Você está na página 1de 43

Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO

Tomo 6

1
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO

TOMO 6

Christiane Mazur Doi


Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Mestra em Ciências
(Tecnologia Nuclear), Engenheira Química e Licenciada em Matemática, com
Aperfeiçoamento em Estatística. Especialização em Língua Portuguesa e
Literatura em curso. Professora titular da Universidade Paulista.

José Carlos Morilla


Doutor em Engenharia de Materiais, Mestre em Engenharia de Materiais e
em Engenharia de Produção, Especialista em Engenharia Metalúrgica e Física
e Engenheiro Mecânico, com MBA em Gestão de Empresas. Professor
adjunto da Universidade Paulista.

Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial


não pode ser reproduzido ou utilizado sem autorização expressa,
por escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação
da UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA.

2
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 1
Questão 1.1
Uma indústria que trabalha sob encomenda quer definir a política ótima de produção para os
próximos quatro trimestres. Os pedidos colocados em carteira (demanda) bem como os
custos fixos de setup (K) e os custos unitários de produção (c) e estoques (h) são
apresentados na tabela a seguir.

Período Pedidos (unidades) Custo setup (K) Custo de estocagem (h) Custo produção (c)
1 50 R$ 10 000,00 R$ 100,00 R$ 1 000,00
2 50 R$ 5 000,00 R$ 100,00 R$ 1 000,00
3 50 R$ 10 000,00 R$ 100,00 R$ 1 000,00
4 50 R$ 5 000,00 R$ 100,00 R$ 1 000,00

A política ótima de produção pode ser determinada pelo algoritmo de Wagner-Whitin e


Zangwill (JOHNSON; MONTGOMERY, 1974), que objetiva minimizar os custos totais período
a período, de acordo com a fórmula:

 
Ci = min C j+1 + K i + ci (ri + ri +1 + ... + rj ) + hi (ri +1 + ... + r j ) + hi +1 (ri +2 + ... + rj ) + hj−i (rj ) 
j =i ,i +1,...

Na fórmula, temos j = períodos à frente, incluindo o atual, em que:


• Ci = custo total do período i;
• Ki = custo de setup (fixo) do período i;
• ci = custo unitário de produção no período i;
• hi = custo unitário de estoque no período i;
• ri = demanda no período i.
Na situação descrita, considerando que a indústria dispõe de capacidade para produzir, no
máximo, 150 itens por período, e que o custo total no período 5 é nulo, a política ótima é
produzir, nos períodos 1,2,3,4, respectivamente,
A. 50, 100, 0 e 50 unidades.
B. 50, 50, 100 e 0 unidades.
C. 50, 50, 50 e 50 unidades.
D. 50, 100, 50 e 0 unidades.
E. 50, 150, 0 e 0 unidades.

1
Questão 14 – Enade 2011.
3
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

1. Introdução teórica

Algoritmo de Wagner-Whitin e Zangwill

O algoritmo de Wagner-Whitin é um modelo de programação dinâmica, destinado a


uma quantidade finita de demandas. Ele é um modelo heurístico que minimiza os custos
dentro do horizonte de planejamento para atender às demandas (ARENALES, 2007).
Esse algoritmo minimiza os custos de produção e armazenamento a todos os períodos
em análise, permitindo que se tome a decisão mais econômica para satisfazer às
quantidades demandadas (ARENALES, 2007).
A primeira etapa do procedimento de utilização desse algoritmo consiste na
determinação da matriz dos custos variáveis totais de produção para todas as alternativas
Zc,e, dentro do horizonte das demandas:

Z c ,e = K c + (hc + cc )i =c ,,.....,e (rc ,e − rc ,i )

Na equação, Kc é o custo fixo no período da demanda estudada; hc é o custo unitário


de estocagem no período da demanda estudada; cc é o custo unitário de produção no
período de demanda estudada; rc,e é a demanda acumulada entre o período c e o período e
e rc,i é a demanda acumulada entre o período c e o período i.
Na segunda etapa, deve ser determinado o mínimo custo possível nos períodos 1 a e,
por meio da função:

fe = mínimo(Zc ,e + f(c−1) ), para c = 1,2,3,........, e

Na função, fe é o mínimo custo no período e e f(c-1) é o mínimo custo do período c-1.


A solução ótima (fN) é a que produz o menor custo total para atender às demandas.

2. Solução da questão

Na solução, a unidade valor será igual R$ 1.000,00.


A matriz dos custos variáveis totais apresentados na questão é determinada por:

Z c ,e = K c + (hc + cc )i =c ,,.....,e (rc ,e − rc ,i )

4
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Na equação, Zc,e é o custo variável total, nos períodos de c a e, de uma encomenda


feita no período c, que satisfaz às necessidades nos períodos ente c e e. Assim, com os
dados da questão, para os períodos entre 1 e 4, podemos escrever:

Z11 = 10 + 1,1(50 − 50) = 10


Z12 = 10 + 1,1(100 − 50) + 1,1(100 − 100) = 65
Z13 = 10 + 1,1(150 − 50) + 1,1(150 − 100) + 1,1(150 − 150) = 175
Z14 = 10 + 1,1(200 − 50) + 1,1(200 − 100) + 1,1(200 −150) + 1,1(200 − 200) = 340

Z 22 = 5 + 1,1(50 − 50) = 5
Z 23 = 5 + 1,1(100 − 50) + 1,1(100 − 100) = 60
Z 24 = 5 + 1,1(150 − 50) + 1,1(150 −100) + 1,1(150 −150) = 170

Z 33 = 10 + 1,1(50 − 50) = 10
Z 34 = 10 + 1,1(100 − 50) + 1,1(100 − 100) = 65

Z 44 = 5 + 1,1(50 − 50) = 5

A matriz dos custos variáveis totais está apresentada na tabela 1.

Tabela 1. Custos totais por período em R$ 1.000,00.


e
1 2 3 4
c
1 10 65 175 340
2 5 60 170
3 10 65
4 5

O mínimo custo possível no período compreendido entre 1 e e (fe) é determinado por:

fe = mínimo(Zc ,e + f(c−1) )

Assim, temos:
f0 = 0

f1 = mínimo(Z11 + f 0 ) = 10 + 0 = 10 , para (Z11+f0)


f 2 = mínimo(Z12 + f 0 ; Z 22 + f1 ) = min(65 + 0; 5 + 10) = 15 , para (Z22+f1)
f3 = mínimo(Z13 + f 0 ; Z 23 + f1 ; Z 33 + f 2 ) = min(175 + 0; 60 + 10;10 + 15) = 25 , para (Z33+f2)
f 4 = mínimo(Z14 + f 0 ; Z 24 + f1 ; Z 34 + f 2 ; Z 44 + f3 ) = min(340 + 0;170 + 10; 65 + 15; 5 + 25) = 30 , para
(Z44+f3)

A tabela 2 mostra o mínimo custo possível.

5
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Tabela 2. Mínimo custo possível no período.


Período (R$1.000,00)
0 0
1 10, para (Z11+f0)
2 15, para (Z22+f1)
3 25, para (Z33+f2)
4 30, para (Z44+f3)

A tabela 3 mostra os custos em cada período.

Tabela 3. Custos por período em R$ 1.000,00.


e
1 2 3 4
c
1 10 65 175 340
2 15 70 180
3 25 80
4 30
10 15 25 30

A tabela 4 fornece a solução do problema.

