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ANALISANDO A POSSÍVEL DISSENSÃO DO


PURITANISMO DO ANGLICANISMO
ARTHUR GABRIEL DOS SANTOS
DANTAS1

RESUMO

O presente estudo tem como principal foco abordar a possível dissensão do puritanismo do
anglicanismo. Abordar o tema justifica-se porque estudando o puritanismo permite compreender como
o pensamento protestante, particularmente no que diz respeito à moral e às crenças religiosas, evoluiu
ao longo dos séculos. Objetivo geral é analisar a possível dissensão do puritanismo do anglicanismo.
Para tanto, definiram-se os seguintes objetivos específicos; conceituar o anglicanismo; definir o
puritanismo; examinar a possível dissensão do puritanismo do anglicanismo. O presente estudo consiste
em pesquisa aplicada de caráter exploratória e descritiva. Nesse sentido, os resultados serão
apresentados de forma qualitativa, a partir da coleta de uma revisão bibliográfica. Foi possível concluir
que o puritanismo foi dissensão do anglicanismo, pois criou novas formas de protestantismo com suas
próprios dogmas e tradições.

PALAVRAS-CHAVES; PURITANISMO, ANGLICANISMO, REFORMA PROTESTANTE NA


INGLATERRA.

ABSTRAT
The main focus of this study is to address the possible dissension of puritanism from
Anglicanism. Addressing the topic is justified because studying Puritanism allows us to understand how
Protestant thought, particularly with regard to morals and religious beliefs, evolved over the centuries.
General objective is to analyze the possible dissension of puritanism from Anglicanism. To this end, the
following specific objectives were defined; conceptualize Anglicanism; define puritanism; examine the
possible dissension of Puritanism from Anglicanism. The present study consists of applied research of
an exploratory and descriptive nature. In this sense, the results will be presented in a qualitative way,
based on the collection of a bibliographic review. It was possible to conclude that Puritanism was a
dissent from Anglicanism, as it created new forms of Protestantism with its own dogmas and traditions.

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1 Artigo científico apresentado ao Centro Universitário do Vale do Ribeira – UNIVR - como requisito para a
aprovação na disciplina.
2 Discente do curso Teologia EAD.
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KEYWORDS; PURITANISM, ANGLICANISM, PROTESTANT REFORMATION IN ENGLAND.

1. INTRODUÇÃO

Ao se estudar a história do cristianismo e do pensamento cristão é observado que no século


XVI marca uma nova era. Naquele período o contexto histórico do século XVI na Europa era marcado
pelos movimentos humanistas e renascentistas estavam questionando a Igreja Católica, que já não tinha
todo aquele poder político-eclesiástico construído durante a idade média, criticando principalmente a
corrupção papal, que havia atingido o seu auge no final do século XV.
Mas também no século XVI teve grupos com a consciência de que a Igreja precisaria ser
reformada para que ela continuar sendo a testemunha de Cristo no mundo. Latourette (2006) e McGrath
(2014) afirmam que na virada do século XVI tais pessoas estavam pedindo, de modo urgente, a reforma
na igreja. Tendo, como argumento, principalmente a mesma corrupção papal, além da moral dos
sacerdotes e do clero que envergonhavam os seus liderados.
No entanto, essa crítica agravou-se ainda mais com o surgimento da Reforma Protestante.
Iniciada por Martinho Lutero na Alemanha, logo se espalhou pelos outros países e partes da Europa,
como na Suíça, por intermédio de Zuínglio e de Calvino destituindo tudo o que era católico nesse lugar
e na Inglaterra tirando as imagens e os ícones católicos das igrejas.
No entanto, na Inglaterra, o movimento protestante, que vai dar origem ao anglicanismo, se
desenvolveu diferente dos outros lugares, desagradando a certo grupo que desejavam reformar a igreja
da Inglaterra. Tal grupo ficou conhecido como puritanismo, surgiu na Inglaterra no final do século XVI
como um movimento religioso que levava a um maior grau de ortodoxia e rigor na prática religiosa.
Este movimento teve um impacto significativo e na forma como o protestantismo se desenvolveu ao
longo dos séculos.
Discutir sobre a potencial dissensão do puritanismo do anglicanismo justifica-se porque
estudando o puritanismo permite compreender como o pensamento protestante, particularmente no que
diz respeito à moral e às crenças religiosas, evoluiu ao longo dos séculos. Portanto, ao abordar o tema
demonstra-se como o pensamento protestante evoluiu depois do século XVI, oferece uma compreensão
mais profunda e abrangente do desenvolvimento histórico do pensamento protestante.
Assim, o presente trabalho busca entender como o estudo do legado do movimento puritano,
que foi um movimento religioso que surgiu na Inglaterra no século XVI que tinha a intenção de reformar
a igreja anglicana de acordo com a teologia reformada, e com o tempo, o legado do movimento puritano
expandiu-se para a América do Norte e para outras partes do mundo, influenciando a teologia protestante
posterior (OLSON, 1999).
Entretanto, é possível notar que a reforma protestante na Inglaterra se relacionou com a política
mais fortemente do que outros lugares como na Suíça por exemplo, cujo rei Henrique VIII tomou a
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decisão de romper com a Igreja Católica e criar a Igreja Anglicana. Além de perceber como a reforma
protestante na Inglaterra foi influenciada pelas políticas do Estado e como isso teve um impacto no
nascente protestantismo inglês.
Sendo assim, o presente artigo tem como presente problema de pesquisa o Puritanismo pode ser
considerado dissensão do Anglicanismo? E como objetivo geral: analisar a possível dissensão do
Puritanismo do Anglicanismo.
Para alcançar o objetivo geral, os objetivos específicos serão três; no primeiro será uma
apresentação do anglicanismo, suas origens e principais doutrinas; o segundo será dedicado ao
puritanismo, bem como suas origens e principais diferenças com o anglicanismo e os motivos que
levaram os puritanos quererem reformar a igreja anglicana; e, por fim, será examinada a possível
dissensão do puritanismo, assim como do anglicanismo e suas consequências para o desenvolvimento
do protestantismo.
Portanto, estabelecem-se as seguintes hipóteses: H1 (afirmativa): O Puritanismo pode ser
considerado dissensão do anglicanismo. H2 (negativa): O Puritanismo não pode ser considerado
dissensão do Anglicanismo.
O presente estudo consiste em pesquisa aplicada de caráter exploratória e descritiva. Nesse
sentido, os resultados serão apresentados de forma qualitativa, a partir da coleta de uma revisão
bibliográfica, com informações de fontes secundárias, como artigos e livros e com análise
comparativa.de obras de diferentes autores.

