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Educação em biossegurança:

ARTIGO ARTICLE
contribuições pedagógicas para a formação profissional em saúde

Biosafety education:
educational contributions to the health professional education

Marco Antonio Ferreira da Costa 1


Maria de Fátima Barrozo da Costa 2

Abstract The research, accomplished in the peri- Resumo O estudo, realizado no período 2004-
od 2004-2005, had as general objective to analyse 2005, teve como objetivo geral analisar percepções
teachers and students’ perceptions of the biosafety docentes e discentes sobre os processos de ensino-
teaching-learning process in secondary courses of aprendizagem da biossegurança em cursos de nível
the health area. The data were collected at Oswal- médio da área de saúde. Teve como foco de coleta
do Cruz Foundation courses in Rio de Janeiro. A de dados seis cursos de nível médio da Fundação
total of 82 students and 12 teachers have partici- Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Um total de 82
pated on the study. It was a teorical-empirical re- alunos e doze professores locais pesquisados parti-
search with qualitative basis and quantitative data ciparam do estudo. Foi uma pesquisa teórico-em-
that emerged throughout the working process. The pírica, com abordagem qualitativa e utilização de
data were analyzed in the multireferenciality con- dados quantitativos que emergiram ao longo do
text. This investigation is justified by discrepancy processo de trabalho. Os dados foram analisados à
of the biosafety in relation to the work world and luz da multirreferencialidade. Esta investigação
the school world and the current demands of the justificou-se pela defasagem da biossegurança em
technical-scientific progress and of the own social relação ao mundo do trabalho e mundo da escola e
evolution, in relation to the biosafety at the spaces demandas decorrentes do progresso técnico-cien-
of the health. The obtained results, pointed at a tífico e da própria evolução social, no que se refere
necessity of improvement on the teaching process- à biossegurança em espaços da saúde. Os resulta-
es in biosafety in secondary courses of the health dos obtidos apontaram para uma necessidade sen-
area. Then, the results may contribute to the in- tida de aprimoramento dos processos de ensino em
clusion of the biosafety in the health professional biossegurança em cursos de nível médio da área de
education. saúde, o que poderá contribuir, sobremaneira, para
Key words Biosafety teaching, Professional health a inclusão da biossegurança nos currículos da edu-
education, Teaching-learning process cação profissional em saúde.
1
Escola Politécnica de Palavras-chave Ensino de biossegurança, Edu-
Saúde Joaquim Venâncio,
Fiocruz. Av. Brasil 4365,
cação profissional em saúde, Processo de ensino-
Manguinhos. 21045-900 aprendizagem
Rio de Janeiro RJ.
costa@fiocruz.br
2
Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca,
Fiocruz.
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Costa MAF, Costa MFB

Introdução Procedimentos metodológicos

Vivemos em uma sociedade impactada pela ci- Foi realizada uma pesquisa teórico-empírica, com
ência e pela tecnologia, na qual todo cidadão ne- abordagem qualitativa e apoiada em observações
cessita de uma cultura científico-tecnológica para e dados quantitativos que emergiram ao longo
entender, integrar-se e atuar no mundo que o do trabalho. O ensino da biossegurança foi pes-
rodeia. Estes fatos, aliados às questões ambien- quisado, no período 2004-2005, em seis cursos da
tais cada vez mais concretas e visíveis, evidenci- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): Curso Téc-
am a necessidade de formar gerações reflexivas, nico de Laboratório em Biodiagnóstico em Saú-
que tenham capacidade crítica para analisar in- de, Curso Técnico em Vigilância Sanitária e Saúde
formações e tomar decisões responsáveis no Ambiental, Curso de Desenvolvimento Profissio-
âmbito das suas participações sociais1,2. nal em Boas Práticas de Laboratório, Curso de
Este cenário, quando aplicado à biosseguran- Desenvolvimento Profissional em Biosseguran-
ça, que hoje no Brasil possui duas vertentes - a ça, Curso de Atualização em Segurança e Saúde
legal, que trata das questões envolvendo a mani- em Almoxarifados, todos esses da Escola Politéc-
pulação de DNA e pesquisas com células-tronco nica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), e o
embrionárias e tem uma lei (no 11.105, chamada Curso Técnico de Pesquisa em Biologia Parasitá-
Lei de Biossegurança, sancionada pelo governo ria, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
brasileiro em 24 de março de 2005) e a praticada, A opção por esses locais prendeu-se ao fato
desenvolvida principalmente nas instituições de de ser a Fiocruz uma instituição na qual encon-
saúde e que envolve os riscos por agentes quími- tramos uma grande variedade de cursos volta-
cos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicosso- dos para o ensino médio na área de saúde e de
ciais, presentes nesses ambientes - se reveste de ser a principal instituição não universitária de
grande importância, principalmente no campo formação de recursos humanos em saúde do país.
