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TRATAMENTO TERMOQUÍMICO
CEMENTAÇÃO LÍQUIDA
Taquaritinga, SP
2009
ANA LÚCIA ZOCCHIO
TRATAMENTO TERMOQUÍMICO
CEMENTAÇÃO LÍQUIDA
Taquaritinga, SP
2009
FOLHA DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
__________________________________________________________________________________
MSc Luiz Paulo Cadioli
__________________________________________________________________________________
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
__________________________________________________________________________________
Assinatura
__________________________________________________________________________________
Júlio Tadachi Tanaka
_________________________________________________________________________________
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
__________________________________________________________________________________
Assinatura
__________________________________________________________________________________
Ramílio Ramalho Reis Filho
__________________________________________________________________________________
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
__________________________________________________________________________________
Assinatura
Dedico,
À minha mãe Maria Pereira Zocchio e o eu pai Pedro
Zocchio (in memorian), que me ensinaram que a
hombridade e a perseverança são os melhores caminhos
para o sucesso.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade de realizar meu objetivo ao cursar a faculdade, quando
pensei que não conseguiria.
A meus pais, que com seu exemplo, bondade e generosidade me incentivaram a estudar,
mesmo com seus recursos financeiros sendo tão escassos.
A meu irmão Pedro, que sempre me incentiva e acredita na minha capacidade para alcançar
meus objetivos.
A meu namorado Hélio Danilo Cieto, pela paciência, apoio, amor e presença constante nesta
fase de estudos e conclusão do curso de Produção.
A empresa Cestari Industrial e Comercial S.A, que foi e ainda é a escola para os
conhecimentos adquiridos nesta profissão, e pela autorização para elaboração deste trabalho.
A meu supervisor Benedito Izildo Morelli, que me orientou durante minha carreira, e auxiliou
nas pesquisas de campo.
Aos meus amigos Maurício, Sirlene, Ana Paula e Regiane Cássia que me incentivaram a
estudar para prestar o vestibular e aos meus amigos de trabalho Daniel, Edinho, Mauri, Joel e
Passos que me auxiliaram durante o período do curso.
Aos meus colegas Adenilson, Ricardo e Edson pela colaboração durante a pesquisa desse
trabalho.
A meu orientador, MSc. Luiz Paulo Cadioli, pelo apoio na elaboração deste projeto, bem
como sua generosidade ao compartilhar seus conhecimentos e demonstrar que a honestidade
de um homem é o caminho para o sucesso.
A todos os professores que conheci nesta instituição, especialmente aqueles que com uma
palavra amiga, me incentivaram a não desistir, que compartilharam seus conhecimentos,
reconhecendo os esforços dos alunos e nos orientaram diante dos obstáculos.
Às minhas queridas amigas, especialmente a Geise, Pâmela, Regiane Cristina, Camila,
Melina, Paula, pelos cafés das manhãs de sábado em que lamentávamos pelos momentos
difíceis, mas sorríamos diante de cada etapa concluída.
Aos meus amigos Romilson, Adriano, Carlos Eduardo, Rodrigo, Murilo, Mateus, Flávio e
Marcos que eram parceiros nos seminários e também os demais colegas de classe e aos
amigos que conquistei nessa jornada.
À banca examinadora.
“Tudo posso n´ Aquele que me fortalece”.
Filipenses 4-13
“Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma
personalidade. É necessário que adquira um sentimento, senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido,
daquilo que é belo, do que é moralmente correto.”
Albert Einstein
ZOCCHIO; A.L. Tratamento Térmico - Cementação 91f. (Trabalho de Conclusão de Curso).
Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga, Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”,
Taquaritinga, 2009.
RESUMO
ABSTRACT
This paper presented concepts, methods used for thermo-chemical treatment, types of
specific thermal treatment for the liquid cementation and also an example of its application.
The factors of influence in this process were presented, besides showing defects and
distortions that can occur during the treatment, equipments and fuel for the heating of the
materials, procedures of security, ways of cooling, temperature evaluation, advantages and
disadvantages of the liquid cementation, criteria for choosing of the steels for the cementation,
characteristics of the cemented layers and core, cycles of the thermal treatment, choice of the
steels for cementation and cycles of thermo-chemical treatment specifically fot the SAE-8620
steel. The aim of the field research was to present the practices used for thermo-
chemical treatment, the results gotten in the act of receiving of the raw material and in the act
of monitoring of a worm that was undergone to the process liquid cementation.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................13
2 FORNOS ...........................................................................................................................30
2.1 Fornos Intermitentes ........................................................................................................30
2.2 Fornos Contínuos.............................................................................................................32
2.3 Tipos de Combustíveis ....................................................................................................33
2.4 Preservação da Superfície................................................................................................34
2.5 Atmosferas Controladas ..................................................................................................34
2.6 Ferramentas e Dispositivos Manuais...............................................................................37
2.7 Segurança.........................................................................................................................38
2.8 Meios de Esfriamento......................................................................................................38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................81
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................85
GLOSSÁRIO ..........................................................................................................................89
ANEXO A................................................................................................................................91
LISTA DE SIGLAS
INTRODUÇÃO
Objetivo
Metodologia
Para o alcance dos objetivos, este trabalho baseou-se em uma revisão bibliográfica,
por meio de livros, catálogos, artigos on-line e uma pesquisa de campo sobre utilização da
cementação em meio líquido, em uma empresa do setor metalúrgico localizada na cidade de
Monte Alto estado de São Paulo.
Na pesquisa de campo é possível coletar dados e informações, analisá-los e interpretá-
los numa base teórica e sólida, para esclarecer e entender o problema estudado. Partindo-se do
levantamento bibliográfico, é possível adquirir informações sobre o que foi investigado e
permitir que outros investigadores analisem determinados fenômenos. (LAKATOS;
MARCONI, 2001).
Portanto, a pesquisa de campo é a reunião de informações, procedimentos intelectuais
e técnicos para atingir os objetivos.
Estrutura do Trabalho
1 TRATAMENTO TÉRMICO
Devido as alterações que ocorrem nas estruturas dos materiais, provocadas pelo
tratamento térmico, é necessário escolher e aplicar de forma criteriosa, um tratamento
adequado que reduza consideravelmente os problemas ocasionados por essa prática.
Conforme Chiaverini (1996, p.82), “a simples enumeração dos objetivos, evidencia
claramente a importância e a necessidade do tratamento térmico do aço”.
