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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA – UNICURITIBA

ARQUITETURA E URBANISMO

WANIA RAQUEL CHAVES DIGNER VALENCIO

EDIFÍCIO VERTICAL DE USO MISTO NO CENTRO DE CURITIBA (PR)

CURITIBA
2022
2

WANIA RAQUEL CHAVES DIGNER VALENICO

EDIFÍCIO VERTICAL DE USO MISTO NO CENTRO DE CURITIBA (PR)

Monografia apresentada ao curso de


Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário Curitiba – UNICURITIBA como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel.

Orientadora: Ma. Cristiane Martins Baltar


Pereira.

CURITIBA
2022
3

WANIA RAQUEL CHAVES DIGNER VALENICO

EDIFÍCIO VERTICAL DE USO MISTO NO CENTRO DE CURITIBA (PR)

Monografia aprovada como requisito parcial para


obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e
Urbanismo do Centro Universitário Curitiba, pela
banca examinadora formada pelos professores:

_____________________________________________
Orientadora: Mestre Cristiane Baltar Pereira

____________________________________________
Professor membro da Banca

____________________________________________
Professor membro da Banca

Curitiba, 12 de dezembro de 2022.


4

Ao meu Deus, o Criador, Arquiteto do Universo.


5

Se projetas alguma coisa, ela te sairá bem,


e a luz brilhará em teus caminhos.
(JÓ 22:28, ARA).
6

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de formular um compilado de


informações para a elaboração de um projeto arquitetônico para um edifício de uso
misto, propondo em uma edificação, os tipos de uso residencial, comercial e
corporativo, conectado por um espaço aberto, contínuo e sustentável, em um terreno
central na cidade de Curitiba, no estado do Paraná. O objetivo é promover a
melhoria da mobilidade urbana e o aumento da densidade populacional na regional
centro, com a criação de espaços públicos a fim de alcançar o crescimento
econômico da cidade. Três estudos foram analisados como estudo de caso de
edifícios misto para agregar novos conhecimentos e soluções para sua utilização no
projeto futuro. A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica, em que se
buscou textos, artigos e trabalhos durante o ano de 2022. Com base no referencial
teórico levantado na pesquisa bibliografia, e a partir da análise dos três estudos de
caso selecionado, foi proposto um projeto de edifício multifuncional que agregue
valor à cidade e contribua para melhorar a qualidade de vida da população.
Palavras-chave: edifício de uso misto; edifício residencial; corporativo;
coworking; espaços multifuncionais.
7

ABSTRACT

This work was developed with the objective of formulating a compilation of


information for the elaboration of an architectural project for a mixed-use building,
proposing in a building, the types of residential, commercial and corporate use,
connected by an open space, continuous and sustainable, on a central lot in the city
of Curitiba, in the state of Paraná. The objective is to promote the improvement of
urban mobility and the increase of population density in the regional center, with the
creation of public spaces in order to achieve the economic growth of the city. Three
studies were analyzed as a case study of mixed buildings to add new knowledge and
solutions for their use in future design. The methodology used was a bibliographical
research, in which texts, articles and works were sought during the year 2022. Based
on the theoretical framework raised in the bibliography research, and from the
analysis of the three selected case studies, a project of multifunctional building that
adds value to the city and contributes to improving the quality of life of the population.
Keywords: mixed-use building; residential building; corporate; coworking;
multifunctional spaces.
8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Divisão territorial dos bairros da regional. ...................................... 12


Figura 2 – Ínsula – Roma antiga. .................................................................... 16
Figura 3 – Unit d’ habitation – Le Corbusier (1952) ........................................ 17
Figura 4 – Escritório Coworking – Appareil ..................................................... 21
Figura 5 - Alteração durante o dia da temperatura de cor da luz solar ........... 25
Figura 6 - Residência NB de Jacobsen Arquitetura. ....................................... 27
Figura 7 – Divisórias Eucatex ......................................................................... 29
Figura 8 – Edifício Biofílico de Kengo Kuma em Milão. .................................. 31
Figura 9 – Reforma Tower – Perspectiva do Recorte Volumétrico do Edifício.
.................................................................................................................................. 33
Figura 10 - Implantação e Acessos. ............................................................... 34
Figura 11 - Esquema de Circulação. .............................................................. 34
Figura 12 - Fachada do Edifício – Cheios e Vazios ........................................ 35
Figura 13 – Esquema de Iluminação e Ventilação – Átrio e vazio. ................. 35
Figura 14 - Técnicas Construtivas. ................................................................. 35
Figura 15 – Implantação do edifício Rochaverá Corporate Towers ................ 36
Figura 16 – Perspectiva do edifício Rochaverá Corporate Towers ................. 37
Figura 17 - Planta do Pavimento Térreo da Torre Crystal Tower. .................. 37
Figura 18 - Projeto Rochaverá Corporate Towers. A: Plantas baixas dos
pavimentos tipos das 4 torres e planta de cobertura do Edifício Garagem. B: Corte
do Projeto do Rochaverá Corporate Tower. .............................................................. 39
Figura 19 – Fachada do complexo ................................................................. 39
Figura 20 - Foto Interna do Edifício. ............................................................... 40
Figura 21 - Corte esquemático para apresentação das principais
características do Rochaverá. ................................................................................... 42
Figura 22 - Implantação e Entorno. ................................................................ 44
Figura 23 – Localização e entorno do Rochaverá Corporate Tower. .............. 44
Figura 24 - Central de Cogeração. ................................................................. 45
Figura 25 - Fachada do Edifício Eurobusiness. .............................................. 45
Figura 26 - Localização – Entorno do Eurobusiness ...................................... 46
Figura 27 - Planta Baixa do Térreo – Eurobusiness. ...................................... 47
9

Figura 28 - Armazenamento de água da chuva no telhado – Eurobusiness... 47


Figura 29 - Mapa de Curitiba – Bairro Centro e Terreno sem Escala. ............ 52
Figura 30 – Localização, via de entornos e sentido das vias. ......................... 53
Figura 31 - Vista Aérea do Terreno. ............................................................... 53
Figura 32 - Visuais do Terreno. ...................................................................... 54
Figura 33 - Curvas de Nível. ........................................................................... 55
Figura 34 - Malha Urbana – Uso e Ocupação do Solo Urbano....................... 55
Figura 35 – Mapa de zoneamento. ................................................................. 56
Figura 36 - Gabarito do Entorno do Terreno. .................................................. 57
Figura 37 - Insolação. ..................................................................................... 57
Figura 38 - Mapa Síntese do Terreno e seu Entorno. ..................................... 58
Figura 39 - Mapa de usos. .............................................................................. 58
Figura 40 - Plano de Ocupação. ..................................................................... 61
Figura 41 - Subsolo I....................................................................................... 64
Figura 42 – Subsolo II. .................................................................................... 65
Figura 43 – Setor Social Térreo + Mezanino .................................................. 66
Figura 44 – Setor de Serviços e Conveniências ............................................. 67
Figura 45 – Pavimento Torre Tipo .................................................................. 68
Figura 46 – Pavimento Cobertura ................................................................... 69
10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características do edifício, segundo Olevate (2017) .................... 41


Quadro 2 - Quadro de resumo dos estudos de caso ...................................... 48
Quadro 3 - Quadro de pontos fortes e fracos dos estudos de caso ................ 51
Quadro 4 - Parâmetros Construtivos da Guia Amarela................................... 59
Quadro 5 - Parâmetros Construtivos da Guia Amarela................................... 59
Quadro 6 - Parâmetros Construtivos da Guia Amarela................................... 59
Quadro 7 - Classificação de usos da Guia Amarela. ...................................... 60
Quadro 8 - Cálculo de viabilidade do terreno.................................................. 61
Quadro 9 - Quadro total de áreas. .................................................................. 62
Quadro 10 - Programa de Necessidades com Pré-Dimensionamento ........... 62
11

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 EDIFÍCIO DE USO MISTO ..................................................................................... 16
3 ARQUITETURA DE ESPAÇOS PARA ESCRITÓRIOS ......................................... 20
3.1 Coworking ................................................................................................. 20
3.2 Corporativo ............................................................................................... 21
4 CONFORTO AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS DE USO MISTO ................................. 23
4.1 CONFORTO TÉRMICO ............................................................................ 24
4.2 CONFORTO LUMINOSO ......................................................................... 25
4.3 CONFORTO ACÚSTICO .......................................................................... 28
4.4 ERGONOMIA ........................................................................................... 29
4.5 HUMANIZAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE USO MISTO ................................... 29
4.6 BIOFILIA ................................................................................................... 30
5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 33
5.1 REFORMA TOWER.................................................................................. 33
5.2 ROCHAVERÁ CORPORATE TOWERS ................................................... 36
5.3 EUROBUSINESS – CURITIBA, BRASIL .................................................. 45
5.4 QUADROS COMPARATIVOS .................................................................. 48
6 DIRETRIZES DE PROJETO .................................................................................. 52
6.1 ANÁLISE DO TERRENO .......................................................................... 52
6.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES .......................................................... 62
6.3 ORGANIZAÇÃO FLUXOS INTERNOS E EXTERNOS............................. 63
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 70
8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 71
ANEXO A – Consulta Informativo do Lote – Indicação Fiscal - 12.013.020 .............. 76
ANEXO B – Consulta Informativo do Lote – Indicação Fiscal - 12.013.023 .............. 77
ANEXO C – Consulta Informativo do Lote – Indicação Fiscal - 12.013.025 .............. 78
ANEXO D – Consulta Informativo do Lote – Indicação Fiscal - 12.013.026 .............. 79
ANEXO E – Consulta Informativo do Lote – Indicação Fiscal - 12.013.027 .............. 80
12

1 INTRODUÇÃO
Segundo o banco de dados do IPPUC (2020), a estimativa populacional do
bairro Centro da cidade de Curitiba é de 42.853 habitantes. O aumento da
população residente na região foi de 14,94% no período de 2010 a 2020.
Tendo em vista o crescimento demográfico acelerado, a tendência
arquitetônica dos edifícios verticais mistos é utilizada como solução para resolver
questões de moradia, trabalho e lazer na mesma edificação, ou entorno, com maior
aproveitamento do espaço, diminuindo a necessidade de deslocamento.
A figura 1 demonstra a localização do bairro Centro, que faz parte da regional
matriz da cidade de Curitiba, com 328,30 hectares de extensão, e faz divisa com os
bairros Batel, Rebouças, Jardim Botânico, Cristo Rei, Alto da XV, Alto da Glória,
Centro Cívico, São Francisco, Mercês e Bigorrilho.
Há uma concentração da distribuição espacial das atividades econômica no
bairro Centro, que corresponde sozinho por 34% dos estabelecimentos ativos na
regional matriz em 2020. Como solução, os edifícios verticais mistos têm ganhado
destaque na arquitetura.

