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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

História da Arte e Patrimônio Cultural

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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Guia de Turismo das Escolas Estaduais
de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Luiziânia da Silva Gonçalves -
2018
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Guia de Turismo – História da Arte e Patrimônio Cultural

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Caros estudantes!

Recentemente, as mudanças no turismo têm enfatizado que o guia de turismo tenha a


capacidade de transmitir não só a informação factual, mas também desenvolver competências,
tais como: a interpretação e a comunicação interculturais, a capacidade de contextualizar
informações, a transmissão de emoções, a mediação entre a comunidade local, os visitantes,
a sustentabilidade com o monitoramento e gerenciamento do comportamento dos visitantes.
Os visitantes devem ser preparados para a visita em ambientes naturais e com
manifestações ou aspectos culturais dos espaços visitados, daí a importância da atuação do
guia de turismo, também, na interpretação ambiental, na percepção e assimilação de
conhecimentos que influenciarão na formação de uma consciência ecológica.
Sabemos que a demanda de turistas é heterogênea quanto à nacionalidade, os
idiomas, as culturas, os gostos e necessidades, como nas diferenças sociais, de idade, por
exemplo, e que é necessário atendermos todos esses interesses, mantendo um padrão
elevado de serviços prestados.
É devido a essa heterogeneidade e ao crescente grau de exigência dos turistas na
maior parte do mundo, inclusive no Brasil, que o guia de turismo moderno está tentando se
adequar a esta nova realidade e indo muito além de apenas informar ou acompanhar.
Nesse sentido, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará através das escolas
estaduais de educação profissional, apresenta ao curso técnico em guia de turismo uma nova
matriz curricular, procurando atender as demandas do mercado desse turista globalizado.
Elaboramos esse material didático pedagógico como um instrumento de apoio as aulas
presenciais. Não será a única fonte de informação, apenas iniciará o conteúdo que poderá ser
ampliado por meio de pesquisas bibliográficas, visitas técnicas de campo e participações em
eventos ligados à área, bem como, com a importante contribuição do corpo docente.

Bom desempenho a todos!

SEDUC

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SUMÁRIO
UNIDADE I
1. História da Arte 05
1.1 Breve história da arte 05
1.2 Conceito 07
1.3 Arte popular e arte erudita 07
1.4 Arte nas localidades 08
1.4.1.Arte brasileira 08
1.4.2.Arte no Ceará 09
1.4.2.1.Artistas cearenses 16
2. Aspectos da História da Arquitetura e Estilos Arquitetônicos 39
2.1 Estilos arquitetônicos 40
2.1.1.Arquitetura egípcia 40
2.1.2.Arquitetura clássica 40
2.1.3.Arquitetura romana 40
2.1.4.Arquitetura contemporânea 42
2.1.5. Arquitetura gótica 43
3. Patrimônio 44
3.1. Conceito 44
3.2. Classificação 45
3.2.1.Patrimônio histórico 45
3.2.2.Patrimônio cultural 45
3.2.3.Patrimônio ambiental 46
3.3. Preservação e Proteção 46
4. Identidade Cultural 47
4.1. Conceito 47
4.2. Memória 48
UNIDADE II
5. Educação Patrimonial 48
5.1. Patrimônio cearense 49
5.1.1.Patrimônio histórico, artístico e cultural do Ceará 49
6. Cultura popular tradicional 54
6.1.História 54
6.2.Conceitos 57
6.3.Manifestações da cultura popular tradicional 58
6.4.Formação étnica brasileira - Ceará 61
7. Manifestações da Cultura Popular Tradicional Cearense 62
7.1.Mitos e lendas 64
7.1.1. Lendas e curiosidades de Fortaleza e interior do Ceará 64
7.1.2. Lendas urbanas 65
7.2.Uso e costumes 68
7.3.Teatro Popular 69
7.4.Danças e folguedos 69
7.5.Artesanato 76
7.6.Gastronomia 77
7.7.Festas e tradições populares 79
7.8.Grupos de projeção folclórica 82
7.9.Espetacularização, aculturação e uso turístico 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89

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UNIDADE I

1. HISTÓRIA DA ARTE
1.1. Breve história da arte

A História da Arte acompanha todo o desenvolvimento da história da humanidade. E isso pode ser visto desde a arte
rupestre até os nossos dias.
A História da Arte é muito vasta e complexa, pois acompanha todo o desenvolvimento do
ser humano. Sendo assim, ela está dividida em vários períodos, nos quais se verificam as
variadas formas de produção artística de inúmeras civilizações ao longo da história humana.
Alguns historiadores entendem que a História da Arte, desde a Pré História até os nossos dias,
traduz a própria história da humanidade, isto é, revela o processo de auto compreensão humana.

Um dos temas iniciais em história da arte, por exemplo, é ―A Arte na Pré-História‖, período
no qual podem ser colhidas informações sobre os sistemas simbólicos desenvolvidos pelos
homens primitivos, suas técnicas (como a arte rupestre) e os principais lugares do mundo onde
esse tipo de arte pode ser encontrado atualmente.

Não podemos deixar de falar também sobre a arte desenvolvida pelas grandes civilizações
da Antiguidade no Ocidente e no Oriente Médio, como a arte da Mesopotâmia, a arte do Egito
Antigo, a Arte Persa, a Arte Grega, a Arte Romana, a Arte Bizantina e a Arte Cristã Primitiva,
essa última divide-se entre a fase da produção artística oficial e a produção
nas catacumbas romanas.

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Seguindo cronologicamente, temos a arte no período da Idade Média, com temas como
a Arte Gótica, que pode ser esmiuçada no estudo dos vitrais góticos e na especificidade do gótico
alemão, além das catedrais medievais e as técnicas de pinturas que estabeleceram as bases
para os artistas do Renascimento.

Entre os artistas do Renascimento, destacam-se os italianos, como Michelangelo. Além


disso, temos ainda a fase pós-renascentista, destacando-se a arte barroca (em especial, a pintura
barroca — em que foram empregadas com maestria as técnicas de luz e sombra —) e a variação
do mesmo período, conhecida como Rococó.

Outros temas também estão inseridos no campo da História da Arte, como aqueles dos
séculos XVIII e XIX, isto é, o Romantismo, o Simbolismo e o Impressionismo; bem como os
temas relacionados com a arte moderna, ou seja, a arte de vanguarda do século XX, sendo
o surrealismo um dos exemplos prementes.

Ao longo do tempo, as artes visuais têm sido classificadas de várias formas diferentes,
desde a distinção medieval entre as artes liberais e as artes mecânicas, até à distinção moderna
entre belas artes e artes aplicadas, ou às várias definições contemporâneas, que definem arte
como a manifestação da criatividade humana. O alargamento da lista das principais artes durante
o século XX definiu nove: arquitetura, dança, escultura, música, pintura, poesia (aqui definida em
sentido lato como forma de literatura com um propósito ou função estética, o que inclui também
o teatro e a narrativa literária), o cinema, a fotografia e a banda desenhada. Quando considerada
a sobreposição de termos entre as artes plásticas e as artes visuais, inclui-se também o design e
as artes gráficas. Para além das formas tradicionais de expressão artística, como a moda ou
a gastronomia, estão a ser considerados como arte novos meios de expressão, como
o vídeo, arte digital, performance, a publicidade, a animação, a televisão e os jogos de
computador.

A "história da arte" é uma ciência multidisciplinar que procura estudar de modo objetivo a
arte através do tempo, classificando as diferentes formas de cultura, estabelecendo a
sua periodização e salientando as características artísticas distintivas e influentes. O estudo da
história da arte teve início durante o Renascimento, ainda que limitado à produção artística
da civilização ocidental. No entanto, ao longo do tempo foi-se impondo uma visão alargada da
história artística, procurando-se compreender e analisar a produção artística de todas
as civilizações sob a perspectiva dos seus próprios valores culturais.

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Hoje em dia, a arte desfruta de uma ampla rede de estudo, difusão e preservação de todo
o legado artístico da humanidade ao longo da História. Durante o século XX assistiu-se à
proliferação de instituições, fundações, museus, e galerias, tanto no setor público como privado,
dedicados à análise e catalogação de obras de arte e exposições destinadas ao público em geral.
Os eventos internacionais, como as bienais de Veneza ou de São Paulo ou
a Documenta contribuíram bastante para a formação de novos estilos e tendências. Os prémios,
como o Prémio Turner, o Prémio Wolf de Artes, o Prémio Pritzker de arquitetura, o Prémio
Pulitzer de fotografia ou os Óscares do cinema promovem também as melhoras obras criativas a
nível internacional. As instituições como a UNESCO, através da criação de listas do Património
Mundial, apoiam também a conservação dos mais significativos monumentos mundiais.

1.2. Conceito.
História da arte é a história de qualquer atividade ou produto realizado pelo homem com
propósito estético ou comunicativo, enquanto expressão de ideias, emoções ou formas de ver o
mundo.

A arte pode ser definida como fruto da criação do homem e de seus valores junto a
sociedade. Dentro dela existem vários procedimentos e técnicas utilizadas para compor uma
obra. Ela é uma necessidade que faz o homem se comunicar e refletir sobre as questões sociais
e culturais dentro da sociedade.

1.3. Arte Popular e Arte Erudita

Para ficar mais evidente a diferença entre arte popular e arte erudita, é fundamental
traçarmos algumas pontuais diferenças.

A arte popular é a arte da intuição, aquela em que o artista exerce seu ofício sem ter
frequentado escolas de artes para esse fim. Apesar disso, suas obras são de altíssimo
reconhecimento estético e artístico.

Os artistas se inspiram em sua regionalidade, crenças, lendas e costumes típicos de sua


cultura. Seu humilde cotidiano e as dificuldades do dia-a-dia são refletidas na obra. Um artista
brasileiro muito conhecido por ser intensamente influenciado pela arte popular é Antônio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

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Já a arte erudita é oriunda de artistas com aprimorado conhecimento técnico, de elevada


exigência estética, que criam obras de valor universal, e acabam marcando época com suas
inovações, além de proporcionar ao espectador intensa reflexão e questionamento a respeito da
obra. Um exemplo de arte erudita é famoso quadro ―Monalisa‖ de Leonardo da Vinci.

1.4. Arte nas localidades


1.4.1. Arte Brasileira

A arte brasileira surgiu da mistura de outros estilos e se inicia desde o período da pré-
história há mais de 5 mil anos, até a arte primitiva. Ela também foi influenciada pelo estilo artístico
de outras sociedades.

Dentre elas, temos a arte da pré-história brasileira, com vários sítios arqueológicos
espalhados pelo território e tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional). Outra a ser citada é a arte indígena, na época do descobrimento do Brasil, quando no
início, havia cerca de 5 milhões de índios. Atualmente, esse número foi reduzido, assim como
parte de sua cultura.

Outra arte brasileira a ser citada é a do período colonial. O Brasil transformou-se em


colônia de Portugal, depois da chegada de Cabral e eram feitas construções simples, como as
feitorias, várias vilas, engenhos de açúcar como representação da arte. Após a divisão do Brasil
em capitanias hereditárias, foi necessária a construção de casas para os colonizadores.

Na invasão dos holandeses que ficaram no nordeste do Brasil por quase 25 anos, no início
de 1624, se instalou uma cultura vinda dos povos holandeses. Apesar dos portugueses terem
defendido o Brasil de invasores, estes ainda conseguiram instalar-se. Artistas e cientistas vieram
para o Recife, trazendo a cultura holandesa.

Outro estilo que surgiu foi o Barroco, ligado ao catolicismo. A influência da Missão Artística
Francesa, no início do século XIX, quando a família real veio ao Brasil foi intensa. A população
começou a imitar a cultura europeia. Eram pintados retratos da família real e algumas imagens
dos índios brasileiros.

A Pintura Acadêmica, também no século XIX, na arte brasileira, retrata a riqueza clássica,
sendo que era refletido um padrão de beleza ideal (padrões propostos pela Academia de Belas
Artes).

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Já no início do século XX, presenciamos o Modernismo Brasileiro, marcado inicialmente


pela Semana de Arte Moderna. E, antes disso, o Expressionismo já começa a chegar ao Brasil e
fazer história com Lasar Segall (1891-1957) que contribui para o Modernismo.

1.4.2. Arte no Ceará

A cultura do Ceará é diversificada e com muitas características marcantes. A cultura


cearense, assim como em todo o sertão nordestino, é de base essencialmente ibérica com
influências indígenas e africanas.

O Ceará abriga obras de arte realizadas por grandes nomes que souberam dignificar a

comunidade artística cearense nas últimas décadas. Aldemir Martins, que é um dos artistas de
maior visibilidade nacional, emigrou jovem para o sul do país, onde fez carreira brilhante. Desde o
começo, trabalhou na realização de obras em mosaico para a empresa Vidrotil em São Paulo, ali
pelos anos 50. Decorrido quase meio século, Aldemir retornou ao seu Estado para produzir um
belíssimo painel, colocado no Centro Cultural Dragão do Mar, um dos pontos de maior visibilidade
do turismo de Fortaleza.

Também em outubro de 2004, o grande artista Estrigas, pseudônimo de Nilo Batista


Firmeza, concebeu aos 85 anos de idade, um painel belíssimo para a parte frontal da nova sede
da empresa J. Macedo na Ponta do Mucuripe. A obra foi construída em pastilhas vítreas,
representando a chegada do navegador Vicente Yanez Pinzón àquele local, em janeiro de 1500,
pelo menos três meses antes de Cabral chegar a Porto Seguro, na Bahia. Uma obra imperdível
para qualquer artista que visitar Fortaleza.

E é preciso lembrar também que o artista cearense Zenon Barreto, que faleceu em 2002,
aos 84 anos de idade, também deixou um legado de obras em Fortaleza, das quais se destaca a
que está hoje à frente da Procuradoria Geral da Justiça do Estado do Ceará, na Rua Assunção,
1100, onde outrora ficava a sede do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem. Além
desta obra, Zenon produziu o painel "Estivadores" colocado à frente do Centro de Exportadores
do Ceará.

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Aldemir Martins

O Dragão do Mar e o dragão das cores

Criado em 1996 pelo governo do Ceará, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é uma
área construída em 30 mil metros quadrados dentro de Fortaleza que engrandece o estado por se
tornar em tão pouco tempo um espaço de referência para o turismo e para a cultura nacional.

O Dragão do Mar não é simplesmente uma expressão pitoresca e folclórica. Longe disso,
trata-se do apelido do jangadeiro Francisco José Nascimento, nascido em 1839, que se tornou
um herói popular em função da luta que desencadeou pela libertação dos negros cativos no
Ceará.

Oito anos após sua morte, nascia em Ingazeiras, no Vale do Cariri, Aldemir Martins, que se
tornaria em muito pouco tempo um dos maiores artistas brasileiros do século XX, responsável por
uma obra cheia de claridade, de luz e de cores, com as quais cobriu o Brasil de norte a sul. Além
de telas, murais, gravuras e desenhos, teve milhares de obras reproduzidas em todos tipos de
produtos industrializados, como pratos, xícaras, tecidos, embalagens e até mesmo na abertura de
novelas da Globo.

Mesmo quem disser que não o conhece, com certeza já terá, uma ou mais vezes na vida,
cruzado com alguns de seus trabalhos, diretamente, ou mediante reproduções de suas obras em
revistas, jornais, catálogos ou por lembrança de seus desenhos na abertura da novela ―Gabriela,
Cravo e Canela‖.

É uma carreira vastíssima para ser lembrada aqui, mas cabe observar que foi um dos

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artistas brasileiros que mais cedo alcançou os cumes da glória. Deixou o Ceará em 1945,
viajando para o Rio e no ano seguinte foi para São Paulo, onde acumulou prêmios e projetou uma
obra vigorosa, na qual se incluem muitas obras murais, incluindo painéis em mosaicos para
prédios em São Paulo. Há presença de um deles na fachada de residência no bairro do Brooklin
em pastilhas da Vidrotil, realizado em 1955.

No ano seguinte conquistou o maior recompensa de sua carreira, o prêmio internacional


de desenho da Bienal de Veneza. Sua trajetória continuaria vitoriosa e festejada de exposição em
exposição, de prêmio em prêmio, de mural em mural, mas Aldemir afastou-se por muitas décadas
das tesselas musivas (técnica da arte musiva consiste na colocação de tesselas, que são
pequenos fragmentos de pedras ou outro material para formar o mosaico).

Isso só tornaria a ocorrer às vésperas de completar 80 anos quando, na virada do século


e do milênio, o Centro Dragão do Mar o convidou para fazer um painel na rampa de acesso ao
Anfiteatro. Num gesto de maturidade profissional, Aldemir decidiu então realizar uma obra em
mosaico com 28 metros de comprimento, destacando as praias, as dunas, as jangadas, o vento e
até as frutas do Ceará.

O painel já se tornou um cartão postal do local, tornando-se uma obra fundamental que
assinala um gesto importante na carreira de Aldemir por marcar seu retorno, já octogenário, a
uma linguagem plástica da qual se afastara por quase cinco décadas. Ele será sempre lembrado
pelo muito que fez pelas artes plásticas brasileiras, mas a marca visual que ficará para sempre,
com certeza, será este painel no espaço do Dragão do Mar.

hgougon, novembro de 2009

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Nilo de Brito Firmeza

Painel de Estrigas no Ceará: caminho da Grande Ibéria

Um livro foi lançado há menos de uma década pelo professor e ensaísta Vamireh Chacon,
da Universidade de Brasília, examinando as raízes da formação brasileira e de sua matriz
portuguesa e hispânica no contexto ibérico. De ponta à ponta do livro há informações que indicam
sucessivos episódios em que as Casas Reais da Península Ibérica buscam juntar os dois Reinos
através de consórcios conjugais ou por outros caminhos como protocolos de integração, de
amizade ou ainda por dispensa alfandegária e outras atitudes amistosas que levam a
integração progressiva, não apenas a nível de Estado como também através da Igreja, enlaçando
a histórica vocação católica dos dois países.

Neste contexto, o que resulta do ensaio é a ideia, sempre contemporânea, da criação de


uma Grande Ibéria, qual seja uma comunidade que poderia florescer em torno de um eixo
Espanha-Brasil, emprestando um sentido político e econômico à união de todos os povos com
idioma e costumes de origem comum.

Trata-se de uma proposta polêmica, mas de grande alcance e descortino para o debate
em torno da globalização e das associações internacionais que vêm moldando o mundo
contemporâneo, como a comunidade europeia, a Alca, o Mercosul e tantas outras.

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É no corpo desse conjunto de ideias que ganha mais destaque e significado o painel em
pastilhas vítreas realizado pelo artista Estrigas, que o inaugurou em outubro de 2004, aos 85
anos de idade, na cidade de Fortaleza. A obra é uma visão própria sobre a chegada do
navegador espanhol Vicente Yanez Pinzón à ponta do Mucuripe, no Ceará.

À noite a obra de Estrigas fica ainda mais linda

Este é o roteiro devidamente mapeado e


documentado sobre a primeira passagem do
navegador espanhol pelo Brasil, conforme a obra
―Vicente Pinzon e a Descoberta do Brasil‖, publicada
pelo brilhante historiador e jornalista Rodolfo Espínola,
que derruba todos os mitos e preconceitos sobre o
assunto.

Seu estudo projetou novas luzes no nebuloso


episódio da chegada dos espanhóis ao Brasil e abriu

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uma clareira no orgulho do povo cearense, com consequências na formação de um clima de


entusiasmo que levou Estrigas à elaboração de seu painel em que exibe a visão pessoal da
epopeia.

Estrigas é o pseudônimo empregado por Nilo de Brito Firmeza, um dos artistas mais
conceituados do Ceará, que transformou sua casa, no Mondubim, em Fortaleza, num museu
aberto à visitação pública, que funciona desde 1969, sempre com muita dificuldade pela falta de
apoio público.

Em 2004, um de seus amigos de infância e de colégio, o empresário J. Macedo, também


com 85 anos - dono do grupo que leva o seu nome e que é um dos maiores da indústria moageira
do país -, convidou-o para realizar uma obra mural à frente das novas instalações da empresa na
Ponta do Mucuripe. Estrigas aproveitou então para situar o local fazendo menção à sua
importância histórica de ponto de desembarque da esquadra comandada pelo navegante
espanhol Vicente Yanez Pinzón.

Ao festejar o episódio, o mural de Estrigas traduz o espírito novo que preside a história
brasileira, sem mutilações e sem preconceitos. E projeta no espaço cearense uma obra plena de
vitalidade e cores, arrojada pela força do tema e pelo uso da linguagem musiva que traduz o que
há de mais atual na retomada do muralismo (pintura de murais) nas artes contemporâneas.

hgougon, novembro de 2009

Zenon Barreto

Zenon Barreto, (1918-2002) nasceu na cidade de Sobral, sendo considerado um dos


maiores representantes das artes plásticas do Ceará, tendo se dedicado a pintura, desenho,
escultura, cenografia, ilustração, xilogravura etc. Ele participou e foi premiado em diversos
eventos: Salão de Abril, Salão de Arte Moderna, Bienal Internacional de São Paulo, Panorama de
Arte Atual Brasileira e Salão de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, dentre outros.

