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Dependência financeira dos municípios brasileiros:


entre o federalismo e a crise econômica
MÁRIO CESAR DA SILVA ANDRADE*

Resumo: O presente artigo analisa a possibilidade de adoção pelo Brasil da política


de ajuste fiscal empreendida pela Itália em 2011 como estratégia para a superação de
grave crise econômica. O ajuste fiscal italiano extinguiu diversas administrações
municipais a fim de reduzir despesas públicas. A Constituição brasileira de 1988
elenca os Municípios entre os entes federativos, atribuindo-lhes autonomia político-
administrativa, entretanto, grande parte deles é economicamente dependente dos
recursos financeiros repassados por União e Estados. A Constituição condiciona a
extinção de municípios à prévia consulta plebiscitária da população local, a qual
tende a manter a autonomia municipal, a despeito da insuficiência de recursos.
Portanto, a União não poderá extinguir um município economicamente deficitário
sem a aprovação da população local, evidenciando nítido confronto entre a
autonomia federativa e a absoluta dependência econômica. Em razão dessa
disciplina constitucional, em caso de eventual grave crise econômica, o Brasil estará
constitucionalmente impossibilitado de adotar a mesma política de ajuste fiscal
praticada na Itália.
Palavras-chave: Autonomia federativa; Insuficiência orçamentária; Ajuste fiscal.
Abstract: This article examines the possibility of the brazilian adoption of the fiscal
adjustment policy implemented by Italy in 2011 as a strategy to overcome severe
economic crisis. The Italian tax adjustment extinguished several municipal
administrations in order to reduce public expenditure. The Brazilian Constitution of
1988 lists the municipalities between the federal entities by giving them political and
administrative autonomy, however, much of it is economically dependent on the
funds transferred by the Union and states. The Constitution determines the
extinction of municipalities conditioned to the plebiscite with the local population,
which tends to keep the municipal autonomy, despite insufficient resources.
Therefore, the Union is not able to extinguish a deficit economically municipality
without the approval of the local population, showing sharp confrontation between
federal autonomy and the absolute economic dependence. Because of this
constitutional discipline, in the event of serious economic crisis, Brazil will be
constitutionally unable to adopt the same fiscal adjustment policy practiced in Italy.
Key words: Federal autonomy; Budget failure; Fiscal adjustment.

*
MÁRIO CESAR DA SILVA ANDRADE é doutorando em Teorias Jurídicas Contemporâneas
na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro - FND/UFRJ; Bolsista da
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ.
1 Introdução nacionais, foram abordadas as
particularidades do federalismo 72
A Constituição brasileira de 1988 listou brasileiro, em especial, as relações desse
os Municípios entre os entes que modelo com as autonomias orçamentária
compõem a união indissolúvel da e administrativa. Buscou-se confrontar o
Federação brasileira (art. 1º, caput). modelo federalista pátrio com a eventual
Porém, apesar da controvérsia necessidade de ajuste fiscal para a
doutrinária sobre o real sentido e alcance superação de uma grave crise
dessa previsão constitucional, um ponto econômica.
resta incontroverso: grande parcela dos
municípios brasileiros é absolutamente A pesquisa qualitativa teve caráter
dependente dos repasses de recursos eminentemente jurídico-compreensivo,
financeiros pela União. A despeito da valendo-se da análise de fontes
alegada natureza federativa, muitos bibliográficas, jurídico-positivas e
municípios brasileiros não possuem jurisprudencial, com particular enfoque
autonomia econômica necessária para a nos entendimentos doutrinários sobre os
preservação e exercício da autonomia federalismos clássico e brasileiro, e sua
político-administrativa, característica relação com a autonomia econômico-
dos entes federados. O federalismo financeira dos entes federativos frente ao
brasileiro parece ser incapaz de resistir a governo central.
uma grave crise econômica, que reduza
drasticamente os recursos financeiros No desenvolvimento da pesquisa, partiu-
disponíveis. se de breve conceituação do federalismo
como forma de organização política
Para superar a crise econômica mundial estatal, ressaltando a diferença entre os
iniciada em 2008 e que afetou processos de formação dos Estados
particularmente a Europa em 2011, a federais estadunidense e brasileiro,
Itália adotou a estratégia de extinguir selecionados como representantes dos
administrações municipais, dois modelos básicos de federalismo.
