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Válvulas de Controle

e Segurança
5a. edição

Marco Antônio Ribeiro


Válvulas de Controle e
Segurança
5a. edição

Marco Antônio Ribeiro


Dedicado a Elvira Barbosa, a doutora

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se


claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e
pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão, ou
então, que tem razão para evitar falar claramente. (Rosa Luxemburg)

 Tek, 1991, 1993, 1995, 1999


Salvador, BA, Primavera 1999

Prefácio

Os fabricantes de válvulas geralmente fornecem literatura técnica suficiente


acerca das válvulas de controle, porém, sem um conhecimento dos conceitos
básicos de vazão, controle, rangeabilidade, característica, é difícil interpretar ou
utilizar corretamente tais informações.
Este trabalho é apresentado de um modo muito conciso para rápida referência.
Os detalhes dos equipamentos, os circuitos, as equações matemáticas, os cálculos
teóricos não são mostrados e são disponíveis na literatura dos fabricantes.
Procurou-se enfatizar os aspectos de controle da válvula e seu comportamento na
malha de controle. O autor vê uma grande semelhança entre um sistema de áudio e
um de controle. No Brasil, hoje há um grande desenvolvimento de instrumentação
eletrônica digital para uso na sala de controle, com o uso intensivo e extensivo de
microprocessadores, dando-se pouca importância ao elemento final de controle. É
algo parecido com os sistemas de áudio, onde são disponíveis amplificadores de
potência cada vez mais potentes, tocadores de disco a laser, sintonizadores digitais,
mas pouca coisa é feita em relação às caixas acústicas. As válvulas de controle,
como as caixas acústicas, parecem que não fazem parte do sistema; nem são
consideradas instrumentos.
O ponto colocado é: não adianta estratégia de controle avançada, algoritmos
digitais, otimização do controle se a prosaica válvula de controle não foi escolhida,
dimensionada, instalada e mantida adequadamente.
O objetivo deste trabalho é o de fornecer os conceitos básicos e mais importantes
para o engenheiro ou técnico envolvido na aplicação, seleção, especificação,
dimensionamento, instalação e manutenção de qualquer tipo de válvula de controle.
As sugestões, as criticas destrutivas e as correções são bem-vindas, desde que
tenham o objetivo de tornar mais claro e entendido o assunto. Escrever para o autor
no endereço: Rua Carmen Miranda 52, A 903, CEP 41820-230, Salvador, BA, pelo
telefone (0xx71) 452-3195, pelo Fax (0xx71) 452.3058 ou pelo e-mail
marcotek@uol.com.br

Autor

Marco Antônio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de


Eletrônica blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
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Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA,
período da implantação do pólo petroquímico de Camaçari blablablá, blablablá,
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Fez vários cursos nos Estados Unidos e na Argentina e possui dezenas de
artigos publicados nas áreas de Instrumentação, Controle de Processo,
Automação, Segurança, Vazão e Metrologia e Incerteza na Medição blablablá,
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blablablá, blablablá.
Desde 1987, é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda. blablablá,
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serviços nas áreas de Instrumentação e Controle de Processo.

Conteúdo
PREFÁCIO 3 AUTOR 4 1 1

CONSTRUÇÃO 1 Objetivos de Ensino 1

1. Introdução 1 1.1. Válvula no Processo Industrial 1 1.2. Definição de Válvula de


Controle 1 1.3. Elemento Final de Controle 2 1.4. Funções da Válvula de Controle 3

2. Corpo 4 2.1. Conceito 4 2.2. Elemento de controle 4 2.3. Sede 5 2.4. Plug 5 2.5.
Materiais 5 2.6. Conexões Terminais 7 2.7. Entradas e Saída 9

3. Castelo 10 3.1. Conceito 10 3.2. Tipos de castelos 10 3.3. Aplicações especiais 11

4. Métodos de Selagem 11 4.1. Vazamentos 12 4.2. Vazamento entre entrada e saída


12
5. Atuador 13 5.1. Operação Manual ou Automática 13 5.2. Atuador Pneumático 13 5.3.
Ação do Atuador 14 5.4. Escolha da Ação 15 5.5. Forças atuantes 15 5.6. Mudança
da Ação 16 5.7. Dimensionamento do Atuador 16 5.8. Atuador e Outro Elemento Final
17

1.i
21

DESEMPENHO 1 Objetivos de Ensino 1

1. Aplicação da Válvula 1 1.1. Introdução 1 1.2. Dados do Processo 1 1.3.


Desempenho da Válvula 2

2. Característica da Válvula 2 2.1. Conceito 2 2.2. Características da Válvula e do


Processo 2 2.3. Relações Matemáticas 3 2.4. Característica de Igual Percentagem 3
2.5. Característica Linear 4 2.6. Característica de Abertura Rápida 5 2.7.
Característica Instalada 5 2.8. Escolha da Característica 6 2.9. Linearização da
Característica 7 2.10. Vazão do Corpo 8 2.11. Coeficiente de Resistência K 8 2.12.
Coeficiente de Descarga 9 2.13. Resistência Hidráulica 10

3. Rangeabilidade 10

4. Controle da Válvula 11 4.1. Ganho 11 4.2. Dinâmica 12 4.3. Controlabilidade da


Válvula 13

5. Vedação e Estanqueidade 14 5.1. Classificação 14 Vazamento 14 5.2. Vazamento


15 5.3. Válvulas de Bloqueio 15

1.ii
3. 1

APLICAÇÕES 1 Objetivos 1
1. Dados do Processo 1 1.1. Coleta de dados 1 1.2. Condições de Operação 2 1.3.
Distúrbios 3 1.4. Tempo de resposta 4 1.5. Tubulação 5 1.6. Fatores ambientais 5 1.7.
Documentação 5 1.8. Normas e Especificações 6

2. Válvula para Líquidos 6 2.1. Vazão ideal através de uma restrição ideal 6 2.2. Vazão
através da válvula 7 2.3. Tubulação não padrão 8

3. Válvula para Gases 10 3.1. Fluidos Compressíveis 11 3.2. Fator de expansão 12 3.3.
Relação dos calores específicos 12 3.4. Fator de compressibilidade 12

1.iii
41

DIMENSIONAMENTO 1 Objetivos de Ensino 1 1. Introdução 1

2. Coeficiente de vazão 2 2.1. Introdução 2 2.2. Dados para o cálculo 2 2.3. Uso das
equações ISA 2

3. Queda de Pressão na Válvula 3 3.1. Introdução 3 3.2. Recomendações 3 3.3.


Queda de pressão e vazão 4 3.4. Queda de pressão 5

4. Roteiro de dimensionamento 7 4.1. Vazão através da válvula 7

5. Válvula para líquidos 7 5.1. Líquido 7 5.2. Fatores de correção 7 5.3. Exemplo 1 10
Dados do processo 10 Solução 10

6. Válvulas para gases e vapores 11 6.1. Gases e líquidos 11 6.2. Equações de


dimensionamento 11 6.3. Vazão crítica ou chocada 11 6.4. Fator da relação dos
calores específicos 12 6.5. Fator de expansão Y 12 6.6. Fator de compressibilidade Z
12 6.7 Ruído na válvula 12 6.8. Exemplo 2 13 Dados do processo 13 Solução 13

7. Considerações Adicionais 14

1.iv
ISA S75.01-1985 (1995) 15

EQUAÇÕES DE VAZÃO PARA DIMENSIONAR VÁLVULAS DE CONTROLE 15 1.

Escopo 15

2. Introdução 15 2.1. Vazão e propriedades do fluido 15

3. Nomenclatura 16 Símbolo 16 Descrição 16 Símbolo 17 Descrição 17

4. Fluido incompressível – vazão de líquido não volátil 18 4.1. Equações para vazão
turbulenta 18 4.2. Constantes numéricas 18 4.3. Fator de geometria da tubulação 18
4.4. Equações para vazão não turbulenta 19

5. Fluido incompressível – vazão chocada de líquido volátil 20 5.1. Equações para


vazão chocada de líquido 20 5.2. Fator de recuperação de pressão do líquido, FL 21
5.3. Fator de recuperação de pressão combinado do líquido, FLP 21

6. Fluido compressível – vazão de gás e vapor 21 6.1. Equações para vazão


turbulenta 22 6.2. Constantes numéricas 22 6.3. Fator de expansão Y 23 6.4. Vazão
chocada 23 6.5. Fator de relação de queda de pressão, xT 23 6.5. Fator de relação de
queda de pressão com redutores ou outras conexões, xTP 23 6.7. Fator de relação dos
calores específicos, Fk 24 6.8. Fator de compressibilidade, Z 24
1.v
APÊNDICE A – USO DAS EQUAÇÕES DE VAZÃO PARA DIMENSIONAMENTO DE
VÁLVULAS 25

APÊNDICE B - DERIVAÇÃO DOS FATORES FP E FLP 26

APÊNDICE C - VARIAÇÕES DE PRESSÃO NO SISTEMA VÁLVULA DE CONTROLE E


TUBULAÇÃO 28

APÊNDICE D: VALORES REPRESENTATIVOS DOS FATORES DE CAPACIDADE DA


VÁLVULA 30

APÊNDICE E: FATOR DO NÚMERO DE REYNOLDS 31 APÊNDICE F: EQUAÇÕES

PARA VAZÃO DE LÍQUIDO NÃO TURBULENTA 34 APÊNDICE G: FATOR DE

RELAÇÃO DE PRESSÃO CRÍTICA DO LÍQUIDO, FF 37 APÊNDICE H - DERIVAÇÃO

DE XT 38

APÊNDICE I: EQUAÇÕES DA VAZÃO DA VÁLVULA DE CONTROLE - NOTAÇÃO SI


3
9

APÊNDICE J: REFERÊNCIAS 41
1.vi
51

RUÍDO E CAVITAÇÃO 1 1. Ouvido humano 1 2. Som e ruído 2

3. Ruído da Válvula 2 Vibração mecânica 3 Ruído hidrodinâmico 3 Ruído aerodinâmico


4

4. Controle do Ruído 5 Tratamento do caminho 5 Tratamento da fonte 6

5. Previsão do ruído da válvula 7 Cálculo da ruído na válvula 7 Exemplos de cálculo


de ruído 8

6. Cavitação 12 6.1. Geral 12 1.2. Cavitação na válvula 13

4. Velocidade do fluido na válvula 15 4.1. Introdução 15 4.2. Projeto do trim 15 4.3.


Erosão por cavitação 16 4.4. Erosão por abrasão 16 4.5. Ruído 16 4.6. Vibração 17

3. Golpe de Aríete 17
1.vii
61

INSTALAÇÃO 1 Objetivos de Ensino 1

1. Instalação da Válvula 1 1.1. Introdução 1 1.2. Localização da Válvula 1 1.3.


Cuidados Antes da Instalação 1 1.4. Alívio das Tensões da Tubulação 2 1.5.
Redutores 2 1.6. Instalação da Válvula 2 1.7. Válvula Rosqueada 2 1.8. Válvula
Flangeada 3

2. Acessórios e Miscelânea 3 2.1. Operador Manual 3 2.2. Posicionador 4 2.3. Booster


5 2.4. Chaves fim de curso 6 2.5. Conjunto Filtro Regulador 6 2.6. Transdutor Corrente
para Ar 6 2.7. Relés de Inversão e de Relação 7

3. Tubulação 7 3.1. Classificação dos Tubos 8 3.2. Diâmetros dos Tubos 8 3.3.
Espessuras Comerciais 9 3.4. Aplicações dos Tubos 9 3.5. Conexões 9 3.6.
Velocidade dos Fluidos 10 3.7. Dimensionamento da Tubulação 11 3.8. Válvula com
Redução e Expansão 11
1.viii
71

CALIBRAÇÃO, AJUSTE E MANUTENÇÃO 1

1. Calibração 1 1.1. Ajuste de Bancada 1 1.2. Ajuste do Curso da Válvula 2 1.3.


Calibração do Posicionador 3 1.4. Montagem e Desmontagem 5

2. Manutenção 6 2.1. Conceitos gerais 6 2.2. Procedimento típico de manutenção 6

3. Pesquisa de Defeitos (Troubleshooting) 7 3.1. Erosão do corpo e dos internos 7


3.2. Vazamento entre sede e obturador 7 3.3. Vazamento entre anel da sede e o corpo
7 3.4. Vazamento na caixa de gaxetas 7 3.5. Desgaste da haste 8 3.6. Vazamento
entre castelo e corpo 8 3.7. Haste quebrada ou conexão da haste quebrada 8 3.8.
Vazamento excessivo através do selo do pistão 8 3.9. Válvula não responde ao sinal 8
3.10. Válvula não atende o curso total 9 3.11. Curso da válvula lento e atrasado 9

81

TIPOS 1 Objetivos de Ensino 1

1. Parâmetros de Seleção 1 1.1. Aplicação da Válvula 1 1.2. Função da Válvula 2 1.3.


Fluido do Processo 2 1.4. Perdas de Carga 2 1.5. Condições de Operação 2 1.6.
Vedação 2 1.7. Materiais de Construção 3 1.8. Elemento de Controle da Vazão 3

2. Tipos de Válvulas 4

3. Válvula Gaveta 6 3.1. Válvula Gaveta 7 3.2. Custo 7 3.3. Característica de vazão 7
3.4. Descrição 7 3.5. Vantagens 8 3.6. Desvantagens 8 3.7. Aplicações 9

1.ix
4. Válvula Esfera 10 4.1. Válvula Esfera 11 4.2. Custo 11 4.3. Característica 11 4.4.
Descrição 12 4.5. Vantagens 13 4.6. Desvantagens 14 4.7. Aplicações 14

5. Válvula Borboleta 15 5.1. Válvula Borboleta 16 5.2. Custo 16 5.3. Característica 16


5.4. Descrição 17 5.5. Vantagens 18 5.6. Desvantagens 18 5.7. Aplicações 18 5.8.
Supressão do ruído 18 5.9. Válvula Swing 19

6. Válvula Globo 20

6.1. Válvula Globo 21 6.2. Custo 21 6.3. Característica 22 6.4. Descrição 22 6.4. Trim
23 6.5. Haste 24 6.6. Castelo 24 6.7. Corpo 26 6.8. Conexões 29 6.9. Materiais de
construção 29 6.10. Vantagens 30 6.11. Desvantagens 30 6.12. Aplicações 30

7. Válvula Diafragma 31 7.1. Introdução 32 7.2. Custo 32 7.3. Característica 32 7.1.


Descrição 32 7.4. Vantagens 33 7.5. Desvantagens 33 7.6. Aplicações 33 7.7. Válvula
Pinch 33

8. Válvula Macho (Plug Furado) 34 8.1. Válvula Macho (Plug) 35 8.2. Custo 35 8.3.
Característica 35 8.4. Descrição 36 8.5. Vantagens 36 8.6. Desvantagens 36 8.7.
Aplicação 36

1.x
91

VÁLVULAS ESPECIAIS 1 Objetivos de Ensino 1 1. Introdução 1

2. Válvula de Retenção 1 2.1. Conceito 1 2.2. Válvula de Retenção a Portinhola 1 2.3.


Válvula a Levantamento 2 2.4. Válvula de Retenção Tipo Esfera 3 2.6. Válvula de
Retenção e Bloqueio 3 2.7. Aplicações 3

3. Válvula de retenção de excesso de vazão 4

4. Válvula Auto-Regulada 6 4.1. Conceito 6 4.2. Vantagens do Regulador 7 4.3.


Desvantagens do Regulador 7 4.4. Regulador de Pressão 7

Folha de Especificação de Válvula Reguladora de Pressão ou Piloto 8 4.5.


Regulador de Temperatura 9 4.6. Regulador de Nível 9

Folha de Especificação de Válvula Reguladora de Temperatura 10 4.7. Regulador


de Vazão 11

5. Válvula Redutora de Pressão 11 5.1. Conceito 11 5.2. Precisão da Regulação 12


5.3. Sensibilidade 12 5.4. Seleção da Válvula Redutora de Pressão 12 5.5. Instalação
12 5.6. Operação 13 5.7. Manutenção 13

6. Válvula Solenóide 14 6.1. Solenóide 14 6.2. Válvula Solenóide 14 6.3. Operação e


Ação 14 6.4. Invólucros da Solenóide 15

Folha de Especificação de Válvula Solenóide 16


1.xi
10 1

VÁLVULA DE ALÍVIO E SEGURANÇA 1

1. Princípios básicos 1 1.1. Introdução 1 1.2. Objetivo 1 1.3. Terminologia 2 1.4.


Normas 4

2. Projeto e Construção 6 2.1. Princípio de Operação 6 2.2. Válvula com mola 6 2.4.
Válvulas com piloto 9 2.5. Operação prática 10

3. Dimensionamento 15 3.1. Introdução 15

4. Sobrepressão e Alívio 17 4.1. Introdução 17 4.2. Condições de Fogo 18 4.3. Fatores


ambientais 19 4.4. Condições de processo 21

5. Instalação 24 5.1. Introdução 24 5.2. Metodologia 25 5.3. Aplicação no Reator 28 5.4.


Práticas de instalação 29 5.5. ASME Unfired Pressure Vessel Code 32

Folha de Especificação de Válvula de Alívio e Segurança de Pressão 34

1.xii
11. 1

TERMINOLOGIA 1 1.Escopo 1
2. Classificação 1 Ação 4 Acessório 4 Altura de velocidade (velocity head) 5
Amortecedor (Snubber) 5 AOV 5 ARC 5 Atuador 5 Automática 6 Av 6 Backlash 6 Back
Pressurre (contrapressão) 6 Banda morta 6 Bench Set 6 Blowdown 6 Bomba 6
Booster, Relé booster de sinal 7 Bucha (Gaxeta) 7 Bypass 7 Calor específico 7
Capacidade de vazão 7 Característica da vazão 7 Carga viva 8 Castelo 8 Cavidade
do corpo 9 Cavitação 9 Chave 10 Ciclos da vida 10 Cilindro 10 Classe ANSI
(American National Standards Institute) 11 Coeficiente de Bernoulli 11 Coeficiente de
descarga 11 Coeficiente de resistência 11 Coeficiente de vazão (CV ) 11 Compressível
e lncompressível 11 Compressor 11 Conexão terminal 11 Corpo 12 Curso (travel,
stroke) 12 Desbalanceada, Dinâmica 13 Desbalanceada, Estática 13 Diafragma 13
Disco 13 Disco de Ruptura 14 Distúrbio 14 Drift (desvio) 14 Eixo 14 Elemento de
Fechamento 14 Elemento final de controle 15

1.xiii
Emperramento (stiction) 15 Entrada 15 Equipamento Adjacente 15 Equipamento
Auxiliar 15 Estados correspondentes 15 Exatidão (accuracy) 16 Falha 16 Fator de
compressibilidade 16 Fator de Recuperação da Pressão (FL) 16 Fechamento na
extremidade morta 16 Fim de curso mecânico 16 Flacheamento (Flashing) 16 Flange
17 Gaiola 17 Ganho da válvula de controle 17 Gás ideal 17 Gaxeta 17 Golpe de
Aríete 17 Guia 17 Haste 18 Histerese 18 Indicador do curso 18 Kv 18 Lift 18
Linearidade 18 Manual 18 Modulação 19 MOV 19 Número de Reynolds 19 Obturador
19 Orifício de Controle da Vazão 19 OSHA 19 Override do sinal 19 Pedestal (yoke) 19
Pistão 19 Plaqueta de dados 20 Posicionador 20 Precisão (precision) 20 Pressão 21
Queda de pressão 21 Rangeabilidade da válvula 22 Recuperação 22 Redutor e
Expansão 22 Resistência Hidráulica 23 Resolução 23 Rosca 23 Rotatória 23 Ruído 23
Schedule da Tubulação 23 Sede 23 Selos da Haste 24 Sensitividade 24
Sobrepressão 24 Suprimento 24 Temperatura crítica 25

1.xiv
Tempo de curso 25 Transdutor 25 Trim 25 Troubleshooting 26 3. Tubulação 26 Válvula
26 Válvula de pé (Foot valve) 30 Vazão 31 Vazamento (leakage) 32 Via (port) 32
Vedação 32 Vena contracta 33 Volante (handwheel) 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
1.xv
válvula na indústria de processo. 2.
Listar as principais sociedades
técnicas e associações que
elaboram e distribuem normas sobre
válvulas.
3. Apresentar as funções da válvula de
controle na malha de controle do
processo.
4. Descrever fisicamente as partes
constituintes da válvula de controle
típica.
5. Mostrar todos os tipos disponíveis
de castelo da válvula.
Objetivos de Ensino 6. Apresentar as características e
aplicações dos principais atuadores
1. Mostrar as principais funções da de válvula.
comum e importante se relaciona com o
controle automático e contínuo do
1. Introdução processo.

