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ARTIGO:

Percepções Singulares de Seres Plurais:


Uma experiência literária a serviço do desenvolvimento da pessoa

BASSI, Carla Sortino¹


THOMAZINI, Hélida Paulini²

¹ Mestra em Administração na área de Gestão da Regionalidade e das Organizações pela USCS,


Graduada em Pedagogia e Administração de Empresas, com especialização em Administração
Econômica-financeira, professora do curso de Administração e Contabilidade do Ensino
Profissionalizante Técnico, Formadora de Profissionais da Educação.

² Mestra em Ciências pela FMUSP, Graduada em Pedagogia, com especialização em


Psicopedagogia, professora do curso de Psicopedagogia da UMESP, Formadora de Profissionais da
Educação, Diretora de Escola e Pesquisadora do Observatório USCS da Educação Básica do
Grande ABC.
RESUMO

A pesquisa investigou o quanto é possível inspirar a escrita em pessoas de diversas condições


socioeconômicas e profissionais, com diferentes formações escolares, independentemente da
posição que ocupam na sociedade ou da construção familiar que façam parte. As
pesquisadoras buscaram entender e discutir o desenvolvimento da escrita por meio de uma
metodologia orgânica, articulando o desejo rudimentar da espécie humana em comunicar-se e
expor pensamentos com o potencial escritor que cada um apresenta. Esta proposta teve como
objetivo geral, além da análise da situação da escrita, fomentar em um grupo de pessoas o
hábito de escrever, ler, compartilhar e aprimorar sua expressividade. No contexto pandêmico
em que esta experiência foi vivida, a escrita textual uniu semelhanças e diferenças, carregou
ideias e sentimentos, apresentando o modo de ser e ver o mundo destas pessoas. A pesquisa
possibilitou abrir o diálogo com os participantes sobre as problemáticas que envolvem o ato
de comunicar-se por meio da escrita. Não houve propósito de encontrar respostas coletivas
ou integrais sobre os fatores que interferem no processo de escrita, mas foi possível construir
um mapa de reflexões que evidenciam a complexidade do ato da produção textual. O
resultado foi a coletânea de 144 textos organizados em um livro publicado. Outros resultados
qualitativos evidenciados no processo do projeto referem-se na melhoria da redação dos
participantes, ampliação de vocabulário e variedade de estilos de escrita. Também se constata
resultados relacionados ao aspecto sócio emocional dos participantes, que relataram o
bem-estar sentido diante das reflexões e compartilhamento de ideias e sentimentos.

PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Memória. Percepções.

ABSTRACT

The research investigated how much possible it is to inspire writing in people with different
socioeconomic and professional conditions, different educational backgrounds, regardless of
the position they occupy in society or the family constitution they are part of. The researchers
sought to understand and discuss the development of writing through an organic
methodology, articulating the rudimentary desire present in human species to communicate
and expose thoughts with the potential writer each one has.
This proposal had as its main objective, in addition to the analysis of the writing situation, to
encourage the habit of writing, reading, sharing and improving expressiveness. In the
pandemic context in which this experience was lived, textual writing brought together
similarities and differences, carried ideas and feelings, presenting the way people involved
were and saw the world. The research made it possible to open a dialogue with the
participants about the problems that involve the act of communicating through writing. There
was no purpose to find collective or comprehensive answers about the factors that interfere in
the writing process, but it was possible to build a map of reflections that show the complexity
of the act of textual production. The result was a collection of 144 texts organized into a
published book. Other qualitative results evidenced in the project process refer to the writing
improvement of the participants, expansion of vocabulary and the variety of writing styles.
There are also results related to the socio-emotional aspect of the participants, who reported
the well-being felt as they shared reflections, ideas and feelings.