2. O ANGLICANISMO
Nesta seção serão apresentados conceitos de diferentes autores sobre o anglicanismo, suas
origens e principais doutrinas e o seu desenvolvimento na Inglaterra.
É evidente que o século XVI foi marcado pelo sentimento anticlerical, agravado
principalmente pelo movimento reformador protestante de Lutero. Porém, esse mesmo sentimento de
anticlericalismo é encontrado na Inglaterra no século XIV que foi iniciado pelas ideias de João Wycliff.
E apesar do pensamento de Wycliff ser abafado e marginalizado, deixou as suas sementes influenciando
a reforma protestante como um todo, particularmente na Inglaterra.
Gonzalez (2004 p. 319) explica que o pensamento de Wycliff também diferia da eclesiologia
católica, ou seja, o modo de governo da igreja:

Sua eclesiologia é baseada na distinção agostiniana entre a igreja visível e a invisível.


A igreja invisível é o corpo dos eleitos, enquanto que a igreja visível inclui alguns que
são eleitos e alguns que são réprobos. [...] Essas indicações são uma vida de piedade
e obediência à vontade de Deus. Baseado em tais indicações, pode-se ter razoável
certeza de que o papa é, não apenas, um réprobo, mas é o próprio anticristo, e perdeu,
portanto, toda reivindicação legal a qualquer sorte de domínio sobre o fiel.

Ademais, segundo as afirmações de Gonzalez (2004), e Walker (2006) as ideias de Wycliff


