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Copyright © 2023 de Francis Leone.

Além do Horizonte – 1ªEdição


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Edição DIGITAL | Criado no Brasil.

Os direitos autorais dessa história pertencem à autora. Esta é uma obra de ficção. Qualquer
semelhança com a realidade é mera coincidência. São proibidos o armazenamento e/ou a
reprodução total ou parcial de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios (eletrônico
ou mecânico, incluindo fotocopia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem permissão escrita da autora.

Capa: Francis Leone


Revisão: Pamela Torres e Fran Moraes
Auxiliar de Pesquisa Editorial: Fran Moraes
Betagem e Leitura Crítica: Taciane Albonico
Diagramação: NS Assessoria Literária (Naylane Sartor)
EPÍGRAFE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
AGRADECIMENTOS
ME SEGUE NAS REDES SOCIAIS
LIVROS DA AUTORA
Daqui a vinte anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas
que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas.
Explore. Sonhe. Descubra.

H. Jackson Brown \ Mark Twain


Atravesso a Avenida Oscar Freire com passos rápidos, Dona Marissa deve estar doida
com meu atraso. Não costumo dar essa mancada, mas a quitinete que aluguei ontem, está me
dando mais trabalho do que imaginei para organizar, e meu horário de almoço não é lá grandes
coisas para querer abraçar o mundo em tão pouco tempo. Espero que a ligação dela seja uma
guinada na minha vida, pois pior que está, suspeito que não vai ficar.
Olhando o paredão de vitrines adiante, sigo resmungando pelo meu infortúnio. Essas
decorações do Dia dos Namorados estão cada vez mais exageradas. Quase tropeço na saída da
faixa de pedestres ao tropeçar numa linha agarrada a um balão cor de rosa murcho, meu salto
engancha e me faz esbarrar em um cavalete em frente a uma loja de roupas toda decorada com
corações e frufrus.
Rolo os olhos amaldiçoando essa data. Para que tantos corações, tantos enfeites, quando o
namoro é apenas um meio para um fim? Não acredito mais em declarações e presentes com
gentilezas, é tudo uma grande ilusão! Os homens só querem ter um corpo ao seu dispor e assim
que aparece uma proposta melhor em sua vida, esquecem que você poderia acompanhá-los em
qualquer lugar do mundo, e te deixam para trás.
Paro me recompondo na calçada, alinhando meu terninho azul bebê. Observo meu reflexo
na vitrine. Minha trança loura até parece um ninho de pássaros, e minhas bochechas rosadas pelo
meu esforço em caminhar rápido, me deixa parecida com um palhaço. Sigo em frente
concentrada ao chegar no escritório da agência.
— Cacete! Deixe de se lamentar por um coração partido, Laura! Bola pra frente garota!
Fazendo uma retrospectiva na minha cabeça enquanto observo o trânsito ao atravessar a
rua, me pergunto: Como cheguei a este estado? Tão desanimada e introspectiva?
Sempre fui uma garota com uma ótima autoestima. Confiante, exibida e aventureira.
Depois de entrar para a faculdade de administração, percebi que não era aquela profissão que
queria exercer a princípio, então depois da formatura, decidi me arriscar na carreira de modelo.
Muitos disseram que era um erro, pois, tudo naquela cidadezinha estava contra mim, a pouca
ambição das pessoas para incentivar, pais desinteressados, renda limitada e estética fora do
padrão, eram empecilhos grandes demais para alguns, mas haviam duas coisas a meu favor que
bastavam: talento e sorte.
Desde criança o destino parecia estar ao meu lado. Ficava com os melhores lugares em
qualquer evento, ganhava todas as rifas e sorteios que participava, além das promoções que eu
abocanhava. Nos amigos secretos de final de ano, sempre era tirada pelos amigos mais ricos, em
consequência ganhava os melhores presentes. Era desinibida, fotogênica e inteligente, portanto,
insisti que administração não era a carreira que queria seguir.
Tinha muitos anseios: participar da semana da moda em Milão, esquiar em Aspen, ser
uma modelo conhecida, ter alguém ao meu lado que me amasse como sou, mas o maior deles
acho que sempre foi passear de balão sobre a Capadócia. Eu literalmente sonhava às vezes de
tanto pensar. Depois que assisti aquela novela brasileira que se passava na Turquia, onde as
pessoas subiam na cestinha e eram içadas por um balão de ar quente, eu só falava nisso. Por anos
me imaginei no lugar delas flutuando no ar, olhando o nascer do sol. Agora já adulta, não penso
mais nesses sonhos, pois a realidade é severa e atropela o lúdico da adolescência.
Na busca pela carreira que escolhi, consegui modelar. Tive sucesso? Em partes sim, pois
a vida de modelo plus size não é esse glamour que a mídia pinta. Consegui experiência na
profissão, fui convidada para participações mínimas em propagandas, fotos de divulgação para
marcas pequenas de lingerie e roupas de tamanhos especiais também. Diversas vezes fui
contratada para eventos de apresentação de bebidas, alguns de bom gosto, outros nem tanto. Mas
não posso reclamar, pois conseguia pagar as contas, comer e ainda sobrava um tantinho para
guardar.
Vida simples, contudo, era muito melhor que retornar para o interior e ser analisada e
monitorada diariamente, não só por meus pais, mas pelos vizinhos também. Às vezes acho graça
de mim mesma, em como consegui perder a virgindade naquela cidadezinha. Se tomasse um
porre na balada, no outro dia o bairro todo sabia.
Na capital tudo era diferente. Dividi por algum tempo o aluguel de um apartamento com
uma colega quando cheguei na grande São Paulo. Ralei muito com o portfólio debaixo do braço,
indo de agência em agência, aceitando trabalhos chatos para me manter.
Até que um dia bati na porta certa, onde a dona da agência se encantou por mim e os
trabalhos começaram a melhorar.
Spicy Models é o nome da agência. Depois descobri que é conceituada na contratação de
modelos fora do padrão.
Modelar é o que amo! Não porque quero apenas aproveitar os resultados que ela me
traga, como uma possibilidade de me relacionar com pessoas de outro patamar social, mas nesse
ramo, tive o privilégio de frequentar eventos mais requintados, interagir com a alta roda da
capital e por consequência me relacionar com pessoas refinadas. Não é por esse motivo que o
preconceito deixou de existir. Aos olhos de alguns mesquinhos e babacas, nunca deixei de ser
gorda porque usava uma sandália Blanik ou uma bolsa Fendi. Ainda era e sou a gorda no vestido
de seda.
Todavia, não me importava, sabia que incomodava porque era bonita e não me
intimidava com cochichos e olhares zombeteiros, e no fim da noite ia para casa sempre com o
cara mais gato da festa. Não é porque uso manequim cinquenta que não chamo atenção. Sou
capaz de atrair muitos olhares, não pelo meu peso e sim pela desenvoltura, pele lisinha e perfeita,
cabelos brilhantes e bem cuidados caindo até a cintura, boca volumosa, seios e quadris fartos,
mas proporcionais, além de muita simpatia.
Mas a vida tem uma maneira inusitada de chutar nosso traseiro.
Há um ano conheci Jones. Pedro Jones Andrade, meu namorado. Quer dizer, era
namorado há vinte e quatro horas, mas no começo da relação tudo eram flores. Um engenheiro
muito cavalheiro, ele tinha vindo do interior do estado também, entretanto, estava aqui na capital
há mais tempo que eu. Sem demora conquistou meu coração com gentilezas e declarações, aos
poucos, por infelicidade e ingenuidade me deixei levar pelas pequenas mudanças que ele sugeria,
até me mudar para a casa dele há cinco meses.
Certo, na época não achei nada demais, afinal fazia cinco meses de um relacionamento de
conto de fadas, e ele ressaltou que era bom para ambos dividir as despesas e ficar mais perto um
do outro. Mas as coisas se transformaram pouco a pouco.
Uma troca de roupa que não caía bem para a ocasião, um corte de cabelo menos ousado
combinava melhor comigo, maquiagem forte não ficava bem, até o esmalte das unhas ele
implicou recentemente. Por fim, troquei a agência de modelos por um balcão de farmácia. Isso
mesmo, o miserável com uma lábia de burro do Shrek, fez com que eu deixasse de modelar para
ser gerente da rede de farmácias do seu tio.
E ontem, como se nosso relacionamento fosse uma brincadeira de moleques, disse que
aceitou uma proposta de trabalho no exterior que esperava há tempos e que não podíamos
continuar a relação.
O meu choque inicial durou apenas alguns minutos. Não derramei uma lágrima sequer,
afinal nem cheguei aos vinte e seis anos, não é um bostinha careta que vai me derrubar. E ele não
merecia nada mais de mim. Surtei! Enfurecida, parti pra cima dele. Jones acuado e covarde disse
que iria até a lanchonete do calçadão para dar tempo de me acalmar e arrumar minhas coisas. O
abusado estava me botando na rua apenas com minhas roupas!
Foi como emergir do fundo do oceano em busca de ar. Se eu continuasse naquela relação
certamente me afogaria na vida pacata e insossa que abandonei aos dezoito anos. E o pior, quem
atirou a boia salva vidas foi o próprio Jones ao terminar o namoro. Que burrice, Laura!
Respirei fundo e peguei o telefone, disquei para uma empresa de serviços de mudanças e
acionei uma caminhonete, carreguei o básico que poderia me ajudar a recomeçar e parti sem peso
na consciência. Afinal, meses dividindo as despesas por iguais me davam certos direitos.
Assinei os trinta dias na farmácia e liguei para a Dona Marissa. Me desculpei novamente
por ter saído da agência e disse que estava disposta a trabalhar no que ela precisasse, mas
naquele emprego onde Jones me colocou como um molde ao seu padrão e descartável ainda por
cima, eu não ficaria. Não mesmo!
Peguei a imagem do Santo Antônio que trouxe comigo como relíquia da minha antiga
cidade e coloquei de ponta cabeça escorado no altarzinho dentro do guarda-roupa.
Errou feio comigo, Santo Antônio, ai ai ai!
Hoje, terça-feira, na semana do Dia dos Namorados, Dona Marissa me ligou. Meu
coração deu um salto de alegria, mas minutos atrás olhando meu reflexo na vitrine, o desânimo
me agarrou.
Ao chegar na recepção, a moça que me recebe pede para aguardar que vai avisar a chefe.
Ajusto rapidamente a trança de lado, desmanchando e refazendo em segundos. Bebo uma água
fresca, posta na mesinha ao lado das poltronas brancas. Assim que me acomodo fingindo uma
tranquilidade que não sinto, a porta da sala da gerência se abre. Dona Marissa nos seus cinquenta
anos é uma mulher bem conservada. Usa um conjunto de blazer, calça cáqui e o cabelo em um
coque alinhado segurando o ruivo dos cabelos. Com as mãos na cintura postada na porta, me
analisa dos pés à cabeça.
— Laura querida, vamos entrar, tenho um trabalho para você.
Meus olhos brilham e exalo um longo suspiro de alívio. Ainda um pouco aflita pela
maneira que olhou para mim, a sigo obediente. A mulher sempre foi exigente com a aparência
das meninas e não estou nos meus melhores dias.
— Recomendei seu portfólio para um trabalho fora do país, num evento automobilístico
de carros de luxo — explana ela ao se sentar atrás de sua mesa e me mandar fazer o mesmo na
que está diante dela.
— Fora do país?
— O passaporte está em dia?
— Sim, senhora. Mas…
— Mas? Não disse que estava disposta a voltar para a agência, Laura? — aceno que sim
mordendo o lábio. Nervosa e incrédula, fico sem palavras e não sei o que responder para a
senhora com olhos de águia. — Qual é o problema?
— Acabei de me mudar, não tive tempo de me organizar e minha aparência não está de
acordo com o que ostentava no meu antigo portfólio.
— De fato, tenho que concordar. Não parece a Laura De E. que conheci.
Abaixo o olhar, é complicado explicar que me deixei enganar por um homem que só
queria distração e um corpo fácil sem esforço. Pois, era isso que eu era naquele namoro fajuto.
— O que houve, Laura? Conte para que eu possa compreender e ajudar de alguma
forma.
Vendo os olhos da senhora suavizando e o tom de voz menos áspero, decido contar tudo
desde que pedi dispensa do seu casting. Peço desculpas por tudo e no final, Dona Marissa dá um
sorriso compassivo e solta uma de suas pérolas.
— Bem, foi com Deus aquele coroinha! Puxa vida, não esperava demorar tanto para se
dar conta que você merece muito mais que aquele banana.
— Pois é — murmuro, não com tristeza porque nunca foi uma paixão avassaladora. Mas
me envergonha de certa forma, não ter percebido o embuste.
— Ligue para o tiozinho da farmácia e diga que você não retorna para terminar os trinta
dias. Já vou te encaminhar para seu tratamento de beleza. Por Deus, esse cabelo está parecendo
um adereço de carnaval onde o enredo é o deserto do Saara. Precisa de uma hidratação urgente!
Solto uma risada descontraída ao vê-la circular a mesa e vir pegar minhas mãos.
— Precisa de serviço completo. Seu voo sai amanhã, vou lhe dar instruções e endereços
no caminho. Vamos, não podemos perder tempo!
Mais tarde no Uber, a mulher quase me faz desmaiar de emoção. O destino do meu
trabalho será a Turquia. Um evento para apresentar veículos numa exposição de elite.
— Tem certeza de que sou a modelo ideal para o trabalho?
— Sim, querida. Fui enfática com Giorgio quando ele solicitou quatro garotas do meu
casting. Ele precisa de representatividade, por isso se anime. Bem, devo confessar que não foi
por escolha dele. Você e Cláudia poderão sofrer algum preconceito enquanto estiverem
realizando o trabalho, mas se puder relate-me e tomarei as providências.
Dona Marissa sabe bem que o mundo é cruel com quem não tem o padrão, por isso ela
faz questão de mandar uma garota de cada biotipo que tem, gorda, negra, ruiva com sardas
expressivas e albina. Giorgio é um cliente frequente que gosta de ser diferente no meio da moda,
mas nesse evento específico a intenção é não chamar a atenção para as modelos e sim para as
máquinas que serão expostas aos xeiques, ricaços e famosos do país.
Mas ela é ousada como eu e não fica quieta quando expressa seu ponto de vista. Sei que
já fez muitos favores ao velho Giorgio Santini, e agora está montando uma parceria e cobrando
os favores, fazendo com que ele aceite as moçoilas fora do chamado padrãozinho Barbie.
Comentou que está montando uma franquia da agência naquele país junto ao velho Santini e,
portanto, esse evento será um termômetro para o andamento dos negócios por lá.
Após a preparação, vieram as intenções. Todas nós recebemos a roupa que vamos vestir
no evento. Um vestido preto básico cobrindo ombros e joelhos, porém em mim, decotado pelo
quesito comissão de frente. A maquiagem e cabelos estão por nossa conta, devemos nos preparar
no hotel antes da ocasião. Uma regra, no entanto, me deixou amuada. Batom vermelho é
proibido.
Tenho consciência que na Turquia os costumes são outros, no entanto minha postura
quanto mulher independente é de que os tempos atuais requerem mudanças e eles não vivem
mais sob o califado. Podiam modernizar algumas regras para as mulheres!
O tal evento automobilístico dura dois dias, o resto da semana é bônus do tal Giorgio, o
motivo não sabemos. Isso é entre ele e Marissa, e para nós só o que interessa além do pagamento
é a viagem. E a mim, o passeio de balão que tanto sonhei.
A repaginada do dia anterior levantou a autoestima meio capenga dos últimos dois dias.
Me animei para a viagem, trabalhar no que gosto é o necessário para esquecer o que houve.
Além disso, viver um sonho nas alturas é uma motivação gigante.
A viagem de avião foi tranquila. Quinze horas de voo foi para aumentar bem a ansiedade.
Quando cheguei o coração batia forte, esse era um país que sempre almejei conhecer.
Desembarcamos na Turquia na quinta pela manhã um tanto eufóricas. Nunca havíamos
viajado tão longe, tudo é novidade. Depois da escala em Istambul, descemos no aeroporto em
Kayseri, cidade onde ocorrerá o evento. Pesquisei um pouco sobre ela antes de desligar o
telefone na decolagem. A caminho do hotel fiquei encantada em como a cidade mantém as
conexões culturais com os antigos impérios. Dentro do carro consegui ver algumas mesquitas
ricas em arquitetura. Quem sabe eu não consiga visitar alguns pontos turísticos? Seria
maravilhoso ver o Túmulo Octogonal, o mais elegante e ao mesmo tempo a torre mais
impressionante da cidade.
— Vamos, Laura!
Cláudia me chama com sua mala de rodinhas me tirando do transe, pois estou distraída
com a linda paisagem urbana.
Fomos instaladas em um hotel no centro perto do pavilhão, já que o evento é aqui no
sábado e domingo. Descansamos boa parte do dia. São acomodações ótimas, quarto amplo e bem
decorado. Esperava uma piscina dentro do meu quarto, como vi nas fotos, mas não dá para exigir
tanto luxo em uma viagem custeada pela sua chefe.
Após dispersar a confusão do jet lag, fomos explorar e desfrutar de alguns cafés, bazares
e lojas. Esticamos um pouco a noite também, contudo só eu voltei cedo, pois preciso de
informações sobre o passeio de balão e me preparar para ir até a Capadócia.
Na recepção do hotel consegui o meu intento. O rapazinho me deu todas as dicas de que
precisava. Os turcos são muito solícitos, agradam bastante os turistas e me viro bem com o inglês
cursado no ano passado, já que turco está fora de questão saber falar, pois acho muito difícil
aprender. Quem sabe em outra oportunidade.
Planejei tudo e com a cara e coragem, na sexta-feira decidi me aventurar. Coloquei um
vestido solto longo de botões que comprei na semana passada, é o único de mangas longas.
Como havia me informado, o clima do lugar é ventoso e não quero me resfriar nessa viagem.
Arrumei o cabelo em uma trança lateral para não despentear demais, calcei um tênis confortável
para andar no local acidentado onde plainam os balões. Levei uma pequena bolsa com minha
carteira para pagar pelo passeio, documentos e celular.
Nenhuma das meninas quis me acompanhar. A que mais tinha afinidade comigo, Bianca,
está de ressaca depois de um jantar pra lá de animado com o nativo que conheceu.
O bom de tudo é que não tenho medo, sou curiosa e metida, ganhei de lambuja uma
viagem dos sonhos mesmo que a trabalho, então não retornarei sem voar de balão, seria muita
covardia.
Depois de algumas trapalhadas para me comunicar com o motorista, uma hora depois
finalmente chego ao local. No horário que o rapaz recepcionista disse que costumam iniciar os
voos. Ao avistar o arco de ferro da entrada com o guichê, ando até lá sem me distrair com os
baloeiros a poucos metros na planície desamarrando cordas e dando instruções às pessoas, que se
agrupam para entrar nas cestas dos respectivos balões de ar quente.
— Ei! Bom dia, quanto custa o passeio de balão? Ainda consigo um lugar, né? — indago
o homem de bigodes longos e barba espessa atrás do vidro da cabine ao lado da entrada.
— Onde está seu bilhete? — retrucou o homenzinho de turbante colorido.
— Bilhete?
Uma bufada impaciente me diz que eu não gostaria nem um pouco da resposta.
— Sim, senhora. — Esse tratamento formal me faz sentir velha, mas nem me altero! Os
baloeiros estão prestes a sair — O bilhete de reserva ou o número de inscrição quando reservou o
passeio on-line.
As sobrancelhas volumosas me encaram unidas como se soubesse que não tenho nada
disso.
— Eu não… — suspiro derrotada. — Não sabia, poderia reservar antes?
— Poder não, senhora. Só é possível fazer o passeio se fizer a reserva antes. Como pode
ver já estão saindo.
A animação vai para o ralo. Após uma conversa rápida com ele, descobri que seria
impossível voar sem ter reservado com a empresa alguns dias antes. Aquele recepcionista babão
bem que podia prestar atenção à conversa, ao invés dos meus peitos!
— Pode perguntar se há uma vaga por desistência ou algo assim? Não ficarei na cidade
para ter outra oportunidade como esta.
— Se quiser pode ir até ali e falar com eles, mas suspeito que seja em vão.
Parece que suas palavras desanimadoras fazem meu cérebro associar com o fracasso do
passeio antes mesmo de perguntar aos baloeiros. Caminho alguns metros adiante em um suave
declive do terreno e me aproximo do primeiro homem que fala alto um inglês sofrido, ordenando
aos passageiros para entrar no cesto do balão.
Insisti desesperada com cada um deles, disse que dispunha da quantia para pagar pelo
passeio, porém nenhum se compadeceu de mim. No último, até ouvi zombarias na língua que
não compreendo, mas os olhares conheço bem.
Decepcionada, começo o meu caminho de volta.
Me afasto desolada, pois meu sonho está tão perto e não posso realizar. Não se sabe
quando ou se algum dia voltarei à Capadócia para experimentar isso, portanto minha decepção é
tremenda. Limpo os olhos impedindo uma lágrima de rolar. Quem sabe um dia eu retorne.
Ouço ao longe alguém gritando, mas não me indigno olhar sobre o ombro. Estou triste, só
quero sair daqui e tentar chegar no hotel para pegar o café da manhã, já que saí às quatro da
madrugada, pois o horário dos voos é cedo para exatamente apreciar o espetáculo no ar e que no
caso irei perder.
De repente sinto meu braço ser agarrado com firmeza e isso me faz sobressaltar. Ao girar,
dou de cara com uma figura muito alta e grande enrolado num pano escuro, apenas mostrando os
olhos. Tudo bem que não está calor, mas acho um tanto estranho para não dizer amedrontador,
ser puxada por essa criatura encapuzada.
— Olá, vi você querendo voar, tem lugar no meu balão, vou subir agora, por que não vem
comigo?
A voz que sai da garganta do homem, mesmo abafada por panos é tão macia e serena que
estagna meus passos no lugar e os olhos esverdeados calorosos, despertam minha atenção para
ouvir o que o estranho fala, porém, não confio assim tão fácil.
— Desculpe, não te conheço — respondo retraída.
— Bem, receio que não conhecia nenhum dos que conversou até agora — retruca ele, não
vejo o sorriso, mas parece um tom de bom humor.
— Tem razão, você me assustou — dou um sorriso sem graça.
— Então? Vamos? Não posso ficar muito tempo batendo papo aqui, já acendi o maçarico.
Pretendo ver o sol nascer lá em cima no horizonte. — Me estende a mão grande em um sinal de
pressa.
Penso ainda por uns milésimos de segundos, mas a mão bonita, dourada do sol e repleta
de anéis é muito convidativa. Tenho esse gosto incomum por mãos masculinas e as desse homem
são estranhamente sexys com todos esses metais e pedras incrustados.
Fito outra vez o rosto encoberto e os olhos misteriosos vez ou outra ganham um nuance
mais claro. Eles despertam uma enorme curiosidade para não aceitar. O que ele pode fazer no
céu com mais dez pessoas a bordo? Agarro sua palma ampla e aceito o convite. É quente e macia
e mesmo segurando a minha de modo firme, me sinto segura com esse estranho. É necessário
apressar o passo para alcançar os dele, pois o que me falta em estatura, nele sobra. A brisa
quando passa por nós traz seu perfume amadeirado misturado com alguma fruta que meu olfato
não recorda, mas sei que é bom, delicioso na verdade.
O arrependimento bate forte assim que chegamos depois da corridinha até o último balão
colorido no chão. Os outros já partiram e neste sou a única passageira, além do encapuzado.
Olho mais uma vez para o estranho e mordo o lábio para conter o ‘não’ que estou prestes a dizer.
O homem de burca improvisada me auxilia a subir e entra logo em seguida.
— Pensei que haviam mais... outros passageiros, somos só nós? — pergunto apreensiva.
— Não costumo levar pessoas, é um passeio que gosto de fazer sozinho, pensar com
calma apreciando a vista — responde ele concentrado desatando as cordas e espias de contenção.
— Mas você me pareceu aflita para subir, pensei em uma gentileza para encerrar a semana.
— Hum, obrigada — resmungo ao me segurar na borda do cesto enquanto ele manuseia
uma barra com um tipo de maçarico que aumenta a chama acesa e começa a flutuar aos poucos.
— É que não terei outra oportunidade de experimentar esse voo, por isso a aflição. — Ai meu
Deus! Não sei qual medo é maior, o do estranho me olhando ou o balão subindo.
Parece a sensação de um elevador galgando andares, porém mais lento. Aquele friozinho
característico no estômago entra em ação e minha respiração acelera. Dou uma espiadela para
baixo no chão e já estamos a uns cinco metros. Minhas mãos geladas seguram firme a borda e ao
sentir algo quente sobre uma delas, desvio o olhar do chão para ver que é a mão enorme do
estranho sobre a minha.
— Calma, não deu tempo de passar as instruções de subida a você, sinto muito por isso.
Não olhe para baixo agora. Tem medo de altura?
Balanço rápido a cabeça negando.
— Bom. Então respire fundo e se concentre na paisagem ou nas chamas por enquanto.
Em segundos você se acostuma. Tudo bem?
— Ok. Obrigada.
Não sei se é a voz aveludada ou a palma quente que acariciava a minha em um conforto
gentil, mas aos poucos minha respiração vai voltando ao normal. Concentro na sua figura
retornando ao centro e movendo o maçarico.
Seguro-me nas bordas menos nervosa, no entanto ainda receosa, tanto pela sensação nova
de voar em um veículo aberto, quanto por não saber o que fazer se o estranho me atacar nas
nuvens. Me atirar do balão abaixo? Nem pensar, morreria estatelada, feia e em pedaços. Sempre
disse a mim mesma que minha morte seria dormindo, plena de realizações, maquiada e
milionária de preferência, como uma diva de Hollywood dos tempos áureos. Mas ele foi muito
cuidadoso ao me acalmar. Não se aproximou como um predador, apenas esticou a mão bonita ao
tocar na minha.
Depois de alguns instantes já estáveis no ar, me acalmo totalmente e movo meu corpo
sem me segurar.
Ao observar a paisagem, meus olhos se enchem d'água. Meu sonho adolescente está se
realizando, as memórias daquela rechonchuda, que fugia para as ilusões de sonhos e personagens
para não sofrer com a realidade, retornam. Não! Não deixarei a tristeza de ser solitária me
vencer. Estou feliz! Minha profissão me trouxe até aqui e é por ela que estou de pé, apesar das
desilusões dessa vida.
A lua cheia está partindo e o céu está claro pela proximidade do alvorecer. É maravilhosa
a paisagem, a brisa suave no rosto é uma agradável carícia. Mas sinto um pouco de frio e me
acalento esfregando os braços.
— Está com frio? Aqui no alto, sentimos mais o vento.
Volto a olhar sobre o ombro para o piloto baloeiro desconhecido e quase infarto com a
visão. Observo encantada o homem começando a desenrolar o turbante misturado à enorme
echarpe que veste. E mana do céu!
A pele dourada do sol das mãos acompanha o tom do rosto, cabelos curtos e com um
corte moderno fazem os fios cheios se moldarem como um príncipe de conto de fadas, brilhantes
e castanhos. Barba cheia aparada e alinhada com o maxilar quadrado e os lábios parecendo um
doce de compota de morango. Carnudos e corados naturalmente. Os olhos que antes só
revelavam a cor esverdeada, agora emoldurados com cílios espessos e sobrancelhas grossas dão
um ar de mistério, mas nada perigoso, apenas uma sedutora calmaria de águas profundas. O
pescoço é largo, com o músculo do trapézio evidente.
O senhor estranho malha pra dedéu! Passa dos trinta anos, mas não deixa de ser o homem
mais lindo que já vi. Ombros largos e braços fortes agora dentro de uma camisa de linho, deve
ser linho egípcio esse tecido. O homem grita dinheiro, se não bastasse isso, é uma escultura de
Deus grego! Ele se aproxima com a echarpe e acomoda nos meus ombros como um xale. Que
perfume delicioso! E o conforto do tecido parece uma manta quente em minhas costas. O calor
dele. Que cavalheirismo raro!
— Isso vai ajudar — murmura.
— Obrigada.
Sempre fui extrovertido e falante e isso me custa muito. Receio que minha carreira como
ator na Turquia esteja por um fio, por causa de algumas respostas nada ortodoxas que dei nas
minhas entrevistas recentes.
Alguns patrocinadores não gostaram da minha forma de defender o direito das mulheres
em decidir a própria carreira e se devem ter filhos ou não. O país mantém o conservadorismo
enraizado e alguns dinossauros do mundo do entretenimento se enfurecem com ideais modernos,
ainda mais quando são expressos por pessoas que influenciam a grande massa, como um galã de
novelas amplamente assistido no país como eu.
Lembro-me da minha carreira primária de advocacia, se tudo der errado volto a advogar.
Entretanto, não me vejo mais como advogado há um bom tempo.
Na realidade me acostumei com a fama, mesmo não tendo gostado no princípio da
carreira. Sempre fui caseiro e criado para ser um pai de família, baladas e agitação noturna não
são da minha preferência. Prefiro o sossego de um relacionamento sério, mas os poucos que tive
não duraram o tanto que idealizo.
Tenho um jeito possessivo e muito particular de agradar a parceira que pode ser
confundido com grude além da medida. Sou muito intenso e expresso o que sinto sem receios e
muitas vezes isso assusta as garotas.
No último término de namoro, a fim de fugir do habitual, participei de um reality show
por pura sorte e brincadeira de alguns amigos, e isso tomou uma proporção gigante. Fiquei
famoso rapidamente pelo carisma e fui convidado para a primeira novela. Papel irrelevante, mas
ovacionado pelo público feminino.
Minha genética por parte de pai é ótima. Meu corpo musculoso chama a atenção e como
figura pública, os cuidados foram redobrados.
Bem, a carreira dali em diante foi meteórica. Foi assim que a profissão de ator suplantou
a de advocacia.
Agora quando quero sair e me divertir ou até um passeio que sempre fazia antes, como
assistir ao nascer do sol em um balão, preciso de cuidados para passar despercebido. Portanto,
uso um lenço como disfarce tanto para o reconhecimento de fãs loucas como de repórteres, que
ultimamente depois das últimas semanas, estão em meu encalço por essas entrevistas polêmicas
em defesa dos direitos das mulheres.
Por todos esses fatos, tirei uns dias de folga e vim passar um tempo em minha casa na
Capadócia, já que tenho uma aparição em um evento no domingo em Kayseri. Preciso desse
tempo para pensar, tempo para refletir o que farei se minha carreira estiver no fim e estudar um
plano b, caso seja necessário.
Esse também é um tempo valioso para o descanso, já que venho de um mês fatigado de
trabalho e reuniões com meu agente de relações públicas, nas quais é repassado como devo agir