KEYWORDS: Writing. Memory. Perceptions


“Memória é a interação do sujeito no coletivo”
(Halbwachs)

I- INTRODUÇÃO

Todos podemos escrever? Ou a escrita é privilégio dos escritores e pessoas que


estudaram para isso? Ao levantarmos tais questões, outras foram surgindo na busca de
respostas que nos conduzem a pensar nos motivos pelos quais escrevemos e nos deparamos
com a principal função da escrita, que é a de comunicação entre as pessoas.

A brasileira Carolina Maria de Jesus, mulher negra, pobre, semianalfabeta, catadora


de papel que viveu na favela Canindé - São Paulo, era uma apaixonada por livros, alimentava
sonhos e desabafava sua triste realidade nas folhas encardidas de seus cadernos que, mais
tarde, tornaram-se públicas por meio de sua obra, traduzida em mais de 14 países. (JESUS,
1960)

Inspiradas na experiência da referida escritora e de sua frase: “escreve quem quer”,


nos desafiamos a investigar, com olhos voltados para práxis, o quanto é possível inspirar a
escrita em pessoas das mais diversas condições socioeconômicas, com diferentes formações
escolares, independentemente da posição que ocupam na sociedade ou da construção familiar
que façam parte.

Historicamente, a escrita é considerada um marco importante na evolução da


humanidade, separando a pré-história da história e é a principal ferramenta de transmissão de
conhecimento. Diante das inúmeras formas de se comunicar, a escrita é, portanto, a mais
antiga e tem inúmeras vantagens, pois consegue vencer o tempo e o espaço.

Contudo, em relação ao processo atual de aprendizagem da criança, observa-se que


muitos dados são produzidos, principalmente no meio acadêmico, sobre índices de
proficiência de leitura e escrita entre os estudantes, obtidos conforme relatórios das
avaliações em larga escala aplicadas no país. Neste acompanhamento da aprendizagem de
competências leitora e escrita por meio das avaliações externas, constatamos índices
insatisfatórios, como é o caso da avaliação em larga escala aplicada pelo Programa
Internacional de Avaliação dos Estudantes - PISA (tradução de Programme for International
Student Assessment). Este estudo comparativo internacional, realizado a cada três anos pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), revela que o Brasil
tem baixa proficiência em Leitura, se comparado com outros 78 países que participaram da
avaliação. Em função disso, a leitura e a escrita escolar são foco de preocupações e reflexões
acadêmicas.

Segundo a pesquisa da Agência Brasil (2020), um incentivador contribui


significativamente para a aquisição do hábito de leitura. Segundo a referida pesquisa, 1 a cada
3 entrevistados teve o hábito de ler incentivado por professores. Mães aparecem como
grandes incentivadoras também para 8% dos entrevistados, e pais ou parentes responsáveis
são os principais incentivadores para 8% dos entrevistados.

Corroborando com os fatos informados, as estatísticas apresentadas pelo Instituto


Pró-livro, mostram que os brasileiros lêem pouco e conteúdos de pouca profundidade,
totalizando em média 2,43 livros por ano. A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (5ª
edição / 2020) - única pesquisa em âmbito nacional que tem por objetivo avaliar o
comportamento leitor do brasileiro - traz dados ainda mais desoladores, apontando uma
queda na porcentagem de leitores no Brasil de 56% em 2015 para 52% em 2019. Essa
pesquisa mostrou que as pessoas passaram a usar o tempo livre em WhatsApp e redes sociais.
De 2015 para 2019, o WhatsApp passou de 43% para 62%. Soma-se a esse contexto, segundo
a pesquisa, as dificuldades de leitura e de acesso em função da crise econômica.

Assim, a importância da leitura e escrita é percebida em todos os componentes


curriculares da educação básica ao ensino superior. Ler e escrever são metas prioritárias das
políticas públicas educacionais. Aos estudantes da educação básica são impostas uma série de
regras e normativas textuais para desenvolverem seus textos, com etapas, formatos,
linguagens e metas que as distanciam da escrita livre por medo de censuras ou reprovações,
sufocando sua imaginação e criatividade. Constata-se, no Ensino Médio, que o domínio das
regras textuais é utilizado como ferramenta classificatória para o acesso ao Ensino Superior.
As temidas redações movimentam escolas e cursinhos buscando suprir as deficiências nessas
competências básicas do ensino.

