Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO

ELYSON VANDER DOS SANTOS

ANTROPOLOGIA II
Claude Lévi-Strauss e o Estruturalismo Francês

MACEIÓ - AL
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO

ELYSON VANDER DOS SANTOS

ANTROPOLOGIA II
Claude Lévi-Strauss e o Estruturalismo Francês

Trabalho apresentado no curso de


graduação em Ciências Sociais –
Bacharelado, disciplina Antropologia
II como requisito de nota parcial
para a Avaliação Bimestral 2

Docente: Siloé Amorim

MACEIÓ – AL

2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO

INTRODUÇÃO

Claude Lévi-Strauss foi um adepto construtor da corrente estruturalista presente


na Antropologia. Por um influência de Mauss, sendo ele um de seus alunos, perfez a
teoria do parentesco com similaridades dos sistemas de trocas, e imputou uma teoria
que explica os fenômenos sociais a partir de um modelo comum a todas as
sociedades; assim como a explicação do porquê elas existem. No presente trabalho,
cabe ressaltar esses pontos de inflexão das obras de Lévi-Strauss, bem como
apresentar suas reflexões sobre o sistema de parentesco, o totemismo, estruturalismo
e o tabu do incesto.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO

Lévi-Strauss é o precursor e então criador da Antropologia Estrutural como a


concebe. Em seu relato no livro “Antropologia Estrutural”, sobre sua comunicação no
simpósio de antropologia em 1952 em Nova York, afirma que “A noção de estrutura
social evoca problemas demasiado vastos e vagos para que se possam tratá-los nos
limites de um artigo” (LÉVI-STRAUSS, Claude, 1975, p. 313) e em seguida esclarece
o intuito do que está proferindo: o seu estudo cabe àqueles que são voltados ao estilo
de categorias universais da cultura e à linguística estrutural. (LÉVI-STRAUSS, Claude,
1975, p. 313). E, se observando bem, boa parte de suas obras vão se focar a isso.
Lévi-Strauss trata o estruturalismo à visão de enxergar os comportamentos sociais,
bem como seus significados, por meio de uma estrutura. Estrutura essa comum a
todas as sociedades. Ao sistema de trocas, cabe ressaltar influências nítidas de
Marcel Mauss que foi seu professor e dissera:

“Ademais, o que trocam não são exclusivamente bens e riquezas, móveis ou imóveis, coisas
economicamente úteis. Trata-se, antes de tudo, de gentilezas, banquetes ritos, serviços militares,
mulheres, crianças, danças, festas, feiras em que o mercado é apenas um dos momentos e onde a
circulação de riquezas constitui apenas um termo de um contrato muito mais geral e muito mais
permanente” (MAUSS, Marcel, 1974, p.45). [...]

Trata-se, no fundo, de misturas. Misturam-se as almas nas coisas, misturam-se as coisas nas almas
(Idem, 1974, p. 45).”

Lévi-Strauss irá tratar o casamento como sistema primário de trocas e sendo ele
constituído de muito valor e que representa a comunicação entre os grupos sociais.
Aliado a isso, está o tabu do incesto, que consiste na proibição de relações sexuais
entre os membros consanguíneos, isto é, biologicamente próximos ou pertencentes
da mesma família, o que, para Lévi-Strauss é justamente esse aspecto, junto com a
troca de mulheres entre os grupos, que permite a criação da sociedade. Ora isso não
existisse, os grupos ficariam fechados entre si e não haveriam alianças. O casamento
e a troca de mulheres entre eles é, portanto, formador dessa aliança.

Nesse mesmo prisma, Lévi-Strauss defende que o fato de indivíduos


consanguíneos não terem relações sexuais entre si não depende de eles não se
sentirem atraídos entre si e do fator biológico, isto é, natural, mas sim de uma
imposição cultural. Nessa aparência, o incesto não depende de hábitos da natureza,
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO
mas sim impõe regras e hábitos (o que são construídos culturalmente). Portanto, ao
ser atuar o tabu do incesto, o ser humano sai de seu estado natural para o estado de
cultura. Este supera sua natureza selvagem.

Levando ao gancho do estruturalismo, Leach vai comentar em seu livro que trata
das conjecturas de Lévi-Strauss que “Os sistemas de casamentos são tratados como
transformações paradigmáticas de uma subjacente estrutura lógica comum.” (LEACH,
Edmund, 1982, p. 98) e que:

“[...] Lévi-Strauss não considera que o casamento (isto é, a troca de mulheres entre homens) como
sendo apenas um sistema alternativo de troca entre muitos; para ele, é um sistema primário. Afirma
isso porque, no caso das mulheres, a relação simbolizada pela troca também é constituída pela coisa
trocada, de modo que a relação e o seu símbolo são uma só e a mesma coisa e a entrega de
mulheres em casamento deve ser considerada a mais elementar de todas as formas de troca.”
(LEACH, Edmund, 1982, p. 98)

Considerando isso, o casamento faz parte de uma estrutura lógica dos grupos, o
que se impõe dizer que é conduzido ao aspecto de normas entre eles; a troca e a
mulher se alinham em um só símbolo o constitui significado para a relação. E gostaria
de frisar na mulher porque, na conjectura de Lévi-Strauss, ela é o próprio signo da
relação entre esses grupos, dando ao que se concebe como valor, após o ato de troca,
entre eles. São estas alianças (o casamento) que, segundo Lévi-Strauss, vai se gerar
reciprocidade entre esses grupos. Nesse sentido, Lévi-Strauss considera o sistema
de parentesco dando ênfase na relação entre os pais do que entre os pais e o filho.

Sobre o totemismo, Lévi-Strauss prefere encarar como um sistema de


classificação em vez de uma religião, perfazendo por um critério intelectual. O
totemismo, nesse aspecto, consiste em fazer distinções da natureza, colocando
ordem, classificação e em estrutura o caos sensível (a própria natureza) que, por meio
do intelecto, o ser humano faz isso. No que bem diz Zanini (2006), a função do
totemismo é “Mediar as relações entre natureza e cultura”. E, ao fazer isso, há a
vinculação do mundo natural e o mundo cultural, na qual, por meio de um sentido
lógico, se busca explicar o mundo sensível.

Retomando sobre o Estruturalismo, Lévi-Strauss, em sua obra Antropologia


Estrutural, diz que “[esta noção de estrutura social] sai-se do domínio da descrição
para considerar noções e categorias que não pertencem propriamente à etnologia.”
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO
(LÉVI-STRAUSS, Claude, 1975, p. 314). Portanto, o estruturalismo se difere da
etnologia e se ancora na esperança de que ele possa fornecer novos modelos de
métodos e soluções (LÉVI-STRAUSS, Claude, 1975, p. 314). Lévi-Strauss o faz assim
na sua obra acadêmica, levando à Antropologia uma nova forma de se verificar a
sociedade.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS - BACHARELADO

REFERÊNCIAS

LEACH, Edmund. As ideias de Lévi-Strauss. São Paulo: Cultrix, 1982;

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,


1975;

MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas.
In: Sociologia e Antropologia, vol. 2. São Paulo, EDUSP, 1974);

ZANINI, MARIA CATARINA CHITOLINA, Totemismo revisitado... In: HABITUS,

Goiânia, v. 4, n.1, p. 513-533, jan./jun. 2006, P. 515-533.

Você também pode gostar