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Caminhos da vida

Interessante como a vida nos leva cada uma para situações e lugares diferentes.

Paz e Macarena são amigas desde o clube familiar. E, embora tenham idades próximas, cada
uma seguiu a vida por um caminho e se reencontraram há alguns anos no curso de vocações
recentes para supernumerárias do Opus Dei. Hoje, um pouco mais experientes, já casadas e com
filhos, fazem parte do mesmo grupo de supernumerárias em um centro cultural de Madri.

Macarena é formada em jornalismo mas desde que nasceu o filho mais novo Juan (3 anos)
dedica-se exclusivamente ao lar, já que Pablo e Maria, os gêmeos de 6 anos, ainda precisam
muito de seus cuidados. Recentemente, seu esposo, que é médico, mudou de emprego, e tiveram
que se mudar de casa, como não possuem parentes na cidade, Macarena encontrou-se com
muitas dificuldades para dar conta dos filhos e do marido, além da casa, e dos encargos que
possui na Obra, pois dá aulas de doutrina para suas amigas e círculos para as cooperadoras.
Confia muito na ajuda sobrenatural e com serenidade vai encarando os desafios da vida como
dons de Deus, fazendo todo o esforço para cumprir seu plano de vida e os compromissos
semanais na Obra.

Paz, embora admire muito a amiga, sabe pouco da sua rotina. Como possui um emprego que lhe
toma a maior parte do dia, trabalha em um banco, divide-se entre os cuidados com o bebê
Thomas, o marido, e sua mãe, que veio morar em sua companhia depois de um acidente
doméstico. Seu esposo fica muitos dias fora de casa em razão das constantes viagens como
representante comercial, por isso colocaram Thomas na escola infantil desde muito cedo. Paz não
encontra tempo para assumir os encargos que lhe são sugeridos, acreditando que não consegue
fazer mais nada bem feito, já que humanamente não seria possível, às vezes desmarca seus
horários de confissão e direção espiritual, não conseguindo participar dos círculos semanais
porque não fez as compras de mercado ou precisa preparar o jantar.

Há alguns dias houve episódios na vida das amigas que as fizeram repensar na forma como estão
vivendo sua vocação...

“Será que estou tão preocupada com meus afazeres, família e encargos, que não prestei atenção
às necessidades das minhas irmãs?” Comentou Macarena.

E Paz complementou: “Se eu tivesse colocado empenho nos meios de formação, e me


interessado mais com amor fraterno, poderia ter ajudado minhas amigas”.
Ficaram sabendo que o esposo de Claudia, uma supernumerária do seu grupo, há meses, foi
dispensado do trabalho e como essa amiga não possuía renda financeira, já estava passando por
grandes dificuldades para cuidar dos seus quatro filhos, não tendo a quem recorrer, mudou-se de
cidade para morar com seus pais e obter a ajuda de familiares. Nem se despediram da amiga...

A gota d’água foi a descoberta que Ana, a supernumerária mais nova do grupo, encontrava-se em
tratamento de uma doença rara, da qual sequer tinham conhecimento, e, agora, num estágio
avançado da doença, só poderia frequentar os círculos de forma remota.

“Puxa, se o tempo voltasse, eu teria prestado mais atenção às dificuldades dessas nossas
irmãzinhas, e, talvez pudesse ter ajudado, mas, com tanto o que fazer, casa, mãe, filho, marido,
trabalho, acho que não conseguiria muito…” lamenta Paz.

E, conclui Macarena, “sinto porque não tive a oportunidade sequer de rezar por elas...”

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