Diante desse cenário, uma nova pergunta se apresentou: E após o período


escolar/acadêmico, como os adultos, inseridos no mercado de trabalho ou não, se relacionam
com o processo da leitura e escrita?
Nesse sentido, a leitura foi um desdobramento natural de nosso processo investigativo
e nos perguntamos como as histórias eram contadas quando ou onde a escrita, da forma que
conhecemos, com papel e caneta, ou no computador, não acontece? Será que a comunicação e
transmissão de conhecimento não acontece? E chegamos na História Oral, nas formas
tradicionais de transmissão do conhecimento, na importância da memória e na análise do
discurso.

Temos como incentivar as pessoas fora do universo acadêmico a praticar a leitura de


deleite? E a escrita? Perguntas que não estão tão disponíveis na bibliografia atual.

II - DESENVOLVIMENTO

Diante do cenário apresentado, a partir de um olhar marcado por vivências cotidianas


na prática docente no ensino público de São Caetano do Sul, as pesquisadoras buscaram
entender e discutir o desenvolvimento da escrita por meio de uma metodologia orgânica,
articulando o desejo rudimentar da espécie humana em comunicar-se e expor pensamentos
com o potencial escritor que cada um pode apresentar, independente do processo de
escolarização ou acadêmico vivido.

Algumas estratégias didáticas foram propostas para organizar o grupo de escrita para
que as interações acontecessem. A proposta inicial para os participantes era expressar ideias e
pensamentos sobre assuntos que nos afetam de formas diferentes, influenciados pelo nosso
estado emocional, pelo contexto que vivemos e por nossa formação moral. Foi acordado,
entre os participantes, que independente da forma culta ou coloquial, a principal função da
escrita é a comunicação.

A proposta seguiu a seguinte organização: a) temas pré definidos, escolhidos pelo


grupo, a partir da sugestão proposta pelas pesquisadoras; b) escrita dos textos sem limite de
palavras e sem definição de gênero; c) envio dos textos nos prazos previamente estabelecidos,
em versão editável; d) troca de textos (sem identificação) entre os participantes para
comentários livres; e) compartilhamento geral de todos os textos para apreciação e votação
dos preferidos.

As pesquisadoras cuidaram para sugerir temas que despertam sentimentos, pois


guardamos na memória aquilo que nos toca, positivamente ou não. “A memória e a
identidade se conjugam, se nutrem mutuamente, se apoiam uma na outra para produzir uma
trajetória de vida, uma história, um mito, uma narrativa” (CANDAU, 2014, p.16). Dessa
forma, os 16 temas votados e classificados em ordem são: Amor, Tempo, Vida, Gratidão,
Infância, Morte, Egoísmo, Pecados, Abnegação, Amizade, Superstição, Religiosidade, Medo,
Desejos, Emoções e Paz.

Foram organizadas rodas de conversa sobre a escrita e suas possibilidades e essas


ações se transformaram em formações sobre memória e escrita, no ambiente acadêmico.

Importante ressaltar que o desenvolvimento da pesquisa ocorreu em meio à pandemia


causada pelo novo coronavírus, o que obrigou os participantes a interagir apenas por meio
digital de comunicação. As vivências e experiências presenciais somente puderam ocorrer na
finalização do projeto, momento em que os órgãos competentes liberaram, com restrições, os
agrupamentos de pessoas. A relevância dessa informação se dá, pois em situação de
confinamento, o ser humano tem limitada suas interações, buscando, assim, situações ou
momentos em que possa exercê-las.

