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TÉCNICO EM

TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS

MATEMÁTICA
FINANCEIRA
TÉCNICO EM
TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS

MATEMÁTICA
FINANCEIRA
Curso Técnico em Transações Imobiliárias
Copyright © 2021 , IBC Instituto Brasileiro de Cursos Ltda. CNPJ 20.706.568/0001-30.
Ladeira dos Barris, n° 3, Piedade
Salvador, Bahia, Brasil
CEP 40.070-310

1ª Edição

Todos os direitos reservados.


Proibida a reprodução e edição, mesmo parcial, por qualquer pessoa, sem autorização da instituição.
SUMÁRIO
Grandeza ........................................................................................................08
Razão e Proporção ..........................................................................................1 0
Propriedade Fundamental...............................................................................1 1
Divisão Proporcional .......................................................................................1 4
Divisão em Várias Partes Diretamente Proporcionais........................................1 5
Divisão em Duas Partes Inversamente Proporcionais........................................1 6
Divisão em Várias Partes Inversamente Proporcionais......................................1 7
Divisão em Duas Partes Direta e Inversamente Proporcionais ...........................1 8
Divisão em N Partes, Direta e Inversamente Proporcionais................................1 9
Regra de Sociedade ........................................................................................20
Regra de Três ..................................................................................................22
Porcentagem..................................................................................................2 7
Preços de Custo e de Venda, Lucros e Prejuízos ................................................28
Juros .............................................................................................................34
Desconto ........................................................................................................40
Capitalização ..................................................................................................44
Inflação ..........................................................................................................50
Títulos de Crédito ............................................................................................52
Amortização ...................................................................................................59
Leasing...........................................................................................................62
INTRODUÇÃO
A Matemática contribui para estruturar o pensamento e o raciocínio, aju-
dando a resolução de situações das mais variadas atividades humanas,
preparando o estudante para sua atuação no mercado de trabalho em dife-
rentes carreiras. No caso do profissional de transações imobiliárias são-lhe
indispensáveis de diferentes habilidades e conhecimentos específicos para
que possa informar, orientar e oferecer segurança ao seu cliente. Dentre
esses conhecimentos e habilidades, inclui-se, com destaque, a linguagem da
Matemática Financeira.
Nesse sentido, o presente trabalho foi elaborado com ênfase na matemáti-
ca financeira básica e fundamental necessária à realização da compra, venda
e locação de imóveis, incluindo operações sobre mercadorias, taxas de juros,
inflação e regimes de capitalização.
O estudo do regime de Capitalização Simples é o cenário principal desta
seção. Nela é abordada a conceituação de juros simples, montante simples,
desconto simples, cálculo de taxa acumulada, sempre com a utilização de
vários exemplos.
Todas as negociações financeiras têm como suporte um dos regimes de
capitalização. A matemática foi, gradativamente, aplicada ao comércio e às
finanças devido à necessidade de melhor entendimento entre as relações de
troca, para a utilização das melhores taxas em empréstimos e investimentos,
para se fazer previsões de movimentação de capital no mercado, para cálculo
de juros, montante, descontos.
A despeito da enorme disponibilidade de ferramentas produzidas pela alta
tecnologia, a Matemática Financeira deve ser bem entendida, pois o conheci-

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
mento e a informação representam um grande poder para a execução de
serviços, especialmente, em um mercado que não é estático.
O estudo das questões de natureza econômica não é recente. Os antigos
gregos já se preocupavam com esse assunto e fizeram importantes contribu-
ições. No entanto, o nascimento da economia como corpo teórico de estudo,
independentemente da política e da filosofia, ocorreu em 1776, quando Adam
Smith publicou “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza
das nações”.
Desde então, muita água passou sob a ponte, como o povo diz. A tecnologia
massificou o uso das calculadoras eletrônicas, e já quase não se recorre aos
cálculos na ponta do lápis.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
01 GRANDEZA

É todo valor que, ao ser relacionado a outro de certa forma, quando há a


variação de um, o outro, como consequência, varia também. Em nosso dia-a-
dia, quase tudo se associa a duas ou mais grandezas. Assim, quando falamos
em: velocidade, tempo, peso, espaço, etc., estamos lidando diretamente
com grandezas que estão relacionadas entre si.
Exemplo: uma moto percorre um determinado espaço físico em um tempo
maior ou menor dependendo da velocidade que ela poder chegar ou imprimir
em seu percurso realizado.
A relação de dependência entre duas grandezas, conforme a condição
apresentada, pode ser classificada como Diretamente Proporcional ou
Inversamente Proporcional.

GRANDEZA DIRETAMENTE PROPORCIONAL


Definem-se como Grandezas Diretamente Proporcionais aquelas nas
quais a variação de uma implica na variação ou mudança da outra, na mesma
proporção, mesma direção e sentido.
Exemplo:
a) 01 Kg de carne custa “Y”, se a pessoa comprar 02 Kg de carne
então ela pagará “02 y”.
b) Se uma pessoa compra 10 borrachas ao custo de R$ 1,00,
então se ela comprar 20 borrachas, o custo total será de R$
2,00, calculado o preço unitário de R$ 0,10.

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GRANDEZA INVERSAMENTE PROPORCIONAL
Duas grandezas são inversamente proporcionais quando a variação de
uma implica necessariamente na variação da outra, na mesma proporção,
porém, em sentido e direção contrários.
Exemplo: velocidade e tempo. Um carro percorre a uma velocidade de 100
Km/h, o total de 10 metros em 10 segundos. Se este mesmo carro aumentar
para 200 km/h gastará apenas 05 segundos para percorrer os mesmos 10
metros.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
02 RAZÃO E PROPORÇÃO

A razão entre dois números, dados em certa ordem, sendo o segundo


número sempre diferente de zero, é o quociente indicado do primeiro pelo
segundo.
Exemplo:
a razão de 09 para 12 = 09 / 12 ou 09 : 12
a razão de 05 para 10 = 05 / 10 ou 05 :10
a razão de 06 para 18 = 06 / 18 ou 06 :18
1) Lê-se: nove está para doze sendo que o 1º número é o antecedente e 2º
número é o consequente.
Então:
Cinco está para dez, sendo 05 o antecedente e 10 o consequente.
Seis está para dezoito, sendo 06 o antecedente e 18 o consequente.
2) Quando o antecedente de uma razão for igual ao consequente de outra,
ou vice-versa, dizemos que formam duas razões inversas.
Exemplo: c/d e d/c
Proporção é a sentença matemática que exprime igualdade entre duas
razões.
2 4
=
5 3
Cada elemento de uma proporção é denominado termo da proporção
sendo que os 1º e 3º termos são chamados de termos antecedentes e os 2º e
4º são chamados termos consequentes e que os 1º e 3º termos de uma pro-
porção formam os meios e os 2º e 4º termos, formam os extremos.

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03 PROPRIEDADE
FUNDAMENTAL

Em toda proporção o produto dos meios é sempre igual ao produto dos


extremos.
2/5 = 4/10 » 5 x 4 = 20 | 2 x 10 = 20
Aplicação:
7 / 8 = x / 40 onde 8 x X = produtos dos meios | 7 x 40 = produto dos extremos
Temos então: 8x = 280, logo X = 280/8 = 35.

COMPOSIÇÃO
Em toda proporção, a soma dos primeiros termos está para o primeiro ou
para o segundo, assim como a soma dos dois últimos está para o terceiro ou
para o quarto termo.

Aplicação:
A soma de dois números é 80 e a razão entre o menor e o maior é 2/3. Achar
o valor desses números.
a = menor; b= menor

Conclui-se: se o menor vale a= 32, o maior então será 80 – 32 = 48.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
DECOMPOSIÇÃO
Em qualquer proporção, a diferença entre os dois primeiros termos está
para o primeiro ou para o segundo, assim como a diferença entre os dois está
para o terceiro ou para o quarto termo.

Aplicação:
Determinar dois números, sabendo-se que a razão entre eles é de 7/3 e que
a diferença é 48.
a = maior ; b=menor

Em toda proporção a soma dos antecedentes está para a soma dos conse-
quentes, assim como qualquer antecedente está para seu consequente.

Aplicação:
Calcular a e b, sendo que a + b = 63 e a/3 = b/4

Então a soma de a+b = 63, sendo a = 27 e b=36 = 63. 5

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Em qualquer proporção, a diferença dos antecedentes está para a diferen-
ça dos consequentes, assim como qualquer antecedente está para o seu
consequente.

Em qualquer proporção, o produto dos antecedentes está para o produto


dos consequentes, assim como o quadrado de um antecedente está para o
quadrado de seu consequente.

Aplicação:
A área de um retângulo é de 150 m² e a razão da largura para o comprimento
é de 2/3. Encontrar essas medidas.
a = largura b = comprimento

Em qualquer proporção, elevando-se os quatro termos ao quadrado, resul-


ta em uma nova proporção.
Aplicação:
A soma do quadrado de dois números é 468 e a razão do menor para o maior
é de 2/3. Determinar esses números.

Logo, a² = 144, a = 12.


O valor de “b” é calculado seguindo-se o mesmo procedimento para calcu-
lar o valor de “a”.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
04 DIVISÃO PROPORCIONAL

Divisão em duas partes diretamente proporcionais: Para decompor um


número M em duas partes A e B diretamente proporcionais a p e q, montamos
um sistema com duas equações e duas incógnitas, de modo que a soma das
partes seja A+B=M, mas A/p=B/q
A solução segue das propriedades das proporções:

O valor de K é que proporciona a solução pois: A = K p e B = K q


Exemplo: Para decompor o número 100 em duas partes A e B diretamente
proporcionais a 2 e 3, montaremos o sistema de modo que A + B = 100, cuja
solução segue de:

Segue que A = 40 e B = 60.


Determinar números A e B diretamente proporcionais a 8 e 3, sabendo-se
que a diferença entre eles é 60.
Para resolver este problema, basta tomar A - B = 60 e escrever:

Segue que A=96 e B=36.

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DIVISÃO EM VÁRIAS
PARTES DIRETAMENTE
PROPORCIONAIS

Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn diretamente propor-


cionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema com n equações e n incóg-
nitas, sendo as somas X1 + X2 + ... + Xn = M e p1 + p2 + ... + pn = P.

A solução segue das propriedades das proporções:

Exemplo: para decompor o número 120 em três partes A, B e C diretamente


proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar um sistema com 3 equações e 3
incógnitas, tal que A + B + C = 120 e 2 + 4 + 6 = P.
Assim:

Logo A = 20, B = 40 e C = 60.


