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Rev. Inst. Med. trop.

São Paulo
31 (2): 126-131, março-abril,, 1989

BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO

R . I S H A K (1), A . C . L I N H A R E S (2) & M . O . G . I S H A K (1)

RESUMO

Nos últimos dez anos tem sido travada u m a luta com a finalidade de prevenir
a transmissão de agentes infecciosos dentro de laboratórios. A grande fonte de disper¬
são de patógenos por meio de aerossóis, pode ser eliminada satisfatoriamente com
o uso de câmaras de segurança biológica. R e g r a s gerais e específicas de biossegu¬
r a n ç a devem ser cumpridas por todos os usuários de laboratórios que manuseiam
patógenos ou materiais potencialmente contaminantes e, eventualmente, avaliados
por u m comitê de biossegurança independente. O surgimento da síndrome de imuno-
deficiência adquirida deve servir.como fator de estímulo à adoção de normas eficazes
de segurança laboratorial.

U N I T E R M O S : B i o s s e g u r a n ç a : Infecção laboratorial.

INTRODUÇÃO

Prevenir a transmissão de agentes infeccio 1. V i d r a r i a s e objetos perfurantes: são comuns


sos, dentre outros produtos nocivos à saúde hu- os acidentes ao colocar-se u m a pera ou outro
m a n a , é o grande problema de segurança labora auxiliar de pipetagem n a ponta de u m a pipeta
torial que deveria ser incutido em todos os usuá- ou no manuseio de vidrarias quebradas den-
rios iniciantes e nos c h a m a d o s ''experientes" tro de receptáculos etc. O descarte de agulhas
que se utilizam de u m espaço de laboratório para no passado, era efetuado após a cobertura
o preparo de " i n ó c u a s " culturas de cé^ilas ou com a respectiva c a p a . A p ó s o advento d a
a separação de sangue p a r a os mais variados Síndrome de Imunodeficiência A d q u i r i d a ( S I -
fins ou aqueles que m a n u s e i a m patógenos de D A / A I D S ) observou-se que o número de per-
reconhecida importância médica. furações acidentais provenientes deste ato
não estava dentro dos limites aceitáveis. Des-
Entretanto, apesar de todos os perigos de ta forma é preferível que exista um recipiente
contaminação de naturezas infecciosa e quími- adequado e único para o desprezo de agulhas
ca, os riscos potenciais que são enfrentados no e seringas imediatamente após o uso, sem co-
dia a dia em u m laboratório, n a maioria das ve- brir a agulha. O desprezo de vidraria quebra-
zes, são obscuros e silenciosos, e esperam a opor- da e agulhas deve ser feito em local apropria-
tunidade certa de causar o seu dano. do que não o lixo geral;

Como itens de segurança geral temos os se- 2. Produtos químicos de natureza tóxica: deter
guintes a serem considerados: gentes podem ser cáusticos ou causar irrita

