma péssima ideia ao tentar resistir a ele.
– Saía daqui. – A voz dela saiu trêmula e nem de perto intimidadora.
– Vou embora daqui a pouco, eu prometo. – O duque a deslizou a mão até
a nuca dela e enrolou os dedos em seus cabelos. – E, de qualquer forma,
ainda está de dia e não há nada que possa fazer por enquanto. – Mordiscou de
leve a orelha da vampira, sentindo-a se contorcer em seus braços.
A dama cravou as unhas no ombro dele, deixando marcas vermelhas na
pele clara, mas ele nem protestou contra a leve dor. Uma força enorme
manteve as pernas bambas dela imóveis. Dária praguejou baixinho e por um
segundo mandou para o inferno tudo que a fazia resistir e agarrou com foça
os cabelos negros dele, puxando-os até poder roçar seus lábios nos do íncubo,
mordiscando o inferior. O beijo que veio em seguida foi feroz, as línguas se
tocando de modo selvagem.
Aron a segurou e ergueu, puxando-a consigo de volta para a cama. Sentou-
se e colocou-a sobre sua cintura, encaixando-se no meio das pernas da
vampira, cujos joelhos se apoiavam na cama.
– Não te cansas? – Ela deu um risinho ao passar as mãos pelo peito dele.
– De ti? – Aron a admirou a ruiva de beleza estonteante por alguns
segundos, com os olhos curiosos o percorrendo. – Poderia passar a eternidade
assim. – Curvou-se e lambeu o mamilo enrijecido.
Dária sentiu seu corpo queimar e um alto gemido escapou por entre suas
presas. Olhou-o nos olhos: eles eram penetrantes, arrebatadores, e tinha toda
a atenção deles. Sentia o pênis do lorde pulsar sob o seu corpo, e moveu-se
lentamente conta ele, aquela fricção era deliciosa. Contudo não era mais o
bastante apenas se esfregar, queria, precisava dele a preenchendo outra vez.
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Enfiou a mão entre os seus corpos e agarrou o membro rígido, pulsante.


Aron gemeu e agarrou as coxas, pressionando-as, firme. Dária se ergueu um
pouco, com a mão livre apoiada no ombro esquerdo do duque, antes de sentar
nele. Dessa vez ela não se preocupou em conter o grito. O prazer da
penetração a fez perder por completo qualquer resquício do seu autocontrole.
Escorada nos ombros dele, se movia de forma frenética. O calor do corpo do
íncubo e a forma como a respondia como iguais, a faria jurar que ele era algo
improvável caso não o tivesse ali.
Aron deslizava as mãos pela cintura dela, apalpando, acariciando sua
bunda. Tocava-a inteira, explorando cada pedaço do seu corpo. O desejo do
lorde aumentava a cada curva. Ela podia ser fria, mas despertava nele um
calor incomum.
Quando o prazer explodiu dentro do seu corpo, Dária arfou. Abraçou-o,
numa tentativa de manter os corpos mais próximos. Aron logo a
acompanhou, banhando-a outra vez. Tomado pelo prazer, apoiou o queixo
sobre o ombro da vampira e retribuiu o abraço. Permaneceram assim por
alguns até que suas respirações se normalizassem.

– Agora eu vou. – Aron se curvou e beijou-a antes que Dária pudesse fazer
qualquer protesto.
Levantou-se e começou a se vestir. Ainda admirava com o canto do olho a
bela mulher sobre a cama. A ideia de sair dali o afligia, mesmo que soubesse
que precisava ir. Teve que se conter para não se atirar sobre ela e possui-la
outra vez. Se apenas seus instintos estivessem no controle, o duque não sabia
quando pararia, ou se pararia.
Dária se conteve para não lhe pedir para ficar. Embora sentisse que
precisava afastá-lo, não sabia mais se queria fazer isso.
– A vejo em breve. – O íncubo a beijou de forma demorada. Dessa vez
como se quisesse registrar cada segundo daquilo, para jamais esquecer a
sensação. Quando se deu conta de que acabaria arrancando as roupas
novamente, ele deixou o quarto.
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Capítulo 15

– Onde esteves durante todo o dia? – Isabel perguntou assim que Aron
colocou os pés na sala. Ela tinha os braços cruzados e batia o delicado sapato
contra o assoalho de madeira. – Pensei que havíamos combinado de irmos
juntos à chapelaria.
– Não sejas ingênua, irmã. Olhe só para o brilho nos olhos dele. – Natasha
comia uvas sentada no sofá e nem mesmo o encarava.
– Estava se alimentando?
– Não.
– Ele fez amor, que gracinha! – Natasha conteve o riso.
Aron estava tão feliz que nem mesmo as provocações de sua irmã o
tirariam do sério.
– Sabes de algo que eu não sei? – Isabel se virou para a morena, encarando
os olhos azuis esbranquiçados dela em busca de respostas.
– Parece que a vampira finalmente cedeu. – Natasha jogou as sementes da
uva na lareira.
Aron ignorou as irmãs e caminhou até o seu quarto. Que pensassem o que
quisessem, não se preocuparia com elas no momento.
– Anisha! – Ele gritou a criada. – Prepare um banho para mim.
A voz grave dele ecoou por toda a casa e a moça foi capaz de ouvi-la da
cozinha.
Enquanto esperava, Aron se debruçou sobre o parapeito de uma das
janelas de seu quarto. O sol de fim de tarde aparecia modesto entre as nuvens,
e algumas flores já se formavam no jardim, sinal de que o inverno gélido já
se despedia.
Por alguns segundos, o duque fechou os olhos e se concentrou no cheiro
dela, ainda impregnado por todo o seu corpo. O aroma o preencheu de desejo
por poder tocá-la outra vez, e teve que se conter para não sair correndo. Riu
sozinho, deveria ser paciente. Já havia vencido algumas das inúmeras
barreiras dela, contudo outras claramente ainda estavam ali, fazendo-a relutar
e esquivar-se. Dária ainda não confiava nele, e se a quisesse por completo
precisava mudar isso.
– Meu lorde... – Anisha cutucou o ombro dele, que estava tão perdido em
pensamentos que se assustou.
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– Sim... – Aron se virou para ela e encarou o rosto enrubescido. A pobre


moça ainda deveria estar desconcertada pelo incidente em que, se não fosse
por Isabel, sua pureza teria sido roubada pelo duque.
– Seu banho está pronto, senhor. E chegou essa carta para ti.
Aron pegou o envelope das mãos dela e sorriu.
– Obrigado, Anisha. Caso precise de algo eu a chamo.
– Está bem. – A criada curvou-se e deixou o quarto o mais rápido que
pode, e por pouco não tropeçou nos próprios pés. O íncubo riu, a coitada
estava tão desconcertada que não conseguia ficar em minha presença.
Olhou para o envelope em suas mãos com o selo do marquês de
Westminster e o abriu.

Querido Aron,

Depois daquela noite memorável, creio que possa chamá-lo dessa forma.
Philip e eu adoramos conhecê-lo. Confesso que mal vejo a hora de revê-lo, e
quem sabe repetirmos aquele momento.
Sem mais delongas, escrevo-lhe esta carta para um convite mais formal,
eu e alguns amigos da corte de Londres estamos organizando um torneio de
esgrima em minha propriedade e adoraria tê-lo entre os competidores.
Infelizmente nossas esposas e outras pessoas da sociedade estarão
presentes. Será um evento de aparências e Philip e eu não poderemos lhe dar
a atenção que gostaríamos. De qualquer forma, ficaria muito feliz com a tua
presença.
O torneio será na próxima semana no fim da tarde. Traga os convidados
que desejar.

Com carinho, Richard.

Será que Dária iria? Foi o primeiro pensamento do lorde quando


terminou de ler, esperava conseguir convencê-la. Gostaria de poder exibi-la a
todos.
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Colocou a carta sobre a mesa e caminhou até o banheiro antes que a água
esfriasse. Retirou as roupas, dobrou-as e colocou-as sobre uma bancada de
madeira escorada na parede. Passou os dedos longos pela borda da banheira
branca. O vapor quente havia tomado conta de todo o lugar. Com um pé de
cada vez, ele entrou; a água morna era reconfortante. Submergiu por
completo, e ficou por baixo da água até que não fosse mais possível respirar.
Tocou-se, limpando-se.

Horas depois Aron saiu do pequeno banheiro, coberto por um roupão, com
os cabelos negros molhados, pingando sobre o pano branco.
– Isabel! – O duque arregalou os olhos ao dar de cara com sua irmã mais
nova sentada sobre a cama perfeitamente arrumada, sinal de que o lorde não
se deitava nela há um bom tempo.
A caçula estava com os braços cruzados sobre o joelho, a cabeça erguida
fitando-o. Os olhos azuis esbranquiçados estavam arregalados e atentos.
– Achei que não sairias de lá nunca. – Ela bufou jogando uma mecha do
cabelo loiro para trás.
– E porque estás aqui?
– Oh, Aron, por favor, és meu irmão, somos cheios de segredos. Apenas
podemos ser sinceros uns com os outros.
– Sabes que esse papo é patético, não é?
Isabel torceu os lábios, fechando o rosto, numa fingida expressão de
tristeza.
– Mas é a verdade.
– És intrometida demais.
– Aron... – inquieta, ela dava pulinhos na cama. – Estou apenas curiosa, é
a primeira vez que vejo alguém como nós apaixonado.
– Isso é tolice, Isabel. – Aron andou até a mesa no centro do quarto e
pegou uma framboesa da travessa deixada lá.
– Tolice? – Ela arqueou as sobrancelhas e ergueu os braços, revoltada. – A
única pessoa para a qual conseguirá mentir é para si próprio. Parecia pisar nas
nuvens quando chegastes aqui mais cedo...
– Saias daqui, pestinha bisbilhoteira! – Aron apontou para a porta com a
expressão fechada.
– Vais mesmo esquivar-se de mim, e negar a verdade a ti mesmo?
– Agora!
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– Aron...
Isabel se levantou de cara amarrada e deixou o quarto. Soube que naquele
momento ele não diria nada, pelo menos não por enquanto.
O duque cerrou as portas duplas assim que a sua irmã caçula passou por
elas. Riu baixinho. Sabia que ela não desistiria, porém iria a enrolar enquanto
pudesse.
Sentou na cadeira confortável, ao lado da mesa no centro do quarto, e
voltou a mordiscar as frutas deixadas ali. Pouco se importava com qual nome
deveria dar a tal sentimento, apenas a queria por perto, em seus braços, ao
alcance do seu toque. Mal via a hora de tê-la outra vez.

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Capítulo 16

Estava escuro. A não ser pela porta arrombada, não havia o menor sinal de
qualquer criatura viva. Dária entrou, e assim que o seu sapato tocou o
assoalho um rangido ecoou por toda a superfície. A casa velha era de
madeira, o ar estava pesado de tanta poeira.
– Não deveria ter vindo aqui, minha senhora. – Elzor parou por um
momento, ponderando a gravidade de estarem ali.
– Precisamos de respostas, meu caro. Sou alguns anos mais velha do que
ti, portanto mais forte.
– Mas sou dispensável.
– Para quem? – Dária o encarnou. – Pois para mim não és. Sabes bem que
és mais do que um servo, que o considero como um amigo.
– É uma honra.
Dária ergueu a mão para que ele se calasse ao ouvir um leve ranger
distante. Temeu sentir a presença de alguém. Em posição de ataque, esperou
que seja lá quem fosse vir em sua direção. Rosnou quando algo se aproximou
o bastante para que pudesse vê-lo. Entretanto, não passava de um pequeno
rato. A vampira respirou fundo e praguejou contra si mesma por estar tão
assustada.
Continuaram a caminhar para dentro da casa, que sob o profundo silêncio
da noite tudo parecia fazer ainda mais barulho. Estava escuro, e a lua
minguante no céu pouco ajudava a iluminar, contudo nenhum dos dois se
atreveu a acender uma única vela. O vento entrava pela porta deixada
entreaberta e assobiava em cada um dos cômodos da velha casa. A dama
sentiu um arrepio varrer-lhe o corpo e levou as mãos aos braços, como se
sentisse frio.
– Está tudo bem, minha senhora? – Elzor a encarou, preocupado com o
perceptível temor nos olhos dela.
Dária nada respondeu e continuou andando com passos cautelosos. Assim
que passaram do hall e chegaram à sala, foram capazes de enxergar corpos no
chão: uma dama vampira tivera a cabeça separada do corpo por uma espada
afiada e os outros dois cavalheiros possuíam estacas enfiadas em seus
corações. Pela forma como foram mortos, haviam sido pegos de surpresa e
mal souberam quem ou o que os matou. Dária fitou o símbolo da ordem da
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cruz desenhado ao lado dos corpos, haviam deixado a sua assinatura para
reivindicar o feito e deixar sob aviso os vampiros ainda vivos na cidade.
Tremeu ao se lembrar do quanto eram bem treinados e incrivelmente rápidos
para meros humanos; eram bons o bastante para pegar sem aviso vampiros
jovens.
– Dária! – Elzor mal teve tempo de gritar quando um homem surgiu das
sombras e partiu para cima deles. Fora ingenuidade pensar que já haviam
deixado o local do ataque.
A vampira se assustou, cambaleando para trás, mas ainda assim foi rápida
o bastante para se esquivar de uma lâmina afiada que cortou o ar no local
onde estava há poucos segundos. Suas presas cutucaram sua língua e um
rugido feroz saiu de sua boca.
Com os olhos vermelhos arregalados e as pupilas dilatas, ela olhou bem
para o caçador. Ele usava uma roupa preta com colarinho branco que se
assemelhava a de um padre, tinha o cabelo completamente raspado e uma
tatuagem em forma de cruz, vermelha e branca, que cortava de uma ponta a
outra a metade direita de seu rosto, encobrindo seu olho.
– Mais vampiros? – Ele gargalhou, fazendo seu riso ecoar por toda a casa
numa sinfonia assustadora. – Olhem só o quão sortudo eu sou.
– Arrependeras-te de ter dito isto. – Dária rosnou por entre as presas e
retirou uma adaga que estava presa em sua canela, sob a saia do vestido.
O caçador se esquivou do movimento veloz da vampira. Era bem treinado
e preparado para lidar com tais criaturas da noite. Porém, não deixou que sua
autoestima subjugasse suas ações, claramente estava diante de dois vampiros
com pelo menos um século, nem de longe seriam tão fáceis de derrotar
quanto os que habitavam aquela casa abandonada. Quem sabe não estivesse
com sorte e aqueles dois fossem os antigos que o seu senhor o mandara caçar
em Londres. Logo teria a cabeça daquela vampira e poderia retornar ao
Vaticano.
Lançou do casaco uma pequena adaga em formato de cruz, que passou de
raspão pelo braço de Dária, queimando a região. Maldição, ela era rápida.
Dária berrou de dor e num movimento rápido Elzor a tirou do caminho e
colocou-se entre o caçador e sua senhora. Morreria antes de permitir que a
dama fosse ferida outra vez.
– Saias daqui antes que te arrependas de ter vivido!
O caçador gargalhou, achando ridícula tal ameaça, eram eles que deveriam
temer. Viu o vampiro partir para cima dele e preparou-se para ser atacado,
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esquivou-se das garras que passaram próximas ao seu rosto. Sorriu ao


perceber que ele não era tão leve e ágil quanto a mulher. Deu um soco contra
a barriga de Elzor e o fez cambalear para trás.
O vampiro tossiu com o golpe, que irradiou uma forte dor por toda a sua
barriga e o deixou sem ar. Levou alguns segundos para recobrar o total
controle de seu corpo e tais segundos poderiam ter sido fatais. O caçador
tirou de suas roupas um pequeno vidro e atirou contra Elzor. Assim que este
se quebrou molhou as vestes negras do vampiro, e a água escorreu por seu
rosto. Ele urrou de dor, o líquido era quente e queimava a sua pele como
ácido, corroendo, transformando-a em carne viva. O cheiro de queimado era
tão forte que até mesmo o homem sem sentidos aguçados teve o estômago
revirado pelo odor.
Dária surgiu atrás do caçador e, com a adaga em suas mãos decepou a
cabeça do homem. O corpo dele caiu para um lado e a cabeça para o outro, de
olhos arregalados, pupilas dilatadas, teve dois segundos para se dar conta de
que estava morto.
A dama segurou o corpo pelos ombros e o arrastou, pingando sangue pelo
pescoço, até Elzor, que ainda jogado no chão, urrava de dor.
– Beba!
O criado agarrou o corpo sem vida e, como uma fera, cravou as presas na
veia do pescoço que jorrava sangue. O líquido vermelho sujou toda a roupa
do vampiro e tingiu seus lábios. À medida que ele se alimentava a queimação
em sua pele diminuía, os vestígios do machucado iam vagarosamente dando
lugar à pele original.
– Obrigado, minha senhora. – Elzor agradeceu ao jogar o corpo para o
lado e encarar a dama de pé diante dele.
– Já disse que é mais do que apenas um criado para mim. – Dária estendeu
a mão para ajudá-lo a se levantar. – Agora vamos sair daqui, antes que outros
venham atrás dele. Se não sabiam que havia vampiros antigos em Londres,
agora eles sabem.
– Precisamos ser mais cautelosos. – Elzor caminhou até a porta. –
Lidamos bem com um caçador, contudo, não sei como sairemos contra dez
iguais a ele.
– Não te preocupes demais. – Dária tentou esconder a tensão em sua voz.
– Por favor, senhora, é hora de sermos cautelosos. – O leve ardor em sua
pele deixava fresco em sua memória o quão arriscado isso era. – Peça ajuda a
Melinda. Com os poderes dela serão incapazes de tocar-te.
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– Podemos lidar com isso sozinhos. – O tom de voz dela ficou severo,
claramente irritada com a insistência dele. Não iria rastejar até a rainha das
bruxas pedindo que a protegesse de meros caçadores, isso era ridículo. –
Apenas vamos sair daqui.
Elzor assentiu, a seguindo para longe. Sabia bem o quanto a sua senhora
era orgulhosa, contudo torcia para que tal defeito não colocasse em risco a
vida dela.

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Capítulo 17

Um lampião a óleo de luz amarela e tremulante estava sobre uma pequena


mesa num canto junto à parede feita de tijolos de barro. O duque estava
perdido em meio às grandes prateleiras de carvalho e mal se dera conta que a
poeira do lugar havia impregnando seu fino paletó.
Aron estava há alguns minutos lendo os rótulos das garrafas de vinho na
adega do casarão. Procurava pelo melhor, o mais velho, de sabor mais
apurado. Em meio à poeira e algumas teias de aranha, num local mais alto da
prateleira, encontrou um vinho do início do século XIV, vindo da região da
Lombardia na Itália. Este deveria estar ali desde a o tempo dos antigos
moradores do lugar. Parece perfeito!
Bateu um pouco da poeira de suas roupas, soprou o lampião para apagar a
chama e deixou o local. Quando subia a escada de madeira para deixar o
subsolo, Natasha bloqueou seu caminho. Aron encarou a irmã andando pela
casa ainda de conjugado.
– Olá, irmão!
– O que ainda fazes vestida assim?
– Acordei agora e estava com preguiça de vestir-me. Sabes bem o quanto
detesto tal volume de roupa. – Ela penteava o cabelo com os dedos, como se
estar apenas com um fino tecido cobrindo as suntuosas curvas de seu corpo
não fosse nada demais.
– Depois Isabel nos enlouquece por dizer que estamos tirando a paz dos
criados.
– Parei de matá-los, eu juro. – Ela levou os dedos aos lábios e os beijou
em cruz, como se fizesse uma promessa. – Posso beber contigo? – Apontou
para a garrafa de vinho nas mãos do irmão.
– Não a beberei aqui. – Aron a escondeu de baixo do casaco.
– Irás vê-la outra vez? – Os olhos da súcubo brilharam de curiosidade.
– Por que isso interessa a ti? – O duque tentou se esquivar, entretanto a
irmã continuava a bloquear a pequena passagem na escada estreita de
madeira velha, que rangia um pouco por mal sustentar o peso dos dois.
– Ah, Aron, eu sou sua irmã, preocupo-me contigo.
– Sério?! – O íncubo riu.
Natasha cruzou os braços, fechando a cara, e subiu a escada, deixando o
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caminho livre para que o duque passasse. Se ele não havia conversado nem
mesmo com Isabel, não o faria com Natasha. A última coisa que desejava
naquele momento era que sua irmã do meio fizesse daquilo um estardalhaço.
A Donovan sabia bem como ser inconveniente e indelicada, e Aron não a
perdoaria se colocasse tudo a perder. Antes de dizer qualquer coisa as suas
irmãs, precisava da certeza de que Dária não correria dele na primeira
oportunidade.

– O que fazes aqui? – A dama conteve o berro ao voltar para o quarto e


deparar-se com o íncubo.
– Queria vê-la. – Aron respondeu naturalmente, enquanto enchia duas
taças de vinho.
– Não significa que temos qualquer relacionamento por eu ter deitado
contigo uma única vez. – Ela estava claramente irritada.
– Não, nós não temos. Entretanto, não significa que eu não adoraria que
tivéssemos. – O duque ergueu os olhos para encará-la. O vestido negro da
dama estava repleto de respingos vermelhos que não pareciam uma simples
tinta. – Alimentando-te?
Dária não o respondeu, deixou que o silêncio o fizesse. Não contaria a ele
o que realmente acontecera. Por mais que sentisse que o íncubo fosse
confiável, uma parte de si ainda relutava. E se realmente fosse, não queria
que ele, Melinda, ou qualquer outro se envolvesse nisso.
Aron caminhou até ela e entregou uma taça de vinho.
– Como não gostastes das flores, – o lorde se lembrou do infeliz incidente
com o entregador, pobre garoto. – Trouxe um bom vinho e chocolate.
Dária olhou bem para o seu quarto. O íncubo parecia bem à-vontade em
um espaço que não era dele e isso a incomodou. Anne, Melinda ou qualquer
outra mulher nunca tiveram tanta audácia. Por um momento pensou em
expulsá-lo dali, jogá-lo janela abaixo, pela ousadia. Cerrou os dentes,
apertando com força as unhas contra as palmas das mãos. Porém, uma troca
de olhares fez com que os seus músculos relaxassem, e teve que conter o
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desejo de ir até os braços dele.


– Tudo bem, aceito uma taça de vinho.
Aron sorriu ao observar a tensão no corpo dela se dissolver: os ombros
caíram, levemente relaxados, e as leves linhas no rosto jovem desaparecerem.
Entregou a ela uma das taças e tomou um leve gole da sua.
– Pensei que não houvessem segundos encontros. – Dária pegou um dos
bombons e levou-o até os lábios carnudos e vermelhos.
– Quantas vezes precisarei lembrá-la que não és como uma das minhas
presas? – A voz dele era firme, ainda que estivesse perdido na simples visão
da boca dela partindo a superfície do chocolate. Conteve-se para não a tomar
nos braços, e virou-se para observar as chamas na lareira, que dançavam em
meio às toras de madeira.
– Imagino que isso seja um sacrifício.
– Não é. – Aron se cansou de hesitar e foi até ela, deslizou a mão pelo seu
ombro direito.
Dária fechou olhos e se permitiu sentir o toque. A pele dele era quente
como a de um humano, prazerosa, embora tivesse um aroma menos doce.
Aron aproveitou a falta de resistência dela para beijar-lhe a base do
pescoço. Segurou-a firme pelos ombros, a mantendo bem ali, o mais próximo
possível. Por um momento nem mesmo o som do fogo pareceu existir.
A batalha interna que Dária travava para resistir a ele estava perdida por
hora. Ter cedido uma única vez parecia ter tornado a tarefa de mantê-lo longe
algo que beirava o impossível. Virou-se para ele e empurrou-o contra a
parede fria de tijolos, o que o fez vibrar por dentro. A vampira mordiscou a
base do pescoço do íncubo, o fazendo arfar, batendo a cabeça na superfície
trás de si. Aron agarrou-a pela cintura, apertando firme, pressionando-a o
máximo que pode contra o seu corpo, enquanto se deliciava com os beijos e
leves mordidas em seu pescoço.
Começou a desabotoar as fitas que amarravam o espartilho da dama,
porém ela o interrompeu.
– Não!
– Por quê? – Aron choramingou, irritado por não poder despi-la. Não, ela
definitivamente não era como as suas presas.
– Apenas não.
Em um caminho de beijos e mordidas pouco delicadas, Dária chegou até a
boca dele e mordiscou seu lábio inferior, cortando a pele frágil e bebendo do
sangue que escorreu pelo ferimento. Era bom!
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Um gemido escapou pela garganta de Aron ao senti-la alimentar-se dele.


O afrodisíaco da mordida dela o fez urrar por dentro. Queria poder despi-la
logo, porém teve que se contentar em abraçá-la, sentir seu perfume.
– Dária, por favor...
A dama apenas riu da agonia dele e voltou a beijar-lhe o pescoço, podendo
ouvir o coração bater acelerado, a pele suar frio por causa da ansiedade.
Começou a desabotoar o paletó, mas recriminou-o ao simples gesto do
íncubo tentar despi-la. Aron gemia aflito a cada toque. Deixa-me.
Dária sabia bem que fazer aquilo o torturava. Embora o íncubo tivesse
uma força semelhante à sua, e pudesse arrancar o vestido caso quisesse. A
forma como ele respeitara sua vontade a deixou mais intrigada. Ele era um
mestre da sedução e talvez o modo como agia com ela talvez fosse apenas
mais um de seus truques. Para a vampira, a ideia de que ele não quisesse
apenas manipulá-la chegava a ser assustadora, pois ia contra a tudo que
forçara a si mesma a acreditar por todos esses anos...
Sentiu-o mordiscar sua orelha, e em meio a um gemido permitiu que todos
os pensamentos ruins fossem dissipados. Não conteve a vontade de deixá-lo
nu, no entanto respirou fundo para aguentar a tarefa agonizante que era abrir
cada um dos milhares de botões das roupas que ele vestia. Por pouco não lhe
arrancou a camisa outra vez.
Dária mordeu os lábios quando finalmente jogou ao chão o colete e a
camisa branca. Sem hesitar, deslizou os dedos por todo o peito nu,
contornando as curvas de cada músculo que lhe saltava aos olhos. A beleza
dele podia não lhe bastar, mas negar que era um aperitivo e tanto era mentir
para si mesma.
De olhos fechados, resistindo como podia, Aron sentiu o toque gélido da
vampira em sua pele e apertou-a ainda mais contra seu corpo quando um
calafrio o percorreu.
– Dária...
– Ainda não. – Puxou-o até a cama.
O lorde pensou que finalmente poderia livrar-se do vestido dela. Porém,
quando ergueu as mãos a fim de tocá-la, Dária rapidamente rasgou uma tira
do tecido de sua saia e amarrou uma das mãos dele junto à armação de
madeira do dossel, e fez o mesmo com a outra.
– Para que isso? – Aron puxou os braços de volta, contudo eles estavam
bem amarrados.
– Estou divertindo-me um pouco. – Dária não conteve o risinho.
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– Divertindo-se ou me torturando?
– Um pouco de ambos.
– É cruel.
– Deverias saber disso antes de assombrar-me.
– Está bem, faças o que tiver de fazer. – Aron entrou no jogo, que estava
apenas o excitando ainda mais. – E as minhas calças, não irás tirá-las?
– Neste momento não.
A vampira se curvou como um gato sobre ele, e o rosto de Aron levantou-
se na direção dela, louco para poder beijá-la outra vez. Estar preso o deixava
sem fôlego: geralmente era ele quem tinha o controle da situação e não o
contrário. Entretanto, soubera no momento em que a dama rosnou para ele
pela primeira vez, que ela possuía um espirito difícil de ser domado.
Os lábios de Dária finalmente tocaram os seus, concedendo o beijo pelo
qual tanto ansiava. Uma leve mordida foi o bastante para que as bocas se
abrissem a fim de que as línguas finalmente pudessem se tocar. Aron sentiu
um desejo furioso percorrer suas veias e por pouco não arrancou a estrutura
de madeira na qual estava amarrado.
Ainda o beijando, a dama abriu os botões da caça do íncubo. O que foi
inevitável tocar no volume nada discreto sob o tecido. Havia coisas que ela
não entendia, ou teimava em não aceitar, uma delas era por que ele se
esforçava tanto para tê-la, mesmo que as demais mulheres se atirassem aos
seus pés. Contudo, não podia negar que o íncubo sentia por ela um desejo
profundo, impossível de se esconder ou reprimir. Bastava fitar aqueles
profundos olhos azuis esbranquiçados para notar isso.
Dária desatou as amaras, libertando-o. Aron se conteve para não se
comportar como um animal selvagem, entregue aos seus instintos mais
profundos. Ainda assim, a girou sobre a cama, ficando sobre ela. Lentamente,
deslizou as mãos pela lateral do corpo curvilíneo, traçando uma linha dos
seios até a base da cintura e subindo novamente até os seios, apertando-os
com força ainda sob a armação do espartilho. A vampira soltou um gemido
abafado, arqueando o corpo. A expressão de prazer no rosto dela o encorajou
a continuar.
Aron desamarrou o espartilho e o retirou, finalmente deixando os seios
expostos. Ter sido amarrado apenas o deixou ainda mais louco para tê-la.
– Querias me matar de desejo? – O íncubo mordeu de leve a orelha dela.
– Matá-lo? Não seria uma má ideia. – Ela deu uma risada ao passar a unha
pela linha do pescoço dele.
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– Ainda não desististes dessa ideia? – Aron apertou ainda mais os seios.
Os mamilos enrijecidos pressionavam as palmas das mãos e o íncubo quis
beijá-los.
– Diga-me se essa não é uma ótima forma de morrer? – Dária lambeu o
pescoço dele, fazendo-o gemer baixo.
– Prefiro a ideia de tocá-la pela eternidade. – O lorde traçou um caminho
de beijos até os seios dela e envolveu um dos mamilos com os lábios,
enquanto se desfazia das saias dela.
Quando a boca de Aron sugou a ponta de seu seio, Dária arregalou os
olhos e rugiu com o desejo banhando seu corpo. Assim que a boca tomou o
caminho de volta até a sua, o ar frio chocou-se contra a umidade deixada para
trás e Dária gemeu com a sensação. O beijo não foi nem um pouco gentil e
estava carregado de urgência. Seus corpos já estavam cansados de tantos
jogos. O íncubo se encaixou entre as penas dela, esfregando seu pênis rígido
contra a vagina e o fogo entre os dois queimou ainda mais intensamente.
– Amarre-me, castigue-me, podes fazer o que quiser depois. – Aron
sussurrou ao pé do ouvido da vampira, antes de deslizar para dentro de Dária,
finalmente os unindo.
A dama o abraçou com as pernas, permitindo que ele fosse o mais fundo
possível. Deixou um gemido alto escapar quando seus corpos retomaram
aquela dança sexual envolvente. Aron apoiou os braços na lateral do corpo de
Dária para mover-se mais rápido, com mais afinco, gemendo e se
contorcendo a cada estocada. Entrava e saía apenas o suficiente para penetrá-
la outra vez.
Dária o acompanhava, moviam-se em perfeita sincronia. Em meio a
gemidos alucinados, cravou as unhas nos ombros largos e deslizou-as até a
base das costas, deixando um arranhão profundo e uma linha de sangue. Com
ele não precisava se preocupar ou mesmo se conter, podia ouvi-lo gemer em
meio aos beijos. Encaixavam-se com perfeição, e a cada vez que ele a
penetrava uma onda de prazer tomava conta do seu ventre. Homem algum
havia lhe proporcionado algo similar àquilo antes. Não havia dor, desprezo
ou qualquer sentimento de superioridade, apenas um desejo ardente,
insaciável, ao qual agora era incapaz de resistir.
Sem sair de dentro dela, Aron deitou de lado na cama, puxando-a consigo,
e com uma das mãos puxou a coxa roliça dela para cima de sua cintura.
Daquela forma tinha acesso a cada pedaço do corpo da dama e não hesitou
em tocá-la. Com um dos braços sob o pescoço de Dária, entrelaçou os dedos
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no cabelo ruivo e puxou-a de volta para um beijo. A estocadas com a língua


imitavam os movimentos pouco mais abaixo.
A vampira mordeu os lábios dele numa tola tentativa de conter o grito,
quando Aron deslizou seus os dedos compridos e quentes pelo ventre dela,
até a junção dos copos e tocou seu clitóris, elevando seu prazer ainda mais. A
sensação que a preencheu era desconhecida, por mais que já tivesse duzentos
anos, e perdeu-se nela. Nunca havia sido estimulada e penetrada ao mesmo
tempo.
Logo explodiu em êxtase, sentindo espasmos de calor por seu corpo, não
se lembrava de ter se sentido tão quente. Dária ofegava, ainda inebriada pela
sensação que levou um tempo para passar. Entorpecida, mal percebeu Aron
se mover com mais rapidez e logo ser tomado pelo orgasmo também.
O íncubo deixou que o peso do seu corpo cansado e ofegante caísse sobre
a cama e a puxou para mais perto, em um abraço apertado. Desfrutou do
modo como o corpo gélido dela ainda estremecia em contato com o seu.
Dária se permitiu aconchegar nele, sentindo o calor de seu corpo, o peito
subindo e descendo rápido. Fechou os olhos quando ele lhe acariciou o rosto
e deu um beijo gentil. Estava feliz por tê-lo ali.
– Aron... – ela começou a sussurrar, mas o lorde a impediu.
– Não me mandes embora agora, por favor. – Protestou colocando os
dedos sobre os lábios dela.
– Não. – Dária o encarou, fitando o fundo de seus olhos. – Ainda temos
vinho e chocolate que não terminamos. – Deslizou os dedos delicados pelas
linhas do peito dele. – É sempre tão bom? – A dama sentiu uma ponta de
vergonha ao admitir aquilo.
– Farei o que estiver ao meu alcance para que seja. – Aron se conteve para
não inflar com o comentário. Podia senti-la ceder a ele a cada momento que
passavam juntos, não apenas sexualmente, almejava um espaço naquele
coração gélido.
– Por que não te curastes ainda? – A vampira se assustou ao deslizar as
mãos pelas costas largas dele e se dar conta que os cortes feitos com as unhas
ainda estavam lá.
– Não me alimento há alguns dias. – O íncubo desviou o olhar.
– Ei, eu não vou quebrar. – Dária colocou as mãos ao redor do rosto dele e
forçou-o a encará-la.
– Não me perdoaria se a perdesse, ou mesmo a machucasse. – O rosto dele
encheu-se de linhas severas de preocupação. Poucas vezes deixara suas
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presas vivas, e ainda assim elas mal conseguiam manter-se de pé.


A dama arregalou brevemente os olhos, não esperava isso dele, como
nunca esperou tal ação de ninguém. Nem mesmo os seus pais se preocuparam
com ela ao entregá-la a um casamento arranjado.
– Não sou humana, Aron. Não sou fraca como eles.
– Digas-me quando parar.
Ela assentiu.
O lorde gentilmente a deitou sobre a cama e traçou uma linha de beijos
calorosos pelo seu ventre, até encaixar a cabeça entre as pernas distanciadas
da ruiva. Dária arqueou o corpo, gemendo, e agarrou com força a colcha sob
seu corpo quando ele a acariciou de leve com a língua.
– Achei que fostes se alimentar. – Com os olhos revirados, Dária remexeu
o quadril.
– Eu vou. – Aron tornou as carícias com a língua mais intensas, fazendo
Dária se contorcer na cama. Agarrou-a pelas nádegas e apertou firme,
arrancando o um gritinho. Chupou de leve o clitóris da vampira e deslizou
um dedo para dentro dela, que já estava deliciosamente molhada outra vez.
– Se eu soubesse que é assim que se alimenta teria pedido para fazer isso
antes. – Dária sussurrou em meio a gemidos alucinados.
– Tenha calma, alimento-me do teu prazer. – A voz de Aron saiu abafada
pelo clitóris dela ainda em sua boca.
A dama embolou ainda mais a colcha da cama em suas mãos e arqueou o
corpo quando o orgasmo a atingiu outra vez. Gritou, agarrando o cabelo do
lorde.
Quando a viu entorpecida, virando os olhos, o íncubo refez o caminho até
seus lábios e capturou os gemidos dela em meio a um beijo intenso. Não se
contendo mais, começou a alimentar-se dela. De imediato, as marcas
deixadas em suas costas desapareceram. Nunca havia se alimentado de outra
criatura mística antes, e era energizante.
Dária viu uma aura azul deixar a sua boca e a sua força sair com ela.
Permitiu que ele continuasse por mais alguns minutos até começar a sentir-se
fraca, com o corpo dormente, formigando.
– Isso é o bastante. – Com a força restante, a vampira empurrou-o para
trás.
Aron sentiu um forte golpe em seu peito e por pouco não voou para fora
da cama. Ela era forte, forte o bastante para fazê-lo parar quando necessário.
Abriu um sorriso enorme, com a energia intensa fluindo por seu corpo. Não
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havia ficado assim nem mesmo na noite em que matara as duas garotas.
– Isso foi incrível!
– Entendi porque as mata. – Dária respirava fundo, ofegante, enquanto se
recuperava.
– Perdoe-me fui longe demais. – O rosto de Aron se fechou quando a
possibilidade de ter feito algo o afligiu.
– Ficarei bem. – O sorriso dela foi acolhedor e o íncubo não conteve a
vontade de curvar-se para beijá-la de forma carinhosa. Sentiu o coração
disparar no peito, aquela não era uma relação com a qual estava acostumado,
mas a ideia o excitava. Desejou cada parte das possibilidades que passaram
pela sua mente.
Voltou para a cama e a puxou para os seus braços.
– Gostas de ficar assim? – Dária perguntou quando ele a aninhou,
acariciando-a.
– Sim. – Beijou-a na testa. – Isso a incomoda?
A vampira o encarou em silêncio, deixando que a pergunta se perdesse no
vazio, e logo desviou o olhar, fitando as chamas da lareira a alguns metros.
Talvez devesse.
Aron mordiscou a orelha dela ao deslizar as mãos pelas costas delgadas. A
beleza da vampira ainda o deslumbrava. Encará-la era como estar diante de
uma donzela de vinte anos, mas a força de uma mulher madura o
enlouquecia.
– Dária, tenho um campeonato de esgrima e adoraria levá-la comigo. –
Sussurrou enquanto beijava os ombros dela.
Os músculos de Dária ficaram tensos e ela apertou os dentes com tamanha
força que foi possível ouvi-los ranger. Estava bom demais para ser verdade.
– Achas que sou um animalzinho para exibir-me? Ou nem mesmo pensou
que perceberão que não sou humana? – Ela o empurrou de novo, mas desta
vez sem delicadeza ou cuidado algum.
– Ei. – Aron segurou o rosto dela com uma das mãos, acariciando-o. –
Quero que entendas uma coisa de uma vez por todas, não quero diminuí-la,
subjugá-la, ou mesmo tirar a liberdade que possuis. Foi apenas um convite,
espero que o aceite, mas jamais a obrigarei a qualquer coisa. E quanto a
descobrirem sobre ti, não irão. Sou um íncubo e sempre estive em meio à alta
sociedade. Sou um ótimo mentiroso. Tudo que precisas é confiar em mim,
por favor.

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Capítulo 18

Dária se matinha afastada da janela aberta por onde um raio de sol do fim
de tarde entrava, carregando consigo partículas de poeira. Aguardava aflita
pela chegada da noite. Aquilo era estupidez. Não deveria, não podia se expor
tanto, ainda mais com caçadores na cidade. Como permitira que ele a
convencesse disso? O baile de máscaras já havia se mostrado uma péssima
ideia.
– Esperando por alguém, minha senhora?
A dama tomou um pequeno susto. Estava tão perdida divagando em seus
pensamentos que nem percebeu a aproximação do servo. Passando os dedos
pela luva em seus braços, ela virou-se para encarar o eunuco. Fitou os olhos
vermelhos dele, que brilhavam sob a pouca luz, assim como a cabeça
raspada.
– Aceitei a péssima ideia de ir a um evento da sociedade com Aron. – A
voz dela soou baixa e carregada de aflição.
– Aron? – Elzor arregalou os olhos surpreso com a naturalidade em que
ela pronunciou o nome do íncubo. – Bom, pelo tempo que passou com ele em
teu quarto, creio que tenham se tornado bem íntimos.
– Não me julgues. – Dária quase rasgou a luva de tanto puxá-la.
– Tenhas calma, sabes bem que a última coisa que farei é julgá-la. – O
criado exibia um gentil sorriso nos lábios finos. – E saibas que estou contente
com isso. Ele parece fazer mais bem a ti do que se permites perceber.
– Espero que estejas certo, Elzor. – Dária voltou a fitar a janela, por onde
uma brisa fria entrou e preencheu todo o quarto. – Se ele me decepcionar,
descontarei toda a minha raiva em ti. – Ela riu.
– Torço para que ele seja esperto o bastante para jamais se atrever a algo
assim.
– O que seria de mim sem ti. – A vampira respirou fundo. – Certamente,
dá-lo a mim como criado foi a única coisa boa que meu marido me fez.
– Sabes que sou horado em servi-la, e farei isso de bom grado.
– Realmente achas isso uma boa ideia? – Dária levou a mão ao pescoço ao
sentir um nó enorme se formar nele.
– Mereces ser feliz, minha senhora. Entretanto, para tal precisas te
permitir.
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A vampira permaneceu em silêncio. Elzor parecia confiar em Aron, ainda


que pouco o conhecesse. Jamais admitiria aquilo em voz alta, mas teve medo.
Depois de tudo o que passara, o criado era a única pessoa em que
verdadeiramente confiava, o único que esteve ao seu lado na vida como
humana e permanecia na eternidade. Confiar no íncubo poderia ter um preço
alto e Dária odiava a possibilidade de perder tudo o que conquistara.
Uma carruagem parou na rua e a dama pode ouvir seu som. Ainda que
estivesse longe da janela para ver qualquer coisa lá embaixo, sabia bem quem
era. Respirou fundo e tentou espantar os pensamentos que a afligiam. Com
passos calmos, deixou o quarto, desceu a modesta escada no fim do corredor
que levava até o salão do bordel, onde os risos e gritos de suas garotas eram
embalados por uma música calma.
Ao chegar à porta, ela hesitou. Olhou para a rua calma, por onde nenhum
cavalheiro honrado se arriscaria a passar. Seus olhos seguiram a linha da
calçada até encontrar o lorde de pé ao lado da carruagem. Ele estava todo de
branco, vestido a caráter para o campeonato de esgrima, apenas a máscara
protetora estava em uma de suas mãos. Com os cabelos perfeitamente
penteados e um sorriso gentil, aguardava Dária ir até ele.
Aron ficou um tanto boquiaberto, a vampira estava deslumbrante demais
para quem desejava não chamar atenção. Duvidava que aqueles nobres não
grudassem os olhos nela assim que a vissem. Com os cabelos ruivos soltos ao
redor do rosto angelical, a boca vermelha destacando sobre a pele pálida; os
olhos do mesmo tom emoldurados por cílios grandes e grossos. O corpo
esguio e roliço nas partes certas estava provocativamente coberto por um
vestido preto, com uma sobressaia azul-marinho e um espartilho apertado,
que fazia os seios saltarem aos olhos. Nossa!
– Serei o homem mais sortudo dessa festa. – Aron lhe estendeu a mão –
Estás deslumbrante.
– Obrigada. – Dária sorriu ao estender-lhe a mão.
O lorde se curvou e tocou os lábios dela com os seus, e roçando-os
carinhosamente. Dária se afastou com a surpresa. Ele estava indo longe
demais com aquilo, e todo o seu ódio pelo que passara com o marido tentava
convencê-la de que tal coisa era terrível. Contudo, uma parte cada vez maior
gostava e muito de tamanha atenção.
– Aron, ainda não acho conveniente ir a algo assim. – Dária hesitou
quando ele a puxou em direção à carruagem.
O íncubo respirou fundo e a fitou de forma profunda. A vampira não
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conseguiu desviar o olhar. Por um segundo tudo congelou e a respiração de


ambos se cessou. A energia entre os dois era tão intensa que os deixava sem
ar.
– Confie em mim. – O duque a acariciou no rosto, gentil. – Apenas
permitas-te relaxar, prometo cuidar de tudo.
Dária assentiu e entrou com ele para dentro da carruagem. Aron acenou
para que o cocheiro os levasse ao destino, a propriedade do marquês de
Winchester.
O íncubo segurou a mão dela com carinho e a admirou durante toda a
viagem. Se visse aquilo Natasha o diria que estava abobado, tornando-se
fraco, entretanto quem sabe não fosse mesmo verdade. Porém, ele não via
mal algum naquilo. Sentir tal coisa o estava deixando mais feliz do que
estivera por todo o último século. Ter algo concreto, além dos
relacionamentos vazios para se alimentar, fazia-o sentir-se vivo, humano.
A vampira percebeu os olhos vidrados nela e envergonhou-se. Ainda
estava arredia, refutava a ideia de entregar-se e ir tão fundo por crer ser
incapaz de voltar atrás sem algo cruel ou doloroso. Quando a carruagem
parou, Dária olhou para fora, avaliando bem a situação na qual se metera.
Dezenas de carruagens luxuosas, adornadas com ouro e pedras. Ainda que
sempre estivesse vivido em meio ao poder e riqueza, sentiu-se sufocada.
Aron desceu da carruagem e deu a mão para sua bela dama. Assim que
pisaram sobre o terreno de terra, o duque percebeu os músculos dela tensos e
sua relutância em descer.
– Para quem me ameaçava de morte, estás com muito medo.
Dária cerrou os dentes e levantou-se.
– É assim que pretendes me convencer?
– Já lhe disse inúmeras vezes para não te preocupar. No entanto, o que
posso fazer se ainda te recursas a confiar em mim?
– Está bem, perdoa-me. – Dária enroscou seu braço no dele e permitiu que
a levasse.
Atravessaram o belo jardim, repleto de pequenos botões de flores se
preparando para desabrochar, além de arbustos muito bem podados, alguns
em formas de animais ou esculturas. Caminharam até a entrada do enorme
casarão. Aron entregou o convite a um dos cavalheiros e entraram.
O enorme salão estava lotado. Um pequeno palco havia sido montado ao
centro e dezenas de mesas, bem decoradas com toalhas de seda e arranjos de
flores exóticas, foram montadas ao redor. As lâmpadas bem distribuídas pelas
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paredes mantinham o local iluminado. E ao fundo, o falatório das pessoas,


rindo e conversando alto, deixavam o ambiente à beira do caótico.
Dária sentiu sua garganta arder e prendeu a respiração por alguns minutos.
Se não tivesse alimentando-se do poderoso sangue do íncubo na noite
passada, estar próxima a tantos corpos quentes e corações palpitantes poderia
significar uma grande tragédia.
– Estás atrasado, meu amigo.
Aron sentiu uma mão tocar-lhe o ombro.
– Richard! – O duque sorriu e cumprimentou o marquês com um aperto de
mão. – Desculpe-me, mas compreende que às vezes as senhoras levam um
tempo demasiado para se arrumarem.
– É ela? – O homem percorreu com os olhos cada centímetro do corpo de
Dária, o que a deixou um tanto desconfortável. A verdade é que Richard não
conseguiu conter a curiosidade a respeito da mulher que roubava os
pensamentos de alguém tão belo como o duque irlandês. – Encantado. – Ele
segurou a mão da dama e a beijou.
– Obrigada, marquês. – A vampira lhe dirigiu um sorriso amarelo.
Um arrepio percorreu a espinha de Richard quando ele reparou bem nos
olhos da dama, de um vermelho vivo, algo que nunca havia antes.
– Seus olhos. – Ele por pouco não gaguejou.
Aron percebeu os músculos de Dária ficarem tensos de imediato. Sabia
que aquilo não daria certo, ela pensou ao cerrar os dentes. Pensou em sair
correndo, no entanto, o íncubo segurou gentilmente a sua mão.
– Dária possui uma rara doença genética em seu sangue, que torna sua
pele mais frágil e os olhos vermelhos. – O duque respondeu naturalmente,
como se tal coisa fosse verdade. – Mas não se preocupe, não é contagioso. –
Aron riu a fim de dar um ar descontraído à conversa.
– Ah, desculpe-me pela indelicadeza. – Richard ficou ligeiramente
envergonhado pela pergunta inapropriada. Decerto não queria assustar a
moça, apesar de sentir uma pontada de inveja dela. –Dária, certo? De onde
és? Creio que me lembraria de uma ruiva de beleza tão acentuada na
sociedade de Londres.
– Ela é irlandesa. – Aron tomou a palavra outra vez. – Filha de um barão,
que vive ao sul numa pequena cidade do país. A conheci quando estava em
uma breve viagem com o meu pai, e após um longo período trocando cartas a
convenci a passar alguns dias aqui em Londres.
– E estão noivos?
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– Não! – Dária se precipitou em responder.


– Ainda não. – O íncubo foi incisivo ao corrigi-la e a beijou por um breve
segundo.
– Desejo sorte ao casal. Decerto és uma mulher de muita sorte por não
apenas ter conseguido um belo partido, mas um casamento por amor, algo
muito raro. – Richard sorriu para ambos. Ainda com a tal doença, não
esperava alguém menos bela para o duque. – Se não se importam, esse
campeonato precisa começar. Estávamos apenas esperando por ti, Aron.
– Mais uma vez peço desculpas pelo meu atraso.
– Desculpas aceitas. O campeonato funcionará em chaves e sua primeira
luta será a segunda da noite. Separei aquela mesa para ti. – O marquês
apontou para uma, ainda vazia, bem próxima ao palco. – Podem esperar lá e
eu o chamarei.
Aron e Dária assentiram com um breve aceno de cabeça e caminharam até
o local indicado. Ele puxou a cadeira para ela e esperou que a dama se
sentasse antes de acomodar ao lado dela.
– Eu disse que tenho tudo sobre controle. – O íncubo sussurrou ao fitá-la.
– Achas mesmo que irão acreditar nisso? – A vampira ainda estava tensa e
o bater de seus dedos contra a toalha branca da mesa a denunciava.
– Por que não acreditariam? Existem dezenas de doenças ainda
desconhecidas que causam coisas piores do que apenas olhos vermelhos. E
quanto à Irlanda, poucos conhecem sobre a nobreza de lá, ainda mais um
mero barão. – Aron contornou a face dela com os dedos, sentindo-a relaxar
em meio ao toque. – Acredites, aquelas senhoras são mais estranhas do que
teus belos olhos. – Riu ao apontar para duas mulheres sentadas em uma mesa
mais afastada. Elas eram velhas, deveriam ter algo em torno dos sessenta
anos, a pele do rosto e braços cheios de rugas e linhas de expressão. Contudo,
teimavam em usar vestidos apertados e decotes provocantes como se fossem
donzelas virgens à procura de um bom marido.
O marquês subiu ao palco, atraindo para si atenção de todos os presentes
em seu evento. O cavalheiro estava acompanhado de uma bela e jovem
mulher de cabelos castanhos, presos em uma trança embutida jogada sobre
um de seus ombros. A dama aparentava ter pelo menos dez anos a menos do
que Richard, e ainda que tivesse uma beleza e classe admirável, a breve troca
de olhares e o sorriso discreto entre seu marido e o lorde Philip, deixava claro
que o coração do nobre não a pertencia.
– Estou imensamente grato por tê-los aqui esta noite. – A voz do marquês
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ecoou por todo o grande salão, dando um fim aos murmúrios paralelos. –
Peço minhas mais humildes desculpas pela demora, mas não poderíamos
começar sem que todos os participantes estivessem presentes. – Ele foi
saudado com palmas, o que o impediu de continuar a falar por alguns
minutos. Um tanto acanhando, virou-se de um lado para o outro, curvando o
corpo levemente. – Hoje é um dia especial, pois tenho a honra de receber o
Duque de Abercorn, da Irlanda, Aron Donovan, e sua bela dama Dária.
– Agora todos estão nos encarando. – Dária bufou ao sentir os olhares
curiosos pesarem sobre ela. A sensação de desconforto voltou a tomar-lhe o
corpo. Ela apertou a toalha da mesa, embolando um pouco do tecido sob suas
mãos. Se Aron não tivesse segurado o arranjo de flores, esse teria ido ao
chão.
– Tua beleza é o bastante para chamar a atenção de todos para ti. – O
íncubo pousou sua mão sobre a da vampira, fazendo com que os dedos dela
relaxassem sob o toque e assim soltarem a toalha. – Não te preocupes, tudo
está sob controle. – Ele a beijou numa parte exposta do ombro, fazendo com
que um leve formigamento irradiasse do local como uma onda elétrica.
– Queres mesmo que eu me comporte desta forma? – Dária riu,
empurrando-o para o lado.
– Eu disse que é difícil resistir à tua beleza. – Aron mordeu os lábios e riu,
numa tentativa de conter o desejo que inflamou seu corpo. A breve visão das
curvas dela sob o espartilho fez sua mente viajar sobre as inúmeras coisas que
ainda poderiam experimentar.
Richard chamou os dois primeiros competidores, que subiram ao palco, o
que desviou a atenção de muitos, embora outros tantos ainda tivessem os
olhos fixos no casal irlandês. Os dois cavalheiros se cumprimentaram com
um leve curvar de seus corpos e sacaram seus floretes.
– Que pouca vergonha! Trocarem um carinho tão íntimo na frente de
tantos. – Uma das damas sentadas junto à mesa dos anfitriões resmungou no
ouvido da marquesa.
– Foi apenas um beijo no ombro, Joliet. – A esposa de Richard tomou um
gole de sua taça de vinho e virou-se, tentando ser discreta. Era apenas um
beijo, repetiu a si mesma, mas no fundo sentiu uma pontada de inveja da
mulher pálida e de olhos inusitados. Além da beleza inigualável do duque, ele
a tocava com um carinho... E os olhos dele brilhavam a encará-la, atitude que
seu marido nunca teve com ela.
– Eles são ao menos casados? – A dama preocupada em fazer intrigas no
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fundo não conseguia tirar os olhos daquele homem. Era viúva, entretanto seu
marido morrera cedo e lhe deixara uma bela fortuna e propriedades.
Imaginou-se beijada da forma como aquela mulher foi, e por pouco não
deixou que sua taça caísse com o calafrio que lhe percorreu o corpo.
– Ela não possui anel algum, entretanto talvez sejam.
– Parem de fofocas! – Richard recriminou as duas ao aproximar-se da
mesa. – Não quero que meu amigo saia daqui irritado com as damas que não
conseguem manter a própria língua dentro da boca.
A marquesa sentiu suas bochechas arderem com a vergonha e encolheu-se
um pouco na cadeira. Ainda tinha esperanças de salvar seu próprio
casamento, e irritar Richard não lhe parecia algo que facilitaria isso. Contudo
o que a pobre mulher nem ao menos suspeitava que o casamento já estava
perdido pelo simples fato de seu marido preferir homens e estar com ela
apenas mantinha as aparências diante de uma sociedade venenosa e repleta de
julgamentos.
Quando a primeira luta acabou, o marquês retornou ao palco e chamou por
Aron e seu adversário. Quando o duque estava prestes a se levantar, Dária
segurou-o pelo braço forçando-o a encará-la.
– Eu volto logo, prometo.
Aron pensou que a atitude dela fosse medo de que ele a deixasse sozinha
em meio a tantas pessoas que a avaliavam e julgavam o tempo todo. Porém a
dama apenas retirou uma fita vermelha da região entre seus seios.
– Ainda me lembro como eram essas exibições de masculinidade no
século em que nasci. – Amarrou a fita no braço do íncubo com um laço.
– Escolhendo-me como teu campeão, minha doce dama. – Aron a beijou
brevemente. – Adoraria saber quantas fitas ainda escondes. – Sussurrou ao pé
do ouvido dela.
– Estás atrasado. – Dária sorriu ao empurrá-lo na direção do palco.
O íncubo não escondeu o sorriso ao pegar sua máscara sobre a mesa e
caminhar na direção de seu oponente.
– Boa sorte. – Richard o cumprimentou com tapinhas nas costas.
Aron subiu ao palco com todos os olhos grudados nele, no entanto estava
acostumado a ser amado e odiado em um simples olhar, mas naquela noite a
opinião de Dária era a única que lhe importava... Seu oponente cutucou-o
com o florete, forçando-o a encará-lo. O cavalheiro já tinha o rosto coberto
pela máscara de proteção, e a grade fina impedia que fosse possível ver até
mesmo seus olhos.
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– Uma bela dama não será o bastante para que venças.


– Entretanto, é toda a motivação da qual preciso. – O duque colocou sua
máscara, preparando-se para a luta.
– Lorde Evans, Lorde Donovan, prontos? – Richard olhou para ambos
esperando por um sinal.
Quando os cavalheiros assentiram com um balançar de cabeça, o marquês
fez um gesto para que começassem. O oponente de Aron deu passos largos,
distanciando-se até o limite do pequeno palco, para que pudesse analisar os
movimentos do íncubo.
Aron manteve seu florete bem à frente, esticado para protegê-lo de
qualquer ataque direto. Não praticava há um bom tempo, contudo, os
pulinhos do homem andando de um lado para o outro lembraram de que era
mais ágil do que os humanos.
Lorde Evans ficou um tanto intrigado com o homem parado apenas o
analisando. Não passava de um amador!
– Não terei piedade de ti apenas por ser um estrangeiro.
– Ótimo, pois também não terei. – O duque partiu para cima dele com
movimentos ágeis e precisos. O florete cortava o ar tão rápido, que era mais
fácil ouvir seu barulho do que acompanhá-lo com os olhos.
O oponente de Aron era ágil, porém não conseguiu se desviar de mais
algumas investidas e logo teve o peito cutucado pela ponta do florete, o que o
fez cambalear para trás e acabar caindo de bunda contra o palco de madeira.
Os presentes riram dele, o que tornou sua derrota ainda mais humilhante.
– Não precisavas preocupar-te em ter piedade de mim. – Aron conteve o
tom de chacota ao estender-lhe a mão para ajudá-lo a se levantar.
O lorde Evans recusou a mão amiga e levantou-se por conta própria. Saiu
resmungando palavras de afronta, irritado com aquele homem desaforado e
chutando o chão em seu caminho. Talvez Aron estivesse exagerando um
pouco, contudo nunca se sentira tão vaidoso e teve de se conter para não
acabar exibindo-se como um pavão.

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Capítulo 19

– O importante é que ganhei. – Aron riu alto ao ajeitar-se sobre o macio


banco de couro da carruagem.
– Eles são humanos.
– Confesso, foi fácil. Mas não via a hora de sair contigo de lá. – O íncubo
pulou para o pequeno espaço ao lado dela no banco, espremendo o volumoso
vestido. – Precisava que acabasse rápido. – Curvou-se sobre ela o bastante
para beijar-lhe o pescoço.
– Estamos na carruagem, Aron... – Dária relutou ao perceber as intenções
dele.
– E quem se importa? – O lorde começou a subir as camadas de tecido da
saia pelas coxas roliças da vampira.
A dama soltou um risinho. Se ele são se importava, por que deveria? Com
uma velocidade que ainda o surpreendia, Dária o empurrou contra a parede
de madeira atrás deles. O movimento e a força fizeram com que a carruagem
sacolejasse, deixando o cocheiro confuso. Não havia tantas pedras pelo
caminho.
Um largo sorriso se formou nos lábios do íncubo ao senti-la mordiscar sua
orelha e deslizar com um caminho de beijos e leve mordidas até a base de seu
pescoço. Quando as presas pontudas lhe perfuraram a pele, Aron cerrou os
dentes e apertou com força as coxas de Dária a fim de conter o gemido que
teria sido ouvido do lado de fora. A saliva da vampira banhou suas veias e o
fez ficar duro de imediato, como se a vontade de tê-la já não fosse grande
sem aquele afrodisíaco.
O lorde enfiou as mãos dentro das inúmeras saias até chegar a uma
pequena calça bufante, enfeitada com rendas, e retirá-la, deslizando a
vestimenta pelas pernas delgadas e frias. Dária jogou a cabeça para trás,
lambendo os lábios, tomando as últimas gotas do sangue exótico que haviam
se perdido neles. O gosto era tão bom que caso não se contivesse o tomaria
até o último gole.
O íncubo a segurou pelos quadris e sentou-a de volta sobre o banco,
permitindo-se ficar entre as pernas distanciadas. Sentiu-a remexer levemente
sob suas mãos. O toque quente e firme de Aron fazia Dária estremecer.
Apertava-a com força, sem hesitar, pois não havia a possibilidade de
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machucá-la.
O lorde traçou um caminho de leves mordidas e chupões da base exposta
dos seios de Dária até mordiscar seu lábio inferior. A vampira soltou um
gritinho e agarrou-o pelos ombros, cravando as unhas com tamanha força que
furou o grosso uniforme de esgrima. Aron adorava a ferocidade dela. Como a
dama havia tomado de seu sangue, sentiu-se no direito de alimentar-se um
pouco também. Dária arregalou os olhos quando viu uma sutil aura azul
deixar sua boca rumo à dele. Antes que pensasse em empurrá-lo o íncubo
parou e invadiu sua boca com a língua. Em meio ao beijo lascivo, quase
faminto de tão voraz, o leve cansaço que havia tomado conta do corpo da
vampira logo passou. As mãos do lorde quase que por vontade própria
começaram a afrouxar as amarras do corpete.
Tomada pela urgência, com um fogo queimando seu ventre, Dária apertou
mais forte, chegando a feri-lo com suas unhas, porém o machucado não
durou mais do que alguns segundos. Estava rendida, ainda que relutasse em
confiar nele. Por um segundo, admitiu o temor que tinha de que ele se
transformasse em todos os seus medos... Uma mordida leve e molhada sobre
a curva de um dos seus seios fez Dária se esquecer dos pensamentos que a
atormentavam. Estou apenas me divertindo, prometeu a si mesma, logo eu
me enjoarei e darei um fim a isso.
Mal se deram conta quando a carruagem parou diante do casarão dos
Donovans. Aron estava prestes a se livrar do corpete, quando o cocheiro
bateu na porta, avisando-os que haviam chegado. Dária praguejou algumas
coisas contra a boca do lorde, dando-se conta de que estava tão entorpecida a
ponto de perder a real dimensão de todos os seus sentidos.
O duque desceu da carruagem e tomou-a nos braços, bem junto ao seu
peito, disfarçando um pouco o espartilho semiaberto e o cabelo bagunçado.
Foi um movimento tão repentino que Dária nem teve tempo de protestar,
então permitiu-se ser embalada pelas batidas urgentes do coração do íncubo
enquanto ele a levava.
O cocheiro observou a cena sem nem mesmo um resmungo. Pelo bairro
em que a buscara, acreditava que a tal mulher não passasse de mais uma
prostituta, entretanto, pela forma como seu senhor a tratava, estava bem claro
que ela era muito mais do que isso. Com o canto de olho, o criado viu a
ceroula da mulher deixada sobre um dos bancos e pensou em gritar por eles,
avisá-los. Contudo logo lhe pareceu indelicado, pediria alguém da criadagem
para colocar no quarto do lorde em um momento mais oportuno.
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Isabel e Natasha estavam empoleiradas sobre o sofá da sala, atentas ao


menor sinal de barulho. Com as luzes apagadas, toda a iluminação do
cômodo se resumia à lareira acesa em uma das extremidades. No momento
em que a carruagem parou do lado de fora. Isabel subiu ainda mais sobre sua
irmã, na esperança de que suas perguntas fossem as primeiras a serem
respondidas. No entanto, quando o Aron abriu a porta um aroma doce
preencheu todo o lugar, e as duas damas puderam ver uma distinta silhueta
feminina nos braços da sombra que sabiam ser o irmão.
Natasa logo cobriu a boca de Isabel com as mãos.
– Não diga nada agora caso não queira que ele nos mate. – O sussurro foi
tão baixo que apenas a irmã pode ouvi-la.

Aron atravessou a sala e carregou Dária em seus braços escada acima até o
seu quarto. A vampira apenas ouviu a porta bater atrás de si, e logo seu corpo
foi pousado com delicadeza sobre uma cama macia e perfumada.
O íncubo ficou de pé ao lado da cama, e em momento algum desviou o
olhar daqueles profundos e penetrantes olhos vermelhos. Desamarrou a fita
que ela havia amarrado em seu braço e curvou-se sobre Dária.
– O que pretendes fazer? – A vampira ergueu a mão a fim de impedi-lo
quando o íncubo levou a fita em sua direção.
– Lembras-te que me amarrastes na última noite?
– Mas não vais me amarrar, não! – Dária sentou-se na cama em protesto.
– Não irei amarrá-la, contudo se me recordo bem, se bloquearmos um
sentido os demais se amplificam.
– Desde quando estudas medicina? – A dama curvou a cabeça permitindo
que ele a vendasse.
– Tenho bons livros. – Aron amarrou a fita ao redor dos olhos dela e então
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puxou-a pelos quadris, até que tivesse bem encaixado entre suas pernas.
Dária soltou um gritinho ao se dar conta de que com a privação da visão,
todos os seus outros sentidos pareciam estar dez vezes mais sensíveis.
Contorceu-se e todo seu corpo se arrepiou quando o íncubo soprou um ar
quente contra a sua orelha. Aron aos poucos retomou a tarefa de despi-la,
beijando cada parte que ficava à mostra. Com as sensações intensificadas, ela
gemia a cada carícia. Quando o corpete finalmente foi removido o íncubo
agarrou os seios expostos, arrancando dela um grito.
Dária ofegou, com sua pele mais sensível do que nunca. A sensação das
pontas dos dedos de Aron apertando e contornando seus seios a fazia arder.
Todo esse fogo se tornou ainda mais intenso quando o íncubo se curvou e
abocanhou um dos seios dela, chupando com vontade o mamilo enrijecido.
O lorde estava faminto, e parecia que cada vez que a provava essa fome só
se tornava ainda maior. O desejo voraz que banhava cada parte de seu ser
parecia longe de estar saciado.
Aron gemeu, indo à loucura com os dedos ágeis e delicados dela
percorrendo seu corpo a fim de tirar-lhe a calça.
– Estás com pressa? – Ele a provocou ao deslizar as mãos pelas pernas
delgadas.
– Não estás? – Ela se livrou da calça.
– Ainda quero que experimentes algumas coisas. – Aron retirou as saias
até que ela ficasse gloriosamente nua. – Vire-te de bruços.
Dária ficou um pouco tensa e estava prestes a protestar. Aquela posição
que os homens tanto gostavam a privava de qualquer controle. Por um
momento um nó se formou em sua garganta ao recordar a maneira como o
marido a molestava.
O íncubo percebeu os músculos dela se contraírem, então tirou o cabelo
ruivo ao redor do pescoço e começou a beijá-lo.
– Confie em mim. – Repetiu aquela frase ao mordiscar a orelha da dama,
fazendo-a se contorcer, gemendo levemente.
Aron retirou a parte de cima de suas vestimentas e subiu na cama, com ela
entre suas pernas. Então pousou as mãos grandes e firmes sobre os ombros
delicados e começou a massageá-los com a pressão exata. Dária aos poucos
relaxou e se envolveu outra vez com a deliciosa brincadeira. O duque
massageou toda a extensão das costas até chegar à bunda perfeitamente
redonda e pálida.
A vampira agarrou a colcha da cama, gemendo quando o duque agarrou
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suas nádegas e apertou com força. Ele era habilidoso, não podia negar. A
chama queimou como se a devorasse, seu sexo feminino úmido e pulsante já
não aguentava mais esperar.
– ARON!
Fazê-la gritar por ele o tornava o mais vaidoso dos homens. A fim de
acabar com a espera, o lorde deslizou as pernas da ruiva até dobrar os seus
joelhos, empinando bastante a bunda dela em sua direção e colocando-se no
espaço entre as pernas.
Desta vez Dária não esboçou protesto algum contra a posição. A ânsia em
tê-lo era maior do que qualquer um de seus fantasmas do passado. Com Aron
não havia dor, subjugação ou raiva, apenas um desejo ardente mais intenso
do que qualquer coisa que já sentira antes. Quando o duque esfregou o pênis
rígido em sua vagina úmida e pulsante, mas sem penetrá-la, a vampira
empinou ainda mais a bunda e mordeu uma das almofadas sobre a cama a fim
de conter o gemido.
– Não me faça implorar! – O grito saiu abafado.
Aron se conteve para não prolongar mais a ânsia dela. Estava amando tê-la
assim, suplicante por ele. E quando se deu conta de que se demorasse mais
um segundo que fosse Dária se levantaria e tomaria de volta as rédeas da
situação, o íncubo a penetrou, agarrando a cintura da ruiva, sem conter o
gemido alto. Estava tão deliciosamente molhada.
A vampira gritou alto quando o sentiu deslizar para dentro do seu corpo.
Desejava-o tanto que a cada movimento do vai e vem iniciado, ela apertava
ainda mais a almofada na tola tarefa de conter os gemidos. O deslizar das
mãos firmes sobre seu quadril e a forma como o lorde apalpava suas nádegas
a mergulhava num prazer cada vez mais intenso.
O íncubo mordeu a língua, na vã esperança de que a dor amenizasse
tamanho prazer e ele não se esvaísse antes da hora. A dama chegava a
espremê-lo, tamanha força com que apertava seu pênis. A sensação o elevava
a um tipo de prazer ainda mais intenso. E imaginava já ter experimentado de
tudo.
– Dária, assim eu não aguento.
– Não ouses parar agora! – Ela rosnou em meio a gemidos alucinados.
O íncubo costumava ser bom em se conter, suprimia o orgasmo até
quando não era mais necessário. Contudo, estar com Dária colocava a prova
tudo o que julgava saber. No momento em que percebeu que não aguentaria
mais, parou, respirando fundo, ofegante. A ruiva definitivamente o levava à
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loucura.
Instintivamente, Dária moveu seu corpo contra o dele. O choque frenético
dos corpos provocava estalos. O prazer explodiu dentro de si e ela
aproximou-se mais, tendo ele o mais fundo possível. Estraçalhou a almofada
de tanto mordê-la e espremê-la, e penas de ganso voaram por todo o quarto.
Rebolou contra ele com toda a agilidade que seus poderes como vampira a
permitiram. Enquanto se mexia, o orgasmo a tomava várias e várias vezes.
Em meio a gritos intensos, a dama imaginou que não aguentaria tamanho
prazer. Já ouvira alguma de suas garotas comentar sobre algo como aquilo,
mas achava que não passava de mero exagero.
As mãos de Aron apertaram quase que de maneira dolorida os quadris de
Dária. Praguejou baixinho, se dando conta de que havia sido impossível se
conter por mais alguns minutos. Foi arrebatador e intenso. Permitiu seu
corpo relaxar, abraçando-a pela cintura.
Com o peso do corpo quente do íncubo ainda sobre o seu, a ruiva se
moveu enquanto pode, aproveitando ao máximo a ereção dele. Contudo, aos
poucos o prazer foi se esvaindo e deixando em seu lugar um pesado cansaço.
Mole, Dária permitiu que seu corpo trêmulo caísse sobre a cama.
Aron rolou para o lado, deitando-se, e puxou-a para o seu peito. Sorrindo,
tirou uma pena que havia se emaranhado nos belos cabelos ruivos. Podia ver
a curva dos seios dela subindo e descendo com urgência em meio à
respiração ofegante. Foi bom perceber que não era o único exausto ali.
– Isso foi...
– Incrível! – Dária completou ao recostar a cabeça sobre o coração que
batia acelerado.

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Capítulo 20

– Bom dia, meu senhor! – Anisha entrou no quarto saltitando.


Aron dormia profundamente e Dária, de olhos fechados, concentrada nos
sons e aromas dele, mal notou a presença da criada.
– Está um dia lindo de início primavera lá fora. – Acanhada pelo
incidente, a moça se recusava olhar na direção da cama e correr o risco de
voltar a vê-lo nu, por isso nem percebeu que ele estava acompanhado. –
Levante-se, lorde, venha ver! – Ela não hesitou em abrir a cortina, banhando
o cômodo com a luz cálida do sol.
O movimento arisco de Dária, encolhendo-se como um gato, fez Aron
acordar assustado. O barulho e cheiro de carne queimada logo chegou ao seu
nariz e, às pressas, ele levantou-se e jogou um dos cobertores sobre a vampira
e correu até a janela o mais rápido que pode a fim de fechar a cortina.
– Saía, Anisha, agora!
A criada se encolheu, assustada com os gritos que ele nunca lhe dirigira.
Ergueu a cabeça e encontrou olhos ferozes, fulminando-a.
– Agora!
O grito seguinte a fez pular e deixar o quarto correndo. Assim que a criada
fechou a porta atrás de si, Aron voltou-se para Dária, desesperado. Um nó
havia se formado em sua garganta, impedindo-o de respirar, tamanha a
aflição.
– Como estás? – Tirou o cobertor assim que se deu conta de que o quarto
estava escuro o bastante.
– Um pouco machucada. – Dária disse de maneira gentil, sentando-se na
cama. Ao perceber o desespero que carregava a voz do duque ela não gritou,
ou mesmo rosnou para ele. Apenas quis tranquilizá-lo quando era impossível
negar o quanto Aron se preocupava com ela.
Aflito, o íncubo percorreu-a com o olhar. Havia queimaduras profundas no
lado direito da bela face, em um dos braços e num pedaço da coxa. Os
machucados estavam vermelhos, em carne viva e com algumas bolhas.
Cortou-lhe o coração o quanto pareciam doer.
– Acalma-te. – Dária tocou o rosto do íncubo, acariciando-o. Pode sentir
os músculos dele relaxarem um pouco sob o toque, porém os profundos olhos
azuis esbranquiçados ainda estavam carregados de angústia. Era possível vê-
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lo tremer.
– Jamais me perdoaria caso algo lhe acontecesse. – Aron segurou as mãos
dela e a beijou na testa.
A vampira estava prestes a repetir que ficaria bem quando o viu ajeitar-se
na cama, tombando a cabeça para o lado, deixando o pescoço exposto.
– Beba.
– Aron...
– Irá se curar mais rápido.
– Vou precisar de muito. – Dária relutou com a possibilidade de deixá-lo
bastante enfraquecido.
– Apenas te alimentes, por favor. – Aron acariciou o rosto dela e colocou
cabelo atrás da orelha antes de beijá-la com carinho.
De olhos fechados, a vampira se entregou ao calor do toque e à delicadeza
de um beijo preocupado. Depois, deslizou os lábios com suavidade até a base
macia do pescoço e cravou-lhe as presas, fazendo com que o sangue quente
fosse derramado em sua boca. Começou a sugar devagar até que a
necessidade do seu corpo falasse mais alto. Cravou as unhas nos ombros dele,
provocando pequenos cortes, e subiu sobre o colo do íncubo, bebendo dele
com toda a sua sede.
À medida em que os ferimentos no corpo de Dária iam sumindo, Aron
respirava cada vez mais aliviado, o bastante para que ficasse rígido com a
mordida deliciosa. Envolveu-a com os braços, acariciando-a. A saliva dela
era tão afrodisíaca que o lorde gemia levemente à medida que seu sangue era
sugado. Deslizava as mãos por toda as costas delgadas da vampira até a
bunda redonda, tocando-a onde podia alcançar. O corpo gélido e firme fazia-
o arder. Mal via a hora de poderem retomar a dança erótica que os preenchia
de prazer.
Estava tão inebriado pela presença dela, que o íncubo mal se deu conta de
suas forças esvaindo de seu corpo, e quando Dária percebeu que deveria parar
já havia ido longe demais. Aron ficou mole, os braços ao redor da vampira
afrouxaram-se e o duque caiu praticamente desacordado sobre a cama.
– Aron?! – Dária gritou quando ele caiu sobre a cama. A angústia a atingiu
num rompante, deixando seu peito apertado e ela compreendeu o desesperou
que ele havia sentido há pouco.
– Ficarei bem. – O lorde tinha um sorriso travesso nos lábios e abriu um
pouco os olhos. Obviamente não apresentava controle algum sobre o próprio
corpo.
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– Eu fui longe demais, deveria ter parado antes, desculpe-me.


Havia valido a pena, apenas por vê-la preocupada. Os olhos vermelhos
espremidos, atentos, sem se desviarem dos seus, o carinho da pele fria o
acariciando. Entregue aos toques e cuidados, ele desejou poder congelar
aquele momento pela eternidade.
– Queres alimentar-te de mim?
– Não preciso, creio que apenas comendo algo eu vou me sentir melhor.
– Alimentas-te de comida humana? – Dária arregalou os olhos com a
surpresa.
– Sim, a energia me mantém jovem e saudável, mas preciso comer para
manter as demais funções do meu corpo. Porém, se viver como um homem
comum, envelheço e morro como um.
Com uma das mãos apoiada sobre o peito de Aron e a outra acariciando o
macio cabelo negro, Dária ainda o encarava, estudando-o. Realmente pouco
sabia sobre os íncubos.
O duque já se sentia melhor, ter alimentado-se dela antes o manteria bem
por alguns dias. Entretanto, recusou-se a levantar-se de imediato. Permaneceu
admirando-a, da perfeição dos ondulados cabelos ruivos ao rosto delicado
quase angelical. O toque, ainda que gélido, fazia sua pele formigar por onde
os dedos pequenos e finos deslizavam. Sorriu ao se lembrar que era dia e
ainda a teria ali pelo menos até o cair da noite.
– Fique aqui. – Pediu ao começar a se levantar.
Dária o acompanhou com os olhos pelo quarto, até ele entrar em uma
pequena porta, de onde minutos depois retornou perfeitamente vestido,
fazendo jus ao título de nobre.
– Já retorno para buscá-la – o íncubo roçou seus lábios nos vermelhos e
carnudos da dama. – Vou garantir que o restante da casa esteja seguro.
Ela assentiu com o olhar e também foi se vestir, procurando as peças do
vestido que haviam sido jogadas pelo quarto.
Assim que Aron abriu a porta, Anisha quase caiu quarto adentro. A criada
estava prestes a bater, porém antes havia escorado a cabeça na fria superfície
de madeira coberta por entalhos, a fim de escutar o que acontecia dentro do
cômodo. Não queria ser repreendida como da última vez.
– Senhor. – A moça se levantou às pressas e por pouco não tropeçou nas
próprias pernas. – Desculpe-me, não sabia que estavas acompanhado. A dama
deixou isso na carruagem. – Anisha estendeu os braços trêmulos, com a
ceroula que haviam esquecido.
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– Está tudo bem, obrigado.


O sorriso terno nos lábios do homem a acalmou, fazendo-a respirar com
mais facilidade.
– Por favor, fecha todas as cortinas da casa. Minha dama tem a pele muito
sensível.
Minha dama. Aquelas palavras entalaram na garganta da criada como uma
bola de pelos, forçando-a a engolir em seco. Fechou as mãos, espremendo os
dedos com força e cerrou os dentes. Sabia que, mesmo que tarde, o duque
acabaria por ter uma esposa de sangue nobre como ele. Não passava de uma
plebeia, não havia motivos para encher seus sonhos com imagens do lorde...
– Anisha?
A criada deu um pulinho, assustando-se ao ser sugada para fora de seus
pensamentos fantasiosos.
– Estou indo, senhor. – A moça deu as costas para o lorde e saiu
caminhando pelo extenso corredor.
– Estava mesmo procurando por isso. – Dária retirou a parte íntima de
suas vestimentas do braço de Aron quando este retornou ao quarto.

– O que estás fazendo? – Natasha desviou o olhar da pequena prancheta


em seu colo, onde esboçava um desenho do vaso com tulipas vermelhas sobre
a mesa de centro da sala, para fitar a criada que chegou toda atrapalhada
tentando fechar as cortinas. – O sol está tão belo lá fora.
– Teu irmão pediu para que eu o fizesse. A mulher com ele parece ter
alguma alergia ao sol.
Alergia ao sol? A súcubo riu baixinho. A vampira! Seus olhos brilharam
com possibilidade de conhecer a dama que havia tomado os pensamentos de
seu irmão. Colocou as coisas de lado, sobre o sofá e correu até a janela mais
próxima, puxando a pesada cortina verde-musgo, encobrindo a entrada do
sol.
– Pode deixar, minha senhora, eu faço. – Anisha se assustou com a
iniciativa da dama. Natasha costumava ser a menos prestativa dos três
irmãos.
– Se eu ajudá-la terminaremos mais rápido. – Ela caminhou até a próxima

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janela.
– Ei, deixem as cortinas abertas! O dia está tão lindo. – Isabel protestou ao
entrar pela porta da sala. A dama tinha o vestido completamente sujo e um
pouco rasgado, havia alguns pedaços de feno agarrados na renda verde; os
cabelos loiros estavam completamente bagunçados.
– Deitando-te com plebeus em estábulos outra vez. – Natasha torceu os
lábios e uma expressão de deboche formou-se em seu rosto ao reparar o
estado de sua irmã.
Isabel a ignorou. Pensou em respondê-la que, além dos estábulos serem
um lugar exótico, ninguém dava falta dos corpos que ela deixaria para trás.
No entanto, a criada ainda estava na sala e não seria nem um pouco sensato
fazer tal tipo de comentário.
Quando estava prestes a perguntar novamente o motivo de estarem
fechando as cortinas, Aron apareceu no topo da escada e ao seu lado estava
uma bela mulher.
Uau! Nossa! As três arregalaram os olhos, boquiabertas.
Anisha por pouco não derrubou o quadro que estava na parede onde ela se
escorou. O golpe que levou ao ver a mulher pôde ser comparado ao coice que
levara quando criança, um impacto tremendo que a deixou sem ar e a fez
perder o equilíbrio, e uma dor dilacerante se irradiou por todo o seu peito.
Realmente seu senhor era digno de tamanha beleza.
Isabel e Natasha não notaram a reação da criada pois também estavam
estupefatas. Se a tivessem visto antes, em qualquer outro momento,
certamente a desejariam tanto quanto o irmão. A beleza notória era rara,
exótica. Percorreram com os olhos cada curva que compunha o rosto e o
corpo da vampira. Tiveram certeza de que as súcubos não eram as únicas
com tal arma de sedução.
– Dária! – Isabel sacolejou o vestido, tentando remover um pouco da
sujeira, antes de caminhar até a ruiva. – É um enorme prazer conhecê-la.
– Não te comportes como um bobo da corte. – Natasha a cutucou.
– Iria apresentar-me às tuas irmãs e não me contou. – A vampira virou os
olhos na direção de Aron, fitando-o em represália. Conhecer a família dele
formalizava mais a relação dos dois do que ela gostaria.
– Eu não posso evitá-las. – Ele ergueu as mãos na direção dela, numa
tentativa de se desculpar.
– Sabes sobre nós? – Os olhos de Isabel brilharam com a possibilidade de
que seu irmão houvesse falado sobre elas.
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– Creio que todos nessa cidade já tenham ouvido falar sobre vós. – Dária
buscou se conter, a fim de ser o mais gentil que pode.
– Estávamos ansiosas para conhecer a mulher que roubou o coração do
meu irmão. – Natasha curvou-se, segurando as pontas do vestido azul claro,
cumprimentando-a.
Como sempre indelicada! As bochechas de Aron se coraram
imediatamente. Achou aquilo um tanto exagerado, mesmo que seu coração
batesse mais rápido quando estava ao lado da vampira.
– Não é para tanto Natasha. – O duque a olhou com o canto de olho e
dentes cerrados, recriminando-a.
– Não? – A súcubo, apoiou-se no encosto do comprido sofá e se conteve
para não gargalhar.
– Assim irás espantá-la. – Isabel resmungou entre dentes.
– Basta. – Aron balançou a cabeça ao resmungar mais para si próprio. –
Anisha, peça para que preparem o café na sala de jantar. Iremos esperar lá. –
Ao dar a ordem à criada, o duque conduziu Dária pelos degraus restantes da
escada, passando por suas irmãs, até um corredor em uma das laterais que
levava até uma enorme porta adornada semiaberta, por onde ele passou
primeiro para se certificar de que as janelas estavam cobertas.
O íncubo respirou fundo, reprimindo a raiva crescente pela indelicadeza
de suas irmãs. Caminhou até uma das extremidades da sala para acender o
belo lustre de cristais, que se destacava imponente, pendendo do teto, para
que não ficassem no completo escuro – Desculpe-me por aquilo. – Observou-
a entrar.
– Posso lidar com elas. – Dária desliou as pontas dos dedos sobre a grande
mesa de carvalho enquanto, a passos lentos, diminuía a distância entre os
dois.
– Elas são terríveis, impulsivas, insistentes...
– Acho que as reconheço como tuas irmãs. – Dária riu ao contornar a face
dele com as costas das mãos. – És mais do que insistente.
– A meu ver tal insistência é uma qualidade. – Aron a envolveu com os
braços, puxando-a para junto do seu corpo pela cintura. – Se não fosse por ela
não a teria aqui comigo agora.
O ar quente que o íncubo soprou contra sua orelha fez com que Dária se
encolhesse e cada um dos pelos de seu corpo se eriçasse. Fechou os olhos ao
jogar a cabeça para trás, rendida ao caminho voraz de beijos que ele começou
a traçar em seu pescoço.
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– Meu senhor... – Anisha teve que conter o tom de choro em sua voz ao
deparar-se com a cena. Decerto, deveria se acostumar a presenciá-las.
– Deixem as coisas sobre a mesa. – Aron gesticulou com uma das mãos,
mantendo a outra firme na cintura de Dária, recusando-se a soltá-la ainda que
por uma fração de segundo.
– Não precisavas alimentar-te? – Dária mordeu os lábios do lorde,
provocando-o.
– Acho que vou optar pela outra forma. – Riu ao beijá-la.
– Precisas comer. – A vampira empurrou-o para longe, e sua força foi o
bastante para separá-los.
– Está bem. – Aron riu, dando alguns passos cambaleantes para trás. Por
pouco ele não bateu contra cristaleira que estava encostada na parede a
poucos centímetros.
Dária se sentou em uma das pesadas cadeiras com o estofado vermelho de
veludo e bateu na outra ao seu lado esperando que o duque se juntasse a ela.
A mesa estava farta até demais, considerando que Aron comeria sozinho.
O lorde pegou um grande pedaço de bolo, e o levou a boca e depois serviu
seu copo com leite e chá.
Com as mãos apoiadas em cruz sobre as pernas, a vampira o observava.
Riria de si mesma se em algum momento do passado lhe dissessem que
estaria assim, sentada ao lado de um homem, tranquila, e por que não dizer
feliz. ERA INACREDITÁVEL! Ainda estava convencida de que algo de
muito errado iria acontecer e a faria se arrepender de tão tolo deslize.
Entretanto, quanto mais tempo passava ao lado dele, mais difícil ficava
manter tal teoria. Lembrou-se de como o íncubo se esquivara bem das
perguntas feitas pelos humanos curiosos no evento da noite anterior. Ele era
um bom mentiroso, um excelente. No entanto, precisava de mais do que
grandes mentiras para sustentar o que estavam tendo.
Aron mordeu o último pedaço da deliciosa torta de cereja antes de colocar
a travessa de lado e voltar-se para Dária. No momento em que seus olhos
encontraram os vermelhos dela teve certeza de que era impossível conter seus
desejos mais primitivos quando a ruiva estava por perto. Ele deslizou as
mãos, tocando com a ponta dos dedos a elevação dos seios acima do decote
do espartilho. Sentiu-a estremecer levemente.
Talvez a sala de jantar não fosse o melhor para fazerem aquilo, porém sua
boca salivava tanto que não quis perder tempo até encontrarem o caminho de
volta para o quarto. Aron passou a mão sobre a mesa, empurrando as coisas
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para o lado, então envolveu Dária pela cintura fina e delicada, erguendo-a no
ar até poder sentá-la sobre a escura superfície de madeira.
– Pensei que fosse se alimentar. – A dama enfiou as mãos dentro do colete
para acariciar as laterais do corpo forte, ainda que sob a camisa branca de
algodão.
– Pretendo continuar. – Ele tirou lentamente os cabelos dela que estavam
ao redor do pescoço, os jogou para trás e beijou a região onde seus seios se
encontravam.
O calor do beijo quase gentil fez a pele de Dária arder. Sim, aquela era
uma ótima hora para ele se alimentar. Podiam ter passado a noite inteira
juntos, mas parecia já ter passado tanto tempo.
– Prometo não a torturar dessa vez. – Aron riu ao agarrar os cabelos dela,
segurando-os firme com uma das mãos, enquanto apoiava-se com a outra na
mesa.
– Só não rasgues meu vestido, precisarei dele depois.
Dária estava preparada para o banho de sensações quando ele a beijou com
urgência. Correspondeu-o na mesma intensidade, não hesitando em adentrar a
boca do duque com a língua. Puxou as próprias saias para cima quando o
íncubo se encaixou em meio às suas pernas.
– Talvez não devestes ter colocado isso. – Aron protestou ao encontrar o
tecido da ceroula entre ele e seu objetivo.
– Não imaginei que faríamos de novo. Ainda mais aqui. – A vampira
olhou com o canto do olho se certificando de que a porta da sala de jantar
estava fechada.
– Sempre imagine. – O lorde mordeu de leve a orelha de Dária, fazendo-a
gemer, enquanto deslizava a peça pelas longas e perfeitas pernas.
Dária retribuiu, levando as mãos até a braguilha da calça do íncubo, onde
encontrou um volume rígido e pulsante esperando por ela. Não pensou duas
vezes antes de colocá-lo para fora e segurou-o firme, acariciando toda a sua
extensão. Não havia tocado em um órgão masculino antes, e jamais imaginou
que o faria. Contudo a forma como Aron estremeceu com suas carícias lhe
mostrou um estimulante a mais, que só fez crescer o seu desejo.
Aron retribuiu a carícia, tocando-a por completo em meio ao gosto dos
beijos calorosos. Uma chama intensa queimava dentro do corpo dele,
causando um formigamento em cada parte que tocava a pele fria da vampira.
O íncubo estava à beira da loucura com a sensação dos dedos pequenos e
delicados dela percorrendo a extensão de seu pênis. Com os olhos fechados,
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mordeu os lábios dela e gemeu contra a boca vermelha e carnuda. Queria


tomá-la sem pressa, proporcionar a ela todas as sensações e prazeres que
merecia. Contudo seu corpo urrava numa ânsia em tê-la que Aron não
conseguia mais controlar.
– Da próxima vez eu vou devagar. – Ele prometeu ao puxar os cabelos
ruivos com ainda mais força e espremer a mesa onde se apoiava.
– Preocupas-te demais. – Dária o encaixou dentro de si, gemendo alto ao
ser penetrada. Não se importando nem um pouco com a possibilidade de que
as irmãs dele ou mesmo os criados pudessem ouvi-la.
Aron ofegou ao adentrar o sexo úmido. A vampira era tudo que ele
precisava no momento, e logo se entregou à intensa sensação do prazer que
um podia proporcionar ao outro.
Dária agarrou-se a ele, remexendo os quadris, rebolando sobre a mesa
enquanto encontravam seu próprio ritmo. Nem mesmo a quantidade de
tecidos das saias que se acumulava acima de sua cintura lhe pareceram um
empecilho para que o íncubo a penetrasse fundo. Percebeu-o sussurrar algo
enquanto beijava-lhe o pescoço, mas estava perdida demais em seu desejo
para compreender qualquer coisa. Mal acreditava como toque dele era capaz
de atiçar todos os seus sentidos. O modo como Aron brincava com sua língua
dentro da boca dela e a penetrava mais abaixo, com movimentos intensos e
precisos, fazia-a delirar.
Nem mesmo a pele fria da vampira era capaz de diminuir o fogo do
encontro dos corpos, que chegava a aquecer o sangue que pulsava nas veias
da dama. Aron podia ouvi-la arfar, gemendo mais alto a cada estocada. Seus
corpos se moviam em um ritmo perfeito, quase sincrônico. A cada vez que o
lorde deslizava vagarosamente para fora, Dária se remexia sobre a mesa,
levando-se até ele, fazendo-o entrar fundo outra vez.
A vigorosa sensação de prazer os tomava como um furacão, intenso e nada
silencioso. Quando o orgasmo a invadiu, Dária agarrou os ombros do duque e
gritou, sem conter uma gota da deliciosa e formigante onda que a tomou da
região onde se tornavam um até as pontas dos dedos.
Não demorou para que Aron a acompanhasse, atingindo o clímax também
e banhando a vampira ainda entorpecida. Com a respiração ofegante, o
íncubo apoiou a cabeça sobre os seios que subiam e desciam rapidamente,
enquanto tentava recuperar o ar.

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Capítulo 21

Aron apontou para um dos colares que reluzia sob o balcão de vidro. Ele
era feito com uma renda preta, de onde pendiam algumas pedras delicadas e
de brilho intenso, pérolas negras talvez. Sentiu na joia a impetuosidade que
Dária costumava ter e teve certeza de que ficaria linda naquele pescoço fino e
pálido.
– Sim, eu quero esse. – Pediu para que o joalheiro o pegasse.
O homem parado de pé atrás do balcão tinha um pano nas mãos, que
deveria usar para limpar as peças do mostruário, mas estava estupefato
demais com a presença do duque para fazê-lo. Era um senhor de meia idade,
entretanto pode compreender bem o motivo daquele lorde ter preenchido os
sonhos fantasiosos de sua esposa: ele parecia exatamente como os príncipes
com quem suas irmãs um dia sonharam em se casar, até que a cruel realidade
caísse sobre elas.
– Por favor, aquele. – Aron insistiu batendo os dedos contra a superfície
de vidro.
– Sim, meu senhor, desculpe-me. – O joalheiro balançou a cabeça, saindo
do transe. Ele tirou a chave que estava presa junto à cintura e abriu a vitrine
para retirar o colar solicitado. – A dama que receber este colar é de muita
sorte. – Comentou ao embrulhar a joia.
– Apenas espero que ela goste. – Aron pensou alto.
– Pode ter certeza, meu senhor. – O joalheiro sorriu ao entregar a caixa ao
duque.
O lorde pagou-lhe e deixou a loja sem conversar muito. Não conseguira
parar de pensar em Dária por um único instante depois que ela o deixara
assim que a noite caiu. Se não fosse por suas irmãs o abordarem com
perguntas que beiravam o irritante, teria saído logo atrás dela. De todo modo
não fora tão ruim, pois evitara que ele se comportasse como um garoto.
Já era fim de tarde do dia seguinte e, ao caminhar pelas ruas
movimentadas de Londres, observa o sol atrás do palácio de Westminster,
cada vez mais abaixo da grande torre do Big Ben. Ansiava para que seus
raios logo se findassem, dando lugar à noite, para que pudesse ir até ela e
convidá-la para um passeio de barco ao longo do rio Tâmisa.
Perdido em pensamentos, Aron tropeçou num desnível da calçada e
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começou a rir de si mesmo, enquanto se equilibrava para não cair. Estava tão
encantado por aquela mulher que nem mesmo prestava atenção por onde
andava.
– Te machucastes? – Uma mulher de meia idade, sentada em um pequeno
banco de madeira ao lado de sua banca de flores, perguntou ao duque. Ela
estava a poucos metros, admirando-o, e foi impossível não ver o quase tombo
que serviu de desculpa para que pudesse puxar assunto com tão belo homem.
– Não, foi apenas um susto. – Aron lhe dirigiu um terno sorriso. – Fico
grato por tua preocupação.
– Que tal levares flores para tua dama? – A senhora apontou para a sua
banca de flores, cheia com uma inúmera variedade delas.
– Infelizmente ela não gosta de flores.
– Uma pena. – A mulher torceu os lábios, fechando o rosto. Que espécie
de dama não gostava de flores?
Aron se despediu com um aceno e continuou a caminhar rumo ao bairro
onde ficava o bordel de Dária. Suas irmãs estavam com a carruagem naquele
dia, porém ele não se importava de caminhar.
Ver as pessoas que perambulavam pelas ruas, a reação de surpresa ao se
darem conta da presença do íncubo, era um tanto divertido. O duque estava
na cidade há quase um ano, e ainda assim era o assunto principal de muitas
conversas, dos plebeus à mais alta nobreza. Embora no fundo não desse a
mínima para tudo aquilo, ser o centro das atenções o lembrava de como era
na época em que vivia com o pai. Apesar de serem bastardos, Natasha e ele
eram muito bem tratados pelo rei. Não sabia se isso se devia ao sentimento
paterno ou se resumia ao encantamento que ele ainda tinha pela súcubo
Beatrice, a mãe deles. Aron e a irmã dificilmente falavam sobre a aquela
época, talvez pelo fato de terem saído fugidos da corte quando a rainha deu
um jeito de acusar e condenar Beatrice de bruxaria, e o rei sem muito o que
fazer deu ao filho um ducado distante no interior. Ou talvez por Isabel, que
nasceu de outra aventura de Beatrice anos depois. Um fato é que de certa
forma se sentira feliz quando a mãe optara por ficar na Irlanda quando o
tempo os forçou a se mudarem, pois sabia bem de onde Natasha havia
puxado o gênio terrível.
Ao virar a esquina da rua que o levaria a Dária, Aron ouviu um barulho
estridente perturbar o constante silêncio do bairro calmo. O som de vidro
quebrando o fez sair correndo sem pensar muito no que poderia ter causado
aquilo. O coração do íncubo disparou quando ele foi rápido o bastante para
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chegar a tempo de ver um corpo ser arremessado da janela do escritório da


vampira. A força havia sido tão grande que fizera quem quer que houvesse
caído arrancar a cortina e levá-la consigo.
Assim que o indivíduo se chocou contra o chão, como um saco pesado, o
lorde correu até ele a tempo de ver um homem com os cabelos raspados e
uma cruz tatuada sobre seu olho esquerdo cobrindo metade da face, dar seus
últimos suspiros de vida. Tentava, já sem forças, arrancar uma adaga cravado
abaixo das costelas. Com o ultimo sopro que ainda lhe restava, o sujeito,
contorcendo-se, tentou dizer algo para Aron, entretanto, de sua boca saiu
apenas uma golfada de sangue, e de olhos arregalados ele parou de se mover.
A agonia tomou o coração de Aron de assalto, mas antes de pensar em
levar a mão ao peito o íncubo saiu correndo bordel adentro. As piores coisas
inundaram sua mente enquanto passava, sem sequer olhar para trás, pelo
salão lotado de mulheres e homens embriagados, que estavam dispersos
demais para notarem o que estava acontecendo.
Aron chegou o mais rápido que pode até a porta do escritório dela,
brigando consigo mesmo por não ter o achado rápido o bastante. Contudo,
antes de perguntar o que estava havendo, notou a porta entreaberta e barulhos
de luta vindo lá de dentro.

Dária e Elzor ergueram a cabeça, fitando cada um dos cinco caçadores que
estavam ao redor deles. Maldição! Como os haviam encontrado? Mesmo
tendo derrotado um deles, não pareciam menos assustadores ou em menor
número. Nunca havia visto tantos juntos antes, sinal de que em momento
algum ousaram subestimar a força dos dois vampiros.
– Seguro eles para que corras. – Elzor olhou com o canto de olho para
Dária, murmurando baixinho para que apenas a aguçada audição dela o
ouvisse. Com o olhar, mediu a sala e a agilidade dos oponentes a fim de
calcular o quão rápido precisaria ser para parar os cinco por tempo o bastante
para que a sua senhora estivesse bem longe.
– E deixar a ti e as minhas garotas para trás? Nunca!
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– Minha senhora, por favor.


– Cala-te, daremos um jeito nisso juntos!
Um dos cinco caçadores, o único com um bracelete reluzente de prata com
uma cruz e uma espada cruzando-se, aquele que parecia ser o líder, cansou-se
de aguardar o movimento dos vampiros e sacou uma espada que tinha na
bainha presa junto à sua cintura. O metal reluzente estava tão afiado que seria
capaz de partir um carvalho ao meio com um único golpe.
– Este será teu último dia andando sobre a terra, criatura. – O caçador
ameaçou, partindo para cima de Dária, e os outros quatro o imitaram, prontos
para atacarem.
Assim que a lâmina passou de raspão pelo ombro de Dária, arrancando
consigo uma fina camada da renda que envolvia o braço da vampira, Aron
surgiu atrás do homem e lhe perfurou o peito com a ponta da asa. O
movimento foi tão ágil e silencioso que o caçador nem se deu conta de por
onde o seu assassino havia chegado, e muito menos o que diabos era aquilo
cravado contra o seu peito.
Aron recolheu a asa pingando sangue e assistiu o homem cair de joelhos
sobre o chão do quarto, de olhos arregalados e as mãos contra o ferimento,
ainda surpreso pelo golpe. Com os lábios semiabertos, o caçador tentou
praguejar algo, no entanto já era tarde, seu corpo já havia se dado conta de
que o coração fora atingido com um golpe fatal. Nem mesmo os joelhos
puderam o suportar mais e ele foi ao chão, caindo de olhos abertos.
O que diabos era aquilo?! Os demais caçadores ficaram pasmos, imóveis
por alguns segundos, diante da criatura que viram. Estavam ali para caçar
vampiros e nunca haviam visto algum daquela forma. Aquilo tinha asas
negras e sem penas que saíam do meio das contas, por onde foi feito um
rasgo no paletó, e dois chifres pontudos se destacavam no alto da cabeça, em
meio ao cabelo negro. Os caçadores tremeram diante de tão nefasta visão e
cambalearam para trás sem conseguir esconder o medo, não estavam
preparados para aquilo.
O íncubo não hesitou em mostrar sua verdadeira forma diante da menor
ameaça à vida da vampira. Sentia-se assustador daquele jeito, contudo era
assim que ficava mais forte. E perante a inimigos, ser ameaçador não era algo
ruim.
Um dos caçadores procurou desesperadamente na bolsa que tinha a
tiracolo por um frasco de água benta e destampou-o, jogando na direção do
íncubo. Esperava assim enfraquecê-lo.
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– Sério? – Aron gargalhou ao se dar conta de que suas roupas estavam


molhadas. – Acham mesmo que isto me faz algum mal?
Os quatro arregalaram os olhos. NÃO ERA POSSÍVEL!
Elzor aproveitou-se do alvoroço causado pela entrada heroica de Aron e
usou toda a sua velocidade para chegar atrás do caçador mais próximo e
torcer-lhe a cabeça, quebrando o pescoço num movimento tão ágil que o
homem nem mesmo notou que estava morrendo. Assim que o vampiro o
soltou o corpo foi a chão como um boneco. Ainda faltavam três!
Ao ouvirem o barulho de mais um de seus companheiros caindo morto, os
caçadores notaram que a presença daquela estranha criatura havia virado o
jogo a favor dos vampiros e que enquanto não soubessem como derrotar
aquilo, morreriam como seus companheiros.
Dária os viu olharem para a janela quebrada. Podia ouvir o coração de
cada um deles bater mais acelerado, em meio a uma respiração urgente
suavam frio. Nunca viu um caçador com medo como daquela vez. Ao
perceber que tentariam fugir, a vampira posicionou-se entre eles e a janela,
bloqueando a única saída mais próxima.
– Lutem por suas vidas, caçadores. – A gargalhada sombria da dela fez
com que eles se amedrontassem ainda mais.
Os caçadores sacaram suas armas e estacas, e esperaram que as bestas
viessem para cima deles. Seguiram o conselho da vampira e lutaram, lutaram
não só por suas vidas, mas pela causa na qual acreditavam. Em meio à dança
mortal, esquivavam-se como podiam dos movimentos ágeis dos vampiros e,
ainda que a terceira criatura fosse um pouco mais lenta, suas asas o protegiam
bem.
Aron deu uma rasteira em um deles com a cauda, jogando-o ao chão, e
pisou com toda a sua força contra a caixa torácica do homem. O som dos
ossos das costelas se partindo foi tão alto que mesmo em meio ao caos foi
capaz de ouvi-lo. Queria-o morrendo de forma lenta e dolorosa apenas por ter
ameaçado a vida de Dária. Ouviu o caçador urrar à medida que afundava o pé
em seu abdômen. A dor foi tão intensa que o indivíduo desmaiou antes
mesmo de vir a falecer. O íncubo o chutou para garantir que ele estava
mesmo morto.
Elzor atingiu o caçador que brigava com ele no rosto, com força suficiente
para fazê-lo voar contra uma das paredes e cair ao chão, desorientado. Então
o vampiro aproveitou o instante de guarda baixa e apunhalou o homem com
sua própria estaca, vendo a vida dele se esvair em segundos.
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O último dos caçadores ainda lutava com Dária, o líder deles.


– Não aches que estará livre, pois, o meu senhor, virá atrás de ti e tua
morte será ainda mais dolorosa do que seria pelas minhas mãos. – O homem
ameaçou-a antes de levar a espada até o pescoço e cortar a própria garganta.
Bastardo esperto! Dária praguejou, cerrando os dentes ao vê-lo cair morto,
sujando de sangue o seu chão. Sabia que ela o torturaria em busca de
respostas e suicidou-se antes que a vampira tivesse a chance de fazê-lo.
– Quem eram eles? – Aron correu até Dária. O íncubo já havia voltado ao
normal, sem asas ou chifres. Ele tremia de preocupação. Percorreu com os
olhos cada parte do corpo da dama em busca do menor machucado que fosse.
– O QUE FAZES AQUI?! – A vampira o empurrou para longe.
– Eu vim vê-la, e quando cheguei aqui os encontrei... – o lorde balançou a
cabeça anda confuso. – Quem eram eles?
– Não são assunto teu. – Ela foi ríspida. – Eu tinha a situação sob controle.
– Não foi o que me pareceu.
– Escuta, íncubo! – Dária rosnou. – Não sou uma donzela em perigo e não
preciso de um cavaleiro em armadura brilhante para salvar-me do monstro. –
Ela deu as costas para o duque. – Por que simplesmente não vais embora?
– Por que eu te amo! – Aron puxou-a pelo braço forçando-a a encará-lo. –
E a possibilidade de uma eternidade sem ti me assusta.
Dária engoliu em seco, sem conseguir desviar o olhar.
– Não sabes do que estás falando...
– NÃO?! – Aron teria gargalhado se um aperto tão grande não tivesse lhe
preenchido o peito. – Francamente, Dária, eu sou um íncubo, posso ter
qualquer outra mulher. Por que ainda achas que estou aqui? – Estava cansado
dela se esquivar sempre que possível e não conteve tudo que estava entalado
em sua garganta precisando sair. – Isso não é mais um jogo de sedução. Eu
lutei por ti e continuarei a fazê-lo, acredites em mim ou não. O que não posso
é tê-la nos meus braços e no momento seguinte vê-la me desprezar como se
eu não significasse nada.
O íncubo estava nitidamente irritado, e dessa vez não se preocupou apenas
em agradá-la. Sim a queria, e muito. Entretanto, sentiu-se cansado. Mesmo
com um grande aperto no seu peito e lutando contra todo o desejo que o
berrava para que ficasse, Aron soltou o braço da vampira, ainda olhando
fundo nos penetrantes olhos vermelhos. Abriu os lábios algumas vezes,
porém desistiu de pronunciar mais qualquer outra palavra, no estado em que
estava a chance era de piorar tudo. Deu as costas à ruiva e com passos calmos
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caminhou em direção à porta. Ele tentou parecer confiante, ao menos parecer,


porque dentro de sua cabeça tudo parecia um caos. Queria entendê-la, ajudá-
la, todavia nada poderia fazer se ela não o permitisse. Sabia que aquele breve
adeus não seria definitivo, que não aguentaria, mas por hora era o melhor que
poderia fazer a si mesmo.

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Capítulo 22

– Aron, espere! – O grito saiu do fundo da garganta de Dária, e quando se


deu conta já havia ido atrás dele.
Parou de pé em meio ao corredor, com o coração na boca e a respiração
ofegante. Olhou-o parar com o grito e virar-se para ela. Com os olhos
arregalados, atentos, as sobrancelhas arqueadas e a boca semiaberta, o duque
a estudou.
– Apenas peça, e eu fico. – Ele sussurrou, com o coração batendo
acelerado ao abrir os braços, aguardando ansioso.
Dária não hesitou. Parar poderia fazê-la pensar nas implicações daquilo e
talvez recuar. Correu até ele, acabando com a distância em milésimos de
segundos. Pode ouvir o coração acelerado do íncubo quando ele a envolveu
em seus braços.
– Desculpe-me, eu não deveria ter feito aquilo. Por favor, fica. – Admitir
foi menos penoso do que a vampira poderia imaginar, um enorme alívio a
preencheu ao sentir que um peso fora tirado de suas costas. Pela primeira vez
agiu contra o que seu passado e o medo a mandavam fazer. Com os braços
apoiados sobre o peito de Aron, ela estava trêmula, assustada, ao se dar conta
de que sem querer havia permitido que aquilo que possuía com o íncubo
fosse mais do que um simples caso.
Aron a segurou pelo queixo, fazendo com que erguesse a cabeça e voltasse
a fitá-lo. Seu corpo estremeceu de felicidade por tê-la ali. Refez o contorno
do rosto gélido da vampira com a ponta dos dedos.
Com os olhos ainda fixos nos dele, Dária o agarrou pelos cabelos negros e
puxou o rosto do lorde mais perto. O que veio em seguida foi intenso.
Toda a delicadeza foi subjugada pela fome. Dária o empurrou contra a
parede, batendo-o com força. A leve dor em suas costas fez Aron abrir um
largo sorriso, aquela força intensa era sinal de que a vampira não estava se
contendo nem um pouco. O íncubo ouviu o som de tecido sendo rasgado
quando a dama acabou de vez com o paletó que já estava surrado por causa
da luta.
Dária mordeu os lábios de Aron com força, fazendo-o sangrar o suficiente
para que ambos provassem do líquido exótico. Puxando os curtos cabelos
negros, a vampira o beijou, sentindo-o estremecer. Assim que suas línguas se
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tocaram a certeza a atingiu como um chute no peito, fazendo-a arfar. Ele não
era só mais um caso.
Com os braços ao redor do pescoço do íncubo, ainda segurando firme os
cabelos sedosos, Dária sentiu Aron passar os braços ao redor da cintura fina.
Seus corpos só não estavam mais juntos por causa das malditas roupas.
Correspondiam ao beijo um do outro com o mesmo fogo ardente, a carícia
despertava seus instintos mais selvagens.
Em meio à chama voraz que fazia suas veias ferverem, Dária finalmente
admitiu que se existia alguém, era ele. Confiar era difícil, entretanto aquele
era um passo importante para que enfim deixasse que as feridas do passado
cicatrizassem... Gritou quando Aron mordeu de leve a base de seu pescoço,
provando o gosto doce de sua pele de mármore. A vampira tremeu com o
arrepio que varreu seu corpo. Ela se livrou da camisa branca com um puxão,
deixando-o gloriosamente nu da cintura para cima.
Aron gemeu, delirando ao sentir os dedos delicados da dama percorrem o
contorno dos músculos bem definidos de seu peito. Entretanto se conteve o
bastante para afastá-la o suficiente para que seus olhos se encontrassem outra
vez.
– Chega de me afastar?
– Chega. – Dária assentiu ao cravar as presas no pescoço quente e
pulsante. A vampira o sugou com vontade, se deliciando com o sangue de um
sabor um tanto ácido.
Aron não precisava daquilo para ficar excitado, contudo seu corpo ficou
hipersensível ao toque da dama. Seu pênis começou a pulsar dentro da calça,
com a necessidade de tê-la. Com urgência, ergueu-a, colocando as pernas
dela ao redor de sua cintura e foi a vez do lorde de chocá-la contra a parede.
Um grito forçou Dária a parar de se alimentar, ela jogou a cabeça para trás
o máximo que pode até ser parada pelo obstáculo atrás de si. Revirando os
olhos, lambeu os lábios banhados de sangue. Agarrou os ombros do íncubo,
cravando as unhas fundo, fazendo com que mais do líquido vermelho fluísse
por alguns instantes, e o gemido dele, abafado pelo beijo em seu pescoço, a
deixou ainda mais alucinada.
Estavam no meio do corredor. Aron se deu conta disso ao lembrar-se de
que o servo dela ainda estava na sala ao lado. Dane-se, o pensamento lhe
tomou a cabeça assim que a sentiu arranhando suas costas da base da cintura
até os ombros, tornando ainda mais intensa a leve e deliciosa sensação de dor.
Por instinto, o lorde passou as mãos pela frente do espartilho, rasgando as
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fitas que o amarravam contra o corpo da vampira. Rapidamente, jogou-o


contra o chão, para em seguida, contornar com os dedos os seios dela,
fazendo os mamilos rosados se enrijecerem com o toque. A forma como ela
gemia e se contorcia a cada carícia o instigou a afagá-la ainda mais. Aron
deslizou com uma trilha de beijos até a elevação dos seios e os contornou
com a língua, saboreando cada pedacinho de forma demorada.
Dária arqueou o corpo, empurrando a parede atrás de si com a cabeça. Sua
pele formigava em cada local em que Aron a tocava com a língua. Quando
retomou o controle por alguns segundos ela desceu para o chão, dando espaço
para que o íncubo pudesse retirar suas saias. Ele lhe dirigiu um sorriso
sensual antes de curvar-se para retirar o restante das roupas dela, ansiando
por tocar as coxas nuas.
Os olhos de Dária brilharam quando finalmente ficou nua diante dele.
Permitiu-o que a fitasse por alguns minutos, antes de curvar-se para deixá-los
como iguais. Abriu lentamente a braguilha da calça, deleitando-se com a
agonia que tomava conta da expressão de Aron. Os olhos dele, com as
pupilas dilatadas, a encararam semiabertos, quase em súplica. Porém ela
estava tão trêmula de desejo que torturá-lo era torturar a si mesma. Quando
finalmente retirou as calças, ela segurou o pênis rígido com as mãos, sua boca
salivou com a proximidade. Antes achava aquilo asqueroso, entre outras
coisas. Porém quando o desejo falou mais alto todo o seu desprezo contra o
ato lhe pareceu tolice. Aron já havia feito aquilo com ela algumas vezes, e
sentiu-se no direito de retribuir.
A sensação fez com o íncubo cerrasse os dentes. Ele apertou a parede à
sua frente e revirou os olhos ao gemer intensamente. Ter a boca de Dária o
beijando de maneira tão íntima era mágico. Mordeu a língua para conter o
gemido e cravou ainda mais as unhas no papel de parede ao sentir a deliciosa
língua dela lamber seu pênis em toda a extensão, antes de acolhê-lo com a
boca.
Era saboroso. A vampira se deu conta de que à medida que deslizava os
lábios por toda a extensão, chupando-o, lambendo-o, mais sua boca salivava
mais de vontade, assim como a sua vagina que ardia e formigava, precisando
dele.
O íncubo acariciou seus cabelos e segurou-os atrás da cabeça, não se
privando da melhor visão que já tivera na vida. Já havia sido estimulado
daquela forma por mulheres e homens, contudo com Dária era diferente. A
paixão que sentia por ela, somada à bela visão da boca carnuda e vermelha
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deslizando pelo seu membro o fazia enlouquecer, era bom, INCRÍVEL!


Quando percebeu que ele não aguentaria mais, Dária parou. Ofegava como
se tivesse acabado de sair de uma batalha. Ergueu-se e colocou os braços ao
redor do pescoço de Aron, e ele a ergueu outra vez, encaixando-se entre as
pernas que abraçavam seus quadris. A vampira sentiu seu corpo bater contra
a parede quando foi penetrada sem hesitação alguma. Gemeram juntos. A
fome foi quem ditou os movimentos que vieram em seguida, intensos e
vorazes.
As mãos de Aron apertavam de um modo quase dolorido as redondas
nádegas de Dária, segurando-a firme, enquanto se movia para dentro e para
fora do acolhedor corpo úmido, com urgência. Os movimentos faziam com
que ela se chocasse contra a parede repetidas vezes, mas a forma como ela
revirava de prazer deixou o íncubo feliz por não estar causando desconforto
algum.
A dama perdeu por completo a clareza, imersa em um prazer que se
tornava mais profundo a cada estocada. Quando orgasmo veio Dária gritou
pelo nome de Aron, mordendo-o no ombro, em meio a espasmos. Ofegante,
quase sem ar, apoiou a cabeça sobre a dele, enquanto se recuperava.
O modo como ela gritara o seu nome foi música para os ouvidos do lorde,
e quando o êxtase o tomou, sentiu-se o homem mais feliz do mundo. Ela era
tudo que não sabia precisar.
Aron a colocou no chão e segurou-a por alguns minutos, até ter certeza de
que já era capaz de sustentar o próprio peso. Rindo, beijou-a com carinho.
Admitir que a amava lhe pareceu a melhor coisa que já fizera a si mesmo.
– As garotas podem nos ver. – Dária gelou ao se dar conta de onde
estavam.
– Isso é um bordel.
Ela não disse nada, apenas torceu os lábios.
– Está bem. – Aron a pegou no colo.

O íncubo estava apoiado sobre os cotovelos, observando o belo corpo nu


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da ruiva. Ela possuía sardinhas por toda a pele que ele adoraria contar, com a
língua. Dária estava imóvel e o encarava de volta. A cama exibia sinais de
haviam continuado com o sexo voraz por mais algumas horas. Havia
almofadas jogadas por todo o quarto e a colcha da cama estava em
frangalhos.
– Quem eram aqueles homens e por que queriam matá-la? – Aron
finalmente a perguntou, ao deslizar os dedos pelo ventre lisinho.
Dária estava prestes a repudiá-lo quando encontrou os olhos dele, fixos
nela, atentos, e lembrou-se do que havia acabado de prometer.
– Eles são caçadores de vampiros, vieram para Londres há alguns dias e
agora estão atrás de mim e Elzor.
– Por que não me dissestes antes? – O rosto do íncubo empalideceu e ele
percorreu-a com os olhos para se certificar de que não estava ferida. – São
apenas aquele ou há mais?
– Já disse que não preciso que me ajudes. – Dária virou-se de lado na
cama, dando as costas para ele, buscando fugir do olhar preocupado e
julgador.
– Queres que eu retome o assunto sobre confiar? – Ele a puxou pelo
ombro, não permitindo que se esquivasse daquela forma. – Foi tolice minha
acreditar que aquilo no corredor significou alguma coisa?
– Não. – A vampira engoliu em seco. O queria por perto, não havia mais
com o negar aquilo, então PRECISAVA confiar. – Tem uma coisa sobre o
meu passado. Algo que me fez deixar de acreditar nas pessoas, nos homens
principalmente. Mas é uma longa história.
– Eu sou imortal, tenho todo o tempo que precisares para ouvi-la. – Aron
se deitou de lado na cama, ainda a encarando, mas de uma forma que o
deixasse mais confortável.
Dária respirou fundo e olhou para o quarto. Era capaz de sentir a luz lutar
para passar através da cortina. A noite já havia se esvaído e não haveria como
fugir daquele assunto, então fitou Aron de volta. Em meio ao aconchegante
carinho que ele lhe fazia com as costas das mãos, contou sobre o casamente
arranjado, terríveis anos que se seguiram depois, até a noite em que Arthia a
havia salvado da beira da morte.
Aron abriu a boca por várias vezes, em busca das palavras exatas que
nunca parecia encontrar. Ouvi-la contar aquilo o fez sofrer como se estivesse
na pele da bela dama durante todo esse tormento. Jamais imaginara que
aquela mulher forte, que andava como se fosse capaz de domar o mundo,
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tivesse passado por algo assim. Não conteve a vontade de abraçá-la, em meio
à angústia que lhe tomou o peito.
– Dária... – o duque a segurou em ambos os lados da face, tornando
impossível ela se esquivar ou mesmo virar o rosto. – Vamos resolver o
problema dos caçadores juntos, eu não permitirei que eles a machuquem. –
Roçou os lábios nos carnudos e vermelhos da vampira, que apenas o
encarava. – Quanto ao teu passado, infelizmente nada posso fazer para mudá-
lo, porém posso garantir um futuro em que seja amada e respeitada. – Beijou-
a rapidamente. – Não a quero como a minha senhora que espera por mim na
casa vazia, colocar em ti um anel ou uma coleira. Quero que sejas a amante
de povoa meus pensamentos e para quem eu possa correr sempre que sentir
saudades. Eu a amo e apenas preciso que estejas comigo, que farei tudo por.
Dária o encarou em completo silêncio. Seus olhos estavam marejados num
misto de dor pelo passado e de uma certa emoção. Se tudo o que Aron
estivesse falando fosse mesmo verdade, ele era o homem que havia jurado
nunca existir. Seu peito apertado implorava para que acreditasse nele, pois já
havia provas o suficiente para tal.
– Não me faças arrepender-me.
– Eu não vou. – Aron puxou-a de volta para um beijo.

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Capítulo 23

Dária abriu os olhos. Ainda estava envolta pelos gentis e termos braços de
Aron. Não conseguia mais negar o quanto se sentia segura e confortável
neles. Estar com um homem não lhe parecia mais uma ideia terrível. O
íncubo havia provando o quanto esteve errada por todos esses anos. Ele tinha
conseguido fazê-la entregar-se àquilo sem que se desse conta. Entretanto, não
estava arrependida, e se ele honrasse a palavra, nunca iria estar.
Observá-lo dormir a deixava calma, ainda que a presença dos caçadores
fosse aterrorizante. Aron havia revelado sua verdadeira forma para protegê-
la, e tê-lo lutando ao seu lado não era algo tão terrível assim.
A cabeça de Dária ainda estava confusa. Não era tão simples passar uma
borracha sobre tudo o que viveu e se convenceu nos anos que passaram,
porém, pela primeira vez, teve a real vontade de tentar. A possibilidade de
superar todos os seus fantasmas a animou. Quem sabe Aron fosse tudo aquilo
que desejou, mas nunca soube. Riu baixinho, sentindo-se tão esperançosa
como costumava ser antes terem-na arrancado do seu quarto de menina e a
jogado na cama de um monstro.
Aron era gentil, pelo menos na medida que podiam quando se entregavam
aos seus desejos. Não a amava apenas nas palavras, a amava na cama.
Permita-te amá-lo de volta, corra o risco, pensou ao acariciar o rosto macio
com a barba para fazer.
Levantou-se da cama com todo o cuidado para não acordá-lo. Haviam
deixado corpos por todo o seu escritório e precisaria dar um jeito neles. Bateu
uma das pernas contra a armação da cama e praguejou baixinho, aquela era
uma péssima forma de sair sem fazer barulho. Mas quando ele apenas girou
para se ajeitar, Dária respirou aliviado. Ainda tinha esperanças de retornar e
encontrá-lo ali.
Havia deixado suas roupas no corredor. Acabou indo até seu closet e
pegando outro vestido. Depois, com sua velocidade, catou as roupas jogadas
pelo corredor como se um furacão houvesse passado por ali. Pegou a camisa
do lorde, partida ao meio e com os buracos das asas nas costas. Ele iria
precisar de uma nova.
A vampira se enrijeceu ao ouvir passos vindo em sua direção, mas eles
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eram pesados e se moviam de forma veloz, e logo os reconheceu como de


Elzor. O ataque inesperado dos caçadores na noite anterior havia a deixado
arredia quanto a qualquer barulho.
– Minha senhora. – Elzor curvou a cabeça raspada quando a viu.
– Precisamos nos livrar dos corpos, antes que alguma das garotas os
vejam. – A voz dela soou firme, parando de suspirar e dando a devida
atenção a algo tão grave.
– Eu já o fiz, enquanto bem... se reconciliava.
– Desculpe-me – Daria se encolheu envergonhada.
– Não precisas te justificar a mim, minha senhora. Entretanto, torcia para
que o fizesse. Ele é a tua chance de ser feliz. Perdoa-me a palavra, mas seria
tolice deixá-lo ir. – Ele curvou-se e pegou uma caixa de veludo no chão. – A
propósito, creio que isto pertença a ti.
Dária pegou o objeto nas mãos e o fitou por alguns segundos, sem
reconhecê-lo.
– Não, isto não é meu.
– Caiu do casaco do íncubo e está embalado para presente, portanto, acho
que ele trouxe para ti. – Elzor a fitou com seus olhos vermelhos e respirou
fundo, avaliando se ela não brigaria com ele pelo conselho que daria a seguir.
– Para de repreendê-lo, apenas aceita. Ele tem boas intenções.
– Contei ao Aron sobre meu passado, – Dária murmurou ao desviar o
olhar para o presente e passou os dedos por toda superfície macia e levemente
peluda. – E aceitei a ajuda dele para lidar com os caçadores.
– Isso é ótimo! – Elzor tentou conter a alegria em sua voz ao perceber que,
finalmente, depois de todos esses anos, a sua senhora estava seguindo em
frente. – Os caçadores estão preparados para lidar conosco, mas nunca viram
alguém como ele antes, será uma ótima arma.
– Sim, será. – A vampira admitiu ao abrir a caixa e se deparar com o belo
colar de renda e pérolas. Ele era exatamente como ela gostava de usar. Abriu
um leve sorriso ao perceber o quanto ele era observador àquele ponto. Tirou a
peça da caixa e a colocou no pescoço, acariciando de leve, com os olhos
fechados. Tudo que ele fizera até o momento era exatamente o que precisava
para chegar ao coração frio da vampira, paciente e atencioso na medida certa.
– Peça Anne para levar alguma comida para o meu quarto, creio que ele
acordará faminto.
– Sim, senhora. – Elzor se curvou e desapareceu do corredor logo em
seguida.
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Dária ficou sozinha no corredor. Levou as mãos até o pescoço outra vez,
acariciando a peça, pensando em quão séria a relação deles havia se tornado.
Contudo, não estava mais com medo. Elzor sempre fora muito sensato e se
ele estava feliz com aquilo, não havia mal algum em permitir-se estar
também.
Com sua audição aguçada, ouviu o íncubo se mexer na cama e dar sinais
de que estava levantando e quis estar lá quando ele abrisse os olhos. Parou
junto ao batente da porta e observou-o sentar-se na cama.
– Olá. – Aron sorriu ao vê-la ali e perceber que ela parecia feliz. Ameaçar
se afastar foi a coisa mais difícil que já fizera, temeu a possibilidade de
jamais vê-la. Entretanto, finalmente havia transposto a barreira que a bela
dama havia colocado ao seu redor. Amar era uma coisa engraçada, pois
apenas observá-la lá, de pé, com um vestido deslumbrante, a ligeira curva em
seus carnudos lábios vermelhos formando um terno sorriso, os sedosos
cabelos ruivos ainda um tanto desalinhados, a firmeza do olhar, o deixava
estupefato, sem ar, sem palavras.
– Estás com o colar que comprei. – O observador duque não deixou aquilo
passar despercebido.
– Achei que fosse para mim. – Dária ergueu a peça com suas pequenas
mãos delicadas. – Espero não estar errada.
– Estás ainda mais bela, ele parece ter sido feito para ti.
A vampira se encolheu um pouco, envergonhada. Ainda se surpreendia
com o quanto ele era capaz de ser gentil.
– Preciso encontrar minhas roupas. – Aron ergueu-se da cama
gloriosamente nu.
Dária se perdeu por alguns instantes observando o copo másculo, bem
delineado, os ombros largos e a bunda, que bela bunda!
– Bom, eu as encontrei, mas lamento, apenas as calças estão em condições
de uso. – Dária se empolgou com a possibilidade do íncubo continuar assim,
enquanto percorria as curvas do corpo másculo com os olhos.
– Culpa tua. – Aron se lembrou da forma lasciva com que ela havia lhe
rasgado a camisa.
– Tuas asas rasgaram um pouco. – Dária riu, ao defender-se.
– Não tivestes medo de mim? – Aron engoliu em seco ao lembrar-se de ela
o havia visto como demônio, decerto não era como ele gostava de se
apresentar.
– Existem coisas mais assustadores do que um par de chifres, asas e uma
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cauda. – A forma brincalhona como ela se referiu ao assunto o fez respirar


aliviado. – Como não teremos mais segredos, creio ter sido bom eu vê-lo
daquela forma.
Aron percorreu a distância que havia entre os dois e a envolveu com seus
braços firmes, fazendo Dária suspirar com o calor da pele do lorde.
– Eu preciso voltar para casa antes que as histéricas das minhas irmãs
venham até aqui. – Aron soprou um ar cálido contra a orelha da dama,
fazendo-a encolher-se, arrepiada.
– Tens certeza? – Dária suspirou ao contornar o peito dele com os dedos
em um movimento lento, aproveitando cada sensação que o toque podia lhe
proporcionar.
– Estás jogando sujo. – O duque gemeu.
– Estou? – A vampira passou a língua pela base do pescoço dele,
saboreando o gosto agridoce. – Pensei que quisesse ficar comigo.
– E como quero... – Aron se perdeu no olhar da vampira.
– Então fique! Esperes pelo menos até que o sol se ponha, pedirei a Elzor
que vá até a tua casa e traga roupas. – A dama deslizou uma das mãos por
entre os corpos deles e tocou o pênis do íncubo, que ficou rígido na hora.
– Por hora, estás muito bem nu.
Aron mordeu os lábios para conter um gemido. O toque dela era delicioso.
Os pequenos dedos ágeis o levavam a loucura.
– Vais me atormentar?
– Isso é ruim? – Dária arqueou as sobrancelhas e lançou para ele um
sorriso lascivo.
Aron adorou a forma como ela o provocava, o levando fácil além da linha
do perfeito juízo. O espírito independente e selvagem da vampira a induzia a
atiçá-lo com entusiasmo, sem se conter como as damas de bom nome faziam,
suprimindo suas vontades com medo de que o desejo sexual fosse algo
errado. Ela deslizou os dedos gelados por toda extensão do membro firme e
pulsante, tocando-o com curiosidade. A temperatura baixa dela provocava
uma sensação refrescante gerando deliciosos calafrios.
Dária nunca havia tocado um homem daquela forma antes, toda sua
curiosidade havia sido suprimida pela terrível noite de núpcias, onde havia
sido jogada em uma cama, molestada e deixada sangrando. E toda as suas
tentativas de tocar o marido haviam sido suprimidas por violência tanto física
como verbal. Contudo Aron era gentil, e a forma como ele girava os olhos
nas órbitas e gemia com a carícia deixava claro que ele estava amando aquilo.
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Aron percebeu uma ruga formando-se na testa dela, quando seus belos
olhos vermelhos ficaram distantes e seus músculos ficaram tensos a ponto de
apertá-lo um pouco.
– Esqueça o passado. – O íncubo a beijou na testa e o carinho fez a ruga de
preocupação desaparecer do lindo rosto angelical. – Estás aqui agora, estás
comigo. – Puxou-a para um beijou gentil e delicado, carregado de todo amor
que sentia pela vampira.
Os músculos de Dária se relaxaram quando seus lábios se uniram e ela
ergueu os braços para envolver o pescoço de Aron, intensificando um pouco
mais o beijo. O fogo queimou dentro de seu corpo, lembrando-a do desejo
faminto que sentia por ele. Assim que sua boca se abriu, permitindo que a
língua dele entrasse, o beijo deixou de ser gentil para se tornar mais urgente.
Dária sentiu seu corpo se chocar contra o batente da porta quando ele a
empurrou para trás.
– Tens um gosto tão bom. – Aron mordeu o lábio inferir da dama,
arrancando-lhe um gemido. Nem mesmo a temperatura gélida dela era capaz
de amenizar todo aquele calor.
– Minha senhora, um homem. – A voz atrás deles saiu tremida e assustada.
Anne encarou o que presenciava em completo choque, para não dizer um
tanto furiosa. Teve que exigir muito do seu autocontrole para não jogar a
bandeja que carregava no chão. Sabia que a sua senhora tinha vários casos e
que não era a única a compartilhar da cama dela, no entanto, acreditava que
suas concorrentes fossem apenas mulheres. Como as pessoas eram voláteis,
dama Dária parecia bem à-vontade nos braços de um homem NU!
Aron e Dária ouviram um coração próximo começar a bater acelerado e
interromperam o beijo. O íncubo logo percebeu a tensão e raiva expressada
pelos olhos afunilados e dentes cerrados da jovem mulher.
– Tens algo com ela? – O lorde perguntou em um sussurro tão baixo ao pé
do ouvido da vampira que apenas ela foi capaz de ouvi-lo.
– Algumas vezes. – Dária confessou com um pouco de receio que ele a
recriminasse.
– Então acalme-a – O sorriso gentil fez qualquer preocupação no rosto da
dama desaparecer.
– Não há problema?
– Nenhum. – Aron acariciou o rosto suave e gélido com as pontas dos
dedos. – Já disse que não tenho intenção alguma de colocar-lhe uma coleira
ou mesmo reprimi-la. Se isso a faz feliz, sinta-te à vontade. Embora não nego
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que adoraria participar.


Dária sorriu e seus olhos brilharam, decerto ele havia a surpreendido mais
uma vez. Sentiu vontade de cobri-lo de beijos, entretanto, os suspiros quase
chorosos da criada a lembraram de que a moça precisava de mais atenção no
momento.
– Agradecido. – Aron retirou a bandeja dos braços de Anne, antes que essa
a deixasse cair no chão. O íncubo retornou para o interior do quarto com
passos calmos, saboreando o chá.
– Estás com ele? – A moça tremia, apoiada contra a parede. Tinha os olhos
caídos, quase sem vida, lacrimejantes, e a boca espremida, contendo o choro.
– Não sei ao certo o que temos, mas estar com ele é uma boa definição.
– Achei que não te envolvesses com homens. – Uma lágrima escorreu dos
olhos da criada.
– Eu nunca lhe prometi nada, Anne. – Dária colocou uma mecha do cabelo
cacheado da moça atrás da orelha e acariciou o rosto gentilmente, limpando a
lágrima e fazendo com que a jovem erguesse os olhos castanhos e marejados
para fitá-la.
– Me destes tudo. – Anne gaguejou enrolando uma mecha do cabelo ruivo
em um dos dedos trêmulos.
– A presença de Aron aqui não mudará isso.
– Tens certeza? – Ainda que o toque gélido a deixasse mais calma, a
criada ainda estava relutante.
– Sim. Não tenhas medo. A posição que tens aqui será mantida.
Anne pode ver a sinceridade nos olhos vermelhos de sua senhora. Levou
uma das mãos ao peito, com o ritmo de seu coração batendo apertado.
– Queres vir comigo? – Dária estendeu a mão para ela ao olhar para o
quarto.
– Eu posso? – Os olhos da jovem se iluminaram com a possibilidade de
retornar à cama de sua senhora. – O lorde não se incomodará?
– Aposto que não.

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Aron estava sentado sobre a cama com a badeja no colo, comendo


vagarosamente um biscoito enquanto observava a serena luz cálida do lustre
no teto do quarto, quando viu Dária entrar acompanhada pela criada.
Anne estava visivelmente mais calma. Com os olhos castanhos
arregalados e as pupilas dilatadas, tornando-os ainda mais escuros, havia
deixado a raiva de lado e agora fitava o homem na cama com curiosidade.
Era a primeira vez que via sua senhora com um lorde e decerto esse deveria
ser especial. Percorreu cada centímetro dele com o olhar curioso e conteve
um suspiro. Ele é lindo!, exclamou em pensamentos. Ainda que se sentisse
atraída por mulheres, as curvas e as retas perfeitamente harmônicas que
compunham o corpo, alguns detalhes sutis como os cílios grossos e
cumpridos, quase femininos, e os lábios carnudos, que ela sentiu vontade de
morder, e os ombros largos juntamente com as mãos grandes dando o toque
másculo certo, tornavam-no uma das criaturas mais belas que a moça já havia
visto na vida.
– Não ouses machucá-la. – Dária lançou um olhar sério para Aron em
meio a um sutil sussurro.
– Eu não vou. – O íncubo abriu um largo sorriso ao se dar conta do que a
vampira pretendia. Não conteve alegria por ela permitir a participação dele.
Às pressas, tirou a badeja do colo e a colocou ao lado da cama, sobre o
rústico criado mudo cheio de entalhes comuns na moda da época, afastando o
abajur vermelho sobre ele para o lado.
A criada assistiu Dária se ajoelhar sobre a cama, ainda com o volumoso
vestido de saia preta rendada, e engatinhar na direção do belo homem, a fim
de retomar o beijo que Anne havia interrompido instantes atrás, e dessa vez
não sentiu raiva ou um aperto no peito, apenas uma pontada de inveja:
gostaria de poder beijar a dama também. Ainda tremendo um pouco, com um
misto de nervosismo e receio de ser recriminada, segurou a barra da saia
creme, um pouco mais modesta do que a da vampira, mais ainda assim feita
com tecidos finos, embolando-a nos dedos úmidos pelo suor frio e então
subiu na cama, atraindo o olhar de ambos para ela.
Aron estendeu uma das mãos, a fim de tocar o rosto macio da moça. Anne
arregalou os olhos e curvou o corpo para trás em reflexo pelo susto. Mas logo
cedeu ao toque cálido e gentil. A mão macia, delicada, sem calo algum,
percorria seu rosto de uma extremidade a outra, provocando um calor
incomum, sedutor, fazendo com que a jovem fechasse os olhos, entregando-
se à deliciosa sensação. Pela primeira vez seu corpo ardeu de desejo por um
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homem, o que foi inesperado. Com o canto de olho observou se a sua senhora
não estava incomodada com aquilo, entretanto Daria abriu um sorriso que fez
com que a criada perdesse completamente qualquer inibição.
Com a mão livre, Aron puxou o cabelo ruivo da vampira para trás,
deixando exposto o pálido pescoço esguio, para em seguida beijá-lo e
mordiscá-lo com todo o desejo.
Dária gemeu, suspirando. Fechou os olhos e mordeu o lábio inferior ao
sentir a saborosa sensação dos beijos e mordidas em seu pescoço. As carícias
de Aron a levaram à loucura, porém teve que se conter para não o arranhar ou
mordê-lo e não expor a si mesma para a criada.
Os beijos cessaram e Dária abriu os olhos a tempo de ver o íncubo girar a
cabeça na direção de Anne. Resmungou baixinho, sentindo uma pontada de
ciúmes, mas se conteve. A criada estava ali a convite dela.
A mão do lorde deslizou por seu rosto, dos seios até a base da cintura
pequena e frágil. Anne arregalou os olhos quando o homem a puxou para
junto dele e beijou de maneira inapropriada a elevação dos seios sobre o
decote. Entretanto, foi tão bom que ao invés de reprimi-lo a moça suspirou.
Curiosa, levou as mãos até os sedosos cabelos negros, eles eram tão bem
cuidados... Gemeu de leve quando os dedos ágeis do homem começaram a
desamarrar seu espartilho, logo a deixando nua da cintura para cima. Ela
arqueou o corpo, jogando a cabeça para trás, enrubescendo levemente quando
a ponta de seus seios enrijeceu com a brisa fresca da noite chocando contra
eles. Foi como se uma corrente elétrica percorresse cada parte do seu ser,
fazendo-a vibrar. Quando Aron abocanhou com vontade um dos mamilos, o
gemido alto da criada foi capturado pelos lábios suculentos da vampira.
Anne não se permitiu fechar os olhos, não queria perder de vista um único
segundo daquilo. Fitava o belo casal com ela, enquanto era elevada a um
novo patamar de prazer. Sentia-se queimar, o fogo que Dária provocava nela
se tornando mais intenso a cada toque das línguas. No momento em que
sentiu o homem chupar com vontade um dos seus seios e cobrir o outro com
a mão grande, apertando-o, nem mesmo o intenso beijo trocado entre ela e
Dária foi capaz de reprimir o grito que saiu do fundo de sua garganta.
Dária agarrou o cabelo castanho e cacheado da jovem, embrenhando seus
dedos finos e delicados em meio aos cachos cumpridos e perfeitos. A forma
como Anne gemia e se contorcia em meio aos beijos e carícias feitas por
Aron deixou a vampira feliz.
A criada tremeu quando o lorde deslizou as mãos até a sua cintura e
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começou a remover as saias. Nunca fizera aquilo antes, no entanto, assim que
ele sugou outra vez o mamilo sensível, Anne arfou. Já que Dária a estava
incentivando, não ia fazer mal algum experimentar.
A vampira empurrou Aron contra a cama, fazendo-o se deitar sobre a
almofada vermelha e confortável. Então retirou as saias de Anne, que
resmungava baixinho pelo estímulo em seus seios ter parado, mas logo
gemeu com a dama jogando os cabelos ruivos para trás e curvando-se para
beijá-la no pescoço.
De olhos fechados, entregue ao delicioso caminho de beijos que lhe
provocava gemidos e calafrios, Anne acariciou os ombros delicados de Dária,
que ficavam expostos pelo espartilho. Seu corpo estava tão em chamas que
nem mesmo notou a pele fria, ou mesmo se questionou sobre ela como
costumava fazer.
Deitado sobre a cama, Aron observou as duas belas mulheres se tocando.
Ainda que seu corpo ardesse de vontade e seu pênis visivelmente pulsasse
com uma vontade própria, ele esperou pacientemente até que elas o
convidassem outra vez. Com o olhar atento, observou Anne, com a lenta
velocidade humana, desamarrar as fitas que prendiam o espartilho de Dária.
Contorceu-se na cama em agonia, a demora era angustiante. Quando
finalmente os lindos mamilos rosados ficaram à mostra, sua boca salivou,
enchendo-se de vontade.
– Espera! – Dária fez um gesto, quando com o canto de olho, observou
Aron insinuar que se levantaria.
A contragosto, o íncubo permaneceu imóvel. As duas voltaram a se beijar
e o lorde pensou que não se aguentaria. Dária é excelente em me torturar,
praguejou em meio a um suspiro, quando desejou que suas mãos estivessem
no lugar das da criada, percorrendo cada centímetro daquele sedutor corpo
pálido. Logo ambas estavam nuas, tocando uma a outra, visivelmente
excitadas, gemendo, e Aron agarrou a cama, torcendo os lábios para conter o
protesto.
Dária gritou alto, arfando, quando Anne levou as mãos até meio de seus
corpos, deslizando-a pelo ventre, até penetrá-la com um dedo. Estava tão
molhada. Foi inevitável não rebolar em meio ao estimulo íntimo. De olhos
fechados, a ruiva sentiu seu cabelo ser colocado para o lado e os lábios
quentes do íncubo beijarem a base de seu pescoço. Ele não resistiu, Dária
pensou assim que o corpo másculo encostou em suas costas.
Com os três de joelhos sobre a cama. Anne observou a dama pender a
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cabeça para trás, apoiando-a sobre o ombro do homem atrás de si, enquanto
seus olhos estranhamente vermelhos giravam na órbita em meio a gemidos
cada vez mais intensos.
Aron enfiou uma de suas mãos frias por entre as pernas distanciadas de
Dária e gentilmente tirou o dedo de Anne que penetrava a vampira para então
esfregar seu pênis rígido na vagina da vampira, ainda sem penetrá-la.
Agarrou os quadris dela fazendo um esforço tremendo para não se enfiar de
uma vez.
– Faça logo! – Dária ordenou, sentindo a inebriante presença do membro
rígido entre suas nádegas, na região pulsante e formigante entre as suas
pernas.
O pedido ensandecido foi tudo que o íncubo precisava para deslizar para
dentro dela. Mordeu o pescoço de Dária, a fim de conter o gemido quando a
umidade dela o envolveu. Entretanto, quando a vampira rebolou contra o seu
corpo, esfregando a bunda redonda contra sua pélvis fazendo-o entrar ainda
mais fundo, os músculos fortes de Aron se contraíram e foi impossível conter
o gemido. A vampira era a sua perfeita definição de céu e inferno, pois nada
poderia pegar tanto fogo e ser tão glorificante ao mesmo tempo.
O prazer evidente nos olhos de sua senhora fez a curiosidade de Anne
sobre o que o homem poderia proporcionar se tornar ainda maior. Mas teria
que ser paciente, pois agora ele estava ocupado. Deslizou as pontas dos dedos
pela pele de Dária, da base do pescoço, contornando os seios fartos. À
medida que a acariciava via o prazer ditado pelo movimento de vai e vem
feito pelo homem se tornar ainda mais intenso.
– Contenha-te. – Aron segurou firme os quadris da vampira reduzindo a
velocidade de seus movimentos. – Não podemos ir tão rápido com ela aqui. –
Sussurrou ao pé do ouvido antes de morder de leve a orelha dela.
– Achas que assim fica mais fácil? – Dária murmurou em meio a um
gemido ensandecido. Lembrá-la de que Anne não podia ver o quanto eram
sobrenaturais juntos não ajudava a se conter. Era uma tarefa penosa conter o
rebolado ou se mover mais devagar à medida que o membro do íncubo a
estocava.
Ao perceber que não conseguiria mais se conter, a vampira o empurrou
para longe, forçando-o a sair dela. Com a respiração ofegante, apertando as
próprias coxas, convenceu-se de que Anne também precisava de sua atenção.
– Deita-te. – Dária pediu à moça.
– Eu posso? – Hesitante, Anne apontou para Aron.
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O íncubo e a vampira trocaram olhares. Então Dária sorriu, fazendo a


moça respirar aliviada. Tinha muito medo de ser recriminada. Afinal, o
homem era da sua senhora.
– Sejas gentil. – A dama acariciou o rosto dele.
Aron de imediato entendeu o que aquilo significava. A moça ainda era de
certo modo virgem. Não deveria se vender como as demais no salão abaixo
deles, era claro o apreço que a vampira tinha por ela. Gentilmente ele a tomou
nos braços e deitou-a sobre a cama.
– Tens certeza? – Com os olhos fixos nos profundos amendoados dela,
quis se certificar antes que fosse tarde demais para voltar atrás.
Anne apenas balançou a cabeça, surpresa com o quanto estava à vontade
perante ele, os homens lhe causavam repulsa até aquele momento. Mas a
beleza, a serenidade e o calor presentes nele haviam lhe despertado desejos
desconhecidos. Abriu as pernas devagar, sem desviar o olhar do rosto do
íncubo, o suficiente para que ele pudesse se encaixar entre elas.
Com um tapa sobre a cama, Aron convidou Dária a se deitar ao lado de
Anne. Daquela forma poderia dar atenção às duas. Então, curvou-se sobre a
moça, deixando seu membro roçando a entrada da vagina coberta por
cachinhos. Ela era tão delicada, nem de perto o espirito selvagem de Dária.
Lembrou-se das virgens puras de quem costumava se alimentar e se
esforçaria para fazer daquele um momento memorável.
O beijo cálido com qual ele a rendeu aumentou ainda mais o desejo. Anne
gemeu quando o corpo pesado pousou sobre o seu. Em meio a toques
intensos, em todas as partes do corpo dela, até as mais inapropriadas, Aron se
esforçou para deixá-la tão louca de desejo que romper a barreira dela fosse a
coisa menos dolorosa possível.
Anne tremia de prazer, sabia que estava se abrindo sem pudor para aquele
homem que vira poucas vezes. Buscou os olhos de Dária, querendo se
certificar de que ela ainda aprovava aquilo, e o sorriso gentil que recebeu em
reposta fez seus temores parecerem tolice. O homem a beijou na base do
pescoço antes de apoiar uma das mãos sobre a cama e entrar no corpo dela.
Ao encontrar a barreira que a protegia, penetrou com ainda mais afinco,
roubando o gritinho de dor com um beijo.
De repente, Anne se esqueceu de qualquer dor, pois esta deu lugar a uma
intensa enxurrada de prazer maravilhoso correndo pelas suas veias. Uma
sensação que a fazia gemer sem parar. O íncubo se mexeu de dentro para
fora, enquanto instintivamente a criada agarrava a cintura dele com as pernas.
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Os gemidos altos e incontroláveis de Anne que tomaram o quarto fizeram


Dária rebolar inquieta na cama, e a forma como ela quase implorou pela sua
atenção fez Aron se inflar, vaidoso. Com uma das mãos servindo de apoio, o
lorde levou a outra até o meio das pernas de Dária e, sem hesitar, penetrou-a
com dois dedos, fazendo-a arfar e se remexer de prazer sobre a cama.
A presença dos dedos do íncubo não se comparava à deliciosa sensação de
preenchimento pelo pênis dele, mas Dária se contentaria por hora. Haviam se
esvaído nessa dança erótica boa parte da noite passada. Contudo, depois que
havia cedido, bastava olhar para ele para se sentir úmida. Maldito íncubo, por
ser um deus do sexo.
Aron se movia com a rapidez de precisão, suspirando a fim de se conter
até que Anne pudesse experimentar seu primeiro orgasmo daquela forma.
Beijava e mordiscava o pescoço e os lábios da moça a cada vez que deslizava
para fora e investia outra vez, arrancando gemidos altos que intensificavam
ainda mais o prazer do íncubo.
Quando os estímulos e carícias provocaram uma deliciosa sensação de
prazer formigante que correu pelas veias da moça, ela apertou ainda mais as
pernas contra a cintura do homem, e inebriada, gritou alto.
Assim que Dária se deu conta que Anne havia terminado por hora,
revogou o direto ao íncubo. Com um olhar lascivo e o cabelo ruivo
bagunçado por tanto se contorcer na cama, ela empurrou Aron forçando-o a
se deitar na cama outra vez.
Anne estava tão entorpecida que nem se deu conta do lorde ter sido
arrancado dela.
– Vais montar em mim? – Aron sorriu ao acariciar os seios de Dária
enquanto ela subia sobre seus quadris.
Dária nada disse, apenas gemeu, passando as unhas sobre o peito másculo
de Aron no momento em que seus corpos se uniram outra vez.
– Tenhas calma. – O lorde gemeu enquanto ela começava a ditar o ritmo.
– Anne está dormindo. – Dária rebolou de forma mais intensa contra os
quadris dele, arrancando um gemido alto e fazendo com que o íncubo
agarrasse suas nádegas, apertando com força.
Num ritmo acelerado, só deles, a vampira não tinha mais porque se conter.
Em meio a gritos e gemidos, atingiram o orgasmo juntos. Dária sentiu os
músculos de Aron contraírem e relaxarem, mas perdida em seu próprio prazer
pouco notou o líquido dele a banhando. Caiu exausta sobre o peito másculo,
embalada pela respiração urgente do íncubo.
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– Preciso ir agora. – Aron acariciou o cabelo de Dária ao sair de baixo


dela.
– Fica! – Ela choramingou ao segurar com a mão gélida o braço do
íncubo, forçando-o a encará-la.
– Eu prometi ajudá-la com os caçadores. – O lorde notou a brisa fresca da
noite passando por entre as pesadas cortinas que cobriam as janelas, sinal de
que o tempo já havia avançado madrugada adentro.
– Eles são perigosos. – Dária tremeu ao constatar a preocupação que
sentiu com a possibilidade do íncubo sair ferido.
– Eu posso lidar com isso. Como Elzor disse, eles não estão preparados
para lidar comigo. E não os enfrentarei por hora, apenas descobrirei onde se
escondem para juntos darmos um fim neles.
– Está bem. – Dária assentiu, deixando-o ir. A possibilidade de Aron se
ferir a assustou mais do pode imaginar. No entanto, buscou respirar fundo,
ele não faria nada estúpido. Esperava que não...

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Capitulo 24

– Aron! Esteves por dois dias fora de casa, eu estava preocupada. – Isabel
estava de pé no meio da sala, com os braços erguidos, gesticulando como
uma aranha furiosa, o que fez o lorde conter o riso.
– Menos, pequena irmã. Nem mesmo Beatrice se preocupa tanto.
– E desde quando nossa mãe se preocupou com algo? – Natasha apontou a
cabeça do emaranhado de cobertores num dos sofás da sala.
Aron riu baixinho. Suas irmãs não se continham.
– Vão encontrar alguém também.
– Minha última conquista jaz no nosso quintal. – Natasha deu de ombros.
– Qual a última vez que treinaram? – O olhar do íncubo agora era sério.
– Como assim? – Isabel arqueou as sobrancelhas, sem entender a pergunta
do irmão.
– Precisarei de ajuda...

O duque estava de pé junto ao batente da porta da sala. Ansioso, olhou


para o refinado relógio de bolso em suas mãos. Eu mesmo deveria ter ido.
Deixar nas mãos de suas irmãs uma tarefa tão importante quanto descobrir o
paradeiro dos caçadores que ameaçavam a vida de sua amada no momento
lhe pareceu uma péssima ideia.
No momento em que a carruagem foi vista ao longe, adentrando os
portões de ferro da propriedade, sob os sutis raios de sol da primavera, o
coração de Aron disparou no peito. Ansiedade era algo terrível e por um
momento morreu daquele mal.
Assim que o transporte parou, o íncubo não esperou que o cocheiro
descesse e abrisse a portinhola de madeira para as damas, fazendo isso ele
mesmo.
Isabel percebeu o olhar de quase desespero no rosto do irmão e acabou
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sentindo-se agoniada também. Decerto a ameaça a vida da vampira parecia


ter roubado o sossego do nobre.
– Tenhas calma. – A súcubo tentou amenizar a expressão dele.
– Nós os encontramos. – Natasha saiu logo atrás da loira.
– Como?
– Nada que um charme feminino não faça. – A morena sorriu, jogando o
cabelo para o lado.
Aron torceu os lábios com o convencimento da irmã.
– Onde estão?
– Espalhados pela cidade, mas à noite eles se reúnem nas catacumbas
abaixo da catedral de São Paulo.
– Solo sagrado. – O íncubo praguejou baixinho.
– E qual o problema? – Isabel curvou as sobrancelhas e estreitou os olhos,
confusa. – Nós não somos amaldiçoados.
– Nós não, mas os vampiros são, Dária é.
– Ah, Aron! – A voz de Isabel soou trêmula. – Tem uma coisa, que talvez
não saibas. Eles estão aqui atrás dela.
– Mas é claro. – O duque gargalhou.
– Não, irmão, não entendestes. Eles possuem ordens expressas para
capturar ELA. – A loira foi mais incisiva. – Os caçadores não sabem ao certo
quem está no comando, entretanto é alguém da alta cúpula da ordem.
– Não fazia ideia que existissem caçadores tão bem coordenados atrás de
vampiros pelo mundo. – Natasha pensou alto. – Ainda bem que não estão
atrás de nós.
– Quantos eles são? – Com a ameaça indiscutível à vida de Dária, Aron
estava ainda mais convicto a dar um fim naquilo. Só de lembrar do temor nos
olhos dela diante daqueles caçadores, um arrepio percorreu sua espinha.
– Depois de alguns abates, uns trinta.
– Vamos invadir a reunião deles à noite. – A voz do íncubo era firme.
– O QUÊ?! – Natasha arregalou os olhos, incrédula. – Estás perdendo a
cabeça, meu irmão?
– Irão me ajudar ou não? – Ele cruzou os braços ao redor do corpo,
irredutível.
– Trinta contra três, a desvantagem sempre me excitou. – A morena
gargalhou, debochada.
– Nós vamos, Aron. Apesar de eu achar isso doentio e suicida. – Isabel se
voltou para o irmão ciente de que ele não mudaria de ideia. – Além disso, ela
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pode ficar furiosa contigo.


– Estou tentando protegê-la. – O íncubo deu de ombros. Por mais claro
que Dária já tivesse deixado que tinha autonomia para fazer as coisas por ela
mesma, aquela situação não era algo onde Aron poderia lhe dar esse luxo.
Qualquer deslize poderia fazê-lo perdê-la e não conseguiria passar a
eternidade com aquilo.

A noite já havia caído sobre Londres e a névoa densa, costumeira na


cidade, se acumulava na distância de um metro até o chão. Aron estava de pé
diante da carruagem, colocando algumas espadas e garruchas para dentro.
Seria uma tarefa fácil: entrar lá, matar os caçadores e retornar para os braços
de sua vampira. Ou assim pensava.
– Estavas pensando em fazer isso sem mim? – A voz suave e musical da
vampira cortou o silêncio da noite.
– Dária! – O íncubo a buscou com o olhar até fitá-la, escorada sobre a
estrutura de madeira da carruagem, com os olhos vermelhos fixos nele, os
braços cruzados, apertando os seios roliços.
Aron passou a língua sobre os lábios, saboreando a visão. Concentra-te,
esse não é um momento apropriado.
– Onde eles estão? Por que não contastes a mim? – A vampira não estava
mais tão gentil como quando rebolava sobre ele.
– Estou tentando protegê-la. – Aron deslizou os dedos pela superfície fria
do sedoso rosto pálido.
– Eu não preciso disso. – Dária puxou a mão dele para longe de maneira
grosseira. – Os homens, como sempre tentando controlar tudo.
– Eles estão na Catedral de São Paulo, nãos podes entrar lá. – Aron
mordeu os lábios para não rosnar para ela. – Cinco caçadores quase a
machucaram. Imagine só dezenas deles! Dária... – o lorde a envolveu com os
braços firmes, tendo menos resistência ao toque desta vez. – Eu a amo, não
vou permitir que a machuquem. – Dizer aquilo ficava mais fácil a cada vez e
fazia-o ter mais certeza. – Isabel disse que estão atrás de ti. Tens alguma
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ideia?
– Por eu ser um dos antigos. – A dama ajeitou o colarinho do casaco dele,
ficando mais calma. Mesmo que ficar fora de algo estritamente ligado a ela a
deixasse irritada pelo sentimento de impotência, diante de Aron sentia como
se tudo fosse diferente. Confiar nele já não era mais tão difícil assim.
– Creio que seja algo além disso. Mas elas, assim como eu, não fazemos
ideia. Apenas mantenha-se segura. – O íncubo beijou-a no pescoço, fazendo-
a curvar a cabeça para trás, completamente entregue ao toque.
– Vamos, Aron. – Isabel e Natasha passaram por ele e entraram na
carruagem. – Não temos a noite toda.
Dária segurou o braço do duque, forçando-o a fitá-la outra vez. A troca de
olhares foi tão intensa que fez as súcubos se arrepiarem.
– Tomes cuidado! Também me preocupo contigo.
– Irei. – O lorde a beijou rapidamente, apenas o breve toque dos lábios foi
capaz de carregar todo o sentimento de aflição e ambos. – Fiques segura até
que eu retorne.
A vampira assentiu, soltando o braço dele e permitindo que ele entrasse na
carruagem. Com o peito apertado, assistiu-o dar um sinal para que o cocheiro
os levasse até o local indicado. Deixar parte do seu destino nas mãos daquele
homem foi mais fácil do que imaginava ser. Ainda que tremesse de
preocupação, esta se devia mais a segurança do íncubo do que a sua própria.

Olhando para fora da carruagem, Aron observava a rua, com as pessoas


transitando por ela a pé, em carruagens, ou nos poucos carros que
começavam a surgir na capital britânica. Perdido em si mesmo, em sua
própria caixa de pensamentos, nem notou que suas irmãs estavam usando
uniformes de esgrima, uma roupa que as permitiria lutar melhor do que os
volumosos vestidos ditados pela moda.
Logo o fim do trotar dos cavalos o despertou. Em meio ao badalar dos
sinos marcando onze da noite, o lorde pulou da carruagem e sacudiu a roupa.
Aron estava de pé diante da estátua da rainha Anne, na frente da bela
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catedral, um dos orgulhos da capital britânica, feita aos moldes da Basílica de


São Pedro em Roma, num estilo predominantemente barroco e renascentista.
– Que belo lugar para se esconder, não é? – Natasha comentou, rompendo
o silêncio e lembrando o íncubo de que não estava sozinho.
– Não sei se gostaria de ficar aí não, lugares como esse me dão arrepios. –
Isabel tremeu o corpo fechando a cara.
– Vamos fazer logo o que viemos fazer e sair daqui. – A voz de Aron era
firme e distante. Ele caminhou para a entrada da igreja. Subiu a passos
rápidos a escadaria, passando por uma das entradas laterais, deixada
semiaberta, talvez por um dos caçadores. Não se perdeu observando a bela
arquitetura do local, assim como fizeram as suas irmãs. Nunca estiveram ali,
ainda que por terem pai humano não fossem amaldiçoados como os demais
demônios, não se posicionavam de lado algum naquela causa. Entretanto,
pela quantidade de mortos em suas listas, não deveriam ser bem-vindos numa
igreja.
O duque desceu por uma escada na lateral de um corredor comprido. Com
uma placa indicando a proibição da entrada de turistas, era a passagem para
as tumbas da igreja. Tudo estava em completo silêncio, se não fosse pelo som
dos passos dele e de suas irmãs pisando no chão. Lá o piso de terra não
possuía o mesmo acabamento sofisticado do interior da igreja. Passaram pela
cripta de Christopher Wren, a primeira pessoa enterrada na igreja, em 1723.
Isabel, ainda hipnotizada pelo lugar, contornou com os dedos a escrita
acima dela: LECTOR, si monumentum requiris, circumspice. Quando a dama
se deu conta, seu irmão já havia desaparecido de sua vista e logo correu até
ele, pela forma como Aron estava lhe pareceu uma péssima ideia deixá-lo
sozinho. Ainda mais quando iam para aquela missão suicida.
Logo observaram uma luz vindo de alguns metros à frente e os três irmãos
se esconderam nas sombras a tempo de ver um caçador passar por eles. As
súcubos estavam certas, era aqui que se reuniam. À medida que se
aproximavam, andando junto à parede fria que lembrava a de uma caverna, o
silêncio mortal deu lugar a uma enxurrada de murmúrios. Permaneceram
quietos, o elemento surpresa era a melhor arma que possuíam no momento.
Escondido atrás de uma parede, Aron se aproximou o bastante para ver o que
acontecia lá.
Num pequeno salão repleto de túmulos requintados, destinados a
personalidades importantes na história inglesa, dezenas de homens se
reuniram sob a cálida luz de tochas. Eles usam as mesmas roupas brancas e
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tinham a mesma tatuagem de cruz no rosto que os que Aron enfrentara com
Dária. Estavam ali, eram eles, bastava ser ágil e rápido, que o íncubo logo
poderia voltar para os braços da vampira.
– Sejam cuidadosas. – Aron olhou para as irmãs ao sacar a espada que
estava em uma bainha presa junto às suas costas. Pela primeira vez o íncubo
viu algo de útil nos treinamentos que fazia com o pai quando era menino.
Isabel e Natasha não estavam tão confiantes quanto o irmão. Eles eram
humanos, mas ainda assim estavam em um número esmagadoramente maior.
Assistiram Aron caminhar na direção dos alvos e surgir atrás de um caçador,
cortando-lhe a cabeça com a espada afiada sem que esse se desse conta do
que havia acontecido.
O som abafado e grave da cabeça caindo ao chão e rolando por alguns
metros até parar junto ao pé de outro caçador, fez com que os demais homens
se virassem na direção dos intrusos. Com os olhos arregalados e a boca
aberta, surpresos por terem sido encontrados ali, sacaram rapidamente suas
armas. Diante do corpo de seu companheiro, os caçadores não se deram ao
trabalho de perguntar quem eram aqueles três antes de investirem contra eles.
Com uma pequena arma nas mãos, de cano curto e um único tiro, Isabel
atirou no primeiro homem que partiu para cima dela. Com as mãos trêmulas a
dama deixou a arma cair no chão em reflexo ao coice causado pelo disparo. O
som ofuscou os gritos, enquanto o homem atingido caia de joelhos no chão e
uma mancha vermelha se formava no peito da túnica branca. Pela pouca
experiência com armas, a súcubo não havia ido tão mal.
Aron se desviou de uma adaga com punho em forma de cruz lançada em
sua direção. No entanto, foi atingido de raspão no braço pela espada de outro
caçador que investia contra ele. Quando o íncubo percebeu a manga rasgada
do paletó, esse era seu menor problema: havia cerca de doze homens
cercando o íncubo. Ao fitar os olhos de cada um deles, Aron viu a vontade de
matar que o próprio lorde possuía ao entrar ali. Com o ar pesado do ambiente
sem janelas, Aron revelou-se outra vez, no tempo exato para que suas asas o
protegessem das espadas afiadas de seus inimigos. Furioso, abriu-as, jogando
todos eles para longe.
Os caçadores ficaram estupefatos diante da monstruosa imagem de três
demônios. Ó meu Deus! Como entraram aqui? Todos deram um passo para
trás em um misto de surpresa e choque. Nunca haviam visto algo como os
três irmãos diante deles. O corpo deles tremeu diante do horror.
A breve baixa na guarda provocada pelo susto lhes custou a vida, pois
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Aron e suas irmãs não perdoaram o descuido, e quando os caçadores


perceberam, mais três deles foram decapitados por Natasha e as pontas das
asas de Isabel empalaram outros dois.
Os homens restantes ainda eram muitos e o juramento feito a Deus, de
proteger o mundo dos demônios, deu-lhes uma força inimaginável para
contra-atacar. Com as espadas em punho e cantando cantos de louvor como
um coral, fazendo com que suas vozes ecoassem opressivas pelas paredes da
tumba, investiram todos de uma vez contra os três irmãos.
– Adoro uma desvantagem. – Natasha caçoou ao dar um tiro, atingindo um
dos caçadores. Empolgada, balançou suas asas ao redor de seu corpo esguio.
A sutil brincadeira a deixou mais calma diante de tantas armas e inimigos.
Aron se desviou de um golpe de espada, curvando seu corpo para trás, e
fez com que o caçador atingisse a parede. Em contrapartida, ergueu a ponta
da asa esquerda, atingindo o homem no peito com um golpe certeiro.
O íncubo não teve tempo de comemorar o abate, pois logo foi golpeado
com uma estaca no peito. Uma dor aguda, inegável, irradiou do lugar atingido
e o fez urrar. Entretanto, Aron arrancou a estaca em um único movimento e a
jogou longe. Não era um vampiro, tal golpe não o mataria. Em seguida,
agarrou aquele que o havia o atingido pelo pescoço, com sua força sobre-
humana bateu a cabeça do homem contra a parede, ouvindo o som dos ossos
do crânio sendo estraçalhados.
Os demais olharam estupefatos para o buraco no peito do homem, vendo
que ele se fechava instantes. Como diabos matariam aquela coisa? Naquela
altura eles eram apenas dez e os corpos de duas dezenas jaziam brutalmente
massacrados jogados pelo chão.
Isabel torceu a cabeça de um deles com a sua cauda, fazendo com que o
pescoço quebrasse em um golpe rápido. Estar ali fora uma péssima ideia,
contudo a chacina tinha se mostrado algo um tanto divertido. A forma
desesperada como os caçadores tentavam lutar contra os irmãos deixava claro
que aqueles coitados homens nunca haviam ouvido falar de criaturas como
aquelas.
Natasha estava cercada por três, avaliando-a, buscavam uma forma de
parar aquela mulher demoníaca. A súcubo gargalhou ao limpar uma gota de
sangue em seu belo rosto parcialmente encoberto pelas sombras densas
formadas pela pouca luz das tochas. A dama, que sempre gostara de se sentir
poderosa, estava adorando aquilo, vibrando com o medo e o desespero deles.
Poderia ter acabado com os caçadores que a cercavam com apenas um
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movimento, mas os esperou pacientemente, para mutilar e matar de forma


dolorosa cada um deles.
– Isso é engraçado. – Natasha gargalhou.
Minutos depois só restava um caçador de pé, com a espada em punho e
coberto pelo sangue dos outros, assim como suas roupas. A morena partiu
para cima dele, porém foi interceptada pelo irmão. Aron segurou a espada no
ar, impedindo que ela atingisse o caçador.
Natasha rosnou a contragosto, irritada.
– Eu iria matá-lo.
– Preciso de algumas respostas. – Aron segurou o homem pelo pescoço e o
arremessou contra a parede atrás dele. – Queres morrer rápido ou sentir toda a
dor que posso lhe proporcionar? – O olhar do íncubo coberto de sangue era
ameaçador como o de uma besta.
O caçador engoliu em seco, tremendo, amedrontado. Olhou da cabeça aos
pés o terrível demônio com chifres pontudos e asas saindo das costas. Soube
quando fitou os olhos esbranquiçados que aquela criatura não teria pena de
sua pobre alma.
– Onde está o teu mestre? – Aron rosnou ao furar um dos ombros do
homem com a ponta da asa direita, que o atravessou até fincá-lo na parede. –
O que eles querem com a Dária?
– Eu não sei.
– Natasha, me dê a arma. – Aron estendeu a mão para a irmã, que atendeu
ao pedido, tirando a última arma carregada que tinha junto ao corpo. –
Perguntarei outra vez, posso ficar aqui a noite inteira se assim quiseres. Onde
está o teu mestre? – O íncubo disse pausadamente a última frase, tomado pelo
ódio. Não iria permitir que se aproximassem de Dária outra vez.
O homem balançou a cabeça em negativa e sem pensar duas vezes o
duque atirou contra o pé do caçador, fazendo-o urrar de dor. As balas daquela
época provocavam uma dor lacerante que deixou o homem gemendo,
sufocado.
– Aron... – Isabel tocou o ombro do irmão, sentindo-se agoniada com
aquilo. Uma coisa era terem matado aqueles homens, outra era assistir um
deles ser brutalmente torturado. – Por favor, deixes que eu arranco as
informações dele de uma forma mais gentil.
O íncubo olhou com o canto do olho para a irmã e não se opôs a atitude
dela, permitindo que tentasse. Isabel ajoelhou-se ao lado do homem, havia
deixado sua forma de demônio e agora não parecia nada além de uma bela e
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doce mulher. Ela tocou gentilmente o rosto do caçador, forçando-o a encará-


la.
– Querido, onde podemos encontrar teu mestre?
O caçador sentiu um calor incomum irradiar da região tocada e dominar
todo o seu corpo, levando consigo a dor insuportável. Logo ele se deu conta
de que faria qualquer coisa por aquela mulher.
– Ele veio da Itália e está hospedado na casa do lorde Cooper, o quinto
marquês de Humber.
– Obrigada, querido. – Isabel tocou o homem nos lábios por um breve
instante, tomando toda a sua atenção, e quebrou o pescoço dele em um
movimento rápido para que esse nem mesmo se notasse o que havia
acontecido.
– Isabel tão sem graça. – Natasha torceu os lábios ao cruzar os braços. –
Estava adorando ver Aron bancar o Jack estripador. A propósito, ele era um
vampiro, não é? – Ela franziu as sobrancelhas, pensativa.
– Vamos embora. – Aron não deu a mínima atenção para os
questionamentos tolos da irmã e virou as costas para ela.

