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DECLARAÇÃO DE ABSTENÇÃO DE ATIVIDADES PEDAGOGICAS AOS SÁBADOS

AO COORDENADOR PEDAGOGICO DO COLÉGIO ANGLO ITATIBA

NAYARA SAKAMOTO FERNANDES, brasileira, estudante, regularmente


matriculada no 9 ano letivo do Ensino Fundamental, inscrito no R. G. De nº53.960.956-x,
residente e domiciliado na rua São Caetano, nº 40, Itatiba – SP, vem, mui respeitosamente
solicitar a este conceituado estabelecimento de Ensino, que em fomento a seguir se sustenta,
por extrema equidade o que segue: horário alternativo para as aulas que ocorrem às sextas-
à noite a aos sábados durante o dia ou reposição da presença nestas aulas através de
atividades acadêmicas específicas para tal finalidade nos termos da Lei nº 12.142/05, pelos
motivos que passam a expor e ao final requer.
O requerente é Adventista do Sétimo Dia, e pretende, outrossim, concluir o presente ano
letivo com igual avaliação acadêmica que os demais estudantes de sua turma. Ocorrem, no
entanto, que, por questões de crença e consciência não frequenta as aulas de sexta-feira à
noite e nem aos sábados. Vale dizer que o horário enquadra-se no período considerado
sagrado pelos Judeus e, também, pelos Adventistas do Sétimo Dia e outros cristãos. Trata-
se do sábado bíblico encontrado no quarto mandamento da Lei de Deus, o qual é
observado do pôr-do-sol de sexta-feira ao pôr-do-sol de Sábado, conforme diz o
mandamento divino expresso em Êxodo 20.
Participar das aulas ou de atividades acadêmicas no referido horário significa uma
violação da consciência da aluna. Por outro lado, as liberdades de consciência, de crença e
de religião são protegidas pelos mais importantes tratados internacionais de direitos
humanos e, também, pela Constituição Federal de 1988.
O inciso VI do art. 5º da Constituição Federal garante a liberdade religiosa nos seguintes
termos:

“VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias;”
(grifo nosso)

Além disso, o inciso VIII do mesmo artigo da Carta Magna, assim determina:
“Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta, e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;” (grifo nosso)

Para regulamentar estes incisos constitucionais foi promulgada a Lei 12142/05, que no
seu artigo 2º diz:

“É assegurado ao aluno, devidamente matriculado em estabelecimento de ensino público ou


privado, de ensino fundamental, médio ou superior, a aplicação de provas em dias não
coincidentes com o período de guarda religiosa(...).” (grifo nosso)
“§ 1º - Poderá o aluno, pelos mesmos motivos previstos neste artigo, requerer à escola que,
em substituição à sua presença na sala de aula, e para fins de obtenção de freqüência, seja-lhe
assegurada, alternativamente, a apresentação de trabalho escrito ou qualquer outra atividade
de pesquisa acadêmica, determinados pelo estabelecimento de ensino, observados os
parâmetros curriculares e plano de aula do dia de sua ausência.” (grifo nosso)

O direito fundamental que assegura a toda a pessoa o princípio da inviolabilidade da


liberdade de consciência está consubstanciada na Declaração Universal dos Direitos do
Homem; no texto do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e do Pacto
Internacional sobre Direitos Econômicos (aprovado pela XXI Assembleia Geral das Nações
Unidas); na Declaração sobre Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e
Discriminação por Causa de Religião ou Crença (aprovada por unanimidade, em 25 de
novembro de 1981, pela Câmara Legislativa das Nações Unidas).
Para estes organismos internacionais, o conceito fundamental que reflete a essência da
liberdade de consciência e religiosa, implica:
- um profundo respeito à liberdade de consciência dos demais, quer sejam representados
pela maioria ou minoria do agrupamento social; o direito de crer, professar, de ensinar e
de viver suas convicções sem nenhum impedimento exterior, não poderá servir de escusa
para denegrir, atacar livremente igrejas ou seus adeptos, estimulando preconceitos ou
ferindo a dignidade do próximo; no respeito da transcendência, do caráter absoluto e da
soberania de Deus; o que pressupõe poder a liberdade de Deus que atua no ser humano de
responder este, unicamente no foro íntimo de sua consciência perante o Ser Supremo por
suas crenças, convicções e sua exteriorização;
- no impedimento da sociedade e do próprio Estado imiscuir-se nas convicções religiosas
de seus cidadãos, atuando como fator limitante, capaz de restringir direitos individuais ou
reduzir ao silêncio à opressão moral ou interior os crentes de qualquer confissão religiosa.
Ademais, não se encontra qualquer motivo subjetivo para que o aluno não seja agraciado
com esta alternativa, pois seus estudos são feitos cuidadosamente para que possa elevar
suas notas e confiscar o saber da melhor forma possível e um dia aplicá-los na sua área de
atuação.
Não obstantes os prejuízos que decorrem das perdas das aulas no tocante ao
conhecimento que se esvaíra no referido período, ainda poderá sofrer com devidas
restrições as matérias, submetendo-se às recuperações que eventualmente possam cair
neste horário sagrado. O que infelizmente podem gerar sentimentos que agridam a
liberdade de sua consciência religiosa. Eis que aparece um questionamento – será isto
tudo necessário uma pessoa passar para que possa manter sua convicção religiosa?

Posto isso, requer o tratamento exposto acima, sem discriminação por motivos religiosos,
tendo como amparo o artigo 5º, VI e VIII da Constituição Federal e a Lei 12.142/05.
Solicita, destarte, resposta a esta solicitação por escrito, conforme ditam as normas de
procedimentos e protocolos convencionais.
Espera assim confiando no espírito de solidariedade humana de Vossa Senhoria que se
manifestará, certamente no deferimento do pedido submetido à sua elevada apreciação,
que promoverá e respeitará o sagrado direito solicitado em poder vivenciar os ditames e
convicções de sua consciência, além de permitir que possa livremente e sem coações
reverenciar e prestar culto ao meu Deus através da santificação e guarda do Santo Sábado.
Termos em que pede e aguarda deferimento.
Itatiba, 26 de Setembro de 2023.
Atentamente,

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Vinicius Silva Prado


Pastor Igreja Adventista do Sétimo

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