Exemplo: determinar números A, B e C diretamente proporcionais a 2, 4 e
6, de modo que 2A + 3B - 4C = 120. A solução segue as propriedades das pro-
porções:

Logo A=-30, B=-60 e C= -90

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
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DIVISÃO EM DUAS
PARTES INVERSAMENTE
PROPORCIONAIS

Para decompor um número M em duas partes A e B inversamente proporcio-


nais a p e q, deve-se decompor este número M em duas partes A e B diretamen-
te proporcionais a 1/p e 1/q, que são, respectivamente, os inversos de p e q .
Assim, basta montar o sistema com duas equações e duas incógnitas, tal
que A + B = M. Desse modo:

O valor de K proporciona a solução pois: A=K/p e B=K/q.


Exemplo: Para decompor o número 120 em duas partes A e B inversamente
proporcionais a 2 e 3, deve-se montar o sistema tal que A + B = 120, de modo
que:

Assim A = 72 e B = 48.
Exemplo: Determinar números A e B inversamente proporcionais a 6 e 8,
sabendo-se que a diferença entre eles é 10. Para resolver este problema,
tomamos AB = 10. Assim:

Assim A = 40 e B = 30.

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DIVISÃO EM VÁRIAS
PARTES INVERSAMENTE
PROPORCIONAIS

Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inversamente pro-


porcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número M em n partes X1, X2,
..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2, ..., 1/pn.
A montagem do sistema com n equações e n incógnitas, assume que
X1 + X2 + ... + Xn = M e além disso

cuja solução segue das propriedades das proporções:

Exemplo: para decompor o número 220 em três partes A, B e C inversa-


mente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar um sistema com 3 equações e
3 incógnitas, de modo que A+B+C=220. Desse modo:

A solução é A=120, B=60 e C=40.


Exemplo: para obter números A, B e C inversamente proporcionais a 2, 4 e
6, de modo que 2A + 3B - 4C = 10, devemos montar as proporções:

Logo, A = 60/13, B = 30/13 e C = 20/13.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
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DIVISÃO EM DUAS PARTES
DIRETA E INVERSAMENTE
PROPORCIONAIS

Para decompor um número M em duas partes A e B diretamente proporcio-


nais a c e d e inversamente proporcionais a p e q, deve-se decompor este
número M em duas partes A e B diretamente proporcionais a c/q e d/q, basta
montar um sistema com duas equações e duas incógnitas de forma que
A+B=M e além disso:

O valor de K proporciona a solução pois: A=Kc/p e B=Kd/q


Exemplo: Para decompor o número 58 em duas partes A e B diretamente
proporcionais a 2 e 3, e, inversamente proporcionais a 5 e 7, deve-se montar
as proporções:

Assim A=(2/5).70=28 e B=(3/7).70=30


Exemplo: Para obter números A e B diretamente proporcionais a 4 e 3 ep
inversamente proporcionais a 6 e 8, sabendo-se que a diferença entre eles é
21. Para resolver este problema, basta escrever que A-B=21 e resolver as
proporções:

Assim A=(4/6).72=48 e B=(3/8).72=27.

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DIVISÃO EM N PARTES,
DIRETA E INVERSAMENTE
PROPORCIONAIS

Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente pro-


porcionais a p1, p2, ..., pn e inversamente proporcionais a q1, q2, ..., qn, basta
decompor este número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporciona-
is a p1/q1, p2/q2, ..., pn/qn.
A montagem do sistema com n equações e n incógnitas exige que
X1 + X2 + ... + Xn = M e além disso

A solução segue das propriedades das proporções:

Exemplo: para decompor o número 115 em três partes A, B e C, diretamente


proporcionais a 1, 2 e 3 e inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, deve-se montar
um sistema com 3 equações e 3 incógnitas de forma de A+B+C=115 e tal que:

Logo A = (1/4) 100 = 25, B = (2/5) 100 = 40 e C = (3/6) 100 = 50.


Exemplo: determinar números A, B e C diretamente proporcionais a 1, 10 e
2 e inversamente proporcionais a 2, 4 e 5, de modo que 2A + 3B - 4C = 10. A
montagem do problema fica na forma:

A solução é A=50/69, B=250/69 e C=40/69.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
10 REGRA DE SOCIEDADE

Regra de sociedade é um procedimento matemático que indica a forma de


distribuição de um resultado (lucro ou prejuízo) de uma sociedade, sendo que
os membros poderão participar com capitais distintos e também em tempos
distintos. Os capitais dos membros participantes são indicados por: C1, C2,
..., Cn e os respectivos tempos de participação deste capitais da sociedade
por t1, t2, ..., tn.
Definiremos o peso pk (k=1,2,...,n) de cada participante como o produto
pk = Ck tk, e indicaremos o capital total como a soma dos capitais participan-
tes: C = C1 + C2 + ... + Cn
A regra de Sociedade é uma aplicação imediata do caso de decomposição
de um valor M diretamente proporcional aos pesos p1, p2, ..., pn.
Exemplo: ocorreu a formação de uma sociedade por três pessoas A, B e C,
sendo que A entrou com um capital de R$50.000,00 e nela permaneceu por
40 meses, B entrou com um capital de R$60.000,00 e nela permaneceu por
30 meses e C entrou com um capital de R$30.000,00 e nela permaneceu por
40 meses. Se o resultado (que pode ser um lucro ou um prejuízo) da empresa
após certo período posterior, foi de R$25.000,00, quanto deverá receber (ou
pagar) cada sócio?
Os pesos de cada sócio serão indicados em milhares para não termos
muitos zeros nas expressões dos pesos. Desse modo:
p1 = 50 x 40 = 2000;
p2 = 60 x 30 = 1800;
p 3 = 30 x 40 = 1200

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
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MATEMÁTICA FINANCEIRA
11 REGRA DE TRÊS

Embora os gregos e os romanos conhecessem as proporções, não chega-


ram a aplicá- las na resolução de problemas. Na Idade Média, os árabes reve-
laram ao mundo a "Regra de Três". No século XIII, o italiano Leonardo de Pisa
difundiu os princípios dessa regra em seu Liber Abaci (o Livro do Ábacoll),
com o nome de Regra dos três números conhecidos.

REGRA DE TRÊS SIMPLES DIRETA


Uma regra de três simples direta é uma forma de relacionar grandezas
diretamente proporcionais. Para resolver problemas, tomaremos duas gran-
dezas diretamente proporcionais X e Y, e outras duas grandezas W e Z, tam-
bém diretamente proporcionais, de forma que tenham a mesma constante de
proporcionalidade K.
X/Y = K e W/Z = K então X/Y = Y/Z
Exemplo: na extremidade de uma mola (teórica) colocada verticalmente,
foi pendurado um corpo com a massa de 10 Kg e verificamos que ocorreu um
deslocamento no comprimento da mola de 54 cm. Se colocarmos um corpo
com 15 Kg de massa na extremidade dessa mola, qual será o deslocamento no
comprimento da mola? (Kg = quilograma e cm = centímetro).
Representaremos pela letra X a medida procurada. De acordo com os
dados do problema, temos:
Massa do corpo (Kg) Deslocamento da mola (cm)
10 54
15 X
As grandezas envolvidas - massa e deslocamento - são diretamente pro-

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
porcionais. Conhecidos três dos valores no problema, podemos obter o
quarto valor, X, e, pelos dados da tabela, podemos montar a proporção:
10/15 = 54/X
Observamos que os números 10 e 15 aparecem na mesma ordem que apa-
receram na tabela e os números 54 e X também aparecem na mesma ordem
direta que apareceram na tabela anterior e desse modo 10·X=15·54, logo
10X=810, assim X=81 e o deslocamento da mola será de 81cm.

REGRA DE TRÊS SIMPLES INVERSA


A regra de três simples inversa é uma forma de relacionar grandezas inver-
samente proporcionais para obter uma proporção.
Na resolução de problemas, consideremos duas grandezas inversamente
proporcionais A e B e outras duas grandezas também inversamente proporcio-
nais C e D de forma que tenham a mesma constante de proporcionalidade K.
A X B = K e C X D = K, donde A X B = C X D, logo A/C = D/B
Exemplo: ao participar de um treino de Fórmula 1, um corredor imprimindo
a velocidade média de 180 Km/h fez um certo percurso em 20s. Se a sua velo-
cidade média fosse de 200 Km/h, qual seria o tempo gasto no mesmo percur-
so? (Km/h = quilômetro por hora, s = segundo).
Representaremos o tempo procurado pela letra T. De acordo com os dados
do problema, temos:
Velocidade (Km/h) Tempo (s)
180 20
200 T
Relacionamos grandezas inversamente proporcionais: velocidade e
tempo em um mesmo espaço percorrido. Conhecidos três valores, podemos
obter um quarto valor T. Ou seja, 180/200 = T/20
Os números 180 e 200 aparecem na mesma ordem que apareceram na
tabela, enquanto que os números 20 e T aparecem na ordem inversa da
ordem que apareceram na tabela acima.
Assim, 180x20=200.X, donde 200X=3600 e assim X=3600/200=18. Se a
velocidade do corredor for de 200 Km/h, ele gastará 18s para realizar o
mesmo percurso.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
REGRA DE TRÊS COMPOSTA
Regra de três composta é um processo de relacionamento de grandezas
diretamente proporcionais, inversamente proporcionais, ou uma mistura
dessas situações. O método funcional para resolver um problema dessa
ordem é montar uma tabela com duas linhas, sendo que a primeira linha
indica as grandezas relativas à primeira situação enquanto que a segunda
linha indica os valores conhecidos da segunda situação.
Se A1, B1, C1, D1, E1, ... são os valores associados às grandezas para uma
primeira situação e A2, B2, C2, D2, E2, ... são os valores associados às gran-
dezas para uma segunda situação, montamos a tabela abaixo lembrando que
estamos interessados em obter o valor numérico para uma das grandezas,
digamos Z2 se conhecemos o correspondente valor numérico Z1 e todas as
medidas das outras grandezas.
Situação Grandeza Grandeza Grandeza Grandeza Grandeza Grandeza Grandeza
1 2 3 4 5 ... ?
Situação 1 A1 B1 C1 D1 E1 ... Z1
Situação 2 A2 B2 C2 D2 E2 ... Z2

Quando todas as grandezas são diretamente proporcionais à grandeza Z,


resolvemos a proporção:

Quando todas as grandezas são diretamente proporcionais à grandeza Z,


exceto a segunda grandeza (com a letra B, por exemplo) que é inversamente
proporcional à grandeza Z, resolvemos a proporção com B1 trocada de posi-
ção com B2:

As grandezas que forem diretamente proporcionais à grandeza Z são


indicadas na mesma ordem (direta) que aparecem na tabela enquanto que as
grandezas que forem inversamente proporcionais à grandeza Z aparecerão
na ordem inversa daquela que apareceram na tabela.
Exemplo: se temos cinco grandezas envolvidas: A, B, C, D e Z, sendo a
primeira A e a terceira C diretamente proporcionais à grandeza Z e as outras

