Você está na página 1de 15

1

Tratamento Térmico Superficial por Indução Eletromagnética


Surface Heat Treatment by Electromagnetic Induction.
Lucas Eduardo Oliveira dos Santos – lcsedu@gmail.com
FATEC - Taquaritinga - São Paulo - Brasil

RESUMO

A têmpera superficial por indução eletromagnética é uma técnica de tratamento térmico


amplamente utilizada e uma tecnologia de destaque na metalurgia para melhorar a
durabilidade e o desempenho de componentes críticos, como engrenagens, rolamentos, eixos
e ferramentas de corte. Este artigo aborda os princípios da têmpera por indução,
características dos materiais e seu impacto nessas aplicações específicas. O artigo explora
como a indução eletromagnética permite a criação de camadas superficiais com alta dureza,
melhorando a capacidade de resistir ao desgaste, à fadiga e a cargas extremas. Destaca-se
ainda a capacidade excepcional de personalização das propriedades mecânicas do material,
assegurando uma precisa adequação a cada aplicação específica do componente. Esse
processo contribui significativamente para a redução do desgaste e a extensão da vida útil das
peças. Este artigo traz uma análise crítica e embasada sobre essa técnica de tratamento
térmico inovadora e sua influência positiva na engenharia de materiais e na indústria em geral.

Palavras-chave: Tratamento Térmico. Indução Eletro Magnética. Têmpera. Metalurgia.


Processos de Fabricação.

ABSTRACT

A surface hardening by electromagnetic induction is a widely used heat treatment technique and
a prominent technology in metallurgy to enhance the durability and performance of critical
components such as gears, bearings, shafts, and cutting tools. This article addresses the
principles of induction hardening, material characteristics, and their impact on these specific
applications. The article explores how electromagnetic induction enables the creation of surface
layers with high hardness, improving the ability to resist wear, fatigue, and extreme loads. The
exceptional ability to customize the mechanical properties of the material, ensuring precise
adaptation to each specific application of the component, is also highlighted. This process
significantly contributes to reducing wear and extending the life of parts. This article provides a
critical and well-founded analysis of this innovative heat treatment technique and its positive
influence on materials engineering and the industry as a whole.

Keywords: Heat Treatment. Electromagnetic Induction. Tempering. Metallurgy.


Manufacturing Processes
2

1 INTRODUÇÃO
O tratamento térmico superficial por indução eletromagnética representa uma
abordagem revolucionária no âmbito da metalurgia e engenharia de materiais, promovendo
melhorias substanciais na durabilidade e desempenho de uma ampla gama de componentes
industriais críticos. Conforme (Silva, André Luiz V. da Costa 2010) a indução
eletromagnética é uma técnica para aquecer seletivamente por difusão áreas superficiais de
materiais condutores, essa técnica tem se destacado como uma ferramenta indispensável em
diversas aplicações na industrias Metalmecânica. Essa pesquisa se propõe a analisar em
detalhes os princípios fundamentais, os efeitos, as aplicações e as implicações dessa técnica
de tratamento térmico, fornecendo uma compreensão aprofundada de suas complexidades e
vantagens.
Os desafios enfrentados na indústria moderna demandam constantes avanços
tecnológicos e inovações para melhorar a eficiência, a confiabilidade e a vida útil dos
componentes mecânicos utilizados em máquinas e equipamentos diversos. Engrenagens,
rolamentos e ferramentas de corte, essenciais em várias aplicações industriais, enfrentam
condições operacionais extremas, como altas cargas, atrito intenso e ciclos repetitivos de
estresse mecânico. Consequentemente, a necessidade de melhorar a resistência ao desgaste e a
vida útil desses componentes tornou-se crucial para otimizar o desempenho e a eficiência dos
sistemas em que são empregados.
Nesse contexto, a têmpera por indução eletromagnética surge como uma solução
tecnológica inovadora e altamente eficaz. Através da aplicação controlada de campos
magnéticos alternados, essa técnica é capaz de aquecer rapidamente áreas superficiais de
peças metálicas, promovendo transformações microestruturais que resultam em um aumento
substancial na dureza e mantendo as propriedades mecânicas do núcleo. Isso, por sua vez,
proporciona uma resistência excepcional ao desgaste, à fadiga e às cargas extremas,
características fundamentais para a funcionalidade e a durabilidade.
A literatura acadêmica e a pesquisa industrial têm atestado repetidamente os benefícios
da têmpera por indução eletromagnética. (Callister, 2000) Em seu livro, enfatiza a
importância desse processo no contexto da metalurgia, destacando sua capacidade de criar
camadas superficiais endurecidas com uma precisão e controle notáveis. O autor ressalta que
essa personalização das propriedades do material permite que as peças sejam adaptadas de
forma precisa às demandas específicas de cada aplicação, um aspecto crucial para melhorar a
vida útil e o desempenho desses componentes críticos.
3

