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Biossegurança

É o conjunto de medidas destinadas a prevenir riscos inerentes as atividades dos


laboratórios de assistência, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que possam
comprometer a saúde dos profissionais e o meio ambiente.
A responsabilidade legal pela segurança em ambientes de trabalho cabe aos
administradores, no entanto os funcionários devem incorporar em sua rotina de trabalho as
boas técnicas microbiológicas e as normas de biossegurança. (NR 32 – MTE).

➢ Níveis de biossegurança
▪ NB 1
a) Adequado ao trabalho que envolva agente com menor grau de risco - CLASSE I para
profissionais do laboratório e o meio ambiente.
b) Aplicação de BPLs e utilização de EPIs.
c) Trabalho em bancada aberta, não exigindo equipamento especial.
d) Os profissionais deverão ter treinamento específico nos procedimentos realizados e
trabalhar sobre supervisão.
e) O acesso ao laboratório será limitado ou restrito de acordo com definição do responsável,
não sendo permitido entrada de crianças e animais.
f) Deve possuir uma pia específica para lavar as mãos.

▪ NB 2
a) Adequado ao trabalho que envolve agentes de risco moderado, em geral agentes causadores
de doenças infecciosas CLASSE II. As instalações exigidas devem atender as especificações
exigidas para o NB 1 acrescidas das seguintes:
I – Autoclave disponível para descontaminação no interior ou próxima ao laboratório de
modo a permitir a descontaminação de todo o material antes do seu descarte.
II – Cabine de segurança biológica CLASSE I e II e centrífuga com capaça protegida sempre
que houver manipulação de materiais em que possa existir a formação de aerossóis.
b) Os profissionais terão que ter treinamento específico no manejo de agentes patogênicos,
ser orientados sobre os possíveis riscos e trabalhar sobre supervisão.
c) O acesso ao laboratório será limitado durante os procedimentos operacionais.

▪ NB 3
a) Adequado ao trabalho com microorganismos com elevado risco infeccioso - CLASSE III
podendo causar doenças sistêmicas e potencialmente letais.
b) Barreiras de proteção individual podem ser utilizadas e toda manipulação realizada em cabine
de segurança biológica CLASSE II ou III, com filtro HEPA.
c) Oferecer treinamento específicos aos funcionários no manejo de agentes patogênicos e
potencialmente letais, orientar sobre os possíveis riscos e trabalhar sob supervisão
d) Quando não houver condições específicas para o NB 3 e instalações laboratoriais sem área
específica, com ambientes selados ou fluxo de ar unidirecional, as atividades de rotina e
operações repetitivas podem ser realizadas em laboratórios com instalações NB 2,
acrescidas de equipamentos de contenção e das práticas recomendadas para NB 3.
e) O acesso ao laboratório será controlado.

▪ NB 4
a) Representar o nível máximo de segurança. Adequado ao manuseio de agentes infecciosos
que possuam alto risco de infecção individual e de transmissão pelo ar.
b) Responsável técnico tem a responsabilidade final no controle do acesso ao laboratório.

➢ Normas básicas de biossegurança


✓ Estas normas consistem num conjunto de regras e procedimentos de segurança que visam
a eliminar ou minimizar os acidentes e os agravos de saúde relacionados ao trabalho em
laboratórios.
Cuidados gerais:
I – Higiene pessoal;
II – Proibições na área analítica;
III – Lavagem das mãos;
IV – Superfícies das bancadas.

OBS: O detalhamento de todos os cuidados gerais pode ser lido no BLP.

➢ Tipos de riscos
(Portaria do ministério do trabalho 3214 / 78)

1. Risco de Acidente
É o risco de ocorrência de um evento negativo e indesejado do qual resulta uma lesão
pessoal ou dano material. Em laboratórios os acidentes mais comuns são queimaduras,
cortes e perfurações.

2. Risco ergonômico
Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características
psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando sua saúde. Exemplos de
riscos ergonômicos: levantamento de peso e transporte manual de peso, os movimentos
repetitivos, a postura inadequada de trabalho, que podem resultar em lesões por esforços
repetitivos ou doenças ósteo-musculares relacionadas ao trabalho.
3. Risco físico
Está relacionado às diversas formas de energia, como pressões anormais, temperaturas
extremas, ruído, vibrações, radiações ionizantes (raio X, Iodo 125, carbono 14), ultrassom,
radiações não ionizantes (luz infra-vermelha, luz ultravioleta, laser, micro-ondas), a que
podem estar expostos aos trabalhadores.