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Capítulo 25

– Todos os caçadores estão mortos.


A aurora já tingia o céu de alaranjado quando Aron abriu a porta do
escritório de Dária de uma vez, fazendo com que a vampira que jazia perdida
em seus pensamentos tomasse um leve susto.
– Estás bem? – A ruiva se atirou nos braços de Aron, para só depois
perceber o cheiro do sangue que banhava a roupas dele.
Os lábios do íncubo se curvaram em um sutil sorriso quando ele percebeu
toda a preocupação que vinha dos olhos vermelhos de Dária.
– Ficarei bem. – Riu. – Preciso de apenas um bom banho e algumas horas
de descanso.
– Eles te machucaram? – Dária abria o paletó do nobre em busca de
qualquer ferimento. Havia algumas vermelhidões na pele dele, talvez sinais
de machucados se cicatrizando e um ainda bem evidente no peito, ainda em
carne viva, fora muito profundo. A vampira se sentia agoniada, suas mãos
pequenas e pálidas visivelmente tremiam pelo desespero. ERA MINHA
CULPA!, brigou consigo mesma em pensamentos, tê-lo deixado ir sem ela no
momento lhe pareceu um erro.
– Enfiaram uma estaca no meu peito, mas eu estou bem. – Aron segurou o
rosto dela com as duas mãos, forçando-a a encará-lo sem desviar o olhar.
– Alimentes-te de mim.
– Estou coberto de sangue, preciso de um banho. Depois disso adoraria
fazer amor contigo. – O lorde roçou seus lábios nos da ruiva, deliciando-se
com a suave sensação da pele fria dela. Foi a primeira vez que Aron se referiu
ao sexo daquela forma.
– Vou providenciar um banho para ti. – Dária passou os dedos pelo rosto
dele e desapareceu como uma brisa.
O duque esperou escorado na parede por alguns minutos até que ela
retornasse. A vampira estava lhe dirigindo um carinho e atenção que, na
primeira vez que olhou nos olhos dela, jurou ser impossível. Entretanto, as
vezes em que ficou furioso pelo desprezo lhe pareceram valer a pena.
Batendo os dedos contra o seu antebraço um tanto dolorido, riu das peças que
a vida era capaz de pregar. Quem diria que a simples visão de uma mulher
mudaria todos os seus propósitos. Antes de Dária, dar a vida por alguém que
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não fosse as suas irmãs o faria gargalhar e a possibilidade de abandonar o


estilo boêmio seria vista como um ultraje. O engraçado era que o íncubo se
sentia mais feliz do que nunca...
Em meio a um arrepio, Aron abriu os olhos e o fato de que alguém ainda a
caçava emergiu em sua mente. O íncubo estalou os dedos das mãos,
apertando-os. Seja lá quem fosse, faria questão de dar a ele uma morte lenta
e dolorosa.
Dária retornou ao quarto e com um sorriso nos lábios puxou-o na direção
do banheiro, despindo-o durante o caminho. Boa parte do sangue ficou nas
roupas deixadas pelo corredor. Felizmente, após rasgar uma meia dúzia delas,
a vampira havia providenciado algumas para substitui-las e deixando-as em
seu closet.
– Não preciso me preocupar mais com os caçadores? – A dama perguntou
quando já estava no banheiro diante do homem nu.
– Matei todos eles. – Aron a garantiu. – E sei onde o mandante se esconde.
– Sabes quem ele é?
– Não, apenas que é italiano.
– Italiano?! – Os olhos vermelhos da vampira se arregalaram, arqueando
as sobrancelhas, e o sangue dela ficou ainda mais gelado quando começou a
soar frio.
– Qual o problema? – Aron tocou o rosto dela por instinto quando a
expressão de susto o fez ficar preocupado.
– Eu nasci na Itália. Meu antigo marido era lorde de Piemonte. – A voz
dela soou trêmula e fraca.
– Dária, não permitas que isso a assombre. Esse homem deve ser alguém
de Roma, do Vaticano, apenas um enviado da igreja atrás de vampiros
antigos.
– Tens razão. – Os músculos da dama relaxaram um pouco.
– Assim que a noite cair iremos atrás dele e daremos um fim nisso juntos.
– Aron enrolou os dedos no cabelo ruivo ondulado e a puxou para um beijo,
desta vez mais cálido do que o anterior.
O vermelho dos olhos de Dária se intensificou quando o desejo ardente
dentro dela urrou mais forte do que nunca. Enquanto ajudava-o a tirar suas
próprias roupas, deu-se conta do medo de que ele se machucasse, ou pior, a
possibilidade perdê-lo para sempre a deixou apavorada. Aron a surpreendia
cada vez mais, pois antes que ele tomasse tal decisão, juraria que fora Elzor,
nenhum outro homem arriscaria sua vida por ela.
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Dária começou a traçar um caminho de beijos pelo pescoço de Aron. A


pele macia e quente dava prazer em tocar. Deixando de lado todas as
possíveis preocupações e ignorando qualquer medo. Ela só queria comemorar
o fato dele ter voltado bem.
– Eu estou coberto de sangue. – O íncubo murmurou com a cabeça
levemente curvada para trás e olhos fechados, entregue à deliciosa sensação
dos lábios dela percorrendo o seu pescoço.
– Realmente pensas que uma vampira achará isso ruim? – Dária lambeu o
sangue nele, ainda úmido, acumulado ao redor do machucado no peito. Era o
sangue do íncubo, de sabor ácido, agridoce e intenso, e a dama se conteve
para não cravar as presas na pele branca. Ele já perdeu sangue demais.
Aron a puxou com ele. Seu corpo formigava, quase implorando por mais
toques da dama. Logo sentaram-se na banheira branca, envoltos por uma
água quente e relaxante misturada a sais de banho. Puxou-a para mais perto,
sentando-a sobre seus quadris, de joelhos, de tal forma que poderiam
continuar o beijo de onde haviam parado. Com a mão molhada, o lorde
envolveu o cabelo ruivo, enrolando-o e puxando-o para trás, deixando o belo
pescoço pálido exposto que ele não hesitou em beijar.
Em meio a um delicioso calafrio, Dária soltou um gemido. A pele estava
em chamas no local onde o duque a saboreava. O pênis rígido do dele roçava
a entrada de sua vagina, mas sem penetrá-la, apenas causando um ardor e
pulsação ainda mais intenso. A ruiva sentiu o desejo varrer seu corpo com
toda a fome voraz que possuía quando ela estava nos braços de Aron. Ela
arqueou o corpo, num pedido mudo, entretanto as mãos do íncubo firmes em
sua cintura impediram-na de se mover.
– Tenhas calma. –Aron sussurrou ao morder a orelha dela, levando-a à
beira da loucura. – Quero saboreá-la por completo.
– Precisas se alimentar. – A vampira protestou, com o seu corpo se
contorcendo sobre o dele pelo delicioso calafrio provocado pela carícia, que
varreu seu corpo.
– Esse tipo de fome pode esperar. – Aron lambeu a ponta do mamilo
rígido, que pela posição estava bem próximo ao seu rosto, para então
abocanhá-lo com força, começando a sugá-lo.
Quando o lorde finalmente parou de brincar com os seios macios, Dária
estava arfando. Naquele momento tê-lo era uma necessidade.
– Aron... – o nome dele escapou em meio a um gritinho agudo. – Por
favor...
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A vaidade do duque se inflou no momento em que ela implorou por ele.


Implorou por tê-lo a preenchendo. Sem mais delongas ele a ergueu pelos
quadris, o suficiente para sentá-la em seu pênis rígido que também pulsava
com a vontade de tê-la. A água ao redor deles não impediu que deslizasse
facilmente para dentro do corpo gélido, ao contrário, tornou tudo ainda mais
prazeroso.
Em meio a um gemido de prazer, Dária mordeu os lábios, enchendo a
boca com o próprio sangue, e agarrou-se ao corpo másculo, enquanto
rebolava e dava leves quicadas contra os quadris do lorde.
Aron agarrou as belas nádegas e ajudou-a com os movimentos quando a
dama se curvou para beijá-lo. O toque dos lábios abafou um pouco os
gemidos intensos causados pela inebriante fricção dos corpos.
Quando o prazer inundou seu corpo, Dária gritou contra a boca de Aron e
acabou morrendo de leve a língua dele. A saliva dela era tão afrodisíaca que o
íncubo nem sentiu dor. Ele apertou os quadris dela e entrou ainda mais fundo
quando, numa explosão de êxtase, preencheu-a com seu líquido quente.
Aron deslizou as mãos até o rosto suave dela e, em meio ao beijo intenso,
capturou o ofegante prazer que a envolvia, alimentando-se. A vampira abriu
os olhos a tempo de ver uma aura azul deixar sua boca, indo em direção a
dele, contudo não precisou repreendê-lo, Aron já tinha mais controle sobre
aquilo, e quando a sentiu um pouco mais fraca ele parou.
Ofegante, Dária nem mesmo se moveu. Mantendo-os unidos, pousou a
cabeça sobre o ombro do íncubo, feliz ao tocar o peito dele, onde estavam os
machucados, e notar que desapareceram por completo.

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Capítulo 26

Logo a noite caiu, findando os poucos raios de sol que transpassavam o


céu cinzento, e mergulhou Londres em um mar de neblina, muito conveniente
a criaturas da noite como Dária. A vampira estava de pé observando a rua e
os homens que passavam por ela a fim de entrar no bordel, em sua maioria
casados. Quando uma carruagem parou, Dária observou o lorde que descia
dela, olhando para todos os lados com medo de ser visto ali, para então
entrar. Homens...
Aron a abraçou por trás, beijando a base do seu pescoço, o que a fez
esquecer-se dos humanos lá embaixo. Bem, um homem em particular havia
mudado muitas de suas convicções.
– Vamos? Meu cocheiro nos espera lá embaixo.
– Sim. – Ela disse convicta. Naquela noite colocaria um fim em mais uma
parte de seus pesadelos. Mataria o enviado do vaticano que estava caçando-a
e mandaria um recado claro para que o restante deles mantivesse distância.
– Minha senhora. – Elzor surgiu no quarto como um fantasma vindo do
nada, o que fez com que Aron desse um discreto pulinho de susto.
Dária sinalizou para ambos e caminhou para fora do quarto. Com passos
confiantes e cabeça de pé, ela atravessou o corredor e desceu as escadas,
ignorando qualquer distração que pudesse haver em seu caminho. Um
homem bêbado no salão do bordel cogitou aproximar-se dela, contudo o
olhar feroz de Aron o fez mudar de ideia.

Em completo silêncio, o cocheiro deixou os três diante da mansão do


marquês Humber. Ainda que a primavera já tivesse tomado lugar do inverno,
a neve se derretendo com a chegada das flores, o vento cortante da noite
ainda era gélido, mas o íncubo foi o único que pareceu notar.
A saia menos volumosa que Dária havia escolhido naquela noite voava em
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sincronia com as folhas enquanto a vampira observava o local diante dos seus
olhos. Além do portão de ferro que bloqueava a entrada, um jardim bem
cuidado e no fundo um enorme casarão. Seu perseguidor estava muito bem
hospedado.
– Vamos acabar logo com isso. – Aron deu um passo à frente, entretanto
Dária o segurou pelo pulso.
– Quero que fiques aqui. – A voz dela era gentil e calma, entretanto
manteve o tom firme.
– Eu não vou deixá-la sozinha! – Aron protestou ao olhar fundo nos olhos
da vampira. – Não viemos até aqui para que eu simplesmente a abandone.
– Sou grata a ti, porém ele está atrás dos vampiros. Não pretendo
continuar envolvendo-o e tuas irmãs nisso. E, por favor, entendas, eu
PRECISO fazer por mim mesma.
– Desde que estejamos juntos, Dária, eu farei qualquer coisa por ti. – Aron
olhou fundo nos olhos vermelhos com as pupilas dilatadas pela pouca luz.
– Eu sei. – A dama soltou o braço dele e desviou o olhar.
– Caso precises da minha ajuda saibas que estarei aqui. – Aron disse num
murmuro solitário ao observá-la se distanciar.
– Eu cuidarei dela. – Elzor prometeu ao íncubo antes de seguir sua
senhora.
Apoiado na lateral da carruagem, junto ao cocheiro que já havia visto
coisas demais a ponto de tentar convencer a si mesmo que tudo não passava
de alucinações, o duque assistiu aos dois vampiros desaparecerem na noite.
Num movimento involuntário, levou a mão ao peito, sentiu uma angústia pior
que a dor quando teve o peito empalado. A vontade era de ir atrás dela,
todavia precisava respeitar a decisão tomada pela dama.
Dária atravessou o belo jardim em um salto, sem nem parar para observar
as flores desabrochadas que coloriam o local, sob a penumbra da lua e alguns
poucos postes espalhados. Assim que chegou diante da bela porta de madeira,
concluiu que: ou ele não estava ou esperava por ela, porque fora os
batimentos cardíacos que vinham de um cômodo no primeiro andar com um
cheiro carregado de temperos e ervas, que a levou à certeza de pertencerem a
criados, havia apenas um vindo de outro cômodo da casa. Estas batidas eram
urgentes, o que levou a vampira a perceber que o dono delas estava um tanto
ansioso.
De olhos quase fechados, Dária focou-se apenas em sua audição,
excluindo qualquer som derivado do ambiente e deixou-se guiar pela
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palpitação. Passou pelo hall de entrada, uma grande sala e subiu escada
acima, parando apenas junto à uma porta quando um cheiro familiar foi
levado até seu nariz.
– Querida Dária, perguntava-me quando finalmente viria até mim. – A voz
que veio da sala a trouxe recordações e a fez tremer.
Era apenas uma coincidência, disse a si mesma ao dar um passo à frente,
a fim de encarar fosse lá quem fosse.
Sob a luz cálida de um belo lustre de cristal, a vampira entrou em uma
biblioteca, onde um homem, rodando um amuleto nas mãos, sentava-se atrás
de uma escrivaninha em uma cadeira de couro preta.
Encarar os olhos dele fez Dária dar dois passos para trás e respirar
ofegante, como se o ar houvesse sido sugado de seus pulmões.
– Não é possível. – Elzor ficou em choque. – Deverias estar morto.
– Assim como vós. No entanto, séculos depois, estamos todos aqui, não é?
O homem sentado atrás da mesa não parecia ter mais que vinte e poucos
anos. Entretanto, a vampira era capaz de reconhecer aquele olhar branco e
gélido, não importava quanto tempo passara desde a última vez que o vira.
Mas ele tinha treze, quatorze anos na época? Não era possível!
– O tempo não foi bom apenas para ti. – O homem disse ao rodar o
amuleto em suas mãos. Ele tinha um belo anel com uma pedra branca, que
brilhava assim como os seus olhos. – Minha mãe era uma bruxa, uma negra,
chamada de cheren por seus iguais, antes de ser queimada viva em uma
fogueira. E eu herdei as habilidades dela...
– O que queres, Enzo? – Dária o interrompeu com um grito.
– Vingança! – O bruxo se colocou de pé e bateu com as mãos na mesa
com força, fazendo com que os livros trepidassem nas estantes. – Passei anos
tentando rastreá-la para finalmente poder vingar a morte do meu pai.
Confesso que foi difícil encontrá-la, creio que alguma bruxa poderosa tenha a
protegido de qualquer ritual localizador.
Melinda... o nome soou claro na mente da vampira.
– Então decidi que a melhor forma de encontrá-la seria fazendo-a vir até
mim. – Ele prosseguiu. – Decerto, amedrontá-la com caçadores funcionou
muito bem.
– Teu pai jamais foi digno de vingança. – Elzor falou, fazendo o bruxo
notar sua presença.
– Cale a boca, servo! – Enzo urrou ao fazer um gesto com as mãos,
arremessando o vampiro contra a parede atrás dele. – Isso explica teu
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desaparecimento, preferiu ela ao seu senhor.


– Eu sempre a servi, e o farei até o último dia da minha eternidade. – O
criado tentou manter sua voz firme, ainda que estivesse tonto pelo forte
golpe.
– Escolheu o lado errado, eunuco. Mas será a última vez que o fará.
– NÃO!!!
O grito desesperado de Dária não impediu que o bruxo erguesse a mão na
direção de Elzor. Nem mesmo sua velocidade o impediu de dizer aquela
simples e tão poderosa palavra.
– Smŭrt.
– Confie nele, ele a protegerá. – Elzor disse antes de cair ao chão, com os
olhos vermelhos abertos, imóvel. Aquelas palavras só fizeram sentido para
Dária.
– Elzor, Elzor, Elzor! – Desesperada, a vampira correu até o servo e o
tomou nos braços. Faltaram-lhe lágrimas, mas angústia que a tomou a fez ter
certeza de que encheria um rio. Nem com toda eternidade haveria tempo o
bastante para agradecer tudo o que o servo havia feito por ela.
– O QUE FIZESTES?! – A dama voou para cima do bruxo, mas foi
impedida por uma parede invisível.
– Meu assunto com ele está acabado. Fica feliz, porque o traidor teve uma
morte rápida e indolor. – A gargalhada de Enzo fez Dária tremer. – Já não
poderei dizer o mesmo da tua. Bolka!
Um grito agudo escapou da garganta de Dária quando ela caiu de joelhos.
Uma dor lacerante tomou conta de seu peito, como se duas garras a furassem
de dentro para fora, rasgando-a. Era tão intensa que fez a vampira levar as
mãos ao peito, numa luta desesperada para fazer parar. Ofegava, mas era
como se nem uma lufada de ar passasse. A cada movimento do diafragma
pensou que seu peito explodiria com tamanha pressão.
– O que... o que... garante... que teu pai não... matou tua mãe assim como
fez comigo? – Dária tentou dizer, ainda que sua voz fosse suprimida pela dor.
– NÃO DIGAS BESTEIRA! – A ira dele tornou o sofrimento da vampira
ainda mais intenso. – Dizes isto porque nunca fostes capaz de substituí-la.
Dária era incapaz de se mover, atacá-lo era impossível ou mesmo fugir.
Mais uma vez um maldito da família Borromeo a mataria. Talvez seu destino
fosse mesmo perecer daquela forma. Ao erguer a cabeça, viu o desejo de
vingança nos olhos de Enzo ser alimentado a cada grito de dor. Todo o seu
sofrimento fazia-o vibrar.
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– Acaba... acaba logo com isso! – A tortura fez com que a vampira
implorasse por sua morte. Entretanto aquilo apenas deixou Enzo ainda mais
excitado, tudo que queria era vê-la desfrutando de todo sofrimento que era
capaz de provocar.
– Ainda não sofrestes um terço do que eu passei como órfão e sozinho. Se
não fosse os cherens, eu teria sido entregue aos corvos da regência.
Inebriada pela dor lacerante, Dária mal ouviu o som da janela da
biblioteca sendo quebrada. E Enzo cego pela sede de vingança, culpando
Dária por tudo, só se deu conta do intruso quando uma asa o empalou por
trás. O bruxo levou as mãos ao peito ao olhar para ele e se dar conta da
precisão do golpe. A magia poderia ser forte o bastante para mantê-lo jovem
e saudável por séculos, mas não bastava para salvá-lo no momento, pois antes
de poder recitar qualquer feitiço de cura já havia perdido completamente os
sentidos.
– DÁRIA! – Aron correu até ela assim que jogou o corpo do bruxo para
longe, fazendo-o parar apenas quando se chocou contra uma estante. – Sei
que me pedistes para ficar fora disso, porém quando ouvi os seus gritos...
A vampira ergueu os dedos trêmulos e tocou os lábios do íncubo, fazendo-
o se calar.
– Obrigada, salvastes a minha vida... – a voz soou abafada e fraca, a dama
mal tinha forças para falar e desmoronou nos braços dele.

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Capítulo 27

– Estás se sentindo melhor? – Aron acariciou o rosto de Dária enquanto


ela se aconchegava nos braços dele.
Estavam deitados sobre a cama do íncubo. A vampira estava em choque,
passara todo o restante da noite sem dizer uma palavra sequer. A morte de
Elzor a havia devastado. Aron não a deixaria só, e no momento sua casa era o
local mais seguro que conhecia. Depois de tudo que haviam passado, a dama
nem mesmo ousou protestar.
– Ele está morto, Dária, acabou. – O duque ficou brincando com a renda
preta da sobressaia dela.
– Achei que tivesse acabado dois séculos atrás. – Os olhos da vampira
estavam apertados, curvados para baixo, como se tentasse reter as lágrimas
que era impossível derramar.
– Escuta. – Aron ergueu o rosto dela, pelo queixo fino e delicado, para
poder fitar os mares de sangue que brilhavam sob a tênue luz do lustre. – Não
precisas ter mais medo. Se o seu antigo marido, o filho dele, ou qualquer
outro parente retornar dos mortos eu os matarei de novo, e quantas vezes
preciso for.
Dária riu, apertando os lábios, com os olhos marejados, o que fez o íncubo
arregalar os olhos, surpreso.
– O destino é engraçado. Matteo me mostrou a pior face do ser humano, e
quando a minha família aprovou o maldito casamento perdi a fé em qualquer
forma de amor. No entanto, um íncubo, um demônio, me fez acreditar outra
vez.
Aron abriu um enorme sorriso, não conseguindo conter a alegria que
tomou seu peito por aquelas palavras.
– Eu te amo. – Acariciou o suave rosto gélido com as costas das mãos,
fazendo-a fechar os olhos, deliciando-se com o toque. – Tudo por ti valeu a
pena.
Ainda emocionada, com as mãos um tanto trêmulas, Dária lhe acariciou o
rosto e roçou seus lábios nos dele. Num beijo carinhoso, suave e repleto de
toda a segurança.
– Também o amo. – Sussurrou contra a boca do íncubo.
– Sério?! – Aron afastou-se um pouco para poder olhá-la nos olhos. Foi
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inevitável não suspirar e sorrir ainda mais.


– Sim, meu senhor. – Dária riu ao enrolar uma mecha do curto cabelo
negro em seu dedo curto e delicado. – Isso seria perfeito se Elzor não
estivesse morto.
– Ele estava apenas tentando salvá-la.
– Eu o arrastei para tudo isso quando o transformei em alguém igual a
mim.
– Ei! – Aron a interrompeu beijando-a brevemente. – Elzor era feliz em
servi-la, qualquer um poderia ver isso. Ele viveu séculos e morreu fazendo
isso. Imagine a vida que ele teria levado se não fosse por ti e não te culpes.
Em silêncio, Dária abraçou o íncubo. Não era tão simples: havia perdido
não apenas um servo, mas um grande amigo e a culpa ainda a torturaria por
um bom tempo. Contudo, algo que sua vida como imortal havia lhe mostrado
é que a morte era inegável, irreversível.
– Eu não quero vê-la sofrer mais, e posso apostar que Elzor compartilhava
desse mesmo desejo. – Acariciando os cabelos ruivos, Aron beijou-a na testa.
– Esta noite a levarei à ópera.
– Ópera?! – A vampira se sentou na cama, torcendo os lábios. – Sabes que
não gosto de ambientes lotados de humanos.
– Amor, nada de ruim aconteceu no campeonato de esgrima.
– Eu sei, mas...
– Deixe-me diverti-la. Além disso, ficaremos em camarote particular.
– Está bem. – Dária sorriu. – Nunca fui à ópera.
– Vai ser ótimo. – O íncubo a beijou brevemente.

Assim que a carruagem se aproximou do destino, Aron e Dária já podiam


ouvir o falatório dos espectadores da noite. Embora o grande acúmulo de
pessoas atiçasse a sede da vampira, fazendo sua garganta arder, pela primeira
vez ela se sentiu bem; a presença de Aron decerto a acalmava muito. Apesar
da morte de Elzor tê-la devastando, nem tentou reprimir a felicidade que a
preenchia. Não desviou o olhar do íncubo enquanto caminhavam de braços
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dados dentro do prédio lotado. As pessoas nem mesmo disfarçavam


acompanhá-los com o olhar, entretanto isso nem a incomodou. Era como se
apenas os dois existissem. Sem pudor algum, beijou-o de língua diante de
todos.
– Que indecoroso, minha senhora. – Aron riu ao envolvê-la com os braços,
suspirando.
– Achas? – Dária mordeu o lábio inferior dele e o sentiu estremecer.
– Se é ou não, não me preocupo. – Aron beijou-a outras vez.
Os indivíduos ao redor, nobres e altos burgueses, arregalaram os olhos,
algumas mulheres viraram o rosto e uma mãe parada a alguns metros cobriu
os olhos da filha moça. Aquilo era extremamente inapropriado, não tinham
moral?
– Vamos – rindo, Aron deu as mãos para ela e a levou até o camarote
destinado a eles naquela noite, fechado por algumas cortinas vermelhas e
com uma visão privilegiada do palco. Ali nenhum dos olhares curiosos e
cheios de julgamentos tinha acesso a eles.
– Acho que não sou uma dama, como gostariam. – Dária sussurrou ao
sentar-se em uma das duas belas cadeiras de estofado vermelho.
– És a dama perfeita para mim. – Aron apoiou uma das mãos no encosto e
com a outra tirou o cabelo ruivo do caminho para poder beijar o pescoço
pálido.
Dária agarrou os braços aveludados da cadeira e gemeu, fechando os olhos
por alguns segundos com o delicioso calafrio que percorreu seu corpo.
– Achei que fôssemos assistir à ópera. – A vampira involuntariamente
abriu um pouco as pernas.
– Eu já vi essa peça. – O íncubo sentou-se ao lado dela e puxou a saia
vermelha para cima, o suficiente para que pudesse levar as mãos até virilha a
fim de tirar a ceroula que ela costumava usar, contudo não a encontrou,
apenas a sedosa pele de mármore. O fato dela estar sem roupas íntimas o
deixou extremamente excitado.
– Deveria haver algo aqui. – Aron sussurrou ao pé do ouvido de Dária,
com a mão na parte interna das coxas dela, quase roçando em sua vagina.
– Da última vez eu a deixei na carruagem e queria evitar que isso
acontecesse outra vez. – A vampira virou o rosto e, sorrindo, se fez de
inocente.
– Isso é mesmo muito prático. – O íncubo deslizou os dedos pelo sexo
molhado dela até tocar o clitóris com o indicador, pressionando-o com um
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movimento circular.
Dária mordeu o lábio inferior e agarrou com ainda mais força os braços da
cadeira a fim de conter o grito provocado pelo toque. Sem dúvidas Aron era e
extremamente habilidoso. Ainda que com os dentes cerrados, alguns gemidos
foram impossíveis de conter enquanto ele a estimulava. Felizmente, a voz do
tenor, vinda do palco, bastava para tornar o prazer da vampira imperceptível
aos demais espectadores.
Aron se ajoelhou no chão entre o pequeno espaço do parapeito do
camarote e os joelhos da dama.
– O que vais fazer? – Dária ajeitou os cabelos e observou o íncubo segurar
com uma das mãos as saias dela, enrolando-as próximo a cintura. Dessa
forma, deixou toda a parte inferior do corpo dama exposta para ele.
– Adivinha? – Com um sorriso malicioso, o duque curvou a cabeça e a
tocou de maneira lasciva com a língua.
A vampira puxou de leve o cabelo dele e, em meio a um gemido, remexeu
os quadris sobre a cadeira. Quando o íncubo lambeu seu clitóris devagar,
Dária gemeu e se contorceu toda com o calafrio que percorreu seu corpo.
Fechou os olhos, acariciando a cabeça do lorde entre as suas pernas,
completamente entregue à deliciosa sensação. Os lábios envolvendo seu
clitóris e chupando devagar e carícias feitas pela língua o íncubo levaram a
ruiva rapidamente à beira da loucura. Mordendo com força a própria boca,
tentava fazer com que seus gritos e gemidos não se sobressaíssem ao som da
ópera, porém a cada estímulo do íncubo isso se tornava mais difícil. A
vampira arfou, jogando a cabeça para trás no momento em que Aron
assoprou um ar quente na região pulsante e hipersensibilizada entre suas
pernas e, em seguida, penetrou-a com a língua.
– Se queres que eu perca o juízo, saibas que estás bem perto. – A vampira
puxou o cabelo sedoso do lorde com força, arrancando alguns fios, mas a
cabeça dele nem mesmo se moveu.
Com as duas mãos, Aron apertou a parte interna das coxas da dama, e o
toque quente e firme arrancou dela ainda mais gemidos. Estar beijando-a tão
intimamente e os gemidos ensandecidos que provocava nela, deixaram o
íncubo ainda mais excitado. Se fosse apenas pelo desejo que urrava em seu
corpo e fazia seu pênis quase arrebentar o fecho de suas calças, o duque teria
a penetrado naquele mesmo instante. Contudo, usou todo o seu autocontrole
para degustá-la como um vinho fino, saboreando cada gole do saboroso e
belo corpo dela.
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Era inútil, Dária quase choramingou quando seu próprio sangue escorreu
pelos lábios de tanto mordê-los. Era inútil tentar conter os gemidos em meio
a tanto prazer. As mãos quentes do íncubo apertando suas coxas de forma
intensa e quase dolorida, tamanha a força que ele não se preocupava em
conter, tornava o fogo de prazer que queimava em seu ventre ainda mais
intenso. Ao se dar conta de que estava perto do ápice, tremendo e ofegante
empurrou o lorde pelos ombros para trás, a fim de fazê-lo parar.
– Não está bom? – Aron choramingou quando foi interrompido
abruptamente.
– Maravilhoso. – Dária sorriu ofegante. – Esse é o problema, quero
divertir-me mais contigo antes o prazer intenso me faça desmoronar.
– Está bem. – Aron se sentou outra vez na cadeira e a encarou, ansioso
pelo próximo movimento da dama.
Dária passou os dedos delicados e gélidos sobre a elevação na calça do
duque. Aron sorriu e gemeu baixinho. O íncubo ainda se surpreendia com a
forma com que a vampira era capaz de despertar um desejo ardente dentro
dele. Já havia feito amor com ela inúmeras vezes a mais do que com qualquer
outra mulher anterior, e ainda sim ficava tão excitado como da primeira vez,
e sem dúvidas muito satisfeito. Caso fosse uma simples atração louca, essa
teria passado, e já era óbvio que não.
Aron adorou a forma como a impetuosidade da vampira a deixava tão à
vontade com tudo aquilo. As demais mulheres que seduziu ao ponto de
conhecê-las na intimidade, adoravam as carícias mais inapropriadas, mas nem
as prostitutas o correspondiam da mesma forma. Entretanto, Dária deixava
claro todas as suas preferencias e vontades e não se continha em tocá-lo.
Com a mão muito hábil, ela abriu a braguilha da calça do lorde e colocou
o pênis dele para fora. Com uma das mãos segurando o cabelo e a outra ainda
firme no membro, Dária se curvou na direção de Aron e então deslizou a
língua gélida por toda a extensão do membro. O íncubo nem mesmo se
preocupou em conter o gemido.
O duque segurou os cabelos ruivos dela, acariciando-os, para que as duas
mãos da vampira estivessem nele. Ela o atormentou e enlouqueceu com uma
língua muito ágil e dedos extremamente habilidosos ao ponto de Aron se
contorcer e revirar os olhos. Quando Dária finalmente o acolheu em sua boca
úmida e gélida, o lorde pensou estar perto de enlouquecer.
– Ah, minha ardente vampira. – Aron gemeu ao fitar o rosto dela. A
expressão nos olhos maliciosos cheios de desejo e a forma sedutora como os
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carnudos lábios deslizavam pelo seu pênis, fizeram com que o seu prazer
fosse elevado ainda mais.
No momento em que Aron se deu conta de que daquela forma ele não
suportaria por muito mais. Sentou na beirada da cadeira, agarrou Dária pela
cintura e puxou-a para cima do seu colo, de frente para ele.
– Odeio essas saias. – Aron praguejou, rindo, ao notar o amontoado de
tecido entre seus corpos.
– Elas nem me mesmo me incomodam. – Dária beijou o pescoço do
íncubo, fazendo-o se arrepiar e agarrá-la pelos quadris, em seguida esfregou
seu sexo feminino contra o dele. – Acho que não veremos mesmo a peça.
– Ver-te é mais interessante. – O íncubo enfiou a mão entre os corpos,
erguendo a dama um pouco com a outra, e penetrou-a finalmente, unindo os
corpos.
Dária arfou, jogando a cabeça para trás, e segurou nos ombros dele ao
senti-lo preenchê-la. Aron pressionou seus quadris para controlar os
movimentos, e rapidamente ela acompanhou o ritmo. Quando somente o
prazer que os governava assumiu o controle de seus corpos, pouco se
importaram com os demais espectadores da peça e com certeza os camarotes
vizinhos os ouviram. Aron embrenhou seus dedos no cabelo ruivo e puxou a
cabeça dela para o lado a fim de ter todo o acesso ao belo pescoço, beijando-
o e mordiscando-o.
Dária puxou o rosto dele de volta para beijá-lo nos lábios, mordiscando-
os, gemia contra a boca dele, enquanto subia vagarosamente para em seguida
sentar no pênis de Aron, enfiando-o fundo. O prazer foi se tornando ainda
mais intenso, pulsando daquela parte unida dos corpos para as demais e uma
onda de intensa e formigante começou a varrê-la. Dária cravou as unhas nos
ombros do lorde e gritou contra os lábios dele, abafando um pouco o som.
Em uma parte remota de sua mente entorpecida pelo delicioso orgasmo, ela
notou os músculos do íncubo se contraírem e logo Aron se juntar a ela no
momento de clímax, apenas alguns segundos depois.

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– Uma verdadeira dama não faz amor em locais públicos, muito menos
com alguém que não é seu marido. – Dária gargalhou ao deixarem a ópera
sob olhares pesados e cheios de julgamentos.
– A parte do marido pode ser facilmente resolvida. – Aron segurou a mão
direita dela. – Compro-lhe para um anel e podemos dizer que nos casamos na
Irlanda. Ou podemos fazer algo real se preferir.
– Estava apenas brincando. – Dária puxou a mão de volta e desviou o
olhar, ficando tensa.
– Ei. – Aron segurou o rosto dela, tornando impossível fugir de seus olhos
azuis esbranquiçados. – Não me importo com o que essa sociedade pensa
sobre nós. Apenas a quero até o último dia da minha imortalidade, da forma
que melhor lhe convir. Se sentir-se à vontade e quiser ser minha esposa
segundo as regras, no entanto, passar as noites na tua cama no bordel me
deixaria feliz da mesma forma.
– Não quero casar-me outra vez.
– Como quiser. – O íncubo sorriu ao beijá-la com carinho. – Posso pelo
menos levá-la para a minha cama pelo resto desta noite?
– Bom, não vejo problema algum nisso. – Dária estendeu a mão para ele
outra vez ao caminharem juntos até a carruagem.

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Capítulo 28

Aron acordou com o rosto pressionado contra os seios redondos e


branquinhos de Dária. E que seios maravilhosos. Com um sorriso malicioso,
beijou cada um dos mamilos, demorando-se mais um pouco no segundo,
chupando-o como se ele fosse um oásis e o lorde estivesse sedento. Dária se
contorceu de prazer ao acariciar os cabelos negros dele e o íncubo se
enrijeceu outra vez.
Com os cotovelos apoiados ao redor do corpo da vampira, Aron a beijou,
roçando seu membro rígido contra a abertura úmida e pulsante dela,
arrancando leves gemidos e fazendo-a se contorcer abaixo dele. Quando a
dama abraçou seu pescoço, de olhos fechados, e estavam prestes a retomar
aquela deliciosa dança outra vez, eles ouviram o som alto de portas sendo
abertas de forma violenta, como um vento forte na velocidade de um furacão.
Dária abriu a boca para dizer alguma coisa, porém Aron pousou os dedos
sobre os lábios rubros e inclinou a cabeça para ouvir. Sentiu-se feliz quando
Dária assentiu ao compreender seu recado.
Um grito estridente preencheu a casa e ardeu fundo no ouvido dos dois.
Aron se levantou às pressas, vestiu apenas o calção e correu na direção do
barulho.
Ao passar pelo corredor e descer as escadas o mais rápido que pode, o
íncubo chegou a sala e se deparou com Natasha erguida no ar, com as mãos
contra o pescoço, e o olhar em profunda agonia como se algo a sufocasse. A
súcubo balançava no ar, com suas pernas se movendo freneticamente como
as de um inseto em seus últimos suspiros de vida.
O duque olhou na direção dos olhos aflitos e opacos da irmã e encontrou
uma mulher com o braço erguido, próxima à porta que ela mesma deveria ter
aberto. Ela usava um vestido luxuoso, em cor púrpura, com sobressaia negra.
A intrusa tinha os cabelos negros voando com a violência do vento que
soprava toda a sala, fazendo os móveis tremerem. Objetos mais leves como
porta retratos e quadros foram ao chão. Seus olhos, de uma cor prata digna
dos melhores ourives, quase queimavam de tamanha ferocidade. Fita-los era
capaz de cegar qualquer um.
– Fica longe da minha irmã! – Aron ordenou ao correr na direção da
mulher misteriosa.
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Ela nem mesmo desviou o olhar ao estender a mão na direção dele e fazer
um movimento de empurrar. Aron sentiu um golpe forte contra o peito, como
se um coice houvesse lhe atingido com a força de uns três cavalos, e foi
arremessado conta a parede atrás dele, fazendo-o bater com força suficiente
para deixar o demônio zonzo. Um quadro ao lado dele caiu do prego e bateu
contra o chão, quebrando a moldura de madeira.
– Fica longe! – A voz da mulher soou amedrontadora. – Meu problema é
apenas com ela.
– Aron... ajuda-me. – Natasha implorou com a voz baixa, sinal de que ela
estava perto de perder os sentidos.
Isabel cortou a sala num voo de rasante, no entanto, antes que a ponta de
suas asas pudesse se aproximar da mulher misteriosa, foi impedida assim
como Aron.
Os sons fizeram Dária deixar o quarto e descer as pressas ao encontro do
íncubo, visivelmente preocupada. Assim que parou ao lado dele para ver se
estava bem, o cheiro de ervas misturado a um perfume fino fez com que se
virasse.
– Melinda...
– Dária?! – A bruxa arregalou os olhos tão surpresa quanto a vampira. – O
que diabos fazes aqui... – ela parou no meio da pergunta, ao olhar da cabeça
aos pés a vampira somente em roupas íntimas e parada próxima a um homem
que instantes atrás havia demonstrado bastante carinho. – Estás com um
homem?!!!
– Isso não importa. – Gesticulou os braços, numa tentativa tola de soltar
Natasha. Dária havia se envolvido tanto com Aron que, mesmo conhecendo
pouco das irmãs dele, compartilhou da aflição do lorde. – Estás matando-a!
– Ela merece! – A bruxa voltou a pressionar com força o pescoço da
súcubo que estava a uns cinco metros dela.
– Por favor, solta ela! Seja lá o que Natasha tenha feito, pode ser resolvido
de outra forma.
Melinda olhou nos olhos de Dária por alguns segundos. Se a vampira não
estivesse ali, provavelmente teria matado a súcubo da forma mais dolorosa
que pudesse, no entanto a presença de Dária foi o suficiente para fazer a
bruxa refletir e deixar que Natasha caísse ao chão.
Isabel correu até a irmã para acudi-la, enquanto a morena respirava
ofegante, buscando o ar que lhe fora privado de forma tão bruta.
– Ela matou uma das minhas protegidas. – Melinda explicou a Dária. –
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Não permitirei que saia impune disto. Nas minhas regras ela morre também.
– E se exilá-la da Europa? – A vampira disse a primeira coisa que lhe
passou pela cabeça. – Natasha nunca mais poderá colocar os pés aqui, sob
pena de morte.
– Eu não... – A súcubo começou a protestar, entretanto sua irmã a
impediu, cobrindo-lhe a boca e dirigindo um olhar severo, com dentes
cerrados.
Melinda olhou para Natasha, o que fez com que as lâmpadas da sala
explodissem, deixando-os no escuro da madrugada. A raiva era evidente em
cada curva do rosto da rainha. O sobrenatural reivindicava humanos com o
único intuito de protegê-los, e tratavam cada reivindicado como um pertence,
sobre os quais apenas o seu detentor possuía qualquer poder de vida ou
morte. Quebrar aquela regra sempre acabava em mais sangue.
– Ouça, súcubo! – A voz da bruxa saiu entredentes. – És alguém de muita
sorte por Dária ter intercedido por ti. Tens um dia para deixar Londres. Se na
próxima aurora eu ainda encontrá-la em qualquer parte da Europa, não haverá
uma segunda chance.
– Obrigada. – Dária sussurrou quando a bruxa se virou em sua direção
pouco antes de desaparecer.

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Capitulo 29

– Obrigado por ter salvo Natasha. Ela sempre foi tão imprudente. – Aron
acariciou o rosto de Dária quando já estavam de volta ao quarto do lorde.
– Era o mínimo que eu poderia fazer, bem... Depois de tudo que fizestes
por mim.
– Quem era aquela mulher?
– Melinda. – A vampira sentou-se sobre a cama, ainda com roupas
intimas. – Ela é a rainha das bruxas. – Ao fitar o olhar arregalado e cheio de
questionamentos do íncubo, prosseguiu. – Sim, nós tivemos... Temos um
caso, ficamos juntas algumas vezes no último século.
– Ela é bonita. – O duque sorriu deixando claro que não se importava com
aquilo. – Extremamente poderosa, mas linda.
Depois de alguns risos, a situação deixou de ser divertida e Aron desviou o
olhar, afastando-se de Dária, e apoiou as mãos sobre a mesa no centro do
quarto. Respirou fundo ao fitar a janela coberta por uma densa cortina, para
proteger a vampira do sol.
– Natasha está salva por hora, graças a ti. Porém, estou me sentindo
perdido. – Aron abaixou a cabeça ao fechar os olhos. – Isabel e ela são a
minha família, prometi cuidar dela para nosso pai quando deixamos a corte
irlandesa. Por mais irritante e irresponsável que seja, ainda é minha irmã.
Mas... – o íncubo se aproximou de Dária outra vez e tocou-lhe o rosto. –
Deixar-te me mataria.
Os lábios carnudos e vermelhos da vampira curvaram-se em um sorriso
gentil. Então, pousou sua mão sobre a de Aron, o que fez o íncubo arregalar
os olhos surpreso.
– E se eu for contigo?
– Farias isso por mim? – A simples possibilidade fez os olhos dele
brilharem.
– Perdi Elzor e meu passado ainda me persegue estando aqui. Talvez
deixar a Europa seja uma oportunidade para mim, um recomeço.
Aron não se conteve e a tomou nos braços, erguendo-a no ar. Durante todo
o movimento os olhos dos dois ficaram fixos uns nos outros.
Com os pés balançando, ainda suspensa no ar pelas mãos firmes do
íncubo, Dária acariciou o rosto dele e o beijou, roçando os lábios de maneira
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gentil e carinhosa, até pressionar a língua contra a boca do lorde, pedindo


passagem, o que Aron não hesitou em conceder.
Quando estavam prestes a intensificar as carícias. Dária se afastou e
pousou no chão com a graciosidade de um felino.
– Temos coisas para preparar. – A vampira lutou contra a vontade de
despi-lo outra vez.
Aron a olhou dos pés à cabeça, pensado no fato de ainda ser dia e que
devido aos raios de sol a dama não iria a lugar algum. Entretanto, precisava
decidir com suas irmãs para onde iriam e preparar as coisas antes que o
tempo dado pela bruxa se findasse.
– Fique aqui. Retorno assim que possível.
Dária assentiu ao caminhar na direção da estante de livros a fim de pegar
um deles para passar o tempo.

Ao parar junto ao batente da porta de sua irmã mais nova, Aron observou-
a sentada sobre a cama, com as mãos sobre os joelhos, os olhos afunilados e
lábios torcidos, numa clara expressão de descontentamento. Enquanto isso o
íncubo pode ouvir os movimentos de Isabel e Anisha vindo do closet.
– Irmão, eu não quero ir a lugar algum. – Natasha se levantou e veio
chorosa na direção do duque assim que o viu.
– Preferes ficar aqui e morrer? – O lorde esquivou-se dela com alguns
passos para o lado.
– Podes pedir à tua vampira que a faça mudar de ideia.
– Dária já fez o bastante por ti.
– Com tantas mulheres em Londres vais escolher logo uma das
pertencentes à rainha das bruxas. Natasha, A RAINHA DAS BRUXAS! –
Isabel saiu do closet resmungando baixinho para não chamar a atenção da
criada que não sabia o real motivo da mudança às pressas.
– Então é isso? – A morena cruzou os braços. – Irão mesmo me exilar?
– Irei contigo. – Aron e Isabel disseram juntos o que fez Natasha arregalar
os olhos. Não esperava por aquilo.
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– Depois de tudo irás abandonar a vampira por mim? – Olhou fundo nos
olhos do irmão. Sabia que mesmo sendo mais irmã, as preferências do íncubo
sempre estiveram claras, e tendiam mais à loira do que a ela. Além disso,
Isabel sempre fora a mais cautelosa e familiar de todos eles. Contudo, depois
que a ruiva havia surgido Aron só pensava nela, e a pouca atenção com as
irmãs havia desaparecido.
– Prometemos nos manter unidos quando deixamos a Irlanda. Mesmo que
tenhas feito burrada, espero manter tal promessa. Quanto à Dária, ela virá
conosco.
– Agora tudo está bem claro.
– Então para onde vamos? – Isabel acenou para atrair a atenção dos outros
dois. – Estados Unidos, acho que é o mais próximo que teremos daqui.
– Ainda sabem falar português? – Pensativo, Aron coçou o queixo.
– Estivemos em Lisboa apenas por alguns dias, no entanto conseguimos
nos sair bem. Mas, irmão, Portugal ainda é Europa.
– Estava pensando em um lugar mais tropical.
– Brasil?! – A ideia surpreendeu as duas, fazendo-as das um passo para
trás.
– Bom, ouvi algumas ideias interessantes sobre lá.
– Índios, escravos e florestas, Aron. Tens certeza? – Isabel estava relutante
quanto à sugestão do irmão. Por um momento, olhou para o luxo do qual
desfrutavam em Londres. Da bela e sofisticada colcha sobre a cama de
Natasha, aos vestidos e criados. – Bailes, boas costureiras, bons serviçais.
Não creio que encontraremos isso numa colônia.
– Pensei que gostastes da simplicidade dos estábulos. – O lorde não
conseguiu conter a gargalha ao lembrar-se das frequentes vezes em que ela
havia chegado coberta de feno.
Isabel cruzou os braços e afunilou o olhar, visivelmente ofendida com a
provocação de Aron.
– Parece um bom lugar para começarmos de novo.
– Sério, Natasha?! Achas mesmo que podes viver sem tudo isso? – A loira
abriu os braços, apontado para todas as direções do belo quarto.
– Nós temos riquezas o suficiente para comprar tudo isso lá outra vez. Se
preciso deixar esse lugar quero ir para um onde as mesmas regras que estão
me mandando embora não valham. Penso que podemos criar nossas próprias
regras lá.
– Então sou voto vencido? – Isabel resmungou ainda de cara fechada.
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– Caso não nos acostumemos dentro de alguns meses vamos para o


Estados Unidos, eu prometo. – Aron apoiou uma das mãos sobre o ombro da
irmã.
– Anotarei isso. – Isabel deu as costas e caminhou em direção à porta. –
Vou preparar as minhas coisas. Gostaria de ser uma bruxa para guardar
dezenas de vestidos em tão pouco tempo. – Resmungou quando já estava
longe no corredor.
– Espero que isso lhe sirva de alguma lição. – Aron olhou fundo nos olhos
da irmã, antes de virar a costas deixando-a apenas com a criada.
– Adianta dizer que eu não sabia quem era aquela mulher? – Natasha
resmungou mais para si mesma ao bater o pé contra ao chão. Como se eles
perguntassem às suas presas se elas pertenciam a uma bruxa antes de matá-
las.

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Capitulo 30

Dária entrou em um quarto grande, porém mais modesto do que o da


vampira, o único lugar no bordel que não possuía pesadas cortinas, pois havia
permitido que a dona dele o mantivesse da forma que desejasse. Ao lado de
um pequeno abajur com uma cúpula vinho que dava à luz um tom
avermelhado, pousado em cima de uma mesinha circular, Anne estava
sentada em uma poltrona confortável, concentrada na leitura do livro que
tinha nas mãos. Os movimentos da dama foram tão sutis que, quando a moça
se deu conta, Dária já estava diante dela.
– Há quanto tempo estás aí? – Anne tomou um susto e deixou o livro em
suas mãos cair ao chão.
– Há pouco. – Dária sorriu ao curvar-se para pegar o livro e o entregou a
jovem. – Preciso conversar contigo.
– Sobre o que, minha senhora? – Ela pousou o livro sobre a mesinha e
dirigiu toda a sua atenção para Dária.
– Deixarei Londres esta noite e quero que cuides daqui, cuides das demais
garotas.
– Por quê? – Anne abriu a boca supressa. Tentou várias vezes dizer
qualquer outra coisa, porém o choque e o espanto a mantiveram congelada.
– Os motivos não importam, apenas quero saber se posso contar contigo. –
Com a voz firme, Dária fitou de maneira profunda os olhos castanhos da
moça, que estavam lacrimejando.
– Não podes nos deixar, Dária, por favor. – Anne se levantou e segurou a
mão fria da vampira.
– São fortes o bastante sem mim. Além disso, creio que possas cuidar bem
de tudo por aqui. – A ruiva se manteve firme, mesmo quando uma lágrima
escorreu do rosto de Anne.
– Vais para a Irlanda com aquele homem? – A moça engoliu em seco
quando a dama soltou a sua mão.
– Talvez. – Por mais que aquela não fosse a verdade, essa não era
necessária no momento. Dária precisava apenas se garantir de que tudo
estaria bem quando fosse embora.
– Quando irás? – Anne perguntou ao se dar conta de que não a faria mudar
de ideia.
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– Nesta noite.
– Mas já? Não conseguirás nem mesmo despedir-te das outras garotas.
– Não tenho a intenção de fazer isso. És a única da qual me despedirei. –
Dária a entregou um envelope. – Esta carta servirá de prova contra quem
duvidar de que deixei este lugar para ti.
– Voltarás algum dia?
– Não.
– Há algo que eu possa fazer para que voltes atrás?
Dária balançou a cabeça negativamente antes de virar as costas para sair
do quarto.
– Espera! – Anne a segurou pelo pulso, fazendo-a virar em sua direção e
beijou-a brevemente nos lábios antes de permitir que fosse. – Obrigada por
tudo que fizestes por mim.
A vampira não era muito boa com despedidas e buscou tornar aquela a
mais breve. Ao contrário de instantes depois de decidir ir com Aron, sentia-se
leve, como se pisasse em nuvens. Deixaria de uma vez por todas tudo que a
prendia ao passado enterrado em Londres. Começaria de novo, com ele, e tal
fato não a assustava mais como há alguns meses.
Quando retornou ao quarto, Aron estava sentado sobre o sofá da antessala,
ao lado das malas da vampira, aguardava por ela, sorrindo paciente. Dária se
aproximou dele e o beijou rapidamente.
– Estava acertando as coisas por aqui.
– Imaginei. – Aron fitou os densos olhos vermelhos dela antes de
prosseguir. – Tens mesmo certeza de que quer deixar tudo isso para trás?
– Esperas que eu mude de ideia, íncubo?
– Do fundo do meu coração espero que estejas certa disso. Porém, quero
que estejas feliz.
– Me fazes feliz, Aron. – Dária se sentou no colo dele ao constatar a
verdade de suas palavras.
A vampira mordiscou o lábio inferior do lorde, tomando a gota de sangue
que escorreu. Então embrenhou seus dedos nos cabelos negros e macios e
puxou a cabeça dele para trás, trançando um caminho de beijos por todo o
pescoço de pele macia e saborosa, até acravar as presas pontiagudas, fazendo
com que o sangue escorresse para dentro de sua boca.
Aron agarrou Dária pelos quadris e os apertou com força ao ficar rígido de
imediato. A mordida fez o íncubo arfar.
– Quanto tempo nós temos? – Dária sussurrou ao pé do ouvido dele ao
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lamber o sague sobre seus lábios.


– Não o bastante. – Aron praguejou baixinho. – Infelizmente o navio parte
do porto de Gateway em uma hora.
– Aron... – Dária se levantou, recompondo-se. – Não pensei em como vou
resistir ao sol em uma viagem de dias num navio.
– Bem, eu sim. – Aron ajeitou o casaco e pegou um dos baús dela para
levá-lo até a carruagem que os esperava na rua. – Comprei para ti um caixão.
– Estás brincando comigo! – Dária arregalou os olhos ao ser pega de
surpresa.
– Bem, estás tecnicamente morta e esta foi a melhor forma que encontrei
para mantê-la protegida do sol.
Dária assentiu com a cabeça, rindo. Um caixão.
Após Aron descer com todos os seus pertences para a carruagem, a
vampira o seguiu. Passou os dedos pelo papel de parede adornado ao andar
pelo corredor. Nunca observara com tanta precisão a luz cálida do lugar, mas
acreditava que aquela fosse a última vez que estaria ali. Ao descer as escadas
e atravessar o salão repleto de clientes e garotas, com um cheiro forte de
bebida impregnando o ar, ela nem mesmo virou a cabeça para olhar em
direção alguma. Não queria questionamentos, as explicações seriam dadas
posteriormente por Anne.

A lua ainda estava alta no céu quando a fumaça do navio a vapor tomou o
alto mar. Os passageiros já estavam acomodados em suas cabines quando
Aron deu duas batidas na tampa do caixão negro e refinado que havia sido
colocado sobre o sofá da cabine reservada ao íncubo.
– Ainda é noite ou estou há muito tempo aqui. – Dária perguntou ao abrir
a tampa e constatar que estavam imersos na escuridão, a não ser pela luz da
lua e das estrelas que entrava pela pequena janela arredondada.
– Acabamos de deixar Londres. – Aron sorriu ao dar um tapinha sobre a
cama ao lado de onde estava sentado.
Ainda que aquela fosse uma cabine de primeira classe, havia apenas uma
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pequena cama, um guarda-roupas modesto e sofá onde pousava o caixão.


– Como estás te sentindo? – Aron perguntou assim que Dária se sentou ao
seu lado.
– Passar horas em um caixão não é tão ruim quanto eu imaginei.
– Foi o mais confortável que encontrei em tão pouco tempo.
– Eu estou bem, Aron. – A vampira sorriu gentilmente ao envolver o
pescoço do íncubo com os braços finos e de aparência delicada. A forma
como ele se preocupava com ela ainda a deixava surpresa. Era tanto cuidado.
O lorde a tomou nos braços e puxou-a para seu colo. Passou a mão pela
lateral do corpo esguio delineada pelo espartilho apertado. Como ela é linda,
Aron pensou ao começar a desamarrar as fitas enquanto beijava o pescoço
gélido.
Dária estremeceu com as carícias que despertaram o fogo dentro dela, e
deixou-se afogar no calor que o íncubo provocava. Com os dedos pequenos e
ágeis, deslizou o paletó pelos ombros largos do lorde até retirá-lo por
completo, jogando-o ao chão. Logo o colete e a camisa branca também foram
deixados como testemunhas. Admirada, a vampira perdeu alguns segundos
contornando os músculos do peitoral dele, mas desta vez com a língua.
Aron arfou com o toque gélido e provocante e cada parte do seu ser
implorou por ela. Estava trêmulo de desejo e a forma como Dária o
mordiscava e beijava deixava claro que ela sentia o mesmo. Em meio à troca
de carinhos provocantes, o duque a despiu, e quando finalmente deitou-a
sobre a cama pequena, a dama não tinha nada além de finas meias brancas
que iam até o meio das coxas roliças.
Aron fitou por completo a deslumbrante dama de pele alva, pálida, com
sedutores lábios vermelhos assim como os olhos, que semiabertos percorriam
e encaravam o íncubo, aguardando por ele. Sorrindo, livrou-se de suas calças
e acomodou seu corpo quente sobre o dela.
Em um movimento ágil, que pegou o íncubo de surpresa, Dária os girou
na cama, ficando por cima, sentada sobre os quadris do lorde. Com uma das
mãos, segurou os pulsos dele sobre a cama no alto da cabeça. Mesmo
parecendo frágil e delicada, a vampira tinha força mais do que suficiente para
mantê-lo ali. Sob seu domínio.
Um gemido escapou pelos lábios de Aron quando, contorcendo-se debaixo
dela, cerrou os dentes de tamanha vontade. O desejo selvagem estava ali e o
fez querer lutar para se libertar e então poder tocar cada curva do corpo
sedutor sobre o seu.
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– Vais ficar me torturando? – Aron choramingou ao tentar erguer a cabeça


para abocanhar um dos belos seios.
– Gosto de ser cruel algumas vezes. – Dária deu um risinho antes de
lamber a base do pescoço do íncubo, provocando um calafrio que o fez se
contorcer embaixo dela. A vampira deslizou as unhas pelo peito firme,
deixando um vergão vermelho por onde elas passaram.
– Dária, para de brincar comigo! – Aron estremeceu e gotas de suor
brotaram de sua testa demostrando o quanto estava ansioso. Queria,
precisava possuí-la com fogo e voracidade, entregue ao desejo cego.
– É divertido provocar-te. – A vampira passou um dos pés pela panturrilha
do lorde e cravou as unhas em seu peito, lambendo o sangue que brotou pelo
ferimento superficial.
Aron ofegou e estremeceu. Ela bebendo seu sangue só elevava ainda mais
a sua ânsia por tê-la. Finalmente Dária o libertou, e com as mãos livres Aron
sentou-se na cama com Dária ainda enganchada em seus quadris. Em
seguida, agarrou os seios dela, apertando com força, fazendo-a soltar um
gritinho que talvez alertasse os demais tripulantes do navio. Em uma parte
distante de sua mente, ele pensou em ir devagar, ela era saborosa demais para
que devorasse de maneira tão afoita. Entretanto foi impossível não ceder à
ferocidade que comandava seus instintos. Ergueu-a apenas o suficiente para
sentá-la outra vez, penetrando-a fundo.
Dária estremeceu ao senti-lo preenchendo-a. Agarrada ao cabelo de Aron,
apoiou a testa contra a dele, mantendo seus olhos fixos nos do íncubo, de
forma que ambos podiam observar as expressões de prazer um do outro. Seu
corpo subia e descia em movimentos cada vez menos sutis, a fricção onde se
uniam a imergia em sensações cada vez mais deliciosas. Uma parte dela
lembrou-a de que deveria se preocupar com os gemidos, afinal a tripulação
acreditava que ela estava morta. Entretanto, quando Aron deslizou para fora
apenas para investir contra ela outra vez, perdeu o último fio de seu bom
senso.
Com as mãos ainda firmes na cintura de Dária, Aron desviou o olhar para
beijá-la na boca. Sua língua roçou nos lábios dela, pedindo a passagem que
logo foi concedida. O beijo voraz abafou parte do gemido de ambos,
enquanto se uniam em perfeita sincronia. Aron delirava, não existia nada
melhor do que estar dentro do corpo dela.
Dária o empurrou contra a cama, forçando-o a se deitar. Sem que a
penetração fosse interrompida, apoiou as mãos sobre o peito do lorde. Assim
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que começou a ditar os movimentos, rebolou contra a pélvis dele, arrancando


um gemido alucinado de Aron, fazendo-o revirar os olhos e agarrar a cama
embaixo de si. Soltou um risinho ao ver o quanto o íncubo enlouquecia.
Aron agarrou os seios dela, que pulavam um pouco, implorando por serem
tocados, fazendo-a soltar um gritinho e arquear o corpo. Ele mordeu os lábios
quando o toque fez com que Dária intensificasse ainda mais os movimentos.
A região onde se tornavam um pulsava de forma frenética. Estar dentro dela
era mágico, indescritível, nenhuma mulher havia lhe proporcionado tanto
prazer antes. O êxtase o invadiu quando ele achava que nada mais poderia ser
tão delicioso, ainda agarrado aos seios da bela dama, soltou um alto gemido
ao banhar-lhe o ventre.
Dária sentiu o calor dele a envolver, aquecendo seu corpo por dentro, e
não levou mais do que alguns segundos para que ela o acompanhasse. Gritou
quando uma onda de prazer intenso e formigante varreu suas veias e deixou
seu corpo trêmulo, sem forças. Sua respiração ficou ofegante, como se
estivesse corrido em alta velocidade por horas.
Em meio a um beijo carinhoso, Aron sugou-lhe um pouco da energia ao
capturar os últimos suspiros de prazer. Então aconchegou-a sobre seu peito
que ainda subia e descia em meio à respiração urgente.
– Eu te amo, Dária! – Aron sussurrou ao recuperar o fôlego. Com uma das
mãos, traçou a curva que compunha a silhueta dela.
– Eu te amo também. – Com um sorriso que não cabia no rosto, a dama
enrolou uma mecha do curto cabelo negro nos dedos. – Mudastes tudo, Aron.
Fizestes com que eu acreditasse no amor outra vez, algo que jurava não
passar de um mero conto de fadas para ludibriar moças inocentes.
– Faria tudo outra vez para tê-la em meus braços.
– Não precisarás – Dária riu ao dar um tapinha sobre o peito dele. – Já
estou convencida.
Com uma felicidade que chegava a transbordar do peito, Aron a beijou,
ávido por fazer amor outra vez. Ele acreditava que não importava os anos que
se passassem, aquilo que sentia por ela cresceria ainda mais. Era um íncubo,
convencido de que sua vida se resumiria a seduzir e matar, entretanto agora
era um homem que havia ganhado um propósito, uma companheira eterna,
algo que nem mesmo o dinheiro em seus bolsos ou sua extrema beleza era
capaz de comprar. Agradeceu ao destino por tomar as decisões mais
inesperadas, fazendo com que uma simples troca de olhares
TRANSFORMASSE TUDO. Logo se entregou de novo ao desejo selvagem
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que ele e Dária compartilhavam de maneira tão intensa. Nos próximos dias o
navio aportaria em um novo continente e começariam uma ETERNIDADE
JUNTOS.

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Epílogo

– Onde estás me levando, Aron? – Dária perguntou com os olhos


vendados, deixando-se guiar pela audição. Se não fosse pelos seus sentidos
de morcego, seria difícil se equilibrar com o salto alto em um terreno tão
irregular.
– Tenhas calma, meu amor. – Ele a guiava, segurando-a firme pela cintura.
– Pronto. – Sussurrou ao tirar a venda.
– Onde estamos? – Dária olhou em volta sem entender todo aquele
mistério.
O sol havia acabado de se pôr, e dali era possível ver as estrelas numa
quantidade nunca imaginada quando estavam em Londres e a poluição das
fábricas a vapor obscurecia boa parte delas. Aron e Dária estavam num lugar
deserto, cortado por uma pequena estrada sem pavimentação. A vampira não
viu nada além do canteiro de obras e os operários que trabalhavam nele. Nada
lhe chamou atenção além de um pequeno garotinho brincando com um
barquinho de papel em um tonel de água talvez usado para fazer o cimento.
– O que é isso? – A vampira arqueou as sobrancelhas.
– Nosso futuro lar, e um lugar onde cada sobrenatural como nós possa ser
ele mesmo e encontrar refúgio.
– Vais construir outro bordel?
– Não, um bar talvez. – Aron sorriu a colocar uma mecha do cabelo ruivo
dela atrás da orelha delicada. – Preferes continuar naquele hotel?
– Parece-me uma ideia incrível, amor. – Sorrindo, Dária roçou seus lábios
brevemente nos dele. – Então é para cá que vens quando sais durante o dia
desde que chegamos.
O íncubo fez que sim com a cabeça.
– Pelo menos não é outra mulher.
– Outra mulher? – O lorde segurou a risada. – Estás com ciúmes de mim
agora?
– Não... talvez. – Dária virou de costas para ele.
– Por que faria isso se possuo a mais bela delas aqui nos meus braços. –
Aron a empurrou contra uma árvore atrás dele. – Além disso, podemos
escolher uma juntos. – O íncubo deslizou as mãos pelas laterais do corpo
esguio e agarrou os seios que saltavam aos olhos no generoso decote do
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espartilho. – Foi deliciosa a experiência com a Anne.


– E quanto a um homem? – Dária o fitou ao contornar com a ponta da
unha vermelha o queixo macio de barba recém-feita.
– Um homem? – O íncubo arregalou os olhos, surpreso. – Achei que nãos
gostasse de homens.
– Bem, já que me fizestes mudar de ideia, pensei que talvez pudéssemos
nos alimentar de um juntos. – A ruiva abriu um sorriso malicioso.
– Ah minha vampira, eu a amo! – Aron a abraçou e beijou.
– E como será mesmo o nome deste lugar? – Dária se esquivou das
carícias quando os olhares curiosos dos trabalhadores caíram sob eles.
– Santuário.

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Bônus

São Paulo – primavera de 2017

Do alto, numa pequena sacada particular, Aron e Natasha assistiam ao


show no centro do salão do Santuário, a música alta reverberava em cada
canto do lugar. O bar estava lotado naquela noite. Depois do último século
aquele ambiente havia se tornado um importante local de encontro de
criaturas sobrenaturais do país e do mundo. As luzes coloridas brilhavam
contra os olhos amarelados dos lobisomens sentados junto ao balcão, que
acenavam para uma nefilim. Esta fingia prestar atenção na banda, mas com o
canto de olho os estudava.
Aron respirou fundo e desviou o olhar para encarar a irmã ao seu lado, e
fez um questionamento que o angustiou durante todo o dia.
– Onde foi na noite passada? – O íncubo se apoiou sobre os balaústres.
Poderia ter passado dezenas de anos, mas ele ainda se lembrava bem do
acontecimento que os fez deixar a Europa. Estava verdadeiramente feliz ali e
não queria que sua irmã botasse tudo a perder outra vez.
– Por aí. – Olhando para o longe ela escondeu seu rosto nas sombras.
– Você se alimentou?
– Talvez.
O íncubo balançou a cabeça em negativa. Não se importava com quantos
humanos Natasha se envolvesse, desde que ela não trouxesse problemas outra
vez.
– Qual é irmão! Quantos corpos você deixou para trás antes de ficar com a
sua querida vampira? E será que parou de matar?
Aron deixou Natasha lá falando sozinha, e voltou para dentro do
escritório. Sabia que render aquela história apenas deixaria ambos irritados.
Tentou se convencer de ela já tinha mais de trezentos anos e era velha o
bastante para lidar com seus próprios problemas.
Fechou a porta atrás de si e sentou em uma cadeira de frente para uma
grande janela de vidro revestida, impedindo que quem estivesse fora visse
dentro.
Em silêncio, sob a penumbra com nenhuma luz acesa, observava aqueles
que passavam nas ruas. Orgulhava-se por ter constituído um lugar onde as
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criaturas do submundo podiam estar em paz, e tentou se convencer de que a


rebeldia de Natasha não colocaria tudo a perder...
Sentiu mãos suaves e frias tocarem seu peito e uma presença feminina
atrás de si. Segurou uma das mãos com as suas e sorriu.
– Dária! – Puxou-a e fez com que se sentasse em seu colo.
Aron acariciou o rosto da bela mulher de pele gélida, com longos cabelos
ruivos ondulados, que emolduravam o rosto branco e delicado e o fazia
lembrar uma boneca de porcelana. Os olhos grandes e vermelhos o
estudavam com atenção.
– O que foi, amor? – Dária lhe acariciou o rosto, notando o quanto estava
calado e pensativo.
– Natasha andou sumida noite passada.
– Você se preocupa como um pai, Aron. – Daria riu. – Natasha é um
súcubo. Ela pode tomar conta de si mesma.
– Da última vez foi você quem salvou o pescoço dela.
Daria se curvou e cobriu os lábios dele com os seus, impedindo que ele
continuasse a falar.
– Apenas relaxe. – Sussurrou ao pé do ouvido, antes de percorrer com a
língua toda a extensão do pescoço de Aron. – Graças a isso estamos juntos há
um século.
Ele apertou com força o apoio da cadeira quando sentiu os dentes
pontiagudos perfurarem a sua pele. Gemeu levemente quando sentiu a
substância afrodisíaca, contida na saliva, começar a agir em seu corpo. Uma
febre ardente tomou conta de cada parte do seu ser. Era por isso que as
vítimas não gritavam ao serem atacadas por um vampiro, pois segundos
depois de serem mordidas estavam excitadas demais para tal.
A ereção de Aron foi quase instantânea. Enquanto ela sugava seu sangue,
o íncubo aproveitou para tocá-la, percorrendo com as mãos as sinuosas
curvas, apertando e agarrando as regiões que mais o excitavam.
Para Daria o pênis rígido e pulsante debaixo dela talvez fosse culpa da
mordida. Mas Aron não precisava daquilo para desejá-la, a sanção que a
mordia os proporcionava apenas deixava tudo ainda mais delicioso.
Aron passou a mão pela lateral do vestido da vampira e sentiu que não
havia mais nada ali além do frágil tecido negro. O fato de Daria estar sem
calcinha o fez abrir um sorriso malicioso nos lábios. Ela sabia como provocar
e já se continha para não a deixar nua logo.
Ela tirou os lábios do pescoço de Aron e tocou novamente os dele. O
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íncubo sentiu o gosto agridoce do próprio sangue e beijou-a mais


intensamente. Sua língua encostou nas presas dela e sofreu um pequeno corte,
enchendo a boca de Daria com sangue exótico mais uma vez. O gosto dele
era tão bom... A vampira estava louca de desejo, com a região entre as suas
pernas úmida o suficiente para lhe molhar as coxas.
Minha vez, Aron pensou ao subir com as mãos pela nunca dela e
embrenhar seus dedos naquele cabelo macio. Em meio ao beijo quente ele se
deliciou quando uma aura azul começou a invadir sua boca, alimentando-o.
Os furos deixados por Daria em seu pescoço curaram-se imediatamente,
deixando apenas sangue seco no lugar.
Dária se sentiu um pouco fraca por alguns segundos, mas logo o sangue do
íncubo em seu corpo a fez se recuperar. Com as mãos trêmulas, embora
ágeis, ela começou a desabotoar a camisa social que Aron vestida, ainda o
beijando com urgência. Estar com ele era como se seu sangue fosse quente de
novo, e no último século nunca se sentiu tão viva. E como ele me fazia
quente!, a vampira quase riu para si mesma. Mordeu o lábio inferior dele ao
arrancar sua camisa e jogá-la longe.
Naquele momento Aron se esqueceu das preocupações com a Natasha ou
com qualquer outra coisa que o perturbasse. Adorava estar com Daria...
amava.
Ainda a beijando, sentiu seus lábios sangrarem e ela se deliciar com isso.
Correspondeu drenando dela um pouco de sua essência em meio ao beijo.
Eles eram um casal perfeito, sobreviviam bem e se deliciavam com as
investidas mortais um do outro.
Aron a segurou no ar e sentou-a sobre sua mesa. Encaixou-se por entre as
pernas distanciadas e começou a deslizar o vestido pelas coxas, oh, como
essas eram surpreendentemente macias.
Separou-se do beijo e encarou a região entre as pernas dela. Estava
visivelmente inchada e molhada. Mal via a hora de tocá-la. Então, acariciou-a
antes de enfiar um dedo.
Dária arqueou seu corpo e soltou um gemido quando o sentiu estimulá-la.
Acabou esbarrando uma das mãos em uma agenda sobre a mesa e jogou-a no
chão, mas nem se importou. Sussurrou o nome dele, contorcendo-se um
pouco. Aquele toque acendeu-a ainda mais e alimentou sua ânsia por Aron.
Os dedos dele movendo-se em seu corpo estavam longe de ser o bastante.
Ergueu um pouco o corpo para conseguir desabotoar a calça que estava
entre ela e a parte do corpo de Aron que almejava tanto. Mesmo com todo a
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sua agilidade de vampira não lhe pareceu o bastante. Estava afoita e por
pouco não lhe rasgou a calça.
Quando ela finalmente livrou-se da peça, Aron sorriu malicioso e
esfregou-se nela. Aquilo era maldade, ele sabia, mas levá-la a um tesão tão
grande ao ponto de fazê-la implorar era excitante. Ser um íncubo o permitia
sentir o quanto ela queria, o quanto Daria vibrava por ele.
Curvou-se sobre a mesa, apoiando as mãos ao lado do corpo da vampira, e
beijou-a, saboreando um pouco mais de sua essência antes de deslizar para
dentro dela.
Seus lábios sobre os de Dária abafaram os gemidos quando Aron começou
a se mover.
Ela entrelaçou seus dedos no cabelo negro e macio e puxou a cabeça de
Aron para o lado. Respirou o doce aroma da pele do íncubo antes de cravar
seus dentes no pescoço, voltando a sugar-lhe o sangue.
Ele estremeceu e nem tentou conter o gemido. A vampira bebendo dele o
fez se mover ainda mais rápido. O desejo despertado pela saliva dela tornava
o ato ainda mais prazeroso. Todo a fogo que alimentava o desejo deles desde
a primeira vez que se uniram ainda estava ali e ardia com a mesma
intensidade.
Aron se apoiou com apenas umas das mãos e com a outra puxou-a pelo
cabelo, fazendo com que a vampira parasse de chupar seu sangue, e voltou a
beijá-la. Dária sentiu sua energia fluir para ele e fechou suas pernas ao redor
da cintura de Aron, fazendo-o penetrá-la mais fundo. Em meio a gritinhos,
ela delirava com o vai e vem dentro de sim.
Os beijos quentes abafavam um pouco os gemidos dos dois, porém, se não
fosse pelo som alto da boate, muitos ouviriam o que estavam fazendo ali.
Entretanto ambos não davam a mínima, aquele lugar era deles.
Aron deslizou a mão que estava nos sedosos cabelos de Daria até um dos
seios roliços e rígidos. Mesmo cobertos pelo vestido, era uma delícia poder
tocá-los. Deslizando-se dentro dela, não conseguiu conter a onda deliciosa e
intensa que o banhou num êxtase que o deixou sem fôlego. Ele permaneceu
imóvel por alguns segundos, apenas beijando-a. Quando seu corpo se
estabilizou, Aron se livrou do vestido e começou a deslizar os lábios pelo
pescoço de Dária até a base de seus seios. Contornou-os com a língua e
lambeu os mamilos eriçados antes de abocanhar um deles.
A vampira se contorceu na mesa, gemendo. Apoiou as mãos sobre a
superfície de madeira e ergueu um pouco os quadris, rebolando no ar. Aron
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bateu na bunda dela, fazendo estalar, e agarrou com força as nádegas,


apertando de forma dolorida ao atender ao pedido silencioso. Dária soltou um
gritinho em meio a um sorriso. Aquilo era delicioso, pensou ao se remexer
nas mãos dele. A boca do íncubo deslizou até o meio de suas pernas e a fez
deperder o último fio de seus pensamentos. Ele a soprou levemente fazendo-a
se arquear. Não me torture, amor, Daria se conteve para não dizer. Quando o
sentiu finalmente tocá-la com a língua ela soltou um gemido longo e agudo e
agarrou a mesa embaixo de seu corpo. A força da vampira era tão grande que
marcou seus dedos na madeira, por pouco não a quebrou. Dária se contorcia
cada vez que Aron passava a língua em seu clitóris. Sentia cada parte do seu
corpo vibrar num frenesi delicioso a cada estímulo que ele lhe dava. Quando
o íncubo fechou os lábios em seu clitóris e sugou levemente ela não
conseguiu conter os gemidos cada vez mais altos e frequentes que deram
lugar a uma respiração pesada e ofegante. Exausta, deixou seu corpo cair
sobre a mesa.
Aron sorriu ao sentar-se na cadeira outra vez e puxá-la para os seus
braços. Acariciou o gélido rosto dela, sorrindo, simplesmente hipnotizado
pelos olhos vermelhos brilhantes ainda que sob a pouca luz.
– Talvez mais de um século desfrutando do seu amor já seja o suficiente
para dizer e foram felizes para sempre.
Dária riu com o trocadilho dele e cruzou os braços ao redor do pescoço do
íncubo. Lembrar-se de que eram imortais a deixou ainda mais feliz, por saber
que o para sempre realmente duraria para sempre.

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Sumário Nota da autora


Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Bônus

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Nota da autora

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produto da imaginação da autora. Locais e nomes reais foram
usados apenas para a ambientação. Os princípios de anjos e demônios
serviram apenas como base para o desenrolar da história e tiveram uma
interpretação própria da autora. Essa obra não possui cunho religioso.

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Prólogo

Ela era uma chama que queimava mais que o inferno, mais perigosa do
que o pior de seus inimigos. Quis repreendê-la por tamanha ousadia,
entretanto, aproximar-se dela se mostrou um grande erro.
Ele deveria apenas manter-se escondido, proteger a todo custo seu disfarce
se quisesse permanecer entre os humanos. Certamente, não esperava que
aquela mulher colocasse tudo a perder. Os sermões que havia planejado e a
raiva que permeava seu sangue, pareciam insignificantes diante da presença
dela.
No momento em que se tocavam, até mesmo o breve deslizar dos dedos,
continha-se para não perder o controle e cair na perigosa armadilha que era
ceder ao pecado. Contudo, a lembrança dela, de sua ousadia, e de sua beleza
pareciam assombrá-lo como pesadelos. O ardor da luxúria o consumia
enquanto teimava em lutar para não ceder aos seus desejos.

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Capítulo 1

São Paulo – primavera de 2017

Em um bar lotado, na Vila Madalena, um tradicional bairro boêmio da


cidade, estava Jorge: um homem jovem, com uma carreira em ascensão e
previsões de futuro que muitos desejavam ter. Sentado à mesa, numa sexta-
feira agitada, não queria se preocupar com muita coisa, além de se divertir e
relaxar com os amigos, que ao seu lado riam alto e jogavam conversa fora.
Depois de uma ou duas cervejas, o grupo de homens já perdera boa parte
do bom senso e a conversa havia tomado um rumo indecoroso sobre como
era gostosa a nova secretária do vice-presidente. Com o nível de álcool
subindo em seus sangues, falavam num tom mais elevado do que deveriam e
chamavam a atenção de todos no bar, deixando alguns curiosos e outros
incomodados.
Uma jovem entrou e com um caminhar marcante. O salto alto da bota de
cano comprido fazia barulho ao se chocar contra o chão de porcelanato. Ela
rebolava a cada passo, destacando ainda mais a sua bunda na calça preta
apertada. Ela se sentou junto ao balcão de madeira e ajeitou a franja do
cabelo negro bem arrumado.
Estava desacompanhada e isso chamou a atenção de todos no bar, que a
encaravam sem pudor. Jorge, o único que estava disperso, mexendo no
telefone, levou um cutucão do amigo ao lado e foi obrigado a olhá-la e por
um instante ele se sentiu sem ar. Era sem dúvida a mulher mais bela que já
havia visto em toda a vida. Se acreditava em amor à primeira vista? É claro
que não! Mas por alguns segundos ele duvidou de si mesmo. Seus olhos se
perderam nas curvas daquele corpo, perfeitamente delineadas pela roupa de
couro apertada e o corpete justo que dava a sensação de que deixaria aqueles
seios redondos à mostra a qualquer instante.
Tivera fama de garanhão durante todo o tempo da faculdade até encontrar
uma mulher quem jurou passar o resto da vida, mas diante daquele troféu no
bar, as palavras ditas no pedido de noivado pouco importavam. Não podia se
comprometer para o resto da vida sem uma última conquista.
– Eu duvido que leve essa para cama. – Foi desafiado por um amigo.

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Como se precisasse daquele incentivo.


Quando Jorge se deu conta já havia cruzado os poucos metros em meio ao
mar de mesas e ido sentar-se ao lado da estranha. De perto ela parecia ainda
mais incrível: com olhos azuis quase brancos e uma pele clara. Tentou
parecer delicado e não ficar encarando a curva dos seios no espartilho
apertado, mas estava sendo uma das tarefas mais difíceis que enfrentara na
vida.
Jorge se ajeitou na banqueta e respirou fundo. Era tão seguro de si que
nem precisou tomar coragem.
– O que uma mulher tão bonita faz sozinha em um lugar como esse? –
Aproximou-se um pouco mais e puxou assusto.
– É porque ainda não encontrei companhia. – Ela se virou para ele e
sorriu.
Algo dentro de Jorge quis pular. Foi como se ele já tivesse ganhado a
noite, e essa mal havia começado.
– Aceita uma bebida? – Ofereceu e já pediu ao barman antes mesmo de
obter uma resposta. – É uma cantora? Porque tem uma das vozes mais belas
que já ouvi.
Ela deu uma leve risada e Jorge teve certeza de que já estava no papo.
O barman colocou as bebidas sobre o balcão enquanto os dois
conversavam. Além de bonita ela era divertida e parecia atenta as bobagens
sobre o trabalho que ele dizia.
– Então trabalha numa grande empresa? – Bebericando a sua caipirinha,
Natasha fingia interesse. A cada vez que a ela mexia nos cabelos sedosos ou
passava os dedos ao redor dos lábios para arrumar o batom o homem parecia
cada vez mais hipnotizado.
– Sim, em breve serei diretor executivo.
– Interessante... – Ela deslizou uma das mãos pelo balcão até poder roçar
seus dedos no braço do homem.
Ele sentiu um enorme calor invadir seu corpo pelo simples toque. Que
mulher era aquela?
– O que acha de continuarmos essa conversa no meu apartamento? – Jorge
sussurrou ao pé do ouvido, ao pousar uma de suas mãos sobre a coxa dela.
– Eu adoraria. – A morena sorriu e acariciou o rosto dele, raspando sua
pele suave na barba malfeita.
Jorge não precisou de muito mais para colocar-se de pé e estender a mão
para que ela o seguisse. Achava mesmo que seu charme era irresistível para
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que uma mulher tão linda topasse fácil sair dali com ele.
Como um perfeito cavaleiro, abriu a porta do carona para que a moça se
sentasse. E então assumiu o volante. Esperava que o seu carro a
impressionasse, mas ter os olhos dela fixos nos seus foi melhor ainda.
Já era tarde, e com as ruas sem congestionamentos não levou mais do que
alguns minutos para estacionar em frente ao seu apartamento.
O porteiro quase não ouviu o som do portão da garagem sendo aberto. Não
deu muita atenção e logo voltou a folhear o jornal do dia anterior para
disfarçar que estava dormindo. A maioria dos homens donos de apartamentos
ali eram jovens, solteiros, chegavam tarde e traziam companhia com
frequência.
Desceram do carro numa garagem grande e escura. Sem dizer nada, ela o
seguiu até um elevador. O barulho de seus passos ecoava no ambiente
cavernoso. Jorge apertou o botão para o seu andar e a mulher nem mesmo
esperou a pesada porta de metal se fechar para empurrá-lo contra a parede.
Natasha começou a beijar e mordiscar o pescoço dele, isso o fez se acender
ainda mais.
– Sabe não costumo fazer isso... – Apoiada com as mãos na parede de
metal do elevador, ela começou a sussurrar passando os lábios pela base da
orelha, fazendo-o se arrepiar todo. – Sair assim com um completo estranho...
Ele pousou os dedos sobre os lábios dela fazendo com que se calasse.
Olhou mais uma vez para o corpo curvilíneo e não queria que tal pensamento
colocasse tudo a perder. Não podia desperdiçar a oportunidade...
– Prometo que essa será uma das melhores noites que já teve. – Abraçou-a
sentindo o doce aroma que sua pele exalava. Mal via a hora de vê-la nua.
A mulher se conteve para não rir. Não era o primeiro homem como ele
com quem saía, nem mesmo o mais convencido. Entretanto, isso pouco
importava no momento.
– Qual é mesmo seu nome? – Jorge se deu conta do quanto fora idiota.
Estava prestes a levá-la para cama deveria ter perguntado aquilo antes. A
mancada poderia custar sua noite.
– Natasha. – Ela riu como se não estivesse ofendida o que o deixou
aliviado. Brincando com o colarinho da camisa social dele, mordeu sua
orelha e outra vez. – Natasha...
Jorge se encolheu com o arrepio que varreu sua espinha. Que mulher
gostosa! Mal via a hora de poder agarrar a bunda roliça que se destacava pela
calça apertada.
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Quando o elevador abriu, ele já tinha as chaves para abrir a porta nas
mãos. Sentiu-se um maratonista por ter feito aquilo tão rápido. Em seguida,
puxou Natasha para dentro do seu apartamento e trancou a porta. Escorou-se
na parede, acendendo a luz às pressas e puxou-a consigo.
Finalmente pousou suas mãos sobre as curvas do corpo tão sedutor, que
sob a luz forte do lustre da sua sala de estar, parecia ainda mais bonito. Refez
os contornos que a delineavam com a palma das mãos, tocando-a toda e ficou
feliz por ela não o ter impedido. Pousou seus lábios sobre o pescoço de
Natasha, provando seu gosto suave e excêntrico. Deslizou as mãos pela
lateral do corpete apertado, até finamente poder agarrar os seios que saltavam
tanto aos seus olhos. Àquela altura, se ainda existia dentro dele um pouco de
controle ou bom senso, ambos foram perdidos. Como uma mulher poderia
ser tão irresistível? Era incapaz de pensar em outra coisa além de tocá-la ou
despi-la.
Jorge enrolou os longos cabelos negros em uma das mãos e com a outra
puxou o rosto dela para mais perto. Não se deu ao trabalho de pedir
autorização antes de invadir a boca dela com a língua, explorando-a.
Natasha não se importou, ao contrário disso, envolveu o pescoço do
homem com os braços, pressionando seu corpo ainda mais contra o dele.
Nossa! Raras foram as ocasiões na vida de Jorge que um beijo havia sido
tão intenso. A cada toque das línguas ele sentia seu sangue ferver nas veias e
cada parte do seu ser desejava mais daquilo. A ânsia era tanta que sentia suas
mãos tremerem. O membro, já há muito tempo rígido dentro da calça,
pulsava com uma vontade insana, que crescia a cada estocada da língua de
Natasha em sua boca.
Jorge forçou as mãos pela lateral da calça dela, querendo sentir sua pele
por debaixo do tecido. Assim que suas mãos tocaram as nádegas sob a
calcinha, ela soltou um leve gemido. A pele dela era tão macia, a bunda era
um convite para o pecado que não podia recusar.
Natasha mordeu o lábio inferior dele em meio ao beijo cada vez mais
quente. O corpo dela já pulsava de desejo. Não podia negar: o homem era
atraente, escolhera bem. Com as mãos urgentes, ela começou a desabotoar a
camisa social. Uma ânsia, um desejo voraz crescia cada vez mais dentro dela.
Estava faminta por aquilo.
Deslizou a camisa pelos ombros de Jorge e a jogou no chão. Parou de
beijá-lo e começou a mordiscar e dar leves chupões em seu pescoço, isso o
fez soltar um gemido. Estava ainda mais excitado. A cada mordida, o corpo
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de Jorge se contorcia com o calafrio provocado, o que eriçou todos os pelos.


Ele a sentiu deslizar uma das mãos delicadas pelo seu peito nu e chegar até
à base da sua calça. Revirou os olhos ao cerrar os dentes, ainda assim foi
impossível conter o gemido quando ela tocou seu membro rígido, mesmo por
cima do tecido da calça. Teve que se segurar para não a suplicar que o tocasse
logo.
Abriu o zíper do corpete de Natasha e o jogou no chão. Agarrou os seios
outra vez. Eles eram macios e rosados, não muito grandes, mas o suficiente
para encher a suas mãos. Não via a hora de tocá-los com a língua. Os
mamilos rígidos eram um convite silencioso. Então o homem se curvou e
lambeu um deles, fazendo-a contorcer-se ligeiramente, logo depois o
abocanhou e começou a chupar. O gosto dela era viciante e melhor do que o
de muitas mulheres havia provado. Poderia passar a eternidade lambendo,
beijando e chupando os seios dela.
O desejo entre suas pernas pulsava a cada toque pelo corpo sedutor e
feminino, sentia-o enorme, tanto que Jorge temeu que estourasse o zíper da
calça. Ainda chupando um dos seios saborosos da mulher, ele deslizou as
mãos ao longo do corpo dela até a base da calça dela. A pressa era tanta que
se livrar da peça pareceu uma eternidade, mas logo pôde tocá-la outra vez. A
frente da calcinha dela estava úmida e isso aumentou ainda mais o seu desejo.
Estava ali com uma estranha, mas quem se importava? Ela era
deslumbrante e sexo casual não fazia mal a ninguém. Em dois meses estaria
casado e não poderia mais sair para a farra.
Natasha o empurrou pelos ombros e fez com que ele tirasse a boca de seus
seios. Porém, quando os lábios carnudos tocaram outra vez seu pescoço,
Jorge não quis mais protestar. Fechou os olhos e se entregou a sensação da
língua dela descendo até o início do seu tórax. Contorcia-se em meio a
chupões e leves mordidas que ela deixava pelo caminho. Queria agarrá-la,
porém a vontade de saber até onde aquilo iria o manteve imóvel. Os lábios
continuaram a descer pelo peito dele. As unhas de Natasha acompanharam
seu rosto deixando ainda mais marcas.
Ela se ajoelhou e Jorge delirou ao senti-la começar a desabotoar sua calça.
Ainda beijando seu abdômen, ela abriu o zíper numa vagareza que o mataria.
Jorge enlouqueceu durante aqueles poucos segundos. Respirou aliviado
quando ela finalmente tirou sua calça e a cueca junto. Seu pênis rígido
exposto, deixou-o orgulhoso.
Natasha passou suas mãos suaves ao redor do sexo dele o que o fez cerrar
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os punhos, espremendo os dedos e conter um gemido. Aquilo era tortura.


– Não faça isso. – Ele se contorceu.
– E por que não? – Ela sorriu fazendo de novo. – E isso? – Segurou o
pênis com as mãos e deu uma leve lambida.
Jorge gemeu ao assentir com a cabeça. Faça logo! Conteve-se para não
gritar.
Aquilo foi suficiente para que Natasha o envolvesse com os lábios. Jorge
tentou conter o gemido, mas foi inútil. Aquilo era muito bom. Logo deixou-se
levar pela sensação maravilhosa. Acariciava os longos cabelos negros,
enquanto gemia a cada vez que os lábios dela deslizavam por toda a extensão
do seu pênis ou revezavam com a língua, lambendo-o, explorando-o,
provocando-o, enlouquecendo-o. Ela o chupava sem pudor algum, tornando
aquele o melhor oral que Jorge já recebera na vida. Acariciava o cabelo de
Natasha em meio a leves espasmos de prazer, desfrutando da bela visão que
era ter aquela linda mulher de joelhos diante de si.
Talvez fosse culpa da bebida e isso o deixasse ainda mais sensível, porém
no fundo pouco importava, Natasha estava alimentando bem o desejo que ela
mesma havia atiçado. A cada gemido que ouvia podia sentir o prazer dele
fluir.
O coração de Jorge palpitava. Sorriu ao pensar nas inúmeras
possibilidades do que poderia fazer com aquela mulher. Colocou uma mexa
do cabelo atrás da orelha e acariciou-a. O olhar sexy que Natasha lançou para
ele deixou-o ainda mais alucinado.
Por mais prazeroso que aquele oral estivesse sendo. Jorge sabia que
precisava parar, caso contrário se esvaziaria ali mesmo, e acabaria com tudo
cedo demais.
Puxou-a para cima, fazendo-a ficar de pé e beijou-a mais uma vez. Ela
tinha um gosto tão bom que poderia ficar ali para sempre. Enquanto a língua
de Natasha brincava com a sua, Jorge a tocava. Deslizou a calcinha
minúscula pelas pernas longas e roliças e a jogou longe.
Natasha o puxou consigo até um sofá que ficava no centro da sala
razoavelmente espaçosa. Jorge encarou aqueles belos olhos quando ela se
apoiou sobre seus ombros e sentou em seu colo.
– Não prefere ir para cama? – Ele a perguntou tentando soar educado. Mas
não via a hora de tomá-la logo, não importasse o lugar.
– Não. – Ela murmurou ao pé do ouvido dele e deu uma leve mordida em
sua orelha. – Gosto do sofá. – Esfregou-se no membro rígido, deixando-o
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sentir o quanto estava molhada, o que o fez soltar um gemido involuntário e


agarrar a bunda dela.
Jorge a apertou com força, com seu membro pulsando. Não conseguia
conter mais seus desejos. A mulher o deixava louco como nunca estivera
antes. Não via a hora de penetrá-la, seu corpo gritava desesperadamente por
isso. Tateou uma mesa redonda que ficava ao lado do sofá e tirou do cinzeiro
a camisinha que deixara ali. Rasgou o pacote com o dente e vestiu-se.
Natasha sorriu para ele antes de segurar seu pênis e começar a encaixá-lo
dentro de si. Jorge apertou ainda mais as nádegas da mulher em suas mãos e
delirou de prazer ao sentir seu membro deslizar para dentro dela. Estava
deliciosamente molhada e apertada.
Natasha se curvou e começou a mordicar e assoprar a orelha dele,
fazendo-o se desligar de qualquer pensamento racional que estivesse tendo
naquele momento. Tudo o que importava era estar ali, fazendo sexo com
aquela mulher maravilhosa. Ela se apoiou em seus ombros, começando a
rebolar contra os quadris dele.
Jorge a beijou, abafando o gemido que não conseguiu conter. Apertou
ainda mais as nádegas dela quando a sentiu a vagina abraçar seu pênis,
espremendo-o. Teve que respirar fundo e pensar em algo que não fosse
aquelas belas curvas em suas mãos, caso contrário gozaria rápido e todo que
queria era aproveitá-la ao máximo.
– Assim é bom? – Sussurrou Natasha ao pé do ouvido dele ao subir um
pouco, deslizando-o para fora dela para logo em seguida sentar nele outra
vez.
– Oh, sim. – Jorge apertou com força a cintura fina. Já havia aceitado que
era impossível não se contorcer no sofá ou soltar gemidos cada vez mais
altos.
Natasha voltou a beijar o pescoço dele deixando leves chupões, enquanto
se movia, rebolando com o pênis dentro de si. Subindo e descendo no colo de
Jorge, sentia-se deliciosamente preenchida. Aquele homem era forte e viril,
exatamente como gostava, e estava servindo bem ao propósito de saciá-la.
Apoiada nos ombros dele, ela se movimentava com extrema maestria,
jogando a cabeça para trás, com os cabelos balançado no ar, permitia-se
gemer.
Jorge a segurou pela cintura e a deitou no sofá. Recusando-se a sair de
dentro, ficou por cima. Era sua vez de ditar o ritmo.
Observou mais uma vez a bela mulher de olhos e pele clara, curvas
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perfeitas e volumosos cabelos negros. Como ela era linda e dava para ele
melhor do que as muitas prostitutas com as quais já estivera. Sentiu-se o
homem com mais sorte no mundo.
Retomou os movimentos. Oh, como ela o apertava. Ele gemia de prazer
como não se lembrava de ter gemido antes. Aquela com certeza estava sendo
a melhor noite de sexo da sua vida.
Natasha o arranhou com força, deixando um vergão por onde suas unhas
negras passaram no decorrer das costas largas. Mas Jorge não se importou, a
dor naquele ponto serviu para aumentar ainda mais seu prazer.
Ainda apoiado sobre o sofá, ele curvou-se para lamber os seios rosados.
Como era deliciosa. Tentava se conter ao máximo para não acabar com seu
prazer, porém se tornava uma tarefa cada vez mais difícil.
A bela mulher sorria para ele e soltava gemidos cada vez mais longos e
prazerosos. Natasha estava se deliciando com aquilo. Quanto mais prazer o
proporcionava mais forte ela se sentia.
O homem a levantou novamente e estava prestes a colocá-la de quatro
quando ela o impediu.
– Gosto de olhar nos seus olhos. – Natasha o empurrou de volta contra o
encosto do sofá e sentou-se novamente sobre seu colo. Jorge não se importou
com a advertência, apenas ficou feliz por penetrá-la outra vez.
Ela voltou a rebolar, ele agarrou seus seios e deu leves chupões e
mordidas, que deixariam marcas na pele tão branquinha.
Tentou não prestar atenção nas curvas do corpo em suas mãos ou em
quanto seu membro era estimulado. Jorge fez o que pode para conter seu
orgasmo, no entanto, foi inútil. Aquela mulher ia muito além do que estava
acostumado a lidar.
Natasha se curvou para beijá-lo quando o sentiu se contrair em leves
espasmos. Jorge a abraçou e correspondeu ao beijo em meio a quase gritos de
prazer, enquanto a maravilhosa sensação do orgasmo, que banhara seu
sangue de forma tão intensa e inacreditável, aos poucos se esvaia. Precisava
de alguns minutos para se recuperar, porém prometeu a si mesmo que logo
recomeçariam.
Durante o beijo ele começou a se sentir cada vez mais fraco, achou que
fosse pelo orgasmo. Então continuou a passar suas mãos trêmulas pelo corpo
macio dela, até que mal tinha forças para mantê-las em movimento e as
deixou cair sobre o sofá. Foi quando viu uma aura azulada sair de sua boca e
ir para a de Natasha. Seus olhos se arregalaram, quis gritar, mas era tarde,
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nada pode fazer antes que perdesse completamente os sentidos...


Quando Natasha havia ser alimentado de toda força vital e sexual dele, ela
levantou-se e largou o corpo imóvel sobre o sofá. Sentia-se saciada por hora.
Lamentou por tê-lo matado tão rápido, talvez pudesse tê-lo proporcionado
mais um orgasmo. Mas no fundo não se importava, só teria prolongado ainda
mais seu próprio prazer, só que estava faminta demais para esperar.
Caminhou até o banheiro requintado do apartamento de sua presa e tomou
um banho demorado, limpando os vestígios do sexo que ainda haviam dentro
do seu corpo. Depois disso ela recolheu suas roupas, vestiu-se e deixou o
lugar.

Na manhã seguinte uma jovem chegou à porta do apartamento. Com os


olhos irritados pela lente de contato, ela enxergava pouco. Havia passado no
salão, arrumado o cabelo e feito as unhas. Queria estar bonita quando
encontrasse com o seu noivo. Com os braços cheios de sacolas com coisas
para preparar um café da manhã perfeito, ela abriu a porta...
Praguejava consigo mesma sobre aquela maldita lente, que a fazia sentir
como se houvesse areia nos olhos. Mas ficou feliz ao lembrar-se de que com
elas ficava bem mais bonita do que com os enormes óculos que costumava
usar.
Depois que finalmente venceu a disputa com as chaves, decidiu chamar
pelo seu noivo. No entanto, lembrou que era cedo e que ele provavelmente
ainda estaria dormindo.
Olhou para a sala e pensou se conseguiria preparar o café sem acordá-lo...
Mas ficou paralisada quando seus olhos sem foco encontraram sobre o sofá
uma silhueta que distinguiria em qualquer lugar. Porém ele não se movia,
nem mesmo respirava.
Aproximou-se para enxergar melhor e o grito agudo que soltou, junto com
o barulho das coisas caindo no chão, acordou todos no prédio.

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A polícia, chamada pela vizinha enxerida, levou pouco mais de dez


minutos para chegar. A mulher que havia encontrado o noivo morto, estava
no saguão do prédio. Em completo choque, pálida, com mãos e pés tremendo,
e envolta por um cobertor cinza. Mal conseguindo dizer o seu próprio nome,
ela não ajudou nem um pouco a policial que lhe fazia perguntas.
O detetive Afonso se aproximou do corpo. Enquanto seu parceiro
verificava se havia indícios de arrombamento no apartamento. Fora o homem
morto, tudo parecia no seu devido lugar.
– Dante, meu amigo, seja lá o que esse cara usou deve ser das brabas,
porque nunca topei com algo assim nem na época que trabalhava na
narcóticos. – Afonso se virou para o seu parceiro a fim de chamar sua
atenção.
Dante coçou a barba loira e aproximou-se da vítima. Não havia corte ou
buracos de bala visíveis no corpo, que estava nu e parecia seco, mumificado.
O cara morto era jovem e Afonso estava certo, não havia droga conhecida
que causasse tal tipo de efeito. Mas o que Dante sabia e Afonso não, é que
existiam criaturas capazes de causar uma morte assim.

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Capítulo 2

Era fim de tarde, e a luz, já quase escassa do sol, entrava fraca pelas
janelas de vidro de uma pequena lanchonete, deixando o lugar na penumbra.
Crianças corriam de um lado para o outro, esbarrando nas mesas e fazendo
bagunça. Uma jovem garçonete olhava aquilo desorientada, já não aguentava
mais gritar para que parassem.
Dante estava sentado em um banco alto de plástico junto ao balcão.
Rodando uma colher dentro de seu copo de café com leite, ele ignorava o
escarcéu ao seu redor. Humanos são assim, barulhentos. Riu consigo mesmo.
Afrouxou a gravata que lhe apertava o pescoço e tomou um gole de sua
bebida. O gosto não era dos melhores, porém nem se importou. No fundo não
precisava tomar aquilo, embora fosse bom manter as aparências.
Parado, olhando para o nada, pensou em quando decidiu se tornar um
detetive, o que era interessante e um tanto engraçado, pois antes nunca havia
pensado em se ver desse lado da lei. Mas era um bom passatempo e um tanto
divertido, como se atreveria a dizer.
Sentiu uma mão tocar seu ombro e saltou do banco em posição de ataque.
Estava distraído, e só ele sabia o quanto não poderia deixar que aquilo
acontecesse.
– Ei, cara, calma! – O detetive Afonso se assustou com a reação do
parceiro.
Dante olhou o colega de cima abaixo, dos seus sapatos pretos sociais até
os cabelos cacheados, passando da hora de cortar, parcialmente escondidos
sob um chapéu. Encarou os olhos castanhos e levou alguns segundos para se
certificar que era mesmo o Afonso. Para o parceiro foi um ato estranho, mas
para Dante cuidado nunca era demais.
– Não é nada. – Ele finalmente sorriu. – Foi apenas um susto.
– Você é estranho cara. – Afonso riu e puxou um banco ao lado do de
Dante para que pudesse se sentar.
– Aceita algo? – Perguntou a garçonete a ele.
– Sim um café. – Afonso mal olhou para ela. Nem se deu conta de como o
encarava. Ele se arrependeria depois.
Encarou o saleiro e o vidro de pimenta no balcão antes de voltar-se para

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Dante.
– Alguma novidade sobre o caso do cara encontrado morto essa manhã?
Dante balançou a cabeça em negativa e Afonso prosseguiu.
– Estive com o legista há pouco e ele me disse que não encontrou
nenhuma droga pesada ou desconhecia no corpo da vítima, nada além de
álcool e que não possuiu nenhuma justificativa para o estado mumificado em
que o encontramos.
– O melhor é começarmos interrogando as últimas pessoas que estiveram
com ele. – Dante tomou o restante de seu café com leite.
– Vamos até a delegacia então. – Afonso se levantou num salto e tomou
seu café em um único gole. – Deixei meu carro estacionado no beco. – Jogou
sobre o balcão algumas moedas.
Dante seguiu o parceiro até a entrada da lanchonete, mas então parou e
olhou ao redor. As pessoas pareciam felizes, um casal sentado em uma mesa
próxima dividia uma porção de batatas, colocando um na boca do outro. As
crianças ainda riam e corriam para todo lado. Tudo parecia bem, então por
que estava tão desconfiado?
Caminharam até o beco em silêncio. Àquela altura, o Sol já havia se
escondido quase por completo atrás dos prédios altos e deixava o lugar na
penumbra. Dante observou alguns ratos correram para trás de uma grade
caçamba de lixo. Ah Afonso, que ótimo lugar para deixar o carro!
Tudo estava silencioso, silencioso demais...
– Ah, qual é?! Lá na frente estava cheio. – Balbuciou Afonso ao perceber
como o amigo o encarava.
Ele caminhava sorrateiramente até o carro quando algo surgiu do nada e
puxou-o pelos ombros para cima. Não conseguiu ver o que era, apenas gritou
por Dante que nada pode fazer. Segundos depois ele caiu, feito um saco
pesado. Degolado, com os olhos arregalados. O corpo caiu sobre o capô do
carro popular e a cabeça rolou espirrando sangue pelo chão até parar junto ao
pé de seu parceiro.
Dante engoliu em seco. Olhou ao redor em busca do assassino. O beco
parecia assustadoramente vazio a não ser pelo carro, o homem morto e as
caçambas.
Outro rato correu indo se esconder atrás da roda do carro. Porém um
homem pousou sobre o capô. O som alto do choque que amassou o metal
ecoou por todo o beco, e o barulho assustou o roedor.
O detive encarou-o. O sujeito parado sobre o carro era alto usava uma um
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sobretudo branco. Ele era negro e tinha o rosto repleto de runas. Os olhos
dele eram brancos e pareciam vazios, implacáveis.
– Dante? – O homem riu alto, como se aquela fosse uma piada. – É assim
que o chamam agora? Que irônico ao considerar que esse é um nome de um
cara que atravessou o inferno.
Era isso que sempre temia, que eles o encontrassem. Contudo sabia que
era algo que não tardaria a acontecer.
O homem sacou uma espada que estava na bainha junto a cintura. A
lâmina reluzente, cegava os olhos. Com um grito, o cara partiu para cima do
detetive.
Dante se curvou e levou a mão às costas, na junção entre o pescoço e o
tronco. Ao enfiar as unhas na própria pele ele arrancou de sua espinha uma
espada feita de seus próprios ossos que ainda pingava sangue. Seu
movimento foi ágil o bastante para interceptar o ataque. Girando o braço no
ar, com sua espada Dante segurou a do inimigo, ambas bem rentes ao seu
rosto. Cerrou os dentes com a força que precisou usar para impedir que a
lâmina brilhante cortasse sua cabeça ao meio.
Ágil como um gato, curvou o corpo e rolou para o lado, permitindo que a
espada cortasse o ar onde ele estava há poucos segundos. Em seguida,
acertou o estranho com um soco na boca do estômago o que o fez cambalear
para trás, sentindo uma dor forte irradiar por todo o seu corpo. O agressor
ficou sem fôlego por alguns segundos. Aquele maldito era muito forte!
Cuspiu um pouco de sangue no chão de asfalto. Mal teve tempo de se
recuperar antes de desviar de um chute de Dante que passou ao lado de sua
orelha acertando a parede do beco atrás de si.
Enfurecido, o homem revidou, acertando e cheio um chute no peito de
Dante, fazendo-o voar até a parede na outra extremidade do beco.
Dante apoiou as mãos no chão e levantou-se, balançando a cabeça um
tanto atordoado. Uhm, aquilo doeu! Mas estava longe de ser o suficiente para
nocauteá-lo. Apoiando no muro chapiscado, levou a mão ao rosto e limpou o
filete de sangue que escorreu de seus lábios. Ergueu os olhos e encarou outra
vez seu agressor, mais forte do que o anterior.
– Vou enviá-lo de volta ao inferno.
– Só voltarei quando eu quiser, e ainda não quero. – Dante se desviou de
mais uma investida do sujeito.
Rodopiando no ar, segurando firme com as duas mãos o punho da espada
sangrenta, o detetive investiu contra as pernas de seu inimigo e acabou por
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cortar o ar quando o alvo saltou saindo do alcance. Ele era bom... Esperava
que não bom o bastante.
Colocou-se de pé e interceptou mais um golpe. Segurou firme sua espada,
rente ao próprio rosto outra vez, evitando que fosse atingido.
Uma gota de suor escorreu de sua testa e caiu ao chão no momento em que
se desviou. Podendo se mover novamente, livre da pressão, Dante deu alguns
passos para trás e girou sua espada no ar. Fitou novamente os olhos de seu
agressor, eles tinham sede de sangue, sede por seu sangue.
Deferiu um mais um golpe contra o sujeito, tentando atingir seu rosto com
o punho da espada, mas esse era extremamente veloz e se desviou com
facilidade. Droga! Estava enferrujado, praguejou Dante em pensamentos.
Curvou o corpo para trás pouco antes da espada brilhante cortar o lugar
onde estava seu pescoço. Em seguida, foi rápido o suficiente para acertar um
chute no joelho e derrubar o homem no chão e não hesitou em perfurá-lo no
peito com sua espada. O cara virou cinzas que se desfizeram no ar levadas
pela leve brisa.
Assim que Dante respirou aliviado, sentiu uma dor aguda irradiar de sua
coxa. O maldito havia o atingido. O detetive levou a mão ao ferimento,
sujando seus dedos com o sangue negro que escorria. Gemeu um pouco com
a dor que varria seus nervos e o fazia se contorcer. Era forte, porém aquele
não era um ferimento qualquer. Armas celestiais dificultavam sua
regeneração.
Olhou ao redor e viu o corpo de seu companheiro que ainda jazia imóvel
ainda sobre o capô do carro. Precisava limpar aquela bagunça. Pegou o
celular do bolso, e com as mãos cheias de sangue, sujou a tela de vidro ao
discar o número da polícia.
– Alô, aqui é o detetive Dante Vargas da homicídios, distintivo 5809-2.
Afonso e eu sofremos uma emboscada. Ele foi assassinado e eu estou ferido,
mas vou ficar bem. Os bandidos fugiram.

Lá fora quase não havia mais carros passando na rua. Com a madrugada a
caminho tudo tendia ao silêncio. A lua estava cheia e era a única luz no
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apartamento pequeno onde Dante vivia. Ele estava em um cômodo, com as


paredes cobertas por prateleiras de livros, com uma única janela pequena, o
que deixava o ambiente um tanto quanto claustrofóbico. Mas aquilo, nem a
poeira dos livros pareciam incomodá-lo.
Sentado em uma poltrona confortável, com estampa floral, feita de
madeira antiga, assim como a mesa onde ele apoiava a perna. Sobre a mesa
estavam alguns papeis um tinteiro, uma pena e uma maleta, cujo interior
continha linhas, agulhas e um pedaço de madeira, que ele pegou e levou a
boca, antes de enfiar a agulha numa das extremidades do seu ferimento. Seu
grito de dor foi abafado.
Depois que a polícia havia chegado ao beco, Dante os convencera de que
foram atacados por bandidos procurando retaliação por amigos presos. O
corpo de Afonso foi levado para necrotério e Dante os convenceu a que ele
mesmo cuidaria de seus ferimentos. Eles o acharam maluco, no entanto, não
o questionaram.
Agora ele estava ali, costurando o corte profundo. Logo se curaria,
contudo, explicar seu sangue negro e porque sua pele não se perfurava por
agulhas comuns, era outra história.

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Capítulo 3

Do alto, numa pequena sacada particular, Aron e Natasha assistiam ao


show no centro do salão do Santuário, a música reverberava em cada canto
do lugar. O bar estava lotado naquela noite. Depois do último século aquele
ambiente se tornara um importante local de encontro de criaturas
sobrenaturais do país e do mundo.
As luzes coloridas brilhavam contra os olhos amarelados dos lobisomens
sentados junto ao balcão, que acenavam para uma nefilim. Esta fingia prestar
atenção na banda, mas com o canto de olho os estudava.
Aron respirou fundo e desviou o olhar para encarar a irmã ao seu lado, e
fez um questionamento que o angustiou durante todo o dia.
– Onde foi na noite passada? – O íncubo se apoiou sobre os balaústres.
Poderia ter passado dezenas de anos, mas ele ainda se lembrava bem do
acontecimento que os fez deixar a Europa. Estava verdadeiramente feliz ali e
não queria que sua irmã botasse tudo a perder outra vez.
– Por aí. – Olhando para o longe, ela escondeu seu rosto nas sombras.
– Você se alimentou?
– Talvez.
O íncubo balançou a cabeça em negativa. Não se importava com quantos
humanos Natasha se envolvesse, desde que ela não trouxesse problemas outra
vez.
– Qual é, irmão? Quantos corpos você deixou para trás antes de ficar com
a sua querida vampira? E será que parou de matar?
Aron deixou Natasha lá, falando sozinha, e voltou para dentro do
escritório. Sabia que render aquela história apenas deixaria ambos irritados.
Tentou se convencer de ela já tinha mais de trezentos anos e era velha o
bastante para lidar com seus próprios problemas.
Com os olhos turvos, focados no horizonte, Natasha sabia das pessoas lá
embaixo, entretanto não as via mais. Com a mente longe, cerrou os dentes de
raiva. Era muito fácil para Aron brigar com ela na posição em que estava,
mas antes do irmão ter jurado amor eterno a uma vampira, ambos eram
iguais, alimentavam-se, matavam. Ela havia matado a pessoa errada, mas
Aron e Isabel não estavam assim tão longe de cometer o mesmo erro.

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Os gemidos vindos da sala de Aron foram a deixa para que a súcubo


deixasse a sacada. Estava feliz por ver o irmão feliz, mas ele que não se
metesse nas escolhas dela, assim como não o fez quando Aron correu atrás de
uma mulher que o despreza. A vida era feita de escolhas, ele havia escolhido
um amor eterno, e Natasha queria apenas se divertir. Estava longe de ser uma
santa, não queria ser uma.

Um grande espelho pendurado em uma parede coberta por papel vintage,


refletia a bela imagem de Natasha. A súcubo passava um rímel destacando
seus cílios negros, destacando seus olhos azuis-esbranquiçados e penetrantes.
Ela ajeitou o sutiã que fazia seus seios parecerem ainda maiores. Natasha
tinha uma beleza que deixava os homens sem fôlego e a usaria sem
pestanejar.
A súcubo olhou para o espaçoso quarto, com a mesma decoração que
usava há mais de cem anos. Uma grande cama com colcha vermelha, ao lado
dela duas mesas de canto com uma luminária. E numa delas havia uma foto
dos três irmãos.
Alguém bateu na porta e entrou antes mesmo de Natasha responder.
– Isabel... – Virou-se e encarou a irmã.
– Eu preciso falar com você. – Ela se posicionou entre o espelho e
Natasha, fazendo com que a atenção fosse apenas para si.
Natasha a encarou, mas nada disse. Já sabia bem o que Isabel fazia ali.
– Aron está preocupado com você.
– Ele se preocupa demais, é como se fôssemos crianças o que não somos
mais há muito tempo.
– Nosso irmão só quer que andemos de acordo com as regras. – Isabel
tocou o ombro de Natasha com carinho. Aron não era o único ali que estava
preocupado. – E fiquemos longe de problemas Natasha riu alto. Aquilo era
besteira, elas eram súcubos, demônios em forma de mulher. Não estavam ali
para serem legais com os humanos, mas para se alimentarem deles.
– Humanos são peças do nosso jogo, Isabel. As bruxas não ditam as regas
por aqui.
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– Gostaria que as coisas fossem tão simples.


– Mas elas são. – Natasha acariciou o rosto da irmã. – Venha comigo,
vamos nos divertir juntas.
Isabel a encarou, a princípio como se aquilo fosse uma loucura. No
entanto, ponderou um pouco, fitou o belo lustre de cristal no centro do
quatro, antes de voltar-se para ela.
– Para onde está indo?
Natasha abriu um enorme sorriso.
– Uma boate foi inaugurada no centro por esses dias. Quero ir lá ver como
é.
– Mas já temos a nossa, bem aqui. – Isabel ainda estava relutante. Com os
braços cruzados ao redor do corpo e com o olhar desconfiado, não sabia se
era uma boa ideia apoiar a irmã. Aron havia a mandado ali para fazer Natasha
desistir de suas empreitadas e não para que se juntasse a ela.
– É o mesmo lugar, onde vemos os mesmos rostos, todos os dias.
Isabel abriu um leve sorriso ao lembrar-se de como gostava de conhecer
pessoas novas, presas novas. Não ia fazer tão mal assim.
– Eles são humanos. Eles morrem. – Era a última carta que Isabel tinha
nas mãos. Tentou encontrar algum senso de bondade e preocupação no
coração da irmã.
– Eles são fracos, nasceram para morrer. Nós não deveríamos nos
preocupar.
– Natasha...
– Ah, qual é! Você não se preocupava tanto com eles quando nós vivíamos
em Londres.
– Não, mas da última vez que você se divertiu além da conta quase fomos
mortas.
Natasha cruzou os braços e olhou com descaso para a irmã. Isabel estava
puritana demais para uma súcubo.
– Isso faz mais de cem anos, acho que eu aprendi a lição.
Isabel riu.
– Tudo bem, mas só dessa vez.
– Ótimo! – Natasha sorriu satisfeita. – Você irá se divertir.
– Vou me vestir, nos encontramos lá embaixo. – Isabel deu um beijo no
rosto da irmã e deixou o quarto.
Natasha retocou o batom vermelho. Sair era interessante, a divertia e
deixava sua mente cheia. Não sabia como seus irmãos conseguiam viver
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trancados ali, o mundo era grande demais para se resumir aquele espaço.
Aron era um tolo apaixonado, após ter conhecido Daria ele havia deixado de
lado muito de sua natureza. Um único parceiro? Aquilo era ridículo! Não
haviam sido criados para serem monogâmicos, debochou consigo mesma.
Desceu pela escada em espiral, com seus dedos longos e finos deslizando
sobre o mármore negro e gélido do corrimão.
Isabel esperava por ela ao pé da escada. Vestia um vestido preto e colado.
Seu cabelo curto e loiro parecia ligeiramente bagunçado o que a deixava
ainda mais sensual.
A morena sorriu feliz por vê-la ali.
– Vamos! – Isabel agora estava ligeiramente empolgada com a ideia, por
mais que soubesse que Aron ficaria extremamente furioso por não ter
convencido Natasha a ficar e sim se juntado a ela.
Talvez estando por perto pudesse garantir que Natasha ficaria na linha,
aquele pensamento deixou sua consciência mais leve.
As irmãs caminharam juntas até a saída e tomaram um taxi na rua. Isabel
apoiou a testa no vidro e observava as ruas pelas quais passavam. Raras
foram às vezes em que ela havia andado pela cidade. Aron a convencera a
ficar na boate que havia construído para eles, o santuário, era onde ficariam
mais seguras. Mas as vitrines e letreiros de neon das lojas eram tão
fascinantes, até mesmo a criança brincando com seu cachorro na rua. Aquele
era um momento que ela dificilmente presenciava.

Natasha e Isabel chegaram à boate. Havia uma enorme fila, com umas
duzentas pessoas, que já dobrava o quarteirão. Caras passavam em carros,
gritando e mexendo com as mulheres na fila.
– Como vamos conseguir entrar? – Isabel encarou a irmã.
– Parece mesmo que nunca saiu. Espere e verá. – Ela caminhou até o
homem alto que usava óculos escuros e estava parado junto à porta. A súcubo
furou a fila, entretanto seu rebolado garantiu que nem mesmo as mulheres
protestassem.
Ele abaixou os óculos, exibindo por alguns segundos seus profundos olhos
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castanhos, para observar Natasha melhor. O homem engoliu em seco,


encarou as voluptuosas curvas da mulher à sua frente, sem fala. Oh, meu
deus, como ela é incrível! Nunca vira alguém tão bela assim na vida.
Por alguns segundos seu campo de visão se resumiu aos contornos que a
compunham, ressaltados sob a luz rosada do letreiro luminoso da boate.
Mesmo que fosse noite, não havia sombra incidindo sobre ela, ou mesmo
cobrindo um pedaço se quer. Talvez tivesse a própria luz.
Natasha se aproximou o suficiente para poder tocar a mão dele com as
suas. Ela o acariciou e o homem sentiu um calor incomum que o deixou sem
folego.
– Que tal deixar eu e minha irmã entrarmos? – A voz dela tinha um som
angelical, quase como um toque de um instrumento delicado.
– Claro!
O homem abriu a faixa para as duas sem mesmo pensar no que estava
fazendo.
– Natasha! – Isabel recriminou a irmã quando já haviam entrado. Mas em
meio ao seu tom sério ela não conseguiu reter o riso. Homens eram tão tolos.
– Nossos poderes estão aí para serem usados. – Olhou como se não tivesse
feito nada demais.
As duas caminham por um corredor de paredes negras, iluminado apenas
por uma luz vermelha bem fraca. Uma mal podia ver a outra, porém isso não
as incomodou, guiaram-se pelo som da música alta até chegarem em um
grande galpão. O lugar estava tão cheio que esbarraram em pessoas que se
balançavam no ritmo da música. Isabel acabou trombando em um cara alto e
forte, que dançava esfregando-se em uma mulher magrinha. Ele murmurou
um singelo desculpa, e por sua sorte nem mesmo virou-se para ela, pois
encará-la, ainda que por uma fração de segundos poderia ser fatal.
– O que está achando? – Natasha se aproximou da irmã, apoiou uma das
mãos no ombro dela e sussurrou em seu ouvido.
– Muito barulhento. – A voz da loira foi suprimida pela batida alta da
música eletrônica.
As luzes coloridas girando batiam contra os olhos azuis de Isabel,
fazendo-a piscar repetidas vezes. Aquele lugar era caótico demais. Sentiu
saudades do santuário quando uma mulher que já havia bebido demais, pisou
no seu pé.
– Apenas relaxe, irmãzinha.
O rosto de Natasha era revelado em flashes todas as vezes que as luzes
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batiam contra ele, para logo em seguida ser encoberto pelas sombras outra
vez. Pulando e remexendo-se no ritmo da música, algumas vezes ela colocava
as mãos sobre os ombros da irmã numa tentativa de descontraí-la.
A súcubo viu os dois caras que se aproximaram, dançando na pista ao lado
dela. Na baixa luz, só via flashes e vultos, mas pela silhueta dos corpos lhe
pareceram no mínimo interessantes. Encarou eles e sorriu dando uma deixa
para se aproximassem.
Logo que viram o sorriso da bela mulher que olhava fixamente em sua
direção, eles não hesitaram. Aproximaram-se dela e da outra que a
acompanhava, movendo-se, dançando devagar até estarem bem próximos das
garotas. Natasha olhou para o que estava atrás de si e murmurou um oi.
Ainda que ele não pudesse ver a sua expressão no escuro, sabia que ele estava
interessado. Então, ela rebolou contra o quadril dele no ritmo da música,
sentindo-o ficar duro de imediato e pousar as mãos sobre a cintura dela.
– Vocês estão juntas? – Com as mãos na cintura de Natasha, ele sussurrou
ao pé do seu ouvido.
– Nós somos irmãs. – A morena riu ao se virar para ele e colocar os braços
ao redor do pescoço do homem alto.
– Maravilha! Nós também somos irmãos. – Acenou com a cabeça para o
outro cara.
Ele deslizou as mãos pelas costas dela até apertar a bunda redonda.
Natasha permaneceu dançando, desfrutando do toque firme.
Isabel mal deu atenção para o cara atrás dela. Seus olhos estavam
grudados em uma mulher sentada junto ao balcão que distraída tomava um
blood mary. Ela era loira de cabelos armados e usava um terno de secretária.
Pela forma como estalava os dedos e os ombros esticados, parecia bem tensa.
– Divirta-se, Natasha! Nos encontramos depois. – Isabel se desviou do
cara e acenou para a irmã antes de andar na direção do alvo.
– Ela não gosta de garotos? – O outro cara também se aproximou de
Natasha assim que foi deixado sozinho.
– Às vezes sim, outras não, depende de quem ela achar mais interessante.
– Ela mordeu a orelha dele após sussurrar.
– Você é bem interessante.
O sujeito a olhou de cima abaixo, vendo cada parte que a luz colorida
revelava, devorando-a com o olhar.
– Uau, gêmeos? Que delícia!
A súcubo os analisou bem assim que assim que a pouca luz permitiu. A
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não ser pelas roupas, os dois eram idênticos: o mesmo cabelo castanho,
cortado baixo, os olhos no mesmo tom e o corpo forte e malhado.
– Sabiam que eu nunca fiquei com gêmeos antes? – Ela lançou um olhar
malicioso para um deles.
– Sempre tem uma primeira vez. Com certeza Marcos e eu vamos adorar
essa primeira vez.
O cara grudou tanto em Natasha para poder sussurrar no ouvido dela, que
a morena podia sentir a ereção dele contra a sua bunda mesmo com o tecido
da calça jeans.
A súcubo adorava caras como aqueles que se atiravam na armadilha dela
sem pensar duas vezes. Atrair e seduzir homens como aqueles era a tarefa
mais fácil que já enfrentara na vida.
– O que acha de irmos um pouco até o banheiro.
O feixe de luz verde refletiu contra o olhar carregado de malícias no rosto
de Mateus.
– Eu adoraria.
Natasha caminhou para o banheiro, seguida de perto pelos dois irmãos.
Eles estavam tão fissurados nela que mal deram importância a pista cheia ou
as pessoas que trombaram pelo caminho.
Natasha piscou os olhos várias vezes até que suas pupilas se reduzissem,
acostumando-se com a luz mais forte do banheiro. No ambiente claro, os
gêmeos pareceram ainda atraentes. Com a mão sobre o peito de cada um
deles, ela contornou com os dedos os músculos de alguém que gastava
bastante tempo na academia.
– Vem. – Mateus a puxou para dentro de uma das cabines.
O banheiro masculino estava vazio, entretanto não podiam contar com a
sorte de que ninguém entrasse. Apesar que todos naquela boate deveriam
estar tão bêbados que nem notariam.
Marcos trancou a porta e a puxou pela cintura. Natasha fechou os olhos ao
senti-lo beijar seu pescoço. Soltou um suspiro, contorcendo-se com as
mordidas e chupadas que ele foi deixando pelo caminho que percorreu até o
generoso decote.
O lugar era apertado, um tanto claustrofóbico. Os três estavam bem
espremidos, mas não pareceram nem um pouco incomodados. Quanto mais
próximos, melhor.
Mateus começou a desabotoar a blusa dela. Eram tantos eram tantos
botões que depois se somaram aos engates do sutiã que ele quase ficou
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irritado se não fosse pelo prêmio que havia lá embaixo. Ofegou assim que
conseguiu a deixar nua da cintura para cima. Colocou a blusa num suporte
para bolsas à cima do vaso e agarrou os seios de Natasha. Gemeu quando os
mamilos se erriçaram ao toque de suas mãos.
– Nossa, você é tão gostosa! – Ele mordeu a orelha dela e o gemido que
Natasha soltou o deixou ainda mais excitado.
Marcos retirou uma das mãos do irmão e desceu os lábios molhados pelo
contorno dos seios até o mamilo rosado. Assim que o abocanhou e começou a
sugar com todo o desejo, Natasha jogou a cabeça para trás, pousando-a sobre
o ombro de Mateus. Revirando os olhos, ela gemeu alto, mas o som da boate
facilmente o suprimiu.
A súcubo apertou as unhas contra as coxas firmes de Matheus enquanto
desfrutava da deliciosa sensação do toque. Marcos contornava seus seios com
a língua, lambia, chupava, mordiscava. O sangue nas veias de Natasha corria
cada vez mais quente, sua pele ardia a cada carícia. Hum, eles eram bons.
Natasha passou a língua pelos lábios carnudos e, com a boca salivando, ela
se ajoelhou e começou a abrir o zíper da calça jeans de Marcos. O cara arfou
assim que a mão dela tocou seu membro rígido, ainda que sob a calça jeans,
os dedos eram pequenos e ágeis e o fizeram gemer antes mesmo de tocarem
diretamente em seu pênis.
Quando a súcubo deslizou a língua úmida por ele, Marcos jogou a cabeça
para trás, apoiando-a na pequena parede do cubículo. Fechou os olhos em
meio a um gemido alucinado, enquanto a sentia lambê-lo de forma
dolorosamente lenta. Remexeu-se, choramingando, quase implorando para
que a mulher o abocanhasse logo. Assim Natasha o acolheu com a boca,
Marcos mordeu os lábios para conter o grito. Natasha deslizou a boca por
toda a sua extensão, com pressão e velocidade, ele foi elevado a um nível de
prazer que nunca antes havia experimentado. Aquela gata era incrível!,
resmungou em pensamentos quando jurou estar recebendo um dos melhores
orais de sua vida.
Enciumado por seu irmão ter toda a atenção da garota, Mateus acariciou
os cabelos negros dela, enrolando-os em seus dedos, sentindo a maciez e
conteve-se para não a puxar. Enlouquecia um pouco mais de vontade a cada
gemido que ela provocava em Marcos. Não era justo... Natasha quase riu
quando sentiu a agonia dele, de forma que tentava ser sutil ao puxá-la para
mais perto.
– Seja paciente, querido. – Natasha subiu, quase rebolando, com as mãos
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apoiadas contra o peito firme e malhado dele.


Mateus agarrou o cabelo dela outra vez, assim que deslizou os dedos pela
nuca e a trouxe para mais perto. Paciência foi a última coisa que ele teve no
momento em que a beijou, aqueles lábios vermelhos pareciam tão deliciosos
e prová-los se tornara uma necessidade. Deslizou a mão livre pelas costas
nuas da mulher até agarrar a bunda redonda que era ressaltada pela calça
justa.
Marcos logo abaixou a peça até os joelhos dela. Ainda estava extasiado
pelo prazer que ela o proporcionara e não via a hora de poder retribuir a
carícia. Deslizou uma das mãos pelas coxas roliças até o meio das pernas
dela, tocou a com os dedos, fazendo-a gemer ao remexer nele.
Natasha mordeu os lábios de Mateus ao abrir as pernas, o máximo que a
calça em seus joelhos permitiu, para que Marcos a tocasse como quisesse.
Com o movimento voluntário da súcubo, o cara não teve mais porque
esperar. Rasgou com os dentes a embalagem da camisinha que tirou do bolso
para em seguida penetrá-la.
Em meio a um gemido, Natasha apoiou as mãos nos ombros de Mateus e
empinou sua bunda contra o quadril de Marcos, fazendo-o entrar ainda mais
fundo. Quando a deliciosa sensação de prazer tomou suas veias, ela se
remexeu ainda mais, arfando. Aquela era sem dúvidas o jeito mais gostoso de
se alimentar.
Com as unhas dela deslizando por seu peito, provocando deliciosos
calafrios, Mateus a beijava, mordiscava, saboreando o gosto da pele,
enlouquecendo a cada gemido suave. Ela emanava um calor que ele nunca
havia sentido, um desejo que o fazia arder. A desejava, desejava muito, e a
cada gemido de prazer mais ele invejava o irmão.
– Eu quero você também. – Mateus mordiscou a orelha de Natasha ao
sussurrar.
– Calma, querido. Eu posso ser dos dois.
Súcubo empurrou Marcos e o fez sair de dentro dela. Ele estava prestes a
protestar quando ela cobriu os lábios dele com as pontas dos dedos.
– Me segura! – Natasha colocou os braços ao redor do pescoço de Marcos
e rebolou para que o restante da calça fosse ao chão.
Sorrindo, o cara a puxou pelas coxas roliças e a ergueu no ar, pousando as
pernas bancas e macias sobre seus quadris encaixando-se dentro dela outra
vez. Marcos arfou, apertando-a de maneira dolorida, deixando na pele banca
a marca de seus dedos. Teve certeza de que não importava o espaço apertado
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ou a posição em que estavam, bastava apenas estar dentro dela. Movendo-se


apoiada nele, não havia visão melhor do que os mamilos enrijecidos da bela
mulher esfregando em seu peito.
Compreendendo a deixa dada por Natasha, Mateus aproximou-se, ansioso
por tê-la também. Tocou a bunda que vibrava a cada vez que Marcos
deslizava seu pênis para fora e a penetrava outra vez, e que bela bunda.
Assim que Mateus beijou seu pescoço em meio a uma deliciosa e molhada
mordida, o fogo dentro de Natasha queimou ainda mais. A súcubo mordeu o
ombro de Marcos, numa tentativa de conter um grito de prazer. Sentiu
Mateus a tocar lá, brincar, estimular e penetrar, com os dedos ágeis de um
jeito travesso e sem pudor algum. Então o cara se ajoelhou diante deles e a
lambeu e dessa vez foi impossível conter o grito. A súcubo moveu-se conta o
corpo de Marcos, fazendo-o entrar ainda mais fundo. Com os gemidos
alucinados dela, Mateus sorriu ao saber que estava no caminho certo.
Lambeu-a, penetrou-a e provocou-a com a língua, entretanto logo ele não se
conteve mais. Com o pênis latejando em meio a um desejo insano que o fazia
arfar, pegou uma camisinha em seu bolso, abriu bem a bunda dela e
finalmente a penetrou, gemendo junto com ela.
Natasha passou a língua nos lábios, deixando-os úmidos, ao revirar os
olhos. Não era sempre que tinha dois caras dentro dela e a sensação era
intensa. Os sentia deslizar e preenchê-la outra vez, banhando-a em um prazer
que beirava o indescritível. Se esforçava para manter firmes as pernas
trêmulas com as quais abraçava a cintura de Marcos.
– Gata, você é incrível. – Marcos sussurrou ofegante ao apoiar a cabeça
sobre os seios dela.
Pelo ritmo que haviam tomado, a linda mulher ditando os movimentos
daquela forma, tão intensa, Marcos soube que não aguentaria muito tempo.
Tentou conter ao máximo o próprio prazer, no entanto a cada vez que
deslizava para dentro daquele belo corpo, sabia ser impossível. Apertou com
força as nádegas dela quando sentiu todos os seus músculos se contraírem
para em seguida explodirem em uma onda de prazer que o forçou a apoiar o
peso do corpo na parede do pequeno cubículo onde estavam.
Natasha puxou o rosto do homem ofegante, capturando com um beijo os
gemidos de prazer dele. Enquanto Mateus ainda a penetrava de forma intensa.
Marcos correspondeu o beijo, ainda entorpecido pelo delicioso orgasmo.
Uau! Ela era linda, ousada e o sexo fora incrível. Foi muito sortudo por tê-la
encontrado em meio a tantas pessoas. Aos poucos foi se sentindo fraco, suas
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pernas ficaram bambas, mas o beijo estava tão bom que nem se preocupou,
até ser tarde demais.
Natasha apoiou as duas mãos no alto da parede que dividia as cabines do
banheiro, enquanto sustentava o peso do corpo de Marcos com suas pernas.
Virou-se para Mateus e beijou-o antes que ele percebesse o estado do irmão.
Embriagado pelo prazer, com os músculos se contraindo, indicando que
estava próximo do orgasmo, o cara nem se deu conta. Não via mais nada
além do seu quadril se movendo contra a bela bunda dela. Nem mesmo o
beijo foi capaz de conter o grito quando ele chegou ao ápice. Quando abriu os
olhos para encará-la viu os olhos dela brilharem num tom azul intenso e o
que lhe pareceu uma fumaça de mesmo tom, deixava sua boca e ia para a
dela. Seu sangue foi banhado em pânico, mas não teve forças para gritar. O
que diabos era aquela mulher?
Quando o corpo de Mateus caiu sem vida, Natasha largou ambos apoiados
na parede do pequeno cubículo e pousou no chão como um gato. Vestiu logo
suas roupas e caminhou até o grande espelho, onde rindo, ajeitou o cabelo e
retocou o batom vermelho. Então deixou o banheiro a procura de Isabel.

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Capítulo 4

Dante estava sentado em um pequeno bar, que não cabia mais de cem
pessoas e ficava isolado, num bairro residencial na periferia da cidade. Já era
quase meia noite e o lugar estava vazio, as outras almas no bar se resumiam
ao garçom e um homem gordo e barrigudo sentado numa mesa distante
jogando xadrez sozinho.
A luz amarela tornava o lugar reconfortante. O que por um momento, fez
Dante rir como se aquilo fosse uma piada interna. Gostava de ficar em
lugares calmos. Olhar para o nada o relaxava.
Rodou a tampa da garrafa de sua cerveja entre os dedos e a colocou de
volta sobre a mesa de madeira à sua frente.
Após costurar seu ferimento, decidiu sair. Pensar um pouco. Despois
daquele dia estava claro que já haviam o encontrado. No entanto, pela
primeira vez pouco se importava. Embora já houvesse ido a muitos lugares,
vivido muitas vidas, começara a gostar muito daquela em particular e não
estava disposto a abrir mão tão cedo, por mais fatal que pudesse ser.
Se o caçariam até as portas do inferno, que viessem então. Estaria pronto
para eles!
– Olá, irmão.
Dante ergueu os olhos da sua garrafa de cerveja e encarou o homem
parado o lado de sua mesa. O cara de aproximadamente quarenta anos, vestia
uma camiseta bege e uma calça jeans escura despojada e o cabelo curto e
castanho tinha alguns fios brancos.
– Caim, o que está fazendo aqui?
– Bem, senti saudades do meu irmãozinho.
Dante torceu os lábios, olhou para o homem com o canto de olho e soltou
um risinho de deboche encoberto por uma das mãos. Caim, seu meio-irmão,
filho de seu pai com Eva, não costumava fazer visitas fraternais.
– Sério? Você veio da Ásia apenas para me ver.
– Qual é, irmão? Eu esperava mais de você. – Ele tomou a garrafa de
cerveja das mãos de Dante e deu uma golada para cuspir o líquido logo em
seguida. – Sentado em um boteco, tomando cerveja barata, brincando de
policial.

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– O que quer de mim, Caim? Nosso pai mandou você?


– Existe uma balança entre o bem o e mal, o lugar onde as coisas precisam
ficar. – Ele puxou a cadeira e sentou-se diante do irmão.
– Eu não me importo. – Dante cruzou os braços e ergueu o corpo,
irredutível. – E eu não vou a lugar algum. Não vai ser você, meu pai ou uma
legião de anjos que me farão mudar de ideia. Gosto da Terra e vou ficar aqui.
– Mas...
O smartphone sobre a mesa, ao lado da garrafa de cerveja começou a tocar
e o detetive o atendeu ignorando a presença do irmão.
– Dante... Sim, estou a caminho.
– Dante, sério? – Caim começou a rir, entretanto foi completamente
ignorado pelo irmão e virou-se a tempo de observá-lo sair.

O detetive parou o carro duas ruas acima do endereço indicado, pois as


vagas estavam lotadas, curvou-se sobre o banco do carona e tirou do porta-
luvas seu distintivo e arma. De longe pôde ver as luzes vermelhas e azuis das
viaturas da polícia e o som das sirenes ligadas. Assim que se aproximou o
bastante, observou as várias pessoas paradas na entrada, algumas assustadas,
outras chorando. Caótico como o inferno, e pensar que quase senti saudades,
Dante riu ao se aproximar de um policial que colhia o depoimento de uma
garota que tinha o rímel borrado nos olhos de tanto chorar.
– Detetive, Dante.
– O que encontraram aqui, cabo?
O detetive continuou a avaliar o local, talvez envolvesse drogas ou
adolescentes presos por não ter idade para beber.
– Dois caras foram encontrados mortos no banheiro masculino.
Dante virou-se na direção da voz e se deparou com um par de olhos
castanhos, emoldurados por um cabelo na altura dos ombros e repleto de
cachos suaves.
– E quem é você? – O detetive arqueou as sobrancelhas.
– Stela Kingma, sua nova parceira. – Ela lhe estendeu a mão.
– Não achei que substituiriam Afonso tão rápido.
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– Bem, vai continuar me olhando assim ou vamos resolver o caso? – Stela


gesticulou, apontando para a entrada da boate.
Dante a seguiu de perto até o interior do ambiente abafado, logo que o
mormaço subiu com uma lufada de ar quente, o detetive subiu as mangas da
camisa social, mas não foi o suficiente para se livrar de todo o calor. Os
humanos pareciam gostar de fazer seu próprio inferno bem aqui.
O cheiro do álcool era forte o bastante para deixar os menos acostumados
com uma forte dor de cabeça. Dante pegou uma garrafa de cerveja que por
pouco não chutou e colocou sobre o balcão. De tudo que fizera nos últimos
cinquenta anos pelos quais andou pela terra, ser um policial era o que mais
gostava de fazer. Bem, continuava a punir os caras maus no fim das contas.
Muitas vezes invejara os meios-irmãos mais velhos, Caim e Asmodeus,
um filho de seu pai com Eva e o outro filho de sua mãe com Adão. Ambos,
meio-humanos, tinham o direito de andar pela terra sem ser incomodados por
anjos, um direito que ele não tinha.
– Ei, cara, vai ficar aí olhando para o nada ou vai vir aqui? – Stela gritou
do banheiro.
Dante balançou a cabeça e caminhou até lá.
Uma perita caminhava de um lado para outro tirando fotos, placas com
números demarcavam as evidências encontradas pelo chão e nas pias.
Contundo o detetive não viu nada interessante, não passava das roupas das
vítimas e algumas camisinhas usadas. Típico.
– O que temos aqui? – Dante se aproximou de uma das estreitas cabines. –
O que aconteceu com esses caras?
Stela tinha os olhos arregalados, a boca semiaberta. O espanto era tanto
que seu coração palpitava no peito. Nunca tinha visto algo como aquilo antes.
Eles estavam secos, enrugados como múmias, o que era muito estranho, pois
o segurança dissera os ter visto entrar na boate naquela mesma noite, vivos,
não havia tempo suficiente para tal tipo de decomposição.
Dante não exibiu no rosto a mesma expressão de desespero de sua nova
parceira. Já vira um cadáver semelhante aqueles antes e mais recente do que
gostaria. Na delegacia, ouvira sobre outros casos semelhantes arquivados.
Maldito demônio estupido. Precisava pará-lo antes que fosse tarde demais.
– Já viu isso antes? – Stela virou-se para ele.
– Sim, no nosso último caso em aberto.
– Então nós temos o nosso próprio assassino em série?! – Os olhos da
detetive brilharam de empolgação com a ideia. Afinal estava cansada de
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trabalhar com latrocínio no distrito de onde fora transferida. Seu próprio


psicopata. Um largo sorriso se formou em seus lábios.
Dante sabia que precisava resolver aquilo e rápido, entretanto não poderia
atrair os policiais para tal bagunça. Aquele caso teria que resolver sozinho,
com suas próprias armas. Os humanos não sabiam com o que estavam
lidando e cabia a ele manter as coisas daquela forma.
– Onde está indo? – Stela gritou, correndo atrás dele assim que o viu
deixar o banheiro.
Mas Dante não respondeu, deixando a voz dela se perder em meio a ecos
que ressoaram pelo ambiente acusticamente vedado.
– Quem é o responsável aqui? – Dante se aproximou de um policial militar
que recolhia o depoimento de duas garotas. Contudo, esse estava mais
entretido no decote do minúsculo vestido de cetim que usavam do que nas
palavras que saíam de suas bocas.
– Sou eu. – Um homem que estava escorado em uma das viaturas, vestido
com um fino terno preto, aproximou do detetive. – Pedro Maia, em que posso
ajudá-lo? Ainda não acredito que minha boate estreou com um homicídio.
Claramente nervoso, o dono da boate girava no dedo a aliança dourada de
casamento, numa tola tentativa de não tremer. Desejou ter sua mulher ali por
perto. Porque ela foi viajar bem naquele dia? Talvez a presença dela o
impedisse de surtar.
– Bom Pedro, quero acesso as câmeras de segurança da boate, os interiores
e exteriores, vou procurar por qualquer um suspeito nelas.
– Claro, detetive, siga-me, vou levá-lo até a sala de segurança.
Pedro saiu andando um tanto desorientado e teve que parar no meio do
caminho para se lembrar onde era mesmo a tal sala. Estava extremamente
preocupado com a reputação da boate. Caso as pessoas e a mídia não se
esquecessem logo daquele incidente, todo o alto investimento feito ali seria
perdido, assim como um castelo de areia, dissolvendo-se ao primeiro vento
forte vindo do mar. Estaria arruinado.
– Aqui.
Abriu a porta após digitar uma senha em seu painel eletrônico que ficava
na fechadura, permitindo assim que o detetive entrasse.
– Vai encontrar tudo aí, as câmeras estão funcionando desde o dia em que
foram instaladas durante a fase de acabamentos, tem centenas de horas.
Espero que sirvam para pegar esse cara.
Ou essa, Dante guardou aquele pensamento apenas para ele ao puxar uma
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cadeira de rodinhas que ficava de frente para um computador, ligado a um


painel com vários pequenos monitores, cada um exibindo a visão das dez,
talvez doze câmeras instaladas pela boate.
Concentrando-se apenas nas câmeras externas, o detetive torceu para ver
algo mais claro do que o interior da boate com luz baixa e repleto de gente,
amontoando-se como formigas. Apoiou o cotovelo sobre a mesa e segurou o
queixo, quando se deu conta de que talvez aquilo pudesse demorar.
– Então aqui está você. – Stela apareceu na sala de braços cruzados e testa
franzida. – Qual a parte de parceiros você não entendeu?
Dante simplesmente a ignorou, não virando nem mesmo a cabeça para o
lado para encará-la. Seus olhos estavam fixos nas imagens que se moviam
sem som à sua frente. Adolescentes sendo proibidos de entrarem com suas
identidades falsas, homens suspeitos, talvez traficantes de drogas ou apenas
casados que não queriam ser vistos, até que... a imagem de duas mulheres
furando a fila e entrando facilmente o fez pressionar um botão para congelar
a imagem. Uma delas olhou para a câmera, uma morena, e o detetive
reconheceu de imediato seus olhos, aqueles olhos. Tão familiares que não
passariam despercebidos por ele.
– Veja se encontra algo. – Ele se levantou e indicou a Stela seu lugar. –
Acabei de me lembrar que esqueci de avisar a minha mulher que deixei nosso
filho com a minha mãe. Ela deve estar surtando. Se encontrar alguma coisa,
qualquer coisa, por favor me ligue.
– O quê?! Vai realmente me deixar para trás?... – A voz dela se perdeu à
medida que o detetive saiu às pressas.
Por alguns segundos Stela encarou a porta sem entender exatamente o que
havia acontecido. Imaginou que talvez ele estivesse sentido pela morte
trágica do antigo parceiro e a presença dela ali de alguma forma o insultasse.
Entretanto, pela forma como ele saiu, seus instintos a fizeram pensar que
havia algo de errado ali.

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Capítulo 5

Quando Natasha chegou em casa, a brisa fria da madrugava ainda soprava


seus cabelos. A súcubo suspirava pela ótima noite que tivera. Sexo a três
sempre era maravilhoso e energizante, precisava fazer aquilo mais vezes.
Após sair da boate não encontrara Isabel, provavelmente sua irmã saíra com a
presa desejada. Assobiava quando chegou a porta do santuário. Procurou a
chave para o portão lateral em sua bolsa, mas a pouca luz da rua que se
resumia aos postes, alguns queimados, outros fracos onde voavam cupins e
mariposas.
– Finalmente. – Balançou a chave no ar quando a encontrou.
Assim que passou pelo portão subiu uma escada estreita e com degraus
altos até chegar à casa que ficava sobre a boate. Era por volta das cinco da
manhã e o sol não tardaria a nascer, torceu para que Aron e Dária estivessem
no quarto, ocupados demais um com o outro, para nem notarem a presença
dela. Entretanto, no momento que abriu a porta da sala, desejou voltar para
trás.
– Natasha!
– Mãe?!
A súcubo arregalou os olhos e se apoiou na parede, estarrecida. Não era
possível! Aquela era sem dúvida a última pessoa que imaginava ver. Por
séculos, pensou ter se livrado dela.
Beatriz estava sentada sobre o sofá, de pernas cruzadas e tomando chá.
Colocou a xícara e o pires sobre a mesa de centro à sua frente e jogou o
cabelo sedoso e castanho para trás ao olhar para a filha. A mulher com
aparentes quarentas anos, usava um vestido preto e colado, de marca,
sofisticado como a joia reluzente em seu pescoço.
Aron, o irmão mais velho de Natasha, estava sentado no outro sofá, com
Dária ao seu lado. Os lábios levemente curvados e olhos distantes,
evidenciavam o incômodo diante da presença da mãe.
– Qual a surpresa, querida?
– Fala sério, mãe. Há quanto tempo não dá as caras? Uns duzentos e
cinquenta anos.
Natasha cruzou os braços e apoiou um dos pés na parede branca.
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Beatriz não era um exemplo de mãe do ano, nunca fora atenciosa ou


preocupada com os filhos. O pai humano e Aron sempre cuidaram melhor
dela. Não sentiam saudades dela e a presença da mãe ali não a fazia vibrar de
alegria.
– O que está fazendo aqui?
– Vim conhecer a minha nora, é claro! Que a propósito faz um ótimo chá
inglês. – Beatriz sorriu para Dária. – Achei que com um século fora da
Europa Dária teria se esquecido.
– Pois é mãe, tem mais de cem anos que eles estão juntos, e só dá as caras
agora?
Irritada, Natasha deu as costas para a mãe e voltou pelo mesmo caminho
que veio.
– Querida, espera... – A voz de Beatriz se perdeu sem ser respondida.
Não, ela não seria recebida com festa, os três eram melhores sem ela.
Natasha desceu para o salão da boate. Qualquer barulho seria mais
agradável do que a voz de sua mãe. Aquela mulher era uma narcisista que
não via nada além de seu próprio umbigo. Ter os filhos fora apenas um
pressuposto para manter o poder.
Pelo horário, o salão da boate estava relativamente vazio, a não ser pela
matilha de lobos disputando entre si um campeonato de quem tomava mais
doses de um copo de cachaça. Natasha se sentou junto ao balcão após puxar
um banco de madeira. Sorriu com um aceno de cabeça para o barman que
secava um copo de uísque.
– O que foi, Nat?
O cara colocou o copo virado de cabeça para baixo sobre o balcão de
madeira e apoiou os cotovelos sobre ele, tombando seu corpo para que
pudesse se aproximar mais dela.
– Minha mãe está lá em cima. – Natasha bufou ao pegar o copo.
– Sua mãe?! – Ele arregalou os olhos. – E por que não está feliz?
– Podemos ficar aqui até amanhã e eu listar as centenas de motivos pelos
quais eu não estou feliz por ela estar aqui.
– Resumindo, você não gosta dela.
– Não. – Natasha torceu os lábios e estendeu para ele o copo deixado
sobre o balcão. – Preciso beber algo para ver se eu esqueço.
– Sabe que com o seu metabolismo não vai funcionar, né?
– Vodka!
– Tá, garota. – Ele riu ao encher o copo e estendê-lo para ela.
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A súcubo tomou uma bola golada, sentindo o álcool queimar ao descer por
sua garganta.
– Natasha Donovan?
A voz de um homem ao chamar por ela a fez virar-se na direção da
entrada da boate. O cara que entrava era alto, com músculos bem ressaltados
ainda que sob a camisa social azul; ele usava uma calça jeans larga, mas que
não ofuscava suas coxas grossas; o cabelo loiro arrepiado para cima com um
pouco de gel e os olhos verdes tinham um toque feroz.
– Uau! Que gostoso. – Natasha ficou boquiaberta.
– Conhece esse cara? – Até o barman ficou instigado.
– Eu espero que sim. – Ela se levantou e passou os dedos pelo sedoso
cabelo negro, exibindo nos lábios vermelhos e sedutores um sorriso maroto.
– Você?
Dante a encarou e a certeza o atingiu como um chute no peito. Foi a
melhor maneira que encontrou de representar a sensação que sentiu naquele
momento.
– Em que posso ajudá-lo?
A súcubo passava as mãos pelos cabelos, insinuando-se com gestos e
olhares.
– Pode começar parando de matar. – O tom de voz dele era sério e a
posição firme, não transpareceu ter sofrido efeito algum da beleza estonteante
da súcubo.
– O quê?! – Natasha arregalou os olhos e deu um passo para trás. A atitude
do homem a pegou de surpresa.
– Sou o detetive Dante da 4º Delegacia de Homicídios e estou aqui para
fazer com que você pare.
– Acha que pode me prender? – Natasha riu debochada. – Não sabe com
quem está mexendo?
– Sim, eu sei exatamente com o que estou lidando. – Dante deu dois
passos para frente, acabando com a distância que a súcubo havia criado com
o susto. – Eu preciso que pare. Levei algumas horas para encontrá-la, pedindo
informações as pessoas certas, não creio que o restante da polícia demore
muito mais do que alguns dias para chegar até você.
– E porque está me dizendo isso?
– Não quero que você exponha a todos nós.
– Escuta aqui, detetive, ou seja, lá o que você é. Vamos deixar uma coisa
clara... – Natasha o encarou. Seu olhar era firme e destemido. Caminhou até
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bem perto dele e aproximou sua boca da orelha do homem. – Eu posso fazer
a porra que eu quiser... – Sussurrou com uma voz melodiosa e pausada.
Dante a segurou pelos pulsos e a fez voltar a encará-lo. Os olhos dele
estavam cerrados numa expressão fechada e séria.
– Você é gostoso, me deixa seu número. Quem sabe um dia eu ligue e
você me deixa ver seu cassetete. – Ela deslizou os dedos pequenos e suaves
pelo contorno da face dele sentindo os pelinhos da barba rala pinicarem.
– Eu estou falando algo sério aqui!
– Eu também.
– Não seja imprudente, mulher!
– Não seja chato.
Dante puxou o braço dela para trás e girou no ar, colocando a mulher de
costas para ele. Imobilizando-a, segurou seus pulsos de aparência delicada
contra as costas, como fazia ao algemar um criminoso. Manteve-a ali, imóvel.
Natasha se assustou com a agilidade e a força dele. Nenhum humano
poderia a segurar firme, de maneira dolorida, sem que ela conseguisse ao
menos se mexer. O que ele era?
– Você está me machucando. – A súcubo choramingou. Tentando, mais
vez, em vão, se soltar.
– Estou falando sério, pare de matar, pare de deixar corpos por aí, ou verá
do que eu sou capaz e posso apostar que se arrependerá de não ter me ouvido.
– A voz firme, opressora, murmurada entre dentes fez Natasha se encolher.
Ainda que por uma fração de segundos, o sangue, antes quente pela excitante
visão do detetive, congelou nas veias, fazendo-a tremer.
Dante bufou, soltando-a com raiva. Não esperava encontrar alguém tão
irritante e irresponsável. Por um momento pensou que os corpos deixados
daquele jeito eram algum deslize, entretanto ficou claro que ela nem se
importava e isso o deixou ainda mais furioso.
– Tenha mais cautela.
– Ou? – Natasha o olhou nos olhos, tocando os pulsos doloridos pela força
do estranho homem.
– Eu a farei desejar acabar na cadeia com essa roupa colada e cara
substituída por um macacão laranja.
Os olhos de Dante estavam cerrados assim como seus dentes. Foi difícil
para Natasha manter a pose sedutora diante da expressão ameaçadora dele.
– Gato, você realmente precisa se divertir. – Ela deslizou os dedos pelos
ombros dele, as costas até a bunda redonda que apertou com força.
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– Ei!
Dante se esquivou com o susto pela atitude inapropriada de Natsha.
Ergueu a mão dela e respirou fundo, bufando e apertando os dentes para não
bater em Natasha.
– Se mantenha na linha ou eu voltarei com algemas e um camburão.
– Parece excitante.
Dante respirou fundo outra vez. Ela merecia um soco. Fechou as mãos,
usando toda a paciência que tinha para não perder o controle com aquela
mulher. Ninguém, nem mesmo os anjos o caçando o fizeram beirar o
descontrole como ela. O detetive virou as costas e pisando firme deixou a
boate. Por hora aquela conversa só o faria querer matá-la.
– Nem nos divertimos ainda... – A voz de Natasha se perdeu sem resposta.

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Capítulo 6

– Por que ela ainda está aqui? – Natasha colocou o copo de suco de laranja
sobre a mesa da sala ao se virar para o irmão.
– Acredite, eu tentei mandar ela embora. – Aron tinha a mesma expressão
de raiva no rosto.
– Ah, a mãe de vocês não parece tão ruim assim. Ela foi gentil comigo. –
Dária, a bela vampira ruiva, apoiou suas mãos pálidas no encosto da cadeira
onde o íncubo estava.
– Não se deixe enganar. – Natasha a encarou com o canto de olho para
depois desviar o olhar para as sombras que se formavam na parede.
– Tenho que admitir, nossa mãe nunca foi muito confiável. – Isabel se
pronunciou sentada do outro lado da mesa.
– Oi, queridos, estão aqui sem mim? – Beatriz entrou na sala de estar
assim que descobriu onde os filhos estavam. – Pensei que tivessem sentido a
minha falta.
Ela encarou o rosto de cada um deles, e não encontrou em nenhum a
expressão que esperava. A de Dária era a menos raivosa, mas ainda assim
estava carregada de surpresa e confusão.
Eles estavam certos, Beatriz estava ali por um motivo. Precisava ficar
longe da Europa por alguns dias e nada melhor do que uma visita aos seus
filhos.
Natasha balançou a cabeça em negativa ao torcer os lábios. Estava claro
que não gostava da presença da mãe ali. Apoiou as mãos sobre a mesa para se
levantar e deixou a sala.
– Fique longe de mim!
– Querida, espere!
Beatriz viu a filha sair e a seguiu. A hostilidade dela deixou a mãe um
tanto chateada. Não esperava que eles pulassem de alegria e a abraçassem
chorando pela saudade. Mas não imaginou ver tanto desdém e ódio.
Natasha estava de pé apoiada sobre a sacada da varanda, sentindo os raios
do sol da manhã roçarem seu rosto numa carícia suave e terna. Com as
pesadas cortinas cobrindo todas as janelas da casa para proteger a vampira,
aquele era o único lugar onde podiam desfrutar do sol.
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Ouviu os passos do salto contra o piso de porcelanato, virou-se para


encarar a mãe e observou a entrada da varanda atrás dela.
– Qual a parte do fique longe de mim você não entendeu? – Natasha disse
entredentes. Seus olhos azuis afunilados somados a forma como ela apertava
o parapeito deixavam claro a raiva que emanava.
– Eu sei que eu não tenho sido uma boa mãe nos últimos séculos...
Beatriz estava acuada, com as mãos cruzadas em frente ao corpo tocando
uma na outra, aumentando ainda mais o suor frio. Seus olhos levemente
curvados expressavam a angústia que fazia seu coração bater apertado.
– Me diga, mãe, o que veio fazer aqui? E não me diga que estava com
saudades, não sou idiota.
– Eu realmente senti saudades de vocês, é verdade. Quando soube que
Aron estava... Casado, foi que percebi o quanto da vida de vocês eu perdi.
– Faz mais de cem anos que eles estão juntos. Pare de mentir! Em que
encrenca se meteu?
Natasha cruzou os braços e desviou o olhar, cansada de ouvir mentiras.
Beatriz não se importava, sabia bem disso.
– É verdade que as coisas na Europa estão um pouco complicadas. Os
bruxos estão com problemas internos, parece que a rainha de uma parte deles
foi morta pela outra... Não sei ao certo. Só que em alguns lugares tudo está
um caos, Cherens e Svetlinis estão se matando.
– O que você tem a ver com os problemas dos bruxos?
– Bem... Eu estava saindo com um que foi morto bem na minha frente. Foi
horrível, fiquei assustada.
– Fugir e se esconder, tão típico seu.
Beatriz engoliu em seco. Talvez a filha estivesse sendo mais cruel com ela
do que estava preparada para lidar.
– Eu sei que está com raiva, Natasha, mas... Você é mais parecida comigo
do que imagina, filha. Mais parecida do que Aron e Isabel.
– Eu nunca os deixei como você fez!
A súcubo bateu com força contra o mármore do parapeito onde se apoiava,
extravasando a raiva que já estava no limite.
– Mas sei que tiveram que deixar a Europa por um erro que você cometeu.
– E quem acha que é para me julgar, mãe?
– Não estou julgando você, querida. Só a lembrando de que todos nós
cometemos erros.
– Se acha que esse discurso me fará perdoá-la, está enganada.
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O olhar de Natasha nem mesmo hesitou ao encarar a mãe. Beatriz era


sorrateira e manipuladora como uma cobra, no entanto, não deixaria que ela
desse o bote assim tão fácil. A velha súcubo já provara muitas vezes que
colocava seus interessem acima de qualquer coisa. Inclusive, os filhos foram
apenas peões para manipular os homens com poder.
– Vou para um hotel, já deixaram claro que a minha presença aqui não é
tão desejada. Mas ainda não desisti de recuperar o amor dos meus filhos.
– Já vai tarde, mãe! – Natasha deu um breve aceno.

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Capítulo 7

Dante acertou em cheio um soco contra um saco de areia, fazendo-o


balançar como um pêndulo em direção à outra extremidade da sala. Tinha
que se conter para não o estourar com sua força sobre-humana, contudo a
raiva que lhe banhava as veias tornava isso uma tarefa cada vez mais difícil.
Como ela poderia ser tão irresponsável?
Uma gota de suor escorreu por sua testa e deslizou pelo pescoço até parar
na gola da camiseta branca que vestia. Essa já estava molhada pelas horas que
ele estava ali, treinando, ou usando isso como um subterfúgio para extravasar
a ira. De todos os pecados, esse parecia ser o qual ele mais cometia
ultimamente. Raiva dos pais, raiva dos anjos e de quem mais queria o fazer
voltar para casa. Ali era seu lar agora e não deixaria ninguém estragar isso,
nem mesmo uma súcubo imprudente arriscando expor a ela e todas as outras
criaturas do submundo.
– Por que mentiu para mim?!
Stela entrou no galpão de treinamento do Departamento de Polícia e jogou
uma pasta sobre uma mesa de metal a poucos metros de onde Dante estava.
– Você não tem pais, mulher e muito menos um filho. Por que mentiu para
mim?
– Não sei do que está falando.
Dante pegou a toalha branca deixada sobre a cadeira junto a mesa e
enxugou o suor do rosto.
– O que você sabe que não contou ao resto de nós?
– Realmente não sei do que está falando? Não estou escondendo nada.
O detetive manteve sua expressão de surpresa diante da parceira que o
confrontava. No entanto Stela, de braços cruzados, deixava claro que não
estava convencida.
– As câmeras do prédio onde morava a primeira vítima estavam
estragadas. As digitais encontradas nas duas cenas batem, mas não constam
no sistema. Não haviam câmeras no banheiro da boate e as câmeras da pista
não mostram nada além de silhuetas, luzes coloridas e fumaças. O que você
viu nas câmeras externas que eu não?
– Eu não vi nada.
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Dante balançou a cabeça abrindo um sorrisinho ao olhá-la como se


estivesse louca.
– Não ache que eu sou estúpida, cara.
De braços cruzados, Stela rangia os dentes, inconformada por ele estar
mentindo para ela. Entretanto, nada podia fazer; não tinha provas.
– Não acabamos ainda!
Ela deixou o lugar pisando com raiva contra o chão de cimento batido.
Droga! Dante bateu com força contra a mesa, afundando o metal onde sua
mão tocou. Tudo o que não precisava era de uma detetive se metendo onde
não deveria...
O telefone começou a vibrar sobre a mesa. Dante o puxou e desbloqueou a
tela, exibindo um pequeno mapa com um ponto vermelho piscando e se
movendo. O detetive respirou fundo. Ela podia não causar problemas por
apenas um dia? Ainda bem que ela não havia notado o rastreador que
colocara no cabelo, esse duraria algumas lavagens.
Guardou o telefone no bolso e pegou sua jaqueta antes de deixar a sala.

Natasha parou o carro conversível numa rua atrás do local combinado.