No que diz respeito às engrenagens, componentes fundamentais para a transmissão de


potência e movimento em uma infinidade de dispositivos, a resistência ao desgaste e a
precisão dimensional são requisitos incontornáveis. A têmpera por indução tem se destacado
como uma técnica capaz de aprimorar substancialmente essas características, tratadas
termicamente. A técnica não apenas aumenta a dureza superficial, mas também minimiza a
distorção durante o tratamento, garantindo uma maior vida útil e eficiência desses
componentes.
Da mesma forma, os rolamentos, projetados para reduzir o atrito em sistemas
mecânicos, beneficiam-se consideravelmente da têmpera por indução. A aplicação dessa
técnica nas pistas de rolamento resulta em uma superfície endurecida que suporta cargas mais
pesadas, melhora a resistência ao desgaste e aumenta a confiabilidade
As ferramentas de corte, como brocas e fresas, são cruciais para operações de
usinagem em diversas indústrias. A têmpera por indução aplicada a essas ferramentas
proporciona bordas de corte mais duras e eficientes, reduzindo custos de manutenção e
aumentando a produtividade.

2 .1 Princípios Elétricos da Têmpera por Indução Eletromagnéticos

A têmpera por indução eletromagnética é um processo que utiliza campos magnéticos


alternados para aquecer seletivamente uma camada superficial de material condutor. Isso é
conseguido por meio de bobinas indutoras que geram correntes elétricas induzidas no
material. O efeito Joule resultante aquece a área desejada de forma rápida e controlada.
A formula básica para a aplicação do efeito Joule é:

onde:
Q é a quantidade de calor gerada (em joules),
I é a corrente elétrica (em amperes),
R é a resistência elétrica do condutor (em ohms), e
t é o tempo (em segundos).
A têmpera por indução utiliza uma bobina de indução para criar um campo magnético
variável. Quando o material a ser temperado é colocado dentro do campo magnético variável,
a corrente elétrica é induzida no material de acordo com a Lei de Faraday da Indução
Eletromagnética.
4

Onde:
V é a tensão induzida.
N é o número de voltas da bobina.

Profundidade de Penetração: A profundidade até a qual o calor penetra no material é


um parâmetro crítico na têmpera por indução. Ela pode ser calculada usando a fórmula:

Onde:

d é a profundidade de penetração.
ρ é a resistividade do material.
ω é a frequência do campo magnético.
μ é a permeabilidade magnética do material.

Taxa de Aquecimento: A taxa de aquecimento durante a têmpera por indução depende


da potência da bobina e da área da superfície a ser temperada. Ela pode ser calculada usando a
seguinte fórmula:

Onde:

P é a potência da bobina.
I é a corrente elétrica.
R é a resistência elétrica do material.