O autor ainda ressalta que, para melhorar algumas propriedades dos materiais, outras
serão comprometidas e poderão sofrer prejuízos, por exemplo, o aumento da ductilidade
provoca simultaneamente queda nos valores de dureza e resistência a tração.
1.2.1 Aquecimento
Ainda conforme Chiaverini (1996) existem aços rápidos que apresentam altos teores
dos elementos de liga. Para estes aços, o aquecimento não deve ocorrer em temperaturas
críticas, pois a temperatura de têmpera situa-se próximo a linha líquidus, que neste caso, deve
ser de 1300 ºC a 1330 ºC. O tempo de permanência da peça no enxarque deve ser reduzido
para no mínimo 2,3 e máximo 7 minutos do tempo de aquecimento. Os aquecimentos devem
ser simples ou duplos.
O processo de revenimento requer que os critérios de permanência nos banhos e nos
fornos sejam obedecidos. O tempo necessário de revenimento de uma peça delgada de 3/8”,
é de 15 minutos. No entanto quanto maior for a porcentagem do elemento de liga, mais longo
o tempo de revenimento. Para os aços rápidos, que contenham os elementos de liga, tais
como, cromo e níquel, os tempos de revenido devem ser de oito a dez vezes maiores. Neste
caso é sugerido que se faça pelo menos dois revenidos. O maior objetivo do revenimento é
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 19
garantir que parte da austenita retida formada no processo de têmpera se precipite e que
ocorra o alívio de tensões. ( CHIAVERINI, 1996).
Segundo Chiaverini (1996 p. 164), “no que diz respeito ao alivio de tensões, é
importante mencionar que é boa prática processar-se o reaquecimento com revenido a baixa
temperatura em todas as ferramentas após o uso e antes de enviá-la a estocagem”.
Este alívio de tensões impõe-se principalmente para os aços para trabalho a quente.
1.2.4 Resfriamento
De acordo com Chiaverini (1996), o resfriamento é um fator importante que
determinará efetivamente a estrutura do material. As propriedades finais dos aços podem ser
modificadas devido a variação da velocidade de resfriamento.
Através do resfriamento obtém-se tanto a perlita grosseira de baixa resistência
mecânica e baixa dureza até a martensita que é o constituinte mais duro resultante dos
tratamentos térmicos.
O resfriamento brusco provoca o que se chama de choque térmico, ou seja o impacto
que o material sofre quando a temperatura a que está submetido varia de um momento para
outro, podendo provocar danos irreversíveis no material, mas é necessário para formação de
martensita.
Para Chiaverini (1996), por outro lado, a obtenção desses constituintes não só ocorrem
em função da velocidade de resfriamento, depende também da composição do aço e do teor
dos elementos de liga, que desloca a posição das curvas em C, das dimensões das peças.
Quando as peças são resfriadas em água, podem ocorrer conseqüências inesperadas e
resultados indesejáveis, tais como, empenamento e mesmo ruptura da peça.
Chiaverini (1996) sugere que o óleo seria um meio de resfriamento menos drástico e
mais indicado para evitar empenamento ou ruptura, porque reduz o gradiente de temperatura
apreciavelmente durante o resfriamento, mas alerta que, sob o ponto de vista de profundidade
de endurecimento, os resultados podem não ser atingidos. É preciso, então, conciliar as duas
coisas: resfriar adequadamente para obtenção da estrutura e das propriedades desejadas à
profundidade prevista, e, ao mesmo tempo, evitar empenamento, distorção ou mesmo ruptura
da peça quando submetida ao resfriamento.
Os meios de resfriamentos usuais são: ambiente de forno, ar e meios líquidos. O
resfriamento mais brando é, evidentemente o realizado no próprio interior do forno e ele se
torna mais severo à medida que se passa para o ar ou para um meio liquido, onde a extrema
agitação da origem aos meios de resfriamento mais drásticos ou violentos.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 21
Tal condição se faz com a escolha apropriada do aço. De qualquer modo, o meio de
resfriamento é fator básico no que se refere à reação da austenita e, em conseqüência, aos
produtos finais de transformação. (CHIAVERINI, 1996 p. 84)
Sendo assim, os materiais podem ser resfriados de forma menos severa, utilizando-se
óleo ou jato de ar.
Ilustração 2: Diagrama Esquemático de Transformação para Têmpera e Revenido
Fonte: Chiaverini (1996 p. 99)
1.3.2 Recozimento
Recozimento é o tratamento térmico realizado a fim de alcançar um ou
vários dos seguintes objetivos: remover tensões devidas aos tratamentos
mecânicos a frio ou a quente, diminuir a dureza para melhorar a
usinabilidade do aço, alterar as propriedades mecânicas como resistência,
ductilidade, modificar os característicos elétricos e magnéticos, ajustar o
tamanho de grão, regularizar a textura bruta de fusão, remover gases,
produzir microestrutura definida, eliminar enfim efeitos de quaisquer
tratamentos térmicos ou mecânicos a que o aço tiver anteriormente sido
submetido. (CHIAVERINI, 1996 p. 87).
Segundo Colpaert (1983) para que o recozimento seja bem feito, é necessário levar em
conta os seguintes fatores:
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 23
1.3.3 Martêmpera
Tratamento isotérmico composto de austenitização seguido de resfriamento brusco até
a temperatura ligeiramente acima da faixa de formação de martensita, visando equalizar a
temperatura do material e resfriamento adequado até a temperatura ambiente.
Essa técnica diminui a probabilidade de empenamento ou distorção das peças, que são
os defeitos causados por resfriamento rápido.
A ilustração 3, apresenta o produto martensita revenida.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 24
Ilustração 3 : Diagrama Esquemático de Transformação para Martêmpera
Fonte: Chiaverini (1996 p. 113)
1.3.4 Austêmpera
De acordo com a definição de Chiaverini (1996, p. 110), a austêmpera é um
tratamento que tem substituído em diversas aplicações, a têmpera e o
revenido. Baseia-se no conhecimento das curvas em C e aproveita as
transformações da austenita que podem ocorrer a temperatura constante. É
considerado um tratamento isotérmico.
Este tratamento é adequado aos aços de alta temperabilidade, ou seja, que contenha
alto teor de carbono.
Neste processo, ocorre a formação da bainita, um constituinte originado pela
austêmpera, que tem propriedades semelhantes ou superior a martensíticas revenidas.
O autor, ainda ressalta a grande vantagem da austêmpera sobre a têmpera e o revenido
comum, as tensões internas resultantes são muito menores, não há distorção ou empenamento
o que reduz o tempo posterior de usinagem, sucata e inspeção, elimina-se as fissuras
ocasionadas pela têmpera e melhora a ductilidade, tenacidade e resistência, para determinadas
durezas; e economia de energia.
