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Módulo Complementar
Aula 2
ADMINISTRAÇÃO DE DADOS
Bárbara Paz Rodrigues Marques Trovão
Introdução
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E , no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.
Cecília Meireles. Obra Poética.
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Iniciaremos nossa aula dialogando sobre o conceito de
mediação, que está relacionado às diferentes intervenções
realizadas pelos educadores visando a apropriação de
novos conhecimentos pelos alunos.
Este material foi produzido com a intenção de favorecer
o estudo de conceitos bastante complexos, sobre os quais
faremos algumas aproximações e os desdobramentos
destes conceitos nas ações cotidianas.
Boa aula!
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Mediação: o que é isso ?
Mediação?
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Mediação na Teoria Histórico Cultural
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Na teoria desenvolvida por Vygotsky e seus
colaboradores, o conceito de mediação tem um sentido
muito preciso e ocupa papel central na explicação sobre
como se dão os processos de aprendizagem e de
desenvolvimento e qual é a relação que se estabelece
entre eles.
Podemos afirmar, tal como indica Sforni (2008), que a
atividade mediada é condição para o desenvolvimento
humano. Veja como isso é sério e precisa ser considerado
em nossa atuação profissional na escola.
Ao longo de sua história, o homem cria, de forma
intencional, objetos que satisfazem suas necessidades, ao
mesmo tempo em que cria conhecimento sobre esses
objetos e sobre si mesmo. Dito de outra forma, ao mesmo
tempo que vai se apropriando de sua cultura, o homem a
modifica e modifica a si mesmo.
Vamos a um exemplo?
A partir de suas relações sociais, o homem teve
necessidade de desenvolver instrumentos que lhe
permitissem se comunicar com outros homens, mesmo
estando longe deles. Para isso, inventou o telefone. Com
base nos conhecimentos acumulados por gerações
anteriores, as gerações seguintes foram aperfeiçoando esse
objeto, de modo que ele sofresse transformações e
adquirisse, inclusive, novas funções. Haja visto os celulares
no tempo atual!
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Elas poderiam ter
sido feitas há 15
anos atrás?
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Vamos tratar, mais especificamente, das mediações
realizadas pelos educadores no processo de aprendizagem
dos alunos.
A escola é a instituição incumbida, socialmente, da
tarefa de ensinar. Cabe a ela organizar os processos de
ensino na perspectiva de favorecer essa aprendizagem e,
para tanto, será necessário realizar uma série de
mediações, de forma intencional.
O educador, seja ele professor, auxiliar, inspetor ou outro
profissional que trabalhe na escola precisa saber o que
quer ensinar, planejando mediações que possibilitem à
criança apropriar-se dos diferentes conhecimentos que
compõem o currículo (autocuidado, cuidar de si e do outro,
cuidar do ambiente, comunicar desejos e necessidades,
grafar no papel, conhecer diferenças entre desenhos,
números e letras, dominar a produção de uma fábula,
compreender o funcionamento do corpo etc.).
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A colher é um objeto que possui um significado e uma
função em determinadas culturas.
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apresentando um instrumento que lhe será útil em
determinadas situações. Mais que isso, está apresentando
uma diversidade de significados ligados a esse objeto na
cultura de que faz parte. Esse ato de transmissão e
inserção na cultura por meio da aprendizagem do uso de
um objeto inclui também a apropriação pela criança de
muitos elementos ligados ao desenvolvimento dessa
ferramenta: outros instrumentos e palavras relacionados a
ela; o conhecimento humano sobre as técnicas e os
materiais mais apropriados para produzi-la; as diferentes
necessidades humanas que ela atende etc.
Em síntese, a criança, ao aprender a usar a colher,
apropria-se também das objetivações humanas
presentes nesse objeto.
Você já tinha imaginado quanta aprendizagem existe
junto com o aprender comer com a colher?
Se é assim com uma colher, é assim também com
ideias, conhecimentos que circulam em sua cultura
transmitidos de uma geração a outra, com os
conhecimentos científicos constituídos pelas ciências
exatas, biológicas e humanas, com as produções artísticas
etc. Na aula 1, por exemplo, pudemos discutir as
conquistas humanas no campo dos direitos sociais e, mais
especificamente, no âmbito da proteção de crianças e
adolescentes. Tal como os objetos, a criança se apropria
dessas conquistas sociais e culturais por meio de
múltiplas mediações.
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Avançando nas Aprendizagens
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Quando os adultos almoçam junto com a criança, por
exemplo, essa situação se constitui em um ato mediador
para a aprendizagem do uso da colher. Observando os
adultos de seu convívio comerem, a criança faz as
primeiras aproximações sobre como se usa esse objeto.
Entretanto, para apropriar-se do uso da colher, a criança
precisa fazer mais do que apenas observar. É necessário
que ela domine a ação motora que essa atividade exige.
Quando a mãe pega na mão do bebê e o ajuda no
manuseio da colher está fazendo uma mediação que
permite à criança se apropriar dos atos motores
envolvidos na manipulação desse objeto. Também há
momentos em que a mãe ou o educador deixa que a
criança use sozinha a colher, apostando que ela possa vir a
fazer uso autônomo desse instrumento.
Em síntese, a criança vai reorganizando seus
movimentos e ações em um progressivo domínio do uso
do instrumento até poder utilizá-lo de forma autônoma e
intencional, de acordo com a necessidade. Podemos dizer,
de outra forma, que um fenômeno que inicialmente era
externo à criança - o uso da colher pelos adultos com os
quais ela convive - passou a compor seu repertório motor
para o uso da colher; uma vez dominado externamente, o
manuseio da colher será internalizado enquanto
habilidade cognitiva.