2.2 Microestrutura do Aço

A microestrutura do aço é um aspecto fundamental que determina suas propriedades


mecânicas, térmicas, elétricas e químicas. Essa microestrutura pode ser dividida em várias
fases distintas, cada uma delas desempenhando um papel importante nas características do aço
de acordo com (Silva, 2010).
5

Em seus estudos sobre metalografia de produtos siderúrgicos (Colpaert, 1957) explica


que a alotropia é um fenômeno em que um elemento químico pode existir em diferentes
formas cristalinas, conhecidas como alótropos, em condições diferentes de temperatura e
pressão. O ferro é um elemento que exibe alotropia, e suas formas alotrópicas mais comuns
são o ferro alfa (α-Fe) e o ferro gama (γ-Fe). Há também uma terceira forma alotrópica
chamada ferro delta (δ-Fe), que é menos comum.

Ferro Alfa (α): A fase ferrítica é composta principalmente por átomos de ferro (Fe) e é
estável em temperaturas abaixo do ponto crítico de transformação. É relativamente macia e
possui baixa resistência, tornando-a adequada para aplicações em que a ductilidade é
importante. O ferro alfa é a forma estável do ferro em temperaturas normais, abaixo de 912°C.
Apresenta uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC), o que significa que cada
átomo de ferro está localizado nos vértices de um cubo e no centro do cubo. Propriedades: É
relativamente macio e possui baixa ductilidade e maleabilidade. Essas características fazem
com que o ferro alfa seja adequado para aplicações a temperaturas ambiente, como estruturas
metálicas.

Figura 1: Micrografia Ferrita


Fonte: Colpaert, 1957, pg158

Ferro Gama (γ): A fase austenítica é rica em átomos de ferro e carbono, especialmente em
aços inoxidáveis. É estável em temperaturas acima do ponto crítico de transformação. Possui
alta resistência e é não magnética. É frequentemente utilizada em aplicações de alta
temperatura e em aços inoxidáveis. O ferro gama é a forma estável do ferro em temperaturas
mais elevadas, entre 912°C e 1394°C. Apresenta uma estrutura cristalina cúbica de face
centrada (CFC), na qual os átomos de ferro estão localizados nos vértices e no centro das
6

faces do cubo. O ferro gama é mais denso e menos maleável que o ferro alfa. É usado em
aplicações de alta temperatura, como em ligas de aço inoxidável e em algumas aplicações
metalúrgicas.

Figura 2: Micrografia Austenita


Fonte: Natesan, 2000.

disponivel em: https://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Stainless-steel-304-austenite-fracture.jpeg

Perlítica (α + Fe3C): A fase perlítica é uma mistura de fase ferrítica e cementita (Fe3C),
formada através da transformação da austenita por resfriamento lento a temperaturas abaixo
do ponto eutetóide. É dura e quebradiça, tornando-a adequada para aplicações onde a
resistência é mais importante do que a ductilidade.

Figura 3: Micrografia Perlita.


Fonte: Fonte: Silva, 2010, pg251
7

Martensítica (α'): A fase martensítica é uma fase supersaturada de carbono na fase ferrítica.
É formada a partir da austenita por resfriamento rápido, como têmpera. É extremamente dura
e resistente, mas também é frágil. A martensita é frequentemente encontrada em aços
endurecidos por têmpera.

Figura 4: Micrografia Martensita.


Fonte: Colpaert, 1957, pg249

Cementita (Fe3C): A fase cementita é uma fase intermetálica que consiste principalmente
em ferro e carbono. Ela é dura e quebradiça. Geralmente, não é desejável em grandes
quantidades na microestrutura do aço, pois pode torná-lo frágil. No entanto, pequenas
quantidades de cementita podem contribuir para a resistência do aço.

Figura 5: Micrografia Cementita


Fonte: Colpaert, 1957, pg254
8

Ferro Delta (δ): A fase delta é uma fase metastável que pode ocorrer em aços de liga a
temperaturas elevadas. Ela é menos comum do que as outras fases mencionadas e tem
propriedades específicas dependendo da composição da liga. Temperatura Extremamente Alta
o ferro delta é uma forma menos comum e estável do ferro a temperaturas muito elevadas,
acima de 1394°C. Apresenta uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado semelhante ao
ferro alfa, mas com parâmetros de rede diferentes. Propriedades: Geralmente, não é
encontrado em condições normais, devido às altas temperaturas necessárias para estabilizar
essa forma alotrópica.