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penduraram até o século XVI nos seus seguidores, que eram conhecidos de Lollardos, querendo uma
reforma da igreja, mas agora também sendo influenciados pelo pensamento humanista de Erasmo de
Roterdã.
Contudo, mesmo que as obras de Lutero terem sido lidas e rejeitadas no começo da década de
1520, conforme afirmado por Lindberg (2017), a entrada efetiva do protestantismo na Inglaterra se deve
a um ato político. O rei Henrique VIII queria divorciar-se da sua esposa, Catarina de Aragão, por não
dar um herdeiro homem, só uma filha, Maria. Para isso, ele pediu ao papa Clemente VII para anular o
casamento e conceder o divórcio. Porém, o papa se recusou a realizar esse pedido.
Então, Tomás Cranmer, que havia se tornado o principal conselheiro do rei em assuntos
religiosos pouco antes, sugeriu ao rei que se consultassem os principais e mais conceituados
estabelecimentos de ensino a esse caso específico de matrimônio. Essas universidades incluíam as
católicas de Paris, Orleans, Toulouse, além das inglesas Oxford e Cainbridge. Após análise, todas elas
declararam que o caso de matrimônio era inválido. Depois desse acontecimento as relações com o papa
ficaram abaladas.
Mas o cisma definitivo ocorreu em 1534 quando Henrique fez o Parlamento aprovar o divórcio
com Catarina, tornando sua filha, Maria, ilegítima ao torno. Além disso, foi proibida toda ajuda
financeira ao papa e também declarou a autoridade máxima da Igreja da Inglaterra ao rei, que é chamado
de Lei da Supremacia pelos historiadores, considerando traição o desrespeito dessa autoridade e punível
com morte. Tomás Moore foi um exemplo disso e perdeu a cabeça por se recusar a autoridade de
Henrique VIII sob a Igreja (WALKER, 2006; GONZÁLEZ, 2011).
Assim, formulou-se Os Dez Artigos de 1536, a primeira confissão de fé anglicana. González
(2004) explica que neles se reconhecem a autoridade da Bíblia, os credos antigos e os quatro primeiros
concílios ecumênicos. A salvação é pela fé em Cristo e mediante as boas obras. Algumas práticas
tradicionais católicas também são apoiadas, como imagens, orações pelos mortos, purgatório,
vestimentas clericais e invocação aos santos, e as críticas ou o negar dessas práticas é expressamente
proibido. Afirmam três sacramentos cristãos principais: batismo, eucaristia e penitência, expondo que
Cristo está real e fisicamente presente na eucaristia
Para permitir que os leigos tomem conhecimento da Palavra de Deus, os sacerdotes paroquiais
foram orientados para colocar bíblias nos prédios das igrejas. Com esse propósito, foram traduzidas
bíblias para o inglês, apesar de William Tyndale tenha tentado fazer isso em 1522, mas foi rejeitado.
Porém, agora estava sendo trabalho de Cronwell, que teria sido secretário do rei por um período, sob
supervisão de Crammer (WALKER, 2006; LINDBERG, 2017).
Além disso, Cairns (2008) afirma que os mosteiros foram fechados em 1536 e 1539 pelo
Parlamento britânico por ordem de Henrique. Quando foram fechados 378 mosteiros foram impedidos
de se manterem expropriando suas propriedades para a coroa. Os abades que estavam na Casa dos
Lordes foram banidos, enquanto o rei tomou um lugar significativo nas riquezas dos mosteiros.
No entanto, como afirmam Gonzalez (2011) e Latourette (2006), em 1539 o rei fez valer a sua
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autoridade como chefe máximo da Igreja e promulgou, sob protesto de Crammer, os Seis Artigos que
tinham claramente uma teologia mais católica do que protestante, apoiando principalmente á
transubstanciação e o celibato clerical.
Considerando os conceitos já apresentados sobre o assunto, pode-se também entender que
Henrique VIII tinha uma aversão enorme ao protestantismo, já tendo escrito uma obra contra Lutero e
morrido como católico. Portanto, embora certas ideias protestantes tenham chegado a alguns círculos, no
primeiro momento a adesão da Inglaterra ao protestantismo pode ser considerado e visto mais política
do que uma convicção religiosa (OLSON, 1999; GONZÁLEZ, 2011; MCGRATH 2012).
Ademais, dado o cenário religioso turbulento do período, seria possível observar e traçar
comparações mais detalhadas entre o Anglicanismo e outras denominações protestantes da época. Por
exemplo, McGrath (2014) afirma que já havia diferentes confissões protestantes nas décadas de 1530 e
1540 na Inglaterra, tendo Henrique VIII tolerando ideias luteranas no seu reinado com fim político.
Vale ressaltar que Henrique VIII casou seis vezes e teve três filhos de mulheres diferentes.
Assim, quando Henrique VIII morreu em 1547, subiu ao trono seu filho, Eduardo VI, cuja mãe, Joana
Seymour, era protestante. E apesar do seu curto reinado, pois ele morreu em 1553 por conta da sua fraca
saúde com 16 anos, Olson (1999) e González (2011) afirmam que o grande avanço do protestantismo
inglês se deu nesse período, mas agora também recebendo influências de Zuínglio e Calvino.
Olson (1999) González (2004) e Walker (2006) estão em senso comum ao identificarem que
o Livro de Oração Comum, que o autor principal da obra foi Crammer, foi fundamental nesse avanço,
pois deu ao povo inglês uma liturgia na sua língua. Publicado em 1549, mas foi revisado em 1553. Uma
das principais diferenças entre as duas versões se referia a presença de Cristo na eucaristia, na primeira
versão reflete uma visão mais católica ou luterana, enquanto na segunda a de Zuínglio (GONZÁLEZ,
2011).
Também González (2011, p. 76) explica que:

Essa diferença entre os dois livros de oração era o indicador do rumo em que estavam
as coisas na Inglaterra. Os chefes do partido reformador, que se inclinavam cada vez
mais para a teologia reformada, tinham amplas razões para esperar que sua causa
triunfaria sem maior oposição