2.1 - Método

Trata-se de uma pesquisa exploratória ex-post-facto, por meio da qual as


investigadoras não têm controle sobre a alteração de variáveis e os estímulos experimentais
que conduziram aos resultados obtidos. Portanto, as inferências foram realizadas sem
observação direta ou manipulação de variáveis, tendo em vista que nem sempre é possível
manipular as variáveis necessárias para o estudo da causa e do seu efeito (FONSECA, 2002,
p. 32). Assim, ocorreu o levantamento de informações sobre o fenômeno em questão -
potencial escritor das pessoas - de forma a aumentar a familiaridade com ele e formular
problemas e hipóteses mais precisas.

Neste sentido, o processo para investigar o fenômeno do potencial escritor dos


participantes da pesquisa envolveu três fases, considerando que a primeira fase abrangeu a
observação dos fatos, fenômenos, comportamentos e atividades dos participantes; a segunda
fase considerou as hipóteses da pesquisa; e a terceira fase abarcou as teorias, hipóteses
válidas e sustentáveis e o produto da pesquisa.

2.2 - Público da pesquisa


Foram convidadas 18 pessoas, sem especificação de faixa etária, classe social,
formação acadêmica ou profissional para participar deste projeto de pesquisa. O convite foi
contextualizado a partir do dito popular referente ao triplo legado que marca a história do
indivíduo. Dessa forma, para essas 18 pessoas foi questionado: "Há três coisas que uma
pessoa deve fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Você
gostaria de escrever um livro?”

Das 18 pessoas convidadas, 14 aceitaram o convite, compondo assim, o público da


pesquisa. A faixa etária varia dos 16 anos a 65 anos, conforme tabela abaixo:

Nome Idade Profissão Estado Civil Cidade onde Mora Escolaridade


Empresária do
Aline Lages 49 setor vinílico Casada Porto (Portugal) Pós graduada
Amanda Júlia Bassi 17 Estudante Solteira São Caetano do Sul Ensino Médio
Anabela T de Faria 63 Aposentada Viúva Santo André Superior
Carla A. Ferreira 45 Dentista Casada São Caetano do Sul Pós graduada
Professora de
Carla Sortino Bassi 53 Administração Casada São Caetano do Sul Mestrado
Claudia Cristina Diretora de Mark Superior
Candido 53 & Relacionamento Divorciada São Paulo Completo
Cláudia Márcia Superior
Teixeira 53 Bancária Solteira Santo André Completo
Professor de São Bernardo do
Fernando Souza 41 Língua Portuguesa Solteiro Campo Superior
Guilherme Renso 36 Jornalista Solteiro São Paulo Superior
Helida Paulini 50 Diretora de Escola Separada São Caetano do Sul Mestrado
Laís Sortino Bassi 16 Estudante Solteira São Caetano do Sul Ensino Médio
Nadya Ketrin Molina 52 Sanitarista Casada São Paulo Pós graduada
Sandra Martinello 56 Aposentada Separada Santo André Superior
Sonia da Conceição 49 Barista Separada Montreal - Canadá Superior

Durante o percurso da pesquisa, as duas adolescentes que entraram no projeto


desistiram em função das demandas escolares. Sendo assim, 12 participantes concluíram
todas as etapas do projeto, compondo a autoria do livro publicado.

Como nesse grupo a maioria dos participantes não se conheciam pessoalmente, a


troca sempre respeitou ao desejo de falar e silenciar de cada um, todos ficaram por 16 meses
trocando textos e conversas no whatsApp, consequentemente uma certa intimidade foi
estabelecida e com ela a criação de imagens projetadas de quem seria como. No dia 20 de
dezembro de 2021, portanto passado 1,2 ano de interação, fizemos um encontro presencial
em bar, o Botequim São Caetano, aproveitando que a escritora que mora em Portugal, a Aline
Lages, estava no Brasil. Foi um momento de grande adesão, somente duas autoras não
compareceram e a descontração e alegria foram a tônica do encontro. Hora de muitas
descobertas, de tornar concreto todas as fantasias que havíamos imaginado sobre os
participantes.

2.4 - Discussão dos Resultados

A maioria das respostas dos participantes foi positiva para escrever um livro, seguidas
pela dificuldade de colocar em palavras as próprias ideias e dos medos de serem julgados
pela forma de escrever em detrimento da vontade de exibir seus pensamentos.

