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Jones Dependency Tool: Um Elemento Fundamental na Política da Gestão da


Qualidade.

Technical Report · June 2014

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1 author:

Tiago Amaral TMA


Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central
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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE LISBOA

5º Curso de Mestrado em Enfermagem


- Área de Especialização Gestão em Enfermagem -

A
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Unidade Curricular
lT

Gestão e Organização de Cuidados de Enfermagem


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Por:
Tiago Manuel Ferreira do Amaral
o
ag

Professores Coordenadores:
Ti

Professora Teresa Potra


Professor Pedro Lucas
Professor Viriato Moreira

Lisboa
Junho 2014

0
ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC – Acidente Vascular Cerebral


CHLC – Centro Hospitalar de Lisboa Central
EAM – Enfarte Agudo do Miocárdio
HSJ – Hospital São José
ICN – International Council of Nurses
JDT – Jones Dependency Tool
OE – Ordem dos Enfermeiros
QeS – Qualidade em Saúde
SU – Serviço de Urgência

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Jones Dependency Tool (JDT) – versão portuguesa ............................... 11

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2
INDICE

Pág.
ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS ……………………………………... 1

0. INTRODUÇÃO ……………………………………………………………….. 4

1. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE E QUALIDADE DOS


CUIDADOS …………………………………………………………………... 5

1.1. Qualidade em saúde ………………………………………………………….. 5

1.2. Ambientes favoráveis à prática ……….……………………………………… 6

1.3. Dotações seguras salvam vidas ……………………………………………… 7

1.4. Enfermeiros na vanguarda da inovação dos cuidados …………………...…... 7

1.5. Competências do Enfermeiro da área da gestão ……………………………... 8

2. JONES DEPENDENCY TOOL ...….………………………………………….. 9

2.1. Breve história e caracterização ……………….……………………………… 9

2.2. Tradução, Adaptação e Validação da Escala para Portugal ……..…………… 10


A
M
2.3. Implementação da Escala em Portugal ...…………………………………….. 12
lT

3. CONCLUSÃO ………………………………………………………………… 14
a

4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ………………………………………… 15


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0. INTRODUÇÃO

O presente trabalho surge no seguimento de um trabalho académico da unidade


curricular Gestão e Organização de Cuidados de Enfermagem, e visa refletir sobre a
complexidade da gestão das organizações de saúde e dos cuidados de enfermagem, bem
como identificar práticas de gestão e organização de cuidados e de recursos materiais
promotoras da qualidade em saúde.
Assim, pretende-se expor a aplicabilidade de novas ferramentas de gestão, no
caso em concreto a Jones Dependency Tool (JDT), analisando criticamente o papel do
Enfermeiro gestor na gestão das organizações de saúde, na gestão clínica e dos cuidados
de enfermagem.
A gestão da qualidade dos cuidados está diretamente relacionada com a
organização dos serviços de saúde. A forma como está estruturado um serviço interfere
com a prática de enfermagem e, invariavelmente, nos outcomes para o doente.
O papel do Enfermeiro, nomeadamente o gestor, passa por assegurar cuidados de
enfermagem de qualidade, maximizando a QeS.
Por conseguinte, o Enfermeiro constitui-se como ator principal na vanguarda

A
dos cuidados uma vez que, pela natureza da sua profissão, que pressupõe o contacto
M
24h/24h com o doente, sabe quais as suas necessidades e cuidados indispensáveis por
lT

forma a alcançar o cuidado holístico.


a

A presente escala pretende ser uma ferramenta que viabilize dotações seguras,
ar

permitindo, desta forma, o cuidado holístico que se traduz em ganhos, em saúde.


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4
1. ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE E QUALIDADE
DOS CUIDADOS

A qualidade dos cuidados está diretamente relacionada com a forma como os


serviços estão organizados. Segundo o ICN (2006), vários estudos demonstram um
aumento das taxas de morbilidade e mortalidade dos doentes quando não estão
disponíveis dotações adequadas. Torna-se premente, portanto, uma correta organização
dos serviços por forma a obter elevados padrões de qualidade, assegurando o bem-estar
do utente.

