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Os direitos autorais dessa história pertencem à autora. Esta é uma obra de ficção. Qualquer
semelhança com a realidade é mera coincidência. São proibidos o armazenamento e/ou a
reprodução total ou parcial de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios (eletrônico
ou mecânico, incluindo fotocopia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem permissão escrita da autora.
No outro dia, me dei por vencido quando meus esforços em descobrir o paradeiro dela
não deram resultados. Por mais que ligue e tente saber, alguns hotéis não revelam os hóspedes,
lógico que se dissesse quem gostaria da informação certamente teria o sucesso esperado. Mas
não tenho a intenção de desistir, depois do compromisso de hoje volto à investigação.
Prezo pela discrição e apesar de não costumar tirar vantagem da minha figura pública no
país, em último caso, usarei meu nome famoso. Entretanto, o evento que devo comparecer como
cortesia a Farid precisa da minha atenção.
Me preparo previamente com minha vestimenta e as palavras que porventura terei que
dizer a imprensa, que certamente como abutres estarão à postos para pescarem qualquer deslize
meu sobre a tal clausura momentânea que escolhi viver na Capadócia, após aquela fatídica e
desastrosa entrevista. Desligo dos pensamentos luxuriosos da bela loira brasileira e me atenho
aos compromissos iminentes.
Na chegada ao local, há algumas fãs me aguardando, sou atencioso. Tiro até algumas
fotos na entrada, cumprimento Farid, idealizador do evento que me apresenta alguns
patrocinadores, dono de empresas que participam com seus carros.
Há alguns engenheiros conceituados para apresentar as melhorias e novidades das
máquinas superpotentes, não gravo nome algum, pois é mera formalidade e não pretendo
estender a visita mais que o tempo combinado.
Foi acordado entre nós que ficarei algum tempo no salão, olharei os veículos, fingirei
interesse em alguma máquina e levarei para um teste drive finalizando a presença vip. Não tenho
interesse em mais um veículo, minha frota está completa com meu Rolls Royce, o Bentley e
minha Lamborghini. Aqui na Capadócia, prefiro circular com meu cavalo puro sangue e alugar
algo se preciso me locomover em um cenário como hoje aqui em Kayseri.
Tudo às claras e iniciado, adentro o local um pouco sério demais pelas perguntas que tive
que responder da imprensa. No entanto, todo o resto se perde quando numa passada de olhos
observo a modelo do carro no lado oeste do salão. De longe meus olhos poderiam estar pregando
uma peça, afinal não tive tempo de gravar aquele corpo, mas sendo a única diferente das demais
e recordando que o ofício de minha musa é ser modelo, minha esperança em revê-la renovou-se,
e lógico, farei mais que apenas contemplar aquele monumento.
Mas as coisas não são tão fáceis como gostaria. Estou rodeado do alto escalão turco,
patrocinadores e empresários, até um xeique às voltas pela minha companhia. Desvencilhar desse
protocolo exige jogo de cintura, isso tenho de sobra, porém demanda um bocado de tempo.
Aceito por cortesia uma taça de champanhe, prefiro vinho, no entanto, mas o charme
requer, pois o dono da marca de espumante está na roda se gabando da façanha de criar a bebida.
Tento me aproximar mais, porém sou arrastado em direção ao veículo vermelho para
fazer fotos da propaganda, mas meu olhar não está focado na lente do fotógrafo, nem na máquina
luxuosa e muito menos na modelo que exalta dois peitos siliconados numa absurda humilhação
em chamar minha atenção.
Estou vidrado mesmo é na moça de cabelos louros como ouro que caem em cascata sobre
os montes generosos, cheia de curvas num vestido escuro simples, que para mim é fantástico. Já
tinha achado a mulher linda anteontem com a trança desmanchada pelo vento, e agora maquiada
e de salto, não consigo resistir nem mais um segundo.
Minha mente divaga enquanto disfarço as conversas.
Farid colocou um engenheiro automotivo chato e bastante exibido para me acompanhar
junto aos figurões. Um homem que aparenta quase trinta anos, mas age como um universitário.
Cabelos castanhos engomados em um corte formal demais para a idade que aparenta. Trejeitos
certinhos e ensaiados. Rosto liso sem barba e olhos claros aguçados. Um pouco mais baixo que
eu, menos encorpado dentro de um terno simples, mas elegante como pede a ocasião para os
funcionários.
Não me vestiria desse jeito nem para meu casamento, é muito sério e deixa a pessoa
parecendo uma estátua de sal, como a mulher de Loth[5]. Não fui com a cara dele, não gosto de
homens arrogantes só porque tem um diploma.
Depois de alguns minutos consigo me livrar das bajulações das pessoas e faço o trajeto
até Lora.
Me pergunto ao caminhar: Como será vê-la longe daqui em um vestido longo com uma
fenda revelando a coxa exuberante? Vestida como uma princesa em fios de ouro e joias
luxuosas? É o que Lora merece. Ela é uma princesa.
Umedeço os lábios quando me aproximo e estreito os olhos para alguns ricaços
cochichando enquanto olham minha Lora. É minha e ponto final, se ela assim concordar.
Será que lembra de mim ou ficará chateada por não ter contado que sou famoso? Não
gostaria de tê-la magoado por ocultar minha carreira pública.
Ao chegar diante da linda brasileira, estendo minha mão em cumprimento e vejo a dela
delicada com o anel de pedra verde que lhe dei, retribuindo em resposta com um sorriso sincero.
Beijo o dorso da mão delicada em total fascínio, ela está um esplendor, como a tulipa mais rara
da Turquia. Uma princesa dourada do Oriente.
— Não sabe o prazer que sinto em revê-la, Lora!
Jamais podia imaginar que meu Zayn é o tal Z. Tariff escrito na faixa em letras garrafais.
Só me dei conta quando ouvi os rumores dentro do evento pelo nome pronunciado. Está
diferente, mas é ele, veste um blazer bem cortado com calça combinando e uma camisa social
branca com os primeiros botões abertos, correntes no pescoço, óculos escuros e cabelo alinhado.
E mesmo diferente do estilo despojado de sexta-feira é igualmente quente, um molhador de
calcinhas nato. Que homem!
Contenho a euforia, pois não sei se ele me viu e reconheceu, é um famoso galã de
televisão, acho que o que houve no balão certamente foi habitual e nada tão marcante como foi
para mim.
Finjo não me importar quando ele não se aproxima do Lexus e vai direto fotografar com a
asquerosa da Ferrari, bem previsível, mas não menos decepcionante, pois desse homem eu gostei
muito.
Talvez se tivessem me escolhido para aquele carro seria eu a registrar o momento na
mídia local com ele. Foda-se, não preciso de reconhecimento de um país tão atrasado nos direitos
das mulheres e também não aspiro o interesse de um galã que não verei nunca mais.
Continuo trabalhando, girando entediada na plataforma com meu melhor olhar blasé aos
tarados e ao galã, o qual percebo que me observa de longe. De certo está escolhendo um modo de
mandar algum recado para encontrá-lo escondido ou ir até seu endereço como um pecado sujo e
proibido, semelhante ao que ouvi ontem no banheiro das mulheres.
Estrangeiras só servem para divertir os homens turcos, para exibir nos jantares nunca.
Desvio o olhar com um nó na garganta. Desejo que isso acabe, sair correndo, ir para o hotel, não
tanto pelo cansaço, mas para fugir de um lugar que me sinto desconfortável, irritada e
decepcionada.
Mas, meu semblante começa a mudar rapidamente quando o galã baloeiro das mãos
adornadas de anéis, começa a andar em minha direção.
As borboletas imaginárias se movimentam dentro de mim e não sei se é pelo corpo
enorme e elegante que se aproxima, o sorriso destruidor ou o olhar faminto fixo em sua presa. E
a constatação de que sou o alvo de tudo isso, me faz engolir seco.
Quando chega próximo da plataforma onde estou, me olha intensamente nos olhos com
os seus esverdeados, uau! Um olhar de desejo, mas nada vulgar como os frequentadores desse
evento que despiam minha roupa ao me olhar. Não, Zayn é diferente, não sei como percebo essa
atitude diferenciada, mas ele me deixa segura que é um homem sério. Sinto os lábios macios na
pele da minha mão gelada e mantenho firme a vontade de cerrar as pálpebras pelo arrepio, ao
contrário é um sorriso nervoso que consigo retribuir.
— Não sabe o prazer que sinto em revê-la, Lora. — diz ele com um sorriso estonteante.
Ouvir a voz rouca me chamar de ‘Lora’ faz fomentar meus pensamentos para o
anteontem e o que deixamos de fazer, e mais que tudo desejo ir com ele para qualquer lugar,
terminar o que começamos sem me importar com o que falaram sobre os homens deste país.