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
duas B e D inversamente proporcionais à grandeza Z, deveremos resolver a
proporção:

Observação: Problema difícil é analisar, de um ponto de vista lógico, quais


grandezas são diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais.
Como é muito difícil realizar esta análise de um ponto de vista geral, apresen-
taremos alguns exemplos para entender o funcionamento da situação.
Exemplo: funcionando durante 6 dias, 5 máquinas produziram 400 peças
de uma mercadoria. Quantas peças dessa mesma mercadoria serão produzi-
das por 7 máquinas iguais às primeiras, se essas máquinas funcionarem
durante 9 dias?
Vamos representar o número de peças pela letra X. De acordo com os
dados do problema, vamos organizar a tabela:
Nº de máquinas (A) Nº de dias (B) Nº de peças (C)
5 6 400
7 9 X
A grandeza Número de Peças (C) servirá de referência para as outras gran-
dezas. Analisaremos se as grandezas Número de máquinas (A) e Número de
dias (B) são diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais à
grandeza C que representa o Número de peças. Tal análise deve ser feita de
uma forma independente para cada par de grandezas.
Quando consideramos as grandezas Número de peças e Número de máqui-
nas, devemos fazer uso de lógica para constatar que se tivermos mais máqui-
nas operando produziremos mais peças e se tivermos menos máquinas
operando produziremos menos peças. Assim temos que estas duas grande-
zas são diretamente proporcionais
Vamos agora considerar as grandezas Número de Peças e Número de Dias.
Novamente devemos usar a lógica para constatar que, se tivermos maior
número de dias, produziremos maior número de peças; e se tivermos menor
número de dias, produziremos menor número de peças. Assim temos que
estas duas grandezas também são diretamente proporcionais.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
Concluímos que todas as grandezas envolvidas são diretamente proporci-
onais, logo, basta resolver a proporção: 400/x = (5x6)/(7x9), que pode ser
posta na forma 400/x = 30/63.
Resolvendo a proporção, obtemos X=840. Assim, se as 7 máquinas funcio-
narem durante 9 dias serão produzidas 840 peças.
Um motociclista, rodando 4h por dia, percorre em média 200 Km em 2 dias.
Em quantos dias esse motociclista irá percorrer 500 Km, se rodar 5 h por dia?
(h=hora, Km=quilômetro).
Vamos representar o número de dias procurado pela letra X. De acordo
com os dados do problema, vamos organizar a tabela do seguinte modo:
Quilômetros (A) Horas por dia (B) N° de dias (C)
200 4 2
500 5 X
A grandeza Número de dias (C) é a que servirá como referência para as
outras grandezas. Analisaremos se as grandezas Quilômetros (A) e Horas por
dia (B) são diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais à
grandeza C que representa o Número de dias. Tal análise deve ser feita de
uma forma independente para cada par de grandezas.
Consideremos as grandezas Número de dias e Quilômetros. Usaremos a
lógica para constatar que, se rodarmos maior número de dias, percorrere-
mos maior quilometragem; e se rodarmos menor número de dias, percorre-
remos menor quilometragem. Assim, temos que estas duas grandezas são
diretamente proporcionais.
Na outra análise, vamos agora considerar as grandezas Número de Dias e
Horas por dia. Verificar que, para realizar o mesmo percurso, se tivermos
maior número de dias utilizaremos menor número de horas por dia; e se
tivermos menor número de dias, necessitaremos maior número de horas
para o mesmo percurso. Logo, estas duas grandezas são inversamente pro-
porcionais e, desse modo: 2/5 = (200x5)/(500x4), que pode ser posta como
2/X = 1000/2000.
Resolvendo esta proporção, obtemos X=4, significando que, para percor-
rer 500 Km, rodando 5 h por dia, o motociclista levará 4 dias.

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
12 PORCENTAGEM

Observamos nos meios de comunicação, praticamente todos os dias,


expressões matemáticas relacionadas com porcentagem. O termo “por
cento” é proveniente do Latim “per centum” e quer dizer “por cem”. Toda razão
da forma a/b, na qual o denominador b = 100, é chamada taxa de porcentagem
ou simplesmente porcentagem ou ainda percentagem.
Historicamente, a expressão por cento aparece nas principais obras de
aritmética de autores italianos do século XV. O símbolo % surgiu como uma
abreviatura da palavra cento, utilizada nas operações mercantis.
Para indicar um índice de 10 por cento, escrevemos 10%. Isto significa que,
em cada 100 unidades de algo, tomaremos 10 unidades. 10% de 80 podem ser
obtidos como o produto de 10% por 80, isto é:
Produto = 10%.80 = 10/100.80 = 800 / 100 = 8
Em geral, para indicar um índice de M por cento, escrevemos M% e, para
calcular M% de um número N, realizamos o produto:
Produto = M%.N = M.N / 100

27
MATEMÁTICA FINANCEIRA
13
PREÇOS DE CUSTO E DE
VENDA, LUCROS E
PREJUÍZOS

Em economia, contabilidade, finanças e negócios, preço é o valor monetá-


rio expresso numericamente associado a uma mercadoria, serviço ou patri-
mônio. O conceito de preço é central para a microeconomia, onde é uma das
variáveis mais importantes na teoria de alocação de recursos (também cha-
mada de teoria dos preços).
Preço é a medida do valor de troca de um bem ou serviço, em termos mone-
tários ou em termos de outro bem que tenha grande aceitação. Esse termo é
também empregado no sentido de prêmio ou compensação, como na
expressão “o preço do esforço”, ou num sentido mais vago, quase figurado,
como em "as mercadorias a que se renuncia são o preço da poupança, já que o
indivíduo deixa de despender toda a sua renda".
O preço é fundamentalmente um quociente que indica os termos da troca
de bens e serviços. Assim, numa sociedade primitiva, duas facas podem ser
trocadas por um bezerro. Frequentemente se escolhe uma mercadoria para
servir como numerário ou padrão em relação às outras mercadorias. Os
metais preciosos servem tanto como uma mercadoria desejada para fins
particulares, quanto como uma unidade de valor e de troca. Quando merca-
dorias uniformes, como ouro, prata, ferro são adotadas como numerário,
estabelece-se um sistema de preços monetário. Nas economias avançadas,
o dinheiro (que implica a existência de crédito) não é desejado pelo seu valor
intrínseco, mas porque pode ser trocado por bens e serviços.
Em Marketing, preço é uma das quatro variáveis no Composto
Mercadológico, ou “marketing mix”, que os mercadólogos usam para desen-
volver um plano de marketing. Segundo Jay Conrad Levinson, 14% dos consu-
midores decidem suas compras baseando-se exclusivamente no preço.

28
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Computa-se no preço não apenas o valor monetário de um produto, mas tudo
aquilo que o consumidor tem que sacrificar ao adquirir um bem.
A palavra apreçamento, com o sentido de estabelecimento de um preço,
refere-se por vezes a preços administrados, ou seja, preços que não são
completamente determinados pela relação existente no mercado entre
oferta e procura, mas podem ser determinados, dentro de certos limites, pela
firma comercial vendedora. O limite dentro do qual uma firma poderá
administrar os preços é determinado pela situação da procura e pelos objeti-
vos da própria firma: maximização dos lucros, ampliação do mercado etc.
O verdadeiro preço de alguma coisa é o trabalho e a dificuldade para adquiri-
la. Por isso, os mercadólogos incluem em suas considerações os custos indire-
tos, custos de manutenção, a necessidade de recompra, e mesmo a energia
física, o tempo e o custo emocional de se adquirir uma oferta.
O preço de venda é o valor que deverá cobrir o custo direto da mercado-
ria/produto/serviço, as despesas variáveis, como impostos, comissões, etc.,
As despesas fixas proporcionais, ou seja, aluguel, água, luz, telefone, salári-
os, pró- labore, etc., e ainda, sobrar um lucro líquido adequado.
Preço de custo: Trata-se do valor de aquisição dos produtos ou mercadori-
as mais os custos necessários para disponibilizá-los à produção ou venda,
podendo ser mão-deobra, fretes, energia, estocagem etc.

CUSTOS
Custos são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais
uma organização, uma pessoa ou um governo, têm de arcar a fim de atingir
seus objetivos, sendo considerados esses ditos objetivos, a utilização de um
produto ou serviço qualquer, utilizados na obtenção de outros bens ou servi-
ços. A Contabilidade Gerencial incorpora esses e outros conceitos econômi-
cos para fins de elaborar Relatórios de Custos de uso da Gestão Empresarial.
No Brasil, o Decreto-Lei 1.598/77, em seu artigo 14, determina que: “o con-
tribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e coor-
denado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados
para avaliação dos estoques de produtos, principalmente para fins fiscais”.

29
MATEMÁTICA FINANCEIRA
Sob a ótica contábil, custos os são gastos que a entidade realiza com o
objetivo de por o seu produto pronto para ser comercializado, fabricando-o
ou apenas revendendo-o, ou o de cumprir com o seu serviço contratado. Uma
diferença básica para a despesa é que "custo" traz um retorno financeiro e
pertence à atividade-fim, pela qual a entidade foi criada (determinada no seu
Contrato Social, na cláusula Do Objeto). Já despesa é um gasto com a ativida-
de-meio e não gera retorno financeiro, apenas propicia certo "conforto" ou
funcionalidade ao ambiente empresarial.
A razão para se classificar os gastos correntes de uma entidade em despe-
sas e custos é que o primeiro vai direto para o resultado do período. Já “cus-
tos” irão formar um estoque (na produção de um bem) e, na sua realização
(venda), serão finalmente levados ao resultado, o que poderá levar meses ou
até anos.
Custos industriais geralmente são: matéria prima, energia consumida
(eletricidade e/ou combustíveis), água consumida, materiais industriais
diversos, mão de obra, depreciação dos itens imobilizados de produção,
entre outros.
Custeio Direto (ou Variável): É um método de custeio usado para alocação
apenas dos custos variáveis ao produto. Segundo Leoni "o sistema de custeio
variável ou direto é um método que considera apenas os custos variáveis de
apropriação direta como custo do produto ou serviço". Segundo Lopes de Sá,
o custeio variável é "o processo de apuração de custo que exclui os custos
fixos". Segundo Meglioni "enquanto no custeio por absorção eles são ratea-
dos aos produtos, no custeio variável, são tratados como custos do período,
indo diretamente para o resultado igualmente as despesas". A diminuição da
necessidade de rateio deve-se ao fato de que no sistema de custeio variável,
são alocados aos produtos e/ou serviços, somente os custos variáveis e,
como na maioria dos casos, os custos variáveis também são diretos, não
alocando os rateios dos custos indiretos. Ele é usado para eliminar qualquer
distorção na apuração dos custos oriundos de problemas com rateios pois os
custos fixos são tratados como despesas.
Custeio por absorção (ou integral): O sistema de custeio por absorção é o
sistema que apura o valor dos custos dos bens ou serviços, tomando como