Figura 6: Micrografia Ferro Delta


Fonte: Barboza, 2007 disponivel em:
http://www.revistadoparafuso.com.br/v1/modelo/noticia.php?id=230

Em resumo, a microestrutura do aço é resultado das transformações que ocorrem


durante o resfriamento e aquecimento controlados do material. O conhecimento das diferentes
fases da microestrutura do aço é fundamental para a seleção adequada do material em uma
variedade de aplicações, desde estruturas de construção até componentes de máquinas de alta
performance. A otimização das fases microestruturais pode melhorar significativamente as
propriedades do aço para atender às necessidades específicas de cada aplicação. A transição
entre as formas alotrópicas do ferro é influenciada pela temperatura e pressão. Por exemplo,
durante o aquecimento do ferro alfa, ele se transformará em ferro gama a temperaturas
elevadas. A compreensão da alotropia do ferro é crucial na metalurgia e na fabricação de aços
e ligas, pois as diferentes formas alotrópicas têm impacto direto nas propriedades mecânicas e
químicas do material resultante.
9

2.3 Tratamento térmico - Transformação Isotérmica

Para (Hume-Rothery, 1968) A transformação isotérmica do aço é um processo


termomecânico que envolve a alteração da microestrutura do aço a uma temperatura
constante. Isso é feito para controlar as propriedades mecânicas e estruturais do aço, tornando-
o adequado para aplicações específicas. Existem duas transformações isotérmicas importantes
que podem ocorrer no aço: a transformação perlitica e a transformação bainítica.
Transformação Perlítica: A transformação perlítica ocorre a temperaturas abaixo da linha
crítica superior, que é uma temperatura crítica para cada tipo de aço. Geralmente, é realizada
em temperaturas entre 600°C e 700°C para aços carbono.

Durante essa transformação, a estrutura cristalina do aço muda, formando lamelas


alternadas de ferrita (Fe α) e cementita (Fe3C), que é uma fase rica em carbono. A perlita é
uma estrutura de alta resistência, mas ainda é relativamente maleável. É amplamente utilizada
em aplicações de aço estrutural.
Transformação Bainítica: A transformação bainítica também ocorre a temperaturas abaixo
da linha crítica superior, geralmente em temperaturas mais baixas do que a transformação
perlítica, tipicamente entre 250°C e 450°C.
Durante a transformação bainítica, a estrutura cristalina do aço muda, resultando na
formação de uma microestrutura composta por agulhas de ferrita ou bainita.
A bainita é conhecida por suas excelentes propriedades de tenacidade e resistência,
tornando-a adequada para aplicações que requerem alta resistência e tenacidade, como
engrenagens e componentes de máquinas.

2.4 Controle de temperatura


O controle da temperatura e do tempo durante a transformação isotérmica é crítico
para obter as propriedades desejadas no aço. Além disso, a composição química do aço
desempenha um papel importante na determinação das temperaturas e das transformações
específicas que ocorrerão.
A transformação isotérmica do aço é uma técnica avançada de tratamento térmico que
permite a obtenção de microestruturas específicas para atender às necessidades das aplicações
finais do aço, garantindo propriedades mecânicas adequadas, como dureza, resistência e
tenacidade.
10

3.1 Têmpera
“Os Processos de produção nem sempre fornecem os materiais de construção nas condições desejadas:
as tensões que se originam nos processos de fundição, conformação mecânica e mesmo na usinagem
criam sérios problemas de distorções e empenamentos e as estruturas resultantes não são,
frequentemente, as mais adequadas afetando, em consequência, no sentido negativo, as propriedades
mecânicas dos matérias.
Por esse motivo, há necessidade de submeter as peças metálicas, antes de serem definitivamente
colocadas em serviço, a determinados tratamentos que objetivem minimizar ou eliminar aqueles
inconvenientes.” (Chiaverini, 1986, p240).

