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PRODUÇÃO ESCRITA

Discente: Cleynara Feitosa de Macedo Morais

INTRODUÇÃO
Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas no dia 28 de novembro de 1908,
filho de Raymond e Emma, de origem Judaica; teve que viver com seu avô que era
rabino, em Versalhes, por causa da primeira Guerra mundial. O mesmo estudou em
Versalhes e em seguida mudou-se para Paris e ingressou no Lycée Janson-de-
Saelly e logo após em Licée Condorcet, onde concluiu o curso secundário. Em 1927
estudou direito em Paris, foi admitido na Sorbonne, se graduou em filosofia em
1931. Em 1948 concluiu o doutorado com a tese “As Estruturas do Parentesco”.
Em 1935 a 1939 lecionou na Universidade de São Paulo; durante este
período, realizou pesquisas de campo com os índios no estado de Mato Grosso e
na Amazônia; foi nesse período que o mesmo despertou sua vocação por
etnográfia. Lévi-Strauss recebeu diversas premiações, foi eleito Doutor Honoris
Causa das Universidades de Bruxelas, Chicago, Montreal, Mexico, Harvard, entre
outras. Antropólogo, sociólogo e humanista francês, Claude Lévi-Strauss dedicou
sua vida a elaboração de modelos baseados na linguística estrutural, na teoria da
informação e na cibernética para interpreter as culturas, que considerava como
sistemas de comunicação.
Suas principais obras são: Tristes Trópicos (1955), As Estruturas
Elementares de Parentesco (1949), Antropologia Estrutural (1958), O pensamento
Selvagem (1962), Mitologicas (1964-1971), Antropologia Estrutural II (1973), entre
outros. Lévi-Strauss faleceu em Paris, na França, no dia 30 de novembro de 2009.
Os estudos de Lévi-Strauss se torna importante pelo fato de nos proporcionar
melhor entendimento sobre a sociedade em que vivemos, percebendo as
modificações que ocorrem ao longo do tempo, sobre temas que antes eram isolados
pela sociedade, tratados como tabus, como por exemplo, o incesto, o conceito de
família tradicional, a questão do racismo, entre outros. Como Goldaman mesmo cita
que “[…] a única forma de compreendermos os fatos humanos se dá pela
recuperação dos processos que fez com que essa sociedade chegasse a ser o que
é atualmente.” (GOLDMAN, 1999, p. 226).
PRINCIPAIS CONCEITOS DA OBRA DE LÉVI-STRAUSS