Esse processo de apropriação individual de um
conhecimento social e sua incorporação como habilidade
cognitiva chamamos internalização.
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Mais que isso, a criança será capaz de generalizar
essa aprendizagem, ou seja, dispor das ações e operações
empregadas para manusear a colher para usar outros
objetos, como o garfo e a faca, com os ajustes que cada
objeto exige, o que resultará no autodomínio de sua
conduta para realização dessas atividades. A
internalização, a generalização e finalmente o autodomínio
da conduta são momentos do processo de
desenvolvimento das funções psicológicas superiores.
Esse progressivo domínio da criança não se dá apenas
em relação ao uso dos objetos, mas em relação à sua
representação mental, que são os signos.
Como assim?
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Portanto, assim como o domínio de ferramentas e
instrumentos permite à criança se relacionar com os
objetos da realidade de forma mediada, os signos, que são
imagens mentais (subjetivas) da realidade objetiva
compartilhada pelo grupo social em que vive, permitem ao
homem que se relacione com outros homens e conquiste
o autodomínio de sua conduta.
Os signos podem ser os mais variados:
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Em síntese, é por meio da apropriação da palavra - e
da linguagem, de forma mais ampla - que a criança ganha
domínio de seu pensamento, a condição de comunicá-lo e
o próprio domínio de sua conduta. Sobre essa importante
aquisição, a construção da linguagem, falaremos mais
adiante, na aula 3.
Atentemos, agora, para outro aspecto relevante a
considerar quando falamos em mediação: por dominar o
uso do objeto, é o adulto/educador quem tem condição
de mediar sua apropriação pela criança. Ao ser
apresentado à colher, o bebê provavelmente teria uma
ação exploratória sobre esse objeto, pois é o que as
funções psíquicas que já construiu lhe permitiriam.
Essa ação só se amplia, com novas aprendizagens
sobre o uso e significado desse objeto, se houver a
mediação daqueles que já têm domínio de seu uso, sua
função e seus significados em suas formas mais
complexas. Isso vale para a aprendizagem do uso de
instrumentos, de objetos, para a fala, a leitura, a escrita e
tantas outras aprendizagens que conquistamos ao longo
da vida.
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Cenas do cotidiano
Você com certeza reconhece algumas cenas no
cotidiano da escola que podem exemplificar o que
vimos sobre mediação ! Vamos considerar que as
mediações são feitas em diferentes ambientes
escolares, como sala de aula, pátio, banheiro,
refeitório etc. Você já deve ter feito alguma mediação
em situação escolar.
Pense na seguinte cena:
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Zona de Desenvolvimento Próximo
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Zona de Desenvolvimento Próximo?
Dá para explicar melhor?
SAIBA MAIS
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Cenas do Cotidiano
Novamente vamos pensar em cenas que
acontecem cotidianamente na escola para
compreender este conceito de zona de
desenvolvimento próximo.
+
estratégias próprias de cálculo, como contar nos
dedos ou contar com outros objetos, mas não
consegue chegar ao resultado utilizando a
técnica operatória de adição se não receber
ajuda do pai ou professor, por exemplo.
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Funções Psicológicas Superiores
SAIBA MAIS
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A mediação possibilita mudanças significativas nas
funções psicológicas, tornando-as mais complexas. Isso
significa que são geradas no indivíduo capacidades mais
amplas de ação; essas capacidades mais amplas, mais
complexas de ação é o que denominamos
desenvolvimento.
Aqui vale destacar mais um aspecto importante da
teoria de Vygotsky: é a aprendizagem que provoca
desenvolvimento, e não o contrário.
Daí a importância da mediação como motor dos
processos de aprendizagem e consequente
desenvolvimento.
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Toda criança aprende do mesmo jeito, ainda que
tenha uma deficiência, seja ela intelectual ou não. A partir
dos desafios postos no meio social, seus progressos
cognitivos vão se tornando mais complexos para dar
respostas.
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processo de cada um tornar-se sujeito e não pode ser
deixada de lado, sendo necessário considerar as
singularidades de cada um.
Tenha a criança uma paralisia cerebral, uma
deficiência múltipla, uma síndrome, uma deficiência
intelectual ou qualquer outra especificidade, seu
aprendizado ocorrerá a partir de mediações que serão
colocadas no seu meio cultural, considerando a zona de
desenvolvimento próximo, sendo que estas devem dispor
de apoios e recursos de acordo com a especificidade de
cada caso.
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Consolidações
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Os atos mediadores são fundamentais por toda a
vida, pois referem-se a apropriação de conhecimentos,
conceitos, atitudes etc, que todo sujeito constrói ao longo
de sua existência. Nas próximas aulas, trataremos de
algumas dessas importantes aquisições humanas. Você
poderá relacionar a reflexão que propusemos aqui à
situações em que estão em jogo a constituição psíquica
da criança, a apropriação da linguagem, o universo da
brincadeira e o uso de recursos que permitem que a
criança tenha acesso ao conhecimento e estabeleça
relações com seus pares e com adultos. Procure, ao
longo das próximas discussões, refletir sobre sua ação
mediadora diante da diversidade de situações e reflexões
que serão apresentadas a você.
Bom percurso!
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Validando as Aprendizagens
ATENÇÃO:
Lembramos que ao acessar o QUESTIONÁRIO, o cronômetro da
plataforma é acionado e você terá 60 minutos para completar seu
envio. Caso saia do questionário, ou hajam interrupções no sinal de
internet e energia elétrica, o cronômetro continua contando o
tempo, não sendo possível responder depois, portanto
certifique-se de iniciar apenas quando for realizá-lo até o fim.
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Referências Bibliográficas
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Acesso em 02 jun. 2020.
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NEAD- NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
htpc.online@saobernardo.sp.gov.br