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ABSTRACT
The research investigated how much possible it is to inspire writing in people with different
socioeconomic and professional conditions, different educational backgrounds, regardless of
the position they occupy in society or the family constitution they are part of. The researchers
sought to understand and discuss the development of writing through an organic
methodology, articulating the rudimentary desire present in human species to communicate
and expose thoughts with the potential writer each one has.
This proposal had as its main objective, in addition to the analysis of the writing situation, to
encourage the habit of writing, reading, sharing and improving expressiveness. In the
pandemic context in which this experience was lived, textual writing brought together
similarities and differences, carried ideas and feelings, presenting the way people involved
were and saw the world. The research made it possible to open a dialogue with the
participants about the problems that involve the act of communicating through writing. There
was no purpose to find collective or comprehensive answers about the factors that interfere in
the writing process, but it was possible to build a map of reflections that show the complexity
of the act of textual production. The result was a collection of 144 texts organized into a
published book. Other qualitative results evidenced in the project process refer to the writing
improvement of the participants, expansion of vocabulary and the variety of writing styles.
There are also results related to the socio-emotional aspect of the participants, who reported
the well-being felt as they shared reflections, ideas and feelings.
I- INTRODUÇÃO
II - DESENVOLVIMENTO
Algumas estratégias didáticas foram propostas para organizar o grupo de escrita para
que as interações acontecessem. A proposta inicial para os participantes era expressar ideias e
pensamentos sobre assuntos que nos afetam de formas diferentes, influenciados pelo nosso
estado emocional, pelo contexto que vivemos e por nossa formação moral. Foi acordado,
entre os participantes, que independente da forma culta ou coloquial, a principal função da
escrita é a comunicação.
2.1 - Método
A maioria das respostas dos participantes foi positiva para escrever um livro, seguidas
pela dificuldade de colocar em palavras as próprias ideias e dos medos de serem julgados
pela forma de escrever em detrimento da vontade de exibir seus pensamentos.
Aqui também há o medo de se expor, o lugar de fala das pessoas aparece nos seus
textos, nas suas ideias e nos mostra seus dramas e convicções por vezes ocultas, conforme
sinalizado por Marques (2011):
O fio condutor para a escrita dos textos foram os temas. Obteve-se, então, uma
variedade de textos bastante significativa. No percurso, observou-se claramente o
aperfeiçoamento e o desenvolvimento de autoria e estilo, verbalizadas pelos próprios autores.
Os diferentes temas foram escritos em crônicas, poemas, memórias literárias, relatos de
viagem, testemunhos, textos de opinião, textos autobiográficos, alguns ficcionais, muitos
não-ficcionais, testemunhais, como linhas de um diário aberto. Foram escritas narrativas
líricas, carregadas de subjetividade e poesia, bem como poemas narrativos, crônicas poéticas,
narrativas reflexivas. Nas palavras de Fernando Souza, participante do projeto: “Por
caminhos diferentes, os participantes da pesquisa trataram sobre a mesma temática.
Convergiram para a literatura, para a arte que nos dá asas, que nos eleva, nos coloca além
de nós mesmos, nos desafia, nos encoraja a voar em busca do melhor.”
Também foi por meio da discussão e trabalho coletivo que o título do livro foi
definido. A capa foi discutida e votada para ficar de acordo com a aprovação do grupo, num
processo longo desde a aprovação do uso da imagem de cada um até a versão final elaborada
por uma das participantes que tinha facilidade com a edição de imagens. Outros três
participantes fizeram uma força tarefa para revisão ortográfica.
O livro escrito por 12 autoras e 2 colaboradoras, foi organizado por uma das
pesquisadoras, porém sua estrutura foi compartilhada entre os escritores que se alternaram
para elaboração das seguintes partes: Dedicatória, Prefácio, Introdução, Histórico,
Apresentação dos Temas, Apresentação dos Textos, Apresentação do Grupo e
Agradecimentos.
Foi perceptível por meio dos relatos pessoais que a força do coletivo impulsionava a
escrita dos participantes, uma vez que assumido o compromisso não parecia certo deixar de
escrever, bem como a possibilidade de outra pessoa ler seu texto e dar-lhe um feedback sobre
sua produção atuava como um incentivo à escrita.
As escritas expressaram memórias carregadas pelo meio e pelo tempo que cada um
carregava consigo em sua experiência de vida. Assim como nós mesmos, os textos têm o
DNA do seu autor, suas percepções são únicas e fruto do sua história de vida contextualizada
e delimitada no tempo/espaço. Como na afirmação "Eu sou eu e minha circunstância, e se
não salvo a ela, não me salvo a mim" (GASSET, 1967[1914], p. 52).
Refletir sobre os temas propostos levou aos participantes a ressignificar questões por
meio do mergulho no seu interior, onde os sentidos e as emoções deram cor às suas questões
mais íntimas. Essa reflexão levou o grupo a ampliar suas concepções dos fatos da vida.
REFERÊNCIAS
Brasil perde 4,6 milhões de leitores em quatro anos. Agência Brasil, 2020. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-09/brasil-perde-46-milhoes-de-leitore
s-em-quatro-anos. Acesso em 05 de setembro de 2022
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo – diário de uma favelada. São Paulo:
Francisco Alves, 1960.
Retratos da leitura no Brasil 5 / organização Zoara Failla. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Sextante,
2021.