1.2. Definição de Válvula de Controle


1.1. Válvula no Processo Industrial
Várias entidades e comitês de normas
Aproximadamente 5% dos custos totais
já tentaram definir válvula de controle, mas
de uma indústria de processo químico se
nenhuma definição é aceita
referem à compra de válvulas. Em termos
universalmente. Algumas definições
de número de unidades, as válvulas
exigem que a válvula de controle tenha um
perdem apenas para as conexões de
atuador acionado externamente. Por esta
tubulação. É um mercado estável de
definição, a válvula reguladora auto-atuada
aproximadamente US$ 2 bilhões por ano.
pela própria energia do fluido manipulado
As válvulas são usadas em tubulações,
não é considerada válvula de controle mas
entradas e saídas de vasos e de tanques
inclui válvula solenóide e outras válvulas
em várias aplicações diferentes; as
liga-desliga.
principais são as seguintes:
É polêmico considerar uma válvula liga
1. serviço de liga-desliga
desliga como de controle, pois algumas
2. serviço de controle proporcional
definições determinam que a válvula de
3. prevenção de vazão reversa
controle seja capaz de abrir, fechar e
4. controle e alivio de pressão
modular (ficar em qualquer posição
5. especiais:
intermediária), mas nem toda válvula de

1 controle é capaz de prover vedação


completa. Não há consenso do valor do
vazamento que desqualifica uma válvula
de controle.
Outra definição de válvula de controle

Construção estabelece que o sinal para o atuador da


válvula venha de um controlador
automático. Porém, é aceito que o sinal de
atuação da válvula pode vir de controlador,
estação manual, solenóide piloto ou que a
válvula seja também atuada manualmente.
a) controle de vazão direcional Certamente, não há um limite claro
b) serviço de amostragem entre uma válvula de controle e uma
c) limitação de vazão válvula de bloqueio com um atuador.
d) selagem de saídas de vasos Embora a válvula de bloqueio não seja
De todas estas aplicações, a mais

1.1
Construção
vedação total é apenas uma opção extra. A
usada para trabalhar em posição válvula de bloqueio é projetada e
intermediária e a válvula de controle não construída para operar ocasional ou
seja apropriada para dar vedação total, periodicamente. O selo da haste não
algumas válvulas de bloqueio podem precisa ser tão elaborado como o da
modular e algumas válvulas de controle válvula de controle. Atrito, histerese e guia
podem vedar. Mesmo assim, há um da haste são de pouca importância para a
enfoque diferente para as duas válvulas, válvula de bloqueio e muito importantes
de bloqueio e de controle. A válvula de para a de controle.
controle é projetada e construída para As equações de vazão de uma válvula
operar modulando de modo contínuo e de controle se aplicam igualmente a uma
confiável com um mínimo de histerese e válvula manual, porém há também
atrito no engaxetamento da haste. A enfoques diferentes no projeto das duas
válvulas. A válvula solenóide não é músculo.
considerada válvula de controle contínuo, O controle pode ser automático ou
mas um acessório. manual. O controle manual pode ser
remoto ou local. A válvula de controle abre
e fecha a passagem interna do fluido, de
conformidade com um sinal de controle.
Quando o sinal de controle é proveniente
de um controlador, tem-se o controle
automático da válvula. Quando o sinal de
controle é gerado manualmente pelo
operador de processo, através de uma
estação manual de controle, tem-se o
controle manual remoto. Na atual manual
local, o operador atua diretamente no
volante da válvula.
Há vários modos de manipular as
vazões de materiais e de energia que
entram e saem do processo; por exemplo,
por bombas com velocidade variável,
bombas dosadoras, esteiras, motor de
Fig. 1.1. Válvula de controle (Fisher) passo porém, o modo mais simples é por
1.3. Elemento Final de Controle meio da válvula de controle.
A malha de controle a realimentação O controle pode ser feito de modo
negativa possui um elemento sensor, um continuo ou liga-desliga. Na filosofia
controlador e um elemento final de continua ou analógica, a válvula pode
controle. O sensor ou o transmissor envia assumir, de modo estável, as infinitas
o sinal de medição para o controlador, que posições entre totalmente fechada e
o recebe e o compara com um ponto de totalmente aberta. Na filosofia digital ou
ajuste e gera um sinal de saída para atuar liga-desliga, a válvula só fica em duas
no elemento final de controle. O elemento posições discretas: ou totalmente fechada
final de controle manipula uma variável, ou totalmente aberta. O resultado do
que influi na variável controlada, levando-a controle é menos satisfatório que o obtido
para valor igual ou próximo do ponto de com o controle proporcional, porém, tal
ajuste. controle pode ser realizado através de
Por analogia ao corpo humano, pode-se chaves manuais, chaves comandadas por
dizer que o elemento sensor da malha de pressão (pressostato), temperatura
controle é o nervo, o controlador funciona (termostato), nível, vazão ou controladores
como o cérebro e a válvula constitui o

1.2
Construção
aplicado. Ainda não se projetou e construiu
mais simples. Neste caso, a válvula mais algo mais simples, confiável, econômico e
usada é a solenóide, atuada por uma eficiente que a válvula com atuador
bobina elétrica. pneumático. Ela é mais usada que as
O sinal de controle que chega ao bombas dosadoras, alavancas, hélices,
atuador da válvula pode ser pneumático ou basculantes, motores de passo e
eletrônico. A válvula de controle com atuadores eletromecânicos.
atuador pneumático é o elemento final de Há quem considere o elemento final de
controle da maioria absoluta das malhas. controle o gargalo ou o elo mais fraco do
Mesmo com o uso cada vez mais intensivo sistema de controle. Porém, as exigências
e extensivo da instrumentação eletrônica, do processo químico são plenamente
analógica ou digital, a válvula com atuador satisfeitas com o desempenho da válvula
pneumático ainda é o elemento final mais com atuador pneumático.
controlável.

XIC

XY

XT
Fig. 1.2. Malha de controle com válvula
XV XE
1.4. Funções da Válvula de Controle
Uma válvula de controle deve:
Fig. 1.3. Símbolos de uma malha de controle
1. Conter o fluido do processo,
suportando todos os rigores das
condições de operação. Como o fluido A válvula de controle age como uma
do processo passa dentro da válvula, restrição variável na tubulação do
ela deve ter características mecânicas processo. Alterando a sua abertura, ela
e químicas para resistir à pressão, varia a resistência à vazão e como
temperatura, corrosão, erosão, sujeira conseqüência, a própria vazão. A válvula
e contaminantes do fluido. de controle está ajustando a vazão,
2. Responder ao sinal de atuação do continuamente, (throttling).
controlador. O sinal padrão é aplicado Depois de instalada na tubulação e para
ao atuador da válvula, que o converte poder desempenhar todas as funções
em uma força, que movimenta a haste, requeridas à válvula de controle deve ter
em cuja extremidade inferior está o corpo, atuador e castelo. Adicionalmente,
obturador, que varia a área de ela pode ter acessórios opcionais que
passagem do fluido pela válvula. 3. facilitam e otimizam o seu desempenho,
Variar a área de passagem do fluido como posicionador, booster, chaves,
manipulado. A válvula de controle volantes, transdutores e relé de inversão.
manipula a vazão do meio de controle, Atualmente já são comercialmente
pela alteração de sua abertura, para disponíveis válvulas inteligentes de
atender as necessidades do processo. 4. controle, baseadas em
Absorver a queda variável da pressão da microprocessadores. O projeto incorpora
linha, para compensar as variações de em um único instrumento a válvula,
pressão a montante ou a jusante dela. Em atuador, controlador, alarmes e as portas
todo o processo, a válvula é o único de comunicação digital. As interfaces de
equipamento que pode fornecer ou comunicação incluem duas portas serial,
absorver uma queda de pressão

1.3
Construção

RS-422, para ligação com computador


digital; Várias (até 16) válvulas podem ser
ligadas ao computador.
vazão
2. característica da válvula (relação entre a
abertura e a vazão que passa através
da válvula)
3. capacidade de vazão (Cv) da válvula
4. diminuição das forças indesejáveis na
válvula, como as que se opõem ao
atuador, as que tendem a girar ou vibrar
as peças ou as que impõem pesadas
cargas nos guias e suportes 5. fatores
para minimizar os efeitos da erosão,
cavitação, flacheamento
(flashing) e corrosão.

2.2. Elemento de controle


As válvulas podem ser classificadas em
dois tipos gerais, baseados no movimento
Fig.1.4. Válvula com corpo, castelo e atuador
do dispositivo de fechamento e abertura da
válvula:
2. Corpo 1. deslocamento linear
2. rotação angular
A válvula com elemento linear possui
um obturador (plug) preso a uma haste que
2.1. Conceito
se desloca linearmente em uma cavidade
O corpo ou carcaça é a parte da variando a área de passagem da válvula.
válvula que é ligada à tubulação e que Esta cavidade se chama sede da válvula. A
contem o orifício variável da passagem do válvula globo é um exemplo clássico de
fluido. O corpo da válvula de controle é válvula com deslocamento linear.
essencialmente um vaso de pressão, com
uma ou duas sedes, onde se assenta o
plug (obturador), que está na extremidade
da haste, que é acionada pelo atuador
pneumático. A posição relativa entre o
obturador e a sede, modulada pelo sinal
que vem do controlador, determina o valor
da vazão do fluido que passa pelo corpo
da válvula, variando a queda de pressão
através da válvula.
No corpo estão incluídos a sede,
obturador, haste, guia da haste,
engaxetamento e selagem de vedação.
Chama-se trim todas as partes da válvula
que estão em contato com o fluido do
processo ou partes molhadas, exceto o
corpo, castelo, flanges e gaxetas. Em uma
válvula tipo globo, o trim inclui haste, Fig. 1.5. Válvula globo com movimento linear do
obturador, assento, guias, gaiola e buchas. elemento de controle (haste)
Em válvulas rotatórias, o trim inclui o
membro de fechamento, assento, haste,
suportes e gaxetas. Assim, o trim da
válvula está relacionado com: A válvula com elemento rotativo possui
1. abertura, fechamento e modulação da uma haste ou disco que gira em torno de

1.4
Construção
um eixo, variando a passagem da válvula.
A válvula borboleta e a esfera são
exemplos de válvulas com elemento
rotativo.

(a) Sede simples (b) Sede dupla Fig.


1.7. Número de sedes da válvula

Fig. 1.6. Válvula borboleta com movimento rotativo 2.4. Plug


do elemento de controle (haste) O plug (obturador) da válvula pode
assumir diferentes formatos e tamanhos,
para prover vazamentos diferentes em
2.3. Sede função da abertura. Cada figura
A sede da válvula é onde se assenta o geométrica do obturador corresponde a
obturador. A posição relativa entre o uma quantidade de vazão em função da
obturador e a sede é que estabelece a posição da haste (abertura da válvula). Os
abertura da válvula. A válvula de duas vias formatos típicos fornecem características
pode ter sede simples ou dupla. linear, parabólica, exponencial, abertura
Na válvula de sede simples há apenas rápida.
um caminho para o fluido passar no interior
da válvula. A válvula de sede simples é
excelente para a vedação, porém requer
maior força de fechamento/abertura. A
válvula de sede dupla, no interior da qual
há dois caminhos para o fluxo, geralmente
apresenta grande vazamento, quando
totalmente fechada. Porém, sua vantagem
é na exigência de menor força para o (a) (b) (c)
fechamento/abertura e como
conseqüência, utilização de menor Fig. 1.8. Obturadores da válvula:
atuador. (a) Igual percentagem
(b) Linear
Há válvula especial, com o corpo divido
(split body), usada em linhas de processo (c) Abertura rápida
onde se necessita trocar freqüentemente o
plug e a sede da válvula, por causa da
2.5. Materiais
corrosão. As diversas peças da válvula
necessitam de diferentes materiais
compatíveis com sua função. Devem ser
considerados os materiais do
1. corpo (interno e externo)
2. trim (sede, trim, plug)
3. revestimentos

1.5
Construção

4. engaxetamento
5. selo

Corpo
Como a válvula está em contato direto
com o fluido do processo o seu material
interior deve ser escolhido para ser
compatível com as características de
corrosão e abrasão do fluido.
A parte externa do corpo da válvula (em
contato com a atmosfera do ambiente) é
metálica, geralmente ferro fundido, aço Fig. 1.9. Partes internas ou molhadas da válvula
carbono cadmiado, aço inoxidável AISI
316, ANSI 304, bronze, ligas especiais
para altas temperatura e pressão e Por isso, não há substituto para a
resistentes à corrosão química. O material experiência real de processos menos
do corpo de válvula que opera em baixa comuns. O pior da corrosão é que o
pressão pode ser não metálico: polímero, material corrosivo pode ser também
porcelana ou grafite. perigoso e não deve ser vazado para o
As partes internas, (aquelas que estão ambiente exterior. O sulfeto de hidrogênio
em contato com o fluido e são o interior do (H2S) pode causar quebras em materiais
corpo, sede, obturador, anéis de comuns da válvula, resultando em
engaxetamento e vedação) também devem vazamentos. Porém o H2S é também letal.
ser de material adequado. Além da corrosão, fenômeno químico,
Uma válvula de controle desempenha deve ser considerada a erosão, que é um
serviço mais severo que uma válvula fenômeno físico associado com a alta
manual, mas os materiais para suportar a velocidade de fluidos abrasivos. Um
corrosão podem ser os mesmos. Se o material pode ser resistente à corrosão de
material é satisfatório para a válvula um fluido com processo, mas pode sofrer
manual, também o é para a válvula de desgaste físico pela passagem do fluido
controle. A experiência anterior em uma em alta velocidade e com partículas
dada aplicação é o melhor parâmetro para abrasivas.
a escolha do material. A corrosão é um
processo químico complexo, que é afetada Internos
pela concentração, temperatura, As partes do trim (sede, plug, haste)
velocidade, aeração e presença de íons de estão em contato direto com o fluido do
outras substâncias. Há tabelas guia de processo. Pelo seu formato, elas devem
compatibilidade de materiais e produtos ser de material torneável e o aço inoxidável
típicos. Como exemplos é o material padrão para válvulas globo e
1. o aço inoxidável tipo 17 4pH é gaveta. Para aplicações com alta
resistente à corrosão de água comum temperatura e fluidos corrosivos, são
mas é corroído pela água usadas ligas especiais como aço 17-4pH,
desmineralizada pura. ANSI 410 ou ANSI 440C e ligas
2. O titânio é excelente para uso com proprietárias como stellite, hastelloy, monel
cloro molhado mas é atacada pelo e inconel.
cloro seco.
3. O aço carbono é satisfatório para o Revestimento
cloro seco mas é atacada rapidamente Às vezes, o material que suporta alta
pelo cloro molhado. pressão é incompatível com a resistência à
corrosão e por isso devem ser usados
materiais diferentes de revestimento, como
elastômeros, teflon (não é elastômero),
vidro, tântalo e borracha. Estes materiais
1.6
Construção

são usados para encapsulamento ou como


membros flexíveis de vedação.
A válvula deve ser revestida quando o
material molhado é muito caro, como os
metais nobres e o tântalo. Para ser
possível o revestimento, o corpo da válvula
deve ter um formato simples. Sempre está
surgindo material sintético diferente para
suportar temperaturas e pressões cada vez
maiores.
A vida útil de um material de
revestimento depende de vários fatores:
concentração, temperatura, composição e Fig. 1.10. Válvula com revestimento interno
velocidade do fluido, composição do
elastômero, seu uso na válvula e qualidade
da mão de obra em sua instalação. 2.6. Conexões Terminais
O teflon é usado como material de selo A válvula é instalada na tubulação
para válvulas rotatórias e globo e para através de suas conexões. O tipo de
revestimento e encapsulamento de válvula conexões terminais a ser especificado para
esfera e borboleta. O teflon é atacado uma válvula é normalmente determinado
somente por metais alcalinos derretidos, pela natureza do sistema da tubulação em
como cloro ou flúor sob condições que a válvula vai ser inserida. Uma válvula
especiais. Praticamente, ele não tem de 4” (100 mm) é a que tem conexões para
problema de corrosão. As características ser montada em uma tubulação com
notáveis do teflon são: diâmetro de 4” (100 mm). Geralmente o
1. O teflon é um plástico e não é um diâmetro das conexões da válvula é menor
elastômero. que o diâmetro da tubulação onde a
2. Quando deformado, ele se recupera válvula vai ser montada e por isso é
muito lentamente. comum o uso de redutores.
3. Ele também não é resiliente como um As conexões mais comuns são:
elastômero. flangeadas, rosqueadas, soldadas. Há
4. Ele é pouco resistente à erosão. 5. A ainda conexões especiais e proprietárias
sua faixa nominal de aplicação é de – 100 de determinados fabricantes. Os fatores
a 200 oC. determinantes das conexões terminais são:
Há alguns problemas com o tamanho da válvula, tipo do fluido, valores
revestimento de válvulas. O vácuo é da pressão e temperatura e segurança do
especialmente ruim para o revestimento e processo.
raramente se usam revestimentos com
pressão abaixo da atmosférica. Os Conexão rosqueada
revestimentos devem ser finos e quando As conexões rosqueadas são usadas
sujeitos a abusos, eles são destruídos para válvulas pequenas, com diâmetros
rapidamente. Como o diâmetro da válvulas menores que 2" ou 4". A linha possui a
é tipicamente menor que o diâmetro da rosca macho e o corpo da válvula a rosca
tubulação, as velocidades no interior da fêmea. É econômico e simples e muito
válvula são maiores que a velocidade na adequado para pequenos tamanhos.
tubulação. Qualquer falha de revestimento As conexões rosqueadas podem se
deixa o metal base exposto à corrosão do afrouxar quando se tem temperatura
fluido da linha, resultando em falha elevada com grande faixa de variação ou
repentina da linha. quando a instalação está sujeita à vibração
mecânica. As roscas em aço inoxidável
tendem a se espanar, quando conectadas
a outros materiais e isso pode ser evitado com o uso de graxas especiais.

1.7
Construção
padronizadas para diferentes materiais e
classes. Se o corpo da válvula e da
tubulação são de materiais diferentes ou
se um ou ambos são revestidos, o
problema de adequação deve ser
cuidadosamente examinado. Por exemplo,
o corpo de uma válvula em ferro fundido
pode ter um flange de classe 125 e a
tubulação de aço pode ter um flange de
classe 150. Os furos dos parafusos se
encaixam, mas os flanges de ferro
possuem faces planas e os de aço
possuem faces ressaltadas. Os flanges de
aço são feitos de face ressaltada para dar
alta força na gaxeta. Os flanges de ferro
Fig. 1.11. Válvula com conexões rosqueadas
não podem ter faces ressaltadas porque o
Conexão por solda ferro é quebradiço quando submetido a
O corpo da válvula pode ser soldado alta força imposta pela face ressaltada. A
diretamente à linha. Este método é pouco solução é tirar a face ressaltada do flange
flexível, porém é utilizado para montagem de aço, tornando-o também de face plana.
permanente, quando se tem altíssimas A classe ANSI 150 (chamada de 150
pressões e é perigoso o vazamento do libras) não significa que a conexão é
fluido. Os dois tipos principais de solda limitada à pressão de 1000 kPa (150 psi).
são: de topo e soquete (mais eficiente). Os O limite de pressão é determinado pela
materiais e procedimentos de solda devem temperatura de operação e pelo material
ser cuidadosamente controlados e devem ASTM do flange. Por exemplo, um aço
ser usados alívios de tensão mecânica. especificado para 285 psig e 50 oC só
pode ser usado em 140 psi quando
exposto a 300 oC.
A especificação de flanges e gaxetas
está além do presente trabalho. Apenas,
os flanges de aço com fase ressaltada vem
com gaxetas e canaletas, que podem ser
concêntricas ou fonográficas. Acima de
600 psi, os flanges são usados com anéis
de junção (RTJ – ring type joint). Há ainda
conexões especiais
Fig. 1.12. Válvula com conexões soldadas
proprietárias, como Graylock, que podem
manipular pressão de até 10 000 psi e são
Conexão por flange muito mais leves que o flange ANSI
Conectar o corpo da válvula à equivalente.
tubulação através do conjunto de flanges,
parafusos e porcas é o método mais
utilizado para válvulas maiores que 2". As
flanges podem ser lisas ou de faces
elevadas e sua classe de pressão ANSI
deve ser compatível com a pressão do
processo. Alguns usuários especificam um
mínimo de 1” para o diâmetro mínimo da
válvula para ela ter conexão flangeada. As
dimensões do flange são
Fig. 1.13. Diferentes tipos de flange

1.8
Construção
chamadas de wafer e foram usadas
inicialmente em válvula borboleta estreita.
Atualmente, há válvula com corpo longo e
conexões wafer.
Devem ser tomados cuidados com os
parafusos, gaxetas, compressão,
expansão e contração dos materiais
envolvidos. Recomenda-se o uso de
torquímetro para apertar os parafusos e
não se deve usar este tipo de conexão em
processos com temperatura muito alta,
muito baixa ou grande variação.
A vantagem da conexão tipo wafer é a
ausência de flange na válvula, reduzindo
peso e custo. Também não há problema
de compatibilidade e ela pode ser inserida
entre dois flanges de qualquer tipo.
Fig. 1.14. Classes de flange versus temperatura e A desvantagem inclui os problemas
pressão para aço carbono potenciais de vazamento e por isso
equipamentos com conexões tipo wafer
são considerados politicamente incorretos.

Fig. 1.15. Válvula de 4 vias flangeada

Conexão wafer Fig. 1.16. Válvula borboleta com tomada tipo wafer
Algumas válvulas possuem faces lisas,
em flange e são instaladas sanduíchadas 2.7. Entradas e Saída
entre dois flanges da tubulação. São
A válvula de duas vias é a que tem
duas conexões: uma de entrada e outra de
saída. A válvula de duas vias é a mais
usada. Há aplicações de mistura ou
divisão, que requerem válvulas com três
vias:
1. duas entradas e uma saída (mistura ou
convergente) Fig. 1.18. Válvula de controle de 2 vias
2. uma entrada e duas saídas (divisão ou
divergente)
A diferença na construção é que a força
do fluido é feita para agir em uma direção
tendendo a abrir ambos os obturadores em
cada caso, dando uma estabilidade
dinâmica sem o uso de grande atuador.

Fig. 1.17. Válvula liga-desliga de 2 vias

1.9
Construção

Fig. 1.19. Diferentes configurações de válvula de


três vias
Fig. 1.21. Vista de uma válvula de 4 vias

3. Castelo

3.1. Conceito
O castelo (bonnet) liga o corpo da
Fig. 1.20. Esquema de válvula de 4 vias válvula ao atuador e completa o
fechamento do corpo. A haste da válvula
se movimenta através do engaxetamento
do castelo. O castelo também pode
fornecer a principal abertura para a
cavidade do corpo para o conjuntos das
partes internas ou ele pode ser parte
integrante do corpo da válvula. É
fundamental que a conexão do castelo interior da válvula para fora e nem muito
forneça um bom alinhamento da haste, atrito que dificulte o funcionamento ou
obturador e sede e que ela seja robusto provoque histerese. Para facilitar a
suficientemente para suportar as tensões lubrificação do movimento da haste e
impostas pelo atuador. Porém, há válvulas prover vedação, usam-se caixas de
que não possuem castelo. engaxetamento. Algumas caixas requerem
Normalmente, é necessário remover o lubrificação periódica. Os materiais típicos
castelo para ter acesso ao assento da de engaxetamento incluem: teflon,
válvula e ao elemento de controle da asbesto, grafite e a combinação deles
vazão, para fins de manutenção. (asbesto impregnado de teflon, asbesto
3.2. Tipos de castelos grafitado).
Os três tipos básicos de castelo são:
1. aparafusado
2. união
3. flangeado.
O castelo e corpo rosqueados
constituem o sistema mais barato e é
usado apenas em pequenas válvulas de
baixa pressão.
O castelo preso ao corpo por uma
união é usado em válvulas maiores ou
para válvulas pequenas com alta pressão,
permitindo uma vedação melhor que a do
castelo rosqueado.
O sistema com castelo flangeado é o Fig.1.22. Castelo com flange aparafusado e
mais robusto e permite a melhor vedação, engaxetamento padrão
sendo usado em válvulas grandes e em
O comprimento do castelo padrão é
qualquer pressão.
suficiente apenas para conter a caixa de
O engaxetamento no castelo para
engaxetamento.
alojar e guiar a haste com o plug, deve ser
de tal modo que não haja vazamento do

1.10
Construção

3.3. Aplicações especiais


Quando a aplicação envolve
temperatura muito baixa (criogênica), para
evitar a formação de gelo da umidade
condensada da atmosfera em torno da
haste e da caixa de engaxetamento, o
castelo estendido deve
1. ter um comprimento muito maior que o
normal, para ser mais aquecido pelo
ambiente Fig. 1.23. Castelo alongado para baixas
2. ter engaxetamento com materiais temperaturas
especiais (semimetálicos) e
3. possuir aletas horizontais, que
aumentem a área de troca de calor, Quando a aplicação envolver
facilitando a transferência de energia temperatura muito alta, usa-se também um
entre o processo e a atmosfera externa castelo especial, com comprimento maior
que o normal e com aletas, para baixar a
temperatura da caixa de engaxetamento. Há dois locais onde a válvula deve ter
Atualmente, os castelos aletados estão em selos para prover vedação:
desuso, pois é comprovado que o castelo 1. de sua entrada e para a saída ou vice
plano estendido é tão eficiente quanto o versa, quando ela estiver na posição
aletado, para aplicações com líquidos e fechada
gases. Para um vapor condensante, a 2. de seu interior para o exterior, quando
temperatura não é afetada, a não ser que ela estiver com pressão estática maior
válvula seja equipada com um selo baixo que a atmosférica ou do exterior para
ou esteja montada de cabeça para baixo, o seu interior, quando se tem vácuo no
que não é recomendado. corpo da válvula.
Em aplicações onde se quer vedação
total ao longo da haste, pois o fluido do
processo é tóxico, explosivo, pirofosfórico,
muito caro, usam-se foles como selos. O
fluido do processo pode ser selado interna
ou externamente ao fole.