1.1. Qualidade em saúde

Desde logo, urge definir o conceito “qualidade em saúde” (QeS). Segundo


Saturno et al (1990) caracteriza-se por uma prestação de cuidados de saúde acessíveis e
equitativos, com um nível profissional ótimo, tendo em conta os recursos disponíveis
por forma a conseguir a adesão e satisfação do cidadão. Implica igualmente, a

A
adequação dos cuidados de saúde às necessidades e expectativas do cidadão e o melhor
M
desempenho possível.
lT

Ribeiro, Carvalho, Ferreira & Ferreira (2008) ratificam este conceito referindo
que a qualidade nos cuidados de saúde justifica-se por várias razões, entre as quais:
a


ar

Ordem social - existe cada vez maior exigência e expectativas por parte
dos utentes;
m

 Ordem ética - exigência ao nível de formação e conhecimentos;


A

 Ordem profissional - desenvolvimento de boas práticas, valorização e


o

satisfação dos prestadores de cuidados;


ag

 Ordem económica - racionalização dos recursos e desenvolvimento por


Ti

parte das organizações de uma Cultura da Qualidade na Saúde.


No entanto, são diversas as variáveis que podem condicionar o grau de QeS
nomeadamente: a) características do Sistema de Saúde; b) determinantes da procura de
cuidados (por ex., expectativa e exigência) e da capacidade de resposta (por ex.,
recursos humanos, especialização crescente, trabalho multidisciplinar e intersectorial)
(Campos, Saturno & Carneiro, 2010).

5
Tendo em conta estas premissas, é necessário auditarmos com o intuito de controlar
esta mesma qualidade. Apesar do Instituto de Qualidade na Saúde (IQS) e do Quadro
comunitário de apoio no Programa Operacional da saúde se terem constituído como
referências fundamentais para o desenvolvimento da qualidade em saúde, Campos,
Saturno & Carneiro (2010) destacam que é importante reconhecer que, em Portugal,
existe pouca avaliação da qualidade dos cuidados e da sua variabilidade.

1.2. Ambientes favoráveis à prática

O Sistema Nacional de Saúde (SNS) português é pródigo em casos de carência


de Enfermeiros. Desde sempre houve esta denúncia por parte destes profissionais,
encontrando nos sindicatos de enfermagem e na Ordem dos Enfermeiros (por ex.,
Couto, 2012) uma forma de projetar a sua voz perante a sociedade civil e a classe
política. Com o agravar da economia europeia, à qual a portuguesa não escapou, esta
carência de condições não só se acentuou como tende a piorar.
O atual ambiente vivido por grande parte dos Enfermeiros portugueses em nada
favorece a prática, e por conseguinte, a qualidade dos cuidados.

A
Não é possível obter uma excelência no cuidar se não se apoiar ambientes
M
favoráveis à prática. Estes ambientes têm o poder de atrair e reter os Enfermeiros. Têm
lT

um efeito benéfico que se reflecte desde a satisfação deste profissional aos resultados
a

dos doentes passando pela inovação. Tais resultados estão devidamente documentados
ar

por um conjunto substancial de evidências (ICN, 2007).


Segundo o ICN (2007) “os Enfermeiros partilham um atributo que os define:
m

são profissionais empenhados que abraçam uma filosofia holística de cuidados”.


A

Baunmann et al (2001) citado pelo ICN (2007) menciona que quando há falta de
o

pessoas, recursos e/ou estruturas, surge um conflito entre a responsabilidade dos


ag

Enfermeiros e a adequada prestação de cuidados aos doentes. Dá o exemplo da


Ti

limitação do tempo, isto é, se as cargas laborais apenas deixarem tempo aos


Enfermeiros para tarefas relacionadas com as necessidades físicas dos doentes, as
restantes, nomeadamente as psicossociais e espirituais, não serão satisfeitas e o cuidado
holístico não será alcançado.
O conflito referido anteriormente, associado às elevadas cargas físicas, levam à
insatisfação profissional e, em alguns casos, ao turnover e burnout.