Aqui também há o medo de se expor, o lugar de fala das pessoas aparece nos seus
textos, nas suas ideias e nos mostra seus dramas e convicções por vezes ocultas, conforme
sinalizado por Marques (2011):

Por vezes o autor se esconde no texto, denunciando de imediato o


grupo que se filia, ou pretendendo dar a entender que o enunciado não é
dele, mas da ciência; por vezes o leitor se esconde por trás do texto que
lê, como se nada tivesse a ver com o que ele anuncia (Marques, 2011,
p. 86)

Contudo, o grupo foi tranquilizado em suas angústias por meio da organização


aplicada pelas pesquisadoras sobre não ficar preso às regras gramaticais. Desde o início do
projeto, o combinado foi não privilegiar nenhum gênero textual específico, apenas escrever.
E assim foi feito, cada um à sua maneira, buscando aquilo que fosse mais confortável, em
termos de escrita, para si.

O fio condutor para a escrita dos textos foram os temas. Obteve-se, então, uma
variedade de textos bastante significativa. No percurso, observou-se claramente o
aperfeiçoamento e o desenvolvimento de autoria e estilo, verbalizadas pelos próprios autores.
Os diferentes temas foram escritos em crônicas, poemas, memórias literárias, relatos de
viagem, testemunhos, textos de opinião, textos autobiográficos, alguns ficcionais, muitos
não-ficcionais, testemunhais, como linhas de um diário aberto. Foram escritas narrativas
líricas, carregadas de subjetividade e poesia, bem como poemas narrativos, crônicas poéticas,
narrativas reflexivas. Nas palavras de Fernando Souza, participante do projeto: “Por
caminhos diferentes, os participantes da pesquisa trataram sobre a mesma temática.
Convergiram para a literatura, para a arte que nos dá asas, que nos eleva, nos coloca além
de nós mesmos, nos desafia, nos encoraja a voar em busca do melhor.”

Os textos foram escritos ao longo de 16 meses. Após revisão, a coletânea de 144


textos, bem como o percurso do trabalho foram registrados no livro Percepções Singulares de
Seres Plurais, uma obra de construção coletiva que ficou com 353 páginas e com as duas
orelhas do livro escritas por autoras conhecidas na cidade (Márcia Gallo e Mariza Lima).

Também foi por meio da discussão e trabalho coletivo que o título do livro foi
definido. A capa foi discutida e votada para ficar de acordo com a aprovação do grupo, num
processo longo desde a aprovação do uso da imagem de cada um até a versão final elaborada
por uma das participantes que tinha facilidade com a edição de imagens. Outros três
participantes fizeram uma força tarefa para revisão ortográfica.

Os participantes exercitam o respeito a diversidade de opiniões e vivências,


constatando que apesar de todos escreverem sobre o mesmo tema, por vezes, as experiências
eram bem diferenciadas, sendo hora complementar e outras vezes, antagônicas.

O livro escrito por 12 autoras e 2 colaboradoras, foi organizado por uma das
pesquisadoras, porém sua estrutura foi compartilhada entre os escritores que se alternaram
para elaboração das seguintes partes: Dedicatória, Prefácio, Introdução, Histórico,
Apresentação dos Temas, Apresentação dos Textos, Apresentação do Grupo e
Agradecimentos.

E ao final, o grupo organizou coletivamente uma manhã de lançamento do livro, no


dia 19 de fevereiro de 2022, no espaço público do Forno de São Caetano do Sul (Centro de
Exposições) com direito a entrevista em podcast, rádio, jornal, revistas e muita divulgação
nas redes sociais.

Um mês depois do lançamento do livro, o grupo ganhou de um estúdio, a gravação de


todo livro para organização de um audiobook. A intenção do grupo era disponibilizar essa
versão para internet.

