Você está na página 1de 18

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Título: RASTREAMENTO DE BEBÊS EM RISCO PARA O


DESENVOLVIMENTO: O USO DA INTERNET EM TEMPOS DE PANDEMIA.

Aluna: Melanie Gomes Barbieri Número de matrícula RA: 002863000

Curso: Fonoaudiologia

Área de Conhecimento da Pesquisa: 4.07.00.00-3 – Fonoaudiologia

Curso de Graduação: Fonoaudiologia

Departamento: Métodos e Técnicas Fonoaudiológicas e Fisioterápicas

Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde

Orientadora: Profa.Dra. Ruth Ramalho Ruivo Palladino

Título do Projeto de Pesquisa do(a) Orientador(a): RASTREAMENTO DE


PROBLEMAS NO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM DE CRIANÇA DE
ATÉ 3 ANOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA POR MEIO DE
INSTRUMENTOS ONLINE.

1
Sumário

Introdução.................................................................................................... 03

Objetivos...................................................................................................... 04

Materiais e Métodos.................................................................................... 04

Parte I – Atividades desenvolvidas............................................................ 06

Parte II – Relatório Científico.....................................................................11

Referências Bibliográficas...........................................................................17

2
RASTREAMENTO DE BEBÊS EM RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO: O
USO DA INTERNET EM TEMPOS DE PANDEMIA.

INTRODUÇÃO

As cardiopatias congênitas são as malformações mais comuns nas crianças, por conta de
sua frequência, e representam a segunda principal causa de mortalidade infantil em bebês
com menos de um ano de idade. Podem suceder por irregularidades nos grandes vasos,
nas câmaras cardíacas, nas valvas ou em todo sistema. Geralmente o diagnóstico é feito
durante o período gestacional, nas análises do pré-natal. Se o caso não for diagnosticado
durante a gestação, a clínica pediátrica será o instrumento necessário para o diagnóstico.
Os principais sinais de alteração são: cianose, arritmia e sopro cardíaco.

Como a criança passa por uma série de cirurgias desde seu nascimento, a hospitalização
frequente é acompanhada por marcas deixadas não só fisicamente, mas psicologicamente
também. Muitas vezes, é necessária a deslocação da família para outros estados, visto que
o atendimento complexo é feito, na maioria das vezes, na região sudeste do Brasil. Estes
impasses que ocorrem em volta das crianças cardiopatas, podem trazer sequelas também
em seu desenvolvimento, como por exemplo, o de linguagem. Além disso, também pode
comprometer a socialização da criança e o seu desempenho escolar e por isso, é necessário
que haja um acompanhamento de profissionais que atuem conjuntamente com os
pediatras, visando uma melhora em sua qualidade de vida. Este acompanhamento deve
ser precocemente instituído, já que, identificada uma situação de risco, ela pode ser,
talvez, modificada a partir de outros olhares, outras interpretações, outras atitudes. Os
bebês expressam dificuldades desde cedo, demandando uma escuta apurada que poderá
fazer uma leitura adequada das sinalizações. Note-se que de zero a três anos, os bebês
estão inseridos em uma fase importante de desenvolvimento interacional e de linguagem
e, assim, compõem um grupo de grande vulnerabilidade, que merece atenção sistemática.

Com a chegada da pandemia, muitas famílias passaram a ter dificuldades no tratamento


de seu filho, já que os serviços foram em grande parte suspensos. Uma boa intervenção
para esta situação é o teleatendimento, pois os pais podem adquirir instruções necessárias
para sua situação, já que este modo de atendimento possui um grande alcance. Há

3
instrumentos muito eficientes para a realização de rastreamento de sinais de risco para o
desenvolvimento e facilmente aplicados online, os instrumentos objetivam a
observação/identificação de sinais em crianças de zero a cinco anos, em sua maioria
abrangendo a fase básico do desenvolvimento.

Este tem por objetivo, coletar e analisar os dados através do questionário LTSAE que será
aplicado online e respondido pelos pais de crianças de até 18 meses que assinarem o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As respostas coletadas serão analisadas em
tabelas para análise e aplicação estatísticas visando a interpretação do conjunto. Além
disso, as crianças que apresentarem alguma sinalização de risco para o desenvolvimento,
serão acompanhadas durante a pesquisa e caso necessário, será feito o encaminhamento
especializado para neurologista, audiologista ou qualquer outro profissional que parecer
pertinente. Este acompanhamento será realizado via orientações periódicas e pela
aplicação de instrumentos de avaliação.