Colocou os óculos de sol dentro da bolsa e ajeitou os cabelos negros,
olhando-se no espelho retrovisor. O sol estava quase se pondo na tarde
daquele dia quente. Uma das coisas pelas quais ela menos gostava do Brasil
era o calor interminável não importava o dia ou época do ano.
Seu celular vibrou na bolsa.
Estou aqui esperando.
Já estou indo.
Ela sorriu mordendo os lábios ao bater à porta do carro. Era tão mais fácil
encontrar presas naquele século, tudo o que precisava era de um aplicativo e
uma boa foto que os caras se atiravam nela como animais famintos.
Caminhou até a entrada de uma sorveteria num bairro relativamente
calmo, se comparado ao caos das regiões centrais, ainda que pelo trânsito
tivesse levado quase uma hora para chegar lá.
Crianças, sentadas em uma mesa do lado de fora riam e tomavam seus
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sorvetes como se fosse a melhor coisa do mundo. Riam e se lambuzavam.


Natasha não gostava muito de crianças e passou batida por eles sem nem ao
menos olhar.
Assim que a bela súcubo de pernas roliças, ressaltadas por um vestido
curto, entrou pelas portas de vidro, todos os olhares se voltaram para ela. Que
mulher!
O queixo de um homem sentado junto a janela, na mesa mais fresca
daquele lugar, foi ao chão e voltou. Uau! Um sorriso nada discreto se formou
nos lábios dele. Suas pupilas se dilataram escurecendo ainda mais o castanho
de seus olhos e suas mãos suaram frio assim que percorreu com o olhar o
belo corpo da mulher. A foto no num aplicativo não fazia jus a beleza dela.
– É... É um enorme prazer conhecer você. – Ele se levantou às pressas e
secou as mãos suadas na calça jeans antes de estendê-las para a mulher. – É
ainda mais bonita pessoalmente.
– Não precisa ficar envergonhado. – Ela passou as mãos pelo contorno do
rosto dele.
Mesmo que Tiago fosse negro ainda foi difícil esconder a vergonha em
sua face. O toque quente fez uma onda de calor percorrer seu corpo.
– Me desculpe.
Ele balançou a cabeça em negativa ao respirar fundo, tentando ao máximo
não parecer um idiota diante da bela mulher.
– Quer, um sundae, banana split ou um milk-shake?
Thiago desviou o olhar percorrendo os dedos pelo cardápio, numa vã te
tentativa de não ficar encarando o enorme decote que lhe saltava os olhos.
Queria tanto poder tocá-los...
– Gosto do milk-shake, quero um de chocolate.
Natasha passou a língua pelos lábios. Fazendo o homem se perder nas
curvas que delineavam o seu rosto fino e delicado.
– Dois milk-shakes por favor. – Ele estendeu o braço para cima para
chamar o atendente ao sair do transe.
– Não precisa ficar tão nervoso. – Natasha pousou sua mão sobre a dele.
Thiago sentiu o calor da pele dela e uma gota de suor brotou em sua testa
escorrendo por seu pescoço.
– Está quente aqui, né? – Ele suspirou.
– Eu nem comecei a esquentar ainda.
– Você é sempre assim?
– Não, ela não é!
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Natasha ergueu os olhos e tocou o ombro de Thiago.


Thiago arqueou as sobrancelhas. Surpreso com o cara que entrou do nada
e se colocou atrás dela. O sujeito alto o encarou de forma intimidadora, o que
o deixou ainda mais confuso.
– Quem é você? – Thiago cerrou os dentes após se recuperar do susto. – A
garota está comigo.
– Polícia. Dá o fora, cara! – Dante jogou o distintivo sobre a mesa.
Os olhos de Thiago se arregalaram e ele ficou estático por alguns
segundos.
– Quer ser enquadrado ou vai dar o fora daqui?
– Tá! – Thiago se levantou e saiu às pressas da sorveteria tropeçando nos
próprios pés.
– Isso é abuso de poder, sabia? É um crime!
Natasha se colocou de pé e bateu as mãos contra o peito dele, furiosa pelo
cara ter acabado com seu encontro assim. Quem ele pensava que era?
– Você é uma assassina, está mais encrencada do que eu.
Dante a segurou pelos pulsos fazendo-a encará-lo e parar de bater no peito
dele. O jeito como ele a agarrou fez com que um choque percorresse o corpo
de Natasha e suas pupilas se dilatassem ao encarar os olhos verdes do
detetive. Seus lábios se entreabriam quando um suspiro passou por eles.
O detetive a soltou quando sentiu o calor do clima que se estabeleceu ao
tocá-la. Calor que manteve os olhos deles vidrados uns nos outros. Dante
ficou sem ar e isso o assustou.
– O que está fazendo? – Natasha se afastou respirando ofegante.
– Estou tentando evitar que deixe mais corpos por aí.
– Ah, qual é! Você não tem nada a ver com isso. Só estou me alimentando
e tendo um pouco de diversão. E você espantou o cara.
Natasha deu as costas para ele e deu as costas para o detetive, deixando a
sorveteria pisando fundo.
O sol já havia se posto quando a súcubo saiu da sorveteria. Uma leve brisa
da noite empurrava o forte mormaço do dia quente. Uma das lâmpadas da rua
piscava e poucos carros passavam por ela.
– Onde está indo?
– Encontrar outra presa, é claro! Já que você empatou a minha foda.
– O quê? Não vai não!
Dante correu até ela, encurtando facilmente a distância entre os dois e
segurou o pulso dela.
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– Você não vai matar mais ninguém enquanto eu puder impedir.


Os dois estavam em um beco entre a casa ao lado e a sorveteria. A
construção antiga tinha uma tubulação velha e exposta, onde Dante
aproveitou para prender um dos braços da súcubo, algemando-a lá.
– Você é louco?! – Natasha gritou ao se dar conta do que Dante havia feito
com ela.
Debateu-se, tentando quebrar a algema, entretanto, tudo o que conseguiu
foi machucar o pulso.
– Eu posso ficar aqui a noite inteira até fazê-la mudar de ideia. – Dante
cruzou os braços e apoiou-se no muro de concreto da sorveteria.
– Me solta vai... – Ela o pediu com uma voz doce e melodiosa que faria
qualquer homem se derreter aos seus encantos.
– Sabe que seu poder de sedução não funciona comigo, né?
Dante deu virou o rosto. Soltou um risinho, achando patética a forma
como ela tentava sair daquilo.
– Ah, qual é cara? Sabe que poderíamos estar nos divertindo... – A voz
dela se perdeu em meio ao alto som de asas se aproximando.
Natasha arregalou os olhos e sua boca ficou aberta pelo susto quando viu a
criatura que pousou na rua. Um gato que passeava saiu correndo assim que o
barulho o assustou. O bater das asas fez os panfletos de propagadas jogados
pelo chão e outros entulhos voarem por toda a parte. A o que a súcubo viu era
tão poderoso que parecia brilhar, emanar luz. Assim que as pupilas de
Natasha se encolheram, acostumando-se com a luminosidade, ela viu uma
bela mulher vestida com roupas brancas que possuía olhos claros e um cabelo
loiro muito sedoso. As asas brancas bem abertas eram a coisa mais bela que
Natasha já havia visto na vida.
– Ótimo! Eu estava mesmo a fim de bater em alguém. – Dante estalou os
dedos e o pescoço assim que viu o anjo diante de si.
– Você pode tornar isso mais fácil para nós dois. Volte para o inferno e eu
não terei que matá-lo. – Apesar de firme a voz do anjo ressoava como um
melodioso coral.
– Nunca gostei das coisas fáceis mesmo.
Ariel, a anjo enviada daquela vez, era mais ágil e perspicaz do que o
último. Deveria ser fácil para ela cumprir aquela missão.
Dante sacou sua espada de ossos e partiu para cima dela. Ariel se desviou
facilmente da investida do homem ao girar-se e revidou com um chute que
cortou o ar quando o detetive foi ágil o bastante para se esquivar do golpe.
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A espada celestial acertou asfalto, quando Dante se esquivou outra vez. A


agilidade do homem surpreendeu Ariel, pelo tempo em que ele estava na
Terra já deveria estar bem acostumado a enfrentar oponentes como ela.
O detetive deu alguns passos para trás a fim de recuperar o equilíbrio
quando aprumou o corpo outra vez. Segurando a espada com as duas mãos,
observou com cautela a anjo a poucos metros dele, os pés dela não tocavam o
chão; ainda flutuando com as asas abertas.
A pausa na luta e o confrontar dos olhares sérios não permaneceu por mais
do que poucos segundos, pois Ariel o atacou logo em seguida, voando para
cima dele. Dante ergueu o braço no tempo exato para interceptar a espada
dela. O barulho do impacto soou como um ranger áspero pelo arranhar os
ossos.
O brilho forte da espada celestial fez com que Dante fechasse os olhos e
virasse o rosto por um breve instante. Esse pequeno deslize não foi perdoado.
Ariel girou no ar e o atingiu em cheio no peito com os dois pés, fazendo-o
voar alguns metros, caindo de costas contra o chão frio de cimento do beco
onde Natasha estava presa. Dante bateu a cabeça com força e ficou zonzo por
alguns segundos.
A dor irradiou do local atingido até o restante do peito dele, deixando
Dante sem ar. Ele abriu a boca tentando absorver o máximo de ar possível,
por mais que parecesse difícil. Apoiou as mãos no chão frio e sujo para se
levantar. Entretanto, teve que girar para o lado, deixando que a espada
atingisse onde estava.
Dante se colocou de pé às pressas e chutou o punho da espada celestial,
acertando a mão do anjo e fazendo com que a espada fosse arremessada
contra a parede. Essa acertou de raspão a perna da Natasha, fazendo a súcubo
gritar. Ela nunca sentiu tanta dor. O corte em sua pele queimava mais do que
se ela estivesse tocando direto o fogo. A dor intensa que irradiava do corte na
perna a fez perder os sentidos, e a súcubo só não caiu ao chão pois estava
presa pela mão e ficou pendurada com a algema segurando o seu pulso.
Antes que Ariel voasse para recuperar a espada, Dante a acertou em cheio
com um soco na boca do estômago que a fez cambalear para trás, batendo as
costas contra uma grande lixeira de metal. O demônio era bem forte, mais do
que esperava.
Ariel não teve tempo para tentar recuperar a espada, pois teve que se
defender de outro golpe de Dante, que dessa vez a atingiu com um soco no
queixo. O golpe fez com que ela mordesse a língua, cuspindo um pouco de
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sangue da rua. Ela desviou para o lado para sair do alcance dos golpes do
demônio; ele fazia jus a força do pai.
Dante desferiu outro soco contra ela. Entretanto, dessa vez, Ariel se
defendeu segurando o pulso dele, puxando-o com força em direção ao chão,
para em seguida acertar o rosto dele com o joelho. Os dentes de Dante
bateram com força e a pressão irradiou por toda a sua cabeça, deixando-o
tonto outra vez. Ele perdeu o equilíbrio e deu de cara com o chão. Tendo que
cuspir a terra que engoliu.
Antes que o anjo o atacasse de novo, Dante aproveitou que estava no chão
e a puxou pelas pernas, fazendo com que ela caísse de costas. Dante girou
ficando em cima dela e a segurou pelo pescoço.
Ariel tentou se esquivar dele, mas ele era pesado e a imobilizou. Encarou-
o ao aceitar seu destino. Felizmente para os anjos não tinham medo da morte.
– Pode dizer aos outros lá em cima que eu não vou sair daqui e que todos
os que mandarem atrás de mim eu vou matar.
Dante pegou a sua espada jogada a poucos metros e acertou em cheio o
peito de Ariel. O golpe letal, transformou-a em cinzas.
Após respirar aliviado, ele se virou e viu a súcubo dependurada,
desacordada. Merda! Correu até ela. Seu sangue gelou. Estava com muita
raiva daquela mulher, mas não a queria morta.
Por sorte os garotos na sorveteria haviam voltado para a casa antes da
chegada do anjo, e ninguém havia presenciado a luta incomum.
– Natasha, acorda... – Dante ergueu o rosto dela com as mãos trêmulas
logo que jogou a espada celestial para longe. – Não morre vai!
Ela era imprudente, irresponsável, teve vontade de espancá-la na primeira
vez que a viu. Entretanto, diante da súcubo, naquele estado, algo dentro dele
entrou em pânico. Deixá-la morrer talvez acabasse com um pouco de seus
problemas, já tinha muita coisa para lidar além de uma súcubo irresponsável.
Mas simplesmente era incapaz de deixá-la para morrer... Acorda!
– Dante... – A voz saiu baixa e abafada, Natasha mal tinha forças para
falar. Ela ergueu a cabeça um pouco, piscando os olhos levemente, sem
conseguir abri-los por completo. – Está doendo. Por que não estou me
curando?
– Não era uma arma comum. – Dante ergueu os braços tirando a camiseta
branca deixando de fora o abdômen bem definido e ajoelhou-se para amarrá-
la no ferimento na perna de Natasha. Por sorte, o corte era superficial, caso
contrário ela teria morrido na hora, no entanto, ela ainda morreria se Dante
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não fizesse algo.


– Eu preciso de mais do que um curativo. – Ainda fraca, Natasha tocou o
rosto dele com a mão livre.
– Eu sei... – Dante se colocou de pé diante dela.
Sim ele sabia bem o que aquilo significava. Estava ciente do que uma
súcubo precisava para se recuperar e as implicações do que estava prestes a
fazer. Porém, daquela vez, as consequências eram culpa das decisões de
Dante, não da irresponsabilidade de Natasha. A possibilidade de deixá-la
morrer passou centenas de vezes por sua cabeça, deixar que seu pai lidasse
com a alma dela. Entretanto, ao encará-la fraca, com os olhos semiabertos,
sem força nem para se manter de pé, Dante teve a certeza de que não podia
fazê-la pagar dessa forma.
Um arrepio varreu o corpo de Natasha assim que ela sentiu os lábios
grossos e macios dele tocarem a base do seu pescoço. A deliciosa sensação,
que arrepiou cada pelo de seu corpo, fez até com que a dor cessasse um
pouco. A súcubo imaginou diversas situações dos dois transando depois que
viu o detetive pela primeira vez, porém, nenhuma delas se comparava ao que
estava prestes a acontecer.
Natasha sentiu um frio na barriga como se estivesse no alto de uma
montanha russa. Seu coração quase parou no peito quando Dante embrenhou
os dedos firmes e cumpridos em seus cabelos negros e puxou sua cabeça para
trás. Em seguida, mordiscou o lábio inferior da súcubo. As pupilas dilatadas
de excitação tingiam de preto o mar azul dos olhos dela.
A dor do ferimento pouco importou quando o desejo varreu o corpo de
Natasha como nunca antes. Quis envolver o pescoço dele com os braços,
sentindo-se aninhada, protegida, mas infelizmente sua mão direita estava
presa. Com a mão esquerda tocou o abdômen bem definido, contornando os
músculos com as costas dos dedos delicados.
O peito de Dante subia e descia numa respiração aflita. A pele de Natasha
pálida e os olhos quase sem brilho o deixaram desesperado. Não morre!
– Alimente-se de mim! – Sua voz baixa, porém firme, soou quase como
uma ordem.
Mais do que precisar se alimentar dele, Natasha queria aquilo. Não sabia o
que aquele cara era, mas era gato o suficiente para deixá-la em chamas.
Poucos homens despertaram nela tamanho desejo.
Os lábios deles se tocaram ardendo feito brasas, havia fogo e fome.
Natasha, que já mal aguentava de pé, desmoronou de vez e teria ido ao chão
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se Dante não a envolvesse pela cintura e a mantivesse firme. Ela sentiu a


língua dele roçar a sua, com um gosto de pecado a guiando pelo caminho
ardiloso no qual ela facilmente se perderia.
Com a permissão dele, Natasha sugou um pouco da energia de Dante e
sentiu-se melhor de imediato. Ele nem mesmo pareceu ficar cansado. Que
força era aquela?
Ao deslizar as mãos pela sedosa pele das coxas de Natasha, Dante sentiu
medo: medo de como se corpo reagiu diante dela, medo das sensações que
estava sentindo. Durante seu tempo na Terra dormira com algumas mulheres,
mas nunca ousou se envolver, era perigoso demais...
Dante arfou quando os lábios macios dela deslizaram pelo seu pescoço e
pressionou ainda mais as mãos firmes contra as coxas de Natasha. Naquele
momento, ele soube que seria um caminho sem volta.
Logo que retomaram o beijo molhado, Dante deslizou as mãos por dentro
do vestido dela, cedendo ao desejo que pulsava dentro de suas calças. Ele
praguejou em pensamentos ao apertar a bunda exposta por uma calcinha de
renda pequena. Que se danem todas as preocupações!
Natasha apoiou a cabeça na parede, fechando os olhos ao rebolar nas mãos
dele. O gemido que ela soltou saiu abafado por estar mordendo os próprios
lábios. O toque forte e firme fazia formigar ao contato da pele. Quando um
suor frio brotou em sua testa e seus olhos azuis giraram na órbita, Natasha se
deu conta de quão cego era o desejo que banhava suas veias. O tipo de desejo
que jamais pensou que pudesse sentir por algum homem ou mulher. Por
alguns segundos se perguntou se era aquele tipo de sentimento que mantinha
Aron e Dária juntos mesmo depois de todos esses anos. Talvez fosse besteira,
e Natasha estivesse apenas fraca demais para pensar direito e extremamente
atraída pela beleza do cara...
A visão do detetive lambendo a elevação dos seios no generoso decote do
vestido colado fez a súcubo perder o último fio de qualquer pensamento
claro. Dor? Que dor? Natasha nem mesmo se lembrou do ferimento ao
estender a mão trêmula até o zíper da calça jeans que Dante usava e abri-lo o
mais rápido que pode.
O detetive não conseguiu conter o gemido quando sentiu a mão macia se
enfiar dentro de sua cueca box preta e tirar seu pênis para fora. Ele ergueu o
rosto para olhá-la nos olhos, na tola esperança de que os olhos azuis-
esbranquiçados da súcubo abrandasse o calor que fazia ferver suas veias. Que
desejo era aquele?
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Os dedos ágeis e delicados dela o tocaram, provocaram e exploram


fazendo-o perder o controle que Dante se esforçava tanto para manter. Ele
deslizou a minúscula calcinha fio dental pelas coxas dela e a colocou em seu
bolso. Apoiou as pernas da súcubo ao redor de sua cintura e não ousou hesitar
antes de penetrá-la.
Natasha não conteve o grito de prazer assim que o pênis dele a invadiu.
Arfou com a primeira investida. Era sempre uma delícia, quando a pulsação
ardente entre as suas penas finalmente tinha seu pedido silencioso atendido.
A vagina dela estava tão molhada que Dante deslizou com facilidade. Não
teve dúvidas de que a súcubo compartilhava do mesmo desejo irracional. Ele
não conseguiu conter o gemido ao deslizar para fora e invadi-la outra vez.
Ao puxar o braço direito, Natasha praguejou baixinho se lembrando de
que a algema do detetive ainda a prendia a um cano frio. A agonia por estar
presa a consumiu. Merecia poder tocá-lo, puxar o sedoso cabelo loiro. Porém
quando ele a estocou outra vez, entrando fundo e com força, suas costas
bateram contra a parede áspera ralando um pouco e a súcubo fechou suas
pernas ao redor da cintura dele apertando firme para que Dante entrasse todo.
Com a mão livre cravou as unhas pintadas de preto no ombro largo, fazendo
brotar um sangue negro. Curvou-se para frente, soltando um gemido alto, em
meio a uma lufada de ar quente que escapou de sua garganta.
Foi impossível evitar que os seus pelos se eriçassem, assim que um
calafrio percorreu o corpo de Dante. Ele estava cada vez mais inebriado pelo
prazer que sentia. Tentava se conter, no entanto, tinha certeza de que a
expressão em seu rosto o denunciava.
Com uma das mãos apoiada contra a parede, usou a outra para percorrer o
rosto macio de Natasha, forçando os olhares a se encontrar. Naquele
momento, com Dante a penetrando com afinco, os dois se conectaram,
encontrando um ritmo só deles. Por um momento, o detetive se perdeu nos
olhos dela que se reviravam em meio a sedutora expressão de prazer. Os
músculos de Dante se contraíam mais a cada estímulo, a cada estocada. Não
admitiria aquilo para ela, mas se conteve, pois quis desfrutar do sexo o
máximo que pode, mesmo sabendo que Natasha precisava que ele atingisse o
ápice para se alimentar da energia suficiente.
A súcubo gemia e gritava a cada vez que suas costas batiam contra a
parede, cada vez com mais frequência à medida que Dante aumentava o
ritmo. Dane-se todo o barulho que estavam fazendo, com certeza a
vizinhança já havia os ouvido, mas estava com um policial.
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Natasha arfava trêmula, por sorte o seu corpo estava apoiado contra a
parede. Ninguém havia lhe proporcionado prazer semelhante, fossem
humanos ou sobrenaturais. Cada uma de suas células formigavam e ardiam a
cada estímulo.
Dante enfiou a mão no bolso, procurando a chave para abrir a algema.
Afoito, deixou o chaveiro cair no chão. Bufou, irritado, mas não se agachou
para pegá-lo, nem atreveria a sair de dentro de Natasha. Com uma das mãos,
partiu o metal preso ao redor do pulso dela, finalmente libertando-a. Em
seguida segurou-a, apertando firme a bunda redonda e a sentou sobre a tampa
da grande lixeira de metal um tanto amassada pelo impacto do anjo.
Nem mesmo o choque com a superfície gelada aplacou o calor que
queimava em seu ventre. Natasha mordeu o lábio inferior dele e o gemido
que conseguiu arrancar a enlouqueceu. Deslizou as unhas pelas costas largas
até agarrar a bunda do detetive, enfiando as mãos dentro da calça.
Dante praguejou baixinho e cerrou os dentes para que o gemido não soasse
alto demais. Maldita súcubo! Ele enfiou em Natasha com força, fazendo o
corpo dela deslizar para cima. Dante apoiou a mão ao lado do rosto dela e
cravou os dedos na tampa onde Natasha estava deitada, deixando marcas.
Natasha abriu um leve sorriso nos lábios carnudos, semiabertos, ao ficar
evidente o prazer que ele tentava reprimir. Ela ergueu o quadril e se moveu
contra ele antes mesmo de esperar a próxima investida. Trêmula, afoita,
sentia seus nervos se contraírem. Nunca chegara ao ápice antes de suas
presas, eles nunca resistiam tanto tempo.
Quando Dante investiu mais uma vez, Natasha cravou as unhas na bunda
dele e gritou. O som do seu prazer ecoou por todo o beco. Bamba, seu corpo
caiu sobre a lixeira. Seus nervos se contraíam e relaxavam em deliciosos
espasmos. Suas pernas tremiam muito, mal tinha controle sobre elas.
Dante se curvou e roçou seus lábios nos de Natasha, gemendo contra eles.
Deu mais duas estocadas, roçando seu peito nos volumosos seios e se esvaiu.
Natasha se ergueu apoiando os cotovelos bambos e o beijou avidamente,
capturando os gemidos de prazer, sugando a energia do homem. Algo forte,
energizante, que não encontrara em nenhuma de suas presas sobrenaturais.
– Chega. – Ofegante, Dante se afastou.
O detetive desviou o olhar, fitando a parede de uma pequena casa no fim
do beco, com algumas pichações em tinta preta. Ajeitou a cueca e fechou a
calça.
– Vai deixar uma cicatriz, mas a minha energia é o suficiente para que não
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morra.
Dante se curvou e pegou seu chaveiro caído ao chão do lado de uma
pequena poça. Evitou olhar Natasha nos olhos. O prazer ainda fervia seu
sangue. Não deveria pensar naquilo, apenas o fizera para salvar a vida da
súcubo.
– Dante... – o nome saiu trêmulo pelos lábios de Natasha.
Ela se apoiou sobre a lixeira e tentou ficar de pé. Entretanto assim que
firmou o sapato no terreno cimentado irregular, a dor do ferimento voltou
como uma fincada e latejou por todo o seu corpo. Natasha gritou e foi ao
chão.
Dante foi até ela e a tomou nos braços. Não podia deixá-la ali; a súcubo
nem mesmo se mantinha de pé. O contado da pele suave, quente e macia dela
fez seu sangue queimar nas veias outra vez, assim que Natasha se aninhou em
seu peito ainda nu. Todas as suas extremidades gelaram como se um vento
cortante tivesse varrido o beco. O que aquela mulher estava fazendo comigo?
A súcubo mantinha os dentes cerrados, numa tentativa de não gritar, mas
seus gemidos abafados soavam como grunhidos. Ainda sentia a energia dele
fluir pelo seu corpo, deveria ter se curado. Por um momento, quando sentiu o
calor e a força dos braços de Dante, o ferimento lhe pareceu uma dádiva por
possibilitar que ela estivesse tão perto do homem ao ponto de ouvir o coração
dele bater rápido. Natasha ainda podia senti-lo dentro de si, a deliciosa
sensação de Dante preenchendo-a.
– Vou deixá-la em casa. Peça alguém para buscar seu carro depois; você
não vai ter condições de dirigir pelos próximos dias.
Dante a olhou nos olhos semiabertos, aninhada em seus braços, Natasha
parecia tão frágil. Conteve a vontade de acariciar o rosto delicado, que
parecia tão fino quanto de uma boneca de porcelana. Por um momento se
esqueceu de toda a imprudência dela que o deixava irado.
Com Natasha nos braços, Dante caminhou até seu carro parado na
esquina. Apoiou-a junto ao peito para liberar uma das mãos e desarmou o
alarme do carro. Deitou-a no banco de couro traseiro e assumiu o volante.
Em silêncio dirigiu pelas movimentadas ruas de São Paulo. Às vezes
olhava pelo retrovisor com o canto de olho e a via dormindo. Sua respiração
havia se normalizado e ela iria sobreviver. Só esperava não se arrepender de
tê-la salvo.

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Isabel ouviu a batida na porta e correu até ela. Não esperava por visitas e
tinha certeza de que nem seu irmão. Assim que abriu a porta seus olhos se
arregalaram.
– Natasha... – O nome ecoou em meio ao choque.
Assim que a surpresa ao ver o estado de sua irmã passou, Isabel conteve a
exclamação ao ver o cara gato que a segurava nos braços. Vadia sortuda!
– O que aconteceu com ela? – Isabel respirou fundo e desviou o olhar para
não parecer indelicada com o sujeito.
– Foi atingida por uma espada celestial, mas vai ficar bem, precisa apenas
de descanso. Onde posso deixá-la?
Isabel fez um gesto para que ele a seguisse. Passaram por uma grande sala
iluminada por um belo lustre de cristal, subiram uma escada circular até o
segundo andar. Dante viu fotos de Natasha, a mulher que o guiava e um outro
cara; eles pareciam uma família feliz.
A loira abriu a porta do quarto da irmã e permitiu que o cara que a
segurava nos braços passasse. Assim que o viu pousá-la na cama, deixou os
dois sozinhos.
Dante a ajeitou, cobrindo-a com o edredom macio. Não resistiu ao
acariciá-la no rosto. Tão logo recuperou o controle e recolheu a mão, Natasha
o segurou pelo pulso antes que ele pudesse se afastar.
– Espera... – a voz dela ela baixa, porém seus olhos o fitaram penetrantes.
– O que você é?
O detetive respirou fundo. Sabia que uma hora não conseguiria evitar
aquela pergunta.
– Um demônio, assim como você. – Esperava que aquela resposta
bastasse.
– O que você é? Anjos não me perseguem.
– Querem que eu volte para o inferno, que eu volte para o meu pai.
– Você é filho de Lúcifer?!
Natasha arregalou os olhos e engoliu em seco.
– Samael, diabo, lorde supremo do inferno... Meu pai é conhecido por
vários nomes. Mas Lúcifer é só uma tradução errada da Bíblia... – Ele parou
desviou o olhar para um grande espelho e não voltou a fitá-la – Mammon é
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meu verdadeiro nome.


Ele não aguardou pela reação de Natasha. Já havia se envolvido e contado
muito mais do que deveria. Saiu pela porta por onde entrara e tomou o
caminho de volta para a rua. Esperava, torcia para que os acontecimentos
daquela noite a mantivessem longe.

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Capítulo 8

O som grave de algo indo ao chão fez Dária erguer os olhos do livro que
estava lendo e jogá-lo sobre o sofá onde estava. Com sua velocidade sobre-
humana correu até a origem do barulho.
Bufou ao ver Natasha ajoelhada no chão com os cabelos negros jogados
sobre os olhos. A mão direita dela estava apoiada num móvel do corredor,
sobre o qual havia um belo arranjo de rosas amarelas que por pouco não fora
ao chão junto com a súcubo.
– Você deveria ficar quieta no seu quarto. – Dária a olhou de cara feia
antes de enrolar o cabelo ruivo, jogá-lo para trás e agachar-se para ajudar a
cunhada a se levantar.
– Não aguento mais ficar na cama. – Natasha apoiou a mão direita sobre o
ombro delicado da vampira enquanto essa lhe envolveu pela cintura para
erguê-la.
– Vamos. Vou trocar seu curativo.
– Me leva para a sala.
Dária assentiu com um aceno de cabeça e desceu com ela pela escada em
caracol até chegarem ao sofá da sala onde a vampira estava há poucos
minutos. Ela sentou Natasha sobre o sofá, tirou o livro e o colocou sobre a
mesa de centro, empurrando para o lado as bolas de vidro que a enfeitavam.
– Onde está o Aron? – Natasha subiu com a perna machucada para cima
do sofá, estendendo-a.
– Saiu para encontrar alguns fornecedores de bebidas para o santuário. –
Dária voltou com o quite de primeiros socorros.
– Por que não foi com ele? – Natasha cerrou os dentes para evitar o grito
antes de começar a tirar o esparadrapo.
Dária torceu os lábios diante da pergunta idiota.
– É dia lá fora.
As bochechas de Natasha coraram e ela ficou em silêncio ao desviar o
olhar para o ferimento em sua perna. O corte estava bem menor do que na
noite anterior, mas a súcubo nunca passara por nada parecido, seus
ferimentos sempre se curavam num piscar de olhos, e agora ela se sentia fraca
como uma humana.
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– Com sorte amanhã será apenas um arranhão. – Um leve sorriso se


formou nos lábios de Dária enquanto ela molhava um pedaço de algodão em
remédio e o passava pela coxa de Natasha.
A súcubo soltou um gemido por entre dentes e jogou a cabeça para trás
quando a dor cortante a lembrou do ferimento.
– Foi realmente um anjo?
Natasha fez que sim com a cabeça.
– Nunca imaginei que veria um.
– Pronto. – Dária prendeu o último esparadrapo sobre as gazes. – Acho
que amanhã você já não vai mais precisar de curativos.
– Você é boa com isso. – Natasha agradeceu com o singelo sorriso.
– Eu cuidava das minhas meninas no bordel. – A vampira guardou as
coisas de volta na maleta.
– Dária... – Natasha relutou ao dizer o nome cunhada. – Como... Como
você soube que era o Aron?
A ruiva arregalou os olhos vermelhos. A surpresa com a pergunta a fez
curvar um pouco o corpo para trás. Dária colocou uma mexa do cabelo atrás
da orelha.
– Como soube que o Aron era o cara certo para você? – Natasha insistiu
não deixando que a pergunta se perdesse no ar.
– Bom... – Dária respirou fundo. Nunca esperou responder tal pergunta. –
Seu irmão é cabeça-dura, mais do que eu. Tentei de todas as formas possíveis
mantê-lo longe, mas ele insistiu, continuou lá mesmo depois de tudo. Quando
percebi já era tarde demais, eu não imaginava a minha existência sem ele...
Mas por que a pergunta?
– Eu não consigo parar de pensar nele... – Natasha desviou o olhar para
um piano na extremidade da sala. Arfou ao lembrar do peso do corpo quente
de Dante sobre o seu. Sentiu a região entre as suas pernas ficar quente.
– No cara que a trouxe ontem? – Dária olhou para a cunhada com um ar de
curiosidade.
– É... – A súcubo sentiu suas bochechas corarem. – Eu estava fraca,
precisava da energia dele, mas Dária... – Natasha suspirou com sua mente se
enchendo de imagens dele. – Fazer sexo com ele foi maravilhoso! Química.
Eu entendi o significado isso.
Dária riu. A última pessoa que imaginou a fim de algum cara era Natasha.
Porém ao lembrar de sua própria história, soube que o impossível era só
questão de ponto de vista.
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– Ele é bonito.
– Ele é um gato! Você viu a bunda dele?
Os olhos azuis de Natasha brilharam com uma empolgação que a vampira
nunca vira antes. A súcubo parecia uma adolescente diante da primeira
paquera.
– Vá com calma. – Dária segurou gentilmente as mãos da cunhada. – Nem
todos os homens são como o seu irmão.
– O que tem eu?
Aron entrou na sala e, após um breve susto, as duas caíram no riso.
– Só um assunto de garotas. – Dária acariciou o rosto dele assim que Aron
se curvou para beijá-la gentilmente nos lábios vermelhos e carnudos.
– Trouxe vinho para nós. Te espero no quarto assim que terminarem o
assunto de garotas.
Aron se afastou rindo. O íncubo ficava feliz por Dária ter se dado bem
com suas irmãs e nunca ter se arrependido da decisão que a trouxera ao
Brasil.
– Já terminamos. – Natasha disse ao irmão. – Por favor, não façam
barulhos demais.
– Vamos nos comportar. – Dária se levantou.
– Eu não teria tanta certeza. – Aron exibiu um sorriso maroto nos lábios ao
puxar a vampira pela cintura para junto dele.
Natasha fez uma careta e mostrou língua para o irmão.
– Quer que eu te leve para o quarto? – Dária relutou ao deixá-la sozinha.
– Vou ficar bem aqui. Peço ajuda a Isabel quando ela aparecer.
Aron não esperou por mais palavras da irmã antes de levar sua amada para
o quarto. Ainda que muitos e muitos anos houvessem se passado desde que
estão juntos, horas longe dela lhe pareciam uma eternidade.
Natasha os observou se afastarem, numa troca de carícias que não foi
contida mesmo diante da presença dela. Quando soube que o irmão estava
apaixonado achou um tanto tolo, para não dizer ilusório. Não sabia o que esse
amor significava, mas conhecia bem o desejo, o fogo ardente que queimava
em seu ventre numa ânsia de ter aquele cara preenchendo-a outra vez.

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Capítulo 9

Dante agarrou firme o lençol branco da sua cama. Ele apoiou a cabeça no
travesseiro ao arfar. Cerrou os lábios para conter os gemidos, mas esses
saíram como murmúrios. Seu corpo quente suava ao ponto de molhar a cama.
Com a mão trêmula ergueu a colcha fina sobre seu corpo. Viu cabelos
negros cobrindo um rosto jovem, puxou-os para o lado revelando os belos
olhos azuis de Natasha que o encaravam de maneira sedutora. O que aquela
mulher estava fazendo ali?
A inebriante visão da língua dela deslizando por toda a extensão de seu
membro rígido o fez ferver ainda mais. Os lábios úmidos o acolheram com
desejo e fome, engolido todo. Os dedos ágeis e delicados percorriam sua
virilha, suas bolas, acariciando, apertando levemente.
Alucinado, Dante apertava o lençol em suas mãos com força. A
refrescante saliva da súcubo não amenizava o calor da região que ela lambia e
chupava.
Dante acariciou os sedosos cabelos negros dela a incentivando a continuar.
O prazer do sexo oral era intenso, e ele já não conseguia mais conter os
gemidos.
Natasha deslizou a língua quente da base do pênis ereto de Dante até a
cabeça do membro o abocanhando ali e sugando com força.
A súcubo sabia bem como o enlouquecer, ao ponto de Dante nem tentar
fazê-la parar. Quando estava com ela, parecia perder o último fio do seu
controle.
Natasha...

Dante abriu os olhos, aflito, com a respiração ofegante, fazendo o peito


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subir e descer rapidamente. Sua testa brilhava, escorrendo suor por todo o seu
corpo másculo e definido.
– Maldita súcubo! – Praguejou ao jogar a chocha sobre o seu corpo no
chão.
Sentou-se na cama e acendeu o abajur sobre o criado mudo. Respirando
fundo, passou a mão sobre a testa limpando um pouco do suor. O coração
ainda batia acelerado no peito, suas mãos grandes tremiam. Já não bastava ter
que lidar com a súcubo na realidade, agora ela também estava o
atormentando em seus sonhos.
Com o membro ainda latejando entre suas pernas, Dante se levantou. Seu
sangue estava fervendo nas veias e ele precisava de um banho bem gelado.
Arrastou-se até o banheiro que não ficava muito longe naquele pequeno
apartamento. Acendeu a luz e apoiou a cabeça no espelho que cobria toda a
parede acima da pia. Sua respiração embaçou o reflexo. Esperava que ter
contado a verdade sobre o que era fosse o bastante para tê-la assustado, para
mantê-la longe... Conteve-se para não socar o espelho.
Fechou o box e abriu o chuveiro. Deixou que a água bem fria escorresse
por seu corpo, aplacando um pouco do calor que fora aceso pelo sonho que
não deveria ter.
Apoiou as mãos contra o azulejo ao abaixar a cabeça e a água que escorreu
do seu cabelo loiro não diminuía o latejar da sua cabeça. Que porra, Dante,
não se envolva!
Durante dezenas de anos esteve pela Terra. Andou como um fantasma,
não chamou atenção desnecessária. Esteve onde sempre quis estar, sem ser
tarjado como um cara mal pelas malditas escolhas dos humanos. Não era
culpa do diabo ou de Deus se os humanos faziam escolhas erradas. O livre
arbítrio sempre esteve lá, chances iguais de fazer o bem ou o mal.
Julgara aqueles que cederam as tentações, porém, no momento, era ele
quem enfrentava a maior delas. Aquela mulher era a definição do pecado, da
luxúria.
Dante desligou o chuveiro, pegou a tolha azul-claro que ele deixava
pendurada em um suporte de metal e vestiu uma calça de moletom.
O relógio com letreiro luminoso sobre a geladeira marcava quarto horas da
manhã. Ainda faltava um bom tempo para que ele fosse para a delegacia, mas
nem se arriscaria a voltar a dormir. Nada o assustou mais do que a
possibilidade de voltar a sonhar com ela, nem mesmo um arcanjo.
Retirou uma caixa de leite da geladeira e a tomou em algumas goladas.
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Seu coração já batia mais devagar e o desejo já não queimava mais com a
mesma intensidade.

– Três homens, jovens, entre vinte e trinta anos. Fora isso não há ligação
alguma entre as vítimas. – Irritado, o delegado Walter jogou a pasta com os
dados do caso sobre uma mesa de madeira à sua frente.
– Temos um padrão aqui, além disso, digitais que batem nas duas cenas.
Admitam que estamos lidando com um assassino em série. – Stela, de braços
cruzados, encarava o quadro branco com as fotos das vítimas.
– Não devemos tomar decisões precipitadas. – O delegado coçava a braba.
– Admitir que temos um serial só atrairia ainda mais atenção da mídia. Isso
pode colocar em risco toda a investigação.
– Walter tem razão, não temos nada aqui. – Dante disse atraindo o olhar
dos demais policiais para ele.
– Como assim não temos nada? – Stela arregalou os olhos e jogou os
braços para cima em sinal de frustração. – Homens despidos encontrados
mortos da mesma forma, digitais que batem. Francamente, detetive, como
pode dizer que não temos nada?
– Quais provas temos para capturar o assassino? – Dante a olhou com o
canto de olho.
Não podia deixar que chegassem até Natasha. A súcubo com toda certeza
não seria discreta e usaria todos os artifícios que tinha para não ser presa.
Assim seria inevitável a exposição de todos eles.
– Enquanto estão aqui se preocupando com a exposição na mídia, as
nossas pistas se esfriam lá fora. – Stela o encarou de dentes cerrados. Não
acreditava que um policial estava dizendo aquilo.
– Se for um serial ele irá agir de novo. Infelizmente, sem mais pistas não
temos nada a fazer além de esperar. – O delegado suspirou ao passar uma das
mãos sobre o grisalho cabelo curto e deixar seu corpo cair sobre uma das
cadeiras de plástico.
– Não acredito. – Stela sussurrou ao torcer os lábios.
– Ei, moça, você não pode entrar aí! – Um grito rouco ecoou pelo corredor
que dava acesso a sala onde estavam os policiais.
Dante ouviu o som de um salto batendo contra o chão da delegacia. O
peso leve do corpo e um sutil arrastar da perna direita, o fez apertar com força
a mesa onde estava escorado, por pouco não quebrou um pedaço dela em
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suas mãos.
Os policiais sentados nas mesas em suas funções administrativas,
começaram a assobiar. Um deles que segurava um copo de plástico acabou o
esmagando e molhando toda a sua calça preta. Os olhos arregalados, não
piscaram ao percorrerem as curvas do suntuoso corpo esguio, roliço nas
partes certas. O rebolado salientava ainda mais as coxas e a bunda exprimida
no justo vestido jeans.
– Que gostosa! – exclamou um policial que estava atrás de Dante, com o
queixo quase no chão.
– O que essa mulher está fazendo aqui? – O delegado se levantou com os
olhos arregalados.
– Me desculpe, senhor. – Um policial veio correndo atrás dela.
Envergonhando, nem mesmo encarou o delegado nos olhos. – Não consegui
evitar que ela entrasse.
– Natasha, o que está fazendo aqui?! – Dante rosnou entre dentes, ao dar
um passo na direção da súcubo.
– Você ficou com a minha calcinha. – Com um sorriso travesso nos lábios,
ela enrolou uma das mechas do cabelo preto nos dedos.
Gritinhos e murmurinhos escoram para toda a sala, olhares maliciosos
foram lançados na direção do detetive. Ele se sentiu envergonhado e a raiva
invadiu seu sangue.
Dante bufou e foi até ela, segurando firme seu antebraço, puxando-a para
longe. Arrastou-a de volta ao corredor, até uma bifurcação, onde estavam
longe dos olhares cheios de julgamentos e piadinhas de seus colegas.
– Aí, você está me machucando! – Natasha choramingou ao se debater,
tentando se soltar.
– O que está fazendo aqui, sua maluca?
Dante a soltou fazendo com que ela cambaleasse e batesse contra a parede.
O gemido de dor que saiu por entre os lábios carnudos e pintados de batom
vermelho, não fez com que o detetive esboçasse alguma preocupação. Um
empurrãozinho não a machucaria.
– Já disse, você ficou com a minha calcinha.
O sorriso malicioso de Natasha fez Dante socar a parede ao lado dela. O
barulho do impacto que provocou uma deformação na alvenaria fez com que
a morena desse um pulinho de susto.
– Ei! Calma, gato. – Natasha deslizou os dedos pela gola da camisa branca
que ele usava.
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Dante deu um passo para longe, escondendo-se na sombra projetada por


uma das pilastras e impedindo que Natasha visse sua expressão. Mas não
precisava de muito para saber o quanto ele estava irritado.
– Achei que contar para você o que eu sou seria o bastante para deixá-la
longe. – Dante respirou fundo ao apoiar uma das mãos na parede de cimento
cinza. Tentava se acalmar para não perder o controle. Mas era difícil,
principalmente quando se tratava dela.
– O que? Acha que eu ia ficar com medo de você só porque é o filho do
diabo? – Natasha arregalou os olhos surpresa. – Poucas coisas me assustam e
essa não é uma delas. Eu também sou um demônio, somos iguais.
– Anjos não a perseguem. – Dante usou o próprio argumento da súcubo
contra ela.
– Não vai me manter longe. Não desse jeito.
– O que quer comigo? Me enlouquecer?
Dante se aproximou dela outra vez. Com os olhos semiabertos, sob a luz
que entrava por uma janela no alto da parede, revelou uma expressão de
confusão e talvez uma pontada de medo que se esforçou para esconder.
Natasha se aproximou mais, o bastante para que seu corpo tocasse o dele.
Um calafrio percorreu a súcubo como um choque elétrico assim que sentiu o
perfume másculo que Dante exalava. A região pulsante entre as suas pernas
ficou ainda mais úmida.
– Eu quero que me coma de novo. – Com uma voz doce e musical, ela
sussurrou ao pé do ouvido de Dante, ao apoiar uma das mãos sobre o peito
dele.
– Não sabe do que está falando! – Dante tirou a mão dela e se afastou o
máximo que pode.
Tremendo de aflição, ele se conteve para não perder o controle com aquela
louca. Não acreditava no que acabara de ouvir. Cerrou suas mãos e apoiou a
cabeça na parede fria.
– Fica longe de mim, Natasha. Não sabe em que está se metendo.
– Eu não tenho medo. Pode me ensinar a lutar contra aqueles anjos.
– Eles quase me mataram várias vezes e sou muito mais forte do que você.
– Não vai me fazer mudar de ideia.
– O que você quer? – Dante a olhou tentando ser ameaçador o bastante
para que ela desistisse daquela loucura.
– Eu quero você e você quer que eu pare de matar. – Natasha deslizou ao
mão pequena e delicada pelo peito dele até tocar o membro adormecido
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dentro da calça social. – Acho uma troca justa.


O pênis de Dante se enrijeceu de imediato com o toque provocante da
súcubo. Não conseguiu conter o calor que banhou suas veias. Aqui não!
O delegado surgiu no corredor e pigarreou. Por sorte a posição de Dante
encobriu a mão da súcubo.
– Dante, sem assuntos pessoas aqui.
– Sim, senhor. Ela já está de saída. – Envergonhado, o detetive se
recompôs.
Ele puxou Natasha consigo e a levou até a entrada da delegacia.
– Não volte mais.
– Ainda não terminamos. – Natasha cruzou os braços, irredutível.
– Terminamos, sim. Isso não é brincadeira, sua louca.
– Então é isso? Vai me enxotar com se não me quisesse?
Nem mesmo o barulho dos carros que passavam na movimentada avenida
impediu Dante de ouvi-la. Se perdeu nos poucos segundos que observou a luz
do sol refletir no cabelo negro de Natasha. Como era linda aquela vadia!
– O que eu quero não importa.
– Não vou desistir de você, sabe disso, não é?
– Volte para casa, súcubo. Fique longe de problemas.
Dante voltou para dentro da delegacia a deixando sozinha do lado de fora.

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Capítulo 10

– Ele me enxotou de lá! – Natasha encheu o copo com o uísque que está à
sua frente na mesa de madeira do santuário.
– Nat, ele é só um cara. – Isabel jogou para trás uma mecha do cabelo
loiro que lhe cobria os olhos.
– Ninguém me dá um fora, nunca.
Isabel apoiou os braços cruzados sobre a mesa e começou a rir.
– Está ficando obcecada como o Aron estava.
– Não estou obcecada. – Natasha curvou o corpo um pouco para trás,
esquivando-se da afirmação da irmã. – FOI SÓ A MELHOR TRANSA QUE
EU TIVE!
Isabel abriu um leve sorriso ao ver os olhos da irmã brilharem ao falar do
tal cara, ainda que houvesse uma pontada de ódio, o fascínio estava ali. Era
como um dejavú ao se lembrar do que Aron havia passado. Jamais imaginou
que Natasha viveria isso, não a Natasha que conhecia.
– Se foi tão bom para você, não pode ter sido ruim para ele.
– O que quer dizer?
O brilho nos olhos da súcubo se tornou ainda mais intenso ao desviar o
olhar na direção da garrafa sobre a mesa. A lembrança do toque dele invadiu
sua mente sem que pudesse conter. Apertou a mesa numa tola tentativa de
suprimir um gemido.
Isabel deixou que a pergunta se perdesse no ar. Não era a primeira vez que
via alguém esconder o que sentia por inúmeros motivos. No entanto, se o cara
era mesmo o filho do diabo, talvez Natasha não devesse mesmo se aproximar
dele.
– Só me prometa que não fará nada imprudente dessa vez. – Isabel tocou
gentilmente as mãos da irmã.
A loira tirou o celular do bolso e olhou as horas seguidas de várias
notificações de conversas que responderia depois.
– Tenho um encontro. – Ela se levantou e beijou com carinho a testa da
irmã. – Se cuida, nos vemos depois.
– Nem sei como não os mata.
– Você nem ao menos tenta deixá-los vivos.
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Natasha observou sua irmã se afastar e voltou a bebericar sozinha o


uísque. O gosto de álcool forte descia queimando por sua garganta. Mas a
súcubo adorava aquela sensação. Observando o sol se por devagar atrás dos
grandes prédios vistos pela janela, ela ficou em silêncio. O queria, O TERIA.
Tinha certeza que por trás de toda aquela postura séria, ele também a
queria. Só precisava fazê-lo parar de fingir que não.
Francamente, ter medo de quem ele era? Que ridículo! Ser filho do diabo
só tornava as coisas ainda mais excitantes. Adoraria pecar com aquele gato.
– É você, não é? A assassina.
Natasha ergueu a cabeça e se virou na direção da entrada do bar. Na
primeira vez que alguém entrara a acusando, era um cara muito gato. Isso a
deixou um tanto empolgada. Entretanto não era um policial bonitão, ainda
assim os olhos da súcubo brilharam ao ver a mulher.
Stela entrou pisando confiante, determinada de suas convicções. Após ver
Natasha entrar na delegacia aquela tarde, ela entendeu por que não
avançavam no caso. O detetive Dante a conhecia e estava protegendo. A
princípio não encontrara nada nas filmagens da boate, mas se lembrou de vê-
la.
– Oi! – Natasha sorriu jogando os volumosos cabelos negros para frente.
Observou a jovem mulher à sua frente, sentiu os olhos castanhos dela
pesarem sobre o seu corpo, percorrendo-a. A policial tinha um leve sotaque
mineiro, o que fez Natasha achá-la uma gracinha.
– Você é uma súcubo!
Stela arregalou os olhos e deu um passo para trás. Surpresa ao encarar os
olhos azuis-esbranquiçados. Tudo fazia tanto sentido agora, deveria ter
sacado na hora em que viu o estado dos corpos das vítimas. Mas uma
súcubo? Cara! Uma criatura como aquela era bem rara. Na sua antiga cidade
não passavam de boatos.
– Você sabe? Conhece muito para uma policial. – Natasha apontou para o
distintivo que Stela exibia pendurado junto ao cinto de couro.
– Eu sou uma loba. Saí da minha antiga matilha há um tempo. Trabalhava
com a polícia de lá e fui transferida há um mês... – Stela parou no meio da
frase ao se dar conta do quanto estava empolgada ao conversar com sua
suspeita. – Oh meu Deus! Eu deveria prender você.
– Mas não vai, não é?
Natasha se aproximou dela. Achou um tanto sexy a forma como uma
mecha do cabelo ondulado, cortado na altura dos ombros, caia-lhe sobre o
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olho direto.
Deveria, Stela sabia que deveria. Contudo homicídio era determinado por
um humano matando outro, e ela... Bem, não era humana. Sendo uma loba, já
havia matado algumas pessoas sem querer e sabia o quanto era difícil lidar
com isso.
– Não, eu não vou prendê-la. Mas deveria... Cara, você é uma súcubo!
Natasha riu da empolgação que tomou conta do rosto da jovem policial.
Ela não estava nem de perto tão enfurecida quanto Dante, ao contrário disso:
transbordava fascínio.
– Mas você precisa parar de fazer isso, de matar.
– Não é a primeira pessoa que me diz isso. – Natasha resmungou ao
desviar o olhar.
– Aposto que sim. Se Dante for no mínimo um bom policial, pediria isso
para não ter que entregar a namorada.
– Ah, não. Ele não é meu namorado.
Natasha desviou o olhar para as lâmpadas que iluminavam o balcão.
Namorado? Bom, namorado talvez não. Mas ficou triste ao pensar que
provavelmente não significava nada para ele. Esse nada a fez sentir um
incômodo vazio no peito.
Stela sentiu o ar pesar ao seu redor depois das últimas palavras da súcubo
e deu um passo na direção da morena.
– Ei, o que estava bebendo? – Apontou para o copo que Natasha havia
deixado sobre a mesa.
– Uísque, quer um pouco?
– Eu adoraria.
Stela se sentou com Natasha na mesa de madeira escura. Era fácil entender
porque Dante a estava protegendo. As curvas que compunham o rosto dela
eram o desenho mais belo que já vira. Cinco minutos perto da súcubo e já
estava encantada. Tentando disfarçar, observava o contorno saliente dos
lábios vermelhos e grossos, encrustados no rosto triangular de feições
delicadas e olhos de um azul-esbranquiçado, maiores do que o normal.
A policial respirou fundo e esfregou as mãos suadas na calça jeans azul
que vestia. Desviou o olhar para o copo de vidro que Natasha enchia para ela.
Já era tarde, mal ouvia o som dos carros nas ruas. Deveria ir para casa, mas
essa nem de longe era a sua vontade. Nunca estivera com uma súcubo antes e
a ideia a congelara ali.
– Achou que me prenderia sozinha? – Natasha brincou ao estender o copo
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para Stela.
– Ainda posso te prender na minha casa. Como uma loba, sou bem forte. –
ela deu um risinho seguido de um uivo.
– Dependendo da prisão, eu adoraria.
Natasha mordeu o lábio inferior e estendeu a mão para tocar a de Stela.
Um calor irradiou da região tocada até o restante do corpo da loba,
arrancando dela um suspiro em meio a boca semiaberta.
O coração bateu acelerado. Stela ficou sem ar. Caramba! Uma súcubo era
tudo o que ouvira falar e muito mais. A pele formigava no lugar tocado.
Natasha exalava sensualidade, no sedoso cabelo negro que brilhava sobas
luzes compridas do santuário, e nas curvas suntuosas destacadas no vestido
apertado. Uma aura de sedução tornava impossível resistir a ela.
Stela apoiou os cotovelos sobre a mesa e curvou seu corpo para frente.
Levou a mão direita até a nuca de Natasha, puxando-a para mais perto. Sem
pensar direito, ou hesitar, reclamou o direito aos lábios da súcubo. Saboreá-la
era ainda melhor do que passou alguns segundos supondo, a súcubo tinha um
ardente sabor de pecado.
Natasha adorou a maneira como foi agarrada, tinha uma queda particular
por aqueles com atitude. Tocou o rosto de temperatura quente da loba antes
de invadir a boca dela com a língua. Intensificando o beijo molhado.
Stela brincou com a língua dela. O beijo acendeu seu sangue, roubou o ar
de seus pulmões e a deixou trêmula. Percorreu o lábio superior da súcubo
com a ponta da língua. Não se sentia daquele jeito desde a última namorada
que deixara em sua cidade. Por um segundo se esqueceu da Duda... Os boatos
sobre estar com uma súcubo ser incrível, não a fizeram pensar no quão
incrível.
– Vem comigo. – Estendeu a mão para que Stela a seguisse.
A loba seguiu-a. Estava tomada por um misto de ansiedade e receio.
Caminharam até o fundo do salão. Um homem que estava sentado no fundo
do bar, com um dos pés apoiados sobre outra cadeira, lançou um olhar
malicioso na direção das mulheres, mas foi ignorado.
Natasha subiu pelos degraus da escada nos fundos que levava até a casa.
Guiou Stela até o terceiro andar onde ficava o seu quarto. Acendeu a luz com
a mão livre e caminhou até a cama. Apoiou-se na estrutura do dossel e tirou
os sapatos vermelhos de salto alto.
Stela sentiu seu corpo cair sobre o colchão macio da sofisticada cama. A
colcha era gostosa de deitar. Quando o corpo quente da súcubo se acomodou
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sobre o seu, a loba gemeu, torceu os dedos dos pés.


Natasha mordeu o lábio inferior de Stela, enquanto suas mãos habilidosas
desabotoavam cada botão da camisa social branca que a policial usava. Stela
ergueu seu corpo e os braços para que a súcubo deslizasse a camisa por eles.
As pontas dos dedos macios causavam deliciosos calafrios.
Com a súcubo sentada sobre seus quadris, Stela deslizou o vestido sobre
as coxas roliças, deliciando-se com a sedosa pele branca que ia se expondo.
Cara, como era linda! Ao jogar o vestido vermelho sobre o chão do quarto,
perdeu-se admirando a lingerie preta de renda que Natasha usava. Deslizou as
mãos da base dos ombros, pelos ossos logo abaixo do pescoço até o contorno
dos seios ressaltados pela armação do sutiã. Rapidamente, livrou-se da peça
desprendendo o fecho nas costas e o jogou sobre o vestido.
Natasha adorou ver os olhos brilhando de Stela diante da visão de seus
seios expostos e não conteve a vontade de exibi-los. Estufou o peito
ressaltando os seus dotes arredondados.
A loba segurou a súcubo pelos quadris e a girou na cama, ajoelhando-se
com o corpo de Natasha entre as suas pernas. Curvou-se e beijou o esterno
acima dos seios, desceu com a língua até a região entre eles. A pele suave era
saborosa e fez sua boca salivar ainda mais. Contornou um dos seios com a
língua, para em seguida abocanhá-lo. O mamilo se enrijeceu ainda mais
dentro da sua boca, enquanto era sugado e levemente mordido.
Ao ofegar, Natasha se remexeu na cama, agarrou a coxa quente da loba,
ainda sobre a calça jeans, apertando com força e cavando as unhas
provocando uma dor quase deliciosa.
– Tira... – com voz baixa, Stela suplicou.
Ansiosa, apressada, Natasha atendeu ao pedido. Seus dedos deslizaram
pela base do ventre de Stela até o zíper da calça. Às pressas, puxou o a peça
pelas coxas da loba, que rebolou levemente ajudando o tecido justo a
deslizar. Assim que a calça chegou aos seus joelhos, Stela apoiou as mãos na
cama e se ergueu para jogar a calça no chão.
Natasha puxou o rosto de Stela para mais perto, passando os dedos pela
nuca já molhada de suor. Mordeu o lábio inferior, puxando-o até estalar.
Fazia um bom tempo desde que estivera com uma mulher pela última vez, as
curvas, a sensualidade, o perfume doce... Natasha se embriagava. Às vezes
era bom algo além das linhas retas e rudes dos homens. Brincou com a língua
de Stela em meio a um beijo quente, intenso e molhado. Enquanto isso, abriu
o sutiã ao deslizar as mãos sobre as costas lisas e o jogou no chão junto ao
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restante das roupas.


Percorreu o pescoço nu com a ponta da língua, e os gemidos e os leves
tremores que Stela não conteve deixaram claro que estava no caminho certo.
A loba estava completamente rendida aos encantos da súcubo. Ah, como ela
era incrível!
Stela ofegou ao sentir Natasha lamber a sua orelha enquanto as mãos
delicadas apertavam seus seios. A súcubo abandonou um deles para logo em
seguida acolher o mamilo em seus lábios. A deliciosa sensação de
refrescância fez um gostoso calafrio percorrer cada um dos seus nervos e a
loba jogou a cabeça para trás, sentindo cócegas quando seus cabelos roçaram
nas costas. Socorro! Stela por pouco não gritou seus pensamentos. Por um
momento se lembrou da loucura que estava fazendo, transando com uma
suspeita, com uma assassina, mas... dane-se. Estava bom demais para parar.
As calcinhas que ainda cobriam o corpo de ambas pareciam um grande
empecilho no momento. Natasha enfiou a unha pintada de vermelho por
debaixo da peça e a removeu com um único puxão.
– Ei! Eu ia precisar disso. – Stela protestou ao sentir o leve ardor na pele
pelo tecido arrancando.
– Arrumo uma nova para você.
Mais nenhuma reclamação saiu da boca da policial quando a mão de
Natasha envolveu sua cintura e a girou no ar, ficando por cima. A súcubo
ficou entre as pernas dela, agarrou as nádegas e a empurrou a cima, fazendo-a
subir até encostar a cabeça na cabeceira da cama. Natasha se posicionou entre
as penas de Stela, deslizou as mãos pelo interior das coxas dela.
Stela se contorceu com o sopro de ar quente contra o seu sexo. As mãos da
súcubo apertavam de maneira dolorosa suas coxas. Quando sentiu a ponta da
língua molhada tocar sua vagina, num movimento lento de baixo para cima.
Ela agarrou a cabeceira da cama, enquanto remexia os quadris, gemendo. A
carícia lenta e provocante foi uma tortura deliciosa.
– Maldade... – Stela sussurrou ao erguer mais os quadris contra o rosto de
Natasha.
– Para quem queria me prender, parece estar adorando.
A súcubo sorriu ao enrolar os cabelos negros, jogando-os para trás, antes
de curvar-se e percorrê-la com a língua outra vez, arrancando um gemido
quase desesperado.
Sim, Stela estava adorando. Puta que pariu! Não fazia ideia de qual
macumba sexual tinha aquela maldita súcubo. Mas desde que colocara os
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olhos nela parecia incapaz de resistir a sedução, ao magnetismo, ao toque...


Um grito agudo saiu do fundo da garganta de Stela quando sentiu os lábios
se fecharem ao redor do seu clitóris e ele começou a ser sugado com pressão
e intensidade. Ela se remexeu na cama e com a mão direita agarrou os
cabelos negros de Natasha que haviam caído sobre suas coxas, provocando
deliciosas cócegas.
Entre lambidas, leves chupadas e deliciosos arranhões, Natasha saboreava
a loba em meio ao sexo oral. A cada vez que a estimulava Stela, mais a região
entre as suas pernas pulsava e ardia, e então caprichava nas carícias. Deslizou
um dos dedos para dentro da loba, e a vagina molhada dela logo o envolveu.
Adorou ver a reação de Stela às suas carícias, a forma como ela se contorcia,
revirava os olhos.
Stela mordeu os lábios, estava inebriada. A sensação de prazer banhava o
seu corpo. Com os músculos se contorcendo, percebeu que estava bem perto
do ápice, então puxou a súcubo pela nuca. Mordendo os lábios dela antes de
retomar o beijo faminto. Natasha deslizou a mão pelo seu ventre e tocou a sua
vagina, molhada e quente da loba. Alucinada, Stela mordeu o lábio inferior e
arranhou as coxas da súcubo, numa tola tentativa de conter um grito de
prazer. Os dedos ágeis de Natasha começaram a estimular com uma pressão
firme e delicada o seu clitóris, atendendo ao desejo silencioso que pulsava.
Os movimentos precisos e circulares rapidamente fizeram a policial perder o
último resquício de juízo e enfiar a mão dentro da calcinha de renda que
Natasha ainda usava.
A súcubo gemeu alto com o estímulo a pressão exata em clitóris. A
deliciosa sensação de prazer tomou seu corpo e foi impossível não se remexer
na cama, bagunçando ainda mais a colcha abaixo de si. A vantagem de estar
com outra mulher era que elas sabiam exatamente o que fazer, onde tocar,
apertar...
A língua, que percorreu toda a extensão do pescoço de Natasha, fez com
que ela ignorasse seus pensamentos e fosse governada apenas por seus
instintos. Em meio a saborosa sensação de calafrios, ela se livrou de sua
calcinha e finalmente ambas estavam completamente nuas.
As peles expostas e lisas se moviam em sincronia, num momento tão
delas, sobre o a intensa luz do lustre no quarto quase brilhavam. Natasha
puxou Stela para cima dela e a encaixou entre suas pernas, o clitóris de uma
roçando no da outra. Ambas gemeram juntas.
Stela passou a língua pelos lábios de Natasha, desfrutando do sabor
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açucarado, antes de pressioná-la contra a boca da súcubo, invadindo-a de


maneira provocante. Em meio ao beijo quente, intenso e urgente, a loba se
entregou a fome de seus instintos. Rebolando, com as unhas de afiadas de
Natasha cravadas em sua bunda, gemia em meio ao prazer de ter seu clitóris
estimulado ao contato com o da súcubo.
Natasha deslizou uma das mãos pelas costas de Stela, percorrendo a linha
da coluna com as pontas das unhas. A carícia fez com que a loba se
contorcesse sobre ela, e gemesse em seu ouvido. A lufada de ar quente, que
saiu por entre os lábios da policial, tornou o calor no corpo da súcubo mais
intenso. Ela fechou os olhos, entregando-se a inebriante dança erótica.
Elas se sentaram na cama. De joelhos, penetraram-se com os dedos. Com
as mãos livres, puxaram os cabelos uma da outra. Nem mesmo com os beijos
intensos os gemidos eram ofuscados.
Stela sentia seu corpo formigar, da cabeça às pontas dos dedos. Seus
músculos se contrariam. Em meio aos beijos, ela mordiscava Natasha,
uivava, quase beirando o descontrole.
Natasha tremia. A cada movimento mais intenso em seu clitóris, ela
arfava. Buscava o mínimo de controle para continuar a estimular a loba. Seus
gemidos intensos já eram gritos e com certeza eram ouvidos pelos atentos na
boate, mesmo em meio ao som da banda que tocava naquela noite.
Stela uivou e arrancou uma mexa do cabelo negro de Natasha. O prazer
banhou suas veias numa forte onda que tomou seu ar. O formigamento
energizante em seus músculos a fez se contrair.
O corpo de Natasha caiu sobre a cama. A respiração ofegante fazia seus
seios subirem e descerem em frenesi. O delicioso orgasmo a deixou imóvel e
gemendo por alguns segundos. Porém, logo que se recuperou, puxou Stela
para um beijo capturando os últimos gemidos de prazer que saiam pelos
lábios macios.
A loba viu o brilho nos olhos de Natasha se tornar ainda mais intenso
quando a súcubo começou a se alimentar dela. O beijo a foi deixando mais
fraca a cada segundo e a força que lhe restava usou para empurrar a súcubo
para longe.
Natasha se deixou cair sobre a cama outra vez. Sorrindo, passou as mãos
sobre os lábios. Que energia deliciosa... Ela era forte, mas nem de perto tão
forte quanto Dante.
Ah, Dante...
Aquela era uma péssima hora para pensar nele, mas não conseguiu evitar.
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– É assim que os mata, não é? – Ofegante, Stela apoiava as mãos sobre


suas coxas, vermelhas e doloridas pelo tanto que foram apertadas.
Natasha apenas assentiu com a cabeça.
– Humanos não tem a mesma força que você para resistir.
– Acho que está na minha hora.
Stela saiu tropeçando pelo quarto, ainda zonza e teve que apoiar no dossel
até focalizar onde estavam suas roupas.
– Pode ficar mais um pouco se quiser. – Natasha sorriu ao apontar para a
região na cama ao seu lado.
Stela nem se quer olhou para ela, começando logo a se vestir. Tinha medo
de que poucos segundos fossem o bastante para fazê-la mudar de ideia.
– Ali tem calcinhas novas. – Natasha deu um risinho ao apontar para uma
gaveta na cômoda ao lado do espelho.

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Capitulo 11

Dante fitou o alvo à sua frente. Com cautela, deu um passo para trás antes
de arremessar o dardo, que acertou o centro e em cima do outro dado atirado
anteriormente.
– Sua mira ainda continua perfeita, filho.
Ele arqueou as sobrancelhas e virou-se na direção da voz.
– Lilith.
Uma bela e alta mulher estava de pé e com uma das mãos apoiada no
encosto da cadeira junto à mesa de escritório. Suas unhas grandes e pintadas
de vermelho batiam contra a madeira escura do encosto. Ela vestia um longo
vestido negro que tinha uma fenda até a cintura, expondo sua perna esquerda.
Os longos e lisos cabelos negros, emolduravam seu lindo rosto pálido. Os
olhos azuis-esbranquiçados e grandes se destacavam junto com os lábios
vermelhos e o nariz fino e pontiagudo.
– O que está fazendo aqui?
– Achei que sentia falta da sua mãe. Há quanto tempo não volta para casa?
– Lilith deslizou os dedos delicados pela superfície de madeira, enquanto
seus sapatos de salto alto faziam barulho ao se chocarem contra o chão.
– Não vai me convencer a voltar para o inferno.
– Uma mãe não pode apenas querer ver seu filho?
Lilith deslizou os dedos sobre os ombros tensos de Dante, que olhava para
frente, sem encará-la e não permitiu que ela visse a expressão em seu rosto.
Ela certamente perceberia o misto de confusão e receio que ele sentia.
– Eu realmente queria vê-lo, Mammon... – O sussurro quase inaudível que
saiu pelos lábios da rainha do inferno pareceu sincero aos ouvidos dele.
– Eu senti sua falta, mãe.
Dante se voltou para ela outra vez e a envolveu em um abraço apertado.
Por alguns segundos fechou os olhos, sentindo o perfume forte, inebriante
que ela emanava e que ele reconhecia desde o primeiro dia em que Lilith o
carregara nos braços. Afastou-se um pouco para encará-la, ver a luz da
lâmpada chocar-se contra eles , fazendo-os brilhar ainda mais.
– Meu menino. – Em meio a um terno sorriso, Lilith acariciou o rosto já
levemente coberto por uma rala barba loira. – Bom o que tem feito para se
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divertir aqui? Não vi nada de interessante nesse apartamento minúsculo.


– Já fui um arqueólogo, um soldado... Até mesmo um barbeiro. Foram
anos divertidos. Eu sou um policial agora, e tem sido bom ver as coisas por
esse lado.
– Fico feliz por você. Mas seu pai está bem irritado.
– Meu pai quer que eu me sente ao lado dele e assista as pessoas serem
torturadas pelo resto da eternidade? Desculpe-me se essa não é a minha praia.
– O inferno pode ser mais do que isso...
– Veio aqui para me ver ou me convencer a voltar para o inferno. Porque
se for a segunda opção...
– O que uma mãe e um filho podem fazer para se divertir aqui? – Lilith o
interrompeu ao abrir um largo sorriso ao se afastar de Dante um pouco.
Tentou ser gentil para que o filho não a enxotasse. Realmente sentia falta
dele. Às vezes o inferno, mesmo repleto de almas, parecia vazio sem seu
menininho.
– Pode me fazer cafuné enquanto comemos pizza e assistimos algo.
Os olhos de Lilith brilharam com a receptividade do filho. Ela o envolveu
pelos ombros enquanto caminhavam para a sala. Lilith se se sentou no
modesto sofá, enquanto o filho apoiou a cabeça sobre o seu colo.
Sentindo o gostoso carinho dos dedos delicados dela em seus cabelos
loiros, Dante estendeu a mão para pegar o controle da televisão sobre a mesa
de centro. Ligou em um filme qualquer e pediu uma pizza por um aplicativo
seu telefone.
– Interessante esse aparelhinho.
– Isso? – Dante o ergueu. – Sim, bem prático. Isso é só uma das inúmeras
coisas que não encontramos no inferno. – Devolveu-o para o bolso da calça.
– Estava tão tenso quando cheguei aqui, até onde eu sei não era
clarividente.
Dante riu.
– Eu não sabia que você vinha, mãe. Não era por sua causa. – Ela se
ajeitou no sofá para poder olhá-la nos olhos.
– Então o que te deixou daquele jeito, nem tudo aqui é uma maravilha, né?
– Era – Dante suspirou. – Até eu esbarrar com uma maldita súcubo. Ela é
irresponsável e impulsiva.
– Uma súcubo! – Lilith arregalou os olhos surpresa. – No fundo estava
com saudades da sua mãe.
– Estou falando sério, ela é uma louca.
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Dante sentou no sofá e suspirou ao passar as mãos na cabeça, ajeitando os


cabelos.
– Uma louca não é o bastante para deixar o príncipe do inferno desse jeito.
Lilith se ajeitou no sofá e olhou fundo nos olhos verdes do filho. Sabia
bem que havia mais do que Mammon deixava transparecer. Poucas coisas
atrapalhavam a paz dele: mulheres era uma delas. Sabia que fora a relação
que tinha com ela mesma, seu filho não se envolvia, não demais. A falta de
perfume feminino ou roupas pelo pequeno apartamento era uma prova disso.
– Não tenha medo dela, filho.
Dante arqueou as sobrancelhas.
– Eu não tenho medo dela.
Teria rido disso se não fosse tão estranho. Não tinha medo de nada, nem
mesmo dos anjos. Por que temeria uma súcubo?
– Não é tão ruim se envolver com uma mulher como eu.
– Duvido que fosse tão irresponsável.
Lilith abriu um leve sorriso.
– Eu sou o primeiro demônio. Não me conhece tão bem, querido. Fiz
muita coisa antes de assumir um compromisso com o seu pai. – Ela
gargalhou. – Às vezes ainda faço.
– Tá, talvez não precise saber.
Dante riu.
– Não fuja dela como foge do inferno e dos anjos. Eu o conheço o bastante
para notar o quanto está mexido por essa súcubo. – Lilith o tocou no rosto ao
retomar o tom sério da conversa.
Dante respirou fundo, desviou o olhar para a cena de luta que passava na
televisão. Queria dizer a sua mãe que ela não fazia ideia do que estava
falando, porém já não tinha mais certeza disso. Os sonhos com ela, a
lembrança da pele macia, do perfume exótico estavam o enlouquecendo.
Quando Dante Acho que não conseguiria mais fugir dos olhos
questionadores da mãe, a campainha finalmente tocou.
– Pizza!
Ele se levantou e foi até a porta atender.

Natasha estava de cabeça baixa, apoiada no balcão de madeira do


santuário. Graças a pouca luz, os clientes do lugar mal a notavam. Jogando o
copo com um resto de vodka de um lado para o outro, ela olhava para o nada.
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De dentes cerrados, colocou uma mexa do cabelo negro atrás da orelha.


– Por que está tão frustrada?
Ela virou a cabeça para a direita e viu Aron servir um copo de uísque,
assim que ele se sentou em um banco ao lado dá irmã.
– Não deveria estar com a Dária? – Natasha voltou a encarar o copo à sua
frente.
– Ela saiu com Beatriz, achou que talvez fosse uma boa ideia, apesar de eu
não concordar nem um pouco. Mas acho que Dária pode lidar com a nossa
mãe.
– Ela ainda não foi embora?
Aron balançou a cabeça.
– Não fuja da minha pergunta. – Ele cruzou os braços e a olhou.
– Ninguém, Aron. Ninguém... Resiste ao meu encanto, eu sou uma
súcubo, oras! Até mesmo uma loba não resistiu...
– Natasha, calma. – O íncubo abriu um leve sorriso ao segurar a mão da
irmã fazendo-a encará-lo outra vez. – Nosso charme não é a prova de falhas,
o que torna tudo mais instigante.
– Para você é fácil falar. – Ela bufou ao jogar as mãos para cima, quase
deixando o copo cair no chão. – Você está com a garota.
– E por que você não pode ficar com ele?
– Por que diz ele? Poderia ser ela.
– Por causa do sujeito parado ali nos avaliando. É o tipo de cara com quem
eu gostaria de me envolver. – Aron apontou para um homem parado de pé
junto ao início do balcão.
– Dante... – Natasha arregalou os olhos e abriu a boca surpresa.
Piscou dezenas de vezes para se certificar de que ele não era uma miragem
ou algum truque barato feito para brincar com ela. Mas não, Dante
continuava ali. Com as mãos metidas no bolso da calça jeans surrada, os
olhos verdes a olhando com atenção. Ele se vestia de maneira simples, para
não dizer desleixada demais para um príncipe. Natasha particularmente o
preferia sem as roupas.
Um cutucão de Aron a lembrou de que ainda estava ali, parada como um
dois de paus, boquiaberta. Então, Natasha ajeitou os cabelos ao passar os
dedos por eles e se segurou para não ir correndo até ele. Talvez não tenha se
esforçado o bastante.
– Dante?! Admito que não esperava que viesse me ver.
– Bom, nem eu.
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Ele desviou o olhar para duas mulheres que se pegavam numa mesa não
muito longe, não queria encarar aqueles olhos azuis enormes e tão
penetrantes. Por alguns segundos se obrigou a pensar no motivo pelo qual
estava ali e odiou sua mãe por ela tê-lo convencido a tentar. Se envolver era
perigoso, principalmente com os anjos na sua cola, ainda mais com uma
súcubo imprudente que não media as consequências. Mas tremeu com a
possibilidade dela continuar o assombrando. Esperava que fosse apenas uma
aventura e que logo ambos se cansassem.
– Podemos conversar em algum lugar longe de todo esse barulho?
A voz suave, porém, firme dele, fez um delicioso arrepio percorrer o corpo
de Natasha. Ela se sentiu molhada só de olhar para ele. A possibilidade de
ficarem sozinhos a excitou ainda mais.
– Podemos ir para o meu quarto?
Natasha hesitou com medo de que a proposta o fizesse recuar.
– Sim.
A simples resposta fez um sorriso brotar nos lábios dela outra vez.
Dante a seguiu em silêncio. Parou durante o caminho várias vezes, ainda
ponderava sobre as consequências daquilo. Porém as curvas dela se movendo
enquanto andava o faziam perder o controle aos poucos. Quando a súcubo
fechou a porta do quarto atrás dele, Dante soube que já era tarde.
– Veio repetir para mim que não é para seguir você?
Natasha tentou soar sensata, mesmo que a sua vontade fosse se atirar nos
braços dele.
Deveria...
– Não. Pensei sobre sua proposta.
Ainda relutante, Dante cruzou os braços ao redor do próprio corpo ao se
apoiar na porta.
– Sério?! – Natasha não conteve a exclamação.
– Se eu ficar com você, vai mesmo parar de matar?
Natasha ficou boquiaberta, parada, em choque. Duvidou do que ouviu.
Pela forma como ele a enxotara da delegacia, achou que Dante a mataria se
ela aparecesse à sua frente outra vez.
– Vai mesmo ficar comigo?
– Vai parar de matar?
Natasha o olhou fundo nos olhos, passou as mãos suadas no vestido e não
conteve a vontade de se atirar nos braços dele.
Surpreso, Dante a envolveu. Pode ouvir o coração dela bater acelerado. A
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pele frágil suava em contato com a sua.


Natasha afastou o rosto do peito dele apenas para poder encará-lo. Seus
lábios tão próximos, as respirações aceleradas se mesclando. Dante teve
medo de se perder na vastidão azul dos olhos dela.
– Só me diga que sim e eu paro. – Nunca foi tão difícil para Natasha
encontrar forças para dizer tão poucas palavras.
Dante sabia que naquele momento falar algo era desnecessário.
Empurrou-a contra a parede.
Natasha gemeu contra os lábios dele assim que sua cabeça se chocou
contra a rígida superfície de concreto. Levou as mãos trêmulas até o pescoço
de Dante e o envolveu. Abriu a boca levemente em meio a um suave suspiro,
quase implorando para que ele a adentrasse. O cara era tudo que poderia
imaginar de um verdadeiro príncipe do inferno, tinha gosto de pecado, era
rígido em seus julgamentos e a fazia arder. Fogo, havia tanto fogo que
Natasha sentia queimar cada parte do seu corpo onde ele tocava. Ela se sentiu
tão sensível.
Dante explorava o interior da sua boca com a língua, mordiscava os lábios
carnudos e generosos. Com uma das mãos apoiada contra a parede, ele usou a
outra para percorrer o corpo dela, ainda coberto pelo vestido. Dessa vez não
permitiu que o pudor o contivesse como da primeira vez que esteve com ela.
Deslizou a mão grande e firme pela curva generosa do seio exposta no
vestido até agarrá-lo logo mais abaixo. O suave gritinho que Natasha deixou
escapar em meio ao beijo o demonstrou estar no caminho certo. Desceu as
mãos até as coxas as apertou de maneira dolorosa, e deslizou o vestido por
elas. Subindo-o até a altura dos seios para depois retirá-lo por completo
quando Natasha ergueu os braços.
A súcubo sentia sua pele formigar a cada pedaço que ele expunha, que ele
tocava. Praguejou ao achá-lo lento demais por ainda estar de calcinha e sutiã.
A região entre as suas pernas já queimava o suficiente para deixá-la louca.
Ela enlouquecia com a necessidade de tê-lo. Jogou a cabeça para trás,
batendo outra vez contra a parede, mas a sutil dor latejante não a incomodou,
pois Natasha estava perdida na sensação da língua ágil dele percorrendo o
contorno dos seus seios e toda a parte exposta pelo sutiã. Precisava que ele
arrancasse a peça logo, que lambesse e chupasse seus mamilos, mas aquele
maldito demônio era bom demais na arte de torturar. Bom o bastante para que
Natasha nem se mexesse, ainda que a vontade fosse arrancar o próprio sutiã.
Dante saboreou a região salgada entre os seios dela ao percorrê-la com a
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língua. Natasha se contorceu, mordeu os próprios lábios enquanto ele era


extremamente paciente ao tocá-la. Sexo era um luxo do qual não costumava
desfrutar e, como não sabia até quando tudo aquilo duraria, Dante estava
disposto a aproveitá-lo da melhor maneira.
Natasha soltou um gritinho de protesto quando ele ergueu as mãos dela e
as segurou no alto junto a parede. Porém, qualquer que fosse a relutância
contra a perda de controle acabou quando ele mordeu de maneira quase voraz
a base de seu pescoço. A suave dor acompanhada de um calafrio a fez arfar.
Sentiu-o percorrer seu pescoço num viciante caminho de beijos e delicadas
mordidas que quando ele retomou seus lábios, Natasha já esfregava uma
perna na outra, brigando contra o desejo que a consumia.
Dante percorreu os lábios da súcubo com a ponta da língua antes de levar
a mão livre abrindo espaço entre as costas dela e a parede. Chegou até o
fecho do sutiã e o abriu com agilidade. E quando finalmente soltou os braços
dela, Natasha terminou de retirá-lo e o jogou longe. Dante salivou com a
visão dos belos e rígidos seios. E que seios! Ao atender o desejo explícito nos
profundos olhos azuis, curvou a cabeça e lambeu devagar um dos mamilos,
antes de abocanhá-lo e sugar, chupando com gosto.
Com os pulsos ainda doloridos pela imensa força que Dante tinha, Natasha
puxou os cabelos loiros dele ao gritar. Sentiu-o perder o último fio de
delicadeza e bom senso assim que passou a sorver o seu seio com força,
usando a mão direita para apertar o que ainda estava livre. Com a cabeça
jogada para trás, os olhos semiabertos, as pernas tremendo, queimando,
Natasha se sentia cada vez mais imersa na melhor sensação do toque dele.
Dante temeu estar pulando de cabeça num caminho sem volta, mas pela
primeira vez deu mais ouvidos ao desejo incontrolável que pulsava dentro de
sua calça do que deveria. Ajoelhou-se no chão diante de Natasha, e por
alguns segundos se perdeu admirando a beleza viciante dela. Com as mãos ao
redor da cintura, começou a puxar para baixo a calcinha, deslizando pelas
coxas delicadas, roliças e esbeltas na medida certa. A pele era suave, gostosa
de se tocar, o que fez com que Dante demorasse ainda mais para executar o
movimento simples arrancando de Natasha gemidos de impaciência. Assim
que retirou a peça pelos pés pequenos e a jogou onde jazia o restante das
roupas da súcubo, olhou para o sexo dela. A vagina rosada, com o clitóris
levemente inchado, exposta a ele sem pelos ou pudor algum. Sua boca
salivou, passou a língua ao redor dos lábios que sentiu ficarem secos e se
curvou na direção dela.
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Um grito agudo escapou do fundo da garganta dela quando sentiu a ponta


da língua de Dante tocar seu clitóris. Com uma das mãos agarrou os cabelos
dele e, com a outra, cravou as unhas pintadas de vermelho na parede. Arfou,
mordendo os próprios lábios quando ele começou a lamber, primeiro de
maneira leve e delicada e tomando pressão e ritmo com o passar do tempo.
– Caralho, como você é bom nisso! – Ela deixou escapar o palavrão em
meio a gemidos de prazer.
– Temo estar um pouco enferrujado.
– Cala a boca! Você é ótimo, só continua.
Dante abriu um sutil sorriso antes de retomar a tarefa. Apoiou as mãos no
interior das coxas dela, fazendo-a abrir as penas um pouco mais, o suficiente
para que pudesse colocar a cabeça entre elas. Penteou-a um pouco com a
língua, sentindo o sabor agridoce do líquido que a deixava tão molhada.
Natasha berrou todos os palavrões que conhecia, enquanto suas pernas
cada vez mais bambas cediam a deliciosa carícia de Dante. Sentia-o, lambê-
la, chupá-la e provocá-la com a boca. Apoiava-se na parede e nele, temendo
que desabasse cedo demais. Mas Dante não parou, sua língua continuou a
estimulá-la, seus lábios, repetidas vezes, se fecharam ao redor do clitóris e
chuparam com a pressão necessária para deixar Natasha ensandecida. Os
gritos e gemidos que soavam do lado de fora talvez tenham chamado atenção,
pois eram altos demais.
Em meio a um gemido rouco, quase sufocado pelos demais, Natasha ruiu.
Dante a envolveu nos braços antes que desmoronasse devido à forte e
alucinógena sensação de prazer que a invadiu. Colada junto ao peito dele,
respirava apressada como se tivesse fome, o ar que entrava por seus pulmões
não lhe era o bastante. Estava extasiada, cada terminação nervosa formigava.
A sensação de orgasmo a nocauteara como poucas vezes. As mulheres eram
boas, contudo não tão boas quanto...
– Que oral foi esse!?
Dante riu.
Assim que Natasha recuperou o controle sobre o próprio corpo o
empurrou na direção da cama.
– Minha vez de servi-lo, Alteza. – Disse ao morder os lábios de maneira
sexy.
O corpo de Dante caiu sobre o colchão macio e ele a observou se
aproximar. Primeiro ela tirou seus sapatos e as meias e depois subiu
engatinhando na direção dele, até tocar o zíper. Ele se perdeu admirando os
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seios dela desejando colocar a boca neles outras vezes. Sentiu as mãos
trêmulas abrirem abriram e deslizarem a calça até jogá-la no chão. Sentou-se
na cama e retirou a camisa branca.
Quando Natasha removeu a cueca ela segurou e lambeu o pênis dele,
rígido, grosso. Molhou-o com sua saliva, sentindo-o se mover contra a sua
boca. O desejo voltou a queimar entre as suas pernas.
Dante virou a cabeça para trás, gemendo quando sentiu Natasha morder a
parte interior de sua coxa. Grunhiu com a sensação dos dentes afiados dela
adentrando a sua pele. O misto de dor e prazer era delicioso.
Natasha adorou a sensação e seguiu dando leves mordidas até envolver o
membro dele com os lábios.
Dante agarrou a colcha da cama, contorcendo-se quando os grossos lábios
dela o envolveram. Gemeu, enquanto Natasha o provocava com os dedos
pressionando e brincando com seus testículos. A boca percorria toda a
extensão do seu membro. Com os olhos semiabertos, uma expressão sexy, ela
era ainda mais linda... Ofegou em meio a outro gemido, quando ela o sugou
com ainda mais pressão. Dante pensou que talvez fosse a impetuosidade de
Natasha que fazia seu sangue ferver daquela forma. Ela era louca, desinibida,
e o provocava como ninguém. Ela era perigosa, mas aquele perigo o banhava
em adrenalina. Então a súcubo deslizou a língua quente por toda a extensão
de seu pênis e Dante perdeu o último fio de pensamento sensato. Acariciou o
cabelo negro dela, retirando-o dos olhos, deixando o belo rosto exposto para
ele, não queria perder um instante daquela provocante expressão.
Natasha o chupou, lambeu e saboreou a deliciosa sensação que era tê-lo
enchendo sua boca. A cada instante que o chupava, mais o desejo por ele
ardia. A queimação entre suas pernas chegava a ser quase dolorosa.
No momento em que o prazer era tanto ao ponto de Dante temer perder o
controle, ele enrolou os cabelos dela na mão direita e puxou seu rosto para
mais perto.
Natasha gemeu com o movimento repentino, enquanto Dante a puxava
para cima do corpo dele. Sentiu o braço firme a envolver pela cintura
enquanto ele reivindicou o direito aos seus lábios. O beijo urgente, ardente e
a proximidade de seu sexo ao dele era uma tortura quase agonizante.
– Dante, eu preciso. – Natasha sussurrou ao pé do ouvido.
O detetive não soube explicar, no entanto vê-la implorar por ele o deixou
ainda mais excitado. Girou-a na cama deitando-a de bruços e subiu sobre ela,
sentindo-a arfar sob o peso quente de seu corpo. A bunda redonda e saliente,
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saltou-lhe aos olhos. Não resistiu ao dar um leve tapa nela.


– Ai! – Natasha gemeu com a deliciosa sensação latejante.
Dante riu.
– Bate de novo!
Ela não precisou pedir mais uma vez. Dante deu outro tapa, dessa vez com
um pouco mais de força, deixando a marca vermelha de seus dedos.
Natasha se contorceu, mordeu os lábios. A sensação do tapa misturava um
leve ardor com um delicioso formigamento. Arfou, isso só a fez desejá-lo
ainda mais.
Dante adoraria se divertir mais um pouco, porém ele também já não se
aguentava mais. Colocou-se de joelhos entre as pernas dela e ergueu-a um
pouco pela cintura.
Natasha estava de quatro na cama e ficava mais ansiosa a cada toque das
mãos firmes dele. Então Dante finalmente a penetrou e Natasha soltou um
gritinho alucinado. Seu corpo vibrou em êxtase por tê-lo finalmente a
preenchendo. Ah, como precisava daquilo!
Primeiro, Dante começou a se mover devagar, num vai e vem lento.
Deslizava as mãos pelas costas, a cintura e as nádegas dela, enquanto mordia
os lábios numa tentativa de não gemer. Porém quando ela rebolou contra seu
quadril, fazendo-o entrar com mais afinco se tornou impossível controlar o
ritmo do próprio corpo. Durante o sexo encontraram uma sintonia só deles,
Dante não pensou em mais nada. Pro inferno seus motivos! Nada mais
importava naquele momento do que ela, do que o delicioso prazer que estava
sentido. Ele deslizou vagarosamente para fora até enfiar fundo outra vez. O
gemido alto que arrancou o fez vibrar ainda mais.
Natasha sentiu as unhas de Dante deslizarem do seu pescoço até a base de
sua cintura, fazendo com que um delicioso arrepio percorresse todos os seus
nervos como um choque elétrico. Os pelos do seu corpo se eriçaram.
Uma estocada a fez morder o próprio braço à sua frente. Os movimentos
de Dante dentro dela a fazia se mover para frente com leves trancos. Natasha
não costumava ficar de quarto quando fazia sexo com outros homens, mas
não se importou em ficar ali, com ele cavalgando-a, até que a vontade de o
beijar, olhá-lo nos olhos, falou mais alto.
Ela girou na cama e quase se arrependeu por tê-lo tirado de dentro de si.
– Ei! Ainda não acabamos. – Dante protestou ao cair com as mãos sobre
cama.
– Não, não terminamos...
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Natasha mordeu de leve a orelha do detetive, fazendo-o se contorcer com


o delicioso arrepio causado pela lufada de ar quente.
Dante deitou de costas sobre as almofadas da cama e a assistiu subir em
seus quadris e unir seus corpos outra vez. Ela curvou-se, beijando-o na boca
de maneira feroz, brincando com a língua dele.
O príncipe do inferno levou as mãos até as nádegas da súcubo, ajudando-a
a quicar e rebolar contra o seu corpo. Estremeceu, jogou a cabeça para trás,
com a boca semiaberta, gemendo. Ergueu o quadril, com as mãos ainda
firmes e a fez se esfregar ainda mais. Estava todo dentro dela, tocando-a na
entrada do útero.
Com as mãos apoiadas sobre o peito de Dante, Natasha deslizou as unhas
cumpridas por ele, deixando um vergão vermelho por onde passaram.
Movendo-se freneticamente, não continha os gemidos que já haviam se
tornado gritos histéricos. Arfava, enquanto o suor descia pelo seu corpo.
O orgasmo a invadiu quando Natasha já não aguentava mais se conter. O
prazer banhou suas veias em uma onda formigante, num tapa intenso que a
deixou sem ar. Gozara de novo, isso nunca tinha acontecido. Exausta,
desabou sobre o peito firme. Respirava rápido, buscando com urgência o ar
que lhe faltava nos pulmões.
Dante se moveu contra ela mais duas vezes e seus músculos de Dante se
contraíram e ele apertou de maneira dolorosa a cintura de Natasha. Por alguns
segundos, perdeu o controle de sua própria força, felizmente ela não era
humana. Em meio a gemidos, ele se esvaiu dentro dela, para então relaxar.
Ainda trêmula, Natasha o beijou capturando dele os resquícios de prazer.
Dante permitiu que ela se alimentasse até quando julgasse ser o bastante e
depois a afastou gentilmente.
Maldita, súcubo! Exausto, ele a aninhou em seus braços.

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Capitulo 12

Dante abriu os olhos lentamente e um leve sorriso se formou nos seus


lábios, quando a observou dormir calmamente sobre seu peito, aconchegada
como se ele fosse o lugar mais confortável do mundo para dormir. Acariciou
o cabelo castanho-dourado, macio e perfumado que cintilava aos sutis raios
de sol que entravam pelas frestas da tenda.
– Bom dia. – A voz suave e melodiosa soou como o cantar mais belo de se
ouvir.
– Bom dia.
Beijou-a na testa ao acariciar com as pontas do dedo o rosto delicado.
– Quero poder ficar nos seus braços para sempre.
– Você pode ficar.
Dante se perdeu ali, naquele momento de felicidade. Tê-la nos braços, tê-
la tão próximo ao ponto de sentir o coração da jovem e bela humana batendo
em ritmo descompassado. Observou-a, nua sob o calor do deserto, tão bela
como uma deusa, tão frágil como uma flor.
– Eu amo você. – Ela sussurrou como um assobio.
– Eu também a amo, Layla.
Roçou seus lábios nos dela, sendo cuidadoso e gentil antes de a tomar em
um beijo mais urgente. Brincou com os lábios dela antes de invadi-los com a
língua. Deslizou as mãos pelas costas nuas enquanto a beijava com desejo...
Um grito agudo o fez arregalar os olhos enquanto a mulher era arrancada
de maneira brutal de seus braços.
– LAYLA!!! – Rouco e desesperado, Dante berrou.
O topo da tenda fora arrancado em um movimento repentino, e o sol forte
que fez Dante fechar os olhos até se acostumar com ele, roubou-lhe um
tempo precioso. Acima, há uns cinquenta, talvez cem metros de altura, a
criatura alada tinha Layla nos braços.
– ANJO MALDITO SOLTE-A!
Asas negras, grandes e com penas negras saíram das costas de Dante.
Espremendo as mãos de raiva, por ter o seu momento perfeito interrompido
daquela forma. Sentiu a raiva tomá-lo como nunca antes, os anjos poderiam
fazer qualquer coisa, menos tocá-la.
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– Volte para o inferno, demônio!


O anjo a jogou para cima. Dante levantou voo. Mas Layla mal teve tempo
de gritar antes de ser atravessada pela afiada espada celestial que a partiu em
dois como se fosse uma simples folha de papel.
Por poucos segundos Dante não conseguiu alcançá-la, por alguns
segundos não conseguiu impedir que ela fosse morta daquela maneira brutal.
Voou para cima do anjo com toda a sua fúria.
– DESGRAÇADO! – Acertou-o no queixo com um soco. – Ela era apenas
uma humana, frágil e pura.
O Anjo que caiu de costas contra a areia do deserto, apoiou-se com os
cotovelos para erguer o tronco. Em meio a uma gargalhada rouca cuspiu um
pouco de sangue.
– Se se importa com eles deve voltar antes que continuem morrendo.
– CALA A BOCA!
Dante pousou com os joelhos contra o peito do anjo, fazendo-o soluçar ao
ter o ar suprimido. Socou-o de novo, outra e repedidas vezes, no queixo, nas
bochechas, nas têmporas, até sentir seus dedos doendo. O anjo ria de maneira
sádica o que deixava Dante ainda mais enfurecido. Então ele levou as mãos
até o pescoço do anjo e começou a espremê-lo. Observou a vida se esvair em
meio a pressão e toda a dor que estava infligindo não era nem de perto o que
ele sentia no momento. Num repentino surto de raiva arrancou a cabeça do
anjo e a arremessou longe.
Levantou-se trôpego, chutando a areia pelo caminho e desmoronou ao
lado do corpo em frangalhos da mulher que amava. Uma lágrima escorreu
por seus olhos verdes.
– NÃO!
Dante apertou com tanta força seus dentes, cerrando a mandíbula de
maneira tão intensa que lhe gerou uma dor pulsante nas têmporas. Acariciou
a metade do rosto em suas mãos, ela era tão jovem, tão frágil. MALDITO
ANJO! Estavam ali para proteger os humanos, não fazer uma atrocidade
como aquela.
Socou a areia, fazendo a duna tremer por quilômetros. A raiva o inflava
como nunca antes.
– NÃO! NÃO!
– Acorda!

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Dante abriu os olhos, ele tremia, suava frio, os músculos tensos, a


mandíbula cerrada. Estava congelado.
– O que foi?
Natasha apoiada sobre o peito dele, acordou com os gritos. Olhava-o sem
entender coisa alguma. Nunca imaginou ver um homem tão durão tremendo.
Dante respirou fundo ao retomar o controle sobre o próprio corpo.
Encarou a imensidão azul dos olhos da súcubo, e isso o tranquilizou. Colocou
uma mecha do cabelo negro atrás da orelha dela ao acariciar o rosto macio.
– Foi apenas uma lembrança ruim. – Sorriu numa tentativa de tranquilizá-
la.
No fundo aquilo era mais do que uma lembrança ruim, era um fantasma
que o atormentava, uma ferida inquietante que ardia mesmo depois de
dezenas de anos. Layla era a única mulher com quem Dante se envolvera e
ela havia sido arrancada de seus braços de maneira brutal. Depois disso não
ousou se envolver. Temia. Não queria amar de novo e ter alguém com quem
se importava morto assim.
Dante deslizou uma das mãos até o ferimento na coxa direita de Natasha.
A cicatriz deixada pela espada celestial ainda estava bem ali, para servi-lo de
lembrete.
– Natasha, isso pode ser perigoso para você.
– Eu gosto de um pouco de perigo.
Dante a segurou pelo pulso, forçando-a a encará-lo.
– Isso não é brincadeira, Natasha! Veja o que já fizeram a você.
Natasha sorriu ao mordiscar o lábio inferior dele. Ela não tinha ideia de do
que estava se metendo e muito menos temia isso quanto deveria.
– Você pode me proteger.
– Às vezes não.
– Então me ensine a defender a mim mesma. Só não me diga que não quer
mais.
Ele riu ao acariciar o rosto dela. Perguntou-se quantos anos a súcubo teria
e percebeu que ela era um exemplo claro em que idade não significava
maturidade. Passou as pontas dos dedos pelos lábios carnudos. Ela era bela
demais para que a deixasse morrer.
Natasha o encarou, o belo e másculo homem abaixo de si. Sem pedir
autorização, beijou-o nos lábios. Roçou-os antes de invadir a boca dele com a

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língua. Ficou feliz quando ele não a afastou, mas, ao invés disso, envolveu-a
com seus braços firmes e fortes. A súcubo se perdeu ali, naquele calor. O
beijo daquela vez foi bem mais suave do que o sexo feroz que fizeram
durante toda a noite, mas não menos delicioso. Gostou daquele carinho, do
toque gentil e delicado, com talvez um pouco de afeto.
Dante tentou não sucumbir ao medo das possíveis consequências, por mais
que ele ainda estivesse ali no fundo da sua cabeça gritando como uma vez
irritante. Apenas beijou-a por longos segundos, desfrutando com as mãos das
sinuosas curvas do corpo nu. Ela era toda a loucura em contraste com o seu
bom senso.
– Preciso ir agora. – Ele rolou e deslizou para o lado, saindo debaixo de
Natasha.
– Por quê? – Ela choramingou ao segurar o pulso dele.
– Vou trabalhar.
Dante se ergueu apoiando uma das mãos na trave do dossel da cama.
– O príncipe do inferno não precisa trabalhar.
A contragosto, Natasha torceu os lábios.
Dante riu.
– Não, eu não preciso, mas me relaxa e mantém minha mente ocupada.
– Eu juro que te mantenho ocupado a tarde inteirinha.
Natasha se ergueu, olhando-o com os olhos azuis semiabertos numa
expressão sexy e irresistível. Deslizou os dedos ágeis e delicados pelo
abdômen dele até o membro dormente que se ergueu sob a carícia.
– Agora não...
Dante mordeu os lábios, após sussurrar numa voz rouca e falha. Respirou
fundo, olhar para ela ali, lindamente nua à sua frente, não ajudava muito.
Quase riu da forma como ela o fazia perder o controle.
– Por favor...
Natasha mordeu a orelha de Dante soprando uma lufada de ar quente que
o fez se encolher com o calafrio.
– Para. – Ele se afastou com medo de que o desejo falasse mais alto e ele a
tomasse nos braços, retomando o sexo.
Dante se concentrou em recolher suas roupas que estavam espalhadas por
todo o quarto. Pegou a camisa branca que havia ido parar sobre a cômoda e a
vestiu.
Natasha de braços cruzados, não estava nem um pouco feliz em vê-lo
partir. Uma pontada aguda em seu coração a fez ficar desconfortável. Pensou
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em segurá-lo, mas era tolice, Dante era muito mais forte do que ela.
– Vai voltar? – Não conteve a pergunta.
– Vou. – Dante abriu um leve sorriso ao beijá-la brevemente e a sentiu
amolecer em seus braços. – Nos vemos mais tarde.
– Tá...
Natasha não se conteve. Até a noite parecia muito tempo. Acabou com a
distância que ele havia criado entre os dois e embrenhou os dedos no cabelo
loiro e o beijou de verdade. Mordiscou os deliciosos lábios grossos antes de
invadi-los com a língua.
Dante precisava afastá-la, mas correspondeu ao beijo ardente. Seu sangue
inflou outra vez. Mas quando suas mãos quase tomaram vida própria e
teimaram em deslizar até a bunda dela... Ele se afastou.

Beatriz tomou o último gole do café preto e colocou a xícara sobre a mesa
de centro à sua frente. Jogou o cabelo de lado e ergueu a cabeça olhando para
Dária sentada na poltrona à sua frente.
– Quase tão bom quanto o chá inglês.
– É o que mais bebem aqui no Brasil.
– Será que vão me aceitar um dia? – Beatriz suspirou ao ajeitar-se no sofá,
deixando suas costas relaxarem contra o encosto macio.
– Aron e Isabel parecem um pouco menos arredios. E bom, Natasha é a
Natasha. – Dária abriu um leve sorriso e apoiou as mãos sobre as pernas
cruzadas.
– É... Conheço bem a Natasha. – Os olhos de Beatriz se curvaram um
pouco, tristes.
– Seu filho me ensinou a importância de segundas chances. Talvez ele
aplique um pouco disso na própria vida. Mas, entenda, eu não posso obrigá-
lo.
– Eu sei, querida. Agradeço por apenas me ouvir. – A súcubo se curvou
até poder tocar a mão da vampira em uma carícia maternal. – Você tem feito
tão bem a ele.
– É o mínimo depois do abismo de que ele me tirou.
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– Ah, filhos! É uma pena que não sofrerá com os seus.


Dária riu, mas no fundo sentiu uma pontada de dor.
– Nunca senti a necessidade de tê-los. Ser uma vampira era uma dádiva
até... bem...
Dante e Natasha desceram pela escada na lateral da sala. Interrompendo o
assunto.
Natasha ria, deslizava os dedos pelos ombros largos de Dante,
provocando-o, tocando-o. Como se a blusa branca pequena, transparente e a
calcinha fio dental deixando o corpo dela exposto de maneira provocativa,
como se sua presença fosse tentação mais do que suficiente.
– Mãe. – Natasha cuspiu as palavras ao fitar Beatriz sentada na sala.
– Olha alguém que não está morto. – Dária tentou descontrair ao acenar
para o belo homem que ela não conhecia.
– Mammom. – Beatriz arregalou os olhos ao ver o homem que
acompanhava a sua filha. Aquilo a pegou de surpresa como poucas coisas.
Dante se apoiou no sofá e encarou a mulher com um olhar ameaçador.
– Como me conhece?
– Calma rapaz. Sua mãe é uma grande amiga minha. Quem não conheceria
a primeira de todos nós. A vi quando estava grávida de você e poucos anos
depois quando você era um garoto.
Dante se deu por satisfeito com o comentário. Não queria perder tempo
com aquilo, ou se intrometer na tensa situação que pareceu se instalar entre
Natasha e aquela mulher.
– Nos vemos depois. – Ele se virou para ela. – E fique longe de problemas.
– Tá. – Natasha deu um rápido selinho nele antes de vê-lo partir.
– Você está namorando o filho do diabo? – Beatriz não conteve a
exclamação assim que o cara deixou a casa.
Dária encarou as duas com os olhos semiabertos e uma expressão de
confusão. Ela era a única que não estava entendendo nada ali.
– Eu não estou namorando ele. – Natasha cruzou os braços e em meio a
um suspiro e desviou o olhar para a lareira na sala, um adereço que nunca
havia sido usado naquele lugar tão quente.
– Pois deveria. Nossa! Aquele garoto ficou maravilhoso.
– Fique longe dele, mãe! – Natasha cerrou os dentes. Tomada por uma
raiva repentina, pressionou as unhas pintadas de vermelho contra os
antebraços, quase lhe causando feridas. Custaria a admitir o ciúme que sentiu.
– Ele é mesmo muito bonito. – Dária comentou antes de pegar sobre a
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mesinha ao lado de sua poltrona sua xícara de café e acabar de tomá-la.


Natasha suspirou.
– Aron tem deixado você passar tempo demais com essa aí.
– Filha...

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Capítulo 13

O barulho dos papéis sendo jogados com força sobre a mesa de Dante o
fez desviar seus olhos da tela do computador e fitar os castanhos de Stela que
o encaravam.
– O que é isso? – Ele pegou a pasta e folheou.
– Conseguiu o que queria, Detetive. O caso da sua súcubo foi arquivado.
– Como assim? – Dante fingiu um espanto.
– Não precisa dos seus truques comigo, cara. Ainda não sei quem você é,
mas sou uma boa detetive o suficiente para juntar as peças desse caso.
Dante se levantou e a arrastou discretamente para a sala de interrogatório,
atravessando sem chamar muita atenção a mesa dos policiais que estavam
distraídos mexendo em seus telefones. O detetive fechou a porta com força
atrás dele e a encarou. Stela deu uns passos para trás até se chocar contra a
mesa fria de metal.
– Como sabe que é uma súcubo e como acredita nisso?
Dante desviou o olhar para a câmera redonda no teto da sala. Certificando-
se de que essa estava desligada.
– Achei que fosse mais astuto. – Os olhos castanhos dela mudaram de cor
ficando amarelados.
– Uma loba. Deveria ter notado. – Dante coçou a rala barba loira que
crescia no queixo. – Mas por que descobriu sobre a súcubo e não a entregou?
Aquilo o deixou intrigado. Desconfortável com a situação, apoiou as mãos
sobre a cadeira de metal onde sentava o suspeito e encarou a loba de maneira
ameaçadora.
– Por que não a entregou? – Insistiu.
– Você já dormiu com aquela mulher? – Stela pareceu incrédula, como se
a resposta para aquela pergunta não lhe parecesse mais óbvia. – Seria um
desperdício alguém tão gostosa como ela ser presa numa cadeia.
– Você transou com ela? – Dante arregalou os olhos e tentou conter a
raiva. Ainda assim, seus dedos deixaram marcas no metal frágil do encosto.
– Claro! Você não? – Stela não conteve o sorriso ao se lembrar de como
havia sido. Por pouco não soltou um gemido.
– Tá, acabamos por aqui. – Dante deu as costas para ela e deixou a
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pergunta se perder no ar.


Ele saiu da sala, atravessou em silêncio o salão cheio de policiais, dobrou
a esquerda em um corredor e entrou numa porta que dava para o banheiro
masculino. Abriu a torneira e molhou as mãos com a água gelada. Passou-as
pelo pescoço na esperança de que relaxasse um pouco. Apoiou uma das mãos
no espelho. Olhou para o seu reflexo. Riu de si mesmo. Aquilo era ridículo!
Embora tentasse encontrar para si uma explicação qualquer que
justificasse a leve pontada em seu peito e a angústia, não havia nada além do
óbvio, o que se escancarou diante do comentário de Stela. Sentiu ciúmes. Não
deveria, porém ainda assim o sentiu.
O que estava tendo com Natasha, seja lá o que fosse, estava tomando
proporções que começavam a fugir do seu controle. Transava com ela apenas
para mantê-la sob controle. Não era?
Um arrepio percorreu sua coluna. A súcubo estava mais no controle da
situação do que ele deveria ter permitido. Ao fechar os olhos ainda podia
sentir o gosto de pecado que ela tinha, um sabor no qual ele estava se
viciando, e bem rápido.
– Merda! – Praguejou ao apoiar as mãos sobre a bancada de granito da pia.
Mal via a hora de tocá-la outra vez, sentir seu cheiro, seu calor, embriagar-
se no prazer de estar com ela até estar completamente exausto.
A lembrança do que havia acontecido com Layla assombrou sua mente
como um fantasma que se via num vulto com o canto de olho, mas que
quando o encarava, ele simplesmente não estava mais lá. Lembrou-se da
cicatriz que Natasha carregava e das implicações de se envolver com ele.
Traria ela para isso? Provaria outra vez da dor de perder, de ser o culpado da
morte de alguém com quem se importava de coração?
– NÃO!
Não podia tê-la arrancada dos seus braços daquela vez. Contudo, quanto a
se afastar, isso parecia ainda mais doloroso.

Quando o sol já se punha atrás dos altos prédios na barulhenta e


movimentada capital paulista. Dante saiu pela porta da delegacia. Cabisbaixo.
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Com as mãos metidas nos bolsos da calça jeans, andava disperso, olhando
para o chão e quase bateu na lixeira em seu caminho. Praguejara durante todo
o expediente, não avançou nada no caso de um corpo encontrado as margens
do rio Tietê. Talvez devesse ir ao inferno e perguntar pessoalmente ao sujeito
quem havia o matado. Mas no fundo para ele não importava, nada importava,
não é mesmo? Ou costumava ser até entrar em um maldito bar e encarar a
súcubo que bagunçaria a sua vida. A morte de Layla já deveria ter lhe bastado
para ensiná-lo que não era uma pessoa que deveria se envolver. Mas ainda
assim fora tomado por um ciúme inumano quando Stela havia se gabando de
ter dormido com Natasha. Isso não o espantava, ela era um súcubo, já
aprendera o bastante com sua mãe sobre tal tipo de demônio e sua vida
promíscua.
Respirou fundo. Até quando tentaria convencer a si mesmo de que estar
com ela não passava de uma ferramenta para contê-la.
– Oi! – A voz doce e gentil o fez ergueu a cabeça.
– O que conversamos sobre não vir mais à delegacia?
Fechou a cara e tentou parecer bravo o bastante para que ela o levasse a
sério. Entretanto duvidou muito de que aquilo teria algum tipo de resultado.
Natasha desceu do capô do carro preto e popular que pertencia a Dante e
jogou para trás uma mecha do cabelo negro. Seus olhos azuis se iluminaram
ao vê-lo. Se estava de quatro por ele, era óbvio. Porém não se culpava. Quem
não estaria? Duvidava de que alguma mulher seria capaz de resistir ao
charme natural que ele tinha. Observou-o, sentiu-se sortuda pelo destino tê-
los feito se esbarrar. Ele que caminhava a passos firmes, exalava
masculinidade em seus músculos fortes sob a roupa social e na forma como
se comportava. Era decidido, ardente e a fazia tremer apenas pela
oportunidade de encará-lo. Jurou que nunca encontraria um homem que a
fizesse ferver daquela forma, e ele ser uma perdição de demônio já explicava
muitas coisas. Ah, teve que se segurar para não se jogar em cima dele e
começar a se despir ali mesmo, na rua.
Esfregando as pernas uma na outra tentando aplacar o calor que pulsava
entre as suas pernas, Natasha caminhou até ele.
– Juro que fiquei aqui sentada quietinha até você sair.
Dante riu, fazendo se desmanchar toda a expressão séria que havia
preparado. Maldita, súcubo! O que estava fazendo com ele?
– Não podia esperar que eu saísse e ligasse para você?
– Tive medo de que você não ligasse. – Natasha admitiu num suspiro
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sofrido.
– Eu sempre cumpro as minhas promessas.
Dante finalmente acabou com a distância entre eles. Com a pontas dos
dedos acariciou o rosto dela e colocou uma mecha do cabelo negro atrás da
orelha. Quis perguntar sobre Stela, mas se conteve para não estragar o
momento. O acordo é que Natasha parasse de matar e a detetive estava bem
viva.
Com os olhos fechados ela se perdeu no toque. Natasha soube que aquilo
era tudo que precisava sentir, embora nunca pensara nisso. Homens não
passavam de presas, mas Dante não era um homem, não como os outros. Ele
a fazia queimar num fogo diferente, mais intenso, urgente e voraz, numa
fome que só parecia ser aplacada quando provava dele. No fim das contas
quando Aron se apaixonou por Dária, ele não estava sendo tão ridículo assim,
Natasha apenas não conseguia medir o significado daquilo, não como naquele
momento.
Dante deu um passo para trás e meteu as mãos nos bolsos outras vez.
Controle!, berrou para si mesmo em pensamentos.
– Falou sério quando me pediu para lhe ensinar a lutar contra os anjos?
Natasha balançou a cabeça em afirmativa.
– Claro! E o que mais julgar necessário para amenizar essa preocupação. –
Ela brincou ao pressionar a ponta da unha pintada de vermelho contra as
leves rugas que ele deixava aparecer no rosto.
– Então vamos para a minha casa.
Os olhos de Natasha se iluminaram.
Dante acionou o alarme do carro e caminhou até ele.
– Você é muito humilde para um príncipe. – Natasha zombou ao se
escorar na porta.
– Aqui eu não sou o Mammon, sou Dante e vivo com o meu salário de
policial.
– Dante, como o Dante da Divina Comédia? Aquele que atravessou o
inferno para ficar com amada? – Curiosa Natasha se voltou para ele assim
que tomou seu lugar no banco do carona.
– Além de soar bem, me pareceu uma piada interna divertida. – Ele ligou o
carro. – É o nome que mais gosto dentre os outros tantos pelos quais já fui
chamado aqui na terra.
– E por que simplesmente não Mammon?
Dante riu ao girar o volante para que o carro virasse a esquina após um
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semáforo. Como era curiosa!


– Além de Mammon ser um nome bem estranho entre os brasileiros e
fazer fanáticos religiosos quererem me exorcizar, mudar de nome é uma
forma de me manter fora do radar dos anjos. Apesar deles já terem me
encontrado.
Suspirou ao estacionar o carro na garagem do prédio.
Natasha estava tão perdida na expressão dele que nem observou o
caminho pelo qual passaram. Assim que o carro parou se deu conta de que
haviam chegado. Com as pernas ainda formigando, curvou-se, enfiou as mãos
dentro da saia justa e deslizou a calcinha vermelha fio dental pelas coxas até
deixá-la cair sobre o tapete do carro.
– O que você está fazendo?
Dante só se deu conta quando viu a peça deslizar pelas canelas dela.
– Viemos aqui para que eu treine você.
– Isso pode esperar, nenhum anjo vai me atacar agora.
– Não pode ter tanta certeza.
– Por favor...
A súplica baixa e suave, a expressão sexy nos olhos semiabertos, fez
Dante parar de pensar nas consequências.
– Vamos ser rápidos.
– Não sei se posso te prometer isso.
Afoita, Natasha subiu no colo dele. Suas costas bateram contra o volante
do carro e a buzina ecoou por todo o estacionamento vazio.
Dante puxou o banco do carro para trás o máximo que pode,
envergonhado pelo alarde de Natasha. Enquanto a sentia se ajeitar sobre seus
quadris. Um delicioso arrepio percorreu seu corpo ao sentir a deliciosa lufada
de ar quente que ela soprou contra a sua orelha. Maldita! Perdeu o controle.
Botou as mãos na cintura dela é começou a deslizar para cima a camiseta fina
de seda que já expunha os mamilos eriçados dos seios.
– Sem sutiã também?
– Com essa blusa não dá. – Mordeu os lábios, inocente.
– Você é muito safada.
Natasha gemeu, rebolando contra ele.
– Eu sou. E duvido que não goste disso. – Sussurrou ao pé do ouvido dele,
antes de morder o lóbulo da orelha.
Dante se contorceu em meio ao delicioso calafrio que lhe varreu os
nervos. Depois disso voltou a sua atenção para a camiseta, deslizando-a até o
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meio dos seios e retirando-a por completo quando Natasha ergueu os braços.
Jogou-a no banco de trás do carro.
Natasha soltou um gritinho quando os lábios dele se fecharam no mamilo
do seu seio direito. Sentiu sua saia ser enrolada até ser resumida a um
emaranhado de tecido na cintura. As mãos quentes e firmes apertaram suas
coxas com força.
Dante sorvia o seio, contornava o mamilo eriçado com a ponta da língua
muito hábil. Mordiscava de leve. Sentia-a estremecer sob suas carícias, gemer
contra seu ouvido. Sentia a vagina molhada dela se esfregar contra seu pênis
sob a calça jeans. Já havia passado por muitas tentações, mas aquela mulher...
sentiu sua cabeça ser puxada para trás com força e foi obrigado a tirar a boca
do seio da súcubo. Natasha mordeu seu lábio inferior e Dante gemeu,
metendo a língua dentro da boca dela, dando leves estocadas, beijou-a com
ferocidade.
A súcubo cravou as unhas nos ombros largos. Em meio ao beijo que a
aquecia por dentro, esfregou-se ainda mais contra ele. Ardia, o desejo por ele
chegava a doer. Estava tão acesa que nem parecia ter estado com ele na noite
passada. Estava sedenta e ele era o oásis no qual gostaria de se afogar.
Deslizou a língua molhada, mordeu a base do pescoço, ele gemeu e ofegou.
Tão quente quanto o inferno. Dante gemeu ao vê-la se afastar um pouco
para trás para poder tocar com os dedos a sua ereção. O espaço do carro era
pequeno, porém Natasha parecia muito flexível. Ela abriu o zíper, abaixou a
cueca, puxou o pênis para fora sentindo-o pulsar na mão. Os dedos muito
ágeis, hábeis e maliciosos o enlouqueceram. Ela sabia como provocar. Dante
curvou a cabeça para trás, apertou o freio de mão.
Natasha se ergueu apenas o suficiente para sentar-se no membro rígido.
Quando o órgão bem-dotado dele a invadiu, ela mordeu o lábio e reprimiu
um gritinho.
– Ah, como você é gostoso. – Ela sussurrou com os olhos revirando-se.
Natasha rebolou contra ele, sentindo-o entrar todo. Começou a quicar com
urgência. Em meio a fricção, seu clitóris roçava na pélvis dele, sentia cócegas
pelos cabelos grossos e loiros que rodeavam o pênis.
Voltaram a se beijar, o movimento das línguas era interrompido várias
vezes por gemidos causados pelas estocadas mais abaixo. As mãos de Dante
deslizaram até as nádegas de Natasha e as apertaram, reivindicando para si
um pouco do controle. Ele estava embriagado pelo prazer, seus nervos se
contorciam e pela expressão estampada no rosto de Natasha, soube que não
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era o único. Privou-se de sexo várias vezes, até mesmo os casuais, com medo
de arrastar quem quer que fosse para uma morte dolorosa. Mas ali, perdido na
visão dos seios dela se movendo enquanto rebolava, queria se esbaldar
naquele prazer por horas a fio.
– Dante... – Natasha chamava por ele em meio a gemidos alucinados.
Os lábios já nem se fecharam mais em meio a tantos gemidos. As mãos
firmes de Dante a seguravam pelas nádegas, a erguendo apenas o bastante
para sentá-la fundo outra vez. Gritava com a sensação dele dentro, com as
estocadas que a faziam pular. A pele onde ele tocava formigava, ardia.
Beijavam-se, mordiam-se, nenhum dos dois precisava conter a própria força
para não machucar o outro. Natasha apertava as pernas contra as coxas dele o
máximo que podia, queria abraça-lo mais, sentir ainda mais intensamente a
deliciosa sensação dele entrando, saindo, para logo entrar de novo.
Dante se curvou para frente abocanhou a curva dos seios abafando um
gemido rouco que saiu do fundo de sua garganta, quando Natasha se apoiou
em seus ombros e ergueu os quadris para logo em seguida se sentar, fazendo-
o entrar todo fundo. A súcubo gemeu ao jogar a cabeça para trás. Curvou-se
tanto até se apoiar no para-brisas.
Com o prazer fazendo seus músculos se contraírem, Dante mantinha os
olhos semiabertos, revirados, mordia os lábios diminuindo o som de seus
gemidos. Levou a mão entre os corpos e tocou o clitóris dela.
Natasha gritou ao bater a cabeça contra o para-brisas. A pressão leve em
movimentos circulares tornou seus gemidos cada vez mais ininterruptos.
Deslizou as unhas pelos braços musculosos dele enquanto praguejava
baixinho.
Dante riu e continuou a estimulá-la.
Natasha tremeu, mexeu-se como pode dentro do espaço apertado do carro,
gritou, gemeu. A queimação entre suas pernas ardia ainda mais a cada
estímulo, cada estocada, e ela não ia suportar por muito mais tempo. Quando
Dante apertou firme a bunda da súcubo enquanto ainda estimulava com a
outra mão, Natasha tremeu ainda mais e uma parte remota de sua mente se
deu conta de que havia perdido o total controle de seu corpo. O orgasmo a
tomou como uma pancada que a deixou sem ar, pulsando daquela parte onde
se tornavam um só e formigando até as extremidades.
Dante não levou mais do que algumas estocadas para se juntar a ela. Com
os músculos contraídos, parou de respirar por alguns segundos.

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Capítulo 14

Natasha deferiu um soco de esquerda e acertou em cheio a palma da mão


de Dante erguida à sua frente. Seus dedos doeram, ela sacudiu a mão
praguejando baixinho.
Em meio a uma risada, Dante ajeitou a sua camiseta branca de malha fina
que havia subido um pouco.
– Estamos nessa por horas e você jura que não dói nem um pouquinho. –
Natasha assoprou a mecha do cabelo que havia lhe caído sobre os olhos.
O suor escorria por todo o corpo da súcubo, e infelizmente não era por
estarem fazendo sexo. Dante queria prepará-la para ir além de seus limites e
ela podia jurar estar dando o seu melhor. Não lutava mais há um bom tempo
e, da última vez em que precisou de algo parecido, foi contra alguns
caçadores de vampiros, mas fazia muitos, muitos anos. Não julgava que
aquilo voltasse a ser necessário outra vez.
– Acha mesmo que precisamos continuar com isso? Existem formas mais
prazerosas de nos exercitar. – Limpou as mãos suadas na blusa que já estava
grudada junto ao corpo.
Dante bufou, a serenidade em seu rosto deu lugar a uma expressão fria.
Desviou o olhar da súcubo e fitou o saco de areia que estava ao centro de sua
sala de treinamento, pequena, mas equipada. Apoiou uma das mãos numa
barra à sua esquerda, inspirou e expirou.
– Olha, Natasha, se envolver comigo é mais do que uma simples
brincadeira. A cicatriz que tem na sua perna não é nada perto do que
realmente pode acontecer. – Sentiu uma pontada no peito ao olhar para ela,
aquela maldita realmente o havia feito perder toda a noção do perigo. – Os
anjos são capazes de fazer de tudo para me forçar voltar para o inferno,
acham que sou perigoso demais para continuar na terra. Já mataram humanos
e não teriam remorso algum de lidar com outro demônio.
Natasha engoliu em seco. O temor que inundou os olhos verdes do
príncipe do inferno a deixou receosa. Não custava nada se esforçar um pouco
mais se isso o deixasse feliz.
– Tudo bem, alteza. – Ela estalou os dedos e lhe dirigiu um olhar
confiante. – Vou te dar o meu melhor.
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Natasha deu dois passos para frente, com os pés descalços sobre piso
emborrachado. Vestia uma calça de moletom de Dante, bem larga, mas era
melhor para se mover do que a saia apertada. Desferiu um chute contra ele,
mas Dante se esquivou com facilidade, movendo a sua cabeça para o lado.
– Você é pequena, Natasha, leve. Pode usar isso ao seu favor, ser mais
ágil. Já que não é tão forte precisa ser menos lenta.
– Tá, e como eu faço isso?
– Vamos tentar assim, eu ataco e você se defende. Vamos ver como se sai.
Dante se agachou, rodou o pé no chão e deu uma rasteira nela.
Natasha, pega de surpresa, caiu de costas e bateu a cabeça contra o chão.
Se não fosse o acolchoado do piso aquele tombo teria doído muito.
– Ai!
– Muito lenta.
– Para de caçoar de mim. – Natasha cruzou os braços, fechando a cara.
– Levanta, vamos tentar de novo. – Dante estendeu a mão para ela.
Natasha segurou a mão, sorriu ao encarar os olhos verdes dele. Aproveitou
o momento de guarda baixa e chutou-lhe, fazendo-o cair de joelhos.
Dante gargalhou.
– Isso foi bom.
Natasha se colocou de pé com um pulo. Mas Dante a puxou pela canela
fazendo-a cair de costas outra vez. A súcubo rolou no chão e tentou chutar o
rosto dele, apoiando-se com os cotovelos para erguer o corpo. No entanto,
Dante facilmente se defendeu, colocando o braço na frente do rosto. Ele se
levantou, puxou-a consigo. Natasha deu dois passos cambaleantes para trás,
girou-se e tentou chutá-lo de novo, outra defesa. Dante era sem dúvidas
muito mais ágil e forte do que ela.
Natasha estava exausta e nem havia o feito suar. Até quando ficariam
naquilo? Desviou cambaleante de um soco dele, curvou o corpo e o braço de
Dante passou bem onde estava seu tronco. Ela se moveu para trás dele o mais
rápido que pode, buscou na memória os movimentos que havia aprendido
com o pai séculos antes. Bateu com o cotovelo na base da coluna do Dante.
O golpe forte da súcubo numa região tão sensível o fez gemer. Ele se
girou e puxou-a pela perna, fazendo-a cair no chão outra vez, ela levou
minutos para conseguir se levantar de novo.
– Você está melhorando ou talvez foi só um pouco de sorte. – disse Dante
ao respirar, recuperando-se do golpe doloroso. – Vamos ver o que mais
consegue.
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Ele se girou, acertou Natasha na boca do estômago e a ouviu gritar, mas


não amoleceu. Puxou-a pelo pulso colocando o braço direito sobre seu
ombro, girou o corpo dela no ar, arremessando-a contra o chão outra vez.
Natasha se levantou trôpega, cuspiu um pouco do sangue que se acumulou
em sua boca, passou as mãos pelos lábios retirando o filete que escorreu.
– Porra, Dante, isso doeu!
– Vamos logo, não foi nada.
Furiosa Natasha correu na direção dele. Dante ria à medida que se
desviava dos golpes. Ela estava se esforçando e talvez a raiva ajudasse um
pouco, porém nem de perto ela estava no ponto ao qual precisava chegar.
– Lenta. – Dante a provocava. – Lenta demais.
Ao dar um passo para trás para se desviar de um soco, ele riu.
– Cala a boca! – Natasha deu um gancho de esquerda que cortou o ar.
Nunca havia sido tão difícil encostar em alguém.
– Como acha que vai se defender de um anjo se você se move como uma
galinha desengonçada?
– Galinha desengonçada é a sua mãe!
Natasha tentou chutá-lo no peito, mas ele se esquivou outra vez.
– Ah pode ter certeza de que a Lilith bate melhor do que você. – Dante
estalou os dedos e o pescoço.
– Veremos. – Natasha disse entredentes.
Tentou socá-lo outras vezes, mas além de se esquivar, como sempre,
Dante revidou. Cambaleando para trás ela gritou inúmeros palavrões ao levar
as mãos trêmulas à boca do estômago, onde uma dor latente a deixava sem ar.
– Começar a xingar não vai tornar as coisas mais fáceis.
– Não, mas diminui um pouco da puta raiva que estou sentido de você
agora. – Natasha se apoiou numa parede, enquanto sentia o gosto amargo do
seu próprio sangue. – Acho que vou voltar a matar, seu pau não pode ser tão
gostoso ao ponto de justificar uma surra.
– Temos um acordo, lembra? – A voz de Dante ficou firme e sério, mas se
suavizou instantes depois. – Além disso você é uma súcubo, aguenta alguns
tapas.
– Pode dar quantos tapas quiser na minha bunda. Mas do jeito que estamos
fazendo aqui não está nem um pouco excitante.
Dante pôs a mão sobre o rosto dela e balançou a cabeça em negativa. Ela
não perdoava uma!
Aproveitando o momento de guarda baixa, Natasha foi para cima e
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conseguiu finalmente acertá-lo com um chute na perna esquerda. Mas Dante


rapidamente revidou, dando uma chave de braço nela, prendendo-a junto ao
seu peito.
Se o braço de Dante não a tivesse sufocando, Natasha até teria gostado de
ficar assim tão próxima ao calor do corpo dele. Deu uma cotovelada na boca
do estômago e o demônio foi obrigado a soltá-la.
Dante a jogou no chão, Natasha o puxou junto. O corpo dele caiu sobre o
dela. O peso dos músculos do príncipe do inferno e o susto a deixaram sem
ar. Por longos minutos nenhum dos dois disse palavra alguma. A
proximidade os deixou paralisados. As testas encostadas uma na outra, a
proximidade dos lábios, os corações batendo tão rápido ao ponto do outro
sentir.
O calafrio que o percorreu fez Dante praguejar. Por que ela o deixava
assim?
Natasha desejou girá-lo no chão e o despir ali mesmo para que
recomeçarem o sexo que havia parado horas antes. Entretanto, ao invés disso,
recusou atender a paixão ardente e usou o momento ao seu favor. Girou-o e,
quando pensou que ela iria o beijar, foi acertado com um soco bem no meio
do rosto.
Ao massagear a região dolorida ele riu.
– Boa!
Dante mordeu os lábios, mas não disse nada. Ela estava certa e tirar
proveito da distração do inimigo era algo bom. Infelizmente ela o distraía
muito, mais do que deveria se permitir.
– Acho que podemos parar agora, continuamos amanhã. – Dante se
levantou.
– Obrigada. – Natasha respirou fundo e segurou a mão que ele estendeu
para ajudá-la a se levantar.
A súcubo estava toda dolorida, sentia como se um caminhão tivesse
passado sobre ela e esmagado todos os seus ossos.
– Preciso de um banho.
Natasha fez cara feia ao notar o quão suada e suja estava. Passou as mãos
pelo rosto que melava.
– Tem razão. – Dante a olhou de cima a baixo. – Vem comigo.
– Vamos tomar banho juntos? – O rosto de Natasha se iluminou com um
sorriso que foi de orelha a orelha.
– Acho que depois desse treino você merece.
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Natasha foi quase saltitante atrás dele, passando pelo corredor do pequeno
apartamento até a porta que dava ao banheiro. O cômodo era simples, nem se
comparava ao luxuoso sobrado que Aron construíra para eles. Perguntou-se
por que um príncipe abriria mão de tudo para levar uma vida humilde,
entretanto, imaginou que ele tinha seus motivos, fossem eles quais fossem.
Mas uma coisa a deixou feliz, quanto menor fosse o local mais perto ficava
de poder tocá-lo.
Ao observá-lo retirar a camisa branca e colocá-la sobre a pia, Natasha se
sentiu empolgada como uma criança. Percorreu com o olhar os músculos que
pareciam estar numa pele dourada sob a fraca luz amarela de uma lâmpada
sobre o espelho. Só mesmo o príncipe do inferno para ser tão gostoso. Era
muita tentação! Tomou a liberdade de se curvar a abrir a bermuda dele,
quando a necessidade voltou a pulsar dentro de si. Não conseguia passar um
minuto sem desejá-lo. Deslizou a bermuda jeans até o chão e observou a
cueca box preta que abraçava perfeitamente os contornos de Dante. O
membro rígido sobressaltava sob o tecido e deixava claro o quanto o cara
também a desejava.
– Você não cansa? – Sussurrou Dante em meio a um gemido ao sentir os
dedos pequenos de Natasha o pressionarem com curiosidade.
– Me deu uma surra e não me alimentei de você mais cedo, preciso me
recuperar.
Dante a olhou com o canto do olho e abriu um sorriso discreto.
– Essa parece mesmo a desculpa perfeita, né?
– Me diga que não quer e eu vou embora. – Ao passar as mãos pelo
contorno dos seios ela o provocou.
– E quem disse que eu não quero.
Pega de surpresa, Natasha o viu segurar firme as suas coxas e colocá-las
ao redor da cintura, erguendo-a no ar. Gemeu quando suas costas se
chocaram contra a parede fria de azulejos. Apoiando as mãos sobre os
ombros de Dante, encarou-o, e viu naqueles sutis campos verdes com suaves
manchas marrons, o desejo que compartilhavam. Deslizou uma das mãos pela
nuca e puxou-lhe os cabelos loiros.
Dante venceu a força que segurava seus cabelos e curvou-se para mordê-la
na base do pescoço. O gemido foi acompanhado com a dor que sentiu quando
as unhas finas da súcubo que foram cravadas em seu braço esquerdo.
Entretanto ele nem se importou, a força que Natasha tinha o lembrava de que
eram parecidos e que ele também não precisava se conter ou tocá-la como se
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fosse de vidro...
Mordeu-a de novo provando o sabor salgado do suor e doce da pele suave.
Ela era todo o pecado, toda a luxúria encarnada em um corpo feminino. Seus
dentes deixaram marcas pelo pescoço, enquanto a beijava, mordia e chupava.
Sentia que a cada vez que estavam juntos, que faziam sexo, amor ou qualquer
outro nome que davam àquele ato carnal, mais perto estava de se perder do
caminho que havia obrigado a si mesmo a trilhar. Não queria ser um padre,
um monge, muito menos um santo. Só estava cansado de ser julgado por
pecados alheios ou ser tratado como um cara mau. E principalmente, não
queria que outra mulher tivesse o mesmo destino de Layla. Mas ali estava ele,
com a criatura mais sem noção que poderia ter encontrado, a mais impetuosa
e imprudente. Mesmo que odiasse admitir, estava cada vez melhor se
envolver.
Por mais que estivesse adorando o caminho de beijos e chupões que ele
traçava por seu pescoço, Natasha o puxou pelo cabelo outra vez, forçando-o a
parar. Olhou-o antes de beijá-lo na boca. Seus lábios se tocaram com
ferocidade. A súcubo estava faminta por ele e essa necessidade só aumentava
a medida que ele a acariciava. Em meio a fome, Natasha brincou com a
língua dele, mordeu seus lábios, e a cada gemido que arrancava de Dante
mais gostava da deliciosa brincadeira.
– Você é a maior tentação que poderia ter aparecido na minha vida. É o
contrário de tudo o que eu me comprometi a ser. – Dante sussurrou contra os
lábios dela quando interromperam o beijo para poderem respirar.
– É por isso que gosta tanto de mim. – Natasha o provocou ainda mais ao
passar a língua na base do pescoço dele até o queixo.
Dante se contorceu com o arrepio, praguejou, mas os lábios dela
retomaram os seus e o impediram de xingar. Ela era gostosa e sem noção,
uma mistura perigosa com a qual não estava sabendo lidar.
Quando o sentiu excitado o bastante, Natasha tomou um pouco da essência
de Dante. E ainda que ínfima, a aura azul que entrou pela sua boca a deixou
energizada e livrou-a de todas as incômodas dores que a lembravam do
treinamento. Ah, como ele era forte.
Dante a deixou se alimentar, saboreou a sensação de se sentir fraco apenas
por um milésimo de segundo e nem ofegou. Ao senti-la parar, desceu-a de
seu colo e virou-se de costas.
Natasha gritou ao ir com o rosto de encontro ao azulejo.
– O que está fazendo?
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– Disse que eu podia bater na sua bunda o quanto quisesse. – Dante sorriu
malicioso ao descer as calças de moletom que ela vestia.
Excitada com a ideia, Natasha apoiou as duas mãos na parede e jogou o
cabelo de lado ao empinar ainda mais a bunda.
Dante deslizou as mãos pela cintura da súcubo e alisou a nádega redonda,
suave ao toque, sentiu seu pênis mexer dento da cueca com o desejo latente.
Percorreu com a ponta dos dedos de cima a baixo antes de tomar distância e
dar um tapa cujo o estalo ecoou por todo o pequeno banheiro. Natasha gemeu
e rebolou para ele. Sim, ela o fazia perder o controle. E como fazia!
– Sabia que eu era muito bom como torturador quando estava no inferno.
Mas as almas atormentadas não gostavam tanto disso.
Natasha se esfregou contra a pélvis dele, perturbando ainda mais o pênis
dentro da cueca ao roçar sua bunda.
Dante mordeu os lábios e se desfez de qualquer resquício de preocupação
que ainda tinha. Bateu na bunda de novo, dessa vez apertando com força.
Natasha gemeu ao jogar a cabeça para trás, apoiando-se no ombro dele.
Com a mão forte e firme apertando a sua nádega que formigava e ardia pelo
tapa, ela gritou o nome dele. Sim, Dante... esteve com tantos homens que já
havia perdido as contas, mas nenhum com a força, presença e masculinidade
que aquele maldito filho do Diabo tinha. Nenhum homem era tão forte, ou
correspondia como igual. Diante dele, pela primeira vez podia se sentir
rendida, para não dizer frágil. E a pegada... Que pegada! Como ele tinha a
cara de pau de dizer que estava enferrujado?
– Não íamos tomar banho? – Dante mordiscou a orelha dela, enquanto
ainda apertava sua bunda.
Natasha assentiu, tirou a blusa que ainda lhe restava no corpo e a jogou no
chão sobre um bonito tapete de crochê.
Dante se desfez da cueca e abriu o box do chuveiro, empurrando-a para
dentro.
Natasha parou por um tempo observando o pênis dele. Sua boca salivou.
Foi a vez dela de jogá-lo contra a parede.
Dante gemeu enquanto abria a torneira do chuveiro. Sentiu os lábios dela
se fecharem contra seu membro e olhou para baixo, vendo-a se ajoelhar no
chão. Com uma das mãos ela segurava a base do seu pênis e com a outra lhe
arranhava a coxa direita. Ele arfou ao sentir as pernas começarem a ficar
bambas quando os lábios carnudos e a boca molhada o envolveram.
Natasha o chupava, lambia, o segurava e passava a cabeça do membro
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pelos seus lábios. A cada vez que o provava, mais desejo sentia por ele, o
qual fazia a região entre as suas pernas arder. O gosto de Dante era
maravilhoso, era a melhor coisa que havia provado. Estava viciada, já era
difícil pensar em não o ter, em não o sentir.
Dante passou a mão pelos cabelos negros que estavam cada vez mais
molhados pela água morna que escorria do chuveiro. A visão sensual dos
lábios se movendo, tornava ainda mais prazeroso o oral. A cada chupada,
lambida, Dante se via mais perto da perdição. O fato de Natasha ser
completamente desinibida o fazia enlouquecer ainda mais.
A súcubo se afastou, olhou-o e o viu hipnotizado. Lambeu a cabeça do
membro com a língua quente e molhada. Viu-o gemer e puxar ainda com
mais força o seu cabelo. Ele vibrava sob o seu toque.
– Para. – O pedido, quase uma ordem, veio em meio ao sussurro da voz
grave e rouca.
Natasha lambeu.
– Para!
Dessa vez Dante foi mais ríspido. Puxou-a pelo cabelo e a forçou a parar.
Com a respiração ofegante, denunciou o prazer tamanho que sentia.
– O que foi? – Natasha percorreu com os dedos o peito molhado dele, que
subia e descia em meio a respiração acelerada, brincando com as gotas que
escorriam.
– Não quero gozar agora, você me boicota.
Natasha riu e em seguida o beijou. Estava pegando fogo e nem mesmo a
água que escorria era capaz de apagá-lo. Mordeu o lábio superior dele, antes
de adentrar a boca com a língua.
Dante a envolveu pela cintura e a sentiu tremer entre seus braços. Em
meio a um beijo cada vez mais urgente, percorria com as mãos cada
centímetro das suntuosas curvas.
Quando o desejo por ela já falava mais alto do que qualquer pensamento
racional ou mesmo a vontade de fazer com que o momento e as carícias
durassem mais, Dante colocou Natasha sob sua cintura outra vez e a
penetrou.
A súcubo estremeceu com a deliciosa sensação de tê-lo a preenchendo.
Apoiou as mãos na parede e no vidro do box, para então mover-se contra o
pênis de Dante. A fricção a alucinava, não precisa de nada além de tê-lo
dentro para ser inundada por uma intensa onda de prazer. Não sabia o que ele
tinha, nem mesmo por que funcionavam tão bem juntos. Mas ali, em meio
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aos braços fortes e músculos, montada nele, Natasha se encontrava.


Dante passou a língua pelo vale entre os seios dela, enquanto se deliciava
com a visão deles pulando. Apertava com força as coxas que o envolviam
pela cintura. A expressão alucinada de Natasha, que revirava os olhos,
balançava os cabelos negros, deixava-o com ainda mais prazer.
Ofegante, a súcubo desmontou dele. Dante teve que se conter para não a
forçar a permanecer bem ali.
Natasha se virou apoiando as mãos na parede azulejada. Olhando para ele
de forma sexy, empinou a bunda.
Dante agarrou as nádegas de Natasha, abrindo-as bastante para então
deslizar outra vez para dentro da vagina molhada. Ele se curvou e mordeu o
ombro direito da súcubo, abafando um pouco do próprio gemido. Logo a
necessidade de aumentar o ritmo do vai e vem dentro dela se tornou grande e
Dante não mais se conteve. Cravou as unhas na bunda e a ouviu gritar em
meio aos gemidos.
Sentia seu corpo bater contra a parede à medida que ele a estocava. A
súcubo precisava respirar fundo para que o ar não faltasse em seus pulmões.
Não queria que a quase divina sensação de tê-lo dentro parasse nunca.
Tinham um encaixe perfeito, moviam-se num ritmo só deles. Quando sentiu
as unhas de Dante descerem por suas costas deixando um vergão, para então
dar um tapa na bunda dela e continuar com os movimentos, Natasha gritou
todos os palavrões que conseguiu. Não imaginava que um cara pudesse ser
tão bom naquilo sem ser um íncubo.
Dante deslizou vagarosamente para fora e soprou a orelha dela, sentindo-a
se contorcer conta a parede. Em seguida enfiou fundo outra vez e retomou a
velocidade. A cada vez que a estimulava, mais a sentia apertá-lo. Praguejou,
respirou fundo, investiu outra vez e se excitou ainda mais com o som do grito
dela. Mesmo com a água morna escorrendo por seu corpo ele se sentia
suando. Estava pegando fogo como se tivesse no inferno sendo punido. Mas
se fossem punições como aquela de certo seria o primeiro a se candidatar.
Os músculos de Dante estavam cada vez mais tensos, seus gemidos eram
difíceis de conter. Seu corpo dava sinais de que não suportaria por muito
mais tempo. Quando o orgasmo o invadiu ele parou de se mover, e em meio a
espasmos, banhou o interior da súcubo com a sua semente. Assim que a onda
de prazer foi perdendo a intensidade e finalmente começou a retomar o
controle sobre si mesmo, Dante apoiou uma das mãos na parede ao lado do
rosto de Natasha e expirou e inspirou, expirou e inspirou uma dezena de
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vezes até recuperar o ar.


Após alguns segundos, girou Natasha, colocando-a de frente para ele.
Encarou fundo na imensidão azul daqueles olhos, todo o desejo, toda a
luxúria que os movia estava bem ali. Com a mão ainda apoiada na parede,
usou a outra para acariciar o rosto da súcubo e puxá-la para mais perto.
Mordeu os suculentos lábios que já estavam enrugados após tanto tempo sob
a água, para em seguida meter a língua dentro deles sem pedir autorização.
Natasha correspondia ao beijo com a mesma ardência, sugando a energia
do prazer que ele ainda emanava. Sentiu a mão dele deslizar do seu rosto,
pelos seus seios, seu ventre, até a região das pernas. Os dedos muito hábeis
de Dante facilmente encontrara o clitóris o qual ele começou a estimular com
movimentos circulares e laterais.
Natasha gemia contra os lábios dele, ainda o beijando, alimentando-se.
Remexia contra a parede atrás de si. Gritos roucos e inebriados de prazer
escapavam do fundo de sua garganta. Poucos eram os homens que sabiam
como fazer uma mulher delirar daquela forma, ou mesmo onde deveria e
tocar para que o prazer fosse certo. Entretanto Dante já parecia conhecer bem
as suas curvas.
Quando foi invadida pelo orgasmo, Natasha se sentiu bamba, mas ele a
segurou. Em meio a gemidos audíveis pelos vizinhos. Com o coração
disparado, permitiu que o prazer a guiasse.
– Ninguém me comeu tão bem como você faz. – Natasha sussurrou no
ouvido de Dante. Sua voz trêmula denunciava seu prazer.
– Assim vou ficar convencido. – Ele riu.
– Acho que tem todo o direito.
Dante deu um selinho rápido em Natasha antes de estender a mão e pegar
um sabonete em um vão na parede e começar a lavá-la. Limpou o sêmen que
ainda escorria por entre as pernas roliças e tocou todo o belo corpo como bem
quis. Logo que terminou foi a vez dela.
Assim que se lavaram, tomou-a nos braços, secou-a pelo caminho e levou-
a até o quarto.

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Capítulo 15

Dante acordou com o peso de Natasha se movendo sobre o seu peito,


aninhando-se mais nele. Olhou para o relógio sobre o criado mudo ao lado da
cama e viu que ainda era de madrugada, ainda lhe restavam algumas horas
para desfrutar da companhia dela até ser obrigado a se levantar.
Estava escuro, a não ser pelas poucas luzes da rua que conseguiam passar
pelos buracos na persiana que cobria a janela de vidro. No entanto, sua visão
era boa o bastante para distinguir os traços do rosto delicado que repousava
sem preocupação alguma sob o seu peito. Quem diria que por baixo daquela
graciosidade toda houvesse um vulcão, um animal selvagem que não
obedecia às regras. Ela era louca e imprudente demais para o rumo que
pretendia dar a sua vida, no entanto, seria tolice fechar os olhos para a
verdade escancarada diante de si: estava cada vez mais seduzido pelos
encantos de Natasha e estava amando isso. Ter ela ali em seus braços era algo
que o deixava feliz, uma felicidade que só havia provado uma vez e se
privado de tentar de novo por décadas. Jurava que nunca iria encontrar uma
mulher que se encaixasse tão bem ao mundo do qual ele pertencia. Mas ali
estava ela, outro demônio, outro pecado.
– Que horas são? – Natasha se remexeu ao abrir os olhos.
– Ainda é bem cedo, pode voltar a dormir. – Dante acariciou os cabelos
negros, penteando-os com a ponta dos dedos. Ah, como eles eram macios e
perfumados.
Natasha se apoiou no peito dele com os ombros e ergueu a cabeça para
encará-lo. Não precisava ver sua expressão para sentir que ele sorria.
– Nunca imaginei que o filho do diabo fosse o cara mais gato do mundo.
– Bom, nunca imaginei que dormiria com uma criminosa. Parece que a
vida só nos surpreende.
Natasha ergueu a cabeça e beijou-o nos lábios, perdendo-se naquele
momento de carinho. Nunca imaginou que necessitaria tanto disso. Acariciou
os cabelos dele e depois desceu a mão, sentindo com as pontas dos dedos os
contornos quadrados e fortes que o definiam. Sentia o peito cheio de vida só
por estar perto de Dante, era uma sensação estranha e ao mesmo tempo
deliciosa. Acharia estúpido se alguém a dissesse que um dia um cara entraria
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na sua vida por acaso e se tornaria uma necessidade, mais parecia ser
exatamente assim que aquele sentimento louco acontecia. Ele a estava
mudando como os séculos não fizeram. Natasha percebeu naquele instante
que era capaz de abrir mão de tudo para continuar nos braços de Dante.
Nunca imaginou que uma única pessoa a bastaria. Ah, Aron, agora eu
consigo te entender.
O barulho do vidro se estilhaçando a assustou e assim como a janela o
terno momento em que estavam foi interrompido.
Natasha foi arrancada dos braços de Dante com uma força esmagadora e
arrastada para fora do quarto com mãos firmes cravadas em seus ombros.
Abriu os olhos. A luz do poste a cegou por alguns segundos. Quando sentiu
unhas finas tentarem perfurar seu peito, abriu as asas negras, membranosas e
sem penas e tomou a forma demoníaca, debatendo-se.
– Me solta!
Dante viu seu pior pesadelo se repetir diante dos seus olhos. A mulher
com qual se importava ser arrancada dele. Levantou às pressas. Olhou para
cima pela janela estilhaçada e viu Natasha lá no alto além dos postes e das
torres dos altos prédios. Apoiou as mãos sobre os cacos de vidro enquanto
sentia-os cutucarem a pele à medida que os espremia. O maldito anjo a havia
levado para longe, longe demais para que pudesse alcançá-la antes que fosse
tarde.
Misael olhou para a criatura em seus braços. Um demônio, uma súcubo o
que tornava ainda mais fácil acabar com ela. Mammon finalmente havia
escolhido andar com os seus, mas ainda não era o bastante, precisava fazê-lo
voltar para o inferno ou matá-lo. A mulher em suas mãos seria apenas um
aperitivo, acabaria com dois demônios numa única noite. Poderia deixá-la
para lá, as ordens se resumiam a se livrar do maldito hibrido de arcanjo e
demônio. Criaturas como a que segurava eram insignificantes se comparadas
a Mamomon, mas matá-la seria uma misera vingança aos companheiros que
falaram em cumprir a missão.
– Já falei para me soltar! – Natasha se debatia, socando o peito do anjo que
não usava nada além de uma fina túnica branca.
Ela ergueu os olhos e encarou com fúria o seu raptor. O anjo até seria
bem gato se não estivesse apertando com tanta força os ombros dela. Os
cabelos castanhos iam até os ombros em pequenas ondas; os olhos
semicerrados, determinados, tinham o mesmo tom, e o corpo forte estava
coberto por tatuagens com símbolos que Natasha não sabia o que eram os
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símbolos.
Chutou-o na perna e praguejou com a dor latejante em seus dedos do pé.
Não desistiu, continuou a esmurrá-lo, o que não tinha efeito algum contra o
anjo, mas a manteve viva.
Misael estava determinado a acabar logo com aquilo, mas a maldita
súcubo não colaborava. Quando ela chutou entre suas penas ele gritou de dor.
Agora tinha ainda mais razões para matá-la. Levou as mãos até o pescoço e
delicado começando a espremê-lo. A súcubo voltou a se debater, dessa vez
numa luta para retomar o ar que lhe era privado.
O anjo viu a vida aos poucos se esvaindo enquanto encarava os olhos
azuis que iam ficando sem foco.
Natasha lutou, lutou o máximo que pode, mas a cada instante mais a força
lhe era drenada assim como o ar. Parecia impossível escapar dele, as
esperanças já eram nulas, estava desesperada.
– NATASHA!
O grito estridente a fez lembrar de que Dante ainda estava ali. Olhou na
direção dele e o viu arremessar uma espada de ossos. Surpresa, Natasha a
segurou assim que estava perto o bastante. Sem dar tempo para que o anjo
percebesse que havia acontecido, pois esse estava focado em enforcá-la,
Natasha girou a espada como pôde e lhe cortou o pescoço, fazendo com que o
corpo do anjo fosse transformado em cinzas segundos depois.
Ela despencou do céu como um corpo sem vida, caindo com cada vez
mais intensidade. Entretanto Dante segurou o corpo dela no ar poucos
instantes antes que esse atingisse o chão de asfalto da rua.
– Eu estou legal. – Natasha sorriu antes de perder completamente os
sentidos.
Dante pegou a espada que caíra a poucos passos e a levou de volta para o
apartamento.

– Oi. – Dante acariciou o rosto de Natasha assim que ela abriu os olhos.
– Há quanto tempo estou apagada?
– Só alguns minutos. Como está se sentindo?
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– Com uma dor no pescoço, mas acho que vou sobreviver. – Natasha
passou a mão pela marca dos dedos do anjo em sua pele.
– Me desculpa por isso. Mais uma vez eu não pude a proteger. – Dante
abaixou a cabeça e desviou o olhar para a janela quebrada. Não conseguia
domar a angústia que governava o seu peito.
– Ei! – Natasha puxou o rosto dele de volta com as mãos trêmulas,
forçando-o a encará-la outra vez.
A súcubo engoliu em seco ao ver a tormenta que inundava aqueles campos
verdes. Sentiu-se angustiada também, sentiu o medo que ele sentia, tremeu
mais. Não soube o que fazer para livrá-lo daquela expressão transtornada.
Dante deslizou as mãos pelo antebraço dela, num toque carinhoso e sutil.
– Você me protegeu lá. Eu estou viva, não é o bastante?
Ele balançou a cabeça em negativa.
– Não queria arrastar você para isso. Odeio a ideia de ter colocado um
alvo nas suas costas.
– Você não me arrastou para porcaria nenhuma! Fui eu quem me joguei de
cabeça sem pensar duas vezes. E escuta aqui, príncipe do inferno, nem tente
me afastar ou posso ser uma inimiga bem pior do que os anjos.
Dante riu da cara séria que Natasha fez.
– Estou falando sério. – A súcubo se sentou na cama e deu um peteleco no
peito ainda nu dele. – Tenta me afastar para você ver só.
– Tudo bem sua louca, mas já sabe que estar comigo é uma missão
suicida.
– Eu adoro um pouco de adrenalina. Me excita.
Natasha quase fora morta, entretanto ainda estava ali, encarando-o como
se fosse capaz de devorá-lo. Dante balançou a cabeça. Será que ela não tinha
mesmo medo de nada ou estava ficando tão cega por aquele desejo quanto
ele. Não conseguia mais resistir, a loucura, o charme de súcubo, o belo corpo,
o sexo delicioso e voraz, ou seja lá qual fosse o motivo, esse havia o
derrotado.
– Vamos ter que conseguir uma espada para você, ou mesmo uma adaga,
forjada no fogo do inferno é o jeito de matar um anjo. Isso ou uma espada
celestial algo meio impossível de conseguir.
Ao olhá-la, mentalmente Dante calculava tudo que poderia fazer para
protegê-la. Estava amedrontado, sem dúvidas temia mais por ela do que a
própria Natasha.
– Eu uso o que quiser se isso for deixá-lo mais tranquilo.
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Ela sorriu. Traçou com a ponta dos dedos o contorno másculo do rosto de
Dante. A preocupação dele de alguma forma a deixou muito feliz. Ele se
importava, queria protegê-la e seu peito pulou em alegria. Talvez toda a
necessidade por tê-lo que latejava em seu peito não se restringisse apenas aos
seus sentimentos. E se Dante também gostasse dela?
– Talvez seja a hora de conhecer a minha família.
Ele riu do quanto aquela afirmação soou ridícula. Eles não eram
namorados, aquilo era um acordo, certo? Então por que sentia como se
estivesse mentido para si mesmo.
Natasha não se conteve. Curvou-se para frente e beijou-o nos lábios.
Dante hesitou ao esquivar-se do beijo.
– Acho que devemos dormir, você precisa descansar.
– Eu preciso de você.
Natasha era imortal, em séculos nunca precisou se preocupar com nada,
agia sem medir consequências. A responsabilidade se fez desnecessária em
muitos momentos, pois não existiam riscos graves. No entanto, por Dante,
olharia para o que fosse preciso com um pouco mais de cuidado.
Natasha envolveu o pescoço dele com os braços e puxou-o de volta. Dessa
vez Dante não interrompeu o beijo, correspondeu-o na mesma intensidade. A
tocou e provocou antes de deslizar com a língua por entre os lábios
suculentos. Permitiu que o peso do seu corpo caísse sobre o dela ao se
acomodar entre as pernas distanciadas.
Os belos cabelos negros de Natasha se espalharam sobre o travesseiro
branco enquanto eles se beijavam. Deslizava a ponta das unhas pelas costas
largas de Dante, dos ombros até a cintura. Algumas vezes criou coragem e
tocou a bunda dele. E que bela bunda.
Não houve rodeios. Nem Dante muito menos Natasha quis perder tempo
com preliminares. Ela já enlouquecia com o cheiro dele, não precisava de
muito mais para ficar molhada. E quando sentiu-o penetrá-la a súcubo
envolveu-o com as pernas, apertando-lhe a cintura e o fazendo entrar ainda
mais fundo.
Dante apoiou as mãos na cama ao lado da cabeça dela e começou a se
mover. Com beijos, capturava os deliciosos gemidos que ela soltava,
remexendo-se embaixo dele.
A cada estocada, Natasha cravava ainda mais as unhas contra as costas
dele. Não pensava direito, não queria pensar. Sentir as sensações que o toque
firme e quente dele proporcionava era tudo o que precisava naquele
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momento. A cada carícia mais ele a incendiava. O formigamento e o ardor


entre as suas pernas aumentava a cada vez que ele deslizava para o seu
interior.
Ela suspirou, deslizou a pontas dos dedos pelos ombros largos,
contornando os músculos. Mordeu os lábios dele enlouquecida e gemeu mais
alto quando uma estocada mais forte a faz subir um pouco e bater a cabeça na
cabeceira da cama.
Dante estava à beira da perdição. Não, já estava perdido! Não havia mais
porque lutar, era impossível resistir a ela. Curvou a cabeça e mordeu-a no
pescoço tentando conter o gemido quando a umidade quente que envolvia seu
pênis o apertou com ainda mais força. Não podia negar o quanto o sexo já era
bom em todas as suas formas, mas com uma súcubo... dessa vez foi
impossível conter o gemido.
Natasha virou-se na cama, ficando por cima, tomou o lugar sobre a cintura
dele, tomando para si o direto de controlar os movimentos.
– Vai cavalgar em mim? – Dante riu tentando soar brincalhão e tentando
esconder um pouco do descontrole que ela provocava.
– Não gosta? – Natasha se encolheu e abaixou o rosto, fingindo que estava
triste. Entretanto, começou a rebolar contra a cintura dele devagar.
Dante ergueu a cabeça, viu os seios dela se moverem lentamente junto
aos movimentos mais abaixo. As curvas bem traçadas e o corpo suntuoso
todo ao alcance de suas mãos. Não resistiu e agarrou-os, sentindo os mamilos
enrijecidos roçarem contra as palmas das mãos.
– Eu seria muito mentiroso se falasse que não gosto. – Ele disse com os
olhos verdes revirando nas órbitas.
Natasha passou a língua pelos carnudos lábios vermelhos, curvou-se para
frente apoiando as mãos sobre o peito de Dante e começou a mover-se contra
o corpo dele, tomando um ritmo cada vez mais acelerado.
Dante a puxou pelos sedosos cabelos negros e a beijou com ferocidade. A
língua imitava o movimento das estocadas logo mais abaixo. Inferno, que
mulher era aquela?
Natasha não parou de se mover, os gemidos contra os lábios dele estavam
cada vez mais altos. Aos poucos ia perdendo o controle do próprio corpo com
as sensações de formigamento e prazer.
Deslizou para cima, tirando quase todo o pênis de dentro e sentou com
força, metendo-o dentro de si outra vez. Gritou alucinada. Tremia com as
penas bambas. Se havia algum paraíso, esse não poderia existir sem o Dante.
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Cada vez mais a fricção a embriagava.


Quando êxtase banhou seu corpo, Natasha gritou, gritou muito. Exausta,
desabou sobre o corpo de Dante que a envolveu com os braços. Respirou
fundo uma dezena de vezes enquanto tudo ainda formigava.
Dante se moveu um pouco mais dentro dela e não levou pouco mais de
alguns segundos para se juntar a ela. Embriagado como nenhuma bebida
alcoólica o deixara. Deixou-a se alimentar e jugou-se no direito de dormir
mais um pouco.

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Capítulo 16

Natasha se curvou para frente e piscou diante do espelho antes de pegar o


pincel do rímel e passá-lo nos olhos.
– Vai sair? – Isabel bateu na porta aberta a fim de chamar atenção da irmã.
– Sim, vou ao inferno com o Dante. Parece que ele quer que façam para
mim uma espada para me proteger dos anjos.
– Então ele é mesmo o filho do diabo? – Isabel cruzou os braços e
escorou-se na porta, um tanto intrigada.
Natasha assentiu com um movimento de cabeça ao jogar os longos cabelos
negros para trás, e ajeitar o decote do espartilho na altura dos seios.
– Vai conhecer a família do cara vestida como uma prostituta?
Natasha desviou o olhar para o espelho à sua frente e encarou a própria
roupa. Usava um espartilho preto de couro, com fivelas semelhantes a cintos
que apertavam ainda mais e tornavam impossível não olhar para o decote
generoso. A saia preta e justa ia até a linha da bunda.
– Não me leve a mal, irmã. Você está muito gostosa, mas deixe para usar
isso quando for sair apenas com ele.
– Não estamos namorando nem nada. – Natasha deu de ombros e mexeu
nos cabelos.
Isabel não conteve o riso enquanto caminhava na direção do closet da
irmã.
– Nós vimos o quanto Aron e Dária demoraram para assumir o que
estavam sentindo um pelo outro, além disso nem se casaram depois de tantos
séculos. Ou seja, o não estar namorando não significa muita coisa. Você está
louca por ele e ainda cheira a foda, aposto que transaram a noite inteira. – A
loira falava de dentro do closet ao andar de um lado para o outro do quarto
deslizando os dedos pelas várias araras apinhadas de roupas.
– O fato de termos transado a noite inteira não significa nada. – Natasha
passou um pouco do perfume que estava sobre a cômoda ao lado do espelho.
– Vamos lá! Você é mais esperta do que isso. – Isabel saiu do closet
segurando um delicado vestido de cetim o qual ofereceu a irmã. – Se ele não
significa mesmo nada acho que vou investir, porque o cara é muito gostoso.
– Não! – Natasha grunhiu e quase quebrou o cabide em suas mãos.
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Isabel riu. Sua irmã mais velha estava de quatro pelo cara assim como
Aron ficou pela Dária. Aquele sentimento já era fácil de reconhecer após a
primeira experiência. Sim, por incrível que pareça súcubos podiam se
apaixonar caso encontrassem alguém que suprisse suas necessidades. Ao ver
Natasha andando como se pisasse nas nuvens pensou que o filho do diabo
deveria ser muito bom em apagar o fogo dela.
– Quero saber como foi! Depois não se esqueça de me contar tudo.
– Você e muito curiosa, Isabel.
– Sempre fui.
Natasha começou a se despir para colocar o vestido sugerido pela irmã.
No fundo sentia o estômago revirar, suas mãos estavam geladas. Poucas
coisas a deixavam com medo, mas estava diante de uma delas. Temeu o
desfecho daquela experiência. E se Dante, Mammon, ou seja, lá como ele
gostava de ser chamado, se percebesse o que estavam tendo e decidisse
acabar com o melhor momento que a súcubo já vivera? Admitir que estava
cada vez mais louca por ele, para não dizer apaixonada, acabaria com o
acordo? Ah, não podia perdê-lo.
– Oi! – A voz sexy e baixa, porém grave como um trovão fez com que
Natasha se virasse na direção da porta.
Lá estava ele. O coração dela parou. Com uma calça e camisa preta,
sapatos sociais sofisticados, Dante estava um pouco mais bem vestido do que
costumava andar inclusive quando estava na polícia. Os cabelos loiros,
geralmente bagunçados, estavam penteados para trás e presos com gel. A
formalidade dele a fez agradecer a irmã, com um leve sorriso, por ter
sugerido que trocasse de roupa.
– Você é muito gato. – Isabel brincou ao dar um tapa no ombro dele,
enquanto deixava o quarto. – Vê se traz minha irmã de volta em segurança...
– a voz dela foi se perdendo enquanto avançava pelo corredor.
– Farei o melhor. – Dante respirou fundo com um medo que só ele
compreendia. – Seu irmão me deixou entrar. Espero não ter interrompido
nada. – Voltou seu olhar para Natasha.
Ela não disse nada até que tomou coragem para fazer o que mais desejava.
Correu até os braços dele e o beijou. Não pediu, apenas fez. Mesmo se fosse
recriminada seu desejo seria realizado. Mas Dante não a afastou,
correspondendo ao beijo com menos fogo que o habitual. Mas ele fez carinho
em seu cabelo enquanto as línguas se tocavam, o que deixou Natasha feliz.
– Vamos? Juro que transamos depois. – Dante se afastou, mas de um jeito
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tão suave que Natasha nem lamentou.


– Tudo bem. Só queria poder te beijar.
Ele a olhou nos olhos ao sentir-se abobado. Aquilo já não era mais um
acordo e Dante estava ciente disso. Tinha certeza que em seu rosto estava a
mesma expressão de carinho que viu ao encará-la. Deu-lhe um selinho rápido
antes de puxá-la consigo para fora do quarto.
– Como vamos chegar até lá? – Natasha perguntou ao abrir a porta do
carro e sentar-se no banco do carona.
– A entrada para o inferno fica em Jerusalém, onde o meu pai caiu.
Podemos ir até lá de avião, mas pretendo cobrar uns favores de uma bruxa
japonesa que mora no Liberdade. Ela pode nos levar até lá mais rápido. –
Dante virou a chave para ligar o carro.
– Uma bruxa? – Natasha desviou o olhar para o assoalho. Engoliu em seco
ao se lembrar do incidente que a expulsou de Londres.
– Algum problema? – Dante olhou para ela pelo reflexo do retrovisor ao
sair com o carro.
– Não. Podemos ir ver a bruxa. – Deslizou a mão pela coxa dele e apertou.
Dante não perguntou mais nada ao ver o sutil desconforto que tomou conta
da expressão de Natasha. Não queria perder tempo, a possibilidade de tê-la
ferida ou morta pelos anjos ainda o assombrava.
Em silêncio, ele dirigiu por longos minutos até o bairro oriental na cidade
de São Paulo. Natasha também permaneceu quieta, mas a falta de diálogo
quase a enlouqueceu.

Logo pararam diante de uma simples portaria de um prédio modesto.


