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Universidade São Francisco Curso de Engenharia de Produção
Universidade São Francisco Curso de Engenharia de Produção
Campinas
2015
BRUNO MAYR RODRIGUES – R.A. 004201100052
Campinas
2015
BRUNO MAYR RODRIGUES
Data de aprovação:____/____/____
Banca Examinadora:
Profª. y (Examinadora)
Universidade São Francisco
__________________________________________
Prof Dr/Ms X
Orientador e Presidente
Universidade São Francisco
____________________________________________
Prof. Dr/Ms Y
Universidade São Francisco
__________________________________________
Prof. Dr/Ms Z
Universidade São Francisco
Dedicado aos meus pais
José Oscar Rodrigues e Magda S. Mayr Rodrigues,
que proporcionaram a mim a chance de cursar a universidade
e acreditaram no meu sucesso.
“Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao fim e
ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa.”
Mahatma Gandhi
RESUMO
O ambiente logístico tem se tornado cada vez mais inteligente, buscando balancear o custo e
nível de atendimento de forma ótima, de modo a tornar o negócio vantajoso tanto para o
consumidor quanto para o fornecedor. Tal balanceamento se da através dos estoques das
empresas, que permite um bom nível de atendimento através da disponibilidade imediata de
produtos diversos, e o baixo custo devido à possibilidade de planejamento com antecedência.
A gestão de estoque é, portanto, a administração fundamental para atingir estes objetivos, já
que a mesma monitora os níveis de insumos armazenados e define a reposição controlada dos
materiais. Nesta monografia são abordadas as literaturas dos principais conceitos relacionados
à administração de materiais, e com base no estudo dessas teorias e dados obtidos na empresa,
foram propostas políticas de gestão de estoque que melhor se adequassem à realidade do
negócio, a fim de propor a criação de um estoque local de produtos com baixo custo e
oferecendo alto nível de serviço.
The logistics environment has becoming more and more smart, seeking to balance the cost
and service level optimally in order to make the business beneficial for both the consumer and
the vendor. This balance is done through the stocks of the companies, which allows a good
level of service through the availability of different products, and the low cost due to the
possibility of planning in advance. Inventory management is the fundamental administration
to achieve these goals, since it monitors the stored levels and sets the controlled replenishment
of materials. In this monograph the literature of the major concepts related to material
management is shown, and based on the study of these theories and the data provided by the
company, policy proposals for stock management that best fits the reality of the business are
made, in order to propose a local stock with low cost and offering a high service level.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 34
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 46
ANEXOS...... ........................................................................................................................ 50
1 INTRODUÇÃO
A definição do termo estoque tem um alcance muito amplo, porém tradicionalmente
falando podemos considera-lo como tudo que a empresa guarda para suprir suas necessidades
futuras. E dentre esses bens armazenados podemos citar as matérias-primas, produtos
acabados, produtos semiacabados, componentes para produção, peças sobressalentes,
materiais administrativos e suprimentos diversos.
Avaliando de uma forma mais técnica e específica, ainda podemos dizer que, “o
estoque é definido como acumulação de recursos materiais em um sistema de transformação.
Algumas vezes estoque também é usado para descrever qualquer recurso armazenado. Não
importa o que esta sendo armazenado como estoque, ou onde ele está posicionado na
operação, ele existirá porque existe uma diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e
demanda.” (Slack e et al ,1997)
Atualmente, com a alta competitividade do mercado e maior exigência por parte dos
consumidores, torna-se cada vez mais necessária a aplicação da gestão em todas as áreas
operacionais, de modo a reduzir custos e buscar maior eficiência, gerando assim maior nível
de serviço ao consumidor final.
Tendo isso em vista, os administradores tem voltado grande parte de suas atenções
para os estoques, onde é investido grande parte do capital da empresa além de servir como
auxilio para um bom nível de atendimento. E a falta de uma boa gestão do mesmo pode trazer
sérios problemas para a saúde financeira da empresa, uma vez que grande parte dos recursos
investidos pode ficar estagnado, afetando assim a liquidez do capital.
Uma vez que não é possível que a empresa trabalhe sem estoques, foram
desenvolvidas diversas ferramentas para auxiliar na gestão do mesmo, de modo a torná-lo
mais eficiente e menos oneroso. Estas ferramentas são utilizadas em sua grande maioria pelo
planejamento, onde através de previsões e definições de políticas sólidas de aquisição, busca
atender tais objetivos. O presente projeto tem como objetivo apresentar estas ferramentas e
esclarecer como a utilização das mesmas, pode trazer melhorias para a companhia.