OBJETIVOS:

GERAL: Identificar e descrever problemas no desenvolvimento de linguagem de


crianças de até 18 meses com cardiopatias congênitas visando a confirmar ou negar a
relação entre cardiopatia e problemas de desenvolvimento de linguagem.

ESPECÍFICO: Avaliar crianças cardiopatas de até 18 meses no processo de


desenvolvimento, intervir no desenvolvimento de linguagem e de áreas relacionadas com
base nos resultados da escala de desenvolvimento utilizada no rastreamento, reavaliar
periodicamente a cada dois ou três meses a criança.

METODOLOGIA

✓ Pesquisa descritiva, exploratória.


✓ Certificação Ética: Assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
pelos responsáveis das crianças.
✓ Casuística: crianças de até 36 meses, buscadas nas redes sociais (Grupos do
Facebook e páginas no Instagram) por procedimento desenvolvido em pesquisa

4
cruzada, objetivando a potencializar as atividades realizadas, e cujas mães
aceitaram participar do estudo, respondendo ao Questionário FORMS e o
instrumento Checklist LTSAE por meio de aplicação online sobre
desenvolvimento. O N desta coleta será definido pela disponibilidade encontrada
e por indicação da estatística
✓ Coleta de Dados: A coleta de dados está dividida em 03 etapas:

1) questionário online inserido nas plataformas das redes sociais (Facebook e Instagram)
para identificação de supostos candidatos para a pesquisa (realizado em conjunto com
pesquisa paralela e complementar(citar).

2) contato com cada mãe por e-mail, Messenger e WhatsApp visando a confirmar sua
disponibilidade e agendar dia e horário para início da aplicação do instrumento de
avaliação;

3) Aplicação online do instrumento Checklist LTSAE


(https://www.cdc.gov/ncbddd/actearly/pdf/other-lang/Brazilian-Portuguese-
Checklists_LTSAE -P.pdf ) com versão e adaptação para português. Neste instrumento,
os responsáveis são orientados a responderem questões abertas e fechadas sobre os
comportamentos de seus filhos em 4 áreas: social/emocional; linguagem/comunicação;
cognitivo e movimento/desenvolvimento físico. Os marcos questionados são utilizados
para delinear o perfil de desenvolvimento das crianças, além de rastrear o
desenvolvimento infantil, o protocolo oferece estratégicas para estimulação da linguagem
para cada faixa etária supracitada. Nesse caso, iremos abordar para crianças de até 36
meses em reuniões via on-line com as mães/cuidadores.

✓ Organização e análise dos dados: dados inscritos, conforme obtenção, em


tabelas Excel para posterior aplicação de estatística descritiva para interpretação
do conjunto.
✓ Resultados
✓ Discussão
✓ Conclusão

5
Parte I – Atividades Desenvolvidas

Título do projeto: RASTREAMENTO DE PROBLEMAS NO


DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM DE CRIANÇA DE ATÉ 3 ANOS COM
CARDIOPATIA CONGÊNITA POR MEIO DE INSTRUMENTOS ONLINE.

I. Formação do Grupo de Iniciação Científica, feitas reuniões quinzenais


desenvolvidas na Plataforma Teams, na sala Grupo de pesquisa com
crianças cardiopatas: foi organizado um grupo geral “Grupo de IC”, com 5
participantes, sendo elas:
• Bianca Massocatto, sendo orientada pela Profa. Dra. Regina Maria
Freire – “Acolhimento e acompanhamento de crianças cardiopatas até
cinco anos de idade, com impasses no desenvolvimento
neuropsicomotor e de linguagem.”
• Debora Santos Azevedo, sendo orientada pela Profa. Dra. Regina
Maria Freire – “Avaliação e acompanhamento de crianças cardiopatas
com impasses no desenvolvimento neuropsicomotor e de linguagem.”
• Leticia Rodrigues, sendo orientada pela Profa. Dra. Ruth Ramalho
Ruivo Palladino – “Rastreamento de Riscos/Problemas no
desenvolvimento de linguagem de crianças de até 3 anos com
cardiopatia congênita: Intervenções online.”
• Melanie Barbieri – sendo orientada pela Profa. Dra. Ruth Ramalho
Ruivo Palladino – “Rastreamento de bebês em risco para o
desenvolvimento: o uso da internet em tempos de pandemia.”
Os projetos são cruzados e complementares, visando a maximizar as
atividades e estudos a serem realizados. Nestas reuniões, várias tarefas foram
pautadas e realizadas: revisões e readequações dos projetos,
acompanhamentos das etapas em andamento, compartilhamento de
documentos, aulas, leituras, entre outros.