Figura 1 - Divisão territorial dos bairros da regional.

Fonte: IPPUC – Geoprocessamento (2018).

Segundo a Prefeitura de Curitiba (2022), o planejamento urbano da cidade é


uma preocupação desde o século XIX. Entre 1941 e 1943, o engenheiro francês
13

Alfred Agache elaborou um plano de desenvolvimento urbano para a cidade e ele


propôs uma configuração viária radical para a época. Por causa do acelerado ritmo
de crescimento do município, a partir da década de 1950 o planejamento urbano
tornou-se uma necessidade. Durante o processo de planejamento, foram levados
em consideração os aspectos sociais e culturais, adaptando os conceitos básicos à
dinâmica da paisagem da cidade.
A paisagem das cidades é formada pelas relações que os edifícios têm entre
si e entre os espaços livres que os envolvem, não apenas pela imagem dos edifícios
que a compõem. Mais do que somente ocupar fisicamente um lugar no espaço,
algumas arquiteturas complementam e redefinem seu entorno imediato, tornando-se
parte inseparável dele.
Isso é o que atesta Oscar Niemeyer (1997) ao dizer que “o espaço
arquitetural faz parte da arquitetura e da própria natureza, que também a envolve e
limita”. Através do cenário pós-pandêmico, observa-se a importância da vida e do
bem-estar, onde o morar, o trabalhar e o lazer se complementam diariamente,
trazendo um contexto sólido e sustentável para o espaço e para o lugar (CECÍLIA,
2008).
Gauzin-Muller (2011), traz o termo “ecológico” a fim de substituir o
“ambiental”, pois, para o autor, arquitetura ecológica tem como princípio a utilização
natural dos materiais, respeitando seu comportamento na natureza quanto à
extração e a sua recomposição natural.
Já para o termo “sustentável”, coloca-se que ele tem como princípio ser
aplicado em todo o processo, completando o tripé que abrange o meio ambiente, o
social e o econômico. Dessa forma, possibilita a redução do impacto ambiental, e os
resultados são cada vez mais eficientes; nesse caso, a arquitetura ecológica
corresponde à parte ambiental desse tripé.

A escolha dos materiais tem, ao mesmo tempo, influência sobre o meio


natural, o ambiente interno das construções e a saúde dos moradores. A
avaliação do impacto dos materiais de construção sobre o meio ambiente
leva em consideração os prejuízos inerentes a cada uma das fases de seu
ciclo de vida: fabricação, aplicação na obra, uso e manutenção, demolição,
eliminação dos resíduos. Sua aplicação na construção torna-se complexa
devido às interações, e até mesmo às contradições, entre os diferentes
objetivos (GAUZIN-MULLER, 2011, p. 121).
14

Dessa forma, segundo o autor, a escolha dos materiais para a execução da


proposta deve ser minuciosa, cumprindo os requisitos básicos para uma construção
eficiente, sustentável e ecologicamente correta.
Este trabalho tem como objetivo principal gerar diretrizes para o
desenvolvimento de projetos com tipologia de edifícios mistos, que envolvem o uso
residencial, comercial e corporativo, no Centro da cidade de Curitiba, no estado do
Paraná. Os objetivos específicos da pesquisa são: estudar tipos de edifícios mistos,
analisar a arquitetura de espaços para escritório, o conforto ambiental e a
sustentabilidade em edifício de uso misto, além de analisar três estudos de caso.
Ainda no rol de objetivos, propõe-se investigar soluções projetuais, práticas
sustentáveis e de racionalização e humanização do ambiente construído, formando
um contraposto ao espaço de trabalho. Algumas dessas ideias são amenizar a
sensação rotineira e causar sensações de bem-estar nos usuários.
A pesquisa também fará análises do local e seu entorno imediato, com
levantamentos em relação ao uso e ocupação do solo, buscando oferecer
dinamismo aos setores para estimular diferentes tipos de interações e percepções,
assim como promover paisagismo no interior do edifício, para o relaxamento e para
desviar-se do local de trabalho.
Também é importante propor acessibilidade total ao projeto, observando que
se trata de um local público, onde os PCDs sejam capazes de usufruir deste espaço
para uso ou trabalho. Outro ponto considerado é a necessidade de projetar um
edifício que respeite o entorno, mas que seja funcionalmente diferenciado, ou seja,
com ambientes que atendam as finalidades dos usuários, propiciando o bem-estar e
a qualidade de vida.
As metodologias aplicadas a este trabalho foram as pesquisas bibliográficas,
através da leitura de textos, artigos e teses referentes ao tema proposto no período
letivo do ano de 2022. As fontes consultadas foram revistas científicas, trabalhos
acadêmicos e o Google Acadêmico.
Os procedimentos metodológicos adotados durante o desenvolvimento deste
trabalho foram divididos em seis capítulos, abordando em seu primeiro capítulo uma
contextualização no que diz respeito aos conceitos e caracterização dos edifícios de
uso misto.
15

O segundo capítulo contempla a conceitualização de escritórios e a distinção


entre os espaços de coworking e corporativo. Os terceiro e quarto capítulos trazem
as diretrizes de conforto ambiental, iluminação e ergonomia em edifícios de uso
misto, onde há a valorização dos espaços internos, com o uso de uma boa
iluminação, por exemplo, e o ambiente de trabalho com layout ergonômico.
O quinto capítulo propõe uma análise de três estudos de caso, sendo o
primeiro a Reforma Tower, uma proposta internacional; já o segundo estudo de caso
é do escritório Nacional Aflalo & Gasperini Arquitetos, o Rochaverá, em São Paulo; e
o terceiro estudo de caso regional em Curitiba é o edifício Eurobusiness.
No capítulo seguinte estão elencadas as diretrizes projetuais, através do
diagnóstico do centro. Percebe-se nesta análise o potencial construtivo do terreno
proposto e seu entorno para a elaboração do futuro projeto.
16

2 EDIFÍCIO DE USO MISTO


OS edifícios mistos são um conceito ancestral, visto que eram utilizados já no
período da Roma antiga. Daquela época, encontramos exemplos de padrões de uso
misto, ou seja, edifícios em que há a união de duas ou mais funções numa única
estrutura, como mostra a figura 2 (VECCHIATTI, 2015, p.2).

Figura 2 – Ínsula – Roma antiga.

Fonte: Vecchiatti, (2015, p. 2)

Segundo Teixeira (2021), a Revolução Industrial, que teve início no século


XVIII, apresentou novos contextos, novas técnicas e novos tipos de materiais (como
vidro, concreto, ferro e aço). Estes, então, passaram a ser utilizados em escala
industrial.
Também houve grandes avanços nas pesquisas, ampliando as possibilidades
e as soluções para a arquitetura e para a engenharia na criação de grandes obras.
Com o cenário pós-guerra, a necessidade de reconstrução, a crise econômica
estabelecida, as mudanças dos cenários político e a saturação de antigos padrões, o
Modernismo surge, sugerindo o conceito inovador de relacionar o homem com o
meio que vive.
Após uma passagem pela Argentina, em 1929, Le Corbusier participou de um
debate em São Paulo sobre os problemas urbanísticos da cidade. Esse período
coincidiu com a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas.
Em 1935, o projeto do edifício sede do Ministério da Educação e Saúde foi
confiado a Lúcio Costa, com a participação de Oscar Niemeyer e Ernani
Vasconcelos. Le Corbusier foi convidado para ser consultor do projeto, que ficou
17

pronto em 1937. Após o sucesso do edifício, o “Movimento Moderno Brasileiro” foi


reconhecido internacionalmente pela primeira vez pela sua originalidade (TEIXEIRA,
2021).
No início do século XX, Le Corbusier e outros pensadores do Movimento
Moderno desenvolvem o conceito do “novo modo de morar”. Surge, então, “a
unidade de habitação como concepção de vida de comunidade”. Le Corbusier
preocupou-se com a relação distância-tempo no deslocamento dos moradores e
implantou a ideia de cidade ideal (VECCHIATTI, 2015, p. 4).
A figura 3 mostra a Unite d’habitation, obra de Le Corbusier com foco na vida
comunitária dos moradores, uma área para fazer compras, viver, socializar e se
divertir, chamada de “cidade-jardim vertical” (ARCHDAILY, 2022).