Tabela 4. Pedidos colocados em carteira (demanda), com custos fixos de setup (K), custos unitários de produção (c) e
estoques (h).
Custo variável cumulativo Número de unidades
Período Demanda
(R$ 1.000,00) produzidas
1 50 10 50
2 50 15 100
3 50 25 0
4 50 30 50

Alternativa correta: A.

3. Indicação bibliográfica

• ARENALES, M. et al. Pesquisa operacional para cursos de engenharia. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2007.

6
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 2
Questão 2.2
Problemas de engenharia de produção foram estudados em um polo com mais de 80 empresas
produtoras de objetos fundidos – móveis adornos e objetos decorativos e utensílios de cocção. O
principal problema relatado pelos empresários referia-se à Gestão e Desenvolvimento de Produtos
(GDP), tais como perda de participação no mercado e a não formação de uma identidade
socialmente percebida. Essas atividades eram descoordenadas ou realizadas sem metodologias
eficientes. Um projeto recente buscou aplicar ferramentas de GDP, já validadas em grandes
organizações, nas empresas de pequeno porte integrantes do pólo. Por exemplo, o Processo de
Desenvolvimento de Produtos Orientado ao Cliente (PDPOC), um método aplicável em conjunto com
o método Quality Function Deployment (QFD), e o Computer Aided Design (CAD). Desenvolveram-se
70 produtos e capacitaram-se 20 equipes, de empresários e funcionários das empresas, na aplicação
de ferramentas de gestão orientadas aos seus negócios, conciliando o desenvolvimento de produtos
às diferentes capacidades dos processos produtivos e aos nichos de mercado estudados. Os antigos
produtos, muitas vezes copiados de concorrentes, eram pouco ergonômicos e com design
desatualizado. Os novos produtos têm design contemporâneo, agregam valor simbólico e são viáveis
com os processos de produção disponíveis.
MIRANDA, C. A. S.; MELO FILHO, L. D. R.; OLIVEIRA, R. D. Projeto multidisciplinar: integração entre design e engenharia de produção no
PDP para empresas industriais de pequeno porte. São Carlos, out./2010. XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção (com
adaptações).

Diante do exposto, analise as afirmações seguintes.


I. Considerando a oferta existente no mercado de mobiliários fundidos nacionais quanto
às características de design, os novos produtos desenvolvidos pelas empresas do polo
estudado passaram a ter qualidade potencialmente melhorada.
II. O planejamento sistematizado de produtos utilizando-se técnicas de GDP pode levar a
soluções com maior valor agregado e o direcionamento de novos produtos a nichos
de mercado específicos.
III. A difusão de técnicas de GDP para as pequenas empresas pode viabilizar o
direcionamento de seus produtos a nichos de mercado específicos, de maior potencial
de rentabilidade.
IV. O redirecionamento de linhas de produtos a nichos de maior rentabilidade, mantida a
capacidade máxima de produção das empresas, compromete a escala de produção de
produtos a preços populares.
É correto o que se afirma em
A. I, II e III, apenas.
B. I, II e IV, apenas.
C. I, III e IV, apenas.
D. II, III e IV, apenas.
E. I, II, III e IV.

2
Questão 26 – Enade 2011.

7
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

1. Introdução teórica

1.1. Desenvolvimento de produtos

Segundo Corrêa (2012), o projeto de um produto deve levar em conta não só o


produto em si, mas também o processo de sua produção. Os processos, muitas vezes,
restringem as possibilidades dos projetistas, e pequenas alterações no produto promovem
grande alteração no processo de sua produção.
O desenvolvimento de um produto deve passar por algumas fases, que, segundo
Slack (1997), são a geração do conceito, a triagem feita por diferentes partes da
organização, o projeto preliminar, a avaliação e sua melhoria, a prototipagem e o projeto
final.
Na fase de geração do conceito, várias são as fontes de alimentação de informações.
Essas fontes, que podem ser internas e externas à organização, devem informar as
características que o produto deve apresentar, levando em conta o mercado, as novas ideias
advindas da área de pesquisa e desenvolvimento, a observação da concorrência, as
necessidades dos clientes etc. As informações colhidas junto a essas fontes orientam sobre o
design, as melhorias no processo de produção, a adequação dos processos de distribuição, o
desenvolvimento de fornecedores etc. A figura 1 é uma representação das fontes que
podem colaborar para a geração do conceito de um produto.

Figura 1. Fontes de alimentação para a geração do conceito (SLACK, 1997).

O processo de desenvolvimento de produtos prevê a filtragem das ideias por diversos


setores de dentro e de fora da organização. Esse processo tende a limitar os conceitos até

8
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

que seja definido um conceito geral que deve ser perseguido (CORRÊA, 2012). A figura 2
mostra alguns desses filtros.

Figura 2. Processo de filtragem de ideias (SLACK, 1997).

Nos ambientes competitivos atuais, é de suma importância que os produtos sejam


desenvolvidos de forma a atender aos anseios dos mercados objetivados, ou seja, é preciso
ouvir o cliente e atendê-lo. Uma forma para que o produto seja reflexo do desejo do cliente
é o chamado "Desdobramento da Qualidade" ou, na terminologia original, Quality Function
Deployment (QFD).
Os requisitos formam o que se chama de "casa da qualidade". A figura 3 é uma
representação da casa da qualidade.

Figura 3. Casa da qualidade (FARIA, 2013).

9
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

A partir da década de 1990, as empresas passaram a usar métodos interativos para o


desenvolvimento de produtos. Esses métodos usam equipes multidisciplinares que realizam
simultaneamente muitas partes do desenvolvimento do produto. As vantagens desse tipo de
abordagem para o desenvolvimento do produto estão na redução do número de problemas
na produção, na redução dos problemas de qualidades do produto produzido, na redução do
tempo para lançamento, na redução dos custos de desenvolvimento e na redução no tempo
de retorno do investimento (SLACK, 1997).

1.2. Importância do desenvolvimento de novos produtos para as organizações

O desenvolvimento de novos produtos é importante para a organização porque eles


são o motivo da sua existência, uma vez que ela está vinculada a produtos que possam ser
oferecidos a um mercado que os deseje e a sobrevivência da empresa está associada ao
grau de sucesso de seus produtos (FUSCO, 2011).
As principais causas de fracassos no lançamento de novos produtos são oriundas de
fatores internos, ou seja, sob controle da empresa. Em geral, apenas uma causa está fora
de controle da empresa: a reação da concorrência.
A maioria dos fatores que levam ao fracasso de um produto está relacionada à
qualidade do processo de desenvolvimento do produto. Esses fatores passam pela análise
inadequada de marketing, pelos problemas ou defeitos dos produtos, pelos custos mais altos
do que os previstos, pelo mau gerenciamento do tempo e pelos problemas técnicos de
produção (FUSCO, 2011).

2. Análise das afirmativas

I – Afirmativa verdadeira.
JUSTIFICATIVA. A aplicação de ferramentas de gestão orientadas aos negócios, conciliando
o desenvolvimento de produtos às diferentes capacidades dos processos produtivos e aos
nichos de mercado estudados, promove, entre outras características, a redução do número
de problemas na produção e a redução dos problemas de qualidade do produto produzido.

II – Afirmativa verdadeira.
JUSTIFICATIVA. Segundo Corrêa (2012), é de suma importância que os produtos sejam
desenvolvidos de forma a atender aos anseios dos clientes. Assim, o planejamento
10
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

sistematizado de produtos agrega valor a soluções e direciona novos produtos a nichos de


mercado específicos.

III – Afirmativa verdadeira.