da educação profissional em saúde, haja vista as A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
interfaces ideológicas, sociais, políticas e econô- é hoje uma referência nacional na formação pro-
micas que perpassam a biossegurança3,4. fissional em saúde. Além disso, é centro colabo-
A experiência docente dos autores no ensino rador da Organização Mundial da Saúde (OMS)
de biossegurança também aponta para essa di- para a educação de técnicos em saúde. O Curso
reção, principalmente para a formação de nível Técnico de Biologia Parasitária do IOC tem raí-
técnico; na realidade, aos profissionais que exe- zes históricas na formação de nível médio para
cutam em larga escala atividades consideradas atividades de pesquisas. Além disso, a diversida-
de risco5-8 e onde os procedimentos de ensino de de perfil dos alunos, a facilidade operacional e
praticados são marcados pela fragmentação de o interesse na pesquisa que os coordenadores dos
conteúdos e pela ausência de um eixo de orienta- cursos selecionados demonstraram também con-
ção pedagógica9. tribuíram para essas escolhas.
Conhecer e compreender, portanto, os pro- Participaram do estudo doze professores de
cessos de ensino da biossegurança desenvolvi- biossegurança e de outras disciplinas nas quais a
dos em cursos de nível técnico da área de saúde biossegurança, de alguma forma, estava presen-
torna-se um instrumento estratégico-pedagógi- te, e 82 alunos dos cursos de nível médio da área
co importante, visto a defasagem atual entre o de saúde investigados, que já haviam cursado a
mundo da escola e o mundo do trabalho no que disciplina biossegurança.
se refere à biossegurança, fato que influencia, Foram aplicados questionários, previamente
sobremaneira, a formação profissional nessa área validados, com perguntas abertas e fechadas, aos
e com impactos significativos no mercado de tra- alunos presentes em sala de aula nos dias da pes-
balho3. Filho10 ressalta que “é preciso, portanto, quisa, e entrevistas semiestruturadas aos docen-
construir um processo educacional que articule tes e a dez alunos, sendo que desse grupo de dez
a formação profissional com as necessidades e alunos, cinco já estavam inseridos no mercado
as demandas da sociedade”. de trabalho da área de saúde. Todos os sujeitos
Neste sentido, este artigo objetiva analisar as foram previamente informados sobre os objeti-
percepções docentes e discentes sobre os proces- vos da pesquisa e de que forma os dados seriam
sos de ensino-aprendizagem praticados em sala utilizados.
de aula, relacionados ao tema biossegurança em Este portfólio de informações obtidas favore-
cursos de nível médio da área da saúde. ceu, sem dúvida, o processo analítico, contribu-
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indo para o alcance dos objetivos propostos. A Qualidade em Saúde (INCQS), os dois últimos
análise dos dados foi realizada à luz da multirre- no Rio de Janeiro13.
ferencialidade11. Esta forma analítica, a multirre- Nos hemocentros, a biossegurança também
ferencialidade, também está de acordo com Lefé- já passou a fazer parte dos processos de traba-
bre, citado por Tavares12, que “recomenda a arti- lho. A Coordenação de Sangue e Hemoderiva-
culação de referenciais teóricos com dados extra- dos do Ministério da Saúde vem desenvolvendo
ídos do campo para um trabalho consistente que ações nesse sentido. Os hemocentros são em nú-
aponta para o novo e que contém o possível”. mero de 33 unidades, assim distribuídos: sete na
Região Norte, nove na Região Nordeste, quatro
na Região Centro-Oeste, dez na Região Sudeste e
Resultados e discussão três na Região Sul14.
Em clínicas veterinárias, não observamos, até
A análise dos dados gerados foi centrada nas se- o momento, nenhum movimento indutor no
guintes categorias: biossegurança na área de saú- sentido de dotar esses locais de condições segu-
de, percepções sobre a biossegurança, conteúdos ras para os profissionais, embora algumas expe-
(significação, integração e ordenação) da biosse- riências positivas sejam relatadas por alunos nos
gurança, práticas de ensino da biossegurança, ati- cursos de biossegurança dos quais participamos
vidades de experimentação no ensino da biossegu- como docente15. Atualmente, existem no Brasil
rança, discursos utilizados no ensino da biossegu- 231 hospitais veterinários e 2.648 clínicas veteri-
rança, dificuldades de aprendizagem da bios- nárias16.
segurança, avaliação no ensino da biossegurança e Nos laboratórios de análises clínicas priva-
dissonância cognitiva no ensino da biossegurança. dos, a biossegurança está bastante presente em
todos os seus procedimentos, da coleta até a aná-
lise17. No SUS, o Cadastro Nacional de Estabele-
Biossegurança na área de saúde cimentos de Saúde de 200618 aponta para um to-
tal de 32.646 laboratórios de análises clínicas.