Figura 3 – Unit d’ habitation – Le Corbusier (1952)

Fonte: Archdaily, 2016.

Com o início da aplicação de arranha-céus na arquitetura, os edifícios de uso


misto tiveram uma maior área de aplicação, mesmo com a dificuldade encontrada
pelos zoneamentos urbanos, pois impediam o avanço da evolução deste tipo de
edificação (MUSIATOWICZ, 2008).
Na década de 1970, os novos arquitetos contemporâneos diziam que o
modernismo era um estilo “monótono” e criticavam a separação dos espaços, que
não diferenciavam claramente o privado do público. O foco passa, desde então, a
ser a busca pela “maneira certa de projetar”. Sendo assim, o pós-modernismo e
outros estilos e tendências iniciam a arquitetura contemporânea (TEIXEIRA, 2021).
18

Segundo Jorge (2012), os estudos em torno das tipificações, soluções


construtivas, divisões e programa de necessidades foram realizados por alemães e
holandeses. Geraram duas vertentes: uma propondo o aproveitamento total do
espaço e a outra, a indeterminação dos cômodos.
A tipologia de edifício tem sido bastante utilizada, e Gregotti (1975) define de
forma geral como:

 modelo no qual são extraídas cópias e esquemas de comportamento; e


 conjunto de traços característicos para sua classificação.

Para o autor, por meio desse conceito, é possível analisar a arquitetura física
do ambiente através da redução tipológica. Segundo Lima (2010), para o surgimento
de um tipo condicionado, há o estudo de diversos exemplares; a comparação e a
superposição do tipo são feitas de formas individuais.
Uma das maiores contribuições da arquitetura nos últimos anos tem sido o
estudo dos sentidos e percepções humanas no design. A psicologia ambiental e a
psicologia ecológica vêm desenvolvendo pesquisas sobre as experiências humanas
e o ambiente em que vivem. Os arquitetos contemporâneos têm estudado para o
desenvolvimento do projeto com preocupação em dimensão do sujeito, tanto
arquitetônico quanto urbanísticos, e debatendo o programa de necessidades
(DIONIZIO, 2022).
Para Jorge (2012), na arquitetura, o estudo da flexibilidade é uma tendência,
podendo ser praticada por necessidade ou consciência ambiental. Ela está
relacionada com a transformações de hábitos e é um desafio, pois as necessidades
estão em constante mudança. Há a necessidade de espaços e adequação dos
espaços multifuncionais, proporcionando satisfação, conforto e autonomia ao
morador; e, por fim, ampliar a vida útil do edifício. Tendo em vista esse cenário, a
multifuncionalidade é a ferramenta utilizada para acompanhar as incertezas
imprevisíveis do futuro.
O conceito de multifuncionalidade significa usar uma área específica para
diferentes finalidades, ou seja, uma área que pode desempenhar diferentes funções.
Essas diferentes funções tendem a desenvolver-se em zonas separadas, em uma
segregação de funções. Segundo Navalho et al. (2005), esse processo pode ser
19

alcançado combinando diferentes unidades espaciais com diferentes funções ou


integrando diferentes funções em uma mesma unidade territorial.
De acordo com Antonucci et al. (2007), a arquitetura multifuncional constitui
um edifício ou conjunto de edifícios que satisfazem funções heterogêneas. Isso
significa que são construções que abrigam diversas funções, seja habitação,
trabalho e lazer, conceito trazido pela Revolução Industrial
Os edifícios multifuncionais, ou os complexos de edifícios com múltiplas
funções, possuem uma tipologia que compartilha os usos habitacional, comercial e
serviços na mesma edificação ou na mesma área. Eles representam um novo
paradigma do viver na cidade. Trazido pela Revolução Industrial, os
empreendimentos multifuncionais estão sendo retomados atualmente como solução
para a renovação e reocupação das áreas centrais das grandes cidades
(ANTONUCCI et al., 2007).
Embora os edifícios multifuncionais não sejam novidade no estudo de projetos
da arquitetura, atualmente sua aplicabilidade é restringida a exemplos pontuais ou
inesperados e é configurado como um tema inovador de investigação (JORGE,
2012).
O edifício multiuso é um único edifício ou um complexo combinado em um,
com habitação, comércio, serviços, lazer, cultura, divertimento, entre outros, em
diferentes escalas. Tem as características e os benefícios que um espaço de
qualidade pode trazer às empresas, como o conforto dos colaboradores, o estímulo
à criatividade, a oferta de zonas de descanso, a melhoria da imagem da marca e a
captação de novos talentos (DIZIURA, 2009).
Fialho (2007) discorre sobre a implantação de grandes empreendimentos
multifuncionais, ou seja, arquitetura com espaços para escritórios, comerciais e
residenciais. Como exemplos temos, na década de 1990, o complexo World Trade
Center, e, em São Paulo, em meados dos anos 2000, o Brascan Century Plaza.
20

3 ARQUITETURA DE ESPAÇOS PARA ESCRITÓRIOS


Os projetos para empresas de escritórios merecem atenção, pois exigem um
design atual e moderno. A arquitetura empresarial também deve estar atenta ao
bem-estar dos usuários, pois o lugar de trabalho pode reduzir a produtividade e o
desempenho do funcionário. Por isso, o projeto deve ser desenvolvido pensando no
bem-estar dos colaboradores.

3.1 COWORKING
Conforme Sebrae (2001), além de otimizar espaços, o coworking visa a
relação entre pessoas, ampliando assim os resultados e impulsionando profissionais
a seguirem carreira com menos dificuldades.
Coworking é uma tendência que tomou força nos últimos anos, modificando a
forma com que empresas se relacionam e como empreendedores trabalham e
compartilham, aumentando o networking com pessoas de diversas áreas e estilos,
não somente no seu segmento. Isso vem aumentando sua produtividade, já que os
ambientes e as trocas feitas no espaço são propícios para isso, de maneira mais
sustentável e econômica (SEBRAE, 2001).
Nos espaços de coworking, consideram-se dois exemplos: o comercial padrão
e o corporativo. Se não houver uma relação entre as atividades exercidas em um
edifício comercial, ele é usado por várias empresas. Geralmente, um edifício
comercial possui empreendimentos de pequeno e médio porte. São exemplos:
escritórios diversos, pequenos comércios, agências de publicidade, consultórios de
odontologia, entre outros.
A figura 4 mostra a reforma geral de um armazém, que é um espaço aberto
simples para um grupo de profissionais independentes do mundo da arquitetura e
áreas afins trabalhar. A área é projetada para promover um trabalho transparente,
trocar ideias e promover a colaboração potencial.
Além das mesas flutuantes, o volume é deliberadamente deixado vazio, e
toda a funcionalidade é transferida para os dois complexos multifuncionais de
madeira que abrigam todos os equipamentos necessários e têm capacidade para
abrigar soluções temporárias de trabalho. É possível embutir todos os móveis na
parede para criar um espaço cultural versátil (ARCHDAILY, 2022).
21

Diferente dos empresários vinculados aos edifícios corporativos, os


profissionais que utilizam um ambiente comercial não precisam de um espaço
amplo, tendo em vista que esses pequenos empreendimentos não são ramificados
em muitos setores, facilitando na hora de investir no local escolhido para sediar o
empreendimento. Sendo assim, é importante analisar o tipo de negócio e qual é o
projeto que mais vai se encaixar nas necessidades.

Figura 4 – Escritório Coworking – Appareil

Fonte: Archdaily, 2022.

3.2 CORPORATIVO
Para Castells (1999), a tecnologia da informação e comunicação tiveram um
grande impacto na transmutação do mercado e dos processos de negócios. Então
foram encontradas maneiras para que as pessoas trabalhassem fora dos espaços
corporativos, em lugar de menor escala, mesmo por conta própria.
Essas pessoas solitárias, empreendedores, carentes da infraestrutura que um
escritório pode oferecer e acreditando que cafés com acesso às redes wireless não
são bons ambientes de trabalho, reuniram-se em espaços que possuem todas as
funcionalidades de um escritório aliados a pessoas com o mesmo objetivo: trabalhar
e criar vínculos profissionais.
22

Sobre isso, Benck (2015) relata que o ramo que projeta, estuda e analisa
ambientes para as empresas é a Arquitetura Corporativa, tendo como objetivo a
implementação ou realização de espaços personalizados exclusivos para
edificações corporativas.
Para Piquetti (2012), os dois formatos visam aproximar e facilitar as relações
entre clientes, colaboradores e fornecedores. Porém, o edifício corporativo é focado
em companhias que necessitam mostrar sua marca. Além disso, é mais comum que
sejam projetadas salas específicas para cada setor; por exemplo, o auxiliar
administrativo geralmente não fica na mesma sala que o RH, a supervisão e a
gerência. Isso significa que o edifício corporativo normalmente é ocupado em meia
laje ou uma laje completa em um edifício multifuncional.
O tema Arquitetura Corporativa ganha um novo sentido e relevância quando
analisado em conjunto com os problemas atuais, em diversas empresas. As
mudanças na forma de trabalho e as alterações de normas e de leis trabalhistas têm
feito com que (nos últimos anos) a Arquitetura Corporativa – no que se refere ao
conforto ambiental, ao bem-estar, à qualidade de vida, entre outros – venha,
vagarosamente, ganhando relevância: cada vez mais, as empresas têm buscado a
especialização em ambientes corporativos como instrumento para tornar a
satisfação e a produtividade dos funcionários uma questão de competitividade
(PIQUETTI, 2012).
Geralmente os prédios corporativos são ocupados por empresas de médio e
grande porte, pois a estrutura é maior e demanda mais investimento com projetos,
instalações e adequação do espaço.
23

4 CONFORTO AMBIENTAL EM EDIFÍCIOS DE USO MISTO


Para trabalhar com o bem-estar do ambiente edificado deve-se pensar na
capacidade da arquitetura de interferir nos sentidos humanos. Segundo Fischer,
Tarquinio e Vischer (2004), o projeto arquitetônico pode influenciar as necessidades
e percepções humanas.
Braga (2005, p. 25) afirma que:

A preocupação do homem com seu conforto é diretamente proporcional à


evolução da humanidade, ou seja, quanto mais evoluídas as sociedades,
maiores ficam as exigências relacionadas ao conforto e ao bem-estar [...]
uma pessoa está em um ambiente físico confortável quando se sente em
neutralidade com relação a ele.