6
08/07/2021 – 1. Ao início da reunião, foi feita uma discussão sobre uma eventual parceria
da equipe com o hospital do Campo Limpo e com as UBS, o que seria interessante, na
medida em que poderia incrementar a casuística para todos os projetos

2. O grupo da I C trabalhou em conjunto para identificar nas redes sociais grupos de mães
de Crianças Cardiopatas. Foi encontrado diversos grupos pela rede social Facebook,
dentre eles: Crianças Cardiopatas, Cardiopatia Congênita em bebês e crianças, Grupos
Cardiopatia Congênita Maranhão, sou mãe de cardiopata e Cardiopatia Congênita de Mãe
pra Mãe.

3. Elaboração de um questionário inicial na plataforma Google FORMS para mães de


crianças cardiopatas (usando os grupos identificados neste primeiro rastreamento)
visando a identificar aspectos gerais e estabelecer a possibilidade de participarem online
das pesquisas do Grupo de IC: inúmeras e sucessivas modificações foram sendo aplicadas
ao instrumento, objetivando sua melhor estrutura para os objetivos estabelecidos. Essas
modificações resultaram de seguidas discussões no grupo com as professoras orientadoras
e mesmo de sugestões da administradora de um dos grupos identificados, aliás, um dos
mais numerosos, o grupo: Cardiopatia congênita de mãe para a mãe, com 11 mil
participantes.

4. Elaboração de um TCLE pertinente às pesquisas que sofreu modificações após


discussão com orientadoras;

5. Início de uma leitura do LTSAE (Learn the signs, act early) do CDC (Central for
Disease Control) em forma de checklist.

05/08/2021 – 1. O questionário elaborado pelo Google FORMS foi corrigido, e foi pré-
pronto para a aplicação nas redes sociais (Facebook e Instagram).

2. Início do treinamento para uso do Checklist de avaliação, LTSAE, para ganhar


familiaridade com o instrumento e modos de utilização;

3. Formatação de uma tabela no Excel para inserção dos resultados e posterior análise
estatística;

4. O Grupo de Iniciação Científica juntamente com as Orientadoras, discutiram sobre os


textos que seriam enviados para o Congresso de Fonoaudiologia, para apresentar os

7
trabalhos de pesquisa. Antes de enviá-los, as Orientadoras fizeram as devidas correções
para o envio do resumo, e as responsáveis por apresentar o projeto, seriam as alunas com
Bolsas. As Alunas Melanie G. Barbieri e Leticia R. Franchini apresentaram a proposta do
projeto “Rastreamento de bebês em risco para o desenvolvimento: O uso da internet em
tempos de pandemia”, simultaneamente com um pôster exemplificando. Segue o anexo:
file:///C:/Users/melan/OneDrive/Documentos/Rastreamento%20de%20problemas%20d
e%20linguagem%20em%20crian%C3%A7as%20cardiopatas%20de%20at%C3%A9%
203%20anos.%20(1).pdf

19/08/2021 – 1. Fomos orientadas a aplicar o questionário para pais, familiares e amigos


durante a semana, visando a identificar possíveis erros/dificuldades/limitações. Novos
ajustes foram executados. A Orientadora Ruth Palladino apresentou a ideia de fazermos
um piloto do questionário em dez pessoas de cada grupo no Facebook, com o mesmo
objetivo e, assim, começarmos a aplicar o Questionário FORMS, incluindo o termo de
consentimento antes de responder as seguintes questões do Questionário.

