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Aluna: Maria Eduarda Melo

OS MÚLTIPLOS OLHARES SOBRE A CIDADE E SEUS ATRAVESSAMENTOS.

A cidade se movimenta a partir de diferentes óticas, quem está ocupando, qual


cidade que ocupa, qual seu objetivo dentro dessa teia de interações. O senso
comum se constrói a partir de narrativas que sobreviveram e entraram em domínio
na memória coletiva, esses conhecimentos e crenças são coletados através de
uma experiência cotidiana e observações sem o aparato científico. Existem uma teia
vasta de estereótipos e crenças engessadas de como a cidade tem que se
estruturar que ao longo da história gerou variadas violências dentro do lugar de
pertencimento. O confronto que ocupa o território enquanto físico traduz os
significados simbólicos que a cidade movimenta, dentro do imaginário urbano é
eminente pensar que o lugar degradado é ocupado pelo marginalizado e tudo que é
degradado deve ser revitalizado, como por exemplo a disputa por uma paisagem
social de domínio onde o negro está as margens em seus mocambos ou mesmo no
lugar de servidão ocorrendo assim a divisão racial do espaço.
A revitalização é o espaço da identidade urbana desenvolvida nas grandes
metrópoles, a cultura comercial. Esse planejamento que constrói por cima das
memórias e disputa o espaço, transfigura a cidade no vazio, com seus
conglomerados de edifícios e impessoalidade na sua história desfaz a cidade como
simbólica para transformá-la em produto. O apagamento dos signos que movem o
espaço faz parte de um projeto com objetivo de tornar a cidade limpa e vazia. Qual
memória é exterminada e qual é alimentada? O vazio é a dominação de uma
narrativa política na cidade.

A arte alimenta a cidade e a cidade alimenta a Arte. A cidade é um quadro que é


constantemente ocupado pelas expressões daqueles que circulam ruas adentro,
costumam ser um cenário inspirador para aqueles que vivem o urbano através da
arte, fornecendo elementos visuais, culturais e sociais que podem ser explorados
em diversas formas de expressão artística como pintura, escultura, música, dança e
literatura. Além disso, a arte pública, que pulsa na paisagem urbana, pode mudar a
estética e a identidade de uma cidade e influenciar as experiências das pessoas que
vivem e visitam. Os espaços vazios de uma cidade podem ser preenchidos pela
vida que as expressões cotidianas da arte reproduzem, promovendo a
democratização da arte e da cultura. Por outro lado, a urbanização e o
desenvolvimento podem afetar as artes e os espaços criativos e levantar questões
como gentrificação, expulsando e apagando a arte produzida pela população que
sempre foi forçada a ocupar o lugar de servidão.

A cidade nos mobiliza um sentimento de recordar aquilo que não vivemos, uma
memória invisível que penetra nosso ideal de pertencimento. Uma cidade ideal está
sendo construída para que as imagens se tornem cada vez mais afetuosas aos
nossos olhos, reconstruiremos o lugar de uma lembrança que não quer ser
esquecida. O mito desempenha um papel de construção de memórias na cidade,
junto a identidade na paisagem urbana. Em cada bairro, vilas e avenidas se
passaram histórias que ficaram marcadas não só no próprio espaço geográfico mas
também na memória coletiva daqueles que habitam esse território. Isso passa pelo
conceito do mito fundador Esses mitos muitas vezes explicam como algo foi criado,
estabelecido ou fundado, e frequentemente incorporam elementos simbólicos e
míticos que ajudam a moldar a identidade e os valores da entidade em questão.

As cidades mobilizam os contos ficcionais de uma cidade símbolo com


representações do desejo de possuir, se estruturando dentro dos fantasmas da
memória e de sua natureza subjetiva. Os espaços vazios na cidade são lugares de
confronto com a história compartilhada da comunidade urbana. Eles servem como
marcadores de um passado apagado e submerso na linguagem do vazio.
Compreendemos que o olhar sobre a cidade costura os enredos que nela são
produzidos. Esses enredos constroem o lugar invisível que esconde o desejo de
possuir e pertencer, as cidades se reconstroem, mas as ruínas junto a seus
fantasmas ocupam o espaço do nosso imaginário, lugares onde as lembranças e os
momentos passados se misturam com o presente, criando uma atmosfera de
história e progresso.

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