JUSTIFICATIVA. Segundo Corrêa (2012), uma das vantagens em se desenvolver um produto
levando em conta os anseios dos clientes está na redução dos custos de desenvolvimento e
na redução no tempo de retorno do investimento. A adequação do produto ao processo e
vice-versa promove redução nos custos de produção e, com isso, melhora a rentabilidade do
produto (SLACK, 1997).

IV – Afirmativa falsa.
JUSTIFICATIVA. O redirecionamento de linhas de produtos a nichos de maior rentabilidade,
mantida a capacidade máxima de produção, promove o aumento de capacidade financeira
da empresa. Se a capacidade é mantida, não existe o comprometimento da escala de
produção e não existe o comprometimento do custo de fabricação do produto; na verdade,
o foco em nichos de mercado permite a redução dos custos de produção e aumenta a
qualidade do produto.

Alternativa correta: A.

3. Indicações bibliográficas

• CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações manufatura e


serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2012.
• FUSCO, J. A. et al. Administração de operações: da formulação estratégica ao controle
operacional. São Paulo: Arte & Ciência, 2003.
• SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997.

11
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 3
Questão 3.3
O EDI, abreviação de Electronic Data Interchange, ou, em português, Intercâmbio Eletrônico de
Dados, “é um meio de transferência eletrônica de dados entre empresas, de computador para
computador, em formatos padrão”, ou ainda (...) “é a transferência eletrônica de dados entre os
computadores das empresas participantes, dados esses estruturados dentro de padrões previamente
acordados entre as partes.” (...) o EDI foi primeiramente adotado nos Estados Unidos, na década de
1980, pelos setores de varejo e de transportes, expandindo-se mais tarde para os setores,
automotivo e farmacêutico, entre outros.
O processo de implantação da troca eletrônica de dados via EDI na Empresa X teve início entre os
anos de 1993 e 1994. Na unidade pesquisada, esse processo ocorreu no ano de 1996, logo após sua
fundação. Naquela época, o processo ocorreu sem grandes problemas, pois só havia um cliente
conectado com a Empresa X via EDI. No decorrer dos anos, novos clientes passaram também a
adotar o EDI como forma de comunicação com a Empresa X e, atualmente, a maioria dos clientes
utiliza esta ferramenta para a troca eletrônica com a empresa.
Antes da utilização do EDI, a empresa utilizava principalmente o telefone e o fax em envio de
relatórios para a comunicação com os clientes e fornecedores. O processo de adoção do EDI na
Empresa X originou-se, principalmente, devido à exigência de algumas montadoras, que definiram
que seus fornecedores deveriam implantar o EDI, se quisessem fornecer diretamente para elas.
Além das atividades de envio da necessidade de produção pelos clientes, pedido de compra
encaminhado aos fornecedores e emissão de envio de embarque e nota fiscal, o EDI é utilizado para
visualizar a demanda acumulada, o que já foi entregue pela empresa, o que está em atraso e os
nomes dos clientes que estão esperando para serem atendidos. Ele é usado também em atividades
como programação de entregas, alteração de pedido, extrato de conta-corrente, pagamentos etc.
FERREIRA, K.; RIBEIRO, P. Tecnologia da Informação e Logística: os impactos do EDI nas operações logísticas de uma
empresa do setor automobilístico. In. Anais do XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, 2003 .

Segundo o que explicita estritamente o texto, uma vantagem relevante do EDI é:


A. acesso rápido a fornecedores.
B. redução do emprego de papel.
C. utilização de tecnologia de ponta.
D. suporte ilimitado de comunicação.
E. diminuição da importância dos vendedores.

1. Introdução teórica

Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI)

Embora o telefone, o fax e a conexão direta por computador tenham possibilitado a


troca de informações entre empresas no passado, o EDI e a Internet são hoje os meios que
propiciam essa troca de forma mais efetiva e com menor custo.

3
Questão 30 – Enade 2011.
12
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

O uso do EDI propicia alta produtividade (interna e externa), melhoria nos canais de
comunicação entre a empresa e seus clientes (e fornecedores), competitividade
internacional e redução nos custos operacionais (BOWERSOX, 2006).
A produtividade é aumentada pela rapidez da transmissão de informações; a melhoria
nos canais de comunicação ocorre pela precisão das informações transmitidas, a
comunicação torna-se mais aberta e mais precisa; 0 e a redução nos custos operacionais é
feita pela redução do custo operacional de mão de obra e do material associado à impressão
e ao envio de documentação (TURBAN, 2008).
Além da velocidade com que as informações são trocadas dentro da organização e
entre organizações, é preciso lembrar que a forma como a informação move-se é
modificada, manipulada e apresentada.
As informações trocadas entre as empresas também são utilizadas para o
gerenciamento das operações dentro de cada uma delas e para seu controle.
Segundo Slack (1997), o EDI pode ser utilizado internamente como um sistema de
troca de informações entre os diversos setores de uma mesma unidade e/ou entre unidades
diferentes.
De acordo com Bowersox (2006), o setor gráfico já percebeu que o EDI pode eliminar
90% dos sistemas baseados em papel.

2. Análise das alternativas

A – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. O EDI melhora a comunicação entre clientes e fornecedores, mas não
promove o acesso a esses clientes.

B – Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. O uso do EDI reduz o emprego de todos os materiais associados à
impressão de documentos.

C – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A utilização do EDI não implica a utilização de tecnologia de ponta. O texto
da questão informa que o início da utilização de EDI na empresa foi em 1993. Assim, ele não
pode ser considerado tecnologia de ponta.

13
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

D – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Como todo sistema, ele apresenta limites na velocidade de transmissão de
dados.

E – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A utilização do EDI não implica a substituição de vendedores ou a mudança
de formas de comercialização. O EDI facilita a comunicação entre as empresas depois que a
formalização das atividades concernentes aos negócios é feita.

3. Indicações bibliográficas

• BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão logística de cadeias de


suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2006.
• SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997.
• TURBAN, E. et al. Tecnologia da informação para gestão: transformando os negócios na
economia digital. Porto Alegre: Bookman, 2008.

14
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 4
Questão 4.4
Antes de seguir para expedição, produtos acabados oriundos de três linhas de produção de
uma indústria passam por uma máquina de embalagem, cujo tempo de processamento é de
1 min. O diretor industrial afirma que há períodos de sobrecarga da máquina iguais ao
representado pelo gráfico e solicitou um relatório contendo indicadores de desempenho do
setor para justificar a aquisição de um novo equipamento (para dobrar a capacidade).
A partir dos dados do problema, faça o que se pede nos itens a seguir.
a) As chegadas de produtos acabados e o tempo de processamento da embalagem são
aleatórios ou determinísticos? Justifique sua resposta.
b) Descreva como são obtidos os indicadores de desempenho abaixo relacionados para o
setor de embalagem, indicando se os valores calculados a partir do gráfico justificariam
ou não o aumento em sua capacidade produtiva.
i. taxa média de utilização no setor;
ii. tempos máximo, mínimo e médio de permanência de produtos acabados no setor;
iii. tempos máximo, mínimo e médio de espera em fila no setor;
iv. número médio de produtos acabados no setor.

4Questão 5 – discursiva – Enade 2011.