No campo da saúde, no qual encontramos pro- Nesses locais, vinculados ao SUS, a biosseguran-
fissionais de nível básico, médio e superior, com ça está diretamente relacionada às condições dos
os mais diversos perfis e regidos por diferentes próprios estabelecimentos de saúde em que eles
legislações, a inclusão da temática biossegurança estão situados.
torna-se bastante complexa. De acordo com a Nas escolas técnicas, a inclusão da biossegu-
Resolução no 287/98 do Conselho Nacional de rança nos currículos dos cursos da área de saúde
Saúde, as seguintes áreas são consideradas de ainda está em fase inicial. Dos 34 Centros de Edu-
saúde: biologia, biomedicina, educação física, cação Tecnológica (Cefets) existentes no Brasil,
enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudio- que a partir de outubro de 2004 passaram tam-
logia, medicina, medicina veterinária, nutrição, bém a ser reconhecidos como instituições de en-
odontologia, psicologia, serviço social e terapia sino superior19, poucos oferecem cursos volta-
ocupacional. dos para a área de saúde. Em relação as ETSUS
A inserção da biossegurança nesses ambien- (Escolas Técnicas do SUS), instituições que ofe-
tes, principalmente hospitais, laboratórios de recem cursos de educação profissional de nível
saúde pública (Lacens), hemocentros, clínicas fundamental e médio na área de saúde, existem
veterinárias, universidades, laboratórios de aná- atualmente 37 escolas técnicas nas diversas regi-
lises clínicas, entre outros, ocorre de forma bas- ões do país e a inserção da biossegurança ocorre,
tante diferenciada. de maneira geral, integrada aos módulos de ensi-
Nos Lacens, em função do programa de ca- no. Na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Ve-
pacitação do Ministério da Saúde, do controle nâncio (EPSJV), localizada na Fundação Oswal-
externo e utilização de normas certificadoras, do Cruz no Rio de Janeiro, única ETSUS vincula-
como as séries ISO 9000 e ISO 14000, por exem- da ao governo federal, o ensino da biosseguran-
plo, a biossegurança já se encontra inserida na ça é oferecido através de cursos específicos de
cultura, em alguns de forma mais intensa, ou- atualização e desenvolvimento profissional e
tros em estado de inclusão. A Rede Brasileira de como disciplina na maioria dos seus cursos. A
Laboratórios Analíticos em Saúde é composta EPSJV é a única Escola Técnica do SUS a possuir
por 27 Lacens (um em cada estado) mais o Insti- um Grupo de Estudos e Pesquisas em Biossegu-
tuto Evandro Chagas no Pará, o Instituto Oswal- rança, vinculado ao Laboratório de Educação
do Cruz e o Instituto Nacional de Controle de Profissional em Técnicas Laboratoriais em Saú-
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Costa MAF, Costa MFB

de, demonstrando com isto um sincronismo não Um dos professores (P-8), ao ser perguntado
apenas com a política do Ministério da Saúde, sobre a “força” do termo biossegurança, apontou
mas também com o próprio momento histórico que “a biossegurança, em função do forte apelo
que perpassa esta temática4. de mídia, consegue ser percebida mais do que a
Nas universidades, as áreas de medicina, bio- engenharia de segurança, por exemplo”. Esta vi-
logia, veterinária, farmácia, nutrição, enfermagem, são pode ser um reflexo do poder que a palavra
entre outras, começam a incluir nos seus currícu- “biossegurança” possui sobre os sujeitos que, de
los o ensino da biossegurança. A área de odonto- alguma forma, estejam atrelados a ela. Arendt21
logia, por outro lado, já incorporou essa temática diz que muitas vezes a palavra inspira o fazer, le-
aos seus currículos e processos de trabalho há vando o sujeito à ação. Nesse sentido, acredita-
algum tempo; basta verificar a quantidade de li- mos que o radical grego bio seja carregado de
vros e artigos publicados e a disponibilização na “positividade” e, quando junto da palavra “segu-
internet, cada vez mais, de sites sobre este tema. rança”, essa positividade seja potencializada.