Neste tratamento evita-se o inconveniente que essa estrutura apresenta quando obtida
pelo revenido posterior.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 25
1.3.5 Revenimento
Chiaverini (1996) esclarece que o revenido é o tratamento térmico que normalmente
sempre acompanha a têmpera, e tem a finalidade de corrigir a dureza excessiva do material,
elimina a maioria dos inconvenientes produzidos pela têmpera, alivia ou remove tensões
internas, corrige a fragilidade do material, aumenta a ductilidade e a resistência ao choque.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 26
1.3.6 Normalização
O autor ainda esclarece que, o que pode levar ao aparecimento de fissuras nas peças é
o projeto inadequado.
Um dos inconvenientes que acontece, é a dureza superficial que pode variar de acordo
com a forma do carregamento das peças nos fornos.
Os problemas podem ser evitados evitando o excesso de cargas de peças com
pequenas dimensões, principalmente no processo de têmpera. O fluxo do meio de
resfriamento para o centro da carga fica prejudicado.
Além dos fornos, o tratador térmico precisa de outros recursos para facilitar as
operações, tais como tintas de proteção, bórax, lápis indicadores de temperatura, amianto em
pó ou em placas, área de aço recozido.
Outros equipamentos auxiliam nos controles durante o tratamento térmico, são
aconselháveis à utilização de máquinas de dureza Rockwell e Brinell, ou então, lima mursa
que permite ao temperador experiente avaliar, com razoável precisão, se os resultados obtidos
estão de acordo com o previsto. (CHIAVERINI, 1996)
Além dos recursos disponíveis, a experiência do temperador deve ser considerada,
pois o tratamento térmico não significa somente produzir o aquecimento ou o esfriamento,
além disso, os métodos e controles devem ser eficientes.
1.4.2 Falhas
Segundo Chiaverini (1996), as falhas mais graves são as trincas, resultados das tensões
originadas no processo de têmpera. Ainda para o mesmo autor, as principais razões que
causam as trincas são os projetos de peças, tipos de aços, defeitos das próprias peças sob
tratamento, a prática do tratamento térmico, a prática do revenido e os equipamentos para
tratamento térmico.
y Projetos das peças: as causas que provocam esses defeitos são cantos vivos, o
número, tamanho e localização dos orifícios, chavetas profundas, e mudanças profundas das
secções, o recurso seria utilizar um novo tipo de aço que permita resfriamento mais lento.
y Defeitos superficiais e inclusões: a prática usada no tratamento térmico é outro
fator a considerar, por exemplo, temperaturas muito elevadas de austenitização, granulação
muito grosseira dos aços, aquecimento muito rápido em alguns tipos de aços e o tipo do meio
de resfriamento.
y Equipamentos de tratamento térmico: também são responsáveis pelas falhas
mencionadas, sobretudo no que se refere aos dispositivos de controle de temperatura.
Os aquecimentos acima das especificações aumentam os tamanhos de grãos dos aços e
as camadas cementadas ficam mais espessas que o necessário, se as temperaturas estiverem
inferiores ao que foi determinado a austenitização é incompleta e altera as estruturas finais do
material. As falhas são graves e podem levar ao refugo de peças.
2 FORNOS
• Fornos de Banho de Sal: são fornos de uso geral em operações tais como,
têmpera, cementação líquida, nitretação líquida, austêmpera, martêmpera e revenido.
São fornos aquecidos por condução. O sal líquido fornece uma fonte rápida de calor, e
embora as peças sob tratamento entrem em contato com o calor na sua superfície, a
temperatura do núcleo das peças aumenta aproximadamente a mesma velocidade de que sua
superfície. Possuem as vantagens de reduzir ao mínimo os efeitos de aquecimento não-
uniforme, a diminuição das possibilidades de empenamento e distorção, além de permitir
tratamento selecionado. Para aquecê-los utilizam-se quer combustíveis líquidos (óleo), gás ou
eletricidade, neste caso por meio de eletrodos imersos no banho líquido ou submersos,
colocados no fundo da câmara, debaixo das peças. Esses fornos exigem alguns cuidados
especiais durante a operação relacionada com segurança dos operadores, tais como utilização
de luvas, anteparos protetores nas faces. Os operadores devem ser bem instruídos sob as
precauções que devem tomar. Forno de Banho de sal aquecido eletricamente por eletrodos.
Esses fornos exigem alguns cuidados especiais durante a operação relacionada com a
segurança dos operadores, tais como utilização de luvas, anteparos protetores nas faces. Os
operadores devem ser bem instruídos sob as precauções que devem tomar. Forno de Banho de
sal aquecido eletricamente por eletrodos.
Ɣ Fornos à Vácuo consistem essencialmente de uma câmara de vácuo, um
sistema de suprimento de energia, um sistema de bombeamento, um sistema para
processamento de gás, quando a operação exige emprego de atmosferas especiais e soleira
isolada para assegurar isolamento elétrico entre as peças e a câmara de vácuo. Estes fornos
podem ter suas paredes extremas resfriadas a água ou não. Por outro lado podem apresentar
conformação de “carregamento pelo topo”, “carregamento pelo fundo” como o forno a sino
ou “carregamento horizontal”, como nos fornos de câmara.
Ɣ Fornos de Leito Fluidizado, embora de concepção antiga, somente mais
recentemente, têm sido usados em operações de tratamento térmico. Seu principio baseia-se
na utilização de partículas finas de óxido de alumínio, as quais constituem um leito onde as
peças a serem tratadas são mergulhadas. As partículas sólidas e finas são mantidas em
suspensão por um fluxo de gás, que sobe do fundo à parte superior do banho. Há vários tipos
de leitos fluidizados, dependendo da fonte de aquecimento: leito fluidizado aquecido por
elementos externos de resistência elétrica; leito fluidizado aquecido por combustão externa;
leito fluidizado aquecido por combustão interna de gás; leito fluidizado de dois estágios,
aquecidos a gás, por combustão interna.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 32
Ainda para Chiaverini (1996), os fornos contínuos são utilizados em grandes séries,
contém, em princípio, os mesmos componentes básicos dos fornos intermitentes, ou seja,
câmara de aquecimento com isolamento térmico, o sistema de aquecimento e portas acessos
de descarga. A diferença fundamental é que esses equipamentos operam de modo contínuo,
ou seja, as peças a serem tratadas se movimentam continuamente. São fornos que se adaptam
facilmente à automação, portanto, são empregados para tratar grandes volumes de peças.