empreendendo significativo corte de Posteriormente, confrontou-se a
gastos governamentais, com a redução autonomia municipal
de aparatos administrativos locais. A constitucionalmente prevista com a
organização político-administrativa situação econômica dos municípios
unitária do Estado italiano permitiu a brasileiros. Por fim, partindo da análise
adoção da estratégia de extinção de da disciplina constitucional sobre
municipalidades deficitárias, cortando extinção de municípios, apurou-se a
gastos públicos pela eliminação de possibilidade jurídica de adoção, no
salários e benefícios para vereadores, Brasil, da mesma solução para a crise
prefeitos, vice-prefeitos e secretários, econômica adotada na Itália em 2011, a
economizando 9 (nove) bilhões de euros saber, a redução de gastos públicos pela
(COMUNI, 2011). extinção de municípios economicamente
deficitários.
Conhecendo essa experiência italiana,
resta perguntar: Diante de uma grave 2. Dois modelos de federalismo
crise econômica, o Brasil poderia adotar
estratégia similar de extinção de Ainda que sem a pretensão de expor o
administrações públicas municipais? processo histórico de formação do
modelo federalista de organização
A partir da teoria federalista sobre a estatal ou de fazer a análise política de
organização política de Estados suas implicações, a pesquisa buscou
recuperar as origens do federalismo, a Governo central e (2) transferência da
fim de subsidiar a avaliação da soberania ao ente político formado pela 73
disciplina constitucional de criação e soma dos Estados, isto é, à União. Em
extinção dos municípios brasileiros e compensação, foram definidas
suas repercussões financeiro- competências próprias dos Estados-
orçamentárias. membros, livres da interferência do
governo central. Essa nova forma de
O modelo clássico de federalismo tem organização político-espacial foi
suas origens na formação nacional dos chamada de federação (FLEINER-
Estados Unidos da América. No GERSTER, 2006, p. 380-387).
processo de independência, a união das
treze ex-colônias norte-americanas era Na federação, a Constituição define as
necessária para resistir à reação competências de cada ente político,
britânica. Contudo, as ex-colônias não traçando os limites intransponíveis de
queriam prescindir da autonomia sua atuação, assegurando aos entes
conquistada com a independência. federativos autonomias político-
Assim, a fim de conjugar a necessidade administrativas protegidas da ingerência
de unir forças com a manutenção das da União. Inexiste hierarquia entre os
autonomias locais, elas adotaram a governos central e estaduais, pois a
forma de confederação (FEINBERG, Constituição diferencia as atribuições
2002). dos entes federativos, impedindo a
A confederação é uma forma de sobreposição de competências e
organização política nacional em que os partilhando as tarefas necessária para a
Estados-membros mantém suas administração do território (ZIPPELIUS,
respectivas soberanias, sendo a 1997).
dissolubilidade sua característica
O federalismo moderno foi concebido no
essencial. A permanente possibilidade de
sec. XVIII, pelos founding fathers dos
dissolução dificultava a formulação de
Estados Unidos James Madison,
planos de ação comum e deixava as ex-
Alexander Hamilton e John Jay, como
colônias mais vulneráveis a uma
alternativa ao impasse político em que
eventual reação inglesa. O documento
havia chegado à Confederação norte-
que formalizou a nova organização, o
americana, considerada por eles como
Articles of Confederation, de 1781,
instável e frágil (COSTA, 2007, p. 211).
previu que os poderes do governo
Segundo o cientista político norte-
central estavam limitados à definição de
americano Daniel Elazar (1987, p. 33-
pesos, medidas e moeda, relações
34), o federalismo nasceu da conjugação
internacionais, declaração de guerra e
entre a necessidade de reunir esforços
arbitragem de disputa entre os Estados
em torno de um objetivo comum com a
confederados (FEINBERG, 2002).