Já os ambientes hospitalares, considerados Através da pesquisa, foi possível evidenciar
locais insalubres de trabalho, onde os profissio- algumas razões pelas quais o termo biosseguran-
nais e os próprios pacientes, internados ou não, ça é utilizado no lugar de outros mais adequados.
estão expostos a agressões de diversas naturezas, Assim, a maioria dos docentes entrevistados rela-
são sem dúvida os locais onde a biossegurança tou que o mesmo “está na mídia”, “está na moda”
ainda não atingiu níveis adequados, principal- e “mexe com as pessoas”. Um detalhe que merece
mente em função da pouca atenção política dada atenção é que a biossegurança que está na mídia é
a essa questão, o que implica escassos recursos aquela atrelada à legislação específica. Os termos
de investimento, tanto a nível estrutural, quanto substituídos pela palavra biossegurança estão re-
intelectual20. Os mesmos autores também sali- lacionados à biossegurança praticada, como en-
entam que pouco se sabe sobre a adesão dos pro- genharia de segurança, saúde do trabalhador,
fissionais de saúde à biossegurança; em razão medicina do trabalho, entre outros.
disso, faz-se necessário estabelecer novas políti-
cas de saúde e segurança para aqueles que cui-
dam da saúde da população. Conteúdos
(significação, integração e ordenação)

Percepções sobre a biossegurança Um conteúdo tem significação quando desperta


o interesse do aluno, o que o leva, por iniciativa
A biossegurança no Brasil é discutida tanto em própria, a buscar o aprofundamento da temáti-
nível da moderna biotecnologia, quanto em rela- ca. Os conteúdos mais significativos, segundo os
ção a pesquisas com células-tronco embrionári- alunos e docentes pesquisados, são, em ordem
as e aos agravos provocados pelos agentes de decrescente, agentes de riscos, equipamentos de
riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômi- proteção individual, qualidade em laboratórios,
cos e psicossociais. Esse leque de opções faz com resíduos, prevenção de incêndios, ergonomia e
que as percepções dos alunos e docentes sobre a arquitetura laboratorial. Essas percepções estão
biossegurança sejam bastante diversificadas. de acordo com o fato dos alunos e professores
Assim, para cinquenta alunos pesquisados apontarem que a biossegurança está focada em
(61,0%), a biossegurança está focada na preven- processos de prevenção e normas.
ção e normas, para dezessete alunos (20,7%), na A biossegurança possui um sistema concei-
conscientização e responsabilidade, para nove alu- tual bastante amplo, em função da sua diversi-
nos (11,0%), na qualidade de vida e para seis alu- dade temática. Isto torna importante a seleção
nos (7,3%), na conduta ética. A percepção de 50% de conceitos-chave, com base nos quais os alu-
dos alunos de que a biossegurança tem seu foco nos tenham condições de estabelecer vínculos e
de atenção na prevenção e em normas pode estar significados com outros conceitos e, assim, avan-
ligada ao fato de que esses fatores são aqueles çar no processo de aprendizagem22.
que, na realidade, são os mais discutidos em cur- Os processos de capacitação devem refletir a
sos e os mais exigidos no ambiente de trabalho. articulação de conceitos, procedimentos e valo-
Em relação à diferenciação da biossegurança res; portanto, os conteúdos da biossegurança
em legal e praticada, nos chama a atenção o fato ministrados em cursos de nível médio da área de
de seis professores (50%) e 66 alunos (80%) não saúde devem possibilitar ao aluno uma visão in-
perceberem tal diferenciação. tegrada e interdisciplinar desses fatores, lembran-
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do que a ação interdisciplinar somente ocorre que nove deles (75%) se consideraram tradicio-
através da prática docente23. nais, ou seja, aplicavam o método expositivo. Este
Estas significações são importantes fatores de método, inserido na tendência pedagógica, de-
aprendizagem, já que apresentam no seu interior nominada tradicional, que se instalou, segundo
a base motivacional que contribui para a apren- Saviani25, em todas as instituições educativas a
dizagem do aluno, principalmente no ensino de partir de meados do século XIX, ainda continua
ciências24. em prática. Reconhecemos que, para o ensino da
Cabe ressaltar que 52 alunos (63%) relata- biossegurança, com uma variedade temática acen-
ram interesse sobre a possibilidade de alteração tuada e alunos ávidos por informação, este mé-
de conteúdos ao longo do processo de ensino. todo, se usado adequadamente, pode tornar-se
Esse percentual pode estar relacionado ao fato eficaz, desde que permita, também, ao aluno, que
de que a biossegurança, pela sua dinamicidade e se coloque na posição de fonte de informação e
diversidade de conteúdos, motive esses alunos não apenas como receptor. A técnica de pergun-
para discussões nem sempre presentes no currí- tas e respostas pode ser um ótimo instrumento
culo do curso. pedagógico para este método.