30
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
base todos os custos da produção incluindo os custos diretos, indiretos, fixos
e variáveis. Segundo Meglioni, "o custeio por absorção é o método que con-
siste em atribuir aos produtos fabricados todos os custos de produção, quer
de forma direta ou indireta. Assim todos os custos, sejam eles fixos ou
variáveis, são absorvidos pelos produtos."
Custo-padrão: são custos predeterminados, porém, diferentemente dos
custos estimados, são calculados com base em parâmetros operacionais, e
utilizados em operações repetitivas de produção, onde não compensaria
calcular o custo individual de cada repetição.
Custeio ABC: A alocação dos custos indiretos é baseada nas atividades
relacionadas.
GECON (Modelo Gestão Econômica) é um modelo de mensuração de custos
baseado em gestão por resultados econômicos. Também conhecido por
“Grid Economics and Business Models Work”.
Custo-meta: O custo-meta, também conhecido como “Target Costing”, é
uma estratégia de gestão de custos que, a partir do preço de mercado e de
uma margem de lucro desejada, estabelece um teto de custo para os produ-
tos ou serviços.
Custos Fixos: são os custos que, embora tenham um valor total que não se
altera com a variação da quantidade de bens ou serviços produzidos, seu
valor unitário se altera de forma inversamente proporcional à alteração da
quantidade produzida. Exemplo: O pagamento de aluguel.
Custos Variáveis: são os custos que, em bases unitárias possuem um valor
que não se altera com alterações nas quantidades produzidas, porém, cujos
valores totais variam em relação direta com a variação das quantidades
produzidas. Exemplo: Matéria prima.
Custos Totais: são a soma de Custos Variáveis mais Custos Fixos, repre-
sentado pela formula CT=CF+CV.
Custos Diretos: são os custos suscetíveis de serem identificados com os
bens ou serviços resultantes, ou seja, têm parcelas definidas apropriadas a
cada unidade ou lote produzidos. Geralmente são representados por mão-
de-obra direta e pelas matérias primas.

31
MATEMÁTICA FINANCEIRA
Custos indiretos: todos os outros custos que dependem da adoção de algum
critério de rateio para sua atribuição à produção. No jargão da contabilidade
brasileira, eles são chamados de CIF, de Custos Indiretos de Fabricação.

LUCROS E PREJUÍZOS
Lucro é o retorno positivo de um investimento feito por um indivíduo ou
uma pessoa nos negócios. Já o prejuízo financeiro ocorre quando alguém ou
alguma instituição gasta mais do que arrecada. Em contabilidade, o prejuízo
é o oposto do lucro. Ambos são saldos na conta denominada "resultados" ou
"lucros e perdas", que podem ocorrer ao final do exercício (em geral, um
período de doze meses). Para fins de informação dos usuários da contabilida-
de, as grandes corporações são obrigadas a publicar periodicamente uma
"demonstração de resultados" (uma das "demonstrações financeiras"),
também conhecida como "balanço de resultado econômico" ou "demonstrati-
vo de lucros e perdas", nas quais são decompostas analiticamente as partes
componentes que resultaram no lucro ou prejuízo do exercício.
Outro demonstrativo, o de lucros ou prejuízos acumulados, informa o saldo
acumulado resultante da soma algébrica dos resultados dos exercícios pas-
sados.
Segundo os princípios da Economia Aziendal, o lucro pode ser originário do
funcionamento (lucro operacional) e do crédito (lucro da gestão econômica).
De acordo com a estrutura das Demonstrações Contábeis de Resultados
utilizados no Brasil, o lucro é desdobrado nas seguintes categorias:
▪ Lucro Bruto: diferença positiva de Receitas menos Custo e
despesas;
▪ Lucro Operacional: diferença positiva do lucro bruto e das
despesas operacionais;
▪ Lucro não operacional: resultado positivo das receitas e
despesas não operacionais;
▪ Lucro Líquido: diferença positiva do lucro bruto menos o
lucro operacional e o não operacional;
▪ Lucro a ser distribuído: lucro líquido menos a quantia desti-
nada a Reservas de Lucros ou compensada com os Prejuízos
Acumulados;

32
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
A legislação tributária criou outras categorias de Lucro, a saber (vide
Contabilidade tributária):
▪ Lucro Real: Base de Cálculo do Imposto de Renda das pesso-
as jurídicas. (Contabilmente, seria o Lucro Líquido menos as
adições e exclusões de despesas feitas para fins de apura-
ção do tributo citado).
▪ Lucro Inflacionário: parcela do Lucro Real, composta do
saldo credor da correção monetária de balanços ajustado
pelas variações monetárias e cambiais (e que podia ser
diferido, ou seja, devido em exercícios futuros).
▪ Lucro de Exploração: parte do Lucro Real formado pelas
Receitas oriundas de incentivos fiscais do Imposto de Renda
(isenção ou redução).
▪ Lucro Presumido: outra base de cálculo do imposto de
renda, basicamente sobre Receitas, e com escrituração
simplificada no Livro Caixa.

33
MATEMÁTICA FINANCEIRA
14 JUROS

Quando você vê em uma propaganda: "Compre uma televisão à vista por $


1.000 ou a prazo em 5 parcelas de $ 260" é provável que pensasse assim: "É
melhor comprar a prazo, pois prefiro pagar parcelado e, em apenas 5 meses,
eu acabo de pagar." Mas você se esqueceu de um "detalhe": 5 parcelas de $
260 somam o equivalente a $ 1.300 – que é 30% a mais do que a oferta à vista
($ 1.000). São em situações como essas que levam a perceber como a
Matemática Financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas alternati-
vas de investimento ou financiamento de bens de consumo. Ela consiste em
empregar procedimentos matemáticos para simplificar a operação financei-
ra.
Juro é o preço ou a remuneração paga, em moeda, pela utilização de uma
quantia, "o ágio obtido em dinheiro vivo sobre liquidez futura". Com muita
frequência os economistas não se satisfizeram com essa definição banal,
indagando o porquê da existência do juro.
Em vista da atualíssima discussão, no Brasil, acerca dos juros impostos ao
consumidor, é oportuno aprofundar nosso conhecimento a partir da lem-
brança de que economistas clássicos entendiam que ele deve ser pago a fim
de possibilitar uma poupança suficiente para permitir progresso pelo acú-
mulo de capital. Conquanto se admita geralmente que alguma poupança
seria possível sem a cobrança de juro, o montante seria insignificante.
O juro tem sido considerado um “suborno” necessário para obrigar os que
dispõem de renda a consumir menos do que poderiam consumir. Sénior, um
dos primeiros economistas a oferecer uma explicação sem ambiguidades
para esse termo, afirma que “o juro compensa os sacrifícios da abstinência” .

34
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Os socialistas, entretanto, desprezaram essa ideia, entendendo que, se a
abstinência traz sacrifício, então os Rothschilds e outros milionários devem
ter sofrido atrozmente. Sénior poderia naturalmente ter admitido que a
prática de poupança pelos ricos não envolvia qualquer sacrifício óbvio, ou
não, acrescentando, porém que, sem o juro, haveria um volume insuficiente
de abstenção de consumo. K. Marx afirmou que os capitalistas desejariam
consumir e, ao mesmo tempo, adquirir poder através da acumulação de
propriedade. Ë claro que a análise marginal resolve a dificuldade, ao ver o juro
meramente como o custo de oportunidade da unidade marginal de poupan-
ça. Quando pequenas poupanças representam suprimento marginal, então
ocorre "sacrifício" real.
Não obstante, a crítica socialista deixou os economistas numa posição
embaraçosa. O socorro veio através de uma mudança de ênfase que transfor-
mou abstinência em preferência pelo tempo.
A explicação do juro através do conceito da preferência pelo tempo foi
desenvolvida inicialmente no trabalho de W. S. Jevons e da escola austríaca,
sobretudo E. Bohm-Bawerk, que atribuiu ao homem uma "subestimação
perspectiva das necessidades futuras”.
Para muitos, essa subestimação explica a preferência por bens presentes
em relação a bens disponíveis no futuro; a presença desse elemento não
constitui, entretanto, ingrediente necessário da teoria de preferência pelo
tempo, exceto numa sociedade estacionária.
«Tudo o que se faz necessário para existência do juro numa sociedade
progressista é que seus membros sintam alguma relutância em adiar o con-
sumo da renda presente, a fim de elevar a renda futura a um nível superior ao
presente, a uma taxa mais que limitada”. Poucos economistas negam hoje a
importância da preferência pelo tempo, porém muitos julgam que a curva de
poupança, na qual o volume de poupança é apresentado como função da taxa
de juro, tem pouca elasticidade em grande parte de sua extensão.
Em 1936, J. M. Keynes enfatizou a preferência pela liquidez como uma
compulsão para o pagamento de juros. O juro deve ser pago porque as pesso-
as e as instituições têm a alternativa de entesourar suas poupanças monetá-
rias.

35
MATEMÁTICA FINANCEIRA
Julgava Keynes que um declínio do juro criava expectativa de uma volta em
nível mais alto. Quanto mais baixa a taxa de juros, mais forte o estímulo ao
entesouramento, pois toda queda na taxa de juros "reduz os ganhos decor-
rentes da iliquidez, disponíveis como uma espécie de prêmio de seguro para
compensar o risco da perda em conta de capital, num montante igual à dife-
rença entre os quadrados da velha e da nova taxa de juros".
Como D. H. Robertson sempre se dispunha a observar, Keynes quase dizia
que o juro existe porque se espera que ele difira em grandeza do que é. Um
melhor enunciado da teoria de preferência pela liquidez diria que o juro não
pode cair abaixo de um mínimo devido à alternativa de entesouramento, mas
que qualquer taxa acima desse mínimo é adequada para induzir o desentesou-
ramento (se não forem previstas taxas futuras mais altas e se outras circuns-
tâncias forem favoráveis). Com justiça, Robertson censurava Keynes por dei-
xar de acentuar que, numa situação de equilíbrio, a taxa de juros deve satisfazer
tanto à "conveniência marginal de guardar dinheiro" como à "inconveniência
marginal da abstenção de consumo". Observou R. Harrod que o tomador de
empréstimo "terá de pagar o preço necessário para satisfazer o prestamista
por esperar ou o preço necessário a satisfazê-lo por preterir a liquidez, seja
qual for o maior. Keynes parece supor que o maior será o segundo.
Apesar da ênfase que dão à sua teoria favorita do juro, todos os economis-
tas reconhecem que a produtividade ou o rendimento do capital são um
determinante do juro. Entretanto, muita confusão é suscitada pela mistura
de análises estáticas e dinâmicas. Tanto J. A. Schumpeter como E. Bohm-
Bawerk observaram que o importante era a produtividade de valor e não a
produtividade física.
Schumpeter observou que, se não houvesse quaisquer novas mudanças
técnicas ou perturbações, e se o processo de acumulação de capital não
fosse interrompido, desapareceria a perspectiva de um produto-valor margi-
nal. Negou que houvesse qualquer razão para preferência pelo tempo ou
consequente equilíbrio isento de risco ou estado estacionário.
Também F. H. Knight sustentou que, sem crescimento e mudança contínu-
os, não haveria razão para a preferência pelo tempo de Bohm-Bawerk. Assim,
afirmou que, apesar de suas negativas categóricas, Bohm-Bawerk defendia
uma teoria da produtividade.