ressalva de manter uma suficiente
Com o intuito de superar essas preservação da liberdade dos governos
dificuldades, buscou-se uma forma locais. Além disso, ao dividir o poder
político-organizacional que assegurasse estatal em diferentes níveis federativos,
a união dos Estados e, ao mesmo tempo, o federalismo promove uma
preservasse a autonomia dos Estados- desconcentração do poder tida como
membros. Para isso, duas alterações necessária para impedir a formação de
principais foram adotadas: (1) governos tirânicos, excessivamente
observância obrigatória pelos Estados- poderosos, capazes de colocar em perigo
membros das normas emitidas pelo as liberdades individuais. Assim, o
federalismo objetivava, se de maneira centrífuga, do centro para
simultaneamente, a concentração do a periferia, com a concessão de 74
poder político em nome da unidade e da autonomia às antigas províncias
governabilidade e a difusão desse poder imperiais, enquanto, nos Estados
político em nome da liberdade. Em outra Unidos, a Federação foi constituída de
perspectiva, a proposta federativa busca maneira centrípeta, da periferia para o
conciliar unidade e diversidade, ao centro (BARACHO, 1986).
favorecer a eficácia de um Governo
central ao mesmo tempo em que permite Comumente, essa formação centrífuga
liberdades e arranjos políticos locais da Federação brasileira é vista como
(SOUZA, 2003, p. 141). deturpação do modelo clássico
estadunidense e, como tal, exótica e
Portanto, percebe-se que as bases inferior. Porém, essa qualificação não
conceituais do federalismo foram resiste à análise comparada. Muitas
definidas a partir de fatores e federações atuais tiveram processo de
necessidades práticas e conjunturais formação similar. Por exemplo, Índia,
surgidas no contexto do processo de Espanha e Bélgica eram países unitários,
independência estadunidense. Contudo, somente adotando a forma federativa no
posteriormente, a forma federativa foi século XX, com a promulgação de novas
adotada por diversas nações, como Constituições, que concederam
Suíça, Alemanha, Áustria, México e autonomia às suas antigas províncias: a
Brasil, tendo assumido aspectos próprios Constituição indiana de 1950, a
em cada um desses países (CÂMARA, Constituição espanhola de 1978 e a
1981, p. 29). Constituição belga de 1993 (STEPAN,
No Brasil, a forma federativa de Estado 1999).
foi adotada em 1889, com a proclamação
da República, que extinguiu o anterior O federalismo instituído, em caráter
Estado unitário imperial1. Nos Estados definitivo, pela primeira Constituição
Unidos, houve a reunião de vários brasileira republicana, em 1891, assumiu
Estados independentes para a viés dualista clássico, com acentuada
constituição de um novo Estado separação entre Governo central e
soberano, já no Brasil, houve a Estados-membros, a fim de atender aos
descentralização político-administrativa anseios liberais de desconcentração
de um Estado unitário, com a política da época (CÂMARA, 1981,
transformação de antigas províncias em p.36). Esse dualismo é evidenciado pelo
Estados-membros federados (STEPAN, art. 5º da Constituição da República dos
1999). A Federação brasileira não foi Estados Unidos do Brasil, que previa
instituída para solidificar uma união incumbir “a cada Estado prover, a
entre Estrados independentes, mas como expensas próprias, as necessidades de
descentralização político-governamental. seu Governo e administração; a União,
Portanto, no Brasil, a Federação formou- porém, prestará socorros ao Estado que,
em caso de calamidade pública, os
1
A forma federativa foi instituída, solicitar.” (BRASIL, 1891). Desse
provisoriamente, no mesmo dia da proclamação dispositivo, afere-se a necessidade
da República, com a edição do Decreto nº 1, de constitucional de autossuficiência
15 de novembro de 1889. Contudo, a nova financeira dos entes federados, que
organização política somente foi definitivamente
institucionalizada com a promulgação da
deveriam prover, com recursos próprios,
primeira Constituição Republicana brasileira, em sua administração. Porém, em razão dos
24 de fevereiro de 1891. recorrentes problemas financeiros dos
Estados, esse modelo dual foi poder de traçar, através de uma nova
relativizado nas constituições brasileiras Constituição, um cenário sócio-político 75
posteriores, que adotaram viés mais para o país, mas também resultou do
centralizado financeiramente e mais poder das lideranças políticas
cooperativo entre os entes federativos subnacionais no processo de
(CÂMARA, 1981, p. 38). A despeito do redemocratização (SOUZA, 2003, p.
desenho previsto na primeira 143-144).