02/09/2021 - Com o piloto do questionário executado, foram feitas algumas mudanças


para a próxima aplicação e foram elas: separar a primeira questão em duas (primeiro o
nome e depois a data de nascimento do indivíduo), endereço de residência (fazer com que
o entrevistado seja mais específico com cidade/bairro), o mesmo para a questão de
localização do hospital de tratamento, reformulação do tempo de internação (ser
compatível com a quantidade de cirurgias realizadas e idade da criança), melhora e piora
revisar pois, teve muitas dúvidas ao ser respondida. Além dessas revisões, nós entramos
em contato via e-mail com as mães que responderam de forma incompleta o questionário,
para que tenha maior precisão sobre os dados gerais.

16/09/2021 – Novas modificações foram operadas no questionário, sobretudo relativas às


respostas oferecidas, visando a viabilizar melhor inserção de resultados em tabelas de
Excel. Também foram operados ajustes no TCLE.

30/09/2021 – Obtiveram novas mudanças no questionário, dentre elas foram: Alterações


nas caixas de texto das mães e crianças, na questão do hospital foi juntado o nome do
mesmo e sua localização, alterações nas caixas sobre as cirurgias e o tempo total de
hospitalização, e mudanças na questão do acompanhamento das crianças durante a
pandemia.

8
11/11/2021 – Vários grupos de mães no Facebook foram identificados (Cardiopatia
Congênita em Bebês e Crianças, sou mãe de Cardiopata, Grupo de Cardiopatia Maranhão,
Pequenos Corações e Cardiopatia Congênita de Mãe pra Mãe) e os questionários foram
enviados/postados principalmente para estes grupos. Interessante o fato de a
administradora de um desses grupos (Cardiopatia Congênita de Mãe pra Mãe) enviar
sugestões, que foram inseridas quando pertinentes. Deste modo, criamos uma página no
Instagram dando dicas sobre a Cardiopatia Congênita, e claro, explicando o projeto em
si. Inicialmente, mandamos para as mães em que já tínhamos contato, e então fizemos
uma divulgação maior postando novamente nos grupos do Facebook.

A administradora do Grupo Cardiopatia Congênita de Mãe para a Mãe, aconselhou a fazer


mudanças nas questões pessoais como endereço de residência e hospitais e deixar apenas
a cidade onde mora, habilitar espaços para os cuidadores escreverem qual era o tipo de
cardiopatia e acrescentar a opção emocional na questão sobre mudanças durante a
pandemia.

O grupo ficou de fazer essas alterações e reenviar o questionário para divulgação.


Novamente, foi reenviado aos grupos de cardiopatia no Facebook, juntamente com o link
do questionário divulgava a página do Instagram (@ic_cardiopatia), explicando que
haveria posts sobre a Cardiopatia Congênita com supervisão dos profissionais. Foi
sugerido o treino para a aplicação de protocolo para exercitar o tempo que se gasta, os
termos presentes, as sequências das perguntas.

Leituras e debates de textos selecionados pelas orientadoras. Estas leituras estão


detalhadas a seguir, já que feitas em Grupo específico, constituído por outros alunos, além
dos participantes do Grupo de IC.

II. Reuniões quinzenais desenvolvidas na Plataforma Teams, sala Grupo de


pesquisa com crianças cardiopatas: foi organizado um grupo maior, Grupo
de Estudos, incluindo o grupo de Iniciação Científica, com outros
participantes, Grupo PPG em Comunicação Humana e Saúde: uma orientanda
de doutorado, um estagiário Pós-doutorado, uma orientanda de mestrado,
alunas da fonoaudiologia e da psicologia candidatas a participar de futuras

9
seleções para IC. Nestas reuniões, foi criada uma pauta de leituras para
subsidiar o desenvolvimento dos trabalhos em andamento.

29/07/2021 - A primeira reunião com o Grupo de Iniciação Científica e o Grupo de Pós-


Graduação em Comunicação Humana e Saúde, foram discutidos os seguintes conceitos:
hospitalismo, desenvolvimento psíquico e orgânico, além das ideias de operação de
antecipação e de permeabilidade ao significante do filhote humano, diante de sua
insuficiência original, trabalhada por A. Jerusalinsky Foram indicados os textos a serem
lidos e apresentados em encontros próximos, para sustentação dos temas implicados nos
projetos.