15
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

1. Introdução teórica

Planejamento e controle de capacidade

O planejamento e o controle da capacidade de uma operação consistem na


determinação de sua capacidade produtiva de forma que consiga atender à demanda no
tempo em que se espera que isso aconteça (SLACK, 1997).
A sazonalidade da demanda ocorre em praticamente todos os produtos e serviços. O
período da sazonalidade está associado ao produto. Por exemplo: para um supermercado, o
período da sazonalidade do consumo dos produtos ofertados pode ser medido em dias; para
uma indústria de roupas, em meses; e, para um restaurante, em horas.
Embora as operações façam previsões de demanda, não é possível determinar
exatamente quando cada pedido será efetuado. Da mesma forma, não pode ser previsto o
exato momento em que um insumo para a fabricação e para o atendimento do pedido terá
sua entrada no estoque (SLACK, 1997).
Para atender de maneira adequada à demanda, foram desenvolvidas teorias cujo
objetivo é prever a demanda e, assim, determinar o que deve ser feito para atendê-la. Uma
dessas teorias, conhecida como Teoria da Fila, pode fornecer a solução para o atendimento
de demanda para situações bastante particulares (CORRÊA, 2012).
Chamando de  a taxa de chegada de clientes (pedidos) e de  a taxa de
atendimento (clientes/unidade de tempo), podemos determinar o número de clientes no
sistema (NS) por

NS =
 −
Com relação ao número médio de clientes na fila (NF), temos que
2
NF =
  ( −  )
O tempo médio que um cliente fica aguardando na fila (TF) é dado por
NF
TF =

Denomina-se tráfego () a razão entre a taxa de chegadas de clientes e a taxa de
atendimento, isto é,

=

16
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

2. Padrão de resposta publicado pelo INEP

a) Pelo gráfico das chegadas acumuladas, observamos que o processo apresenta


comportamento aleatório, com intervalos não uniformes entre eventos. Particularmente,
no processo de chegada, há mudanças no ritmo em quatro momentos bem definidos,
com intervalos de 1, 0,5, 2 e 3,5 min, intervalos de 1 a 5 min, de 5 a 7,5 min, de 7,5 a
17,5 min e 17,5 a 23,5 min, respectivamente.
Pelo gráfico das saídas acumuladas, observamos que o tempo de processamento da
embalagem apresenta comportamento determinístico, com intervalos uniformes entre
eventos. É possível identificar que os intervalos entre o início de cada processamento e
as saídas são constantes e iguais a 1 min.

b) São solicitados 4 conjuntos de indicadores de desempenho.


i. A taxa média de utilização do setor é dada pelo quociente entre a taxa média de chegada
e a taxa média de embalagem.
A taxa média de chegada pode ser obtida pela divisão do tempo total de observação pelo
número de peças: 20 25 = 0,888. pç/min.

A taxa média de embalagem pode ser extraída do texto do problema. Se o processo de


embalagem é determinístico com TAi = 1 min, a taxa média de embalagem é 1 pç/min.
Portanto, a taxa média de utilização do setor é 0,888pç min( ) (1pç min ) = 0,888(o setor não
apresenta sobrecarga no período mencionado).

ii. A partir da comparação, na figura 1 a seguir, entre a curva que representa a saída
acumulada e a curva que representa a chegada acumulada de cada peça, são obtidos os
tempos de permanência de cada peça no setor (TSi). Assim, observamos que a peça com
maior tempo de permanência no setor teve um TS = 3,5 min e a peça com menor tempo
no setor teve um TS = 1 min (tempo de embalagem). Na média, as peças permaneceram

TS =
 TS
i i
=
37
= 1,85 min por peça.
N 20

17
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Figura 1. Chegadas e saídas acumuladas VS tempo.

iii. Em um sistema de filas, o tempo de permanência de cada peça no setor é dado pela
soma TSi = TAi + TFi, sendo TAi o tempo de embalagem e TFi o tempo de espera em fila.
Conhecendo TSi (obtido anteriormente) e TAi (dado no problema), podemos afirmar que a
peça que mais esperou em fila teve um TFi =2,5 min. A peça que menos esperou em fila
teve TFi =0 min. A média dos tempos de fila pode ser obtida fazendo TS = TF + TA; logo,
TF = TS ‐ TA = 37/20 ‐ 1 = 1,85 min – 1 min = 0,85 min.

iv. Pelo gráfico, fazendo a diferença entre a curva chegada acumulada e a curva saída
acumulada de cada peça, são obtidos os números de peças no setor por unidade de
tempo (NSt). Assim, podemos determinar o número médio de peças no setor por meio de

NS =
 NS
i i
=
37
= 1,644 peças por minuto.
T 22,5
Dos dados extraídos do setor de embalagem, observamos que não há sobrecarga (a taxa
de utilização é menor do que 100%), mas as filas são ocasionadas pela mudança no ritmo
das chegadas das peças. O tempo médio de fila representa menos de 50% do tempo total
de peças no setor, o que justifica uma tentativa de melhor adequar os ritmos de chegada.

18
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

3. Indicações bibliográficas

• CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações manufatura e


serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2012.
• SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997.

19
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 5
Questão 5.5
No projeto de unidades produtivas agroindustriais, a “Análise do Ciclo de Vida” é um dos
principais métodos utilizados para avaliação dos impactos ambientais de diferentes
processos de trabalho. Uma análise simplificada do ciclo de vida da cachaça comparou casos
de produtores industriais e de produtores artesanais. A análise contemplou as seguintes
etapas: colheita da cana-de-açúcar, moagem, fermentação, destilação e homogeneização
até a etapa em que o produto está pronto para distribuição. No produtor industrial, a
cachaça destilada é transportada desde várias áreas para um local central, para a
homogeneização. Os dados relativos às emissões de CO2 e de material particulado estão
listados na tabela seguinte.

Dióxido de carbono e material particulado emitido por dia durante o processo de fabricação da
cachaça. Valores totais (kg)
Queima do Total de CO2 Material
Fermentação CO2
bagaço CO2 emitido particulado
Produtor Artesanal 640 2.243,20 2.883,20 43,29
Produtor Industrial 192.000 672.960 883.814,20 13.249,31

Valores (kg) por unidade funcional - 1 litro de cachaça

Produtor Artesanal 0,3657 1,2818 1,6475 0,00247


Produtor Industrial 0,3491 1,2236 1,6882 1,5516
NIGRI, E.L.; ROMEIRO FILHO, E.; ROCHA, S.D.F.; FARIA, P.E. Comparando processos industriais e artesanais: uma
aplicação da análise simplificada do ciclo de vida na produção de cachaça. São Carlos, out. 2010. XXX Encontro Nacional de
Engenharia de Produção.

Considerando a situação descrita, avalie as seguintes afirmativas.


I. O impacto gerado por tonelada produzida entre pequenos produtores é menor que nos
grandes produtores.
II. Quanto maior o volume de produção de um insumo ou produto, maior o impacto gerado
ao ambiente.
III. A comparação entre impactos ambientais gerados em processos industriais e artesanais
varia de acordo com suas especificidades.
IV. O aumento da necessidade de transporte entre as unidades da cadeia de produção e
consumo agrava o impacto ambiental.