36
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
O estado estacionário de Schumpeter, para Knight, era uma impossibilida-
de, pelo menos em teoria, uma vez que não existem "limites para o uso do
capital". Qualquer sociedade estacionária verdadeira seria o resultado de
forças "não-econômicas" ou sociológicas. As teorias do juro com base na
produtividade refletem, assim, o fato de que numa economia de livre iniciati-
va o motivo para a tomada de empréstimo está na previsão de rendimento do
investimento.
Embora um Estado socialista pudesse calcular os custos de maneira dife-
rente, e ter diferentes escalas de valores, precisaria também considerar os
rendimentos para efetuar um planejamento racional. Todavia, aqueles que
defenderam a preferência pelo tempo e a preferência pela liquidez prestaram
uma contribuição importante, pois mostraram que uma única teoria da pro-
dutividade jamais era completa em si mesma.
Atualmente um número cada vez menor de economistas subscreve qual-
quer uma das posições extremas representadas por E. Bõhm-Bawerk, J. M.
Keynes ou J. A. Schumpeter. Num nível empírico, se reconhece a influência
de pelo menos três dimensões: perspectivas de lucro devidas a mudanças
técnicas etc., preferência pela liquidez, e poupança planejada. A esta última
pode-se acrescentar a preferência pelo tempo. Num artigo aprovado por
Keynes, D.C. McCord Wright demonstrou que “a eficiência marginal do
capital" afetava a taxa de juro através de variações induzidas em L, procura de
liquidez.
Assim, é provável que a conclusão da maioria seja substancialmente a de
que o juro exerce sua influência em todos os mercados e que, em particular,
opera simultaneamente sobre a 'margem tríplice' da preferência pelo tempo
(decisões de consumo), sobre a produtividade marginal do capital (decisões
de investimento) e sobre a preferência pela liquidez.

JUROS SIMPLES
Vimos que juro é toda compensação em dinheiro que se paga ou se recebe
pela quantia em dinheiro que se empresta ou que é emprestada em função de
uma taxa e do tempo. Quando falamos em juros, devemos considerar:

37
MATEMÁTICA FINANCEIRA
1. O dinheiro que se empresta ou que se pede emprestado é
chamado de capital.
2. A taxa de porcentagem que se paga ou se recebe pelo aluguel
do dinheiro é denominada taxa de juros.
3. O tempo deve sempre ser indicado na mesma unidade a que
está submetida a taxa, e em caso contrário, deve-se realizar
a conversão para que tanto a taxa como a unidade de tempo
estejam compatíveis, isto é, estejam na mesma unidade.
4. O total pago no final do empréstimo, que corresponde ao
capital mais os juros, é denominado montante.
Para calcular os juros simples j de um capital C, durante t períodos com a
taxa de 1% ao período, basta usar a fórmula:

Exemplos:
1. O preço à vista de um aparelho é de R$ 450,00. A loja oferece este apare-
lho para pagamento em 5 prestações mensais e iguais porém, o preço passa a
ser de R$ 652,00. Sabendo-se que a diferença entre o preço à prazo e o preço
à vista é devida aos juros cobrados pela loja nesse período, qual é a taxa men-
sal de juros cobrada por essa loja?
A diferença entre os preços dados pela loja é: 652,00 - 450,00 = 202,50
A quantia mensal que deve ser paga de juros é: 202,50 / 5 = 40,50
Se X% é a taxa mensal de juros, então esse problema pode ser resolvido da
seguinte forma:
X% de 450,00 = 40,50
X/100.450,00 = 40,50
450 X / 100 = 40,50
450 X = 4050
X = 4050 / 450
X=9
Resposta: A taxa de juros é de 9% ao mês.

38
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
2. Uma aplicação feita durante 2 meses a uma taxa de 3% ao mês, rendeu
R$ 1.920,00 de juro. Qual foi o capital aplicado?
O capital que a aplicação rendeu mensalmente de juros foi de:
1920,00/2=960,00. Se o capital aplicado é indicado por C, esse problema
pode ser expresso por: 3% de C = 960,00
3/100 C = 960,00
3 C /100 = 960,00
3 C = 96.000
C = 96.000/3 = 32.000,00
Resposta: O capital aplicado foi de R$ 32.000,00.

JUROS COMERCIAIS E JUROS EXATOS


Existem situações onde o prazo de uma operação financeira é contado em
dias, enquanto a taxa de juros é indicada em alguma outra unidade de tempo
maior (mês, bimestre, trimestre, semestre, ano).
A contagem do número de dias envolvidos nestas situações será feita, na
prática, de acordo com uma das convenções abaixo: Prazo Comercial:
Consideram-se todos os meses com 30 dias (mês comercial) e o ano com 360
dias (ano comercial). Este é o caso mais frequente nos problemas de juros
simples e os juros calculados de acordo com esta convenção são chamados
de juros comerciais ou juros ordinários.
Prazo Exato: Consideram-se os dias transcorridos efetivamente entre as
datas apresentadas. Cada mês poderá ter 30 dias (para abril, junho, setembro
e novembro), 28 dias (para fevereiro, sendo 29 se o ano for bissexto) ou 31 dias
(para os demais meses do ano). O ano terá um total de 365 dias (ou 366 dias se
for bissexto). Os juros calculados de acordo com esta convenção são chama-
dos juros exatos.
Dado um conjunto com duas ou mais aplicações a juros simples, cada qual
com seus próprios valores de capital, taxa e prazo, dizemos que prazo médio
é um prazo único tal que, substituindo os prazos de cada uma das aplicações
dadas, produzira o mesmo total de juros das aplicações originais.
O prazo médio é sempre a media dos prazos ponderados pelos valores
correspondentes das taxas e dos capitais a eles associados.

39
MATEMÁTICA FINANCEIRA
15 DESCONTO

Em finanças, chama-se Desconto à diferença entre o Valor Nominal de um


título (Valor Futuro) “VF” e o Valor Presente ou Atual “VP” deste mesmo título [D
= VF – VP]. Há dois tipos básicos de descontos: Comerciais (por fora) ou
Racionais (por dentro). Define-se desconto como sendo o abatimento que o
devedor faz jus quando antecipa o pagamento de um título ou quando o
mesmo é resgatado antes de seu vencimento, ou ainda, como sendo o juro
cobrado por um intermediário para antecipar o recebimento de um título, que
representa um direito de crédito futuro. É uma operação tradicional no mer-
cado financeiro e no comércio em geral. Notações comuns na área de des-
contos:
▪ D - Desconto realizado sobre o título
▪ A - VP Valor Atual ou Valor Presente de um título
▪ N - VF Valor Nominal ou Valor Futuro de um título
▪ I - Taxa de desconto
▪ n - Número de períodos para o desconto
Descontos simples são obtidos com cálculos lineares, e os descontos
compostos são obtidos com cálculos exponenciais.

DESCONTO SIMPLES
É aquele obtido em função de cálculos lineares (capitalização simples).
Distinguem-se dois tipos de descontos simples, o racional e o comercial ou
bancário. Desconto simples comercial ou simplesmente desconto por fora é
o desconto aplicado sobre o valor nominal, ou futuro do título, muito utilizado
nas instituições financeiras e no comércio em geral. O desconto comercial é

40
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
uma convenção secularmente aceita e amplamente utilizada nas operações
comerciais e bancárias de curto prazo, merecendo, por isso, toda atenção
especial, pois por essa convenção altera-se o conceito básico e verdadeiro
da formação e da acumulação de juro, implicando, consequentemente, na
determinação de taxas efetivas (custo financeiro efetivo). O cálculo desse
desconto é análogo ao cálculo do juro simples.
O valor atual ou valor presente (VP) no desconto por fora, é calculado por:
VP = VF-D = VP = VF - VF.i.n = VP = VF (1-i.n) D = VF – VP
No cálculo do valor presente (atual) de um título pelo desconto comercial, o
valor do desconto corresponde a diferença entre o valor nominal do título e o
seu valor atual, logo:
dc = VF - VPc VPc = VF - dc VPc = VF . (1 – i . n)
Algumas observações importantes devem ser levadas em consideração na
operação de desconto comercial ou por fora.
Observe que, quando a taxa for igual ao inverso do prazo ou maior que este
inverso, a adoção do desconto comercial simples nos conduz a um absurdo
financeiro.
No caso do desconto comercial ou bancário, deverá ser considerado IOF de
0,0041% ao dia, correspondendo a 0,123% a.m.
Existindo despesas administrativas, expressa em moeda corrente, essas
devem ser subtraídas do Valor Atual ou Valor Presente (VP), para se achar o
Valor Líquido (VL) da operação. Mas caso estejam na forma percentual (%), a
fórmula para o cálculo do desconto passa a ser:
d = VF x ( i x n + h ),
Onde h refere-se a taxa (%) de despesas administrativas na sua forma
unitária.

41
MATEMÁTICA FINANCEIRA
DESCONTO SIMPLES RACIONAL (POR DENTRO)
Também denominado de desconto verdadeiro ou desconto por dentro, o
Desconto Simples Racional é aquele aplicado sobre o valor atual do título
utilizando-se para o cálculo a taxa efetiva (no conceito do valor inicial tomado
como base do cálculo). O cálculo deste desconto funciona análogo ao cálculo
dos juros simples. O cálculo do desconto racional é feito sobre o Valor Atual
ou Presente do título.
▪ D - Desconto realizado sobre o título
▪ A - VP Valor Atual ou Valor Presente de um título
▪ N -VF Valor Nominal ou Valor Futuro de um título
▪ i - Taxa de desconto
▪ N - Número de períodos para o desconto
O valor atual, no desconto por dentro, é dado por:
VP = VF / (1 + i n)
Cálculo do valor atual de um título pelo desconto racional
Sabemos que dr = VF – VP, portanto VP = VF – dr mas dr = VF . i . n / 1 + i . n
logo VPr = VF – VF . i . n / 1 + i . n.
Evidenciando VF, temos:
VPr = VF. (1 – i . n / 1 + i . n) VPr = VF. (1 + i . n – i . n / 1 + i . n) VF. 1 / 1 + i . n
VPr = VF / 1 +i . n

DIFERENÇA ENTRE OS DESCONTOS COMERCIAL E


RACIONAL
Sendo
dc = VF . i . n e dr = VF . i . n / 1 + i . n dc – dr =
(VF . i . n - VF . i . n) / 1 + i . n dc – dr =
(VF . i . n (1 + i . n) – VF . i . n) / 1 + i . n dc – dr =
VF . i . n (1 + i . n – 1) / 1 + i . n dc – dr =
VF . i . n . i . n / 1 + i . n = dc – dr = dr . i . n dc =
dr . i . n + dr dc = dr (1 + i . n)

42
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DESCONTO COMERCIAL COMPOSTO
O Desconto Comercial Composto (por fora) não é usado costumeiramente
no Brasil e é análogo ao cálculo do Juro composto. O que se faz é calcular a
diferença entre o valor nominal (valor futuro) e o valor atual (valor presente) do
compromisso na data em que se propõe seja feito o desconto. O desconto
corresponde à quantia a ser abatida do valor nominal e, o valor descontado é a
diferença entre o valor nominal e o desconto.