Constituição republicana, o federalismo
A ideologia federalista foi concebida,
brasileiro nasce sob uma política local
originalmente, pelos criadores da
marcada pelo coronelismo, em que o
Federação norte-americana como uma
espaço de decisão dos estados-membros
forma de organização política que
e municípios é cooptado pelo poder de
centraliza em um Governo central
proprietários rurais locais, manejado,
parcelas do poder de Estados
destacadamente, através do voto de
preexistentes, que passam a integrar um
cabresto (ANDRADE, 2007, p. 248).
mesmo Estado soberano.
Esse contexto impede que o potencial
Modernamente, predominou a visão do
promotor de liberdade local e individual,
federalismo como forma de
alegadamente presente no ideal
descentralizar em Estados unitários.
federalista, se efetive. O federalismo era
Porém, cumpre ressaltar que a forma
o arranjo institucional propício ao
federativa efetivamente vigente em um
exercício do poder dos coronéis.
país será definida não somente pelos
O percurso histórico-institucional do desenhos institucionais previstos nas leis
federalismo brasileiro partiu de um e na Constituição, mas, também, pelas
federalismo rígido ou “isolado” do início práticas políticas, que se desenvolvem,
da República, passou pela centralização por vezes, à margem do sistema jurídico
promovida nos regimes autoritários, até formal (COSTA, 2007, p. 211-212). Isso
chegar à configuração mais equilibrada explica, em parte, as configurações e
formalizada na Constituição de 1988. resultados tão diversos entre os países
Porém, o destacado poder da União que adotaram a forma federativa de
segue sendo a principal característica da organização estatal.
Federação brasileira, o que se pode 3. Municípios brasileiros:
aferir, por exemplo, na sua ampla juridicamente autônomos e
competência legislativa (SOUZA, 2003, financeiramente dependentes
p. 143).
O artigo 18 da Constituição de 1988
A Constituição de 1988 buscou elenca os Municípios entre os entes que
estabelecer um federalismo cooperativo, compõem a Federação brasileira ao
com divisão mais flexível de prever que a “organização político-
competências entre União e entes administrativa da República Federativa
federados, estimulando a permanente do Brasil compreende a União, os
colaboração na busca de maior Estados, o Distrito Federal e os
desenvolvimento social e econômico Municípios, todos autônomos, nos
através de planos nacionais elaborados e termos desta Constituição” (BRASIL,
executados conjuntamente (FRIEDE, 1988). Assim, o Município teria status
2010, p. 156). O poder dos municípios constitucional de ente federativo, ao lado
foi significativamente ampliado. Isso de União, Estados e Distrito Federal,
resultou em parte do otimismo gerado qualificando o modelo político-
pela redemocratização e a crença no organizacional brasileiro como
federalismo de três vias ou soma das autonomias política,
tridimensional, com a outorga de administrativa e financeira do município. 76
autonomia aos municípios.
Autonomia política municipal é a
capacidade de auto-organização, prevista
Entretanto, há grande controvérsia em
no art. 29 da Constituição Federal, e de
torno da interpretação do referido
normatização própria, expressa no art.
dispositivo constitucional. Para Raul
30, I e II (BRASIL, 1988). A
Machado Horta (1996, p. 117) e Hely
Constituição reconheceu ao município a
Lopes Meirelles (1998, p. 63), a
prerrogativa de elaborar seu próprio
Constituição de 1988 atribuiu status
diploma político-jurídico, a Lei Orgânica
federativo aos municípios, tendo em
Municipal, em que são instituídos
vista a expressa enumeração
direitos e deveres e partilhadas
constitucional. Em sentido contrário,
competências locais, desde que dentro
para José Afonso da Silva (2005) e José
dos limites estabelecidos pelas
Nilo de Castro (2006), os municípios
constituições Federal e Estadual. Essa
não podem ser definidos como entes
autonomia abarca, ainda, a prerrogativa
federativos por não preenchem os
de a população local eleger seus
requisitos necessários: (1) representação
representantes políticos para o
no Congresso Nacional, (2) legitimidade
Legislativo e Executivo municipais
ativa para apresentar proposta de
(MEIRELLES, 1998, p. 100). Para a
emenda constitucional, e (3) Poder
cientista política Celina Souza (2003, p.