neste momento. Meu refúgio particular apesar de simples acomodações é luxuoso e tranquilo, e é
tudo o que preciso.
Decidi essa madrugada na luta com minha insônia, apreciar o nascer do sol que há muito
não fazia. Hoje cedo, depois de comunicar ao meu amigo assistente que preparasse e levasse meu
balão até a planície de decolagem, pedi ao meu motorista para me trazer até aqui.
Enquanto organizo os equipamentos do balão, estou acompanhando a saga de uma garota
aflita. Observo ela se aproximando de cada piloto, não compreendo bem a conversa entre eles
pois a distração com o manuseio do equipamento e o vento moldando o contorno do seu corpo
curvilíneo, está tirando minha concentração da conversa. É uma moça muito bonita, percebo
agora que se aproxima do último balão próximo a mim. Estrangeira certamente. Corpo
exuberante, pele branquinha e perfeita com cabelos longos e dourados, é realmente linda,
raramente se vê esse biotipo por aqui se não for turista.
Entretanto, sua aflição se deve ao voo, a vejo quase clamando pelo passeio e ninguém a
atende. Certo, se implorasse para mim, aceitaria sem pensar duas vezes. Porém, presumo que
como estou agachado com a echarpe negra enrolada, talvez ela ache que não há ninguém neste
balão, já que as chamas ainda não são vistas e o cesto está vazio.
É inaceitável que esses baloeiros mal-educados estejam desrespeitando-a dessa forma!
Ouço uma risada debochada de um deles e meu sangue ferve. A garota dá meia volta apressada
para a saída da planície. Acendo a chama que leva o ar quente enquanto o balão ainda está preso
ao solo, e dou alguns passos até o otário, ralhando e condenando as palavras brutas dele. O deixo
bem constrangido em frente aos turistas atentos, foda-se, isso não se faz!
Infelizmente ela já está próxima a saída no topo da encosta a alguns metros adiante. Mas
se me apressar, posso lhe oferecer o que tanto quer. Corro atrás e quando agarro seu braço e ela
vira em minha direção, vejo que de perto a moça é ainda mais bela. Seus olhos azuis parecem
pedras preciosas, duas águas marinhas, mas noto que o semblante triste dá lugar a um
desconfiado. Procuro descontrair e não assustá-la, realmente quero ajudar. Pois uma mulher
como ela, deve ser comprometida e não devo sequer pensar em uma variante qualquer que não
seja promover o passeio de que a vi implorando para os pilotos.
Trocamos algumas palavras e a convenço a embarcar comigo. Percebo que ficou receosa
com minha atitude, porém não posso retirar o lenço e correr o risco de alguma fã alertar que o
famoso ator de novela está no vale.
Preciso deixá-la tranquila e confortável, afinal não sou nenhum bandido que irá raptá-la.
Me pego rindo dessa situação, quando foi que fiz uma coisa parecida? Convidar uma estranha
para voar no meu balão? Nunca. Ao segurar sua pequenina mão, algo estranho sinaliza em meu
peito, uma posse diferente.
Entramos apressados e ela indaga sobre os outros passageiros. Depois confessa nervosa
que a aflição é por não ter outra oportunidade de voar. Ah merda! Esqueci que isso poderia ser
mais assustador ainda. Estar sozinha com um desconhecido que arrisca um inglês destreinado em
um balão deve ser estranho.
Acalmo seu desconforto pela subida e volto a aumentar a chama para subir além das
planícies que logo iremos cruzar.
Preciso me apresentar urgente, observo a moça de costas amedrontada e com frio.
— Está com frio? Aqui no alto, sentimos mais o vento. — Após não obter resposta,
desenrolo a echarpe da cabeça e rosto.
Vejo seu olhar surpreso e me aproximo colocando o pano em seus ombros.
— Isso vai ajudar.
— Obrigada.
— Desculpe, não me apresentei, meu nome é Zayn, muito prazer.
Agora mais despojado, estendo a mão a ela. Seguro o riso, pois a moça está espantada,
será que ela imaginava um velho carrancudo embaixo do pano?
Ela demora um pouco para retribuir a minha saudação, sorrio para descontrair um pouco
o clima.
— O prazer é meu, me chamo Laura. — O sorriso dela é encantador, Mashallah[1]!
— Lora? — ela ri, não consigo pronunciar muito bem seu nome, mas tem uma
sonoridade agradável. — Lora.
Repito o nome e por mais que tente não sai direito. Ela continua sorrindo do meu jeito e
me sinto bem, a moça se acalmou. Entre risos e repetições desisto.
— Zayn! Não consegue pronunciar meu nome?
— Você também não consegue pronunciar o meu corretamente, então estamos sem
dívida alguma.
— Ok, está certo. Você é natural da Turquia? Fala tão bem o inglês — pergunta ela.
— Sim, nasci em Istambul, mas gosto mais daqui da Capadócia e você? — De qual país
será que ela vem?
— Sou do Brasil. — Ah! Adoro aquele país.
— Oh, legal! Carnaval e Neymar.
Ela revira os olhos, devem falar isso toda hora quando ouvem ‘Brasil’. Acabo rindo e me
desculpo pela gafe.
— Desculpe minha reação, Zayn, todos aqui falaram essas mesmas palavras quando
contei de onde sou.
É muito autêntica, gostei dela, porém não demonstro muito para não assustá-la. Decido
continuar a conversa para ouvi-la, tem uma linda voz também.
— Está aqui a passeio ou a trabalho, Lora?
— Trabalho.
— Presumo que o balão não faça parte do trabalho.
— Não. É um sonho de criança, sempre quis fazer isso.
— Jura? Não tem medo, então? Como soube deste lugar?
— É engraçado. Não sei se conhece, mas temos um programa de televisão no meu país
chamado novelas. — Ah merda! Ela deve ter me reconhecido.
— Novelas?
— Sim, como séries televisivas, sabe?
— Ah, sim conheço. — E muito bem.
Se soubesse, já teria percebido que eu fazia parte de uma que há pouco mais de quinze
dias foi cancelada, os rumores dizem ser por culpa minha. Encaro meus pés voltando os
pensamentos para lá, chacoalho a cabeça tentando dissipar o pessimismo. Elevo meu olhar
quando ela continua a falar.
— Acontece que eu assistia uma dessas quando era adolescente e gostava muito das
cenas que passavam aqui. Era lindo de ver.
— E achou lindo pessoalmente também?
— Muito mais. Adorei esse lugar e agora amanhecendo é uma vista fantástica. Nunca vi
nada igual. Se eu morasse aqui, viria todo o dia!
Acho o sorriso e o entusiasmo mais bonito que a vista. No entanto, vou me conter para
não elogiar, não sei se cairia bem um elogio de um estranho e me parece que ela não me
reconheceu. Será que nunca viu meu trabalho? Um vídeo ou propaganda? Preciso ter certeza.
— Gosta de novelas? Ainda assiste? Temos esses programas aqui na Turquia —
indago para tirar a prova.
— Não tenho mais tempo para isso, nem rede social consigo lidar. Aliás, não sou muito
chegada. Ultimamente minha vida está voltando ao rumo depois de alguns percalços e o tempo
estou comprando a preço de ouro.
Alegro-me com sua resposta, se não tem tempo para as novelas brasileiras imagina as
turcas. Certeza que não me conhece.
— Entendo. Seria indelicado perguntar em que trabalha?
Ela ri um pouco, será que de mim?
— Alguma piada, Lora?
— Não. Estou lembrando que me assustei quando te vi lá no chão com esse enorme pano
enrolado e você não é nada assustador agora.
— Ah, desculpe não queria assustá-la. Uso porque venta um pouco e como pode ver, a
poeira lá embaixo pode atrapalhar a visão quando se está preparando o balão, qualquer
desatenção é perigosa. Mas não quero interromper sua resposta.
— Sou modelo.
— Ah sim, tem porte mesmo de modelo.
Estou tão encantado com o som da sua risada que nem lembro minhas próprias falas.
Poderia ser qualquer coisa com essa estética linda. Imagino como seria de cabelos soltos se de
trança amarrada e espevitada pelo vento já é tão encantadora.
Essa boca linda se movendo me faz pensar se o sabor é tão bom quanto a visão dela. E
seu perfume tão delicioso de flores que é intoxicante, me chama para inspirar. Converso um
pouco mais e então o sol começa a despontar no horizonte. Mas de súbito o vento aumenta e
preciso me concentrar para estabilizar e fazer o balão descer um pouco.
O pior é que a moça perderá o espetáculo do nascer do sol desse jeito, comigo em pé na
frente dela, tapando o que espera contemplar, não vai funcionar.
— Lora, vem para a beirada na minha frente enxergar o show, não posso me mover agora
para que possa olhar a vista.
Apesar de ser uma verdade, estou mais que satisfeito com essa manobra climática que me
obriga a chamá-la para perto.
Deus! Como é gostoso quando uma mulher sabe escolher a fragrância que combina com
ela! A garota mais que depressa se aproxima me fazendo fechar os olhos pelo deleite olfativo.
Mashallah! Definitivamente o perfume é uma das coisas que mais me atrai quando estou
conhecendo alguém mais intimamente. E essa roçada de seu corpo entre a beirada e o meu, é
suficiente para acender a lava de um vulcão adormecido. Porra! Preciso me concentrar para não
encostar minha semi ereção na moça.
Termino a pequena manutenção e a luminosidade do sol já desponta na montanha. A
visão é esplêndida, ela suspira alto e encantada. Me aproximo um pouco mais para falar de
modo que consiga ouvir, afinal, as chamas irritam pela cacofonia.
— O que achou da vista? Eu acho fantástica. — Se soubesse que é de você que me
refiro.
— É magnífica, Zayn. — Preciso saber se ela é comprometida.
O sol faz o seu show despontando além do horizonte, o espetáculo da natureza perfeito.
— Você tem namorado, Lora?
— Não. Por quê?
— Porque gostaria de fazer um elogio e não quero soar desrespeitoso.
— Você é muito gentil. Não tenho namorado não, na realidade hoje é uma grande ironia
dizer isso — responde tentando soar brincalhona, mas sua voz tem um nuance triste.
— Como assim, ironia?
— Há alguns dias meu ex-namorado terminou comigo. E bem, hoje é dia doze de junho,
Dia dos Namorados no Brasil.
— Oh, me desculpe! Não queria deixá-la chateada.
— Tudo bem, Zayn. Não há o que se desculpar. Talvez o elogio agora possa me deixar
mais alegre.
Nossas risadas se mesclam e quando ela vira o rosto para me olhar, vejo os detalhes de
seus belos olhos. O azul circulando a pupila é mais intenso que nas bordas.
— Você é mais linda que o nascer do sol no horizonte da Capadócia. — Lora pisca
repetidas vezes desconcertada. — E seu ex é um otário, se me permite falar.
— Concordo plenamente e você é um gentleman. — O sorriso contente me satisfaz.
— Veja, lá vem a estrela amarela! — Aponto adiante ouvindo seus suspiros. Sinto o calor
do corpo próximo ao meu e proíbo mentalmente meu corpo de mostrar qualquer reação. Lora não
merece ser tratada como um pedaço de carne. É deveras uma mulher linda, mas não sou um
adolescente emocionado.
— É lindo esse espetáculo! — exclama deslumbrada.
Me afasto um pouco para dirigir o balão e subir um pouco mais, alcançamos quinhentos
metros e sobrevoamos as formações rochosas que estão lá, a milhões de anos graças aos vulcões
distintos e as erosões formadas pela água e vento. Quero levá-la para conhecer os vilarejos
também. Direciono até o vale vermelho, assim que deixo estabilizado sobre o vale do amor, me
aproximo dela apoiada no cesto encantada em admirar a vista.
— Está gostando do passeio?
— Maravilhoso. — Lora vira o corpo totalmente para mim. — Desculpe, você disse que
faz o passeio sozinho para pensar, e a maluca aqui atrapalhou seus planos.
— É, realmente não estou conseguindo pensar em nada coerente. — Encaro seu rosto
embevecido pelos fios dourados que a brisa bagunça. — Seu perfume delicioso mexeu com algo
no meu cérebro e está difícil pensar.
Lora sorri com duas covinhas no rosto redondo, me hipnotizando.
— Preciso achar uma maneira de retribuir esses elogios, Zayn.
— Não quero ser redundante em repetir, mas confesso que adoro mulheres cheirosas e
além de tudo, simpáticas… e ... Mashallah!
— Obrigada, e você tem mãos lindas.
Não evito a gargalhada ruidosa, pois de todas as partes do meu corpo que já foram
exaltadas, as únicas que não receberam elogios foram minhas mãos que agora estão bem irritadas
por conta das amarrações da grossa corda. Ela ri comigo e me aproximo um pouco mais.
— Obrigado, mas nunca recebi elogios pelas mãos.
— Imagino que não. Não me entenda mal, você é um homem atraente, mas suas mãos
foram o que vi primeiro e adorei a forma que mesclou os anéis, combinam com você. Dão um ar
exótico — diz ela.
E no intuito de agradá-la, tiro um com a pedra verde e espalmo a mão dela sobre a
beirada, segurando e colocando o anel dentro de sua palma.
— Aqui, fique com esse.
— Não posso aceitar.
— Para recordar desse dia, aceite, por favor. Para nós é ofensa não aceitar um presente.
Ela o admira e veste o objeto de metal no dedo médio, mas não movo minha mão de onde
deixei, estou tão perto de enlaçar sua cintura, que meus dedos chegam a coçar.
— Obrigada. Mas não me esqueceria desse passeio jamais — murmura. Ah, se não tentar
agora não terei outra oportunidade.
— Sei de uma coisa que pode deixar ainda mais inesquecível — confesso ainda mais
próximo.
Percebo sua inquietude e colo mais. Lora ergue o olhar da joia que admira e me encontra
com um sorriso. O hálito fresco dela me embriaga e o perfume dos cabelos, igualmente
fantástico, deixa o clima extraordinário.
É inevitável olhar a linda boca somente numa fenda que respira em silvos pesadamente.
Umedeço os lábios com uma passada de língua rápida, Lora faz o mesmo com a dela. Tô maluco
para provar esses lábios rosados.
Aperto minha mão sobre a sua num ato involuntário. Sim, estou ansioso por esse beijo.
Lora vê meus sinais e se encosta inteiramente em mim dando o consentimento, não resisto. A
mão com o anel verde se afunda em meus cabelos enquanto a provo.
Enlaço sua cintura roliça guiando para se aconchegar mais em mim. Essa boca é mais do
que imaginei, lânguida e voraz na mesma medida que a minha. Sucumbe e domina com a mesma
intensidade, se molda à minha com perfeição. Ah, que delícia de beijo!
Minhas mãos passeiam pelo corpo de Laura, zanzando entre a cintura e as costas e
lentamente agarro sua nuca para estender meus beijos em seu pescoço. Suaves e sem pressa.
— Você está me enfeitiçando, [2]Lela! — sussurro em meio aos beijos no maxilar. Ela é
tão suave como a lela da Turquia.
Lora relaxa e se entrega mais e mais, arfando em meus braços manhosa, me fazendo
sorrir em seu pescoço. Deve ser uma mulher muito quente, pois agarra minha nuca me
arrepiando com as unhas. Por mais que não possamos nos emocionar demais, as passadas de
mãos e beijos tórridos estão nos levando ao limite.
— Tinha ideia que isso seria bom, mas não imaginei que fosse irresistível dessa maneira
— confesso encarando os olhos luminosos.
— Você é sempre galanteador assim? — pergunta ela.
Acho graça. Aquele otário do ex-namorado não tinha ideia do tesouro que possuía,
provavelmente não elogiava a própria mulher. Lora é como ouro branco, raro e de uma beleza
delicada e excepcional.
— Uma mulher como você merece o melhor que um homem pode oferecer.
— Puxa! Você me deixa encabulada.
— Não fique. Você sabe que é linda. — Beijo seu pescoço fazendo-a se arrepiar. —
Quero mostrar onde é minha casa aqui na Capadócia.
— Você tem uma casa aqui?
— Tenho, acompanhe a direção, vamos ir até lá. — Me afasto para manobrar o balão e
guiar para que sobrevoe o vilarejo.
Lora, com seu sorriso encantador, se vira de volta a admirar o horizonte. O balão segue
lentamente com a brisa na direção que quero e volto a abraçar minha musa que afaga minhas
mãos na sua cintura.
— Isso parece um sonho. É tudo tão deslumbrante aqui de cima. Estamos a quantos
metros? Como você faz para retornar? E se quiser pousar ali naquele lugar plano você consegue?
— Lora parece uma menina com perguntas sem fim. Sorrio ao responder todas elas. Chegando
na primeira vila ela pergunta sobre tudo, interessada em cada detalhe. É tão bom explicar as
belezas que tanto amo nesse lugar!
— É aqui onde você mora?
— Não. Eu moro na capital, mas constantemente venho a Capadócia nas folgas. No
entanto, esse não é o vilarejo da minha residência. Aqui é a vila de Göreme, é a mais visitada e
movimentada pelo turismo. Ali adiante é Ürgüp, mas prefiro Üçhisar, depois daquela colina.
Lora vira o rosto e beija o meu até conseguir que eu encontre seus lábios e lhe dê um
beijo carinhoso.
— Por quê?
— O quê?
— Por que Üçhisar? E não a Göreme movimentada? Ou a essa que estamos sobrevoando
agora?
— Porque Üçhisar é a mais calma de todas. Não é tão procurada e os pontos turísticos são
de muito significado. Gosto do sossego, da segurança e tranquilidade em todos os âmbitos da
vida, Lora. E você? Do que gosta?
Ela gira em meus braços mexendo nos detalhes dourados da gola da minha camisa,
enquanto observa meu rosto com curiosidade.
— Já fui muito festeira, gostava de agitação no passado. Porém, ultimamente… perdi o
ânimo para tantas coisas, mas sinto que essa viagem vai me dar sorte.
O beijo no meu pescoço me faz abraçá-la, cheiro seus cabelos e ouso perguntar:
— A falta de ânimo é por causa do ex?
— É. Quer dizer, não é coração partido nem nada disso, mas o que me incomoda foi ser
usada e trocada por uma carreira sem nem pensar duas vezes. Não era apaixonada por ele… ah
desculpa Zayn, não devia falar do passado, está tão bom esse momento.
Pouso minha mão sobre a dela em meu peito, sentindo uma raiva desse cara, por iludir
uma mulher que depositou confiança nele e acreditou em suas falsas palavras.
— Existe um antigo provérbio mouro que diz: 'Uns aprenderão através da dor e da
tristeza, outros através da alegria e do riso… assim está escrito." Às vezes não gostamos do
modo como as coisas acontecem, mas sempre haverá uma lição. Tenho certeza de que esse rapaz
vai aprender lamentando o que fez e você deve ficar em paz com sua consciência e aproveitar os
belos momentos da viagem.
— Obrigada pelas sábias palavras, você tem um dom de animar as pessoas. Você é
psicólogo, Zayn?
Sorrio e retribuo seu abraço, aproveitando o calor do corpo de Lora junto ao meu.
— Me formei advogado, apesar de não exercer no momento. Veja, esta vista linda é onde
começa o vilarejo de Üçhisar. Está vendo aquela construção na encosta da montanha, a última
acima das outras? — Aponto com meu dedo a direção. Ela se afasta de mim para se concentrar
no local. — Aquela é minha casa.
— É tão alto! Como se chega lá?
— Não dá pra ver daqui, mas tem uma estrada que circunda a montanha estreita e de
tijolos de calcário, é bonita de circular. Podemos parar lá se quiser? Tem um lugar para pousar
aqui perto.
Seu olhar se volta para mim surpreso, investigando meu rosto a procura de algo que não
sei definir.
— Infelizmente não posso demorar, tenho uma reunião de instruções às onze horas.
Poderia perguntar o hotel que está, marcar um encontro, saber mais dela, mas a julgar
pelo que o escroto fez, Lora é desconfiada das minhas intenções e com razão. Se desse vazão a
minha vontade de insistir, poderia assustá-la e isso não farei.
— Claro, entendo. É melhor começar a retornar, viemos longe e não quero que perca o
compromisso. — Quando dou um passo para ir até o maçarico e baixar um pouco para que o
vento nos retorne, Lora agarra minha camisa e me puxa de volta para ela.
Me beija com ardor e me deixo levar, devorando seus doces lábios.
— Eu falei a verdade Zayn, tenho uma reunião na qual não posso faltar, mas em outras
circunstâncias, acredite em mim, adoraria conhecer sua casa.
— Eu acredito, lale[3]. E me agrada muito saber que adoraria conhecer minha casa.
Lora afaga meu rosto sorrindo e confessa:
— Mesmo que fosse hoje, receio que duas horas e meia seriam escassas para o que tenho
em mente, isso contando que você me levaria para o meu hotel.
Sinto-me extremamente satisfeito e excitado por essa confissão. Não escondo o sorriso.
Me inclino e capturo meu novo vício, seus lábios carnudos. Respondo pertinho o que gostaria de
fazer com ela e seus olhos brilham em um azul piscina.
— Infelizmente eu não poderia levá-la para o hotel, Lora, não antes de vinte quatro horas
no mínimo. Receio que nem quarenta e oito horas eu terminaria todas as coisas que gostaria de
fazer com você na minha casa, na minha cama.
— Você quer? Eu… nunca fui além no primeiro encontro, acho que pegaria mal.
Encaro seu olhar receoso e tento entender como ela se sente, para tirar aquele merda e as
porcarias que ele deve ter colocado na cabeça dela.
— Pegaria mal para quem? O que nós dois queremos não diz respeito a ninguém. —
Olho ao redor para me situar de quanto tempo ainda resta do passeio, estamos longe de qualquer
rocha que provocaria um acidente, os outros balões já aterrissaram pois são contratados. Volto a
olhar seu rosto, ela morde o cantinho do lábio pensando na resposta. Enlaço sua cintura e
murmuro em seu ouvido:
— Preciso provar uma amostra do paraíso, quero fazer você se sentir bem e tenho apenas
alguns poucos minutos até termos essa privacidade sublime. — Mordo a pontinha de sua orelha
a fazendo ofegar.
— Oh! Meu Deus! De onde você saiu? Dos meus sonhos? — A risada rouca que ela tira
de mim a agrada.
Eu a quero, céus! Como quero! Gostaria de dar prazer a ela, tratá-la como uma rainha.
Mas não posso fazer nenhum movimento muito brusco dentro deste cesto, poderia desestabilizar
o voo. Mas tenho uma ideia que pode funcionar.
Me ajoelho diante dela tocando seus pés e tornozelos, alisando por dentro do vestido,
sentindo-a estremecer. Sua pele lisa é tão quente que imagino como é estar nu com Lora,
beijando seu corpo inteiro sem pressa.
Na verdade, desejo esse corpo na minha cama, para chupar, morder e me perder, pois há
tempos não fico tão excitado. E o fato de ser eu mesmo com Lora e de não ser reconhecido como
o famoso ator turco galã de televisão, me deixa espetacularmente animado. Ela está permitindo
minhas carícias porque se sentiu atraída por Zayn e não por Z. Tariff ator da novela Mukadder.[4]
Agarro a barra do vestido e a faço segurar entre os dedos, cheirando a pele sedosa e
sensível da dobra interna dos joelhos. Lambendo a tez branquinha, agarro a bunda com as duas
mãos enquanto cheiro sua excitação entre as pernas sob a calcinha preta. Roço meu nariz no
tecido sentindo a umidade, não só a dela, mas a minha dentro da cueca. Minha ereção dolorida
começa a lubrificar com a ansiedade por Lora.
— Ah! — ouço sua voz quando lambo sobre a calcinha, mordendo levemente. — Zayn!
— Não rebole, lale. Fique quietinha para não desestabilizar o voo.
— Oh!
Sorrio ao descer a peça íntima e guardar em um dos bolsos da minha calça. Agarro as
carnes generosas da bunda lisinha e antes de me fartar ergo meu olhar para o dela que está
banhado em luxúria, feito lava incandescente mordendo o lábio. Uma conexão incrível que
parece me enredar nos véus de uma odalisca misteriosa. Sem demora, afundo meus lábios no
sexo depilado. É tão lindo e vermelhinho que parece a mais linda flor da Turquia.
O sabor requintado é suave e a cada investida de meus lábios, mais molhada ela se torna.
Giro em círculos as carícias com a ponta da língua deixando-a rígida ao pressionar o ponto
sensível dela. Estimulo repetidas vezes quando sinto meus fios de cabelo puxados por ela, que
guia de forma ansiosa pelo seu prazer. Não mudo os movimentos das lambidas, apenas penetro
um dedo percebendo Lora tremer as pernas e gemer alto meu nome ao chegar no ponto crucial
do clímax. Bebo seu orgasmo sedento, lambuzando minha barba com sua essência. Meu corpo
vibra por proporcionar prazer a uma rainha como ela, autêntica e genuína.
Percebo minha cueca mais úmida e sei que não vou conseguir segurar totalmente o gozo.
Me imagino numa cama com essa criatura linda, nos meus lençóis egípcios, a visão dela
nua de quatro esparramada para me receber, deve ser algo inimaginável. Ela sorri ofegante
quando subo e abraço seu corpo me aninhando em seu pescoço perfumado.
— Lora, Lora, você é realmente encantadora.
— Zayn,... como posso retribuir esse prazer? — indaga acariciando meu cabelo.
Olho ao redor e já estamos de volta à parte habitante de Göreme. Encaro seu rosto corado
e olhos cintilantes, tão bela e delicada que parece uma pintura a óleo.
— Vou deixar meu número de telefone, estou sem o meu aqui, me liga depois do trabalho
e eu te busco onde estiver.
O rádio comunicador no meu bolso neste instante dá sinal e converso com meu assistente
que assustado pergunta onde estou.
“— Quase duas horas Zayn! Achei que tivesse chocado com algum paredão de rochas!
— Exagerado! Vou passar as coordenadas, já estou quase pousando. Consegue algo para
o café da manhã? Champanhe e morangos também, para duas pessoas.
— Mas…?
— Em dez minutos descemos na planície que decolamos. Não se atrase, Maleck!
— Entendido, chefe."
Aterrissamos no tempo previsto com ela rindo quando diz que seu cheiro está em minha
barba. Andamos de mãos dadas ao sair do cesto já no solo, com meus amigos e funcionários,
Maleck e Ygor o motorista, disfarçando os olhares parados ao lado do reboque que carrega o
balão.
Ao chegar próximo para pegar a cesta do café, observo seus rostos surpresos e trato de
agir naturalmente, me afastando um pouco de Lora que busca algo na pequena bolsa.
— Podia ter vindo com meu carro, Maleck! — Advirto com a voz baixa.
— Desculpa, Zayn. Fiquei tão disperso com as orientações para o café da manhã que não
pensei nesse detalhe, mas acho que a moça está pedindo um carro pelo telefone. — Me entrega a
manta grossa e a cesta, chateado por me desapontar.
Entendo meu assistente e amigo, nunca me viu agindo dessa forma. Meus poucos
relacionamentos eram diferentes, as duas mulheres que me envolvi de modo mais sério,
gostavam de bons restaurantes, luxo e joias. Nenhuma delas partilhava dos meus gostos simples
de apreciar a tranquilidade da natureza.
— Tudo bem, Maleck. Peça que Ygor ajude a desmontar o balão.
Olho sobre o ombro e a vejo desligar o aparelho para buscar meu olhar. Volto-me para
onde está e a guio até um gramado plano próximo e estendo a manta para sentarmos.
— Eu pedi um carro pelo aplicativo.
— Sim, desculpe por isso. Maleck não veio com meu carro. Ele não sabia que gostaria de
levar uma preciosidade para o hotel.
Lora pisca os olhos repetidas vezes quando a faço sentar e retiro seus tênis, massageando
seus delicados pés.
— Zayn?
— Sim? Algum problema?
— Não, não… obrigada pelo passeio. Eu adorei, de verdade. Foi a melhor lembrança da
Turquia.
— Ainda não terminou a viagem para afirmar isso, Lora.
— Tenho certeza que não terá lembrança melhor que essa.
Abro a cesta e tiro a garrafa d'água lavando minhas mãos das cordas e poeira do balão,
para depois desembrulhar os quitutes que Maleck conseguiu. Degustamos o bolo e os queijos,
algumas frutas secas e o chá da garrafa térmica, entre conversas amenas e sorrisos, até o carro
que ela pediu chegar.
— Não abrimos o champanhe, é de praxe brindarmos o passeio ao descer do balão, sabia?
Traz boa sorte.
— Está parecendo um adeus, para mim. — diz ao encarar fixamente meus olhos.
— Não! Você vai me ligar, não vai? Não tem desculpa, já gravou meu número nele.
— Ok. Então no próximo encontro, nós brindamos, Zayn.
— Combinado, Lora.
Me despeço com beijos ainda mais intensos, pois nenhum de nós está realmente satisfeito
com esse pouco tempo juntos. Desejamos muito mais do que houve naquele balão. Ansiamos
pele com pele, fluídos, suor, sexo animal intenso e demorado que não conseguimos realizar, não
daquele jeito.
Lora entra no carro sem olhar para trás, me deixando com um sorriso boboca. Quando
fiquei dessa maneira sem nem mesmo colocar o pau dentro de uma garota? Não sei o que é isso,
mas me senti muito atraído. Forço a memória para ver se ela comentou em que hotel estava, pois
cogito seriamente ir atrás de Lora antes mesmo de sua ligação.
Entretanto, nesse exato momento ainda duro e com a cueca meio melada, preciso de um
banho frio para acalmar meu corpo. Dou um jeito rápido no cesto de comidas e apressado sigo
feliz para o reboque. Há dias precisava desse frescor para contornar essa fase complicada, e Lora
foi uma inesperada e gostosa surpresa.
Darei um jeito de encontrá-la, tenho contatos em todos os hotéis da redondeza e só de
recordar isso, outro sorriso ainda maior surge em minha face.
Foi incrível acompanhar o nascer do sol nas alturas, nunca mais meu cérebro vai esquecer
aquela imagem.
Me impactou também a paisagem. Ainda atordoada dentro do carro, repasso essas quase
três horas junto com Zayn. O vento estava ótimo para o passeio e ele nos levou a quase 1000
metros de altura, já que é o máximo permitido para o voo. Além disso, passamos por diversos
vales, como o vale vermelho, vale do amor, dos pombos, e alguns vilarejos. Se tivesse tempo
gostaria muito de conhecê-los.
As casas feitas nas rochas, algumas sendo usadas como hotéis, são espetaculares. As
pessoas lá embaixo quando Zayn descia um pouco, acenavam para nós, mas era tudo diferente
visto de cima. Eu amei cada segundo. A vista era melhor que meu sonho. Fiquei impressionada
de verdade, e com ele também.
Um cavalheiro, atencioso, gentil e lindo. Toco meus lábios sorrindo. Deus do céu! Que
homem era aquele? Foi real? Me dou conta agora que estou sem calcinha e um rubor toma minha
face. Cavalheiro safado! Guardou ela de lembrança.
Retornei ao hotel e aos meus afazeres, contente não só por ter realizado meu sonho de
infância, mas também por me sentir uma deusa irresistível que despertou o interesse e elogios de
um homem como aquele turco misterioso.
Tudo bem que eu era a única mulher naquele balão e o homem não tinha escolha. Porém,
analisando friamente, ele tinha sim. Por qualquer cafajeste que fosse e não resistisse a um rabo
de saia, se ele não tivesse interesse em mim, não se aproximaria. Voaria com seus próprios
pensamentos, apreciaria o nascer do sol comigo por quem se compadeceu e seguiria conversas
educadas até o fim do passeio.
Ele escolheu se aproximar, flertar e ficar comigo. Não o forcei a nada, nem sequer tinha
demonstrado interesse, mesmo o tendo, assim que pus os olhos sobre a mão grande adornada de
anéis. A mão e boca que me deram um orgasmo inesquecível nas alturas e que não consegui
parar de pensar em momento algum desde que entrei nesse carro. O único arrependimento foi
não ter perguntado o que era aquela palavra que ele me chamou, deve ser linda ou querida no
idioma dele, pois o homem era muito galante. Adorei, parecia um príncipe encantado.
Ao chegar no hotel, me apresso para tomar meu banho e me preparar para o
compromisso.