“Uma das características mais importantes dos aços como materiais de construção mecânica é a
possibilidade de desenvolver ótimas combinações de resistência e tenacidade (medida pela resistência
ao impacto). A estrutura que classicamente permite tais combinações é a estrutura martensítica
revenida.
A têmpera consiste em resfriar o aço, após austenitização, a uma velocidade suficientemente rápida para
evitar a transformações perlíticas e bainíticas na peça em questão. Desde modo obtém-se estrutura
metaestável martensítica.” (Silva, 2010, p97).
A têmpera é um processo de tratamento térmico aplicado ao aço e a outros materiais
metálicos para melhorar suas propriedades mecânicas, como dureza e resistência. A têmpera
envolve o aquecimento do aço a uma temperatura crítica, seguido pelo resfriamento rápido
para transformar sua estrutura cristalina. De acordo com (Silva, André Luiz V. da Costa
2010). Os meios de têmpera mais comuns são: a têmpera por água (pura ou com adição de sal
ou polímeros), e a têmpera por óleo e ar, por meios gasosos como nitrogênio, hélio, argônio,
etc. A seleção do método de têmpera, temperatura de têmpera e tempo de aquecimento
depende das propriedades desejadas para o aço final. Diferentes tipos de aço exigem
diferentes tratamentos térmicos para atingir as características desejadas.

Aquecimento: O aço é aquecido a uma temperatura acima de sua temperatura crítica, que
varia de acordo com o tipo de aço e o teor de carbono. A temperatura crítica é a temperatura
na qual a estrutura cristalina do aço muda de fase.
Manutenção da temperatura: Após o aquecimento, o aço é mantido a essa temperatura
crítica por um determinado período de tempo para permitir que a temperatura se estabilize e
que todos os componentes do aço alcancem a mesma temperatura.
Resfriamento rápido: O aço é resfriado rapidamente, quase que instantaneamente,
mergulhando-o em um meio de resfriamento, como água ou óleo. Isso faz com que a estrutura
cristalina do aço se transforme em uma estrutura mais dura.
O resfriamento rápido durante a têmpera cria uma estrutura chamada martensita, que é
mais dura e mais resistente do que a estrutura original do aço. No entanto, a martensita
também pode ser muito frágil. Para reduzir a fragilidade, é comum realizar um processo de
11

revenimento após a têmpera. Para (Colpaert, Humbertus, 1901 – 1957), o revenimento


envolve o aquecimento do aço a uma temperatura mais baixa para aliviar as tensões internas e
aumentar a tenacidade, enquanto ainda mantém uma boa dureza.
O processo envolve o reaquecimento do aço a uma temperatura mais baixa do que a
usada na têmpera, geralmente entre 150°C e 600°C, e mantendo-o nessa temperatura por um
período de tempo. O tempo e a temperatura de revenimento podem variar dependendo do tipo
de aço e das propriedades desejadas.
Os principais objetivos do revenimento é reduzir a dureza excessiva, o reaquecimento
do aço diminui sua dureza, tornando-o menos quebradiço e mais resistente a impactos, ajuda a
aumentar a tenacidade do aço, tornando-o mais capaz de absorver energia sem quebrar. Reduz
a tensão interna geradas durante a têmpera, o que contribui para a estabilidade dimensional do

aço. Pode ser usado para controlar a microestrutura do aço, o que afeta suas propriedades
mecânicas e sua resistência à corrosão.
É importante observar que as temperaturas e os tempos de revenimento precisam ser
cuidadosamente controlados para obter as propriedades desejadas no aço. Diferentes tipos de
aço requerem diferentes tratamentos de revenimento para atingir as características desejadas.