Ademais, o reinado de Eduardo viu a formulação dos Quarenta e Dois Artigos, que foram
elaborados por Crammer. Walker (2006) e Cairns (1995) informam que eles eram muito decididos em
seguir a fé protestante. Neles, assim como Livro de Oração Comum de 1553, também se nota a influência
de Calvino principalmente no que se refere á doutrina predestinação. E o uso da segunda versão do Livro
de Oração se tornou obrigatório nas igrejas.
Porém, em 1553 Eduardo VI morre, e sobe ao torno Maria Tudor, a mesma ilegitimada por
Henrique VIII em 1534. Por consequência, Maria obteve que o parlamento declarasse válido o
casamento de sua mãe, Catarina de Aragão, com ele. Devido a isso, leis religiosas de seu meio-irmão
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Eduardo VI foram anuladas. Ela então se casou com Felipe da Espanha, e, por conseguinte, a comunhão
com o papado foi reestabelecida por um tempo. No entanto, isso resultou em uma série de mártires,
incluindo Crammer, o que a fez ganhar o apelido de “Maria, a Sanguinária” (GONZÁLEZ, 2004).
No entanto, em 1558 com a morte de Maria o protestantismo voltou a prosperar com Isabel I,
filha de Ana Bolena, no reinado. Apesar de ser protestante, é descrito por Olson (1999) e González
(2011) que ela fez um governo de conciliação entre católicos e protestantes, além de ter reeditado o
Livro de Oração Comum e refirmado a Lei da Supremacia, revisou os Quarenta e Dois Artigos, os
reduzindo para Trinta e Nove Artigos. Assim como seu meio irmão Eduardo, rejeitou o extremismo de
algumas confissões protestantes, como o anabatismo, e do catolicismo,
Sendo assim, Olson (1999), Hägglund (2003) e Lindberg (2017) resumem os conteúdos deles
e afirmam que eles confessam fé na santíssima Trindade e as duas naturezas de Cristo. Tratam da
autoridade das Escrituras e dos credos Apostólico, Niceno e Atanasiano. Foi rejeitada a ideia católica
de tradição. E também condena a crença no purgatório. A salvação e a justificação são somente pela fé,
e a predestinação e eleição é de visão calvinista. Além de falarem sobre os sacramentos, deixando um
meio-termo entre as visões luteranas e calvinistas. O último artigo aborda a questão dos juramentos, que
Cristo proibiu, mas permitia que os cristãos os prestem ao magistrado quando requerido.
Além disso, o principal teólogo anglicano do período elizabetano foi Richard Hooker. Ele
escreveu a obra Das Leis Eclesiásticas, na qual argumenta a favor da forma episcopal como governo da
Igreja da Anglicana, e que Igreja e Estado foram constituídos por Deus e, portanto, devem ser
obedecidos através da rainha. Esses argumentos foram usados posteriormente para legitimar o
anglicanismo contra o puritanismo (GONZÁLEZ 2004; LATOURETTE 2006; PETERSON 2014)
Faz-se necessário, portanto, entender os conceitos relacionados ao anglicanismo, suas origens
e principais doutrinas e o seu desenvolvimento na Inglaterra foi visto como ele se relacionou fortemente
com a política secular e alta independente da religião de seus governantes. Porém, com a chegada de
Isabel I ao poder tentou reconciliar todos os partidos religiosos criando uma igreja com uma teologia
que tinha traços comuns de ambas confissões, como a soteriologia e a eucaristia.
Porém, o impacto duradouro do domínio do Anglicanismo na Inglaterra e essa conciliação iria
irritar a certo grupo chamado de Puritanismo; o artigo se voltará para analisar tal movimento.

3.O PURITANISMO

Nesta seção serão apresentados conceitos de diferentes autores sobre puritanismo, bem como
suas origens, o seu desenvolvimento na Inglaterra e principais doutrinas.
Conforme relatado na seção anterior, o protestantismo inglês passou por um período de
retrocesso no reinado de Maria Tudor. No governo dela, que durou 5 anos de 1553 até 1558 a Inglaterra
voltou ao catolicismo. Ela religou a Inglaterra na comunhão papal. Para simbolizar essa união ao
papado, ela se casou com Felipe da Espanha, que era a maior potência católica na época. Além de ter
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matado vários teólogos protestantes, destacando-se Crammer. Contudo, muitos protestantes