(1) U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r á . C e n t r o d e C i ê n c i a s B i o l ó g i c a s , D e p a r t a m e n t o d e P a t o l o g i a , L a b o r a t ó r i o d e V i r o l o g i a .
(2) I n s t i t u t o E v a n d r o C h a g a s , F S E S P / B e l é m , P a r á , B r a s i l .
E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c i a : D r . R i c a r d o I s h a k — C a i x a P o s t a l 3005 — 66.000 B e l é m , P a r á , B r a s i l
çáo n a pele, olhos e t c ; desinfetantes químicos RISCO BIOLÓGICO DE CONTAMINAÇÃO
como o hipoclorito de sódio podem m a n c h a r
tecidos, causar irritação n a pele ou mesmo A necessidade de proteção contra u m risco
corroer metais; produtos químicos comumen- biológico é definida pela (i) fonte do material;
te usados em cultura de células, como o dime- (ii) pela natureza d a operação ou experimento
til sulfóxido, solvente poderoso que penetra a ser efetuado e (iii) pela condição n a q u a l o expe-
através da pele e pode carregar consigo subs- rimento será realizado. Não h á controvérsias so-
tâncias infecciosas, químicos mutágenos ou bre o risco de contaminação quando se trabalha
carcinogênicos; com patógenos conhecidos, pois para estes exis-
tem normas e classificações que regem os níveis
3. Gases: C 0 , N não são perigosos quando a
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de contenção adequados p a r a os seus m a n u -
2 6
exposição é feita a pequenas quantidades, po- seios . Entretanto, o desenvolvimento de novas
rém c a u s a m a s f i x i a q u a n d o l i b e r a d o s em técnicas como a hibridização celular inter-espe-
grandes quantidades; a liberação de 0 requer 2
cífica, o uso de novos patógenos em locais não
ventilação m á x i m a devido ao risco de fogo; considerados como de contenção m á x i m a , o uso
a vedação de ampolas deve ser feita com cui- de linhagens celulares transformadas, todos in-
dado para não haver refluxo de oxigênio ou troduzem riscos para os quais ainda náo se dis-
defeitos n a m i s t u r a g á s / o x i g ê n i o ; cilindros põe de informações epidemiológicas suficientes
que contêm gases devem estar fixos, evitando p a r a avaliar o impacto que as modernizações
o risco mecânico de queda dos mesmos; de tecnologia acarretam. A s comissões de segu-
r a n ç a internacional reunem-se, em geral, quan-
do se detecta o risco.
4. Nitrogênio liquido: são três os maiores riscos
associados ao nitrogênio — queimadura, asfi-
x i a e explosão; quando as ampolas são sub- É importante então que c a d a instituição de
mersas em N líquido, existe u m a diferença
2
pesquisa aponte u m C o m i t ê de B i o s s e g u r a n ç a
de pressão entre o exterior e o interior d a am- que atue nas seguintes funções:
pola; se esta não estiver perfeitamente fecha
da h a v e r á a entrada de N , a q u a l c a u s a r á
2
a) no aconselhamento p a r a desenvolver e me-
a explosão d a ampola no momento de descon- lhorar as regras p a r a a segurança no trabalho:
gelamento; a inalação de grandes quantida-
des de N pode levar à asfixia, e devido à b a i x a b) prover u m a revisão geral de biossegurança
2

temperatura do mesmo o seu manuseio sem dentro das atividades desenvolvidas pela ins-
luvas de proteção pode resultar em queima- tituição em questão sob u m ponto de vista
duras; rigoroso e imparcial.

É essencial que a responsabilidade com a


5. Fogo: B i c o s de gás e álcool para esterilização
biossegurança envolva não apenas o cientista
devem ser mantidos afastados; a esterilização
coordenando ou realizando u m projeto, como
pelo fogo deve ser feita com cuidado redobra-
também todos os usuários do laboratório, inclu-
do e o material esterilizado mantido longe do
sive aqueles do corpo administrativo, os quais
álcool;
também devem obedecer regras específicas.

6. Radiação: o uso de radioisótopos segue regras


que devem ser obedecidas com cuidado; seu CÂMARAS DE SEGURANÇA
cumprimento é assegurado por órgãos de fis-
calização e que não será objeto de análise no A l é m de regras de ordem prática que devem
presente artigo. P o r outro lado, no trabalho ser seguidas, a proteção contra a contaminação
rotineiro, todo cuidado deve ser observado laboratorial sob a forma de aerossol, é feita pri-
para a proteção contra as irradiações de lâm- mariamente através do uso de câmaras de segu-
padas u l t r a v i o l e t a n a pele e nos olhos; barrei- 5
r a n ç a microbiológica . É essencial que o opera-
ras de vidro ou plástico devem ser sempre uti- dor seja protegido, assim como não se permita
lizadas porque h á o risco de lesão de retina que seja eliminado qualquer agente ou outro ele
e de câncer de pele. mento p a r a o meio ambiente.
Inicialmente é importante fazer a distinção C o n v é m lembrar de que estas cabines são
entre câmaras de fluxo laminar ordinárias e de suscetíveis à influência do meio externo, n a qual
segurança. movimentos do operador, de portas, pessoas ao
redor, c a u s a m distúrbios no fluxo de ar, podendo
A s câmaras de fluxo laminar ordinárias não levar contaminantes para o interior, assim como
são projetadas p a r a dar proteção ao operador. trazer patógenos p a r a o operador e visitantes
S ã o capelas com pressão positiva, com u m fluxo inesperados e circunstanciais. U m a das formas
de ar de dentro p a r a fora da área de trabalho de corrigir tais ocorrências é a colocação das
da m e s m a , que não é recirculado e sim eliminado C â m a r a s em lugares adequados no laboratório,
para o interior do laboratório. E s t a s câmaras de colocar portas de correr, efetuar vedações abso-
fluxo horizontal dão a proteção adequada para lutas, observar normas de segurança etc.
a cultura de células, reagentes e t c , porém n u n c a
devem ser utilizadas com radioisotopes, m u t á - A manutenção de salas com pressão nega-
genos, vapores t ó x i c o s , m a t e r i a i s infectantes tiva ou u m pouco a b a i x o (2-3mm de H g ) das salas
etc Até mesmo o simples trabalho de cultura ao redor são práticas adequadas para aumentar
de células pode ser questionado nestas câmaras, a segurança de câmaras assépticas a fim de evi-
em v i s t a da presença de vírus endógenos c u j a tar a saída de qualquer espécimen sendo m a n u -
patogenicidade é desconhecida p a r a o homem. seado para o meio externo . 3