— Encantada em revê-lo, Zayn. — respondo.
Ele muito cavalheiro me faz descer o degrau da plataforma giratória. Olho à minha volta
e todos estão olhando para nós. Zayn coloca meu braço enganchado no dele e começa a se afastar
do Lexus comigo.
— Não posso me afastar do meu posto, o senhor Farid não vai gostar.
Meu acompanhante me encara seriamente.
— Vamos até lá informá-lo que estamos partindo em meia hora. Você vem comigo!
Vejo a movimentação de funcionários e o tal Farid dar ordens ao Jones que se apressa em
nossa direção.
— Ora, ora, senhor Tariff, vamos continuar o tour pela exposição. Gostaria de apresentar
a Lamborghini….
— Estou ocupado, rapaz. Não tenho interesse em um modelo que já possuo.
Jones arregala os olhos, mas logo disfarça com um sorriso de propaganda de creme
dental.
— Vejo que conhece Laura. Ela é realmente encantadora, todavia, precisa voltar ao seu
posto, não é querida?
Sinto o braço inteiro de Zayn se retesar, como se uma massa de secagem rápida se
solidificasse. Seu rosto vira para mim como se estivesse em câmera lenta. Me encara com seus
olhos agora mais escuros provocando um arrepio na minha espinha.
— Como esse homem tem tanta intimidade com você, Lora?
Tento formar palavras para responder, mas o cafajeste do meu ex, se adianta com a cara
mais deslavada do mundo.
— Ah, meu bem! Não contou ao seu amigo?
Zayn não olha para ele, está focado em meu rosto que sinto esquentar. Sinto-me pequena
e envergonhada. Serei humilhada em público. Onde está minha personalidade combativa?
— Fiz uma pergunta a moça e não a você! Pode responder, Lora?
A rouquidão de Zayn assusta e seus olhos cravados em mim também. Limpo a garganta
mordendo o canto do lábio, uma mania de quando estou nervosa.
— Este é Pedro Jones Andrade, meu velho amigo do Brasil. — Aperto a mão em seu
braço forte e Zayn compreende de quem estou falando.
— Bem, fomos mais que velhos amigos, não é? Foi uma coincidência espetacular que …
— Jones tenta me humilhar ainda mais.
Porém, Zayn com lábios apertados visivelmente tenso em um passe de mágica, abre um
sorriso perverso e não deixa Jones continuar nenhuma outra frase. Se afasta de mim em um passo
e dá um tapinha nas costas dele que mais parece um safanão em algum velho se engasgando.
Jones se curva e tosse olhando Zayn aturdido.
— Amigo de Lora? É meu amigo também. Perro, satisfação em conhecê-lo, sou Z. Tariff.
Até o jeito de falar o próprio nome é diferente, tem uma elegância e poder sem igual. Mas
Z. sempre será Zayn para mim.
— É Pedro, senhor Tariff.
— Não precisa me chamar de senhor, afinal somos os três amigos, não concorda?
Jones fica desconfortável com o homem maior que ele apertando seu ombro e olhando
fixo em seu rosto.
— Agora, Perro, vá buscar duas taças de champanhe, uma para mim e outra para minha
adorável dama.
— Não trabalho como garçom aqui! — Meu ex está possesso pelo que conheço de seu
rosto vermelho e um olho levemente trêmulo.
Zayn se posiciona de costas para mim arrumando a gravata de Jones e falando baixinho
com ele, mas Perro ele chama com alta voz.
Seguro o riso, chamar Perro bem pronunciado é proposital, será que o turco fala
espanhol? Está chamando meu ex-namorado de cachorro?
Em seguida Jones se afasta como um raio. E Zayn volta a enlaçar meu braço no seu,
andando pelo salão lentamente, parece que quer me mostrar para todos. Acena e cumprimenta
sorrindo todos os rostos surpresos nos acompanhando pelo grande salão.
— Foi uma terrível coincidência, eu juro Zayn. Não vim atrás desse cara. Não tinha ideia
para onde ele disse que viajaria quando me expulsou da casa onde dividimos o aluguel.
O turco estagna os passos e se põe na minha frente.
— Ele te expulsou de casa? Ele foi violento com você, Lora? Me responda a verdade! Se
ele feriu uma unha sequer sua, aciono meus contatos e levo esse otário para um passeio no monte
Nemrut. Quem sabe daquela altura ele não aprenda bons modos. Farei aquele piç[6] aprender a
tratar uma dama como ela merece!
— Não. Não por favor, Zayn. Ele nunca foi violento, só se aproveitou da minha
confiança e isso já me enche de vergonha. — Abaixo os olhos, chateada pela situação de
encontrar meu ex por aqui.
Ele se aproxima e ergue meu queixo para encará-lo.
— Ele que precisa se envergonhar, você não, lale.
Lale? Essa palavra? Já ouvi no balão. Antes que pergunte, Jones chega com as taças, mas
seu semblante arrogante sumiu. Ele nem sequer olha em minha direção.
— Obrigado, Perro. Agora chame Farid! Preciso conversar com ele.
Meu ex parece um cão adestrado, gira em seus pés e retorna por onde veio, nos deixando
a sós.
— Não posso beber, aliás não posso nem conversar com você — explico baixinho e
apreensiva assim que me oferece a bebida.
— Quem disse? — pergunta ele estreitando os olhos.
— As instruções para as modelos foram bem claras, somos meros enfeites nesse
ambiente.
— Foda-se as instruções! — exclama ele para a minha surpresa. Sorrio relaxada, ele me
passa uma confiança enorme. E quando penso que não pode me surpreender, ele faz.
Não vou contar a minha bela flor que ameacei o otário do ex-namorado. Nem vou repetir
a palavra escroto para ela. O almofadinha ouviu muito bem que se olhasse mais uma vez para a
minha garota mandaria investigar até a maternidade que a mãe o pariu e o podre que encontrasse,
destruiria ele e sua carreira de merda.
Analisei que o olhar parado e mãos inquietas não eram só nervosismo. O tal Pedro usa
drogas, só não identifiquei qual substância porque não sou perito, só tenho um olhar apurado
pela vivência com pessoas de todos os tipos.
Vou levar Lora para casa, mas é importante avisar o dono do evento.
Farid se aproxima de nós e demonstro minha impaciência. Posso falar como quiser com
ele, nossa relação de amizade e os favores que me deve, não pode negar a autorização de
dispensar a modelo.
— Farid, levarei o Lexus e a modelo comigo.
Meu amigo com o tom insolente de sempre começa a responder em turco,
propositalmente para ela não compreender, fala alguns disparates que me enfurecem, mas não
deixo por menos.
— Não é educado conversar em um idioma incompreensível em frente à dama, Farid, por
favor repita a autorização para tranquilizá-la a sair do evento comigo.
O ponho em péssimos lençóis, pois ele de maneira alguma autorizou, pelo contrário
reiterou em turco o compromisso dela com o evento. Mas me deve muitos favores por toda a
mídia que gerei à sua empresa desde que a fundou e alguns segredos sujos que faço vista grossa à
imprensa. Foda-se que ficou vermelho envergonhado e com raiva, o fiz voltar atrás e encolher-se
com meu segundo olhar impaciente.
— Claro, seu vínculo com o evento finda-se nesse momento, senhorita. Pode acompanhar
o senhor Tariff. Venha, meu amigo, retirar as chaves. — Viro-me para acompanhá-lo, mas antes
preciso tranquilizá-la.
— Lora, tome seu champanhe e me aguarde dentro do veículo que você estava
demonstrando — digo a ela, pousando minha mão possessiva em sua cintura.
Ela assente com um sorriso comedido, enquanto nós dois nos afastamos numa pequena
discussão entre dentes e em turco para não ser ouvido por outros.
— Afinal, o que pretende, Tariff?
— Nesse instante, sair dessa asneira que só topei por insistência sua, para atrair o tal
xeique.
— Ok, agradeço, mas precisa ir embora com o Lexus?
— E o que tem o carro?
— Temos o Aston, uma Ferrari, Bentley também.
— Não seja por isso, posso trocar o veículo sem problemas, mas ficaria bem feio deixar a
modelo plantada e levar só o carro, não acha? — ressalto com a pouca paciência que me resta.
— Ah, você não trocaria a mulher?
— De jeito nenhum! Estou levando o carro só pela garota, e me agradeça por isso. Pense
na reputação se eu decidir chamar meu motorista e me negar a testar um dos seus veículos? —
Vendo o silêncio e a cara amarrada, resolvo deixar bem claro minha intenção.
— Precisa que eu compre o Lexus? Para sair com minha dama deste local eu compro
todos os carros dessa exposição, sem problemas, só aguardar um telefonema ao gerente do meu
banco e faço a transferência, mas esqueça qualquer favor daqui em diante da minha parte. E
também o compromisso em manter minha boca fechada pelos segredos que guardo sobre o seu
negócio, está encerrado na hora que eu cruzar aquela porta.