Alguns tipos possuem também câmara de resfriamento com atmosfera controlada. A relativa
desvantagem desses fornos é que a cobertura e o fechamento das portas de carga e descarga
das peças podem dificultar o controle da atmosfera protetora.
• Fornos com Soleira Giratória ou Vibratória: são caracterizados pelo fato de ter
um movimento da soleira que produz uma inércia nas peças. Este movimento pode ser
regulado para controlar o ciclo de tempo. Sua utilização limita-se a peças de pequenas
dimensões que devem ser cementadas a profundidades de superfície endurecida no máximo
de 0,3 mm.
Passagem de ar através de
Carvão de Madeira um leito de carvão de
madeira incandescente
Completa combustão de
Mediante uma reação com
uma mistura de gás
gás combustível numa
combustível e ar,
Exotérmica - Endotérmica câmara cheia de substância
removendo-se o vapor
catalisadora externamente
d´ água e formando
aquecida.
novamente o CO2 a CO
Pode consistir de amônia
crua, amônia dissociada ou
amônia dissociada
Amônia parcialmente ou
completamente queimada
com ponto de orvalho
regulado.
Ilustração 7 : Atmosferas Controladas
Chiaverini (1996)
É importante conhecer o ponto de orvalho do gás produzido nos vários geradores que
dão origem a atmosfera controlada, pois existe uma correlação entre esse fator e o potencial
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 37
2.7 Segurança
Nesta seção, Chiaverini (1996), apresenta quais são os meios de resfriamento mais
empregados nos tratamento térmicos. Os resfriamentos podem ser à base de água, salmoura,
óleos, soluções aquosas de polímeros, gases, borrifos e com aplicação limitada pode-se
mencionar: soluções aquosas cáusticas, sais fundidos e vapor ou neblina.
y Água: é um meio de menor custo e a velocidade de resfriamento é satisfatória.
É eficiente na ruptura da casca de óxidos da superfície do aço temperado, quando os fornos
não têm atmosferas protetoras. A temperatura deve ser controlada e deve ser mantida entre 15
ºC e 25 ºC para obtenção de resultados satisfatórios. Neste caso, a agitação é importante, pois
pode produzir velocidades de resfriamentos superiores a 25 m/ s, outro fator a ser considerado
é sua possível contaminação.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 39
por um fator de 4,5. A formação de neblina pelos borrifos de vapor é mais eficiente nas faixas
mais baixas de temperatura.
Para que os resultados sejam atingidos, todos os meios de resfriamentos líquidos
precisam ser agitados com o auxílio de hélices, presentes nos tanques de resfriamentos,
através de bombas, movimento manual ou mecânico das peças através do líquido refrigerante.
3 TRATAMENTO TERMOQUÍMICO
ao desgaste, e por essa razão, os materiais suportam altos graus e certos tipos de
tensões.(CHIAVERINI 1996).
Segundo Villares (2009), é oportuno lembrar que certas características dos aços para
cementação, especialmente o tipo que apresente teores de elementos de liga, podem
influenciar de forma contraditória o comportamento do aço, porque a quantidade destes
elementos, aumenta a sua temperabilidade. Por outro lado, favorece a ocorrência de austenita
retida. A escolha do aço para cementação, deve estar de acordo entre clientes e fornecedores,
e é recomendado que o aço contenha somente os elementos de liga à aplicação destinada, pois
o excesso compromete outras propriedades do material.
3.1 Cementação
Qualquer que seja o estado físico do cemento, o carbono é conduzido ao aço por
intermédio de gases carbônicos que, em contato com o ferro, se decompõe liberando o
carbono que se dissolve no metal. (REMY; GAY; GONTHIER 2002 p.150).
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 43
A operação deve ser realizada a uma temperatura que coloque o aço no estado
austenítico, geralmente entre 850 ºC e 950 ºC. Prefere-se na cementação, aços de granulação
fina, por sua melhor tenacidade tanto na superfície endurecida como no núcleo, apesar de ser
conhecida a melhor capacidade de endurecimento dos aços de granulação grosseira. Estes
últimos por outro lado, poderá exigir maior número de operações como: a inicial, para
cementar (o que aumentará mais o tamanho do grão); uma segunda, de esfriamento lento;
outra, de aquecimento acima de Ac3 e Acm para refinar o grão do núcleo e colocar o excesso
de carboneto em solução, seguindo-se resfriamento rápido; uma outra operação de
aquecimento acima de Ac1, para refinar a camada de alto carbono, seguida de resfriamento
rápido e, finalmente, uma última operação para aliviar as tensões de têmpera. Os aços de
granulação fina necessitam somente de uma operação de têmpera, a qual conforme o tipo de
aço, pode ser realizada diretamente da temperatura de cementação.
Os aços antes do processo de cementação devem ser geralmente normalizados para
permitir usinagem, visto que depois da cementação, as dimensões e as tolerâncias exigidas
somente podem ser corrigidas após retificação.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 44
Deve-se procurar evitar uma linha nítida de demarcação entre a camada cementada e o
núcleo, isto é, a distribuição do carbono ou gradiente de carbono da superfície ao centro deve
ser suave, evitando-se bruscas quedas de carbono, como a curva da mostra.
A cementação pode ser realizada por três processos: cementação sólida ou “em caixa”,
cementação gasosa e cementação líquida.
De acordo com Chiaverini (1996), os processos usuais de cementação devem elevar o
teor superficial de carbono até 0,8 % ou 1,0 %. Fundamentalmente, a cementação é um
fenômeno de difusão, isto é relacionado com o movimento de carbono no interior do aço.
Portanto a velocidade de enriquecimento superficial de carbono depende em primeiro lugar,
do seu coeficiente de difusão.
Entretanto, na cementação influem também a fonte de suprimento de carbono e
transferência deste para a superfície dos aços. Assim sendo, pode-se estabelecer que os fatores
que influem sobre a velocidade de enriquecimento de carbono na superfície dos aços são as
seguintes:
Teor inicial do carbono no aço: é obvio que outras variáveis permanecendo constantes,
quanto menor o teor inicial do carbono no aço, tanto maior a velocidade de carbonetação
Coeficiente de difusão do carbono no aço: este é um fator de primordial importância,
visto que o fenômeno de enriquecimento superficial do carbono do aço, é fundamentalmente
um fenômeno de difusão, isto é, um movimento relativo de carbono no interior do aço. De
fato, o que visa a cementação é a solução do carbono no ferro gama, fenômeno que é
determinado pela velocidade do fluxo de carbono no ferro gama. Esse coeficiente de difusão
é, por sua vez, uma função da temperatura e da concentração de carbono. Não é ele
praticamente afetado pelo tamanho de grão do aço, nem pela presença das impurezas normais
(fósforo, enxofre e nitrogênio), nem pelos elementos de liga nos teores em que são
usualmente encontrados nos aços-liga para cementação.