De acordo com Haynes (2008), os sentimentos das pessoas estão ligados à


arquitetura em duas abordagens: a temperatura ligada ao conforto, à ventilação e à
ergonomia; e a outra com efeitos psicológicos, como na decoração, higiene e sentir-
se seguro.
Para Mayer (1995), os ambientes de trabalho podem ser projetados para
promover a troca de ideias entre os colaboradores. Ayoko e Härtel (2003) enfatizam
a disponibilidade de proximidade, visibilidade, compartilhamento e para interações
dos funcionários.
De acordo com Lima (2010), o CTBS (Centre Scientifique et Technique du
Bâtiment), em Paris, na França, foi um dos pioneiros na metodologia de avaliar o
desempenho ambiental construído. Ele desenvolveu critérios que devem ser
cumpridos por componentes, ou pelo edifício, e que devem atingir o desempenho
mais adequado. Essas decisões devem ser tomadas pelo projetista, sendo elas:

 segurança estrutural contra fogo ou de uso;


 estanqueidade;
 conforto hidrotérmico;
 pureza do ar: ventilação, controle de odores;
 conforto acústico, visual, tátil ou antropodinâmico;
 higiene;
 adaptação ao uso, durabilidade e economia.
24

Manning (1965) descreveu que a avaliação do desempenho ambiental de


edifícios tem base no pensamento, e a tendência das pessoas é dar preferência
para condições em que são mais familiarizadas. Lima (2010) divide os ambientes em
três tipos:

 ambiente informal: nesse tipo de ambiente não existe padrão de


relacionamento entre as partes que continuem o estímulo (o
pesquisador) e a resposta (o pesquisado);
 ambiente formal não estruturado: o pesquisador organiza os elementos
de estímulo de acordo com a finalidade de pesquisa, mas a resposta é
diferente e sem sua inferência; e
 ambiente formal estruturado: o pesquisador com objetivos definidos
estrutura o estímulo e a resposta na busca de seus interesses.

4.1 CONFORTO TÉRMICO


Braga (2005, p. 25) define conforto térmico “como o estado de espírito que
reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa”. As condições de
conforto térmico são funções de uma série de variáveis, que dependem da atividade
desenvolvida pelo indivíduo, sendo elas: o organismo humano e metabolismo; a
termorregulação; reação ao frio; reação ao calor; catabolismo, anabolismo e fadiga
hidrotérmica; mecanismo de troca térmica entre o corpo e o ambiente; pele e
vestimenta.
A escolha desses índices engloba, num parâmetro, os efeitos dessas
variáveis. Os desenvolvimentos dos índices de conforto térmico foram baseados nos
diferentes aspectos de conforto e são classificados em três categorias (SCHIFFER;
FROTA, 2003):

 índices biofísicos: baseados na troca de calor entre o corpo e o


ambiente;
 índices fisiológicos: baseados nas reações fisiológicas e originadas de
condições conhecidas, como temperatura seca do ar, temperatura
radiante média, umidade do ar e velocidade do ar; e
25

 índices subjetivos: baseadas nas sensações subjetivas de conforto


experimentadas em condições em que os elementos de conforto
térmico variam.

Segundo as autoras, “a escolha de um ou outro tipo de índice de conforto


deve estar relacionada com as condições ambientais, com a atividade desenvolvida
pelo indivíduo, pela maior ou menor importância de um ou de outro aspecto”.
Segundo Piquetti (2012), o desempenho térmico de um edifício depende
fundamentalmente das decisões tomadas na primeira fase do projeto de construção,
tais como: o volume do edifício, a orientação da fachada, a área, a posição e sombra
das janelas, o sistema construtivo das paredes e da cobertura, a cor da superfície
exposta ao sol, entre outros. Portanto, a temperatura do ambiente interno dependerá
da influência combinada entre esses vários parâmetros e o clima de cada local.
Conforme Andrade (2007), de acordo com o clima do local deve-se propor no
projeto a iluminação e ventilação natural adequadas, usando, se possível, a visão ou
integração com o exterior. Usam-se aparelhos de ar neste tipo de construção que
devem ser colocados em uma área técnica acessível a todos.

4.2 CONFORTO LUMINOSO


O homem sempre dependeu da luz para a realização das tarefas, pois o ser
humano está preparado para funcionar corretamente durante o dia. A iluminação do
ambiente é importante para ver e perceber; e na ausência de iluminação, na
escuridão, a sensação é de depressão.
Os impactos biológicos da luz têm sido estudados por cientistas por décadas,
pois os períodos de luz e escuridão são importantes no controle de produção
hormonal. Nos dias atuais, 95% do tempo se vive no interior de ambientes fechados.
Conforme os estudos sobre o sistema visual foram avançando, com recomendações
e normas técnicas, seu foco passou para o conforto visual e melhor desempenho de
tarefas (DARE, 2020, p. 2).

Figura 5 - Alteração durante o dia da temperatura de cor da luz solar


26

Fonte: Dare, 2020, p. 2.

O conforto lumínico não tem como objetivo apenas garantir a entrada nos
ambientes internos, mas trabalhar o maior aproveitamento e garantir a entrada da
luz solar ou bloqueá-la. Todas as decisões para o projeto de iluminação do ambiente
devem ser baseadas na necessidade dos espaços e contextos em que serão
trabalhados (ARCHDAILY, 2021).
A visibilidade para o exterior é a fonte de estímulo e informação sobre o meio
externo. As aberturas – como janelas, claraboias, entre outros – proporcionam, além
da iluminação natural, informações e conhecimento sobre o horário do dia e o clima,
evitando possíveis sensações de monotonia, claustrofobia, tensão e depressão
(PIQUETTI, 2012).
O valor mínimo da iluminância média do ambiente é definida por norma e
varia de acordo com a atividade exercida. A luz artificial não deve substituir a
iluminação natural; por isso, o vidro é muito utilizado em projetos arquitetônicos, pois
ele permite controlar a luz natural conforme as necessidades do ambiente (PKO,
2020).
Segundo Newsham e Veitch (2001), a diversidade de trabalho necessita de
variados tipos de iluminação e controle, pensando no conforto dos colaboradores. As
pessoas podem controlar os níveis de iluminação que afetam diretamente no humor
das pessoas. Esses fatores como a iluminação, conforto visual e satisfação com o
ambiente podem afetar na produção dos usuários.
O projeto luminotécnico da residência NB (figura 6), de Jacobsen Arquitetura,
foi conduzido com o objetivo de garantir o conforto de iluminação para os espaços
internos. Para isso, foi projetado no pavimento superior o prolongamento dos beirais
e varandas. No pavimento térreo é encontrado um pergolado para a incidência de
27

luz natural e um espaço aberto e integrado com transição entre o espaço interior e
exterior (ARCHDAILY, 2021).

Figura 6 - Residência NB de Jacobsen Arquitetura.

Fonte: Archdaily, 2021.

O conceito visual para os sistemas de iluminação artificial deu origem à


evolução da ideia de “luz para a visão” para “luz para arquitetura”, ou seja, não se
deve apenas enxergar o ambiente, mas sentir os seus materiais e cores, formas e
texturas no espaço arquitetônico.
Para indivíduos expostos a determinados espaços, a iluminação induz a
respostas cognitivas e emocionais conforme a configuração de luz no seu entorno,
sejam estes ambientes domésticos, arquitetônicos, comerciais, de saúde, de
trabalho, exibição ou natural. As atividades neurais e psicofísicas são estímulos mais
evidentes da luz (DARE, 2020, p. 2).
Segundo Panero e Zelnik (2008), o design do ambiente da empresa também
deve incluir um estudo da dimensão humana relacionado ao mobiliário. A disposição
do layout dos móveis é muito importante, como a bancada e seus elementos
28

relacionados. É importante pensar no layout juntamente com as aberturas laterais da


edificação, por exemplo: a melhor posição para a mesa é perpendicular à janela.
Do mesmo modo, a forma de um objeto afeta diretamente o corpo do usuário,
e a pesquisa ergonômica pode determinar o tamanho e a localização ideal de todos
equipamentos a serem usados no escritório, bem como gerar soluções para gerar
conforto aos colaboradores.

