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Universidade Federal de Alagoas

Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes


(Jornalismo)

FRACILEIA VITÓRIA RIBEIRO DOS SANTOS

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “ÉTICA E VERGONHA NA CARA”

Maceió, janeiro de 2024


Na obra discutida, os renomados autores Clóvis Barros Filho e Mário Sérgio
Cortella, ambos respeitados acadêmicos com vasta experiência em suas áreas, conduzem
uma profunda reflexão sobre ética. Estruturado em dez tópicos, o livro permite uma
leitura abrangente ou segmentada, abordando temas como "A ética da conveniência" e "É
vergonhoso não ser querido". Cada capítulo apresenta diálogos que instigam o leitor a
refletir sobre a presença ou ausência da ética em sua vida cotidiana.

No capítulo "A ética como conveniência", um exemplo marcante é apresentado


através da história do corredor espanhol Ivan Fernàndez Anàya, que, ao deparar-se com a
oportunidade de vencer uma corrida de cross-country explorando o erro do adversário
queniano, optou por ajudá-lo a cruzar a linha de chegada. Essa narrativa evidencia como
as escolhas éticas muitas vezes estão intrinsecamente ligadas ao receio de decepcionar
aqueles que amamos e nos orgulhamos. Clóvis e Cortella expandem essa reflexão,
destacando o conflito entre a esperança de "se dar bem" de maneira fácil e o medo de ser
pego agindo de maneira antiética.

Em "A ilusão moral do foco no resultado", os autores revisitam o pensamento de


Immanuel Kant, ilustrando como o foco exclusivo nos resultados pode gerar uma
insatisfação constante. Clóvis ressalta como a sociedade muitas vezes não se considera
pronta para agir eticamente, enquanto Cortella argumenta que a ética vai além de uma
mera instrução moral, sendo um princípio que guia as escolhas individuais. O capítulo
"Qual é o resultado que torna justo o caminho?" explora as complexidades da ética,
questionando se uma conduta é justa apenas pelo resultado alcançado. Os autores debatem
sobre a influência do tempo na avaliação da correção de uma conduta, citando o exemplo
do ministro espanhol e suas ações que foram inicialmente aprovadas, mas posteriormente
condenadas após um incidente.

Sob o título "Não há vida sem escolha, e não há escolha sem valor", a discussão
se aprofunda na natureza das escolhas e suas ramificações na liberdade individual.
Cortella e Clóvis ponderam sobre a responsabilidade que acompanha a capacidade de
escolha, questionando se as decisões são influenciadas pelo meio ou se são
intrinsecamente boas.

O capítulo "Corrupção: consequência do sistema?" desafia a noção de


inevitabilidade da corrupção, argumentando que culpar apenas o sistema é ignorar a
responsabilidade individual. Os autores destacam a importância de reconhecer a
possibilidade de escolher agir de maneira ética, mesmo em condições adversas.

Ao abordar "Uma questão de escolha", os autores conectam a corrupção ao índice


de pobreza e hierarquização das relações na sociedade. Exemplos práticos, como o
sistema de transporte sueco e o comportamento em estacionamentos no Brasil, ilustram
como as escolhas individuais refletem valores culturais e éticos. O capítulo "Corrupção
no âmbito familiar" destaca a influência da família na formação ética, enfatizando que a
corrupção não se limita ao âmbito financeiro, mas também inclui questões educacionais
e de respeito mútuo. Os autores ressaltam que a ética é ensinada não apenas em casa, mas
também na escola e na sociedade como um todo.

Finalizando a obra, os autores concordam que "é vergonhoso não ser querido".
Eles exploram como as escolhas individuais são moldadas pelo medo de ser mal visto
pela sociedade, e discutem como a midiatização e a notícia dos fatos afetam a percepção
e denúncia da corrupção. A conclusão é que a corrupção não é inerente à sociedade, mas
sim resultado de escolhas individuais, evidenciando a necessidade de uma reflexão
constante sobre ética e valores.

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