Judiciário próprio, nem, via de regra,
141), o destaque dos municípios na
tribunal de contas. A inclusão,
história institucional brasileira não se
meramente formal, do município no rol
deve tanto à descentralização federativa,
federativo teria decorrido da influência,
com sua autonomia formal, mas, antes,
na Assembleia Constituinte, de
ao seu relativo descolamento da
doutrinadores municipalistas, como Hely
jurisdição dos Estados-membros.
Lopes Meirelles e Diogo Lordello de
Melo (SILVA, 2005, p. 474-475).
Autonomia administrativa municipal é a
Segundo Castro (2006) não é possível
capacidade prevista no art. 30 da
considerar o município como membro da
Constituição de 1988 de gestão dos
Federação, pois essa não é constituída
negócios locais pelos representantes
por municípios, mas sim por Estados,
eleitos pela população local, sem
possuidores de autonomia política. Os
interferências da União ou do Estado-
municípios seriam apenas divisões
membro. Cabe unicamente ao próprio
político-administrativas, sem,
município organizar seus serviços
propriamente, autonomia política. A fim
públicos e ordenar seu território
de compatibilizar sua interpretação com
(MEIRELLES, 1998, p. 101).
a literalidade da Constituição, Castro
(2006, p. 27) conclui que o município Autonomia financeira municipal é a
integra a Federação, mas não a forma. capacidade de instituir e arrecadar seus
tributos, administrar seu orçamento sem
Independente da interpretação dada ao prejuízo da obrigatoriedade de prestar
status federativo do município brasileiro, contas, conforme art. 30, III, da
ele passou a ter significativa autonomia, Constituição Federal (MEIRELLES,
ainda que mais restrita, se comparada a 1998, p. 101). Essa autonomia é
dos Estados-membros. A autonomia pressuposto básico para o exercício das
municipal é o resultado assegurado pela demais, uma vez que a gestão do
município depende da disponibilidade de A Constituição de 1988 conferiu aos três
recursos financeiros. níveis federativos competência tributária 77
para instituir e cobrar seus próprios
Segundo a Constituição (BRASIL, tributos. Porém, sucessivas emendas
1988), os recursos financeiros dos constitucionais aumentaram a
municípios advêm de arrecadação concentração de poder de tributar na
própria (art. 156), de repasses da União União, implicando em menor poder para
(arts. 153, §5º, II, 158, I e II, e 159, I, b) os Estados e ainda menor para os
e dos respectivos Estados-membros municípios. A União tem competência
(arts. 158, III e IV, e 159, §3º). Ao para instituir todas as espécies tributárias
prever essas fontes próprias de (imposto, taxa, contribuição de melhoria,
arrecadação, a Constituição assegura ao empréstimo compulsório e contribuições
Município recursos financeiros especiais), abrangendo os mais diversos
necessários para a consecução autônoma fatos geradores (artigos 153 e 154). Para
de suas competências. A Constituição de compensar essa centralização da
1988 aumentou significativamente a arrecadação tributária, a Constituição
receita municipal, entretanto, os instituiu o mecanismo de repartição de
encargos financeiros municipais também receitas tributárias, em que cabe à União
aumentaram. e aos Estados repassar periodicamente
percentuais da arrecadação tributária aos
Todavia, importa ressaltar que a
municípios (BRASIL, 1988). Em suma,
previsão constitucional da competência
a assimétrica concentração de poder
para instituir e arrecadar tributos não
tributário nos níveis federal e estadual,
assegura a plena autonomia financeira.
tornou os municípios totalmente
Ainda que os governos subnacionais
dependentes desses repasses
possam arrecadar receitas de fonte
intergovernamentais.
própria, em alguns casos, a União
permanece com o poder de definir os Segundo o Índice Firjan de Gestão
parâmetros para as alíquotas, como no Fiscal 2015, do total de tributos
caso do ICMS, cuja alíquota tem limites arrecadados anualmente no Brasil,
máximo e mínimo definidos pelo Senado somados os três níveis federativos, mais
Federal (RODDEN, 2005, p. 13-14). de R$ 400.000.000.000,00 (quatrocentos
bilhões de reais) são destinados à gestão
Mesmo com o crescimento das municipal, o que corresponde a 25%
economias locais e consequente aumento (vinte e cinco por cento) da arrecadação.