DESCONTO RACIONAL COMPOSTO


Desconto Racional Composto (por dentro) ou Desconto Composto Real é
aquele obtido pela diferença entre o Valor Nominal ou Valor Futuro (VF) e o
Valor Atual ou Valor Presente (VP) de um compromisso que seja saldado “n”
períodos antes do seu vencimento. Para uma melhor compreensão, podemos
dizer que o desconto racional composto passa a ser sinônimo de juro com-
posto. Este tipo de desconto é muito utilizado no Brasil.
Como D = VF - VP e como VF = VP (1 + i)n,
então: D = VF – VF (1+i)-n D = VF.[1-(1+i)-n]
O melhor estudo que se pode fazer com o desconto racional composto é
considerar o Valor Atual ou presente (VP) como o capital inicial de uma aplica-
ção e o Valor Nominal ou Futuro (VF) como o montante desta aplicação, levan-
do em consideração que as taxas e os tempos funcionam de forma similar
nos dois casos. Deste modo, a fórmula para cálculo do Valor Atual ou Valor
Presente, com base nos juros compostos, ficará:

43
MATEMÁTICA FINANCEIRA
16 CAPITALIZAÇÃO

Até este ponto estudamos o juro durante uma unidade de tempo e desen-
volvemos uma fórmula para este Juro (lembre-se que J = C.i). Na prática,
porém, os problemas envolvem vários períodos de aplicação e, portanto,
precisaremos estudar a geração dos juros durante mais de uma unidade de
tempo; para isso, devemos conhecer o conceito de regime de capitalização.
Do ponto de vista das finanças, capitalização é o processo de aplicação de
uma importância a uma determinada taxa de juros e de seu crescimento por
força da incorporação desses mesmos juros à quantia inicialmente aplicada.
No sentido particular do termo, capitalização é uma combinação de econo-
mia programada e sorteio, sendo que o conceito financeiro acima exposto
aplica-se apenas ao componente "economia programada", cabendo ao com-
ponente lotérico o papel de poder antecipar, a qualquer tempo, o recebimen-
to da quantia que se pretende economizar ou de um múltiplo dela de confor-
midade com o plano.
No final de cada período de Capitalização que é previamente estipulado, os
juros produzidos são adicionados ao capital, passando a fazer parte do
mesmo para efeito de cálculo dos próximos juros. Assim, estamos diante de
uma aplicação de juros compostos. O título é livremente negociável, podendo
ser vendido, trocado ou doado, desde que seja formalizada junto a Sociedade
de Capitalização a transferência conjunta do cedente e cessionário. Assim, o
cessionário sucede o cedente em todos os seus direitos e obrigações. Para a
venda de um título de
Para a venda de um título de capitalização é necessário uma série de for-
malidades que visam à garantia do consumidor. A sociedade de capitalização
deve submeter o seu plano ao órgão fiscalizador do Sistema Nacional de
Capitalização – SUSEP.

44
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
HISTÓRICO
Em 1850, Paul Viget, diretor de uma cooperativa de minérios da França,
idealizou a Capitalização, objetivando proporcionar auxílio financeiro aos
sócios através de suas próprias poupanças. O sistema era baseado em con-
tribuições mensais, visando à constituição de um capital garantido, pago no
final de prazo previamente estipulado ou, antecipadamente, através de
sorteio.
No início do século XX, a capitalização tomou um grande impulso na França
e de lá se difundiu através dos países de origem latina. No Brasil, as atividades
no setor de Capitalização surgiram em 1929, tomando grande impulso na
década de 30. Em 1947, o número de companhias de capitalização operando
no país já ascendia a dezesseis, sediadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto
Alegre e Salvador. Na década de 50, entretanto, o processo inflacionário
acelerou-se de tal forma, que o sistema de capitalização se tornou desinte-
ressante para a clientela, pois o capital inicialmente contratado era corroído
pela incessante desvalorização da moeda. Com a instituição da correção
monetária em 1964, criaram-se as premissas básicas para o ressurgimento
da capitalização, embora esse processo só tenha deslanchado mesmo dez
anos depois, quando surgiram no Brasil muitas novas empresas.
Chamaremos de regime de capitalização a maneira como os juros, e por
que não, o montante, evolui através de vários períodos de aplicação, aos
quais a taxa se refere. Existem dois tipos de regime de capitalização:

REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES


É o regime de capitalização em que a taxa de juro incide somente e sempre
sobre o capital inicial. Portanto, em todos os períodos de aplicação, os juros
serão sempre calculados através do produto do capital inicial pela taxa de
juro (J = C.i).
Exemplo:
Seja a aplicação de um capital de $1.000,00 à taxa de juro de 10% a.m.,
durante três meses, no regime de capitalização simples. Calcule os juros
totais e o montante.

45
MATEMÁTICA FINANCEIRA
Solução:
Sabemos que o regime é de capitalização simples e que C = $1.000,00 e i =
10% a.m. Então no fim do primeiro mês teremos:
J1 = C.i logo J1 = 1.000. 10%
J1 = $100,00
No fim do segundo mês teremos:
J2 = C.i logo J2 = 1.000. 10%
J2 = $100,00
No fim do terceiro mês teremos:
J3 = C.i logo J3 = 1.000. 10%
J3 = $100,00
Logo, os juros totais poderão ser calculados através da soma dos juros em
cada período (mês):
J = J1+ J2+ J3
J = 100 + 100 + 100
J = $300,00
O montante (M) será o capital acrescido dos juros totais, isto é:
M=C+J
M = 1000 + 300
M = $1.300,00

REGIME DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA


É o regime de capitalização em que a taxa de juro incide sobre o montante
obtido no período anterior, para gerar juro no período atual. Portanto, em
cada período de aplicação, os juros serão calculados através do produto do
montante do período anterior pela taxa de juro. (J = M.i)
Um exemplo simples de capitalização composta é o da caderneta de pou-
pança, onde você deposita seu dinheiro em um mês esperando que no final do
primeiro mês a mesma já apresente um montante igual ao capital inicial mais
os juros, que foram gerados sobre o capital inicial (este era o único montante
anterior), observe que a partir do primeiro mês, mesmo que você não deposi-

46
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
te nada na caderneta de poupança, o dinheiro lá existente vai rendendo juros
sobre o capital inicial e sobre os juros que já estão na conta, sendo este pro-
cesso conhecido como juros sobre juros ou capitalização composta.
Exemplo:
Seja a aplicação de um capital de $1.000 a taxa de juro de 10% a.m., durante
três meses, no regime de capitalização composta. Calcule os juros totais e o
montante.
Solução:
A situação é análoga a do exemplo anterior, sendo que o regime agora é de
capitalização composta, C = $1.000,00 e i = 10% a.m.
Até o fim do primeiro mês temos uma unidade de tempo, logo, o juro em um
mês será:
J1 = C.i logo J1 = 1.000 . 10%
J1= $100,00
M1 = C + J = 1.000 + 100
M1 = $ 1.100,00
Para formar o juro do segundo mês, a taxa de juro incidirá sobre o montante
do fim do primeiro mês.
Logo:
J2 = M1.i logo J2 = 1.100 . 10%
J2 = $ 110,00
E o montante do segundo mês será:
M2 = C + J1 + J2
M2 = 1.000 + 100 + 110
M2 = $ 1.210,00
Para formar o juro do terceiro mês, a taxa de juro incidirá sobre o montante
no fim do segundo mês.
Então:
J3 = M2.i
J3 = 1.210 . 10%
J3 = $121,00

47
MATEMÁTICA FINANCEIRA
E o montante ao final do terceiro mês será:
M3 = C + J1 + J2 + J3
M3 = 1.000 + 100 +110 +121
M3 = $1.331,00
A soma dos juros totais será de:
J = J1+ J2+ J3
J = 100 + 110 + 121
J = $ 331,00

COMPARAÇÃO ENTRE OS REGIMES DE


CAPITALIZAÇÃO SIMPLES E COMPOSTA
De acordo com os exemplos anteriores, referentes à capitalização simples
e composta, os resultados obtidos foram dispostos na tabela seguinte de
forma a permitirem uma melhor comparação:
Capitalização Simples Capitalização Composta
Período de tempo Juros Montante Juros Montante
1° Ano 100 1.100 100 1.100
2° Ano 100 1.200 110 1.210
3° Ano 100 1.300 120 1.330
4° Ano 100 1.400 130 1.460

Observações: Independentemente do regime de capitalização, o aluno


pode reparar que o juro e o montante obtidos ao final do primeiro mês de
capitalização serão sempre os mesmos. Daí se pode concluir que ao conside-
rarmos um período único de tempo, não há diferença entre os regimes de
capitalização, não havendo sentido em se distinguir, para apenas um período,
a capitalização simples da capitalização composta. Isto se dá por que ao final
do primeiro período os juros compostos são calculados sobre o montante do
período anterior, que neste momento é o capital inicial, ficando igual ao
cálculo dos juros simples.
Veja:
J = M.i = C.i (para o primeiro período).
Observe ainda que, no regime de capitalização simples, o montante
aumenta de acordo com uma progressão aritmética, onde o montante sofre

48
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
uma variação linear em relação aos juros (no exemplo, a razão é 100, ou seja, a
cada período o montante sobe de um valor constante e igual a 100). Já no
regime de capitalização composta, o montante varia de acordo com uma
progressão geométrica, onde o montante aumenta segundo uma variação
exponencial em relação aos juros (a razão da progressão geométrica é dada
por (1 + i) = (1,1). Desse modo, em se tratando de juros ou rendimentos lineares
estamos falando do regime de capitalização simples e em se tratando de
juros ou rendimentos exponenciais estamos falando do regime de capitaliza-
ção composta.
Observação: Será adotada a convenção de que os juros serão devidos ao
final de cada período de tempo a que se refere a taxa de juros considerada.
Esta forma de se capitalizar os juros é também conhecida como juros poste-
cipados.