Fig. 1.25. Castelo selado com fole usado em


Fig. 1.24. Castelo para aplicações de alta
aplicações com fluidos tóxicos e flamáveis
temperatura

4. Métodos de Selagem

1.11
Construção
Por causa do movimento envolvido, a
selagem na haste é a mais difícil de ser
4.1. Vazamentos
conseguida. O método mais comum de
Para não haver vazamento de dentro selagem da haste é o uso de uma caixa de
da válvula para fora, deve haver selagem enchimento, contendo um material flexível
entre de engaxetamento, como grafite e asbesto,
1. o plug da válvula e a sede, teflon e asbesto, teflon . O engaxetamento
2. entre a haste e o engaxetamento pode ser sólido, com teflon granulado,
do castelo, fibras de asbesto.
3. nas conexões da válvula com a
tubulação e
4. onde o castelo se junta ao corpo
da válvula.
passagem de sua entrada para a saída,
deve haver uma vedação entre o obturador
e sua sede. Para prover um selo adequado
contra a vazão do fluido do processo,
quando a válvula estiver na posição
fechada, deve haver um fechamento firme
e seguro entre o elemento de controle de
vazão e o assento da válvula. Estes
componentes devem ser projetados de
modo que as variações de pressão e de
temperatura e as tensões mecânicas
Fig. 1.26. Caixa de engaxetamento com lubrificador provocadas pela tubulação não distorçam
e válvula de isolação ou desalinhem as superfícies de selagem.
Em geral se empregam três tipos de
selos:
De modo a reter a pressão do fluido dentro 1. contato metal-metal,
da válvula, é necessário comprimir o 2. contato metal-material elástico, 3.
engaxetamento, por meio de uma porca ou contato metal-metal com revestimento de
plug. Este tipo de selo requer inspeções material elástico
periódicas e manutenção. Invariavelmente, Com o advento dos plásticos, as válvulas
se uma válvula fica sem operar durante se tornam disponíveis em uma variedade
longo período de tempo, a porca da caixa de plásticos. Os três tipos de selos
deve ser apertada, quando a válvula é continuam válidos, bastando substituir
operada, senão ocorrerá vazamento. metal por plástico. A mesma analogia se
Quando se quer uma válvula sem aplica em válvulas tendo interiores
possibilidade de vazamento para o revestidos de vidro, teflon, borrachas.
exterior, deve-se usar válvula sem A maior resistência é obtida de um
engaxetamento, como a válvula com selo metal-metal, mas pode haver
diafragma entre o castelo e o corpo da desgaste e erosão do metal. O selo
válvula. O diafragma é acionado por um resiliente (elástico) é obtido pela pressão
componente compressor, fixado na de uma superfície metálica contra uma
extremidade da haste e que também age superfície plástica ou de borracha. Este
como elemento de controle da vazão. tipo de selo fornece um bloqueio total e é
Outro tipo de válvula sem altamente recomendado para fluidos
engaxetamento emprega um fole metálico, contendo sujeira, embora seja limitado a
no lugar do diafragma flexível. Estas processos pouco rigorosos e com baixa
válvulas são apropriadas para operação pressão. As partículas sólidas, que podem
sob alto vácuo. Uma caixa de enchimento ficar presas entre as superfícies de
é normalmente usada acima do fole, para selagem, são forçadas e entram na
evitar vazamento no caso da falha do fole. superfície macia e não interferem no
fechamento da válvula. Quando se tem alta
4.2. Vazamento entre entrada e saída pressão, é conveniente o uso do selo
metal-metal com revestimento resiliente.
Para que uma válvula não dê

1.12
Construção
dependem do seu tipo, localização no
processo, função no sistema, tamanho,
5. Atuador freqüência de operação e grau de controle
desejado.
Atuador é o componente da válvula que
A atuação da válvula pode ser
recebe o sinal de controle e o converte em
1. manual
abertura modulada da válvula.
2. automática
Os modos de operação da válvula
O atuador pode ser classificado, padrão um dos seguintes acessórios: 1.
dependendo do tipo do dispositivo móvel, atuador pneumático ou hidráulico para
como operação continua ou de liga-desliga,
1. linear 2. solenóide elétrica para operação de
2. rotativo. liga-desliga,
Outra classificação útil do atuador é 3. motor elétrico para operação continua
quanto à fonte de potência, que pode ser ou de liga-desliga.
1. pneumática,
2. elétrica
3. hidráulica.

Fig. 1.28. Atuação manual da válvula de controle

Geralmente, um determinado tipo de


válvula é limitado a um ou poucos tipos de
atuadores; quais sejam:
1. Válvulas de alivio e de segurança são
atuadas por mola.
2. Válvulas de retenção são atuadas por
mola ou por gravidade.
Fig. 1.27. Atuador pneumático e mola 3. Válvulas globo de tamanho grande e
com alta pressão de processo são
5.1. Operação Manual ou Automática atuadas por motores elétricos ou
A atuação manual pelo operador pode correntes mecânicas.
ser local ou remota. A atuação local pode 4. Válvulas de controle continuo são
ser feita diretamente por volante, geralmente atuadas pneumaticamente. 5.
engrenagem, corrente mecânica ou Válvulas de controle liga-desliga são
alavanca. A atuação manual remota pode atuadas através de solenóides.
ser feita pela geração de um sinal elétrico Geralmente estes mecanismos de
ou pneumático, que acione o atuador da operação da válvula são considerados
válvula. Para ser atuada automaticamente acessórios da válvula.
a válvula pode estar acoplada a mola,
motor elétrico, solenóide, servomecanismo, 5.2. Atuador Pneumático
atuador pneumático ou hidráulico.
Este tipo de operador, disponível com
Freqüentemente, é necessário ou um diafragma ou pistão, é o mais usado.
desejável operar automaticamente a Independente do tipo, o princípio de
válvula, de modo continuo ou através de operação é o mesmo. O atuador
liga-desliga. Atuação automática significa
pneumático, com diafragma e mola é o
sem a intervenção direta do operador. Isto
pode ser conseguido pela adição à válvula

1.13
Construção
atuador pneumático a diafragma recebe
responsável pela conversão do sinal diretamente o sinal do controlador
pneumático padrão do controlador em pneumático e o converte numa força que
força-movimento-abertura da válvula. O irá movimentar a haste da válvula, onde
está acoplado o obturador que irá abrir Existe um terceiro tipo, menos usado,
continuamente a válvula de controle. A cuja lógica de operação é: ar para abrir - ar
função do diafragma é a de para fechar.
converter o sinal de pressão em uma força Outra nomenclatura para a ação da
e a função da mola é a de retornar o válvula é falha-aberta (fail open), que
sistema à posição original. Na ausência do equivale a ar-para- fechar e falha-fechada,
sinal de controle, a mola leva a válvula que equivale a ar-para-abrir.
para uma posição extrema, ou totalmente
aberta ou totalmente fechada.
Operacionalmente, a força da mola se
opõe à força do diafragma; a força do
diafragma deve vencer a força da mola e
as forças do processo.
Erradamente, se pensa que o atuador
da válvula requer a alimentação de ar
pneumático para sua operação; o atuador
funciona apenas com o sinal padrão de 20
a 100 kPa (3 a 15 psi).
O atuador pneumático consiste
simplesmente de um diafragma flexível Fig. 1.29. Ações dos atuadores pneumáticos
colocado entre dois espaços. Uma das
câmaras deve ser vedada à pressão e na
outra câmara ha uma mola, que exerce A operação de uma válvula com
uma força contrária. O sinal de ar da saída atuador pneumático com lógica de ar para
do controlador vai para a câmara vedada à abrir é a seguinte: quando não há
pressão e sua variação produz uma força nenhuma pressão chegando ao atuador, a
variável que é usada para superar a força válvula está desligada e na posição
exercida pela mola de faixa do atuador e fechada. Quando a pressão de controle
as forças internas dentro do corpo da (típica de 20 a 100 kPa) começa a crescer,
válvula e as exercidas pelo próprio a válvula tende a abrir cada vez mais,
processo. assumindo as infinitas posições
O atuador pneumático deve satisfazer intermediárias entre totalmente fechada e
basicamente as seguintes exigências: 1. totalmente aberta. Quando não houver
operar com o sinal de 20 a 100 kPa (3 a sinal de controle, a válvula vai
15 psig), imediatamente para a posição fechada,
2. operar sem posicionador, independente da posição em que estiver
3. ter uma ação de falha segura quando no momento da falha. A posição de
houver problema no sinal de atuação, 4. totalmente fechada é também conhecida
ter um mínimo de histerese, como a de segura em caso de falha. Quem
5. ter potência suficiente para agir contra leva a válvula para esta posição segura é
as forças desbalanceadas, justamente a mola. Assim, o sinal de
6. ser reversível. controle deve superar
5.3. Ação do Atuador 1. a força da mola,
2. a força apresentada pelo fluido do
Basicamente, há duas lógicas de processo,
operação do atuador pneumático com o
3. os atritos existentes entre a haste e o
conjunto diafragma e mola:
engaxetamento.
1. ar para abrir - mola para fechar, 2.
ar para fechar - mola para abrir,

1.14
Construção
pressões menores que 20 kPa (3 psi) a
O atuador ar-para-abrir necessita de válvula deve estar totalmente fechada.
pressão para abrir a válvula. Para Com o aumento gradativo da pressão, a
partir de 20 kPa (3 psi), a válvula abre atuador da válvula, a posição da válvula
continuamente. A maioria das válvulas é não é mais função do projeto do atuador,
calibrada para estar totalmente aberta mas das forças do fluido do processo
quando a pressão atingir exatamente 100 atuando no interior da válvula e da
kPa (15 psig). Calibrar uma válvula é fazer construção da válvula. As escolhas são 1.
a abertura da válvula seguir uma reta, vazão-para-abrir (FTO - flow to open), 2.
passando pelos pontos (20 kPa x 0%) e vazão-para-fechar (FTC - flow to close), 3.
(100 kPa x 100%) de abertura. A falha do ficar na última posição (FB - friction bound).
sistema, ou seja, a ausência de pressão, A ação vazão-para-fechar é fornecida pela
deve levar a válvula para o fechamento válvula globo; a ação vazão-para-abrir é
total. fornecida pela válvula borboleta, globo e
Uma válvula com atuação ar-para esfera convencional. As válvulas com plug
fechar opera de modo contrario. Na rotatório e esfera flutuante são típicas para
ausência de ar e com pressões menores ficar na última posição.
que 20 kPa (3 psig), a válvula deve estar
totalmente aberta. Com o aparecimento de
pressões acima de 20 kPa (3 psig) e seu
aumento, a válvula diminuirá sua abertura.
Com a máxima pressão do controlador, de
100 kPa (15 psig), a válvula deve estar
totalmente fechada. Na falha do sistema, pressão da linha
quando a pressão cair para 0 kPa (0 psig), pressão da linha
a válvula deve estar na posição totalmente
aberta.
Certas aplicações exigem um válvula
de controle com um diafragma especial,
ar para abrir
transmissor. Quando ocorrer falha no
fazer, quando faltar o
sinal suprimento da
modo que a falta o ar pneumático
de suprimento ao pressão da linha
atuador faca a válvula pressão da
se manter na última alimentação? A
posição de abertura; sinal questão esta
tem-se a falha-última ar para fechar compressão relacionada com a
A primeira questão que posição de falha da
posição.
o projetista deve válvula.
responder, quando
5.4. Escolha da escolhendo uma da pneumático
Ação válvula de controle é: o mola
que a válvula deve linha
compressão da mola
A segurança do processo determina o Fig. 1.30. Forças atuantes na válvula
tipo de ação da válvula:
1. falha-fechada (FC - fail close),
2. falha-aberta (FC - fail open), 3.
falha-indeterminada (FI - fail 5.5. Forças atuantes
indetermined), Os diagramas vetoriais mostram a
4. falha-última-posição (FL - fail last representação esquemática das forças,
position). quando a válvula é desligada, para os dois
A segurança também implica no casos possíveis, de ar para abrir e ar para
conhecimento antecipado das fechar, quando a vazão entra debaixo do
conseqüências das falha de alimentação obturador.
na mola, diafragma, pistão, controlador e

1.15
Construção
diafragma com área efetiva suficiente para
Quando a válvula abre, a força devida permitir o fechamento contra a pressão da
à pressão da linha diminui. Quando a linha e uma mola com elasticidade
válvula está fechada, esta força é máxima. suficiente para posicionar o obturador da
Quando a válvula está totalmente aberta, a válvula em resposta ao sinal contínuo da
força devida à pressão da linha é muito saída do controlador.
dissipada e a força contra o obturador é Há atuadores de diferentes tamanhos que
desprezível. Em posições intermediárias, a dependem dos seguintes parâmetros: 1.
força é também intermediária. pressão estática do processo, 2. curso da
haste da válvula,
5.6. Mudança da Ação 3. deslocamento da mola do atuador
e
Há vários modos de se inverter a ação 4. sede da válvula.
de controle do sistema constituído de A força gerada para operar a válvula é
controlador, atuador e válvula de controle: função da área do diafragma, da pressão
1. troca da posição do atuador, pneumática e da pressão do processo.
alternando a posição relativa diafragma Quanto maior a pressão do sinal
+ mola. pneumático, menor pode ser a área do
2. alguns atuadores possuem uma diafragma. Como normalmente o sinal de
alimentação alternativa: o sinal pode atuação é padrão, de 20 a 100 kPa (3 a 15
ser aplicado em dois pontos possíveis, psig), geralmente o tamanho do diafragma
cada um correspondendo a uma ação depende da pressão do processo; quando
de controle. maior a pressão do fluido do processo,
3. alteração do obturador + sede da maior deve ser a área do diafragma. O
válvula. atuador pneumático da válvula funciona
4. alteração do modo de controle, no apenas com o sinal do controlador, padrão
próprio controlador. A maioria dos de 20 a 100 kPa. Ele não necessita do
controladores possui uma chave suprimento de ar de 120 a 140 kPa (20-22
seletora para a ação de controle: direta psig).
(aumenta medição, aumenta sinal de O tamanho físico do atuador depende
saída) e inversa (aumenta medição, da pressão estática do processo e da
diminui sinal de saída). pressão do sinal pneumático. A faixa de
Na aplicação prática, deve se consultar a pressão mais comum é o sinal de 20 a 100
literatura técnica disponível e referente a kPa (3 a 15 psig); outra também usada é a
todos os equipamentos: controlador, de 40 a 200 kPa (6 a 30 psig). Os
atuador e válvula, para se definir qual a fabricantes apresentam equações para
solução mais simples, segura e flexível. dimensionar e escolher o atuador
pneumático.
Os atuadores industriais, para o sinal
de 100 kPa (15 psi), fornecem forças de
atuação de 400 a 2000 N.
É importante saber que embora a
saída linear de um controlador seja
nominalmente 20 a 100 kPa (ou 60 200
kPa), a largura de faixa da saída disponível
real é muito mais larga. A mínima saída é 7
kPa (0,5 psi) devida a algum vazamento do
relé e a máxima saída é escolhida de 120
kPa (18 psi) para refletir as perdas da linha
do controlador para a válvula. Assim, com
uma alimentação de 140 kPa, a saída real
Fig. 1.31. Atuador reversível diafragma - mola varia de 7 a 120 kPa.
As duas regras para dimensionar um
5.7. Dimensionamento do Atuador atuador, baseando-se na faixa real do sinal
O atuador pneumático deve ter um
1.16
Construção
instrumentação eletrônica, com
do controlador em 7 a 120 kPa (mais larga controladores eletrônicos que geral 4 a 20
que a padrão de 20 a 100 kPa) são: 1. Se mA cc, a norma é se usar o atuador
a ação é ar para abrir, a força pneumático com diafragma e mola. Para
compressiva inicial da mola deve ser compatibilizar seu uso, insere-se na malha
suficiente para superar o efeito da de controle o transdutor corrente – para –
pressão da linha mais 30 kPa ou 25% pneumático (i/p). O conjunto transdutor I/P
da pressão inicial da mola teórica, a + atuador pneumático é ainda mais
que for maior, para garantir um simples, eficiente, rápido e econômico que
fechamento completo. o atuador eletromecânico disponível
2. Se a ação é ar para fechar, a força comercialmente.
inicial da mola tende a manter o
Atuador a Pistão
obturador fora do assento. Por esta
O atuador a pistão é usado
razão, deve-se ter uma pressão de 4
normalmente quando se quer a máxima
kPa aplicada no diafragma. Depois que
saída da passagem, com resposta rápida,
a válvula estiver totalmente
tipicamente em aplicações com altas
movimentada, o restante da saída do
pressões do processo. Este atuador opera
sinal do controlador é usado para como
usando um suprimento de pressão
força de assento.
pneumática elevada, ate de 1 Mpa (150
psig). Os melhores projetos possuem dupla
5.8. Atuador e Outro Elemento Final
ação para dar a máxima abertura, nas
O atuador de válvula pode, duas direções.
excepcionalmente, ser acoplado a outro
equipamento que não seja a válvula de Atuador Eletromecânico
controle. Assim, é comum o uso do atuador Com o uso cada vez mais freqüente da
pneumático associado a cilindro, instrumentação eletrônica, o sinal padrão
basculante e bóia. Mesmo nas para acionamento da válvula é o de 4 a 20
combinações que não envolvem a válvula, mA cc. Assim, deve-se desenvolver um
o atuador é ainda acionado pelo sinal mecanismo que converta este sinal de
pneumático padrão do controlador. A corrente elétrica em um movimento e
função do atuador continua a de converter abertura da válvula. A solução mais
o sinal de 20 a 100 kPa em força que pode freqüente e econômica é a de usar um
provocar um movimento. transdutor corrente – para - ar pneumático
e continuar usando a válvula com atuador
pneumático.
São disponíveis atuadores
eletromecânicos que convertem o sinal da
saída do controlador eletrônico em
movimento e abertura da válvula, através
de um motor. Esta conversão corrente para
movimento é direta, sem passar pelo sinal
pneumático. Pretendia-se ter um atuador
rápido, porém, na prática, os atuadores
eletromecânicos são poucos usados, por
causa do custo elevado e complexidade.
Ainda é mais conveniente usar o conjunto
transdutor I/P e atuador pneumático.
Fig. 1.32. Posicionador e transdutor i/p integral
Mesmo em sistema com
1.17
econômico ou não se tem energia de
alimentação disponível. Em outra
aplicação, é possível e conveniente
substituir toda a malha de controle de
vazão por uma bomba de medição a
deslocamento positivo ou por uma bomba

2
Desempenho
Objetivos de Ensino
1. Apresentar os principais parâmetros
relacionados com o desempenho da
válvula de controle.
2. Descrever os conceitos, relações centrífuga com velocidade variável. A
matemáticas e significado físico das relação custo - beneficio destas
características inerente e instalada alternativas é usualmente obtida pelo custo
da válvula. muito menor do bombeamento, pois não se
3. Apresentar as principais irá produzir energia para ser queimada na
características de válvula de queda de pressão através da válvula de
controle: linear, igual percentagem e controle.
de abertura rápida.
4. Conceituar rangeabilidade e 1.2. Dados do Processo
controlabilidade da válvula de Quando se decide usar a válvula de
controle. controle, deve-se selecionar o tipo correto
5. Apresentar as exigências de e dimensiona-se adequadamente. Para a
estanqueidade da válvula de seleção da válvula certa deve-se entender
controle. completamente o processo que a válvula
controla. Conhecer completamente
1. Aplicação da Válvula significa conhecer as condições normais
de operação e as exigências que a válvula
deve satisfazer durante as condições de
1.1. Introdução partida, desligamento do processo e
emergência.
Antes de especificar e dimensionar Todas os dados do processo devem
uma válvula de controle, deve-se avaliar se ser conhecidos antecipadamente, como os
a válvula é realmente necessária ou se valores da vazões (mínima, normal e
existe um meio mais simples e mais máxima), pressão estática do processo,
econômico de executar o que se deseja. pressão de vapor do líquido, densidade,
Por exemplo, pode-se usar uma válvula temperatura, viscosidade. É desejável
autocontrolada em vez da válvula de identificar as fontes e naturezas dos
controle, quando se aceita um controle distúrbios potenciais e variações de carga
menos rigoroso, se quer um sistema
do processo. processo devem também estabelecer se a
Deve-se determinar ou conhecer as válvula necessita fornecer vedação total,
exigências de qualidade do processo, de quando fechada, qual deve ser o nível
modo a identificar as tolerâncias e erros aceitável de ruído, se há possibilidade de
aceitáveis no controle. Os dados do martelo d'água, se a vazão é pulsante.

2.1
Desempenho
crítica ou sônica (choked)
São definidas duas características:
1.3. Desempenho da Válvula
1. inerente
O bom desempenho da válvula de 2. instalada
controle significa que a válvula A característica inerente da válvula se
1. é estável em toda a faixa de operação refere à característica observada com uma
do processo, queda de pressão constante através da
2. não opera próxima de seu fechamento válvula; é a característica da válvula
ou de sua abertura total, construída e fora do processo. A instalada
3. é suficientemente rápida para corrigir se refere à característica quando a válvula
os distúrbios e as variações de carga está em operação real, com uma queda de
do processo, pressão variável e interagindo com as
4. não requer a modificação da sintonia do influências do processo não considerados
controlador depois de cada variação de no projeto.
carga do processo.
Para se conseguir este bom
desempenho da válvula, deve-se
considerar os fatores que afetam seu
desempenho, tais como característica,
rangeabilidades inerente e instalada,
ganho, queda de pressão provocada,
vazamento quando fechada,
características do fluido e resposta do
atuador.

2. Característica da Válvula

2.1. Conceito
A característica da válvula de controle
é definida como a relação entre a vazão
através de válvula e a posição da válvula Fig. 2.1. Características típicas de válvulas
variando ambas de 0% a 100%. A vazão
na válvula depende do sinal de saída do 2.2. Características da Válvula e do
controlador que vai para o atuador da Processo
válvula. Na definição da característica,
Para se ter um controle eficiente e
admite-se que:
estável em todas as condições de
1. o atuador da válvula é linear (o
operação do processo, a malha de controle
deslocamento da haste da válvula é
deve ter um comportamento constante em
proporcional à saída do controlador),
toda a faixa. Isto significa que a malha
2. a queda de pressão através da válvula
completa do processo, definida como a
é constante,
combinação de sensor, transmissor,
3. o fluido do processo não está em
controlador, válvula, processo e algum
cavitação, flacheamento ou na vazão
outro componente, deve ter seu ganho e comportamento da válvula não-linear, para
dinâmicas os mais constantes possível. Ter tornar linear a combinação sensor
um comportamento constante transmissor-controlador-processo. Se isso
simplesmente significa ser linear. é feito corretamente, a nova combinação
Na prática, a maioria dos processos é sensor-transmissor-processo-válvula se
não-linear, fazendo a combinação sensor torna linear, ou com o ganho constante. O
transmissor-controlador-processo não comportamento da válvula é a sua
linear. Assim, deve-se ter o controlador característica de vazão.
não-linear para ter o sistema total linear. A O objetivo da caracterização da vazão
outra alternativa é a de escolher o é o de fornecer um ganho do processo

2.2
Desempenho
onde
total relativamente constante para a x é a excursão da haste da válvula,
maioria das condições de operação do X é a excursão máxima da válvula, a é
processo. uma constante; representando a
A característica da válvula depende do rangeabilidade da válvula.
seu tipo. Tipicamente os formatos do 2.4. Característica de Igual
contorno do plug e da sede da válvula Percentagem
definem a característica da válvula. As três
características típicas são: linear, igual Matematicamente, a vazão é
percentagem e abertura rápida; outras proporcional exponencialmente à abertura.
menos usadas são: hiperbólica, raiz O índice do expoente é a percentagem de
quadrática e parabólica. abertura.

