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STEWART R. CLEGG, CYNTHIA HARDY, WALTER R.

NORD
. lI Organizadores
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MIGUEL CALDAS, ROBERTO FACHIN, TÂNIA FISCHER


Organizadores da Edição Brasileira

I
HANDBOOKDE
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Volume 3

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AÇAO E ANALISE ORGANIZACIONAIS

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SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. - 2004
5
ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES:
ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS
ORGANIZAÇÕES E A ANÁliSE ECONÔMICA
JAY B. BARNEY E WILLlAM HESTERLY

o campo disciplinar da economia das muito matemático, nem altamente técnico -


organizações pode ser definido de várias for- embora saber quão abstrato deva ser um
mas. Para uns, a economia das organizações modelo seja, geralmente, uma questão pre-
distingue-se de outros tipos de análises ferida.
organizacionais por sua crença em análises Na verdade, a economia das organiza-
de equilíbrio, suas hipóteses de gestores ções parece ter apenas duas coisas em co-
maximizadores de lucro e o uso de modelos mum com outras formas de pensar sobre a
e pressupostos abstratos. De fato, alguns análise organizacional. A primeira é um con-
economistas das organizações adotam tais tínuo interesse nas organizações ou firmas
pressupostos e constroem modelos de orga- (como os economistas usualmente se refe-
nizações utilizando esses 'instrumentos. En- rem a organizações). Diferentemente da
tretanto, nem todos os economistas das or- maioria dos economistas, que está interes-
ganizações utilizam sempre todas essas fer- sada na estrutura, no funcionamento e nas
ramentas. Por exemplo, tanto a teoria evo- conseqüências para o mercado, os econo-
lucionária do desenvolvimento econômico mistas das organizações estão interessados
(Nelson e Winter, 1982) como a Escola Aus- na estrutura, no funcionamento e nas con-
tríaca (Jacobson, 1992) são, em sua essên- seqüências para as firmas.
cia, explicitamente, partidárias do não-equi- A segunda: a maioria dos economistas
lfbrío. Modelos de análise de risco (Arrow, de organização tem um interesse inabalável
1985), de processo decisório (March e na relação entre competição e organizações.
Símon, 1958) e a economia dos custos de Mesmo os economistas das organizações
transação (Williamson, 1975) não conside- que as estudam em condições de monopó-
ram o princípio da racionalidade perfeita. A lio (em que a competição é relativamente
Teoria da Agência (Jensen e Meckling, menor) tendem a focar processos competi-
1976), as teorias de acordos implícitos tivos que aumentam a competição mono-
(Tirole, 1989) e de alianças estratégicas polista ao longo do tempo (veja a discussão
(Kogut, 1988) não consideram que todos os acerca da "teoria de mercado contestável'' a
gestores adotem, de maneira recorrente, seguir). Para os economistas das organiza-
objetivos de lucro máximo em seus proces- ções, as organizações estão mergulhadas em
sos decisórios. Por último, o grande negócio "caldeirões borbulhantes" de competição,
da economia das organizações não é nem onde outras firmas, pessoas, instituições e
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AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL
133 I.
governos estão todos buscando obter uma
parte do sucesso que uma firma em particu-
sa e suas questões de pesquisa são: (1) eco-
nomia dos custos de transação (por que as
t exclusivamente, a estrutura e a operação de o enfoque de Alchian-Demsetz
mercados e sua incapacidade de explicar a
lar poderá desfrutar. organizações existem?); (2) teoria da agên- existência das firmas. Se o mercado é tão A primeira extensão de importância
É interessante notar que outras formas cia (os sócios de uma firma concordam acer- eficiente para coordenar transações econô- do pensamento de Coase foi a ênfase nos
de análise organizacional compartilham esse ca de como esta deve ser gerenciada?); (3) micas, sempre fica a dúvida: por que ele não problemas de mensuração ou medição
interesse por organizações e competição. administração estratégica (por que algumas gerencia todas as transações, ou seja, por como razão para a existência das firmas
Por exemplo, o modelo de ecologia organizações superam outras?); e (4) eco- que haveria transações gerenciadas pelas (Alchian e Demsetz, 1972). Problemas de
populacional de organizações (Hannan e nomia da cooperação (como as organiza- firmas (Coase, 1937)? mensuração são uma função das equipes
Freeman, 1977) tem uma noção de compe- ções podem cooperar?). Essas quatro cor- Por mais impressionante que possa de produção. Produção em equipe envolve
tição claramente desenvolvida, embora (al- rentes de pesquisa e suas respectivas ques- parecer, a resposta à pergunta "por que as ganhos de cooperação em que os processos
guns possam argumentar) apresente uma tões são discutidas neste capítulo. organizações existem 7" foi equacionada por de produção são complexos. Os membros
apreciação um tanto simplificada para a Ronald Coase, um estudante de 21 anos de da equipe podem produzir mais cooperan-
complexidade das firmas modernas. A teo- idade na London School of Economics. O do do que atuando separadamente. Desse
ria da dependência de recursos discute as grande insight de Coase - publicado no ar- modo, há um incentivo para cooperar. Este
PoR QUE AS ORGANlZAÇÕFSEXisrnvJ?
respostas das organizações a ambientes incentivo para cooperar, porém, decai à
tigo "The nature of the firrn" em 1937 - foi
onde os recursos são relativamente abun- medida que aumenta, entre os membros da
proclamar que a razão de as organizações
dantes (Pfeffer e Salancik, 1978). Até mes- Essa pergunta talvez seja a mais im- equipe, a propensão à ociosidade. O con-
existirem é que, às vezes, o custo de geren-
mo a teoria institucional (Di Maggio e portante para a economia das organizações ceito de ociosidade inclui comportamentos
ciar transações econômicas por meio de que vão desde nítidas trapaças até fazer o
Powell, 1983) discute a importância da em particular e para a análise organiza-
mercados é maior do que o custo de geren- mínimo necessário. Enquanto a interde-
legitimação para a sobrevivência de uma cional em geral. Para muitos, a pergunta
ciar as transações econômicas dentro dos pendência entre membros de uma equipe
organização. A probabilidade da sobrevivên- "por que as organizações existem?" pode
limites de uma organização. O custo de usar permite um rendimento potencialmente
cia de uma organização é, também, de inte- parecer estranha. Afinal, é óbvio que as or-
o sistema de preços envolve atividades tais maior, também se torna mais difícil avaliar
resse da economia das organizações, apro- ganizações existem. Por que exigir tão incrí-
como a descoberta de quais são os preços, a contribuição de cada um. Sem qualquer
ximando-a dessas outras vertentes. vel esforço para explicar a existência de um
a negociação e renegociação dos contratos, mecanismo para monitorar ou mensurar o
Apesar disso, o foco na competição da fenômeno tão comum? De qualquer forma,
a fiscalização e a resolução de conflitos. A esforço de cada membro da equipe, esta
economia das organizações não encerra o essa pergunta toma-se importante no con-
mais duradoura contribuição do artigo de equipe não .consegue remunerar seus
debate sobre cooperação intra e interfirmas. texto da teoria microeconômica neoclássica.
Coase (1937) foi colocar os custos de tran- membros com base na produtividade indi-
Como se verá adiante, a cooperação As teorias clássica e neoclássica, come-
sação no centro da questão da existência das vidual. Se os membros da equipe sabem
intrafirmas é uma das questões centrais da çando por Adam Smith, apontam para a in-
firmas e sugerir que mercados e organiza- que seus esforços individuais estão imper-
teoria da agência, e a cooperação interfirmas crível habilidade dos mercados para coorde- feitamente conectados a seus rendimentos
ções são alternativas para gerenciar transa-
(como acordos tácitos ou alianças estratégi- nar a produção econômica e efetuar as tran- individuais, então há um incentivo para
cas) é tópico importante na economia das ções. Contudo, o próprio Coase (1972:63)
sações a um custo muito baixo e sem plane- trabalhar com menos entusiasmo. A equipe
organizações. De qualquer forma, a função jamento do governo. Dito de forma simples, admite que "The nature of the firm" foi
"muito citado e pouco usado". Essa falta de poderá ter que buscar outra forma de gra-
da cooperação nos modelos de economia a proposição fundamental de Smith era de tificar seus membros por seus esforços.
das organizações é, geralmente, viabilizar a que a economia poderia ser coordenada por influência resulta principalmente da defi-
Uma alternativa é dividir igualmente
firma para responder mais efetivamente a um sistema descentralizado de preços (a ciência de Coase em operacionalizar seu
entre os membros a renda gerada pela equi-
ameaças competitivas (Kogut, 1988). "mão invisível"). Na verdade, muitas das enfoque e sua falta de precisão sobre quais
pe. No entanto, esse acordo de partilha não
Essa dupla visão sobre organizações, economias, desde a publicação de A rique- transações deveriam ser deixadas para o
! remove a propensão para o lazer dos mem-
. I suas origens e suas conseqüências, e sobre za das nações, estão envolvidas na forma- mercado e quais deveriam ser internalizadas bros da equipe. Essa propensão ocorre por-
I lização dessa proposição, buscando identi- nas firmas. Recentemente, estudiosos abor-
a competição tem gerado uma vasta e cres- que as pessoas sabem que os custos de qual-
cente literatura. Essa literatura pode ser ficar as condições necessárias para o uso daram essas deficiências com o desenvolvi- quer esforço adicional de suas partes serão
convenientemente dividida em quatro prin- efetivo da mão invisível, planejando mudan- mento de um modelo mais completo do cus- somente deles, enquanto a gratificação que
cipais correntes, cada uma focando uma ças onde necessário (Demsetz, 1990: 145). to de usar o mercado para gerenciar transa- vem desses esforços será dividida pela equi-
questão de pesquisa específica, mas rela- Na maioria dos livros-textos de economia, ções econômicas. Esse trabalho veio a ser pe. Desde que cada membro da equipe te-
cionadas em função de um tema central de esse esforço é chamado de teoria da firma, conhecido como a Teoria dos Custos de nha esse mesmo incentivo para faltar ao tra-
pesquisa. Essas quatro correntes de pesqui- embora essa teoria, na verdade, enfoque, Transação (TCT). balho, a produção da equipe cairá. Na ver-
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONP:,L ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES: ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS ORGANIZAÇÕESE A ANÁLISE
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dade, a possibilidade de omitir-se do traba- menores incentivos para a ociosidade e governança, por outro lado, reúnem as par- (mainstream) 1 Enquanto as economias tra-
lho também pode, em primeiro lugar, maiores incentivos para aumento da produ- tes para uma transação sob o controle dire- dicionais simplesmente consideram que os
desencorajar pessoas altamente produtivas tividade, que é partilhada entre os membros to de terceiros (tipicamente chamados de "o atores econômicos comportam-se de forma
a se juntarem à equipe. Quando pessoas de da equipe e o monitor. Na empresa moder- chefe"). Essa autoridade, então, tenta man- isenta, a TCT leva em conta a possibilidade
alta produtividade fazem parte da equipe, na, esse "monitor dos monitores" é o acio- ter todas as partes envolvidas numa transa- da busca do interesse próprio com astúcia
elas podem tornar-se propensas à ociosida- nista. Assim como Alchian e Demsetz espe- ção, informadas de seus direitos e responsa- (Williamson, 1975:26). Para Williamson
de, tão logo se tomem membros do grupo. ravam, os acionistas reivindicam os lucros bilidades. Além do mais, essa terceira parte (1985:47), oportunismo inclui mentir, rou-
A firma surge para atender à necessi- residuais das firmas, por exemplo, lucros tem o direito de resolver diretamente qual- bar e trapacear, mas, isso geralmente "refe-
dade de monitorar os esforços das pessoas que permanecem depois que todas as outras quer conflito que possa surgir numa transa- re-se a uma revelação incompleta ou
que formam uma equipe. Monitorando cada reivindicações legítimas de uma firma forem ção. Williamson chama o exercício desse distorcida de informações, especificamente
um, reduz-se a probabilidade de evasão do satisfeitas. direito de "ação administrativa" (managerial voltada a esforços para enganar, alterar,
trabalho. Como as pessoas são designadas fiat). disfarçar, ofuscar, ou, de outra maneira con-
para monitorar funções, resulta daí uma fundir" parceiros numa transação. A TCT
hierarquia que dá organização à firma. En- Formulação de Williamson da não considera todos os atores econômicos
tretanto, a ociosidade não é completamen- teoria do custo de transação como sendo sempre oportunistas. Mais es-
te eliminada por essa hierarquia. Como mo-
Pressupostos comportamentais pecificamente, tudo que ela leva em conta
nitorar tem um custo, é eficiente monitorar o enfoque de Alchian e Demsetz para é que alguns desses atores podem compor-
A TCT apóia-se em dois pressupostos tar-se de forma oportunística e que há um
apenas até o ponto em que os benefícios explicar a existência das organizações tem essenciais acerca dos atores econômicos (se- custo para distinguir os que são propensos
marginais de redução da ociosidade várias virtudes. Por exemplo, ele explica a jam eles pessoas ou firmas) engajados em ao oportunismo dos que não o são. A amea-
Cshirking) igualam os custos marginais de existência das hierarquias gerenciais e a transações: racionalidade limitada e oportu- ça do oportunismo é importante porque
monitoramento. Não é nem razoável nem existência dos acionistas como reclamantes nismo. A racionalidade limitada significa num mundo sem oportunismo toda transa-
eficiente remover completamente a propen- do resíduo de uma firma. No entanto, mui- que aqueles que estão envolvidos nas tran- ção econômica poderia ser feita na base da
são à ociosidade Cshirking), mesmo quando tos economistas das organizações acham
sações econômicas são "intencionalmente promessa. Participantes de tal transação
isso for tecnicamente possível. que o exclusivo foco de Alchian e Demsetz
racionais, mas apenas de modo limitado" poderiam simplesmente prometer, no início,
Destinando-se a alguém a tarefa de sobre a produção em equipe oculta algumas
(Simon 1947:xxiv). Dentro da economia, para, posteriormente, cumprir sua parte
monitorar o desempenho das pessoas de importantes questões associadas com a com-
uma equipe, cria-se, ainda, outro problema. esse pressuposto é um importante ponto de acordada na transação (1985:31). Entretan-
preensão da natureza da firma. A alternati-
Especificamente, quem vai monitorar o partida da tradicional hiper-racionalidade to, dado que alguns são propensos ao opor-
va mais desenvolvida ao enfoque de Alchian
monitor? Como ocorre com os outros mem- onisciente do homem econômico - homo tunismo, as pessoas e as firmas precisam
e Demsetz pode ser encontrada no trabalho
bros da equipe, o monitor tem um incenti- economícus (Simon, 1947; Hesterly e projetar salvaguardas para não ser vítimas
de Oliver Williamson. Na verdade, pode-se
vo para ficar ocioso, a menos que incentivos Zenger, 1993). Sem limites cognitivos, todas dos outros.
dizer que as respostas de Williamson sobre
contrários existam. A solução de Alchian e as transações poderiam ser conduzidas por
a existência das organizações são conside-
Demsetz (1972) para esse problema é o meio do planejamento (Williamson, 1985).
radas atualmente o núcleo da economia ou
monitor arcar com os custos de sua própria Pessoas poderiam escrever contratos de A escolha da governança
teoria dos custos de transação CTCT).
ociosidade, conferindo-lhe o direito de ne- complexidade ilimitada que especificariam
Uma afirmação básica da TCT de
gociar contratos com todos os membros da Williamson é que mercados e hierarquias todas as contingências possíveis numa tran- A decisão acerca da governança na
equipe, de monitorar seus esforços produti- são instrumentos alternativos para comple- sação econômica (Williamson, 1975). Entre- TCT é direta. Os atores econômicos irão es-
vos e, o mais importante, depois que todos tar um conjunto de transações (Williamson, tanto, devido à racionalidade limitada, con- colher a forma de governança' ou estrutura
os membros da equipe tiverem sido remu- 1975:8). Como instrumentos para comple- tratos complexos desaparecem diante da
nerados, poderá exigir o eventual valor re- tar um conjunto de transações, mercados e incerteza. Os atores econômicos simples-
sidual. O monitor, então, paga os membros hierarquias são também chamados "meca- mente não podem prever todos os resulta-
da equipe baseado em suas produtividades nismos de governança". Em geral, as formas dos possíveis numa relação de troca ou for-
individuais e guarda para si a porção restan- de governança de mercado dependem dos mular respostas contratuais ou outras res-
te como salário. preços, da competição e dos contratos para postas diante das imprevisíveis eventualida-
Estruturas ou formas de govemança são
Esse acordo garante ao monitor forte manter todas as partes, interessadas em uma des. Oportunismo também é o ponto de par- um conjunto de regras (instituições) - tais como con-
incentivo para monitorar os esforços de cada transação, informadas de seus direitos e res- tida dos pressupostos comportamentais usa- tratos entre particulares ou normas internas às organi-
dos no pensamento econômico corrente zações - que governam determinada transação. (N.T.)
membro da equipe. Os resultados serão ponsabilidades. Formas hierárquicas de
I 136 AJ\llPLlAl'lDO QUADROS DE REfERÊNCIA PAR,A INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL 137 I
de governança (mercado ou hierarquia) que Quando a Racionalidade Limitada e o o nível de investimento alocado a uma investimento (na transação corrente) e a
reduza possíveis problemas transa- Oportunismo Criarão Problemas nas transação tem ainda maior importância do segunda melhor alternativa (em outra tran-
cionais, criados pela racionalidade limitada, Transações? que a incerteza e a escolha das formas hie- sação), mais específico será o investimento.
por um lado e pela ameaça do oportunismo, rárquicas de governança. Freqüentemente, A existência de investimentos especí-
por outro, a um menor custo. A governança Dadas as decisões de governança a ser as partes envolvidas numa transação têm ficos aumenta a ameaça do oportunismo.
das transações econômicas é onerosa. No tomadas pelos atores econômicos, é impor- !. que investir para que ela se realize. Esses in-
vestimentos podem assumir várias formas.
Por exemplo, suponha-se que uma firma A
seja fornecedora de uma firma B. Suponha-
entanto, como sugerido por Adam Smith e tante entender os atributos da transação que
muitos outros, os mercados têm custos fixos tornarão a racionalidade limitada e o opor- podem ser mudanças em tecnologia física se, também, que a firma A reviu totalmente
mais baixos comparados com formas de tunismo problemático. Enquanto esse aspec- (e. g., uma firma que precisa alterar suas do- seus processos de manufatura, de venda e de
governança hierárquicas. Se a estrutura de to da TCT tem avançado nos últimos anos, cas de recebimento para poder acomodar os distribuição para atender às necessidades da
governança de mercado permitir que os dois outros atributos das transações são caminhões de outra firma). Em muitas tran- firma B; que as necessidades da firma B são
participantes realizem trocas que reduzam atualmente percebidos como criadores dos sações, poderão ser necessárias modifica- únicas e que a firma A não teve que fazer
os problemas transacionais criados pela principais problemas dos atores econômi- ções nas políticas e nos procedimentos nenhum investimento especial na firma B.
cos: incerteza e investimentos específicos na operacionais (por exemplo, uma firma pode Suponha-se, ainda, que a firma B tenha vá-
racicnalidade limitada e pela tendência ao
transação. precisar simplificar seus procedimentos de rias alternativas de fornecedores, além da
oportunismo, então o mercado será preferí-
Sem a incerteza, a racionalidade limi- pedido de compra para assegurar uma en- firma A.' Nessa situação, a firma A fez inves-
vel à hierarquia como forma de governança.
tada é irrelevante. Se as diferentes partes trega mais pontual dos suprimentos críti- timentos específicos significativos nessa re-
Se, porém, o mercado não solucionar os
envolvidas pudessem antecipar precisamen- cos). Noutras transações, pessoas envolvidas lação com a firma B. Pode acontecer que a
problemas transacionais, então estruturas
te como uma transação, os direitos e as res- podem aprender linguagens especiais, o es- firma B decida explorar a firma A, insistin-
hierárquicas de governança mais caras terão
ponsabilidades evoluiriam ao longo do tem- tilo informal de trabalho e as práticas de do em obter um preço mais baixo pelos pro-
de ser empregadas. negócios dos parceiros da transação. Tudo
po, gerenciar uma transação seria muito dutos por ela fornecidos do que o estabele-
Dito de outra maneira, se tudo com com o objetivo de facilitar as transações.
simples. Tudo o que deveria ser feito pelas cido no contrato original de oferta. O que a
que os atores econômicos tivessem que se Todos esses investimentos possuem
partes envolvidas seria redigir um contrato firma A pode fazer? Se a firma A se recusar
preocupar fosse a minimização do custo em valor nas transações originais. Alguns des- a atender à demanda da firma B, ela perde
suas trocas econômicas, sempre escolheriam que especificasse todas as possibilidades
atuais e futuras da transação, bem como os .) ses investimentos podem ter valor noutras o valor econômico de seu investimento em
as estruturas de governança de mercado. A transações. Por exemplo, um vendedor pode B:' Enquanto os pedidos de redução de pre-
direitos e as responsabilidades de todos os
governança ele mercado é o modo menos precisar aprender uma nova linguagem para ço feitos pela firma B forem menores que os
atores nesse futuro possível. E em condições
custoso de gerenciar as transações econômi- interagir eficientemente com um grupo de custos de abandonar por completo seus in-
de incerteza isso não é possível. Em geral,
cas inventado pelo ser humano. Por outro novos clientes que já a utilizam em seu tra- vestimentos, a firma A irá aceder à deman-
quanto maior o grau de incerteza numa
lado, se tudo com que os atores econômicos balho. No entanto, esse processo de apren- da da firma B. Portanto, o investimento es-
transação, mais difícil será o uso de contra-
tivessem que se preocupar fosse a rninimi-
tos e outras estruturas de governança de dizagem da linguagem pode também ser pecífico feito pela firma A cria uma oportu-
zação dos efeitos da racionalidade limitada mercado, levando a que se adotem estrutu- usado por outros clientes em potencial. As- nidade para a firma B comportar-se de for-
e do oportunismo em suas transações, então ras hierárquicas de governança. Na gover- sim, o investimento nessa nova linguagem ma oportunística.
sempre escolheriam as estruturas hierárqui- nança hierárquica, terceiros podem decidir é valioso na transação entre este(a) ven- Quanto maior for o nível de investi-
cas de governança. Nas estruturas hierár- como serão resolvidos os problemas não dedor(a) e seu novo grupo de clientes. Po- mento específico envolvido numa transação,
quicas, sempre há uma terceira parte res- previstos. Além disso, as partes de uma tran- derá também ser valioso em possíveis tran- maior será a ameaça do oportunismo. Quan-
ponsável por gerenciar uma transação de sação não precisam antecipar problemas . sações entre esses vendedores e outros gru- to maior for a ameaça do oportunismo,
forma que minimize os problemas criados (aliás, elas não poderiam jamais fazê-lo), pos de clientes potenciais. menor a probabilidade de a governança de
pela racionalidade limitada e pelo oportu- tampouco precisam antecipar o que tercei- Por outro lado, certos investimentos mercado reduzir efetivamente essa ameaça,
nismo. Certamente, os atores econômicos ros fariam para solucioná-los (aliás, também somente são valiosos numa transação par- sendo mais provável que as estruturas de
precisam estar preocupados com os proble- não poderão fazê-lo). Em verdade, o que as ticular e têm pequeno ou nenhum valor
mas criados pela racionalidade limitada e partes têm a acordar é que, surgindo proble- noutra transação. São investimentos especí-
pelo oportunismo e com o custo de gover- mas futuros, terceiros irão mediá-Ios e ',)'. ficas. Formalmente, investimentos específí- * No original, aparece A onde se registrou
'. ~'cos são aqueles muito mais valiosos em de- B e B onde se colocou A. Como essa relação é ilógica
nar as transações econômicas. resolvê-Ios.
i': ',! ' terminada transação do que em quaisquer dentro do texto, inverteu-se a referência. (N.T.)
** No original, aparece A onde se registrou
.,,1 ,. 'I~ outras. Quanto maior for a diferença de va- B. Como essa relação é ilógica dentro do texto, inver-
I~ ~ lor entre a melhor alternativa de uso de um teu-se a referência. (N.T.)
1138 AMPUANDO Q~ADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL 139 I
.'