Dante saltou do carro e cumprimentou o porteiro com um aceno de cabeça.
Natasha o seguiu olhando atenta pelo hall simples até chegarem ao
elevador. O porteiro seguiu o rebolado dela com o olhar. Ele não conseguiu
disfarçar nem quando Dante olhou para ele.
Subiram pelo elevador até o quinto andar. A luz se acendeu quando
passaram perto do detector de movimento. Dante parou diante de uma porta
escura e deu duas batidas. Nada. Não houve resposta alguma.
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– Tem certeza que ela está aí? – perguntou Natasha ao se apoiar na


parede do pequeno corredor.
– Ela dificilmente sai. – Dante se curvou para olhar pelo buraco da
fechadura.
O príncipe virou a maçaneta, a porta estava aberta. Ele entrou devagar,
atento. O apartamento estava em completo silêncio. Os móveis perfeitamente
no lugar. Não havia sinal de morador algum por dias.
– Yumi? – A voz de Dante ecoou no cômodo assustadoramente vazio.
– Acho que vamos precisar de passagens de avião. – Natasha apoiou a
mão sobre o ombro direito dele.
– Mammon? – O sussurro temeroso vindo de um abajur deixou-o
alarmado.
– Yumi?
O abajur pulou sobre a mesinha redonda ao lado do pequeno sofá de dois
lugares. O objeto pulou até o chão e tomou a forma de uma senhora.
Erguendo-se como se espreguiçasse, ela ajeitou o quimono, passando as mãos
para ajeitar os amassados no tecido florido.
– Por que estava como um abajur, Yumi?
– As coisas andam meio feias entre os bruxos. August Hendrix, nosso
general morreu e depois disso os Cherens estão nos caçando. Então estou me
escondendo. – Ela respirou fundo ajeitando uma mecha dos cabelos negros.
Os olhos rosas pareciam cheios de medo.
– Eu sinto muito. – disse Dante sem ação.
– Bom, a que devo a visita do príncipe do inferno?
– Preciso de um favor. Quero uma ajuda para ir até Jerusalém.
– Vai voltar para casa? – Ela arregalou os olhos e arqueou as sobrancelhas.
– Por hora. – Dante desviou o olhar e meteu as mãos dentro dos bolsos da
calça.
– Um portal é algo bem simples. Costumava se meter em encrencas
maiores.
Dante riu.
– Obrigado, Yumi.
– Vou precisar de ajuda caso os cherens me encontrem. É bom ter
favores a se cobrar do filho do diabo.
– Achei que Deus gostasse mais dos bruxos do que do resto de nós.
– Não depois do que os Cherens têm feito. Está meio decepcionado com
os filhos.
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Dante coçou a barba loira. Nada tinha a ver com as rixas dos bruxos,
precisava lidar com seus próprios problemas.
– Pode me levar?
Yumi assentiu com um gesto de cabeça. Caminhou até o centro da sala e
estendeu a mão no ar. Uma esfera luminosa de energia surgiu, sugando
alguns papéis.
– Diga oi para o seu pai por mim.
Dante não respondeu nada, apenas puxou Natasha para dentro do portal
junto com ele.

A súcubo fechou olhos quando os grãos de areia fina, carregados com o


vento, chocaram-se contra eles.
– Vamos? – Dante a puxou pela mão em meio a um tumulto.
À medida que andavam, perdida, Natasha esbarrava em homens e
mulheres que pareciam estar em um pequeno mercado ao céu aberto. Uma
mulher com burca a olhou de cima abaixo. Sua expressão era de completo
desdém em relação à forma impura como a súcubo se vestia. Será que mesmo
estrangeira, ela não tinha o mínimo de respeito para cobrir o corpo e os
cabelos?
Ela foi ignorada pelo casal que seguiu andando às pressas. Dante virou em
um beco e andou por um corredor escuro até um portão enferrujado.
– É essa a entrada para o inferno? – Com um olhar cético Natasha encarou
o local simples e largado.
– Esperava um tapete vermelho? – Dante riu. – Toma, guarda isso com
você, é a sua passagem em segurança para o mundo dos vivos, não a perca ou
ficará presa lá. – Estendeu a ela uma moeda.
Natasha a girou nos dedos. Parecia feita de prata, tinha um símbolo
estranho. Colocou-a dentro do sutiã. Se era tão importante, deveria mantê-la
segura.
Seguiu Dante em silêncio. O portão se abriu num ranger agudo. O ferro
antigo estava cheio de ferrugem. O corredor que se seguia era apertado,
escuro e abafado. A súcubo achou a definição de uma luz no fim do túnel,
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que davam a morte, um tanto romantizada. Aquilo era claustrofóbico e


assustador. Apertou a mão de Dante com força, só para ter certeza de que ele
ainda estava ali.
– Onde estamos? – Natasha encolheu quando sentiu algo gelado se chocar
contra o seu braço.
– No limbo. São apenas espíritos perdidos, não se preocupe com eles.
Dante seguiu confiante, mas Natasha se encolhia com medo, buscava ficar
o mais próximo dele possível.
Continuaram andando até que uma dezena, talvez centenas de silhuetas
começaram a se erguer diante de seus olhos. Estava muito escuro, mas
podiam ver algumas coisas pelas labaredas de fogo que brotavam do chão.
Um vento frio e gelado soprava a macabra planície e passava pela pele
sensível de Natasha como lâminas afiadas.
– Mammon. – Um chamado grave ecoou de uma pequena elevação.
– Minos!
O príncipe se virou na direção do homem alto. Natasha não viu nada além
de uma grande sombra, com uma calda imensa que dava voltas em torno de
uma alma condenada.
– O bom filho a casa retorna.
– Por hora.
Continuaram andando. Eles avançavam e mais temerosa Natasha ficava.
Entendeu bem porque os humanos temiam tanto a morte e também por que
Dante escolhera ficar longe daquele lugar...
Um latido atrás de si a fez pular. Dante riu.
– Calma é só o Cerberus.
– Só o Cerberus? – Natasha engoliu em seco ao se virar para o enorme cão
de três cabeças.
Os dentes enormes, do tamanho de seus dedos, estavam tão próximos de
seu rosto que fizeram Natasha dar um passo para trás. A baba escorria por sua
boca enorme.
– Ei, garoto. – Dante acariciou a cabeça do meio que fechou os olhos se
derretendo como um filhotinho. A primeira cabeça lambeu o braço do
príncipe, feliz em vê-lo. – Também senti sua falta, amigão.
– Vamos logo, Dante. – Natasha o cutucou.
– Não precisa ter tanto medo.
– Sério que não? – Ela apontou para o ambiente ao seu redor.
– Tá, vamos sair daqui.
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Dante deu um jeito de cortar caminhos por atalhos onde só ele conhecia.
Não queria ter que atravessar com ela os nove ciclos do inferno. Sim, era
apavorante ele sabia bem. Aquela era a dimensão onde as almas eram
punidas.
– Pode olhar agora. – Afagou o cabelo dela.
Natasha viu um castelo se erguer em meio a uma montanha de gelo. Em
sua mente o inferno tinha muito mais calor do que o ambiente ao seu redor.
– Achei que queimasse mais.
– Gelo também queima. Eu posso te mostrar depois.
O olhar malicioso dele a fez se esquecer de onde estavam.
– Vou cobrar.
Continuavam a caminhar até cruzar a distância aonde estava a entrada do
castelo. Pelo caminho, Natasha pode ver cabeças enterradas no gelo, almas
atormentadas do nono ciclo do inferno. A súcubo se apressou para entrar logo
no castelo assim que Dante abriu a pesada porta.
O calor aconchegante do hall de entrada a envolveu. Natasha respirou
aliviada. Estar ali a lembrou de como era estar no castelo do pai.
– Mammon, meu filho, é tão bom vê-lo em casa.
Natasha podia jurar nunca ter ouvido uma voz tão doce e suave em toda a
sua vida. Sem disfarçar, virou-se na direção do som.
Lilith descia a passos calmos, com a mão direita apoiada sobre o corrimão
de mármore negro. O vestido, vermelho e justo, ressaltava ainda mais as
suntuosas curvas do corpo da bela mulher. Uau!
– Você deve ser Natasha, a filha de Beatriz.
– É uma honra conhecê-la. – Ela ainda estava boquiaberta.
– A honra é minha. Finalmente conhecer a namorada do meu filho.
– Mãe!
– Não vem me dizer que isso não é sério. Querido, eu conheço bem o que
gerei no meu ventre – Lilith afagou o cabelo loiro de Mammon. – Não a teria
trazido aqui se não se importasse o bastante.
As bochechas ficaram coradas, Dante desviou o olhar para uma luz que
tremulava vinda da sala. Sabia que poderia enfrentar qualquer um, menos a
sua mãe. Além disso, sua mãe estava certa, importa-se muito com a Natasha.
– Mammon. – O chamado soou como um trovão que varreu todo o castelo.

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Capítulo 17

Dante ergueu a cabeça e se virou para um corredor ao lado da escada.


De pé, sob a luz amarelada de um lustre, vestindo um terno sofisticado, o
homem tinha o corpo ereto; as mãos enfiadas dentro do bolso; os cabelos
loiros estavam brancos nas têmporas, dando um toque que Natasha achou
charmoso. Viu num rosto mais maduro toda a beleza que encontrava em
Dante.
– Lu... Lúcifer... – Os lábios de Natasha tremeram em meio ao sussurro.
Dante deu um cutucão nela.
– Tudo bem . –O senhor do inferno balançou a cabeça, mostrando ao filho
que não se importava. – Esse é só mais um dos inúmeros nomes pelos quais
me chamam. Até me sinto lisonjeado se levarmos em consideração o
significado .
Natasha respirou aliviada. A visão de um homem, um tanto simpático,
diminuiu muito o medo em que estava de conhecer o diabo em pessoa.
– Decidiu voltar para casa?
A tensão que se instalou no ar fez com que Natasha tremesse outra vez.
– Não. Preciso apenas de uma adaga para matar os anjos que me caçam lá
em cima.
– Nada disso estaria acontecendo se estivesse onde deveria estar.
– Já discutimos o suficiente sobre isso, pai.
O interior do castelo ficou tão gelado quanto o exterior. A tensão entre pai
e filho fez Natasha se encolher. Poucas vezes vira Dante tão nervoso. As
mãos dele se encolhiam junto ao corpo, assim como o restante dos músculos.
– Mammon vai voltar para o mundo dos vivos, mas não hoje, né, querido?
– Lilith quebrou um pouco o clima de tensão. – Vamos jantar, eles passam a
noite aqui, e amanhã vão até a forja pegarem o que precisam. Os demônios
podem rever seu príncipe e nós podemos conhecer um pouco mais da nossa
nora.
– Está bem. – Dante assentiu.
– Ótimo! – Lilith abriu um largo sorriso. – Esperem na sala, ou podem dar
uma volta caso queria apresentar a ela mais algum ponto turístico do inferno.
Logo o jantar será servido. – Ela deu uma risadinha como se fosse alguma
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piada interna.
– Gostaria de ver algum lugar? – Dante estendeu a mão a ela.
Um arrepio percorreu o corpo da súcubo, fazendo-a se encolher. Já vira o
bastante lá fora para desejar outro passeio. Então, resumiu sua resposta em
um aceno negativo com a cabeça.
– Não é tão ruim lá fora quanto parece ser. – Dante afagou os cabelos
negros dela.
– Tenho medo de encontrar alguém que matei. – Natasha deu a primeira
desculpa que lhe veio à mente.
– Tem razão, isso é bem possível – Dante riu. – Então vamos aguardar na
sala informal.
Natasha o seguiu até um agradável cômodo, aquecido por uma bela
lareira. Com os olhos vidrados nas chamas que tremulavam, ela se sentou
sobre um confortável sofá de três lugares. Assim que Dante se juntou a ela,
viu com o canto de olho o pai dele se aproximar.
Samael caminhou com passos firmes e elegantes até uma mesa ao lado do
sofá de dois lugares. Essa estava coberta com garrafas das mais variadas
formas e cores, além de alguns copos. Pegou uma de formato retangular e
serviu-se uma dose de uísque, o qual bebeu em uma única golada. Arfou
enquanto o líquido descia queimado por sua garganta. Esperava que aquela
bebida, ainda que não fosse deixá-lo bêbado, deixasse-o um pouco mais
amável.
– Escolheu uma súcubo também? – Voltou-se para o filho, dessa vez num
tom bem menos sufocante.
– Parece que sim. – Dante olhou para Natasha com as bochechas coradas.
Seu pai estava menos tenso, entretanto tal assunto também o deixava
desconfortável.
– Não temos nada sério, senhor. – Dizer doeu em Natasha, pois queria que
não fosse verdade, mas serviu para deixar Dante menos tenso.
– O senhor está no céu.
A gargalhada de Samael fez com que Natasha risse naturalmente.
– Pode me chamar de Samael, o caído, até mesmo Lúcifer se preferir já
que tantos fazem isso. Mas senhor não, me faz parecer tão velho quanto o
meu pai.
– Tá bem. – Natasha forçou um sorriso mais amistoso.
– Nada sério... – Samael coçou o queixo. – Pelo que conheço do meu filho
ele não se envolve, não arrisca. E trazê-la aqui, é sem dúvidas, se envolver
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muito.
– Está certo pai. Eu gosto dela. Não deveria, mas gosto. – Dante se rendeu,
encolhendo-se no sofá e cruzando os braços ao redor do próprio corpo.
Natasha abriu um largo sorriso que foi mais forte do que ela. Se a sua
felicidade se resumisse a uma única frase, sem dúvidas era a que acabara de
ouvir. Dante se importava, mais do que isso, ele gostava dela. A súcubo teve
de se conter para não pular de alegria no sofá, ou se atirar nos braços do
príncipe. Não era apenas para ela que o tal acordo não passava de uma
desculpa. Se o lorde do inferno não estivesse ali ela teria se jogado nos braços
de Dante, gritado que o amava, e passaria horas dizendo sobre como ele a
deixava louca.
No fim, Natasha manteve o sorriso e segurou as mãos de Dante, forçando-
o a encará-la. Nada mais precisou ser dito, com a troca de olhares, ele
entendeu o que não foi dito e se curvou para tocar os lábios dela brevemente.
– Quero mantê-la segura dos anjos, pai.
– Fiquem aqui e não terão o que temer. – A voz de Samael retomou o tom
ríspido.
Dante bufou, mas não disse uma palavra se quer. Não queria ter que
retomar aquela discussão que se estendia por anos. Preferia a terra ao inferno.
Quem não preferiria? Gostava da forma como as coisas funcionavam entre os
vivos, de ter a chance de mudar o destino de algumas almas.
– Vamos jantar. – Lilith entrou na sala assobiando. Já parecia estar
acostumada a lidar com a crescente tensão entre pai e filho.
Nenhuma palavra foi dita enquanto tomavam o caminho para a sala de
jantar, que ficava na outra extremidade do hall. Natasha se perdeu olhando o
luxo do lugar que se mostrava nos mínimos detalhes, do corrimão ao relógio
no alto da escada. Ali dentro poderia até se esquecer de onde estavam e das
almas atormentadas que eram punidas além daquelas paredes.
Ao contrário do momento anterior, o jantar foi menos tenso. Talvez por
Lilith puxar toda a atenção para si e não permitir que os dois se recordassem
do motivo pelo qual tanto brigavam. A comida estava saborosa, mas Natasha
nem se arriscou a perguntar do que era feito os diversos pratos à sua frente,
pois temia a resposta. O gosto deles lhe bastou. A rainha do inferno a encheu
de perguntas, estava tão maravilhada diante da nora e o fato de ser amiga de
Beatriz só piorou ainda mais o interrogatório de Natasha. Se conteve para não
expressão o quanto não gostava da mãe, não era um assunto para uma reunião
de família. Contudo, pela primeira vez, se esforçou para ser gentil. Não pelo
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fato de estar diante do diabo a assustasse bastante, mas pelo fato de estar
diante da família do homem que amava. E como amava!Podia sentir seus
olhos brilhando diante da melhor verdade dos últimos séculos .
Quando o jantar acabou Dante a levou para o seu quarto. Surpreendeu-se
ao abrir a pesada porta de madeira e metal e notar que tudo ainda estava
exatamente como deixara. Era estranho pensar que Lilith havia controlado
seus instintos e não mudado as suas coisas de lugar. A cama com dossel
estava ao centro, um criado mudo de cada lado, sobre eles um abajur e alguns
porta-retratos. A estante de livros ao lado da grande janela, coberta com uma
cortina vermelha, possuía uma camada de poeira, sinal que não foram
mexidos nem mesmo pelas demônias inferiores que cuidavam da limpeza.
Assim que se sentiu à vontade o bastante, Natasha se jogou nos braços
dele, fazendo-o cambalear para dentro do quarto e fechar a porta atrás de si
com um chute.
– É verdade o que disse, gosta mesmo de mim? – A pergunta saiu de seus
lábios quase como um sussurro. Com os braços ao redor do pescoço de
Dante, Natasha odiou a pouca luz que encobria a expressão no rosto dele.
Entretanto não se conteve, precisava ouvir a confirmação da boca dele.
– Isso muda alguma coisa?
Vê-lo se esquivar a deixou com raiva e a fez pisar num dos pés de Dante.
– É claro que muda! – E voz melodiosa da súcubo ficou ainda mais aguda.
– Não brinque comigo, Dante.
– Não estou brincando com você. – Ele a envolveu com os braços firmes,
apertando-a contra o seu corpo.
– Então não me faça implorar pela verdade. – Natasha passou os dedos
suaves pelo contorno do rosto dele, na esperança de desvendar algo que a
escuridão encobria.
– Quer saber se eu amo você?
A voz rouca e sexy a fez se derreter e criou nela uma expectativa
tremenda. O coração de Natasha disparou no peito, as mãos e pernas estavam
trêmulas, se não estivesse sendo segurada teria desabado. Os lábios ficarem
secos a pele suava frio. Porra, Dante! Não faz isso comigo.
– Essa definição de amor é uma coisa muito louca. Se significa que eu sou
doido o bastante para querer ficar com alguém tão sem noção e imprudente
como você. Se perco o controle quando está nos meus braços. Se não consigo
parar de imaginá-la nua mesmo nos piores momentos. Se meu coração
dispara quando finalmente posso te tocar. Então sim, eu acho que amo você.
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Acariciou o rosto dela. A falta de palavras e os olhos arregalados o


deixaram preocupado. Havia dito algo errado?
Natasha ficou paralisada. Talvez sonhara em ouvir aquilo. Mas a verdade
era tão boa que a deixou em choque.
– Nat...
O sussurro a despertou.
– Eu amo você.
Dante deslizou a mão firme e pesada pela nuca dela e enfiou os dedos em
seu cabelo negro. Puxou-a para perto com urgência para beijar aos suculentos
lábios vermelhos.
Ter a língua dele invadindo a sua boca foi como um desejo concedido.
Para Natasha não precisavam mais dizer palavra alguma. A verdade que
pairava por eles era terna e reconfortante, entretanto essa logo foi deixada de
lado pelo desejo forte e inegável que fazia seus corpos urrarem. Dentro do
quarto estava quente, e poucas desculpas restaram para justificar os calafrios
que percorriam o corpo da súcubo em meio ao beijo voraz.
Dante mordeu o lábio inferior de Natasha, antes de se curvar para deslizar
para cima o vestido que ela usava. Com uma paciência quase agonizante, foi
subindo com a peça pelas curvas que compunham as coxas, a cintura, os seios
até finalmente tirá-lo pelos braços que Natasha ergueu. Olhou-a por alguns
segundos, maravilhado com a beleza provocante que ela possuía. A lingerie
vermelha que cobria as partes mais desejadas lhe pareceram um empecilho e
tanto. Com a boca salivando, passou a língua pelos lábios antes de curvar-se
na direção dela outra vez.
Natasha se contorceu com a ponta dos dedos dele deslizando pela linha de
suas costas, provocando um delicioso choque onde Dante tocava...
Alguém bateu na porta, a súcubo agradeceu por poder respirar ainda que
por alguns instantes e o príncipe do inferno xingou baixinho.
Enraivado, Dante pensou em ignorar a batida, seja lá quem fosse poderia
esperar. No entanto, houve insistência, o som da batida ecoou pelo quarto
repetidas vezes até que bufando como um cão raivoso, Dante foi até a portar,
abrindo-a de uma vez.
Lilith quase tropeçou para dentro quando a porta onde se apoiava abriu-se
num movimento repentino. Ergueu a cabeça e encarou os olhos verdes do
filho onde tremulava uma chama intensa de raiva.
– Desculpe-me, querido, não queria interromper vocês. – Ela moveu o
pescoço e viu Natasha seminua no centro do quarto. – Apenas trouxe algumas
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coisas para que possam se divertir. – Estendeu uma caixa.


Dante a pegou receoso. Ao mover a tampa, observou o que havia lá
dentro.
– Para que isso, mãe? – Envergonhado, Dante torceu os lábios.
– Sei que tentou ser um bom menino lá em cima, mas não dá para se
comportar namorando uma súcubo.
Ele riu, suas bochechas ficaram vermelhas.
– Obrigado, mãe.
Ele fechou a porta de uma vez, não permitindo que Lilith dissesse mais
coisa alguma.
– O que é isso?
Natasha se aproximou dele sentindo um misto de vergonha e curiosidade.
Com a mão direita enrolava uma mecha do seu cabelo preto, o que
denunciava ainda mais seu nervosismo.
– Nada além de coisas que podemos comprar num sex shop. – Dante
colocou a caixa sobre o criado-mudo à direta da cama.
A súcubo sorriu curiosa.
– Estou mais interessado em voltarmos onde paramos. – A voz de Dante
soou suave e aveludada enquanto ele envolvia Natasha pela cintura outra vez.
Tomou-a nos braços e a levou até a cama, deitando-a de frente para si.
Rapidamente foi até a janela e a abriu, fechando logo em seguida. Mas o
breve momento que levou colocando a mão para fora e entrando outra vez,
foi o suficiente para que uma brisa fria varresse o quarto e fizesse Natasha se
encolher.
– O que está fazendo?
Ela viu Dante ficar de quatro sobre a cama e vir engatinhando em sua
direção. Resmungou por ele ainda estar vestido.
– Prometi te mostrar que o gelo também podia queimar.
Natasha suspirou, como ele poderia ser tão misterioso e tão sexy?
Com uma das mãos, Dante vasculhou a caixa entregue por sua mãe e
encontrou ali uma das poucas coisas que sabia como usar. Com os dentes
segurou a estaca de gelo que estava na mão esquerda e se curvou para vendar
Natasha.
Não houve protesto, ela apenas ergueu a cabeça e permitiu que ele fizesse,
que cobrisse seus olhos. Por dentro seu corpo queimava com a expectativa de
dar a ele todo o controle. Quando estava com outros homens Natasha sempre
fez questão de ditar o ritmo, porém com Dante as coisas eram diferentes,
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deliciosamente excitantes. Pousou a cabeça numa das almofadas atrás de si e


esperou. O coração palpitava contra o peito, sua pele aguardava o toque. A
região entre suas pernas, ardia, formigava, apenas com os pensamentos que
inundavam sua mente.
Assim que os lábios gelados tocaram a linha entre o pescoço e o esterno,
Natasha curvou o corpo ao arfar e cravou as unhas na colcha grossa abaixo de
si. Os lábios se colocaram a descer, provocando calafrios por onde passavam.
O gelo dentro da boca dele ia se derretendo aos poucos, deixando uma trilha
molhada pelo corpo dela. Natasha sentia um frio que a fazia se arrepiar ao
mesmo tempo que o calor despertado pelo toque a arrebatava. Dante estava
certo, a temperatura tão extrema do gelo deixava leve queimaduras na região
em ele tocava.
Natasha mordeu os lábios ao ponto de fazê-los sangrar, mais foi
impossível conter o grito quando ele passou o gelo pelo contorno de seus
seios.
– Pode gemer como quiser, meus pais não vão nos julgar. – Dante
sussurrou ao pé do ouvido dela enquanto enfiava as mãos entre Natasha e a
cama a fim de desabotoar os fechos do sutiã.
Natasha assentiu com um breve balançar de cabeça. Estava completamente
rendida a ele.
Quando as mãos firmes deslizaram sua calcinha até a ponta dos pés, ela
abriu as pernas o máximo que pode, deixando claro a ele que poderia penetrá-
la.
– Calma. – Dante riu e deu um tampinha na coxa dela. – Ainda nem
comecei.
Privada da visão, Natasha sentia de forma ainda mais intensa. Sua pele
estava hipersensível ao ponto de se arrepiar até mesmo com a brisa insistente
que passava pelas frestas da janela.
O gemido ecoou por todo o quarto quando Dante abocanhou um dos
mamilos com um resto de gelo ainda sobre a sua língua. Os olhos de Natasha
reviraram nas órbitas, estava inebriada com a carícia. O príncipe nem mesmo
havia se aproximado de sua vagina e essa ardia em desejo por tê-lo.
– Dante... – o nome saiu trêmulo por entre os lábios carnudos.
Ele sorriu e beijou-a na boca, lambeu-a e mordeu-a. Também estava
quente, retirou a blusa que estava molhada de suor. Jogou-a no chão. Seu
corpo estava ardendo, pegando fogo, ainda que sua boca estivesse fria pelo
gelo. Vasculhou as coisas na caixa e pegou algemas.
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– Posso algemar você?


Ela fez que sim com a cabeça.
Dante sorriu e pegou os pulsos dela, ergueu-os e prendeu-os junto as
traves do dossel da cama.
Natasha ainda estava vendada e se debateu verificando que não tinha
como mover as mãos. Arrependeu-se de tê-lo deixado fazer aquilo, pois não
podia mais tocá-lo. Sentiu um líquido ser derramado pelo seu corpo e outro
calafrio a percorreu.
– O que está fazendo?
– Servindo a sobremesa. – Dante lambeu a região entre os seios dela.
O óleo com sabor de morango deu um toque ainda mais afrodisíaco à pele
já inebriante de Natasha. Ele se deliciou a lambendo, chupando, mordendo,
do pescoço ao ventre dela. A forma como a súcubo reagia aos seus estímulos
o deixava ainda mais alucinado. Ela era um banquete digno de reis e Dante
estava faminto.
Natasha estava em chamas. Queria arrancar as algemas nem que fosse nas
unhas, mas todas as vezes que se debatia só conseguia machucar os próprios
pulsos. O sentia lamber seus seios, seu pescoço, inclinava o quadril para ele,
mas Dante parecia ignorá-la. A região deixada de lado só se fazia arder.
– Não me faz implorar!
– Não consegue esperar?
– Com você me provocando desse jeito? NÃO!
Dante riu e beijou-a suavemente. Os grunhidos dela deixavam claro o
quanto estava ensandecida.
Deslizou um pouco mais para baixo na cama, até colocar as mãos entre as
pernas distanciadas da súcubo. Agarrou com força a bunda dela, cravando as
unhas na pele suave e macia. Natasha se contorceu, remexeu os quadris,
grunhia, implorava. Dante curvou a cabeça e lambeu o clitóris dela de cima
para baixo, num movimento lento, numa tortura deliciosa.
Natasha gritou com a dor em seus pulsos ao tentar puxar os braços com
força. Foi tolice, não conseguiria se soltar. Mas precisava obrigá-lo a parar de
torturá-la.
Dante riu ao ver que a agonia dela que só aumentou com a carícia lenta e
provocante. Então se deu conta de que já havia a provocado demais e que ela
merecia ser atendida. Deu mais ritmo a sua língua e os movimentos e leves
estocadas se tornaram mais velozes. Fechou os lábios ao redor do clitóris,
chupou, lambeu.
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Natasha praguejou em meio aos gemidos quase histéricos. Quando Dante


a penetrou com a língua e ela gritou. Não sabia se fora pelos estímulos
anteriores, mas seu corpo perdeu o total controle. Ser filho de uma súcubo só
era metade do caminho para explicar como ele conseguia fazer um oral tão
bom quanto aquele. Gritou de novo quando ele a penetrou suavemente com a
língua, para em seguida voltar a brincar com o clitóris outra vez. Natasha
estava fora de si, era como se o prazer fosse tão intenso que a fizesse flutuar,
e ainda nem havia chegado ao ápice, mas naquele ritmo não demoraria.
Dante arranhou as nádegas dela com as unhas, sentindo-a se contorcer em
suas mãos. O gosto doce, almiscarado e de completo pecado que ela tinha
fazia sua boca salivar cada vez mais. Poderia passar a noite inteira ali, com a
boca nela, inebriado pelo sabor e as reações que provoca na súcubo. Ela
estava fora de si e o príncipe não conteve o sentimento de orgulho.
Natasha mordeu o lábio inferior, tentou abafar os gritos. Não queria
parecer histérica perante a família de Dante, diante do próprio diabo. Contudo
não conseguiu, estava bom demais para se conter. Rebolava à medida que ele
a estimulava com os lábios, com a língua. Quando o dedo quente dele a
invadiu, acompanhado pela língua que não dava sossego ao seu clitóris,
Natasha desistiu de parecer uma santa. Já estava no inferno, que se dane.
Gritou, rebolou, gemeu tanto que isso a deixou surpresa. Mas deixou que os
demônios daquele lugar soubessem o quanto o seu príncipe era bom em dar a
ela prazer.
Segundos depois Natasha perdeu todos os sentidos, o corpo ficou imóvel,
tremendo, os olhos arregalados e revirados. A única coisa que se movia nela
era o peito que descia e subia num movimento frenético, tentando trazer de
volta ao corpo todo o ar que fora perdido. Estava anestesiada, entorpecida, o
orgasmo a deixou assim por longos minutos.
Dante viu o estado da súcubo e enquanto a esperava se recuperar, soltou os
pulsos dela, onde haviam vergões no lugar onde ficou o metal das algemas.
Natasha se levantou ainda trêmula se jogou nos braços dele.
Dante a ergueu pelo queixo e encarou os olhos azuis, que mesmo que
semiabertos, brilhavam pelo prazer que proporcionara a ela.
– Ainda estou sem fôlego. – ela sussurrou com a voz trêmula.
– Isso é ótimo. Quero sempre te deixar assim.
Ele a puxou pelo queixo e a beijou com carinho, enquanto sentia as mãos
trêmulas dela deslizarem pelo seu peito e abrirem o zíper da calça. Dante se
levantou e ajudou-a a tirar o restante de suas roupas.
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Natasha o encarou e deslizou os dedos pelo rosto macio até onde a barba
loira começava a crescer. Diante de si estava tudo o que precisou e não sabia.
Um homem forte, que só sua beleza já era um pecado. Além disso, ele
conseguia domar seu fogo como ninguém. Sentou-o na cama e se colocou
sobre os quadris dele.
– Depois eu vou querer usar esses brinquedos em você. – sussurrou ao
morder a orelha dele.
– Eu vou adorar.
Dante deslizou a ponta dos dedos pela linha da coluna dela a fazendo se
estremecer em seu colo.
Natasha apoiou as mãos sobre os ombros largos e não deixou de encarar
os olhos verdes dele. Sorriam um para o outro, já estavam em completa
sintonia. Haviam se encontrado, se completado.
Dante deslizou uma das mãos pela cintura dela e a sentou em seu membro
rígido. Gemeu quando a umidade o envolveu. Finalmente, não sabia se
aguentaria mais preliminares. Natasha começou a quicar devagar, gemendo a
cada vez que ele entrava todo em seu corpo. Assim como a língua, aquela
parte específica do corpo dele fazia jus a expressão de outro mundo. Rebolou
sorrindo para Dante e gritou em seguida com o tapa forte que ele deu em sua
nádega direita, deixando a marca dos dedos na pele branca.
– Adoro seus tapas.
– Às vezes você faz por merecer.
O sorriso brincalhão nos lábios de Dante a fez querer beijá-lo mais.
Invadiu a boca dele com a língua à medida que aumentava a velocidade dos
movimentos.
Não se opôs em momento algum que ela controlasse o ritmo daquela
dança. Dante já estivera no controle por tempo o bastante. Apenas com as
mãos sobre as nádegas de Natasha, queria poder tocá-la ao máximo nas
regiões mais lindas e provocativas do corpo diante de si. Jogou a cabeça para
trás e a apertou quando ela deslizou para cima vagarosamente e sentou de
uma vez, envolvendo o seu pênis de novo. A forma como as paredes da
vagina dela o abraçavam e espremiam deixavam claro o quanto ela dominava
bem o próprio corpo.
Dante estava inebriado com as sensações que tomavam seu corpo como
um turbilhão. Não havia melhor visão no mundo do que ter Natasha sobre o
seu quadril. As belas curvas se movendo no ar como uma pluma. O lindo
cabelo negro balançando de um lado para o outro a cada quicada. Como não
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se apaixonar por aquela mulher?


Dante não conseguiu, tentou e muito, mas foi inevitável não se esvair
dentro dela . Estava excitado demais, alucinado demais. Chegar o orgasmo
foi inevitável. Entretanto a forma como ela sorriu e o beijou com fome o
deixou feliz. Não protestou quando ela começou a se alimentar dele, a súcubo
já estava aprendendo até onde poderia ir. Quando os espasmos pararam e
retomou o controle sobre os próprios músculos, ergueu as mãos e acariciou o
cabelo negro enquanto ainda a beijava.
Assim que seu corpo caiu sobre a cama, alguma parte de sua mente
entorpecida viu Natasha se levantar e ir até o banheiro. Assim que ela
retornou, aninhou-a em seus braços e finalmente fechou os olhos, exausto.

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Capítulo 18

Muitas coisas na vida de Dante eram incógnitas, mas aquela dormindo


calmamente em seus braços começava a ser uma das poucas certezas.
Acariciou o rosto suave com a palma da mão direita com delicadeza para
não a acordar. Tão linda e tão louca. Suspirou e beijou-a na testa.
Levantou-se da cama e foi até o closet. Ao percorrer com os dedos as
araras, viu que suas roupas estavam do mesmo jeito que havia deixado.
Colocou uma camisa branca e abotoou-a até o pescoço. Colocou uma calça
social e olhou no espelho. Queria continuar nu na cama, abraçado com ela e
voltar a fazer sexo assim que Natasha acordasse. Apoiou a testa no espelho
sentido a superfície fria. Precisava se lembrar do motivo pelo qual estava ali.
Não vieram para o inferno para fazerem sexo, poderia levá-la para o Alasca
depois e ficar dias apenas esquentando-a com o calor do seu corpo mas, por
hora, precisavam da espada.
Deixou Natasha dormindo sobre a cama e saiu do quarto. Após passar por
dois corredores e virar num terceiro, encontrou a escada que levava ao hall no
primeiro andar. Depois de ter passado tanto tempo em locais pequenos e
humildes já se sentia perdido naquele castelo.
Assim que terminou de descer as escadas, degrau por degrau, observou o
quadro dele e dos pais, disposto numa das paredes do hall, ocupando-a quase
por completo. Não sentia muita falta de estar ali, mesmo que a vida na terra
houvesse sido baste solitária até então. Naquele momento, ao lado de
Natasha, poderia apostar que sentiria menos falta ainda.
– Mammon. – O chamado ainda que baixo soou como um tambor tocado
em sua nota mais grave.
O príncipe se virou na direção de uma porta entreaberta num corredor ao
lado direito da escada. Uma luz vinda do interior deixava o rastro de um
clarão amarelo. Relutante, Dante atendeu ao pedido e foi até quem o
chamava.
Empurrou a porta devagar e o rangido denunciou a sua presença.
Entretanto Samael nem mesmo se moveu, permaneceu de costas para a
entrada encarando um quadro na outra extremidade do cômodo, parcialmente
encoberto por um tecido vermelho.
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– Observando esse quadro outra vez, pai? – Dante permaneceu parado


junto à soleira da porta.
– Não é por esse momento que sou lembrado entre os vivos? – A voz soou
fria e firme, mas era possível notar um pouco de dor. – O anjo caído. O filho
que traiu Deus.
Uma risada seca ecoou por todo o cômodo.
Com as mãos metidas nos bolsos. Dante continuou a observar o pai de
maneira cautelosa. Samael costumava ficar irritado quando passava horas
demais diante da pintura.
– A verdade é que meu pai precisava de alguém para limpar o lixo. Punir
os que não fizeram por merecer um lugar no seu precioso céu. Por que não
mandar o querido Gabriel, O príncipe Miguel ou mesmo Uriel? Não, não
tinha que ser Samael, o mais cruel, o veneno de Deus. Então eu caí, tornei-me
o diabo. Mesmo estando aqui nesse castelo gelado no meio do nada, sou o
culpado por tudo de ruim que acontece aos vivos. É muito fácil dizer que
tudo é culpa das tentações do diabo. Mas a verdade é que eu nunca faço nada,
assim como o meu pai, não posso interferir no livre arbítrio dos vivos. As
oportunidades de fazer o bem e o mal estão por aí na mesma proporção, se
eles fazem as escolhas erradas a culpa não é minha. – Samael suspirou
desviando o olhar do quadro e se virando para encarar o filho. – Bom, ser o
diabo não é tão ruim. Se eu não tivesse sido expulso do céu, não teria Caim,
você ou a sua mãe. Sabe, filho, eu entendo. Por mais que não pareça, eu
entendo. Não posso forçá-lo a ficar aqui, muito menos agora em que parece
ter encontrado a sua própria família. Governar o inferno não é um fardo que
precisa herdar.
– Obrigado, pai. – Dante foi até ele e o abraçou.
Samael afagou o cabelo do filho. Ficaram assim, abraçados, por longos
minutos.
– Apenas tome cuidado lá em cima. Não deixe que os meus irmãos
machuquem você ou a sua garota.
– Sou duro na queda e a Natasha está aprendendo a se virar.
Samael sorriu e coçou o queixo.
– Entendo.
– O que foi? – Dante arregalou os olhos.
– Os gritos na noite passada disseram muita coisa.
As bochechas de Dante ficaram coradas. Ele se virou para a janela.
– Pai...
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– Eu sei, é difícil resistir a uma súcubo. – Descontraído, Samael apoiou a


mão direita sobre o ombro do filho. – Mas o que importa é que ela parece
muito feliz, assim como você.
– Ela me deixa louco. – Dante riu.
Com os músculos relaxados a conversa tomou um ritmo mais
descontraído.
– Em qual sentido? – Samael exibiu um sorriso malicioso nos lábios.
– Em todos. Ela é linda, sexy, mas tão louca e imprudente.
– E você não sabe mais viver sem isso?
– Não.
– Isso é bom, filho. Sentir-se assim dá razão a muita coisa. Só espero que
tragam meu neto aqui para que eu possa conhecê-lo.
Dante arqueou as sobrancelhas.
– Não estamos tendo filhos, pai. Mal nos acertamos.
O príncipe ficou envergonhado outra vez. Filhos? Não... seu pai não
estava sendo sensato. Nunca havia pensado a respeito e não era o momento.
Admitir que gostava dela já havia sido um passo e tanto.
– No ritmo em que estão...
– Não pai. Mas fico feliz que tenha gostado dela.
– Ela é linda como a sua mãe, um demônio como você. É claro que gostei
dela.
– Dante... Mammon. – A voz suave veio do corredor.
O príncipe olhou para o pai que assentiu com um movimento de cabeça,
em seguida, deixou o pequeno escritório.
Natasha estava de pé no meio do hall. Olhava para todos os lados um tanto
perdida. Abraçada ao próprio corpo tentava se proteger do frio que sentia pela
manhã. Com tanto gelo lá fora, brisas fortes adentravam o castelo. Com os
dentes batendo, tentava se equilibrar sobre sua sandália de salto, nunca fora
tão difícil.
Onde ele estava? Percorreu com os olhos todo o hall das entradas para
cômodos e corredores laterais à porta da frente. Pior do que o frio que estava
sentindo, era acordar e não o ter ao seu lado. Milhares de coisas passaram
pela mente da súcubo e nenhuma delas foi boa. Mordeu os lábios, batendo os
dentes contra eles. Esperava que alguém, mesmo que fosse Lilith ou o
próprio diabo, aparecesse para falar com ela, mas o vazio do cômodo só se
fazia aumentar. Deu um passo para trás, bateu com o calcanhar contra o
primeiro degrau da escada, com o mármore ainda mais frio do que o ar.
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– Dante... – chamou de novo. A voz saiu abafada por seus lábios trêmulos.
– Eu estou aqui.
Os braços tão ternos que a envolveram em um abraço apertado pareceram
espantar todo o frio. Natasha suspirou e se derreteu naquele calor.
– Desculpa tê-la deixado na cama. Não queria acordá-la.
– Está frio. – Foi tudo que Natasha conseguiu dizer, aninhando-se ainda
mais ao peito dele.
Dante se afastou e encarou os olhos azuis semiabertos. Com os dedos
contornou a face suave e delicada. Ela estava tão fria que um aperto tomou
conta de seu peito. Às vezes o frio de fora entrava com tudo e Natasha não
era um demônio tão forte quanto ele.
– Vem, vamos olhar nas minhas roupas o que pode aquecer você. – Dante
colocou um dos braços nas costas dela e o outro atrás dos joelhos bambos e
ergueu-a no ar, carregando-a junto ao peito.
Ele a carregou de volta ao quarto. Ficou feliz e um tanto aliviado ao ver as
bochechas dela voltarem a se corar com o seu calor sendo transmitido para o
corpo frágil. Colocou-a sobre a cama e a cobriu com a colcha enquanto ia ao
closet.
Quando o viu voltar com um grosso casaco, Natasha se sentou na cama e
deixou que ele a vestisse. Fitou os olhos verdes e viu o brilho do carinho.
Roçou seus lábios nos dele. Nem quando era da realeza havia sonhado em ter
um príncipe encantado. Transara com plebeus e nobres em estábulos e camas
luxuosas, brincava com eles, aproveitara-se deles, mas naquele momento
tudo parecia tão vazio. A forma como Dante a preenchia, como a fazia se
sentir, era algo imaginou não existir, mas estava muito feliz por encontrar.
– Eu te amo!
– Eu também, minha sem noção. – Dante intensificou um pouco mais o
beijo antes de se afastar. – Vamos para as forjas pegar sua adaga. Lá vai
poder se aquecer bastante.
– Queria me aquecer de outro jeito. – A voz doce e melodiosa fez Dante
tremer.
Natasha passou a língua pelos lábios, molhando-os. Deslizou os dedos
ágeis pela linha da coluna dele e apertou a bela bunda.
Dante respirou fundo com o calor tomando conta de suas veias. Sentiu
uma ânsia entre suas pernas, o membro tomou forma lembrando a ele do
desejo que sentia por aquela bela mulher à sua frente. Fechou os olhos, cerrou
os dentes, fez o máximo que pode para se conter.
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– Eu sei que se eu deitar nessa cama com você agora, não me levanto tão
cedo e passaremos mais alguns dias nesse frio. E do jeito que me provoca
fico muito tentado a te deixar sem sentar pelo menos por algumas horas.
– Me deixar sem sentar? – Os olhos dela brilharam com a possibilidade.
– Sim. – Ele soou sério. – Te jogar de quarto nessa cama e dar tantos tapas
ao ponto de te fazer pedir para que eu pare.
– Eu não vou pedir para parar.
– Eu sei, por isso vai ficar com a bunda doendo.
– Por favor... – Natasha tentou puxá-lo na direção da cama.
– Não, Nat. Depois.
Ela cruzou os braços e torceu os lábios como uma criança de mau-humor.
Dante riu e a puxou em direção a porta, ignorando o drama. Teriam tempo
para fazerem quanto sexo quisessem. Se ela estivesse a salvo teriam muito
tempo, a eternidade.
Natasha não deu trégua, provocou e tocou Dante durante todo o caminho
até virarem em um corredor e trombarem com um demônio. A súcubo se
conteve e Dante o cumprimentou com um aceno de cabeça, disfarçando a
situação.
– Sentimos sua falta, príncipe. – O demônio se curvou brevemente antes
de seguir seu caminho.
– Se comporta. – Dante deu um tapa na bunda de Natasha fazendo o
vestido que ela usava por baixo do casaco se mover um pouco.
Ela sorriu ao rebolar.
– Não me provoca.
– Vou adorar fazer isso, mas depois.
Viraram no próximo corredor a esquerda e desceram por uma escada
circular. Natasha tirou o casaco e o segurou nos braços. Estava começando a
ficar bem quente. Passou as costas das mãos pela testa limpando uma gota de
suor que brotou.
– Que calor!
– Disse que na forja as coisas são bem quentes.
Viram uma luz vermelha tremular no fim do corredor de tijolos negros.
Logo se aproximaram o bastante ao ponto de enxergarem as fornalhas onde
alguns demônios trabalhavam. O suor que escorria de seus corpos vermelhos
e chiava ao cair no chão que fervia.
– Mestre Mammon, há quanto tempo não vem por aqui. – um deles
colocou de lado o martelo que usava para modelar o metal e caminhou na
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direção do príncipe.
– Azor, bem eu estava por aí. – Dante colocou as mãos nos bolsos, sem
estender o assunto.
– A que devo a honra?
– Preciso de uma adaga para lidar com alguns anjos.
– Mas já tem uma espada.
– É para mim. – Natasha acenou meio encolhida atrás de Dante.
– Ah, algo sutil e delicado para uma moça. – Azor sorriu ao voltar a pegar
suas ferramentas. – Em algumas horas podem vir buscar.
Dante assentiu com a cabeça e puxou Natasha pelo caminho que vieram.
– Então é só isso?
O príncipe arregalou os olhos ao encarar a súcubo que o parou no meio do
corredor.
– Hã? Temos que esperar agora. Azor vai precisar de um tempo.
– Então sentamos e esperamos?
– Basicamente.
Um sorriso malicioso tomou conta dos lábios grossos e vermelhos da
súcubo. E ela o empurrou contra a parede de tijolos escuros do corredor.
– Ei! Vamos voltar lá para cima.
– Prefiro lugares mais quentes.
– É porque não é você quem está com as costas nessa parede quente. E a
forja está cheia de demônios a poucos metros de nós.
– Não ligo para plateia. – Natasha deslizou a ponta dos dedos pelo
contorno másculo do rosto másculo do príncipe.
– Você não liga para nada.
– Deveria? – Ela deslizou a mão do rosto, pelo abdômen até o meio das
pernas dele onde deu leves tapinhas com os dedos no pênis dele.
– Deveria. – ele puxou a mão dela pelo pulso. – Não vamos transar no
corredor onde qualquer um pode passar.
– Por que não? Estamos no inferno e é você quem dá as regras aqui.
– Não. Meu pai é quem dá as regras aqui.
– Dante... – O nome saiu como um sussurro aveludado pelos lábios dela.
Um arrepio percorreu o corpo do príncipe. Merda! Ela fazia seu sangue
arder, o tirava completamente do sério. Não podia ceder a ela, não ali. Se
alguém passasse os veria. Mas porque seu pênis doía de desejo?
– Natasha... – Ele quase suplicou.
A mão que segurava o pulso dela tremia. As pupilas estavam dilatadas
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pela excitação. Praguejou baixinho e seus lábios quase nem se moveram. A


mão de Natasha se enfiando por debaixo de sua camisa acendeu o fogo.
Dante agarrou com a mão direita o cabelo negro dela e puxou com força,
empurrando-a contra a parede.
Natasha sentiu suas costas arderem com o calor da parede, mas não se
preocupou, logo as queimaduras sumiriam. Valia a pena. A súcubo envolveu
a cintura dele com as pernas e o pescoço com os braços.
Com a mão ainda firme no cabelo dela, Dante apoiou a outra na parede.
Mordeu o lábio inferior de Natasha até fazer sangrar. Revirou os olhos. Ela o
deixava louco. Enfiou a língua dentro da boca dela e a beijou com fome.
Queria aplacar o incêndio que ela havia começado nele.
– Ah, isso! – Ela gemeu ao subir com a mão direita e puxar o cabelo dele.
Que homem! Queria gritar, xingar, dizer a todos os mortos e vivos o
quanto era maravilhoso estar naqueles braços fortes. Mas a língua de Dante
dentro da sua boca a impediu. O tesão era tanto que ela acabou se esquecendo
da parede quente onde seu corpo estava apoiado. Lambeu os lábios dele,
arranhou os ombros largos e os braços fortes.
Dante afastou um pouco seus corpos para que ela pudesse deslizar as mãos
e abrir o zíper de sua calça. O coração do príncipe pulsava descompassado. A
adrenalina de serem pegos corria por suas veias, ainda que nenhum demônio
fosse o recriminar, a situação ainda o deixaria envergonhado. Aquele não era
o lugar mais apropriado ou confortável para fazerem sexo. Ainda assim, ali
estava ele, preso na teia de sedução que Natasha sabia tecer como ninguém.
A súcubo puxou seu pênis para fora dá calça e ele mordeu os lábios para
conter o gemido. Mas ela continuou se esfregando nele, provocando. Sem
cerimônia, enfiou uma das mãos entre as pernas dela, puxou a calcinha para o
lado e a penetrou. Se perderiam em preliminares outra hora, aquele não era o
local para irem com calma, ou mesmo para amá-la devagar.
Estocou com força, entrado todo e Natasha gemeu cravando as unhas em
seus ombros. Ela não estava tão loucamente molhada como na noite anterior
em que havia caprichado nos estímulos, mas o pouco mais de atrito o
permitiu sentir cada pedaço do interior dela à medida que puxava para fora e
entrava de novo.
Seus movimentos com força, com mais fome do que delicadeza a faziam
bater contra a parede a cada estocada. O som do corpo contra a parede quente
abafava um pouco o som das investidas para dentro dela.
Natasha amou a forma como ele a devorava. Ficou claro como Dante se
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deixou governar por seus instintos mais animais, e permitiu que seu corpo
fosse guiado apenas por seu desejo. A súcubo gostava de como ele era gentil
e cuidadoso, mas em alguns momentos como aquele o quanto menos ele se
contivesse melhor... Gemeu ao senti-lo escorregar para fora depois entrar
com toda a força.
Com uma mão na parede e a outra firme na bunda dela, Dante foi feroz.
Mordeu com força o lábio superior dela, depois lambeu o pouco de sangue
que escorreu. Naquela altura estava pouco se lixando se alguém os pegasse
no meio do corredor, ficariam ali até se darem por satisfeitos.
– Quando estiver quase lá me deixa chupar você. – Em meio a gemidos,
Natasha sussurrou ao pé do ouvido dele.
O suor, causado pelo ato e pelo local onde estavam, molhava as roupas de
ambos. Dante se sentia cada vez mais próximo da perdição, mas era o
precipício mais tentador que já caíra.
Depois de mais algumas estocadas ele a desceu do colo e a ajoelhou diante
de si. Com a mão direta segurou com força o cabelo negro enquanto a
observava envolver seu pênis com os lábios com o olhar mais sexy do
mundo Natasha lambeu o pênis e Dante respirou fundo, precisava aguentar
um pouco mais, apenas para desfrutar daquela visão.
As unhas finas pressionaram o interior de suas coxas ainda protegidas pela
calça. Os lábios provocantes, travessos, irresistíveis, começaram a se mover,
a princípio devagar, para depois tomarem um ritmo alucinante. O príncipe
apoiou a mão livre na parede e fechou os olhos. Precisava de uma distração,
pois olhar para ela só o deixava ainda mais excitado.
Foi impossível se conter. Quando a língua macia e quente acompanhou os
lábios, Dante se desfez dentro da boca dela. Acariciou o cabelo negro dela
enquanto os lábios da súcubo ainda o acolhiam. O brilho nos olhos azuis de
Natasha o fez perceber que ela estava bem à vontade com a situação.
A súcubo se levantou passando a língua nos lábios. Havia aprendido seus
truques para não sentir o gosto, mas fez questão de sentir o de Dante. Não
sabia se como o restante de seu corpo se sentia em relação a ele, influenciava
em algo, mas, sem dúvidas, fora o melhor que já havia provado.
Com os olhos brilhando ela deu um selinho nele, para em seguida
intensificar o beijo. Sugou a energia dele, embriagando-se em tamanha força.
As queimaduras que se acumularam em suas costas se curaram
instantaneamente.
– Sua vez. – Dante a empurrou outra vez contra a parede, para em seguida
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ajoelhando-se e enfiou a cabeça entre as pernas dela.


– O que vão pensar se virem seu príncipe ajoelhado no chão? – Um pouco
receosa, Natasha acariciou o cabelo dele.
– Vão saber que eu me preocupo em servir a mulher que amo.
Natasha se derreteu e conteve o gritinho histérico ao ouvi-lo dizer de
forma tão natural que a amava e que se preocupava com o seu prazer.
Dante lambeu o clitóris dela devagar, enquanto com a mão firme deslizava
até a cintura a barra do vestido fino de seda.
Natasha sentiu um arrepio percorrer seu corpo mesmo em meio a todo
aquele calor e um leve formigamento por onde os dedos dele passaram.
Gemeu e bateu a cabeça contra a parede. Levou a mão direta ao cabelo dele
quando o sentiu fechar os lábios ao redor de seu clitóris. Ele chupou devagar,
lambeu e Natasha já estava ofegando. Acariciou o cabelo macio. Gemeu
alucinada a cada carícia dele. Ele soprou um ar refrescante, as pernas dela
ficaram ainda mais bambas. Natasha mordeu os lábios, suprimiu um gemido
que teria ecoado por todo o castelo. A língua muito hábil dele a enlouqueceu
e quando Dante a penetrou com um dedo, Natasha se esvaiu. Ofegante,
trêmula, ela foi amparada pelos braços firmes de Dante em meio ao orgasmo.
– Eu te amo. – Ela sussurrou ao se afastar acariciando o rosto dele.
– Eu também a amo.
Alguém tossiu e pigarreou.
– Azor. – Dante se virou para ele sem graça, ajeitando a roupa.
– Desculpe por interromper.
– Não tudo bem, já tínhamos terminado.
– Eu também.
Com um sorriso amarelo, Azor estendeu a Dante um pequeno punhal.
Os olhos azuis de Natasha brilharam.
– É lindo!
O príncipe a entregou. Ela o girou entre os dedos. A lâmina era fina e o
punhal tão leve. O brilho prateado do mental cintilava sob a pouca luz. Havia
umas pedras delicadas cravadas ao punho dando ao objeto um toque ainda
mais feminino.
– Fico feliz que tenha gostado. – Azor sorriu. – Tomei a liberdade de
colocar nela um fio de seu cabelo que deixou cair na forja. Dessa forma a
arma se tornará parte do seu corpo assim como a espada de Mammon.
Natasha arqueou as sobrancelhas e encarou Dante sem entender.
– Me deixe te mostrar.
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Dante pegou a espada das mãos dela e Aproximou-se da coxa nua. Assim
que a arma tocou a pele, começou a entrar como se fizesse parte dela.
Os olhos azuis-esbranquiçados se arregalaram ainda mais. Ela balançou,
mexeu a perna. Não sentiu nada de estranho, nada incomodava.
– Ela se fundiu a minha pele?
– Basicamente.
– Como tiro?
Dante levou a mão dela até a coxa e a ajudou a puxar com a unha. Não
doeu. Foi simples de remover, como se estivesse sido colada com velcro.
– Obrigada, Azor.
– Foi um prazer, senhora.
– Vamos voltar? – Dante segurou as mãos dela.
– Para o frio?
– Para os vivos.
Natasha assentiu com um balançar de cabeça. Ainda encantada com a sua
nova arma mortal, seguiu o príncipe pelo caminho de volta ao castelo. A
medida que andavam, sentia a cada passo o ar quente das forjas dar lugar ao
frio congelante. Retornaram pela escada em caracol e logo estavam no hall.
Samael e Lilith estavam de pé próximos a escada. Com a mão delicada
sobre o ombro do marido, Lilith sorriu ao ver o filho e a nora entrarem no
cômodo.
– Já estão indo, não é?
Sentiu uma facada no peito ao fazer aquela pergunta, no entanto manteve
o sorriso. Não queria provocar o filho, odiaria estragar o momento em que ele
e o pai pareciam finalmente terem se acertado após a partida de Mammon.
Por mais que a linda súcubo pudesse ficar ali com eles no inferno, sabia que o
lugar dele era na terra. Pela forma como Mammon a olhava, o lugar dele seria
sempre ao lado dela.
– Viemos apenas buscar a arma para Natasha, mãe.
– Eu sei. De qualquer forma fico muito feliz que tenham vindo. – Ela
alargou ainda mais o sorriso. – Quem sabe eu não apareça lá em cima para
dar um oi em algum momento, e vocês fiquem à vontade para voltar.
– Foi um prazer conhecê-la, Lilith, e a você, Samael. – Natasha ainda
estava acanhada com a presença imponente do rei do inferno.
Samael não se conteve, envolveu-a em um abraço apertado. Natasha se
sentiu sem ar em meio a força esmagadora. Mas nada disse, apenas se
esforçou para retribuir ao abraço da forma desajeitada que pode. Foi
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inevitável não respirar aliviada quando ele se afastou o bastante para olhá-la.
– O prazer foi meu, querida. Espero voltar a vê-la em breve.
Natasha apenas sorriu.
– Filho...
Samael e Dante trocaram olhares até que se abraçaram.
– Não importa quantos anjos mate lá em cima, não deixem que eles o
machuquem, nem a ela. – Samael sussurrou ao pé do ouvido do filho.
– Fique tranquilo, pai. Vamos ficar seguros.
Após o fim da despedida calorosa, Dante e Natasha tomaram o caminho
de volta, para a vida entre os vivos.

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Capítulo 19

O celular vibrou sobre a mesa. Dante desviou o olhar do relatório


burocrático à sua frente e puxou o aparelho.
Vou ver você hoje?
A simples mensagem recebida no celular fez um enorme sorriso surgir nos
lábios do detetive.
Ele desbloqueou o aparelho e respondeu.
Claro. Estou super disposto a fazer parte da noite romântica que você
queria tanto ter.
Ansiosa. Eu te amo.
Eu também a amo. Pego você depois do trabalho.
Em meio a um suspiro, ele devolveu o aparelho ao bolso.
– Andou sumido, branquelo.
Dante fitou com o canto de olho o policial que havia se escorado na mesa
ao lado da sua. Bebericando o café em suas mãos, o sujeito não escondia sua
curiosidade.
– Nunca tirei férias antes, então pedi alguns dias para resolver uns
problemas pessoais. – disse Dante de forma natural ao voltar para o seu
relatório burocrático.
– Viajou com aquela mina gostosa?
Dante respirou fundo e lançou ao homem um sutil olhar de fúria.
– Um pouco mais de respeito com a minha namorada, por favor. – Ele foi
frio e ríspido, disfarçando o ciúme que fervia em suas veias.
– Relaxa, cara. Só estava fazendo um comentário. Como você deixa ela
usar roupas tão curtas?
Dante se levantou. Desligou a tela do computador e foi ao banheiro.
Ouvindo o outro policial reclamar de sua falta de educação.
Natasha era uma súcubo. Ela era bissexual, louca e impulsiva. Mas não
conseguia conter os ciúmes, por mais que se esforçasse ao máximo para não
demonstrar isso diante dela. Entretanto, desde que ela mantivesse o
compromisso de não matar, não exigiria nenhuma outra mudança. Havia se
apaixonado por todo aquele jeito louco.
Com a onda de ciúmes se dissipando, Dante lavou as mãos na pia do
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banheiro e passou o resto da água gelada nos cabelos loiros, penteando-os


para trás. Amá-la e lidar com o desejo de querê-la apenas para si eram
sentimentos novos que estava aprendendo a controlar.
– Então é isso, está mesmo namorando com ela agora?
De braços cruzados, Stela se apoiou na parede ao lado da pia.
– Estou. Por que isso a incomoda?
– Sim. Significa que não vou ter chances.
– Sinto muito.
Dante abriu um leve sorriso. Foi mais fácil lidar com os ciúmes daquela
vez.
Stela torceu os lábios e deu de ombros. Era uma pena, mas se sentia feliz
por ele. Mesmo conhecendo-o pouco e não fazendo ideia de que tipo de
criatura ele era.
Ao suspirar deixou o banheiro masculino antes que algum outro policial a
visse.

Natasha girou na cama antes de olhar para a irmã.


– Nunca pensei que diria isso, menos ainda que fosse verdade. Estou
namorando, sendo monogâmica e amando isso.
Isabel levou a mão aos lábios e conteve um risinho.
– Aron sim , mas você?
– Não é incrível? Ele é incrível!
Os olhos azuis, emoldurados por longos e grossos cílios negros,
brilhavam.
Isabel sentou na cama ao lado da irmã e jogou uma mecha do cabelo loiro
para trás. Era bom e ao mesmo tempo tão estranho ver Natasha daquele jeito,
sorrindo e apaixonada. Que o cara era lindo não lhe restava dúvidas, mas
haveria algo além ao ponto de fazer a irmã abrir mão de todos os outros
homens e mulheres que podia ter?
A loira suspirou. O amor era uma coisa engraçada que ela não entendia,
pois ninguém despertou tal sentimento nela. Jogou os cabelos para trás e
decidiu mudar de assunto.
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– Ainda não me disse como foi conhecer o inferno?


– Assustador.
Os olhos de Natasha se encolheram um pouco após um calafrio.
– E os pais dele? O diabo é tão assustador quanto o resto do lugar?
– À primeira vista, sim. Mas ele é só um pai e acho que gostou de mim.
– Isso é bom.
Isabel enrolou no dedo indicador uma mecha do cabelo.
– Sim! Lá só é frio para caramba.
– Frio? – Isabel arqueou as sobrancelhas.
– Tipo o castelo da rainha de gelo. Quanto mais você desce um ciclo do
inferno mais frio fica.
Natasha girou na cama de novo. De bruços, balançava os pés no ar.
Suspirou outra vez. Dante...
– Na cama pelo visto...
– Na cama, no carro, no corredor. Isa, em qualquer lugar! Alimentar-me
dele é como drenar até a última gota dois humanos e ele parece nem ao
menos sentir. Além disso, ele tem uma língua... Ai que língua.
– Estou tão feliz por você, irmã. – Isabel acariciou o rosto de Natasha e se
levantou. – Mas eu não tenho um super namorado com estoque ilimitado de
energia e estou faminta, então vou dar uma volta. Nos vemos depois.
Natasha se despediu com um singelo tchau e se esparramou na cama.
Pegou o celular sobre o criado mudo e escreveu uma mensagem: Pensando e
você. Ansiosa.
A resposta não demorou.
Daqui a uma hora eu estou aí.
Levantou-se, foi até o closet e escolheu o mais bonito e provocante vestido
que tinha. Tomou um banho rápido. Colocou uma lingerie preta com a cinta
liga presa a uma meia três quartos. Passou o melhor perfume e o batom mais
vermelho.
Aquela noite não sairia para a caça, queria ser a presa. Esperava que ele a
devorasse com o olhar a cada minuto que passassem juntos.
Ajeitou o decote do vestido que vinha em V até o umbigo expondo o
contorno entre seios de maneira provocante. Em seguida, desceu para a sala.
Aron estava debruçado sobre o sofá, com a cabeça entre as pernas de
Dária. Essa revirava os olhos e cravava as unhas no encosto. Não havia muita
luz, mas foi o bastante para que Natasha os visse.
A vampira se encolheu envergonhada ao notar a presença da súcubo. Mas
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o íncubo não parou o que estava fazendo.


– Já estou de saída. – Natasha passou rindo e desceu a escada que levava
até o santuário.
Talvez antes tivesse ficado incomodada por ver o irmão e a cunhada
transando no meio da sala, mas agora parecia entendê-los tão bem. Não havia
hora, muito menos lugar, apenas o desejo.
– Vai matar alguém do coração hoje? – O barman a chamou do balcão
após olhá-la bem, da cabeça aos pés.
Natasha puxou uma banqueta e sentou-se à frente dele. Ao cruzar as
pernas apertadas na saia curta do vestido, pode sentir os olhares dos
frequentadores do local pesando sobre ela.
– Creio que o cara para quem eu me preparei não tem problemas de
coração.
– Então felizardo ele. – O barman ofereceu um drink que ela recusou.
Natasha ficou batendo as unhas contra o balcão e quando estava prestes a
subir para pegar o telefone, que não cabia no vestido, sentiu lábios quentes e
molhados beijarem a pele exposta do seu ombro esquerdo. Ela se encolheu
com o delicioso arrepio.
– Dante!
O sorriso da súcubo não se conteve nos lábios.
– Disse que estava ansiosa, bem aqui estou eu.
Natasha não disse nada, apenas atirou-se em seus braços. Foram algumas
horas longe dele, um pouco mais de um dia talvez. Mas por que em seu
coração parecia uma eternidade?
Dante a fitou de cima abaixo, do batom vermelho ao salto alto. Ela estava
um vestido provocante que o fez respirar fundo.
– Isso tudo para mim?
– Para quem mais seria?
Ele apoiou as mãos sobre a cintura dela e aproximou os lábios da orelha.
– Assim não aguento o trajeto de carro até o restaurante.
– Eu me comportarei até lá. – Ao dar de ombros ela se fez de santa.
– Vestida assim, quem precisará se comportar serei eu.
Dante respirou fundo. Olhando por cima a curva dos seios dela.
– Vamos? – Natasha se afastou e estendeu a mão.
Dante assentiu e a guiou até a rua, no local onde havia deixado o carro. A
cada passo ele tinha a impressão que o vestido tão frágil rasgaria e aquela era
a ideia mais excitante que passou por sua mente. Sentiu que a mão que
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segurava a dela suava frio.


Agradeceu por terem chegado ao carro e ele ter assumido o banco do
motorista.
– Não gostou do vestido? – Natasha olhou para o retrovisor enquanto
colocava o cinto.
– Gostei tanto que quero arrancá-lo. – Dante olhou para frente ao ligar o
carro. – Você é mesmo a minha perdição.
Natasha deu um risinho e concentrou-se em não provocar mais do que o
necessário. Queria o jantar, as velas, o vinho e tudo que tinha direito para ir
além dos relacionamentos vazios que tinham.
Alguns minutos depois, Dante parou o carro em frente a um restaurante
que sempre vira, mas nunca tivera interesse de entrar. Entretanto parecia o
lugar perfeito para levá-la.
Saiu do carro. Abriu a porta para ela e a beijou brevemente. Já havia se
recuperado do impacto causado pelo vestido e conseguia olhá-la sem ficar
duro. Mais ainda o rasgaria, ah rasgaria sim!
O maître os levou até a mesa. Dante puxou a cadeira para que ela sentasse,
pediu o melhor vinho e foi o mais príncipe que sabia ser. Os olhos dela
brilhando a cada atitude o deixou ainda mais feliz.
Natasha empurrou as taças sobre a mesa para o lado e segurou as mãos
dele.
– Ainda não acredito que você existe.
Dante levou uma das mãos até o rosto dela e acariciou a pele macia com
as pontas dos dedos.
– Bom, estou pela Terra há tempo.
– Gostaria de ter te conhecido antes.
– O importante é o agora. – Ele se curvou sobre a mesa e deu um rápido
selinho nos lábios dela. – Não me imaginava dormindo com alguém que
deveria prender.
– Não? – Ela levou uma das mãos debaixo da mesa e acariciou a coxa
dele.
– Não. Mas não significa que não seja maravilhoso.
Dante pegou a mão dela e trouxe para mais perto de sua virilha. Natasha
sorriu e percorreu com os dedos o membro dele sob a calça.
– Quero sair logo daqui.
– Achei que quisesse muito jantar.
– Tem outras coisas que quero mais.
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Natasha passou a língua pelos lábios de um jeito muito sexy.


Dante desviou o olhar para a mesa de um casal ao lado. Precisou parar de
encarar Natasha. A visão de cima do enorme decote e as poses que ela fazia
eram uma tentação maior do que ele conseguia suportar.
– Vamos comer, depois você decide para onde vamos.
– Tá bem. – Natasha voltou com as mãos para cima da mesa e sorriu
delicadamente.
O garçom logo trouxe os pedidos e serviu os dois. Dante comeu enquanto
a observava. Havia suavidade e doçura por debaixo de toda a inconsequência.
Ela era um demônio como ele, conhecia todos os seus segredos, e nunca
esteve tão feliz ao lado de alguém.
– No que está pensando?
Natasha cruzou os talheres sobre o prato e se curvou para acariciar o
contorno do rosto dele.
– Em você.
O sorriso no rosto dela aumentou ainda mais.
Dante pediu a conta, pagou e se levantou estendendo a mão para ela.
– Vamos?
Natasha ficou de pé num pulo.
Logo estavam na rua entrando no carro.
– Para onde vai me levar agora? – perguntou a súcubo ao fechar a porta.
– Para onde quer ir?
– Para a sua casa.
– Achei que preferisse um motel ou algo do tipo. – Ele girou o volante
para entrar em uma rua lateral.
– Não tem nada melhor do que a sua cama.
Dante riu.
– Como quiser.
Enquanto ele dirigia, Natasha deslizou uma das mãos pela coxa de Dante e
começou a acariciar devagar. Mesmo que as ruas por onde passavam
estivessem bem iluminadas por faróis e postes, daquele ângulo, precisariam
se aproximar bem da janela para verem algo. Sem recriminação alguma por
parte dele, Natasha continuou, subindo a mão cada vez mais na parte interna
da coxa, até poder passar os dedos pelo zíper da calça. Brincou com o fecho
até tomar coragem para abri-lo.
Dante não protestou, apenas soltou um gemido quando os finos dedos dela
se enfiaram dentro de sua cueca e puxaram o pênis para fora.
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– O que vai fazer? – Ele tentou manter sua atenção no volante.


– Calma, ninguém vai me ver.
Pelo retrovisor do meio Dante a viu jogar os compridos cabelos escuros
para trás e curvar-se em sua direção.
Com a boca salivando, Natasha passou a língua pelos lábios. Envolveu o
pênis rígido com as mãos e lambeu de leve.
Dante remexeu no banco. Aquela era uma provocação deliciosa.
– Sabia que podemos ir presos por atentado ao pudor?
Ele apertou o volante e mordeu os lábios quando a língua quente e
molhada lambeu toda a extensão do seu membro.
– Para ter você na minha boca vale a pena um dia na cadeia.
Natasha soltou um risinho.
Em alguma parte da mente de Dante ele sabia que deveria pedir que ela
parasse. Sabia que dirigir enquanto recebia um sexo oral era uma péssima
ideia. Entretanto, foi inevitável não ser tão imprudente quanto ela.
Tirou uma mão do volante e acariciou o cabelo negro, incentivando-a a
continuar.
Depois de mais algumas lambidas, Natasha o acolheu em sua boca. Ele
tinha um gosto tão bom. O membro grosso em sua boca provocava nela uma
excitação além do normal. A cada vez que deslizava os lábios por ele, sentia
uma queimação cada vez mais aguda entre as suas pernas.
A deliciosa sorvida fez Dante cravar as unhas no volante. Ofegou e
respirou fundo enquanto se esforçava para manter a atenção na rua, mas a
forma como Natasha o chupava não contribuía nem um pouco. Controle-se
homem! Porém era difícil demais, delicioso demais.
A língua dela, a boca, os lábios se moviam cada vez mais rápido assim
como pulsava o seu coração. As pernas de Dante tremiam, assim como suas
mãos. Dirigir nunca fora uma tarefa tão difícil.
Com mão delicada segurando o membro a outra cravando as unhas em sua
coxa ao ponto delas se cravaram na pele por debaixo do tecido, Natasha
saboreava o gosto do prazer. O jantar estava esplêndido, mas aquela
sobremesa...
– Maldita!
Dante estava perdendo o fôlego. Os lábios cada vez mais velozes, mais
molhados. A boca que capturava o pouco líquido que saía pela fenda na
glande. Aquele ritmo e a pressão logo o levariam ao orgasmo que tanto
parecia necessitar.
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Ele parou o carro diante do portão da garagem, acionou o controle que


parecia não funcionar. Dante se levantaria para ver o que era... Daqui a
pouco. Ah, daqui a pouco.
Sabia muito bem que sua racionalidade não funcionava direto quando
estava com ela. De jeito nenhum quando estavam daquele jeito.
Ah... Ele gemeu jogando a cabeça para trás, apoiando-se no banco.
– Nat, eu vou...
– Não tem problema.
Ela voltou a chupá-lo com ainda mais intensidade, aumentando o ritmo. A
mão livre percorria a coxa, excitava, provocava.
Dante sentiu a borracha do volante entrar sob suas unhas quando o apertou
com ainda mais força. O gemido dessa vez foi alto demais, ecoou demais.
Seus músculos ficaram tensos e ele se contraiu.
Natasha provou do orgasmo dele enquanto continuava a estimulá-lo. O
lambeu todo, engoliu. Satisfeita, ergueu o corpo passando os dedos pelos
lábios.
– Você me enlouquece. – Ele enfiou os dedos nos cabelos negros e a
puxou para perto, mordeu os lábios e a beijou com fome.
– Desce do carro!
O grito foi seguido de batidas frenéticas no vidro do carro no lado do
motorista.
Natasha pulou de susto e Dante arregalou os olhos ficando alarmado.
– Anjo? – Natasha perguntou baixinho.
– Não. Eles são mais furtivos e mortais.
– DESCE LOGO, POLÍCIA !
– Merda.
– O que eles são, Dante? – Natasha estava desesperada.
– Humanos, bandidos.
– Larga logo essa prostituta e desce.
– Prostituta é a sua mãe!
– NATASHA, NÃO!
A porta do carro se abriu.
O som de um tiro rasgou o silêncio da noite.
Uma névoa de raiva tomou conta dos olhos de Dante, quando um grito
agudo de dor o fez sair do carro. Com os dentes cerrados, observou os
homens parados em um semicírculo ao redor do carro.
Não podia ver Natasha, mas sentia o cheiro do sangue. Era tanto sangue.
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– Você prendeu nosso chefe e agora vai pagar com a vida. – disse um
homem troncudo que segurava na mão direta uma metralhadora e na esquerda
um revólver que ainda soltava uma leve fumaça pelo tiro recém-disparado. O
rosto dele era redondo e com alguns traços infantis. Ele não se deu o trabalho
de se cobrir com uma máscara como o restante dos comparsas.
– Você acabou de ferir a minha garota. Vamos ver quem pagará alguma
coisa aqui. – Dante rosnou entre dentes ao tirar as mãos dos bolsos e se
afastar do carro.
Os homens caíram na gargalhada. Ele poderia até ser um policial, mas um
homem sozinho e desarmado não tinha chances contra eles.
Dante coçou a cabeça ao olhar para o meio fio do outro lado da rua. Eram
só humanos, deveria levá-los a justiça dos vivos, mas eles haviam machucado
a Natasha; imploraram para ser mandados mais cedo para uma audiência com
o diabo.
– Até que era gatinha a sua puta, sinto muito. – Gargalhou o que parecia
ser o líder. – Mas logo você estará com ela no inferno.
– Estávamos lá há pouco tempo, mas temo que a sua estadia não será tão
boa quanto a nossa.
Dante andou na direção do sujeito, que surpreso pela ousadia sacou a
metralhadora e apertou o gatilho. Dezenas de disparos foram feitos, todos
deveriam ao atingir tórax de Dante. Entretanto, ele continuou andando de
maneira calma, enquanto as balas furavam a sua camisa, mas ricocheteavam
ao tocaram a sua pele. Armas celestiais eram as únicas que o feriam e os
estúpidos humanos não sabiam disso.
O queixo dos homens foi ao chão a medida em que os cartuchos das balas
se acumulavam no asfalto. Como? Era para aquele maldito estar morto no
primeiro tiro.
Dante chegou próximo o bastante para tocar o cano da arma, o qual ele
amassou e torceu. Os olhos castanhos do homem que a segurava se
arregalaram ainda mais. Como aquele merda não estava morto?
– Seus filhos da puta! Não sabem como tratar uma dama. – O quase berro
de Natasha ecoou por toda a rua. Se os tiros não haviam chamado a atenção
dos vizinhos, aquele grito com certeza o fez.
Ao passar as mãos pelos cabelos negros, ela olhou para o pequeno buraco
entre seus seios que ia se fechando aos poucos. Malditos, haviam acabado de
estragar a sua noite romântica.
Os homens deram vários passos para trás. Que merda era aquela? Não
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poderiam estar vivos. NÃO!


Um deles tropeçou no meio fio atrás de si. Caiu de bunda. Desesperado,
fez o que pôde para se afastar. Arranhou as palmas das mãos na calçada,
numa tentativa frenética de puxar o próprio corpo para trás. Os olhos do
policial se tornaram vermelhos, e o que o bandido viu ali o assombrou mais
do que qualquer pesadelo.
– Que Deus tenha misericórdia da minha alma. – disse o líder ao fazer um
sinal da cruz.
– Ele não terá. – Dante o agarrou pelo pescoço e ergueu uns bons
centímetros acima do solo.
– Já o meu pai o aguarda com uma calorosa recepção.
As unhas grossas, cumpridas e pontiagudas que surgiram na mão de Dante
foram apertando o pescoço do homem com cada vez mais força. A vida se
esvaiu em instantes e num golpe de misericórdia aos olhos sufocados e
temerosos, Dante sacou sua espada e partiu o homem ao meio, e o poder
demoníaco contido nela reduziu o sujeito a cinzas que voaram com a brisa da
noite.
O que estava com menos choque em relação aos outros tentou fugir.
Buscou forças não sabe de onde e correu o máximo que pode. No entanto,
depois de alguns poucos metros, uma lâmina fina o apunhalou pelas costas,
passando pelas costelas e lhe atingindo o coração. Não houve tempo para dor
ou gritos; ele simplesmente se desfez em cinzas.
Natasha recolheu suas asas membranosas e se virou para Dante que já
havia dado cabo do restante deles.
– Que legal, nem precisamos esconder os corpos. – Natasha buscou
desconversar. Dante exibia um olhar de seriedade e raiva nos olhos verdes,
mesmo sob as luzes amarelas dos postes da rua.
– Espadas como essas destroem primeiro o corpo físico para depois atingir
o espiritual.
Dante foi até ela e a tomou nos braços com ternura e depois a beijou
brevemente.
– Ainda bem que você está bem. – Ele respirou aliviado ao afagar o cabelo
negro.
– Eram apenas humanos.
Natasha deu de ombros.
Dante acariciou de leve o rosto dela e a beijou na testa.
Com o canto de olho viu alguns buracos de bala na lataria do carro.
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Precisaria passar num mecânico, mas pensaria nisso depois.


– Eles acabaram com a nossa noite romântica. – Emburrada, Natasha
torceu os lábios.
– A noite ainda não acabou. – Sorrindo, Dante colocou uma mecha do
cabelo negro atrás da orelha delicada. – Além disso você precisa de mim para
curar isso aqui. – Ele passou a ponta do dedo de leve pelo ferimento.
– Vou guardar o carro. Me espera lá em cima. – Ele tirou chave do bolso e
entregou a ela.
– Essa é minha?
– Não. – Ele riu. – Mas posso fazer uma para você se quiser. Mas morar
juntos não seria um passo rápido demais?
– Sim. Não quero morar aqui, gosto dos meus irmãos. Só virei de vez em
quando.
– Então sobe. – Ele deu uma palmada na bunda dela fazendo a saia
ligeiramente suja balançar.
Natasha sorriu para ele e caminhou apressadamente até a portaria. O
porteiro estava de olhos arregalados, quis perguntar o motivo dos tiros, mas
engoliu a pergunta. A moça parecia bem e o policial era reservado demais
para fazer comentários. Mas respirava aliviado pelos tiros não terem acertado
a portaria e se aquilo continuasse a acontecer teria que pedir para que o cara
se mudasse.
Dante respirou fundo ao passar a mão direita pelos cabelos loiros,
penteando-os para trás. Ah, eram só humanos, mas ainda assim tinha o
coração acelerado por Natasha ter sido pega no fogo cruzado.
Abriu a porta do carro, sentou-se no banco do motorista e girou a chave.
Olhou de relance para os furos de bala na porta. Bom, talvez o mecânico
tivesse bastante trabalho.
Guardou o carro e subiu pelas escadas. Conseguiu esboçar um sorriso ao
se lembrar de que ela estava bem. Nunca se importou tanto quanto naquele
momento. Natasha era tão igual a ele, outro demônio, outro imortal. Mas ao
mesmo tempo ela era tão diferente, tão impulsiva e mais frágil.
Girou a maçaneta da porta, estava trancada. Suspirou.
– Natasha, vai me deixar aqui do lado de fora?
– Já vou abrir. – Ela gritou lá de dentro.
– Talvez tenha sido uma péssima ideia dar a você a chave. – Dante apoiou
a cabeça na porta de madeira escura.
– Pronto. – Com um enorme sorriso nos lábios, ela abriu a porta.
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Dante viu algumas velas espalhadas pela sala. As pequenas chamas


amarelas e tremulantes eram a única iluminação do ambiente.
– Onde arrumou isso? – Ele a envolveu pela cintura.
– Estavam na caixa que a sua mãe nos deu. Não queria que aqueles caras
estragassem a nossa noite romântica.
Dante se curvou e beijou-a no pescoço. Natasha se encolheu com o
delicioso arrepio que lhe varreu o corpo, deslizou os dedos delicados até a
base da cintura dele e começou a puxar a camisa repleta de buracos de bala.
Jogou-a no chão. Em meio a beijos calorosos, Dante a tomou nos braços e
caminhou até o quarto.
As velas estavam ali também, sobre a cabeceira, o parapeito da janela e a
cômoda.
– Não conhecia esse seu lado. – Ele a deitou sobre a cama macia.
– Nem eu. Você me faz diferente. – Ela acariciou com a costas das mãos o
rosto dele.
Dante mordeu o lábio inferior de Natasha antes de invadir a boca macia
com a língua. Acomodou seu corpo entre as pernas distanciadas. O sabor do
beijo atiçou o fogo que queimava incessantemente por aquela súcubo.
Lambeu o lábio inferior, enquanto deslizava a mão quente e firme pela coxa,
subindo a saia até a altura da cintura. Sorriu contra os lábios macios ao ver
que não havia nenhuma calcinha ali só a pele nua.
– Não vamos usar os brinquedinhos?
– Você quer? – Ele sussurrou ao pé do ouvido de Natasha, fazendo-a se
contorcer de baixo de si.
Ela balançou a cabeça positivamente.
Sem sair de cima dela, Dante estendeu a mão e tateou a cômoda até
esbarrar na caixa. Enfiou a mão dentro dela e vasculhou em busca de algo.
– O que é isso? – Girou entre os dedos um pequeno anel de borracha.
– Não sabe? – Natasha riu.
O príncipe arqueou as sobrancelhas e a olhou como se não fosse tão óbvio.
– Você coloca no seu pênis e essa parte vibra no meu clitóris. – Ela
apontou para um pequeno vibrador numa extremidade.
– É bom?
– Muito. – Ela tomou das mãos dele. – Mas você vai colocá-lo depois,
porque hoje é meu dia de brincar com você.
– Vai aprontar comigo?
– Hum-Hum. – Ela o girou na cama ficando por cima. Depois, lambeu o
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pescoço dele fazendo-o se contorcer.


Sentada sobre os quadris de Dante, Natasha procurou as algemas pegou os
pulsos e os prendeu junto à cabeceira de madeira da cama. O príncipe mordeu
os lábios de um jeito muito sexy que fez Natasha querer beijá-los ainda mais.
Ele era lindo, lindo demais.
Com o desejo já ardendo entre suas pernas, Natasha se conteve. Ainda
tinham a noite toda pela frente.
– Odeio ficar amarrado sabia? – Dante se debateu checando que os braços
estavam mesmo presos.
– Sei que pode facilmente quebrar essas algemas. Mas vai ficar quietinho
ai.
– Vou? – Ele sorriu malicioso.
– Vai...
Natasha jogou os cabelos negros para trás e tirou o próprio vestido. As
exuberantes curvas da silhueta feminina se destacaram sob a luz das velas.
Dante praguejou, resmungando baixinho. Odiou não poder tocá-la. Remexeu
a ponto de se esfregar na vagina úmida. Seu sangue começou a ferver nas
veias e se conteve para não arrancar as algemas e finalmente poder acariciá-
la. Natasha exigia dele muito de seu autocontrole. Respirou fundo, mas a
fragrância exótica e arrematadora que a pele exalava não o ajudou nem um
pouco.
Natasha pegou uma das velas sobre a cabeceira da cama. Com a chama
iluminou o rosto másculo do homem debaixo de si. Ele era tão belo que por si
só já era um pecado. Os olhos verdes brilhavam com o desejo que os dois
conheciam tão bem. A medida que se remexia sobre os quadris de Dante o
via perder o controle.
– Vai me torturar? – A voz sexy dele ecoou por todo o cômodo.
– Lembra do gelo? – Natasha inclinou a vela e deixou que uma gota da
parafina caísse sobre o peito.
Dante cerrou os dentes e soltou um leve gemido. Sentiu um leve ardor na
região em que a substancia quente caiu. A princípio não viu nada demais
naquela ideia da súcubo, mas a leve dor foi deliciosa e o deixou ainda mais
excitado.
Natasha passou a língua pelos lábios vermelhos e deixou que outra gota
caísse sobre o peito de Dante. Afoita, colocou a vela de volta na cabeceira e
se ajeitou sobre o corpo dele. Soltou um gemido ao roçar sua vagina pulsante
no pênis rígido. Estava tão grande embaixo dela. Ela soltou um gritinho,
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estremecendo involuntariamente. Respirou fundo, precisando de toda a sua


determinação para não puxar aquele pênis e sentar fundo nele; e a fricção não
ajudava nem um pouco.
Curvou-se e tocou com as pontas dos dedos a parafina sobre o peito.
Desenhou um coração e sorriu ao vê-lo remexer. Deslizou as mãos até os
ombros largos e começou a massagear devagar.
Dante contorceu os pés em meio ao toque macio, as mãos delicadas, ao
estimulo tão sutil. Fecho os olhos e se concentrou em sentir o corpo dela se
movimentando contra o seu. Arfou levemente quando as mãos deslizaram um
pouco mais, massagearam o peito e o abdômen. Mais parafina caiu, fazendo
cerrar os dentes com o leve ardor. As mãos continuaram a lhe percorrer, cada
vez mais perto de onde ele desejava que elas realmente estivessem.
Entretanto Natasha parecia brincar com ele. Estava na cara o desejo pulsante,
o membro rígido quase não cabia dentro das calças.
– Talvez você seja melhor em tortura do que eu imaginava. – ele
sussurrou.
– Também tenho meus truques. – Ela se curvou e percorreu com a ponta
da língua toda a extensão do pescoço, fazendo-o arfar.
– Sabe que eu vou arrancar essas algemas, não é?
– Estou contando com isso. – Ela deslizou as mãos até a cintura dele
enfiando os dedos quentes dentro da calça, escorregando pela virilha.
Dante sorriu e arrebentou as algemas. Já não aguentava mais.
– Ainda não tinha terminado.
Natasha cruzou os braços mostrando a língua. Dante ergueu o corpo e a
abocanhou, chupando devagar.
– Terminou sim.
Ele a segurou pela cintura e a deitou ao lado na cama. Ergueu os quadris
enquanto abria o zíper e se livrava das próprias calças.
Finalmente nu, Dante deitou sobre ela outra vez. Gemeu ao sentir os seios
macios de Natasha serem exprimidos contra o seu peito. Lambeu o pescoço
dela devagar, sentindo-a se contorcer. Estava afoito, seu lado racional já não
era mais o responsável por suas ações. Subiu os lábios até a boca dela e a
beijou com toda a fome. Deslizou as mãos firmes e precisas pela lateral do
corpo até agarrar com força a bunda branca. Apertou as nádegas, Natasha
estremeceu em baixo dele.
– Vamos... Coloca o anel. – Ela tateou a cama em busca do que procurava
e o entregou a Dante.
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O príncipe foi obrigado a se apoiar com a mão esquerda na cama,


enquanto com a direita deslizava o anel de borracha até a base do seu pênis
rígido. O material o apertou levemente e o fez se sentir ainda mais duro.
Mordeu o lábio inferior para conter o gemido quando ligou a alavanca e
pequeno vibrador acoplado começou a tremer.
Segurou os pulsos dela a cima da cabeça e se colocou entre as pernas. Não
houve hesitação, Dante a penetrou afoito, sentindo-se deslizar para dentro do
corpo quente e úmido.
Natasha gritou quando o vibrador sobre o pênis tocou seu clitóris. Ela não
conteve os palavrões. Como se tê-lo dentro já não fosse o bastante sem
estímulos adicionais.
Dante a beijava na boca capturando alguns gemidos enquanto começava a
se mover devagar. Ele enfiava bem fundo fazendo com que o pequeno
vibrador fosse pressionado ainda mais contra o clitóris dela.
Natasha gritava, gemia, balançava os cabelos, mordia os lábios dele ao
ponto de fazê-los sangrar. Foi sugada pelo turbilhão de sensações, enquanto
seus músculos internos acolhiam e apertavam o membro de Dante e o seu
clitóris era tão bem estimulado. Soltou os pulsos, gritando o nome dele em
meio aos beijos, traçou uma linha com a ponta das unhas dos ombros até às
costas das mãos do príncipe. Um vergão foi deixado no caminho como prova.
Dante se ajoelhou na cama, pegou um dos pés dela e colocou sobre o
ombro, deixando ainda maior o acesso ao corpo da súcubo. Encarou os olhos
azuis que se reviravam nas órbitas em meio ao prazer. Inclinou-se um pouco
para frete e moveu-se enfiando nela tudo o que pode.
Ambos gritaram juntos.
Dante saiu de dentro apenas por uma fração de segundos, mas foi o
suficiente para fazê-la protestar. Natasha só se livrou da expressão rabugenta
quando ele se sentou na beirada da cama e a puxou sentando-a sobre seus
quadris. Ela soltou outro grito quando o brinquedinho mágico voltou a
estimulá-la.
Com as mãos sobre os ombros largos, Natasha começou a rebolar contra
ele. Em momento algum ela se deteve, ou teve vergonha, encarava-o, apoiava
sua testa na dele, o beijava de maneira voraz. Apenas o desejo os governava.
Dante deslizou a mão pela nunca dela e embrenhou os dedos pelo cabelo
negro. Os olhos verdes brilhavam ao encará-la. Era toda a beleza e
sensualidade remexendo sobre seus quadris. Os músculos vaginais o
envolviam, apertavam e espremiam. Com um suor salgado escorrendo pela
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testa Dante respirava fundo. Não suportaria por muito tempo.


– Nat...
Ela o beijou capturando o gemido.
Dante apertou a cintura dela de maneira dolorida, deixando as marcas dos
dedos na pele branca. Estremeceu, em seguida seu líquido banhou o ventre de
Natasha. Cerrou os dentes suprimindo os gemidos, enquanto ainda estava
paralisado pelos espasmos de prazer.
Natasha continuou a se mover sobre ele. Com o contínuo estímulo do anel
peniano, ela estava bem próxima do prazer e aproveitou ao máximo a ereção
de Dante. Quando o orgasmo a invadiu numa deliciosa onda de prazer ela
desabou sobre ele. Apoiando o queixo sobre o ombro de Dante, sua
respiração era urgente enquanto o corpo ainda se desvanecia.
– Você é muito gostoso. – A voz melodiosa da súcubo saiu trêmula.
– Você também. – Dante a beijou brevemente, mordendo o lábio inferior.
– Vai se limpar. – Ele deu um tapinha na bunda dela.
Natasha se levantou e foi até o banheiro na pequena suíte.
Dante retirou o anel peniano e o jogou no chão, depois deitou-se na cama,
esparramando-se. Olhou para o teto, observando o ventilador parado, pelo
calor que ainda fervia suas veias não seria uma má ideia ligá-lo.
Natasha voltou e se jogou sobre ele. Dante a aninhou em seus braços.
Sussurrou um eu te amo ao pé do ouvido dela antes de fechar os olhos. Era
verdade, a amava muito, mais do que se achava capaz de amar. Percorreu o
cabelo macio com a pontas dos dedos. Ah, Natasha sua louca o que fez
comigo?
Suspirando. Dormiu com ela bem próxima ao peito.

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Capítulo 20

O barulho irritante do celular tocando fez Dante erguer a cabeça do


emaranhado de fios negros. Resmungou quando o aparelho não parou.
Droga.
– Fica aqui. – Natasha ergueu uma das mãos e segurou o pulso dele.
– É da polícia, eu preciso atender.
Dante levantou da cama, sonolento. Piscou os olhos várias vezes,
forçando-os a ficaram abertos. Praguejou baixinho ao chutar um dos sapatos
de Natasha jogado pelo caminho. Curvou-se e pegou o celular no amontoado
de suas roupas.
– Dante.
Natasha ergueu a cabeça um tanto sonolenta e o encarou.
– Sim, senhor. Eu estou a caminho.
– Não vai me deixar aqui! – Natasha cruzou os braços ao torcer os lábios.
Dante a olhou, nua, linda sobre a cama, com os contornos do corpo
marcados pela luz das velas que já estavam quase no fim. Não, não queria
deixá-la.
Respirou fundo.
– Encontraram um corpo. Preciso ir lá.
– Me deixa ir com você. – Ela se levantou às pressas.
– Não acho uma boa ideia. – Dante coçou o queixo.
– Por favor...
Aquele jeito, aquele olhar... Ele virou o rosto para a janela coberta por
uma persiana.
– O vestido que você veio não é a melhor coisa para uma cena de
homicídio.
– Coloco uma jaqueta sua.
– Não tem nada de interessante.
– Mas vou estar com você.
– Esse é meu medo.
– Vou me comportar.
– Tá...
Dante por fim não soube mais dizer não. Ao respirar fundo, foi até o
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guarda-roupa e pegou o seu casaco mais cumprido. Ficaria enorme, mas


evitaria alguns olhares.
Natasha o colocou sobre o vestido sem protestar. Então ficou observando-
o se arrumar até que pudessem ir.
Apertou o botão do elevador animada. Nunca fora a cena de um crime
antes. Bom, não em outras que ela não era a assassina. Enxergou um pouco
de brilho na profissão que Dante escolhera que não havia percebido antes.
Ele a encarou, assim que o elevador começou a descer para a garagem.
Naquele ambiente melhor iluminado, concluiu que fora mesmo uma péssima
ideia. O comprido casaco ia até quase os joelhos da súcubo, a manga dobrada
dezenas de vezes formava um amontoado de tecido junto aos pulsos
delicados. Achou graça por vê-la assim. Mas logo resmungou ao se dar conta
de que ela continuava incrivelmente sexy.
Era uma péssima ideia, sabia que tomaria uma advertência. Mas não se
importou, quis atender àquele capricho, talvez exibi-la como um troféu aos
seus colegas que tanto a devoravam com os olhos.
Abriu a porta para que Natasha se sentasse e depois foi para o banco do
motorista. Os buracos de bala no carro seriam outra coisa que ia precisar
explicar, mas pelo menos daquela vez poderia dizer a verdade, ou parte dela.
Enquanto Dante dirigia pelas ruas, que já começavam a se encher de
carros com pessoas que começavam a rotina bem cedo, Natasha tentou se
comportar. Com as mãos cruzadas sobre as pernas, manteve sua atenção nas
janelas frontal e lateral do carro. Não queria distraí-lo ou dar motivos para
que ele mudasse de ideia quanto a levá-la.
Observava os postes, as pessoas abrindo os comércios antes mesmo do sol
nascer e até mesmo os cachorros de rua que vasculhavam os lixos em busca
de algo para comerem. Muitas coisas costumavam agradar a Natasha e
prender sua atenção mesmo que por poucos segundos.
Logo Dante virou o carro em um beco e parou-o junto a um muro com
riscos vermelhos. Algumas dezenas de homens e mulheres estavam
aglomerados lá, entre médico legista, peritos, policiais e outros tantos
curiosos.
Tirou o distintivo do bolso antes de sair do carro e caminhar até a faixa
amarela. Natasha foi logo atrás dele.
O vento gostoso da madrugada soprava seus cabelos, fazendo-a balançar.
– Dante. – O policial militar que estava próximo a faixa de isolamento,
sorriu e cumprimentou o detetive com um tapinha nas costas.
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– Ela está comigo. – Ele disse antes que o policial impedisse Natasha de
passar.
Os dois caminharam alguns metros até um corpo parcialmente coberto por
um plástico prateado. Um homem agachado ao lado, observava-o com
atenção. Esse nem mesmo se moveu com a aproximação de Dante e Natasha.
– Estou só um pouquinho atrasada.
A voz feminina fez com que Natasha se voltasse para trás a tempo de ver
Stela passar pela faixa de isolamento. Ao desviar de uma garrafa pet jogada
no chão, tentava equilibrar um copo de café sem fazer com que o líquido
derramasse.
– Oi, você por aqui. – Stela sorriu ao tirar uma mexa do cabelo castanho e
ondulado de cima dos olhos com a mão livre, e finalmente poder olhar
Natasha melhor.
Natasha apenas devolveu o sorriso ao se lembrar do momento que as duas
tiveram.
– O que temos sobre a vítima? – Ao enfiar as mãos nos bolsos da calça
jeans, Dante se virou para o legista, tentando não parecer enciumado perante
os olhos brilhantes da outra detetive na direção de Natasha.
– Segundo a carteira de motorista o nome dele é Raul Souza, tem vinte e
oito anos. Pelo fato dos cartões de crédito e o dinheiro ainda estarem na
carteira, nem mesmo fingiram um assalto. – O legista voltou seu olhar para o
corpo. – Três tiros à queima-roupa, não posso afirmar sem um exame
detalhado, mas darei meu tiro certeiro, foi execução.
– Quem encontrou o corpo?
– Aquele garoto ali.
O legista ergueu a mão envolvida por uma luva azul e apontou para um
menino franzino escorado na parede atrás de uma caçamba, conversando com
um dos policiais.
Dante caminhou até ele, Natasha e Stela o seguiram.
– Olá, garoto. Eu sou um detetive e essas são as minhas amigas. Gostaria
de fazer algumas perguntas se não se importar em respondê-las.
O garoto balançou a cabeça negativamente e fitou os olhos verdes do
detetive. Eles aparentavam tanta serenidade que os ombros do menino
relaxaram e ele se pôs a respirar mais levemente.
– Então me diz o que você viu. – Dante apoiou a mão sobre o ombro
direito do garoto.
– Eu... Eu estava dormindo quando ouvi o barulho de alguém aqui em
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baixo. Olhei pela minha janela. – Ele apontou para uma no quinto andar do
prédio ao lado. – Aí eu olhei para baixo e vi alguém deixando esse cara, daí
eu liguei para polícia.
– Mas você viu quem era?
– Não senhor, estava usando aquelas blusas com capuz e estava muito
escuro.
– Você viu se era alto, baixo, magro, gordo ou tinha cabelo?
O garoto balançou a cabeça negativamente.
– Estava escuro.
– Daniel, meu filho vem aqui!
O grito da mulher fez o menino pular de susto. Ele olhou para Dante antes
de sair correndo na direção da mulher que olhava desesperada sendo retida
por policiais além das linhas de isolamento.
Dante foi até as evidências e pegou a carteira e os demais documentos do
homem. Em seguida, virou-se para Natasha.
– Vamos tomar um café depois eu te levo em casa, antes de ir para
delegacia.
– Posso ir com vocês? Também estou faminta.
Dante estava prestes a negar quando Natasha soltou um: por que não?
Derrotado. Ele caminhou até o carro, Stela e Natasha o seguiram.
A loba não tirava os olhos da súcubo que sorria de volta discretamente.
Dante estava um tanto enciumado, sabia bem do momento que as duas
tiveram é isso não tornava as coisas mais fáceis. Sim, pela primeira vez se
deu conta do quanto a amava e foi tomado pela possibilidade de perdê-la, não
a comum possibilidade dela ser morta, mas o simples fato de que em algum
momento ela poderia decidir não ficar mais com ele.
Com o canto de olho Natasha observou a tensão que tomava conta dos
ombros do príncipe. Perguntou-se se ele sabia que as duas já haviam
transado, e a resposta ainda que subjetiva lhe pareceu bem clara: sim. Por
qual outro motivo ele pareceria tão tenso?
Logo se deu conta de que ter permitido que Stela viesse foi péssimo. Não
queria de forma alguma deixar a única pessoa com a qual realmente se
importava tão desconfortável.
Antes de entrarem no carro, Natasha aproximou-se, acariciou seu rosto e
deu um rápido selinho. Na esperança de que a demonstração de afeto o
fizesse se sentir melhor.
Entraram no carro e instantes depois Dante parou numa padaria próxima.
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Um silêncio sepulcral havia se estabelecido entre os três, e esse não se fundiu


mesmo quando puxaram as cadeiras de ferro pintadas de branco e sentaram-
se junto à mesa redonda.
Dante pediu um café-com-leite e alguns pães-de-queijo e aguardou o
pedido das duas.
– Então como está sendo o namoro? – Ao apoiar o queixo nas mãos Stela
se virou para os dois, encarando-os com seus enormes olhos castanhos.
– Incrível! – Natasha disse antes de começar a bebericar o suco de laranja
que tomava por um canudo de plástico. – Ele é lindo, tão fofo, consegue me
deixar louca na cama e até conhecer o pai dele não foi tão ruim. – Natasha
tomou mais uma golada do suco.
– Conheceu o pai dele? – Stela cruzou os braços sobre as coxas e conteve
o riso.
A súcubo balançou a cabeça positivamente.
Dante mordeu o pão de queijo e as encarou, surpreso como falavam sobre
ele com tanta naturalidade e se esqueciam de que ele estava ali.
– É o pai dele, o diabo...
Foi inevitável, quando Dante se deu conta, as palavras já haviam saído
pela boca de Natasha e não conseguiu impedi-las. Segurou-se para não bater
na própria testa em sinal de sua frustração.
Stela arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos. Seu corpo magro e
pequeno afundou na cadeira.
– O quê ? Seu pai é o diabo? – Finalmente ela conseguiu pronunciar
aquelas poucas palavras em meio aos lábios trêmulos.
Dante virou o rosto e coçou o cabelo loiro.
– Eu sou parceira do Caim!
Stela aprumou o corpo junto ao encosto da cadeira. Ainda estava
estupefata. Como assim trabalhava com um nefilim todo esse tempo e não
sabia? Se bem sempre foi meio óbvio que ele era alguém do submundo, mas
nunca passou pela sua cabeça que pudesse ser uma criatura tão antiga e
importante. Ainda mais com aquela cara linda e corpo escultural de um cara
de trinta anos.
Dante respirou fundo. Sempre tentara guardar seu segredo para si e, então,
Natasha o expusera daquela forma sem critério algum. Quis enforcá-la, mas
logo que encontrou os serenos olhos azuis sorrindo para ele com extrema
inocência, toda a raiva desapareceu. Ela não fazia ideia da gravidade do
segredo que acabara de contar.
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Respirou fundo mais uma vez, para então voltar-se para Stela.
– Caim e Asmodeus são meus irmãos mais velhos.
– Você é o Mammon!
– Sim...
Stela ficou boquiaberta por alguns minutos.
– Cara, você deve ser tipo o super-homem! Poder voar, ter visão de calor,
ser imune a balas.
Dante curvou os olhos e torceu os lábios soltando um grunhido. Aquela
conversa estava tomando um rumo ainda mais desagradável do que o fato
dela e Natasha teriam dormido juntas. – Não é bem assim, eu voo porque
tenho asas assim como a maioria dos demônios. Poucas armas podem me
ferir. Mas não, visão de calor é ridículo.
Stela começou a rir, um pouco tentando conter a histeria. Caralho! Como
nunca sacou que aquele cara bonitão era a porra de um demônio superfoda.
Respirou fundo, mas não voltou a enchê-lo de perguntas, por mais que essas
pipocassem em sua cabeça. Teve medo dele fulminá-la com um olhar.
Por fim, Stela suspirou ao jogar para trás o cabelo castanho. Natasha havia
escolhido o melhor.
Mordiscou o pão de queijo e bebeu um gole do café.
O silêncio voltou a se estabelecer.
– O que acha de fazermos um programa a três algum dia? – Não custava a
tentar.
Natasha ergueu a cabeça, encarou os olhos castanhos da loba depois os
olhos verdes de Dante. Engoliu em seco. A ideia lhe pareceu tão boa que se
esforçou para não lamber os lábios. Mas não... Ter o Dante já bastava.
– Acho melhor não. Sou comprometida agora.
Aquela frase a surpreendeu.
– Bom, uma pena.
– Vamos? – Dante se levantou num pulo e colocou a cadeira junto à mesa.
Olhou bem para Natasha e Stela. Deveria mostrar melhor seu próprio
ciúme se quisesse manter uma relação saudável e duradora com uma súcubo.
Como meu pai dava conta daquilo?

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Naquele horário do dia o sol que se erguia no céu já cegava e queimava a


pele. Dante desviou o olhar para o relógio no painel da viatura que dirigia.
Eram onze da manhã. Depois de deixar Natasha em casa, havia seguido para
a delegacia. Stela fora sensata o bastante para descobrir seu próprio caminho
após o momento de tensão na padaria.
Chegar com um carro coberto por buracos de balas diante do seu superior
foi outro problema. Entretanto, a história mal contada sobre os traficantes,
justificou tudo, inclusive o fato da namorada estar numa cena de crime.
Coitado, estava preocupado demais para deixá-la sozinha. No fim da
conversa o delegado já estava até oferecendo uma escolta policial para
Natasha.
Mas o carro fora parar numa oficina. E ali estava Dante metido em uma
das viaturas que não ajudavam nem um pouco a passar despercebido.
Stela havia se juntado a ele e iam conversar com a família da vítima. Ela
não sabia o que fazer muito menos dizer e isso só tornou o clima entre dos
dois mais nublado e tempestuoso. Arrependeu-se severamente de ter ido a
padaria. Durante todo o percurso até o bairro que ficava do outro lado da
cidade, em meio a sinalização e os carros do trânsito caótico, ela roía as
unhas.
Já era inverno, mas com a umidade do ar baixa, aquele lugar parecia ainda
mais quente.
– Acha mesmo uma boa ideia? – Ao parar o carro em um dos sinais de
trânsito, Dante se virou para ela.
– O quê?
Com os olhos fixos no retrovisor do meio, Stela evitou encará-lo.
– Nós três... Bem você sabe...
Dante arrancou o carro de novo sentindo um nó na garganta e um medo
que desconhecia.
– Um ménage? – Stela engoliu em seco e olhou para o motorista do carro
ao lado. – Eu adoraria. – disse por fim.
– Natasha provavelmente também gostaria. – Foi mais um pensamento
alto que saiu em forma de sussurro.
Logo Dante estacionou em frente à casa e a conversa foi interrompida por
hora.

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Capítulo 21

– Olá, Mãe.
A repentina alegria e falta de desprezo na voz de Natasha fez Beatriz
erguer os olhos do livro que estava lendo e se girar no sofá para encará-la.
– Oi, querida.
Suspirando, Natasha deixou que seu corpo caísse sobre o outro sofá.
– Como andam você o Mammon?
– Bem... Incrível!
Os olhos da súcubo perderam o foco. Cruzou os braços sobre os joelhos.
Ainda podia sentir o cheiro dele em sua pele. Se fechasse os olhos era capaz
de sentir o toque das mãos firmes. Ah, Dante...
– Estou tão feliz por você. E aí, como ele é?
Beatriz sentou na beirada do sofá, o mais perto da filha que pôde. Seus
olhos azuis estudaram-na. Talvez aquele fosse um bom momento para tentar
uma aproximação. Durante todos os meses desde que chegara ali, Natasha
fora a mais arredia dos três filhos. A que mais desejava que partisse.
Entretanto, parecia que o filho de Lilith estava a transformando aos poucos.
Natasha se virou para a mãe e sorriu.
– Ele é gentil, preocupado, extremamente carinhoso. Alguém que sempre
precisei e nunca soube.
– É ótimo você e o Aron terem encontrado um amor de verdade.
– Não amava o papai?
Beatriz desviou o olhar, respirou fundo e jogou os cabelos para trás. Havia
algumas rugas que se destacaram ao redor de seus olhos azuis. Ela era uma
súcubo de pouco mais de mil anos, já havia passado por inúmeras coisas e
poucas delas lhe ensinaram como se aproximar de seus filhos. Teve medo de
dizer a coisa errada e fazer Natasha recuar, entretanto não podia ficar calada.
– Seu pai era um homem comprometido com outra mulher e um reino. Por
mais que ele me amasse, essas coisas eram mais importantes. Além disso,
quanto tempo demoraria até que notassem que eu não envelhecia, não como
eles. Quinze anos foi um longo período até que além de prostituta do rei eu
começasse a ser acusada de bruxaria. Sabe bem como nossa vida ficou
horrível depois disso. O pai de Isabel foi outra história não menos
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complicada. – Seus olhos caíram tristes e distantes. – A verdade é que eles


eram humanos e as possibilidades que você e Aron tem, eu nunca tive.
– Eu sinto muito, mãe.
– Bom, pelo menos não precisa ter que se alimentar de outras pessoas para
não ter que matá-lo.
– Tem razão. – Natasha riu. – Ele é incrivelmente forte.
– Imagino. Não se pode matar alguém que já governa o inferno.
– Que milagre, não estão se alfinetando até a morte.
A voz de Isabel fez com que ambas se virassem na direção de um dos
corredores. A loira estava ali já há alguns minutos, observando a conversa.
Escorada na parede, era iluminada por pequenas lâmpadas de LED
encrustadas no rebaixamento de gesso.
– Sente-se aqui conosco. – Beatriz deu uns tapinha no espaço vazio do
sofá ao seu lado.
Receosa, Isabel foi até elas. Sentou-se ao lado da mãe e pegou uma das
almofadas do sofá e colocou sobre o colo.
– Bom, se o assunto é amor eterno eu sou inapta para responder perguntas.
É melhor chamarmos Dária.
– Não. – Beatriz envolveu com os braços os ombros da filha. – Quero
apenas que as duas fiquem aqui bem pertinho de mim. Senti falta de vocês
minhas garotas.
Natasha sentou ao lado da mãe.

Dante deu duas batidas delicadas na porta depois meteu as mãos dentro
dos bolsos. Olhou para cima na tola esperança de encontrar alguma estrela no
céu da capital paulista. Maldita poluição!
Pensou que não estivessem ouvido. Contudo, antes de tirar a mão do bolso
e levá-la a porta mais uma vez, essa se abriu revelando um homem parado
atrás dela.
Encarou os olhos azuis e o mesmo cabelo negro que Natasha tinha, em
meio a uma beleza masculina igualmente arrasadora. Usando uma roupa
social bem alinhada, com camisa de mangas compridas brancas e uma calça
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social preta muito bem passada.


– Olá. – A voz ressoante como um trovão e delicada como uma pena
quebrou o silêncio. – Prefere ser chamado de Dante ou Mammon?
– Dante, por favor.
– Certo, Dante. Acho que já sabe, sou Aron, o irmão mais velho.
O príncipe apertou a mão que lhe foi estendida.
Aron deu um passo para o lado e liberou a porta pela qual Dante pode
passar.
– Sente-se. – o íncubo apontou para o sofá assim que encarou o homem
que parou no meio da sala.
Aron caminhou até um pequeno bar que ficava sobre a escada que levava
aos quartos. Escolheu uma boa garrafa na estante de vidro e depois a serviu
em um copo com alguns cubos de gelo.
– Aceita uma dose? – Ergueu o copo na direção de Dante.
Esse apenas balançou a cabeça negativamente.
– Bom, também estou esperando a minha garota e sei bem como elas
demoram. Se aceita um conselho, terá tempo o bastante para aproveitar uma
boa dose.
– Então me sirva um pouco. – Dante estendeu a mão.
Aron serviu outro copo e lhe entregou.
– Você tem feito muito bem a minha irmã.
– Eu tenho?
– Sim e espero que continue, pois caso contrário eu mesmo partirei o seu
pescoço, e não me importo que seja o filho do diabo.
Dante engoliu em seco e deu uma risada abafada ao ver Aron bancar o
irmão durão.
– Farei o meu melhor.
Depois daquele breve momento de tensão os dois ficaram mais
descontraídos a cada gole do uísque.
Após apoiar o copo na mesa de centro. Dante revezou o peso nas pernas
antes de se virar para o íncubo. O irmão de Natasha já não parecia ameaçador
e estava sendo divertido conversar com ele, mesmo que olhasse para o
relógio esperando Natasha descer a cada segundo.
– Só mesmo o filho do diabo para dar conta da Nat. – Aron riu antes de
tomar mais um gole do uísque.
– Ela não é tão terrível.
– Não! – O íncubo arregalou os olhos. – Isso é sinal de quão cegamente
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apaixonado está.
Dante riu.
– Estar apaixonado é tão ruim?
– Claro que não! Foi a melhor coisa que me aconteceu. Mas nos deixa
cego.
– Então está cego? – Uma voz suave como o soprar de uma brisa, mas
intensa como uma sinfonia, fez com que os dois homens se virassem em
direção da escada.
Ele não tem um bom gosto apenas para bebidas, pensou Dante ao encarar
a mulher parada no alto da escada. A ruiva exuberante tinha uma beleza
exótica, se movia de forma suave e delicada como um felino.
– É impossível ver qualquer outra coisa quando estou perto de você, meu
amor.
Dária abriu um delicado sorriso em meio aos carnudos lábios vermelhos.
– Bajulador.
Aron colocou o copo sobre a mesa e foi até a amada a envolvendo em seus
braços. Beijou-a brevemente. Sussurrou algo ao pé do ouvido dela que a fez
se encolher e sorrir com o olhar.
Ao se recompor, a vampira acabou de descer as escadas. Parou no sofá à
frente do príncipe e lhe estendeu sua mão branca e delicada.
– Olá, Dante. Creio que não fomos devidamente apresentados. Sou Dária.
Ele segurou a mão e sorriu.
– Prazer.
– Natasha falou muito de você, parece ser um cara Incrível.
As bochechas dele coraram.
– Espero ser .
– Amor!
Dante se virou outra vez na direção da escada. Por mais que fosse bom
conhecer mais de perto a família de sua namorada, estava se sentindo um
tanto acanhado. Talvez por ser aquela a primeira experiência que tinha.
Natasha atravessou a pequena distância quase correndo e se atirou no colo
de Dante. Ele a envolveu num reflexo involuntário.
Fechou os olhos sentindo o delicioso perfume, misturado com a fragrância
adocicada artificial. Afastou-se para encará-la. Linda como sempre. Os cílios
já enormes evidenciados pela maquiagem faziam saltar os olhos azuis, o
batom vermelho delimitava os contornos dos lábios generosos. Quis beijá-los,
mordê-los com um desejo quase animal, mas a presença dos outros dois o
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fez se conter.
– Para onde vamos?
Natasha aguardou a resposta ao deslizar os dedos pelo rosto de Dante.
Encarando-o.
– Separei alguns filmes e séries. Comprei pipocas e doces, pensei em
ficarmos lá na minha casa.
– Parece perfeito. – Natasha sorriu e o beijou.
Aron arregalou os olhos, mas o cutucão de Diária o impediu de fazer
qualquer comentário. Se não estivesse observando de perto, não acreditaria
numa mudança tão relevante no comportamento da irmã. Natasha nunca
gostou de ficar em casa, era a mais baladeira de todos eles, a mais animada.
Bom, pelo visto ela só precisava da companhia certa.
– Vamos?! – Natasha se levantou com um pulo.
Dante se levantou logo atrás dela e se despediu com um breve aceno.
– Essa é a mesma Natasha? – Aron se voltou para Dária assim que os
outros dois estavam longe o bastante.
– E tudo o que fez por mim? – A vampira jogou os cabelos ruivos para
trás.
– Você é o que mais valeu a pena em toda a minha vida.
– Bom, Natasha achou o que valia a pena para ela. E, ele é uma graça.
Aron cruzou os braços e torceu os lábios fingindo ciúmes. Contudo logo
soltou uma gargalhada e beijou Dária.

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Capítulo 22

– Comprei uma coisa para você. – Dante sorriu ao olhá-la pelo retrovisor.
Com uma das mãos firmes no volante, ele usou a outra para percorrer a coxa
exposta de Natasha.
– O quê? – Os olhos azuis esbranquiçados da súcubo brilharam.
– Está no banco de trás.
Natasha esticou o corpo no espaço entre os dois bancos e pegou a caixa
branca com um laço vermelho. Voltou a sentar-se direito no banco do carona
e colocou a caixa sobre seu colo, desfez o laço e fitou a peça de roupa bem
dobrada em meio ao papel branco. Ela pegou a camisola vermelha de tecido
fino, macio e semitransparente. Era curta com fendas nas laterais e possuía
vários enfeites de renda e fitas.
– Não sei se gosta, mas eu adoraria ver você dentro dela, mesmo que fosse
obrigado a tirá-la depois.
– É linda, Dante. – Natasha se curvou para beijá-lo e o fez tirar o carro da
faixa onde estavam.
O carro que estava atrás os cortou e saiu buzinando.
Dante riu.
– Isso porque estamos na viatura da polícia.
– Quando terá seu carro de volta?
Ele suspirou.
– Espero que em breve. – Reduziu a marcha do carro antes de entrarem
numa rua menos movimenta da zona oeste já perto do bairro de classe média
onde Dante morava. – A mulher do seu irmão é uma vampira?
– Adivinhou pelos olhos vermelhos?
– Não são muito comuns. – Tirou a mão da marcha e coçou o queixo. –
Eles parecem bem felizes.
– Ah, sim! Estão há quase cento e cinquenta anos juntos. Nada parece
abalar o paraíso em que vivem. E quando estão empolgados demais
conseguimos os ouvir até no bar.
Dante riu.
– Como se você não fizesse barulho...
O estrondo de algo caindo sobre o teto do carro fez a voz de Dante se
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perder e ambos arregalaram os olhos.


Merda...
Mal tiveram tempo de pensar quando outro corpo pousou sobre o capô do
carro, forçando Dante a pisar fundo no freio.
Natasha se encolheu no banco, assustada, com a pulsação fugindo ao
controle, mas foi inevitável que a mão que atravessou o vidro do para-brisas
agarrasse seu pescoço.
Foi tudo rápido. Tão rápido. Dante não teve tempo de impedir que Natasha
fosse arrancada do carro. Fazendo com que o cinto que a prendia junto ao
banco fosse arrebentado.
– Demoniazinha insignificante. – Atael olhou Natasha nos olhos antes de
arremessá-la contra a rua.
O corpo da súcubo quicou contra o asfalto e saiu deslizando, deixando
machucados e escoriações à medida que se arrastava pelo chão e pequenos
pedregulhos lhe cortavam a pele. Ela chorou baixinho ao sentir a incômoda
dor.
Dante estava prestes a pular do carro quando Itael desceu do teto e se
colocou ao lado de Atael. O príncipe dos demônios encarou os anjos gêmeos.
Ambos tinham o mesmo cabelo loiro na altura dos ombros, olhos de um tom
verde-pantanoso. Ambos estavam sem camisa apenas com uma calça branca
de material leve. As enormes asas cheias de penas brancas e as tatuagens com
símbolos espalhadas pelos corpos cintilavam levemente sob a luz da lua
cheia.
– Deveria ter ficado no inferno, Mammon. – A voz de Atael ressoou como
um trovão em meio a tempestade.
– Vocês e seu pai ainda não entenderam que não importa quantos venham
atrás de mim, eu não vou mudar de ideia.
Dante abriu a porta ao seu lado e rolou na direção da calçada. Sacou sua
espada o mais rápido que pode. Com o canto de olho viu Natasha a vários
metros, estava um pouco machucada, mas ficaria bem.
Voltou a encarar os dois anjos. Nunca fora atacado por mais de um, e
ainda que pelas histórias de seu pai aqueles fossem unha e carne, eram anjos
de batalha da legião de Uriel. Protegiam os portões do céu, para serem
enviados deveriam dar um fim de vez àquele assunto já viam Dante como um
inimigo muito poderoso.
– Vieram brigar comigo? Tudo bem. Vou os mandar de volta ao seu pai
com o rabo entre as pernas.
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– Pelo visto é tão arrogante quanto o próprio Samael.


Atael sacou sua espada celestial, e o brilho dela forçou Dante a fechar os
olhos por alguns segundos. O príncipe deu alguns passos para trás e bateu os
calcanhares contra o meio fio.
Sob o completo silêncio da noite em uma rua pouco movimentada, Dante
ouviu o som da espada cortando o ar e foi rápido o bastante para se esquivar e
evitá-la.
Não pode dizer o mesmo do chute forte que o acertou bem no meio das
costas, fazendo-o cair para frente, com as mãos abertas contra o asfalto.
Estava acostumado a combater bem contra um anjo. No entanto, dois, aí
era bem diferente.
Natasha viu Dante cair e um aperto tomou conta do seu coração.
Levantou-se o mais rápido que pode, ainda que os arranhões e escoriações
doessem muito. Tirou a adaga da coxa e permitiu que suas asas membranosas
rasgassem as costas do vestido. Fiquem longe do meu cara!
Itael a viu voando em sua direção, mas a interceptou erguendo apenas uma
das mãos. Segurou-a pelo pescoço e ergueu um metro a cima do chão.
– Deveria ter ficado longe, maldita súcubo.
– Vão embora... – A voz dela soou falhada e fraca graças à força com que
Itael apertava seu pescoço.
Dante rodou para o lado para evitar a espada de Atael que foi cravada no
chão no mesmo lugar onde o príncipe estava há poucos segundos.
Logo que pode, passou sua espada de ossos na panturrilha de Itael.
Causando um corte profundo. A dor latente forçou o anjo a soltar Natasha,
que caiu de joelhos no chão.
A súcubo tentou respirar de uma única vez todo o ar que lhe foi suprimido
e acabou engasgando e tossindo repetidas vezes. Levou as mãos ao pescoço
que doía muito pela força esmagadora, na tola esperança de fazer parar.
O ato de proteger Natasha fez com que Dante não conseguisse escapar do
próximo chute que acertou em cheio a boca do seu estômago e o fez se
encolher. A força do golpe o arremessou contra o muro de uma casa.
Tonto pela dor do golpe que irradiava por todo o seu abdômen, levou a
mão direita ao local atingido e usou a outra de suporte para se levantar.
Cuspiu um pouco de sangue negro na calçada cimentada.
Itael agarrou Natasha pelos cabelos, puxando com força. Estava prestes a
cravar a espada bem no peito dela, quando a súcubo chutou com toda a
energia que lhe restava , a perna já ferida por Dante.
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O anjo gritou e a súcubo o golpeou na barriga com sua pequena adaga


forçando-o a ir para trás. O golpe de misericórdia veio da espada de Dante
que foi arremessada atingindo o anjo no meio das costas e traspassando o
coração, reduzindo um dos anjos a um bocado de cinzas que foi levado pelo
vento.
Dante tentou se esquivar, proteger-se com o braço, mas ainda assim não
foi rápido o bastante para sair ileso da fúria de Atael ao ver seu irmão ser
derrotado. A dor do golpe no abdômen fez o príncipe cerrar os dentes e
esforçar-se para não perder os sentidos. Não soube se a preocupação com
Natasha o distraía ou simplesmente não estava preparado para enfrentá-los.
Sangue, tanto sangue negro sujou a calçada. Dante levou a mão ao
ferimento e a sentiu se sujar do próprio sangue. Seus olhos verdes ficaram
embaçados. Não! Não ouse apagar agora.
– Seu tempo de férias na terra acabou, Mammon.
– Ele não vai a lugar algum, anjo maldito!
Natasha aproveitou a distração do anjo com Dante e cravou sua adaga na
base do pescoço de Atael, em meio aos cabelos loiros.
– Continuaremos a vir até que a própria Uriel dê um jeito em você. – Atael
sussurrou antes de se tornar apenas um amontoado de cinzas.
– Deixe que ela venha. – A voz de Dante estava fraca mas soou confiante.
Ele olhou para frente e viu o rosto de Natasha ficar cada vez mais
desfoque, ao ponto de se misturar aos clarões produzidos pelos postes que
iluminavam a rua. Caiu de joelhos quando já não conseguia mais sustentar o
próprio peso.
Sangue, tanto sangue. Sangue negro, tingindo tudo.
– Nat...
Por que era tão difícil manter os olhos abertos?
Natasha correu até ele a tempo de impedir que o corpo de Dante
desmoronasse no chão. Ela o envolveu em seus braços e o trouxe para junto
do seu peito.
– Vamos, Dante, acorda!
Não houve resposta.
Ela o sacolejou, balançou, apertou. Por favor...
Sangue, tanto sangue. O negro tingiu o vestido creme da súcubo.
Lágrimas começaram a escorrer sem parar pelo seu rosto delicado. O
coração nunca ficou tão apertado, suas mãos tremiam. Olhava para ele imóvel
em seus braços, a respiração cada vez mais fraca.
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– ACORDA! EU TE AMO! CARALHO, NÃO PODE ME DEIXAR


ASSIM!
O apertou ainda mais junto ao peito, na esperança de senti-lo melhor.
– Cadê meu celular? – perguntou à si mesma enquanto procurava o
aparelho pelo vestido sem bolsos. – Merda! Ficou em casa.
Debruçou-se sobre o corpo de Dante até encontrar o aparelho dele. Os
dedos trêmulos e sujos de sangue mancharam a tela enquanto discava o mais
rápido que podia para a única pessoa que julgou poder ajudar.
– Dária! – Ela gritou assim que a foi atendia após o som interminável da
chamada.
– Eu sei que o sexo com o príncipe do inferno deve ter sido ótimo,
irmãzinha. Mas no momento Dária está ocupada comigo. Vocês podem
fofocar depois.
– Aron... Aron, fomos atacados, Dante foi atingido. Ele parece estar
morrendo, eu não sei o que fazer. Não posso levar um demônio para um
hospital. Aron, por favor, tem tanto sangue.
– Onde vocês estão? Estamos indo para aí. – A voz travessa do outro
lado da linha ficou tensa.

– Coloque-o em cima da cama. – Dária pediu com uma voz baixa, porém
tensa.
Aron deitou o corpo de Dante sobre a cama com cuidado. O desespero no
rosto da irmã também o deixou desesperado. Imaginou se fosse Daria ali se
esvaindo em sangue e como seu mundo estaria desabando à mesma medida.
A vampira pressionava com a máximo de sua força, um embolado de
tecido feito com a própria camisa de Dante. Com o tampão, tentava impedir
que mais sangue saísse. Ele já tinha perdido sangue demais.
– Precisamos costurar esse ferimento. Aron, pega para mim a linha e
agulha dentro da minha bolsa.
Aron vasculhou o mais rápido que pode a pequena bolsa de mão que a
vampira carregara consigo.
– Aqui.
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Dária pegou rapidamente e expôs o ferimento. Saía pouco sangue agora,


ou talvez estivesse simplesmente acabando, o que era péssimo.
Ela fincou a agulha na pele do demônio, mas o fino metal partiu ao meio.
– Droga! – Natasha passou as mãos pelos cabelos sujando-os de sangue.
Estava ainda mais desesperada. – Só metal celestial e demoníaco pode
perfurar a pele dele.
– Maravilha. – Dária forçou um sorriso para não demonstrar a sua total
falta de controle sobre a situação. Não queria fazer Natasha se sentir ainda
pior.
– Esse cara é atacado por anjos o tempo todo, deve ter algo aqui para se
remendar.
Aron percorreu com os olhos todo o quarto. Da televisão de LED ao
videogame logo abaixo dela em um pequeno móvel pendurado na parede.
Abriu o guarda-roupa, vasculhando as camisas e calças, sociais ou não. Na
porta do meio, junto à algumas loções e um desodorante, estava uma pequena
caixa transparente com uma agulha grande feita com um metal escuro.
– Achei! – Ele pegou a caixa e entregou a Dária.
A vampira pegou a agulha, colocou a linha o mais rápido que pode e
começou a costurar o ferimento. Por sorte o sangue negro não lhe despertava
desejo algum, sua preocupação e as mãos tremendo já eram uma distração
mais do que suficiente.
Passou as costas da mão direita pela testa para se livrar do suor frio.
Depois cravou as presas no pulso, fazendo fluir o seu próprio sangue
vermelho. Levou-o até a boca de Dante e o fez beber bastante.
– Meu sangue não vai curá-lo como faria com um humano, mas espero
que ajude a recuperar um pouco do que ele perdeu.
– Ele vai ficar bem? – Natasha limpou uma lágrima que escorreu pelo
rosto e se debruçou sobre o corpo imóvel de Dante.
– Queria dizer que sim, mas eu não posso te garantir nada. – Dária
acariciou o ombro da cunhada.
– Vem, amor. – Aron puxou a vampira consigo. – Vamos deixá-los
sozinhos.
Natasha acariciou o rosto de Dante, sentindo uma leve cócega ao tocar a
barba loira que começava a crescer.
As lágrimas que escorriam pelo rosto da súcubo foram impossíveis de
conter.
– Não posso te perder Dante, por favor... Nunca fui tão feliz quanto sou
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com você, não posso perder...

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Capítulo 23

– Ei! – Dante ergueu a mão trêmula e fraca para acariciar o rosto de


Natasha. – Não vou voltar para o inferno, não agora.
– Dante! – Natasha se conteve para não lhe dar um abraço apertado.
Teve medo, tanto medo de que ele não voltasse a abrir aqueles olhos
verdes. Com as mãos, trêmulas pelo desespero, segurou as dele. Dante estava
bem, ao menos respirava.
– Achei que fosse te perder.
Natasha não reteve a lágrima que escorreu pelo seu rosto. Mas Dante a
enxugou com o dedo.
– Eu estou bem... – Sua voz foi interrompida pela dor latente que sentiu
em seu abdômen. – Ou pelo menos vou ficar.
Respirou fundo ao olhar para baixo. Ele não tinha ideia da dimensão do
machucado até aquele instante. O corte era profundo e largo, precisaria de
alguns dias de descanso para se recuperar, mas fora bem costurado.
Passou a língua pelos lábios, ainda podia sentir o gosto de sangue entre
seus dentes.
– Agradeça a sua cunhada por mim.
Natasha apenas sorriu e o abraçou pelos ombros com a maior suavidade
que pôde.
Ficou ali, debruçada sobre o peito dele por longos minutos. A respiração
calma e lenta, que o fazia se mover de maneira suave, deixou-a um pouco
mais tranquila, ainda que lá no fundo o desespero ainda gritasse.
Dante acariciou o cabelo dela com a mão esquerda, a mais longe do seu
ferimento. Respirar era difícil, mover-se era difícil, mas tentou parecer o
melhor que pode para não alarmar ainda mais aqueles olhos azuis-
esbranquiçados. Tinha uma ideia do medo que Natasha estava sentindo.
Entretanto, não se deixaria arrastar para as profundezas do inferno, não com
ela como motivo suficiente para fazê-lo ficar.
Tentou curvar o corpo para beijar os cabelos negros, mas a dor o impediu
de se mover e arrancou do fundo de sua garganta um gemido rouco e
abafado.
Natasha ergueu a cabeça e o encarou de olhos semiabertos e lábios
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torcidos.
– Fique quietinho, aí!
– Mas eu estou com fome. – Dante protestou como uma criança mimada.
– Vou fazer para você uma sopa, estourar umas pipocas e quem sabe
podemos retornar à programação desta noite.
– Minha programação para essa noite incluía você nua, sentada no meu
colo.
Natasha sorriu com a expressão travessa dele. Nos seus planos anteriores
muito sexo havia passado por sua cabeça. Não contava que Dante estivesse
fraco demais. Entretanto se deparou com uma verdade sobre a qual nunca
pensaram antes. Estar apenas junto dele, sentindo o calor do seu corpo e sua
respiração, ainda que ambos estivessem completamente vestidos, bastava.
– Podemos ficar sem sexo por alguns dias.
Natasha lhe deu um beijo breve e foi até a cozinha.
Dante suspirou e se espalhou na cama o máximo que pode. Por mais que o
lençol houvesse sido trocado, assim como suas roupas, sentia o cheiro do seu
sangue negro que se impregnava no quarto. O ferimento doía muito, mas logo
estaria livre dele.
Que viesse Uriel!, pensou ao ajeitar sua cabeça sobre o travesseiro. Não
deixaria que ela ou mesmo uma horda inteira de anjos tirassem dele o que
estava vivendo, tirassem dele Natasha. Precisava se esforçar, ficar mais forte,
não os deixaria chegar tão perto assim outra vez, mesmo que viessem dez.
Ouviu o som do fogão sendo ligado na cozinha. Ver Natasha cozinhando
era engraçado. Não sabia o que ela faria, mas estava ansioso.
Olhou pela janela do quarto. Os prédios altos cobriam todo o céu, com
poluição e luzes demais tornando impossível ver qualquer estrela. São Paulo,
caótica demais, mas menos do que no inferno.
Natasha terminou a sopa e esfriou o bastante para que essa não queimasse
a boca. O cheiro que vinha da fumaça branca estava bom. Felizmente , Dante
tinha muita coisa na dispensa: carnes leves e legumes. Serviu um prato,
pegou uma colher.
No corredor de volta para o quarto, equilibrava o prato com o maior
cuidado para que ele não caísse. Colocou-o sobre a cômoda e se virou para
Dante.
– Vamos, vou te ajudar a sentar.
Ele abriu um sorriso.
– Se eu soubesse que seria tão bem tratado teria ficado machucado antes.
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Natasha fechou a cara e torceu os lábios.


– Não diga isso nem de brincadeira. Não faz ideia do quanto eu fiquei
desesperada. – Mostrou língua para ele. – Não sei mais viver como vivi em
trezentos anos. Eu preciso de você, Dante. Prometa que não vai me deixar.
Natasha já não sabia mais viver cercada de homens e mulheres como
antes. Era incapaz de voltar a fazer sexo apenas para se alimentar, necessitava
sentir a paixão que só encontrava nos braços de Dante.
Ele abriu um sorriso, seus olhos brilharam. Entendia exatamente, pois
compartilhavam do mesmo sentimento. Se o matassem ele voltaria como uma
erva daninha, mas não ia abrir mão de Natasha ou de sua vida entre os
humanos.
Ergueu a mão direita, mas oposta ao ferimento e acariciou o rosto suave e
macio. Cerrou os dentes e conteve o gemido quando uma pontada de dor o
lembrou que o corte ainda estava ali.
– Vem, você precisa comer. – Natasha pegou o braço dele e o colocou
sobre seus ombros. Puxou-o pela cintura e o fez se sentar na cama. Ouvindo-
o praguejar um pouco por causa da dor.
Sentou-se ao lado de Dante e pegou o prato colocado sobre a cama. Sem
pressa levou a colher aos lábios do príncipe e ele engoliu todo o conteúdo
sem reclamar.
Estava delicioso. Ele sorriu.
Natasha prosseguiu, dando colheradas em intervalos suficientes para que
ele lidasse com as doses em sua boca. Mastigar as carnes e os legumes ainda
que bem macios, o lembravam da dor, então Dante se concentrou na parte
mais líquida da sopa.
Após dar a ele a última colher, Natasha devolveu o prato para cima da
cômoda e ligou a televisão que ficava a frente da cama. Escolheu uma série
que ele já havia começado a assistir e deu play.
Dante escorregou da cabeceira da cama até colocar a cabeça na coxa de
Natasha, usando-a como travesseiro. Com o cafuné, que ela começou a fazer
em seu cabelo, sentiu que podia ficar ali pela eternidade. Ainda que o toque
fosse singelo e não compartilhasse do ardor que sentia quando estavam
fazendo sexo, havia muito carinho, um amor dedicado, que o deixou
extremamente feliz.
O acordo era uma besteira, apenas a desculpa esfarrapada que Natasha
arrumou para poder ficar perto dele. A verdade era que a súcubo necessitava
tê-lo, ainda que apenas por breves momentos. Felizmente agora ele a amava.
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O carinho, o toque, a palavras gentis e amorosas, eram coisas que ela já era
incapaz de abrir mão.
Dante acariciou a coxa macia, sentindo o perfume da pele suave.
– Eu amo você, Natasha. –disse antes de fechar os olhos e se entregar ao
cansaço e as dores.
Ela se curvou e beijou-o delicadamente.
– Você não faz ideia do quanto. – Riu.

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Capítulo 24

Dante ergueu a xícara de café e levou-a aos lábios. Com os olhos


brilhando, encarava Natasha sentada à sua frente.
Ela radiante, com os longos cabelos negros ondulados voando levemente
ao seu redor, usava um vestido azul com mangas longas devido ao frio
daquela manhã de inverno.
São Paulo era uma cidade estranha, ouvira uns caras na delegacia dizer
que aquele lugar era oito ou oitenta, fazia calor ou frio demais, sempre. Mas
infelizmente o calor de fazer soar era mais comum. Talvez ela e o inferno
fossem mais parecidos do que pensava.
O detetive colocou a xícara café sobre a mesa e pegou um biscoito de
queijo dentro da pequena cesta de palha revestida com guardanapos.
– Eu sabia que era a esposa, sempre é a esposa, ou o amante. – Natasha
jogou o cabelo para trás e pegou um biscoito para si.
Dante apenas riu sem parar de comer.
Após dois meses afastado da polícia devido a facada, ele havia voltado
pela manhã e junto com Stela realizado a prisão da esposa que era a
responsável pelo assassinato do cara encontrado no beco. Só não sabia o
motivo de Natasha parecer tão feliz e empolgada com o assunto.
Naquele período em que ficou debilitado pelo ferimento, ela foi muito
mais do que esperava: cuidou dele, o mimou e esperou com toda paciência do
mundo que ele se recuperasse. Paciência até demais... pois ela se recusava a
ceder as investidas dele dizendo que poderia abrir o ferimento e dificultar a
recuperação. Os irmãos dela montaram vigília, até Caim e Asmodeus
apareceram para visitá-lo, bastante ou não, aquilo manteve os anjos afastados.
Dante respirou fundo e envolveu as mãos de Natasha com as suas. Estava
preocupado, durante o mesmo tempo que levara para se recuperar, ela não
havia se alimentado. Por mais que não houvesse nenhuma alteração visível,
àquela altura ela estaria tão fraca quanto uma humana. Insistiu para que ela se
alimentasse repetidas vezes, insistiu para que procurasse alguém no bar do
irmão ou mesmo Stela, mas Natasha se recusou e toda vez que Dante tocava
no assunto o clima ficava tenso.
– Hoje eu quero levar você para fazermos algo especial. Quem sabe
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podemos até chamar Stela para participar.


– Dante... – Natasha relutou ao puxar suas mãos das dele. – Você ainda
está fraco.
– Eu estou ótimo! – Ele levantou a camisa mostrando uma sutil cicatriz
que desaparecia aos poucos.
– Eu prefiro envelhecer como humana do que correr o risco de ficar sem
você. – As palavras dela foram frias, mas expressavam a verdade em seu
coração. Natasha nunca entendeu como algumas pessoas eram capazes de se
sacrificar por outras até o que aconteceu com Dante.
– Ei! – Dante acariciou o rosto dela e colocou uma mecha do cabelo negro
atrás da orelha. Os olhos azuis-esbranquiçados estavam tristes. – Eu estou
bem e você não vai envelhecer como humana, porque vamos passar a
eternidade juntos.
Natasha sorriu, ainda relutante. Entretanto, no fundo, de senti-lo tocando-a
como mulher outra vez, sentir o calor percorrer o corpo e as deliciosas
sensações.
– O que vamos fazer?
Dante sorriu de orelha a orelha.
– Me deixa surpreender você.

Natasha estava de pé parada junto à frente do santuário. Batia as unhas


pintas de vermelho-fosco contra a superfície da bolsa de mão. A brisa fria do
inverno seco, fazia voar a saia leve do vestido de cetim e arrepiava os pelos
dos seus braços.
Estava ansiosa. O que Dante aprontaria? Ainda tinha medo, sabia o
quanto ela mesma levara tempo para se curar de uma ferida como aquela.
Olhou para cima, para a lua amarelada do poste que iluminava a rua e o
letreiro luminoso na frente do santuário. Alguns homens que entravam
mexiam com ela, mas facilmente os ignorou; era como se não existissem.
A ansiedade a consumia. Por pouco não quebrou uma das unhas ao bater
tanto contra a bolsa. Por mais que estivesse louca para arrancar a roupa dele e
fazer sexo até que estivesse dolorida demais para continuar, por mais que sua
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natureza gritasse em desespero pela energia daquele encontro, Natasha tinha


medo. Não mentira quando disseram que preferia morrer humana a ter que
perdê-lo.
O carro parou junto a calçada assim como o coração de Natasha no peito.
As mãos cheias de suor frio faziam a pequena bolsa deslizar por entre os
dedos. O isofilme escuro nos vidros não pareceu tão generoso como quando
estava protegida por ele.
A porta se abriu, Natasha procurou não se esquecer de respirar.
Dante saltou para a rua com a graciosidade de um felino. Deu a volta pela
frente do carro e abriu a porta do carona para ela.
Natasha não se moveu. Por alguns segundos seus olhos se perderam
observando-o. Dante não precisava de muito para ressaltar a sua incrível
beleza natural, entretanto parecia que as vezes ele se esforçava para deixá-la
sem ar. O cabelo loiro ainda estava molhado e penteado levemente para cima,
num topete arrepiado. A calça jeans não era apertada demais para espremer
suas partes, porém era o bastante para ressaltar os músculos bem definidos. A
camisa branca social, tinha mangas até os pulsos e os botões superiores
estavam abertos.
Natasha suspirou .
– Oi! – Dante sorriu e deu um passo na direção dela, após se dar conta de
que a súcubo não se movia. – Que foi?
– Só pensando em quanto o seu sorriso é lindo. – Ela corou ao finalmente
conseguir falar.
O coração de Dante amoleceu ainda mais com o jeito apaixonado com que
ela o encarava. Amor... Merecia isso.
Ele foi até a súcubo e a puxou para junto do seu peito. Deu alguns passos
para trás e se apoiou no capô do carro. Com a mão direita afastou o rosto
macio para trás o suficiente para poder encará-la. Como era linda. Fechou os
olhos e acariciou o contorno da face apenas para sentir a suavidade da pele
feminina.
Natasha também fechou os olhos, sentindo o calor do toque singelo e
cheio de carinho.
Dante se aproximou e tocou os lábios dela, primeiro com suavidade,
porém assim que a boca se abriu pedindo a passagem da língua, apertou-a
ainda mais contra o seu corpo e intensificou o beijo. Mordiscou os lábios e o
pescoço. Senti-la se contorcer o incentivava mais a continuar.
Compreendia bem o medo que Natasha deixava transparecer, pois sentia o
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mesmo. Havia desaprendido a viver sem ela, sem os olhares apaixonados e a


companhia calorosa. Não deixaria que nem Uriel arrancasse isso dele.
Com o coração palpitando, afastou-se devagar. Como sentira falta dela o
tocando como homem e não apenas como uma enfermeira preocupada.
– Vamos.
– Para onde vai me levar?
Os olhos azuis-esbranquiçados de Natasha brilhavam de excitação pelo
beijo. Deslizou a mão pequena pelo peito dele, desabotoou mais dois botões,
então se conteve. Foi difícil esquecer o ardor nas pernas e lembrar que ele
estava machucado.
– É uma surpresa. – Dante tirou um lenço vermelho do bolso da calça.
Natasha virou de costas e abaixou a cabeça, permitindo que ele a
vendasse. Depois foi guiada para o banco do carona.
Sentiu-se um pouco aflita quando ouviu o barulho do carro sendo ligado e
esse começando a se mover. Não gostava de não ver o caminho, mas confiava
completamente em Dante.
Minutos muito barulhentos se seguiram, por mais que os dois não tivessem
dito palavra alguma durante o caminho. Natasha tentou se orientar pelo som
ao decorrer do caminho, mas foi inútil, eram buzinas demais, inúmeros sons
de carros, pessoas falando, gritando. Era inútil. Por fim apenas se ajeitou no
banco e esperou que chegassem.
O carro parou. Tentou tirar a venda, mas sentiu a mão de Dante bater
levemente na sua.
– Ainda não.
Com uma mão firme na cintura de Natasha, Dante a ajudou a sair do carro
sem nenhum acidente.
O lugar estava bem silencioso e a súcubo se perguntou, se pelo barulho
estranho do seu salto batendo contra um chão muito duro e áspero, não
estivessem em um estacionamento.
Não fez perguntas. Apenas o deixou que a levasse para onde pretendia.
Quando o salto se chocou contra um chão mais liso e o barulho dos passos
ficou diferente, sentiu um pouco de desequilíbrio quando o chão moveu e seu
corpo se começou a subir. Estavam num elevador. Não demorou muito para
que chegassem ao lugar pretendido.
Depois de mais alguns passos por um chão firme, Dante abriu a porta e a
guiou com delicadeza até o centro do quarto.
O ar frio do ar-condicionado tocou a pele exposta súcubo e a fez se
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encolher.
Quando Dante finalmente removeu a venda, Natasha levou alguns
segundos para se acostumar com a iluminação do lugar. Seus olhos piscaram
repetidas vezes até que as pupilas encolhessem e a sua visão retomasse o
foco.
– Dante é lindo... – levou a mão à boca para conter o gritinho histérico.
Natasha ficou sem palavras à medida que seus olhos percorriam o local.
Estavam numa suíte em um hotel de luxo, pelas largas janelas de vidro que
ocupavam quase toda a parede, podia ver lá embaixo os carros que passavam
como formigas pela Avenida Paulista. Estavam numa espécie de sala com
dois largos sofás creme e uma mesa de vidro ao centro, decorada com bolas
de cristal. Uma escada em meia lua, com degraus que pareciam flutuar,
levava a um segundo patamar onde ficava uma cama com design moderno,
cabeceira preta e largos travesseiros brancos que pareciam muito macios. Um
enorme lustre de cristal pendia do teto pouco depois de onde o patamar da
cama terminava, a luz intensa iluminava todos os cantos e dava à mobília
uma sombra suave e desfocada.
Uma porta lateral se abriu chamando a atenção de Natasha. Quando viu
Stela sair de lá, enrolada em um roupão branco, com os cabelos castanhos e
ondulados pendendo ao redor do rosto, seus músculos ficaram tensos. Ela deu
um passo para trás e foi parada pelo corpo de Dante.
– Amor... – Sua voz soou trêmula e cheia de receios.
Ele apoiou cada uma de suas mãos em um dos ombros dela é apertou
levemente.
– Não precisa ficar assim, eu não me importo, fui eu quem a chamei. Além
disso, precisa muito se alimentar e um pouco da energia dela será bem-
vinda.
Natasha se virou, buscou os olhos dele, apoiou uma das mãos trêmulas no
peito firme. Adorava ménages, era a primeira a se candidatar a um. Mas não
com ele, não quando corria o risco de estragar a relação monogâmica a qual
já era dependente.
Dante segurou a mão em seu peito e devolveu o olhar penetrante.
– Meu amor por você é mais do que carnal. Superei o ciúme quando
dormimos juntos sem estarmos nus, quando você ficou ao meu lado na cama
enquanto eu me recuperava. Uma noite divertida não vai estragar algo que é
muito mais do que só sexo.
– Tem certeza ?
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Dante a beijou com todo o carinho e não precisou dizer mais nada.
O toque dele foi libertador. Os músculos de Natasha relaxaram a cada
carícia da língua. Envolveu o pescoço do príncipe com os braços delicados e
com a ponta dos dedos, brincou com mechas do cabelo loiro. Como sentiu
falta de ser envolvida por aqueles braços firmes, de ser apertada contra o
peito forte. Suspirou, assim que a língua dele permitiu.
Dante a levou até o espaçoso sofá e ainda a beijando, sentou-a com
cuidado. Deslizou as mãos quentes e firmes pelos ombros levando consigo as
alças do vestido.
Os lábios do Príncipe percorreram o pescoço de Natasha, fazendo sua
sensibilidade crescer a cada beijo. Ela ofegou quando o ar frio do ar-
condicionado se chocou contra o caminho molhado que ficou para trás após o
deslizar da língua dele. A súcubo puxou com mais força o cabelo loiro e
mordeu o lábio inferior para conter o gemido. Todos os pelos do seu corpo
estavam eriçados e Dante mal havia começado a tocá-la.
Stela passou a língua pelos lábios ao observá-los de longe. O simples beijo
no pescoço parecia ter deixado Natasha alucinada e isso fez a loba torcer as
pernas. Ela jogou os cabelos para trás e deixou que o roupão caísse revelando
seu corpo. Ansiosa, mordendo os lábios, deu passos na direção deles. Havia
adorado estar com Natasha naquela noite e não escondia a pontada de inveja
por ela ter escolhido o Dante. Já que não sabia quando ou se voltaria a ter
uma oportunidade como aquela, queria aproveitá-la ao máximo.
Natasha se contorceu e jogou a cabeça para trás ao sentir a boca de Dante
deslizar um pouco mais e começar a abrir os botões e seu vestido com ajuda
da língua e dos dentes. Foi fácil notar o esforço que ele fazia para não os
arrancar de uma vez. A tensão que se formava em seu ventre se tornou ainda
maior quando a língua provou a região entre seus seios. O príncipe soprou
um ar fresco sobre eles e o gemido foi impossível de conter. Dante a
enlouquecia desde a primeira vez que a tocou, ainda que fosse na tentativa de
recriminá-la. Como resistir àquele homem, o corpo que possuía, os
músculos...
Dante se desfez do vestido e o jogou sobre o outro sofá. O breve segundo
de distanciamento dos corpos fez Natasha pensar que conseguira resistir à
tentação de se derreter aos encantos dele. Tolice...
Stela aproveitou o breve distanciamento para poder tocá-la. De joelhos
sobre o sofá ao lado de Natasha, curvou-se e percorreu os lábios carnudos
com a ponta da língua. Sorriu assim que a súcubo abriu a boca permitindo
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que a invadisse. Então provou outra vez o sabor doce da luxúria.


Ofegou em meio ao beijo se recusando a afastar os lábios ainda que por
uma fração de segundos. Ela era o doce do qual duvidava que alguém fosse
capaz de enjoar.
Com as mãos firmes, Dante percorreu as coxas de Natasha apertando com
pressão suficiente para não deixar as marcas de seus dedos na pele branca.
Deslizou até o quadril e enfiou os dedos por debaixo da lateral da pequena
calcinha de renda vermelha. Ela remexeu. Ele sorriu. Então puxou a calcinha,
partindo-a em três, numa velocidade que Natasha mal sentiu. Se deu conta
apenas quando o ar frio se chocou contra o sexo molhado e desprotegido.
Dante jogou no chão o que restou do tecido úmido e ajoelhou-se entre as
pernas da súcubo. Com as mãos, abriu-as sem resistência. Encarou Natasha
apenas de sutiã diante de si e suspirou. Inferno, como ela é linda. O desejo
que ardeu em suas veias o deixou sem ar. Finalmente podia tocá-la de novo e
não apenas em carícias afetuosas. Nunca havia necessitado tanto de sexo
antes, mas... Merda! Nunca sofreu tanto como nos últimos dois meses.
Natasha era uma droga na qual havia se viciado. Talvez aquele fora um
importante ponto de sua recuperação, precisava possuí-la como mulher outra
vez.
Curvou a cabeça, soprou um ar quente contra a vagina depilada, viu os
quadris se remexerem e as pernas se abriram o máximo que puderam. Dante
passou a língua pelos lábios. Sua boca salivava. Então ele arfou com a
sensação de seus lábios, de sua boca, de sua língua desfrutando do sabor
agridoce do sexo úmido. Não se conteve ao exploras os contornos, as curvas,
a textura... cravou as unhas curtas nas coxas macias e se afogou nela.
Natasha mordeu os lábios de Stela e se contorceu contra o sofá ao sentir o
compasso dos movimentos que a língua de Dante tomava, dançando sobre
seu clitóris, levando-a à beira da perdição. O toque com pressão constante e
intensa, movendo seu clitóris para os lados e para cima a fez querer gritar,
soltar todos os palavrões que conhecia. Onde aquele homem esteve escondido
por trezentos anos? Ah...
Dante deslizou um dedo para dentro e acariciou o interior quente e
molhado, fazendo com que ela escorregasse o quadril um pouco mais para
frente, sentando quase na beirada do sofá. A carícia com a língua não parou
enquanto o dedo imitava os movimentos que o pênis do príncipe já conhecia
tão bem.
Natasha estava alucinada demais para perceber Stela empurrar suas costas
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um pouco para frente e abrir o fecho do sutiã, finalmente deixando a súcubo


completamente nua. Mesmo com as mordidas e gemidos contra os lábios, a
loba não parou de beijá-la. Deslizou as mãos e apertou os seios, os mamilos
eriçados cutucaram as palmas.
Stela abocanhando um dos mamilos e sorvendo-o com força, fez Natasha
ser incapaz de conter o grito. Os olhos azuis-esbranquiçados da súcubo
giraram nas orbitas, enquanto ela tinha a cabeça erguida para o teto, mas era
incapaz de vê-lo por estar perdida em suas próprias sensações.
Ainda a estimulando com o dedo, Dante fechou os lábios ao redor do
clitóris e começar a chupar devagar. Fez o corpo de Natasha explodir em
brasas. Foi demais! Não, ela não queria que o orgasmo viesse agora, adoraria
desfrutar um pouco mais dos toques, do estimulo. Mas não teve jeito, ela
estremeceu ao sentir a onda do êxtase varre-la, roubando seu fôlego e
equilíbrio. Seus músculos se encolheram. Natasha gritou.
Dante se ergueu e beijou-a nos lábios, fazendo com que sentisse o gosto
do próprio sexo ainda na boca dele. Continuou a mover o dedo, entrando e
saindo, à medida que ela sentia o orgasmo.
– É... é isso... vão me enlouquecer?
O peito de Natasha subia e descia em um intervalo muito curto. Respirava
como se houvesse corrido uma maratona.
– Ainda nem começamos, meu amor.
Dante a tomou nos braços e Stela deu passagem para que ele a erguesse no
ar. Subiu a escada com a súcubo nos braços e a deitou sobre a cama. Natasha
que ainda se recuperava se esparramou pelo colchão macio.
Com o canto de olho, ela observou uma travessa de morangos alguns
pequenos frascos e brinquedos, colocados sobre uma circular mesa de vidro.
Dante que era o único ainda vestido, deu logo um jeito de se livrar de suas
roupas e as deixou como história pelo chão.
Uau! Stela conteve a exclamação ao olhá-lo nu. Natasha tinha ótimos
motivos para escolher o cara, se ele era bonito vestido, nu... mordeu os lábios.
Engatinhou na cama até se aproximar dele, ergueu uma das mãos para tocá-
lo, porém Dante a segurou no ar.
– Não. Você não veio aqui para ficar comigo.
Stela puxou o braço de volta e conteve um palavrão. Grosso! Não era uma
súcubo, mas também era bela a sua maneira. Doeu ser rejeitada daquela
forma. Mas observar a forma como Dante olhava para mulher de cabelos
negros, esparramada na cama, deixava claro que tudo ia muito além da
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simples aparência.
Natasha se equilibrou para ficar de joelhos na cama. Finalmente a tontura
do delicioso orgasmo havia passado. Com um brilho no olhar ao encarar
Dante, ela moveu os lábios num eu te amo silencioso e ele lhe devolveu um
enorme sorriso. Em seguida, ela puxou Stela para cama, ficando de quatro
sobre ela.
Logo a loba se esqueceu dos motivos que a irritaram, assim que os lábios
da súcubo retomaram os seus. O beijo reacendeu o fogo. Suspirou ao sentir a
mão delicada de Natasha percorrer a lateral de seu corpo até apalpar a nádega
redonda. Soltou um gemidinho e ergueu o quadril na direção da súcubo. Mas
o sexo de Natasha estava longe demais para que pudesse tocá-lo e isso a fez
soltar um gemido de protesto.
Natasha ergueu uma das mãos e a esticou até alcançar a travessa com
morangos. Colocou um na boca e ofereceu metade dele a Stela, para em
seguida voltarem a se beijar com urgência.
Dante observava tudo, ainda de pé ao lado da cama. O desejo já lhe dava
febre, cruzou os braços e cravou as unhas na pele dele no intuito de diminuir
um pouco a pulsação agonizante entre as suas pernas. Deixe-as se divertirem
um pouco, disse a si mesmo, entretanto não parecia tão fácil conter-se ao
ponto de não se atirar no meio delas.
A súcubo deslizou na cama passando as mãos por todo o corpo de Stela
até ficar entre as pernas da loba. Ergueu a cabeça, os olhares delas se
cruzaram. Sorriram. Então quando Natasha lambeu vagarosamente seu
clitóris, Stela levou o braço a boca, mordê-lo ajudou a suprimir o gemido. A
loba remexeu os quadris e cravou as unhas da mão livre no colchão. O nó e a
tensão em seu ventre aos poucos foi se dissolvendo de forma deliciosa à
medida que a língua muito hábil da súcubo atendia ao desejo.
Natasha quase mordeu Stela com a surpresa da palmada que estralou em
sua bunda. Dante não resistiu, não aguentava ver aquelas curvas lindas
balançando na frente dele sem poder tocá-las. Quando o segundo tapa veio, a
súcubo já estava preparada e aproveitou a deliciosa ardência enquanto não
parava de atormentar a loba com a língua.
Os olhos e Stela trocaram de cor e ela soltou um leve uivo. Conteve-se
para não perder o controle do próprio corpo. Mas a língua de Natasha parecia
conhecer exatamente o caminho para fazer isso. Por sua testa escorria um
leve suor enquanto remexia-se na cama a cada lambida, leve chupada ou
pressionada no seu clitóris.
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– Caralho, Natasha!
Ela riu, mas não parou.
Dante já estava de joelhos na cama e acariciava as curvas da bunda de
Natasha, empinada em sua direção. Tinha prometido a si mesmo que deixaria
ela e Stela se divertirem um pouco. Ainda que não estivesse corroído pelo
ciúme, já era incapaz de ficar simplesmente assistindo. Não daquele jeito, não
depois de dois meses. Seu corpo já se recusava a aceitar as advertências de
sua mente.
Afastou um pouco as coxas e, com o dedo, percorreu a abertura úmida
antes de finalmente penetrá-la.
Natasha virou a cabeça e mordeu a parte interna da coxa de Stela e o quase
grito foi abafado. Finalmente, Dante havia cedido, finalmente estava dentro
de mim... Moveu-se contra a pélvis dele, sentindo-o entrar por completo. O
membro volumoso a acariciando por dentro, dando-lhe e uma deliciosa e
quase inexplicável sensação de prazer. Fora tempo demais, uma eternidade.
Ele permaneceu parado por um tempo, apenas sentindo a umidade gostosa
que o envolvia. Acariciou e apalpou a bunda macia, antes de começar o vai e
vem. Tentou, e como tentou ir devagar, no entanto seu corpo o traiu
assumindo cada vez movimentos mais rápidos e com mais força. Porém ao
ver que Natasha rebolava contra o seu corpo pedindo por mais, logo se
deixou ser guiado por seus instintos mais carnais.
Stela não protestou por algumas mordidas. Elas eram deliciosas. No
entanto, logo forçou Natasha parar o sexo oral e deslizou para de baixo do
corpo da súcubo. Essa, ainda que com Dante a penetrando com afinco,
abaixou um pouco os quadris, até que seu clitóris roçasse no da loba.
Ambas gemeram juntas e voltaram a se beijar. Um beijo repleto de
mordidas.
Nas nuvens, talvez aquela não fosse a melhor definição para descrever
como Natasha estava se sentido no momento, porem foi a melhor que
encontrou em meio a pensamentos embaçados pela sensação de prazer. Já
estivera com mais de uma pessoa na cama, no banheiro e em inúmeros
lugares antes, talvez pelo amor que sentia por Dante e o tesão por ambos,
nenhum outro ménage anterior se comparava a esse.
Suspirou ao sentir sua bunda arder com outra palmada.
Dante jogou o cabelo negro de Natasha para o lado e curvou-se para
morder o pescoço exposto. A forma como ela se contorceu o incentivou a
continuar beijando e mordendo a região, enquanto as estocadas nela não
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cessavam. Ele se movia de tal modo que ele pudesse acessar a parte mais
profunda de seu interior. Acariciava a bela bunda, as coxas e a cintura ao ser
levado pelo ritmo deles, numa dança que conheciam tão bem. Penetrou-a
cada vez mais intensamente, com mais força ao ceder as suas necessidades
mais básicas.
Abaixo de Dante, Natasha e Stela se contorciam. A colcha da cama que
nem havia sido retirada, estava completamente remexida. Os clitóris delas se
roçavam com ajuda dos movimentos dele. Tentavam se beijar, mas as vezes
era impossível em meio a tantos gemidos.
Stela logo perdeu os sentidos e agradeceu por estar deitada, pois caso
contrário, teria desmoronado. O orgasmo a atingiu como um chute no peito,
que a deixou sem ar e todos os seus músculos dormentes. Depois foi como se
um líquido formigante fosse derramado por suas veias. Quando recobrava a
consciência se deu conta de Natasha a envolvendo pelos cabelos e puxando-a
para outro beijo.
Os últimos suspiros de prazer foram capturados pela súcubo. E depois de
tanto tempo sem se alimentar, Natasha precisou que Stela empurrasse
levemente seu peito para que ela parasse.
Exausta, a loba rolou para um lado da cama, saindo de baixo deles.
Com a caminho livre, Dante girou Natasha e a deitou de barriga para cima
na cama. Mordiscou o lábio inferior que já estava inchado e voltou a penetrá-
la. A medida que se movia dentro dela, a súcubo o abraçou com as pernas,
mantendo seus corpos o mais unido possível. Dante gemia a cada vez que a
vagina dela o apertava. Seus músculos já estavam prestes a ceder às
sensações. As estocadas eram cada vez mais fortes e mais fundas. Uma gota
de suor escorreu de sua testa e caiu na cama quando ele se curvou para
morder o pescoço de Natasha.
Mais algumas estocadas. Queria fazê-la chegar ao orgasmo outra vez, mas
não aguentaria. Mesmo respirando fundo ela o apertou um pouco mais e
Dante se desfez, banhando-a por dentro com seu sêmen.
Ainda se movendo dentro dela, estocando-a mais devagar, beijou-a,
deixando-a sugar toda a energia que julgasse necessária. A forma como
Natasha se contorcia em meio ao beijo e gemia o fez deduzir que ela havia
chegado ao prazer logo depois.
Exausto, caiu sobre a cama e a aninhou em seu peito. Logo permitiu-se
pegar no sono.

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Natasha acordou com o sol forte entrando pelas grandes janelas de vidro.
Suspirou ao se aninhar no peito de Dante, que subia e descia em uma
respiração leve.
Olhou para o outro lado da cama. Stela não estava mais ali. Havia sido
uma ótima noite, mas gostou de estar apenas com Dante na manhã seguinte.
Stela era linda, porém o algo a mais não existia com ela.
Sorriu ao fazer movimentos circulares com o dedo sobre o peito dele.
Olhou a de relance para a cicatriz, essa ainda estava ali e talvez levasse mais
do que alguns meses para desaparecer. No entanto, Dante estava bem e isso
era o que importava.
Ele abriu os olhos verdes devagar, levado alguns minutos para se
acostumar com a luz do quarto. Segurou a mão de Natasha sobre o seu peito e
sorriu.
– Bom dia, meu amor.
Os olhos azuis-esbranquiçados dela se iluminaram, enquanto rolava sobre
o peito do príncipe.
Beijou-o brevemente.
– Como está sentido? – Ele a fitou ao colocar atrás da orelha uma mecha
do cabelo negro.
– Ótima! Como se não tivesse ficado tanto tempo sem energia.
– Não deveria ter ficado. – A expressão de Dante se fechou.
Natasha ergueu um dedo e massageou a ruga entres as sobrancelhas dele
até que essa desaparecesse.
– E a parte sobre eu não matar ninguém?
– Ambos sabemos que você não precisa matar ninguém.
Ela mostrou língua.
– Aquela vadia que matou dois caras numa noite estava disposta a morrer
por mim? – Dante zombou.
Natasha escorregou dos braços dele é virou as costas. Encarando a parede
branca do outro lado.
– Estou apaixonada. – Sua voz soou como um sussurro à medida que se
encolhia.
Dante a puxou pelo ombro, forçando-a a encará-lo.
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– Não aja como se isso fosse ruim, porque eu também a amo. Não quero
de forma alguma que morra.
– Não me contento mais com outro toque que não seja o seu.
Dante não conteve o sorriso, ouvir isso o fazia tão bem.
Natasha voltou a subir em cima dele.
– Até quando podemos ficar aqui?
– Bom – Dante cruzou os braços atrás da cabeça, usando-os com
travesseiro. – A reserva vai até o meio dia.
– Ainda não usamos a banheira. Eu adoro uma banheira.
Dante sorriu ao observá-la se contorcer sobre seus quadris. Suspirou ao
conter com a vontade de seu pênis duro sobre ela. Percorrer com os olhos as
curvas expostas daquele belo corpo nu, não ajudou nem um pouco.
Natasha deu um pulinho quando o membro a cutucou.
– Aqui não é a banheira. – Ela deslizou as mãos sobre o peito de Dante,
espremendo seus seios na direção dele no processo.
O príncipe respirou fundo e apertou a cama sob seu corpo, tentando se
conter. Seu corpo já o sabotava todas as manhãs, com ela em cima era um
crime não fazer nada.
– Eu acho que consigo esperar até chegarmos na banheira.
Natasha deu um pulo da cama e desceu a escada até o banheiro.
Dante perdeu alguns minutos observando-a. As curvas que se moviam a
cada passo, o rebolado involuntário, os seios pulando levemente a cada passo.
Os cabelos longos, negros e sedosos, quase tinham seu brilho próprio. A luz
do sol que entravam pelas enormes janelas de vidro só a favoreciam.
Quando Natasha entrou na porta do banheiro e a fechou, Dante pulou da
cama como um gato e correu na direção dela.
Ela deu uma risadinha atrás da porta como uma garota travessa antes de
abri-la.
Ele entrou, observou com o canto de olho a banheira que ainda estava
enchendo. Bom, prometi chegar até lá, mas não queria esperar mais.
Empurrou Natasha contra a parede, com a mão direta ergueu os braços
dela acima da cabeça e os manteve firmes contra a superfície fria. Passou a
língua no vale entre os seios macios ao sentir o desejo rugir dentro de si. A
forma como ela se contorceu e gemeu o excitou ainda mais.
– Na banheira. – A súcubo tentou soltar os pulsos.
Ele rugiu.
– Na banheira.
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A contragosto, Dante a soltou, mas logo puxou-a consigo para dentro da


banheira, sentando-a sobre seus quadris. Mal se deu conta da água quente que
o envolvia, ou do sabão. Só uma coisa importava no instante.
Natasha sorriu ao apoiar as mãos sobre os ombros largos. Podia ver o
pênis dele se remexer, esperando-a com ansiedade. Rebolou em cima dele,
tocando-o com sua abertura, provocando-o.
– NATASHA, CARALHO! – Dante mordeu o lábio arrancando algumas
gostas de seu sangue negro.
Ela riu ao senti-lo segurar sua cintura e fazê-la sentar de uma vez.
Invadindo-a.
Natasha gritou.
Água da banheira voou molhando todo o banheiro, algumas gotas
espirraram até no grande espelho.
– Cuidado. – Ela torceu os lábios batendo no peito dele com a mão
molhada.
– Penso nisso na próxima vez.
Dante segurou firme a bunda dela e a fez começar a quicar. Dessa vez ele
não se preocupou em medir sua força ou ser cuidadoso. Deixou ser apenas
guiado pelo desejo entre as suas pernas.
Com a força com que ele apertava suas nádegas, Natasha teve certeza de
que ficaria por alguns dias com as marcas dos dedos na pele dolorida. E quem
disse que ela se importava? Gostava muito daqueles momentos animais, de
total perda de controle. A dor das palmadas e apertos era boa, e Dante fora o
único homem capaz de proporcioná-la.
Remexeu contra os quadris dele, fazendo-o entrar ainda mais fundo,
preencher todo o seu interior. Mordeu os lábios, tentando conter o gemido,
rebolou outra vez, quicou.
A água que voava já havia inundado o banheiro com chão de porcelanato
branco.
Dante tentou dar uma palmada, mas praguejou quando a força de sua mão
foi roubada pela pressão da água.
Natasha apoiou a cabeça na testa dele. Olhando-o, sorrindo, e com mais
frequência deixava os gemidos escaparem por entre os lábios.
Curvou-se, mordendo o pescoço, provando do seu sabor enquanto
deixava-o guiar os movimentos cada vez mais fortes.
Suspirou, ensandecida, o prazer que lhe dava era de tirar o fôlego. Já não
conseguia conter os gemidos quando a fricção tomava um ritmo quase fora
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do controle. Pela ânsia de Dante em quase devorá-la, deixava claro para


Natasha o quanto ele a queria, o quanto o sentimento era recíproco.
Ali, sentada no pau dele, deixando-o guiá-la em uma deliciosa cavalgada,
não pensava em mais nada, não desejava nenhuma outra coisa.
Ainda não acreditava como fora forte durante dois meses inteiros. Ter
aquele pênis dentro de si já era uma necessidade, um vício. Ele era gostoso,
gostoso demais...
Quicou quando as mãos firmes dele a empurram para baixo. Gemeu
quando o sentiu quase tocar seu útero.
Antes dele não fazia sexo no dia seguinte. Os homens com os quais se
envolveu não viveram para o dia seguinte, os poucos que fugiram a essa regra
foram embora após comer a súcubo gostosa. Mas com Dante havia uma
antes, um durante, e muitos depois...
A estocada funda e forte a fez perder o fio do pensamento sensato.
– Que guloso. – Ela brincou com a voz abafada por gemidos.
Dante sorriu e mordeu seu lábio inferior.
– O que posso fazer se você é tão gostosa?
– Eu sou? – Natasha se esfregou contra ele, roçando os seios em seu peito.
– Isso! Me provoca! Já estou me segurando para não te melar toda.
– Já estamos na água mesmo.
Natasha se apoiou nos ombros dele e subiu os quadris até ele quase sair,
depois desceu rebolando o fazendo entrar outra vez.
Dante gritou um monte de palavrões e cravou suas unhas na bunda dela.
Gostas do sangue vermelho se misturaram água e ela deu um gritinho.
Os músculos do príncipe ficaram tensos e ele jogou a cabeça para trás.
Sentindo o banheiro girar. A onda de prazer formigante o deixou imóvel e o
fez perder os instintos. Alguma parte de sua mente viu Natasha continuar a se
mover. Quando recuperou o controle do braço, levou a mão até a junção dos
corpos e a estimulou até ouvi-la gritar seu nome.
Quando o orgasmo a atingiu, Natasha apoiou a cabeça sobre o peito de
Dante e respirou como se houvesse corrido uma maratona.
– Você é muito bom...
– Não sou um íncubo, mas me esforço. – Ele brincou com uma mecha
molhada do cabelo negro.
– Você é melhor do que um. – Natasha suspirou. – Agora posso comer
aqueles morangos e tomar o champanhe ao lado da cama?
– Claro!
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Ele gargalhou ao abraçá-la.

