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AGANJÚ
AGANJÚ
Este Orixá representa tudo aquilo que sai. É a larva incandescente do vulcão,
derramando-se de forma descontrolada sobre a terra, queimando e destruindo tudo
o que encontra em seu caminho. É filho de Oroinã (a Voz do Vulcão) e de Arainã
(O magma no interior da terra).
Está incluído na família de Xangô, embora não seja, na realidade, uma "qualidade"
deste Orixá.
Encontramos num itan do Odu Iwori Meji, uma narrativa, segundo a qual, Aganjú,
por não conseguir controlar sua incandescência, não podia aproximar-se de seus
súditos para impor-lhes ordens e disciplina e, desta forma, seu reino vivia no mais
absoluto caos, cada um fazia o que bem entendia e a desordem levava tudo à
destruição inevitável.
Sabedor da existência de um poderoso monarca que não podia governar seu
próprio reino, Xangô resolveu procurá-lo para colocar-se à sua disposição. Foi
assim, que depois de dias incontáveis de viagem solitária, Xangô chegou ao reino
de Aganjú.
Quando estava bem próximo, ainda no interior da floresta, Xangô ouviu vozes e,
por medida de segurança tratou de esconder-se entre as árvores, para poder
observar, sem ser notado, o que estava acontecendo.
Esgueirando-se, Xangô aproximou-se o mais que pode do local de onde provinham
as vozes e viu, com grande espanto, um homem enorme, cujo corpo era
constituído de larva incandescente.
Este estranho ser, deitado no colo de Oxun, vociferava, esbravejava e debatia-se
furiosamente, enquanto a Iyagbá, jogando água sobre seu corpo em brasa, tentava
acalmá-lo carinhosamente.
"Acalme-se – dizia Oxun – quanto mais zangado mais destrutivo você fica".
"Mas como posso ficar calmo se meu reino está numa desordem total?"
Reverberava o gigante que, pelas características, Xangô já identificara como
sendo Aganjú.
"Pois bem.. - disse Aganjú - ... e de que forma pagarei pelos seus serviços. Quanto
me custará a intermediação que você me propõe fazer entre meu povo e seu rei?"
"Nada! Não lhe custará absolutamente nada!" - Afirmou Xangô desviando o olhar
dos olhos abrasadores de Aganjú – Apenas exigirei que você passe a usar as
mesmas insígnias que eu uso. Deves, a partir do momento em que nosso trato for
oficialmente formalizado, adotar os mesmos símbolos que me representam e que,
a partir de então, passarão também a representá-lo. O Oxe, machado de lâmina
dupla, o xeré, chocalho que imita o ruído do trovão, fenômeno que também domino
serão, a partir de então, símbolos comuns a nós dois.
Desta forma, seu povo, ao ver em minhas mãos as mesmas insígnias usadas por
você, não contestará a minha autoridade e, reconhecendo os atributos, acatarão
as ordens que a eles eu irei transmitir."
"Qual é a sua opinião Oxun?" Perguntou Aganjú à Iyagbá que já o deixara sozinho
indo sentar-se ao lado de Xangô.
"Acho que é uma boa proposta e que você não pode perder esta chance de salvar
seu país da destruição."