3.2 Tempera Superficial por Indução Eletromagnética.


Para (Novikov, Ilia, 1994) A têmpera superficial é um processo de tratamento térmico
aplicado a ligas de aço para obter uma combinação de propriedades desejadas, como alta dureza
superficial e resistência na camada externa, mantendo o núcleo da peça tenaz.
Existem várias técnicas de têmpera superficial, sendo uma delas a têmpera por indução eletromagnética.

Tempera superficial é um processo de tempera convencional, só que aplicado apenas á região superficial
da peça. É ideal para produzir peças com alta dureza superficial e, por consequência, com maior
resistência ao desgaste, com um núcleo mais mole e dúctil. É o caso de engrenagens, por exemplo, em
que se deseja alta resistência ao desgaste na superfície para suportar o atrito de metais, e um núcleo
dúctil, para acomodar os impactos recebidos.

Para se promover um aquecimento rápido da superfície da peça, utiliza-se o aquecimento indutivo. (Silva,
André Luiz V. da Costa 2010).

A têmpera por indução eletromagnética é um método avançado de tratamento térmico


que envolve o uso de campos magnéticos alternados, gerando um campo eletromagnético a
sua volta, para aquecer seletivamente a superfície de uma peça de metal, através de correntes
parasitas (correntes de Foucault), que circulam pela peça provocando o aquecimento por
efeito Joule. Seguido pelo resfriamento rápido para endurecer essa superfície, mergulha-se a
peça em um tanque liquido (aguá ou óleo) ou Spray proveniente da própria espira de indução
ou caminhando junto a espira de indução.

Este processo é amplamente utilizado em aplicações industriais onde é necessário


melhorar a resistência ao desgaste e à abrasão, como engrenagens, rolamentos, eixos,
12

ferramentas de corte e outras peças mecânicas.

Antes de iniciar o processo de têmpera por indução eletromagnética, a peça de metal a


ser tratada deve ser limpa e preparada adequadamente. Isso envolve a remoção de qualquer
sujeira, óleo, graxa ou óxido da superfície da peça para garantir um tratamento térmico eficaz.
O coração do processo de têmpera por indução é uma bobina de aquecimento feita de fios
condutores. Essa bobina é posicionada próximo à superfície da peça a ser tratada.

Figura 7: Corte longitudinal espira de indução / Spray resfriamento


Fonte: Silva, 2010, pg 135

Uma corrente alternada de alta frequência é passada pela bobina de aquecimento,


criando um campo magnético alternado em torno da peça de trabalho. Esse campo magnético
gera correntes parasitas, chamadas de correntes de Foucault, na superfície da peça de trabalho
devido à indução eletromagnética.
As correntes de Foucault geradas na superfície da peça de trabalho percorrem o
material, encontrando resistência ao seu movimento e, como resultado, dissipam energia na
forma de calor. Essa dissipação de calor é o que aquece a superfície da peça. A frequência da
corrente alternada é ajustada de acordo com o material e a espessura da peça para garantir que
a camada superficial atinja a temperatura de austenitização.
13

Após o aquecimento da superfície da peça até a temperatura de austenitização, a peça é


resfriada rapidamente, geralmente com jatos de água, óleo ou ar, dependendo das
especificações do processo. Esse resfriamento rápido cria uma diferença acentuada de
temperatura entre a superfície e o núcleo da peça, levando à transformação da estrutura do
material na superfície para uma estrutura endurecida martensilica.

Figura 7: Tipos de espiras para aquecimento indutivo


Fonte: Silva, 2010, pg 133

Um sistema de controle monitora e ajusta cuidadosamente a frequência, a intensidade


e a duração da corrente alternada aplicada à bobina de aquecimento para garantir que a
superfície atinja a temperatura desejada de maneira uniforme e controlada. Isso permite que a
camada cementada seja controlada com precisão.