governança hierárquicas sejam escolhidas - Aplicações da teoria dos custos A forma multidivisionalizada cessos e falhas referentes a um produto ou
apesar dos custos adicionais. No exemplo de transação i'
a uma linha de negócios. Assim, a comple-
simples anteriormente discutido, estruturas Outra importante extensão da TCT xidade da empresa compromete a capacida-
hierárquicas significariam que a firma A e a para a organização interna foca a firma de de processar informação - ou, nos termos
firma B seriam reunidas numa única cor-
A integração vertical multidivisionalizada (forma M), que da TCT, a racionalidade limitada - dos ad-
poração e que um gerente dessa corpo ração williamson (1985:279) considera a "inova- ministradores de cúpula. Ainda há que con-
("o chefe") iria mediar a relação entre o que A mais pesquisada aplicação da TCT - - ção organizacional mais significativa do sé- siderar a crescente complexidade que torna
seria, então, a divisão A e a divisão B. Dada integração vertical - é a mais clara investi- ., culo vinte". O histórico estudo de Chandler mais difícil o articular as metas das unida-
a existência desse mediador, a divisão A gação da questão "por que existem as orga- (1962) sobre a estratégia e a estrutura das des funcionais com as metas da firma em sua
poderia fazer os investimentos específicos nizações?" (veja Joskow, 1988; Mahoney, grandes empresas norte-americanas relatou totalidade. Essa incapacidade de operacio-
necessários para facilitar suas relações de 1992, para revisão). Estudos da TCT enfo- ~ a ascensão da forma M. Sobrepondo a lógi- nalizar metas funcionais leva os administra-
fornecimento com a divisão B, confiando no cam a integração vertical diferentemente de ca dos custos de transação às constatações dores a perseguirem submetas funcionais
mediador para ter certeza de que a divisão muitos dos trabalhos prévios em economia de Chandler, Williamson acha que a racio- em vendas, produção etc.; frequentemente,
B não obteria uma vantagem injusta com (veja Blair e Kaserman, 1983, para revisão). nalidade limitada e o oportunismo respon- às custas do desempenho da empresa ou nos
esses investimentos específicos. Em vez de ver a integração vertical como dem pela grande difusão da forma M entre termos da TCT, surge o problema do opor-
Em resumo, a resposta de Williamson uma medida agregada de valor adicionado as empresas norte-americanas. Ele argu- tunismo.
à questão "por que existem organizações?" para a totalidade de uma firma, estudiosos menta que, quando as firmas organizadas A forma M resolve essas dificuldades
é que a hierarquia surge para resolver os da TCT utilizam a transação como nível de por função (formas U) se expandem em ta- organizando as firmas por produto ou divi-
problemas de governança de mercado com análise. Essa pesquisa, que examina o que manho e diversidade, torna-se muito difícil são geográfica na qual as decisões opera-
investimentos específicos sob condições de em termos genéricos é rotulado por decisões para os administradores de cúpula nego- cionais e as responsabilidades quanto ao
incerteza. Sendo comum a propriedade, as de "fazer ou comprar", apóia-se na proposi- ciarem os vários problemas operacionais en- desempenho são delegadas a um gerente de
duas partes envolvidas na transação têm ção de que os investimentos específicos au- frentados pela empresa. Além disso, combi- divisão. Uma estrutura típica de forma M é
menos incentivo para buscar vantagem uma mentam a probabilidade de uma transação nando grande diversidade com interde- apresentada na Figura 1. Idealmente, essa
sobre a outra. As disputas são menos prová- ser internalizada. Essa proposição é reforça- pendência entre as unidades funcionais, tor- estrutura separa estratégia e decisões ope-
veis de ocorrer, porque a hierarquia é apta da quando o investimento específico na na-se difícil alocar responsabilidade de su- racionais. Decisões estratégicas são limita-
a estabilizar "objetivos comuns" que levam transação é operacionalizado na forma de
a expectativas convergentes entre os parti- intensidade de capital (MacDonald, 1985;
cipantes de uma transação. Hierarquias ain- Mac Millan et al., 1986; Caves e Bradburd,
da facilitam o desenvolvimento de códigos 1988) na forma de especificidade dos ativos
Conselho de
e linguagem que são próprios da firma, per- humanos ou competências específicas das administração
A administração
mitindo uma comunicação mais exata e efi- firmas (Armour e Teece, 1980; Anderson e central (matriz)
ciente (Arrow, 1974; Williamson, 1975). Schmittlein, 1984; Anderson, 1985; John e estabelece diretrizes
Enquanto a hierarquia resolve o pro- Weitz, 1998; Masten et al., 1991), na forma que direcionarn a
estratégia Gabinete do
blema do investimento específico em condi- de especificidades de localização (Stuckey, presidente
ções de incerteza, existem, contudo, limites 1983; Joskow, 1985), e também sob a for-
;1'
a seu uso. As firmas estão propensas a res- ma de uma barganha de pequenos números
~ Órgão de staff na
ponder a incentivos e desenvolver disfun- (small numbers bargaining) (Levy, 1985; . ~ . J .

{
administração central 1 1 1
ções burocráticas que limitam seu tamanho. MacDonald, 1985; Caves e Bradburd, ;~ , • ~- (matriz) auxilia e
Recursos
Os fortes incentivos do mercado não são 1988). A incerteza tem um efeito menos .11 ~.' apóia na formulação Finanças Contabilidade
humanos
facilmente duplicados nas firmas, principal- consistente na decisão de integrar (Walker • ~ •. de diretrizes
. direcionadoras de
mente nas grandes firmas. e Weber, 1984; 1987). estratégia
I 1
{
Gerentes gerais das 1
: .'~. divisões cuidam das
.~ . ~ '} decisões operacionais Divisão I Divisão II Divisão III
t". I,. , e de implementação

Estrutura multidivisionalizada (forma M) típica.