Dentre muitas obras é autor da estátua Iracema Guardiã, na Praia de Iracema, ícone da
cidade de Fortaleza. O artista desenhou o Painel de Pastilhas (1960/61) localizado nos pilotis do
prédio que abriga atualmente a Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Ceará, imóvel onde
no passado funcionou o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) - Rua
Assunção 1.100-Fortaleza.

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O painel "Os Estivadores", criado em 1965 pelo artista plástico Zenon Barreto foi
restaurado e entregue, à sociedade fortalezense, durante a solenidade de inauguração do Anexo
4 da Secretaria da Fazenda. O histórico prédio do antigo "Centro dos Exportadores" foi reformado
para abrigar agora três departamentos da Sefaz. O mural é uma das poucas obras do período
modernista cearense é também uma das mais significativas, retrata a atividade de trabalhadores
portuários no Ceará.

A dimensão do painel é da ordem de 9,4 metros por 7,7. Devido ao desaparecimento das
pastilhas originais, algumas cores tiveram que ser alteradas, mas outras foram procuradas com
tonalidades bem próximas das que despencaram da obra. O filho de Zenon, Fred Barreto, foi
consultado permanentemente ao longo do trabalho.
Hgougon, julho de 2010

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1.4.2.1. Artistas cearenses.

ATORES

 Chico Anysio
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, conhecido artisticamente como Chico
Anysio (Maranguape, 12 de abril de 1931 — Rio de Janeiro, 23 de março de 2012), foi
um humorista, ator, comentarista, compositor, diretor de cinema, escritor, pintor, radialista e roteirista
brasileiro, notório por seus inúmeros quadros e programas humorísticos na Rede Globo, emissora
onde trabalhou por mais de 40 anos.
Ao dirigir e atuar ao lado de grandes nomes do humor brasileiro no rádio e na televisão,
como Paulo Gracindo, Grande Otelo, Costinha, Walter D'Ávila, Jô Soares, Renato Corte
Real, Agildo Ribeiro, Ivon Curi, José Vasconcellos e muitos outros, tornou-se o mais famoso,
criativo e respeitado humorista da história do Brasil.

 Edmilson Filho
Edmilson Filho (nascido em 21 de setembro de 1976, Fortaleza, Ceará) é
um comediante e ator brasileiro de cinema e teatro.
Ainda envolvido com as artes marciais, Edmilson iniciou sua carreira como stand up
comedian aos 17 anos de idade, em Fortaleza, cidade em que nasceu. Conheceu Halder
Gomes ainda na adolescência e por convite dele, participou do curta-metragem O Astista contra o
caba do mal que futuramente seria adaptado para um longa-metragem e conhecido apenas
por Cine Holliúdy. Com o longa Cine Holliúdy, Edmilson ganhou prêmios como "Prêmio Quem
2013 de melhor ator".
No teatro, Edmilson teve mais de 300 aparições em peças de 1993 até 2002, e depois
ficou um tempo sem fazer teatro. Com o tempo em que morou nos Estados Unidos, Edmilson
teve de perto a percepção das diferenças culturais entre brasileiros e americanos e com isso teve
a ideia de fazer uma peça juntamente com Halder Gomes, a Made In Ceará, que realiza desde
2013 e atualmente novo espetáculo Notas – Uma Comédia de Relacionamentos. Em 2015, atuou
no primeiro episódio da série Os Experientes como um segurança atrapalhado e paralelamente
protagonizou as três temporadas da websérie Tome Prumo. Em 2018, retorna ao papel de Francis
nos cinemas com a sequência de Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral[5] e na TV, estrelando ao
lado de Letícia Colin,Cine Holliúdy, agora como série, exibida pela Rede Globo.

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 Emiliano Queiroz
Emiliano de Guimarães Queiroz (Aracati, Ceará, 01 de janeiro de 1936) é
um ator, radialista, locutor, radioator, autor, diretor e roteirista brasileiro.
Quando tinha 4 anos, seu pai o levou para assistir a O Mártir do Gólgota, peça de Henrique
Perez Escrich, despertando definitivamente a sua vocação. Aos 10 anos, sua família se mudou
para Fortaleza. Decidido a seguir a carreira artística, aos 14 anos entrou para o Teatro
Experimental de Arte, uma importante companhia cearense. Pouco depois, começou a trabalhar
na Ceará Rádio Clube. Aos 17 anos, pegou carona num caminhão e foi para São Paulo, onde
chegou a fazer pequenos papéis em peças como O Pagador de Promessas, de Dias Gomes,
no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Três anos mais tarde, voltou para Fortaleza, onde
trabalhou por dois anos como ator, humorista, apresentador de programas, produtor, cenógrafo e
contrarregra na TV Ceará.
Fez parte da primeira turma de formandos do curso de Artes Dramáticas da Universidade
Federal do Ceará. A partir de 1964, Emiliano participou de inúmeras telenovelas, minisséries
e filmes.

 José Wilker

José Wilker Almeida (Juazeiro do Norte, 20 de agosto de 1944 – Rio de Janeiro, 5 de


abril de 2014).
Foi um ator, diretor, dramaturgo, narrador, apresentador e crítico de cinema brasileiro.
Considerado um dos maiores e mais versáteis atores de sua geração, marcou época e
personagens, no cinema, no teatro e na televisão.
Filho de Severino Almeida, um caixeiro viajante, e de Santa (Raimunda) Almeida, dona de
casa, José Wilker nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1944 e mudou-se com a
família, ainda adolescente, para o Recife.
Seu primeiro trabalho foi aos treze anos, fazendo uma figuração no teleteatro da TV Rádio
Clube, de Recife. Wilker ficava aguardando que o chamassem para alguma "ponta". A primeira
atuação foi como cobrador de jornal na peça Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee
Williams.
Protagonizou pela primeira vez uma telenovela em 1975, como Mundinho Falcão,
em Gabriela, adaptada por Walter George Durst do romance de Jorge Amado. Wilker interpretou
ainda personagens memoráveis, como o Rodrigo, na telenovela Anjo Mau (1976), de Cassiano

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Gabus Mendes e Roque Santeiro, na telenovela homônima de Dias Gomes e Aguinaldo Silva.
Em 1976, o participou dos filmes Xica da Silva e Dona Flor e Seus Dois Maridos, em que
interpretou o papel do boêmio Vadinho. Em 1979, foi Lorde Cigano em Bye Bye Brasil.
No início dos anos 1980, passou a dirigir a Escola de Teatro Martins Pena. Dirigiu as
telenovelas Louco Amor em 1983, e no ano seguinte Transas e Caretas. Em 1985,
interpretou Roque Santeiro, personagem tema da telenovela homônima.
Em 1987, passou rapidamente pela extinta TV Manchete, acumulando as funções de
diretor e ator nas telenovelas Carmem e Corpo Santo. Retornando à Globo, destacou-se em
minisséries como Anos Rebeldes (1992) e Agosto(1993). Em 1996, foi também diretor do
programa humorístico Sai de Baixo, e no mesmo ano publicou uma coletânea de crônicas em seu
livro Como Deixar um Relógio Emocionado, como resultado de seu trabalho como crítico de
cinema na TV Cultura, escrevendo também regularmente crônicas sobre o assunto para o Jornal
do Brasil.
Viveu o personagem Antônio Conselheiro, no filme Guerra de Canudos lançado em 1997,
em que também atuou como produtor. Em 2000, foi Dom Diego na minissérie A Muralha. Em
2003, assumiu o cargo de diretor-presidente da RioFilme. Em 2004 viveu Giovanni Improtta, um
ex-bicheiro, na telenovela Senhora do Destino. Ficaram famosos seus bordões "felomenal" e "o
tempo ruge, e a Sapucaí é grande". No mesmo ano, atuou no filme O Homem da Capa Preta,
como Tenório Cavalcanti. Em 2006, atuou na minissérie JK, no papel do presidente Juscelino
Kubitschek e em 2007, viveu Luis Gálvez na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes,
e Francisco Macieira na telenovela Duas Caras. No ano seguinte, atuou na telenovela Três
Irmãs e em 2009 na minissérie Cinquentinha.
Em 2010, foi Dr. Mourão na série Na Forma da Lei e em 2011, viveu Zeca Diabo na
minissérie em quatro capítulos O Bem-Amado, adaptada do filme homônimo de 2010, em que
também havia atuado. Ainda em 2011 foi Umberto Brandão na telenovela Insensato Coração e no
ano seguinte foi a vez de Gabriela, interpretando o Coronel Jesuíno Mendonça, personagem que
ficou marcado pelo bordão "eu vou lhe usar". A telenovela foi um remake da trama original de
1975, em que o ator havia vivido Mundinho Falcão. Em 2013, um dos seus personagens mais
famosos saiu da TV e foi para o cinema: Giovanni Improtta.

 Luíza Tomé
Luíza Francineide Coutinho Tomé Fachini (Distrito de São Bento da
Amontada, então Itapipoca, 10 de maio de 1964) é uma atriz brasileira.
O sucesso não ocorreu até 1989, quando ela interpretou a teúda e manteúda de Modesto
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Pires (Armando Bógus), Carol, na telenovela Tieta, de Aguinaldo Silva.


Em 1990, interpretou a corajosa Francisca na minissérie Riacho Doce, também de
Aguinaldo. Na década de 1990, ela esteve no elenco de três grandes sucessos do autor
Aguinaldo Silva, Pedra sobre Pedra, Fera Ferida e A Indomada, além de ter participado de outras
novelas. Luíza também participou de vários episódios do Você Decide.
Em 2001, a atriz fez bastante sucesso ao interpretar a justiceira Rosa Palmeirão em Porto
dos Milagres. Seu último papel na Rede Globo foi na telenovela Começar de Novo, na qual viveu
Lúcia Borges.
Em 2006, ela participa de sua primeira telenovela na Record TV, Cidadão Brasileiro. Na
trama ela interpreta uma professora, Tereza, que se relaciona com um de seus alunos, André
(Bruno Ferrari). Em 2007, ao lado da atriz Luma Costa, protagonizou a telenovela Luz do Sol. Em
2008, Luíza participou do especial de fim de ano da Record, Os Óculos de Pedro Antão. Em
2009, Luíza interpretou a dondoca Samantha em Bela, a Feia.
Em 2010, Luíza voltou ao teatro com a peça Mulheres Alteradas que também tem no
elenco Mel Lisboa, Daniele Valente e André Bankoff. Em 2012, ela esteve na
telenovela Máscaras, de Lauro César Muniz. Em 2013. Luíza interpretou a ex-modelo Meg
Pantaleão em Dona Xepa. Em 2014, ela participou do episódio "Milagres em Genesaré", da
minissérie Milagres de Jesus.
Em 2016, Luíza voltou a interpretar uma cafetina, desta vez, em Escrava Mãe. Na trama
ela interpreta Rosalinda Pavão, que é dona de um prostíbulo que movimenta o Rio de Janeiro do
ano de 1808. Em 2017, Luíza retorna a Record TV para interpretar Letícia na
telenovela Apocalipse. Na trama ela será mãe da protagonista, Zoe (Juliana Knust).
Em 2018 retorna a Rede Globo, onde volta a interpretar um dos seus personagens de
maior sucesso, a Scarleth Williams Mackenzie Pitiguary, na novela O Sétimo Guardião.

 Matheus Ceará
Matheus Lourenço Souza Martone (Fortaleza, 18 de maio de 1984), mais conhecido pelo
seu nome artístico de Matheus Ceará, é um humorista, ator, produtor e redator brasileiro.
Atualmente faz parte do elenco principal da A Praça é Nossa no SBT desde 2012.
Em 2006, Matheus estrela o show ―Sorrir é Arte, Chorar de Rir faz Parte‖, no qual
apresenta ao público outros de seus personagens, tais como o bêbado Chico Manguaça e a drag
queen Rose Pink. Em 2008, Matheus Ceará participa do 5o. Festival de Piadas do Show do Tom,
exibido pela Rede Record, e é um dos finalistas do concurso. Porém, desponta de fato para o
cenário nacional, em 2010, ao ser vencedor de outro concurso da mesma emissora, ―O mais novo
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humorista do Brasil‖, no Tudo é Possível de Ana Hickmann, e ao conquistar o primeiro lugar do


―Quem chega lá‖, quadro do programa Domingão do Faustão, na Rede Globo. Atualmente,
Matheus Ceará participa do elenco fixo de A Praça É Nossa, no SBT. Também fez parte do
programa Algazarra, da Educadora FM de Campinas.
 Renato Aragão
Antônio Renato Aragão OMC (Sobral, 13 de janeiro de 1935) é
um ator, diretor, advogado, cineasta, produtor, comediante, dublador, humorista, escritor, roteirista
, apresentador, empresário e cantor, famoso por liderar a série televisiva Os Trapalhões, nas
décadas de 1970 e 1980. É também conhecido como Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino
Mufumbo, ou apenas Didi, seu principal personagem. Também é advogado, formado
pela Faculdade de Direito do Ceará da Universidade Federal do Ceará em 1961.
Nascido no interior do Ceará aos treze dias de janeiro do ano de 1935, bacharel em Direito
e filho do escritor sobralense Paulo Ximenes Aragão e Dinorá Lins. Em 1955, tornou-se oficial
do Exército (segundo-tenente de infantaria), formado pelo CPOR. Ainda estudante de Direito, em
05/09/1958, enquanto voltava de Recife para Fortaleza, Renato era um dos passageiros a bordo
do avião Curtiss C-46 Commando, prefixo PP-LDX, do Lóide Aéreo Nacional, que caiu na região
do Serrotão, próximo ao Aeroporto Presidente João Suassuna, em Campina Grande (PB). Ele e
um amigo sobreviveram ajudando outros sobreviventes até a chegada dos socorristas, que
abriram caminho na mata com facões para chegar ao local da queda. Renato e o amigo andaram
até uma cidade próxima onde souberam que haviam sido dados como mortos, pelo rádio. A muito
custo conseguiram voltar para Fortaleza.
Anos depois, formou-se em Direito, na Faculdade de Direito do Ceará em 1961. Aos 24
anos, inscreveu-se num concurso da TV Ceará para trabalhar como "realizador" - uma espécie de
diretor, redator e produtor de programas. Ele venceu, demonstrando seu talento e em pouco
tempo já trabalhava como ator. O primeiro programa de televisão de que participou foi Vídeo
Alegre. Em 1964 Renato mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de estudar direção de programas
e logo foi contratado pela TV Tupi, São Paulo para trabalhar no humorístico A E I O URCA. A
mudança para a TV Excelsior em 1966 lhe proporcionou a oportunidade de criar um humorístico
próprio; nascia então Os Adoráveis Trapalhões, em que contracenava com Wanderley
Cardoso, Ivon Cury e Ted Boy Marino.
Apesar de ter participado de muitos outros programas humorísticos, Aragão nunca se
esqueceria da fórmula utilizada em Adoráveis Trapalhões, e finalmente conseguiria consagrá-la
em 1974, ao estrear Os Trapalhões, já regresso à TV Tupi, ao lado de Dedé
Santana, Mussum e Zacarias. Renato Aragão atuou em diversos filmes, tendo alguns recebido
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premiações estrangeiras, como Os Vagabundos Trapalhões e O Cangaceiro Trapalhão, no


Festival Internacional de Cinema para a Infância e Juventude (Portugal), em 1984, e Os
Trapalhões e a Árvore da Juventude, no III Festival de Cine Infantil de Ciudad Guayana
(Venezuela), em 1993.
Entre outras grandes personalidades, Renato Aragão atuou com Pelé em 1986 no filme Os
Trapalhões e o Rei do Futebol, quando gravou cenas em um Maracanã lotado antes de uma
partida de seu clube de coração, o Vasco da Gama. Fundou, em 1977, a Renato Aragão
Produções Artísticas Ltda., responsável pela produção de filmes, programas de televisão, vídeos
e shows, dentre outros. Recebeu, em 1980, o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e,
em 1982, o título de Personalidade Ilustre do Estado do Rio de Janeiro, ambos concedidos pela
Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Em 1991, tornou-se representante especial do UNICEF e
embaixador do mesmo órgão, em prol da infância brasileira.
Em 1994, foi agraciado com a admissão na Ordem Nacional do Mérito Educativo, no grau
de oficial, por indicação do Ministério da Educação e do Desporto. Ainda em 1994, Renato Aragão
estreou um programa em Portugal, a convite da emissora portuguesa SIC, com a participação dos
atores Dedé Santana e Roberto Guilherme, além de vários artistas portugueses. Em 1995,
recebeu o título de Cidadão Paulistano, concedido pela Câmara Municipal de São Paulo. O grupo
"Os Trapalhões" entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes, em 1997, como o humorístico
brasileiro que permaneceu por mais tempo em exibição na TV.
Renato Aragão encontra-se no seu segundo casamento, com a fotógrafa Lílian Taranto.
Tem uma filha, Lívian (1999), com a atual esposa além de outros quatro filhos do primeiro
casamento com Marta Rangel (1936) - com quem Renato viveu por 34 anos (1957-1991): Paulo
(1960), Ricardo (1962), Renato Jr. (1968), e Juliana (1977). Dois episódios marcantes
evidenciaram o lado religioso de Renato Aragão: o humorista já escalou o Cristo Redentor, no Rio
de Janeiro, para beijar a mão da estátua, um sonho que realizou no programa comemorativo de
25 anos, exibido no dia 27 de agosto de 1991, da formação dos Trapalhões, e fez uma
caminhada de São Paulo a Aparecida, levando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, para
pagar uma promessa feita à santa, dias antes da exibição do projeto: Criança Esperança de julho
de 1999.
Renato ficou afastado da TV depois da morte de seus
companheiros Zacarias e Mussum (sem esquecer o querido Tião Macalé). Em 1998, estreou um
programa inédito, com formato diferente, A Turma do Didi. No ano 2000, festejou seus 40 anos de
carreira. Em 2002, sua empresa Renato Aragão Produções Artísticas Ltda comemora 25 anos de
sucesso. Nesse mesmo ano, Renato lançou o livro Meus Caminhos. Em 2004, os personagens
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Didi e Dedé, interpretados por Renato Aragão e Dedé Santana, se reconciliaram no


programa Criança Esperança, ao som da canção "No Mundo da Lua", de Michael
Sullivan e Paulo Massadas. Em 2011, foi homenageado pela escola de samba paulista X-9
Paulistana. O enredo foi: "De eterna criança a embaixador da esperança... Renato Aragão, Didi
Trapalhão!".
Em 15 de março de 2014, durante a festa de comemoração de 15 anos de sua filha Lívian
Aragão, Didi teve um infarto agudo do miocárdio. O humorista passou por uma angioplastia e
seguiu internado por 4 dias na Unidade Coronariana, tendo alta no dia 19 de março.

 Tadeu Mello
Tadeu dos Santos Mello (Fortaleza, 22demaio de 1965) é
um ator, apresentador, dublador, humorista e escritor brasileiro. É mais conhecido
por dublar a preguiça Sid nos cinco filmes da franquia A Era do Gelo, pelo personagem Tatá
dos humorísticos A Turma do Didi e as Aventuras do Didi e por ter interpretado o atrapalhado
Cabo Citonho no filme e na peça homônima de Guel Arraes Lisbela e o Prisioneiro de 2003.

 Tom Cavalcante
Antônio José Rodrigues Cavalcante (Fortaleza, 8 de março de 1958) mais conhecido como
Tom Cavalcante, é humorista, ator, apresentador, radialista e dublador brasileiro.
Em 1979, aos dezesseis anos, começou a carreira se apresentando em bares
no Ceará fazendo números de humor em esquetes onde fazia imitações de diversos artistas. Em
1982 Tom foi ao Rio de Janeiro e pediu emprego em algum humorístico da emissora, alegando
ser promissor como humorista, porém foi recusado pela emissora. Em 1984 tentou participar
do Show de Calouros, no SBT, porém não foi selecionado pela produção para se apresentar no
palco. No mesmo ano conquistou uma vaga como radialista na Rádio Verdes Mares, onde
apresentou o programa humorado Ligação Direta por cinco anos. Durante as eleições de 1986,
trabalhou abrindo comícios políticos com esquetes imitação. Em 1987 apresentou o telejornal VM
Notícias, na TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo. Em 1989 conhece Chico Anysio, que o
convida a retornar a capital carioca para participar do Chico Anysio Show. Com o final deste,
passa a participar de outro programa de Chico: a Escolinha do Professor Raimundo, vivendo o
bêbado João Canabrava, personagem criado por ele mesmo. Em 1996, Daniel Filho o convida
para participar do Sai de Baixo, vivendo o porteiro Ribamar.