2.3. Relações Matemáticas X1x



Para uma única fase líquida, a vazão f(x) R =
através da válvula é dada pela relação:
A razão do nome da característica de
∆ p igual percentagem está na variação da
= Q C f(x) v vazão em relação a posição da válvula:
ρ
df(x)
=⋅
onde
Q é a vazão volumétrica do líquido, Cv K f(x)
dx
é a capacidade de vazão da válvula ∆p é
a queda de pressão através da válvula, ou seja, para igual variação na posição da
ρ é a densidade do líquido em relação a haste, há a mesma percentagem de
água variação na vazão, independente do curso
f(x) é a curva característica da vazão na da válvula. A vazão varia de df/f para cada
válvula, onde incremento da posição da haste dx.

f(x) = x, para válvula linear

f(x) = x , raiz quadrática

X1x

f(x) a = , igual percentagem

1 f(x)
− − = , hiperbólica [a (a
1)x]
O termo igual percentagem se aplica
porque, iguais incrementos da posição da
válvula causam uma variação da vazão em
igual percentagem, isto e, quando se
aumenta a abertura da válvula de 1%, indo
de 20 a 21% na posição, a vazão irá
aumentar de 1% de seu valor à posição de
20%. Se a posição da válvula é aumentada
de 2%, indo de 60 a 62%, a vazão ira

Fig. 2.11. Características de igual percentagem

2.3
Desempenho

aumentar de 2% de seu valor à posição de


60%. A válvula é quase linear (e com
grande inclinação) próximo à sua abertura
máxima.
A característica de vazão de igual
percentagem produz uma muito pequena
vazão no inicio de sua abertura, mas
quando esta próxima de sua abertura total,
pequenas variações da abertura produzem
grandes variações de vazão. Ela exibe
melhor controle nas pequenas vazões e
um controle instável em altas vazões. A
válvula de igual percentagem é de abertura
lenta.

Fig. 2.2. Característica de igual percentagem, com


escala logarítmica na ordenada
vazão é estabelecida pela rotação da
haste.
A válvula de igual percentagem típica
possui rangeabilidade igual a 50, exibindo
uma inclinação de 3.9 (ln 50) na máxima
vazão.
Combinando a inclinação da válvula
com o ganho da válvula,
lnR f F ⋅⋅
G max v =
100

Como o produto (f x F 40
max) é a vazão rangeabilidade da válvula. Por exemplo,
real, o ganho da válvula de igual
percentagem não é uma função do
tamanho da válvula, enquanto a vazão
estiver confinada à faixa onde a
característica estiver não distorcida. A
característica da válvula hiperbólica se
aproxima da característica da válvula de uma válvula com rangeabilidade de R = 50, 30
igual percentagem. vaza 2% quando totalmente fechada. Na 20
prática, o projeto da válvula garante a sua
2.5. Característica Linear vedação, quando a válvula estiver
Na válvula com característica linear a
vazão é diretamente proporcional à
abertura da válvula. A abertura é
proporcional ao sinal padrão do
controlador, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig),
se pneumático e de 4 a 20 mA cc, se
eletrônico.

10
totalmente fechada, colocando-se um
100
ombro no plug.
90 As válvulas que, pelo projeto e
80 construção, naturalmente fornecem

70
%

Teoricamente, a válvula de igual

60
z

percentagem nunca veda totalmente, pois

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Curso, %
V

quando a posição da válvula estiver em


característica de igual percentagem são a
borboleta e a globo, onde a variação da
Fig. 2.3. Característica linear de válvula de controle
50
x = 0, a vazão será f = 1/R, onde R é a

2.4
Desempenho
vazão diretamente proporcional ao valor do
A característica linear produz uma deslocamento da válvula ou de sua
posição da haste. Quando a posição for de
50%, a vazão através da válvula é de 50% teórica e de projeto. Na prática, uma
de sua vazão máxima. válvula com característica inerente de igual
A válvula com característica linear percentagem se torna linear, quando
possui ganho constante em todas as instalada. A exceção, quando a
vazões. O desempenho do controle e característica inerente é igual à instalação,
uniforme e independente do ponto de ocorre quando se tem um sistema com
operação. bombeamento com velocidade variável,
Sua rangeabilidade é media, cerca de onde é possível se manter uma queda de
10:1. pressão constante através da válvula, pelo
ajuste da velocidade da bomba.
2.6. Característica de Abertura A característica instalada de qualquer
Rápida válvula depende dos seguintes
parâmetros:
A válvula de abertura rápida possui
1. característica inerente, ou a
característica oposta à da válvula de igual
característica para a válvula com queda
percentagem. A característica de vazão de
de pressão constante e a 100% de
abertura rápida produz uma grande vazão
abertura,
com pequeno deslocamento da haste da
2. relação da queda de pressão através
válvula. A curva é basicamente linear para
da válvula com a queda de pressão
a primeira parte do deslocamento com uma
total do sistema,
inclinação acentuada (grande ganho). Ela
3. fator de super dimensionamento da
introduz uma grande variação na vazão
válvula.
quando há uma pequena variação na
abertura da válvula, no inicio da faixa. A
válvula de abertura rápida apresenta
grande ganho em baixa vazão e um
pequeno ganho em grande vazão.
Ela não é adequada para controle
continuo, pois a vazão não é afetada para
a maioria de seu percurso. Tipicamente
usada para controle liga-desliga, batelada
e controle seqüencial e programado. Sua
rangeabilidade é pequena, cerca de 3:1.
Válvula típica de abertura rápida é a
Saunders.
A válvula raiz quadrática se aproxima Fig. 2.4. Característica linear inerente e instalada
da válvula de abertura rápida.
O tipo da característica instalada é útil
2.7. Característica Instalada em duas aplicações:
O dimensionamento da válvula se 1. para complementar a curva do
baseia na queda de pressão através da sensor/medidor de vazão. Se o ganho
válvula, tomada como constante e relativa do sensor é for linear e igual a 2 em
à abertura de 100% da válvula. Quando a toda a faixa, a característica da válvula
válvula está instalada na tubulação do deve ter uma inclinação de 1/2,
sistema, a queda de pressão através dela conseguida quando a relação entre a
varia, quando a vazão varia, ou seja, ela queda de pressão mínima sobre a
depende do resto do sistema. A vazão máxima valer 1/2 ,
está sujeita aos atritos viscosos na válvula. 2. para compensar o ganho do processo
A instalação afeta substancialmente a com ganho aumentando diretamente
característica e a rangeabilidade da com o aumento da vazão.
válvula. Quando o ganho da válvula variando
A característica instalada é real e inversamente com a vazão for indesejável,
diferente da característica inerente, que é

2.5
Desempenho
deseja realmente é ter a vazão através da
deve-se compensa-lo. A característica de válvula e de todos os equipamentos em
igual percentagem é a melhor para eliminar série com ela variando linearmente com o
o efeito da queda de pressão variável deslocamento de abertura da válvula.
sobre o ganho da válvula. Quando houver Como a queda de pressão na válvula varia
grande variação da queda de pressão na com a vazão (grande vazão, pequena
válvula (queda de pressão mínima sobre a queda de pressão) uma válvula não-linear
máxima é muito pequena), a característica normalmente fornece uma relação de
de igual percentagem se torna vazão linear após a instalação.
praticamente linear. As malhas de controle são usualmente
A queda de pressão variável reduz a sintonizadas nos níveis normais de carga e
rangeabilidade da válvula. Desde que a assume-se que o ganho total da malha não
vazão máxima ocorre com a mínima queda varia com o ganho do processo. Esta
de pressão na válvula e vice-versa, a hipótese é raramente encontrada, na
relação das quedas de pressão determina prática. O ganho do processo é
a rangeabilidade efetiva ou instalada da usualmente não linear. Como não se pode
válvula: sintonizar o controlador depois de cada
min selecionar a válvula de
p R R ∆ ef
∆ = p variação de carga do controle que irá
processo, é desejável
max compensar os efeitos das variações de
carga.
Quando a queda de pressão variar de A escolha da característica correta da
10:1, a rangeabilidade vai de 50 para 15.8. válvula para qualquer processo requer uma
É difícil prever o comportamento da analise dinâmica detalhada de todo o
válvula instalada, principalmente porque a processo. Há numerosos casos onde a
característica inerente se desvia muito da escolha da característica da válvula não
curva teórica, há não linearidades no resulta em conseqüências sérias. Qualquer
atuador da válvula, nas curvas das característica de válvula é aceitável
bombas. quando:
1. a constante de tempo do processo é
pequena (processo rápido), como
vazão, pressão de líquido e
temperatura com misturadores,
2. a banda proporcional ajustada do
controlador é estreita (alto ganho), 3. as
variações de carga do processo são
pequenas; menos que 2:1.
A válvula com característica linear é
comumente usada em processo de nível
de líquido e em outros processos onde a
queda da pressão através da válvula é
Fig. 2.5. Característica igual percentagem inerente e aproximadamente constante.
instalada A válvula com característica de igual
percentagem é a mais usada; geralmente,
em aplicações com grandes variações da
2.8. Escolha da Característica queda de pressão ou onde uma pequena
A escolha da característica da válvula e percentagem da queda de pressão do
seu efeito no dimensionamento é sistema total ocorre através da válvula.
fundamental para se ter um bom controle, Quando se tem a medição da vazão
em larga faixa de operação do processo. A com placa de orifício, cuja saída do
válvula com característica inerente linear transmissor é proporcional ao quadrado da
parece ser a mais desejável, porém o vazão, deve-se usar uma válvula com
objetivo do projetista é obter uma característica de raiz quadrática
característica instalada linear. O que se (aproximadamente a de abertura rápida). A
válvula com a característica de vazão de

2.6
Desempenho
2.9. Linearização da Característica
abertura rápida é, tipicamente, usada em Há situações em que se quer uma válvula
serviço de controle liga-desliga, onde se linear, mas ela não é disponível. Isto
deseja uma grande vazão, logo que a ocorre quando se quer usar uma válvula
válvula comece a abrir. borboleta ou esférica, por causa de sua
As recomendações (Driskell) para a mecânica, mas se quer uma válvula com
escolha da característica da válvula são: 1. característica linear, por causa do controle
Abertura rápida, para controle de vazão do processo. Um método de moderar a
com medição através da placa de característica exponencial é através de um
orifício e com variação da queda de divisor, com função:
pressão na válvula pequena (menor
que 2:1). yY X
2. Linear, para controle de vazão com +−=
medição através da placa de orifício e [Z (1 z)Z]
com variação da queda de pressão na
válvula grande (maior que 2:1 e menor onde
que 5:1). X é o sinal de saída do divisor,
3. Linear, para controle de vazão com Y e Z são os sinais de entrada do
sensor linear, nível e pressão de gás, multiplicador,
com variação de queda de pressão y é o ganho do multiplicador
através da válvula menor que 2:1. z é a polarização (bias) do
4. Igual percentagem, para controle de multiplicador
vazão com sensor linear, nível e O sinal do controlador entra nas duas
pressão de gás, com variação de entradas do multiplicador, de modo que
queda de pressão através da válvula sua saída fica
maior que 2:1 e menor que 5:1.
5. Igual percentagem, para controle de m f(m)
pressão de líquido, com qualquer +−=
variação da queda de pressão através [z (1 z)m]
da válvula.
Como há diferenças grandes entre as Esta curva passa pelos pontos (0,0) e
características inerente e instalada das (1,1), para quaisquer valores de z, com
válvulas e por causa da imprevisibilidade inclinação da curva determinada por z. A
da característica instalada, deve-se preferir inclinação da curva vale:
1. válvula cuja construção tenha uma
propriedade intrínseca, como a
caracterizada pelo
borboleta e a de disco df +−=
2
com abertura rápida, [z (1 m)m]
dm
2. válvula que seja
z
projeto, como as com plug linear e de instalada errada.
igual percentagem, Em resumo, a característica da válvula
3. válvula digital, que possa ser de controle deve casar com a
caracterizada por software, característica do processo. Este
4. característica que seja obtida através casamento significa que os ganhos do
de equipamento auxiliar, como gerador processo e da válvula combinados
de função, posicionador caracterizado, resultem em ganho total linear.
cam de formato especial. Estes Quando m = 0, a inclinação é 1/z;
instrumentos são principalmente úteis quando m = 1, a inclinação é z. A variação
para a alteração da característica
2 ganho é também a rangeabilidade. O
do ganho é entre 1/z . Quando z = 0.1, a divisor usado para linearizar o ganho de
curva varia de 10 a 0.1, com uma válvula de igual percentagem deve ter
rangeabilidade de 100. seu ganho variando da mesma quantidade.
O ganho de uma válvula igual Assim, uma estimativa rápida para o valor
percentagem varia diretamente com a de z para linearizar a válvula vale:
vazão. Deste modo, a sua variação de

2.7
Desempenho
consistente com uma boa rangeabilidade
e com a característica de conformidade
z= com as exigências do comportamento do
fatores de atrito são levantados processo. Um alto C
v é obtido quando o
1 2. mudanças na direção da trajetória
da vazão.
experimentalmente e disponíveis na
3. obstruções na trajetória da vazão.
R 4. mudanças graduais ou repentinas
na seção transversal e formato da
trajetória da vazão.
literatura (Crane). Eles dependem de:
A velocidade na tubulação é obtida da
Para a válvula com rangeabilidade perda da pressão estática e a
de 50 o z deve ser ajustado em 0.141. diminuição da pressão estática devida
a velocidade é
2.10. Vazão do Corpo
2
A boa válvula de controle deve ter v
grande coeficiente de vazão (C h=
uma v)
corpo e os internos bem projetados. L
2g
(trim) da válvula são n

1 1
Tem-se: =+1

conexão em uma tubulação também causa


que é definida como a altura da
velocidade. A vazão através da válvula ou
2 2 2
C
vC
C uma redução na pressão pressão (head)
estática que pode da velocidade.
t
onde
b
ser expressa em termos da
C da válvula
v é o coeficiente de vazão da válvula O coeficiente de resistência K na
C equação
b é o coeficiente de vazão do corpo
v não varia e os C
C
h = K ve
t é o coeficiente 2 L
2g
de vazão do trim válvula n
da O C praticamente
b
C 1. Atrito da tubulação, que é uma função
t variam muito com a posição da haste;
para isso Cb deve ser muito maior que é deste modo, definido como o número da
perda da pressão de velocidade devida a
C válvula ou a conexão. O fator K está
t. Fisicamente, isto significa que existe
sempre associado com o diâmetro em que
um
ocorre a velocidade. Em muitas válvulas ou
limite para o tamanho do trim em um
conexões, as perdas devidas ao atrito
particular tamanho do corpo da válvula.
resultante de um comprimento real da
trajetória da velocidade são menores,
2.11. Coeficiente de Resistência K comparadas aquelas devidas a um ou mais
Os dados do teste de perda de pressão das outras três categorias listadas.
para uma grande variedade de válvulas e O coeficiente de resistência K é assim
conexões são disponíveis do trabalho de considerada como sendo independente do
numeroso pesquisadores. Estudos fator de atrito ou número de Reynolds e
extensivos no campo tem sido feitos pelo pode ser tratada como uma constante para
Crane. Porém, devido à perda de tempo e qualquer obstrução dada (i.e., válvula ou
alto custo destes testes, é virtualmente conexão) em um sistema de tubulação sob
impossível obter dados de testes para todas as condições de vazão, incluindo
cada tamanho e tipo de válvula e conexão. laminar.
As perdas de pressão em um sistema A mesma perda na tubulação reta é
de tubulação resulta de um número de expressa pela equação de Darcy:
características do sistema, que podem ser
classificados como:
da parede =
da rugosidade v
da superfície fL h     2
 
interior da tubulação, do D
diâmetro interno da tubulação n
e da velocidade, densidade e Segue se que:
viscosidade do fluido. Os
L
2g

2.8
Desempenho
tamanhos de um dado projeto ou linha de
válvulas e conexões, se todos os
tamanhos forem geometricamente
L
K=f similares. Porém, a similaridade
D geométrica é rara, por causa de o projeto
de válvulas e conexões ser ditada pela
A relação L/D é o comprimento economia do fabricante, normas,
equivalente, em diâmetros de tubulação resistência estrutural e outras
reta, que causará a mesma queda de considerações.
pressão como a obstrução sob as mesmas Os dados experimentais mostram que
condições de vazão. Desde que o as curvas de K apresentam uma tendência
coeficiente de resistência K é constante definida para seguir a mesma inclinação da
para todas as condições de vazão, o valor curva f(L/D) para tubulação de aço
de L/D para qualquer válvula dada ou comercial e limpa, em condições de vazão
conexão deve necessariamente variar resultando em um fator de atrito constante.
inversamente com a mudança no fator de É provavelmente coincidência que o efeito
atrito para diferentes condições de vazão. da diferença geométrica entre diferentes
O coeficiente de resistência K seria tamanhos da mesma linha de válvulas ou
teoricamente constante para todos os conexões sobre o coeficiente de
resistência K é semelhante aquele da
rugosidade relativa, ou tamanho da alargamentos graduais ou repentinos e
tubulação, sobre o fator de atrito. entradas e saídas na tubulação, que
Experimentalmente se conclui que o possuem similaridade geométrica entre
coeficiente de resistência K, para uma tamanhos. Os coeficientes de resistência
dada linha de válvulas ou conexões, tende (K) para estes itens são independentes do
a variar com o tamanho, como ocorre com tamanho, como indicados pela ausência do
o fator de atrito, f, para tubo de aço fator de atrito em seus valores dados na
comercial e limpo, em condições de vazão tabela.
resultando em um fator de atrito constante Como dito anteriormente, o coeficiente
e que o comprimento equivalente L/D de atrito é sempre associado com o
tender em direção a uma constante para diâmetro em que a velocidade no termo
os vários tamanhos de uma dada linha de 2/2g
válvulas ou conexões, nas mesmas (v c) ocorre. Os valores na Tabela do
condições de vazão. fator K são associados com o diâmetro
interno dos seguintes schedules de
Na base desta relação, a coeficiente de
resistência K para cada tipo de válvula tubulações, para as várias classes de
ilustrado e conexão é mostrado no válvulas e conexões:
Apêndice deste trabalho. Estes
coeficientes são dados como produto do
Tab.1 - Fator K e Schedule
fator de atrito para o tamanho desejado de
tubulação de aço comercial limpo com Classe 300 e menor Schedule 40 Classe
vazão totalmente turbulenta e uma
constante, que representa o comprimento 400 e 600 Schedule 80 Classe 900
equivalente L/D para a válvula ou conexão Schedule 120 Classe 1500 Schedule 160
nos diâmetros da tubulação para as Classe 2500 (1/2 a 6") XXS
mesmas condições de vazão, na base dos
dados do teste. Este comprimento Classe 2500 (> 8") Schedule 160
equivalente ou constante é valido para
todos os tamanhos do tipo de válvula ou
conexão com que é identificado. 2.12. Coeficiente de Descarga
Os fatores de atrito para tubulação de OC
aço comercial e limpo com a vazão v da válvula depende do seu tipo.
turbulenta (f Para indicar a capacidade relativa entre
T), para tamanhos nominais de válvulas diferentes, define-se o coeficiente
1/2 a 24" (15 a 600 mm) são tabulados no
de descarga, C
inicio da Tabela do Fator K (A.26) . d:
Há algumas resistências à vazão na
tubulação, tais como as contrações e

2.9
Desempenho
dQ

C A resistência hidráulica é um
vd
d C= parâmetro importante para a seleção da
2 válvula, derivado da expressão do Cv. A
partir da expressão do Cv,
onde d é o diâmetro da válvula.
Q
Cv
2.13. Resistência Hidráulica
Resistência hidráulica ou resistência ρ=
acústica é variação da queda de pressão muito grandes, com o mesmo
na válvula pela variação da vazão. desempenho. Na prática, é difícil definir
com exatidão o que seja controlável com
dp mesma eficiência e por isso os números
R=
especificados variam de 10 a 1 000%.