6
1.3. Dotações seguras salvam vidas

Vários estudos ao longo das últimas décadas evidenciam que dotações seguras
estão intimamente ligadas a inferiores taxas de mortalidade e morbilidade, quando
comparadas com dotações abaixo do nível preconizado. Tal facto está patente no estudo
de Person et al (2004) citado pelo ICN (2007) no qual verificaram que os doentes com
enfarte agudo do miocárdio (EAM) tinham menor probabilidade de morrer caso
estivessem internados em hospitais com níveis mais elevados de Enfermeiros. Outro
estudo, este de maior dimensão, retrospetivo e conduzido no Canadá, da autoria de
Tourangeau, Giovanetti, Tu & Wood (2002) também citado pelo ICN (2007), verificou
uma menor taxa de mortalidade aos 30 dias em doentes diagnosticados com EAM,
AVC, pneumonia e septicémia quando estava associada uma combinação de três
fatores: a) aptidões dos Enfermeiros; b) maior proporção de Enfermeiros; c) mais anos
de experiência.
Uma das primeiras definições de dotações relaciona-as com o número e tipo de
pessoal necessário para a prestação de cuidados. Contudo, ao longo do tempo, diversos
autores perceberam que as dotações vão muito para além dos números. Variáveis como
A
carga laboral, ambiente de trabalho, eficiência e efetividade em termos de custos,
M
complexidade dos doentes, nível de aptidões dos Enfermeiros e combinação das
lT

dotações na enfermagem caracterizam as dotações (ICN, 2007).


a

Há uma lacuna importante na contabilização da carga laboral dos Enfermeiros diz


ar

respeito. Os instrumentos existentes são incapazes de capturar mais de 40% do trabalho


m

de enfermagem, pelo que não são uma solução completa para a determinação das
dotações seguras (ICN, 2006).
A

Cabe ao Enfermeiro ser o dinamizador de mais instrumentos que visem colmatar


o

este enorme hiato, permitindo assim, caminhar no sentido da correta medição da carga
ag

laboral, alcançando dotações seguras.


Ti

1.4. Enfermeiros na vanguarda da inovação dos cuidados

Num mundo em constante mudança, a inovação é palavra de ordem, e à qual os


Enfermeiros não estão alheados. Por diversas razões, que vão desde a necessidade
sentida de melhorar os resultados nos cuidados prestados ao doente até à necessidade de

7
reduzir os custos para o sistema de saúde, os Enfermeiros estão envolvidos em
atividades inovadoras (ICN, 2009).
A salientar que a QeS é produto de uma equipa multiprofissional da qual o
Enfermeiro faz parte e cujo trabalho não pode, jamais, ser negligenciado ou tornado
invisível, sob o risco desse objectivo não ser almejado (OE, 2001).
Todavia existem entraves que se colocam, nomeadamente, o fraco
reconhecimento, publicitação ou partilha entre a enfermagem e o público em geral
(ICN, 2009). Cabe ao Enfermeiro fazer marketing do que faz. E é isso que Buresh &
Gordon (2004) referem na sua obra “Do Silêncio à Voz”. Sensibilizam este profissional
para a necessidade urgente de mostrar aos pares e à comunidade o seu trabalho; ajudam-
no a demonstrar as suas convicções.
Cain & Mittman (2002), citados pelo ICN (2009), referem que este processo de
sensibilização e adopção da inovação pelos pares segue ume “curva em S”: primeiro
com alguns, depois mais alguns e seguida de uma rápida e franca adesão à medida que
experienciam os benefícios. É que “a inovação tem de permear uma organização, ser
pertença de todos…” (Rosabeth Moss, 1997).

1.5. Competências do Enfermeiro da Área da Gestão A


M
lT

Todo o Enfermeiro, ao nível do domínio da prestação e gestão de cuidados, tem


o dever de “agir de forma fundamentada, mobilizando e aplicando os conhecimentos e
a
ar

técnicas adequadas, procurando realizar as melhores práticas assentes em resultados


de investigação e outras evidências.” (OE, 2011).
m

Quanto ao Enfermeiro da área da gestão, especificamente, ao nível do eixo de


A

intervenção 1, na prática profissional, ética e legal, deve garantir as melhores práticas


o

profissionais, utilizando, por exemplo, guidelines de boas práticas de gestão nos


ag

serviços que lidera e utilizando o marketing com eficácia e eficiência. Ao nível do eixo
Ti

de intervenção 2, na gestão dos cuidados, deve prever necessidades e gerir pessoas


(garantindo e promovendo dotações seguras), prever e assegurar os meios necessários à
prestação de cuidados e participar na definição e implementação de políticas (APEGEL,
2009).
Desta forma, o papel do Enfermeiro gestor é enaltecido, constitui-se um
elemento fulcral na equipa multiprofissional cujo principal objectivo é otimizar a QeS.