Nas entrevistas, ficou evidente o fato de qua- Sobre a postura discente em salas de aula de
tro professores (33%) afirmarem que integram biossegurança, foi possível evidenciar que o per-
conteúdos; na realidade, o que ocorre é uma con- centual de 70% (57 alunos), relativo ao grupo
versa entre docentes com o intuito de que não que pouco pergunta, está compatível com o pro-
ocorram repetições dos diferentes temas em sa- cesso tradicional de ensino, que dependendo da
las de aulas. postura do professor, pode bloquear o interesse
Outro ponto interessante, na percepção de participativo do aluno. Nesse contexto, dois alu-
alguns docentes, é que esses cursos não apresen- nos fizeram as seguintes afirmativas: A biossegu-
tam uma ordenação lógica de conteúdos, ou seja, rança que estudei foi mais teórica, me desmoti-
as matérias não são distribuídas de tal forma vando a perguntar, visto que poderia encontrar
que comecem com simplicidade e, paulatinamen- mais em livros ou apostilas (A-5) e São muitas
te, vão ampliando o grau de dificuldade. Esta fal- informações novas que preciso colocar em prática
ta de estrutura sequencial de conteúdos pode es- para que possam surgir as dúvidas (A-35).
tar relacionada à falta de objetivos coerentes. No entanto, um dos aspectos mais interes-
santes de lidar com o ensino da biossegurança é
que a maioria dos alunos já traz uma vivência
As práticas de ensino em processos de trabalho para a sala de aula.
Essas experiências prévias ajudam a construir um
Uma característica interessante dos docentes dos contexto potencialmente significativo, que o pro-
cursos pesquisados é que sete professores (60%) fessor deve utilizar para facilitar o processo ensi-
utilizam o método maiêutico, isto é, a técnica do no-aprendizagem. Galiazzi e Gonçalves26 susten-
diálogo. Isso pode estar relacionado com o perfil tam “que no discurso atual sobre aprendizagem,
dos alunos, principalmente dos cursos de desen- é consenso que o aluno aprende a partir daquilo
volvimento profissional e dos cursos de atuali- que sabe”.
zação, geralmente oriundos de instituições de Apenas dois docentes disseram utilizar o mé-
saúde, de pesquisas ou indústrias, portanto, de- todo coletivo, ou seja, trabalhos em grupos, es-
tentores de saberes vinculados ao cotidiano ope- tudos de caso, seminários, entre outros. Este
racional, que muitas vezes os próprios docentes método apresenta características interessantes, já
não têm, e o diálogo é uma oportunidade para que as informações a serem transmitidas fazem
troca de experiências. Este fato que possibilitou a parte de forma acentuada ou embrionária da vi-
um dos professores entrevistados (P-11) a se- vência pessoal do aluno e a sua manifestação se
guinte observação: Às vezes, sinto, de acordo com dará mediante situações pedagógicas – o grupo,
a pergunta do aluno, que ele está em um plano de por exemplo – que estimulem tal manifestação,
conhecimento superior ao meu e essa é a hora de através de troca de idéias e opiniões27.
abrirmos o diálogo. Outros professores, disseram A sua implementação depende da experiência
que fazem uso da técnica expositiva, ressaltando do professor em atuar como facilitador; caso
que buscam sempre o diálogo “para não tornar contrário, pode torna-se um verdadeiro desas-
a aula monótona”, observou um deles (P-2). tre pedagógico, em função dos riscos agregados
Sobre a percepção dos professores em rela- a este método: falta de discussão em grupo, de-
ção a sua postura em sala de aula, observou-se sinteresse de alguns alunos, tumultos em sala de
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Costa MAF, Costa MFB

aula, capacidade de lidar com opiniões divergen- mentos de ensino devem procurar conectar to-
tes, entre outros. das essas dimensões, para que a complexidade
É pertinente acrescentar que, antes da for- presente nesse sistema seja evidenciada e, a partir
mulação da situação a ser investigada, o profes- daí, os alunos possam compreender o verdadei-
sor pode utilizar o método anterior de exposição ro sentido dessa matéria e o porquê do seu estu-
visando dar o cenário de trabalho. Esta sistemá- do, e através de experimentações, acreditamos
tica pode ser utilizada em praticamente todos os ser isso possível.