das arrecadações municipais, a Para fins de comparação, a pesquisa
dependência de transferências ressalta que esse volume de recursos
intergovernamentais continua sendo o equivale a todo o recurso destinado ao
traço marcante da situação financeira setor público da Argentina e duas vezes
dos municípios brasileiros: 94% o da Colômbia. Ainda de acordo com a
(noventa e quatro por cento) têm nas pesquisa, 83% (oitenta e três por cento)
transferências recebidas pelo menos dos Municípios brasileiros não
70% de suas receitas correntes (FIRJAN, conseguem gerar nem mesmo 20%
2015, p. 06). Assim, a ampla (vinte por cento) das suas receitas. A
insuficiência orçamentária dos folha de pessoal é o grande responsável
municípios brasileiros parece contradizer pela despesa municipal: apenas 83
sua pretensa natureza federativa, ou, (oitenta e três) municípios geram
pelo menos, vulnerar sua plena receitas suficientes para pagar seu
autonomia. funcionalismo (FIRJAN, 2015).
Portanto, resta patente o volumoso gasto oitenta) municípios, mas, já em 2013,
público demandado pela manutenção chegou-se a 5.570 (cinco mil, quinhentos 78
desses milhares de municípios que não e setenta), perfazendo um aumento de
têm condições de, autonomamente, quase 34% (BRASIL, 2014). A criação
custear seu aparato administrativo. de muitas unidades pautou-se por
Contudo, como explicar que, apesar da interesses políticos locais,
insuficiência de recursos próprios, o negligenciando a verificação da
número de Municípios não somente não existência de suficientes condições
diminua, como siga crescendo? financeiras para o exercício da
autonomia e custeio do respectivo
4. A receita do colapso
aparato político-administrativo.
A criação de municípios favorece a
difusão da democracia para a decisão Em reação a tal abuso, em 1996, foi
das questões locais e promove a promulgada a Emenda Constitucional nº
descentralização administrativa, 15, que adicionou ao § 4º, do art. 18, a
aproximando a gestão pública da necessidade de lei complementar federal
realidade dos cidadãos. No entanto, a determinar o período de criação de
criação desmesurada de municípios municípios e de prévio estudo de
gerou significativo aumento da estrutura viabilidade (BRASIL, 1996). Porém, a
administrativa brasileira, com o referida lei complementar federal não foi
consequente aumento dos gastos produzida. Aproveitando-se da omissão
públicos com salários de prefeitos, legislativa, diversos municípios foram
vereadores, servidores, instalações, criados por lei estadual, sem observância
equipamentos, locações etc. dos novos requisitos constitucionais.
Essas leis estaduais tiveram sua
A forma de criação, incorporação, fusão constitucionalidade questionada perante
e desmembramento de municípios está o Supremo Tribunal Federal (STF).
prevista no artigo 18, § 4º, da
Constituição Federal, cuja redação Em 09 de maio de 2007, o STF julgou a
originária previa que: Ação Direta de Inconstitucionalidade
§ 4º A criação, a incorporação, a
(ADI) nº 2.240, que impugnava a Lei
fusão e o desmembramento de Estadual da Bahia nº 7.619/00, que
Municípios preservarão a criou, no dia 30 de março de 2000, o
continuidade e a unidade histórico- município de Luís Eduardo Magalhães.
cultural do ambiente urbano, far-se- No entanto, já em julho de 2000, o
ão por lei estadual, obedecidos os Partido dos Trabalhadores (PT) ajuizou
requisitos previstos em Lei no STF a ADI em questão, pedindo a
Complementar estadual, e declaração de nulidade da criação do
dependerão de consulta prévia, município, uma vez que, diante da
mediante plebiscito, às populações ausência da lei complementar federal
diretamente interessadas. (BRASIL,
prevista pela Constituição, não teria sido
1988)
aberto período para criação de
A dependência unicamente de lei municípios. Em maio de 2007, o STF
estadual e da vontade da população local julgou inconstitucional a lei baiana,
manifestada em plebiscito facilitou entretanto, sem declaração de nulidade,
muito o processo de criação de sob a alegação de preservação da
municipalidades, favorecendo a segurança jurídica, haja vista o avançado
proliferação de municípios. Antes de e consolidado quadro fático (BRASIL,
1988, existiam 4.180 (quatro mil, cento e 2007). Quando a ADI foi julgada, o
Município já havia promulgado sua lei Em 2011, seguindo o exemplo de
orgânica, eleito prefeito e vereadores, diversos países europeus, como 79
instituído e arrecadado tributos, e Alemanha, Grã-Bretanha, Bélgica e
recebido recursos financeiros federais e Dinamarca, a Itália reverteu reformas
estaduais. No julgamento das ADIs que haviam descentralizado a
3316/MT e 3489/SC, o STF decidiu no administração pública. O ajuste fiscal
mesmo sentido, declarando a italiano colocou como limite
inconstitucionalidade de leis estaduais populacional mínimo para municípios o
que criaram municípios em condições número de 5000 (cinco mil) habitantes.