conseguiram fugir e se exiliaram na Europa Continental, principalmente em Genebra. Onde eles foram
amplamente influenciados pela Teologia Reformada de Zuínglio e de Calvino.
Com a morte de Maria e a ascensão de Isabel I ao trono, o protestantismo anglicano voltou a
ser a religião oficial da Inglaterra. E os teólogos exiliados retornaram para a Inglaterra com a esperança
de aplicar a Teologia Reformada na Igreja da Inglaterra. Porém, a rainha não estava disposta a aceitar
tais mudanças. E isso causou muita oposição por parte desse grupo. Esse grupo ficou conhecido como
Puritanismo.
As teorias das origens do puritanismo são muito distintas. Olson (1999, p. 507) comenta que
“Alguns estudiosos atribuem o início do puritanismo a João Calvino e a Reforma em Genebra.” Já Jones
(1993) e Latourette (2006) identificam certos traços de puritanismo em William Tyndale, que foi
influenciado por Calvino e principalmente por querer a Bíblia fosse lida pelo povo comum.
Peterson (2014) ainda diz que nos últimos anos do reinado de Henrique VIII já havia um certo
grupo aspirando uma reforma mais parecida com a de Calvino em Genebra e atribui à essa ala reformista
primitiva dentro da Igreja Inglesa representando os primeiros traços do puritanismo que iriam
desenvolver nas décadas seguintes.
Contudo, segundo a informação de Walker (2006) que afirma que essa oposição desse grupo
ficou mais intensa na década de 1560, na Controvérsia das Vestes. Era um protesto contra as roupas
clericais por parte dos pastores. que foi encabeçado por Lourenço Humphrey, um professor de Oxford,
e Tomás Sampson, um deão da Igreja de Cristo em Oxford. Esses dois teólogos foram exiliados no
reinado de Maria.
Além disso, embora de serem influenciados pelos Reformadores Suíços, a oposição dos
puritanos sobre as vestes, o pensamento entre eles se diferenciou nesse aspecto. Por exemplo, o
reformador suíço Heinrich Bullinger, contemporâneo Zuínglio e de Calvino. acreditava que algumas
questões religiosas, como o vestuário clerical, eram adiafóricas, ou seja, não essenciais para a salvação.
Ele defendia que essas questões fossem deixadas de lado para evitar conflitos. Os reformados ingleses,
por outro lado, eram mais rigorosos em suas crenças. Eles rejeitavam qualquer conselho que não
coincidisse com sua Reforma Puritana, que defendia uma igreja mais simples e austera (PETERSON
2014).
Nessa messa linha Jones (1993) afirma que os puritanos acreditavam que usar vestes como
mantos e sobrepelizes era, de certa forma, indiferente, mas que a prática lhes dava significado apenas
por serem usadas por católicos romanos. Isso significa que nem essas vestes por si eram importantes,
mas por serem consideradas importantes pelos católicos, seu uso adquiriu significado.
Além disso, conforme Walker (2006), González (2011), Lindberg (2017) e Latourette (2006)
eles se opunham contra outros elementos do culto anglicano, como o sinal da cruz no batismo, o ato de
se ajoelhar na eucaristia, os dias santos e as imagens. Eles estavam alegando que eram coisas do
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“papismo”, isto é, do catolicismo romano. Desejando uma reforma de acordo com o padrão bíblico. Eis
aí a razão o nome “puritano” dado pelos inimigos desse movimento (OLSON, 1999).
No entanto, Isabel I morre em 1603, e Tiago I a sucedeu, já rei da Escócia. Gonzalez (2004)
afirma que por ser criado como presbiterano, a causa puritana tinha esperança de ter os seus pedidos
atendidos. No entanto, apesar de sua permissão de fazer uma nova tradução da Bíblia, a King James, os
desejos dos puritanos de criar uma igreja mais reformada foram frustrados, quando em 1618 publicou o
Livro dos Esportes. Nele se incentivava divertimentos, tais como apostas e teatros, no domingo, que
para os puritanos eram imorais (LATOURETTE 2006; GONZALEZ 2011).
As coisas estavam assim, até que em 1625 morre James I e é sucedido por seu filho, Carlos I.
Conforme relato de Gonzalez (2011) e Walker (2006), desde o início de seu reinado, houve muita
oposição por parte dos puritanos. Contudo, a tensão aumentou em 1633 quando o rei nomeou William
Laud como Arcebispo de Cantuária, o qual, por sua vez, tentou impor o Anglicanismo na Escócia, onde
o presbiteranismo era a religião oficial.
Com esse fato foi um dos fatores da Guerra Civil que estourou na Inglaterra durante a década
de 1640. Além disso, os puritanos conseguiram ascensão política nos reinados de Tiago I e Carlos I
reivindicando, principalmente, a reforma da igreja. No entanto, se diferiam qual modelo governo
eclesiológico adotar. Assim, quando a Guerra Civil inglesa começou todas essas correntes conflitaram
entre si.
Nesse conflito havia dois partidos religiosos principais: os presbiterianos e os independentes.
Os presbiterianos, que eram a maioria no Parlamento, defendiam uma igreja única sob poder do Estado
de acordo com os princípios do presbiterianismo. Os independentes, por outro lado, eram mais tolerantes
e defendiam a liberdade religiosa, permitindo que cada grupo seguisse sua própria forma de governo
eclesiástico (GONZÁLEZ, 2011).
No entanto, essa guerra só terminou com a execução de Carlos I e com a proclamação de uma
república puritana sob governo de Oliver Cromwell. Todavia, essa república só teve êxito até a morte de
Cromwell, muito por conta do caráter fraco de seu filho, sendo a monarquia restaurada com Carlos II.
Segundo o relato de Latourette (2006), Walker (2006) e Gonzalez (2011) no reinado de Carlos II, o filho
exilado de Carlos I durante a Guerra Civil, o Anglicanismo voltou a ser religião oficial da Inglaterra, a
liturgia anglicana se tornou obrigatória e o Livro de Oração Comum foi revisado.
Porém, a coroa passou para seu irmão, Tiago II, que era católico assumido. E
consequentemente:

[...] decretou pena de morte para quem assistisse a cultos não autorizados c colocou
boa parte dos assuntos do país nas mãos dos católicos. Como na Inglaterra, tratou de
decretar a tolerância para com os católicos, mas os presbiterianos escoceses tampouco
a aceitaram. Depois de três anos sob Jaime II, os ingleses se rebelaram e convidaram
Guilherme, príncipe de Orange, e sua esposa Maria a ocupar o trono. [...]. No ano
seguinte, Guilherme e Maria também foram proclamados soberanos desse país. A
política religiosa de Guilherme e Maria foi, no gerai, tolerante. Na Inglaterra, deu-se
liberdade de culto a toda pessoa que assinasse os Trinta e nove artigos de 1562 e que
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jurasse fidelidade aos soberanos. Na Escócia, o presbiterianismo tomou-se a religião


oficial do Estado, e a Confissão de Westminster, sua norma doutrinária (GONZÁLEZ,
2011, p. 292-293).

