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Centro Universitário Univel

Amanda Cristina de Lima Paz


Camila Vitória Gonçalves de Goes
Danielli Necre Speth
Giovanny Ricardo Hartmann
Matheus de Assis Viana da Luz
Vitor Dallagnol Buzinaro

Ordem de não reanimação (ONR)

Cascavel/Pr
2022
Centro Universitário Univel

Ordem de não reanimar


importância da ONR

Trabalho requisitado pelo professor


Tiago, na disciplina de Legislação
Bioética e Biossegurança, no 1°
Período Noturno de Biomedicina

Cascavel-Pr
2022
Resumo

A ordem de não reanimar (ONR), é uma conduta que vida a não utilização do
suporte avançado de vida para manter os sinais vitais em casos de pacientes
que se encontram em estágio terminal e sofrem parada cardiorrespiratória, ou
nos casos que os esforços para prolongar a vida não se justificam. Os objetivos
com o presente estudado são discutir as situações em que a ordem de não
reanimar é um ato legal e justificado dentro das normas do Conselho Federal
de Medicina (CFM)

Palavras chaves: ONR, ato legal, CFM.


Introdução

A não-reanimação se trata de uma ação que os médicos não utilizam suporte


de vida artificial que possam manter um paciente em estado terminal ainda vivo
por tempo indeterminado, com o desligamento dos aparelhos citados, o
paciente tem fortes chances de não sobreviver por conta própria. Esta pratica é
muito discutida em conferencias medicas, pois por um lado se usa todo o
conhecimento médico para manter pessoas com vida, mas por outro também
deixa de seguir o caminho natural da vida, acreditando-se que quando o
sistema de um paciente não consegue mais deixa-lo vivo não deve ter
interferência de terceiros.
Definições de ONR

A ordem de não reanimar o paciente (ONR) colocada no prontuário do


paciente pelo médico informa a equipe médica que não deve ser feita
reanimação em caso de ataque cardíaco. Essa ordem é útil para prevenir
tratamentos desnecessários e invasivos no caso de tentativa de reanimação
(manobra que deve continuar até a chegada do socorro ou se houver reação
da vítima). É recomendada a troca de socorrista a cada 2 minutos para garantir
a melhor qualidade do procedimento, pois ele é bastante cansativo. A ordem de
não reanimar, segundo Bandeira et al. (2014), é uma conduta que visa a não
utilização do suporte avançado de vida para manter os sinais vitais em casos
de pacientes que se encontram em estágio terminal e sofrem parada
cardiorrespiratória, ou nos casos que os esforços para prolongar a vida não se
justificam. Os objetivos com o presente estudo são discutir as situações em
que a ordem de não reanimar é um ato legal e justificado dentro das normas do
Conselho Federal de Medicina, nas resoluções CFM n. 1.805/2006 e n.
1.995/2012.

Juntamente, busca elucidar os princípios e dilemas éticos e morais, tanto


dos próprios profissionais da área da saúde quanto daqueles pacientes que se
encontram diante de um divisor de águas: entre a vida e a morte. A
metodologia utilizada no estudo apoderou-se de artigos científicos buscados na
Internet, resoluções do Conselho Federal de Medicina e Código de ética
médica. De acordo com Torres e Batista (2008), os resultados do estudo
mostraram que os médicos não são obrigados a reanimar o paciente em casos
de morte nítida (rigidez cadavérica, decapitação e decomposição), além de
casos em que o paciente ou responsável legal autorize a não reanimação ou
havendo uma ordem judicial que impeça tal ato.

A Resolução CFM n. 1995/2012, aborda a necessidade da existência de


uma regulamentação de diretivas antecipadas de vontade do paciente no
contexto da ética medica brasileira. Também, considera a relevância da
conduta médica diante de situações críticas vivenciadas por pacientes
terminais. Já a Resolução CFM n. 1805/2006, dá ao médico o poder de decidir
se os procedimentos de reanimação são ainda necessários ou não quando o
doente se encontra em estado grave, em seu artigo 1º que diz: “É permitido ao
médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a
vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada
a vontade da pessoa ou de seu representante legal.” Conforme França, Rego e
Nunes (2010), os princípios éticos envolvidos abrangem a forma de morte, que
deve ser digna e respeitando os valores do paciente, além de considerar o
consentimento e a autonomia do doente ou do representante legal. Em
conclusão, o médico, o paciente e os representantes legais têm papel essencial
na decisão de não reanimar, reforçando os princípios éticos e morais que
visam proporcionar uma morte digna ao ser humano que está em situação
crítica. No Brasil, há leis que regulamentam a conduta de não reanimação
estabelecendo diretrizes de quando deve ser praticada e os procedimentos que
devem ser utilizados.