E x i s t e m três tipos de cabines de s e g u r a n ç a A l é m destas câmaras, existem a i n d a aque-


com projeções e utilizações diferentes, gradua- las produzidas para o trabalho com produtos tó-
das em classes de acordo com o grau de segu- xicos, carcinogênicos e radioisótopos, as capelas
rança proporcionado: químicas. S ã o câmaras que devem obedecer o
grau de segurança daquelas de Classe I I e dota-
Classe I — possuem u m fluxo de ar de fora das principalmente de u m a abertura frontal mí-
para dentro e protegem apenas o operador, não n i m a , fluxo de á g u a e boa ventilação.
mantendo a esterilidade dos reagentes trabalha-
dos; A instalação e teste de câmaras de seguran-
ça devem ser criteriosamente estudadas e ava-
Classe I I — é projetada para proteger o ope- liadas de tempo em tempo, para se ter certeza
rador e material trabalhado, possuindo u m fluxo que o funcionamento está correto.
de ar estéril em direção ao espaço do trabalho
e u m fluxo de ar de fora para dentro entrando NÍVEIS DE CONTENÇÃO LABORATORIAL
por u m a abertura frontal;
O s t r a b a l h o s e x e c u t a d o s em laboratório,
C l a s s e I I I — teoricamente são cabines de obedecem a u m gradiente de periculosidade de
contenção m á x i m a para usos de patógenos de acordo com o patógeno que está sendo m a n u -
alta periculosidade (e.g., varíola, febre de L a s s a , seado. D e s t a forma, costuma-se admitir quatro
raiva, H I V e t c ) ; são projetadas com luvas fixas níveis de contenção laboratorial:
na parte frontal, formando u m a barreira física
entre o material e o operador. N í v e l 1 (Mínimo): adequado p a r a patógenos
com nível m í n i m o de risco p a r a o operador; o
Atualmente existem Padrões de S e g u r a n ç a trabalho é feito em geral em balcão aberto sem
definidos em países como os E U A , Inglaterra, nenhum equipamento especial de contenção re-
4
A u s t r á l i a , A l e m a n h a Oriental e J a p ã o . O p a querido. H á necessidade de se observar a l g u m a s
drão definido n a Inglaterra exige que o operadoi práticas como: manter as portas fechadas, des-
que trabalha em u m a cabine Classe I ou I I tenha contaminar superfícies diariamente, desconta-
u m a exposição a aerossóis em u m a quantidade minar material a ser lavado ou descartado, proi-
5
que não ultrapasse I O " d a exposição que teria bir comida, bebida, fumo, pipetagem com a boca,
a qualquer aerossol infeccioso produzido se o evitar a formação de aerossol etc.
trabalho fosse efetuado em um balcão de labora-
tório sem qualquer mecanismo a u x i l i a r de con- N í v e l 2 (Baixo risco): o pessoal técnico deve
1
tenção . ser mais treinado para manusear patógenos, o
acesso ao laboratório é limitado quando da ma- vação de operadores suspeitos de contaminação
nipulação com microorganismos e os procedi- e suporte médico de casos potenciais ou confir-
mentos capazes de produzir aerossol devem ser mados de doença associada ao laboratório. T o d o
efetuados em câmaras de segurança. A d i c i o n a l - m a t e r i a l s a í d o deste n í v e l de contenção tem
mente deve-se fazer u m programa eficaz de con obrigatoriamente de ser esterilizado (UV, calor,
trole de insetos e outros animais, não utilizar banho químico) ou filtrado (ar).
jalecos fora d a área laboratorial, não manter
plantas, agulhas e lixo no interior do laboratório, PRECAUÇÕES EM BIOSSEGURANÇA
assim como criar u m sistema de notificação e
registro de acidentes no laboratório, de expo- T o d o indivíduo trabalhando com agentes in-
sição aos patógenos trabalhados e de v i g i l â n c i a fecciosos ou material suspeito de conter patóge-
médica v i n c u l a d a principalmente aos casos de nos está exposto ao risco de infecção. D a í é im-
absenteísmo posterior aos acidentes e/ou expo- portante que precauções apropriadas sejam to-
sições a agentes patogênicos. m a d a s , j á que mesmo u m a cultura de células
não i n o c u l a d a pode ser u m a fonte de patógenos
N í v e l 3 (Risco moderado): o laboratório j á virais. É aconselhável que todo o pessoal de labo-