4.3 CONFORTO ACÚSTICO


A capacidade de estancar, ou não “deixar escapar”, o som do ambiente em
relação ao seu exterior é chamado de isolamento acústico. No ambiente isolado
acusticamente, as ondas sonoras são refletidas novamente ou totalmente
absorvidas pelo material. Dessa forma, não se transmite o som para o outro lado
(ARCHDAILY, 2021).
Para Costa (2003), a velocidade do desenvolvimento urbano trouxe novos
desafios para quem estuda o conforto acústico de edifícios. Especialmente nas
grandes cidades, o ruído gerado pelas cidades, ferrovias e transporte aéreo é muito
próximo às áreas residenciais. Portanto, distúrbios do sono e outros sintomas de
poluição sonora podem ser identificados.
A tecnologia da construção tem uma presença fundamental no controle do
fluxo do som de fora para dentro e vice-versa. Um dos maiores problemas dos
espaços abertos tem sido a acústica e a reverberação e do espaço fechado o
isolamento acústico a ser resolvido em projeto.
Em grandes escritórios e call centers, onde conversas paralelas são
conduzidas, os tetos absorventes reduzem os níveis de ruído e fornecem maior
privacidade gerando produtividade.
Os avanços na tecnologia estrutural tornaram os painéis planos mais
delgados e os edifícios, mais fáceis de transmitir o som. Quando substituímos
carpetes por pisos frios ou laminados, essas mudanças de acabamento têm um
impacto significativo na propagação de ruído, o que contribui para a o aumento do
som de impacto entre os pisos (COSTA, 2003).
Os moradores de edifícios residenciais podem ter vários problemas acústicos
como incômodos e irritabilidade, relacionados mais com o aspecto psicológico do ser
humano. Todavia, o problema pode se agravar com o tempo e prejudicar a saúde
29

física dos moradores, pois diversos estudos relacionam a exposição prolongada ao


ruído às doenças como problemas auditivos, digestivos, cardíacos e ansiedade.

4.4 ERGONOMIA
A falta de ergonomia pode causar desconforto e até lesões no trabalho,
conforme afirma Panero (2008):

Os mobiliários devem seguir padrões e soluções ergométricas para evitar


desconfortos, fadiga e, consequentemente, lesões, o que contribui para a
geração de qualidade de vida e bem-estar dentro dos espaços de trabalho
(PANERO; ZELNIK, 2008).

Uma maneira para dar flexibilidade ao layout de plantas livres, e uma das
soluções muito utilizadas, são as paredes de Drywall, por terem agilidade na
instalação e desmontagem (SILVA; ELOY, 2012).
Outra maneira muito usada para os escritórios (figura 7) são as divisórias
Eucatex (EUCATEX, 2022).
Figura 7 – Divisórias Eucatex

Fonte: EUCATEX, 2022.

Essas duas soluções são construções leves e estão inclusas no sistema de


construção a seco e sustentável.

4.5 HUMANIZAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE USO MISTO


Segundo Kowaltowski (1989), a definição coerente da arquitetura humanizada
consiste na satisfação com o ambiente físico e abarca o conceito de renovação e
30

descrença em perfeição. O mesmo autor refere-se às necessidades humanas


constantes requeridas do ambiente construído, a saber, necessidades sensoriais de
calor, luz, som e cheiro; territorialidade e privacidade; segurança; orientação e
estabilidade espacial; estímulos visuais e vários estimulantes sensoriais.
Para Girardi e Giordani (2011), a arquitetura compreende-se em ordenar
espaços referentes àquilo que é em sua forma de natureza. Meneghetti (2003) cita
que:

Arquitetura é ordenar espaços em referência a uma função. [...] assim, o


propósito é dar ordem ao espaço próximo do indivíduo, tendo presente que
se entra imediatamente na psicologia territorial e, portanto, na primeira
espacialidade do Em Si (MENEGHETTI, 2003, p. 255).

Os parâmetros dos espaços são baseados nas atividades exercidas no


ambiente, nas dimensões do corpo humano e dos móveis. Eles foram determinados
em 1976 por Neufert. Eles são importantes para a lógica de utilidade e
funcionalidade na concepção de projeto (GIRARD, 2011)
Nesse contexto, pode-se destacar a importância da humanização neste
projeto, inserindo no objeto construído uma conexão entre os usuários, assim como
a logística de setorização dos ambientes, a relação visual e a sintonia do interno
com o externo.

4.6 BIOFILIA
A biofilia foi criada com o objetivo de reconectar o homem com a natureza
preservando o bem-estar. O termo “biofilia” significa “amor às coisas vivas”. No
grego antigo, philia significa amor. Para a arquiteta Stouhi (2019), o homem sempre
utilizou recursos da natureza e, com a evolução da humanidade, essa relação se
adaptou à cultura, sendo, ultimamente, cada vez mais aplicada como diferencial no
campo da construção urbana.
Wilson (1984) criou o conceito de biofilia tendo em vista a necessidade
humana genética do relacionamento com a natureza. Segundo Wilson (1996), o
ambiente ancestral humano, ou o “mundo biocêntrico”, é o relacionamento com
organismos naturais e o ritmo da própria natureza. Desta forma, a biofilia foi
31

adaptada ao longo da evolução e permanece na arquitetura contemporânea


(ANDREADE, 2017).
Se uma pessoa é instigada a imaginar um cenário de completo relaxamento,
é mais provável que a primeira imagem que vem à mente seja um lugar cercado
pela natureza, algo próximo a uma floresta, montanhas, mar ou prado. Você
dificilmente imaginará um escritório ou um shopping center como fonte de conforto e
relaxamento. Mesmo assim, a maioria das pessoas passa quase 80-90% do tempo
dentro de edificações, movendo-se entre suas casas e seus locais de trabalho
(STOUHI, 2019).
Na prática a biofilia, como mostra a figura 8, é introduzir ingredientes naturais
nas áreas nomeadas, incorporando vegetação, luz natural, água e elementos
representativos da flora como madeira e pedra (STOUHI, 2019).

Figura 8 – Edifício Biofílico de Kengo Kuma em Milão.

Fonte: Archdaily, 2022.

Um dos principais pré-requisitos na determinação de oportunidades para


projetos biofílicos é a preservação da silhueta botânica (STOUHI, 2019). O ArchDaily
(2019) cita que:

A principal estratégia é incorporar as características do mundo natural aos


espaços construídos, como água, vegetação, luz natural e elementos como
madeira e pedra, principalmente expostos. O uso de formas e silhuetas
botânicas em vez de linhas retas é uma característica fundamental em
projetos biofílicos, além de estabelecer relações visuais, por exemplo, entre
luz e sombra.

Com base nessas informações, podemos elencar aspectos bases para


aproximar a natureza dentro dos ambientes. Para isso, nos projetos são utilizados:
vegetação, iluminação natural, ventilação natural, ilusão biofílica e água. Estes e
32

alguns outros elementos são utilizados para melhorar a conexão entre o ser
humano, a natureza e a edificação em si — todos funcionando como um elo. Os
materiais utilizados podem ser: madeira, uso de formas orgânicas ou a arquitetura
biométrica (RIBEIRO, 2020).
33

5 ESTUDO DE CASO
Neste capítulo serão apresentados e analisados três estudos de caso
referente ao tema abordado; entre eles estão o Rochaverá Corporate Towers, em
São Paulo, tido como o principal estudo de caso, que foi escolhido pelo conjunto de
soluções: fachadas translúcidas, automatização, iluminação inteligente e paisagismo
tropical.
O Edifício Eurobusiness, em Curitiba, foi escolhido por suas estratégias
sustentáveis; e o Edifício Reforma Tower, no México, foi escolhido pelo aspecto
projetual e de volumetria. Essas análises têm o objetivo de destacar aspectos como
técnicas construtivas, setorização, diferencial arquitetônico funcional e estético para
aplicar no projeto que será realizado futuramente.

5.1 REFORMA TOWER


Como referência de estudo a nível internacional foi escolhido o Edifício
Reforma Tower. Segundo o Archdaily (2016), as torres estão localizadas na principal
avenida, Av. Paseo de la Reforma, na cidade do México D.F. A figura 9 mostra a
perspectiva do recorte volumétrico do edifício.

Figura 9 – Reforma Tower – Perspectiva do Recorte Volumétrico do Edifício.

Fonte: Archdaily, 2022.

O escritório de Richard Meier & Partners foi responsável pelo projeto, que é
do ano de 2014. O Reforma consiste em duas torres, sendo uma delas de 40
34

pavimentos de uso misto com salas de alto padrão para escritórios, comércio,
restaurantes e centro esportivo com vagas para veículos.
A outra torre é um hotel com 27 pavimentos, seguindo o mesmo padrão
arquitetônico. As torres são unificadas por uma base, totalizando 120 mil m2. A obra
foi concluída em 2018. A figura 10 mostra a implantação e os acessos ao edifício.

Figura 10 - Implantação e Acessos.

Fonte: Archdaily; Google Maps, 2022.

O acesso para os pedestres é por meio da Av. Paseo de la Reforma, e o


acesso dos veículos é pela rua Donato Guerra, pelo hotel. Nota-se, na figura 11, o
núcleo rígido que se encontra centralizado nos edifícios, sendo que os dois volumes
são ligados por uma base.

Figura 11 - Esquema de Circulação.

Fonte: Archdaily, 2022.

Os elementos cheios e vazios (figura 12) dos edifícios, que têm formas
vazadas e formas cheias, valorizam o conjunto arquitetônico, apropriando-se assim
da iluminação natural para dentro dos edifícios.
35

Figura 12 - Fachada do Edifício – Cheios e Vazios

Fonte: Archdaily, 2022.

Segundo o projetista encarregado, Karpf (2014), no centro do edifício há um


vazio, uma celebração do espaço, da forma e da luz, onde a luz é filtrada entre o
vazio dos módulos de escritório, trazendo a luz para dentro do edifício. As torres
foram projetadas de maneira a tirar partido da luz natural e das vistas para a cidade,
como demonstra a figura 13.

Figura 13 – Esquema de Iluminação e Ventilação – Átrio e vazio.