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Capítulo 25

Natasha abriu a porta da sala cantarolando. O largo sorriso estava


estampado de uma orelha a outra. Nunca, em toda a sua existência, estivera
tão feliz.
Dante... O nome ecoou em sua mente como um sussurro sedutor.
Jogou os braços para cima antes de deixar seu corpo cair sobre um dos
sofás. Estendeu o braço até encontrar o pequeno abajur sobre uma mesa
redonda ao lado do sofá, aquela luz fraca e amarelada bastaria.
Mesmo que ainda fosse dia lá fora, as cortinas estavam sempre fechadas
para manter a vampira segura. Mas a súcubo, já havia se acostumado com
aquela acolhedora escuridão.
Tirou as sandálias de salto e colocou os pés sobre a mesa de centro.
Perguntou-se quando poderia viver com ele como Aron e Dária faziam.
Talvez com mais alguns anos, tinham muito tempo...
– Olá, querida.
A voz fez Natasha virar a cabeça para o lado e ver sua mãe parada junto a
passagem que levava a um dos corredores.
Beatriz tinha os braços cruzados e avaliava com atenção a felicidade que
emanava da filha.
– Ah, você ainda está aí. – Em meio a uma exclamação carregada de
desdém, Natasha desviou o olhar. – Achei que já tivesse voltado para a
Europa.
Beatriz percorreu a distância com alguns passos e sentou-se ao lado da
filha.
– Não vou voltar para a Europa enquanto os bruxos não resolverem as
rixas deles. Eles vivem na dimensão deles lá, mas não deixam fazer seus
problemas respingar na Terra.
Ela bufou ao jogar os cabelos negros para trás.
– Então só está aqui por que está com medo?
Beatriz apoiou as mãos sobre os joelhos que estavam expostos pela saia
curta.
– Sei que temos nossas desavenças, mas é tão ruim assim que eu esteja
aqui?
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– Não. Na verdade, tanto faz. – Natasha deu de ombros .


– E Mammon, como ele está?
Beatriz decidiu que mudar de assunto era o melhor jeito de manter a filha
por perto por mais alguns minutos.
– Ele está bem. Dária o salvou. E o chame de Dante. Ele não gosta de ser
chamado pelo que é no inferno.
– Tá bem. Dante, o chamarei assim. – Ela deu uma breve pausa ao ver que
Natasha não diria nada, prosseguiu. – E Lilith, gostou de conhecê-la?
– Sim, ela foi muito amável comigo, tanto ela quanto Samael.
– Estou muito feliz por você e Aron.
– Obrigada. – Natasha se levantou. – Vou ver se encontro a Isa.
– Ela estava no quarto da última vez que a vi.
Natasha não disse mais nada a mãe. Saiu da sala deixando as sandálias
para trás e subiu a passos rápidos a escada que levava ao andar superior.

Isabel estava parada diante de um espelho. Soprou uma mecha do cabelo


loiro curto que havia caído sobre os olhos e cerrou os dentes. Jogou os
vestidos em sua mão sobre a cama de dossel e quase bateu os pés de raiva.
– Isa, você não acredita onde ele me levou! – Natasha chegou a porta do
quarto aos berros. Isabel estava tão perdida em seus pensamentos que não
ouvira os passos de sua irmã se aproximando.
– A um quarto bonito num hotel ou motel. – A loira suspirou ao caminhar
na direção do closet.
Abriu as portas duplas de madeira e fitou as araras. Havia tantas roupas e
ao mesmo tempo nenhuma. Segurou o soluço, estava se sentindo péssima.
– Como você sabe? – Natasha se atirou na cama, afundando a cabeça nos
travesseiros da irmã.
– Ele é um romântico, Nat. É meio óbvio.
A morena mostrou língua. Não era tão óbvio. Havia sido uma surpresa
para mim!
Isabel continuou a filtrar as roupas que tinha. Será que dava tempo de
comprar algo novo?
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– Isa, você está prestando atenção em mim?! – Natasha gritou ao perceber


que havia falado dez minutos para o vento.
– Hã? Sim estou! Você disse que foi ótimo, que o sexo foi maravilhoso e
que ele tem muita energia.
– Não, não foi tudo o que eu disse.
– Ah, dá um tempo vai!
Natasha arregalou os olhos e viu a irmã se encolher dentro do closet.
Havia algo de errado com Isabel, algo que fez causar um nó de desconforto
no estômago da morena. Esqueceu-se da noite com Dante e focou a sua
atenção na irmã.
Isabel era atenciosa e curiosa, em seu estado normal teria enchido a irmã
de perguntas sobre a noite. Teriam rido e fantasiado juntas. Era o que Natasha
esperava ao entrar no quarto, entretanto, encontrara uma mulher mais fria e
distante do que nunca.
– Isa, o que foi?
A loira caiu de joelhos e desabou a chorar.
Natasha se levantou e correu até a irmã. Ajoelhou-se ao lado dela e
envolveu os ombros da loira com seu braço.
– Ei, o que foi?
A morena secou com a ponta de um dedo uma lágrima que escorreu pelo
rosto de Isabel.
– Eu estou me sentindo péssima, não deveria, mas estou.
Ela soluçou e levou as mãos trêmulas ao peito.
– Por quê? Você é a que menos tem o que se culpar de todos nós. A irmã
mais nova que cuidava dos mais velhos.
Isabel soluçou e escondeu o rosto entre os cabelos de Natasha.
– Estou me sentindo péssima justamente por isso. Eu deveria estar me
sentido feliz por vocês... Não que não esteja, claro que estou, mas...
– Calma, Isa.
Natasha apertou ainda mais a irmã contra si. Afagando o cabelo loiro com
carinho. Tentava fazê-la se sentir melhor, ainda que não soubesse a causa do
sofrimento.
– Por que está dizendo isso?
Isabel respirou fundo e engoliu algumas lágrimas. Ergueu a cabeça e
encarou os olhos da irmã, que tinha uma clara expressão de confusão no
rosto.
– Você o Aron encontraram a pessoa certa, estão tão felizes. Eu fico
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muito feliz por isso. Mas ele só tem tempo para a Dária há quase cento e
cinquenta anos e você agora com o Dante... – Isabel voltou a chorar. – Eu
tenho me sentido tão sozinha.
– Oh, Isa!
Natasha a abraçou ainda mais forte. Sentiu um aperto no peito que a
deixou sem lugar. Por um momento apenas acariciou o cabelo curto da irmã
sem saber o que dizer. Nunca havia pensado em como ela se sentia com tudo
aquilo.
– Sempre estaremos juntas, Isa.
– Eu sei. Mas não saímos como antes, não conversamos como antes. Fico
assustada ao ver que a única companhia que tenho nessa casa é a nossa mãe.
Natasha bufou.
– É mesmo horrível.
Isabel sorriu.
– Nuca havia pensado nisso, mas agora acho que seria bom eu ter alguém
também.
– E por isso a insatisfação com as roupas? – Natasha apontou para a pilha
de vestidos e saias sobre a cama.
Isabel escondeu o rosto, envergonhada.
– Marquei com um lobisomem. Ele é interessante...
– Por que, não estou vendo tanta empolgação assim?
– Talvez eu esteja esperando demais desse encontro e ele só queria uma
boa transa.
– Se ele for um babaca você o suga até o fim.
Ambas riram.
– Sabe, Isa, se até eu tenho um cara que me suporta, o seu ou a sua deve
estar aí em algum lugar e vai tentar te matar ou pender em algum momento.
Isabel respirou fundo e desviou o olhar, mexendo na barra de renda dá saia
que usava.
– Espero que sim.
– Até lá, sempre estaremos aqui, eu e Aron. Dante e Dária não nos tiraram
de você, viraram parte da família.
Isabel abriu um largo sorriso e abraçou Natasha.
– Vamos ver se achamos algo interessante no meu guarda-roupa?
A loira se levantou num pulo.
– Quem sabe tenha alguma coisa.

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Dante encheu um copo de plástico com café quente. Tomou uma golada,
torceu os lábios com o gosto amargo depois pegou uma colher e mexeu
melhor a açúcar que ficara no fundo do copo.
Tomou mais um gole antes de entrar na sala de interrogatório.
A pesada porta de metal fez um barulho agudo que ardeu dentro do ouvido
do homem algemado junto a uma trave, que ficava sobre a mesa fria e
prateada. Se o barulho não bastou para assustá-lo, mas a expressão no rosto
de Dante o fez se encolher. Infelizmente, as algemas limitavam seus
movimentos e ele não teve para onde fugir.
Engoliu em seco ao encarar aqueles olhos verdes tão cheios de
julgamento. Ainda que o policial parecesse descontraído tomando o seu café.
A mulher magra de estatura mediana e cabelos ondulados na altura dos
ombros, que entrou logo em seguida, foi um alívio visual que diminuiu um
pouco seu desespero. Sua boca salivou ao olhar para as curvas que a
compunham...
Por que diabos a sala estava tão fria? Ele pensou ao tentar, em vão, soltar
os pulsos da mesa e se abraçar. O suspeito sentiu um pouco de falta de ar.
Não havia nenhuma janela, nada além de paredes frias de metal, uma câmera
e o espelho por onde tinha certeza de que os demais policiais o observavam.
Saulo tentou coçar o nariz e acabou se frustrando de novo. Cerrou os dentes e
bateu com os punhos contra a mesa.
– Onde está o meu advogado, já disse que não falo sem a presença de um
! – Ele gritou ao encarar Stela que parecia ser, entre os dois policiais, a mais
fácil de intimidar.
– Estamos providenciando, querido. – Ela se debruçou sobre a mesa e o
encarou com um olhar ameaçador. – Você bem sabe como a Defensoria
Pública funciona.
Saulo se encolheu na cadeira de metal. Aquele olhar... O coração disparou
no peito. Sentiu um nó na garganta que o deixou incapaz de respirar. Um suor
frio escorreu por sua testa. Costumava ser o caçador e não a caça. Mas o
olhar da mulher delicada à sua frente, pareceu mais ameaçador do que o de
um cão raivoso.
– Minha parceira assustou você? Parece que não teve o mesmo medo ao
molestar e espancar uma mulher até a morte. – Dante lhe dirigiu um olhar
frio, com a mesma máscara assustadora que exibia em seu rosto para as almas

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condenadas do inferno. – Vou deixar você cinco minutos com ela, e quando
eu voltar quem sabe não possa me contar melhor o que aconteceu no beco na
quarta-feira à noite.
O detetive deu as costas, Stela abriu um sorriso maligno e estalou os dedos
de ambas as mãos.
– NÃO! Não me deixe aqui com ela.
– Achei que não tivesse medo de mulheres. – Dante voltou a encará-lo
com um ar de deboche.
– Não é bem assim.
Saulo engoliu em seco e se encolheu. Não era a primeira vez que acabava
preso, estava acostumado as frequentes visitas a delegacia, mas nunca
trombara com policiais tão assustadores quanto os diante de si. Preferia
qualquer coisa a ter que encará-los por mais alguns minutos.
– Então como foi? – Dante espremeu o copo de plástico com as palmas
das mãos.
– Ela pediu. – Saulo engasgou com as poucas palavras.
– Pediu?!
O riso histérico de Stela ecoou de maneira monstruosa e opressora pela
sala sem saída. Foram apenas alguns minutos que pareceram horas.
Em seguida, ela bateu as unhas afiadas e pitadas de branco sobre a mesa
de metal, e rosnou para o homem.
Saulo se sentiu claustrofóbico e a sala começou a girar. Talvez fosse
apenas dificuldade com a respiração, mas... Como poderia estar com tanto
medo de uma mulher?
Suas pupilas estavam dilatadas, suas pernas tremiam. Soube que mesmo
que fosse solto naquele momento, estaria paralisado demais para correr para
onde quer que fosse.
– Ela pediu? – Stela insistiu, curvando seu corpo ainda mais na direção do
dele.
Saulo se encolheu ainda mais e uma lágrima escorreu por sua face
deixando uma linha úmida e brilhante. O interrogado, sentiu-se como um
inseto perante a um elefante.
– PEDIU?!
Saulo engoliu em seco.
– Ela estava com um vestido curto tão provocante, foi como se tivesse
pedido.
Dante rosnou e o acusado pulou da cadeira, machucando ainda mais os
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pulsos por causa das algemas apertadas.


– Seu porco imundo! Ela poderia estar pelada. Enquanto ela não dissesse
eu quero, isso não é pedir.
O olhar... Encarar Dante fez um calafrio percorrer a espinha de Saulo.
Nunca havia enfrentado alguém tão monstruoso antes. Ele diria ou faria
qualquer coisa apenas para não ter que permanecer fitando aqueles dois.
– SIM! FUI EU. Eu quem a molestei e matei, mas por favor, me levem
logo para uma cela.
Stela abriu um sorriso e deu as costas para o suspeito.
Dante a seguiu para fora da sala.
– Essa foi fácil! – Ela riu ao se escorar na parede ao lado de um
bebedouro.
– Não diria que foi assim tão fácil. – Dante passou a mão esquerda pelos
cabelos. – Muitos policiais não tem as mesmas ferramentas de persuasão
que nós.
– Quem não cagaria de medo perante o príncipe do inferno?
– Fique que calada! Ninguém precisa ouvir isso.
Stela se encolheu quando ele estendeu uma de suas mãos pesadas na
direção dela. Era apenas um sinal de pare, mas foi o suficiente para deixá-la
com medo.
– Você deve ser muito forte, além de lindo. Porque pelado, puta que pariu!
– Você estava lá para satisfazer a Natasha e não para reparar em mim.
Engoliu em seco.
Como não reparar NELE?

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Capítulo 26

– Qual você acha melhor? A vermelha ou a preta.


Aron ergueu a cabeça do relatório de caixa do santuário e encarou a irmã
parada junto ao batente da porta de seu escritório.
Natasha tinha um belo sorriso estampado no rosto e balançava de um lado
para o outro dois modelos de cinta liga: uma vermelha com rendas, é uma
preta com sutis listras cinzas.
– Use a que combinar melhor com suas roupas. Embora eu não acredite
que ele deva se importar com qualquer uma delas... Deve te imaginar nua o
tempo todo, assim como eu faço com a Dária.
Natasha fez uma careta, antes de correr até o irmão e beijá-lo na testa.
– Obrigada por nada.
– Disponha.
Aron voltou sua atenção para os papéis. Sabia que dispunha de pessoal e
recursos para que ele não precisasse gerir o lugar. Mas gostava de fazê-lo,
principalmente, porque para ele e Dária aquele simples espaço significava
muito, fazia parte da eternidade que haviam construído juntos.

De volta ao quarto, Natasha fitava sobre a cama a camisola vermelha que


Dante lhe dera um pouco antes do incidente horrível com os anjos. Deslizou
os dedos pelo tecido macio. Ainda não tivera a oportunidade de usá-la, mas o
faria naquela noite.
Colocou a meia três quartos e a cinta liga que combinava. Virou-se para o
espelho e pegou sobre a cômoda um rímel, fazendo rolar um tubo de batom
que quase foi ao chão, parando bem na beirada do móvel. Ajeitou os cílios,
passou seu melhor perfume e despiu o roupão. Depois de colocar a camisola,
vestiu um casaco de mangas longas e que ia até seus joelhos. Assim passaria
despercebida por quem a visse na rua.
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Sorrindo, pegou sobre a cama a chave do carro e atravessou o mais rápido


que pode os corredores e escadas que a separavam da garagem.

Dante cumprimentou o policial na frente da delegacia com um breve


aceno de cabeça.
– Boa folga para você, Detetive.
– Obrigado.
O céu já estava ficando cinzento quando Dante desceu as escadas em
frente à delegacia e jogou a blusa que carregava sobre os ombros a fim de ter
as mãos livres. O vento fraco e fresco de fim de tarde lhe era bem-vindo.
Sorriu ao ver Natasha com as mãos apoiadas sobre o capô de um
conversível. Por um momento foi como se um túnel tivesse se formado entre
os dois, isolando qualquer interferência visual ou auditiva da metrópole
movimentada.
– Oi. – A voz de Dante soou como uma carícia suave que fez Natasha
fechar os olhos por alguns segundos.
Ele a acariciou antes de puxá-la para um beijo delicado que se intensificou
um pouco antes de se afastarem.
– Achei que esperaria que eu fosse buscá-la.
– Estava louca para ver você. Eu meio que não quis esperar.
Dante abriu um largo sorriso, terno e sedutor e Natasha se conteve para
não se atirar nos braços dele ali mesmo.
– Tá bem. Vou deixar meu carro aí, amanhã venho de ônibus.
– Ou eu posso te trazer. – Ela percorreu com a ponta do dedo a
sobrancelha direita dele até a base do pescoço.
– Eu adoraria a carona.
Com canto de olho, Dante viu outros policiais pela rua, entrando em seus
próprios carros. Isso foi o bastante para que ele não fizesse o que desejava:
envolver Natasha pela cintura e a puxar para mais perto em um beijo quente.
– Vamos?
Ela assumiu o volante a abriu a porta do carona para ele.
Durante todo o trajeto até seu apartamento, Dante ficou especulando
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sobre como ela estaria vestida por debaixo daquele pesado casaco escuro. Sua
mente viajou e todas as possibilidades o agradaram muito, inclusive a dela
não estar vestindo nada.
Levou a mão até a coxa macia da súcubo e a apertou levemente.
Natasha se virou para ele e sorriu, mas fingiu estar concentrada na rua com
trânsito movimentado.
Dante deslizou a mão até o interior da coxa, tocando os elásticos que
prendiam a cinta liga. Arregalou os olhos ao tomar um susto. Não esperava o
tapa que ela lhe deu. Tirou a mão às pressas.
– Ainda não. Espera chegarmos a sua casa.
– Você já fez coisas piores do que apenas me acariciar. – Dante cruzou os
braços, fechou a cara e virou-se para encarar o motoqueiro que passava no
corredor.
– Achei que eu fosse a impaciente.
Natasha mostrou língua e Dante quis mordê-la.
Ele se ajeitou no banco e respirou fundo. Que maldito trânsito lento!
Nunca havia sentido tanta vontade de poder usar suas asas.
Levou a mão a boca para conter o riso de deboche sobre si mesmo. Perto
de Natasha já não conseguia mais pensar com a cabeça certa. Um tarado, era
assim que estava se sentindo. Não conteve a gargalhada.
Natasha arregalou os olhos e o encarou sem entender.
Mas era tão bom ser assim perto dela.
O riso dessa vez foi mais discreto.
Finalmente a garagem do prédio apareceu diante dos seus olhos e Dante
abriu o portão para que Natasha pudesse estacionar em sua vaga.
Assim que o carro parou, Dante nem mesmo abriu a porta. Aproveitou que
o carro era conversível e pulou para fora. Deu a volta e abriu a porta de
Natasha.
– Que gentil! – Ela o beijou na testa.
Dante bufou e a envolveu pela cintura.
Natasha soltou um risinho ao passar os braços ao redor do pescoço dele.
– Já posso tirar o casaco? – Dante mordeu de leve a orelha dela em meio a
um sussurro, sentindo-a se contorcer em seus braços.
– Ainda não, seu safado. – Natasha deu tapinhas no peito dele.
– Não tenho culpa, foi você quem me deixou assim.
– Vamos subir.
Dante não precisou ouvir mais nada, para pegá-la nos braços e caminhar
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até o elevador. Poucos andares o separavam de seu objetivo.


Ao chegar à frente da porta de seu apartamento, equilibrou a morena em
seus braços com apenas uma mão e usou a outra para vasculhar pela chave
que deveria estar em seu bolso traseiro da calça social.
Abriu a porta. Fechou-a com um pontapé. Acendeu a luz da sala, livrando
o cômodo da penumbra. Enxergava bem no escuro, como a maioria dos
demônios, mas não queria que nada pudesse atrapalhar o que estava prestes a
ver.
Deitou Natasha no sofá, jogando no chão um livro que havia deixado ali
no dia anterior. O sorriso malicioso nos carnudos e sedutores lábios
vermelhos o enlouqueceu.
– Agora eu posso ? – Ele já estava com as mãos sobre a faixa que fechava
o casaco.
Natasha apenas assentiu. Aguardava ansiosa pela reação dele.
Dante logo se desfez da amarra e deslizou o casaco pelos ombros
delicados. Uau!
– Ficou tão linda quanto imaginei que ficaria. – Ele passou a ponta dos
dedos pela elevação dos seios no exagerado decote da camisola que
comprara.
A camisola nada discreta, expunha e escondia na dose certa para
enlouquecer qualquer homem. E a combinação com aquelas curvas o deixou
sem ar. Não podia se esquecer da cinta liga, a combinação com a pequena
peça e as meias foi o toque perfeito. Uma pena que durariam tão pouco.
– O que achou? – Natasha estufou o peito e enrolou no dedo anelar uma
mecha dos seus cabelos negros.
– Ficou maravilhosa! Mas ainda te prefiro nua.
– Aron disse que pensaria assim quando pedi ajuda para escolher a cinta.
– Imagino que ele entenda bem.
Dante sorriu ao se lembrar da mulher que o cunhado havia escolhido para
passar a eternidade.
Ele se curvou e lambeu-a na região entre os seios.
Natasha se encolheu com a sensação gostosa que lhe varreu o corpo. Todo
aquele calor se acendeu dentro dela. Era um fogo que necessitava, implorava
por Dante, e se inflava na presença dele.
A súcubo usou as pernas para envolvê-lo pela cintura e o fez tombar sobre
o sofá, caindo sobre ela.
Ele usou uma das mãos para se apoiar na beirada do estofado, para então
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beijá-la. Não teve delicadeza ou prudência, apenas a língua do príncipe


invadindo a boca dela com toda a fome voraz provocada pelo desejo.
Natasha ergueu as mãos e cravou as unhas nos ombros largos, sentindo-o
gemer contra seus lábios. Correspondia ao beijo com o mesmo ardor, a
mesma sede de quem precisava dele desesperadamente.
A chamada do desejo era alimentada a cada toque de língua ou roçar dos
corpos. Ambos pareciam cada vez menos dispostos a resistir a ela.
– Não quer ir para cama? Teremos mais espaço lá. – Dante perguntou sem
ousar afastar seus lábios dos dela.
– Gosto de pouco espaço.
Natasha os girou sobre o sofá, ajeitando-se sobre os quadris largos.
A visão dela ali fez Dante suspirar. Acariciou-a pela lateral do corpo e
lutou contra o impulso de rasgar a camisola deixando-a nua logo. Nua não,
poderia ficar com as meias.
Enfiou a mão pela nunca dela e a puxou de volta para um beijo, com a
mesma urgência daquele que havia sido interrompido. Subiu com a mão livre
pela coxa roliça, arrastando pelo caminho o tecido fino da camisola. Se
deliciava tocando a pele macia, mas não sabia se aguentaria apenas tocá-la
por muito mais tempo. O membro pulsante entre as suas pernas já dava sinais
claros que precisava dela. Tê-la se movendo sobre seus quadris, sentindo o
úmido tecido da calcinha roçando a cada movimento não ajudava em nada a
árdua tarefa que era resistir, ou ao menos tentar...
Quando Natasha deslizou até a outra extremidade do sofá, Dante teve a
tola impressão de que poderia respirar um pouco. Entretanto, logo os dedos
delicados e ágeis estavam abrindo o zíper de sua calça e o fazendo gemer. Os
dedos brincaram, passearam e estimularam a região e antes mesmo de
Natasha pegar em seu pênis, Dante já estava arfando, contorcendo-se sobre o
sofá. Os lábios vermelhos dela se abriram e ele suspirou, a ansiedade o
consumia.
Ela lambeu devagar, brincou com a glande com a ponta da língua. Sua
boca salivava. O membro rígido e pulsante entre suas mãos era um dos
lugares onde sua boca mais gostava de estar. Passou a língua num movimento
circular restrito a ponta. Conteve o sorriso quando o viu se remexer no sofá e
cravar as unhas da mão direta no braço do mesmo. Natasha lambeu outra vez
e continuou provocando até que a sua vontade falasse mais alto. Então,
finalmente o acolheu em sua boca, deslizando os lábios até a base do pênis,
engolindo-o.
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Dante arfou, curvou a cabeça para trás, arqueou o corpo no sofá. Talvez
devesse ter se acostumado com os toques dela, mas esses os faziam perder o
fio do pensamento racional ainda como da primeira vez e amava a certeza de
que isso não mudaria...
Natasha apertou um pouco mais os lábios, chupando-o com força, e Dante
se perdeu nas sensações, não conseguindo pensar em mais nada.
Ergueu a mão trêmula e acariciou o macio cabelo negro. A visão dela se
movendo, dos lábios, da língua o fazia se perder ainda mais no prazer que ela
o proporcionava.
– Nat... – Sua voz rouca foi abafada por um gemido. – Natasha, para um
pouco.
Ele se conteve para não fazer isso, mas no fim a puxou pelos cabelos e a
forçou a parar.
– Ei! – Ela cerrou os dentes.
– Não vou deixar você acabar comigo agora.
Natasha sorriu ao passar a língua pelos lábios.
– Tá bem.
Dante a puxou para cima pelos ombros e a fez sentar em seu rosto, com a
vagina úmida sobre seus lábios. Lambeu devagar e a ouviu gemer. Agarrou
as nádegas dela com as duas mãos e a impediu de se mover o máximo
possível.
Natasha jogou a cabeça para trás ao cravar as unhas sobre as mãos que a
seguravam com tanta força. Não conteve o grito ao sentir os lábios do
príncipe se fecharem sobre seu clitóris. Quando ele começou a chupar, não se
preocupou em conter os gemidos. A medida que Dante alternava entre leves
chupadas e movimentos com a ponta da língua, Natasha ia se perdendo,
delirando. Tentava rebolar, e praguejava toda vez que as mãos dele a
impediam. Quase arrancou os próprios cabelos quando ele a penetrou com a
língua e deu leves estocadas. Queria gritar, exclamar todos os palavrões que
conhecia, porém, tudo o que conseguiu foi soltar gemidos histéricos Ao
contrário dele, não pediu para que parasse e aceitou de bom grado a deliciosa
sensação do orgasmo. Foi como uma pancada que a deixou sem respirar por
minutos que pareceram horas. Jogou a cabeça para trás o máximo que pode,
fazendo os cabelos roçarem na perna de Dante, mas a calça o impediu de
sentir cócegas. Aos poucos foi diminuindo o ritmo e altura dos gemidos, mas
o delicioso formigamento ainda banhava seus membros.
Dante a soltou e ela desceu de cima dele, ainda tonta e trocando as pernas.
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Dante acariciou-a no rosto antes de puxá-la para outro beijo.


Ele ergueu os braços quando as mãos pequenas e delicadas tocaram a sua
cintura puxando para cima a camisa polo azul. Essa não tardou a ser jogada
sobre o encosto do sofá. O mesmo aconteceu com a calça quando Natasha se
esquivou do beijou e curvou-se para retirá-la e a cueca foi puxada junto.
Ao se dar conta de que Dante não tirava sua camisola, a súcubo começou a
fazê-lo ela mesma, até ser impedida pelas mãos firmes.
– Deixa ela, tudo o que preciso é que continue sem a calcinha.
Natasha sorriu e largou a alça que começara a puxar para baixo.
Dante a olhou demoradamente mais uma vez. A camisola e a cinta liga
eram uma combinação perfeita para deixá-lo excitado por horas.
Pegou-a no colo.
– Agora vamos para cama. Eu quero e preciso de espaço.
Natasha não emitiu nenhum som de protesto, apenas deixou que Dante a
levasse pelo corredor até o quarto. Não desviou os olhos daqueles verdes por
um único instante. Sentia seu coração palpitar no peito e tinha certeza de que
o orgasmo não era a única causa.
O Dante a deitou com todo o cuidado sobre a cama com lençóis limpos e
perfumados. Acariciou a pele macia do rosto, sentindo a energia intensa do
toque simples. Poucas coisas o faziam respirar fundo para não as fazer, a
mais cruel delas era ter que se segurar para não se atirar em Natasha como se
estivesse sedento.
Observou-a girar sobre a cama empinando para ele a bunda redonda,
coberta apenas até a metade pela camisola quase transparente.
– Me bate . – A voz dela foi uma carícia ao ego de Dante.
Ele se ajoelhou sobre a cama, perto de onde Natasha apoiava os pés. Subiu
o tecido da camisola e puxou para o lado as tiras de elástico da cinta liga,
para logo em seguida, dar um tapa cujo estalo ecoou por todo o quarto. Sua
mão ardeu e esfregou-a contra a perna. Viu o desenho de seus dedos em
vermelho contra a pele branca e delicada. Cerrou os dentes ao se culpar por
não ter medido a força. Era para excitá-la, não a machucar, seu idiota!
Natasha soltou o lençol ao qual havia se agarrado e virou a cabeça para
Dante. Seus olhos azuis-esbranquiçados, brilhavam com malícia.
– Bate assim de novo. – O sussurrou soou mais como uma ordem.
– Não vou te machucar, meu amor.
Ele hesitou ao afastar-se um pouco.
– Não sou de porcelana, não vai me quebrar. Adoro os seus tapas. Então
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só cala a boca e me bate.


– Não brigue comigo depois.
Dante deu outro tapa que ecoou por todo o prédio.
Natasha mordeu os lábios para conter o grito, o seu próprio sangue
molhou sua boca. Nenhum homem ao contrário de Dante conseguia lhe dar
tapas que a fizessem sentir, que deixassem ardendo de verdade. Ele é
incrível!
Dante a viu rebolar, com a marca de suas mãos estampada em cada uma
das nádegas. Tinha medo de machucá-la, mas estava claro que ela estava
gostando e muito.
– Pega na caixa que a sua mãe nos deu uma prótese com um anel do lado.
– Hã?
– Pega!
Dante se levantou da cama um tanto confuso e caminhou até o guarda-
roupa, onde havia deixado o presente da mãe. Abriu a segunda porta do
móvel de madeira escura e vasculhou dentro da caixa o que mais se parecia
com o pedido de Natasha.
Pegou o pênis de plástico nas mãos e encarou aquilo com as sobrancelhas
arqueadas. Tinha o seu próprio pênis, um de verdade. Para que Natasha
precisaria de outro?
Voltou para cama onde ela o aguardava sentada.
– Para que isso? – Dante o balançou no ar.
– Para colocar na minha bunda.
Natasha conteve o impulso de esconder o rosto quando suas bochechas
coraram. Não deveria ter ficado com vergonha, mas ficou.
Dante sorriu ao observar o anel de borracha na base da prótese.
– Acho que entendi, mas não achei que fosse tão safada esse ponto.
– Sou uma súcubo, já fiz com dois caras ao mesmo tempo. – Ela escondeu
o rosto.
Dois caras?! Era de se esperar.
Ele foi até Natasha e puxou-a pelo queixo para que o encarasse.
– Eu te amo, minha súcubo.
Depois de um beijo carinhoso, Dante deitou Natasha de bruços na cama.
Subiu sobre a súcubo e segurou o quadril dela entre suas pernas. Deu mais
um tapinha na bunda, divertindo-se com a incomum vergonha naquele rosto
tão impetuoso.
Pegou a prótese, enfiou seu pênis pelo anel na lateral dela e evitou pensar
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que achava estanho aquilo.


– Espera! – Natasha ao senti-lo roçar a prótese entre as suas nádegas.
Saiu de baixo dele e virou-se para encará-lo. A expressão no rosto
iluminado pela luz do quarto era de surpresa.
– O que foi?
– Se entrar seco assim me machuca.
A súcubo segurou os cabelos para trás e curvou-se para abocanhar a
prótese. Chupou-a um pouco, molhando-a com sua própria saliva. Depois
voltou-se para o lugar onde estava, embaixo de Dante.
Ele riu ao vê-la esconder o rosto em meio ao travesseiro branco e empinar
a bunda em sua direção.
Não hesitou em penetrá-la, duplamente. Mordeu o braço e gemeu ao sentir
a vagina tão úmida o envolver. Como ela era gostosa!
Apoiou a palma de uma das mãos sobre a cama e com a outra, segurou-a
pela cintura começou a se mover devagar. Fechou os olhos ao ser tomado por
uma maravilhosa espiral de sensações.
Mordeu os lábios para conter o gemido quando os músculos dela o
apertaram, ao ponto de espremê-lo. Sentiu o suor escorrer por sua testa e mal
haviam começado a deliciosa dança erótica.
Deslizou a mão da cintura até a nuca de Natasha, depois percorreu o
caminho de volta até a bunda. Demorou mais nessa região, batendo,
apertando-a. Amando a sensação que era tê-la vibrando contra o seu corpo.
As estocadas, embora um pouco lentas, eram fundas e intensas. A prótese
se movia junto com os movimentos do corpo de Dante, como se também
fosse parte dele. O príncipe não fazia ideia de quanto o simples brinquedo era
capaz de fazer a súcubo enlouquecer.
Natasha cravou as unhas no colchão e os dentes no travesseiro. Tentou
inutilmente, reprimir os gemidos altos demais. Rebolou contra a pélvis de
Dante e gritou quando o membro dele e a prótese a penetraram ainda mais
fundo.
Achou que algo de borracha seria irrelevante apesar da curiosidade e que
nada superaria a presença de outro homem. Entretanto os gemidos de prazer
que ecoavam pelo quarto deixaram claro o quanto estava enganada.
Curvado sobre o corpo de Natasha, movendo-se ao ponto de fazê-la
deslizar para frente a cada estocada, Dante a mordeu entre o pescoço e a
clavícula, sentindo-a se contorcer abaixo de si.
Levou a mão que estava no ombro até o emaranhado de cabelos negros e
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os puxou para trás, forçando-a a desenterrar a cabeça do travesseiro já aos


trapos. Assim os gemidos dela ficaram ainda mais altos, Dante pode ver cada
expressão de prazer, inclusive o revirar dos olhos quando deslizou quase todo
para fora e enfiou fundo outra vez.
Mordeu os lábios arrancando um pouco de seu sangue negro quando os
músculos internos dela o castigaram de novo. Conteve um palavrão, ao puxar
os cabelos dela com ainda mais força. Como não gozaria rápido daquele
jeito?
Com o corpo pesado sobre o seu, os cabelos bem seguros, os movimentos
de Natasha eram bem limitados. Dante tinha todo o controle e ela praguejava
por não poderem ir mais rápido. A busca pelo orgasmo era quase cega e
animalesca. Não demoraria, as sensações cada vez mais intensas a diziam
isso. Já enlouquecia apenas com o membro dele a penetrando. O estímulo a
mais a deixava completamente entregue às sensações e ao prazer. Nenhum
pensamento concreto passaria por sua mente nos próximos minutos.
Dante se ajoelhou na cama, com uma mão nos quadris e a outra ainda no
cabelo, a fez vir consigo sem que fosse preciso sair de dentro dela. Mordeu-a
no pescoço com a força para deixar marcas dos dentes. Não se preocupou
com ferocidade em que a apertou, mordeu, beijou. Enquanto os gemidos de
prazer continuassem, não se preocuparia com nada.
Natasha cravou as unhas no braço dele que controlava seus movimentos.
Rebolou contra ele ao sentir a gloriosa sensação do orgasmo. Bamba, tonta,
formigando, permitiu que seu corpo desabasse sobre o dele.
Os gemidos altos, histéricos, acompanhados por uma respiração ofegante e
um corpo trêmulo, denunciaram a Dante que Natasha havia chegado a ápice.
Deixou que o corpo mole pendesse para frente. Soltou os cabelos e segurou-a
pela cintura com as duas mãos. Não precisava mais se conter. Três estocadas
fundas bastaram para que se juntasse a ela.
Natasha rolou pela cama e se ajoelhou na frente dele. Puxou-o para perto
ao embrenhar os dedos pelo cabelo loiro. Beijou-o com fome e capturou
todos os gemidos de prazer restantes. Drenou um pouco da energia de Dante,
alimentou-se. Parou quando ele apertou de leve os seus pulsos, mas já estava
mais do que saciada.
O príncipe levou uns minutos para recobrar a consciência e o controle do
próprio corpo, mas quando o fez, livrou-a da prótese e deitou na cama,
puxando-a para o seu peito.
– O que mais daquela caixa você pretende usar? – Dante perguntou ao
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enrolar uma mecha do cabelo negro no dedo anelar.


Natasha o encarou com seus olhos azuis-esbranquiçados e depois
escondeu o rosto no peito dele.
– Tudo. Podemos comprar outras coisas depois.
Dante riu. Ela se encolheu mais.
– Você é muito gulosa.
– Isso é ruim?
Ele puxou o rosto de Natasha pelo queixo e forçou-a a encará-lo.
– Desde que eu consiga te acompanhar, isso é ótimo.

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Capítulo 27

Natasha apertou a descarga ao apoiar a mão na pia de mármore branco do


banheiro. Respirou fundo, mas o banheiro ao seu redor continuava a girar.
Merda!
Voltou a debruçar-se sobre o vaso sanitário à sua frente.
Com os joelhos nus sobre o chão frio ela tremia como nunca antes.
Era óbvio que não estava bem. Entretanto, não encontrava nenhuma
explicação lógica para isso. Na noite anterior, fora com Dante ao cinema.
Comera pipoca, jogara nele. Fizera tudo menos assistir ao filme cujo nome
nem se recordava mais.
Talvez a mistura explosiva de pipoca e refrigerante a tivesse feito mal.
Talvez... Mas não se recordava em nenhum dia da sua existência ter se
sentido tão indisposta.
Cravou unhas na borda do vaso e voltou a vomitar. Eca! O que está
acontecendo comigo?
Sentindo-se um pouco melhor após ter a certeza de que não havia mais
nada para botar para fora, apoiou-se na banheira e ergueu o corpo. Como uma
bêbada, precisou apoiar-se na parede. O banheiro todo girava, a luminária no
teto parecia um carrossel.
Caiu de joelhos e apoiou as mãos no chão. Merda! Agora os ossos também
doíam.
– NATASHA! – Ouviu vozes berrarem em coro.
Não se preocupou com elas, apenas fechou os olhos e apoiou a cabeça na
parede.
Quando abriu os olhos o banheiro girava um pouco menos, porém ainda se
sentia com náusea.
Aron, Isabel, Dária e Beatriz estavam parados junto a porta. Natasha
tentou sorrir para eles, entretanto sua expressão mais pareceu uma careta.
– Não sei o que comi ou bebi, mas está fazendo mal para cacete. – Sua voz
soou como a de um bêbado.
Beatriz abriu passagem entre os filhos e a nora e ajoelhou-se ao lado de
Natasha. Essa nem se importou, seu estômago a incomodava mais no
momento.
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Dária de braços cruzados, escorada junto ao batente da porta, observava a


cunhada e ria como se fosse a única a ouvir uma piada.
Beatriz passou a mão pelo rosto da filha, examinou-a bem com o olhar.
Depois virou-se para os outros que aguardavam em pé.
– Podem nos deixar sozinhas? – Ao ver a expressão desconfiada nos olhos
de Aron ela completou. – Natasha vai ficar bem posso garantir.
Ainda desconfiado o íncubo foi arrastado pela mulher para fora do quarto.
Isabel os seguiu com a mesma expressão de receio.
Assim que chegaram ao corredor Isabel se voltou para a ruiva.
– Acha uma boa ideia deixar Natasha à mercê da nossa mãe?
– Ela vai ficar bem e sua mãe entende melhor o que está acontecendo do
que qualquer um de nós.
Aron colocou as mãos em ambas as paredes do corredor, bloqueando a
passagem de Dária.
– O que está acontecendo?

– Mantenha a cabeça baixa querida. Vai se sentir menos tonta assim.


Natasha cumpriria as ordens da mãe sem protestar. Tudo o que queria era
melhorar logo.
– Essa é nova, não sabia que súcubos ficavam doentes, nunca fiquei assim
em três séculos.
Natasha apoiou a cabeça na parede fria e Beatriz tirou de seu rosto todos
os fios do cabelo negro que haviam colado com o suor.
– Não ficamos doentes, mas você não está doente.
– ENTÃO QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?
– Por acaso você e Mammon se preocuparam em usar camisinha ou
qualquer outro tipo de anticonceptivo?
– Mãe, com a minha cabeça doendo não é hora para esse tipo de pergunta.
Beatriz riu e acariciou-a o cabelo da filha.
– É claro que não, se tivessem usado você não estaria assim.
– Não faça rodeios, já basta minha cabeça girando. – Natasha colocou mão
na testa, massageado as têmporas.
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– Você está grávida, querida!


– Quê?!
Natasha ergueu as sobrancelhas ainda anestesiada pelo mal-estar.
– Eu não posso ficar grávida.
– Não, como acha que você nasceu?
– Sei lá, mãe. Não me faz pergunta difícil. Não estou boa para pensar, mas
faço sexo o tempo todo, deveria ter engravidado antes.
– Camisinhas, sorte ou apenas seu corpo esperando o melhor candidato.
Sem dúvidas Mammon é mais do que perfeito.
– Ele não gosta que o chamem assim... – A voz de Natasha morreu a
medida que ela se debruçava outra vez sobre o vaso.
Beatriz puxou seu cabelo para trás e esperou que ela terminasse.
– Juro que não tem mais nada no meu estômago.
– Vai melhorar daqui há algumas horas.
– HORAS?!
Rindo, Beatriz tomou a filha nos braços.
– Vou te colocar na cama, se ficar quietinha vai se sentir melhor logo.
Natasha assentiu.
Após ajeitá-la, Beatriz afofou os travesseiros e cobriu a filha. Depois
sentou-se na beirada da cama para observá-la fechar os olhos.
Grávida... De todos os seus filhos talvez Isabel fosse quem mais imaginou
ser propensa a lhe dar um neto, mas Natasha? Essa seria uma experiência
interessante para não dizer engraçada. Como reagiria o lorde do inferno ao
descobrir que seria avô? Essa era uma expressão que pagaria para ver.
– Mãe? – Natasha ergueu a sua mão e segurou a de Beatriz que estava
apoiada sobre as pernas.
– Sim?
– Eu estou mesmo grávida?
– Já me senti assim três vezes, então posso lhe garantir que sim.
– Merda!
Beatriz deu uma gargalhada.
Natasha fechou os olhos. Com eles assim se sentia muito menos tonta.
Grávida!!! Pela primeira vez a palavra soou em sua mente com seu
verdadeiro significado. Ficou petrificada, sua respiração parou, seus
batimentos cessaram. Muitos sentimentos passavam por ela, mas o primeiro
foi um desespero regado a negação. Não podia estar grávida, de jeito
nenhum.
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Como? Bom, as incontáveis horas de sexo com Dante eram uma boa
explicação. Mas... A segunda onda de desespero foi pior. Essa a deixou sem
ar e a fez tremer. O suor frio banhou sua testa.
– Teremos mesmo um bebê em casa? – Aron não se conteve e acabou
entrando no quarto.
– Sim, serei avó. – Beatriz respondeu com um largo sorriso ao se virar
para o filho.
Ao ouvirem do corredor logo Dária e Isabel também estavam dentro do
quarto.
Natasha os encarou. Com um pouco de dificuldade, sentou-se na cama.
– Será que Dante não vai odiar isso?
Aron se aproximou da irmã, sentando-se entre ela e a mãe. Acariciou o
rosto dela, o que aliviou um pouco a expressão de desespero. No entanto, as
mãos que seguravam a borda da colcha ainda tremiam.
– Ele vai amar. – Garantiu Aron. – Se não roubo a espada de algum anjo e
juro que parto ele ao meio.
Natasha riu. Mas o comentário brincalhão do irmão não a fez se sentir
melhor.
– Vem, vamos. – Beatriz se levantou e empurrou todo mundo para fora do
quarto. – Deixem ela descansar um pouco.
Natasha não tinha certeza se era aquilo que desejava, mas apenas se
encolheu na cama.

Não passe mal agora. Não passe mal. Natasha repetiu a si mesma, durante
o percurso de carro até o parque Ibirapuera. Tentava se concentrar no meio
fio da avenida que passavam, nos postes, em qualquer coisa, mas nada a
incomodava mais do que o cheiro de alho vindo da cesta no banco de trás.
Não passe mal, não agora. Não quando ele ainda não sabe o motivo.
Um piquenique, era o que Dante havia planejado para aquele dia de
feriado em que as pessoas deixavam a cidade e, com as ruas vazias, o trânsito
não o tirava do sério.
Pelo retrovisor do meio, viu Natasha se contorcer no banco do carona.
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– O que foi, meu amor? – Dante estendeu a mão direita e acariciou a coxa
dela.
– Não é nada.
– Não está com cara de não ser nada.
Ela não respondeu. Ele não insistiu, mas ficou incomodado.
Graças ao feriado, Dante conseguiu parar na Avenida Pedro Álvares
Cabral, bem perto de uma das entradas do parque. Desceu, pegou a cesta no
banco de trás, contornou o carro e abriu a porta para Natasha. Ela, que estava
amarela como se todo o sangue tivesse saído de sua face, desceu como se
pisasse em ovos, caminhando com medo de que seu próximo passo a
derrubasse no chão.
Talvez fosse apenas o medo de cair com o salto, Dante tentou se
convencer de algo plausível para não encher a cabeça com ideias que o
assustavam. Mas como uma mulher que teve trezentos anos para usar saltos
não andaria com a mesma graciosidade de sempre?
Atravessaram os portões e andaram lado a lado, em silêncio pelo caminho
de paralelepípedos. As árvores de copas altas os cercavam e luz fraca naquele
dia nublado tinha uma enorme dificuldade de passar pelas folhas.
Natasha se abraçou em silêncio, quando a brisa fria do inverso somada a
umidade das árvores a fizeram se arrepiar. O clima de tensão que havia se
formado entre ela e Dante a deixava ainda mais apavorada. Conteve como
pôde o desespero para não se desabar em lágrimas. Nunca havia pensado na
possibilidade de ser mãe, mas isso não a assustava mais do que o medo da
reação do homem que ela amava.
A caminhada não durou muito mais do que poucos minutos. Dante
escolheu um espaço às margens do lago e estendeu uma toalha. Colocou a
cesta sobre ela antes de se virar para Natasha. Precisava que ela fosse sincera,
a distância dela o machucava.
Cerrou os dentes e pegou-a pelos braços, empurrando-a contra a árvore
mais próxima. Natasha gemeu quando sua pele exposta dos ombros raspou
contra a casca grossa da árvore larga e antiga.
– Eu quero respostas, Natasha, não adianta me dizer que não tem nada.
Ela ergueu a cabeça e encarou os olhos verdes tão raivosos, tão
atormentados. Poucas vezes o vira assim, e menos ainda esse olhar era
direcionado a ela. Não conseguiu mais se conter. Desabou. Foram as mãos do
príncipe a segurando contra a árvore que a mantiveram de pé enquanto as
lágrimas escorriam pelo seu rosto.
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Dante sentiu no peito uma pontada que doeu mais do que qualquer arma
celestial. Só precisava saber o que estava acontecendo, de forma alguma
queria vê-la chorando. Era incapaz de encará-la assim sem ficar muito
perturbado.
– Nat, não chora... Só... Por favor, me diz o que houve, podemos resolver.
– Ele a acariciou no rosto, limpando as lágrimas com as pontas dos dedos.
– Não era minha intenção... – Natasha tremia ao ponto de bater os dentes.
– Juro que não aconteceu porque eu queria.
– O que aconteceu?
Ela se encolheu, queria abrir um buraco na grama verde sob seus pés e se
esconder lá para não ser obrigada a encará-lo. Mas tinha que contar,
precisava.
– Eu... Eu estou grávida. – A voz saiu tão baixa, quase apenas um mexer
de lábios.
O sussurro baixo, desesperado e cheio de angústia, bastou para que Dante
entendesse aquelas poucas palavras. Ele ficou imóvel, se sentiu arremessado
para trás por algo com a força de uma bola de demolir prédios, mas não se
moveu um único centímetro. As árvores ao seu redor giraram, as copas se
transformaram em um único borrão verde. Precisou de alguns segundos para
respirar.
O tempo de reação de Dante fez Natasha cair de joelhos. Aqueles
segundos em choque foram piores do que uma briga imediata.
– Você está...
– Sim estou grávida .
Ele a pegou nos braços e precisou conter a própria força para não a
esmagar.
– Caralho, Natasha! Você quer me matar de susto? – Girou-a no ar com
um sorriso enorme no rosto. – Essa é a melhor notícia que você poderia me
dar.
Natasha deu tapinhas no braço dele para que a soltasse. Seu estômago
embrulhava à medida que ele continuava a girar.
– Me solta senão eu vou voltar a vomitar.
Sem graça, Dante parou de balança-la. Apenas a manteve junto ao seu
peito. Ainda estava abobado.
– EU VOU SER PAI! – Aos berros ele se virou para um casal de idosos
que estava sentado em um banco de concreto a poucos metros.
– Parabéns, garoto! – A mulher desviou o olhar do livro em suas mãos e
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sorriu para ele.


Dante se voltou para Natasha, tomou-a nos braços outra vez. Afastou-se
um pouco para encarar os olhos azuis-esbranquiçados. A expressão no rosto
delicado ainda era um misto de confusão e surpresa, podia senti-la ainda se
encolhendo.
– Por que todo esse medo? Porque não me contou logo?
– Achei que não fosse gostar.
Natasha engoliu em seco enquanto estalava os dedos das mãos.
Dante torceu os lábios e franziu a testa.
– Nunca foi nossa intenção algo tão sério como um filho.
Dante conteve um palavrão. Mas logo contornou a raiva momentânea.
– Inferno, pode não ter sido a sua intenção, mas não pode dizer o mesmo
de mim.
– Então está feliz? – Natasha tentou se livrar do sapo em sua garganta que
a impedia de respirar.
– Feliz? Eu estou muito feliz, talvez essa palavra não baste.
Foi como se um peso fosse tirado das costas de Natasha. A névoa de medo
que a assombrara desde que descobrira a gravidez, se dissipou diante dos seus
olhos e ela foi capaz de sorrir.
Dante ajoelhou diante dela, acariciou-a e beijou a barriga ainda bem lisa.
– Pequeno, oi, aqui é o papai. Já estou louco para te pegar nos braços.
Natasha riu.
– Ele não pode te ouvir.
– Tenho certeza de que pode.
Dante beijou a barriga mais uma vez antes de se levantar. Acariciou o
rosto de Natasha contornando a face macia com as pontas dos dedos antes de
puxá-la para um beijo que começou delicado até a língua dele pedir passagem
por entre os lábios grossos da súcubo.
Natasha permitiu que o carinho dele levasse embora toda tensão que lhe
castigara os músculos. Ele estava feliz, era tudo o que importava. Quanto a
ideia de ser mãe, iria se acostumar com ela depois.
– Há quanto tempo descobriu? – Dante voltou a acariciá-la.
– Pela manhã, depois de ter vomitado tudo o que entrou no meu estômago
nos últimos dias. Pensei que até a energia que me alimentei sairia de mim.
Minha mãe disse que o único motivo para uma súcubo estar passando mal
desse jeito seria estar grávida.
– Bom, não evitamos, mas não imaginava que seria tão rápido.
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Natasha deu um tapa no peito dele em meio a uma gargalhada.


Dante riu enquanto a pegava no colo e sentava sobre a toalha estendida na
grama. Tirou da cesta uma torta salgada, um bolo, e vários frutas, além de
uma garrafa de vinho, que ele logo devolveu para cesta e pegou um suco de
laranja que ficou grato por ter trazido. Sem bebidas alcoólicas por enquanto.
– Vamos repor o que o nosso pestinha te fez perder. – Dante levou a boca
de Natasha um morango suculento.
Natasha envolveu o morango com os lábios e o engoliu todo até lamber as
pontas dos dedos de Dante.

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Capítulo 28

– Veja alguns desses modelos.


A vendedora colocou sobre o balcão de vidro mais peças do mostruário.
Anéis com pedras de formas variadas assim como seus preços.
Dante tirava alguns, analisava com mais atenção aqueles que lhe
despertavam interesse. Mesmo que toda a atenção dele não se resumisse a
encontrar o anel certo, não teria dado a menor bola a forma como a mulher
insinuava o decote extravagante.
Bufando, a vendedora jogou os cabelos para trás e deixou seu corpo cair
sobre a cadeira. Aquele gato à sua frente só poderia estar muito apaixonado
para não dar a menor trela para todo o seu charme.
– Deve ser muito importante a mulher para qual vai comprar esse anel.
Ângela se debruçou sobre a mesa, apoiando um braço de cada lado do
mostruário. Nem tentou disfarçar o quanto fitava os olhos verdes de Dante,
muito menos o mole que dava para ele.
– Ah, sim. Pretendo pedi-la em casamento.
– Meus parabéns ao casal. – A contragosto, Ângela se encolheu na
cadeira.
– Obrigado. Acho que vou ficar com esse. – Dante ergueu um anel e
entregou a ela.
– É uma ótima escolha e também muito caro.
Dante abriu um sorriso para conter sua irritação.
– É um acontecimento especial e creio que minhas economias serão mais
do que o bastante.

– Dante...
O chamado fez o detetive sair de suas próprias memórias. Suspirou ao
encarar a caixa de veludo vermelho em suas mãos, antes de devolvê-la para a
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gaveta com chave na escrivaninha à sua frente.


Comprara o anel pouco depois do ataque dos anjos, quando se recuperara
o suficiente para andar e ter uma certeza: queria Natasha para sempre ao seu
lado.
Até então esperava pelo momento certo. Mas agora, com ela grávida,
parecia que estava tudo conspirando ao seu favor. Teria uma família com a
súcubo.
– Dante!
Ele pulou de susto e fechou às pressas a gaveta, jogando a chave no bolso.
Bufou e virou-se para Stela.
– O que foi?
A detetive estava de pé. Parada, Stela apoiava a mão direita na quina de
mesa de Dante. Seus olhos castanhos o analisavam com perícia. Ela mordeu
levemente os lábios ao apoiar o peso no outro pé que estava mais descansado.
– O caso do latrocínio da semana passada ainda está parado e só tende a
esfriar se não encontrarmos mais pistas. Já o do estuprador, vai a julgamento
daqui há dois meses. – Stela suspirou. – Ah, como eu queria estar em um país
que pudéssemos condenar esse otário a pena de morte.
– Hum-hum.
– Dante, você está me ouvindo?
Stela bateu com força a mão sobre a mesa.
Ele arqueou as sobrancelhas.
– Sim. Mas não precisa ficar histérica.
– Pode ter me recusado na cama, mas ainda somos parceiros aqui.
– Nunca me opus a isso.
– Então qual foi a última coisa que eu disse?
– Sei lá.
Stela cerrou os dentes contendo um palavrão.
– O que tem de tão importante nessa maldita caixa que você escondeu?
Nunca te vi tão disperso.
Dante suspirou. Sorria ao balançar -se na cadeira de rodinhas como se
fosse um menino.
– Estou me contendo para não gritar aos quatro ventos que vou ser pai.
– Você... Pai?
Stela apoiou também a outra mão sobre a mesa. O sangue fugiu de seu
rosto e ela ficou pálida feito cera. Engoliu em seco. Sentiu a sala girar e
cravou as unhas na madeira escura com medo de cair.
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– Natasha está grávida? – A voz da detetive soou baixa e falhada ao sair


por entre os lábios trêmulos.
– Sim. – Dante não escondeu o largo sorriso.
Stela estava prestes a criar coragem para perguntar o conteúdo da caixa
vermelha, por mais que a sua intenção já lhe berrasse o que era, quando o
delegado se aproximou deles.
– Vocês dois, levantem essas bundas daí, temos mais um caso.
Dante pulou da cadeira assobiando, pegou o celular sobre sua mesa e saiu
atrás do chefe.
Stela os seguiu.

Natasha estava sentada no sofá da sala. Sob a luz amarelada do lustre,


girou uma página do livro em suas mãos. Entretanto, incapaz de prestar
atenção nele, fechou-o e colocou-o sobre a mesa de centro.
Jogou os cabelos negros para trás e olhou para a barriga ao acariciá-la.
Depois de alguns dias ainda era difícil manter qualquer coisa no estômago,
porém, com a felicidade de Dante, ficara bem mais fácil aceitar as coisas. Ia
ser mãe...
– Acariciando a barriga?
Natasha se virou na direção da voz e viu a mãe parada junto a entrada para
um dos corredores. A expressão de alegria no rosto da velha súcubo nunca
esteve tão evidente. Com uma mão apoiada na parede, seus olhos estavam
arregalados e os lábios curvados em um sorriso. A presença da mãe já nem
era mais tão incomoda para Natasha.
– Quanto tempo demora para a barriga começar a crescer?
Beatriz deu uma gargalhada.
– Precisará de um pouco de paciência, pois pode levar alguns meses.
Mammon está muito feliz, né?
– Sim. Dante está. Não fazia ideia de que ele queria tanto um bebê.
– Homens sempre querem. Às vezes só não sabem.
Natasha suspirou e voltou a acariciar a barriga. Ainda estava em choque
pela notícia, não esperava por nada assim. Porém, depois de ter Dante em sua
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vida as possibilidades de um relacionamento a dois já não a assustavam mais.


No fundo depois de toda a camada de medo e despreparo, ela também estava
muito feliz pela criança. Já era capaz de fechar os olhos e imaginar um
menininho tão lindo quanto Dante a chamando de mamãe.
A verdade é que todos na casa ficaram abobados com a possibilidade de
uma criança. Beatriz estava feliz pelo bebê ter quebrado a barreira invisível
que havia entre ela e a filha. Mesmo que negasse, Dária via a possibilidade de
cuidar de uma criança, mesmo que não fosse dela, poder mimar, educar,
como nunca pôde fazer pelo bebê morto ainda em seu ventre. Isabel já fazia
planos sobre a decoração do quarto e se continha para não ir a lojas e comprar
muitas pequenas coisas que aguardariam a chegada do sobrinho. Aron por
sua vez, esperava tanto a criança como o próprio pai, sabia que se não se
controlasse, disputaria espaço com Dante.
– Oi!
A voz rouca e um tanto sexy fez Natasha erguer a cabeça e olhar na
direção da porta. Ele estava lá de pé, com os olhos verdes encarando-a, um
discreto sorriso nos lábios, as mãos enfiadas no bolso da calça jeans. Apenas
vê-lo ali encheu o coração de Natasha com uma repentina alegria que ela não
saberia explicar.
– Dante! – Seus lábios se curvaram em um largo sorriso.
Ele cruzou com alguns passos a entrada da sala até o sofá onde Natasha
estava sentada. Jogou uma almofada para o sofá ao lado se sentou onde o
objeto estava, ao lado de Natasha.
A súcubo se atirou nos braços dele e Dante a abraçou com carinho. Sentiu
o perfume doce que a pele macia e branca dela possuía e precisou conter os
desejos mais eróticos que aquele cheiro o provocava.
Afastou-se um pouco para acariciá-la no rosto e olhá-la. Natasha se
derreteu ao toque quase ronronando como uma gatinha manhosa.
– Como você está, meu amor?
– Não vomitei tanto hoje como nos últimos dias. Mas a maioria dos
cheiros ainda me deixa enjoada.
Dante riu e roçou seus lábios brevemente.
– Quem sabe eu só preciso me alimentar um pouco.
Natasha percorreu com os dedos o peito de Dante ainda sob uma fina
camiseta cinza. Não foi difícil ver a má intenção estampada nos olhos dela e
o receio fez o príncipe recuar um pouco.
– Uma súcubo precisa mais de energia do que um monte de comida
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humana. – Comentou Beatriz ao deixar a sala antes que se dessem conta de


sua presença.
– Mas e o bebê? – Ao colocar as mãos sobre os ombros de Natasha, a
expressão nos olhos verdes e semiabertos ainda era de receio.
– Tenho certeza que ele ficará bem. – Ela deslizou os dedos pelas rugas da
testa, fazendo a expressão dele amenizar. – Muitos casais humanos fazem
sexo durante a gravidez, e posso apostar que nosso filho é mais forte do que o
deles.
Rindo, Dante se levantou e a tomou nos braços. Não precisava de uma
argumentação muito boa para ceder ao desejo de deixá-la nua.
Ele já sabia onde ficava o quarto e deixou ser guiado pelos próprios
instintos. Abriu a porta com um pontapé e fechou-a com outro. Entretanto,
não colocou Natasha na cama, observou-a de pé, do vestido curto e soltinho
até o cabelo longo e negro que emoldurava o rosto.
– O que foi? – Natasha arregalou os olhos azuis ao vê-lo se ajoelhar diante
de si.
– Sei que esse não é o melhor momento, nem o mais romântico. Mas já
não posso mais esperar.
A boca da súcubo também abriu, mas nada saiu por ela.
Dante levou a mão no bolso de trás da calça e tirou dele a caixa de veludo
vermelho. Suas mãos tremiam, sentia-se tão ansioso, tinha medo de não
conseguir falar, e esse medo deixava um gosto amargo na boca. Nunca fizera
tal pedido a alguém, por muitos séculos pensou estar condenado a uma vida
de solidão.
Abriu a caixa.
– Dante o que é isso?
– Natasha, aceita se casar comigo?
Ela ficou pálida. Em choque, era incapaz de mover qualquer músculo. Por
pouco não caiu de joelhos. Precisava respirar com uma necessidade
assustadora, mas a pancada que sentia latejar no peito a impedia.
– Nat?...
A demora na resposta deixou Dante ainda mais apreensivo. Olhou para o
brilho da pedra no anel e depois se voltou para os olhos azuis-esbranquiçados
que ainda estavam arregalados.
Natasha puxou o ar com força e respirou rápido, fazendo com que ela
respirasse com a pressa de quem havia corrido uma maratona.
– Nat?
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Dante sentia o chão se desfazer sob seus pés. O quarto todo girava ao seu
redor. Ficou grato por estar de joelhos.
– Isso é só mais uma das coisas que todos estão fazendo só por que estou
grávida? – Depois de uma dificuldade assustadora a voz de Natasha
encontrou uma saída para fora de sua boca.
Foi Dante quem arregalou os olhos desta vez, sentindo uma pancada no
peito.
– QUÊ? – Ele deu uma breve pausa para recuperar o ar. – É claro que não.
Já tinha me decidido, só estava esperando o momento certo.
– Então quer mesmo se casar comigo?
O corpo de Natasha tremia muito, então Dante a segurou pela cintura para
evitar qualquer risco de tombo. Pelo estado dela, sem dúvidas ele não
encontrara o momento certo.
– É claro que eu quero, sua louca.
– SIM! – O grito ecoou por toda a casa. – Eu também quero me casar com
você.
Dante tirou o anel da caixa e colocou-o no pequeno dedo da mão direita.
Em seguida, levantou-se e a tomou nos braços, contendo-se para não a
apertar ou girar no ar. Nunca em sua existência se sentiu tão feliz.
Natasha envolveu o pescoço dele com os braços, dando um pouco mais de
estabilidade ao próprio corpo. Não podia cair, tinha um pequeno crescendo
dentro dela e precisava cuidar dele.
Dessa vez, Dante a tomou nos braços e a levou até a cama. Deitou-a com
cuidado.
– Sem nada extravagante, ouviu?
– Ah, por quê? – Natasha se contorceu na cama e mordeu os lábios.
A postura sexy de menina travessa fez o desejo de revirar dentro de Dante.
Ela não precisava de muito para enlouquecê-lo.
– Não se esqueça de que está grávida. – Ele subiu na cama e engatinhou
com pernas e braços ao lado do corpo de Natasha.
– Vou tentar. – Natasha disse contra os lábios de Dante quando ele a
envolveu em um beijo mais quente.
Quando o ardor da fome voraz que sentia por ela tomou seu corpo, o
príncipe teve de se recordar que Natasha não era a única que precisava ter
cuidado com o bebê.
Dante tirou sua camisa e a jogou no chão perto do tapete e onde deixara
seus sapatos. Curvou-se novamente sobre o corpo de Natasha e voltou a
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beijá-la. Passou a língua pelo contorno dos lábios, enquanto se deliciava com
o calor do corpo sob o seu. Com as mãos apoiadas na cama, evitou soltar seu
peso sobre ela. Precisava tomar cuidado, tentaria...
Natasha mordeu o lábio inferior dele arrancando um longo gemido, para
descer com a língua num caminho molhado até o a base do pescoço. Beijou-o
entre o esterno e a clavícula. A medida que o tocava as reações de Dante
deixavam-na ainda mais excitada.
Girou na cama. Sentou-se sobre os quadris de Dante. Encarou os olhos
verdes dele.
– Eu te amo. – Ele sussurrou ao apertar com as mãos a cintura de Natasha.
– Eu também te amo. – Ela disse contra os lábios de Dante após curvar-se
para beijá-lo.
O príncipe deslizou as mãos até as coxas roliças e as subiu de volta até a
cintura puxando para cima a saia do fino vestido de seda. Sentia o desejo
crescer a cada centímetro do corpo da súcubo que deixava amostra. Olhá-la
era como se perder no paraíso. Natasha ainda o tirava o ar e o fazia perder o
controle como da primeira vez que a viu. Seu sangue fervia da mesma forma.
Natasha voltou a se sentar e ergueu os braços, Dante se curvou na direção
dela e terminou de tirar o vestido .
– Isso é para eu me esquecer mesmo que você está grávida?
Olhou-a de cima a baixo. A lingerie que ela usava era de provocar os
sonhos mais devassos, numa renda roxa semitransparente não escondia nada,
mas a sua presença bastava para enlouquecer qualquer homem. Dante
conteve a besta dentro de si que teve vontade de rasgá-la. Cuidado!, gritou a
si mesmo em pensamentos. Mas tentar resistir já estava o fazendo transpirar.
Exigindo o máximo do seu alto controle levou as mãos até as costas dela e
abriu o fecho do sutiã deslizando as alças pelos ombros com gentileza até ele
ser apenas mais um rastro no chão.
Natasha se ergueu um pouco para retirar a calcinha e Dante aproveitou
para sentar na cama, logo puxando-a de volta para o seu colo. Ela jogou os
cabelos para o lado esquerdo e tombou a cabeça, deixando o caminho livre e
um pedido silencioso que logo foi atendido. Os lábios beijando-a devagar
provocaram um calafrio gostoso que percorreu todo seu corpo. Natasha
gemeu e apoiou as mãos nos ombros de Dante quando o sentiu intensificar as
carícias. Logo o beijo molhado perdeu o cuidado e se transformou em
chupões e mordidas ao longo do pescoço, as marcas dos dentes e lábios
ficavam pelo caminho. Sentada sobre o pênis rígido, ainda que dentro da
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calça Natasha suspirava a cada vez que ele tocava em sua vagina exposta. A
cada beijo pelo pescoço, clavícula e ombros somado ao roçar involuntário
dos corpos, ela sentia seu corpo implorar cada vez mais por ele.
As mãos de Dante tocaram seus seios e a língua lambeu um dos mamilos
eriçados. A carícia a fez jogar a cabeça para trás e gemer. Quando ele
começou a chupar ela se esfregou contra o pênis dele na esperança que isso
amenizasse o calor entre suas pernas, porém serviu apenas para alimentá-lo
ainda mais.
Dante quase protestou quando ela o impediu de continuar brincando com
os seios tão macios e saborosos. Mas assim que as mãos trêmulas e ansiosas
abriram o zíper de sua calça ele entendeu e a ajudou a se livrar do que ainda
vestia.
Logo que ouviu o barulho do cinto caindo sobre o chão de porcelanato,
Dante a agarrou pela cintura e a sentou em seu membro. Arfou quando a
umidade dela o envolveu, abraçando seu pênis e o levando a um grau de
prazer que só conheceu com a súcubo.
Natasha mordeu os lábios para conter o grito ao ser invadida de surpresa,
mas seu corpo logo vibrou com a presença do grosso intruso delicioso. Ela
jogou a cabeça para trás e apoiou as mãos na cama atrás de si.
Dante estava no meio da cama, com ela sobre suas pernas cruzadas,
segurou firme a cintura fina e observou a barriga que ainda continuava lisa,
mas serviu para lembrá-lo de que precisava ter cuidado. Era um demônio
muito mais forte que ela e não se perdoaria se algo acontecesse ao seu filho...
Mas quando Natasha começou a se mover ele perdeu o fio do pensamento
racional. As mãos que a seguravam na cintura foram grandes aliadas para que
ele pudesse ter um pouco de controle do ritmo. No entanto, assim que
Natasha começou a rebolar contra a sua pélvis, a cada movimento fazendo-o
entrar por completo, ele soltou a cintura dela e a deixou reger a dança erótica.
Deslizou a mão esquerda pela nuca e agarrou os cabelos negros,
deliciando-se com a expressão de prazer que se intensificou no rosto de
Natasha.
Aqueles beijos e mordidas no pescoço eram uma injustiça deliciosa, pois
fazia Natasha se perder em meio ao prazer. O toque, as carícias, as estocadas
cada vez mais rápidas a faziam gemer e revirar os olhos azuis-
esbranquiçados. Ele era gostoso demais, tinha toda pegada e beleza que um
homem precisava ter. Fora a lista enorme de outras qualidades, isso bastava
para ter feito dela uma boba apaixonada.
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Um grito agudo escapou de sua garganta quando Dante abocanhou um dos


mamilos e enfiou o pênis nela com um pouco mais de força.
Natasha pressionou seu corpo contra o dele, mantendo a penetração funda.
A visão de Natasha se movendo sobre seu corpo fazia Dante transpirar
ainda mais. As curvas convidativas, a expressão de prazer, a forma como ela
não se continha com tabus ou vergonha eram o sonho de qualquer homem. E
ela está ali para ele, o amava e carregava um filho seu no ventre. Dante não
poderia estar mais feliz.
Perdido nas sensações provocadas pelo toque, o roçar das peles quentes,
os beijos cheios de fome e urgência, a penetração, o príncipe não se
preocupou mais em conter os gemidos. Felizmente esqueceu-se da família
dela na casa, mas não os conteria nem se quisesse, o prazer já tinha mais
controle do que ele mesmo.
Natasha mordeu seu lábio inferior e deslizou a língua para dentro da boca
de Dante, quando ele sentiu seus músculos ficarem tensos. Por poucos
segundos, até a explosão de prazer, perdeu o controle de tudo. Como pode,
em meio a gemidos, retribuiu o beijo de Natasha enquanto todo o seu corpo
formigava. Ela o fazia passar mal das melhores formas.
Natasha se alimentou do prazer de Dante em meio a um beijo gostoso.
Precisou de mais do que costumava tomar, talvez o bebê estivesse sugando
dela mais do que comida comum. Porém, quando parou Dante só parecia um
pouco cansado.
Ele deixou seu corpo cair sobre a cama e ajeitou a cabeça nos travesseiros
fofos. Precisou respirar um pouco, talvez um pouco mais. Natasha sabia
como o derrubar. Puxou-a para junto do peito que subia e descia rápido,
aninhou-a, acariciou-a e cheirou o cabelo negro. Deslizou a mão pelo
contorno curvilíneo até o meio das pernas da súcubo.
Natasha mordeu os lábios e se contorceu quando dois dedos de Dante
pressionaram seus clitóris. O príncipe já conhecia tão bem o corpo dela que já
aprendera a pressão certa para deixá-la alucinada. A morena abriu as pernas
dando a ele todo o acesso a sua vagina. Cravou as unhas no peito másculo e
na cama quando os dedos tomaram um movimento circular de ritmo cada vez
mais intenso.
– E você tem a cara de pau de dizer que estava enferrujado. – Natasha se
esforçou para dizer em meio aos gemidos.
– Eu aprendo rápido, e se tem algo que adoro estudar é o seu corpo.
Natasha sentia suas pernas bambas, os nervos em colapso. Caralho, ele
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era tão bom quanto eu mesma fazendo. Contorcia-se na cama, mordia os


próprios lábios. Já estava envolta pelo prazer da penetração e não levou mais
que alguns instantes para atingir o orgasmo.
Ainda tremendo, Natasha se aconchegou no peito de Dante, ouvindo o
coração dele bater.
– Agora que vamos nos casar vou poder morar com você?
Dante riu e beijou-a na testa.
– É claro, meu amor. Já pode levar suas coisas lá para casa.
– Ou você pode vir para cá. Aqui é maior.
Dante franziu as sobrancelhas .
– Com toda sua família?
– Por que não?
– Tá, vou pensar sobre isso e resolvemos depois.
Ela se apoiou no peito dele para encará-lo.
– Eu te amo.
Aquela era uma verdade que agora entendia tão bem.

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Capítulo 29

Dante sentiu um calafrio e isso o fez abrir os olhos. Com as luzes


apagadas, o quarto era só penumbras e formas escuras. Sentia o calor de
Natasha sobre seu peito e ouvia a respiração calma e tranquila. Porém, algo
em toda quietude e silêncio fez seus pelos arrepiarem e seu coração disparar
no peito. Seus instintos mais assassinos foram despertados.
Levantou-se da cama com a agilidade de um felino. Sacou sua arma em
um movimento rápido. Foi tolice imaginar que, depois dos meses que passara
em paz, os anjos o deixariam de lado.
– Quem está aí?
Com os pés descalços apoiados no frio chão de porcelanato, estava
preparado para qualquer um.
– Achei que me receberia com menos hostilidade, sobrinho.
Uma espada celestial foi sacada de sua bainha. Seu brilho intenso
iluminou o rosto de uma mulher sentada de forma confortável, pernas
cruzadas e braços apoiados em uma poltrona a poucos metros de Dante. Os
olhos castanhos eram sábios demais para alguém que só parecia ter quarenta
anos. Os cabelos castanho-claros que iam até a cintura emolduravam um
rosto de beleza sutil e com a periculosidade de uma cobra. Encará-la fez
Dante se arrepiar ainda mais. Nunca feições tão delicadas lhe transmitiram
tanto medo.
– Uriel. – Esforçou-se para falar sem deixar transparecer o medo. – Você
veio mesmo.
– Claro, deu tanto trabalho para os outros anjos que o pai não teve
escolhas a não ser me enviar.
– Achei que arcanjos não faziam o trabalho sujo.
Uriel apoiou as mãos sobre as pernas cruzadas após trocá-las de lugar.
– Você matou vários dos meus melhores homens. Anjos que sem dúvida
me farão muita falta. É claro que eu viria. Mas a minha dúvida é: eu
precisarei mesmo atacar o meu sobrinho que acabei de conhecer ou podemos
resolver isso de maneira mais sensata e menos brutal?
Dante a encarou, mantendo as mãos firmes no punho da espada, atento a
qualquer movimento.
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– O que quer? – Sua voz soou como um trovão ao se esforçar ao máximo


para não parecer amedrontado.
Uriel, a anjo de aparência fraca à sua frente, era um arcanjo, a casta mais
poderosa entre os anjos. Além disso era a melhor e mais furtiva assassina de
Deus.
Ela mexeu nos cabelos e respirou fundo.
– Deus não é mal, Mammon, ele é apenas um homem justo. Ele viu o
quanto tentou ser um bom garoto, o quanto lutou pelos bons e puniu os maus.
Porém, querido, não podemos esquecer o fato de que é filho do primeiro
demônio com um arcanjo. Existe um equilíbrio que precisamos manter aqui.
Você forte demais para viver entre os humanos. Nós arcanjos também não
devemos ficar aqui, nem os demônios mais próximos ao seu pai como a
própria Lilith. Caim e Asmodeus são apenas: um nefilim e um íncubo, por
mim deveriam ser exterminados também, mas o pai decidiu deixá-los na terra
por sua parte humana. Seus irmãos mais velhos não devem ter um décimo de
sua força e ainda assim nos causaram problemas incontáveis. Entende que
não podemos contar que você continue sempre bancando o bonzinho?
– Eu não vou sair daqui!
Dante girou as mãos um pouco no cabo da espada ao apertá-la com mais
força. Com seus instintos no grau mais elevado, estava pronto para lutar.
Apenas esperava um movimento de Uriel.
– Calma. – Ela colocou a espada no colo e estalou os dedos. – Que você é
forte eu não tenho dúvidas, talvez até tão forte quanto seu pai. Mas pense
comigo, agora você possui um ponto fraco. Pode lutar quem sabe até ganhar
de mim. Me diga, pode proteger a ela e o seu filho ao mesmo tempo?
Dante engoliu em seco ao virar o rosto e ver Natasha que dormia
espalhada na cama como se nada fosse atingi-la.
– Ela é bonita demais para ser um demônio. – Uriel riu. – Vamos,
Mammon, me diga. Pode proteger a ela e ao bebê de mim?
Ele permaneceu em silêncio, sabia a resposta, mas jamais a diria. Por mais
forte que Uriel fosse, Dante não se renderia sem lutar.
– Bom, ambos sabemos que não. – Ela continuou ao perceber que Dante
não diria nada. – Você sabe que se o golpe de uma espada celestial for letal
não é só o corpo que é destruído, mas também a alma, se ela morrer essa
noite nunca a encontrará no inferno, nem ao seu filho, porque almas que
ainda não nasceram não vão para lá.
– Está ameaçando meu filho?! – Dante esbravejou. O ódio o fez marcar os
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dedos na própria espada.


– Ameaçando? – Uriel arregalou os olhos como se estivesse surpresa. – É
claro que não, querido. Ameaças os outros anjos que vieram antes de mim já
fizeram centenas, mas nenhuma delas funcionou, não é? Sou um anjo de
batalha Mammon, um arcanjo, mais forte do que o seu pai Samael. A maioria
dos anjos abaixo dos arcanjos apenas seguem ordens, até o próprio Gabriel é
um pau mandado. Os que vieram antes de mim tinham ordens para usar força
para fazê-lo voltar. Mas eu sou um pouco mais esperta, sei que muitas das
melhores estratégias de batalha não requerem uma única espada, apenas um
bom argumento. Como uma boa tia quero apenas colocar um pouco de juízo
na sua cabeça. O quanto permanecer na Terra é mais importante do que a
vida da mulher que ama e de seu primogênito?
Dante respirou fundo. Seus instintos mais primitivos queriam voar nela
como um cão raivoso, dilacerá-la por todas as ameaças que fizera. Como
podia, era do seu filho que aquela vagabunda estava falando, uma criança
que ainda nem havia nascido. Cravando as unhas dos pés no chão frio,
conteve mais uma vez o impulso de atacar. Um passo em falso custaria a vida
de Natasha num piscar de olhos. Precisava ser cauteloso, porém a cada
segundo se via mais sem escolhas.
– Se ficar na Terra é mais importante do que essa bela mulher. Então eu
posso parar de perder tempo. – Uriel se levantou, com um sorriso sombrio,
girou a espada na mão direita.
Dante jogou sua espada no chão e caiu de joelhos.
– Vejo que chegamos a um acordo. – Ela colocou a espada para trás e deu
um passo na direção de Dante.
– Desde que Natasha e o bebê estejam em segurança. Sim, eu volto para o
inferno.
– Viu, não precisamos brigar para chegar num consenso. Aceitar a mina
oferta é sua melhor saída, sou boa em negociações, mas sou melhor ainda
como uma assassina impiedosa.
Dante conteve um rosnado.
– Ah, e vista uma roupa, por favor. – Uriel apontou com a espada para o
corpo nu.
– Vou precisar de um mês para ajeitar umas coisas antes de voltar. – Dante
manteve a voz firme ao se colocar de pé.
– De jeito nenhum. Você tem dois dias para voltar ao inferno.
– Mas...
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– Dois dias ou eu prometo vir até você outra vez e não ser tão amistosa.
Sua semente também não pode ficar na terra ou perderá a cabeça ainda no
útero.
Num piscar de olhos, Uriel não estava mais lá e a única lembrança de sua
presença era uma pena branca deixada na poltrona onde estava a pouco.
Dante sentiu o quarto se fechar ao seu redor. Com medo de cair, levou a
mão a trave da cama. A ameaça explícita ao filho e a mulher que amava o
deixou desesperado. Não tinha escolhas, para protegê-los teria que voltar,
então porque doía tanto?
– Dante? – A voz baixa o fez se virar para cama.
Natasha se remexeu até se sentar, depois atirou-se nos braços dele.
Abraçou-o com toda a sua força enquanto tentava suprimir as lágrimas.
Sentiu-o afagar o seu cabelo. Sabia o quanto ele estava se esforçando para ser
forte, então chorou pelos dois.
– O quanto você ouviu? – perguntou o príncipe ao traçar a linha da coluna
dela com a ponta dos dedos.
– O bastante .
– Me desculpa, meu amor.
– Você fez que pode por nós. Por isso vamos voltar ao inferno.
O rosto de Dante se iluminou com um sorriso.
– Viveria lá por mim?
– Viveria em qualquer lugar por você.

Isabel estava inquieta. Com os braços cruzados ao redor do tronco ela


cravava as unhas em si mesma para conter a ansiedade. O belo lustre que
iluminava a sala de jantar já não parecia mais tão interessante depois de
encará-lo por minutos intermináveis. Natasha pediu que todos a encontrassem
ali, esse todos incluía Beatriz, o que deixou a caçula ainda mais incomodada.
Soprou uma mecha do cabelo loiro e se debruçou-se sobre a mesa e virou
a cabeça para o irmão sentado ao seu lado.
– O que será que Natasha quer?
– Não sei. – Aron coçou a barba que começava a crescer no queixo. – Nos
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chamar assim não é uma atitude que ela costuma tomar.


– Talvez ela só queira dizer algo importante. – Beatriz segurou a mão do
filho e ficou contente por ele não ter recuado.
Dária se moveu no colo de Aron e se virou para porta quando ouviu os
passos que reconhecia bem como os de Natasha. Entendia o estranhamento
dos irmãos, pois já a conhecia como eles. Entretanto, já engravidara um dia,
sabia o quanto isso mudava uma mulher.
Natasha entrou seguida por Dante. Com as mãos cruzadas na frente do
corpo, os dentes levemente cerrados. A tensão exalava. Ela se apoiou na mesa
e virou-se para os irmãos e a mãe.
– Sei que prometemos ficar juntos, que vieram para cá por minha causa e
eu sinto muito por isso... – Ela começou e o pesar deixava cada vez mais
chorosa a sua voz.
Isabel se levantou e a abraçou pelos ombros.
– Seja o que for estamos aqui com você.
– Vou para o inferno com Dante. – Natasha disse logo, não era boa com
rodeios e muito menos em amenizar as coisas.
A sala ficou em completo silêncio.
Aron apertou a coxa de Daria que estava sobre seu colo.
– Eu juro que posso ser uma avó tão boa quanto a Lilith. – Beatriz torceu
os lábios e encarou a filha com um tom choroso.
– Não é isso, mãe.
– Uriel entrou hoje no quarto e fez ameaças a Natasha e ao bebê. – Dante
ergueu a mão e impediu que Aron o interrompesse. – Ela é um arcanjo e não,
não posso me iludir achando que sou capaz de proteger alguém dela. Mal
poderia evitar minha própria morte.
– Mas podemos cuidar dela aqui. É só você que precisa voltar, certo?
Dária deu uma cotovelada em Aron, irritada pelo que ele disse. Com
certeza não pensou nas próprias palavras.
– Você iria feliz se tivesse que deixar para trás a mulher que ama e o filho
que ainda nem conheceu?
Aron engoliu em seco e se arrependeu das palavras ridículas. Sabia que
não deixaria Dária, se ela não tivesse vindo com ele, não teria deixado a
Inglaterra.
Abraçou a cintura de Dária.
– Não, eu não a deixaria.
– Ela disse que contraria a cabeça do bebe ainda no útero se ele
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continuasse na terra. – Natasha se encolheu com medo por apenas relembrar a


ameaça.
Todos engoliram em seco. A sala ficou gelada.
– Quanto tempo até você ir embora? – Isabel encarou a irmã e limpou as
lágrimas com as costas das mãos.
– Dois dias e você precisa a me ajudar com o casamento.
– Casamento?
Todos arregalaram os olhos.
– SIM! – Natasha levantou a mão exibindo o anel de noivado.

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Capítulo 30

– Aí! – Natasha deu um pulinho ao sentir um alfinete cutucar seu couro


cabeludo. – Cuidado!
– Não consigo ser rápida e cuidadosa ao mesmo tempo.
Isabel ajeitou o último brilho no penteado no cabelo da irmã. Os pequenos
cristais reluziam em meio ao emaranhado de fios negros. A loira jogou o
cabelo para trás e desceu da pequena banqueta. Afastou-se para observar
melhor o resultado de sua obra de arte.
– Você está incrível!
– Acho que não tinha necessidade de tudo isso. – Natasha olhou para o
vestido longo e branco que usava. Ele era repleto de cristais assim como seu
cabelo.
– Falta só o toque final. – Isabel se virou e pegou uma tiara sobre a
cômoda atrás dela e a encaixou no penteado da irmã.
Uma batida na porta fez as Donovans se viraram para ela. Stela estava
escorada no batente. Com os braços cruzados o cabelo castanho amarrado em
um rabo de cavalo, estava usando um vestido discreto. Os olhos castanhos
estavam um tanto inchados e os músculos do rosto tensos.
– Dante pediu demissão da polícia. Vão mesmo se mudar daqui?
– Sim. – Natasha ajeitou o volumoso vestido. – Dante tem inimigos aqui.
Inimigos que podem ferir o nosso bebê. – Baixou a cabeça e acariciou a
barriga.
– É uma pena. – Stela conteve o soluço de choro. – Gostei muito dos
momentos que passamos juntas.
Natasha sorriu e de um passo na direção de Stela.
– Foi divertido. – Abraçou-a e deu um breve selinho.

Aron terminou de colocar a última mala junto à porta da frente, próximo a


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calçada onde estava estacionado o carro do Dante.


– Tem certeza? Esse monte de bagagem não é nem de perto um dos
maiores problemas.
Dante enfiou as mãos nos bolsos e encarou o cunhado parado próximo a
um poste e uma lixeira de rua.
– Acho que posso lidar bem com os problemas dela. Nada mais justo, já
que ela está lidando com os meus.
Aron passou as mãos pelo curto cabelo negro e respirou fundo.
– Espero que um dia eu possa conhecer meu sobrinho.
– Serão bem-vindo s no inferno se um dia quiserem nos visitar.
Aron sorriu.
– Discutirei a ideia com Dária depois. Desculpe-me por ter me
comportado como um idiota, mas Natasha é minha irmã e, mesmo depois de
tudo que ela possa ter feito nos últimos séculos, eu a amo.
Dante se aproximou e apertou o ombro de Aron ao encará-lo.
– Eu entendo e pode ter certeza de que lá Natasha estará segura, e farei
tudo por ela.
– Se a ama como penso, sei que fará.

Natasha ergueu a cabeça e deu um passo na direção do tapete vermelho


que se estendia à sua frente. Respirou fundo e sentiu o perfume das flores que
embriagava o local.
Naquele fim de tarde onde o sol não demoraria a se por atrás dos altos
prédios e os paulistanos comuns se preocupavam em atravessar quilômetros
de engarrafamentos. As criaturas que frequentavam o santuário e conheciam
bem os Donovans, estavam sentadas nas cadeiras de ferro dispostas em
fileiras diante do que costumava ser o palco e no momento era um altar.
Isabel, terminando de ajeitar o pano e algumas velas, sorria para Caim à
sua frente, atrás do altar. Estava orgulhosa pela decoração ter ficado perfeita
em tão pouco tempo. Em meio a empolgação, tentava esconder a pontada de
dor que sentia ao se lembrar de que, ao fim da cerimônia, Natasha iria
embora.
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A morena deu alguns passos ao som da música. Segurando um buquê de


rosas negras nas mãos, observava Dante parado a pouco metros. Ao ajeitar a
gravata presa no pescoço, ele parecia um pouco nervoso. Natasha não o
julgou, também estava uma pilha de nervos, sentia suas pernas bambas a cada
vez que o salto de seu sapato tocava o tapete. Sorriu para os irmãos que
estavam lado a lado à direita de Dante. Quando se aproximou o bastante,
segurou a mão dele e juntos se voltaram para Caim, que os recebeu com um
largo sorriso.
Em uma cerimônia simples e sem cunho religioso, regida pelo irmão mais
velho de Dante, eles se olharam nos olhos, sorriram e em meio a poucas
palavras, mas as mais sinceras que encontraram, juraram amor eterno.

Natasha se encolheu junto ao peito de Dante. Ah, o frio! Era algo que
precisava se acostumar agora que moraria naquele castelo. Olhou para cima
vendo as altas torres que se misturavam a um céu muito escuro aquele era o
seu lar agora.
Dante encostou a mão em uma das partes da grande porta dupla e se virou
para Natasha antes de entrar.
– Bom, já que retornei, acho melhor me chamar de Mammon aqui, afinal é
o meu verdadeiro nome e como todos aqui no inferno me conhecem. Não
quero dar um nó na cabeça do nosso filho.
– Está bem. – Natasha sorriu.
O príncipe se curvou na direção dela e com a ponta dos dedos gelados,
colocou uma mecha do cabelo negro atrás da orelha. Depois curvou-se para
beijá-la.
O toque terno dos lábios se tornou mais urgente quando a língua de
Natasha pediu passagem por entre os lábios dele. Mammon deixou cair uma
mala que segurava na mão direita e puxou Natasha pela cintura para junto do
seu corpo, senti do o calor que ela emanava, ainda que por baixo de toda a
roupa de frio.
Ignorou por completo os demônios que solicitara para ajudarem com a
bagagem. Mal vira a hora de ter Natasha em seus braços. Em meio a viagem
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feita às pressas, ainda não tiveram tempo de curtir a noite de núpcias.


A porta se abriu e ele precisou se equilibrar para não cair com Natasha no
chão.
– Filho! Fiquei tão feliz quando soube que viriam... – Lilith parou no meio
da frase.
– Sim, mãe. Nós viemos para ficar. – Mammon respondeu à pergunta
silenciosa que pairou no ar.
Lilith abriu um enorme sorriso e se atirou nos braços do filho, abraçando-o
mais forte que pode.
– Ah, querido, não sabe como eu senti sua falta. Esse castelo parece tão
vazio sem meu caçula.
– Será que podemos entrar? – Natasha se encolheu abraçando a si mesma
e se esforçando para não bater o queixo.
Lilith corou e deu um passo para trás puxando a nora para dentro.
– Perdão, meu amorzinho. Vamos, vou preparar algo para você se aquecer.
– Mammon... – A voz rouca como um trovão ecoou atrás deles.
– Pai.
Ele encarou o homem de meia idade com as mãos enfiadas no bolso.
– Por que voltou? Achei que não houvesse nada mais importante do que
viver entre os humanos. – O tom soou severo.
– O meu filho é mais importante. – A resposta dada a altura lembrou os
genes que ele havia herdando.
– Filho? – A voz saiu trêmula à medida que Samael dava um passo para
trás e apoiava-se no corrimão da escada.
– Você está grávida? – Lilith arregalou os olhos azuis ao se virar para
Natasha.
A morena ainda encolhida ao lado de Dante só assentiu.
Samael passou a mão pelos cabelos grisalhos, respirou fundo. Ia ser avô.
Isso nunca passara por sua cabeça, por mais velho que seu filho já estivesse.
– O que aconteceu para decidir voltar?
Samael ajeitou a postura do corpo e buscou se concentrar naquele fato é
ignorar as altas paredes do hall do castelo girando ao seu redor. Uma criança
enchendo de alegria o mórbido castelo outra vez.
– Uriel. Ela ameaçou diretamente Natasha e o bebê. Não pude arriscar.
– Entendo. E não nego a minha felicidade em tê-lo de volta e de saber que
a família vai aumentar. – Ele se virou para Natasha. – Seja muito bem-vinda,
sinta-se em casa.
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– Obrigada.
– Se não se importam, vou levar ela para o quarto.
– Teremos tempo para conversar depois.
Samael deu um passo para o lado e abriu caminho para que os dois
pudessem passar.
Mammon ajeitou a alça da mala em seu ombro e deu a mão para Natasha
ao sorrir para ela.
– Depois conversaremos sobre o quarto do bebê. – gritou Lilith antes que
os dois sumissem de vista. Depois virou-se para o marido ao apoiar as mãos
no ombro dele. – Ah, uma criança! Finalmente esse lugar terá vida outra vez.
Bom que você poderia ter concordado comigo em fazer mais uns.
Samael respirou fundo.

Natasha estava debruçada sobre o parapeito de uma janela do quarto que


agora também era dela. Através do vitral bem decorado, observava a
imensidão das terras geladas.
– Ainda bem que não dá para ouvir os gritos daqui.
Mammon abraçou-a por trás, envolvendo a cintura com um dos braços e
com a outra mão jogou para o lado o cabelo negro, deixando exposto o
pescoço delicado. Beijou a pele suave.
– Não se preocupe com os gritos, com tempo você se acostuma com eles.
Fica mais fácil quando se lembra de que essas almas mereceram estar aqui.
O príncipe deslizou as mãos para acaríciar os seios ainda sob o tecido da
blusa de lã, enquanto os lábios retomavam um caminho de beijos e mordidas
pela deliciosa pele do pescoço.
Natasha se contorceu com a carícia que fez todos os seus pelos se
arrepiarem. Toda a tensão se dissolveu em meio aos toques provocativos que
a lembraram do motivo pelo qual estava ali.
Virou-se para encará-lo. Envolveu o pescoço de Mammon com os braços e
observou as chamas da lareira que tremulavam atrás dele. Essa era a única luz
no quarto, mas bastou para que ela pudesse ver a expressão de alegria nos tão
belos e penetrantes olhos verdes.
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Com a ponta dos dedos, traçou o contorno do rosto quadrado até os sutis
lábios finos.
– Eu te amo.
Ele a envolveu pela cintura e a rendeu em um beijo quente, o eu também
ficou subentendido. Mordeu o lábio inferior antes de adentrar a boca quente
com a língua. A forma como ela se entregava em seus braços o fazia beijá-la
ainda mais empolgado.
Mammon estava imensamente feliz. A insatisfação de deixar a Terra foi
totalmente deixada de lado por ter Natasha ali. A mulher que amava, sua para
sempre. A expectativa em relação ao filho o deixava ainda mais nas nuvens.
Tomou-a nos braços e a levou até a frente da lareira. Sentou-a no chão
sobre um tapete branco e felpudo e foi até a cama pegou alguns travesseiros.
Os olhos de Natasha brilhavam, o calor da proximidade com a lareira não
a aquecia mais do que o sentimento em seu interior. Morar no inferno não a
assustava, ao lado de Dante tudo parecia valer a pena.
Riu baixinho, teria que se acostumar em chamá-lo pelo verdadeiro nome.
Mammon se ajoelhou diante dela. Com os joelhos entre as pernas
distanciadas, acariciou-a antes de voltar a beijá-la. Lembrar-se do filho foi o
bastante para conter a vontade de arrancar as roupas dela. Tenha cuidado!,
repetiu a si mesmo pela milionésima vez. Só precisava de um pouco de
paciência, logo a criança nasceria e não precisariam mais se conter.
Passou os dedos pelo sedoso cabelo negro. Levou as mãos até a cintura e
retirou a blusa de lã.
Natasha abraçou a si mesma com a brisa fria que entrou pela janela.
Mammon retirou a própria camisa e jogou sobre a poltrona onde havia
colocado a blusa de Natasha. Abriu as grandes asas com penas negras e as
usou como escudo para proteger Natasha do frio.
Deitou-a com cuidado sobre os travesseiros e voltou a beijá-la no pescoço.
O gosto saboroso da pele fazia sua boca salivar e o alucinava, fazendo-o
desejar cada vez mais poder tocá-la.
Natasha sentiu os lábios molhados deslizarem do seu pescoço e deixarem
um caminho de calafrios até seus seios, onde Mammon abocanhou um deles e
com a mão esquerda apertou o outro. A súcubo gemeu e se remexeu no
tapete. Após a gravidez seus mamilos pareciam ainda mais sensíveis. Perdida
na sensação do toque, levou as mãos trêmulas aos cabelos loiros e acariciou-
os. As sorvidas cada vez mais intensas em seu seio a fizeram se perder em
meio a gemidos, já não importava mais onde estavam, nem que os pais dele
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estivessem ouvindo. Não deveria mesmo se importar, agora ali era a sua casa.
Mammon ergueu a cabeça mediante a resmungos de protesto. Mas logo a
fez se calar ao beijá-la nos lábios outra vez. Sentiu uma leve dor quando as
unhas afiadas se cravaram em seus ombros. Gemeu contra a boca de Natasha
enquanto suas línguas se tocavam numa dança feroz.
O desejo que ardia tanto por ela já queimava suas veias e era difícil manter
a calma. Ansioso, levou as mãos entre os corpos e abriu o zíper da calça que
ela usava. Natasha ergueu os quadris para que ele pudesse retirar a calça e
mais uma peça voou pelo quarto caindo ao chão. Logo o sutiã e a calcinha
também já não cobriam mais o corpo da súcubo.
– Você é tão linda.
Mammon a olhou nua da cabeça aos pés. O corpo deslumbrante com as
curvas e proporções certas ainda o deixavam sem ar, duvidava muito que em
algum dia isso fosse mudar, não importava quantos filhos tivessem. Mal via a
hora de ver a barriga dela crescendo e poder sentir o bebê chutando...
Passou a língua pelos lábios quando o desejo o atingiu outra vez como
uma forte pancada.
Natasha embrenhou os dedos nos curtos cabelos loiros e o puxou de volta
para um beijo. Com a mão esquerda livre, percorreu a linha das costas largas,
acariciou as penas macias das asas. Todo aquele pecado de homem era
inteiramente seu, pela eternidade.
Sua pele formigava onde as mãos de Mammon tocavam ao percorrer-lhe o
corpo. Jogou a cabeça para trás, entregando-se completamente ao toque aos
lábios.
– Tira a calça! – Natasha ordenou por entre os lábios trêmulos.
Ela não precisou pedir outra vez. Mammon se colocou de pé apenas para
se livrar das peças que ainda cobriam o seu corpo.
Natasha salivou com a visão do pênis rígido. Ficou de joelhos no tapete e
o encarou com os olhos brilhando.
O príncipe apenas a observou, a luz da lareira dando um tom avermelhado
aos longos cabelos negros e a metade da face, enquanto o restante do corpo
era condenado a penumbra. Linda... Ela era incrivelmente linda. Passou os
dedos pelos lábios carnudos e vermelhos que estavam molhados pela saliva.
Natasha mordeu o dedo e chupou com uma provocante expressão sexy.
Mammon não resistiu, passou o pênis nos lábios dela. A forma como
Natasha revirou os olhos deixou claro o quanto ela estava gostando.
Ela o agarrou com as duas mãos e lambeu a glande.
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Ele segurou os cabelos dela e mordeu os lábios para conter o gemido. A


língua delicada, molhada e quente o provocou e alucinou. As unhas finas
raspando a parte interna das coxas, arranhando, deixando vergões. Quando
foi acolhido dentro da boca úmida e quente, Mammon fechou os olhos. Era
bom, era muito bom.
A medida que o chupava, lambia, engolia, Natasha sentia queimar cada
vez mais o desejo entre suas pernas. Chupá-lo só a deixava ainda mais
molhada, só a fazia desejá-lo ainda mais.
Mammon deslizou os dedos pelo cabelo, o contorno da face. Contorcendo-
se a cada movimento dos lábios por toda a extensão do seu pênis. O suor frio
brotou em sua testa quando o prazer já estava estampado em seu rosto. Olhá-
la, observar a expressão de prazer nos olhos azuis-esbranquiçados só o
deixava ainda mais extasiado.
– Nat..
Tentou avisá-la, mas ela não parou, não deu a Dante tempo nem mesmo de
que ele pudesse respirar. Pensou em puxar a cabeça dela para trás, mas não
podia ser bruto e não teve muito tempo para tomar qualquer outra reação.
Então, apenas deixou-se levar pela deliciosa sensação do orgasmo enquanto
Natasha bebia do seu sêmen.
Assim que os espasmos musculares passaram ele voltou a acariciá-la.
– Você é incrível, meu amor.
Ela sorriu ao limpar os lábios.
– Agora me deixa cuidar de você.
Ele a deitou de bruços.
Natasha aguardou ansiosa enquanto via ele se movimentar pelo quarto.
– Ei, o que vai fazer?
– Espera, meu amor.
Mammon voltou. Ajoelhou-se com o corpo dela entre as pernas. Jogou um
óleo nas mãos e se curvou sobre Natasha.
Ela ofegou quando as mãos quentes tocaram os seus ombros. Não sabia do
que era feita a substância, mas foi o bastante para fazer arder o local onde ele
tocava. Foi então que a massagem começou, de maneira intensa e delicada,
Mammon percorreu as costas até a base da cintura. Não tocou nenhuma zona
erógena, mas Natasha já estava gemendo.
Ela abocanhou o travesseiro mordendo ao ponto de rasgá-lo, quando os
dedos dele contornaram a sua virilha, porém sem tocar a vagina. Se de
alguma forma algo pudesse ser uma tortura deliciosa era aquilo, pois a
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incomodou mais do que qualquer dor física e ao mesmo tempo a fez arder de
desejo.
– Caralho, quer me enlouquecer?
– Talvez sim, Talvez não. – Ele brincou ao continuar com a massagem.
Natasha estava suando, tremendo, seu corpo estava tão quente que já era
incapaz de perceber o frio do exterior.
– Chega, por favor. – Ela implorou. – Assim eu não aguento.
– Não? – Mammon passou os dedos pela abertura dela.
Natasha arfou.
O príncipe a puxou pelos quadris e a fez se ajoelhar no tapete. O
movimento a fez se sentar no pênis rígido que aguardava por ela.
Natasha gritou. Finalmente o seu desejo foi atendido. Rebolou contra ele,
sentindo-o entrar fundo. Era ali em que se perdia e se encontrava ao mesmo
tempo. Prazer era apenas o início de tudo o que sentia quando estava com ele.
Ao mover o corpo com a ajuda das mãos firmes, estavam numa sintonia que
só eles entendiam e ia bem além da ligação física entre os corpos.
Mammon jogou para o lado o cabelo negro, e mordeu a base do pescoço,
sentiu todo o corpo dela se contorcer. A vagina o envolveu com ainda mais
força. Continuou a beijá-la ao deslizar as mãos e agarrar os seios expostos.
Ouvia ela gritar seu nome, o verdadeiro nome, os nomes que usara. Não
importava. Mammon estava alucinado pelo prazer assim como Natasha.
Segurava-a pela cintura, penetrando-a ao máximo. Foi difícil não deixar
marcas no pescoço ou nos quadris com a pressão dos dentes ou a força dos
dedos.
Natasha também o provocava, esfregava a bela bunda nele. Foi impossível
conter o segundo orgasmo, e nem ao menos tentou. Deixou-se levar pelo
prazer enquanto a incentivava a continuar. Levou a mão entre as pernas e a
tocou pouco acima de onde os corpos se encontravam. A fez gritar, gemer, e
logo a envolveu no mesmo prazer viciante.
Deitou-se no tapete com ela e puxou-a para o seu peito.
– Eu te amo. – Natasha se aconchegou nele, ouvindo o coração bater.
– Eu te amo demais!
Natasha suspirou. Antes de conhecê-lo, Natasha tinha um futuro bem
previsível. Continuaria a ser a imprudente louca dormindo com qualquer um
apenas para se satisfazer. Mas a vida era mais do que isso, existir era mais do
que isso. Ter filhos era uma loucura, encontrar um homem que amasse de
verdade também era loucura. Mas toda essa loucura era o que a fez se sentir
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feliz de verdade.
Ele a mudou, mudou seu futuro, deu a sua história um final feliz.

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Epílogo

– MAMMON!
O grito ecoou por todo o castelo e fez o príncipe sentir uma dor mais
aguda do que a infligida por qualquer arma.
– Calma, meu amor, eu estou aqui. – Ele segurou firme a mão suada e
trêmula da mulher que amava.
Natasha olhava para frente tudo o que conseguia enxergar era uma silhueta
disforme do seu marido, sentado ao lado da cama. Tudo atrás dele eram
borrões do que julgou ser as luzes do quarto.
Outra pontada na barriga seguida por um grito ainda mais forte.
– Respira fundo, querida, e quando as contrações vierem você empurra
com toda a força. – Em alguma parte de sua mente, Natasha era capaz de
ouvir a voz de Lilith ecoando bem lá no fundo.
Sabia que ela e outras demônias estavam no quarto, mas tudo estava muito
obscurecido pela dor das contratações... Ahhh!!!
A camisola branca que Natasha usava estava pregada ao corpo de tanto
suor. Tudo girava, tudo doía.
Mammon sentado ao lado dela, observava tudo com um aperto enorme
no coração, queria poder fazer mais do que apenas segurar a mão dela,
precisava livrá-la da dor.
Outro grito. A súcubo apertou com força a sua mão.
Curvou-se e beijou-a na testa sentindo o gosto salgado do suor.
– Calma, meu amor , vai ficar tudo bem.
Gritos. Mais gritos. Precisava se manter firme por ela, mas Mammon
estava prestes a desabar.
Um choro seguido de um suspiro de alívio, fez um peso colossal sair das
costas dele.
Natasha piscou os olhos tentando trazer de volta o foco roubado pela dor.
Essa que agora era apenas uma lembrança.

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– É uma menina! – Lilith sorriu ao envolver o bebê ainda sujo de sangue


em uma manta branca.
– Me dá ela! – Natasha ergueu os braços trêmulos implorando pela filha.
Lilith contornou a cama e levou a pequena criança até os braços da mãe.
Pousando-a com cuidado, afastou-se deixando que mãe e filha tivessem seu
momento.
Natasha puxou para o lado uma dobra da manta que caia sobre os olhos do
bebê e encarou a pequena com uma vontade imensa de chorar. Toda a dor
que sentira, naquele momento valeu a pena.
– Minha menina.
Se derreteu quando a bebê de olhos arregalados parecia sorrir para ela.
A criança tinhas os olhos verdes, os mesmos olhos verdes do pai, mas o
cabelo negro já se mostrava em alguns poucos fios lisos e sujos de sangue no
alto da pequena cabeça.
Natasha sentiu uma alegria consumir o peito que era difícil de explicar e
só se comparava aos melhores momentos ao lado do próprio Mammon.
Ergueu a cabeça e o encontrou sorrindo para ela. A troca de olhares disse
muitos eu te amo que não caberiam em mil palavras.
– Posso segurá-la? – Ele pediu sem jeito. Não queria tirar a bebê dos
braços de Natasha, mas não via a hora de ter a filha nos braços.

Natasha sussurrava uma música enquanto ninava a pequena criança.


Mammom estava de pé ao lado da poltrona com a mão apoiada no
encosto, apenas observava a mulher e a filha sob a leve luz tremulante de
uma vela, que servia mais para marcar contornos do que efetivamente
iluminar algo. Decidiram manter o quarto assim após notarem que luzes
demais deixavam a pequena inquieta.
Uma batida os fez virarem na direção da grande porta dupla.
– Quem é? – perguntou Mammon.
– Sou eu. – A voz grave e poderosa como um trovão, ecoou do outro lado.
– Pode entrar, pai.
A porta se abriu num ranger que acordou a bebê e a fez começar a chorar.
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Natasha voltou a cantar e a niná-la, balançando-a levemente em seus


braços.
– Me desculpem. Não queria acordá-la. – Com as mãos atrás das costas,
Samael deu alguns passos na direção deles.
– Tudo bem, pai. Ela acorda com o cair de uma agulha.
Samael riu.
– Eu entendo. Já perdi muitas noites de sono por você.
– Quer segurá-la? – Natasha se voltou para o sogro, girando-se o máximo
que pode na poltrona.
– Eu posso?
– Mas é claro.
– E qual o nome dela?
– Lygia.
Mammom viu o brilho de alegria nos olhos verdes do pai ao tomar a
pequena nos braços. Havia uma empolgação e alegria que poucas vezes vira
no lorde do inferno. Conteve-se para não brincar com o pai e dizer que estava
abobalhado. Mas logo lembrou-se de que a expressão em seus olhos diante da
filha não seria muito diferente.

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Bônus
Inferno – verão de 2022

– LYGIA, DESCE DAÍ!


Natasha estava de pé junto ao corredor que leva a parte da cozinha e outras
áreas internas. Batendo a sola do sapato contra o piso de mármore, ela tinha
os dentes cerrados e os braços cruzados ao redor do tronco. Com a cabeça
erguida, observava a menininha que com as asas abertas, balançava-se
segurando o lustre de cristais que ficava no alto do hall. A saia do vestido ia
de um lado para o outro como se fosse um sino. A súcubo sentia o coração
prestes a sair da boca, se a menininha caísse se machucaria feio com um
tombo de pelo menos quatro metros.
– Lygia, o que o papai disse sobre não matar a mamãe do coração?
– Ah, papai, mas é tão legal me balançar daqui. – A criança torceu os
lábios finos ao olhar para os pais que pareciam pequenos lá embaixo.
O olhar inocente e meigo naqueles enormes olhos verdes, derrubavam
com facilidade um homem do tamanho de Mammon. Ser pai havia o deixado
de coração mole .
– Minha princesinha, por favor, desce daí.
– Ah, pai! – Ela se balançou de um lado para o outro segurando na haste
de metal com as pequenas mãozinhas gorduchas.
– Lygia. – A voz grave e ressoante fez com que todos se virassem na
direção da porta do escritório.
A garotinha engoliu em seco.
– Ah, vovô.
Samael abriu suas asas brancas em toda a sua envergadura. As penas
brancas brilhavam com uma intensidade ofuscante. Elas se balançaram ao
levantar voo. Samael foi até o lustre e segurou Lygia pela cintura e a trouxe
de volta ao chão.
– Sem voar até o lustre outra vez, entendeu?
Ela soluçou no colo do avô e esfregou os olhinhos com as mãos.
– Mas eu estava só brincando.
Samael sorriu e acariciou os cabelos negros e lisos que iam até o meio das
costas.

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– Vem com vovô, nós vamos encontrar algo mais divertido e menos
perigoso.
– Tá.
Lygia abriu um largo sorriso e seus olhos verdes brilharam de
empolgação.
Samael sumiu de vista carregando a neta que pulava em seus braços.
Mammom penteou os cabelos loiros com os dedos ao respirar fundo.
– É tão imprudente quanto a mãe.
– Ei, estou aqui! – Natasha deu uma cotovelada nele.
O príncipe riu.
– Por acaso disse alguma mentira?
Natasha cerrou os dentes e cruzou os braços.
Mammom deu de ombros e enfiou as mãos nos bolsos da calça de linho.
– Quanto tempo acha que seu pai consegue aguentar a nossa diabinha sem
querer arrancar os cabelos?
– Com sorte? Algumas horas. – Os olhos de Mammon se iluminam e seus
lábios se mexeram num sorriso maroto. – Finalmente algumas horas
sozinhos.
Natasha soltou um gritinho, quando pega de surpresa, ele a tomou nos
braços.
Mammom subiu as escadas com a amada nos braços. Atravessou os
corredores e abriu a porta com o pé, fechando-a logo em seguida com o
mesmo movimento. Caminhou até a cama de dossel e deitou-a. De pé, ao
lado, deslizou o dedo indicador dos lábios grossos e vermelhos até a junção
dos seios no decote do vestido negro de seda.
– O que acha de fazer outro bebê agora?
Natasha arregalou os olhos e mordeu os lábios para conter o grito.
– Não fala isso nem brincando.
– Por quê? – Mammon torceu os lábios fingindo estar chateado.
– Lygia já nos dá trabalho mais do que suficiente.
– Bom... – Ele se ajoelhou na cama com o corpo dela entre as pernas. –
Por hora fico feliz em praticarmos.
Mommom se curvou sobre Natasha e passou a língua pelos lábios,
sentindo-a vibrar na cama.
Impaciente, Natasha envolveu o pescoço dele com os braços e o puxou
para ainda mais perto. Tocou os lábios dele com a língua e impôs sua
passagem para dentro da boca úmida e quente.
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A filha era linda, lhe enchia os olhos e fazia de Natasha imensamente


feliz. Porém, ela tomava o tempo que antes era apenas de Mammon, e o sexo
algumas vezes ficava em segundo plano. Natasha sabia que era apenas uma
fase e que logo ela e o homem pelo qual era louca voltariam a ser amantes
intensos assim como antes. Por hora, aproveitavam os breves momentos em
que a filha estava aos cuidados de outros para desfrutarem do amor ardente...
Mammom lambeu o pescoço de Natasha, fazendo-a parar de pensar. A
língua deixou uma trilha molhada até a curva dos seios que fez questão de
contornar.
Natasha sentiu um calafrio quando a brisa que entrava pelas frestas da
janela se chocou contra a pele molhada.
Empurrou Mammon pelos ombros e saiu de baixo dele , girando-os na
cama. Olhou o brilho dos olhos verdes que era realçado pela luz do lustre e
sorriu. Sentou-se sobre os quadris largos e tirou o próprio vestido.
Mammom pensou em protestar, no entanto sabia, que assim como ele,
Natasha também tinha pressa. Lygia os condenava a pequenos momentos de
castidade que podiam durar dias. Ergueu as mãos e segurou a cintura fina
enquanto a observava retirar o sutiã em um movimento gracioso que o deixou
babando.
O príncipe apoiou as mãos na cama e sentou-se, apenas para poder
alcançar os seios expostos à sua frente. Lambeu o mamilo rígido, enquanto as
mãos percorriam a lateral do corpo esguio. Natasha havia se recuperado
perfeitamente da gravidez, já tinha de volta a mesma barriga lisinha de
quando a conhecera, as mesmas curvas alucinantes. Com vontade, cheio de
desejo, lambia chupava e mordiscava o mamilo, sentia ela se remexer sobre
seus quadris enquanto gemia. A reação ao prazer que Natasha deixava claro,
ao rebolar, gemer, contorcer-se contra ele e jogar a cabeça para trás, o
incentivava ainda mais a continuar.
Apertou com força a cintura e a ouviu gritar, não precisava mais conter
seus impulsos já que a gravidez havia acabado. Levou as mãos até as nádegas
provocantes da súcubo, apertou, deu palmadas, deixou a marca vermelha de
seus dedos. A forma como ela o encarava, mordendo os lábios, deixou claro
que estava amando aquilo.
Natasha levou as mãos trêmulas até a cintura de Mammon e puxou a
camisa preta para cima até poder jogá-la ao chão. Desceu a cabeça e foi sua
vez de deixar marcas no pescoço, onde lambeu, beijou, chupou e mordeu. As
marcas dos dentes se espalharam por toda a parte superior dos ombros largos
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e do pescoço. A cada mordida, arrancava dele um gemido.


Suspirava ao sentir as mãos pesadas, hábeis e quentes percorrendo todo o
seu corpo, alisando apertando: das coxas aos seios, do pescoço à bunda.
Suspirava a cada vez que o sentia pressioná-la sem receio. Houve um
momento em que pesou que se desmancharia em meio a toques tão intensos.
Talvez Lygia passar mais tempo com os avós fossem uma ótima ideia.
Desceu do colo de Mammon e ficou de joelhos na cama ao lado dele,
apenas para poder abrir o zíper da calça e jogá-la longe, tudo o que não
precisavam agora era de roupas para atrapalhá-los. Deslizou a peça pelas
pernas cumpridas junto com a cueca e os deixou como iguais, nus. Percorreu
o corpo de Mammom com os olhos, os poucos anos não haviam tido efeito
algum sobre ele, ainda era a mesma porção de céu e inferno que a deixava
alucinada.
Com a boca salivando, curvou-se e pegou o pênis rígido com ambas as
mãos, olhou para a expressão de prazer no rosto contorcido do príncipe e se
curvou para chupá-lo.
Quando os lábios o envolveram, Mammon agarrou a cama e tentou
conter, de forma tola, um gemido. Sentiu os lábios molhados deslizando por
toda a extensão e fechou os olhos. Toda a sua atenção estava no delicioso
sexo oral que Natasha sabia fazer tão bem.
Ergueu a mão e acariciou os cabelos macios. Podia ouvir leves estalos dos
lábios se movendo. Os pensamentos de Mammon estavam obscurecidos pelo
prazer.
Natasha levou a língua da base até a glande, observando-o​ se contorcer. A
boca salivava a cada lambida. Sentia fincadas de desejo entre as pernas. Já
não aguentava mais brincar, não queria mais, necessitava dele com uma
urgência avassaladora.
Ergueu o corpo e sentou-se sobre os quadris de Mammon de novo, dessa
vez sobre o pênis, encaixando-o dentro de si.
Gemeram juntos.
Natasha apoiou as mãos sobre o peito dele é começou a se mover no
intuito de unir ao máximo os corpos.
Não tiraram os olhos um do outro até a súcubo se curvar para beijá-lo. Era
difícil manter as línguas unidas em meio aos gemidos de prazer.
Mammom levou uma das mãos à cintura e com a outra percorreu a boca
de Natasha até segurar com força a base do cabelo. Ergueu a cintura enfiando
fundo, e a ouviu gritar pelo prazer que já conheciam tão bem.
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Ela se apoiou na cama, com as mãos ao lado da cabeça do príncipe e


ergueu os quadris o máximo que pode, fazendo-o quase sair por completo,
para logo em seguida sentar com toda força.
Mammom os moveu na cama, tirou-a de cima de si, colocou-a de quatro.
Deu as palmadas na bunda que ela tanto esperava ao rebolar. Segurou-a pela
cintura e voltou a deslizar para dentro dela com uma fome voraz.
O carinho foi deixado de lado quando o desejo mais intenso, reprimido por
dias, despertou dentro deles. As estocadas ficaram cada vez mais fortes,
provocando estalos, os beijos se tornaram mordidas de arrancar pedaços, os
tapas deixaram marcas.
Natasha gemeu e agarrou o colchão quando as unhas de Mammon
deslizaram através da linha de sua coluna. A estocada que veio em seguida
foi tão forte que por pouco não a fez bater de cabeça contra a madeira escura
da cabeceira da cama.
Pensou que ficaria ardendo depois e a ideia a excitou ainda mais.
Mammom se segurava ao máximo. Dessa vez prometeu a si mesmo que
não chegaria ao orgasmo antes de Natasha. Deslizou a mão direita até o meio
das nádegas dela e enfiou o dedo devagar.
Ela gritou. Naqueles anos juntos Mammon já conhecia bem o corpo da
súcubo, talvez melhor do que a própria Natahsa. Conhecia bem seus prazeres
e como a deixar louca.
O rosto de Natasha estava enterrado nos travesseiros da cama. As unhas
cravadas na cabeceira. Entretanto, isso nem de perto abafava os gritos e
gemidos. O nó de prazer em seu ventre jáa deixava inquieta. Ela gritou ao
senti-lo tirar o membro do seu interior apenas para afundá-lo outra vez.
Suas pernas ficaram bambas e cederam. Porém Mammon continuou a
penetrá-la de bruços. Ele apoiou a mão direita na cabeceira da cama e a outra
no colchão macio e continuou com os movimentos cada vez mais intensos,
mais frenéticos. A fricção contra as paredes úmidas era deliciosa.
Natasha sentiu toda a tensão do corpo explodir de uma única vez.
Desmontada sobre a cama, sem fôlego. Aos poucos sentia o maravilhoso
prazer se esvaindo.
Mammom também desabou sobre ela após duas ou três estocadas. Estava
exausto, pingando suor, mas se sentia incrível, ela era incrível.
Natasha se encolheu sob o peso do corpo. Virou a cabeça e o beijou,
alimentando-se como não fazia a um bom tempo. Com a presença da filha
muitas das refeições da súcubo se resumiram a rapidinhas muito breves e
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beijos. Mas valia a pena...


– Estou exausta. – A voz dela ainda era abafada pela respiração ofegante.
– Vou preparar para nós um banho.
Mammom se levantou, acariciou-a no rosto e beijou-a de maneira gentil.
Depois caminhou até o banheiro. Acendeu as velas e despejou os sais em
modo automático. Ao suspirar, sentou-se na borda da banheira de porcelana
esperando a água quente enchê-la. Estava ali, mas sua cabeça ficara no
quarto.
Cinco anos com Natasha, os cinco anos mais felizes que passara até então
se comparado a centenas anteriores. Antes não se sentia completo no inferno,
mas agora entendia que a culpa não era do lugar e sim quem faltava.
Voltou para o quarto. Natasha estava esparramada na cama. Tão linda. Os
cabelos negros esparramados sobre os travesseiros brancos como um véu, os
olhos semiabertos, o peito subindo e descendo numa respiração cada vez
mais leve e o corpo nu ao alcance dos seus olhos. Ah, como a amava.
– Vamos para o banho, meu amor.
Natasha o sentiu erguer seu corpo. Deixou-se levar pelos braços quentes.
Braços onde se encontrara, onde se realizara, braços onde descobriu que a
ilusão chamada amor era real e dava sentido a uma existência que até então
havia sido tão vazia.
– Papai... – a voz doce o encontrou assim que Mammon deu um passo em
direção ao banheiro.
Ele se virou na direção da porta do quarto e viu Lygia soltar a fechadura.
Coçando os olhos verdes, ela parecia com sono.
– Como abriu a porta?
– Foi fácil, tio Asmodeus me ensinou uns truques.
Mammom bufou. Teria uma conversa depois com o irmão sobre o que ele
ensinava a uma criança de quatro anos.
– Por que você é a mamãe estão pelados?
– Nós vamos tomar banho. – Natasha virou cabeça e respondeu a filha da
forma mais natural que pode.
– Posso ir também? Vovô me levou para brincar com o Cerberus, estou
cansada e suada.
– Claro, minha pequena.
Natasha sorriu ao descer do colo de Mammon e abriu os braços para a
filha que veio correndo.
Logo os três estavam na banheira de água quente. Lygia com a cabeça
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apoiada nos seios da mãe e envolta pelos braços do pai, sentia todo o amor
que os pais tinham por ela. Mesmo que brigassem às vezes...
Natasha beijou a filha na testa e o marido nos lábios e depois reparou no
reflexo deles no espelho que cobria toda uma parede do banheiro. Sorrindo,
agradeceu ao acaso, ao destino ou qualquer que fosse o culpado por sua
felicidade.

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Sumário Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Bônus

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Prólogo

Poucas coisas o fizeram perder o ar, tintaram-no do eixo ou despertaram


sentimentos tão intensos. Numa gentileza cheia de mistérios, num cuidado
contido de quem não queria se envolver ao ponto de arriscar, ela o enlaçou.
Ela era linda, incrível e sedutora, o melhor sexo de sua vida. Viu-se
desejando-a como nunca antes, estava viciado, queria mais, necessitava de
mais. Mas como levar alguém tão centrada e comprometida para o seu mundo
de riscos? Queria ser capaz de proteger tudo que amava, porém vivia se
metendo em encrencas que geravam de arranhões à ferimentos de bala.
Divertir-se sem se comprometer, ficar sem sentir, parecia a melhor ideia
para ambos. Entretanto, no fundo, no sangue que fervia quando os corpos se
tocavam. No calafrio que varria a pele e eriçava os pelos, no desejo e no
ardor, no prazer, sabia que fingir não se importar era tolice.

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Capítulo 1
Cancun – verão de 2022

O sinal para manter os cintos afivelados apagou no painel à sua frente.


Isabel se curvou e puxou a bolsa que havia deixado sob o banco. Ao fundo,
alguma parte de sua mente ouviu a aeromoça dizer o tempo estimado de voo
e desejar a todos uma boa viagem, num portunhol estranho, o sotaque dela
era engraçado.
Isabel curvou a cadeira da primeira classe antes de se deitar com o celular
na mão. Suspirou ao encarar a foto dela com Natasha e Aron que usava de
plano de fundo. Passou o dedo pela tela na vã esperança de que pudesse senti-
los.
Suprimiu um misto de soluço e choro. Mal entrara no avião e já se
questionava se realmente deveria estar ali. Talvez devesse ter pensado mais,
considerado melhor todas as implicações. Agoniada, estalou os dedos das
mãos ao ranger os dentes. Por mais que Natasha houvesse se casado e não
estivesse mais em casa, Aron e Dária ainda estavam lá. Isabel sabia que não
estava sozinha, mas a sensação não a deixava. Recebera um convite da mãe
para voltar com ela para a Europa, mas recusou, por mais que o período ao
lado de Beatriz tivesse acabado um pouco com as animosidades do passado, a
ideia de ficar só com a mãe ainda não era tão agradável.
Suspirou ao virar a cabeça para janela e observar a bela paisagem do céu
amarelado e laranja ao pôr-do-sol. A cabine do avião estava ficando escura,
mas não quis acender as luzes no painel acima de sua cabeça. Talvez fosse
uma boa ideia apenas dormir um pouco.
Depois de pensar muito, um muito já não mais suficiente naquele
momento, decidira dar um tempo a si mesma e viajar para algum lugar
bonito, paradisíaco. Ir a festas, beber bastante e se permitir ser irresponsável
como a irmã mais velha.
Piscou os olhos, estava inquieta demais para conseguir dormir, ansiosa e
um pouco faminta.
Voltou a mexer no celular. Passando de uma tela para a outra em um gesto
com os dedos. Viu as mensagens que Aron deixara. Pensou no abraço
caloroso do irmão no salão de embarque. Era só uma viajem, lembrou a si
mesma. A passagem de volta já estava comprada, não havia motivos para
desespero. No fundo Isabel tinha medo, medo de que ali, longe dos irmãos

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como nunca estivera, sentisse-se mais sozinha. Cuidara deles a vida inteira,
precisava superar isso, Aron e Natasha estavam em boas mãos.
A luz de afivelar os cintos e desligar os aparelhos eletrônicos surgiu no
painel outra vez seguido de um apito que fez Isabel erguer os olhos e encarar
o painel. Bufou ao levar as mãos atrás das costas procurando pelo cinto no
assento largo.
Logo o comissário de bordo passou por ela e foi até uma espécie de
interfone que ficava próxima a entrada da cabine do piloto.
Ele pigarreou antes de começar a falar.
– Senhores passageiros, estamos entrando em uma zona de turbulência e
peço que se mantenham sentados e com os cintos afivelados. – Colocou o
aparelho de volta no gancho e foi se sentar em seu próprio assento, poucos
metros à frente de Isabel.
Juan fitou a mulher sentada em uma cadeira executiva próxima a janela,
onde ela encarava o céu e parecia perdida. Estando em voos internacionais
pela América latina diariamente, já vira muitas mulheres bonitas, mas poucas
se comparavam a que estava diante de seus olhos. Não conteve o instinto de
passar a língua pelos lábios, sabia que era proibido, mas quem sabe não
pediria o telefone dela em algum momento da viagem. Poderia ser demitido,
mas se arrependeria se não o fizesse.
Olhou para ela com um pouco mais de atenção. Os cabelos longos e loiros,
estavam esparramados pelos ombros e no encosto da cadeira, os lábios
vermelhos tinham a proporção certa para enlouquecer, os olhos estavam
cobertos por uns óculos de sol com lentes de aviador, o belo corpo estava
espremido e demarcado por um justo vestido preto...
O avião balançou e Juan se moveu na cadeira. Olhá-la o fizera se esquecer
da turbulência.
Viu-a olhar em sua direção e curvar os lábios em um sorriso discreto.
Sentiu o coração se inflar, podia ser algum sinal de que ela também gostara
dele ou apenas um gesto educado de quem encontrou um homem a encarando
sem o menor pudor.
O avião balançou outra vez. Juan não se moveu, a loira também não, o que
o impressionou, mulheres costumam ser duronas até a poltrona tremer.
Isabel tirou os óculos de sol exibindo seus olhos azuis-esbranquiçados e
encarou de volta o homem que a fitava, fazendo-o desviar o olhar. Curvou o
corpo para frente num sutil movimento de predador e manteve os olhos
firmes.
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O homem com pele avermelhada e leve feições indígenas que sobressaiam


as demais misturas, pareceu inquieto com o olhar feroz. Desviou o rosto e
fingiu não a ter encarado.
Homens, Isabel riu sozinha ao bater as unhas pintadas de vermelho contra
o braço da poltrona.
A turbulência acabou. A luz afivelar os cintos foi desligada.
Juan se levantou e enfiou as mãos nos bolsos, ao se dirigir até o saguão da
classe econômica tentou evitar olhá-la diretamente. Mas foi interceptado no
meio do caminho por uma mão delicada, porém firme, que segurou com força
o seu pulso.
– Comissário, poderia trazer para mim uma taça de vinho ou uma cerveja
gelada?
Juan congelou. Se o toque quente que irradiava por todo o seu corpo já
não fosse o bastante, a voz... Aquela voz o deixou sem ar. Precisou de um
minuto, talvez cinco para conseguir se recompor e dizer qualquer coisa que
fosse além de grunhidos emitidos por uma boca aberta.
– Sim, senhora.
– Senhora? – Isabel gargalhou ao jogar os cabelos loiros para trás. – Não
me chame de senhora, por acaso pareço uma velha para você.
Do ângulo em que estava foi impossível para Juan encarar a mulher sem
olhar para a elevação da curva dos seios que escapava pelo provocante decore
em V.
– De jeito nenhum.
– Então não me faça me sentir uma.
Você é linda demais para parecer uma velha, foi um pensamento que Juan
guardou apenas para si.
– E o meu vinho? – Isabel soltou o pulso do rapaz.
– Sim, vou providenciar.
Juan conteve os passos até a área da cozinha para não parecer desesperado
demais. Entretanto, durante o percurso de poucos metros, batera a poltrona de
outro passageiro que lhe dirigiu um olhar raivoso com as narinas dilatadas; e
quase tropeçara nos próprios pés.
Chegou ao freezer e a baixa temperatura esfriou um pouco do calor que
sentia no braço onde fora tocado. Engoliu em seco ao passar a mão molhada
pela testa e apoiar o corpo na bancada. Que mulher!
Olhou para baixo e viu o volume que o pênis rígido havia deixado em sua
calça. Céus! Enfiou a mão ainda mais dentro do frízer segurando uma garrafa
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gelada na esperança que a queda de temperatura acalmasse seu corpo. Merda!


Não era hora de ficar com pau duro.
– Tudo bem, Juan? – Uma aeromoça entrou empurrando um carrinho de
metal.
O comissário de bordo se virou às pressas para o balcão tentando evitar
que ela visse o volume entre suas pernas. Tentando parecer mais convincente,
pegou uma garrafa do melhor vinho e uma taça.
– Sim, está tudo bem. Só vou levar esse vinho para uma passageira da
primeira classe.
Juan colocou a taça e a garrafa sobre uma bandeja.
– Posso levar para você se quiser.
A aeromoça encostou o carrinho num canto e estendeu as mãos.
– Ficaria grato. – Juan entregou a bandeja para ela e respirou aliviado. – É
a loira na poltrona B1.
Dulce pegou a bandeja das mãos do colega e caminhou com seu salto alto
até primeira classe. Quando a viu folheando uma das revistas deixadas na
poltrona, entendeu o desespero de Juan. A beleza estonteante da loira era uma
ofensa para as demais mulheres, mas a deixou fascinada.
– O seu vinho.
– Ah, sim, obrigada. – Isabel se voltou para a aeromoça com um suave
sorriso formado nos lábios.
Ela pegou a taça da bandeja e levou-a até seus lábios carnudos. Dulce,
boquiaberta, perdeu-se na visão sedutora dos lábios se fechando contra a
borda de vidro.
– Onde está seu colega?
Isabel pousou a taça sobre a pequena bancada de plástico à sua frente e
cruzou os braços antes de encarar a aeromoça.
Dulce sentiu um calafrio e se perdeu ao fitar os olhos azuis-
esbranquiçados.
– Sentiu-se um pouco indisposto, mas logo estará melhor.
Isabel estendeu a mão e tocou a da aeromoça que estava cruzada em frente
ao corpo.
– Espero que ele melhore logo.
– Sim... – A voz de Dulce se perdeu em meio a um gemido que não
conseguiu conter.
As pupilas se dilataram cobrindo as íris dos olhos castanhos quando a
aeromoça sentiu o calor provocado pelo toque que percorreu seu corpo. Era
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algo simples, apenas um gesto educado, então por que sentia as pernas tão
bambas? Um suor gelado escorreu por sua nuca. Engoliu em seco.
– Tudo bem? – Isabel soltou a mão de Dulce, jogou os cabelos para trás e
sorriu. Fingiu não fazer ideia do que gerara o estado abismado da pobre
mulher.
– Sim... Sim! Eu vou... Qualquer coisa é só me chamar.
– Está bem.
Isabel sorriu ao passar a mão pelo decote, salientando-o. Quando a
aeromoça virou as costas, ela tomou mais uma golada de seu vinho.
Dulce voltou para a cabine da cozinha tremendo e suando frio. Um toque,
apenas um toque da bela passageira e estava completamente desestabilizada.
Esfregou uma perna na outra sentindo que o tecido fino de sua calcinha
estava molhado. Mordeu os lábios para conter um suspiro. Não costumava se
sentir atraída por mulheres, mas aquela.
Passou a mão pela testa tirando os fios de cabelo que haviam grudado no
suor. Ao respirar fundo ergueu os olhos e fitou Juan rindo a poucos metros.
– Entendi o motivo da sua barraca armada. – Não conteve o riso.
– Não foi apenas eu quem perdeu a compostura. – Com as bochechas
coradas ele cruzou os braços.
Dulce cruzou a distância entre os dois e apoiou as mãos nos braços dele
antes de encará-lo.
– Se pedir o telefone dela você me passa?
– Sabe que não posso.
– Não pode ou não tem coragem?
Juan cerrou os dentes para não falar um palavrão. Sabia que ela queria
apenas provocá-lo, entretanto não conseguiu conter o ego ferido, pois no
fundo sabia que tinha medo de um não.
– Eu vou lá.
Ele endireitou o corpo, passou as mãos pelo uniforme tentando se livrar do
amassado em algumas partes e por fim penteou para trás os cabelos com os
dedos. Passou a língua pelos lábios ao dar o próximo passo.
Não foi fácil controlar as pernas bambas e os joelhos que pareciam prestes
a ceder. Entretanto pior foi encontrar voz para confrontá-la quando a viu
encarando uma foto no celular. Um homem e uma mulher, quem sabe não
eram apenas amigos dela?
– Oi?
Juan tomou um susto quando ela percebeu sua presença. Mas o sorriso que
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se formou nos lábios tentadores fez seu coração bater menos desesperado.
– Bom... Eu... – Ele respirou fundo e enfiou as mãos nos bolsos.
– Você? – Isabel o incentivou a falar.
Juan desviou o olhar e brigou consigo mesmo em pensamentos.
– Eu adoraria ter o seu número de telefone.
– Sério?
Isabel o provocou, endireitando o corpo e estufando mais os seios.
– Quem sabe não nos vermos depois.
– Seria uma pena ter que esperar tudo isso. – Isabel curvou os lábios numa
expressão triste e voltou a olhar para a janela. Lá fora o sol já havia se posto e
tudo o que via era um céu escuro.
– Como assim?
Juan arqueou as sobrancelhas e deu um passo na direção dela.
– Por que deveríamos esperar se estamos aqui agora?
– Agora?
O rosto se Juan se iluminou.
– Por que, não? – Isabel bateu com as unhas pintadas de vermelho contra a
bancada de plástico feita para refeições onde apoiava o braço. – Pode chamar
aquela sua amiga, vai ser divertido.
Juan ficou estático. Em sua cabeça passaram todas as implicações do
convite, mas nenhuma delas foi convincente o bastante para fazê-lo desistir.
Vendo que o homem não se movia, Isabel se colocou de pé e seguiu
rebolando até o banheiro.
Riu ao encostar a porta. Daria a eles cinco minutos. Caso não
aparecessem, voltaria ao seu assento.
Apoiou os cotovelos sobre a bancada de plástico da pia. Não se lembrava
de banheiros de aviões serem tão pequenos, conseguiam ser ainda menores
do que os das boates.
Encarou seu reflexo no pequeno espelho. Havia olheiras discretas ao redor
dos olhos assim como pequenas rugas de tensão. Já estivera pior, e isso não
apagara seu brilho.
Ouviu uma batida leve na porta e a abriu. Juan entrou com Dulce no
banheiro, que ficou apertado demais com os três lá dentro, mal tinham espaço
para se mexer.
Dulce encarou a mulher cujos seios esfregavam nos seus. Sentiu um suor
frio escorrer pelo seu rosto. Ainda não acreditava no que estava prestes a
fazer, mas o frio no estômago a impedia de voltar para trás. Ergueu a cabeça
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e viu a loira a encarar com um sorriso nos lábios. Sentiu vontade de beijá-la e
não reprimiu esse desejo. Envolveu com a mão direita o cabelo longo e macio
e puxou o rosto para si.
Isabel soltou um suspiro quando seus lábios tocaram os da aeromoça.
Estava prestes a invadir a boca macia com a língua quando sentiu mãos fortes
agarrarem seus seios, arrancando-lhe um gemido. Suspirou antes de continuar
o beijo de onde havia parado. A boca quente e úmida da aeromoça acolheu a
sua língua com ânsia, Isabel sentiu em delicioso choque varrer seu corpo
como um calafrio. Levou as mãos para trás, segurando-se na pia de plástico
enquanto sentia o corpo pesar ainda mais sobre o seu.
Juan deslizou as mãos dos seios dela até as coxas delgadas, apertando com
força. Puxou o vestido para cima ao ponto de permiti-lo ver a calcinha branca
de renda e bem pequena.
Isabel jogou a cabeça para trás, apoiando-se no vidro sobre a pia e soltou
um leve gemido quando os lábios da aeromoça deslizaram dos seus e
percorreram um caminho até a base do pescoço. A súcubo não esperava levar
facilmente os dois ali, mas um menage no banheiro apertado do avião era
uma agradável surpresa.
Estremeceu ao sentir o homem levar uma das mãos até as suas costas e
abrir o zíper de seu vestido colado. Ela não hesitou em fechar os braços e
permitir que ele caísse ao chão. Logo o sutiã e a calcinha tiveram o mesmo
fim.
Lado a lado, à frente de Isabel, Dulce e Juan a tocavam da maneira que
podiam no espaço claustrofóbico do banheiro apertado. Ela era ainda mais
linda nua, o corpo curvilíneo e esguio nas partes certas que era impossível
conter a vontade de tocá-lo, apertá-lo, beijá-lo, prová-lo.
Juan deslizou a mão pela barriga lisa dela até a região entre as pernas
tocando a vagina depilada, sentindo-a molhar o ponta de seus dedos. Trouxe-
os de volta até a sua própria boca e lambeu-os, o sabor agridoce o fez sentir
uma pontada aguda entre as pernas. Não via a hora de irem além dos toques.
Dulce desceu os lábios da clavícula até os seios, lambendo devagar o
mamilo rosado e rígido antes de envolvê-lo com os lábios e começar a
chupar.
Isabel mordeu os lábios ao ponto de sentir o gosto do próprio sangue para
conter o gemido. Se a boca da aeromoça e as mãos dela não bastassem
estimulando os seios de Isabel, Juan se colocou de joelhos e beijou-a no
ventre para então até o meio de suas pernas. Quando a ponta da língua tocou
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seu clitóris, Isabel cravou suas unhas na pia e cerrou os dentes para
interromper o grito. Remexeu os quadris devagar, enquanto a língua fazia
leves movimentos circulares.
Com a mão direita trêmula, já perdendo o controle do corpo para as
sensações provocadas pelo sexo oral que estava recebendo. Puxou Dulce pelo
coque e retomou o beijo de língua, enquanto a outra mão com maestria abria
os botões do uniforme vermelho da aeromoça. Jogou no chão a saia vermelha
e em seguida a blusa, e instantes depois, Dulce estava nua como ela.
Isabel puxou o cabelo de Juan para cima, forçando-o a parar e encará-la.
Então fez com que ele se erguesse e o beijou nos lábios, sentindo o gosto do
seu próprio sexo misturado à saliva. Pegou a mão de Dulce e indicou a ela
que precisava de ajuda para despi-lo. Passou a mão pelo peito que ia expondo
aos poucos contornando os músculos que moldavam a carne com as pontas
dos dedos. A cada toque, mais desejo por ele sentia.
Levou uma mão até o pênis rígido de tamanho moderado de Juan e a
outra até o meio das pernas molhadas de Dulce. Estimulou um, penetrou a
outra com o dedo, fez ambos gemeram e seu corpo vibrou por dentro. Viu na
expressão de cada um, o prazer que era capaz de proporcionar e o quanto
ambos se continham para não gritar isso ao mundo.
Parou um pouco, deixou-os respirar, virou-se para a pia e puxou a bolsa de
mão que havia deixado sobre ela, de um dos bolsos, tirou uma camisinha e a
entregou a Juan. Os olhos dele brilharam com a ordem implícita.
Isabel empurrou cada um deles para uma extremidade do banheiro e
curvou o corpo, empinando a bunda para Juan e aproximando os lábios do
meio das pernas de Dulce.
A aeromoça jogou a cabeça para trás batendo-a contra a parede branca
quando a loira a agarrou pelas nádegas e puxou-a para bem perto. Isabel
fechou os lábios sobre o clitóris molhado e começou a chupar revezando com
leves lambidas e outros movimentos com a língua.
Dulce estremeceu a cada toque. A língua muito hábil a fazia arfar. Não
havia feito exercício algum e já estava suando. Ouvira muitas amigas
comentarem sobre experiências com outras mulheres, sobre como essas
sabiam proporcionar prazer como nenhum outro homem, mas não fazia ideia
de que era assim. Fechou a boca tentando conter o gemido, mas que escapou
como um grunhido abafado. O leve ardor das unhas afiadas cravadas em suas
nádegas a ajudava a não perder o total controle.
Juan abriu o plástico do pacote da camisinha com os dentes e tratou logo
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de vesti-la ao ver a carícia entre as duas mulheres. Seu sonho, assim como o
de muitos que conhecia era ter o privilégio de assistir e participar de uma
cena como aquela, nunca na vida se sentira tão sortudo. Segurou com mãos
firmes a bunda branca da loira espetacular à sua frente e esfregou seu pênis
rígido na entrada dela, o gemido e a leve estremecida o bastaram como
convite para entrar. Deslizou as mãos até a cintura e entrou dentro da loira
com um tranco.
Isabel se conteve para não morder Dulce quando sentiu ser preenchida.
Perdida na sensação que o intruso a proporcionara, rebolou contra a pélvis
dele, fazendo-o entrar ainda mais fundo, arrancando gemidos difíceis de se
conter.
Juan se perdeu na sensação da umidade dela, ainda que a camisinha o
impedisse de entrar em contato com o fluido, podia senti-lo o deixando frio.
Permitiu-se passar a mão pelos contornos dela, a linha da cintura, as belas
curvas que delimitavam as nádegas redondas. Nunca tocara uma mulher com
um corpo tão estonteante. A cada vez que deslizava para fora apenas para
investir outra vez, perdia-se na sensação do prazer que sentia. Segurava-a
pela cintura para penetrá-la ainda mais fundo e sentir a bela bunda roçando
no seu corpo.
Dulce se curvou para tocar o sedoso cabelo loiro e macio que se balançava
junto com a cabeça da sedutora passageira. Com as pupilas dilatadas e olhos
revirados, tentava se conter para não gemer a cada carícia da língua. Sentia as
pernas cada vez mais bambas e teve que se apoiar nas paredes com medo de
que essas cedessem. A língua e os lábios em seu clitóris estavam levando-a
rápido ao prazer. Logo o ápice chegou e foi impossível que a aeromoça
contivesse os gritos enquanto a onda de prazer formigante deixava seu ventre
e se espalhava por todo o restante do corpo.
Satisfeita e sentindo o odor de prazer no ar, Isabel ergueu um pouco o
corpo, sem atrapalhar Juan e com a mão direita puxou a aeromoça pela
nuca. Beijou-a nos lábios, capturando os últimos gemidos de prazer. Sugou
um pouco da essência, alimentou-se, mas assim que sentiu o corpo cedendo
pela perda de energia, separou do beijo antes que Dulce se desse conta de que
o que a fazia se sentir muito cansada era mais do que um simples orgasmo.
Logo toda atenção de Isabel era de Juan. Ela se sentou na bancada da pia e
puxou-o pela cintura, abraçando-o com as pernas para que retomassem de
onde haviam parado.
Encarando-a, Juan apoiou suas mãos na pia e voltou a estocá-la. Com
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leves trancos, a fazia pular. Se não estivesse ali, olhando-a, dentro dela, ainda
não acreditaria que a bela passageira da primeira classe havia lhe dado mole.
Isabel sentiu os músculos do comissário ficarem tensos, os espasmos e a
expressão no rosto denunciaram o prazer dele. A loira puxou-o pela nuca e o
beijou. Capturou o prazer o tanto que pode antes de soltá-lo.
A súcubo não matava como seus irmãos, não sugava a energia humana até
a última gota, mas tal escolha também tinha seu preço. Precisava de dois ou
mais de mesma vez para sentir-se saciada, o que nem sempre era fácil de
acontecer.
Com os dois ainda tontos no banheiro, ajeitou a roupa pouco antes de
ouvir a voz do capitão sobre o pouso em poucos minutos. Era hora de
retornar ao assento.

Salomon batia os dedos contra a placa de madeira em suas mãos.


Entediado, balançou os longos cabelos castanhos como um cachorro molhado
e bufou.
Ao dar alguns passos para trás e se apoiar em uma alta pilastra, começou a
pensar nas inúmeras possibilidades de cobrar o favor que havia feito ao
amigo. Mas nenhum deles pareceu bom o bastante para recompensar o fato
de ter passado horas de pé esperando uma hóspede no saguão do aeroporto.
Observou as lâmpadas cumpridas no teto a uns três metros de altura, antes de
voltar a fitar o portão de desembarque.
Só precisava levar uma mulher ao hotel e teria seu merecido dia de folga.
Era fácil, garantiu a si mesmo.
Quando os poucos os turistas do voo vindo de São Paulo começaram a
sair, Salomon ajeitou a prancheta em suas mãos e aprumou o corpo. Ansioso
por pouco não roía as unhas. Esperava que a mulher chegasse logo para que
ainda pudesse surfar no fim da tarde.
Observou a mulher morena que arrastava uma pesada mala com rodinhas
caminhar na direção de outro sujeito, com outra placa. O mesmo aconteceu
com uma mulher e uma criança que segurava nas mãos uma boneca de pano.
Por fim, nem todas as pessoas haviam saído e ele já estava irritado. Ramon
teria que compensá-lo bem por ter quebrado esse galho enorme.
– Oi!
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Sentiu dedos delicados batendo contra o seu ombro. Estava disperso


demais em sua própria frustração para ter notado a aproximação dela. Nem
mesmo olhou quem era antes de dirigir uma expressão de poucos amigos,
não queria dar informações a ninguém.
– Oi! Isabel Donovan, sou eu.
A voz melodiosa e os dedos delicados forçaram-no a encará-la. A mulher
era uns dois palmos menor do que ele. Os cabelos loiros brilhavam sob a luz
artificial do saguão, os lábios vermelhos saltavam aos olhos, a pele parecia
macia e deu vontade de tocar. Parou de encará-la quando seus olhos
começaram a se perder no vestido preto e justo, tomando um caminho cada
vez menos prudente.
Salomon engoliu em seco e tentou sorrir sem parecer um idiota.
– Eu irei levá-la para o hotel, não sou o responsável por isso, mas o meu
amigo teve um pequeno imprevisto e pediu que eu viesse em seu lugar.
– Tudo bem. Pode me ajudar com as bagagens? – Apontou para as malas.
– Claro.

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Capítulo 2

Salomon estava sentado no degrau de madeira da varanda de sua casa. O


vento salgado e úmido que raspava sua pele com grãos de areia, faziam seus
cabelos queimados de sol voarem. Com a prancha sob seus pés, os olhos
castanhos se perdiam observando a imensidão de areia branca e logo além
dela um mar azul claro que avançava no horizonte até se perder de vista.
Sentia-se se grato apenas por estar ali, por ser quem era, por viver num
lugar tão belo. Não eram todos os homens que tinham a dádiva de acordar e
ver aquele paraíso pela janela.
Espreguiçou-se e apoiou a cabeça em uma coluna de madeira que
sustentava o telhado da varanda. Seus olhos ainda ardiam pelo sal do mar
neles.
– Não me mate, por favor, foi por uma boa causa.
Salomon ergueu a cabeça e encarou o amigo se aproximando. Com pés
descalços, Ramon deixava a marcas na areia fofa. Estava sem camisa e a
bermuda e os cabelos negros e curtos estavam pingando.
– Buscar os hóspedes é o seu trabalho, não o meu. – Salomon cruzou os
braços e torceu os lábios.
– Mas você não está tão irritado, está? – Ramon se sentou ao lado do
amigo.
– Não...
Ramon riu.
– Não sou um cara tão ruim, te deixei ir buscar uma hóspede gostosa.
– Você sabia?
Ramon coçou a cabeça.
– Bem essas coisas são uma loteria, sabe? Mas ainda bem que você é
muito sortudo.
Salomon deu um peteleco no amigo que gemeu com a leve dor.
– Então você me joga numa loteria enquanto vai nadar por aí.
– Não é bem isso. – Ramon se encolheu diante do olhar furioso de
Salomon. – Era a Roberta, cara, eu não podia dispensá-la.
– Ótimo saber que me coloca para trabalhar no seu lugar enquanto vai
transar por aí.

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– Cubro você numa próxima, eu prometo.


– Veremos...
Salomon já não prestava mais atenção no amigo, estava de olho na última
família que deixava a praia junto com o pôr-do-sol alaranjado. Assim que o
pai colocou uma cadeira nas costas e seguiu com o restante para a estrada,
levantou-se num salto e se desfez da bermuda, para em seguida correr até o
mar.
Ramon fez careta, fingindo estar incomodando, mas já vira o amigo nu
tantas vezes quanto a si mesmo.
Salomon pulou na água sentindo-a em cada célula de sua pele. Ela era
como parte de si mesmo. Segundos depois, libertou-se sentindo suas pernas
dando lugar a sua verdadeira forma, o que era pele tornou-se escamas
esverdeadas que brilhavam a luz da lua.
Abriu os olhos e observou sua cauda enquanto nadava até o mar aberto.
– Sabe que não deveríamos nos expor em praias onde humanos podem nos
ver.
Salomon riu ao observar o amigo ao seu lado.
– Se respeitasse tanto as regras não estaria aqui comigo.
– É que ás vezes eu preciso disso.
– Faço das suas as minhas palavras.
– Vamos ver quem chega primeiro a ilha.
– Sem apostas.
– Isso é fala de perdedor.
Ramon curvou o corpo e quando Salomon se deu conta, ele já estava
metros à sua frente, nadando rápido em movimentos ondulatórios.
– Está bem, não vou perder para você, seu mané.
Salomon logo o alcançou, segurando firme a cauda de Ramon, puxou-o
para trás.
Ambos riram. Mesmo depois de velhos ainda se comportavam como
meninos quando estavam juntos.
Salomon foi o primeiro a chegar às margens de uma pequena ilha
quilômetros mar a dentro. Olhou para trás e viu o amigo chegar.
– Ainda continua o mais lento. – zombou ao se deitar na água com os
braços cruzados atrás da cabeça como travesseiros.
– Você só teve sorte. A atividade de hoje à tarde me deixou muito
cansado. – Ramon lançou um olhar malicioso e um sorriso maroto para o
amigo enquanto nadava em círculos.
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– Se me lembrar mais uma vez que fui trabalhar no seu lugar para ir
transar eu juro que enfio a mão na sua cara.
O olhar raivoso de Salomon fez o outro recuar. Ele bateu com a cauda na
água com toda a força fazendo o amigo ser engolido por uma onda.
Ramon riu, tossiu e soluçou ao mesmo tempo.
– Você também está precisando de uma boa foda.
Ambos teriam caído em uma risada longa e gostosa se um som agudo,
seguido de um grito que só eles eram capazes de ouvir não tivesse rasgado o
silêncio da pacata praia paradisíaca.
Salomon arregalou os olhos, o coração disparou no peito. Sentiu seus
punhos se fecharem em meio a raiva crescente que o consumia.
– Malditos traficantes! – Ramon cerrou os dentes.
– Vamos lá. – Salomon girou o corpo na direção do som e seguiu nadando.
– Ei, cara espera! – O grito de advertência foi perdido no meio do caminho
assim que Ramon tomou a mesma direção.
A lua já havia se erguido no céu acima deles. Era possível ver muitas
estrelas, diferentes das cidades mais urbanizadas, onde as luzes demais as
ofuscavam. O local belo e de pouco movimento, era um dos favoritos dos
amigos tritões, mas as praias de difícil acesso pouco exploradas pelo turismo
local, também eram um local perfeito para o tráfico de drogas e de animais.
Salomon nadou até um navio, escorando-se no casco antes que os homens
na proa se dessem conta de sua presença. Em silêncio, Ramon se juntou a ele.
Não queria chamar atenção demasiada dos sujeitos armados até os dentes.
– Está ouvindo isso? – Salomon apontou para dentro do casco.
– Animais. – Ramon arregalou os olhos ao sussurrar baixinho. – Parecem
tubarões, estão agonizando. O arpão que ouvimos deve ter capturado um
deles.
– Precisamos tirá-los de lá. – Salomon ergueu a cabeça exibindo uma
expressão confiante.
– Cara, não somos super-heróis.
– Do que adianta sermos tritões se não podemos nem mesmo proteger os
animais indefesos que habitam esses mares.
Ramon engoliu em seco, mas não disse nada.
Salomon apoiou as mãos no casco de madeira do barco, liso, branco e bem
polido. Por detrás de um iate de luxo se escondiam homens de uma
organização criminosa.
O tritão começou com um leve assobio que logo foi se tornando uma
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música melodiosa ressoando pela água e por toda a estrutura do barco. A


música que saia de Salomon era parte de si mesmo, ele a sentia como a cada
escama ou cada pelo.
O som suave e sedutor era uma carícia que ia dos ouvidos ao restante do
corpo. Os homens no barco deixaram cair as metralhadoras e rifles, e
começaram a caminhar na direção da voz, na direção de Salomon. Logo, um
por um, caíram na água como bonecos jogados ao mar. Envolvidos pela
música não se deram conta de estarem afundando e sendo sufocados aos
poucos, até ser tarde demais.
– Você é louco. – Ramon riu ao observar o último homem se perder de
vista. – Acha que caíram todos?
– Eu espero que sim. Vamos!
Salomon fechou os olhos e se concentrou, trazendo de volta as pernas no
lugar da cauda. Subiu por uma escada fina feita por barras de metal e entrou
dentro do barco. Nu e pingando água salgada, seus pés molhados deixaram
pegadas.
Além de animais que aos poucos iam perdendo voz, Salomon não ouviu
mais nada dentro do barco, com sorte todos que antes estavam ali foram
seduzidos por sua música. Sem perder mais tempo, abriu a porta da cabine
com um pontapé, desceu a escada de madeira apertada até um compartimento
abaixo. Ao chegar à origem dos gritos agonizantes por socorro, seu estômago
se revirou. Caiu de joelhos e lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.
Num ambiente frio com as luzes queimadas. Uma única acesa comprida
no fundo do compartimento, piscava como se avisasse sobre seu fim
iminente. Haviam tanques grandes que cobriam quase todas as paredes, e
esses estavam lotados de golfinhos e tubarões que mal conseguiam se mover.
Ao lado de um freezer onde deveriam estar os animais mortos, havia uma
pilha de pasta base para cocaína uma balança e algumas sacolas marrons.
Salomon sentiu uma mão firme apertar seu ombro e ergueu a cabeça
encontrando os olhos do amigo.
– Eu sinto muito.
– Esses caras sentirão muito. – Salomon grunhiu entre dentes. – Agora me
ajude a tirar daqui os que ainda estão vivos.

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Capítulo 3

Isabel espreguiçou na cama grande e confortável, rolando sobre os macios


lençóis brancos. Abriu os olhos com dificuldade, tentando brigar contra a luz
do ambiente que a forçava fechá-los outra vez. Piscou até que seus olhos se
acostumassem. Ainda espreguiçando, sentou na beirada da cama e olhou para
a parede de vidro à sua frente que lhe dava a vista mais bela que pensava ter
presenciado em toda a sua existência. Uma praia de uma areia clara se
estendia tão próxima como se o vidro não existisse, o mar logo além dela era
de um azul claro translúcido como uma pedra preciosa. As palmeiras na
lateral destacam a vista como molduras. Quis brigar consigo mesma por ter
passado tantos séculos sem lhe dar o presente de ver tal bela paisagem.
O celular começou a tocar sobre o criado-mudo vibrando ao lado do
telefone branco do quarto. Isabel se curvou e puxou o pequeno aparelho
quadrado e fino e o atendeu.
A imagem de um homem alto, pele clara, cabelos negros e curtos e olhos
azuis-esbranquiçados apareceu na tela.
– Aron! – Isabel sorriu.
– Como está, irmãzinha?
– Bem, esse lugar é lindo demais. – Isabel virou o celular para a vista.
– Uau é mesmo! Seria o máximo se Dária pudesse sair ao sol. Adoraria
uma vigésima lua de mel.
– Vocês nem são casados.
– Estamos há muitos anos juntos, a cerimônia é uma mera formalidade.
– Sinto falta de Natasha. – Isabel suspirou enquanto a palavra casamento
ecoava em sua mente.
– Todos nós. Ela é louca, mas nós a amamos. – Aron abriu um sorriso
discreto. – Caim trouxe umas fotos da Lygia. Ela está tão linda. Vou mandar
no seu celular daqui a pouco.
– Sim, quero ver! – Os olhos dela brilharam.
– Dária e eu estamos pensando em adotar uma criança.
– Sério? Iria ser ótimo.
– Sim, pensamos sobre uma criança a muito tempo. Adoraríamos que
Natasha pudesse ficar, Lygia seria muito mimada. Mas infelizmente não foi

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possível. Então, nada melhor do que termos um nosso. Já que Dária não pode
engravidar vamos adotar uma criança humana.
– Mas um humano não duraria um século.
– Dária pode transformá-lo quando atingir a idade adulta.
– Sinto falta de me preocupar com alguém.
Isabel ouviu alguém gritar pelo irmão ao fundo da chamada.
– Isa, eu preciso atender um fornecedor de bebidas agora. Mas se precisar
de algo me ligue.
– Está bem. Acho que posso me virar aqui.
– Eu amo você, irmãzinha.
– Também amo você, Aron .
Logo Isabel estava fitando a imagem de plano de fundo do telefone, a foto
dela com os irmãos.
Colocou-se de pé. Estava ali para se divertir e era isso que faria.

Isabel saiu do banheiro enrolada em uma toalha branca, sua pele ardia pelo
sol demasiado que tomara na praia durante o dia. Naquela altura, jugava-se
capaz de entender como Dária se sentia. Porém, depois de uma boa dose de
cremosos hidratantes, iria sobreviver.
Diante do espelho, iluminado por luzes de LED no teto rebaixado de
gesso, Isabel se encarou, o leve tom avermelhado de sua pele valeu a pena. Já
estivera algumas vezes com Natasha, a irmã mais velha, em praias do Rio de
Janeiro e do interior de São Paulo, mas nenhum lugar urbanizado demais
tinha a beleza de Cancun.
Foi até as malas jogadas em um canto do quarto e pegou uma maleta onde
colocara os produtos de beleza. Abriu a maquiagem ao voltar para frente,
com a base escondeu o avermelhado exagerado que sumiria logo que se
alimentasse. Ainda nua, escolheu um vestido de tecido fino e fresco. Olhou
para o bolso com as calcinhas, mas optou por não colocar nenhuma. Isabel
poderia muitas vezes ser a mais responsável dos Donovans, mas sem dúvidas
era a que mais gostava de exibir o belo corpo que possuía. Adorava os olhos
de homens e mulheres a devorando, imaginando como seria tocá-la.
Sorriu para o espelho e pegou uma pequena bolsa de mão, antes de sair
pela porta em direção ao bar do hotel. À noite, segundo o guia de viagens,
tinha música ao vivo ou DJs.
Ela entrou no elevador e apertou o botão para o térreo. Um andar abaixo
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entrou uma mulher acompanhada do marido, essa era bonita para alguém de
meia idade, mas a presença de Isabel a deixou ofendida, ainda mais porque
os olhos de seu marido não paravam de percorrer o corpo delicado coberto
por um vestido fino de decote até o umbigo, cobrindo os seios apenas o
bastante para instigar a imaginação masculina.
O elevador parou no andar de baixo e a mulher saiu puxando seu marido.
Ele dizia que aquele não era o andar certo e ela resmungava sobre como um
hotel como aquele permitia a entrada de prostitutas.
Isabel riu assim que as pesadas portas de metal se fecharam outra vez. Tão
insegura...
Logo chegou ao hall do térreo e seguiu o som de uma música envolvente
até a área de bar do hotel que ficava em frente as piscinas, onde também
havia um palco em que um cantor de Reggaeton, um estilo de música de
origem caribenha, apresentava-se. Várias tochas altas iluminavam o local
assim como luzes coloridas de boates. O lugar estava bem cheio e Isabel mal
conseguia se mover sem esbarrar em alguém. Despois de alguns pedidos de
desculpas e muitos olhares maliciosos na direção dela, já não se importou
mais em quem esbarrava ou a quem pertenciam os pés sobre os seus.
Mesmo sem querer, Isabel foi logo envolvida pela música dançante e
sensual. Quando se deu conta já estava com as mãos nos cabelos loiros e se
movendo com o ritmo. Era uma música cuja a letra com conteúdo de luxúria
e a melodia envolvente a excitavam. Logo estava dançando, rebolando,
passando as mãos pelo corpo curvilíneo.
Os homens ao redor abriram uma roda em volta dela, boquiabertos com o
show à parte. Isabel era tão linda e sensual que os deixava salivando.
Um garçom vestindo roupas despojadas, camiseta branca e bermuda bege
a serviu uma bebida. Ele só não ficou mais tempo na frente dela porque quase
foi enxotado pelos outros homens.
Salomon estava atrás do balcão no bar. Com os cabelos cumpridos
amarrados em um rabo de cavalo atrás da cabeça, sem camisa, com a parte
superior do corpo pintada com alguns traços que imitavam os nativos locais,
ele girava nas mãos uma garrafa de tequila, enquanto a outra chacoalhava
morangos e gelo num recipiente de metal. Ele girou os três no ar antes de
virar numa taça de vidro e enfeitar com uma sombrinha de papel.
A mulher que aguardava o drink não tirava os olhos dos músculos
perfeitos do abdômen bem definido e estava quase babando sobre o balcão.
– Aqui. – Salomon sorriu ao entregá-la.
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Assim que ergueu os olhos o tritão viu a aglomeração de homens ao redor


de uma única mulher, a mulher. Ele mesmo ficara balançado quando a
buscou no aeroporto e a loira não estava vestida daquele jeito, dançando de
uma forma tão sensual. Respirou fundo tentando conter a ereção que sentiu
no meio das pernas. Era contra as regras do hotel dar em cima de uma
hóspede, mas como ia fazer seu corpo entender isso?
Tentou se concentrar no próximo drink enquanto com o canto de olho
ainda a observava. Os cabelos loiros, que balançavam de um lado para o
outro, brilhavam num tom alaranjado devido as tochas de fogo. À medida que
ela se movia, Salomon pode perceber que não havia mais nada no corpo dela
além do vestido fino que quis arrancar com os dentes. Merda! Precisaria
jogar um gelo dentro das calças para conseguir sobreviver àquela noite.
Isabel sentiu mãos envolverem a sua cintura e um sutil posso ser
sussurrado em seu ouvido. A falta de protesto dela bastou como resposta para
que o cara pudesse prosseguir. Com as mãos firmes, ele percorreu a cintura e
a lateral do corpo dela, enquanto se movia com ela no ritmo da música. Isabel
sentiu a ereção dele roçar em sua bunda e isso a excitou ainda mais.
Quando a segunda música começou, um outro sujeito ficou na frente dela
e a súcubo envolveu com os braços o pescoço do cara. Olhando nos olhos
castanhos que brilhavam ela o beijou.
As línguas dançavam com seus corpos em movimentos cada vez mais
provocativos. Os toques das quatro mãos causavam no corpo de Isabel ondas
de calor e calafrios, fazendo-a fechar os olhos e soltar leves gemidos.
Uma música após a outra, ela dançou, exibindo-se, foi tocada, tocou,
beijou. Vários homens naquela noite disputaram um minuto com Isabel. Ela
se alimentou da excitação de cada um deles em meio aos beijos. Não era a
mesma coisa que um orgasmo, mas serviu para curar as queimaduras de sol
que logo pararam de arder em sua pele.
Já era quase de manhã, o sol não tardaria a nascer. Quando Isabel se
debruçou sobre o balcão do bar. O cantor foi embora, as tochas foram se
apagando, as luzes aos poucos foram desligadas, indicando o fim da festa. A
loira deixou seus cabelos se espalharam sobre a superfície de madeira
enquanto tomava os últimos goles do seu drink.
Sem dúvidas se divertira muito. Entretanto, no momento em que seu corpo
caiu sobre o banco de madeira sentiu um enorme aperto tomar conta de seu
peito, um que doía e deixava sua respiração difícil. Batendo as unhas pintadas
de branco contra a superfície do balcão, começou a soluçar.
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Salomon, agachado atrás do balcão guardando algumas bebidas, ergueu a


cabeça e a encontrou ali. A loira não saíra da festa com qualquer outro
hóspede como havia pressuposto, ao invés disso estava debruçada sobre o seu
bar chorando. Ele se colocou de pé num salto, limpou as mãos na bermuda
branca antes de tocar o ombro dela.
– Ei, o que foi?
Isabel ergueu a cabeça e secou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto
com as costas das mãos.
– Eu deveria ter ficado no Brasil. Achei que aqui me sentiria menos
sozinha. MAS EU ESTOU SOZINHA.
Salomon riu. Ela estava de brincadeira?
– Vi você beijando pelo menos uns vinte caras durante a noite.
Isabel soluçou.
– Você contou?
– Parei depois do décimo quinto.
– E isso o incomoda?
– Não. Mas não estava nem um pouco sozinha.
– Bom, meu irmão encontrou o feliz para sempre dele. Minha irmã casou
com o filho do diabo e se mudou para o inferno. Os dois estão muito
apaixonados e eu... – Isabel suspirou voltando a chorar. – Eu não consigo
nem ficar bêbada.
– Filho do diabo, isso é algum trocadilho? E como não está bêbada?
Tomou umas duas garrafas de vodka sozinha, era para estar caindo... –
Salomon viu o brilho branco nos olhos azuis dela e deu um paço para trás. –
Você não é humana.
Isabel o encarou melhor, do abdômen sexy aos cabelos longos.
– E você é o gato que me buscou no aeroporto.
– O que você é? – Salomon apoiou as mãos no balcão e se curvou na
direção dela.
– Uma súcubo. Mas não acho que deveria te contar isso.
Ele conteve a exclamação, já ouvira falar sobre tal criatura, mas nunca vira
uma. Isso explicava a beleza e o sensualismo exagerado.
– Eu sou um tritão, relaxa não vou contar para ninguém. – Ele estendeu a
mão para ela num gesto amistoso.
– Um tritão, tipo uma sereia? Que máximo!
Salomon riu.
– Talvez eu tenha algo que a deixe bêbada lá na minha casa.
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Isabel abriu um sorriso malicioso.