— Não, não vamos levar a ferro e fogo isso, você é meu amigo, nos conhecemos há
muito tempo. Pode levar o Lexus e depois o mando buscar. Aguarde que vou pedir para
colocarem uma caixa do espumante rosé, como um agrado por ter vindo. — A mudança de
atitude me agrada.
— E não vá descontar do cachê da moça a tarde que ela não virá, pois ficarei sabendo —
reitero sério.
— Claro amigo, fique tranquilo. Já tenho vários interessados no Lexus só por causa dela,
a moça trabalhou muito bem.
Assim está melhor, me despeço e retorno para a máquina, dando partida animado. Ao sair
pego a avenida principal, mas estaciono no acostamento uns metros à frente somente para roubar
um beijo arrastado da cheirosa sentada ao meu lado no passageiro.
Por que senti saudades dos lábios de uma desconhecida que só provei por algumas horas?
Não sei, mas o desejo por ela só aumenta a cada minuto. Sorrio contente por dentro por saber que
não será umas poucas horas num balão.
— Para onde vamos? — pergunta ela.
— Vamos para minha casa na Capadócia. Lanchar, nos banhar e o que mais quisermos.
— Estou mesmo faminta — responde marotamente e compreendo o sorrisinho.
— Tem tudo o que precisa para se ausentar por quarenta e oito horas? — pergunto com
um sorriso ladino.
Ela sorri e confirma.
— Zayn, você fala espanhol?
— Falo cinco idiomas, espanhol é um deles — respondo com um riso contido.
Lora por outro lado gargalha, nada me deixa mais feliz que esse som da risada gostosa
preenchendo o veículo enquanto acelero.
Inspiro o perfume de flor que abarrota o veículo. Longe de ser irritante como alguns dos
perfumes florais femininos habituais, esse tem um quê de cítrico acompanhado que não deixa
enjoar, ao contrário, é viciante, não perguntarei o que é para não ser indelicado. Ligo o rádio
num volume ambiente para que não seja desconfortável o silêncio na pequena viagem. Mas
longe disso, Laura quer saber sobre a voz que canta e logo engatamos uma conversa animada
sobre música.
Enviei uma mensagem para casa com instruções para a cozinheira preparar pratos ainda
mais saborosos. Laura expressa medo e me indaga se é prudente teclar no aparelho enquanto
dirijo, prontamente diminuo a velocidade com um afago em sua mão e a acalmo.
— Só avisando em casa que receberemos hóspedes, nada mais é necessário, a mulher que
trabalha para mim, como boa turca que é, sabe o que fazer nos preparativos para sua estadia. Está
comigo há muitos anos, vai gostar daquela ranzinza, ela me diverte.
— Nossa! Estou me sentindo importante.
— E você é, mas os turcos são bem entusiasmados em receber visitas, e como não estou
lá para preparar as coisas pessoalmente, deleguei.
— Sempre prepara a casa para seus convidados?
— Nunca tive um que pernoitasse em minha casa. Apenas jantares para amigos, e gosto
de cozinhar ou supervisionar tudo, mas confio na senhora Manilla, vai gostar das acomodações.
— Não tenho dúvidas. É uma casa na rocha e sou louca pra conhecer por dentro.
— Sim, confesso que amo aquele lugar. Se não precisasse viajar tanto, moraria
definitivamente lá. Até pela simplicidade, prefiro. Aqui posso andar a cavalo, e apreciar a
natureza.
— Você tem cavalos? — pergunta animada.
— Um casal.
— Eu amo cavalos. Fui criada no interior, era uma das poucas coisas que gostava de lá.
Sair para cavalgar a noitinha, ver o pôr do sol, me dava uma paz que não se sente em cidade
grande.
Não resisto a olhar o rosto sonhador de Lora. Cada vez me surpreendo com a mulher
simples e sincera.
— Algum pedido especial, além de conhecer meus cavalos? — pergunto com um sorriso.
— Você vai me levar para conhecê-los?
Os olhos brilhantes parecem de uma menina aguardando um presente.
— É claro! Não vou perder a chance da companhia em um passeio a cavalo.
— Tem lençóis egípcios no quarto de hóspedes? — Sorrio mais.
— Quem disse que ficará no quarto de hóspedes?
Lora acaricia minha nuca com intimidade, me deixando rendido.
— E tapete turco tem?
— Tem alguns, por quê?
— Nunca senti a textura deles na minha pele. — Ela está me dando o que fantasiar e vou
ter uma ereção se não me concentrar.
— Podemos providenciar isso, o que tem em mente?
— Surpreenda-me, Zayn — responde com uma erguida de sobrancelha desafiadora e um
sorriso maroto.
Pronto, é suficiente para sentir a calça apertar. O que essa misteriosa feiticeira tem em
mente? Curtimos outra música juntos em silêncio, nos distanciando do centro movimentado e
entrando em uma rua deserta com uma paisagem estonteante de rochas cobertas de vegetação,
mas algo a preocupa e indago sem demora.
— Alguma coisa lhe preocupa? Ficou quieta de repente.
— Na realidade, estou pensando em não ter o que vestir nesses dois dias. — Preocupação
adequada, não tinha pensado nisso, mas também não imaginei que a encontraria no evento.
— Podemos comprar algo nas lojas do centro.
— Ou posso retornar para o hotel e buscar a minha mala. — Olho seu rosto para tentar
descobrir se ela não quer fugir de mim. Será que estou sendo grudento assim como minha ex me
acusou?
— Não acho boa ideia.
— Por que não? — Poxa! Não quero que acabe esse encontro, faz tanto tempo que não
tenho uma conexão real com uma mulher que aprecio a companhia.
— Porque você pode desistir de vir para casa comigo.
Não quero correr o risco, e não sei o que se passa na mente dela, uma vez que se mostra
tão imune aos meus encantos.
— Encosta! — Ordena ela.
— O quê? — Será que pesei a mão no entusiasmo? Mas o que ela fará nessa estrada
deserta? Voltar a pé?
— Encosta o carro, por favor — ela repete.
— Por quê?
— Quero mostrar uma coisa. — Hum gostei dessa voz baixa, ela não vai fugir.
O olhar enigmático que me inspeciona tem sedução e malícia.
Lora desata os cintos de segurança de ambos me puxando para um beijo quente,
carregado de segundas intenções enquanto desabotoa a minha calça de linho preta. Agarrando e
deslizando as digitais pela minha ereção latejante baixando a cueca rapidamente, estala os lábios
quando se afasta do beijo se esgueirando lentamente como uma pantera faminta.
Não posso acreditar no que vejo. A garota deslizando entre minhas pernas para retribuir o
prazer que recebeu no balão.
Ahhh! Num click ajeito o banco um tiquinho para trás, para que ela se acomode e faça o
que quiser comigo. Seu olhar intenso me encara com total confiança do que fará a seguir. Pouso
meus braços rente ao corpo, impotente e maravilhado. Sobressalto quando a boca cálida
abocanha minhas bolas enquanto as mãos hábeis acariciam o meu pau rígido lentamente.
Deslizando pela glande de modo gentil espalhando a lubrificação com os dedos.
Quando nossos olhares cruzam outra vez, deixo um sorriso sincero de quem está
fascinado por ela. Lora retribui me derretendo ainda mais. É como uma encantadora de serpentes,
hábil e sedutora que sabe exatamente como deixar o animal em mim rendido aos seus pés.
Essa mulher deixará marcas como o melhor oral que já tive o prazer de receber. Um frio
na minha espinha corre de cima a baixo enquanto ela lambe da base ao topo, nem o degustou por
completo e já estou pronto para me esvair. A língua atrevida move-se em círculos na cabeça,
escorregando e sorvendo o líquido teimoso que não para de surgir, com o olhar conectado ao
meu me fazendo delirar.
Os pelos do meu braço arrepiam quando Lora por fim o coloca inteiro na boca e sai
devagarinho só pela provocação. A sensação gelada do ar-condicionado em contato com meu
pau molhado me faz pender a cabeça para trás em um pedido silencioso de ajuda para controlar
as sensações que acometem meu corpo.
Flutuo dentro do veículo como se estivesse em um tapete voador das histórias dos livros.
Tudo em mim esquenta, estou louco para me livrar de qualquer tecido e rolar com ela pelo chão
apreciando a totalidade dessa mulher.
Lora o acomoda inteiro na garganta, devagarinho, mama minha carne com vontade e
desejo. Sinto-me inchar ainda mais, minhas veias se avolumam pela iminente libertação. Os
lábios carnudos se afastam, lambem um pouco mais e voltam a mamar e mordiscar. Ahh!