I 140 AMPLiANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL

das a altos executivos que atuam no escri- (Harris, 1983; Grinyer et al., 1980; Hill, mento (Hoskisson e Turk, 1990 e a discus- das partes de uma troca, em que o valor
tório central da empresa. Decisões opera- 1985; Hoskisson e Galbraith, 1991; Olinger, são seguinte). A forma M pressupõe grandes dado e recebido estão de acordo com a ex-
cionais são delegadas a altos executivos den- 1993; Steer e Cable, 1978; Teece, 1981; , incentivos aos gerentes divisionais para que pectativa de cada parte envolvida".
tro da divisão de operação. Limitando sua Thompson, 1981). No entanto, alguns estu- maximizem o desempenho, o que não ocor- Para Ouchí (1980), os mercados são
responsabilidade à tomada estratégica de dos de firmas não americanas não eviden- re com os administradores de cúpula, loca- eficientes quando a incongruência de metas
decisões, a forma M reduz o problema da ciaram que firmas com uma estrutura de lizados na matriz. Por isso adotam uma di- é alta e a ambigüidade do desempenho é
racionalidade limitada sob a óptica dos ad- tipo M desfrutam de um desempenho supe- versificação ineficiente. A forma M, com sua baixa. Os preços fornecem a informação
ministradores de cúpula. Dividir a firma em rior (Cable e Dirrheirner, 1983; Cable e estrutura decomposta por "quase-firmas", adequada que é necessária para coordenar
divisões quase autônomas facilita o estabe- Yasuki, 1985; Hill, 1988; Holl, 1983). apenas facilita essa diversificação excessiva. as atividades, e as partes não precisam com-
lecimento de metas de desempenho mais Apoiar-se, porém, exclusivamente em fontes Problemas de incentivo divisionais não são partilhar metas congruentes. Aumentando a
claras a níveis mais baixos da organização. secundárias (relatórios das próprias empre- completamente eliminados. Com a ênfase da ambigüidade do desempenho, aumentará
'A responsabilidade pelo desempenho de sas) pode ter levado a equívocos, pois mui- forma M em avaliação financeira, gerentes também a necessidade de convergência de
uma linha de negócios recai sobre um úni- tas empresas podem ter sido imprecisamen- de divisão podem preferir aversão ao risco, metas, e as firmas então preferirão uma es-
co gerente de divisão. te classificadas como adotando a forma M maximizando o lucro no curto prazo, en- trutura de governança burocrática às tran-
Por último, a estrutura de tipo M tam- (Hill, 1988). Assim, o debate permanece so- quanto sacrificam atividades como investi- sações de mercado. A burocracia usa a au-
bém permite que a empresa funcione como bre o que se pode deduzir desses trabalhos mentos em P&D, críticos para o sucesso a toridade e as regras para permitir que a fir-
um mercado de capital em miniatura, em empíricos (Hoskisson et al., 1993). longo prazo. A pesquisa que fundamenta ma resolva problemas de ambigüidade de
que a administração central (localizada na Críticos da forma M tendem a focar em essas críticas é de alguma forma equivoca- desempenho pelo monitoramento dos fun-
matriz) monitora o desempenho da divisão, sua eficácia como um mercado interno de da, uma vez que ela falha ao separar os efei- cionários e reprimindo a incongruência de
a alocação do fluxo de caixa a níveis de uso capitais. A emergência, ultimamente, de in- tos da estratégia (diversificação) dos de es- metas por meio de regras e outros procedi-
mais eficientes, exercendo ainda as ativida- vestidores institucionais grandes que leva- trutura (a forma M). mentos operacionais (Ouchi, 1979). Quan-
des voltadas à diversificação, aquisição e ram à concentração dos investimentos redu- do a ambigüidade do desempenho alcançar
desinvestimentos (Williamson, 1970; 1975; ziu bastante a vantagem desfrutada pelos níveis elevados, nem a medição dos meca-
1985). Da perspectiva da TCT, a forma M administradores de cúpula sobre os investi- Mercados, burocracias e clãs nismos de mercado, nem o monitoramento
possui vantagens importantes sobre o mer- dores externos. Provavelmente, a as simetria burocrático assegurarão que os esforços dos
cado externo de capital: (1) tem acesso a de informações entre administradores e in- Ouchi (1979; 1980) ampliou o refe- empregados serão direcionados às metas da
informações mais exatas sobre as divisões; vestidores externos tem sido reduzida. Re- rencial teórico dos custos de transação para organízação.jcessas circunstâncias, o clã é
(2) pode manipular incentivos e realocar latos anedóticos também sugerem que os explicar modos alternativos de coordenar a forma mais eficiente de governança. A for-
gestores de fraco desempenho mais facil- investidores externos são muito mais efica- atividades entre firmas. Ele defendeu que as ma de clã requer participação intensa das
!
mente; e (3) pode exercer controle sobre as zes, chegando à destituição de altos execu- firmas constroem três formas básicas de pessoas (Ouchi, 1979) ou socialização
ii estratégias adotadas pela divisão. tivos e a influenciar a estratégia da empre- controle: mercados, burocracias e clãs. Mer- (Ouchi, 1980) e associações internas de lon-
Evidências empíricas tendem a refor- sa. Pressupondoque essas mudanças sejam cados coordenam por meio dos preços, bu- go prazo como meio efetivo de controle.
çar a afirmação de Williamson, de que a for- reais, a vantagem da estrutura de gover- rocracias coordenam por autoridade e re- Essas atividades são, no entanto, mais caras
ma M ultrapassa em desempenho a estrutu- nança de tipo M sobre o mercado de capital gras e clãs combinam autoridade com valo- do que os controles burocráticos e de mer-
ra funcional em firmas grandes e diver- externo desapareceu. Assim, a forma M res e crenças compartilhados, para obter cado. Assim, um investimento em controle
sificadas (veja Hoskisson et al., 1993, para pode ter sido vantajosa quando formulada, cooperação. Como acontece com a formula- do tipo clã não é garantido quando a ambi-
revisão). Em seu importante trabalho sobre mas está provavelmente desatualizada " ção geral da TCT de Williamson, a eficíên- . güidade de desempenho é baixa ou mode-
, i a adoção da forma M na indústria petrolífe- (Bettis, 1991:315-316; Bartlett e Ghoshal, cía desses mecanismos varia de acordo com rada. A teoria dos mercados, da burocracia
! ra, Armour e Teece (1978) concluíram que
os que a adotaram mais cedo tiveram van-
1993). Essas críticas, entretanto, necessitam ~
ainda ser testadas (Hoskisson et al., 1993:
as condições da transação. Nessas condições e, particularmente, dos clãs de Ouchi foi
de transação, porém, Ouchi parte de importante para estimular o interesse pela
j tagens de desempenho sobre as demais 275). Williamson enfatizando a incongruência das cultura organizaciona1.
empresas do ramo. Como esperado, no en- Outras críticas à forma M baseiam-se metas e a ambigüidade do desempenho
tanto, essas vantagens de desempenho de- na idéia de que não se consegue um alinha- como sendo as dimensões cruciais da tran-
sapareceram quando as outras firmas ado- mento adequado entre os interesses dos sação. Custos de transação, no esquema de A empresa multinacional
taram a estrutura de tipo M. Vários outros administradores de cúpula e dos acionistas. Ouchi (1980:130), advêm de uma deman-
estudos oferecem, pelo menos, algum fun- Em resumo, tais críticas têm pressupostos da por igualdade e incluem "qualquer ativi- A TCT, talvez, tenha sido primeira-
damento para a hipótese da firma-M diferentes sobre o problema do agencia- dade realizada para satisfazer a cada uma mente aceita por economistas e especialis-
.;
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL
143
1142
No entanto, permanece o debate se as 1987; Demsetz, 1988). Das muitas críticas
tas em negócios internacionais. A escola da
estruturas de govemança híbrida são discre- direcionadas à TCT, três são particularmen-
internalízação (Buckleye Casson, 1976;
Inicialmente, a TCT focou os casos tos mecanismos ou consistem num contínuo te centrais: (1) a TCT foca a minimização de
Rugman, 1981; Hennart, 1982) aplicou a de formas, variando do mercado puro à custos; (2) atenua os custos de organização;
TCT para entender quando as empresas extremos das formas de mercados e hierar-
hierarquia pura (Bradach e Eccles, 1989). (3) negligencia o papel das relações sociais
multinacionais (EMNs) poderiam interna- quias para organizar as atividades econômi- De um lado, Williamson (1991c:165, 176) nas transações econômicas,
cas. Outras alternativas aos mercados, além
lizar suas transações dentro da própria fir- argumenta que a "impossibilidade de urna A TeT foca a minimização de custos
de hierarquias, foram reconhecidas, mas o
ma e quando elas poderiam confiar nas tran- intervenção seletiva" (por exemplo, o pro- como um imperativo organizacional. Ou,
modo como essas formas intermediárias são
sações do mercado. A explicação para as blema da introdução dos atributos de mer- como Williamson (1991b:76) argumenta,
vistas tem mudado com o passar do tempo.
EMNs concentrou-se em torno das imperfei- Inicialmente, Williamson (1975) viu-as cado em hierarquias e dos aspectos hierár- "economizar é mais fundamental do que tra-
ções de mercado. Mercados de diferentes como instáveis, mas depois reconheceu que quicos, em mercados) impede urna continui- çar estratégias - ou, colocando de outra
ativos, particularmente alguns tipos de co- poderiam ser tão freqüentes como os mer- dade das formas de govemança. De acordo maneira, a econorruc é a melhor estratégia".
nhecimento (Buckley e Casson, 1976:39), cados e as hierarquias (Williamson, 1985). com essa lógica, as diferenças nos contratos A Teoria dos Recursos Internos (Resource
estão sujeitos a imperfeições de mercado. A A TCT designou essas formas intermediá- também conduzem as estruturas de gover- Based Theoiy) (discutida mais adiante) de-
principal conclusão desse trabalho inicial foi rias corno híbridas. As formas híbridas in- nança a adotar formas discretas (Masten, dica atenção particular a isso. Como será
1988; Williamson, 1991c). De outro lado, visto, a Teoria dos Recursos Internos suge-
que os mercados tendem a ser mais eficien- cluem estruturas de governança que não são
outros vêem as estruturas híbridas como re que a criação e a exploração de investi-
tes quando há um grande número de ven- nem hierárquicas nem de mercado. A pes-
quisa das formas híbridas tem focado os uma continuidade de formas plurais que mentos específicos para a transação sob con-
dedores e compradores. Transações caracte-
combinam os aspectos de hierarquia e mer- dições de incerteza são essenciais se a firma
rizadas por grande incerteza e complexida- , contratos de longo prazo (Joskow, 1985), as cado (Bradach e Eccles, 1989; Hennart,
joint ventures (Hennart, 1991) e as fran- pretende obter sucesso a longo prazo
de, produtos heterogêneos entre um peque- 1993).
quias (Bríckley e Dark, 1987; Brickley et al., (Conner, 1991; Kogut e Zander, 1992), Evi-
no número de compradores e vendedores, tar o oportunismo e minimizar os custos de
1991; Fladmoe-Lindquist e Jacque, 1995).
por outro lado, favorecem a internalização governança é uma consideração secundária.
Mais recentemente, as redes de empresas -
(Buckleye Casson, 1976:167-168). a produção a partir de um grupo de firmas Outras aplicações da teoria dos custos Minimizar os custos de transação é um be-
Teece (1986) estendeu o raciocínio de que mantêm relações contínuas - receberam de transação nefício relativamente pequeno se a firma
Casson e Buckley ao papel do conhecimen- muita atenção (Thorelli, 1986; Powell, não possuir um ativo (incluindo aí o conhe-
to ao determinar os limites de uma firma. 1987). Estudos observaram tais redes nas A TCT tem sido usada para tratar de cimento) que' tenha uni elevado valor reco-
Ele argumentou que, quando o conhecimen- mais diversas áreas corno a indústria cine- uma variedade de outros tópicos, incluindo: nhecido pelo mercado.
to é difícil de ser negociado - seja porque ao matográfica norte-americana (Baker e (1) a organização interna do Congresso dos Uma segunda crítica da TCT é que ela
fazê-lo se estaria desistindo do conhecimen- Faulkner, 1991), editorial (Powell, 1987), Estados Unidos (Weingast e Marshall, tende a subestimar os custos de organizar-
to, seja porque as infra-estruturas de com- construção civil (Eccles, 1981), tecidos ita- 1988), (2) a organização da administração se as transações dentro da firma (Jones e
petências, de códigos de comunicação ou de lianos (Mariotti e Cainarca, 1986), a indús- pública (Moe, 1991), (3) o papel da Hill, 1988). O uso da autoridade é tido como
cultura estão ausentes -, as firmas inter- tria automobilística japonesa (Fruin, 1992; confiança nos procedimentos de troca sendo mais eficiente para resolver as dispu-
nalizarão aquelas transações. A evidência Nishiguchi, 1994) e o Vale do Silício (Williamson, 1993a), (4) as funções da tas internas do que o mercado. Isso nem
(Saxenian, 1994). governança corporativa (Williamson, 1985) sempre é assim. Longas e custosas negocia-
empírica (veja Teece, 1986, para revisão)
A existência da forma híbrida ampliou e (5) corno as firmas são financiadas ções tendem a ser mais difíceis dentro da
sustenta a teoria dos custos de transação das
a questão original de Coase para "por que (Williamson, 1991b). É possível que a TCT firma do que entre firmas, tal como o estu-
EMNs. Embora diferentes estudos a respei- existe a forma híbrida?" A resposta mais
continuará a ser aplicada a uma ampla gama do da transferência de preços de Eccles
to da integração vertical e EMNs tenham geral é que a forma híbrida tem incentivos de fenômenos organizacionais. (1985) mostra. Na verdade, a organização
sido realizados, pouco na TCT das EMNs diz e capacidade de adaptação mais fortes do
pode sofrer com negociações caras e tráfico
respeito especificamente à internacionali- que as hierarquias, oferecendo mais controle de influência (Dow, 1985; Milgrom e
zação. A EMN, da perspectiva da TCT, não administrativo do que os mercados Críticas à teoria dos custos de Roberts, 1988). Mesmo quando a autorida-
passa de um caso especial do problema de (Williamson, 1991a:281). Assim, para uma transação de é eficiente para resolver algumas dispu-
integração vertical. Na verdade, apenas se transação que requer uma combinação tas internas, ela pode ser alvo de abuso
alterou o enunciado da questão "por que as (mix) de incentivos, adaptação e controle, as A teoria dos custos de transação tem oportunístico (Dow, 1987).
organizações existem?" para "por que as formas de governança híbridas são mais , recebido muitas críticas (veja, por exemplo, Outra crítica à TCT é que ela tende a
EMNs existem?" apropriadas (Williamson, 1991a). Perrow, 1986; Petterman, 1984; Robins, subestimar o papel das forças sociais e cul-
I 144 AMPLJANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL

turais na atividade econômica (Granovetter, como urna firma deva ser gerenciada, não te, esse e outros trabalhos correlacionados cimento da TCT (Williamson, 1985:392,
1985). Enquanto a TCT busca adotar pres- trate da possibilidade de conflito intrafirma. ,(por exemplo, March e Simon, 1958; Simon, 402).
supostos realistas quanto à natureza huma- A economia neoclássica definiu um objetivo 1964) influenciaram mais a teoria organí-
na, ela decididamente adota uma visão cal- monolítico para a firma: a maximização do zacional do que a economia. Isso foi irôni-
culista (Williamson, 1993a) das pessoas, o lucro. As firmas que se comportassem de co, principalmente se se considerar que a Teoria da agência (agency
que reduz o impacto das relações sociais e forma contrária a essa suposição seriam con- maioria daqueles associados ao grupo de theory)
culturais. Granovetter apontou que as tran- sideradas como tendo apenas uma pequena pesquisa Carnegie-Mellon eram economis-
sações, contrariamente a essa visão atomís- chance de sobrevivência. E mais, desde que tas. Alguns poucos economistas focalizaram A Teoria da Agência é a parte da lite-
tica, estão inseridas nas redes de relações alguém explicasse por que uma firma fora as metas potencialmente conflitantes dentro ratura econômica que busca compreender as
sociais. Essas transações são influenciadas criada, havia pouca necessidade de se olhar de uma firma e argumentaram que os ges- causas e conseqüências, para as organiza-
por expectativas formadas pelo próprio his- para dentro da firma. a que acontecia den- tores poderiam procurar outros objetivos ções, da discordância sobre metas. É forte-
tórico da relação. Dimensões abstratas das tro dos limites da firma não ajudaria nos além da simples maximização do lucro, isto mente influenciada pela literatura dos direi-
transações, tais como a especificidade dos esforços de previsão científica (Stiglitz, é, poderiam buscar o crescimento (Marris, tos de propriedade (Alchian e Demsetz,
ativos e a incerteza não determinam, por si 1991). Ao negligenciar os conflitos internos 1964); poderiam buscar liberdade de ação 1972) e, em menor extensão, pelos pró-
sós, os arranjos de governança existentes. das organizações, os economistas iguala- e rendas individuais extraordinárias prios custos de transação. Como a TCT, a
Amigos íntimos, por exemplo, podem trocar vam-se às primeiras teorias organizacionais, (Williamson, 1964). Não obstante isso, a teoria da agência parte do pressuposto de
ativos sem a criação de uma estrutura hie- que também negligenciaram tal tópico visão tradicional da firma permanecia a que os seres humanos têm um limite de
rárquica, de um contrato formal ou outros (Mintzberg, 1983; Perrow, 1986). principal perspectiva. racionalidade, são interesseiros e propensos
compromissos tangíveis simplesmente por- A teoria dos custos de transação é sur- ao oportunismo (Eisenhardt, 1989). As teo-
que confiam um no outro. Embora não mui- preendentemente de pequena ajuda na aná- rias também são similares na ênfase dada
to consideradas em trabalhos anteriores, a Primeiros movimentos de lise de metas conflitantes entre os diversos aos problemas de assimetria de informação
TCT tem dedicado mais atenção ao enten- afastamento da firma neoc1ássica atores envolvidos numa firma. A TCT expli- quando da realização de um contrato e à
dimento de forças sociais, como a confian- ca por que existem organizações, mas falha eficiência como principal motivo de buscar
ça nas transações econômicas (Ring e Van A negligência desse conflito intrafirma em explicar como e de que maneira os diver- uma estrutura de governança para as tran-
de Vem, 1992; Williamson, 1993a). passou a ser suplantada, de alguma forma, sos atores concordam sobre as metas. A su- sações econômicas (Barney e Ouchí, 1986;
Apesar dessas críticas, a resposta da pela pesquisa de um grupo multidisciplinar posição implícita na TCT é que o acordo Eisenhardt, 1989). A Teoria da Agência,
TCT à questão fundamental de por que as de estudiosos da Carnegie-Mellon University relativo à forma de gerenciamento não é porém, diferé da TeT em sua ênfase nas ati-
firmas existem é inegavelmente influente. (March e Simon, 1958; Cyert e March, problemático. No entanto, o fato de os par- tudes de risco dos proprietários e dos agen-
Historicamente, a teoria econômica conside- 1963; Simon, 1964). a trabalho deles foi ceiros em transações econômicas estarem tes (Eisenhardt, 1989:64).
rou as organizações como irrelevantes e sem um importante ponto de partida, tanto para mutuamente interessados em formar uma Em seu desenvolvimento original, a
valor para a Ciência Econômica (Stigllitz, a economia, quanto para a teoria organi- organização não significa que suas diferen-. teoria da agência foca a relação entre os
1991:15), enquanto a teoria das organiza- zacional no exame mais explícito dos confli- ças de interesses, gostos e preferências dei- . gestores e os acionistas (Jensen e Meckling,
ções considerava sua importância um pres- tos sobre metas e percepções dentro das xem de existir. Realmente, Williamson de- 1976). Nessa formatação, a teoria foi utili-
I
suposto. A TCT ofereceu uma abordagem organizações. O livro de Cyert e March monstra que o problema do oportunismo e zada para analisar o controle das corpo-
que obrigou a que se olhasse dentro da cai- (1963), A behavioral theory of de firtn, tra- da racionalidade limitada, que tanto preju- rações, incluindo questões tais como o pa-
xa preta da firma, e oferecia, simultanea- tou mais diretamente os problemas relacio- dicam as transações por meio dos mercados, pel do corpo diretívo e a remuneração dos
:' : mente, uma nova perspectiva da organiza- nados à teoria neoclássica da firma. Eles quase desaparece magicamente quando as administradores de cúpula. Mais recente-
,
, ção aos analistas organizacionais. rejeitaram os componentes básicos da firma transações são internalizadas dentro de uma mente, a teoria da agência tem sido aplica-
: neoclássica, tais como maximização dos lu- organização (Grossman e Hart, 1986). Essa da nas relações entre os diversos atores
cros e informação perfeita. No lugar de um afirmativa parece irreal, ou melhor, é parti- (stakeholders) de uma firma, como relações
,i OS DIVERSOS ATORES ENVOLVIDOS
~, ator individual focalizando exclusivamente cularmente irônica de acordo com o traba- entre diversos gestores na mesma firma,
I CONCORDAM SOBRE A FORMA DE lho anterior de Williamson (1964) que exa- '
o lucro máximo (de muitas formas análogo entre empregados e clientes (Grinblatt e
GERENCIAMENTO DE UMA FIRMA? ao monitor de Alchian e Demsetz), Cyert e minou a propensão dos gestores em perse- Titman, 1987) e entre empregados e grupos
I
II March perceberam que as metas emergem guir suas próprias metas às custas dos lucros diferentes de acionistas e credores
!; Considerando-se que a economia dentro da firma e alteram-se com o tempo da corporação. Essa falta de consideração (Copeland e Weston, 1983). Todos esses
í 1
, neoclássica não olha para dentro da firma, a partir de coalizões formadas e alteradas pela variedade e complexidade no interior conflitos têm importantes repercussões or-
I
I não é surpreendente que, ao tratar o modo pelos membros da organização. Ironicamen- das organizações realça o incompleto conhe- ganizacionais sobre a governança corpo-