09/09/2021 - A primeira apresentação foi a de Bianca Hernandes, que trabalhou o texto


“Uma tentativa de intervenção precoce ou de como introduzir a questão do sujeito no
corpo de um hospital universitário”, de Telma Queirós, Márcio Allain, Maria do Socorro
Amorim, José Roberto Correia e Icléia P. Diniz. Em seguida, Bianca Astolfo apresentou
sua resenha do capítulo “A interação mãe-bebê: primeiros passos”, de Silvia Ferreira. E
para finalizar, a aluna Leticia Rodrigues comentou sobre o capítulo “O lugar do pai e o
trabalho psicanalítico com bebês ou Três dimensões da exclusão”, de Cláudia F.
Rohenkohl. Foi comentada cada resenha ali apresentada.

23/09/2021 – As apresentações continuaram: Larissa Amorim Damásio da Silva e Juliana


de Souza Moraes apresentaram um resumo de capítulos de “Palavras em torno do berço”
e “Se os bebês falassem”, respectivamente, com comentários e contextualizações da Prof.ª
Ruth Ramalho.

21/10/2021 – Nesta reunião, a orientadora Ruth apresentou sobre autismo, recorrendo a


Freud e Lacan. Abordando a repetição dos autistas que podem, inclusive, estar presentes
em atrasos graves de linguagem, exemplos clínicos foram dados.

03/11/2021 – Fora apresentado o capítulo “Linguagem e comunicação do bebê de 0 a 3


anos”, do livro “A hora e a vez do bebê” abordado pela aluna Solange. O foco deste
capítulo é abordar as “capacidades” e “competências” dos bebês no diálogo com a mãe.
Por fim, propuseram a discussão dos seguintes temas para o próximo encontro: imitação,
repetição, contágio e especularidade, tais conceitos circulam no entorno da noção de
interação, no contraponto das ideias de capacidades e competências inatas.

10
Parte II – Relatório Científico

Neste item, passo a relatar os avanços na pesquisa, que se deram em dois sentidos:

1- Trabalho com conceitos teóricos para operar detalhamentos na introdução e na


revisão da literatura do projeto;
2- Início dos procedimentos para coleta de dados. Começo o relato pelo item da
coleta de dados.

Como indicado na secção “método” do projeto, primeiro passo seria elaborar um


questionário para pais, visando a prospectar a possibilidade de comporem minha
casuística, participando da pesquisa. A elaboração foi, enfim, um processo conjunto do
Grupo IC, passando por seguidas modificações, a partir de diferentes apontamentos,
chegando a uma estrutura que parece adequada. Ao mesmo tempo, foi elaborado um
TCLE, adequado ao projeto e uma tabela de Excel para inserção dos resultados.

O projeto-piloto para uma aplicação inicial para delineamento final do instrumento foi
muito prejudicado, uma vez que coletas em redes sociais nem sempre são exitosas (citar)
e, para além disto, foi prejudicado provavelmente em função da pandemia, pois as mães,
já bastante estressadas pelos acontecimentos, se mostraram pouco dispostas a responder
ao questionário. A fazer sugestões apresento, a seguir os instrumentos:

Questionário para pais: Tem como objetivo identificar as dificuldades da criança e a dar
sugestões de como lidar com o mesmo. No início do questionário, foi feito uma
autorização para os cuidadores e explicando que os dados fornecidos seriam apenas para
fins acadêmicos. Segue o anexo: https://docs.google.com/forms/u/1/d/1bpyfDkti-
LAmB2cJlEIcOVdzll9f7N9lID4orww4JLY/edit#responses

TCLE: O projeto de pesquisa será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do


Programa de Estudos em Comunicação Humana e Saúde da PUC-SP e inserido na
Plataforma Brasil. Os responsáveis pelas crianças, serão orientados e assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para si e por elas de forma on-line.