8
2. JONES DEPENDENCY TOOL

No seguimento do que foi abordado no ponto 1 surge a Escala de Dependência


de Jones enquanto instrumento de Enfermagem, constituindo-se uma ferramenta de
cálculo das dotações seguras. Inicialmente, farei referência à sua criação.
Posteriormente, abordarei a sua tradução, adaptação e validação para a realidade
portuguesa, terminando com a implementação da mesma na nossa realidade.

2.1. Breve história e caracterização

Gary J. Jones é um Enfermeiro inglês com mais de 25 anos de experiência em


cuidados de enfermagem em situação de urgência e emergência. Destacou-se por ser um
dos principais dinamizadores da enfermagem de emergência no Reino Unido chegando
a ser consultor do Chief Nursing Officer inglês em Enfermagem de Urgência e
Emergência.
Em 1986, usou a abordagem baseada na prática, quando desenvolveu o modelo
“Components of life” e a escala de dependência, em estrita colaboração com
A o
M
departamento de urgência e emergência do Hospital Orsett, em Essex.
Os componentes do modelo de vida são baseados na crença e nos valores de que
lT

todos os seres humanos são portadores de necessidades humanas individuais. Também


a

se baseia na crença de que, durante o seu tempo de vida, o indivíduo está envolvido em
ar

várias atividades de autocuidado, com o intuito de manter a independência. Foram


m

identificados sete componentes da vida que compreendem aspectos comportamentais e


A

sociais, físicos e humanos e que, quando em equilíbrio, ajudam a manter a saúde e a


qualidade de vida do indivíduo (Jones, 2014).
o

Os sete componentes eram: a) comunicação, b) airway/breathing/circulation, c)


ag

mobilidade, d) segurança ambiental, e) cuidado pessoal, f) comer/beber/eliminição e g)


Ti

promoção da saúde.
No período 1986-2001, e fruto da colaboração directa com o pessoal do Hospital
Oldchurch em Essex, o modelo e a escala da dependência foram sendo modificados e,
em vez de sete componentes, passámos só a ter seis: a) comunicação, b)
airway/breathing/circulation, c) mobilidade, d) cuidado pessoal, f)
comer/beber/eliminição e g) segurança ambiental/saúde e bem-estar social.

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São estes seis componentes (com declarações relevantes para orientar o usuário),
que permitem avaliar à chegada e, subsequentemente durante a estadia no departamento
de urgência e emergência, o nível de dependência em que o doente se encontra. Estes
níveis de dependência variam da seguinte forma: a) baixa dependência = 0; b)
dependência média = 1; c) alta dependência = 2; d) dependência total = 3 (Jones, 2014).
Este nível de dependência está intrinsecamente relacionado com a carga de trabalho de
enfermagem pelo que, o seu cálculo contribui para a obtenção de dotações seguras, que
são a base de uma política de gestão de qualidade.
Como foi referido anteriormente, existem declarações específicas em cada um
destes seis componentes que, por uma questão de organização do presente trabalho,
achamos pertinente serem enunciados somente no ponto seguinte.

2.2. Tradução, adaptação e validação da Escala para Portugal

Nas conclusões a que chegaram Crouch & Williams (2006) no seu trabalho de
validação da JDT está mencionado que a mesma pode ser aplicada e usada noutros
países, com sistemas de saúde semelhantes ao inglês, salientando a necessidade de
fidelização e validação do instrumento como critério obrigatório. A
M
Em 2008, na sequência de um trabalho de pós-graduação em Urgência e
lT

Emergência, sob orientação de Alexandre Tomás, Sousa, Peixoto e Santos (2013)


a

pegaram nesta escala e na premissa de Crouch e Williams (2006), traduzindo, adaptando


ar

e validando a escala - Jones Dependency Tool (JDT) - para a realidade portuguesa.


m

Inicialmente, traduziram e adaptaram culturalmente a JDT para a língua


portuguesa. Estiveram envolvidos numa primeira fase uma enfermeira portuguesa a
A

trabalhar no Reino Unido, bem como um tradutor oficial referenciado pela embaixada
o

da Inglaterra.
ag

Após a tradução inicial, foi contactado um novo tradutor oficial e um residente


Ti

em Portugal mas cuja “língua mãe” é o inglês, não sendo profissional de saúde.
Desta cooperação saiu um resultado que foi apresentado a um comité de três
peritos na área de Urgência e Emergência. Após as indicações destes constituiu-se uma
nova tradução.
A tabela seguinte ilustra o resultado final do trabalho realizado nesta primeira
parte do estudo (Sousa, Peixoto e Santos, 2013).