semelhantes ao caso baiano, e sem Os municípios com população abaixo
declaração de nulidade, mantendo as desse limite foram extintos
localidades inconstitucionalmente (VANDELLI, 2012).
criadas (BRASIL, 2007).
A previsão de repasses financeiros da Contudo, essa adoção de tal medida foi
União e Estado-membro para o possível por se tratar de um Estado
município acaba assegurando uma unitário, que é o modelo predominante
receita mínima independentemente de na Europa. Nessa forma de Estado, há
sua autônoma capacidade financeira, isto uma repartição de atribuições
é, sem o respaldo de suficientes recursos meramente administrativas entre a parte
próprios. Os repasses federais e centralizada e a descentralizada
estaduais têm o efeito de artificializar a (FRIEDE, 2010, p. 148-149). Isso
capacidade financeira do município. permitiu ao governo italiano reorganizar
Nesse sentido, a manutenção da sua estrutura administrativa e cortar
estrutura político-administrativa desses custos com a extinção de algumas
municípios financeiramente deficitários administrações municipais.
está condicionada a disponibilidade de
recursos que lhe são essencialmente Todavia, essa solução para uma crise
externos. econômica dificilmente conseguiria
prosperar no Brasil.
Uma eventual grave crise econômica,
que reduza drasticamente os recursos A Constituição brasileira (BRASIL,
financeiros disponíveis, pode trazer 1988) condiciona a extinção de
sérias dificuldades para a manutenção de municípios à aprovação das populações
uma Federação que não se custeia. A envolvidas, mediante plebiscito. Esse
experiência italiana diante da crise condicionamento à consulta da
econômica de 2011 revela a relação população local tende a impedir a
direta entre a redução de recursos extinção da unidade federativa
financeiros estatais e a organização deficitária. A exigência constitucional
político-administrativa nacional. Na concede desmedido poder de disposição
Itália, o ajuste fiscal para superação da ao município, pois, na prática, impede a
crise econômica extinguiu redução do aparato administrativo para
administrações municipais deficitárias. fins de readequação à nova realidade
Em relação à situação financeira dos orçamentária decorrente de crise
municípios, a Itália apresentava situação econômica. Afinal, a tendência da
similar a do Brasil, com cerca de 2000 população e forças políticas locais é
(dois mil) municípios com menos de mil manter sua autonomia político-
habitantes e sem autonomia financeira administrativa a despeito da inexistência
(VANDELLI, 2012). de dependência econômica.
Portanto, ainda que totalmente financeiramente autossuficientes. Por
dependente de repasses do Fundo de óbvio, a incorporação deve ser precedida 80
Participação dos Municípios (FPM), o de estudo de viabilidade, a fim de que
município pode, sozinho, impedir a sua ela não prejudique a autossuficiência
extinção. financeira do município incorporador.
Afinal, se o município é financeiramente
Destarte, na eventualidade da dependente dos repasses de recursos de
ocorrência, no Brasil, de grave crise outros entes federativos, ele não deve
econômica, como a mundialmente poder resistir, unilateralmente, a sua
desencadeada em 2008, e mais extinção, devendo ser consultados
acentuadamente sofrida pela Itália em também esses outros entes.