A partir de janeiro deste ano, comecei a identificar mães de crianças cardiopatas, por meio
do Questionário para Pais, em um grupo de mães no Facebook com o nome “Cardiopatia
Congênita em Bebês e Crianças”, visando a encontrar crianças de 1 a 3 anos cardiopatas
e, então, aplicar o checklist. Com a aplicação sucessivas do questionário, que sofreu
11
modificações ao longo do tempo, 42 mães se manifestaram, respondendo o questionário,
por vezes de modo bastante incompleto. Comecei a identificação para formação de
casuística, exatamente retornando o contato com essas mães, verificando a possibilidade
de executar todo o procedimento da pesquisa.

Com as primeiras versões do questionário foi obtido um total de 42 respostas, algumas


incompletas. Claro que é um material impreciso, mas sua análise pode dar uma ideia do
perfil de mães de crianças cardiopatas que podemos identificar em redes sociais.
Considerei interessante apresentar.

1) Idade das mães: (12 respostas de 42) variam entre 18 e 25 anos (3), 26 a 35 anos

(6) e entre 36 e 45 anos (3). Maioria entre 26-55 anos.

IDADE DAS MÃES


18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos

25% 25%

50%

2) Estado conjugal das mães (42 respostas): 19 são casadas, 17 “vivem junto”, 1 mãe
é separada e 5 são solteiras. Maioria são casadas.

12
ESTADO CONJUGAL DAS MÃES
Casadas Vive juntos Separadas Solteiras

12%
2%

45%

41%

3) Sexo das crianças (12 respostas): 8 são do sexo masculino e 4 do sexo feminino;
com idades (11 respostas) que variam entre 4 e 6 meses (3), 7 e 11 meses (3), 1 ano e 2
meses (2), 2 anos e 1 mês e 2 anos e 11 meses (2) e maior que 12 anos (1). Mais
meninos/maioria das crianças no primeiro ano de vida.

SEXO DAS CRIANÇAS


Masculino Feminino

33%

67%

IDADES DAS CRIANÇAS


4 a 6 meses 7 a 11 meses 1 ano e 2 meses
2 anos e 1 mês 2 anos e 11 meses Maior que 12 anos

8%
23%
15%

15%
23%

16%

13
4) Quantidade de cirurgias a que as crianças se submeteram (10 respostas) teve como
resultado: 8 crianças fizeram 1 cirurgia, 1 criança fez 2 e 1 fez 3 cirurgias. Maioria com
01 cirurgia.

QUANTIDADE DE CIRURGIAS
1 cirurgia 2 cirurgias 3 cirurgias

10%
10%

80%

5) Um total de 30 crianças das 42 não frequenta a escola. Maioria não está na escola.

CRIANÇAS QUE FREQUENTAM A ESCOLA


Frequenta Não frequenta

29%

71%

6) As questões sobre brincar com outras crianças e mudanças na pandemia não


trouxeram respostas possíveis de serem contabilizadas.

14
7) 33 mães afirmaram que a criança continua sendo acompanhada pela equipe do
hospital e 8 disseram que não há acompanhamento. Maioria com acompanhamento.

ACOMPANHAMENTO PELO HOSPITAL


Há acompanhamento Não há acompanhamento

28%

72%

A literatura coloca em cena a possibilidade de a criança cardiopata ter impasses em seu


desenvolvimento, não apenas por causa de questões orgânicas, mas, também, e por vezes
sobretudo, de questões psicológicas, uma vez que a interação com seus pais fica
comprometida (citar) e, por ambos os motivos, a criança entra numa condição de
vulnerabilidade. Os pais sofrem os efeitos do impacto da doença, do temor do tratamento,
que implica em sucessivas cirurgias, da dificuldade de ajustar a realidade da criança com
a realidade de seu cotidiano familiar (citar), gerando estresse e uma qualidade de vida
inferior, maculando a relação com a criança.

Nem todos os trabalhos concordam com a questão dos impasses no desenvolvimento,


como a Psicanalista Cláudia F. Rohenkohl, mas é uma colocação que merece observação.
Porém, nas orientações, verificou-se a necessidade de estudar alguns autores, com o
objetivo de revisitar conceitos fundamentais, como desenvolvimento, vulnerabilidade,
interação, entre outros. Para tanto, participei da leitura e discussão do seguinte material:

Textos dos livros Palavras em torno do berço de Daniele de Brito Wanderley, Se os


bebês falassem de Myriam Szejer e A hora e a vez do bebê de Marie Christine Laznik,
com a discussão dos textos “Uma tentativa de intervenção precoce” ou “De como
introduzir a questão do sujeito no corpo de um hospital universitário”, de Telma
Queiróz, Márcio Allain, Maria do Socorro Amorim, José Roberto Correia e Icléia P.