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Tabela 1 – Jones Dependency Tool (JDT) – versão portuguesa

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Na segunda parte do estudo procederam ao pré-teste tendo a colaboração de
quatro Enfermeiros que aplicaram o instrumento a quatro doentes internados no serviço
de urgência (SU) – sala de observação, num dos hospitais onde decorreu o estudo.
Entre Maio e Junho, recolheram-se os dados após a aplicação da escala por
vários Enfermeiros dos diferentes hospitais. De seguida, e recorrendo a testes
estatísticos, comparou-se a versão portuguesa e a versão inglesa. Fidelidade analisada,
partiu-se para a validade do instrumento.
As conclusões a que chegaram “demonstraram níveis satisfatórios de fidelidade,
de validade (…) permitindo (…) sugerir a sua utilização, como um instrumento
confiável e válido para avaliação do grau de dependência dos utentes que recorrem ao
SU” (Sousa, Peixoto e Santos, 2013).

2.3. Implementação da escala em Portugal

Em 2011, foi feita a primeira aplicação em algumas urgências de Portugal


Continental pelo Grupo de Acompanhamento de Enfermagem de Urgência e
Emergência da Secção Regional Sul da OE (Alexandre Tomás, Pedro Aguiar, Hélio
A
Correia, Manuel Silva, Ilda Sousa, Vanessa Godinho, Piedade Pinto e Cátia Silva).
M
À posterior, foram feitas mais duas aplicações em períodos homólogos de 2012 e
lT

2013, por forma a comparar a evolução da dependência do cidadão que recorrer ao SU.
a

Em 2013, o SU polivalente do Hospital São José (HSJ), Centro Hospitalar de


ar

Lisboa Central (CHLC), começou a aplicar, sistematizadamente, a JDT no doente


m

internado. Os enfermeiros Artur Beja e Elsa Filipe introduziram-na no SU, estando


neste momento informatizada e fazendo parte integrante do processo do doente.
A

O relatório inicial produzido por Beja & Filipe (2013) permite


o
ag

“ter uma tipificação do ponto de vista do grau de dependência de cuidados de


Ti

enfermagem dos doentes internados na Urgência Geral, verificando-se que o


grau de dependência de cuidados não está unicamente relacionado com o grau
de gravidade atribuído pelo Protocolo de Triagem de Manchester, mas
fundamentalmente pelas necessidades de cuidados apresentadas pelas pessoas.”

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Concluíram, entre outros, que “a variação de grau de dependência de entrada
quando comparada com o de saída não apresenta diferença estatística significativa” e
que “a componente alteração da mobilidade vai levar a maior tempo de permanência
no SU, o que implica um aumento do tempo de cuidados a pessoas com maior grau de
dependência” (Beja & Filipe, 2013).
Estes resultados estão em consonância com os já publicados por Crouch &
Williams (2006) e O’Brien & Benger (2007) em que é salientada a importância do
desenvolvimento de outros estudos que possam associar o grau de dependência dos
doentes ao número de horas de cuidados de enfermagem necessários nos SU.
Aquando da deslocação de Gary Jones a Lisboa, a convite da Secção Regional
Sul da OE, por altura do “1º Encontro Internacional de Urgência e Emergência:
Vivências Emergentes” em Janeiro de 2014, o mesmo deslocou-se ao SU do HSJ onde
pôde testemunhar “in loco” a aplicação da escala da sua autoria, na prática de
enfermagem. Ficou simultaneamente, surpreso e orgulhoso, pois validou a
internacionalização da mesma, comprovando o que Crouch & Williams (2006),
anteviram: a JDT pode ser aplicada e usada noutros países com sistemas de saúde
semelhantes ao inglês.

