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Miranda, Carou e Fernández, (2014) discorrem a respeito de diferentes

abordagens teóricas sobre a competição interjurisdicional no contexto do


federalismo e suas limitações analíticas. Mostram como essas teorias utilizam a
ideia de eficiência para delimitar o aspecto competitivo no federalismo. Essas
teorias utilizam o indivíduo, a família, as empresas e o capital como elementos
centrais da competitividade. No entanto, os autores argumentam que o método
analítico individual utilizado por essas abordagens não é capaz de dar conta da
complexidade envolvida no fenômeno do federalismo, principalmente no que diz
respeito às influências exercidas pelas macroestruturas sociais. Dessa forma, além
da crítica ao próprio modelo de competição interjurisdicional de federalismo, os
autores apontam uma perspectiva totalizante, mais ampla, de análise do modelo
federativo como possibilidade de se obter uma visão mais abrangente e integrada
da dinâmica federativa.
Souza (2005) se propõe a investigar a relação entre o modo de ser, na
prática, do federalismo brasileiro e os dispositivos constitucionais que a ele se
aplicam. Com esse objetivo, discorre sobre os desenhos constitucionais da
federação brasileira e sua relação com o federalismo, juntamente com suas
emendas. Nessa análise dos desenhos constitucionais, a autora ressalta aspectos
que são relacionados à divisão territorial de poder, como a delegação de poderes
administrativos às províncias, na CF de 1824, a garantia de recursos próprios para
os municípios na CF de 1934 e a instituição do primeiro mecanismo de transferência
intragovernamental da esfera federal para a esfera municipal.
Ainda dentro da análise do desenho constitucional, a autora ressalta que a
CF de 1988 estabeleceu mecanismos para fortalecer as unidades subnacionais
como a atuação do judiciário na defesa do federalismo e a forma do Estado
brasileiro como cláusula pétrea. No entanto, a autora ressalta que o federalismo
brasileiro, dentro do desenho constitucional, se caracteriza por uma grande
concentração de poder e recursos na esfera federal. Como justificativa, a autora
apresenta algumas contradições presentes na CF88, principalmente no que diz
respeito à repartição de competências. Por fim, afirma que os problemas atuais do
federalismo brasileiro: o alto grau de desigualdade regional que ocorre no Brasil, a
tendência de tratamento uniforme das esferas subnacionais e a escassa existência
de mecanismos de coordenação e cooperação intergovernamentais, o que remete à
conclusão que os problemas do federalismo brasileiro estão menos relacionados
com o desenho constitucional do que com o encaminhamento de conflitos mais
amplos e a redefinição de prioridades governamentais.

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