Fig. 2.6. Característica e rangeabilidade da válvula


∆ p
Em inglês, rangeabilidade (rangeability)
e da definição de resistência hidráulica (R), é também chamada de turn-down. A
tem-se, para as condições turbulentas e rangeabilidade realmente dá a faixa usável
uma válvula industrial: da válvula. O mais importante é ter bom
senso e tratar o conceito de rangeabilidade
p ∆ sob um ponto de vista qualitativo. Este
Rm 2 = conceito é importante por duas razões:
Q 1. ele diz o ponto em que se espera que a
válvula atue em liga-desliga ou perca
onde R completamente o controle, devido a
m é a resistência hidráulica media, vazamentos,
pois as resistências hidráulicas antes e
2. ele estabelece o ponto em que a
depois da válvula são diferentes, característica começa a se desviar do
Conclui-se que esperado.
1. o C Buckley define rangeabilidade como
v é grande para pequenas quedas
de pressão e grandes vazões. sendo a relação entre a vazão
2. a resistência hidráulica é grande para correspondente a 95% de abertura da
grandes quedas de pressão e válvula (x = 0.95 x
max) sobre a vazão
pequenas vazões. (x =
correspondente a 10% da abertura
0.10 x
3. Rangeabilidade max). Isto significa que a válvula
opera de um modo eficiente entre 10% e
Um fator de mérito muito importante no 95% de sua abertura total.
estudo da válvula de controle é a sua A rangeabilidade da válvula está
rangeabilidade. Por definição, a associada diretamente à característica da
rangeabilidade da válvula de controle é a válvula. A válvula com característica
relação matemática entre a máxima vazão inerente de abertura rápida está
sobre a mínima vazão controláveis com a praticamente aberta a 40%, pois ela só
mesma eficiência. É desejável se ter alta fornece controle estável entre 10% e 40%
rangeabilidade, de modo que a válvula
possa controlar vazões muito pequenas e

2.10
Desempenho
e sua rangeabilidade é de 4:1. A válvula de
4.1. Ganho
abertura rápida tem uma ganho variável,
muito grande em vazão pequena e O ganho estático de qualquer
praticamente zero em vazão alta. Ela é instrumento é a relação entre a entrada
instável em vazão baixa e inoperante em sobre a saída. O ganho dinâmico é a
alta vazão. relação entre a variação da entrada sobre
A rangeabilidade da válvula com a variação da saída. Na válvula de
característica inerente linear é de 10:1 pois controle, a entrada é o deslocamento (x)
ela fornece controle entre 10 e 100%. A da haste e a saída é a vazão
válvula linear possui ganho (sensibilidade) correspondente (q). O ganho dinâmico da
uniforme em toda a faixa de abertura da válvula é a relação entre a variação de
válvula, ou seja, a mesma dificuldade e vazão sobre a variação da sua haste.
precisão que se tem para medir e controlar Matematicamente,
100% da vazão, tem se em 10%.
A válvula com característica inerente Q v ∂
de igual percentagem tem rangeabilidade G ∂ =
de aproximadamente 40:1, pois ela x
controla desde 2,5 a 100%. A válvula com
igual percentagem possui ganho variável, ou na forma normalizada:
pequeno em vazão baixa e elevado em
vazão alta. Ela possui um desempenho ∂
excelente em baixas vazões e é instável =
para vazões muito elevadas.
4. Controle da Válvula
Patranabis define a 1 Q
rangeabilidade G
Nv

como a relação mínimo da Q n
do Cv máximo válvula. onde x
sobre o Cv

Lipták define rangeabilidade intrínseca Q é a vazão instantânea


como a relação do Cv(max) para o Q
n é a vazão normal de operação
Cv(min), entre os quais o ganho da válvula x é o deslocamento da haste da
não varie mais que 50% do valor teórico. válvula
Por esta definição, a rangeabilidade da X
válvula linear é maior do que a da válvula o é o deslocamento correspondente à
de igual percentagem. abertura total
Na consideração da rangeabilidade da G
válvula, é importante se considerar que a v é o ganho da válvula
rangeabilidade da válvula instalada é G
Nv é o ganho normalizado, expresso
diferente da rangeabilidade teórica, fora do como percentagem, com a vazão
processo. A rangeabilidade instalada é variando em percentagem (Q/Q
sempre menor que a teórica. Isso ocorre n) e
porque o Cv instalado é geralmente maior a haste variando em percentagem
que o Cv teórico. Por exemplo, se o Cv (x/X
real é cerca de 1,2 do Cv teórico, a o).
Por exemplo, se uma válvula é capaz
máxima vazão controlada pela válvula é
de manipular 500 LPM, quando totalmente
cerca de 80% da abertura da válvula. Se a
aberta, o seu ganho é de 5 LPM/%.
válvula é de igual percentagem, 80% da
O ganho do processo, sob o ponto de
abertura corresponde a cerca de 50% da
vista da válvula de controle, é a variação
vazão. Deste modo, a rangeabilidade
da variável de processo controlada sobre a
instalada real é a metade da teórica
variação de vazão manipulada
inerente.
correspondente. Por exemplo, quando se
controle o nível h através da manipulação dQ
da vazão q, o ganho do processo vale:
assumindo todas as outras condições
dh constantes.
Gp =

2.11
Desempenho
Pela analise das relações matemáticas
Como já visto, a vazão de um líquido tem-se:
através da válvula depende do C 1. o ganho inerente da válvula linear é
v, da
característica da válvula, da queda de constante e independe da posição da
pressão através da válvula e da densidade válvula.
relativa do líquido em relação a água. Para 2. o ganho inerente (com queda de
que a vazão que varie com a posição da pressão através da válvula constante)
válvula, com uma queda de pressão e da válvula de igual percentagem varia
gravidade especificas constantes, o diretamente com a posição da válvula.
coeficiente Cv deve variar também com a Isto pode ser fácil e diretamente
posição da válvula. Assim, o Cv é função observado nas curvas das características
da posição da válvula. inerentes da válvula. A inclinação da curva
Do mesmo modo que a rangeabilidade (ganho) da válvula linear é constante: a
da válvula, o seu Cv teórico ou inerente inclinação da curva da válvula de igual
(C percentagem é pequena em vazões baixas
vt) é diferente do Cv real ou instalado e grande, nas vazões elevadas.
(C O ganho instalado é diferente do ganho
vr). inerente. Realmente como mostrado pelas
Tem-se
curvas, o ganho instalado da válvula de
igual percentagem é mais constante que o
C =C
vr vt . x (válvula linear) ganho instalado da válvula linear. O ganho
instalado da válvula linear é grande em
C =C x-1
vr vt . a (válvula igual pequenas vazões e pequeno em grandes
percentagem vazões. Ou seja, o ganho instalado da
válvula de igual percentagem é
onde a é um parâmetro de rangeabilidade aproximadamente igual ao ganho inerente
da válvula. da válvula linear. O ganho instalado da
Das relações entre o coeficiente de válvula linear é aproximadamente igual ao
vazão Cvt e a posição da válvula (x), ganho inerente da válvula de abertura
considerando a queda de pressão e a rápida.
densidade constantes, pode-se calcular os
ganhos das válvulas linear e de igual 4.2. Dinâmica
percentagem: A válvula com atuador pneumático é o
elemento final de controle mais usado. Ela
Válvula linear faz parte da maioria das malhas de
controle automático e continuo dos
Vazão Q = C
vt . x processos industriais.
A posição da haste (ou a posição do
Ganho dQ/dx = K C plug no fim das haste) determina o
vt
tamanho da abertura para a passagem da
vazão. A posição da haste é determinada
Válvula de igual percentagem pelo balanço de todas forças que agem
nela. Tem-se
Vazão Q = C pA - força exercida pelo sinal
vt . ax-1
pneumático no topo do diafragma,
Ganho dQ/dx = KC onde
vt ax-1
p é a pressão que abre e fecha a M massa da haste da válvula.
válvula (20 a 100 kPa), proveniente Nesta válvula, esta força age para cima.
da saída do controlador, C dx/dt - força de atrito exercida para
A é a área do diafragma. cima e resultante do contato direto entre
Nesta válvula, a força age para baixo. a haste e o engaxetamento da válvula,
Kx - força exercida pela mola acoplada onde
à haste e ao diafragma, onde C é o coeficiente de atrito entre a haste
K é a constante de Hook da mola, e o engaxetamento.
x é o deslocamento da haste,

2.12
Desempenho
Interpretando fisicamente o significado
das equações diferenciais, o modelo
matemático da válvula que descreve seu
comportamento dinâmico é de segunda
ordem. Porém, a resposta às variações
das válvulas pequenas e medias (pequeno
M) é tão rápida, que sua dinâmica pode ser
considerada de primeira ordem.
Adicionalmente, quando o coeficiente de
atrito é desprezível e a constante da mola
é grande (C/K = 0) a dinâmica da válvula
pode ser desprezada. Neste caso, fica
apenas um ganho constante, que relaciona
a saída do controlador com a vazão do
fluido através da válvula.

4.3. Controlabilidade da Válvula


A constante de tempo do processo
Fig. 2..7. Forças no atuador da válvula depende do tamanho da válvula e como
conseqüência, a banda proporcional
ajustada no controlador é função do
Pela segunda lei de Newton (força = tamanho da válvula.
massa x aceleração),
M Uma válvula maior do que o
dx 2
pA − Kx − C = superdimensionada, necessário,
dx
com o Cv instalado
2
fechamento e modo, o ganho
opera apenas na numa largura de da válvula
ou parte inferior de faixa menor que superdimensiona
2 sua 100%. da é grande e a
M g excursão, Dito de outro banda
dt dt próxima de seu
dx dx p
C KA
++=
g 2 dt
K proporcion no correspond ser larga,
dt x al ajustada controlador ente deve para
Sua função de transferência
Esta é uma equação
vale:
diferencial do segundo grau; a
compensar.
válvula exibe uma dinâmica
de segunda ordem inerente.
p(s)
=
M
A
K
x(s) C
s
2
++
gK K s1

Na prática, como M é muito menor que


K g (a massa da haste é muito menor que
o produto da constante da mola pela
aceleração da gravidade), tem-se a função
de transferência de um sistema de primeira
ordem:

A
()
xs = C K

1()
ps K
s +

2.13
Desempenho
para muitos fluidos, o vazamento pode
exceder os limites desejados.
5. Vedação e Estanqueidade

Tab. 2.1. Classificação de estanqueidade das


5.1. Classificação válvulas conforme ANSI B16.104-1976
Não se deve usar uma única válvula
para fornecer simultaneamente as funções Classe I Não testadas nem garantidas
de controle e de vedação completa (tight para vazamentos
shutoff). As melhores válvulas para
Classe II Vazamento menor que 0.5% da
bloqueio não são necessariamente as vazão máxima
melhores escolhas para o controle. A
vedação entre entrada e saída da
vazão máxima
válvula está relacionada com a 5. não se pode esperar que os
possibilidade e probabilidade vazamentos estabelecidos Vazamento menor que 0.01% da
de devam ser mantidos após a vazão máxima
vazamento. A norma ANSI válvula ser colocada em
B16.104 (1976) 1. trata do operação Vazamento menor que 5x10-4
O preço de um a válvula mL/min de vazão d'água por
vazamento de válvulas de
aumenta muito polegada do diâmetro da sede
controle novas e sem uso
2. se limita a válvulas com Cv Classe III Válvula com sede macia e
acima de 0,1 vazamento expresso como vazão
Classe IV
volumétrica de ar, com pressão
3. especifica os procedimentos
Classe V diferencial nominal de até 345
e tolerâncias dos testes para kPa (345 psig), conforme a Tab.
seis classes de vazamento 2.2..
4. é dirigida para fabricantes Classe VI
Vazamento menor que 0.1% da
satisfatórios. Pode se dizer que uma sede
macia veda, para fins práticos.
quando se exige um teste de vazamento; De acordo com a norma (ANSI B
em alguns casos o preço dobra. 16.104), as válvulas são categorizadas em
Qualquer vazão através da válvula seis classes, de acordo com seu
totalmente fechada, quando exposta à vazamento permissível. Estes limites de
pressão diferencial e à temperatura de estanqueidade são aplicáveis apenas à
operação é chamada de vazamento válvula nova, sem uso.
(leakage). O vazamento é expresso como
uma quantidade acumulada durante um
período de tempo especifico, para Tab. 2.2. Classificação de estanqueidade das
aplicações de fechamento com vedação válvulas Classe VI por ANSI B16.104-1976
completa ou como percentagem da Diâmetro nominal Vazament
capacidade total, para as válvulas de o
controle convencionais.
Os vazamentos especificados pelos Inch mm mL/min
testes da ANSI não podem ser
extrapolados para outras pressões 1 25 0,15
diferenciais e para outros fluidos diferentes
dos usados. A vazão de vazamento é 1½ 38 0,30
laminar e o Cv da válvula não importa e é
usado apenas como critério para o 2 50 0,45
tamanho relativo do orifício. Quando se
3 75 0,90
compra um teste de válvula, tem-se
apenas a garantia que a válvula é capaz 4 100 1,70
de atender uma certa medida de
estanqueidade. Para reter esta 6 150 4,00
característica em operação, a válvula
requer manutenção preventiva periódica e 8 200 6,75
Não se espera que a válvula de
controle seja à prova de vazamento, mas
se a vedação da sede é importante,
existem meios de se conseguir resultados
2.14
Desempenho
está a uma temperatura diferente da
temperatura do plug ou quando o
5.2. Vazamento
coeficiente de dilatação termal do material
Alguns fabricantes listam em seus do corpo é diferente do coeficiente do
catálogos os coeficientes de vazão, Cv, material do plug. Em algumas válvulas, por
aplicáveis para as válvulas totalmente exemplo, nas borboletas, é prática usual
abertas e os valores dos vazamentos, deixar espaçamentos entre o disco e a
quando totalmente fechadas. Estes valores sede, para acomodar a expansão do disco,
só valem para a válvula nova, limpa, quando se tem grandes variações de
operando nas condições ambientes. Após temperatura do processo. O vazamento
alguns anos de serviço, o vazamento da nestas válvulas será maior quando se
válvula varia drasticamente, em função da estiver operando em temperaturas abaixo
instalação, temperatura, pressão e da temperatura de projeto da válvula.
características do fluido. Gradientes de temperatura através da
A estanqueidade depende da válvula também podem gerar tensões
viscosidade dos fluidos; fluidos com mecânicas que provocam ou aumentam o
viscosidade muito baixa são muito difíceis vazamento. Tais gradientes são freqüentes
de serem contidos; por exemplo, em serviço de mistura de fluidos em
dowtherm, freon, hidrogênio. válvulas de três vias, quando tais fluidos se
A temperatura afeta o vazamento, encontram em temperaturas diferentes.
principalmente quando o corpo da válvula Tensões mecânicas na tubulação onde
está instalada a válvula podem também pequenas podem suportar grandes forças
provocar vazamentos na válvula. Por isso em suas sedes. Por isso, os materiais da
deve se tomar cuidados em sua instalação sede devem ser duros, para suportar estas
e principalmente no aperto dos parafusos. grandes forças de fechamento. Os
Deve-se isolar a válvula das forças materiais mais apropriados para aplicações
externas da tubulação, através de com fluidos não lubrificantes, abrasivos,
suportes. com alta temperatura são aço Stellite ou
inoxidável endurecido
Por outro lado, os materiais da sede
devem ser macios para prover a vedação
completa, durante longos períodos. Os
R
materiais padrão são o Teflon e Buna-N.
O Teflon é superior na resistência à
Fig. 2.8. Estanqueidade da válvula (bloqueio da corrosão e na compatibilidade à alta
entrada para a saída) o
temperatura (até 250 C); o Buna-N é mais
macio, mas é limitado a temperaturas
5.3. Válvulas de Bloqueio o
abaixo de 100 C. Estes materiais devem
Quanto maior a força de assentamento operar em pressões menores que 3 MPa
na válvula, menor é a probabilidade de (450 psig) e com fluidos não abrasivos.
ocorrer vazamentos. Somente as válvulas

2.15
3.
Aplicações

projeto é baseado em muitas hipóteses e


Objetivos aproximações. Quando o equipamento é
comprado e o layout da planta fica pronto,
1. Listar todas as informações os dados se tornam definitivos, mas
necessárias para selecionar, diferentes dos originais. Os dados
dimensionar e especificar uma definitivos seriam aqueles dos fabricantes
válvula de controle. das bombas e de outros equipamentos,
2. Avaliar a necessidade de cada dado depois de recebidos e analisados. Mas,
individual e as tolerâncias geralmente isto é muito tarde. Muitas
associadas devidas às distorções vezes, depois que a válvula foi comprada,
humanas. os dados são alterados, resultando em não
3. Listar as razões para documentar e cumprimento de orçamentos e
preservar as fontes de dados e as cronogramas.
razoes atrás das decisões tomadas. 4. Em plantas existentes, os dados podem
Apresentar os termos usuais ser também não confiáveis, pois os
associados com a vazão de fluido desenhos desaparecem, as modificações
através de uma válvula de controle 5. não são documentadas, as tubulações são
Propor as equações básicas para a modificadas, as plaquetas de identificação
vazão de líquidos e gases através de de instrumentos e equipamentos
uma válvula. desaparecem ou ficam ilegíveis, as
espessuras das paredes de tubulações se
alteram ou são desconhecidas.
1. Dados do Processo Cada firma de engenharia e cada planta
tem métodos de operação diferentes,
fontes diferentes e pessoas diferentes, de
1.1. Coleta de dados modo que não existe uma única regra para
Depois da analisar a aplicação, definir a a coleta dos dados confiáveis. Esta coleta
função da válvula e estabelecer os fatores de dados é mais um problema de gente do
de segurança, o próximo passo é coletar que de qualquer outra coisa. Quando se
os dados confiáveis a serem usados na tem uma informação, é necessário julgar
seleção e dimensionamento da válvula. sua autenticidade e confiabilidade, que
Estes dados devem ser documentados dependem da fonte. Às vezes, se
adequadamente para uso e referência necessita de uma informação que ainda
futuros. não é disponível, pois os cronogramas se
Porém, às vezes, a coleta de dados baseiam no que é desejável e não no que
completos e confiáveis é a parte mais difícil é possível.
do trabalho. Em plantas novas, durante o Incertezas de números resultam sempre
projeto, muita informação ainda não é em superdimensionamento. O
disponível, muitos números são conservadorismo natural dos projetistas
aproximados e todos os dados podem sempre resulta em válvula maior que a
sofrer revisão. Isto significa que o primeiro necessária, pois em caso de dúvida,
sempre se toma a maior vazão ou a menor
3.1
Aplicações
tubulação e qual a influência do
queda de pressão através da válvula. líquido de limpeza na válvula.
Todos os excessos se acumulam e no final 7. necessita de tratamento após a
se tem uma válvula maior que a correta e, operação e como isso afeta a
no final, ela vai trabalhar em 40% de sua válvula.
capacidade em vez de 80%. Projeto Deve-se estabelecer as propriedades
superdimensionado resulta em custos físicas do fluido e as condições referidas.
adicionais devidos a retrabalhos, multas de As condições padrão, definidas pela
fornecedores, manutenção mais freqüente, ISO 5024 (1976) são:
desperdício de energia e pior qualidade de Temperatura: 15,0 oC (288 K ou 59,0 oF)
controle. Pressão: 101,325 kPa (14,696 psi abs)
Umidade relativa: 0%
1.2. Condições de Operação As condições de operação, de trabalho
ou reais são aquelas efetivamente
O fluido que passa dentro da válvula presentes no processo.
deve ser completamente identificado em Por exemplo, a vazão volumétrica de ar
sua entrada, ou seja, deve se saber se igual a 100 m3/h, nas condições reais de
1. o fluido é puro ou é uma mistura
30 oC e 200 kPa equivalem a
2. o fluido é limpo ou possui
1. 100 m3/h real (30 oC e 100 kPa) 2.
contaminantes
180 m3/h normal (0 oC e 101 kPa) 3. 190
Por exemplo, uma pequena quantidade
de umidade no cloro faz uma grande m3/h padrão (15 oC e 101 kPa) Em
diferença em seu poder de corrosão e inglês, as unidades e abreviaturas
portanto nos materiais de construção das comuns são:
partes molhadas da válvula. A água ACFM – actual cubic feet/minute – real
desmineralizada é corrosiva para alguns ou pés cúbicos por minuto real
metais e a água potável pode não ser. Se SCFM – standard cubic feet/minute – ou
fluido é uma mistura, sua composição deve pés cúbicos por minuto padrão
ser conhecida. Se o líquido possui sólidos Algumas propriedades das substâncias
em suspensão formando uma lama puras (como viscosidade, densidade,
(slurry), o conteúdo dos sólidos deve ser relação de calores específicos, pressão de
determinado. O conhecimento do tamanho vapor) variam com a temperatura e por
das partículas maiores e sua dureza é isso deve se conhecer estas propriedades
necessário para a seleção da válvula. em toda a faixa de temperatura do
Composições multifásicas devem ser processo. A pressão de vapor se aplica a
precisamente conhecidas para prever a líquidos e está relacionada com a sua
vazão razoável dentro da válvula. Deve-se evaporação e portanto com os fenômenos
informar se há gases dissolvidos no líquido indesejáveis de cavitação e flacheamento,
ou se o gás é condensável. Mesmo que as que podem ocorrer no interior da válvula. A
equações de dimensionamento viscosidade do gás está relacionada com a
perda de carga na tubulação. A
independem destes fatores, eles ajudam
no julgamento. viscosidade raramente entra nos cálculos
de dimensionamento de válvulas. A
Deve se saber se o fluido:
1. é venenoso ou tóxico relação dos calores específicos (fator
2. tem alguma propriedade química isentrópico) é necessária para todos os
atípica gases e vapores, pois está relacionada
com o fator de compressibilidade e o
3. é quimicamente estável, flamável ou
pirofórico afastamento do gás ideal ou perfeito.
4. é polimerizável e em que condições Devem ser conhecidos três valores de
ocorre a polimerização regime estável da vazão na válvula: 1.
vazão mínima controlada
5. é corrosivo e os registros e
experiências destas propriedades 6. 2. vazão máxima controlada
necessita de limpeza inicial da 3. vazão máxima requerida para se
recuperar depois de um distúrbio. Estes capacidade e da previsão de ruído da
dados permitem o cálculo da válvula. Também devem ser conhecidas as
rangeabilidade, da margem de excesso da

3.2
Aplicações
Precauções de segurança necessárias
temperaturas em cada condição de para eliminar os perigos potenciais que
operação, mínima, normal e máxima. Se podem envolver acessórios como chaves
houver alguma temperatura anormal que limite, relés ou batente de parada.
possa afetar os materiais da válvula, o 5. Máximo vazamento permissível quando
valor e a duração desta temperatura a válvula estiver totalmente fechada.
devem ser conhecidos. 1.3. Distúrbios
A pressão absoluta a montante (antes Distúrbio é qualquer alteração
ou na entrada) da válvula deve ser indesejável que ocorre no processo que
computada para quatro condições: 1. tende a afetar o valor da variável
vazão mínima controlada controlada. Distúrbio é aquilo que torna
2. vazão máxima controlada necessário o controle automático do
3. vazão máxima requerida para se processo. Na seleção e dimensionamento
recuperar depois de um distúrbio 4. da válvula de controle, quer se obter o
fechamento da válvula desempenho adequado de controle com o
Para se obter a pressão a montante da mínimo custo. Um fator que afeta o
válvula, deve se ter todos os dados na desempenho do controle é a natureza do
pressão da fonte (bomba ou compressor) e distúrbio que ocorre no processo.
as curvas de desempenho de todos os O distúrbio mais evidente que afeta a
equipamentos na fonte e entre a fonte e a válvula é uma alteração na queda de
válvula. Para se obter a pressão a jusante pressão através da válvula. Se uma
(depois ou na saída) da válvula, deve se válvula está sujeita a perturbações de
ter todos os dados na pressão do receptor pressão a montante ou a jusante, deve-se
e de todos os equipamentos entre a conhecer a magnitude, duração e
válvula e o receptor que afetem a pressão. velocidade de variação deste distúrbio.
Se um líquido cavita ou flacheia devido à Todos os distúrbios devem ser
grande queda de pressão através da investigados para se coletar dados que
válvula, a massa e volume do vapor na possam ser usados para avaliar seus
saída devem ser determinados para uso efeitos no sistema de controle e na válvula.
nos cálculos da queda de pressão e Além desta investigação, deve-se
velocidade. conhecer a tolerância do processo, ou
Além dos dados coletados para as seja, quanto, por quanto tempo e quão
condições normais de operação, deve-se freqüente a variável controlada pode ficar
também registrar os dados relacionados fora do ponto de ajuste sem prejuízo para
com outras condições que sejam o controle do processo. A partir da análise
importantes para o fabricante ou para a deste dados, pode-se determinar o tempo
seleção e especificação da válvula. de resposta da válvula e as mudanças do
Exemplos deste tipo de informação processo que devem ser feitas para se ter
incluem: um controle aceitável. As mudanças
1. Possibilidade de a válvula operar tanto podem incluir: maior pressão na saída da
em pressão positivo e sob vácuo, pois bomba, controle cascata, controle da fonte
isto afeta o projeto do engaxetamento e do distúrbio.
o revestimento interno (quando A seleção e dimensionamento da
aplicável). válvula de controle não pode ser separada
2. Pressão pulsante que requer do projeto dos outros equipamentos do
equipamento auxiliar de sistema de controle. Se uma válvula não
amortecimento. tem operação crítica ou se não há
3. Operação freqüente de liga-desliga em distúrbios grandes, a válvula, tubulação e
alta temperatura ou alta pressão. 4.
bomba podem ser selecionadas de acordo uma válvula com o diâmetro menor que a
com a economia global. Geralmente a tubulação. Para se escolher a bomba,
válvula tem maior queda de pressão atribui-se um valor de resistência para a
disponível do que a calculada. Como ponto válvula, que é um fator associado com a
de partida e quando a tubulação já foi velocidade na válvula e é usado para
dimensionada corretamente, assume-se calcular a queda de pressão através da