conteúdos da biossegurança com carga horária
adequada a sua implementação, necessitando que
antes a coordenação do curso faça um treina- Discursos normalmente utilizados
mento nessa metodologia com os docentes que
ainda não a tenham vivenciado, tendo em vista a Percebe-se uma forte tendência, segundo sete
harmonização de procedimentos e uma garantia docentes entrevistados (58%), para o uso do dis-
de eficácia e de qualidade. Pela riqueza de oportu- curso cotidiano. Esse discurso não exige uma re-
nidades pedagógicas encontradas no cotidiano, flexão consciente no seu uso, diferentemente do
pensamos que este método seja o mais indicado discurso cientifico30. Ele é fortemente influencia-
para o ensino da biossegurança. do por fatores socioculturais, nos quais o signi-
ficado dos termos tem um caráter relativo, vari-
ando muitas vezes com o contexto e com o meio.
Atividades de experimentação O discurso científico, por sua vez, apresenta um
no ensino de biossegurança perfil de generalização e universalidade, tendo
cada termo um significado preciso.
Existe diferença pedagógica entre experimentação Um dos professores entrevistados (P-9), ao
e prática. A experimentação é um momento de ser perguntado sobre os motivos pelos quais não
criação do aluno, ele produz conhecimento. A utilizava o discurso científico, respondeu: A bios-
prática é uma experimentação formatada, na qual segurança é uma ciência popular, ou seja, o indiví-
os resultados já são esperados28. Essa diferença duo convive com ela no dia a dia, independente de
aponta que o professor, por meio da experimen- onde esteja. O discurso desse professor aponta
tação, pode levar o aluno a construir o seu pró- para uma influência da mídia, já que esta, quan-
prio conhecimento, principalmente quando o do aborda questões relativas à saúde humana e
docente leva em conta a realidade cotidiana dos ambiental, o faz em situações cotidianas, por-
alunos. tanto, também, atreladas a uma linguagem coti-
Dentre os alunos pesquisados, onze (13%) diana.
responderam já terem realizado atividade de ex- O conhecimento cotidiano, entendido como
perimentação. Isto possivelmente se refere a prá- representações culturais, é de fácil acesso aos alu-
ticas de combate a incêndios realizadas em alguns nos, não é resultado de procedimentos metodo-
cursos de biossegurança, ou seja, o que eles reali- lógicos estruturados, não segue um contrato di-
zaram, de fato, foi uma prática. Nesse contexto, dático e não busca a generalização, como ocorre
todos os docentes entrevistados relataram que não com o conhecimento científico31,32.
planejam atividades de experimentação, em fun- Por outro lado, o conhecimento científico vive
ção de demandar uma estrutura própria na qual em busca constante de explicações diferentes para
essas atividades pudessem ser realizadas, princi- um determinado fenômeno, no sentido de “que-
palmente em relação a experimentações envolven- brar” paradigmas e a partir daí avançar. O co-
do agentes químicos e agentes biológicos. nhecimento cotidiano procura compatibilizar os
As salas de aula devem ser espaços de criati- possíveis conflitos, já que não incomoda a coleti-
vidade e reflexão e jamais de reprodução. No vidade33.
mundo atual em que vivemos, apoiado na ciên- Outro ponto que deve ser levado em consi-
cia e na tecnologia, não faltam situações que não deração sobre conhecimento cotidiano em sala
possam ser pedagogicamente exploradas. Demo29 de aula refere-se ao contexto bakhtiniano34 sobre
afirma que, para saber intervir, é necessário sa- a importância da relação dialógica estabelecida
ber pensar e que para isso também é necessário entre o professor e o aluno, ou seja, o professor
aproximar a teoria da prática. No caso da bios- deve compreender os enunciados construídos
segurança, pela sua multidiversidade temática e pelos diferentes sujeitos.
de imbricações sociais, éticas, políticas, econô- A compreensão dessa linguagem faz com que
micas e religiosas, além das técnicas, os procedi- o professor conheça os saberes que o aluno pos-
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sui, que foram gerados a partir da sua vida, das da de políticas públicas para a educação, princi-
suas emoções, das suas brincadeiras, das suas palmente no campo do ensino de ciências. Se con-
relações com o outro e o mundo, enfim, “gan- siderarmos o aspecto de formação cultural, colo-
chos” que o professor pode usar nas suas aulas. cado pelo aluno (Ae-3), o início do ensino da bi-
Bakhtin, citado por Lima35, diz que “não são ossegurança no ciclo fundamental pode contri-
palavras o que falamos, escutamos ou escreve- buir intensivamente para a criação dessa cultura.