deve possuir u m a arquitetura especial e equipa- ratório tenha u m a amostra de sangue coletada
mento de contenção adequada para o manuseio anualmente.
de patógenos potencialmente letais. T o d o mate-
rial deve ser esterilizado dentro d a área labora- REGRAS GERAIS DE BIOSSEGURANÇA
torial ou enviado em frascos à p r o v a de vaza-
mento para u m a unidade de esterilização. Não 1. T o d o material contaminado deve ser marca-
deve ser permitida a entrada de pessoas estra- do apropriadamente e esterilizado por auto-
nhas ao serviço, as quais devem ser orientadas clave, ou U V (superfícies e ar). A contamina-
sobre o risco de contaminação; deve-se criar pro- ção do sistema hidráulico por agentes infec-
tocolos escritos para as situações de emergência; ciosos não pode ocorrer.
a descontaminação tem de ser eficaz; não usar 2. D e v e m existir em estoque, p r ó x i m a s do local
roupas de rua e cobrir-se até os sapatos (de prefe- de t r a b a l h o , soluções de desinfetantes, in-
rência com botas à prova d'agua); uso obriga- cluindo-se formalina a 20% e etanol a 70%.
tório de luvas e máscaras (especialmente em bio- 3. G a i o l a s com animais, garrafas de água e res-
térios); e usar filtros nas linhas de vácuo. tos de animais assim como ovos infectados
devem ser autoclavados e os técnicos que tra-
N í v e l 4 (Alto Risco): o pessoal do laboratório b a l h a m com tal material devem ser instruídos
deve ter conhecimento e treinamento completo a seguir fielmente as normas de segurança.
no manuseio de patógenos sabidamente capazes 4. T o d a s as vacinas disponíveis devem ser crite-
de produzir doença severa ou fatal no homem, riosamente utilizadas p a r a os operadores e
assim como devem compreender as funções dos usuários do laboratório
níveis de contenção, do equipamento e das ca-
racterísticas do laboratório. E s t a área deve ser REGRAS ESPECÍFICAS DE BIOSSEGURANÇA
claramente demarcada dentro de u m espaço físi
co. O uso de C â m a r a s Classes I ou I I pode ser — Manter todos os frascos contendo material
feito apenas se todos os usuários mostrarem evi- infectante fechados quando não estiverem
d ê n c i a de i m u n i z a ç ã o anterior ao agente em em uso;
questão, de outra forma, a manipulação de pató-
genos requer C â m a r a s de Classe I I I ou roupas — Não colocar pipetas contaminadas n a super-
especiais pressurizadas. fície do balcão de trabalho; não andar com
pipetas pelo laboratório; não descartar flui-
E m u m a contenção de Nível 4 as portas de dos contaminados n a p i a ; não causar derra-
vem ser mantidas fechadas e o número de chaves mamento de material;
limitado estritamente aos usuários. À entrada
e saída, deve haver troca de roupa e banho em — Não produzir aerossol desnecessariamente
u m a ante-sala que permita este fluxo de pessoas. (maceração com gral e pistilo, agitação vio
Deve haver u m espaço para quarentena e obser- lenta, sonicação, abertura de vasilhames com
pressão interna maior que a ambiente, inocu- BIOSSEGURANÇA E A SÍNDROME DE
lação de animais por v i a i n t r a n a s a l , coleta IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
de fluidos de animais ou de ovos embrionados
etc); A s normas aqui propostas assumem parti-
cular relevância quando se observa a acelerada
— Não pipetar com a boca; e x p a n s ã o d a S I D A / A I D S no m u n d o e consti-
tuem u m apanhado geral de regras largamente
— Não comer, beber ou fumar no laboratório
difundidas.
ou estocar c o m i d a ou bebida nos refrigera-
dores ou locais de área técnica;
Qualquer unidade laboratorial que se utilize
de fluidos orgânicos como o sangue ou porções
— Não levar l u v a p a r a fora da área de trabalho,
do mesmo, está em risco de se ver um dia frente
e lavar as mãos antes de sair do laboratório;
ao manuseio de espécimens contaminados pelo
— Vestir jalecos no local de trabalho, mas trocá- H I V . D e s t a forma, mais do que n u n c a é essencial
los antes de sair; que as normas de s e g u r a n ç a aqui delineadas,
e outras particulares de cada laboratório, sejam
— Desinfectar os balcões ao final do d i a ; fielmente respeitadas e seguidas.

