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14 de julho de 2023

Palestra: A vida Fraterna

Espaço de crescimento e de descoberta – frei João OFMcap

Animador espiritual da fraternidade São Leopoldo Mandic em Uruçuí,


pi.

« Congregavit nos in unum Christi Amor »

“O Amor de Cristo reuniu para se tornarem uma só coisa um grande número


de discípulos a fim de que, como Ele e graças a Ele, no Espirito, pudessem,
através dos séculos, responder ao amor do Pai, amando-o «com todo o
coração, com toda a alma e com todas as forças» (Dt 6, 5) e amando o
próximo «como a si mesmos» (Cf. Mt 22, 39).

Entre esses discípulos, os reunidos nas comunidades religiosas, mulheres e


«homens de todas as nações, tribos, povos e línguas » (Cf. Ap 7, 9), foram e
são ainda hoje uma expressão particularmente eloqüente desse sublime e
ilimitado Amor.

Nascidos «não da vontade da carne e do sangue», não de simpatias pessoais


ou de motivos humanos, mas «de Deus» (Jo 1, 13), de uma vocação divina
e de uma divina atração, as comunidades religiosas são um sinal vivo da
primazia do Amor de Deus que opera suas maravilhas e do amor a Deus e
aos irmãos, como foi manifestado e praticado por Jesus Cristo.”

Definição: O que é a Vida Fraterna? A vida fraterna é a vivência dos cristãos


em comunidade, sob a regra áurea dos mandamentos divinos e sustentada
pelo Espírito Santo. É comparável a uma família que possui o pai, a mãe e
os filhos.

Sou frade franciscano capuchinho há mais de 33 anos. Desde os primeiros


momentos de minha vocação, venho lidando com esse aspecto tão próprio
da vida franciscana e fator básico do ser religioso. O tripé: oração,
contemplação e ação que, ainda nos são apresentados com elementos
principais da fraternidade atual, e especialmente quando se trata da
convivência compartilhada.

1. Convivência. Palavra que indica situação experimentado num


determinado momento. Assim como são várias as formas de se encarar uma
realidade, que pode ter significados diversos, e que, esses significados
divergem de pessoa para pessoa. Exemplo: ter que se levantar em
determinado horário agrada a uns e desagrada a outros. Fato de todos devem
se levantar é aceito, o problema se acentua quando se contextualiza e aplica
no momento atual de cada setor.

2. É preciso superar. A vida fraterna é construída a cada momento. É uma


coxa de retalho onde as diferenças devem se unir para formar o todo, sem
tentar descaracterizar nem as cores, nem os formatos. Onde está a mágica na
cabeça e no coração de quem constrói.

3. Vida fraterna: lugar de aperto ou espaço para desabrochar.

Tenho ouvido falar e vivado situações eu chamo de construtivas dentro


da vida fraterna que, foram verdadeiras escolas de aprendizado nestes dois
aspectos. Hora exigências e funções me levaram a sentir-me isolado ou
enforcado ao extremo e, exigências que me levaram ao pleno
reconhecimento do meu ser, do meu eu, de minhas limitações e de minhas
qualidades. E bom, que quando me dispus a aceita-las como parte de minha
pessoa, mas que podem ser trabalhadas então desabrochei mais ainda.
‘Sozinho isolado ninguém e capaz’.

4. Crescer sem diminuir o outo.

Na vida de cada um, existe sempre desafios bem como compensações.


Hoje a sociedade é desafiada a buscar e isso é muito. O fato de estarmos na
ativa deixa-nos em estado de empolgação e nos leva a sentirmos úteis. Há no
entanto, chamada de atenção sobre o modo de nos comportarmos neste
universo. O crescimento do outro (a) não pode ser ofuscado pelo meu. “o sol
nasce para todos”.

5. Do afeto a doação de si.

Canto das criaturas externou a visão mais límpida e mais pura de um


verdadeiro amante de Cristo e da natureza, são Francisco de Assis. É
interessante que este cântico, foi concebido no leito de dor corpóreo e num
estado de elevação sublime do Povorello ou pobrezinho de Assis. Poucas
coisas na existência são mais lindas que o amanhecer. Mais para esse arauto,
o amanhecer é uma criança cujo pai e a mãe (sol e a lua) expressam gestos
fraternos enobrecidos pelos laços paternos ou familiares. “irmão sol com
irmã lua”.

6. Do Eu ao Nós.

Há pessoa, como tem pessoas carrancudas e as vezes amargas em


nossas fraternidades e situações! Não sou psicólogo nem pretendo nesta
simples reflexão me adentrar em teorias ou assumir atitudes moralistas. Vejo
e conheço pessoas tão negativas e mal humoradas que me pergunto se, de
fato, foi isso que a pessoa escolheu para si. Penso do seguinte modo: agir
só tem como vantagem não torrar minha paciência com o outro, mas por
experiencia própria me consumo mais ainda. Me falta a mão amiga. Quando
ajo com outro posso também me sentir ofuscado ou menosprezado, mas sem
nenhuma sombra de dúvidas me consumo menos, pois posso compartilhar
minhas dúvidas e juntos acharmos novos caminhos.

Conclusão

Não é fácil lidar com conceitos de amplitude universal e de aplicações tão


variadas. Cada vez mais o terno fraternidade é utilizado por pessoas e
organizações. Creio que o tema: A vida em Fraternidade, quando elencado,
foi pensando na riqueza do mesmo voltado ao fenômeno religioso e
franciscano. Em minha cidade temos a OFS fraternidade sem sede. Mas é aí
que fica mais expresso o conceito de fraternidade; somos conscientes de que
a espiritualidade de São Francisco é tão rica em sentimentos humanitários,
que nosso modo de ser e de agir permeia e ultrapassa a noção de espaço e de
propriedade.

1. Chão a ser trabalhado


2. Corações e serem domados
3. Atitudes a serem compartilhadas
4. Ideias a serem trocadas
5. Forças a serem somadas
6. Fontes a serem defendidas

Para refletirmos.

Que modo desenvolvo minha caminhada com os demais?

Como encaro o ser do outro, agindo com o meu?

Tenho clareza de minhas tendências?

Vejo minha fraternidade como um fardo ou uma benção?

Com afeto em cristo, Francisco e Clara de Assis. Frei João.

Uruçuí, Piauí

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