– Isso é um convite?
– Se você aceitar se torna um.
– Vamos agora? – Ela ajeitou os cabelos.
Salomon se conteve para não sair correndo com Isabel nos braços quando
teve a resposta que esperou, mas temeu que não viesse. Pensando nas
possibilidades da proposta, observou o sol que nascia atrás dela.
– Vou só guardar umas coisas e encontro com você no estacionamento. –
Salomon ergueu a caixa de garrafas e a apoiou em um dos ombros.

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Capítulo 4

Isabel estava de pé ao lado de um carro no estacionamento do hotel. Não


estava ali há dez minutos, mas já estava inquieta. A decisão fora tomada por
impulso, no entanto quando se lembrou do cara, não encontrou mais margens
para arrependimentos.
Salomon fez tudo o mais rápido que pode para bater logo seu ponto.
Quando saiu e a encontrou lá, com o mesmo vestido sensual que estava e os
cabelos loiros voando ao vento da manhã, pensou estar sonhado. Tentando
parecer menos surpreso, ajeitou a postura e caminhou até ela.
– Vamos? – Entregou a Isabel um capacete.
Ele subiu na sua moto parada junto à um canteiro de flores e a aguardou
em sua garupa. Sentiu as mãos dela envolverem sua cintura e o calor que
acompanhou o toque. Acelerou a moto ao dar partida e rumou para a rodovia
atrás do hotel.
Salomon tentou se concentrar na pista e evitar o confronto com as
sensações que tomavam seu corpo. Todo aquele turbilhão era o que uma
súcubo podia provocar ou havia algo mais ali?
Levou pouco mais de uns quinze minutos para deixar a zona turística e ir
até a comunidade de pescadores onde morava.
Pela viseira da moto, Isabel via as belas praias pelas quais a estrada
passava. A maioria delas estava se enchendo de turistas que chegavam junto a
manhã. O sol já tocava seus ombros nus e a lembrou de que mais uma vez se
esquecera do protetor solar.
Os hotéis e outras construções luxuosas logo deram lugar a casas mais
humildes cada vez mais amontoadas. Salomon entrou por um beco, passando
por ruelas apertadas até chegar à proximidade da praia e parar diante de uma
casa pequena construída de madeira e pintada de branco.
Ele desligou a moto e guardou a chave no bolso, para em seguida ajudar
Isabel a descer.
Ela tirou o capacete e seus cabelos loiros balançaram no ar, os fios muito
claros brilharam com a luz do sol como se fossem uma extensão dele.
Salomon foi até a entrada da casa e Isabel o seguiu. Ele abriu a porta e fez
um sinal para que ela entrasse. Torceu para não ter deixado nada espalhado

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ou bagunçado. Não esperava receber uma mulher ali tão cedo. O papel de
garanhão deixava para Ramon.
Isabel percorreu com os olhos a sala da casa. Era pequena, mas se sentiu
aconchegada. As paredes brancas tinham enfeites de conchas e cascas de
estrelas do mar. Havia um móvel com uma televisão e um rádio sobre ele, e
na outra extremidade um grande sofá macio.
A súcubo se voltou para Salomon e encarou os olhos castanhos dele. Um
leve sorriso se formou em seus lábios.
– Gostei do lugar.
– É ótima para alguém que vive sozinho. – Ele observou uma concha com
quase vinte centímetros pendurada atrás dela.
– A decoração é bem o que eu esperava para a casa de um tritão.
Salomon riu. Gostava das coisas daquele jeito.
– Onde está a tal bebida? – Isabel lembrou a ele o motivo pelo qual estava
ali.
– Ah, sim, vou buscar.
Salomon passou os dedos pelos cabelos longos presos em rabo de cavalo
antes de caminhar até a cozinha.
Isabel suspirou e sentou-se no sofá, aconchegando-se no estofado macio.
Ele tinha cheiro de mar e hormônios masculinos, o cheiro de Salomon.
Logo ele retornou carregando dois copos e uma garrafa de vidro verde
com brilhos azuis, uma bebida que Isabel se lembraria se tivesse visto antes.
– Chama profundezas, é a única coisa que me deixa bêbado. Meu pai a
destila numa fossa marinha a uns três quilômetros da costa. – Ele entregou
um copo a Isabel, suas mãos se roçaram e o calor o fez desviar o olhar outra
vez.
– Mais alguém nessa vila é sereia?
– Algumas pessoas. – Salomon encheu o copo dela. – Mas vivemos bem
com os humanos que respeitam o mar.
Isabel balançou o líquido cristalino no copo antes de tomar num único
gole sem que o tritão tivesse tempo de impedir. Ainda bem que estava
sentada, pois ela sentiu a bebia descer queimando sua garganta e subir de
uma única vez. Tudo girou e a sala pareceu ainda menor do que realmente
era.
Salomon pegou o copo que ela soltou num reflexo rápido, antes que esse
atingisse o chão e quebrasse. Teve que conter a gargalhada.
– Eu disse que era forte.
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– Puta que pariu, cara! – Isabel apoiou as mãos sobre as coxas enquanto
tudo ainda girava.
– Bom, eu acho que chega. – Salomon colocou a garrafa no móvel da sala
junto com os copos.
Passou a observá-la. Teve certeza de que era o primeiro porre de Isabel
pela forma como se espalhava pelo sofá. Levaria alguns minutos até que
recuperasse os sentidos o suficiente para perder o olhar vago. Merda, como
podia ser tão linda? Praguejou em pensamentos quando seus olhos saíram do
rosto até o decote exagerado.
Isabel encarava o rosto do homem que por muitos minutos não passara de
um borrão, mas aos poucos foi recuperando o foco. Não gostava de homens
de cabelos grandes, mas ficou tão charmoso nele, que ela repensou sua
opinião. Adoraria passar os dedos por aqueles fios longos e queimados de sol.
Aquele era o único toque ligeiramente feminino no homem tão másculo. Ele
ainda estava sem camisa e Isabel observou bem os ombros largos e o
abdômen bem definido.
Enquanto a esperava superar o baque, Salomon ligou o rádio em uma
estação local. Apoiou-se na parede perto da entrada do corredor para a
cozinha e o quarto. Pensou se não deveria pegar um balde para ela, talvez
passasse mal. Porém, antes que ele fosse a lugar algum Isabel tentou se
levantar, mas logo suas pernas falharam e ele a segurou pela cintura antes que
fosse ao chão.
Isabel ergueu a cabeça e balançou os cabelos para trás ao encará-lo. Se
perdeu na vastidão dos olhos castanhos dele e sentiu seu corpo ainda menos
sob controle.
– Você é forte. – Ela passou as pontas dos dedos finos e delicados pela
base do pescoço e de um ombro ao outro.
Salomon sentiu um calafrio percorrê-lo por debaixo da pele, que se somou
as outras sensações e o deixou com medo. Era uma boa hora para se afastar
se não quisesse perder o juízo.
– E você está muito bêbada.
Ele fez menção em colocá-la sobre o sofá, mas Isabel o segurou pelos
ombros, impedindo-o de se afastar.
Isabel sentiu a música a envolver, conhecia pouco daquele ritmo, porém
ela preenchia seu corpo e a fazia querer se mexer.
– Dança comigo. – Ela começou a rebolar devagar.
Salomon arregalou os olhos.
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– O quê?! Calma... Não!


Quando o corpo macio começou a se esfregar contra o seu, Salomon já
não sabia mais se desejava que ela parasse. Estava se controlando ao
máximo, mas assim ela acabava com todas as suas forças. Ah, não faria mal
algum dançar um pouco... Há quanto tempo não tinha a oportunidade de
dançar com uma mulher tão bonita?
Assim que percebeu, a música já o envolvera com seu ritmo. Salomon
deslizou as mãos pela lateral do corpo de Isabel ao se mover contra o dela,
esfregando seu peito nos mamilos rígidos. Quando se deu conta da falta do
sutiã, seu sangue já estava fervendo. Levou a mão até a cintura fina,
acompanhando o rebolado.
Segurou-a por uma mão e a girou, colocando de costas para si. Sentiu-a
acomodar o corpo ao seu enquanto se movia com a música.
– Para que te acuerdes si no estás conmigo. – Isabel sussurrou um verso
da música ao levar as mãos aos cabelos loiros.
Suspirou ao sentir o calor das mãos de Salomon passeando por sua pele.
Mordeu os lábios ao intensificar o rebolado. Ele apertou sua cintura ao soprar
um ar quente contra seu pescoço, Isabel sentiu um delicioso calafrio percorrê-
la. Dançara com muitos homens na noite anterior, mas nunca daquele jeito.
Nunca um parceiro a conduziu tão bem. Estava arfando e ele nem a tocara em
nenhuma zona erógena, apenas passeara com as mãos pela lateral de seu
corpo.
Salomon a segurou e girou outra vez, em seguida puxou-a pela cintura
para junto de si. Olhou-a​ nos olhos, esfregou seu rosto no dela e com uma
perna entre as de Isabel, rebolaram juntos. No momento, o tritão era só
instintos, perdeu todo o receio que o fez recuar. Levou as mãos até a bunda e
apertou, trazendo-a consigo, rebolando até dobrarem os joelhos e ela se sentar
em sua perna. Depois subiram em um movimento igualmente sensual.
Colou sua testa na de Isabel no momento em que a mão dela deslizou pelo
seu rosto. Não via mais nada além do mar azul dos olhos tão penetrantes. Seu
coração disparara no peito e mal conseguia respirar, mas nem ousou parar de
dançar. Era talvez sua única oportunidade de lê-la com as mãos.
Quando a música acabou e o locutor da rádio começou a dizer qualquer
coisa sobre o clima do dia seguinte. Salomon estava trêmulo e tentou se
afastar para recuperar o ar, no entanto Isabel ainda junto a ele, segurou seu
rosto com as duas mãos, e manteve seus olhos nos dela. As respirações eram
apenas uma quando os lábios secos se encontram.
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Isabel nunca desejou tanto um beijo.


Salomon sabia que se não recuasse naquele instante seria incapaz de fazê-
lo. Entretanto, toda sua ação se resumiu a puxá-la para si. Sentir o calor de
Isabel como na dança. Sua língua tocou a dela e alimentou mais a chama do
desejo que queimava ao ponto de fazê-lo arder. Ainda estava suando, arfando
pela dança sensual, e não teve tempo para retomar o fôlego.
A dança fora uma preliminar e tanto. O pênis latejava dentro de sua
bermuda e Salomon esfregou a ereção contra Isabel. O gemido dela ao cravar
as unhas em seus ombros foi sua perdição.
Agarrou-a pelas coxas e a ergueu do chão. As pernas esguias abraçaram
sua cintura. Ainda a beijando foi até o quarto e a deitou na cama.
Os cabelos loiros se espalharam sobre o lençol branco. Isabel suspirou
com o peso do corpo quente do tritão sobre o seu. Estava louca por ele, pelo
corpo, pelo toque, pelo cheiro. Deslizou as mãos pelas costas largas, tocando
a pele morena um pouco áspera. Subiu-as novamente até os cabelos longos,
soltou-os fazendo com que caíssem pelas costas e ombros. Passou a língua
pelos lábios de Salomon e mordiscou-os antes de retomar o beijo.
O tritão passou as mãos pelas coxas de Isabel, por fim subindo com o
tecido. Ela ergueu o corpo apoiando-se nos cotovelos para depois levantar os
braços para que seu vestido fosse retirado. Salomon estava certo, não havia
nada mais.
Ele desceu os lábios pelo pescoço provando o sabor salgado da pele suada.
Salomon sentia uma ânsia de percorrer com a língua cada parte do corpo de
Isabel. Porém já não aguentava mais, abriu o zíper da bermuda e o abaixou
junto com a cueca. Viu um sorriso nos lábios da loira assim que ela abriu
mais as pernas para ele. Mordeu os lábios para conter o gemido ao deslizar
para dentro dela, a umidade o envolveu e superou todas as suas expectativas.
Seus olhos reviraram nas órbitas e ele praguejou em meio a gemidos.
Salomon ergueu a cabeça balançando os cabelos. Duvidava que todo o prazer
que o invadiu fosse apenas porque passara muito tempo sem dormir com uma
mulher. Apoiou as palmas das mãos sobre a cama e começou a se mover,
gemendo a cada estocada.
Isabel o abraçou pela cintura com as pernas, fazendo-o entrar ainda mais
fundo. Ela não se preocupou em conter o grito de prazer, deixando-o ecoar
por toda a pequena casa e espantando gaivotas na praia.
Remexia-se na cama abaixo do corpo de Salomon a cada movimento.
Fechou os olhos, entregue as sensações, perdendo-se nelas. Isabel não soube
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explicar, mas quando os lábios de Salomon tomaram os seus em um beijo


voraz sem delicadeza, cheio de desejo, ela sentiu as estocadas como se fosse
sua primeira vez com um homem. Sua pele nunca foi tão sensível ao toque,
seus mamilos roçando contra o peito firme aumentavam ainda mais seus
gemidos. Sentiu-o deslizar para fora numa velocidade angustiante para depois
enfiar com força, cravou as unhas nos ombros largos, deixando cortes que ele
estava disperso demais para notar.
O suor brotou da testa de Salomon e caiu sobre o lençol branco, perdido
na imensidão azul dos olhos de Isabel, ele nem o notou. O mundo ao seu
redor deixou de existir, tudo se resumia a cama e eles.
Salomon deslizou a mão pelo contorno do rosto de Isabel ao encarar a
expressão de prazer que ela exibia a cada investida. Mordeu os lábios para
conter o grito ao sentir as unhas dela deslizarem dos seus ombros até a base
da cintura, vergões se formariam ali. Ouvia a letra da música ecoar em sua
mente, E se permitiu fazer tudo o que desejou durante a dança, mas se
conteve. Beijou-a no pescoço, mordiscou e chupou, fazendo-a se contorcer e
arfar sob seu corpo.
Isabel o empurrou no peito e os fez girar na cama. Para logo sentar sobre
os quadris e unir seus corpos outra vez. Curvou-se apoiando uma das mãos
em cada lado da face de Salomon, olhou-o nos olhos antes de retomar o beijo.
As mãos dele seguraram sua cintura e a ajudaram a se mover.
Seus corpos estavam conectados como se já se conhecessem a muito
tempo. Isabel não soube se o efeito da bebida ajudara, porém, se entregou
como nunca antes.
Salomon levou as mãos da cintura até os seios que lhe saltavam aos olhos.
Apertou-os e adorou fazê-la gritar. Agarrou os cabelos loiros pela nuca e a
puxou de volta para a sua boca. O calor o provocava calafrios.
Ele desfrutou de cada pedaço do corpo dela em seu alcance, mesmo com
as mãos trêmulas, tocou, apertou, alisou.
Gemeram juntos várias vezes em que Isabel rebolava contra os quadris
dele, fazendo entrar fundo. Os instintos os governaram numa busca cega pelo
prazer. Nada mais importava do que desfrutar ao máximo um do outro e
atingir o ápice.
Quando seus músculos começaram a se contrair, Salomon empurrou Isabel
para o lado e se esvaiu na cama ao se lembrar que estava sem camisinha.
Merda! Trêmulo ele xingou enquanto se contraia pelos espasmos. Teria sido
o melhor orgasmo de sua vida se não tivesse saído antes.
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Isabel o puxou para si e o beijou ainda que contrariada pela interrupção


abrupta. Capturou dele os gemidos de prazer e bebeu de sua essência.
Assustado pela aura azul saindo de sua boca, Salomon a empurrou.
– O que está fazendo?
– Me alimentando. Pode ficar um pouco cansado, mas vai se sentir bem
em algumas horas. – Isabel cruzou os braços e torceu os lábios. – Poderia ter
ficado em mim. Tomo infusões para não engravidar.
– Me desculpe. – Ele acariciou o rosto dela e colocou uma mecha do
cabelo atrás da orelha. – Podemos retomar de onde estávamos.
Salomon se sentou na cama e a puxou para seu colo. Isabel sorriu ao
embrenhar os dedos pelo cabelo longo dele e encaixá-lo outra vez dentro de
si. Pelos cabelos, puxou a cabeça dele para trás e mordeu a base do pescoço,
arrancado um gemido. Depois seguiu com um caminho de beijos de volta aos
lábios do tritão. Mordiscou-os antes de deslizar a língua para dentro da boca
dele, explorando-a. Sentiu um calafrio percorrer seu corpo quando as unhas
dele traçaram a linha de sua coluna.
Salomon levou uma das mãos até onde seu corpo entrava no dela e a
pressionou, estimulando o clitóris. Não levou mais do que alguns
movimentos circulares e estocadas para o corpo dela desmoronar sobre o seu
em meio a um grito e vários gemidos que o sucederam.
Ele sorriu ao acariciá-la nos sedosos cabelos loiros. Cansado, puxou-a para
o meio da cama, e a pousou em seu peito. Seus olhos pesaram e ele dormiu.

– Salomon, irmão, quero conversar com você uma coisa. Sabe tipo... –
Ramon entrou na casa falando alto e estranhou o fato dela estar aberta, mas o
amigo não estava na sala onde costumava ficar. – Salomon...
– Cala a boca!
Ele apareceu no corredor para conter o escarcéu do amigo.
– Por que você está pelado? – Ramon arregalou os olhos e coçou a barba.
– Dá para ficar quieto, vai acabar acordando ela.
– Acordando-a? – Ramon abriu a boca surpreso e deu um passo para trás.
– Então levou a sério quando eu disse que estava precisando transar? Muito
bom.
– Não era a intenção.
Antes que Ramon dissesse algo Salomon entrou no quarto e voltou
vestindo uma bermuda.
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De braços cruzados, Ramon torceu os lábios e bufou.


– Trás uma mulher para a sua casa e não quer transar com ela? Quando
começou a ficar idiota que eu não percebi? – Bateu a mão na testa balançando
a cabeça.
– Ela só queria algo mais forte para beber, dei ela uma dose da
profundezas.
– Para uma humana? Não queria transar com ela e sim matar.
– Eu não sou humana. E estou bem fora uma leve dor de cabeça, acho que
é isso que chamam de ressaca.
Ramon se virou para o corredor atrás do amigo e viu uma bela loira
apoiar-se com uma mão na parede. Ela estava com uma camiseta que
pertencia a Salomon e que mal cobria sua vagina e Ramon quase
enlouqueceu com a ideia de vê-la, ela era maravilhosa. Bastardo sortudo!
– Nos dá licença? – Antes de ouvir a resposta, Ramon saiu puxando o
amigo porta a fora pelo ombro.
– Foi isso que eu deixei de buscar no aeroporto?
Salomon balançou a cabeça ao coçar o cabelo.
Ramon jogou as mãos para cima e olhou para o mar, em meio a palavrões.
Salomon caiu na gargalhada.
– Não acredito que perdi aquele avião.
– É só uma mulher.
– Só uma mulher, se você está dizendo isso é porque não foi tão bom
assim. – Ramon respirou fundo ao relaxar os ombros.
– Na verdade, não me lembrava de sexo ser tão bom. Entendi porque você
é tão viciado.
– Seu desgraçado!
Ramon o empurrou pelos ombros, fazendo Salomon dar alguns passos
cambaleantes para trás em meio a risos.
– Foi difícil?
– Uma bebida, uma dança e... Hummm. – Salomon contorceu o rosto
numa expressão de prazer.
– Seu bundão sortudo.
Rindo, Salomon deu as costas para o amigo.
– Nos falamos depois, idiota.
Ramon ficou com o queixo caído enquanto observava o amigo entrar para
dentro da casa e fechar a porta em sua cara. Salomon tinha casos raros e
esporádicos que nunca duraram mais do que algumas semanas. Entretanto,
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quando esses aconteciam eram sempre com as mulheres mais bonitas, AFS!
O idiota nem cortava o cabelo. Talvez fosse esse estilo despojado que
conquistava as garotas.

– Desculpa. Ramon é bem sem noção algumas vezes.


Salomon ergueu a cabeça e encontrou os olhos de Isabel o analisando.
– Tenho uma irmã que costumava não pensar muito antes de se casar.
Acho que posso entender.
Ele riu ao jogar os cabelos para trás. Olhou com o canto de olho para a
janela. O sol já tingia o céu de amarelado indicando que logo se despediria.
– Quer comer algo antes que eu a leve de volta ao hotel?
– Sim. Eu adoraria.
Isabel não queria ir embora ainda.

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Capítulo 5

Na noite posterior Isabel não dormiu. Rodou na cama de um lado para o


outro, por fim se levantou e ficou observando a praia pela janela. Foram
horas vendo o vento balançar as palmeiras e as ondas quebrarem contra a
areia.
Suas transas foram casuais toda em toda a sua existência, por mais que não
matasse suas presas como seus irmãos, nunca ficara com qualquer uma delas
mais do que duas ou três vezes, isso nunca a incomodou como naquela noite
em que Salomon a deixara no hotel sem nem um beijo de despedida. Para ele
estava claro que a tarde que passaram juntos não passara de uma tarde, mas
para Isabel...
Sentiu medo das pernas bambas ao abaixar a cabeça e passar as mãos pela
nuca suada. Precisava clarear os pensamentos, não era impulsiva como
Natasha. Como sentiu falta da irmã.
O melhor sexo da minha vida, Isa. Pode ouvir a voz dela ecoar em sua
cabeça quando a ouvira falar da primeira vez que transara com Dante.
O melhor sexo de sua vida? Ainda podia sentir o toque de Salomon em sua
pele. Talvez... Lembrar de como foi dançar com ele a fez suspirar.
Droga! Precisava falar com alguém. Como queria poder correr até a irmã.
Olhou para a mesa de vidro a poucos metros, onde estava o telefone
branco do quarto e seu celular. Arrastou a perna para ir até ele e depois voltou
a afundar o corpo na cadeira.
Discou o número de Dária. Talvez devesse ligar para o irmão, sabia que
Aron a ouviria, entretanto no momento precisava muito falar com outra
mulher. Depois de muitos anos de convivência, Daria se tornou muito mais
outra irmã do que apenas a mulher de Aron.
– Oi, Isa, tudo bem?
Isabel viu a ruiva ajeitar um lençol sobre os seios e o cabelo bagunçado.
– Você e o Aron estão... Deixa, eu posso ligar depois.
– Ei! Não precisa desligar, não estamos fazendo nada. Seu irmão está
dormindo. – Dária virou o celular mostrando Aron de olhos fechados ao seu
lado.
Isabel respirou aliviada e sorriu.

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– Queria falar comigo mesmo ou tentou ligar no celular dele e não


conseguiu? É porque eu meio que quebrei ele sem querer mais cedo. – Se
fosse possível as bochechas da vampira teriam corado.
Isabel riu.
– Não quero nem imaginar o que estavam fazendo.
– Nada demais. O celular estava no bolso dele quando o joguei contra a
parede.
Isabel entendeu os roxos frequentes na pele do irmão, mas não comentou
nada, com certeza ele não se importava.
– Não me ligou para saber disso, né? O que foi?
– Não consigo dormir, precisava falar com alguém e Natasha está
inacessível.
– Claro que pode contar comigo. – Dária se sentou na cama para dar toda
atenção a cunhada.
Isabel respirou fundo e passou a mão pela testa antes de voltar a encarar a
imagem da vampira na tela de seu celular.
– Uma vez Natasha me disse que Dante foi o melhor sexo da vida dela
quando os dois mal se conheciam. E eu estive com um cara essa tarde que me
deixou como nunca me senti todos esses séculos.
– Isso não deveria ser bom?
– Sim. Não sei... talvez. – Isabel balançou os cabelos loiros. – Deveria ser,
mas me deixou com medo. Não parece que foi tão incrível para ele como foi
para mim ou talvez eu só estivesse bêbada.
Dária arregalou os olhos vermelhos.
– Você não fica bêbada.
– Não com bebidas comuns, mas ele me levou até a casa dele e me deu
uma coisa que subiu na hora e agora estou com uma puta dor de cabeça.
A vampira riu.
– Bom, se ele te levou até a casa dele...
– Eu meio que me ofereci. – A súcubo torceu os lábios.
– Ouça, Isabel, se ele é especial ou não só você saberá e nem sempre essa
certeza vem no primeiro encontro ou mesmo na primeira transa. Quantas
vezes e ameacei seu irmão de morte até me dar conta de que não conseguiria
mais existir sem ele.
– Sei lá, desde que Aron e a Nat encontraram alguém, fico pensando se
existe uma pessoa para mim ou se vou ficar sozinha. Talvez seja só uma
expectativa tola.
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– Tenha calma, Isa. Lembre-se do motivo pelo qual foi para essa viagem.
Divirta-se, não se preocupe. Se esse cara for o seu ele se dará conta disso.
Caso não, ainda existem muitos lugares para ir e pessoas para conhecer.
– Está bem. – Isabel abriu um sorriso discreto. – Obrigada, Dária.
– Estou aqui para o que precisar.
Após se despedirem, Isabel desligou a chamada, levantou-se da cadeira e
se atirou na cama. Ainda pensava em Salomon, no cheiro, no toque, em como
foi bom dançar com ele... Por fim culpou a bebida. Ele era só mais um cara
como tantos outros com os quais já se envolvera. Logo pararia de pensar no
cara moreno de longos cabelos macios.
Por fim pegou no sono.

Isabel acordou com o som dos pássaros que sobrevoavam a praia diante da
sua janela. Espreguiçou-se na cama, a ressaca era só uma lembrança ruim.
Levantou-se num pulo, com o motivo pelo qual estava ali ecoando em sua
mente. Iria se divertir. Os irmãos estavam longe e bem, não precisava se
preocupar com eles.
Caminhou até a janela, olhou para a bela paisagem que se estendia diante
dos seus olhos. Cancun era linda demais para que Isabel obscurecesse sua
visão com qualquer outra coisa.
Em meio a um suspiro, despiu a calcinha e o sutiã que usava e foi até o
banheiro. Colocou a banheira para encher e ao som da água escorrendo,
olhou-se no espelho. Era linda, com um cabelo loiro sedoso e brilhante que ia
até o meio das costas, curvas perfeitasnos locais certos e os seios e a bunda
proporcionais ao tamanho delicado. Era fácil enlouquecer qualquer homem,
porém ela necessitava mais do que isso, queria ter algo duradouro como
Aron e Natasha e talvez isso estivesse a impedindo de pensar direito.
Por fim levou a sério o conselho de Dária, estava ali para se divertir e era
isso que faria. Pensar que precisava encontrar o homem de sua eternidade era
uma tolice da qual não precisava.
Desligou a água, sentou-se na banheira e ligou a hidromassagem. Tinha os
irmãos e a cunhada que a amavam muito e uma mãe que mesmo tendo
voltado para a Europa tentava se aproximar, isso bastou por quase dois
séculos e continuaria a bastar.
Relaxou enquanto a água era expulsa em bolhas contra a suas costas.
Brincou com os dedos no amontoado de espuma que se formara acima da
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água. Sorriu ao se dar conta de que a parte racional que Salomon bagunçara,
estava de volta ao normal.
Ergueu o pé brincando com uma bola de sabão, enquanto tateava com a
mão direita uma bancada de pedra ao lado da banheira. Logo encontrou uma
travessa com: morangos, uvas e uma taça de champanhe. Abriu a garrafa com
puxão da rolha e serviu uma taça. Tomou um gole e a devolveu para a
bancada.
Estava no paraíso...

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Capítulo 6

A água quente escorria pelo corpo de Salomon enquanto ele passava as


mãos pelos cabelos longos, tirando os vestígios de sabão. Precisaria trabalhar
dali a poucas horas, no entanto não sabia se desejava voltar ao hotel. Com as
pernas bambas ainda se lembrava do encontro lascivo. Logo buscou reprimir
as sensações que a lembrança lhe trazia.
Era só uma hóspede do hotel, o momento que tiveram foi só casual, a
bebida havia afetado ambos. Não deveria pensar nela. Falar era fácil, mas
olhar para baixo e ver a água escorrendo pelo seu pênis rígido, deixou claro
que seu corpo não concordava com a sua cabeça. Era só sexo, mas era o sexo
que fazia seu corpo uivar por mais.
No fundo, Salomon tinha medo de compromisso. Ainda carregava consigo
o trauma da infância em que a mulher que lhe dera à luz abandonou ele e seu
pai; e nunca ousou voltar para casa. E esse sentimento de abandono foi
acentuado, quando na adolescência a garota que gostava o trocou por um de
seus melhores amigos.
Sem namoros, compromissos ou viver com o perigo de ser deixado.
Suspirou ao apoiar o corpo na parede molhada do banheiro. Passou as
mãos pelos longos cabelos castanhos e os jogou de lado. Precisava parar de
pensar na tarde passada se quisesse conseguir trabalhar à noite.
Era só sexo casual como tantos outros que fizera antes. Mas por que não
via hora de transar com ela de novo?
Desligou o chuveiro elétrico e enfiou a cabeça sob a água fria. Respirou
fundo uma dezena de vezes. Ela era só uma turista, logo iria embora e
Salomon teria sua paz de volta. Entretanto, no momento, não conseguia
pensar em outra coisa a não ser ter suas mãos no corpo de Isabel, nem que
fosse apenas em outra dança.
Suspirou e socou a parede de madeira. Toda a casa tremeu. Não houve dor
que amenizasse sua excitação.
Por fim, saiu do chuveiro. Passou a mão pelo pequeno espelho embasado e
fitou seu reflexo. Se controle, idiota! É só uma mulher. Pelo reflexo, viu os
vergões em seu peito, marcas vermelhas deixadas pelas unhas afiadas. Não,
não era só uma mulher, precisava ser mais do que isso para machucar a pele

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de um tritão. Lembrou dos relatos que ouvira sobre súcubos, talvez toda a
excitação se resumisse a criatura que Isabel era. Esperava que sim.
Pegou um pente sobre a pequena pia e penteou os cabelos molhados em
um rabo de cavalo. Colocou uma simples bermuda da qual logo se desfaria.
Precisava ir para o mar, tinha esperanças que sua verdadeira natureza o
fizesse pensar direito.
Saiu da casa quase correndo. Deixou a porta aberta. Seus passos rápidos
quase não deixaram pegadas na areia. Logo ele se atirou no mar. Tirou a
bermuda e a jogou molhada na areia. Submergiu na água e se transformou.
Com a cauda, tomou um impulso e nadou até alto-mar.
A água salgada batia no rosto, na pele, nas escamas e Salomon conseguiu
esquecer dos desejos. Ali não era homem, era apenas peixe. Girou enquanto
um cardume nadava ao seu redor. Na água cristalina, os peixes coloridos
demonstravam toda a sua beleza. Salomon riu, nadou com eles, brincou,
esfriou a cabeça. Água estava bem quente no fim da tarde perto do pôr-do-
sol. Ela tocava a pele de Salomon e relaxava os músculos tão tensos. No mar,
ele descansava mais do que em qualquer cama. As marcas das unhas deixadas
por Isabel desapareceram pelas propriedades curativas que a água do mar
tinha sobre a pele do tritão. Fora dela, Salomon era um homem como
qualquer outro humano, mas dentro, era imortal. Para curar feridas ou não
envelhecer, criaturas como Salomon precisavam de contato constante com o
mar.
Ele se permitiu relaxar enquanto vislumbrava o brilho da pouca luz que
entrava na água e tocava suas escamas. Olhou para o céu alaranjado acima de
sua cabeça. Poucas coisas o faziam feliz, essa era uma delas, a dádiva de
viver em um paraíso como o diante de seus olhos.
Pensou em ir visitar o pai, mas não tinha certeza se podia ser rápido o
bastante para ir até a profundidade do mar aberto, quilômetros da costa e
voltar a tempo do início de seu expediente. A visita ficaria para outro dia.
O pai de Salomon e outros anciões não conseguiam entender a
necessidade dele e de vários jovens de viver entre os humanos, passar boa
parte do tempo fora do mar. Entretanto, respeitavam a escolha dos mais
novos.
Após algumas horas apenas nadando, Salomon voltou para a praia e
encontrou a bermuda onde havia deixado. Vestiu-se antes que alguém o visse
nu.
A brisa fria que vinha do continente fazia voar os longos cabelos
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molhados, indicava o início da noite. Salomon precisava voltar ao hotel.


Pensar nisso fez a imagem de Isabel voltar a sua mente. Não sabia até quando
ela estaria hospedada lá, no entanto a possibilidade de vê-la o inquietou.
Droga! Quis voltar para o mar quando se deu conta de que com pernas não
conseguia se controlar.
Logo ela iria embora e teria sua paz de volta, ou assim esperava.
Passou a língua pelos lábios salgados ao se escorar no batente da porta e se
lembrou do sabor do beijo dela. Merda! Estava perdido.

Salomon jogou para o alto uma garrafa de tequila enquanto fazia


malabarismos com três limões. Deixou-os cair sobre o balcão e os partiu ao
meio com uma faca bem afiada. Focou-se naquilo, nas bebidas que preparava
para os hóspedes que se debruçavam sobre seu balcão.
Já era por volta das dez da noite. A lua estava bem cheia no céu,
amarelada como um queijo. O tritão já havia chegado ao hotel há algumas
horas e não trombara com a loira que povoava seus pensamentos. Mesmo
com uma pontada de angustia ficou grato por isso, torceu para que na manhã
seguinte já tivesse a esquecido, como acontecia com todas as outras mulheres
com quem dormira.
– Pronto. – Ele entregou uma taça para uma mulher que estava quase se
debruçando em cima dele.
Salomon fingiu ignorá-la até que ela puxou assunto.
– Você é lindo, mas podia cortar o cabelo. – O espanhol dela era carregado
de trejeitos americanos.
– Gosto dele desse jeito. – O tritão se conteve para não ser indelicado.
– Mas...
– Ei, irmão.
A gringa foi interrompida pela aproximação de Ramon que entrou no
balcão e se colocou ao lado do amigo. A mulher acabou por torcer os lábios e
cruzar os braços sobre o colo, mas não arredou o pé do banco diante do
balcão.
– Tenho coisas para te falar, no fim do expediente eu vou para sua casa.
Salomon estava prestes a perguntar qual assunto quando a pessoa que
tentou evitar apareceu no seu campo de visão. Andando com um olhar
perdido, ela estava encarando tudo e nada ao mesmo tempo. Petrificado, o
tritão nem se deu conta de que além dele muitos outros homens a devoravam
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com o olhar.
Enrolada em uma canga florida, com as alças do biquíni aparecendo. Não
havia roupa sofisticada que a deixasse mais sexy, pois a possibilidade do
tecido amarrado com um nó frágil cair, inundou a mente de muitos.
– Ela é muito gata. Será que eu teria uma chance? – Pensativo, Ramon
franziu a testa e coçou o queixo.
– Nem ouse. – Salomon se virou para o amigo com os dentes cerrados
como um cão raivoso.
– Ei, nunca se importou que eu ficasse com uma mulher com quem já
dormiu ou o contrário.
– Ela não.
– Fala como se fosse dono dela. – Ramon deu de ombros. – Você nunca se
envolve, não deveria se preocupar e me desculpe meu amigo, mas se ela me
der mole como deu para você eu não vou rejeitar não.
– Segura isso babaca. – Salomon entregou para o amigo copos de metal e
uma garrafa de vodka.
– Ei! Onde você vai, seu idiota?
– Cobri você um dia, está na hora de me devolver o favor.

Isabel estava perdida em meio aos outros hóspedes do hotel. Dispersa,


olhava a lua e as tochas que iluminavam a região da piscina. A música de
fundo que ecoava a fazia querer se balançar, mas ela se conteve.
Passara o dia comprando presentes em uma feira de artesanato local.
Pensar em como as coisas combinariam com seus irmãos, sua sobrinha ou os
cunhados, manteve sua mente bem ocupada e a fez parar de se questionar
sobre as coisas que a atormentavam, como as sensações despertadas por
Salomon.
Concentrou-se na textura do chão de pedra ao redor da piscina ao lembrar-
se do conselho de Dária. Estava ali para se divertir. Já havia se torturado
demais nos últimos anos na busca por alguém que nunca aparecera.
Sorriu para um cara sentado perto da piscina bebendo uma garrafa de
cerveja. Ele acenou para ela, mas logo desviou o olhar envergonhado, Isabel
não entendeu até sentir mãos firmes e grandes segurarem na sua cintura.
– Dança comigo outra vez? – A voz grave e rouca foi sussurrada pelos
lábios em sua orelha.
Isabel sentiu um calafrio varrer todo o seu corpo e ela se derreteu contra o
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peito firme apoiando suas costas.


– Achei que fosse apenas um encontro casual e uma boa bebida. – Ela
tentou manter a voz firme mesmo que em seu interior estivesse tremendo e
nem havia o olhando nos olhos, mas o perfume de mar que só reconhecia nele
era o suficiente para deixá-la tonta.
– Não é porque foi um lance casual que ele não pode se repetir. – Salomon
mordeu a ponta da orelha dela e apertou com ainda mais força sua cintura.
Isabel suspirou.
Salomon a sentiu se derreter por completo em seus braços, entregue aos
seus comandos.
Ele esperou que uma nova música começasse e a jogou para o seu lado,
esfregando a lateral de seu corpo no dela. Ela jogou a cabeça para trás,
balançando os cabelos loiros e suspirou.
Salomon a girou pela cintura e a fez ficar de frente para ele. Escorou a
testa na da súcubo, encarando com seus olhos castanhos a imensidão azul
tingida de preto dos dela. As pupilas dilatadas de Isabel e seu suor frio foram
apenas alguns dos fatores que entregaram a excitação que banhava seu
sangue.
Isabel passou a mão pelo rosto de Salomon enquanto o encarava, sentindo
a pele um pouco áspera e os pelos da barba rala. Ele manteve as mãos firmes
na cintura dela enquanto se mexiam juntos no ritmo da música.
Salomon a puxou até seu corpo e arfou ao sentir os seios dela baterem
contra o seu peito. Deslizou as mãos até a bunda de Isabel e acompanhou
com seu corpo o rebolado dela. No momento, não existia nada mais além dos
dois e da música que os envolvia.
Eles se moveram, esfregando-se. Salomon guiou a cintura de Isabel em
um movimento até os seus joelhos dobrarem, enquanto a sentia rebolar sob
suas mãos.
Com os olhos ainda fixos nos dele, Isabel levou as mãos aos cabelos loiros
passando os dedos entre eles, jogando-os para cima, depois tombou a cabeça
para o lado. Encolheu-se com a respiração de Salomon contra o seu pescoço,
cada pelo do seu corpo se arrepiou, entretanto, mal teve tempo de gemer pois
ele a girou outra vez, colocando-a de costas.
Salomon levou as mãos aos ombros de Isabel e deslizou-as pela lateral,
refazendo o contorno até a cintura. Sentiu-a rebolar contra sua pélvis e teve
certeza de que ela notou o membro rígido.
As pessoas ao redor, hóspedes e funcionários, pararam para assistir ao
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show que ninguém sabia ou mesmo esperava, mas que pela sintonia do casal
parecia ter sido muito ensaiado.
Quando a música acabou todos bateram palmas. Salomon e Isabel estavam
suando, trêmulos, um com as mãos sobre o rosto do outro. Se a química
existia, Isabel a encontrou ali.
– Se quiser continuar depois. – Ela puxou do decote um cartão e entregou
a ele.
Salomon olhou para a chave do quarto dela em suas mãos, um convite
claro que o deixou ainda mais tonto do que a dança. Não disse nada, não
conseguiu, apenas a observou sair andando iluminada pelas tochas. A canga
caiu e Isabel a jogou sobre os ombros. Salomon suou mais com a visão dela
apenas com um biquíni pequeno.
Trôpego, ele voltou para junto do balcão de drinks. Apoiou as mãos sobre
a bancada de madeira e respirou fundo. Talvez ir até ela tenha sido uma de
suas piores ideias, pois se seu corpo antes desejava uma lembrança agora ele
ansiava por uma sensação real.
– Seu bastardo esperto. – Ramon se apoiou no balcão ao lado de Salomon.
– Entendi porque a seduziu fácil. Dançar, porque nunca pensei nisso antes?
– Cuidado, meu amigo, o efeito colateral pode ser muito grave.
Salomon enfiou a mão num balde de gelo sob o balcão e segurou uma
pedra, passando-a pela testa. Se não tivesse certeza de uma dor horrível, teria
a colocado junto ao pênis que latejava no meio de suas pernas.
Ramon conteve o riso ao ver o estado desesperado do amigo. Se estivesse
diante de uma mulher com toda a beleza da turista, não se controlaria como
Salomon, nem mesmo tentaria.
– Se precisar de ajuda para apagar o fogo dela é só me chamar.
Ramon deu uns tapinhas nas costas nuas do amigo e quase foi mordido.
Enfiou as mãos dentro dos bolsos da bermuda e saiu gargalhando.
Salomon respirou fundo e tocou com as pontas dos dedos a chave para o
quarto de Isabel em seu bolso. Mais uma vez antes que ela fosse embora não
faria mal algum. Cada uma de suas células ansiava por outra vez.

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Capítulo 7

Isabel pediu uma chave nova na portaria e voltou para o quarto. Suas
pernas ainda estavam bambas pela dança e ela se apoiou na parede dos
corredores pelos quais passou com medo de que elas falhassem e acabasse
caindo ao chão. Era só uma dança. Inúmeras vezes dançara com vários
homens, em vários ritmos diferentes. Entretanto, em nenhumas delas saiu tão
bamba e excitada. Quem sabe não era apenas culpa do ritmo caribenho
guiado por braços fortes.
Pensou que uma viagem a relaxaria, teve a ilusão de que longe de casa e
sozinha não se preocuparia com nada. Mais acabara mais receosa do que
nunca. Salomon estava tirando-a da órbita e não soube se gostava disso ou se
apavorava. Não era como os irmãos, era a mais cautelosa, mas o que lhe
pareceu ser uma dádiva por tantos anos a impedia de arriscar com Salomon.
Era apenas alguns encontros casuais que durariam pouco, com sorte até
quando voltasse para o Brasil. Por fim, se convenceu disso, sem se preocupar
de que não passava de uma mentira para acalmá-la.
Ouviu um barulho na maçaneta e se virou na direção da porta. Respirou
fundo, tentando controlar o coração que teimou em disparar no peito. Passou
as mãos pelos cabelos loiros e se virou para a vista da praia. Era melhor não
parecer ansiosa.
Ouviu os passos dele se aproximando, quando Salomon a envolveu pela
cintura não foi uma surpresa para Isabel. Contudo, ainda assim, ela não
conteve o suspiro quando o peito largo encostou em seus ombros nus. Passou
as mãos pelos braços ao redor do seu corpo assim que ele a pressionou ainda
mais contra si.
– Você veio.
Isabel sorriu com a certeza de que Salomon não via seu rosto.
– Pensei que me quisesse aqui. – A voz grave e sexy foi sussurrada contra
a orelha de Isabel e fez um calafrio percorrer o corpo da súcubo.
– E eu quero. – A loira se virou de frente.
Ela o olhou nos olhos castanhos ao passar os braços ao redor do pescoço
do tritão. Havia pouca luz no quarto, apenas uma luz de leitura sobre a cama
estava acessa. Mas Isabel gostou de olhá-lo sob a penumbra, principalmente

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quando começou a fazer isso com as mãos. Deslizou as pontas dos dedos do
pescoço até os ombros largos, depois deles até as costas das mãos do homem.
Tocou o peito nu, a pele morena era quente.
Salomon ficou imóvel, se deliciando com os dedos delicados percorrendo
o seu corpo. Entretanto logo não se conteve e agarrou-a​ outra vez. Estava ali
com um único objetivo e não via a hora de alcançá-lo. Desfez o nó do biquíni
atrás do pescoço e nas costas, fazendo a peça cair sobre o chão branco.
Curvou-se e lambeu entre os seios de Isabel. A pele perfumada tinha um
sabor doce e suave, que ele logo quis provar outra vez. Em seguida, seus
lábios envolveram um dos mamilos. Com os braços, ele a puxou pela cintura
para junto de si.
Isabel jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, sentido os braços se
fecharem em sua cintura e os lábios sorverem o seu seio. Gemeu ao ser
tomada pelas sensações de prazer. Poderia ser apenas mais um caso que logo
acabaria, mas ela nunca quis tanto desfrutar de um momento como aquele.
Salomon desceu os braços até os joelhos dela e a ergueu no ar. Levando-a
até a cama. Olhou a pouca luz que refletia nos cabelos loiros quando esses se
espalharam pelos travesseiros brancos ao deitá-la. A mulher era linda demais.
Seria uma aventura da qual lembraria com gosto anos depois.
Passou as mãos pelos cabelos loiros antes de puxar o rosto dela para o seu.
Mordeu o lábio inferior e invadiu a boca de Isabel com a língua. Os lábios
delicados ofereceram uma passagem fácil e a língua dela esperava pela sua.
Ajoelhado sobre a cama com Isabel deitada entre as suas pernas. Salomon
escorregou as mãos do rosto pela lateral do corpo dela até a cintura onde
desfez os laços que prendiam a calcinha do biquíni, jogando-a no chão
também.
Isabel ergueu as mãos e ainda o beijando, abriu o zíper da bermuda cinza e
o próprio Salomon terminou de tirá-la, assim como a cueca.
Ele deslizou os lábios pelo pescoço, beijando, mordendo e passando a
língua, o que fez Isabel se contorcer em meio a calafrios e gemidos. A água
da praia não estava mais quente do que o interior do quarto.
Ele a girou na cama, colocando-a de bruços. Mordeu a orelha, o pescoço,
os ombros, passou a língua pela linha da coluna. A mordida na bunda fez
Isabel pular e se contorcer. Ele era atrevido, deliciosamente atrevido.
Salomon riu e deu um tapa na região onde ficaram as marcas de seus
dentes na pele branca. Adorou a forma como a bunda dela vibrou com o tapa
e se conteve para não bater mais. Entretanto teve certeza, pela forma como
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ela agarrou os travesseiros e gemeu, de que Isabel não se importaria.


Isabel tentou virar o rosto para ele, mas logo estava se contorcendo em
meio a uma mordida na orelha. Precisou de muita determinação para
empurrá-lo e girá-lo na cama. Sentou-se sobre os quadris largos e o encarou.
Ele era lindo, másculo, com uma pele morena bronzeada, os cabelos longos e
a barba curta davam um toque a mais que fez Isabel suspirar. Passou as
pontas dos dedos pelo contorno da face e pelos lábios um tanto ressecados,
curvou-se e os molhou com a ponta da língua, mas não resistiu em voltar a
beijá-lo de forma mais intensa.
Salomon já se contorcia embaixo dela, mal via a hora de penetrá-la. Nunca
ansiou tanto para ter mais de uma mulher. Em meio ao beijo voraz, em que
ela brincava com a sua língua e mordiscava seus lábios, ele a percorria com
as mãos sem pudor algum, e pela expressão no rosto dela, Isabel deveria estar
amando.
A súcubo beijou o pescoço dele, mordeu e deslizou com os lábios pelo
peito. Suas unhas acompanhavam a boca e Salomon não lamentou os
arranhões que ficariam ali. Estava perdido demais nas sensações para ao
menos se dar conta deles.
Quando Isabel parou com os lábios em sua virilha, Salomon arregalou os
olhos, seu pênis vibrou com a proximidade dela e a excitação o fez gemer.
Entretanto, não precisou pedir, logo ela segurou seu membro com ambas as
mãos e o lambeu.
Salomon fechou os olhos e se rendeu a sensação da língua quente e
molhada contornando a sua glande. Não imaginou que Isabel pudesse ser tão
habilidosa. Agarrou o lençol branco quando foi acolhido por completo dentro
da boca. Os lábios se fecharam em seu pênis e a súcubo chupou de tal forma
que levou poucos segundos para Salomon estar se contorcendo e gemendo
alto.
Isabel estava embriagada, o gosto dele era muito bom, tinha um sabor
salgado de mar com uma mistura doce e refrescante que a viciou. Sexo oral
costumava ser uma forma de estimular o prazer das presas das quais Isabel se
alimentaria, porém aquele, deu a ela um prazer que não conhecia. Era algo
melhor do que ter uma comida saborosa na boca. Alimentos não a faziam
arder inteira daquela forma. Sua boca salivava ao tê-lo dentro dela.
Salomon estava perdido num turbilhão de sensações. Era fácil enlouquecer
com a empolgação em que Isabel o chupava e lambia. O suor escorria por sua
pele à medida que ele se continha da melhor forma que encontrava. Agarrado
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aos lençóis, ele cerrava os dentes tentando abafar os gemidos, no entanto os


seus olhos castanhos se revirando entregavam seu prazer.
Isabel o tirou da boca e passou a língua pela glande, brincando com a
pequena fenda no meio. Pressionou a língua contra o pequeno buraco e
lambeu o líquido lubrificante que saia dele, depois voltou a abocanhá-lo.
Salomon não se conteve deixou o prazer o envolver. Acariciando o sedoso
cabelo loiro, seus dedos se fecharam, todos os músculos ficaram tensos e em
meio a espasmos, esvaiu-se. Desmoronou na cama. Praguejou baixinho. Foi
tipo o melhor oral que recebera. As mulheres costumavam ser frescas e
saírem correndo, mas ela ainda continuava ali, lambendo-o ao máximo.
O tritão a puxou pelo cabelo para cima dele e beijou-a na boca outra vez.
Isabel tomou um pouco da energia dele, capturando os gemidos de prazer.
Salomon ficou tonto, viu o quarto girar ao seu redor e agradeceu por estar
deitado. Vê-la se alimentar não foi mais uma surpresa, porém ele precisou
respirar fundo por alguns minutos e soube que estaria fraco até voltar ao mar.
Por hora, ela o reduzira a um reles humano. Contudo, sem dúvidas, valia a
pena.
Isabel estava fervendo. Desejava-o muito. A região entre as pernas ardia.
Salomon a fazia passar mal. As mãos que a tocavam ardiam como ferro em
brasas, eram firmes e a apertavam. Ela já não aguentava mais.
Cravou as unhas nos quadris do Tritão e sentou-se nele. Gritou ao senti-lo
deslizar para seu interior. Foi tomada por um misto de alívio e prazer por
finalmente tê-lo em si.
Salomon a sentiu vibrar. Viu no reflexo dos olhos azuis o quanto ela o
desejava, um desejo que ele entendia e correspondia.
Gemeram juntos quando Isabel começou a se mover unindo seus corpos.
Ele sentia um calor incomum que o fazia suar e embaçava sua visão, porém
com as mãos firmes sobre o peito de Salomon, ela não parou de se mover. A
busca pelo próprio prazer era cega, animal. Não estava preocupada em dar
prazer para se alimentar, se fosse apenas isso, já teria parado, ido embora,
mas precisava de mais de Salomon.
Ele levou as mãos até a cintura fina e ajudou-a a se mover. Pensou em
trocar de posição. Adoraria colocá-la de quatro ou de frente, no entanto, não
teve certeza se teria forças para manter os movimentos, então preferiu deixá-
la reger a dança.
Isabel gemia a cada vez que sentava e o sentia entrar fundo. Não
imaginava o quanto era bom desfrutar do próprio prazer. Sexo era muito mais
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do que se alimentar, era delicioso.


Salomon ergueu as mãos e agarrou os seios que saltavam aos seus olhos.
Eles eram roliços e grandes para um corpo delicado. Levantou-se um pouco,
sentando-se na cama, com ela ainda se movendo sobre si, apenas para voltar a
saborear o gosto dos seios. Beijou-os, lambeu-os e deu leves mordidas. Soube
que se continuassem no mesmo ritmo, logo seria tomado pelo orgasmo outra
vez.
Isabel apoiou as mãos nos ombros dele e começou a rebolar mais
intensamente. Já nem se preocupava em conter os gemidos, concentrada no
prazer, nem os ouvia. Quando o orgasmo a invadiu Isabel gritou, beijou
Salomon trêmula enquanto o êxtase banhava seu corpo.
O tritão a abraçou, sentindo os espasmos dela contra o seu peito, e pouco
depois juntou-se a Isabel.
– Isso foi incrível. – Isabel estava apoiada nele, ofegando .
Salomon acariciou o rosto dela e a puxou para mais um beijo. Desfrutou
do sabor de Isabel um pouco mais antes de permitir o corpo exausto cair
sobre a cama.
Estava esgotado como se um trem houvesse o atropelado. Estava
acostumado a transar com humanas, elas não tinham seu pique, mas Isabel,
essa o fazia se sentir um velho. Ele não via isso como algo ruim e sim
fantasiava ainda mais.
Sentiu-a se aconchegar em seu peito, porém pegou no sono antes de dizer
qualquer coisa.

Salomon acordou com o barulho de seu telefone tocando e levantou a


cabeça dos travesseiros, com uma preguiça enorme de procurar onde o
aparelho fora jogado no quarto. Piscou os olhos algumas vezes, ainda era
noite e tinha a sensação de que não dormira quase nada.
O barulho irritante continuou.
– Pode ser importante. – Isabel tirou o cabelo loiro da frente dos olhos e o
encarou no escuro. Não via nada além do contorno do tritão.
– Nunca é.
– Seja quem for quer muito falar com você.
Salomon bufou e se colocou de pé. Suas pernas ainda estavam um pouco
bambas e precisou abrir os braços para não perder o equilíbrio. Seguiu o
barulho até onde estava a sua bermuda e tirou o celular do bolso.
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– O que foi, Ramon?


Ele exalava mau-humor.
– Onde está, seu idiota?! Disse que tinha uma coisa importante para te
dizer.
– Ainda estou no hotel e você me acordou.
– Seu babaca. Eu aqui preocupado e você dormindo com a loira gostosa.
– O que quer? – Salomon massageou as têmporas ao senti-las doer.
– Sai do porto daqui a meia hora um carregamento com arraias e drogas,
pensei que gostaria de impedir.
– Deveria ter me dito isso antes!
– Você estava ocupado com os olhos, as mãos e o pau numa mulher.
Salomon bufou.
– Já estou indo para aí.
Ele desligou a chamada e começou a vestir suas roupas às pressas.
– O que foi? – Isabel se sentou na cama e acendeu a luz pelo interruptor ao
lado da cabeceira.
– Preciso ir agora.
Salomon calçou os chinelos.
– Pensei que poderíamos fazer de novo. – ela torceu os lábios ao passar as
mãos pelos seios.
Salomon conteve o impulso de pular sobre ela.
– Foi ótimo, mas eu realmente preciso ir.
– Vamos repetir isso?
Ele saiu pela porta. Ela ficou sem resposta.
Isabel deixou seu corpo cair sobre a cama outra vez.
Era casual como tantos outros. Ela pensou, ciente da possibilidade de não
voltar a transar com ele.

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Capítulo 8

Salomon desceu da moto em uma das docas vazias do porto. Ouvia o som
agonizante das empilhadeiras rangendo ao manipular os contêineres pesados,
mas ficou feliz por tais barulhos abafarem o som de seus passos.
Sorrateiro, ele se aproximou do lugar onde seu melhor amigo o esperava.
Ramon estava agachado atrás de um container, observando uns homens.
– São muitos. Quero ver acabar com eles super-homem.
Salomon deu uma risada fingida.
– Fora do mar somos fracos como qualquer humano.
– Pensei que não soubesse dessa quando decidiu derrotar uma máfia.
– Eu ouvi alguém. – Um homem que estava de vigia virou-se para o
sujeito ao seu lado e depois apontou a arma na direção dos amigos.
– Não foi nada, seu imbecil. – O outro ao lado o recriminou.
Salomon e Ramon pararam de conversar e ficaram imóveis, precisavam de
um plano melhor do que apenas bater de frente com um pequeno exército
bem armado.
Salomon olhou ao redor. O navio atracado no porto era bem maior do que
o iate que detivera, e ouvia os gritos cada vez mais fracos vindo dos
contêineres. Os animais estavam morrendo.
Cerrou os dentes e fechou as mãos. Humanos malditos e sua ganância
estúpida. Tiveram sorte por ele não estar no mar e cantasse para que se
afogarem.
Haviam três homens vestindo um terno preto sobre um container a poucos
metros dos amigos. Esses vigiavam o perímetro. Outros dez se dispersavam
por entre os containers e ao redor do navio. Todos carregavam metralhadoras
e tinham uma pistola presa junto a cintura.
Salomon ouviu um som e puxou o amigo um pouco para trás, antes que o
farol de um carro iluminasse o local onde estavam.
O carro de luxo estacionou próximo à margem do porto. O cara que
operava a empilhadeira desceu limpando as mãos na calça jeans e parou junto
ao carro assim que esse abriu a porta.
Uma mulher desceu e ajeitou os cabelos castanhos antes de encarar os
demais. Ela usava um vestido vermelho que moldava as curvas de seu corpo

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e um sapato preto de salto fino. Vestida como quem saia de uma festa de
grife, não era o que Salomon esperava para a chefe de toda a organização
criminosa.
– Já está tudo no navio? – Ela se virou para o sujeito que operava a
empilhadeira.
– Sim, senhora .
– Ótimo. Os clientes na China ficarão contentes com essa encomenda.
Salomon puxou Ramon para um contêiner mais próximo a fim de que
pudessem ouvir melhor. Porém, por pouco não foram vistos por um dos caras
que patrulhava do alto do container seguinte .
– Precisamos impedi-los. – Ele sussurrou ao se virar para o amigo,
segurou Ramon pelos ombros e o forçou a encará-lo.
– Eu sei! Por isso dei um jeito de trazer isso.
Ramon tirou a mochila das costas e dentro dela havia duas pistolas e
algumas granadas de mão.
Salomon deu um passo para trás.
– Nem quero saber como arrumou isso e só não te dou um beijo porque
gosto de mulher.
Ramon riu e entregou uma das armas a ele.
Salomon pegou uma das granadas, tirou o pino e jogou na direção do
carro.
Assim que a granada caiu rolando até parar junto a roda do carro. A
mulher e seus subordinados mal tiveram tempo de correr antes que essa
explodisse. O salto dela ficou preso no chão de asfalto e um dos homens se
atirou sobre a chefe para protege-la.
O som foi ensurdecedor e os tritões se encolheram com ele, agachando,
levando as mãos aos ouvidos. O container que estavam atrás vibrou com a
pressão do impacto.
Se não fosse o homem que lhe serviu de escudo, a mulher teria morrido
pelo impacto ou pelos estilhaços. O pobre herói não teve a mesma sorte.
Praguejando, Felícia, empurrou o cadáver para o lado e se colocou de pé.
– Seus imbecis! O perímetro não estava seguro?
– Estava, senhora. – Um homem saiu de trás de uma caixa de madeira
onde havia se escondido e caminhou na direção dela.
– Não! Não está. Encontrem o idiota que jogou a maldita granada. – Ela
balançou as mãos no ar beirando o histerismo.
Com dois mortos, o restante assentiu com a cabeça e foi na direção de
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onde a granada foi arremessada.


Salomon engoliu em seco e apoiou as mãos no container.
Merda!
– Se queria atenção conseguiu.
– Não é hora para piadinhas, Ramon.
Os dois saíram correndo para trás de um outro container mais distante.
A noite com Isabel comprometera muito do equilíbrio de Salomon que
tropeçou várias vezes. Só se recuperaria por completo quando voltasse ao
mar. Ele caiu e usou as mãos para não bater de cara no concreto.
Quando ergueu a cabeça havia um homem apontando uma arma para ele.
Ramon chegou por trás do sujeito e deu uma chave de braço nele, que o
deixou sem respirar até perder os sentidos, caindo jogado ao chão.
– Salomon, não acredito que você bebeu! – Ele estendeu a mão para o
amigo.
– Foi Isabel se alimentando de mim. Isso me deixou fraco.
– Seu idiota! Nem deveria ter vindo aqui.
– Ali estão eles! – Ouviram um grito que foi seguido por uma chuva de
balas.
Os amigos mal tiveram tempo de se esconder. Respirando ofegante,
Salomon apoiou as mãos sobre os joelhos, enquanto sentia as balas se
chocarem contra o container onde se protegia.
Os disparos iam ficando cada vez mais próximos. Estavam sendo
cercados.
Ele pegou a arma, aproximou-se do corredor e atirou de volta. O ricochete
fez seu braço doer. Estava mais fraco do que imaginava, a cada tiro o sentia
nos ossos e nem conseguia ver onde estava atirando.
Desprotegeu o corpo para ver melhor os alvos, porém os vultos pretos
estravam perdidos em meio a uma nuvem de concreto, ou talvez fosse apenas
seus olhos embaçados.
Antes que Ramon pudesse gritar para que ele recuasse, a exposição custou
caro e Salomon a sentiu junto com uma dor intensa em sua barriga, que o fez
cair de joelhos. Tudo ao seu redor girou ainda mais. Sentiu o cheiro de
ferrugem do seu próprio sangue.
– Não os mate. Quero saber quem são e porque estão aqui. – Felícia
ordenou a seus homens.
Ramon sendo puxando de volta para trás do container foi a última coisa
que Salomon viu antes de apagar.
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Dor, foi o primeiro pensamento que Salomon teve ao abrir os olhos,


enquanto suas pupilas se adequavam ao ambiente iluminado. Não imaginava
que a morte fosse tão dolorosa. Já deveria estar no inferno pagando por seus
pecados e nem se dera conta da passagem.
Virou a cabeça para o lado. Fios do seu cabelo estavam grudados na testa,
no pescoço e nas costas. O suor escorria em gotas.
Ouviu o grito de Ramon e isso o fez despertar mesmo com a dor
corroendo cada um de seus nervos. Viu o amigo ao seu lado que se encolheu
com um pontapé na barriga. O rosto estava coberto por sangue e hematomas.
Ele gemia de dor pelo espancamento.
Ouviu os passos do sujeito que espancava Ramon se afastar, mas tudo o
que via era um borrão preto.
– Desgraçado, fudeu ela e a gente.
– Ainda não estou morto? – Salomon teve que se esforçar muito para dizer
poucas palavras.
– Ainda não, mas está perdendo tanto sangue que não vai durar muito.
Salomon tentou se mexer, mas estava preso junto a uma coluna de
madeira. As cordas apertadas doíam os pulsos.
– Consegue chamar o seu pai?
– Não, ele está em alto mar.
– Não consigo contatar ninguém sem água. – Ramon bufou cuspindo um
pouco de sangue no chão cinzento do galpão onde estavam. – Seu celular
ainda está com você.
– Acho que sim. Mas para quem ligaria?
– Para a loira. Se ela é um demônio conseguirá nos tirar daqui.
– Quê?! Não vou ligar para ela pedindo ajuda. Mal a conheço... – A dor
impediu Salomon de continuar protestando.
– Prefere engolir esse seu orgulho ou morrer com ele?

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Capítulo 9

Isabel acordou com o barulho do telefone. Ainda suspirava sentindo o


cheiro de sexo nos lençóis. Não compartilhava a cama com os humanos, não
como estava fazendo com Salomon. Infelizmente se lembrou de que com ele
também não existia nada mais do que sexo. Rolou para o lado e tirou do
gancho o telefone do quarto. Quem estaria ligando ali? Talvez houvesse se
esquecido de acertar algo na recepção.
Seu coração disparou quando ouviu a voz rouca do outro lado.
– Oi! Não pensei que fosse do tipo que liga no dia seguinte.
Ela se esparramou na cama ao passar a mão livre pelos cabelos soltos.
– Não sou. Mas preciso da sua ajuda. – O tom de voz urgente e carregado
de tensão alertou os instintos da súcubo.
– Como assim, o que aconteceu? – Isabel se sentou na cama e a voz
melosa se tornou aguda.
– Transar com você me deixou fraco e não levei isso em consideração
antes de me meter em encrenca. Fui baleado e talvez eles me matem antes...
– Onde você está? Estou indo para aí!

Poucas vezes Isabel assumira sua verdadeira forma e usara suas asas.
Todas ela fizera isso para proteger quem se importava. Se importava-se com
Salomon? Não teve receio em responder à pergunta que ecoou em sua mente
com uma simples palavra: sim. Estava ciente de que era apenas sexo, não
esperava mais nada dele além disso. Porém, amara os momentos que passou
com o cara. Por esses momentos estava ali, voando o mais alto e mais rápido
que pode.
Sentia-se culpada por alimentar-se de Salomon e deixá-lo debilitado, mas
ainda não entendera o que havia acontecido.
Desceu no porto. Recolheu as asas membranosas como as de um morcego
e olhou ao redor. Não sabia exatamente onde estava Salomon e isso a deixava
aflita.
Cercada por vários prédios altos usados para armazenagem de produtos de
várias empresas, Isabel olhava de um lado para o outro. Se fosse checar cada
um deles, Salomon morreria antes que ela o encontrasse. Fechou os olhos.
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Sentiu a brisa fria do mar tocar seu rosto e seus ombros. Era por volta das
quatro da manhã e o local parecia bem parado, silencioso. Precisava pensar,
precisava mais ainda de uma maneira rápida de encontrá-lo.
Ouviu um grito baixo, abafado e rouco. Tinha que ser lá, precisava ser.
Saiu correndo. Sentia o chão de concreto sob a rasteirinha fina.
Dois homens estavam parados junto a uma grande porta de metal. Eles
eram altos, vestiam um terno preto e seguravam rifles nas mãos. Isabel teve
certeza do tamanho da encrenca ao vê-los, mas podia jurar que o grito veio
daquelas paredes.
Estavam bem armados, porém eram humanos. Nenhuma munição do
mundo os protegeria de uma súcubo. Isabel aprendera isso bem com sua irmã
mais velha.
Com passos suaves, tentando não demonstrar sua urgência interior, ela
caminhou na direção dos homens. Fingiu puxar a lateral da saia para descê-la,
mas apenas deixou a peça ainda mais provocativa.
– Quem está aí? – Um deles perguntou ao jogar a luz da arma sobre a
súcubo.
– Estou um pouco perdida, gostaria de saber se me ajudariam.
Ambos engoliram em seco. Um deles, o que tinha uma cicatriz do lado
direito do rosto, abaixou a arma e deu um passo na direção dela.
– O que uma mulher tão bonita faz num lugar como esse?
– Estou me perguntando a mesma coisa. – Isabel levou as mãos ao rosto e
fingiu um soluço. – Estava só caminhando pela praia e vim parar nesse porto.
Será que um dos dois poderia me ajudar a encontrar o caminho de volta para
o meu hotel.
– Não posso deixar minha posição. – Ele ajeitou o corpo e desviou o olhar
do decote provocante.
– Por favor, vai ser rápido. – A voz melodiosa fez os homens vibrarem.
Se perderam olhando as curvas bem delineadas do corpo sedutor. Quando
se deram conta estavam babando, queriam segui-la só por uma oportunidade
de tocá-la.
– Segura as pontas por uma hora. – O com a cicatriz entregou a arma para
o coloca.
– Ei, cara! Mas e se a Felícia aparecer? – O outro estendeu a mão e
encarou-o com uma expressão de receio.
– Você diz que fui procurar um banheiro.
– Ela vai te matar.
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– Não vai não. – Ele sorriu ao pular do pequeno degrau que estava e
caminhar na direção de Isabel.
– Obrigada. – Isabel jogou o cabelo loiro para o lado e passou a mão pelo
rosto do sujeito. Com o toque quente ele faria tudo o que ela quisesse. – Por
que não vem também? Podemos nos divertir um pouco. – Ela se virou para o
outro homem.
O sujeito passou a língua pelos lábios, molhando-os, enquanto sua mente
se inflava com o desejo e as possibilidades. Tinha muito tempo que não
dormia com uma mulher tão gostosa. Não faria mal se ausentar do posto por
apenas alguns segundos.
Quando ele se aproximou de Isabel, ela o segurou no rosto e deu um beijo.
Isabel nem se lembrava de como fazer aquilo, manipular humanos era uma de
suas habilidades como súcubo, mas ela não gostava de privá-los de suas
próprias escolhas. No momento, não tinha tempo para fazer diferente.
Seus olhos brilharam de um jeito inumano e assustador.
– Agora, queridos, andem até seus pés doerem.
Sem entender o próprio corpo, eles começaram a andar para frente.
Isabel se aproximou da porta e a abriu com um pontapé e não esperava
pelo cara parado atrás dela. Por sorte, esse estava sentado num canto, jogando
no celular e quando o seu reflexo o permitiu pegar a arma, ele ergueu a
cabeça e Isabel já estava em cima dele, com a ponta da asa em sua garganta.
Ele não viu a morte ou mesmo a dor.
Isabel desceu às pressas uma escada de metal ao ver Salomon amarrado no
andar de baixo.
Poucas foram as vezes que um aperto a corroeu tanto. Isabel não se
arriscava, não sentia emoções intensas além da relação com os irmãos. No
entanto ao descer a escada que rangia a cada passo com a visão no horizonte
de dois homens banhados em sangue, o desespero regou suas veias.
Ela correu o máximo que pode e se ajoelhou junto aos amigos
desacordados.
– SALOMON!
Isabel segurou o rosto dele entre as mãos trêmulas com a facilidade que
erguia um boneco. A pele estava fria, os fios longos do cabelo estavam
grudados no rosto. Esperou que fosse pelo desespero, mas não conseguiu
senti-lo respirar.
– Salomon, vamos, abra os olhos!
– Nos leve para o mar... – pediu Ramon com os olhos fechados.
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Isabel usou a ponta afiada das asas para cortar as cordas que prendiam os
dois homens junto a um poste de madeira. Puxou Salomon pela cintura e
passou o braço direto dele sobre os seus ombros. Colocou Ramon do outro
lado e ergueu os dois homens.
Eles eram pesados e isso dificultou tirá-los do galpão. Sem a força das
asas a impulsionando para frente e para cima, Isabel não teria conseguido.
Saiu por onde entrara e voou em linha reta até onde os navios estavam
atracados. O desespero era tanto que mal sentiu o vento tocar a pele.
Com um mergulho, cortou a superfície da água e afundou com eles. Foram
minutos intermináveis enquanto nada acontecia. Mesmo com os braços
doloridos, Isabel os manteve junto ao corpo e ficou submersa pelo tempo em
que conseguiu prender a respiração. Porém, momentos depois, precisou
erguer a cabeça em busca de ar.
Ramon foi o primeiro a se mover. Desvencilhando-se dela afundou ainda
mais até sumir da visão de Isabel.
Ela atendeu aos seus instintos e abraçou o corpo imóvel de Salomon,
colocando-o ainda mais junto ao seu. O tritão pareceu mais quente, no
entanto Isabel não soube dizer se era por causa da sensação térmica do mar
do Caribe.
A súcubo sentiu algo encostando em sua perna, com uma textura de unha,
que fez cócegas. Quando olhou para baixo viu cintilar na água a extremidade
transparente da cauda que subia com escamas azuis até a cintura do homem,
ela conteve a exclamação de surpresa, ele falara que era um tritão, mas sua
imaginação não teve a capacidade de se aproximar da beleza daquela forma
de Salomon.
Isabel respirou aliviada quando ele abriu os olhos. Piscou várias vezes
antes de encará-la.
Salomon sentiu o mar sugar dele toda a dor e sensação de cansaço ou mal-
estar. Em alguns minutos exposto à água salgada, o seu ferimento a bala foi
curado, a energia drenada por Isabel voltou para si.
Encarou-a o segurando, então desvencilhou-se dos braços finos e
submergiu num mergulho profundo. Nadando até tocar a areia no fundo, ele
não quis pensar em nada, nem que o carregamento que tentara impedir já fora
despachado. Precisava de um momento apenas com o mar, esse que muitas
vezes era o único que o compreendia.
Isabel usava as asas e as pernas para se manter junto à superfície, mas
assim que Salomon desapareceu ela saiu do mar. Com as roupas pingando,
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voou de volta ao píer onde os barcos de menor porte estavam atracados.


Sentou-se sobre o corredor de madeira, em um lugar onde não havia barco
ancorado e podia colocar os pés sobre a água. Balançava-os de um lado para
o outro quando levantou a cabeça e encarou o céu que já assumia um tom
esverdeado, ao dia logo ia chegar.
Suspirou ao juntar os cabelos loiros com as mãos e os jogar para trás. Por
sorte, fora os sujeitos que enfrentaram, o local estava vazio. Ainda assim, ela
recolheu as asas. Já passara muito tempo correndo o risco que os humanos a
vissem.
Ficou alguns longos minutos sentada. Não sabia se eles voltariam, ou
mesmo por que quase foram mortos. Mesmo que sua curiosidade alimentasse
a vontade de ficar e fazer algumas perguntas, o bom senso falou mais alto.
Colocou-se de pé e deu as costas. Olhou para a autoestrada bem rente a
linha do horizonte, imaginando quando tempo levaria caminhando como
humana até chegar ao hotel.
– Ei, loira, espera!
Isabel se virou e viu Ramon escorado onde a pouco ela estava sentada.
Com o corpo dentro d’água, ela observou que os hematomas e cortes no rosto
dele haviam desaparecido.
A loira abriu um sorriso discreto.
– Obrigado, salvou as nossas vidas.
– Por nada. Mas o que estavam fazendo aqui? – Isabel cruzou os braços ao
redor do corpo e deu um passo na direção dele. Por fim, não conseguiu conter
a pergunta que tanto a atormentava.
– Nada demais, só tentando parar uns traficantes. – Ramon abriu um
sorriso amarelo e coçou o cabelo curto.
– Traficantes? – Isabel engoliu em seco. – Por que queriam parar
traficantes? Isso é assunto da polícia.
– Eles não fazem nada. – Salomon parou junto do amigo.
A expressão do tritão era séria. Isabel vislumbrou um reflexo de raiva nos
olhos castanhos. Arrependeu-se de sua curiosidade.
– Bom, já que estão bem, eu vou voltar para o hotel.
O clima do local era tão quente, que Isabel mal se deu conta do vestido
molhado. Um rastro de água escorrendo a seguiu como uma trilha.
Ramon deu uma cotovelada no amigo assim que a loira se afastou.
Salomon o encarou torcendo os lábios.
– Seu babaca, vai deixar que ela vá embora desse jeito depois de ter salvo
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os nossos pescoços?
– Eu estava fraco por causa dela.
Ramon bufou e saiu da água.
– Você quem deveria ter se dado conta de que estava fraco demais para
bancar o herói.
Salomon o viu caminhar pelado até Isabel e sentiu uma pontada de
ciúmes. Ramon não perdoava ninguém.
– Com sorte minha moto ainda está por ai. Aceita uma carona?
Isabel se virou quando uma mão molhada tocou o seu ombro. Suas
bochechas coraram quando foi inevitável não olhar o homem nu da cabeça
aos pés. Não ficava envergonhada com situações como àquela, entretanto o
fato de Ramon ser o melhor amigo do homem com quem estava dormindo
talvez tivesse a deixado sem graça.
– E você vai até o hotel pelado. Não corre o risco de ser demitido.
– Talvez. – Ramon mordeu os lábios.
Isabel riu. A gargalhada era doce e ele teve inveja de Salomon por ter
pegado uma mulher tão gata. Por ela ficava fraco quantas vezes precisasse.
– Pode deixar que eu a levo. – Salomon pigarreou ao se colocar ao lado do
amigo e apertou o ombro de Ramon com certa força.
Ramon conteve um rosnado ao cerrar os dentes para o amigo. Ele sabia
dar a loira o valor que Salomon não via.
– Eu vim até aqui. Posso encontrar o caminho de voltar.
Isabel não queria alimentar a rixa de testosterona entre os dois homens.
Ela deu as costas para os dois e abriu as asas outra vez. Com sorte ninguém a
veria no caminho de volta para o hotel.
Antes que se impusessem, ela levantou voou, jogando uma lufada de ar
forte contra eles.
– Parabéns, Salomon, espantou a garota. – Ramon cruzou os braços.

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Capítulo 10

Isabel rolou na cama. Já era bem tarde, mas ela se recusou a se levantar. O
sol ignorava a resistência das cortinas que cobriam as grandes janelas e já
iluminava todo o quarto.
Ela coçou os olhos e cerrou os dentes. Estava com raiva de si mesma por
ter se importado com Salomon, deveria tê-lo deixado morrer. Idiota, mal-
agradecido!
A verdade é que estava irritada pelas expetativas que seu inconsciente
criou. Saíra com vários sobrenaturais, imaginou, sonhou que boa parte deles
despertasse dentro dela o algo a maisque Aron e Natasha haviam
encontrado, mas depois de alguns dias todos a entediavam ou apenas não
queriam mais nada dela. Detestou o fato de que com Salomon fosse a
segunda opção, odiou vê-lo se cansar dela e não o contrário. Odiou, a cima de
tudo, saber que ainda estava disposta a aceitá-lo em sua cama.
Cerrou os pulsos e socou o travesseiro.
Em quatro dias voltaria para o Brasil e ele seria apenas mais um entre
tantos outros. Isabel mal via a hora de estar junto do irmão e da cunhada os
quais sabia que a amavam.
O telefone do quarto começou a tocar. Salomon voltou a sua mente com a
realidade de uma fotografia. Só poderia ser ele ligando outra vez.
Isabel puxou o lençol que estava enrolado em sua perna e o chutou para o
lado, para só depois atender ao telefone.
– Senhora, tem um homem aqui na recepção a procurando. Se possível
desça rápido porque ele está fazendo um escarcéu aqui embaixo. – disse a
recepcionista com uma voz tensa do outro lado da linha.
– Quê? Quem é?
– Não sabemos, senhora. Ele apenas pediu para falar com você.
Isabel balançou a cabeça e se levantou para vestir as roupas e procurar os
sapatos. Teve pena da aflição na voz da mulher do outro lado da linha. Ficou
um tanto desapontada por não ser Salomon.
– Já estou indo. – Devolveu o telefone para o gancho e foi até o closet
onde colocara suas roupas.
Vestiu rasteirinhas e um delicado vestido de pano liso, sem estampas de

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cor creme e saiu do quarto. Por sorte trouxera muitos como aquele, não sabia
se era capaz de suportar o calor do local.
Quando o elevador se abriu no térreo, Isabel ouviu um coro de gritinhos e
assobios histéricos. Talvez alguma personalidade famosa estivesse chegando,
foi a primeira coisa que passou pela mente dela.
A cada passo ela ouvia mais alto a confusão. Assim que cruzou o corredor
até chegar no hall principal do hotel, Isabel viu um cara sentado em um sofá,
cercado por homens e mulheres que sorriam e aproveitavam cada instante em
que podiam tocá-lo.
Isabel custou a reconhecê-lo, até que uma mulher saísse do colo dele e
pudesse fitar os olhos azuis-esbranquiçados assim como os seus próprios. Um
íncubo, era de se esperar que chamasse atenção demasiada.
– Asmodeus, o que faz aqui?
Ele virou a cabeça e viu Isabel parada a poucos metros dele. De braços
cruzados, ela o avaliava.
– Isa! – Ele se levantou após passar a mão pelos curtos cabelos castanhos e
caminhou na direção de Isabel.
As pessoas deixadas para trás fecharam a cara e algumas torceram os
braços.
– O que faz aqui, Asmodeus?
Isabel encarou o homem de aparente meia idade, mas isso não prejudicou
em nada a beleza dele. As leves rugas ao redor dos olhos pareciam um
charme a mais, para arrancar suspiros de homens e mulheres.
Ao ver que ela apenas o observava, Asmodeus desviou o olhar de volta
para o grupo que aguardava por ele e enfiou as mãos dentro dos bolsos.
– O que faz aqui? – Isabel insistiu.
– Ah eu vim trazer algo do meu irmão para você – Ele tirou de um dos
bolsos um espelho de mãos e entregou a ela. – Não tem tecnologia no
inferno, mas até onde eu me lembro, magia ainda funciona lá.
Um enorme sorriso se formou nos lábios de Isabel enquanto ela girava o
espelho de haste e moldura preta em suas mãos.
– Quer dizer que com isso vou poder falar com a Natasha?
– Espero que sim. – Asmodeus torceu os lábios, pensativo. – Ainda não
testei.
Isabel abraçou o irmão de Dante, já que não podia abraçar a sua própria.
– Obrigada.
– Irmãos são para essas coisas. E sempre faço tudo o que posso pelo meu
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irmão mais novo.


Ele correspondeu ao abraço acariciando o cabelo loiro com umas das
mãos. Muitas mulheres ao redor odiaram Isabel apenas pela carícia inocente,
estavam todas sob o charme do íncubo.
Isabel se desvencilhou dos braços de Asmodeus e voltou a encará-lo.
– Veio ao México apenas para trazer isso para mim?
– Eu estava em Porto Rico, não foi tão difícil assim. – Asmodeus deu de
ombros.
Isabel riu ao se encarar no espelho que não fazia nada além de refletir sua
própria imagem.
– Como isso funciona?
– Peça o que quer ver que ele revelará para você. Mas espere até estar no
seu quarto.
– Está bem.
– Já vai? Ou quer beber algo comigo antes? – Isabel apontou para um
corredor que levava até o bar do hotel.
Asmodeus abriu um leve sorriso.
– Acho que as minhas presas podem esperar. – Ele acenou para as quatro
mulheres e dois homens que ainda estavam a redor da poltrona que ele
ocupava a pouco.
Isabel riu.
– Ia dormir com todos eles?
– Por que não?
Não tinha o porquê, apenas achou Asmodeus um tanto guloso. Ela deixou
a pergunta se perder enquanto caminhavam para o bar. Isabel convivia pouco
com os irmãos de Dante. Caim e Asmodeus apareciam em momentos
esporádicos apenas para trazer notícias de como Natasha estava no inferno,
mas mesmo sendo raros, as ocasiões com eles a fizeram gostar dos dois como
parte da família.
Ao sentar numa banqueta junto ao balcão, Isabel pediu um Martine depois
se voltou outra vez para Asmodeus.
Os dois conversaram por um tempo. Isabel riu várias vezes sobre histórias
do íncubo mais velho. Ele era o único que ela conhecia além do seu próprio
irmão e Asmodeus era filho da súcubo original, Lilith.
Apoiada com os cotovelos sobre o balcão, Isabel estava atenta a cada
palavra que saia dos lábios grossos de Asmodeus. Nem percebeu o tempo
passaram ali, bebendo e rindo juntos, mas foi o suficiente para fazê-la
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esquecer a raiva de Salomon.


– Gata, eu preciso ir. Se precisar de qualquer coisa é só me chamar. –
Asmodeus se levantou e beijou-a na testa.
– Obrigada por ter trazido o espelho para mim.
– Foi um prazer.
Isabel permaneceu sentada junto ao balcão enquanto observava Asmodeus
desaparecer do seu campo de visão. Ele era como ela e estava bem sem um
parceiro para eternidade. Ela percebeu que talvez não houvesse ninguém para
si, mas que estar sozinha não era tão ruim.
Girou o espelho entre seus dedos e abriu um sorriso ao se levantar com um
pulo. Iria rever Natasha, essa era a única coisa que importava no momento.
No caminho de volta ao quarto, Isabel se deu conta de que o sol do meio-
dia havia se tornado sol de fim da tarde. Sinal que passara horas conversando
com Asmodeus e mal as percebeu passar.
Trancou a porta e correu para a cama macia, que balançou quando o peso
do seu corpo a atingiu.
Pegou o espelho e em meio a um sorriso, chamou pela irmã. A imagem à
sua frente tremulou e a superfície espelhada foi ficando opaca até perder o
branco do reflexo do lençol sob Isabel.
Logo viu a morena do outro lado, sentada em sobre uma grande cama com
dossel.
– Isabel! Deu certo! – Natasha se levantou e foi até o espelho junto a uma
das paredes que exibia a imagem de sua irmã.
– Natasha, você está bem?
– Sim, eu estou ótima! – Ela sorriu ao passar as mãos pelos cabelos
negros. – Com a Lygia é difícil me sentir entediada.
– E como ela está?
– Bem, mas apronta horrores. Semana passada Samael a tirou do lustre do
hall.
Isabel gargalhou.
– Ela teve a quem puxar.
– Talvez. – Natasha deu de ombros. – Mas e você, irmã? como anda a
viagem? Conversei com Aron mais cedo e ele me disse que estava em
Cancun.
Isabel suspirou e rolou na cama até se sentar, mas não parou de encarar o
espelho um único segundo.
– Sim. É um lugar muito bonito. Eu adoraria que estivesse aqui.
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– Por que essa sua empolgação não me convenceu? – Natasha cruzou os


braços e inclinou o corpo na direção do espelho.
– Estou irritada com um cara. – Isabel bufou.
– Um cara, ou o cara?
– Um mal-agradecido. Salvei o pescoço dele e o ingrato não disse nada.
Natasha riu.
– Então encontrou o cara?
– Não encontrei coisa alguma! Foi só casual, dormi com ele só duas vezes.
– Se ele não significa nada porque está tão nervosa?
– Já disse, ele não me agradeceu!
– Ah, Isa, não continue negando a verdade.
– Eu gostar dele não muda nada. – Os olhos de Isabel caíram tristes e ela
soltou um suspiro melancólico.
– É claro que muda! – Natasha desejou estar perto da irmã para poder
sacudi-la.
– Não gosto de correr riscos como você e o Aron.
– Se não se arriscar ele nunca será seu...
– Mamãe! Cadê você, mamãe? – Os gritos de Lygia interromperam
Natasha.
Os olhos de Isabel brilharam ao ver a sobrinha entrar no quarto. A
garotinha pareceu ainda mais linda do que pelas fotos. Pequena, com braços e
mãos gordinhas, Isabel teve vontade de apertá-la.
– Mamãe , por que a tia Isabel está no espelho?
– Oi, Lygia!
A menina arregalou os olhos verdes e deu um pulo para trás.
Natasha riu do susto da filha.
– É a tia ali mesmo, filha. Por que não diz um oi para ela?
– Oi, titia! – Envergonhada, Lydia escondeu o rosto. Era a primeira vez
que a garota via a tia a não ser por fotos.
– Você está enorme.
– É, eu tô crescendo. – Lygia apontou para uma parede onde havia
pequenos riscos que marcavam o seu crescimento.
– Espero poder te pegar no colo antes que você esteja grande demais.
– E me contar histórias? – A garotinha sorriu. – Gosto quando o papai me
conta histórias.
– Sim, eu posso te contar histórias.
– Oba! – Lygia se voltou para mãe. – Vou procurar o papai.
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– Está bem, querida.


Natasha a beijou na testa antes de vê-la sair porta afora.
– Ela está tão linda, Natasha.
– Sim. – Os olhos da morena ficaram marejados. – Ela faz meus dias tão
felizes aqui.
– Não vão voltar para a Terra?
Natasha suspirou. Isabel havia tocado em um assunto bem delicado.
– Não. Enquanto a Lygia for uma criança vamos ficar aqui. Quando ela for
mais velha, talvez.
– Entendo. É melhor não se arriscar e você está feliz, isso que importa.
Natasha abriu um largo sorriso ao colocar uma mecha do cabelo negro
atrás da orelha.
– Estou muito feliz.
– Vou aproveitar o resto do sol e tomar um banho de mar. Até mais, Nat.
– Até, Isa.
Isabel guardou o espelho em baixo do travesseiro e se colocou de pé.
Despiu-se das roupas que usava e andou até o closet, pegou um biquíni em
uma das gavetas e se enrolou numa canga florida.
Falar com Natasha a deixou muito feliz, melhor seria apenas poder abraçar
a irmã que estava a cinco anos no inferno. Talvez quando voltasse para o
Brasil pudesse ir com Aron e Dária visitá-los.
Diante do espelho redondo no fundo do closet observou seu reflexo: os
cabelos loiros um pouco desgrenhados, a pele clara e os profundos olhos
azuis. Passou a língua pelos lábios vermelhos. Estava um pouco faminta,
salvar Salomon havia tomado de volta a energia que havia drenado dele. Na
noite encontraria outra presa.
Deixou o quarto e desceu até a orla da praia em frente ao hotel. Um
funcionário a levou até uma espreguiçadeira onde um guarda-sol ao seu lado
fazia sombra. Isabel agradeceu com um sorriso que deixou o homem sem
graça e se deitou. Pediu ao sujeito um suco e uma porção de frutos do mar
antes de fechar os olhos.
O sol quente tocava a sua pele mesmo na sombra. O mormaço só não
deixava o ar abafado devido a brisa refrescante que vinha do mar.
O garçom veio com o suco e Isabel bebericou um pouco antes de voltar
seus olhos para a imensidão azul à sua frente. A beleza do mar cristalino era
estonteante. Ela poderia ficar uma eternidade apenas o admirando.
O celular vibrou sobre a mesa em baixo do guarda-sol onde Isabel tinha o
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deixado. Ela colocou o copo de suco ao lado e puxou o aparelho.


– Aron!
– Oi, irmãzinha, se divertindo?
– O suficiente. – Isabel sorriu.
Do outro lado da linha, o Donovan mais velho tinha um sorriso que não
cabia no rosto e fez com que a loira estranhasse a inquietação do irmão.
– O que foi, Aron? – Ela se sentou na espreguiçadeira para poder observá-
lo melhor.
– Dária e eu temos alguém para apresentar a você.
Aron virou o telefone para exibir a imagem de Dária com um garotinho
nos braços. Ele era magrinho, tinha olheiras e parecia um pouco fraco. Mas o
estado de aparente desnutrição não chamou mais a atenção de Isabel do que o
cabelo ruivo cortado baixo e as sardinhas espalhadas pelo rosto. O menino
estava entretido brincando com um carrinho e nem notou a expressão de
surpresa que tomou conta do rosto da loira.
– Oh! Ele parece tanto com a Dária.
– Sim! Não é perfeito? – Aron voltou a apontar o telefone para o seu
próprio rosto.
– Vão adotá-lo?
– Já adotamos. Conhecemos ele num orfanato há uma semana. Ele tem
cinco anos e os humanos geralmente não adotam crianças mais velhas. Então
foi fácil arrumar um advogado que resolvesse tudo. – Se Aron pudesse ele
estaria pulando de alegria, mas tentou manter o tom sério. – Agora ele é
Thomaz Donovan, meu filho!
– Meus parabéns! – O grito de Isabel fez várias pessoas que estavam na
praia se virarem para ela. Assim que os percebeu a súcubo se conteve. – Mal
vejo a hora de chegar em casa e apertar essas bochechas gordinhas.
Aron riu.
– Ele não gosta muito.
– Aposto que vai abrir uma exceção para a tia Isabel.
– Ops! Caiu. – Thomaz se apoiou no braço de Dária e encarou o carrinho
no chão que antes estava segurando.
– Que vozinha mais gostosa.
Ver Lygia havia deixado Isabel feliz e triste ao mesmo tempo pois não
sabia quando poderia abraçar e brincar com a sobrinha. Mas o garotinho
ruivo estaria esperando por ela quando voltasse para casa. Já podia imaginar
o lugar cheio de vida outra vez.
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– Aqui, filho. – Aron pegou o carrinho no chão e entregou ao menino.


– Dá um oi para tia Isabel. – Dária pediu ao garoto.
– Oi. – ele disse bem baixinho antes de esconder o rosto em meio aos
cabelos cumpridos da nova mãe.
Aron riu.
– Ele se afeiçoou bem rápido a Dária. Tínhamos medo de que ele
estranhasse a temperatura da pele dela, mas pelo visto não.
– Já contou o que somos para ele?
– Ainda não. Acabamos de trazer ele para casa. Vou deixar ele aproveitar
os brinquedos novos e se acostumar a ter uma família. Com o tempo vamos
contando o restante para ele. E quando for mais velho, se for da escolha dele,
Dária o transformará em um vampiro.
– Mãe, eu quero ir no banheiro. – Isabel ouviu a vozinha bem no fundo da
chamada.
– Ele já a chama de mãe! – A loira arregalou os olhos, surpresa.
– Sim, imagina o quanto isso está deixando-a feliz. Como eu disse, ele se
apegou rápido a Dária. Ele ainda me chama de ei e tio.
Isabel riu.
– É só uma questão de tempo.
– Eu sei. Estou muito feliz apenas por tê-lo aqui.
– Aron! – O grito de Dária ecoou do outro lado.
– Vou desligar, irmãzinha. Deve ser a minha vez de dar banho nele.
– Está bem. Logo eu estarei em casa cuidando dele também.
– Até mais, Isabel.
A chamada foi encerrada e ela levou o telefone junto ao peito em meio a
um suspiro. A chegada de Thomaz talvez fosse o motivo que precisava para
adiantar sua volta para casa. O mar à sua frente era uma das coisas mais belas
que já vira, mas ele não era o bastante para suprir a necessidade que tinha de
estar junto à sua família.
Aproveitaria o resto do dia e depois ia remarcar a passagem de volta.
Tirou a canga e a colocou sobre a espreguiçadeira. Com os pés descalços
tocou a areia branca e fofa enquanto corria para o mar.
Mergulhou no meio de uma onda antes que essa se quebrasse aos seus pés.
Submergiu nadando alguns metros até a água cobrir seus seios. Passou as
mãos pelos cabelos sentindo-os molhados pela água salgada.
Se o seu corpo gostava tanto de estar na água, tentou imaginar como era
para Salomon...
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Isabel bufou e bateu as mãos na água. Lá estava ela pensando no cara


outra vez. Já deveria ter superado, como sempre.
Sim, era hora de voltar para casa...

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Capítulo 11

Salomon se revirou na cama a tarde inteira. Deveria ter dormido, precisava


de pelo menos um cochilo para estar inteiro para o seu expediente durante a
noite. Porém nem pregou os olhos.
Estava suando no lençol de tamanha inquietação. Os longos cabelos
estavam colados no pescoço e nas costas, cada vez mais embaraçados por
estarem sendo jogados de um lado para o outro.
Quis culpar Isabel por terem sido pegos, queria ficar com raiva dela. Mas
tudo o que conseguia pensar é que fora um idiota e nos ciúmes que sentia
toda vez que Ramon se insinuava para ela.
Pensou que fosse apenas um charme de súcubo agindo sobre ele. Algum
artifício de demônio para atrair os homens, no entanto, se fosse isso, o efeito
teria passado assim que entrou no mar. Então por que não conseguia tirá-la da
cabeça?
Olhou para o relógio no criado mudo ao lado da cama, esse marcava
quatro e meia da tarde. Tinha tempo de ir ver o pai, com sorte pedir conselhos
a um homem mais experiente.
Levantou-se, saiu de casa de cueca mesmo. Correndo pela areia sem se
importar com quem o visse. Sabia que alguns entenderiam, outros se
omitiriam, no fundo, todos da pequena vila já estavam acostumados a vê-lo
assim.
Logo jogou a cueca na praia pouco antes de se transformar. Mergulhou de
ponta nadando o mais rápido que pode em direção ao alto mar. Foi tão rápido
que mal sentiu as partículas da água se chocando contra o seu corpo.
Foram quilômetros percorridos em poucos minutos na direção do mar
aberto. Sob vários metros da superfície estava uma cidade aquática. Com
casas construídas de velhos corais, abrigava uma população de pouco mais de
mil sereias. A presença de muitas cidades como aquela impedia o avanço da
exploração humana dos mares. Essas criaturas se certificavam de que para os
homens o mar ainda continuasse um mistério.
Salomon nadou por alguns túneis e arcos feitos de corais até chegar a
porta da casa do pai. Deu duas leves batidas, pois a pressão da água diminuía
a força de seu movimento, mas foi suficiente para que se fizesse ouvir.

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Depois de um baixo entre vindo do outro lado, ele abriu a porta.


– Filho, você deve ler pensamentos, pois estou agora mesmo destilando
uma nova remessa da bebida.
Salomon procurou pelo homem em meio aos vários tubos de vidros e
canos que compunham o aparelho de destilar. Havia pouca luz por estarem
tão fundo no mar e dificultou ainda mais para Salomon. Depois de alguns
minutos ele encontrou o velho tritão emendando alguns canos para que o
líquido dentro deles não se misturasse com a água do mar.
– Garoto, como você está? – Ele abriu os braços para o filho.
Salomon encarou o homem antes de se aproximar. Por passar todo o
tempo dentro da água, Jason não envelhecera quase nada ao ponto de parecer
um irmão do próprio filho, mesmo que fosse séculos mais velho. O cabelo
castanho e muito cumprido estava preso em uma trança que flutuava na água,
os olhos castanhos eram gentis e as escamas da cauda eram amareladas.
Logo estavam envoltos em um abraço apertado. Salomon riu com os
tapinhas que o pai deu nas suas costas.
– Estou bem, pai. Senti saudades.
– Eu também. Fiquei me perguntando o que o meu menino estaria fazendo
lá em cima e já estava pensando em te ver.
– Nada de interessante, contínuo como barman naquele hotel.
– Provavelmente veio buscar algumas garrafas para levar. – Jason se
afastou do filho ao voltar sua atenção para o decantador.
– Não. Ainda tenho um bom estoque na minha casa. Ramon e eu não nos
embebedamos mais como antes.
Jason coçou a cabeça ao torcer os lábios.
– Então o que foi?
– Eu queria conversar. – Salomon cruzou os braços e se apoiou na parede
de coral da pequena casa.
– Achei que preferisse o Ramon a mim para esses assuntos de jovens.
– Ramon é um idiota. – Salomon bufou ao desviar o olhar do pai e encarar
uma foto dos dois na parede à sua frente.
Jason riu.
– Não acredito que os melhores amigos de infância estão brigados.
– Não estamos brigados. Ele só não consegue manter o pau dentro das
próprias calças.
– Ele dormiu com a sua garota?
– Ela não é minha garota! E acho que ele ainda não dormiu com ela,
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apesar de deixar bem claro que quer fazer isso, mesmo sendo uma das poucas
mulheres que eu pedi para ele ficar longe.
– Então essa garota é importante para você?
– Não! – Salomon se apressou para dizer e talvez tenha sido rápido demais
ao ponto de não soar confiante para o pai. – Dormi com ela duas vezes e ela
se alimentou de mim, me deixando bem fraco.
– Fraco?
– Sim. Ela é uma súcubo.
– Nossa! Nunca vi um demônio assim antes, mas ouvi dizer que são muito
bonitos.
– Ela é incrivelmente linda.
– Então qual o problema? – Jason deu nadou na direção do filho e o forçou
a encará-lo.
– Não consigo parar de pensar nela. Era para o mar ter me livrado do
encanto.
– O mar não tira as coisas do seu coração, filho.
– O que quer dizer?
– Que está gostando dela.
– Não, pai! Não estou. Só dormi com ela. Foi gostoso e divertido. Ela me
deixou exausto. Apenas isso. – Salomon olhou para a ponta de sua cauda para
não ter que fitar o pai. Não esperava ir ali e ouvir aquilo, não queria ouvir
aquilo.
– Pelo visto ainda continua evitando qualquer relacionamento na tola
tentativa de não sofrer.
– Lembro como ficou quando a minha mãe nos deixou.
– Salomon, é melhor correr o risco de perder do que não ter vivido nada.
– Ela vai embora daqui há poucos dias.
– Poderia estar aproveitando cada minuto com ela.
– Não sei se quero.
– Nem tudo é apenas a despedida. Sem a sua mãe eu jamais te teria.
– Estou bem sozinho.
– Bom, filho. Só espero que se dê conta do que realmente quer antes que
seja tarde demais. – Jason fechou uma pequena garrafa e a entregou ao filho.
– Leve para ela como lembrança da viagem.
– Está bem, agora eu preciso ir. Logo tenho que bater ponto no hotel.
Salomon abraçou o pai antes de dar as costas.
– Boa sorte... – A voz do tritão mais experiente se perdeu e meio a um
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suspiro.

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Capítulo 12

Após ficar na praia até o entardecer, Isabel voltou para o quarto do hotel e
ligou para o aeroporto. Pediu para que adiantassem sua passagem de volta
para o dia seguinte. Por mais lindo que o lugar fosse, ela estava se sentindo
muito solitária. Precisava abraçar Aron e Dária, conhecer o sobrinho e poder
apertar as bochechas gordinhas da criança.
Só uma pessoa poderia fazê-la ficar ali. Isabel conteve o pensamento ao
dobrar uma camiseta e a guardar dentro da mala. Não! Era sim hora de
voltar. Não era como seus irmãos, não estava disposta a dar murros em ponta
de faca. Não precisou de Salomon durante séculos, não precisaria dele agora.
Guardou as últimas peças que deixara sobre a cama e foi para o banheiro.
Entrou na banheira de água quente com sais de banho que já havia preparado
e se permitiu relaxar. Enquanto se afundava na espuma, observou a lua cheia
pela pequena janela do banheiro, estrelas que não conseguia ver no céu de
São Paulo faziam companhia a ela ali em Cancun.
Permitiu que sua mente vagasse o mais distante possível de qualquer
pensamento que a levasse a Salomon. Precisava de alguns poucos dias e logo
o tiraria de seus pensamentos.
Ela tomou um gole do espumante deixado ao lado da banheira e deu uma
mordida num morango suculento que pegou de uma tigela. Aproveitou sua
estadia no paraíso que já estava chegando ao fim.
Despois do banho, Isabel colocou um vestido curto e fino, deixou os
cabelos ainda molhados soltos ao vento e se maquiou um pouco. Nada
exagerado, apenas algo leve ao redor dos olhos para destacá-los.
Sorriu para o espelho antes de deixar o quarto.
Com os passos lentos, caminhou até o bar. Torcia para que não
encontrasse com ele. Não sabia se a sua reação seria bater nele ou beijá-lo.
Logo o show ao vivo a envolveu e ela parou de pensar. Deixou-se levar
pela melodia do som. Foi andando na direção do palco e parou lá, junto com
dezenas de hóspedes que dançavam.
Começou a dança enquanto observava a lua sobre sua cabeça. Esbarrou
em um ou outro hóspede e esse já se sentiu feliz apenas por receberem o
pedido de desculpas numa face tão linda e delicada.

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Salomon estava colocando uma garrafa de tequila sobre o balcão quando a


viu. Passou a mão pela testa e respirou fundo. Esperava que a conversa com o
pai fosse reveladora, mas essa apenas o deixou ainda mais confuso. Não
queria arriscar, tinha medo de arriscar. Mas e se sua falta de atitude o fizesse
perder ainda mais? Balançou a cabeça. Só precisava que ela fosse embora.
Buscou não ficar olhando para ela e concentrar toda a sua atenção na
bebida que estava fazendo para a mulher debruçada em seu balcão. Ela mexia
no cabelo castanho e era bem bonita, um tanto sensual, mas não como Isabel.
Por pouco ele não quebrou o copo de vidro em suas mãos onde virava a
bebida. Respire fundo, Salomon!
Ele não conseguiu, entre um drink e outro se pegava olhando para ela
dançando. Depois do incidente no porto, não trocaram nem mesmo uma única
palavra. Acreditava que ela estivesse com raiva e não tirava sua razão. Fora
um idiota, admitia isso, mas não queria dar o braço a torcer na frente dela.
Enquanto ela rebolava, passando as mãos pela lateral do corpo e pelos
cabelos loiros, Salomon precisou se conter várias vezes para não largar tudo e
ir até lá. Merda! O que aquela mulher havia feito com ele?
Quando um sujeito se aproximou dela, Salomon mordeu o lábio inferior na
tentativa de conter o misto de ciúme e raiva que tomou seu corpo. Ver um
estranho passando as mãos pelo corpo curvilíneo fez seu sangue ferver, mais
do que com as diretas de Ramon.
– Está tudo bem, cara? – Um homem alto junto ao balcão esperando sua
bebida estranhou a expressão no rosto de Salomon.
– Sim, está.
Ele respirou fundo. Passou as mãos pelos cabelos cumpridos e os jogou
para trás antes de voltar a preparar a bebida do sujeito que ainda o encarava
desconfiado. Ele colocou uma sombrinha de papel para finalizar e entregou o
copo ao homem.
– Muito linda ela, não é? – O sujeito bebericou o drink e com o canudinho
apontou para Isabel a alguns metros dele.
Salomon apenas assentiu com a cabeça.
– Parece sozinha. Acho que vou me oferecer como companhia quem sabe
não ganho uma boa noite.
– Não! – Salomon quase subiu no balcão para segurar o homem pelo
ombro.
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O cara se virou para ele com os olhos arregalados e os lábios cerrados.


Quis socar o barman idiota.
– Por que não?
– Porque ela está acompanhada sim. Vi ela com alguém.
– Então se ele a deixou sozinha aqui é um estúpido.
Salomon cerrou os dentes e fechou os punhos, cravou as unhas contra as
palmas das mãos e respirou fundo para não socar o homem à sua frente.
Apoiou-se no balcão ao ver que sua atitude apenas o havia exposto ao
ridículo. Não era um homem desequilibrado, mas no momento não
reconheceu a si mesmo.
Quando viu o idiota com o drink numa mão e com a outra deslizando pela
bunda de Isabel, Salomon quase rosnou como um animal feroz. Precisava sair
dali se não quisesse matar alguém ou a si mesmo.
Quando estava prestes a sair e contar ao gerente meias verdades sobre sua
dor de cabeça deu de cara com Ramon que se contorcia para não rir dele.
– Não admite que está a fim dela, mas fica aí todo se roendo de ciúmes.
– Não posso fazer nada. – Salomon deu de ombros.
– Acredita muito pouco no seu taco, meu amigo. Aposto que se for lá ela
espanta todos aqueles otários urubuzando em cima dela.
– Não diga besteira.
– Se você não vai vou eu.
– Que porra de amigo você é? – Quando Salomon se deu conta já havia
subido o tom de voz.
Ramon não conteve o riso.
– Um que está tentando te acordar para não perder aquela gata por mole
idiota.
– Não vou perder algo que nunca tive.
– Aff! – Ramon bateu com a mão na testa. – Você já foi mais esperto.
– Se der errado vou descontar em você.
– Já faz isso.
Salomon engoliu em seco e deu um passo na direção de Isabel. Sentia seu
coração quase saindo pela boca como se fosse um garoto. Não ficava assim
desde que deixara de ser um adolescente. Chegar em uma mulher costumava
ser bem fácil, principalmente se essa já dava sinais claros de que estava a fim
dele. Mas com Isabel não era apenas ficar com ela. Finalmente admitiu que
queria mais.
A passos calmos, ele se aproximou da roda de homens que já havia se
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formado ao redor da bela mulher. Cutucou o ombro do que dançava atrás dela
é o fez parar.
O cara do drink que antes o irritara, virou-se para Salomon de dentes
cerrados. O tritão viu um relâmpago de raiva cruzar os olhos castanhos do
homem.
– O que está fazendo aqui, barman?
Isabel ouviu a pergunta feita num tom de raiva e se virou para trás. Foi
inevitável conter o sorriso quando seus olhos encontraram os dele.
– Salomon. – Ela colocou as mãos na cintura e o encarou.
– Isabel. – Ele estendeu a mão para ela.
Ela manteve os olhos nos dele e hesitou. Toda a raiva que sentiu por ele
ter se comportado como um idiota se desfez naquele olhar. Isabel sentiu suas
pernas ficarem bambas e o coração disparar no peito. Queria manter a
postura, fazer-se de difícil, brigar com ele. Entretanto tê-lo ali à sua frente a
lembrou de que no dia seguinte iria embora e era a última chance de estar
com Salomon, quis aproveitar o momento.
Isabel estendeu a mão e segurou a dele.
O sujeito que antes dançava com ela começou a brigar, mas ela não deu
ouvidos.
– Vai dançar comigo outra vez?
– Isso ou o que quiser. – Salomon a puxou para junto de si.
Isabel sentiu o calor do peito largo dele e suspirou. Salomon era uns bons
centímetros mais alto que ela e foi fácil aconchegá-la em seus braços.
– Me desculpa por não ter nem te agradecido por ter nos ajudado com os
traficantes. – Ele sussurrou ao pé do ouvido de Isabel.
– Que bom que reconhece que foi um idiota.
Salomon riu com os lábios contra o pescoço dela.
– É eu fui.
Isabel o empurrou pelo peito e Salomon a segurou pelo pulso, fazendo-a
girar e depois vir parar junto ao seu peito outra vez.
Ele deslizou as mãos pela lateral do corpo até a cintura dela, enquanto
ambos começavam a se mover no ritmo da música. Enquanto guiava o
rebolado da cintura dela com as mãos, Salomon deu razão ao pai: era melhor
viver breves momentos como aquele do que não ter vivido nada.
Com os olhos fixos no mar azul dos de Isabel, movendo seu corpo junto
com o dela, Salomon ignorou os olhares de raiva lançados na direção dele.
Por hora a garota era sua. Deslizou a mão até o de Isabel e mordiscou o lábio
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inferior arrancando da súcubo um leve gemido antes de girá-la.


Isabel levou as mãos até a nuca de Salomon, deslizou os dedos pelos
cabelos longos. Os lábios com gosto de mar chamavam os seus. Não queria
mais ficar ali na vista de todos.
– Vamos para o meu quarto.
– Já? – Um sorriso malicioso surgiu nos lábios de Salomon enquanto ele
os percorria com a língua. Sabia muito bem o que tal pedido significava.
– Sim. Agora. – A voz de Isabel saiu trêmula pelo calor que ele despertou
em seu corpo.
– Como desejar. – Deu um selinho em Isabel.
Ao passar pelo sujeito com o drink na mão, que ainda olhava com fúria, o
tritão riu.
– Eu disse que ela estava com alguém. – Salomon não resistiu em
provocar o sujeito.
Pegou-a​ no colo e foi na direção dos elevadores. Esperava que seus
patrões não dessem falta dele pelo resto da noite e que Ramon cobrisse o seu
posto.
Salomon nem se lembrou de quanto tempo precisaram até chegar ao
quarto dela, pois passou todo o percurso com os olhos fixos nas curvas de
Isabel.
Diante da porta, ela tirou a chave do meio dos seios e abriu-a, puxando
Salomon para dentro. Nem se preocupou em acender a luz enquanto suas
costas batiam contra a parede fria. Nunca ansiou tanto pelo toque de um
homem quanto ansiava pelo de Salomon.
Suspirou quando os lábios quentes dele tocaram a base do seu pescoço.
Fechou os olhos e se entregou a sensação. Era fácil entender a diferença
daquele tipo de sexo dos que fazia apenas para se alimentar. Ali tinha um
desejo e fogo que percorria cada um de seus nervos.
As mãos firmes e fortes de Salomon percorrendo a lateral do seu corpo,
apertavam, provocavam formigamentos. Quando ele começou a puxar para
cima o seu vestido, Isabel ergueu os braços permitindo que o tritão a despisse
com facilidade.
Com uma mão no corpo dela, Salomon usou a outra para tatear a parede
em busca do interruptor. Chegava a ser uma ofensa transar com uma mulher
tão bonita quanto Isabel sem poder olhá-la nua, sem ver as expressões de
prazer se formarem em seu rosto.
Muito linda, talvez fosse toda aquela beleza que o deixava tão louco,
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Salomon se questionou enquanto percorria com a língua a elevação dos seios


dela para fora do sutiã. Eles subiam e desciam em meio a respiração
descompassada.
Isabel soltou um gritinho e se remexeu quando ele mordeu a curva de um
dos seus seios. Logo a leve dor deu lugar ao calor dos lábios de Salomon.
Beijando o pescoço, acima dos seios e entre eles, o tritão puxou a súcubo um
pouco para frente e abriu o fecho do sutiã branco. Deslizou-o pelos braços
finos e o jogou no chão. Lambeu um dos mamilos rígidos se deliciando com a
forma como ela se contorcia de prazer, com os lábios semiabertos, os olhos
girando nas órbitas. Brincou com ele com a ponta da língua, a fez gemer,
rebolar contra a parede e suplicar antes de abocanhar o seio e começar a
chupá-lo.
Em meio a um suspiro, Isabel jogou a cabeça para trás e a bateu contra a
parede. O prazer em que estava imersa nem a deixou sentir a leve dor. Gemeu
mais alto quando Salomon agarrou o outro seio, apertando-o com a mão. Seu
corpo inteiro estava formigando, ansiava por mais toques dele.
Com a mão livre, Salomon puxou a calcinha fio dental e a arrebentou num
tranco, jogando o que restou do tecido ao chão.
Usou a ponta da língua para traçar uma linha dos seios de Isabel até o
meio das pernas dela. Ajoelhou-se diante da súcubo e provou do seu gosto.
Isabel gemeu ao abrir mais as pernas enquanto sentia brincar com seu
clitóris com a ponta da língua. Apoiou uma mão no alto da cabeça de
Salomon e cravou as unhas da outra na parede. Naquele momento desejou
estar deitada na cama pois temeu que suas pernas fossem ao chão. Mas
quando Salomon segurou com as duas mãos a bunda dela, Isabel soube que
não cairia.
Recebera poucos orais ao longo dos séculos, muitos deles foram de
mulheres, homens geralmente estavam preocupados demais em penetrá-la
para perderem tempo com tal preliminar. Não os culpava, ela própria estava
preocupada que atingissem logo orgasmo e pudesse se alimentar. Mas com
Salomon... Com ele era diferente, queria poder sentir todo o prazer que o
tritão era capaz de lhe proporcionar.
Estava se derretendo com os movimentos da língua dele. Alisava os
cabelos longos com as pontas dos dedos e o olhava, tentando não gritar muito
alto. Porém, quando Salomon fechou os lábios ao redor do clitóris de Isabel,
ela mordeu a boca e gritou.
Isabel tinha um gosto doce e viciante e Salomon soube que se não fosse o
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próprio desejo poderia passar uma noite inteira a servindo só com a língua,
fazendo-a perder as contas de quantas vezes chegou ao ápice. Pelas pernas
trêmulas que vibravam contra ele e os gemidos soube que estava no caminho
certo.
Logo Isabel se apoiou na parede e sentiu todo o seu corpo se contorcer em
espasmos, enquanto o orgasmo a deixava sem fala. Ofegante, ela fechou os
olhos e se entregou as deliciosas sensações.
Quando tomou de volta o controle de si, Isabel puxou Salomon pelos
cabelos e o fez se levantar. Rendeu os lábios dele para si e o beijou com todo
o fogo que o homem havia despertado.
O tritão mordiscou a boca macia e traçou um caminho de ida e volta até o
pescoço. Com as mãos explorava sem pudor as curvas que compunham
Isabel. Tocou cada milímetro dela e isso já estava o deixando louco.
Foi um alívio quando as mãos delicadas vieram até o zíper de sua bermuda
e a abriram. A própria gravidade puxou a peça para o chão. Mordicavam os
lábios um do outro enquanto ela se desfazia da cueca e pegava com as duas
mãos o pênis rígido que pulsava.
Salomon agarrou com força as coxas de Isabel e a ergueu no ar, fazendo-a
abraçar com as pernas a sua cintura. Num tranco, penetrou-a fazendo com
que as costas dela batessem contra a parede. Arfou ao sentir a umidade dela o
envolver. Seu corpo desejava loucamente estar dentro do dela.
Isabel abraçou o pescoço dele, enquanto o sentia começar a investir contra
o seu interior. As estocadas começaram com um ritmo lento, mas todo o
pênis de Salomon entrava para dentro dela. A sensação de tê-lo dentro era
deliciosa. Isabel era incapaz de medir a dimensão do prazer que sentia no
momento em que gemia e suas costas batiam contra a parede.
Ela deslizou as unhas pelos ombros dele, deixando marcas ao apoiar sua
testa na de Salomon. Encarou os olhos castanhos e o sorriso que dirigiu a ele
logo se transformou em uma expressão de prazer.
Salomon deslizou as mãos até a bunda dela, acariciou e apertou a região
quente e macia. O corpo de Isabel era melhor do que qualquer praia em que
esteve, e dentro dela se sentia tão bem quanto dentro do próprio mar.
Conteve-se como pode para prolongar o prazer pelo maior tempo possível.
Mas o estímulo era tanto que não conseguiu. Apoiou as duas mãos na parede
enquanto todos os seus músculos se contraiam. Parou de se mexer, porém
Isabel continuou a mover-se contra ele. Logo se esvaiu dentro dela. O
orgasmo o deixou sem ar por longos minutos e quando voltou a respirar
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estava ofegando como se tivesse corrido uma maratona.


– Você é incrível. – Salomon acariciou o rosto de Isabel, olhando-a se
aninhar ao toque como uma gata manhosa.
A súcubo o puxou para si e em meio a um beijo e tomou um pouco da
energia dele. Salomon não protestou, deixou que ela se alimentasse até estar
exausto. Iria para o mar assim que possível e recuperaria a energia perdida.
– Já volto. – Isabel deu um selinho nele antes de entrar para o banheiro.
Salomon foi até a cama e se jogou no colchão macio. Viu as malas
arrumadas junto ao móvel onde ficava a televisão, entretanto uma parte de
sua mente o fez pensar que sempre estiveram ali. Quando ela saiu do
banheiro, com os cabelos loiros brilhando sob a luz das lâmpadas de LED
encrustadas no teto rebaixado de gesso, Salomon não se preocupou em pensar
em mais nada que não fosse ela.
Isabel subiu na cama e engatinhando foi até ele. Salomon a puxou,
passando a mão pela nuca, e a beijou.
– Já vai embora? – Isabel o provocou ao lembrar de como ele saiu
correndo da última vez em que fizeram sexo.
– Quer que eu vá?
Isabel o encarou ao percorrer com o dedo da linha do pescoço ao umbigo
dele. Salomon mal tinha pelos pelo peito.
– Não, não quero. – Ela confessou ao desviar o olhar.
Ele a segurou pelo queixo e a fez voltar a encará-lo.
– Então acho que posso ficar mais algumas horas.
Isabel o beijou brevemente. Sentiria falta daqueles lábios ressecados de sol
que raspavam ao tocarem os seus.
Salomon a puxou e envolveu-a em seus braços. A pele tão macia, o
perfume suave e delicioso dos cabelos loiros contra o seu nariz. Isabel era
linda, tão delicada e ao mesmo tempo tão forte. Ao deslizar a mão por uma
das coxas dela foi fácil para Salomon entender por que havia se apaixonado.
Isabel se ajeitou junto ao corpo dele. Era a primeira vez que ficava de
conchinha com um homem, com os braços firmes abraçando-a contra o peito
quente. Suspirou. Era tão bom aquele tipo de carinho quanto imaginou que
fosse. Sentia sua pele formigar onde ele percorria com os dedos, acariciando-
a dos ombros até a coxa. Sentia vários calafrios que percorriam todo o seu
corpo mesmo que a pele de Salomon fosse quente.
Ele puxou o cabelo dela para o lado e deu leves beijos e mordidas que a
faziam se contorcer. A bunda redonda se esfregando contra seu pênis logo o
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deixou duro outra vez. A possibilidade de tê-la outra vez fez Salomon se
esquecer do cansaço.
Um gemido abafado saiu pelos lábios cerrados de Isabel quando ela o
sentiu deslizar outra vez para dentro de si. A penetração sem aviso foi
deliciosa e a fez rebolar contra a pélvis dele e empinar um pouco a bunda.
Salomon a segurou pela cintura e entrou todo. Gemeu contra a orelha em
seus lábios antes de mordiscá-la. O corpo de Isabel era sedutor demais,
delicioso demais, entretanto ele não teve mais medo de estar viciado. Ramon
e seu pai estavam certos, seria um idiota se não ficasse com ela.
Segurando firme a cintura de Isabel, os movimentos de Salomon ficaram
mais intensos e urgentes. Ele deslizava para fora e dava trancos ao entrar,
fazendo Isabel dar leves pulinhos na cama, e arrancando dela gemidos que
adorava ouvir.
Naquela altura Salomon era apenas seus instintos. Embriagado pelo prazer
de estar com Isabel, movia-se numa busca cega pelo orgasmo, contudo logo
sua consciência o lembrou de que precisava dar a ela o tamanho prazer que
estava sentindo. Tirou uma das mãos da cintura e a levou até a junção das
pernas de Isabel. Demorou alguns segundos para encontrar o clitóris e
começar a estimulá-lo com uma pressão leve e movimentos circulares.
Isabel jogou a cabeça para trás apoiando-a no ombro largo do tritão.
Estava entregue a ele, ao prazer que a proporcionava. Estar com Salomon
fazia muitas coisas pelas quais ela procurava por impulso fazerem sentido.
Química, paixão, desejo, prazer... Tais simples palavras eram tão claras em
sua mente naquele momento, pois o cara com quem estava transando
despertava todas elas.
Sentiu-o morder sua orelha enquanto deslizava para fora e enfiava fundo
outra vez. Quis gritar, dizer a ele que se queira enlouquecê-la já estava
conseguindo, mas julgou as palavras desnecessárias no momento, seus
gemidos cada vez mais altos já diziam muito.
Com o corpo trêmulo, Isabel perdeu o último fio de pensamento claro
antes de ser envolvida pelo êxtase do orgasmo. Paralisada pelo formigamento
dos espasmos ela o sentiu continuar a mover-se dentro de si mais algumas
vezes até parar e apertar com força sua cintura. Odiou a posição por
impossibilitá-la de ver a expressão de prazer no rosto dele ao se juntar a ela
no clímax.
Após alguns minutos de respiração ofegante e músculos tensos, Salomon
recuperou o controle do próprio corpo e voltou a beijá-la e acariciá-la.
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Isabel se aninhou nele ainda o sentindo dentro de si. Havia sido uma ótima
última noite naquele lugar lindo, dormira mais uma vez com o cara que
despertava nela sentimentos que sempre quis sentir.

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Capítulo 13

– Como tem coragem de me dizer que não sabem de nada? Uma mulher,
uma única mulher e não conseguiram encontrá-la seus incompetentes! –
Felícia bateu com as mãos com força sobre uma mesa de metal. Por pouco o
impacto não quebrou uma das unhas longas e pintadas de vermelho.
Os homens ao redor dela se encolheram assustados com o excesso de
raiva.
– Mas são um bando de imbecis mesmo. – Ela prosseguiu ao jogar o
cabelo para trás. – Só para começar, não sei como uma mulher sozinha, uma
mulher desarmada, matou três dos meus homens e fez dois de panacas.
– Ela não parecia humana, senhora. Era bonita demais e tinha uma voz... –
Um dos homens ousou sair das sombras de uma pilastra que o cobria e
encarar a fúria da líder.
– Não parecia humana? – Felícia levou a mão à boca e fingiu conter uma
gargalhada. – São uns imbecis mesmo!
– Mas não perdemos nosso carregamento. – O sujeito insistiu enquanto o
restante achou mais prudente continuar escondido nas sombras.
– Por sorte, por pura sorte.
Felícia deixou seu corpo cair sobre a cadeira de metal e encarou seus
capangas, que a rodeavam, dispostos pelo galpão onde estavam. Muitas luzes
no teto estavam queimadas, deixando o local na penumbra, isso no momento
pareceu muito favorável àqueles que queriam escapar da fúria.
– Pelo visto também não tem informações dos panacas que tentaram parar
o carregamento.
Não houve resposta. Nenhum dos homens ousou dizer nada e provar mais
da raiva que já exalava em todas as direções.
Felícia balançou a cabeça em negativa e se abraçou, batendo as unhas
contra os próprios braços. Não acreditava que chegara tão longe no mercado
negro sendo servida por aquele bando de jumentos.
– Vamos encontrá-los, senhora.
– Assim espero, ou a cabeça de vocês começará a rolar, uma a uma, até
que o restante me traga a cabeças desses sujeitos em um espeto de churrasco.
– Sim, senhora. – Todos repetiram em coro antes de se curvarem.

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– Quero a segurança reforçada para o próximo carregamento na sexta.


Subornem quantos policiais for necessário para que tudo ocorra
perfeitamente.
Felícia respirou fundo antes de se virar para as grandes janelas do galpão
que exibiam algumas das docas que compunham o porto. Esperava que não
tivesse mais problemas com aqueles três, mas se eles retornassem ela não
seria misericordiosa.

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Capítulo 14

Isabel não dormiu. Quis aproveitar cada segundo da última noite com
Salomon. Acariciando com as pontas dos dedos o contorno do rosto másculo,
sentindo os pelos da barba aparada no queixo, quis gravar em sua memória
cada detalhe dele.
No fundo, ela não queria ir embora, se pudesse ficaria com Salomon.
Porém não estava disposta pedir pela atenção dele e era horrível ficar
sozinha, mesmo em um lugar tão belo.
Quando o sol começou a surgir na janela, soube que o tempo com
Salomon estava chegando ao fim. Era bom ele estar em um sono pesado, era
mais fácil, Isabel odiava despedidas, principalmente uma que tinha fortes
chances de fazê-la chorar.
Observou mais uma vez o homem alto deitado sobre o lençol branco, com
os cabelos longos espalhados no travesseiro. A pele bronzeada, os lábios
finos, as sobrancelhas grossas. Como ele era lindo!
Isabel suspirou antes de se curvar e tocar os lábios dele com os seus.
Salomon apenas se moveu na cama, mas continuou dormindo.
– Sentirei sua falta.
Isabel se levantou antes de mudar de ideia e perder o voo que brigou para
remarcar. Seriam boas lembranças de Cancun.
Tomou um banho rápido. Vestiu uma calça jeans e camiseta. Enquanto
penteava os cabelos loiros diante do espelho sobre a pia do banheiro, Isabel
pensou no irmão e no novo sobrinho, isso lhe devolveu a expectativa de
voltar para casa.
Juntou as últimas coisas, pegou as malas e olhou Salomon dormindo.
Gravaria a imagem em sua mente pela eternidade.

Salomon acordou com seu celular tocando. Levantou-se da cama deixando


um dos travesseiros cair ao chão, mas não o pegou, precisava encontrar a
bermuda onde estava o telefone.
– Oi, Ramon. – A voz dele era puro sono. Estava cansado por Isabel ter se
alimentado dele, mas a noite bem dormida o garantiu o controle sobre as
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próprias pernas.
– SEU IDIOTA! Eu não acredito que passei a noite servindo bebidas no
seu lugar, para você deixar a gata ir embora.
– Hã! Como assim? – Salomon piscou os olhos castanhos olhando ao
redor. – Dormimos juntos, eu estou no quarto dela.
Salomon não a encontrou na cama, não viu as roupas femininas que
deveriam estar jogadas ao chão junto com as suas. Onde estavam as malas
que tinha certeza ter visto ao lado do móvel da televisão? Um aperto tomou
conta do peito do tritão enquanto ele passava as mãos pelo cabelo. Sentiu
falta de ar e caiu de joelhos sobre o chão frio. Tudo o que temia aconteceu.
– Você a levou embora? – Teve medo da resposta de Ramon, mas não
evitou a pergunta.
– Não. Cheguei atrasado no hotel e quando estava me apresentando na
recepção a vi entrar em um táxi para o aeroporto. Por que a deixou ir?
– Eu não deixei. Ela foi.
– Em algum momento você disse a ela que queria que ela ficasse?
– Não.
– Então é mais estúpido do que eu imaginei. Como quer que a mulher
fique com você se ela não sabe que essa é sua vontade? Seu idiota!
– Eu entendi, Ramon. Perdi ela...
Salomon olhou para as cortinas na janela, sentia um nó na garganta e
estava em choque. Os gritos do amigo nem conseguiam lhe provocar raiva ao
ponto de revidar com qualquer grosseira.
– Não, cara! Levanta daí. Não tem dez minutos que ela pegou o táxi. Se
pegar a moto agora e for para o aeroporto, ainda consegue impedir que ela
entre naquele avião.

Isabel olhou para a criança que brincava com um urso de pelúcia sentada
no colo da mãe. A pequena menina sorriu quando seus olhos encontraram os
da súcubo.
Ao apoiar as mãos sobre os braços frios da cadeira de ferro da sala de
embarque, Isabel se sentiu feliz, pois dentro de algumas horas poderia brincar
com o seu sobrinho.
Puxou a bolsa de mão que jogara na cadeira ao lado e pegou dentro dela o
seu telefone celular. Aron mandara várias fotos do novo filho e dissera em
uma mensagem que mal via a hora de Isabel se juntar a eles. Ao olhar para as
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fotos do pequeno menino ruivo, ela soube que o melhor era mesmo ter
adiantado sua volta. Foi tolice imaginar que se sentiria melhor sozinha.
Tentar em outro lugar esquecer a dose de inveja que tinha dos irmãos mais
velhos por terem encontrado os amores de suas vidas foi estupidez. Deveria
aceitar seu destino sozinha e ficar contente apenas por ter a família que a
amava.
Sorriu ao passar o dedo pela tela fina do telefone que exibia a foto dela
com os irmãos. Isabel tinha eles e não deveria se sentir tão sozinha,
principalmente agora que encontrara uma forma de conversar com Natasha,
de vê-la.
Um garoto de cabelos cumpridos brigando com a máquina de
refrigerantes, que havia engolido suas moedas, fez Isabel se lembrar de
Salomon, por mais que evitasse a lembrança dele. Seria mais difícil esquecê-
lo do que imaginava. Mesmo após o banho, ainda sentia o cheiro de mar dele
em seu corpo. Jurou que se fechasse os olhos sentiria o toque da mão firme
dele em sua pele.
Será que era assim que Natasha se sentiu com Dante? Lembrou-se de
como Aron havia ficado aéreo com os pensamentos em Dária o tempo todo
até conseguir conquistá-la.
– Isabel... – A voz de Salomon ecoou em sua cabeça.
Ela fechou os olhos e respirou fundo. Precisava tirar a lembrança dele, tão
forte em sua mente, ou se arrependeria de ter ido embora.
– Isabel!
Ela ergueu a cabeça. Viu as pessoas ao seu redor na sala de embarque
olhando de um lado para o outro. O coração disparou no peito quando ela se
deu conta de que o chamado pelo seu nome não vinha de sua cabeça e sim
dos autofalantes espalhados nas paredes.
– Isabel. – A voz de Salomon estava um pouco chiada, contudo ela nem
notou isso, pareceu alta e clara.
Houve um breve momento de silêncio antes dela voltar a ouvi-lo.
– Eu sei que eu fui um idiota. Não deveria ter deixado você chegar até
aqui, sem antes me ouvir dizer como eu me sinto quando estou contigo. Eu
realmente espero que ainda haja tempo de te impedir de pegar esse avião. De
te impedir de ir para longe de mim. Desde que a conheci, você tem roubado
cada um dos meus pensamentos. Não consigo fechar os olhos sem ver seu
rosto. Não consigo evitar os ciúmes, quando qualquer outro homem se
aproxima de você. Fui um idiota por não ter dito antes, olhando nos seus
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olhos, o quanto eu gosto de você.


O chiado da caixa de som ecoou pela sala imensa em silêncio. Todos ali
pararam para ouvir o breve discurso de Salomon.
– Se está me ouvindo, se sente o mesmo, como me arrisco a dizer que sim,
peço que por favor fique. Fique aqui comigo, Isabel!
A voz de Salomon sumiu, foi substituída pela última chamada ao
embarque para o voo em direção ao Brasil.
Isabel ficou estática. Seu corpo pareceu grudado a cadeira desconfortável
e de metal frio. Era tudo o que queria ouvir, mas nunca imaginou que ouviria.
Aquela era a deixa que precisava para ficar.
Pegou sua bolsa de mão e seguiu na direção contrária ao embarque.

Salomon estava nervoso. Depois de ter conseguido um favor de um amigo,


que o deixou falar na central de transmissão do aeroporto, ele não sabia se
fora o bastante. E se todos o tivessem ouvido menos a única pessoa que
importava?
Com as mãos dentro dos bolsos, tentava se esquecer de que elas suavam
frio. Estava ali há alguns minutos, no entanto sentia como se fossem horas.
Olhava para as portas de metal, que separavam ele da sala de embarque, com
o coração na boca. Se fosse tarde demais era culpa de sua estupidez e
arrogância.
Quando estava prestes a desmoronar dentro de si mesmo, viu os cabelos
loiros presos num rabo de cavalo, a pele branca levemente avermelhada nas
bochechas.
A poucos metros um do outro, eles se encaram por longos segundos. Os
olhos azuis se perderam nos castanhos.
Salomon foi o primeiro a dar um passo. Hesitara demais em tomar
qualquer decisão antes e isso quase lhe custou a possibilidade de um
relacionamento.
Isabel abriu os braços e ele correu até ela, cruzando a distância em
milésimos de segundo. Abraçaram-se, o abraço mais caloroso e forte que
qualquer um dos dois já experimentara.
Salomon sentiu o calor dela contra o seu corpo e isso tirou um peso de
suas costas que o fez respirar melhor.
Isabel levantou o rosto e seus lábios encontraram os dele. Assim que
começaram a se beijar, a multidão de curiosos, que havia se formado ao redor
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deles, começou a gritar e bater palmas, porém os dois estavam numa bolha
formada pelo próprio sentimento que não os permitiu notar quem quer que
fosse ao seu redor, um via apenas o outro.
O beijo começou calmo e terno, apenas com os lábios se roçando com
carinho. Mas quando Salomon invadiu a boca de Isabel com a língua, ele a
puxou com mais força contra o seu corpo e intensificou também o beijo. Ele
precisou se controlar para não acariciar o corpo dela ali mesmo, deslizar as
mãos até a bunda que gostava tanto de apertar, mordiscar a orelha e o
pescoço, mas tais carícias teriam que esperar o momento até que estivessem
sozinhos.
Isabel parou o beijo, mas recusou a tirar os braços do redor do pescoço de
Salomon. Encarou-o. Sentiu seu perfume, o toque e o cabelos longos.
– Por que não disse que gostava de mim antes?
– Eu costumo ser orgulhoso demais. Nunca admiti que gostava de mulher
alguma. – Ele deslizou os dedos pelo contorno macio do rosto de Isabel.
– Então por que para mim?
– Porque me faz sentir como nunca senti. Quando eu a beijo, quando eu a
toco, meu mundo para, só vejo você, só sinto as sensações que desperta no
meu corpo.
– Deveria ter dito isso antes, porque era tudo o que eu queria ouvir.
– Então vai ficar?
– Já me fez perder o avião mesmo. – Isabel deu de ombros.
Salomon abriu um largo sorriso e segurou-a​ pela cintura, fazendo-a girar
no ar. Depois a puxou de volta e beijou-a mais uma vez.
– Me ajuda a procurar minhas malas ou vou ficar sem roupas.
– Não acho uma má ideia. – Ele a mordiscou na orelha.
Isabel deu um sorrisinho e um tapinha no peito dele.
– Não o tempo todo.

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Capítulo 15

Isabel sentiu suas costas tocarem o colchão macio. Um arrepio varreu seu
corpo quando os lábios de Salomon tocaram seu pescoço, os dentes dele
mordiam sua pele. Ela abriu as pernas num movimento involuntário, estava
louca por ele e mal haviam começado a se tocar.
– Não se alimenta de mim agora. – Salomon sussurrou no ouvido de
Isabel. – Preciso tomar um banho de mar antes.
Ela assentiu ao passar os dedos pelo cabelo dele, puxando os fios longos,
enrolando-os em sua mão.
Salomon se ajeitou entre as pernas distanciadas da súcubo, enquanto
beijava e moradia os lábios e o pescoço, descendo até a região dos seios.
Contorcendo-se na cama com os beijos quentes dele, Isabel levou as mãos
até os quadris de Salomon e começou a puxar a camiseta cinza que ele usava
para cima, até retirá-la pelos braços.
Ele parou de beijá-la apenas para se livrar das roupas que ainda usavam.
Jogou a camiseta dela no chão e a segurou pelos pulsos, mantendo-os presos
a cama.
Isabel gemeu fitando os olhos castanhos dele. Fingiu tentar se soltar e
mordeu os lábios de um jeito sexy.
Salomon perdeu o controle para o desejo voraz que banhou suas veias. Ela
era tão linda! Passou a língua pelo lábio inferior de Isabel antes do mordê-lo,
arrancando dela um gritinho.
Isabel passou seu pé direito pela perna de Salomon, arranhando ele.
Queria passar as mãos pelos ombros do tritão, porém ele ainda segurava seus
pulsos e não era momento para medir forças. Além disso, era gostoso dar a
ele o controle.
Sentiu um arrepio varrer seu corpo quando ele passou a língua entre seus
seios, para finalmente soltar os pulsos e agarrá-los. Salomon retirou o sutiã,
apertou os seios, brincou, mordiscou e lambeu os mamilos. A forma como
Isabel reagia a cada toque, cada carícia, era um incentivo a mais para que ele
continuasse saboreando-a.
Isabel se contorceu na cama quando o tritão abocanhou um dos seus seios,
chupando-o, enquanto com as mãos Salomon percorria as suas curvas,

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apertava o seu corpo. As carícias, os toques e beijos logo a levaram a um


nível de prazer que só encontrou nos braços dele. Dormira com uma
quantidade de homens tão alta que já perdera a conta, mas nenhum deles a fez
se sentir como Salomon fazia, ou mesmo enlouqueceu-a como ele.
Salomon deslizou os lábios pelo ventre da súcubo, deixando um caminho
molhado que provocava arrepios, retirou a calça jeans e a calcinha, até
encontrar o clitóris, exposto entre as pernas distanciadas. Lambeu-o devagar e
viu como Isabel revirava os olhos, jogava a cabeça para trás e remexia na
cama. Não soube se era pelo seu próprio tesão por aquela loira linda, mas era
fácil tocar os pontos que a faziam enlouquecer, quase instintivo.
– Espera. – Isabel precisou de muita força para dizer aquele breve protesto
enquanto o empurrava para trás pelos ombros.
Salomon mordeu os próprios lábios fingindo estar emburrado com a
intromissão, mas logo entendeu quando ela o fez se deitar na cama e ficou
de quatro sobre ele, deixando a cabeça do tritão entre suas pernas.
Ele ergueu a cabeça e agarrou a bunda dela, fazendo-a abaixar um pouco
os quadris, para que pudesse retomar de onde havia parado.
Isabel arfou quando a língua dele voltou a tocar seu clitóris. Com
movimentos circulares e de vai e vem, não gemer alto era impossível.
Com as mãos trêmulas, inebriada pelo prazer, foi mais difícil segurar o
pênis dele à sua frente do que imaginava. Abocanhou-o sem demora,
abafando seus próprios gemidos. Chupou-o intensamente com ele todo dentro
de sua boca, saboreou, lambeu.
Entre movimentos com a língua e gemidos, Salomon se perdeu. O tritão
estava acostumado a revezar na hora do sexo oral, não um fazer no outro ao
mesmo tempo. Era difícil se manter concentrado em dar prazer a Isabel, se o
que ela o proporcionava o tirava tanto de órbita. No entanto, não era menos
delicioso, pelo contrário, o estímulo era ainda maior.
Passou as unhas pelas nádegas dela, deixando a pele clara com riscos
vermelhos. Deu alguns tapinhas enquanto a sentia rebolar contra o seu rosto.
Isabel o tirou da boca para poder lambê-lo em toda a sua extensão, como
se fosse um pirulito. Delicioso... sua boca salivava. Estava alucinada e se o
ritmo continuasse logo chegaria ao orgasmo.
Rolou para o lado da cama, saindo de cima dele e o forçou a parar.
Salomon estava prestes a protestar quando a viu subir sobre seus quadris.
Enquanto o encarava de um jeito muito sexy, Isabel uniu seus corpos e o
tritão se esqueceu de qualquer outra coisa.
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Ele ergueu as mãos e agarrou os seios que saltavam aos seus olhos.
Mordeu os lábios para conter um gemido alto, quando Isabel ergueu os
quadris, tirando-o quase todo de dentro dela, e depois sentou de uma vez,
fazendo-o entrar tão fundo ao ponto de tocar o colo do útero. Moveu os lábios
em um gostosa e o sorriso que recebeu de volta o deixou ainda mais louco
por ela.
Levou as mãos até as nádegas e a ajudou a ditar os movimentos. Salomon
estava se viciando em fazer sexo com Isabel e esse era o melhor vício que já
experimentara. Sentia as paredes da vagina envolverem seu pênis, apertá-lo,
espremê-lo. Era bom demais até para se manter são. Esqueceu-se de qualquer
coisa que não fosse seus corpos juntos se movendo num ritmo só deles.
Isabel arranhou o peito dele com as unhas afiadas, em meio a um grito,
enquanto sentia seu corpo todo vibrar e se contorcer com os espasmos. O
orgasmo tão intenso roubou o ar de seus pulmões e a deixou esgotada, assim
Isabel desmoronou sobre o peito de Salomon. Com a respiração ofegante,
ficou fora de órbita por longos minutos.
Salomon manteve as mãos na cintura dela e continuou a se mover até que
também alcançasse o clímax. Todo o seu corpo formigava com se tivesse
sendo espetado por minúsculas agulhas, sentia frio e calor ao mesmo tempo.
Quando recuperou o controle, ajeitou-a sobre seu peito e ficou acariciando
os cabelos loiros.
– Então agora estamos juntos? – Isabel encarou Salomon enquanto se
apoiava com os cotovelos no peito dele.
O tritão percorreu a linha da coluna dela com a ponta dos dedos da mão
direta enquanto devolvia o olhar questionador.
– Espero não ter pagado o maior mico no aeroporto à toa.
– Isso não foi uma resposta. – Ela torceu os lábios e franziu as
sobrancelhas.
– E qual resposta você quer?
– Algo mais objetivo.
– Que estamos namorando, eu espero que sim, apesar de nunca ter me
envolvido a esse ponto antes. Eu pouco me importo em qual nome queria dar
para isso desde que sempre esteja aqui, ao alcance dos meus braços.
Os olhos azuis-esbranquiçados de Isabel se iluminaram e um largo sorriso
se formou em seus lábios.
Salomon sorriu de volta e embrenhou uma das mãos pelos cabelos loiros a
puxando para um beijo mais terno e menos voraz do que os anteriores, mas
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carregado de carinho.
– Preciso levar minhas coisas de volta para o hotel. – disse Isabel quando
eles se afastaram.
– Pode ficar aqui.
– Ainda não. Vamos nos conhecer melhor primeiro.
Salomon riu.
– Está bem, mas pode se preparar para pagar por uma longa estadia porque
não vou te deixar voltar.
– Eu espero que não. – Isabel mordeu o lábio inferior dele.
Salomon acariciou o rosto da loira, perdendo-se na perfeição dos traços
retos e circulares que o compunham. As maçãs do rosto rosadas, os lábios de
tamanho médio, os olhos grandes e a sobrancelha fina.
– Linda. Você é muito linda.
– Obrigada.
Isabel sentiu suas bochechas corarem. Estava acostumada a ouvir tanto
aquele elogio, mas ouvindo dele em meio a forma carinhosa como estavam
aninhados na cama, foi bem diferente.
– Por que usa o cabelo grande?
– Gostava de brincar de Aquaman quando era criança.
– Sério?
– Não. – Salomon riu. – Gosto dele grande, assim como o meu pai.
– Conhecerei ele algum dia?
– Espero que sim. Ele vive em alto mar.
– Entendi. Por falar em família, preciso avisar a minha que não peguei
aquele avião.
– Seus pais?
– Meu irmão. Meu pai era um duque irlandês que morreu há muito tempo,
já a minha mãe tem tentado ser menos pior nos últimos anos. Mas sempre foi
nós três, bem, até os outros dois se casarem e eu vir parar aqui.
– Veio procurar um namorado no México?
– Não. Vim tirar umas férias para pensar em mim mesma, não imaginava
que iria conhecer você.
– Que bom que veio.
Ele ergueu o rosto dela pelo queixo e a beijou.
Isabel custou para vencer a atração magnética que unia seus corpos e
levantou-se com as pernas trêmulas. Vestiu a camisa de Salomon, a primeira
peça de roupa que encontrou no amontoado pelo chão. Foi até a bolsa e
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procurou pelo seu celular.


Ainda na cama, Salomon a observava andar de um lado para o outro, a
camisa larga e de tecido fino havia caído bem nela. Mas o que não ficaria
bom naquele corpo espetacular?
Já estava louco para puxá-la para a cama e retomarem de onde haviam
parado.
Isabel achou o telefone no fundo da bolsa de mão, abaixo de um estojo de
maquiagem e a carteira, e digitou o número do irmão.
Aron não tardou a atender. No colo dele estava o pequeno Thomaz
comendo um cacho de uvas, as quais ele mais deixava cair no chão do que na
própria boca.
– Oi irmão, ei pequeno!
Thomaz a encarou mas voltou a mastigar sua uva babada.
– Não era para você estar no avião? – Aron estranhou o fato de atrás dela
haver uma parede de madeira.
Isabel virou a tela do celular para que seu irmão vislumbrasse o homem
deitado na cama.
– Ficou por um cara? – Aron pareceu um tanto decepcionado.
– Fiquei pelo cara. – A voz de Isabel nunca soou tão confiante.
Aron sorriu ao encontrar a alegria nos olhos da irmã.
– Fico feliz por você, Isa. Só não queria que tivesse de ficar longe de você
também.
– Ainda não é definitivo.
– Se ele realmente for o cara, estará onde ele estiver.
– Não é tão ruim. Você tem Dária e agora o Thomaz.
– Sim. – Aron beijou o alto da cabeça do filho que sorriu para ele. – Mas
não quer dizer que não sinta falta das minhas irmãs mais novas.
– Pelo menos aqui não é o inferno e tem internet.
– Tem razão. Mas qualquer coisa, lembre-se de que sempre terá a mim.
– Eu sei, Aron. Obrigada. Eu amo você.
– Também a amo.
Isabel desligou o celular e se virou para Salomon, encontrando-o sentado
na cama.
– Pera, é sério que a sua irmã está no inferno?
– Sim. Eu já tinha comentado antes. – Isabel cruzou os braços.
– Achei que estivesse brincando.
– Por que faria isso?
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Salomon quis gritar que era porque a ideia era insana. Mas ao encontrar a
expressão séria no rosto de Isabel, ele desistiu de fazer qualquer comentário.
– Hoje é a minha folga e terá um luau em uma das praias mais ao norte,
gostaria de levá-la comigo.
– Eu ia adorar. – Ela não hesitou em se jogar nos braços dele.
– Então está combinado.
Salomon jogou o cabelo loiro para o lado e beijou a pele exposta do
pescoço, mordicando ao ponto de vê-la se contorcer em seus braços Olhando
para o sol quente atrás das persianas que cobriam a única janela do quarto,
Isabel suspirou. Ela estava nas nuvens, ainda mal acreditava em tudo o que
aconteceu nas últimas horas. Salomon, o homem pelo qual foi fisgada desde
o primeiro momento que dançaram e dormiram juntos, finalmente havia se
declarado, e foram as melhores palavras que ouviu na vida. Estando ali, nos
braços dele, foi fácil pensar que toda a espera havia valido a pena.
Salomon a abraçou, sentindo o calor do corpo pequeno em meio ao seu
peito tão largo e braços tão grandes. Gostava que ela fosse assim, pequena,
para poder envolvê-la e ter a ilusão de que a protegeria de qualquer coisa,
mesmo sabendo da força que Isabel tinha. Beijou-a no alto da cabeça e
fechou os olhos, sentindo o perfume doce do cabelo loiro.
Arriscar, em relação as mulheres, essa parecia a palavra mais tola no
vocabulário de Salomon. Ele era capaz de tentar enfrentar sozinho um
exército de traficantes para proteger seu mar, mas dizer uma simples palavra,
revelar um sentimento, parecia a coisa mais dolorosa e impossível. Ainda
assim, naquele dia,ele superou todo o medo de ser abandonado, superou toda
dor que nutria por motivos que muitas vezes nem eram dele. Conseguiu.
Disse que a queria, que precisava dela consigo, que gostava dela e resultado
de suas palavras estava ali, em seus braços , aninhada junto ao seu peito.
Ramon estava certo, Salomon seria um eterno estúpido se tivesse a perdido
por puro orgulho e medo.
– O que tem para comermos? – Isabel ergueu a cabeça e o encarou. – Sexo
sem energia me deixa com fome.
Salomon sorriu.
– Vem, vamos ver o que tem na geladeira.
Isabel se levantou e estendeu as mãos para ele.
– Gosto das panquecas de camarão do hotel.
Salomon cocou o queixo com a barba por fazer.
– Acho que podemos comer panquecas de camarão. Não sou tão bom com
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a comida quanto com as bebidas, mas sei fazer panquecas.


– Maravilhoso! – Os olhos de Isabel brilharam.

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Capítulo 16

– O que está fazendo, irmãzinha?


O chamado de Natasha fez Isabel se virar na direção do espelho de mão
preto que Asmodeus trouxe para ela. Ele estava sobre a pia do banheiro
enquanto a loira passava um batom vermelho nos lábios.
– Natasha!
– Oi, Isa. Então decidiu mesmo ficar?
– Sim. – Isabel sorriu para o espelho. – Acho que só precisava que ele me
dissesse que me queria aqui.
– Por que o cara certo tem a tendência de ser muito cabeça dura?
– Eu não acho que eu seja cabeça dura. – Isabel ouviu a voz de Dante, mas
não o viu.
– Ah foi sim, meu amor. E vejo que nossa filha está ficando igualzinha a
você.
– Ela é terrível igual a mãe, isso sim.
Isabel riu da breve discussão do casal.
– Pelo visto Lygia está muito bem. – Ela pegou o espelho para poder
encarar Natasha melhor.
– Está ótima. Só desejava, às vezes, que ela não tivesse asas. Sobe em
lugares inimagináveis a pestinha.
Isabel riu ao imaginar o que uma criança de quatro anos era capaz de
aprontar.
A morena ainda tinha o rosto exatamente como Isabel se lembrava, mas
usava um vestido preto não tão provocante como os que costumava vestir.
Dante apareceu e acenou para ela. Viu a felicidade nos olhos de ambos.
Mesmo estando no inferno eles estavam bem.
– Não contou como ele é. – Natasha se voltou para a irmã como se ainda
fossem tão próximas quanto eram antes da morena partir.
– Já que vão discutir assuntos de meninas eu vou procurar a minha
menininha.
Dante beijou Natasha com um selinho rápido e instantes depois Isabel
ouviu a porta do quarto se abrindo para fechar logo em seguida. Ela não ficou
sentida por expulsar o cunhado já que ele passava mais tempo com sua irmã

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do que ela.
Isabel apoiou a mão livre na pia de pedra escura e fria ao suspirar.
– Ah, Nat, ele é tão selvagem e simples, ao mesmo tempo, que me intriga
tanto. E tem um gingado de que me deixa louca.
– Quero saber fisicamente!
Natasha sempre direta.
– Ah. – Isabel sentiu suas bochechas corarem. – Moreno, bem bronzeado,
olhos e longos cabelos castanhos e um corpo gostoso o suficiente para me
deixar excitada só de olhar. – Ela mordeu os lábios para conter um suspiro.
– Cabelos longos ... Interessante.
– Combina com ele.
– Estou feliz por você, Isa. Amar é muito bom.
– Não usamos essa palavra ainda. Estou vendo como vai ser.
– Sempre prudente a minha irmãzinha. Mesmo quando parece
completamente de quatro pelo cara.
– Não... – Isabel parou no meio do protesto quando viu a razão nas
palavras da irmã. – Tem razão, eu gosto dele. É o bastante agora.
– Sim. Te desejo sorte. No pior dos casos mande ele para cá, cuidaremos
dele.
Isabel sorriu.
– Espero não precisar disso.
– Nem eu. Mas sabe que farei qualquer coisa por você.
– Eu sei, Nat, Obrigada. Agora vou para uma festa com ele.
– Boa festa para você, Isa. Me chame aqui quando quiser.
– Está bem, até mais.
A imagem de Natasha desapareceu do pequeno espelho e Isabel voltou a
se encarar. Passou a as mãos pelos cabelos loiros bem penteados, com ondas
marcadas. Colocou o batom ao lado do espelho e saiu do banheiro.
Usava um longo vestido cor de creme, cuja saia balançava a cada passo
que dava, e calçava uma sandália baixa, enfeitada com pérolas.
Saiu do quarto chamando atenção de todos com quem cruzou pelos
corredores. Até os homens casados não conseguiam resistir a encará-la.
Mas não prestou atenção em nenhum deles. Tinha alguém mais importante
em mente.
Salomon ergueu a cabeça do celular que estava mexendo ao ouvir o som
tão característico dos passos de Isabel. Ele abriu um enorme sorriso ao vê-la
andando. Levantou-se do sofá branco da recepção e foi até a mulher que
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roubava tanto os seus pensamentos.


– Imaginei que quisesse ir à festa comigo.
– Mas quero. – Ela franziu as sobrancelhas ao colocar as mãos sobre os
ombros dele.
– Vestida dessa forma, não creio que eu consiga ir tão longe sem tirar suas
roupas.
– Eu estou comportada e sei que você também consegue.
Isabel se curvou e o beijou brevemente, sem deixar a língua de Salomon
adentrar a sua boca quando ele a envolveu pela cintura.
– Vamos? – Ela passou a mão pelo rosto dele, colocando o cabelo atrás da
orelha.
– Sim. – Salomon segurou a mão dela. – Vejo que sou bem invejado
agora.
Salomon fitou com o canto de olho os homens espalhados pela recepção
que não conseguiam parar de encarar a mulher em seus braços. Mas a
pontada de ciúmes se resumiu a isso, uma pontada, já que logo ele se deu
conta de que era tolice, Isabel estava com ele e o máximo que os homens
poderiam sentir era inveja.
Caminharam até a rua. Salomon sentia a mão quente dela contra a sua.
Nunca foi tão feliz. Se não tivesse sido tão estúpido a teria antes. Parou em
frente a portaria do hotel, observou as palmeiras atrás de Isabel antes de
encará-la, acariciando o rosto macio.
– Eu amo estar com você.
Isabel fechou os olhos, permitindo-se sentir o toque sutil dos dedos
quentes. A presença de Salomon, o cheiro...
– Deveria ter me dito antes. – Ela se afastou.
– Não imaginava que fosse embora. Nem mesmo se despediu de mim.
Isabel bufou.
– Então se eu não tivesse ido ainda estaria me tratando daquele jeito, frio e
esquivo?
Salomon cruzou os braços. Seus cabelos voaram com a brisa que soprou a
entrada do hotel onde estavam sob um toldo vermelho.
– Não imaginei que ficaria discutindo comigo sobre isso.
– Só estou pensando nas possibilidades do que poderia ter acontecido.
– Indo atrás de você no aeroporto eu aprendi a parar de pensar no se, em
possibilidades, e tentar apenas viver o momento e fazer dele o melhor
possível. – Ele suspirou e olhou fundo no azul dos olhos dela. – Então, por
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favor, Isabel, viva o agora comigo e não qualquer possibilidade de um se que


não sabemos como seria.
Isabel sentiu suas pernas trêmulas, as palavras dele roubaram as suas e a
fizeram se arrepender de ter dito qualquer coisa. Felizmente.se deu conta de
que não precisava falar nada. Passou os dedos pela nuca de Salomon,
embrenhando-os em seus cabelos longos e o puxou para si.
Seus lábios se roçaram antes do beijo ardente. Salomon a apertou junto ao
seu corpo e finalmente invadiu a boca dela com a língua. Esqueceu-se de que
estava em frente ao hotel aonde trabalhava beijando uma hóspede, e pouco se
importou com o que a gerência poderia achar disso. Apenas quis beijá-la
como se fosse o primeiro e último beijo que daria na vida. Mordiscou os
lábios de Isabel, acariciou as costas e os cabelos macios. Só não se entregou
aos seus instintos porque ela se afastou antes que a mão dele começasse a
percorrer lugares que não deveria em locais movimentados.
– Não tínhamos uma festa para ir? – Sorrindo, Isabel ajeitou a saia de seu
vestido.
– Vamos.
Eles caminharam até a moto. Salomon deu um capacete a ela, depois a
ajudou a se ajeitar em sua garupa. Rumou para a estrada e dirigiu pela
rodovia que levava às praias mais distantes.
Logo chegaram ao local da festa. Já era noite e o céu exibia uma lua cheia
com a companhia de várias estrelas. As pessoas se moviam no ritmo da
música que vinha de um barco próximo à costa. Isabel reconheceu Ramon,
que flertava com uma mulher de morena de vestido verde. Ele sorriu e acenou
quando a viu com Salomon.
Isabel segurou a mão do tritão enquanto pisava na areia branca para
andarem na direção da multidão.
Salomon pegou uma bebida em uma mesa ao centro e ofereceu um dos
copos de plástico a Isabel.
– Cuidado, isso pode te deixar bêbada. Ramon sempre mistura a bebida
produzida pelo meu pai à vodka ou à tequila. As outras sereias na festa
sempre agradecem.
– Ótimo saber que estou numa festa com você e eu ainda tenho o direito
de ficar bêbada. – Isabel ergueu o copo no alto antes de dar uma boa golada.
Salomon riu. Foi bom lembrar de como ela havia ficado um pouco fora de
órbita na primeira vez que ficou bêbada.
Bebendo um gole de cada vez, Isabel se virou de costas para Salomon e
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começou a dançar.
Passando as mãos pelo corpo, jogando os cabelos de um lado para o outro
e rebolando. Salomon não resistiu a segurar firme a cintura dela e encoxá-la.
Sentindo-a esfregar o corpo contra o seu, ele nem se preocupou em exigir o
máximo de seu alto controle. Deixou-se levar pelas sensações que ela
despertava, pelos desejos...
Segurou-a pelo pulso e a girou para encará-lo. Isabel apoiou as mãos no
peito dele e sorriu ao encarar os olhos castanhos. Salomon começou a se
mover com ela no ritmo da música. Dançar com Isabel era uma das coisas
que mais gostava de fazer com ela, e isso só perdia para o sexo.
Salomon deslizou as mãos até a bunda de Isabel, segurando-a firme
enquanto ela movia seu corpo para frente, batendo-o no dele.
Isabel jogou a cabeça para trás, passando a mão pelos cabelos loiros,
enquanto rebolaram juntos até dobrarem os joelhos. Quando voltaram a subir
ela o encarou, colocando as mãos sobre o rosto dele. Gostou de ver a forma
como o cabelo de Salomon balançava à medida que dançavam.
Em meio a dança, eles se beijaram. Um beijo quente que só fez crescer
com a fricção dos corpos. Enquanto ela se esfregava, Salomon passeava com
as mãos pela bunda, costas e cintura.
Quando a música acabou estavam ofegando, trêmulos e cheios de desejo.
Segurando um no rosto do outro sorriram como se não tivesse mais ninguém
ali com eles.
– De nada. – Ramon passou por eles e deu uns tapinhas no ombro de
Salomon.
– Por que? – Isabel olhou sem entender.
– Digamos que ele me deu um puxão de orelha em relação a minha atitude
com você. – Salomon se voltou para o amigo. – Obrigado.
Ramon cruzou os braços e abriu um sorriso maroto.
– Se não tiver dando conta dela na cama ou quiser alguém para um
menage é só me chamar.
Salomon cerrou os punhos e conteve a vontade de dar um soco no meio da
cara do amigo.
– Diga isso de novo e vou deixar você sem dentes.
Isabel riu ao apoiar a mão no ombro de Salomon.
– Está bem, amigo. Foi só uma ótima sugestão.
Rindo, Ramon saiu de perto deles e foi até uma garota que acenava perto
da mesa de bebidas.
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– Ramon não perdoa ninguém, tem que aprender a ficar longe pelo menos
da minha garota.
– Sua garota? – Isabel passou a mão pelo peito de Salomon.
– Sim, minha garota. – Ele a abraçou pela cintura. – Minha namorada.
Ela sorriu e deu nele um rápido selinho. Por mais que tivesse desejado
muito aquele momento, ainda estava se acostumando com a ideia. Isabel não
era tão fogosa e tentada a poligamia como os irmãos mais velhos, podia
apostar que tinha participado de menos orgias do que qualquer um deles.
Sexo era para se alimentar e a energia suficiente para sobreviver a bastava.
Depois que Aron e Natasha encontraram o feliz para sempre, ela havia
cobrado de si mesma se encaixar com alguém, gostar de alguém ao ponto de
não precisar mais se deitar com estranhos. Mas ali nos braços de Salomon,
sentindo o que ele a fazia sentir, sua mente a forçava a pensar com cuidado.
Isabel era prudente demais para mergulhar de cabeça e apenas sentir.
– Vem comigo. – Salomon a puxou pela mão em direção ao mar.
Saindo de seus pensamentos, Isabel se permitiu ser arrastada por ele. Seus
pés deixaram um rastro na areia até ela parar para tirar as sandálias.
– Salomon! Eu vou molhar meu vestido. – Ela parou assim que seus pés
tocaram na água rasa de uma quebra de onda.
Ele a pegou pela cintura e ergueu no ar.
– E você se importa?
– Não. – Isabel fitou o fundo dos olhos castanhos dele.
– Então vem. Eu preciso de um banho de mar.
Isabel se preparou para o frio quando uma onda quebrou em sua direção,
mas se surpreendeu, quando a água que tocou o seu corpo era amavelmente
morna.
Com as mãos de Salomon firmes em sua cintura, ela foi arrastada em
direção ao meio do mar, onde seus pés já não podiam mais tocar o chão.
Ela observou a luz da lua refletida ao redor deles, o brilho dela nos cabelos
de Salomon e nos olhos dele. Encará-lo a fazia se esquecer do restante do
mundo e viver apenas aquele momento.
O vestido estava grudado ao corpo enquanto ela balançava as pernas para
se manter flutuando.
Isabel sentiu as pernas de Salomon roçarem nas suas. Esperava sentir
escamas e não pele.
– Não se transforma assim que toca na água?
Salomon arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos, mas depois riu.
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– Suas asas aparecem assim que toca o ar?