— U r i n a , fezes, sangue total, p l a s m a , soro e ou- Por outro lado, o trabalho com pacientes so-
tros fluidos orgânicos devem ser considera- ropositivos para o H I V ou com a S I D A / A I D S ,
dos como material contaminado até p r o v a requer que sejam estabelecidas regras m í n i m a s
em contrário. E m virtude disto, evite sujar-se complementares p a r a bloquear a transmissão ao
com qualquer destes materiais; operador. D e s t a forma, o trabalho com o H I V
deverá obedecer:
— L a v a r sempre com água e sabão a parte do
corpo i m e d i a t a m e n t e após o contato c o m — a notificação da existência de u m trabalho
qualquer espécimen do laboratório; desta natureza para fins de avaliação por u m
Comitê independente;
— Cobrir cortes e abrasões de pele, principal-
mente das mãos, antes de manusear qualquer — a existência de mecanismos de contenção e
espécimen laboratorial; prevenção d a infecção, tais como: a sinali-
zação do perigo biológico, a presença de fonte
— E v i t a r perfurações com agulhas e outros obje-
de água de fácil acesso, desinfetantes próxi-
tos pontiagudos, principalmente aqueles su
mos ao local de trabalho, equipamento de uso
jos com sangue; substituí-los, eventualmen-
exclusivo como geladeira, centrífuga e t c ;
te, por instrumentos plásticos;
— u m a rotina r í g i d a de trabalho l i m i t a n d o o
— Não colocar recipientes contendo s u b s t â n - acesso de usuários, mantendo portas fecha
cias líquidas ou qualquer outro objeto, por das, prevendo a sistemática utilização de jale-
mais leve que seja, sobre o equipamento de cos, aventais plásticos, óculos de proteção,
laboratório, p a r a se evitar problemas que in- luvas e dando o descarte adequado ao mate-
cluem danos elétricos e obstrução d a venti- rial infectante após s u a esterilização;
lação;
— cuidados específicos a serem seguidos para
— Despejar todo o material de análise de forma o derramamento de material e seu descarte
segura, esterilizando tudo o que for necessá- adequado: são recomendadas concentrações
rio; variáveis de hipoclorito para a descontami-
nação e limpeza de materiais variados como
— Você deve ter consciência d a s u a segurança pipetas, ponteiras (hipoclorito a 0,25%), su-
em seu local de trabalho. Não acredite que perfícies, objetos e equipamentos (hipoclorito
seu trabalho é inócuo só porque você ainda a 0,1% ou glutaraldeído a 2%). C o n t a m i n a -
não foi infectado no laboratório. U m dia isto ções grosseiras devem ser limpas com solução
pode acontecer, e o que é pior, pode ser fatal. de hipoclorito a 1 %; é essencial o uso de cubas
T e n h a cuidado! fechadas para autoclavação;
— manutenção de livro de ocorrência p a r a regis- interest in methods and procedures for the safe
tro de acidentes, infecções, doenças, assistên- handling of microbiological material. T h e major
cia médica e t c ; laboratory safety problem is aerial transmission,
— orientação correta p a r a recebimento de ma- however, protection against airborne hazards is
teriais de outros laboratórios; n u n c a é demais efficiently achieved by the use of microbiological
lembrar que a vedação dos frascos contendo safety cabinets. Biosafety rules should be stric-
soros para teste deve ser completa e que os tly followed by all members of a laboratory. E v a -
frascos devem ser embalados em sacos plás- luation of these procedures should be effectively
ticos individuais antes de serem enviados; performed by an independent biosafety commit-
tee. T h e upsurge of A I D S should stimulate the
— limpeza diária do laboratório.
adoption of safe working procedures in the labo-
Reenfatizamos o cuidado quanto ao uso de ratory.
seringas e agulhas, particularmente no momen-
to da colheita do sangue: N U N C A tentar repor AGRADECIMENTOS
a capa de plástico que originalmente recobria
a a g u l h a ; u m a vez coletado o espécimen, depo- À S r a . F Á T I M A M O N T E I R O pela paciente
site-o em u m frasco apropriado, injetando-o atra- datilografia do manuscrito.
vés d a a g u l h a ; ao término desse último procedi-
mento, descartar a seringa a c o p l a d a à a g u l h a
(NÃO T E N T E S E P A R Á - L O S ! É D E S N E -
C E S S Á R I O . . . ) em u m recipiente apropriado (e. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