Temperatura: é o fator mais importante, pois além de afetar a difusão acelerando-a
com sua elevação, influencia também na concentração de carbono na austenita retida e na
velocidade de reação de carbonetação na superfície do aço.
Concentração de carbono na austenita: como se sabe, a solubilidade de carbono na
austenita é determinada, no diagrama Fe-C, pela linha Acm. Os elementos de liga tendem a
deslocar a linha Acm para a esquerda, diminuindo os limites de concentração ou a solubilidade
de carbono no ferro gama ou na austenita. Contudo, esta influencia é relativamente pequena,
para os teores usualmente encontrados nos aços-liga para cementação, com exceção do níquel
onde a influência é maior. Por outro lado a difusão do carbono processando-se da
concentração mais alta da fonte de suprimento à concentração mais baixa do núcleo do
material, forma um gradiente de carbono. Finalmente, deve ser observado, que a velocidade
de difusão aumenta com crescentes concentrações de carbono.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 46
I 2NaCN + O2 Æ 2NaCNO
II 4NaCNO Æ 2NaCN + Na2CO3 + CO + N2
III 2CO + Fe Æ Fe(C) + CO2
A primeira e a terceira reação são pelo menos parcialmente reversíveis. As reações que
produzem seja CO ou C são benéficas para obtenção da desejada camada cementada, como
por exemplo:
Ba (CN)2 Æ BaCN2 + C
Esta reação é reversível.
Na presença do ferro, tem-se:
Ba (CN)2 + 3Fe Æ BaCN2 + Fe3C
Cianeto de bário Cianamida de bário
A cementação líquida utiliza o princípio ativo dos cianetos que, pela oxidação,
produzem CO que entra em solução sólida com o carbono.
Alguns fatores devem ser considerados e são importantes para o processo de
cementação líquida.
• Ter uma cobertura, a qual pode ser obtida pela adição de grafita de baixo teor
em sílica no banho fundido;
• As peças devem ser introduzidas limpas e secas;
• Os fornos exigem exaustão, visto que cianetos, a altas temperaturas são
venenosos;
• Do mesmo modo e pelos mesmos motivos, deve-se evitar contato com sais de
cianeto com ácidos, visto desprender-se ácido cianídrico;
• Deve-se evitar após a cementação líquida, resfriamento ao ar, porque a película
de sal aderente às peças não as protege suficientemente, podendo ocorrer oxidação ou
descarbonetação;
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 50
De acordo com Chiaverini (1996 p. 143) a têmpera pode ser realizada de acordo com
as seguintes técnicas principais:
ł Têmpera Direta
Ɣ Têmpera Simples
Ɣ Têmpera Dupla
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 53
Não é usual fazer tratamento de revenimento em aços cementados, mas quando for
necessário aliviar as tensões residuais do processo de têmpera ou aumentar a resistência do
material, para evitar trincas durante o processo de retífica, a temperatura de revenimento será
de 160 ºC a 200 ºC.
somente na aplicação final do material, mas também tendo em vista o tratamento térmico que
vai sofrer.
As propriedades não se encontram nos aços para cementação no estado de
fornecimento, elas são adquiridas por meio de cementação, têmpera e revenimento, realizados
entre ou após as operações de usinagem, este tratamento confere às peças maior resistência à
fadiga.
De acordo com Villares (2009), para escolher um aço para cementação é preciso
verificar quais as propriedades mecânicas desejadas para as peças, esse material deve ser
capaz de adquirir propriedades mecânicas não somente para aplicação final do material, mas
também, é importante escolher quais os ciclos adequados de tratamentos térmicos para atingir
os resultados determinados. É necessário observar quais alguns aspectos relacionados à sua
fabricação, verificar as instalações, equipamentos e ferramentais específicos para os
tratamentos térmicos, bem como a conveniência da produção e outros fatores que influenciam
o custo final das peças.
O mesmo autor relata que todas as características dos aços para cementação dependem
basicamente de sua composição química, sobretudo da presença e do teor dos elementos de
liga, que tem como função principal aumentar a temperabilidade dos aços e melhorar as
propriedades do núcleo, aumentando assim a resistência ao desgaste da camada cementada.
O teor original do carbono reflete-se somente no núcleo, somente a camada periférica
sofre um grande enriquecimento em carbono durante a cementação. As propriedades finais
são independentes do teor original do carbono no aço, porém o tratamento térmico influencia
a usinabilidade e a temperabilidade das peças.
Sendo assim, devem ser considerados alguns aspectos para um bom tratamento
térmico dos materiais. Determinar quais são as propriedades mecânicas desejadas para as
peças, quais são os aços capazes de adquirir as propriedades ideais mediante um ciclo de
tratamento térmico adequado, analisar quais os aços que melhor adaptam-se aos equipamentos
disponíveis e as convenções do produto e finalmente escolher o aço que possua o mais baixo
teor de elementos de liga que atendam aos requisitos determinados para o tratamento térmico
de um material.
Chiaverini (1996) esclarece que a camada cementada está relacionada com a dureza
superficial e pela profundidade de cementação ou profundidade de têmpera. Essas
características são geralmente suficientes para definir a camada cementada de uma peça
acabada.
Para Villares (2009), o controle de fabricação, contudo, requer muitas vezes o
conhecimento de outras características, como o gradiente carbono, o gradiente de dureza, a
ocorrência de austenita retida, a precipitação de carbonetos nos contornos de grãos, o tamanho
do grão.
De todas essas características, a dureza superficial é a única que pode ser determinada
diretamente na peça por meio de um ensaio não destrutivo. Por esse motivo, e também por sua
grande simplicidade, o ensaio de dureza é usado extensivamente no controle corrente de peças
cementadas.
A dureza superficial das peças cementadas, exprime-se como dureza Vickers, como
dureza Rockwell superficial, ou quando a espessura da camada cementada é suficiente, como
dureza Rockewell C.
De acordo com Villares (2009), as demais características da camada cementada são
determinadas em seções transversais de corpos de prova cilíndricos, são usinados com o
mesmo material das peças de um lote e submetidos aos mesmos tratamentos térmicos do lote.