1.1 Justificativa
A necessidade de profissionais da administração é clara nos tempos atuais, onde a
globalização cada vez mais, vem gerando crescente agressividade da concorrência. Portanto é
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importante que todos os profissionais relacionados à área tenham uma visão aprofundada do
tema para terem sucesso profissional e também conduzir da melhor maneira as empresas.
Sem estas ferramentas, torna-se quase impossível para as empresas sobreviverem nos
dias atuais, visto que a utilização das mesmas pode trazer redução de custos e economia nas
aquisições, além de melhor nível de atendimento.
Processos mais rápidos, mais complexos e com um custo cada vez menor, tem sido o
grande desafio das indústrias manufatureiras. Assuntos esses todos tratados pela Logística no
que diz respeito a Transporte, Movimentação e Armazenagem de Materiais e Gestão de
Estoques. Porém, em muitos dos cursos de Engenharia de Produção não é feito um estudo
aprofundado na área Logística, que por sua vez, é uma das principais barreiras ao crescimento
econômico do Brasil, devido à carência na infraestrutura aliado à falta de profissionais
capacitados tecnicamente, que possuam conhecimento em todas as áreas relacionadas à
Logística para uma atuação mais sistêmica e estratégica.
1.3 Objetivos
Objetivo Geral
O presente projeto tem como objetivo apresentar as principais ferramentas utilizadas
na Gestão de Estoques e Administração de Materiais além da importância do uso das mesmas.
Com isso, visa-se a aplicação das melhores práticas na empresa em questão na busca de
melhores resultados, como maior nível de atendimento através da redução dos prazos de
entrega e redução de custos relacionados ao estoque.
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Objetivo Específico
Para isso procurou-se atingir os seguintes objetivos específicos:
•Conceituar estoque e a sua gestão;
•Conceituar os principais sistemas de controle de estoque;
•Apresentar os principais cálculos utilizados para tomadas de decisões;
•Definir com base nos estudos as melhores práticas para a manutenção dos estoques.
1.4 Hipótese
A hipótese encontrada neste projeto é que, com a aplicação de conceitos e ferramentas
de gestão de estoque nas empresas, é possível desenvolver um conjunto de técnicas que
facilitem a gestão de estoque a partir de procedimentos sólidos e contínuos, com objetivo de
atingir uma redução do capital investido no estoque e consequentemente um aumento no
capital de giro. Além disso, minimizar o risco de falta de material em determinados períodos.
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2 REVISÃO DA LITERATURA
Com o objetivo de se obter definições apropriadas das terminologias utilizadas, neste
capítulo serão apresentadas as abordagens de diferentes autores em relação ao tema de gestão
de estoques, bem como seus métodos de avaliação e controle, seus tipos, características
específicas e por fim, suas influências no resultado das empresas.
A administração de estoques é de fundamental importância para as organizações,
algumas empresas têm deficiência neste quesito e em função disso, em prejuízos, insatisfação
do cliente entre outros fatores (Dias,1993).
O estoque de produtos de uma empresa é o que lhe trará benefícios, por isso é
importante que ele seja bem controlado e correto. Precisão nas quantidades, valores, tudo isso
a disposição do gestor para que possa trabalhar o mix da empresa e manter o cliente satisfeito
(Dias, 1993).
2.1 Estoque
O termo estoque tem uma abrangência de significados bastante extensa. Viana (2002)
diz que, “do ponto de vista mais tradicional, podemos considerá-lo como representativo de
matérias-primas, produtos semiacabados, componentes para montagem, sobressalentes,
produtos acabados, materiais administrativos e suprimentos variados”.
Ao observarmos qualquer indústria, podemos notar diversos tipos de materiais de
armazenados, como nos exemplos da Tabela 01.
Segundo Assaf Neto (2009), “os estoques são materiais, mercadorias ou produtos que
são fisicamente mantidos disponíveis pela empresa, com expectativa de ingresso no ciclo de
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necessitar de mais capital para se expandir, ela terá que emprestar ou tirar de algum dos
quatro itens mencionados anteriormente.
A administração e controle de estoques funcionam então como auxiliadores na
fiscalização dos níveis de produção e vendas, avaliando o que está sendo acumulado em
estoque, permitindo assim o ajuste no planejamento de produção ou necessidade de aumento
das vendas.