Comparecer no almoço e na reunião de preparação foi um tanto cansativo, mesmo com os


pensamentos me arrancando suspiros ao recordar de Zayn. Precisei prestar muita atenção, pois
envolvia regras rígidas, mesmo para mulheres estrangeiras, e isso me deixou um pouco aflita.
Não compreendi como permitirão as roupas que iremos usar, são muito contraditórios e rígidos
esses homens, ao mesmo tempo que soam arcaicas e machistas essas regras. Pelo menos para nós
que não estamos acostumadas. Mas devemos respeitar, estamos na casa deles, mas não deixa de
ser um patriarcado prosaico.
Nós modelos, fomos orientadas a não manter contato visual com os visitantes por mais de
três segundos, não beber nada alcoólico durante o evento e nem aceitar convites ou toques de
nenhum deles mesmo em cumprimento, não falar a menos que fôssemos indagadas e não usar
batom vermelho.
Senti-me diminuída com esse tipo de tratamento, mas não dá para voltar atrás agora.
Depois dos cuidados de beleza nos quais fomos submetidas, retornamos aos aposentos
incentivadas a uma boa noite de sono para nos apresentar no evento pela manhã. Sabia que esse
pagamento seria suado, fatigante e extenuante. Nunca, desde que comecei a modelar, tinha sido
requisitada para um trabalho com tanta exigência e de tanto tempo de duração.
Prevejo ficar em pé por mais de seis horas, sem conversar nem nada do tipo. Devo
posicionar-me como um chaveiro de um carro de luxo, não posso imaginar coisa pior. Resolvo
pensar na viagem agradável que venho tendo e o tal turco balonista gostoso vem à minha mente.
Me pegar pensando num homem e fantasiar com ele tanto, apesar do quarto de hora que
ficamos juntos, me deixa estranhamente culpada, não devo fissurar em tão pouco tempo. Poderia
ligar, mas pela primeira vez não quero que um homem me rejeite, prefiro a lembrança feliz.
Assim é melhor, preciso descansar que amanhã será um longo dia, deito e forço o sono até
realmente apagar.
No dia seguinte, no entanto, estou engessada no meu papel de garota propaganda de um
Lexus prata, giro e giro sobre uma plataforma junto com a máquina luxuosa. Mas não consigo
parar de pensar no turco balonista e o que fizemos naquele balão, ou melhor, o que não fizemos.
Em dado momento vou ao banheiro no intervalo programado. Mas me estresso com olhares nada
discretos tanto dos homens quanto de mulheres. Ouço as inúmeras piadas nos cantos. As demais
modelos são as piores, por mais que não falem meu idioma, fazem questão de sussurrar em
inglês para que eu compreenda que não sou bem-vinda nesse lugar.
Ao entrar no toalete, vejo as duas modelos esbeltas com manequim P se arrumando no
espelho. A mais alta e com cabelos negros me olha de cima a baixo com cara de nojo, e logo
após lança para sua amiga um sorrisinho debochado. Sem me deixar abater, entro no cubículo
para urinar, mas consigo ouvi-las conversarem em voz alta de forma proposital:
” — Eles podem olhar, mas nenhum deles vai mostrar interesse e fazer uma proposta para
essas modelos estrangeiras.
— Nenhuma proposta que seja um jantar em público você quer dizer, talvez levá-las para
suas casas ou hotéis sim. As tradições são claras. Mulheres que não conhecem nossas tradições
só servem para um propósito."
Isso me atinge em cheio. É isso que esse povo pensa de nós. Somos diversão para fazer às
escondidas. Fiz bem em não ir para a casa de Zayn. Talvez o homem seja até casado. Chega de
burrice, Laura!
Saio para lavar as mãos depois das duas voltarem para o salão e alinho meus cabelos para
retornar ao meu posto.
Tenho total consciência do que disseram. O carro que demonstro é de longe o mais
barato, apesar de custar milhares de dólares. Fico rodeada de olhares o tempo todo, tive que
desviar o contato com os mais abusadinhos, afinal não esqueci do almoço de ontem e a regra dos
três segundos para não manter contato, foi bem pontuada. Todos gostariam de se divertir com a
estrangeira mais voluptuosa, porém não sou uma prostituta.
Me permito olhar alguns clientes discretamente, alguns são bem bonitos e charmosos, a
maioria milionários. Percebi o despeito das demais modelos assim que passei pela porta
ostensiva do local, as colegas brasileiras já estão acostumadas com minha presença, no entanto as
demais ainda não presenciaram uma plus size entre elas.
As roupas padrão não me ajudam nem um pouco, pois enquanto para as magras o vestido
sobe um palmo dos joelhos, para mim sobem dois. O decote semi comportado das outras para a
minha abundância é quase obscena. Nem a sutileza do corte do tecido ajuda, pois no meu
manequim cinquenta agarra todas as partes, evidenciando e favorecendo meu corpo. E pela
primeira vez me sinto mal por chamar atenção.
Somando-se isso ao salto quinze e rabo de cavalo alto, todas as atenções masculinas e,
portanto, inveja feminina são para mim.
Chego no hotel por volta das seis da tarde, estressada, faminta e exausta, nem a pesquisa
no celular que tinha prometido fazer da presença vip de amanhã eu lembrei.
Foda-se, não tenho interesse no convidado famoso que virá ao evento. Já li a faixa que
colocaram hoje com o nome famoso Z. Tariff que não conheço e não compreendo quem é. Esse
Tariff deve ser um galã cinquentão com turbante e roupa colorida escandalosa. Não chegará nem
perto do Lexus, irá direto para a Ferrari tanto pelo carro quanto pela modelo esguia e exibida.
Depois de deixar o vestido na lavanderia do hotel, me apresso a tomar um banho, lanchar
e desabar na cama king do quarto cinco estrelas. Mentalizando que vou aguentar mais um dia
apenas e depois estou livre. Um breve relâmpago do homem naquele balão vem à minha mente,
mas desanimada com o papo que escutei no banheiro e esgotada, logo adormeço.
Na manhã seguinte, após pegar o vestido da discórdia na lavanderia e tomar meu
desjejum, dou início a maquiagem neutra e arrumação do penteado. Me condeno por usar o
cabelo semi preso só para cobrir a curva dos meus seios, em qualquer outra situação não faria
isso, no entanto me incomodei muito ontem com os turcos tarados que não disfarçavam os
olhares indiscretos sobre eles e usar outra vestimenta não é opção.
Anelo minhas madeixas e prendo a franja no alto puxando para frente os longos fios. Me
concentro mentalizando que estou no fim do sacrifício do trabalho. Algum tempo depois já estou
plantada ao lado do Lexus com meu sorriso engessado. Tudo ocorre como no dia anterior, mas
no horário estipulado do intervalo de quinze minutos, ao sair apressada do salão por um instante
para beliscar o lanche simples que dispuseram na salinha dos fundos para os funcionários do
evento, esbarro em alguém e quase caio estatelada no piso.
— Laura! O que faz aqui?
— Eu que pergunto. O que faz aqui, Jones?
A coroação do sacrifício é a cereja do bolo em forma de ex-namorado filho da puta! O
idiota estufa o peito, todo pomposo em um terno alinhado. Nunca se vestiu desse jeito para sair
comigo no tempo que ficamos juntos. Arrogante, me olha dos pés à cabeça:
— Sou o engenheiro automotivo responsável por demonstrar aos milionários as máquinas
neste evento. É a mim que recorrem para sanar as dúvidas antes da compra. Vai alavancar minha
carreira e posso ser contratado para rodar o mundo nas exposições que Farid organizar junto a
empresa que trabalho.
— Que ótimo para você. Desejo sucesso.
Respondo e tento desviar de seu corpo para seguir meu caminho. Mas ele prende meu
pulso com um olhar estranho.
— Não me respondeu o que está fazendo aqui.
— Voltei a trabalhar com a Marissa, ela precisava de modelos para o evento com os
carros.
A sobrancelha arqueada e o sorrisinho debochado fazem meu rosto ferver de raiva.
— Devo acreditar que não descobriu para onde eu viajaria e não me seguiu?
— Se enxerga, Jones! Igual a você, minha carreira vem em primeiro lugar, agora se me
der licença preciso cumprir meu horário.
Sigo para a salinha me segurando para não sair correndo desse lugar. Não queria ser
humilhada novamente por aquele bosta que não sabia nem me tocar direito.
Cada vez que recordo o tempo de vida que desperdicei, trinco os dentes e forço os olhos a
não derramar lágrimas. Me recuso a chorar mesmo que de raiva daquele infeliz.
Os biscoitos de manteiga e o chá doce descem pela garganta parecendo cascalho e areia.
Essa tarde vai demorar uma eternidade para terminar. Meu Deus! Por favor me dê paciência e
resignação, pois se encontrar uma chave de fenda perdida em algum canto, juro que acerto a
cabeça daquele infeliz arrogante.
Voltei para minha casa naquela manhã com algo estranho no peito. Uma vontade de
correr atrás de Lora e fazê-la ficar comigo, esquecer o trabalho ou qualquer outra coisa,
aproveitar o resto da viagem nos meus braços. Me culpo por não ter contado quem eu era, por
não perguntar em qual hotel ela estava e por não ter insistido um pouco mais.
Previ uma recusa pelo modo desapegado dela e me senti animado para conquistar como
nunca. Todas as outras caem aos meus pés, seja pela fama ou pelo status de ficar com um galã
local, mas percebi que Lora não tem essa pretensão. Para ela, sou um anônimo comum que teve
um breve momento de prazer em uma aventura no balão sob o céu da Capadócia.
Foi a única que partiu sem uma última olhada para trás, nem um aceno, uma piscadela ou
mesmo um beijo soprado, isso me desestabilizou. Será por esse motivo que não consigo desligar
o pensamento da moça? Não sei responder a mim mesmo, só sei que quero vê-la outra vez. Farei
uma investigação amanhã para descobrir a hospedagem dela e tentar outro contato, preciso
daquela mulher nos meus braços novamente.