Fonte: Archdaily, 2022.

Os materiais predominantes usados nos edifícios foram: vidro, concreto


branco, painéis de concreto pré-moldado. A técnica construtiva utilizada no edifício
foi por meio de pilotis, como mostra na figura 14.

Figura 14 - Técnicas Construtivas.


36

Fonte: Archdaily, 2022.

5.2 ROCHAVERÁ CORPORATE TOWERS


O Rochaverá Corporate Towers está localizado no novo eixo de
desenvolvimento urbano da cidade, o eixo Berrini — Av. Dr. Chucri Zaidan, na zona
sul de São Paulo, na margem do rio Pinheiros. O responsável pelo projeto é o
escritório de Aflalo & Gasperini / Purarquitetura.
O complexo possui quatro torres, com área total construída de 233.704 m2 e
área do terreno de 37.730 m2. O complexo foi construído entre 2006 e 2012, de uso
misto, composto escritórios, lojas, praças públicas e áreas de serviços. Altura das
torres: torre A e B, C, D: de 42m, 75m e 120m. O paisagismo favorece 30 mil m2 de
terreno (ARCHDAILY, 2022). A figura 15 demonstra a implantação do edifício.

Figura 15 – Implantação do edifício Rochaverá Corporate Towers

Fonte: Fasanella, 2016.


37

O projeto contempla quatro pavimentos subsolos para a utilização da


garagem, duas torres espelhadas de 17 pavimentos cada, uma torre com 31
pavimentos e o edifício garagem com cinco pavimentos. Os edifícios foram
distribuídos no terreno, demarcando a presença de quatro torres e um edifício
garagem, criando uma praça central e outras três praças adjacentes junto às vias
públicas, totalizando 17 mil m2 de áreas verdes (ARCHDAILY, 2022).
A figura 16 mostra a perspectiva da volumetria e a disposição da edificação
no terreno.

Figura 16 – Perspectiva do edifício Rochaverá Corporate Towers

Fonte: Archdaily, 2022.

A planta do pavimento térreo (figura 17) da torre Crystal Tower mostra o lobby
com duas entradas amplas para atender ao fluxo de pessoas, lojas 01 e 02,
elevadores e área técnica do edifício. O controle de acesso à torre é feito por meio
de catracas eletrônicas nos halls dos elevadores do térreo e por leitores de cartão no
hall dos elevadores de serviço nos subsolos (ARCHDAILY, 2022).

Figura 17 - Planta do Pavimento Térreo da Torre Crystal Tower.


38

.
Fonte: Archdaily, 2022.

A figura 18 ilustra a disposição dos edifícios com suas respectivas plantas


baixa e de cobertura do edifício garagem e o corte do projeto das duas torres.
39

Figura 18 - Projeto Rochaverá Corporate Towers. A: Plantas baixas dos pavimentos tipos das 4 torres
e planta de cobertura do Edifício Garagem. B: Corte do Projeto do Rochaverá Corporate Tower.

Fonte: Olevate (2017, p. 45).

O projeto contempla a assimetria entre os quatro edifícios dando uma


personalidade ao conjunto que surpreende, pois, sua volumetria é feita por meio de
ângulos incomuns e não ortogonais. Com uma arquitetura ousada, os escritórios
superiores são valorizados pela fachada, sendo uma diretriz inicial da incorporação
do empreendimento. A figura 19 ilustra a fachada e a arquitetura do edifício.

Figura 19 – Fachada do complexo


40

Fonte: Archdaily, 2022.

A entrada principal é através do lobby (figura 20), com quase 7 metros de


altura, e faz a integração completa entre arquitetura, paisagismo e iluminação. Nas
galerias principais, os interiores, os assoalhos de mármore branco e o mobiliário
detalhado de marcenaria trazem sofisticação ao lobby. No teto há um detalhe plano
de gesso branco em forma de L com uma ligeira inclinação para a frente; isso é
visível contra um fundo preto. A ação parece estar flutuando no espaço (GALERIA
DA ARQUITETURA, 2022).
Figura 20 - Foto Interna do Edifício.

Fonte: Archdaily, 2022.


41

A proposta do projeto para a permeabilidade e o envolvimento do fluxo do


entorno com a implantação do projeto são muito valorizados. Por causa dos eixos de
visibilidade, há a sensação de bem-estar ao transitar pela região do edifício e pela
praça proposta, tanto no caso do Rochaverá quanto no que vai ser ainda projetado.
Os espelhos d’água melhoram o clima e o ambiente local, fazendo com que
os usuários se sintam seguros e psicologicamente bem. Isso traz benefícios, pois as
pessoas começam a utilizar mais a região, e traz mais sustentabilidade para a região
central.
De acordo com Olevate (2017), devem ser destacadas as seguintes
características do edifício:

Quadro 1 - Características do edifício, segundo Olevate (2017)

Água  é feito o tratamento de água da chuva, da água


cinza (de lavatório) e da água de condensação das
torres de resfriamento do ar-condicionado;
 após o tratamento, a reutilização da água é feita
pelas torres de resfriamento e irrigação do jardim e
seu consumo é reduzido em 50%.
Energia  a redução ou desligamento das luzes próximos à
fachada é feito por sensores, aproveitando a luz
natural. O projeto seguiu o padrão brasileiro de
edifícios e reduz o gasto em 50%.
Circulação vertical  os elevadores são de alta eficiência, com sistema de
otimização de tráfego;
 para a entrada do prédio o usuário se identifica na
recepção do edifício, informa à qual andar deseja se
dirigir e recebe um crachá de identificação; ao inserir o
crachá na catraca, um painel informa automaticamente
o número do elevador que a pessoa deverá utilizar,
dispensando a necessidade de botões;
 comparado aos elevadores convencionais, a economia
chega a 30%, e eles possuem sistema de regeneração
42

de frenagem.
Climatização  o sistema de ar-condicionado possui a tecnologia
chillers de primário variável; ela consome menos
energia no transporte de calor de dentro para fora do
prédio e, por meio de uma central, esse sistema opera
em conjunto com geradores de energia com motores a
gás;
 o calor do escapamento e do motor do gerador se
transforma em frio. Sendo assim, aproximadamente
20% de todo o frio do prédio é obtido através desse
processo;
 sensores de gás carbônico ajudam na renovação do
ar, quando necessário.
Fachada  a luz do ambiente passa por meio de cortinas de vidro
de alta eficiência energética, as quais impendem a
maior parte do calor de entrar no ambiente. Os vidros
são laminados, garantem o isolamento acústico e
reduzem o ruído em torno de 35Db.

A figura 21 demonstra as principais características sustentáveis do


empreendimento, com o objetivo de redução do custo operacional e menor impacto
da vida ambiental durante sua vida útil do edifício.

Figura 21 - Corte esquemático para apresentação das principais características do Rochaverá.


43

Fonte: Olevate (2017, p. 48).

A figura 22 mostra a implantação e os acessos que visam a integração com a


cidade. Os edifícios estão dispostos nas diagonais do terreno, formando uma praça
44

central com outras três adjacentes junto às vias públicas. Isso delimita os espaços
semipúblicos abertos para a cidade e sem gradis.

Figura 22 - Implantação e Entorno.

Fonte: Archdaily, 2022.

Acessos de veículos são restritos à entrada do prédio e à área frontal do


paisagismo, como mostra a figura 23. A localização do Rochaverá Corporate Towers
combina visibilidade e acessibilidade com infraestrutura completa, próxima a dois
dos melhores shoppings da cidade: Shopping Market Place e Morumbi Shopping.
Há fácil acesso de veículos das pistas principais a todas as garagens
subterrâneas, facilitadas por autoestradas internas. Está localizado próximo aos
principais meios de transporte público, como a estação CPTM Morumbi.

Figura 23 – Localização e entorno do Rochaverá Corporate Tower.


45

Fonte: Google Maps, 2022.

O Rochaverá Corporate Towers contém ainda uma Central de Cogeração de


Energia com quatro geradores a gás natural e dois geradores a diesel que atendem
100% das necessidades do condomínio, além da geração de energia elétrica e água
gelada para o sistema de ar-condicionado.

Figura 24 - Central de Cogeração.

Fonte: Galeria da Arquitetura, 2022.

A Central de Cogeração está permanentemente conectada à rede pública de


distribuição de energia elétrica para, em caso de parada de uma fonte, a outra
fornecer a energia elétrica e térmica necessária.
Os materiais predominantes usados nos edifícios foram: Alumínio, Concreto,
Vidro.

5.3 EUROBUSINESS – CURITIBA, BRASIL

Figura 25 - Fachada do Edifício Eurobusiness.


46

Fonte: Galeria da Arquitetura, 2022.

O projeto foi idealizado pelo escritório Realiza Arquitetura no ano de 2011,


com sua obra concluída em 2015. A área do terreno é de 3.500m², com área total
construída de 15.422 m². O edifício possui 14 andares, com lajes a partir de 480m²,
62 unidades comerciais de 110m² a 350m² e quatro elevadores sociais.
O Eurobusiness possui ar-condicionado central, certificação green building e
permite uso comercial, coworking e corporativo. Ele é o primeiro empreendimento do
sul do Brasil a receber o selo Leed Platinum, possui um alto nível de certificação,
pertencente a menos de 2% dos empreendimentos certificados no mundo todo. É o
1º do mundo a se tornar autossuficiente na geração da água que consome.
O edifício está localizado na cidade de Curitiba, no estado do Paraná, no
bairro Ecoville, mais especificamente situado entre as ruas Dr. Brasílio Vicente e rua
Francisco Juglair, a 15 minutos do centro de Curitiba, próximo ao Parque Barigui,
shopping Barigui, Faculdade Tuiuti e Universidade Positivo Ecoville. Possui ruas de
fácil acesso à rodovia do café, contorno leste e ao aeroporto.