Para Bowersox e Closs (2001), gerenciamento de estoque é a etapa por onde são
obedecidas as políticas da empresa e cadeia de valores no que se refere a estoques. Usa-se a
demanda dos clientes para deslocar os produtos por canais de distribuição.
Portanto, conforme mencionado anteriormente, gerenciar o estoque economicamente
consiste na procura do equilíbrio entre demanda e consumo a um menor custo.
De acordo com Ching (2007), o controle de estoque exerce grande influência sobre a
rentabilidade da empresa. Os estoques usam capital de uso potencial que poderia ser utilizado
em qualquer outro projeto de investimento.
O controle de estoque de uma empresa é feito pela avaliação e fiscalização de tudo que
entra e sai da companhia. E para o sucesso de um controle acurado é necessário um sistema de
informações eficiente e com dados confiáveis, além de pessoal qualificado e de confiança.
Para Dias (1993), a organização do estoque parte da descrição principal de suas
funções que são:
a) Determinar “o que” deve permanecer em estoque. Número de itens;
b) Determinar “quando” se devem reabastecer os estoques. Periodicidade;
c) Determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predeterminado;
d) Acionar o Departamento de Compras para executar aquisição de estoque;
e) Receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as
necessidades;
f) Controlar os estoques em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre
a posição de estoque;
g) Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos
materiais estocados; e
h) Identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.
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Entretanto, existem diversas forças dos diferentes departamentos das empresas que
reagem sobre as decisões a serem tomadas pelo administrador de estoque. Alguns destes
conflitos são apresentados no Tabela 02.
Slack (2002) aponta que a análise ABC é uma importante técnica para administrar os
estoques, pois apresenta resultados eficientes face à sua simplicidade de aplicação.
A maior parte das empresas mantém um grande número de diferentes itens em
estoque, e para se ter um controle sem gerar altos custos e de forma otimizada, é viável
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classificar os itens de acordo com sua importância. Geralmente a classificação ABC dos itens
é realizada através da multiplicação da demanda do item por seu custo unitário. Com isso,
pode-se observar que um pequeno número de itens é referente à grande parte do desempenho
do controle de estoque. Portanto, tem-se a classificação a seguir:
Itens de maior valor agregado, que são mais importantes para a empresa e
necessitam um controle rigoroso por parte dos administradores. Geralmente
representam por volta de 20% da quantidade de itens, e correspondem a 80%
do valor total dos itens.
Itens de valor agregado intermediário requerem um controle menos rigoroso e
são representados geralmente por volta de 30% dos itens e 15% do valor total
dos itens.
Itens com baixo valor agregado, necessitam de controle rotineiro e pouco
rigoroso, sendo representado por 50% dos itens e aproximadamente 5% do
valor total do itens.
Arnold (2012), cita que para a utilização da abordagem ABC, existem duas regras
gerais a serem seguidas:
1. Ter um grande número de itens de baixo valor. Os itens C representam cerca
de 5% do valor total do estoque. Manter um estoque extra de itens C acrescenta
pouco ao valor ao total do estoque. Os itens C são realmente importantes
apenas se houver uma falta de um deles – quando se tornam extremamente
importantes –, portanto, deve ser mantido sempre um estoque disponível. Por
exemplo, pedir um suprimento para um ano de uma única vez e manter um
estoque de segurança suficiente. Desse modo, haverá a possibilidade de
esvaziamento do estoque uma vez por ano.
2. Utilizar o dinheiro e o esforço de controles economizados, para reduzir o
estoque de alto valor. Os itens A representam cerca de 20% dos itens e
aproximadamente 80% do valor do estoque. São extremamente importantes e
merecem o controle mais cerrado e a revisão mais frequente.
O lote de compra pode ser econômico ou não, e nas condições normais de equilíbrio
entre a compra e o consumo, o estoque irá variar entre os limites máximos e mínimos. Deve
ser levado em consideração também as influências de capacidades de armazenagem
disponíveis, agindo como limitadores.
por parte do fornecedor entre outros. Abaixo os Gráficos 03 e 04, ilustram a funcionalidade de
um estoque de segurança.
Como pode ser observado, mesmo que ocorra alguma falha no processo de reposição,
o estoque de segurança não deixa faltar o produto.