No outro dia, me dei por vencido quando meus esforços em descobrir o paradeiro dela
não deram resultados. Por mais que ligue e tente saber, alguns hotéis não revelam os hóspedes,
lógico que se dissesse quem gostaria da informação certamente teria o sucesso esperado. Mas
não tenho a intenção de desistir, depois do compromisso de hoje volto à investigação.
Prezo pela discrição e apesar de não costumar tirar vantagem da minha figura pública no
país, em último caso, usarei meu nome famoso. Entretanto, o evento que devo comparecer como
cortesia a Farid precisa da minha atenção.
Me preparo previamente com minha vestimenta e as palavras que porventura terei que
dizer a imprensa, que certamente como abutres estarão à postos para pescarem qualquer deslize
meu sobre a tal clausura momentânea que escolhi viver na Capadócia, após aquela fatídica e
desastrosa entrevista. Desligo dos pensamentos luxuriosos da bela loira brasileira e me atenho
aos compromissos iminentes.
Na chegada ao local, há algumas fãs me aguardando, sou atencioso. Tiro até algumas
fotos na entrada, cumprimento Farid, idealizador do evento que me apresenta alguns
patrocinadores, dono de empresas que participam com seus carros.
Há alguns engenheiros conceituados para apresentar as melhorias e novidades das
máquinas superpotentes, não gravo nome algum, pois é mera formalidade e não pretendo
estender a visita mais que o tempo combinado.
Foi acordado entre nós que ficarei algum tempo no salão, olharei os veículos, fingirei
interesse em alguma máquina e levarei para um teste drive finalizando a presença vip. Não tenho
interesse em mais um veículo, minha frota está completa com meu Rolls Royce, o Bentley e
minha Lamborghini. Aqui na Capadócia, prefiro circular com meu cavalo puro sangue e alugar
algo se preciso me locomover em um cenário como hoje aqui em Kayseri.
Tudo às claras e iniciado, adentro o local um pouco sério demais pelas perguntas que tive
que responder da imprensa. No entanto, todo o resto se perde quando numa passada de olhos
observo a modelo do carro no lado oeste do salão. De longe meus olhos poderiam estar pregando
uma peça, afinal não tive tempo de gravar aquele corpo, mas sendo a única diferente das demais
e recordando que o ofício de minha musa é ser modelo, minha esperança em revê-la renovou-se,
e lógico, farei mais que apenas contemplar aquele monumento.
Mas as coisas não são tão fáceis como gostaria. Estou rodeado do alto escalão turco,
patrocinadores e empresários, até um xeique às voltas pela minha companhia. Desvencilhar desse
protocolo exige jogo de cintura, isso tenho de sobra, porém demanda um bocado de tempo.
Aceito por cortesia uma taça de champanhe, prefiro vinho, no entanto, mas o charme
requer, pois o dono da marca de espumante está na roda se gabando da façanha de criar a bebida.
Tento me aproximar mais, porém sou arrastado em direção ao veículo vermelho para
fazer fotos da propaganda, mas meu olhar não está focado na lente do fotógrafo, nem na máquina
luxuosa e muito menos na modelo que exalta dois peitos siliconados numa absurda humilhação
em chamar minha atenção.
Estou vidrado mesmo é na moça de cabelos louros como ouro que caem em cascata sobre
os montes generosos, cheia de curvas num vestido escuro simples, que para mim é fantástico. Já
tinha achado a mulher linda anteontem com a trança desmanchada pelo vento, e agora maquiada
e de salto, não consigo resistir nem mais um segundo.
Minha mente divaga enquanto disfarço as conversas.
Farid colocou um engenheiro automotivo chato e bastante exibido para me acompanhar
junto aos figurões. Um homem que aparenta quase trinta anos, mas age como um universitário.
Cabelos castanhos engomados em um corte formal demais para a idade que aparenta. Trejeitos
certinhos e ensaiados. Rosto liso sem barba e olhos claros aguçados. Um pouco mais baixo que
eu, menos encorpado dentro de um terno simples, mas elegante como pede a ocasião para os
funcionários.
Não me vestiria desse jeito nem para meu casamento, é muito sério e deixa a pessoa
parecendo uma estátua de sal, como a mulher de Loth[5]. Não fui com a cara dele, não gosto de
homens arrogantes só porque tem um diploma.
Depois de alguns minutos consigo me livrar das bajulações das pessoas e faço o trajeto
até Lora.
Me pergunto ao caminhar: Como será vê-la longe daqui em um vestido longo com uma
fenda revelando a coxa exuberante? Vestida como uma princesa em fios de ouro e joias
luxuosas? É o que Lora merece. Ela é uma princesa.
Umedeço os lábios quando me aproximo e estreito os olhos para alguns ricaços
cochichando enquanto olham minha Lora. É minha e ponto final, se ela assim concordar.
Será que lembra de mim ou ficará chateada por não ter contado que sou famoso? Não
gostaria de tê-la magoado por ocultar minha carreira pública.
Ao chegar diante da linda brasileira, estendo minha mão em cumprimento e vejo a dela
delicada com o anel de pedra verde que lhe dei, retribuindo em resposta com um sorriso sincero.
Beijo o dorso da mão delicada em total fascínio, ela está um esplendor, como a tulipa mais rara
da Turquia. Uma princesa dourada do Oriente.
— Não sabe o prazer que sinto em revê-la, Lora!
Jamais podia imaginar que meu Zayn é o tal Z. Tariff escrito na faixa em letras garrafais.
Só me dei conta quando ouvi os rumores dentro do evento pelo nome pronunciado. Está
diferente, mas é ele, veste um blazer bem cortado com calça combinando e uma camisa social
branca com os primeiros botões abertos, correntes no pescoço, óculos escuros e cabelo alinhado.
E mesmo diferente do estilo despojado de sexta-feira é igualmente quente, um molhador de
calcinhas nato. Que homem!
Contenho a euforia, pois não sei se ele me viu e reconheceu, é um famoso galã de
televisão, acho que o que houve no balão certamente foi habitual e nada tão marcante como foi
para mim.
Finjo não me importar quando ele não se aproxima do Lexus e vai direto fotografar com a
asquerosa da Ferrari, bem previsível, mas não menos decepcionante, pois desse homem eu gostei
muito.
Talvez se tivessem me escolhido para aquele carro seria eu a registrar o momento na
mídia local com ele. Foda-se, não preciso de reconhecimento de um país tão atrasado nos direitos
das mulheres e também não aspiro o interesse de um galã que não verei nunca mais.
Continuo trabalhando, girando entediada na plataforma com meu melhor olhar blasé aos
tarados e ao galã, o qual percebo que me observa de longe. De certo está escolhendo um modo de
mandar algum recado para encontrá-lo escondido ou ir até seu endereço como um pecado sujo e
proibido, semelhante ao que ouvi ontem no banheiro das mulheres.
Estrangeiras só servem para divertir os homens turcos, para exibir nos jantares nunca.
Desvio o olhar com um nó na garganta. Desejo que isso acabe, sair correndo, ir para o hotel, não
tanto pelo cansaço, mas para fugir de um lugar que me sinto desconfortável, irritada e
decepcionada.
Mas, meu semblante começa a mudar rapidamente quando o galã baloeiro das mãos
adornadas de anéis, começa a andar em minha direção.
As borboletas imaginárias se movimentam dentro de mim e não sei se é pelo corpo
enorme e elegante que se aproxima, o sorriso destruidor ou o olhar faminto fixo em sua presa. E
a constatação de que sou o alvo de tudo isso, me faz engolir seco.
Quando chega próximo da plataforma onde estou, me olha intensamente nos olhos com
os seus esverdeados, uau! Um olhar de desejo, mas nada vulgar como os frequentadores desse
evento que despiam minha roupa ao me olhar. Não, Zayn é diferente, não sei como percebo essa
atitude diferenciada, mas ele me deixa segura que é um homem sério. Sinto os lábios macios na
pele da minha mão gelada e mantenho firme a vontade de cerrar as pálpebras pelo arrepio, ao
contrário é um sorriso nervoso que consigo retribuir.
— Não sabe o prazer que sinto em revê-la, Lora. — diz ele com um sorriso estonteante.
Ouvir a voz rouca me chamar de ‘Lora’ faz fomentar meus pensamentos para o
anteontem e o que deixamos de fazer, e mais que tudo desejo ir com ele para qualquer lugar,
terminar o que começamos sem me importar com o que falaram sobre os homens deste país.
— Encantada em revê-lo, Zayn. — respondo.
Ele muito cavalheiro me faz descer o degrau da plataforma giratória. Olho à minha volta
e todos estão olhando para nós. Zayn coloca meu braço enganchado no dele e começa a se afastar
do Lexus comigo.
— Não posso me afastar do meu posto, o senhor Farid não vai gostar.
Meu acompanhante me encara seriamente.
— Vamos até lá informá-lo que estamos partindo em meia hora. Você vem comigo!
Vejo a movimentação de funcionários e o tal Farid dar ordens ao Jones que se apressa em
nossa direção.
— Ora, ora, senhor Tariff, vamos continuar o tour pela exposição. Gostaria de apresentar
a Lamborghini….
— Estou ocupado, rapaz. Não tenho interesse em um modelo que já possuo.
Jones arregala os olhos, mas logo disfarça com um sorriso de propaganda de creme
dental.
— Vejo que conhece Laura. Ela é realmente encantadora, todavia, precisa voltar ao seu
posto, não é querida?
Sinto o braço inteiro de Zayn se retesar, como se uma massa de secagem rápida se
solidificasse. Seu rosto vira para mim como se estivesse em câmera lenta. Me encara com seus
olhos agora mais escuros provocando um arrepio na minha espinha.
— Como esse homem tem tanta intimidade com você, Lora?
Tento formar palavras para responder, mas o cafajeste do meu ex, se adianta com a cara
mais deslavada do mundo.
— Ah, meu bem! Não contou ao seu amigo?
Zayn não olha para ele, está focado em meu rosto que sinto esquentar. Sinto-me pequena
e envergonhada. Serei humilhada em público. Onde está minha personalidade combativa?
— Fiz uma pergunta a moça e não a você! Pode responder, Lora?
A rouquidão de Zayn assusta e seus olhos cravados em mim também. Limpo a garganta
mordendo o canto do lábio, uma mania de quando estou nervosa.
— Este é Pedro Jones Andrade, meu velho amigo do Brasil. — Aperto a mão em seu
braço forte e Zayn compreende de quem estou falando.
— Bem, fomos mais que velhos amigos, não é? Foi uma coincidência espetacular que …
— Jones tenta me humilhar ainda mais.
Porém, Zayn com lábios apertados visivelmente tenso em um passe de mágica, abre um
sorriso perverso e não deixa Jones continuar nenhuma outra frase. Se afasta de mim em um passo
e dá um tapinha nas costas dele que mais parece um safanão em algum velho se engasgando.
Jones se curva e tosse olhando Zayn aturdido.
— Amigo de Lora? É meu amigo também. Perro, satisfação em conhecê-lo, sou Z. Tariff.
Até o jeito de falar o próprio nome é diferente, tem uma elegância e poder sem igual. Mas
Z. sempre será Zayn para mim.
— É Pedro, senhor Tariff.
— Não precisa me chamar de senhor, afinal somos os três amigos, não concorda?
Jones fica desconfortável com o homem maior que ele apertando seu ombro e olhando
fixo em seu rosto.
— Agora, Perro, vá buscar duas taças de champanhe, uma para mim e outra para minha
adorável dama.
— Não trabalho como garçom aqui! — Meu ex está possesso pelo que conheço de seu
rosto vermelho e um olho levemente trêmulo.
Zayn se posiciona de costas para mim arrumando a gravata de Jones e falando baixinho
com ele, mas Perro ele chama com alta voz.
Seguro o riso, chamar Perro bem pronunciado é proposital, será que o turco fala
espanhol? Está chamando meu ex-namorado de cachorro?
Em seguida Jones se afasta como um raio. E Zayn volta a enlaçar meu braço no seu,
andando pelo salão lentamente, parece que quer me mostrar para todos. Acena e cumprimenta
sorrindo todos os rostos surpresos nos acompanhando pelo grande salão.
— Foi uma terrível coincidência, eu juro Zayn. Não vim atrás desse cara. Não tinha ideia
para onde ele disse que viajaria quando me expulsou da casa onde dividimos o aluguel.
O turco estagna os passos e se põe na minha frente.
— Ele te expulsou de casa? Ele foi violento com você, Lora? Me responda a verdade! Se
ele feriu uma unha sequer sua, aciono meus contatos e levo esse otário para um passeio no monte
Nemrut. Quem sabe daquela altura ele não aprenda bons modos. Farei aquele piç[6] aprender a
tratar uma dama como ela merece!
— Não. Não por favor, Zayn. Ele nunca foi violento, só se aproveitou da minha
confiança e isso já me enche de vergonha. — Abaixo os olhos, chateada pela situação de
encontrar meu ex por aqui.
Ele se aproxima e ergue meu queixo para encará-lo.
— Ele que precisa se envergonhar, você não, lale.
Lale? Essa palavra? Já ouvi no balão. Antes que pergunte, Jones chega com as taças, mas
seu semblante arrogante sumiu. Ele nem sequer olha em minha direção.
— Obrigado, Perro. Agora chame Farid! Preciso conversar com ele.
Meu ex parece um cão adestrado, gira em seus pés e retorna por onde veio, nos deixando
a sós.
— Não posso beber, aliás não posso nem conversar com você — explico baixinho e
apreensiva assim que me oferece a bebida.
— Quem disse? — pergunta ele estreitando os olhos.
— As instruções para as modelos foram bem claras, somos meros enfeites nesse
ambiente.
— Foda-se as instruções! — exclama ele para a minha surpresa. Sorrio relaxada, ele me
passa uma confiança enorme. E quando penso que não pode me surpreender, ele faz.
Não vou contar a minha bela flor que ameacei o otário do ex-namorado. Nem vou repetir
a palavra escroto para ela. O almofadinha ouviu muito bem que se olhasse mais uma vez para a
minha garota mandaria investigar até a maternidade que a mãe o pariu e o podre que encontrasse,
destruiria ele e sua carreira de merda.
Analisei que o olhar parado e mãos inquietas não eram só nervosismo. O tal Pedro usa
drogas, só não identifiquei qual substância porque não sou perito, só tenho um olhar apurado
pela vivência com pessoas de todos os tipos.
Vou levar Lora para casa, mas é importante avisar o dono do evento.
Farid se aproxima de nós e demonstro minha impaciência. Posso falar como quiser com
ele, nossa relação de amizade e os favores que me deve, não pode negar a autorização de
dispensar a modelo.
— Farid, levarei o Lexus e a modelo comigo.
Meu amigo com o tom insolente de sempre começa a responder em turco,
propositalmente para ela não compreender, fala alguns disparates que me enfurecem, mas não
deixo por menos.
— Não é educado conversar em um idioma incompreensível em frente à dama, Farid, por
favor repita a autorização para tranquilizá-la a sair do evento comigo.
O ponho em péssimos lençóis, pois ele de maneira alguma autorizou, pelo contrário
reiterou em turco o compromisso dela com o evento. Mas me deve muitos favores por toda a
mídia que gerei à sua empresa desde que a fundou e alguns segredos sujos que faço vista grossa à
imprensa. Foda-se que ficou vermelho envergonhado e com raiva, o fiz voltar atrás e encolher-se
com meu segundo olhar impaciente.
— Claro, seu vínculo com o evento finda-se nesse momento, senhorita. Pode acompanhar
o senhor Tariff. Venha, meu amigo, retirar as chaves. — Viro-me para acompanhá-lo, mas antes
preciso tranquilizá-la.
— Lora, tome seu champanhe e me aguarde dentro do veículo que você estava
demonstrando — digo a ela, pousando minha mão possessiva em sua cintura.
Ela assente com um sorriso comedido, enquanto nós dois nos afastamos numa pequena
discussão entre dentes e em turco para não ser ouvido por outros.
— Afinal, o que pretende, Tariff?
— Nesse instante, sair dessa asneira que só topei por insistência sua, para atrair o tal
xeique.
— Ok, agradeço, mas precisa ir embora com o Lexus?
— E o que tem o carro?
— Temos o Aston, uma Ferrari, Bentley também.
— Não seja por isso, posso trocar o veículo sem problemas, mas ficaria bem feio deixar a
modelo plantada e levar só o carro, não acha? — ressalto com a pouca paciência que me resta.
— Ah, você não trocaria a mulher?
— De jeito nenhum! Estou levando o carro só pela garota, e me agradeça por isso. Pense
na reputação se eu decidir chamar meu motorista e me negar a testar um dos seus veículos? —
Vendo o silêncio e a cara amarrada, resolvo deixar bem claro minha intenção.
— Precisa que eu compre o Lexus? Para sair com minha dama deste local eu compro
todos os carros dessa exposição, sem problemas, só aguardar um telefonema ao gerente do meu
banco e faço a transferência, mas esqueça qualquer favor daqui em diante da minha parte. E
também o compromisso em manter minha boca fechada pelos segredos que guardo sobre o seu
negócio, está encerrado na hora que eu cruzar aquela porta.
— Não, não vamos levar a ferro e fogo isso, você é meu amigo, nos conhecemos há
muito tempo. Pode levar o Lexus e depois o mando buscar. Aguarde que vou pedir para
colocarem uma caixa do espumante rosé, como um agrado por ter vindo. — A mudança de
atitude me agrada.
— E não vá descontar do cachê da moça a tarde que ela não virá, pois ficarei sabendo —
reitero sério.
— Claro amigo, fique tranquilo. Já tenho vários interessados no Lexus só por causa dela,
a moça trabalhou muito bem.
Assim está melhor, me despeço e retorno para a máquina, dando partida animado. Ao sair
pego a avenida principal, mas estaciono no acostamento uns metros à frente somente para roubar
um beijo arrastado da cheirosa sentada ao meu lado no passageiro.
Por que senti saudades dos lábios de uma desconhecida que só provei por algumas horas?
Não sei, mas o desejo por ela só aumenta a cada minuto. Sorrio contente por dentro por saber que
não será umas poucas horas num balão.
— Para onde vamos? — pergunta ela.
— Vamos para minha casa na Capadócia. Lanchar, nos banhar e o que mais quisermos.
— Estou mesmo faminta — responde marotamente e compreendo o sorrisinho.
— Tem tudo o que precisa para se ausentar por quarenta e oito horas? — pergunto com
um sorriso ladino.
Ela sorri e confirma.
— Zayn, você fala espanhol?
— Falo cinco idiomas, espanhol é um deles — respondo com um riso contido.
Lora por outro lado gargalha, nada me deixa mais feliz que esse som da risada gostosa
preenchendo o veículo enquanto acelero.
Inspiro o perfume de flor que abarrota o veículo. Longe de ser irritante como alguns dos
perfumes florais femininos habituais, esse tem um quê de cítrico acompanhado que não deixa
enjoar, ao contrário, é viciante, não perguntarei o que é para não ser indelicado. Ligo o rádio
num volume ambiente para que não seja desconfortável o silêncio na pequena viagem. Mas
longe disso, Laura quer saber sobre a voz que canta e logo engatamos uma conversa animada
sobre música.
Enviei uma mensagem para casa com instruções para a cozinheira preparar pratos ainda
mais saborosos. Laura expressa medo e me indaga se é prudente teclar no aparelho enquanto
dirijo, prontamente diminuo a velocidade com um afago em sua mão e a acalmo.
— Só avisando em casa que receberemos hóspedes, nada mais é necessário, a mulher que
trabalha para mim, como boa turca que é, sabe o que fazer nos preparativos para sua estadia. Está
comigo há muitos anos, vai gostar daquela ranzinza, ela me diverte.
— Nossa! Estou me sentindo importante.
— E você é, mas os turcos são bem entusiasmados em receber visitas, e como não estou
lá para preparar as coisas pessoalmente, deleguei.
— Sempre prepara a casa para seus convidados?
— Nunca tive um que pernoitasse em minha casa. Apenas jantares para amigos, e gosto
de cozinhar ou supervisionar tudo, mas confio na senhora Manilla, vai gostar das acomodações.
— Não tenho dúvidas. É uma casa na rocha e sou louca pra conhecer por dentro.
— Sim, confesso que amo aquele lugar. Se não precisasse viajar tanto, moraria
definitivamente lá. Até pela simplicidade, prefiro. Aqui posso andar a cavalo, e apreciar a
natureza.
— Você tem cavalos? — pergunta animada.
— Um casal.
— Eu amo cavalos. Fui criada no interior, era uma das poucas coisas que gostava de lá.
Sair para cavalgar a noitinha, ver o pôr do sol, me dava uma paz que não se sente em cidade
grande.
Não resisto a olhar o rosto sonhador de Lora. Cada vez me surpreendo com a mulher
simples e sincera.
— Algum pedido especial, além de conhecer meus cavalos? — pergunto com um sorriso.
— Você vai me levar para conhecê-los?
Os olhos brilhantes parecem de uma menina aguardando um presente.
— É claro! Não vou perder a chance da companhia em um passeio a cavalo.
— Tem lençóis egípcios no quarto de hóspedes? — Sorrio mais.
— Quem disse que ficará no quarto de hóspedes?
Lora acaricia minha nuca com intimidade, me deixando rendido.
— E tapete turco tem?
— Tem alguns, por quê?
— Nunca senti a textura deles na minha pele. — Ela está me dando o que fantasiar e vou
ter uma ereção se não me concentrar.
— Podemos providenciar isso, o que tem em mente?
— Surpreenda-me, Zayn — responde com uma erguida de sobrancelha desafiadora e um
sorriso maroto.
Pronto, é suficiente para sentir a calça apertar. O que essa misteriosa feiticeira tem em
mente? Curtimos outra música juntos em silêncio, nos distanciando do centro movimentado e
entrando em uma rua deserta com uma paisagem estonteante de rochas cobertas de vegetação,
mas algo a preocupa e indago sem demora.
— Alguma coisa lhe preocupa? Ficou quieta de repente.
— Na realidade, estou pensando em não ter o que vestir nesses dois dias. — Preocupação
adequada, não tinha pensado nisso, mas também não imaginei que a encontraria no evento.
— Podemos comprar algo nas lojas do centro.
— Ou posso retornar para o hotel e buscar a minha mala. — Olho seu rosto para tentar
descobrir se ela não quer fugir de mim. Será que estou sendo grudento assim como minha ex me
acusou?
— Não acho boa ideia.
— Por que não? — Poxa! Não quero que acabe esse encontro, faz tanto tempo que não
tenho uma conexão real com uma mulher que aprecio a companhia.
— Porque você pode desistir de vir para casa comigo.
Não quero correr o risco, e não sei o que se passa na mente dela, uma vez que se mostra
tão imune aos meus encantos.
— Encosta! — Ordena ela.
— O quê? — Será que pesei a mão no entusiasmo? Mas o que ela fará nessa estrada
deserta? Voltar a pé?
— Encosta o carro, por favor — ela repete.
— Por quê?
— Quero mostrar uma coisa. — Hum gostei dessa voz baixa, ela não vai fugir.
O olhar enigmático que me inspeciona tem sedução e malícia.
Lora desata os cintos de segurança de ambos me puxando para um beijo quente,
carregado de segundas intenções enquanto desabotoa a minha calça de linho preta. Agarrando e
deslizando as digitais pela minha ereção latejante baixando a cueca rapidamente, estala os lábios
quando se afasta do beijo se esgueirando lentamente como uma pantera faminta.
Não posso acreditar no que vejo. A garota deslizando entre minhas pernas para retribuir o
prazer que recebeu no balão.
Ahhh! Num click ajeito o banco um tiquinho para trás, para que ela se acomode e faça o
que quiser comigo. Seu olhar intenso me encara com total confiança do que fará a seguir. Pouso
meus braços rente ao corpo, impotente e maravilhado. Sobressalto quando a boca cálida
abocanha minhas bolas enquanto as mãos hábeis acariciam o meu pau rígido lentamente.
Deslizando pela glande de modo gentil espalhando a lubrificação com os dedos.
Quando nossos olhares cruzam outra vez, deixo um sorriso sincero de quem está
fascinado por ela. Lora retribui me derretendo ainda mais. É como uma encantadora de serpentes,
hábil e sedutora que sabe exatamente como deixar o animal em mim rendido aos seus pés.
Essa mulher deixará marcas como o melhor oral que já tive o prazer de receber. Um frio
na minha espinha corre de cima a baixo enquanto ela lambe da base ao topo, nem o degustou por
completo e já estou pronto para me esvair. A língua atrevida move-se em círculos na cabeça,
escorregando e sorvendo o líquido teimoso que não para de surgir, com o olhar conectado ao
meu me fazendo delirar.
Os pelos do meu braço arrepiam quando Lora por fim o coloca inteiro na boca e sai
devagarinho só pela provocação. A sensação gelada do ar-condicionado em contato com meu
pau molhado me faz pender a cabeça para trás em um pedido silencioso de ajuda para controlar
as sensações que acometem meu corpo.
Flutuo dentro do veículo como se estivesse em um tapete voador das histórias dos livros.
Tudo em mim esquenta, estou louco para me livrar de qualquer tecido e rolar com ela pelo chão
apreciando a totalidade dessa mulher.
Lora o acomoda inteiro na garganta, devagarinho, mama minha carne com vontade e
desejo. Sinto-me inchar ainda mais, minhas veias se avolumam pela iminente libertação. Os
lábios carnudos se afastam, lambem um pouco mais e voltam a mamar e mordiscar. Ahh!
Mashallah! Que delícia de boca!
Entro em desespero. Sibilo a respiração sentindo meu comprimento se esconder
completamente na garganta gulosa, umedeço os lábios com a visão excitante. O decote
exuberante pousa sobre minhas pernas deixando a paisagem ainda mais vistosa.
Os sons agradáveis que vêm de Lora, preenchem o carro e quase enlouqueço
inconscientemente, falando uma infinidade de palavras que ela certamente não compreende.
Gosto muito de gemidos e os dela, é de quem está apreciando e isso é um puta afrodisíaco para
mim.
Faço dos seus cabelos uma rédea com meu punho quando me impedem de ver a boca
carnuda devorando meu pau de maneira esfomeada. Salivo de desejo, na ansiedade de retribuir,
beijá-la todinha, lambê-la, espalmar a bunda redonda enquanto provo seu calor. Enfim, fazer
tudo o que tenho em mente com essa mulher surpreendente.
Não controlo mais o pico do prazer ao ver seu rosto entregue, suas mãos alisando minhas
coxas e seu olhar rendido por mim, libero minha essência em jatos longos, gozo perdendo o
fôlego. Mesmo avisando que faria, Lora aceita tudo com ainda mais sons apreciativos. Faz meu
peito acelerar com tamanho estímulo que acomete todos os sentidos, visual, auditivo, olfativo e
tátil, tornando a experiência inesquecível.
A joia dourada em forma de mulher, sobe como gata manhosa, se lambendo toda com
olhar pedinte por aprovação. Lhe darei com louvor, darei qualquer coisa a ela, farei dela minha
iguaria em todos os cômodos da minha casa. Vou devorá-la com toda a minha fome!
— E agora? Acha que penso em desistir de ir à sua casa?
Ainda estou atordoado pelo torpor, agarro sua nuca com uma certa firmeza e a trago para
meus lábios, devorando-os com meu sabor na boca deliciosa que há pouco sorveu tudo de mim.
Mordo, puxo e lambo na mesma intensidade que ela me chupou, alucinado em tê-la por inteiro.
Aperto suas carnes, agarrando com gosto.
A maciez e abundância que meus braços enlaçam me faz sentir-me um rei com minha
consorte real. Essa mulher desperta em mim sentimentos que nunca tive, sensações
extraordinárias de posse e descobertas que ainda não havia experimentado.
— Sana ihtiyacım var [7]— falo com o coração que preciso dela, é o que sinto no
momento. Um querer enorme pela moça perfumada que domina meu corpo como uma rainha
com seu escravo.
— O que significa? — pergunta ela com os olhos cor do céu. Fecha as pálpebras por um
instante quando acaricio seu rosto com o polegar, rosto corado e perfeito.
— Te quero tanto, Lora. — Não digo que preciso, mas receio dizer ao fim das quarenta e
oito horas prometidas.
Seu sorriso ao roçar na minha barba é terno e sincero.
— Também quero você. Mas não agora, preciso de um bom banho, Zayn.
— Te dou o mar Egeu para ficar comigo. — Exagerado? Talvez. Se pudesse ofertar os
mares não só o Egeu, o Mármara e o Mediterrâneo para que ela se banhasse eu faria, tamanho
encanto por essa garota sobre mim.
— Por que não me disse que era famoso? — A surpresa do momento não me decepciona,
só demonstra mais a naturalidade de Lora. Essa franqueza crua que me atraiu.
— Eu não era o ator famoso naquele balão, como não sou em nenhum momento que
estou com você. É isso que me alegra, você se atraiu pelo anônimo, o homem real e não pela
figura famosa ou o que meu nome pode proporcionar.
— Isso acontece sempre?
— Da aproximação por interesse?
— Sim.
— Não recordo quando não foi assim. Sou o galã da novela mais famosa atualmente no
país, não sei quem realmente gosta de mim pelo que sou.
Ela me beija mais um pouco, lentamente, sorrindo afaga meu rosto, conectando seu olhar
sereno ao meu. Mantenho minhas mãos agarrando seu corpo, abraço apertado desfrutando de seu
calor e cheiro viciante.
— Vamos, meu cavaleiro galante, estou com fome, suada e cheia de vontade de sentir as
mãos lindas do baloeiro que me levou às nuvens, acariciando minha pele nua.
Essa última vontade sussurra no meu ouvido dando-me uma lambida sutil no lóbulo, me
estremecendo.
Lora se acomoda novamente no assento ao meu lado, prendendo o cinto e lambendo seus
lábios num ato provocante. Minutos atrás fui fisgado sem escape. Essa mulher está se infiltrando
em meu sistema como um narcótico potente.
Me alinho no banco rapidamente, dando partida no Lexus e minha mão volta a agarrar a
dela. Muito mais possessiva, acaricio num gesto de promessa do quão bem tratada ela será na
minha casa. Estou com o tesão nas alturas e quase não consigo raciocinar, mas além de desejo
quero mostrar a Lora o quanto ela é especial. Valorizar esse tesouro precioso.
O papo segue, descobrimos gostos parecidos, músicas, diversão e comidas, hábitos
gostosos que partilhamos da mesma preferência. Depois de mais conversa consinto em mandar
buscar a mala dela, frustro-me um pouco, pois queria presenteá-la com vestidos e peças lindas
para despir depois, mas ela tem dignidade e não quer vender-se como uma prostituta.
Entendo seu receio quando me explica rapidamente e como bom cavalheiro, compreendo.
Sigo ansioso na estrada para minha casa, maluco para fazê-la minha de uma vez por todas.
Chegamos na sua residência em Üçhisar e fico completamente encantada. É um edifício
simples por fora, uma mera construção escavada na rocha, mas por dentro é luxuosa, arejada e
aconchegante. O branco dá um ar limpo na decoração e afinal, todas as casas esculpidas na rocha
desse lugar são assim.
Ampla, com uma decoração peculiar e exótica, uma mescla de artefatos modernos e
rústicos, deixando um ar chique e ao mesmo tempo simples, combina com ele. Muitas
almofadas, divãs, poltronas, cadeiras acolchoadas e coloridas em todos os cantos, com mantas
em tecidos klim cobrindo algumas delas. Há filtros dos sonhos nas janelas, sacadas com cortinas
esvoaçantes e lustres detalhados. Sei que ele me observa e nota que gostei de tudo, o ar
orgulhoso pela expressão do seu rosto é nítido.
Zayn se ausenta por alguns minutos, dizendo que vai até a cozinha saber como andam os
preparativos para o lanche com sua musa, eu. Eu sou musa de um homem desses?
Santo Antônio, prometo virar você assim que chegar em casa.
Quando retorna à sala me encontra curiosa olhando as fotografias nos porta-retratos. Não
se nega a dar explicação sobre cada membro da família, muito atencioso e gentil, mesmo
sabendo que tem uma mulher disposta e disponível na sua casa, não é tarado e bruto. Esse
homem é um príncipe. Me belisco disfarçadamente para confirmar que não estou sonhando e sim
vivendo isso tudo acordadíssima.
Zayn toca meu corpo sempre com respeito, abraça minha cintura e segura minha mão
deixando um beijo nela. Alisa meus braços nus, e arrisca algumas roçadas de lábios no pescoço
enquanto conta os detalhes das paisagens nas fotos.
Esse dengo todo está me deixando no limite, agora que já conheço o instrumento
poderoso que Deus criou entre suas pernas, mana do céu! Tô ansiosa para sentir o delírio
completo dentro de mim. Louca para vê-lo nu, ele é todo duro em músculos, o fitness deve ser
uma obra prima. Fora o perfume dele que é de perder a noção da realidade. Um misto de cravo
com especiarias, frutado, algo assim, sou péssima para distinguir, afinal cheirar é mais