– Não. Apenas quando eu quero.
– Então. O mesmo serve para a minha cauda e o que eu pretendo fazer
precisa do que tenho entre as pernas.
– Sabia que nunca fiz sexo no meio do mar?
– Não? Então será uma deliciosa primeira vez.
Salomon a puxou pela cintura, deixando-a bem junto ao seu corpo. Isabel
se surpreendeu com a força dele, uma força que pela primeira vez a fez se
sentir frágil. Sabia que o mar nutria as forças de um tritão, mas não imaginou
que fosse tanto.
Ele jogou os próprios cabelos para trás antes de se curvar e morder a base
do pescoço de Isabel. Sentiu-a se contorcer em seus braços e isso o deixou
ainda mais excitado.
Deslizou os lábios até a elevação dos seios que estavam amostra pelo
decote do vestido. Beijou-os, deu leves mordidas e chupões que logo
desapareceram na pele clara. Daquela vez Salomon iria amá-la sem pressa,
desfrutar de cada pedaço do exuberante corpo em suas mãos.
De olhos fechados, sentindo o leve balançar das ondas que passavam por
eles para quebrar na praia, Isabel estava completamente entregue ao tritão.
Aproveitando as carícias, sentia o desejo por Salomon crescer cada vez mais
entre suas pernas. Tê-lo brincando com seus seios, provando apenas da parte
deixada amostra pelo decote do vestido, era a melhor tortura pela qual já
havia passado. Deixou-o continuar, por mais que a vontade fosse arrancar
com urgência as peças de roupas que ainda vestiam.
Isabel sentiu as mãos firmes de Salomon que seguravam sua cintura
deslizarem até às nádegas, onde ele as apertou com força, arrancando da
súcubo um gemido. Enquanto isso, o tritão ainda saboreava e provocava os
seios dela.
Quando Salomon começou a puxar para cima o vestido que Isabel usava, a
súcubo estremeceu de alívio. Ansiava loucamente pelos toques em sua pele,
não queria mais aquele pano molhado e grudento entre eles.
Salomon tirou o vestido e o deixou boiando na água, e logo as roupas
íntimas de Isabel tiveram o mesmo fim. Com ela despida em seus braços, ele
não conteve suas mãos, que a tocaram por completo.
Voltando a beijá-la, Salomon sentia o gosto salgado da água do mar que os
rodeava. Envolvendo o cabelo de Isabel com ambas as mãos, ele enfiou a
língua dentro da boca dela. Foi feroz o rumo que tudo tomou depois.
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Salomon mordeu a base do pescoço de Isabel. Ela se contorceu em seus


braços e soltou um gemido. Ele deixou marcas dos dentes até a pele frágil dos
seios onde tocou com os lábios, lambeu o mamilo eriçado e o abocanhou.
Isabel jogou a cabeça para trás, afundando todo o cabelo na água enquanto
soltava um gemido alto. Com a pele tão sensível pelos estímulos do tritão, até
mesmo as ondas do mar que passavam por ela lhe provocavam arrepios.
Ela arranhou Salomon dos ombros até os cotovelos, enquanto se contorcia
com ele sorvendo seu seio e apertando sua bunda. Entretanto os cortes
provocados pelas unhas afiadas da súcubo logo foram curados pelo mar. Isso
fez Isabel ter certeza de que ali não precisa ser cuidadosa com ele.
Salomon a ergueu e deitou sobre a água, fazendo-a boiar. Em seguida
puxou-a​ pelas coxas, colocando as pernas ao redor do seu pescoço. Observou
a vagina dela tão próxima a sua boca, parcialmente submersa. Curvou um
pouco a cabeça e a tocou com a ponta da língua. Estava salgada, com gosto
do mar, mas a saborearia da mesma forma. Com as mãos firmes na coxa
macia e a boca salivando de vontade, Salomon começou a passar a língua
pelo clitóris dela, para cima e para baixo.
Isabel começou a se contorcer e teve que tomar cuidado para não afundar.
Com a boca aberta pelos gemidos, engoliu um pouco da água várias vezes.
Quis algo para agarrar, apertar ou morder, porém a superfície líquida onde
estava em nada ajudou a suprimir tal desejo. Como era difícil não gritar ou se
contorcer inteira à medida em que Salomon a lambia e penetrava com a
língua. Assim que ele fechou os lábios sobre seu clitóris e começou a chupar
devagar, Isabel afundou do tronco à cabeça, mas teve a ajuda de uma das
mãos dele para voltar a superfície. Gemia, ofegava, suas pernas estava
bambas seu corpo todo tremia.
Com a ponta da língua de Salomon a penetrando em movimentos
frenéticos o orgasmo logo veio. Os espasmos musculares que a deixaram sem
ação a fizeram boiar com facilidade, mas os gritos de prazer foram ouvidos
da praia.
Salomon estava contente, ser capaz de deixá-la nas nuvens enchia seu ego.
Após recuperar o controle de seus músculos e nervos, Isabel voltou seu
corpo para a vertical. Ainda tinha a respiração ofegante, e a força da água
impediam que as suas pernas bambas a fizessem desmoronar.
Ela voltou a beijar Salomon. Mordiscou os lábios dele com força ao ponto
de fazê-los sangrar e ele devolveu a investida, apertando de forma dolorida a
cintura e as coxas.
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Em meio a beijos selvagens que machucariam qualquer humano comum,


Isabel se desfez das roupas de Salomon. Arranhou o peito másculo dele
enquanto devolvia as mordidas pelo pescoço. Assim que seus dentes
machucavam a pele o mar logo a curava. Ela tirou proveito disso, explorando
sua própria força e algumas fantasias. Ela arranhou as costas, os braços, o
peito e mordeu os lábios, o pescoço os ombros.
Salomon gostou da pequena fera que despertou em Isabel e devolveu cada
uma de suas investidas. Tinha certeza que já havia deixado as marcas de seus
dedos em várias partes.
Ele gemeu quando Isabel passou as unhas pela parte interna de suas coxas
até agarrar seu pênis. Ele ia soltar um grito de advertência quando ao invés de
apertá-lo ela começou a estimulá-lo. Os dedos pequenos e delicados o
percorreram e toda a sua extensão, fazendo a pressão necessária para
Salomon começar a gemer.
Ele mordeu os lábios enquanto seu rosto se contorcia em uma expressão
de prazer. Adorava aquele estímulo, mas havia um lugar no corpo dela que
preferia estar além da mão.
Puxou-a pela cintura. Mordeu a orelha de Isabel enquanto levava as mãos
até as pernas, abrindo-as.
Isabel apoiou as mãos nos ombros dele e o abraçou com as pernas
enquanto o sentia deslizar para dentro de si. A sensação era deliciosa. A
primeira investida atendeu a ânsia que implorava por ele. Assim que Salomon
a puxou pela cintura e entrou fundo os olhos de Isabel reviraram em meio a
um gemido. Era delicioso.
Salomon guiava os movimentos com mãos firmes. Quanto mais prazer
Isabel sentia mais ela o apertava. Fitou fundo o azul dos olhos dela, eles
brilhavam com uma chama voraz que Salomon já estava tão familiarizado.
Em meio ao vai e vem, Isabel o sentia investir contra o seu corpo. Com
estocadas fortes ele entrava fundo. Os trancos faziam a água se mover
inquieta ao redor deles. Isabel mal sentia qualquer outra coisa, nem mesmo a
água ao seu redor, todos os seus sentidos estavam concentrados na região
onde ela e Salomon se tornavam um só.
Cravou as unhas nos ombros largos dele e gemeu alto com uma estocada
mais forte. Nem a pressão da água era capaz de tirar a força dos movimentos
de Salomon. Isabel esfregava os seios no peito dele enquanto as investidas
tomavam cada vez mais ritmo. Ela era incapaz de conter os gemidos.
Salomon resistiu o quanto pode, porém a cada investida Isabel o apertava
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mais. Foram apenas mais algumas estocadas para que ele se esvaísse dentro
dela, e pelos gemidos altos demais ele não foi o único a chegar ao orgasmo.
Assim que a sensação passou, Isabel o puxou para um beijo e começou a
sugar a energia dele. Nunca tanta força entrou em seu corpo. Ao ver que
Salomon parecia bem, ela continuou sugando. A aura azul saia da boca dele e
ia para sua, alimentando-a. Pela primeira vez Isabel parou por estar mais do
que satisfeita. Estava farta.
– Isso foi maravilhoso! – Ela se perdeu no fundo dos olhos castanho dele.
Ainda ofegava pelo orgasmo. Dois numa mesma noite outra vez, temeu
ficar mal-acostumada.
– Sim. – Salomon passou a mão pelo rosto dela. – No mar eu sou imortal.
Isabel estendeu os braços e se permitiu flutuar na água, desfrutando do
restante das sensações que ainda percorriam o seu corpo.
Salomon a observou sob a luz da lua, essa que tocava a pele clara, dando à
Isabel um tom azulado. Deitou-se ao lado dela e ficaram ambos olhando para
cima. O tritão nunca esteve tão feliz. Não imaginava que precisasse tanto ter
uma mulher ao seu lado até conhecer Isabel.

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Capítulo 17

Felícia ergueu a cabeça, desviando o olhar do computador à sua frente e


encarou o homem que entrava pela porta de seu escritório. Era tarde, a lua
cheia podia ser vista pela janela de vidro em seu escritório. Estava afundada
em relatórios e odiava ser interrompida.
– O que foi? – Ela se virou para o homem, girando a cadeira com rodinhas
e apoiou as mãos sobre os joelhos.
O sujeito estava parado junto ao batente da porta. Ele estava parcialmente
encoberto pela sombra formada pelo estande de livros na parede ao lado.
– Nós não os encontramos, Senhora. – Encolhido, o homem batia as unhas
contra suas coxas tentado conter o nervosismo pelo medo da fúria que seria
derramada sobre ele.
– Mas são um bando de incompetentes! – Felícia bateu a mão sobre a
mesa de madeira escura ao se colocar de pé.
– Tentamos subornar policiais, mas é difícil encontrar alguém apenas com
um retrato falado, já que não temos uma foto ou mesmo o nome deles.
Bufando, Felícia cruzou os braços. Começou a andar de um lado para o
outro. Seu sapato de salto alto vermelho batia contra o chão de pedra.
– Já que não conseguem encontrá-los então vamos fazer com que venham
até nos.
– Uma armadilha?

Isabel se espreguiçou na cama, abrindo os olhos lentamente, brigando


contra a luz do quarto. Os braços de Salomon ao seu redor eram um incentivo
a mais para continuar bem quieta ali.
Ergueu a cabeça e encontrou os olhos castanhos dele a encarando
juntamente com um largo sorriso.
Salomon deslizou a ponta dos dedos pela linha da coluna de Isabel e ela se
contorceu levemente.
– Bom dia, minha linda.
– Bom dia.
Ele se apoiou com os cotovelos na cama e curvou a cabeça para beijá-la.
Isabel mordeu o lábio inferior dele e puxou até estalar, enquanto levava
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uma mão para acariciar os longos cabelos castanhos de Salomon. Enrolava os


dedos pelos fios ao beijá-lo de forma carinhosa.
– Foi ótimo fazermos no mar. Não imaginava que possuía tal força.
– Podemos fazer sempre lá se preferir. – Ele acariciou-a enquanto a
observava os olhos Isabel, que intensificado pela luz do sol que entrava pelas
cortinas finas.
– Não. Eu gosto de explorar as possibilidades. – Isabel passou a mão pelo
peito do tritão.
– Mas não consigo suprir suas necessidades fora dele. Não sem ficar muito
cansado.
Salomon desviou o olhar, encarando o teto de madeira pintado de branco
de seu quarto. Haviam voltado para a sua casa depois da festa e era ótimo
acordar com Isabel em seus braços, sentido o perfume suave e adocicado que
ela exalava e a pele quente contra a sua.
– Não preciso me alimentar todos os dias. – Isabel balançou a cabeça
jogando os cabelos loiros para trás.
– Então pretende fazer sexo comigo todos os dias?
– Todos os dias. Mais de uma vez ao dia, quem sabe. – Ela se curvou e
passou a língua pelo peito dele.
– Você é insaciável. – Salomon puxou ela pelos cabelos, forçando seus
olhares a se encontrarem outra vez.
– Isso é ruim? – Isabel torceu os lábios fingindo estar chateada.
– Não. Nem um pouco. Na verdade, eu me sinto um sortudo, já que muitos
homens sonham com uma mulher linda que possam levar para cama o todo
tempo.
– Eu fazia isso para me alimentar. Por uma necessidade primordial do meu
ser, mas com você, Salomon...
– Comigo? – Ele ergueu o queixo dela e a incentivou a continuar.
– Eu me sinto mulher. Eu me sinto viva. Sinto prazer.
– Então isso faz de mim um homem ainda mais sortudo.
– Talvez eu tenha um pouco de sorte também.
– Não é preciso muita sorte quando você inflama o tesão de qualquer
homem. Foi difícil me controlar na primeira vez que a vi dançando. Ainda
bem que trabalho atrás de um balcão e os hóspedes não ficam me vendo de
pau duro.
Isabel riu. Uma risada gostosa que ecoou por todo o quarto.
– Você também me enlouquece. – Ela deslizou a mão pelo abdômen bem
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definido até o pênis, envolvendo a ereção dele com a mão.


Salomon revirou os olhos quando ela começou a estimulá-lo com os dedos
ágeis.
– Vamos passar mesmo toda a manhã na cama?
Ele mordeu os lábios para conter um gemido.
– Não acho uma má ideia.
Isabel enrolou os cabelos loiros com a mão livre e os jogou para trás,
depois se curvou na direção do pênis de Salomon, que pulsava na mão dela.
A súcubo lambeu a glande e isso foi o suficiente para arrancar de Salomon
um gemido, fazendo com que ele apertasse o lençol .
– Você tem alguma bala aqui ou doce?
– Deve ter algo na cozinha. Por que?
– Vou adiantar a minha sobremesa.
O olhar malicioso de Isabel fez Salomon enlouquecer com as
possibilidades.
Ela se levantou da cama e foi até a cozinha.
Ele suspirou ao se ajeitar sobre o colchão.
Salomon se questionava, realmente precisava trabalhar naquela noite?
Queria ficar com Isabel e amá-la até que os dois estivessem exaustos demais
para continuar.
Quando o celular começou a tocar sobre o criado mudo ao lado da cama,
Salomon murmurou todos os palavrões que conhecia. Ele esperou até que a
chamada parasse. Entretanto quem quer que fosse ligou de novo. Furioso,
Salomon rolou para o lado, pegou o aparelho e arrastou consigo boa parte do
lençol.
– O que foi, Ramon?!
– Hum, me desculpe se interrompi algo. Mas pelo horário imaginei que
você e ela já estivessem assados de tanto transarem.
– O que quer, Ramon?
– Não fique bravo comigo se estraguei sua transa, mas já são onze horas
da manhã...
– Cale a boca e fale logo!
– Tenha mais calma, irmão. Descobri uma coisa sobre os traficantes que
pensei que quisesse saber.
– O quê?
– É um dos caras que conheço que trabalha nas docas. Ele me disse que
vão enviar um carregamento de tubarões e drogas no fim da madrugada.
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– De novo?
– Eles não desistem.
Salomon bufou quase desligando na cara do amigo quando viu Isabel
entrar pela porta do quarto.
– O que foi?
Isabel apoiou a mão na porta e encarou a ruga de preocupação que havia
surgido entre os olhos do homem sobre a cama.
– Os traficantes de novo.
– Vai tentar impedi-los?
– Provavelmente.
– Então precisará da minha ajuda.
– Não! – Salomon se levantou da cama com um pulo. – Não vou levar
você para algo tão perigoso.
Isabel riu.
– Se esqueceu de que me chamou depois de uma missão quase suicida? E
fora da água você é quase um humano, e eu sou um demônio. Posso parecer
frágil, mas depois da noite de ontem sobrevivo a alguns tiros melhor do que
você.
Ele atravessou o quarto com passos rápidos e tocou o rosto de Isabel,
acariciando-o com carinho. A possibilidade de qualquer bala passando
próxima à pele suave dela o assustava da forma mais terrível.
– Não quero que se arrisque. Entenda, você é muito importante para mim.
Não quero te envolver mais nisso.
Isabel sentiu uma estranha felicidade ao ouvi-lo dizer isso. Ergueu a mão e
acariciou o peito dele, que se movia com uma ligeira palpitação
descompassada. Salomon colocou sua mão direita sobre a dela e os olhos
castanhos encontraram os azuis.
– A verdade é que já me envolvi, Salomon. Você é muito importante para
mim. Importante o suficiente para que eu não tenha voltado para o Brasil,
para não ter voltado para a minha família.
Salomon a rendeu pela cintura e a trouxe para junto de si. Ainda era difícil
para ele entender ou mesmo aceitar o que estava sentindo pela bela loira em
seus braços. Contudo, tinha uma certeza, já era incapaz de abrir mão de
Isabel.

Trabalhar naquela noite foi inquietante para Salomon. Fazer drinks era
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algo divertido, entretanto, naquela noite foi penoso pegar cada garrafa,
misturar as frutas e caldas. Quando ele colocou o último copo sobre o balcão
a ansiedade já corroía seu peito.
Era comum ele e Ramon colocarem suas vidas em risco na tentativa de
proteger o mar. Ao longo dos anos haviam se tornado uma pedra no sapato
das máfias que atuavam na região, mas arriscar a vida de Isabel pelo mínimo
que fosse o desesperava.
Sentada ao lado do balcão durante toda a noite, Isabel segurou várias
vezes as mãos de Salomon e tentou mantê-lo mais calmo. Mas, de forma
alguma ela deixaria de ir, pelo mesmo motivo que Salomon queria que ela
ficasse.
Salomon parou a moto a poucos metros do local indicado. Achou que se
aproximasse mais acabaria chamando atenção pelo barulho. Ramon parou
logo ao seu lado.
Isabel desceu da garupa da moto e retirou o capacete, balançando os
cabelos loiros no ar.
No meio da madrugada o vento frio soprava do continente em direção ao
mar. A lua sobre a cabeça dos três era nova, o que tornava tudo ainda mais
escuro.
Salomon amarrou os capacetes junto ao banco antes de se virar para
Isabel. Apoiou a mão direita sobre o ombro dela, porém o olhar de confiança
que encontrou o fez desistir de dizê-la para esperá-los ali.
Eles começaram a caminhar em silêncio. Abaixados, escondiam-se atrás
dos containers e davam passos cautelosos.
Isabel segurou a mão de Salomon. Ele olhou para ela por uma fração de
segundos e voltou a caminhar. As mãos suavam uma contra a outra.
– Não estou vendo nenhum navio de carga.
A fala de Ramon fez os três pararem.
– Não foi você quem falou que estariam aqui hoje?
– Foi a informação que recebi.
– Falem baixo. – Isabel chamou a atenção dos dois.
Quando Salomon olhou para o lado viu as asas negras e membranosas
como as de morcego surgirem nas costas da súcubo, assim como um par de
chifres no alto da cabeça dela.
Surpreso, Ramon deu um passo para trás e quase tropeçou nos próprios
pés.
– Vou voar e olhar mais perto.
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– Não! – Salomon a segurou pelo pulso do braço direito. – Alguém pode


te ver assim. Vamos todos chegar mais perto.
– Deixa eu ir na frente.
Antes que que o tritão pudesse se impor Isabel já havia saído da proteção
do container onde estavam escondidos. Foi apenas o som de um único tiro,
mas rasgou o coração de Salomon como uma espada. O som oco do disparo
ecoou na mente dele pelo que pareceu horas.
– Aí! – Isabel gritou como alguém que batia o dedinho numa quina.
A súcubo olhou para o lado e viu sangue fluir de seu ombro esquerdo.
Levar um tiro doía mais do que imaginava. Entretanto ela teve sangue frio o
bastante para retirar a bala do ombro, permitindo que o ferimento fechasse.
Isabel ergueu a cabeça e viu o homem que atirara. Ele estava no alto de
um container, com a loira na mira de seu rifle. Porém, assustado demais pela
mulher ter retirado a bala com as unhas, foi incapaz de disparar qualquer
outro tiro. A súcubo aproveitou o momento de distração e voou na direção do
sujeito, abrindo suas asas em toda a sua envergadura.
Foi rápido demais. Num instante ela estava em sua mira e no seguinte já
não conseguia mais vê-la, até que algo surgiu nas costas do homem e ele
não teve tempo de gritar antes de ter o peito perfurado pela ponta da asa de
Isabel.
– Já disse que adoro ela? – Ramon comemorou baixinho ao ver o corpo do
homem abatido ser jogado sem vida ao chão.
Salomon sabia que deveria dar créditos a mulher, que sem dúvidas, era
mais forte do que ele, mas tudo o que conseguia era ficar preocupado. Era
apenas uma questão de tempo para que os outros dessem conta da morte
desse e viessem como um enxame de abelhas.
Ele e Ramon foram para o container mais perto de Isabel. Ambos estavam
atentos ao menor barulho.
Quando Ramon sem querer pisou em uma pedra, emitindo um rangido
oco, os dois olharam de um lado ao outro, cobrindo o maior raio de visão que
podiam. Garantindo-se de que ninguém os havia ouvido.
Isabel desceu do contêiner e parou ao lado dos dois rapazes. Estalou os
dedos e o pescoço. Ela parecia ter gostado do breve momento de adrenalina.
Salomon sentiu um arrepio varrer seu corpo à medida que dava passos
sobre o chão de concreto. Ele ficou ligeiramente na frente de Isabel. Ela
parecia bem, mas não queria vê-la se ferir outra vez.
Isabel segurou a mão dele e sorriu mesmo no escuro. Esperava que assim
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Salomon ficasse menos tenso, mas entendia todo o medo dele porque também
estava assim.
Eles chegaram ao local onde o navio deveria estar atracado. Mas não havia
nada, apenas o mar oscilando com as ondas.
Ramon deu um passo para trás e coçou a cabeça, enrugando a testa numa
expressão de confusão.
– Ué. Ele deveria estar aqui.
– Você deve ter se confundido. – Isabel tentou amenizar a situação quando
viu uma ligeira raiva se transformar em fúria no rosto de Salomon. – Vamos
olhar em outro lugar. – Ela pós a mão sobre o peito dele.
O tritão se perguntou por que havia um atirador de vigia se não existia
carregamento algum ali. Algo em seus instintos o alarmou, mas a mão
delicada de Isabel sobre seu peito o fez se esquecer de qualquer preocupação.
Ramon havia interceptado um alarme falso, apenas isso.
Assim que os três se viraram para voltar pelo mesmo caminho, um arrepio
varreu a espinha de Salomon quando seus olhos encontraram os de Felícia.
A mulher estava de pé no meio de um semicírculo que fechava o retorno
dos três. O vestido azul-marinho, tinha uma fenda na lateral, mostrando a
perna direita e, voava com a brisa da noite que soprava as docas do porto.
O lugar era quente, mas Isabel sentiu um frio terrível invadir suas
entranhas. A expressão de raiva no rosto de Salomon a fez se encolher.
– Então são vocês os três pequenos vermes me dando uma dor de cabeça
bem incomoda. – Felícia cerrou os dentes.
– Deveria ficar longe do mar. – A voz de Salomon soou feroz como uma
tempestade.
Ramon cutucou o amigo tentando chamar atenção para a quantidade de
armas apontadas na direção deles, entretanto Salomon pareceu não as
perceber. A raiva por aquela mulher havia obscurecido seu bom senso.
– Um homem de mãos vazias deveria medir suas palavras perante a um
pequeno exército.
– É fácil se esconder atrás de um.
– Ele fala demais. – Bufou um homem ao lado de Felícia.
– Tem razão. Acabem logo com eles.
Ramon se encolheu praguejando baixinho quando viu os homens que
apontavam as armas em sua direção darem um passo à frente. Foi naquele
instante que ele se deu conta de que haviam caído em uma armadilha. Não
existia carga alguma, estavam ali apenas para pegá-los. Ramon fechou as
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mãos dentro dos bolsos e os olhos, espremendo-os tanto ao ponto de sentir


uma leve dor de cabeça. Então esperou, esperou pela morte certa que viria do
cano das armas apontadas em sua direção.
O som de um disparo rasgou o breve silêncio que havia se instaurado pelo
momento de tensão, e o primeiro tiro foi seguido por uma dezena de outros.
Ramon aguardou pela dor, até que um longo minuto se passou e essa não
veio, então ele tomou coragem para abrir os olhos e viu Isabel os envolver
com as asas, usando-as como um escudo que ricocheteava as balas.
Ramon arregalou os olhos e por pouco não levou a mão a boca por estar
surpreso demais.
Salomon saiu de sua fúria quando a primeira bala foi disparada na direção
deles. Seu pensamento seguinte foi proteger Isabel, mas era ela quem o
estava protegendo. As balas disparadas contra eles batiam nas asas e eram
ricocheteadas, só fazendo crescer uma pilha no chão.
– Chega! – Felícia berrou ao sair do momento de espanto.
Que merda é essa?, pensou ao ver as asas negras que saiam das costas da
mulher loira.
Com os olhos arregalados e a boca aberta, foi impossível esconder de seus
homens o próprio espanto. Jurava ter visto muitas coisas na vida, mas a
criatura diante de seus olhos era algo inimaginável, jamais acreditaria se
alguém lhe contasse. Porém, a mulher de asas negras explicava os homens
abatidos.
Os mercenários de Felícia deram um passo para trás. Alguns deles
tropeçaram nos próprios pés. A mistura de choque e medo tomou o rosto de
cada um deles. Alguns olharam para trás e mediram as consequências de sair
correndo e alguns cogitaram tal hipótese até um som melodioso começar a
adentrar seus ouvidos. Uma música que começou baixa quase como um
sussurro do vento e depois se tornou tudo o que podiam ouvir.
Já que Isabel havia exposto sua verdadeira natureza para salvá-los.
Salomon também mandou para o inferno as regras de que as criaturas
deveriam se manter escondidas dos humanos. Ele começou um leve assobio,
que foi se transformando em uma música harmoniosa à medida que
encantava os humanos ali presentes. Salomon sabia que bastava mais alguns
minutos que eles fariam tudo o que desejasse.
Felícia arregalou ainda mais os olhos e cambaleou para trás ao perceber a
música. Felizmente era imune, mas não podia dizer o mesmo de seus homens.
Esses eram presa fácil ao cantar sedutor de um tritão. Deveria ter imaginado
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que as pedras em seu caminho não se tratavam de seres humanos comuns.


Eles não defendem tão bem uma causa quanto um sobrenatural.
Ela estava prestes a correr quando percebeu as mãos sobre seu ombro.
Ergueu a cabeça e encontrou olhos cheios de fúria de Isabel. A ideia da
armadilha não poderia ter dado mais errado.
– Não ameace a mim ou ao meu cara. – A voz de Isabel soou como um
rugido de fera.
Felícia caiu de costas contra o chão de concreto que arranhava sua pele e
debateu-se como pode para se livrar do monstro sobre si. Entretanto quanto
mais se debatia, mais sentia as unhas afiadas perdurarem seus ombros.
Isabel sentiu um soco na boca de seu estômago, porém ainda que doesse,
ela estava convicta a permanecer em sua posição. Poucas vezes Isabel tinha
instintos assassinos, preferia deixar humanos vivos independente do custo.
Contudo, a raiva de Salomon havia a contagiado.
Mesmo com dor, Felícia levantou a mão para puxar o cabelo loiro de
Isabel. Mas, a súcubo nem se mexeu, não seria uma dorzinha que faria
aquela mulher ficar longe.
– Me solte! – Felícia ordenou com um berro. A coitada ainda tinha a
ilusão de que algo aconteceria para libertá-la.
Isabel ergueu uma mão com as unhas pingando sangue vermelho. Se a
súcubo se visse no espelho não reconheceria a frieza em seus olhos. Estava
prestes a levar a mão ao pescoço de Felícia quando uma dor aguda a fez levar
as duas mãos às têmporas.
O sorriso nos lábios da traficante deixou claro quem era a causadora de tal
tormenta. Isabel jamais sentiu tamanha dor. Era como se estacas fossem
cravadas em ambos os lados de sua cabeça e depois a dor ficava pulsando.
Felícia empurrou a loira para o lado, fazendo-a cair como uma boneca.
Levantou-se às pressas, mal sentiu o concreto raspar nas mãos ou a dor da
pisada em falso pelo salto alto. Correu, correu como nunca, ao ponto dos
saltos quebrarem pelo caminho.
Salomon, concentrado em deter os mercenários, mal viu a mulher passar
por ele. Apenas se deu conta quando ouviu ao fundo o som de algo caindo na
água. Instantes depois ele viu de relance a ponta de uma cauda roxa afundar
na água.
Assim que a dor cessou, Isabel sentiu uma pancada psíquica. Pela força do
golpe ela teve certeza de que se fosse humana não teria sobrevivido.
Ela apoiou as mãos no chão, piscando várias vezes tentando se livrar da
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visão embaçada que a atormentava mais do que a cabeça dolorida. Recobrou


os sentidos a tempo de ouvir Salomon urrar. O ódio era tanto que fez um
arrepio varrer o corpo da súcubo.

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Capítulo 18

– A VADIA É UMA SEREIA!


A concha usada de enfeite ao lado da porta da sala de Salomon, não
sobreviveu ao golpe de fúria. Um soco certeiro a reduziu a cacos e pó.
Isabel e Ramon estavam atrás do tritão e se surpreenderam com tanta
raiva, por mais que a compreendessem. Salomon deveria se sentir no mínimo
traído por uma igual estar por trás de tudo.
– Irmão, tente se acalmar. Sua fúria já matou mais de vinte homens nas
docas.
– Me controlar? – Salomon se virou para o amigo. Sua mente estava tão
obscurecida que ele mal reconheceu Ramon. – Como quer que eu me
controle? – Ele cerrou os dentes e fechou as mãos com tamanha força que o
fez sentir dor. – Uma sereia, uma sereia...
– Salomon! – Isabel o segurou pela gola da camisa e o forçou a encará-la.
O tamanho da dor que ela encontrou no fundo daqueles olhos castanhos
quase a fez recuar, mas se manteve firme.
– Vem comigo para o mar.
– Não vou nadar agora.
– Eu me machuquei lá. Preciso do melhor de você e você do melhor de
mim.
Ainda era madrugada e as poucas luzes, que chegavam à casa afastada de
Salomon, eram insuficientes. Mas quando Ramon viu a silhueta de Isabel
andar com Salomon pela areia, ele entendeu que sua presença ali já não era
mais necessária.
Salomon sentiu a força voltar com tudo para o seu corpo quando suas
pernas começaram a adentrar o mar. Não tinha percebido o seu próprio
desgaste físico até aquele momento.
Encontrou os olhos azuis de Isabel o encarando e entendeu o quanto
precisavam um do outro. Essa certeza foi o único sentimento que sobrepôs a
raiva.
Quando a água já cobria sua cintura, Salomon puxou Isabel para junto de
si. Sua boca estava com um gosto amargo incômodo e ele precisava do doce
da pele dela. Mordeu a base do pescoço da súcubo sem conter a força,

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arrancando um grito e deixando as marcas de seus dentes na pele clara.


Deslizou as mãos até as alças finas sobre os ombros delicados e as arrancou
com um único puxão e prosseguiu rasgando o resto da blusa. A racionalidade
havia abandonado o tritão e ele estava entregue a sua parte mais animal.
Isabel não achava que ele iria rasgar seu sutiã até ouvir o som do tecido
cedendo à força sobre humana. Logo estava nua da cintura para cima e suas
roupas reduzidas ao amontoado retalhos rasgados flutuando no mar.
As mãos de Salomon percorreram sua cintura, seus braços e seios,
apertando de forma dolorida a região onde tocavam. Os dentes a mordiam do
pescoço aos seios, e chegaram a ferir a pele em algumas regiões.
Ela enrolou os cabelos longos do tritão na mão direita e o puxou para trás,
forçando-o a parar e depois trouxe os lábios dele aos seus. Mordeu o lábio
inferior antes de enfiar a língua dentro da boca quente.
Salomon a apertou junto ao seu corpo, e o calor que encontrou ali
amenizou um pouco a raiva que o consumia, porém não foi o bastante para
impedir que ele rasgasse a calça e calcinha que ela usava de uma única vez.
Isabel gemeu contra os lábios dele quando sentiu as unhas cortarem suas
costas. A dor a estimulava de um jeito diferente e não pode negar que estava
gostando de provar essa fúria de Salomon. As unhas só pararam quando
perfuraram a pele das nádegas. O sal presente na água fez o ferimento arder e
Isabel apertou os ombros dele para conter a dor, mas o corte deixado por elas
desapareceu, como se nunca estivesse existido.
Um calafrio varreu seu corpo quando os dedos de Salomon voltaram pela
base da cintura e deslizaram até o pescoço, pela linha da coluna.
Isabel fez o mesmo com a camisa dele, rasgou-a. Se ele não estava
medindo a força ao tocá-la, ela também não ia. Traçou com as unhas linhas,
dos ombros ao fim do abdômen. Deixou leves ferimentos pelo caminho que
foram facilmente curados pelo mar.
Salomon a girou. Deixou-a de costas para si e a puxou para junto do seu
corpo pela cintura. Adorou ter a bunda dela esfregando em seu membro
rígido. Com uma mão firme na cintura, usou a outra para jogar para o lado o
cabelo loiro, deixando o pescoço livre. Mordeu-a outra vez e chupou de
forma que deixaram hematomas vermelhos. Apertou as nádegas, as coxas e
os seios, arrancando gemidos cada vez mais altos.
Livrou-se das próprias calças em um movimento ágil. Depois segurou com
uma mão os cabelos loiros de Isabel, puxando-a, e, com a outra, uma das
nádegas. Assim a forçou a se curvar o bastante para empinar a bunda,
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permitindo que ele a penetrasse num tranco.


Isabel gritou quando ele entrou de uma vez, sem aviso, sem ter esperado
convites dela ou mesmo que seus corpos cedessem progressivamente. Ela mal
teve tempo de ficar molhada. Sentiu um leve ardor quando ele começou a se
mover em seu interior. As estocadas eram fortes e firmes, fazendo a água se
movimentar ao redor deles. Corou instantaneamente ao se dar conta do prazer
o que vinha com a dor. A selvageria de Salomon a proporcionou mais do que
poderia imaginar. Ela desejou poder apoiar-se em algo ou esconder o rosto
em um travesseiro macio para suprimir os gritos, mas tudo que havia ao redor
deles era água.
Tentou encará-lo, porém, Salomon a segurava com uma força que não
possuía fora do mar. Com a mão firme em seu cabelo, Isabel não conseguia
mover a cabeça se não fosse intensão dele.
Isabel respirou fundo quando Salomon a empurrou para frente e afundou
sua cabeça na água. Em outro tranco ele a invadiu com força. O tritão a
penetrava ao máximo, tocando com a glande a entrada do útero. Ela tentou
gritar, mas tudo o que produziu foram bolhas na água.
Por sorte, alguma parte da mente de Salomon o lembrou de que ela não
respirava embaixo d’água e ele emergiu a cabeça de Isabel antes que ela
perdesse o ar.
A cada vez com mais rapidez e força, ele a penetrava curvada à sua frente,
com os mamilos rosados tocando a água. Isabel sentia a fricção fazê-la arder
um pouco mais a cada investida. A dor misturada ao prazer a deixou
alucinada. Sentia êxtase a cada estocada violenta. As mãos que agora
seguravam firme a sua cintura deixariam as marcas dos dedos. Ela gritou
quando o prazer a tomou como nunca, misturado a estranha dor que a
excitava tanto, e foi seguido de uma explosão que a fez arfar e estremecer.
Gemidos altos vieram em sequência, acompanhados de uma respiração
pesada e ofegante. As pernas de Isabel, trêmulas e sem força cederam,
ficaram suspensas apenas pela força da água.
Salomon continuou com os movimentos bruscos. A velocidade e força
espirravam gotas d’água com impacto de seu corpo contra a bunda da súcubo.
Cada vez mais veloz, ele não se preocupava com mais nada além de encontrar
o seu próprio prazer. Logo todos os seus músculos ficaram tensos e ele parou
de se mover enquanto seu líquido quente banhava o ventre de Isabel.
Pouco depois, Salomon sentiu os músculos relaxarem e por um segundo se
esqueceu dos motivos de sua raiva e frustração. Soltou a cintura de Isabel e
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acariciou o cabelo loiro.


Ela se virou para o tritão e o beijou com uma fome voraz. De olho s
fechados ela não conteve a energia que tomava dele. Diria que foi um tanto
gulosa ao se alimentar o máximo que seu corpo suportou. Abriu os olhos
apenas para ver o restante da aura azul que adentrava sua boca.
O tritão acariciou o rosto de Isabel, após se lembrar do ato de selvageria
ao qual a submetera. Sentia uma pontada de angústia.
– Vamos para a minha cama? Prometo dar a você o carinho que merece.
Ela sorriu ao enrolar nos dedos uma mecha do cabelo castanho dele que
caía sobre os ombros largos.
– Não que eu dispense o carinho, mas foi gostoso um pouco de dor.
Entendi porque as humanas diziam que não conseguiam sentar depois do
sexo. Uma pena que sua energia curou todas as lesões no meu corpo.
Salomon riu, quase gargalhou.
– Então você gosta de uns tapas.
– Quem não? – Isabel deu de ombros.
– Ótimo saber. – Ele a ergueu pelos joelhos e jogou sobre ombro direto.
– Ei! – Ela se debateu com raiva por estar sendo tratada como um saco de
batatas.
Salomon caminhou com ela em seu ombro para fora do mar e pela areia da
praia. A felicidade de tê-la o fez se esquecer do motivo ou mesmo que estava
com raiva. Desceu-a para o chão assim que chegaram à pequena varanda.
Isabel deu alguns soquinhos no peito dele. Mas acabou rindo o que
estragou toda a sua pose de raiva.
Uma brisa bateu no corpo dela e a súcubo se encolheu pelo frio que sentiu
com o corpo todo molhado. Aconchegou-se no peito quente de Salomon e ele
a puxou para dentro da casa.
O tritão levou a mão ao interruptor ao lado da porta e acendeu a luz da
sala. Tudo que queria era poder ver o corpo de Isabel e não apenas os
contornos que possibilitavam a noite escura.
Ela nua era uma perdição. Dos seios redondos de tamanhos moderados até
a vagina pequena e sem pelos entre as coxas roliças.
Salomon passou a língua pelos lábios ao ver as gotas d’água que pingavam
do cabelo loiro e escorriam por todo o corpo. Quis capturar cada uma delas
com a boca.
Isabel percebeu os olhos dele a percorrerem, e abriu um leve sorriso nos
lábios arroxeados. Sabia o quanto era desejada por homens e mulheres.
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Porém era diferente perceber aquele olhar em alguém pelo qual nutria
sentimentos mais profundos, era melhor, deixava-a mais feliz.
– Vem. Vamos tirar o sal do corpo para nós deitarmos na cama. – Salomon
estendeu a mão para ela e a puxou consigo por um corredor até o banheiro.
Ele acendeu a luz e abriu o box de vidro. Isabel o puxou e o jogou contra a
parede.
Salomon abriu um sorriso quando as costas de sua cabeça bateram contra
os azulejos claros.
– Achei que fosse um banho rápido.
– Talvez eu o prolongue um pouco mais.
Isabel se ajoelhou diante de Salomon e pegou o pênis que se exibia rígido
entre as pernas grossas e de pele morena.
Se existiam visões mais belas do mundo aquela, sem dúvidas, era uma
delas. Salomon teve certeza ao observar de cima Isabel passar a língua pelos
lábios antes de levar a boca ao seu pênis. Poucas mulheres chuparam seu pau
como aquela loira linda fazia. Ele se contorceu só com a expectativa. Deveria
estar satisfeito por já ter gozado, porém vê-la assim acendeu toda a chama
outra vez.
Isabel sentiu a água quente do chuveiro cair sobre sua cabeça, ombros e
costas, enquanto o acolhia dentro da boca. O pênis de Salomon ainda tinha o
gostinho salgado de mar. Beijou a glande, passando a língua pela pequena
fissura, lambendo o líquido lubrificante que saia em pequenas gotas. Parou de
provocá-lo e o enfiou logo tudo dentro da boca.
Salomon gemeu alto e cravou as unhas na parede de azulejos atrás de si. A
boca dela estava quente. Enquanto os lábios o percorriam, a língua o
provocava. Isabel começara o oral há poucos minutos e ele já estava suando.
Olhou para baixo, desfrutando da bela visão dos lábios carnudos
percorrendo o seu membro e acariciou o cabelo loiro molhado.
Isabel tinha fome voraz, e quanto mais o chupava, mais salivava, e a
região entre suas pernas ficava úmida.
Salomon se contorcia de prazer, ainda nem havia chegado ao orgasmo e já
estava arfando. Ela era boa demais...
Isabel continuou chupando, os gemidos dele cada vez mais altos e intensos
eram um estímulo e tanto.
Salomon logo explodiu dentro da boca dela. Exausto, ele se apoiou na
parede do banheiro, enquanto ainda sentia os espasmos musculares
percorrerem-no.
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Isabel passou a língua pelos lábios ao se levantar.


– Nossa! Você me deixa sem ar.
Ele ainda respirava ofegante quando levou as mãos aos mamilos rosados,
acariciando-os.
– Isso é ruim? – Isabel passou a língua quente e molhada por toda a
extensão do pescoço de Salomon.
O tritão se arrepiou inteiro.
– Não, é ótimo.
Ele a empurrou para debaixo do chuveiro quente. Beijando-a enquanto a
água caia sobre os dois. Levou a mão até o meio das pernas de Isabel,
procurando o clitóris, e logo começou a estimulá-la com movimentos
circulares.
Isabel mordeu os lábios suprimindo o gritinho de prazer, enquanto passava
as unhas pela extensão das costas dele. Suspirou enquanto Salomon a
estimulava com os dedos ágeis. Pelos gemidos e a forma como Isabel cedia,
contorcendo-se, Salomon soube que estava aprendendo a melhor forma de
dar prazer a ela com os dedos e isso o fez sorrir. Em seguida, curvou-se para
morder o lábio inferior dela, que tinha a boca semiaberta, Isabel soltava leves
gemidos.
A loira sentiu as ondas saírem do local onde ele tocava e tomarem conta
de todo o corpo. Com medo das pernas bambas, ela se apoiou no box de vidro
com uma mão e com a outra agarrou o cabelo de Salomon, puxando-o.
Logo o nó que foi se formando entre as suas pernas explodiu de uma
forma tão intensa que tomou todo o ar dos pulmões de Isabel, deixando-a sem
fôlego. Ela gritou e puxou o cabelo de Salomon com mais força, jogando a
cabeça dele para trás.
– Bom, muito bom! – Isabel suspirou.
Salomon passou a mão por todo o corpo dela numa desculpa de lavá-la e
depois fechou o registro do chuveiro.
A súcubo ainda estava um pouco trêmula quando ele a puxou para fora do
box. Observou o tapete de barbante cru sobre seus pés descalços, enquanto
ele a secava com uma toalha macia.
Lembrou-se de que suas roupas agora boiavam no mar reduzidas a
retalhos, mas não quis se preocupar com isso, por hora poderia continuar nua
desfilando pela casa de Salomon. Pela pequena janela do banheiro viu a
madrugada dar lugar à aurora, tingindo o céu de um arroxeado cada vez mais
vermelho.
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Quando Salomon terminou de enxugá-la, foi a sua vez de fazer isso com
ele. Então percorreu seu corpo de forma demorada, dos ombros largos as
coxas bem definidas.
– O que faz para manter assim tão perfeito? – Ela perguntou curiosa ao
deslizar a ponta dos dedos pelos gomos do abdômen bem definido do tritão.
– Sou um excelente nadador. Ajuda a manter o corpo em forma.
– Estou vendo.
– Pode nadar comigo quando quiser.
– Creio que seria uma corrida mais justa se eu fosse voando sobre a água.
Salomon riu.
– Bom, pensamos nisso depois. Agora venha comigo até a cozinha, estou
faminto.
Ele segurou a mão de Isabel e a levou consigo.
A loira sentou sobre uma bancada de granito frio enquanto o observava
abrir os armários e pegar algumas panelas.
– Gosta de Chili e tacos?
– Sim. Costumam ser uma delícia.
– Uma delícia é você.
Ela riu.
Salomon colocou a panela no fogo para preparar o molho. Isabel o
observou dos pés à cabeça. Ele era muito gostoso... Os cabelos longos e
castanhos vinham até a cintura onde começava a bunda levemente quadrada e
durinha. As coxas grossas eram bem torneadas e o dourado da pele bronzeada
era lindo. Salomon deixaria com inveja qualquer homem branquelo e com
cabelo curto.
Logo Isabel pulou da bancada e foi até ele. Abraçando-o por trás.
– Ainda irritado com o que aconteceu? – Isabel puxou o cabelo dele para o
lado e beijou o pescoço.
– Creio que no fundo sim. Estou frustrado e não entendo como uma
criatura ligada ao mar seja capaz de fazer aquilo. Mas você me tira do eixo,
não consigo pensar em muitas coisas quando a tenho em meus braços. – Ele
se virou e passou a colher com molho picante sobre os lábios de Isabel.
Ela lambeu.
– Está bem temperado.
– Não sou fenomenal na cozinha como no bar, mas me viro bem.
– Vamos acabar com a traficante.
– Eu sei. – Salomon desligou a panela e voltou a encará-la. – Obrigado por
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estar ao meu lado. – Ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
– Não deixaria que se ferisse se pudesse evitar.
Salomon suspirou ao segurar o rosto dela com a mão direita.
– Uma das melhores coisas que me aconteceu foi buscar você naquele dia
no aeroporto.
– Fiquei intrigada com o seu cabelo.
– Não gosta dele? – Salomon o jogou para trás.
– Sim, eu gosto. Combina com você. – Ela passou os dedos por entre os
fios.
Salomon estava hipnotizado pelo brilho nos olhos azuis-esbranquiçados
dela.
– Eu a amo Isabel. – Ele disse num sussurro por entre os lábios finos
enquanto acariciava o rosto dela.
Amá-la era uma certeza com a qual Salomon tentou lutar durante muito
tempo. Esquivar-se do sentimento que temia machucá-lo era uma tentativa de
defesa que agora parecia um tanto insensata diante da parceira que Isabel
havia se tornado.
Isabel ficou em choque. Abriu a boca sem palavras. Sonhou, sonhou muito
ouvir tais palavras ditas por ele, porém no momento parecia apenas mais um
sonho. Muitas vezes, jugou-se incapaz de encontrar um amor como os irmãos
mais velhos . A viagem para o México era uma decisão para ficar sozinha,
aprender a lidar com isso da melhor forma. Pensava que talvez fosse uma
brincadeira do destino, pois ela era a mais responsável dos três, porém a mais
sonhadora e apaixonada. Isabel não sentia a necessidade de matar ou muito
menos participar de orgias. Era a com mais tendências a monogamia e a única
que estava sozinha...
Salomon viu a cor desaparecer do rosto de Isabel, a pele do rosto onde
tocava ficou fria. Uma angústia terrível tomou conta do peito dele ao ponto
de deixá-lo sem ar.
– Isabel... Eu não deveria ter dito nada.
– Não! Deveria sim. – Isabel se desesperou para falar e acabou tropeçando
nas palavras. – Salomon, não imagina o quanto desejei ouvi-lo dizer que me
ama. O quanto desejei ser amada por você.
Uma lágrima escorreu pelo rosto dela e ele a limpou com a ponta dos
dedos.
– Então por que chora?
– Eu não sei. Talvez seja emoção. – Isabel envolveu o pescoço dele com
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os braços e fitou profundamente os olhos castanhos. – Eu também o amo.


Ele respirou aliviado e ela riu.
– Pensei que não fosse dizer nunca. – Sussurrou ates de se curvar para
beijá-la, empurrando-a contra o fogão.
Isabel gemeu quando a trempe quente roçou em suas costas e ela se
esquivou como um animal arisco.
– Não íamos comer?

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Capítulo 19

– Bom dia!
Isabel abriu os olhos, piscando-os repetidas vezes até se acostumar com a
luminosidade do quarto que entrava pela cortina aberta. Espreguiçou-se na
cama, esticando todo o corpo sobre o lençol desarrumado, enquanto
observava Salomon se ajoelhar sobre o colchão e colocar ao lado dela uma
bandeja de madeira.
– Boa tarde se preferir, já que passou do meio-dia.
– Já passou quanto do meio-dia? – Isabel bocejou enquanto sentava na
cama.
– Algumas horas.
– Seu eufemismo me encanta, meu amor.
– E perder uma das melhores paisagens do mundo, que é vê-la dormindo?
Salomon a acariciou no rosto antes de se curvar e roçar seus lábios nos
dela, numa carícia gentil, antes de invadir a boca da súcubo com a língua.
Isabel o puxou para a cama consigo, ignorando a bandeja do café.
– Diz outra vez. – Ela pediu num sussurro ao pé do ouvido dele.
– O quê? – Salomon se fez de desentendido ao mordê-la na base do
pescoço.
– Você sabe.
– Que eu a amo? – Ele se afastou para olhá-la nos olhos. – Quantas vezes
terei que repetir?
– Até eu estar convencida. – Ela torceu os lábios.
– Pois saiba que eu nunca disse isso a mulher alguma.
– Não teve a chance?
– Nunca me senti como me sinto com você com nenhuma outra. Então,
sim, eu amo você, Isabel. – Ele disse a frase pausadamente para que ela
ouvisse cada palavra. A voz dele era uma suave carícia no coração de Isabel.
Ela o abraçou. Respirando o cheiro de mar impregnado no cabelo do
tritão.
– Eu também te amo.
Salomon se afastou e apontou para o café.
– Vamos, coma!

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– Por que a pressa? – Ela se esfregou nele. – Não precisamos voltar para o
hotel agora.
– Não, mas pretendo levá-la a outro lugar. Então coma! Despois que
estiver de estômago forrado, coma isso. – Salomon se entregou à Isabel uma
alga de cor púrpura dentro de um potinho branco.
– O que é isso? – Ela arregalou os olhos azuis ao se deparar com o
alimento estranho em suas mãos.
– Uma alga que vai fazer com que respire debaixo d’água por algumas
horas, o suficiente para irmos e voltarmos.
– Vamos fazer sexo no fundo do mar? – Ela abriu um sorriso malicioso ao
passar a mão pelo peito nu dele.
Salomon riu.
– Não, pelo menos não são os planos. Vamos até o meu pai.
– Vai me apresentar ele formalmente?
– Também. Mas quero saber se ele conhece a tal sereia que está à frente
dos esquemas de tráfico.
Isabel desviou os olhos para o teto de madeira clara enquanto pegava uma
torrada da bandeja. Suspirou. Conheceria o pai dele, se queria algo além dos
flertes e noites de luxúria, algo sério, sabia que conhecer a família do cara era
parte do processo, porém, no tempo em que desejou ser amada, não pensava
nisso. Não que estivesse assustada. Não! Estava só ansiosa. Ainda não havia
se acostumado a estar namorando.
Salomon pegou um morango e levou a boca dela enquanto a acariciava na
coxa com a outra mão.
– Comprei um vestido para você. Apesar de preferi-la nua, não pode andar
assim fora da minha casa.
Isabel vasculhou o quarto com os olhos e viu um vestido justo, feito com
uma renda de cor perolada, pendurado em um cabide junto à maçaneta de
ferro da porta.
– É lindo! Obrigada.
– Tenho certeza de que seu corpo irá valorizá-lo.
Salomon passou as mãos pelas coxas dela, apertando levemente num
carinho provocante, enquanto se debruçava sobre ela. Beijou-a no pescoço
com os lábios molhados, fazendo-a se contorcer em meio a um calafrio.
– Não iríamos sair rápido? – A voz de Isabel soou como um sussurro
quase inaudível.
Seus atos foram incoerentes com suas palavras, pois Salomon mal havia
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começado a tocá-la e ela já estava completamente entregue a ele.


Assim que beijou a região entre os seios de Isabel, Salomon se empurrou
para fora do transe. Se fosse ouvir apenas seus instintos não sairiam da cama
nunca. Juntou toda a força que possuía e levantou-se.
Isabel torceu os lábios e fez biquinho, fingindo estar emburrada.
– Precisamos voltar antes do meu expediente no hotel.
– Queria que você não tivesse que ir trabalhar. Poderíamos fazer outras
coisas juntos.
– É um jeito bem honesto de pagar as contas. Mas pelo visto você nunca
deve ter precisado.
–Tínhamos uma herança bem satisfatória dos nossos pais nobres europeus
e meu irmão administrou tudo muito bem ao longo dos séculos.
– Como eu não nasci rico eu preciso. – Salomon estendeu a mão para ela.
– Vem.
Isabel comeu o último morango e se levantou.
Ele olhou para a bunda redonda nua e não resistiu a dar uma palmada. O
estalo assustou Isabel e a fez soltar um gritinho.
– Achei que gostasse de uns tapas. Bom, pelo menos pareceu enquanto eu
ainda estava meio cego pela raiva.
– E eu gosto. – Ela rebolou na mão dele.
Salomon respirou fundo e olhou para a sombra que a cama fazia no chão.
Precisavam sair logo antes que ele mudasse de ideia e optasse por mais
algumas horas de sexo.
– Vista-se e coma a alga. – Ele usou o melhor que seu tom autoritário
conseguia diante dela.
– E a calcinha e sutiã que você também rasgou? – Isabel balançou o
vestido procurando pelas peças.
– Já a vi várias vezes sem. Imaginei que não fizesse questão.
Isabel abriu um sorriso malicioso.
– Depois não me culpe por provocá-lo.
– Prometo me comportar na frente do meu pai.
Isabel deu a primeira mordida na alga com gosto de vômito e todo o seu
estômago revirou.
– Isso é horrível!
– Falei que ia te fazer respirar na água, não que era gostosa. – Ele riu
debochado.
Isabel mostrou a língua pintada de roxo pela alga e Salomon se conteve
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para não mordê-la.


– Vamos. – Ele a pegou pela cintura e começou a puxar para fora da
pequena casa.
Trancava a porta da frente enquanto Isabel corria como uma criança pela
areia. O sol batia nos cabelos loiros dela e os fazia brilharem ainda mais.
Mar, obrigado por trazer para mim essa mulher.
Quando Isabel pisou na água de uma onda que havia quebrado sobre a
areia, mesmo que fosse o menor toque de sua pele macia com a superfície, ela
sentiu-se diferente. Continuou caminhando até estar submersa da cintura para
baixo. Salomon, ao seu lado, segurou-a pela mão e incentivou-a a continuar
andando.
Ela prendeu a respiração e esperou pela incômoda sensação de falta de ar
que a fazia buscar por ele desesperadamente. Pensou ser capaz de sentir as
moléculas de oxigênio passarem por sua pele até chegarem à sua corrente
sanguínea.
Olhou para Salomon, dentro dos olhos castanhos dele, e sorriu.
Ele mandou um beijinho de volta enquanto a puxava de uma vez para o
fundo. No primeiro instante Isabel assustou-se, mas depois ficou encantada
pelo brilho das escamas azuladas da cauda dele, que se movia com suavidade,
e se esqueceu de que ele a puxava cada vez mais para longe e para o fundo.
Só começou a se dar conta da profundidade em que estavam chegando
quando a luz do sol foi se tornou cada vez mais fraca e mais distante. Porém,
Isabel manteve o controle, estava bem, conseguia respirar. Se tudo se
mantivesse assim não tinha importância a profundidade.
Metros à sua frente, ela começou a ver construções de corais se erguerem
em uma pequena cidade. Só não abriu a boca de surpresa, pois teve medo de
engolir muita água. Então era assim que as sereias viviam? Sua imaginação
não teria nem chegado perto.
Salomon a levou até a entrada de uma casa. Deslumbrada, ela olhava tudo
ao seu redor, e perdeu minutos vendo os túneis e arcos por onde as criaturas
aquáticas passavam. Outra coisa que a encantou foi um cardume de peixes
coloridos que passou de raspão pela sua cabeça.
– Salomon é ela? – A voz, que soou estranha e alta dentro da água, fez
Isabel olhar para frente.
Ela se deparou com um tritão a encarando. O homem de aparência jovem e
longos cabelos trançados, tinha uma cauda amarela e seus olhos castanhos
eram gentis.
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– Isabel. – Ela estendeu a mão.


– Jason. O pai do Salomon. – Ele correspondeu ao cumprimento beijando
as costas da mão dela.
Isabel que já achava sua mãe jovem demais em aparência, não imaginava
que a diferença de idade aparente entre pai e filho fosse quase nula.
– Eu me pareceria mais jovem se ficasse mais tempo dentro da água. Mas
prefiro ter cara de homem.
– Esse garoto ficou meses sem entrar no mar esperando até que nascesse o
primeiro pelo da barba.
Isabel gargalhou.
– Mas não se preocupe, um banho rápido todos os dias é o suficiente para
fazê-lo viver para sempre.
– Pai! – Salomon o repreendeu, ficando sem graça.
– É muito bonita... Isabel. – Jason encarou o azul-esbranquiçado dos olhos
dela e esboçou um sorriso.
– É a primeira vez que vejo uma súcubo. Vejo que os boatos foram bem
modestos. Entendo porque meu filho ficou tão encantado.
As bochechas dela coraram. Ficou um pouco envergonhada ao ver o pai
dele a elogiando tanto sem saber como se comportar da maneira correta.
Sempre fora muito educada, mas era a primeira situação assim pela qual
passava.
Salomon encarou o pai com um olhar severo. Não queria que ele
deixasse Isabel sem graça.
– Vamos tomar um algo. Acabei de destilar um pouco.
Isabel assentiu.
– Vou pegar alguns copos. – Jason se afastou, caminhando até um armário
onde guardava algumas taças.
Copos? Isabel arqueou as sobrancelhas, mas não disse nada.
Todos os móveis na casa eram feitos de vidro e pedras, madeira e outros
materiais não duravam muito tempo debaixo d’água.
Salomon puxou Isabel para junto do seu peito e a acariciou, lembrando-a
de que estava ali.
Admitir seus sentimentos por Isabel havia sido difícil, mas agora era um
alívio tremendo, um peso tirado de suas costas. Sentia-se mais seguro ao
tratá-la de forma carinhosa, não se esquivava da vontade de acariciá-la a todo
tempo. O brilho nos olhos dela, uma chama de amor, era tudo que precisava
receber de volta.
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Jason voltou com os copos e entregou um ao filho e o outro a nora. Talvez


estivesse se atrapalhado na forma de abordá-la, mas culpava a surpresa.
Lamentou os anos que o filho se esquivou de todas as mulheres pelas quais se
interessava. Salomon as perdia por nunca estar disposto a lutar por elas, por
ser grosseiro e frio muitas vezes. Entretanto, vê-lo ali acariciando de maneira
tão afetuosa a bela loira, Jason ficou feliz por perceber que isso estava
mudando.
Ele serviu os dois e colocou uma pequena dose para si.
Isabel estendeu o copo diante dos seus olhos e ficou observando a bebida
dentro dele, que de alguma forma não se misturava com a água que os
envolvia. Talvez fosse algo na bebida, ou nos copos, porém optou por não
fazer tal pergunta e correr o risco de parecer tola diante dos dois.
– Que sejam felizes por séculos. – Jason ofereceu o brinde antes de tomar
sua dose.
Salomon e Isabel ergueram seus copos e também tomaram.
– Fico feliz que tenha a trazido até mim para que eu possa conhecê-la. –
Jason sorriu ao colocar a garrafa e seu copo sobre a mesa na sala onde
estavam.
– Não vim aqui exatamente para isso. Não só isso. – Salomon coçou a
barba curta em seu queixo.
– Então o que foi? – A expressão no rosto de Jason se fechou um pouco.
Salomon cerrou os dentes e apertou os ombros de Isabel ao se recordar do
que achava uma grade traição para uma criatura como ele.
Ela ergueu a mão quente e tocou-o no rosto. Um carinho leve, quase
inocente, fez desaparecer boa parte da tensão que marcava o rosto dele.
– Lembra-se, pai, dos traficantes de drogas e animais marinhos que
Ramon e eu estávamos tentando parar há um tempo? A líder deles é uma de
nós, uma sereia.
Jason arregalou os olhos e nadou para trás para se apoiar na mesa que
ficava ao centro.
– Santo mar! – A cor sumiu do rosto do homem. – Entendo sua raiva.
– Já é um absurdo abusarem do mar dessa forma, mas alguém que o
entende tão bem não deveria ser capaz de fazer tal coisa.
– Já vi irmão matar o outro por ganância. Não duvido do que ambição é
capaz de fazer a alguém, nem mesmo que qualquer um possa trair seu
próximo para alcançá-la.
Salomon bufou ao abraçar Isabel.
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– Farei com que ela pague. Ela e todos os peões que manipula.
– Tenha cuidado, meu filho, fora do mar você é tão mortal quanto
qualquer ambicioso lá em cima.
– Assim como ela.
– Sempre cabeça-dura.
– Prometo cuidar dele. – Isabel sorriu para Jason.
– Ainda bem que não é uma simples humana. Fico muito grato por se
preocupar com meu filho e principalmente por tirá-lo da bolha em que estava,
em muito por minha causa.
– Eu o amo.
Jason olhou para o filho e conversou com ele de um jeito que só Salomon
entenderia, em uma linguagem telepática compartilhada pelas sereias. Faça
valer a pena. Ela pode ser sua pela eternidade.
Salomon apenas assentiu com a cabeça. Ele estava fazendo, ou pelo menos
tentando, da melhor forma que podia.
– Acho que tenho algo que possa ajudar vocês.
Antes que Isabel ou Salomon falassem qualquer coisa, o tritão saiu do
cômodo às pressas. Logo retornou segurando algo na mão direita e estendeu
ao filho.
Salomon ficou observando a concha negra fechada na mão do pai. Mas,
antes que a pegasse, o tritão mais velho ergueu a mão e o advertiu.
– Aí dentro há uma pérola, que quando libertada, anula os poderes de
qualquer sereia em um raio de um quilômetro.
– Mas por que eu usaria isso? Ramon e eu ficaríamos completamente
indefesos.
– Sim, mas ela não. – Jason apontou para Isabel.
A súcubo arregalou os olhos.
– Um demônio pode lidar com um bocado de humanos e uma sereia
debilitada.
– Mas não fará mal a eles?
– Só nos deixa um pouco grogues.
Salomon manteve a concha consigo. Colocaria ela em um lugar seguro
para usar em um caso de emergência.
– Obrigado, pai. Agora precisamos ir.
– Mas já? – Os olhos castanhos dele caíram tristes. – Mal chegaram, nem
tive tempo de conhecê-la direito.
– Trarei ela de volta outro dia. Agora eu preciso trabalhar. Além disso, não
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podemos abusar do poder da alga. Não quero que a minha garota morra
afogada.
– Tem razão, mas não demore a me rever.
Isabel tomou coragem e se aproximou dele, que abriu os braços para
acolhê-la.
– Foi um prazer conhecê-lo.
– O prazer foi meu, querida. Cuide bem do coração do meu menino.
– Darei o meu melhor para fazê-lo feliz.
– Adeus, pai!

Sentada em um banco de madeira junto ao balcão, Isabel brincava com um


copo em suas mãos, jogava-o de um lado para o outro, fazendo rolar pela
superfície. Fingia estar distraída e principalmente tentava não demonstrar
ciúmes pelas mulheres que quase se debruçavam sobre Salomon para pedir
sua bebida. Deveria estar ciente de que namorar um moreno tão lindo teria as
suas complicações.
Salomon colocou a azeitona no Martine e entregou a uma francesa de
bochechas coradas à sua frente. Ela deu um sorrisinho antes de se afastar.
Com o canto de olho, ele viu Isabel revirar os olhos e bufar, isso o fez rir.
Curvou-se e procurou no armário abaixo do balcão a garrafa de
profundezas que havia escondido ali. Serviu uma dose num copo pequeno e
espetou um morango na lateral.
– Meu amor. – Cutucou o braço de Isabel.
A loira ergueu a cabeça e fitou os olhos castanhos de Salomon. Sorriu ao
vê-lo lhe oferecer a bebida.
– Tome devagar.
– Está bem. – Isabel pegou o copo e tomou uma boa golada.
Salomon riu quando ela não deu a mínima para o seu conselho.
A loira pegou o morango e o passou pelos lábios do tritão antes que
permitir que ele mordesse a fruta. Salomon se debruçou contra o balcão e
lambeu os dedos dela.
– Eu não sei porque o gerente ainda não chamou a sua atenção. – Com os
lábios trocados em uma expressão de falsa raiva, Ramon se aproximou deles.
– Sou um ótimo barman. Não sei porque me chamariam a atenção. –
Salomon deu de ombros.
– Vocês ficam aqui namorando descaradamente.
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– Há um bom motivo para me fazerem trabalhar sem camisa e para os


gerentes Isabel é só mais uma hóspede a fim de mim.
– Só uma hóspede? – Ela fechou a cara e fez um biquinho.
– Você bem sabe que não. – Ele acariciou o rosto dela com toda a
gentileza e se esforçou para o toque não se tornar provocativo.
Ramon bateu as duas mãos sobre o balcão e o barulho fez o casal se
afastar.
– Mudando de assunto para um mais importante, o que vamos fazer com a
sereia traidora?
– Dar um fim nela. – A voz de Salomon soou firme.
– Não acho que ela vá nos deixar encontrá-la depois do que ela viu e nós
vimos.
– Concordo. – Isabel olhou para os dois. – Ela é uma criatura mágica e nós
somos três. Uma coisa era querer nos pegar em uma armadilha quando
achava que éramos meros humanos, mas agora penso que ela será bem mais
cautelosa.
– Use seus contatos para achá-la, Ramon. – Salomon se virou para o
melhor amigo.
– Não são bem contatos, apenas umas garotas com quem me envolvi que
conhecem algumas pessoas.
– Você já dormiu com meio México, Ramon. Vai dar um jeito.
– Vou ver o que consigo.
– Ótimo. – Salomon entregou uma garrafa de vodka na mão do amigo. –
Meu horário finalmente acabou. Feche as coisas por aqui que eu vou levar a
minha garota para dançar.
Ramon estava prestes a protestar, quando o outro tritão já havia
contornado o balcão e estendido a mão para a loira que se levantou num pulo.
O protesto se resumiu a um resmungo que o casal nem ouviu.
Com a mão firme na de Isabel, Salomon a levou para a outra extremidade
da piscina, onde o som da música era mais alto. O DJ também deveria estar
de saída, mas aproveitariam a última música.
Isabel ficou à frente de Salomon, e quando a música começou, ela jogou o
braço para trás e o envolveu pelo pescoço. Ele escorregou a mão pela lateral
do corpo da súcubo, esforçando-se para não tocá-la nos seios, e segurou-a
pela cintura. Guiou o rebolado dela de um lado para o outro, enquanto a
música tomava ritmo. Era uma tortura deliciosa tocá-la assim.
Sendo guiada pelas mãos firmes e fortes de Salomon, Isabel gostava tanto
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de dançar quanto de transar com ele. Era sexy, a arrepiava e excitava.


Ele a girou, colocando-a de frente, enquanto davam alguns passos para o
lado para depois retornarem ao mesmo lugar. Colocou uma das pernas entre
as de Isabel enquanto rebolaram juntos. A dança sensual o permitia explorá-
la por completo, da bunda as outras curvas do corpo. Ela deslizou as mãos
pelos braços dele até os cotovelos.
O gingado de Salomon era enlouquecedor. Isabel nunca fora uma eximia
dançarina, porém com ele a guiando, essa se tornava a tarefa mais fácil e até
natural.
Ele deu um tapinha na bunda dela e em seguida a segurou fazendo Isabel
rebolar com a perna dele entre as suas. Salomon mordeu a orelha de Isabel
em meio a dança, fazendo-a se arrepiar e se contorcer toda em seus braços.
Ela balançava o cabelo loiro de um lado para o outro ao som da música,
enquanto se esfregava em Salomon. Ele a segurou pelo pulso e a fez a girar,
antes de puxá-la para si outra vez. Os mamilos rígidos, protegidos pelo
vestido fino, estavam excitados e rasparam no peito de Salomon.
Os dois arfaram ao trocar olhares após o fim da música. Isabel se perdeu
nos castanhos dele e foi incapaz de ver qualquer outra coisa ao seu redor.
Acariciou o rosto coberto por uma barba curta. Estava prestes a beijá-lo
quando o som do DJ deixando uma caixa de som cair a lembrou de que não
estavam sozinhos.
– Vem comigo para o quarto.
– Estava pensando em levá-la para a minha casa.
– O meu quarto aqui no hotel está mais perto.
O argumento de Isabel seguido por ela deslizando os dedos por seus lábios
foi um argumento mais do que convincente para Salomon. Ele deixou-se ser
puxado na direção dos elevadores, enquanto observava a saia fina do vestido
de Isabel se mover com cada passo que ela dava.
Quando a porta se fechou deixando-os sozinhos dentro do pequeno
cubículo de metal que transitava entre os andares, foi difícil para Salomon se
lembrar da câmera e não empurrar Isabel contra a parede revestida por um
espelho. Porém, para a sua sorte, ele não esperou muito até atravessarem o
corredor e ouvir o som da maçaneta sendo aberta e eles estarem sozinhos de
verdade.
Salomon não sentia tanta necessidade de sexo antes de começar a namorar
Isabel, ou mesmo pensava tanto no assunto. Mas o corpo dela já era um
convite e tanto.
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Pegou-a pelos pulsos e a empurrou contra a parede. Segurando com força


as mãos dela com as suas, entrelaçando os dedos, ele mordeu-a na base do
pescoço. Desceu com a ponta da língua até o encontro dos seios no decote.
– Ficou com ciúmes de me ver servindo outras mulheres? – Ele sussurrou
contra os seios dela.
– Talvez. – Isabel deu de ombros.
– Então me deixe servi-la para te recompensar.
Antes que Isabel pudesse responder ele a pegou no colo e levou até a
grande cama no centro do quarto. A lâmpada estava apagada, mas a lua cheia,
que observava os amantes do lado de fora da parede de vidro, deixava o
ambiente com uma iluminação agradável.
Salomon tirou o tênis e o deixou junto a cama antes de se afastar.
– Ei! Onde vai?
Isabel girou na cama virando-se para ele, mas não obteve resposta alguma.
Apenas o observou ir até o frigobar, numa pequena cozinha do quarto, e
pegar dentro dele umas garrafas com pequenas doses de bebidas, além de
uma bandeja com morangos e outra com uvas.
Salomon deixou as coisas sobre um criado-mudo, empurrando para o lado
o telefone do quarto e subiu de joelhos sobre a cama.
Isabel se deliciou com a visão dele soltando os cabelos, que estavam
presos em um rabo de cavalo, e se desfazendo da bermuda, ficando apenas
com uma cueca box azul-marinho. O pênis ereto deixava uma elevação bem
evidente no tecido, o que fez a súcubo salivar.
Salomon se curvou e pegou o celular no bolso da bermuda, que foi
colocada sobre o chão. Escolheu uma música e devolveu o aparelho para o
chão.
Isabel estava prestes a perguntar o que ele ia fazer quando o tritão tirou a
fronha de um dos travesseiros sobre a cama e a usou para amarrar os pulsos
dela juntos no alto da cabeça.
Presa e atenta a ele, Isabel nem se mexeu. Observou-o pegar uma garrafa e
começar a girá-la entre os dedos e fazer pequenas acrobacias, enquanto o
corpo másculo e escultural se movia no ritmo da música. Ela conteve uma
exclamação quando Salomon abriu a garrafa e deixou que uma dose
escorresse pelo peito largo e o abdômen bem definido, contornando os
músculos pelo caminho.
Isabel arregalou os olhos e passou a língua pelos lábios que de repente
ficaram secos. Vê-lo dançando e se exibindo para ela daquela forma a deixou
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louca. Poucos homens tinham a coragem para fazer tal performance, e um


número ainda menor se sairia tão bem quanto Salomon. Ele era lindo, muito
sexy, e o gingado que possuía de uma forma tão natural contribuía muito.
Quis poder tocá-lo, mas logo lembrou-se das mãos amarradas e tentou se
contentar em ser apenas uma espectadora.
Salomon pegou um morango e o passou por seus lábios antes de curvar-se
e permitir que Isabel mordesse a fruta. Sorriu ao ver o brilho nos olhos azuis
dela, um brilho de quem estava gostando muito.
Isabel soltou um gritinho implorando por mais quando ele se afastou. O
viu pegar a garrafa de tequila, jogá-la para o alto e segurá-la de cabeça para
baixo com a palma da mão aberta. Ele a passou pelo corpo, ressaltando o
contorno dos músculos. Depois a girou outra vez para abri-la com os dentes.
Curvou-se e virou uma dose dentro da boca de Isabel. Esfregou seu peito nos
seios dela, porém de forma rápida, apenas para deixá-la com um gostinho de
quero mais.
Perguntou-se se ele havia sido um stripper em algum momento da vida,
pois a forma que Salomon se movia, dançando de um jeito tão natural e
desinibida não era comum a homens mais contidos. Nem Isabel sabia se era
capaz de tal performance. Porém, pouco importava, ela estava amando.
Praguejou baixinho por ainda estar vestida, quando ele começou a se esfregar
nela, movendo-se no ritmo da música.
Isabel arfou quando finalmente Salomon ergueu o vestido, tirando-o até os
braços, que juntos impediram a remoção completa da peça. Ela sentiu um
calafrio quando o tritão virou um pouco de tequila sobre seu ventre e o
líquido gelado causou em Isabel um calafrio.
Salomon jogou os cabelos para trás ao se curvar e capturar com a língua a
bebida que escorria pela pele quente de Isabel. Beijando e lambendo, ele
capturou cada gota da bebida derramada, e a tequila nunca teve um gosto tão
bom.
O tritão voltou a dançar . Isabel se remexia na cama de desejo e
ansiedade. Precisou de muito autocontrole para não arrebentar as amarras em
seu pulso. A incrível visão de Salomon dançando sobre a cama era a melhor
coisa de se ver do mundo, mas também, uma tortura.
O corpo forte, escultural, de músculos bem definidos, se movendo no
ritmo da música, Salomon passando a mão por ele, ressaltando os detalhes,
estava deixando Isabel louca. O tritão sorria ao ver a agonia que provocava
nela.
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Salomon pegou uma uva, e a segurou com os dentes e curvou-se,


entregando-a para Isabel. Ela mordeu a uva afoita por beijá-lo, mas ele logo
se desvencilhou. Ela torceu os lábios em protesto.
Ele passou os dedos pela elevação dos seios de Isabel e abriu o fecho do
sutiã que, por sorte, era preso na frente. Deixou expostos os seios dela com os
mamilos rígidos. Salomon pegou a vodka e derramou entre eles, depois
colocou dois morangos em fila.
Curvou-se e lambeu a bebida que escorria pelos seios de Isabel. Mordeu
os morangos sem usar as mãos, em uma brincadeira demorada, capturava-os
apenas com a língua.
Isabel já havia enlouquecido. Ela tremia num desejo que a tomou de uma
forma que era incapaz de lidar. Ardia inteira, estava em chamas. Precisava
dar um fim a agonia mais deliciosa pela qual já passara.
– Salomon, pare de brincar comigo!
– Não, agora que estou me deliciando.
Ele mordeu um morango que escapou e fez os dentes roçarem a pele frágil
de um dos seios. Isabel gritou em meio a um gemido de prazer.
O tritão amou tomar bebida no corpo dela. Porém, até mesmo Salomon já
estava urrando de desejo. Vê-la seminua, excitada a cada estímulo, fazia
crescer a vontade de penetrá-la.
Ele mordeu os lábios em uma expressão muito sexy enquanto arrancava a
calcinha pequena da súcubo com um único puxão. Ele jogou tequila entre as
pernas dela enquanto aparava o líquido com a língua.
Isabel gritou alto e se contorceu na cama. Desejou ter as mãos livres e algo
para poder apertar, cravar as unhas, pois precisava de controle enquanto a
bebida gelada escorria pelo seu clitóris, provocava calafrios, e era amparada
pela língua de Salomon.
Quis gritar um monte de palavrões. Caralho! Aquele latino era muito
gostoso. Porém, tudo o que ela conseguiu foram uma série de gemidos cada
vez mais altos e remexer-se na cama, bagunçando todo o lençol.
Pouco antes dela atingir o orgasmo Salomon parou e a virou de costas,
deitando-a de bruços.
– Não vai derramar meus braços?
– Hum-hum – Ele passou a língua pela orelha de Isabel.
A loira contorceu-se inteira com o calafrio. Estava ofegando de desejo e
deitada daquela forma tinha seus movimentos ainda mais limitados.
Salomon tirou a cueca, segurou a bunda de Isabel com força, abrindo-a um
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pouco e esfregou seu pênis na entrada da vagina dela.


Ela mordeu o lençol, estava desesperada por ser penetrada como nunca
antes. Tê-lo dentro de si já era uma necessidade tal como respirar.
– SALOMON!
Ele deu um palmada na bunda dela e entrou com um tranco, indo o mais
fundo que pode. Isabel gemeu alto e estremeceu. Foi difícil descrever como a
súcubo se sentiu quando ele a invadiu depois de um longo tempo de
provocações, era algo como a primeira lufada de ar depois de horas sem
respirar. Foi a melhor sensação que já sentiu e o prazer provocado por ela a
fez gemer como nunca. Muitos hóspedes do andar devem tê-la ouvido.
Salomon beijou a nuca da súcubo enquanto apoiava as mãos sobre a cama,
começando a se mover. Ele também ansiava por estar dentro de Isabel e isso
se evidenciou pela forma urgente que o vai e vem foi tomando.
Ela estava muito molhada e o apertava como nunca, em contrações
involuntárias pelo próprio prazer de tê-lo dentro. Ele se continha para não ir
rápido demais e gozar antes de aproveitá-la melhor, mas era uma tarefa muito
árdua.
Isabel arrebentou a fronha e libertou seus braços. Era gostoso estar de
bruços com Salomon montado em cima dela, mas queria olhá-lo nos olhos
mesmo que não fosse se alimentar.
Saiu debaixo dele e o fez sentar-se na cama. Salomon nem teve tempo de
protestar, pois logo ela estava apoiando as duas mãos sobre seus ombros e
sentando-se nele, unindo-os outra vez.
Isabel fitou os olhos castanhos com as pupilas dilatadas pela excitação ao
começar a se mover, subindo e descendo, quicando e rebolando contra a
pélvis do tritão. A cada movimento que o fazia entrar fundo, arrancava dele
gemidos cada vez mais empolgados.
Salomon agarrou a bunda dela e aumentou a intensidade dos movimentos.
Ambos gemiam juntos. Às vezes se beijavam como conseguiam, antes que o
próximo gemido separasse as línguas.
Ela colocou uma mão sobre o rosto dele e não desviaram o olhar até que
os deliciosos espasmos do orgasmo começaram a envolvê-la. Isabel jogou a
cabeça para trás, gemendo alto e ofegando, mas ela continuou a se mover,
rebolando contra o pênis de Salomon até que seu cansaço a impedisse.
Pouco mais de um minuto depois, Salomon se juntou a ela. Com os
músculos tensos ele a apertou, até que a respiração ofegante parasse e lhe
devolvesse o controle de seus próprios músculos.
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– O que foi isso? – Com a voz trêmula e ofegante, Isabel apoiou a cabeça
no ombro dele.
– Sexo. – Ele riu, brincalhão.
Isabel mostrou língua.
– Eu disse quanto a você dançando para mim e a bebidas... – Ela
estremeceu ao lembrar.
– Sei ser sensual às vezes.
– E como. Ainda sinto como se todo o meu corpo estivesse sido banhado
em pimenta.
Salomon riu.
– Venha, minha fogosa. Vou dar em você um banho.
Ele a pegou no colo e a levou até o banheiro.

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Capítulo 20

– Imagino que pelo tempo que levou para me ligar as coisas estão muito
interessantes e a deixando bem ocupada.
Isabel encolheu o rosto e usou a mão livre, que não segurava o celular,
para mexer no bordado do vestido.
– Me desculpe, Aron.
– Está tudo bem. – Ele riu. – Acho que a minha irmãzinha pode se virar
alguns dias sem a minha ajuda. – Aron se ajeitou na poltrona de seu escritório
para olhar melhor para a imagem de sua irmã no celular sobre a mesa à sua
frente. – Como andam as coisas por aí? Suponho que bem, pela alegria em
seus olhos.
– Ah, Aron! – Isabel suspirou. – Salomon é lindo, quente, um ótimo
dançarino...
– E você está apaixonada. – Concluiu o irmão mais velho ao passar a mão
direita pelos cabelos negros.
– Loucamente.
Aron sorriu, feliz. Observara a busca de sua irmã caçula por alguém para
amar e ela finalmente parecia ter encontrado o cara.
– Espero que ele a faça feliz, ou eu mesmo irei matá-lo.
– Não é para tanto.
– Sabe que cumpro as minhas promessas.
Isabel riu.
– E está tudo bem, sem caçadores, anjos assassinos ou inimigos de
qualquer gênero? Eles costumam vir no pacote.
– Debochado! Tem uma sereia, mas acho que posso lidar com ela.
– Se precisar de mim avise. Eu pego um avião para aí.
– Eu sei, meu irmão, obrigada. E como estão Dária e o Thomaz?
– Ótimos. Dária está amando ser mãe, se eu soubesse teríamos adotado
uma criança antes. Ele nos trouxe uma alegria que eu não imaginava. Deixei-
o na escola, na hora do almoço eu vou buscá-lo. Achamos bom permitir que
ele conviva um pouco com os humanos. Ele aprendeu fácil a diferença entre
o sobrenatural e os humanos e está mantendo bem o segredinho dos pais. Já
Dária, eu espero que esteja aguardando por mim no quarto. Os momentos que

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podemos ficar sozinhos e fazer barulho já não são mais como antes.
– Ele crescerá logo.
– Nós sabemos. Mas estamos amando tê-lo criança.
Salomon girou na cama ao ouvir a voz de um homem. Tateou o lugar ao
seu lado e não sentiu Isabel ali. Abriu os olhos num rompante e a viu sentada
olhando para um celular. Engatinhou até ela e viu o dono da voz refletido na
tela do pequeno aparelho.
– Quem é? – Beijou o ombro de Isabel.
Ela se virou para ele e sorriu.
– Meu irmão.
– Olá! É um prazer conhecê-lo, Salomon.
– O prazer é meu. Isabel comentou um pouco sobre você e a irmã casada
com o filho do diabo.
Aron riu.
– Imagino que estejam bem ocupados com outras coisas mais interessantes
do que falar sobre a família. Já que você está nu.
– Me desculpe não imaginava que...
– Relaxa, cara! Você namora uma súcubo. Sexo para nós é tão natural
quanto respirar. Por falar nisso minha bela vampira espera por mim. Cuide da
minha irmã ou cuidarei de você. – O sorriso descontraído camuflou a
pequena ameaça.
A súcubo deu um leve tchau antes de desligar a chamada.
– Seu irmão parece um cara legal. – Salomon sussurrou ao passar os dedos
pelos cabelos loiros de Isabel.
– Ele é. Vai gostar de Natasha também.
– Tenho certeza que sim. – O sussurro de Salomon saiu quase no
automático enquanto ele beijava e mordiscava o ombro de Isabel.
Ela se contorceu ao jogar o cabelo loiro para o lado, dando a ele livre
acesso ao seu pescoço. Ele passou a língua pelo contorno até a base do
queixo da súcubo, fazendo-a estremecer inteira.
– Vamos nos levantar. – Salomon passou as mãos pela cintura de Isabel.
– Depois... – Ela se virou para beijá-lo.
– Não vamos passar o dia transando.
– E por que não? – Isabel torceu os lábios e fechou a cara.
– Por que eu quero levá-la a um passeio. Está há alguns meses numa
cidade com as mais belas paisagens do mundo e posso apostar que não
conheceu a maioria delas.
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– A vista da minha janela já é incrível.


– Deixe-me levá-la que verá o que é incrível.
– Depois do sexo? – Isabel mordiscou o lábio inferior dele.
– Não! – Salomon se levantou da cama com a agilidade de um gato.
– Ah! – Isabel cruzou os braços emburrada como uma criança.
Salomon gargalhou.
– Vamos, meu amor, vai gostar do passeio.
– Sabe que eu adoro quando me chama assim.
Isabel se levantou ao segurar a mão dele.
– Sim, é por isso que a chamo.
Ela sorriu envergonhada e depois roubou um rápido selinho.
– Quer mesmo perder o passeio?
– Não...
– Então me espere aqui. Vou pegar umas roupas limpas que deixo no
armário para funcionários e já volto.
– Poderia deixá-las aqui.
– Assim como você poderia sair do hotel e se hospedar na minha casa.
– Me hospedar na sua casa seria como morarmos juntos. E não sei se quer
isso.
– O que eu quero cabe a mim, não acha?
Isabel ficou em silêncio.
Salomon vestiu a bermuda e deixou o quarto.
Com os pés descalços, ela caminhou até a enorme janela de vidro que
separava o quarto da praia. Afastou a cortina branca e apoiou a testa no vidro
frio para observar as ondas do mar quebrarem sobre a areia branca e a brisa
fraca que fazia balançar alguns coqueiros.
Distraída, pensou sobre o vislumbre de discussão que tiveram. Se queria ir
para casa dele? Com toda a certeza. Porém sua parte racional não achava
prudente. Há pouco mais de um mês Salomon havia a pedido para ficar e por
um tempo indeterminado, Isabel abrira mão de voltar para casa, para sua
família, ao optar por permanecer com ele. Mas a relação de compromisso um
com o outro ainda era muito nova para ambos. Ir para casa de Salomon com
as malas para ficar lá indefinidamente não era um passo prudente, não
enquanto eram apenas namorados se conhecendo. Talvez quando o
relacionamento deles avançasse mais.
– Ainda não se arrumou? – Ele chegou por trás e envolveu a cintura de
Isabel com os braços.
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Ela suspirou ao sentir o calor do corpo dele contra o seu.


– Já estou. – Ela apontou para o vestido.
– Pegue um chapéu, biquíni e coloque um tênis. O início do nosso
passeio começa em um lugar quente e precisará caminhar.
– Está bem.
Ela caminhou pelo quarto e fez o que ele pediu.
Salomon se escorou na parede enquanto a observava se arrumar. Tão
linda... Vê-la ali ao alcance de seus braços o fez se esquecer de qualquer
coisa. Da maldita sereia ou mesmo de que precisaria trabalhar a noite. Por
muito tempo imaginou que jamais encontraria uma mulher que o deixaria
seguro o suficiente para desejar dividir o restante da eternidade. Chegava a
ser cômico comparar a sua atual situação com o passado. Ele sempre fora
muito inseguro, tinha seus motivos. Mas agora com Isabel, Salomon sentia
que podia relaxar e apenas curti-la. E como estava curtindo. Era difícil
encontrar alguém com tanto desejo como ela possuía, tanto ânimo ou mesmo
tão ousada.
– Vamos? – Isabel parou à frente dele e cruzou os braços.
Salomon a segurou pela cintura e saiu puxando para fora do quarto.
– Onde vamos mesmo? – Isabel se apoiou no peito dele, coberto por uma
camiseta branca,enquanto entravam no elevador, e começou a brincar com
uma mecha dos cabelos castanhos e longos.
– Te contar acabaria com a surpresa. – ele desviou o olhar para o espelho
no elevador afim de que os olhos azuis dela não o fizessem mudar de ideia.
– Tá. Desculpe se sou um pouco ansiosa.
– Você é linda.
Salomon apoiou a testa na dela e a beijou.
Isabel abraçou o pescoço dele enquanto sentia a língua adentrar sua boca.
Alguém pigarreou. Eles se viraram e viram um hóspede com camisa
florida parado junto à porta de metal e logo os dois se deram conta de que o
elevador havia parado no térreo.
– Desculpe-me. – Isabel saiu dando um risinho.
Ao ver a beleza dela o hóspede nem soube como brigar.
– Bom passeio para vocês. – Ele acenou antes de entrar no elevador.
Eles atravessaram a recepção do hotel até o estacionamento, onde
Salomon sempre deixava a moto.
– Você chama atenção em? – Salomon entregou o capacete a ela.
– Isso é ruim? – Isabel sacudiu os cabelos loiros antes de colocar o
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capacete.
– Não. Principalmente quando me lembro que o seu namorado sou eu.
Ela sorriu ao subir na garupa da moto.
– Será uma viagem de duas horas, mas valerá a pena. – Salomon deu
partida na moto e dirigiu para a rodovia que margeava a praia.
Aquele caminho era quase automático para ele, por muitas vezes o fizera.
Visitar esse local era um exercício frequente que fazia várias vezes ao ano,
contudo era a primeira vez que ia acompanhado de alguém fora o seu melhor
amigo. Estava feliz por compartilhar tal santuário com Isabel.
Foram as melhores duas horas de viagem que Isabel poderia imaginar.
Além da belíssima vista, ela estava bem agarrada a Salomon, mesmo que
fosse apenas agarrada.
Quando se aproximaram da entrada Salomon deixou a moto no
estacionamento. A súcubo ficou impressionada com a quantidade de turistas.
Ao descer da moto, apoiando-se nele, ela se deu conta de o de estavam.
– A cidade Maia!
– Sim, Chichén Itzá.
– Ela com certeza estava no meu roteiro de viagem. Mas aí eu conheci
você, e queria conhecer mais sobre você...
– Aí esqueceu do roteiro.
– Não posso dizer que estou arrependida.
Salomon riu ao segurá-la pela mão e puxá-la consigo. Compraram os
ingressos e entraram.
Ele estava certo, fazia muito calor, Isabel pensou ao ajeitar o chapéu.
Eles saíram bem cedo do hotel então chegaram no local razoavelmente
vazio. Salomon comentou que as grandes excursões chegariam mais tarde e o
lugar ficaria abarrotado.
Os vendedores de artesanato ainda montavam as suas barracas e Isabel viu
algumas coisas interessantes que depois compraria para levar de recordação
ou para dar aos seus irmãos.
Os olhos dela brilharam ao ver as enormes construções de pedra clara.
Salomon a levou primeiramente a famosa pirâmide, o templo de kukulcan,
cartão postal do sítio arqueológico e escolhido uma das sete maravilhas do
mundo moderno. A pirâmide era composta por noventa e um degraus em
cada um dos seus quatro lados, somados ao último degrau no topo,
totalizando trezentos e sessenta e cinco, o que corresponde ao número de dias
no calendário Maia. Era uma pena ver que fora se desgastando com o passar
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do tempo, mas não deixava de ser belíssima.


– Antes nos deixavam subir. – Salomon apoiou a mão no ombro de Isabel
para chamar sua atenção. – Mas hoje nem podemos tocar nela.
– É uma pena. Mas estão tentando protegê-la.
Por todo o parque estava repleto de vendedores de artesanato. Vendiam
objetos de decoração esculpidos em madeira, roupas e acessórios. Isabel
acabou comprando um colar de sementes que foi oferecido por um menino.
Rindo, Salomon tentou contê-la para que não acabassem cheios de sacolas.
– Isabel. Quando eu disser que estamos no fim do passeio você pode levar
o que quiser.
– Mas são só umas coisinhas. – Minha irmã vai adorar aquele vestido.
– Isabel, depois! – Ele saiu arrastando-a pela mão deixando a vendedora
falando sozinha.
O circuito dentro da cidade era de chão batido e havia algumas áreas com
bancos para as pessoas descansarem à sombra das árvores, essas eram bem
altas e com copas compostas por folhas pequenas e espaçadas, verdes ou
mortas.
Isabel viu várias iguanas correndo pelo chão durante o passeio. Uma quase
passou em seu pé e matou a súcubo de susto. Os répteis nem se intimidavam
com a presença das pessoas.
– Calma, Isa. É só um lagarto grande e você é um demônio. – Salomon se
contorcia de rir.
Isabel cerrou os dentes e fez bico.
Eles logo chegaram ao templo dos guerreiros e a praça de mil colunas,
uma área ao lado do templo. Eles ficavam em uma elevação de uns dois
metros feita de pedras e também estavam cercados impedindo a entrada dos
visitantes. Depois foram ao campo de Jogo de Pelotas. Na quadra, dois
grandes paredões possuíam cada um arco de pedra.
– É curioso que os jogadores só podiam lançar a bola com os quadris ou o
antebraço. – Salomon comentou olhando para o arco de pedra uns dez metros
do chão.
– Deve ser bem difícil.
– Nem faço ideia.
Eles andaram por um caminho rodeado por árvores e cercado dos dois
lados por barracas dos artesãos locais.
Um pouco antes de Isabel ver o local para onde estavam indo, Salomon
cobriu os olhos dela com as mãos. O que a deixou um tanto ansiosa.
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– O que tem lá? – Isabel continuou andando enquanto tentava se livrar das
mãos dele.
– É só um lugar onde as pessoas eram sacrificadas.
– Sério? – Isabel fingiu um calafrio e tirou as mãos dele.
Ela olhou para baixo. E viu um lago de água verde bem abaixou do nível
do solo.
– É lindo para algo com fim tão trágico.
– Também servia para fornecer água à cidade. – Salomon apertou a mão
escorregadia e suada dela. – Pronta para uma caminhada?
– Depende.
– Só uns três quilômetros.
Ela arregalou os olhos. Ele riu.
– Só se eu puder ir voando.
– E mostrar isso para todos os turistas.
– Três quilômetros?!
– Tá, vamos voltar para a moto.
– E os artesanatos? – Ela apontou para uma barraquinha.
– Prometo que voltamos outro dia só para você fazer compras.
– Promete mesmo?
– Sim. – Ele abraçou e beijou.
– Estou toda suada. – Isabel passou as costas da mão pela testa.
– Como se eu me importasse.
Ele a beijou outra vez antes de irem até a moto.
Durante os três quilômetros, Salomon riu por ouvir Isabel resmungar sobre
as coisas que não comprou e temia não estarem mais lá quando voltasse.
Mulheres, eram mulheres no fim das contas. Mas algo que realmente o
balançou foi a relação que ela tinha com a família. Salomon tinha o pai,
gostava muito dele, o via sempre que possível, porém os irmãos pareciam ser
a vida dela. Vira a ligação forte que possuía com o homem com quem
conversaram mais cedo. Admirou isso.
Isabel olhava para as árvores que os cercavam, imponentes na marginal da
rodovia. Logo pararam em outra portaria e compraram os bilhetes.
Ao entrarem em um túnel feito de pedra terra a dentro, Isabel passou as
mãos pelas paredes frias, e respirou aliviada quando a temperatura de seu
corpo pareceu diminuir. O México era lindo, mas muito quente.
Aliviada, ela olhou para o pequeno túnel, sentiu-se numa masmorra de
castelo, onde as escadas eram esculpidas na própria pedra. Quando ela
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chegou ao fim da escada não conteve a exclamação de surpresa. Abriu a boca


e teve medo de seu queixo ir ao chão.
– Salomon, Nossa!
Isabel se viu diante de uma das paisagens mais belas do mundo, e já havia
visitado muitos lugares. Passou as mãos pelo rosto úmido pelo suor, e sorriu.
A súcubo estava no fim da escada em um dos lados do paredão em forma
circular que subia vários metros até a superfície. Parecia um grande poço
natural, onde o fundo era um belíssimo lago de águas transparentes. Da
apertura, lá no alto, desciam trepadeiras cumpridas que tocavam a superfície
do lago, essas quase formavam cortinas verdes. O sol que se acumulavam no
topo, descia em raios bem demarcados o que formava um belíssimo efeito.
– Às vezes venho para cá e me esqueço de que preciso ir embora. –
Salomon enrolou no dedo uma mecha do cabelo de Isabel.
– Eu com certeza me esqueceria.
Os olhos dela brilhavam. Ainda estava boquiaberta. O cenote era uma das
coisas mais expendidas que já vira.
– Vamos nadar.
Isabel tirou o vestido e segurou a mão dele. Salomon pegou impulso e a
puxou consigo. Ela soltou um gritinho enquanto seu corpo voava antes de
bater contra a água espirrando gotículas para todos os lados.
A súcubo afundou vários metros, o fim do lago não parecia chegar nunca e
ela fez força para emergir antes que ficasse sem fôlego. Quando colocou a
cabeça para fora da água, encontrou Salomon a encarando.
Ela arfou por finalmente sentir que se livraria de todo o calor.
– Não imagino como vivi todos esses anos sem conhecer você, sem
conhecer esse lugar. – Ela envolveu o pescoço dele com os braços.
– De alguma forma chegou aqui.
– O destino é engraçado.
– Prefiro pensar que nós mesmos fazemos nossas escolhas. – Salomon
passou a mão molhada pelo rosto de Isabel antes de puxá-lo para si.
O beijo começou com todo o carinho, num roçar quase inocente dos
lábios, até Isabel forçar a língua para dentro da boca de Salomon e uma
fração do êxtase começou. Ele a puxou para junto de si com mais força e
suprimiu os instintos de puxá-la para o fundo do lago, lembrando-se de que
apenas ele conseguiria respirar.
O local estava cheio de turistas nadando ao redor deles, e por um instante
Isabel se esqueceu disso, desejando que Salomon se desfizesse de seu biquíni.
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Mas ele não o fez, continuaram apenas num beijo de língua mais carinhoso
do que os fogosos que costumavam trocar.
– Sabe, quando chove, a água escorre pelas trepadeiras e o efeito é
incrível.
Isabel se afastou dele e voltou a olhar ao seu redor. Assim como a Europa,
o Brasil também tinha lugares deslumbrantes. Mas o México... Então o
quanto a companhia fazia o lugar.
– Eu o amo, Salomon. – Ela passou os dedos pelos cabelos longos e
molhados dele. – Não sabe quanto tempo esperei por você.
– Eu imagino, pois também esperei muito. – Ele sorriu ao se perder no
azul dos olhos dela.
Ainda era maravilhoso, para não dizer inacreditável. Salomon chegou a
imaginar que as mulheres dispostas a dividir uma vida com alguém, a ter um
relacionamento, entraram em extinção ou ele apenas possuía uma má sorte
terrível. No fim das contas ele também as deixava ir, sem se esforçar nem um
pouco para que ficassem. Não admitiria, mas estava muito grato pelos puxões
de orelha do amigo, grato por não deixar a mulher de seus sonhos escapar por
entre os dedos. Ela só precisava ser amada que ficaria.
Beijou-a no queixo e acariciou o rosto macio. Seus olhos castanhos
brilhavam ao encará-la. Estava um tanto emocionado e agradeceu pela água
encobrir seus olhos marejados.
– Eu também a amo, Isabel.
Ela abriu um enorme sorriso e o abraçou e beijou. Ah, Salomon finalmente
tenho você.
Ele segurou a mão dela e a puxou para o fundo. Isabel assustou a
princípio, porém tomou ar o suficiente para poder nadar com ele por alguns
segundos. A água cristalina os permitia ver todo o lago profundo bem como
os pequenos peixes de cores variadas que nadavam entre eles.
Felicidade, uma palavra tão simples, mas com um significado tão
infinito...

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Capítulo 21

– Nat, você e o Dante precisam vir ao México. Esse lugar é incrível!


Isabel andava de um lado para o outro do quarto, balançava as mãos
frenéticas por não conseguir conter o entusiasmo.
O pequeno espelho preto, que exibia a imagem de Natasha, estava apoiado
no travesseiro sobre a cama, pois Isabel tremia demais para segurá-lo.
– Isa, você está apaixonada, qualquer lugar é perfeito, até mesmo o
inferno. – Natasha riu ao ajeitar o decote do vestido preto.
– Sério! Salomon me levou para conhecer as ruínas Maias, depois a um
cenote, que é tipo uma gruta com um lago, parece um portal mágico, super
compreendo porque os Maias achavam esses lugares sagrados.
Natasha caiu na gargalhada.
– Irmã, sente-se e se acalme. Desse jeito vai acabar tendo um troço.
Isabel respirou fundo e abraçou a si mesma.
– Pelo que eu me lembro eu era a mais histérica.
– Você faz falta, Nat.
Ao se lembrar dos anos que não via a irmã pessoalmente, muito menos a
abraçava, a empolgação de Isabel se abrandou.
– Às vezes me pego pensando em como era quando vivíamos nós três
juntos em Londres. Mas aí Lygia ou o Mammon me abraçam e faz todo o
sentido estar aqui.
– E como eles estão?
– Ah, ele é um pai coruja e um marido maravilhoso em todos os sentidos.
Tenho toda a certeza de que a melhor coisa que me aconteceu foi ter chamado
a atenção da polícia e Mammon ter ficado na minha cola. E Lygia está
crescendo, ontem foi aniversário dela, imagina o quanto foi engraçado ver
todos os demônios com chapéu na hora dos parabéns.
Isabel riu com a imagem que passou por sua cabeça.
– Queria tanto tê-la conhecido.
– Só mais alguns anos. Deixe que ela cresça e vamos voltar para a terra.
– Sério?!
– Sim. Tenho treinado duro todos os dias, vou estar preparada para os
anjos. E Lygia é tão forte quanto o pai.

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– Espero que esses anos passem logo.


– Irão. Para quem vive para sempre o que são uns vinte anos? Logo
teremos nossa reunião de família já que você pelo visto ficará no México.
– Eu não sei...
Natasha fechou a expressão ao não gostar do tom de voz desanimado da
irmã.
– Não estava há pouco toda animada com a beleza do lugar, com a beleza
do seu tritão?
– Estou conhecendo o lugar e ele. Não estamos nos casando.
– Aron e Dária nunca se casaram, não formalmente.
– Mas eles vivem juntos...
– Se ele não te pedir em casamento, peça você.
– Ainda não! É muito cedo.
– Vive pisando em ovos, Isa. O medo do não, o medo de dar errado, a
impede até de tentar. Se você o ama, mergulhe de cabeça.
– Para você sempre foi muito fácil fazer assim. – A risada de Isabel foi
dolorosa enquanto ela se sentava na cama e pegava o espelho.
Observou Natasha. A morena também estava sentada na cama, uma
enorme com dossel.
– Porque eu sempre fiz o que eu queria de verdade. Você também pode,
mas tome o tempo que precisar. Às vezes eu queimava a largada.
– Muitas vezes.
As duas riram juntas.
Alguém bateu na porta.
– Nat, nos falamos depois.
– Até mais, Isa.
A imagem no espelho sumiu.
Isabel se levantou e atravessou o quarto até a porta. Abriu-a e se deparou
com Ramon parado.
O tritão tomou um susto com ela abrindo a porta de uma vez.
– Ah, você. Achei que Salomon viria para cá depois que acabasse o
horário dele no bar. – O sorriso no rosto dela diminuiu consideravelmente.
– Ele não vem. Mas me pediu para avisá-la para encontrá-lo na casa dele
daqui há uma hora.
– Por quê? – Ela apoiou a mão no batente da porta e encarou Ramon ainda
mais – Eu não sei. Foi tudo o que ele me pediu para dizer.
– Tá, obrigada. – Isabel fechou a porta.
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Ramon bufou ao sair andando pelo corredor. Esperava mais do que uma
porta na cara, mas sabia que não era ele que a loira esperava ver. Porém, logo
abaixo da raiva superficial do momento estava feliz. Finalmente Salomon ter
se apaixonado e esse sentimento ser recíproco.
Dentro do quarto, Isabel se apoiou na porta. Por que Salomon queria que
ela fosse para a casa dele? E por que não a levou com ele como sempre fazia?
Havia sido um dia incrível com belas surpresas. Tudo o que Isabel desejava
era se recostar no peito dele ofegante de prazer.
Logo o veria. Essa pequena afirmativa bastava para reconfortá-la.
Foi até o guarda-roupa. Escolheu um vestido azul de tecido fino e leve,
tomara-que-caia, com uma fita logo abaixo do peito.
Suas roupas sujas já se amontoavam dobradas num canto. Planejava ficar
um mês e meio ou dois. Agora com sua estadia por tempo indeterminado,
tinha que encontrar uma lavanderia e comprar roupas novas.
Foi até o banheiro. Tomou um banho quente e lavou os cabelos. Penteou-
os, ainda nua. Passou um creme hidratante que deixara sobre a bancada do
banheiro e um de seus melhores perfumes.
Enquanto dava um laço atrás das costas com a fita do vestido que passava
por baixo dos seios, Isabel pensou sobre a conversa com sua irmã. Uma
grande parte da responsabilidade que aprendera a ter devia-se a impulsividade
de Natasha. Porém, a irmã mais velha havia se apaixonado, tornara-se mãe e
já não era mais alguém com quem precisava se preocupar. Talvez Isabel
agora estivesse gastando essa energia com medos e inseguranças
desnecessárias. Ela e Salomon estavam a cada dia melhor e era isso que
importava. Não precisava precipitar nada, ambos eram imortais, se fosse para
ficarem juntos para sempre, ficariam. Entretanto, o que mais importava era
viver um momento de cada vez.
Colocou um colar, com um pequeno pingente de esmeralda, e brincos
combinando. Por fim deixou o quarto indo para recepção onde pediria um
táxi.
Não houve um homem nos corredores pelos quais passou que não virasse
a cabeça para olhá-la. A deslumbrante loira, linda.
Na rua em frente à recepção, ela se apoiou na lateral do táxi. O pobre
motorista teve um susto ao desviar a atenção da tela de seu celular para
encará-la.
– Será que pode me levar?
– Claro! – Ele engoliu em seco e saiu tropeçando para abrir a porta.
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– Obrigada. – Isabel se sentou no banco de trás.


– Aceita uma água, bala, ou alguma outra coisa? – O homem se sentou no
banco do motorista enquanto olhava para Isabel pelo retrovisor do meio.
– Não obrigada.
Ela se debruçou na janela para olhar o mar enquanto o motorista dava a
partida no táxi. Durante os poucos minutos que duraram a viagem ela não
disse nada, e o homem também não disse coisa alguma, mas em silêncio
devorou-a com o olhar.
Logo o carro parou na estrada da vila.
– Tem certeza? É num lugar tão simples como esse que a senhorita deseja
ficar? – Ele apertou o volante em suas mãos ao olhar o local à sua volta. Era a
primeira vez que trazia para cá um hóspede do luxuoso hotel.
– Sim. É aqui mesmo. – Isabel pegou dinheiro para pagar pela viagem em
sua bolsa pequena.
– Tem certeza, é um lugar perigoso para uma turista.
– Vou ficar bem. – Isabel saltou do carro.
Mal ouviu o homem dizendo que poderia ligar para ele depois. E
atravessou um beco apertado e algumas ruelas, antes de chegar à praia.
Andando sozinha, Isabel examinou melhor o local. Não se diferenciava muito
das periferias de São Paulo, casa pequenas em lugares apertados. Mas a
mulher sorrindo para ela de uma varanda, deixou claro que era possível ser
feliz não importava o lugar, e Isabel certamente estava mais feliz ali do que
nos bares luxuosos de São Paulo.
Caminhou até a praia onde ficava a casa de Salomon e se surpreendeu com
as velas dispostas de um lado e de outro formando um caminho até à frente
da casa. Isabel suspirou ao ver as chamas amareladas que tremulavam em
cada uma delas. Sentiu seu coração balançar dentro do peito, as mãos ficaram
frias e trêmulas.
Tentou andar devagar, mas a vontade era de sair correndo até a casa dele.
A cada passo que dava, o som das ondas quebrando na praia se misturava ao
instrumental de uma música que tocava baixa.
Os olhos de Isabel lacrimejaram quando ela encontrou Salomon parado ao
lado de uma toalha vermelha estendida sobre a areia. Em cima dela havia
pratos cobertos com uma cuba de metal, um balde de gelo com duas garrafas:
profundezas e champanhe, além de duas taças. Ela voltou a encarar Salomon
e o viu vestido com uma bermuda e uma camisa polo preta. Os cabelos
longos e castanhos estavam perfeitamente penteados em um rabo de cavalo.
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– Salomon... – O nome saiu como um sussurro trêmulo.


O tritão viu a cor desaparecer da pele já clara do rosto de Isabel. Se
conteve para não correr até ela, ampará-la em seus braços. Disse a si mesmo
que ela só estava surpresa, uma surpresa positiva, esperava mais do que tudo.
– Isabel? – Estendeu a mão para ela.
Ela respirou fundo voltando da surpresa e foi até ele para segurar a mão
estendida.
– Não gosta de jantares românticos? – Salomon acariciou-a​ no rosto,
observando o cabelo loiro se mover com a leve brisa.
– Na verdade, eu nunca tive um. – A voz saiu falhada por mais que tivesse
tentado evitar isso.
– Então me dê essa honra.
Salomon a fez se sentar na toalha à sua frente.
Isabel se perdeu observando cada movimento que ele fazia ao remover a
rolha e abrir o champanhe. Salomon serviu uma taça para ela e outra para si,
depois a ergueu para brindarem.
A súcubo viu o sorriso nos olhos dele pelo vidro da taça e as bolinhas que
subiam do champanhe. Ela ainda estava estupefata, tentando absorver o que
estava acontecendo.
Bebericavam o champanhe e Salomon não resistiu a acariciá-la no rosto.
– Não esperava mais surpresas depois do passeio incrível de hoje.
– É só um jantar.
– Não é só um jantar. Não sabia que era tão romântico.
– Na verdade, eu costumava ser bem ogro, mas sinto que você merece que
eu me esforce um pouco.
– Eu amo você.
Isabel quis se atirar em cima dele, mas deu apenas um breve selinho, pois
Salomon a afastou antes que intensificasse o beijo.
– Sobremesas depois, meu amor.
– Ganharei morangos?
Salomon riu ao coçar a barba na base do queixo.
– Talvez.
– Então o que temos para comer? – Isabel abriu a cuba e sentiu o cheiro
gostoso que subiu com a fumaça.
– Risoto de camarão!
Isabel pegou o garfo e provou um pouco. Sentiu o sabor se derreter por
toda a sua língua.
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– Só me diz por que não foi me buscar em qualquer outro aeroporto antes?
Salomon riu.
– Porque eu nunca deixei o México.
Salomon começou a comer também.
Isabel tentou não surtar como na conversa com sua irmã, mas não se
impediu de ficar admirando-o.
Sim ela merecia, Salomon teve certeza pelo brilho nos olhos azuis-
esbranquiçados. Por muito tempo teve medo de um sentimento tão natural,
encarou-o como um dos seus maiores inimigos, algo que o destruiria há
qualquer momento... Nunca imaginou que se sentiria tão completo por aceitá-
lo ao invés de ficar tentando lutar.
– Como fez tudo isso em tão pouco tempo? – Isabel colocou o garfo sobre
o prato vazio e o empurrou para o lado.
– Já estava planejando e Ramon me ajudou.
Isabel começou a engatinhar sobre a toalha para se aproximar o máximo
possível dele. Só queria tocá-lo o mais rápido possível. Agradecer com
atitudes além de palavras.
– Você não se cansa?
– Eu deveria? – Isabel fingiu uma expressão triste ao voltar um pouco para
trás.
– Não. Só tem mais apetite sexual do que qualquer outra mulher com
quem dormi.
– Eu sou uma súcubo.
– Eu sei, mas é tão bonito seu vestido. Vamos sujá-lo todo de areia.
– É só tirá-lo antes.
Salomon empurrou para o lado as coisas que estavam sobre a toalha e
puxou Isabel pela cintura para junto de si.
Ela curvou o corpo todo para trás, permitindo-o o acesso total a cada parte
dele. Seus cabelos formaram um véu loiro sobre a toalha vermelha.
Hora da sobremesa... Salomon pensou todo malicioso ao olhar para o
pequeno vestido que ela usava. Ele desfez o laço nas costas de Isabel e
colocou a fita ao lado deles.
Molhou as pontas dos dedos no balde de gelo e passou sobre o contorno
dos seios da súcubo. Ela se estremeceu inteira com o calafrio provocado. Em
seguida, Salomon lambeu onde os dedos molharam, fazendo-a gemer
levemente.
A súcubo estava entregue nos braços dele, desfrutando cada carícia e louca
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para ser tomada.


Salomon mordiscou um dos seios e Isabel abriu a boca deixando escapar
mais um gemido.
– Tira meu vestido!
– Não estou com pressa.
Ele a ergueu, beijou-a no pescoço e traçou um caminho de beijos até o
decote outra vez. Salomon puxou o vestido para baixo, expondo os seios, o
que o permitiu passar a língua em um dos mamilos. A carícia só aumentou a
ânsia de Isabel.
– Já estou molhada.
– Quanta pressa. Mantenha-se assim por mais tempo. – Ele deu uma leve
palmadinha na vagina dela, que deveria estar protegida por uma calcinha,
mas não havia nada. Isabel só usava o simples vestido.
Já o desejara durante todo o dia que passaram juntos e a falta de
oportunidade dada por ele só fazia esse desejo crescer.
Salomon voltou a brincar com os seios de Isabel. Finalmente puxou um
para fora do decote e começou a passar a língua pelo mamilo, lambendo-o,
empurrando-o de um lado para o outro.
Isabel o segurou pelos ombros, cravando as unhas no tecido da camisa,
enquanto tentava não se mexer demais, porém parecia impossível. Já
esfregava uma perna na outra tentando aplacar a vontade.
Sussurrava baixinho o nome dele, chamava-o, mas parecia impossível
fazê-lo parar de brincar com ela.
Salomon a colocou de quatro sobre a toalha e retirou o vestido.
Com os pés na areia, Isabel pensou que ele finalmente entraria nela, mas o
que sentiu foram as mãos de Salomon apertarem sua bunda com firmeza e a
língua contornar sua virilha. Não era justo, mas era delicioso...
– Salomon!
Ele deu um risinho antes de passar a língua vagarosamente pelo clitóris de
Isabel.
A loira se contorceu e agarrou a toalha sobre a areia. Se ele queria
enlouquecê-la, estava quase conseguindo, porque Isabel já não conseguia ver
nada além da necessidade dê tê-lo.
Salomon agarrou a bunda dela, apertando com força suficiente para deixar
as marcas dos dedos. Com a língua quente e úmida, muito ágil, ele passou a
provocá-la ainda mais. Dava leves estocadas, lambia e em alguns instantes se
concentrava em sorver devagar.
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Isabel estava delirando. Já havia apoiado a cabeça na toalha sobre o chão e


suava frio.
Salomon parou, ficou de joelhos atrás de Isabel, abaixou a bermuda e a
cueca. Segurou o membro e esfregou-o na entrada dela.
A loira estremeceu inteira ao soltar um gritinho agudo.
– É isso que você quer?
– Sim.
– Eu não ouvi direito. – Ele sussurrou ao pé do ouvido de Isabel e soprou
um ar quente que a arrepiou toda.
– Enfia logo! – Isabel gemeu alto.
Salomon deu uma gargalhada ao deslizar a mão direita pela nuca da
súcubo e agarrar o cabelo loiro.
O corpo de Isabel se moveu para frente quando ele entrou num tranco. A
sensação a fez arfar, foi como se ele fosse um banquete e ela estivesse há dias
sem comer. Ansiava muito por tê-lo e a penetração foi incrível.
Salomon a puxou pelo cabelo, erguendo a cabeça dela e curvou-se sobre
Isabel para beijá-la na boca brevemente.
Ao começar a se mover com trancos cada vez mais fundos, Salomon
manteve a cabeça dela firme, segurando os fios loiros.
Isabel gostou de estar ali, dominada por ele. Salomon não estava no mar,
não era tão forte, mas a pegada... ela se encolheu inteira quando o tritão
passou a língua por sua nuca, a brisa da madrugada a fez se arrepiar ao tocar
o caminho molhado que ele deixou.
Isabel não esperou que Salomon voltasse a investir contra ela e moveu o
corpo para trás. A loira gemeu junto com o estalo do impacto da sua bunda
contra a pélvis dele.
Salomon segurou a cintura de Isabel com a mão livre e enfiou o mais
fundo que pode, fazendo-a escorregar para cima na toalha. Ele também não
conseguiu conter o gemido quando a vagina dela se contraiu mais do que o
comum, apertando-o, espremendo-o.
O suor brotou na testa do belo homem moreno que desfrutava da
maravilhosa visão de Isabel de quatro à sua frente, envolvendo-o dentro de si.
Sem dúvidas dentro do mar era bem mais fácil de acompanhar o pique dela.
Salomon estava perdido nas sensações enquanto se movia para frente e
para trás, às vezes entrando com força, o que tornava ainda mais altos os
gemidos dela. Quando se sentiu perto do clímax, ele se curvou um pouco e
enfiou a mão entre as pernas de Isabel. Estimulando o clitóris dela, esperava
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que chegassem ao ápice juntos.


Ele parou de se mover quando todos os seus músculos se contraíram e
sentiu-se esvaziar dentro dela. Em sua mente inebriada pelo prazer ele ouviu
os gemidos altos e a respiração descompassada de Isabel, indicando que ela
também havia alçado o orgasmo.
Ela se ajoelhou na toalha e virou-se para beijá-lo. A energia que saiu da
boca do tritão para a sua foi modesta como um aperitivo, mas o suficiente
para não o deixar cansado.
Salomon tombou o corpo para trás e abraçou-a pela cintura, puxando-a
consigo. Isabel protestou enquanto rolavam pela areia. Por fim, acabou rindo,
enquanto removia a camisa polo que ele ainda usava que já estava coberta
com grãos amarelos.
Ele a deitou sobre a areia e ficou de lado próximo a ela, encarando-a.
Isabel sorriu para Salomon e tentou não desviar o rosto ao encontrar os
olhos castanhos a fitando. Passou a mão pelo rosto dele, com a barba cortada
baixa, o cabelo longo preso, um tanto sujo de areia, o único toque feminino
naquele homem tão másculo e de corpo escultural. As velas e a lua eram uma
iluminação ínfima, mas serviam para ressaltar a bela pele morena de
Salomon. Dava para entender porque sereias afundavam navios, quem não se
atiraria?
– Você é muito lindo!
Ele deu um sorrisinho.
– Como se você não fosse, súcubo.
– A genética ajuda. – Ela deu de ombros.
– Eu amo você, Isabel. – Salomon mordiscou o lábio inferior dela e a
beijou.
– Eu também o amo.
– Agora vem tomar um banho de mar comigo.
Isabel olhou para ele com um sorriso maroto. E a forma como ele a
encarou serviu como resposta. Sim, mais... muito mais.
Salomon a pegou no colo e correu para o mar.

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Capítulo 22

Isabel acordou com o som do mar e dos pássaros que sobrevoavam a praia.
Ela abriu os olhos num rompante ao se dar conta de que estava deitada na
praia diante da casa, nua.
Salomon se mexeu com o movimento que jogou seu braço para longe e
acordou-o.
– O que foi, Isabel?
Ele riu ao ver a loira se esconder atrás da toalha vermelha que ele usou
para cobrir o chão.
– Estamos nus do lado de fora!
Ele coçou os olhos ao se sentar sobre a areia.
– Não viu problema nisso enquanto gemia comigo.
– Mas agora está de dia.
– E? – Salomon ergueu os ombros largos e torceu os lábios como se
estivesse pensando.
– Alguém pode nos ver.
– Relaxa, estão tão acostumados em ver Ramon e eu nus, que evitam a
entrada de nossas casas. Mas admito que as vezes tenho algumas admiradoras
me espiando.
– Bobo. – Isabel bateu com a mão cheia de areia no peito dele.
– Não foi você quem me disse que eu era lindo? – Salomon deu de
ombros.
– E é mesmo. – Isabel mostrou língua.
O tritão riu ao colocar uma mecha do cabelo loiro dela atrás da orelha.
Acariciou o rosto macio com a desculpa de tirar um pouco da areia. Mar,
obrigado...
– Vamos entrar. – Isabel se levantou enrolada na toalha e correu para
dentro da casa, que estava com a porta destrancada.
Salomon se levantou, bateu a areia do corpo, livrando-se de boa parte dela,
e então seguiu Isabel.
Ela deixou um caminho de pegadas até o banheiro que foi fácil de seguir.
Salomon parou escorado no batente da porta, observando-a se lavar. A
água do chuveiro escorria pelos cabelos loiros, pelo corpo magro e delicado

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até descer com a areia pelo ralo.


– Não vai se juntar a mim?
– Pensei que eu nunca seria convidado.
– Você não precisa de convites para me tocar muito menos tomar banho
comigo.
Salomon sorriu ao se colocar atrás da súcubo. Seu corpo ainda sujo de
areia roçou no dela. Ele pegou um sabonete líquido, deixado em um suporte
de vidro na parede, e virou um pouco na palma de suas mãos, e devolveu o
vidro para o lugar.
Esfregou uma mão na outra criando espuma. Em seguida, começou a
traçar os contornos do corpo de Isabel com as mãos.
Ela recostou a cabeça no ombro de Salomon e fechou os olhos,
desfrutando do toque firme dele que a lavava.
As mãos do tritão deslizaram da cintura pela lateral do corpo até os seios,
os quais ele agarrou, arrancando um gemido rouco e suave da súcubo.
Isabel levou uma das mãos para trás e agarrou o pênis de Salomon, que
antes se esfregava devagar em sua bunda. Ele apertou os seios dela com mais
força ao gemer com os movimentos de Isabel com a mão, que começaram
lentos e foram tomando ritmo.
– Tomava banhos com todas as suas admiradoras?
– Algumas. – Salomon sussurrou ao morder a orelha de Isabel, o que a fez
se arrepiar inteira.
A loira fechou a cara fingindo ciúmes.
– Vamos discutir com quantas pessoas já transamos? Eu aposto que você
ganha.
– Talvez. – Ela deu de ombros.
Salomon a mordiscou no pescoço e Isabel voltou a fechar os olhos. Sentia
apenas o toque dele e a água que escorria por seus corpos...
– Salomon! Não consigo encontrá-la. Talvez eu precise de mais do que
apenas meus amigos. Essa maldita é bem escorregadia.
Ramon seguiu o barulho do chuveiro e entrou no banheiro sem pensar
muito. Estava tão acostumado a ver Salomon em qualquer situação que
aquilo seria comum. Porém ele não havia levado em consideração a presença
de Isabel.
Salomon a empurrou para trás e protegeu-a com o seu corpo da visão de
Ramon.
– Desgraçado! Não deveria entrar assim. – Ele encarou o amigo com os
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olhos afunilados e os dentes cerrados de fúria.


– Eu me esqueci de que você poderia estar acompanhado. Mas, irmão, se
for transar no banheiro tranca a porta, né?
– Eu estou na minha casa!
Ramon se virou de costas encarando a porta da cozinha e cruzou os
braços.
– Vistam-se. Não aguento mais encarar você de pau duro ou ficar
imaginando como seria se você não a estivesse tampando.
Salomon pegou o vidro de sabonete e o jogou nas costas do amigo. A
tamanha força e o som dos ossos se partindo explicou a expressão de dor nos
olhos de Ramon.
– Aí, caralho! – Ele massageou a região atingida.
– Dá o fora daqui!
– Vou no mar concertar alguns ossos quebrados enquanto vocês se vestem.
Ramon saiu sem nem arriscar espiar com o canto do olho o corpo nu de
Isabel. Teve certeza de que se provocasse mais o amigo nem o mar seria
capaz de concertar os estragos de uma fúria de ciúmes.
Isabel gargalhou assim que Ramon saiu de vista.
– O que foi? – Salomon se virou para ela quase a empurrando contra a
parede.
– Qual o problema dele me ver nua?
– Ele é outro cara e você é a minha garota.
Isabel sorriu se sentindo muito feliz pelo minha garota.
– Não sei onde foi parar o meu vestido. – Ela mordeu o lábio inferior,
pensativa ao fechar o chuveiro.
– Já falei para trazer suas coisas para cá.
– Além de ser um belo e muito luxuoso hotel, estar lá me lembra de que
sou uma hóspede.
Salomon engoliu em seco, mas não disse coisa alguma. Ficou um tanto
desconfortável com a situação, mas não soube o que dizer. Sabia que o fato
de morar em uma casa pequena não incomodava Isabel, mas morar juntos
significaria para ela mais do que estavam tendo no momento. Era isso que ele
queria? Foi uma pergunta que Salomon não soube responder de imediato.
– Pegue uma camisa minha até encontrarmos o vestido... Ou posso
comprar um para você.
– Gosto da ideia de usar uma camisa sua. – Ela sorriu ao passar a ponta do
dedo indicador sobre o peito de Salomon.
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Ele precisou conter a vontade de jogar Isabel contra a parede e entrar nela
outra vez. Respirou fundo. Tinha que se lembrar de que havia várias outras
coisas para fazer com ela além de ficar transando o dia todo, ainda que essa
parecesse a melhor ideia.
Recordar-se do motivo pelo qual Ramon estava ali ajudou a dispersar o
desejo, mas alimentou sua raiva. Iria encontrar a maldita sereia e fazê-la se
arrepender pela péssima escolha que havia feito.
Isabel seguiu Salomon até o quarto dele. Onde o tritão pegou no guarda-
roupa uma bermuda e camisa para ele, e outra para Isabel. Ficou como um
vestido e bastou para cobrir a bunda dela.
Ela ficou surpresa com o quanto era organizado. Perfumes e outros
cosméticos estavam lado a lado em uma prateleira, as camisas sociais, bem
passadas, estavam penduradas em cabides, assim como as calças, as demais
camisas e bermudas estavam dobradas em gavetas.
– Cozinha e é bem organizado... O que mais sobre você eu não sei?
– Às vezes eu falo sozinho à noite.
– Sério? – Ela arregalou os olhos azuis.
– Não. – Ele riu.
– Brincalhão também.
– Bem pouco. – Ele fez um gesto com a mão.
Isabel se colocou na ponta dos pés para beijá-lo sem que ele curvasse a
cabeça.
– Vamos até a varanda ver o que o Ramon tem a dizer.
Isabel segurou a mão de Salomon e o seguiu.
Assim que se sentaram no degrau de maneira, o outro tritão saiu de dentro
do mar. Balançando os cabelos curtos, ele pingava e a bermuda vermelha que
vestia estava ensopada.
– Bem melhor. – Ele suspirou.
– Encontrou ela? – Salomon apoiou as mãos sobre os joelhos e encarou o
amigo ao falar com voz firme.
– Como eu disse antes de ser atacado... – Ramon respirou fundo para não
ficar olhando para a barra da camisa que Isabel vestia, essa acabava pouco
acima das coxas, e sentada ele conseguia ver boa parte da bunda. – Não
consegui encontrá-la.
Caralho, Salomon, você é um sortudo desgraçado.
Vem de olho grande para cima da minha garota que eu castro você.
Isabel observou os dois se encarando por longos minutos sem entender
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nada. Havia algo ali que certamente estava perdendo. Ela não sabia que a
telepatia das sereias ia além de canções belas e mortais, fora assobios que
provocavam dores agudas. Eles não precisavam efetivamente falar para
conversar um com o outro.
Eu sei, irmão, mas ser sua garota não a torna menos gostosa. E merda...
Eu sou homem.
– Oi! O que eu estou perdendo? – Isabel acenou para os dois tentando
chamar atenção.
– Nada. – Salomon se virou para ela e a expressão de raiva em seu rosto se
amenizou.
Ramon engoliu em seco.
– Bom, como eu dizia antes de tudo. Não consegui encontrar a tal sereia.
Ninguém aqui do povoado sabia da existência dela, ou mesmo ouviu falar.
– Achei que conseguiria informações com as mulheres com quem dorme,
como sempre. – Salomon colocou a mão sobre a coxa de Isabel em um sinal
claro para o amigo.
– Os maridos delas só trabalham nas docas, sabem os horários de chegada
e partida de cargas, nada mais.
Salomon bufou.
– Depois de tudo o que ela fez não podemos deixar que ela escape por
entre nossos dedos.
– Mas, irmão, talvez seja melhor assim. Tudo o que queríamos era que o
tráfico parasse e depois daquele dia não ouvimos mais coisa alguma.
– Até quando? Qual a certeza que temos de que ela não voltará?
– Se voltar daremos um jeito nela.
– Não quero que ela saía ilesa depois de tudo o que fez. Ela machucou e
matou centenas de animais para ganho próprio. Já seria horrível se ela fosse
humana, mas é uma sereia, o mar é parte dela.
– Sinto muito, cara, mas fiz tudo o que pude.
– Talvez uma bruxa possa achá-la.
Ambos se viraram para encarar Isabel.
– Bruxa?
– É. Eu sou um demônio, vocês são tritões. Não vão me perguntar se elas
existem, né?
– Já ouvimos falar, mas nunca vimos uma de verdade. – Salomon desviou
o olhar para as ondas que quebravam na praia de água muito cristalina com
tom azulado.
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– Já esbarrei com elas algumas vezes. – Isabel apertou a mão de Salomon


ao se lembrar do incidente que os fez deixar a Europa.
– Nem imagino onde encontrar alguma.
Isabel torceu os lábios e passou a mão pelo cabelo loiro, pensativa.
– Meu cunhado é amigo de várias delas. Talvez ele saiba onde
encontramos uma o mais perto possível.
– Elas podem mesmo encontrar uma sereia? – Ramon deu um passo para
trás, relutante.
– Elas ou eles, podem fazer quase tudo.
– Então vou buscar meu celular e você liga para o seu cunhado.
Um pouco incrédulo, mas disposto a aceitar a ideia dela, Salomon fez
menção em se levantar, mas Isabel segurou-o pelo pulso.
– Ele está no inferno. Telefones não funcionam lá.
– Ah, ótimo! – Ramon cruzou os braços e fechou a cara. – Contatar
alguém morto deve ser tão simples quanto encontrar uma bruxa.
– Ele não está morto. Ele é filho do Lúcifer.
– Ah, certo. – Ramon engoliu em seco.
– Como vamos falar com ele, Isabel? – Salomon se manteve o mais
prudente possível.
– Eu tenho um espelho para poder conversar com a minha irmã. Está no
quarto do hotel.
Isabel se levantou com pressa, esquecendo-se de que não vestia nada além
de uma camisa larga. O olhar que Ramon lançou ao vislumbrá-la nua fez
Salomon se conter para não enforcar o amigo.

– Natasha? – Isabel balançou o espelho em suas mãos, que por minutos


não parecia nada além disso.
– Tem certeza que funciona, meu amor? – Sentado ao lado dela, Salomon
acariciou-a na coxa.
– Sim! Sempre funciona. – Ela respirou fundo. – Natasha!
Começaram a ouvir gemidos. Isabel viu a irmã sentada no colo do
cunhado e virou o espelho para a perna. As bochechas da loira coraram.
– Parece que eles estão bem no meio de algo. – Salomon deu um risinho
ao ouvir os gemidos.
– Natasha!
Os gemidos pararam.
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– Droga, Isabel esse não é o momento para conversarmos.


– Preciso de ajuda.
– Tá, já me interrompeu mesmo. O que quer? E por que estou vendo as
suas pernas?
– Por que você está nua e Salomon está ao meu lado.
– Pode olhar agora.
Isabel virou o espelho com um pouco de receio. Já vira a irmã nua
incontáveis vezes, porém a presença de Salomon ali mudava tudo. Quando
viu o reflexo de Natasha, essa estava coberta do seio às coxas com um lençol
cinza. O homem sentado ao lado dela tinha um pedaço do mesmo lençol
cobrindo-lhe o colo.
– Oi, Dante.
– Olá, Isabel. E me chame de Mammon, por favor. Aqui no inferno não
consigo fugir de quem eu realmente sou. – Ele passou a mão direita pelos
cabelos loiros e sorriu.
– De qual ajuda precisa, Isabel? Sabe que aqui eu não consigo fazer muita
coisa.
– Para ser sincera, eu preciso de uma ajuda do Mammon e não sua.
Natasha torceu os lábios um tanto enciumada.
– O que precisa? – Ele cruzou os braços ao dar atenção para a loira.
– Sei que é amigo de muitas bruxas.
– Isso é verdade. Ajudei muito várias delas, principalmente quando a
guerra entre eles eclodiu. Salvei a pele de várias delas, desde então me
prestam vários favores.
– Será que há alguma delas aqui perto de Cancun?
– Provavelmente, mas elas se movem de um lugar para o outro num piscar
de olhos. Apesar da maioria delas estar em outra dimensão. Parece que a
rainha nova as unificou, algo assim. Pelo menos estão em paz. Para fazer os
espelhos Asmodeus foi atrás de uma conhecida em São Paulo... Bom, posso
fazer contato com a Micheline é a única que consigo contatar daqui.
– Ainda tem aquele colar?! – Natasha cruzou os braços e fechou a cara.
Por pouco não deixou o lençol cair.
– Meu amor, bruxos são as criaturas com o poder mais próximo ao de
Deus, um poder que nem os anjos possuem. É bom mantê-los sempre por
perto.
– Pelo visto você e essa Micheline são grandes amigos. – Isabel deu de
ombros, tentando amenizar a situação.
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– Amigos não, eles tiveram um caso. – Natasha jogou os cabelos negros


para trás.
– Foi só uma noite. – Mammon bufou. – Nem sei porque eu contei isso. E
pouco importa, ela ama outra pessoa e é casada, assim como eu.
– Oi! – Salomon acenou para o espelho. Imaginou que se notassem a
presença dele ali, deixariam a discussão para outra hora.
– Ah, você! – Natasha sorriu para ele ao ajeitar a postura. – É um prazer
conhecer o cara da minha irmãzinha.
– É um prazer conhecê-la também. E a você, Mammon. Confesso que
esperava um cara mais velho e ameaçador.
– Não, esse é o meu pai.
Todos riram.
– Vou falar com Micheline, e pedir que ela entre em contato com vocês.
– Obrigada. – Isabel sorriu.
Mammom assentiu com a cabeça.
– Nos falamos depois então, irmãzinha.
Natasha deslizou para o colo de Mammon e aquela foi a deixa que Isabel
precisava para esconder o espelho sobre os travesseiros da cama outra vez.
– Seu cunhado parece ser alguém bem gentil para o filho do diabo. –
Salomon se virou para Isabel assim que estavam sozinhos no quarto outra
vez.
– Só alguém como ele para dar conta da minha irmã. – Isabel gargalhou. –
Mas sim, ele é gentil e bem cortês. E pelo que Natasha me contou do pai dele,
não há nada de super-vilão no rei do inferno, Samael é apenas um homem
fazendo o seu trabalho. Quem está no inferno mereceu estar lá.
Salomon engoliu em seco.
– Espero nunca o conhecer.
– Se não morrermos, não iremos.
– E quanto a bruxa, vamos esperar?
– Sim. Uma hora ela vem até nós. Suponho que Mammon só vá falar com
ela depois que a minha irmã estiver bem satisfeita.
Salomon riu.
– Compreendo. – Ele passou a mão pelo interior da coxa dela até a virilha.
– E você como está?
Isabel se arrepiou com o toque. Ainda estava vestido apenas a camisa dele
e mais nada. Foi para o hotel tão afoita para resolverem aquilo logo que nem
se lembrara de trocar de roupa.
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– Eu estou faminta. – Ela virou para o lado e pegou o telefone do quarto


sobre o criado mudo de cor branca, que ficava ao lado da cama. – Alô!
– Recepção. – respondeu um homem do outro lado da linha.
– Gostaria de uma jarra de suco de laranja, algumas torradas e salada de
frutas...
Salomon deslizou os dedos da virilha até tocar o clitóris dela, onde
provocou com leve pressão, fazendo-a gemer ao ponto de interromper sua
fala.
– Senhora, tudo bem? – O tom de voz do homem na linha mudou para o
de alguém que fingiu não compreender o gemido.
– Sim... Ah!
Salomon a penetrou com um dedo e Isabel jogou a cabeça para trás
rebolando sobre a cama.
– Estou aguardando o pedido. – Ela desligou o telefone às pressas e o
devolveu para o móvel.
Salomon passou o dedo pelo interior dela. Já estava tão molhada e mal
havia começado a provocá-la.
– O que está fazendo? – A voz de Isabel soou baixa enquanto ela mordia
os lábios para conter mais um gemido.
– Brincando com você um pouquinho. – Ele a lambeu no pescoço.
– Que maneira de brincar, em? – Ela gemeu abrindo as pernas o máximo
que podia, ainda sentada sobre a cama.
– Não gosta? – Salomon esfregou o dedo na parede da vagina dela.
– Eu gosto demais. Talvez seja um problema. Quero você em mim o
tempo todo.
– Não é problema algum. – Ele jogou o cabelo para trás ao debruçar-se
sobre Isabel.
– Algum garçom pode chegar com nosso café da manhã, ou mesmo a
bruxa.
– O garçom pode ficar esperando e tenho certeza que seu cunhado ainda
está ocupado demais para falar com a bruxa. – Salomon mordeu a base do
pescoço da súcubo.
Um calafrio varreu o corpo da súcubo e a fez ceder por completo.
Salomon tirou a camisa que Isabel vestia e ela deixou seu corpo cair sobre a
cama macia.
O tritão subiu na cama e ficou sobre a súcubo. Começou mordiscando e
beijando a orelha direta, fazendo com que Isabel se contorcesse inteira abaixo
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de si. Os gemidos, embora bem suaves, era um bom combustível para fazê-lo
prosseguir. Salomon lambeu a saborosa pele do pescoço e deu várias
mordidinhas.
Isabel fechou os olhos enquanto passava os dedos pelos fios dos longos
cabelos de Salomon. Estava completamente entregue às sensações que ele
provocava em seu corpo. O tritão estava sendo minucioso, beijando cada
pedaço de pele em seu caminho, dando mordidas que só serviam para
alimentar o crescente desejo dentro de Isabel.
Com a mão direita, ele agarrou a coxa dela, dando um tapa forte que ecoou
por todo o quarto.
Isabel gemeu com o ardor do tapa, mas era uma delícia. Ela levantou uma
mão e passou as unhas pelo braço direto dele.
O gemido de Salomon pela leve dor foi abafado por seus lábios estarem
percorrendo a curva do seio de Isabel. O tritão a mordeu bem ali, com força
para deixar a marca de seus dentes.
Isabel revirou os olhos ao soltar um gritinho de dor. Delicioso... A palavra
ecoou em sua cabeça em meio a um misto de prazer e dor.
Salomon apertou os quadris dela ao abocanhar o mamilo rígido. Isabel
gemeu ainda mais alto e arqueou o corpo abaixo dele. Ele brincou com o
mamilo com a língua, contornou-o, mordiscou-o antes de começar a sorver.
– Salomon! – Ela gritou pelo nome dele em meio a gemidos histéricos.
Isabel estava completamente imersa nas sensações deliciosas provocadas
pelos toques das mãos firmes, pelos lábios que chupavam seu seio e o peso
do corpo quente pressionando o seu.
Ele, que ainda estava vestido, brincava com ela, saboreava-a, mas a sentia
clamar por ele a cada carícia, cada beijo ou lambida.
– Gosta de brincar comigo, não é? – A voz de Isabel era fraca e falhada
pelos gemidos.
– Gosto de degustá-la como uma bebida rara.
– Pare de enrolar e me devore!
Salomon se inflou com as palavras dela. Que seja feita a sua vontade,
pensou enquanto abria um largo sorriso. Sentou-se na cama e tirou a
bermuda. Pegou Isabel pela cintura e sentou-a com toda a força, entrando
fundo de uma vez.
Isabel gritou. Em alguma parte de sua mente obscurecida pelo prazer da
primeira e forte estocada, ela ouviu alguém bater na porta. Deveria ser o
serviço de quarto, mas ele esperaria.
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De costas para Salomon, Isabel apoiou a cabeça no ombro dele e as mãos


em seus joelhos. Empinou a bunda e começou a se mover com Salomon
dentro de si.
Ele puxou o cabelo dela para o lado e mordeu-a no pescoço, gemendo
contra a pele macia. Aquela posição favoreceu muito a imaginação de
Salomon. Isabel tinha o controle dos movimentos, mas ele podia a tocar
inteira, sentir a bunda redonda bater contra o seu colo, enquanto a invadiu até
o fundo.
– D-e-l-i-c-i-o-s-a! – Salomon mordeu a orelha da súcubo.
Ela cravou as unhas nos joelhos de Salomon enquanto subia um pouco
para depois sentar outra vez.
Ambos gemeram juntos.
Salomon agarrou a bunda dela com as duas mãos e a ajudou a rebolar em
seu colo. Os movimentos começaram a ficar cada vez mais rápidos. O suor
escorria pelo corpo do tritão.
Houve outra sequência de batidas na porta, porém os gemidos altos de
prazer a ofuscaram.
Isabel acelerou os movimentos até seus joelhos doerem. Já ofegava com a
sensação de prazer cada vez mais próxima. Quando Salomon levou uma das
mãos até seu clitóris e os estimulou com movimentos circulares, ela não
aguentou mais. O prazer a invadiu de uma vez, deixando-a tonta, zonza,
inebriada.
O grito alto denunciou a Salomon o prazer que Isabel havia alcançado e
ele a segurou pela cintura e começou a mover em busca do próprio orgasmo.
Não levou mais do que algumas estocadas para que chegasse ao êxtase.
Isabel suspirou ao se jogar sobre a cama.
– Será que o garçom ainda está na porta ou eu o espantei com meus gritos?
Salomon riu enquanto vestia a cueca e a bermuda.
– Vou lá olhar.
– Está bem.
Isabel se aconchegou na cama ainda extasiada.

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Capítulo 23

A brisa fria do continente soprava a areia da praia. Mesmo que no Caribe


fosse verão o ano todo, no outono a temperatura média caía alguns graus.
Um portal luminoso se abriu no meio da praia e de dentro dele saiu uma
figura coberta por um grande capuz negro. Ela andou pela areia como se
flutuasse, a barra de sua capa mal tocava o chão.
A figura parou diante de uma casa pequena à beira da praia. Era ali...
Isabel viu pela janela da sala a mulher retirar o capuz. Riu ao entender a
cena de ciúmes da irmã, era tão linda quanto a rainha que quase matara
Natasha. Com a pele morena clara, a bruxa tinha um cabelo castanho na
altura dos ombros e olhos acinzentados que emitiam um brilho incomum.
– Ela chegou. – Isabel avisou Salomon e Ramon que estavam sentados no
sofá, bem impacientes, e tratou de logo sair da casa.
– Olá. – A bruxa sorriu para a loira que apareceu na varanda da casa.
Isabel se apoiou na pilastra de madeira que sustentava o pequeno telhado
da varanda para não parecer abobada diante da figura que era quase divina.
– Você deve ser Micheline?
– Sim, e você Isabel. Dante disso que a irmã da mulher dele precisava de
ajuda.
– Sim. Nós queremos ajuda para encontrar uma sereia... – Salomon parou
no meio da frase ao se juntar a Isabel e se dar conta do imediatismo de suas
palavras, que poderia soar mal-educado. Não conhecia a bruxa, mas ela estar
ali já estava fazendo um imenso favor.
– Fico grata por ter vindo.
– Dante e eu somos grandes amigos. Não negaria um pedido dele.
– Imagino. – A expressão no rosto de Ramon denunciou a malícia de seus
pensamentos. Ele deduziu o caso sem nem ter ouvido sobre ele.
– Nós nos envolvemos uma vez, mas eu sempre fui apaixonada pelo
homem que hoje é meu marido. Conhecendo-o bem, creio que Dante sinta o
mesmo pela esposa, então não vejo nossa amizade como uma ameaça.
– Tudo bem, nem a Natasha, eu tenho certeza.
Isabel sorriu ao pisar no pé de Ramon atrás de si para que ele não
esboçasse mais nenhum comentário desagradável.

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– Bom. – Micheline passou a mão pelos cabelos. – Por que querem


encontrar uma sereia?
– Ela está por trás de um esquema de tráfico de animais e drogas.
Micheline arregalou os olhos, surpresa ao associar tais crimes a uma
criatura tão ligada com o mar quanto ela era com o tempo.
– Então pretendem matá-la?
Salomon fez que sim com a cabeça.
– Eu não sei se quero ajudá-los a matar alguém. – A bruxa recuou um
passo para trás.
– Pense que está ajudando a poupar outras vidas.
– Compreendo. Será que posso entrar?
– Claro. – Salomon saiu da frente e apontou para a entrada da casa.
Micheline passou por eles e foi na direção da cozinha, o único cômodo da
casa com uma mesa.
Ramon olhava para ela estupefato. Se conteve para não a contrariar ou
soltar qualquer piadinha, pois a bela mulher já havia dito uma frase de alerta
antes, sobre amar o marido. O tritão não queria um bruxo como inimigo.
– Com licença. – Micheline ergueu as mãos e usou a magia para tirar a
toalha e uma fruteira que estava sobre a mesa, colocando-as sobre a pia da
cozinha.
Escorada no peito de Salomon, que estava junto ao batente da porta, Isabel
observou a bruxa de longe, sem emitir qualquer som, muito menos pergunta.
Torcia para que desse certo e pudesse ajudar Salomon a finalmente resolver
esse conflito.
Micheline materializou velas da cor dos seus olhos e um mapa do México.
Dispôs as velas em um círculo sobre o mapa e fez surgir também um
recipiente de metal e uma adaga.
– Suponho que vocês dois sejam tritões. Estou correta? – Micheline se
virou para encarar os homens.
Eles assentiram.
– Vou precisar de um pouco de sangue de cada um. – Ela entregou a eles a
tigela de metal e a adaga. – Pode ser apenas algumas gotas.
Salomon segurou a tigela antes de olhar para a palma de sua mão
esquerda. Passou a adaga de uma extremidade a outra fazendo um pequeno
filete de sangue escorrer para o recipiente de metal.
Ramon pegou os instrumentos e fez o mesmo.
– Obrigada. – Micheline sorriu ao pegar a tigela de volta. – O sangue de
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vocês servirá para separar seus iguais de outras criaturas ou humanos. Agora,
possuem algo da seria? Qualquer parte do corpo como unha ou fios de
cabelo, ou mesmo algum item pessoal, com um colar ou uma roupa.
Ela os encarou esperando alguma resposta.
– Não. Não temos nada. – Salomon lamentou.
– Assim fica mais difícil, bem mais difícil – Micheline apoiou as mãos
sobre a mesa de pedra.
– Mas tenho várias imagens dela fresquinhas na minha mente. – Ramon
comentou ao se aproximar dela.
– Imagens mentais não funcionam para esse tipo de ritual. Tudo o que
poderei fazer é usar o sangue de vocês para encontrar todas as sereias no
México, mas ainda assim será a busca por uma agulha num palheiro.
– Daremos um jeito – Isabel pareceu confiante, pelo menos era o que
estava se esforçando a todo custo para fazer.
– Então fiquem em silêncio e deixem que eu me concentre.
Micheline fechou os olhos. A luz da cozinha e da sala, que foram deixadas
acesas, apagaram de uma vez. As chamas das velas se inflaram à medida que
a bruxa dizia palavras e frases difíceis de entender.
O sangue dentro do recipiente subiu pela lateral do mesmo como se
estivesse sendo jogado para cima, para depois cair sobre o mapa. Junto com
as palavras de Micheline, o sangue foi se espalhando pelo mapa, formando
pequenos pontos vermelhos em algumas cidades. Em um ponto determinado,
o sangue se acumulou mais.
Quando a bruxa abriu os olhos as velas se apagaram. Os outros três
sentiram que o ritual havia terminado.
– Estranho. – Micheline coçou a cabeça ao franzido a testa.
– Por que? – Os três perguntaram juntos.
– Aqui. – Ela apontou para a região com mais sangue no mapa. – Não
creio que essa mancha maior seja por haver mais sereias lá. Há alguém aqui
com uma ligação bem mais forte com vocês dois, ou com apenas um de
vocês. Uma ligação que vai bem além da espécie. Pode ser ela, e raiva ou
qualquer outro sentimento pode estar amplificado a ligação, não posso
afirmar nada. Mas sugiro que comecem a sua procura por aqui.
– Obrigada, Micheline. – Isabel sorriu ao ver a bruxa se afastar da mesa.
– Foi um prazer conhecê-la, súcubo. E a vocês dois também. Espero que
tenham sorte com a sereia. Agora vou retornar para casa. Tenho uma filha de
um ano me esperando.
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A bruxa não estendeu mais sua fala. Abriu um portal no meio da cozinha e
desapareceu diante dos olhos dos três.
– Ela é incrível e linda!
– Menos, Ramon. – Salomon deu um tapinha no ombro do amigo antes de
andar até o mapa deixado pela bruxa. Apoiou as mãos sobre a mesa enquanto
o analisava.
Isabel foi até o interruptor e acendeu outra vez a luz para ajudá-lo a ver
melhor.
– Não estamos muito mais perto de achá-la do que estávamos antes. –
Salomon bufou.
Isabel o abraçou pelos ombros.
– Vamos até La Paz. É a melhor dica que temos. Como Ramon não a
encontrou ela deve estar mesmo em outra cidade.
– La Paz fica a horas daqui, Isabel! Além disso, não é uma vila para que
possamos encontrar alguém com facilidade.
– Salomon, eu prometo, vamos achá-la.

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Capítulo 24

Salomon olhou pelo vidro do carro o homem que passava na rua,


caminhando com seu cachorro. Achava uma perda de tempo tal viagem atrás
de um possível paradeiro da mulher que mais odiava, ou talvez a segunda, já
que em seu ódio havia um espaço especial para a mulher que lhe deu à luz e o
deixou para que o seu pai o criasse sozinho.
Era fim de tarde do dia seguinte. O sol se punha atrás dos prédios a oeste.
Salomon estava sentado no banco do carona com o cinto de segurança o
irritando ao apertar demais o pescoço. Preferia que tivessem vindo de moto,
mas Ramon insistiu em acompanhá-los e Isabel optou por alugar um carro. O
dinheiro era dela, a súcubo poderia fazer o que bem quisesse, porém isso
deixou o tritão incomodado. Não estavam ali a passeio. Isabel oferecera sua
ajuda e estava fazendo muito mais do que precisava para resolver um
problema que não era dela.
Isabel parou o carro no estacionamento de um hotel próximo a zona
portuária de La Paz. Esse era mais modesto do que o de Cancun onde ela
estava hospedada, mas não esperava passar nele mais do que uma noite.
Além disso, Salomon não parecia muito confortável no luxo exagerado.
Ramon abriu a porta e desceu do carro, espreguiçando-se. As horas
sentado haviam deixado suas costas dormentes.
– Que belo jeito de aproveitar o dia de folga.
Salomon olhou para ele e balançou a cabeça em negativa.
– Calma, irmão, vamos encontrá-la e de brinde dar uma voltinha por La
Paz.
– Só espero que ela esteja aqui.
Isabel saiu do carro e entregou a chave do utilitário preto ao manobrista.
Ajeitou a saia do vestido, que havia subido durante a viagem, enquanto
olhava para o canteiro de flores vermelhas em diante da recepção do hotel.
– Vou fazer o chek-in e pedir os quartos. – Ela entrou no hotel sem esperar
pelos dois.
Enquanto preenchia os papéis, Isabel torcia para que esse problema que
tanto atormentou Salomon pudesse acabar ali. Ainda não sabia por onde
começar, mas encontraria as pessoas certas para seduzir e obter o paradeiro

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da traficante.
Com o canto de olho, o recepcionista atrás do balcão, fitava o decote nada
modesto do vestido da loira. Que mulher linda... Ele estava sem palavras.
Fazia tempo que alguém tão bela entrava ali. Por sua localização, o hotel
atraia muito mais comerciantes e empresários do que turistas.
– Acabei. – Isabel entregou a ele os papéis.
– São dois quartos?
– Isso. – Ela estendeu a mão esperando pelas chaves.
O recepcionista estava prestes a ser intrometido e perguntar para que os
dois quartos já que ela estava sozinha. Porém dois homens entraram e ela
sorriu para eles. Foi ilusão pensar que uma mulher tão bela estaria
desacompanhada.
Soltou um suspiro amargo e entregou a ela as chaves.
– Tenha uma boa estadia.
– Obrigada.
A loira caminhou até Salomon e Ramon que estavam no centro do salão
da recepção, sob um modesto lustre feito com discos de vidro na cor verde.
– Isabel, não precisa arcar com tudo isso. – Salomon abaixou a cabeça.
Seu orgulho o estava consumindo por dentro.
– Não se preocupe. Sou a filha de um duque que deixou terras e uma
fortuna para um dote, mas eu nunca me casei. Meu irmão gerência bem os
investimentos para eu possa viver no luxo pela eternidade.
– Ainda assim, é o seu dinheiro e meus problemas.
Isabel segurou o queixo dele com a ponta dos dedos, forçando-o a encará-
la.
– Nossos problemas. Ou estar junto não significa isso para você?
Salomon a abraçou.
– Pelo visto estou sobrando aqui como sempre. Preciso de uma namorada
também. – Ramon resmungou ao enfiar as mãos nos bolsos.
Isabel estendeu uma chave para ele, na esperança de que sumisse por hora.
Ramon pegou a chave e foi para o elevador. Isabel puxou Salomon
consigo para o mesmo destino, mas esperaram que o amigo fosse primeiro.
Assim que a porta do elevador se fechou com os dois dentro, Salomon
teve a terna sensação de estarem sozinhos e fitou profundamente os olhos
azuis dela.
– Nunca quis arrastar você para tudo isso.
– Eu, pelo contrário, quis muito. – Ela o empurrou contra a parede
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recoberta por um vidro.


– Não sabe do que está falando.
– Ah sei sim. – Deslizou a mão pelo peito dele, coberto por uma camiseta
azul. – Você é um lindo barman latino, dançar contigo pela primeira vez me
deixou louca. Sempre quis um cara para chamar de meu, e depois que
transamos tudo o que eu queria era fazer parte da sua vida.
Salomon apertou o botão para parar o elevador, evitando que a porta
abrisse em qualquer andar.
– Então por que ia embora? – Ele a girou, sendo sua vez de pressioná-la
contra a parede de metal.
– Por que toda a minha vida eu só transei com homens e mulheres. Eu
preciso disso para me alimentar. Senti que estávamos indo para o mesmo
caminho, só me procurava para fazer sexo. Fui ficando tão sozinha que tudo
que queria era voltar para casa, onde sabia que meu irmão me amava.
Salomon pressionou seu peito contra os seios dela e apoiou sua testa na de
Isabel.
– Eu amo você. Me desculpe por ter sido um idiota, mas nunca foi fácil
admitir isso.
– Eu também amo você, seu cabeça dura.
– Talvez um pouco orgulhoso e com receios, mas cabeça dura não.
– Amei você me pedindo para ficar no aeroporto. – Isabel passou a mão
pelo rosto dele e colocou uma mecha do cabelo cumprido atrás da orelha.
– Foi um mico enorme.
– Não foi não. – Ela passou a mão direita pela nuca de Salomon e
embrenhou os dedos no cabelo um tanto embaraçado.
– Acho que deveríamos esperar chegarmos ao quarto... – Salomon parou
no meio da frase com os lábios de Isabel cobrindo os seus.
– Não... – Isabel disse em meio ao beijo.
Ela levou a mão livre até a bermuda de Salomon e apalpou o pênis dele,
que endureceu no instante do toque.
O tritão até pensou na possibilidade de alguém entrar no elevador, mas
essa pequena parte racional logo foi suprimida. Que se dane!
– Vamos ser rápidos.
– Por mim tudo bem.
Ele enfiou as mãos por dentro da saia do vestido e puxou a pequena
calcinha de renda que Isabel usava, deslizando-a pelas pernas esguias da
súcubo. Pegou a peça e colocou-a dentro do bolso. Em seguida, ergueu-a pela
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cintura e Isabel abraçou seus quadris com as pernas. Abaixou a bermuda com
uma mão e o pênis duro saltou para fora.
Isabel sentiu suas costas bateram contra a parede fria de metal do elevador
quando Salomon entrou nela de uma vez. Sentiu-o abrir caminho por ela não
estar tão molhada como de costume. Não teve tempo, nem preliminares,
apenas uma estocada forte e funda. Ela abraçou o pescoço dele e gemeu com
o leve ardor.
Salomon mordeu os lábios tentando se conter, ela nunca esteve tão
apertada. Com uma mão segurou a cintura dela e a outra apoiou na parede do
elevador. Deslizou até o limite e entrou fundo outra vez.
As costas de Isabel bateram contra a parede de novo com o tranco
seguinte. Cerrou os lábios com medo de que o grito denunciasse o que
estavam fazendo em um local inapropriado. Não esperou pela estocada
seguinte, moveu seu corpo contra o dele.
A sensação era incrível. A cada vez que ele deslizava para fora e entrava
fundo outra vez, Isabel conseguia conter menos os gritos. Batia a cabeça e as
costas contra a parede do elevador repetidas vezes, mas nem sentiu, seu corpo
estava concentrado nas sensações que o tritão provocava.
Salomon não se preocupou em ser cuidadoso, ou mesmo ir devagar. Isabel
não era uma donzela virgem e toda vez que ele achava estar sendo bruto ao
excesso, ela acompanhava seu ritmo e pedia por mais.
Isabel cravou as unhas nos ombros de Salomon enquanto balançava a
cabeça de um lado para o outro. Estava suando como nunca. Quando ele
deslizou a mão de sua cintura e apertou sua bunda em meio a uma estocada,
foi impossível conter o gemido alto.
Salomon estava chegando ao seu limite. Respirando fundo, ele tentava se
conter como podia.
– Isabel... – Ele estava tão tonto que mal conseguia falar. – Precisamos
parar...
– Eu proíbo. – Ela gemeu e o abraçou com as pernas.
Salomon parou de se mover, só as contrações da vagina dela eram o
bastante para mantê-lo estimulado.
– Vou acabar gozando em você.
– Continua... – Ela choramingou rebolando contra ele. – Goza em mim o
tempo todo, isso nunca foi um problema.
– Vamos acabar sujando o elevador.
Isabel o empurrou um pouco para trás, tirando-o de dentro de si. Ela ficou
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de pé e ajeitou a saia do vestido.


Quando Salomon pensou que conseguiria respirar aliviado ela se ajoelhou
à sua frente e envolveu seu pênis com a boca.
– Louca... – Suas palavras se perderam em meio a um gemido.
Ele acariciou o cabelo loiro ao revirar os olhos. A sensação dela o
chupando era tão gostosa quanto penetrá-la. Não levou mais do que um
minuto para que ele se desfizesse dentro da boca dela.
Isabel se colocou de pé e foi surpreendida por ele a empurrando contra a
parede outra vez e beijando-a na boca que ainda tinha o gosto dele. Ela abriu
as penas quando Salomon enfiou a mão direita entre elas. O tritão escorregou
os dedos até encontrar o clitóris, estimulando-o com movimentos circulares.
Isabel gemeu contra os lábios dele, perdendo-se no orgasmo que chegou
rápido e a deixou trêmula. Porém, Salomon a segurava firme e continuou
estimulando até os gemidos pararem junto com a sensação.
– Acha que nos viram? – Suspirando, Isabel apoiou o queixo no ombro
dele.
– Ainda tem a cara de pau de perguntar? Tem uma câmera ali. – Salomon
apontou com o queixo para uma semiesfera de vidro no alto do elevador.
As bochechas de Isabel coraram e ela soltou um risinho.
– Ah os seguranças devem estar excitados.
– Vamos torcer para que não chamem a polícia para nós.
– Espero que não. – Isabel apertou o botão para destravar o elevador. –
Agora vamos para o quarto.
Salomon riu. Poderiam ter ido antes, mas ambos gostaram da adrenalina.

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Capítulo 25

Isabel se debruçou sobre a bancada do bar. O homem que secava os copos


atrás do balcão quase deixou-os cair.
– Em que posso ajudá-la? – Ele tinha um sorriso enorme nos lábios ao se
aproximar de Isabel.
– Estou procurando por uma mulher. Ela é bonita, com olhos e cabelos
castanhos, está na faixa de uns trinta anos.
– Moça, – o sujeito riu. – faz ideia de quantas mulheres com essa
descrição entram aqui?
– É eu imagino. – Isabel torceu os lábios em uma expressão triste. – É por
que tivemos um passado e eu gostaria de revê-la.
– Um passado? – O cara bufou ao se virar para as garrafas de vidro nas
prateleiras de madeira atrás de si. Era bonita demais para ser hétero...
– Sim, éramos grandes amigas do tempo de escola. – Isabel inventou uma
história assim que notou a expressão de desgosto no rosto do homem. – Por
que não me serve uma bebida?
– Qual?
– A que me recomendar. – Ela passou as mãos pelos cabelos loiros,
fazendo charme.
O homem ainda estava desconfiado. A mulher à sua frente era uma linda
loira com olhos azuis, uma característica não muito comum no México. Além
disso, o espanhol sem sotaque afirmava que ela não era dali.
Por fim, ele pegou uma tequila e serviu para ela em um pequeno copo.
Isabel aproveitou que ele a servia e tocou-o na mão. As bochechas dele
coraram de imediato com o calor que subiu.
Ele olhou para Isabel e a mulher pareceu ainda mais linda diante de seus
olhos.
– Tem certeza que não viu nenhuma que se destacasse? Ela provavelmente
tinha uma voz muito bonita.
– A sua voz é muito bonita.
– Ninguém?
– Adoraria vê-la nua. Para que mais alguém?
Isabel soltou a mão dele e levantou irritada. Empurrou o banco de madeira

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onde estava sentada a pouco e deixou o bar sob o olhar de todos os clientes,
homens ou mulheres.
Do lado de fora, Salomon estava angustiado, e a segurou pelos ombros
assim que ela saiu.
Isabel ergueu a cabeça e fitou os olhos castanhos. Estava irritada por dar a
ele mais uma péssima notícia.
– Nada. – Balançou a cabeça em negativa vendo o céu clarear no horizonte
atrás de Salomon.
– Já estamos nisso a noite inteira. Talvez seja a hora de aceitar que não
vamos encontrá-la.
– Perguntar nos bares foi a melhor ideia que eu tive. – Isabel se escorou na
parede pichada e baixou a cabeça.
A súcubo estava frustrada consigo mesma. Queria muito encontrar logo
essa mulher e dar a Salomon o acerto de contas que ele merecia.
Ele apoiou uma mão na parede e com a outra acariciou o rosto dela. Abriu
um leve sorriso que brilhou mesmo na rua com pouca iluminação. Destruir
Felícia e toda a organização dela por muito tempo fora a única fixação de
Salomon, o propósito que ele havia encontrado para continuar vivendo.
Porém, agora com Isabel, Salomon possuía algo além para preencher aquele
estranho vazio chamado propósito.
– Talvez seja melhor não a encontrar. Assim como nunca encontrei a
minha mãe. – Salomon roçou seus lábios de leve nos de Isabel.
– E se ela estiver fazendo em La Paz o que fazia em Cancun?
– Talvez seja melhor deixar a polícia cuidar disso.
Isabel bufou e bateu no peito dele com o punho fechado.
– Porra, Salomon! Ouviu o que acabou de dizer? Você dedicou a sua vida
para impedir essa mulher e por que parar agora?
– Porque eu tenho você! – Ele a segurou pelo pulso. – Matar aquela
mulher ou me vingar da minha mãe talvez não importe mais.
Isabel engoliu em seco, seus olhos azuis-esbranquiçados ficaram
marejados.
– Salomon...
– Meu amor, eu não quero mais que gaste seu tempo e dinheiro nessa
busca.
– Eu faria qualquer coisa para te ajudar. – Ela deslizou a mão pelo peito
dele num toque delicado.
– Eu sei, e esse é mais um motivo para eu r você. Mas vamos voltar para
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Cancun. Não quero perder mais nenhuma noite de folga fazendo qualquer
outra coisa que não seja estar na cama com você.
– Tem certeza? – Isabel hesitou passando a mão pela gola da camisa polo
que ele usava.
– Sim.
Salomon estava prestes a puxá-la para junto de si e beijá-la no meio da rua
quase deserta, àquela hora da madrugada, quando o telefone em seu bolso
começou a tocar.
– Deve ser o Ramon. – Isabel deu um passo para o lado quase tropeçando
em um saco de lixo preto que se misturava com as sombras do chão.
– Achei que ele estivesse se divertindo com a camareira enquanto nós
fazíamos o trabalho duro.
– Pelo que eu entendi ele iria procurar por suas próprias fontes enquanto
nós dois seguimos atrás da minha ideia.
– As fontes do Ramon significam todas as mulheres que aceitarem dormir
com ele.
– Não vai atender? – Isabel apontou para o bolso que ainda vibrava.
Por fim Salomon pegou o telefone.
– Eu encontrei ela, irmão.
– Onde?
– Ela está escondida com uma das gangues daqui. O líder do cartel de
drogas parece ser um velho amigo.
– E onde você está agora?
Isabel se aproximou mais de Salomon para poder ouvir melhor a conversa.
– Escondido perto da casa onde ela está. Meu irmão, tem uns trinta caras
armados até os dentes. Acho que nem o Rambo consegue passar por eles sem
levar uns tiros. Vou compartilhar com você minha localização.
O celular vibrou e Salomon olhou para a tela.
– Estou esperando vocês chegarem para pensarmos no que fazer.
O tritão desligou a chamada e olhou para Isabel.
– Não viemos aqui para perder a viagem.
– Você ouviu o que o Ramon disse, podemos perder a vida.
– Eu sou uma súcubo. Deixe os humanos comigo.
Isabel ainda era capaz de ver angústia e preocupação no rosto de Salomon.
Ela podia aguentar alguns tiros, mas isso não parecia tranquilizá-lo.
– Já que vai se arriscar dessa forma vamos para o mar primeiro. Quero dar
toda a energia que eu puder.
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– Mas eu estou bem. Podemos ir para lá agora.


– Não. – Salomon segurou as duas mãos dela e a forçou a encará-lo. –
Ramon pode esperar mais um pouco.