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Dias (1993) cita que o estoque de segurança poderia ser tão alto que jamais haveria a
possibilidade de ruptura, porém, desde que em média a quantidade presente na margem de
segurança não seja utilizada, torna-se parte permanente do estoque, acarretando custos
elevados. E ao contrário, determinar um estoque de segurança muito baixo por acarretar no
esgotamento, gerando os custos de não possuir materiais, como perda de vendas, paralisação
da produção, despesas para apressar entrega.
O estabelecimento de uma margem de segurança é o risco que a companhia está
disposta a assumir com respeito à ocorrência da falta de estoque.
Onde:
E.Mn = Estoque mínimo
TR.Max = Tempo de Reposição Máximo
TR.Min = Tempo de Reposição Mínimo
CMD = Consumo Médio Diário
Deterioração;
Obsolescência;
Seguros;
Salários;
Conservação;
Uma boa gestão de estoque só pode ser realizada através do estudo detalhado de todos
os custos envolvidos. Esses custos podem ser determinados por meio de fórmulas
matemáticas, e são divididos em diversos componentes.
Existem diversas fórmulas para o cálculo de cada um dos componentes desta equação,
que levam em consideração diferentes custos agregados. Dias (1993), cita o seguinte modelo
matemático para realização do cálculo do Custo Total de Armazenagem:
Onde:
Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado.
P = Preço unitário do material.
I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de porcentagem do
custo unitário.
T = Tempo considerado de armazenagem.
I = Ia + Ib + Ic + Id + Ie + If
Onde:
Ia) Taxa de retorno de capital:
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Onde:
S = área ocupada pelo estoque
A = custo anual do m² de armazenamento
C = consumo anual
P = preço unitário
Conclui-se então, que a taxa de armazenamento pode ser definida pela soma de todos
os custos citados anteriormente, dado pela expressão matemática:
If = Ia + Ib + Ic + Id + Ie + If
Q= √(2BC/I)
Onde:
B = Custo do pedido
C = Consumo do item
I = Custo de armazenagem
2.5.1 Cadastro
O cadastro dos produtos é parte fundamental para controle dos materiais, pois é neste
momento que são registradas todas as informações relevantes a ele. Tais informações que são
de suma importância para a área de Compras.
Para Viana (2002) o cadastro de materiais é essencial para a manutenção e o
desenvolvimento da organização, o qual necessita ser completo, com todos os dados
necessários para a identificação do produto, para que os administradores de materiais tenham
facilidade para trabalhar.
2.5.2 Compras
Hoje em dia a função Compras é vista como parte do processo de logística, ou seja,
parte integrante da cadeia de suprimentos. Essa área tem por finalidade suprir as necessidades
de materiais ou serviços demandados pela companhia.
Dias (1993) cita que qualquer atividade industrial necessita de matérias-primas,
componentes, equipamentos e serviços para poder operar. E no ciclo de processo de
fabricação, antes de iniciado deve haver a disponibilidade dos materiais e insumos, mantendo-
se a disponibilidade contínua a fim de atender as necessidades ao longo do período. Logo a
quantidade de materiais adquirida, deve ser compatível com o processo produtivo, e para isso
torna-se extremamente necessária uma boa previsão de necessidades.
Dentre as atividades típicas da área de Compras estão:
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Classe Dificuldade
Complexa: tratam-se dos itens de obtenção muito difíceis, pois
1
envolvem diversos fatores complicadores combinados.
Difícil: Envolve alguns poucos fatores complicadores relacionados
2
acima, tornando o processo de obtenção relativamente difícil.
Fácil: Fornecimento ágil, rápido e pontual, o item possui amplas
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alternativas a disposição no mercado fornecedor.
Fonte: Gasnier (2010).
2.5.3 Recebimento
A atividade da área de recebimento dos materiais tem função de assegurar que o
produto entregue está de acordo com a ordem de compra.
Segundo Francischini e Gurgel (2002) é denominado recebimento de materiais a partir
do momento que a empresa passa a ter responsabilidade pelo material comprado, após
conferir todas as informações junto à ordem de compra da empresa. Após esse momento, a
empresa não tem mais o direito de reclamar sobre possíveis danos ou avarias sobre os
produtos adquiridos.
Para Martins e Laugeni (2003) os procedimentos para o recebimento de materiais são:
verificar o pedido de compra, verificar os elementos fiscais constantes na nota fiscal de
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entrega, conferir unidades e preços, vistoriar as embalagens e por ultimo verificar a qualidade
dos produtos adquiridos.