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Depois de desentendimentos com outros atores do elenco e roteiristas do programa, Tom


se retira do elenco do Sai de Baixo em maio de 1999. Em 1997, Tom Cavalcante
substituiu Xuxa por 1 dia durante sua licença maternidade no Planeta Xuxa no qual apresentou
seus vários personagens e imitações. Em 2000, ganha seu programa solo, o Megatom, exibido
nas tardes de domingo. O programa saiu do ar em maio de 2001. Tom Cavalcante passa a fazer
parte do elenco do extinto Zorra Total, sempre esperando retomar seu programa. Infeliz com sua
situação na emissora desde o cancelamento do Megatom, Tom aceita o convite da Record
TV para comandar o próprio programa no horário nobre, estreando o Show do Tom diariamente
em uma mistura de humor com programas de auditório, através de quadros como a paródia do
"reality show" O Aprendiz, denominada O Infeliz. Após dois especiais de final de ano, em 2009
também estrela o sitcom Louca Família por duas temporadas. Em 18 de novembro de 2011
anuncia sua saída da emissora, mudando-se para os Estados Unidos para que sua filha pudesse
ter uma educação aprimorada.
Nesta época também começou a estudar inglês e trabalhou em workshops da New York
Film Academy, além de contratar o mesmo agente de Jim Carrey para tentar ingressar no cinema
em Hollywood, o que acabou não ocorrendo. Durante este tempo gravou um curta-metragem
bancado com seu próprio dinheiro em que interpretava três papéis, Pizza Me, Mafia.
Após uma rápida passagem pelo Brasil para alguns shows em teatro, Tom retornou ao
Brasil em 2015, assinando com canal pago Multishow para fazer a sitcom #PartiuShopping. Em
2016 estrelou o programa Casa dos Políticos, uma sátira a corrupção no Brasil, e estreou um
novo programa de auditório, o Multi Tom, que fica na emissora até o final de 2017. Em 2018
estrela a sitcom Dra. Darci, estreando um novo personagem - um terapeuta que se veste de
mulher devido ao sucesso em seu programa de rádio.

PINTORES
O movimento de maior destaque na história da pintura cearense foi o modernismo com o
surgimento da Sociedade Cearense de Artes Plásticas em 1944 que reuniu vários pintores
como Antônio Bandeira, Otacílio de Azevedo, Aldemir Martins, Camelo Ponte, Inimá de
Paula, Zenon Barreto e outros. Bandeira é considerado um dos maiores
pintores abstracionistas do Brasil. Antes desse movimento alguns importante pintores cearenses
foram Raimundo Cela e Vicente Leite que no começo do século XX retrataram várias paisagens
do sertão e litoral do estado.
Na segunda metade do século XX o suíço Jean-Pierre Chabloz em passagem pelo Ceará
descobriu a arte do acreano de origem cearense Chico da Silva no Pirambu retratando figuras
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primitivas de dragões e outros animais com carvão e tinta guache. Seu estilo foi classificado
como arte naïf (artista sem formação acadêmica) e teve grande destaque até a década de 1980.
No final do Século XX o pintor Leonilson foi o maior destaque cearense na pintura.

ESCULTORES

 Aldemir Martins: Citado acima.

 Jacinto de Sousa, (Quixadá, 3 de julho de 1896 — Quixadá, 29 de janeiro de 1941)


foi escultor brasileiro, nascido no Ceará. De origem simples, nasceu no interior do Ceará, filho de
Inácio de Sousa Primeiro e Maria Angélica de Sousa. Apesar de não possuir qualquer
aprendizado formal em artes dedicou-se à fotografia, à pintura e à escultura, graças ao seu
esforço e habilidades artísticas inatas. Foi considerado em sua época um dos maiores artistas
plásticos do estado, sendo homenageado por Jáder Carvalho, com a crônica "Nadja me contou" e
por Rachel de Queiroz com "Glória Humilde" na revista O Cruzeiro. Recebeu homenagem
também da Câmara Municipal de Quixadá que, em 11 de agosto de 2000, através da lei
municipal n° 1.922, mudou o nome do Museu Histórico de Quixadá para Museu Histórico Jacinto
de Sousa, em uma das suas principais obras está "O Trabalhador", um monumento erguido na
praça da estação, onde faz uma homenagem a classe proletariado. Apesar do reconhecimento de
sua obra, morreu humilde na cidade em que nasceu.
Entre as diversas obras de Jacinto de Sousa, destacam-se:
 Herma em bronze do Dr. José Carneiro em Baturité, Ceará
 Busto da Princesa Isabel em Redenção, Ceará
 "Monumento ao Trabalhador Livre" na Praça da Estação em Quixadá, Ceará
 "O Cristo Crucificado" – obra exposta no Museu Histórico Jacinto de Sousa em
Quixadá.
 José Leonilson Bezerra Dias nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 1º de março de
1957. Leonilson muda-se para São Paulo ainda pequeno em 1961, e logo cedo começa a
demonstrar o seu interesse pela arte. Passa pela Escola Panamericana de Arte e depois ingressa
no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1977,
frequentando as aulas dos artistas Nelson Leirner, Júlio Plaza e Regina Silveira. Nesta época,
divide atelier com o artista Luiz Zerbini. Em 1979, participa da sua primeira exposição coletiva
―Desenho Jovem‖, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. O curso da
FAAP é abandonado em 1980 e, ano em que ele participa da mostra Panorama da Arte Atual
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Brasileira/Desenho e Gravura, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Faz parte do grupo de
artistas que revolucionou o meio artístico brasileiro com a retomada do ―prazer‖ da pintura,
conhecido como Geração 80. A obra de Leonilson inclui pinturas, desenhos, bordados e algumas
esculturas e instalações. Para a crítica Lisette Lagnado, o artista foi movido pela necessidade de
registrar sua subjetividade. Assim suas peças são construídas como cartas para um diário íntimo.

 Sérvulo Esmeraldo (Crato, 27 de fevereiro de 1929 - Fortaleza, 1° de


fevereiro de 2017) foi um artista brasileiro de escultura, gravura, ilustração e pintura, conhecido
por seu rigor geométrico-construtivo e suas incursões no campo da arte cinética. Na mesma
época de sua primeira exposição individual no MAM, ganha bolsa de estudos do governo francês,
residindo no país até 1979. Em Paris, frequenta o ateliê de litogravura da École Nationale des
Beaux-Arts e estuda com Johnny Friedlaender. Na década de 1960, inicia suas criações no
campo da arte cinética, trabalhando como materiais como com ímãs, eletroímãs e por gravidade.
Em 1974 participa da exposição L'idée et La Matière, na Galeria Denise René, em Paris. Retorna
definitivamente a Fortaleza no ano de 1980. Em 1983, recebe o Prêmio Melhor escultor do ano
da Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2011, a Pinacoteca do Estado de São Paulo faz
retrospectiva da obra do artista com publicação de livro coordenado por Aracy Amaral. No ano de
2012, abre a mostra Simples como o Triângulo, em São Paulo, na galeria Raquel Arnaud

 Francisco Magalhães Barbosa (Zé Pinto)

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Francisco Magalhães Barbosa, conhecido como Zé Pinto, nasceu em Fortaleza no dia 28


de setembro de 1925. Filho de Antônio de Freitas Barbosa e dona Maria Magalhães Barbosa,
mais tarde viria a se casar com Maria Zenor Cassiano Barbosa, tendo com ela 11 filhos.
Zé Pinto entrou no mundo das artes plásticas já um pouco tarde. Aos 50 anos de idade,
ainda era apenas um ―marchand‖ encarregado de vender os trabalhos executados por seus filhos
que, desde muito cedo, já se dedicavam à confecção de belas peças produzidas a partir de
diversos materiais.
Eram quadros com paisagem variadas, além de pescadores, rendeiras e jangadas
confeccionadas a partir de cascas de coco, fio elétrico e couro, artefatos que eram negociados
por Zé Pinto em várias partes de Fortaleza. Os meninos cresceram, tomaram novos rumos e se
formaram em cursos superiores.
Zé Pinto, menino que na infância produzia seus próprios brinquedos, resolveu ser escultor
diferente dos que havia até então. Escolheu o ferro-velho como matéria-prima para suas
esculturas. Garimpador de ferro velho, transformava em arte, alumínio amassado, pregos
envergados, mola desforme. Em uma de suas obras mais conhecidas, O Assalto, juntou uma
bomba de gasolina e duas mangueiras travestidas simbolicamente de armas. Uma sátira sempre
atual ao aumento do combustível.

Para expor o trabalho, Zé Pinto reinventou a galeria. Derrubou muros e socializou a arte em
espaços ao ar livre. Em 1975, Zé Pinto expôs no canteiro central da Avenida Bezerra de Menezes
uma escultura do cantor Luiz Gonzaga, confeccionada a partir de pára-choques, parafusos e
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outras sucatas de carro. Na década de 1980, quando o álcool veio como promessa para substituir
a gasolina, Zé Pinto pegou um fusca e colocou na placa a inscrição ―coma alcoólica‖. Espirituoso,
Zé Pinto batizou de Pintódromo o canteiro que funcionou como a vitrine de suas obras.
O sucesso chegou rapidamente. Inicialmente, as criações de Zé Pinto foram expostas nos
museus, praças, prédios e ruas de Fortaleza, para rapidamente transpor as fronteiras do Ceará,
do Nordeste e do Brasil. Sua produção artística pode ser encontrada em museus de Portugal e do
Vaticano, além de figuras em acervos particulares nas cidade de Frankfurt e Colônia, na
Alemanha, bem como em Nova York e New Hampshire, nos Estados Unidos.
Ele parou de produzir em 1996, ano da morte de sua esposa, dona Zenor. Zé pinto faleceu
em 2004.
Fonte: Wikipédia/Imagens: Claudio Lima / Blog Ceará é Notícia

ARQUITETOS

 Falcão (cantor)
Marcondes Falcão Maia (Pereiro, 16 de setembro de 1957), mais conhecido pelo seu nome
artístico Falcão, é um humorista, cantor, apresentador e compositor brega notado pelo estilo
irreverente e cômico. Tem nove discos gravados, com sucessos como as canções "I'm not dog
no", "Black People Car", "Holiday Foi Muito" e "I Love You Tonight".
Por gostar de desenhar, opta pela área de arquitetura. Após se formar técnico em
edificações na Escola Técnica Federal do Ceará em 1978, Falcão começa a trabalhar como
desenhista enquanto tentava o vestibular da Universidade Federal do Ceará, na qual ingressou
no curso de Arquitetura depois de cinco tentativas em 1982. Ao mesmo tempo, investia na
carreira artística. Em 1980 funda, juntamente com Flávio Paiva, Matos, Eugênia Nogueira e
outros estudantes de comunicação social, a publicação Um Jornal Sem Regras, cujos integrantes
também formaram um grupo musical, o Bufo-Bufo. As composições eram irreverentes mas com
consciência política, já que Matos e Paiva queriam fazer uma coisa mais séria pendendo
para MPB, mas Falcão mudava as letras para ficarem mais cômicas. Formou-se em Arquitetura
em 1988 e abriu um escritório com colegas no qual trabalhou por três anos, até resolver focar
mesmo na música.

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 Fausto Nilo
Fausto Nilo Costa Júnior (Quixeramobim, 5 de abril de 1944) é
um compositor, arquiteto e poeta brasileiro.
Deixou a cidade natal aos onze anos de idade e foi para a capital, Fortaleza, onde viria a
se formar em Arquitetura, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará. Junto
com Antônio Carlos Aires Medina. Em 1971 mudou-se para Brasília e depois São Paulo e Rio de
Janeiro. Gravou o primeiro grande sucesso, Fim do mundo, em 1972. É considerado até hoje, ao
lado de Paulo César Pinheiro, Ivan Lins, Vítor Martins, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim,
Roberto & Erasmo Carlos Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Noel Rosa, um dos compositores
com maior número de composições, cerca de 400 sucessos.
Fausto Nilo é arquiteto formado há 41 anos pela Faculdade de Arquitetura da Universidade
do Ceará. Hoje, é sócio presidente da empresa Fausto Nilo Arquitetura, na qual desenvolve
projetos de edificações, complexos de uso público, equipamentos turísticos, planos diretores e
projetos de urbanismo em diversas escalas. Entre as obras de edificação se destacam aquelas de
uso público em que foi coautor, como a reforma e adaptação da Ponte dos Ingleses, o Mercado
São Sebastião, a Nova Praça do Ferreira, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a reforma e
adaptação do Hotel Oásis Atlântico, vários centros educacionais e edifícios residenciais
multifamiliares, todos em Fortaleza.

MÚSICOS

O gênero musical mais identificado com o Ceará é o forró, em suas variadas formas,
inicialmente caracterizado especialmente pelo tradicional forró pé-de-serra, contando apenas com
alguns poucos instrumentos como sanfona e triângulo. Nos anos 40, o cearense Humberto
Teixeira formou uma famosa parceria com o pernambucano Luiz Gonzaga, criando o baião, que
se tornou muito apreciado. Uma das principais tradições da música cearense - e, principalmente,
do Cariri - são também as bandas cabaçais, que utilizam pífanos, zabumbas e pratos e
frequentemente fazem acompanhar sua música com movimentos e acrobacias com facões, com
destaque para a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto. Outros representantes tradicionais da
música cearense são os seresteiros e repentistas.
Dos anos 80 em diante, cresceu bastante o chamado forró eletrônico, que adotou novos
instrumentos e absorveu muitas influências de diversos estilos populares, afastando-se um pouco
da tradição do "pé-de-serra" e ganhando grande popularidade no estado.
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No entanto, o papel do Ceará na música se estende para muito além do forró. O importante
momento musical dos anos 60, no qual floresceram a MPB e o tropicalismo no Brasil, também
teve grande influência no Ceará, através de artistas como Ednardo, Belchior, Fagner, Amelinha, J.
Camelo Ponte e outros, alguns dos quais conseguiram projeção nacional, recebendo da crítica
musical o apelido de "pessoal do Ceará".
Inusitadamente, o Ceará tem também tido certo destaque na música clássica brasileira,
embora aí não encontre grandes incentivos. Um dos mais destacados compositores clássicos
brasileiros foi o cearense Alberto Nepomuceno, considerado o "pai" do nacionalismo na música
erudita do Brasil. Outro representante da música clássica foi o renomado regente Eleazar de
Carvalho, um dos fundadores da Orquestra Sinfônica Brasileira e professor de maestros célebres,
como Claudio Abbado e Zubin Mehta. Em sua homenagem foi criada a Orquestra de Câmara
Eleazar de Carvalho. Nessa seara, há também iniciativas que unem a música à filantropia como a
Orquestra Filarmônica da Chapada do Araripe, em Araripe e a Sociedade Lírica do Belmonte, no
Crato.

 Alcymar Monteiro
Antonio Alcymar Monteiro dos Santos (Aurora, 13 de fevereiro de 1950) é
um cantor e compositor brasileiro de forró e frevo. É considerado um dos grandes intérpretes da
música nordestina, mais especificamente do Forró tradicional, sendo conhecido como o Rei do
Forró.
O cantor e compositor Alcymar Monteiro nasceu no distrito de Ingazeiras, em Aurora,
no Ceará, e se mudou para Juazeiro do Norte, onde passou sua infância. Filho de Artur Monteiro
dos Santos e Maria Fernandes dos Santos. Estudou música no Conservatório Alberto
Nepomuceno, em Fortaleza. Porém foi em Recife, onde reside atualmente, que Alcymar Monteiro
conseguiu se destacar no cenário musical.
Pesquisador dos ritmos nordestinos, Alcymar faz um trabalho versátil sem perder o foco na
autêntica música nordestina. Em mais de três décadas de carreira já teve suas músicas gravadas
por grandes nomes da MPB como Zé Ramalho e Alceu Valença. Já fez duetos com Luiz
Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho, Marinês entre outros.
Assim como os seus contemporâneos Oswaldinho, Flávio José, Assisão, Jorge de Altinho e
outros, Alcymar Monteiro é um artista que agregou novos elementos ao forró. As mudanças
ocorreram na instrumentação (acrescentou percussões, metais, novos vocais, etc.), na forma
musical (adição de vocalizações, coro com vozes do próprio cantor), nos arranjos (ampla
diversificação instrumental em vários discos e shows), no figurino (estabelece a cor branca como
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base do seu figurino, em contraponto às tonalidades do couro estabelecida por Luiz Gonzaga), na
interpretação, nos ritmos, na performance e nas temáticas das letras (busca uma leitura mais
abrangente do Nordeste, não se reportando apenas ao Sertão, mas estendendo-se às
manifestações culturais de diversos estados nordestinos).
No entanto, Alcymar Monteiro não se restringe à música; ele tem sido também um corajoso
ativista político no mercado nordestino. Tudo começou nos anos 1990, quando Alcymar tornara-
se o que podemos chamar de porta-voz das vaquejadas que despontavam como uma das mais
populares manifestações em todo o Nordeste e em outras regiões do Brasil.

 Amelinha
Amélia Cláudia Garcia Collares, mais conhecida como Amelinha (Fortaleza, 21 de
julho de 1950), é uma cantora e compositora brasileira.
Amelinha iniciou sua carreira na década de 1970, ao lado de outros cantores cearenses
como Fagner, Belchior e Ednardo. O grupo ficou conhecido no meio artístico como "pessoal do
Ceará". Partiu de sua terra natal, no ano de 1970, para cursar comunicação na cidade de São
Paulo. Cantando inicialmente como amadora, Amelinha participou de shows do cearense Fagner,
de quem é amiga.
A partir do ano de 1974, inicia sua carreira profissional na música, se apresentando em
programas televisivos. Em 1975, viaja para Punta del Este, no Uruguai, na companhia de Vinicius
de Moraes e Toquinho.
Dois anos depois, Amelinha lança o disco Flor da Paisagem, sob produção de Fagner, e foi
apontada como cantora revelação da MPB. Em 1979, ganha o disco de ouro com o lançamento
do LP Frevo Mulher. Mas foi em 1980 que Amelinha foi consagrada como uma grande intérprete
da Música Popular Brasileira, com a canção Foi Deus que fez você, composta por Luiz Ramalho,
no festival MPB 80, da Rede Globo. A canção foi classificada em 2º lugar, e vendeu mais de um
milhão de discos compactos, alcançando o 1º lugar nas paradas das rádios FM e AM.
Nessa época, já possuía diversas gravações e alguns discos produzidos por Zé Ramalho.
Em 1982, interpreta a canção-tema da minissérie Lampião e Maria Bonita, exibida na Rede
Globo, intitulada Mulher nova, bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor, e o disco
homônimo ficou entre os 50 mais vendidos do ano de 1982. Romance da lua, lua, lançado
em 1983, é uma tradução de um poema de Garcia Lorca em Romanceiro Cigano (no original
em espanhol, Romancero Gitano).
Em 2011, lançou Janelas do Brasil, com canções de Belchior, Zeca
Baleiro, Ednardo, Fagner, Geraldo Espíndola, Alceu Valença e uma das mais recentes revelações
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da MPB, Marcelo Jeneci.


Em 2012, Amelinha gravou seu primeiro DVD, contando com as participações
de Fagner, Zeca Baleiro e Toquinho.
Foi casada de 1978 à 1983 com o músico Zé Ramalho com quem teve dois filhos.
Em outubro de 2017, Amelinha lança o CD De primeira grandeza: As canções de Belchior,
e alinha no repertório dez músicas do cancioneiro do músico cearense Belchior.