importante que saber o que é. Às vezes me dou conta que tenho um sorrisinho nos lábios e me
recomponho, o homem vai pensar que sou deslumbrada demais.
— Seu banho está pronto, vou lhe acompanhar até nossos aposentos e buscarei os
manjares para forrar nosso estômago.
Obedeço e sigo até a porta enorme com os ferrolhos dourados. Mas a surpresa pela
piscina no quarto é tamanha, que exalo um suspiro.
— Oh! Meu Deus!
O turco sorri com jeito de quem sabe que agradou. Beija-me de modo rápido, como se
estivesse se segurando. Será que ele não gostou do que houve no carro? Será que fiz mal em ser
tão ousada?
— Quero que fique à vontade em meus aposentos. Naquele armário grande vai encontrar
toalhas e qualquer produto para seu banho. Na porta branca é o banheiro com ducha e banheira,
tem outras essências perfumadas lá também. Mas pode tomar banho na piscina sem problemas, a
água é encanada de uma fonte natural e é drenada e renovada todos os dias. Vou em busca do
nosso lanche que Manilla deixou pronto.
Por alguns minutos fico observando a decoração. Quanto dinheiro esse cara tem? É de
um luxo excessivo, será que ele não é um xeique ou rei?
Foco na cama com dossel mosquiteiro e lençóis brancos como neve. As paredes de pedra
são de uma rocha pálida e sóbria. Cores claras nos móveis contrastam com o vermelho nas
almofadas e sofás. No chão tapetes de pelo de carneiro e vasos turcos com as mais variadas cores
e geometria pintados à mão sobre os aparadores.
É uma casa desproporcional em altura, enquanto a sala na frente é pé direito duplo, aqui
no quarto o teto é mais baixo por estar mais adentro na rocha. Isso deixa o cômodo intimista e
acolhedor, as lâmpadas amarelas são de iluminação baixa e suave, parece que estou na era
otomana medieval, mas com a modernidade do século XXI.
Tiro minhas roupas e entro apressada na piscina iluminada. Que loucura! Os gemidos de
apreciação que deixo escapar pela delícia da água morna são espalhafatosos. Me dou conta que
não peguei toalha nem qualquer coisa para me banhar decentemente. Céus! Que maluca!
Zayn retorna com um carrinho de metal com bandejas de prata tampadas sobre ele.
Parece o seriado da rainha Charlotte. Meu estômago ronca, já passa das três e meu almoço foi tão
pobre que poderia comer um x- burger duplo agora.
O turco despe-se de toda a roupa com meus olhos atentos sobre ele, o que faz minha boca
cheia d'água de fome, secar. E puta merda! Que corpo lindo! Glorioso é a definição correta.
Traz duas toalhas enormes e deixa do lado da escadinha da piscina. Vai até o banheiro e
volta com frascos e uma esponja macia. Tudo isso nu e de pau… duro. Desce os degraus da
escada entrando na piscina comigo. As coxas torneadas e os gominhos do abdômen são
uniformes na cor. Não tem marca branca de sunga ou bermuda, nadinha. O homem é lindo, um
pedaço de carne perfeito. Acho que nunca vi um pau tão simétrico e avantajado assim. A cabeça
redondinha e a base com veias grossas sem nenhum pelinho. Em pé! Santo Cristo! Que delícia!
— Terminou de avaliar meu pau? Achei que tinha visto tudo no carro.
Não costumo ser tímida, mas como Zayn não é de brincar muito, sinto meu rosto
esquentar.
— Desculpe.
O homem é rápido ao me alcançar e agarrar minha cintura.
— Eu que me desculpo. Lora nunca pede desculpas para Zayn. Não sei fazer
brincadeiras, não sou acostumado a me esforçar em conquistar quem me interessa. Geralmente a
profissão que atuo faz as pessoas se aproximarem sem esforço ou interesse da minha parte e acho
que essa brincadeira soou desrespeitosa. Perdão.
— Está se esforçando para me conquistar, Zayn?
— Sim… não sei se está dando certo.
Não seguro a risada e beijo seus lábios de modo carinhoso.
— Estou completamente nua em seu quarto, dentro da piscina com você e ainda acha que
precisa de esforço para me conquistar?
O homem ri do meu argumento.
— Mas isso não quer dizer nada, posso banhar seu corpo, te alimentar e você recusar
outras coisas além disso. E nada mais vai acontecer. Respeito você.
— Zayn! Seu pau parece que vai explodir de tão inchado. — A risada ruidosa é abafada
no meu pescoço quando ele me beija.
— Falei que te respeito, isso não anula o tesão enorme que desperta em mim. Estou duro
desde que me beijou naquele balão.
Toco sua barba e afago vendo-o fechar os olhos contra minha palma. Parece um grande
cachorrão dócil. Mas um cachorro gostoso pra caramba!
— E essa esponja macia é para me banhar, meu turco?
Zayn pisca as pálpebras rápido, acho que exagerei ao chamar de meu. Depressa viro de
costas para que esfregue minhas costas e dissipe minha gafe. Porém, sinto beijos demorados na
minha nuca e algo poderoso cutucando minha bunda.
— Vou banhar seu corpo, lale. Para poder te levar para a minha cama e te reverenciar
como você merece.
Uau! Puts! Se esse homem não estiver atuando e for desse jeito mesmo, em quarenta e
oito horas meu coração será dele. Enquanto, ele lava minha pele com a esponja e um sabonete
perfumado de morango, repasso na minha mente tudo o que ele já fez desde que o conheci.
Se compadeceu de uma estranha e me proporcionou um passeio maravilhoso de balão.
Foi respeitoso, mas se preocupou em me dar prazer, depois a gentileza com café da manhã. Me
deu o contato que eu não liguei. Defendeu minha honra daquele otário do Jones. Não teve
vergonha de me exibir e sair comigo do evento, portanto não é casado nem machista. É rico, no
entanto não ostenta e nem se gaba por isso. Me elogia, é cuidadoso…
Santo Antônio, o senhor decidiu me enviar o príncipe encantado do outro lado do
mundo? Como farei se vou partir em quatro dias? Não tem dó de mim não? Sempre fui devota e
faço jejum certinho quando peço um milagre ao senhor, podia facilitar hein!
— O que disse, Lora?
— Nada, estava cantando baixinho, gosto de cantar no banho. O que quer dizer lale? —
Nem me dei conta que discutia com o Santo.
Giro e aliso o peitoral malhado, a pele morena sem defeitos com pelos aparados é tão
bonita.
— Lale quer dizer tulipa. A flor da Turquia e para mim a mais bela das flores.
Agora sou eu que me surpreendo e não sei como agir.
— Posso lavar você? — indago disfarçando e alisando os ombros largos.
— Não. Por favor, se me tocar do jeito que fez no carro, não sairemos dessa piscina, e
você ainda não se alimentou.
Terminamos nosso banho aos risos e ele sempre gentil sai primeiro para me aguardar com
a toalha felpuda. Cuidadoso como se eu fosse uma porcelana chinesa, veste um roupão branco
em meu corpo. Ao assimilar que olho a ereção vez ou outra, sorrindo, veste uma calça fina de
abrigo.
— Nunca imaginei um quarto com piscina dentro. — digo ao me sentar na cama. —
Bem, pelas fotos dos hotéis eu tinha visto, mas… jamais pensei que poderia desfrutar de uma se
um dia viesse para Capadócia.
Zayn arrasta a mesinha e abre as tampas das bandejas com uma infinidade de iguarias e
quitutes que nunca vi. Mas com uma aparência fantástica.
— O hotel que está hospedada não tem um quarto assim?
— Não, minha chefe fez a reserva e escolheu as acomodações para nós.
— Entendi, mas espero que Manilla tenha feito algo que a agrade da refeição que temos
aqui, pelo menos isso você poderá escolher. Trouxe shish Kebab, balik ekmek, lahmacun, cacik,
pide — aponta ele pegando um prato e colocando nele um de cada quitute. — É só falar o que
prefere provar primeiro.
Me espanto com a quantidade de comida que o homem coloca no prato para mim.
— Zayn, não vou comer tanto, é muito!
— Nós dois vamos comer juntos, lale. É muito comum entre os íntimos essa forma de se
alimentar. Mas posso pegar um prato individual para você, se preferir.
— Oh, não. Desculpe, não conhecia esse costume.
Zayn sorri sincero e me oferece um copinho com uma dose de líquido transparente.
— Beba, é água. Para preparar o paladar.
Obedeço sem questionar, com receio de cometer outra gafe. Poderia ter pesquisado na
internet para não dar essas mancadas, mas foi tudo tão apressado que isso foi esquecido.
— Acho melhor me dizer do que é feito, por nomes não tenho ideia do que são essas
delícias.
— Ó perdoe-me. Falha minha.
— Essa bolacha recheada, tipo esfirra, o que tem nela? — pergunto.
— Lahmacun é recheada com carne de cordeiro, cebola, tomate, sal e pimenta. Mas
temos peixe e frutos do mar. Gosta de azeitonas?
— Muito, amo azeitona.
— Maravilha.
— Bom, quero este de cordeiro primeiro.
Assim que ele me serve, espreme um pouco de limão e me dá na boca, é tão íntimo e
gostoso ser alimentada por esse homem, que meu cérebro associa a sacanagem em pleno jantar.
Zayn acompanha minhas reações ao degustar a porção e aguarda minha opinião. São só
murmúrios apreciativos que saem de mim.
— Oh, meu Deus! Isso é maravilhoso — consigo expressar ao fim da primeira prova.
O homem sorri largo, contente pelo meu apreço a culinária do seu país. Assim ele me
explica todas as iguarias que estão dispostas, paciente e carinhoso. Se alimenta entre as
explicações e me serve dos quitutes molhados nos patês que acompanham, que não recordo os
nomes. O suco de romã fica intocado quando ele abre o espumante.
— Posso fazer uma pergunta pessoal, Zayn?
— Sim.
— Você não pratica a religião muçulmana? Sei que não bebem nada alcoólico.
— Somente minha mãe é muçulmana, meu pai é cristão. Fui criado sob as duas crenças e
adulto pude escolher qual me identificava. Não escolhi, aceito elementos das duas e funciona
bem para mim. Mas um verdadeiro muçulmano não se enquadra nos meus hábitos, porém escolhi
o sobrenome dela como nome artístico.
Brindamos e bebemos quase meia garrafa durante a conversa. Ele perguntou da minha
família e carreira, dos meus planos para o futuro e sonhos. Até a noite fazer paisagem na janela.
Passaram-se horas desde que chegamos.
É incomum um homem agir dessa forma, sem pressa, como se o sexo fosse a última coisa
de seu interesse. Vejo em seu olhar o desejo em cada gesto e toque e é por esse motivo minha
surpresa com ele, parece uma longa preliminar desde que chegamos e isso está me
enlouquecendo por dentro. A cada toque vai acendendo uma fagulha. Quando esse homem me
tomar, vou explodir em pedacinhos.
Após a conversa e o espumante, pergunto a ele se posso dar um jeito no cabelo, afinal, a
fome era prioridade depois do banho e não me dei conta que secaria sem penteá-lo. Devo estar
parecendo um espantalho! Enquanto ele avisa que levará o aparato com as bandejas até o
corredor para ser retirado, me apresso até seu banheiro. Já tinha vindo aliviar a bexiga quando
cheguei, e descobri que é dupla essa parte da casa.
Dois lavabos, duas pias e idem para vasos, luminárias, pufes. Tem uma banheira de
hidromassagem também, cabe meu quarto inteiro aqui. Céus! Que sonho!
Na parte feminina, que não é dividida por parede, apenas por móveis, encontrei tudo o
que uma mulher precisa. Grata e ao mesmo tempo decepcionada. Ao pentear e aquecer o cabelo
com o secador para tapear o frizz, me pego pensando em não me arrepender de aproveitar. É uma
forma de diversão que faz parte de uma viagem inesperada como esta.
Sou uma mulher solteira, conheci um homem solteiro ao que tudo indica, mesmo que
esses objetos e produtos sejam de alguma namorada, não sou doida de perguntar. É errado sair
com um homem comprometido, mas não posso levar a culpa sozinha disso, pelo amor de Deus!
Não vou me sentir culpada e nem arrependida, pelo contrário, guardarei com carinho na
memória minha visita à Turquia. Levo um susto ao olhar meu reflexo no espelho e dar de cara
com Zayn de braços cruzados e calça de flanela, escorado na parede com seu olhar esverdeado
me escaneando.
— Ah! Que susto! Há quanto tempo está aí?
— Alguns minutos.
— Por que tenho a sensação que gosta de me olhar quando não percebo?
— Porque tem toda razão. É estranho para mim também, mas não consigo tirar meus
olhos de você, Lora.
— Vou acabar acreditando nesse interesse todo se continuar me mimando e elogiando
dessa maneira.
— A intenção é fazê-la acreditar, porque é verdade.
O turco se aproxima e começa a abrir as portas dos armários procurando, não, conferindo
algo. Será que acha que roubei ou estraguei alguma coisa?
Mantenho a calma acompanhando as atitudes do homem, pronta para perder as estribeiras
se me acusar ou humilhar de alguma forma.
— Está tudo do seu agrado? Manilla comprou todos os itens que solicitei? Encontrou
produtos para o seu cabelo de que goste? As escovas e pentes são as que costuma usar?
Desculpe, talvez não tenha todos os objetos que necessita, mas podemos providenciar amanhã.
— Você… — Umedeço os lábios, pois até minha saliva secou por constatar que todas
essa coisas são para mim. — Você mandou comprar tudo novo? Por quê?
— Ora, porque essa parte do banheiro nunca foi usada. Comprei essa casa há dois anos e
bem… — Ele coça a cabeça encabulado. — Não tive um relacionamento sério e, portanto,
nenhuma mulher veio visitar essa parte da casa.
Choque, pânico, incredulidade! Um homem desses e está solteiro há tanto tempo? Guardo
o secador, as escovas e molho minhas bochechas com um tiquinho de água fresca da torneira.
— Lora? Algo errado?
Santo Antônio, ele é muito perfeito e vou abandonar isso tudo em poucos dias, para que
essa amostra grátis se não levarei para casa?
— Tem dois anos que não se relaciona com ninguém, Zayn? Fez algum voto de jejum
sexual ou coisa assim? Desculpe, só quero entender como um homem igual a você está solteiro?
Você é solteiro, né?
Ele fica sério e franze a testa olhando intensamente para mim.
— Acha que se eu fosse comprometido me envolveria com você, Lora? Nem sequer teria
oferecido o passeio, se estivesse com alguém ela estaria comigo naquele balão.
Me encosto no balcão para desviar da situação constrangedora. Mas não perco a coragem.
— Não sei, Zayn. Conheço você há menos de doze horas e já levei tanta cacetada da vida
que é difícil crer que existam homens confiáveis. Sinceramente estou aqui pensando que é um
conto de fadas que vou levar na memória, não quero carregar a culpa de atrapalhar a vida de
casal nenhum, famoso ou anônimo. — Os dedos dos meus pés são bem mais interessantes que o
olhar intenso.
Sinto seu corpanzil se recostar ao meu lado no balcão e um suspiro profundo da parte
dele.
— O que é cacetada da vida? — Encaro seus lindos olhos e lembro que as expressões de
cada país são diferentes para explicar certas coisas.
— Cacetada é uma pancada forte que te derruba, nós dizemos assim, quando a vida nos
ensina na base do sofrimento que não é para confiar nas pessoas. Eu não confio nos homens, me
desculpe.
O turco me enlaça e afaga meu rosto, vejo como seu olhar reflete cada sentimento que
expressa. Parece uma preocupação genuína o que observo ali.
— O que fizeram com você, Lora?
— Tantas coisas. Fui deixada por fofoca dos amigos, trocada por outra mais magra, mais
rica, escondida por terem vergonha do meu corpo, colocada atrás de uma carreira importante que
eu não fazia parte… enfim, se eu começasse a enumerar daria um livro. — Coloco o sorriso
habitual no rosto para esconder minhas decepções e suavizar seu semblante tenso, o que funciona
e roubo um beijo dele. — Deixe esse assunto chato e vamos aproveitar o tempo que resta da
nossa companhia. Está tão leve!
Zayn aceita minha explicação e me guia pela mão de volta ao quarto ao dizer que tem
algo para me mostrar. O que será que esse galã preparou agora?
— O que quer me mostrar, meu anônimo sedutor?
Lora e sua sinceridade não param de me surpreender, farei uma loucura que nunca fiz,
mas vou pagar pra ver se o instinto do que estou começando a sentir está certo. Tudo o que
mostrou até o momento me faz acreditar o quanto foi desvalorizada nos relacionamentos.
Não compreendo por quê. É linda, espirituosa, simpática e gostosa pra cacete. Entendo
cada vez menos os homens brasileiros, mas ainda vou descobrir por que uma mulher como Lora
é motivo de vergonha. Só porque tem curvas? Não admito um disparate desses. Gostaria de
conhecer todos que a fizeram se sentir ofendida e dar uma lição em cada um deles. Ah! Eu juro
que faria!
— Mostrei o sol surgindo na Capadócia para você naquele balão, e agora quero mostrar o
céu iluminado pela lua. Mas livres para fazermos qualquer coisa sob as estrelas. — Seu olhar
curioso ao ouvir minhas palavras me impulsiona.
Planejei surpreendê-la. Quando fui à cozinha conferir os preparativos assim que
chegamos esta tarde, liguei para Maleck que viesse e preparasse o terraço para uma noite
romântica. Fui atendido e satisfeito, pois quando subimos a escadinha para o terraço, percebo
minha musa de olhos arregalados em surpresa.
Meu assistente e amigo conhece a arte de surpreender as mulheres, ele cobriu o chão de
tapeçaria e colocou um colchão com lençóis que imitam os arabescos turcos. Almofadas
coloridas rodeiam o parapeito do terraço dando um ar sultanesco ao meu espaço. As lanternas
ficaram ótimas para compor a iluminação da decoração, com uma variedade de cores que
traduzem o espírito do momento.
Observo copos com água e velas flutuantes espaçadas nos cantos. Garrafinhas d’água e
preservativos nos dois lados do colchão, uma mesinha repleta de frutas e doces, meu sorriso
convencido não pode ser maior em ver a surpresa dela. Trouxe um manto grosso comigo, pois
conheço o clima ameno da noite nessa época do ano.
Lora suspira e elogia a surpresa. O ar é fresco, quase frio, mas não venta, e transar no
terraço é uma coisa que já tinha pensado em fazer, mas nunca realizei por falta de uma parceira
aventureira que topasse. Seguro sua mão e beijo o dorso a guiando para o colchão. Tiro minha
calça silenciosamente oferecendo o conforto do meu corpo pronto para servi-la como ela
aprouver.
— Vem minha lale, quero te devorar sob o teto das estrelas.
A observo morder o lábio excitada ao ouvir meu convite carinhoso e sensual para se
aproximar. Desato a cinta de seu roupão, resvalando pelos ombros, notando encantado como os
seios respondem a mim e ao ar acariciando sua pele os deixando arrepiados. São os peitos mais
lindos que já vi.
Meus braços a envolvem num aperto firme e desejoso de contato, a beijo ardentemente,
comandando as carícias no corpo sedoso. Não demoro a arrancar suspiros e gemidos baixos,
agarro seus cabelos para aprofundar minha língua, exigindo tudo dela. Minha pulsação
retumbando a audição que só capta os sons dessa feiticeira que me enredou na sua teia sensual.
— Você é perfeita Lora, tão linda por fora quanto por dentro.
Nos deitamos no colchão improvisado aos beijos tórridos. Com meu autocontrole no
limite, beijo cada pedacinho de pele até encontrar seu seio. O bico pontudo e rosado se acomoda
em minha boca como o manjar destinado a um sultão. Chupo e estico, mordendo de maneira
suave até Lora implorar coisas sem sentido.
— O que quer que seu turco faça, lale bahtchisi[8]?
A mulher se contorce inteira quando, beijando, chego ao ventre e desço ao montículo que
antecede a boceta. Mordo e esfrego minha barba, agarrando suas coxas macias.
— Oh, Deus! Zayn, por favor!
O perfume que sua excitação exala é como um bálsamo estimulante, quase uma droga
que mexe com meu cérebro e corpo. Em palavras simples, fico louco, alucinado!
Acaricio com minha língua, tomando seu clitóris como néctar dos deuses, roçando e
esfregando seu sexo completo com minha boca e nariz, a fazendo delirar e rebolar de encontro ao
meu rosto enterrado. A posse por ela se alastrando em meu corpo ao agarrar seus quadris,
apertando com selvageria enquanto amassa os lençóis se contorcendo.
A sede em mim está longe de ser aplacada, e quando vejo Lora revirar os olhos, gemendo
por mim, puxando meus cabelos ao se desmanchar em minha boca, penetro dois dedos sentindo
os espasmos do seu gozo arrebatador. Um sorriso radiante dança em meus lábios ao sentir meus
cabelos agarrados na ânsia do prazer.
Resvalo de encontro a sua boca, escorregando vagarosamente, beijando e lambendo todo
o caminho até lá. Dou atenção aos peitos que há muito não sentia a naturalidade como os dela,
longe de serem empinados e duros, pelo peso são generosos, macios e gostosos de agarrar.
Mordisco, aperto, lambo e mamo a exaustão, deixando lindamente marcados pela irritação boa
do contato, aproveito todo o corpo delicioso para agarrar e me moldar a ela, deixo minhas marcas
por toda a pele branquinha.
— Zayn, por favor!
O olhar e voz necessitados imploram.
— O que foi, minha lale? — pergunto aos beijos ainda penetrando os dedos, saindo e
espalhando o mel pela boceta depilada. Lora não consegue pronunciar nada, apenas ofega e crava
as unhas no meu braço.
— Quero... você, agora. Quero você meu turco.
É golpe baixo a voz manhosa e desesperada me chamando como sua posse.
Com um rápido movimento alço o braço até o pacote laminado, sento-me vestindo a
proteção e me acomodo na posição lótus, guiando seu corpo voluptuoso sobre mim, ordenando
com beijos e mordidas que cavalgue. É a glória vê-la rebolar como uma amazona, os seios sobem
e descem pela cadência dos movimentos roçando em meu peitoral.
— Ahhh! Assim, minha flor do deserto, olhe para mim!
É uma foda para ficar na minha memória. A junção de nossos corpos é tão perfeita, tão
única que parece ter apenas uma pulsação. Linda, descabelada, corada, maravilha de mulher.
A visão das estrelas é majestosa quando tombamos a cabeça para trás apreciando o céu
iluminado, sentindo a conexão dos sexos pulsando em harmonia. Minha flor, goza tantas vezes
quanto seu corpo permite e em contrapartida sou arranhado e conduzido aos seios mais de uma
vez, enquanto obedeço como um servo devoto. Chupo e mordo sua pele deixando vermelhinha
nessa dança avassaladora e deliciosa dela sobre meu pau.
Jamais me apeguei em tão pouco tempo. Uma mulher como essa tão envolvente, sincera e
inteligente, que não para de me seduzir, era algo que não imaginei quando vim descansar no meu
refúgio. E agora só quero agradá-la e fazer suas vontades.
Nossos corpos se fundem, suados, o ar é uma busca custosa quando o prazer explode, só
consigo murmurar seu nome enterrado em seu pescoço.
— Lora!
Liberto meu êxtase aninhado, abraçado e agarrado aos cabelos que tanto me encantam,
ouvindo a melodia dos gemidos manhosos da minha flor rara.
Sou o anônimo mais sortudo do planeta por ter esse prazer absurdo em uma única transa.
Tudo se deve a essa criatura perfeita que o universo colocou em meu caminho. E o que Lora
reviveu em mim a atraiu a ela. Zayn Tariff Parsons, advogado que está atuando na carreira
artística no momento, mas não pretende que a profissão o defina.
Faço minha dama debruçar-se sobre mim descartando o preservativo usado e puxando a
manta quentinha sobre nós dois, ouvindo as respirações cansadas. Alguns segundos tomando o
fôlego para o que quero lhe propor.
— Não quero que essas quarenta e oito horas acabem, Lora — confesso ao corpo quente.
Isso a surpreende tanto que ela tomba ao meu lado no colchão.
— O que quer dizer?
— Não quero prazo de validade para o que estamos vivendo.
— Você… nem me conhece direito, Zayn! — murmura ela incrédula.
— Nem você a mim, eu sei, foi isso que falou naquele banheiro. Estou confessando que
quero te conhecer melhor, lale. Não para transar, passar o tempo, mas para um relacionamento
sério. Não volte para o Brasil.
— Meu trabalho é lá, minha família, meus amigos. — Imagino os receios dela, mas
preciso insistir.
— Trabalhe aqui, vá visitá-los nas férias, mas fique comigo.
— Já ouvi isso tantas vezes! E ainda mais depois de me levarem para a cama. Para vocês
homens é fácil pedir a uma mulher que mude sua vida para se moldar a sua. E quando cansam,
simplesmente…
— Ei! Tem razão, desculpe, não devia ter me entusiasmado. Fui precipitado, e eu nunca
aprendo. Quem sabe na terceira vez que eu sentir algo diferente por uma mulher, abafe minha
empolgação para não assustá-la. E talvez possa… ah esquece, Lora! Perdoe meu entusiasmo.
Alguns minutos e o silêncio parece uma gárgula no canto do terraço buscando uma
brecha para nos destruir.
— Zayn?
— Sim. — Deixo de admirar as estrelas na baderna de pensamentos dentro da minha
cabeça, para olhar o semblante da mulher ao meu lado. Lora está apoiada com o rosto em um
braço me olhando curiosa.
— Me fale o resto do assunto.
— Não sei o que quer dizer.
— Zayn Tariff! Termine o que ia dizer.
Me apoio nos braços também ao fitá-la.
— Você acabou de pronunciar meu nome com a fonética correta, Lora?
Seu sorrisinho é uma luz sublime na escuridão, iluminando a situação que transformou
meu plano de engatar um namoro com a mulher que me enfeitiçou.
— Não desvie o assunto, turco! — A mão delicada passeia pelo meu bíceps e repousa em
meu peitoral.
Bem, já que deu abertura, agarro a cintura da mulher mandona, juntando seu corpo
gostoso ao meu e quando vou beijá-la, Lora me impede com um olhar inquiridor.
— Disse que tentou duas vezes, e espera que na terceira dê certo. O que você tentou?
Um suspiro longo e estou prestes a confessar meus fracassos.
— Nós turcos somos criados para formar uma família, tudo é condicionado a sermos
bons maridos, bons pais, bons amigos, hospitaleiros. Claro que ser metade americano, me deu
um leque de escolhas, contudo, sempre nutri a ideia de me casar e formar uma família desde
muito jovem.
Os olhos azuis curiosos não desviam do meu rosto em nenhum momento.
— Aos dezoito anos me enamorei de uma garota, me apaixonei de verdade. Em pouco
tempo. Não sou homem de enrolar, quando gosto, sou verdadeiro e mergulho com essa cabeça
dura. Pedi a moça em casamento, mas ela não tinha o mesmo desejo de relacionamento sério. A
carreira era seu sonho. Eu compreendi. Mas sofri por aquela menina. Houve outras mulheres,
mas nenhuma que despertasse esse meu lado que anseia uma conexão. A última namorada séria
foi pouco antes de me tornar famoso. Eu faria o pedido, mas não era por um sentimento profundo
que havia e sim um comodismo, uma necessidade de ser somente nós e os planos para o futuro.
— O que houve?
— Ela me deu um fora, alguns dias antes de oficializar o noivado. A desculpa é que eu
era muito grudento, muito bonzinho e isso não era atraente. Lembro que comentou que nem nos
romances que lia, homem bom atraía. Depois descobri que ela tinha conhecido um produtor de
novelas e viajaria o mundo com ele. — Acho graça agora da situação. — Meus amigos, aqueles
dois que você viu no dia do passeio no reboque do balão, agora trabalham comigo. E mais alguns
outros que são parte da turma, me incentivaram a participar de um reality show na capital. Na
brincadeira e também para distrair do acontecido com Moira.
— Moira é sua ex?
— Sim. Entrei para o programa. E dali foi muito rápido para o primeiro convite de um
papel na novela em andamento.
— Moira te procurou depois?
— Claro, veio com uma conversinha que estava iludida, mas o sentimento que tinha por
mim era real.
— E você?
— Sou bonzinho, mas não otário, Lora. Mandei ela viajar para a lua.
— Você é fofo até quando está irritado com alguém.
— Não me irritei com Moira. Para mim é uma pessoa que passou na minha vida para me
ensinar o que é real e o que é ilusão. Não vou gastar minha imagem para ofender alguém, sem
um bom motivo. Seu modo de agir reflete ela como pessoa, não eu.
— Tá, mas sua contagem está errada. Você disse na terceira vez. Sua ex, que foi para a
lua — Lora provoca uma risada descontraída pelo senso de humor tão despojado — é a segunda.
— Não! Moira não entra na minha contagem. Não sentia coisas diferentes dentro de mim
quando a fazia sorrir ou quando tentava alimentar aquela doida do meu prato. Ela não gostava do
meu jeito. Não gostava nem do meu cachorro, e isso é uma ofensa enorme para mim. Não havia
uma conexão nem de preferências simples. Você sim!
Meu ouro branco em forma de mulher arregala os olhos.
— É Lora. Sou intenso, possessivo, me apaixono facilmente quando algo mexe comigo.
E essa foi a segunda vez. Tudo o que fiz nessas poucas horas contigo não fiz para nenhuma
outra.
— Está… está falando sério, Zayn? Está brincando comigo?
— Não, eu não brinco com esse tipo de situação séria, Lora. Pode parecer estranho e um
conto de fadas como falou antes. Ouço tudo o que diz e até o que não expressa em palavras.
Posso ser uma raridade entre os homens que conheceu, mas o pedido de ficar aqui na Turquia
comigo é real e muito sério.
Lora se deita novamente de costas no colchão olhando o céu estrelado enquanto
argumento o meu ponto.
— Eu amo cães — murmura baixinho. Meu sorriso é tão grande que disfarço beijando
seu ombro. Volto a falar mais próximo do seu ouvido, enquanto brinco de passear no vão entre
os seios com os dedos.
— Veja, eu não moro na Capadócia, você pode ficar aqui até encontrar um lugar ou uma
cidade com o emprego que quiser exercer. Me disse durante o jantar no quarto que se formou em
administração, então pode exercer até não aparecer algo na carreira atual. É muito mais fácil nos
vermos em finais de semana e folgas estando no mesmo país, que em outro continente! Não
concorda?
A mulher vira o rosto mordendo o cantinho da boca, está com receio, semelhante ao dia
do passeio quando não me conhecia. Recordo disso.
— Como vamos saber se somos compatíveis para uma relação duradoura se não
passarmos tempo juntos? Eu quero isso, Lora. Quero muito, porém não posso partir do meu país
onde tenho uma carreira estabilizada e com contratos já fechados. Meu ano inteiro está em
contrato na Turquia. Não poderia ir ao Brasil mesmo que eu quisesse.
— Você quer namorar comigo, Zayn?
— Aceito se esse for o pedido oficial. — Lora começa a rir, o que me deixa mais feliz
que um camelo matando a sede em um oásis do deserto.
— Não, seu bobo, perguntei se é essa sua intenção?
— Lora, Lora! Faz quase meia hora que estou gastando meu latim para que acredite nas
minhas intenções.
O rosto pensativo parece mexer as engrenagens dentro da cabeça bonita.
— Posso falar com minha chefe, Marissa comentou que pretende montar uma filial da
agência aqui na Turquia, talvez ela aceite que eu desempenhe alguma função na empresa ficando
no país.
— Ouvi direito? Isso é um sim?
Prendo seu corpo com a jaula de meus braços roçando meu nariz em seu pescoço para
inspirar meu novo perfume favorito.
— Mas se eu ficar uns tempos na sua casa, não será gratuito.
— Pode deixar, vou cobrar muito caro, vai passar horas do dia pagando.
Meu cabelo é agarrado de modo brusco para olhar o mar azul de suas írises cintilantes.
— Estou falando sério, turco! Vou pagar pela estadia com dólares.
— Ok lale, como você quiser. Bir tek dileğim var mutlu ol yeter.
— O que disse?
— Meu único desejo é que você seja feliz.
— É bonito o som do idioma na sua voz.
— Kalbimin tek gulü gecemin aydınlatan güneşim ve sen[9].
— Espero que essa frase seja para pedir um beijo.
— Sim, é um beijo e outras coisas a mais.
Alinho o meu rosto com o dela apanhando seu queixo para não desviar.
— Quero me perder em você, minha cheirosa.
— Então vem Zayn, vamos nos perder juntos.
Me abraça, envolvendo suas pernas nas minhas, iniciando carinhos românticos com
beijos doces que logo se transformam em ardentes e tórridos.
Não fodemos, fazemos amor com o sentimento que ambos sabemos ter começado a se
construir hoje. Não seremos condenados por nos permitir sentir, somos solteiros, desimpedidos e
nos queremos na mesma intensidade.
Após saciarmos nosso desejo, nos alimentamos da mesinha preparada no terraço,
conversamos e namoramos por mais algum tempo. Me fez prometer que vou mostrar todos os
animais que tenho, e isso me deixou muito feliz.
Lora adormeceu nos meus braços com meus sussurros da promessa de que a vista será
ainda mais bela ao acordar. Ela não imagina, mas os balões flutuam por aqui quase todas as
manhãs e a paisagem é extraordinária.