Aqui fica evidenciado a força do coletivo para produção de conhecimento e a


potencialização de ações. Com todos os participantes interagindo com seus contatos na
divulgação do livro, muitas atividades de desdobramento do lançamento foram estabelecidas,
conforme segue:
● 18/01/2022 - Entrevista na Rádio ABC AM1570 no programa Mulher em
Questão da Priscila Cardoso
https://www.instagram.com/p/CY5ONrzM6MP/?utm_medium=copy_link
● 01/02/2022 - Entrevista na Rádio THE WALL FM no programa Sexy, Arte e
Psique de Jane Lamatina
● 04/02/2022 -Gravação do Podcast COFFEE BREAK
● 12/02/2022 - Finalizamos as gravações para o audiobook
● 13/02/2022 - Criado perfil do livro no Instagram e Facebook
○ https://instagram.com/percepcoes2022_contato?utm_medium+cop_link
○ https://www.facebook.com/profile.php?id=100078183244339
● 15/02/2022 - Matéria intitulada Pandemia gera fruto literário na Revista
UNICK https://revistaunick.com.br/pandemia-gera-fruto-literario
● 18/02/2022 - Confecção de Banner para divulgação
● 19/02/2022 - Lançamento no Espaço de Exposições - Forno de SCS
● 19/02/2022 - Matéria intitulada União de 12 escritores do ABC durante a
pandemia gera fruto literário no Jornal ABC Repórter
● 20/02/2022 - Matéria de capa intitulada Textos escritos por 14 amigos durante
a quarentena são lançados em livro no Jornal Diário do Grande ABC e matéria
no caderno de cultura intitulada Experiência de viver em isolamento físico é
transformada em textos literários por grupo de 14 amigos
● 20/02/2022 - Publicação no instagram do Diário do ABC
https//www.instagram.com/p/CaMtOtUsOoU/?utm_medium=copy_link
● 21/02/2022 - Noite de Autógrafos na Parada 467 em Santo André
● 04/03/2022 - Revista Caras coloca nota intitulada Obra cultural e divulga foto
do lançamento do livro
● Edição de Março - Revista MercNews publica matéria intitulada Leitura
Imperdível disponível também na versão online
http://online.fliphtml5.com/ulpg/fxfe/#p=8
● 07/03/2022 - Encontro dos escritores com a escritora de Portugal na Parada
247
● 09/04/2022 - Entrevista para Youtuber Karyn Paiva no Instagram
https://www.instagram.com/tv/CcLOqFRgHAW/?igshid+YmMyMTA2M2Y=
CONCLUSÃO

O público participante da pesquisa mostrou, no início do processo que envolve esta


pesquisa, receio de manifestar ideias e pensamentos acerca dos temas apresentados. Os
receios estavam relacionados aos julgamentos que poderiam surgir, excesso de autocrítica e
insegurança em relação ao potencial escritor que manifestava.

O compartilhamento dos textos entre os participantes possibilitou a ampliação do


olhar crítico e criativo de cada um, o aprimoramento de estilos e o desenvolvimento do
potencial escritor. Esses resultados foram validados pelo próprio grupo, que verbalizou a
diminuição dos receios referentes a possíveis julgamentos.

Observa-se que a liberdade de expressão, por meio da escrita de textos autorais


também possibilitou que cada participante escolhesse o estilo de escrita e tipo de texto mais
confortável para si. Também foi sinalizado o aumento da autoconfiança dos participantes, ao
se deparar com o produto do trabalho.

Conclui-se, portanto, a partir das perguntas norteadoras da pesquisa sobre incentivar


as pessoas fora do universo acadêmico a praticar a leitura e a escrita de deleite que, a
possibilidade de transmitir as ideias por meio da escrita está presente no desejo das pessoas
envolvidas nessa pesquisa, necessitando, portanto, de oportunidades e de incentivos para que
esse processo aconteça.