Portanto, o conferente de materiais deve ser uma pessoa com muita responsabilidade e
confiabilidade, pois seus olhos e procedimentos irão atuar como filtros nas entradas de
materiais.
2.5.4 Armazenagem
A armazenagem dos materiais é de suma importância para a empresa, pois neste
momento serão destinados os locais específicos para armazenamento dos produtos
comercializados pela empresa, devendo estes permanecer em locais seguros e apropriados
para que se mantenha a total qualidade até o momento de sua venda.
Para Viana (2002) a armazenagem dos produtos pode ser simples ou complexa,
dependendo da variação da armazenagem que se dá em função do tipo do produto, peso,
volume, fragilidade, entre outros.
Dias (1993) diz que um sistema correto de armazenamento influi no aproveitamento
dos produtos e dos meios de movimentação, evita rejeição de peças com danos ocasionados
por batidas e impactos, devido ao manuseio inadequado, e reduzem as perdas.
De acordo com Martins e Laugeni (2003) o armazenamento dos materiais é importante
para reduzir os custos de fretes, reduzir o custo de produção e prover um melhor nível de
atendimento ao clientes. Os objetivos de um bom armazenamento são:
Utilizar sistema PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai);
Manter a qualidade dos materiais, tomando os devidos cuidados para que a
armazenagem e movimentação não alterem suas características originais;
Identificar claramente os materiais;
Controlar a quantidade estocada;
Prover equilíbrio entre a compra e demanda, identificando materiais com baixo
nível de demanda com estoque altos, materiais iguais porém com denominação
diferentes; (acho que aqui são pontos separados)
Diminuir os espaços alocados a estocagem;
Diminuir os custos referentes ao estoque;
Manter um sistema de informação rápido e eficaz.
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3 METODOLOGIA
relacionadas ao estoque, para auxílio nas tomadas decisões referentes às melhores praticas a
serem utilizadas.
Posteriormente foi realizada a coleta de dados da empresa em questão, e com isso
foram selecionadas as melhores metodologias aplicáveis para a definição das políticas de
manutenção do estoque. Salienta-se que todos os valores apresentados foram multiplicados
por um fator não divulgado a fim de zelar a confidencialidade das informações.
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4.1.1 A Empresa
A empresa IKA foi fundada em 1910, originalmente com o nome Handelsgesellschaft
pharmazeutischer Bedarfsartikel Janke & Kunkel OHG por dois sócios na Alemanha. A
empresa sobreviveu à Primeira Guerra Mundial e aos anos subsequentes de inflação e crise
econômica oferecendo consistentemente novos produtos e ideias. Seus principais clientes são
laboratórios, farmácias e hospitais, seus produtos mais vendidos eram um suporte para
eletrólise rápida, agitadores de laboratório, plataformas aquecedoras e um calorímetro para a
determinação do valor calorífico de combustíveis.
Durante a "Noite dos 1000 Bombardeiros", em 31 de maio de 1942, o escritório e as
salas de produção da Janke & Kunkel, juntamente com grande parte de Colônia, foram
reduzidos a escombros. Numerosas máquinas foram destruídas e todos os documentos
administrativos e desenhos técnicos foram queimados. Como não era esperado que Colônia
fosse reconstruída em breve, os sócios decidiram recomeçar do zero em Staufen, em Baden do
Sul. Eles alugaram edifícios e, com a ajuda de equipe de Colônia, começaram a construir
equipamentos de laboratório novamente.
Depois da Reforma Monetária de 1948, Janke & Kunkel viveu os anos do milagre
econômico com uma linha de produtos modernizada e expandida. O completo e novo
programa usou pela primeira vez o nome IKA durante a exposição comercial internacional
mais importante, a ACHEMA, realizada novamente em 1950. O nome originou-se das iniciais
da empresa Janke & Kunkel. A IKA prosperou e logo e os edifícios da fábrica no centro de
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Staufen tornaram-se muito apertados. Em 1965, a empresa mudou-se para um amplo e novo
edifício, na área industrial de cidade, onde permanecem até a atualidade.
Atualmente a empresa conta com duas divisões, laboratório e processos. Na divisão de
laboratório conta com mais de 200 variedades de equipamentos, destinados a laboratórios de
análise em geral, além de seus acessórios e consumíveis. E na divisão de processos é
responsável por fabricar equipamentos de grande porte para utilização em linhas de produção
que contam com processamento de materiais, como por exemplo, indústrias cosméticas e
alimentícias. Hoje o grupo IKA tem mais de 800 funcionários em oito localidades nos quatro
continentes.