Pela manhã a desperto com um café da manhã, generoso. Preparei uma mesinha na tenda
de tecidos que Maleck deixou pronto ontem.
Além do chá, café, sucos e todo tipo de pães e iguarias que estamos acostumados aqui.
Dispus frutas, que nas minhas pesquisas, os brasileiros gostam de apreciar pela manhã. Uma
bandeja de figos, cerejas, morangos, pêssegos e tangerinas. Trouxe nozes, amêndoas e doce em
calda de flor de laranjeira, o meu predileto. Minha namorada merece o melhor.
Além disso, pedi a Manilla para comprar uma camisola de seda na loja em Göreme. Pela
primeira vez não reclamou de sair da propriedade aquela ranzinza, só porque me viu feliz. Foi
com o motorista cedinho até lá igual uma cabra montesa saltitante.
Assim que retornou eu subi com o presente para o terraço e o meu sorriso.
— Günaydın krallığımın prensesi! [10]
— Isso é um bom dia, turco?
— É o meu bom dia para a princesa do meu reino.
— Nossa! Você é mesmo irresistível.
— Feliz Dia dos Namorados atrasado, venha quero mostrar algo a você.
A conduzo ainda enrolada na manta até a mureta, para contemplar uma Capadócia
enfeitada de balões, que flutuam enchendo a paisagem de encantamento. Ela Sorri aninhada no
meu abraço acolhedor suspirando com o espetáculo além do horizonte.
Não sei o que esperar da carreira ou dos acontecimentos com relação a minha imagem,
mas tenho confiança que viverei experiências inesquecíveis ao lado de minha nova paixão. Quem
sabe daqui a pouco tempo surja um novo membro da família, correndo por esse terraço com
cabelos louros iguais ao meu ouro branco de olhos azuis.
UM ANO DEPOIS