Os corpos de prova também conhecidos como testemunhas, são cortados após a
cementação, após a têmpera ou após o revenimento, conforme a característica que se deseja
examinar. Para produções em séries é recomendado que sejam realizados ensaios
metalográficos periodicamente em uma peça acabada, cortando-a segundo as seções mais
representativas ou críticas.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 56
Segundo Van-Vlack (2003 p. 26), “As estruturas internas dos materiais envolvem não
apenas os átomos, como também o modo como estes se associam com seus vizinhos, em
cristais, moléculas e microestruturas”.
A composição química do núcleo não se altera durante o processo de cementação.
Suas propriedades na peça acabada correspondem às propriedades do material original
submetido aos mesmos tratamentos. (VILLARES, 2009)
De acordo com Chiaverini (1996), para caracterização do núcleo, é necessário realizar
ensaios para determinação de limites de escoamento, alongamento e estricção. O ensaio
específico para obter esses resultados, é o ensaio de tração em corpos de prova que são
submetidos previamente aos ciclos de tratamento térmico semelhante ao das peças.
Uma das principais características do núcleo é a tenacidade. Essa propriedade confere
ao aço, a capacidade de suportar impactos. Os valores de alongamento, estricção, estrutura
metalográfica e o teor dos elementos de liga, permitem que se possa avaliar a tenacidade do
núcleo do material indiretamente. (CHIAVERINI, 1996).
Chiaverini (2006) ainda menciona que o que permite prever a tenacidade, são os altos
valores do alongamento e estricção, a estrutura ferrítica e também, a presença de níquel,
entretanto a expressão correta da tenacidade de um aço é fornecida pelos resultados dos
ensaios de impacto.
Ɣ Zona de Transição
Chiaverini (1996, p 301), esclarece que “o ideal é produzir-se uma zona de transição
gradual a qual proporcionará maior suporte para a camada cementada”.
Pois o que pode afetar a qualidade da zona de transição é a difusão e a estrutura do
material. Quando a difusão é insuficiente, a superfície poderá lascar, devido a zona de
transição muito viva. Se a difusão é constante, a resistência da zona de transição dependerá da
estrutura que pode ser ferrita, perlita ou bainita.
“Por outro lado, quanto maior a temperabilidade do aço, tanto mais resistente a zona
de transição”. (CHIAVERINI 1996, p. 301)
Além de melhorar o suporte da camada cementada, o núcleo torna-se mais resistente,
exceto para aplicações em que são determinadas camadas espessas, neste caso, a camada deve
ser fina, e o núcleo, deve apresentar carbonos mais elevados, sendo assim mais resistentes.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 57
Segundo Postal (1998, p. 34), “os aços podem ser classificados de três modos
diferentes: de acordo com a sua composição química, de acordo com sua estrutura e de acordo
com sua aplicação”.
Villares (2009) esclarece que os aços para cementação, incluem-se entre os aços para
construção mecânica, caracterizam-se por um baixo teor de carbono, geralmente até 0,25% e
podem conter elementos de liga.
São empregados em peças tais como engrenagens, coroas, pinhões, pinos, buchas e
peças diversas de veículos e máquinas em geral que, além das solicitações mecânicas comuns
de tração, flexão, torção estão ainda sujeitas aos impactos, bem como, a um forte desgaste na
camada periférica. Para que esses requisitos sejam atendidos as peças devem apresentar uma
camada periférica dura, suportada por um núcleo tenaz e resistente.
A escolha do material deve-se às propriedades que este possui, considerando-se outras
propriedades qualitativas e quantitativas, como por exemplo: os aços carbono possuem baixo
custo e elevada resistência mecânica, embora sejam vulneráveis à corrosão.
Segundo Villares (2009), os aços para beneficiamento são empregados na fabricação
de peças que requerem uma boa combinação de resistência e tenacidade, com valores
relativamente uniformes em toda seção ou até certa profundidade. Essas propriedades são
obtidas por meio de têmpera e revenimento, que constituem o processo conhecido como
beneficiamento.
É importante o conhecimento das propriedades físicas e químicas dos materiais para
que seu ciclo de tratamento seja escolhido de acordo com suas especificações técnicas e suas
posteriores aplicações.
O valor e a profundidade de penetração das propriedades de resistência no interior de
uma peça beneficiada dependem basicamente de uma propriedade intrínseca do aço, que é sua
temperabilidade, este é um critério adicional nesta seleção, e também dos principais fatores,
como as características geométricas das peças, propriedades mecânicas dos aços, severidade
de têmpera, as temperaturas de têmpera e de revenimento, intensidade e natureza das
solicitações mecânicas, soluções estáticas, soluções dinâmicas.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 61
Composição Química %
ABNT P S
C Mn Si Ni Cr Mo
SAE Máx. Máx.
ł Aplicações
Ɣ Características
A cementação do material pode ser realizada em caixa, banho de sal ou gás. Após a
cementação devem ser executados a têmpera e o revenimento, segundo um dos ciclos abaixo,
ou de acordo com o ciclo mais indicado a cada aplicação.
A ilustração 14 demonstra quais são as condições de fornecimento do aço e seus
respectivos formatos.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 63
Retangulares
9 Reaquecer até 760 ºC a 790 ºC, com a peça protegida contra descarbonetação;
9 Temperar em óleo;
9 Revenir na temperatura correspondente às propriedades desejadas, durante uma
a duas horas para cada 25 mm de espessura da peça.
Diagrama obtido com corpos de prova com base de medida L0=4D. Os corpos de
prova foram normalizados a 910 ºC pseudo-cementados a 920 ºC durante 4 horas, temperados
em óleo a partir de 820 ºC e revenidos durante 2 horas nas temperaturas indicadas.
camada pode ser verificada macroscopicamente, mas para efeitos de aprovação do material, é
necessário verificar a camada cementada, com o auxílio do equipamento microdurômetro.
Segundo Colpaert (1993), o fator que influencia a camada cementada é a composição
química do aço, e seus limites devem ter ser considerados, pois o próprio carbono presente no
aço pode influenciar nos resultados esperados. Por esta razão os teores dos elementos
químicos como o manganês e o carbono devem ser baixos, no entanto, é importante que se
contenha uma porcentagem do elemento níquel, para aumentar a tenacidade do material e
atenuar os crescimentos exagerados dos grãos, que são formados devido à longa permanência
acima da zona crítica.
Na cementação pelo carbono, empregam-se em geral cementos sólidos.
Colpaert (1993, p. 291) esclarece que [...] “estes cementos são constituídos geralmente
de carvão de madeira moído, não muito fino, misturados com certos carbonatos”.