Foi perceptível por meio dos relatos pessoais que a força do coletivo impulsionava a
escrita dos participantes, uma vez que assumido o compromisso não parecia certo deixar de
escrever, bem como a possibilidade de outra pessoa ler seu texto e dar-lhe um feedback sobre
sua produção atuava como um incentivo à escrita.

As escritas expressaram memórias carregadas pelo meio e pelo tempo que cada um
carregava consigo em sua experiência de vida. Assim como nós mesmos, os textos têm o
DNA do seu autor, suas percepções são únicas e fruto do sua história de vida contextualizada
e delimitada no tempo/espaço. Como na afirmação "Eu sou eu e minha circunstância, e se
não salvo a ela, não me salvo a mim" (GASSET, 1967[1914], p. 52).
Refletir sobre os temas propostos levou aos participantes a ressignificar questões por
meio do mergulho no seu interior, onde os sentidos e as emoções deram cor às suas questões
mais íntimas. Essa reflexão levou o grupo a ampliar suas concepções dos fatos da vida.

Na etapa do lançamento do livro, os participantes demonstraram muita satisfação ao


apresentar sua obra a parentes e amigos. Relatos orais da alegria em ostentar um título de
escritor e de apresentar suas ideias agora eternizadas na obra.

“Como é bom ter com quem partilhar e compartilhar a vida.


Gratidão forever” (Aline Lages)

“Obrigada pelo projeto realizado! Vocês nos proporcionaram


momentos indescritíveis” (Carla Alessandra Ferreira)

“Obrigada pelo carinho e gentileza de todos vocês aqui nesta


percepções singulares, foi um privilégio conhecê-los" (Sonia Conceição)

“Que evolução. Com esses textos evoluímos ao escrever e ao ler.


Nossa meta nessa vida é a evolução e essa união só nos ajudou”. (Anabela
Tombolato)

“Que bacana! Eu fiquei emocionado ao escrever, e foi muito bom


reler os textos de todos vocês. Cada um se entregou ao processo de uma
maneira ímpar”. (Fernando Souza)

“Oi pessoal! Li os textos e queria dizer a vocês que acho muito


bacana essa coleção de opiniões, cada uma tão particular e sinto uma coisa
muito boa em ler e perceber as diferenças e o empenho que cada um de nós
coloca nos textos. Também o respeito de cada um com o grupo, conseguindo
ou não escrever, dá para sentir que todos amam estar aqui. Amei os textos,
tomara que venham outros ainda.” (Sandra Maria Martinello)

“Essa obra é fruto do trabalho e dedicação de meses repletos de


inspirações, sorrisos e lágrimas de pessoas agora denominadas, escritores”
(Carla Sortino Bassi)
Para coroar a finalização dessa ação, como resultado final, constatamos o estabelecimento do
vínculo de amizade entre os integrantes desse projeto, evidenciado pela constante troca de
mensagens entre os participantes e os encontros de confraternização que promovem.

REFERÊNCIAS

BARTHES, Roland. O grão da voz. Lisboa: Edições 70, 1982

Brasil perde 4,6 milhões de leitores em quatro anos. Agência Brasil, 2020. Disponível em:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-09/brasil-perde-46-milhoes-de-leitore
s-em-quatro-anos. Acesso em 05 de setembro de 2022

CANDAU, Joël.Memória e Identidade.São Paulo: Contexto, 2011.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

FOUCAULT, Michael. O que é um autor? Lisboa: Veja/Passagens, 1992.p.29‐88

GASSET, J. O. Meditações do Quixote (1914). Tradução de G. M. Kujawski. São Paulo:


Ibero-Americano, 1967.

HALBWACHS, Maurice. Memória Coletiva. Edições Vértice, 1990 [1950])

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo – diário de uma favelada. São Paulo:
Francisco Alves, 1960.

MARQUES, Mario Osório. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 2. ed. Petrópolis,


Rio de Janeiro: Vozes, 2011.

Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2000 Relatório Nacional Brasília -


disponível em
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/pisa

Retratos da leitura no Brasil 5 / organização Zoara Failla. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Sextante,
2021.

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