mos, mas sim seu conteúdo, ou seu sentido ide-
ológico ou vivencial”. Nesse cenário, na realida-
de, um processo de ensino baseado em situações A avaliação no ensino da biossegurança
cotidianas com discurso cotidiano reproduzirá,
sem dúvida, conceitos não científicos. Outra questão que deve ser colocada é que a es-
Essa é uma questão que merece atenção, por- cola, como parte de um sistema sociopolítico,
que se necessitamos de alunos críticos, seria isso não pode ficar isenta de culpa pelas dificuldades
possível sem a mediação do discurso científico? de aprendizagem dos alunos, daí a necessidade
Pensamos que, nesse caso, o ideal é a busca de de avaliações constantes nos processos de ensino
uma articulação entre os diferentes discursos, praticados nas escolas. Bachelard, citado por
fazendo com que a linguagem cotidiana seja uma Costa e Hulsendeger38, diz que é fundamental
alavanca para a aprendizagem dos conceitos cien- compreender o porquê dos alunos não compre-
tíficos24,36. enderem, o que chamou de “psicologia do erro”.
Consideramos que a avaliação, entre os com-
ponentes do processo de ensino, é o que mais se
Dificuldades de aprendizagem tem mostrado refratário a mudanças. Nesse sen-
da biossegurança tido, a pesquisa observou que oito docentes
(66,6%) disseram não realizar nenhuma avalia-
Nas entrevistas realizadas com os alunos, obser- ção das suas aulas, dois deles (16,7%) avaliam de
vamos, de maneira recorrente, que aqueles de forma oral, perguntando “O que acharam da
maior idade e já inseridos no mercado de traba- aula? O que pode ser melhorado?” Os outros dois
lho possuem mais facilidade de compreensão da avaliam através de trabalho em grupo.
biossegurança. Moretto e Moliné, citados por O trabalho em grupo foi escolhido por 26
Costa e Costa37, concebem a aprendizagem como alunos (31,8%) como a melhor forma de avalia-
uma construção ativa de saberes significativos e ção. Todos esses já estavam inseridos no merca-
o fato desses alunos já possuírem significados do de trabalho e, portanto, ávidos por discus-
agregados facilita essa compreensão, diferente- sões relacionadas principalmente aos aspectos
mente dos alunos apenas “estudantes”, para os profissionais da biossegurança e pela troca de
quais o processo de significação ocorre no pró- informações com outros colegas.
prio momento do ensino. Interessante é que os vinte alunos (24,4%)
O fato de 42 alunos (51%) apontarem o mé- que citaram a prova escrita como modelo para
todo adotado no processo de ensino como fator avaliação eram de cursos técnicos e estavam na
que interfere na compreensão de alguns concei- faixa etária de quinze a dezenove anos. Possivel-
tos da biossegurança pode estar associado à pos- mente, essa postura foi devida à vivência desses
tura docente em sala de aula, onde 75% dos pro- indivíduos com procedimentos semelhantes nos
fessores consideraram-se tradicionais. períodos anteriores de estudo, fato ainda bas-
Sobre a didática do professor, um aluno (A- tante difundido na educação brasileira. Esse tipo
32), salientou que “não basta o professor conhe- de avaliação, baseada na lógica cartesiana, insiste
cer o conteúdo, a didática é muito importante”. em penalizar o erro, a dúvida e o pensamento
Interessante é que outro aluno entrevistado (Ae- divergente. A nota, o produto básico da prova, é
3) abordou a questão das dificuldades de apren- uma avaliação visível, comparável (pior versus
dizagem da biossegurança pelo aspecto de for- melhor), o que talvez facilite a gestão educacio-
mação cultural, salientando que esta matéria de- nal, daí, talvez, seu uso ainda em larga escala.
veria fazer parte do currículo escolar desde os A avaliação no processo docente-educativo
primeiros anos de estudo. deve ser incentivada no sentido de se medir o
O fato de 58 alunos (71%) pesquisados tam- objetivo alcançado e, quando esse objetivo é ple-
bém concordarem que o ensino de biossegurança namente atingido, podemos inferir que o plane-
deva ser iniciado no ciclo fundamental evidencia a jamento do curso foi eficiente e eficaz39. É impor-
necessidade de se colocar esta discussão na agen- tante deixar bem claro de que a avaliação é um
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Costa MAF, Costa MFB

elemento importante do processo ensino-apren- temas específicos é muito pequena, não possibili-
dizagem e que as funções que ela desempenha, tando uma discussão ampla das questões atuais da
ou seja, a função social, já que ela qualifica o biossegurança e É muito difícil trabalhar o meu
sujeito, e a função pedagógica, quando é utiliza- tema em sala de aula, sem o contato do aluno com
da para conhecer o progresso do aluno e o funci- o objeto de estudo. Fica muito vago e às vezes até
onamento dos processos educativos com a fina- desmotivante, inclusive pra mim.