O resultado da têmpera por indução eletromagnética é uma superfície endurecida, que é muito
mais resistente ao desgaste, à abrasão e ao impacto, mantendo o núcleo da peça com
características mecânicas desejáveis, como tenacidade. É importante ressaltar que a
frequência da corrente é inversamente proporcional profundidade da camada endurecida pode
ser controlada variando os parâmetros do processo, como a frequência e a intensidade da
corrente. Quanto maior a frequência, menor a profundidade de aquecimento (efeito pelicular).
Isso torna a têmpera por indução eletromagnética uma técnica altamente eficaz para melhorar
as propriedades superficiais de peças de metal.
14

3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O artigo abordou uma série de tópicos relacionados à têmpera por indução


eletromagnética, seus princípios elétricos envolvidos, à microestrutura do aço, à
transformação isotérmica, ao controle de temperatura e ao processo de têmpera em si.

Foi descrito como a têmpera por indução eletromagnética é um processo tecnológico


avançado de tratamento térmico que utiliza campos magnéticos alternados para aquecer
seletivamente uma camada superficial de material condutor, alterando sua microestrutura e
alcançando a resistência esperada. Utiliza-se para isso o uso de bobinas indutoras que geram
correntes elétricas induzidas no material. A frequência da corrente é ajustada de acordo com o
material e a espessura da peça, garantindo que a camada superficial atinja a temperatura de
austenitização. O processo de resfriamento cria uma camada endurecida, tornando-a resistente
ao desgaste e à abrasão.

Ressaltada a importância da microestrutura do aço, destacando as diferentes fases do


ferro (alfa, gama, perlita, martensita, cementita e delta) e como essas fases influenciam as
propriedades mecânicas do aço. Compreender essas fases é crucial na metalurgia e na
fabricação de aços e ligas, pois elas têm um impacto direto nas características do material
resultante. Como esse processo é usado para controlar as propriedades mecânicas e estruturais
do aço. Foram mencionadas transformações isotérmicas importantes a perlítica e a bainítica.

O controle de temperatura foi destacado como um fator crítico na obtenção das


propriedades desejadas no aço durante a transformação isotérmica e outros processos de
tratamento térmico. A composição química do aço também desempenha um papel
fundamental na determinação das temperaturas e das transformações específicas.

Finalmente, o texto abordou a têmpera, um processo de tratamento térmico que


envolve o aquecimento do aço a uma temperatura crítica, seguido pelo resfriamento rápido
para endurecer a superfície. A martensita, uma estrutura mais dura, é formada durante esse
processo. O revenimento subsequente é frequentemente realizado para reduzir a fragilidade e
aumentar a tenacidade do aço.

O artigo forneceu informações detalhadas sobre diversos aspectos da metalurgia e do


tratamento térmico, destacando a importância do controle preciso de parâmetros para obter as
propriedades desejadas em materiais de aço. Esses processos desempenham um papel
fundamental na fabricação de peças de alta qualidade para uma variedade de aplicações e
industriais.
15

REFERÊNCIAS

Silva, André Luiz V. da Costa e


Aços e ligas especiais / André Luiz V. da Costa e Silva,
Paulo Roberto Mei. – 3ª ed. Revista – São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2010.

Colpaert, Humbertus, 1901 – 1957.


Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns
3ª ed. São Paulo, Edgard Blucher, 1974

Callister, William D. Jr., 2000.


Ciência e Engenharia de Materiais: uma Introdução,
5ª ed. Rio de Janeiro, LTC livros técnicos e científicos, 2002

Chiaverini, Vicente, 1914.


Tecnologia mecânica
2ª ed. – São Paulo : McGraw-Hill, 1986.

Novikov, Ilia 1994


Teoria dos tratamentos térmicos dos metais / Ilia Novikov; [Tradução de Joel
Regueira Teodósio]. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994.

Hume-Rothery,William 1968
The Structures of alloys of iron / William Hume Rothery.
[Tradução de Renato Rocha Vieira et al.] São Paulo: Editora Edgard
Blucher, 1968

Van Vlack, Lawrence H. 1968


Elements of materials Science / Lawrence H. Van Vlack
São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1970

Você também pode gostar