'I
i
1146
AMPUANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL 147

rativa, a estrutura e OS sistemas de remune- Para proteger os interesses do proprie- achar proibitivamente caro monitorar total- dessa rede que as firmas adotam regras de
ração. tário, muitos esforços precisam ser feitos mente o comportamento de sua equipe de monitoramento e vinculação.
As relações de agência ocorrem quan- para reduzir a possibilidade de os agentes se n alta gerência. Na verdade, em toda e qual- Apresentadas essa descrição geral dos
do um parceiro na transação (o proprietá- comportarem mal no futuro. Nesse esforço, quer relação de trabalho é muito difícil ob- problemas de agência e suas soluções de
rio ou acionista) delega autoridade a outro custos são incorridos. Esses custos são cha- servar esforço e habilidade. custo, três questões importantes vêm à men-
(o agente ou gestor) e o bem-estar do pro- mados custos de agência. Os custos totais de fI Problemas de agência podem também te. Primeira: por que os proprietários dele-
prietário é afetado pelas escolhas do agen- agência são os de monitoramento dos gas- envolver a seleção adversa. Na seleção ad- gam autoridade aos agentes, quando sabem
te (Arrow, 1985). Um exemplo óbvio é a tos, feitos pelo proprietário; os relativos aos versa, o agente possui informações que, para que tal delegação de autoridade irá, inevi-
relação entre investidores externos de uma compromissos do agente e as perdas resi- o proprietário, são inobserváveis ou custo- tavelmente, conduzir a problemas de agên-
firma e seus gestores. Os investidores dele- duais do proprietário. Essa perda residual sas de se obter. Conseqüentemente, os pro- cia? Segunda: quais mecanismos específicos
gam autoridade gerencial aos gestores que demonstra que em muitas situações será prietários não podem determinar completa- de monitoramento os proprietários podem
podem ter, ou não, participação acionária na mais custoso para o proprietário monitorar mente se seus interesses estão sendo trata- implantar para minimizar esses problemas
firma. A delegação de autoridade na toma- integralmente o agente e muito custoso para dos da melhor maneira pelas decisões dos de agência? Finalmente: quais mecanismos
da de decisão do proprietário para o agente o agente assegurar ao proprietário que os in- agentes. Por exemplo, um gerente de nível específicos de vinculação os agentes podem
é problemática à medida que: (1) os interes- teresses não são divergentes (Jensen e inferior pode submeter propostas ao CEO usar para tranqüilizar os proprietários?
ses do proprietário e do agente normalmen- Meckling, 1976). (nesta instância, o equivalente ao proprie- Cada uma dessas questões é discutida em
te divergirão; (2) o proprietário não pode Partindo do pressuposto de que os tário) com base em sua informação e não seções subseqüentes.
monitorar perfeitamente, e sem custo, as custos de agência existem, é claro que os nas informações do CEO. Essas propostas
ações do agente; e (3) o proprietário não proprietários têm um forte incentivo para são improváveis de gerar valor econômico.
minimízá-los (por exemplo, minimizando o Ao proceder dessa forma, o gerente de nível
pode monitorar e adquirir a informação dis- Delegando autoridade
monitoramento, o vínculo e os custos resi- inferior pode obter alguns benefícios parti-
ponível ao agente ou por ele possuída de
duais de agência). Contudo, os agentes tam- culares (por exemplo, uma larga experiên-
modo perfeito e sem custo. Tomadas em seu
bém têm incentivo para minimizá-los. Onde cia que poderá ser útil noutras firmas). Ob- Devido aos custos de agência, os pro-
conjunto, essas condições constituem o pro-
for possível estabelecer economias nos cus- viamente, o CEO encontra-se em desvanta- prietários não irão delegar autoridade a
blema da agência - a possibilidade de com-
tos de agência, esses benefícios podem ser gem com relação às informações obtidas. agentes, a menos que eles constatem razões
portamento oportunístico por parte do agen- que os obriguem a fazê-lo. Às vezes, não
compartilhados entre agentes e proprietá- Essa desvantagem é agravada pelo número
te que trabalha contra o bem-estar do pro- existem razões que os obriguem a tanto,
rios. Assim, o proprietário e o agente têm de agentes com incentivos similares e van-
prietário. Jensen e Meckling vêem o proble- fazendo com que eles se engajem, do ponto
todo o interesse em definir uma estrutura tagens múltiplas.
ma da agência como central para a econo- mútua de monitoramento e de incentivos de vista individual, numa vasta gama de
De modo genérico, proprietários e
mia em geral e, especificamente, para a que produza efeitos os mais próximos pos- atividades econôrnicas.T'or exemplo, em
agentes resolvem os problemas de agência
teoria das organizações: sível da situação em que a troca de informa- pequenos negócios, parcerias simples e
por meio de monitoramento e vínculos.
ção se desse sem custo (Pratt e Zeckhauser, Monitorar envolve observar o comporta- corporações fechadas que operam em pe-
"Vale a pena esclarecer o caráter ge- 1985). quena escala, é provável que uma pessoa
nérico do problema da agência. O proble- mento e/ou o desempenho dos agentes. A
ma de induzir um agente a comportar-se Arrow (1985) observa duas fontes es- vinculação refere-se a acordos que ora pe- possa engajar-se numa variedade de ativida-
buscando a maximização do bem-estar do senciais relativas aos problemas de agência: nalizam os agentes ao agirem de maneira des econômicas, desde a concepção de uma
acionista pode ser, em princípio, enuncia- o risco moral (moral hazard), que ele com- que viole os interesses dos proprietários, ora oportunidade de negócio até a obtenção de
do. Ele existe em qualquer organização e para com ações escondidas (hidden actions), os gratificam por alcançar as metas dos pro- fundos para essa oportunidade, passando
em qualquer esforço cooperativo - em e a seleção adversa (adverse selection), que prietários. Os contratos entre agentes e pro- pela implementação de todas as decisões do
qualquer nível de gestão das firmas. (. .. ) O ele compara com informações escondidas prietários especificam os acordos de moni- negócio para aproveitar tal oportunidade.
desenvolvimento de teorias para explicar (hidden information). O risco moral (moral toramento e vinculação. Dessa forma, os Além do mais, em razão do pequeno tama-
a forma que os custos de agência assumem hazard) envolve situações nas quais muitas contratos passam a ser centrais na teoria da nho e da simplicidade relativa dessas ope-
em cada urna dessas situações (em que as das ações dos agentes são escondidas do
agência. Jensen e Meclding (1976:310) ar- rações de negócios, uma pessoa sozinha
relações contratuais são significativamen-
proprietário ou são custosas de se observar. gumentam que a maioria das "organizações pode ser bem-sucedida nessas numerosas
te diferentes), e corno e por que eles sur-
gem levará a uma riquíssima teoria das Na realidade, é praticamente impossível ou são simplesmente ficções legais que servem tarefas. Em tais grupos, não havendo dele-
organizações, que atualmente inexiste tan- muito oneroso para o proprietário monitorar de rede para um conjunto de relações de gações de autoridade para agentes, não ha-
to na economia como no âmbito das ciên- todas as ações do agente. Os acionistas, ou . contrato entre pessoas". É, porém, dentro verá custos de agência.
cias sociais" (1976:309). mesmo os diretores, por exemplo, podem
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENClAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL

No entanto, as situações que enfren- Monitorando altos níveis gerenciais de urna organização, vo e mais recursos para monitorar o compor-
tam empresas maiores e mais complexas por exemplo, é notoriamente difícil de moni- tamento e o desempenho gerencial, a as si-
não são tão simples. Nesses grupos, uma Devido à existência dos custos de rorar e ainda mais difícil de interpretar. Isso metria de informação entre investidores e os
pessoa sozinha pode ser incapaz de compro- agência, os proprietários terão interesse em não significa que o monitoramento com- gestores de firmas fica reduzida. Assim, com
meter-se, de forma eficiente e em tempo tentar monitorar os agentes (Eisenhardt, portamental não ocorre ou não deveria ocor- a crescente presença de acionistas instítu-
hábil, com todas essas atividades de negó- 1985). Uma forma de os proprietários tenta- rer nos altos níveis de uma organização. cionais e grandes acionistas, certos tipos de
rem monitorar os agentes é reunindo infor- Investidores institucionais monitoram deci- problemas de agência tendem a desapare-
cio. Essa inabilidade não reflete, necessa-
sões estratégicas críticas tomadas pelos cer. As firmas com propriedade mais con-
riamente, uma deficiência para executar to- mações relativamente completas sobre a de-
cisão e a ação de um agente ou sobre o com- gestores seniores; colegiados diretivos moní- centrada (poucos proprietários) apresentam
das essas tarefas. Muito antes, pelo contrá-
portamento do agente. Com base nessa in- rorarn a maioria das mudanças de políticas menor probabilidade de desenvolverem ati-
rio, a racionalidade limitada das pessoas e
formação comportamental, os proprietários implementadas pelas equipes seniores de vidades que levam à destruição de riqueza,
os obstáculos relacionados a tempo e ener- gestores; e as equipes de gestão corporativa tais como diversificação ineficiente (Hill e
podem, então, desenvolver julgamentos so-
gia podem tornar impossível a condução dos monitoram os planos e as decisões estraté- Snell, 1989), e maior probabilidade de ado-
bre as metas essenciais e os objetivos dos
negócios sem significativa delegação de au- agentes. Em particular, os proprietários po- gicas dos gerentes de divisão. De qualquer tarem ações que levam ao aumento de ri-
toridade. Tal delegação sempre implicará dem tentar julgar quão similares são as me- forma, os esforços para monitorar o compor- queza, como, por exemplo, reorganização e
custos de agência. tas e os objetivos de seus agentes em compa- tamento dos agentes reduzem parcial e im- reestruturação (Bethel e Libeskind, 1993).
Fama e Jensen (1983) observam que ração com suas próprias metas e objetivos. perfeitamente os custos de agência. Outro mecanismo que a teoria da
o processo de tomar a maioria das decisões Com certeza, monitorar o comporta- Como uma alternativa (ou suplemen- agência prescreve para monitorar o compor-
pode ser dividido em duas grandes catego- mento de um agente raramente gerará infor- to) ao monitoramento do comportamento tamento e o desempenho gerencial é o uso
rias: (1) a gestão da decisão (por exemplo, mação perfeita sobre suas decisões e ações, do agente, os proprietários podem, também, de conselheiros independentes nos conse-
como uma decisão é iniciada e como será sem mencionar sobre as metas e os objeti- monitorar as conseqüências (apenas par- lhos de administração. Os membros inde-
supervisionada) e (2) o controle da decisão vos desse agente. Isso é muito improvável, cialmente observadas) do comportamento pendentes dos conselhos imprimem maior
(por exemplo, como uma decisão é aprova- uma vez que os agentes estão comprometi- desse agente. Assim, em vez de monitorar objetividade aos trabalhos de ratificação e
da e como o desempenho será monitorado). dos com tarefas relativamente complexas e ações e decisões, os proprietários podem monitoramento das ações gerenciais.
Como sugerido anteriormente, pode não ser altamente estruturadas. Por exemplo, su- decidir monitorar o desempenho relativo a Uma série de estudos tem examinado
necessário designar a gestão da decisão e as pondo-se que fosse possível para um pro- elas. Em geral, monitorar o desempenho políticas de firmas que têm conseqüências
prietário observar diretamente o comporta- (ou o resultado) é mais eficaz quando as negativas pára os acionistas, incluindo as
responsabilidades de controle para diferen-
tarefas não são altamente programáveis precauções contra talceovers, tais como cor-
tes agentes em grupos de negócios menos mento de um grupo de pesquisadores con-
tratado para pesquisar novos produtos, esse (Eisenhardt, 1985; Mahoney, 1992). Medi- reio verde (greenmail) e pílulas de veneno
complexos. Em grupos mais complexos, po-
proprietário poderia constatar que seus pes- das com base nos resultados, porém, não (poison pills). Esses estudos têm apoiado as
rém, Fama e Jensen (1983a) argumentaram estão isentas de problemas. Isso se torna posições da teoria da agência (Kosnik,.1987;
quisadores gastam boa parte de seus dias
que, delegando gerência de decisão a um mais problemático nos casos em que a equi- Weisbach, 1988; Mallette e Fowler, 1992).
sentados em cadeiras confortáveis, olhando
grupo e controle de decisão a um segundo pe de produção é envolvida (Alchian e No entanto, estudos recentes sugerem que
fixamente para fora da janela. O que o pro-
grupo, pode-se, em média, chegar a decisões Demsetz, 1972). Nessa situação, a interde- a adoção dessas medidas nem sempre indi-
prietário pode concluir desse comportamen-
de alta qualidade. As tarefas dos grupos pendência entre os agentes cria ambigüida- ca haver problemas de agência numa firma
to - que os pesquisadores estão ociosos?
gerenciais são simplificadas, e eles são capa- Talvez. Por outro lado, os pesquisadores de sobre quanto cada agente contribuiu para (Mahoneye Mahoney, 1993; Brickley et al.,
zes de focar questões relativas à iniciação e também podem estar pensando a respeito de o resultado final. Assim, medir o resultado 1994). Em vez disso, sugerem que essas
à implementação de decisões. Colocando de algum problema fundamental da pesquisa, de diferentes agentes é, na melhor das hipó- políticas, por fortalecerem os gestores em
outra forma, em grupos em que a tomada de solução que pode gerar uma seqüência de teses, impreciso. detrimento aos acionistas, podem, também,
decisão supere a capacidade cognitiva de produtos muito valiosos. Baseado nesse Boa parte da literatura da teoria da aumentar o poder de barganha da firma-
uma pessoa alocar, a diferentes grupos, di- comportamento isolado, não é possível de- agência examina as habilidades dos acionis- alvo quando esta é objeto de urna ação de
ferentes partes do processo de tomada de duzir as metas e os objetivos dos pesquisa- tas (proprietários) majoritários para moni- takeover hostil. A existência de conselheiros
decisão, provavelmente melhorará a quali- dores. torar os demais acionistas (minoritários) externos parece determinar como essas po-
dade das decisões. Com certeza, essa dele- Essa restrição no monitoramento com- (Hill e Snell, 1989). Desde que os acionis- líticas são usadas para ajudar ou prejudicar
gação também implica a existência de cus- portamental não é somente limitada aos tas majoritários tenham um grande incenti- os acionistas de urna firma.
tos de agência. pesquisadores. O comportamento nos mais
:I
I
Vínculos e incentivos riscos estão atrelados a condições que vão mercado de trabalho dos gestores associa o rem atitudes percebidas pelo mercado como
além do controle dos agentes. Por outro sucesso e a falha dos gerentes com informa- desfavoráveis ao valor desses ativos, então
A existência de custos de agência su- lado, políticas que permitem que os agentes ção a respeito do talento dos mesmos seu preço (isto é, o preço da ação) provavel-
gere que o proprietário tem um incentivo sejam remunerados independentemente dos (Fama, 1980:292). Os gestores em firmas de mente cairá. Os gestores de outras firmas,
para monitorar os agentes. Da mesma for- interesses do proprietário garantem que a maior sucesso podem não receber qualquer acreditando que possam gerenciar com mais
ma, os agentes também têm incentivos para remuneração de um agente não flutuará em ganho imediato em salário, mas o sucesso de lucros os ativos das firmas com baixo desem-
assegurar ao proprietário que eles estão função de condições fora de seu controle, sua firma pode aumentar seu valor no mer- penho, poderão envolver-se numa luta pelo
comportando-se de forma consistente com mas ao mesmo tempo será ineficiente con- cado de trabalho. Em contraste, os gestores controle corporatívo, iniciando uma verda-
os interesses dos acionistas majoritários. Em tra o oportunismo. Assim, ainda que os pro- de firmas que falharam podem não ter redu- deira batalha para aquisição do controle
muitas situações, ambos acabam absorven- prietários prefiram planos que enfatizem ção de salários, mas serão punidos pelo mer- acionário. Salvo interferências externas, a
do custos de agência associados à delegação incentivos, eles precisam criar sistemas de cado de trabalho que agregará menos valor gerência da firma problemática irá even-
de autoridade. Em geral, os proprietários remuneração que equilibrem remuneração a seus serviços. tualmente perder o controle dela e os altos
podem usar mecanismos de vínculos (com- fixa e variável (Winship e Rosen, 1988). custos de agência dessa gestão serão troca-
prometimento) para se reassegurarem. Es- Pesquisas têm examinado vários pla- dos por novos gestores com menores custos
ses mecanismos de comprometimento ado- nos de remuneração, incluindo bônus e fun- A função disciplinar do mercado dê agência.
tam a forma de incentivos que os agentes dos de ações para executivos (Murphy, Noutras instâncias, a função discipli-
criam para si - incentivos que os levem a 1986), salários versus comissões A função disciplinar do mercado nar do mercado pode assumir formas mais
agir de forma consistente com o interesse (Eisenhardt, 1985; 1988), incentivos por (market discipline) tem um papel importante discretas. O mercado de trabalho dos ges-
dos proprietários e, simultaneamente, con- redução de rotação de mão-de-obra (tum na determinação dos acordos e dos resulta- tores, por exemplo, agregará menos valor
sultem seus próprios interesses. over) (Zenger, 1992), o impacto do tamanho dos previstos pela teoria da agência. Tal foco aos serviços dos gestores que atuam em fir-
Talvez, a forma mais comum de incen- da firma na utilização de incentivos (Zenger, pressupõe que os mercados, principalmen- mas de menor sucesso (Fama, 1980). Ou, o
tivar o comprometimento esteja relaciona- 1994), escolhas entre remuneração por pro- te mercados de capitais, são eficientes. De conselho de administração pode substituir
da com o pacote de remuneração dos agen- dução e remuneração em função do tempo fato, a teoria da agência adota, no mínimo, . gestores de alto custo de agência por outros,
tes. Se, em sua maior parte, a remuneração trabalhado (Lazear, 1986) e as disputas por um pressuposto importante quanto à forma contratados fora da firma (Faith et al.,
de um agente depende da consistência de promoções (McLaughlin, 1988). Outros es- da eficiência do mercado de capitais (Fama, 1984).
seu comportamento e de seu desempenho tudos examinam a participação acionária 1970). Esse pressuposto quanto à eficiência Evidências empíricas sobre os efeitos
com relação aos interesses do proprietário, dos gerentes na própria firma. Essa pesqui- do mercado de capitais implica que o valor positivos das tomadas de controle acionário
então - considerando que os agentes valo- sa (veja Eisenhardt, 1989, para revisão) in- dos ativos de uma firma reflete completa e (takeovers) são consistentes com a função
rizam recompensas financeiras - eles irão dica que os gestores com interesse na firma imediatamente as informações relativas ao disciplinar do mercado. Os acionistas das
comportar-se de forma consistente com são menos propensos a se comprometerem valor desses ativos (Barneye Ouchí, 1986). firmas-alvo de takeovers recebem, em mé-
aqueles interesses. Noutras palavras, a boa com a diversificação dos negócios (Amihud Isso difere do pressuposto que considera que dia, ganhos significativos (Jensen e Ruback,
vontade de um agente para aceitar essa for- e Lev, 1981; Argawal e Mandelker, 1987), o preço do ativo reflete todas as informa- 1983; Ruback, 1988; Jarrell et al., 1988).
ma de remuneração pode ser entendida resistem melhor a tentativas de takeovers ções, sejam elas circuladas pública ou priva- Esses ganhos positivos refletem, ao menos
como um vínculo; um vínculo que garante (Walking e Long, 1984) e desenvolvem damente. Também difere do pressuposto, em parte, reduções nos custos de agência,
ao chefe que seus interesses serão conside- mecanismos de proteção aos acionistas menos importante sobre a eficiência do mer- mesmo que esses venham a ocorrer após a
rados quando decisões forem tomadas. (Singh e Harianto, 1989). cado de capitais, que considera que o preço troca de controle.
Boa parte da teoria da agência exami- Outras recompensas, além de compen- dos ativos reflete apenas a informação his- Paradoxalmente, o custo de agência
na os incentivos que as firmas usam para sação financeira, também servem para al- toricamente disponível. mais sujeito à função disciplinar do merca-
induzir os agentes a trabalharem segundo os cançar o bem-estar dos proprietários e dos Talvez, o exemplo mais óbvio da fun- do é a aquisição indiscriminada de outras
interesses dos proprietários. Do ponto de agentes. Os gestores podem receber promo- ção disciplinar do mercado, como é usado firmas. Por exemplo, muitos gestores de
vista ideal, os proprietários prefeririam um ções ou outras formas de reconhecimento na teoria da agência, seja o mercado de con- grandes firmas norte-americanas iniciaram
plano de incentivo que penalizasse os agen- que aumentam suas reputações e a possibi- trole corporativo. Geralmente, esse merca- programas de diversificação de negócios na
tes por omissão (shirking) no trabalho e por lidade de um futuro aumento de salário. do é considerado como de eficiência média, década de 70. Esses programas resultaram
oportunismo. Isso, no entanto, é extrema- Mesmo que as firmas não unam explicita- ou seja, de que o valor de uma firma nesse diretamente no crescimento da firma e, tal-
mente difícil de obter porque exporia os mente desempenho e recompensa, as forças mercado reflete toda a informação publica- vez, indiretamente num maior nível de ri-
agentes a riscos que eles considerariam ina- de mercado podem trabalhar para reduzir os mente disponível sobre o valor dessa firma. queza e status dos gestores que os iniciaram.
ceitavelmente altos. Freqüentemente, esses problemas de agência (Fama, 1980). O Se os agentes (gestores) de uma firma tive- As unidades adquiridas, entretanto, não
I 152 AMPUANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANlZACIONAL

necessariamente tiveram desempenho tão humanos são a priori motivados pelos detalhes, as ligações entre essas diferentes cluindo fornecedores de capital, pessoal e
bom sob o controle da equipe de gerência de ganhos financeiros. As pesquisas iniciais ig- transações. Isso é feito pela busca do impac- tecnologia segundo suas expectativas res-
outro setor não correia to (Ravenscraft e noraram outras ciências comportamentais. to que a remuneração, o controle corpo- pectivas. As firmas que conseguem um de-
Scherer, 1987), Conseqüentemente, o mer- Estudos combinando teoria da agência com ratívo. a estrutura de capital e outros atri- sempenho econômico normal são capazes
cado de controles corporativos acaba por idéias de outras disciplinas, tais como a butos da governança da firma exercem so- de sobreviver, embora não prosperem. Na
reconhecer que essas firmas não estavam teoria institucional (Eisenhardt, 1988), teo- bre os problemas de agência, tanto no inte- teoria neoclássica, as firmas que ganham
maximizando o valor de seus ativos e que ria da eqüidade (Zenger, 1992) e da in- rior da firma como entre a firma e os diver- abaixo do desempenho econômico normal
foram objeto de uma aquisição hostil. De fluência social (Wade et al., 1990; Davis, sos atores (stakeholders) envolvidos. precisam ser protegidas por barreiras artifi-
fato, existem evidências empíricas substan- 1991), têm gerado novas evidências e ques- Enquanto a economia dos custos de ciais contra a competição. Qualquer desem-
ciais que indicam que as tomadas de contro- tionado a teoria da agência. ,transação e a teoria da agência podem ser penho superior da firma, que não se deva a
le acionário (takeovers), fusões e aquisições Outra crítica à teoria da agência é mais usadas para explicar por que as firmas exis- barreiras que restrinjam a competição, é de
que refocaram os negócios das grandes filosófica. Perrow e outros (Hirsch et al., tem, elas não podem ser usadas para expli- difícil explicação nos termos da teoria
empresas nos últimos 20 anos, não passa- 1990) argumentam que a teoria da agência car por que algumas firmas superam outras. neodássica.
ram de uma correção dessas tentativas de foca o investidor. Isso é verdade para a Ambos os modelos partem do pressuposto Nenhuma dessas questões seria pro-
"construção de um império" (Bhagat et al., maioria das pesquisas na área, mas pode de que as firmas são essencialmente homo- blemática se o desempenho das firmas não
1990; Shleifer e Vishny, 1991; Hoskisson e não ser inerente à própria teoria. A estrutu- gêneas em suas habilidades para coordenar fosse heterogêneo. No entanto, tanto as ob-
Johnson, 1992). Embora isso seja citado ra da teoria da agência é, por si só, neutra. as transações e a agência. Colocando de servações casuais corno a pesquisa empírica
como um exemplo da função disciplinar do Poderia muito bem ser usada para examinar outro modo, esses modelos consideram que sugerem que algumas firmas, de fato, supe-
mercado, outra questão levantada indaga questões que focam a preocupação dos duas ou mais firmas, enfrentando tipos pa- ram outras (Jacobson, 1988). Por exemplo,
por que o mercado demorou tanto a respon- agentes (Hesterly et al., 1990). Isso é o que recidos de transações econômicas, desenvol- enquanto a maioria das linhas aéreas nos
der a essa superdiversificação prejudicial Shleifer e Summers (1988) essencialmente verão soluções similares de governança. Estados Unidos tem lutado contra a falência,
(Shliefer e Vishny, 1991; Bethel e fizeram em sua vasta revisão da pesquisa em Quando firmas em competição escolhem a Southwest Airlines teve lucros substanci-
Liebeskind, 1993). controle corporativo. Eles argumentam que enfoques similares para solucionar proble- ais (Hallowell e Heskett, 1993). Algumas fir-
Enquanto os economistas tardaram a maioria dos ganhos dos acionistas, a par- mas relativos aos custos de transação e à mas no varejo têm sido incapazes de sobre-
em reconhecer conflitos dentro da firma, tir das atividades de fusão e aquisição, resul- teoria da agência, esses enfoques comuns viver. Outras apenas sobrevivem, obtendo
assim como entre a firma e seus numerosos ta da redistribuição da riqueza de outros não podem ser fonte de vantagem competi- lucros normais. De qualquer forma, a Wal-
atores (stakeholders), a influência da teoria atores organizacionais (stakeholders), por tiva, ou desempenho superior, para nenhu- Mart tem sido'extrernamente bem-sucedida,
da agência nas organizações aumentou. Isso exemplo, dos empregados aos proprietários. ma outra firma. Para explicar por que algu- gerando mais de US$ 3 bilhões de riqueza
gerou centenas de estudos empíricos. En- mas firmas superam outras, níveis maiores para o seu fundador, Sam Walton
quanto esses estudos examinam uma vasta de heterogeneidade precisam ser introduzi- (Ghemawat, 1986). Enquanto todas as side-
ordem de tópicos, a pergunta em questão é POR QUE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES dos na análise. rúrgicas integradas no mundo inteiro expe-
a mesma: como as organizações negociam SUPERAM OUTRAS? A economia dos custos de transação e rimentaram perdas nos últimos 30 anos, a
metas conflitantes daqueles que delegam a teoria da agência não estão sós em suas Nucor Steel viu seu valor econômico aumen-
,! autoridade e daqueles a quem a autoridade Juntas, a economia dos custos de tran- incapacidades para explicar por que algu- tar continuamente (Ghemawat e Stander,
:: i é delegada? A teoria responde apenas par- sação e a teoria da agência constituem uma mas firmas são capazes de superar outras. 1993). A economia dos custos de transação,
, I .i ~ , cialmente a essa questão. poderosa teoria da firma. A economia dos Por exemplo, uma das maiores conseqüên-
cias da teoria microeconômica neoclássica é
a teoria da agência e a microeconomia
,I , iI custos de transação explica as condições em
que as transações econômicas podem ser que, a partir de barreiras artificiais para a
neoclássica não podem explicar o desempe-
nho heterogêneo.
'I !
I
Críticas à teoria da agência mais eficientemente gerenciadas, usando
formas hierárquicas de governança. Se uma
competição (por exemplo, regulamentação
governamental que limite a competição), o
Entender por que algumas firmas su-
peram outras é a principal questão a ser
:1:, ' Embora a evidência empírica apóie firma é, em sua essência, um conjunto de desempenho das firmas num setor industrial pesquisada em gestão estratégica (Rumelt et
til, parcialmente a teoria da agência, questões transações inter-relacionadas, gerenciadas se homogeneizará. Esse nível de desempe- al., 1991). Para explicar como esse campo
I '
importantes têm sido levantadas. Em pri- por meio de formas hierárquicas de gover- nho é chamado "desempenho econômico de pesquisa se desenvolveu, duas explana-
Ii meiro lugar, está a colocação de que a teo- nança, então a economia dos custos de tran- normal" (Tirole, 1989). O desempenho eco- ções básicas da heterogeneidade de desem-
nômico normal é um nível de desempenho penhos das firmas têm sido propostas. A
I ria da agência adota uma visão irrealista dos sação é uma teoria da firma. A teoria da
seres humanos e das organizações (Hirsch agência estende essa teoria da firma permi- suficiente para permitir que uma firma possa primeira apóia-se no que veio a ser conhe-
! et al., 1990). Na teoria da agência, os seres tindo ao pesquisador examinar, com mais remunerar todos os seus fornecedores, in- cido como o paradigma estrutura-condu ta-
I I

I
I I
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES: ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS ORGANIZAÇÕES E A ANÁLISE 155
1154
desempenho (SCP): focando a estrutura do Estrutura do ramo e desempenho rogeneidade de desempenho (Scherer, obtenham lucros superiores aos normais,
ramo em que uma firma opera para explicar da firma 1980). Bastaria para tanto apenas a ameaça de en-
a heterogeneidade do desempenho. A se- A diferenciação dos produtos também trada de empresas com custos baixos.
gunda apóia-se em diversas pesquisas tradi- Como anteriormente mencionado, a pode levar algumas firmas em determinado Se não houver barreiras à entrada em
cionais da teoria econômica e organiza- primeira explicação da SCP para a hete- ramo a obterem desempenhos superiores. determinado ramo, então entradas que re-
cional, incluindo a economia Penrosiana rogeneidade do desempenho das firmas es- Como já apontado por Chamberlain (1933) duzam o lucro não ocorrerão. Em geral, se
(Penrose, 1959), a Escola Austríaca taria na própria estrutura do ramo. Atribu- e Robinson (1933), as firmas que imple- o custo de entrar for maior ou igual ao va-
(Jacobson, 1992) e a teoria evolucionária da tos críticos para melhoria do desempenho mentam estratégias de diferenciação de pro- lor que uma firma obterá ao entrar, não
firma (Nelson e Winter, 1982), focando os residiriam na maneira como o ramo está dutos são capazes de aumentar o valor per- haverá entrada. O valor que uma firma irá
atributos das firmas para explicar a hetero- organizado e incluiriam: (1) concentração cebido dos produtos ou dos serviços que obter com a entrada depende da estrutura
geneidade do desempenho. Esse segundo no ramo; (2) nível de diferenciação dos pro- vendem. Como conseqüência, essas firmas interna da empresa, ou seja, quanto mais
enfoque passou a ser conhecido como a teo- dutos; e (3) barreiras à entrada. Julgava-se tomam-se monopolistas para aqueles consu- alto for o nível de concentração e quanto
ria da dependência de recursos (RBV - que a concentração do ramo melhoraria o midores que são atraídos por um desses pro- maior for a diferenciação do produto,
Resource Based View) (Wernerfelt, 1984; desempenho de duas formas. Primeiramen- dutos diferenciados. De fato, Chamberlain maior será o valor econômico potencial de
Bamey, 1991). Esses dois enfoques são re- te, em ramos altamente concentrados, um inicialmente descreveu a competição em fir- entrada. Por outro lado, o custo de entrada
vistos a seguir. reduzido número de firmas poderosas pode- mas com diferenciação de produtos como depende da existência de barreiras à entra-
ria "acertar" entre si medidas, de forma ex- "competição monopolística". Como todos os da; quanto mais significativas forem as bar-
plícita ou implícita, reduzindo a produção a monopolistas (Tirole, 1989), essas firmas reiras para entrar, mais cara (e, por isso, me-
o paradigma SCP e o um nível que eliminaria a competitividade são capazes de cobrar preço maior do que
o preço competitivo, por seus produtos ou
nos provável) será a entrada (Bain, 1956).
Várias barreiras à entrada têm sido
desempenho da firma e, com isso, colocaria os preços abaixo do
nível de competitividade (Tirole, 1989). serviços. Admitindo que o custo de diferen- identificadas por pesquisadores do para-
Enquanto o custo desse "acerto" fosse me- ciar seus produtos seja menor do que o au- digma SCP, incluindo: (1) economias de
o trabalho original do paradigma sep mento extra, criado por cobrar um preço escala, (2) diferenciação de produto, (3)
remonta a Mason (1959) e Bain (1956). A nor do que o lucro econômico criado, as fir-
mas operando em ramos altamente concen- maior do que o competitivo, a diferenciação vantagens de custo independentemente de
proposta original era assistir "regulamenta- de produto também pode ser uma fonte de escala, (4) retaliações planejadas (contrived
dores" governamentais na identificação de trados e cartelizados teriam melhor desem-
penho do que as que operassem em ramos lucros econômicos superiores aos normais. deterrence), e (5) restrições impostas pelo
ramos menos competitivos, fazendo com Por si próprias, a concentração no governo (Porter, 1980), O modo de atuação
que as firmas obtivessem desempenho aci- menos concentrados e menos cartelizados.
A suposição implícita nessa afirmação ramo e a diferenciação de produtos deve- de cada barreira é discutido, em detalhes,
ma da média. Tradicionalmente, pensava-se riam ser fontes de lucros acima da média, nos textos de Bain, 1956 e Barney, 1995.
que quando as firmas de um ramo tivessem é a de que a dificuldade de implementar
estratégias de cartelização tácitas aumenta, por períodos muito curtos. O paradigma sep
um desempenho acima do normal, os sugere que quaisquer lucros auferidos pelas
clientesestariam pagando preços muito al- quanto maior for o número de firmas num
ramo (Scherer, 1980). Essa afirmação será firmas de um ramo atrairão imediatamente Gestão estratégica e o paradigtna SCP
tos pelos bens e serviços, o nível de inova- novas entradas, seja de novas firmas, seja de
ção seria baixo e a qualidade dos bens ou discutida em mais detalhes nas seções pos-
teriores deste capítulo. firmas que já estão no ramo e que copiarão Pesquisadores de gestão estratégica
serviços seria menor do que deveria ser - em
A concentração de ramos também as estratégias das firmas de melhor desem- reverteram as intenções do paradigma SCP
resumo, o bem-estar social não estaria sen-
pode conduzir a heterogeneidade de desem- penho (Bain, 1956). Novas entradas conti- (Porter, 1981; Barney, 1986a). Enquanto a
do maximizado (Bain, 1956). Uma vez des- nuarão até que os lucros do ramo tenham
penho devido a economias de escala. Econo- pesquisa tradicional de SCP objetivava au-
cobertos os ramos não competitivos, os
mias de escala existem quando há uma re- sido eliminados pela própria competição. Se xiliar a regulamentação governamental, le-
regulamenta dores adotariam vários remé-
lação próxima entre os custos econômicos o custo de entrada em determinado ramo, vando ao aumento da competitividade em
dios para aumentar o nível de competição e
da firma e seu volume de produção. Em ra- ou em novos segmentos, for baixo, então determinado ramo, a gestão estratégica uti-
bem-estar social.
mos concentrados, onde há economias de não haverá desempenhos heterogêneos. lizou o sep para sugerir estratégias para que
escala, apenas um número pequeno de fir- Uma forma particularmente importan- as firmas reduzissem a competição, capaci-
mas será capaz de obter vantagens com es- te do argumento de entrada foi desenvolvi- tando-as, portanto, a obter lucros acima ela
sas economias. Essas poucas firmas terão, da por Baumol et aI. (1982), na chamada média.
todos os demais fatores mantendo-se cons- "teoria dos mercados contestáveis". Os au- Embora várias pessoas tenham contri-
tantes (ceteris paribus), custos mais baixos tores argumentam que uma entrada de fato buído para as pesquisas de gestão estratégi-
* Do inglêsstructure-conduct-performance.
A sigla SCP não será traduzida para ECD. (N.T.) do que as firmas menores, levando à hete- não é requisito para impedir que as firmas ca, baseada em SCP, ninguém tem exercido
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL
I' 156
creve, em detalhes, as ações das empresas Estrutura industrial e oportunidades.
maior influência do que Michael Porter.
Numa série de livros (Porter, 1980; 1985; para reduzir o perigo de cada urna dessas
Exemplos de
1990) e artigos (Porter, 1974; 1979a; ameaças. Essas ações são consistentes com empresas que
1979b), Porter e seus colegas desenvolve- as primeiras pesquisas de SCP; por exem- exploram as
ram um importante modelo que as firmas plo, para reduzir a ameaça de entrada, as , Tipo de ramo Definição Oportunidades oportunidades
podem usar para escolher e irnplementar firmas deveriam implementar barreiras à
Ramos emergentes Mudanças recentes na Vantagens da primeiro Intel em
estratégias que levem a desempenhos acima entrada. Elas implementam barreiras à demanda ou na tecnologia: entrante microprocessadores
da média. Entre os esquemas analíticos e as entrada: (1) utilizando economias de esca- os procedimentos de
ferramentas que Porter desenvolveu basea- la, (2) diferenciando seus produtos, (3) operação do novo ramo
explorando vantagens de custos indepen- ainda têm que sedimentar
do no paradigma SCP estão: (1) o modelo
de ameaças ambientais consubstanciadas dentemente das economias de escala, (4) RamoS Grande número de empresas Consolidação McDonald's emfastfood
implementando estratégias planejadas de fragmentados que têm aproximadamente o
nas cinco forças, (2) um modelo genérico mesmo tamanho
para análise de ramo e das oportunidades do retaliação (contrived deterrence), ou (5)
ambiente de negócios, e (3) o conceito de encorajando o governo a impor barreiras à Ramos maduros Lentos aumentos na Ênfase em serviços e GE em lâmpadas elétricas
entrada. demanda, consumidores processos inovadores
grupos estratégicos, majoritariamente estáveis,
O modelo de ameaças ambientais, O modelo genérico de análise do ramo
limitada inovação em
consubstanciadas nas cinco forças, como de atividade e oportunidades identifica cin- produtos
desenvolvido por Porter, é apresentado na co tipos de ramos e as oportunidades a eles
Ramos declinantes Redução constante de Lidere - explore nichos- General Dynamics em
Figura 2. Baseado nas primeiras pesquisas associadas, Esses cinco tipos de ramos e demanda colha-desinvista defesa e armamentos
de SCP, Porter isolou os cinco grupos de oportunidades associadas são: (1) ramos
emergentes (vantagem dos que entram em Ramos globais Vendas internacionais Multínacíonal/global Nestlé e Ciba-Geigy
ameaças ao lucro de uma firma num ramo significativas
ele atividade: a ameaça da rivalidade, a primeiro lugar), (2) ramos fragmentados
ameaça da entrada, a ameaça dos substitu- (consolidação), (3) ramos maduros (ênfase
tos, a ameaça dos fornecedores e a amea- em serviços e processos inovadores), (4)
ça elos compradores. Todas essas ameaças ramos em declínio (liderança, nicho, colhei-
agem para reduzir os rendimentos das fir- ta, desinvestimento), e (5) ramos globais Como sugerido anteriormente, os lu- Essa abordagem (baseada no para-
mas (concorrência, entrada, substitutos e (organização multinacional, organização cros das firmas podem motivar novas entra- digma SCP), 'para entender a heteroge-
compradores) ou aumentar os custos eco- integrada globalmente). Definições detalha- das de duas maneiras: atraindo firmas de neidade de desempenho das firmas, tem
nômicos de urna firma (fornecedores), até das desses tipos de ramos, das oportunida- outros ramos ou firmas do mesmo ramo, inúmeras e importantes conseqüências
que a firma obtenha desempenhos conside- des associadas e exemplos de cada um são mas que são atraídas por um novo segmen- gerenciais. Grande parte da pesquisa tem
rados apenas normais. Porter (1980) des- apresentados na Tabela 1. to. Essa segunda forma de entrada levou sido conduzi da testando os fundamentos,
Porter, em cooperação com Richard Caves, em termos de SCP, desse modelo de desem-
a desenvolver o conceito de "grupos estra- penho da firma (veja Scherer, 1980 para
Ameaças dos uma revisão detalhada). Pesquisas adicio-
tégicos" (Caves e Porter, 1977). Um grupo
concorrentes
estratégico é um conjunto de firmas de um nais também têm sido realizadas para inves-
ramo que adota estratégias similares. "Bar- tigar as conseqüências empíricas da gestão
reiras à mobilidade", segundo Caves e estratégica a partir do esquema analítico
Porter, podem servir à proteção de grupos SCP. Alguns desses trabalhos sustentam as
,11' , Nível de
,!. I
Ameaças dos Ameaças das estratégicos contra firmas que já estejam no teorias e referenciais analíticos desenvolvi-
ameaças ~--- novas entradas ramo. Barreiras à mobilidade atuam como dos por Porter e seus colegas. Por exemplo,
• I; ~ ;
substitutos
! : no ramo barreiras à entrada, mas apenas protegen- o modelo das cinco forças tem sido capaz de
li do grupos estratégicos em determinado prever razoavelmente a competitividade de
l'
ramo, não o ramo em sua inteireza. Assim, um ramo. Todavia, outras "forças" do mo-
a entrada num ramo é bloqueada pelas bar- delo de Porter não se saíram tão bem em
Ameaças dos Ameaças dos reiras à entrada, enquanto a entrada num verificações empíricas. Por exemplo, en-
l· fornecedores consumidores grupo estratégico é bloqueada pelas barrei- quanto extensas pesquisas têm sido realiza-
o modelo de ameaças do ambiente de negócio e suas cinco forças (Porter, 1980). ras à mobilidade. das abordando as conseqüências da existên-
Figura 2
1158
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL 159