5
Questão 27 – Enade 2011.
20
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

É correto apenas o que se afirma em


A. I e II.
B. I e III.
C. II e IV.
D. I, III e IV.
E. II, III e IV.

1. Introdução teórica

1.1. Gestão ambiental

Segundo Corrêa (2012), o projeto de um produto para a sustentabilidade deve levar


em conta todo o processo produtivo. Ele deve ser pensado desde a obtenção da matéria-
prima até a reutilização de suas partes após o término de sua vida econômica. No projeto, a
tecnologia de produção deve priorizar a utilização de menor quantidade de energia possível,
reutilizar embalagens e reciclá-las no fim de sua vida útil.
O sistema de gestão ambiental é a forma pela qual a empresa mobiliza-se interna e
externamente na conquista da qualidade ambiental desejada (ANDRADE, 2002).
Há anos, a comercialização superou a produção como fator limitante da atividade
econômica; tornou-se mais difícil vender do que produzir. A colocação de produtos no
mercado globalizado exige diferencial de competitividade, definido principalmente pelo preço
e pela qualidade.
Reduzir os custos com a eliminação de desperdícios, desenvolver tecnologias limpas e
baratas e reciclar insumos não são apenas princípios de gestão ambiental, mas, também,
condição de sobrevivência empresarial (ANDREOLI, 2005).
Os procedimentos de gestão ambiental foram padronizados mundialmente, com o
objetivo de definir critérios e exigências semelhantes. A garantia de que a empresa atende a
esses critérios é a certificação ambiental, segundo as normas ISO 14.000 (ANDREOLI,
2005).

1.1.1. Avaliação do ciclo de vida de um produto

A necessidade de considerar toda a cadeia produtiva na análise dos impactos


ambientais dos produtos fez surgir uma ferramenta denominada Avaliação do Ciclo de Vida
21
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

(ACV), cujo objetivo é acompanhar os ciclos de produção e identificar as oportunidades de


melhoria dos aspectos ambientais. Essa ferramenta é um estudo de avaliação do impacto
ambiental que inclui o ciclo de vida completo do produto, considerando toda sua existência,
desde a extração e o processamento de matérias-primas até a disposição final. A ACV
quantifica os fluxos de energia e de materiais no ciclo de vida do produto (ALMEIDA;
GIANNETTI, 2006).
As etapas para realização de uma ACV podem ser classificadas, de acordo com ISO
14040 (1997), em definição dos objetivos e limites do estudo, realização do inventário e
avaliação do impacto ambiental do ciclo de vida.
Na fase da realização do inventário, é feito um levantamento das emissões que
ocorrem durante o ciclo do produto e das quantidades de energia e matérias-primas
utilizadas (ALMEIDA; GIANNETTI, 2006).
Na fase da avaliação do impacto ambiental do ciclo de vida, o objetivo é avaliar a
intensidade e a relevância dos impactos ambientais com base na análise do inventário. Essa
avaliação procura determinar a gravidade dos impactos sobre o meio ambiente por meio de
três etapas: classificação, caracterização e valoração.
Na etapa de classificação, são agrupados os dados obtidos por meio do inventário em
categorias de impacto, que, de acordo com Chehebe (2002), são os citados a seguir.
• Entradas: energia, matérias-primas, materiais auxiliares etc.
• Produtos: produtos obtidos.
• Emissões: emissões para o ar, emissões para a água, emissões para a terra, outras
emissões.
Com relação às emissões gasosas, elas devem, além de conhecidas, ser mensuradas
e tratadas. As principais etapas para o levantamento dessas informações são as citadas a
seguir.
• Inventário de todas as emissões: identificação de todas as saídas de efluentes gasosos.
• Especificação: determinação da quantidade de cada emissão (balanço de massa).
• Técnicas utilizadas para redução da poluição; e
• Planejamento e resultados do controle das emissões.
De maneira geral, a quantificação das emissões é muito importante para avaliar o
impacto no meio ambiente de cada etapa. Quanto maior a quantidade de emissões por
unidade produzida, maior é o impacto ambiental do produto (CHEHEBE, 2002).

22
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

1.2. Sustentabilidade

De acordo com Almeida e Gianneti (2006), no projeto de um produto, deve ser


examinado todo o seu ciclo de vida, de forma a minimizar o impacto ambiental desde sua
fabricação até seu descarte. Assim, os projetistas devem prever o fluxo total dos materiais,
desde a extração até a disposição final; pesquisar materiais que facilitem a reciclagem e que
permitam a utilização de seus resíduos; e desenvolver novas tecnologias e sistemas de
produção que não imponham riscos aos seres humanos envolvidos em toda cadeia
produtiva. Com relação à unidade fabril, o projeto deve prever o impacto causado pela
construção da planta, por sua operação e, finalmente, o impacto relacionado à sua
desativação (ALMEIDA; GIANNETI, 2006).
Quase tudo o que é feito ou construído, assim como quase toda a energia utilizada,
provém da Terra, o que torna a sociedade cada vez mais dependente dos recursos minerais
e energéticos que, em sua maioria, não são renováveis (NOVAES, 2012).
Novaes (2012) afirma que um processo produtivo procura eliminar todas as formas de
desperdício e apresenta-se como esforço para a redução de custos por meio da utilização
prolongada de um mesmo recurso, minimizando a extração de outras matérias-primas até o
esgotamento nas possibilidades de reutilização ou reciclagem.
Assim, um produto é projetado de tal maneira que seu processo visa a usar a menor
quantidade de recursos possível, produzir a menor quantidade de resíduos e possibilitar o
reuso e/ou reciclagem de seus componentes.

2. Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A soma dos valores das emissões de CO2 por unidade funcional para os
produtores artesanais (3,295kg) é maior do que a dos produtores industriais (3,261 kg).

II – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. Qualquer que seja o sistema de produção, a quantidade de emissões é
proporcional ao volume produzido.

III – Afirmativa correta.


JUSTIFICATIVA. Cada etapa da produção tem um valor específico por unidade funcional.
23
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

IV – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. A necessidade de transporte implica a emissão de CO2 pelo veículo que faz
o transporte.

Alternativa correta: E.

3. Indicações bibliográficas

• ANDRADE, R. O. B. de; CARVALHO, A. B. de; TACHIZAWA, T. Gestão ambiental:


enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makroon
Books, 2002.
• ANDREOLI, C. V; FERNANDES, F; LARA, A. I. Esgoto - tratamento; tratamento de
esgoto; águas pluviais - águas servidas. Paraná: Sanepar, 2005.
• CHEHEBE, J. R. Análise do ciclo de vida de produtos. São Paulo: Qualitymark, 2002.
• CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações manufatura e
serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2012.
• GIANNETI, B. F.; ALMEIDA, C. M. V. B. Ecologia industrial: projeto para meio ambiente.
São Paulo: Edgard Blücher, 2006.
• NOVAES, A. G.; ALVARENGA, A. C. Logística aplicada: suprimento e distribuição. São
Paulo: Blucher, 2000.

24
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 6
Questão 6.6
Um trecho de 45 km de uma rodovia apresenta alto índice de acidentes, com ocorrências
definidas da seguinte forma:
• 50% dos acidentes ocorrem uniformemente entre o km 0 e o km 15;
• 20% dos acidentes ocorrem uniformemente entre o km 15 e o km 30;
• 30% dos acidentes ocorrem uniformemente entre o km 30 e o km 45.
A equipe de resgate conta com uma única viatura para atendimento de emergência e uma
base sediada no meio do trecho. O grupo busca definir a opção que melhor atende a maior
parte das ocorrências em até cinco minutos – tempo considerado decisivo entre a vida e a
morte para vítimas graves –, e estabeleceu as seguintes opções.
Opção 1: viatura permanece na base aguardando chamados de ocorrências.
Opção 2: viatura transita por toda a extensão do trecho, aguardando chamados de
ocorrências.
Opção 3: viatura transita em um raio de 22,5 km da base, aguardando chamados de
ocorrências.
Os custos operacionais das 3 opções não são considerados relevantes quando o assunto é
salvar vidas. O gráfico a seguir, resultado de simulações de Monte Carlo, apresenta as
funções de probabilidades acumuladas do tempo de viagem até as ocorrências para as 3
opções, considerando-se a velocidade média da viatura igual a 100 km/h.