Figura 26 - Localização – Entorno do Eurobusiness


47

Fonte: Google Maps, 2022.

Os acessos para o empreendimento ficam na rua Dr. Brasílio Vicente de


Castro, como mostra a figura 26. O Eurobusiness utiliza várias fontes alternativas de
água, como aproveitamento de água da chuva, condensação do ar-condicionado,
poço artesiano e tratamento de águas cinzas e negras.
A planta do terreno, na figura 27, mostra como são os acessos para
pedestres, circulação vertical, hall, sanitários e as lojas mezanino. O edifício também
conta com 38 painéis fotovoltaicos. A tecnologia adotada na construção do edifício
gera economia de R$ 650 mil por ano ao condomínio.

Figura 27 - Planta Baixa do Térreo – Eurobusiness.

Fonte: Galeria da Arquitetura, 2022.

Figura 28 - Armazenamento de água da chuva no telhado – Eurobusiness.


48

Fonte: Cimento Itambé, 2022.

5.4 QUADROS COMPARATIVOS


Abaixo, o quadro 2 compara os três estudos de caso por categoria:
implantação, planta, sustentabilidade, volumetria, detalhamento e materiais.

Quadro 2 - Quadro de resumo dos estudos de caso

ITENS REFORMA ROCHAVERÁ EUROBUSINESS


 Fluxo e acessos  Envolvimento do  Devido aos
bem definidos; fluxo do entorno com a custos e climas
 Relação com o integração da paisagem analisados, a
entorno; e arquitetura; diversificada utilização
 Valorização dos  Oferece-se de materiais para
IMPLANTAÇÃO

visuais através da máxima privacidade conseguir melhor


funcionalidade dos enquanto lhes permite conforto ambiental.
ambientes uma proximidade e
multifuncionais; continuidade de espaço,
 Formas lúdicas organizados em torno de
no desenvolvimento um jardim, como um
das volumetrias, claustro de calma no
mesclando e se centro de cidades.
integrando com o
entorno.
49

 Integração das  Oferece bem-estar  Novo centro


pessoas com a obra a todos que frequentam e urbano para atividades
no seu interior e passam pelo local, tendo de negócio e lazer.
exterior relação entre o
 Planta livre; público/privado e o
 Pouca área interior/exterior;
verde.  Torna-se uma
PLANTA

solução para problemas


de mobilidade urbana e
garante melhor qualidade
de vida aos habitantes, já
que o tempo gasto com
deslocamento pode ser
aproveitado para
atividades de lazer e
entretenimento.
 Conceito de  Economia de  Primeiro
SUSTENTABILIDADE

sustentabilidade, recursos naturais e empreendimento do sul


ventilação e introdução de novas do Brasil a receber a
iluminação natural; tecnologias à obra, distinção do selo Leed
 Uso de pilotis na reduzindo o custo Platinum.
composição estrutural. operacional e seu
impacto.
 Possibilita que  Economia de  Transforma em
VOLUMETRIA

haja luz solar e recursos naturais e a uma área mista:


ventilação em todos os introdução de novas residencial e comercial.
ambientes. tecnologias à obra,
 Impacto visual reduzindo seu custo
no entorno. operacional e seu
impacto.
50

 A interação com  As principais  Utilização de


o meio; vantagens da presença tecnologias que visam
 A ideia de como de tantas plantas são a a melhoria da
utilizar o público e limpeza do ar, tanto para qualidade de vida;
privado por meio de cidade quanto para  Equipamentos e
DETALHAMENTO

fluxos, setorização e quem está dentro do técnicas menos


integração com praças prédio; poluentes;
e jardins, que na  A alta eficiência  Alto nível de
maioria dos projetos se energética do edifício, certificação.
dá pela forma natural e que acaba gastando
harmoniosa. pouca energia com a
regulagem artificial de
temperatura, em função
do isolamento térmico
garantido pela
vegetação.
 Os vidros  Acessos de  Isolamento de
duplos na fachada veículos são restritos à ruído e calor;
permitem refletir os entrada do prédio e à  Reduz a
raios solares, área frontal do necessidade de
reduzindo a passagem paisagismo; dois refrigeração no verão e
de calor para o interior espelhos d’água criam aquecimento no
MATERIAIS

dos ambientes, uma atmosfera inverno.


tornando-os mais refrescante, melhorando
confortáveis e o microclima local;
reduzindo os custos de  Durante a noite, o
consumo de energia; projeto de iluminação
 Seu bom realizado pelo Light
desempenho está Designer Guinter
associado a uma boa Parshalk.
transmissão de luz
direta para o interior,
51

aliada a um bloqueio
máximo de calor.

O quadro 3, logo abaixo, qualifica os três estudos de caso de acordo com as


categorias: conceito, implantação, insolação, setorização, volumetria e conforto.

Quadro 3 - Quadro de pontos fortes e fracos dos estudos de caso

PONTOS REFORMA ROCHAVERA EUROBUSINESS


CONCEITO DO PROJETO Excelente Boa Boa
IMPLANTAÇÃO Boa Excelente Boa
INSOLAÇÃO Boa Boa Boa
SETORIZAÇÃO/FLUXOS Boa Boa Excelente
VOLUMETRIA Excelente Boa Boa
ESTRATÉGIA DE Excelente Excelente Excelente
CONFORTO
52

6 DIRETRIZES DE PROJETO
As diretrizes projetuais proporcionam a apropriação do espaço através de
linguagem inclusiva, respeitando as normas vigentes na área, incluindo recursos
naturais e melhorando o contato dos usuários com eles. Elas também incentivam o
uso de modais de transportes público, promovem a segurança de todos os usuários,
criam espaços com unidade, conexão e integração, além de utilizarem materiais e
espécies que facilitem a manutenção. Tudo isso permite que o espaço tenha
qualidade adequada.

6.1 ANÁLISE DO TERRENO


O terreno do projeto deste trabalho está localizado na regional matriz, no
bairro Centro, da capital de Curitiba, no Paraná. O bairro Centro possui várias
praças e conta também com o passeio público nas proximidades ao terreno. A
região é dotada de infraestrutura e equipamentos urbanos, o que a distingue dos
demais bairros da cidade.
A praça Tiradentes é um marco para a capital, onde localiza-se o Marco Zero,
representando a consolidação da presença dos bandeirantes na região, e possui
também diversas atrações como a Catedral Basílica, sendo uma das igrejas mais
famosas da cidade construída no fim do séc. XIX.
O terreno possui 3.450,10 m² — é a unificação de cinco terrenos — e está
localizado próximo ao Círculo Militar e Largo Bittencourt. Possui vista para o passeio
público, conta com praças no entorno, comércios, igrejas, faculdades e escolas.
Possui uma boa qualidade no setor de transporte viário, pois conta com pontos de
ônibus, taxis, assim como a proximidade com a Rodoferroviária da cidade, além de o
bairro estar rodeado por ciclovias e equipamentos de lazer.

Figura 29 - Mapa de Curitiba – Bairro Centro e Terreno sem Escala.


53

Fonte: IPPUC, 2022.

Observando as vias que compõe o bairro, como as Ruas Amintas de Barros,


Conselheiro Araújo e Rua Mariano Torres, nota-se que possuem o entorno com
proximidades ao Largo Bittencourt e a Rua Luís Leão. Outra característica
observada foi seu traçado urbano distribuído em uma malha reticulada irregular e
suas ruas seguem várias direções. O terreno tem facilidade de acesso, com
comércios no entorno e vias de alto fluxo.

Figura 30 – Localização, via de entornos e sentido das vias.

Fonte: IPPUC, 2022.

Figura 31 - Vista Aérea do Terreno.


54

Fonte: Google Maps, 2022.

Figura 32 - Visuais do Terreno.

Fonte: IPPUC, 2022 (Adaptado pela autora).

Em relação às curvas de níveis (figura 33) que compõem o terreno, uma


característica que foi possível perceber é que no mapa mais abrangente da cidade
não é possível analisar muitas curvas pelo terreno; portanto, o mapa via satélite,
com fontes, possibilitou uma análise melhor do terreno, o que permite uma proposta
sem muitos gastos, com terraplanagem e aterramento para a proposta do edifício,
55

pois ele possui um bom nivelamento, como mostra a figura 33, o que contribui para
criação de eixos de conexões com as vias do entorno, permitindo um fluxo com
maior permeabilidade e segurança para a região.
Figura 33 - Curvas de Nível.

Fonte: IPPUC, 2022.

Ao observar o mapa de malha urbana de uso e ocupação do solo urbano


(figura 34), há uma predominância de cheios sobre vazios, pois há uma ocupação
extrema no bairro centro. Encontram-se lá edificações históricas, praças, com muitas
edificações e poucos espaços permeáveis.

Figura 34 - Malha Urbana – Uso e Ocupação do Solo Urbano.

Fonte: IPPUC, 2022.


56

O terreno proposto está inserido na ZC (Zona Central), como mostra o mapa


de zoneamento, na figura 35, com uso de habitação coletiva, institucional e
transitória, comércio e serviço, exceto hipermercado e comunitário (como lazer e
cultura, religião e ensino).
O terreno possui identidade, pois está localizado em uma região de alta
rotatividade de veículos. Próximo ao terreno, existem equipamentos de educação
(UFPR, UNIP e FAEL), fatores que contribuíram para a escolha do terreno.