Mashallah! Que delícia de boca!
Entro em desespero. Sibilo a respiração sentindo meu comprimento se esconder
completamente na garganta gulosa, umedeço os lábios com a visão excitante. O decote
exuberante pousa sobre minhas pernas deixando a paisagem ainda mais vistosa.
Os sons agradáveis que vêm de Lora, preenchem o carro e quase enlouqueço
inconscientemente, falando uma infinidade de palavras que ela certamente não compreende.
Gosto muito de gemidos e os dela, é de quem está apreciando e isso é um puta afrodisíaco para
mim.
Faço dos seus cabelos uma rédea com meu punho quando me impedem de ver a boca
carnuda devorando meu pau de maneira esfomeada. Salivo de desejo, na ansiedade de retribuir,
beijá-la todinha, lambê-la, espalmar a bunda redonda enquanto provo seu calor. Enfim, fazer
tudo o que tenho em mente com essa mulher surpreendente.
Não controlo mais o pico do prazer ao ver seu rosto entregue, suas mãos alisando minhas
coxas e seu olhar rendido por mim, libero minha essência em jatos longos, gozo perdendo o
fôlego. Mesmo avisando que faria, Lora aceita tudo com ainda mais sons apreciativos. Faz meu
peito acelerar com tamanho estímulo que acomete todos os sentidos, visual, auditivo, olfativo e
tátil, tornando a experiência inesquecível.
A joia dourada em forma de mulher, sobe como gata manhosa, se lambendo toda com
olhar pedinte por aprovação. Lhe darei com louvor, darei qualquer coisa a ela, farei dela minha
iguaria em todos os cômodos da minha casa. Vou devorá-la com toda a minha fome!
— E agora? Acha que penso em desistir de ir à sua casa?
Ainda estou atordoado pelo torpor, agarro sua nuca com uma certa firmeza e a trago para
meus lábios, devorando-os com meu sabor na boca deliciosa que há pouco sorveu tudo de mim.
Mordo, puxo e lambo na mesma intensidade que ela me chupou, alucinado em tê-la por inteiro.
Aperto suas carnes, agarrando com gosto.
A maciez e abundância que meus braços enlaçam me faz sentir-me um rei com minha
consorte real. Essa mulher desperta em mim sentimentos que nunca tive, sensações
extraordinárias de posse e descobertas que ainda não havia experimentado.
— Sana ihtiyacım var [7]— falo com o coração que preciso dela, é o que sinto no
momento. Um querer enorme pela moça perfumada que domina meu corpo como uma rainha
com seu escravo.
— O que significa? — pergunta ela com os olhos cor do céu. Fecha as pálpebras por um
instante quando acaricio seu rosto com o polegar, rosto corado e perfeito.
— Te quero tanto, Lora. — Não digo que preciso, mas receio dizer ao fim das quarenta e
oito horas prometidas.
Seu sorriso ao roçar na minha barba é terno e sincero.
— Também quero você. Mas não agora, preciso de um bom banho, Zayn.
— Te dou o mar Egeu para ficar comigo. — Exagerado? Talvez. Se pudesse ofertar os
mares não só o Egeu, o Mármara e o Mediterrâneo para que ela se banhasse eu faria, tamanho
encanto por essa garota sobre mim.
— Por que não me disse que era famoso? — A surpresa do momento não me decepciona,
só demonstra mais a naturalidade de Lora. Essa franqueza crua que me atraiu.
— Eu não era o ator famoso naquele balão, como não sou em nenhum momento que
estou com você. É isso que me alegra, você se atraiu pelo anônimo, o homem real e não pela
figura famosa ou o que meu nome pode proporcionar.
— Isso acontece sempre?
— Da aproximação por interesse?
— Sim.
— Não recordo quando não foi assim. Sou o galã da novela mais famosa atualmente no
país, não sei quem realmente gosta de mim pelo que sou.
Ela me beija mais um pouco, lentamente, sorrindo afaga meu rosto, conectando seu olhar
sereno ao meu. Mantenho minhas mãos agarrando seu corpo, abraço apertado desfrutando de seu
calor e cheiro viciante.
— Vamos, meu cavaleiro galante, estou com fome, suada e cheia de vontade de sentir as
mãos lindas do baloeiro que me levou às nuvens, acariciando minha pele nua.
Essa última vontade sussurra no meu ouvido dando-me uma lambida sutil no lóbulo, me
estremecendo.
Lora se acomoda novamente no assento ao meu lado, prendendo o cinto e lambendo seus
lábios num ato provocante. Minutos atrás fui fisgado sem escape. Essa mulher está se infiltrando
em meu sistema como um narcótico potente.
Me alinho no banco rapidamente, dando partida no Lexus e minha mão volta a agarrar a
dela. Muito mais possessiva, acaricio num gesto de promessa do quão bem tratada ela será na
minha casa. Estou com o tesão nas alturas e quase não consigo raciocinar, mas além de desejo
quero mostrar a Lora o quanto ela é especial. Valorizar esse tesouro precioso.
O papo segue, descobrimos gostos parecidos, músicas, diversão e comidas, hábitos
gostosos que partilhamos da mesma preferência. Depois de mais conversa consinto em mandar
buscar a mala dela, frustro-me um pouco, pois queria presenteá-la com vestidos e peças lindas
para despir depois, mas ela tem dignidade e não quer vender-se como uma prostituta.
Entendo seu receio quando me explica rapidamente e como bom cavalheiro, compreendo.
Sigo ansioso na estrada para minha casa, maluco para fazê-la minha de uma vez por todas.
Chegamos na sua residência em Üçhisar e fico completamente encantada. É um edifício
simples por fora, uma mera construção escavada na rocha, mas por dentro é luxuosa, arejada e
aconchegante. O branco dá um ar limpo na decoração e afinal, todas as casas esculpidas na rocha
desse lugar são assim.
Ampla, com uma decoração peculiar e exótica, uma mescla de artefatos modernos e
rústicos, deixando um ar chique e ao mesmo tempo simples, combina com ele. Muitas
almofadas, divãs, poltronas, cadeiras acolchoadas e coloridas em todos os cantos, com mantas
em tecidos klim cobrindo algumas delas. Há filtros dos sonhos nas janelas, sacadas com cortinas
esvoaçantes e lustres detalhados. Sei que ele me observa e nota que gostei de tudo, o ar
orgulhoso pela expressão do seu rosto é nítido.
Zayn se ausenta por alguns minutos, dizendo que vai até a cozinha saber como andam os
preparativos para o lanche com sua musa, eu. Eu sou musa de um homem desses?
Santo Antônio, prometo virar você assim que chegar em casa.
Quando retorna à sala me encontra curiosa olhando as fotografias nos porta-retratos. Não
se nega a dar explicação sobre cada membro da família, muito atencioso e gentil, mesmo
sabendo que tem uma mulher disposta e disponível na sua casa, não é tarado e bruto. Esse
homem é um príncipe. Me belisco disfarçadamente para confirmar que não estou sonhando e sim
vivendo isso tudo acordadíssima.
Zayn toca meu corpo sempre com respeito, abraça minha cintura e segura minha mão
deixando um beijo nela. Alisa meus braços nus, e arrisca algumas roçadas de lábios no pescoço
enquanto conta os detalhes das paisagens nas fotos.
Esse dengo todo está me deixando no limite, agora que já conheço o instrumento
poderoso que Deus criou entre suas pernas, mana do céu! Tô ansiosa para sentir o delírio
completo dentro de mim. Louca para vê-lo nu, ele é todo duro em músculos, o fitness deve ser
uma obra prima. Fora o perfume dele que é de perder a noção da realidade. Um misto de cravo
com especiarias, frutado, algo assim, sou péssima para distinguir, afinal cheirar é mais
importante que saber o que é. Às vezes me dou conta que tenho um sorrisinho nos lábios e me
recomponho, o homem vai pensar que sou deslumbrada demais.
— Seu banho está pronto, vou lhe acompanhar até nossos aposentos e buscarei os
manjares para forrar nosso estômago.
Obedeço e sigo até a porta enorme com os ferrolhos dourados. Mas a surpresa pela
piscina no quarto é tamanha, que exalo um suspiro.
— Oh! Meu Deus!
O turco sorri com jeito de quem sabe que agradou. Beija-me de modo rápido, como se
estivesse se segurando. Será que ele não gostou do que houve no carro? Será que fiz mal em ser
tão ousada?
— Quero que fique à vontade em meus aposentos. Naquele armário grande vai encontrar
toalhas e qualquer produto para seu banho. Na porta branca é o banheiro com ducha e banheira,
tem outras essências perfumadas lá também. Mas pode tomar banho na piscina sem problemas, a
água é encanada de uma fonte natural e é drenada e renovada todos os dias. Vou em busca do
nosso lanche que Manilla deixou pronto.