A partir dessas informações, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.

6
Questão 20 – Enade 2011.
25
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

I. A opção 1 é a melhor para atender vítimas de acidentes graves.


PORQUE
II. O tempo de viagem da viatura até o local do acidente é menor que 15 min na opção 1.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A. As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta
da primeira.
B. As duas asserções são proposições verdadeiras e a segunda não é uma justificativa
correta da primeira.
C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira e a segunda, uma proposição falsa.
D. A primeira asserção é uma proposição falsa e a segunda, uma proposição verdadeira.
E. Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas.

1. Introdução teórica

Função de distribuição acumulada

A função de distribuição acumulada é um modo de descrever como as probabilidades


são associadas aos valores ou aos intervalos de valores de uma variável aleatória. Ela é
chamada de função de distribuição acumulada, pois acumula as probabilidades dos valores
inferiores ou iguais a determinado X (MONTGOMERY, 2012).
Dada a variável aleatória X, chamamos de função de distribuição acumulada a
função F (X ) = P (X  x ), ou seja, ela é igual à probabilidade de que a variável aleatória X

assuma um valor inferior ou igual a determinado x.


Notamos que, via de regra, para cada X, a função F assume um valor diferente.

F (x ) =  f (x i )
xi  x

2. Solução da questão

Pelo gráfico fornecido na questão, para um tempo de atendimento de 5 min, a função


de distribuição acumulada para cada opção está mostrada na figura 1.

26
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Figura 1. Função de distribuição acumulada.

Assim, para a opção 1, F (x ) = 0,25 , para a opção 2, F (x ) = 0,33 e para a opção 3,

F (x ) = 0,29 . Observa-se que a opção 2 é a que apresenta a maior probabilidade de


atendimento dentro do tempo de 5 minutos.
A primeira asserção é falsa, pois a melhor opção é a 2 ( F (x ) = 0,33 ).

A segunda asserção é verdadeira, pois, na opção 1, para tempos de viagem maiores


do que 13 minutos, a probabilidade acumulada é igual a 1.

Alternativa correta: D.

3. Indicação bibliográfica

• MONTGOMERY, D. C. Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros. Rio de


Janeiro: LTC, 2012.

27
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 7

Questão 7.7
Suponha que a taxa de quebra de caminhões de uma transportadora pode ser descrita como
um processo de Poisson com média 2 caminhões/dia. Para prover manutenção à frota, a
transportadora pode optar por contratos de exclusividade entre duas empresas: a oficina A,
cuja taxa de reparos obedece à distribuição exponencial com taxa de 3 caminhões/dia e a
oficina B, cuja taxa de reparos obedece à distribuição exponencial com taxa de 4 caminhões
por dia. A empresa A cobra R$ 2.000,00 por dia durante a vigência do contrato e a empresa
B, R$ 4.000,00 por dia, também durante a vigência do contrato. Ambos os contratos são
remunerados diariamente, independentemente das respectivas ociosidades.
O gráfico a seguir apresenta o número médio de caminhões parados em função de diversas
taxas médias de utilização.

Sabendo que o custo diário por caminhão parado é de R$ 2.400,00, analise as seguintes
afirmações.
I. O custo médio total de contratar B é maior que o custo médio total de contratar A.
II. A transportadora deve contratar a oficina A, pois sua taxa de utilização será maior.
III. O custo médio total de contratar A é de R$ 6.800,00 por dia.
IV. A oficina B tem maior ociosidade que a oficina A.
É correto apenas o que se afirma em
A. I. B. II. C. I e III. D. II e IV. E. III e IV.

7
Questão 17 – Enade 2011.
28
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

1. Introdução teórica

1.1. Custos

Em qualquer atividade de uma empresa, existem custos. Os custos são funções da


existência de produção. A utilização de fatores produtivos, como matérias-primas,
equipamentos, energia elétrica e instalações, requer o pagamento de valores, chamados de
custos (COGAN, 1999).
Qualquer empresa busca métodos eficientes de produção, que permitem o máximo de
produção com o mínimo custo.
A primeira distinção que pode ser feita na análise econômica dos custos é entre custo
total, custo fixo e custo variável (FESS, 2001).
Chamamos de custo total (CT) a menor despesa total necessária para atingir
determinado nível de produção. O custo total pode ser dividido em duas partes: o custo fixo
(CF) e o custo variável (CV):

CT = CF + CV

O custo fixo representa a parte da despesa que não é afetada pelo volume de
produção, ou seja, é o valor a ser pago mesmo que a produção seja nula. O custo variável é
a despesa que varia com a produção, ou seja, ele aumenta quando o nível de produção
aumenta e diminui quando a produção diminui (HALL; LIEBERMAN, 2003).
Para a determinação do custo final de cada unidade produzida, lançamos mão do
custo médio (CM), que é o resultado da divisão do custo total pela quantidade produzida
(Q). O custo médio pode ser entendido como o custo unitário de produção, ou seja, para
determinado volume de produção, ele representa o custo de cada unidade produzida (HALL;
LIEBERMAN, 2003):

CT
CM =
Q

1.1.1. Custo médio variável e fixo

Da mesma forma que o custo total pode ser dividido em custo fixo e custo variável, o
custo médio também pode ser desmembrado em custo fixo médio (CFM) e custo variável
médio (CVM) (FESS, 2001).

29
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

O custo fixo médio resulta da divisão do custo fixo pela quantidade produzida.

CF
CFM =
Q

Dado que o custo fixo é constante, à medida que o dividimos por quantidades
maiores, obtemos valores cada vez menores. Dessa forma, quanto maior for a quantidade
produzida, menor é o custo fixo médio (FESS, 2001).
O custo variável médio resulta da divisão do custo variável pela quantidade
produzida.

CV
CVM =
Q

2. Solução da questão

O problema informa que, em média, o número de caminhões quebrados por dia é


dois. Ele informa também que o custo diário de cada caminhão parado é de R$ 2.400,00.
Na composição do custo total, por dia, dos caminhões parados, o custo diário de cada
caminhão parado pode ser encarado como o custo variável (CVA). Ou seja:

CVA = 2  R$2.400,00

CVA = R$4.800,00

O custo de contratação da oficina é um custo fixo (CF), pois independe da utilização.


Assim, o custo total quando a oficina A é contratada é:

CTA = CFA + CVA


CTA = R$2.000,00 + R$4.800,00

CTA = R$6.800,00

Como a quantidade de caminhões que quebram por dia (Q) é igual a 2, o custo médio
de contratar a oficina A (CMA) é:

CTA R$6.800,00
CM A = = = R$3.400,00
Q 2
30
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Quando a oficina B é contratada, o custo total fica:

CTB = R$4.000,00 + R$4.800,00

CTB = R$8.800,00

Assim, o custo médio da contratação da oficina B (CMB ) é:

CTB R$8.800,00
CM B = = = R$4.400,00
Q 2

3. Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. O custo médio total de contratar B é maior do que o custo médio total de
contratar A, pois, de acordo com a solução da questão, CMB = R$4.400,00 e

CM A = R$3.400,00 .

II – Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A taxa de utilização da transportadora é a mesma em ambas as oficinas,
visto que o índice de quebra (dois caminhões por dia) é menor do que a capacidade diária
de reparo das oficinas. A capacidade é de três caminhões por dia na oficina A e de quatro
caminhões por dia na oficina B.