49
MATEMÁTICA FINANCEIRA
17 INFLAÇÃO

Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra


do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços. Inflação é
o oposto de deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é uma situação chamada
de estabilidade de preços.
Em alguns contextos, a palavra inflação é utilizada para significar um
aumento no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é às vezes
visto como a causa do aumento de preços; alguns economistas (como os da
Escola austríaca) preferem o primeiro significado, em vez de definir inflação
pelo aumento de preços. Assim, por exemplo, alguns estudiosos da década
de 1920 nos Estados Unidos referem-se à inflação, ainda que os preços não
estivessem aumentando naquele período. Mas, de um modo geral, a palavra
inflação é usada como aumento de preços, a menos que um significado
alternativo seja expressamente especificado. Outra distinção também se faz
quando se analisam os efeitos internos e externos da inflação: externamen-
te, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente a
outras, e internamente ela se exprime mais no aumento do volume de dinhei-
ro e aumento dos preços.
Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império
Romano, causado pela desvalorização dos dinares que, antes confecciona-
dos em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo tipo de impurezas. O
imperador Diocleciano, ao invés de perceber essa causa, já que a ciência
econômica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos
preços, promulgando em 301 um edito que punia com a morte qualquer um
que praticasse preços acima dos fixados.

50
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
A inflação pode ser contrastada com a reflação, que é ou um aumento de
preços de um estado deflacionado, ou alternativamente, uma redução na
taxa de deflação (ou seja, situações em que o nível geral de preços está
caindo em uma taxa decrescente). Um termo relacionado é desinflação, que
é uma redução na taxa de inflação, mas não o suficiente para causar defla-
ção.
A inflação será estudada mais detalhadamente na seção de Economia e
Mercados. Vale, entretanto, observar como a economia brasileira sofreu com
inflação alta até 1994, entrando num processo de hiperinflação na década de
80. Esse processo só foi interrompido em 1994, com a criação do Plano Real e
a mudança da moeda para o real (R$).
Observe o quadro:

Década de 1930 média anual de 6%;


Década de 1940 média anual de 12%;
Década de 1950 19%
Década de 1960 40%
Década de 1970 330%
Década de 1980 média anual de 764%
Década de 1990 média anual de 8,6%
Ano de 2005 5,69% (IPCA): limite máximo na meta oficial = 7%; objetivo do governo = 5,1%;

A moeda nacional do Brasil mudou de nome várias vezes, principalmente


nos períodos de altos índices de inflação. Na maioria das renomeações
monetárias, foram cortados três dígitos de zero, estratégia esta que impediu
que um quilo de carne custasse cerca de quatro milhões de unidades da
moeda vigente, por exemplo.

51
MATEMÁTICA FINANCEIRA
18 TÍTULOS DE CRÉDITO

Crédito é uma palavra de origem latina, que significa crer ou confiar.


Crédito, no sentido econômico ou comercial, significa confiança de que a
pessoa que pediu emprestado devolva ao emprestador o objeto do emprésti-
mo ou, em outras palavras, que o devedor satisfaça o compromisso assumi-
do, ou pague a dívida contraída.
O crédito é, portanto, a faculdade de usar de um capital alheio, mediante o
compromisso de devolvê-lo a seu dono no prazo estipulado. O juro é a remu-
neração a que tem direito o dono do capital pelo empréstimo.
A apreciação, o juízo favorável, enfim, que o possuidor do capital fizer de
outra pessoa ou de um grupo de pessoas é o que determinará a efetivação ou
não da concessão de crédito.
Crédito é, assim o elemento subjetivo; a base de tudo é a confiança, mas
ela tem um fundamento positivo estabelecido pela garantia material que o
devedor possa oferecer para o resgate da dívida ou pelo conceito moral de
que ele goze. Nas relações de negócio está excluída a generosidade ou mag-
nanimidade. O comercio é feito à base da segurança e ninguém que possua
capital consente em privar-se dele senão com a garantia da sua restituição
na época determinada.
O capital em dinheiro está muitas vezes ocioso em mão de quem não tem apti-
dões para empregá-lo. Passando para outras mãos mais hábeis e indo constituir
um fator de utilidades, desempenhará o papel que lhe compete na produção.
O elemento principal no crédito e o cronológico. Sem o fator tempo, que se
denomina prazo, não haverá crédito.
“É costume definir o crédito como sendo a troca de uma
riqueza presente por uma riqueza futura”.

52
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
O crédito pode ser também definido como um direito presente a um futuro
pagamento.
O fator confiança, no crédito, assume importância vital, porque nas opera-
ções de crédito há entrega de moeda em troca de uma promessa de reembol-
so se a operação for dinheiro, como há também transferência das utilidades,
das mercadorias, dos serviços, em troca de promessas de seu pagamento,
em ou no próprio gênero da recebida.
O crédito não deixa de ser uma transferência de capital que tem como
objetivo o auxilio eficaz ao aumento da produção.
Convém, no entanto, acentuar que o crédito transfere mas não cria riquezas.
O crédito estimula, incentiva, facilita a produção de riquezas, mas, em si
mesmo, é apenas um meio, um instrumento. Assim, os papéis representati-
vos de uma obrigação e emitidos de conformidade com a legislação específi-
ca denominam-se títulos de crédito. A definição mais corrente para título de
crédito, elaborado por Vivante, é "documento necessário para o exercício do
direito, literal e autônomo, nele mencionado". Os elementos fundamentais
para se configurar o crédito decorrem da noção de confiança e tempo. A
confiança é necessária, pois o crédito se assegura numa promessa de
pagamento, e o tempo também, pois o sentido do crédito é, justamente, o
pagamento futuro combinado, pois se fosse à vista, perderia a ideia de utili-
zação para devolução posterior.
A classificação mais importante dos títulos de crédito é feita quanto a sua
circulação, da seguinte maneira:
▪ Títulos ao portador, que são aqueles que não expressam o
nome da pessoa beneficiada. Tem como característica a
facilidade de circulação, pois se processa com a simples
tradição.
▪ Títulos nominativos, que são os que possuem o nome do benefi-
ciário. Portanto, tem por característica o endosso em preto
▪ Títulos à ordem, que são emitidos em favor de pessoa deter-
minada, transferindo–se pelo endosso.

53
MATEMÁTICA FINANCEIRA
Os tipos de títulos de crédito utilizados nos Brasil são:

A LETRA DE CÂMBIO
Título que representa uma obrigação pecuniária, sendo o mais usado em
operações de crédito entre financiadoras e comerciantes. A emissão da letra
de câmbio é denominada saque; por meio dele, o sacador (devedor), expede
uma ordem de pagamento ao sacado (normalmente uma instituição financei-
ra), que fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor especí-
fico), o valor determinado no título.
Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador
permanece subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. Não
sendo pago o título no seu vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a
cobrança judicial do crédito, que se dá por meio da ação cambial. Porém, para
que o credor possa agir em juízo, é necessário que esteja representado por
um advogado. Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de
câmbio é um título de crédito nominativo, ou seja, em favor de um credor
específico, suscetível de circulação mediante endosso. Assim, o endossante
(tomador original), transfere a letra para um endossatário (novo tomador).
No Brasil, a letra de câmbio é regulada principalmente pela Convenção de
Genebra, também conhecida como Lei Uniforme (Decreto 57.663/66), e
também pelo Decreto Lei n.º 2.044 de 31 de Dezembro de 1908. O Código Civil
de 2002 tem valor supletivo (art. 903).

A NOTA PROMISSÓRIA
Título cambiário em que seu criador assume a obrigação direta e principal
de pagar a soma constante no título. A nota promissória nada mais é do que
uma promessa de pagamento. A nota promissória é uma promessa de paga-
mento, para seu nascimento são necessárias duas partes, o emitente ou
subscritor (devedor), criador da promissória no mundo jurídico, e o beneficiá-
rio ou tomador que é o credor do título. Para exemplificar a constituição de
uma nota promissória, tome-se a seguinte hipótese: Pedro empresta R$
1.000,00 (mil reais) ao seu amigo André, que por sua vez se compromete a
efetuar o pagamento do empréstimo em trinta dias, assim sendo, emite uma
nota promissória no valor do empréstimo onde o beneficiário é o Pedro, com

54
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
vencimento para trinta dias da data. Como nos demais títulos de crédito, a
nota promissória pode ser transferida a terceiro por endosso, bem como nela
é possível a garantia do aval. Caso a nota promissória não seja paga em seu
vencimento, poderá ser protestada, como ainda será possível ao beneficiário
efetuar a cobrança judicial, a qual ocorre por meio da ação cambial que é
executiva, no entanto a parte só pode agir em juízo se estiver representada
por advogado legalmente habilitado.
A nota promissória é prevista no decreto 2044 de 31 de dezembro de 1908 e
na Lei Uniforme de Genebra. Suas características são as seguintes:
1. A denominação "nota promissória" lançada no texto do título.
2. A promessa de pagar uma quantia determinada.
3. A época do pagamento, caso não seja determinada, o venci-
mento será considerado à vista.
4. A indicação do lugar do pagamento, em sua falta será consi-
derado o domicílio do subscritor (emitente).
5. O nome da pessoa a quem, ou a ordem de quem deve ser paga
a promissória.
6. A indicação da data em que, e do lugar onde a promissória é
passada, em caso de omissão do lugar será considerado o
designado ao lado do nome do subscritor.
7. A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).
8. Assinatura de duas testemunhas identidade e (ou) CPF e
endereço das mesmas.
9. Sem rasuras, pois perde o valor a nota promissória.
Legislação sobre a Nota Promissória: Decreto n. 57.663, de
24-1-1966, artigo 75 em diante. A nota promissória também é
conhecida no Brasil como "papagaio", sendo esta palavra
empregada originalmente para promissórias de valor duvi-
doso.
A provável origem deste apelido está na figura do personagem Zé Carioca
da Disney representando a figura do típico malandro carioca.