Por alguns minutos fico observando a decoração. Quanto dinheiro esse cara tem? É de
um luxo excessivo, será que ele não é um xeique ou rei?
Foco na cama com dossel mosquiteiro e lençóis brancos como neve. As paredes de pedra
são de uma rocha pálida e sóbria. Cores claras nos móveis contrastam com o vermelho nas
almofadas e sofás. No chão tapetes de pelo de carneiro e vasos turcos com as mais variadas cores
e geometria pintados à mão sobre os aparadores.
É uma casa desproporcional em altura, enquanto a sala na frente é pé direito duplo, aqui
no quarto o teto é mais baixo por estar mais adentro na rocha. Isso deixa o cômodo intimista e
acolhedor, as lâmpadas amarelas são de iluminação baixa e suave, parece que estou na era
otomana medieval, mas com a modernidade do século XXI.
Tiro minhas roupas e entro apressada na piscina iluminada. Que loucura! Os gemidos de
apreciação que deixo escapar pela delícia da água morna são espalhafatosos. Me dou conta que
não peguei toalha nem qualquer coisa para me banhar decentemente. Céus! Que maluca!
Zayn retorna com um carrinho de metal com bandejas de prata tampadas sobre ele.
Parece o seriado da rainha Charlotte. Meu estômago ronca, já passa das três e meu almoço foi tão
pobre que poderia comer um x- burger duplo agora.
O turco despe-se de toda a roupa com meus olhos atentos sobre ele, o que faz minha boca
cheia d'água de fome, secar. E puta merda! Que corpo lindo! Glorioso é a definição correta.
Traz duas toalhas enormes e deixa do lado da escadinha da piscina. Vai até o banheiro e
volta com frascos e uma esponja macia. Tudo isso nu e de pau… duro. Desce os degraus da
escada entrando na piscina comigo. As coxas torneadas e os gominhos do abdômen são
uniformes na cor. Não tem marca branca de sunga ou bermuda, nadinha. O homem é lindo, um
pedaço de carne perfeito. Acho que nunca vi um pau tão simétrico e avantajado assim. A cabeça
redondinha e a base com veias grossas sem nenhum pelinho. Em pé! Santo Cristo! Que delícia!
— Terminou de avaliar meu pau? Achei que tinha visto tudo no carro.
Não costumo ser tímida, mas como Zayn não é de brincar muito, sinto meu rosto
esquentar.
— Desculpe.
O homem é rápido ao me alcançar e agarrar minha cintura.
— Eu que me desculpo. Lora nunca pede desculpas para Zayn. Não sei fazer
brincadeiras, não sou acostumado a me esforçar em conquistar quem me interessa. Geralmente a
profissão que atuo faz as pessoas se aproximarem sem esforço ou interesse da minha parte e acho
que essa brincadeira soou desrespeitosa. Perdão.
— Está se esforçando para me conquistar, Zayn?
— Sim… não sei se está dando certo.
Não seguro a risada e beijo seus lábios de modo carinhoso.
— Estou completamente nua em seu quarto, dentro da piscina com você e ainda acha que
precisa de esforço para me conquistar?
O homem ri do meu argumento.
— Mas isso não quer dizer nada, posso banhar seu corpo, te alimentar e você recusar
outras coisas além disso. E nada mais vai acontecer. Respeito você.
— Zayn! Seu pau parece que vai explodir de tão inchado. — A risada ruidosa é abafada
no meu pescoço quando ele me beija.
— Falei que te respeito, isso não anula o tesão enorme que desperta em mim. Estou duro
desde que me beijou naquele balão.
Toco sua barba e afago vendo-o fechar os olhos contra minha palma. Parece um grande
cachorrão dócil. Mas um cachorro gostoso pra caramba!
— E essa esponja macia é para me banhar, meu turco?
Zayn pisca as pálpebras rápido, acho que exagerei ao chamar de meu. Depressa viro de
costas para que esfregue minhas costas e dissipe minha gafe. Porém, sinto beijos demorados na
minha nuca e algo poderoso cutucando minha bunda.
— Vou banhar seu corpo, lale. Para poder te levar para a minha cama e te reverenciar
como você merece.
Uau! Puts! Se esse homem não estiver atuando e for desse jeito mesmo, em quarenta e
oito horas meu coração será dele. Enquanto, ele lava minha pele com a esponja e um sabonete
perfumado de morango, repasso na minha mente tudo o que ele já fez desde que o conheci.
Se compadeceu de uma estranha e me proporcionou um passeio maravilhoso de balão.
Foi respeitoso, mas se preocupou em me dar prazer, depois a gentileza com café da manhã. Me
deu o contato que eu não liguei. Defendeu minha honra daquele otário do Jones. Não teve
vergonha de me exibir e sair comigo do evento, portanto não é casado nem machista. É rico, no
entanto não ostenta e nem se gaba por isso. Me elogia, é cuidadoso…
Santo Antônio, o senhor decidiu me enviar o príncipe encantado do outro lado do
mundo? Como farei se vou partir em quatro dias? Não tem dó de mim não? Sempre fui devota e
faço jejum certinho quando peço um milagre ao senhor, podia facilitar hein!
— O que disse, Lora?
— Nada, estava cantando baixinho, gosto de cantar no banho. O que quer dizer lale? —
Nem me dei conta que discutia com o Santo.
Giro e aliso o peitoral malhado, a pele morena sem defeitos com pelos aparados é tão
bonita.
— Lale quer dizer tulipa. A flor da Turquia e para mim a mais bela das flores.
Agora sou eu que me surpreendo e não sei como agir.
— Posso lavar você? — indago disfarçando e alisando os ombros largos.
— Não. Por favor, se me tocar do jeito que fez no carro, não sairemos dessa piscina, e
você ainda não se alimentou.
Terminamos nosso banho aos risos e ele sempre gentil sai primeiro para me aguardar com
a toalha felpuda. Cuidadoso como se eu fosse uma porcelana chinesa, veste um roupão branco
em meu corpo. Ao assimilar que olho a ereção vez ou outra, sorrindo, veste uma calça fina de
abrigo.
— Nunca imaginei um quarto com piscina dentro. — digo ao me sentar na cama. —
Bem, pelas fotos dos hotéis eu tinha visto, mas… jamais pensei que poderia desfrutar de uma se
um dia viesse para Capadócia.
Zayn arrasta a mesinha e abre as tampas das bandejas com uma infinidade de iguarias e
quitutes que nunca vi. Mas com uma aparência fantástica.
— O hotel que está hospedada não tem um quarto assim?
— Não, minha chefe fez a reserva e escolheu as acomodações para nós.
— Entendi, mas espero que Manilla tenha feito algo que a agrade da refeição que temos
aqui, pelo menos isso você poderá escolher. Trouxe shish Kebab, balik ekmek, lahmacun, cacik,
pide — aponta ele pegando um prato e colocando nele um de cada quitute. — É só falar o que
prefere provar primeiro.
Me espanto com a quantidade de comida que o homem coloca no prato para mim.
— Zayn, não vou comer tanto, é muito!
— Nós dois vamos comer juntos, lale. É muito comum entre os íntimos essa forma de se
alimentar. Mas posso pegar um prato individual para você, se preferir.
— Oh, não. Desculpe, não conhecia esse costume.
Zayn sorri sincero e me oferece um copinho com uma dose de líquido transparente.
— Beba, é água. Para preparar o paladar.
Obedeço sem questionar, com receio de cometer outra gafe. Poderia ter pesquisado na
internet para não dar essas mancadas, mas foi tudo tão apressado que isso foi esquecido.
— Acho melhor me dizer do que é feito, por nomes não tenho ideia do que são essas
delícias.
— Ó perdoe-me. Falha minha.
— Essa bolacha recheada, tipo esfirra, o que tem nela? — pergunto.
— Lahmacun é recheada com carne de cordeiro, cebola, tomate, sal e pimenta. Mas
temos peixe e frutos do mar. Gosta de azeitonas?
— Muito, amo azeitona.
— Maravilha.
— Bom, quero este de cordeiro primeiro.
Assim que ele me serve, espreme um pouco de limão e me dá na boca, é tão íntimo e
gostoso ser alimentada por esse homem, que meu cérebro associa a sacanagem em pleno jantar.
Zayn acompanha minhas reações ao degustar a porção e aguarda minha opinião. São só
murmúrios apreciativos que saem de mim.
— Oh, meu Deus! Isso é maravilhoso — consigo expressar ao fim da primeira prova.