da e do desempenho dos grupos estratégi- transação, na teoria da agência, ou na teo- menos competitivas. Portanto, as firmas que ma podem ser sumariamente divididos em
cos, tem-se argumentado que a maior parte ria neoc1ássica, muitos têm argumentado .'. irnplementam estratégias baseadas no SCP quatro tipos: recursos financeiros (por
desses trabalhos tem pouco valor e que os que ainda não há heterogeneidade suficien- , reduzirão a competição abaixo do nível con- exemplo, capital próprio e reservas, dívidas
elementos essenciais ainda não foram vali- te nesses modelos do SCP, ou seja, que a siderado socialmente ótimo. Muitos acadê- ou recursos de terceiros, retenção de ganhos
dados empiricamente (Bameye Hoskisson, unidade de análise apropriada para estudos micos acham que pesquisas que reduzam o etc.), recursos físicos (por exemplo, máqui-
1989). O interesse por pesquisas de grupos de desempenho de firmas heterogêneas é a bem-estar geral da sociedade é moralmen- nas, fábricas e outros ativos fixos usados
estratégicos tem diminuído, embora caiba firma (Barney e Hoskisson, 1989). te inaceitável. pela firma), recursos humanos (por exem-
ressaltar a criatividade de algumas (por As limitações da análise facada no plo, experiência, inteligência, treinamento,
exemplo, Reger e Huff, 1993). ramo/grupo surgem quando se examinam julgamento e sabedoria das pessoas asso-
suas conseqüências administrativas. A lógi- ", A perspectiva da dependência de ciadas à firma) e recursos organizacionais
ca do SCP sugere que as firmas, na busca por recursos (RBV - Resource Based (por exemplo, trabalho em equipe, confian-
Críticas ao paradigma SCP na desempenhos acima da média, deveriam ça, amizade e reputação de grupos de pes-
entrar e operar apenas em ramos indus-
View) e o desempenho da firma soas associadas à firma) (Barney, 1991).
gestão estratégica
triais atraentes. Um ramo atraente é carac- A perspectiva da dependência de re-
Vários autores reconheceram as limi-
Enquanto a pesquisa que envolve os terizado por baixos níveis de ameaça e altos cursos apóia-se em dois pressupostos a res-
tações dos modelos de desempenho da fir-
modelos sep de desempenho continua a níveis de oportunidade, como definido por ma baseados no SCP e desenvolveram um
peito dos recursos e das capacidades da fir-
desenvolver-se, duas importantes questões Porter (1980). Contudo, a atratividade de ma: (1) que os recursos e as capacidades
enfoque complementar. Esse enfoque é podem variar significativamente entre fir-
foram colocadas sobre as implicações admi- um ramo não pode ser avaliada somente a constmído com base em outras correntes do
nistrativas desses modelos. A primeira a res- partir das práticas e habilidades específicas mas (a suposição da heterogeneidade da
pensamento econômico, tais como o traba- firma) e (2) que estas diferenças podem ser
peito da conveniência da unidade de análi- com que uma firma contribui ao ramo lho de Edith Penrose (1959), de Joseph
se nestes modelos - o ramo ou o grupo es- (Barney, 1994). No entanto, enquanto li- estáveis (a suposição da imobilidade de re-
Shumpeter (1934) e de Michael Ricardo cursos). Esses pressupostos diferem em
tratégico. Esses modelos afirmam que o nhas eram pouco atraentes à maioria das (Scherer, 1980), entre outros, e é conheci-
. principal de terminante do desempenho da companhias aéreas, eram todavia muito muito dos neoclássicos, em que se conside-
do como a perspectiva da dependência de ra que as firmas, num ramo de atividade, são
. firma é o ramo (ou grupo estratégico) no atraentes para a Southwest Airlines; en- recursos da firma. Os trabalhos na gestão
qual a firma opera. No entanto, a pesquisa quanto o varejo era, de maneira geral, pou- essencialmente idênticas e onde qualquer
estratégica sob tal perspectiva começaram diferença que eventualmente surja é rapida-
tem mostrado que há, geralmente, mais co atraente, acabou sendo muito atraente
com a publicação de três artigos: Richard mente destruída, pois aquelas que não dis-
heterogeneidade no desempenho das firmas para a Wal-Mart; enquanto a siderurgia era Rumelt (1984), Birger Wernerfelt (1984) e
dentro de um único ramo do que em diver- também pouco atraente, acabou sendo mui- puserem de certos recursos e capacidades
JayBarney (1986b). Entre outros trabalhos mobilizar-se-ão rapidamente para adquiri-
sos ramos (Rumelt, 1991). Na verdade, os to atraente para a Nucor Steel. Mesmo sa- baseados na dependência de recursos para
exemplos anteriormente citados de desem- bendo que o nível de ameaças e oportunida- Ias ou desenvolvê-Ias (Scherer, 1980). Esses
a gestão estratégica incluem-se ainda Teece pressupostos também diferem significativa-
penho heterogêneo focam casos de firmas des num ramo é um componente importan- (1982) e Prahalad e Bettis (1986).
de um ramo. Por exemplo, a Southwest te em qualquer modelo de desempenho das mente dos adotados pelo paradigma sep.
Airlines no ramo de linhas aéreas; Wal-Mart firmas, um modelo mais completo deve, ne- Esse paradigma considera que os recursos e
no varejo e a Nucor Steel na siderurgia. Ao cessariamente, incluir ainda a discussão capacidades das firmas podem variar, de-
A unidade de análise e os pressupostos pendendo do ramo (ou grupos estratégicos),
adotar o ramo (grupo estratégico) como acerca dos recursos e competências pró-
.; básicos da lógica da dependência de e que essas diferenças somente podem ser
unidade de análise, os modelos baseados em prias de cada firma.
SCP não podem explicar a heterogeneidade Uma segunda questão sobre as reper- recursos mantidas se existirem importantes barreiras
de desempenho no ramo respectivo. cussões administrativas do modelo SCP de à entrada (ou barreiras de mobilidade). Na
Colocando de outra forma, as explica- desempenho da firma diz respeito às conse- Diferentemente dos modelos de de- lógica da dependência de recursos, nem to-
ções do SCP para o desempenho heterogê- qüências desses modelos para o bem-estar , sempenho da firma baseados no paradigma das as firmas são consideradas como sendo
neo da firma continuam a pressupor que as social. Lembrar que o pressuposto original .. :;, sep, a perspectiva da dependência de recur- heterogêneas em termos de recursos e capa-
• l :'; sos adota, como unidade fundamental de cidades, nem é considerado que todas essas
firmas num ramo, ou num grupo estratégi- do paradigma SCP era identificar ramos que
co, são homogêneas. Nessa estrutura, ape- não estivessem maximizando o bem-estar análise, os recursos e capacidades controla- diferenças serão mantidas ao longo do tem-
nas diferenças entre ramos/grupos podem social e proceder à correção. Os estudiosos dos pela firma. Os recursos e capacidades de po. Admite-se apenas que os recursos e as
explicar diferenças no desempenho das fir- e pesquisadores de estratégia empresarial uma firma incluem todos os atributos que a capacidades podem ser distribuídos hetero-
mas. Embora exista mais heterogeneidade reverteram a proposta original à medida que capacitam para definir e implementar estra- geneamente no tempo e que essa heteroge-
nos modelos do SCP do que nos custos de ajudaram as firmas a encontrar situações tégias. Recursos e capacidades de uma fir- neidade pode durar, não somente por cau-
AlVlPLlANDO QUADROS DE REFERENClA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES: ENTENDENDO A RELAçÃo ENTRE AS ORGANIZAÇÕES E A ANÁLISE
1160
~. . .
sa das barreiras à entrada, mas por causa conomias de tempo". Arthur et al. (1987) petitiva, tem levado muitos teóricos da de- o conjunto adequado de valores e recursos
dos atributos essenciais de alguns dos recur- sugerem que esses tipos de recursos e capa- pendência de recursos a reivindicar um au- raros, tornando mais difícil e mais custosa
sos e capacidades da firma. cidades evoluem na "dependência do cami- mento da cooperação entre pesquisas em a imitação de seus recursos e capacidades
nho" (path dependence), ou seja, que seu gestão est~atégica e comportamento organi- (Barney, 1991).
desenvolvimento depende de uma série úni- zacional. E fundamental que se saiba que va- As conseqüências para o bem-estar
Recursos da firma e manutenção de ca de eventos na história da própria firma. riáveis dependentes do comportamento social de estratégias baseadas na dependên-
vantagem competitiva Fica claro que as firmas que não passaram organizacional e da teoria organizacional cia de recursos diferem bastante das conse-
pelas mesmas peculiaridades históricas irão são variáveis independentes potencialmen- qüências das estratégias baseadas do para-
Para que se possam testar essas propo- deparar com uma desvantagem de custo te importantes nos modelos de desempenho digma SCP. Essas são formuladas para redu-
sições, Barney (1991) sugeriu que o desem- para desenvolver ou adquirir esses recursos. baseados na dependência de recursos. zir a competição abaixo do nível cornpetíti-
penho superior de uma 'firma deve resultar A história é um processo linear, capacitan- As implicações empíricas da teoria da vo médio, reduzindo dessa forma o nível de
de seus recursos e capacidades. Para tanto, do algumas firmas com recursos e capacida- dependência de recursos estão começando bem-estar social geral em favor de algumas
recursos e capacidades devem ser (1) va- des específicas, e deixando a outras custos a ser examinadas na literatura sobre gestão firmas que obterão lucros acima dos nor-
liosos (no sentido de capacitar uma firma a elevados de imitação. estratégica. Até aqui, a maioria dos resulta- mais. Estratégias baseadas em recursos su-
explorar as oportunidades ambientais e/ou Às vezes, não fica claro por que uma dos tem indicado consistência, embora ain- gerem que as firmas deveriam descobrir ati-
neutralizar as ameaças), (2) raros entre seus firma com desempenho superior desfruta da seja incipiente. Rumelt (1991), por exem- vidades para as quais estejam capacitadas e
concorrentes ou competidores potenciais, desta vantagem. Isso pode ocorrer quando plo, considerou que os atributos únicos de plenamente adaptadas. Explorando esses
(3) custosos de imitar e (4) sem substitutos duas ou mais hipóteses competem pela ex- uma firma são mais importantes para seu recursos e capacidades especiais, a firma
estratégicos próximos. Um recurso ou capa- plicação e não podem ser testadas. Lippman desempenho do que o ramo no qual atua. De pode aumentar o bem-estar social. Noutros
cidade é um substituto estratégico de outro, e Rumelt (1982) e Red e DeFillippi (1990) modo similar, Hansen e Wenerfelt (1989) termos, firmas que foram capazes de prote-
se ambos se voltarem às mesmas oportuni- enfatizam a importância dessa "ambigüida- mostraram que a cultura de uma firma é ger-se da competição, segundo o referencial
dades e ameaças do ambiente, da mesma de causal" no aumento do custo de imitação. determinante mais importante do desempe- SCP, obtiveram um desempenho acima da
forma e com o mesmo custo. Quando estão competindo, as firmas não nho do que a estrutura do ramo no qual média. Já segundo a teoria da dependência
A capacidade de imitação é um com- podem saber, com certeza, o que especifica- atua. de recursos, o desempenho acima da média
ponente importante para a perspectiva da mente capacita uma firma a desenvolver um deveu-se ao fato de as firmas terem desco-
dependência de recursos. Se outras firmas desempenho superior; essas firmas não po- berto atividades que podem desempenhar
puderem adquirir ou desenvolver um mes- dem saber, com certeza, quais os recursos e Implicações administrativas de maneira mais eficaz do que os poten-
mo recurso, ou seu substituto, do mesmo as capacidades que devam imitar. Essa incer- ciais competidores.
modo que a firma que já o possui, e pude- teza aumenta o custo de imitação. As implicações administrativas da
rem, ainda, fazê-lo pelo mesmo custo, então Finalmente, às vezes os recursos e ca- perspectiva da dependência de recursos con-
os recursos não podem ser fonte de vanta- pacidades que capacitam uma firma para . trastam de modo marcante com os modelos COMO AS FIRMAS PODEM COOPERAR?
gem competitiva para nenhuma delas. Mui- obter um desempenho superior são social- de gestão estratégica baseados no tradicio-
tos pesquisadores apontaram diversas ra- mente complexos. Exemplos desses tipos de nal paradigma SCP. Mais especificamente, Todos os modelos de economia orga-
zões para que a imitação dos recursos e ca- recursos incluem a cultura da firma, o tra- enquanto os modelos baseados no SCP su- nizacional discutidos até aqui analisaram
pacidades de urna firma possa ser custosa balho em equipe dos empregados, sua repu- gerem que os gestores deveriam escolher firmas como se fossem entidades econômi-
(Dierickx e Cool, 1989; Peteraf, 1993). tação com fornecedores e clientes, e assim entre entrar e conduzir negócios em ramos cas independentes. O perfil traçado, na
Barney (1991) divide as razões para a difi- por diante. Nesse contexto, pode haver pou- atraentes, a lógica da dependência de recur- maioria desses modelos, é o de firmas indi-
i '
culdade de imitação em três categorias: o ca ou nenhuma incerteza a respeito do por- sos reforça a idéia de que as firmas deve- viduais fazendo integração vertical dos cus-
: i :, i papel da história, o papel da ambigüidade quê uma firma é capaz de alcançar altos ní- riam olhar para dentro, descobrir seu pró- tos de transação e escolhas limitadas, resol-
"
"
, causal e o papel dos recursos e capacidades veis de desempenho, e pode não haver imi- prio valor, suas singularidades, tornando vendo seus problemas de agência e compe-
li'
, ' socialmente complexos. tação. Embora os administradores possam mais onerosa a imitação de seus recursos e tindo com outras firmas igualmente inde-
Em alguns casos, as firmas são capa- descrever esses recursos socialmente com- capacidades, para, só então, descobrir os pendentes por vantagens competitivas espe-
zes de adquirir certos recursos ou capacida- plexos, suas habilidades para gerenciá-los e mercados em que aqueles recursos possam cíficas. E, de fato, esse enfoque de "firma
des a um baixo custo devido a sua trajetó- modífícá-los rapidamente são limitadas ser explorados. Enquanto determinado independente" é, muitas vezes, apropriado
ria histórica específica. Dierickx e Cool (Barney, 1986c). A importância desses re- ramo possa ser pouco ou nada atraente, para a análise econômica.
(1989) afirmam que esses tipos de recursos cursos socialmente complexos, como fontes 'pelos critérios do SCP, pode, todavia, ser No entanto, nos últimos anos, vem
e capacidades se desenvolveram com "dese- potenciais para manter uma vantagem com- muito atraente para uma firma que utilize sendo reconhecida a importância de conjun-
tos de firmas que cooperam como players necessário para que haja competição
..-
ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES: ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS ORGAl',IZAÇÕES E A ANÁLISE