Dilemas éticos vividos pelos enfermeiros diante da ordem de não


reanimação

Em um pesquisa qualitativo-exploratória desenvolvida com 15 enfermeiros


em uma unidade de urgência e emergência de adultos de um hospital-escola
da cidade de Curitiba de setembro a outubro de 2009. A pesquisa teve como
objetivo conhecer a percepção e a ação de enfermeiros diante da ordem de
não reanimação (ONR).

Os participantes foram questionados se, caso eles próprios estivessem na


situação de fase terminal de doença incurável, desejariam que sua
manifestação prévia fosse levada em conta em caso de parada
cardiorrespiratória. Do total de entrevistados, 75 (94%) responderam
afirmativamente e 5 (6%) negativamente. Dos médicos que desejariam ter sua
ONR respeitada, 67 (89%) respeitariam a ONR de seus pacientes e 8 (11%)
não respeitariam. Dos 5 médicos que não desejariam que sua própria ONR
fosse respeitada, 2 (40%) respeitariam a ONR de seus pacientes e 3 (60%) não
respeitariam.

Nesta pesquisa quase todos os enfermeiros entrevistados, com exceção de


um, são favoráveis à ordem de não reanimação dos pacientes, porque são
contra o prolongamento da vida. Isto pode ser observado nas falas a seguir:
[..]. na minha vivência profissional todas as ONR eu concordei, não tive
nenhum conflito [...] lidar com dor e morte é o meu dia a dia; você tem um certo
olhar para isso, então quando chega um médico e diz que não vai reanimar,
você já conhece o paciente [...].

que eu questionei “ah não vão reanimar por quê?” Não. Eu acho que eles
investem até muito nos pacientes [...] eu sou a favor da não reanimação desde
que, claro, sigam todos esses critérios, que tenha uma avaliação correta, que
tem tudo correto, e que a família concorda (E15).

No paciente terminal, a RPC sem perspectiva de cura pode ser fútil ou cruel,
pois prolonga a vida sem chances de recuperação. Apesar disso, a sua
indicação pelos profissionais de saúde é uma escolha difícil, porquanto gera o
sentimento de impotência, de desistência do paciente, e isso leva ao
desconforto de lidar com a morte, além do maior empecilho no Brasil, que é o
medo do processo judicial, já que não é um ato legalmente aceito na maioria
dos casos

A ordem de não reanimação em tempos da COVID-19: bioética e ética


profissional

Na RCP, a equipe de saúde realiza manobras para garantir a oxigenação


pulmonar e circulação sanguínea, de forma colaborativa e coordenada. No
entanto, em situações de pacientes em fase terminal de vida, com perda
irreversível de consciência ou que possam apresentar parada cardíaca não
tratável, a Ordem de Não Reanimar (ONR), que consiste na deliberação de não
realizar tentativa de RCP, pode ser instituída

Recomendações e diretrizes sobre RCP apontam para a importância de


garantir a comunicação efetiva entre a equipe a respeito da ONR, que deve ser
estabelecida junto aos pacientes e familiares e com adequada documentação.
Da mesma maneira, é fundamental seguir políticas institucionais para manter
cuidados paliativos, objetivando melhorar a qualidade de vida dos pacientes, e
seus familiares, com problemas associados a doenças potencialmente fatais,
como tem se apresentado a COVID-19. Esses cuidados mantêm-se até o final
do processo natural de vida, para a ortotanásia, sem intervenções obstinadas
que firam os princípios éticos da não maleficência, beneficência, autonomia e
justiça.

De acordo com a teoria da “moralidade comum” de Beuchampas e


Childress, modelo mais utilizado na bioética clínica, os princípios éticos são
classificados como deontológicos e teleológicos. Os teleológicos, que dizem
respeito às finalidades das ações, são autonomia e beneficência. A autonomia
pode ser explicitada como estabelecer escolhas intencionais, de sujeitos
cônscios das decisões e livres de influências. Nessa perspectiva, a
beneficência está na obrigação moral dos profissionais agirem de acordo com a
vontade dos pacientes e não tomadas de decisões sem consulta aos pacientes
e familiares. Os princípios deontológicos referem-se à não-maleficência e
justiça, em que a não maleficência está em não causar dano e não causar dor
desnecessária, em que se inclui o encerramento de tratamento fútil ou
obstinado. A justiça, na perspectiva da saúde, está na ética de tratar cada um
conforme o que é moralmente correto, trabalhando de forma a não deixar
interferir nas decisões as questões sociais, religiosas, econômicas, entre
outras, de forma a distribuir os recursos para o maior número de pessoas, de
forma equilibrada. Isto posto, torna-se premente a reflexão de como a ONR, na
perspectiva bioética e da ética profissional médica e de enfermagem, tem se
estruturado no contexto pandêmico brasileiro. Esta realidade leva à reflexão e
ao entendimento de que a tomada de decisão de não reanimação deve se
pautar na possibilidade de beneficiar o indivíduo, com base nos recursos
disponíveis.