Minha vida na Turquia é muito prazerosa. Consegui o emprego na agência de Dona


Marissa aqui no país. E minha carreira continua indo muito bem.
Ao sair da banheira da suíte de Zayn, relembro como minha vida mudou.
Naquela noite, há quase um ano, quando aceitei o convite de Zayn, pensei por alguns
segundos se estava sendo precipitada. E realmente eu estava, mas mesmo sob o risco de
insucesso na relação, naqueles segundos ponderando sobre, fiz um paralelo, mesmo que na
velocidade da luz, entre meu ex-namorado e o homem que eu estava começando a me relacionar.
Um ponto a favor de aceitar o convite de permanecer no país é que eu não dependeria de
Zayn. Combinamos que minha estadia na sua casa seria paga até encontrar um lugar definitivo. E
realmente encontrei um apartamento muito charmoso um mês depois.
Outra questão foi que eu não deixaria de modelar por outro homem, como já havia feito
pelo anterior.
A minha carreira de modelo apenas seria dividida em uma vertente um pouquinho
diferente atuando no mundo da moda na agência, porém experimentando os bastidores.
E foi o que aconteceu, ainda surgem algumas campanhas onde sou requisitada e continuo
atuando, mas divido o tempo administrando a agência e as modelos aqui na Turquia. Sou a
gerente administrativa da Spicy Models Turkey e sou muito feliz no meu momento profissional
atual.
Fora que o meu turco desde o início se mostrou diferente naquelas poucas horas que
tivemos contato, então pensei, por que não me jogar e talvez me arrepender? E não depois me
perguntar como seria se eu tivesse ficado? Sempre fui corajosa e me sinto realizada por dar tudo
certo neste primeiro ano morando aqui.
Apesar de ainda haver um certo preconceito na mídia local e em algumas situações as
quais eu e Zayn enfrentamos, sobre um galã nacional ter escolhido uma mulher com um padrão
de beleza diferente do que esperam, nós dois conseguimos passar por isso sempre de maneira
segura sobre nosso relacionamento. Ele é um cavalheiro apaixonado e age demostrando e
exaltando a mulher da vida dele a todos.
E sua família me recebeu tão maravilhosamente bem, independente do meu receio de não
ser aceita por eles, me surpreendi. Os pais do meu noivo são carinhosos e respeitosos comigo.
Zayn me pediu em casamento seis meses depois que nos conhecemos. Isso porque insisti para
irmos com calma, pois por ele já estaríamos casados ainda no terceiro mês. No entanto, meu galã
atende todas as minhas vontades, e é perfeito em ouvir meus receios.
É um sonho as surpresas que ele faz para mim. Melhor que conto de fadas.
A maior delas sem dúvida foi o pedido de casamento. Zayn voltou de uma viagem a
trabalho e combinou com seus amigos comparsas, Maleck e Ygor, uma surpresa inesquecível.
Novamente estávamos em um balão, sob o céu da Capadócia e ele abraçado a mim admirando o
espetáculo do alvorecer. A paisagem maravilhosa de cores quentes surgindo no horizonte, o calor
do meu amor me envolvendo parecia surreal.
Quando o sol despontou totalmente, Zayn sussurrou em meu ouvido:
— Jamais estive tão feliz, Lora. Achei que a perfeição não existisse, mas ela me
cumprimentou com seu rosto.
Virei em sua direção e recebi um beijo doce de olhos abertos, brilhantes como chama
viva.
— Você é quem segura meu coração nas mãos. Tek isteğim seni bir ömür boyu sevmek...
[11]

Zayn se ajoelhou e meus olhos ficaram rasos d’água.