“Sua ação é meramente catalítica na cementação, aumentando a proporção de CO em
relação ao CO2”. (COLPAERT 1993 p. 291).
Corpo de Prova sem Ataque em Solução de Nital Corpo de Prova com Ataque em Solução de Nital
Peça Polida sem Ataque em Solução de Peça Polida com Ataque em Solução de
Nital Nital
Ilustração 20: Corpos de Prova e Pinhão de Material SAE-8620
Fonte: O Autor (2009)
4 PESQUISA DE CAMPO
O estudo de caso foi realizado na empresa Cestari Industrial e Comercial S/A, com a
finalidade de apresentar o processo de tratamento termoquímico – cementação e os resultados
obtidos.
4.1 A Organização
A Cestari Industrial e Comercial S.A, é uma empresa que atua a mais de 100 anos no
mercado, localizada na cidade de Monte Alto, à rodovia Monte Alto – Vista Alegre KM 3 no
estado de São Paulo.
Suas aplicações são o desenvolvimento, fabricação e comercialização de redutores de
velocidade e autopeças, é uma das empresas com maior tradição e solidez no segmento metal
mecânico brasileiro.
Suas instalações ocupam área de 120.000 m2 , onde a área construída de mais de
60.000 m2, abriga um grupo de engenharia e desenvolvimento de produtos, processos de
fundição em ferro, bronze e alumínio, usinagem em modernos centros computadorizados, e
equipe de apoio, num total de mais de 600 colaboradores.
Atende a todos os segmentos industriais com produtos padronizados e sob encomenda,
onde a especialização e a exigências de soluções integradas, dão a empresa posição singular
no mercado de redutores, assim como o reconhecimento dos maiores fabricantes
internacionais de veículos e motores, que tem nas operações brasileiras a Cestari como o seu
principal fornecedor de conjuntos volante cremalheira.
Cestari é a marca de redutores com maior tradição e a mais ampla linha de redutores
produzida no Brasil. Fabricando desde pequenos redutores de 15 Nm, até os de capacidade
superior a 600.000 Nm, a empresa representa na atualidade a opção com mais amplo alcance
para atender as demandas de produtos de alta qualidade, confiabilidade e desempenho
superior.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 70
X = K x ( T )½
Onde :
O processo inicial para vazão dos resíduos industriais, é separar os conteúdos líquidos
concentrados de materiais inorgânicos, dos sólidos, utilizando o método de decantação e
filtragem.
Após a separação dos resíduos industriais, a providência é impedir que ocorra a perda
dos poluentes e desintoxicar todos os elementos perigosos provenientes desta separação.
A água resultante desta separação é transportada para os tanques de tratamento de
água que por sua vez, são neutralizados.
Na neutralização, os resíduos sólidos suspensos são partículas insolúveis na água, com
velocidade de sedimentação tão reduzidas que inviabilizam sua decantação natural ao longo
do tempo. Aliado a isso, a maioria destas partículas apresentam sua superfície carregada
eletricamente, proveniente da adsorção de íons, (principalmente as hidroxilas) presentes na
água.
Quando necessário, os operadores de fornos abrem os registros para vazão das águas
de lavagem de peças, que são transportados para um reservatório. Mede-se o PH desta água,
se estiver com a faixa menor que 6 deve-se adicionar soda cáustica, quando o PH estiver
maior que 8, deve-se adicionar o ácido sulfúrico para neutralização desta água.
O responsável do setor faz a verificação do pH da água, onde estão todos os resíduos e
efluentes tornando-o neutro, através da adição controlada de reagentes apropriados. Após esse
processo, o material tratado está pronto para ser encaminhado à destinação final.
Após a neutralização, os registros destes reservatórios são abertos e a água
contaminada é transportada para outros tanques que contém as borras provenientes desses
banhos. Todo material sólido obtido na decantação é devidamente preparado, as borras são
filtradas, coletadas e armazenadas em tambores para serem encaminhadas ao aterro
autorizado. A água restante é enviada aos tanques de tratamentos de água que também passam
por outras neutralizações.
Com a alteração sofrida, o resíduo transforma-se em um agente menos agressivo e
corrosivo ao meio ambiente, atendendo às legislações ambientais, estaduais e federais.
Para assegurar a qualidade dos componentes fabricados, a empresa conta com o apoio
das áreas de laboratório físico químico e metrologia.
Todos os ensaios realizados devem atender as exigências do cliente, as especificações
técnicas dos produtos e normas técnicas, que são verificados desde o recebimento da matéria-
prima, até o produto final.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 73
A reposição deste sal ocorre quando o produto está abaixo do nível especificado, pode
ser realizado também a cada 15 dias, com a limpeza dos fornos ou quando é notada a
formação de uma grande quantidade de resíduos como borras e carepas.
O resfriamento das peças acontece após o forno atingir a temperatura. A dosagem da
água da martêmpera é automática, e uma sonda é acionada. O tempo de dosagem é de 3
segundos.
Depois que as peças são temperadas, devem ser lavadas em tanques que contenham
decapantes. O primeiro passo é colocar as peças em cestos de ferro e com o auxílio de talhas
introduzí-las nos tanques de decapagem e em seguida nos tanques de lavagem. O primeiro
tanque contém água quente, o segundo ácido muriático, em seguida imergi-las no terceiro
tanque que contém água fria, a seguir no quarto tanque que contém água quente e ar, e
finalmente utilizar o quinto tanque que contém óleo protetor.
Realizado este processo de limpeza, deve-se retirar uma amostra do lote e verificar a
dureza, que para uma rosca sem fim, que tem o tempo definido de cementação de 3 horas, a
especificação de dureza é 55 a 59 HRc.
O próximo processo é o revenimento, onde as peças deverão permanecer pelo tempo
pré-definido e aguardar o resfriamento lento em temperatura ambiente. Normalmente leva-se
no mínimo 3 horas para as peças esfriarem.
Após o revenimento, o operador coleta outra peça para verificar a dureza, se estiver
acima do especificado, o procedimento é refazer o processo de revenir, pelo mesmo período
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 75
Conforme Instrução
Cementar 930º C ± 10º C
de Trabalho
TEMPERATURAS DE REVENIMENTO - º C
180º C 00 210º C 02 240º C 04 270º C 06
195º C 01 225º C 03 255º C 05
Ilustração 24: Temperaturas de Revenimento do Aço SAE-8620
Fonte: O Autor (2009)
Por exemplo, se a dureza especificada for 56/59 HRc e a peça analisada estiver com 62
HRc, para que seja encaminhada ao revenimento, a temperatura do forno deverá estar entre
225 ºC e 270 ºC, levando-se em conta, o mínimo e o máximo das especificações. Logo, o
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 77
ASM. Case Hardening of Steel. ASM International Committee on Case Hardness, p. 1-170, 151-283,
1987.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 79
1987.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 80
ABNT P S
C Mn Si Ni Cr Mo
SAE Máx Máx.