Isabel tirou as sandálias e as deixou sobre a areia. Olhou para frente onde
a aurora pintava o mar de verde. Segurou firme a mão de Salomon junto a sua
enquanto caminhavam na direção do mar, que quebrava suas ondas na praia
logo à diante.
Salomon olhou para ela, cujos cabelos loiros balançavam com a leve brisa.
Isabel era linda e de aparência tão delicada para uma criatura com imensa
força. Virou-a de costas e abriu o zíper do vestido, despindo-a e colocando-o
sobre o chão. Tirou também suas roupas e as deixou junto às dela sobre a
areia.
Pegou Isabel no colo e a beijou com todo o seu desejo. Não imaginária
que um dia ia se preparar para uma batalha transando, porém, também não
pensava em conhecer uma súcubo.
Isabel fitou o fundo dos olhos castanhos de Salomon enquanto ele
adentrava com ela no mar. A água estava deliciosamente quente e
reconfortante. Passou as mãos pelos cabelos do tritão, molhando os fios
longos. Começaram a se beijar devagar, a urgência do momento apaziguou
um pouco do calor entre os dois. O tritão estava preocupado, ainda não queria
que ela se arriscasse, não estava disposto a perdê-la.
– Precisamos ser rápidos. – Isabel apoiou as duas mãos sobre o rosto dele.
A súcubo se curvou e mordeu o lábio inferior do tritão. Ela deixou de lado
o cuidado e passou as unhas pelas costas do tritão, deixando cortes que logo
se curaram. Beijou e mordiscou o pescoço.
Salomon agarrou os seios dela e a ouviu gemer. Por hora o melhor
esquecer o que os esperava. Puxou-a pelo cabelo e beijou-a. Brincou com a
língua dele, enquanto esfregava seu corpo. O desejo voltou a arder e
subjugou o medo.
Ele deslizou as mãos pelo corpo escultural da súcubo e apertou a bunda
dela. O gemido de prazer incendiou o tritão. Salomon a pegou pelas coxas e a
colocou sobre sua cintura.
Isabel o abraçou com as pernas enquanto deslizava os lábios pelo pescoço
dele, deixando chupões e mordidas pelo caminho, mas logo as marcas
desapareceram ao serem curadas pelo mar.
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Isabel jogou a cabeça para trás quando ele abocanhou um dos seus seios e
chupou com força. A pele da loira estava tão sensível que a súcubo se julgava
capaz de sentir cada gota do mar ao seu redor.
Gritou ao ser penetrada sem aviso. Salomon apertou sua cintura ao ir até o
fundo. Os olhos de Isabel giraram nas orbitais. A sensação foi tão boa que ela
logo se viu gemendo ao cravar as unhas nos ombros largos dele.
O gemido de Salomon foi abafado pelo seio de Isabel em sua boca. As
pupilas dele dilataram ainda mais com o prazer da umidade dela o
envolvendo. Quando estava prestes a começar os movimentos, ele foi
surpreendido com ela rebolando contra sua pélvis. Segurou firme a bunda
dela e ajudou-a a se mover.
A água ao redor dos dois formava ondas enquanto entravam em uma
sintonia só deles. Nem o sal do mar aplacava o gosto doce do sexo.
Isabel encarava Salomon a cada movimento, sem ousar desviar seus olhos
dos castanhos dele. Via o prazer brilhar na íris escura, que refletia a lua no
céu acima do casal, a cada vez que ela subia o corpo um pouco, com as mãos
apoiadas nos ombros de Salomon e descia outra vez, os dois gemiam juntos.
A cada movimento ansiavam por mais e a velocidade foi só aumentando,
assim como o prazer que os envolvia.
Na pequena parte ainda sóbria da mente de Salomon ele pensou sobre o
quanto tinha sorte. Isabel era tudo o que desejou, que precisou, mas nunca
soube. Uma mulher linda, sensual, tão louca por sexo ao ponto de deixá-lo
cansado, e acima de tudo uma companheira eterna disposta a se arriscar para
resolver problemas dele.
Ele jogou o cabelo loiro para o lado e mordeu-a na base do pescoço. Isabel
sentiu um arrepio varrer seu corpo e o turbilhão de sensações se tornou ainda
mais intenso. Os gritos poderiam ser ouvidos da praia.
No ritmo em que estavam, mesmo se segurando para aproveitar talvez a
última transa, Salomon não demorou a atingir o orgasmo. Todos os seus
músculos ficaram tensos e ele parou de se mover ao perder o controle.
Isabel puxou o rosto dele para si e capturou os gemidos com os lábios.
Enquanto alcançava o próprio orgasmo ela sugou a energia dele. A aura azul
que deixava o tritão a caminho da boca dela era tão intensa que brilhava
contra o céu escuro.
A súcubo se alimentou por minutos. Uma energia tão intensa corria pelas
suas veias de uma forma que ela não julgou ser capaz de suportar. Era como
se tivesse drenado até a morte uns cem homens.
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Quando ela parou, Salomon apenas sorriu como se não tivesse sentido
nada.
– Estou me sentindo o super-homem.
– Espero que seja a prova de balas como ele. – Salomon passou a mão
pelo rosto dela, tirando os fios de cabelo que grudaram na pele macia e a
encarou com seriedade. – Não vá mais longe do que se julga capaz de
suportar. Se precisar deixar eu ou Ramon, o faça sem olhar para trás.
– Se eu pedisse para você fazer isso, faria?
Salomon respirou fundo e tentou desviar o rosto, mas ela colocou uma
mão de cada lado e o impediu de mover a cabeça.
– Não. – Foram minutos intermináveis até aquela pequena resposta.
– Então já sabe.
Isabel desceu do colo dele, mas Salomon a segurou pelo pulso.
– Eu amo você.
– Eu também. E não se preocupe, não vamos morrer hoje.

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Capítulo 26

Um táxi amarelo parou junto ao meio fio de uma ruela deserta. Dos três
postes na rua, apenas um funcionava e piscava em intervalos quase regulares.
– Tem certeza que é esse o endereço? – O taxista, com as mãos firmes no
volante para impedir que tremessem, olhou pelo retrovisor do meio para a
bela loira sentada no banco de trás.
– É sim. – Salomon abriu a porta e saiu.
– Obrigada. – Isabel encostou o dedo no leitor de digitais para pagar pela
corrida e também saiu do carro.
O motorista nem perdeu tempo discutindo. Ela era maior de idade e estava
acompanhada, deveria saber em que bairro estava e o tamanho da encrenca.
Salomon olhou para a rua assim que um rato correu para uma caçamba de
lixo. Sentiu um calafrio que fez seus ossos gelarem. Era tarde da madrugada e
a rua, duas antes do local indicado por Ramon, estava vazia.
– Vamos em silêncio. Talvez já tenham nos visto aqui, mas caso não, o
elemento surpresa será bem-vindo.
Isabel segurou firme a mão molhada de suor de Salomon e andou na ponta
dos dedos, mesmo que usasse uma sapatilha sem salto. Evitou todas as
garrafas, sacolas plásticas e latas pelo caminho, no intuito de não fazer
barulho algum. Mas, o coração no peito parecia bater tão alto.
Ela não estava com medo, não por si, era uma súcubo, uma imortal. Temia
por Salomon, que fora do mar era tão frágil quanto os demais humanos que
os aguardavam. Desconhecia a extensão do poder psíquico das sereias, e não
sabia se a distância do mar os afetava. Tudo o que tinha em mente era a dor
aguda que Felícia conseguira provocar em sua cabeça na primeira vez que se
enfrentaram. Precisaria estar pronta para tal dor.
Parou de andar quando Salomon apertou sua mão com mais força. Ele
ergueu a cabeça e o sinal a fez ver um homem parado no alto de um prédio.
Vestido de preto, o sujeito se misturava às sombras da noite e nem se movia
com o olho direito fixo na mira do fuzil.
– Se dermos mais um passo saímos do ponto cego e ele nos acerta. –
Salomon se virou para Isabel e a encarou. – Precisamos pensar em um jeito
de passar sem que ele nos pegue.

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– Ele não irá nos pegar se o pegarmos primeiro. – Isabel abriu as asas
negras e membranosas como as de um morcego.
Qualquer protesto de Salomon não pode ser ouvido depois que ela
levantou voo. O tritão passou as mãos pelos cabelos cumpridos e respirou
fundo. Ela ia ficar bem, precisou repetir para si mesmo em pensamentos.
Isabel pousou no telhado como um gato. Não fez mais barulho do que o
vento, o homem nem soube o que o atingiu, ou ouviu o som de seu pescoço
ser quebrado em um giro veloz de mãos pequenas e delicadas.
Ela logo deitou o corpo no chão, com o cuidado de escondê-lo nas
sombras para que ninguém o visse até estar perto demais. Ao erguer a cabeça
e encarar a lua que quase tocava o alto do prédio, Isabel esperou que o
restante fosse tão simples de derrotar.
– Esse foi fácil.
Salomon estava pálido quando Isabel pousou a lado dele. O bater de suas
asas fez voar algumas folhas e sacolas jogadas pela rua.
– O cara tinha um fuzil!
– Que de nada adianta se não tiver oportunidade de atirar.
Salomon respirou fundo. O medo poderia ser seu pior inimigo se não
soubesse se controlar. Precisava se lembrar que por baixo de todo o corpo
pálido, frágil e delicado de mulher, havia um demônio.
Eles viraram a esquina e caminharam em frete. Ao redor deles, erguiam-se
altos muros cobertos por grafites e pichações. A escuridão das ruas pareceu
mais aliada dos três do que o silêncio, que era perturbado a qualquer
movimento mais brusco e ameaçava delatar a presença dos dois.
Salomon foi puxado pela camisa, ele se virou como um gato arisco e quase
quebrou o braço de quem o assustou.
– Calma, irmão, sou eu! – Ramon ergueu a mão livre tentando salvar a
imobilizada.
O tritão bufou ao pressionar o amigo contra a parede.
– Ficou maluco!
– Eu não queria chamar atenção para nós – Ramon tentou se soltar para
afastar seu rosto do muro áspero.
– Quase nos matou de susto. – Isabel afastou os dois com suas mãos
delicadas. – Não vamos nos matar antes de enfrentar o verdadeiro inimigo.
– Desculpa, cara. – Salomon abaixou a cabeça. – Só não me assuste outra
vez.
– Beleza. Agora só vamos dar um jeito nessa mulher e dar o fora daqui. –
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Ramon puxou os outros dois para um canto mais escondido, nas sombras,
onde nenhum era capaz de ver a expressão do outro.
– Sabe como vamos entrar? – Isabel apoiou a mão no ombro de Salomon.
– Enquanto vocês demoravam tentei ver o lugar o melhor possível. É uma
casa grande, com duas entradas, ambas então bem protegidas. Sobre cada um
dos telhados vizinhos há um vigia bem armado. Temo que não consigamos
entrar sem fazer um pouco de barulho.
– Sem armas, sem coletes? Vocês dois ficam aqui e eu entro.
– Sozinha? – Salomon a segurou pelo pulso. – De jeito nenhum.
– Não preciso lembrá-lo de quem foi imprudente, levou um tiro e quase
morreu.
– Eu amo os dois, de verdade, – Ramon se impôs antes de Salomon
prosseguir com a discussão. – Mas vamos deixar para discutirem a relação
quando estiverem sozinhos e não for um caso de vida ou morte.
– Está certo, Ramon. Vou pegar a arma do cara que abati e tentar matar
outro.
Eles só sentiram uma lufada forte de ar que balançou os cabelos e viram
Isabel desaparecer rumo ao céu.
– Não seja super-protetor, meu amigo. – Ramon deu uns tapinhas nas
costas de Salomon. – Ela não precisa da sua proteção.
Ele sabia disso, e como sabia... Colocou as mãos dentro dos bolsos. Por
mais que soubesse ainda assim não era fácil deixá-la correr o risco. Talvez
Ramon não conseguisse imaginar a dor que perder Isabel causaria nele.
Foram alguns minutos, alguns pedaços de eternidade até que ela
retornasse. Isabel entregou a eles as armas e cartuchos de bala que encontrou.
– Não é muito, mas...
– É melhor do que tínhamos antes. – Salomon riu para ela, mas com a
escuridão Isabel não viu.
– Eu vou na frente. – Ela ajeitou o decote. – Não sou sereia, mas também
sei seduzir homens.
Salomon repreendeu todos os nãos que desejou gritar e não interviu na
decisão dela.
Isabel deixou as sombras e o poste diante da entrada da pequena mansão a
revelou como um anjo. Os cabelos loiros brilhavam e voavam com a leve
brisa.
Um homem parado na guarita quase caiu para frete ao tropeçar nos
próprios pés e por pouco não deu um tiro neles. Uau! Quem era aquela
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mulher?
Os outros três que caminhavam sobre o portão também olharam para ela
boquiabertos. Os ares dali estavam ficando cada dia mais belos com a
passagem do tempo.
O porteiro engoliu em seco e saiu da guarita para que ela o visse melhor.
– Acho que não deveria estar aqui?
– E por que não? – Isabel enrolou uma mecha do cabelo no dedo indicador
e mordeu o lábio.
– Uma mulher tão bonita num bairro tão perigoso essa hora da noite.
– Talvez desconheça meus motivos. – A voz sensual era uma carícia aos
ouvidos do homem.
– E quais são?
Os caras já passavam a língua pelos lábios com a boca salivando. A breve
visão da mulher inflou seus pensamentos mais libidinosos.
– O chefe de vocês me mandou como um presentinho para nós
divertirmos.
Os olhos de todos brilharam.
Salomon apertou o punho da arma enquanto seus dentes cerravam de ódio.
Ele deu um passo para frete, porém Ramon o segurou pelo braço.
– Respira fundo.
– Eu vou matar todos eles. – A voz de Salomon saiu entredentes como um
rosnado de um cão raivoso.
– Esqueça o seu ciúme. Os matará em seu devido tempo.
Salomon fechou os olhos por um minuto tentando esquecer os olhares
dirigidos para a sua garota.
Isabel passou as mãos pelo corpo, redesenhando seus contornos.
Um dos homens pulou do alto do portão, esquecendo-se da altura. Nem o
som dos ossos de sua perna trincado ou a dor intensa que veio em seguida o
fez parar de olhar para Isabel, parar de desejá-la.
O que estava na portaria limpou as mãos suadas na calça jeans azul e com
um largo sorriso foi correndo até Isabel. Levou a mão direto na bunda dela,
sentindo a maciez da zona erógena arredondada. E o perfume... A loira tinha
um cheiro estonteante.
Um tiro. Um som oco e grave que ecoou por toda a rua.
Isabel olhou para o lado e viu sangue vermelho, fresco e quente escorrer
pelo seu ombro. Por reflexo ela empurrou o homem para frente e esse caiu
como um saco pesado ao chão.
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Uma centena de tiros sobrepôs o primeiro.


Isabel se ajoelhou no chão e protegeu a cabeça com as mãos.
– Caralho, Salomon! Você ficou louco? – Ramon s escondeu atrás da
parede e puxou o amigo consigo para que as balas não os atingissem.
– Ele pegou na bunda dela!
Ramon revirou os olhos e bufou. Até eu pegaria se tivesse a oportunidade,
guardou o pensamento apenas para si, não era o momento para fomentar os
ciúmes do amigo.
Ele destravou a arma e atirou como pode, na intenção de devolver alguns
tiros. Foram uns dez, nenhum passou perto dos alvos sobre o portão e alguns
quase pegaram em Isabel.
Ela se encolhia, tentando não mostrar as asas e os chifres que revelariam
seu lado demoníaco aos humanos. Entretanto, estava difícil, a cada bala que
sentia roçar sua pele mais medo ela tinha, seria inevitável usar a ferramenta
que tinha para se proteger.
Salomon recobrou a sobriedade quando viu a mulher que amava quase em
posição fetal em meio a enxurrada de tiros, então parou. Passou a mão pela
testa fria e tentou pensar. Abaixou a arma e admitiu que pouco podia fazer,
mas ela...
– Mate-os, Isabel! – gritou o mais alto que pode.
A súcubo abriu a asas. Dezenas de tiros foram parados pelo muro negro e
as balas se acumularam no chão.
Os homens sobre o portão pararam de atirar. Perplexo com o que viu, um
deles fez o sinal da cruz. Ele tremia ao ponto de quase não se manter de pé.
Que merda era aquela? A bela mulher transformara-se em uma criatura de
asas negras e sem penas. Um anjo. Talvez a própria morte.
Isabel voou para cima deles antes que saíssem de seu choque para reagir.
Um a um, foram caindo ao chão, mortos.

O tumulto na entrada soou os alarmes internos da casa. O barulho irritante


fez Raul erguer a cabeça do meio das pernas de Felícia e se sentar na cama.
– Que porra é essa?! – ela se levantou enrolando-se no lençol e olhou
através da janela. Por ela não se era possível ver nada além do céu noturno
com poucas estrelas.
– Eu não sei. – Raul puxou a camisa deixada sobre uma poltrona ao lado
da cama e a vestiu. – Vou ver o que é.
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Ele tateou a cômoda em busca do celular deixado ao lado do relógio.


Deslizou o dedo pela tela até encontrar o aplicativo de segurança. Pela tela
ele viu a imagem da câmera de segurança da entrada com os corpos de seus
homens jogados em frente ao portão aberto. Merda!
– Estamos sendo atacados.
– O quê?! – Felícia arregalou os olhos castanhos. – Prometeu que eu
estaria segura aqui. – Ela se levantou e foi procurar as roupas espalhadas pelo
quarto.
Raul acendeu a lâmpada pelo interruptor ao lado da cama.
– E está. Não sei como passaram pelos meus homens, mas serão
impedidos pelo restante da segurança.
– Seu helicóptero está em cima da casa? Acho melhor eu ir embora.
Ela caminhou até a porta, mas foi impedida pelo homem corpulento que a
segurou pelo pulso.
– Não vai a lugar algum antes de me dizer de quem está fugindo.
Felícia olhou para ele e riu. O que diria? Que seus mercenários foram
todos mortos por apenas três pessoas. Raul riria dela.
– Não posso dizer, mas temo que descobrirá.
Ela curvou os lábios em um biquinho e emitiu uma nota bem aguda que
causou uma fincada de dor na cabeça do homem, forçando-o a soltá-la.
Felícia abriu a porta e correu até a escada. O som estridente do alarme que
ainda soava, fazia doer suas têmporas.
– Onde pensa que vai?
Felícia segurou firme o corrimão enquanto seu sangue congelava nas
veias. Ela respirou fundo e ergueu a cabeça. Virou-se devagar, as palpitações
urgentes de seu coração lhe roubavam as forças e usou isso como desculpa
para não ter que encarar o medo.
A primeira coisa que viu foi a mulher loira de estatura mediana. Seus
cabelos ondulados e sua roupa estavam cobertos de gotas de sangue. Aquela
mulher, aquele demônio! Foi tola ao imaginar que não seria encontrada.
Ao lado da loira estava os dois homens que sempre foram uma pedra no
seu sapato, atrapalhavam os negócios com uma frequência irritante. Depois
da noite em que fugiu soube bem o porquê. Tritões...
Ela afunilou os olhos. O de cabelos cumpridos era estranhamente familiar
e provocava uma sensação estranha nela.
O som oco de um tiro arrancou todos do choque momentâneo e quebrou o
silêncio.
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– Não sei como entraram na minha casa, mas vão se arrepender. – Com os
olhos afunilados e com a raiva permeando o sangue, Raul estava de pé junto à
porta de seu quarto onde há instantes estava com Felícia. A mão direta que
segurava uma pistola automática tremia delatando seu descontrole. Ainda
estava furioso com o que sua amante mal-agradecida fizera. Como ousava
machucá-lo depois de ser tão bem acolhida.
Isabel levou a mão às costas após sentir uma dor intensa que atingiu até
seus ossos. Ela fechou a boca com toda a força para impedir que o grito
agudo de dor escapasse, mas expressão em seu rosto e a forma como cerrou
os punhos a delatou.
– Isabel! – Salomon tentou conter o desespero que invadiu seu coração,
mas o corredor onde estavam pareceu girar ao seu redor.
Ela usou de todo o autocontrole para enfriar as unhas dentro do ferimento
e puxar a bala. Jogou-a no chão.
Raul arregalou os olhos e deu dois passos para trás ao ver a mulher, que já
deveria estar morta, arrancar a bala e o ferimento se fechar no mesmo
instante. Não sabia o que era aquilo, mas entendeu porque Felícia tinha tanto
medo.
– Saiam daqui ou vou chamar meus homens! – Ele manteve a voz mais
ameaçadora que pode.
– Seus homens estão todos mortos. – Salomon tinha um sorriso sádico nos
lábios.
– Não é possível! – Raul balançava a cabeça se recusando a aceitar. – Só
vocês três não podem ter passado por um exército bem armado. – Não
importa. – Ele apontou a arma para Salomon. – Não sairão daqui vivos.
– Você fala demais. – Ramon ergueu o fuzil e deu um único e certeiro tiro
no meio da testa do homem.
Raul nem se deu conta de sua morte e o corpo imóvel levou alguns
segundos para ir ao chão, formando uma poça de sangue ao seu redor.
Isabel ouviu um som agudo seguido de uma dor ainda mais intensa do que
a do tiro, no momento em que ela se virou para encarar Felícia outra vez, essa
que já estava na metade da escada para o terraço da casa. Caiu de joelhos com
as mãos pressionando as têmporas, tentando se livrar a todo custo da dor, que
era tão forte que embaçou a visão da súcubo. Isabel não conseguia mais
delimitar os degraus da escada à sua frente.
A canção mortal da sereia também doeu na cabeça dos tritões, porém esses
não caíram ao chão, sabiam lidar melhor com tais poderes e proteger a
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própria mente. Entretanto, a dor ainda os atrasaria.


– Ela vai fugir de nós outra vez. – Ramon não conseguiu gritar com a dor
que o retardava.
– Não. Ela não vai fugir.
Foi difícil para Salomon abaixar e pegar a concha em seu bolso. Nunca
teve tamanha impressão de que iria cair ao fazer cada movimento.
Ele a abriu e desmoronou ao chão. Foi como se todas as suas forças
estivessem sendo drenadas em um único instante.
Ramon também perdeu o equilíbrio e caiu.
– O que é isso, quer nos matar? – Ele encarou o melhor amigo sem
entender.
Salomon apenas abriu um leve sorriso em meio à nítida expressão de
cansaço.
Felícia foi forçada a segurar no corrimão dourado junto à parede quando
suas pernas ficaram bambas. Olhou para o brilho na mão de um dos tritões.
Usar aquilo poderia matá-lo também, por acaso ele era insano?
Quando Felícia viu a loira se erguer com um sorriso nos lábios e jogar os
cabelos para trás, soube que não havia nada de insano na atitude do tritão. O
poder da pérola não a atingiria.
– Obrigada, Salomon.
Salomon? Felícia arregalou ainda mais os olhos e ficou boquiaberta. Oh,
grande mar! Por isso sentiu que deveria se lembrar dele, achou que fosse um
conhecido. Mas aquele rosto quadrado e tão másculo que lembrava tanto uma
de suas paixões e o nome... Só poderia ser o Salomon.
– Espera! – Felícia ergueu a mão na esperança de impedir o ataque da
súcubo. – Salomon, meu garoto. Era tão pequeno na última vez que esteve
nos meus braços.
O quê? Salomon e Ramon arregalaram os olhos, Isabel parou na metade
do caminho entre ela e Felícia.
– Feche essa concha, vamos conversar melhor. Deve ter tantas perguntas.
Salomon, deitado no chão, encarou melhor a mulher escorada no corrimão
da escada, espremida em um vestido vermelho apertado, com os cabelos
castanhos soltos. Mesmo sobre a luz forte do corredor, ele não a reconheceu
em nada. Se ela fosse mesmo a sua mãe tinha ainda mais motivos para odiá-
la.
Foi ingenuidade de Felícia imaginar que dizer a ele a verdade mudaria a
situação ao seu favor. A ira que viu crescer nos olhos castanhos do homem a
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fez tremer.
– Meu filho querido, vamos conversar. Quero saber tanto sobre você.
– Eu não tenho nada a dizer nem quero ouvir nada.
Salomon usou toda a força que ainda lhe restava e pegou a arma de Raul
caída ao chão.
– Meu filho, não...
O grito desesperado de Felícia foi interrompido pelo som do tiro. Ela
sentiu uma forte dor no peito depois tudo ficou escuro.

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Capítulo 27

– Você nem quis ouvi-la.


Salomon apoiou a cabeça no vidro da janela do carro e fechou os olhos.
– Ramon, prefiro pensar que a minha mãe é apenas a mulher que me
abandonou. Se as duas pessoas que mais odeio são a mesma eu não me
importo, para mim ambas agora estão mortas.
Ramon se encolheu no banco de trás do carro com a fala dura do amigo.
Isabel tirou uma das mãos do volante e acariciou a coxa de Salomon.
– Eu entendo. Minha mãe também nunca foi a melhor pessoa do mundo.
Aron, Natasha e eu sempre fomos peças no jogo dela. Há uns anos ela
apareceu na nossa casa em São Paulo, dizendo que queria se aproximar de
nós. Mas, logo que Dante e Natasha foram embora, ela desapareceu. Às vezes
manda mensagens ou e-mails que me recuso a abrir. Nós três sempre fomos
melhores sem ela.
– Bom, meus pais ainda estão no fundo do mar. Às vezes eu passo para
dar um oi. – Ramon coçou a cabeça ao se dar conta de que talvez aquele não
fosse um bom momento para ser descontraído.
O restante da viagem de volta para Cancun foi silencioso. Salomon não
quis conversar e Isabel respeitou o direito dele. Mesmo que ele não tivesse
dado à mulher o direito de dizer algo, ainda assim as últimas palavras dela o
marcaram pela eternidade.
Ele estava com o olhar distante, encarava a paisagem às margens da
autoestrada, no entanto, não as via verdadeiramente. Sua mente estava em
outro lugar, justificando os motivos pelos quais escolhera matar Felícia. Se
ela era sua mãe ou não isso não importava, havia cometido crimes
imperdoáveis e não seria poupada. Havia passado mais de um século sem
saber da existência da mãe e agora Salomon não precisava mais dela.

Isabel deslizou as mãos pelos ombros largos de Salomon. Enquanto fitava


o reflexo dos dois exibidos no espelho do seu quarto de hotel.
– Precisa mesmo ir trabalhar hoje?
– Sim. – Ele virou o rosto para fitá-la. – Não tenho uma fortuna guardada
no banco como você.
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– Mas...
Salomon ergueu o rosto dela pelo queixo.
– Eu estou bem. E obrigado, não teria dado um ponto final a tudo isso sem
a sua ajuda. Você e o Ramon precisam parar de me tratar como se eu fosse
uma criança desolada.
– Está bem mesmo?
– Se me perguntar isso de novo eu prometo que vou te amordaçar.
Isabel riu ao abraçar o pescoço dele. Despois deslizou uma das mãos pelo
peito nu e o abdômen bem definido.
– É realmente necessário trabalhar sem camisa?
– As clientes adoram. – Ele passou a língua pelos lábios e deu um
sorrisinho.
– Eu imagino. Mas espero que as mãos delas não cheguem aqui. – Isabel
pegou no pênis dele protegido pela bermuda fina.
– Não. Aí, por hora, é só você. – Salomon puxou a mão dela de volta ao
seu peito.
Respirou aliviado por Isabel ter mudado de assunto. Não queria mais
pensar no acontecido. Estava acabado. Finalmente acabado.
Acariciou a pele macia do rosto de Isabel antes de se curvar e roçar seus
lábios nos dela.
– Me espere aqui. Com o mínimo de roupas possível. – Ele deslizou a
ponta dos dedos pela linha da coluna da súcubo até poder apertá-la na bunda.
– Tá. – Isabel suspirou.
Salomon deu outro breve selinho antes de se afastar e sair do quarto.
Isabel se apoiou na parede branca ao lado do móvel onde ficava a
televisão. Nunca uma viagem tão breve foi tão cansativa. Abraçou a si
mesma.
Esperava com todo o seu coração que Salomon estivesse falando a
verdade. Uma coisa era matar um traficante, outra era permanecer com essa
escolha diante da própria mãe. A verdade é que não cabia a ela qualquer
julgamento. Salomon tinha seus motivos, mas esperava que isso não o fizesse
sofrer nem tirasse o sono.
O celular vibrando dentro da bolsa jogada sobre a cama chamou sua
atenção. Ela correu para encontrá-lo, entre as outras coisas que jogava dentro
da bolsa, que era sempre pequena demais para caber tudo o que a súcubo
queria colocar. Quando finalmente o achou, Isabel se sentou na cama e
atendeu a chamada de vídeo.
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– Olha, titia, olha!


Isabel ouviu a voz doce de uma criança e sentiu alívio ao sorrir, mas na
tela do celular tudo o que conseguia ver era a imagem disforme de uma boca.
– Calma, filho, não coloca o celular tão perto. – Ela ouviu a voz de Aron.
– Ah, eu não sabia.
– Oi, Thomaz. – Isabel acenou para o telefone.
– Oi, titia!
Ela tombou um pouco a cabeça para o lado, apaixonada pelos pequenos
olhinhos brilhantes do garoto.
– Meu dente caiu hoje, olha. – Ele abriu bem a boca. – O papai falou que
eu posso colocar debaixo do travesseiro que uma fada vai me dar uma moeda.
Só não entendi por que a mamãe riu.
– Ah sim, a fada vai adorar seu dente. – Isabel se segurou para não rir
também.
– Thom, vem dormir, está na hora. – A voz de Dária ecoou ao fundo.
– Tô conversando com a titia.
– Agora, Thomaz Donovan.
– Tá! – Ele fez bico. – Até depois, titia.
– Até.
Isabel mandou um beijo para ele e o garoto devolveu.
O celular girou mostrando o teto branco e decorado com gesso do
escritório interno de Aron até parar no rosto do Donovan mais velho.
– Aron, ele está tão fofo! Que vontade de apertar essas bochechas cheias
de sardas.
– Sim. Eu me apaixono por ele mais a cada dia.
– Ele sabe quem eu sou!
– Claro, suas fotos e da Natasha continuam espalhadas pela casa e o
moleque é curioso.
– Ele já parece bem acostumado com a casa, você e a Dária.
– Sim. Ele sabe que teve outros pais, também sabe que os perdeu em um
acidente, mas que eu e Dária cuidaremos dele e daremos todo amor que ele
precisa. Além disso, não vamos morrer, isso o deixa muito contente.
– Quero tanto pegá-lo no colo.
– Venha logo antes que ele esteja grande demais.
Isabel suspirou e apertou sua coxa, inquieta.
– Não posso deixar Salomon, não agora.
– Não pode ou não quer?
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A pergunta de Aron deixou a irmã com o coração na mão.


– Ambos. Eu sinto sua falta, da Dária, quero muito conhecer seu filho.
Mas aqui é como se eu realmente estivesse encontrado meu lugar. Não sabe o
quanto estou feliz de não ter que dormir com uma pessoa diferente a cada
noite apenas para me alimentar.
Aron gargalhou.
– Você nunca serviu mesmo para essa vida.
– Natasha, que era a mais devassa, abriu mão sem pensar duas vezes.
– Não há arrependimento algum. Isso eu posso garantir. – Ele sorriu ao se
lembrar da própria vida.
– Encontramos a mulher por trás do tráfico que Salomon tanto tentou
combater. E ela talvez fosse a mãe que o abandonou enquanto ele ainda era
um bebê, mas Salomon a matou antes que tivesse a chance de ter certeza.
Aron arregalou os olhos um tanto surpreso.
– E como ele está?
– Jura que bem. Porém eu temo que não.
– Com sinceridade, eu não sentiria muito a morte de Beatriz. Então, talvez
ele esteja dizendo a verdade. Não dói a morte de uma mãe que pouco existiu.
– Você tem razão.
– Meu amor, Thomaz dormiu. – A voz doce e melodiosa de Dária soou ao
fundo da vídeo-chamada.
– Vai lá, Aron! Aproveite o restante da noite.
– Quer que eu envie alguma quantia para que possa comprar uma casa?
– Ainda não. Vou ficar no hotel até decidir o que fazer. Além disso, meu
visto como turista vencerá em breve.
– Sabe que contornar documentação é o que eu mais faço ao longo dos
anos para continuarmos existindo.
– Obrigada, mas por hora está bom assim.
– Se precisar de algo é só me dizer.
– Eu sei, meu irmão.
Isabel desligou a chamada e o rosto de Aron desapareceu da tela do
celular. Em meio a um suspiro longo, guardou o aparelho de volta na bolsa.
Passou as mãos pelos cabelos loiros.
Iria ficar em Cancun, até quando, não sabia. O visto era algo
insignificante, fácil de ser contornado, mas era uma lembrança clara, assim
como morar num hotel, de que sua estadia ali poderia acabar.
Sabia que a sua insegurança quanto a falta de certeza sobre o que estava
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tendo com Salomon, estava boicotando-a. Dária não precisou de um anel de


noivado ou mesmo de compromisso para largar tudo em Londres e ir com
Aron para o Brasil.
Não seja estúpida! Bateu as mãos nos joelhos brigando consigo mesma.
Casamento é algo fora de moda. Salomon já havia a convidado para ficar na
casa dele. A verdade é que se sentia tão hóspede lá quanto no hotel.
Natasha nunca sonhou com casamento algum, mesmo assim Dante se
casou com ela. Já Isabel, no fundo sempre desejou esse tipo de união. Eram
apenas aparências, ela sabia, Aron e Dária sempre foram um casal como
qualquer outro antes dos papéis do casamento para adotarem Thomaz.
Isabel balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos. Tinha um
homem imortal que a amava assim como ela o amava, tudo que sempre quis e
isso bastava.
Levantou-se da cama. Tratou de colocar um sorriso no rosto. Daqui há
algumas horas ele largaria o expediente no bar e o aguardaria com uma
surpresa.
Pegou a bolsa, jogou-a sobre o ombro direito e deixou o quarto.

Salomon prendeu os cabelos com uma pulseira que tinha no braço,


enquanto caminhava na direção do elevador. Assobiava quando alguém
colocou a mão sobre o seu ombro. Virou-se de uma vez, alarmado, mas logo
suavizou sua expressão de fúria quando encontrou os olhos castanhos do
homem vários palmos mais baixo do que ele.
– Diego?
Observou seu gerente ao colocar as mãos dentro dos bolsos da bermuda.
– Salomon, eu imagino que seu envolvimento com uma das hóspedes
esteja bem intenso já que faz visitas regulares ao quarto dela. É onde eu
imagino que pretendia ir agora.
O tritão engoliu em seco.
– Senhor, eu sei das políticas internas contra...
O gerente ergueu a mão interrompendo Salomon.
– Francamente, se eu tivesse a oportunidade de dormir com aquela mulher
linda eu também o faria. Mas, sua suposta solteirice sempre foi um atrativo a
mais para o nosso bar. Então... – Diego engoliu em seco tentando encontrar
as melhores palavras.
– Não se importa se eu durmo ou não com alguém desde que eu não afaste
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as mulheres do bar.
Diego respirou fundo ao ver que Salomon havia entendido com clareza.
– Exato!
– Não se preocupe, senhor, pretendo manter o meu emprego.
– Maravilha! E se os outros funcionários perguntarem, não tivemos essa
conversa. As regras servem para que as hóspedes não sejam assediadas.
Salomon riu.
– Nem me lembro mais que me deu premiações para continuar dormindo
com uma hóspede.
– Perfeito. Tenha um bom resto de noite.
– Para você também.
A porta do elevador se abriu e o tritão entrou apertando no painel o
número para o andar de Isabel. Apoiou as costas nuas na parede de metal
enquanto ria.
Apressou-se para cruzar o corredor bem iluminado até a porta do quarto de
Isabel. Mal via a hora de tê-la em seus braços. Depois de tudo, estar com ela
era o que importava. Não precisava das mentiras de Felícia para ser feliz. Não
precisava mais de uma mãe, não era mais um garoto e sim um homem com
uma bela companheira. Tirou a chave extara do bolso e entrou.
Estranhou a luz apagada do pequeno corredor, mas quando viu as velas
que iluminavam mais à frente deixando o quarto numa leve penumbra
amarelada, ele sorriu ao entender o motivo.
Entrou devagar até ver a silhueta dela. Podia ver apenas os belos
contornos envoltos por um fino roupão preto. Ela estava de costas para a
entrada do quarto, olhava o mar pela parede de vidro. Os cabelos loiros até o
meio das costas cintilavam à pouca luz.
– Isabel?
Ela se virou para ele. O roupão estava aberto na frente, mostrando a
camisola translúcida e a cinta-liga presa as meias pretas três quartos. Uau!
– Isso tudo é para mim?
– E para quem mais seria?
O pequeno sorriso e o olhar malicioso fez Salomon enlouquecer.
– Senta! – Isabel apontou para a cama enquanto fechava o roupão.
– Ei! Por quê?
– É a sua vez de ficar olhando. – Ela foi até a pequena mesa circular num
canto do quarto e pegou sobre ela um par de algemas.
– Onde arrumou isso? – Salomon arregalou os olhos castanhos e deu um
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passo para trás.


– Encontrei um sexy shop aberto. – Ela passou o dedo pelos lábios
fazendo charme.
– Não sabia que gostava de coisas assim.
– Me amarrou com uma fronha. Eu só comprei algemas. Vai ficar aí
olhando ou vai me deixar começar?
Salomon se sentou na beirada da cama de frente para ela. A princípio ficou
um pouco receoso, ele prendia as mulheres e não o contrário, porém Isabel
não era qualquer mulher.
Ela subiu no o colo do tritão e segurou os dois pulsos com as mãos, até
prendê-los atrás das costas. Pegou a chave e colocou de volta na mesa.
Esperava que ele fora do mar não tivesse forças para arrebentá-las.
– O que fará comigo?
– Calma. – Isabel fitou o brilho das velas refletidas nos olhos dele. – Nem
comecei e já está excitado? – Ela passou a mão sobre o volume na bermuda
dele.
– Vestida desse jeito é impossível eu não ficar duro.
Passando a língua pelos lábios, Isabel foi até a mesa e deu play na lista de
reprodução de músicas de seu celular. Voltou-se para Salomon segurando
uma ponta da fita que amarrava seu roupão.
Salomon ficou de olhos bem abertos quando ela começou a dançar na sua
frente. Rebolando lentamente até o chão, ela desfez o nó que havia dado há
pouco. Deslizou com todo o charme as mangas pelos ombros até deixar que a
peça fosse ao chão.
Striptease, o sorriso de Salomon ficou ainda maior. As mulheres com
quem dormiu tinham vergonha demais para realizar tal fantasia.
Já que não podia fazer com as mãos, percorreu o corpo de Isabel com os
olhos. Dando leves voltas e dançando, ela se movia com a suavidade de uma
pluma. Usando cinta-liga, meias três quartos e uma camisola que mostrava
não haver mais nada sobre ela, a súcubo estava sexy como Salomon nunca a
vira.
Ela puxou uma cadeira e apoiou o pé nela, curvando o corpo um pouco
para frete, Isabel soltou as presilhas que prendia uma das meias e começou a
deslizar a peça pela coxa até tirá-la pelo pé.
Salomon acompanhou cada movimento dos dedos delicados com o olhar.
Estava louco para ser as mãos dele percorrendo o corpo macio e delgado de
Isabel. O desejo que o striptease provocou nele era maior do que foi capaz de
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imaginar. Ela se despindo e dançando de forma tão sexy e erótica enchia sua
mente de fantasias e fazia sua boca salivar.
Isabel olhou para ele. O viu morder os lábios e se mover inquieto. O pênis
rígido sob o pano da bermuda era apenas um sinal de que ela estava no
caminho certo.
Jogou a meia sobre ele e se virou para tirar a outra. O olhar sexy e
provocativo era apenas mais um estímulo visual para Salomon.
Isso... Ele se contorceu ao vê-la finalmente começar a retirar a camisola. A
vagina rosada entre as pernas dela, exposta, sem pelos, era um alvo que ele
almejava alcançar em breve.
A camisola foi jogada sobre seu rosto e caiu no seu colo, revelando a bela
loira nua à sua frente.
– Agora pode me soltar?
– Ainda não. – A voz pausada e sexy o fez se revirar por dentro.
Isabel andou até Salomon e ele pensou que finalmente poderia tocá-la,
mas ela não abriu as algemas, apenas sentou-se de costas no colo do tritão.
Ela rebolou contra o pênis dele, ainda protegido pela bermuda e cueca.
Salomon gemeu.
– Isabel...
Ela sorriu, segurou os cabelos loiros com as duas mãos e continuou a
rebolar, esfregando sua bunda no membro rígido.
Salomon tentou se soltar e as algemas machucaram seus pulsos. Precisava
tocá-la, penetrá-la.
– Não me tortura.
Ele se curvou e mordeu-a no pescoço enquanto todos os seus instintos
gritavam, imploravam para que Isabel parasse de brincar com ele.
Ela estava adorando senti-lo vibrar embaixo de si, alimentando seu ego e o
desejo por ele.
Foi até a mesa, buscou a chave e soltou Salomon. Ele não hesitou em
segurá-la pela cintura e jogá-la sobre a cama.
Isabel soltou um grito quando o tritão abocanhou seu seio e chupou com
força. O mamilo que tanto hipnotizava o olhar de Salomon finalmente estava
dentro de sua boca e o gosto era doce. Ele apertou o outro seio enquanto
chupava.
Tinha pensado em fazer longas preliminares com ela naquela noite,
massagens, beijos, sexo oral... Entretanto, com o desejo que urrava insano
dentro do seu corpo, ele se viu tirando a bermuda, e se deu conta de que seus
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planos precisariam ser adiados.


Isabel agarrou a colcha da cama e gemeu ao ser penetrada com urgência.
Salomon entrou de uma vez, sem avisos ou rodeios, e ambos arfaram juntos.
– Você nem me deixou terminar. – Isabel sussurrou em meio a gemidos.
Salomon apoiou as duas mãos sobre a cama e enfiou o mais fundo que
pode.
– Quer que eu saia? – Ele mordeu a orelha dela ao deslizar para fora.
Isabel se arrepiou inteira.
– Não! – Ela o abraçou com as pernas.
Ele riu, pois já sabia da resposta.
Abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior da súcubo, puxando-o até
estalar, enquanto se movia para dentro dela. A umidade que o envolveu era
deliciosa.
Manteve uma das mãos sobre a cama, para servir de apoiou para o corpo, e
com a outra agarrou os cabelos de Isabel, puxando-os com força.
Os gemidos dela foram abafados pelos lábios de Salomon sobre os seus,
adentrando a língua em sua boca assim como ele fazia mais abaixo. Isabel
sentia-o invadir seu interior com estocadas cada vez mais firmes.
Salomon se contorcia em meio ao prazer da sensação. O calor da fricção
dos corpos ardia-o por inteiro. Já havia notado o quanto Isabel gostava
quando ele era mais bruto, então não teve ressalvas em usar força para abrir
caminho dentro dela até tocar a entrada do útero com batidas fortes.
Os gemidos de Isabel já eram gritos insanos contra os lábios de Salomon.
Sim... Ah! A força que ele usava a fazia afundar na cama a cada estocada e
espalhava uma onda de prazer formigante por todo seu corpo. Ela passou as
unhas pelos ombros de Salomon, deixando um vergão vermelho como
lembrança.
Salomon saiu um pouco dela, apenas o bastante para entrar fundo outra
vez. Logo após o movimento ele a sentiu estremecer, então continuou numa
busca cega pelo próprio prazer.
Isabel gemia enquanto os espasmos se espalhavam por cada uma de suas
células. Abraçou Salomon com mais força querendo que o momento durasse
o máximo possível.
Ele continuou com trancos cada vez mais fortes até parar de uma vez
quando seus músculos se contraíram. A sensação foi entorpecente e embaçou
sua visão. Exausto, jogou-se na cama respirando com dificuldade e bambo
pelo orgasmo. Mar, ela é incrível!
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Isabel subiu para cima do peito dele, apoiando sua cabeça sobre o coração
que batia descompassado. Ainda estava nas nuvens.
– Agora pode terminar o que preparou para noite. – Salomon acariciou o
cabelo loiro e sedoso dela.
– Agora você já acabou com meus planos. Como vou te provocar se você
já se esbaldou dentro de mim? – Ela fez bico enquanto traçava círculos sobre
o peito dele coma ponta do dedo.
Salomon gargalhou ao deslizar a mão direita pelo contorno do corpo de
Isabel.
– O que posso fazer se sou fraco para torturas e você é tão cruel.
– Seu sem graça.
Ele esfregou os lábios nos dela e deu um selinho.
Isabel respirou fundo ao se apoiar com os cotovelos sobre o peito de
Salomon para fitá-lo. Os olhos castanhos dele tinham o mesmo brilho
travesso de sempre, porém a súcubo ainda estava receosa.
– Como está se sentindo?
– Trêmulo, bastante cansado, mas creio que daqui a pouco eu esteja pronto
para outra.
– Não é disso que estou falando.
Salomon arqueou as sobrancelhas.
– Isabel...
– Ela podia ser a sua mãe, Salomon.
– E daí? Ser a minha mãe redimiria tudo o que ela fez? Para mim, não. Ao
contrário disso, seria mais um pecado pelo qual eu a julgaria. Ela me
abandonou. Não estou arrasado, nem mesmo triste, pois finalmente tudo se
resolveu depois de tantos anos, por hora o mar pode descansar em paz.
Um leve sorriso se formou nos lábios da loira.
– Ficou feliz por estar bem.
– Não há motivos para não estar. Eu tenho você, minha bela súcubo. –
Acariciou o rosto dela com a ponta dos dedos. – Eu amo você.
– Eu também.
– Entre as coisas que preparou para essa noite há alguma possibilidade de
haver comida, pois estou faminto.
Isabel riu ao se levantar.
– Vou apenas me limpar e pego algo.
– Tudo bem. – Ele se esparramou na cama.
Acompanhou com o olhar Isabel ir até o banheiro. Entendia a preocupação
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dela, para muitos a mãe significava tudo, no entanto para ele ela não era nada.
Sentiu muita falta dela durante a infância e adolescência, mas agora era um
homem, essa falta nunca seria recompensada. Não deixaria antigo e infantil
menino carente o subjugar.

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Capítulo 28
– Onde vamos hoje? – Isabel sacudiu os cabelos loiros antes de colocar o
capacete.
– Só um bar onde eu e Ramon íamos muito quando éramos mais jovens.
– Você ainda é bem jovem para mim. – Isabel passou as mãos pelos
ombros de Salomon enquanto subia na moto atrás dele.
– Você entendeu.
Ela riu ao envolver a cintura do tritão com os braços.
Salomon balançou a cabeça em negativa ao dar partida na moto.
A lua cheia brilhava num céu azul salpicado de estrelas quando eles
deixaram o estacionamento do hotel. O vento, gerado pela velocidade da
moto, era refrescante.
As noites de folga de Salomon se tornaram louváveis após o envolvimento
com Isabel. Antes não tinha muito o que fazer, mas no momento essas
pareciam extremamente curtas.
Depois de tudo que Isabel havia feito para resolver os problemas dele com
Felícia, tratando-os como se fossem dela, não restavam mais dúvidas que essa
era a mulher que desejava ao seu lado pela eternidade. Estar loucamente
apaixonado parecia uma dádiva.
Isabel o abraçou com mais força, respirando o cheiro de mar nos cabelos
longos com os fios voando contra o seu rosto. Nos braços daquele homem
forte e viril encontrara um lar diferente de tudo que ousou imaginar. Desejava
que os momentos ao lado dele não tivessem fim.
Salomon dirigiu por alguns minutos até um bairro da periferia de Cancun.
Alguns quilômetros do mar, esse não era um ponto turístico da cidade que em
total predominância era habitado por nativos de classe média à baixa. Por
ruas mais estreitas, ele logo chegou em um pequeno bar com portas de
madeiras pequenas e duplas, como as que Isabel via em filmes de faroeste.
Assim que a moto parou, ela sentiu um cheiro de cigarro no ar. Tirou o
capacete, olhou para trás e viu um homem soprando uma fumaça branca
escorado numa parede do outro lado da pequena rua.
O sujeito percebeu que ela o encarava e devolveu o olhar seguido de um
aceno.
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Salomon tirou o capacete e o homem arregalou os olhos.


– Há quanto tempo, menino peixe?
– Não tanto assim. – O tritão tirou a chave da moto e a guardou no bolso.
– Vim trazer a minha namorada hoje.
– Muito bonita ela. Parabéns!
As bochechas de Isabel coraram levemente.
– Obrigado. – Salomon ofereceu a mão à ela.
Isabel a segurou e permitiu ser puxada para além das portas de madeira.
O lugar modesto estava bem cheio, não havia mais mesas vazias e uma ou
outra cadeira junto ao balcão estava desocupada. Nenhum homem ou mulher
deixou de olhar para eles no momento em que entraram.
Um antigo conhecido de Salomon, sentado junto ao balcão entre duas
mulheres quase tropeçou nos próprios pés ao se levantar.
Isabel escondeu o rosto no peito do tritão para conter o riso. Ele apertou a
mão da súcubo com ainda mais força para fazer o mesmo.
– Qual o nome da bela mulher?
– Minha.
– Seu idiota! Sempre foi assim todo egoísta.
A loira gargalhou.
– Isabel.
– Melhor assim. É um prazer conhecê-la.
Salomon a puxou antes que o sujeito segurasse sua mão.
– Não me lembrava de haver tantos gaviões nesse lugar. – Salomon se
sentou junto ao balcão e indicou o lugar vago ao seu lado para Isabel.
– Adoro ver você sentindo ciúmes. – Ela acariciou o rosto do tritão e
colocou uma mecha do cabelo cumprido atrás da orelha.
– Não adore. Posso ficar possessivo. – Ele a puxou pela cintura e a fez se
sentar em seu colo.
Com um sorriso provocativo nos lábios, mas sem dizer palavra alguma,
Isabel se virou para frente. Observou um barman que secava alguns copos. O
lugar era simples e rústico, mas com uma atmosfera muito agradável.
– Muitos dos cantores mexicanos famosos cantaram aqui no início de suas
carreiras. Hoje é quinta-feira, dia de apresentação ao vivo, daqui a pouco
deve chegar algum. – Salomon passou a mão direita pelo braço de Isabel para
chamar a atenção dela.
– E vai dançar comigo?
– Claro!
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Ela se virou para olhá-lo da melhor forma que pode, já que com suas
pernas sobre as dele no espaço pequeno abaixo do balcão ficava difícil de se
mover.
Os olhos castanhos dele brilharam sob a luz amarelada das lâmpadas
comuns. Os cabelos com leves ondas de Salomon não estavam embaraçados
após com a breve viajem de moto, porém Isabel fez questão de continuar
penteando-os com os dedos. Os cabelos longos eram um toque de
excentricidade incrível em um homem tão másculo.
No fundo do salão algumas pessoas começaram a montar seus
instrumentos e logo a música caribenha de ritmo dançante começou a
envolver todos os que estavam no bar.
– Querem beber alguma coisa? – O barman se aproximou deles meio
receoso em interromper o momento de troca de carinhos.
– Uma dose de tequila. – Salomon desviou os olhos dos de Isabel.
Acariciou-a no rosto enquanto sorria para ela. O mundo por ele poderia
acabar ali, finalmente havia encontrado a felicidade que julgou nunca existir.
– Eu amo você, Isabel.
A resposta dela foi dada em forma de um beijo. A súcubo subiu em uma
barra de metal horizontal que prendia uma perna do banco à outra, ficando
completamente de frete para Salomon, entre as pernas dele, segurou firme os
cabelos dele e pressionou a língua para abrir passagem por entre os lábios um
pouco ressecados pelo sol.
Salomon a segurou pela cintura com uma mão firme de cada lado.
– Salomon, Isabel! Achei vocês.
A voz familiar interrompeu o beijo, mas Salomon se recusou a deixar que
Isabel se afastasse. Segurou as coxas dela com os joelhos e a menteve imóvel.
A súcubo apoiou as mãos sobre os ombros dele e virou a cabeça na
direção de Ramon.
O tritão de cabelos curtos estava na frente de uma mulher que Isabel só
pode ver as pontas dos cabelos pintadas de rosa.
– Gente essa é a Thalia. – Ramon deu um passo para o lado saindo da
frente para que os outros dois pudessem vê-la.
Salomon reparou bem na mulher alta de pernas longas que usava uma
camiseta e um short curto. Ela tinha cabelos loiros com as pontas pintadas de
rosa, que o lembrou uma adolescente, o que com certeza não era o caso.
– Prazer. – Thalia estendeu a mão.
Salomon segurou a mão fria e ficou um tanto surpreso.
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Ela riu e se curvou para frente colocando uma mão na boca como alguém
que contava um segredo.
– Eu sou uma vampira. As lentes castanho disfarçam os olhos vermelhos.
– Ah que legal! A mulher do meu irmão também é uma.
Mais um rolo, Ramon? Salomon olhou para o amigo enquanto as mulheres
conversavam.
Não, rolo não, estou apaixonado por ela. Essa mulher é incrível.
Até drenar todo o seu sangue.
É melhor ou pior do que drenar minha força vital?
Tá! Veremos até quando isso dura.
Pessimista, mal agradecido.
Thalia e Isabel pararam de conversar e observaram os dois homens apenas
se olhando, o que a princípio pareceu bem estranho.
– É sempre assim? – Thalia apoiou a mão no balcão.
– Nem sempre. – Isabel balançou a cabeça.
Salomon riu.
– Só estou desejando boa sorte ao casal do nosso jeito. – Ele pegou o copo
de tequila deixado sobre o balcão e tomou um gole. Depois entregou-o para
Isabel.
– Você também é sobrenatural? – Thalia encarou a loira que parecia
apenas uma bela mulher frágil.
Isabel balançou a cabeça em afirmativa enquanto a bebida descia
queimando por sua garganta, mas o efeito logo desaparecia com o
metabolismo rápido de seu organismo.
– Sou uma súcubo.
– Uau!
Salomon colocou Isabel no chão e desceu do banco. Ajeitou a bermuda
branca e passou a mão pelos cabelos, ajeitando-os.
– Dança comigo? – Estendeu a mão.
Com um sorriso enorme nos lábios Isabel não hesitou.
– É sempre uma ótima ideia.
Eles caminharam a passos lentos até uma região onde as mesas acabavam
em um semicírculo, formando uma pista de dança em frete ao palco onde
uma banda cantava. Outros casais que dançavam abriram espaços por simples
instinto.
Salomon parou no meio da pequena pista no momento em que a banda
iniciava uma nova música. Com o seu olhar fixo no de Isabel, foi como se
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nada mais existisse além da música e ela. O balcão, algumas mesas e pessoas
atrás de Isabel não passavam de um mero borrão na visão dele.
Segurou firme a mão direita dela e a fez girar ao seu redor.
O olhar sedutor e fulminante de Salomon fez com que Isabel sentisse um
frio no estômago. Sentiu-o deslizar as pontas dos dedos pela linha de sua
coluna com certa agilidade até puxá-la pela cintura e pressioná-la contra o seu
peito quente.
Salomon apoiou uma mão de cada lado da cintura de Isabel outra vez e a
fez rebolar, ditando os movimentos dela no ritmo da música. Aproximou a
boca da orelha dela e soprou um ar quente que a fez se derreter por completo
em seus braços.
Isabel suspirou ao segurar nos ombros dele enquanto o tritão a movia de
um lado para o outro em movimentos pendulares.
Ele enfiou uma perna entre as dela e rebolou com Isabel até que seus
joelhos dobrassem o máximo possível antes de tocarem o chão.
Os casais ao redor estavam boquiabertos pelo gingado dele e a química
dos dois.
Salomon foi subindo com ela lentamente, seus olhos castanhos fixos nos
azuis de Isabel. Com as mãos sobre a bunda da súcubo, controlava todos os
movimentos.
Isabel jogava a cabeça de um lado para o outro, balançando os cabelos
loiros. Com as mãos firmes de Salomon contornando as curvas de seu corpo,
ela já estava ofegando.
Ele a girou depois puxou de volta contra seu corpo, um pouco antes da
música acabar.
Isabel apoiou a cabeça sobre o ombro do tritão enquanto fechava os olhos.
Pode ouvir as palmas e gritinhos empolgados, mas, com as pernas trêmulas,
queria apenas se manter de pé.
– Estou molhada... – Ela mordeu a orelha do tritão enquanto esfregava
uma coxa na outra.
Salomon riu.
– Dou um jeito nisso depois.
– Espero que breve.
Ele a arrastou de volta para o lugar onde estavam Ramon e Thalia. A
vampira sentada no colo do tritão, tinha os olhos arregalados e o queixo
caído.
– Uau! Vocês foram incríveis.
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– Obrigado. – Salomon tomou o restante da tequila.


– Você nunca dançou tão bem assim comigo. – Thalia se voltou para
Ramon.
– Digamos que essa é uma das poucas coisas em que Salomon se sai
melhor que eu. – Ele deu de ombros.
– Pode pedir ele que te ensine? Eu iria adorar.
Salomon gargalhou ao abraçar Isabel de costas. Encochando-a, esfregou
seu membro rígido na bunda da loira.
Ela abriu um leve sorriso.
– Não é a única que fica excitada. – Sussurrou ao pé do ouvido dela.
– Vem comigo.
– Para onde? – Salomon arregalou os olhos enquanto era arrastado.
– Só vem.
Ele se viu indo na direção dos banheiros.
– Isabel... – O tritão parou junto à entrada de um pequeno corredor que
levava às portas do banheiro feminino e masculino.
– Vem! – Ela fez charme passando as mãos pelos cabelos loiros que
brilhavam com as pequenas lâmpadas de LED presas ao teto rebaixado com
gesso.
– Até onde eu sei não usamos o mesmo banheiro.
– Pode ser no masculino se preferir.
– Não deveríamos.
Salomon balançou a cabeça em negativa quando um homem saiu do
banheiro.
– Mas queremos. – Isabel passou o dedo pelos lábios, provocando-o.
Dane-se. Foi o último pensamento racional que Salomon se lembrou de ter
antes de ir até ela e envolvê-la pela cintura. Isabel subiu nele, abraçando-o
com as pernas. A porta do banheiro feminino foi aberta com um empurrão.
Por sorte estava vazio e Salomon foi direto até uma das cabines e a fechou
com o pé.
Isabel gemeu quando suas costas bateram contra a parede fria. Sentiu um
choque delicioso no momento em que Salomon começou a mordeu e a beijar
seu pescoço, a sensação arrepiou todos os pelos do seu corpo. Com a mão
direita, o tritão apertou com força a coxa que envolvia sua cintura, fazendo a
loira bater a cabeça na parede ao jogá-la para trás. A leve dor latejante nem
incomodou Isabel.
Salomon enrolou o vestido vermelho até a cintura de Isabel, deixando-a
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exposta. Ele olhou para baixo e se deu conta de que não havia mais tecido
algum ali protegendo-a. Riu baixinho ao se lembrar de que não era a primeira
vez que ela esquecia a calcinha e com sorte não seria a última.
– Safada! – Sussurrou ao pé do ouvido de Isabel enquanto abria o zíper da
bermuda com uma mão e usava a outra de apoio contra a parede pintada de
azul da pequena cabine do banheiro.
A loira cravou as unhas nos braços de Salomon quando o sentiu entrar sem
rodeios. Num tranco firme, ela bateu a cabeça com ainda mais força na
superfície atrás de si. Gemeu enquanto seus olhos azuis giravam nas órbitas.
As pupilas dilatadas pela excitação os tingiam de preto.
Com a mão direita segurou firme os cabelos logos do tritão, no momento
em que ele deslizava lentamente para fora, apenas para investir contra ela
outra vez.
– Isso... Com força.
Salomon riu contra os lábios dela enquanto começava um beijo
prolongado. Gulosa...pensou enquanto dava a ela o que foi pedido, apoiou as
duas mãos na parede e enfiou fundo, sem medir forças. Os gemidos altos e as
unhas cravadas em seus braços deixaram claro o quanto Isabel gostava disso.
Ele lambeu o pescoço da súcubo, mordiscou e chupou, deixando marcas na
pele clara que logo desapareceram.
Isabel batia as costas repetidas vezes contra o parede com os trancos que
ele dava ao entrar dentro de si com a força que ela pedia. A cada estocada os
gemidos eram mais altos. O prazer havia feito Salomon se esquecer de que
estavam dentro de uma cabine em um banheiro público.
A loira jogou o cabelo para o lado e insinuou ainda mais o pescoço para
ele, pedindo por mordidas e chupões que provocavam nela deliciosos
arrepios. Inebriada pelo prazer, ela não prestava atenção em nada mais além
do vai e vem dentro de si, da fricção deliciosa que tal movimento provocava,
das mãos grandes e firmes que contornavam seu corpo e da boca que a
mordia, beijava e provocava. Salomon sabia como ninguém, a forma certa de
a deixar nas nuvens.
Ele mordeu os lábios para conter um gemido quando enfiou fundo nela
outra vez. Com tal ritmo nem se segurando ao máximo suportaria por muito
tempo.
– Isabel eu vou...
– Continua, eu me limpo depois.
Salomon agarrou o cabelo dela com a mão direita e não conteve sua fome
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pelo clímax. Segurou-a pela cintura com a mão esquerda e entrou três
repetidas vezes, sem cuidado, sem receio, fazendo-a gritar quando banhou
seu interior.
Ofegante, apoiou sua testa na dela, enquanto o peito subia e descia com
urgência.
– Você... Você acaba comigo. – Sua fala foi interrompida várias vezes por
respirações mais prolongadas.
– Que bom que no melhor sentido. – Isabel sorriu e em seguida mordeu o
lábio inferior dele.
Ela desceu da cintura de Salomon, onde se enganchara com as pernas, e se
limpou com o papel higiênico pendurado em um suporte no lado esquerdo da
cabine.
– Sua vez, meu amor. – Salomon a empurrou outra vez contra a parede,
segurando-a pelo ombro direito com a mão esquerda.
Enfiou a mão direita entra as pernas dela e, com a ponta do dedo,
pressionou o clitóris levemente inchado pela excitação e a fez gritar outra
vez. Isabel abraçou-o enquanto o sentia estimulá-la com movimentos
circulares.
Ele beijou-a com ferocidade, capturando os gemidos escandalosos
enquanto a sentia se contorcer inteira em seus braços. Todo o corpo de Isabel
denunciava o prazer.
Ela tentou manter as pernas firmes quando os espasmos começaram a
tomar conta do seu corpo. Isabel jogou a cabeça para trás, batendo-a na
parede e apertou os braços com ainda mais força ao redor do pescoço de
Salomon. O formigamento do orgasmo banhou todas as suas veias e a deixou
sem ar por alguns minutos.
– Quer se alimentar um pouco de mim? – Salomon a acariciou no rosto
enquanto os olhos azuis da súcubo ainda giravam nas órbitas.
– Vou me alimentar só quando fizermos no mar.
– Isso significa muitas vezes lá então.
– Sim, várias. – Ela abriu um largo sorriso malicioso.
– Vamos voltar. – Ele a segurou pela mão e abriu a porta da cabine.
Uma mulher que se maquiava junto ao espelho deu um risinho para os
dois e acenou. Pelos gemidos ela sabia o que acontecera lá dentro. As
bochechas de Salomon coraram, Isabel apenas acenou de volta e o puxou
para fora do banheiro.
– Vocês demoraram. – Ramon colocou o copo sobre o balcão e encarou o
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amigo quando esse se aproximou.


– Vai controlar o tempo em que passo no banheiro? – Salomon se sentou
no banco onde estava antes e puxou Isabel para o seu colo.
A loira ajeitou o cabelo.
– Amor, não seja ingênuo. – Thalia apoiou as mãos sobre os ombros de
Ramon.
– Eu sei que eles estavam transando.
– Podemos ir também. – A vampira mordeu de leve a orelha dele.
Isabel e Salomon riram da expressão de prazer que Ramon lutou para
conter.
Por fim os quatro ficaram apenas conversando por horas a fio até que
Thalia tivesse que se retirar pelo nascer do sol.

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Capítulo 29

– Pai?
Jason se virou ao ouvir o chamado e deixou o decantador que manuseava
sobre a mesa à sua frente. Encarou o filho parado junto a pequena porta da
casa feita de corais. Salomon tinha os braços cruzados e cabelos se moviam
com a leve corrente da água.
– Oi! – O velho tritão abriu um largo sorriso e foi até o filho para abraça-
lo. – Onde está a garota?
– Deixei-a dormindo na minha cama.
– Não sabe o quanto me faz feliz saber que ainda estão juntos.
– Não pretendo deixar que isso mude. – O olhar de Salomon era confiante
e seguro.
Jason sorriu. Por muito tempo acreditou que o filho jamais se permitiria
entregar-se completamente a alguém. Nunca foi tão bom estar errado.
– Ah, vim lhe devolver isso. – Salomon estendeu a concha para o pai.
Jason a pegou.
– Encontrou a traficante que procurava?
– Sim. Isabel me ajudou, chamou inclusive uma bruxa para nos ajudar a
rastreá-la.
– Isso é ótimo!
– O nome Felícia é familiar para você, pai?
Jason engoliu em seco e nadou um pouco para trás. A ponta de sua cauda
quase bateu no pé da mesa onde ficavam garrafas de profundezas.
– É um nome muito comum. – Tentou esconder do filho a surpresa.
– Era o nome da minha mãe?
– Por que quer saber sobre isso agora? Não tem o hábito de me perguntar
sobre a sua mãe. Na verdade, sempre me interrompeu quando eu tentava falar
sobre ela.
– Esse era ou não o nome dela? – A voz se Salomon soou firme e pausada,
mas não escondeu o tom de ordem.
– Sim, filho, esse era o nome dela. Por quê?
– Porque era o nome da traficante e ela alegou ser minha mãe antes de eu
matá-la.

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Jason arregalou os olhos castanhos.


– E a matou ainda assim?
– Ser minha mãe não a absolve de nenhum dos crimes que cometeu,
apenas acrescenta mais um a lista interminável.
– Tem razão. – Jason passou a mão pelo cabelo trançado, tentando
absorver a notícia que fez a pequena sala girar ao seu redor.
Fazia mais de cem anos que não via a ex-mulher, jamais imaginava que
ela estivesse tão perto todo esse tempo.
– Me dê um minuto.
Jason nadou até o seu quarto. Abriu a última gaveta do armário de pedra
onde guardava um antigo baú de metal, que estava bastante enferrujado.
Dentro dele havia várias coisas, entre elas uma foto, protegida por uma sacola
plástica bem vedada.
– É essa mulher? – Ele voltou a da sala e entregou ao filho a foto.
– Você tinha uma foto dela todo esse tempo e não me mostrou?
– Queria que tivesse a melhor imagem possível.
Salomon encarou a foto e sentiu um alívio estranho. Seria visto como um
monstro por muitos, mas era incapaz de sentir sentimentos por alguém que
nunca esteve presente em sua vida.
– Sim, é ela. – Devolveu a foto ao pai.
Jason encarou o rosto do filho em busca de alguma expressão que
denunciasse os sentimentos dele. Mas não havia nada...
– Ela pode ter me dado à luz, mas não me criou, então para mim nunca foi
minha mãe. Você sim foi meu pai e minha mãe por todos esses anos. Estou
de certa forma aliviado por saber que ela agora está mesmo morta como
sempre imaginei.
– Não o julgo, filho. – Jason deu uns tapinhas no ombro dele. – Foi uma
decisão sabia. Ela teria usado essa ligação para manipular você.
– Por que sempre falou dela para mim com um amor que certamente essa
mulher nunca mereceu?
– Não cabia a mim criar a imagem de um mostro, que pelo visto ela fez
sem minha ajuda. Não se culpe por não se sentir mal pela morte de Felícia,
ela teve o fim que buscou.
Salomon abraçou o pai apertado e Jason retribuiu. Ficaram assim por
longos minutos silenciosos. Saber que não havia julgamentos por parte do pai
o deixava ainda mais aliviado.
– Torço para que Isabel seja uma mãe melhor.
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– Ela será. – Salomon sorriu.


– Estão morando juntos?
– Não, Isabel ainda prefere ficar no hotel. Juro que não entendo porque.
Minha casa certamente não possui todo aquele luxo, mas ela não parece se
incomodar com isso.
– No hotel é uma hospede, e em sua casa?
– Ela... – Salomon hesitou. – Ela e minha namorada.
– Você nunca foi muito bom em expressar seus sentimentos. Talvez ela
esteja insegura.
– Por que se digo com frequência que a amo?
– Às vezes só dizer isso não é o bastante.
– E o que mais eu faria?
– Mostre para ela seus sentimentos com atitudes, que ela não é apenas uma
hóspede em sua casa. – Jason apertou o ombro do filho e fitou-o. – E o que
fará quando o visto de turista dela acabar ou ela desejar voltar para a família?
– Ela não precisará voltar se eu for a família dela.
Jason abriu um largo sorriso.
– Se realmente pretende fazer isso é um grande passo e um ótimo começo.

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Capítulo 30

Isabel acordou com o som das gaivotas que voavam na praia. Tentou abrir
os olhos, mas os raios fortes do sol que entravam pela janela a impediram. Já
deveria ser por volta do meio-dia e isso a fez rir. Não tinha culpa se a rotina
de Salomon havia feito-a trocar o dia pela noite.
Estendeu a mão direita e tateou a cama ao seu lado. Estava vazia, sinal de
que o tritão já havia se levantado.
Sentiu algo puxando seu dedo anelar. Abriu os olhos. Olhou para a mão
direita e viu uma fita vermelha de cetim amarrada no dedo. Essa se estendia
pelo chão como um fio até se perder de vista no corredor. Tentou puxar a fita,
porém essa parecia presa.
O que é isso? Cogitou desamarrar a fita do dedo, porém deveria ter
alguma explicação para ela estar ali.
Levantou-se. Estava apenas de roupas íntimas, então pegou uma canga,
deixada sobre uma cadeira de palha próxima à janela de madeira, e enrolou-
se.
Na casa só havia o silêncio. Salomon saíra e a deixará sozinha. Deveria ao
menos ter me avisado. A fita em seu dedo talvez fosse uma pista do paradeiro
do tritão, ainda assim era estranho, ele não era um homem de joguinhos.
Bom, teria de ver onde estava amarrada a outra ponta. Seguiu o caminho
da fita até a cozinha, onde sobre a mesa havia uma concha pesada amarrada.
Isabel se aproximou para olhar melhor, não era o fim da fita como imaginava.
Mas abaixo da concha ela viu um papel.
Era uma etiqueta simples, impressa em papel branco adesivo. Com o nome
dela, número do voo e um qrcode. Logo se lembrou do que era, a etiqueta
colada em uma de suas malas no voo do Brasil para Cancun, na mala em que
Salomon segurara para levar ao hotel. Uma parte dela se emocionou ao ver
que ele havia guardado tal papel bobo.
Foi impossível não se lembrar da primeira vez que o vira. O belo moreno
carregando uma placa com seu nome, com uma expressão de quem não
estava à vontade por estar ali, e o sorriso que vê-la provocou nos lábios dele.
Isabel olhou para a fita entusiasmada ao imaginar as lembranças que ela
poderia conter. Continuou seguindo-a até a sala. Sobre o sofá estava uma

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garrafa de profundezas com a fita enrolada a ela. No som, em um volume


bem baixo, tocava a música que dançaram pela primeira vez, bem ali naquela
mesma sala. Ao lado da garrafa tinha um lençol cor creme, o mesmo lençol
que cobria a cama de Salomon na primeira vez que transaram. Isabel podia
ter ficado bêbada naquele dia, mas ainda se lembrava claramente. A primeira
vez que se sentiu viva, que a mulher falou mais alto do que a súcubo.
Ela desamarrou a fita da garrafa e continuou a segui-la até a varanda da
casa. Sobre o chão de madeira, enrolada na fita, estava a chave do seu quarto
dada a Salomon. Uma chave não apenas do seu quarto, mas sem dúvidas, do
seu coração.
Seguiu a fita até a areia branca da praia em frente à casa. Um cartucho de
bala e cordas cortadas estavam próximas a fita. A vez em que Isabel o salvou
da quase morte quando Salomon foi capturado pelos traficantes. E aquele
mal-agradecido nem disse obrigado. Ela riu sozinha.
A próxima lembrança contida na fita fez os olhos de Isabel lacrimejarem.
Alguém havia filmado ela correndo para os braços de Salomon no aeroporto
quando ele a pediu para ficar. A filmagem estava ruim, a pessoa que havia
segurado o telefone tremia muito. Nem fazia ideia de como Salomon havia
conseguido tal gravação, mas não importava.
Esse era um dos dias em que ela se sentiu mais feliz por ouvir as palavras
que tanto desejou, que ele precisava dela, que queria que ficasse.
Isabel passou a mão pelos olhos, limpando a lágrima que escorreu.
Salomon... Onde ele estaria? Desejava tanto poder abraçá-lo.
Continuou pela fita. O coração batia acelerado no peito, com um misto de
ansiedade e emoção.
As roupas rasgadas na primeira vez que fizeram sexo no mar.
Alguns passos à frente os bilhetes para as ruínas Maias.
O vestido preto que ela usou na noite em que matara os traficantes, ainda
respingado com sangue.
E por fim, a foto que haviam tirado se beijando no bar na noite anterior.
Continuou seguindo a fita até onde a praia terminava em uma barreira
natural de pedras negras. Olhou para cima, precisando virar os olhos para
evitar o sol.
Viu Salomon com o sol batendo em suas costas, ressaltando a silhueta de
seu corpo. Levou a mão ao peito. O coração quase saia pela boca.
– Isabel...
Ela puxou a fita e viu que a outra ponta estava amarrada ao dedo dele.
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Lá de cima, Salomon a encarou.


– Não serei mais um idiota e deixar que escape entre meus dedos. Penso
em você a cada minuto e não sei mais o que seria a minha vida sem tê-la.
Cada uma dessas lembranças foram apenas alguns dos momentos
maravilhoso que passei ao seu lado.
Ele pulou da pedra e parou bem na frente dela.
Isabel estava tão trêmula que não conseguia prestar atenção em mais nada
que não fosse os cabelos cumpridos dele balançando de um lado para o outro
com a inércia do movimento.
Salomon puxou a ponta da fita até sua mão segurar a da súcubo.
– Isabel... – Ele apoiou testa na dela. – Quero você por toda a eternidade
ao meu lado. – Ele se ajoelhou segurando a mão dela. – Aceita se casar
comigo?
Isabel abriu a boca, mas não conseguiu emitir som algum. Estava em
choque. Suas mãos suavam frio em resposta ao choque que tomava o restante
do corpo. Tudo o que mais ansiava em toda a sua existência era receber tal
pedido. Entretanto, agora diante da tão sonhada fantasia, era isso o que
parecia, um sonho. Desejou poder se beliscar para ter certeza.
– Isabel?
Salomon viu os olhos azuis dela arregalados e isso o deixou um pouco
apreensivo.
– Estamos juntos há poucos meses. Talvez eu tenha me precipitado.
– Não! – Isabel acordou do transe. – Eu quero muito ser sua esposa.
– Então isso é um sim?
– Sim! Claro que sim! – Os olhos dela brilharam.
Salomon tirou do bolso da bermuda uma caixa de veludo, e com uma
felicidade que não cabia no peito, pegou a aliança de noivado. Desfez o nó
que prendia a fita ao dedo de Isabel e colocou o anel.
Ele se levantou e a envolveu com os braços firmes, girando-a no ar. Isabel
fitou os olhos castanhos do tritão. Estava emocionada. O anel em sua mão
pesava, lembrando-a de que estava ali.
– Eu vou ser sua esposa! – Com as mãos sobre os ombros dele, enquanto
ainda giravam, ela tinha um sorriso de orelha a orelha.
– Sim. – Salomon a colocou no chão e acariciou-a no rosto. – Minha
esposa.
Isabel embrenhou os dedos nos cabelos dele e o puxou para um beijo. Ela
mal via a hora de contar aos irmãos que se casaria. Ela não estava mais
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sozinha no mundo, nunca mais.


Salomon pressionou a língua contra os lábios delicados da mulher de
aparência frágil e adentrou a boca, brincando com a língua dela.
Isabel se acomodou ao corpo dele quando o sentiu puxá-la para mais
perto. As mãos de Salomon deslizaram até a sua bunda, apertando-a, o que a
fez soltar um leve gemido em meio ao beijo, que ficava cada vez mais feroz.
Salomon a empurrou contra o paredão de pedras. Mas foi impedido de se
aproximar pelas mãos da súcubo que o segurava pelos ombros.
– No meio da praia, em plena luz do dia, talvez não seja adequado.
– Você não pareceu se importar quando estávamos no banheiro público
noite passada. – Ele a mordeu na base do pescoço, arrancando um calafrio
delicioso.
– Lá tinha uma porta.
Ela mostrou língua e ele abocanhou-a, enquanto apertava os seios de
Isabel.
– Já disse, não é uma praia para turistas e a maioria dos moradores locais a
evita quando sabem que estou aqui.
O último pensamento racional de Isabel se perdeu quando ele desamarrou
a canga e lambeu a elevação entre os seios da súcubo. Realmente não havia
ninguém olhando, podíamos ser breves...
Salomon desprendeu as presilhas do sutiã branco atrás das costas
delegadas de Isabel e sorriu pela falta da calcinha.
Nua, Isabel sentiu o frio da pedra áspera que tocava em suas costas. Em
meio a um beijo feroz, mordeu o lábio inferior do tritão. Arfou quando do ele
apertou de maneira dolorida os seus seios.
Abriu a bermuda de Salomon e puxou para o chão com cueca e tudo. Ele
logo se livrou da camiseta também, ficando nu como ela. Deslizou uma das
mãos firmes pelo ventre de Isabel até o meio das pernas dela. Penetrou-a com
um dedo. Escorregadia e quente como imaginava. Brincou com o dedo no
interior dela.
Isabel se agarrou em seu pescoço e escondeu o rosto nos cabelos de
Salomon, evitando gritos demasiados. Mas como se estavam no meio de um
sexo de comemoração?
Salomon se ajoelhou diante da súcubo. Abriu as pernas de Isabel e meteu
sua cabeça entre elas.
– Vai me levar a loucura? – Ofegante, ela acariciou o cabelo macio do
tritão.
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– Com toda certeza. – Ele se curvou para frente e tocou o clitóris dela com
a ponta da língua.
Enquanto a língua dançava sobre o clitóris de Isabel, ele a penetrou com
dois dedos dessa vez. Acariciou o interior molhado, cutucou-a. Ela cravou as
unhas na pedra atrás de si, e mordeu os lábios para não gritar.
– Salomon... – Chamou por ele em meio aos gemidos.
– Sim. – Ele parou apenas para respondê-la.
– Quero você na minha boca.
Sorrindo, O tritão se deitou sobre a areia e a puxou com ele. Um risinho
escapou de seus lábios quando ela se virava ficando de quatro sobre ele. Se
amava Isabel, naquele estado de desejo? Como amava.
Ela abocanhou seu pênis e ele gemeu. Os lábios molhados e quentes
começaram a se mover em toda a sua extensão, fazendo Salomon se
contorcer na areia.
Ele agarrou as nádegas dela e a trouxe até seu rosto. Penetrou-a com a
língua, dando leves pancadinhas que a fizeram enlouquecer acima de si.
Sendo chupado por aquela boca tão habilidosa, Salomon também estava perto
do desfiladeiro da insanidade.
Isabel o saboreava como um manjar, mas como era difícil continuar
chupando se ele devolvia as carícias na mesma medida. Lambeu a glande
rosada do pênis, brincou com ela, fazendo movimentos circulares com a
língua e Salomon estremeceu cada vez mais.
Ele também não ficou atrás. Queria provocá-la ao máximo. Aproveitou a
umidade dela que ainda envolvia seu dedo, abriu as nádegas da súcubo e a
penetrou ali, fazendo movimentos lentos e provocativos com o dedo.
Isabel corou instantaneamente. Alguns homens a procuravam ali e ela
cedeu em alguns menages. Porém nunca foi tão bom quando a presença do
dedo dele ali.
Salomon continuou assim que ela apertou suas coxas com toda a força,
deixando as marcas das unhas afiadas. Brincou com o clitóris dela com a
ponta da língua até que a súcubo desmoronasse em cima dele.
Quando o orgasmo a atingiu de assalto, Isabel perdeu completamente os
sentidos. Seu cabelo loiro roçou ainda mais na areia. Sentia todo o seu corpo
formigar em meio a espasmos.
Salomon a puxou para o seu peito e a aconchegou, enquanto esperava que
a respiração dela se normalizasse. Limpou um pouco da areia que já havia
grudado em seus corpos.
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– Ah eu amo tanto você. – Isabel acariciou o rosto dele com a mão ainda
trêmula.
– Muito. – Salomon a beijou enquanto a encaixava sobre seus quadris.
Isabel gemeu ao cravar as unhas sobre o peito dele. A penetração a levou
nas nuvens, mesmo depois do orgasmo.
Ele a segurou pela cintura e ajudou a se mover até que a súcubo
recuperasse o controle e pudesse ditar os movimentos.
Olhando-a com o brilho do sol em seus cabelos loiros e o mar atrás dela,
era a mais bela paisagem do mundo. Com ela se movendo sobre seu pênis,
unindo-os num só, Salomon soube que não poderia desejar noiva, esposa ou
amante melhor.
Passou as mãos pelos contornos salientes até os seios, enquanto tinha seus
olhos fixos nos dela. Seu corpo se perdia na sensação de prazer a cada
movimento. O clímax estava perto e Salomon não o reprimiu. Apertou as
coxas dela e continuou a observá-la se mover, balançando a cabeça de um
lado para o outro, jogando os cabelos loiros.
O orgasmo fez Salomon contrair seus músculos, ele aceitou de bom grado.
Isso significava apenas o ápice de estar com Isabel.
A súcubo sentiu o líquido quente banhar seu ventre e, sorrindo, apoiou a
cabeça no peito de seu futuro marido, que subia e descia com a respiração
ofegante. O coração batia descompassado no peito.
Minutos depois ela se levantou e saiu correndo.
– Ei! Onde você vai? – Salomon sentou na areia.
– Tomar um banho de mar.
Isabel pisava nas ondas que quebrava, espalhando água à medida que
adentrava o mar. Os cabelos sedosos voando, o sorriso feliz e o copo nu
sendo coberto pela água fez Salomon desejar que o tempo congelasse ali.
– Espera! – Ele se levantou chutando areia e correu até ela.
Tomou Isabel nos braços e a girou dentro da água. Beijou-a sentindo gosto
de sal.
A súcubo tomou o restante da energia provocada pelo prazer que se esvaia
das veias de Salomon.
– Agora pode trazer suas malas para nossa casa? – Ele a encarou ao
colocar uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha.
– Nossa casa? – Isabel sorriu. – Acho que gosto disso.
– Vai trazer as coisas ou não?
– Claro que vou! Talvez possamos fazer algumas reformas.
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– Não inventa!
Isabel gargalhou ao envolver o pescoço dele com os braços e em meio a
um beijo cada vez mais urgente e feroz.
Começaram a fazer amor de novo dentro da água. Isabel era incapaz de
medir a felicidade que transbordava. Tudo o que sonhara, o amor eterno que
desejou por séculos estava ali, nos braços de Salomon. Pode ter demorado,
mas FINALMENTE O ENCONTROU. Em muito breve se casariam, seriam
marido e mulher e estariam juntos POR TODOS OS SÉCULOS QUE SE
SEGUISSEM.

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Epílogo

– Minha irmãzinha vai se casar...


– Natasha! – Isabel largou sobre a cômoda a coroa feita com flores e se
virou para a irmã.
A morena estava parada de braços cruzados junto ao batente da porta. Os
cabelos negros estavam arrumados em um coque no alto da cabeça e o corpo
magro estava espremido em um vestido azul claro.
Isabel a envolveu com seus braços pequenos em um aperto firme. Sentiu
tantas saudades de sua irmã mais velha.
– Que bom que você veio, Nat! Onde estão Dante e Lygia? – Ela se
afastou ao ver o corredor vazio atrás de Natasha.
– Eles não podem deixar o inferno. – Seu rosto ganhou um ligeiro ar de
tristeza. – As ameaças de Uriel a minha filha foram bem claras. Os anjos a
temem tanto quanto temem o pai. Mas eu trouxe várias fotos.
– Vou adorar ver todas elas.
– Depois do casamento. – Natasha se afastou para observar melhor a irmã.
Isabel usava um vestido longo, porém meigo e simples, com um tecido
leve, bordado com algumas rendas, ele voaria com qualquer brisa. Os cabelos
loiros estavam presos em uma trança embutida jogada sobre o ombro direito.
– Está linda. Tenho certeza de que Salomon se apaixonará de novo.
Isabel riu quando suas bochechas coraram.
– Bom, ele permanecendo apaixonado já me basta.
– Não o conheço direito, mas saberei que é um idiota se em algum
momento abrir mão de você.
Isabel estava prestes a abraçar a irmã outra vez, quando um gritinho
chamou sua atenção para a porta outra vez.
– Titias!
O garoto deixou um boneco de super-herói cair no chão de porcelanato do
quarto do hotel enquanto corria na direção das duas súcubos. Com os
bracinhos pequenos e finos ele apertou as pernas de ambas.
Isabel olhou para ele, fitando os olhinhos verdes que brilhavam. O cabelo
ruivo, cortado baixo, estava desgrenhado, talvez pela correria do menino.
A loira o pegou no colo e abraçou bem apertado. Ele tinha um cheiro

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suave de colônia de bebê.


– Que prazer em te conhecer, Thomaz.
Ele retribuiu o abraço com seus braços curtos apertando o pescoço de
Isabel.
– Precisam de alguma ajuda, meninas? – A voz musical e aveludada da
vampira ecoou por todo o quarto.
– Dária, você veio! – Com Thomaz ainda nos braços, Isabel sorriu para a
cunhada.
– Mas é claro. Ainda mais depois de ter marcado o casamento à noite
apenas para que eu pudesse assisti-lo.
– Me deixa no chão! Eu já tenho seis anos, eu sou grande.
Isabel gargalhou ao colocar o menino de pé.
– Thomaz, cadê seus modos, meu filho? – Diária olhou feio para ele.
O garoto cruzou os braços.
– Já sou grande.
– Onde está o Aron? Queria tanto poder abraçar meu irmão.
– Foi ver se seu futuro marido precisava de algo. – Dária se curvou para
pegar o brinquedo do filho jogado no chão.

Salomon acendeu a última tocha e respirou aliviado.


– Eu disse que podia fazer isso por você. – Ramon bufou enquanto
limpava as mãos na bermuda preta.
– Só quero que tudo saia perfeito.
– E não confia em mim? Caso não se lembre, só vão se casar hoje porque
eu impedi você de ser um completo idiota.
– Salomon?
O chamado fez o tritão se virar.
De pé a alguns metros no meio da areia estava um homem alto. O céu se
tingia de laranja atrás dele. Com os olhos cobertos por uns óculos de sol, de
ombros largos, cabelos negros e curtos, alguns músculos destacados sobre a
camiseta branca; ele tinha uma postura marcante que Salomon só reconhecia
em um lugar.
– Quem é o cara? – Ramon cutucou o amigo.
– O irmão da Isabel.
– Aron? – Salomon estendeu a mão na direção do sujeito.
O íncubo tirou os óculos do rosto, pendurou na gola da camisa e segurou a
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mão do futuro cunhado.


– É um prazer conhecê-lo. Presumo que talvez precise de um pouco de
ajuda já que está quase na hora e ainda não foi se arrumar.
– Sim, ele precisa. – Ramon deu um passo à frente, interrompendo
qualquer palavra do amigo.
– Já estou terminando. – Salomon olhou para as cadeiras brancas e as
tochas. O altar já estava do jeito que ele imaginava.
– Então vá se arrumar. Eu e seu amigo damos um jeito em tudo aqui.
– Mas...
– Cara, vai se casar com minha irmã caçula. Acredite, também quero que
seja perfeito.
– Vai logo! – Ramon torceu os lábios.
– Está bem, mas você sabe onde as coisas precisam ficar?
Ramon bufou.
– Tá bem, estou indo.

Isabel ergueu a cabeça assim que o pequeno barco parou às margens da


praia. A mão de Natasha segurando a sua com firmeza a impediu de chorar de
emoção. No lugar onde o barqueiro a deixou, havia um corredor de tochas
lado a lado do tapete vermelho. Esse passava por fileiras de cadeiras,
ocupadas por rostos conhecidos, e ia até o altar, onde Salomon estava de pé
esperando por ela.
O tritão tinha as mãos cruzadas na frente do corpo, vestia uma camiseta
polo branca assim como sua bermuda e os pés estavam descalços sobre a
areia. Os cabelos cumpridos estavam presos em um rabo de cavalo no alto da
cabeça, e esse voava lentamente com a brisa que varria a praia.
Isabel segurou a saia do vestido e desceu do barco, a barra raspou um
pouco na água deixado para trás por uma onda. Ela acabou arrastando areia
pelo tapete vermelho, mas nem notou. Sua atenção era toda do homem que
esperava por ela.
Salomon ficou sem palavras com o sonho diante dos seus olhos. Em um
vestido branco tão delicado quanto ela, Isabel caminhava até ele. O buquê em
suas mãos era de copos de leite, simples e mágico como o restante do
casamento. Os enfeites de cristais e a coroa com flores sobre o cabelo loiro e
trançado, faziam-no brilhar ainda mais.
Com o coração calmo, as mãos de Isabel não tremiam mais, pois ela tinha
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certeza de que não se tratava de um sonho.


– Você está maravilhosa! – Salomon segurou as mãos dela.
– Você também.
Eles encararam o juiz de paz que estava no altar. O homem se virou para
os convidados e iniciou a cerimônia.
– Eu Salomon. – O tritão fitou o fundo dos olhos azuis de Isabel. – Tomo a
ti como minha esposa. Prometo te amar pelo resto dos meus dias.
– ... Pelo resto dos meus dias. – Isabel repetiu.
Após o fim do juramento ele a puxou pela cintura e beijou-a com desejo e
fome, como se ninguém mais estivesse ali. No fundo não estavam mesmo,
porque agora tudo o que importava era Isabel e ele.

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Bônus
Cancun inverno de 2038

Isabel esticou a perna enquanto se equilibrava no alto de uma escada.


Pegar uma mala não deveria ser tão difícil. Por um momento o closet pareceu
maior do que ela imaginava e talvez, só talvez, Salomon estivesse certo e ela
houvesse exagerado na reforma da casa.
Apoiou um dedinho do pé na prateleira de madeira e puxou a mala.
Tomou um susto quando tudo começou a cair em cima dela e a escada
tombou para trás.
– ISABEL! – O grito foi seguido por mãos firmes segurando sua cintura e
puxando-a da frente de uma avalanche de malas e prateleiras.
Salomon a colocou de pé do lado de fora do closet. Colocou uma mecha
do cabelo loiro dela atrás da orelha e a percorreu com o olhar, certificando-se
de que sua esposa não havia se machucado. Mesmo não encontrando um
mísero arranhão na pele levemente bronzeada, seu coração ainda palpitações
no peito como se estivesse prestes a sair.
– O que estava fazendo? Eu pedi, implorei para que ficasse quieta, no seu
estado é perigoso se esforçar demais.
Ela riu da expressão no rosto do homem diante de si que quase beirava o
desespero.
– Salomon, meu amor, eu estou grávida e não doente. Pare de ser tão
super-protetor.
– É o meu filho aí dentro. – Ele acariciou a barriga de Isabel.
Ela colocou sua mão sobre a dele e se derreteu com o olhar apaixonado do
tritão.
– Não precisa me sufocar para ser um bom pai. O bebê ainda nem nasceu e
eu sou um demônio. Estamos bem, eu juro.
– Você teria caído junto com todo o closet. – Ele apontou para a bagunça.
– Eu tenho asas.
– Deveria tê-las usado ao invés de uma escada.
– É que ocupam muito espaço. – Ela cruzou os braços.
– Deixe que ocupem.
– Salomon! Quantas vezes eu vou precisar dizer que eu e nosso menino
estamos bem? Porque não para de encher o saco e pega aquela mala ali para
mim.

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– Não é grande demais? Vamos apenas visitar seus irmãos e não nos
mudar para lá.
Isabel arqueou as sobrancelhas e torceu os lábios.
– Está bem! Vou pegar.
Salomon entrou no closet, pegou a mala e a colocou sobre a espaçosa
cama de casal no quarto deles, onde já haviam pilhas de roupas de Isabel.
Prendeu os cabelos com um elástico que carregava no braço enquanto
caminhava até a pequena varanda. Abriu a porta de vidro e se apoiou sobre o
parapeito, observando as ondas quebrarem na praia de areia branca à sua
frente.
Isabel reformara a casa meses depois do casamento. Reformara não, havia
jogado no chão e construído outra muito maior. Com mais quartos que só
fizeram sentido quando anos depois ela ficou grávida. Realmente a casa
antiga de Salomon não havia espaço para os filhos que ele não tinha
esperanças de ter antes de conhecer Isabel.
Olhar para o passado após anos casado com a mulher que sempre sonhou,
chegava a ser engraçado. Ramon cobraria a dívida pelo resto da existência
deles, ou até que Thalia o enlouquecesse, o que viesse primeiro. Mas
Salomon seria eternamente grato.
– Acabei. – Isabel envolveu a cintura dele com os braços. – Vai levar só
aquela mala pequena mesmo?
– Você já está levando o restante da casa dentro das suas. – Salomon se
virou para fitá-la.
A súcubo mostrou língua.
Salomon a beijou e mordeu.
Ele a abraçou, mas sem apertá-la como tinha costume, por sorte a barriga
já evidente no vestido, pelos seis meses de gravidez, era um lembrete bem
claro de que ela estava mais frágil, ainda que ela odiasse admitir.
Isabel enrolou na mão o rabo de cavalo em que estava preso o cabelo dele
e o puxou para si, rendendo-o em um beijo que começou calmo, mas logo
acendeu o fogo do desejo que nunca deixou, ou deixaria de consumi-los.
– Na mesa. – Ela mordeu a orelha do tritão fazendo um arrepio varrer o
corpo dele, forçando-o a segurá-la pela cintura.
– Na cama não seria mais confortável?
– Eu quero na mesa.
– Seus desejos são uma ordem. Não queria que meu filho nasça com cara
de mesa.
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Isabel gargalhou, porém logo ficou séria assim que ele a pegou no colo e
ergueu no ar.
Salomon foi até a pequena mesa que ficava em frete a vista da varanda.
Ela os permitia tomar café da manhã olhando para o mar. Jogou a toalha no
chão e sentou Isabel sobre o mármore frio.
No início achava que fazer sexo durante a gravidez não era uma boa ideia,
mas, desde que ele fosse cuidadoso, os médicos disseram que não havia
problemas e eles consideravam Isabel uma simples humana. Então, o tritão já
não se preocupava mais. Além disso, sua mulher era uma súcubo e precisava
da energia dele agora mais do que nunca.
Isabel jogou a cabeça para trás quando ele mordiscou a base do seu
pescoço e um delicioso calafrio a percorreu por inteira. Levou a mão até a
base da camisa de Salomon e começou a puxá-la até jogá-la ao chão.
Contornou com os dedos os músculos do peito do tritão, com o tempo ele
parecia ainda mais lindo. Ou talvez só estivesse malhando mais, após trocar o
emprego como barman por instrutor de surf, uma vez que a idade que nunca
chegava e ele começou a chamar atenção de seus colegas de trabalho.
Salomon subiu a saia do vestido dela pelas coxas roliças até puxá-lo,
quando Isabel ergueu os braços. Beijou a curva dos seios que escapava pelo
sutiã enquanto abria o fecho nas costas.
Isabel sorriu ao ver sua peça íntima cair sobre o chão feito com tábuas de
madeira clara. Um gemido saiu por seus lábios quando Salomon abocanhou
um de seus mamilos rígidos e começou a sorvê-lo enquanto as mãos firmes
apertavam as coxas.
Não importou o passar dos anos, o sabor doce em sua boca o viciava.
Contornou os seios com a língua, amava vê-la estremecer com a carícia,
arranhando a mesa de mármore onde a sentara, gemendo, contorcendo-se.
Deslizou os lábios até o ventre dela, beijou a barriga saliente onde crescia seu
filho e continuou até o meio das pernas de Isabel.
A súcubo se deitou sobre a mesa quando Salomon agarrou sua bunda,
erguendo seus quadris até a boca dele. Isabel acariciou os longos cabelos
soltos ao deslizar um pouco mais para frente, fazendo seu clitóris roçar na
língua que o esperava. Ela arfou com a sensação que a fez se esquecer de
tudo ao redor, focando apenas no prazer que Salomon a proporcionava.
Puxou os cabelos do tritão com ainda mais força quando a língua começou a
brincar com seu clitóris cada vez mais inchado pela excitação.
Salomon deslizou um dedo para dentro dela, que escorregou com
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facilidade pelo canal molhado e quente. Ao senti-la estremecer, fechou os


lábios ao redor do clitóris, chupando com delicadeza, ao passo que seu dedo
entrava e saía dela num vai e vem que tomava cada vez mais ritmo.
Isabel arranha a mesa, encolhia-se toda e contorcia-se com os estímulos. A
cada toque seu corpo ansiava por mais, não importava se esse já estava perto
do colapso.
– Salomon! – gritou pelo marido numa súplica desesperada que ele já
conhecia tão bem.
Trêmula, Isabel foi deitada outra vez sobre a mesa e Salomon abriu o
fecho de sua bermuda, jogando ela e a cueca para o chão. O membro
esplêndido que deixava Isabel com água na boca, apareceu em seu foco de
visão e a deixou ainda mais animada. Ela rebolou na mesa, pedindo por ele.
Salomon apoiou uma mão de cada lado dos quadris dela e se curvou para
atender ao pedido.
A loira gemeu alto com a deliciosa sensação da primeira estocada. Seus
olhos reviraram e ela cravou as unhas nos braços dele. Não esperou que ele
iniciasse os movimentos, com as mãos apoiadas na mesa foi ao encontro do
tritão, fazendo-o entrar todo.
Salomon beijou os seios de Isabel e mordiscou a base do pescoço,
enquanto a segurava pela cintura e tomava para si a regência dos
movimentos. Sabia que ela com facilidade se esquecia da criança que
carregava e exagerava um pouco na busca pelo prazer. Curvou-se para beijá-
la na boca enquanto a fazia deslizar pela mesa com as estocadas.
Isabel estava embriagada pelo turbilhão de sensações que privava qualquer
pensamento racional. Nada mais existia além do prazer de estar à mercê de
Salomon. Ele mordiscou a orelha dela enquanto deslizava um pouco apenas
para entrar outra vez...
O grito agudo fez tudo balançar. Isabel, arqueando o corpo sobre a mesa,
denunciou que ela havia chegado ao ápice. Tremia enquanto o êxtase
banhava suas veias como um líquido efervescente.
Sorrindo por proporcionar prazer a mulher que amava, Salomon continuou
a se mover por mais alguns segundos até que encontrasse o próprio orgasmo.
Ofegante, mas satisfeito, puxou-a para um beijo e deixou que ela capturasse
seus suspiros de prazer.
– Eu amo você. – Contornou a face com as pontas dos dedos enquanto
encarava o mar azul dos olhos dela.
– Amo muito.
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O sorriso gentil aqueceu o coração dele.


– Será que teremos um pouco de intimidade na casa do seu irmão? –
Salomon abraçou junto ao seu peito enquanto acariciava os macios cabelos
loiros.
Isabel sorriu.
– Meu amor, se esquece que meu irmão é um íncubo, assim como eu ele
também precisa de sexo. Não vai nos julgar pelos nossos barulhos, pois estará
entretido com os próprios. Acredite, ele e Dária fazem muitos.
Salomon a beijou no alto da cabeça. Ainda era estranho imaginar a
naturalidade com que a família dela via o sexo. Mas se Isabel não estava
preocupada ele não precisava.
– Vamos tomar banho. – Isabel desceu da mesa e o puxou com ela para o
banheiro. – Não quero perder o voo.

– Última chamada para o embarque do voo 2246 em direção ao Brasil.


Isabel apertou firme a mão de Salomon ao caminhar para a fila que ia até o
portão de embarque. Enquanto observava o bebê no colo da mulher à sua
frente e o céu sendo tingido de laranja que podia ser visto através das paredes
de vidro atrás do bebê, Isabel pensou em anos atrás. Tudo começou ali,
naquele mesmo saguão, o homem sorridente que agora a segurava junto ao
corpo era um desconhecido segurando uma placa com seu nome. Um homem
qualquer, estranho, recatado e de cabelos longos. Ao olhar para a expressão
mal-humorada não poderia supor que ele se tornaria tudo o que sempre
buscou.
– Cuidado. – Salomon a segurou pela cintura enquanto passavam pelo
detector de metais.
Um homem sedutor, com sangue quente, determinado, amoroso, agora era
seu marido e parceiro eterno. Toda a espera havia valido a pena, pois, no
momento certo, o destino deles se cruzou no instante em que um mais
precisava do outro.
Isabel jogou a blusa de frio sobre o banco de couro da primeira classe.
Abriu a pequena janela que tinha vista para a pista de pouso e depois se
voltou para Salomon, atirando-se nos braços dele.
– Obrigada por existir, meu amor.
O tritão sorriu e intensificou ainda mais o abraço.
– Eu amo você e estarei ao seu lado para sempre.
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São Paulo – inverno de 2038

Lygia olhou para a luz branca cada vez mais intensa no fim do túnel.
Segurou firme a mão de seu pai, que já não era mais tão grande como se
recordava da infância. Mais alguns passos a separavam da Terra. Finalmente
alcançaria o sonho de deixar o inferno, de não ser mais apenas a neta de
Samael e Lilith, aquela que todos tinham medo de se aproximar.
Empurrou o portão de ferro ouvindo o material enferrujado ranger até se
dobrar. Finalmente alcançaria a luz...
Dante fechou os olhos quando a luz forte se chocou contra as pupilas
dilatadas. Levou pouco mais de alguns segundo para que sua visão se
normalizasse, logo depois de deixarem o portão do inferno.
Um sorriso se formou nos lábios dele quando olhou para frente.
– Que honra, todos os anjos da guarda do inferno esperando por mim.
Uriel estava parada a poucos metros no alto de uma colina e atrás dela
havia uma dezena de anjos. A luz intensa vinha deles, das asas brancas e de
suas espadas celestiais reluzentes. Todos tinham a expressão fechada e o
olhar atento, aguardavam apenas uma ordem de sua comandante para atacar.
– Eu avisei para permanecerem no inferno. Fui cordial e até poupei a vida
de sua filha. É assim que me agradece? – A arcanjo passou a mão pelos
cabelos castanhos e encarou Dante.
– Não é nada pessoal. Apenas minha mulher e minha filha estavam fartas
do tedioso lugar gelado.
– Sabe que não terei misericórdia dessa vez. – Uriel cerrou os dentes.
– Estava contando com isso. – Dante sacou a espada de ossos.
– Matem todos e eles!
Os anjos abriram suas asas e desceram da colina. Como um enxame de
abelhas, encobriram a lua brilhante no céu.
Lygia girou as espadas finas, uma em cada mão. Finalmente teria o
combate pelo qual se preparou toda a vida. Os anjos a sua frente eram os
responsáveis por sua infância no inferno e mal via a hora de se vingar.
Natasha olhou para o lado e observou o marido e a filha em posição de
ataque. Naquele momento ela não teve medo dos anjos como sentia no
passado. Estava pronta para eles. Pegou sua própria espada e segurou-a na
frente de seu rosto.
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Moveu-se para o lado, desviando da brilhante e ardente lâmina celestial de


um dos anjos.
– Não deveria ter feito isso, Mammon. – Uriel apontou a ponta da espada
na direção do príncipe do inferno ao fulminá-lo com o olhar.
– Descobriremos isso quando acabarmos. – Dante sorriu ao abrir as asas
de penas negras em toda a sua envergadura e voar na direção de Uriel.
A arcanjo se desviou do primeiro golpe, sentindo a lâmina afiada cortar o
ar pouco além de seu braço. Ela se moveu para o lado a tempo de interceptar
com a sua própria espada um golpe contra seu pescoço. Não se recordava
dele ser tão ágil.
Ela o acertou com um chute na boca do estômago e Dante cambaleou para
trás sentindo a dor incômoda irradiar pelo seu corpo. Depois de ter começado
a treinar com seu próprio pai, ele já havia se acostumado com a força de um
arcanjo e sabia possuir o bastante para contra-atacá-la.
Uriel limpou uma gota de suor que escorreu por sua testa e ajeitou a
postura. Moleque maldito! Deveria ter dado um fim a ele anos antes.
Dante rolou para a direita e se esquivou de um chute, em seguida girou seu
corpo para acertar a arcanjo com uma cotovelada.
Uriel escorregou pelo chão de areia escura e por vários segundos ficou
sem ar. Entendeu porque muitos anjos cederam diante daquele mestiço.
Pela primeira vez Lygia sentiu sua espada cortar carne de verdade, não
apenas os bonecos ou espectros com quem treinara. Abaixou, e a espada do
anjo passou onde a pouco estava seu pescoço, mas a lâmina afiada acabou
cortando uma mecha de cabelo que ficara pata trás.
Lygia acertou o anjo no joelho e o fez tombar. Em seguida girou o corpo e
as espadas duplas desceram com tudo sobre o peito do anjo. As cinzas
voaram com a leve brisa enquanto um raio de luz subia aos céus.
Natasha tinha um sorriso perverso nos lábios ao encarar a mulher que
caminhava em sua direção. Ela, loira e um palmo mais alta do que a súcubo,
não entendia o olhar que lhe era dirigido, mas não perdeu tempo com tal
bobagem. Deferiu um golpe de espada que foi facilmente evitado pela súcubo
ao curvar o corpo para trás.
A anjo arregalou os olhos e ficou boquiaberta, Natasha era sem dúvidas
mais fraca do que ela, porém, possuía uma agilidade impressionante. Mas não
seria o bastante para vencer.
Natasha girou a espada em sua mão ao dar um passo para o lado.
– Treinei muito para enfrentar vocês. – Ela jogou o cabelo negro para trás
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antes de partir para cima da anjo.


Sua espada foi interceptada no primeiro golpe, mas isso não a abateu.
Natasha girava o corpo e dava golpe seguido de golpe, fazendo sua oponente
recuar um passo de cada vez.
O rangido das espadas se chocando era alto, mas todos estavam tão
concentrados na batalha que mal o ouviam. O brilho das espadas celestiais
era cada vez mais ofuscado pela sombra das demoníacas.
Um jato negro cruzou o céu e uma figura encapuzadas saltou dele e
pousou no meio do campo de batalha com a graciosidade de um gato. Sem
identidade, a figura logo se tornou um alvo para os anjos.
Um voou com toda a fúria para cima do sujeito coberto de negro. Mas se
surpreendeu com a velocidade que nem um demônio possuía. O indivíduo
acertou o anjo com um soco no abdômen e seu capuz caiu em meio ao golpe,
revelando sua identidade.
Thomaz... o coração de Lygia palpitou no peito.
Ao se esquivar do ataque de dois anjos, Lygia viu os cabelos ruivos
cortados curtos seguidos de um par de olhos vermelhos, encrustados em uma
pele clara. Mesmo nunca tendo o visto pessoalmente, a imagem dele tomou
sua mente por tantos anos que era simples reconhecê-lo.
– Thomaz, pega! – Ela lançou uma de suas espadas. – Armas comuns não
podem feri-los.
O jovem vampiro se esquivou de um ataque e usou o ombro do anjo como
trampolim para pegar a espada ainda no ar. A arma era incrivelmente leve e
fácil de manusear.
– Será que o sangue de vocês é gostoso? – Ele riu ao encarar o anjo
furioso pelo olé que havia tomado. – Bom, terei que matá-lo para descobrir.
– Não diga besteiras, seu bastardo sanguessuga!
– Oh! Minha mãe vai ficar ofendida. – Thomaz gargalhou ao girar a espera
pelo ataque do anjo.
Com sua agilidade, Thomaz se moveu para um lado e para o outro,
esquivando-se de golpes consecutivos. Sabia que era mais fraco que seu
adversário, mas a velocidade balanceava um pouco as coisas.
Deu alguns passos para trás, depois girou. O anjo apenas piscou os olhos e
o vampiro já não estava mais à sua frente. Um golpe no peito, dado por trás,
fez o anjo arregalar os olhos e abrir a boca. Como? A pergunta ecoou
enquanto ele se desfazia em cinzas.
– Parece que os seus anjos estão caindo. – Dante riu ao olhar para o lado e
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ver mais um ascender deixando apenas cinzas.


– Não designam mais bons soldados para a guarda do inferno como antes.
– Uriel firmou os pés na areia ao limpar um filete de sangue que escorreu dos
seus lábios.
– Isso já não é problema meu. – Dante partiu para cima dela outra vez.
Era mesmo filho de Samael, talvez até mais forte do que o pai, pensou
Uriel enquanto erguia sua espada para evitar que a de Dante acertasse seu
rosto.
Virou para o lado e a lâmina passou rente ao seu cabelo, cortando boa
parte dele, que se espalhou com o vento. A túnica branca que a arcanjo usava
já estava coberta de sangue e marcas da luta. Nunca ela, a fúria de Deus, a
arcanjo de batalha, pensou que cairia em uma luta, mas ao olhar nos olhos
verdes, famintos pelo seu sangue, ela soube que talvez fosse aquele oponente
a derrotá-la.
Cambaleou para trás com o chute forte que atingiu sua barriga, com o
braço protegeu o peito do ataque seguinte, mas esse não foi menos doloroso.
Ter mandando Mammon de volta para o inferno estava se mostrando uma de
suas piores ideias, pois agora ele estava de volta, mais enfurecido e forte do
que nunca.
Dante viu o desespero tomar conta da mulher diante de si e se sentiu
vingado pela ameaça à filha ainda no ventre.
Uriel respirou fundo, ignorando as gotas de suor que brilhavam em sua
testa. Se ela não o parasse, ninguém mais o faria.
– Talvez devesse pensar melhor no que está fazendo.
– Tive vinte e um anos para pensar. – Dante a chutou outra vez, vendo-a
se esquivar com cada vez mais dificuldades de seus golpes.
– Maldito filho de Samael!
Dante se esquivou com facilidade do golpe lento dela. Havia levado a
arcanjo a exaustão e ele mal começara a suar. Os anos de treino duro valeram
a pena.
Ele chutou a canela de Uriel e a fez cair de joelhos.
– Quando ascender, diga ao vovô que mandamos um olá. – Sem hesitar,
ele desceu a espada pelo peito de Uriel.
Uma luz forte apontou para o céu como um grande holofote, iluminando
tudo no raio de um quilômetro. E quando essa se extinguiu, os dois anjos
ainda vivos voaram para longe sem serem seguidos.
– Vencemos, meu amor. – Natasha sorriu ao abraçar Dante por trás.
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– Sim. – Ele se virou para beijá-la. – Vencemos!


– Ei! – Thomaz se aproximou de Lygia. – Que recepção e tanto que vocês
tiveram em?
– Ah, os anjos? Sabíamos que eles viriam. – Ela o encarou, mas logo
desviou o olhar sentindo-se estranhamente envergonhada. – E você o que faz
aqui?
– Meus pais me mandaram buscá-los. Vamos? O jato está logo ali na
frente.
– Você pilota um jato? – Os olhos de Lygia se iluminaram.

– Quando ele não está no piloto automático, sim.


Sempre quis entrar para as forças aéreas, mas agora que não posso sair mais
durante o dia, ganhei o meu.

Natasha deixou a mala cair no chão assim que encontrou os gentis olhos
azuis no meio da sala, que ainda estava decorada exatamente como se
lembrava.
– Isabel!
– Natasha!
As duas irmãs atravessaram a distância de alguns metros que as separavam
e abraçaram-se o mais apertado que puderam. Fazia tantos anos, desde o
casamento de Isabel. Sentir o cheiro e o calor uma da outra deu a elas uma
sensação de bem-estar inexplicável.
– Será que posso me juntar ao abraço? – Aron apareceu ao lado das duas.
Elas estenderam a mão e o puxaram para junto delas.
Ele acariciou o cabelo das irmãs e fechou os olhos, querendo guardar para
sempre a sensação daquele momento de reencontro.
– Eu não imaginava que sentiria tanta falta de vocês duas.
– Fazer o que se nos ama. – Natasha mostrou língua para ele.
Aron riu.
– Sim. Eu amo. São minhas irmãzinhas.
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– E como está esse menino? – Natasha se afastou para olhar Isabel melhor
e acariciá-la na barriga.
– Ele está bem. Chuta de vez enquanto e me deixa faminta sempre.
– Ah, eu sei como é.
– Só acho que Isabel deveria ser um pouco mais cuidadosa, quase bateu na
mesa de centro agora a pouco.
– Salomon!
– Tá bom! Sem ser super-protetor demais. – Salomon se encolheu no sofá
ao cruzar os braços, contrariado.
– É mais forte do que nós, instintivo, não conseguimos evitar. Fiquei
assim quando Natasha estava grávida. – Dante estendeu a mão para ele. –
Prazer sou o...
– Filho do Diabo?
– É, também... Mas ia dizer, Dante, marido da Natasha, prefiro ser
conhecido assim.
– Foi mal. Sou Salomon.
– Sim. Eu me lembro. Foi uma pena não ter ido ao casamento de vocês,
mas ainda era muito perigoso para a Lygia.
– Compreendo.
Thomaz observou as sombras da porta sobre a beleza da pele clara de
Lygia. Ela no seu canto apenas observa tudo. A jovem mulher, de cabelos
negros e olhos verdes, ainda segurava uma mala em suas mãos, e aguardava
de longe o término da conversa dos pais.
– Vem comigo? – Aproximou-se dela. – Vou te mostrar seu quarto, aí
pode guardar as malas e tomar um banho. Imagino que depois daquela
recepção calorosa esteja um pouco cansada.
– Seria ótimo! – Um sorriso iluminou o rosto de Lygia.
Ela se curvou para pegar a mala maior no chão, mas Thomaz a pegou
antes dela. Ele era bem mais rápido.
– Deixa que eu levo.
Lygia não protestou.
– Eu trouxe bebidas. Imagino que todos estejam cansados depois da
viagem. – Dária entrou na sala equilibrando uma bandeja em cada mão.
– Obrigado, meu amor. – Aron pegou as bandejas e deu um selinho nela.
Lygia seguiu Thomaz por uma escada e outra até chegar a um longo
corredor iluminado por um belo lustre.
– Esse lugar parece tão grande quanto o castelo do meu avô. – Encantada,
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ela se aproximou de uma das cortinas negras que cobriam as janelas.


– Esse andar não existia antes. Meu pai o construiu depois que a família
cresceu. Achou que não tinha quartos o bastante para todo mundo.
– Imagino que as cortinas pesadas sejam por causa de você e sua mãe.
– Sim. – Thomaz a observou enquanto Lygia ainda passava os dedos pelo
tecido.
– Me lembro de você ser humano. Ela te transformou assim que ficou
maior de idade? – Com os olhos verdes curiosos, ela voltou a encará-lo.
– Não. Ela me deixou escolher se continuaria humano ou me tornaria igual
a ela. Foi a escolha mais fácil que precisei fazer, mais até do que o vestibular.
Quem quer envelhecer e morrer?
– Imagino que não fizesse escolha diferente também.
– Aqui. – Thomaz abriu uma porta. – Esse é o seu quarto. Minha mãe
optou por manter uma decoração bem simples. Pode deixar com a sua cara
depois.
– Obrigada. – Lygia passou por ele encarando-o.
Os olhos vermelhos talvez fossem um pouco estranhos para quem não
crescera em meio a demônios assustadores, mas Lygia só conseguiu pensar
no quanto ele era lindo.
– Bom, seja bem-vinda, prima! Descanse um pouco, nos vemos na festa
mais tarde.
– Até mais. – Lygia fechou a porta escorando-se nela.
Suspirou. Ele era ainda mais lindo pessoalmente do que a imagem que
tinha em sua memória. Sentiu um aperto estranho no peito, queria tê-lo
abraçado como sempre desejou fazer.
– Ei, menina do espelho!
Lygia se virou e encontrou a imagem dele refletida na superfície atrás de
si. Era só um menino, mas um menino tão lindo. Com aproximadamente uns
dez anos, ele era magro e pequeno, o cabelo liso e ruivo caia sobre os olhos
toda vez que ele balançava a cabeça. Os grandes olhos verdes, eram
curiosos ao encará-la e a pele clara tinha milhares de sardinhas.
Lygia desejou poder abraça-lo, mas tudo o que pode fazer foi deixar a
boneca no chão e tocar a superfície do espelho.
– Sabia que para mim você também é o menino do espelho?
Thomaz riu.
– Essa é a boneca nova que você me disse que ganharia?
– Sim! – Ela sorriu ao pegar o brinquedo do chão. – Tio Caim prometeu
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trazer para mim e trouxe.


– É bonita, assim como você.
As bochechas de Lygia coraram.
– Obrigada.
– Espero que um dia possamos brincar juntos.
– Eu adoraria...
O garoto do espelho finalmente estava ao seu alcance e Lygia sentia suas
pernas trêmulas e uma crescente vontade de abrir a porta e correr até ele.

Enquanto ajeitava a gravata no pescoço e encarava seu reflexo no espelho,


Thomaz se lembrou com carinho da noite de sua escolha.
– Tem certeza, meu filho? – Dária buscou os olhos dele um tanto aflita.
Poucas vezes vira a mulher sempre forte tão insegura.
– Tenho, mãe. – Thomaz olhou para ela e Aron à sua frente. – Quero ser
imortal assim como vocês dois.
– Mas se tornar um vampiro é uma maldição irreversível. Nunca mais
poderá sair a luz do sol, precisará de sangue humano. Os instintos são
difíceis de controlar...
– Você vai me ensinar a lidar com tudo isso, mãe. Assim como me ensinou
a andar de bicicleta. Eu tenho vinte e um anos. Sim, eu sei o que quero.
– Mas...
Aron colocou a mão sobre o ombro dela a impedindo de continuar.
– Meu amor, faça.
Dária respirou fundo, cravou as presas no próprio pulso e o ofereceu a
Thomaz, que tomou o sangue que fluiu sem hesitação.
Minutos depois Dária segurou o pescoço dele, cravou as presas e bebeu o
sangue humano até a última gota.
Acordar depois daquele dia foi incrível, todos os novos sentidos e
habilidades. Nem a sede por sangue o incomodou. Thomaz tinha certeza de
que era uma escolha da qual jamais se arrependeria.
Era o garoto órfão mais sortudo do mundo. Ganhara pais que estariam
com ele para sempre, os brinquedos mais caros, o melhor estudo que o
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dinheiro podia pagar e a imortalidade. Seria eternamente grato.


Passou a mão pelos cabelos ruivos e sorriu. Seria uma boa festa e ele
finalmente veria toda a família reunida.
Pegou o vidro de perfume sobre a cômoda de metal e borrifou uma
pequena dose no pescoço. Não era vaidoso demais, porém sua mãe sempre
fizera questão de deixá-lo bem arrumado e ele seguiu o costume quando
começou a se vestir sozinho.
Devolveu o vidro ao lugar e atravessou rapidamente a pequena distância
até a porta.

Um largo sorriso se formou nos lábios de Lygia assim que as portas de


metal do elevador abriram-se num belo e grade salão. Seus olhos verdes
brilharam de empolgação ao ver o local abarrotado de pessoas sob a luz de
feixes coloridos emitidos por aparelhos no teto escuro. Era a sua primeira vez
em uma boate de verdade e estava fascinada.
– Isso é incrível, mãe! – Ela se virou e atirou-se nos braços de Natasha que
estava logo atrás dela.
– Ainda não viu nada. – Natasha afagou o cabelo escuro da filha ao
retribuir o abraçou.
– Vamos, papai! Vamos tomar uma bebida. – Ela pegou Dante pela mão e
saiu o arrastando para fora do elevador.
Rindo, Natasha os seguiu.
– Querida, não abuse. – Dante respirou fundo ao balançar os curtos
cabelos loiros em negativa.
– Meu amor, ela não é mais uma criança. – Natasha apoiou a mão no
ombro dele quando chegaram ao balcão do bar.
– Mas vai ser sempre nossa menininha. – Dante a envolveu pela cintura e
puxou para junto de si.
Lygia virou a cara fazendo careta quando os pais começaram a se beijar.
– Ainda não se acostumou? – Thomaz puxou um dos bancos de metal e se
sentou ao lado da prima.
– São meus pais! – Ela apoiou os braços sobre o balcão.
– Também são um casal.

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– Você tem razão. – Ela sorriu ao encarar os olhos vermelhos de Thomaz.


– Mas não fica incomodado?
– Meus pais evitam de me deixar presenciar qualquer coisa, mas as vezes
fazem barulho demais. – Ele riu ao pegar um copo atrás do balcão e oferecer
a ela. – Quer algum drink especial ou pode ser vodka pura?
– Me deixe provar o melhor da casa.
Thomaz acenou para o barman que foi preparar a bebida para ela.
– Então, como era a vida no inferno?
– Parece bem mais tediosa do que aqui.
– E você ainda não viu nada.
Lygia pegou a bebida que o barman a entregou e tomou um gole.
– Poderia me mostrar. – Ela rodou o canudo no copo.
– Depois subimos no terraço, a vista é incrível.
Lygia concordou com a cabeça enquanto seus olhos se perdiam
observando Thomaz. O sorriso gentil e charmoso, com as sutis presas
pontudas de um vampiro; os músculos discretos, porém bem delineados sob o
paletó do terno; o cabelo ruivo e os olhos vermelhos, faziam dele um homem
muito atraente. Poucos demônios eram tão bonitos assim no inferno.
Aron subiu no pequeno palco no fim do salão. Todos os presentes se
viraram para ele. De mãos dadas com Dária, o íncubo tinha um largo sorriso
nos lábios.
– Hoje é um dia muito feliz para mim. – Ele fez carinho no ombro da
mulher. – Minha família finalmente está toda reunida. Meu filho Thomaz,
minhas irmãs: Isabel e Natasha, minha sobrinha Lygia, Dante e Salomon. –
Ele apontou para os dois. – Vocês também são como irmãos para mim.
Então, nesse dia tão feliz, vamos celebrar.
Assim que ele concluiu seu pequeno pronunciamento o DJ começou a
tocar e vários sobrenaturais reunidos no Santuário se levantaram para dançar.
– Opa! Ele está chutando. – Isabel levou a mão a barriga.
Salomon arredou um pouco para o lado no banco para ficar mais perto da
mulher e passou a mão pela barriga, sentindo os movimentos do filho em
gestação.
– Ele deve estar querendo participar da festa. – Natasha se sentou do outro
lado da irmã e acariciou a barriga também.
– Talvez. – Isabel sorriu. – Senti tanto a sua falta, Nat.
– Eu também, Isa!
– Elas sempre foram grudas assim? – Salomon encarou Dante que se
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sentou na poltrona à sua frente.


– Sim.
Logo os dois estavam conversando sobre as mulheres como se fossem
amigos de infância.
– Pode me levar no terraço agora? – Lygia segurou a mão de Thomaz que
estava sobre o balcão.
– Não quer dançar?
– Posso fazer isso depois, meu avô também fazia festas no inferno. Mas lá
não havia cidades, céu azul ou pessoas. Só frio e almas atormentadas.
– Então vamos.
Thomaz sentiu uma leve vergonha quando seus olhos encontraram os dela.
Era sua prima, mas não conseguiu evitar que a beleza dela o balançasse. Os
olhos verdes de Lygia pareciam maiores do que o comum e espessos cílios
negros os emolduravam. Quando seu foco começou a descer pelo decote do
vestido, ele se colocou de pé e olhou para as prateleiras de vidro atrás do
balcão, onde ficavam as bebidas. Não pode olhar para ela desse jeito! Mas
era inevitável encarar a garota do espelho de um jeito que não deveria.
– Vamos! – Ele conteve a vontade de estender a mão para ela.
Lygia ajeitou a saia do vestido e sorridente seguiu Thomaz de volta para o
elevador. O cheiro dele... talvez fosse por ser um vampiro, mas era tão bom.

– Onde está Lygia? – Dante parou de rir de um relato de Salomon e correu


os olhos pelo salão atrás da filha.
– Vi ela indo para o elevador com o Thomaz.
Dante arregalou os olhos.
– Mas o quê?
Natasha apoiou as mãos no ombro dele e sentou-se no colo do marido,
impedindo-o de se levantar.
– Deixe-os ficar um tempo juntos, no inferno não existia ninguém da idade
dela com quem pudesse conversar, vai fazer bem a nossa filha.
Salomon segurou a mão da esposa e riu dos ciúmes que viu nos olhos do
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mais novo amigo. Mas logo se conteve ao se lembrar de que em breve estaria
no mesmo barco.
– Como está nosso pequeno íncubo? – Aron se aproximou das irmãs.
– Ele pode ser um tritão. – Isabel passou a mão pelos cabelos loiros.
– Veremos qual raça predominou quando ele nascer. – Dária abraçou o
companheiro por trás. – Tudo o que dissermos agora seria apenas suposições.
Isabel sorriu, grata pela cunhada ter evitado qualquer animosidade. No
fundo não importava qual tipo de sobrenatural fosse a criança, ele seria
amado da mesma forma.

Lygia ficou boquiaberta. Era ainda mais Incrível do que ver pelo
computador. Foi uma paisagem que a deixou sem palavras. Ao contrário do
vale dos condenados, ali tinha tanta luz. Existia tantos prédios altos cercando-
a e tocando o céu escuro e sem estrelas. Eles tinham letreiros e painéis, com
dezenas de imagens e textos. Trilhos aéreos cortavam toda a cidade indo de
um lado para o outro.
– Uau! Que Incrível.
– A avenida paulista e o MASP ficam ali em baixo, olha! – Thomaz se
aproximou do parapeito e apontou lá para frente.
– Onde? – Ela se aproximou ficando ao lado dele.
– Ali. – Thomaz segurou o rosto dela e direcionou o olhar para uma
avenida quilômetros à frente.
Lygia nunca viu tantos carros. Mas o que a prendeu foi a sensação dos
dedos gelados dele em seu rosto. Eles provocaram um calafrio delicioso.
– O inferno parece ser um lugar bem mais calmo. – Thomaz se afastou
quando o calor da pele dela começou a permear seu sangue. Recuperando a
compostura, ele apoiou as costas no parapeito.
– Depende do ponto de vista.
Lygia observou a brisa da noite balançar os cabelos ruivos do vampiro,
pareciam tão macios que desejou poder tocá-los.
– Há uma bela vista para lugares aterrorizantes.
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Thomaz riu.
– Bom, deve ser fantástico ser a neta do diabo.
– Era, durante a minha infância, mas à medida que eu fui crescendo os
demônios se aproximavam cada vez menos de mim com medo de sofrerem
alguma retaliação do meu avô. – Os olhos dela caíram tristes enquanto ela
apertava o parapeito.
– Nunca teve um namorado?
Thomaz se arrependeu quase imediatamente da pergunta.
– Não, ninguém teve coragem o bastante para enfrentar uma possível
retaliação do meu pai ou do meu avô. – Os olhos dela ficaram marejados.
– Eu sinto muito. – Ele a acariciou no ombro, sentindo um nó no
estômago. Deveria ter ficado calado, seu idiota!
– Você é tão bonito, deve ter tido várias namoradas.
– Só alguns casos passageiros. Há não muito tempo eu preferia um vídeo
game.
– E agora? – Lygia se virou para encará-lo.
Thomaz engoliu em seco.
– Existem algumas mulheres interessantes.
– E o que acha de mim?
Ela deu um passo na direção dele e ele deu dois para trás.
– Não acho que eu deveria responder a essa pergunta. – Ele enfiou as
mãos dentro dos bolsos da calça e desviou o olhar.
– Por que eu não mereço uma resposta?
– Porque não seria apropriado dizer a minha prima que ela é uma mulher
bonita.
– Nem somos primos de verdade. – Ela passou a mão pelo rosto gelado
dele.
Thomaz ficou petrificado com o toque quente. Depois de ter se tornado
um vampiro, nunca mais sentiu os músculos tão lentos.
– Eu sou um Donovan tanto quanto você. – Tirou forças de onde achou
que não tinha para respondê-la.
– Você é adotado.
– Isso nunca fez diferença para os meus pais.
– Mas pode fazer toda a diferença para nós.
– Lygia, não...
Ela roçou os lábios nos dele, sentindo-os doces e gelados como um
sorvete. O garotinho ruivo era um amor platônico de infância, intocável
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dentro de um espelho. Mas agora ele se tornara um belo homem e estava ao


seu alcance, não deixaria a oportunidade passar.
Todo o bom senso berrou dentro da cabeça de Thomaz. Não deveria
permitir que isso acontecesse, por mais que no fundo desejasse muito. A
língua dela pressionou seus lábios e instintivamente sua boca se abriu para
aceitar a saliva quente.
Lygia embrenhou os dedos pelos macios cabelos ruivos como tanto
desejava. A proximidade com o corpo de Thomaz provocava nela deliciosos
calafrios. Não se lembrava de um beijo ser tão bom ou deixar suas pernas tão
bambas.
Thomaz usou toda a sua força sobre-humana para se afastar e quase voou
contra a porta de metal do elevador.
– Lygia, não! Nós não podemos. – Ofegante, ele endireitou o corpo e
tentou retomar a compostura.
– Não podemos ou você não quer?
– Nossos pais...
– Nem precisam saber. E não há ligação sanguínea nenhuma entre nós
dois. Mesmo que depois da transformação você tenha o sangue da Dária
correndo em suas veias.
– Lygia...
– Pare de inventar desculpas! Se não me quer é só dizer que não.
Ela estava furiosa. Ouvira desculpas e rodeios tentando explicar o motivo
dos homens não poderem ficar com ela o tempo todo. Todos se esquivavam
como um sabonete molhado.
– Esse é o problema! – Thomaz a segurou pelos braços apoiando sua testa
na dela. – Eu era apaixonado pela garotinha no espelho, crescendo como eu,
mas longe em um lugar inalcançável, não apenas fisicamente.
– Eu estou aqui agora. – Ela ergueu a mão e o acariciou no rosto.
– Mas...
– Só diga não que eu te deixo em paz. Não preciso de mais desculpas para
a minha interminável coleção.
Thomaz viu os prédios girarem ao seu redor. Estava confuso pelo conflito
entre os sentimentos e a razão. Lembrou da história dos pais que ouvira
centenas de vezes e sobre o quanto os medos da mãe quase custaram seu
amor eterno.
– Você é meu amor de infância. – Ele passou as mãos pelos cabelos
negros enquanto encarava o fundo dos olhos verdes. – Mas sempre achei
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errado e nunca contei para ninguém.


As mãos de Thomaz estavam trêmulas, seu coração batia descompassado.
O sangue frio em suas veias nunca esteve tão pesado.
– Não precisa contar para mais ninguém além de mim. – Lygia se colocou
na ponta dos pés e alcançou os lábios de Thomaz com os seus.
Dessa vez ele não conseguiu mais resistir. Pegou-a pela cintura e bateu
contra a porta do elevador, enquanto sua língua deslizava para dentro da boca
quente e molhada. Beijá-la era melhor do que conseguiu imaginar em sua
adolescência.
Lygia estremeceu com o ato repentino. Thomaz era tão ágil que a pegou
de surpresa. Ela apoiou a cabeça no metal da porta e exibiu o pescoço.
– Pode me morder. – Disse contra os lábios dele. – Eu quero sentir a
sensação.
Thomaz impediu os protestos antes que esses escapassem por sua boca.
Qual outra chance de provar o gosto dela teria? Levou os lábios até a base
do pescoço e beijou de leve, antes de raspar as presas. Cravou-as perfurado
com dificuldade a pele de aparência macia, porém não demorou para que o
sangue começasse a fluir para dentro de sua boca. A princípio ela tinha um
gosto um tanto amargo que foi ficando cada vez mais doce. A mistura de
sangue de demônio e de anjo era algo delicioso que nunca havia provado.
As pupilas de Lygia se dilataram no instante em que ela sentiu a mordida.
Os boatos sobre o afrodisíaco contido na saliva dos vampiros eram reais e ela
logo se viu esfregando uma perna na outra com o desejo por ele cada vez
mais crescente.
Escorregou a mão pelo peito dele até a calça e tocou o volume sob o
tecido.
– Sonhei em ter você.
– Tem certeza? – Thomaz se afastou passando a língua pelos lábios sujos
de sangue.
– Sim. Toda a certeza.
Livrando-se do último pensamento de prudência, ele subiu a mão pela
coxa até invadir o interior da saia.
– Não aguento mais ser virgem.
A fala dela foi como um choque elétrico no corpo do jovem vampiro, que
o fez recuar.
– Lygia... – Suas palavras se perderam em meio ao espanto.
– Me perguntou se eu tinha certeza, eu disse que sim. O fato de nenhum
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outro homem ter tido a coragem de transar comigo não deveria mudar isso.
– Então não podemos fazer aqui. – Ele a pegou no colo e acionou o botão
do elevador.
Contente por ele não ter recuado. Lygia aproveitou o percurso até o quarto
de Thomaz para beijá-lo no pescoço, tocar os cabelos que tanto fantasiara
durante a sua adolescência e contar com a língua as sardinhas espalhadas pela
pele pálida.
Ele abriu a porta com um chute e fechou-a com a agilidade de um felino.
Com uma mão segurou Lygia e usou a outra para apertar o interruptor ao lado
da porta. Independente das consequências, queria ver e lembrar-se
eternamente de cada instante daquele momento com ela.
Ele a colocou sobre a espaçosa cama de design contemporâneo e puxou-a
pela cintura até o fim da cama, deixando as pernas dela para fora.
Lygia se arrepiou inteira quando ele a beijou na coxa e percorreu um
caminho de delicadas mordidas até a virilha, onde começava o tecido da
calcinha e ficou por ali, provocando-a, beijando-a.
Lygia se sentou na cama, fazendo-o recuar com a cabeça entre suas pernas
e tirou o próprio vestido.
– Ei! – Ele pegou a peça e colocou sobre o criado mudo ao lado da cama.
– Estou tentado ir devagar.
– Estou ansiosa demais para ir devagar.
Lygia ia desabotoar o sutiã de renda vermelho, porém Thomaz a impediu.
– Não fique ansiosa. Apenas relaxe. – Soltou a mão dela. – Ou irá acabar
doendo.
– Então me beija, me deixa sentir que você é real e não apenas mais um
dos sonhos que eu tinha quase toda a noite.
Ela sonhava com ele, assim como Thomaz sonhou várias vezes com ela. O
vampiro precisou conter o próprio entusiasmo.
Thomaz segurou o cabelo dela e a puxou para um beijo mais voraz.
Mordiscou o lábio inferior da morena, sentindo uma gota do sangue doce se
esparramar por sua boca antes de deslizar a língua para dentro da dela. Com
mas mãos, passou a explorar o corpo delicado, porém firme e todas as suas
fantasias pareceram bem modestas diante da verdadeira sensação de tocá-la.
Lygia começou a se desfazer da gravata no pescoço de Thomaz enquanto
arfava a cada toque das mãos firmes. Jogou a gravata no chão e passou a
desabotoar o paletó e logo ele e a camisa eram apenas lembranças espalhadas
pelo chão.
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Ele finalmente desabotoou o sutiã e agarrou os seios com os mamilos já


eriçados pela excitação. Lygia nunca fora tocada tão diretamente e a sensação
era incrível, porém algo lhe dizia que provara apenas um gole do delicioso
jogo do prazer.
Thomaz abocanhou um dos mamilos e o chupou, sentindo-a estremecer
em seus braços. Queria deixá-la extasiada, antes de alcançar seu objetivo
final.
Isso é bom! Muito bom... Lygia revirava os olhos ao passar as mãos pelos
ombros nus dele.
Thomaz continuou beijando e acariciando os seios dela enquanto a deitava
na cama e tirava por fim a calcinha. Pelo visto sua imaginação fora modesta
em muitos pontos, pois vê-la completamente nua o deixou sem ar. Precisou
lembrar-se de que estava prestes a tirar a virgindade de Lygia para não se
comportar como um bárbaro sedento.
Ajoelhou-se diante da cama outra vez e enfiou a cabeça entre as pernas
ligeiramente distanciadas.
Lygia sentiu a língua do vampiro tocar seu clitóris e ela gritou de prazer.
Agarrou-se a colcha da cama como lembrança de que aquilo era real.
Thomaz! O nome dele ecoou em sua mente enquanto ela era tomada por uma
nova e intensa onda de sensações.
Ele introduziu um dedo dentro da passagem molhada e estreita de Lygia,
enquanto sua língua dançava sobre o clitóris dela.
Lygia não estava preparada para o que o vai e vem dos dedos dele
provocou ali. Era um desejo tão forte que fazia cada célula do seu corpo se
contorcer.
– Thomaz... – a voz trêmula e entorpecida era apenas um sussurro.
Ele sorriu ao puxá-la para o meio da cama. Tirou o restante de suas roupas
e deitou-se sobre ela. Beijou Lygia um pouco mais enquanto roçava seu pênis
na entrada molhada.
Ainda em meio ao beijo, Thomaz se acomodou entre as pernas
distanciadas e começou a enfiar nela. Logo encontrou a barreira da
virgindade e adentrou com ainda mais afinco, rompendo-a de uma vez.
Capturou o gemido de dor com um beijo e ficou quietinho dentro de Lygia,
esperando que ela se acostumasse com sua presença intrusa.
Em breves minutos a dor se transformou em prazer. Lygia não saberia
colocar em palavras como era delicioso finalmente estar preenchida. Thomaz
estava em cima dela, tocando-a, apertando-a, beijando-a e quando ele a
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mordeu outra vez, derramando um excitante anestésico, Lygia soube que era
besteira temer qualquer dor.
Thomaz a sentiu relaxar abaixo de si e tomou isso como um sinal para
continuar. Apoiou as mãos sobre a cama e começou a se mover para dentro e
para fora. As paredes quentes e escorregadias cediam cada vez mais espaço
para o membro rígido do vampiro.
A temperatura da pele de Thomaz provocava calafrios em Lygia que se
somavam as demais sensações de prazer que a jovem sentia. Então era por
isso que sempre esperei? Perguntou-se enquanto o beijava.
Thomaz a girou na cama e a colocou sobre ele. Com Lygia montada sobre
seus quadris tinha um acesso mais fácil ao clitóris dela. Com uma mão guiou
os movimentos que os uniam, com a outra começou a estimulá-la, dando a
Lygia o prazer que merecia.
Um gemido rouco escapou por entre os lábios grandes da morena. Ela
pensou que não poderia ficar melhor até o orgasmo atingi-la com uma força
tão intensa que a fez tombar para trás. Ela gritou por ele enquanto explodia
em gemidos.
O vampiro começou a movê-la com velocidade redobrada em busca do
próprio prazer e não demorou a molhá-la com seu líquido frio.
Lygia desmoronou sobre o seu peito e ele a acolheu em um abraço
carinhoso.
– Foi bom? – Brincando com o cabelo negro ele a beijou brevemente.
– Foi maravilhoso! – Os olhos de Lygia tinham um brilho único e ela
ainda tremia inteira. – A única coisa ruim é ter esperado tanto para te sentir
assim.
– Você vai continuar aqui, não é? Na Terra.
– Sim, meus pais não tem a intenção de voltar para o inferno. Então
podemos ficar juntos.
– Não sei se seria tão simples.
– Pare de colocar empecilhos antes de tentarmos!
Ele sorriu e beijou-a de novo.
– Tudo bem, mas agora precisamos voltar para festa antes que venham nos
procurar e nos encontrem assim.

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Lygia envolveu Dante pelo pescoço pegando o pai de surpresa.


– Onde você estava? – Ele girou no banco para ficar de frente para ela.
– No terraço. Nossa pai, a cidade é tão incrível.
– Vou levar você em alguns lugares depois.
– Mal posso esperar!
Thomaz também se aproximou e foi abraçado por Aron.
– Estávamos sentido falta de vocês.
– Só estávamos no terraço, pai. – Thomaz se encolheu colocando as mãos
dentro dos bolsos.
– Filho, – Diária se aproximou dele. – Eu fiz um presente para as suas tias,
você poderia me ajudar a buscar?
– Claro, mãe!
– Já voltamos. – A vampira deu um rápido selinho em Aron.
Com as mãos ainda nos bolsos e um sentimento inquietante no peito,
Thomaz seguiu Dária até o elevador. Assim que as portas de metal se
fecharam a ruiva o encarou com um olhar que ele conhecia bem, o mesmo
olhar de quando aprontava na época de criança.
Thomaz engoliu em seco.
– Lygia está com o seu cheiro, disfarçado com sabonete, pois creio que ela
tenha tomado um banho. Mas ainda é o seu cheiro.
– Mãe...
– Não venha me dizer que foi por um abraço que eu tenho certeza que não.
Thomaz ficou sem graça, desviou o olhar para as lâmpadas redondas no
alto do elevador. Não soube o que dizer para a mãe de imediato, ou mesmo
conseguiu encará-la.
– Não, não foi só um abraço. – Ele abaixou a cabeça assim que o elevador
abriu no corredor para os quartos.
– Thomaz.
O chamado da mãe forçou-o a encará-la.
– Prometeu nunca guardar segredos de mim.
– Imagino que queimarei no inferno por ter transando com a minha prima
e principalmente por gostar tanto disso, por gostar tanto dela.
Dária gargalhou e a reação da mãe deixou Thomaz ainda mais confuso.
Ela saiu do elevador e puxou-o junto.
Estático, ele se apoiou na parede e buscou os olhos vermelhos dela. A
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expressão da mãe era gentil e não parecia furiosa como ele esperava.
– Desde crianças vocês dois pareciam tão ligados. – Dária passou os dedos
pelo cabelo ruivo do filho. – Fiquei me perguntando se isso aconteceria
quando soube que ela vinha para cá. Estava certa, aconteceu.
– E o que acha? – O olhar de Thomaz era desesperado e carregado de
culpa.
Dária abraçou o filho e afagou o cabelo dele.
– Não vejo problema algum. Aron e eu o amamos, você sempre será o
nosso menino, mas não é parente dela de verdade.
– Não, eu não sou. – Ele respirou aliviado ao retribuir o abraço da mãe.
– Não ande por aí com um olhar de quem cometeu um erro terrível.
Mesmo não tendo o nosso olfato para sentir seu cheiro na filha, Dante
acabará descobrindo. – Dária buscou os olhos dele outra vez. A expressão
descontraída da vampira de aparência jovem deu lugar a um ar sério. – Se
vocês vão mesmo se envolver não devem ficar se escondendo.
– Eu sei.
– Ótimo! Então decidam o que realmente querem e contem a verdade a
todos.
– Vai contar ao meu pai?
– Não. É algo seu, meu menino. Não cabe a mim contar.
Thomaz sorriu e abraçou outra vez sua mãe. Estava aliviado por ter o
apoio dela.
– Vem. – Ela o puxou. – Não podemos voltar para lá de mãos vazias.
Apesar de ser desnecessário dois vampiros para carregar um álbum de
fotografias.
Logo eles voltaram para junto do resto da família sem levantar suspeitas.
Dária era muito apegada ao filho e isso ficou claro a todos durante o decorrer
da reunião de família, no salão lotado de outros sobrenaturais que
compartilhavam da alegria do reencontro dos Donovans.
O álbum de família feito pela vampira foi outro momento de alegria à
parte. Dária tinha lembranças dos três desde a época em Londres e Aron se
surpreendeu com isso.
Entre abraços e carinho; Aron, Natasha, Isabel e todos os outros que se
tornaram parte essencial da vida deles, tiveram uma ótima noite.

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Thomaz apoiou a cabeça na madeira da porta e respirou aliviado por


finalmente ter um momento sozinho. Foi inevitável não ficar trocando olhares
cada vez mais malicioso com Lygia durante toda a festa. Entretanto, ela
estava sempre perto do pai e Thomaz teve medo de serem descobertos,
mesmo não tendo nada para esconder.
Queria ela, queria muito. A dúvida de criança logo se transformou em
certeza no momento em que se beijaram. Dária o ensinara a sempre tratar
bem as mulheres, ser sincero com elas e consigo mesmo, evitando o máximo
que qualquer um fosse ferido. Ser sincero era admitir a todo mundo, inclusive
aos pais dela, que Lygia nunca seria uma prima para ele...
Uma batida na porta o arrancou de seus pensamentos tumultuados. Quem
seria? Sua mãe talvez. Era a única que não estaria dormindo. Seria bom ser
acolhido pelos braços frios dela por algumas horas como fazia quando era
criança. Esfriar a cabeça para não parar no quarto onde Lygia dormia a
poucos metros.
Outra batida.
– Thomaz, me deixa entrar.
A voz o congelou. Suaria frio se pudesse. Não deveria, mas abriu a porta.
– Lygia, você deveria estar...
Suas palavras se perderam assim que os lábios macios e quentes dela
tocaram os seus.
Thomaz a puxou para dentro e fechou a porta. Ao adentrar a boca dela
com a língua, segurou-a pela cintura e empurrou-a contra a parede. Deveria
afastá-la, mas podia sentir o calor do beijo só um pouco mais...
– Lygia, alguém pode nos ver... – Ele se afastou e fitou os olhos verdes ao
passar a mão pelo rosto delicado.
– Eu não me importo. – Ela o segurou pelos ombros e começou a empurrá-
lo na direção da cama.
– Ninguém sabe que estamos juntos. Podemos criar uma confusão...
– Você se preocupa demais! – Ela o empurrou pelos ombros e o fez se
sentar na cama.
Sob a luz da luminária chinesa que Thomaz gostava tanto, ele viu Lygia
tirar a camiseta de um pequeno pijama e jogá-la no chão. O sutiã vermelho e
o shortinho apertado inflaram sua imaginação. Estão todos dormindo, era só
não fazermos barulho demais... Foi o último pensamento racional antes de
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puxá-la pela cintura e a encaixar entre suas pernas.


Lygia puxou a cabeça dele para trás pelos cabelos ruivos. Ele era tão
bonito e ainda tinha as mesmas sardinhas da época de criança. Beijou na base
do pescoço, a pele, apesar de fria, era sedosa e com gosto suave.
Thomaz percorreu o shortinho apertado e curto e apertou a bunda de Lygia
com as duas mãos, sentindo-a gemer contra o seu pescoço. Sentiu um
pequeno vidro no bolso traseiro e o pegou.
– O que é isso? – Ergueu o vidrinho com um líquido vermelho.
– Uma das coisas que a minha vó me deu. Disse que é um gel com sabor
de morango e pimenta, e que seria legal se eu usasse com um cara, mas não
tive oportunidade...
– Deixa aqui. – Ele colocou o gel sobre a cama e embrenhou as mãos nos
cabelos negros de Lygia.
Puxou-a para si, mordiscou o lábio inferior antes de invadir a boca dela
outra vez com a língua. Com uma mão no cabelo, usava a outra para
percorrer o corpo curvilíneo, apalpava, alisava, apertava. Tocou-a como
sempre desejou e nunca pode.
Lygia sentou no colo dele, de frente, ainda o beijando, sentiu o membro
rígido sob a bermuda preta fina que ele vestia. Tirou a camiseta, parando de
beijá-lo apenas para puxá-la pelos braços.
Thomaz a segurou pela cintura e a deitou sobre a cama. Removeu o short,
a calcinha, e a própria Lygia jogou o sutiã longe. Admirou-a nua e ficou grato
pela luz estar acesa, queria gravar em sua mente cada linha que traçava o belo
corpo. Ela era tão quente e macia. Ele se deu conta de que sua respiração
estava descompassada, porém nem se preocupou em esconder o quanto
estava excitado.
Lygia girou na cama e ficou de quatro, engatinhou até dele e puxou para
abaixo a bermuda e a cueca. O pênis dele saltou aos seus olhos, firme, o
membro tinha uma beleza que a incendiava. Tocou com a ponta dos dedos, as
veias, a carne, ele era pálido assim como o restante do corpo de Thomaz,
porém pulsava, tão vivo. A visão dele em suas mãos fez com que a região
entre suas pernas se umedecesse ainda mais.
– Lygia...
– Calado!
Ela o acolheu com a boca, ansiosa para prová-lo. Sua saliva se encheu
com o sabor dele. Lygia usou as mãos para rodeá-lo enquanto os lábios o
percorriam num gesto fluído e natural. Ela pressionou a glande com a ponta
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da língua, sentido a pequena abertura de onde saia gotas de um líquido


lubrificante.
Ele acariciou o cabelo dela enquanto se perdia na visão e na sensação tê-la
o chupando. Confessou a si mesmo às vezes em que se torturou por imaginá-
la assim, achando errado ou inalcançável. A boca cálida, a língua molhada e
hábil rapidamente o levariam a loucura. Mordeu os lábios provando do seu
próprio sangue para conter os gemidos, não queria acordar ninguém.
Lygia estava extasiada com a sensação de tê-lo em sua boca, era melhor
do que qualquer uma de suas fantasias.
Thomaz a puxou pelo cabelo e a forçou a parar. Olhou para o vidrinho
deixado sobre a cama curioso em descobrir o que poderia proporcionar.
Lygia torceu os lábios, contrariada. Queria continuar chupando-o até
ambos perderam o controle, porém Thomaz sentou-se ao seu lado e puxou-a
para seu colo. Pingou algumas gotas do gel na ponta do dedo e enfiou dentro
dela.
Lygia mordeu o ombro dele para evitar o grito e os palavrões quando as
paredes de seu interior começaram a arder e formigar. A sensação era incrível
e a fazia gemer.
Thomaz sorriu ao ver a forma como ela se contorcia enquanto ele a
penetrava com o dedo. Sentido um leve ardor na pele, ele se perguntou como
o gel estaria agindo em uma região tão mais sensível.
Com o dedo se movendo com a velocidade sobre-humana da qual ele
podia desfrutar, ele mordeu-a na base do pescoço, saboreando o sangue no
qual facilmente se viciaria.
Lygia cravou as unhas nos braços dele enquanto se revirava inteira. Não
haviam palavras capazes de descrever seu prazer. Todo o seu interior ardia e
formigava numa intensidade que a deixava louca, o dedo de Thomaz só fazia
queimar ainda mais. Quando ele a mordeu derramando o afrodisíaco em seu
sangue, Lygia se desfez em segundos. O orgasmo foi tão intenso que a deixou
sem ar pelo tempo que pareceu horas, e se ele não a tivesse beijado, o grito
teria acordado a todos. Desmourou nos braços dele, tremendo, formigando
inteira. Como passei tanto tempo sem sentir aquilo?
Thomaz a acariciou, enquanto observava a expressão de prazer que tomou
o rosto lindo.
– Eu quero mais. – Ela revirava os olhos enquanto mordiscava os lábios.
– Não tá satisfeita? – Ele sorriu brincalhão.
– Só quando estiver você em mim mais uma vez.
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Ainda ofegante, Lygia se colocou de frente no colo dele. Levou a mão


entre os corpos e encaixou o pênis dentro de si que entrou com muito menos
resistência. Seu interior ardeu ainda mais sendo todo tocado, a fricção fez
tudo ferver. O efeito do gel ampliava dezenas de vezes a sensibilidade.
A resposta para a pergunta de Thomaz foi dada no momento em que a
umidade dela o envolveu e ele também começou a queimar.
Eles gemeram, não teve como, gritaram enquanto o movimento os fazia
queimar. Maldito efeito do gel!
Thomaz a segurou pela cintura enquanto a ajudava a se sentar nele, cada
vez com mais afinco. Não deveria, mas a mordeu outra vez na elevação de
um dos seios que esfregava em seu rosto.
Lygia jogou a cabeça para trás e gritou, gritou muito. Cada uma de suas
células estava em chamas. Ele a fazendo rebolar em seu colo e tomando seu
sangue só aumentava o turbilhão de sensações. A cada estocada seu interior
queimava como brasas.
Foi rápido e intenso e ambos logo atingiram o organismo juntos. Mas seus
corpos não pararam de queimar. Nem quando humano Thomaz se sentiu tão
quente.

Dante passou a língua pelo vale entre os seios de Natasha, enquanto suas
mãos os apertavam. Em meio a um gemido suave ela arqueou o corpo contra
o dele.
Os gemidos altos vindos de outro quarto o fizeram parar a carícia.
– O que foi isso?
– Deve ser algum dos meus irmãos. – Natasha passou os dedos pelos
cabelos loiros de Dante.
– Mas Isabel está grávida.
– Isso nunca nos impediu. Além disso, Aron e Dária sempre foram um
pouco barulhentos.
– Tudo bem. Deixa para lá. Quero me concentrar nos seus gemidos. –
Dante levou a mão entre as pernas dela e tocou o clitóris com a ponta do
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dedo.
Natasha gemeu ao pé do ouvido dele.

Quando Lygia abriu os olhos encontrou os vermelhos de Thomaz a


encarando. Aninhou-se ainda mais no peito gelado em meio a um suspiro.
– Essa foi sem dúvidas a melhor noite da minha vida. – Ela ajeitou a
coberta sobre os ombros.
– Foi a minha também. – Thomaz lhe deu um rápido selinho. – Mas você
já deveria ter voltado para o seu quarto. Está a tempo demais aqui.
– Dormir comigo é tão ruim?
– Claro que não! Por mim jamais deixaria a minha cama.
– Então me deixa ficar. – Ela o abraçou ainda mais.
Thomaz suspirou e correspondeu ao abraço.
Por detrás das pesadas cortinas que o protegiam do sol. Ele sabia que já
era dia e que em breve todos estariam de pé. Precisava levar Lygia para o
quarto dela, mas como se nenhum dos dois desejava isso?
– Thomaz, meu filho...
A porta foi aberta num rompante e o jovem vampiro se amaldiçoou por
estar ocupado demais para se certificar de que essa estava trancada.
Aron arregalou os olhos azuis-esbranquiçados ao se deparar com o filho e
a sobrinha deitados na cama, cobertos por um fino edredom azul. Olhou para
o chão aos pés da cama e viu as roupas de ambos jogadas ali. Deu uma leve
gargalhada.
– Então os gritos vieram de vocês dois. – Ele cruzou os braços enquanto
ainda ria. – E eu achando que era uma das minhas irmãs.
– Pai, eu... – Thomaz quis desaparecer ao encontrar os olhos de Aron.
Ia se levantar. Mas o íncubo estendeu a mão e o impediu.
– Recomponha-se primeiro garoto. Depois preciso que leve Isabel e
Salomon até Santos, ele precisa de um banho de mar. – Aron olhou para os

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dois e voltou a rir. – Suspeitei que estivessem tendo alguma coisa quando
sumiram juntos da festa, agora tenho certeza.
– Tio...
– Não precisam me dar explicações, Lygia. Vocês dois já são adultos. Nos
vemos depois. – Aron abriu a porta e deixou o quarto.
Thomaz usou toda a sua agilidade de vampiro para ir até ela e trancá-la.
Lygia não tinha certeza, mas ele pareceu ainda mais pálido do que o comum.
– Precisamos assumir isso, antes que eu tenha um infarto.
– Mas e meu pai? – Lygia se encolheu na cama.
– Terei que lidar com ele mais cedo ou mais tarde. Eu prefiro mais cedo.

Dante passava geleia em uma torrada enquanto ouvia Salomon contar


histórias sobre o mar do Caribe e ficava cada vez mais tentado a conhecer o
lugar.
Natasha conversava sobre a gravidez, quando, com o canto de olho, viu
filha entrar na sala de jantar de mãos dadas com Thomaz.
Todos os seis reunidos na sala se viraram para encarar o jovem casal e
Lygia escondeu o rosto atrás do ombro do vampiro.
– Gostaria de aproveitar que estão todos reunidos para dizer que eu sempre
senti que a Lygia era mais do que uma prima para mim. Eu fui acolhido por
essa família e serei eternamente grato, mas não quero ela como parente e sim
como mulher.
Lygia engoliu em seco sem coragem de encarar os pais.
Aron e Dária apenas sorriram brevemente, incentivando a atitude decidida
do filho.
Natasha largou o copo de suco sobre a mesa e ficou de pé.
– Fico feliz que tenham admitido rápido. – Ela foi até eles e os abraçou.
Dante olhou para cada um dos sentados à mesa. Havia um sorriso discreto
e um leve olhar de cúmplices. Ele largou a torrada sobre o pires.
– Então todo mundo aqui sabia menos eu?
– Era um pouco obvio. – Isabel voltou a tomar seu leite com naturalidade.
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– Se serve de consolo eu também não sabia. – Salomon jogou um biscoito


na boca tentando conter o riso, mas acabou engasgando.
– Noite passada os gemidos eram vocês dois. – Dante cruzou os braços.
– Por favor, pai não o machuque. – Lygia ficou à frente de Thomaz e abriu
as asas de penas negras em toda a sua envergadura, obstruindo
completamente o caminho até o jovem vampiro.
– Machucá-lo? – Dante gargalhou. – Guarde as asas, mocinha. Ninguém
se machucará por esse motivo. Nem hoje nem em qualquer outro dia.
– Não? – Lygia arregalou os olhos verdes, confusa. Essa não era a reação
que esperava.
– Claro que não! – Dante ainda ria. – Filha de quem é, estou surpresa de
ter demorado tanto.
– Ei! – Natasha deu uma cotovelada no marido.
– Estou falando a verdade, você era impossível.
– Então não tinha motivos para que nenhum dos demônios do inferno
temessem?
– Hã? Claro que não.
Lygia quis rir e chorar ao mesmo tempo enquanto encarava a expressão
amigável e brincalhona do pai. Não havia motivo algum para tanto medo. Os
demônios a evitaram com medo de uma retaliação que não aconteceria.
– Então por vocês tudo bem se ficarmos juntos? – Thomaz puxou Lygia
para junto do seu peito.
– Queremos sua felicidade, filho. – Aron e Dária sorriram para ele.
– Ele é lindo, fez uma ótima escolha. – Natasha não conteve a
empolgação.
Lygia buscou o olhar do pai mais uma vez.
– Concordo com sua mãe. Thomaz é uma boa escolha. Pelo menos é o
único cara da sua idade que conheço de perto.
Ela abriu um largo sorriso e correu até a mesa, atirando-se nos braços de
Dante que a acolheu com carinho.
– Tome conta dela. – Dante encarou Thomaz. – Pode ser uma mulher
agora, mas sempre será a minha menininha.
O jovem vampiro sorriu.
– Eu cuidarei, senhor.
A sala ao redor de Thomaz pareceu muito menos claustrofóbica depois do
sorriso gentil de seu mais novo sogro.
– AB negativo ou O positivo, filho? – Dária se levantou para ir até a
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cozinha.
– O está bom.
– Pera, você mordeu a Lygia? – O olhar de Dante dessa vez já não era
mais tão gentil.
– Provavelmente. – Aron conteve o riso quando Dária olhou feio para ele.
Thomaz engoliu em seco.
– Não é ruim pai. – Lygia escondeu o rosto no peito de Dante assim que
suas bochechas coraram ao se recordar da sensação.
Ele respirou fundo. Ser poupado dos detalhes tornava mais fácil aceitar
sua filha na cama de quem quer fosse.
Dária voltou à sala e entregou um copo da sangue quente ao filho. Apoiou
a mão no ombro dele antes de se afastar.
– Vá com calma. – ela sussurrou.
– Eu irei, mãe.
– Quando poderemos sair juntos? – Lygia voltou para perto de Thomaz.
– Assim que a noite cair.
Deu um breve selinho nela e assim que o ambiente da sala não ficou tenso,
ele entendeu que estavam oficialmente juntos.

Assim que o sol se pôs atrás dos arranha-céus da capital paulista, o jato
deixou a casa dos Donovans. Lygia, sentada no banco do copiloto, tinha os
olhos brilhando por poder ver tudo do alto mais uma vez.
Isabel estava em uma poltrona e os observava pela porta da cabine deixada
aberta.
Salomon ao lado dela só tinha atenção para a barriga, onde o bebê
chutava.
– Eles são uns fofos juntos. E não levaram centenas de anos para encontrar
um ao outro.
– Nem ficaram negando os próprios sentimentos. – O tritão lembrou do
próprio erro ao beijar a barriga da esposa.
– Espero que nosso filho também tenha sorte.
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Salomon riu.
– Isabel, o garoto mal nasceu. Ele terá outras coisas para se preocupar
antes de amor e sexo.
– Só espero que ele encontre logo, principalmente se for um íncubo e
precisar disso.
– Meu amor, deixe-o nascer primeiro.
Isabel mostrou língua e Salomon a beijou, puxando-a para o seu colo.
– Ainda não! Os meninos estão ali.
– Já não são mais meninos.
– Salomon!
Na cabine, Lygia se virou para Thomaz, observando-o concentrado nos
comandos da pequena aeronave. Colocou a mão sobre a dele e sorriu ao
encarar o céu sem estrelas através do vidro atrás dele.
Ele sorriu de volta e mandou um beijo.
– Você é tão linda. – Ele se perdeu observando os traços que formavam o
rosto da jovem mulher. Os lábios vermelhos, os grandes olhos verdes
emoldurados por cílios grossos e negros, a pele clara e suave.
As bochechas dela coraram levemente.
– Olha, o mar! – Ela se debruçou sobre o painel e o vidro assim que viu a
imensidão azul.
– Cuidado com os botões, Lygia.
– Ah, desculpa. – Ela se encolheu.
Ele sorriu.
Logo Thomaz parou o avião na praia e todos desceram.
Deslumbrada, Lygia apertou a mão dele. Observava as ondas quebrarem
sobre a areia. Ficou se perguntando quantas coisas incríveis ainda conheceria
na terra.
Alguns metros longe deles, Salomon torceu a cara. O mar não era nem de
perto tão belo quanto o que estava acostumado. Entretanto, conteve qualquer
comentário. Em algumas semanas, ele e Isabel voltariam para casa. No
momento ele só precisava de forças para dar forças a ela.
– Vamos? – Ele pegou Isabel no colo.
– Sim. – Ela sorriu para o tritão com um ar malicioso.
Lygia observou os tios entrarem na água e tentou evitar qualquer pergunta
sobre o que fariam ali. Voltou sua atenção para Thomaz e puxou a mão dele.
– Vamos entrar também. – Saiu o arrastando até onde a onda quebrou
sobre seus pés e ela se encolheu. – A água está gelada!
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– O que esperava, minha gatinha arrisca?


– Que estivesse quente. – Ela se encolheu outra vez com a onda seguinte.
Thomaz gargalhou.
– Não é como a água do chuveiro e essa é salgada.
– Podemos voltar para o jato, estou com frio.
– Pensei que gostaria de tomar um banho de mar. – Ele colocou uma
mecha do cabelo preto atrás da orelha.
– Posso voltar em um dia mais quente com os meus país.
– Tudo bem. – Ele caminhou de volta com ela.
Assim que Thomaz encostou a porta para evitar o vento gelado Lygia se
atirou em seus braços.
– Achei que quisesse se esquentar e eu sou gelado.
– Ah, você me esquenta. Pode ter certeza que esquenta. – Ela embrenhou
os dedos pequenos pelos macios cabelos ruivos.
Thomaz já estava cansado de ao menos tentar resistir. Segurou-a pela
cintura e a empurrou contra a porta fechada da aeronave.
Lygia gemeu ao sentir os lábios frios tocarem a base de seu pescoço,
enquanto o restante do corpo era percorrida pelas mãos ágeis e habilidosas.
O calor do beijo dela, quando os lábios de Lygia encontraram os seus,
fluiu por todo o corpo de Thomaz. Com ela o vampiro se sentia vivo como
nunca. Ele se perdeu na sensação da boca dela na sua, no beijo que se tornava
cada vez mais voraz. A língua de sabor doce era sua perdição e ele não fazia
questão alguma de se encontrar.
Lygia soube o que era desejo no momento em que botou os olhos no
garoto da infância que havia se tornado um homem. Aqueles que perseguia
no inferno e se esquivavam como cobras, não passavam de mera curiosidade,
mas com Thomaz... Parou de pensada no momento em que a mão firme dele
apertou sua coxa e subiu puxando a calça justa e preta. A peça envolvia seu
corpo de maneira apertada, no entanto, ele era habilidoso e a removeu com
agilidade.
Suas costas bateram contra a estrutura de metal da fuselagem da aeronave
e Lygia gemeu. Por sorte ele a envolveu pela cintura com mãos e a ergueu,
antes que as pernas bambas falhassem. Entretanto, essas tiveram forças o
bastante para abraça-lo na altura dos quadris.
Sem devias o olhar do rosto de dela, Thomaz levou a mão entre os corpos
e abriu o zíper da blusa de couro que ela vestia. Puxou Lygia um pouco para
frente apenas para a peça poder deslizar pelos braços até o chão. Não havia
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proteção de sutiã ou qualquer peça nos seios, que tocaram o rosto de Thomaz
e o vampiro não hesitou em abocanhar um dos mamilos rígidos. O gosto da
pele de Lygia já havia o viciado.
Empurrou-a contra a porta da aeronave outra vez e usou as mãos livres
para trocá-la. Percorreu das coxas à cintura e dela aos seios, e depois os
macios cabelos negros. A pele cálida o incendiava.
Parou de chupar um dos seios apenas para dar atenção ao outro, enquanto
com as mãos tratava de enlouquecê-la.
Lygia cravava as unhas afiadas nos braços de Thomaz, enquanto se
contorcia inteira. As mãos que percorriam seu corpo deixavam uma trilha de
gelo pelo caminho que provocava calafrios cada vez mais intensos. A
necessidade por tê-lo crescia mais a cada toque. Não queria ter que implorar,
então usou a mãos para abrir espaço entre seus corpos e forçou-o a parar de
chupar seus seios. Afoita, procurou pelo zíper da calça de Thomaz e
encontrou os olhos dele a encarando com malícia enquanto Lygia puxava a
calça para baixo.
A calcinha foi a última peça que restou e Thomaz a rasgou para não
precisar descê-la.
O leve ardor da peça sendo partida a excitou ainda mais. Lygia não
esperou qualquer investida de Thomaz para esfregar sua umidade nele.
O vampiro arfou ao apoiar uma das mãos na porta e com a outra segurá-la
firme na cintura. Ele ainda vestia uma camiseta cinza, mas nem se preocupou
em retirá-la. Quando Lygia se esfregou de novo nele, mostrando-o o quanto
estava molhada, Thomaz mandou para o inferno toda a vontade de ir devagar
e penetrou-a num movimento rápido de um tranco.
Lygia envolveu o pescoço dele com os braços assim que um grito escapou
por seus lábios aveludados. Ela jogou a cabeça para trás e mordeu os lábios
ao senti-lo começar a se mover. Entrelaçou as pernas ao redor dele com ainda
mais força, obrigando-o a entrar fundo. Suas costas batiam contra a porta de
metal, mas Lygia estava tão perdida nas sensações de prazer que a tomavam
para se dar conta disso.
Os movimentos eram cada vez mais frenéticos e Thomaz nem se
preocupou em ir mais devagar, pois ela o acompanhava tão bem.
Lygia abaixou a cabeça e encontrou os olhos vermelhos dele que se
reviravam. Teve certeza de que a mesma expressão de prazer estava
estampada em seu rosto.
Thomaz tirou a mão da parede e, com as duas, segurou a bunda de Lygia,
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adentrando-a toda até poder tocar a entrada útero. O interior dela estava tão
molhado que era fácil deslizar por ele com maestria.
Quando o orgasmo a invadiu, Lygia o apertou com ainda mais força no
momento em que todos os seus músculos se contraíram. Ela gritou enquanto
se perdia na intensidade dos formigamentos e espasmos. Thomaz se juntou a
ela momentos depois. Ofegante, Lygia apoiou sua testa na dele buscando
retomar o controle do próprio corpo.
– Podemos deitar uma das poltronas e usá-la como cama. – Ele a desceu
para o chão ainda a segurando pela cintura.
– Thomaz... – Ela o puxou pelo rosto forçando-o a encará-la outra vez. –
Eu te amo.
Ele abriu um enorme sorriso e a pegou no colo levando até a poltrona.
– Eu também te amo. – Deitou-se sobre ela é começou a traçar uma linha
de beijos pelo pescoço.
– Seremos como nossos pais, felizes para sempre? – Lygia passou os
dedos pelos cabelos ruivos do vampiro.
– Eu aposto que sim. – Thomaz a beijou, puxando-a para si e começarem a
fazer amor de novo.

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