 Belchior
Antônio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior (Sobral, 26 de outubro de 1946 –
Santa Cruz do Sul, 30 de abril de 2017), foi um cantor e compositor brasileiro. Um dos membros
do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha, Rodger, e outros, Belchior
foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso nacional, em
meados da década de 1970.
Em certa época, Belchior fez uma brincadeira adicionando os sobrenomes dos pais ao seu,
dizendo que seu nome completo seria: "Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes",
para dizer que seria o "maior nome da MPB".
Seu álbum Alucinação, de 1976, é considerado por vários críticos musicais como o mais
revolucionário da história da MPB e um dos mais importantes de todos os tempos para a música
brasileira. Não à toa, em 2012, Belchior apareceu na posição 58 da lista As 100 Maiores Vozes da
Música Brasileira pela Rolling Stone Brasil.
Belchior ganhou o primeiro lugar no IV Festival Universitário de 1971 com a música "Hora
do Almoço", interpretada por Jorge Melo e Jorge Teles. Entre os seus maiores sucessos estão
"Apenas um Rapaz Latino-Americano", "Como Nossos Pais", "Mucuripe" e "Divina Comédia
Humana". Outras composições de Belchior de grande sucesso foram "Paralelas" (gravada por
Vanusa) e "Galos, Noites e Quintais" (regravada por Jair Rodrigues)

 Ednardo
José Ednardo Soares Costa Sousa, cujo nome artístico é Ednardo nasceu em
Fortaleza, Ceará, em 17 de abril de 1945), é um cantor e compositor brasileiro, compositor da
canção Pavão Misterioso, e um dos integrantes do chamado Pessoal do Ceará. Ednardo é pai da
atriz Joana Limaverde.
Ednardo iniciou a carreira musical em Fortaleza, Ceará, no início da década de 1970,
juntamente com outros artistas conterrâneos, como Fagner, Belchior e Amelinha. Já no início da
carreira, venceu o Festival Nordestino da Música Brasileira, momento a partir do qual passou a ter
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maior projeção na cena musical cearense. Atualmente possui projeção internacional, sendo suas
músicas tocadas em vários países da América Latina, Europa e EUA. Lançou 14 álbuns musicais
e fez várias parcerias, possuindo mais de 300 músicas compostas. Atua também
no cinema e teatro, onde compõe inúmeras trilhas musicais.
Ednardo teve importantíssimo papel no cenário musical cearense, com grande contribuição
para a promoção da cultura, música e artistas do Ceará. Em 1979, em plena Ditadura Militar, foi
protagonista do movimento Massafeira, que reuniu vários artistas cearenses, inclusive o poeta
sertanejo Patativa do Assaré, no Teatro José de Alencar, onde foi gravado o disco homônimo.
Dentre seus maiores sucessos constam: Terral, Ingazeiras, Lagoa de Aluá, Longarinas, Artigo 26,
Pavão Misterioso, Enquanto Engoma a Calça, Flora, A Manga Rosa, Beira-mar, Carneiro, etc.
Suas músicas tem sido interpretadas por vários cantores da MPB, como Elba
Ramalho, Fagner, Belchior, Ney Matogrosso, Vânia Abreu, Amelinha, Nonato Luiz, dentre muitos
outros.

 Fagner
Raimundo Fagner Cândido Lopes, mais conhecido apenas como Fagner (Orós, 13 de
outubro de 1949), é um cantor, compositor, instrumentista, ator e produtor brasileiro, e um dos
integrantes do chamado Pessoal do Ceará
Mais jovem dos cinco filhos de José Fares, imigrante libanês, e Dona Francisca, Fagner
nasceu na capital cearense, embora tenha sido registrado no município de Orós.
O nome de Fagner vem sendo incluído na lista dos maiores cantores de música latina,
principalmente pela sua filiação com outros músicos latinos não-brasileiros, como Mercedes
Sosa.
Grandes nomes da música brasileira como Luiz Gonzaga, Orlando Silva, Nelson
Gonçalves são referências em sua carreira.
Fagner se torna um nome respeitado no mercado musical. Seus álbuns lhe rendem
sucessivamente discos de ouro (vendas acima de 100 mil cópias) e/ou platina (acima de 500 mil
cópias).
Em 2000 lança a Fundação Social RAIMUNDO FAGNER (www.frfagner.com.br). O
trabalho social desenvolvido pela Fundação tem recebido vários prêmios, entre eles o
Itaú/UNICEF (duas vezes), Cultura Viva (do Ministério da Cultura) e Criança Esperança.
.

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 Patativa do Assaré

Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (Assaré, 5 de


março de 1909 — Assaré, 8 de julho de 2002), foi um poeta popular, compositor, cantor e
improvisador brasileiro
Uma das principais figuras da música nordestina do século XX. Segundo filho de uma
família pobre que vivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego do olho direito por causa
de uma doença. Com a morte de seu pai, quando tinha oito anos de idade, passou a ajudar sua
família no cultivo das terras. Aos doze anos, frequentava a escola local, o qual foi alfabetizado,
por apenas alguns meses. A partir dessa época, começou a fazer repentes e a se apresentar em
festas e ocasiões importantes. Por volta dos vinte anos recebeu o pseudônimo de Patativa, por
ser sua poesia comparável à beleza do canto dessa ave.
Indo constantemente à Feira do Crato onde participava do programa da Rádio Araripe,
declamando seus poemas. Numa destas ocasiões é ouvido por José Arraes de Alencar que,
convencido de seu potencial, lhe dá o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro
livro, Inspiração Nordestina, de 1956.
Este livro teria uma segunda edição com acréscimos em 1967, passando a se
chamar Cantos do Patativa. Em 1970 é lançada nova coletânea de poemas, Patativa do Assaré:
novos poemas comentados, e em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois
livros, Ispinho e Fulô e Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos anos de 1988 e
1994. Foi casado com Belinha, com quem teve nove filhos. Faleceu na mesma cidade onde
nasceu.
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e
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homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava
nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos.
Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no
interior do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus
poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante
poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os
noventa anos de idade.
A complexidade da obra de Patativa é evidente pela sua capacidade de criar versos tanto
nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica
populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos
feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia a dia (denominada por ele de poesia
"matuta"). Sua música mais famosa é ―Vaca Estrela e Boi Fubá‖, entoada até os dias de hoje por
diversos e diferentes cantadores.

 Rita de Cássia (compositora)


Rita de Cássia Oliveira dos Reis (Alto Santo, 8 de agosto de 1972), mais conhecida
simplesmente por Rita de Cássia, é uma cantora e compositora de forró brasileira. É considerada
a maior compositora de forró do Brasil e tem mais de 500 músicas compostas sem parceria,
sendo letras e melodias de sua própria autoria.
No decorrer de sua carreira Rita de Cássia gravou 12 CDs em parceria com seu irmão
Redondo e a Banda Som do Norte, 05 CDs Voz e Violão, 01 DVD Acústico, 01 CD em
comemoração aos 20 anos de carreira, 01 CD Rita de Cássia Ao Vivo (2010) e 01 CD intitulado
de "Cuide de ser feliz" (2015), com 13 faixas inéditas.
Com mais de 500 composições, não é à toa que ela recebeu do meio forrozeiro o título de
"A Melhor Compositora de Forró do Brasil ". Tem músicas gravadas por vários cantores e bandas,
como Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Mel com Terra, Catuaba com Amendoim, Brasas do
Forró, Banda Styllus, Aviões do Forró, Eliane, Kátia di Tróia, Frank Aguiar, Wesley dos
Teclados, Amelinha, Marinês, As Mineirinhas e etc.

CINEASTA

 Halder Catunda Gomes

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(Fortaleza, 1967) é um cineasta brasileiro. Nascido na capital cearense, passou a infância


em Senador Pompeu. É formado em Administração e mestre de taekwondo. Halder iniciou sua
carreira no cinema em 1991, quando fez suas primeiras participações como dublê de lutas em
filmes de artes marciais, em Los Angeles, Califórnia.
Estreou como diretor de cinema com o curta-metragem Cine Holiúdy – O astista contra o
caba do mal, de 2004. A experiência serviu de embrião para o longa Cine Holliúdy, que foi o filme
brasileiro com melhor média de público por sala em 2013. Também assinou o roteiro de Área
Q (2011), dirigido pelo também cearense Gerson Sanginitto.
Até o momento seus filmes já foram exibidos oficialmente (cinema, festivais, TV aberta,
fechada, DVD, etc.) em 25 países diferentes.

 Luiz Carlos Barreto Borges


Nasceu em Sobral, 28 de maio de 1928 fotógrafo e diretor de cinema brasileiro. Cearense,
vive desde 1947 na cidade do Rio de Janeiro, tornou-se um dos maiores produtores
cinematográficos do Brasil. Como jornalista profissional, foi repórter e fotógrafo da Revista "O
Cruzeiro" nos anos 50 até 1963, tendo sido correspondente dessa revista na Europa, durante os
anos de 1953 e 1954.
Na profissão de repórter, cobriu importantes acontecimentos nacionais e internacionais e
graduou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris.
Barretão, como é conhecido, começou no cinema em 1961, como coautor do roteiro e
coprodutor do filme Assalto ao Trem Pagador, dirigido por Roberto Farias. Essa película obteve
um enorme sucesso, tanto no Brasil, como no exterior. A partir de então começou uma série de
grandes produções cinematográficas, divididas com uma importante atividade política e cultural.
Luiz Carlos Barreto é um dos homens chave do chamado Cinema Novo, revolucionou o Cinema
latino Americano.
Como diretor de fotografia em cinema é autor das concepções fotográficas de Vidas
Secas e Terra em Transe, que revolucionaram o estilo fotográfico dos filmes brasileiros.
Luiz Carlos Barreto, juntamente com sua mulher Lucy Barreto, detêm a marca da produção
de mais setenta filmes brasileiros de curta e longa-metragem. Além dos filmes que marcam sua
carreira como produtor, é pai de Bruno Barreto e Fábio Barreto - dois diretores dos mais
importantes da geração pós-Cinema Novo - e Paula Barreto, formada em Comunicação Social.
É um dos sócios do Grupo Consórcio Brasil, que junto com a Globosat administra o Canal
Brasil.

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 Rosemberg Cariry

Antônio Rosemberg de Moura, publicamente mais conhecido como Rosemberg Cariry é


um cineasta, roteirista, documentarista, produtor, poeta e escritor cearense.
Nascido em 04 de agosto de 1953 no município de Farias Brito na região do cariri
cearense. Desde sua infância as tradições populares e religiosas locais não só o influenciaria,
mas também o marcaria profundamente através de relatos e testemunhos dos seus avós. Por
esse motivo, consciente que essa cultura popular aos poucos ia desaparecendo como o contato
com a modernidade, decidiu dedicar numerosos estudos, pesquisas, publicações, gravações
sonorizadas, filmes documentários e de ficção a tradições nordestinas.
Desde os anos 70 teve uma participação importante nos movimentos artísticos do Crato,
lançando a revista Nação Cariri, (de onde se originou seu pseudônimo). Nesta revista cultural,
conjugava as influências da cultura popular regional com as de uma cultura humanista clássica,
adquirida no Seminário dos Padres Franciscanos do Juazeiro do Norte, depois na Universidade
de Fortaleza , onde fez estudos de Filosofia. Essas influencias, que já haviam marcado a
sua poesia, suas produções musicais e ensaios, encontrarão no cinema uma forma de expressão
sintética.
Em 1986, dirigiu seu primeiro filme de longa-metragem, o documentário, A Irmandade da
Santa Cruz do Deserto. Em 1993, filmou A Saga do Guerreiro Alumioso, longa-metragem de
ficção, finalizado com apoio da Cinequanon de Lisboa e do Instituto Português de Arte
Cinematográfica (IPACA). Já em 1995, Rosemberg Cariry obteve o Prêmio da Retomada do
Cinema Brasileiro, do Ministério da Cultura, realizando o seu terceiro filme de longa-
metragem, Corisco e Dadá. O filme participou do chamado "Renascimento do Cinema Brasileiro",
foi bem recebido pela crítica, teve lançamento comercial em muitas cidades brasileiras e obteve
inúmeros prêmios no Brasil e no exterior.
A partir de 1999, Rosemberg Cariry realizou alguns filmes: A TV e o Ser-Tao, Pedro Oliveira
– O Cego que viu o Mar (média metragem – Prêmio GNT de Renovação de Linguagem) e um
filme documentário de longa-metragem chamado Juazeiro – A Nova Jerusalém.
. Em 2006 concluiu o documentário, longa-metragem, Patativa do Assaré – Ave Poesia,
sobre a obra e a vida do maior poeta popular do Brasil. Dois anos depois, em 2008, concluiu o
longa-metragem Siri-Ará. Em 2011, rodou o filme Folia de Reis, ficção, com atores profissionais e
amadores, nas favelas da grande Fortaleza, e, em 2010, realizou o documentário de longa-
metragem Cego Aderaldo – O Homem, o Cantador e o Mito, sobre o célebre artista popular.
Os filmes participaram de festivais nacionais e internacionais e foram premiados em alguns
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destes festivais. Atualmente realiza uma séria de nove documentários, de longa-metragem, sobre
o escritor Ariano Suassuna e o nordeste.

 Wolney Oliveira

Nasceu em Fortaleza, 1960, formou-se como cineasta pela Escola Internacional de Cinema
e Televisão de San Antonio de los Baños (EICTV), em Cuba, com especialização em fotografia.
Atualmente é diretor da Casa Amarela Eusélio Oliveira, do departamento de cinema
da Universidade Federal do Ceará, e também Diretor Executivo do Festival Ibero-americano de
Cinema Cine Ceará.

 Zelito Viana
Nasceu em Fortaleza, 5 de maio de 1938, mais conhecido como Zelito Viana, é
um cineasta brasileiro. Filho de Francisco Anysio de Oliveira Paula e de Haydee Viana, é irmão
do comediante Chico Anysio e da atriz e comediante Lupe Gigliotti, o que o faz tio da atriz e
diretora Cininha de Paula, do roteirista e ator Bruno Mazzeo e do comediante Nizo Neto.
Casado com a produtora Vera de Paula, é pai da diretora Betse de Paula e do ator Marcos
Palmeira.

HUMOR
O Ceará se tornou conhecido nacionalmente como berço de talentos humorísticos
como Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante, dentre vários outros. Embora a percepção
de que há um Ceará moleque, como verdadeira identidade do povo cearense, seja controversa, a
história do estado é repleta de casos verídicos e curiosos que parecem corroborar com essa
ideia, destacando-se, sobretudo, figuras populares como o Bode Ioiô, que era famoso
em Fortaleza e inclusive foi eleito vereador da cidade, e o Seu Lunga, de Juazeiro do Norte,
famoso pela sua intolerância com perguntas óbvias, assim como eventos como a vaia ao
sol também em Fortaleza, depois de quase um dia inteiro de céu nublado na cidade. A novela
humorística da Record Ceará contra 007 de 1965 ajudou a formar esse imaginário de um Ceará
Moleque.

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LITERATURA CEARENSE

O Ceará é terra de muitos escritores e poetas importantes, podendo-se citar, dentre muitos
outros: José de Alencar, Domingos Olímpio, Rachel de Queiroz, Adolfo Caminha, Antônio
Sales, Jáder Carvalho, Moreira Campos, Gustavo Barroso, Patativa do Assaré, João Clímaco
Bezerra, Ana Miranda etc.
A literatura cearense foi sempre caracterizada por florescer em torno de grupos literários.
José de Alencar, nascido em Messejana (hoje anexada como bairro a Fortaleza), é
considerado o principal romancista do Romantismo brasileiro. Suas obras tornaram-se bastante
famosas, especialmente O Guarani, Iracema e Senhora.
No final do século XIX, surgiu a Padaria Espiritual, uma agremiação cultural formada por
jovens escritores, pintores e músicos. Marcada pela ironia, irreverência e espírito crítico, bem
como por um "sincretismo" literário, a Padaria Espiritual se expressava por meio do jornal O Pão.
Muitos autores criticavam as instituições e valores então vigentes. Para alguns críticos literários e
historiadores, a Padaria Espiritual pode ser considerada um movimento pré-modernista que já
apresentava alguns aspectos do Modernismo, que só surgiria com força em São Paulo quase
trinta anos depois.
Assim, de certa forma, o Ceará foi pioneiro em desenvolver uma literatura irreverente,
relativamente informal e sincrética. A Academia Cearense de Letras foi fundada em 1894 e
durante muito tempo foi a principal instituição literária do estado, congregando alguns dos nomes
mais ilustres da literatura estadual. Hoje, existem diversas instituições similares em todo o Estado
do Ceará. A sua criação inspirou, porém, alguns anos mais tarde, a formação da Academia
Brasileira de Letras.
O Modernismo se consolidou no Ceará por meio do movimento Clã, fundado nos anos 40,
que congregou diversos escritores renomados cearenses: Moreira Campos, João Clímaco
Bezerra, Antônio Girão Barroso, Aluísio Medeiros, Otacílio Collares, Artur Eduardo
Benevides, Antônio Martins Filho, Braga Montenegro, Manuel Eduardo Pinheiro Campos, Fran
Martins, José Camelo Ponte, José Stênio Lopes, Milton Dias, Lúcia Fernandes Martins e Mozart
Soriano Aderaldo.
Na década de 70, surgiram outros dois importantes grupos literários no Ceará: O Saco,
uma revista artística inusitada, pois era distribuída com folhas soltas guardadas dentro de um
saco; e o Grupo Siriará, que reuniu diversos jovens escritores, propondo uma literatura cearense
autêntica e desvinculada dos estereótipos que se estabeleceram na retratação literária do
ambiente cearense.
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O Ceará também possui escritores pós-modernistas renomados, embora, em sua maior


parte, pouco conhecidos. Podem-se citar, dentre eles, Pedro Salgueiro, Natércia Campos, Airton
Monte, Tércia Montenegro, Raymundo Netto dentre outros. A escritora Socorro Acioli ganhou o
Prêmio Jabuti de Literatura Infantil em 2013. Seu romance "A cabeça do santo" foi publicado na
Inglaterra, França e Estados Unidos, onde foi escolhido como um dos 50 melhores livros do ano
pela New York Public Library.

Literatura popular cearense

No Ceará, a literatura de cordel desenvolveu-se expressivamente em Juazeiro do Norte,


desde as primeiras décadas do século passado. Em Fortaleza, a Literatura de Cordel surgiu no
período da Oligarquia de Nogueira Accioly, período esse, em que circularam alguns folhetos
destratando a figura do governador cearense. Nesta mesma época, atuava também em Fortaleza
o poeta-editor potiguar Luiz da Costa Pinheiro, autor do clássico ―O Boi Mandingueiro e o Cavalo
Misterioso‖.

2. ASPECTOS DA HISTÓRIA DA ARQUITETURA E ESTILOS


ARQUITETÔNICOS
A arquitetura é a arte e a ciência de projetar e construir edifícios ou outros tipos de
edificações. Os arquitetos se inspiram na estética, pesquisando a harmonia das proporções, além
de aplicar técnicas funcionais e estruturais.
A História da arquitetura é uma subdivisão da História da Arte responsável pelo estudo da
evolução histórica da arquitetura, seus princípios, ideias e realizações. Esta disciplina, assim
como qualquer outra forma de conhecimento histórico, está sujeita às limitações e
potencialidades da história enquanto ciência: existem diversas perspectivas em relação ao estudo
da arquitetura, a maior parte das quais ocidentais.
Na maioria dos casos (mas nem sempre), os períodos estudados pela História da
Arquitetura correm paralelos aos da História da Arte, embora existam momentos em que
as estéticas se sobreponham ou se confundam. Não raro, uma estética que é
considerada vanguarda nas artes plásticas ainda não ter encontrado sua representação na
arquitetura, e vice-versa.
Dos tijolos de barro seco ao concreto armado, das casas mais primitivas aos arranha-céus,
das primeiras tumbas sagradas às grandiosas catedrais europeias, de pequenos vilarejos pré-
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históricos às ilhas artificiais, o arquiteto continua contando a história do Planeta Terra, em linhas,
texturas e cores. Assim como acontece com quase toda atividade humana, é difícil determinar um
período histórico ou uma região e dizer que a arquitetura começou naquele momento. A primeira
notícia que se tem dela está ligada às cidades pioneiras que surgiram no Oriente Médio e na Ásia
Central no sétimo milênio a.C. quando as primeiras residências foram construídas, usando tijolos
de lama secados ao sol, conhecidos como tijolos crus — material que, ainda hoje, é um dos mais
utilizados, principalmente em construções mais populares.

2.1. Estilos arquitetônicos

2.1.1. Arquitetura Egípcia

Desenvolveu-se no Egito Antigo e estava ligada às obras públicas e particulares


desenvolvidas pelo governo do faraó. Geralmente, eram construções imponentes e construídas
com pedras. Podemos destacar como exemplos da arquitetura egípcia: templos, palácios,
pirâmides e as grandes estátuas de pedra de esfinges.

2.1.2. Arquitetura Clássica

Desenvolveu-se na Grécia Antiga. Grande parte das obras arquitetônica dos gregos era
feita de pedras de mármore. A presença dos arcos, típico do estilo dórico, é um exemplo de estilo
presente nos templos e palácios da Grécia Antiga. Um dos principais exemplos da arquitetura
grega é o Parthenon, templo construído no século V a.C. e dedicado à Atena (deusa protetora da
cidade de Atenas).

2.1.3. Arquitetura Romana

Os romanos buscaram inspiração artística na arquitetura dos gregos. A questão da


funcionalidade esteve muito presente nas obras arquitetônicas dos romanos. Estes construíram,
principalmente, palácios, aquedutos, anfiteatros e pontes.