Portanto, conclui-se que o tratamento termoquímico tem como objetivo principal aumentar a
dureza e a resistência do material ao desgaste de sua superfície, e ao mesmo tempo, manter o núcleo
dúctil e tenaz.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
teor de elementos de liga e por esta razão, podem influenciar de forma contraditória no
comportamento do material.
Sendo assim, é recomendado utilizar um aço que contenha apenas o teor de elementos
de liga necessários a cada aplicação para não prejudicar as outras propriedades, pois são
empregados em peças que além das solicitações mecânicas comuns de flexão, torção e tração,
estão sujeitos a impactos como um forte desgaste na camada periférica.
A cementação líquida escolhida para este processo, é composta de sais fundidos, é
uma operação rápida e limpa, mas que requer cuidados nos fornos e nas caixas de banhos de
sal, que necessitam de um sistema de exaustão para eliminar os vapores provocados por altas
temperaturas.
Porém, com todos os cuidados, as peças são protegidas contra corrosão e
descarbonetação, elimina praticamente o empenamento, possibilita melhor controle do teor de
carbono e permite a cementação localizada.
Portanto, o tratamento térmico fornece as características mecânicas desejadas aos
materiais, mas se não for realizado de maneira correta, por profissionais experientes e
qualificados, poderá comprometer a qualidade dos produtos, sofrer tensões residuais
indesejadas, pode ocorrer variação nas medidas e perder todas as suas características,
tornando-se inviável a utilização dos componentes fabricados.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NORMA NBR NM 87. Aço e carbono ligados para construção mecânica - designação e
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NORMA DIN EN ISO 2639 – Steel: determination and verification of the depht of
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NORMA ISO 6507: Metallic materials - vickers hardness test - part 2: verification of testing
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VILLARES. Aços para construção mecânica, aços para cementação. Aços Villares, 2009.
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Editora Edgard Blücher, 2006.
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acesso em: 26 mar. 2009.
______. tratamento térmico e termoquímico das ligas ferro-carbono ASTM E 44. Rio de
Janeiro. Disponível em < www.spectru.com.br> acesso em: 26 mar. 2009.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 89
GLOSSÁRIO
Aço: é uma liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono, com percentagens
deste último variando entre 0,008 e 2,11%.
Austenita: (ferro gama) o ferro com estrutura cúbica de face centrada, ou liga ferrosa baseada
nessa estrutura.
Austenitização do aço: é a total dissolução do carboneto de ferro CFC, no ferro gama
formando a austenita.
Bainita: é um microconstituinte dos aços, formada a partir de um condicionamento térmico de
resfriamento rápido (aproximadamente 103 a 104 segundos) da austenita em temperaturas que
variam de 200 a 540 °C, composta por cementita e ferrita em forma de vagem.
Carbeto: (carboneto ou carburetos) são compostos inorgânicos binários que contêm carbono.
Cementita: ou carboneto de ferro é um composto químico de fórmula química Fe3C e
estrutura em forma de cristal ortorrômbico. Contém 6,67% de carbono e 93,33% de ferro, é
um material duro e quebradiço.
Coalescência: alteração que se processa em muitas partículas pequenas que se transformam
em poucas maiores.
Condutividade elétrica: capacidade de conduzir eletricidade.
Condutividade térmica: capacidade do material de conduzir calor.
Densidade: quantidade de matéria-prima alocada dentro de um volume específico.
Difusão: movimentação de átomos em uma solução.
Dilatação Térmica: variação dimensional de um material devido a uma variação de
temperatura.
Ductilidade: capacidade de o material deformar-se plasticamente sem romper-se.
Dureza: Resistência do material à penetração, à deformação plástica e ao desgaste.
Dureza Rocwkell: a dureza de um material, determinada através de um ensaio no qual o valor
da propriedade é dado pela magnitude de penetração do penetrador empregado.
Dureza Vickers: a dureza Vickers se baseia na resistência que o material oferece à penetração
de uma pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136º, sob uma
determinada carga.
Elasticidade: capacidade do material em se deformar quando submetido a um esforço, e voltar
a forma original quando retirado este esforço.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 90
Ensaio Jominy: ensaio padronizado no qual o resfriamento rápido da amostra é feito em uma
de suas extremidades; para determinar a temperabilidade (endurecibilidade).
Estrutura interna: arranjo de átomos, moléculas, cristais e grãos dentro de um material.
Eutetóide: a mudança na temperatura e no teor de carbono da reação eutetóide decorrente da
adição de elementos de liga.
Fragilidade: baixa resistência aos choques.
Fragilidade do revenido: fragilidade que apresenta alguns aços quando resfriados lentamente
através de uma determinada faixa de temperatura ou quando revenidos nessa mesma faixa.
Ferrita: ferro cúbico de corpo centrado, ou uma liga ferrosa baseada nessa estrutura.
Ferrita eutetóide: ferrita que se forma ao longo dos carbetos durante a decomposição da
austenita.
Martensita: fase metaestável de corpo centrado de ferro saturado com carbono; produzida da
austenita por uma transformação cisalhante (escorregamento) durante a têmpera.
Martensita revenida: uma microestrutura de ferrita e cementita obtida pelo aquecimento da
martensita a temperaturas inferiores a austenitização, seguido de resfriamento lento.
Perlita: Uma microestrutura de ferrita e cementita lamelares de composição eutetóide.
Plasticidade: capacidade do material se deformar quando submetido a um esforço, e manter
uma parcela de deformação quando retirado o esforço.
Ponto de ebulição: temperatura no qual o material passa do estado líquido para o estado
gasoso ou ( vapor).
Ponto de fusão: temperatura no qual o material passa do estado sólido para o estado líquido.
Resistência à corrosão: capacidade do material resistir à deterioração causada pelo meio no
qual está inserido.
Resistência mecânica: propriedade que permite que o material seja capaz de resistir à ação de
determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão.
Resistividade: resistência do material à passagem de corrente elétrica.
Tenacidade: quantidade de energia necessária para romper um material.
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 91
ANEXO A
CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DA PESQUISA
Tratamento Termoquímico – Cementação Líquida - 92