4. Risco químico
Refere-se a exposição a agentes ou substâncias químicas na forma líquida, gasosa ou como
partículas e poeiras minerais e vegetais, presentes nos ambientes ou processos de trabalho,
que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão, como, solventes,
medicamentos, produtos químicos utilizados para limpeza e desinfecção, corantes, entre
outros.

5. Risco biológico
A seguir descrevem-se os grupos de riscos classificados segundo os seguintes critérios:
patogenicidade para o homem, virulência, modos de transmissão, disponibilidade de
medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz e endemicidade.
a) CLASSE DE RISCO I
Nenhum ou baixo risco individual e comunitário. Microorganismos que tenha pouca
probabilidade de causar enfermidades humanas e em animais.

b) CLASSE DE RISCO II
Risco individual moderado e risco comunitário limitado. A exposição ao agente patogênico
pode provocar doença humana ou animal, porém se dispõe de medidas eficazes de
tratamento e prevenção, sendo o risco de propagação limitado.

c) CLASSE DE RISCO III


Risco individual elevado e risco comunitário limitado. A exposição pode causar doenças
graves ao homem podendo propagar-se de uma pessoa infectada para outra, entretanto
existe profilaxia e / ou tratamento.

d) CLASSE DE RISCO IV
Elevado risco individual e comunitário. Os agentes patogênicos representam grande ameaça
para pessoas e animais, com fácil propagação de um indivíduo a outro, direta e
indiretamente, não existindo profilaxia nem tratamento.

e) CLASSE DE RISCO V
Elevado risco de causar doença animal e disseminação no meio ambiente. Aplica-se a
agentes de doenças animal, não existente no país e que, embora não sejam patógenos de
importância para o homem, podem gerar graves percas econômicas. Os agentes devem ter
sua importação proibida e manipulados em laboratório de contenção máxima NB 4.

➢ Mapas de riscos
✓ Mapa de risco é uma representação gráfica que serve para representar todos os riscos
existentes em um local de trabalho.
✓ Ele é elaborado com base na planta do local e leva em conta também a magnitude do risco
existente, ou seja, se a probabilidade do risco é baixa, média ou alta.
✓ São levados em consideração na elaboração do mapa de risco todos os fatores capazes de
acarretar prejuízo a saúde dos trabalhadores: acidentes e doenças de trabalho.
✓ No mapa de risco além da descrição do risco tem-se também noção da magnitude dele,
pois dependendo do tamanho com que ele é representado graficamente, tem-se noção se
ele é pequeno, médio ou grande.

Abaixo um modelo de um mapa de risco em um laboratório

Intensidade do risco:

Destilação de Grande
Incubadora
água
Extração de
DNA Médio

Pequeno

Cultura de
Células
Extração de RNA Bancada

c c Acidente
Sala de
TIPO DE RISCO

c Ergonômico
PCR
c Físico
Sala de c Químico
eletroforese e c
fotodocumentação Capelas Escritório c Biológico

➢ Descontaminação em laboratórios
✓ Limpeza e desinfecção
Limpeza: é o processo de remoção de partículas.
Desinfecção: processo que visa eliminar todos os microorganismos, exceto os esporos.
▪ Preconiza-se a limpeza com água e sabão líquido e havendo presença de M.O, remove-se
a sujidade, realiza-se a limpeza e em seguida a desinfecção.

▪ Produtos a serem utilizados:


I – Sabões detergentes: são produtos solúveis em água que contém tensoativos em sua
formulação, com a finalidade de emulsificar e facilitar a limpeza, levando a dispersão,
suspensão e emulsificação da sujeira.
II – Germicidas: são agentes químicos que inibem ou destroem os microorganismos,
podendo ou não destruir os esporos.
III – Esterilizantes: soluções químicas que são capazes de destruir todas as formas de
microorganismos inclusive esporos. Ex: glutaraldeído a 2%.
IV - Desinfetantes: são germicidas dotados de nível intermediário de ação. Ex: hipoclorito
de sódio 1 % por 30 min.
V - Antissépticos: soluções germicidas pouco irritante, utilizadas em pele mucosas.
VI – Desodorizante: controla odores desagradáveis, formado por substâncias bactericidas.

Exemplo usual de desinfecção: Utilização do álcool 70% (etanol ou isopropílico) para


desinfecção da pele, bancadas e equipamentos.

✓ Esterilização
É o processo que visa destruir ou eliminar todas as formas de vida microbiana presente,
por meio de processos físicos ou químicos.
I - Processos físicos: vapor saturado sob pressão (autoclave), radiações (raios gama),
filtrações (soluções termolábeis – filtros e membranas).
II - Processos químicos: líquidos (glutaraldeído a 2%), gases (óxido de etileno).