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Coliseu de Roma
Características principais da arquitetura romana:
- Solidez nas construções (característica que herdaram dos etruscos);
- Uso do arco nas construções;
- Uso da abóbada (construção em forma de arco que preenche espaços entre arcos,
muros e outros tipos de espaços);
- Construções sóbrias, funcionais e luxuosas.

Principais tipos de arquitetura romana:

Aquedutos
Arcos com canaletas que conduziam a água dos reservatórios para as cidades. Eram feitos
de pedra e significou um avanço na canalização e distribuição de água na Antiguidade.
Templos
Eram construídos em homenagem aos deuses. Eram luxuosos e bem iluminados.
Possuíam apenas um portal de entrada com escada de acesso.
Arcos de Triunfo
Eram construídos em homenagem aos imperadores, principalmente, para marcar grandes
feitos e conquistas. Eram feitos de pedra ou mármore.
Estradas
Feitas de pedra, eram importantes rotas para o comércio e também deslocamento do
exército, pois ligavam várias cidades, regiões e províncias. Eram tão resistentes que muitas delas

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existem até hoje. A mais conhecida foi a Via Ápia.


Banhos públicos
Prédios destinados aos banhos públicos, que eram espaços com piscinas aquecidas onde
romanos das altas classes relaxavam e mantinham contatos sociais.
Circus e Anfiteatros
Construções destinadas ao entretenimento. Nos circus ocorriam, principalmente, corridas
de bigas. Nos anfiteatros ocorriam espetáculos como, por exemplo, os embates entre
gladiadores. O anfiteatro mais conhecido foi o Coliseu de Roma.
Exemplos da arquitetura romana:
- Fórum Romano
- Templo do Capitólio
- Arco do Triunfo de Tito e Vespasiano
- Coliseu de Roma
- Templo de Vesta
- Arco do imperador Trajano
- Teatro de Marcellus
- Templo de Marte

2.1.4. Arquitetura Contemporânea

O desenvolvimento da tecnologia a partir do final do século XIX representou significativas


influências na arquitetura. Os arquitetos passaram a usar novos materiais na construção dos
edifícios como, por exemplo, o aço, o ferro, o vidro e o concreto armado. As pesquisas no campo
da arquitetura e engenharia civil foram orientadas, principalmente, na busca pela funcionalidade e
exploração dos espaços disponíveis. Como exemplo arquitetônico deste período, podemos citar
o Empire State Building, construído na cidade de Nova Iorque em 1931.

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O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, projetado por Niemeyer

2.1.5. Arquitetura Gótica

O estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do século XIII
ao XV). As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, no geral, algumas
características em comum. O formato horizontal foi substituído pelo vertical, opção que fazia com
que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também
foram muitos usados. As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas
apareciam em grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Os arcos de volta-
quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados.
Com relação às esculturas góticas, o realismo prevaleceu. Os escultores buscavam dar
um aspecto real e humano às figuras retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos).
No tocante à pintura, podemos destacar as iluminuras, os vitrais, painéis e afrescos.
Embora a temática religiosa ainda prevalecesse, observa-se, no século XV, algumas
características do Renascimento: busca do realismo, expressões emotivas e diversidade de
cores.

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43
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Catedral de Notre-dame
Exemplos de construções medievais com arquitetura gótica:
- Catedral de Amiens (França)
- Catedral de Chartres (França)
- Catedral de Notre-Dame (França)
- Catedral de Colônia (Alemanha)
- Catedral de Reims (França)
- Catedral de Santa Maria del Fiore (Itália)
- Catedral de Metz (França)
- Catedral de Santo Estêvão (Áustria)
- Catedral de Sevilha (Espanha)
- Catedral de Toledo (Espanha)

3. PATRIMÔNIO.

3.1. Conceito
Podemos dizer que Patrimônio é o conjunto de bens materiais e/ou imateriais que contam
a história de um povo e sua relação com o meio ambiente. O Patrimônio pode ser classificado em
Histórico, Cultural e Ambiental.
A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio
estabelecido pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 ―o conjunto de bens móveis e

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imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação
a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou
etnográfico, bibliográfico ou artístico‖.

3.2. Classificação.

3.2.1. Patrimônio Histórico


Patrimônio Histórico pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que
possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a
sociedade. Estes patrimônios foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por
isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural.
Exemplos de patrimônios históricos
Lista de alguns patrimônios históricos mundiais: Pirâmides de Gizé (Egito), Machu Picchu
(Peru), Estátua da Liberdade (Estados Unidos), Muralha da China (China), Torre de Piza (Itália),
Coliseu de Roma (Itália), Palácio de Versalhes (França), Torre Eiffel (França) e Acrópole de
Atenas (Grécia).
Lista de alguns patrimônios históricos do Brasil: Cidade Histórica de Ouro Preto (Minas
Gerais), Centro Histórico de Olinda (Pernambuco), Pelourinho, Estação da Luz (São Paulo),
Ruínas de São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul), Cristo Redentor (Rio de Janeiro),
Conjunto Urbanístico de Brasília, Palácio do Catetinho (Brasília).

3.2.2. Patrimônio Cultural


O mesmo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substitui a nominação Patrimônio
Histórico e Artístico, por Patrimônio Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito de
referência cultural e a definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter
imaterial. A Constituição estabelece ainda a parceria entre o poder público e as comunidades para
a promoção e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, no entanto mantém a gestão do
patrimônio e da documentação relativa aos bens sob responsabilidade da administração pública.
O Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens ―de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira‖.
Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos
de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os
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conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,


ecológico e científico.

3.2.3. Patrimônio Ambiental


Os patrimônios ambientais, também chamados de patrimônios naturais, são áreas
escolhidas por conta de suas características estéticas ou científicas figurarem como prioritárias
em processos de preservação para as gerações futuras.
Órgãos nacionais e internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU),
escolhem estes locais e, ao destacarem a sua importância, buscam desenvolver medidas para
que essas áreas não sofram ações destrutivas.
Considerar uma área ou formação natural como patrimônio equivale dizer que ela é
importante e pertence a todos, por isso precisa ser tratada com extremo cuidado para que
perdure no tempo. Um processo que em sua essência é muito parecido com a preservação do
patrimônio histórico e cultural.
Áreas de grande biodiversidade acabam sendo beneficiadas ao serem consideradas
patrimônios naturais, principalmente se estão na lista de Patrimônios Naturais da Unesco, órgão
das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura.
A visibilidade internacional que se ganha ao entrar nesta lista faz com que autoridades e
ambientalistas de todo o mundo passem a exigir a preservação das áreas consideradas
patrimônio, uma força a mais na luta em defesa das mesmas.
O Brasil, com a sua enorme diversidade ambiental, conta com sete áreas consideradas
pela Unesco como Patrimônios Naturais da Humanidade. São elas:
• Parque Nacional de Iguaçu;
• Mata Atlântica – Reservas do Sudeste;
• Costa do Descobrimento – Reservas da Mata Atlântica;
• Complexo de conservação da Amazônia Central;
• Área de conservação do Pantanal;
• Áreas protegidas do Cerrado – Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas; e
• Ilhas Atlânticas Brasileiras – Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas.

3.3. Preservação e proteção


Há uma preocupação mundial em preservar os patrimônios históricos da humanidade,
através de leis de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características

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originais.
Mundialmente, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e
Educação) é o órgão responsável pela definição de regras e proteção do patrimônio histórico e
cultural da humanidade.
No Brasil, existe o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Este
órgão atua, no Brasil, na gestão, proteção e preservação do patrimônio histórico e artístico no
Brasil.
Quando um imóvel é tombado por algum órgão do patrimônio histórico, ele não pode ser
demolido, nem mesmo reformado. Pode apenas passar por processo de restauração, seguindo
normas específicas, para preservar as características originais da época em que foi construído.
A participação dos arquitetos e urbanistas é fundamental na preservação dos acervos
construídos.

4. IDENTIDADE CULTURAL.
4.1. Conceito.
A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos
historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores entre os
membros de uma sociedade. Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha complexidade,
podemos compreender a constituição de uma identidade em manifestações que podem envolver
um amplo número de situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos.
Durante muito tempo, a ideia de uma identidade cultural não foi devidamente
problematizada no campo das ciências humanas. Com o desenvolvimento das sociedades
modernas, muitos teóricos tiveram grande preocupação em apontar o enorme ―perigo‖ que o
avanço das transformações tecnológicas, econômicas e políticas poderiam oferecer a
determinados grupos sociais. Nesse âmbito, principalmente os folcloristas defendiam a
preservação de certas práticas e tradições.
Um dos mais conhecidos exemplos dessa nova tendência que pensa a questão das
identidades pode ser encontrada na obra do pesquisador Nestor Garcia Canclini. Em vários de
seus escritos, este pensador tem a recorrente preocupação de analisar diversas situações nas
quais mostra que a cultura e as identidades não podem ser pensadas como um patrimônio a ser
preservado. Longe disso, ele assinala que o intercâmbio e a modificação são caminhos que
orientam a formulação e a construção das identidades.
Com esses referenciais, antigos problemas que organizavam os estudos culturais perdem
a sua força para uma visão de natureza mais ampla e flexível. A antiga dicotomia que propunha a

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cisão entre ―cultura popular‖ e ―cultura erudita‖, por exemplo, deixa de legitimar a ordenação das
identidades por meio de pressupostos que atestavam a presença de esferas culturais intocáveis
em uma mesma sociedade. Além disso, outras investigações cumpriram o papel de questionar
profundamente o clássico conceito de aculturação.
Partindo dessas novas noções de identidade, antigos temas relacionados à cultura que
aparentavam completo esgotamento ganharam um novo fôlego interpretativo. As identidades
passaram a ser trabalhadas com definições menos rígidas. Diversos estudos vão contra a ideia
de que uma população deve abraçar a sua cultura e garantir todas as formas possíveis de
cristalizá-la. Dessa forma, presenciamos a abertura de novas possibilidades de entender o
comportamento do homem com seu mundo.

Por Rainer Sousa


Mestre em História

4.2. Memória.
Conceito de memória. A memória (do latim memória) é a faculdade psíquica através da
qual se consegue reter e (re)lembrar o passado. A palavra também permite referir-se à
lembrança/recordação que se tem de algo que já tenha ocorrido, e à exposição de fatos, dados
ou motivos que dizem respeito a um determinado assunto.

UNIDADE II

5. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL.
Todas as vezes que as pessoas se reúnem para construir e dividir conhecimentos,
investigar para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que as cerca estão
realizando uma ação educativa. Quando tudo isso é feito levando em conta algo relativo ao
patrimônio cultural, então trata-se de Educação Patrimonial.
A Educação Patrimonial constitui-se de todos os processos educativos formais e não
formais que têm como foco o patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para a
compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de
colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera-se, ainda, que os
processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por
meio da participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais,

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onde convivem diversas noções de patrimônio cultural.


Ao mesmo tempo, são amparadas em uma série de premissas conceituais: as
comunidades devem ser participantes efetivas das ações educativas; os bens culturais estão
inseridos nos espaços de vida das pessoas; a Educação Patrimonial é um processo de mediação;
o patrimônio cultural é um campo de conflito; os territórios são espaços educativos; as ações
educativas devem levar em conta a intersetorialidade das políticas públicas; e é necessária uma
abordagem transversal e dialógica da educação patrimonial.

5.1. Patrimônio Cearense


O Ceará abriga quatro conjuntos arquitetônicos tombados pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. Como patrimônio nacional, nomeadamente os núcleos históricos
das cidades de Icó, Aracati, Sobral e Viçosa do Ceará. A cidade com maior número de prédios
tombados é Fortaleza.

5.1.1. Patrimônio histórico, artístico e cultural do Ceará.

Esfera do Ano do
Município Monumento ou obra Uso atual
tombamento tombamento

Fortaleza de Nossa Senhora da


Fortaleza Federal 10ª Região Militar 2008
Assunção

Igreja do Senhor do Bom Jesus


Fortaleza Municipal — 2006
dos Aflitos

Igreja Matriz Nossa Senhora do


Tauá Estadual - 2006
Rosário

Tauá Igreja de Marrecas Estadual - 2006

Fortaleza Casa Rachel de Queiroz Municipal — 2005

Fortaleza Colégio Dorotéias Municipal — 2005

Fortaleza Edifício São Pedro Municipal — 2005

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Esfera do Ano do
Município Monumento ou obra Uso atual
tombamento tombamento

Fortaleza Escola de Música Luís Assunção Municipal — 2005

Fortaleza Escola Jesus Maria José Municipal — 2005

Fortaleza Ideal Club Municipal — 2005

Fortaleza Lord Hotel Municipal — 2005

Fortaleza Mercado da Aerolândia Municipal — 2005

Fortaleza Mercado dos Pinhões Municipal — 2005

Fortaleza Náutico Atlético Cearense Municipal — 2005

Fortaleza Prédio do IMPARH Municipal — 2005

Fortaleza Prédio do Português Municipal — 2005

Fortaleza Santa Casa de Misericórdia Municipal — 2005

Fortaleza Palácio do Bispo Municipal Prefeitura 2005

Fortaleza Bar do Avião Municipal bar e borracharia 2005

Fortaleza Galpões da RFFSA Estadual — 2004

Sobrado do Doutor José


Fortaleza Estadual — 2004
Lourenço

Viçosa do Conjunto arquitetônico e


Federal Diversos 2003
Ceará urbanístico de Viçosa do Ceará[1]

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Esfera do Ano do
Município Monumento ou obra Uso atual
tombamento tombamento

Conjunto arquitetônico e
Aracati Federal — 2001
paisagístico de Aracati

Conjunto arquitetônico e
Sobral Federal — 2000
urbanístico de Sobral

Conjunto arquitetônico e
Icó Federal — 1998
urbanístico de Icó

Fortaleza Sociedade União Cearense Estadual — 1995

Fortaleza Antiga Escola Normal Estadual Sede do IPHAN 1995

Fortaleza Banco Frota e Gentil Estadual banco 1995

Fortaleza Solar Fernandes Vieira Estadual Arquivo Público 1995

Fortaleza Cinema São Luiz Estadual — 1991

Parque da Liberdade (Cidade da


Fortaleza Municipal — 1991
Criança)

Fortaleza Praça General Tibúrcio Estadual — 1991

Fortaleza Teatro São José Municipal — 1988

Fortaleza Capela de Santa Teresinha Municipal — 1986

Fortaleza Estoril Municipal — 1986

Fortaleza Ponte dos Ingleses Municipal — 1986

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Esfera do Ano do
Município Monumento ou obra Uso atual
tombamento tombamento

Aquiraz Mercado de Carne de Aquiraz Federal — 1984

Quixadá Açude do Cedro Federal — 1984

Fortaleza Estação João Felipe Estadual — 1983

Fortaleza Igreja Nossa Senhora do Rosário Estadual — 1983

Sede do Departamento Nacional


Museu de Tecnologia
Fortaleza de Combate à Seca (Palacete Federal 1983
de Combate à Seca
Carvalho Mota)

Fortaleza Farol do Mucuripe Estadual Museu de Fortaleza 1983

Fortaleza Palacete Ceará Estadual banco 1983

Academia Cearense
Fortaleza Palácio da Luz Estadual 1983
de Letras

Fortaleza Secretaria da Fazenda Estadual — 1982

Fortaleza Antiga Cadeia Pública Estadual Emcetur 1982

Igreja de Nossa Senhora da


Itarema Federal Igreja Católica 1980
Conceição de Almofala

Casa de Câmara e Cadeia de


Aracati Federal 1980
Aracati

Casa de Câmara e Cadeia de


Icó Federal 1975
Icó

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Esfera do Ano do
Município Monumento ou obra Uso atual
tombamento tombamento

Iguatu Igreja Matriz de Santana Federal — 1974

Fortaleza Assembleia Provincial do Ceará Federal Museu do Ceará 1973

Casa de Câmara e Cadeia de


Caucaia Federal 1973
Caucaia

Casa de Câmara e Cadeia de Câmara de


Quixeramobim Federal 1972
Quixeramobim Quixeramobim

Passeio Público (Praça dos


Fortaleza Federal — 1965
Mártires)

Fortaleza Teatro José de Alencar Federal — 1964

Casa de José de
Fortaleza Casa natal de José de Alencar Federal 1964
Alencar

Igreja Matriz de Nossa Senhora


Aracati Federal — 1957
do Rosário

Coleção arqueológica do Museu


Fortaleza da Escola Normal Justiniano de Federal — 1941
Serpa

Casa de Câmara da Villa de


Fortaleza Municipal — —
Arronches

Fortaleza Cine Messejana Municipal — —

Estação Ferroviária da
Fortaleza Municipal — —
Parangaba

Fortaleza Municipal — —
Intendência Municipal da Villa de

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Esfera do Ano do
Município Monumento ou obra Uso atual
tombamento tombamento

Porangaba

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. IPHAN. Página consultada em 20 de julho de 2015.

6. CULTURA POPULAR TRADICIONAL


6.1. História
Cultura popular constitui um conceito impreciso, que se presta a definições diversas.
Para apreender os traços que caracterizam as diversas acepções de cultura popular, é
preciso acompanhar a dinâmica da transformação dessa expressão ao longo dos estudos
voltados para esse campo.
Em meados do século XIX, o foco sobre a cultura popular estava politicamente associado à
ascensão do nacionalismo, na formação dos modernos Estados europeus, fazendo parte de um
movimento de busca e legitimação de uma identidade nacional (BURKE, 2010). Para aqueles
estudiosos da cultura popular, o povo era constituído pelos camponeses, vivendo em meio rural,
mais próximos à natureza, mais afastados das áreas urbanas, logo, menos influenciados por
outros valores e costumes. A despeito das diferenças existentes entre os modos de vida de
pastores, lavradores, artesãos, tecelões ou mineiros, entre outros, o povo que referenciava a
cultura popular era percebido como um conjunto homogêneo.
As transformações sociais patentes aos olhos dos intelectuais da época ocasionaram uma
coleta urgente e salvadora diante da proclamada extinção dos contextos produtores e
mantenedores das tradições. Havia a preocupação de registrar, documentar e colecionar
canções, contos, poesias, provérbios, peças artesanais, costumes e crenças antes que fosse
tarde demais, pois estavam fadados a desaparecer, condenados pela modernização, pelo
crescimento das cidades, pela disseminação da alfabetização e pelo avanço da industrialização.
Quando o inglês Thoms cunhou o termo folklore (literalmente ‗o saber do povo‘), em 1846,
o termo parecia apropriado para englobar o material que era coletado na época, entendido como
―antiguidades populares‖, ―superstições‖ ou ―curiosidades‖, e delinear uma metodologia mais
adequada para a identificação e registro desse material.
Na esteira das abordagens europeias, os intelectuais brasileiros se voltaram para as
manifestações culturais populares, particularmente por meio do estudo da literatura oral.
Enquanto, na Europa, a definição de cultura popular como o saber tradicional de pessoas
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simples, iletradas, da área rural, estava associada à permanência de formas culturais livres de
interferências estrangeiras e/ou estranhas, logo, como depositária de uma singularidade capaz de
embasar uma identidade nacional, no Brasil se verificou empenho em fundar a identidade da
jovem nação brasileira na mestiçagem, decorrente da interação de três raças – o índio, o negro e
o branco – que compunham a população. Os primeiros estudos no país procuravam detectar as
contribuições específicas de uma ou de outra raça para os contos, lendas, crenças e costumes,
de modo a deslindar a composição mestiça preconizada. O movimento folclórico, como ficou
conhecido o esforço dos intelectuais brasileiros nesse campo, preocupou-se em traçar os
contornos iniciais de uma base conceitual e de uma categorização que acompanhassem o
material coletado. A evolução do campo de estudos, durante o movimento modernista brasileiro,
seguiu novas orientações e ampliou o repertório, incluindo músicas, ritmos, festejos, folguedos e
rituais nas investigações empíricas que se estenderam por várias regiões do país.
No decorrer do século XX, com o fortalecimento das disciplinas acadêmicas ligadas às
Ciências Humanas e Sociais, os estudos do folclore foram perdendo autonomia, sendo alocados
ora como parte do campo da Literatura, ora da História, da Sociologia ou da Antropologia. Por fim,
o próprio termo folclore adquiriu uma conotação pejorativa, associado, por muitos, a uma noção
de verdade infundada.
Burke (2010) sugere que é mais proveitoso analisar as interações entre a cultura erudita e
a popular do que tentar definir o que as separa, e propõe um movimento em dois sentidos: o ―de
baixo para cima‖, no qual escritores ou pintores recorrem à herança cultural popular para a
produção de suas obras; e o ―de cima para baixo‖, no qual motivos artesanais, por exemplo,
recorrem a um repertório de padrões extraídos da cultura erudita. O longo processo de interação
entre elementos eruditos e populares dá lugar, portanto, à circularidade de temas, padrões e
imagens.
A adaptação às circunstâncias de cada contexto é uma característica constante da
transmissão da tradição. A transmissão oral aciona esquemas mnemônicos que garantem a
estabilidade das estruturas musicais, plásticas e narrativas, dando margem, porém, a múltiplas
variações desse esquema, em virtude dos aspectos contingentes de cada performance. Além
disso, a própria definição de tradição sofreu forte crítica por parte de Hobsbawm e Ranger (1984),
segundo a qual várias práticas consideradas muito antigas foram na verdade inventadas há
pouco tempo.
A cultura popular, como expressão cultural dos segmentos menos favorecidos, apartados
do poder político e econômico, manteve-se em foco durante muito tempo, gerando
contraposições, tais como erudito x popular, moderno x tradicional, hegemônico x subalterno.
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Canclini (2013) acrescenta a cultura de massa nessa discussão, associando o termo ‗popular‘
tanto à noção de povo quanto à noção de popularidade, referindo-se ao que agrada a muitos e
alcança altos índices de venda, principalmente em decorrência das ações promocionais da
indústria cultural. Essas acepções divergentes em torno do termo concorrem para o debate
tradição x inovação. O popular atribuído aos segmentos sociais não afetados pelo cosmopolitismo
das elites e pautados na preservação das tradições repousa sobre a permanência das
expressões culturais, memória e testemunho da uma identidade cultural. Já o popular produzido
pela indústria cultural padece de uma rápida obsolescência, privilegiando sempre o novo.
As definições de cultura popular em sentido negativo – não hegemônica, não oficial, não
moderna, não cosmopolita, não erudita, e assim por diante – exploram a concepção de duas
camadas sociais, elite e povo, com base na desigualdade social. Além disso, a própria cultura
popular é segmentada em um grande conjunto produtor e preservador de práticas tradicionais e
em um pequeno conjunto estigmatizado, de práticas permeadas pela reputação de transgressão
social, alvo de fortes repressões. O carnaval, o jongo e os cultos de candomblé, para citar apenas
alguns exemplos, já sofreram prisões de participantes e apreensões de instrumentos e objetos
rituais.
Nos estudos interdisciplinares mais recentes, a cultura popular aparece como um modo de
vida marcado por uma complexa interação de fatores socioculturais, econômicos, políticos e
ecológicos, esmaecendo a divisão entre erudito e popular. Uma das maiores dificuldades continua
a ser a arbitrariedade dos limites considerados eficazes para circunscrevê-la.
Em âmbito internacional, a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e
Popular, documento gerado na 25ª Conferência Geral da Unesco em 1989, define a cultura
tradicional e popular como ―o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural,
fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente
respondem às expectativas da comunidade enquanto expressões de sua identidade cultural e
social: as normas e os valores se transmite oralmente, por imitação ou de outras maneiras‖.
Quando a cultura popular é fundamentada na preservação da tradição, entra em cena a
questão do caráter autoral ou coletivo das manifestações, já que as expressões da cultura
popular costumam estar associadas à ausência de estilos individuais ou de obras assinadas, ao
anonimato e à pequena margem para a inovação.
Na pauta das discussões promovidas por entidades internacionais, as proteções
concedidas às produções intelectuais (marcas, patentes, indicações geográficas, direitos de autor,
entre outras) devem se estender às manifestações e expressões da cultura popular, na medida
em que estas também derivam da criatividade, seja individual ou coletiva. O Comitê
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Intergovernamental da Organização Mundial de Propriedade Industrial (OMPI) aprovou, em 2001,