Claude Lévi-Strauss publicou muitas obras que contribuiram bastante para a


manutenção de uma nova antropologia; com isso, irei comentar duas de suas obras, que é:
“Raça e História” e “A família”. Em “Raça e História, pode-se perceber que devemos
compreender que cada cultura é diferente umas das outras, respeitando sua diversidade e
particularidades, entendendo que não podemos classificar e nem julgar essas culturas como
inferiores ou superiores, como o mesmo diz "[...] nada permite afirmar a superioridade ou a
inferioridade intelectual de uma raça em relação a outra." (LÉVI-STRAUSS, 1993, p. 328).
Sobre um viés do eurocentrismo, a população de modo geral foi corrompida por um
pensamento racista e classificador, onde pessoas estranham aquilo que não convém com
sua crença, ou seja, ela não aceita a diversidade cultural ou racial, classificando o seu
grupo como melhor e superior. É a partir dessa ideia que o racismo, a exclusão, irá se
desenvolver através de hábitos adquiridos pela sociedade que são repugnantes, como, o de
reações grosseiras que o texto nos mostra claramente "[...] ' hábitos de selvagens', 'na
minha terra é diferente', 'não se deveria permitir isto'." (LÉVI-STRAUSS, 1993, p. 333). Isso
acontece porque são diversidades consideradas pelos mesmos como repugnantes e
distantes daquilo que eles se identificam; e essa forma de pensar se deu pelo
eurocentrismo.
O que Lévi-Strauss nos ensina é que precisamos nos afastar dos conceitos
etnológicos, evolucionistas, e entender os processos históricos de cada cultura, buscando
compreender a diferença de cada uma, seus costumes, línguas e tradições, respeitando
essa diversidade; como o autor vai nos dizer que a vida da humanidade "[...] não se
desenvolve sob o regime de uma monotonia uniforme, mas através de modos
extraordinariamente diversificados de sociedades e civilizações [...]". (LÉVI-STRAUSS,
1993, p. 329).
Seguindo a diante, Lévi-Strauss nos diz que existem diferentes constituições de
famílias, como por exemplo, a poligiania que é “a união de um homem com diversas
mulheres”. (LÉVI-STRAUSS, 1983, p. 73), a poliandria que é “a união de uma mulher com
diversos homens” (LÉVI-STRAUSS, 1983, p. 73), o monogamico que seria a união de um
homem e uma mulher, que para o autor esse seria o modelo de casamento moderno aceito
pela sociedade atual. Então, percebe-se que existem várias formas de se constituir uma
família, tendo em vista que algumas uniões são bem vistas em algumas culturas e em
outras não.
Essa diversidade de uniões e essa relação de casamentos com os individuos da
mesma linhagem parental, originou o tabu do incesto, que seria a proibição da união de
pessoas com individuos de mesma consaguinidade. A partir disso, Lévi-Strauss se interessa
em saber porque essa proibição existia, uma vez que ele não levou em consideração essa
proibição por parte de questões biológicas ou pelo horror, mas havia algo por detrás dessa
proibição que fortalecia esse tabu; com isso, o mesmo vai analisar atraves da antropologia
estrutural, qual estrutura estava presente e que era a base desse tabu.
O mesmo vai perceber que a proibição do incesto é algo que se repete em diversas
culturas, para estabelecer um espaço para as mulheres para a manutenção da estrutura da
sociedade, ja que a mesma é considerada como posse do homem, levando em
consideração que uma vez que esse homem se sinta dono dessa mulher, o mesmo não
permitirá que ela estabeleça relações sexuais com mais ninguem de sua família
consaguinea, instigando o sexo feminino a se casar com outra pessoa de família diferente,
se mantendo uma estrutura social através disso. Lévi-Strauss explica-nos dizendo que

A relação global de troca que constitui o casamento não se estabelece


entre um homem e uma mulher como se cada um devesse e cada um
recebesse alguma coisa. Estabelece-se entre dois grupos de homens, e a
mulher figura aí como um dos objetos da troca, e não como um dos
membros do grupo entre os quais a troca se realiza. (LÉVI-STRAUSS,
1976, p.155)

Com isso, percebe-se que as relações dos dois textos se dão através da diversidade
cultural e sobre como essas culturas se portam sobre determinados temas e assuntos,
como por exemplo, a constituição de família e a questão do tabu do incesto. E tudo isso, é
constituido a partir do estruturalismo, como foi citado acima. Entendendo que as culturas
são diversificadas e que possuem diferentes tradições e visões distintas sobre
determinadas relações sociais.

PRINCIPAIS CRÍTICAS À OBRA DE LÉVI-STRAUSS

Levando em consideração os textos sobre “Raça e História” e “A família”, a critica


que melhor se enquadra nessa linha de pensamento é a de Goldman, pois o mesmo faz
uma crítica positiva sobre a história, espertando em nós o sentimento de desconfiança e
investigação para aquilo que acreditávamos que seria a verdadeira maneira de contar a
história. Pois, essa forma de contar a história em geral baseado no imperialismo histórico é
errado aos olhos de Lévi-Strauss; como o autor expõe em seu texto: ,

A história exerce um certo imperialismo entre nós, apoiado sobre a suposta


certeza de que a única forma de compreensão dos fatos humanos passa
necessariamente pela recuperação do processo que fez com que
chegassem a ser como são. (GOLDMAN, 1999, p. 226)

Com isso, Lévi-Strauss nos mostra que precisamos pensar a história de uma outra
perspectiva, deixando de lado as influências do imperialismo, do funcionalismo, do
estruturalismo, que não se enquadram na maneira correta, pois está ultrapassada e não
serve, tendo em vista que a diversidade cultural e social de diferentes sociedades tendem a
contar suas próprias histórias de maneiras diferentes, se modificando e gerando novas
formas de conta-las.
Outra questão que não pode deixar de ser comentada é a questão das vulgatas que
Goldman explana no inicio do texto, ou seja, aqueles que detém o poder de contar as
histórias primeiro, não importando se é correta ou não; como o mesmo cita, a vulgata “ao
adquirir autoridade, tende a não ser mais contestada, o que provoca a paralisia do
pensamento.” (GOLDMAN, 1999, p.224). Se olharmos para o passado, percebemos que
essas vulgatas paralisaram o pensamento antropológico, de investigar a verdade por trás
daquilo que estava sendo publicado; mas isso mudou a partir das pesquisas e estudos de
Lévi-Strauss, pois o mesmo criticou e apontou os erros, abrindo nossos olhos e fazendo
com que nos questionássemos acerca da verdade. Por isso, a história das diversas culturas
deve ser valorizada e respeitada de acordo com a diversidade de cada uma, e não sendo
excluidas sobre uma perspectiva etnocentrica ou imperialista.
Essa crítica é de fundamental importância para os estudos antropologicos, pois nos
previne de cometer erros ao analisar uma sociedade diversificada, nos mostrando as
maneiras e as formas de preservar a verdadeira história e de respeitar suas diferenças, de
acordo com meu ponto de vista.