lidade de intervir para a sua melhoria, são indis- Nossas observações mostram que existe uma
pensáveis para o atingimento dos objetivos de maior participação dos alunos nas questões re-
qualquer curso. ferentes à biossegurança nos seus locais de tra-
balho, após a participação em algum curso no
qual essa disciplina seja ensinada. Alguns alunos
Dissonância cognitiva chegam a dizer que não entendem o porquê de
cursos de biossegurança, se na prática, ou seja,
Dissonância cognitiva é uma teoria sobre a moti- no trabalho real, muitas vezes isso não ser levado
vação humana que afirma ser psicologicamente a sério por parte de alguns profissionais.
desconfortável manter cognições contraditórias. Foi Mestrinho41, ao discutir às relações entre a
estudada pela primeira vez pelo psicólogo social escola e o mundo do trabalho, diz que se criam
Leon Festinger40, que assim a descreveu: Dissonân- duas subculturas com características distintas (a
cia e consonância são relações entre cognições, ou da escola e a das organizações) que podem originar
seja, entre opiniões, crenças, conhecimentos sobre o nos estudantes sentimentos de desamparo, impotên-
ambiente e conhecimentos sobre as próprias ações e cia, frustração e insatisfação, podendo levar a um
sentimentos. Duas opiniões, ou crenças, ou itens de processo de socialização profissional inadequado.
conhecimento são dissonantes entre si quando não se
encaixam um com o outro, isto é, são incompatíveis.
Ou quando, considerando-se apenas os dois itens es- Considerações finais
pecificamente, um não decorrer do outro.
A expressão “dissonância cognitiva” por nós Pela pesquisa realizada, foi possível observar que
utilizada deve ser entendida como o impacto en- o perfil dos alunos dos cursos investigados é
tre o ensino praticado em sala de aula e as suas multiprofissional, o que facilita o processo pe-
relações com os processos de trabalho, ou seja, dagógico, tornando esses cursos um fórum pri-
com a realidade profissional. Verificamos que vilegiado para esta discussão, além de mostrar a
não existe diferença significativa entre os alunos abrangência da biossegurança. Por outro lado, a
quanto à percepção do ensino da biossegurança multiprofissionalidade, também presente no cor-
refletir, ou não, a realidade profissional. Isso pode po docente, muitas vezes atua como contrapon-
estar relacionado à ausência de conteúdos práti- to, no sentido de que o equilíbrio das discussões,
cos nesses cursos e a ainda não inserção definiti- muitas vezes ideológicas, seja alcançado.
va da biossegurança nesses espaços de saúde. Os Com a visão de que a análise dos resultados
46 alunos (56,1%) que responderam que reflete obtidos faz parte de um processo constante de
a realidade profissional estavam na faixa etária produção de conhecimento, evidencia-se que se-
de quinze a dezenove anos e não trabalhavam, jam estabelecidas articulações entre o “mundo
ou seja, um grupo sem vivência profissional. da escola e o mundo do trabalho”, através dos
Um aluno (Ae-1), funcionário de hospital, seus diferentes atores, com o intuito de criar si-
durante a entrevista disse: Eu não entendo uma nergias e conexões entre a prática e os seus refe-
coisa: nós aqui no curso aprendemos várias coisas rentes teóricos.
que não podemos fazer no nosso dia a dia, mas Dessa forma, os resultados obtidos neste es-
quando chegamos lá [no hospital], vejo muitos tudo, embora não tenham caráter de generaliza-
colegas trabalhando de forma errada, alguns até ção, podem, acreditamos, ser utilizados para ori-
com nível superior. entar o planejamento pedagógico de cursos de
No caso dos professores, observamos que biossegurança em sistemas formais e não for-
sete deles (58%) consideraram que o ensino de mais de ensino no nível médio da área de saúde,
biossegurança não reflete a realidade profissio- assim como atuar como indicadores para estu-
nal. Dois docentes entrevistados (P-2 e P-3) apon- dos visando à inclusão da biossegurança nos
taram que Não reflete porque a carga horária dos currículos da educação profissional em saúde.
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Ciência & Saúde Coletiva, 15(Supl. 1):1741-1750, 2010


Colaboradores Referências

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