um Projeto de Disposições com relação à proteção dos Conhecimentos Tradicionais e Folclore.
Cabe observar que proteção, no âmbito da OMPI, distingue-se da salvaguarda promovida pela
Unesco. Enquanto que salvaguarda se volta para a identificação, a documentação, a transmissão
e o fomento dos bens culturais, a proteção da propriedade intelectual visa garantir compensação
justa e impedir a exploração comercial ilícita, a concorrência desleal e o uso não autorizado/não
apropriado.
É digno de nota também que, no documento da OMPI de 2001, o termo folclore reaparece
como equivalente à expressão cultura tradicional, enquanto na Convenção da Unesco para a
Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, em 2003, a expressão ―patrimônio cultural imaterial‖
toma o lugar de ―cultura tradicional e popular‖ da Recomendação de 1989.
Diante das transformações nas concepções da cultura popular, que tangenciam folclore,
cultura oral, cultura tradicional e cultura de massa, o emprego da expressão no plural – culturas
populares – talvez consiga mais facilmente percebê-la como práticas sociais e processos
comunicativos híbridos e complexos que promovem a integração de múltiplos sistemas
simbólicos de diversas procedências.

http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/26/cultura-popular

6.2. Conceitos
Na cultura popular, cabe de um tudo: música, canto, dança, encenações, festas, literatura,
jogos, brincadeiras, artesanato, culinária tradicional, etc. Transmitida de geração em geração, de
forma oral ou por imitação, ela nasce do conhecimento, dos costumes e tradições de um povo. E
por isso mesmo, os contornos são imprecisos, acolhendo as complexas expressões de saberes,
fazeres, práticas e artes produzidas por uma comunidade.
Uma definição, no entanto, foi cunhada na Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular: ―é o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural,
fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente
respondem às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e
social‖. O documento foi gerado na 25ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1989.

6.3. Manifestações da Cultura Popular Tradicional


Confira as peculiaridades de algumas manifestações da cultura popular brasileira. Foram

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selecionadas formas de expressão ou celebrações já registradas – ou em processo de registro –


como patrimônio imaterial pelo Iphan.
Literatura de Cordel
A Literatura de Cordel é assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos,
dependurados em barbantes (cordão), nas feiras, mercados, praças e bancas de jornal,
principalmente das cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. A tradição dessas
publicações populares, geralmente em versos, não existe apenas no Brasil. Na Espanha, por
exemplo, é chamada de pliego de cordel e pliegos sueltos (folhas soltas). Essa manifestação
popular chegou ao Brasil no balaio dos colonizadores portugueses, instalando-se primeiramente
na Bahia, mais precisamente em Salvador – então capital brasileira. Dali, se irradiou para os
demais estados do Nordeste. Por volta de 1750, apareceram os primeiros poetas da literatura de
cordel oral. O poeta popular é considerado um representante do povo, o repórter dos
acontecimentos da vida no nordeste brasileiro. A Literatura de Cordel pode narrar desde histórias
de amor aos feitos do cangaceiro Lampião, importantes acontecimentos de interesse público.
Frevo
É uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, densamente enraizada em
Recife e Olinda, no Estado de Pernambuco. Gênero musical urbano, o Frevo surge no final do
século XIX, no carnaval, em um momento de transição e efervescência social, como uma forma
de expressão das classes populares na configuração dos espaços públicos e das relações sociais
nessas cidades. As bandas militares e suas rivalidades, os escravos recém-libertos, os capoeiras,
a nova classe operária e os novos espaços urbanos foram elementos definidores da configuração
do Frevo. Do repertório eclético das bandas de música, composto por variados estilos musicais,
resultaram suas três modalidades: Frevo-de-rua, Frevo-de-bloco e Frevo-canção.
Simultaneamente à música, foi-se inventando o passo: a dança frenética característica do Frevo.
Improvisada na rua, liberta e vigorosa, a dança de jogo de braços e de pernas é atribuída à ginga
dos capoeiristas, que assumiam a defesa de bandas e blocos, ao mesmo tempo em que criavam
a coreografia. Constitui símbolo de resistência da cultura pernambucana e expressão significativa
da diversidade cultural brasileira.
Bumba-meu-boi
Muitas vezes definido como um folguedo popular, o Bumba-meu-boi extrapola o aspecto
lúdico da brincadeira para fazer sentido como uma grande celebração que gravita em torno do
boi, o seu ciclo vital e o universo místico-religioso. As apresentações dos Bois ocorrem em todo o
estado do Maranhão e concentram-se durante os festejos juninos. Enraizado no cristianismo e,
em especial, no catolicismo, o Bumba-meu-boi envolve a devoção aos santos juninos São João,
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São Pedro e São Marçal. Observa-se, no entanto, o sincretismo entre os santos juninos e os
orixás, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigação espiritual. No Maranhão, a
manifestação comporta diversos estilos de brincar, chamados de sotaques: Baixada, Matraca,
Zabumba, Costa-de-mão e Orquestra. Apesar de ter o boi como elemento central, o Bumba-meu-
boi reúne diversas outras manifestações culturais, articulando várias formas de expressão e
saberes – como as músicas, as danças, as performances dramáticas, os personagens e os
artesanatos.
Jongo
Também conhecido pelos nomes de tambu, batuque, tambor e caxambu, o jongo é
praticado nos quintais das periferias urbanas e em algumas comunidades rurais do sudeste
brasileiro. Integra percussão de tambores, dança coletiva e práticas de magia, e ocorre nas festas
de santos católicos, divindades afro-brasileiras e em festas juninas e festas do Divino. Com raízes
nos saberes, ritos e crenças dos povos africanos, principalmente os de língua bantu, baseia-se no
respeito aos ancestrais, na valorização dos enigmas cantados e no elemento coreográfico da
umbigada. No Brasil, o jongo consolidou-se entre os negros escravizados que trabalhavam em
lavouras de café e cana-de-açúcar, principalmente no vale do Rio Paraíba. A manifestação
sempre esteve, assim, em uma dimensão onde os negros falam de si e de sua comunidade,
através da crônica e da linguagem cifrada.
Tambor de Crioula
Manifestação afro-brasileira que ocorre na maioria dos municípios do Maranhão, o Tambor
de Crioula envolve dança circular feminina, canto e percussão de tambores. Dela participam as
coreiras ou dançadeiras, conduzidas pelo ritmo intenso dos tambores e pelo influxo das toadas
evocadas por tocadores e cantadores, culminando na punga ou umbigada – gesto característico,
entendido como saudação e convite. Praticado livremente, seja como divertimento ou em
devoção a São Benedito, o Tambor de Crioula não tem local definido, nem época fixa de
apresentação, embora se observe uma maior ocorrência durante o Carnaval e nas apresentações
de Bumba-meu-boi.
Congadas de Minas
São uma forma de celebração da devoção a Nossa Senhora do Rosário e/ou São
Benedito, Santa Efigênia e outros santos da devoção católica. Mas também guardam relações
com as formas expressas na religiosidade africana. Denominada ainda de Congados, Catupé ou
Reinado de Nossa Senhora do Rosário, sua origem remonta ao período da escravidão e é
tradição em diversas comunidades de Minas Gerais.
Cocos do Nordeste
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Dança típica das regiões praieiras, o Cocos do Nordeste se originou do canto dos tiradores
de coco, transformando-se, em seguida, em ritmo dançado. Apresentam uma coreografia básica:
os participantes formam filas ou rodas onde executam um sapateado característico, respondem o
coco, trocam umbigadas entre si e com os pares vizinhos e batem palmas marcando o ritmo. É
comum também a presença do mestre ―cantadô‖, que puxa os cantos já conhecidos dos
participantes ou de improviso. A dança tem influências dos bailados indígenas dos Tupis e nos
batuques africanos. Apresenta uma grande variedade de formas, sendo as mais conhecidas o
coco-de-amarração, coco-de-embolada, balamento e pagode. Utiliza instrumentos de percussão,
mas muitas vezes apenas as palmas ritmadas dão início à manifestação. É um folguedo do ciclo
junino, mas também é dançado em outras épocas do ano.

Marujada de São Benedito


Mais do que uma procissão religiosa, a Marujada de São Benedito é uma festiva tradição,
que além do retumbão agrega ritmos como o xote, o chorado e a mazurca, cada um associado a
uma dança específica. Com belos trajes, cores e danças, a Marujada reúne uma multidão em
homenagem ao padroeiro da cidade de Bragança, no Pará. É constituída principalmente por
mulheres, cabendo a elas a direção e a organização. Dirigida pela ―Capitã‖, a Marujada promove
uma dança nas ruas e nas casas da cidade, reverenciando pessoas da comunidade local. As
mulheres dançam em duas filas, indo à frente a capitã, que carrega um enfeitado bastão de
madeira. Os homens, músicos e acompanhantes, também são dirigidos por um capitão. Utiliza
pandeiros, rabeca, viola, cavaquinho, cuíca, violões, e claro, os tambores. Teve início em 1798,
quando escravos tiveram a autorização de seus senhores para louvar ao Santo Preto: São
Benedito. Em agradecimento, saíram de porta em porta comemorando.
Fandango Caiçara
O Fandango Caiçara é uma expressão cultural que abrange o litoral sul do estado de São
Paulo e o litoral norte do estado do Paraná. As danças do Fandango, chamadas de ―marcas‖ ou
―modas‖, recebem duas classificações: batido e bailado ou valsado, cujas diferenças se definem
pelos instrumentos utilizados, pela estrutura musical, pelos versos e toques. Nos bailes batidos,
estão presentes as danças coreografadas e o ritmo marcado, tradicionalmente, pelos tamancos
no chão de madeira. Já nos bailes com valsados, os pares de dançarinos enchem o salão ao som
de canções entoadas por rabecas e violas artesanais. Sem regras rígidas, há momentos em que
os dois estilos se mesclam. Nos bailes, se estabelecem redes de diálogos entre gerações e o
intercâmbio de modas e passos, viabilizando a manutenção da memória e da prática das
diferentes músicas e danças. O Fandango Caiçara é uma forma de expressão enraizada no
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cotidiano das comunidades caiçaras (povos que se estabelecem em ambientes litorâneos), um


espaço de reiteração de sua identidade.

6.4. Formação étnica brasileira - Ceará


Em 2008, a distribuição da população cearense por cor era de 33,05% autodeclarados
brancos, acima dos 30,02% verificados na contagem de 1998; 3,03% autodeclarados negros,
acima dos 1,22% em 1998; e 63,39% de autodeclarados pardos, proporção essa que diminuiu,
comparada à de 1998, de 68,69%. Em proporção, o Ceará tem mais brancos e menos negros
que a média nordestina, mesmo que a proporção de pessoas que se autodeclaram negras tenha
aumentado bastante.
Em decorrência das características econômicas que sempre predominaram no Ceará,
como a pecuária e a cotonicultura, e aos aspectos naturais da terra, como o regime periódico de
secas, que gerava graves situações de escassez de alimentos em várias áreas sertanejas,
a escravidão africana não vicejou no estado da mesma forma que ocorreu no restante do país à
época. Dessa forma, a população negra cearense sempre foi relativamente pequena. Vários
negros, contudo, migraram para o Ceará como homens livres e fincaram raízes. Estudos indicam
que a maior parte dos negros cearenses tinham origem em povos bantus e do Benim.
Em 1864, havia apenas 36 mil cearenses escravos; número que, em 1887, reduzira-se
para apenas 108 dentro de uma população que, já em 1872, era composta por 721 686
habitantes. Em 1813, os escravos representavam 11,5% dos cearenses, dos quais 63% eram
negros. Ao fazer comparação com estados escravistas próximos, constata-se quão pouco
importante era a escravidão na sociedade do Ceará: em 1864, Pernambuco tinha 260 mil
escravos, permanecendo ainda com 41 122 em 1887; e a Bahia, 300 mil escravos em 1864 e
76 838 escravos restantes em 1887.
A constituição étnica do povo cearense remonta a muitos séculos. O censo de 1813
mostrava uma configuração já tendente à atual, com predominância de pardos: 28% de brancos,
6% de indígenas, 16% de negros e 50% de pardos. Assim, predominam os mestiços,
descendentes, em sua maior parte, de brancos e índios, mulatos e caboclos que viviam como
vaqueiros, moradores de fazendas, pescadores, dentre outros. Os brancos, em sua grande
maioria, descendem de portugueses, com contribuição de holandeses, espanhóis, sírio-libaneses
(estimam-se 5 mil descendentes no Estado ) e outros, mas grande parcela dos brancos também
possui ancestralidade multiétnica, como acontece em todo o Brasil.
Segundo dados do estudo Frequência de Antígenos HLA em uma Amostra da População
Cearense, realizado pelo professor Dr. Henry Campos, professor da Faculdade de Medicina
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da Universidade Federal do Ceará, há um predomínio nítido de um antígeno no grupo de


cearenses que não é o mesmo presente nas populações de negros e portugueses. Comparado
esse estudo com outros semelhantes realizados em Pernambuco e Bahia, confirma-se que a
predominância indígena no Ceará é relevante.
O Ceará tem, atualmente, quinze etnias indígenas nativas reconhecidas. A população
estimada dessas etnias é de 22 500 índios, de acordo com dados do Distrito Sanitário Especial
Indígena do Ceará (FUNASA). No Ceará, muitas pessoas desconheciam a existência dos índios,
pois políticas oficiais, durante muito tempo, obrigaram os indígenas a esconderam sua identidade.
Um decreto da Assembleia Provincial do Ceará, datado de 1863, declarou que não havia índios
na província. À época, eles passaram a ser desacreditados, perseguidos e tiveram suas terras
invadidas. Somente na década de 1980, os índios cearenses começaram a reivindicar seus
direitos de posse de terra e começaram a ter o reconhecimento de suas etnias.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1(editada pela última vez às 16h26min de 14 de outubro de
2018).

7. MANIFESTAÇÕES DA CULTURA POPULAR TRADICIONAL CEARENSE

A jangada é um dos principais símbolos do Ceará. Fruto do trabalho artesanal, elas representam a
"tenacidade" e o "espírito nômade".

A cultura cearense tem como base essencialmente as culturas europeia e ameríndia, de


forte tradição sertaneja e também influência afro-brasileira. Quando da introdução da cultura
portuguesa no Ceará, ao longo do século XVII, os índios já produziam diversificado artesanato a
partir de vegetais como o cipó e a carnaúba, bem como dominavam técnicas primitivas de
tecelagem do algodão, inclusive tingindo os tecidos de vermelho com a casca da aroeira. Com a
colonização, diversas técnicas europeias se somaram a essa base cultural, formando uma arte
popular que viria a ser renomada nacional e internacionalmente.
Com origens portuguesas e relevante influência indígena, têm destaque a produção de
redes com os mais diversos bordados e formas e intrincadas rendas feitas em bilros, talvez o
maior destaque da produção artesanal cearense, sendo uma arte tradicional no Ceará desde
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meados do século XVIII. As rendas e os labirintos possuem maior destaque nas imediações do
litoral, enquanto o interior se destaca mais pelos bordados. As pedras semipreciosas também são
exploradas na confecção de joias, sobretudo em Juazeiro do Norte, Quixadá e Quixeramobim.

Guaramiranga, cidade serrana do Maciço de Baturité, é, pelo seu clima frio e agitada cena cultural e artística,
um importante centro turístico do estado.

Ademais, o artesanato feito em madeira e barro é também de grande destaque, com


produção de esculturas humanas, representando tipos da região; quadros talhados em madeira e
vasos adornados. Outro importante item do artesanato cearense são as garrafas de areias
coloridas, onde são reproduzidas, manualmente, paisagens e temáticas diversas. São ainda
encontrados, em diversas cidades - em especial Massapê, Russas, Aracati, Sobral e Camocim,
cestarias, chapéus e trançados com variadas formas e desenhos feitos da palha da carnaúba,
do bambu e do cipó. Por fim, como consequência natural de uma economia que, durante séculos,
foi essencialmente pecuarista, o couro é trabalhado artesanalmente, em especial para a produção
de chapéus e outras peças da roupa de vaqueiros, assim como de móveis e esculturas. As
principais cidades no artesanato coureiro são Morada Nova, Juazeiro do Norte, Crato, Jaguaribe
e Assaré.
Em diversas áreas do interior cearense, os cordéis, assim como os repentistas e poetas
populares, especialistas no improviso de rimas, ainda estão presentes e ativos, seguindo uma
tradição que remonta aos trovadores e poetas populares da Idade Média lusitana. Outra forte
influência portuguesa se encontra na grande importância das festas religiosas nas cidades de
todo o interior, particularmente as festas de padroeiros, que estão entre as principais festividades
da cultura cearense, abarcando não só cerimônias religiosas, mas também de dança, musicais e
outras formas de entretenimento, numa complexa mistura de aspectos sagrados e profanos.
Destaca-se a Festa de Santo Antônio em Barbalha, famosa pelo pau da bandeira, que é
comemorada nessa forma há 78 anos.