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3. CONCLUSÃO

A JDT de Jones (2014) apresenta-se como uma ferramenta de gestão dos cuidados
de enfermagem, destacando as competências de gestão do Enfermeiro, que assegura a
vanguarda da inovação dos cuidados.
Ao ser traduzida, adaptada e validada para a realidade portuguesa, na sequência de
um trabalho académico por Enfermeiros portugueses, no ano de 2008, constituiu-se a
alavanca para a sua implementação, em definitivo, no SU polivalente do Hospital São
José (HSJ), Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), no ano de 2013.
Objetivamente, o excelente trabalho produzido até ao momento ainda não teve
repercussões nos ratios. Esse será o próximo passo. No entanto, apesar da sua mais-
valia, e tendo em conta o estudo de Nelas (2013) na área da pediatria, chega-se à
conclusão que é necessária a utilização de mais do que um método de cálculo no
dimensionamento de equipas de enfermagem.
Cabe ao Enfermeiro continuar a ser agente dinamizador de instrumentos que,
complementando-se, permitem dotações seguras e melhores outcomes para o doente,
salvaguardando a QeS.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. APEGEL (2009). Referencial de Competências do Enfermeiro Gestor. Acedido


Junho 10, 2014 em http://apegel.org/documentos.aspx

2. Beja, A. & Filipe, E. (2013). Relatório da aplicação da JDT na Urgência Geral.


Lisboa. Documento não publicado.

3. Campos, L.; Saturno, P. & Carneiro, A.V. (2010). Plano Nacional de Saúde
2011-2016: A qualidade dos cuidados e dos serviços. Acedido Junho 8, 2014
em http://www.observaport.org/sites/observaport.org/files/Q2.pdf

4. Couto, G. (2012). Entrevista a Germano Couto, Bastonário da Ordem dos


Enfermeiros. Revista Repórter do Marão, nº 1265. Acedido Junho 9, 2014, em
http://www.ordemEnfermeiros.pt/comunicacao/Documents/EntrevistaBastonario
_ReporterMarao.pdf

A
5. Crouch, R. & Williams, S. (2006). Patient dependency in the Emergency
M
department (ED): Reliability and validity of the Jones Dependency Tool (JDT).
lT

Accident and Emergency Nursing, 14, 219-229. Elsevier.


a

6. ICN (2006). Dotações seguras, salvam vidas. Genebra: International Council of


ar

Nurses.
m
A

7. ICN (2007). Ambientes Favoráveis à prática: condições de trabalho=cuidados


de qualidade. Genebra: International Council of Nurses.
o
ag

8. ICN (2009). Servir a comunidade e garantir a qualidade: os Enfermeiros na


Ti

vanguarda da inovação nos cuidados. Genebra: International Council of Nurses.

9. Jones, G. (2014). Patient dependency in the Emergency Department: The Jones


Dependency Tool (JDT). Documento cedido por Gary Jones.

10. Nelas, J. (2013). Gestão de recursos humanos na saúde: Contributos para o


dimensionamento das equipas de enfermagem em pediatria. Faculdade de

15
Economia, Universidade de Coimbra. Acedido Junho 15, 2014 em
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/23205/1/Jos%C3%A9%20Carlos_
Nelas_disserta%C3%A7%C3%A3o%20_%5BMGES%5D-%5B2013%5D.pdf

11. O’Brien, A. & Benger, J. (2007). Patient dependency in emergency care: do we


have the nurses we need? Journal of Clinical Nursing, 16(11), 2081–2087.
Acedido Junho 18, 2014, em
http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=a9h&AN=26976154&si
te=ehost-live

12. Ordem dos Enfermeiros (2001). Padrões de qualidade dos cuidados de


enfermagem: Enquadramento conceptual, Enunciados Descritivos. 2001.

13. Ordem dos Enfermeiros (2011). Regulamento do perfil de competências do


Enfermeiro de cuidados gerais. 2011. Acedido em Junho 10, 2014, em
http://www.ordemEnfermeiros.pt/publicacoes/Documents/divulgar%20-
%20regulamento%20do%20perfil_VF.pdf

A
14. Ribeiro, O.; Carvalho, F.; Ferreira, L. & Ferreira, P. (2008). Qualidade dos
M
Cuidados de Saúde. Website do Insituto Politécnico de Viseu. Acedido em
lT

Junho 9, 2014 em http://www.ipv.pt/millenium/Millenium35/7.pdf


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15. Saturno, P.; Imperatori, E. & Corbella, A. (1990). Evaluación de la calidad


m

asistencial en atención primaria. Experiencias en el marco de la Cooperación


Ibérica. Ministerio de Sanidad Y Consumo: Madrid.
A
o

16. Sousa, B.; Santos, A.R. & Peixoto, C. (2013). Tradução, Adaptação e Validação
ag

da Escala Jones Dependency Tool. Enformação (Nov-Mar).


Ti

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