3.3
Aplicações
D na Tab. 1.
2
válvula, redutores e
K = 890 p
conexões. O fator K 4 onde
depende do tipo da 2 FC
válvula e é mostrado v
válvula.
No exemplo acima, tem-se
Tab. 1. Fator K e tipo de válvula Fp é o fator de geometria da tubulação,
adimensional
Tipo de válvula Fator K Cv é o coeficiente de vazão da válvula
ou coeficiente de dimensionamento da
Globo 6
válvula
Borboleta 3
D é o diâmetro interno da tubulação
Esfera especial .2
Quando o fluido é um líquido com
Esfera padrão 11
viscosidade muito elevada, a queda de
pressão através da válvula é importante
Na seleção da bomba, tubulação e para o dimensionamento da bomba. Os
válvula, deve-se considerar os tamanhos líquidos de alta viscosidade geralmente
diferentes da válvula e da tubulação e, são não newtonianos e exigem cálculos
como resultado, do uso de redutores e experimentais especiais e os dados
alargadores, que também possuem seu reológicos completos na temperatura de
fator K. Por exemplo, se na tubulação de 8" operação.
vai ser usada uma válvula borboleta de 6",
as resistências no cálculo da bomba 1.4. Tempo de resposta
incluem: O tempo de resposta da válvula
1. fator K da válvula borboleta de 6" (3) depende da dinâmica do processo e dos
2. fator K do redutor de 8" para 6" 3. tipos dos distúrbios que o afetam. Por
fator K do alargador de 6" para 8" exemplo, qual deve ser a resposta da
Pelos dados da tabela de conexões, válvula de controle de nível na saída de um
obtém-se 0,29 para as conexões e a tanque. Se o maior distúrbio é a
resistência total fica K = 3,29, que é um interrupção repentina da vazão de entrada
número baseado na velocidade na entrada do tanque, a válvula deve ser capaz de se
da válvula e não no tamanho da tubulação fechar antes que o tanque se esvazie. Isto
principal. Para colocar o coeficiente da significa que, quanto maior o tanque, mais
resistência em termos do tamanho da lenta pode ser a válvula de controle. Em
tubulação principal, deve-se multiplicar o determinados casos, pode ser necessário
fator K por (D/d)4, onde colocar equipamentos auxiliares para
D é o diâmetro interno da tubulação apressar a velocidade da válvula, como
principal, posicionador ou solenóide.
d é o diâmetro interno da entrada da
4 =
3,29 

 

9,87
7,981
⋅ 6,065

Para qualquer tipo e tamanho de válvula


e tamanho da tubulação, o coeficiente de
resistência para a válvula e redutores, em
termos da velocidade da tubulação
principal é

3.4
Aplicações
vazão dentro da válvula fica instável
e imprevisível.
1.5. Tubulação
3. válvula com grande capacidade é
A válvula de controle deve estar de mais afetada que a de pequena
conformidade com as normas aplicáveis à capacidade
tubulação. A tubulação é especificada de 4. válvula borboleta é mais afetada
conformidade com as normas para que pela distorção do perfil de
haja uniformidade de tubulação, válvulas e velocidade do que as válvulas globo.
conexões. Exemplos de discrepâncias que Manter grandes trechos retos, mínimo de
podem ocorrer: seis diâmetros de tubulação, antes da
1. válvula de controle de ferro fundido válvula diminui ou elimina as perturbações.
possui face da flange diferente da Conexão como cotovelo, que provocar
existente em tubulação de aço. redemoinho, requer maior trecho reto para
2. válvula de controle flangeada eliminar os distúrbios.
especificada para tubulação Quando um líquido entra em
rosqueada. flacheamento (flashing) depois de passar
3. a pressão estática da linha pode pela válvula, a descarga contem um
danificar o diafragma de uma válvula, grande volume de vapor. A configuração
embora o corpo da válvula possa da tubulação se torna importante, tanto
suportar esta pressão. para o desempenho de controle da válvula
4. válvula com revestimento interno quanto para a integridade da tubulação.
instalada em tubulação sem 1.6. Fatores ambientais
revestimento.
A configuração da tubulação é O ambiente pode ter uma grande
importante para a válvula de controle pelas influência na seleção e dimensionamento
seguintes razões: da válvula de controle. Por isso, devem
ser conhecidos:
1. cálculo das pressões na entrada e
na saída da válvula, que dependem 1. condições climáticas de extremos de
das conexões, comprimento e temperatura e umidade relativa
elevações da tubulação. 2. zona sísmica
2. conexões (cotovelos, tês, 3. elevação acima do nível do mar ou faixa
bifurcações) e descargas de bomba de pressões atmosféricas
ou ventiladores próximas da entrada 4. condições locais de radiação e alta
da válvula que perturbam o perfil de temperatura
velocidade da vazão, de modo que a 5. procedimentos atípicos da planta, como
lavagem e descontaminação.
6. classificação elétrica da área e a 1.7. Documentação
composição de qualquer gás, pó ou
Há vários motivos justos para se
fibra flamável. registrar todos os dados, fontes de dados e
7. tolerância ao ruído do local da válvula. cálculos desde o começo do projeto: 1. um
Os fatores não técnicos que entram na registro legível, facilmente
seleção da válvula geralmente são
encontrado, pode ser útil, quando
econômicos e incluem: procurado
1. Restrições de orçamento 2. as modificações devem ser sempre
2. Prazo de entrega documentadas
3. Vida esperada da planta 3. as razões das modificações também
4. Oficina para manutenção e devem ser escritas
calibração 4. as modernizações, ampliações e
É útil conhecer as opiniões, revisões futuras ficam mais fáceis
preconceitos e habilidades das pessoas quando já existe documentação
que devem conviver com a válvula. Se elas confiável da planta em operação
não acreditam que a válvula irá operar, ela
certamente não irá!

3.5
Aplicações
ASME (American Society of Mechanical
1.8. Normas e Especificações Engineers)
Sociedades técnicas, associações de Estabelece códigos cobrindo
comercio e agências de governo que especificações de pressão e temperatura,
possuem normas e especificações de espessuras mínimas de paredes,
válvulas mais conhecidas e importantes: especificações de roscas para válvulas
feitas de materiais que estão de
ASTM (American Society for Testing conformidade com as especificações
Materiais) ASME.
Estabelece e escreve as exigências As principais normas editadas pela ISA
físicas e químicas de todos os materiais (Instrument Society of America) relativas a
usados na fabricação das válvulas e Válvulas de Controle são as seguintes: 1.
conexões. ISA S75.01-1985, Flow Equations for
Sizing Control Valves
API (American Petroleum lnstitute) 2. ANSI/ISA S75.02-1982, Control Valve
Estabelece as normas de compra de Capacíty Test Procedure
válvulas e conexões para a indústria 3. ANSI/ISA S75.03-1985, Face-to-Face
petroquímica. Dímensíons for Fianged Globe-Style
Control Valve Bodíes.
UL (Underwriters Laboratories) e FM 4. ANSI/ISA S75.04-1985, Face-to-Face
(Factory Mutual) Dimensions for Flangeless Control
Laboratórios de certificação que Valves.
estabelecem normas de projeto e
5. ISA S75.05-1983, Control Valve
desempenho de válvulas e conexões Terminology
usadas no serviço de proteção contra
6. ISA S75.06-1981, Control Valve
incêndio e manipulação de líquidos Manifold Designs
perigosos. 7. ANSI/ISA S75.11-1985, Inherent Flow
Characteristíc and Rangeabilíty of 2. a vazão volumétrica, em qualquer ponto
Control Valves. vale o produto da velocidade do fluido e
8. ISA S75.14-1985, Face-to-Face com a área da seção transversal
Dímensions for Butterweld-End Globe 3. na restrição, a área diminui, a
Style Control Valves. velocidade aumenta e a pressão
estática na tubulação diminui
4. depois da restrição, a área volta a
2. Válvula para Líquidos aumentar, a velocidade diminui para
seu valor original e a pressão estática
aumenta
2.1. Vazão ideal através de uma
restrição ideal
Seja um fluido perfeitamente
incompressível vazando através de um
restrição com formato tal que os jatos
adiram nas paredes sem separação. A
velocidade do fluido é suficientemente alta
para o fluido ser totalmente turbulento.
Sendo ideal, não há perda de pressão.
Quando há uma restrição, há uma variação
Fig. 3.1. Tubulação com vazão
nas formas de energia hidráulica e cinética.
De acordo com a conservação de energia
e com a continuidade a Matematicamente, tem-se
vazão tem-se os seguintes fatos: 1.
em qualquer ponto da tubulação a
vazão é a mesma q = A1v1 = A2v2 (3.1)

3.6
Aplicações
quando ele se contrai a uma área
A mínima
garganta é a parte mais estreita do jato
2
v = = (3.2) 1v mv

A 22 contracta). Como a área da


1
vena contracta não é
onde logo depois do orifício (vena
experimental para incluir um coeficiente de
q é a vazão volumétrica contração
v é a velocidade do fluido
A é a área de passagem
A
1 e 2 são os índices para as condições C = C (3.8) vc
a montante e na restrição,
conhecida, deve-se alterar o fator
respectivamente. 1
A
Pelo teorema de 21
H o
Bernoulli para a 2
conservação da 2
energia, tem-se: v v
+ = + (3.3) H
1
2g
2

2g
(3.1), tem-se
2 2
2− = − (3.4) 1 2g(H H ) q A −
− = (3.5) 12

v v 2g (H H ) 1 2

onde g é a aceleração da gravidade


Fig. 3.2. Geometria do tubo venturi
Combinando-se as eqs. (3.2), (3.4) e
2

1m
longe do ideal. O fluido forma seus
As restrições nunca são ideais e as próprios canais de entrada e saída. A
tubulações sempre apresentam alguma
rugosidade, de modo que há uma perda de
pressão ao longo da tubulação e a
restrição altera a vazão que passava na Fig. 3.3. Geometria da placa de orifício
tubulação antes de sua colocação. Para
considerar esta perda, é introduzido o fator
experimental chamado de coeficiente de
descarga e a velocidade de aproximação

1
F
2
= (3.6) 1m

e a equação da vazão através de um tubo


venturi com formato bem definido se torna

Fig. 3.4. Geometria da válvula de controle


q C FA 2g(H H ) = 1 2 1 − 2 (3.7)

Com o venturi e mesmo na placa de


2.2. Vazão através da válvula orifício, a pressão da vena contracta é
Um tubo venturi Herschei é quase uma acessível, mas ela é inacessível na válvula.
restrição ideal. Válvulas, placas de orifícios Felizmente, a recuperação da pressão
e muitas outras restrições estão muito após a vena contracta apresenta

3.7
Aplicações
desde que a densidade do líquido
uma relação constante com a queda de permaneça constante. Esta relação produz
pressão de interesse e a queda de pressão um fator que permite a substituição da
na vena contracta. Esta relação é queda de pressão total na equação
constante para qualquer restrição fixa
tornando-o anormal e assimétrico
HHF − Em vazão de líquido, o fator de
− = (3.9) recuperação da pressão (FL) permanece
12 constante desde que não haja mudança de
L
HH estado. Se ocorrer vaporização do líquido,
1 vc a recuperação de pressão será menor e o
fator FL que está contido no Cv
onde especificado da válvula pode não mais
FL é o fator de recuperação da pressão. servir para prever a pressão na vena
Por exemplo, para uma norma ASME, o contracta.
FL da placa vale
2.3. Tubulação não padrão
FL = 0,970 − 0,925) = 0,212 Quando uma válvula é testada em seu
Cv em laboratório, são usados os
Combinando as eq. (6-7) e (6-8) e (6-9) procedimentos de teste da ISA. Entre
tem-se outras coisas, esta norma especifica que
1. o diâmetro da tubulação seja o
CFA mesmo que o da válvula
o 2. os trechos retos antes e depois da
= − (3.10) q 1 2 válvula tenham valores
determinados mínimos
2g(H H )
F Quando uma válvula é usada na planta,
L a geometria da tubulação é sempre
diferente daquela usada no teste de
Quando se usam unidades inglesas laboratório. Vários fatores que constituem
3. variação na viscosidade do líquido 4. o Cv são afetados e isto requer o primeiro
vazão turbulenta se tornar laminar 5.
distúrbios no perfil de velocidade,
CFA ∆
o = (3.11)
fator de correção, o fator da geometria
da tubulação. Desde que o número
p possível
q 38,0 Fazendo derivar um fator Fp
de configurações de para todas as configurações
F tubulação é muito possíveis e
L grande, não é possível
G
CFA
C = 38,0 (3.12) O importante neste
para todos os tipos de válvula. desenvolvimento é a eq. (3.13) e
v os fatores que constituem o
FL coeficiente Cv. Se as condições de
vazão fazem qualquer um destes
tem-se coeficientes ser diferente do valor
o
quando a válvula foi testada em
Atualmente, os únicos valores laboratório, o Cv é afetado e deve
disponíveis ser aplicado algum fator de
são para válvula com redutores correção. As variações mais
concêntricos adjacentes localizados comuns incluem:
em 1. 1 .variação na área do orifício
uma tubulação reta. Ainda não há 2. variação na velocidade de
dados aproximação
publicados sobre os efeitos de tees, válvulas de bloqueio,
cotovelos, localizados imediatamente
p ∆ depois de válvulas de
q Cv = (3.13) G
controle.
Em muitos problemas de geometria da tubulação pelo Cv
dimensionamento de válvula, o especificado da válvula é
tamanho da tubulação é conhecido equivalente ao Cv da válvula e dos
mas não são conhecidos os redutores combinados. Os valores
tamanhos da válvula e dos de Fp podem ser determinados
redutores. É conveniente calcular o pelo teste físico das combinações
Cv da válvula combinada com os válvula-redutor e
redutores. O produto do fator de

3.8
Aplicações
redutores ou do teste físico das conexões.
também são publicados pelos fabricantes tubulações. No caso de válvulas, em vez
em catálogos. Outra alternativa, é da relação de áreas, pode-se tomar a
computar Fp das dimensões físicas dos relação seguinte como um critério
os seguintes efeitos
Se Fp é derivado de problemas: d
d
testes físicos, 1. redutores de
existem tubulação de onde
C materiais diferentes 2
C= podem provocar
v
Dependendo da severidade do distúrbio a
montante, é necessário um maior trecho
diferentes reto antes da válvula para se ter resultados
2. apenas configurações com idênticas previsíveis. Porém o erro resultante de
conexões de entrada e saída são trecho reto a montante insuficiente tende a
testadas. Não há dados disponíveis ser maior com válvulas com grandes Cv.
para apenas uma conexão de Algumas válvulas são mais afetadas que
entrada ou para conexões de outras pelo perfil de velocidade e
entrada e de saída diferentes. redemoinhos.
Se Fp é computado a partir de dados Para computar um valor de Fp usando
dimensionais, existem os seguintes dados dimensionais ou de teste nos
problemas: redutores de pressão, pode-se usar a
1. os métodos computacionais seguinte equação:
consideram apenas variações na
pressão e velocidade. Outros
efeitos, como causados pela 1 2
F d
alteração do perfil de velocidade,
não são mostrados. =
2. dados precisos de teste sobre a ∑ (3.14)
Cd é chamado de capacidade relativa.
queda de redutores p KC
pressão convencionais + 1
através de não são
disponíveis. Isto leva ao uso 890
de fatores de pior caso. onde
Os níveis de energia e pressão
através
contracta
de uma válvula com redutores são os 5. recuperação da pressão dentro da
seguintes: válvula (4) - (8)
1. energia de pressão da entrada 6. recuperação de pressão na
2. energia cinética de entrada expansão
3. queda no redutor 7. perda de energia cinética no redutor
4. queda de pressão para a vena
8. perda na válvula K1 se refere a perda de pressão devida
9. perda na expansão à turbulência
10. energia de pressão na saída K2 se refere a perda de pressão devida
11. energia cinética na saída ao atrito
12. perda total, (1) - (10) KB1 e KB2 são os coeficientes de
∑K = K1 +K2 +KB1 −KB2 Bernoulli e se referem às conversões entre
energia potencial e cinética.
Todos os fatores K são coeficientes
Esta é a soma de todos os coeficientes
de energia cinética para as conexões de adimensionais. Os fatores KB são
entrada e de saída. representados pela fórmula:
redutor e expansão, o d
Para outras conexões conhecimento é K = K = 1− B1 B2 D
vizinhas, diferentes do limitado a 44
generalidades
baseadas em leis físicas conhecidas e na Se as entradas e saídas da tubulação são
observação de campo. Sabe-se que
do mesmo tamanho, KB1 e KB2 são iguais e
quanto maior a relação das áreas (m) de
se cancelam na eq. (3.16), o que é lógico,
uma orifício de medição, maior é a
pois não há mudança de energia
influência de configurações não-padrão de

3.9
Aplicações
a queda de pressão através da válvula.
cinética das entradas e saídas com áreas Isto ocorre quando a soma dos K é
iguais. negativa e numericamente excede
Os coeficientes de resistência, K1 e K2, 890/Cd2 Considere a seguinte situação:
devem ser determinados por testes físicos. 1. uma válvula com Cd de 50
Dados publicados aparecem no Apêndice 2. não há redutor na entrada
F do Driskell. A norma ISA apresenta 3. há uma expansão na saída com o
fórmulas para seu cálculo, que são as diâmetro da tubulação dobro do
seguintes: diâmetro da válvula.
2 Então,
2
d K 0,5 1  
   

≅ − (3.15)
1

2
D
∑K = K2 −KB2
(1 0,5 ) (1 0,5 ) 0,375 2 2 4 = − − − = −
2
2
d K 1,0 1  
   

≅ − (3.16)
2 escritas de modo mais simples
D
2 como

Portanto, 22
1
F2 p 0,375 50
=
As eq. (3.15) e (3.16) podem ser + − ⋅
1 890
1K ≅ 0,5(1− β ) (3.17)
que é o número imaginário 4,33 i. O
22 melhor modo de racionalizar este paradoxo
aparente é arranjar as equações de vazão
2K ≅ 1,0(1− β ) (3.18)
para resolver o ∆P:
2
desde que
qG
d ∆p =
β=
D 2 2
p c
FC
através da expansão da tubulação excede
Pela análise da eq. (3.14), nota-se que Para o exemplo acima, Fp = -18,7,
quanto maior a capacidade relativa da indicando que a queda de pressão através
válvula medida pelo Cd, maior é o efeito da válvula e da expansão é negativa. A
dos redutores de tubulação. Por exemplo, expansão, pela redução da velocidade do
uma válvula de 1" e Cv igual a 40, em uma fluido, aumentou a pressão mais do que a
tubulação de 2", tem sua capacidade resistência da válvula e a conexão de
reduzida de 37%. Porém, se o Cv é de 12, entrada a diminuiu. Se ΣK é negativo e
sua capacidade é reduzida de apenas 6%. exatamente igual a 890/Cd2, a equação irá
Outro ponto interessante é que, se há mostrar um Fp infinito. Isto indica que a
uma expansão na saída da válvula, mas queda de pressão através da combinação
não há ,redutor em sua entrada, o Fp será válvula e expansão é zero. Enquanto a
maior do que 1,0. Este fato é estranho, física e matemática são corretos, o
pois parece que a expansão aumenta a procedimento não é válido com estes altos
capacidade da válvula. O fato ajuda a valores para Cd, porque os dados de teste
lembrar que uma variação no tamanho da e valores de K não são suficientemente
linha causa uma mudança na velocidade e confiáveis. Isto é umas das várias
uma correspondente mudança na pressão demonstrações do fato de que, quando Cd
estática. Uma diminuição na velocidade a se torna maior, a utilidade do Cv prever a
jusante cria um aumento na pressão e um vazão através de uma válvula se torna
aparente diminuição na queda de pressão menos confiável.
através da válvula. O que é mais
surpreendente é quando o fator Fp é um
número imaginário, o ganho de pressão 3. Válvula para Gases

3.10
Aplicações
quando a pressão diminui e como
A equação padrão para a vazão de conseqüência, a densidade diminui quando
líquido através de uma válvula tem várias o fluido passa da conexão a montante para
limitações graves, geralmente como na a vena contracta. Isto significa que um gás
prática industrial. Uma limitação é a deve ser acelerado até um valor maior do
vaporização do líquido resultando em que uma igual massa de líquido. Para
cavitação ou flacheamento; outra é a corrigir este efeito, inclui-se um fator de
viscosidade do líquido. Os fluidos expansão (Y) na equação. Este fator é de
compressíveis, como o gás ou vapor, mesma natureza que o fator de expansão
raramente encontram condições que comumente usado nas equações para
afetem as equações da vazão. placas de orifício e outros medidores
geradores de pressão diferencial. Deve-se
3.1. Fluidos Compressíveis fazer outra alteração na equação
incompressível. O termo ∆p é substituído
Os fluidos compressíveis se expandem pelo produto xp1, onde x é a relação da
confinada, a área da garganta irá aumentar motivo para o x aparecer na equação.
e a vena contracta irá migrar para um Foi visto que o redutor e a expansão
ponto a montante quando x aumenta além adjacentes da válvula devem ser
da relação sônica. Este processo continua considerados no cálculo do Cv da válvula
até atingir um limite, quando a vena se através da inclusão do fator de modificação
move para a posição do orifício e atinge Fp. O fator xT é também modificado se a
sua área máxima. Este valor limite de x tubulação for reduzida e o redutor é
para qualquer válvula específica é considerado como parte da válvula, para
identificado pelo símbolo xT (T indicando fins de dimensionamento. Este fator xT
terminal) e é chamado de fator de relação ajustado é designado xTP e é dado por:
da queda de pressão. Se o valor real de x
maior que xT, este número maior não 1
contribui para a vazão. Assim, xT, um fator x2
determinado experimentalmente para uma =
válvula específica é o maior valor de x que
pode ser usado nas equações. Este é o TP (3.20)
equação Tid
x T
queda de pressão fazem estas   1
∆p/p1. Quando se modificações, a   + 
xKC  
2 1000
p
F
compressível se torna:

onde
satura e não pode mais aumentar pelo
abaixamento da pressão a jusante. Se a
3FpCvY xp1 1 w = 63, γ (3.19) restrição for uma placa de orifício ou uma
válvula, onde a vena contracta é não
A expansão do gás faz a vazão seguir
uma curva diferente da linha reta, que seria Ki = K1 +KB1 (3.21)
a vazão do fluido incompressível. Até este
ponto, este desvio é causado pela Felizmente, este ajuste de xT raramente
expansão do fluido previamente descrito. influi na capacidade da válvula e
Quando se atinge a velocidade sônica na provavelmente não influi na seleção da
vena contracta, uma abaixamento adicional válvula. A correção se torna importante
na pressão a jusante não aumenta a somente quando o Cd da válvula for
velocidade na vena contracta (porem, o grande e o diâmetro da válvula for muito
fluido pode ter velocidades supersônica menor que o da tubulação.
depois da vena contracta). Se a restrição Também aqui ocorre o paradoxo quando a
for um venturi ou bocal, a vazão se torna válvula com grande Cd é seguida de uma
crítica (chocada), onde a garganta é expansão sem ter um redutor na entrada.
confinada quando a velocidade sônica for Fp2 pode se tornar negativo ou infinito e a
atingida. Vazão crítica existe quando, em pressão diferencial em que a válvula irá
uma pressão a montante fixa, a vazão chocar não é bem definida.