III – Afirmativa correta.


JUSTIFICATIVA. O custo médio total de contratar A é CTA = R$6.800,00 por dia.

IV – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. A capacidade da oficina B é maior do que a de A e ambas têm capacidades
maiores do que a necessária para atender à empresa. A ociosidade da oficina B é maior do
que a da oficina A.

31
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

4. Análise das alternativas

Como as afirmações I, III e IV são corretas, não existe alternativa que se possa
considerar certa.
O gabarito fornecido pelo INEP indica a alternativa E como correta. Nessa alternativa,
estão corretas as afirmativas III e IV.
Poderíamos considerar a alternativa E certa se a afirmativa I fosse incorreta. Para que
ela seja incorreta, basta alterá-la para
I. O custo médio total da contratação de B é menor do que o custo médio total da
contratação de A.

5. Indicações bibliográficas

• COGAN, S. Custos e preços – formação e análise. São Paulo: Thomson, 1999.


• FESS, P. E. Contabilidade gerencial. São Paulo: Thomson, 2001.
• HALL, R.; LIEBERMAN, M. Microeconomia – princípios e aplicações. São Paulo: Thomson,
2003.

32
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 8
Questão 8.8
Uma rede de fast-food 24 horas definiu a seguinte estratégia de venda para seu serviço de
drive-thru: “se você encontrar mais que três clientes no sistema (fila + atendimento)
receberá uma sobremesa como cortesia”. O custo desta política é de R$ 2,00 por cliente
vitimado. Na condição atual, os clientes chegam aleatoriamente segundo um processo de
Poisson a uma taxa de 18 por hora. O atendimento é realizado por um único empregado e
segue uma distribuição exponencial com média 2,5 minutos. Contudo, o gerente estima que
conseguirá por meio de melhorias no processo de montagem dos pedidos, reduzir o tempo
médio de atendimento para 2,0 minutos.
O gráfico abaixo apresenta as funções probabilidades acumuladas de haver n clientes no
drive-thru (fila + atendimento) para dois tempos médios de atendimento (TA), em minutos.

Com base na análise dos dados apresentados, conclui-se que


A. o custo médio da estratégia atual da empresa pode ser obtido por CME = 18 clientes/h x
24 h/dia x 2 (R$/cliente vitimado) x p, para n ≥ 3.
B. é melhor para a empresa modificar a estratégia para que o cliente não encontre mais de
quatro clientes no sistema, mantendo seu tempo médio de atendimento em 2,5 min do
que apenas reduzir seu tempo médio de atendimento para 2 min, mantendo a estratégia
atual.

8
Questão 16 – Enade 2011.
33
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

C. a estratégia “se você encontrar mais que três clientes no sistema (fila + atendimento)
receberá uma sobremesa como cortesia” equivale à estratégia: “se você encontrar mais
que dois clientes em fila, aguardando atendimento, receberá uma sobremesa como
cortesia”.
D. a probabilidade de haver mais de quatro clientes em fila, para um tempo médio de
atendimento de 2 min, é de 7,78%.
E. o drive-thru não trabalha em condição de equilíbrio, o que inviabiliza a adoção de outra
estratégia de atendimento dos clientes.

1. Introdução teórica

1.1. Função de distribuição acumulada

A função de distribuição acumulada é um modo de descrever como as probabilidades


são associadas aos valores ou aos intervalos de valores de uma variável aleatória. Ela é
chamada de função de distribuição acumulada, pois acumula as probabilidades dos valores
inferiores ou iguais a x (MONTGOMERY, 2012).
Dada a variável aleatória X, chamamos de função de distribuição acumulada a
função F (X ) = P (X  x ), ou seja, é igual à probabilidade de que a variável aleatória X assuma

um valor inferior ou igual a determinado x. Note que, via de regra, para cada X, a função F
assume um valor diferente (MONTGOMERY, 2012).

F (x ) =  f (x i )
xi  x

Uma variável aleatória contínua X tem distribuição exponencial com parâmetro , se


sua função de densidade é dada por:

x

f (xi ) =1 − e 

1.2. Custo médio

Para a determinação do custo final de uma unidade produzida, lançamos mão do


custo médio (CM), que é o resultado da divisão do custo total de produção (CT) pela
quantidade produzida (Q). O custo médio pode ser entendido como o custo unitário de

34
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

produção, ou seja, para determinado volume de produção, ele representa o custo de cada
unidade produzida (HALL; LIEBERMAN, 2003).

CT
CM =
Q

2. Análise das alternativas

A – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. O custo médio é determinado pelo quociente entre o custo total e o número
de pessoas atendidas. Assim, o custo calculado na alternativa, que é igual ao produto entre
o número total de clientes no dia, não é um custo médio.

B – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A manutenção do tempo médio de atendimento implica no mesmo custo
médio. Nessa situação, as estratégias são iguais.

C – Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. O problema informa que o atendimento é feito por um único empregado;
assim, quando se considera o número de clientes no sistema (fila mais atendimento), ele é
sempre igual ao número de clientes na fila mais um. Portanto, a estratégia “mais do que três
clientes no sistema” é igual à estratégia “mais do que dois clientes na fila”.

D – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para um tempo médio de atendimento de 2 minutos, a probabilidade de
encontrar mais do que quatro clientes na fila é igual à de se encontrar mais do que cinco
clientes no sistema (quatro na fila e um no atendimento). Nesse caso, é 1- 0,95 = 0,05,
como pode ser observado na figura 1.

35
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Figura 1. Função probabilidade acumulada de clientes no drive thru.

E – Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A adoção de outra estratégia de atendimento não depende da condição de
equilíbrio de atendimento.
Observação. Como na estratégia A, a probabilidade de se encontrar no sistema mais do que
3 clientes é de, aproximadamente, 0,31 (1-0,69). O custo médio nessa estratégia é igual ao
produto entre o custo da sobremesa, ou seja, R$ 0,62. Na estratégia B, a probabilidade de
se encontrar no sistema mais do que 3 pessoas é de aproximadamente 0,12 (1-0,88); assim,
o custo médio nessa estratégia é igual a R$ 0,24.

Figura 2. Funções probabilidades acumuladas de n clientes no drive-thru.

36
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

3. Indicações bibliográficas

• HALL, R.; LIEBERMAN, M. Microeconomia – princípios e aplicações. São Paulo: Thomson,


2003.
• MONTGOMERY, D. C. Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros. Rio de
Janeiro: LTC, 2012.

37
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 9

Questão 9.9
A qualidade dos serviços apresenta suas peculiaridades em relação à qualidade dos bens.
Clientes insatisfeitos com prestadores de serviços essenciais podem usufruir da portabilidade
(opção de troca imediata de empresa levando algumas especificidades do serviço
previamente contratado), quando houver outras opções de fornecedores. Quanto às
empresas de planos de saúde, existe uma regra que amplia a portabilidade para os
beneficiários, que poderão mudar de plano de saúde sem cumprimento de novos prazos de
carência.
Preocupado com inúmeras saídas de seus clientes, o gerente de uma das três empresas de
plano de saúde de uma cidade encomendou uma pesquisa de satisfação com os clientes
sobre a intenção de trocar o prestador de serviço.
Como resultado da pesquisa, obteve o que segue.
• Dos 1.000 clientes da empresa A, 50 não a trocariam, 450 mudariam para a empresa B e
500 para a empresa C.
• Dos 1.000 clientes da empresa B, 400 não a trocariam, 100 mudariam para a empresa A
e 500 para a empresa C.
• Dos 1.000 clientes da empresa C, 500 não a trocariam, 100 mudariam para a empresa A
e 400 para a empresa B.
Considerando estável a população de clientes, e se nada for feito pelas empresas de planos
de saúde para reter seus clientes, a tendência é que a empresa A fique com média
aproximada de 286 clientes, a empresa B fique com média aproximada de 1.214 clientes e a
C com média aproximada de 1.500 clientes. Nessa situação, avalie as asserções a seguir.