Exemplos usuais de esterilização


- Autoclavação
É o procedimento de inativação com calor úmido à alta pressão. Utilizado para
descontaminação de utensílios laboratoriais e materiais para descarte.
Este processo geralmente envolve aquecimento da água em uma câmara sob pressão de
15 psi / 15 lb, o que ocorre em uma temperatura de cerca de 121C por tempo mínimo de
15 minutos. (“tempo variado de acordo com o material”).

- Estufa ou forno de Pasteur


É o processo por inativação em altas temperaturas. Efetivos para materiais que não
suportam umidade, como metais, por que não corrói nem enferruja.
Condições padrões de esterilização: 170C durante 90 minutos ou 160C por 120 minutos.
Primeiros Socorros
Os primeiros socorros devem ser ministrados o mais rápido possível do momento do acidente,
sendo que, dependendo da gravidade, o acidentado deverá ser encaminhado ao hospital mais
próximo, imediatamente.

➢ Acidentes com exposição da pele a produtos químicos


✓ Lavar todas as áreas do corpo afetada por 15 a 20 minutos com água corrente.
✓ Não usar sabão ou detergente até verificar as normas de risco e segurança do reagente em
questão.
✓ Encaminhar a pessoa ao hospital se a irritação persistir, se houver um dano aparente ou se
as normas de segurança do produto assim exigirem.

➢ Acidentes com exposição dos olhos a produtos químicos


✓ Lavar os olhos durante 15 a 20 minutos em água corrente. Manter os olhos abertos
enquanto efetua a lavagem.
✓ Sempre procurar atendimento médico no hospital em caso de exposição dos olhos a
materiais perigosos.

OBS: Um lava olhos e um chuveiro de emergência devem estar acessíveis nos laboratórios
onde reagentes perigosos para a pele e os olhos são usados. Os funcionários devem estar
a menos de 25 metros e devem atravessar no máximo uma porta para chegar ao local onde
estejam o lava olhos e o chuveiro de emergência.

➢ Acidentes por ingestão de produtos químicos


✓ Bochechar com água, sem ingerir, se a contaminação for apenas bucal.
✓ Caso tenha havido ingestão, beber água ou leite em abundância.
✓ Se necessário, provocar vômito pela estimulação da faringe.
✓ Jamais provocar vômitos se o acidentado tiver desacordado ou se ingerir substância
corrosiva, cáustica ou volátil.
✓ Deslocar rapidamente o acidentado para o hospital.
Em caso de derramamento de produtos perigosos sobre o corpo de um indivíduo, deve-se
remover a roupa sob o chuveiro de emergência. Na maioria dos casos, às áreas atingidas
devem ser lavadas abundantemente com água corrente por pelo menos 15 minutos. Não se
deve esfregar a área, fazer neutralizações ou aplicar creme ou outros produtos.
➢ Choques elétricos
✓ Em casos de choques elétricos a primeira providência é desligar o disjuntor ou interruptor,
interromper o contato com a vítima com o agente agressivo, de forma segura.

➢ Queimaduras
✓ Interromper o contato com a vítima com o agente agressivo (térmico, químico, elétrico).
✓ Assegurar a vítima a manutenção básica da vida.
✓ Proteger a vítima e suas lesões de outros agravos durante o transporte.
✓ Proceder a avaliação primária da vítima assegurando vias aéreas pérvias, respiração e
circulação.
✓ Qualquer vítima com lesões por queimaduras pode também ter sido vítima de trauma,
portanto, especial atenção deve ser dada a proteção da coluna vertebral.

➢ Acidentes com material perfurocortante ou material biológico


✓ Lavar exaustivamente com a água e sabão o ferimento ou a pele exposta ao sangue ou
líquido orgânico.
✓ Lavar as mucosas com soro fisiológico ou água em abundância.
✓ Não provocar maior sangramento do local ferido e não aumentar a área lesada, a fim de
minimizar a exposição ao material infectante.

➢ Incêndios em laboratório
✓ Classes dos incêndios
CLASSE A – Combustíveis comuns como: madeira, papel, tecido, plásticos etc.
CLASSE B – Líquidos e combustíveis inflamáveis.
CLASSE C – Fogo em equipamentos elétricos.
Extintor de CO2: Indicado para incêndios de CLASSE C e B e sem grande eficiência para a
CLASSE A.
Extintor de água pressurizada: Indicado para incêndios CLASSE A e contra-indicado para
as CLASSES C e B.
Extintor de pó químico seco (PQS): Indicado com ótimo resultado para os incêndios
CLASSES B e C sem grande eficiência para a CLASSE A.

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