Sendo a mais nova das subsidiárias, a IKA Brasil iniciou suas atividades no país em
2013 apenas como revendedora, e em Março de 2015 com a fábrica e produção nacional dos
equipamentos best seller, como agitadores magnéticos, moinhos analíticos, placas de
aquecimento e seus acessórios. Buscando um relacionamento mais estreito com os clientes
locais, atualmente essa subsidiária é responsável pelo atendimento de toda a América do Sul.
Por conta do recente início da operação, por hora não faz parte dos planos da alta
diretoria o estabelecimento de um estoque local de insumos de demanda independente.
Entretanto, desenvolvendo isso a empresa ofereceria um maior nível de serviço, ou
seja, um atendimento mais ágil aos seus clientes que atualmente necessitam após a compra,
aguardar o prazo de importação para o recebimento de seus pedidos. Isto devido ao fato de
seus insumos serem quase que em sua totalidade importados, excluso uma pequena parcela
dos produtos que são produzidos no Brasil.
Como os clientes estão acostumados com a condição de prazo de entrega atual, o
desenvolvimento desse estoque local poderia ser apresentado como um novo atrativo
oferecido pela empresa, buscando assim maior vantagem competitiva.
5%
C
57%
15%
B
25%
80%
A
18%
É aconselhável que após certo período os cálculos sejam refeitos, pois as necessidades
dos clientes podem variar, dessa forma alterando a demanda e consequentemente a posição de
classificação dos itens.
Como se pode observar, o mês mais recente ao estudo é o que tem maior validade, por
isso é atribuído a ele peso maior que os demais. O consumo médio se deu pela soma dos três
valores de demanda multiplicados por seus respectivos graus de importância. Esses valores
servirão como base para os próximos cálculos referentes ao controle de compras e estoque.
Será estabelecido que esta previsão terá validade para os próximos três meses, após
isso, da mesma forma que a Classificação ABC, é aconselhável que os cálculos sejam refeitos
utilizando-se os dados mais recentes para obtenção de uma nova previsão mais próxima à
realidade.
Note que os valores de tempo de reposição máximos e mínimos são iguais para todos
os casos, pois foi constatada que na quantidade demandada o fornecedor tem o material a
pronta entrega, sendo definido então o lead time apenas como pelo tempo de emissão do
pedido, processamento da ordem e processo de importação.
No caso da demanda ser atendida de forma ótima, não chegando a utilizar o estoque de
segurança, este então se tornará parte fixa do estoque, gerando determinados custos de
armazenagem. Por conta disso, foi definido que apenas itens de classe A terão um estoque de
segurança, para que o nível de estoque não afete a saúde financeira da empresa.
Obtidos os valores, fica definido então em que nível do estoque um novo pedido de
compra deverá ser emitido. Aconselha-se que os dados sejam inseridos no sistema integrado
da empresa para que haja um controle automatizado.
Após a definição de quando pedir foi calculado quanto deverá ser pedido, ou seja, o
tamanho do lote de compra e para este foi utilizado o cálculo de Lote Econômico de Compra.
Os valores de custo de armazenagem e custo de pedido foram obtidos no setor financeiro da
empresa e os resultados são apresentados na Tabela 07 a seguir.
Note que devido às compras serem internacionais, o custo de pedido tem valor alto,
isto por conta de custos fixos de importação como comissão do despachante, taxa de
utilização do sistema de comércio exterior, entre outras.
Por fim, a interação entre os resultados obtidos do Ponto de Pedido e Lote Econômico
de Compra são apresentados na Tabela 08 a seguir, que demonstra como o estoque deverá
variar em função do tempo.
De forma mais clara, esta simulação de variação do estoque pode ser analisada como
exemplo item codificado como “A0001” através do Gráfico 06 a seguir.
B0001 0 35 35 14 423
B0002 0 14 14 14 424
B0003 0 6 6 19 565
B0004 0 6 6 19 571
B0005 0 20 20 22 660
B0006 0 7 7 15 444
B0007 0 6 6 20 592
B0008 0 8 8 15 461
B0009 0 5 5 24 735
B0010 0 6 6 20 607
Fonte: O autor.
Note que como foi optado por não criar um estoque mínimo para os itens B e C, logo,
o tamanho do estoque máximo será exatamente igual à quantidade do lote de compra.