Para evitar o tratamento desproporcional, consequentemente, a morte,


corre-se o risco de realizar a distanásia, considerada prolongamento do
processo de morte, estendendo, assim, a vida biológica do paciente de forma
penosa e com maior sofrimento. Na ortotanásia, por sua vez, se propõe que o
paciente tenha a morte de forma digna, sem abreviá-la ou prolongá-la,
reconhecendo-a como um processo que faz parte da vida. Nesta perspectiva, a
justa medida entre ortotanásia e distanásia, com foco na dignidade humana, é
de difícil consenso.

A forma como vem se configurando a evolução da pandemia pela COVID-19


no mundo, alguns serviços anunciam a necessidade de condução da prática
assistencial alinhada aos cuidados paliativos, incluindo a identificação e o
atendimento de metas assistenciais, controle de sintomas moderados e graves
e apoio à família, inclusive no luto.

O fato da decisão de não reanimação estar sendo posta em prática de


forma desvelada na atualidade, pela situação do desastre biológico causado
pela COVID-19, é necessário pautar-se na cultura bioética a fim de evitar
decisões unilaterais e impositivas, tanto pelos profissionais de saúde quanto
por pacientes e seus familiares, em defesa da autonomia. A autonomia
significa, portanto, o autogoverno, o que garante às pessoas tomarem decisões
por si mesmas. Sua garantia está condicionada ao diálogo claro e informativo,
a partir da devida orientação do indivíduo acerca das opções disponíveis e
suas consequências. Desse modo, terá condições de decidir por si próprio, o
que incluem decisões sobre sua vida e própria morte, baseado em suas
crenças e valores. Destaca-se ainda o direito do paciente de negar o
tratamento, sempre com ampla comunicação sobre os riscos e vulnerabilidades
a que está exposto.

A implementação da ONR em pacientes com COVID-19 pode ser conduzida


pelos seguintes caminhos: quando o paciente ou familiar expressa o desejo de
não realização de procedimentos invasivos para prolongar a vida; o paciente ou
familiar pode seguir a recomendação do profissional de saúde para que essas
medidas não sejam instituídas, garantida toda informação necessária para esta
decisão; e em situações extremas, quando a reanimação não pode ser eficaz,
considerando o risco em detrimento do benefício

A pandemia alterou a relação risco benefício na PCR: de ‘não há mal em


tentar’ para ‘há pouco benefício para o paciente e danos potencialmente
significativos para a equipe’. O que nos remete à vulnerabilidade, tanto de
pacientes quanto dos profissionais, como elemento bioético a ser considerado
nas reflexões sobre o tema, em que por dignidade humana e direito do
paciente a reanimação passa a ser não indicada e, considerando a
vulnerabilidade dos profissionais com maior risco por aerossóis, estes passam
a ter como prioridade a manutenção da biossegurança para manterem-se vivos
e atuantes nos cuidados aos demais acometidos pela COVID-19.
Conclusão

A Ordem de não reanimar (ONR), embora não esteja regulamentada no


Brasil, encontra algumas orientações no Conselho Federal de Medicina, no
sentido de permitir ao paciente escolher como quer ser tratado no momento em
que não puder mais se manifestar, em decorrência de doença progressiva e
incurável. Para além dos questionamentos éticos e morais, cabe ao médico e à
família respeitar a dignidade do paciente, não usando recursos inúteis que só
vão prolongar o sofrimento, sem, contudo, evitar a morte do indivíduo. Com
isso concluímos que a ONR é favorável para os pacientes.
Bibliografia

 Anais de Medicina, A Ordem de não Reanimar no Brasil.


 Artigo de Reflexão Oliveira HC, Sauthier M, Silva MM, Crespo MCA,
Seixas APR, Campos JF Ordem de não reanimação em tempos da
COVID-19: bioética e ética profissional Rev Gaúcha Enferm.
2021;42(esp):e20200172 doi: https://doi.org/10.1590/1983-
1447.2021.20200172

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