7.1. Mitos e Lendas


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7.1.2. Lendas e curiosidades de Fortaleza e interior do Ceará


Recém-chegado ao Ceará em 1859, o pintor francês, F. Biard, não ficou nem um pouco
surpreso quando se deparou com alguns camelos nas praias de Fortaleza. Para ele isso era
muito natural. Mas não para a população que quando viu aqueles ruminantes chegar ficou
extasiada.
A ideia, na verdade, partiu da Comissão Científica, formada no Rio de Janeiro em meados
do século XIX e que tinha o objetivo de viajar por todo o Brasil coletando amostras da fauna e da
flora do País. Achando que o clima cearense era propício para se criar camelos e dromedários, a
Comissão, também chamada ―das Borboletas‖, por causa de sua aparente inutilidade, aconselhou
dom Pedro II a praticar esta experiência científica. E dom Pedro aceitou o conselho. Assim, no dia
14 de setembro de 1859, Fortaleza recebia, estupefata, a chegada de 14 animais estranhos
totalmente ao seu meio ambiente. Impressionado com aquilo, o povo de Fortaleza foi para o cais
ver a chegada dos animais e dos quatro árabes que os acompanhava. Alguns dias depois, a
experiência continuou. Como a Comissão Científica queria saber se os animais se adaptariam, de
fato, ao clima seco do Ceará, promoveu uma pequena caravana, dirigida por um dos árabes, que
tinha, como finalidade, partir de Fortaleza e chegar a Baturité.
Não se sabe se a caravana foi ou não bem sucedida. O certo é que, com o tempo, os
camelos deixaram de ser meios de transporte, no Ceará, e tornaram-se atração turística. Eram
levados para Pernambuco, por exemplo, onde os jornais locais anunciavam a chegada deles da
seguinte forma: ―No botequim do Buessard, camelos aclimatados no Ceará. Entrada: 500 reis‖.

Pedra lascada
A lenda de Itapipoca é indígena. Denominada ―pedra lascada‖ em tupi-guarani, há quem
diga que esta lenda data do tempo do dilúvio. Neste tempo, enquanto Noé singrava os mares por
cima da Mesopotâmia, as águas da praia da Baleia invadiam a região de Uruburetama e
tomavam conta do lugar. Noé, quando o dilúvio acabou, se deparou com o arco-íris. Em Itapipoca,
o que surgiu foi uma pedra, justamente aquela que dá nome à cidade e que ainda hoje pode ser
vista em Vila Velha do Arapari, com o nome de Itaquatiara, em tupi-guarani, ou ―pedra-d‘água‖ em
português.

Tesouros, grutas e dragões do Ipu


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Ipu, a região para onde a índia tabajara Iracema do romance de José de Alencar se dirigia
para tomar banho em uma bica, também tem suas lendas. A Grécia fala de um velocino de ouro,
guardado por um dragão, a Alemanha de um anel, o de Nibelungo, guardado por outro dragão.
No Ipu também havia um dragão que guardava um tesouro, mas que foi vencido por um
holandês. Descobrindo uma forma de fazer o monstro dormir, este holandês, que não tem nome
conhecido, conseguiu roubar um pouco do tesouro que o monstro guardava em sua gruta. Feito
isso, levou-o para a frente da Igreja de São Sebastião, que estava sendo construída em Ipu, e o
enterrou para que toda a sua riqueza fosse protegida pelo santo. Em seguida, partiu para a gruta
novamente. A intenção, desta vez, era a de levar todo o ouro que existia no local. Mas como não
conseguiu adormecer o dragão, suficientemente, foi morto por ele.
A lenda, no entanto, pegou e, em pouco tempo, apareceu muita gente disposta a explorar a
gruta do holandês. A pessoa que se deu bem, no entanto, não precisou ir até lá. Trata-se de um
homem chamado João da Costa Alecrim que, sem precisar enfrentar nenhum monstro nem entrar
em nenhuma gruta, deu com o tesouro do holandês diante da Igreja de São Sebastião. Assim,
ficou rico da noite para o dia. Toda vez que saía de casa, porém, era recebido com indiferença
pela população do Ipu. Como ela considerava que aquele ouro todo estava sob a guarda de um
santo (São Sebastião) não admitia que ninguém se servisse dele tal como fez Alecrim. Assim,
toda vez que passava pelas ruas do povoado, a população dava-lhe as costas.
Natalício Barroso
Da Redação

7.1.3. Lendas Urbanas


Histórias contadas nas calçadas, nas esquinas, causos transmitidos entre gerações,
lendas que se perpetuaram na tradição do Ceará e de suas cidades. O imaginário popular dos
cearenses é rico, cheio de histórias dos mais diversos gêneros: para assustar, para impressionar,
com fundo romântico ou sobrenatural, nascidas no sertão ou nas periferias para denunciar a
aflição de uma sociedade marginalizada.
Segundo o historiador Airton de Farias, as lendas urbanas são ―atualizações de repertórios
da tradição, que se articulam numa rede de cultura viva e móvel‖. São histórias que, fictícias ou
não, fazem parte das recordações de todo fortalezense e, que na atualidade se valem de outros
suportes como o rádio, o jornal e a internet para se recriar.
Até hoje, a chamada "perna cabeluda", por exemplo, é temida em alguns bairros da Capital
cearense por aqueles que já ouviram falar dos chutes que ela aplicava em transeuntes noturnos.
Quem viveu na cidade nos anos 80 de certo lembra do "corta bundas", indivíduo que, armado
com uma navalha, tinha por hábito cortar nádegas femininas no bairro José Walter.
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Airton defende que as lendas urbanas surgem a partir de uma mistura entre o imaginário
religioso, marcado pelas crenças e princípios, e o folclore local, com influências da população que
veio do ambiente rural e de moradores antigos da cidade, que presenciaram diferentes épocas
durante suas vidas. As histórias acabaram reproduzidas, por meio da tradição oral, de geração
para geração, tornando-se verdadeiras relíquias narrativas de Fortaleza.
"As lendas urbanas sempre existiram em todo ambiente urbano, até mesmo nos que
possuem características de metrópole. O que faz com que elas se perpetuem é o caráter
excêntrico e mirabolante dos mistérios. Isso chama a atenção das pessoas e começa a fazer
parte dos contos fantásticos repassados entre os anos", destaca.
Conheça a seguir algumas histórias:

“Eu preciso ensaiar”

Muitos juram já ter visto a bailarina azul no TJA

Sexta-feira, 17 de junho de 1910. A banda sinfônica do Batalhão de Segurança, regida


pelos maestros Luigi Maria Smido e Henrique Jorge recepcionavam os elegantes homens de
casaca e cartola com suas mulheres a tiracolo de chapéus de plumas. Na praça, rodas de fogo,
morteiros, foguetes e girândolas num milagre pirotécnico, abrilhantavam a festa: foi com essa
elegância que a alta sociedade de Fortaleza prestigiou a primeira noite em que o Theatro José de
Alencar levantava suas cortinas no início do século XX. De lá para cá somam-se 105 primaveras
de alternância entre o riso, o horror e a curiosidade sobre o que paira nos corredores do
complexo cultural com mais de 12 mil m² de área.
Há quem diga que é lenda e há quem jure de pés juntos que ela existe de fato. Não se
sabe ao certo como ela surgiu ou de onde veio. Ninguém atreveu-se a lhe dar um nome, nem
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mesmo enfrentar a misteriosa Bailarina Azul cara a cara, pelo menos não em sã consciência. ―No
aniversário de 90 anos do teatro houve uma grande festa, e nela um fato de arrepiar‖, recorda
Selma Santiago, diretora do TJA. ―Na ocasião uma artista foi convidada para encenar a bailarina.
Após o espetáculo, o público se dirigiu ao jardim para uma confraternização. Houve música,
dança e muita alegria naquela noite.
Um dos nossos colegas do patrimônio, que estava com a sua família, conta que uma moça
vestida de bailarina o tirou para uma valsa e, acreditando ser a artista que continuava com a
roupa da encenação, aceitou de pronto o pedido. Dançou, conversou, riu e voltou para o seu
local. Horas depois, no fim da festa, percebeu que a artista não estava mais com a roupa de
bailarina, mesmo assim se aproximou para se despedir e agradecer pela dança. Porém a artista
disse que não foi com ela a dança e acrescentou que logo após o espetáculo ela rapidamente
trocou a vestimenta e desceu para a festa no jardim‖.
Realidade ou fruto da imaginação? Segundo relatos de funcionários e artistas, a linha que
separa essa dualidade é muito tênue. O técnico em maquinaria, Gadelha Viana é sempre o último
a deixar o teatro, a rotina já vai para mais de dez anos. ―Outro dia, enquanto acontecia um evento
no anexo, fui ao porão com um colega esperar um espetáculo que estava acontecendo por lá
acabar. Sentamos no sofá para tomar um café e de repente aplausos vindos do palco principal,
logo acima de nossas cabeças‖, recorda. Gadelha garante que não haveria como ter uma pessoa
lá. ―Tudo estava fechado antes. Nos perguntamos se seria possível alguém entrar para pregar um
susto em nós, mas não tinha ninguém, era noite já. Novamente o som ecoou e eu já estava
disposto a jogar meu café quente em quem aparecesse pela frente. A coragem de ir até o palco
faltou‖, ri. Poderia ser um som qualquer, um gato que escapuliu e entrou teatro adentro fazendo
barulho, uma peça mal encaixada rangendo, mas para a imaginação dos maquinaristas aquilo era
uma manifestação clara que a Bailarina Azul estava numa apresentação. Pela terceira vez, o
―plac-plac‖ foi ouvido e então ―pernas para quê te quero?, corremos muito, sem olhar para trás‖,
acrescenta Gadelha.
A lenda da Bailarina Azul se funde com a história centenária do majestoso TJA. Misticismo,
sedução e dramas se unem num embaraçado novelo de histórias reais e fantásticas em prol das
memórias do TJA.

7.2. Uso e Costumes


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O Nordeste é uma das regiões mais belas e ricas culturalmente de nosso país. Exatamente
por esse motivo, encontramos nesse cantinho do Brasil, uma série de coisas peculiares que só
poderiam acontecer mesmo por lá, porque se tem uma coisa que não falta no nordestino é
espontaneidade e muita criatividade.
Muitas vezes, nós como turistas até achamos que conhecemos mesmo o Nordeste, mas
apenas um nordestino de verdade poderia identificar e se lembrar dos pequenos detalhes e
costumes que existem por ali.
Pensando exatamente nisso, nós listamos 6 destes costumes que são exclusivos de lá, e
vamos contar tudinho para vocês, confira!
1- Cobrir os espelhos em dia de chuva
Essa tradição típica do Ceará ainda hoje é praticada pelos mais antigos, que acreditam
que em dias chuvosos que são cheios de trovões e raios é preciso cobrir os espelhos da casa
com panos, pois caso contrário o objeto poderia "atrair" as descargas elétricas.
2- Jogar o dente de leite em cima do telhado
Segundo a tradição, jogar os dentinhos de leite das crianças sobre o telhado de sua
própria casa ou até mesmo no mar, pode trazer sorte e bons presságios.
3- Adora comer Cuscuz com leite
Que o cuscuz é bastante consumido no Nordeste, isso todo mundo sabe! O prato que é
originário da Arábia, pode ser preparado como uma iguaria doce ou salgada.
Mas no Nordeste existe também uma nova "modalidade" e releitura da receita, que é o
famoso cuscuz com leite. Agora aqui entre nós, dá ou não dá vontade de comer essa tigela
todinha?
4- Dormir em rede
Se para muitos a ideia pode soar um tanto quando desconfortável, saiba que uma rede
bem "espichada" é muito valorizada pelos Nordestinos, que garantem, depois que você passa a
dormir em uma delas, nunca mais vai querer voltar para a cama!
5- Evitar comidas e bebidas quentes em dias de chuva
Se no restante do país o apreciado mesmo é tomar um chazinho ou sopinha bem quente
em dias de chuva, no Nordeste essa tradição é invertida. O motivo para isso é o medo de pegar
"trombose", o que é cientificamente conhecido como "Acidente Vascular Cerebral"
6- Reisado
Uma das festas comemorada nessa região do país, é a chamada Reisado ou festas dos
Reis, que não é celebrada nos demais estados do Brasil.
A festa celebra a visita feita pelos 3 reis magos ao menino Jesus. Nessa festa os foliões se
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caracterizam com roupas especiais, e visitam as casas das pessoas consideradas hospitaleiras.

7.3. Teatro Popular

Teatro popular, diz-se de um gênero de teatro destinado às camadas menos elitistas da


nação. Um teatro feito em circos, praças e espaços públicos, por artistas mambembes, e
sobretudo voltado para o gosto ingênuo do povo por isso o teatro popular é relacionado ao
humanismo europeu
Muito em voga durante o século XX em todo o mundo ocidental, representado por grupos
de atores pequeno-burgueses que tinham por ideal um teatro acessível ao povo e transformador
da sociedade para uma sociedade popular e socialista. Para tais grupos, o dramaturgo e diretor
alemão Bertold Brecht foi o grande autor e inspirador.

No final dos anos 1950, surge um público interessado em ver abordadas, no palco,
questões políticas em contexto nacional. Nessa tendência podem-se identificar duas vertentes -
uma de caráter regionalista e outra de caráter ideológico. Ariano Suassuna e João Cabral de Melo
Neto podem ser incluídos no que Décio de Almeida Prado identifica como a Escola do Recife, que
atravessa vários estilos e períodos históricos, desde Hermilo Borba Filho a Luiz Marinho. Nas
peças de Suassuna, o povo é capaz de enfrentar o poder e até de vencê-lo. O nacionalismo é
aqui uma consequência do regionalismo.
Em 1960, a fundação do Centro Popular de Cultura da UNE - CPC, marca o início de uma
prática teatral voltada para a revolução social. Enquanto a vertente regionalista atribui ao teatro a
tarefa de promover sua popularização, no sentido de ir para onde o povo está e falar sua língua, o
teatro revolucionário praticado pelo CPC pretende ensinar ao povo um novo vocabulário, dando a
ele uma visão política sobre sua vida. Se o teatro regionalista cultiva a religiosidade por fazer
parte da cultura popular, o teatro revolucionário a bane por ser instrumento das classes
dominantes para promover a resignação. O golpe militar de 1964 interrompe a prática do CPC e
seus dramaturgos migram para o Grupo Opinião. No final da década de 1960, o Teatro de Arena e
Opinião serão os responsáveis pelas mais importantes peças e encenações na linha de um teatro
brasileiro voltado para os problemas sociais.
Na segunda metade da década de 1970, considerando que a censura, o Teatro de
vanguarda e o teatro comercial promovem um "vazio cultural" na história brasileira, intelectuais e
artistas se reúnem em prol de um teatro nacional-popular. O movimento retoma os princípios de

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uma dramaturgia crítica e realista, cujos melhores exemplos são Gota d'Água, de Paulo Pontes e
Chico Buarque, 1975, e O Último Carro, de João das Neves, 1978.
Surgidos na década de 1990, os grupos Folias d'Arte, a Companhia do Latão e a
Companhia de Arte e Malas-Artes são alguns representantes voltados a essa tendência,
demonstrando que uma visão específica do "popular" ainda permanece em cena. Fruto dos
tempos da censura e repressão, o teatro popular também tem seu lugar nos dias de hoje,
recontextualizado para uma circunstância política globalizada e neoliberal.

7.4. Danças e Folguedos


Folclore Cearense - O folclore é outra grande atração do Ceará. Através das danças e
folguedos populares o povo cearense expressa tradições e costumes, seja do litoral ou sertão.
São manifestações espontâneas, que tiveram origem da fusão cultural do branco, do negro e do
índio que aqui habitaram. Dentre as principais, destacam-se:

Bumba-meu-Boi ou Boi-Ceará
Auto ou drama pastoril que por tradição é representado durante o período natalino, como
sobrevivência das festividades cristãs medievais, em que o culto do boi se fazia em homenagem
ao nascimento de Cristo. De tradição luso-ibérica do século XVI, nasceu dos escravos e pessoas
agregadas aos engenhos e fazendas. No Cariri, é acompanhado por banda cabaçal.

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Pastoril
Festa de origem portuguesa, onde ―pastoras‖ vestidas de azul e encarnado, se apresentam
diante do presépio em atitude de louvor ao Menino Jesus. Representado durante o Natal.

Reisado
De origem ibérica, é caracterizada por um grupo de pessoas que se reúne para cantar e
louvar o nascimento de Cristo. Os praticantes personificam a história dos gladiadores romanos,
dos três reis magos e a perseguição aos cristãos. A época principal de exibição são as
festividades natalinas, sobretudo no período dos Santos Reis, e o local é de preferência diante de
uma lapinha ou presépio. O enredo mais autêntico é registrado em Juazeiro do Norte.

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Dança de São Gonçalo


Como parte integrante da bagagem cultural do colonizador lusitano, a dança que integrava
o culto a São Gonçalo do Amarante, bastante popular em Portugal, foi introduzida no Brasil,
sendo, talvez, um dos ritmos mais difundidos do catolicismo rural brasileiro. No município de São
Gonçalo do Amarante a dança é realizada durante a festa do santo padroeiro e apresentada em
nove jornadas, num ambiente de muita fé e animação. São Gonçalo é o protetor dos violeiros e
das donzelas casamenteiras.

Caninha Verde
Dança-cordão de origem portuguesa, introduzida no Brasil durante o ciclo da cana-de-
açúcar. No Ceará começou a ser conhecida no início do presente século, nas praias de Aracati e

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passou a ser comum nas colônias de pescadores, estendendo-se ao Carnaval e eventos


diversos. Apresenta também elementos de outros folguedos, tais como: casamento matuto
(quadrilha junina), mestres e a formação de cordões (pastoril).

Dança do Coco
Surgiu nos engenhos de açúcar, entre os negros existentes no Ceará. Nasceu da cantiga
de trabalho, ritmada pela batida das pedras quebrando os frutos, transformando-se,
posteriormente, em dança, surgindo uma variedade de temas e formas de coco (coco de praia, do
qual participa apenas o elemento masculino, e o coco do sertão, dançando aos pares, homens e
mulheres). Dançado em roda, numa forma rítmica altamente contagiante e sensual.

Maneiro Pau
Surgiu na região do Cariri na época do cangaço. Caracteriza-se por uma dança cujo

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entrechoque dos cacetes e o coro dos dançarinos produzem a musicalidade e a percussão


necessárias. No Crato, o grupo de Maneiro Pau associado à Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto
realiza a dança com características dramáticas. É representado nos sítios, subúrbios e pés-de-
serra do Crato e cidades vizinhas por ocasião de comemorações diversas.

Tiração de Reis (Folia de Reis ou Tiração de Reis)


Originalmente, festa popular dedicada aos Três Reis Magos em sua visita ao Deus Menino.
É caracterizada por um grupo de pessoas que visitam amigos ou conhecidos, a partir do dia 2 de
janeiro ou nas vésperas dos Reis (5/1). Nas visitas eles cantam e dançam versos alusivos à data,
ao som de instrumentos e solicitam alimentos e dinheiro. É tradicional utilizar a arrecadação para
a ceia no dia de Nossa Senhora das Candeias (2 de fevereiro). A visita noturna tem mais graça
quando se torna uma surpresa.

Banda Cabaçal
Também chamada Banda de Couro, é o conjunto musical mais típico do interior cearense,
especialmente na região do Cariri. Originou-se no meio dos escravos africanos, mas se
desenvolveu e adquiriu peculiaridades próprias entre o povo do Cariri. Há também uma influência
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indígena, devido ao uso de instrumentos de características indígenas (pífanos e pífaros). A banda


compõe-se de 4 elementos tocando zabumba, pífaros e uma caixa. A mais conhecida é a Banda
Cabaçal dos Irmãos Aniceto, localizada no Crato. Toca quase toda espécie de música popular:
antiga, regional, religiosa e carnavalesca. O ritmo é o baião, característico dos pés-de-serra do
Cariri. Apresenta-se, em geral, em festividades de cunho cultural, artístico e religioso.

Torém
Dança indígena originária dos descendentes dos índios Tremembé, nativos do povoado de
Almofala, no distrito de Itarema, o Torém surgiu por volta do século XVIII no Ceará. É simples e
imitativa da fauna local, tendo como ponto alto o momento em que é servido o ―mocororó‖, uma
bebida fermentada do caju, bastante forte. O espetáculo é de grande plasticidade.
.

Maracatu
De origem africana, consiste num desfile de reis. Apresenta-se em forma de cortejo
carnavalesco que baila ao som de instrumentos de percussão, acompanhando uma mulher que
na extremidade de um bastão conduz uma bonequinha ricamente enfeitada - a calunga. A dança
se dá em passos lentos e cadenciados.
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7.5. Artesanato

Rendeira cearense trabalhando com bilros.