2011, a União Federal não conseguirá
valer-se de estratégia similar à adotada Não alterado o procedimento
pelos italianos. Na ordem constitucional constitucional para extinção e
brasileira, ainda que o município não incorporação de municípios, o
consiga custear seu próprio aparato federalismo brasileiro servirá de custoso
administrativo, ele pode, (ou mesmo intransponível) obstáculo à
unilateralmente, impedir sua extinção, superação de eventual grave crise
impedindo a readequação dos gastos econômica, pois não permite a
públicos às dificuldades financeiras adequação da organização político-
nacionais. administrativa nacional aos
eventualmente necessários
Contudo, o impedimento à extinção de contingenciamentos financeiros.
municípios deficitários pela União, não
decorre propriamente do modelo 5. Conclusão
brasileiro de federalismo, nem pode ser
Diversamente do processo centrípeto de
atribuído à suposta deficiência da
formação da Federação norte-americana,
formação da Federação brasileira, a qual,
no Brasil, a adoção da organização
como se demonstrou, não foi tão exótica
federativa foi centrípeta, com a
quanto comumente se lhe atribui. O
descentralização político-administrativa
problema reside na artificial dissociação
de um Estado unitário. Com a
entre autonomia federativa e autonomia
Constituição de 1891, foi reconhecida
econômico-financeira, que permite que
autonomia política, administrativa e
um município dependente de recursos
financeira às antigas províncias
federais e estaduais tenha a prerrogativa
imperiais, que passaram a ser Estados-
de decidir unilateralmente sobre sua
membros da Federação brasileira. A
existência autônoma. Permitir a criação
Constituição de 1988 continuou esse
e manutenção de tantos municípios que
processo de descentralização, listando os
não possuem lastro financeiro próprio
municípios entre os entes federativos
para custear seu aparelho político-
brasileiros e reconhecendo-lhes
administrativo põe em risco a higidez
autonomia política, administrativa e
financeira de toda a Federação.
financeira.
Assim sendo, faz-se necessária a
Porém, apesar da autonomia municipal
alteração da Constituição com o objetivo
constitucionalmente prevista, grande
de permitir que municípios
parte dos municípios brasileiros depende
financeiramente deficitários, que não
economicamente dos recursos
possuem receita própria para custear sua
repassados pela União e pelo Estado-
despesa possam ser extintos, sendo
membro.
incorporados a municípios
Originalmente, a Constituição de 1988 Na Itália, o ajuste fiscal adotado foi
exigia lei estadual para a criação de possível por ser aquele país um Estado 81
municípios, o que permitiu a criação de unitário, em que as prefeituras são
inúmeros municípios sem capacidade entidades meramente administrativas,
econômica de custear seu próprio sem autonomia política. Contudo, como
aparato político-administrativo, demonstrado, a impossibilidade de
aumentando demasiadamente a despesa adoção de ajuste similar no Brasil não é
pública nacional para mantê-los. Por impedida pela forma federativa, nem
isso, atualmente, a Federação brasileira mesmo pela natureza federativa dos
não se paga, com um aparato municípios brasileiros, mas pela
administrativo municipal paradoxal dissociação entre autonomia
superdimensionado e municípios federativa e autonomia econômica, que
absolutamente dependentes do Fundo de permite que um município
Participação dos Municípios e demais absolutamente dependente de recursos
transferências intergovernamentais. federais possa, unilateralmente, impedir
sua extinção pela União.
Essa situação é agravada pela Assim, conclui-se pela necessidade de
impossibilidade constitucional de alteração do texto constitucional a fim
extinguir municípios deficitários sem a de que o processo de
aprovação da população local. Esse extinção/incorporação de municípios
ponto revela o paradoxo da Federação seja concatenado com a realidade
brasileira: o município não custeia, econômica dos municípios brasileiros.
autonomamente, sua existência, mas Os municípios que não são
pode, unilateralmente, impedir sua autossuficientes financeiramente não
extinção. devem poder resistir, unilateralmente, à
sua extinção, afinal, a manutenção de
Em 2011, a Itália sofreu grave crise um município deficitário é custeada por
econômica, a qual foi combatida pela toda a Federação brasileira.
extinção de diversos municípios,
gerando significativa redução de despesa
pública. A Constituição brasileira Referências
impede a adoção de estratégia similar, ANDRADE, L. G. de. O município da política
pois condiciona a extinção de município brasileira: revisando coronelismo, enxada e voto.
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