A situação apresentada é estocástica, regida por um processo markoviano com estados


exaustivos e mutuamente exclusivos.
PORQUE
As probabilidades de transição entre os estados podem ser representadas pela notação
matricial P e as condições finais a(n) (número de clientes em cada empresa) após n
transições (n > 0) podem ser obtidas pela equação
a(n ) = a(0 )P n ,
em que a(0) representa as condições iniciais (número de clientes em cada empresa) e

9Questão 15 – Enade 2011.


38
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

 0,05 0,45 0 ,50 


 
P =  0,10 0 ,40 0 ,50  .
 0,10 0 ,40 0 ,50 
 
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta
da primeira.
B. As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa
correta da primeira.
C. A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa.
D. A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira.
E. Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas.

1. Introdução teórica

1.1. Distribuição markoviana

Um processo estocástico é definido como uma coleção de variáveis Xi, indexadas por
um parâmetro i, pertencente a um conjunto n (FALEIROS, 2002).
Em particular, o processo estocástico é importante para a descrição do procedimento
de um sistema, operando sobre algum período de tempo. Assim, a variável Xi representa o
estado do sistema no parâmetro i.
Em matemática, a cadeia de Markov é um caso particular de processo estocástico
com estados discretos. Na memória markoviana, os estados anteriores são irrelevantes para
a predição dos estados seguintes, desde que o estado atual seja conhecido (CLARKE, 2002).
Um processo estocástico é um processo Markoviano se os estados anteriores forem
irrelevantes para a predição dos estados seguintes. O estado futuro depende apenas do
estado presente e não dos estados passados.
Conhecido o estado atual Xn, o estado futuro Xn+1 e o conjunto Xi de variáveis
aleatórias de estado, o conjunto de valores que essas variáveis podem assumir é chamado
de espaço de estados, em que Xn é o estado do processo no tempo n. Se a distribuição de
probabilidade condicional de Xn+1 é uma função apenas de Xn, então:

Pr = (X n+1 = x | X 0 , X1 ,......... , X n )
Pr = (X n+1 = x | X n )

39
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

As probabilidades condicionais são denominadas probabilidades de transição e


representam a probabilidade de o estado Xn+1 ser x no instante (n+1), dado que o estado é
Xn no instante n.
Em cada instante i, cada estado pode ser representado pelo valor que suas variáveis
assumiram. Assim, o estado pode ser representado por um vetor denominado por Vetor de
Estados (LIEBERMAN, 2013). Quando, por exemplo, um estado apresenta três variáveis, seu
vetor pode ser escrito por:

x = E1 E 2 E 3

As probabilidades de cada estado também podem ser dispostas em um vetor ( ),

denominado Vetor de Probabilidade de Estado:

 = P1 P 2 P3

A mudança de um estado para o outro imediatamente posterior pode ser feita por
meio do produto entre o vetor de posição atual e a matriz de transição. A matriz de
transição é formada por vetores de probabilidade de estado. O quadro 1 mostra os vetores
de probabilidade de estado para o exemplo de três variáveis.

Quadro 1. Vetores de probabilidade.


Para 1 Para 2 Para 3
De 1 P11 P12 P13
De 2 P21 P22 P23
De 3 P31 P32 P33

Com os valores do quadro, é possível construir a matriz P:

 P11 P12 P13 


 
P =  P 21 P 22 P 23
 P 31 P 32 P 33 
 

Assim, a probabilidade de estado para um instante (n+1) pode ser calculada pelo
produto entre a probabilidade de estado no instante n e a matriz de transição:

 (N+1) =  n  P

40
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

2. Análise das asserções

A primeira asserção é verdadeira, pois a situação apresentada é estocástica regida


por um processo markoviano. Notamos que a situação futura para a troca ou não de
operadora de plano de saúde não depende de situações anteriores; depende da situação
atual.
A segunda asserção é verdadeira e justifica a primeira, pois, em um processo
markoviano, a situação final pode ser obtida pelo produto entre a situação atual e a matriz
de transição, formada pelos vetores de probabilidades de estado. O quadro 2 mostra os
vetores de probabilidade.

Quadro 2. Vetores de probabilidade para o problema da questão.


Para A Para B Para C
De A 0,05 0,45 0,50
De B 0,10 0,40 0,50
De C 0,10 0,40 0,50

A matriz de transição fica:

 0,05 0,45 0 ,50 


 
P =  0,10 0 ,40 0 ,50 
 0,10 0 ,40 0 ,50 
 

Alternativa correta: A.

Observação. Considerando que, na situação atual, cada empresa tenha 1.000 clientes, o
vetor de estados para a situação atual é:

x = 1000 1000 1000

As probabilidades de cada estado podem ser dispostas em um vetor ( ), denominado Vetor

de Probabilidade de Estado.

1 1 1
0 = 
3 3 3 

Assim, a probabilidade de estado para o instante (n+1) pode ser determinada por:

41
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

 (1) =  0  P
 0 ,05 0 ,45 0 ,50 
1 1 1  
 (1) =    0 ,10 0 ,40 0 ,50 
3 3 3  
 0 ,10 0 ,40 0 ,50 
1 5 1
 (1) = 
12 12 2 

Considerando que o número total de clientes não se altere (3.000), o vetor de estados para
a situação 1 é de:

x1 = 250 1250 1500

Ou seja, a empresa A ficará com 250 clientes, a B, com 1.250 e a C, com 1.500.

3. Indicações bibliográficas

• CLARKE, A. B.; DISNEY, R. L. Probabilidade e processos estocásticos. Rio de Janeiro:


LTC, 1999.
• FALEIROS, A. C.; YONEYAMA, T. Teoria matemática de sistemas. São José dos Campos:
Arte e Ciência, 2002.
• HALL, R.; LIEBERMAN, M. Microeconomia – princípios e aplicações. São Paulo: Thomson,
2003.
• LIEBERMAN, G. J.; HILLIER, F. S. Introdução à pesquisa operacional. São Paulo:
Thomsom, 2013.

42
Material Específico – Engenharia de Produção – Tomo 6 – CQA/UNIP

ÍNDICE REMISSIVO

Questão 1 Pesquisa operacional. Modelagem, simulação e otimização.

Questão 2 Engenharia do produto. Processo de desenvolvimento de produto.

Questão 3 Engenharia Organizacional. Gestão da informação.

Engenharia de operações e processos de produção. Planejamento,


Questão 4
programação e controle da produção.
Engenharia de Sustentabilidade. Gestão ambiental, produção mais limpa e
Questão 5
ecoeficiente.
Engenharia de operações e processos de produção. Projetos, operações e
Questão 6
melhorias dos sistemas que criam e entregam bens ou serviços da empresa.

Questão 7 Engenharia econômica. Gestão de custos.

Engenharia de operações e processos de produção. Projetos, operações e


Questão 8
melhorias dos sistemas que criam e entregam bens ou serviços da empresa.

Questão 9 Pesquisa operacional. Processos estocásticos.

43

Você também pode gostar