55
MATEMÁTICA FINANCEIRA
A DUPLICATA MERCANTIL (OU SIMPLESMENTE DUPLICATA)
É uma espécie de título de crédito que constitui o instrumento de prova do
contrato de compra e venda. Foi criada pelo direito brasileiro: já o Código
Comercial de 1850 previa, em seu art. 219, que nas vendas por atacado o
vendedor era obrigado a extrair, em duas vias, uma relação de mercadorias
vendidas, as quais eram assinadas pelo comprador, ficando cada via com
uma das partes contratantes. Humberto Piragibe Magalhães e Christóvão
Piragibe Tostes Malta (Dicionário Jurídico, 1º:371), definem a duplicata como
o título de crédito constituído por um saque vinculado a um crédito decorren-
te de contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços
igualado aos títulos cambiários por determinação legal. É título casual, for-
mal, circulável por meio de endosso e negociável. Geralmente é título de
crédito assinado pelo comprador em que há promessa de pagamento da
quantia correspondente à fatura de mercadorias vendidas a prazo.
A duplicata tem origem em uma só fatura, porém de uma só fatura podem
ser extraídas diversas duplicatas.
A duplicata deve ser apresentada ao devedor dentro de 30 dias de sua
emissão, e ele deverá devolvê-la dentro de 10 dias, com a sua assinatura de
aceite ou declaração escrita esclarecendo por que não a aceita. A duplicata
paga, para segurança do devedor, deve ser retirada de circulação, com quita-
ção no próprio título, para que ele não possa ser cobrado por algum endossa-
rio de má-fé.
A duplicata de prestação de serviços é título emitido por profissionais ou
por empresas, para cobrança de serviços prestados. É obrigatória nas ven-
das mercantis a prazo e pode ser protestada por falta de pagamento, quando
vencida

A DEBÊNTURE
É um título de crédito representativo de empréstimo que uma companhia
faz junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emis-
sora, nas condições constantes da escritura de emissão. Para emitir uma
debênture uma empresa tem que ter uma escritura de emissão, onde estão
descritos todos os direitos conferidos pelos títulos, suas garantias e demais
cláusulas e condições da emissão e suas características. A expressão inglesa

56
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
derivada — debênture — é geralmente mais empregada no Brasil do que a sua
correspondente francesa “obligation”, também adotada na legislação brasi-
leira (como obrigações). As debêntures são valores mobiliários emitidos
pelas sociedades anônimas, representativas de empréstimos contraídos
pelas mesmas, cada título dando, ao debenturista, idênticos direitos de
crédito contra as sociedades, estabelecidos na escritura de emissão. A
captação de recursos pela sociedade através de debêntures gera um lança-
mento contábil em seu ativo (caixa) e outro em seu passivo (circulante e/ou
exigível a longo prazo). A finalidade desse tipo de financiamento é a de
satisfazer, de maneira mais econômica, as necessidades financeiras das
sociedades por ações, evitando, com isso, os contratempos das constantes e
caras operações de curto prazo, junto ao mercado financeiro. Dessa forma,
as sociedades por ações têm à sua disposição as facilidades necessárias
para captação de recursos junto ao público, a prazos longos e juros mais
baixos, com atualização monetária e resgates a prazo fixo ou mediante
sorteio, conforme suas necessidades para melhor adequar o seu fluxo de
caixa.
Assim, uma vez identificada a necessidade de captação de recursos
financeiros de terceiros, para concretização de investimentos e para o
cumprimento de obrigações assumidas anteriormente, a administração da
empresa levará ao Conselho de Administração ou à Assembleia Geral propos-
ta para que seja contraído empréstimo público, normalmente a longo prazo,
mediante a emissão de debêntures.
O Conselho ou a Assembleia, obedecendo ao que dispuserem os estatutos,
estabelecerá as características do empréstimo, fixando as condições de
emissão, tais como: montante, número de debêntures, prazo, data de emis-
são, juros, deságio, amortizações ou resgates programados, conversibilida-
de ou não em ações, atualização monetária, e tudo o mais que se fizer neces-
sário, deliberando a respeito. Uma vez aprovada a emissão de debêntures,
cabe à administração da sociedade praticar todos os atos necessários para a
efetivação do empréstimo, mediante a colocação dos títulos junto ao público,
de forma a satisfazer as suas necessidades de recursos.
Os debenturistas têm proteção legal por meio da escritura de emissão e do
agente fiduciário.

57
MATEMÁTICA FINANCEIRA
A escritura de emissão é um documento legal que especifica as condições
sob as quais a debênture foi emitida, os direitos dos possuidores e os deveres
da emitente. Trata-se de documento extenso contendo cláusulas padroniza-
das, restritivas e referentes à garantia. Da escritura constam, entre outras,
as seguintes condições: montante da emissão; quantidade de títulos e o
valor nominal unitário; forma; condições de conversibilidade; espécie; data
de emissão; data de vencimento; remuneração; juros; prêmio; cláusula de
aquisição facultativa e/ou resgate antecipado facultativo; condições de
amortização.
O agente fiduciário é uma terceira parte envolvida na escritura de emissão,
tendo como responsabilidade assegurar que a emitente cumpra as cláusulas
contratuais. Convém observar que todos esses papéis espelham convenções
para a transferência de riquezas já existentes. Um título novo não cria nova
riqueza e sim representa uma riqueza existente. É um meio de transferência
dessa riqueza.
O crédito pode ser concedido sem necessidade obrigatória de documento
escrito. Os instrumentos legais apenas enquadram o acordo feito dentro das
normas, visando a evitar desentendimento no final da operação. Verifica-se
então, que o crédito pode ser feito segundo a classificação seguinte:
a) a prazo curto (operações entre 1 dia e 6 meses)
b) a prazo médio (operações entre 6 meses e 5 anos)
c) a prazo longo (operações acima de 5 anos)
Embora o crédito seja um só, na vida cotidiana costuma-se classificá-lo
como crédito público e crédito privado; o primeiro, vinculado aos créditos
levantados pelo governo.

58
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
19 AMORTIZAÇÃO

Amortização é um processo de liquidação de uma dívida através de paga-


mentos periódicos, que são realizados em função de um planejamento, de
modo que cada prestação corresponde à soma do reembolso do capital ou do
pagamento dos juros do saldo devedor, podendo ser o reembolso de ambos,
sendo que os juros são sempre calculados sobre o saldo devedor.
No Brasil, existe a amortização contábil, cujo conceito não se restringe à
diminuição de dívidas, mas também à direitos intangíveis classificados no
ativo (conta de balanço), derivado da teoria de dimensão econômico dos
fundos contábeis. Assim, associa-se o termo amortização contábil à depre-
ciação contábil (redução de bens tangíveis) e à exaustão contábil (recursos
naturais).

CONCEITOS RELACIONADOS
Existem alguns termos que são usados no meio econômico/financeiro em
relação à amortização, e que é necessário conhecer.
São eles:
▪ Credor ou mutuante: É a pessoa que mutua, ou seja, que
cede o empréstimo.
▪ Devedor ou mutuário: É aquele que recebe alguma coisa por
empréstimo.
▪ Taxa de juros: É a taxa acordada entre as partes. É sempre
calculada sobre o saldo devedor, também é chamada de
custo do dinheiro.

59
MATEMÁTICA FINANCEIRA
▪ Prazo de carência: Corresponde ao período compreendido
entre o prazo de utilização e o pagamento da primeira amor-
tização.
▪ Prazo de utilização: Corresponde ao intervalo de tempo
durante o qual o empréstimo é transferido do credor para o
devedor.
▪ Prazo de amortização: É o intervalo de tempo durante o qual
são pagas as amortizações.
▪ Parcelas de amortização: Correspondem às parcelas de
devolução do principal.
▪ Prestação: É a soma da amortização acrescida de juros e
encargos.

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
Tabela Price, também chamada de Sistema Francês de Amortização:
método usado em amortização de empréstimo cuja principal característica é
apresentar prestações (ou parcelas) iguais. Este método foi apresentado em
1771 por Richard Price em sua obra "Observações sobre Pagamentos
Remissivos" (em inglês: “Observations on Reversionary Payments”).
O método foi idealizado pelo seu autor para pensões e aposentadorias. No
entanto, foi a partir da 2ª revolução industrial que sua metodologia de cálculo
foi aproveitada para cálculos de amortização de empréstimo.
A Tabela Price usa o regime de juros compostos para calcular o valor das
parcelas de um empréstimo e, dessa parcela, qual é a proporção relativa ao
pagamento dos juros e a amortização do valor emprestado.

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
Exemplo:
Um empréstimo de R$ 1.000,00 com taxa de juros de 3% ao mês a ser pago em
4 parcelas mensais. Para calcular o valor da parcela, deve-se usar a fórmula
de juros compostos combinada com a da progressão geométrica, resultando
em:

Um mês depois do empréstimo, o saldo devedor cresce 3% indo para $


1.030,00, porém, como também deve ocorrer o pagamento de $ 269,03, o
saldo devedor passa a ser $ 760,97. Perceba que o pagamento da parcela
cobriu os juros de $ 30,00 e também fez a amortização de $ 239,03 (760,97 -
30,00) do valor emprestado. O mesmo ocorre nos meses seguintes, porém,
como o saldo devedor diminui a cada mês, o valor das parcelas relativo ao
pagamento dos juros é decrescente.
Há uma grande polêmica em torno da tabela, que foi construída, segundo
seu autor, Richard Price (1803- 1812), por juros compostos, muitas vezes
confundidos com anatocismo (juros sobre juros). A questão matemática foi,
entretanto, após a expedição, pelos principais autores de matemática finan-
ceira do Brasil, de manifesto cuja tônica é a afirmativa de que a Tabela Price é
construída com base no regime de capitalização por juro composto sem,
novamente, ser abordada a remota hipótese de existir o anatocismo.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
20 LEASING

Arrendamento mercantil, também conhecido pelo termo em inglês lea-


sing, é um contrato através do qual a arrendadora ou locadora (a empresa que
se dedica à exploração de leasing) adquire um bem escolhido por seu cliente
(o arrendatário, ou locatário) para, em seguida, alugá-lo a este último, por um
prazo determinado. Ao término do contrato o arrendatário pode optar por
renová-lo por mais um período, por devolver o bem arrendado à arrendadora
(que pode exigir do arrendatário, no contrato, a garantia de um valor residual)
ou dela adquirir o bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previa-
mente definido no contrato.
O cliente deste tipo de crédito, é, tipicamente, uma empresa, podendo, no
entanto, ser, também, contratado por pessoa física.
O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arren-
damento mercantil”. As partes desse contrato são denominadas “arrendador”
e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de
arrendamento mercantil e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a aquisi-
ção, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua
utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a
posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário. O
contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra,
pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador.
Existem três formas de leasing:
▪ Financeiro: semelhante a um aluguel, com a diferença que
se pode comprar o bem no final do prazo pré-determinado
por um preço já estabelecido.

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TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
▪ Operacional: a arrendadora é que arca com os custos de
manutenção dos equipamentos e a arrendatária pode desfa-
zer o contrato bastando apenas esperar o período mínimo de
90 dias do início do contrato como determina o Banco
Central e aviso prévio à empresa ou pessoa física contratan-
te.
▪ Leasing back: ocorre quando uma empresa necessita de
capital de giro. Ela vende seus bens a uma empresa que aluga
de volta os mesmos.
Requisitos fundamentais para formação dos contratos de arrendamento
mercantil: Art. 104 Código Civil Brasileiro.

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MATEMÁTICA FINANCEIRA
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