Utilizaram-se os dados obtidos para calcular em seguida, o tempo de cobertura de
estoque a partir do momento que a reposição for realizada. Este dado será utilizado para
definir a periodicidade em que os níveis de estoque destes itens deverão ser revisados, e para
isto foi considerado o menor valor obtido dentre os 238 itens nas classes B e C, para que os
itens com este tempo de cobertura não fiquem sem estoque por muito tempo. O menor valor
obtido e o item relacionado a ele pode ser notado abaixo na Tabela 10.
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Com isso, temos que a cada 423 dias os níveis de estoque de todos os itens B e C serão
revisados, e pedidos de compra com quantidades para atingir o estoque máximo deverão ser
emitidos.
46
5. CONCLUSÃO
O presente estudo possibilitou o desenvolvimento da proposta de um conjunto de
políticas de estoque e compras dos itens de demanda independente, para uma empresa
fabricante de equipamentos laboratoriais que almeja no futuro criar um estoque local de
produtos para revenda.
Através da literatura contida no estudo e a análise critica dos objetivos e necessidades
da empresa, foram aplicadas as metodologias mais adequadas, de modo a organizar o
processo de reposição de estoque proporcionando assim benefícios relevantes à empresa,
como maior nível de atendimento, fluxo de caixa e ao menor custo possível, sem a
necessidade de se manter um nível alto de estoque, o que geraria custos elevados de
manutenção e investimento.
Pode-se verificar como principal resultado do estudo a geração das informações sobre
quanto e quando é necessária a reposição de cada produto. Estes resultados foram alcançados
com o auxílio de planilhas eletrônicas onde dados relevantes da empresa como o valor de cada
produto em estoque, a demanda média, tempo de reposição, e todos os custos envolvidos
foram processados de forma interligada. Tendo em vista que dados como a demanda podem
alterar drasticamente de um período para outro, salienta-se a necessidade da realização dos
cálculos periodicamente para que as informações resultantes sejam sempre confiáveis e de
acordo com a atual realidade do negócio.
Inicialmente através da Classificação ABC foram identificados os itens de maior
importância, enquadrados estes na classe A. Apenas para estes itens foi identificado a
necessidade da criação de um estoque mínimo de segurança para que não haja a ruptura do
mesmo, porém ainda buscando manter baixo nível de itens armazenados. A partir disso, ainda
para os itens de classe A, foi definida como melhor alternativa o modelo de controle de
reposição através do Ponto de Pedido, que a partir de dados como tempo de reposição,
consumo médio diário e o estoque mínimo adotado, definem o momento exato que
determinado material deverá ser solicitado. Por fim foi calculado o lote econômico de compra,
que faz uma relação entre o custo de emissão do pedido e custo de armazenagem do material,
definindo um ponto de equilíbrio entre os dois fatores.
Para os itens enquadrados nas classes B e C a metodologia definida como mais
adequada foi a da Revisão Periódica, que possui um controle menos minucioso permitindo
assim que o gestor tenha mais tempo para focar nos itens de maior importância. Inicialmente
foi calculado o nível de estoque máximo permitido, e com base no cálculo da cobertura de
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estoque gerada por este estoque máximo foi definida a periodicidade a qual as revisões
deveriam ser realizadas, e consequentemente, pedidos de compra para reposição de estoque
emitidos.
Conclui-se então que o objetivo proposto no início do estudo foi atingido, que era o de
propor uma política sólida de gestão de estoque para itens de demanda independente, baseada
em dados e fatores reais para permitir a segurança das tomadas de decisões. Com isso, pode-
se notar que a com a implementação destas políticas o prazo de entrega dos produtos que era
de no mínimo 25 dias poderá ser reduzido para zero na maioria dos casos, tendo em vista que
o estoque local deveria atender a demanda a pronta entrega. Além disso, a reposição
controlada dos insumos garante um nível de itens armazenados ideal, reduzindo assim os
custos relacionados aos estoques tornando o negócio vantajoso tanto para o consumidor
quanto para a empresa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas,
1993.
DINIZ, Alfranio. Previsão de estoque: como calcular facilmente e reduzir seus custos
com auto peças. Disponível em: <http://blog.transpocommerce.com/estoque-minimo-como-
calcular-facilmente-e-reduzir-seus-custos-com-auto-pecas/>. Acessado em: 28.06.2015.
ANEXOS