Com origens portuguesas e relevante influência indígena, têm destaque a produção de
redes com os mais diversos bordados e formas e intrincadas rendas feitas em bilros, talvez o
maior destaque da produção artesanal cearense, sendo uma arte tradicional no Ceará desde,
pelo menos, o século XVIII. As rendas e os labirintos possuem maior destaque nas imediações do
litoral, enquanto o interior se destaca mais pelos bordados.
Ademais, o artesanato feito em madeira e barro se destaca bastante, com produção de
esculturas humanas, representando tipos da região; quadros talhados em madeira - muitos com
temática religiosa, vasos adornados, etc. Outro importante item do artesanato cearense são as
garrafas de areias coloridas, onde são reproduzidas, manualmente, paisagens e temáticas
diversas. São ainda encontrados, em diversas cidades – em
especial Massapê, Russas, Aracati, Sobral e Camocim, dentre outras, cestarias, chapéus e
trançados com variadas formas e desenhos feitos da palha da carnaúba, do bambu e do cipó.
Por fim, como consequência natural de uma economia que, durante séculos, foi
essencialmente pecuarista, o couro é trabalhado artesanalmente, em especial, para a produção
de chapéus e outras peças da roupa de vaqueiros, assim como de móveis e esculturas. As
principais cidade em destaque no artesanato coureiro são Morada Nova, Juazeiro do
Norte, Crato, Jaguaribe, Assaré e Nova Olinda.
Em diversas áreas do interior cearense, os cordéis, assim como os repentistas e poetas
populares, especialistas no improviso de rimas, ainda estão presentes e ativos, seguindo uma
tradição que remonta aos trovadores e poetas populares da Idade Média lusitana. Outra forte
influência portuguesa se encontra na grande importância das festas religiosas nas cidades de
todo o interior, particularmente as festas de padroeiro, que estão entre as principais festividades
da cultura cearense, abarcando não só cerimônias religiosas, mas também danças, músicas e
outras formas de entretenimento, numa complexa mistura de aspectos sagrados e profanos.

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Destaca-se a Festa de Santo Antônio em Barbalha, famosa pelo pau da bandeira e comemorada
nessa forma há 78 anos.

7.6. Gastronomia
As comidas típicas do Ceará: 7 pratos da gastronomia cearense
Por Otávio Cohen Postado em 01-08-2018 | Atualizado em 04-10-2018

Quinta-feira é dia de caranguejo. Quem é de Fortaleza conhece bem a tradição, e quem


chega de visita logo aprende que existe um dia reservado na semana só para a apreciação do
crustáceo. Um lugar que dedica tanta atenção assim para uma comida só podia estar num estado
cheio de riquezas gastronômicas.
A culinária cearense, assim como boa parte do que chamamos de ―comida brasileira‖, é
uma mistura muito bem sucedida dos sabores portugueses, indígenas e africanos. Por lá, as
especialidades são baião de dois, carne de sol e muitos frutos do mar. Mas até quem não come
carne consegue sobreviver bem, graças a itens como rapadura, queijo coalho, tapioca, castanhas
e caju. No quesito temperos, a comida cearense não é tão picante, mas é cheia de gostos
marcantes, como o do pimentão, da pimenta de cheiro e do coentro.

Caranguejada

Tem muita gente reivindicando a origem do costume de comer caranguejada nas


noites de quinta-feira. Uma das teorias mais famosas é que ele nasceu em 1987, numa barraca
da Praia do Futuro, que hoje se chama Chico do Caranguejo e é tradicional ponto de venda do
prato. O caranguejo é cozido com leite de coco e servido com pimentões, tomates, coentro e
outros temperinhos. Fora o leite de coco, que é de lei, a receita varia de um restaurante para o
outro. O que todos têm em comum é: você vai se sujar.
Comer caranguejo é uma experiência multissensorial. Ele é servido com um martelinho
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que serve para facilitar a retirada das patinhas. Depois de uns golpes de leve (ou talvez nem
tanto), é só dar uma torcidinha na pata que ela se descola do corpo, e libera um pedacinho de
carne para você comer. Tem que pôr a mão na massa – e esse processo vai te deixar todo
melecado. Mas ninguém vai ligar se você lamber os dedos depois. Até porque o caranguejo, em
si, não tem tanta carne assim. Mas a caranguejada costuma vir com várias entradinhas (pastéis,
casquinha de siri, risoto de camarão, etc) para forrar o estômago.

Peixes e moqueca

Nos restaurantes na beira de praia, encontram-se peixes típicos da região, como a cavala,
a pescada-amarela, o robalo e o pargo. Mas nada supera a moqueca, um cozido de peixe com
legumes e ervas. A moqueca cearense é ideal para ser apreciada junto com o pirão, que é
basicamente o caldo da moqueca engrossado com farinha de mandioca – herança das culinárias
indígena e africana. Cada um faz a moqueca como preferir, e o preparo costuma esconder
segredos. No Ceará, um desses segredos é o suco de caju, que dá um gosto inconfundível.
Caju
Falando na fruta, ela merece um destaque nesta lista só porque é a origem de diversas
iguarias em terras cearenses. A castanha de caju é famosa em diversos lugares do nordeste
brasileiro. E vale a pena reservar um espacinho na bagagem de volta para ela: nas feiras, sai pela
metade do preço encontrado em São Paulo, por exemplo.
Mas a importância do caju vai além. Quem passar pelas barraquinhas da Feirinha Beira
Mar, em Fortaleza, vai ouvir um monte de vendedores oferecendo produtos derivados da fruta,
desde rapadura até vinho. Recomenda-se degustar o tal vinho de caju, junto com uma dose de
licor de jenipapo.
Baião de Dois
O baião cearense não leva carne seca (ou charque) como outras versões do prato comuns
Brasil afora. A receita, que leva arroz, feijão, cheiro verde, cebola, pimentão, tomate e geralmente
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alguma carne picadinha (linguiça ou toucinho), já é famosa no Brasil inteiro – e a fama se justifica.
Em praticamente qualquer canto do Ceará você encontra variações apetitosas do baião.
Galinha à cabidela
Talvez você conheça esse prato como ―frango ao molho pardo‖. Mas foi com outro nome
que a iguaria chegou de Portugal e criou raízes na cozinha cearense. Trata-se da galinha cozida
em seu próprio sangue, com vinagre, limão e alguns temperos. Por causa do sangue na receita,
não é qualquer um que tem a habilidade para preparar.
Paçoca
Sabe aquele docinho feito de amendoim triturado? Pois é, a paçoca nordestina não tem
nada a ver com isso. Ela é basicamente uma farofa de farinha de mandioca com carne de sol e
outros ingredientes que ―dão a liga‖.
Tudo por causa da carne de sol, que é um ingrediente frequente nos pratos nordestinos.
Aliás, o hábito de conservar a carne ―ao sol‖, com sal, veio dessa região do Brasil (para só depois
ser importada pelos gaúchos) graças aos costumes indígenas no período colonial. Pelo menos é
o que dizem os guias de turismo do Ceará.
Buchada e sarapatel
De bode ou de carneiro: a buchada é um preparado de vísceras temperadas e cozidas em
bolsas feitas do estômago (ou bucho) do próprio animal. Também não é um prato fácil de se fazer
em casa – não é todo mundo que tem no quintal um carneiro ou um bode disposto a ceder suas
entranhas.
Outro prato bem apreciado no Ceará feito a partir dos órgãos internos dos animais é o
sarapatel. Costuma-se usar carne de porco, ovelha ou cabras, com um ingrediente especial: o
sangue do bicho. No caso do sarapatel, a carne é servida em forma de guisado.

7.7. Festas e Tradições Populares

As festas populares são comemorações ou eventos festivos, cuja principal característica é


a participação do povo (coletividade). São caracterizadas também pela presença marcante das
tradições regionais, rituais religiosos, comidas, músicas, danças e roupas típicas. Ocorrem em
diversas localidades do Brasil (algumas são específicas de determinadas cidades ou regiões) e
estão ligadas ao folclore brasileiro, pois apresentam forte componente cultural.
Exemplos de festas populares brasileiras.

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Festa do Divino
Festa popular de rua, de caráter religioso (católico), que tem sua origem em Portugal.
Ocorre em várias regiões do Brasil, sendo que em cada uma delas assume características
diferentes. Esta festa é realizada no domingo de Pentecostes (descida do Espírito Santo nos
apóstolos de Jesus).
Fazem parte da festa as missas católicas, procissões, novenas e shows com fogos de
artifício. Tem a pomba branca, que representa o Espírito Santo, como o símbolo da festa.

Círio de Nazaré
É uma festa popular de rua, que ocorre anualmente (mês de outubro) na cidade de Belém
do Pará. De caráter religioso (católico), reúne milhares de pessoas (romeiros), que vão às ruas
para homenagear Nossa Senhora de Nazaré. Muitos romeiros vão ao evento para pagar
promessas e, no final da festa, vestem roupas novas e comem comidas típicas do Pará como, por
exemplo, o arroz com pequi, o pato no tucupi e o tacacá.

Festas Juninas
As festas juninas ocorrem em diversas cidades dos quatro cantos do Brasil, durante o mês
de junho. Também de caráter religioso, são homenagens a três santos católicos: São Pedro, São
João e Santo Antônio. São caracterizadas por danças típicas (quadrilha), barracas com jogos,
músicas regionais, barracas de comidas (principalmente as feitas com milho), queima de fogos de
artifício e uso de roupas específicas que lembram o passado rural do Brasil (chapéu de palha,
calça com remendos e camisa xadrez).

Folia de Reis
Ocorrem em várias cidades brasileiras, sendo que as de Sabará (Minas Gerais) e Parati
(Rio de Janeiro) são as mais conhecidas. Durante os dias entre o Natal e o Dia de Reis (6 de
janeiro), grupos de músicos andam pelas ruas da cidade, cantando canções que fazem referência
à viagem dos reis magos em direção a Belém (local em que conheceram o menino Jesus).

Carnaval
A origem do carnaval é incerta; parece ligada remotamente a alguma comemoração pagã
pela passagem do ano ou a chegada da primavera; é possível que se origine também das festas
da Roma antiga.
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Considera-se o carnaval uma festa caracteristicamente italiana, pois todo seu


desenvolvimento está ligado à Itália (Roma, Florença, Turim e Veneza). Roma foi o maior centro
de difusão, pois era lá que aconteciam os famosos desfiles de corso. O carnaval tem sido muito
importante para a evolução do teatro popular, o cancioneiro e danças folclóricas.

Carnaval no Brasil
A mais popular festa brasileira é uma mistura de tradições européias adaptadas a um país
tropical e uma sociedade com uma grande presença de descendentes africanos. O carnaval de
clubes reflete os bailes de máscaras de muitos séculos atrás; as escolas de samba, os desfiles
de carros alegóricos da Europa e a música de rua mostram a influência africana; e finalmente o
entrudo, que é uma festa portuguesa onde pessoas lançavam água, pó e outras substâncias em
seus amigos. Estes quatro aspectos deram ao carnaval brasileiro um aspecto único que atrai
turistas do mundo inteiro.

Cavalhada
Festa popular típica do estado de Alagoas, mas que acontece também em outros estados
brasileiros, como Goiás e São Paulo, em diferentes versões. Este folguedo teve origem nos
torneios medievais realizados na Europa, em praças próximas às igrejas, como num grande
campo de batalha, onde cristãos e mouros se enfrentavam.
No Brasil, esta representação foi introduzida pelos jesuítas com o objetivo de catequizar os
índios e os escravos africanos, mostrando o poder da fé cristã. Em uma espécie de torneio, os
participantes formados por vinte e quatro cavaleiros, usando trajes especiais, são divididos em
pares ou cordões, onde 12 cavaleiros vestidos de azul, representando os cristãos, e os outros 12
vestidos de vermelho, representando os mouros, executam manobras numa série de jogos. A
cavalhada acontece por ocasião de festas de santos e do Natal.

Fonte: Secretaria de Turismo do Ceará

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7.8. Grupos de Projeção Folclórica.

GRUPO DE CARETAS REISADO BOI CORAÇÃO


Tradição: boi de reisado
Cidade: Quixadá(CE)
O grupo teve origem na comunidade Boa Água, distrito de Cipó dos Anjos, em Quixadá. No início,
as atividades eram feitas apenas nos terrenos locais. Hoje, o grupo ocupa novos espaços, faz
apresentações em escolas da região e em outros municípios cearenses.

GRUPO PENITENTE DO GENEZARÉ


Tradição: Penitência
Cidade: Assaré(CE)
O grupo reúne renomados penitentes e traz consigo 40 anos de história. Atua na região do Cariri,
na cidade de Assaré. Além das ações em eventos, vem trazendo a proposta, em forma de projeto,
de uma reflexão acerca das relações entre os penitentes do Genezaré.

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MARACATU AZ DE OURO

Tradição: Maracatu
Cidade: Fortaleza (CE)
Foi fundado em 26 de setembro de 1936. Desfilou pela primeira vez no ano seguinte, e desde
então vem mantendo a sua dedicação a esta tradição afro-brasileira em Fortaleza. É o mais
antigo grupo de maracatus do Ceará.

REISADO DA FAMÍLIA RAMOS


Tradição: reisado
Cidade: Canindé (CE)
A tradição do Reisado da Família Ramos existe há mais de 60 anos. Tem como seu lugar de
sociabilidade, moradia e trabalho o assentamento Ipueira da Vaca. Iniciado com o Seu Zé Ramos
na Serra da Aratuba, o reisado vem ao longo das gerações mantendo o processo de transmissão
de saberes.

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GRUPO DE REISADO DA COMUNIDADE DE SÃO JOAQUIM

Tradição :reisado
Cidade: Senador Pompeu (CE)
O grupo de reisado e dança de São Gonçalo, do distrito de São Joaquim, existe há mais de 50
anos e envolve crianças e adultos.

GRUPO DE REISADO DOS IRMÃOS DISCÍPULOS DE MESTRE PEDRO

Tradição: reisado
Cidade: Juazeiro do Norte (CE)
O grupo de Reisado dos Irmãos Discípulos de Mestre Pedro ultrapassou fronteiras, superando as
desigualdades sociais e a exclusão.

GRUPO DE SÃO GONÇALO DA COMUNIDADE DO HORTO

Tradição: dança de São Gonçalo


Cidade: Juazeiro do Norte (CE)
O grupo busca manter a tradição da dança de São Gonçalo, que existe há mais de 30 anos sob a
orientação de Pedro Joaquim, Maria Joaquina, sua esposa, e o filho Manoel.

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GRUPO DE INCELÊNCIAS DE BARBALHA

Tradição: incelências
Cidade: Barbalha (CE)
O grupo realiza suas atividades há mais de 50 anos na zona rural de Barbalha (Sítio Cabaceiras),
sendo composto por 17 mulheres, além de uma criança vestida de anjo. As integrantes do grupo
são convidadas a encomendarem as almas em velórios por meio do canto.

Grupo pastoril nossa Senhora de Fátima

Tradição: pastoril
Cidade: Maracanaú (CE)
É conhecido como uma tradição cultural religiosa trazida pelos colonizadores. Enquanto
manifestação popular, é a principal atividade desenvolvida pelo grupo. O Nossa Senhora de
Fátima teve início ainda na década de 1940, por meio de Rita Gomes da Costa, e faz parte de
uma tradição familiar.

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Grupo boi coração

Tradição: boi de reisado


Cidade: Ocara (CE)
Sob o comando do Mestre Luciano Correia dos Santos, agricultor aposentado, o grupo dá
continuidade a uma tradição local de pelo menos oito décadas, que começou com os folguedos
de bumba meu boi, derivados do reisado, mas com características próprias.

Grupo de reisado nossa Senhora de Fátima

Tradição: reisado
Cidade: Juazeiro do Norte (CE)
Foi criado em 1996, no bairro Romeirão, em Juazeiro do Norte, composto apenas por mulheres.
O grupo é formado por 16 integrantes fixas, além de outras eventuais.

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7.9. ESPETACULARIZAÇÃO, ACULTURAÇÃO E USO TURÍSTICO.

O processo de aculturação se dá pelo contato de duas ou mais matrizes culturais


diferentes, isto é, pela interação social entre grupos de culturas diferentes, sendo que todos, ou
um deles, sofrem mudanças, tendo como resultado uma nova cultura. Esta, por sua vez, terá
como base elementos de suas matrizes culturais iniciais como no caso da formação da sociedade
brasileira. Como se sabe, são indiscutíveis as influências que as culturas africana, europeia
(principalmente ibérica) e indígena deram para a constituição da cultura nacional.
É possível afirmar que a aculturação seria uma forma de transformação cultural promovida
por fatores externos (contato entre padrões culturais diversos) – oposta daquele processo
permanente que ocorre no interior da própria cultura, isto é, dentro da própria sociedade ao longo
da história. É importante que se diga que os valores e os costumes de um determinado povo
podem se transformar segundo uma ―dinâmica do próprio sistema cultural‖ (LARAIA, 2008, p. 96),
embora de uma forma mais lenta e gradual.
O processo de aculturação pode ocorrer de forma menos branda, e de maneira mais
impositiva, mais rápida, quando comparada ao outro processo mencionado, embora isso não
caracterize uma regra. Numa relação de poder entre grupos (entre dominadores e dominados),
como se viu nas formas de colonização das Américas portuguesa e espanhola, a aculturação
pode ocasionar alguns traumas quando assume um caráter violento, principalmente quando o
grupo dominado tem sua cultura vilipendiada pelo grupo dominador. Para ilustrar isso, basta
pensar na forma como os europeus lidavam com índios e negros, bem como na maneira com que
tentaram incutir nestes alguns costumes e valores, como o catolicismo enquanto religião.
Por outro lado, o processo de aculturação não tem apenas esse aspecto negativo ou
radical, mas pode ocorrer de outra forma, o que significa a existência de uma assimilação de
aspectos culturais entre os povos não de forma impositiva, mas sim natural. Mesmo porque,
como aponta Roque Laraia (2008), não existe um sistema cultural que seja afetado apenas pelo
que aqui se convencionou chamar de mudanças internas à cultura, principalmente ao se
considerar a remota possibilidade do isolamento total de uma sociedade.
A forte presença de imigrantes (italianos, alemães, japoneses, poloneses, árabes, entre
outros) no Brasil, principalmente a partir do século XIX, é um exemplo muito significativo,
bastando considerar a influência dada por suas culturas em aspectos como a culinária e a
linguagem hoje presentes na cultura brasileira. Da mesma forma, ao se avaliar e refletir a respeito
dos desdobramentos da globalização econômica, nota-se que paralelamente a ela ocorre o que
se entende por uma globalização cultural. Essa última, promovida por este avanço do capitalismo
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e pelo desenvolvimento dos meios de comunicação como a internet, representa também o que se
pode chamar de ocidentalização do mundo, uma vez que os valores e costumes ocidentais estão
cada vez mais presentes em todas as sociedades, em todos os continentes. Um cantor pop nos
dias de hoje, por exemplo, pode ter uma legião de fãs nos quatro cantos do mundo, uma vez que
os gêneros musicais que agradam os jovens brasileiros também agradam jovens japoneses,
americanos, mexicanos, ingleses, entre outros. Da mesma forma, isso se dá com relação às
tendências da moda, com os modelos da programação de TV (como as versões de reality show),
e com as produções de cinema.
Isso não significa que as identidades nacionais ou culturais irão se perder, nem que podem
ser extintas, mas que é importante, porém, pensar-se nos limites de uma massificação cultural.
Dessa forma, se a assimilação de expressões em inglês pode facilitar no desenvolvimento
cotidiano do trabalho, considerando-se as inúmeras expressões e jargões técnicos existentes, é
preciso refletir sobre o que está por trás dessa invasão de termos de uma língua estrangeira.
Assim, fica a pergunta: haveria apenas a dominação de forma truculenta, pela força e pela
violência, ou pode haver uma que se dê de maneira velada, implícita? Se refletir sobre essa
questão parece algo interessante, não se pode perder de vista a dominação ideológica que A
espetacularização das culturas populares As manifestações culturais populares têm esses grupos
ou países podem exercer sobre outros.

Sugestão de leitura: A espetacularização das culturas populares ou produtos culturais


folkmidiáticos. Osvaldo Meira Trigueiro.
∗Professor Adjunto do Departamento de Comunicação e Turismo da Universidade Federal da Paraíba.
Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS em São Leopoldo/RS;
Pesquisador da Rede Brasileira de Folkcomunicação e membro da Comissão Paraibana de Folclore. Comunicado
apresentado no Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares, fev./ 2005 em Brasília –DF.
Evento promovido pelo Minc.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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visão antropológica. Campinas, SP. Papirus.2001.PIRES, Mário Jorge. Lazer e
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 DELA MÔNICA, Laura. Turismo e folclore: um binômio a ser cultuado. 2ª edição
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 FLORÊNCIO Sônia Rampim, Pedro Clerot, Juliana Bezerra e Rodrigo Ramassote


Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos. Edição:
2012.Publicação: Iphan

 RIBEIRO, Paulo Silvino. "Do que se trata a aculturação?"; Brasil Escola.


Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/do-que-se-trata-
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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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