CONCLUSÕES
Levando-se em consideração a crítica positiva apresentada por Goldman sobre as
obras de Lévi-Strauss, percebe-se que o mesmo concorda com a linha de pensamento do
autor a cerca de pensar a história de uma outra perspectiva diferente. Goldman vai dizer em
seu texto que

[…] as críticas funcionalista e culturalista ao evolucionismo (e ao privilégio


da história, consequentemente) são sobretudo de ordem "metodológica".
Ou seja, estão exclusivamente preocupadas com a quase impossibilidade
de obter dados históricos confiáveis acerca das sociedades que, em geral,
os antropólogos estudam. Ora, a crítica levistraussiana é muito mais
ambiciosa. Partindo, certamente, das dificuldades encontradas pelo
conhecimento histórico em face das sociedades ditas primitivas, Lévi-
Strauss não apenas dirige um ataque verdadeiramente epistemológico ao
evolucionismo social (em "História e Etnologia", "Raça e História" e outros
textos) como elabora uma crítica mais profunda ao imperialismo da história
em geral. (GOLDMAN, 1999, p. 227)

Então vimos que o autor concorda com a visão de Lévi-Strauss, mostrando a


importância de se compreender a história de uma maneira mais crítica, preservando a
diversidade cultural e sua originalidade.
Claude Lévi-Strauss foi muito importante para a antropologia, uma vez que o mesmo
transformou a linha de pensamento e de estudos dos etnólogos e antropólogos, deixando
diversas contribuições para a antropologia. De acordo com Ana Luiza

A obra de Claude Lévi-Strauss é referência de um processo de


transformação no interior da disciplina pois, ao buscar a compreensão das
estruturas das idéias em sociedades simples e suas diferenças em relação
a nossa própria sociedade, este autor renovou a premissa comparativa da
Antropologia, até aquele momento concentrada na diferença das
sociedades por sua evolução técnica e material. (ROCHA et al., 2001, p. 1)

Com isso, pode-se entender que os estudos sobre Lévi-Strauss foi de fundamental
importancia para minha formação academica, uma vez que suas obras nos ajudam a
compreender melhor a sociedade tanto moderna quanto as primitivas, mostrando as
maneiras corretas de se fazer uma pesquisa etnologica e a importancia de termos um olhar
critico e observador e o quanto os estudos de estruturalismos são importantes para
entenndermos melhor as estruturas das sociedades. Tudo isso se deu atraves das aulas
ministradas e conteudos que possibilitou esse entendimento.
REFERÊNCIAS

FRAZÃO, Dilva. Claude Lévi-Strauss: Antropólogo francês. E Biografia, 2019.


Disponível em: <https://www.ebiografia.com/claude_levi_strauss/>. Acesso em: 08
de jun. de 2022.

GOLDMAN, Marcio. GOLDMAN, Marcio. Lévi-Strauss e os sentidos da história.


IN: Revista De Antropologia, 42(1-2), 1999, páginas. 223-238. IN: Revista De
Antropologia, 42(1-2), 1999, páginas. 223-238.

LÉVI-STRAUSS, Claude. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis:


Vozes. 1976

ROCHA, Ana Luiza Carvalho da et al. Entrevista com Martine Segalen: qual é a
antropologia do parentesco e da família no século XXI? Um diálogo franco e
brasileiro com Martine Segalen. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 7, n.
16, p. 277-295, 2001.

Parabólica. Claude Lévi-Strauss e a Antropologia Estrutural. Youtube, 07 fev.


2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rzESCIHSCbo&t=1s>.
Acesso em: 08 de jun. de 2022.

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