de nossas firmas hipotéticas se ela violar o


'
competição que há entre, digamos, dois
163 I

importantes no cenário competitivo (Tirole, (Tirole, 1989). Nesse cenário, permanecen- acordo de vender 1.000 unidades a $ 10, e postos de gasolina frente a frente na mesma
1989). Isso significa que a competição ain- do a demanda estável, os preços subirão. vender 3.000 unidades a $ 9. Nessa situação, rua).
da é importante nesses grupos. De qualquer Esse aumento de preços levará a um desem- as cinco firmas que aderiram ao acordo im- Agora, suponha que a firma I decida
forma, a competição aumenta mais entre penho superior ao que ocorreria caso hou- plícito ainda ganham seus $ 7.000 de lucro, trapacear nesse acordo implícito e cobre um
grupos de firmas do que entre firmas indi- vesse competição. mas a firma que trapaceou ganha um lucro preço P1 < P*. Tão logo isso ocorra, todos
viduais. bem maior, de $ 18.000 (($ 9 x 3.000) - os clientes que compravam produtos da fir-
Modelos de economia organizacional ($ 3 x 3.000)). Os $ 11.000, diferença en- ma II irão instantaneamente dirigir-se para
para lidar com a cooperação entre firmas Incentivos para cooperar tre os $ 7.000 que são ganhos se o acordo a firma I e comprar por um preço mais bai-
têm forma e estrutura comuns (Barney, for mantido e os $ 18.000 que a firma ga- xo. A Firma Ir terá que responder baixando
1995). Primeiramente, esses modelos exa- Considere, por exemplo, um ramo hi- nharia se trapaceasse, são o incentivo para seu preço para P2• P2 precisa ser menor do
minam os incentivos econômicos que as fir- potético com seis firmas. Imagine, para sim- trapacear. que P1, ou os clientes não teriam incentivos
mas independentes obtêm para cooperar. As plificar, que essas firmas vendem produtos A trapaça, nesses acordos implícitos, para retomar da firma I para a firma Il.
firmas obtêm tais incentivos nos mais diver- semelhantes e que o custo de fabricação geralmente difunde-se rapidamente. Tão Quando a firma II fixa seu preço para P2,
sos contextos. Conhecidos os incentivos para desses produtos é $ 3 por unidade. Imagi- logo as outras firmas descubram que uma todos os clientes da firma I irão ínstanta-
a cooperação, os modelos econômicos de ne, ainda, que a demanda total para esse firma está trapaceando, podem, também, neamente pular para a firma Il, e a firma I
cooperação passam a examinar os incentivos produto é fixada em 10.000 unidades, mas começar a trapacear, encerrando a coopera- terá que reajustar seu preço para P3' P3 pre-
das firmas para trapacear nos acordos coo- que estas seis firmas concordaram em pro- ção (Scherer, 1980). Isso pode ser visto no cisa ser menor do que P 2' e assim por dian-
perativos. Talvez seja irônico que para cada duzir abaixo desse nível. De novo, por sim- simples caso descrito na Figura 3, Nesse te. Essa competição irá continuar até que o
razão economicamente viável que as firmas plicidade, suponha que cada uma dessas fir- caso, há apenas duas firmas no ramo (I e Il) preço que essas firmas cobram seja exata-
encontram para cooperar encontrarão tam- mas concordou em produzir apenas 1.000 que concordaram em fazer parte do cartel, _ mente igual a seus custos, quando qualquer
bém formas economicamente viáveis para unidades. Como a demanda (10.000 unida- restringindo a produção e estabelecendo um desempenho superior que pudesse ser obti-
trapacear. Finalmente, esses modelos focam des) é muito maior do que a oferta (6.000 preço igual a P*. P" é maior do que o preço do com a cartelização teria sido descartado.
as atividades nas quais as firmas podem unidades), existem muitos clientes disputan- que essas firmas poderiam cobrar se não O que veio a ser conhecido como teo-
envolver-se para monitorar a trapaça em do poucos produtos, e os preços subirão. houvesse cartel. Também, para simplificar ria dos jogos procura entender as interações
suas relações cooperativas. Se esse monito- Num ramo bastante competitivo, essas fir- esse exemplo, considera-se que os produtos do tipo descrito na Figura 3. Esse jogo par-
ramento é bem feito, então os incentivos mas poderiam receber em torno de $ 3 por ou serviços que essas duas firmas vendem ticular foi originalmente estudado por
para trapacear nos acordos cooperativos unidade. Contudo, nesse cartel de indús- não podem ser diferenciados e que os Bertrand (1883) e examina o que acontece
podem ser reduzidos e a cooperação pode trias elas podem ser capazes de vender por clientes não têm custos em mudar da firma quando as firmas participantes de acordos
continuar. Esta forma de análise tem sido mais de $ 10 por unidade. Havendo compe- I para a firma Il (isto é muito semelhante à implícitos trapaceiam em seus acordos, bai-
usada em duas grandes formas de coopera- tição, essas firmas operarão no ponto de
ção, como os acordos implícitos (cartéis ou paridade (break even). Havendo carteli-
conluios) e as alianças estratégicas. zação, elas poderão obter lucros substan-
ciais de $ 7.000 (($ 10 x 1.000) - ($ 3 x
1.000)) cada uma. Esses $ 7.000 de lucro
Acordos implícitos como forma constituem o incentivo para que essas firmas
de cooperação cooperem na forma de acordos implícitos ou
cartéis.
A economia tradicional tem reconhe-
cido a importância da cooperação entre fir-
mas em seus ramos de atuação (Scherer, Incentivos para trapacear nos acordos
1980). O modo mais comum de análise da cooperativos
cooperação tem sido por meio dos cartéis,
sejam explícitos ou tácitos. Considera-se que No entanto, quando há um incenti-
um grupo de firmas forma um cartel quan- vo para cooperar, há também um incentivo
do coopera para reduzir a oferta de produ- para trapacear. Tal incentivo pode ser visua-
tos ou serviços num ramo abaixo do nível lizado pelo que ocorre com os lucros de uma Trapaceando nos acordos implícitos.
, .
I 164 AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL

xando seus preços. Pode ser facilmente de- minação dos cartéis foi um dos primeiros ob- var a uma escalada de competição, desa- adicionais, reduzindo os incentivos para tra-
monstrado que a "trapaça de Bertrand" le- jetivos políticos da estrutura de análise do , guando numa guerra de preços, como acon- pacear (Scherer, 1980).
vará as firmas a obterem retornos iguais aos paradigma SCP. teceu com as linhas aéreas norte-ameri- Scherer (1980) descreve característi-
das firmas que atuam em mercados perfei- Dados os riscos associados a cartéis canas. cas dos ramos que aumentam a habilidade
tamente competitivos (Ti role, 1989). Outro explícitos, as firmas que buscam essa forma das firmas para detectar sinais de intenção
jogo muito influente foi estudado por de cooperação precisam usar acordos implí- para a formação de cartéis, aumentando
Cournot (1897). Cournot analisou o que citos. Em acordos implícitos, há, de novo, Organização do ramo e habilidade para desta forma as possibilidades de que cartéis
aconteceria aos preços e desempenhos se as um acordo para reduzir a produção e elevar formar cartéis se formem e se mantenham. Nenhum atri-
firmas trapaceassem em seus acordos implí- os preços. Esses acordos, porém, não são buto, porém, supera em importância barrei-
citos aumentando a produção acima dos diretamente negociados. Muito pelo contrá- A habilidade de interpretar intenções ras elevadas à entrada. Como foi dito ante-
níveis acordados. A "trapaça de Cournot" rio; as firmas que buscam melhorar acordos de formação de cartéis varia de acordo com riormente, barreiras à entrada aumentam o
elevará o desempenho a um ponto situado implícitos precisam interpretar a intenção I vários atributos importantes do ramo de custo de entrada num ramo. As firmas que
entre o que as firmas poderiam ter ganho, das outras firmas que querem participar atividades e com as firmas que o integram. se cartelizam obterão lucros substanciais. Os
caso se cartelizassem, e o que obteriam num desses acordos, por meio do comportamen- Em geral, a formação de cartéis é mais fácil lucros, mantidos constantes todos os demais
mercado de competição perfeita (Tirole, to e dos sinais que essas outras firmas en- quando há poucas firmas num ramo fatores, deveriam motivar novas entradas.
1989). Centenas de outros modelos dejogos viam (Spence, 1974). A interpretação das in- (Scherer, 1980). Nesses ramos, basta que Novos participantes são menos propensos a
teóricos examinam diferentes tipos de inte- tenções pode ser difícil. Por exemplo, supo- poucas firmas recebam e interpretem sinais se cartelizarem e mais propensos a trapa-
rações entre as firmas e as conseqüências nha uma firma que possa reduzir seus cus- de intenções enviados por um número tam- cear em acordos de cartelização. Essas tra-
dessas interações no desempenho das firmas tos, mas que não repasse esses custos meno- bém reduzido de firmas para a formação paças, quase sempre, aumentarão a compe-
num ramo de atuação (Scherer, 1980; res para os consumidores na forma de pre- de cartéis. Dessa maneira, a formação dos tição num ramo e reduzirão a probabilida-
Tirole, 1989). A conclusão de muitos desses ços mais baixos. Isso significaria que essa cartéis é mais fácil em ramos nos quais as de de que se mantenham acordos carteli-
modelos é que os incentivos econômicos firma está interessada em desenvolver al- firmas têm custos aproximadamente equiva- zadores. Assim, quando firmas formam e
para trapacear em arranjos combinados gum relacionamento, do tipo cartel, ou sig- 'lentes e um nível ótimo de produção mantêm cartéís,' precisam proteger-se con-
(cartéis), apesar do aumento da competição nificaria que ela acredita que a demanda por (Scherer, 1980). Se o cartel reduzir a pro- tra novos entrantes criando elevadas barrei-
",
que a trapaça quase sempre gera, são, geral- seu produto, altamente diferenciado, é su- dução abaixo desse nível ótimo, todas as fir- ras. Essas barreiras à entrada foram discu-
mente, maiores do que os incentivos econô- ficiente para aumentar as vendas sem redu- mas absorverão o mesmo custo adicional. tidas anteriormente no contexto do para-
micos que as firmas têm para manter seus ção de preços? Igualmente, todas obterão aproximadamen-
Uma tática sugerida para manter acor- digma SCP, ao' procurar entender a hetero-
acordos de cartéis. te o mesmo lucro. Nesse grupo, nenhuma
dos implícitos é punir aqueles que aumen- geneidade no desempenho das firmas.
É evidente que boa parte dos proble- firma terá um forte incentivo para trapa-
tem a produção ou reduzam preços. Por Em geral, as habilidades e caracterís-
mas de trapaça em acordos implícitos pode- cear em cartéis, pois nenhuma delas estará
exemplo, Axelroad (1984) sugere que se ticas de firmas e ramos que influenciam a
ria ser resolvida desde que os gestores das obtendo muito menos do que obteria caso se
firmas pudessem sentar face a face para re- adotem estratégias do tipo "olho. por olho", habilidade de firmas para interpretar sinais
.cartelizasse. A falta de diferenciação de pro-
solver esses problemas. Contudo, negocia- em que tais comportamentos não coopera- e intenções de cartelização podem ser enten-
:' dutos ajuda a manter cartéis, limitando os
ções face a face, num ramo de atuação, so- tivos são imediatamente punidos, com algu- meios para que as firmas trapaceiem. Se as didas como parte de um processo de moni-
bre oferta e preços, são uma prática ilegal na ma retaliação (neste caso aumento da pro- firmas podem diferenciar seus produtos, toramento das firmas para reduzir a proba-
maioria das economias desenvolvidas. Tra- dução e redução de preços), pelos competi- podem também aumentar a demanda para bilidade de trapaças. Como sugerido ante-
tar-se-ia de um cartel explícito que poderia dores, desencorajando esse comportamen- seus próprios produtos de formas menos riormente, enquanto houver freqüentes e
levar a conseqüências negativas bastantes to no futuro. A eficácia de estratégias "olho óbvias do que simplesmente baixar os pre- substanciais incentivos para cooperar, tam-
I
~: 1 reais para os gestores e suas firmas, in- por olho" para garantir acordos implícitos , . ços. Agora, se a diferenciação de produtos bém haverá substanciais incentivos para tra-
;1' : cluindo grandes multas e prisão. A maioria depende, contudo, da habilidade dos envol- '. ', é difícil de ser feita, então qualquer trapaça pacear. Monitorando o comportamento dos
dos governos desencoraja cartéis explícitos, vidos em perceber os movimentos dos ou- em acordos de cartéis será refletida nos pre- parceiros no cartel, a probabilidade de tra-
porque os níveis mais baixos de produção e tros com elevado grau de certeza. Como ços da firma. Preços são relativamente fáceis pacear pode ser reduzida, materializando-se
,I Axelroad (1984) constatou em suas simula-
os preços mais altos que eles criariam, em- de monitorar, e, assim, trapacear nos preços os ganhos adicionais da cartelização. O mais
bora melhorassem os lucros das firmas en- ções, os resultados cooperativos são mais levará à rápida retaliação contra a firma que fácil é, então, monitorar o comportamento
volvidas, seriam daninhos aos consumidores difíceis de manter, quando há incerteza so- \': '. trapaceia. Rápida retaliação, em contra- das firmas cartelizadas, pois quanto menor
e a toda a sociedade (Scherer, 1980). De bre os movimentos dos participantes. Além ',;: " .. : partida, reduz o tempo durante o qual uma a probabilidade de trapaça maior a proba-
fato, como foi sugerido anteriormente, a eli- disso, a estratégia "olho por olho" pode le- '.~ :: . firma que trapaceia conseguirá obter lucros bilidade de que a cartelização se mantenha.
í, .
":l,~". •

:!; ~'
AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL 167

pIos comuns de alianças estratégicas in- · complementaridade pode vir de várias fon- Motivações para estabelecer
cooperação cluem relações de longa duração com forne- res. Algumas das mais importantes fontes de alianças estratégicas.
cedores, acordos de licenciamento, acordos complementaridade entre firmas estão lista-
Trabalhos anteriores sugerem que o de distribuição e assim por diante. · das na Tabela 2. Por exemplo, as firmas 1. Explorar economias de escala
cartel, como forma de cooperação, é possí- Joint ventures também são relações .\: podem aliar-se para realizar economias de 2. Entrada com custo reduzido em novos
cooperativas entre duas ou mais firmas com :'. escala que não ocorreriam em cada firma mercados
vel. Entretanto, dadas as dificuldades asso-
o propósito de desenvolver, projetar, produ- :' tomada individualmente (Kogut, 1988). Na 3. Entrada com baixo custo em novos seg-
ciadas à interpretação de sinais de intenção mentos de um ramo ou em novos ramos
de formar cartel, a maioria dos economistas zir, comercializar ou distribuir produtos ou indústria do alumínio, a escala mínima efi-
4. Aprender com a concorrência
das organizações espera que essa forma de serviços. No entanto, ao contrário das alian- ciente de exploração de bauxita é muito 5. Administrar incertezas estratégicas
acordo seja rara. Alianças estratégicas, como ças contratuais, as joint ventures sempre maior do que a escala máxima de eficiência 6. Administrar custos e partilhar riscos
forma de cooperação, são, por outro lado, envolvem a criação de uma nova firma (a de fundição do alumínio. Companhias indi- 7. Facilitar cartelizações tácitas
muito mais comuns do que a formação de joint venture) para gerenciar essa relação. . : viduais de fundição, por si só, nunca pode-
cartéis. Uma prova disso é o enorme cresci- Parceiros nessajoint venture fornecem capi- , riam operar uma exploração eficiente de
mento do número de alianças estratégicas tal e outros recursos para que essa firma, :,-bauxita. Qualquer operação de fundição,
internacionais efetuadas pelas firmas norte- independente, seja gerenciada por sua pró- . . grande o suficiente para absorver toda a parceiros são firmas de exploração de
americanas nos últimos anos (Harrigan, pria equipe de gestores subordinados a um bauxita explorada de modo eficiente, pode- bauxita (Scherer, 1980).
1986; Kogut, 1988). Firmas como IBM, quadro de diretores formado por represen- ria ser incrivelmente ineficiente e elevar Outra motivação importante para rea-
AT&Te Corning têm, literalmente, centenas tantes dos parceiros da joint venture. Os demais os custos de fundição. Já uma explo- lizar uma aliança estratégica é a redução dos
de alianças estratégicas (Kogut, 1988). Uma parceiros nessa joint venture são compensa- · ração suficientemente pequena para garan- custos de entrada em novos mercados
das alianças da Corning com a Dow dos por seus investimentos com os lucros . tir uma operação eficiente de fundição tam- (Kogut, 1988). Numa economia global,
Chemical (Dow Corning) tornou-se uma que são gerados pela firma. Joint ventures , : . bérn seria incrivelmente ineficiente e eleva- muitas firmas estão começando a reconhe-
empresa que está na lista das 500 maiores podem ser paritárias, ou alguns parceiros ria os custos de exploração. Uma solução a cer a importância de vender seus produtos
empresas da Fortune. Assim, alianças estra- podem ter participação maior. Por exemplo, esse problema seria uma única firma operar, e serviços em mercados de todo ° mundo.
tégicas são formas de cooperação muito a Dow e a Corning possuem, cada uma, 50% · de modo eficiente, a exploração (no caso, Entrar nesses mercados, porém, pode ser
mais comuns, e economicamente importan- da joint venrure Dow Corning; já a Corning muito grande) e a operação de fundição (no caro e difícil. A entrada em novos mercados
tes, do que os cartéis (Barney, 1995). Além possui mais de 60% de suajoint venture de - caso, relativamente pequena) e, assim, ven- força, freqüentemente, a construção de sis-
disso, as alianças estratégicas não apresen- tubos de imagem de televisão com a Asahi der o excesso de bauxita no mercado aber- temas e redes de distribuição altamente cus-
tam redução no bem-estar social, como (Nanda e Bartlett, 1990). ',_ to. Infelizmente, a bauxita não é um miné- tosas. Além disso, os entrantes em novos
acontece com os cartéis (Kogut, 1988). '. rio homogêneo, e a bauxita refinada, com- mercados geralmente não têm o conheci-
prada de uma grande mina, exigiria, da fir- mento local que precisam para responder às
Incentivos para cooperar em alianças ma de fundição, enormes investimentos es- necessidades dos clientes nesses novos mer-
Tipos de alianças · pecíficos. Esses investimentos exporiam es- cados. Nesse caso, cooperar com uma firma
O primeiro incentivo econômico para , sas firmas ao risco de comportamento local pode ser um modo bastante efetivo de
Em geral, há duas grandes classes de engajar-se em alianças estratégicas é explo- oportunístico (veja a discussão dos custos de entrar no mercado. Em vez de construir uma
alianças estratégicas: contratuais e joint rar as fontes complementares (Kogut, 1988; transação, anterior) e, dessa forma, os nova rede de distribuição, os que entram em
ventures (Hennart, 1988). Aliança contra- Hennart, 1988). As fontes controladas por refina dores iriam preferir não ter que com- mercados podem explorar a rede já existente
tual é qualquer forma de relacionamento duas ou mais firmas são complementares prar uma firma de exploração eficiente e de distribuição de seus parceiros. É muito
cooperativo entre duas ou mais firmas, com quando seus valores econômicos combina- independente com excesso de bauxita provável que esse parceiro tenha, igualmen-
o objetivo de desenvolver, projetar, produ- dos são maiores do que o valor de cada fir- CHennart, 1988). Assim, para explorar, si- te, o conhecimento local necessário para ter
zir, comercializar ou distribuir produtos ou ma em separado. É claro que, quando as fir- lC;CllllC;l1LC, as economias de escala, sucesso nesse novo mercado. Por outro lado,
serviços, e onde não se cria uma nova firma mas têm fontes complementares, passa a associadas a uma grande operação de explo- o parceiro local pode ganhar acesso a novos
para gerenciar a relação. A relação é geren- existir sinergia econômica entre elas. Uma . ração, mantendo relativamente pequena e produtos e tecnologias valiosos que pode
ciada mediante contratos. Note que, ao con- aliança estratégica é uma forma de obter eucieute a operação de fundição, sem exigir utilizar em seu mercado tradicional. Por
trário dos cartéis, o efeito das alianças estra- sinergia. que as firmas de fundição façam grandes essas razões, a entrada com baixo custo em
tégicas contratuais é aumentar as atividades À medida que a complementaridade . <::Ol~lll.Cl1LU' específicos por meio de tran- novos mercados é uma das motivações mais
econômicas e não reduzir as atividades eco- econômica é o requisito fundamental para ~;'"OClI,.U~~ de mercado, a maioria das minas de comuns das alianças estratégicas (Harrígan,
nômicas abaixo do nível competitivo. Exem- que firmas busquem alianças estratégicas, a . integra joint ventures, em que os 1986) .
168 AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL

As alianças também podem facilitar a que o governo federal norte-americano frag- o desenvolvimento de acordos ím- (Williamson, 1985:121). A cultura também
entrada com baixo custo em novos ramos ou mentou a AT&T, criou-se uma incerteza so- - cartéis - ou explícitos (Kogut, pode contribuir para alianças. No Japão, a
novos segmentos (Kogut, 1988). Por exem- bre qual deveria ser sua estratégia a longo . De fato, por muitos anos, o desenvol- importância de manutenção da harmonia é
plo, a Dow Chemical acreditou que teria prazo. Para ter certeza, ela tinha numerosas vimento de acordos implícitos foi visto como maior do que noutras culturas. O foco na
recursos e capacidades que poderiam ser opções e fontes financeiras, além de outros uma das principais motivações das alianças harmonia, provavelmente, acarreta menores
valiosas na indústria de eletrônica. No en- recursos a sua disposição, mas não haVia estratégicas. Afinal de contas, as firmas que riscos nas alianças, pois todos compartilham
tanto, como uma firma química, tinham clareza sobre qual seria o melhor caminho. :são capazes de se relacionarem diretamen- o mesmo objetivo. Embora o contexto instí-
pouca experiência nessa indústria. Antes de Nessa situação, a AT&T investiu em várias ... te por meio de uma aliança estratégica de- tucional possa facilitar ou dificultar o esta-
tentar entrar por conta própria, a Dow for- alianças estratégicas (quase 400 de uma só · . verão ser capazes de transferir essa relação belecimento de alianças bem-sucedidas, eco-
mou uma aliança estratégica com a Philips vez) (Kogut, 1991). Cada uma dessas alian . para outros n~gócios, onde um conluio vier nomistas das organizações tendem a vê-Ia
Electronics. Essa aliança usa o conhecimento ças deu à AT& T alguma indicação acerca do . · ' a acontecer. E por essa razão que a aliança como um recurso secundário e complemen-
de química da Dow e o de eletrônica da potencial competitivo e econômico de negó- : 'entre a GM e a Toyota foi submetida a in- tar na explicação das alianças estratégicas.
Philips para produzir e vender CDs na Amé- cios diferentes. Em termos financeiros, essas tensas inspeções reguladoras para assegurar Em todos os exemplos apresentados, as fir-
rica do Norte. Foi menos oneroso para a numerosas alianças podem ser pensadas · • que tanto a GM como a Toyota não usariam mas têm claras razões de complemen-
Dow entrar nesse segmento da indústria ele- como opções reais (Kogut, 1991). Quando · a aliança para desenvolver cartéis na indús- taridade para estabelecer alianças e, de fato,
trônica com a Philips como parceira do que o potencial econômico de diferentes estra- . rria automotiva. Embora as alianças possam, são as complementaridades potenciais que
teria sido para a Dow entrar sozinha tégias torna-se claro, reduzindo-se a incer- . : ~ em princípio, facilitar o desenvolvimento de levam à escolha, bem como à exclusão, das
(Barney, 1995). teza, uma firma pode abdicar de uma opção , cartéis, a maioria dos economistas de orga- firmas que poderão tornar-se parceiras.
As alianças também podem ser usadas (retirando-se da aliança) ou exercitar uma . .' nizações acredita que, dado o enorme po-
para aprender com os competidores (Kogut, opção, comprando seu parceiro de aliança, tencial econômico das alianças por outras
1988). Desde o início dos anos 80, a Gene- e entrando em novo ramo. Nesse contexto .fontes, o desenvolvimento de cartéis é uma Incentivos para trapacear em alianças
ral Motors tem perdido, regularmente, par- incerto, múltiplas alianças podem ser pen- motivação pequena na criação da maioria
ticipação no mercado norte-americano. Boa sadas como uma forma de a firma manter das alianças (Kogut, 1988). Enquanto há grandes incentivos para
parte dessa perda pode ser atribuída à fra- suas "opções abertas". A AT&T pensou que Entre todos os motivos citados para se que as firmas cooperem, há também signi-
ca qualidade da produção, que afeta espe- os ramos de telecomunicações e computa- . entrar em alianças estratégicas, a comple- ficativos incentivos para que trapaceiem em
cialmente os carros pequenos. Ela tem ten- ção poderiam juntar-se de maneira vantajo- mentaridade de recursos é, sem dúvida, a alianças. A trapaça pode assumir três for-
tado aprender como produzir automóveis de sa. Isso a levou a exercer algumas opções de , principal motivação. No entanto, o contex- mas: trapaça por seleção. adversa (adverse
alta qualidade, notadamente, pequenos car- alianças estratégicas, comprando várias fir- to institucional também afeta a possibilida- selection cheating), trapaça por risco moral
ros de alta qualidade, e ainda ter lucro. Em mas de computadores, inclusive a NCR. de da formação de alianças, podendo (moral hazard cheating) e trapaça por "rou-
1983, formou uma aliança estratégica com As alianças também podem ser usadas facilitá-Ias ou inibi-Ias (Williamson,1993b). bo" (hold-up cheating) (Barney e Ouchi,
a Toyota. Chamada de NUMMI, essa linha pelas firmas para reduzir custos e gerenciar t Na Itália, por exemplo, o argumento que 1986). Cada um desses diferentes tipos de
de operação, em Fremont, Califórnia, deu à riscos (Barney, 1995). Alguns investimen- reforça a confiança nas extensas redes de trapaças pode ser visto como exemplo de
GM uma oportunidade de observar direta- tos, com grande potencial, são tão grandes, pequenas firmas, em alguns ramos, é que as comportamento oportunístico - do tipo des-
mente como a Toyota monta pequenos car- ou tão arriscados, que, agindo individual- leis trabalhistas são um incentivo para que crito na economia dos custos de transação
ros de alta qualidade e com lucro. Conse- mente, as firmas literalmente "apostariam a firmas continuem pequenas e confiem em e na teoria da agência. De fato, seleção ad-
guiu transferir muito do conhecimento ad- empresa" se investissem sozinhas. Nesse ,:,~·~coopenlçoes extensas. Outro exemplo do versa e risco moral já foram discutidos como
quirido da NUMMI e de outras de suas caso, uma aliança pode, de certo modo, aju- das condições institucionais é o problemas na relação de agência; o hold-up,
alianças estratégicas para a divisão Saturn dar a firma a reduzir os custos de um inves- japonês (Williamson, 1985; em função de investimento específico, já foi
- uma divisão que tem tido sucesso na pro- timento, pela redução dos riscos. Essa é uma 1992). Múltiplos fatores - tais como discutido como problema na teoria dos cus-
dução de carros de alta qualidade, mas ain- razão por que a maioria das plataformas de cruzadas, o sistema legal e a tos de transação.
da sem lucro. petróleo, operando em águas profundas (in- - contribuem para uma disposição Seleção adversa existe quando um dos
As alianças também podem ser usadas vestimentos muito arriscados), pertence a de estabelecer alianças do que nou- parceiros da aliança superavalia os recursos
pelas firmas para gerenciar incertezas estra- uma aliança de companhias de petróleo e de . países. A existência de propriedades e as capacidades que aparta à aliança
tégicas (Kogut, 1991). Às vezes, uma firma gás e não a uma única firma (Scherer, 1980; contribui para facilitar a realização (Bameye Hansen, 1995). Por exemplo, su-
pode ter várias opções estratégicas, mas ser Kogut, 1988). alianças. As firmas, geralmente, possuem ponha que a firma I precisa de contatos po-
incapaz de escolher qual dessas opções pro- Uma razão final para que as firmas 'c'$\'I.i"lt",·po·opo mútuos equivalentes, que levam líticos, em determinado país, para facilitar
mete maior sucesso. Por exemplo, depois possam entrar em alianças estratégicas é uma percepção de um "destino comum" sua entrada num novo mercado. Se a firma
170 AMPLIANDO QUADROS DE REFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR> AÇÃO ORGANIZACIONAL . ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES: ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS ORGANIZAÇÕES E A A.NÁLISE 171
p;r;;:
II informa à firma I que ela possui esses con- cal (Williamson, 1975). Esse argumento cientemente a ameaça de trapaça na transa- numa aliança desenvolvem confiança mú-
tatos, quando não os possui realmente, a também é válido no caso de alianças: alian_ .: cão e esta terá que ser integrada numa fir- tua, serão capazes de explorar as oportuni-
firma II envolveu-se numa seleção adversa. ças caracterizadas por altos níveis de inves- ~a, sendo então gerenciada por meio de dades de troca e, talvez, realizar seu poten-
Nesse caso, a firma II será capaz de apro- timento específico podem não ser estáveis e ,. éstruturas hierárquicas de governança cial econômico. Além disso, se alguns gru-
priar-se de recursos e capacidades que a fir- podem ter de ser substituídas por transações (Kogut, 1988; Hennart, 1988). Em geral, as pos de parceiros confiam uns nos outros, e
ma I colocar na aliança, sem necessariamen- integradas verticalmente (Kogut, 1988). firmas preferirão as formas de governança se essa confiança for muito custosa para que
te aportar seus próprios recursos e capaci- que minimizem a probabilidade de oportu- outro gmpo de firmas possa imitá-la, então
dades à aliança. nismo, mas o farão ao custo mais baixo pos- a teoria da dependência de recursos indica
Risco moral existe quando um parcei- Reduzindo a ameaça de trapaças sível (Williamson, 1975). que as firmas que são capazes de confiança
ro da aliança POSS1Ú os recursos e as capaci- Um segundo enfoque para gerenciar recíproca obterão vantagens competitivas
dades que diz que possui, mas simplesmen- Como as características diferentes dos .... trapaças baseia-se na confiança que pode ser sustentáveis em seus esforços cooperativos.
te não os coloca na aliança (Barney e ramos de atividades podem facilitar o moní. ;'., • desenvolvida entre as partes. Com o tempo,
Hansen, 1995). Por exemplo, suponha que toramento de trapaças por parceiros em , os parceiros numa aliança podem desenvol-
a firma I e a firma II estejam cooperando acordos implícitos, as firmas que participam . ver confiança e não se portarem de manei- CONCLUSÃO
numa joint venture para pesquisa e desenvol- de alianças estratégicas podem envolver-se . ra oportunista. Com uma relação de con-
vimento. Também suponha que, como par- em atividades que reduzem a probabilidade , fiança estabelecida, mecanismos normais de A economia das organizações tem sido
te do acordo, ambas prometeram designar de seleção adversa, risco moral e hold-up. " governança podem ser desfeitos. Nesse sen- e continuará a ser um importante grupo de
somente seus melhores talentos de engenha- Esses mecanismos de monitoramento apre- . tido, a confiança entre os parceiros de uma instrumentos teóricos para a análise de or-
ria para a aliança. A firma I decide, de fato, sentam-se em duas grandes categorias: " aliança pode ser um substituto de baixo cus- ganizações e dos fenômenos organizacio-
cumprir sua parte no acordo e enviar enge- governança e confiança. ·to para governanças caras (Barney e nais. Trata de questões fundamentais na
nheiros do mais alto .nível para a aliança. A O papel da governança nas alianças Hansen, 1995). pesquisa organizacional, incluindo as qua-
firma lI, por outro lado, decide manter seus estratégicas é análogo ao papel da gover- Contudo, a confiança pode não só ser tro questões que serviram para organizar o
melhores talentos na matriz da companhia, nança na economia dos custos de transação. um substituto de baixo custo para a gover- presente capítulo. O progresso havido na
onde possam ser usados no desenvolvimen- Em geral, quanto maior for o valor a ser nança, mas também pode levar empresas resposta a essas questões, tanto no nível teó-
to de outros projetos. Antes de enviar os obtido com a trapaça, maior será a ameaça parceiras a explorar oportunidades. Não o rico como no empírico, tem sido impressio-
melhores talentos da engenharia, a firma II de trapacear. Quanto maior for a ameaça de 'fariam se não houvesse confiança. Se, como nante, mas muito ainda está por ser feito.
envia engenheiros que conhecem apenas o trapacear, mais elaborada deverá ser a es- a teoria dos custos de transação sugere, a É claro que a economia elas organiza-
suficiente para aprender o que os engenhei- trutura de govemança requerida para geren- governança é cara, pode haver transações ções não se limita ao tratamento das ques-
ros da firma I podem ensinar-lhes. No entan- ciar a aliança. Quando a ameaça de trapa- econômicas, potencialmente valiosas, cujos tões fundamentais da análise organiza-
to, não possuem conhecimento suficiente cear for pequena, simples estruturas de valores não podem ser percebidos. Isso pode cional. Tanto o comportamento organi-
para contribuir à aliança. Nesse caso, a fir- mercado (por exemplo, contratos simples) ocorrer pelomenos de duas formas. Primei- zacional como a teoria organizacional estão
ma II assumiu um risco moral. Ela ganhou podem reduzir a ameaça de trapaças com ro, os ganhos potenciais dessas transações preocupados em compreender por que exis-
com a aliança (aprendeu com os engenhei- baixo custo. Quando a ameaça de trapa- podem ser modestos, mas a ameaça de opor- tem organizações, quais as conseqüências de
ros da firma 1) e o fez a baixo custo, reten- cear aumenta, formas de govemança mais tunismo é suficiente para que os custos de conflitos de interesse entre os diversos ato-
do seus melhores engenheiros para conti- caras e elaboradas terão que ser imple- govemança superem os ganhos advindos do res envolvidos numa organização, por que
nuarem trabalhando no desenvolvimento de mentadas (por exemplo, alianças contra- ,r' negócio. Segundo, os ganhos potenciais des- algumas superam outras e como elas podem
outros projetos. tuais). Quando a ameaça se torna muito ses negócios podem ser enormes. No entan- cooperar. Dadas essas sobreposições de in-
Hold-up existe quando uma aliança é grande, joint ventures podem ser utilizadas • '''to, a ameaça de oportunismo pode ser tão teresses, deve-se esperar que a teorização e
caracterizada por altos níveis de investimen- para gerenciar uma relação cooperativa. t:.• "·.,~lillllue que mecanismos de governança não a pesquisa sobre essas questões fundamen-
to específico de transação, e onde aqueles Criando umajoint venture, as partes de uma ,·:!;I,~l';··,DIDm~m ser criados a um custo compensador. tais se apóiem mutuamente. Isso implicaria
que fizeram esses irIvestimentos são explo- aliança criam uma nova firma para geren- >"I'.'.,U',.mC:'lllV a integração vertical pode não ser que a economia das organizações, o compor-
rados por aqueles que não os fizeram. Na ciar a relação. Como a recompensa para in- de solucionar todos os problemas de tamento organizacional e a teoria das orga-
discussão dos custos de transação, foi suge- vestir na joint venture dependerá inteira- oportunismo que contaminam as transações nizações convergissem.
rido que altos níveis de investimento espe- mente de seus lucros, os parceiros serão in- (Grossman e Hart, 1986). Na ausência de A maioria dos observadores concorda-
cífico podem sujeitar uma firma a significa- centivados a não se comportarem de forma govemanças eficientes, apesar de seu poten- ria, contudo, que, apesar do potencial para
tivas ameaças de comportamento oportu- oportunística. Entretanto, às vezes, mesmo cial econômico, as transações não se concre- integração e fertilização cruzada, pouca
nístico e podem motivar a integração verti- as joint ventures não conseguem reduzir efi- tizarão. De qualquer forma, se as partes integração ocorreu. Na melhor das hipóte-
.,

i 172 AMPLIANDO QUADROS DE R_fFERÊNCIA PARA INFLUENCIAR A AÇÃO ORGANIZACIONAL

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