3.11
Aplicações
É interessante notar que a eq. (7.6) é
3.2. Fator de expansão semelhante à equação ASME para placa
Os valores do fator de expansão da de orifício.
maioria das válvulas variam linearmente Resumindo o desenvolvimento até
com x. Teoricamente, as curvas se agora, tem-se:
desviam levemente de uma linha reta, mas 1. uma equação de vazão mássica
a representação linear tem duas baseada na pressão a montante e na
justificativas: densidade,
1. exceto para válvulas especiais, os 2. uma relação da queda de pressão x
testes de laboratório indicam que uma que é limitada a um valor máximo na
reta é o mais conveniente e ela está equação, que vale o produto de Fk x
dentro das tolerâncias estabelecidas para TP.
os dados de dimensionamento 3. fator xT é determinado em teste de
2. as válvulas que não seguem este laboratório com ar
regra não seguem também as curvas 4. a modificação para xT incluir os
teóricas. redutores pode ser feita em teste de
Quando se aceita uma curva reta para Y laboratório ou por cálculos
versus x, o ponto de vazão crítica vale 5. fator Fk é um modificador de xT para
fluidos diferentes do ar e é baseado
x nas propriedades termodinâmicas do
Y = 1− (3.22) T 3x gás, especificamente na relação dos
calores
A maioria das válvula possui xT menor 6. fator de expansão Y depende da
que 1,0 e uma minoria excede de 1,0. relação de x com o valor crítico de x,
Estas poucas válvulas são construídas expresso como Fx versus TP.
para fazer o fluido passar através de uma 7. todos os fatores que constituem Y
série de restrições. Se xT é maior que 1,0 possuem dimensão e devem ser
a válvula não irá ter vazão crítica, usadas as do SI.
independente da queda de pressão. Neste
caso, xT perde o seu significado e só serve 3.4. Fator de compressibilidade
para estabelecer a inclinação da reta Y
versus x. A equação da vazão mássica usando a
densidade real a montante é a fórmula
mais exata para fluidos compressíveis.
3.3. Relação dos calores específicos
Mesmo assim, é conveniente usar outras
A eq. 7-4 se aplica para o fluido de teste, formas para esta equação, quando se
ar e todos os gases diatômicos, cuja usam unidades do sistema inglês. Por
relação de calores específicos seja igual a exemplo, tem-se:
1,4. Para outros gases e vapores, xT deve
ser corrigido para a x
q 1360F C p Y
diferença das
propriedades termodinâmicas. De novo, 1
embora não seja teoricamente preciso, se onde
usa um fator de correção, Fk, computado q é expresso em pés cúbicos padrão
em base linear e dentro da tolerância do por hora e tomada a 14,69 psia e 60 oF.
dimensionamento da válvula. Nesta equação a densidade é
Assim, computada da pressão, temperatura e
densidade relativa baseada nas leis do gás
k perfeito. Os gases reais se desviam muito
Fk = (3.23) 1,40 de um gás perfeito, de modo que se usa
um fator de compressibilidade, Z,
e a equação final para Y se torna
pV
x Z = (3.26) RT
Y = 1− (3.24) k TP 3F x
= p v 1 (3.25) GT Z
3.12
Aplicações
pressão crítica, pc e uma temperatura
para um mol de gás e R é a constante dimensionamento da válvula. Na maioria
universal dos gases. dos casos, o vapor é suposto ser seco e
O valor de Z pode ser determinado para saturado. Para pressões entre 140 a 10
a maioria dos gases usando o princípio dos MPa (20 e 1600 psia), e com erro menor
estados correspondentes. Dado uma que ±5%, a fórmula simplificada fica:
pressão x
crítica Tc do gás ou
)X
da mistura, a w F C p (3
reduzida e a temperatura reduzida são
= p v 1 − (3.29)
definidas como x TP
T > xTP, fica
T = (3.27)
p
p=e Para vazão crítica, quando x
r r (3.30)
p Tc
c w = 2FpCvp1 xTP
Das condições reduzidas, o fator de maiores erros. Hidrogênio e hélio
compressibilidade pode ser encontrado situam-se abaixo Tr=2,5 mas somente
de gráficos do Apêndice F. Para com suas constantes críticas
misturas, usa-se a pressão e aumentadas por 8 oC e 8
temperatura pseudocríticas. atmosferas.
O ar e a maioria dos gases industriais
ppc
= X

ipci
são usados em pressões e temperaturas
onde seus comportamentos estão
e
próximos dos gases perfeitos. O vapor
Tpc
= X

iTci
d'água é um gás comum no mundo do
dimensionamento de válvula e seria
onde conveniente evitar usar a densidade e a
Xi é uma fração molar do componente i. relação dos calores específicos no
As cartas de compressibilidade usadas
para se obter Z e consequentemente a
densidade, tem limitações. A precisão é
aceitável para o dimensionamento de
válvulas para fluido tendo um fator de
compressibilidade crítico Zc de 0,27,
onde

pV
Z = (3.28)
cc
c
RT
c

Cerca de 60% de todos os


componentes satisfazem esta condição,
incluindo a maioria dos hidrocarbonetos.
Água, acetona, amônia, ésteres, álcoois,
oxigênio, nitrogênio, argônio, néon, CO,
H2S, CH4 e C2H6 apresentam os
Apostilas\Valvula VALVULA1.DOC 30 DEZ 98 (Substitui 13 JUN 98)

3.13
Explicar a importância da escolha da
queda de pressão através da válvula. 3.
Fazer as considerações sobre a vazão
critica dos fluidos.
4. Mostrar de modo resumido as principais
fórmulas da norma ANSI/ISA 75-01
para o dimensionamento de válvulas
para líquidos e gases.
5. Apresentar os principais fatores de
correção de dimensionamento.
6. Dar exemplos simples de roteiros de
dimensionamento de válvulas para
líquido e vapor d'água
Objetivos de Ensino 7. Apresentar a tradução livre da norma
ANSI/ISA S75-01.
1. Conceituar Cv da válvula de controle 2.
1. coeficiente de vazão requerido
2. possibilidade de vazão chocada,
1. Introdução cavitação e ruído
3. tamanho da tubulação versus
Rigorosamente, uma válvula de controle
tamanho da válvula
não é dimensionada, pois o usuário final
4. velocidade aceitável do fluido
não calcula e usa um tamanho exato, mas
5. nível de ruído desenvolvido
depois de alguns cálculos, escolhe um tipo
6. tamanho do atuador
e um tamanho fixo próximo do valor
Os métodos de cálculo incluem
calculado para satisfazer as necessidades
7. equações físicas
das condições do processo.
8. softwares baseados em normas
O dimensionamento da válvula de
vigentes
controle é o procedimento de calcular
9. réguas de cálculo (Foxboro e
principalmente o coeficiente de vazão ou o
Manheim)
fator de capacidade da válvula, Cv
1. fatores de correção
(unidades inglesas), Av e Kv (unidades do
Todo dimensionamento de válvula inclui
SI). Embora as dimensões e unidades
um julgamento de engenharia, onde se
destes três coeficientes sejam diferentes,
aceita que a válvula é adequada
eles estão relacionados numericamente,
aproximadamente para todos os objetivos
na norma IEC 534-1: Control Valve
práticos. Quanto mais se conhece acerca
Terminology and General
do comportamento da vazão do fluido
Considerations.
dentro da válvula, mais estreita é a faixa de

4 incerteza deste julgamento de engenharia.


As considerações básicas no
dimensionamento são
1. economia no custo da válvula e sua
instalação,

Dimensionament 2. economia no consumo de energia


do sistema,
3. eficiência no sistema de controle,

o
Para isso deve-se usar a menor válvula
possível, utilizando a maior abertura
disponível possível. A válvula não deve
ficar fechada com a mínima carga do
processo e deve manipular a máxima
vazão necessária.

Há vários cálculos envolvidos no


dimensionamento de válvulas, como:

4.1
Dimensionamento
preciso, o tamanho de uma restrição
necessária, em qualquer sistema de fluido.
2. Coeficiente de vazão O Cv foi definido pela Masoneilan, em
1944, como o número de galões por
minuto (GPM) de água que flui através da
2.1. Introdução
válvula totalmente aberta (100%), quando
O Cv é basicamente um índice de há uma queda de pressão de 1 psi através
capacidade, através do qual o engenheiro o
é capaz de estimar, de modo rápido e dela, a 60 F.
Desse modo, quando se diz que a
válvula tem o Cv igual a 10, significa que, 2. Estado de fase do fluido: líquido,
quando a válvula está totalmente aberta e gás ou vapor d'água
com a pressão da entrada maior que a da 3. Densidade absoluta, relativa, peso
saída em 1 psi e a temperatura ambiente é específico ou peso molecular
o 4. Viscosidade
de 15,6 C, sua abertura deixa passar uma 5. Pressão de vapor
vazão de 10 GPM.
Uma vez calculado o Cv da válvula e 3. Dados da instalação
conhecido o tipo de válvula usada, o Diâmetro da tubulação, na entrada e
projetista pode obter o tamanho da válvula saída da válvula
do catálogo do fabricante. Como os valores Para o engenheiro projetista, o principal
de Cv são discretos, deve-se escolher problema é ainda a coleta, verificação e
sempre o acima do calculado. manipulação dos dados de
dimensionamento. O dimensionamento de
2.2. Dados para o cálculo uma válvula é tão bom quanto seus dados
O Cv depende principalmente dos de processo.
dados do processo e pouco do método de
cálculo. O Cv pode ser obtido 2.3. Uso das equações ISA
experimentalmente ou calculado. Todo Quando o coeficiente de vazão, Cv, foi
fabricante de válvulas apresenta em seus inventado pela Masoneilan, em 1944,
catálogos tabelas com os diâmetros e Cv muitos acharam que isto era algo
correspondentes de cada tipo de válvula. complicado e desnecessário, pois as
O dimensionamento da válvula feito válvulas eram dimensionadas,
pelo fabricante é um assunto diferente que anteriormente, com apenas o diâmetro
o feito pelo engenheiro usuário. O nominal como um fator de
fabricante dispõe de dados que ele não dimensionamento. Quando o FCI (Flow
pode alterar e tem uma escolha limitada Controls Institute) e ISA (International
dos tipos de válvula para usar. O Society for Measurement and Control e ex
engenheiro usuário projeta um sistema, Instrument Society of America) lançaram
que pode ser manipulado dentro de limites suas equações, os instrumentistas
para produzir uma planta ótima. O reclamaram de sua complexidade.
engenheiro tem algum controle sobre os Realmente, a gente tem saudades dos
dados de dimensionamento, mais uma tempos em que o imposto de renda e o
escolha de tipos e fabricantes de válvula e dimensionamento de válvulas eram
por isso pode ter a facilidade de fazer mais simples. Mas as leis naturais geralmente
cálculos e dar a resposta mais rápida do parecem ser tão perversas quanto as leis
que o fabricante. humanas e infinitamente mais difíceis de
Os dados para o dimensionamento mudar. As válvulas de controle obedecem
podem ser divididos em três grupos: as leis da física mas seu dimensionamento
1. Dados da vazão é feito por métodos humanos. O seu
1. Vazão normal, mínima e máxima desempenho inadequado é motivado
2. Pressão a montante e a jusante principalmente pelo conhecimento
para todas as vazões acima incompleto ou incorreto destas leis pelo
3. Temperatura do fluido projetista. Analogamente, quando um
barco afunda, deve-se reclamar de seu
2. Dados do fluido fabricante e não do Arquimedes ou se um
1. Identificação do fluido

4.2
Dimensionamento
que eram fáceis de usar, pois não eram
avião cai a culpa não é da lei da gravidade disponíveis computadores ou outras
de Newton, mas de algum erro humano. máquinas para resolver equações
Foram desenvolvidas fórmulas de vazão complexas. Por isso estas fórmulas
aproximadas não eram muito precisas.
Estas fórmulas relacionavam os seguintes incorretas relativas às condições reais da
fatores: vazão.
1. pressão fornecida pela bomba, Psicologicamente, a tendência é
compressor ou ventilador superdimensionar a válvula, ou seja, estar
2. curva entre a vazão mínima e do lado mais seguro. Uma combinação
máxima destes vários fatores de segurança pode
3. quedas de pressão nos outros resultar em uma válvula
equipamentos, exceto na válvula, superdimensionada e incapaz de executar
como filtro, medidores de vazão, o controle desejado.
trocadores de calor, conexões
4. queda de pressão na linha, devida
ao atrito e rugosidades
3. Queda de Pressão na Válvula
5. queda de pressão através da válvula
6. densidade do fluido
3.1. Introdução
7. pressão e temperatura do processo
8. viscosidade, pressão de vapor do O objetivo da válvula não é o de operar
líquido em uma única posição fixa. A válvula
Atualmente, o mais usada é recebe o sinal da saída do controlador e
dimensionar a válvula de controle através varia continuamente sua aberta. Como
de programa aplicativo de computador conseqüência ou para poder variar sua
pessoal baseado na norma ANSI/ISA abertura, a queda de pressão através da
S75.01 (1985-1995): Equações de Vazão válvula é variável. A válvula de controle
para Dimensionar Válvulas de Controle, pode manipular a vazão somente
que é mostrada traduzida ao final deste absorvendo uma queda de pressão no
capítulo. Ao lado de regras e sistema.
recomendações, o cálculo para o Em um sistema de redução de pressão,
coeficiente de vazão da válvula é é fácil conhecer precisamente a queda de
detalhado na norma O objetivo da norma pressão através da válvula. Isto também
esclarece que as equações não são ocorre em um sistema de nível de um
orientadas para fluidos multifásicos, fluidos líquido, onde o líquido passando de um
não newtonianos, lamas e sólidos secos. vaso para outro, em uma pressão
Tampouco esta norma cuida dos níveis de constante e baixa. Porém, na maioria das
ruído e da prevenção da cavitação e aplicações de controle, a queda de
flacheamento. pressão através da válvula deve ser
Mesmo que o dimensionamento da escolhida arbitrariamente.
válvula seja feito através de programas é O dimensionamento da válvula de
fundamental entender os menus e as controle é difícil, porque
condições requeridas pelo programa, para as recomendações publicadas são
que o dimensionamento seja correto e ambíguas, conflitantes ou incompletas
baseado no conhecimento completo das não há regra numérica para determinar a
condições reais da vazão. queda de pressão através da válvula.
Freqüentemente, uma ou várias destas
condições são assumidas arbitrárias; é a 3.2. Recomendações
avaliação destes dados arbitrarias que Luyben recomenda que a válvula esteja
realmente determina o tamanho final da a 50% de abertura, nas condições normais
válvula. Nenhuma fórmula mas apenas o de operação; Moore recomenda que o C
bom senso combinado com a experiência v
pode resolver este problema. Nada necessário não exceda 90% do Cv
substitui um bom julgamento de instalado e que a válvula provoque 33% da
engenharia. A maioria dos erros no queda de pressão total, na condição
dimensionamento é devida a hipóteses nominal de operação. Outros autores

4.3
Dimensionamento
válvula está próxima de sua abertura total
sugerem 5 a 10%. Quanto menor a ou fechamento completo, obtém-se um
percentagem, maior é a válvula. Quanto mau controle, pois está próxima de seu
maior a válvula, maior é o custo inicial da limite de operação ou da saturação.
instalação mas menor é o custo do A queda de pressão projetada afeta o
bombeamento. desempenho da válvula. Em alguns casos,
Uma boa regra de trabalho considera pode ser necessário fazer uma escolha
um terço da queda de pressão do sistema arbitrária desta queda de pressão porque
total (filtros, trocadores de calor, bocais, os dados da vazão disponíveis são vagos.
medidores de vazão, restrições de orifício, Se a válvula está na linha de descarga de
conexões e a tubulação com atrito) é uma bomba com pressão de saída de 660
absorvido pela válvula de controle. Isto kPa (100 psig), por exemplo, pode-se
significa que, se a válvula for retirada do assumir uma queda de 66 a 166 kPa (10 a
sistema, a vazão iria aumentar de cerca de 25 psig) através da válvula, desde que a
apenas 23%. linha não seja muito longa ou complicada
Em sistemas com descarga de bomba, (com muitos obstáculos na linha). A
a característica da coluna da bomba é o tendência é usar 166 kPa (25 psig) em vez
fator determinante. Para válvulas de 66 kPa (10 psig).
instaladas em linhas muito longas ou com
alta queda de pressão, a percentagem da 3.3. Queda de pressão e vazão
queda de pressão através da válvula deve A quantidade de vazão máxima da
ser menor, entre 15 e 25%, da queda total válvula deve ser de 15 a 50% acima da
do sistema. máxima vazão requerida pelo processo. As
A pressão diferencial absorvida pela vazões normal e máxima usadas no
válvula de controle, em operação real, será dimensionamento devem ser baseadas
a diferença entre a coluna total disponível nas condições reais de operação, sem
e aquela necessária para manter a vazão aplicação de qualquer fator de segurança.
desejada através da válvula. Esta pressão Em muitas aplicações, a redução da
diferencial é determinada pelas vazão significa um aumento na queda de
características do processo e não pelas pressão e na rangeabilidade da válvula.
hipóteses teóricas do projetista. Por exemplo, se as condições de operação
A queda de pressão através da válvula máximas para a válvula são de 200 GPM e
deve ser a mínima, por motivo de queda de pressão de 166 kPa (25 psig) e
economia, pois a pressão é fornecida por as condições mínimas são de 25 GPM e
uma bomba ou compressor. Assim, a queda de 166 kPa (100 psig), a faixa da
economia deve ditar o dimensionamento área da abertura é 16:1 e não 8:1, como
da válvula, com pequena queda de poderia parecer, à primeira vista. A
pressão. Porém, há uma contradição variação requerida na área de
inerente com relação à economia, pois passagem da válvula é o produto de
para poder provocar a mínima queda de relação da máxima/mínima vazão pela raiz
pressão a válvula deve ter tamanho grande quadrada da relação da máxima/mínima
e portanto, custo maior. queda de pressão. Neste exemplo,
A queda de pressão através da válvula
deve ser a máxima, por motivo de 200 gpm
desempenho do controle. Para poder ⋅=
controlar, a válvula para o sistema, a da 100 psig 25 psig
deve absorver do queda de pressão. 16 1
sistema e devolver Quando a proporção 25 gpm
válvula está superdimensionada. Quando a
queda de pressão através da válvula é
diminuída, a válvula de controle perde a A queda da pressão na válvula como
habilidade de aumentar rapidamente a uma fração da queda total do sistema não
vazão. influi no desempenho do sistema de
Se uma válvula está com abertura de 3% controle, desde que a rangeabilidade da
quando controlando uma variável, nas válvula seja adequada. A rangeabilidade
condições normais de operação, esta da válvula deve ser, no mínimo, igual à do
processo, que teoricamente é a relação das vazões nominais máxima e mínima.

4.4
Dimensionamento
configuração de faixa dividida, para
Quando a rangeabilidade da válvula for ∆ − ∆ = = Q f∆ − ∆ max
menor que a do processo, deve-se usar
duas ou mais válvulas em paralelo, na
Definindo f como

pp
aumentar a rangeabilidade Q
max p p max min
das vazão controlada. A ou
menor válvula deve ser
dimensionada de modo que seu Cv p f a ∆ =

seja maior do que a capacidade da
outra válvula, quando a maior pmin
estiver a 10% da abertura.
1
rearranjando, tem-se: f
3.4. Queda de pressão
A característica inerente da válvula
é
= a é a abertura relativa da
distorcida por causa da variação da válvula, a = x/X (linear)
pressão diferencial através da válvula. que são as expressões para a
característica instalada da válvula
2 linear. A inclinação da curva é dada
1 (1/ a 1) p / p
+ − ∆ ∆ min max pela derivada:

3
∆ p    ++− ∆
= Q aCv df −   ∆∆ ∆ =
ρ
onde
(x/X-1) p p 2
a=R (=%) min a (1 a ) 2 2 min
X é a possível da da max max
x é a posição
da haste excursão total haste p p
A máxima inclinação ocorre em a=0,
R é a rangeabilidade da válvula,
Cv é o coeficiente de vazão
=  e não há vazão e não
ρ é a densidade do    há quedas de
fluido Quando a 1 da
válvula está
totalmente fechada a sua queda 0 pmin pmax ∆ ∆
de pressão é máxima
df
pressão nos outros equipamentos; toda a A mínima inclinação ocorre em a=1,
queda é provocada pela válvula. Quando a
de pressão na p pelos
válvula começa válvula min da
a abrir, df diminui e as 1p ∆
aumentando a ∆ =  
vazão, a queda    quedas max
provocadas
outros equipamentos do sistema aumentam. excursão da abertura da válvula vale:

A variação do ganho através de toda a


2

max ∆p = ∆p − kQ
3

(df / da)
onde k as fixas do   ∆ min 2
representa resistências 0   ∆ = 
p  
sistema. Na máxima, pressão (df / da) p
vazão tem-se a mínima na max
queda de válvula: 1
de controle tiverem ganhos constantes ou
2 ganhos variando na mesma direção, a
estabilidade variará com a vazão.
min max ∆p = ∆p − kQ
Se todos os elementos restantes da malha

4.5
Fig. 4.1. Quedas de pressão no processo e na válvula de controle

4.6

4. Roteiro de dimensionamento 5.1. Líquido


A vazão do líquido no interior da válvula
4.1. Vazão através da válvula é mais previsível e é não compressível e
por isso o dimensionamento de válvula
Geralmente a válvula tem diâmetro para líquido é mais fácil e direto, sem
menor que a tubulação. Mesmo quando os
necessidade de muitos fatores de
diâmetros da válvula e da tubulação são
correção.
iguais, quando a válvula está em operação,
A vazão de um líquido newtoniano (cuja
ela quase sempre está restringindo a
viscosidade independe da tensão de
passagem da vazão, de modo que o fluido
cisalhamento) pode ser determinada por:
no interior da válvula passa por um
processo de mudança de energia. A
energia de pressão se transforma em pp −
qNFFC =
enérgica cinética, ou na garganta da 12