O homem sorri largo, contente pelo meu apreço a culinária do seu país. Assim ele me
explica todas as iguarias que estão dispostas, paciente e carinhoso. Se alimenta entre as
explicações e me serve dos quitutes molhados nos patês que acompanham, que não recordo os
nomes. O suco de romã fica intocado quando ele abre o espumante.
— Posso fazer uma pergunta pessoal, Zayn?
— Sim.
— Você não pratica a religião muçulmana? Sei que não bebem nada alcoólico.
— Somente minha mãe é muçulmana, meu pai é cristão. Fui criado sob as duas crenças e
adulto pude escolher qual me identificava. Não escolhi, aceito elementos das duas e funciona
bem para mim. Mas um verdadeiro muçulmano não se enquadra nos meus hábitos, porém escolhi
o sobrenome dela como nome artístico.
Brindamos e bebemos quase meia garrafa durante a conversa. Ele perguntou da minha
família e carreira, dos meus planos para o futuro e sonhos. Até a noite fazer paisagem na janela.
Passaram-se horas desde que chegamos.
É incomum um homem agir dessa forma, sem pressa, como se o sexo fosse a última coisa
de seu interesse. Vejo em seu olhar o desejo em cada gesto e toque e é por esse motivo minha
surpresa com ele, parece uma longa preliminar desde que chegamos e isso está me
enlouquecendo por dentro. A cada toque vai acendendo uma fagulha. Quando esse homem me
tomar, vou explodir em pedacinhos.
Após a conversa e o espumante, pergunto a ele se posso dar um jeito no cabelo, afinal, a
fome era prioridade depois do banho e não me dei conta que secaria sem penteá-lo. Devo estar
parecendo um espantalho! Enquanto ele avisa que levará o aparato com as bandejas até o
corredor para ser retirado, me apresso até seu banheiro. Já tinha vindo aliviar a bexiga quando
cheguei, e descobri que é dupla essa parte da casa.
Dois lavabos, duas pias e idem para vasos, luminárias, pufes. Tem uma banheira de
hidromassagem também, cabe meu quarto inteiro aqui. Céus! Que sonho!
Na parte feminina, que não é dividida por parede, apenas por móveis, encontrei tudo o
que uma mulher precisa. Grata e ao mesmo tempo decepcionada. Ao pentear e aquecer o cabelo
com o secador para tapear o frizz, me pego pensando em não me arrepender de aproveitar. É uma
forma de diversão que faz parte de uma viagem inesperada como esta.
Sou uma mulher solteira, conheci um homem solteiro ao que tudo indica, mesmo que
esses objetos e produtos sejam de alguma namorada, não sou doida de perguntar. É errado sair
com um homem comprometido, mas não posso levar a culpa sozinha disso, pelo amor de Deus!
Não vou me sentir culpada e nem arrependida, pelo contrário, guardarei com carinho na
memória minha visita à Turquia. Levo um susto ao olhar meu reflexo no espelho e dar de cara
com Zayn de braços cruzados e calça de flanela, escorado na parede com seu olhar esverdeado
me escaneando.
— Ah! Que susto! Há quanto tempo está aí?
— Alguns minutos.
— Por que tenho a sensação que gosta de me olhar quando não percebo?
— Porque tem toda razão. É estranho para mim também, mas não consigo tirar meus
olhos de você, Lora.
— Vou acabar acreditando nesse interesse todo se continuar me mimando e elogiando
dessa maneira.
— A intenção é fazê-la acreditar, porque é verdade.
O turco se aproxima e começa a abrir as portas dos armários procurando, não, conferindo
algo. Será que acha que roubei ou estraguei alguma coisa?
Mantenho a calma acompanhando as atitudes do homem, pronta para perder as estribeiras
se me acusar ou humilhar de alguma forma.
— Está tudo do seu agrado? Manilla comprou todos os itens que solicitei? Encontrou
produtos para o seu cabelo de que goste? As escovas e pentes são as que costuma usar?
Desculpe, talvez não tenha todos os objetos que necessita, mas podemos providenciar amanhã.
— Você… — Umedeço os lábios, pois até minha saliva secou por constatar que todas
essa coisas são para mim. — Você mandou comprar tudo novo? Por quê?
— Ora, porque essa parte do banheiro nunca foi usada. Comprei essa casa há dois anos e
bem… — Ele coça a cabeça encabulado. — Não tive um relacionamento sério e, portanto,
nenhuma mulher veio visitar essa parte da casa.
Choque, pânico, incredulidade! Um homem desses e está solteiro há tanto tempo? Guardo
o secador, as escovas e molho minhas bochechas com um tiquinho de água fresca da torneira.
— Lora? Algo errado?
Santo Antônio, ele é muito perfeito e vou abandonar isso tudo em poucos dias, para que
essa amostra grátis se não levarei para casa?
— Tem dois anos que não se relaciona com ninguém, Zayn? Fez algum voto de jejum
sexual ou coisa assim? Desculpe, só quero entender como um homem igual a você está solteiro?
Você é solteiro, né?
Ele fica sério e franze a testa olhando intensamente para mim.
— Acha que se eu fosse comprometido me envolveria com você, Lora? Nem sequer teria
oferecido o passeio, se estivesse com alguém ela estaria comigo naquele balão.
Me encosto no balcão para desviar da situação constrangedora. Mas não perco a coragem.
— Não sei, Zayn. Conheço você há menos de doze horas e já levei tanta cacetada da vida
que é difícil crer que existam homens confiáveis. Sinceramente estou aqui pensando que é um
conto de fadas que vou levar na memória, não quero carregar a culpa de atrapalhar a vida de
casal nenhum, famoso ou anônimo. — Os dedos dos meus pés são bem mais interessantes que o
olhar intenso.
Sinto seu corpanzil se recostar ao meu lado no balcão e um suspiro profundo da parte
dele.
— O que é cacetada da vida? — Encaro seus lindos olhos e lembro que as expressões de
cada país são diferentes para explicar certas coisas.
— Cacetada é uma pancada forte que te derruba, nós dizemos assim, quando a vida nos
ensina na base do sofrimento que não é para confiar nas pessoas. Eu não confio nos homens, me
desculpe.
O turco me enlaça e afaga meu rosto, vejo como seu olhar reflete cada sentimento que
expressa. Parece uma preocupação genuína o que observo ali.
— O que fizeram com você, Lora?
— Tantas coisas. Fui deixada por fofoca dos amigos, trocada por outra mais magra, mais
rica, escondida por terem vergonha do meu corpo, colocada atrás de uma carreira importante que
eu não fazia parte… enfim, se eu começasse a enumerar daria um livro. — Coloco o sorriso
habitual no rosto para esconder minhas decepções e suavizar seu semblante tenso, o que funciona
e roubo um beijo dele. — Deixe esse assunto chato e vamos aproveitar o tempo que resta da
nossa companhia. Está tão leve!
Zayn aceita minha explicação e me guia pela mão de volta ao quarto ao dizer que tem
algo para me mostrar. O que será que esse galã preparou agora?
— O que quer me mostrar, meu anônimo sedutor?
Lora e sua sinceridade não param de me surpreender, farei uma loucura que nunca fiz,
mas vou pagar pra ver se o instinto do que estou começando a sentir está certo. Tudo o que
mostrou até o momento me faz acreditar o quanto foi desvalorizada nos relacionamentos.
Não compreendo por quê. É linda, espirituosa, simpática e gostosa pra cacete. Entendo
cada vez menos os homens brasileiros, mas ainda vou descobrir por que uma mulher como Lora
é motivo de vergonha. Só porque tem curvas? Não admito um disparate desses. Gostaria de
conhecer todos que a fizeram se sentir ofendida e dar uma lição em cada um deles. Ah! Eu juro
que faria!
— Mostrei o sol surgindo na Capadócia para você naquele balão, e agora quero mostrar o
céu iluminado pela lua. Mas livres para fazermos qualquer coisa sob as estrelas. — Seu olhar
curioso ao ouvir minhas palavras me impulsiona.
Planejei surpreendê-la. Quando fui à cozinha conferir os preparativos assim que
chegamos esta tarde, liguei para Maleck que viesse e preparasse o terraço para uma noite
romântica. Fui atendido e satisfeito, pois quando subimos a escadinha para o terraço, percebo
minha musa de olhos arregalados em surpresa.
Meu assistente e amigo conhece a arte de surpreender as mulheres, ele cobriu o chão de
tapeçaria e colocou um colchão com lençóis que imitam os arabescos turcos. Almofadas
coloridas rodeiam o parapeito do terraço dando um ar sultanesco ao meu espaço. As lanternas
ficaram ótimas para compor a iluminação da decoração, com uma variedade de cores que
traduzem o espírito do momento.
Observo copos com água e velas flutuantes espaçadas nos cantos. Garrafinhas d’água e
preservativos nos dois lados do colchão, uma mesinha repleta de frutas e doces, meu sorriso
convencido não pode ser maior em ver a surpresa dela. Trouxe um manto grosso comigo, pois
conheço o clima ameno da noite nessa época do ano.
