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BLASFÊMIA E COVARDIA

Por Frank Brito


“E quando alguma pessoa pecar, ouvindo uma voz de blasfêmia, de que for
testemunha, seja porque viu, ou porque soube, se o não denunciar, então
levará a sua iniqüidade”. (Levítico 5.1)
Reações demonstram valores. A reação que alguém tem contra um comportamento
demonstra o quanto ela leva a questão a sério. A reação que temos diante do nosso
próprio comportamento e diante do comportamento dos outros demonstram quais
são nossas prioridades, nossas preferências, aquilo que valorizamos mais. Se
alguém sabe que seu vizinho está batendo na esposa e não chama a polícia,
demonstra não se preocupar com o bem estar daquela mulher. Se uma mãe sabe
que seu filho usa drogas e não faz nada, demonstra não se importar com o fato de
seu filho usar drogas. É por isso que nem todos mandamentos da Lei de Deus tem
a mesma importância. Os mandamentos revelam princípios morais. Alguns são
mais importantes porque tratam de coisas que são mais importante do que outras.
Se queremos medir a gravidade de uma ofensa, devemos analisar a questão de
maneira teocêntrica. Deus é o absoluto soberano sobre todas as coisas e,
portanto, todos a todo momento devem satisfações a Ele. Quem estabelece a
importância que cada coisa tem é Deus e também é Ele quem determina o que é
errado e o que não é. O Salmo 104, por exemplo, ensina que Deus se preocupa
com os animais. Os animais tem valor para Ele. Apesar disso, Ele valoriza o homem
mais do que os animais e se preocupa mais com o bem estar dos homens do que
com o bem estar dos animais. “Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E
nenhum deles está esquecido diante de Deus. E até os cabelos da vossa cabeça
estão todos contados. Não temais pois; mais valeis vós do que muitos
passarinhos“. (Lc 12.6-7) Isso significa que os mandamentos de Deus que
protegem o homem são mais importantes do que os mandamentos que protegem
os animais (Ex 20.10; Dt 22.6-7,25.4; Pv 12.10) e que os pecados diretamente
contra o homem são mais graves do que os pecados cometidos contra os animais.
Além disso, devemos considerar que todo pecado é sempre primariamente contra
Deus. Alguns são contra Ele diretamente e outros indiretamente. Idolatria e
blasfêmia, por exemplo, são pecados diretamente contra Deus e não precisam de
uma terceira pessoa para acontecer. Já a mentira é um pecado diretamente contra
o homem, mas indiretamente contra Deus. Mas, se Deus é o soberano Senhor e se
todos devem satisfações a Ele por tudo, segue-se que os mandamentos que
defendem a honra e a glória de Deus são mais importantes do que os
mandamentos que defendem a honra e o bem estar do homem. Os pecados
diretamente contra Deus são mais graves do que os pecados diretamente contra o
homem. Deus é mais importante do que o homem assim como o homem é mais
importante que os animais. A glória de Deus é mais importante do que a honra ou o
bem estar do homem assim como o bem estar do homem é mais importante do
que o bem estar dos animais. Se queremos medir o quanto nossos valores estão
em conformidade com a vontade de Deus, não basta simplesmente saber se a
Bíblia diz que é errado e nós também. Temos que saber também se nós tratamos o
problema com a mesma seriedade que a Bíblia trata. A blasfêmia, por exemplo, é
um pecado tão grave que se for contra a pessoa do Espírito Santo, não tem perdão
(Mc 3.29; Lc 12.10). Nenhum outro pecado é tratado com tamanha seriedade na
Bíblia.
A vasta maioria dos cristãos modernos não levam isso suficientemente a sério.
Como podemos saber que não? Porque “por seus frutos os conhecereis”. (Mt 7.16)
Sem dúvidas, todo cristão reconhece que a blasfêmia é um pecado. Mas, a reação
que a vasta maioria tem contra a este pecado, demonstra que não acreditam que
seja tão grave quanto realmente é. Não basta saber se a Bíblia condena a
blasfêmia. Temos que reagir ao problema com a mesma seriedade que a
Bíblia reage. Isso marca a linha divisória que separa os que verdadeiramente
estão preocupados com a obediência daqueles que estão envolvidos com hipocrisia
“piedosa”.
Recentemente, Mark Thompson, diretor geral da BBC, declarou: “Zombamos de
Jesus, mas não de Maomé”. Sua justificativa: “A questão é que, para um
muçulmano, uma representação teatral, especialmente se for cômica ou
humilhante, do profeta Maomé tem o peso emocional de uma grotesca peça de
pornografia infantil”. A declaração de Mark Thompson demonstra que ele
conhece o princípio bíblico de que reações demonstram valores. A reação de um
muçulmano contra zombarias feitas contra Maomé, demonstra o quanto ele valoriza
a pessoa de Maomé. E a falta de reação de tantos cristãos contra zombarias feitas
contra Jesus, demonstra o quanto tantos cristãos dão pouco valor a Jesus. Esta
simples constatação deveria ser suficiente para que todos os cristãos direcionem
todas suas forças em “arrependimento com oração e súplicas, com jejum, e saco e
cinza”.(Dn 9.3) É uma vergonha para nós que seguidores do falso profeta Maomé
demonstrem mais zelo pelo falso deus/diabo Alá do que os cristãos pelo único Deus
verdadeiro. “Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, ainda que não
fossem deuses? Todavia o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de
nenhum proveito“. (Jr 2.11)
A pergunta crucial que precisa ser feita aqui é: Se o seu programa de TV ou
banda favorita habitualmente dedicasse parte de sua programação ou
show para chamar sua mãe, sua irmã e sua filha de prostitutas e devassas,
qual seria sua reação? Se o seu melhor amigo habitualmente fizesse o
mesmo em sua presença, qual seria sua reação? Se a reação que você
imagina que teria for mais intensa e energética do que a reação que você hoje tem
quando ouve o nome de Deus sendo blasfemado, então você se encontra sob a
seguinte condenação de Jesus:
“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o
filho ou a filha mais do que a mim NÃO É DIGNO DE MIM“. (Mateus 10.37)
Cristãos costumam adorar histórias de missionários em terrar perigosas e
costumam ter muito respeito pela memória dos mártires. É tão belo ouvir sobre a
coragem de alguém que morreu pela causa do Evangelho. Mas o que faz o mártir
ser quem ele é? A virtude do mártir não está na morte em si mesma.Morrer não é
em si mesmo virtuoso. “Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e
sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Masse, quando fazeis o bem e
sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus”. (I Pd 2.20) A
virtude do mártir consiste na sua fidelidade incondicional ao que é certo ainda que
isso lhe custe a própria vida. As Escrituras louvam os mártires não simplesmente
por morrer, mas porque “eles venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte”. (Ap 12.11) Se isso
precisa valer até mesmo em circunstâncias que custam nossas vidas, quanto mais
em coisas menores que enfrentamos todos os dias? Se um homem tem a obrigação
de se entregar a morte, se isso for necessário para defender a honra e a glória do
nome de Deus, o que dirá das situações em que nossas vidas nem sequer estão em
risco?
“Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o
grou e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo
não conhece o juízo do SENHOR”. (Jeremias 8.7)

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