Vale ressaltar que enquanto a Guerra Civil estava acontecendo, se reuniu a Assembleia de
Westminster. Nela, segundo Olson (1999), González (2004), e Walker (2006), se produziu três notáveis
documentos de clara inspiração calvinista, mostrando como o pensamento de Calvino foi entendido post-
mortem dele. São eles; a Confissão de Fé, os chamados catecismos, Maior e Menor.
Além do mais, a soteriologia puritana era, majoritariamente, calvinista. E assim, “Todos
proclamavam a soberania absoluta de Deus e a total depravação do ser humano. Teriam concordado
sinceramente com os cinco temas teológicos do Sínodo de Dort (tulip) e condenavam o arminianismo
com a doença “gangrenosa” na teologia cristã” (OLSON 1999, p. 509-510).
Uma das características do pensamento puritano foi ênfase na Teologia do Pacto. Ainda que
essa teologia foi desenvolvida ao longo da história, originando-se na Idade Média. Esta teoria sugeria
que haviam dois pactos, entre Deus e os seus eleitos, e que havia também um pacto entre Deus e Adão,
como representante de toda humanidade. O pacto de obras era destacado como a obrigação do homem
para com Deus, e usado como fonte teológica pelo puritanismo para mostrar que o Estado e a sociedade
existem por meio de um acordo, o que é expressamente a lei natural (LATOURETTE 2006).
Faz-se necessário, portanto, entender os conceitos relacionados ao puritanismo desde as suas
origens e o seu desenvolvimento na Inglaterra das suas principais doutrinas foi um desafio para os
monarcas da Inglaterra que se esforçaram para manter uma igreja unida sob sua autoridade.
Porém, os puritanos não quiseram submeter á essa autoridade. Sendo assim, o presente artigo
responderá a seguinte questão: o puritanismo pode ser considerado dissensão do anglicanismo?

4. A POSSÍVEL DISSENSÃO DO PURITANISMO DO ANGLICANISMO

A presente seção tem como foco discorrer sobre examinar a possível dissensão do puritanismo
do anglicanismo. Tal abordagem é necessária para analisar como o protestantismo evoluiu pós-Reforma
de Lutero no século XVI, bem como as suas consequências na história do cristianismo.
Como visto durante a seção anterior, o movimento puritano não se deu satisfeito com a reforma
feita na Inglaterra. Para esse grupo o Anglicanismo não se reformou o suficiente e se esforçaram para
mudar isso, querendo reformar á liturgia anglicana, embora não tenha conseguido, pois, como foi visto,
em 1660 com a restauração da monarquia inglesa, o Anglicanismo também foi restaurado.
Assim, tomando por base o objetivo do presente trabalho, que trata da possível dissensão do
Puritanismo do Anglicanismo, é possível notar que a maioria dos puritanos não concordavam com a
eclesiologia anglicana, que no caso da Igreja Anglicana era episcopal. Embora que “Alguns tomaram
uma posição intermediária e aceitaram ordenação pelo episcopado, mas não teriam o controle da
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congregação a menos que fossem chamados para isso.” (GONZALEZ, 2004, p. 296)
Hulse (2004) e Walker (2006) afirmam que um dos primeiros puritanos, Thomas Cartwright,
defendia o governo presbiterano, em que os líderes das igrejas, os bispos e os presbíteros, eram eleitos
única e exclusivamente pelos membros dela sem inferência do Estado, e assim exerciam a disciplina nas
igrejas numa assembleia de presbíteros, baseando-se no Novo Testamento.
No entanto, conforme Hägglund (2003) e Walker (2006) enquanto Cartwright defendia a
presbiterianismo de jure divino e João Whitgift, por outro lado, se opôs à essa visão puritana e, em vez
disso, acredita que as Escrituras davam à igreja autoridade como ela achar melhor, afirmando que o
modelo anglicano era a melhor forma de governo eclesiástico. Whitgift, Whitgift conseguiu expulsá-lo
da universidade em 1572. Até a sua morte em 1603, Cartwright viveu em errância e perseguido, a maior
parte do tempo no continente.
Outro puritano notável a defender governo presbiterano foi Walter Travers. Travers foi um
pastor que foi também professor de direito, em Londres, produziu um escrito sobre disciplina eclesiástica
em 1574. Ele debateu com Ricardo Hooker, defensor da posição anglicana. Essa discussão resultou em
um livro de Hooker, Das Leis da Organização Eclesiástica. (HÄGGLUND, 2003).
Além desse grupo, também surgiu os chamados Independentes que viriam a ser conhecidos
como congregacionais. Liderados inicialmente por Roberto Browne, pregavam a total independência
das igrejas de uma sobre outra. Os membros das igrejas deveriam prezar pelo bem-estar do outro, e
escolhiam os seus próprios pastores de modo democrático. Além de acreditar, influenciados pelos
anabatistas, que a igreja é o local que somente os cristãos de verdade se unem á Cristo, que é a Cabeça
da Igreja (LATOURETTE 2006; WALKER 2006; GONZALEZ 2011).
Porém, como Cairns (1995) Latourette (2006) e Walker (2006) indica, mesmo que Browne
tenha se separado por algum tempo da Igreja da Inglaterra e propagado princípios separatistas e
independentes, renegou tais princípios e morreu sendo sacerdote anglicano em 1633.
Contudo, os princípios plantados por Browne foram passados para frente por outros teólogos:

Os princípios de um congregacionalismo avançado de Browne foram ligeiramente


modificados pela congregação que surgiu em Londres, por volta de 1586, sob a
liderança ‫׳‬de John Greenwood e Henry Barrow, procurados pelas autoridades por suas
idéias em 1593. Francis Johnson pastoreava o grupo que emigrou para a Holanda. Em
1640, existiam centenas desses barrowistas na Inglaterra. Um terceiro grupo
separatista de congregacionais surgiu em Gainsborough e Scrooby, em 1606. O grupo
de Scrooby era dirigido por John Robinson (c. 1575-1625), sob cuja liderança o grupo
finalmente se estabeleceu em 1608, em Leyden, Holanda. (CAIRNS, 1995, p. 275).

Além disso, esse grupo de teólogos puritanos liderados principalmente por Greenwood e
Barrow e outros “Eram separatistas no sentido em que se retiravam da Igreja da Inglaterra e
independentes no sentido em que criam na plena autonomia de cada igreja local.” (LATOURETTE
2006, p. 1104).
De acordo Walker (2006) e Latourette (2006) todos esses teólogos acreditavam no batismo
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infantil. E com esse fato João Smyth, um ex sacerdote anglicano que havia se unido aos Independentes,
não concordou. Para ele, batismo tinha que ser algo consciente ministrado somente aos adultos. E assim,
junto com a sua congregação foi para Holanda e fundaram a primeira Igreja Batista em 1609. E Thomas
Helwys fez o mesmo na Inglaterra em 1612.
Desse modo, as principais informações a serem tratadas aqui passam pelo fato de que alguns
puritanos mais radicais que defendiam os princípios separatistas e independentes perderam a esperança
de reformar a Igreja Anglicana. Até nesse momento alguns puritanos ainda esperavam que isso pudesse
acontecer de alguma forma, como González (2004), Olson (1999), Latourette (2006) e Walker (2006)
apresentam.
Sendo assim, com base nos conteúdos referenciais, é possível notar como o tema vem sendo
abordado, em produções científicas, de forma parecer lógico a considerar o Puritanismo dissensão do
Anglicanismo, já que criou novas igrejas protestantes com suas próprias teologias e doutrinas. Esses
grupos foram chamados de “nãoconformistas” rejeitando a liturgia anglicana, principalmente o Livro de
Oração Comum (OLSON 1999; LATOURETTE 2006).
Já González (2004) afirma que o movimento Puritano tinha profundas influências das reformas
no século XVI. Embora recebido influencias dos Lollardos os seguidores de João Wycliff., foi
fortemente ligado ao Calvinismo, pois muitos que haviam fugido da Inglaterra para lugares onde o
Calvinismo era forte, voltaram quando Maria Tudor morreu. Também foi reforçado por pessoas que
tinham aprendido com Martin Bucer e Cambridge durante o governo de Eduardo VI. Os Puritanos não
apoiaram a liderança de Elizabete como um meio termo entre o Catolicismo e o Protestantismo. Parecia-
lhes uma concessão entre o Romanismo e o Cristianismo 'baseado na Bíblia'.
Ademais, também é possível perceber que o assunto apresenta uma relação com o impacto que
teve no futuro do protestantismo nos séculos seguintes. Latourette (2006) e Walker (2006) afirmam á
medida que século XVII avançava ia surgindo novas teologias protestantes. Por exemplo, em 1616 foi
fundada a Primeira Igreja Congregacional por Henrique Jacob, que houve sido muito influenciado pelos
Independentes.
Porém, nas décadas de 1630 e 1640, alguns inspirados pelos princípios batistas saíram da igreja
de Jacob, adotando o batismo por imersão, que se tonaria símbolo dos batistas daquele momento em
diante. Além de serem calvinista e acreditarem na expiação limitada. Por causa disso eram chamados de
“batistas particulares”, isto é, acreditavam que Cristo morreu somente pelos pecados dos eleitos, em
oposição dos “batistas gerais”, que criam na expiação ilimitada, a crença de que morreu somente pelos
pecados do mundo inteiro.
Contudo, segundo Latourette (2006), Walker (2006) e Gonzalez (2011), esses grupos não
tinham a liberdade de exercer ás suas fés até com a subida de Guilherme de Orange ao trono inglês em
1689, que ficou conhecido como Revolução Gloriosa, uma revolução sem derreamento de sangue e sem
guerra. E Guilherme concedeu liberdade de crença aos não-anglicanos.
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Sendo assim, os puritanos, decepcionados com a política religiosa de Tiago I, uma vez que ele
foi criado como reformado alguns puritanos pensavam que ele ia favorecer á sua causa contra os
anglicanos, o que não aconteceu. Por isso que Olson (1999) afirma que em 1620 um grupo de puritanos,
em sua maioria Congregacionais, embarcaram no navio Mayflower e assim fundaram a colônia de
Massachusetts para adorarem a Deus como queriam.
Aliás, foi Segundo Latourette (2006), Walker (2006) e Gonzalez (2011) nos Estados Unidos
que aconteceu o chamado Grande Despertar no século XVIII. Esse foi um avivamento que deixou as
suas marcas no protestantismo nos séculos seguintes, e teve influência puritana. Os sinais desse evento
já começaram a aparecer na década de 1720 em Nova Jersey entre os congregacionais. Contudo, foi
somente em 1736 que começou o avivamento realmente.
Em poucos meses o avivamento avançou e conversões em massa ocorreram, muito por conta
de Jonathan Edwards e George Wihtfield, que enfatizavam a necessidade de uma experiência real de
conversão para uma vida mais madura. Contudo, esse avivamento deixou as suas consequências e
dividiu mais igrejas:

A princípio, os batistas se opuseram ao avivamento, que lhes parecia frívolo e


superficial. O fato foi que o avivamento inclinou muitas pessoas para posições que
concordavam com a dos batistas. Com efeito, se o fato de ter uma experiência de
conversão era tão importante para a vida cristã, cabia pôr em dúvida o batismo das
crianças. Logo, muitas pessoas de origem presbiteriana ou congregacionalista, levadas
pela ênfase do avivamento sobre a experiência pessoal, acabaram por negar o batismo
de crianças e rebatizaram-se, tomando-se batistas. Frequentemente, foram
congregações inteiras as que deram esse passo. Assim, conquanto a princípio a
maioria dos batistas das colônias fossem “batistas gerais”, isto é, não calvinistas, após
o avivamento os demais eram “particulares” (GONZÁLEZ, 2011, p. 365).

Ainda no que diz respeito ao Grande Despertar, para Walker (2006) e Gonzalez (2011),
também trouxe consequências para o desenvolvimento das missões protestantes. Com elas foram
fundadas muitas Sociedade Missionárias como Associação Cristã de Moços e a Associação Cristã
Feminina e assim se difundiu o protestantismo pelo mundo.
Estudar o legado do movimento puritano pode fornecer uma visão profunda sobre como a
teologia protestante posterior foi influenciada por suas abordagens e preocupações. Ainda que o
movimento puritano tenha surgido na Inglaterra em meados do século XVI, as suas crenças e as suas
práticas foram dadas continuidade e desenvolvidas de modo significativo pelas gerações posteriores de
teólogos protestantes
Desse modo, com base na argumentação apresentada ao longo desta seção fica claro que o
Puritanismo acabou sendo um movimento de protesto contra o Anglicanismo pelas reformas não feitas
que ele achava necessário para fugir das superstições do catolicismo romano. E assim, é notado que o
puritanismo é, de fato, uma dissensão do anglicanismo, pois apareceram diversos grupos que saíram da
igreja anglicana e formaram outras igrejas com suas próprias particularidades.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado ao longo do artigo, é possível reforçar a importância do assunto


abordado, visto que o mesmo pode impactar fortemente os estudos da história do Cristianismo se
desenvolveu depois do começo da Idade Moderna, tendo o evento destaque a Reforma Protestante.
Além disso, a entrada das ideias protestantes na Inglaterra, na década de 1520 e completado
por Henrique VIII, foi um evento histórico de grande importância para o desenvolvimento do
protestantismo posterior com o aparecimento do Puritanismo, que surgiu na segunda metade do século
XVI como uma reação ao que eles percebiam como as excessivas práticas eclesiásticas do anglicanismo.
É incontestável que sua influência foi determinante para o desenvolvimento de muitas teologias.
Como principais resultados desta pesquisa, é possível elencar que os o puritanismo foi, de fato,
uma dissensão do anglicanismo, pois criou novas formas de protestantismo com seus próprios dogmas
e tradições. Tais grupos eram conhecidos de “não-conformistas”, porque rejeitaram a liturgia anglicana,
como o ato de se ajoelhar na eucaristia, os dias santos e as imagens, mas sobretudo o Livro de Oração
Comum.
Os conteúdos aqui apresentados nos conteúdos referenciais contido nesse artigo, demonstram
que muitas outras pesquisas ainda podem ser realizadas sobre a Reforma Protestante e seus
desenvolvimentos, devido à importância do tema e inúmeras contribuições para o meio acadêmico, com
a finalidade de perceber como ela influenciou não só o cristianismo, mas a sociedade em geral.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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São Paulo: Vida Nova, 1995.

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Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993.

LATOURETTE, K. S. Uma história do cristianismo: volume II: 1500 a.D a 1975 a.D. São
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importantes da história do cristianismo em uma narrativa clara e envolvente tradução. –
1. ed. – Rio de Janeiro – Thomas Nelson Brasil, 2017.

MCGRATH, Alister E.O pensamento da Reforma – Ideias que influenciaram o mundo


e continuam a moldar a sociedade; traduzido por Jonathan Hack – São Paulo – Cultura
Cristã, 2014

MCGRATH, Alister. A revolução protestante: uma provocante história do protestantismo


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OLSON, Roger. História da Teologia Cristã. 2000 de tradição e reformas. São Paulo – Vida
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