Lora suspira e elogia a surpresa. O ar é fresco, quase frio, mas não venta, e transar no
terraço é uma coisa que já tinha pensado em fazer, mas nunca realizei por falta de uma parceira
aventureira que topasse. Seguro sua mão e beijo o dorso a guiando para o colchão. Tiro minha
calça silenciosamente oferecendo o conforto do meu corpo pronto para servi-la como ela
aprouver.
— Vem minha lale, quero te devorar sob o teto das estrelas.
A observo morder o lábio excitada ao ouvir meu convite carinhoso e sensual para se
aproximar. Desato a cinta de seu roupão, resvalando pelos ombros, notando encantado como os
seios respondem a mim e ao ar acariciando sua pele os deixando arrepiados. São os peitos mais
lindos que já vi.
Meus braços a envolvem num aperto firme e desejoso de contato, a beijo ardentemente,
comandando as carícias no corpo sedoso. Não demoro a arrancar suspiros e gemidos baixos,
agarro seus cabelos para aprofundar minha língua, exigindo tudo dela. Minha pulsação
retumbando a audição que só capta os sons dessa feiticeira que me enredou na sua teia sensual.
— Você é perfeita Lora, tão linda por fora quanto por dentro.
Nos deitamos no colchão improvisado aos beijos tórridos. Com meu autocontrole no
limite, beijo cada pedacinho de pele até encontrar seu seio. O bico pontudo e rosado se acomoda
em minha boca como o manjar destinado a um sultão. Chupo e estico, mordendo de maneira
suave até Lora implorar coisas sem sentido.
— O que quer que seu turco faça, lale bahtchisi[8]?
A mulher se contorce inteira quando, beijando, chego ao ventre e desço ao montículo que
antecede a boceta. Mordo e esfrego minha barba, agarrando suas coxas macias.
— Oh, Deus! Zayn, por favor!
O perfume que sua excitação exala é como um bálsamo estimulante, quase uma droga
que mexe com meu cérebro e corpo. Em palavras simples, fico louco, alucinado!
Acaricio com minha língua, tomando seu clitóris como néctar dos deuses, roçando e
esfregando seu sexo completo com minha boca e nariz, a fazendo delirar e rebolar de encontro ao
meu rosto enterrado. A posse por ela se alastrando em meu corpo ao agarrar seus quadris,
apertando com selvageria enquanto amassa os lençóis se contorcendo.
A sede em mim está longe de ser aplacada, e quando vejo Lora revirar os olhos, gemendo
por mim, puxando meus cabelos ao se desmanchar em minha boca, penetro dois dedos sentindo
os espasmos do seu gozo arrebatador. Um sorriso radiante dança em meus lábios ao sentir meus
cabelos agarrados na ânsia do prazer.
Resvalo de encontro a sua boca, escorregando vagarosamente, beijando e lambendo todo
o caminho até lá. Dou atenção aos peitos que há muito não sentia a naturalidade como os dela,
longe de serem empinados e duros, pelo peso são generosos, macios e gostosos de agarrar.
Mordisco, aperto, lambo e mamo a exaustão, deixando lindamente marcados pela irritação boa
do contato, aproveito todo o corpo delicioso para agarrar e me moldar a ela, deixo minhas marcas
por toda a pele branquinha.
— Zayn, por favor!
O olhar e voz necessitados imploram.
— O que foi, minha lale? — pergunto aos beijos ainda penetrando os dedos, saindo e
espalhando o mel pela boceta depilada. Lora não consegue pronunciar nada, apenas ofega e crava
as unhas no meu braço.
— Quero... você, agora. Quero você meu turco.
É golpe baixo a voz manhosa e desesperada me chamando como sua posse.
Com um rápido movimento alço o braço até o pacote laminado, sento-me vestindo a
proteção e me acomodo na posição lótus, guiando seu corpo voluptuoso sobre mim, ordenando
com beijos e mordidas que cavalgue. É a glória vê-la rebolar como uma amazona, os seios sobem
e descem pela cadência dos movimentos roçando em meu peitoral.
— Ahhh! Assim, minha flor do deserto, olhe para mim!
É uma foda para ficar na minha memória. A junção de nossos corpos é tão perfeita, tão
única que parece ter apenas uma pulsação. Linda, descabelada, corada, maravilha de mulher.
A visão das estrelas é majestosa quando tombamos a cabeça para trás apreciando o céu
iluminado, sentindo a conexão dos sexos pulsando em harmonia. Minha flor, goza tantas vezes
quanto seu corpo permite e em contrapartida sou arranhado e conduzido aos seios mais de uma
vez, enquanto obedeço como um servo devoto. Chupo e mordo sua pele deixando vermelhinha
nessa dança avassaladora e deliciosa dela sobre meu pau.
Jamais me apeguei em tão pouco tempo. Uma mulher como essa tão envolvente, sincera e
inteligente, que não para de me seduzir, era algo que não imaginei quando vim descansar no meu
refúgio. E agora só quero agradá-la e fazer suas vontades.
Nossos corpos se fundem, suados, o ar é uma busca custosa quando o prazer explode, só
consigo murmurar seu nome enterrado em seu pescoço.
— Lora!
Liberto meu êxtase aninhado, abraçado e agarrado aos cabelos que tanto me encantam,
ouvindo a melodia dos gemidos manhosos da minha flor rara.
Sou o anônimo mais sortudo do planeta por ter esse prazer absurdo em uma única transa.
Tudo se deve a essa criatura perfeita que o universo colocou em meu caminho. E o que Lora
reviveu em mim a atraiu a ela. Zayn Tariff Parsons, advogado que está atuando na carreira
artística no momento, mas não pretende que a profissão o defina.
Faço minha dama debruçar-se sobre mim descartando o preservativo usado e puxando a
manta quentinha sobre nós dois, ouvindo as respirações cansadas. Alguns segundos tomando o
fôlego para o que quero lhe propor.
— Não quero que essas quarenta e oito horas acabem, Lora — confesso ao corpo quente.
Isso a surpreende tanto que ela tomba ao meu lado no colchão.
— O que quer dizer?
— Não quero prazo de validade para o que estamos vivendo.
— Você… nem me conhece direito, Zayn! — murmura ela incrédula.
— Nem você a mim, eu sei, foi isso que falou naquele banheiro. Estou confessando que
quero te conhecer melhor, lale. Não para transar, passar o tempo, mas para um relacionamento
sério. Não volte para o Brasil.
— Meu trabalho é lá, minha família, meus amigos. — Imagino os receios dela, mas
preciso insistir.
— Trabalhe aqui, vá visitá-los nas férias, mas fique comigo.
— Já ouvi isso tantas vezes! E ainda mais depois de me levarem para a cama. Para vocês
homens é fácil pedir a uma mulher que mude sua vida para se moldar a sua. E quando cansam,
simplesmente…
— Ei! Tem razão, desculpe, não devia ter me entusiasmado. Fui precipitado, e eu nunca
aprendo. Quem sabe na terceira vez que eu sentir algo diferente por uma mulher, abafe minha
empolgação para não assustá-la. E talvez possa… ah esquece, Lora! Perdoe meu entusiasmo.
Alguns minutos e o silêncio parece uma gárgula no canto do terraço buscando uma
brecha para nos destruir.
— Zayn?
— Sim. — Deixo de admirar as estrelas na baderna de pensamentos dentro da minha
cabeça, para olhar o semblante da mulher ao meu lado. Lora está apoiada com o rosto em um
braço me olhando curiosa.
— Me fale o resto do assunto.
— Não sei o que quer dizer.
— Zayn Tariff! Termine o que ia dizer.
Me apoio nos braços também ao fitá-la.
— Você acabou de pronunciar meu nome com a fonética correta, Lora?
Seu sorrisinho é uma luz sublime na escuridão, iluminando a situação que transformou
meu plano de engatar um namoro com a mulher que me enfeitiçou.
— Não desvie o assunto, turco! — A mão delicada passeia pelo meu bíceps e repousa em
meu peitoral.
Bem, já que deu abertura, agarro a cintura da mulher mandona, juntando seu corpo
gostoso ao meu e quando vou beijá-la, Lora me impede com um olhar inquiridor.
— Disse que tentou duas vezes, e espera que na terceira dê certo. O que você tentou?
Um suspiro longo e estou prestes a confessar meus fracassos.
— Nós turcos somos criados para formar uma família, tudo é condicionado a sermos
bons maridos, bons pais, bons amigos, hospitaleiros. Claro que ser metade americano, me deu
um leque de escolhas, contudo, sempre nutri a ideia de me casar e formar uma família desde
muito jovem.