15
Diniz, “A interação mãe-bebê: primeiros passos”, de Silvia Ferreira, “O lugar do pai
e o trabalho psicanalítico com bebês” ou ``Três dimensões da exclusão”, de Cláudia
F. Rohenkohl e outros dos livros citados para formar bases teóricas para a escrita mais
ampla e precisa da introdução da pesquisa e também para o artigo a ser feito no próximo
semestre. Foram discutidas questões como o hospitalismo, vulnerabilidade, impasses na
constituição subjetiva, tecnicidade dos profissionais hospitalares, desenvolvimento
psíquico e orgânico e operações de antecipação materna e de permeabilidade ao
significante do bebê humano que conta com uma insuficiência original que demanda
tutela

Proposta de trabalho para este novo semestre:

1. Aplicação do protocolo no ritmo da identificação de famílias solicitantes, com


inserção das respostas em tabelas para posterior análise estatística, visando a responder
objetivo primeiro, o de confirmar ou não a relação entre a cardiopatia e problemas de
desenvolvimento de linguagem.

2. Planejamento de orientações e aplicação destes planos individualizados,


conforme identificação de riscos. Encaminhamentos necessários.

3. Análise estatística, interpretação dos resultados.

4. Relatórios de orientações, reavaliações e encaminhamentos para uma análise


qualitativa desses procedimentos.

16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Van Der Linde D et al. Birth prevalence of congenital heart disease worldwide: a
systematic review and meta-anlysis. J.Am. Coll of Cardiol.58(21) 2241-47, 2011

Magalhães M, Nunes M. Cardiopatias congênitas críticas no recém-nascido.In: L M


Graça (ed) Medicina Materno-Fetal, II. Lisboa:Lidell Ed Técnicas, 853-65, 2000

Khoshnood B, De Vigan C, et al Trends I prenatal diagnosis, pregnancy termination and


perinatal mortality of newborns with congenital heart disease in France, 1983-2000: a
population-based evaluation. Pediatrics 115(1):95-101, 2005

Birkman M e Cunha MC. Internações hospitalares e cirurgias precoces, linguagem e


psiquismo: estudo de dois casos. Pró-Fono, 18(1):79-88, 2006

Pavone S Abrão LV. Quando um déficit ou doença orgânica bate à porta do imaginário
parental: os efeitos na constituição subjetiva da criança. Disturb. Com. 26(2):373-85,2014

Dittrich JR. Et al. Neurodevelopment at 1 year of age in infants with congenital heart
disease. Heart. 89: 436-41, 2003

Bazzan JS et al. The family’s adaptation process to their child’s hospitalization in na


intensive Care Unit. Rev Escola Enferm. Usp, 2020

Molina RCM et al. Importance attributed to the social support network by mothers with
children in an intensive care unit. Esc. Ana Nery, 2014.

Correa VP, Casteller AM e BisogninL. Teleatendimento em tempos de pandemia: relato


de experiência em universidade comunitária. II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR,
2020
Dittrich JR. Et al. Neurodevelopment at 1 year of age in infants with congenital heart
disease. Heart. 89: 436-41, 2003
Magalhães M, Nunes M. Cardiopatias congênitas críticas no recém-nascido.In: L M
Graça (ed) Medicina Materno-Fetal, II. Lisboa:Lidell Ed Técnicas, 853-65, 2000
Khoshnood B, De Vigan C, et al Trends I prenatal diagnosis, pregnancy termination and
perinatal mortality of newborns with congenital heart disease in France, 1983-2000: a
population-based evaluation. Pediatrics 115(1):95-101, 2005
Palavras em torno do berço: intervenções precoces bebê e família/ Daniela de Brito
Wanderley, org. [ e tradução ] – Salvador, BA. Álgama, 1997.

17
CDC, Development, N., & Development, A. (2017). CDC: “Learn the Signs, Act Early
.” Notes, 35-36.

Assinatura da Aluna – Melanie Gomes Barbieri

18

Você também pode gostar