Figura 35 – Mapa de zoneamento.

Fonte: IPPUC, 2022.

Percebe-se no mapa das tipologias (figura 36) uma predominância no Centro


do uso comercial, seguido pelo uso misto. Alguns dos terrenos são utilizados para
estacionamento. A relocação dos edifícios existentes e o adensamento do terreno
valorizam os imóveis.

Ao analisar o entorno, o mapa de malha urbana de uso e ocupação do solo e


altura das edificações, há uma predominância de edificações de uso misto e
comercial, e a unificação dos terrenos proporcionará uma grande centralidade de
multifunções envolvidas. Isso atende muito bem a região central, que já possui
muitos comércios e escritórios envolvidos no entorno, mas não estão conectados em
um único espaço, proporcionando mais qualidade de vida, redução de tempo e
custo.
57

Figura 36 - Gabarito do Entorno do Terreno.

Fonte: IPPUC, 2022.

Depois de ter feito um estudo da orientação solar (figura 38) referente ao


terreno em relação ao norte, sabendo que o Sol nasce no leste e se põe no oeste,
pode-se analisar a frente leste com incidência no período da manhã e há uma forte
incidência solar no final da tarde, onde os raios solares predominam no lado oeste
do terreno conforme a figura 38.

Figura 37 - Insolação.

Fonte: IPPUC, 2022.


58

Figura 38 - Mapa Síntese do Terreno e seu Entorno.

Fonte: IPPUC, 2022.

Figura 39 - Mapa de usos.

Fonte: IPPUC, 2022.


59

Estudos e cálculos de viabilidade levam em consideração o plano de


ocupação, organogramas e fluxograma para a proposta projetual. Para a realização
destes cálculos, foram utilizados dados da guia amarela, que estão nos anexos A, B,
C, D e E, fornecida pela prefeitura municipal de Curitiba.

Quadro 4 - Parâmetros Construtivos da Guia Amarela.


Unidade Área do Área Área Área de Área
lote Computável Total Não computável Projeção Permeável
Total Total
M² 3450,10 14905,91 7673,10 1349,95 853,50
% 100 39,12 25

Quadro 5 - Parâmetros Construtivos da Guia Amarela.

Área Total Bairro Regional Indicação Zoneamento Coeficiente de


Fiscal Aproveitamento
3450,10 m² Centro Matriz 12.013.020 ZC. Zona 5
- Unificação 12.013.023 Central
de 5 12.013.025
terrenos 12.013.026
120.130.207

Quadro 6 - Parâmetros Construtivos da Guia Amarela.

Taxa de Taxa de Altura máxima Recuo Afastamento


Ocupação Permeabilidade frontal das divisas
100% - 25% Livre Facultado no Facultado no
Térreo e 1 alinhamento térreo e
pavimentos segundo
pavimento
60% - 25% Atendimento 10m para 2m nos demais
Demais Limite da usos pavimentos
Pavimentos Anatel e comunitários
60

Aeronáutica

Quadro 7 - Classificação de usos da Guia Amarela.

Classificação dos Usos


Usos permitidos Usos Permitidos Comerciais Usos
habitacionais Permissíveis
Habitação coletiva Comércio e serviços vicinal, de bairro e
Habitação institucional setorial exceto hipermercado Comunitário 2
Habitação transitória 1 e Comunitário 2 - Lazer e Cultura
2 Comunitário 2 – Religioso
Tolerada habitação Tolerado Comunitário 1
unifamiliar atendida
Densidade Máxima

Para mais de dois blocos


de habitação
Coletiva no lote,
consultar o IPPUC
61

Figura 40 - Plano de Ocupação.

Fonte: Google Maps (2022). Adaptado pela autora.

Quadro 8 - Cálculo de viabilidade do terreno.

QUADRO DE ÁREAS
ÁREA COMPUTAVEL ÁREA NÃO-COMPUTAVEL TOTAL
m² m² m²
SUBSOLO 01 - 2.557,70 1255,02
SUBSOLO 02 - 2.557,70 1255,02
SUBSOLO 03 - 2.557,70 1255,02
PAV. TÉRREO 1.349,95 - 1349,95
MEZANINO 264,08 - 644,97
TORRE 1 (8X) 5.182,24 - 5237,23
TORRE 2 (X14) 8.106,64 - 5237,23
TOTAL 14.902,91 7.673,10 22.576,01
62

Quadro 9 - Quadro total de áreas.

QUADRO TOTAL DE ÁREAS


ÁREA TOTAL DO LOTE 3.450,10 m²
ÁREA COMPUTÁVEL TOTAL 14.905,91 m²
ÁREA DE PROJEÇÃO 7.673,10 m² 39,12%
ÁREA PERMEÁVEL TOTAL 1.349,95 m² 25%
COEFICIENTE DO LOTE (LIMITADO EM 5) 4,32 14.905,91 m²

6.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES


Com base nos estudos de caso, foi desenvolvido um programa de
necessidades para atender a demanda dos usuários, demonstrado no quadro 10,
contando com aproximadamente 15 mil m² totais, discriminados por áreas de uso e
setorizações.
O projeto da Reforma Tower trouxe referências ao conceito do projeto e
volumetria; à implantação, o projeto Rochaverá; à setorização e fluxos, o edifício
Eurobusiness; e a estratégia de conforto técnico foi referenciado sobre todos os
projetos.
No estudo de viabilidade do terreno é permitido construir até 17.250,50, com o
coeficiente de aproveitamento limitado em 5, como consta na guia amarela (Quadro
3). Portanto, a proposta atende o estudo de viabilidade para continuidade dos
estudos preliminares projetuais.

Quadro 10 - Programa de Necessidades com Pré-Dimensionamento

EDIFÍCIO DE USO MISTO - PROGRAMA DE NECESSIDADES


SETOR AMBIENTE QTD. ESTIMATIVA (m²) AREA TOTAL (m²)
Hall de Entrada 1 80,00 80,00
RESIDENCIAL

Apartamento Tipo 1 40 120,00 4800,00


Apartamento Tipo 2 4 200,00 800,00
Apartamento Tipo 3 4 250,00 1000,00
Apartamento Tipo 4 4 300,00 1200,00
Games / Jogos 1 70,00 70,00
63

Salão de Festas 1 200,00 200,00


Espaço Kids 1 50,00 50,00
Espaço Wellness 1 50,00 50,00
Terraço Jardim / Horta Elevada 1 500,00 500,00
Coworking 1 100,00 100,00
Academia 1 100,00 100,00
TOTAL 8950,00
Loja (Comércio) 1 700,00 700,00
COMÉRCIO

Circulação 1 100,00 100,00


Deposito 1 6,00 6,00
Sanitários (Fem. / Masc.) 3 6,00 18,00
TOTAL 824,00
Hall de Entrada 1 50 50,00
Escritórios 20 100 2000,00
Sanitários 20 6 120,00
Salas de Reunião 4 300 1200,00
CORPORATIVO

Sala para Eventos 2 140 280,00


Lojas (Comércio) 2 120 240,00
Copa 1 50 50,00
Deposito 1 10 10,00
Área Descompressão/Terraço 1 1000 1000,00
TOTAL 4950,00
14724,00

6.3 ORGANIZAÇÃO FLUXOS INTERNOS E EXTERNOS


64

Figura 41 - Subsolo I
65

Figura 42 – Subsolo II.


66

Figura 43 – Setor Social Térreo + Mezanino


67

Figura 44 – Setor de Serviços e Conveniências


68

Figura 45 – Pavimento Torre Tipo


69

Figura 46 – Pavimento Cobertura


70

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme delineado, o presente trabalho tem como escopo apresentar uma
proposta de projeto de um complexo multifuncional, um centro de desenvolvimento
no contexto urbano que, quando implantado, será uma resposta às necessidades
locais. A multifuncionalidade gera empregos, fomentando a economia, o lazer e
entretenimento.
Assim, o estudo buscou realizar projetos para escritórios e empreendimentos,
pensando em um design moderno e atual. A arquitetura corporativa também deve
considerar a saúde e o bem-estar do colaborador. Isso ocorre porque o ambiente de
trabalho possui grande influência na produtividade e no rendimento dos funcionários,
sendo necessário criar um projeto que leve em conta as demandas de todo o
público.
Conclui-se que a proposta plástica terá como ideia principal a horizontalidade,
linearidade e a permeabilidade, para melhor aproveitamento do terreno e disposição
das áreas essenciais. O interno prevê ergonomia e fluxos bem definidos, com
predominância de visuais para o entorno, uso de paisagismo no interior com eixos
visuais e espaços de convivência que propiciam maior conforto físico e psicológico.
Por fim, este trabalho de pesquisa poderá colaborar para estudos acadêmicos
relacionados ao tema de edifício vertical de uso misto e também servir de base para
profissionais, principalmente para os urbanistas, que procuram melhorias para a
cidade.
71

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76

ANEXO A – CONSULTA INFORMATIVO DO LOTE – INDICAÇÃO FISCAL -


12.013.020
77

ANEXO B – CONSULTA INFORMATIVO DO LOTE – INDICAÇÃO FISCAL -


12.013.023
78

ANEXO C – CONSULTA INFORMATIVO DO LOTE – INDICAÇÃO FISCAL -


12.013.025
79

ANEXO D – CONSULTA INFORMATIVO DO LOTE – INDICAÇÃO FISCAL -


12.013.026
80

ANEXO E – CONSULTA INFORMATIVO DO LOTE – INDICAÇÃO FISCAL -


12.013.027

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