— Quero ser seu protetor e apoio. Quero ser seu amante e pai dos seus filhos. Amo você
e nada me faria mais completo do que ter minha flor, minha lela como esposa. Aceita esse turco
como seu marido?
Minha vontade era pular dentro daquele cesto, no ar, mas não podia. Precisei me segurar
nas bordas quando admirei aquele príncipe ajoelhado, segurando um anel de diamantes,
aguardando minha resposta. Me emocionei, não consegui resistir e me joguei em seus braços.
Já marcamos a data para esse ano ainda. Sempre conversamos sobre o futuro e os planos
de construir uma família seguem firmes e muito reais para nós. Por isso não é surpresa para mim
o que acabei de descobrir esta manhã.
Faz uma semana que me sinto diferente, com sintomas que nunca tive de enjoos e aversão
às comidas que adoro. Decidi fazer o teste de gravidez, deu positivo e estou radiante. Já tenho
vinte e sete anos, e meu noivo volta e meia expressa o enorme desejo de ser pai, então de comum
acordo parei com os anticoncepcionais já faz um tempo.
Zayn retorna hoje para o início das férias na Capadócia. Mandou o motorista me buscar e
levar para a casa dele, disse que não admitiria recusa. Me avisou por telefone que está com
saudades e deseja sua noiva desesperadamente, aliás, são meses de insistência para que eu venha
definitivamente para esta casa. Acho que é o momento de fazer a vontade dele.
Estou neste instante pós-banho, escolhendo a lingerie para receber meu noivo que já
mandou mensagem sobre a aterrissagem do seu voo. Zayn em menos de uma hora chegará em
casa, e aquele homem com saudades é minha perdição.
Além disso, a notícia que o aguarda será motivo de festa e tenho certeza que a
comemoração vai durar horas. Hamdulillah[12]!
Após vestir adequadamente uma roupa discreta sobre a lingerie vermelha, ando até a
cozinha para saber sobre a preparação do lanche e posteriormente o jantar. Quero tudo perfeito e
se bem conheço meu galã, não sairemos daquele quarto antes do anoitecer.
— Sra Manilla, como está o andamento por aqui?
— Lora hanim,[13] tudo em ordem. Está com fome? Não sente nesta cadeira dura. Posso
levar um lanche no seu lugar favorito enquanto descansa. Lá na biblioteca, git git!
Manilla já sabe sobre a gravidez, contei a ela hoje mais cedo quando descobri. Foi uma
festa, não pude conter minha euforia, e a senhorinha de sobrancelhas grossas se tornou uma
grande amiga comemorando a novidade. Ela tem todo um cuidado com a gestantes, disse que
ajudou no parto de algumas crianças da cidade. Eu já percebi que Manilla está super protetora
comigo, mas não estou doente e acho graça do jeito cuidadoso que dispensa a mim.
— Não, por favor. Quero ajudar a fazer algo com minhas próprias mãos para alimentar
meu noivo. O que está fazendo?
Seu sorriso satisfeito em ver meu interesse pela cozinha me deixa feliz.
— Zayn bey[14] tem sorte! Allahalla! Uma mulher que alimenta seu marido com as
próprias mãos é uma benção. Pode me ajudar com o gozleme, sim?
— Evet[15], Manilla hanim!
— Hayir[16], metresi[17] Lora não chama hanim para Manilla. Manilla é só Manilla.
— Tudo bem, Manilla. No Brasil chamar alguém por senhora antes do nome é uma forma
respeitosa por uma pessoa mais experiente. Como senhora Manilla.
— Evet, senora Manilla pode ser. — Deixo um sorriso condescendente pela expressão
contente da mulher.
— O andamento do jantar está adiantado? — indago ao colocar um avental com seu olhar
apertado para mim.
— Evet, casserole é o prato predileto de Zayn bey. Estou adiantada com os preparativos.
Não precisa avental Lora hanim, tem pouca coisa para ajudar aqui.
— Enquanto prepara a massa eu dou conta dos recheios, senhora Manilla.
— Pike, tamam![18] Mas depois metresi vai descansar.
— Sim, não se preocupe. Estou bem.
Mal sabe ela que Zayn não me dará descanso por no mínimo um dia inteiro, aliás vou
contar a novidade após matar a saudade, pois certamente o homem vai ter receio até de me
agarrar um pouco mais firme ao saber da gravidez.
A hora passa rápido que nem percebo. Terminamos de preparar o lanche com tudo o que
ele gosta, seu chá preferido e gozleme de vários recheios. Bem a tempo de ouvir o motor desligar
do lado de fora.
Manilla se apressa a recebê-lo na entrada, ouço as vozes enquanto tiro o avental e solto o
cabelo diante do espelho do corredor.
— Lora hanim quem preparou o alimento, Zayn bey. Allahalla[19]! Noiva muito preciosa!
— E onde está minha güzel lale[20]?
Meu corpo inteiro se arrepia, uma semana sem vê-lo me deixou maluca de saudade. E ele
falando turco é um delírio. Saio para a sala encontrando com ele apressado no meio do caminho
com seu sorriso aberto, me enlaçando e tirando do chão.
— Minha Lora, que saudades!
Olho para ver se Manilla já foi para a cozinha, pois os costumes aqui são diferentes. Nada
de intimidade em público, mas a mulher é muito inteligente e correu terminar os detalhes das
tarefas.
Zayn me beija até perder o fôlego, aperta minha bunda ao me soltar e inspira meu
pescoço com palavras doces.
— Seni nasıl özledim aşkım![21]
— Também senti sua falta, aşkım! Venha, vou preparar seu banho para o lanche, deve
estar faminto!
Zayn sorri malicioso, beijando meu rosto todo e me puxando para o quarto.
— Ah! Não sabe o quanto estou faminto, lale!
Me agarra ao entrar no quarto e projeta um pontapé na porta para fechá-la.
— Minha fome tem nome. Tem os lábios mais doces e o sorriso mais lindo do mundo.
Enlaço seu pescoço e reivindico seus lábios sorridentes.
O beijo incendeia nós dois com a paixão se alastrando como pólvora. Abro apressada sua
camisa e a cada toque, Zayn suprime um rosnado sexy. De súbito me afasto e rumo para o
banheiro.
— Vou preparar seu banho, não demore para se despir, benim türkçem.[22]
— Sua provocadora desalmada! — Zayn sorri tirando a roupa em tempo recorde.
O homem exala alegria, sei que ama este lugar. Durante todo esse tempo convivendo com
Zayn, descobri como a natureza recarrega sua bateria para retornar ao trabalho. E as duas
semanas de férias que agendou, finalmente chegaram.
Entro apressada no banheiro buscando os sais de banho que ele prefere. Ao girar Zayn já
está na porta, nu em pelo, com o armamento em modo de ataque. Meu noivo tem um apetite
insaciável e adorei constatar isso a cada retorno para a Capadócia.
Ele se aproxima de mim tirando os sais das minhas mãos.
— Não vamos usar a banheira agora, aşkim.
— Não?
— Não. Uma ducha é suficiente para o momento. Permita-me ajudá-la com esse vestido.
Está tão coberta hoje.
— Comprei uma surpresinha para meu noivo.
Ouço um suspiro profundo e os toques suaves dos dedos afastando meus cabelos para
desatar o cordão do decote.
— Hum! Já tomou banho, eu presumo?
— Sim.
Ele é muito maldoso, pois brinca e provoca passeando o indicador por dentro do tecido.
Seu olhar não deixa dúvidas do quanto me deseja e isso provoca em mim uma ansiedade absurda
de ser possuída por ele. Umedeço os lábios ao vê-lo se inclinar e roçar os lábios no meu ombro
nu, onde o vestido continua preso sob sua palma.
— Não tem planos de banhar-se novamente?
A voz baixa é tão rouca que quase não ouço direito.
Quando os beijos suaves chegam ao meu pescoço, minhas pernas estremecem. Zayn
desliza lentamente o vestido para o chão e me guia ao seu corpo quente. A pele em brasa dos
braços fortes me envolve acariciando as costas com uma lentidão torturante.
— Hein, minha princesa dourada, o que preciso fazer para que me acompanhe na ducha?
Ou prefere aguardar enquanto me banho? De jeito nenhum você sai desse banheiro sem mim.
Roça seu nariz no meu pescoço subindo pelo maxilar lambendo meu queixo. Agarro
firme seus ombros ofegando, tentando segurar minha ansiedade por ele. Meu coração aos
tropeços retumba feito um tambor de escola de samba.
— Zayn! Lutfen[23]!
A risada baixa e gostosa faz transmissão direta com meu sexo, pulsando e apertando em
agonia.
— Sabe o quanto adoro ouvir você falar meu idioma? As palavras e o sotaque rolam de
maneira tão erótica em seus lábios de mel, que suspeito seria suficiente para me levar as nuvens.
Deixo minha mão descer entre nossos corpos e segurar o pau num leve aperto. Zayn pisca
rápido e segura meu pulso.
— Mashallah, lale! Ainda não está limpo para suas mãos. Deixa eu olhar o que você
comprou para esse turco sortudo.
Nunca acostumo com esse jeito dele, educado, cuidadoso e às vezes pudico. Permito que
se afaste e inspecione minha lingerie de seda vermelha.
— Hum! Essa cor definitivamente deixou você ainda mais bela. — Faz sinal para girar
enquanto abre a ducha e entra embaixo da água morna.
— Você disse o mesmo sobre a preta, e a rosa que comprei da outra vez.
Seu sorriso convencido se ensaboando sem tirar os olhos do meu corpo me envaidece.
— O que posso fazer se tenho uma mulher sexy e linda que combina com todas as cores?
O homem molhado se alisando de forma sensual me distrai da conversa.
— Lora!
— Hum!
— Você está linda, mas agora tira essa seda e vem, não faça seu Zayn implorar!
Ainda faço um charminho diante dele que fecha a ducha me puxando para ele. Deliciosa
é a sensação do homem esfomeado me devorando, apertando meu corpo como sua posse,
agarrando firme meus cabelos para distribuir beijos e mordidas no meu pescoço.
Zayn me guia para a bancada da pia de mármore e me debruça com a bunda para o ar. O
gelado da pedra contra meus seios desfere um choque térmico me fazendo gemer.
No entanto, não tenho tempo de pensar em nada quando sua língua urgente invade minha
boceta, exigindo que me abra ainda mais para recebê-lo. Meu noivo é hábil, ajoelhado atrás do
meu corpo me segura com propriedade, chupando com gosto e fome, extraindo gemidos
agonizantes sem que eu queira. Afunda o rosto entre minhas pernas, lambendo e mordendo como
um lobo voraz. Me seguro firme quando sinto o prazer tomando forma e o idioma português
escapa em desespero da minha garganta.
— Zayn, pelo amor de Deus! Não para!
Sei que ele não compreende a língua, mas a sofreguidão do meu pedido, meu amor
conhece como ninguém. Após um riso audível, a bravura da língua merece medalha, mana do
céu! O homem é incansável, chupa até sentir os tremores das minhas pernas abertas e penetra
dois dedos tocando algo lá dentro, que me faz perder os sentidos por alguns segundos.
Convulsiono e resmungo mordendo o lábio para não gritar. Puxo o fôlego e respiro rápido
buscando o ar pelo transe do prazer violento que me arrasa.
Quando me acalmo Zayn está de pé alisando minhas costas e tenho certeza admirando o
que sempre elogia.
— Eu adoro essa bunda, meu amor, amo tudo em você, mas ela é extraordinária.
Enche a mão com uma nádega e aperta enquanto continuo desfalecida contra o balcão
com um bendito sorriso no rosto.
Sem demora o sinto inteiro dentro de mim. O orgasmo e hormônios me lubrificaram
tanto, que o tamanho de Zayn que normalmente precisa de segundos para me ajustar, dessa vez
não incomoda em nada. É como uma chave que entra numa fechadura e encaixa perfeitamente
bem.
Sinto a completude que o destino me trouxe em forma de homem ao ouvir o gemido
rouco ecoando no banheiro como um animal necessitado. Zayn tira todo e volta inteiro
penetrando lentamente com mais murmúrios eróticos, me deixando ainda mais molhada. Agarra
meus cabelos investindo tudo o que tem enquanto os dedos cravam em meu quadril. Puxa a rédea
dos meus fios e se inclina para morder minha orelha, e chiar as melhores palavras nessa hora.
— Tão minha! Ah...
A sensação é que sou tudo o que ele precisa, e a cada estocada forte demonstra a saudade
que tinha de mim. Me seguro firme no balcão recebendo de bom grado a euforia dos golpes de
Zayn, que me come a valer, do jeito que eu gosto. O choque dos corpos é violento, rápido,
incansável, delicioso! A mão no meu quadril escorrega para frente, pressionando o lugar certo,
como um interruptor que só ele sabe ligar.
Meu corpo ganha vida ao seu toque e começo a rebolar ensandecida. São tantos estímulos
de uma fórmula que Zayn aprendeu ao me conhecer, cabelo puxado na intensidade perfeita é a
cereja do bolo do prazer que esse homem me oferece.
O turco se afasta subitamente e me vira me sentando no mármore de modo urgente.
Captura meus lábios e os guia como um mestre, beijando com gana, desejo feroz e avidez. Desce
de encontro aos meus seios que estão sensíveis e rígidos, sugando feito um bezerro esfomeado
fazendo meu corpo arquear em necessidade.
Agarro seus cabelos revirando os olhos, alucinada. Quando retorna a minha boca
ofegante, me penetra outra vez segurando minhas pernas e investindo completamente em transe.
Seus olhos esverdeados estão tão claros e brilhantes parecendo duas pedras preciosas.
Os gemidos guturais com meu nome são lindos, um som que nunca vou cansar de
escutar. Os arquejos se fundem com os meus que imploram por alívio. Zayn puxa meu cabelo
para fitá-lo.
— Amo tanto você, que quando estou longe nada faz sentido para mim, aşkim[24] —
exclama ofegante durante as arremetidas.
Cola nossos lábios e acaricia meu clitóris até o ponto do meu grito ecoar. Gozo agarrada
aos seus ombros, arranhando sua pele no torpor pleno da saciedade. Meu amor libera logo em
seguida, buscando meus lábios sôfregos provando nossos suores.
Fico esparramada onde estou, ainda recuperando minha alma que ele tomou com esse
último orgasmo. Abraçados na calmaria Zayn me acalenta com beijos doces na testa e lábios.
— Ainda não matei minha saudade, aşkim. — murmura ao se afastar.
Zayn pega o jato da ducha morna, lavando a porra que escorre pelas minhas pernas,
enxaguando com cuidado minhas dobras, atencioso como o príncipe que ele é. Sinto os beijinhos
na minha coxa e sorrio preguiçosa. Lava seu corpo rapidamente antes de avisar:
— Vou buscar o roupão no quarto, me aguarde aqui, quero terminar de te secar. E colocar
um chinelo nesses pezinhos para podermos lanchar.
Concordo silenciosa e descabelada descendo da bancada, então me dou conta da surpresa
que preparei que está fracassando neste exato momento.
Ah! Merda! Não era desse jeito que eu queria que ele descobrisse que vai ser pai.
— Loraaa!
Ouço sua voz do cômodo e pego a toalha me enrolando nela. Caminho com cuidado para
não resvalar no piso em direção ao quarto.
— Lora! O que quer dizer isso!
Zayn parado nu, ao lado da nossa cama segurando o balão de gás hélio em formato de
balão de ar, escrito com caneta colorida em três idiomas.
“Babanın balonu”
“Daddy’s balloon”
“Balão do papai”
Sim, tive a brilhante ideia de guardar dentro do guarda-roupa para abrir na hora certa.
Mas a locomotiva que me arrasou no banheiro não deixou minha mente pensar que o próprio
viria buscar os roupões.
— Hamileyim[25]!
O balão colorido escapa de sua mão e repousa no teto do quarto, Zayn trôpego senta-se
na cama e eu corro até ele com medo de que esteja passando mal. Rapidamente ele abre a toalha
que me envolve e a joga no chão, me encarando com os olhos marejados. Agarra minha cintura
com as duas mãos olhando para meu ventre ainda normal e meu rosto surpreso.
— Está carregando um pedacinho meu dentro de você, bir tane[26]?
Balanço de modo afirmativo e Zayn beija minha barriga me emocionando. Com todo
cuidado e amor o homem acaricia a pele inteira do ventre.
— Bebeğim[27], aqui é seu baba[28]. Amo você meu pequeno tesouro.
Me puxa para montá-lo, beijando meus lábios e vejo seus cílios úmidos ao me olhar.
— Obrigado, bir tane, aşkim.
— Não conheço ainda essa expressão, o que é?
— Não conhece porque é só sua. Bir tane significa minha única. Agora posso dizer, sem
benim ruhumsun.[29] Somos um só, minha amada Lora. Aqui dentro de você o nosso amor
floresceu. Obrigado por me dar a família que tanto sonhei.
Enlaço seu pescoço tocando seu rosto barbado admirando sua emoção em ser pai. Meu
turco precioso, meu amor, será um pai maravilhoso!
— Amo você, meu baloeiro galante! Você será o melhor baba desse mundo!
— Ah! Bir tane! Bendito dia que te negaram aquele passeio. Alá, Deus, o universo, não
sei quem foi que trouxe você para mim, mas agradeço do fundo do meu coração.
Ficamos abraçados em silêncio ainda por alguns minutos, cúmplices da felicidade pela
notícia da nova vida muito bem-vinda.
— Quer dizer que definitivamente Lora vem morar na casa de Zayn agora?
— Antes o novo babanin[30] precisa provar a comida da anne[31] Laura.
— Oh! Sim, mas aviso que se estiver ruim, vou mentir se for o critério para ter minha
mulher na minha casa.
Rimos como dois bobocas de felicidade. Esta é definitivamente a vida que eu quero. Ser
amada por esse príncipe certamente foi a compensação de Santo Antônio por todas as desilusões
que tive, resolveu ter compaixão e me deu em dobro o que um dia sonhei.
Minha história ganhará novos capítulos e tenho certeza que serão ainda melhores do que
este que estou vivendo. Por um passeio de balão, encontrei o amor no céu da Capadócia. Hum,
isso bem que daria um roteiro para um filme! Talvez terminar a vida como uma diva
Hollywoodiana ainda seja meu futuro.
Que nada! A vida com meu baloeiro já é meu conto de fadas, não desejo mais nada além.
FIM
A você leitor que tirou um tempinho para ler essa obra, agradeço de coração o interesse.
Espero que tenha gostado e se divertido com o que leu. Ficarei ainda mais feliz se puder deixar
uma avaliação na plataforma, é muito importante para que novos leitores possam se interessar e
vir a conhecer minha escrita.
Agradeço às minhas meninas do GP do whatsapp, sempre me apoiando e surtando com
minhas loucuras. Minhas betas e revisoras que toparam a empreitada de última hora. E aquelas
que se ofereceram de bom grado para me ajudar na divulgação, sou grata de coração.
Vocês são minha força quando penso em desistir.
A minha equipe maravilhosa:
Hivia, Taci, Fran, Pam, Tati B., Ana. Sou grata por tudo.
Instagram: https://www.instagram.com/autorafrancisleone/
Twitter: @FrantasticaS2
Tik Tok: FrancisLeone Autora
Facebook: Francis Leone Autora
Tiziano
Romance DARK + Tabu + Stalker Romance + Mafia
Tiziano DiMateo
Vida e a morte travam uma luta constante em meu destino, uma rede de sonhos e enigmas interligados que quase me levaram à
loucura. Selena, é meu desejo proibido. Foi a única razão que manteve minha sanidade. Mas nosso amor caiu em uma armadilha,
cortesia irônica e cruel do destino. Ninguém sabe a verdade que me levou a tomar as decisões que tomei. Apesar disso, o
sentimento profundo nunca se perdeu, pois é impossível separar duas pessoas destinadas a ficarem juntas. Ela está prestes a
descobrir que sou um homem determinado a conquistar seu amor e me redimir do passado. Em um mundo de sombras e
incertezas, desejo ser a luz que a ilumina, mesmo que seja uma luz tardia, e que tenha que enfrentar o mundo e nossos demônios
para alcançar esse amor.
Selena Malpucci
Tiziano, aquele cujo nome significa honra, foi uma estrela brilhante que deixou uma marca eterna em minha alma. Seu nome
ecoa em minha mente, e cada momento que compartilhamos permanece gravado em minha memória como uma constelação
reluzente em um céu noturno opaco. Ele foi o desvio da monotonia, uma chama que me aqueceu quando tudo parecia frio. Anos
se passaram nos quais o destino interferiu em nosso caminho e agora ele retorna, ultrapassando as fronteiras do passado e do
presente, implorando por uma segunda chance. Ele deseja ser meu herói, um príncipe encantado montado em um cavalo branco.
Mas, a vida não é um conto de fadas, uma lição que aprendi da maneira mais difícil, pois o próprio foi meu professor. Sei que o
encanto pode ser traiçoeiro se me deixar envolver por ele outra vez.
ALERTA DE GATILHOS
PROIBIDA PARA MENORES DE 18 ANOS
Abuso físico explícito
Tortura física explícita
Abuso psicológico
Tentativa de suicídio
Transtorno de borderline
Crises de TPT
Incesto (vilōes)
A autora não se responsabiliza por reações desagradáveis durante a leitura.
Romance hot + fast burn + garota plus size + CEO Dominador
"UM DUELO QUE OS LEVARÁ DIRETAMENTE PARA A CAMA."
NOS BRAÇOS DE VÊNUS
Stela Salvage é uma jovem de temperamento forte, além de inteligente é um tanto
teimosa. Vivendo em Los Angeles após uma turbulenta juventude de baixa autoestima, foi
apresentada a um clube não convencional. Se encantou com o submundo do prazer e se tornou
uma Dominatrix. A famosa atração do clube Volcano.
Luke Taylor é o bilionário mais discreto do mundo dos cassinos. Um CEO frio e
implacável. Seja nos negócios ou na vida pessoal, nunca ouviu a palavra 'Não'. Um homem, com
sua vida sob rígido controle.
Em uma noite, depois de um dia extenuante, o que Luke mais quer é relaxar. Então,
decide visitar um luxuoso clube com práticas BDSM e nele seu mundo entra em um colapso
total.
Naquela noite, ele é rejeitado pela única mulher que de fato capturou seu indomável
coração. A rejeição é aceita como um desafio ao poderoso CEO. Uma batalha é travada, onde a
sedução e o desejo de dominar são as armas empregadas. Mas o que Luke não sabe é que esse
duelo pode pôr em risco a chance de viver um sentimento maravilhoso e desconhecido de tudo o
que já viveu.
Conteúdo adulto indicado para maiores de 18 anos. Contém cenas de sexo explícito
descritivo, palavras cruas e obscenas. Pode conter gatilhos pelo enredo com BDSM.
VOLCANO
Sete noites, seis casais. Prazeres inimagináveis.
Um clube de elite misterioso estampa os mais diversificados cenários para realizar seus
desejos livres de culpa.
Dentre eles, um chefe misterioso oferece à seu subordinado uma noite de prazer em troca
de um vantajoso presente.
Um sádico desperta desejos de submissão em uma masoquista, enquanto um
perigoso consigliere mafioso é alvo de uma rival obsessiva.
Um adorador de pés tem seu anseio atendido por uma dama exigente, e um casal encerra
seu relacionamento em meio a ciúmes.
Uma paixão avassaladora se descortina em uma excitante caçada pelos jardins.
Cada noite, uma nova chance de descobrir até que ponto se está disposto a ceder,
aprender, render-se e aceitar seu desejo mais decadente.
E você, até onde estaria disposto a ir para desfrutar de todas as suas fantasias e realizar
seus mais luxuriosos segredos sexuais?
Alerta de gatilhos –
PROIBIDA PARA MENORES DE 18 ANOS
Violência física consentida
Ofensas preconceituosas e de cunho pejorativo cenas de sexo explícito descritivas em
detalhes
A autora não se responsabiliza por reações desagradáveis durante a leitura.
[1]
Benza Deus no idioma turco.
[2]
A flor tulipa no idioma turco.
[3]
Tulipa.
[4]
Destinados – nome da novela em que Zayn era o galã.
[5]
Personagem bíblica feminina das escrituras hebraicas, esposa de Loth que ao fugir de Sodoma, olhou para trás e foi
transformada em sal por Deus. Essa descrição também aparece na torá e no alcorão Islâmico.
[6]
Desgraçado no idioma turco.
[7]
Preciso de você no idioma turco.
[8]
Jardim de tulipas no idioma Turco.
[9]
(A única flor do meu coração é o sol que iluminou minha noite, você)
[10]
(Bom dia princesa do meu reino)
[11]
Meu único desejo é te amar pelo resto da minha vida...
[12]
Graças a Deus!
[13]
Senhora Lora
[14]
Senhor Zayn
[15]
Sim
[16]
Não
[17]
Patroa
[18]
Ok, tudo bem
[19]
Oh! Meu Deus
[20]
Linda/graciosa tulipa
[21]
Senti sua falta, meu amor
[22]
Meu turco
[23]
Por favor
[24]
Meu amor
[25]
Estou grávida
[26]
Minha única
[27]
Bebezinho
[28]
pai
[29]
Somos uma só alma
[30]
papai
[31]
Mamãe

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