5. Válvula para líquidos


válvula a velocidade aumenta e a 1 p R v G
pressão diminui. f

Depois do fluido passar pela


válvula, a onde
sua velocidade retorna ao valor original e a válvula. Diferentes tipos de válvulas
pressão se recupera, mantendo um valor apresentam diferentes valores de
menor que a pressão de entrada na recuperação da pressão estática da
tubulação. medida em dois diâmetros nominais a
Para que uma válvula opere, sempre montante do conjunto válvula-conexão
haverá uma queda de pressão diferencial p2 = Pressão estática absoluta a jusante,
entre sua entrada (P1) e saída (P2). Esta medida em seis diâmetros nominais a
queda de pressão ou pressão diferencial é jusante do conjunto válvula-conexão ∆P =
tipicamente representada por ∆P. Pressão diferencial, p1 - p2
Gf = Densidade relativa (gravidade
específica) do líquido nas condições a
Tab. 1.1. Coeficientes de vazão para válvulas montante. Relação da densidade do
líquido à temperatura de vazão para a
Diâmetro válvula (“) CV densidade d'água a 15,6 oC (60 oF ),
adimensional
¼ 0,3
½3 q = Vazão instantânea volumétrica
1 14
5.2. Fatores de correção
1 ½ 35
2 55
3 108 FP = Fator de geometria da tubulação
4 174 adjacente
6 400 O fator de geometria é devido ao efeito
8 725 dos cones de redução e expansão usados
respectivamente na entrada e saída da
FF = Fator de relação da pressão crítica do
válvula, pois geralmente o diâmetro da
líquido, adimensional
válvula é menor que o da tubulação.
CV = Coeficiente de vazão da válvula
O uso da redução na entrada da válvula
FR = Fator de número de Reynolds, diminui a sua capacidade de vazão por
adimensional causa da queda de pressão adicional no
N1 = Constantes numéricas para as redutor. Com o redutor, a pressão de
unidades de medição usadas
p1 = Pressão estática absoluta a montante,

4.7
Dimensionamento
Queda de pressão através da válvula
entrada da válvula é menor que a pressão A válvula para operar deve ter uma
da tubulação. queda de pressão ou pressão diferencial
O cálculo para este fator FP é através dela, expressa como

1
F

p
=
∑ 2
v
∆P = (P1 –
KC P2 )
+ considerar o
Para efeito de menor valor
Nd2 1 cálculo deve-se
4 entre:
d K 0,5 1 
onde o fator ΣK é a soma algébrica dos  
coeficientes da velocidade efetiva de todas
∆P = (P1 – P2 )
as conexões colocadas na válvula mas não
a inclui: 2
∆ max = L −

∑K = K1 +K2 +KB1 −KB2 (4) onde


P F (P F P ) 1 F v

onde
2
∆Pmax = máxima queda de pressão capaz
de produzir vazão, na condição crítica FF= líquido de uma válvula sem conexão
Fator de relação da pressão crítica do 2
1
líquido, adimensional
 
  =− anexa, adimensional
1
D PV = pressão de vapor do líquido
2
FL=Fator de recuperação de pressão do
2
d K 1,0 1 
 
  2
  =− d K K 1,5 1 
2
D  

 
2

FL = Fator de recuperação de pressão +=−


Este fator experimental e adimensional O fator de recuperação depende do
2
2 tipo (geometria) da válvula e é
fornecido pelo fabricante, que o
determinou
é dado por: experimentalmente em ensaios
hidrodinâmicos.
d    FL baixo significa que a válvula absorve
K 1   =−BD pouca queda de pressão e apresenta
alta recuperação de pressão. De outro
sendo
4
modo, a válvula apresenta alta
velocidade do fluido
ppF − 12
− = D2
12
L
pp e grande capacidade de vazão. Exemplos
1 vc de válvula com baixo FL: borboleta, esfera.
FL alto significa que a válvula absorve
onde Pvc = pressão na vena contracta grande queda de pressão e apresenta
d = diâmetro nominal da válvula D1 pequena recuperação de pressão. De
= diâmetro na entrada da válvula outro modo, a válvula apresenta baixa
D2 = diâmetro na saída da válvula velocidade do fluido e pequena capacidade
O caso mais comum é ter os cones de vazão. Exemplos de válvula com alto
de FL: globo convencional de sede simples ou
entrada e saída da válvula dupla, globo gaiola, válvula com plug para
iguais, simplificando a baixo ruído.
equação para

4.8
Dimensionamento
P
F=
FF = Fator da relação de pressão crítica
do líquido
Fator adimensional definido como vc
F
P
v
A combinação do regime da vazão e o
onde número de Reynolds é a seguinte:
PVC = pressão na vena contracta (ponto
de menor pressão), nas condições de Rev Tipo de vazão
vazão crítica <56 Laminar
PV = pressão de vapor do líquido, na 56 a 40 000 Transicional
temperatura de entrada >40 000 Turbulenta
Desta equação, tem-se
testados. Os valores representativos de Fd Quando Rev < 56, o valor de FR pode se
são apresentados em tabelas. obtido da curva (Fig. E-1) ou da seguinte
equação:
ν = viscosidade cinemática, em
centistoke
0,67
Pvc = FFPv R v F = 0,019(Re )
válvula pode ser turbulento, transicional
que é o valor da pressão mínima no ou laminar. O fluxo turbulento ocorre com
interior da válvula nas condições de vazão alta velocidade, baixa viscosidade e alta
crítica ou chocada. densidade. Na condição turbulenta, a
Este fator é usado no cálculo da capacidade da válvula é maior que a
máxima queda de pressão ∆Pmax e pode esperada para uma não turbulenta e por
ser obtido pela equação isso deve-se introduzir um fator, quando
se tem a vazão não turbulenta para
Quando Rev estiver entre 56 e 40 000,
compatibilizar com o regime da vazão. O
pode-se usar a curva (Fig. E-1) ou a Tab.
número de Reynolds com relação à
Quando Rev for maior que 40 000, a
válvula vale:
vazão é turbulenta e não há necessidade
da válvula.
de correção, ou seja, FR = 1.
Empiricamente, o coeficiente Fd
Fd = Fator modificador do número de proporcional a
é n1 ,
p
F = 0,96 − 0,28 onde
v n é o número de passagens no
F
pc interior da válvula
Em geral, Fd pode ser usado como
Reynolds igual a 1 para válvulas com uma
O fator Fd corrige o número de passagem de sede simples. Usa-se Fd
Reynolds em função da geometria interna igual a 0,7 para válvulas com duas
Pc = pressão crítica, obtida de tabelas passagens de fluxo, tais como globo de
sede dupla ou borboleta. Fd é mostrado
FR = Fator do número de Reynolds O na tabela D-1.
regime de vazão de um fluido dentro da
2
v

2
L
NFq
Re +
4d
FC
v1
= ν 2
F C Lv
4
4N d
onde

Fd = fator que relaciona os dados dos


testes de vários tipos de válvulas com os
diferentes raios hidráulicos, de modo que
uma única curva representa todos os tipos

4.9
Dimensionamento
Diâmetro da 3 Polegada
5.3. Exemplo 1 tubulação

Tipo de válvula Globo Gaiola


Dados do processo
Unidade Sentido da vazão Vazão para abrir

Fluido Benzeno Tipo de vazão Turbulenta (FR = 1)

Vazão máxima 160 Gpm

Pressão a montante 150 Psia Como ∆P < ∆Pmax, a vazão é normal e


não chocada.
Pressão a jusante 120 Psia

Temperatura 200 O
F 3. Calcular Fp Cv
Da equação principal
Densidade relativa 0,879 @ 200 oF
pp −
Pressão de vapor 25 Psia qNFC =
12
Pressão crítica 701 Psia
1pv
Gf
150 120 −
160 1 (FpCv ) 1 = ⋅ ⋅ ⋅ 0,879

tem-se:

FpCv = 27,4

A pré seleção indica uma válvula de 2


polegadas com Cv = 41.

4. Determinar Fp
Solução Como a tubulação é de 3” e a válvula de 2”,
tem-se
pp − d/D = 2/3 = 0,67
1. Escolher a fórmula: q N F C = 1 2 Válvula Globo Gaiola, diâmetro de 2”

1pv Da Tab., tem-se


G
f
Fp = 0,96
onde N1 = 1
P F (P F P ) 1 F v
2. Verificar o tipo de vazão ∆P = (P1 – P2 )
onde
2
∆ max = L − p
F = 0,96 − 0,28
5. Calcular o Cv para o tipo de válvula v
selecionado F
pc
FpCv = 27,4
O curso da válvula é determinado pela
relação do Cv calculado pelo Cv a ser usado
Cv = 27,4/0,96 = 28,5
A válvula continua a mesma, porque 41 é o (máximo), ou seja,
Cv imediatamente superior a 27,4 ou 28,5.

6. Curso da válvula

25 Cv calculado
FF = 0,96 − 0,28 = % vazão =⋅
0,91 701
100%
Cv máximo

Então,
28,5
% vazão = ⋅ = 69,5%
P 0,9 (150 0,91 0,25) 2 100%
41
∆ max = − ⋅ = 103,1 psi

4.10
Dimensionamento
x
q N F C p Y =7pv1 G T Z g1
6. Válvulas para
gases e vapores

w
C1
6.1. Gases e o gás e o vapor quando se T Z xM
líquidos são aumenta a
compressíveis e
Diferentes do xM
por isso se v=
líquido
comprimem N F p Y 8p1
(incompressível),
pressão e expandem, redução da TZ
quando a pressão densidade ou peso 1
estática diminui, como específico do gás, foi
ocorre no interior da w N F C p Y =8pv1 x
válvula. Quando o gás
MT Z 1
se comprime, ele
aumenta sua densidade
e quando se expande, q N F C p Y =9pv1
sua densidade diminui.
Para compensar a
introduzido um fator de correção, q 1
C
chamado
de fator de dimensionamento de pressão e a
expansão, Y. de válvula para N F p Y 9p1
Outro enfoque gás é o uso da v=
diferente no relação da queda MT Z x
GTZ
q
pressão de entrada, no lugar de usar a C g1
queda de pressão. Com gases se usa: quadrada da diferença de pressão através
6.3. Vazão crítica ou chocada A da válvula, mas apenas função da pressão
à montante. Este fenômeno ocorre quando
vazão critica é a condição que existe o fluido atinge a velocidade do som na
∆ vena contracta. Assim que o gás atinge a
x = velocidade do som, na vazão critica, a
quando a vazão não é mais função da raiz variação na pressão à jusante não afeta a
P vazão, somente variação na pressão a
P1 montante afeta a vazão. A vazão crítica,
chocada ou bloqueada é aquela que
Quando o gás é expandido na garganta atingiu a velocidade máxima e não pode
da válvula, por causa da queda de mais aumentar pela diminuição da pressão
pressão, sua densidade diminui. Como a a jusante.
vazão mássica é constante, o gás A vazão crítica ocorre quando
expandido é acelerado na saída. A energia
requerida para esta aceleração é originada x > Fk xT
da pressão diferencial através da válvula.
onde
Este fenômeno não ocorre com o líquido,
x é a relação entre queda de pressão
pois sua densidade é constante.
através da válvula e pressão de entrada
Assim, para uma mesma pressão
diferencial, a vazão mássica de um gás é xT é o fator da relação da máxima
sempre menor que a vazão obtida com um queda de pressão, na qual é possível
líquido, porque parte da pressão diferencial ainda aumentar a vazão na válvula. O
é usada para acelerar o gás. Como fator xT é obtido através de ensaios de
resultado, deve-se compensar esta perda laboratório e depende do tipo da
através do fator de expansão Y. válvula.
Este fator pode ser obtido da Tab. D-1.
6.2. Equações de dimensionamento

6pv11w = N F C Y xp γ

v=
Y 7p1
NFp x

4.11
Dimensionamento
temperatura reduzida e pressão reduzida,
que valem:
6.4. Fator da relação dos calores
pressão reduzida Pr é definida como a
específicos
relação da pressão absoluta real de
A relação dos calores específicos de um entrada para a pressão absoluta
fluido compressível afeta a vazão termodinâmica crítica para o fluido em
instantânea através de uma válvula. O questão. A temperatura reduzida Tr é
fator Fk leva em conta este efeito. definida de modo semelhante. Tem-se:
Fk tem um valor de 1,0 para o ar em
temperaturas e pressões moderadas, onde
calores específicos é 1,40. A
sua relação de
experiência e a ser considerado p
teoria indicam que, uma função linear p = rp
para o de k, como: 1
dimensionamento
c
da válvula, Fk pode
condições reais de pressão e temperatura.
Como todas as equações de
k dimensionamento usam a densidade
Fk =
relativa, exceto uma que usa o peso
1,40 específico, é necessário usar a correção
do fator de compressibilidade.
O fator de compressibilidade pode ser
6.5. Fator de expansão Y obtido de gráficos e é função direta da
O fator de expansão Y corrige a T
T=
variação da densidade do gás ou vapor
1
quando ele passa através da válvula r
(desde o ponto de entrada até a vena T
c
contracta), por causa da diminuição da
pressão. O fator de expansão também
A pressão e temperatura crítica de um
corrige a variação da área na vena
fluido estão relacionadas com a habilidade
contracta, em função da queda de pressão.
de o líquido estar ou não em estado
Este fator é dado pela equação:
gasoso.

x 6.7 Ruído na válvula


Y = 1−
O dimensionamento incorreto da válvula
K T 3F x
de controle pode provocar o aparecimento
Para a vazão crítica, onde x = Fk xT, de altos níveis de ruído por causa da
tem-se passagem do fluido em alta velocidade no
seu interior. Como o ruído é um som
Fx indesejável, prejudicial à saúde física e
Y = 1− = 1 – 1/3 = 0,67 mental das pessoas, normas internacionais
kT [Organização Mundial da Saúde, OSHA,
3F x Portaria 3214 (1972) ou NR 15]
kT estabelecem limites do nível de ruído
permissíveis e quantidade de horas de
exposição.
6.6. Fator de compressibilidade Z
A última versão (1985) da norma ISA
O fator de compressibilidade é usado S75-01 não trata diretamente da
para corrigir o afastamento do prevenção de cavitação ou ruído na
comportamento do gás real do gás ideal, válvula.
determinando sua densidade para as
4.12
Dimensionamento
0,41 Y 1
⋅ = − = 0,80 3 0,70
6.8. Exemplo 2
4. Determinar Z
Dados do processo
p
p=
Unidade
Fluido Vapor saturado Pressão a jusante 100 c
seco Vazão máxima 33 Psia
000 Lb/hr Pressão a 170
r
montante 170 Psia p
1
Temperatura 370 OF Peso molecular 18,02 1
r
Adimens. Temperatura crítica 705,5 OF T
Pressão crítica 3 208,2 Psia Diâmetro da c
tubulação 6 Polegada Tipo de válvula
Globo Gaiola Sentido da vazão Vazão 370 460 r +
para abrir Razão dos calores 1,33 T + = = 0,71 705,5 460
Adimens.
Da curva, Z = 0,95

Solução
5. Calcular o Fp Cv
Por causa da erosão, deve-se usar Da equação principal,
válvula que apresenta grande perda de
carga e por isso não se deve usar xM
válvula rotativa.
wNFCpY
pr = = 0,05
3208,2

T
T=
1. Escolher a fórmula: = TZ1
8pv1

w N F C p Y =8pv1 0,41 18,02 170


onde N8 = 19,3
33000 19,3 FpCv
xM T Z 1 0,80
+⋅

=⋅⋅⋅
Fp Cv = 130
(370 460) 0,95
2. Verificar o tipo de vazão
Pré seleção da válvula = Diâmetro de 4
“ e Cv = 195
PP

− −
12 = = = 0,41
x de Fp Tem-se
P k d/D = 4/6 = 0,67
1
6. Determinação
170 100 170
 
 = = 0,70
Fxx 1,33
0,74
vapor
Da Tab. de Fp, obtém-se:
kTT =
k  1,40 Fp = 0,96
ar
e não crítica.
Como x < Fk xT , a vazão é normal 7. Cálculo do Cv Fp Cv = 130
equação 135,4
3. Calcular Y 130
Cv = = 0,96
Substituindo na
A válvula selecionada permanece a
x mesma, de 2 ”.
Y = 1− K T 3F x

4.13
Dimensionamento
O erro em uma vazão de ar ou água fria
fluindo em válvula globo, com baixa queda
6. Curso da válvula de pressão, o erro pode ser desprezível,
Porém, com válvula de grande diâmetro e
O curso da válvula é determinado pela
do tipo de alta recuperação de alta
relação do Cv calculado pelo Cv a ser
pressão, com alta queda de pressão
usado (máximo), ou seja,
através dela e com outros fluidos e outras
Cv
% vazão
calculado erros se tornam Uma válvula
=⋅
100% Cv superdimensionada,
máximo além
condições de vazão, o
vitais.
135,4 de custar mais, apresenta um desempenho
% vazão = ⋅ = 69,4%
que pode afetar a pelo processo e o
195
economia e qualidade do mínimo Cv controlável
100%
produto. A relação do pela
de controle degradado máximo Cv requerido
7. Considerações Adicionais dimensionamento e de correção propostos
pelas normas pode-se ter erros grandes e
Quando se ignoram os fatores de pequenos, dependendo das condições de
processo. Por exemplo, o fator Fk, disponível. Por exemplo, se uma válvula de
compensação para a relação de calores 4” está no limite, pode-se escolher uma
específicos de vários gases e vapores, a válvula de 6”. Se a aplicação não tolera
faixa de erro possível, se o fator é omitido, este superdimensionamento, há sempre
é de –15 a +9 %. Outro exemplo, uma trim reduzido ou abertura reduzida da
válvula borboleta com 80o de abertura, válvula.
instalada entre dois redutores 20 x 10”, Outro ponto importante é a precisão
deixa passar apenas 65% do que passaria requerida pela aplicação e a qualidade dos
em nesta mesma válvula em uma linha de dados do processo usado para o
10” e o fator Fp considera isto. dimensionamento da válvula. Quando se
Quando se omite o fator de requer um bom desempenho da válvula, é
compressibilidade Z, que considera o fundamental gastar mais esforço para
desvio da lei dos gases perfeitos, em refinar os dados de dimensionamento da
casos extremos, pode resultar em erros válvula. (Se o seu relógio tem precisão de
variando de –100 a +100%. um segundo por ano, ele não pode ser
O fator FR considera as condições de ajustado pelo relógio da matriz da praça).
não turbulência de vazão e quando
omitido, pode apresentar erro de até –10
000%!
O fator xT se aplica a fluidos
compressíveis (gases e vapores) e define
a relação de pressão em que um
determinado tipo de válvula pode atingir
vazão totalmente chocada. Equações
simples para a vazão de gás assume que
todas as válvulas se comportam do mesmo
modo, independente do seu tipo. Por
exemplo, com uma válvula borboleta com
60o de abertura, manipulando 100 psia de
ar e tendo uma queda de pressão de 40
psi, a antiga equação FCI (Fluid Controls
Institute) prevê uma vazão 50% maior do
que a equação ISA. Com uma válvula
borboleta a 90o , o erro é de –100%.
válvula estabelece o limite da
rangeabilidade da planta: quanto maior a Apostila\Válvulas 4Valvula Dimensionamento 02 FEV 00 (Substitui 12 OUT 99)

válvula, menor é a rangeabilidade

4.14

ISA S75.01-1985 (1995)


Equações de Vazão para
Dimensionar Válvulas de Controle
válvula, é geralmente necessário usar
fatores de capacidade associados com a
condição totalmente aberta ou
especificada para prever um coeficiente de
vazão da válvula requerido aproximado (CV
). Este procedimento é explicado melhor no
1. Escopo Apêndice A.
2.1. Vazão e propriedades do fluido
Esta norma apresenta equações para A vazão instantânea de um fluido através
prever a vazão de fluidos compressíveis e de uma válvula de controle é uma função
incompressíveis através de válvulas de do seguinte (quando aplicável):
controle. As equações não pretendem ser a) Condições de entrada e saída:
usadas quando o fluido for multifásico, 1. Pressão
lamas densas, sólidos secos ou líquidos 2. Temperatura
não newtonianos. Além disso, a previsão 3. geometria da tubulação
de cavitação, de ruído e de outros efeitos b) Propriedades do liquido
não é parte desta norma. 1. Composição
2. Densidade
2. Introdução 3. Pressão de vapor
4. Viscosidade
As equações desta norma são 5. Tensão superficial
baseadas no uso de fatores de capacidade 6. Pressão crítica
determinados experimentalmente obtidos c) Propriedades do gás ou vapor
de teste de válvulas de controle de acordo 1. Composição
com os procedimentos da norma ANSI/ISA 2. Densidade
S755.02, Procedimento de Teste de 3. Relação dos calores específicos
Capacidade de Válvula de Controle. d) Propriedades da válvula de
As equações são usadas para prever a controle
vazão instantânea de um fluido através de 1. Tamanho
uma válvula quando todos os fatores, 2. Curso da haste ou rotação do
incluindo aqueles relacionados com o disco
fluido e sua condição de vazão, são 3. Geometria do caminho da
conhecidos. Quando as equações são vazão
usadas para selecionar um tamanho de

4.15
ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle

3. Nomenclatura
Símbolo Descrição

CV Coeficiente de vazão da válvula


d Diâmetro da entrada da válvula

D Diâmetro interno da tubulação

Fd Modificador do tipo da válvula

FF Fator de relação da pressão crítica do líquido, adimensional

FL Fator de recuperação de pressão do líquido de uma válvula sem conexão


anexa, adimensional

FLP Produto do fator de recuperação de pressão do líquido de uma válvula com


conexão anexa e o fator da geometria da tubulação, adimensional

Fp Fator de geometria da tubulação, adimensional

FR Fator de número de Reynolds, adimensional

Fs Fator de vazão laminar, adimensional

g Aceleração local da gravidade

Gf Densidade relativa (gravidade específica) do líquido nas condições a montante.


Relação da densidade do líquido à temperatura de vazão para a densidade d'água
a 15,6 oC (60 oF ), adimensional

Gg Densidade relativa (gravidade específica) do gás em relação à densidade do ar,


ambos nas condições padrão. Igual à relação do peso molecular do gás para o
peso molecular do ar, adimensional

k Relação dos calores específicos, adimensional

K Coeficiente de perda de pressão de um dispositivo, adimensional

KB Coeficiente de Bernoulli, adimensional

Ki Fatores de altura da velocidade para uma conexão de entrada, adimensional

M Peso molecular, unidade de massa atômica

N1, N2, Constantes numéricas para as unidades de medição usadas


...

p1 Pressão estática absoluta a montante, medida em dois diâmetros nominais


a montante do conjunto válvula-conexão

p2 Pressão estática absoluta a jusante, medida em seis diâmetros nominais a


jusante do conjunto válvula-conexão

∆P Pressão diferencial, p1 - p2

pc Pressão absoluta termodinâmica crítica

pr Pressão reduzida, adimensional

pvc Pressão absoluta aparente na vena contracta

q Vazão instantânea volumétrica


qmax Vazão instantânea máxima (condições de vazão chocada) a uma dada condição
a montante

Rev Número de Reynolds da válvula, adimensional

Tc Temperatura absoluta termodinâmica crítica

Tr Temperatura reduzida, adimensional

T1 Temperatura absoluta a montante, em kelvin (K) ou grau Rankine (oR)

U1 Velocidade na entrada da válvula

w Vazão instantânea em massa ou peso

4.16

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