g., u m a c a i x a de papelão suficientemente rígido)


cujo destino será a cremação. 1. BRITISH S t a n d a r d 5726. S p e c i f i c a t i o n s for microbiolo-
gical safety cabinets. L o n d o n , B r i t i s h S t a n d a r d s I n s t i t u ¬
Por último convém enfatizar que mais im- t i o n , 1979.

portante que a contenção física do laboratório


2. C A S A L S , J . — Arboviruses, arenaviruses and hepatitis.
para evitarem-se os acidentes, são as práticas I n : H E L M A N , A . ; O X M A N , M. N . & P O L L A C K , R . , ed.
seguras que devem ser seguidas pelo pessoal de — B i o h a z a r d s in b i o l o g i c a l research. C o l d S p r i n g H a r b o r ,
laboratório. A s pessoas que trabalham no labo New Y o r k , Cold Spring Harbor Laboratory, 1 9 7 3 . p.
223-245.
ratório devem entender todos os procedimentos,
funcionairlento dos equipamentos e as instala 3. C L A R K , R . P . — C o n t a i n m e n t f a c i l i t i e s for pathological
ções, assim como devem saber da natureza dos m a t e r i a l . E n v i r o n . I n t . , 8: 387-394, 1982.
agentes infecciosos, carcinogênicos ou emisso-
4. C L A R K , R . P . — T h e p e r f o r m a n c e of c o n t a i n m e n t f a c i l i ¬
res de radiações que são manipulados e as conse-
t i e s . J . S o c . e n v i r o n . E n g i n . , 21: 31-35, 1982.
qüências d a s u a m a n i p u l a ç ã o errônea, displicen-
te, despreocupada e irresponsável. 5. C L A R K , R . P . — A i r b o r n e h a z a r d s in the laboratory. N a t u -
r e , 301: 15-16, 1983.

SUMMARY 6. LABORATORY s a f e t y for a r b o v i r u s e s a n d c e r t a i n other


v i r u s e s of v e r t e b r a t e s . T h e S u b c o m m i t t e e o n A r b o v i r u s

LABORATORY SAFETY L a b o r a t o r y S a f e t y of the A m e r i c a n C o m m i t t e e o n A r t h r o -


p o d b o r n e V i r u s e s . A m e r . J . t r o p . M e d . Hyg:., 29: 1359-1381,
1980.
T h e occurrence of laboratory-acquired infec-
tions have elicited in the last ten years an intense R e c e b i d o p a r a p u b l i c a ç ã o e m 08/8/1988

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