Os olhos azuis curiosos não desviam do meu rosto em nenhum momento.
— Aos dezoito anos me enamorei de uma garota, me apaixonei de verdade. Em pouco
tempo. Não sou homem de enrolar, quando gosto, sou verdadeiro e mergulho com essa cabeça
dura. Pedi a moça em casamento, mas ela não tinha o mesmo desejo de relacionamento sério. A
carreira era seu sonho. Eu compreendi. Mas sofri por aquela menina. Houve outras mulheres,
mas nenhuma que despertasse esse meu lado que anseia uma conexão. A última namorada séria
foi pouco antes de me tornar famoso. Eu faria o pedido, mas não era por um sentimento profundo
que havia e sim um comodismo, uma necessidade de ser somente nós e os planos para o futuro.
— O que houve?
— Ela me deu um fora, alguns dias antes de oficializar o noivado. A desculpa é que eu
era muito grudento, muito bonzinho e isso não era atraente. Lembro que comentou que nem nos
romances que lia, homem bom atraía. Depois descobri que ela tinha conhecido um produtor de
novelas e viajaria o mundo com ele. — Acho graça agora da situação. — Meus amigos, aqueles
dois que você viu no dia do passeio no reboque do balão, agora trabalham comigo. E mais alguns
outros que são parte da turma, me incentivaram a participar de um reality show na capital. Na
brincadeira e também para distrair do acontecido com Moira.
— Moira é sua ex?
— Sim. Entrei para o programa. E dali foi muito rápido para o primeiro convite de um
papel na novela em andamento.
— Moira te procurou depois?
— Claro, veio com uma conversinha que estava iludida, mas o sentimento que tinha por
mim era real.
— E você?
— Sou bonzinho, mas não otário, Lora. Mandei ela viajar para a lua.
— Você é fofo até quando está irritado com alguém.
— Não me irritei com Moira. Para mim é uma pessoa que passou na minha vida para me
ensinar o que é real e o que é ilusão. Não vou gastar minha imagem para ofender alguém, sem
um bom motivo. Seu modo de agir reflete ela como pessoa, não eu.
— Tá, mas sua contagem está errada. Você disse na terceira vez. Sua ex, que foi para a
lua — Lora provoca uma risada descontraída pelo senso de humor tão despojado — é a segunda.
— Não! Moira não entra na minha contagem. Não sentia coisas diferentes dentro de mim
quando a fazia sorrir ou quando tentava alimentar aquela doida do meu prato. Ela não gostava do
meu jeito. Não gostava nem do meu cachorro, e isso é uma ofensa enorme para mim. Não havia
uma conexão nem de preferências simples. Você sim!
Meu ouro branco em forma de mulher arregala os olhos.
— É Lora. Sou intenso, possessivo, me apaixono facilmente quando algo mexe comigo.
E essa foi a segunda vez. Tudo o que fiz nessas poucas horas contigo não fiz para nenhuma
outra.
— Está… está falando sério, Zayn? Está brincando comigo?
— Não, eu não brinco com esse tipo de situação séria, Lora. Pode parecer estranho e um
conto de fadas como falou antes. Ouço tudo o que diz e até o que não expressa em palavras.
Posso ser uma raridade entre os homens que conheceu, mas o pedido de ficar aqui na Turquia
comigo é real e muito sério.
Lora se deita novamente de costas no colchão olhando o céu estrelado enquanto
argumento o meu ponto.
— Eu amo cães — murmura baixinho. Meu sorriso é tão grande que disfarço beijando
seu ombro. Volto a falar mais próximo do seu ouvido, enquanto brinco de passear no vão entre
os seios com os dedos.
— Veja, eu não moro na Capadócia, você pode ficar aqui até encontrar um lugar ou uma
cidade com o emprego que quiser exercer. Me disse durante o jantar no quarto que se formou em
administração, então pode exercer até não aparecer algo na carreira atual. É muito mais fácil nos
vermos em finais de semana e folgas estando no mesmo país, que em outro continente! Não
concorda?
A mulher vira o rosto mordendo o cantinho da boca, está com receio, semelhante ao dia
do passeio quando não me conhecia. Recordo disso.
— Como vamos saber se somos compatíveis para uma relação duradoura se não
passarmos tempo juntos? Eu quero isso, Lora. Quero muito, porém não posso partir do meu país
onde tenho uma carreira estabilizada e com contratos já fechados. Meu ano inteiro está em
contrato na Turquia. Não poderia ir ao Brasil mesmo que eu quisesse.
— Você quer namorar comigo, Zayn?
— Aceito se esse for o pedido oficial. — Lora começa a rir, o que me deixa mais feliz
que um camelo matando a sede em um oásis do deserto.
— Não, seu bobo, perguntei se é essa sua intenção?
— Lora, Lora! Faz quase meia hora que estou gastando meu latim para que acredite nas
minhas intenções.
O rosto pensativo parece mexer as engrenagens dentro da cabeça bonita.
— Posso falar com minha chefe, Marissa comentou que pretende montar uma filial da
agência aqui na Turquia, talvez ela aceite que eu desempenhe alguma função na empresa ficando
no país.
— Ouvi direito? Isso é um sim?
Prendo seu corpo com a jaula de meus braços roçando meu nariz em seu pescoço para
inspirar meu novo perfume favorito.
— Mas se eu ficar uns tempos na sua casa, não será gratuito.
— Pode deixar, vou cobrar muito caro, vai passar horas do dia pagando.
Meu cabelo é agarrado de modo brusco para olhar o mar azul de suas írises cintilantes.
— Estou falando sério, turco! Vou pagar pela estadia com dólares.
— Ok lale, como você quiser. Bir tek dileğim var mutlu ol yeter.
— O que disse?
— Meu único desejo é que você seja feliz.
— É bonito o som do idioma na sua voz.
— Kalbimin tek gulü gecemin aydınlatan güneşim ve sen[9].
— Espero que essa frase seja para pedir um beijo.
— Sim, é um beijo e outras coisas a mais.
Alinho o meu rosto com o dela apanhando seu queixo para não desviar.
— Quero me perder em você, minha cheirosa.
— Então vem Zayn, vamos nos perder juntos.
Me abraça, envolvendo suas pernas nas minhas, iniciando carinhos românticos com
beijos doces que logo se transformam em ardentes e tórridos.
Não fodemos, fazemos amor com o sentimento que ambos sabemos ter começado a se
construir hoje. Não seremos condenados por nos permitir sentir, somos solteiros, desimpedidos e
nos queremos na mesma intensidade.
Após saciarmos nosso desejo, nos alimentamos da mesinha preparada no terraço,
conversamos e namoramos por mais algum tempo. Me fez prometer que vou mostrar todos os
animais que tenho, e isso me deixou muito feliz.
Lora adormeceu nos meus braços com meus sussurros da promessa de que a vista será
ainda mais bela ao acordar. Ela não imagina, mas os balões flutuam por aqui quase todas as
manhãs e a paisagem é extraordinária.
Pela manhã a desperto com um café da manhã, generoso. Preparei uma mesinha na tenda
de tecidos que Maleck deixou pronto ontem.
Além do chá, café, sucos e todo tipo de pães e iguarias que estamos acostumados aqui.
Dispus frutas, que nas minhas pesquisas, os brasileiros gostam de apreciar pela manhã. Uma
bandeja de figos, cerejas, morangos, pêssegos e tangerinas. Trouxe nozes, amêndoas e doce em
calda de flor de laranjeira, o meu predileto. Minha namorada merece o melhor.
Além disso, pedi a Manilla para comprar uma camisola de seda na loja em Göreme. Pela
primeira vez não reclamou de sair da propriedade aquela ranzinza, só porque me viu feliz. Foi
com o motorista cedinho até lá igual uma cabra montesa saltitante.
Assim que retornou eu subi com o presente para o terraço e o meu sorriso.
— Günaydın krallığımın prensesi! [10]
— Isso é um bom dia, turco?
— É o meu bom dia para a princesa do meu reino.
— Nossa! Você é mesmo irresistível.
— Feliz Dia dos Namorados atrasado, venha quero mostrar algo a você.
A conduzo ainda enrolada na manta até a mureta, para contemplar uma Capadócia
enfeitada de balões, que flutuam enchendo a paisagem de encantamento. Ela Sorri aninhada no
meu abraço acolhedor suspirando com o espetáculo além do horizonte.
Não sei o que esperar da carreira ou dos acontecimentos com relação a minha imagem,
mas tenho confiança que viverei experiências inesquecíveis ao lado de minha nova paixão. Quem
sabe daqui a pouco tempo surja um novo membro da família, correndo por esse terraço com
cabelos louros iguais ao meu ouro branco de olhos azuis.
UM ANO DEPOIS