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Resenha da aula 5:

Alfred Stepan elaborou este artigo para relacionar federalismo e democracia baseando-se em
conceitos de Robert Dahl. Primeiramente, ele define que se deve fazer uma distinção entre Estados
democráticos federativos e Estados não democráticos que possuem características federativas. Na
definição de Dahl, para serem considerados federativos os sistemas democráticos devem apresentar duas
características: devem ser divididos em dois níveis de governo- governo local (estadual) e governo
nacional; o governo estadual deve possuir soberania e autonomia na elaboração de leis. E o Estado deve
possuir uma unidade política central com parlamentares eleitos em âmbito nacional capazes de legislar
sobre determinados assuntos.
O sistema federativo é incorporado a fim de se chegar a objetivos distintos: o objetivo de unir os
estados fazendo o “pacto federativo” e transferindo poderes para os governos subnacionais; e o objetivo
de manter a união, usando como alternativa a transferência de poderes e a transformação de Estados
unitários em federações.
O federalismo é considerado uma das soluções possíveis para se governar sociedades
democráticas multinacionais. Contudo, o autor apresenta quatro razões que demonstram porque as
federações democráticas restringem o demos e finaliza o texto explicando quatro variáveis que se opõem
ao “principio democrático de ‘uma pessoa, um voto’” (Stepan,
O ideia principal do artigo de Celina Souza é analisar o federalismo dentro da estrutura
constitucional, principalmente a de 1988, pois segundo a autora, estudar essa estrutura é uma boa forma
para entender o federalismo que sempre teve destaque nos dispositivos constitucionais brasileiros.
O federalismo foi incorporado em 1889 e detalhado na Constituição de 1891. Como esse sistema
não surgiu como uma solução para manter a unidade do país, a Constituição de 1988 “estabelece que
nenhuma emenda constitucional pode abolir a ‘forma federativa de Estado’”. (Souza, 2005:106)
A autora faz uma breve descrição das constituições anteriores à de 1988, argumentando que
dessa maneira o desenho constitucional brasileiro será mais bem compreendido. Iniciando com a
primeira constituição promulgada em 1824 que deu espaço para a introdução do federalismo, passando
pela Constituição de 1946 que instituiu o mecanismo de transferências intergovernamentais com a
finalidade de reduzir as desigualdades entre as receitas; e pela Constituição de 1967-1969 que
centralizou na União o poder político e tributário, este último, originando o sistema de transferências
intergovernamentais através dos fundos de participação estaduais e municipais, respectivamente, FPE e
FPM. Ela analisa a Constituição de 1988, primeiramente, destacando as principais distinções em relação
às constituições anteriores evidenciando que além de regular princípios, regras e direitos, essa
constituição também regula uma parcela considerável de políticas públicas.
Através da análise a autora conclui que o grande problema da Constituição de 1988 é a falta de
dispositivos constitucionais que possibilitariam a regulação das relações intergovernamentais que teria
como objetivo gerar um sistema federalista cooperativo e acabaria com a competição existente entre os
três níveis de governo e que reduzisse a desigualdade econômica entre as regiões.
Na concepção de Marta Arretche, analisar as desigualdades territoriais e as relações entre o
governo central e os governos subnacionais são conceitos que ajudam a compreender a adoção do
federalismo no Brasil.
Segundo a autora, a autonomia dos governantes subnacionais e a regulação a que são submetidas
as decisões relacionadas à arrecadação tributária e aos gastos dos governos locais, realizada pela União,
reduz essas desigualdades, que são causadas principalmente pela concentração do crescimento
econômico apenas nas regiões sul e sudeste e pelas políticas sociais voltadas somente para trabalhadores
formais em um país onde o índice de desemprego é considerado alto. Com a intenção de solucionar
esses problemas o governo federal universalizou os serviços de saúde e educação comprometendo os
governos subnacionais a vincular parte do orçamento público em áreas específicas. Este orçamento
inclui determinadas parcelas dos impostos arrecadados, transferências tanto federais quanto estaduais e
ainda transferências condicionadas universais – políticas que funcionam com a finalidade de reduzir as
desigualdades territoriais e são vinculadas à políticas específicas. O dinheiro é utilizado em políticas
descentralizadas que são divididas em políticas reguladas, relacionadas ao desenvolvimento, saúde e
educação, em que o governos locais tem pouca autonomia decisória e em não reguladas em que o
governo tem total autonomia para decidir como utilizar o dinheiro.

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